O QUE O IMPERIALISMO QUER? - PCO
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SEMANáRIO NACIONAL OPERáRIO E SOCIALISTA<br />
CAUSA OPERÁRIA<br />
WWW.<strong>PCO</strong>.ORG.BR/CAUSAOPERARIA • FUNDADO EM JUNHO DE 1979 • ANO XXXI • Nº 592 • DE 27 DE JUNHO A 3 DE JULHO DE 2010 • SP, MG E RJ R$ 4,00 • DEMAIS ESTADOS R$ 5,00<br />
ELEIçõES 2010<br />
O <strong>QUE</strong> O <strong>IMPERIALISMO</strong> <strong>QUE</strong>R?<br />
Na última semana, declarações<br />
de órgãos de imprensa internacionais<br />
e representantes<br />
do mercado financeiro norte-<br />
-americano, em sondagem<br />
sobre as eleições no Brasil,<br />
deixaram claro o posicionamento<br />
dos principais agentes<br />
do imperialismo sobre como<br />
querem que seja o próximo<br />
governo no País.<br />
O PT garantiu a representantes<br />
de banco norte-americano<br />
Merrill Lynch que<br />
Dilma Rousseff irá satisfazer<br />
os interesses dos capitalistas<br />
internacionais. Já a rede norte-<br />
-americana CNN fez ressalvas<br />
quanto à economia do governo<br />
do PT, mas diz que Brasil<br />
não deve virar uma Venezuela<br />
com a vitória de Dilma.<br />
As divergências do imperialismo<br />
quanto às candidaturas<br />
do PT e do PSDB são<br />
apenas pontuais. Assim, os<br />
agentes financeiros internacionais<br />
reafirmam que os<br />
dois candidatos, no essencial,<br />
representam os mesmos<br />
interesses dos banqueiros<br />
internacionais, apenas com<br />
uma mudança de tonalidade.<br />
Página A5<br />
ELEIçõES 2010<br />
INTERNACIONAL<br />
O general responsável pelas tropas no Afeganistão foi<br />
afastado do cargo na última semana.<br />
OS EUA E A gUERRA NO AfEgANISTãO<br />
A crise na cúpula<br />
Declarações feitas pelo general Stanley McChrystal à imprensa<br />
comprometeram a confiança do governo Obama em<br />
seu trabalho levam a uma nova mudança na direção prática da<br />
guerra. Página A17<br />
NESTA EDIçãO:<br />
“O general em retirada”:<br />
algumas das declarações que<br />
levaram à demissão do general<br />
Página A17<br />
AfEgANISTãO:<br />
A “ARÁbIA SAUDITA DO LíTIO”?<br />
Não, se depender do imperialismo<br />
Página A18<br />
Representantes dos banqueiros internacionais se declaram satisfeitos com as eleições no Brasil antes mesmo da votação.<br />
ATO E JANTAR DãO INíCIO à CAMPANHA<br />
ELEITORAL DO PARTIDO DA CAUSA OPERÁRIA<br />
<strong>PCO</strong> lança candidaturas<br />
para organizar a luta por um<br />
partido operário e socialista<br />
A tarefa central é a construção do<br />
partido operário e revolucionário. Páginas A10 a A15<br />
ECONOMIA<br />
EUA<br />
Obama apela<br />
para países em<br />
crise continuarem<br />
sustentando<br />
capitalistas e<br />
banqueiros<br />
O presidente norte-americano<br />
pediu a manutenção dos<br />
planos econômicos de “austeridade”,<br />
pois a crise ainda não<br />
está no fim. Página A8<br />
SEgUNDO CADERNO<br />
ESPECIAL:<br />
O DESPERTAR DA<br />
LITERATURA NEgRA<br />
AIMÉ CÉSAIRE,<br />
O MOVIMENTO<br />
NEgRITUDE E<br />
A LITERATURA<br />
NEgRA NA<br />
MARTINICA<br />
Dando continuidade à série sobre a literatura negra, apresentamos<br />
nesta edição a obra do poeta martinicano que foi<br />
uma das personagens centrais da literatura negra do século<br />
XX: Aimé Césaire.<br />
ENTREVISTA DA SEMANA<br />
JORgE LUIz SOUTO MAIOR<br />
fALA SObRE A gREVE NA USP<br />
“Não vejo razão alguma para a<br />
quebra da isonomia”<br />
Causa Operária entrevista Jorge Luiz Souto Maior, jurista e professor<br />
livre docente de direito do trabalho brasileiro na USP sobre o ataque<br />
ao direito de greve dos funcionários da universidade. Página A20<br />
MOVIMENTO<br />
OPERÁRIO<br />
ELEIçõES NO<br />
CORREIO DE<br />
CAMPINAS<br />
Ecetistas em<br />
Luta lança<br />
chapa contra a<br />
privatização da<br />
ECT, fortalecendo<br />
o combate contra<br />
a política traidora<br />
da direção da<br />
fentect<br />
Página A10<br />
MOVIMENTO ESTUDANTIL<br />
SObRE O MANIfESTO DOS Ex-REITORES<br />
O ataque aos movimentos de luta<br />
é a defesa da privatização da USP<br />
Na defesa da privatização da USP, ex-reitores publicam manifesto<br />
de apoio à repressão à greve e à ocupação da reitoria.<br />
Página A14<br />
fUNCIONÁRIOS DA USP<br />
Os trabalhadores não devem aceitar<br />
a quebra da isonomia Página A13<br />
NACIONAL<br />
ELDORADO DOS<br />
CARAJÁS<br />
STf suspende<br />
julgamento de<br />
responsável por<br />
massacre de<br />
sem-terra<br />
O coronel da Polícia Militar,<br />
Mário Colares Pantoja, implicado<br />
no caso, pede a nulidade<br />
do processo que o condenou a<br />
228 anos de prisão pela morte<br />
de 19 sem-terra. Página A7<br />
ENCHENTE EM<br />
PERNAMbUCO E<br />
ALAgOAS<br />
Uma tragédia<br />
anunciada<br />
Página A6<br />
MATO gROSSO<br />
DO SUL<br />
Juízes decidem<br />
pela expulsão<br />
de seis mil<br />
trabalhadores de<br />
assentamento em<br />
favor de empresa<br />
estrangeira<br />
Página A7
CAUSA<br />
OPERÁRIA <br />
Crise assola governo Obama<br />
Afastamento do general Stanley McChrystal, responsável pelas<br />
tropas norte-americanas no Afeganistão, aprofunda a crise no<br />
governo Obama <br />
<br />
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19 SÁB<br />
22 TER<br />
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25 SEX<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
ACONTECEU NA ÚLTIMA SEMANA<br />
<br />
O general Stanley McChrystal, comandante das tropas norte-americanas e da<br />
OTAN (Organização do Atlântico Norte) no Afeganistão pediu demissão do<br />
<br />
cargo.<br />
Inundações atingem o Sul da China e<br />
causam mais de 175 mortes<br />
Chuvas inundam interior de Alagoas e<br />
Pernambuco deixando mais de 50 mortos.<br />
Trabalhadores da cidade de Chittagong<br />
protestam contra fraude nas eleições<br />
queimando veículos e obrigando o<br />
governo a intervir com o exército.<br />
20 DOM 21 SEG <br />
23 QUA<br />
<br />
<br />
24 QUI<br />
<br />
<br />
Reitor-interventor Rodas não negocia<br />
com os funcionários que mantém greve.<br />
Soldados vasculham as casas no<br />
Quirguistão para tentar conter o conflito<br />
entre as etnias quirguizes e usbeques.<br />
Trabalhadores gregos realizam greve contra a<br />
reforma trabalhista e outras medidas do plano<br />
de austeridade e fazem piquete em porto de<br />
Atenas paralisando as embarcações.<br />
CAUSA OPERÁRIA<br />
Fundado em junho de 1979 ¡¢£¤¥¦§¨©©¦¢¥¦©©¨©¦¡¤¦©¨<br />
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27 DE JUNHO 2010 CAUSA OPERÁRIA A3<br />
Editoriais<br />
Editoriais<br />
Serra e a crise da direita<br />
O governo<br />
de José Serra-Alberto Goldman continua en<br />
frentando uma série de mobilizações no estado de São<br />
Paulo. Após a ocupação da reitoria da USP promovida<br />
por estudantes e funcionários e também a ocupação do<br />
Fórum João Mendes pelos trabalhadores do judiciário, outras manifestações<br />
começam a acontecer.<br />
Cerca de 250 trabalhadores e estudantes da USP realizaram um<br />
ato no último dia 17, fechando o portão principal da USP desde às<br />
6h30 da manhã. Trabalhadores e estudantes protestam contra a<br />
perseguição aos grevistas e contra o corte de ponto promovido pelo<br />
reitor indicado por Serra, João Grandino Rodas, que não depositou<br />
o salário de mais de 1.500 trabalhadores como retaliação à greve<br />
que chega aos 50 dias e à ocupação da reitoria que chegará à sua<br />
terceira semana.<br />
Já os trabalhadores do Judiciário, que fazem greve desde o dia<br />
28 de abril exigindo reajuste de 20% dos salários, deverão manter<br />
a paralisação. Uma audiência de conciliação entre grevistas e o<br />
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, realizada na quintafeira,<br />
dia 17, terminou sem qualquer acordo.<br />
Além de reajuste salarial, os trabalhadores exigem melhores<br />
condições de trabalho e a suspensão da Resolução 520, que impõe<br />
descontos aos salários dos trabalhadores em greve.<br />
Juntando-se aos trabalhadores do judiciário, estudantes e trabalhadores<br />
da USP, os trabalhadores sem-teto organizaram um pro-<br />
testo fechando duas vias do Rodoanel.<br />
Cerca de 400 manifestantes do Movimento dos Sem-Teto, ligados<br />
ao MTST, interditaram os dois sentidos do Rodoanel Sul, na altura<br />
do quilômetro 47, em Osasco, na Grande São Paulo, contra a aprovação<br />
de reintegração de posse no bairro Marabá, em Taboão da Serra.<br />
Se colocada em prática a reintegração irá atingir 900 famílias<br />
(mais de 4 mil pessoas) que integram a Ocupação Che Guevara,<br />
montada há cerca de dois meses.<br />
Segundo o MTST, Serra havia declarado em 2007 que iria construir<br />
moradias para as famílias sem-teto de Taboão da Serra, Embu<br />
e Itapecerica da Serra, o que levou as famílias a organizarem a<br />
ocupação.<br />
As mobilizações em São Paulo, que representam um grande<br />
desgaste para o governo Serra, candidato pelo PSDB às eleições<br />
presidenciais, é uma expressão da crise geral da direita. É um golpe<br />
duro contra a direita cuja perspectiva com a candidatura de José<br />
Serra é que não haja a completa dispersão de seus partidos em crise.<br />
Os trabalhadores têm como tarefa aprofundar esta crise. Para<br />
tanto, devem ampliar sua mobilização, se unificar contra o governo<br />
Serra e contra sua política pró-imperialista e antioperária.<br />
Os trabalhadores e estudantes devem colocar este governo contra<br />
a parede por meio de sua unificação e a ampliação do movimento<br />
de greve e da mobilização com a pressão cada vez maior contra<br />
o governo.<br />
Lei antifumo e lei seca: um primeiro balanço<br />
Após dez meses da aprovação da Lei Antifumo em São Paulo<br />
e sua extensão para diversas cidades do país, e dois anos<br />
após a aprovação da Lei Seca nacionalmente, dados do<br />
próprio Ministério da Saúde mostram que as leis restritivas não têm<br />
qualquer eficiência para reduzir o número de usuários de cigarros<br />
e bebidas.<br />
Segundo relatório publicado na segunda-feira, dia 21, a porcentagem<br />
de brasileiros que fumam passou de 16,2% em 2006,<br />
para 15,5% em 2009, uma redução ínfima. Entre as mulheres não<br />
houve qualquer queda. O Instituto Nacional de Câncer (Inca),<br />
divulgou relatório que mostra que a redução de fumantes entre<br />
as mulheres no País foi significativamente inferior à dos homens,<br />
quase zero.<br />
Já o índice dos que assumem o abuso de bebidas alcoólicas subiu<br />
de 16,2% para 18,9% no mesmo período.<br />
Os índices só comprovam que as leis restritivas têm como único<br />
objetivo reprimir a população, já que a burguesia é consciente de<br />
Desastres: Governos burgueses são os<br />
verdadeiros responsáveis<br />
Segundo dados da ONG Contas Abertas, o estado de Ala<br />
goas, que foi o centro das enchentes que se iniciaram na<br />
última semana, não recebeu verbas dos programas de<br />
prevenção de desastres criado pelo governo federal. Já os repasses<br />
para o estado de Pernambuco, segundo mais atingido pelas<br />
enchentes, correspondem a 0,24%<br />
(R$ 172 mil) do montante.<br />
Este não é um problema restrito a<br />
Alagoas e Pernambuco, mas corres- Char<br />
Char<br />
ponde a um corte geral nos gastos<br />
destinados à prevenção de desastres.<br />
De 2004 a 2009, a verba destinada<br />
seria de R$ 933 milhões do Orçamento<br />
da União, dos quais apenas R$ 357<br />
milhões foram repassados.<br />
Neste período, Pernambuco recebeu<br />
8,9% do total, enquanto Alagoas<br />
teve direito a apenas 0,3% de toda a<br />
verba.<br />
A verba destinada ao Ministério da<br />
Integração Nacional exclusivamente<br />
para prevenção e preparação para tragédias<br />
climáticas, que já soma reduzidos<br />
R$ 70,5 milhões, não foi repassada,<br />
ou foi distribuída em pequena<br />
quantidade para os estados que vêm<br />
sofrendo com os maiores desastres<br />
estruturais no País.<br />
O Rio, que foi palco de inúmeros<br />
acidentes, como deslizamentos de terras<br />
devido às chuvas de março deste<br />
ano, foi nada menos que o último em<br />
recebimento de verbas para a prevenção<br />
de desastres com R$ 10,6 mil<br />
(0,02%).<br />
Além dos cortes das verbas de<br />
prevenção de acidentes, os critérios<br />
utilizados pelo governo para os repasses<br />
de verbas mostram que está em<br />
último lugar qualquer intenção de<br />
prevenir desastres. O ministério que<br />
controla os repasses, nas mãos do<br />
PMDB, claramente se apoderou das<br />
verbas repassando preferencialmente<br />
para estados onde este partido<br />
possui apadrinhados. Este é o caso da<br />
Bahia, de onde vem o deputado Geddel<br />
Vieira Lima, atual ministro de Integração<br />
Nacional. O estado recebeu<br />
37% do montante repassado para<br />
prevenção de desastres em todo o<br />
País. Geddel Vieira Lima será candidato<br />
ao governo do estado apoiado<br />
pelo atual governador Jaques Wagner<br />
(PT) nas próximas eleições.<br />
É óbvio que a verba destinada à<br />
Bahia também tem como último objetivo,<br />
a prevenção de desastre. Esta<br />
será utilizada, através do conhecido<br />
esquema de “caixa 2”, para engordar<br />
as contas para a realização da campanha<br />
eleitoral do PMDB e do PT.<br />
Os cortes nas verbas e a máfia<br />
estabelecida a partir do Ministério de<br />
Integração Nacional para usar o dinheiro<br />
público nas campanhas eleitorais<br />
são a regra nos governos burgueses,<br />
inimigos da população trabalhadora.<br />
No entanto, graças à crise capitalista<br />
mundial, começa a vir à superfície<br />
os problemas estruturais, pois a<br />
política da burguesia é cortar verbas<br />
e levar os riscos ao limite. Os dados<br />
mostram que as tragédias, como as<br />
Charge e da da semana<br />
semana<br />
que estas leis pouco ou nada influem sobre o uso de substâncias,<br />
o que já foi inclusive constatado no caso das drogas ilegais.<br />
A pergunta que deveria ser feita sempre que os governos tomam<br />
medidas como a proibição ou a restrição de qualquer coisa é: “quem<br />
é o beneficiado?”. No caso da restrição do consumo de tabaco e<br />
bebidas alcoólicas o beneficiado é o próprio governo. O ganho aí<br />
é político. Abrem o caminho para proibir qualquer coisa começando<br />
por aquelas para as quais a justificativa apresentada é mais<br />
“palatável”: a defesa da “saúde”, do “bem-estar”, do “respeito ao<br />
próximo” etc. etc. etc.<br />
O fato de que não houve uma redução no índice de fumantes<br />
ou de pessoas que consomem bebidas alcoólicas deixa evidente que<br />
a lei seca e a lei antifumo têm como único objetivo retirar direitos<br />
mínimos da população, oprimir nos mínimos detalhes a população<br />
de conjunto para que a cassação de direitos democráticos fundamentais,<br />
como o de organização política, o direito de greve etc.,<br />
pareça menos violenta do que realmente é.<br />
ocorridas nas enchentes em todo o País, nos deslizamentos de terras<br />
no Rio e em Santa Catarina, e mesmo durante a crise aérea, em 2007,<br />
são resultado direto dos cortes criminosos dos governos burgueses<br />
contra a classe operária. São estes, portanto, os responsáveis<br />
pelas mortes e pelos milhares de atingidos pelas enchentes.<br />
O <strong>PCO</strong> nas eleições<br />
RUI COSTA PIMENTA<br />
Essas eleições estão claramente dirigidas a eleger Dilma Rousseff<br />
ou José Serra. Ou seja, candidata da máquina estatal ou o candidato<br />
e mais novo porta-voz da direita brasileira, ambos, no entanto, representantes<br />
dos banqueiros, latifundiários e grandes capitalistas.<br />
Apesar disso, elas se dão em um momento muito diferente daquele<br />
em que foi eleito FHC ou Lula. É um período não de derrota<br />
do movimento operário ou de paralisia do mesmo, como aqueles em<br />
que foram eleitos os últimos presidentes, mas um período em que<br />
as grandes massas de trabalhadores dão os primeiros sinais de uma<br />
retomada das suas mobilizações.<br />
As eleições estão marcadas também pela falência dos partidos<br />
burgueses tradicionais, como é o caso do próprio PSDB e do DEM.<br />
Ainda assim e talvez mais do que em outros momentos, é uma eleição<br />
extremamente controlada e completamente antidemocrática.<br />
Para impedir a ascensão de qualquer candidatura que não seja<br />
do esquema tradicional, ou seja, para impedir que a população tenha<br />
qualquer participação efetiva nas eleições, a burguesia por meio do<br />
Tribunal Superior Eleitoral vem usando uma pseudo legislação para<br />
barrar o desenvolvimento de qualquer partido independente, como<br />
é o caso do <strong>PCO</strong>, ou mesmo como meio de barganha entre os grandes<br />
partidos.<br />
As exigências absurdas dos tribunais, a distribuição desigual das<br />
verbas do fundo partidário, do horário eleitoral gratuito e a necessidade<br />
de se gastar bilhões na campanha eleitoral para obter algum<br />
resultado reforçam esse caráter antidemocrático e transformam a<br />
eleição em um processo totalmente controlado por uma oligarquia,<br />
uma camada de poucos privilegiados que dominam o país.<br />
Esse funcionamento fez com que a candidatura presidencial do<br />
nosso partido fosse arbitrariamente impugnada nas últimas eleições.<br />
O despertar da classe operária, do qual são sinais a greve de<br />
professores em São Paulo, dos condutores, do Judiciário, dos Correios<br />
e dos estudantes e funcionários da USP, entre muitas outras, nos<br />
impõe a necessidade de participar nas eleições com o objetivo de<br />
denunciar essa farsa e apresentar a esses setores que despertam para<br />
a luta um programa capaz de responder às suas necessidades.<br />
Outro acontecimento é ainda de extrema importância nessas<br />
eleições, que é o fato de que elas são as primeiras a ocorrer após a<br />
crise capitalista mundial vir à tona. Ou seja, num momento em que<br />
o capitalismo enquanto sistema demonstrou a sua inviabilidade, em<br />
que os governos dos mais diversos países se mostraram dispostos<br />
a rifar toda a população para salvar meia dúzia de banqueiros e em<br />
que, consequentemente, os trabalhadores de todo o mundo vêm<br />
despertando para a luta.<br />
Por isso, o <strong>PCO</strong> vem às eleições defender o direito do trabalhador<br />
do campo à terra, o ensino público e gratuito para todos, o salário<br />
e o emprego do trabalhador, e cada mínima reivindicação deste,<br />
entendendo que este é apenas um ponto de partida para uma luta<br />
mais ampla.<br />
Uma luta pelo fim da propriedade privada, pelo fim da exploração<br />
do homem pelo homem, pelo fim desse sistema que permite que<br />
poucos vivam no luxo enquanto a maioria está na miséria. Ou seja,<br />
pela organização e mobilização coletiva da classe operária para destruir<br />
o poder político da burguesia, por um governo dos trabalhadores<br />
da cidade e do campo e pelo socialismo.<br />
No presente momento, a maior luta travada pela burguesia contra<br />
a classe operária é justamente voltada contra a sua organização<br />
política, pois sabe ser essa uma condição fundamental para a sua<br />
vitória. Por isso está na ordem do dia a luta pela construção de um<br />
partido operário de massas, à qual o <strong>PCO</strong> chama todos os trabalhadores<br />
a se juntarem.<br />
Como Como eles eles disseram...<br />
disseram...<br />
“O papel do jornal não se limita, no entanto, a difundir idéias, a<br />
educar politicamente e a ganhar aliados políticos. O jornal é não só<br />
um propagandista e um agitador coletivo, senão também um organizador<br />
coletivo.<br />
Neste último sentido, pode comparar-se com o andaime levantado<br />
em um edifício em construção, que marca seus contornos, facilita o<br />
contato entre os diversos grupos de operários, ajudando-os a distribuir<br />
as tarefas e a ver o resultado final obtido graças a um trabalho<br />
organizado. Com ajuda do jornal e em relação com ele, se irá formando<br />
por si mesma a organização permanente, que se ocupe não só do<br />
trabalho local, senão do trabalho geral e regular, que acostume seus<br />
membros a seguir atentamente os acontecimentos políticos, a valorizar<br />
os métodos adequados que permitam ao partido revolucionário<br />
influir sobre esses acontecimentos”.<br />
Datas<br />
Datas<br />
Frases ases da da semana<br />
semana<br />
Vladimir Ilitch Lênin, Que Fazer?<br />
27 de junho de 1869<br />
Nascimento de Emma Goldman, uma das fundadoras do moderno<br />
movimento de mulheres (m. 1940).<br />
28 de junho de 1966<br />
Golpe de estado que instaurou a Ditadura na Argentina.<br />
28 de junho de 2009<br />
Manuel Zelaya sofre um golpe de estado em Honduras.<br />
29 de junho de 1958<br />
Brasil ganha sua primeira Copa do Mundo, na Suécia.<br />
1º de julho de 1920<br />
Nasce Amália Rodrigues, fadista portuguesa<br />
1º de julho de 1974<br />
Morre Juan Perón, presidente da Argentina<br />
2 de julho de 1928<br />
Um decreto concede o voto sem restrições às mulheres no Reino<br />
Unido.<br />
2 de julho de 1964<br />
Após intensas lutas da população negra norte-americana, o<br />
presidente Lyndon Johnson assina a Lei de Direitos Civis.<br />
3 de julho de 1883<br />
Nascimento de Franz Kafka, escritor tcheco de língua alemã<br />
“Biden? Quem é este? Você disse ‘bite me’ [morda-me]?”, general<br />
Stanley McChrystal se referindo ao vice-presidente norte-americano<br />
Joe Biden, em uma das declarações publicadas pela revista<br />
Rolling Stone que levaram ao afastamento de McChrystal de seu posto<br />
no Afeganistão.<br />
“O ex-presidente Fernando Henrique teme que Lula e seu partido<br />
estejam concentrando poder demais. Mas sem dúvida, até ele mesmo<br />
diz que o Brasil não irá se transformar em uma Venezuela se Dilma<br />
Rousseff ganhar as eleições e seguir os passos de Lula”, da rede<br />
norte-americano CNN, no último dia 14, sobre as eleições no Brasil.<br />
“Às FARC e aos violentos digo: Acabou seu tempo e os colombianos<br />
sabem bem que sei como combatê-los”, Juan Manuel Santos,<br />
novo presidente eleito da Colômbia, partidário da mesma política próimperialista<br />
de Álvaro Uribe.
27 DE JUNHO DE 2010 CAUSA OPERÁRIA ECONOMIA A4<br />
EUA<br />
Obama apela para países em crise continuarem<br />
sustentando capitalistas e banqueiros<br />
Com a clara intenção de manter os interesses<br />
econômicos da burguesia, o governo Obama suplica<br />
para que os países em crise continuem tirando dinheiro<br />
dos cofres públicos para alimentar bancos e capitalistas<br />
falidos<br />
Na sexta-feira, dia 18, Barack<br />
Obama fez um chamado<br />
aos demais países em crise<br />
para que não retirassem os<br />
programas econômicos de estímulo<br />
implantados para conter<br />
a crise.<br />
Obama “aconselhou” os países<br />
a manterem os planos econômicos,<br />
pois a crise ainda não<br />
está no fim. “Nós devemos ser<br />
flexíveis ao ajustar o ritmo da<br />
consolidação e aprender com<br />
os erros do passado, quando<br />
estímulos foram retirados muito<br />
rapidamente, o que resultou<br />
em renovadas dificuldades<br />
econômicas e recessão”<br />
(BBC, 18/6/2010).<br />
O recado foi dado dias antes<br />
da reunião do G20 que está<br />
marcada para a próxima semana<br />
em Toronto, no Cana-<br />
PERSISTÊNCIA<br />
Crise não cessa no setor<br />
imobiliário dos EUA<br />
Nos últimos seis meses a<br />
construção de imóveis no mercado<br />
imobiliário norte-americano<br />
não parou de cair demonstrando<br />
a persistência da crise<br />
econômica neste setor.<br />
Segundo o Departamento do<br />
Comércio dos Estados Unidos,<br />
o ritmo de construção de casas<br />
caiu ao seu menor nível em<br />
muitos meses.<br />
A queda foi de 10,6% no mês<br />
de maio passando de 592 mil<br />
casas construídas em abril para<br />
529 mil casas no mês passado.<br />
É o nível mais baixo atingido<br />
nos últimos seis meses.<br />
Na comparação feita com o<br />
mesmo período de 2009 percebe-se<br />
nitidamente um avanço<br />
bem grande da crise econômica<br />
neste setor. Em relação a<br />
maio de 2009, a taxa de construção<br />
de casas caiu 30,7%.<br />
Esta forte queda demonstra<br />
que o setor imobiliário, o pri-<br />
FRANÇA<br />
Mais de US$ 2 trilhões em dívidas<br />
O endividamento da economia<br />
francesa ultrapassou os 2 trilhões<br />
de dólares, levando o governo do<br />
País a tomar medidas semelhantes<br />
às dos outros governos da<br />
zona do euro como o corte de<br />
gastos públicos.<br />
Segundo o Instituto Nacional<br />
de Estatísticas e Estudos Econômicos<br />
francês (Insee), a dívida<br />
pública da França corresponde a<br />
73,9% do Produto Interno Bruto<br />
(PIB) do País. Somente no<br />
primeiro trimestre deste ano a dívida<br />
cresceu 79,4 bilhões de<br />
dólares ou 61,1 bilhões de euros.<br />
Nos seis últimos meses de 2009<br />
a dívida pública francesa ultrapassou<br />
o patamar de 2 trilhões de<br />
dólares o mesmo que 1,42 trilhão<br />
de euros.<br />
A dívida pública francesa está<br />
baseada quase que em sua totalidade<br />
no financiamento da crise<br />
capitalista pelo governo Sarkozy.<br />
Nos últimos anos foram transferidos<br />
dezenas de bilhões de euros<br />
dos cofres públicos direto<br />
para o caixa dos banqueiros e<br />
dá. O apelo de Obama se dirige<br />
principalmente para as<br />
economias européias, que<br />
estão muito endividadas.<br />
Obama ainda disse, “estou<br />
comprometido com o restabelecimento<br />
da sustentabilidade<br />
fiscal nos Estados Unidos<br />
e acredito que todos os<br />
países do G20 devem implementar<br />
planos confiáveis e<br />
favoráveis ao crescimento<br />
para restaurar a sustentabilidade<br />
de suas finanças públicas”<br />
(Idem).<br />
O anúncio de Obama veio<br />
no mesmo dia de uma visita<br />
do diretor-gerente do FMI<br />
(Fundo Monetário Internacional),<br />
Dominique Strauss-<br />
Kahn, à Espanha, um dos<br />
países da zona do euro mais<br />
endividados e que aprovou re-<br />
meiro a apresentar os sinais da<br />
atual recessão, continua em<br />
forte declínio. Os títulos subprime,<br />
investimentos de alto<br />
risco, ainda estão espalhados<br />
por todo o mercado financeiro,<br />
o que tem feito os investimentos<br />
nesta área caírem bastante.<br />
Por outro lado, com o<br />
altíssimo índice de desemprego,<br />
mais de 10%, aproximadamente<br />
15,5 milhões de desempregados<br />
nos Estados Unidos,<br />
as famílias ou estão perdendo<br />
suas casas ou estão pagando as<br />
prestações com ajuda governamental.<br />
A aquisição de novas<br />
casas também caiu enormemente.<br />
Somente no primeiro trimestre<br />
o preço das casas nas 20<br />
maiores cidades dos Estados<br />
Unidos registrou uma queda<br />
anual de 0,7%, isso representa<br />
a menor queda anual nos últimos<br />
três anos.<br />
capitalistas em crise.<br />
Os setores mais beneficiados<br />
com o dinheiro público francês<br />
foram o de automóveis e o setor<br />
financeiro. Eles receberam 8,2<br />
bilhões de dólares e 4,9 bilhões<br />
de dólares, respectivamente.<br />
No último trimestre de 2009<br />
o governo francês teve um déficit<br />
de 70 bilhões e um acúmulo<br />
de 1,47 trilhão de dólares.<br />
As perspectivas são de que a<br />
dívida pública francesa cresça<br />
ainda mais em 2010. Em 2008<br />
representava 68% do PIB, no<br />
ano passado chegou a 80% e para<br />
este ano espera-se que fique em<br />
84%.<br />
Para agravar ainda mais a<br />
crise, foi divulgado que a conta<br />
corrente dos 16 países da zona<br />
do euro registrou déficit acima<br />
de 10 bilhões de euros em maio,<br />
na comparação com o superávit<br />
de 2 bilhões de euros registrado<br />
em dezembro. Este dado foi<br />
anunciado pelo Banco Central<br />
Europeu (BCE).<br />
Este resultado vai aprofundar<br />
centemente planos de austeridade<br />
para diminuir o déficit<br />
orçamentário.<br />
Strauss-Kahn disse que a<br />
Espanha está no caminho certo<br />
para garantir a recuperação<br />
econômica. O plano lançado<br />
em maio pelo governo espanhol<br />
prevê reduzir o déficit<br />
dos atuais 11% do PIB para<br />
6% em 2011.<br />
O déficit norte-americano<br />
também é gigantesco. No ano<br />
fiscal de 2009 chegou a US$<br />
1,4 trilhão ou R$ 2,5 trilhões,<br />
equivalente a quase 10% do<br />
PIB dos Estados Unidos, o<br />
maior percentual desde a Segunda<br />
Guerra Mundial.<br />
O governo dos Estados Unidos<br />
está preocupado que ao<br />
reduzir o déficit, os países europeus<br />
acabem colocando em<br />
risco a recuperação global.<br />
Obama ainda reforçou,<br />
“isso significa que devemos<br />
reafirmar nosso propósito de<br />
garantir as políticas de apoio<br />
necessárias para manter o<br />
crescimento econômico for-<br />
Para a consultoria Standard<br />
& Poor’s, “A construção de<br />
novas casas segue em níveis<br />
extremamente baixos, as vendas<br />
de casas sugerem que o<br />
mercado continua em uma situação<br />
difícil e mantêm-se os<br />
temores sobre maiores execuções<br />
hipotecárias” (Associated<br />
France Press, 30/5/2010).<br />
Estes dados evidenciam a<br />
crise no setor imobiliário que<br />
pode agravar-se ainda mais<br />
com a aplicação de cortes de<br />
gastos no programa do governo<br />
Obama para financiamento<br />
e compra de casas novas. Neste<br />
plano, de compra da primeira<br />
casa, o governo dava em<br />
benefícios fiscais aos compradores,<br />
cerca de 8 mil dólares.<br />
Sem esta ajuda vai ficar ainda<br />
mais difícil conter o avanço da<br />
recessão no setor imobiliário e<br />
na economia norte-americana<br />
como um todo.<br />
as medidas de austeridade fiscal<br />
já adotadas pela França para<br />
conter a bancarrota do País. Congelamentos<br />
de salários e aposentadorias<br />
bem como o aumento<br />
de impostos já estão sendo colocados<br />
em prática pelo governo<br />
francês.<br />
A economia francesa chegou<br />
a este ponto por causa dos inúmeros<br />
pacotes econômicos de<br />
financiamento que ajudaram os<br />
capitalistas a não perderem seus<br />
lucros durante o auge da crise em<br />
2008.<br />
Nesta nova etapa da crise não<br />
existe mais dinheiro público para<br />
garantir os ganhos dos capitalistas<br />
e então os governos euro-<br />
Nos seis últimos meses de 2009 a dívida pública francesa ultrapassou os 2 trilhões de dólares.<br />
peus estão retirando direitos e<br />
benefícios dos trabalhadores e<br />
cortando gastos públicos.<br />
O aumento da dívida pública<br />
vai agravar ainda mais o ataque<br />
aos trabalhadores e a população<br />
francesa, da mesma forma<br />
como já está acontecendo na<br />
Grécia, Portugal, Itália e Espanha.<br />
Obama “aconselhou” os países a não tirarem a ajuda aos banqueiros e capitalistas.<br />
te” (idem).<br />
As políticas de apoio que<br />
Obama cita são os bilhões de<br />
dólares em dinheiro público<br />
NOTAS<br />
Brasil perde US$<br />
1,7 bilhão de<br />
dólares em duas<br />
semanas<br />
Novamente a saída de dólares<br />
do mercado financeiro<br />
brasileiro superou a entrada de<br />
investimentos. Segundo dados<br />
divulgados pela Bolsa de<br />
Valores de São Paulo (Bovespa),<br />
nas duas primeiras semanas<br />
de junho houve resultado<br />
negativo entre a entrada e<br />
saída de dólares.<br />
Nestas duas semanas, o<br />
saldo negativo foi de 1,77<br />
bilhão de dólares até o dia 11.<br />
Este resultado mostra um<br />
avanço da crise, pois há um<br />
ano o fluxo cambial era positivo<br />
de quase um bilhão de<br />
dólares (913 milhões de dólares).<br />
Tanto na conta comercial<br />
que mede exportações e importações<br />
quanto na conta financeira<br />
que mede a entrada<br />
e saída de investimentos o resultado<br />
foi negativo. No primeiro<br />
caso a economia brasileira<br />
perdeu 798 milhões de<br />
dólares e no segundo caso a<br />
saída de dólares foi de 978<br />
milhões.<br />
Estes resultados são reflexo<br />
direto da crise econômica<br />
mundial que está afetando a<br />
economia brasileira com a<br />
saída dos investimentos e baixa<br />
exportação.<br />
Governo Sarkozy<br />
divulga conteúdo<br />
do projeto de<br />
reforma da<br />
Previdência<br />
O governo francês anunciou<br />
na última semana, após<br />
meses de expectativas, o conteúdo<br />
do plano de ataques à<br />
Previdência.<br />
<strong>QUE</strong>DA NA RENDA<br />
Crise eleva o custo de vida<br />
em até 12% no Brasil<br />
Desde o início de 2010 o<br />
desemprego atinge diretamente<br />
a renda do trabalhador aumentando<br />
o custo de vida.<br />
Nas principais regiões metropolitanas<br />
do País, o desemprego<br />
seguindo a tendência<br />
geral, apresentou alta nos três<br />
primeiros meses deste ano.<br />
Subiu 0,1% entre janeiro e<br />
março deste ano e 0,5% na<br />
comparação com o primeiro<br />
trimestre de 2009. O governo<br />
apresentou o resultado como<br />
estável, sem alteração. O curioso<br />
é que quando o resultado<br />
é semelhante, mas no sentido<br />
contrário, o governo sempre<br />
apresenta como avanço,<br />
recuperação, fim da crise etc.<br />
Já a população desempregada<br />
cresceu 7,8%, no total de<br />
1,9 milhão de desempregados.<br />
O levantamento foi feito pelo<br />
que vão para banqueiros e capitalistas<br />
se safarem da crise<br />
econômica.<br />
O objetivo de Obama é, aci-<br />
O novo projeto contém cerca<br />
de vinte pontos que representam<br />
um gigantesco atentado<br />
contra as condições de<br />
vida da classe trabalhadora<br />
francesa.<br />
O principal objetivo da nova<br />
medida é, através da aniquilação<br />
das conquistas trabalhistas,<br />
equilibrar o déficit público<br />
do Estado que atualmente<br />
é estimado em 32,3 bilhões de<br />
euros.<br />
Um dos principais pontos<br />
da reforma é o aumento da<br />
idade de aposentadoria do trabalhador<br />
francês de 60 para<br />
62 anos.<br />
Esta ofensiva da burguesia<br />
francesa sobre a classe trabalhadora<br />
de seu país segue a<br />
tendência de toda a burguesia<br />
mundial que, neste momento,<br />
busca minimizar as perdas dos<br />
capitalistas canalizando a crise<br />
para a classe operária. Medidas<br />
que vêm sendo implementadas<br />
também na Grécia,<br />
Portugal, Espanha, Alemanha<br />
e Reino Unido.<br />
Dívida pública<br />
italiana bate<br />
recorde<br />
A dívida pública da Itália<br />
atingiu o patamar recorde de<br />
1,81 trilhão de euros ou o<br />
mesmo que 2,19 trilhões de<br />
dólares no mês de abril.<br />
De março para abril a dívida<br />
teve alta de 0,9%. No ano<br />
passado a dívida pública da<br />
Itália correspondeu a 115,8%<br />
do PIB (Produto Interno Bruto)<br />
e as perspectivas para<br />
2010 são de alta deste percentual<br />
para 118,4%.<br />
A Itália, terceiro país mais<br />
rico da Europa, já colocou em<br />
prática um plano de austeridade<br />
no valor de 24,9 bilhões de<br />
euros e pretende baixar o déficit<br />
público de 5,3% para<br />
2,7% até 2012. Isto à custa do<br />
corte ostensivo de gastos públicos.<br />
Assim como na Grécia,<br />
IBGE (Instituto Brasileiro de<br />
Geografia e Estatística) que<br />
também constatou aumento<br />
anual do desemprego em São<br />
Paulo, alta de 14,9%, Belo Horizonte,<br />
aumentou 25,8% e<br />
Recife subiu 37,4%.<br />
Nestes três primeiros meses<br />
de 2010, houve altas bastante<br />
significativas no custo de vida<br />
em algumas capitais. Em Porto<br />
Alegre, por exemplo, o custo<br />
de vida aumentou 5,5% ,<br />
neste período, em Salvador o<br />
aumento foi de 12,1%, em<br />
Belo Horizonte 6,6%, em Recife<br />
o custo de vida ficou 0,5%<br />
mais caro, São Paulo 1,7% , e<br />
somente o Rio de Janeiro teve<br />
baixa de -1,3%.<br />
Por mais que queira esconder<br />
a recessão, o governo Lula<br />
não consegue evitar os efeitos<br />
devastadores dela sobre a<br />
ma de tudo, manter os privilégios<br />
da burguesia mesmo diante<br />
de uma das maiores crises<br />
capitalistas da história.<br />
Portugal e Espanha, os trabalhadores<br />
já se organizam para<br />
lutar contra estes ataques.<br />
Governo grego<br />
anuncia pacotaço<br />
de privatizações<br />
O governo da Grécia anunciou<br />
um novo plano de “salvamento”<br />
da economia nacional:<br />
a privatização em larga escala<br />
de diversos setores da indústria<br />
grega.<br />
A medida busca levantar<br />
cerca de 1 bilhão de euros<br />
para o Estado grego, mas se<br />
baseia em um ataque sem precedentes<br />
contra a economia<br />
nacional do país.<br />
Este novo anúncio representa<br />
um aprofundamento das<br />
medidas de ataques aos trabalhadores<br />
já prenunciadas pelos<br />
“planos de austeridade fiscal”<br />
anunciados em diversos<br />
países.<br />
Entre os setores que o governo<br />
grego pretende privatizar<br />
estão a companhia ferroviária<br />
OSE, a empresa de Correios,<br />
a participação do governo<br />
em cassinos, além de diversos<br />
outros serviços que<br />
atualmente estão sob o controle<br />
público como o de saneamento<br />
das grandes cidades.<br />
Inclui-se no pacotaço de privatizações,<br />
também, planos<br />
de administração privada de<br />
portos, aeroportos, rodovias,<br />
além de inúmeras propriedades<br />
estatais.<br />
Em muitos dos casos o governo<br />
pretende, inicialmente,<br />
abrir os capitais na Bolsa de<br />
Atenas, mantendo ainda o<br />
controle majoritário das empresas.<br />
Manobra que invariavelmente<br />
termina com a entrega<br />
total das empresas para a<br />
iniciativa privada.<br />
O anúncio surge logo após<br />
gigantescas manifestações<br />
populares se levantarem contra<br />
o corte de salários e o congelamento<br />
dos planos de previdência.<br />
classe operária. Os principais<br />
afetados continuam sendo os<br />
trabalhadores que perdem emprego,<br />
poder de compra etc.<br />
As piores condições de vida<br />
da classe operária se devem à<br />
política do governo de atender<br />
exclusivamente aos interesses<br />
dos ricos e poderosos por meio<br />
da exploração cada vez maior da<br />
população pobre e trabalhadora.<br />
É necessário que os trabalhadores<br />
se organizem em torno<br />
a um programa próprio<br />
contra a crise para garantir<br />
suas condições de vida, um<br />
programa de defesa dos seus<br />
próprios interesses, totalmente<br />
independente da burguesia que<br />
está utilizando os cortes de benefícios,<br />
congelamento de salários<br />
e demissões para se salvar<br />
da crise à custa dos trabalhadores.
CAUSA OPERÁRIA<br />
POLÍTICA E ECONOMIA <br />
O que o imperialismo quer<br />
¨©¥¢¡ ¥¦§ ¢£¤ ¡<br />
O PT garante a representantes de banco norte-americano Merrill Lynch que a candidatura de Dilma Rousseff irá satisfazer os interesses<br />
dos capitalistas internacionais. Já a rede norte-americana CNN faz ressalvas quanto à economia do governo do PT, mas diz que Brasil<br />
não deve virar uma Venezuela com a vitória de Dilma <br />
O imperialismo declara estar satisfeito com as eleições no Brasil antes mesmo das votações.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
NOVO ÍDOLO DOS<br />
ESCRAVAGISTAS, ASSSASSINOS E<br />
TORTURADORES<br />
PCdoB, um partido<br />
a serviço direto<br />
doslatifundiários e do<br />
imperialismo Página A6<br />
ENCHENTE EM PERNAMBUCO E ALAGOAS<br />
Uma tragédia anunciada<br />
Página A6<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
RONDÔNIA<br />
Trabalhadores da usina de Santo<br />
Antônio realizam protesto por<br />
condições de trabalho<br />
<br />
<br />
<br />
Uma candidatura burguesa,<br />
antioperária e em defesa da direita<br />
¡¦¢§ ©©¥¢§§ ¥§¡<br />
<br />
<br />
É necessário que as organizações<br />
operárias, estudantis e<br />
populares repudiem e denunciem<br />
amplamente o Psol<br />
<br />
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<br />
ELDORADO DOS CARAJÁS<br />
STF suspende julgamento<br />
de responsável por<br />
massacre de sem-terra<br />
Página A7<br />
Página A7<br />
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<br />
EUA<br />
PERSISTÊNCIA<br />
Crise não cessa no setor<br />
imobiliário dos EUA<br />
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<br />
<br />
Obama apela para países<br />
em crise continuarem<br />
sustentando capitalistas e<br />
banqueiros Página A8<br />
Página A8
27 DE JUNHO DE 2010 CAUSA OPERÁRIA POLÍTICA A6<br />
NOVO ÍDOLO DOS ESCRAVAGISTAS, ASSSASSINOS E TORTURADORES<br />
PCdoB, um partido a serviço direto dos<br />
latifundiários e do imperialismo<br />
O deputado do PCdoB de São Paulo, Aldo Rebelo, relator<br />
da Comissão Especial do Congresso Nacional sobre o<br />
Código Florestal tornou-se o principal representante da<br />
bancada ruralista, ou seja, da bancada do latifúndio, em<br />
plena ofensiva da direita contra os militantes da luta pela<br />
terra<br />
No dia 24 de junho, uma das<br />
líderes da bancada ruralista no<br />
Congresso Nacional, a senadora<br />
Kátia Abreu (DEM-TO), publicou<br />
um artigo com elogios rasgados ao<br />
deputado do PCdoB, Aldo Rebelo.<br />
O título da matéria da principal<br />
porta-voz do latifúndio no Congresso<br />
era “A coragem moral de<br />
Aldo Rebelo”.<br />
O motivo de tanto amor e apreço<br />
é a relatoria do deputado “comunista”<br />
do projeto de alterações<br />
do Novo Código Florestal. O líder<br />
do PCdoB na câmara é efetivamente<br />
o principal representante dos<br />
interesses da bancada ruralista na<br />
comissão do Congresso que discute<br />
o projeto. A proposta defendida<br />
por Rebelo é um ataque à população<br />
brasileira e um “presente”<br />
aos latifundiários.<br />
PCdoB em defesa<br />
dos latifundiários<br />
As modificações propostas<br />
pelo relator da Comissão Especial<br />
do Congresso – composta por<br />
uma maioria ruralista – ao Código<br />
Florestal Brasileiro de 1965 são<br />
uma verdadeira declaração de amor<br />
ENCHENTE EM PERNAMBUCO E ALAGOAS<br />
Uma tragédia anunciada<br />
Em um dos piores desastres<br />
da história do Nordeste,<br />
57 pessoas morreram e centenas<br />
estão desaparecidas devido<br />
as chuvas que atingiram<br />
Alagoas e Pernambuco.<br />
As mortes foram causadas<br />
principalmente pelo transbordamento<br />
do rio Mundaú que<br />
levou ao rompimento da barragem<br />
Bom Conselho, em<br />
Pernambuco, o que inundou<br />
diversas cidades alagoanas e<br />
pernambucanas.<br />
Boletim da Defesa Civil do<br />
Estado de Alagoas chegou a<br />
computar 57.673 pessoas desabrigadas<br />
e desalojas e 4.508<br />
deslocados em 21 cidades.<br />
O estado contabiliza estragos<br />
causados por enchentes e<br />
deslizamentos desde o fim da<br />
semana passada. No total, 177<br />
Kátia Abreu (DEM) e Aldo Rebelo (PCdoB).<br />
ao mais retrógrado setor da sociedade<br />
brasileira: os latifundiários.<br />
As alterações propostas por<br />
Aldo Rebelo e apoiadas de maneira<br />
delirantemente entusiástica pela<br />
bancada ruralista são cuidadosamente<br />
feitas de acordo com os<br />
interesses dos latifundiários. Essencialmente<br />
as modificações institucionalizam<br />
a perseguição aos<br />
pequenos proprietários e o favorecimento<br />
dos latifundiários.<br />
A começar pela proposta escandalosa<br />
e verdadeiramente criminosa<br />
que anistia os latifundiários<br />
condenados por desmatamentos<br />
cometidos até julho de 2008.<br />
A aprovação dessa proposta vai<br />
favorecer diretamente a senadora<br />
do DEM, presidente da Confederação<br />
de Agricultura e Pecuária do<br />
Brasil e líder da bancada ruralista<br />
no Congresso Nacional. A senadora<br />
recebeu multa de R$ 77 mil<br />
por desmatamento ilegal de 776<br />
hectares sem autorização do IBA-<br />
MA em Tocantins. A multa, recebida<br />
em 2004, está hoje em R$ 120<br />
mil. Eis um dos motivos dos elogios<br />
da latifundiária ao deputado do<br />
PCdoB.<br />
Está claro que a anistia proposta<br />
pelo relatório de Aldo Rebelo<br />
favorece os latifundiários, que são<br />
O governo não quer se responsabilizar pela catástrofe que provocou.<br />
os maiores devastadores do País.<br />
Na prática, o que ocorre é que os<br />
ruralistas poderão continuar usufruindo<br />
das enormes extensões de<br />
terra, ou seja, o projeto de Aldo<br />
Rebelo favorece a manutenção do<br />
latifúndio, ainda que a terra tenha<br />
sido obtida através do crime ambiental.<br />
O projeto passa por cima<br />
até mesmo da reforma agrária<br />
branda prevista pela Constituição,<br />
que destinaria terras que “não cumprem<br />
com sua função social”,<br />
como é o caso, para a reforma<br />
agrária.<br />
O projeto do deputado do<br />
PCdoB é uma proposta abertamente<br />
anti-reforma agrária e, portanto,<br />
contra todo o povo pobre do<br />
campo brasileiro em favor de uma<br />
minoria de latifundiários escravagistas,<br />
ladrões de terras e assassinos<br />
de camponeses.<br />
É preciso ter<br />
“coragem”<br />
A senadora do DEM e presidente<br />
da CNA (Confederação da<br />
Agricultura e Pecuária do Brasil)<br />
afirma no título de seu artigo que<br />
Aldo Rebelo tem a “coragem<br />
moral” por defender o Novo Código<br />
Florestal. Temos que concordar<br />
em parte com a latifundiária. O<br />
deputado do PCdoB, partido que<br />
leva a palavra “comunista” no<br />
nome e se intitula como de “esquerda”,<br />
teve que ter muita coragem e<br />
mil pessoas foram atingidas. mal conservada.<br />
Pelo menos 15 municípios A população deve exigir a<br />
estão em situação de calami- realização de uma operação de<br />
dade pública.<br />
emergência para atender às<br />
No estado de Pernambuco, centenas de milhares de pes-<br />
de acordo com a coordenadosoas atingidas e uma ampla inria<br />
de Defesa Civil (Codecivestigação sobre a negligência<br />
pe), 54 municípios foram das autoridades responsáveis.<br />
atingidos e registraram estra- Além disto, a população deve<br />
gos, sendo que nove deles exigir o controle sobre estas<br />
decretaram calamidade públi- operações, contra o descaso<br />
ca. Em todo o estado, 44 mil do governo que é comum a<br />
pessoas ficaram desabriga- todas as operações de resgadas.te,<br />
como as que ocorreram<br />
Este é, assim como todos nos deslizamentos do Rio de<br />
os desastres que ocorrem Janeiro e nas enchentes em<br />
com a população pobre em Santa Catarina, onde os capi-<br />
função de problemas da infratalistas procuraram se aproestrutura<br />
de saneamento, reveitar da situação para lucrar<br />
sultado de problemas que são com a crise e para expulsar fa-<br />
de conhecimento das autorimílias de suas casas a pretexdades,<br />
como sobre a estrututo de acomodá-las em outros<br />
ra da barragem, que estava locais.<br />
Mais de 600 pessoas estão desaparecidas devido às enchentes em Alagoas e Pernambuco.<br />
ENCHENTE EM PERNAMBUCO E ALAGOAS 2<br />
Governo economizou na<br />
prevenção e agora quer<br />
economizar na ajuda às vítimas<br />
Além de não gastar o suficiente<br />
para prevenir desastres<br />
como a enchente ocorrida no<br />
último fim de semana em Pernambuco<br />
e Alagoas, o governo<br />
federal está economizando com<br />
as vítimas.<br />
O governo repassou R$ 50<br />
milhões (R$ 25 milhões) para os<br />
dois estados graças à crise, mas<br />
verbas para reconstrução do que<br />
foi destruído em termos de infra-<br />
ousadia para defender a direita<br />
mais retrógrada, aqueles que nesse<br />
momento estão assassinando<br />
camponeses em todo o País. Mais<br />
que coragem, é preciso ter uma<br />
cara-de-pau sem limites.<br />
As alterações no Código Florestal<br />
defendidas por Aldo Rebelo, que<br />
agradam tanto à senadora do DEM<br />
fazem parte da ofensiva geral dos<br />
latifundiários contra os sem-terra<br />
e os camponeses pobres em geral.<br />
Aldo Rebelo decidiu mostrar sua<br />
“coragem moral” no momento de<br />
maior repressão no campo.<br />
Para começar, no Congresso<br />
Nacional está em vigor a CPI do<br />
MST, cuja principal propositora<br />
e defensora foi nada mais nada<br />
menos do que a própria Kátia<br />
Abreu. A CPI faz parte do ataque<br />
dos latifundiários às organizações<br />
dos sem-terra. Nos últimos anos,<br />
intensificou-se as prisões e perseguições<br />
aos militantes do movimento<br />
camponês. Com a desculpa<br />
de que o MST estaria usando<br />
indevidamente recursos da<br />
União, os latifundiários conseguiram<br />
aprovar a CPI para perseguir<br />
o movimento, atacar a organização<br />
dos camponeses e reprimir<br />
os militantes.<br />
Os mesmos latifundiários que<br />
estão de namoro com o deputado<br />
do PCdoB são os responsáveis<br />
pelos maiores ataques contra os<br />
camponeses. Em 2008, a revista<br />
Istoé publicou uma matéria acusando<br />
os companheiros da Liga<br />
dos Camponeses Pobres de Rondônia<br />
de ser um grupo “narcoguerrilheiro”,<br />
com ligações com as<br />
FARC colombianas., uma história<br />
mentirosa financiada pelos latifundiários<br />
da região para abrir caminho<br />
para a repressão contra os<br />
companheiros.<br />
Tanto que, na época, jagunços<br />
invadiram um acampamento, assassinando,<br />
torturando e incendiando<br />
os barracos dos companheiros.<br />
Foi nessa época que jagunços,<br />
apoiados pela polícia militar, assassinaram<br />
o companheiro Betão,<br />
com dezenas de tiros calibre 12 à<br />
queima roupa.<br />
Em 2009, em Pernambuco, três<br />
companheiros do MST, Alceu<br />
Ferreira dos Santos, Paulo Alves<br />
Cursino e Severino Alves da Silva,<br />
da cidade de São Joaquim do<br />
Monte, que participaram de ação<br />
em que os sem-terra se defenderam<br />
de jagunços armados na entrada<br />
de um acampamento, atirando<br />
nestes em defesa de suas famí-<br />
estrutura (pontes, redes de energia,<br />
estradas, prédios públicos e<br />
habitações) dos municípios só<br />
será repassado em um mês, pois<br />
a liberação das verbas depende de<br />
um balanço detalhado do que foi<br />
destruído, informou a Secretaria<br />
nacional de Defesa Civil.<br />
Além disso, outras ajudas às<br />
famílias são negadas em um curto<br />
prazo como a liberação do<br />
FGTS (Fundo de Garantia do<br />
lias, foram presos em um processo<br />
draconiano, provando que a<br />
justiça não dá aos trabalhadores o<br />
que é um direito fundamental a<br />
qualquer cidadão: o direito à autodefesa.<br />
Também no ano passado, no<br />
Pará, jagunços assassinaram de<br />
maneira covarde o companheiro<br />
Luíz Lopes. O companheiro, líder<br />
da LCP do Pará, foi brutalmente<br />
assassinado pelas costas e até<br />
agora nada foi feito para punir os<br />
responsáveis. Luíz Lopes era uma<br />
liderança histórica do movimento<br />
camponês no Pará e esteve presente<br />
no ato de Primeiro de maio independente<br />
e socialista, organizado<br />
pelo <strong>PCO</strong> e outras organizações<br />
como a própria LCP, em 2008<br />
para defender os sem-terra dos<br />
ataques dos latifundiários.<br />
Em 2009 também o companheiro<br />
Pelé, um dos fundadores da<br />
LCP de Rondônia, escapou por<br />
pouco de um atentado cometido<br />
por jagunços. Ele levou dois tiros<br />
e só não perdeu a vida porque<br />
conseguiu fugir para o mato.<br />
Esses são apenas alguns casos<br />
de muitos ataques cometidos contra<br />
as organizações da luta pela<br />
terra. A lista de ataques contra os<br />
camponeses, particularmente<br />
aqueles cometidos contra os militantes,<br />
é extensa. Segundo a<br />
Comissão Pastoral da Terra, calcula-se<br />
que nos últimos 13 anos,<br />
aproximadamente 400 trabalhadores<br />
rurais foram assassinados.<br />
É nesse quadro que atua o<br />
PCdoB, o representante dos latifundiários<br />
assassinos no Congresso<br />
Nacional. Não há limites para a<br />
política direitista desses mafiosos,<br />
que usam o nome de comunista<br />
para defender as maiores atrocidades<br />
contra os trabalhadores. Realmente<br />
é preciso ter coragem.<br />
Por que o PCdoB?<br />
Não é por acaso que a direita<br />
mais reacionária da política brasileira<br />
escolheu justamente o PCdoB<br />
(Partido Comunista do Brasil) para<br />
realizar este ataque contra a população.<br />
Para a direita, completamente<br />
desmoralizada diante da população,<br />
nada melhor que um “esquerdista”<br />
para fazer o trabalho<br />
sujo e servir como testa-de-ferro.<br />
O PCdoB prova mais uma vez<br />
que está a serviço dos maiores inimigos<br />
do povo. Esse é e sempre foi<br />
o seu papel político. Quando a direita<br />
não tem forças para atacar os<br />
trabalhadores, vêm socorrê-la. Por<br />
isso, enquanto os trabalhadores<br />
sem-terra são assassinados, torturados<br />
e presos, o deputado Aldo<br />
Rebelo se transforma no maior<br />
defensor dos latifundiários responsáveis<br />
por esses crimes.<br />
Essa é a função do PCdoB<br />
Tempo de Serviço). Atualmente<br />
previsto na Lei nº 8.036, o FGTS<br />
é um amparo aos trabalhadores<br />
que percam o emprego e que<br />
pode ser destinado a investimentos<br />
em habitação, saneamento e<br />
infra-estrutura.<br />
Por lei este pode ser repassado<br />
quando é decretada calamidade<br />
pública nos municípios. A ajuda,<br />
no entanto, esbarra em processos<br />
como a delimitação da<br />
dentro dos movimentos de luta dos<br />
trabalhadores: servem como cobertura<br />
de “esquerda” para os ataques<br />
da burguesia. Foi assim nos<br />
anos 80, quando servia como uma<br />
verdadeira tropa de choque para<br />
barrar o desenvolvimento das<br />
oposições sindicais que estavam<br />
em luta contra o peleguismo oficial<br />
da ditadura militar. O PCdoB<br />
era o capanga dos patrões contra<br />
a luta independente dos trabalhadores.<br />
O mesmo quadro é visto nos<br />
Correios, onde o PCdoB foi colocado<br />
pela direção da empresa nos<br />
principais sindicatos da categoria<br />
para defender a privatização da<br />
ECT (Empresa Brasileira de Correios<br />
e Telégrafos).<br />
No Sindicato dos Trabalhadores<br />
dos Correios de São Paulo, nas<br />
duas últimas eleições, apesar de<br />
terem sido derrotados, foram<br />
colocados na direção por meio de<br />
fraudes e golpes. Na última eleição,<br />
em 2008, contaram com a ajuda<br />
de uma junta interventora da justiça<br />
para garantir, que controlou as<br />
eleições. Tudo isso porque os capitalistas<br />
precisam da ajuda de traidores<br />
dentro do movimento sindical<br />
para aprovar o projeto do governo<br />
de Correios do Brasil S.A.<br />
que privatiza a maior empresa estatal<br />
brasileira.<br />
A direção da empresa está financiando<br />
e corrompendo sindicalistas<br />
para intimidar os trabalhadores,<br />
que estão em luta contra a<br />
privatização. Em Minas Gerais,<br />
principal sindicato dirigido pela<br />
oposição Ecetistas em Luta, que<br />
trava uma luta contra a privatização<br />
e os desmandos da empresa,<br />
tentaram repetir o golpe que deram<br />
em São Paulo.<br />
Um grupo financiado pela<br />
empresa tentou utilizar a justiça e<br />
o Estado para intervir na organização<br />
dos trabalhadores e controlar<br />
as eleições. Repudiados pela categoria,<br />
esses elementos do PCdoB/<br />
CTB S.A. partiram para a violência<br />
extrema. Esfaquearam dois<br />
companheiros da Corrente Ecetistas<br />
em Luta. Avelar Viana, secretário<br />
geral do Sintect-ES e Edson<br />
Dorta, carteiro de Campinas e exsecretário<br />
geral da Fentect.<br />
O criminoso, chamado Orozimbo<br />
Roberto dos Santos, partiu<br />
para cima dos companheiros que<br />
estavam ajudando nas eleições<br />
para a direção do Sintect-MG.<br />
Essa é a face desse grupo de<br />
fascínoras. Os trabalhadores devem<br />
expulsar esses corruptos e assassinos<br />
de dentro dos movimentos<br />
populares. Sua única função é<br />
intimidar a luta dos trabalhadores.<br />
Esse é o motivo da aliança de<br />
Aldo Rebelo com os assassinos e<br />
torturadores dos sem-terra. O<br />
PCdoB é a tropa de choque dos<br />
patrões e dos latifundiários contra<br />
os trabalhadores.<br />
área afetada, documentos que<br />
devem ser apresentados à Caixa<br />
Econômica, comprovação da<br />
residência no local, etc.<br />
Supostamente para agilizar o<br />
repasse de verbas, o governo enviará<br />
em 45 dias um projeto de<br />
lei ao Congresso para “desburocratizar”<br />
o repasse.<br />
As vítimas de Pernambuco e<br />
Alagoas poderão sofrer muito<br />
mais com as conseqüências da<br />
tragédia do que sofrem hoje graças<br />
à política criminosa dos governos<br />
burgueses de economia<br />
no gasto de resgate às vítimas.<br />
Contra o descaso do governo,<br />
são as vítimas que devem controlar<br />
as verbas e exigir o repasse<br />
imediato do dinheiro destinado<br />
a toda reconstrução do que foi<br />
destruído pela chuva e para a sobrevivência<br />
destas famílias.
27 DE JUNHO DE 2010 CAUSA OPERÁRIA POLÍTICA A7<br />
ELDORADO DOS CARAJÁS<br />
STF suspende julgamento<br />
de responsável por<br />
massacre de sem-terra<br />
Comandante da ação que assassinou 19 sem-terra no<br />
Pará teve julgamento novamente suspenso<br />
Em sessão no dia 15 de junho,<br />
os juízes do Supremo<br />
Tribunal Federal resolveram<br />
suspender com um pedido de<br />
vista o julgamento de habeas<br />
corpus requisitado pelo coronel<br />
da Polícia Militar do estado<br />
do Pará, Mário Colares<br />
Pantoja, acusado de comandar<br />
o massacre de Eldorado<br />
dos Carajás.<br />
O coronel pede a nulidade<br />
do processo que o condenou<br />
a 228 anos de prisão pela<br />
morte de 19 sem-terra no<br />
massacre.<br />
O pedido de vista, feito pelo<br />
ministro Celso de Mello paralisa<br />
o caso mais uma vez, depois<br />
de quase 15 anos de indefinição<br />
sobre o caso.<br />
Pantoja já havia sido absolvido<br />
em agosto de 1999 em<br />
um primeiro julgamento que<br />
foi anulado em 2000 pelo Tribunal<br />
de Justiça do Pará, por<br />
MATO GROSSO DO SUL<br />
irregularidades. Foi condenado<br />
em novo julgamento, em<br />
maio 2002, mas obteve liminar<br />
do STF em 2005 para responder<br />
ao processo em liberdade<br />
até que não caiba mais<br />
recurso, proposta do ministro<br />
Cezar Peluso, atual presidente<br />
do STF.<br />
Pantoja é acusado de comandar<br />
nada menos que 155<br />
policiais que foram indiciados<br />
pela ação em Eldorado do Carajás,<br />
em 17 de abril de 1996,<br />
contra 1.500 sem-terra que<br />
estavam acampados. O massacre<br />
ocorreu durante uma<br />
marcha em protesto contra a<br />
demora da desapropriação de<br />
terras da Fazenda Macaxeira,<br />
em meio a protestos que duravam<br />
uma semana na região.<br />
O coronel teve orientações<br />
na época do Secretário de Segurança<br />
do Pará, Paulo Sette<br />
Câmara no governo de Almir<br />
Gabriel (PSDB), o O secretário<br />
chegou a declarar depois<br />
do ocorrido, que autorizara<br />
“usar a força necessária, inclusive<br />
atirar” e que dava orientações<br />
de dentro do gabinete<br />
do ex-governador.<br />
Os policiais começaram a<br />
atirar alegando que os semterra<br />
reagiram com facões e<br />
foices justificando o massacre.<br />
Dezenove pessoas morreram<br />
na hora, outras duas morreram<br />
anos depois, vítimas<br />
das seqüelas, e outras 79 foram<br />
mutiladas.<br />
No entanto, nem Almir Gabriel<br />
ou Sette Câmara foram<br />
julgados por qualquer crime.<br />
É preciso exigir a condenação<br />
não só de Pantoja e dos<br />
outros policiais que atuaram<br />
no massacre, mas também do<br />
ex-governador e do secretário<br />
de Segurança na época e de<br />
todos os assassinos dos semterra<br />
no Pará, estado conhecido<br />
por ser palco dos maiores<br />
conflitos no País.<br />
Juízes decidem pela expulsão de seis<br />
mil trabalhadores de assentamento<br />
em favor de empresa estrangeira<br />
O Tribunal Regional Federal<br />
da 3ª Região em Mato Grosso do<br />
Sul decidiu reverter um decreto<br />
presidencial de desapropriação<br />
dos donos de um terreno de 27<br />
mil hectares. A propriedade, a<br />
Fazenda Teijin, ocupada por<br />
1.067 famílias (cerca de seis mil<br />
pessoas) em Nova Andradina foi<br />
considerada improdutiva em<br />
2002 e retirada de seus donos.<br />
O tribunal decidiu multar o<br />
INCRA (Instituto Nacional de<br />
Colonização e Reforma Agrária)<br />
em R$ 45,3 milhões a serem<br />
pagos ao grupo estrangeiro japonês<br />
Teijin, valor que se corrigi-<br />
do chega a até R$ 80 milhões. Os<br />
juízes aprovaram que devem ser<br />
cobrados juros de 12% ao ano a<br />
partir da ocupação da fazenda.<br />
A multa seria pelo fato de que<br />
o INCRA teria vistoriado as terras<br />
no ano de 2002 e considerado<br />
estas improdutivas, quando,<br />
segundo o grupo, estas seriam<br />
produtivas pela criação de 10 mil<br />
cabeças de gado.<br />
A decisão do tribunal mostra<br />
como a Justiça do País está nas<br />
Para os juízes ligados aos latifundiários vale mais o interesse de meia dúzia de capitalistas<br />
estrangeiros do que de seis mil trabalhadores do campo.<br />
BAHIA<br />
mãos dos latifundiários.<br />
Esta decisão é um ataque contra<br />
seis mil trabalhadores semterra<br />
em favor de um grupo estrangeiro<br />
no País.<br />
A medida é uma aberração<br />
jurídica já que prevê que um<br />
órgão do governo que seria responsável<br />
pela fiscalização das<br />
Polícia Federal é denunciada por<br />
tortura e perseguir indígenas<br />
Denúncias feitas pelo Conselho<br />
Indigenista Missionário<br />
(Cimi) e a ONG Justiça Global,<br />
trouxeram à tona a ação criminosa<br />
da Polícia Federal contra<br />
os indígenas da etnia Tupinambá,<br />
localizados no Sul da Bahia.<br />
De acordo com as denúncias,<br />
agentes da Polícia Federal<br />
teriam prendido de forma<br />
ilegal uma das líderes indígenas,<br />
Glicéria de Jesus da Silva,<br />
conhecida como Glicéria<br />
Tupinambá. Segundo o documento,<br />
que inclusive foi enviado<br />
à Organização das Nações<br />
Unidas (ONU), “Glicéria<br />
foi detida logo ao descer<br />
do avião, ainda na pista de<br />
pouso do aeroporto da cidade<br />
de Ilhéus. A líder indígena<br />
estava com Erúthawã, seu<br />
filho de dois meses, no colo,<br />
quando foi detida (...). Após<br />
ser interrogada durante toda<br />
a tarde na sede da PF, em<br />
Ilhéus, sempre com o bebê<br />
no colo, Glicéria recebeu voz<br />
de prisão. A prisão se deu em<br />
pleno feriado de Corpus<br />
Christi, decorrendo daí dificuldades<br />
de acesso aos autos<br />
mencionados e à divulgação<br />
da prisão. Mãe e filho foram<br />
transferidos no dia seguinte<br />
para um presídio na cidade de<br />
Jequié, distante cerca de 200<br />
quilômetros da aldeia”, (Correio<br />
Braziliense, 9/6/2010).<br />
O caso da líder indígena é<br />
apenas um dentre centenas<br />
de casos. O fato de o mesmo<br />
ter sido divulgado, e ainda<br />
assim de forma muito “tímida”<br />
pela imprensa capitalista,<br />
está relacionado ao fato de a<br />
vítima fazer parte da Comissão<br />
Nacional de Política In-<br />
digenista (CNPI), órgão consultivo<br />
do governo ligado ao<br />
Ministério da Justiça, ou seja,<br />
por se trata de uma pessoa<br />
que tem relações com o governo.<br />
Essa situação, no entanto,<br />
ocorre com freqüência,<br />
mas não recebe nenhuma<br />
notoriedade porque se trata<br />
de pessoas pobres, marginalizadas,<br />
sem nenhuma influência,<br />
contra a ação de poderosos,<br />
pessoas ligadas aos<br />
governos. O fato é que não<br />
apenas na Bahia, mas em todos<br />
os estados, está sendo<br />
organizada uma ofensiva direitista<br />
contra a população.<br />
No campo esse massacre é<br />
ainda mais intenso, seja contra<br />
os sem-terra ou contra os<br />
indígenas, como nesse caso.<br />
Trata-se de uma intensa ofensiva<br />
do latifúndio e seus ca-<br />
O STF dá tempo para Mário Colares Pantoja, acusado de comandar o massacre de Eldorado<br />
dos Carajás, onde 19 sem-terra morreram e dezenas ficaram feridos.<br />
terras a serem distribuídas pague<br />
um valor como indenização,<br />
quando a decisão foi referendada<br />
pelo próprio governo.<br />
A decisão dos juízes é totalmente<br />
contra os sem-terra, pois<br />
nem sequer coloca a possibilidade<br />
de indenização do governo aos<br />
trabalhadores sem-terra que foram<br />
realocados para a fazenda<br />
com a promessa de um lugar para<br />
viver e produzir.<br />
Esta decisão mostra que para<br />
os juízes ligados aos latifundiários<br />
vale mais o interesse de meia<br />
dúzia de capitalistas estrangeiros<br />
do que de seis mil trabalhadores<br />
do campo. Mais que isto, a decisão<br />
do TRF do Mato Grosso<br />
do Sul impõe que ocorra um<br />
imenso conflito entre as famílias<br />
e a polícia do governo que,<br />
caso esta seja aprovada, será enviada<br />
ao local.<br />
Os trabalhadores sem-terra<br />
devem exigir a desapropriação da<br />
empresa estrangeira e manter-se<br />
ocupados, exigindo que nenhuma<br />
indenização seja paga aos<br />
capitalistas pelo INCRA.<br />
Assim também os trabalhadores<br />
sem-terra devem exigir a<br />
distribuição de todas terras dos<br />
latifundiários para todos os trabalhadores<br />
sem-terra, para<br />
aqueles que nela trabalham e<br />
produzem e não para os especuladores<br />
da terra e grandes empresas<br />
que exploram a população<br />
local e expulsam os pequenos<br />
produtores.<br />
pangas, em razão da qual o<br />
número de execuções contra<br />
líderes sem-terra vem aumentando<br />
assustadoramente.<br />
O caso dos índios segue<br />
essa mesma lógica, uma vez<br />
que como os sem-terra, este<br />
é um setor que está em confronto<br />
direito com os interesses<br />
dos latifundiários e grandes<br />
empresários do campo.<br />
Para se ter idéia do absurdo,<br />
além da prisão ilegal, os<br />
agentes também estão sendo<br />
acusados de torturar ao menos<br />
cinco índios tupinambás.<br />
O crime teria acontecido em<br />
junho de 2009 e até agora os<br />
torturadores permanecem<br />
impunes. Essa é a realidade<br />
dos trabalhadores do campo<br />
e deve ser amplamente denunciada<br />
e combatida por<br />
toda a população.<br />
RONDÔNIA<br />
Trabalhadores da usina<br />
de Santo Antônio<br />
realizam protesto por<br />
condições de trabalho<br />
Trabalhadores do canteiro<br />
de obras da usina hidrelétrica<br />
de Santo Antônio, no rio Madeira,<br />
em Porto Velho (RO),<br />
realizaram no dia 17 um protesto<br />
contra as péssimas condições<br />
de trabalho a que estão<br />
submetidos.<br />
Os trabalhadores realizavam<br />
um protesto pacífico até<br />
que um encarregado (possivelmente<br />
um engenheiro da<br />
usina) agrediu um operário. A<br />
reação dos trabalhadores foi<br />
imediata, aumentando a paralisação,<br />
e as ações de mobilização.<br />
Veículos do consórcio<br />
CSAC (Consórcio Santo Antônio<br />
Civil), gerido pelas construtoras<br />
Odebrecht e Andrade<br />
Gutierrez foram incendiados,<br />
35 ônibus foram quebrados<br />
e os trabalhadores queimaram<br />
pneus na BR-364, que<br />
liga Porto Velho ao Acre, na<br />
altura do km 725, a 15 quilômetros<br />
da usina.<br />
De acordo com o Sticcero<br />
(Sindicato dos Trabalhadores<br />
da Indústria da Construção<br />
Civil de Rondônia), “cerca de<br />
3.000 trabalhadores noturnos<br />
já haviam suspendido as atividades<br />
para exigir melhores<br />
salários e mais segurança,<br />
entre outras reivindicações”.<br />
Ainda segundo o sindicato trabalham<br />
na usina cerca de<br />
10.000 operários.<br />
No entanto, apesar de o sindicato<br />
reconhecer a agressão<br />
cometida por um alto funcionário<br />
da Odebrecht, condenou<br />
a ação dos trabalhadores<br />
que considerou “excessiva”.<br />
Os trabalhadores devem<br />
Cerca de 3 mil trabalhadores participaram da greve.<br />
superar a direção do sindicato<br />
e garantir que suas reivindicações<br />
sejam atendidas.<br />
Como aconteceu recentemente<br />
em outras usinas<br />
(como em Jirau), onde trabalhadores<br />
conseguiram algumas<br />
melhorias nas condições<br />
de trabalho, apenas após intensas<br />
mobilizações.<br />
Algumas das reivindicações<br />
dos trabalhadores segundo<br />
o sindicato são: aumento<br />
de 20% no salário,<br />
folga aos sábados e feriados,<br />
direito de visita aos familiares<br />
a cada três meses e aditivo<br />
de insalubridade e periculosidade.
CAUSA OPERÁRIA<br />
MOVIMENTO OPERÁRIO <br />
Frente dos 17 sindicatos delibera<br />
impulsionar a campanha salarial 2010<br />
e lutar por 35% de reposição salarial<br />
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Ecetistas em Luta<br />
lança chapa contra a<br />
privatização da ECT<br />
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ELEIÇÕES SINTECT-SJO<br />
Frente dos 17 sindicatos<br />
aprova apoio à chapa 1,<br />
contra os traidores da<br />
maioria da federação<br />
Página A9 Página A9<br />
Reunião nacional, em São José do Rio Preto, aprovou proposta da Corrente Ecetistas em Luta de iniciar mobilização pela realização da campanha salarial deste<br />
ano, rejeitando a política do bloco traidor (PCdoB/CTB S.A. – PT/Articulação) de deixar a categoria sem campanha pelo salário e contra a privatização<br />
<br />
<br />
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CORREIOS CAMPINAS<br />
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CTO BH<br />
Página A9<br />
Veja aqui os eixos da Campanha<br />
Salarial de 2010 que serão defendidos<br />
e aprovados no próximo Conrep © ¢¤¥§ §¤§£¤¥¤¥§¨ ©§¢¥§¦<br />
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Mobilizar por<br />
contratações e fim<br />
do assédio contra os<br />
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“Ele saiu com uma faca na mão, escondida,<br />
e veio já agredindo o companheiro Avelar”<br />
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27 DE JUNHO DE 2010 CAUSA OPERÁRIA MOVIMENTO OPERÁRIO A9<br />
ELEIÇÕES - SINDICATO DOS TRABALHADORES DOS CORREIOS DE CAMPINAS<br />
Ecetistas em Luta lança chapa contra a<br />
privatização da ECT, fortalecendo a luta<br />
contra a política traidora da direção da Fentect<br />
Nos próximos dias 7 e 8 de Julho de 2010, acontecerão<br />
as eleições para renovação da diretoria do Sintect-Cas.<br />
Os militantes da Corrente Ecetistas em Luta inscreveram<br />
a Chapa 2 para uma nova diretoria, firme e combativa,<br />
para que o sindicato de Campinas seja um instrumento<br />
na luta pelas reivindicações da categoria, contra a<br />
privatização da ECT, que só será bem sucedida com a<br />
derrota e expulsão dos traidores da Fentect e dos<br />
principais sindicatos do País<br />
O Sintect-CAS seja uma ferramenta na luta nacional para<br />
derrubar os pelegos e corruptos dos grandes sindicatos.<br />
Nos últimos anos, dentro<br />
do movimento dos trabalhadores<br />
dos Correios,<br />
a corrente política, Ecetistas<br />
em Luta, vem denunciando<br />
implacavelmente as traições<br />
que as direções sindicais<br />
do Bando dos Quatro na Fentect,<br />
lideradas pelo PCdoB/<br />
CTB e PT/Articulação cometeram<br />
contra os trabalhadores<br />
ecetistas.<br />
Venderam acordos coletivos;<br />
aceitaram as regras abusivas<br />
da ECT (Empresa Brasileira<br />
de Correios e Telégrafos)<br />
nas Participações do Lucro<br />
da Empresa (PLR), onde<br />
o trabalhador que gera o lucro<br />
é o que menos ganha e é o mais<br />
exigido; concordaram com o<br />
famigerado Banco de Horas;<br />
fizeram propaganda do<br />
PCCS/2008, Plano de Cargos<br />
da escravidão da ECT; chamaram<br />
os trabalhadores aderirem<br />
ao roubo que foi o Saldamento<br />
do Postalis; fraudaram<br />
o acordo salarial do ano<br />
passado, que estabeleceu<br />
campanha salarial de dois em<br />
dois anos; tudo isso para facilitar<br />
a transformação da<br />
ECT de Empresa Pública em<br />
Empresa de Sociedade Anônima,<br />
ou seja, em um instrumento<br />
de lucro dos grandes<br />
capitalistas.<br />
Para trair os interesses dos<br />
trabalhadores, ajudando a pri-<br />
vatização deste patrimônio<br />
nacional, os sindicalistas do<br />
PT/Articulação e PCdoB/CTB<br />
S.A. ganharam cargos, privilégios<br />
e muito dinheiro à custa<br />
do sofrimento e da demissão<br />
da categoria.<br />
Mais de 500 sindicalistas<br />
ganharam cargos, traindo os<br />
trabalhadores, aumentando<br />
seus salários individuais em<br />
mais de 1.000%, para que<br />
agora o atual Presidente dos<br />
Correios Carlos Henrique<br />
Custódio anuncie que quer demitir<br />
mais de 50 mil trabalhadores,<br />
a partir da transformação<br />
dos Correios em S.A.<br />
A vacilação do<br />
Sintect-Cas em<br />
defender os<br />
trabalhadores<br />
A direção do sindicato de<br />
Campinas esteve do lado dos<br />
traidores até o ano passado,<br />
defendendo todos os acordos<br />
da Fentect com a ECT e defendendo<br />
os sindicalistas vendidos<br />
do Bando dos Quatro,<br />
como o ex-Secretário Geral<br />
da Fentect, Manoel Cantoara,<br />
que vendeu a luta contra o Saldamento<br />
do Postalis, o PCCS/<br />
2008, entre outros acordos,<br />
por um cargo na direção da<br />
ECT, aumentando seu salário<br />
de R$ 800,00 para mais de R$<br />
20.000,00.<br />
Cantoara, que foi secretário-geral<br />
da Fentect, é<br />
hoje o chefe da bancada de<br />
negociações patronal que<br />
usa de todos os tipos de truques<br />
sujos para impedir que<br />
os trabalhadores consigam<br />
as suas reivindicações.<br />
Devido à pressão dos trabalhadores<br />
contra o Acordo Bianual,<br />
a direção do Sindicato de<br />
Campinas rompeu no final de<br />
2009 com o Bando dos Quatro<br />
da Fentect, com os Cantoaras<br />
e Talibãs, que haviam apoiado<br />
até então, criticando o fraudado<br />
acordo bianual e a traição<br />
destes sindicalistas do PT/Articulação<br />
e PCdoB em e-mails<br />
pela internet.<br />
A partir da ruptura com o<br />
Bando dos Quatro da Fentect,<br />
o grupo do atual secretáriogeral<br />
do Sintect-Cas, Luís<br />
Aparecido de Moraes, vulgo<br />
Biaia, que dirige o sindicato,<br />
também se posicionou em relação<br />
ao PCCS da ECT, conforme<br />
a Corrente Ecetistas<br />
em Luta defende, pela revogação<br />
total do PCCS/2008 da<br />
escravidão, fazendo a auto<br />
critica da sua posição quando<br />
trouxeram um dos traidores,<br />
que assinaram o PCCS/2008,<br />
Ezequiel, vulgo Jacaré do<br />
PSTU, para defender o cargo<br />
amplo do PCCS/2008 para os<br />
trabalhadores de Campinas.<br />
A ruptura do Sindicato de<br />
Campinas e de outros sindicatos<br />
do país com o Bando dos<br />
Quatro da Fentect, levou estes<br />
sindicatos a se juntarem<br />
aos sindicatos de Minas Gerais,<br />
Espírito Santo e Roraima,<br />
dirigidos pela corrente<br />
Ecetistas em Luta, e formarem<br />
a Frente de 17 Sindicatos<br />
contrários ao Acordo Bianual,<br />
PCCS da escravidão, contra<br />
os Correios S.A, pela expulsão<br />
do nosso movimento<br />
dos traidores do PCdoB/CTB<br />
e PT/Articulação, que hoje,<br />
ainda são maioria na direção<br />
da Fentect.<br />
A corrente Ecetistas em<br />
Luta atua nesta Frente de sindicatos<br />
para empurrar para<br />
esquerda os sindicatos que<br />
romperam com os traidores,<br />
organizando a campanha contra<br />
a privatização da ECT, levantando<br />
as reivindicações<br />
dos trabalhadores, levantando<br />
as reivindicações na campanha<br />
salarial este ano, propondo<br />
mobilizações amplas, chamando<br />
os trabalhadores a retomar<br />
seus sindicatos para a<br />
luta. Pois se a Frente conseguir<br />
apenas mais um sindicato,<br />
o controle da Fentect pela<br />
ECT, através dos vendidos<br />
sindicalistas do PT/Articulação<br />
e PCdoB/CTB estará totalmente<br />
ameaçado.<br />
Nesse sentido, apesar de<br />
todas as profundas limitações<br />
desta guinada à esquerda da<br />
atual direção do Sintect-CAS<br />
e da falta de luta anterior contra<br />
as traições da atual direção<br />
da Fentect, buscamos trabalhar<br />
em conjunto com a expectativa<br />
de fazer evoluir este<br />
processo no interior do Bloco<br />
de 17 sindicatos.<br />
Porque montamos<br />
a chapa de<br />
Oposição<br />
Ecetistas em Luta<br />
no Sintect-Cas<br />
Coerentes com esta política,<br />
fizemos um esforço para<br />
que nas eleições do Sindicato<br />
de Campinas fosse formada<br />
uma Chapa unitária, composta<br />
pelos grupos que estão se reunindo<br />
na Frente dos 17 sindicatos<br />
contrários ao Acordo<br />
Bianual, colocando em segundo<br />
plano as divergências existentes<br />
que possuímos com as<br />
posições direitistas do grupo<br />
de Biaia e suas vacilações diante<br />
de nossos inimigos na<br />
Fentect. Nossa posição foi a<br />
de se apoiar no simples fato de<br />
que o Sintect-Cas estava sendo<br />
arrastado para uma política<br />
à esquerda, de enfrentamento<br />
com a direção da ECT<br />
e seus meninos de recado no<br />
movimento sindical (PCdoB/<br />
CTB e PT/Articulação).<br />
O grupo de Biaia, porém,<br />
se recusou a formar a chapa<br />
da Frente dos 17 sindicatos<br />
para dirigir o sindicato de<br />
Campinas, mostrando que a<br />
sua ruptura com a direção<br />
traidora da Fentect não é integral,<br />
mas parcial. Ao recusar<br />
formar uma chapa que<br />
somente poderia contribuir<br />
para fortalecer esta luta e criar<br />
uma direção mais firme para<br />
o nosso sindicato mostraram<br />
que não estão dispostos a<br />
avançar de maneira firme na<br />
luta contra o Bando dos Quatro<br />
da Fentect, que são temerosos<br />
diante da possibilidade<br />
de que a Corrente Ecetistas<br />
em Luta participe na direção<br />
do sindicato impulsionando<br />
sua política de total ruptura<br />
com os traidores da Fentect,<br />
ELEIÇÕES SINTECT-SJO<br />
Frente dos 17 sindicatos aprova apoio à<br />
chapa 1, contra os traidores da maioria<br />
da federação<br />
O Sintect-SJO deve continuar na frente dos 17, lutando<br />
pelas reivindicações dos trabalhadores.<br />
Publicamos abaixo a Moção<br />
de apoio apresentada pela Corrente<br />
Ecetistas em Luta e aprovada<br />
na reunião nacional da<br />
Frente dos 17 Sindicatos contrários<br />
à privatização da ECT<br />
e ao acordo bianual em relação<br />
às eleições em São José do Rio<br />
Preto que ocorrerão nos próximos<br />
dias 13 e 14 de julho<br />
“O Sintect – SJO é dos trabalhadores<br />
FORA OS TRAIDORES<br />
DO ACORDO BIANUAL<br />
TODO APOIO À CHAPA<br />
1, O SINDICATO É PARA<br />
LUTAR”<br />
“Reunida no dia 21/06, na<br />
cidade de São José do Rio Preto,<br />
a Frente Nacional de Oposição<br />
à maioria a direção da<br />
Fentect, Sindicatos e Oposições<br />
contrários ao acordo bianual<br />
e à privatização da ECT,<br />
se manifesta em irrestrito<br />
apoio à Chapa 1 nas eleições<br />
para a diretoria do Sintect –<br />
SJO.<br />
Essas eleições, tais como<br />
todas as que ocorrem pelo país<br />
a fora, colocam em disputa<br />
dois blocos e interesses contraditórios<br />
e irreconciliáveis.<br />
De um lado, em defesa dos<br />
trabalhadores, estão todos<br />
aqueles que como os companheiros<br />
da Chapa 1 para a direção<br />
do Sintect - SJO que estão<br />
na luta pelas reivindicações<br />
dos trabalhadores, contra a privatização<br />
(Correios S.A.),<br />
contra o PCCS da escravidão,<br />
contra a PLR de fome e contra<br />
o excesso de trabalho.<br />
Do outro lado, os “sindicalistas”<br />
patronais que defenderam<br />
o acordo bianual, ou seja,<br />
que nossa categoria não faça<br />
campanha salarial neste ano,<br />
que abra mão de lutar por nossas<br />
reivindicações justamente<br />
no ano das eleições e quando<br />
o governo tenta encaminhar<br />
a privatização da ECT,<br />
por meio da sua transformação<br />
em sociedade anônima<br />
(S.A.).<br />
Não por acaso, nos últimos<br />
dias esteve presente em alguns<br />
poucos locais de trabalho de<br />
São José o secretário-geral da<br />
Fentect, Jose Rivaldo – o Talibã<br />
– que veio a serviço da<br />
empresa fazer campanha a favor<br />
da PLR de fome de R$ 880<br />
para os trabalhadores e R$ 16<br />
mil para a burocracia (como o<br />
ex-secretário-geral da Fentect<br />
e seu aliado da Articulação/PT,<br />
Manoel Cantoara que foi “promovido”<br />
por serviços prestados<br />
à direção da ECT); que<br />
veio defender o miserável<br />
acordo bianual, isto é, o congelamento<br />
dos salários até<br />
2011 e veio articular uma chapa<br />
de oposição com elementos<br />
traidores da categoria e, inclusive,<br />
chefes políticos do<br />
PSDB, de FHC e Serra. Tudo<br />
isso com claro apoio da direção<br />
da ECT que gostaria de ver<br />
o Sintetc-SJO dirigido por “Judas”,<br />
traidores da categoria.<br />
Diante disso, a reunião da<br />
Frente, representando os 17<br />
Sindicatos e oposições de todas<br />
as regiões do País, se posiciona<br />
em irrestrito apoio à<br />
Chapa 1, para que o Sintect-<br />
SJO continue nas mãos dos<br />
trabalhadores e continue junto<br />
na Frente lutando pelas reivindicações<br />
dos trabalhadores:<br />
· Contra o acordo bianual;<br />
pela realização da campanha<br />
salarial 2010, por 35% de reajuste<br />
dos salários!<br />
· Não aos Correios S.A.;<br />
não à privatização da ECT!<br />
Correios 100% estatal, público<br />
e de qualidade, sob o controle<br />
dos trabalhadores!<br />
· Fora os diretores que<br />
traíram os trabalhadores da direção<br />
do Sintect-SJO e da Fentect!<br />
Por uma direção classista<br />
e independente da empresa<br />
e do governo para a luta dos<br />
trabalhadores”<br />
São José do Rio Preto, 21<br />
de junho de 2010.<br />
de denúncia sistemática<br />
das<br />
falcatruas e<br />
de organização<br />
firme e<br />
coerente das<br />
nossas lutas,<br />
tanto em Campinas<br />
como em escala nacional.<br />
A concepção vacilante e<br />
conciliadora com os pelegos<br />
deste grupo impede que eles<br />
avancem mais para uma política<br />
ampla, de luta, de efetiva<br />
mobilização dos trabalhadores<br />
e de defesa integral das reivindicações<br />
dos ecetistas,<br />
onde o sindicato de Campinas<br />
seja um instrumento nacional<br />
na luta contra os ataques da<br />
direção da ECT aos trabalhadores.<br />
Esta concepção e conduta<br />
frouxas e vacilantes também<br />
impedem que façam o combate<br />
necessário contra os traidores<br />
do nosso movimento<br />
(PCdoB/CTB e PT/Articulação),<br />
que usam os maiores<br />
sindicatos (São Paulo, Rio de<br />
Janeiro e Brasília) e a Fentect<br />
para bloquear a luta da categoria,<br />
assinando acordos contra<br />
a categoria em nome dos<br />
trabalhadores.<br />
A grande questão é a seguinte.<br />
Não basta deixar de<br />
assinar um acordo. É preciso<br />
organizar uma verdadeira oposição<br />
nacional para derrubar<br />
os pelegos. Esta é a única<br />
forma em que podemos sair<br />
vitoriosos. Sem derrubar os<br />
pelegos dos principais sindicatos<br />
e conquistar a maioria<br />
para as bases, não poderemos<br />
vencer.<br />
Por isso, a Corrente Ecetistas<br />
em Luta organizou uma<br />
chapa para concorrer às eleições<br />
à Diretoria do Sintect-<br />
Cas – Sindicato dos Trabalhadores<br />
dos Correios de Campinas<br />
e Região, pois a atual diretoria<br />
(grupo do Biaia) já demonstrou<br />
que não tem firmeza<br />
para realmente organizar a<br />
luta da categoria até o fim, que<br />
por serem vacilantes podem<br />
sair a qualquer momento da<br />
Frente dos 17 sindicatos e voltar<br />
apoiar o Bando dos Quatro<br />
como apoiavam antes.<br />
Neste sentido a Chapa 2<br />
Ecetistas em Luta tem como<br />
o objetivo o de não só manter<br />
o Sindicato na Frente dos 17<br />
sindicatos contrários ao<br />
Acordo Bianual, mas também<br />
transformar o sindicato em<br />
uma ferramenta na luta naci-<br />
CTO BH<br />
Como se já não bastasse o<br />
esforço da direção da ECT para<br />
acabar com o cargo de motorista,<br />
com o apoio de sindicalistas<br />
traidores, os ecetistas lotados no<br />
CTO/BH vêm sofrendo uma<br />
imensa pressão por parte do<br />
supervisor José Carlos.<br />
As pressões são de vários tipos<br />
como quando alguém traz<br />
um atestado médico e o supervisor<br />
fica de “cara fechada” para<br />
o trabalhador e ainda contesta o<br />
atestado como se fosse médico,<br />
fica tentando causar mal estar<br />
entre os ecetistas que trabalham<br />
e os que recentemente retornaram<br />
ao trabalho na ECT causando<br />
assim constrangimento nas<br />
pessoas.<br />
Os motoristas do CTO/BH só<br />
querem fazer o trabalho com<br />
tranqüilidade e querem também<br />
ser respeitados pelo supervisor<br />
assim como eles o respeitam.<br />
Os trabalhadores também<br />
reclamam sobre os desvios de<br />
funcionários para outros setores<br />
o que sobrecarrega mais<br />
ainda as linhas que ficam com<br />
mais pontos de entregas/coletas.<br />
Não se deve aceitar essa política<br />
de sucateamento do setor<br />
de motoristas em MG e em todo<br />
o Brasil que a direção da ECT<br />
vem impondo a este setor e a toda<br />
a empresa como parte de sua<br />
política de sabotagem dos Correios,<br />
que visa criar pretextos<br />
para a defesa da privatização.<br />
Eles destroem propositalmente<br />
o serviço d equalidade prestado<br />
pela categoria, transformam as<br />
vidas dos trabalhadores em um<br />
verdadeiro inferno e depois,<br />
onal contra<br />
a corrupta direção<br />
da ECT<br />
que compra os sindicalistas<br />
da Fentect para acabar<br />
com os direitos dos trabalhadores<br />
preparando a privatização<br />
da ECT, que significa<br />
demissão em massa.<br />
O que queremos:<br />
1. Que o Sintect-CAS tenha<br />
um programa definido,<br />
claro e coerente de luta contra<br />
o acordo bianual, o PCCS<br />
da escravidão, a privatização<br />
e em defesa de todas as nossas<br />
reivindicações, grandes e<br />
pequenas.<br />
2. Que o Sintect-CAS supere<br />
a sua atual semi-paralisia<br />
e se torne um verdadeiro instrumento<br />
de mobilização ampla<br />
e democrática dos trabalhadores.<br />
3. Que o Sintect-CAS seja<br />
uma ferramenta na luta nacional<br />
para derrubar os pelegos<br />
e corruptos dos grandes sindicatos<br />
e colocar uma nova<br />
direção, honesta, de luta e<br />
comprometida com os interesses<br />
dos trabalhadores na<br />
Federação Nacional.<br />
-Contra o Acordo Bianual,<br />
pela imediata organização da<br />
Campanha Salarial 2010,<br />
-35 % já de Reajuste salarial;<br />
-Contratação imediata de<br />
quantos trabalhadores forem<br />
necessários para diminuir o<br />
excesso serviço que sufoca<br />
atualmente a categoria ecetista;<br />
-Revogação integral do<br />
PCCS/2008;<br />
-Revogação integral do Saldamento<br />
do Postalis, que os<br />
participantes tenham os seus<br />
direitos garantidos aos moldes<br />
do Plano anterior;<br />
-Contra os Correios S.A;<br />
-Por um Correio 100% Público,<br />
Estatal e de Qualidade,<br />
controlado pelos trabalhadores,<br />
através de eleição direta<br />
aos cargos de chefia, de Presidente<br />
da Empresa à Supervisor;<br />
com mandatos revogáveis<br />
pelos próprios trabalhadores.<br />
Mobilizar por contratações e fim<br />
do assédio contra os motoristas<br />
fazem campanha de que os trabalhadores<br />
são os culpados de<br />
tudo e de que é preciso privatizar<br />
a ECT.<br />
Chamamos todos os motoristas<br />
para se unirem a luta junto<br />
com o Sindicato para manter<br />
o cargo e mais, para manter<br />
cada um dos nossos empregos<br />
nesta luta contra a privatização<br />
dos Correios.<br />
Nesse sentido O SINTECT-<br />
MG vai realizar as reuniões mensais<br />
no CTOBH para acompanharmos<br />
de perto todo o desdobramento<br />
das denúncias que<br />
foram feitas aqui e para manter<br />
os motoristas informados e unidos<br />
nesta luta. E qualquer tipo de<br />
perseguição, assédio ou irregularidade<br />
tem que comunicar ao<br />
Sindicato para que sejam tomadas<br />
tomar as providências.<br />
A luta dos motoristas e de<br />
toda a categoria é o único caminho<br />
para derrotar o0s ataques da<br />
direção da ECT e conquistar<br />
nossas reivindicações. Porisso<br />
chamamos os companheiros do<br />
CTO e de todos os setores a<br />
participarem das atividades da<br />
Campanha Salarial 2010, que<br />
estaremos convocando nas próximas<br />
semanas.<br />
FIm do assédio aos trabalhadores!<br />
Não ao PCCS da escravidão,<br />
que acaba com o cargo de motorista!<br />
Não a privatização dos Correios!<br />
Todos juntos na Campanha<br />
Salarial 2010! Por 35% de reajuste<br />
e demais reivindicações da<br />
categoria.
CAUSA OPERÁRIA<br />
ELEIÇÕES 2010 <br />
©©<br />
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©<br />
<br />
RUI COSTA PIMENTA<br />
Ato da início à campanha eleitoral do<br />
Partido da Causa Operária<br />
¥¦§¨§ ¢£¤ ¡<br />
No sábado, dia 26, o <strong>PCO</strong> lançou o candidato à presidência Rui Costa Pimenta e também os candidatos aos governos dos estados de<br />
Minas Gerais, Paraíba, Rio de Janeiro e São Paulo tendo como eixo a defesa do partido operário e o socialismo<br />
Rui Costa Pimenta em discurso no ato de lançamento de sua candidatura à Presidência da República pelo <strong>PCO</strong> e jantar comemorativo realizado em seguida<br />
© <br />
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© ©<br />
A tarefa central é a construção do<br />
partido operário e revolucionário<br />
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© <br />
<br />
©<br />
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<br />
<br />
“Só o socialismo pode<br />
dar uma saída para a<br />
humanidade”<br />
Página A14<br />
<br />
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<br />
ANAÍ CAPRONI<br />
<br />
© <br />
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© <br />
<br />
“Chamo os companheiros a<br />
defender a nossa proposta, o<br />
nosso programa e o direito de<br />
ser partido, de fazer campanha<br />
e de lutar pelo que é nosso”<br />
©<br />
<br />
<br />
<br />
Página A15<br />
<br />
<br />
<br />
Jantar comemorativo para<br />
impulsionar a campanha eleitoral<br />
¢ ¢<br />
<br />
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©<br />
Música latina de primeira<br />
<br />
qualidade<br />
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<br />
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<br />
<br />
<br />
Apresentação do grupo latino-americano “Sendero”, no jantar<br />
comemorativo do lançamento das candidaturas do <strong>PCO</strong>.
27 DE JUNHO DE 2010 CAUSA OPERÁRIA ELEIÇÕES A11<br />
XIX CONFERÊNCIA NACIONAL DO PARTIDO DA CAUSA OPERÁRIA<br />
Informe sobre a situação política nacional<br />
Reproduzimos aqui a transcrição resumida do informe<br />
político apresentado na Convenção Eleitoral Nacional<br />
(XIX Conferência Nacional) do <strong>PCO</strong>, sintetizando as<br />
principais questões colocadas pelo partido para a<br />
análise da situação política atual e a definição das tarefas<br />
para o próximo período<br />
1. A situação<br />
econômica<br />
A situação econômica brasileira<br />
é apresentada pelo governo<br />
e pela imprensa capita-<br />
lista como um grande sucesso.<br />
Estes supostos êxitos são<br />
uma das bases para a eleição<br />
de Dilma Rousseff. O que há<br />
de verdade na afirmação feita<br />
pelo governo de que o Brasil<br />
escapou da crise é que o País<br />
é um terreno que permite momentaneamente<br />
que capitais<br />
que não encontram aplicação<br />
ou um ambiente de mínima<br />
segurança nos países imperialistas<br />
ou nos países atrasados<br />
derrubados pela especulação,<br />
vejam no Brasil um<br />
amplo terreno para investimento.<br />
O Brasil é um país<br />
enorme, com sua mão-deobra<br />
relativamente qualificada<br />
e barata em termos internacionais,<br />
grandes empresas<br />
públicas construídas com o<br />
dinheiro do povo, abundantes<br />
recursos minerais e a vantagem<br />
de possuir uma razoável<br />
infraestrutura para a atividade,<br />
industrial, o que favorece<br />
a especulação. Embora tenha<br />
passado por crises anteriores,<br />
o Brasil não entrou em colapso<br />
junto com os outros países<br />
na última onda de crise (2007-<br />
2008).<br />
A base para a existência do<br />
imperialismo é a desigualdade<br />
no desenvolvimento econômico<br />
entre os países imperialistas<br />
e os países atrasados,<br />
o que permite lucros acima<br />
dos normais em seus próprios<br />
países. Um dos países em<br />
maior evidência neste momento<br />
é a China, que tem a<br />
maior e a mais barata força de<br />
trabalho do mundo. A própria<br />
existência do imperialismo repousa<br />
nestes fatos: a exploração<br />
desenfreada, sem limites,<br />
da força de trabalho e de outras<br />
desigualdades presentes<br />
na atual situação: a venda de<br />
matérias-primas não beneficiadas,<br />
a utilização de vantagens<br />
para as aplicações financeiras<br />
tais como juros excessivamente<br />
altos etc.<br />
A principal atividade do<br />
Brasil, exaltada pelo governo<br />
como o marco do seu crescimento<br />
e desenvolvimento econômico,<br />
é a exploração das<br />
suas desigualdades pelo imperialismo,<br />
a exportação de matérias-primas.<br />
A relativa estabilidade<br />
econômica do Brasil<br />
se apóia, neste momento, em<br />
algumas questões-chave. A<br />
primeira delas é a enorme exploração<br />
das matérias-primas<br />
nacionais. A exploração de<br />
matérias-primas é, na realidade,<br />
a antítese do desenvolvimento.<br />
A economia brasileira re-<br />
pousa neste momento em dois<br />
alicerces fundamentais. O primeiro<br />
é a exportação agrícola<br />
e o segundo a exportação de<br />
minérios, incluindo aí o petróleo.<br />
A Petrobras é um dos<br />
grandes responsáveis pela<br />
fase que o País está vivendo.<br />
Os minérios de maior valor<br />
internacional estão sendo levados<br />
pelo imperialismo que<br />
deixa para trás uma migalha,<br />
administrada por um gerente<br />
esquerdista (a Agência Nacional<br />
de Petróleo, sob o comando<br />
do dirigente do PCdoB,<br />
Haroldo Lima) responsável<br />
pela entrega da riqueza nacional.<br />
Além destas atividades, a<br />
especulação financeira é a segunda<br />
questão-chave do “sucesso”<br />
econômico do Brasil<br />
sob o governo Lula. A “grandiosidade”<br />
do governo Lula<br />
consiste no fato de este ser<br />
mera continuação do governo<br />
FHC neste sentido e, inclusive,<br />
aprofundar a entrega da<br />
economia nacional. É por este<br />
motivo que há uma unanimidade<br />
na burguesia, sócia menor<br />
do imperialismo, em torno<br />
a Lula.<br />
Outra coisa que deve ser<br />
notada entre a burguesia é<br />
que, curiosamente, a economia<br />
brasileira é totalmente dependente<br />
da flutuação da economia<br />
internacional. Ocorre<br />
apenas que a flutuação recente<br />
na economia internacional<br />
não afetou diretamente a economia<br />
brasileira a ponto de<br />
levá-la a um colapso, embora<br />
a tenha afetado. No entanto,<br />
isto não significa que qualquer<br />
movimentação abrupta dos<br />
capitais internacionais não<br />
possa levar a economia brasileira<br />
a desabar.<br />
Do ponto de vista da população<br />
trabalhadora, embora a<br />
economia seja estável (relativamente),<br />
há uma queda nas<br />
suas condições de vida. A recuperação<br />
de emprego só diz<br />
respeito ao mercado de trabalho<br />
atual. Do ponto de vista do<br />
desemprego crônico no país,<br />
pouco ou nada foi alterado. Há<br />
um vigoroso ataque à população<br />
rural e um rebaixamento<br />
permanente nas condições de<br />
vida dos trabalhadores, colocadas<br />
sob um ataque sistemático<br />
dos patrões com a cober-<br />
tura do governo da frente popular.<br />
A burguesia vem fazendo,<br />
silenciosamente, uma reforma<br />
trabalhista, com leis para<br />
acabar com o final de semana<br />
remunerado, o 13º salário,<br />
impor a terceirização em vasta<br />
escala etc. Não há, do ponto<br />
de vista da população, nenhuma<br />
melhoria. Na realidade,<br />
o constante aprofundamento<br />
do confisco da população é a<br />
base principal para os movimentos<br />
especulativos.<br />
Em uma medida complexa<br />
O <strong>PCO</strong> lançou a candidatura do companheiro Rui Costa Pimenta à presidência da República<br />
em defesa de um programa operário, socialista e de luta para classe operária<br />
As mobilizações estudantis na USP são um sintoma de uma<br />
virada da situação política no Brasil.<br />
e proporcionalmente menor<br />
ou mais lenta, o colapso econômico<br />
por que passaram os<br />
países do Leste europeu está<br />
se desenvolvendo no Brasil. A<br />
privatização da indústria estatal<br />
do Leste europeu deu lugar<br />
a um forte movimento de especulação<br />
com os capitais imperialistas<br />
aí aplicados. Com<br />
a crise, países que viviam uma<br />
situação “extraordinária”<br />
(como a do Brasil), foram<br />
completamente à falência porque,<br />
de fato, já estavam falidos.<br />
Este é o sentido geral da<br />
política burguesa. No próximo<br />
período imediato, isto<br />
deve se manifestar de uma<br />
maneira negativa.<br />
Do ponto de vista mais imediato,<br />
a crise internacional gerou<br />
uma tendência muito importante,<br />
que é o retorno da<br />
tendência inflacionária. A burguesia<br />
mundial, há cerca de<br />
10 meses, se viu confrontada<br />
com esta situação, com a<br />
perspectiva da volta da inflação<br />
ou da recessão. Se não<br />
temos no mundo hoje uma<br />
situação hiperinflacionária, é<br />
porque há o contrapeso da<br />
mão-de-obra ultra-explorada<br />
da China. Lá, hoje, está havendo<br />
aumento de salário,<br />
greves, organização sindical,<br />
etc. Sem o contrapeso da<br />
China à economia imperialista,<br />
não há como controlar a<br />
inflação. Isto se dá porque<br />
enquanto alguns preços sobem<br />
nos EUA e na Europa,<br />
outros permanecem baixos<br />
graças à importação de mercadorias<br />
produzidas com a<br />
mão-de-obra barata chinesa,<br />
o que mantém a inflação sob<br />
controle.<br />
Esta tendência inflacionária<br />
já está presente no Brasil e é<br />
a responsável pela tendência<br />
de luta que já começa a se manifestar<br />
na classe operária brasileira.<br />
De um ponto de vista geral,<br />
a abertura da crise, o colapso<br />
do sistema promovido pela<br />
burguesia, vai mostrar que<br />
todo o sacrifício feito pelos<br />
governos burgueses para recuperar<br />
as economias que entraram<br />
em colapso é feito em<br />
vão pois não há aí uma recuperação<br />
efetiva da economia,<br />
mas uma maior decomposição<br />
que cobrará inevitavelmente a<br />
sua fatura.<br />
2. O regime político<br />
A esquerda nacional considera<br />
que, no Brasil, a direita é<br />
o PT, ou seja, não teria importância<br />
o fato de o PT ser um<br />
partido de esquerda porque<br />
ele está no governo, leva adiante<br />
a política do bloco burguês<br />
e isto faz dele o equivalente<br />
a um PSDB, um DEM. O<br />
PT, no governo, logicamente<br />
é obrigado a levar adiante a<br />
política do grande capital, do<br />
imperialismo porque ele mesmo<br />
é um partido burguês.<br />
Este fato não quer dizer que a<br />
burguesia possa prescindir<br />
dos partidos burgueses tradicionais.<br />
Isto é uma ilusão de<br />
ótica totalmente confusionista<br />
da situação. Há uma situação<br />
onde todo um setor da<br />
burguesia procura reorganizar<br />
os partidos burgueses tradicionais,<br />
de direita, ou que,<br />
não sendo partidos originalmente<br />
de direita, cumprem<br />
um papel de direita, como é o<br />
caso do PSDB, para não ficar<br />
na mão de um partido vinculado<br />
aos sindicatos, aos movimentos<br />
populares, como o<br />
PT, por mais direitista que<br />
seja este partido em um determinado<br />
momento.<br />
Precisamos nos recordar<br />
que a burguesia vem procurando<br />
estabelecer no país uma<br />
espécie de bipartidarismo, assim<br />
como a burguesia imperialista<br />
procurou fazer. Este<br />
esquema vem afundando a<br />
cada eleição e a cada etapa da<br />
crise.<br />
A função deste sistema de<br />
pêndulo é permitir que o movimento<br />
das massas passe de<br />
um lado para o outro sem abalar<br />
o regime político. Quando<br />
as massas entram em uma etapa<br />
onde há um certo aquecimento<br />
da situação, a burguesia<br />
convoca os partidos burgueses<br />
de esquerda para governar.<br />
Quando a situação se<br />
acalma, entram os partidos<br />
burgueses que defendem<br />
abertamente os interesses da<br />
burguesia. Para a burguesia,<br />
o ponto central consiste em<br />
não permitir que as massas se<br />
desloquem para além deste<br />
“pêndulo”, que não vão nem<br />
para as mãos da extrema-direita,<br />
nem para as da extremaesquerda,<br />
particularmente<br />
desta última.<br />
Este tipo de equilíbrio do<br />
regime entrou em colapso no<br />
Brasil. A combinação feita entre<br />
PT, PMDB e a máquina<br />
estatal criou um movimento<br />
avassalador. Apesar de o go-<br />
verno do PT não ser como um<br />
governo Chávez, a “dinâmica<br />
política” é igual à da Venezuela,<br />
o que implica em um desequilíbrio<br />
muito grande.<br />
Por sua vez, o PT não é o<br />
substituto perfeito para um<br />
regime de partidos. O que está<br />
se dando nas eleições neste<br />
momento é que o sistema de<br />
partidos da burguesia está entrando<br />
em crise.<br />
A burguesia e a imprensa<br />
burguesa em particular, estão<br />
tentando criar uma polarização<br />
ideológica nas eleições<br />
porque é preciso preservar<br />
uma “aparência” de oposição.<br />
Embora a eleição pareça se<br />
desenvolver sob um aspecto<br />
de estabilidade, não se trata<br />
disso. Há um período de crise<br />
detrás desta estabilidade.<br />
Outro fato que precisa ser<br />
analisado é o papel decisivo do<br />
PT e da frente popular no<br />
equilíbrio do regime político.<br />
O domínio sobre a CUT e todos<br />
os sindicatos de ponta, a<br />
UNE, que sempre foi uma organização<br />
importantíssima<br />
para a luta política no Brasil e<br />
o MST e as demais organizações<br />
de luta no campo garante<br />
a estabilidade do regime<br />
político. Se a frente popular<br />
perder o controle das massas,<br />
o regime entra em crise. Os<br />
partidos burgueses tradicionais<br />
tentaram por diversas<br />
vezes quebrar este monopólio,<br />
mas não conseguiram.<br />
Isto tudo é o “calcanhar de<br />
Aquiles” do regime político.<br />
Este problema é a chave para<br />
compreender muitas das coisas<br />
miúdas que acontecem no<br />
movimento sindical e nos demais<br />
movimentos de luta hoje.<br />
Há um verdadeiro patrulhamento<br />
em todas as organizações<br />
sindicais, estudantis e<br />
populares porque este é o ponto<br />
fraco do regime. Se perderem<br />
o controle, a crise não<br />
poderá ser controlada a não<br />
ser por uma intensa luta de<br />
classes. O regime e, em última<br />
análise, os lucros do imperialismo,<br />
repousam sobre o<br />
controle que a burocracia sindical,<br />
estudantil, dos sem-terra,<br />
do PT e da frente popular<br />
têm sobre as organizações<br />
populares. Daí a luta nestas<br />
organizações para que a frente<br />
popular não perca o controle.<br />
Este é o segredo da situação<br />
brasileira, este é o segredo<br />
do próprio PT. Lula só<br />
tem a importância que a burguesia<br />
mundial dá a ele por ter<br />
estas organizações nas mãos.<br />
O regime político está hoje<br />
em um período de aparente<br />
estabilidade, porém um conjunto<br />
de contradições tende a<br />
se manifestar com mais força<br />
na próxima etapa.<br />
3. A classe operária<br />
e as massas<br />
É evidente, diante dos últimos<br />
acontecimentos, que há<br />
uma forte tendência ao desenvolvimento<br />
da luta das massas.<br />
Primeiro tivemos, no ano<br />
passado, a importante mobilização<br />
na USP que, conforme<br />
assinalamos diversas vezes, é<br />
um sintoma da crise política.<br />
Em seguida, a enorme greve<br />
dos professores de São<br />
Paulo, em março deste ano,<br />
um outro termômetro da situação.<br />
Na sequência, tivemos na<br />
USP um enfrentamento muito<br />
grande com a reitoria indicada<br />
pelo governo Serra. Há,<br />
de todos os lados, uma série<br />
de greves e lutas que têm uma<br />
importância sistemática muito<br />
grande.<br />
Tudo consiste em saber<br />
por meio de que etapas, e com<br />
que velocidade, vai se desenvolver<br />
a crise para que os contingentes<br />
mais importantes da<br />
classe trabalhadora entrem<br />
em luta.<br />
Nos Correios a situação é,<br />
a cada dia, mais radicalizada.<br />
Tudo isto tem uma importân-<br />
cia grande do ponto de vista<br />
do que tende a acontecer.<br />
O processo político da<br />
classe operária brasileira tem<br />
que passar por uma modificação<br />
na sua relação nos sindicatos.<br />
Embora os sindicatos<br />
brasileiros sejam até mesmo<br />
anacrônicos, a luta começa<br />
sempre por dentro dos setores<br />
sindicais e é exatamente<br />
isto é o que está acontecendo.<br />
Há uma luta intensa que se<br />
dá de forma oculta dentro dos<br />
sindicatos. Em todos os lugares,<br />
em diversas categorias,<br />
há milhares de manifestações<br />
neste sentido. Está em pleno<br />
movimento um processo de<br />
reorganização da classe trabalhadora<br />
no sentido de reorganizar<br />
o movimento sindical.<br />
Está em marcha uma espécie<br />
de repetição do processo<br />
que se desenvolveu nas greves<br />
de 1984, 85 e 86, e que obriga<br />
qualquer partido revolucionário<br />
a acompanhar esta situação<br />
com extrema atenção, nos<br />
sindicatos, no movimento estudantil<br />
e no movimento dos<br />
sem-terra.<br />
Neste sentido, não é à toa<br />
que nosso partido afirmou que<br />
está surgindo um novo movimento<br />
estudantil, que está ficando<br />
evidente nos momentos<br />
em que as lutas se intensificam,<br />
tanto quanto naqueles<br />
momentos em que a luta reflui<br />
temporariamente.<br />
Na luta pela terra, este processo<br />
se desenvolve com ainda<br />
mais clareza. Há uma fragmentação<br />
muito grande do<br />
MST que é, por assim dizer,<br />
quem controla o setor da luta<br />
pela terra.<br />
Percebe-se que os movimentos<br />
dos trabalhadores da<br />
cidade e do campo e dos estudantes<br />
acumularam uma<br />
vasta experiência com a burocracia<br />
da frente popular. Isto<br />
indica que uma próxima etapa<br />
de lutas tende a adquirir<br />
muito rapidamente um caráter<br />
abertamente revolucionário.<br />
Todos estes fatos devem<br />
ser observados para que se<br />
defina a política do partido no<br />
dia-a-dia. A nossa política não<br />
é feita de desejos ou opiniões,<br />
mas a partir de um conhecimento<br />
prévio do movimento<br />
operário, das causas da luta do<br />
movimento operário, das ten-<br />
As mobilizações na Grécia são um sintoma da falência dos países europeus.<br />
dências presentes da luta das<br />
massas. Se queremos ter uma<br />
política correta, esta política<br />
deve surgir da compreensão<br />
correta do desenvolvimento<br />
da luta das massas. O que<br />
ocorre hoje com clareza nas<br />
lutas dos estudantes da USP,<br />
entre os sem-terra e nas categorias<br />
operárias, considerado<br />
por muitos como um movimento<br />
minoritário, é de extrema<br />
importância pois justamente<br />
tende a se espalhar na-<br />
Os professores do estado de São Paulo realizaram uma greve<br />
de um mês colocando o governo Serra na lona e derrotando a<br />
burocracia sindical.<br />
cionalmente.<br />
4. A esquerda<br />
pequeno-burguesa
27 DE JUNHO DE 2010 CAUSA OPERÁRIA ELEIÇÕES<br />
Não consideramos, como a<br />
maioria dos militantes de esquerda,<br />
que exista uma identidade<br />
entre o nosso partido e<br />
a maioria dos partidos de esquerda.<br />
Deve-se fazer uma<br />
importante distinção que é o<br />
fato de que o nosso é um partido<br />
operário (com todos os<br />
defeitos e problemas que possa<br />
ter) e os demais são partidos<br />
da pequena burguesia.<br />
A maioria desta esquerda se<br />
transformou em uma burocracia<br />
sindical, uma camada<br />
pequeno burguesa que repousa<br />
sobre o movimento das<br />
massas.<br />
Como não estão voltados<br />
para as massas, sua política é<br />
eleitoral e mostram um verdadeiro<br />
desdém pelas reivindicações<br />
operárias, esta esquerda<br />
foi protagonista de<br />
fiascos marcantes como o<br />
caso do PSTU diante das demissões<br />
em São José dos<br />
Campos, lugar em que controlam<br />
um sindicato importante<br />
(o dos metalúrgicos de<br />
S. José dos Campos) e o fiasco<br />
da esquerda pequeno-burguesa<br />
que sequer discutiu este<br />
fiasco, justamente porque é<br />
pequeno-burguesa.<br />
Não há qualquer identificação<br />
com a classe operária, o<br />
que fica demonstrado por<br />
outro fracasso, o da candidatura<br />
de Heloísa Helena, e agora<br />
de Plínio de Arruda Sampaio,<br />
pelo Psol nas eleições. A<br />
principal diferença entre nosso<br />
partido e os principais representantes<br />
desta esquerda<br />
(Psol e PSTU) fora do governo<br />
não é mera divergência<br />
política pontual, mas uma diferença<br />
de classe.<br />
Nós sabemos que a pequena<br />
burguesia oscila politicamente,<br />
da mesma forma que<br />
se encontra economicamente<br />
entre a classe operária e a burguesia.<br />
Esta é a sua natureza<br />
política e social. Nos últimos<br />
50 anos, mais ou menos, o<br />
papel da pequena burguesia na<br />
sociedade cresceu extraordinariamente.<br />
A atual pequena<br />
burguesia não é a mesma coisa<br />
que a pequena burguesia<br />
antiga, as classes médias descritas<br />
por Marx em O Capital.<br />
O desenvolvimento capitalista<br />
criou todo um outro setor<br />
da pequena burguesia, um<br />
setor profundamente direitista<br />
ou com propensões muito<br />
direitistas, que são os funcionários<br />
das grandes empresas,<br />
ou que vivem em torno a<br />
elas. Marx falava do pequeno<br />
burguês referindo-se ao advogado,<br />
o professor, o profissional<br />
liberal, o pequeno artesão<br />
etc. O imperialismo desenvolveu<br />
muito esta camada social<br />
com idéias direitistas e um<br />
papel direitista, tornando-a<br />
essencialmente uma camada<br />
pró-imperialista da população<br />
com grande peso no conjunto<br />
da pequena-burguesia ou<br />
classes médias, como queiram.<br />
Nos últimos 30 anos, a pequena<br />
burguesia se tornou o<br />
principal ponto de apoio político<br />
do imperialismo nos países<br />
atrasados e também nos<br />
Os candidatos do regime político, Dilma Roussef, Marina Silva e José Serra.<br />
países imperialistas. No Brasil,<br />
tivemos durante todo um<br />
período o desenvolvimento de<br />
uma esquerda pequeno-burguesa<br />
“nacionalista”. A pequena<br />
burguesia, de um modo<br />
geral, é uma manifestação da<br />
decomposição do sistema capitalista<br />
no seu conjunto. A<br />
burguesia cria a pequena burguesia,<br />
contratando um batalhão<br />
de funcionários dos mais<br />
diversos tipos para se enfrentar<br />
com a classe operária formando<br />
um contrapeso à classe<br />
operária.<br />
A necessidade de uma camada<br />
social como esta para a<br />
sobrevivência política do im-<br />
perialismo é um sinal do caráter<br />
profundamente reacionário,<br />
defensivo, do apodrecimento<br />
do regime capitalista.<br />
Este é um problema-chave.<br />
No último período, nos últimos<br />
60 anos, o papel político<br />
da pequena burguesia cresceu<br />
muito, primeiro com a burocracia<br />
stalinista, no estado<br />
operário, devido ao avanço da<br />
crise mundial. O imperialismo<br />
foi obrigado a se apoiar de<br />
maneira intensa nesta camada,<br />
a tal ponto que temos hoje<br />
no mundo mais governos “de<br />
esquerda” do que de direita,<br />
governos desta pequena bur-<br />
Plínio de Arruda Sampaio, do Psol, uma candidatura burguesa<br />
sem nenhum apoio entre a classse operária.<br />
guesia de esquerda que formam<br />
um batalhão imenso, produto<br />
do fato de que a burguesia<br />
não consegue controlar a<br />
situação política diretamente.<br />
A esquerda pequeno burguesa<br />
no Brasil, grosso modo,<br />
é um resultado deste processo<br />
social de crise capitalista.<br />
Muitos grupos de esquerda<br />
foram formados para serem<br />
esquerdistas, mas a situação<br />
tende para a absorção desta<br />
esquerda pelo imperialismo.<br />
No Brasil, em particular,<br />
esta esquerda cumpre um papel<br />
decisivo. Ainda que muitos<br />
dos esquerdistas sejam<br />
verdadeiros direitistas, esta<br />
esquerda é enorme. Apenas no<br />
movimento operário, com<br />
cerca de 10 mil sindicatos no<br />
país, há uma burocracia sindical<br />
de cerca de 200 mil pessoas,<br />
contando apenas as di-<br />
reções sindicais.<br />
Há uma pressão muito<br />
grande da esquerda pequenoburguesa<br />
devido, em primeiro<br />
lugar, ao seu número. Esta<br />
esquerda pequeno-burguesa,<br />
devido à pressão da burguesia,<br />
enveredou profundamente<br />
pela direita. A maioria revela,<br />
confrontada com a classe<br />
operária, características fascistóides<br />
(como, por exemplo,<br />
a tentativa de assassinato<br />
de militantes sindicais do<br />
Partido da Causa Operária nas<br />
eleições do Sindicato dos Trabalhadores<br />
dos Correios de<br />
Minas Gerais, em que o problema<br />
central é pressão pela<br />
privatização dos Correios da<br />
parte da burocracia sindical do<br />
PT-PCdoB e da direção da empresa).<br />
Essa propensão fascistóide<br />
fica também revelada pelo patrulhamento<br />
e a perseguição<br />
às organizações operárias e<br />
estudantis que se afastam da<br />
política da frente popular.<br />
Qualquer confusão entre a<br />
frente popular e o partido da<br />
classe operária é extremamente<br />
grave.<br />
Nas últimas eleições, a chamada<br />
“frente de esquerda”,<br />
em uma tentativa de superar a<br />
profunda fragmentação desta<br />
esquerda, emprestou uma<br />
candidatura direitista da burguesia<br />
(a da ex-senadora Heloísa<br />
Helena) e esta tentativa<br />
fracassou completamente,<br />
levando a uma completa divisão<br />
da frente<br />
Recentemente, ocorreu a<br />
tentativa de unificar os partidos<br />
da esquerda pequeno-burguesa<br />
no terreno da organização<br />
sindical, através do congresso<br />
da Conlutas-Intersindical.<br />
Do ponto de vista do<br />
movimento operário, esta tentativa<br />
foi completamente irrelevante,<br />
passando completamente<br />
despercebida.<br />
A característica mais reacionária<br />
da esquerda pequenoburguesa<br />
não é nem tanto a<br />
oposição que esta camada<br />
social faz às reivindicações da<br />
classe operária, mas o fato de<br />
que não há coincidência no<br />
que diz respeito à constituição<br />
de um partido operário, no<br />
fato de que se constituem em<br />
verdadeiros inimigos da construção<br />
de um partido operário<br />
e é nesta questão que a distinção<br />
se dá claramente.<br />
5. A questão do<br />
partido operário<br />
O problema do partido é<br />
uma questão-chave na atual<br />
situação. A tarefa central é,<br />
em primeiro lugar, a construção<br />
de um partido operário revolucionário.<br />
Dadas as tendências<br />
atuais, o problema do<br />
partido se coloca no primeiro<br />
plano do ponto de vista prático.<br />
É muito sintomático que<br />
nos Correios, a própria ala esquerda<br />
da esquerda pequeno-<br />
burguesa tenha colocado a<br />
luta contra nós no terreno da<br />
luta contra a existência de um<br />
partido operário nos sindicatos.<br />
A questão do partido está<br />
se colocando na ordem do<br />
dia. Para a burocracia está<br />
colocado lutar contra o partido<br />
operário, impedir a construção<br />
de um o partido operário<br />
nos sindicatos.<br />
Em segundo lugar, a luta<br />
contra o partido operário dentro<br />
das organizações sindicais<br />
é o terreno decisivo da luta. A<br />
vinculação da propaganda em<br />
torno à construção de um partido<br />
operário com os sindica-<br />
O <strong>PCO</strong> entra nas eleições para defender as mobilizações dos trabalhadores, como a luta<br />
contra a privatização dos Correios.<br />
tos é que coloca, num terreno<br />
prático, a construção de<br />
um verdadeiro partido operário.<br />
No início do PT, a palavra<br />
de ordem mais combatida<br />
pela esquerda pequeno-burguesa<br />
e levantada pela então<br />
tendência Causa Operária era,<br />
justamente, a da construção<br />
do PT em um congresso dos<br />
sindicatos.<br />
Por isso existe uma campanha<br />
imensa, feroz, de cunho<br />
fascista contra a atuação do<br />
partido operário nos sindicatos,<br />
contra a construção de<br />
um partido operário a partir<br />
dos sindicatos e da luta sindical.<br />
Ficou claro na questão<br />
dos Correios que não se trata<br />
de qualquer partido. Muitos<br />
dirigentes sindicais podem<br />
sair candidatos pelo PT, pelo<br />
DEM, por qualquer outro partido<br />
burguês ou pequeno-burguês.<br />
Porém, quando decidem<br />
sair candidatos pelo <strong>PCO</strong>,<br />
todas as baterias se voltam<br />
contra o nosso partido, na tentativa<br />
de impedir que os operários<br />
se organizem politicamente<br />
ali onde lutam, a partir<br />
dos seus interesses de classe,<br />
na luta pelo socialismo.<br />
Neste sentido, está colocado<br />
para o nosso partido enfrentar<br />
este desafio: construir<br />
um verdadeiro partido operário<br />
de massas na luta sindical,<br />
na luta das massas.<br />
Embora não haja efetivamente<br />
nem nunca tenha existido<br />
uma verdadeira central<br />
sindical, nesta etapa histórica,<br />
os trabalhadores não precisam<br />
de uma nova central sindical,<br />
mas de um partido operário. A<br />
próxima etapa é a da luta revolucionária<br />
da classe operária.<br />
Neste sentido, é o partido e as<br />
organizações revolucionárias,<br />
como os sovietes, que estão<br />
colocados na ordem do dia e<br />
vão expressar de forma mais<br />
acabada a tendência própria da<br />
classe operária à sua centralização<br />
política.<br />
A burocracia sindical é a<br />
polícia militar dentro dos sindicatos,<br />
uma junta de intervenção<br />
policial dentro dos<br />
sindicatos operários. É preciso<br />
expulsar a burocracia<br />
dos sindicatos para que estes<br />
existam como tal. E, na medida<br />
em que se desenvolve a<br />
luta, isso vai ficando claro e<br />
esta luta se desenvolve desde<br />
o seu início como luta de<br />
partidos. Nos Correios, através<br />
de uma luta efetiva, os<br />
trabalhadores vêm compreendendo<br />
que, enquanto a<br />
burocracia faz seus congressos,<br />
funda suas centrais etc.,<br />
há uma luta intensa contra a<br />
burocracia.<br />
No meio desta luta, a esquerda<br />
pequeno-burguesa<br />
propõe criar um gueto, um<br />
oásis onde não é necessário<br />
lutar. Isto ficou demonstrado<br />
pelas diversas iniciativas,<br />
como a tomada pelo PSTU na<br />
categoria dos petroleiros, de<br />
fundar federações e organizações<br />
paralelas às existentes,<br />
que não vão negociar os salários,<br />
mas apenas servir de<br />
ponto de agrupamento para a<br />
própria esquerda pequenoburguesa.<br />
A esquerda pequeno-burguesa<br />
dá as costas ao mundo<br />
real, aquele no qual está surgindo<br />
uma reorganização da<br />
classe operária, e se lança à<br />
organização de seus pequenos<br />
congressos festivos.<br />
A discussão que nosso partido<br />
deve fazer em todo o movimento<br />
operário é sobre o<br />
que está acontecendo nos Correios:<br />
a luta para derrotar a burocracia<br />
sindical. Nada de<br />
congressos sindicais, nada de<br />
convescotes, liquidar a burocracia<br />
sindical!<br />
A luta contra a burocracia<br />
sindical é, logicamente, ao<br />
mesmo tempo, uma luta contra<br />
a frente popular. A burocracia<br />
sindical é a expressão<br />
da frente popular na luta das<br />
massas. O surgimento de oposições<br />
em diversos sindicatos<br />
da categoria dos Correios<br />
mostra que a própria burocracia<br />
está se liquidando, que o<br />
bloco da frente popular não<br />
existe como bloco e não consegue<br />
mais controlar o movimento,<br />
aprofundando a divisão<br />
já existente no terreno<br />
eleitoral.<br />
6. As eleições<br />
Dentro do regime há contradições.<br />
Na medida em que<br />
os partidos burgueses entram<br />
em crise fica evidente que o<br />
regime está afundando. Abrese<br />
a possibilidade de uma<br />
ampla luta contra o regime.<br />
Isto se dá em um regime<br />
eleitoral, como o brasileiro,<br />
onde há uma verdadeira ditadura<br />
totalitária da imprensa<br />
capitalista, da justiça eleitoral,<br />
etc., em que quase não é possível<br />
fazer campanha eleitoral.<br />
Se o regime entra em crise,<br />
abre-se, consequentemente,<br />
uma crise eleitoral. A crise<br />
da frente popular está se<br />
colocando nos marcos do regime<br />
eleitoral. Isto está acentuando<br />
a tendência da burguesia<br />
a colocar o <strong>PCO</strong> fora do<br />
terreno eleitoral.<br />
Do ponto de vista atual, a<br />
importância das para nós eleições<br />
é o movimento que está<br />
se criando. O centro da nos-<br />
sa campanha devem ser os locais<br />
onde estamos nos mobilizando,<br />
evidentemente principalmente<br />
nos Correios.<br />
Nossos candidatos dos Correios<br />
devem bater firme nos<br />
pontos que são o eixo central<br />
da nossa intervenção nos sindicatos,<br />
assim como no movimento<br />
estudantil, entre os<br />
professores de S. Paulo, a<br />
campanha eleitoral deve ser<br />
toda ela organizada em torno<br />
à luta e a mobilização do último<br />
período. Para nós não se<br />
trata de disputar cargos, nem<br />
obter vantagens do regime dos<br />
exploradores, mas de levar<br />
adiante esta luta que vem sendo<br />
travada hoje nos sindicatos,<br />
no meio do movimento<br />
estudantil e dos sem-terra.<br />
Para nós o objetivo da campanha<br />
é conseguir despertar<br />
estes setores para aprofundar<br />
A12<br />
a organização política nos sindicatos,<br />
nas organizações estudantis<br />
e populares.<br />
O objetivo, nesta campanha<br />
eleitoral, é ganhar mais<br />
militantes ali onde o partido já<br />
está organizado e ampliar sua<br />
organização nas categorias<br />
onde já intervém.<br />
Por isso, é preciso que a<br />
campanha eleitoral do partido<br />
esteja concentrada nas questões<br />
candentes do movimento<br />
de massas e na propaganda<br />
revolucionária do socialismo<br />
e do governo operário e,<br />
acima de tudo, na questão do<br />
partido operário, levando a<br />
explicação aos trabalhadores<br />
em todos os lugares de que o<br />
desenvolvimento da luta caminha<br />
para a construção de um<br />
partido operário.<br />
7. Balanço do <strong>PCO</strong><br />
Nosso partido é um agrupamento<br />
da vanguarda da<br />
classe operária. Salvo engano,<br />
único que existe no país.<br />
A vanguarda da classe operária<br />
é, em si, um aspecto do<br />
próprio movimento operário,<br />
não um fator independente.<br />
Quando os trabalhadores<br />
entram em movimento, o desenvolvimento<br />
político é<br />
muito grande. Quando o país<br />
entra em crise, os embriões<br />
de organizações da classe<br />
operária desaparecem, e ficam<br />
para trás as organizações<br />
pequeno-burguesas.<br />
A existência do <strong>PCO</strong> é importante,<br />
uma conquista do<br />
próprio partido e da classe<br />
operária. O fato de que tenhamos<br />
chegado até aqui é uma<br />
vitória política incontestável.<br />
Diante do problema da<br />
proscrição do partido, da<br />
cassação de seu registro eleitoral,<br />
devemos nos posicionar<br />
claramente: vamos fazer<br />
disso um eixo de denúncia da<br />
farsa que é o regime eleitoral,<br />
mas por outro lado isto não<br />
vai impedir, de qualquer maneira,<br />
que, se formos vítimas<br />
de tal arbitrariedade, nos lancemos<br />
novamente às ruas<br />
para legalizar o partido ou, na<br />
impossibilidade de obtermos<br />
novamente um registro, continuaremos<br />
na luta de qualquer<br />
maneira. Nosso partido<br />
não é um partido de eleições,<br />
não vamos deixar de progredir<br />
se não obtivermos uma<br />
vitória imediata.<br />
O próximo período é um<br />
período em que a construção<br />
do partido operário está colocada<br />
no primeiro plano dos<br />
acontecimentos políticos do<br />
País. Temos que saber como<br />
combinar duas idéias intimamente<br />
relacionadas, que é o<br />
desenvolvimento e uma vanguarda,<br />
um partido como o<br />
nosso, e o desenvolvimento<br />
da luta por um partido operário<br />
no meio das massas, que<br />
também é uma vanguarda,<br />
mais ampla e em uma cone-<br />
José Maria de Almeida, do PSTU, candidato da esquerda<br />
pequeno-burguesa depois do fracasso da Frente de Esquerda<br />
xão mais estreita com a massa<br />
operária, na medida que entrem<br />
em luta, desenvolvam e<br />
aprofundem sua luta. Este é<br />
o problema decisivo.<br />
Como há uma relação dialética<br />
entre o movimento da<br />
vanguarda e o das massas,<br />
haverá uma profunda modificação<br />
no próprio <strong>PCO</strong> por<br />
dentro. Nossas idéias influenciam<br />
a classe operária e a<br />
classe operária influencia<br />
nosso partido. Nossa vantagem<br />
para isso é que nossa<br />
política, em geral, coincide<br />
com os interesses fundamentais<br />
da classe operária. Temos<br />
que ter consciência disso e<br />
traçar um plano prático de<br />
ação para todas as etapas (greves,<br />
mobilizações, campanhas<br />
políticas) no sentido de fazer<br />
avançar a construção de um<br />
partido operário amplo.
27 DE JUNHO DE 2010 CAUSA OPERÁRIA ELEIÇÕES A13<br />
ELEIÇÕES 2010<br />
O <strong>PCO</strong> lança candidaturas para<br />
organizar a luta por um partido<br />
operário e socialista<br />
O Partido da Causa Operária lançou no último dia 26 sua<br />
candidatura à presidência e as candidaturas ao governo<br />
de diversos estados. Estas candidaturas expressam a<br />
reorganização da luta do movimento operário e fazem<br />
um chamado à organização dos trabalhadores em um<br />
partido para defender seus interesses de classe<br />
O <strong>PCO</strong> realizou no último dia 26<br />
sua XIX Conferência Nacional e<br />
um ato nacional em São Paulo para<br />
lançar suas candidaturas para as<br />
eleições presidenciais.<br />
O partido lançou o companheiro<br />
Rui Costa Pimenta, presidente<br />
nacional do <strong>PCO</strong>, como candidato<br />
à presidência. Foram lançadas<br />
outras oito candidaturas nos estados<br />
de São Paulo, Minas Gerais,<br />
Paraíba, Rio de Janeiro, Piauí,<br />
Espírito Santo, Distrito Federal e<br />
Roraima.<br />
O partido participa das eleições<br />
para levantar um programa de luta<br />
para a classe operária, em defesa<br />
de seus próprios interesses e para<br />
organizar a classe operária independente<br />
dos patrões e seus partidos.<br />
Candidaturas<br />
operárias e<br />
socialistas<br />
Os candidatos do <strong>PCO</strong> militan-<br />
tes do movimento operário, estiveram<br />
à frente de parte das principais<br />
luta dos trabalhadores no<br />
último período. Estas candidaturas<br />
adquirem ainda maior importância<br />
diante da retomada das lutas<br />
da classe trabalhadora impulsionada<br />
pelo aprofundamento da<br />
crise e da atuação do partido na luta<br />
sindical e popular.<br />
Este é o caso da principal frente<br />
de atuação do <strong>PCO</strong> no movimento<br />
sindical, da qual participam<br />
quatro dos oito candidatos do <strong>PCO</strong><br />
aos governos estaduais.<br />
Nos Correios o <strong>PCO</strong> leva à<br />
frente uma luta sem tréguas contra<br />
a burocracia sindical e contra<br />
a direção da empresa, que pretendem<br />
entregar a segunda maior<br />
estatal do País para as mãos dos<br />
abutres capitalistas internacionais<br />
e atacar os trabalhadores impondo<br />
profundos ataques aos seus<br />
direitos trabalhistas como ocorre<br />
na tentativa de impor o PCCS<br />
(Plano de Cargos Carreira e Salário)<br />
e o acordo bianual.<br />
O <strong>PCO</strong> esteve à frente da luta<br />
RUI COSTA PIMENTA<br />
A única candidatura<br />
operária e socialista<br />
à presidência<br />
A candidatura do <strong>PCO</strong> à<br />
presidência, de Rui Costa Pimenta,<br />
é a única candidatura<br />
operária e socialista nas eleições<br />
em defesa dos interesses<br />
da classe operária.<br />
A candidatura de Rui Costa<br />
Pimenta representa a sequência<br />
da luta pela construção<br />
do <strong>PCO</strong> e em defesa de sua<br />
participação nas eleições e. A<br />
candidatura do <strong>PCO</strong> à presidência<br />
foi atacada nas eleições<br />
de 2006, com a impugnação<br />
da candidatura de Rui Costa<br />
Pimenta pelo Tribunal Supe-<br />
O companheiro Rui Costa<br />
Pimenta é atualmente presidente<br />
nacional do <strong>PCO</strong> e editor e<br />
jornalista responsável pelo jornal<br />
Causa Operária.<br />
Nascido em 25 de junho de<br />
1957, no Estado de São Paulo,<br />
Capital, iniciou a sua atividade<br />
política ainda sob o regime<br />
militar, a partir de 1976. Ao<br />
ingressar na universidade começou<br />
a militar ativamente no<br />
movimento estudantil, tendo<br />
participado do Congresso de<br />
Refundação da UNE, em Salvador,<br />
em 1980 e sendo diretor do<br />
Centro Acadêmico de Estudos<br />
Literários e Linguísticas (CA-<br />
ELL) da Faculdade de Letras<br />
da USP.<br />
Em 1980 participou do Congresso<br />
de Fundação da Organização<br />
IV Internacional, que<br />
daria origem à Tendência Causa<br />
Operária do Partido dos<br />
Trabalhadores, baseada no<br />
nome do jornal da organização.<br />
A partir do final de 1979 participa<br />
do processo de fundação<br />
do Partido dos Trabalhadores,<br />
tendo contribuído para construir<br />
o PT em São Paulo e no ABC.<br />
Na década de 80, participa<br />
das grandes lutas sindicais da<br />
época do governo Sarney. Em<br />
1985, ano de maior crescimen-<br />
rior Eleitoral. Em um processo<br />
draconiano, o TSE rejeitou<br />
as contas do <strong>PCO</strong> de 2002<br />
com base em uma lei aprovada<br />
em 2004, de caráter retroativo.<br />
A aberração jurídica,<br />
voltada contra a principal liderança<br />
do <strong>PCO</strong>, foi uma<br />
evidente tentativa da burguesia<br />
de cassar o partido e sua<br />
participação política.<br />
O <strong>PCO</strong> nas eleições terá,<br />
por meio da candidatura de Rui<br />
Costa Pimenta, a oportunidade<br />
de denunciar amplamente<br />
o caráter antidemocrático e<br />
to do movimento grevista, é eleito<br />
diretor da Central Única dos<br />
Trabalhadores na região da Grande<br />
São Paulo.<br />
No Interior da CUT impulsiona<br />
com outros militantes operários<br />
a construção da maior<br />
oposição classista que existiu<br />
dentro da CUT, chamada CUT<br />
Pela Base. Como assessor de<br />
imprensa e militante na CUT<br />
participa da formação e organização<br />
de dezenas de oposições<br />
sindicais nos mais diversos sindicatos<br />
em São Paulo e outros<br />
estados do país.<br />
Em 1989, a Tendência Causa<br />
Operária opõe-se à política da<br />
direção do Partido dos Trabalhadores<br />
de lançar como vice de Lula<br />
para a eleição presidencial o latifundiário<br />
gaúcho e então senador<br />
pelo PMDB, eleito no estelionato<br />
eleitoral do Plano Cruzado,<br />
José Paulo Bisol, lançando uma<br />
campanha por uma chapa independente<br />
do PT.<br />
Esta campanha resulta na intervenção<br />
da direção petista nos<br />
diretórios dirigidos pela Tendência<br />
Causa Operária e na destituição<br />
das suas direções eleitas pela<br />
base. Ao final da eleição, a direção<br />
do PT iniciou o processo de<br />
expulsão da tendência Causa<br />
Operária, a qual foi colocada na<br />
dos trabalhadores dos Correios<br />
não apenas nas greves, mas cotidianamente<br />
através de sua corrente,<br />
Ecetistas em Luta. Por meio de<br />
sua imprensa regular e sem concorrência<br />
na categoria o <strong>PCO</strong><br />
denuncia os desmandos dos patrões<br />
e a criminosa burocracia<br />
sindical do Bando dos Quatro (PT-<br />
PCdoB-Psol-PSTU). Neste momento<br />
o <strong>PCO</strong> nos Correios enfrenta<br />
diversos ataques por impulsionar<br />
a organização de um bloco<br />
de sindicatos nacionalmente contra<br />
a política da ala patronal do<br />
PcdoB e do PT que apóiam abertamente<br />
a política da direção da<br />
empresa.<br />
O <strong>PCO</strong> também esteve à frente<br />
da luta dos professores estaduais<br />
em São Paulo, e por meio de sua<br />
corrente Educadores em Luta interveio<br />
para impulsionar a luta de<br />
dezenas de milhares de professores<br />
que ocuparam a paulista e lutaram<br />
contra o governador do<br />
PSDB e atual candidato à presidência,<br />
José Serra.<br />
O <strong>PCO</strong> esteve à frente também<br />
da denúncia em todo o País contra<br />
os ataques dos trabalhadores<br />
sem-terra e os pequenos agricultores<br />
no campo, pelas milícias dos<br />
latifundiários. O partido utilizará,<br />
portanto, suas candidaturas para<br />
tratar da questão da terra e levantar<br />
a necessidade de organizar os<br />
antioperário das eleições.<br />
A candidatura de Rui Costa<br />
Pimenta, que terá novamente<br />
como palavra-de-ordem de<br />
“salário, trabalho e terra” será,<br />
assim como o foi em 2006, o<br />
centro da propaganda do partido<br />
nas eleições, a luta em torno<br />
de um programa de atendimento<br />
dos interesses mais sentidos<br />
da classe operária e de<br />
toda a população. A candidatura<br />
do <strong>PCO</strong> às eleições, ao contrário<br />
dos partidos burgueses e<br />
pequeno-burgueses é a candidatura<br />
do partido em defesa de<br />
seu programa. Defenderemos<br />
nestas eleições novamente o<br />
salário mínimo vital, a luta pela<br />
redução da jornada de trabalho<br />
para 35 horas semanais,<br />
contra a rivatização dos Correios,<br />
contra a ditadura das reitorias<br />
das universidades, por<br />
um programa de luta das mulheres<br />
e dos negros e pela<br />
construção de um partido operário<br />
e socialista.<br />
ilegalidade dentro do partido<br />
como tendência política.<br />
Em 1995, após um trabalho<br />
preparatório de três anos, enfrentando<br />
as dificuldades da<br />
situação, foi lançado o Partido<br />
da Causa Operária, que obteve<br />
um registro provisório<br />
como partido legal. Em 1996,<br />
após uma campanha nacional<br />
de filiações, o partido obteve<br />
registro defintivo.<br />
Para tornar o partido conhecido<br />
e divulgar o seu programa<br />
o mais amplamente possível, o<br />
partido decidiu participar das<br />
eleições de 1996 com alguns<br />
candidatos. Nas eleições seguintes,<br />
o companheiro Rui<br />
Costa Pimenta foi candidato a<br />
vereador, a deputado federal e<br />
a prefeito de São Paulo pelo<br />
<strong>PCO</strong>, trabalhando para superar<br />
as debilidades financeiras e o<br />
pouco tempo na televisão.<br />
Continuando a luta pela<br />
construção do partido e pela organização<br />
política da classe<br />
operária, o companheiro Rui<br />
Costa Pimenta foi o candidato<br />
presidencial do partido nas eleições<br />
de 2002 e 2006, quando<br />
teve sua candidatura cassada de<br />
maneira completamente arbitrária<br />
e antidemocrática pelo<br />
TSE.<br />
trabalhadores do campo pelo seu<br />
direito a autodefesa.<br />
O objetivo do <strong>PCO</strong> ao participar<br />
das eleições é organizar os<br />
trabalhadores, estudantes, camponeses<br />
e diversos outros setores<br />
para aprofundar a organização<br />
política nos sindicatos, nas organizações<br />
de luta dos trabalhadores<br />
e organizar sua luta.<br />
Construir um<br />
partido operário,<br />
socialista e<br />
revolucionário<br />
O <strong>PCO</strong> é um agrupamento<br />
real, de vanguarda da classe operária.<br />
Este é um fator de desenvolvimento<br />
político e de organização<br />
da classe operária que fica evidente<br />
na organização da luta cotidiana<br />
da classe operária em sua<br />
luta. Esta luta mais acabada se dá<br />
na forma de um partido político<br />
operário, única organização capaz<br />
de defender os interesses de classe<br />
dos trabalhadores e de lutar<br />
contra a burguesia.<br />
Diante da retomada das lutas da<br />
classe operária e da crise sem<br />
precedentes da burguesia e de<br />
suas organizações políticas o<br />
<strong>PCO</strong> tem sido atacado no movimento<br />
sindical por uma política<br />
direitista, contra a organização<br />
dos trabalhadores em partido, que<br />
se expressa na tentativa da burocracia<br />
sindical em cassar seu direito<br />
de intervir no movimento<br />
operário, o que vemos claramente<br />
nos Correios, mas de uma<br />
maneira geral em todas as categorias.<br />
Isto ocorre porque a construção<br />
de um partido operário e socialista,<br />
está colocada na ordemdo-dia,<br />
não apenas graças à crise<br />
da burocracia sindical lulista, mas<br />
pela crise dos partidos burgueses<br />
nacionalmente<br />
Os partidos burgueses tradicionais,<br />
derivados da ditadura militar,<br />
como PSDB e e DEM, que<br />
sustentaram o regime burguês<br />
estão em um verdadeiro processo<br />
de falência.<br />
Na medida em que os partidos<br />
burgueses entram em crise abrese<br />
a possibilidade para que a classe<br />
operária organize a derrubada<br />
deste regime e isto só pode se dar<br />
de maneira acabada pela construção<br />
de um partido próprio.<br />
Esta luta, que foi paralisada pela<br />
tomada do PT pela burguesia, tende<br />
a se expressar no próximo<br />
período no rompimento completo<br />
com este partido e com toda a<br />
frente popular e na contrução de<br />
um partido socialista e independente.<br />
Este tende a se expressar<br />
de maneira cada vez mais profunda<br />
diante das lutas da classe operária<br />
e da crise.<br />
Uma outra expressão desta<br />
crise é o fato que o regime eleitoral<br />
brasileiro, tem estabelecido<br />
uma verdadeira ditadura totalitária<br />
nas eleições. Esta ditadura se<br />
volta contra a organização da classe<br />
operária em partido e seu direito<br />
de defender um programa nas<br />
eleições seja por meio do monopólio<br />
dos candidatos da burgue-<br />
sia na imprensa burguesa, da<br />
campanha pela cassação do partido<br />
realizada por esta imprensa e<br />
os tribunais, pela rejeição da prestação<br />
de contas do partido na<br />
justiça eleitoral etc.<br />
Este cerco ao <strong>PCO</strong> nas eleições<br />
é uma demonstração evidente de<br />
que junto com a crise do regime<br />
político abre-se uma crise eleitoral<br />
e que a burguesia teme que a<br />
classe operária organizada em<br />
partido coloque abaixo este regime<br />
eleitoral.<br />
É preciso denunciar a tentativa<br />
da burguesia de proscrever o<br />
<strong>PCO</strong> e que esta tentativa não pode<br />
se dar nas eleições, pois o <strong>PCO</strong><br />
não atua, ao contrário da esquerda<br />
burguesa e pequeno-burguesa,<br />
subordinado às eleições.<br />
Neste sentido, o <strong>PCO</strong> participa<br />
das eleições para levantar necessidade<br />
de organização de um<br />
partido operário e revolucionário,<br />
não apenas para impulsionar uma<br />
ou outra categoria, um ou outra<br />
luta, que não são suficientes para<br />
derrotar o governo dos capitalistas.<br />
As lutas econômicas, por reivindicações<br />
parciais ou mesmo de<br />
certas categorias podem agregar<br />
uma massa de trabalhadores e ser<br />
um fator de grande experiência<br />
para os trabalhadores, mas se esta<br />
não se expressa em uma organização<br />
própria dos trabalhadores<br />
tende a refluir e se dispersar.<br />
O <strong>PCO</strong> participa das eleições<br />
para lutar pela unificação e organização<br />
de toda a classe trabalhadora<br />
em torno de seus interesses,<br />
para levar até a última consequência<br />
a luta contra o regime de exploração<br />
capitalista e lutar pela<br />
única forma de organização social<br />
que atende aos interesses da imensa<br />
maioria explorada, o governo<br />
dos trabalhadores da cidade e do<br />
campo e o socialismo.<br />
ELEIÇÕES 2010<br />
Veja aqui o perfil dos candidatos<br />
As conferências estaduais do<br />
Partido da Causa Operária indicaram<br />
na última semana as candidaturas do<br />
partido ao governo em oito estados.<br />
Seguindo uma tradição de lançar<br />
candidaturas operárias, ligadas às<br />
lutas dos trabalhadores, o partido<br />
reuniu nas chapas estaduais trabalhadores<br />
e sindicalistas que participaram<br />
e dirigiram as principais lutas de suas<br />
categorias nos últimos anos:<br />
São Paulo: Anaí<br />
Caproni<br />
Nascida em São Bernardo do<br />
Campo, no Grande ABC, iniciaria em<br />
1983 sua atuação política no movimento<br />
estudantil, participando da<br />
União Municipal dos Estudantes Secundaristas<br />
de São Bernardo do<br />
Campo. Militou na Voz Estudantil,<br />
grupo estudantil da tendência Causa<br />
Operária. Como metalúrgica atuou<br />
no movimento sindical sendo membro<br />
da Coordenação da Oposição<br />
Metalúrgica de São Paulo de 1987 a<br />
1991.<br />
Hoje, como trabalhadora da Empresa<br />
Brasileira de Correios e Telégra-<br />
fos na função de operadora de triagem<br />
e transbordo, tem uma atuação<br />
ativa no movimento sindical com a<br />
corrente nacional Ecetistas em Luta.<br />
Anaí é diretora da Federação Nacional<br />
dos Trabalhadores dos Correios<br />
(Fentect) e da corrente sindical de<br />
oposição nacional na categoria, Ecetistas<br />
em Luta, de trabalhadores e<br />
simpatizantes do <strong>PCO</strong>.<br />
Como diretora da Fentect, Anaí é<br />
responsável pela luta contra a política<br />
da empresa e da burocracia sindical<br />
do PT e PCdoB de privatização<br />
da empresa, sendo uma das principais<br />
organizadoras da corrente.<br />
Participou ativamente na construção<br />
e legalização do Partido da Causa<br />
Operária, sendo hoje membro da Direção<br />
Nacional e do Comitê Central do<br />
partido. Coordena também o Coletivo<br />
de Mulheres Rosa Luxemburgo,<br />
organismo do <strong>PCO</strong> voltado à organização<br />
política das mulheres.<br />
Foi candidata pelo <strong>PCO</strong> nas últimas<br />
cinco eleições estaduais e municipais<br />
desde o ano de 2000.<br />
Minas Gerais:<br />
Pedro Paulo<br />
Pinheiro<br />
Foi um dos pioneiros do movimento<br />
sindical dos Correios. Em 1984<br />
formou junto a outros companheiros<br />
as associações de trabalhadores de<br />
Correios, e em seguida fundou a<br />
Unact, União Nacional de Trabalhadores<br />
da ECT que geraria a Fentect em<br />
1990. Foi demitido na primeira greve<br />
realizada pelos trabalhadores da ECT<br />
e novamente em 86, quando foi en-<br />
quadrado na Lei de Segurança Nancional.<br />
Criou com outros companheiros<br />
o Sintect-MG, do qual foi o primeiro<br />
presidente em 1990.<br />
Hoje mantém-se como presidente<br />
do sindicato dos Correios de Minas<br />
Gerais e é membro da corrente<br />
sindical Causa Operária e da oposição<br />
Ecetistas em Luta, dos trabalhadores<br />
dos Correios e membro da direção<br />
do Partido da Causa Operária.<br />
Foi candidato a vice-presidente na<br />
chapa do partido encabeçada pelo<br />
companheiro Rui Costa Pimenta nas<br />
duas últimas eleições presidenciais.<br />
Rio de Janeiro:<br />
Antônio Carlos<br />
Silva<br />
Antônio Carlos Silva acompanhou<br />
a expulsão da tendência Causa<br />
Operária do PT no final dos anos 80.<br />
Antônio Carlos participou da campanha<br />
pela legalização do <strong>PCO</strong> e é hoje<br />
membro da direção nacional do partido.<br />
Como professor do ensino básico,<br />
é membro da corrente sindical de<br />
oposição nacional Educadores em<br />
Luta. Foi a principal liderança da principal<br />
mobilização dos professores<br />
estaduais de São Paulo nos últimos<br />
anos, a greve dos professores de<br />
março deste ano na qual centenas de<br />
milhares de professores participaram<br />
ativamente.<br />
Antônio Carlos foi candidato a<br />
prefeito da capital carioca pelo <strong>PCO</strong><br />
em 2008<br />
Espírito Santo:<br />
Avelar Viana<br />
Carteiro, secretário geral do Sindicato<br />
dos Trabalhadores dos Correios<br />
do Espírito Santo (Sintect-ES).<br />
Avelar Viana, membro da corrente<br />
Ecetistas em Luta, de trabalhadores<br />
dos Correios do <strong>PCO</strong>, sofreu há<br />
um mês atentado cometido por um<br />
membro da CTB, central do PCdoB,<br />
no qual o companheiro foi esfaqueado<br />
por denunciar a política de privatização<br />
da empresa e de apoio do<br />
PCdoB a esta política.<br />
O atentado ocorreu em Minas<br />
Gerais durante uma campanha realizada<br />
por Avelar e outros companheiros<br />
nas portas dos setores de trabalho<br />
contra os ataques e a tentativa de<br />
intervenção do PCdoB no Sintect-<br />
MG, que é o maior controlado hoje<br />
pela oposição nos Correios.<br />
Avelar foi candidato pelo partido<br />
à prefeitura de Vitória, capital do estado,<br />
em 2008.<br />
Distrito Federal:<br />
Ricardo Machado<br />
Bancário do Banco do Brasil, Ri-<br />
cardo é membro da corrente sindical<br />
de oposição Bancários em Luta. É<br />
responsável pela organização desta<br />
oposição no Distrito Federal contra<br />
a burocracia do Bando dos Quatro<br />
(PT-PCdoB-Psol-PSTU). Participou<br />
da formação da chapa 2 - Bancário em<br />
Luta nas eleições para o Sindicato dos<br />
Bancários de Brasília.<br />
Paraíba: Lourdes<br />
Sarmento<br />
Ingressou na militância no movimento<br />
estudantil da década de 70<br />
fazendo parte da corrente estudantil<br />
nacional Liberdade e Luta. Foi uma das<br />
fundadoras do Partido dos Trabalhadores<br />
na Paraíba, participou da luta<br />
pela Reforma agrária em assentamentos<br />
dos trabalhadores sem-terra e com<br />
movimentos populares em bairros<br />
periféricos de João Pessoa.<br />
Ingressou na corrente Causa<br />
Operária dentro do PT e participou da<br />
campanha contra a expulsão de seus<br />
membros do partido e pela legalização<br />
do <strong>PCO</strong>.<br />
Atualmente é membro da direção<br />
nacional do partido, professora da<br />
UEPB é membro da corrente sindical<br />
nacional de oposição Docentes em<br />
Luta.<br />
Foi candidata a Prefeita de João<br />
Pessoa e ao Governo do estado da<br />
Paraíba nas últimas eleições.<br />
Piauí: Lourdes<br />
Mello<br />
Professora da rede estadual de<br />
ensino, sindicalista da corrente nacional<br />
de oposição Educadores em<br />
Luta, foi candidata pelo partido à<br />
prefeitura de Teresina em 2008<br />
Roraima: Ariomar<br />
Farias<br />
Carteiro, secretário geral do Sindicato<br />
dos Trabalhadores dos Correios<br />
de Roraima (Sintect-RR), foi candidato<br />
pelo partido à prefeitura de Boa<br />
Vista em 2008 e ao governo do estado<br />
em 2006.
27 DE JUNHO DE 2010 CAUSA OPERÁRIA ELEIÇÕES A14<br />
RUI COSTA PIMENTA<br />
“Só o socialismo pode dar uma<br />
saída para a humanidade”<br />
Leia o discurso do presidente nacional do <strong>PCO</strong> e editor<br />
do jornal Causa Operária, o companheiro Rui Costa<br />
Pimenta, candidato à presidência da república, durante<br />
o ato nacional de lançamento da sua candidatura<br />
Companheiros, eu queria dizer<br />
algumas palavras aqui no sentido<br />
de traduzir as idéias fundamentais<br />
que estiveram em discussão em<br />
nossa XIX Conferência Nacional,<br />
que foi realizada hoje pouco an-<br />
tes desta nossa primeira atividade<br />
da campanha eleitoral.<br />
Queria repetir aqui o que já foi<br />
dito pelos companheiros e o que<br />
eu acho que todos os militantes<br />
do partido, toda a classe trabalhadora<br />
e todas as pessoas honestas,<br />
que buscam um futuro diferente<br />
para o Brasil e para o mundo, têm<br />
que saber: as eleições que estão se<br />
iniciado agora são um jogo de<br />
cartas marcadas e os resultados<br />
estão definidos de antemão. O<br />
povo brasileiro vai ser chamado<br />
às urnas para referendar o funcionamento<br />
avassalador da máquina<br />
estatal.<br />
Apesar disso, companheiros,<br />
é de se perguntar por que nós<br />
entramos nesse jogo de cartas<br />
marcadas muito difícil de jogar.<br />
Nós estamos no final de junho, e<br />
teremos exatamente três meses<br />
para fazer uma campanha eleitoral<br />
que divulgue as nossas propostas<br />
e convença mais de cem<br />
milhões de eleitores em um país<br />
de oito milhões de quilômetros<br />
quadrados. Ao mesmo tempo,<br />
teremos alguns segundos na televisão<br />
e não vamos participar de<br />
nenhum debate que vai ser promovido<br />
pelas grandes redes de<br />
televisão, como a Rede Globo.<br />
Quem escolherá quais são os<br />
candidatos que o povo pode ouvir<br />
são os capitalistas donos destas<br />
empresas. Nós vamos ter que<br />
enfrentar no primeiro mês de eleição,<br />
conforme foi dito aqui, uma<br />
verdadeira floresta amazônica de<br />
regulamentos do TSE para registrar<br />
os candidatos, dos quais o<br />
tribunal tentará impugnar um bom<br />
número. Isto são as eleições. Isto<br />
é o que se chama de democracia<br />
hoje no País. É um jogo de cartas<br />
marcadas, uma farsa política que<br />
tem que ser denunciada. Apesar<br />
disso, companheiros, eu queria<br />
chamar todos a se empenharem<br />
de corpo e alma nesta curtíssima<br />
campanha política que são as eleições<br />
nacionais de 2010.<br />
Nós devemos lançar candidatos<br />
a governador e ao Senado em<br />
dez estados do país, além da candidatura<br />
à presidência da República.<br />
Nós temos que ir aos trabalhadores<br />
com um objetivo prático<br />
definido. Nós temos que levar em<br />
consideração que há um despertar<br />
muito importante, muito significativo<br />
da luta dos trabalhadores<br />
de diversas categorias pelo<br />
País afora. Nós vimos neste ano<br />
a gigantesca greve dos professores<br />
estaduais de São Paulo, na qual<br />
os professores ocuparam a Av.<br />
Paulista, enfrentaram a Polícia<br />
Militar do governo Serra, encurralaram<br />
o governo no Palácio dos<br />
Bandeirantes e todos nós sabemos<br />
que essa tendência de luta<br />
está se multiplicando em todo o<br />
País.<br />
Foi destacada aqui a situação<br />
que existe nos Correios, a tentativa<br />
de privatização da empresa.<br />
É evidente que o governo do PT<br />
está esperando passar as eleições<br />
para lançar com toda força a privatização<br />
dos Correios. Mas é<br />
importante também assinalar que<br />
entre os trabalhadores dos Correios<br />
cresce a determinação de resistir<br />
a esta ofensiva do governo,<br />
da burguesia e dos tubarões internacionais.<br />
Nós estamos vendo na principal<br />
universidade do País que é a<br />
Universidade de São Paulo<br />
(USP), a luta dos estudantes e dos<br />
funcionários que estão pedindo<br />
inclusive a saída do reitor. Essas<br />
tendências de luta, companheiros,<br />
crescem por todo o País.<br />
É isso que faz da campanha<br />
eleitoral que começa agora, uma<br />
campanha eleitoral especial para<br />
nós. O nosso objetivo prático, o<br />
nosso objetivo número um nas<br />
eleições é utilizar a atenção despertada<br />
pela necessidade de renovar<br />
os governos, necessidade da<br />
burguesia de conseguir um apoio<br />
popular formal para os governantes<br />
corruptos e que não têm nenhum<br />
apoio popular real, que nos<br />
permite utilizar o curto espaço que<br />
nós temos nas eleições e na televisão<br />
para contribuir com e impulsionar<br />
o desenvolvimento dessas<br />
lutas. É o desenvolvimento<br />
dessas lutas que vai mudar o País<br />
e não as eleições.<br />
Nós devemos dizer isso abertamente<br />
para os trabalhadores<br />
nos quatro cantos do País. É a luta<br />
e a organização da classe operária,<br />
das organizações sindicais, de<br />
sua organização política que pode<br />
dar um novo rumo ao País e não<br />
as eleições, companheiros<br />
(aplausos).<br />
Em segundo lugar, companheiros,<br />
eu queria chamar a atenção<br />
para outro aspecto fundamental.<br />
Nestas eleições encerram-se<br />
os oito anos do governo Lula. O<br />
maior partido da esquerda nacional<br />
dos últimos 50 anos chegou<br />
ao poder, um partido que congregou<br />
as expectativas de milhões e<br />
milhões de trabalhadores brasileiros<br />
no terreno eleitoral. Um partido<br />
no qual os trabalhadores, a<br />
juventude, as mulheres, a população<br />
negra acreditavam que,<br />
assim que chegasse ao poder, iria<br />
modificar a situação criada e<br />
mantida pelos tradicionais canalhas<br />
e cafajestes dos partidos<br />
burgueses, que toda a população<br />
nacional repudia.<br />
Eis que o povo brasileiro fez<br />
uma amarga experiência de oito<br />
PEDRO PAULO DE ABREU PINHEIRO<br />
“Nós queremos através da luta dos<br />
trabalhadores dos correios colocar a defesa<br />
pelo controle operário da produção em todos<br />
os setores do Brasil”<br />
Acompanhe o discurso do presidente do sindicato dos<br />
correios de Minas Gerais (Sintect-MG), o companheiro<br />
que faz parte da direção nacional do <strong>PCO</strong> e é o candidato<br />
ao governo do estado de Minas Gerais<br />
Boa noite a todos os companheiros<br />
e companheiras da plenária<br />
e oradores da mesa. É<br />
muito importante esse momento,<br />
no qual, nós, companheiros<br />
da Causa Operária, realizamos<br />
o ato de lançamento da candidatura<br />
à presidência da república<br />
dopresidente do Partido da Causa<br />
Operária, o companheiro Rui<br />
Costa Pimenta; e dos demais<br />
companheiros operários, negros,<br />
mulheres, dos companheiros<br />
que vão representar a<br />
juventude e o conjunto dos explorados<br />
contraa política pseudo-democrática<br />
do regime capitalista<br />
que explora e oprime os<br />
trabalhadores. As nossas candidaturas<br />
vão fazer uma contundente<br />
denúncia contra esse regime<br />
de opressão e contra a<br />
farsa das eleições<br />
Nesse sentido, a nossa candidatura<br />
ao governo do estado<br />
de Minas Geraistem como objetivo<br />
demonstrar a toda população<br />
brasileira, ao conjunto da<br />
classe trabalhadora, aos setores<br />
explorados da sociedade, que<br />
nós não aceitaremos a truculência,<br />
os absurdos que vêm sendo<br />
cometidos pela burguesia à<br />
Discurso do companheiro Rui Costa Pimenta durante o ato.<br />
classe trabalhadora. Nós vamos<br />
utilizar as eleições para realizar<br />
uma intensa denúncia do desmonte<br />
que está sendo realizado<br />
pelo governo Lula da Empresa<br />
Brasileira de Correios e Telegrafos,<br />
fazer uma ampla campanha<br />
contra a privatização da ECT, a<br />
maior empresa estatal em quantidade<br />
de trabalhadores, nos<br />
locais de trabalho, nas praças e<br />
nas ruas do estado de Minas<br />
Gerais. Os governos Antônio<br />
Carlos Magalhães, Sarney,<br />
Collor de Mello, Itamar Franco,<br />
FHC, e agora o Lula, realizaram<br />
diversas iniciativas com o objetivo<br />
de privatizar a ECT.<br />
Nós já realizamos muitas lutas<br />
e muitas outras lutas ainda<br />
serão necessárias. , Essa empresa<br />
é um patrimônio da população<br />
brasileira e dos trabalhadores.<br />
Nós não vamos abrir mão<br />
dela. Anossa campanha será<br />
também um aviso para a burocracia<br />
sindical, subserviente da<br />
burguesia e que vem traindo a<br />
luta e os interesses dos trabalhadores<br />
da cidade e do campo em<br />
todos os momentos. Para os trabalhadores<br />
dos correios, a situação<br />
da subserviência da buro-<br />
cracia sindical aos patrões é bastanteescandalosa.<br />
A ECTé uma<br />
empresa que além de empregar<br />
mais de 110 mil trabalhadores<br />
diretos e 45 mil trabalhadores<br />
terceirizados, vem, a cada dia,<br />
sendo sucateadapela política<br />
criminosa do governo Lula, juntamente<br />
com o governo do<br />
PMDB, através do Ministério<br />
das Comunicações. O que está<br />
sendo realizado, é uma política<br />
de desmonte da ECT, de rebaixamento<br />
do poder de compra<br />
dos salários, das condições de<br />
trabalho ede vida dos trabalhadores<br />
dos correios.<br />
Ano passado, mais de um<br />
milhão de trabalhadores se candidataram<br />
a um cargo de empregado<br />
na ECT e o governo, que<br />
orientou a empresa a receber<br />
dinheiro de mais de um milhão<br />
de trabalhadores, não realizaou<br />
um único concurso! Não querem<br />
realizarconcurso público e<br />
dessa forma estabelecem um<br />
verdadeiro caos na empresa<br />
com sobrecarga de trabalho aos<br />
trabalhadores. Acabaram com a<br />
rede de postal noturna, na qual<br />
aviões transportavam correspondência<br />
de norte a sul do País,<br />
para dificultar o serviço de entrega<br />
das correspondências e<br />
justificar a entrega da ECT ao<br />
grande capital nacional e sobretudo<br />
ao capital internacional,<br />
anos e descobriu que os partidos<br />
da esquerda nacional não representam<br />
os interesses da classe<br />
trabalhadora brasileira. Descobriu<br />
que esses partidos, como nós<br />
denunciamos muitas vezes, inclusive<br />
dentro do Partido dos Trabalhadores,<br />
o Partido Comunista do<br />
Brasil e todos os partidos de esquerda,<br />
servem como instrumento<br />
da defesa dos interesses dos<br />
banqueiros, dos grandes industriais<br />
e dos latifundiários que matam<br />
os trabalhadores no campo brasileiro.<br />
São os interesses dos inimigos<br />
da classe trabalhadora brasileira<br />
(aplausos).<br />
Um episódio recente demonstra<br />
a magnitude da queda desses<br />
partidos diante da luta da população<br />
brasileira. Um dos líderes do<br />
governo Lula no Congresso Nacional,<br />
líder do PCdoB, o senhor<br />
Aldo Rebelo, está sendo nesse<br />
momento homenageado pelos<br />
piores assassinos que existem<br />
nesse País, que são os latifundiários<br />
que mataram há alguns<br />
meses atrás, no Pará, o nosso<br />
companheiro que falou no ato do<br />
1º de maio do Partido da Causa<br />
Operária, o companheiro Luiz<br />
Lopes, da Liga dos Camponeses<br />
Pobres. Essas pessoas que assassinaram<br />
este e centenas de outros<br />
companheiros estão publicamente<br />
elogiando um líder do PCdoB<br />
porque esse líder teve a capacidade<br />
e a ousadia oportunista, reacionária<br />
e contra-revolucionária de<br />
aprovar um código florestal sob<br />
medida para esses latifundiários<br />
(aplausos).<br />
A principal porta-voz do latifúndio<br />
brasileiro, esse fenômeno<br />
retrogrado, Kátia Abreu, foi à<br />
imprensa defender a coragem<br />
moral do senhor Aldo Rebelo. Pois<br />
eu sou obrigado a concordar com<br />
ela. É preciso ter muita coragem<br />
para se dizer comunista e de esquerda<br />
e servir de capacho para<br />
esses assassinos. É preciso muita<br />
coragem (aplausos).<br />
Eu digo isso, companheiros,<br />
porque nestas eleições nós temos<br />
que dizer para os trabalhadores<br />
em alto e bom som que chegou a<br />
hora dos trabalhadores, não os<br />
militantes do <strong>PCO</strong>, mas a classe<br />
trabalhadora, os trabalhadores<br />
que estão se mobilizando nos sindicatos,<br />
que estão se mobilizando<br />
nas greves, os estudantes que<br />
estão se mobilizando na luta contra<br />
essas reitoras ditatoriais corruptas,<br />
de construir um partido de<br />
luta que defenda o interesse da<br />
classe trabalhadora brasileira.<br />
Chegou a hora de construir um<br />
partido operário que seja capaz,<br />
não de eleger deputados para<br />
serem elogiados pelos latifundiários<br />
e seus representantes, mas de<br />
todos os dias organizar e dar uma<br />
diretriz para a luta de massas dos<br />
trabalhadores da cidade e do cam-<br />
colocandona rua mais de 68 mil<br />
trabalhadores.<br />
Em contrapartida, os capitalistas,<br />
o governo e os patrões<br />
querem, ao mesmo tempo, entregar<br />
a ECT de mãos beijadas<br />
para o imperialismo colocando<br />
mais de 100 mil trabalhadores<br />
concursados trabalhando como<br />
terceirizados, com salários mínimos,<br />
aumentando ainda mais<br />
a exploração dos trabalhadores<br />
brasileiros e rebaixando suas<br />
condições de sobrevivência.<br />
Eles só não fizeram isso ainda<br />
porque o nosso partido, através<br />
do movimento sindical, através<br />
de uma organização sólida interveio<br />
dividindo a burocracia sindical<br />
como um todo e constituindo<br />
um aparelho firme de luta<br />
contra a privatização. No ano<br />
passado, a direção da ECT em<br />
conjunto com o Ministério das<br />
Comunicações e os lacaios do<br />
movimento sindical tentaram de<br />
todas as maneiras acabar com<br />
o movimento sindical dos Correios.<br />
Ao mesmo tempo, mais<br />
de 500 sindicalistas se venderam<br />
para os patrões, passando a<br />
receber salários de 3, 5, 10 e até<br />
20 mil reais para trair, através<br />
de assinaturas de acordos escandalosos<br />
o interesse de trabalhadores.<br />
Eles também utilizaram<br />
esse expediente para impor<br />
o acordo bianual eOum plano de<br />
cargos, carreira e salários que<br />
dificulta a vida dos trabalhadores,<br />
criando o cargo amplo,<br />
acabando com aquilo que nós<br />
chamamos que é o cargo e função<br />
de cada trabalhador. A burocracia<br />
sindical fez isso através<br />
desse PCCS, também tentam<br />
dividir os trabalhadores e orga-<br />
po e para a juventude. Nós temos<br />
que colocar esta questão no centro<br />
da nossa campanha eleitoral.<br />
Nós temos que discutir esses<br />
problemas e levantar a consciência<br />
dos trabalhadores da necessidade<br />
da sua organização política.<br />
Sem organização e, particularmente,<br />
sem organização política<br />
o trabalhador não passa de um<br />
escravo do capital. Escravo porque<br />
ele tem emprego, se não, é um<br />
indigente sem emprego que fica<br />
à mercê dos acontecimentos.<br />
Sem organização política a classe<br />
trabalhadora não é nada. Sem<br />
organização política, os patrões,<br />
os grandes capitalistas, os banqueiros<br />
fazem o que querem. Por<br />
isso não basta que estejamos construindo<br />
um partido, é preciso<br />
fazer um amplo chamado à classe<br />
trabalhadora brasileira e a que<br />
essa classe desperte como está<br />
despertando para as lutas, para<br />
construir este partido.<br />
Companheiros, outra questão<br />
que nós temos que discutir abertamente<br />
nessas eleições é que não<br />
estamos participando das eleições,<br />
da vida política do país, das<br />
greves dos trabalhadores, da luta<br />
dos estudantes, da luta dos trabalhadores<br />
do campo, para vender<br />
ilusões. As eleições que estão<br />
começando agora são as primeiras<br />
eleições nacionais desde que<br />
explodiu em escala mundial a crise<br />
capitalista, revelando aos olhos de<br />
todo mundo aquilo que apenas algumas<br />
pessoas, mas não a maioria,<br />
sabiam: o capitalismo está<br />
pobre até a medula. Os governos<br />
de todos os países, inclusive do<br />
Brasil – o governo Lula – usaram<br />
o dinheiro que falta para a assistência<br />
médica da maioria da população,<br />
para a educação, para o<br />
salário dos funcionários públicos,<br />
para a habitação e o transporte,<br />
para salvar um punhado de bancos.<br />
Estes bancos poderiam ter<br />
sido estatizados, porque os banqueiros<br />
demonstraram que eles<br />
nem sequer têm competência para<br />
administrar uma empresa, que é<br />
a única coisa que eles fazem.<br />
Sequer têm competência para<br />
explorar os trabalhadores e, portanto,<br />
não têm o direito de manter<br />
essas empresas e de explorar<br />
nossos trabalhadores. Veio à tona<br />
aos olhos da população mundial,<br />
aos olhos da classe operária no<br />
mundo inteiro, a podridão total e<br />
profunda do capitalismo internacional.<br />
Essa podridão exige uma<br />
resposta que não pode ser dada<br />
por medidas parciais, por mais<br />
importantes que sejam. Quando<br />
defendemos o direito à terra do<br />
homem do campo, lutamos contra<br />
a privatização e defendemos o<br />
salário do trabalhador, do professor,<br />
quando defendemos o ensino<br />
público e gratuito, para nós<br />
essas reivindicações não são mais<br />
do que um ponto de partida para<br />
uma luta mais ampla. Nós temos<br />
que dizer isso nas eleições.<br />
Nós defendemos cada reivindicação,<br />
por menor que seja, de<br />
todas as camadas exploradas da<br />
população, mas ao mesmo tempo<br />
nós temos que dizer claramente<br />
que a situação só vai mudar de<br />
forma integral, duradoura real e<br />
profunda no momento em que o<br />
capitalismo for destruído e os<br />
nizar um novo método de entrega<br />
da ECT para facilitar o capital<br />
internacional. Nesse momento,<br />
o goveno prepara medidas provisórias<br />
para entregar a ECT ao<br />
imperialismo com a colaboração<br />
da burocracia sindical que assinou<br />
um acordo coletivo bianual<br />
para que não haja nenhuma<br />
luta.<br />
Nós, através da nossa inter-<br />
venção, dividimos a burocracia<br />
sindical, organizamos um bloco<br />
de oposição de17 sindicatos<br />
para amobilização contra essas<br />
medidas do governo, os trabalhadores<br />
estão respondendo à<br />
nossa política, deixando o PT e<br />
o PCdoB e toda a burocracia<br />
sindical completamente sem<br />
reação. Nós vamos utilizar as<br />
eleições como uma tribuna para<br />
denunciar todas as falcatruas da<br />
ECT. Vamos denunciar todas as<br />
tramóias de tentativa de privatização<br />
da ECT, a contragosto da<br />
burocracia sindical, a contragosto<br />
do governo Lula, do<br />
PMDB e de todo o imperialismo.<br />
Companheiros, nós vamos usar<br />
Companheiro Pedro Paulo.<br />
trabalhadores, que são o setor<br />
mais avançado da humanidade,<br />
acabarem com a propriedade<br />
privada dos meios de produção,<br />
o direito dos capitalistas de viverem<br />
no luxo, de jogarem dinheiro<br />
fora. Temos que dizer claramente<br />
que a vitória dos anseios, da esperança,<br />
das expectativas não só<br />
dos operários, mas de todos os setores<br />
que buscam o progresso da<br />
humanidade, uma vida melhor, o<br />
movimento da cultura, a igualdade<br />
entre o homem e a mulher, o<br />
fim de toda opressão racial só vai<br />
ser obtido se acabarmos com este<br />
modo infame de organização<br />
social que é o capitalismo e a<br />
propriedade privada (aplausos).<br />
Só o socialismo, companheiros,<br />
que nós entendemos como a<br />
expropriação integral de toda a<br />
propriedade privada e a gestão<br />
coletiva pelos povos do mundo<br />
inteiro dessa propriedade em benefício<br />
das necessidades de cada<br />
ser humano - é isso que nós<br />
entendemos por socialismo e não<br />
esses governos “cor de rosa” que<br />
servem para ficar balançando a<br />
bandeira para os capitalistas - pode<br />
dar uma saída para a humanidade.<br />
O capitalismo significa trabalho<br />
escravo, miséria, desemprego<br />
de centenas de milhões de pessoas<br />
e que o ser humano comum<br />
tem que trabalhar para sustentar<br />
um banco. Significa a guerra,<br />
como nós temos visto sistematicamente<br />
no Iraque, no Afeganistão<br />
e em outros países. Esse é o<br />
significado do capitalismo. Para<br />
acabar com a intensificação da<br />
barbárie capitalista só há um caminho:<br />
o socialismo.<br />
No entanto, companheiros, o<br />
socialismo não cairá do céu. A<br />
burguesia é uma classe que detém<br />
privilégios inacreditáveis<br />
diante da maioria da população<br />
nacional. Enquanto alguns morrem<br />
de fome, outros moram em<br />
mansões de milhões de dólares<br />
nos Estados Unidos. Enquanto<br />
alguns tomam ônibus lotado para<br />
ir trabalhar, os outros têm avião<br />
particular, iates. Ninguém vai<br />
abrir mão desse luxo sem luta.<br />
Por isso nós temos que dizer na<br />
campanha eleitoral que o socialismo<br />
vai ser o resultado da organização<br />
e da mobilização coletiva<br />
da classe operária para destruir<br />
o poder político da burguesia,<br />
ou seja, o socialismo só vai<br />
vir como resultado da revolução<br />
proletária.<br />
Sem acabar com a ditadura<br />
dos exploradores e sem colocar<br />
o povo no poder, sem dar todo<br />
o poder à classe operária, aos trabalhadores<br />
do campo – inclusive<br />
para que eles possam esmagar<br />
a resistência desta burguesia,<br />
violenta, maléfica exploradora –<br />
não vai haver socialismo. É por<br />
isso que nós lutamos e temos que<br />
explicar isto para a classe trabalhadora<br />
na campanha eleitoral.<br />
Nós temos que fazer da nossa<br />
campanha uma campanha que vá<br />
desde a menor reivindicação do<br />
trabalhador mais humilde, até a<br />
expropriação total da burguesia,<br />
o socialismo e o poder da classe<br />
operária. Muito obrigado, companheiros<br />
(aplausos e gritos:<br />
“Partido, Partido, da Causa<br />
Operária”).<br />
a tribuna para fazer essa denúncia<br />
e para mobilizar através da<br />
nossa iniciativa os trabalhadores<br />
dos correios e todos os trabalhadores,<br />
petroleiros, bancários,<br />
companheiros dos mais diversos<br />
setores emuma luta sem<br />
trégua contra o grande capital.<br />
Nós queremos através da luta que<br />
está sendo desenvolvida nos<br />
correios, colocar a luta pelo<br />
controle operário da produção<br />
em todos os setores do Brasil.<br />
Nós queremos mostrar que,<br />
nestas eleições, podemos utilizar<br />
o espaço para fazer a nossa propaganda<br />
política na defesa da<br />
emancipação da classe trabalhadora,<br />
na defesa dos nossos interesses,<br />
na luta contra o assassinato<br />
promovido pelo latifúndio<br />
no campo, contra a exploração<br />
promovida pelos capitalistas na<br />
cidade, e só assim, através dessas<br />
denúncias, vamos levantar a<br />
reivindicação entre os trabalhadores<br />
da luta pelo poder político,<br />
a luta pela emancipação dos trabalhadores<br />
enquanto classe, pelo<br />
socialismo.
27 DE JUNHO DE 2010 CAUSA OPERÁRIA ELEIÇÕES A15<br />
ANAÍ CAPRONI<br />
“Chamo os companheiros a defender a nossa<br />
proposta, o nosso programa e o direito de ser partido,<br />
de fazer campanha e de lutar pelo que é nosso”<br />
Acompanhe o discurso da companheira que é candidata<br />
ao governo do estado de São Paulo pelo <strong>PCO</strong>, membro<br />
da direção nacional do partido, da coordenação da<br />
Corrente Nacional Ecetistas em Luta e diretora da<br />
Federação Nacional dos Correios (Fentect)<br />
Eu queria saudar a presença<br />
dos companheiros apoiadores das<br />
atividades do Partido da Causa<br />
Operária.<br />
Da mesma maneira que nas<br />
eleições anteriores, nessa campanha<br />
eleitoral obviamente não esperamos<br />
eleger os candidatos ao<br />
governo do estado, muito o nosso<br />
candidato presidencial. A eleição<br />
é denunciada não só pelo<br />
Partido da Causa Operária, mas<br />
por inúmeras pessoas com o<br />
mínimo de senso crítico por serem<br />
eleições totalmente controladas<br />
e manipuladas, ao ponto de<br />
que uma ilustre desconhecida<br />
como Dilma Rousseff é a eventual<br />
próxima presidenta da República.<br />
Uma ilustre desconhecida e<br />
uma pessoa que nunca foi candidata,<br />
que não tem história de<br />
militância no PT e em nenhum<br />
partido; um elemento da burocracia<br />
estatal que foi alçado ao cargo<br />
e que, ao que tudo indica, a decisão<br />
da burguesia é que ela seja a<br />
nova presidenta da República,<br />
num esquema totalmente contro-<br />
lado pela verba do governo federal,<br />
pela compra de voto e pelo<br />
apoio em bloco de uma parcela<br />
expressiva da burguesia brasileira.<br />
Sendo assim, falar que nos<br />
colocamos a perspectiva de eleger<br />
qualquer candidato a presidente<br />
numa eleição como essa é não<br />
se situar na realidade. É uma eleição<br />
que não é de fato uma eleição:<br />
é uma indicação dos apadrinhados<br />
do governo federal.<br />
Nessa eleição, como nas anteriores,<br />
vamos fazer a propaganda<br />
na luta operária, dos movimentos<br />
sociais, da luta pelos direitos<br />
das mulheres, dos negros, dos<br />
companheiros que estão sendo<br />
perseguidos no Rio de Janeiro –<br />
como o companheiro que me<br />
antecedeu já colocou – quer dizer,<br />
trata-se de defender a proposta,<br />
o programa de luta e de organização<br />
da classe trabalhadora.<br />
Eu queria dar ênfase a uma<br />
questão que vamos tratar nessas<br />
eleições, que vamos dar uma importância<br />
que não foi dada nas<br />
eleições anteriores. Trata-se da<br />
tentativa do Tribunal Superior<br />
Eleitoral de cassar nosso registro,<br />
obviamente a mando do governo<br />
e daqueles que efetivamente<br />
mandam no Brasil: a burguesia, os<br />
latifundiários, os banqueiros.<br />
Há um processo em curso no<br />
TSE contra o nosso partido. Aliás,<br />
um não: vários. Há processos<br />
contra o nosso candidato presidencial,<br />
o companheiro Rui Costa<br />
Pimenta e contra a legenda<br />
<strong>PCO</strong> e em todos esses a pena seria<br />
a cassação do registro partidário,<br />
ou seja, nos proscrever como<br />
legenda.<br />
A idéia é cassar a legalidade do<br />
Companheira Anaí Caproni, candidata pelo <strong>PCO</strong> ao governo do estado de São Paulo,<br />
discursando no ato.<br />
partido de forma que não possamos<br />
expressar o nosso posicionamento,<br />
divulgar a luta que levamos<br />
no interior dos movimentos<br />
sociais e populares. Esses processos<br />
se arrastam há vários anos<br />
já, mas notamos que têm aumentado<br />
muito. O que antigamente<br />
eram tentativas esparsas de tentar<br />
cassar a legenda, de um tempo<br />
para cá é parte de iniciativas<br />
muito bem organizadas e concatenadas,<br />
no sentido de justificar<br />
legalmente a cassação.<br />
A acusação é uma só: nós não<br />
cumprimos a extensa lista de<br />
exigências burocráticas do TSE.<br />
Burocráticas, companheiros!<br />
ANTÔNIO CARLOS<br />
“Nosso partido comparece às<br />
eleições para usá-las como uma<br />
tribuna de denúncia do regime<br />
político que esmaga o trabalhador”<br />
Confira o discurso do candidato do <strong>PCO</strong> ao governo do<br />
Rio de Janeiro, o companheiro que é um dos<br />
coordenadores da Corrente Nacional de Oposição<br />
Sindical Causa Operária<br />
Eu queria rapidamente falar<br />
da importância da atividade<br />
eleitoral do Partido da Causa<br />
Operária, que diferentemente<br />
dos demais partidos, não se<br />
apresenta nas eleições para<br />
vender a ilusão de que através<br />
do voto é possível transformar<br />
a situação dos trabalhadores<br />
e da juventude no nosso<br />
País.<br />
Nosso partido comparece<br />
às eleições para usá-las como<br />
uma tribuna de denúncia do<br />
regime político, um regime de<br />
opressão que esmaga o trabalhador.<br />
Comparecemos às<br />
eleições para defender,, um<br />
programa que consiste em explicar<br />
para a população explorada<br />
que as suas reivindicações<br />
só podem ser atendidas<br />
por meio de sua própria organização<br />
e mobilização independente,<br />
e que não é possível<br />
acreditar na falácia de que<br />
através do voto é possível<br />
modificar a situação de opressão<br />
e de miséria que se estabelece<br />
contra a maioria da população.<br />
Nosso partido comparece<br />
às eleições não para alimentar<br />
a ilusão nessa farsa de<br />
democracia, onde um punhado<br />
de grandes capitalistas<br />
controlam todo o poder político,<br />
os governos, o parlamento,<br />
a justiça. Nosso partido<br />
comparece às eleições para<br />
chamar a juventude e os trabalhadores<br />
a se mobilizarem e<br />
organizarem de maneira independente<br />
um verdadeiro partido<br />
de trabalhadores, um<br />
partido operário que seja capaz<br />
de organizar a luta do conjunto<br />
da população.<br />
Particularmente nesse momento<br />
isso é muito importan-<br />
te, pois o conjunto dos partidos,<br />
particularmente da esquerda,<br />
procuram disseminar<br />
a ilusão de que não há outra<br />
saída para os trabalhadores a<br />
não ser acreditar nas eleições.<br />
O conjunto dos partidos que<br />
se reivindicam da esquerda,<br />
abandonaram qualquer perspectiva<br />
de luta e se transformaram<br />
em mero instrumento<br />
de defesa deste apodrecido<br />
regime capitalista pseudo-democrático<br />
que existe em nosso<br />
país e em todo mundo.<br />
No Rio de Janeiro, toda a<br />
esquerda, e em particular, - o<br />
PT - está comprometida com<br />
o governo de Sérgio Cabral e<br />
com o governo Lula que colocam<br />
o exército e a Força<br />
Nacional de Segurança para<br />
reprimir a população trabalhadora,<br />
os moradores da favela,<br />
e a população negra que<br />
constrói a riqueza do estado do<br />
Rio de Janeiro e de nosso país.<br />
O nosso partido vai às eleições<br />
do Rio de Janeiro, assim<br />
como em todo país, dizer que<br />
a população negra e explorada<br />
das favelas tem que se organizar<br />
para expulsar as tropas<br />
do governo, e exigir respeito<br />
ao povo negro e trabalhador.<br />
Nosso partido participa das<br />
eleições para defender os direitos<br />
dos trabalhadores do<br />
campo, que são oprimidos<br />
pelo latifúndio, estão sendo<br />
assassinados em Rondônia,<br />
no Pará e em todo País.<br />
Participamos das eleições<br />
para defender o direito da população<br />
camponesa, sem-terra<br />
de se armar e enfrentar o latifúndio<br />
e garantir através dessa<br />
luta a revolução agrária que<br />
os camponeses pobres precisam<br />
em nosso país e que não<br />
pode ser conseguida através<br />
do voto, mas apenas através<br />
da luta dos camponeses com<br />
o apoio dos trabalhadores da<br />
cidade.<br />
São reivindicações como<br />
essas, de defesa do povo trabalhador<br />
do campo e da cidade,<br />
do povo negro, que só<br />
podem ser conquistadas através<br />
da organização e da mobilização<br />
dos trabalhadores.<br />
Nessas eleições, o nosso<br />
partido vai fazer o que faz cotidianamente,<br />
aquilo que fez,<br />
por exemplo,na greve dos professores.<br />
Nosso partido vai<br />
utilizar as eleições como uma<br />
tribuna para dizer que é necessário<br />
mobilizar os professores,<br />
funcionários e estudantes<br />
porque não há outra<br />
maneira de melhorar a educa-<br />
ção e que os trabalhadores não<br />
devem acreditarque através<br />
do voto é possível melhorar a<br />
educação. Todos os candidatos<br />
burgueses vão comparecer<br />
às eleições para difundir a<br />
falácia aos trabalhadores de<br />
que é possível melhorar a<br />
educação e melhorar o salário<br />
Eles não nos acusam de ter feito<br />
nada que possa ser condenado<br />
como uma falta grave ou uma<br />
conduta moral reprovável. Tratase<br />
do não cumprimento de exigências<br />
burocráticas; detalhes de<br />
contabilidade que não conseguimos<br />
fazer da forma que eles<br />
querem.<br />
Não é divulgado, mas existe<br />
uma contabilidade especial para<br />
partidos políticos, algo que o TSE<br />
definiu. Não é possível ir ao escritório<br />
de contabilidade “da esquina”,<br />
como qualquer cidadão<br />
comum faz, e pedir para que ele<br />
faça a contabilidade do partido.<br />
Não, é preciso ter um contador<br />
especialista em legislação eleitoral.<br />
Manter esse contador especialista,<br />
justamente por ser um especialista<br />
e não ser facilmente<br />
achado no mercado, requer recursos<br />
inimagináveis para que se<br />
sustente um trabalho regular. É<br />
exigida uma série de procedimentos<br />
administrativos especiais para<br />
partido político, que não é qualquer<br />
escritório que pode fazer.<br />
São pessoas que têm que seguir<br />
um conjunto de leis que o Tribunal<br />
Superior Eleitoral publica todo<br />
ano de eleição. Eu digo “leis” de<br />
forma irônica, porque um tribunal<br />
jamais poderia elaborar leis. A<br />
função oficial do Tribunal é fazer<br />
cumprir leis que são aprovadas<br />
pelo Poder Legislativo. No caso<br />
do sistema eleitoral brasileiro isso<br />
não existe. É o Tribunal que diretamente<br />
legisla em véspera de<br />
eleição, na conveniência dos partidos<br />
grandes, daqueles que mantém<br />
um poder no governo do<br />
estado, no Senado, na Câmara, de<br />
forma a fazer da legislação uma<br />
arma para ameaçar politicamente<br />
aqueles que não concordam.<br />
Essa arma feita pelo TSE é<br />
usada inclusive entre os partidos<br />
burgueses. É uma legislação tão<br />
extensa que é impossível atender<br />
todos os requisitos. Não existe<br />
nenhum partido no Brasil que<br />
conseguiu atender todos os requisitos.<br />
Quando há uma briga entre<br />
os partidos, o Tribunal vai procu-<br />
simplesmente por meio do<br />
voto. O <strong>PCO</strong>, que irá chamar<br />
o voto em seus candidatos<br />
operários e socialistas, como<br />
a candidatura presidencial do<br />
companheiro Rui Costa Pimenta,<br />
vai defender o que<br />
afirma sempre noseu jornal<br />
Causa Operária, que somente<br />
nas greves e nas mobilizações<br />
é possível aos trabalhadores<br />
realizar qualquer melhoria<br />
na educação, no salário e<br />
etc. Só a luta dos trabalhadores<br />
é o instrumento capaz de<br />
transformar essa situação. Só<br />
a organização dos trabalhadores<br />
em um partido próprio e<br />
operário é capaz de abrir uma<br />
perspectiva de transformação<br />
verdadeira para a maioria da<br />
população explorada do País.<br />
O <strong>PCO</strong> vai às eleições para<br />
defender salário, emprego,<br />
terra, e dizer que essas reivindicações<br />
fundamentais só<br />
podem ser conquistadas por<br />
meio da luta por um governo<br />
operário e camponês, um<br />
governo dos trabalhadores da<br />
cidade e do campo.<br />
Companheiros, eu saúdo<br />
essa nossa reunião e o lançamento<br />
da candidatura à presidência<br />
da república do companheiro<br />
Rui Costa Pimenta,<br />
chamando os companheiros a<br />
juntos cerrarmos fileiras em<br />
todo País, defendendo nessas<br />
Companheiro Antônio Carlos Silva.<br />
eleições a mobilização e a organização<br />
independente dos<br />
trabalhadores. Só a luta transforma<br />
a realidade e a construção<br />
de um verdadeiro partido<br />
operário pode abrir uma perspectiva<br />
de conjunto para todos<br />
os setores oprimidos do<br />
País.<br />
rar qual é o requisito que o partido<br />
não conseguiu cumprir e levanta<br />
como causa de anulação de<br />
candidatura, levanta como ameaça<br />
para cassação do registro. É<br />
um processo de barganha política<br />
usando uma legislação ilegal,<br />
uma vez que é feita pelo Tribunal<br />
e não pelo Poder Legislativo, que<br />
é o único que tem, pelo menos legalmente,<br />
o poder de elaborar leis<br />
no Brasil.<br />
Esse processo, que está sendo<br />
denunciado nos meios técnicos<br />
e políticos, se transformou<br />
num escândalo nacional. É visível<br />
que se espera fazer um ajuste<br />
de contas entre os candidatos dos<br />
partidos grandes usando essa legislação.<br />
No nosso caso é evidente<br />
que a legislação está sendo usada<br />
para cassar o registro e para impedir<br />
que possamos continuar o<br />
trabalho de propaganda, de divulgação<br />
política das causas operárias<br />
e populares. Nesse ano esperamos,<br />
e já estamos tirando uma<br />
iniciativa grande no sentido de<br />
levantar toda a informação, todas<br />
as ilegalidades que são cometidas<br />
nessa área. No sentido de verificar<br />
no conjunto da campanha<br />
eleitoral e todas as situações em<br />
que ela se manifesta e fazer dos<br />
programas eleitorais, da nossa<br />
propaganda eleitoral, uma denúncia<br />
do TSE, uma denúncia do<br />
esquema de utilização do Judiciário<br />
como um poder efetivo na<br />
eleição.<br />
Porque o processo eleitoral<br />
só é definido depois que o TSE<br />
decide como ele vai funcionar.<br />
Antes de o Tribunal baixar a<br />
montanha de normas, ninguém<br />
sabe o que vai acontecer. Então<br />
as eleições são uma farsa,<br />
porque o poder econômico, o<br />
poder da máquina eleitoral do<br />
governo federal é o que elege os<br />
candidatos. Em termos legais<br />
você fica na mão do primo do<br />
Collor de Melo, que é um dos<br />
ministros do TSE, e dos outros<br />
ministros, todos indicados pelo<br />
governo Lula e pelo governo de<br />
Fernando Henrique Cardoso,<br />
porque todos os ministros que<br />
compõem o colegiado do Tribunal<br />
Superior Eleitoral são indicados<br />
pelo Presidente da República.<br />
Nenhum ali é concursado.<br />
Nenhum ministro foi eleito<br />
por ninguém. Todos são indicações<br />
política da presidência<br />
da República, a qual eles<br />
submetem e fazem tudo que é<br />
pedido. Por isso, antes das eleições<br />
o Tribunal indica aquele<br />
conjunto de resoluções que vão<br />
nortear todo o processo eleitoral<br />
para o candidato que é escolhido<br />
como o que vai ganhar a<br />
eleição.<br />
Nesse sentido, discutimos<br />
na Conferência, mas é uma discussão<br />
que está sendo feita já<br />
há um tempo no âmbito do<br />
partido como um todo, lançar<br />
uma campanha contra esse sistema<br />
absolutamente ilegal e<br />
arbitrário. Contra a tentativa de<br />
usar essas arbitrariedades<br />
como motivo para a cassação<br />
de um partido de esquerda, de<br />
um partido popular, de um<br />
partido que não recebe fundo<br />
partidário, que se sustenta com<br />
os recursos próprios da sua<br />
militância, com a sua luta no<br />
interior das organizações sindicais<br />
e movimentos sociais.<br />
É um absurdo que partidos<br />
como PSDB, o PMDB, o DEM<br />
que recebem por ano mais de<br />
um milhão de reais de fundo<br />
partidário, não tenham o seu registro<br />
submetido a um pedido<br />
de cassação, enquanto que um<br />
partido como o nosso, que vive<br />
de contribuição de trabalhadores,<br />
esteja permanentemente<br />
sob pressão de a qualquer momento<br />
perder a possibilidade de<br />
ter 20 segundos na televisão<br />
durante a campanha eleitoral. É<br />
um absurdo, uma coisa escandalosa,<br />
que um partido como o<br />
nosso, que não é sustentado<br />
por bancos, por empreiteiras,<br />
não é sustentado por empresários<br />
que vivem do dinheiro de<br />
contratos fajutos com governos,<br />
com órgãos públicos, que<br />
vive da contribuição de cidadãos<br />
comuns, tenha que gastar<br />
um tempo e uma energia imensa<br />
tentando cumprir a burocracia<br />
ilegal dos tribunais, enquanto<br />
os que são responsáveis pela<br />
corrupção integral do sistema<br />
político no Brasil não tenham<br />
nenhuma punição em relação a<br />
seu registro em curso nesse<br />
momento. Por isso, eu finalizo<br />
pedindo aos companheiros que<br />
nos juntemos na campanha<br />
eleitoral para defender a nossa<br />
proposta, o nosso programa e<br />
o direito de ser partido, de fazer<br />
campanha e de lutar pelo<br />
que é nosso. Muito obrigada.<br />
(gritos: Partido, Partido da<br />
Causa Operária)<br />
LOURDES SARMENTO<br />
“O Partido da Causa<br />
Operária, nesse processo<br />
eleitoral, tem como eixo de<br />
sua intervenção a defesa da<br />
luta dos trabalhadores, das<br />
mulheres, dos negros e<br />
da juventude”<br />
Confira o discurso da candidata ao governo do<br />
estado da Paraíba, que também faz parte da<br />
direção nacional do Partido da Causa Operária<br />
Companheira Lourdes Sarmento.<br />
Gostaria de fazer uma saudação<br />
aos companheiros de todos<br />
os estados aqui presentes em<br />
nosso ato nacional de lançamento<br />
das candidaturas do <strong>PCO</strong> aos<br />
estados e à Presidência da República.<br />
O atual momento de crise<br />
econômica e política que atravessa<br />
o País e de crise dos partidos<br />
da esquerda pequeno-burguesa,<br />
coloca o desafio para o<br />
Partido da Causa Operária de<br />
apresentar nesse processo eleitoral<br />
ecomo eixo da sua intervenção,<br />
a defesa da luta dos trabalhadores,<br />
das mulheres, dos<br />
negros e da juventude.<br />
Nosso partido, diante dessa<br />
situação, tem o poder de intervir<br />
não só a favor da mobilizaçãodos<br />
trabalhadores, como de<br />
fazer dessas eleições uma tribuna<br />
de denúncia da farsa que é o<br />
governo Lula, que está muito<br />
longe de ser um governo que<br />
possa minimamente resolver os<br />
problemas dos trabalhadores da<br />
cidade e do campo, apesar de ser<br />
um partido que carrega no nome<br />
os “trabalhadores”. Nos estados,<br />
os governos da burguesia<br />
e os governos de frente popular<br />
estã1o muito distantes de<br />
trazer qualquer possibilidade de<br />
evolução, de desenvolvimento e<br />
superação da crise econômica<br />
e da crise do regime político. Por<br />
isso, o Partido da Causa Operaria,<br />
nesse processo eleitoral, realizará<br />
uma intervenção concreta<br />
e uma ação não só para defender<br />
os interesses dos trabalhadores<br />
e chamar sua organização,<br />
mas travar uma luta<br />
contra os partidos da pequena<br />
burguesia, os partidos do regime<br />
da burguesia, contra a privatização<br />
dos correios, contra<br />
os ataques no campo, contra a<br />
opressão das mulheres e em<br />
defesa da juventude.<br />
Por isso, companheiros e<br />
companheiras, os nossos candidatos<br />
em nível nacional, em<br />
especial a nossa candidatura à<br />
presidência da república, cumprirão<br />
um papel fundamental na<br />
atual etapa do movimento operário<br />
diante da crise econômica<br />
nacional e internacional.<br />
Sou candidata pela Paraíba,<br />
onde levaremos à frente toda<br />
essa luta. Muito obrigada!
CAUSA OPERÁRIA<br />
MOVIMENTO ESTUDANTIL ¢© ¡¢£££¤¥¡¦§¨©¥©¡¢<br />
MANIFESTO DOS EX-REITORES<br />
O ataque aos movimentos de<br />
luta é a defesa da privatização<br />
da USP<br />
Página A17<br />
OCUPAÇÃO NA USP<br />
Sob pressão dos<br />
trabalhadores, diretor da<br />
Faculdade de Odontologia<br />
recua e não corta o ponto<br />
Página A17<br />
Os trabalhadores não devem<br />
aceitar a quebra da isonomia<br />
A proposta do Fórum das Seis consiste em atender a reivindicação de Rodas e aceitar a quebra da isonomia, proposta que era um<br />
dos pontos centrais da pauta dos funcionários<br />
<br />
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<br />
Trabalhadores da USP decidem manter a greve e ocupação pelo reajuste salarial e pagamento dos salários cortados<br />
em retaliação à greve.<br />
Os funcionários da USP devem ter uma política independente dos professores e do Fórum<br />
das Seis controlado pelo Bando dos Quatro.<br />
<br />
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<br />
Ocupação da reitoria deve ser mantida até o atendimento<br />
das reivindicações.
27 DE JUNHO DE 2010 CAUSA OPERÁRIA MOVIMENTO ESTUDANTIL A17<br />
MANIFESTO DOS EX-REITORES<br />
O ataque aos movimentos de luta é<br />
a defesa da privatização da USP<br />
Na defesa da privatização da USP, ex-reitores<br />
publicam manifesto de apoio à repressão à greve e à<br />
ocupação da reitoria<br />
Reitoria quer que os trabalhadores e estudantes se calem<br />
diante da destruição da universidade.<br />
Neste domingo, dia 20 de<br />
junho, foi publicado um manifesto<br />
dos ex-reitores da Universidade<br />
de São Paulo contra<br />
a mobilização de estudantes<br />
e funcionários.<br />
O manifesto foi divulgado<br />
pela reitoria e assinado por todos<br />
os ex-reitores vivos da<br />
USP: Suely Vilela, Adolfo José<br />
Melfi, Jacques Marcowitch,<br />
Flavio Fava de Moraes, Roberto<br />
Leal Lobo e Silva, José<br />
Goldemberg, Waldyr Muniz<br />
Oliva e Helio Guerra Vieira.<br />
“Ex-reitores da Universidade<br />
de São Paulo, vimos manifestar<br />
nossa veemente repulsa<br />
à escalada de violência promovida<br />
por uma minoria que<br />
prega a desordem, arrogando-se<br />
pretensa representatividade<br />
da comunidade da USP”.<br />
(Portal da reitoria da USP, 20/<br />
6/2010)<br />
O documento publicado é<br />
uma seqüência de calúnias<br />
contra o movimento de luta da<br />
universidade, cujo único objetivo<br />
é limpar o terreno para<br />
levar adiante os planos do<br />
governo de privatização da<br />
universidade.<br />
Carrascos acusam<br />
suas vítimas<br />
Em primeiro lugar, os exinterventores<br />
procuram montar<br />
uma farsa. Afirmam: “as<br />
táticas da violência antidemocrática<br />
de hoje, praticada a<br />
despeito de os canais de comunicação<br />
permanecerem<br />
abertos, não diferem, na essência,<br />
dos atentados à liberdade<br />
cometidos pelo regime<br />
autoritário no passado.”<br />
Dificilmente poderiam ter<br />
dito bobagem maior! Acusam<br />
o movimento grevista de ser<br />
igual à ditadura militar, quando<br />
esta tinha como objetivo<br />
OCUPAÇÃO NA USP<br />
fundamental justamente o esmagamento<br />
dos movimentos<br />
de luta, em primeiríssimo lugar,<br />
o movimento operário,<br />
grevista.Em segundo lugar,<br />
todos sabem que foram esses<br />
mesmos movimentos grevistas,<br />
“autoritários”, com piquetes,<br />
“ações violentas e ilegais”<br />
(como qualificaram al-<br />
guns eméritos) que derrubaram<br />
a ditadura militar brasileira.<br />
Foram as enormes greves<br />
do ABC que abalaram e acabaram<br />
por derrotar a ditadura<br />
e não a ação de nenhum professor<br />
emérito ou reitor da<br />
USP. Estes viviam confortavelmente<br />
sob o regime militar,<br />
enquanto mantinham os trabalhadores<br />
sob o tacão dos patrões,<br />
para que estes pudessem<br />
explorá-los sem entraves,<br />
ou seja, sem o risco da<br />
greve.<br />
É esse mesmo risco que o<br />
governo e a reitoria não querem<br />
enfrentar hoje. Querem<br />
que os trabalhadores e estudantes<br />
se calem, mesmo que<br />
seja na base da força policial,<br />
como fazia a ditadura, para<br />
que possam colocar em prática<br />
o plano de privatização da<br />
principal universidade do<br />
País.<br />
Os amigos da<br />
ditadura militar<br />
A máscara “democrática”<br />
cai de vez quando se constata<br />
que todos os reitores eram ligados<br />
a ditadura. O próprio<br />
João Grandino Rodas, atual<br />
reitor da USP, é o melhor<br />
exemplo disso. A sua candidatura<br />
a reitor foi articulada<br />
pelo grupo de professores titulares<br />
que dirige a Faculdade<br />
do Largo São Francisco,<br />
liderados por Celso Lafer, do<br />
PSDB, ex-ministro de FHC.<br />
Celso Lafer, assim como<br />
Rodas tem como mentor político<br />
Miguel Reale, ninguém<br />
menos que um dos fundadores,<br />
junto a Plínio Salgado, da<br />
Ação Integralista Brasileira,<br />
ou seja, do fascismo, em<br />
1932.<br />
Miguel Reale, para completar<br />
o quadro, foi reitor da USP<br />
justamente durante o governo<br />
do general Médici, período<br />
mais repressivo da ditadura<br />
militar brasileira.<br />
A indicação de Rodas para<br />
interventor na USP foi elogiada<br />
por um dos representantes<br />
da direita nacional no Supremo<br />
Tribunal Federal, ministro<br />
Gilmar Mendes, que<br />
afirmou que este “mostrou<br />
sua autoridade política e moral<br />
no episódio da invasão da<br />
Faculdade do Largo de São<br />
Francisco, solucionada rapidamente”.<br />
Elogiou Rodas justamente<br />
por ter reprimido a manifestação<br />
no Largo São Francisco<br />
com a tropa de choque da<br />
Polícia Militar.<br />
E a ligação de Rodas com a<br />
ditadura não pára por aqui.<br />
Ele fez parte ainda da Comissão<br />
de Mortos e Desaparecidos<br />
no conhecido caso da<br />
estilista Zuzu Angel, assassinada<br />
enquanto investigava o<br />
desaparecimento de seu filho,<br />
morto nos porões da ditadura<br />
militar. Rodas foi voto decisivo<br />
para isentar os militares<br />
da responsabilidade pela morte<br />
da estilista.<br />
Porque os exreitores<br />
querem<br />
acabar com as<br />
mobilizações<br />
Em seu manifesto, os reitores<br />
declaram: “reafirmamos<br />
nosso apoio à adoção de medidas<br />
legais que ponham fim<br />
a essa escalada, assegurando<br />
à população do Estado de São<br />
Paulo, a quem esta Instituição<br />
pertence, que sua<br />
grande universidade<br />
de pesquisa jamais se<br />
curvará à força da brutalidade<br />
e jamais se<br />
afastará de seus objetivos<br />
de promoção do<br />
desenvolvimento por<br />
meio da investigação<br />
científica, dos altos<br />
estudos e da produção<br />
cultural.” (idem)<br />
Segundo eles, a universidade<br />
pertence à<br />
população e a maior<br />
preocupação dos que a<br />
administram seria a<br />
investigação científica<br />
e a produção cultural.<br />
Não poderia haver<br />
cinismo maior.<br />
É preciso dizer claramente:<br />
todo este ataque<br />
às mobilizações<br />
tem por finalidade a privatização<br />
da universidade.<br />
E a população que tem pouco<br />
acesso à USP terá ainda<br />
menos quando esta for privatizada<br />
e a reitoria começar a<br />
cobrar mensalidades exorbitantes.<br />
A preocupação dos ex-reitores<br />
com a população que<br />
paga a universidade se revela<br />
uma enorme mentira quando<br />
vemos que o setor mais atacado<br />
pelas reitorias e justamente<br />
a moradia e auxílio<br />
estudantil, necessários justamente<br />
aos filhos dos trabalhadores,<br />
que são a maioria da<br />
população, e minoria na universidade.<br />
Em 40 anos não há<br />
aumento de vagas para os estudantes,<br />
apenas diminuição.<br />
Outro dado que revela a farsa<br />
é a intenção da reitoria de<br />
fechar o portão de acesso à<br />
universidade que está próximo<br />
da favela da São Remo.<br />
Ele não quer população nenhuma<br />
dentro da USP. Quer<br />
apenas uma pequena elite que<br />
empregue seus esforços não<br />
em benefício da sociedade,<br />
mas unicamente dos interesses<br />
das grandes empresas e<br />
bancos. E é justamente contra<br />
isso que os estudantes e<br />
funcionários, a maioria da uni-<br />
versidade, estão lutando.<br />
A preocupação dos ex-reitores<br />
com a qualidade da universidade<br />
é igualmente falsa.<br />
Rodas, quando diretor da<br />
faculdade São Francisco, “tão<br />
preocupado” com a “USP forte”<br />
empilhou os livros da biblioteca<br />
do Direito, a maior biblioteca<br />
jurídica da América<br />
Latina, em um prédio com infiltrações<br />
o que prejudicou diversas<br />
obras raras. Além de<br />
ter deixado os livros encaixotados,<br />
privando os estudantes<br />
do acesso a eles. Evidentemente,<br />
nenhum ex-reitor se<br />
levantou contra esse evidente<br />
descaso com a universidade<br />
e a cultura.<br />
Os “tão preocupados” com<br />
a produção recentemente<br />
aprovaram o fim do “gatilho”,<br />
que é a imediata contratação<br />
de um professor quando um<br />
vem a faltar, se aposentando<br />
por exemplo, agravando o já<br />
defasado quadro de professores,<br />
que condena os estudantes<br />
da USP a salas superlotadas<br />
e ausência de disciplinas.<br />
Isto evidentemente é um sucateamento<br />
do ensino na universidade.<br />
Tudo isso e mais o ataque<br />
aos movimentos de luta dentro<br />
da universidade, fazem<br />
parte do plano de privatizar a<br />
USP, que segundo o reitor-interventor<br />
seria a sua “modernização”.<br />
Com o plano de<br />
Rodas, a privatização, não haverá<br />
nenhuma pesquisa para a<br />
sociedade, mas apenas para<br />
servir a interesses das empresas.<br />
Em diversas unidades, as<br />
pesquisas já estão totalmente<br />
dominadas pelas empresas,<br />
uma utilização do dinheiro e do<br />
patrimônio público para fins<br />
puramente privados.<br />
E é isso que a população<br />
precisa saber. O governo colocou<br />
Rodas na reitoria da<br />
USP para intensificar a privatização,<br />
transformar o que<br />
hoje ainda é exceção em regra.<br />
A privatização da USP, nesse<br />
sentido é um problema que<br />
afeta não apenas a população<br />
trabalhadora, que perderá a<br />
pouca possibilidade que tinha<br />
de acesso ao ensino superior,<br />
Sob pressão dos trabalhadores, diretor da Faculdade<br />
de Odontologia recua e não corta o ponto<br />
Mais de 70 funcionários realizaram<br />
na última terça-feira,<br />
22, um ato na Faculdade de<br />
Odontologia para protestar<br />
contra os cortes dos salários,<br />
um dos ataques mais brutais<br />
do reitor-interventor contra o<br />
movimento. Ao todo mais de<br />
1.600 funcionários foram demitidos<br />
e outras centenas estão<br />
sendo ameaçados.<br />
De acordo com os relatos<br />
dos trabalhadores, o diretor da<br />
Faculdade, Rodney Garcia<br />
Rocha, ameaçou cortar o pon-<br />
PIRACICABA<br />
O ataque aos trabalhadores é a preparação para a<br />
privatização.<br />
to de todos os funcionários<br />
que estivessem em greve e que<br />
não retornassem às atividades<br />
até as 14h do dia. Mais de 40<br />
trabalhadores foram coagidos<br />
diretamente pelo chefe. Diante<br />
desse crime, o de coagir e<br />
intimidar os funcionários que<br />
estão no movimento, dezenas<br />
de trabalhadores se reuniram<br />
em frente à sala do diretor da<br />
Faculdade, que diante da pressão<br />
foi obrigado a recuar e a<br />
afirmar – na frente de todos –<br />
que não iria cortar os salários.<br />
Depois de conseguir arrancar,<br />
através da pressão e mobilização,<br />
o recuo dos ataques<br />
anunciados pelo diretor, os<br />
funcionários desceram para a<br />
clínica de odontologia para<br />
tirar satisfação com seu administrador,<br />
Adauto Lopes Menezes.<br />
Diversos funcionários<br />
o acusaram de manter as mesmas<br />
práticas do diretor da<br />
Faculdade e de utilizar uma<br />
lista para “marcar” quem estava<br />
a favor e quem estava contra<br />
a greve. Adauto Menezes<br />
ainda foi denunciado por um<br />
dos funcionários de nepotismo<br />
e corrupção. Para se ter idéia<br />
do esquema, tanto a esposa<br />
quanto o filho de Menezes conseguiram,<br />
ambos, passar “misteriosamente”<br />
pelo concurso<br />
para assumir um cargo na administração<br />
da clínica. A esposa<br />
do administrador trabalha<br />
inclusive na mesma sala<br />
com o marido, mostrando que<br />
de fato houve um acordo para<br />
empossar a “subchefe”. Esses<br />
acordos corruptos, de<br />
fraudar concursos para facilitar<br />
a contratação de determinas<br />
pessoas, não é nenhuma<br />
novidade. Em 2007 os estudantes<br />
encontraram uma carta<br />
do então secretário de Ensino<br />
Superior, José Aristodemo<br />
Pinotti, na qual ele pedia<br />
para a reitora Suely Villela,<br />
uma vaga em pós-graduação<br />
na Escola Politécnica para o<br />
“Sr. Joedson Carneiro Nunes”,<br />
seu funcionário de gabinete.<br />
Os casos são a demonstração<br />
do esquema cor-<br />
como será um prejuízo para<br />
todo o País.<br />
Se a USP está entre as melhores<br />
universidades do mundo,<br />
isso se deve fundamentalmente<br />
à luta do movimento<br />
estudantil para mantê-la pública<br />
e gratuita.<br />
As mobilizações<br />
são uma reação à<br />
tentativa de<br />
destruição da<br />
universidade<br />
O que, segundo os ex-interventores,<br />
é uma “escalada<br />
da violência” está diretamente<br />
relacionado à operação de<br />
desmonte da universidade.<br />
Rodas foi indicado por Serra<br />
para concluir essa operação<br />
e seu principal obstáculo<br />
é o movimento de funcionários<br />
e, principalmente, de estu-<br />
O manifesto ataca o movimento de luta para tentar impedir que o<br />
plano de privatização seja derrotado.<br />
dantes da USP.<br />
A repressão tem aumentado<br />
sistematicamente com a<br />
abertura de sindicâncias contra<br />
estudantes, a proibição de<br />
festas, venda e consumo de<br />
bebidas, distribuição de panfletos<br />
etc. Tudo para tentar<br />
controlar o movimento que<br />
inevitavelmente se levanta<br />
contra o ataque à universidade.<br />
Os funcionários foram o<br />
primeiro setor a ser mais duramente<br />
atacado, pois, como<br />
todos sabem, o primeiro passo<br />
de toda privatização é terceirizar<br />
a maioria dos serviços,<br />
reduzir a folha de pagamento,<br />
cortar os benefícios e<br />
achatar os salários dos trabalhadores.<br />
É por isso que hoje a briga<br />
da reitoria é principalmente<br />
contra os funcionários. O seu<br />
plano, porém, é mais amplo e<br />
inclui um ataque em regra a<br />
toda a universidade.<br />
O ataque enfurecido dos<br />
ex-reitores aos movimentos<br />
de luta na universidade é<br />
uma tentativa desesperada de<br />
impedir que os estudantes,<br />
funcionários e professores<br />
da universidade liquidem os<br />
planos de privatização da<br />
USP.<br />
rupto que rege a universidade.<br />
Trata-se de uma ação típica<br />
da burocracia, que se mantém<br />
através de acordos e esquema<br />
de favorecimento pessoal,<br />
uma reprodução do que<br />
acontece nos Congressos Nacionais<br />
da vida. Essa parcela<br />
de parasitas está intimamente<br />
ligada aos políticos burgueses<br />
e as suas máfias como, por<br />
exemplo, nepotismo, superfaturamento<br />
etc.<br />
O ato em na Faculdade de<br />
Odontologia foi a demonstração<br />
de que o caminho para a<br />
luta é o aumento da mobilização.<br />
Somente dessa forma é<br />
que todas as reivindicações,<br />
inclusive a isonomia, serão<br />
atendidas.<br />
Funcionários da ESALQ fecham os portões da universidade<br />
Na última quarta-feira, 23,<br />
os funcionários do campus da<br />
ESALQ – Escola Superior de<br />
Agricultura “Luiz de Queiroz”<br />
– em Piracicaba, fecharam todos<br />
os portões de acesso de<br />
veículos para protestar contra<br />
as faltas injustificadas aos<br />
trabalhadores do restaurante<br />
universitário e da biblioteca,<br />
uma forma de retaliar aqueles<br />
que estão em greve.<br />
Por conta da greve, as funcionárias<br />
fecharam o restaurante<br />
universitário. A medida<br />
incomodou bastante a diretoria<br />
da ESALQ que passou a assediar<br />
as funcionárias para<br />
que as mesmas voltassem a<br />
trabalhar, dizendo que havia<br />
estudantes bolsistas carentes<br />
sendo prejudicados pela greve;<br />
um truque tradicional da<br />
burocracia para jogar os estudantes<br />
contra os funcionários<br />
e tentar intimidar de forma<br />
moral os grevistas. A coação,<br />
por parte da diretoria, fez com<br />
que parte das funcionárias retornasse<br />
ao trabalho, forçan-<br />
do as funcionárias a fazer um<br />
acordo que vai contra o seu<br />
direito de greve.<br />
Mesmo as funcionárias tendo<br />
feito um acordo e voltado<br />
ao trabalho, a diretoria quer<br />
agora puni-las, colocando faltas<br />
injustificadas para todas as<br />
funcionárias do restaurante.<br />
Uma verdadeira arbitrariedade<br />
da direção da ESALQ que<br />
assedia os funcionários a todo<br />
o momento, não respeita o direito<br />
de greve e agora quer<br />
punir os trabalhadores que<br />
estão lutando pelos seus direitos<br />
e por uma universidade<br />
pública, gratuita e de qualidade.<br />
O mesmo aconteceu com<br />
os trabalhadores da biblioteca,<br />
que ficaram poucos dias<br />
paralisados devido à pressão<br />
dos diretores para o seu funcionamento.<br />
Os nove portões que dão<br />
acesso ao campus permaneceram<br />
fechados das 6h até as<br />
16h.<br />
Ao final da tarde, os funcionários<br />
do prédio central fo-<br />
ram dispensados do expediente,<br />
segundo a diretoria “para<br />
evitar confrontos”, mas que<br />
na verdade revela o medo de<br />
ocupação do prédio central,<br />
seguindo a tendência de ocupações<br />
dos prédios administrativos<br />
pelo movimento dos<br />
funcionários.<br />
Em seguida, todos os departamentos<br />
foram notificados<br />
do cancelamento do expediente<br />
a partir dessa quintafeira,<br />
24, por ordem do diretor da<br />
unidade, Antonio Roque Dechen,<br />
que estava na USP em São Paulo.<br />
Esta atitude do diretor, além<br />
de uma tentativa de evitar maior<br />
repercussão da greve entre a comunidade<br />
universitária e a sociedade,<br />
demonstra um recuo da<br />
burocracia universitária diante da<br />
mobilização dos funcionários.<br />
Esse recuo mostra o caminho<br />
para a luta dos funcionários, que<br />
é seguir adiante na mobilização e<br />
ampliação do movimento até o<br />
atendimento de todas as suas reivindicações.
CAUSA OPERÁRIA<br />
INTERNACIONAL <br />
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<br />
A crise na cúpula<br />
¤¨¢¥¤§©¡ ¡¢£¤¢¤¥£¢¦¦¤§<br />
Declarações feitas pelo general Stanley McChrystal à imprensa comprometeram a confiança do governo Obama em seu trabalho e levam<br />
a uma nova mudança na direção prática da guerra<br />
<br />
<br />
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<br />
Karzai afirma que demissão de<br />
McChrystal vai prejudicar a guerra<br />
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AFEGANISTÃO: A “ARÁBIA SAUDITA DO LÍTIO”?<br />
Não se depender<br />
do imperialismo<br />
Página A19<br />
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<br />
O general norte-americano demitido Stanley McChrystal e o presidente afegão Hamid Karzai.<br />
<br />
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<br />
<br />
O pano de fundo da demissão do general Stanley McChrystal é o impasse da guerra no Afeganistão.<br />
<br />
<br />
<br />
Algumas das declarações que<br />
levaram à demissão do general<br />
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ELEIÇÕES NA COLÔMBIA<br />
Quase 70% da<br />
população rejeitou<br />
Juan Manuel Santos<br />
como presidente<br />
Página A19
27 DE JUNHO DE 2010 CAUSA OPERÁRIA INTERNACIONAL A19<br />
AFEGANISTÃO: A “ARÁBIA SAUDITA DO LÍTIO”?<br />
Não, se depender<br />
do imperialismo<br />
O presidente afegão Hamid Karzai já anunciou que a<br />
descoberta de enormes reservas minerais no país está<br />
à disposição de investidores internacionais. Para o país<br />
ocupado pelo imperialismo, nem um pingo de soberania<br />
Após anos buscando riquezas<br />
minerais no Afeganistão, o<br />
Pentâgono anunciou na semana<br />
passada a descoberta de<br />
depósitos de ferro, cobre, lítio<br />
e outros minérios. Caso as<br />
riquezas sejam exploradas plenamente,<br />
o país se tornará um<br />
dos maiores produtores do<br />
mundo. Estima-se que a riqueza<br />
esteja em torno de três<br />
trilhões de dólares. Fala-se em<br />
valores ainda maiores na imprensa<br />
econômica internacional.<br />
Durante a invasão soviética<br />
na década 1980, foi elaborado<br />
um mapa com a localização<br />
das reservas afegãs, e<br />
com a invasão dos EUA em<br />
2004, a busca por tais riquezas<br />
foi retomada.<br />
Logo após ter anunciado a<br />
descoberta, o governo norteamericano<br />
declarou que o país<br />
não tem máquinas e experiência<br />
para explorar as minas.<br />
Para manter sua invasão no<br />
país, afirmou que está disposto<br />
a “ajudar” na exploração.<br />
Na segunda-feira, dia 21, o<br />
Ministério de Minas do Afeganistão<br />
anunciou que abrirá<br />
suas reservas para os investidores<br />
internacionais.<br />
De acordo com o ministro<br />
de Minas, Wahidullah<br />
Shahrani, as notícias sobre o<br />
potencial são “boas”, pois<br />
“valorizarão a economia afegã<br />
e servirão para desenvolver<br />
o país”.<br />
O leilão das minas já tem local<br />
marcado, será realizado<br />
em Londres e de acordo com<br />
Craig Andrews, especialista<br />
em mineração do Banco Mun-<br />
dial para o Afeganistão, foram<br />
convidados 200 investidores<br />
do setor de mineração que durante<br />
a reunião farão suas propostas.<br />
Segundo Craig, após as<br />
propostas o ministério irá lançar<br />
uma oferta. De acordo<br />
com o especialista, ao que<br />
tudo indica o governo irá ter<br />
como exigência que a empre-<br />
AFEGANISTÃO<br />
Número de soldados<br />
britânicos mortos na<br />
guerra chega a 300<br />
Com cerca de 10 mil pessoas<br />
mobilizadas no país, o Reino<br />
Unido perdeu na última semana<br />
seu 300º soldado no conflito<br />
que já se arrasta há nove<br />
anos. O membro de um esquadrão<br />
britânico, atingido por<br />
uma explosão no último dia 12<br />
na província de Helmand, teve<br />
sua morte confirmada pelo<br />
governo neste final de semana.<br />
A morte do 300º soldado<br />
britânico atingiu o governo do<br />
novo premiê, David Cameron,<br />
como um duro golpe. Com<br />
cerca de 10 mil pessoas, entre<br />
soldados e civis estacionados<br />
no Afeganistãtn:o, Cameron<br />
enfrenta o mesmo problema<br />
que Obama: “como sair da<br />
guerra?”<br />
sa invista nas instalações siderúrgicas<br />
e de minas e ferro.<br />
O ministro disse ainda que<br />
as expectativas não devem ser<br />
muito altas, pois os investimentos<br />
vão levar anos para<br />
serem vistos, já que a exploração<br />
é lenta.<br />
Apesar das expectativas, a<br />
população está mais preocupada<br />
com o que pode vir a<br />
acontecer com as minas. De<br />
acordo com moradores de<br />
Cabul citados pela imprensa<br />
internacional, o único interesse<br />
é que os resultados cheguem<br />
até eles, seja por meio<br />
de investimentos em estrutura,<br />
transporte etc.<br />
Segundo o estudante de direito<br />
e ciências políticas da<br />
Universidade de Cabul, Faisal<br />
Farooqi, o principal desejo da<br />
população é se apoderar da riqueza<br />
encontrada, já que essa<br />
é a oportunidade de saírem da<br />
miséria.<br />
Já alguns especialistas em<br />
mineração e recursos afirmam<br />
que as minas encontradas<br />
podem prejudicar ainda<br />
mais o país. Isso porque os<br />
lucros com a exploração das<br />
minas levarão cerca de 20<br />
anos para aparecerem.<br />
Segundo Murray W. Hitzman,<br />
professor de geologia<br />
econômica da School of Mines<br />
do Colorado, “nenhuma<br />
empresa de mineração no seu<br />
perfeito estado de juízo iria<br />
agora para o Afeganistão”.<br />
(The New York Times, 18/5/<br />
2010) De acordo com Murray<br />
diante da crise econômica,<br />
seria extremamente arriscado<br />
para uma empresa investir dinheiro<br />
em uma mina onde só<br />
teria lucro mais de 10 anos<br />
depois.<br />
De acordo com Michael T.<br />
Klare, professor de Estudos<br />
da Paz e segurança mundial no<br />
Hampshire College, o tesouro<br />
subterrâneo será bom para os<br />
senhores da guerra e não para<br />
os afegãos.<br />
Segundo ele, a história em<br />
diversas épocas mostrou que<br />
impérios foram construídos<br />
em cima da exploração de minas,<br />
principalmente de ouro,<br />
citando como exemplo Espanha<br />
e Portugal que enriqueceram<br />
com a exploração do ouro<br />
da América do Sul e ainda a<br />
Os EUA planejam colocar em prática uma das maiores atividades de rapina do globo no Afeganistão.<br />
O governo norte-americano,<br />
que já perdeu mais de mil<br />
soldados no Afeganistão, está<br />
atolado na guerra. Cameron<br />
chegou a declarar, pouco depois<br />
de assumir o cargo de<br />
primeiro-ministro, que o país<br />
deveria esperar “mais mortes”<br />
em julho. Pressionado, por um<br />
lado, pelos aliados norte-americanos<br />
a permanecer na guer-<br />
ra e, por outro, pela opinião<br />
pública em seu próprio país,<br />
contra a manutenção das tropas<br />
no Oriente Médio, Cameron<br />
teve que se desdobrar em<br />
justificativas para manter a<br />
guerra.<br />
Após o anúncio da morte do<br />
soldado de número 300, o<br />
novo premiê se saiu com esta:<br />
“Estamos pagando um preço<br />
alto para manter nosso país<br />
seguro, para tornar o nosso<br />
mundo um lugar mais seguro<br />
e devemos continuar a nos perguntar<br />
porque estamos lá e por<br />
quanto tempo deveremos ficar<br />
lá”, disse.<br />
“Estamos lá porque os afegãos<br />
ainda não estão prontos<br />
para manter seu próprio país a<br />
salvo e manter os terroristas e<br />
campos de treinamento de terroristas<br />
fora de seu país”.<br />
“As forças britânicas devem<br />
evacuar assim que o Afeganistão<br />
possa garantir sua<br />
própria segurança”, acrescentou<br />
(BBC, 21/6/2010).<br />
As articulações políticas<br />
promovidas pelo governo do<br />
presidente Hamid Karzai mostram,<br />
pelo contrário, que a justificativa<br />
apresentada pelo governo<br />
britânico é apenas um<br />
pretexto para a manutenção<br />
das tropas no Afeganistão. A<br />
tentativa (fracassada) de corromper<br />
uma parte do Talibã e<br />
incorporar a organização islâmica<br />
extremista ao governo<br />
revela que a disposição do<br />
imperialismo mundial, por trás<br />
da manobra, é viabilizar o<br />
quanto antes a retirada de suas<br />
tropas, por quaisquer meios<br />
que encontre, para evitar que<br />
a crise já instalada em seus próprios<br />
países se acentue.<br />
Apenas em 2010, 55 soldados<br />
britânicos morreram no<br />
Afeganistão. Já é mais da metade<br />
do número de mortos no<br />
ano passado (108) e mais do<br />
que morreram no ano de 2008<br />
Apenas em 2010, 55 soldados britânicos morreram no Afeganistão, mais da metade do número de mortos no ano passado e<br />
mais do que morreram no ano de 2008 inteiro (51).<br />
inteiro (51). Enquanto os soldados<br />
britânicos, norte-americanos<br />
e dos demais países<br />
que compõem a coalizão liderada<br />
pela OTAN continuarem<br />
a morrer no Afeganistão, a<br />
crise está garantida nestes<br />
países. Resta saber por quanto<br />
tempo seus governos vão<br />
sustentar este ônus.<br />
dominação da Indonésia pela<br />
Holanda e da China pelo Japão.<br />
“Países com uma história<br />
de conflitos geralmente não<br />
conseguem resultados benéficos<br />
com a descoberta de riquezas<br />
minerais, mas sim,<br />
mais guerras, corrupção,<br />
menos democracia e mais desigualdade”,<br />
afirmou Terry<br />
Lynn Karl, professor de ciências<br />
politicas na Universidade<br />
de Stanford. Terry cita como<br />
exemplo a Nigéria, que depois<br />
da descoberta do petróleo, se<br />
tornou ainda mais pobre.<br />
Isso ocorreu porque uma<br />
pequena elite do país, vendeu<br />
o petróleo para investidores<br />
internacionais em troca de<br />
migalhas para se manterem no<br />
poder, não trazendo nenhum<br />
benefício à população, que só<br />
conseguiu ser mais explorada.<br />
Atualmente a economia do<br />
país é totalmente dependente<br />
do petróleo e apesar disso<br />
toda a produção é privatizada.<br />
Diante da crescente probreza<br />
no país, que já registra<br />
70% da população abaixo da<br />
linha da pobreza, o governo<br />
apresentou em 2007 um projeto,<br />
declarando que iria se<br />
comprometer em reformar a<br />
economia da Nigéria.<br />
Na época foi apresentado<br />
como principal problema para<br />
o crescimento do país o investimento<br />
em infra-estrutura,<br />
mas como solução o governo<br />
declarou que estava na busca<br />
de parcerias público-privadas<br />
para o “desenvolvimento” do<br />
país.<br />
De acordo com Klare, o<br />
Afeganistão não pode ser<br />
comparado com a Arábia Saudida,<br />
como fez o Pentâgono,<br />
mas sim com o Congo.<br />
Segundo ele o diamante e<br />
cobalto encontrados no país<br />
levaram o Congo à miséria total,<br />
com governos corruptos<br />
e guerras brutais.<br />
O próprio jornal The New<br />
York Times levanta a questão<br />
de quem irá proteger as minas<br />
durante os próximos 20 anos<br />
enquanto a exploração não dá<br />
lucro.<br />
Com isso, os EUA planejam<br />
para o Afeganistão o mesmo<br />
que acontece com o Congo,<br />
Nigéria e outros países oprimidos:<br />
estimular os conflitos<br />
internos para justificar a manutenção<br />
de suas tropas que<br />
vão abrir o caminho para que<br />
as empresas e bancos norteamericanos<br />
e europeus se<br />
apoderem da riqueza natural<br />
do país.<br />
ELEIÇÕES NA COLÔMBIA<br />
Quase 70% da população<br />
rejeitou Juan Manuel<br />
Santos como presidente<br />
A maioria absoluta da população da Colômbia não votou<br />
em Santos e na continuação do estado policial de Uribe.<br />
A maioria esmagadora da<br />
população não compareceu às<br />
urnas no último final de semana.<br />
Mesmo assim, o candidato do<br />
governo se elegeu com uma das<br />
maiores abstenções entre os eleitorados.<br />
Juan Manuel Santos, foi eleito<br />
presidente da Colômbia com<br />
69,05% dos votos, o seu adversário<br />
Antanas Mockus ficou com<br />
27,5%. As eleições foram marcadas<br />
pela presença do exército<br />
nos locais de votação, uma forma<br />
de pressionar e intimidar a<br />
população a votar no candidato<br />
do governo.<br />
Apesar da aparência de uma<br />
vitória arrasadora, os números<br />
absolutos das eleições mostram o<br />
verdadeiro fracasso por trás da<br />
vitória do candidato de Uribe. Do<br />
total de eleitores, 30 milhões,<br />
apenas 13,5 milhões foram votar,<br />
menos da metade. Os números<br />
são maiores se considerarmos a<br />
população como um todo. No<br />
caso da Colômbia, dos 44 milhões<br />
de habitantes, 14 milhões não são<br />
eleitores e não votam em ninguém.<br />
O número total, somado às abstenções,<br />
é de quase 30,5 milhões<br />
de pessoas que não elegeram<br />
Santos a presidente. O resultado<br />
é que a maioria absoluta da população<br />
da Colômbia não votou em<br />
Santos e na continuação do estado<br />
policial de Uribe.<br />
Com a vitória fraudulenta de<br />
Santos, o imperialismo norteamericano<br />
garantiu sua presença<br />
na América Latina. “A vitória do<br />
Sr. Santos, para os economistas,<br />
aponta para a continuidade<br />
nas relações da Colômbia com<br />
os Estados Unidos, que prevê ao<br />
país centenas de milhões de<br />
dólares em ajuda de segurança<br />
a cada ano. Sr. Santos, como o<br />
presidente que sucede Álvaro<br />
Uribe, disse que quer preservar<br />
a posição da Colômbia como<br />
principal aliado de Washington<br />
na América Latina” (The New<br />
York Times, 20/6/2010).<br />
Com isso, o governo norteamericano<br />
quer fazer na America<br />
Latina algo parecido com o<br />
Oriente Médio. A Colômbia seria<br />
uma espécie de Israel, um<br />
país cão-de-guarda para os interesses<br />
do imperialismo na região.<br />
Os alvos seriam os atuais<br />
governos nacionalistas que dominam<br />
a região (Venezuela,<br />
Bolívia, Equador etc.). O próprio<br />
The New York Times revela que<br />
“as ambições de Santos de cultivar<br />
laços estreitos com Washington<br />
irão torná-lo uma espécie<br />
de observador em uma<br />
região que está para ver uma<br />
erosão contínua da influência<br />
norte-americana, e com a China<br />
aumentando o seu representação<br />
no hemisfério e no Brasil,<br />
potência em ascensão na América<br />
Latina, amplia o seu alcance<br />
político e econômico” (idem)<br />
Assim como no Afeganistão e<br />
no Iraque, onde a “ordem” é<br />
mantida sob a ocupação militar<br />
norte-americana, o presidente<br />
escolhido pelo imperialismo só<br />
pode ser imposto por meio da fraude<br />
e da manipulação da vontade<br />
do eleitorado. A eleição de Juan<br />
Manuel Santos é o símbolo da<br />
fraqueza do imperialismo e de seus<br />
prepostos na América Latina.
27 DE JUNHO DE 2010 CAUSA OPERÁRIA ENTREVISTA DA SEMANA A20<br />
DIREITO DE GREVE NA USP<br />
“Enfraquecer a resistência do movimento<br />
sindical como forma de facilitação de<br />
um projeto de privatização”<br />
Causa Operária entrevista Jorge Luiz Souto Maior, jurista e professor livre<br />
docente de direito do trabalho brasileiro na USP sobre o ataque ao direito<br />
de greve dos funcionários da universidade<br />
Causa Operária – Do ponto<br />
do direito do cidadão, o que<br />
significa a suspensão dos salários<br />
dos funcionários da<br />
Universidade de São Paulo<br />
em greve?<br />
Jorge Luiz Souto Maior –<br />
Representa para eles a desconsideração<br />
de serem titulares de<br />
um direito. Do direito de fazerem<br />
greve para defesa de seus<br />
interesses. Quando você exclui<br />
destas pessoas o salário, na<br />
verdade está sendo excluída a<br />
greve como um direito porque<br />
elas teriam que se sacrificar do<br />
ponto de vista da sua própria<br />
sobrevivência, porque o salário<br />
é de natureza alimentar para<br />
poder fazer a greve. Então a<br />
greve deixa de ser um direito e<br />
passa a ser um ato de sacrifício<br />
ou um ato de heroísmo e na<br />
verdade não é. É meramente o<br />
exercício de um direito.<br />
Causa Operária – Os trabalhadores<br />
podem contestar o<br />
contrato de trabalho com o<br />
seu patrão por lei?<br />
Jorge Luiz Souto Maior –<br />
Sim. A greve é um mecanismo<br />
que os trabalhadores têm para<br />
poder conseguir junto ao seu<br />
empregador a melhoria da condição<br />
de trabalho. É o meio democrático<br />
de manifestação,<br />
porque sem este meio de diálogo,<br />
de livre reivindicação,<br />
meramente um pedido digamos<br />
assim, o empregador naturalmente<br />
tende a não acatar,<br />
porque ele está na posição cômoda<br />
de quem tem os meios de<br />
produção e o poder econômico.<br />
Então ele simplesmente<br />
pode não conceder ou não<br />
aceitar a reivindicação dos trabalhadores<br />
e pronto. O único<br />
meio que os trabalhadores têm<br />
para que este diálogo mude a<br />
favor deles é o exercício da<br />
greve, dizer que não trabalha<br />
mais enquanto o empregador<br />
não quiser discutir com eles e<br />
negociar as condições de trabalho.<br />
Causa Operária – A medida<br />
que pedia a reintegração<br />
dos prédios contra os piquetes<br />
da greve já era uma forma de<br />
impedir a livre organização<br />
dos trabalhadores. Existe alguma<br />
lei sobre esta atividade<br />
de greve?<br />
Jorge Luiz Souto Maior –<br />
O piquete se insere dentro do<br />
contexto da greve. É um mecanismo<br />
para o convencimento<br />
dos outros trabalhadores<br />
que muitas vezes tem medo de<br />
aderir a greve. É um mecanismo<br />
que convence os outros a<br />
aderirem o movimento de greve.<br />
E muitas vezes, o piquete<br />
não é nem uma forma de convencimento,<br />
mas é uma forma<br />
que os trabalhadores encontram<br />
para que aqueles trabalhadores<br />
que querem fazer a greve,<br />
mas tem medo da represá-<br />
Jorge Luiz Souto Maior.<br />
lia e do que pode acontecer<br />
com ele em termos de contrariedade<br />
do empregador, tenha<br />
o argumento de dizer “olha, eu<br />
até quis ir trabalhar, mas fui<br />
impedido pelo sindicato, pelo<br />
movimento grevista”. Então é<br />
uma forma, uma estratégia<br />
importante para que mais trabalhadores<br />
pensem na greve<br />
sem se submeterem ao risco<br />
de represália por parte do<br />
empregador. Faz parte do<br />
exercício da greve a realização<br />
do piquete. E também é uma<br />
manifestação democrática.<br />
Não se fala de piquete como<br />
forma de atacar fisicamente as<br />
outras pessoas ou de destruir<br />
o patrimônio alheio. Piquete é<br />
uma forma de manifestação e<br />
uma forma de impedir que os<br />
trabalhadores não estão em<br />
greve trabalhem. O que os<br />
empregadores acabam utilizando<br />
é um mecanismo jurídico<br />
chamado “interdito proibitório”<br />
que serve para desobstruir<br />
o acesso a uma propriedade<br />
privada. Mas este “interdito<br />
proibitório” geralmente é<br />
um mecanismo jurídico que<br />
serve para finalidade rurais<br />
para desocupações de terras<br />
ou no sentido de proprietários<br />
que tiveram atividades obstruídas<br />
por “invasores”, digamos<br />
assim.<br />
No caso das relações de trabalho<br />
não deveria ser posto<br />
desta forma porque os trabalhadores<br />
não são invasores e<br />
fazem parte do contexto produtivo<br />
e neste sentido, o trabalho<br />
a ele pertence também.<br />
Eles são parte integrante do<br />
local de trabalho. Estar no<br />
local de trabalho, não trabalhando<br />
e dificultando o procedimento<br />
da atividade produtiva,<br />
no sentido da realização de<br />
piquetes, não constitui um ato<br />
de invasão, constitui ao ato<br />
pertinente ao ato de greve por<br />
pessoas que são parte daquele<br />
contexto produtivo e não de<br />
invasores.<br />
Causa Operária – Em sua<br />
opinião, qual o objetivo do<br />
Rodas ao quebrar a isonomia<br />
do reajuste salarial entre professores<br />
e funcionários e agora<br />
cortar os salários dos trabalhadores<br />
em greve?<br />
Jorge Luiz Souto Maior –<br />
Não dá para vislumbrar qual<br />
foi a idéia que ele teve com a<br />
quebra da isonomia e qual o<br />
propósito exatamente. O que<br />
não dá, diante de qualquer propósitos,<br />
é para concordar com<br />
a medida. Porque existem dados<br />
históricos da vinculação<br />
do ponto de vista salarial dos<br />
servidores e professores. E<br />
quebrar esta regra de uma<br />
hora para outra é uma coisa<br />
com a qual não se pode concordar<br />
em hipótese nenhuma.<br />
Até porque no grau de importância,<br />
servidores e professo-<br />
são.<br />
res, todos eles trabalham<br />
juntos e todos eles têm a<br />
mesma representação<br />
para a universidade. Os<br />
professores dão aula,<br />
mas não conseguiriam<br />
dar as suas aulas sem o<br />
apoio dos servidores. O<br />
contexto educacional é<br />
todo um só. Não pode<br />
haver esta divisão. Em<br />
algum momento surgiu<br />
esta divisão em professores<br />
e servidores na<br />
universidade. Do meu<br />
ponto de vista é totalmente<br />
injustificado. Os<br />
professores são também<br />
servidores. E num contexto<br />
mais amplo, todos<br />
são funcionários públicos,<br />
mesmo exercendo<br />
atividades distintas. Não<br />
vejo razão alguma para<br />
esta quebra da isonomia.<br />
Muito pelo contrário,<br />
deve haver um tratamento<br />
isonômico cada vez<br />
maior, entre professores<br />
e servidores. No contexto<br />
de serem considerados<br />
todos servidores públicos<br />
que efetivamente<br />
Causa Operária – Sobre a<br />
aprovação pelo STF de medida<br />
visando proibir as greves<br />
nos chamados serviços essenciais,<br />
o senhor considera que<br />
é também uma restrição do<br />
direito de greve?<br />
Jorge Luiz Souto Maior –<br />
O que o STF decidiu é que se<br />
aplica a “lei de greve” aos servidores<br />
públicos. Isso em certa<br />
medida pode representar<br />
uma restrição ao direito de greve,<br />
se a lei for mal interpretada<br />
e mal aplicada e a mim é o<br />
que parece estar acontecendo.<br />
As pessoas querem ver na lei<br />
de greve mais uma limitação ao<br />
direito de greve que propriamente<br />
um regramento da garantia<br />
ao exercício do direito<br />
do direito de greve. E o que a<br />
Constituição prevê concretamente<br />
é que existe o direito de<br />
greve e que este será garantido<br />
nos termos da lei. Então a<br />
lei deve vir para garantir o exercício<br />
do direito de greve e não<br />
para inviabilizar o direito.<br />
Quando a lei diz que o contrato<br />
de trabalho fica suspenso, o<br />
que se deve entender é que esta<br />
garantia foi ali posta como forma<br />
de dizer que o empregador<br />
não pode fechar o contrato de<br />
trabalho dos trabalhadores que<br />
estejam em greve. Mas as<br />
pessoas, como lêem a lei de<br />
forma equivocada, entendendo-a<br />
como uma forma de limitação<br />
ao direito de greve, querem<br />
ver estes dispositivos<br />
como “suspensão do contrato<br />
de trabalho”, o fato de que o<br />
empregador fica desobrigado<br />
a pagar salário durante o período<br />
de greve. É uma forma de<br />
olhar um dispositivo para fora<br />
da finalidade em que a lei deveria<br />
atender, que seria garantir<br />
o exercício de greve. A decisão<br />
do SFT por si não é limitadora<br />
do direito de greve, mas<br />
ela passa a ser na medida em<br />
que esta lei que regula a greve<br />
for mal interpretada e mal aplicada.<br />
E infelizmente é o que<br />
tem ocorrido até o presente<br />
momento. O que nós estamos<br />
tentando reformular é a interpretação<br />
desta lei sob uma<br />
perspectiva de que ela seja garantidora<br />
do direito de greve<br />
e não limitadora, como até<br />
pouco tempo ela tem sido interpretada<br />
e aplicada.<br />
Causa Operária – Em<br />
2007, o STF autoriza a contratação<br />
de servidores por três<br />
meses podendo ser prorrogado.<br />
Ele está autorizando a<br />
substituição dos trabalhadores<br />
paralisados a partir do décimo<br />
dia de greve e ainda<br />
permitindo a instauração de<br />
processo administrativo coletivo<br />
para demitir grevistas<br />
rapidamente, sem a garantia<br />
de direitos?<br />
Jorge Luiz Souto Maior –<br />
O Supremo Tribunal Federal<br />
decidiu em um processo que<br />
a lei para os funcionários de<br />
empresas privadas seria aplica<br />
aos funcionários públicos.<br />
Em atividades essenciais o<br />
que a lei estabelece é que o<br />
empregador e o sindicato devem<br />
estabelecer e garantir a<br />
manutenção das atividades<br />
essenciais, isso compete ao<br />
empregador e ao sindicato diante<br />
um comum acordo. O<br />
sindicato vai negociar com o<br />
empregador os trabalhadores<br />
que vão continuar trabalhando<br />
e qual o percentual necessário<br />
para as atividades essenciais<br />
sejam preservadas.<br />
Mas isso quem define, nos<br />
termos da lei, são os trabalhadores.<br />
O empregador não<br />
pode falar “olha, quero que<br />
tantos por cento esteja em atividade”<br />
ou mesmo o judiciário<br />
“é importante que se mantenha<br />
tantos por centro trabalhando”.<br />
A definição quanto a<br />
isso também deve ser feita em<br />
comum acordo. O que eu<br />
acho interessante é que eles<br />
usam a lei para limitar o direito<br />
de greve e não percebem<br />
que a própria lei não faz isso.<br />
Ela garante o exercício de<br />
greve e não obriga os trabalhadores<br />
a realizarem o trabalho<br />
a partir da visão unilateral do<br />
empregador ou até mesmo a<br />
visão do judiciário a respeito<br />
do assunto. A lei obriga os trabalhadores<br />
à prestação de serviço,<br />
mas a partir de um comum<br />
acordo com seu empregador.<br />
A lei propriamente não permite<br />
isso. Existe uma interpretação<br />
equivocada de achar<br />
que em atividades essenciais<br />
o empregador ou o judiciário<br />
podem obrigar os trabalhadores<br />
em greve a prestação de<br />
serviço. Não podem. O que a<br />
lei diz é que o sindicato deve<br />
negociar com o empregador<br />
como esta atividade será exercida.<br />
Claro que se o sindicato<br />
se negar a negociação, se os<br />
sindicatos não fornecerem<br />
meios para executar as atividades<br />
essenciais, aí sim a lei<br />
permite a contratação de trabalhadores<br />
para execução daqueles<br />
serviços específicos<br />
para um período determinado.<br />
Mas isso só depois de ultrapassada<br />
a possibilidade de negociação<br />
junto ao trabalhador.<br />
O que tem havido normalmente<br />
é isso se põe sem negociação<br />
nenhuma. É como se os<br />
trabalhadores em greve, pelo<br />
simples fato de estarem em<br />
greve, tivessem efetivando<br />
um ato ilícito. Mas eles não<br />
estão cometendo um ato ilícito.<br />
Estão no exercício pleno e<br />
regular do seu direito.<br />
Causa Operária - Isso não<br />
significa que o STF está legislando<br />
em lugar do Congresso<br />
Nacional?<br />
Jorge Luiz Souto Maior –<br />
Eu acho que não. O Supremo<br />
Tribunal Federal ao considerar<br />
que a lei se aplica aos servidores<br />
considerou um princípio<br />
de direito que é o preenchimento<br />
de uma lacuna por<br />
analogia. Considerando que<br />
se não há uma lei que regula,<br />
se aplicará uma lei existente<br />
que regula uma situação que é<br />
parecida e que, portanto, poderia<br />
regular esta mesma situação.<br />
Não vejo nenhum mal<br />
nesta decisão do Supremo. O<br />
pior de tudo é como esta lei<br />
tem sido aplicada. Isso para<br />
mim parece equivocado. A lei<br />
tem sido aplicada erroneamente.<br />
Mas não pelo Supremo,<br />
mas pela jurisprudência em<br />
geral. A esperança que se tem<br />
é que o Supremo aplicando<br />
esta lei comece a reverter este<br />
quadro vendo nela lei mais<br />
uma garantia do exercício do<br />
direito de greve do que uma<br />
mera limitadora deste direito<br />
de greve. Se não fizer isto, a<br />
critica ao Supremo terá maior<br />
sentido, mas por enquanto<br />
pelo menos na minha visão, o<br />
Supremo pode ser isentado de<br />
uma culpa plena sobre o problema.<br />
O problema maior está<br />
nos tribunais, na jurisprudên-<br />
cia dos tribunais que tem mal<br />
aplicado e mal interpretado<br />
esta lei 7.783/89. Não estou<br />
dizendo que o Supremo vá<br />
seguir o mesmo caminho, até<br />
pode ser que sim, mas por enquanto<br />
como não se posicionou<br />
nestes aspectos postos<br />
por estas discussões sobre o<br />
desconto efetivo durante a<br />
greve, sobre o percentual<br />
para o trabalho essencial, a<br />
negociação com os trabalhadores,<br />
por enquanto temos<br />
que esperar para saber qual<br />
será mesmo a posição do<br />
Supremo para aí sim efetuar<br />
ou não uma crítica ao seu posicionamento.<br />
Causa Operária - A ausência<br />
do direito de greve é característica<br />
de um governo<br />
totalitário. Quais os mecanismos<br />
utilizados hoje para<br />
impedir este direito?<br />
Jorge Luiz Souto Maior –<br />
Ameaças de trabalhadores<br />
que participam da greve, mecanismos<br />
de intervenção do<br />
judiciário que obrigam os trabalhadores<br />
a voltarem ao trabalho.<br />
Existe todo um aparato<br />
jurídico estabelecido para<br />
limitar o direito de greve. Mas<br />
isso não necessariamente em<br />
regimes autoritários, pode ser<br />
em regimes tidos como democráticos<br />
em que a lei mal<br />
aplicada ao invés de servir ao<br />
direito de greve, acabar servindo<br />
para limitar o direito de<br />
greve. No regime autoritário<br />
os trabalhadores perdem isso<br />
enquanto direito, é uma ilegalidade<br />
pura e simples. Não se<br />
discute.<br />
Causa Operária – Quais as<br />
conseqüências possíveis para<br />
o reitor da USP por ter cortado<br />
o salário de pelo menos<br />
1.600 trabalhadores?<br />
Jorge Luiz Souto Maior –<br />
Do ponto de vista jurídico nenhuma<br />
conseqüência pessoal<br />
pelo exercício desta ação. Ele<br />
dirá que está respaldado por<br />
uma jurisprudência, respaldado<br />
em um entendimento jurídico<br />
e que, portanto, lhe confere<br />
certa razoalibidade para<br />
agir desta forma. Do ponto de<br />
vista político sim, o desgaste<br />
pode ser muito grande na<br />
medida em que ele atrai para<br />
si a responsabilidade pela realização<br />
de um gravame muito<br />
grande para diversas pessoas.<br />
Sem benefício nenhum<br />
para a instituição. Muito pelo<br />
contrário, pode desgastar<br />
completamente a instituição e<br />
as pessoas que estão nela<br />
envolvida. Conseqüentemente<br />
isso pode representar um<br />
desgaste político muito grande<br />
para a pessoa dele. Mas do<br />
ponto de vista jurídico, o ato<br />
por si só não representaria em<br />
primeiro plano nenhum efeito<br />
específico pessoal.<br />
Causa Operária – Quais<br />
recursos os trabalhadores<br />
possuem para se defender<br />
desta arbitrariedade?<br />
Jorge Luiz Souto Maior –<br />
Eles podem deixar o processo<br />
na justiça do trabalho com<br />
a declaração da legalidade da<br />
greve a regularidade do seu<br />
exercício, dizendo que a greve<br />
tem um fundamento jurídico<br />
preciso e legítimo que é a<br />
recuperação da isonomia que<br />
ficou perdida por um ato ilegal<br />
do empregador, no caso a<br />
universidade e diante da legalidade<br />
do movimento, a razoabilidade<br />
e da juridicidade da<br />
sua reivindicação e por conseqüência<br />
a arbitrariedade do<br />
outro lado com o desconto do<br />
seu salário pode, portanto,<br />
pedir o imediato pagamento<br />
do salário dos dias parados,<br />
pedindo a tutela antecipada de<br />
caráter urgente para que se<br />
garanta a eles o legítimo direito<br />
de greve conforme existe<br />
na Constituição. Tem estes<br />
mecanismos jurídicos, que<br />
existem também em tese.<br />
Existem processualmente,<br />
mas não significa dizer que o<br />
judiciário dará esta resposta<br />
afirmativamente a pretensão<br />
deles. Talvez o tempo em que<br />
eles têm este remédio para<br />
buscar o recebimento do seu<br />
salário. Com o risco de que o<br />
judiciário entenda diferente<br />
disso que estou manifestando<br />
e dizer “não, o desconto de<br />
salário está correto, porque o<br />
contrato está suspenso” e<br />
aquela coisa toda que pode<br />
ser que o judiciário volte a<br />
dizer. O mecanismo é esse do<br />
ponto de vista jurídico. Do<br />
ponto de vista do movimento,<br />
tem que fazer o que em geral<br />
os grevistas sofridos do País<br />
aprenderam a fazer: que é fazer<br />
fundos, pedidos de solidariedade<br />
para que a sociedade<br />
e as outras pessoas acabem<br />
contribuindo para que eles<br />
possam receber uma forma de<br />
sobrevivência enquanto fazem<br />
a greve. Mesmo esta jurisprudência<br />
que acaba negando<br />
aos trabalhadores o salário<br />
enquanto a greve é exercida,<br />
acaba chegando à conclusão<br />
de que o empregador<br />
deve pagar aos trabalhadores<br />
os dias parados, considerando<br />
que a greve foi legítima.<br />
Mas para dizerem isso depois,<br />
impõem ao trabalhador durante<br />
um grande período um<br />
grande sacrifício que muitas<br />
vezes acaba desgastando o<br />
movimento e muitas vezes<br />
acaba destruindo a força dos<br />
trabalhadores. São mecanismos<br />
que não são muito garantidos.<br />
Causa Operária – Em sua<br />
opinião, esta medida pode ser<br />
considerada uma tentativa de<br />
desmantelar a organização<br />
sindical dos funcionários da<br />
USP?<br />
Jorge Luiz Souto Maior –<br />
Certamente o corte de salários<br />
é para enfraquecer o movimento,<br />
expor o movimento a<br />
um sacrifício grande em que<br />
muitos acabam voltando a trabalhar<br />
e os que não voltam<br />
acabam fazendo um sacrifício<br />
de ordem pessoal muito grande,<br />
tentanto ganhar com isso,<br />
na resistência, enquanto que o<br />
empregador não tem muito o<br />
que perder. Sobretudo quando<br />
nós pensamos num ente público<br />
que não tem muito a perder<br />
com a greve se demorando,<br />
então ele vai impondo aos trabalhadores<br />
um sacrifício de<br />
ordem pessoal que eles acabam<br />
favorecendo no embate<br />
dos interesses. Ao contrário,<br />
por exemplo, de uma empresa<br />
privada que precisa produzir,<br />
vender e acaba também do<br />
ponto de vista econômico sentindo<br />
os efeitos da greve. Isto<br />
não ocorrendo na entidade de<br />
serviço público, o corte de salário<br />
acaba sendo uma atitude<br />
brutal e destruidora porque o<br />
ente público trabalha com esta<br />
lógica, sem muita necessidade<br />
do ponto de vista econômico,<br />
o tempo é favorável. Ainda<br />
mais se tiver uma decisão judicial,<br />
obrigando os trabalhadores<br />
a religação de serviços.<br />
Seja um percentual de serviços<br />
ou contratação de trabalhadores<br />
para a realização destes<br />
serviços. Acaba que o ente público<br />
não é suficientemente<br />
pressionado pela greve e os<br />
únicos que sofrem com a greve<br />
são os trabalhadores. Isso<br />
coloca a greve como um sacrifício<br />
e não como um efetivo<br />
direito.<br />
Causa Operária – Rodas<br />
publicou recentemente um<br />
artigo falando da privatização<br />
da USP e da necessidade<br />
de “modernização” da universidade.<br />
O Senhor faz uma<br />
relação com estes ataques sofridos<br />
pelos funcionários com<br />
a perda da isonomia e o corte<br />
de salários por causa da greve?<br />
Jorge Luiz Souto Maior –<br />
Claro que uma coisa está ligada<br />
a outra: enfraquecer a resistência<br />
do movimento sindical<br />
como forma de facilitação de<br />
um projeto de privatização.<br />
Ainda mais acusando o modelo<br />
atual, a existência de servidores<br />
públicos, como um empecilho<br />
a modernidade. Jogando<br />
a opinião pública contra<br />
os servidores. É uma estratégia<br />
privatizante. Não tenho<br />
a menor dúvida. Mas é<br />
preciso resistir.