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Transcrição da entrevista ao João Catalão - Clube das Vendas

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ENTREVISTA A JOÃO CATALÃO<br />

Podcast # 19<br />

UAU me!!! Com <strong>João</strong> <strong>Catalão</strong><br />

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Podcast # 19 - Entrevista a <strong>João</strong> <strong>Catalão</strong><br />

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Entrevista a <strong>João</strong> <strong>Catalão</strong><br />

<strong>Clube</strong> <strong>da</strong>s Ven<strong>da</strong>s (CdV) – <strong>João</strong>, , muito obrigado por conceder onceder esta <strong>entrevista</strong> <strong>ao</strong> <strong>Clube</strong> <strong>da</strong>s Ven<strong>da</strong>s.<br />

Esperamos conseguir tirar muito “sumo” para os nossos ouvintes aplicarem no seu dia a dia, que é um dos<br />

nossos objetivos, aju<strong>da</strong>r os vendedores vendedores. . Vamos começar com a tradicional pergunta: o que é que<br />

apaixona o <strong>João</strong> <strong>Catalão</strong> nas ven<strong>da</strong>s?<br />

<strong>João</strong> <strong>Catalão</strong> (JC) – Concretizar! Talvez no início cio <strong>da</strong> minha vi<strong>da</strong>, como foi ligado <strong>ao</strong> desporto, habituei-me habitu<br />

àquela quela fantástica sensação de ganhar, de procurar procura a vitória, <strong>da</strong>s metas. As ven<strong>da</strong>s são isso: é uma<br />

profissão onde se vê: : ou ou fiz, fiz, ou ou não não fiz! fiz! O O facto facto de não haver 2 iguais cria um gozo imenso, nunca<br />

entramos na rotina e uma coisa que eu adoro é interagir, a relação com as pessoas. É isso.<br />

CdV – Para quem não conhece, o <strong>João</strong> <strong>Catalão</strong> está presente em vários media: : basta procurar nas redes<br />

sociais, no Google, e poderá encontrar tudo e mais alguma coisa sobre o <strong>João</strong>. Gostaríamos que nos<br />

contasse de forma resumi<strong>da</strong> a sua história desde que começou na facul<strong>da</strong>de, as lides profissionais…<br />

JC – Tudo udo começou começou por por acidente, acidente, como como começam quase quase sempre as coisas que nos dão imenso gozo. A<br />

minha Mãe era antiquária. ria. Eu estu<strong>da</strong>va naquilo que hoje é o Instituto Superior Agrário de Coimbra. O<br />

meu gozo era estu<strong>da</strong>r nessa fantástica escola que na altura se chamava Escola de Regentes Agrícolas de<br />

Coimbra. Ao o mesmo tempo era atleta <strong>da</strong> Académica. Eu recebia dinheiro <strong>da</strong> Académica Académica, a minha vi<strong>da</strong><br />

eram os saltos, havia sempre aquelas metas. Eu E saltava tudo, à vara, em altura… Durante muito tempo fui<br />

recordista e atleta internacional. Isso deu-me deu logo uma coisa muito gira: ver horizontes, saltar fora, como<br />

eu hoje digo, ganhar mundo, e <strong>ao</strong>s 18 anos decidi que queria ser independente. Na a altura significava não<br />

depender dos Pais e eu queria ter o meu primeiro carro. Para ara as pessoas que não se lembram, a<br />

maiori<strong>da</strong>de era <strong>ao</strong>s 21 anos, portanto, o meu desafio foi que a minha Mãe me desse a chama<strong>da</strong><br />

emancipação. Então, , eu tinha que ganhar a vi<strong>da</strong>. vi<strong>da</strong> Com os clientes <strong>da</strong> minha Mãe, que eram pessoas com<br />

dinheiro, eu descobri que ue lhes podia vender os chamados livros e discos clássicos, as enciclopédias, enciclopédias e<br />

aprendi a vender porta a porta a essas pessoas. pessoas Descobri escobri que tinha jeito para essa interaç interação. Foi uma<br />

escola fantástica. Fazia umas coisas que na altura eram inéditas: ia para as salas dos professores nos<br />

liceus e nas escolas, e nos intervalos intervalo eu montava a minha banca. Aos 18 anos – hoje isso já é muito<br />

comum, na altura não era -, eu era absolutamente independente. A minha fortuna começou aaí.<br />

Na altura<br />

não havia multibanco. Para mim ser er rico é meter o multibanco e sair dinheiro. Eu tive que lá pô-lo<br />

primeiro! Sempre tive o objetivo de não pedir dinheiro emprestado e não dever na<strong>da</strong> a<strong>da</strong> a ninguém.<br />

Um dia fui para a tropa, para a Polícia cia Militar, o que achei injusto. Há á tanto malandro que não faz na<strong>da</strong> e a<br />

mim man<strong>da</strong>ram-me me para a a tropa? tropa? Foi Foi quase quase um castigo, mas no dia em que entrei, decidi: “Vou sair de cá<br />

com um louvor” e saí com um louvor. louvor Apanhei o 25 de abril, foi muito conturbado, , mas 17 meses depois<br />

saí, como disse, com um louvor. Ganhei uma alcunha. Já tinha inha uma antes de ir para a tropa que era O<br />

Metralha (risos). Como veem, eu portava-me portava mal. Com as namora<strong>da</strong>s era o <strong>João</strong>zinho <strong>da</strong>s Meiguices e na<br />

tropa ganhei outra, que era o Valete de Paus, porque eu tinha uma pera p e um bigode (risos).<br />

Ao sair <strong>da</strong>li, <strong>ao</strong>s 20 anos, vi um anúncio num n jornal de uma empresa inglesa que procura procurava um vendedor.<br />

Eu estava estava condenado condenado na na minha minha vi<strong>da</strong> quando acabasse o meu meu curso, curso, como outros colegas, a ir para as<br />

Lacticoops e outras empresas ver estatisticamente<br />

statisticamente quanto leite <strong>da</strong>vam as vacas para isto e para aquilo aquilo. Eu<br />

estava-me a apaixonar pelas estufas. O meu trabalho de fim de curso era trabalhar uma estufa de<br />

morangos, coisas novas que estavam a surgir, mas não era aquilo que eu queria.<br />

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Podcast # 19 - Entrevista a <strong>João</strong> <strong>Catalão</strong><br />

Com os livros e os discos eu descobri que eu eu queria queria interagir com com as as pessoas. pessoas. Fui Fui a a essa essa <strong>entrevista</strong>.<br />

Recordo que que foi foi chocante, chocante, porque estava estava tudo tudo de de fato e e gravata gravata e eu eu naquele naquele dia vesti um blusão Adi<strong>da</strong>s<br />

de plástico, umas calças de ganga e as botas <strong>da</strong> tropa. Fui à <strong>entrevista</strong>, trataram-me me muito mal, tipo<br />

“Quem é este gajo, é o gajo <strong>da</strong>s entregas?”. entregas?” Eu recordo-me dos 2 indivíduos que me fizeram a <strong>entrevista</strong>,<br />

o Sr. Ribas e o Sr. Rocha Fernandes. Disseram Disseram-me:<br />

- “O que é que você vem aqui fazer?”<br />

- Eu disse: “Eu venho à <strong>entrevista</strong>”<br />

- “Então ven<strong>da</strong>-nos este tubo de fita-cola”<br />

- Eu disse: “Não posso vender uma coisa que é vossa”<br />

Saí porta fora, olharam outra vez para mim com aquele ar de desprezo – “Este gajo entrou e saiu saiu, com<br />

esta apresentação não dá” - e fui para casa. No dia seguinte – não havia telemóveis -, a minha Mãe<br />

recebeu um telegrama para eu ir a uma <strong>entrevista</strong> a Lisboa, Lisboa que era longíssimo naquela altura, porque<br />

tinha que que se se ir ir por por estra<strong>da</strong>s estra<strong>da</strong>s nacionais, nacionais, por dentro de Leiria, demorava muitas horas. Lá fui eu com o<br />

carrinho <strong>da</strong> minha Mãe e quando cheguei a Lisboa fui recebido pelo dono <strong>da</strong> empresa, um grego - ain<strong>da</strong><br />

recordo o nome: “George Adonis Thomas Papadi Cail”, este nome horrível (risos) -, , que me disse: “Não<br />

me interessa a cor do gato, mas como o gato mia”. mia”<br />

Eu entro no Porto na segun<strong>da</strong>-feira feira seguinte com com o estatuto estatuto de de novo novo vendedor vendedor do do Porto. Eu Eu nunca nunca tinha<br />

tido uma gravata na vi<strong>da</strong>, só na tropa. Man<strong>da</strong>ram-me comprar uma gravata no Shopping Brasília, que era<br />

o único que existia. Isto passa-se se na Rua do Campo Alegre em frente <strong>ao</strong> Capa Negra. . Podem imaginar imaginar: eu<br />

com um fato castanho, uma camisa camisa verde <strong>ao</strong>s <strong>ao</strong>s quadrados quadrados amarelos amarelos e e uma uma gravata gravata azul azul com<br />

com âncoras,<br />

portanto, devia estar um cromo! (risos) Deram-me Deram uma pasta e uns catálogos e disseram-me disseram “Você é o<br />

vendedor de Trás-os-Montes”. Eu u não sabia onde era. Meti-me Meti na bombaça que eu tinha, um 2 cavalos cavalos, e<br />

lá vou eu Marão acima, até chegar a um café chamado O Escondidinho. Saltei <strong>ao</strong> o balcão e o vendedor vendedor,<br />

chamado Carvalhinho, que vendia os produtos <strong>da</strong> Búfalo, perguntou:<br />

- “Meu menino, o que vens para aqui fazer?”<br />

- Eu disse: “Sou vendedor”.<br />

- “O que é que vendes?”<br />

- “Material, máquinas de reprografia reprografia”, uma coisa na altura chama<strong>da</strong> ama<strong>da</strong> duplicadores, que mais tarde deu os<br />

fotocopiadores, offsets, etc.<br />

- Ele disse: “Tens que ir <strong>ao</strong> quartel…” ” e num guar<strong>da</strong>napo de papel escreveu-me: me: “Olha, há ali uma escola,<br />

há isto, há aquilo”. O meu primeiro primeiro itinerário itinerário de de ven<strong>da</strong>s foi foi feito pelo pelo meu meu colega colega no no balcão d<br />

d’O<br />

Escondidinho, que que ain<strong>da</strong> ain<strong>da</strong> hoje existe. existe. Foi a minha primeira primeira noite fora de casa com esse estatuto. Todos os<br />

dias tinha que telefonar <strong>ao</strong> chefe, o meu primeiro chefe, Sr. Carneiro, que ralhava comigo. Se eu fazia 1,<br />

ele dizia que eu devia fazer 2, se eu fazia 2, devia fazer 3 (risos), , mas foi o meu melhor amigo, porque <strong>ao</strong><br />

fim de de 1 1 ano ano e e meio estava estava a ser ser convi<strong>da</strong>do para ir abrir uma filial, filial, a a de de Leiria, Leiria, e a começar começar a ter a minha<br />

primeira responsabili<strong>da</strong>de de chefia.<br />

A minha vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> nas ven<strong>da</strong>s nunca mais parou e eu diria que esteve sempre dependente do acaso. DDessa<br />

empresa vendi uma máquina a uma empresa que estava a começar chama<strong>da</strong> Yoplait, onde eu às sextas-<br />

feiras passava a caminho de casa, limpava o vidro <strong>da</strong> máquina <strong>ao</strong> senhor e ele <strong>da</strong>va-me me uns iogurtezinhos<br />

iogurtezinhos.<br />

Um dia assisto a uma discussão, ele a despedir o responsável de ven<strong>da</strong>s e a berrar comigo: “Não saia<br />

<strong>da</strong>í!”. Eu fiquei assustado! “O que é que eu fiz? A máquina avariou?”.<br />

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Podcast # 19 - Entrevista a <strong>João</strong> <strong>Catalão</strong><br />

Esse senhor, chamado Joaquim Afonso, disse: “Você “ quer ficar com o lugar deste gajo gajo? Você quer ser<br />

responsável de ven<strong>da</strong>s?” e dei comigo muito jovem a liderar 3 delegações, , Aveiro, Coimbra e Leiria, 36<br />

vendedores, sem sem saber o que fazer e fiz uma coisa fantástica: fantástica: assumi que era incompetente<br />

incompetente. incompetente Sentei-me <strong>ao</strong><br />

lado deles e disse: “Ensinem-me” me” e foram eles que me adotaram.<br />

Estive lá 10 10 anos anos e e <strong>ao</strong> fim de de 10 10 anos, anos, outra vez vez o o acaso. Um homem homem dos estudos de mercado <strong>da</strong> Nielsen,<br />

dizia sempre nas reuniões quando falava na Yoplait: Yoplait “Vocês um dia hão de ter r distribuição com uma<br />

empresa chama<strong>da</strong> A<strong>da</strong>ms, A<strong>da</strong>ms, <strong>da</strong>s pastilhas pastilhas elásticas. elásticas. Eles Eles estão em todo o lado”. Um dia tenho um<br />

telefonema de um homem, por acaso – outra vez o acaso -, , que me diz: “Você quer ser pioneiro numa<br />

multinacional americana?” Eu já tinha um percurso muito giro na Yoplait, porque comecei nos primeiros<br />

momentos em que não havia havia hipermercados, nem supermercados, púnhamos púnhamos uns frigoríficos frigoríficos, frigoríficos uns<br />

autocolantes nos frigoríficos, no o fundo, evangelizávamos o mercado. Até já tinha uma equipa consoli<strong>da</strong><strong>da</strong>,<br />

tinha aquilo tudo e pensei: “Porque orque não ter um novo desafio na vi<strong>da</strong>?”<br />

Custou imenso, porque a Yoplait não me queria deixar sair. sair Eu u dei 2 meses para arranjar arranjarem uma pessoa<br />

para o meu lugar e eles não arranjavam, eu sentia, lá me vinha a lágrima <strong>ao</strong> olho, porque ue aquilo tinha-me tinha<br />

passado tudo pela mão, tinha visto crescer, ajudei a des descarregar carregar muito camião, formei muita gente, cresci<br />

muito, mas tinha aquele desafio do: “Porque não?” E fui para essa multinacional.<br />

Se a primeira tinha sido a escola, esta foi a universi<strong>da</strong>de, uma empresa americana com área farmacêutica,<br />

produtos de cosmética, com uma dinâmica brutal. Recebi uma coisa fantástica na minha vi<strong>da</strong>: vi<strong>da</strong> lançavam-<br />

me desafios constantes e aí, , por exemplo, começaram os cursos de Marketing em Portugal e um dos<br />

prémios que ganhei foi tirar um curso de Marketing no IPAM. Comecei a estu<strong>da</strong>r à noite, a vir de Coimbra<br />

primeiro para o Porto e e depois depois para para Aveiro, Aveiro, to<strong>da</strong>s to<strong>da</strong>s as as noites. Eu tinha sido um aluno muito fraquinho,<br />

porque eu queria eram as miú<strong>da</strong>s, o desporto desporto, etc. Ali não. Como me saía a do lombo, comecei a gostar de<br />

aprender e de tirar boas notas. Nunca unca mais mais parei de estu<strong>da</strong>r. Mais Mais tarde tarde estudei estudei Filosofia, Filosofia, tirei tirei MBAs, pósgraduação<br />

em Direito, agora estudo Psicologia, estou a fazer o mestrado de Psicologia, , e não n vou parar.<br />

Tenho que ter aquele elemento e vou complementando as coisas. Precisava de saber como é a área<br />

financeira, agora são muito importantes para mim as neurociências, por to<strong>da</strong> aquela interaç interação.<br />

Nessa empresa também estive 10 anos, foi fantástico! fantástico Fiz iz umas equipas giríssimas, passei pelos<br />

departamentos todos, passei pelos “continentes” todos, o que é muito bonito. Comecei a perceber que é<br />

preciso ganhar mundo. Ao fim de de 10 anos, tenho a primeira primeira mulher chefe na minha vi<strong>da</strong>, uma uma senhora<br />

Americana chama<strong>da</strong> Lilly Elisa. Nós s tínhamos a maior quota de mercado de to<strong>da</strong> a Europa <strong>da</strong>s<br />

<strong>da</strong>s lâminas<br />

Schick, não não sei sei se se se se lembram. lembram. Essa senhora estava estava em em Portugal Portugal há há muito muito pouco pouco tempo, resolve resolve ir ir a uma<br />

reunião na Alemanha e um dia convi<strong>da</strong> convi<strong>da</strong>-me para almoçar e diz: “<strong>João</strong>, decidi – ela decidi decidiu! Eu sentia-me o<br />

dono <strong>da</strong> empresa, ela tinha acabado de chegar! chegar - que vai deixar de ser Schick e vai passar a ser<br />

Wilkinson”. Vocês não podem imaginar, isto é como matarem-nos um filho! Como é que eu agora vou<br />

dizer à minha equipa que uma ma empresa com o nome Shick, pela qual tanto lutámos, agora vai ter outro<br />

nome porque esta fulana decidiu? Só me lembro <strong>da</strong>s lágrimas a escorrerem-me me pela cara abaixo e de eu<br />

dizer na hora: : “Não entro mais na empresa. Eu saio <strong>da</strong> empresa hoje”. . Fizeram tudo para que eu não<br />

saísse, ofereceram-me tudo, mas eu disse: “Não, “N isto acabou, morreu o meu sonho”. . Mais tarde fiquei<br />

feliz, porque as pessoas pessoas to<strong>da</strong>s que trabalharam trabalharam comigo comigo chegaram chegaram a a lugares lugares de de chefia, chefia, foi foi muito bom.<br />

bom.<br />

Tinha uma escola gira de ven<strong>da</strong>s.<br />

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Podcast # 19 - Entrevista a <strong>João</strong> <strong>Catalão</strong><br />

Aí foi fácil, , foi a primeira vez que os caça caça-cabeças tinham disponibili<strong>da</strong>de de me e apanhar e um deles<br />

convidou-me me para ir ir para para a a Schweppes. Era Era a primeira primeira multinacional de de bebi<strong>da</strong>s a a entrar em Portugal.<br />

Tinham comprado a Trinaranjus e eu fui o primeiro diretor de ven<strong>da</strong>s. . Passei de gerir accounts a gerir o<br />

departamento, foi quando comecei a ter grandes responsabili<strong>da</strong>des. Tive ive logo uma primeira notícia, não<br />

foi por meu meu mérito, confesso, confesso, foi porque os os espanhois espanhois e e os franceses franceses não não se se <strong>da</strong>vam <strong>da</strong>vam muito bem e ent então ent<br />

elegeram o português, , no meu caso para fazer as negociações europeias. Fazia essas negociações com os<br />

Carrefours, etc., e isso deu-me me uma pe<strong>da</strong>la<strong>da</strong> pe<strong>da</strong>la<strong>da</strong> internacional que eu não tinha. Faziam<br />

Faziam-se reuniões<br />

sofisticadíssimas. . Na Schweppes tive um diretor geral que, infelizmente, infeli já faleceu. Tínhamos uma relação<br />

muito próxima, mas descobri que as bebi<strong>da</strong>s não eram o meu mercado. Eu vinha de um mercado muito<br />

limpinho, muito transparente, to<strong>da</strong> to<strong>da</strong> a a gente gente ganhava dinheiro e esse mercado <strong>da</strong>s bebi<strong>da</strong>s tinha muita<br />

promiscui<strong>da</strong>de, tinha muito negócio por baixo <strong>da</strong> mesa, muito dinheiro por fora e eu não ia preparado<br />

para isso. isso. Eu Eu nunca tinha tinha visto visto corrupção na na minha minha vi<strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e foi a primeira vez que eu senti que não era o<br />

meu mercado. Não gostei, não era o que eu queria, mas aprendi coisas fantásticas, tásticas, com uma equipa<br />

maravilhosa. Recordo com sau<strong>da</strong>de gente como o Vítor Rodrigues e tantos, tantos!<br />

Depois tive um assédio fantástico. Tinha Tinha estado 20 anos em 2 empresas e de repente, repente, <strong>ao</strong> <strong>ao</strong> fim fim de de 1 1 ano de<br />

estar na Schweppes, foi um caça-cabeças, cabeças, um homem hom que está ligado à Opti-qualquer-coisa coisa - agora aí nos<br />

media há um grupo que vai comprando coisas <strong>da</strong> PT -, Raphael Moore é o nome dele. Teve uma reunião<br />

comigo e disse-me me que que tinha um projeto projeto fantástico para mim: ser o primeiro primeiro diretor diretor comercial do jornal jornal O<br />

O<br />

Expresso. Eles queriam um indivíduo do consumo, que fizesse acontecer. Estávamos naquela fase de<br />

lançar o saco plástico, dos guias d’O Expresso, <strong>da</strong> luta árdua contra O Independente. O Expresso estava a<br />

precisar de fazer coisas diferentes e a situação foi brutal. Eu disse: “Vou-me me livrar deste mercado de que<br />

não estou a a gostar, <strong>da</strong>s <strong>da</strong>s bebi<strong>da</strong>s, porque tem uma dinâmica que que eu eu não não entendo, entendo, há há outras coisas por<br />

trás” e não hesitei, fui para O Expresso. Reparem, para quem já tinha aquela coisa de gostar de chegar e<br />

ficar, comecei a ter os meus sonhos, que eram: eram o que é que eu vou fazer aqui dentro de diferente diferente? Eu<br />

tinha muitas direções es a reportar a mim mim. Todos os trabalhos que os outros faziam, eu adorava, e o meu era<br />

praticamente fazer o drive do o trabalho dos outros, outros uma reunião à terça-feira com o Dr. Balsem Balsemão e a<br />

equipa tal… O meu eu era muito, eu diria diria que que era era para para se eu fosse mais velho, velho, e e eu queria queria muito pôr a mão<br />

na massa. Aí lancei um projeto que tinha na cabeça: o jornal O Expresso não incluía as crianças. Não<br />

incluía por exemplo os meus iogurtes Yoplait, os Danone, a Lego, ain<strong>da</strong> n<strong>da</strong> hoje! Não tem publici<strong>da</strong>de de<br />

determinados produtos que tocam as crianças. E se eu criasse um produto novo? Então Então, meteu-se-me na<br />

cabeça, comecei dentro do grupo a ver as sinergias, porque o giro às vezes é fazer coisas sem dinheiro.<br />

Descobri que tínhamos os tudo, que tínhamos uma parceria com a Abril, eu podia ter conteúdos <strong>da</strong> Disney<br />

praticamente gratis, fui às agências ncias de publici<strong>da</strong>de saber o que é que eles achavam de criar O Expressinho<br />

(risos). Ain<strong>da</strong> hoje guardo com muito amor a maquete. O mercado à parti<strong>da</strong> diz que sim, mas entre o diz<br />

que sim e o diz que não… Entretanto, o nosso amigo Cavaco Silva, hoje Presidente <strong>da</strong> Rep República, deixa de<br />

ser Primeiro-ministro, , O Independente implode automaticamente e o Expresso está est outra vez naquela<br />

“estabili<strong>da</strong>de”, em que não tem muito que se preocupar com os outros. Foi o momento em que ttambém<br />

nasceu a Caras, que foi um sucesso brutal logo à nascença e que superou as expectativas<br />

expectativas. Tudo o que<br />

aconteceu foi fantástico, a Executive Digest, etc. O grupo estava muito saudável dável e o meu Expressinho não<br />

teve o apoio que eu quis. O próprio Conselho de Re<strong>da</strong>ção não o aprovou.<br />

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Podcast # 19 - Entrevista a <strong>João</strong> <strong>Catalão</strong><br />

Isto tudo coincide. Quando eu trabalhava na Yoplait, os iogurtes vendiam-se se pouco e eu tinha muito<br />

espaço nos carros. Para ara otimizarmos o espaço dos carr carros, os, havia um produto em contraciclo. Um<br />

empresário tinha vindo vindo de Moçambique, Moçambique, chamado Kantilal Kantilal Jamna<strong>da</strong>s, que lança em Portugal a Dan Cake. Cake<br />

A Dan Cake vendia-se se mais no Inverno e os iogurtes mais no Verão, então havia aqui uma parceria<br />

giríssima. A mesma coisa isa acontecia com os chocolates <strong>da</strong> Imperial, portanto, as comissões dos meus<br />

vendedores, os pneus, o o gasóleo, gasóleo, etc., eram eram pagos por produtos que iam complementando o o Yoplait.<br />

Trabalhámos com esse senhor, isto é, fazíamos a distribuição nos carros <strong>da</strong> Yoplait <strong>da</strong> Dan Cake e dos<br />

chocolates <strong>da</strong> Imperial. Nunca eu imaginaria a consequência de um dia ter ido ter com esse senhor a<br />

Lisboa e dizer-lhe que já não tínhamos mais espaço nos carros para o negócio cio dele e que teríamos que<br />

parar a parceria. A forma poli<strong>da</strong>, o tempo que lhe demos para ele tratar <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> dele e os efeitos<br />

colaterais que teve para o negócio cio dele - porque ele, <strong>ao</strong> deixar de estar agarrado à Yoplait e às<br />

contingências de já haver poucos carros, no fundo já era mau para os 2 – fê-lo ter a explosão de ccriar<br />

distribuidores pelo país todo. Então, , houve ali uma relação muito gira: 20 anos depois é esse senhor que<br />

me convi<strong>da</strong> para ir para a Hungria – eu que nunca tinha montado fábricas, f , nem tinha formação – montar<br />

a fábrica <strong>da</strong> Dan Cake.<br />

Foi uma prova: vale a pena na vi<strong>da</strong> ser transparente, transparente, vale a pena lutar pelas coisas, isso é importante.<br />

Gostar do que se faz e fazer aquilo de que se gosta. Eu sempre tive a sorte de fazer isso e ain<strong>da</strong> hoje é<br />

assim. Fui parar à Hungria, , foi a minha internacionalização à séria. Estive lá 2 anos. . Tinha um capricho que<br />

era, quando viesse, tinha que lá estar um húngaro para me substituir, isto em 1994.<br />

Quando voltei <strong>da</strong> Hungria, tomei uma decisão. Tinha convite para continuar em Portugal na própria Dan<br />

Cake, , mas eu queria uma coisa diferente. Nessa altura surgiram-me surgiram me convites para fazer coisas muito giras.<br />

Eu esqueci-me de dizer que, desde que estive na empresa que trabalhava a A<strong>da</strong>ms e que se chamava<br />

Warner Lambert, sempre trabalhei, durante 18 anos, com a família em Coimbra. Fiz iz sempre isto isto: <strong>ao</strong> fim<br />

de semana ia para Coimbra, era agricultor. agricultor Ain<strong>da</strong> hoje tenho essas proprie<strong>da</strong>des na zona do Rabaçal Rabaçal.<br />

Produzia vinho, nozes e azeite. Metia a mão na massa, adoro, é uma paixão, tenho um chamamento pela<br />

terra. Os meus amigos diziam: “O que é que vais fazer um dia?”. ?”. “Eu não sei. Se um dia tiver que deixar a<br />

vi<strong>da</strong> que faço hoje, já descobri, vou ser produtor de mirtilo”. mirtilo É uma paixão que eu tenho, acho que é um<br />

fruto fabuloso. Muita gente não sabe como ele é bom para a nossa saúde, é um antioxi<strong>da</strong>nte<br />

antioxi<strong>da</strong>nte. A terra para<br />

mim tem um chamamento, tem mesmo.<br />

Eu sempre dei aulas, em Universi<strong>da</strong>des, em escolas de negócios, ain<strong>da</strong> hoje aqui no Porto, na Business<br />

School, em Lisboa na Universi<strong>da</strong>de Nova, no Brasil, gosto muito. Nessa altura também descobri na Warner<br />

Lambert que escrevi o primeiro primeiro livro livro de Merchandising Merchandising de de Portugal. Portugal. Um Um livro livro muito muito giro, porque porque eu eu não<br />

vendi os direitos, dei-os. os. Desde que o livro fosse manual escolar e oferecido, oferecido porque ninguém inguém percebia o<br />

que era o Merchandising, expor o produto, produto nos cursos de Marketing não ão havia Merchandising. Eu fiz<br />

aquele livro, foi muito interessante, te, baseado nas aulas que <strong>da</strong>va à noite, na altura na Grula Grula, a pessoas que<br />

vinham nas suas camionetas aprender como é que deviam expor os seus produtos. produtos Começavam a<br />

aparecer os primeiros hipermercados. Se olhar para ara a <strong>da</strong>ta desse livro, 1990, o primeiro hipermercado<br />

abriu em 1985. Ain<strong>da</strong> era era tudo muito novo, mas estava estava a a haver haver uma uma revolução revolução no no mercado.<br />

mercado. Eu quis ser o<br />

primeiro, fiz aquele livro ro e ele esgotou. Foi fantástico e deu-me deu também esse gozo, estar sempre a<br />

escrever algo: escrever artigos para as revistas, etc. Nasceram assim várias rias coisas na minha vi<strong>da</strong>, que<br />

sempre foram crescendo.<br />

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Quando estive na Hungria, eu descobri mundo. Andei, como eu dizia, com om a minha valise de carton por<br />

todo o mundo, ali no leste, Cazaquistão Cazaquistão, todos aqueles países, a vender o meu produto, a criar. Vieram-<br />

me muitas vezes lágrimas <strong>ao</strong>s olhos, porque é quando estamos fora que sentimos que Portugal é<br />

fantástico. Não era só a sau<strong>da</strong>de. Nó ós somos um povo mesmo fantástico. Eu posso osso dizer que o sucesso<br />

que teve a fábrica <strong>da</strong> Hungria, foi pelos portugueses que estavam lá, porque nóós<br />

tínhamos uma<br />

proativi<strong>da</strong>de! Aqueles povos tinham tido regimes bastante disciplinados…<br />

CdV – Castradores…<br />

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Podcast # 19 - Entrevista a <strong>João</strong> <strong>Catalão</strong><br />

JC – Eu não diria castradores, mas a disciplina estava ali imposta: só este é que faz isto e este faz aquilo.<br />

Nós portugueses somos ótimos timos a desenrascar. Eu ali vi o talento dos portugueses. Quando surgia um<br />

problema para nós, havia um português que sorria e metia a mão na massa. Tenho muito orgulho, porque<br />

foi no momento em que que passei a a gostar mesmo mesmo muito de Portugal e dos portugueses. Por isso, sempre<br />

que me envolvo em projetos, os portugueses aqui estão.<br />

Tenho muitas histórias sobre isso, porque a minha carreira esteve esteve sempre sempre assente no<br />

no procurar o que as<br />

pessoas têm de melhor dentro delas. Eu não gosto nunca que digam que eu dou formação. Eu não gosto<br />

<strong>da</strong> palavra formação, está muito perto de formatação. Eu gosto de desenvolvimento nto de performance.<br />

Onde tu estás e o que tu tens, ca<strong>da</strong> um é único. Aqui no Porto cheguei há muito pouco tempo a um<br />

congresso de Recursos Humanos e e eu eu dizia <strong>ao</strong>s diretores de de Recursos Recursos Humanos Humanos que, se se eu eu man<strong>da</strong>sse,<br />

man<strong>da</strong>sse,<br />

acabava com com eles eles todos. Claro que ficaram todos todos a olhar para para mim. mim. Foi ali ali em Gaia, Gaia, na na Quinta<br />

Quinta Biológica.<br />

Eles pensaram: “O que é que este filho <strong>da</strong> mãe está est a dizer?”. “Promovia-vos a todos!” e eles ficaram<br />

todos felizes! (risos) “Dava-vos vos um orçamento para para gerirem o desenvolvimento de ca<strong>da</strong> ca<strong>da</strong> pessoa como<br />

como<br />

única e vocês tinham que <strong>da</strong>r conta do que é que essa pessoa cresceu!” Em vez de gerirem grupos,<br />

gerirem a pessoa, porque todos nós s temo temos talentos ocultos, temos potencial.<br />

Continuando a minha carreira, decidi que me ia dedicar <strong>ao</strong>s jovens, <strong>ao</strong> ensino e <strong>ao</strong> mesmo tempo em<br />

projetos muitos giros. Em Lisboa estava numa escola, a única que fazia vendedores. Ain<strong>da</strong> hoje acho que é<br />

a única escola oficial que forma vendedores, que é a Escola de Comércio io de Lisboa. Foi aaí<br />

que descobri a<br />

minha atual mulher, foi aí que que fizemos o o primeiro primeiro projeto projeto multimédia multimédia para para formação e ven<strong>da</strong>s, foi aaí<br />

a que<br />

descobri que tinha ali uma vocação, que era a partilha com esse tipo de gente, fazer acontecer, criar.<br />

Ain<strong>da</strong> nesse período muito interessante, estive 2 anos numa empresa que se chamava Silvex Silvex. Fui talvez<br />

muito influenciado por eles: “Porque orque é que você não cria a sua empresa? Voc Você tem que ser<br />

empresário.”Eu nunca pensei nisso, , sempre gostei de de servir os outros. Eu costumo contar que, que, quando quando os<br />

carros eram de empresas onde eu trabalhava trabalhava, eu passava o domingo de manhã a lavar o carro do patrão.<br />

Eu nunca lavei o meu carro, só hoje em dia é que meto na lavagem. Eu estimava aquilo.<br />

Se eu me caracterizasse com uma palavra, eu claramente fui sempre um provocador. Lembro Lembro-me nas<br />

empresas de onde saía, a, o que acontecia a seguir. seguir Na Warner, no último dia na minha festa de despedi<strong>da</strong>,<br />

deram-me pratos para eu partir. Eu ia i embora e partia a loiça. Eu u ain<strong>da</strong> hoje me apresento como<br />

irreverente, descarado, , politicamente incorreto, fui sempre isso, mas sempre me deu um certo gozo.<br />

Claro, há uma coisa muito engraça<strong>da</strong>, é o estatuto que tenho: só tenho amigos e inimigos, portanto, ou<br />

gostam ou detestam. Fomento invejas por todo o lado, como é evidente, mas tenho um grande gozo:<br />

você vai ver o meu site, eu partilho tudo e vai tudo ali alimentar-se.<br />

alimentar<br />

7


Eu estou a ouvir hoje em dia palestras em todo o lado e às vezes à minha frente estão a dizer as minhas<br />

coisas e até me sorriem em e dizem: “Voc “Você é o meu inspirador”. Eu divirto-me! Não há problema, vocês<br />

podem ver, eu nunca digo a mesma coisa! Eu costumo dizer: concorrência, a palavra significa “com quem<br />

corro”, portanto, se eu eu correr correr sempre mais mais um um bocadinho, bocadinho, o outro nunca me agarra, porque quando ele<br />

lá chega, eu já não estou. É assim que eu estimulo as empresas: combater a concorrência, é primeiro<br />

conhecê-los e depois fazer diferente, porque quando eles nos copiam, nós s já estamos à frente. Mas,<br />

retomando: tive essa experiência ncia na Silvex e foi aí a que tive a provocação para ser empreendedor. O que é<br />

que eu quis fazer? A minha primeira empresa chama-se chama Sales Up. Está tudo dito: Se e tem um problema de<br />

ven<strong>da</strong>s, eu quero ser o outsourcing.<br />

CdV – Isso foi em…?<br />

www.clube<strong>da</strong>sven<strong>da</strong>s.com<br />

Podcast # 19 - Entrevista a <strong>João</strong> <strong>Catalão</strong><br />

JC - Foi oi em em 1999. 1999. Criei essa essa empresa empresa na altura altura com sócios, uma empresa que tinha uma agência de<br />

publici<strong>da</strong>de, que me estimulou muito, chama<strong>da</strong> Avanço. Fizemos essa socie<strong>da</strong>de e era uma empresa<br />

tecnológica. Éramos 4 sócios, , estávamos debaixo <strong>da</strong> ponte. ponte Eu u tenho uma tendência para viver debaixo <strong>da</strong><br />

ponte: hoje vivo debaixo <strong>da</strong> ponte Vasco <strong>da</strong> Gama Gama, a empresa começou debaixo <strong>da</strong> ponte sobre o Tejo Tejo,<br />

estamos aqui a falar também perto <strong>da</strong>s pontes, é engraçado, e casei com uma mulher cujo Pai é a maior<br />

sumi<strong>da</strong>de deste país a fazer pontes (risos). (risos) A maior parte <strong>da</strong>s pontes fantásticas deste pa país foram feitas<br />

pelo Eng. Jorge Perloiro, que fez pontes por todo o mundo.<br />

Eu costumo definir objetivos e metas como a ponte entre o sonho e o possível. Isto é giro, as ven<strong>da</strong>s são<br />

uma ponte entre alguém que tem algo que tem interesse para outro. outro Vender é satisfazer necessi<strong>da</strong>des de<br />

2 partes: a minha, vender, e a outra, outra do produto, portanto, as pontes têm aqui uma boa ligação.<br />

Resumindo, a Sales Up tinha uma missão: ser o oposto <strong>da</strong> consultoria. consultoria Estar star depois <strong>da</strong> consultoria ou<br />

antes <strong>da</strong> consultoria, isto é, a inversão do triângulo, , vamos do terreno para a empresa. Em vez de<br />

estarmos muito tempo nas reuniões a a pensar, vamos <strong>ao</strong> terreno, vamos ouvir o mercado.<br />

mercado. Eu costumo<br />

definir talento como aquele que sabe pensar como o cliente. cliente A Sales Up chamava chamava-se Assessoria<br />

Comercial, , mas logo um drama: não existia CAE, então a empresa teve que ficar Assessoria e Consultoria<br />

Comercial. Eu pensei: vou aju<strong>da</strong>r as pequenas e médias empresas, que não têm m diretor de ven<strong>da</strong>s ou que<br />

têm problemas, vou li<strong>da</strong>r com os patrões sobre os problemas. Enganei-me. Enganei me. Mais uma vez o acaso. Os<br />

meus primeiros clientes foram a PT, a Baccardi, Baccardi a Nestlé…Os grandes precisavam também de massa<br />

crítica! ! Foi engraçado, engraçado, eu há há 11 anos anos continuo com essas essas empresas, empresas, fiz fiz dezenas de projetos para para essa<br />

essa<br />

gente to<strong>da</strong> e foi giro. Ao o mesmo tempo fui aju<strong>da</strong>ndo esses mais pequenos, a prepar prepará-los para feiras<br />

internacionais, , a preparar as suas equipas e as suas direções, mas sempre com o meu ar de provocador.<br />

Dava-me imenso gozo, porque às s vezes nas empresas eu sabia que a direção o estava em discussão discus e o big<br />

boss ameaçava: “Olhem que eu chamo o <strong>Catalão</strong>!”. Catal Eu gostei sempre disso, mas criava um problema: ou<br />

lido com o poder, ou então é uma chatice, porque cá em baixo dizem: “Cá vem o gajo para desestabilizar<br />

isto”. Dava-me me imenso imenso gozo gozo ter ter uma uma carteira de 22 clientes muito estáveis estáveis que, que, quando quando me telefona<br />

telefonavam,<br />

era um problema para resolver. Isso é a minha paixão. Daí nasceu tudo. As minhas 6 empresas nasceram<br />

to<strong>da</strong>s feitas pelo mercado.<br />

Lembro-me me de um trabalho giro, feito para p a PT para analisar as lojas deles, porque tinham muitas<br />

reclamações. Na altura tinham a TV Cabo. Eu lembro-me me de apresentar o meu relatório “Então como é<br />

que vai ser a loja que devemos mos fazer?” e para ara um sportinguista foi um orgulho, porque fiz essa primeira<br />

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Podcast # 19 - Entrevista a <strong>João</strong> <strong>Catalão</strong><br />

loja dentro do novo Estádio do Sporting, que estava a ser inaugurado. O chão era em relva, era uma loja<br />

que separava ven<strong>da</strong>s de reclamações, todo o projeto era piloto. Ain<strong>da</strong> lá está e deu-me<br />

imenso gozo,<br />

porque descobri que os arquitetos não tinham uma única aula durante o curso sobre como é que o<br />

consumidor pensa, sobre tendências de cons consumo, umo, etc. Eles sabem fazer projetos. Descobri que no<br />

Marketing também não ensinam na<strong>da</strong> sobre o espaço comercial e a interação o no espaço. Eu tinha sido<br />

aluno e professor, portanto, percebia bem o que é que se ensinava. Eu estudei pelo livro do Kotler e o<br />

meu filho, 25 25 anos depois, estudou pelo mesmo livro e e outras outras coisas coisas do do género. género. Ain<strong>da</strong> Ain<strong>da</strong> há ali ali muitas coisas<br />

para fazer. Está tudo muito melhor, , mas nas Ciências do Consumo, na Psico-Sociologia Sociologia do Consumo, etc. etc.,<br />

ain<strong>da</strong> há muito para fazer.<br />

Eu pensei: merchandising, andising, uma competência que eu tinha; marketing, um bom especialista nesta área de<br />

consumo. A minha mulher é, , para mim, a maior especialista em Portugal em Psico Psico-Sociologia do<br />

consumo. Ela é Psicóloga na área do o consumo, por isso, mais tarde vamos criar o tal Programa Bastidores<br />

<strong>da</strong>s Compras Compras e e outras outras coisas. Se eu eu tiver uma uma arquiteta que que trabalhe trabalhe connosco e e comece comece a ter ter muita<br />

tarimba e vá connosco ver o que há de melhor no mundo, que se vá v inspirar, nspirar, ver o que é mexe com o<br />

espaço comercial, os estímulos diretos etos, etc., porque não criar uma empresa só para isso? E cri criámos. Ain<strong>da</strong><br />

hoje eu acho que é a única que sabe fazer isto ist mesmo à séria. Nós temos gente muito boa, mas integrar<br />

isto tudo…Chama-se 4 Stores. . Temos projetos giríssimos, já não há parte nenhuma do pa país que se corra e<br />

onde não se diga: aquela marca fomos nnós<br />

que criámos, aquele conceito… É muito bonito, é gratificante<br />

na nossa vi<strong>da</strong> quando temos um legado legado.<br />

Daí nasceu nasceu uma uma outra empresa empresa logo logo a a seguir, outsourcing outsourcing de de ven<strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s para para os os primeiros terminais sem fios<br />

de pagamento, do saudoso BPN (risos). Fizemos a primeira equipa para testar o mercado mercado. Começámos a<br />

fazer muitas encomen<strong>da</strong>s para intervenções comandos e criámos a FoneUp. Como veem, to<strong>da</strong>s as minhas<br />

empresas têm o Up, sempre para cima.<br />

Surgiu uma outra utra muito interessante, que era para gerir os nossos ativos financeiros e começ começámos a ter<br />

delegações e mais equipas, a ActiveUp Up.<br />

Depois, o grupo acaba por se transformar numa SGPS que é a BusinessUp. Depois cria--se<br />

a YouUp, to<strong>da</strong><br />

muito dedica<strong>da</strong> <strong>ao</strong> coaching, , mais um Up. A minha mulher, que tinha 14 anos de dedicação a fazer aquela<br />

escola de comércio fantástica, disse: : “As Universi<strong>da</strong>des não podem ter performance ideal nesta área <strong>da</strong><br />

negociação e <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s, porque, se estão a <strong>da</strong>r aulas, não estão a vender. vender O homem omem <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s para ser<br />

Professor Doutor tem que abandonar a sua função, isto é tudo muito sofisticado, mas às vezes é preciso<br />

ensinar a apertar a mão. Está tudo muito matriciado”. Então ela disse: “ E se formássemos um Instituto?”. Instituto?”<br />

Ela na altura foi a mentora do INV, que ain<strong>da</strong> hoje é a única enti<strong>da</strong>de instituição, não é empresa, 2 grupos<br />

económicos, para não ser o Instituto do <strong>João</strong> e <strong>da</strong> Ana. Apoiaram-nos nos bastante, não com dinheiro, mas<br />

com o suporte que nos <strong>da</strong>vam para ara tomarmos boas decisões. Criámos Cri um Conselho selho Consultivo fantástico<br />

que ain<strong>da</strong> hoje existe, muito diversificado<br />

diversificado, com pessoas que sabiam fazer acontecer. Hoje continua a ser<br />

um marco para as ven<strong>da</strong>s em Portugal a entrega dos Masters todos os anos e tem sido uma caminha<strong>da</strong><br />

gira, porque é uma instituição que e não tem produto de carteira, é tudo desenhado à medi<strong>da</strong>, é tudo<br />

customização. Trouxe um novo ar às s ven<strong>da</strong>s e à negociação, o experiencial, ir <strong>ao</strong> terreno, acompanhar. A<br />

sala é importante, a teoria é importante, mas se isto não for complementado com o: : “Tu és único, tens<br />

uma carteira única, vou contigo, , vamos ver…”. O INV já está no Brasil, está a correr muito bem bem.<br />

A minha carreira agora continua a ser isso, , gerir estas empresas e to<strong>da</strong>s estas vicissitudes.<br />

9


Tive a sorte também - mais uma vez! - de há 5 anos, por causa <strong>da</strong> Expo Ven<strong>da</strong> Mais, que é o maior evento<br />

de ven<strong>da</strong>s <strong>da</strong> América do Sul, me me convi<strong>da</strong>rem para fazer uma intervenção. Foi Foi muito interessante, vocês<br />

não podem imaginar o que é ver ver um auditório com mil e tal pessoas. Antes de mim mim havia havia o maior<br />

palestrante alestrante do Brasil e o maior dos E.U.A., E que é o Bob Nelson, que tem milhões de livros. Eles ocuparam<br />

tanto tempo, que quando eu falei só faltavam 5 minutos! Então, eu tinha vindo de Portugal…? Portugal…?!, mas<br />

pensei: “<strong>João</strong>, ou tu marcas…”. Vocês se calhar sabem essa história. Eu a<strong>da</strong>ptei, usando uma linguagem à<br />

brasileira, que ia ali só para explicar que em momentos conturbados – nessa altura o Brasil estava em<br />

crise, Portugal estava bem -, houve uma história que se tinha passado comigo omigo quando fui aflito para a<br />

casa de banho, como vou sempre. Para mim é uma necessi<strong>da</strong>de. No o fim reparei que não havia papel.<br />

Lancei um desafio: “Como é que eu saio <strong>da</strong>qui? Não N se pode ode sair <strong>da</strong>qui com a bun<strong>da</strong> suja! suja!” (risos) Foi aí<br />

que nasceu a história de como omo limpar a bun<strong>da</strong> a um bilhete de ônibus, nibus, de autocarro, que foi a única coisa<br />

que encontrei encontrei no bolso. A A brincadeira brincadeira como eu eu expliquei naqueles 5 5 minutos minutos galvanizou galvanizou aquela aquela gente<br />

gente<br />

to<strong>da</strong> e no ano seguinte eu era o cabeça de cartaz. Isso foi a minha entra<strong>da</strong> no Brasil. Foi uma brincadeira,<br />

um plano de contingência e, , claro, depois trouxe tr tudo: os livros que foram para o Brasil, que começaram<br />

a vender, e o ano passado concretizei um sonho sonho, que era um dia ser speaker num evento que é o maior<br />

do mundo. E foi, em Portalegre no ano ano passado, um um evento evento onde onde estiveram estiveram 9.000 pessoas, podem<br />

podem<br />

imaginar. E foi o “tuga” no Brasil, o Manuel <strong>da</strong>s anedotas, o bronco. bronco Há livros de anedotas à ven<strong>da</strong> nas<br />

bombas de gasolina só com pia<strong>da</strong>s de portugueses! portugueses Imaginem, há 5 anos. Tem sido mmuito<br />

bonito. O<br />

“Atitude UauMe” e o “Ferramentas de Coaching” são best-sellers, estão em todo o lado, já ttêm<br />

edições<br />

do próprio Brasil. Vou 4 vezes por ano <strong>ao</strong> Brasil. As tournées vão aumentando, duram sempre 1, 2<br />

semanas, e a próxima já é de 11 a 31 de março.<br />

CdV – Foi em novembro?<br />

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Podcast # 19 - Entrevista a <strong>João</strong> <strong>Catalão</strong><br />

JC – Sim, e já tenho aquelas as empresas a perguntarem perguntar quando é que eu vou. Tem sido isso que me tem<br />

aju<strong>da</strong>do muito a superar a crise, porque eu sou dos que dizem: Portugal não está de maneira nenhuma<br />

em recessão, está numa situação muito pior, que se chama depressão coletiva. Deixamo Deixamo-nos intoxicar<br />

todos os dias e isso reflete-se muito nas ven<strong>da</strong>s. Nas ven<strong>da</strong>s está a acontecer uma coisa catastrófica que<br />

ain<strong>da</strong> ninguém entendeu: é que temos que <strong>da</strong>r mais nos momentos de crise. cris Ninguém me está a bater à<br />

porta, nem a vocês, para vender todos os dias, nem para vos <strong>da</strong>r. As empresas estupi<strong>da</strong>mente reduzem<br />

equipas de ven<strong>da</strong>s, o elo de contacto contacto, e deixam de investir em formação. Não deviam cortar na coisa mais<br />

importante, deviam investir tir na relação relação com o cliente, porque quem melhor tratar os clientes nesta época,<br />

vai tê-los no futuro. futuro. Isto Isto parece complicado para certas certas mentes, mentes, mas não há outro caminho. Vejam, a<br />

banca tem sido um desastre. Praticamente nenhum de nnós<br />

está satisfeito com o banco que tem, porque,<br />

desespera<strong>da</strong>mente, e apesar de a maior parte estar est a viver com o dinheiro que os portugueses lhes estão<br />

a emprestar, , basta ler as cartas que nos enviam, arrogantes, basta ver a distância, , reduziram as pessoas,<br />

as pessoas que lá trabalham alham estão estão to<strong>da</strong>s to<strong>da</strong>s tensas, tensas, começam começam a ver o desemprego. Se Se aparece aparece um um banco<br />

banco<br />

novo com um discurso novo, vai ser um problema.<br />

Na área dos seguros, eu trabalho com vários deles, há uma melhoria, melhori claramente. Uma área que est está em<br />

total revolução, passa para ara o positivo é a área farmacêutica. Reduziu imensamente as suas equipas de<br />

ven<strong>da</strong>s, mas reposicionou-se. Neste momento já se veem muito as palavras Key Account, Gestor de<br />

de<br />

Contas, é uma área onde houve uma ver<strong>da</strong>deira reviravolta. revir<br />

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Podcast # 19 - Entrevista a <strong>João</strong> <strong>Catalão</strong><br />

Na área dos automóveis é desastroso. o. Continua Continua-se dentro do stand à espera que o cliente lá vá. Há alguns<br />

exemplos fantásticos de empresas. Ain<strong>da</strong> há dias soube de uma marca que man<strong>da</strong>va parar as pessoas na<br />

estra<strong>da</strong> só para receberem uma bifana. Outras fazem roadshows pelo país. pa Há marcas arcas que me telefonam<br />

imenso. Hoje estou a conduzir onduzir um carro em test drive, para a semana já tenho outro. Há marcas em que o<br />

Marketing já está muito mais perto do dos clientes, , mas nas ven<strong>da</strong>s tem que ser revolucionado, ir ter com com.<br />

Todos os carros têm matrícula. To<strong>da</strong> o<strong>da</strong> a gente gente sabe que que no no shopping shopping estão estão ali ali milhare<br />

milhares de carros<br />

estacionados. É fácil ver. . Os portugueses estatisticamente trocam de carro em ca<strong>da</strong> 4 ou 5 anos, basta ppôr<br />

um cartãozinho no vidro, a <strong>da</strong>r um contacto, a sugerir alguma coisa. Posso dizer que todos todos os carros carros que<br />

comprei na minha vi<strong>da</strong>, todos, e foram muitos, deixei o número de telemóvel, a minha mora<strong>da</strong> e não me<br />

lembro de nenhum vendedor me telefonar telefona <strong>ao</strong> 4º ano a dizer: “Está na altura de trocar o seu carro”. Ain<strong>da</strong><br />

não há uma gestão ativa <strong>da</strong> carteira de clientes.<br />

A imobiliária, complicadíssimo. As marcas estão muito agarra<strong>da</strong>s <strong>ao</strong> a franchising. O franchising é a<br />

replicação de um modelo de negócio de sucesso. Ora, o sucesso deles é do passado, , tiveram tive sucesso. Na<br />

nossa primeira revista <strong>da</strong> Do It, t, o 1º número, entrevistámos uma rapariga, a Júlia, , de uma imobiliária, <strong>da</strong><br />

Century 21. Ela ganha muito dinheiro o em comissões, porquê? porqu ? Ela era de Marketing, ficou desemprega<strong>da</strong> e<br />

reinventou a carreira dela. Descobriu: obriu: “Eu “Eu adoro adoro mostrar mostrar casas casas e e as mulheres mulheres adoram adoram visitar visitar casas”. Ao<br />

fomentar a visita de casas, casas, ela cria uma coisa fantástica: cria cria uma uma gestão gestão de de carteira ativa ativa de clientes<br />

clientes,<br />

influenciadores que podem escrever a outros clientes. Hoje há estudos de mercado que demonstram que<br />

a melhor maneira de tocar o consumidor é o boca a boca. Eu diria que hoje o vendedor devia olhar para o<br />

espelho e dizer assim: “Será que ue eu sou um especialista em interações es comerciais positivas? Será que eu<br />

acrescento valor?” Daí nasceu, por exemplo, o livro “Atitude UauMe”. . Foi um grande desafio: o que é que<br />

todos temos dentro de nós s capaz de fazer a mu<strong>da</strong>nça? Foi uma investigação muito gira, tivemos aqui a<br />

área <strong>da</strong> Sociologia, <strong>da</strong> Psicologia, <strong>da</strong> Teologia à Matemática, para encontrar r testemunhos do que é que o<br />

ser humano tem tem dentro dele que o impede, impede, por exemplo, de de ser ser criativo, que que o o impede impede de fazer<br />

acontecer. Porque Porque o ser ser humano humano nasce com emoções básicas, dominantemente dominantemente protetoras. protetoras. Eu Eu olho olho para<br />

o mundo com a informação que tenho. Tendencialmente, o meu corpo diz: “Vai pelo caminho do<br />

costume, não arrisques”, portanto, face às s adversi<strong>da</strong>des, o meu corpo tem que me defender. A zona de<br />

conforto é muito importante. Se e há um concurso para a função pública, , quantos concorrem? MMuitos,<br />

porque é a zona de de conforto: “Eu vou vou receber um ordenado <strong>ao</strong> <strong>ao</strong> fim fim do mês, mês, vou vou ter reforma”. reforma”. O O ser<br />

humano só mu<strong>da</strong> em 2 momentos: quando quer - o que é fantástico, , quem corre por gosto não cansa,<br />

querer é poder -, , ou quando tem que. Vemos V pelos filhos: se eles querem estu<strong>da</strong>r, já são alunos<br />

brilhantes. O meu filho estu<strong>da</strong> sem eu o chatear, é um miúdo bestial. O meu filho tem que estu<strong>da</strong>r, tenho<br />

que o chatear para isso; fora disso, é uma zona de conforto muito forte! Televisão, tanta tentação! NNós<br />

hoje vivemos os num mundo de excesso de oferta. Ora, para o ser humano não é lógico. . Se eu sei que isto<br />

me dá prazer, porque é que eu vou arriscar? As s emoções que dominam o nosso corpo são o medo, do<br />

social, do ridículo, dos outros! É uma coisa horrível horrível! Nas empresas muitas uitas equipas de ven<strong>da</strong>s, o maior<br />

inimigo são os outros, os colegas: se eu faço sou um escova, se eu faço diferente estou-<br />

-me a armar, se eu<br />

faço é porque quero ser chefe… Há aqui um problema complicado! A nossa investigação foi de 2 anos a<br />

tentar ligar, a fazer links. Eu u acho que a melhor coisa que temos na nossa vi<strong>da</strong> é fazer links links. Eu acredito<br />

numa coisa se trabalharmos armos muito em coaching e para isto uso 3 palavras mágicas: gicas: quando alguém toma<br />

consciência de algo, responsabiliza-se se imediatamente. Eu fumo, mas também gosto de jogar futebol e<br />

noto que me canso rapi<strong>da</strong>mente. O que é que me dá mais prazer, é o tabaco ou o futebol? Se eu<br />

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descubro que é por causa do tabaco que <strong>ao</strong> fim de 20 minutos já estou a bufar por todo o lado, eu<br />

responsabilizo-me, me, eu atuo. Nas ven<strong>da</strong>s é igual. Eu lembro-me como era na minha primeira empresa:<br />

“Ca<strong>da</strong> a<strong>da</strong> vez que você visita 20 clientes, faz 1 ven<strong>da</strong>. Portanto, se quer fazer 2, visite 40!” 40! ” Eu costumo dizer<br />

que a minha ferramenta de ven<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s maior foi sempre <strong>da</strong>r cor<strong>da</strong> <strong>ao</strong>s sapatos. Quanto mais possibili<strong>da</strong>des<br />

eu abrir, a mesma coisa quando estou a fazer fazer projetos projetos de lojas. Se o cliente estiver mais tempo na loja<br />

com prazer, o que é que o estimula? A música não é uma qualquer, pode ode ser a temperatura, o som<br />

ambiente, pode ser o o serviço, o o atendimento, portanto, se se eu criar criar um um conjunto conjunto de<br />

de estímulos que<br />

favoreçam a permanência na loja, ele pode ser mais facilmente f tocado pelos produtos. Tudo isto é uma<br />

lógica, é como nas empresas. O que é que faz mexer o vendedor? Quais são as coisas mais importantes<br />

neste momento para motivar o vendedor? Dinheiro no bolso e sorriso nos lábios. O segredo de qualquer<br />

dirigente de ven<strong>da</strong>s é: “Como é que eu ponho ponho o o gajo, gajo, sem pensar pensar no no problema problema do do dinheir<br />

dinheiro, como é que<br />

eu o desafio?” É raro encontrar uma empresa, eu faço muito projetos de repensar. To<strong>da</strong> a gente dá<br />

comissões. Eu acho isso uma coisa estúpi<strong>da</strong>! Isso é a motivação extrínseca. Eu trabalho muito a intrínseca.<br />

O que é que faz correr ca<strong>da</strong> pessoa? Te Tem que ser individual! Ain<strong>da</strong> há pouco tempo, uma empresa<br />

multinacional <strong>da</strong>s maiores pediu-me me para fazer benchmarking <strong>da</strong>s melhores práticas de incentivar e eu<br />

descobri que em Portugal raras são as empresas que têm t m programas de reconhecimento. Um indiv indivíduo<br />

em fim de carreira, que já fez tudo numa empresa, às s vezes uma palma<strong>da</strong> nas costas ou ser convi<strong>da</strong>do<br />

pelo patrão para um almoço vale mais do que tudo. Agora, um gajo que tem uma casa e um carro para<br />

pagar, não lhe falem mais de tangas, deem-lhe deem dinheiro! O gajo está cheio de energia, portanto,<br />

mostrem-lhe e o caminho para ganhar dinheiro. Você acredita que a maioria <strong>da</strong>s empresas neste pa país não<br />

tem objetivos qualitativos para as as equipas de de ven<strong>da</strong>s? Que maior maior problema pode pode haver para um vendedor<br />

do que não vender? Se o incentivo dele, como há aí empresas em Portugal, é a comissão comissão, - olhe o setor<br />

automóvel -, se o indivíduo não não vende vende e e não não atinge atinge o objetivo, objetivo, pode pode levar levar o ordenado ordenado mínimo mínimo para casa!<br />

casa!<br />

Qual é o vendedor que está feliz sabendo que lhe deram um objetivo irrealista irrea ou desadequado <strong>ao</strong> seu<br />

potencial – às vezes não é <strong>ao</strong> <strong>da</strong> empresa empresa, é <strong>ao</strong> seu potencial? Ele não dá mais do que aquilo! Ele já sabe<br />

que não vai atingir e ou vai para a zona de d conforto, ou vai para a zona do desespero. Aquilo é a rota do<br />

fracasso para todos. Agora, imaginem maginem que este indivíduo indiv é ótimo a abrir clientes, só a abrir contactos! Ou<br />

é fantástico a acolher os clientes no stand, ou a organizar os itinerários. Há muito para fazer! E quando q<br />

isso é intrínseco…<br />

CdV – É identificar os pontos fortes <strong>da</strong>s pessoas…<br />

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Podcast # 19 - Entrevista a <strong>João</strong> <strong>Catalão</strong><br />

JC – É isso mesmo! É ter a humil<strong>da</strong>de de conversar com as pessoas. “O que é que você gosta mais de<br />

fazer?” Eu descubro tanta vez gente em funções desadequa<strong>da</strong>s, porque nunca ninguém lhe lhes perguntou o<br />

que é que gostavam de fazer. Às s vezes estão a precisar de uma pessoa para uma função e est está ali um<br />

indivíduo que tem paixão! Eu costumo dizer que o elixir <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s chama-se entusiasmo. Um gajo que<br />

não gosta, que não vende entusiasmado, não vende porra nenhuma! Mas há muitos nas empresas, que<br />

eu chamo os gepones, os gestores de porra nenhuma, ou seja, o cliente é que lhes compra. O país está<br />

cheio de gepones. Você entra numa loja, olham para si, sorriem e dizem: : “Posso aju<strong>da</strong>r”? É um gepone!<br />

Ain<strong>da</strong> há pouco tempo a minha mulher estava num stand de automóveis com um vendedor vendedor. O carro que<br />

tinha experimentado tinha a mala pequena. Ele disse: “Pois é…”. Nós estávamos à espera <strong>da</strong> resposta<br />

seguinte. Ficou em “Pois é …”. . A segun<strong>da</strong>: “Eu gosto muito <strong>da</strong>quela cor”. E ele: “Eu não, é <strong>da</strong>quela”. E a<br />

conversa ficou ali! Eu digo assim: o que é que este gajo está aqui a ver? Há de certeza alguém alguém, um<br />

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talento! O país está cheio cheio de de pessoas com com 50, 50, 60 anos anos em casa, porque não lhes lhes dão oportuni<strong>da</strong>des de<br />

de<br />

trabalhar e há indivíduos de 20 anos que estão cansados, cansados, porque porque foram estimulados na na vi<strong>da</strong> vi<strong>da</strong> pelos pelos pais a<br />

a<br />

ter tudo sem esforço. Se vão para vendedores, é porque não têm m mais na<strong>da</strong> para fazer. As ven<strong>da</strong>s têm<br />

muita arte e ciência. As ven<strong>da</strong>s não são para qualquer um. Hoje em dia o nosso país s tem que ser um pa país<br />

de vendedores. Nós temos um caso no Governo neste momento <strong>da</strong> ministra Cristas, que an<strong>da</strong> a vender aas<br />

nossas horto-frutícolas pelo mundo, est está a fazer um trabalho brilhante! Vender, os nossos embaixadores?<br />

O que é isso?! Vernissages, festas, , não! Vender! V Têm m que ter objetivos de ven<strong>da</strong>s! Tudo! Os ICEPs, tudo!<br />

Nós temos que nos mobilizar, , os ministros, os governantes! Nós temos um sol que ninguém tem, temos<br />

uma luz, uma gastronomia, este país s tem que ser um país pa de vendedores!<br />

O que é que acontecia acontecia no no passado? passado? Vender era sempre o o elo mais mais fraco, fraco, sem sem estatuto, estatuto, ain<strong>da</strong> não havia<br />

havia<br />

licenciaturas, nem doutoramentos. A primeira questão que temos todos que ver é: : vender não é para<br />

qualquer um.<br />

CdV – Tem que haver um upgrade do conceito.<br />

JC - É isso que eu faço todos os dias. . CComo<br />

é que eu dou visibili<strong>da</strong>de às boas práticas, ticas, como é que eu crio<br />

reflexões sobre as práticas? ticas? Desde o meu Facebook, o meu Vitamina, o que eu quero dizer é: isto não é<br />

para qualquer um, não é para os “pintas”. Quando se lançou o projeto para uma Ordem dos Vendedores,<br />

a ideia é que isto tem tanta arte! Você ocê tem que perceber de Marketing, de Sociologia, de Psicologia Psicologia, Psicologia a<br />

quanti<strong>da</strong>de de competências transversais…<br />

CdV – A relação com o ser humano é complexa, por natureza.<br />

JC – Claro, é isso mesmo. Até lhe digo mais: acredito, já está est a acontecer, nos E.U.A. ., por exemplo: os<br />

futuros diretores diretores gerais, gerais, os futuros futuros dirigentes dirigentes <strong>da</strong>s empresas empresas neste neste momento momento já já não são gente d<br />

de alcatifa.<br />

Normalmente era o financeiro nceiro que que era era promovido. Hoje Hoje claramente eu eu acredito acredito que as funções<br />

operacionais e as ven<strong>da</strong>s de e excelência serão os futuros dirigentes. Quem estiver à frente do nosso<br />

governo, tem que ser alguém que carregou a pasta, que interagiu, porque esta história de não entender<br />

que o maior ativo de Portugal é a nossa quali<strong>da</strong>de humana e a sorte que temos <strong>da</strong> nossa localização<br />

geográfica, este mar fantástico, se nos tivéssemos cultura de evidenciar os benefícios de Portugal, os<br />

queijos que ninguém tem, os vinhos que ni ninguém nguém tem, o povo que, mesmo não falando línguas, adora<br />

acolher estrangeiros! Somos um povo que adora servir! Um povo solidário! A Hist História diz isto: os<br />

portugueses são gente de negócios. Os portugueses têm sucesso lá fora por todo o mundo. mundo Foram<br />

emigrando, sem habilitações, aflitos s e montaram o seu negócio. . E os que o fizeram, tiveram sucesso.<br />

Porquê? Porque nós s somos muito resilientes. Quando estamos “à “ rasquinha”, é que mostramos o nosso<br />

talento. E agora tem que ser por opção.<br />

CdV – E este período de crise vai ser muito benéfico para o país pa como um todo.<br />

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Podcast # 19 - Entrevista a <strong>João</strong> <strong>Catalão</strong><br />

JC – Eu estou a sentir a emersão de muito talento. Crise C vem do grego: momento de decisão decisão. Se me doem<br />

os dentes, se estou em crise, vou <strong>ao</strong> médico e tiro a dor. A dor está a chegar a todos, à nossa família, <strong>ao</strong>s<br />

nossos amigos. O país s estava estava a viver com dinheiro que que não era nosso, estava a a viver viver do facilitis<br />

facilitismo. A<br />

mediocri<strong>da</strong>de governa, está em todo o lado. Eu quero trazer esta mensagem às s pessoas: não aceitem a<br />

13


mediocri<strong>da</strong>de na vossa vi<strong>da</strong>, à vossa volta. Tudo isso é um produto tóxico e a excelência não é mais nem<br />

menos do que o desafio para eu fazer mais do que é suposto.<br />

CdV – Já agora no o Brasil tenho acompanhado acompa com mais frequência e está no oposto. Como vê isso?<br />

JC – Não está. O Brasil está a cometer um erro muito grande. . A mensagem que eu levo lá, e eles adoram,<br />

é que o Brasil está a cometer os erros todos.<br />

CdV – Em termos de podcasts, a maior parte dos nossos ouvintes é brasileira.<br />

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Podcast # 19 - Entrevista a <strong>João</strong> <strong>Catalão</strong><br />

JC – Curiosamente, em 5 anos, já falei com mais brasileiros do que em Portugal devido à dimensão,<br />

porque no Brasil tudo é grande. Eu tenho regista<strong>da</strong>s cento e tal mil pessoas com quem interagi nos<br />

últimos 5 anos e posso-vos vos dizer que se calhar 70.000 são brasileiros. Tem sido de alto a baixo. Eu neste<br />

momento conheço o Brasil se calhar melhor do que muitos brasileiros. Na última tournée em 17 dias<br />

dormi em 14 camas diferentes e fiz 11 1 voos. Somados os quilómetros percorridos, , foram 27.000. A volta<br />

<strong>ao</strong> mundo tem 44.000. Vocês estão a imaginar, eu não paro. Aquela gente tem uma credibili<strong>da</strong>de que faz<br />

muita inveja aqui. Quando nós s <strong>da</strong>mos qualquer coisa que tem valor – eles já estão fartos dos enlatados<br />

americanos e aquilo tudo - aquela quela emergência faz uma coisa: quando eles sentem uma luzinha, eles<br />

agarram m tudo. Há ali um entusiasmo! Aqui, você acaba de falar falar. Se e há alguém que gosta do que você<br />

disse, vem com muita discrição ter consigo, dá d o seu cartão, diz “Foi bom”, faz um comentário no<br />

Facebook a dizer “Foi bom, obrigado”. O brasileiro atira atira-se a si, quer uer fotografias consigo! Eu venho de lá<br />

rebentado, espremem-me me todo, mas mas com uma energia energia brutal. brutal. Mas Mas a a minha minha mensagem para eles é:<br />

cui<strong>da</strong>do. Eu Eu já já fui fui a a fóruns, fóruns, por exemplo, exemplo, um um fórum fórum grande de liderança liderança em em Curitiba e outros<br />

outros. Os patrões<br />

estão a cometer os erros todos que Portugal cometeu. Nós s temos uma grande vantagem neste momento<br />

no Brasil, nós podemos-lhes lhes dizer assim: não vão pelo caminho mais fácil. Vender não é conversa <strong>da</strong> treta.<br />

Vender não é seduzir, manipular, etc. As ven<strong>da</strong>s ven<strong>da</strong> no Brasil são uma coisa já trata<strong>da</strong> há muitos anos, muito<br />

séria, há gente fantástica, há Universi<strong>da</strong>des, há tudo. Mas a emergência está est a ser tão rápi<strong>da</strong>, que se está est<br />

a fazer uma coisa muito grave: está-se se a aceitar tudo para vender.<br />

Eu vejo principalmente numa zona onde ando muito, que é o Rio Grande do Sul, muita gente gente: “Preciso de<br />

vendedor”. Vocês lembram-se se aqui como era? Nos No shoppings, em ca<strong>da</strong> 3 lojas: “Precisa “Precisa-se de vendedor”.<br />

Está-se a aceitar tudo, tudo lá para dentro, sem o mínimo de exigência! E neste momento as empresas<br />

têm que ter cui<strong>da</strong>do. Não entreguem o principal ativo a qualquer um. Não corram os riscos <strong>da</strong>qui. Exijam<br />

quali<strong>da</strong>de. Vale mais ter 1 bom do que 3 fracos. Aqui há uma coisa muito importante: o Brasil continua a<br />

crescer de uma forma pouco sustenta<strong>da</strong> a<strong>da</strong>, porque as pessoas estão a ter dinheiro muito facilmente. Batem-<br />

se recordes de consumo de telemóveis, emóveis, consumo de Facebook – é o 2º país s do mundo no Facebook. Facebook Você<br />

vê tecnologia, vê carros, vê tudo, mas há há uma coisa: ain<strong>da</strong> não há escolas para todos. O O Brasil Brasil ain<strong>da</strong> aind<br />

é um<br />

país fechado. Eu cheguei lá há á 5 anos e ain<strong>da</strong> não consegui legalizar-me, me, entende? Muita burocracia,<br />

muita dúvi<strong>da</strong>. . O Brasil tem que abrir-se, abrir claramente, <strong>ao</strong> conhecimento. Os brasileiros têm que fazer uma<br />

coisa muito importante - eu u sei que aquilo é quase um continente -, mas têm m que fazer aquilo que os<br />

portugueses fizeram quando começou a crise, só que eles devem fazer er antes <strong>da</strong> crise: ter mundo. TTêm<br />

que vir ver à Europa, <strong>ao</strong>s <strong>ao</strong>s E.U.A. E.U.A. o o que que funciona funciona e e o que que não funciona. A A melhor melhor aprendizagem na na vi<strong>da</strong><br />

vi<strong>da</strong> é<br />

não gastarmos mos tempo nenhum nem dinheiro à procura de problemas e sim à procura <strong>da</strong>s soluções. Há<br />

gente que, em qualquer contexto, faz acontecer. É muita resiliência operacional. Eu sou resiliente quando<br />

olho para os problemas como desafios.<br />

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Podcast # 19 - Entrevista a <strong>João</strong> <strong>Catalão</strong><br />

O grande desafio do do Brasil vai vai ser não crescer crescer de forma forma não sustenta<strong>da</strong>. sustenta<strong>da</strong>. Primeiro: educação, que tem que<br />

ser a priori<strong>da</strong>de e não está a ser. Já há algumas iniciativas interessantes, interessantes, mas mas claramente claramente não chegam. O<br />

ter tem que ser com o ser e o problema mais grave gr de Portugal, que não têm os países do NNorte<br />

<strong>da</strong><br />

Europa, foi: Portugal pôs os tipos que estavam a governar o país s a liderar as empresas. Em vez de serem<br />

os indivíduos que eram, eram os que tinham. Os que tinham pagavam agavam <strong>ao</strong>s que eram. Neste momento, um<br />

dos grandes s problemas de Portugal, as empresas que fecham, as empresas que têm t m problemas, é porque<br />

havia muita gente gente que que tinha, tinha, mas mas não era. Quando eu eu digo digo “não “não era”, era”, não não era era conhecedor conhecedor do que era era o<br />

mercado, mas era apenas um indivíd íduo que tinha dinheiro e que otimizava zava negócios, que tinha subsídios,<br />

que tinha facilitismo, que tinha representações, etc. O mundo sustentado é quando nós s primeiro somos e<br />

depois naturalmente temos. Eu não estou a dizer que isto tem a ver com o ensino formal. Reparem que<br />

no Top 10 dos mais s ricos de de Portugal Portugal e e dos mais ricos do mundo, não há nenhum Professor Doutor,<br />

porque a racionali<strong>da</strong>de leva-nos só de A a B. A imaginação leva-nos leva onde nós s queremos. Os homens mais<br />

ricos do mundo, , as pessoas que mais sucesso têm t no mundo são as que têm a maior ior capaci<strong>da</strong>de de fazer<br />

e desfazer para fazer melhor. O futuro <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s, o futuro dos profissionais de ven<strong>da</strong>s que nos estão a<br />

ouvir ou que vão entrar em contacto com o que estamos a dizer, são os que têm t m naturalmente prazer em<br />

estar fora <strong>da</strong> zona de conforto. Porque rque estar na zona de conforto é bom e é humano. Agor Agora, querer estar<br />

naturalmente fora dela, não é humano. É preciso dizer assim: eu quero, porque me apetece. Hoje,<br />

esqueçam necessi<strong>da</strong>de, esqueçam cliente, esqueçam ven<strong>da</strong>s, esqueçam tudo. Eu gosto do que faço e faço<br />

o que gosto, entra aqui uma coisa muito gira chama<strong>da</strong> paixão. Todos nós n s quando estamos apaixonados<br />

fazemos coisas malucas. Na minha empresa, junto do meu computador está est uma frase há muitos anos,<br />

que eu acompanho. Antes estava no meu carro, ca agora está sempre <strong>ao</strong> pé de mim, para eu vver:<br />

“Para<br />

an<strong>da</strong>r nesta vi<strong>da</strong> não é preciso ser maluco, mas aju<strong>da</strong> um bocadinho”. bocadinho É esta maluqueira saudável que nos<br />

dá coragem para às s vezes sermos sermos inconvenientes, mas sermos coerentes connosco mesmos, não engolir<br />

sapos. Eu podia ir agora para o Brasil com um discurso discurso muito bonitinho, se se calhar at até at me pagavam<br />

melhor. Porque é que eu vou para lá provocá-los, porque é que eu vou para lá meter o dedo na feri<strong>da</strong>?<br />

Porque eu tenho que estar bem comigo e eu tenho uma mensagem importante para eles. Claro que eles<br />

ouvem outras pessoas dizerem: “Não, Não, vvocê<br />

é o maior! Sorri, o cliente é bom! Matriz…” …” Tudo T matriciado,<br />

esquemas, manual de ven<strong>da</strong>s…Quando Quando eu fiz o livro, que hoje é o livro mais vendido de sempre em<br />

Portugal de um autor português de negociação e ven<strong>da</strong>s, o “Negociar & Vender”, eu disse: “Eu não posso<br />

fazer livros de ven<strong>da</strong>s, isso não existe, não pode!” pode! Um livro que diga o funil, a técnica, o segre segredo, o que é<br />

isso?! Eu tenho que fazer um livro que seja uma caixa de ferramentas, testemunhado estemunhado por líderes de<br />

opinião. Porque a diferença entre vender a um homem e a uma mulher é abismal. Não tem na<strong>da</strong> a ver,<br />

são pessoas que se complementam, mas são diferentes. O saber fazer um e-mail, e mail, a quanti<strong>da</strong>de de<br />

dimensões que há, isto sto não se pode pode condensar condensar num livro livro de ven<strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s nem nem num num manual, tinha que ser em<br />

ferramentas. E o sucesso foi brutal, está est esgotadíssimo. A editora fez a 4ª edição e disse que agora tenho<br />

que reinventar, porque entrou a crise. Tenho que ter novos conteúdos, tenho 16 capítulos para mu<strong>da</strong>r.<br />

Garanto que quando ele sair, a 4ª edição, vai outra vez correr bem. “Ferramentas de Coaching oaching”, não havia<br />

nenhum livro no mundo, ndo, nenhum! “Coaching com PNL”, o que é isso?! A PNL é uma ferramenta boa,<br />

poderosíssima, mas é uma! “Coaching com a metodologia tal” tal”- mas o que é isto?! o?! An<strong>da</strong>m a enganar o<br />

pessoal! Coaching é acima de tudo ser facilitador <strong>da</strong>s metas do outro. Coaching vem <strong>da</strong> palavra Coach<br />

inglesa “carruagem” e não “treinador”. É um grande equívoco! Há formadores que agora se chamam<br />

Coach. O que é isso?! O coach é alguém lguém que está est atrás. Não diz à pessoa nunca: : “Faz isto, faz aquilo”.<br />

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Podcast # 19 - Entrevista a <strong>João</strong> <strong>Catalão</strong><br />

Simplesmente smente estimula, usa aquelas 3 palavras que eu disse: toma consciência, responsabiliza<br />

responsabiliza-se, atua.<br />

Potencia a descoberta de novas possibili<strong>da</strong>des, portanto, o o próprio próprio coaching coaching não pode ter ter o<br />

o indivíduo à<br />

frente que diz “Eu tenho o meu método, a minha metodologia“, porque ca<strong>da</strong> interação interaç o com essa pessoa<br />

tem novos objetivos e novos desafios, portanto, tinha que haver uma caixa de ferramentas.<br />

Então, eu fiz o livro com a Ana Penim, a minha mulher, como foi com o “UauMe”, o “Negocia Negociar & Vender”,<br />

integrámos, mos, ela especialista de como pensam as pessoas, eu de como vejo no terreno. SSou<br />

eminentemente prático. O “Ferramentas ramentas de Coaching” é um livro único no mundo, já est está traduzido, é<br />

fantástico, é um sucesso já em 27 países. países Aquele livro são 50 ferramentas, porquê? Ai do coach – isto é<br />

como o vendedor -, , que tenha uma ferramenta para vender <strong>ao</strong> cliente. O cliente é único, at até o vendedor<br />

é diferente durante o dia! Quando nós n s temos plastici<strong>da</strong>de mental, estamos mais abertos a deixar entrar<br />

conteúdos, estamos mais interessados em treinar todos os dias. A sorte que tem um vendedor! An<strong>da</strong> na<br />

universi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, não paga propinas. Se ele, de ca<strong>da</strong> vez que visita um cliente, pensar: “Vou às aulas”<br />

e pensar só em 2 minutos: “O que é que eu aprendi nesta interação, interaç o que é que eu fiz que corre correu bem?”<br />

A universi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> é a melhor universi<strong>da</strong>de que há. É claro que às vezes é preciso formação em sala, é<br />

preciso participar em workshops, é preciso preciso ter mundo, mundo, viajar. viajar. Há Há indivíduos indivíduos que <strong>ao</strong>s 20 e tal anos estão<br />

velhos, como eu disse, porque vão de férias f para os mesmos sítios, com os mesmos amigos, le leem as<br />

mesmas coisas, veem os mesmos mos programas…Há uma mensagem que eu dou sempre: todos nós no<br />

mundo só temos uma uma coisa em em comum: 86.400 86.400 segundos para para viver. Outra Outra coisa: coisa: todos nascemos e e todos<br />

todos<br />

vamos morrer. Quando nascemos, choramos. Quando morremos, alguém chora por nó nós.<br />

Significa que a<br />

vi<strong>da</strong> é uma dádiva. Estar nas ven<strong>da</strong>s é um meio de vi<strong>da</strong>, não é um meio de morte. Todos odos os dias eu faço<br />

isto com a minha mulher: antes de adormecermos, perguntamos sempre um <strong>ao</strong> outro: “O que é que hoje<br />

o teu dia teve de positivo?” Ca<strong>da</strong> dia é uma jorna<strong>da</strong> de concretização. Estão a ver por que é que a minha<br />

paixão são as ven<strong>da</strong>s? ? Eu meço aquilo aquilo que produzi. Se vendi, eu meço o que vendi. vendi. Se não não vendi, eu<br />

eu<br />

penso: “<strong>João</strong>, , nunca penses no Não. O Não não existe na tua cabeça. Existe o Ain<strong>da</strong> Não. Significa que<br />

estás s em em jogo. Não Não vendeste hoje, mas mas ficaste a saber quem decide. decide. Não Não vendeste vendeste hoje, hoje, mas subiste mais<br />

um degrau.” Esta é uma frase que eu passo sempre para to<strong>da</strong> a gente: em ven<strong>da</strong>s não há fracassos. Há só<br />

resultados. Não vendi, tive um resultado. Qual é o resultado? É o que eu aprendi porque não vendi. Ou<br />

ain<strong>da</strong> não vendi, mas já sei o que é que o cliente privilegia. Comprou a um concorrente meu. Eu tenho<br />

que saber porque é que ele escolheu o meu concorrente.<br />

Eu gosto muito de brincar. Eu sou anti-matriciado, anti<br />

mas há uma matriz na minha cabeça, que é a matriz do<br />

interesse do cliente. Eu tenho que pensar: O que é que eu tenho de bom que o meu cliente aprecia? O<br />

que é que eu tenho de pobre que o meu cliente desejava? Esta é a minha ponte. O que é que ele desejava<br />

e eu não tenho? Será que eu o posso ter? Eu tenho que saber. Por isso é que a ferramenta de um bom<br />

vendedor é saber fazer perguntas.<br />

Naturalmente, fui parar <strong>ao</strong> coaching, tive muita sorte, andei a estu<strong>da</strong>r 2 anos em Espanha, descobri que<br />

as s pessoas pessoas tinham tinham comigo comigo uma relação muito boa de escuta ativa. ativa. Eu Eu gosto gosto muito muito de de saber o o que é que<br />

vai por dentro <strong>da</strong>s <strong>da</strong>s pessoas, pessoas, sou provocador. Se eu tivesse tivesse um um cognome cognome era O O Provocador Provocador, Provocador o Change<br />

Stimulator. Porque a mu<strong>da</strong>nça não é natural, só o bebé quando tem a fral<strong>da</strong> molha<strong>da</strong> é que gosta de<br />

mu<strong>da</strong>nça e por isso chora. Lá está, é a raiz do “Atitude UauMe”, demonstrar em 327 7 ppáginas<br />

com muito<br />

humor, com ferramentas, com casos práticos e vali<strong>da</strong>do por tantas áreas científicas, cient ficas, que nós n quando<br />

ativamos a surpresa positiva positiva nos nos outros, isso cria imediatamente satisfação e e vontade vontade de de retribuir.<br />

retribuir.<br />

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A origem <strong>da</strong> palavra vender, fui descobri <strong>ao</strong> islandês, veja bem, selja, significa “<strong>da</strong>r e servir”. Portanto,<br />

quem serve recebe. Aqui está o equívoco que muitas empresas estão a ter em Portugal. Este é o<br />

momento para servir. Quem melhor servir pode não ter, mas vai ter! Pelo menos tem uma coisa muito<br />

importante: ativa o rádio. O que é que eu quero quero dizer? Se eu vou a um restaurante restaurante e sou surpreendido<br />

pela quali<strong>da</strong>de e por aquilo que eu encontrei, eu vou contar a alguém.<br />

CdV – As redes sociais potenciam muito isso.<br />

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Podcast # 19 - Entrevista a <strong>João</strong> <strong>Catalão</strong><br />

JC – Ora bem! Eu Eu tenho tenho cerca cerca de de 4.000 4.000 pessoas pessoas no no meu meu Facebook que eu sei que que já já me me conseguiram fazer<br />

isto. A minha vontade era aquilo, , o meu sonho sonho. Hoje já é obrigação, , porque muitas vezes estou em<br />

viagem, mas há gente que está lá à espera espera <strong>da</strong>quela <strong>da</strong>quela mensagem diária motivadora que eu ponho! ponho<br />

A minha<br />

cabeça pensa todos os dias: “O que é que eu lá vou pôr amanhã?” É como a marca Coca Coca-cola. Eles não<br />

têm clientes, têm fãs. É como a Nike. Eu tenho ali um grupo, eu sei exatamente tamente quem são as pessoas que<br />

vão lá só para ver e sei quem são aqueles que precisam <strong>da</strong>quela energia positiva.<br />

Eu trabalho muito nas organizações uma coisa chama<strong>da</strong> otimismo negocial. Vendedor feliz - nunca<br />

esqueçam - com com dinheiro dinheiro no bolso, bolso, vende. vende. Porque Porque não há na<strong>da</strong> na<strong>da</strong> de de que que um um vendedor vendedor mais mais goste goste do que<br />

de vender. Como pôr r uma orientação otimista, foca<strong>da</strong> em soluções e não no problema problema? Como fazer as<br />

empresas neste momento abor<strong>da</strong>rem de forma for diferente?<br />

Eu tenho uma metodologia, o 5Up – outra vez o Up -, que é exatamente o ponto. Eu fiz uma investigação:<br />

as ven<strong>da</strong>s falham em 2 pontos capitais: a abor<strong>da</strong>gem e o fecho. O fecho muitas vezes por vergonha, por<br />

timidez, etc. Então, como é que eu elimino el este problema do fecho? Fiz uma metodologia, desenhei desenhei-a, já<br />

a passei por tantos milhares de pessoas, que exatamente virei a pirâmide <strong>ao</strong> contrário. rio. Se a abor<strong>da</strong>gem<br />

for fantástica, não vai haver fecho, vai haver uma coisa muito gira, gira vai haver uma relação por aí a abaixo<br />

que passa por 5 etapas: abor<strong>da</strong>r, , proporcionar, sensibilizar, motivar - e agora a mais fantástica, a menos<br />

importante, que para alguns é o pior problema -, em vez do fecho, concretizar. Há uma coisa muito<br />

engraça<strong>da</strong>: eu vou satisfazer os s meus interesses interesses focado em resolver o problema do outro outro lado. Há aqui<br />

uma co-criação de negócios que termina de uma forma muito interessante. O cliente é que assina por<br />

baixo, ele é que compra! Nós s não devemos tentar vender vender na<strong>da</strong> a ninguém! Eu volto a dize dizer: dize não an<strong>da</strong>r a<br />

satisfazer necessi<strong>da</strong>des. As necessi<strong>da</strong>des satisfazem satisfazem-se na casa de banho e eu só lá vou quando estou “à<br />

rasquinha”! Isso é um mito. O que eu digo é: : como <strong>da</strong>r a mão <strong>ao</strong> cliente? Isso começa na dimensão mais<br />

importante, que é a abor<strong>da</strong>gem. Tem sido si a minha “revolução” ção” nas empresas onde trabalho trabalho: pôr aquela<br />

gente a deixar de pensar nas hard skills, nas nas competências competências técnicas. técnicas. Nisso Nisso acho acho que que praticamente praticamente to<strong>da</strong>s to<strong>da</strong>s as<br />

empresas em Portugal estão bem, mas não numa coisa nova que é um palavrão, que são as soft skills.<br />

Quando antes se falava nisto em Portugal, ninguém sabia o que era. Eu tinha que explicar: “ “Isto são as<br />

competências comportamentais. Há 3 ou 4. 4 Vocês no recrutamento têm m que eliminar as pessoas to<strong>da</strong>s<br />

que não tenham altos stan<strong>da</strong>rds de comunicação, comunicaç que é o maior obstáculo à eficácia” ”. Há estudos que<br />

comprovam que as guerras, os divórcios, os problemas, as ven<strong>da</strong>s, 90% dos obstáculos normalmente<br />

estão na comunicação. Tudo comunica em nós, nós como eu visto, como eu falo, tudo! O ee-mail,<br />

o sms, tudo<br />

comunica! Trabalhar é comunicação. A segun<strong>da</strong> é gestão de emoções. Nunca foi tão importante marca,<br />

evidenciar valor. Só vendem neste momento as empresas que, ou têm valor, ou mais barato. Quem est está<br />

no meio está morto. Mas para vender valor é muito importante, como mo eu disse há bocado: talento é saber<br />

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como o cliente pensa. Se eu não sei o que é importante para o cliente, eu não sou importante. Fora disso,<br />

é o mais barato!<br />

CdV – É o low cost.<br />

JC – É o low cost! Há um grande desafio para as organizações que é como descobrir neste momento o que<br />

é importante para o mercado. Isto exige novas skills. skills Por or exemplo, gestão de conflitos conflitos: basta abrir a<br />

televisão. Você não tem um problema na na vi<strong>da</strong>? Abra Abra a televisão, abra o o rádio, compre o jornal. Traz o<br />

conflito até si. Nós vivemos ivemos num num mundo mundo intenso, incerto, um mundo onde domina o medo. medo. Eu Eu acredito<br />

acredito<br />

que o próximo mundo que nós s estamos a criar, porque isto vai <strong>da</strong>r a volta, vai ser o mundo d<strong>da</strong><br />

confiança.<br />

Isto é bom para as ven<strong>da</strong>s. Porquê? ? Olhem o que é que aconteceu esta semana a Portugal Portugal, quando nós<br />

fomos <strong>ao</strong>s <strong>ao</strong>s mercados. O mercado mercado disse: “Estamos a confiar em vocês”. Eu abri uma garrafa de champanhe,<br />

festejei com a minha mulher. Há outros que ain<strong>da</strong> a não perceberam o momento mágico gico que se deu em<br />

Portugal. Portugal voltou oltou a ter confiança externa. É como nas organizações. O que é que as organizações<br />

estão a fazer para inspirar confiança? Os <strong>da</strong>dos são matemática pura: aumenta o índice de confiança,<br />

aumenta o consumo. Se e as empresas querem vender mais, trabalhem esta questão <strong>da</strong>s soft skills.<br />

O que é que a minha empresa trabalha em termos de confiança? Eu vejo e-mails a tratarem-nos tratarem por<br />

Exmo. Senhor e Senhora. Isto não me inspira confiança, não sabem quem eu sou. sou Vejo ejo cartas que qu têm<br />

erros de português. Vejo erros em folhetos de empresas empresas. Vejo informação que não tem na<strong>da</strong> a ver com o<br />

site, que não está articula<strong>da</strong> articula<strong>da</strong> com a imagem do logótipo, com aquilo que transmite transmite o o vendedor.<br />

Neste momento deve haver tolerância zero a tudo o que possa criar alguma tensão, pporque<br />

o negócio<br />

tem sempre uma tensão associa<strong>da</strong> à decisão. Pessoas que inspirem confiança, isso é que é. Uma outra: eu<br />

nunca admiti um vendedor, , ou um dirigente, a trabalhar comigo a quem eu me dirija e diga: “Qual é o seu<br />

propósito na vi<strong>da</strong>?”; a maior parte responde: “Não “ sei, nunca pensei nisso…” Quem trabalha em negócios,<br />

tem que ter um propósito. An<strong>da</strong> na vi<strong>da</strong> para quê? qu<br />

Ain<strong>da</strong> me lembro lembro de um patrão que eu eu tive tive que dizia: “Quem não trata dos seus interesses, não trata dos<br />

do patrão”. Isto é incrível! Eu este ano vou saltar s de paraque<strong>da</strong>s pela primeira vez. Está tudo tratado, vai<br />

ser em Évora. Todos Todos os anos eu lanço um desafio a mim, porque porque eu tenho tenho que ter as minhas metas. Eu<br />

tenho sempre 3 metas: O meu objetivo: objetivo neste momento é que os meus negócios tenham<br />

sustentabili<strong>da</strong>de. O meu objetivo de e sonho, que é claramente crescer em quê e como; e o de recurso, que<br />

às vezes é sobreviver, de cara alegre! Isto é muito importante: qual é o meu objetivo de recurso recurso? É aquilo<br />

que eu posso comprar se me apetecer apetecer. Se eu quiser hoje trocar o meu telemóvel, tenho dinheiro para o<br />

trocar. O outro já depende de terceiros. O de sonho já só depende do meu calendário. Eu quero fazer o<br />

salto dos 4.000mt, com 60 segundos de que<strong>da</strong> livre. Quando eu concretizo etizo o meu sonho, que depende só<br />

de mim, dá-se aquilo que pusemos no nosso livro: livro “Uau!”. Se nós s não tivermos o “Uau!” nna<br />

nossa vi<strong>da</strong><br />

pessoal, como é que vamos ter vontade de ter “Uaus!” na nossa vi<strong>da</strong> de trabalho? Como é que nós vamos<br />

interromper aquela reunião, se temos a solução e se temos medo de dizer? “Cui<strong>da</strong>do! Cui<strong>da</strong>do! Podes ser mal<br />

ouvido, podes s ser mal interpretado…”. Não. É quando temos o “Uau!”. O “Uau é isto, é querer festejar<br />

alguma coisa.<br />

CdV – É essa chama que o faz arranjar tempo para tudo aquilo que faz?<br />

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Podcast # 19 - Entrevista a <strong>João</strong> <strong>Catalão</strong><br />

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Podcast # 19 - Entrevista a <strong>João</strong> <strong>Catalão</strong><br />

JC – O meu dia tem que ser sempre assim assim. Eu tenho 86.400 segundos para viver todos os dias, igual <strong>ao</strong><br />

Mourinho, <strong>ao</strong> <strong>ao</strong> Cristiano Ronaldo, a vocês. vocês. Se eu eu não investir o o meu meu tempo, tempo, desperdiço. desperdiço. Eu Eu eescolho,<br />

e eu<br />

tenho o comando na minha cabeça. Eu escolho o programa de televisão que vejo mas, se não era aquilo<br />

que eu quero, mudo de canal. Pensem sempre que na vi<strong>da</strong> vocês ttêm<br />

m o comando na vossa mão. Mesmo<br />

as pessoas com quem vivem, as empresas onde trabalham. Não desperdicem o vosso tempo, porque ele é<br />

irrecuperável. O valor é brutal. l. O meu tempo e a minha paixão, que neste momento é partilhar seja o que<br />

for, é esta. Eu tenho uma metodologia muito simples, eu u não sou na<strong>da</strong> organizado. Se vocês forem ver, a<br />

minha estratégia é não ter estratégia. estratégia. Eu Eu respondo respondo <strong>ao</strong> <strong>ao</strong> mercado mercado na na hora hora e no ponto e sou feliz assim. Mas<br />

tenho uma coisa mental. A estratégia est está lá: eu penso sempre na minha cabeça antes de qualquer coisa coisa:<br />

“Para quê?”. . Hoje vou a Braga. Para quê? qu Enquanto eu não tenho respostas <strong>ao</strong> “Para quê?” qu - chamo eu a<br />

isto a minha estratégia, , para <strong>da</strong>r um glamour -, não avanço. Se tenho resposta, a seguir penso logo:<br />

“Tática! Aí é que se ganham jogos!”. Nas ven<strong>da</strong>s, é com táticas que se concretiza. Como, quem e quando?<br />

Enquanto eu não defino o “Para quê ê?”, eu não avanço para outra. “Vamos almoçar fora”. “Para qu quê?”.<br />

“Porque está ali um restaurante novo, é para tu o conheceres”. “Porreiro, é para conhecer o restaurante<br />

novo. A que horas vamos, quem vai connosco?” connosco? Se não, não avanço. Se não, chego lá, , estou à espera que<br />

me aten<strong>da</strong>m…”Para que é que eu vim aqui?”. aqui? Há muita gente todos os dias a intoxicar a vi<strong>da</strong> com isto:<br />

“Para que é que eu estou aqui sentado? Para que é que eu trabalho nesta ta empresa? Para que é que eu<br />

vivo com esta pessoa?” Para quê, , para quê?! qu Eu digo: quando há “Para quês?”, é urgente atuar. Então,<br />

vamos para o como e quando. Se temos “Para “Para quês?”, ficamos ficamos ali e não atuamos, entramos num processo<br />

gravíssimo que se chama estupidificação. Um dia destes fiz uma investigação em Neurociências e descobri<br />

o que é a Neurogenese. Isto é importante partilhar: a Neurogenese é a última ltima revolução <strong>da</strong>s<br />

Neurociências. O O nosso cérebro trabalha trabalha através de impulsos químicos, as as chama<strong>da</strong>s chama<strong>da</strong>s sinapses. Quando<br />

nós s estamos felizes e entusiasmados – vejam, o elixir <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s -, , ativamos mais sinapses. A<br />

Neurogenese diz o seguinte: não só não morrem os neurónios, ativamo-los, ativamo mantemo-los los vivos – porque<br />

o nosso corpo é assim: tudo o que não usamos é desperdício -, como podemos gerar novos neurónios,<br />

isto é, , estamos a crescer em termos mentais. Mas diz exatamente o contrário: : se nnós<br />

estamos<br />

deprimidos, aborrecidos e chateados, chateados, há há um um neurotransmissor chamado chamado glutamato que o nosso<br />

hipotálamo ativa e sabem o que pode fazer? Mata-nos Mata neurónios. Sabem o que isso quer dizer: que<br />

entramos em processo de de estupidificação. Por Por isso eu digo digo sempre, sempre, sempre sempre nas minhas minhas intervenções:<br />

intervenções: a<br />

vi<strong>da</strong> é feita de escolhas. Todos nós s temos o poder de escolher A ou B. Quando escolhemos olhemos não escolher,<br />

cui<strong>da</strong>do! É uma escolha, escolhemos sempre. Peguem no comando mental <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e pensem à porta do<br />

cliente: “Para que é que vens aqui?”. ?”. “Ah, porque está est no teu itinerário, porque faz parte…”. “Está bem.<br />

Então, o que é que lá vais fazer, como, omo, com quem vais falar, quando, etc.?”<br />

A quanti<strong>da</strong>de de tempo que se desperdiça neste país pa em maus itinerários comerciais, erciais, gente que às 4h00<br />

<strong>da</strong> tarde já não tem na<strong>da</strong> que fazer, outros que às s tantas <strong>da</strong> noite ain<strong>da</strong> an<strong>da</strong>m a trabalha trabalhar, simplesmente<br />

porque na<strong>da</strong> está ajustado. Damásio, , o grande grande cientista, cientista, já provou isso: pessoas felizes concretizam mais.<br />

A emoção precede a ação. A pressão não é compatível com um país que já está em crise crise, em depressão.<br />

Nas ven<strong>da</strong>s têm m que encontrar o caminho em que o otimismo aparece, em que os desafios aparecem.<br />

Porque é que eu trabalho tanto em m coaching comercial? É trabalhar com eles no seu ambiente, tratá-los<br />

como únicos. Agora, imaginem nem que consigo ajud ajudá-los a perceberem quando eles tratam o cliente como<br />

único e especial? Já o estão a surpreender. Vendem, tratam de negócios. Negócios, , negação do ócio ócio.<br />

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Podcast # 19 - Entrevista a <strong>João</strong> <strong>Catalão</strong><br />

Nunca na<strong>da</strong> é igual. Ca<strong>da</strong> negócio é único, é esta a beleza. Se o indivíduo vai com “a minha ferramenta, o<br />

meu catálogo, o meu processo – isto é uma palavra horrível -, , o meu processo de ven<strong>da</strong>…” ven<strong>da</strong>… O processo de<br />

ven<strong>da</strong> é surpreender o cliente, é isso que trabalhamos no “Atitude UauMe”. Como surpreender o outro,<br />

porque vamos imediatamente gerar satisfação positiva e há vontade de ter qualquer coisa de volta. NNo<br />

momento em que eu surpreendo, eu foco a atenção do outro, eu estimulo o outro. Está a ver por que é<br />

que eu no meu Facebook tenho o UauMe Stimulator? Se eu, ou você, ou alguém, , hoje surpreender<br />

alguém, há logo um efeito fantástico. Focou-o F em si. O maior problema lema hoje <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s chama chama-se: Como<br />

cativar a atenção do cliente? A receita é fácil: surpreen<strong>da</strong>-o. Porque an<strong>da</strong> tudo a fazer o mesmo, an<strong>da</strong><br />

tudo pelos mesmos caminhos. Isso é péssimo, já estão pisados. sados. Saber surpreender o cliente é a principal<br />

skill que o indivíduo tem que ter neste momento. Se ele não se sabe surpreender a si próprio, próprio, desafiando-<br />

se…? O que são as ven<strong>da</strong>s? É desafiar-se desafiar a si próprio.<br />

Há uma pergunta que vocês tinham aqui que eu achei muito interessante: O que é que diferencia o<br />

excelente, a estrela? É que o excelente é exatamente o indivíduo que está feliz por an<strong>da</strong>r fora d<strong>da</strong><br />

zona de<br />

conforto. Ele não está preocupado em olhar para os lados nem para trás. Ele an<strong>da</strong> para a frente e mexe mexese.<br />

Ele está sempre a descobrir coisas novas. Excelência para mim é, , veja a palavra: Ex Ex-celência, fora <strong>da</strong><br />

cela, ex-cela. É o indivíduo que saltou fora <strong>da</strong> cela. Não vê o que os outros veem, vê mais. Conectado ou<br />

não conectado, , pensado ou não pensado, autoestimula-se, auto<br />

tem uma ambição, , aponta alto: “Eu não quero<br />

an<strong>da</strong>r n<strong>da</strong>r no campeonato dos outros. Eu sou único, eu tenho a minha caminha<strong>da</strong>”. Então, , salta fora <strong>da</strong> cela.<br />

Para isso é precisa coragem, é preciso talento, é precisa aprendizagem contínua. Há vendedores, há gente<br />

no mercado que não lê na<strong>da</strong>. Hoje é grátis, vai-se <strong>ao</strong> Google. Há gente que não lê na<strong>da</strong>, que não tem<br />

momentos de leitura, momentos de aprendizagem. Hoje ain<strong>da</strong> é difícil em Portugal, no Brasil é bastante<br />

melhor. No Brasil eles gostam de comunicar, de falar uns com os outros. Ain<strong>da</strong> hoje é difícil em Portugal<br />

pôr r gente <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s, diretores comerciais, ain<strong>da</strong> há muito individualismo, ain<strong>da</strong> não percebem que a<br />

partilha é a alma do negócio, cio, muita inveja, contam-se contam meias-ver<strong>da</strong>des. Estamos stamos numa reunião e se um<br />

diz: “Está tudo bem”, estão todos bem. Se um diz “Está “Est tudo mal”, está tudo mal. Nós s em Portugal, isto é<br />

um recado muito importante para o pessoal <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s: a inveja é má, , porque ela corrói o invejoso. A<br />

inveja inibe de ver ver o o outro. Este mundo <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s, estas estas áreas áreas <strong>da</strong> <strong>da</strong> formação formação de de ven<strong>da</strong>s, ven<strong>da</strong>s, an<strong>da</strong> an<strong>da</strong> sempre<br />

sempre<br />

tudo à coca do que o outro faz, , desgasta-se desgasta e depois não partilha, não constrói! É uma questão de<br />

maturi<strong>da</strong>de. O O mercado ensina ensina uma lição a a to<strong>da</strong> a a gente gente em em qualquer qualquer contexto: o mercado filtra. Eu<br />

lembro-me que quando comecei no coaching comercial não havia ninguém. Hoje to<strong>da</strong> a gente foi para aí. a<br />

Vendiam-se certificações de fim-de-semana, semana, certificações de “Farinha Amparo”, to<strong>da</strong> a gente era coach.<br />

Não me preocupa na<strong>da</strong>, na<strong>da</strong>! Sabem porquê? porqu Porque o mercado limpa tudo, é implacável! Vender não n é<br />

para qualquer um. Tem muita arte e muita ciência. Este é o momento de as empresas, as chefias e os<br />

vendedores serem inteligentes. As oportuni<strong>da</strong>des para as ven<strong>da</strong>s estão no auge! As empresas não<br />

querem mais na<strong>da</strong>. Fazer acontecer. O pa país precisa disso.<br />

Não sei se há mais alguma pergunta, eu fui respondendo a to<strong>da</strong>s por aí fora…<br />

CdV – Hoje subverteu-nos nos o esquema todo e muito bem, foi fantástico! Fico muito satisfeito ppor<br />

as coisas<br />

terem corrido assim. Ia só lançar-lhe lhe uma última questão: que deixe uma mensagem <strong>ao</strong>s nossos ouvintes<br />

que ache interessante para eles poderem partilhar e estarem mais motivados.<br />

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JC – Se não gostam do que fazem e não fazem o que gostam, deixem a profissão. Não dá dá.<br />

A mediocri<strong>da</strong>de<br />

não vai ser aceite. O mercado rcado vai selecionar. Se querem uma profissão única, porque não há 2 interaç interações<br />

iguais, o mercado mundial vai an<strong>da</strong>r à procura. Ganhem mundo e agora eu vou dizer 3 coisas que digo<br />

sempre, que são as minhas frases:<br />

- Façam e desfaçam façam para fazer melhor, se querem q encontrar resultados.<br />

- Lembrem-se se que na na vi<strong>da</strong> vi<strong>da</strong> comercial comercial ninguém ninguém tem tem aquilo aquilo que que parece, parece, mas mas sim sim apenas apenas o o resultado <strong>da</strong>quilo<br />

<strong>da</strong>quilo<br />

que sabe concretizar.<br />

- A terceira, que é muito importante, os meus símbolos que an<strong>da</strong>m sempre comigo, , que são os meus<br />

coraçõezinhos zinhos com sorriso: pessoas felizes concretizam mais e esta parte é muito importante: o cliente<br />

feliz também compra mais e melhor.<br />

Nós temos que saber criar o momento e perceber que é <strong>da</strong>s adversi<strong>da</strong>des que surge o talento. Este é<br />

claramente o momento para aqueles que que querem ter sucesso semearem. Daqui a bocado estarei a dizer<br />

isto em Braga, porque vou estar com muita gente <strong>da</strong>s tecnologias e há aí um inimigo muito grande, que é<br />

a tecno-inércia. . Hoje nas ven<strong>da</strong>s há muito as tecnologias de apoio, os Ipads, os Iphones…As Iphones… tecnologias<br />

serão neste neste momento momento o o nosso melhor aliado aliado como como ferramenta, não de substituição. E-mail não tem<br />

emoções. Lembrem-se se do que diziam os nossos AAvós:<br />

s: “Longe <strong>da</strong> vista, longe do coração”. “Olhos que não<br />

veem, coração que não sente”. Nunca como hoje é importante estar próximo do cliente. Talento Talentos são<br />

aqueles que sabem pensar pensar como como o o cliente. cliente. E o que eu já disse aqui: aqueles que souberem o que é<br />

importante para o mercado, são importantes. Saibam o que é importante para o outro e isso transforma-<br />

vos em importantes. Aprendizagem contínua cont nua e usem a ferramenta que eu sempre usei e que continuo a<br />

usar enquanto puder: deem em cor<strong>da</strong> <strong>ao</strong>s sapatos, sapatos isto é, vão ter com.<br />

CdV - <strong>João</strong>, muito obrigado!<br />

JC – Por na<strong>da</strong>. Obrigado, , tive muito gosto! gosto<br />

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Podcast # 19 - Entrevista a <strong>João</strong> <strong>Catalão</strong><br />

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