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Ações afirmativas e combate ao racismo nas Américas

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introdução<br />

13<br />

Sales Augusto dos Santos<br />

O <strong>racismo</strong> contra os negros no Brasil tem sido praticado desde o primeiro<br />

momento da chegada forçada destes seres humanos no país, uma vez que<br />

foram trazidos como escravos. A escravidão foi “a mais extrema das formas de<br />

opressão racial na história brasileira” 1 . A profunda desigualdade racial entre<br />

negros e brancos em praticamente todas as esferas sociais brasileiras é fruto<br />

de mais de quinhentos anos de opressão e/ou discriminação racial contra os<br />

negros, algo que não somente os conservadores brasileiros, mas uma parte<br />

significativa dos progressistas recusam-se a admitir. Assim, a discriminação<br />

racial e seus efeitos nefastos construíram dois tipos de cidadania neste país, a<br />

negra e a branca. Basta observarmos o Índice de Desenvolvimento Humano<br />

(IDH) brasileiro, desagregado por cor/raça, para facilmente notar esta lamentável<br />

situação de injustiça. Conforme indicou o estudo “Desenvolvimento Humano<br />

e Desigualdades Étnicas no Brasil: um Retrato de Final de Século”, do professor<br />

Marcelo Paixão, do departamento de economia da Universidade Federal do<br />

Rio de Janeiro (UFRJ), apresentado no II Foro Global sobre Desenvolvimento<br />

Humano, no ano de 2000, o Brasil ocupava o 74ª lugar no ranking da ONU<br />

no que tange <strong>ao</strong> IDH. No entanto, analisando separadamente as informações<br />

de pretos, pardos e brancos sobre renda, educação e esperança de vida <strong>ao</strong> <strong>nas</strong>cer,<br />

o IDH nacional dos pretos e pardos despencaria para a 108º posição, figurando<br />

entre aqueles dos países mais pobres do mundo, enquanto o dos brancos subiria<br />

para a 48º posição 2 . Ou seja, o IDH nos indica que há dois países no Brasil,<br />

quando desagregamos por cor/raça a população brasileira. O Brasil branco,<br />

não discriminado racialmente, e o Brasil negro, discriminado racialmente, que<br />

acumula desvantagens em praticamente todas as esferas sociais, especialmente<br />

na educação e no mercado de trabalho, em função do <strong>racismo</strong>.<br />

ANDREWS, George Reid. O protesto político negro em São Paulo – 888 - 998. Estudos Afro-Asiáticos,<br />

(21): 27-48, dezembro de 1991, p. 40.<br />

2 Jornal O Globo. 10 de outubro de 2000, p. 23.

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