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trabalho, opressão e língua: por uma análise do conto “a enxada”

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deseja alcançar a certeza, o que é impossível. Supriano nos mostra isso. E a partir daí serão<br />

feitas as <strong>análise</strong>s e considerações a respeito <strong>do</strong> <strong>conto</strong>.<br />

2) Opressão social e <strong>língua</strong><br />

Antonio Cândi<strong>do</strong> em Literatura e sociedade (2000) observa que as áreas sociais, em<br />

alguns momentos e de forma incompleta, têm feito suas <strong>análise</strong>s sobre a arte <strong>por</strong>ém sem que<br />

haja um certo méto<strong>do</strong>. De acor<strong>do</strong> com o autor, “(...) sociólogos, psicólogos e outros<br />

manifestam às vezes intuitos imperialistas.” (CANDIDO, 2000, p.17) Intuitos estes que<br />

levaram pensa<strong>do</strong>res a momentos em que “(...) julgaram poder explicar apenas com os recursos<br />

das suas disciplinas a totalidade <strong>do</strong> fenômeno artístico.” (CANDIDO, 2000, p.17), conforme<br />

continua analisan<strong>do</strong> Candi<strong>do</strong>.<br />

O cuida<strong>do</strong> que se deve ter, de acor<strong>do</strong> com Antonio Candi<strong>do</strong>, perpassa questões muito<br />

mais abrangentes que envolvem arte e sociedade, caso contrário cairíamos em “(...) reduções<br />

esquemáticas que se poderiam reduzir a fórmulas, como: "Dai-me o meio e a raça, eu vos<br />

darei a obra" (CANDIDO, 2000, p.17); ou: "Sen<strong>do</strong> o talento e o gênio formas especiais de<br />

desequilíbrio, a obra constitui essencialmente um sintoma, e assim <strong>por</strong> diante.” (CANDIDO,<br />

2000, p.17) como ironicamente lembra o autor. Candi<strong>do</strong>, inclusive, cita um interessante<br />

trecho que melhor exprime as relações entre o artista e a sociedade:<br />

O poeta não é <strong>uma</strong> resultante, nem mesmo um simples foco refletor; possui o<br />

seu próprio espelho, a sua mônada individual e única. Tem o seu núcleo e o<br />

seu órgão, através <strong>do</strong> qual tu<strong>do</strong> o que passa se transforma, <strong>por</strong>que ele<br />

combina e cria ao devolver à realidade. (CANDIDO apud SAINTE-BEUVE,<br />

2000, p.18)<br />

A partir daí ficamos mais confortáveis ao fazermos nossas <strong>análise</strong>s <strong>do</strong> <strong>conto</strong> em<br />

questão. Devemos, primeiramente, levar em consideração que a sociologia e outras áreas<br />

podem fornecer interessantes e até im<strong>por</strong>tantes subsídios para melhor compreendermos o<br />

contexto no qual <strong>uma</strong> obra está inserida, <strong>por</strong>ém não podem explicar o fenômeno literário, que<br />

parte <strong>do</strong> artista e não <strong>do</strong> sociólogo.<br />

Anais <strong>do</strong> SIELP. Volume 2, Número 1. Uberlândia: EDUFU, 2012. ISSN 2237-8758<br />

No caso deste <strong>trabalho</strong> considera-se um artista que coloca a literatura <strong>do</strong> centro-oeste<br />

em evidência nacional e internacional. Considera<strong>do</strong> como autor realista social e introdutor <strong>do</strong><br />

Modernismo nesta região 1 , Élis ressalta os problemas vivencia<strong>do</strong>s pelo homem <strong>do</strong> sertão<br />

através de <strong>uma</strong> escrita altamente crítica e social, cuja arte literária “(...) é <strong>uma</strong> criação da<br />

linguagem muito mais que <strong>uma</strong> expressão <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> (o que também é de grande valor em sua<br />

1 Assim a Profa. M. Sc. Gicelma da Fonseca Chacarosqui Torchi observa a im<strong>por</strong>tância de Élis no contexto<br />

nacional. Torchi é autora <strong>do</strong> artigo: “A costura da colcha: <strong>uma</strong> leitura de Bernar<strong>do</strong> Élis”, disponível em:<br />

www.interletras.com.br – v. 2. n. 4 – jan./jun. 2006. Último acesso: 07/10/2011.<br />

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