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O QUE O IMPERIALISMO QUER? - PCO

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SEMANáRIO NACIONAL OPERáRIO E SOCIALISTA<br />

CAUSA OPERÁRIA<br />

WWW.<strong>PCO</strong>.ORG.BR/CAUSAOPERARIA • FUNDADO EM JUNHO DE 1979 • ANO XXXI • Nº 592 • DE 27 DE JUNHO A 3 DE JULHO DE 2010 • SP, MG E RJ R$ 4,00 • DEMAIS ESTADOS R$ 5,00<br />

ELEIçõES 2010<br />

O <strong>QUE</strong> O <strong>IMPERIALISMO</strong> <strong>QUE</strong>R?<br />

Na última semana, declarações<br />

de órgãos de imprensa internacionais<br />

e representantes<br />

do mercado financeiro norte-<br />

-americano, em sondagem<br />

sobre as eleições no Brasil,<br />

deixaram claro o posicionamento<br />

dos principais agentes<br />

do imperialismo sobre como<br />

querem que seja o próximo<br />

governo no País.<br />

O PT garantiu a representantes<br />

de banco norte-americano<br />

Merrill Lynch que<br />

Dilma Rousseff irá satisfazer<br />

os interesses dos capitalistas<br />

internacionais. Já a rede norte-<br />

-americana CNN fez ressalvas<br />

quanto à economia do governo<br />

do PT, mas diz que Brasil<br />

não deve virar uma Venezuela<br />

com a vitória de Dilma.<br />

As divergências do imperialismo<br />

quanto às candidaturas<br />

do PT e do PSDB são<br />

apenas pontuais. Assim, os<br />

agentes financeiros internacionais<br />

reafirmam que os<br />

dois candidatos, no essencial,<br />

representam os mesmos<br />

interesses dos banqueiros<br />

internacionais, apenas com<br />

uma mudança de tonalidade.<br />

Página A5<br />

ELEIçõES 2010<br />

INTERNACIONAL<br />

O general responsável pelas tropas no Afeganistão foi<br />

afastado do cargo na última semana.<br />

OS EUA E A gUERRA NO AfEgANISTãO<br />

A crise na cúpula<br />

Declarações feitas pelo general Stanley McChrystal à imprensa<br />

comprometeram a confiança do governo Obama em<br />

seu trabalho levam a uma nova mudança na direção prática da<br />

guerra. Página A17<br />

NESTA EDIçãO:<br />

“O general em retirada”:<br />

algumas das declarações que<br />

levaram à demissão do general<br />

Página A17<br />

AfEgANISTãO:<br />

A “ARÁbIA SAUDITA DO LíTIO”?<br />

Não, se depender do imperialismo<br />

Página A18<br />

Representantes dos banqueiros internacionais se declaram satisfeitos com as eleições no Brasil antes mesmo da votação.<br />

ATO E JANTAR DãO INíCIO à CAMPANHA<br />

ELEITORAL DO PARTIDO DA CAUSA OPERÁRIA<br />

<strong>PCO</strong> lança candidaturas<br />

para organizar a luta por um<br />

partido operário e socialista<br />

A tarefa central é a construção do<br />

partido operário e revolucionário. Páginas A10 a A15<br />

ECONOMIA<br />

EUA<br />

Obama apela<br />

para países em<br />

crise continuarem<br />

sustentando<br />

capitalistas e<br />

banqueiros<br />

O presidente norte-americano<br />

pediu a manutenção dos<br />

planos econômicos de “austeridade”,<br />

pois a crise ainda não<br />

está no fim. Página A8<br />

SEgUNDO CADERNO<br />

ESPECIAL:<br />

O DESPERTAR DA<br />

LITERATURA NEgRA<br />

AIMÉ CÉSAIRE,<br />

O MOVIMENTO<br />

NEgRITUDE E<br />

A LITERATURA<br />

NEgRA NA<br />

MARTINICA<br />

Dando continuidade à série sobre a literatura negra, apresentamos<br />

nesta edição a obra do poeta martinicano que foi<br />

uma das personagens centrais da literatura negra do século<br />

XX: Aimé Césaire.<br />

ENTREVISTA DA SEMANA<br />

JORgE LUIz SOUTO MAIOR<br />

fALA SObRE A gREVE NA USP<br />

“Não vejo razão alguma para a<br />

quebra da isonomia”<br />

Causa Operária entrevista Jorge Luiz Souto Maior, jurista e professor<br />

livre docente de direito do trabalho brasileiro na USP sobre o ataque<br />

ao direito de greve dos funcionários da universidade. Página A20<br />

MOVIMENTO<br />

OPERÁRIO<br />

ELEIçõES NO<br />

CORREIO DE<br />

CAMPINAS<br />

Ecetistas em<br />

Luta lança<br />

chapa contra a<br />

privatização da<br />

ECT, fortalecendo<br />

o combate contra<br />

a política traidora<br />

da direção da<br />

fentect<br />

Página A10<br />

MOVIMENTO ESTUDANTIL<br />

SObRE O MANIfESTO DOS Ex-REITORES<br />

O ataque aos movimentos de luta<br />

é a defesa da privatização da USP<br />

Na defesa da privatização da USP, ex-reitores publicam manifesto<br />

de apoio à repressão à greve e à ocupação da reitoria.<br />

Página A14<br />

fUNCIONÁRIOS DA USP<br />

Os trabalhadores não devem aceitar<br />

a quebra da isonomia Página A13<br />

NACIONAL<br />

ELDORADO DOS<br />

CARAJÁS<br />

STf suspende<br />

julgamento de<br />

responsável por<br />

massacre de<br />

sem-terra<br />

O coronel da Polícia Militar,<br />

Mário Colares Pantoja, implicado<br />

no caso, pede a nulidade<br />

do processo que o condenou a<br />

228 anos de prisão pela morte<br />

de 19 sem-terra. Página A7<br />

ENCHENTE EM<br />

PERNAMbUCO E<br />

ALAgOAS<br />

Uma tragédia<br />

anunciada<br />

Página A6<br />

MATO gROSSO<br />

DO SUL<br />

Juízes decidem<br />

pela expulsão<br />

de seis mil<br />

trabalhadores de<br />

assentamento em<br />

favor de empresa<br />

estrangeira<br />

Página A7


CAUSA<br />

OPERÁRIA <br />

Crise assola governo Obama<br />

Afastamento do general Stanley McChrystal, responsável pelas<br />

tropas norte-americanas no Afeganistão, aprofunda a crise no<br />

governo Obama <br />

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<br />

19 SÁB<br />

22 TER<br />

©<br />

25 SEX<br />

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<br />

ACONTECEU NA ÚLTIMA SEMANA<br />

<br />

O general Stanley McChrystal, comandante das tropas norte-americanas e da<br />

OTAN (Organização do Atlântico Norte) no Afeganistão pediu demissão do<br />

<br />

cargo.<br />

Inundações atingem o Sul da China e<br />

causam mais de 175 mortes<br />

Chuvas inundam interior de Alagoas e<br />

Pernambuco deixando mais de 50 mortos.<br />

Trabalhadores da cidade de Chittagong<br />

protestam contra fraude nas eleições<br />

queimando veículos e obrigando o<br />

governo a intervir com o exército.<br />

20 DOM 21 SEG <br />

23 QUA<br />

<br />

<br />

24 QUI<br />

<br />

<br />

Reitor-interventor Rodas não negocia<br />

com os funcionários que mantém greve.<br />

Soldados vasculham as casas no<br />

Quirguistão para tentar conter o conflito<br />

entre as etnias quirguizes e usbeques.<br />

Trabalhadores gregos realizam greve contra a<br />

reforma trabalhista e outras medidas do plano<br />

de austeridade e fazem piquete em porto de<br />

Atenas paralisando as embarcações.<br />

CAUSA OPERÁRIA<br />

Fundado em junho de 1979 ¡¢£¤¥¦§¨©©¦¢¥¦©©¨©¦¡¤¦©¨<br />

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27 DE JUNHO 2010 CAUSA OPERÁRIA A3<br />

Editoriais<br />

Editoriais<br />

Serra e a crise da direita<br />

O governo<br />

de José Serra-Alberto Goldman continua en<br />

frentando uma série de mobilizações no estado de São<br />

Paulo. Após a ocupação da reitoria da USP promovida<br />

por estudantes e funcionários e também a ocupação do<br />

Fórum João Mendes pelos trabalhadores do judiciário, outras manifestações<br />

começam a acontecer.<br />

Cerca de 250 trabalhadores e estudantes da USP realizaram um<br />

ato no último dia 17, fechando o portão principal da USP desde às<br />

6h30 da manhã. Trabalhadores e estudantes protestam contra a<br />

perseguição aos grevistas e contra o corte de ponto promovido pelo<br />

reitor indicado por Serra, João Grandino Rodas, que não depositou<br />

o salário de mais de 1.500 trabalhadores como retaliação à greve<br />

que chega aos 50 dias e à ocupação da reitoria que chegará à sua<br />

terceira semana.<br />

Já os trabalhadores do Judiciário, que fazem greve desde o dia<br />

28 de abril exigindo reajuste de 20% dos salários, deverão manter<br />

a paralisação. Uma audiência de conciliação entre grevistas e o<br />

Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, realizada na quintafeira,<br />

dia 17, terminou sem qualquer acordo.<br />

Além de reajuste salarial, os trabalhadores exigem melhores<br />

condições de trabalho e a suspensão da Resolução 520, que impõe<br />

descontos aos salários dos trabalhadores em greve.<br />

Juntando-se aos trabalhadores do judiciário, estudantes e trabalhadores<br />

da USP, os trabalhadores sem-teto organizaram um pro-<br />

testo fechando duas vias do Rodoanel.<br />

Cerca de 400 manifestantes do Movimento dos Sem-Teto, ligados<br />

ao MTST, interditaram os dois sentidos do Rodoanel Sul, na altura<br />

do quilômetro 47, em Osasco, na Grande São Paulo, contra a aprovação<br />

de reintegração de posse no bairro Marabá, em Taboão da Serra.<br />

Se colocada em prática a reintegração irá atingir 900 famílias<br />

(mais de 4 mil pessoas) que integram a Ocupação Che Guevara,<br />

montada há cerca de dois meses.<br />

Segundo o MTST, Serra havia declarado em 2007 que iria construir<br />

moradias para as famílias sem-teto de Taboão da Serra, Embu<br />

e Itapecerica da Serra, o que levou as famílias a organizarem a<br />

ocupação.<br />

As mobilizações em São Paulo, que representam um grande<br />

desgaste para o governo Serra, candidato pelo PSDB às eleições<br />

presidenciais, é uma expressão da crise geral da direita. É um golpe<br />

duro contra a direita cuja perspectiva com a candidatura de José<br />

Serra é que não haja a completa dispersão de seus partidos em crise.<br />

Os trabalhadores têm como tarefa aprofundar esta crise. Para<br />

tanto, devem ampliar sua mobilização, se unificar contra o governo<br />

Serra e contra sua política pró-imperialista e antioperária.<br />

Os trabalhadores e estudantes devem colocar este governo contra<br />

a parede por meio de sua unificação e a ampliação do movimento<br />

de greve e da mobilização com a pressão cada vez maior contra<br />

o governo.<br />

Lei antifumo e lei seca: um primeiro balanço<br />

Após dez meses da aprovação da Lei Antifumo em São Paulo<br />

e sua extensão para diversas cidades do país, e dois anos<br />

após a aprovação da Lei Seca nacionalmente, dados do<br />

próprio Ministério da Saúde mostram que as leis restritivas não têm<br />

qualquer eficiência para reduzir o número de usuários de cigarros<br />

e bebidas.<br />

Segundo relatório publicado na segunda-feira, dia 21, a porcentagem<br />

de brasileiros que fumam passou de 16,2% em 2006,<br />

para 15,5% em 2009, uma redução ínfima. Entre as mulheres não<br />

houve qualquer queda. O Instituto Nacional de Câncer (Inca),<br />

divulgou relatório que mostra que a redução de fumantes entre<br />

as mulheres no País foi significativamente inferior à dos homens,<br />

quase zero.<br />

Já o índice dos que assumem o abuso de bebidas alcoólicas subiu<br />

de 16,2% para 18,9% no mesmo período.<br />

Os índices só comprovam que as leis restritivas têm como único<br />

objetivo reprimir a população, já que a burguesia é consciente de<br />

Desastres: Governos burgueses são os<br />

verdadeiros responsáveis<br />

Segundo dados da ONG Contas Abertas, o estado de Ala<br />

goas, que foi o centro das enchentes que se iniciaram na<br />

última semana, não recebeu verbas dos programas de<br />

prevenção de desastres criado pelo governo federal. Já os repasses<br />

para o estado de Pernambuco, segundo mais atingido pelas<br />

enchentes, correspondem a 0,24%<br />

(R$ 172 mil) do montante.<br />

Este não é um problema restrito a<br />

Alagoas e Pernambuco, mas corres- Char<br />

Char<br />

ponde a um corte geral nos gastos<br />

destinados à prevenção de desastres.<br />

De 2004 a 2009, a verba destinada<br />

seria de R$ 933 milhões do Orçamento<br />

da União, dos quais apenas R$ 357<br />

milhões foram repassados.<br />

Neste período, Pernambuco recebeu<br />

8,9% do total, enquanto Alagoas<br />

teve direito a apenas 0,3% de toda a<br />

verba.<br />

A verba destinada ao Ministério da<br />

Integração Nacional exclusivamente<br />

para prevenção e preparação para tragédias<br />

climáticas, que já soma reduzidos<br />

R$ 70,5 milhões, não foi repassada,<br />

ou foi distribuída em pequena<br />

quantidade para os estados que vêm<br />

sofrendo com os maiores desastres<br />

estruturais no País.<br />

O Rio, que foi palco de inúmeros<br />

acidentes, como deslizamentos de terras<br />

devido às chuvas de março deste<br />

ano, foi nada menos que o último em<br />

recebimento de verbas para a prevenção<br />

de desastres com R$ 10,6 mil<br />

(0,02%).<br />

Além dos cortes das verbas de<br />

prevenção de acidentes, os critérios<br />

utilizados pelo governo para os repasses<br />

de verbas mostram que está em<br />

último lugar qualquer intenção de<br />

prevenir desastres. O ministério que<br />

controla os repasses, nas mãos do<br />

PMDB, claramente se apoderou das<br />

verbas repassando preferencialmente<br />

para estados onde este partido<br />

possui apadrinhados. Este é o caso da<br />

Bahia, de onde vem o deputado Geddel<br />

Vieira Lima, atual ministro de Integração<br />

Nacional. O estado recebeu<br />

37% do montante repassado para<br />

prevenção de desastres em todo o<br />

País. Geddel Vieira Lima será candidato<br />

ao governo do estado apoiado<br />

pelo atual governador Jaques Wagner<br />

(PT) nas próximas eleições.<br />

É óbvio que a verba destinada à<br />

Bahia também tem como último objetivo,<br />

a prevenção de desastre. Esta<br />

será utilizada, através do conhecido<br />

esquema de “caixa 2”, para engordar<br />

as contas para a realização da campanha<br />

eleitoral do PMDB e do PT.<br />

Os cortes nas verbas e a máfia<br />

estabelecida a partir do Ministério de<br />

Integração Nacional para usar o dinheiro<br />

público nas campanhas eleitorais<br />

são a regra nos governos burgueses,<br />

inimigos da população trabalhadora.<br />

No entanto, graças à crise capitalista<br />

mundial, começa a vir à superfície<br />

os problemas estruturais, pois a<br />

política da burguesia é cortar verbas<br />

e levar os riscos ao limite. Os dados<br />

mostram que as tragédias, como as<br />

Charge e da da semana<br />

semana<br />

que estas leis pouco ou nada influem sobre o uso de substâncias,<br />

o que já foi inclusive constatado no caso das drogas ilegais.<br />

A pergunta que deveria ser feita sempre que os governos tomam<br />

medidas como a proibição ou a restrição de qualquer coisa é: “quem<br />

é o beneficiado?”. No caso da restrição do consumo de tabaco e<br />

bebidas alcoólicas o beneficiado é o próprio governo. O ganho aí<br />

é político. Abrem o caminho para proibir qualquer coisa começando<br />

por aquelas para as quais a justificativa apresentada é mais<br />

“palatável”: a defesa da “saúde”, do “bem-estar”, do “respeito ao<br />

próximo” etc. etc. etc.<br />

O fato de que não houve uma redução no índice de fumantes<br />

ou de pessoas que consomem bebidas alcoólicas deixa evidente que<br />

a lei seca e a lei antifumo têm como único objetivo retirar direitos<br />

mínimos da população, oprimir nos mínimos detalhes a população<br />

de conjunto para que a cassação de direitos democráticos fundamentais,<br />

como o de organização política, o direito de greve etc.,<br />

pareça menos violenta do que realmente é.<br />

ocorridas nas enchentes em todo o País, nos deslizamentos de terras<br />

no Rio e em Santa Catarina, e mesmo durante a crise aérea, em 2007,<br />

são resultado direto dos cortes criminosos dos governos burgueses<br />

contra a classe operária. São estes, portanto, os responsáveis<br />

pelas mortes e pelos milhares de atingidos pelas enchentes.<br />

O <strong>PCO</strong> nas eleições<br />

RUI COSTA PIMENTA<br />

Essas eleições estão claramente dirigidas a eleger Dilma Rousseff<br />

ou José Serra. Ou seja, candidata da máquina estatal ou o candidato<br />

e mais novo porta-voz da direita brasileira, ambos, no entanto, representantes<br />

dos banqueiros, latifundiários e grandes capitalistas.<br />

Apesar disso, elas se dão em um momento muito diferente daquele<br />

em que foi eleito FHC ou Lula. É um período não de derrota<br />

do movimento operário ou de paralisia do mesmo, como aqueles em<br />

que foram eleitos os últimos presidentes, mas um período em que<br />

as grandes massas de trabalhadores dão os primeiros sinais de uma<br />

retomada das suas mobilizações.<br />

As eleições estão marcadas também pela falência dos partidos<br />

burgueses tradicionais, como é o caso do próprio PSDB e do DEM.<br />

Ainda assim e talvez mais do que em outros momentos, é uma eleição<br />

extremamente controlada e completamente antidemocrática.<br />

Para impedir a ascensão de qualquer candidatura que não seja<br />

do esquema tradicional, ou seja, para impedir que a população tenha<br />

qualquer participação efetiva nas eleições, a burguesia por meio do<br />

Tribunal Superior Eleitoral vem usando uma pseudo legislação para<br />

barrar o desenvolvimento de qualquer partido independente, como<br />

é o caso do <strong>PCO</strong>, ou mesmo como meio de barganha entre os grandes<br />

partidos.<br />

As exigências absurdas dos tribunais, a distribuição desigual das<br />

verbas do fundo partidário, do horário eleitoral gratuito e a necessidade<br />

de se gastar bilhões na campanha eleitoral para obter algum<br />

resultado reforçam esse caráter antidemocrático e transformam a<br />

eleição em um processo totalmente controlado por uma oligarquia,<br />

uma camada de poucos privilegiados que dominam o país.<br />

Esse funcionamento fez com que a candidatura presidencial do<br />

nosso partido fosse arbitrariamente impugnada nas últimas eleições.<br />

O despertar da classe operária, do qual são sinais a greve de<br />

professores em São Paulo, dos condutores, do Judiciário, dos Correios<br />

e dos estudantes e funcionários da USP, entre muitas outras, nos<br />

impõe a necessidade de participar nas eleições com o objetivo de<br />

denunciar essa farsa e apresentar a esses setores que despertam para<br />

a luta um programa capaz de responder às suas necessidades.<br />

Outro acontecimento é ainda de extrema importância nessas<br />

eleições, que é o fato de que elas são as primeiras a ocorrer após a<br />

crise capitalista mundial vir à tona. Ou seja, num momento em que<br />

o capitalismo enquanto sistema demonstrou a sua inviabilidade, em<br />

que os governos dos mais diversos países se mostraram dispostos<br />

a rifar toda a população para salvar meia dúzia de banqueiros e em<br />

que, consequentemente, os trabalhadores de todo o mundo vêm<br />

despertando para a luta.<br />

Por isso, o <strong>PCO</strong> vem às eleições defender o direito do trabalhador<br />

do campo à terra, o ensino público e gratuito para todos, o salário<br />

e o emprego do trabalhador, e cada mínima reivindicação deste,<br />

entendendo que este é apenas um ponto de partida para uma luta<br />

mais ampla.<br />

Uma luta pelo fim da propriedade privada, pelo fim da exploração<br />

do homem pelo homem, pelo fim desse sistema que permite que<br />

poucos vivam no luxo enquanto a maioria está na miséria. Ou seja,<br />

pela organização e mobilização coletiva da classe operária para destruir<br />

o poder político da burguesia, por um governo dos trabalhadores<br />

da cidade e do campo e pelo socialismo.<br />

No presente momento, a maior luta travada pela burguesia contra<br />

a classe operária é justamente voltada contra a sua organização<br />

política, pois sabe ser essa uma condição fundamental para a sua<br />

vitória. Por isso está na ordem do dia a luta pela construção de um<br />

partido operário de massas, à qual o <strong>PCO</strong> chama todos os trabalhadores<br />

a se juntarem.<br />

Como Como eles eles disseram...<br />

disseram...<br />

“O papel do jornal não se limita, no entanto, a difundir idéias, a<br />

educar politicamente e a ganhar aliados políticos. O jornal é não só<br />

um propagandista e um agitador coletivo, senão também um organizador<br />

coletivo.<br />

Neste último sentido, pode comparar-se com o andaime levantado<br />

em um edifício em construção, que marca seus contornos, facilita o<br />

contato entre os diversos grupos de operários, ajudando-os a distribuir<br />

as tarefas e a ver o resultado final obtido graças a um trabalho<br />

organizado. Com ajuda do jornal e em relação com ele, se irá formando<br />

por si mesma a organização permanente, que se ocupe não só do<br />

trabalho local, senão do trabalho geral e regular, que acostume seus<br />

membros a seguir atentamente os acontecimentos políticos, a valorizar<br />

os métodos adequados que permitam ao partido revolucionário<br />

influir sobre esses acontecimentos”.<br />

Datas<br />

Datas<br />

Frases ases da da semana<br />

semana<br />

Vladimir Ilitch Lênin, Que Fazer?<br />

27 de junho de 1869<br />

Nascimento de Emma Goldman, uma das fundadoras do moderno<br />

movimento de mulheres (m. 1940).<br />

28 de junho de 1966<br />

Golpe de estado que instaurou a Ditadura na Argentina.<br />

28 de junho de 2009<br />

Manuel Zelaya sofre um golpe de estado em Honduras.<br />

29 de junho de 1958<br />

Brasil ganha sua primeira Copa do Mundo, na Suécia.<br />

1º de julho de 1920<br />

Nasce Amália Rodrigues, fadista portuguesa<br />

1º de julho de 1974<br />

Morre Juan Perón, presidente da Argentina<br />

2 de julho de 1928<br />

Um decreto concede o voto sem restrições às mulheres no Reino<br />

Unido.<br />

2 de julho de 1964<br />

Após intensas lutas da população negra norte-americana, o<br />

presidente Lyndon Johnson assina a Lei de Direitos Civis.<br />

3 de julho de 1883<br />

Nascimento de Franz Kafka, escritor tcheco de língua alemã<br />

“Biden? Quem é este? Você disse ‘bite me’ [morda-me]?”, general<br />

Stanley McChrystal se referindo ao vice-presidente norte-americano<br />

Joe Biden, em uma das declarações publicadas pela revista<br />

Rolling Stone que levaram ao afastamento de McChrystal de seu posto<br />

no Afeganistão.<br />

“O ex-presidente Fernando Henrique teme que Lula e seu partido<br />

estejam concentrando poder demais. Mas sem dúvida, até ele mesmo<br />

diz que o Brasil não irá se transformar em uma Venezuela se Dilma<br />

Rousseff ganhar as eleições e seguir os passos de Lula”, da rede<br />

norte-americano CNN, no último dia 14, sobre as eleições no Brasil.<br />

“Às FARC e aos violentos digo: Acabou seu tempo e os colombianos<br />

sabem bem que sei como combatê-los”, Juan Manuel Santos,<br />

novo presidente eleito da Colômbia, partidário da mesma política próimperialista<br />

de Álvaro Uribe.


27 DE JUNHO DE 2010 CAUSA OPERÁRIA ECONOMIA A4<br />

EUA<br />

Obama apela para países em crise continuarem<br />

sustentando capitalistas e banqueiros<br />

Com a clara intenção de manter os interesses<br />

econômicos da burguesia, o governo Obama suplica<br />

para que os países em crise continuem tirando dinheiro<br />

dos cofres públicos para alimentar bancos e capitalistas<br />

falidos<br />

Na sexta-feira, dia 18, Barack<br />

Obama fez um chamado<br />

aos demais países em crise<br />

para que não retirassem os<br />

programas econômicos de estímulo<br />

implantados para conter<br />

a crise.<br />

Obama “aconselhou” os países<br />

a manterem os planos econômicos,<br />

pois a crise ainda não<br />

está no fim. “Nós devemos ser<br />

flexíveis ao ajustar o ritmo da<br />

consolidação e aprender com<br />

os erros do passado, quando<br />

estímulos foram retirados muito<br />

rapidamente, o que resultou<br />

em renovadas dificuldades<br />

econômicas e recessão”<br />

(BBC, 18/6/2010).<br />

O recado foi dado dias antes<br />

da reunião do G20 que está<br />

marcada para a próxima semana<br />

em Toronto, no Cana-<br />

PERSISTÊNCIA<br />

Crise não cessa no setor<br />

imobiliário dos EUA<br />

Nos últimos seis meses a<br />

construção de imóveis no mercado<br />

imobiliário norte-americano<br />

não parou de cair demonstrando<br />

a persistência da crise<br />

econômica neste setor.<br />

Segundo o Departamento do<br />

Comércio dos Estados Unidos,<br />

o ritmo de construção de casas<br />

caiu ao seu menor nível em<br />

muitos meses.<br />

A queda foi de 10,6% no mês<br />

de maio passando de 592 mil<br />

casas construídas em abril para<br />

529 mil casas no mês passado.<br />

É o nível mais baixo atingido<br />

nos últimos seis meses.<br />

Na comparação feita com o<br />

mesmo período de 2009 percebe-se<br />

nitidamente um avanço<br />

bem grande da crise econômica<br />

neste setor. Em relação a<br />

maio de 2009, a taxa de construção<br />

de casas caiu 30,7%.<br />

Esta forte queda demonstra<br />

que o setor imobiliário, o pri-<br />

FRANÇA<br />

Mais de US$ 2 trilhões em dívidas<br />

O endividamento da economia<br />

francesa ultrapassou os 2 trilhões<br />

de dólares, levando o governo do<br />

País a tomar medidas semelhantes<br />

às dos outros governos da<br />

zona do euro como o corte de<br />

gastos públicos.<br />

Segundo o Instituto Nacional<br />

de Estatísticas e Estudos Econômicos<br />

francês (Insee), a dívida<br />

pública da França corresponde a<br />

73,9% do Produto Interno Bruto<br />

(PIB) do País. Somente no<br />

primeiro trimestre deste ano a dívida<br />

cresceu 79,4 bilhões de<br />

dólares ou 61,1 bilhões de euros.<br />

Nos seis últimos meses de 2009<br />

a dívida pública francesa ultrapassou<br />

o patamar de 2 trilhões de<br />

dólares o mesmo que 1,42 trilhão<br />

de euros.<br />

A dívida pública francesa está<br />

baseada quase que em sua totalidade<br />

no financiamento da crise<br />

capitalista pelo governo Sarkozy.<br />

Nos últimos anos foram transferidos<br />

dezenas de bilhões de euros<br />

dos cofres públicos direto<br />

para o caixa dos banqueiros e<br />

dá. O apelo de Obama se dirige<br />

principalmente para as<br />

economias européias, que<br />

estão muito endividadas.<br />

Obama ainda disse, “estou<br />

comprometido com o restabelecimento<br />

da sustentabilidade<br />

fiscal nos Estados Unidos<br />

e acredito que todos os<br />

países do G20 devem implementar<br />

planos confiáveis e<br />

favoráveis ao crescimento<br />

para restaurar a sustentabilidade<br />

de suas finanças públicas”<br />

(Idem).<br />

O anúncio de Obama veio<br />

no mesmo dia de uma visita<br />

do diretor-gerente do FMI<br />

(Fundo Monetário Internacional),<br />

Dominique Strauss-<br />

Kahn, à Espanha, um dos<br />

países da zona do euro mais<br />

endividados e que aprovou re-<br />

meiro a apresentar os sinais da<br />

atual recessão, continua em<br />

forte declínio. Os títulos subprime,<br />

investimentos de alto<br />

risco, ainda estão espalhados<br />

por todo o mercado financeiro,<br />

o que tem feito os investimentos<br />

nesta área caírem bastante.<br />

Por outro lado, com o<br />

altíssimo índice de desemprego,<br />

mais de 10%, aproximadamente<br />

15,5 milhões de desempregados<br />

nos Estados Unidos,<br />

as famílias ou estão perdendo<br />

suas casas ou estão pagando as<br />

prestações com ajuda governamental.<br />

A aquisição de novas<br />

casas também caiu enormemente.<br />

Somente no primeiro trimestre<br />

o preço das casas nas 20<br />

maiores cidades dos Estados<br />

Unidos registrou uma queda<br />

anual de 0,7%, isso representa<br />

a menor queda anual nos últimos<br />

três anos.<br />

capitalistas em crise.<br />

Os setores mais beneficiados<br />

com o dinheiro público francês<br />

foram o de automóveis e o setor<br />

financeiro. Eles receberam 8,2<br />

bilhões de dólares e 4,9 bilhões<br />

de dólares, respectivamente.<br />

No último trimestre de 2009<br />

o governo francês teve um déficit<br />

de 70 bilhões e um acúmulo<br />

de 1,47 trilhão de dólares.<br />

As perspectivas são de que a<br />

dívida pública francesa cresça<br />

ainda mais em 2010. Em 2008<br />

representava 68% do PIB, no<br />

ano passado chegou a 80% e para<br />

este ano espera-se que fique em<br />

84%.<br />

Para agravar ainda mais a<br />

crise, foi divulgado que a conta<br />

corrente dos 16 países da zona<br />

do euro registrou déficit acima<br />

de 10 bilhões de euros em maio,<br />

na comparação com o superávit<br />

de 2 bilhões de euros registrado<br />

em dezembro. Este dado foi<br />

anunciado pelo Banco Central<br />

Europeu (BCE).<br />

Este resultado vai aprofundar<br />

centemente planos de austeridade<br />

para diminuir o déficit<br />

orçamentário.<br />

Strauss-Kahn disse que a<br />

Espanha está no caminho certo<br />

para garantir a recuperação<br />

econômica. O plano lançado<br />

em maio pelo governo espanhol<br />

prevê reduzir o déficit<br />

dos atuais 11% do PIB para<br />

6% em 2011.<br />

O déficit norte-americano<br />

também é gigantesco. No ano<br />

fiscal de 2009 chegou a US$<br />

1,4 trilhão ou R$ 2,5 trilhões,<br />

equivalente a quase 10% do<br />

PIB dos Estados Unidos, o<br />

maior percentual desde a Segunda<br />

Guerra Mundial.<br />

O governo dos Estados Unidos<br />

está preocupado que ao<br />

reduzir o déficit, os países europeus<br />

acabem colocando em<br />

risco a recuperação global.<br />

Obama ainda reforçou,<br />

“isso significa que devemos<br />

reafirmar nosso propósito de<br />

garantir as políticas de apoio<br />

necessárias para manter o<br />

crescimento econômico for-<br />

Para a consultoria Standard<br />

& Poor’s, “A construção de<br />

novas casas segue em níveis<br />

extremamente baixos, as vendas<br />

de casas sugerem que o<br />

mercado continua em uma situação<br />

difícil e mantêm-se os<br />

temores sobre maiores execuções<br />

hipotecárias” (Associated<br />

France Press, 30/5/2010).<br />

Estes dados evidenciam a<br />

crise no setor imobiliário que<br />

pode agravar-se ainda mais<br />

com a aplicação de cortes de<br />

gastos no programa do governo<br />

Obama para financiamento<br />

e compra de casas novas. Neste<br />

plano, de compra da primeira<br />

casa, o governo dava em<br />

benefícios fiscais aos compradores,<br />

cerca de 8 mil dólares.<br />

Sem esta ajuda vai ficar ainda<br />

mais difícil conter o avanço da<br />

recessão no setor imobiliário e<br />

na economia norte-americana<br />

como um todo.<br />

as medidas de austeridade fiscal<br />

já adotadas pela França para<br />

conter a bancarrota do País. Congelamentos<br />

de salários e aposentadorias<br />

bem como o aumento<br />

de impostos já estão sendo colocados<br />

em prática pelo governo<br />

francês.<br />

A economia francesa chegou<br />

a este ponto por causa dos inúmeros<br />

pacotes econômicos de<br />

financiamento que ajudaram os<br />

capitalistas a não perderem seus<br />

lucros durante o auge da crise em<br />

2008.<br />

Nesta nova etapa da crise não<br />

existe mais dinheiro público para<br />

garantir os ganhos dos capitalistas<br />

e então os governos euro-<br />

Nos seis últimos meses de 2009 a dívida pública francesa ultrapassou os 2 trilhões de dólares.<br />

peus estão retirando direitos e<br />

benefícios dos trabalhadores e<br />

cortando gastos públicos.<br />

O aumento da dívida pública<br />

vai agravar ainda mais o ataque<br />

aos trabalhadores e a população<br />

francesa, da mesma forma<br />

como já está acontecendo na<br />

Grécia, Portugal, Itália e Espanha.<br />

Obama “aconselhou” os países a não tirarem a ajuda aos banqueiros e capitalistas.<br />

te” (idem).<br />

As políticas de apoio que<br />

Obama cita são os bilhões de<br />

dólares em dinheiro público<br />

NOTAS<br />

Brasil perde US$<br />

1,7 bilhão de<br />

dólares em duas<br />

semanas<br />

Novamente a saída de dólares<br />

do mercado financeiro<br />

brasileiro superou a entrada de<br />

investimentos. Segundo dados<br />

divulgados pela Bolsa de<br />

Valores de São Paulo (Bovespa),<br />

nas duas primeiras semanas<br />

de junho houve resultado<br />

negativo entre a entrada e<br />

saída de dólares.<br />

Nestas duas semanas, o<br />

saldo negativo foi de 1,77<br />

bilhão de dólares até o dia 11.<br />

Este resultado mostra um<br />

avanço da crise, pois há um<br />

ano o fluxo cambial era positivo<br />

de quase um bilhão de<br />

dólares (913 milhões de dólares).<br />

Tanto na conta comercial<br />

que mede exportações e importações<br />

quanto na conta financeira<br />

que mede a entrada<br />

e saída de investimentos o resultado<br />

foi negativo. No primeiro<br />

caso a economia brasileira<br />

perdeu 798 milhões de<br />

dólares e no segundo caso a<br />

saída de dólares foi de 978<br />

milhões.<br />

Estes resultados são reflexo<br />

direto da crise econômica<br />

mundial que está afetando a<br />

economia brasileira com a<br />

saída dos investimentos e baixa<br />

exportação.<br />

Governo Sarkozy<br />

divulga conteúdo<br />

do projeto de<br />

reforma da<br />

Previdência<br />

O governo francês anunciou<br />

na última semana, após<br />

meses de expectativas, o conteúdo<br />

do plano de ataques à<br />

Previdência.<br />

<strong>QUE</strong>DA NA RENDA<br />

Crise eleva o custo de vida<br />

em até 12% no Brasil<br />

Desde o início de 2010 o<br />

desemprego atinge diretamente<br />

a renda do trabalhador aumentando<br />

o custo de vida.<br />

Nas principais regiões metropolitanas<br />

do País, o desemprego<br />

seguindo a tendência<br />

geral, apresentou alta nos três<br />

primeiros meses deste ano.<br />

Subiu 0,1% entre janeiro e<br />

março deste ano e 0,5% na<br />

comparação com o primeiro<br />

trimestre de 2009. O governo<br />

apresentou o resultado como<br />

estável, sem alteração. O curioso<br />

é que quando o resultado<br />

é semelhante, mas no sentido<br />

contrário, o governo sempre<br />

apresenta como avanço,<br />

recuperação, fim da crise etc.<br />

Já a população desempregada<br />

cresceu 7,8%, no total de<br />

1,9 milhão de desempregados.<br />

O levantamento foi feito pelo<br />

que vão para banqueiros e capitalistas<br />

se safarem da crise<br />

econômica.<br />

O objetivo de Obama é, aci-<br />

O novo projeto contém cerca<br />

de vinte pontos que representam<br />

um gigantesco atentado<br />

contra as condições de<br />

vida da classe trabalhadora<br />

francesa.<br />

O principal objetivo da nova<br />

medida é, através da aniquilação<br />

das conquistas trabalhistas,<br />

equilibrar o déficit público<br />

do Estado que atualmente<br />

é estimado em 32,3 bilhões de<br />

euros.<br />

Um dos principais pontos<br />

da reforma é o aumento da<br />

idade de aposentadoria do trabalhador<br />

francês de 60 para<br />

62 anos.<br />

Esta ofensiva da burguesia<br />

francesa sobre a classe trabalhadora<br />

de seu país segue a<br />

tendência de toda a burguesia<br />

mundial que, neste momento,<br />

busca minimizar as perdas dos<br />

capitalistas canalizando a crise<br />

para a classe operária. Medidas<br />

que vêm sendo implementadas<br />

também na Grécia,<br />

Portugal, Espanha, Alemanha<br />

e Reino Unido.<br />

Dívida pública<br />

italiana bate<br />

recorde<br />

A dívida pública da Itália<br />

atingiu o patamar recorde de<br />

1,81 trilhão de euros ou o<br />

mesmo que 2,19 trilhões de<br />

dólares no mês de abril.<br />

De março para abril a dívida<br />

teve alta de 0,9%. No ano<br />

passado a dívida pública da<br />

Itália correspondeu a 115,8%<br />

do PIB (Produto Interno Bruto)<br />

e as perspectivas para<br />

2010 são de alta deste percentual<br />

para 118,4%.<br />

A Itália, terceiro país mais<br />

rico da Europa, já colocou em<br />

prática um plano de austeridade<br />

no valor de 24,9 bilhões de<br />

euros e pretende baixar o déficit<br />

público de 5,3% para<br />

2,7% até 2012. Isto à custa do<br />

corte ostensivo de gastos públicos.<br />

Assim como na Grécia,<br />

IBGE (Instituto Brasileiro de<br />

Geografia e Estatística) que<br />

também constatou aumento<br />

anual do desemprego em São<br />

Paulo, alta de 14,9%, Belo Horizonte,<br />

aumentou 25,8% e<br />

Recife subiu 37,4%.<br />

Nestes três primeiros meses<br />

de 2010, houve altas bastante<br />

significativas no custo de vida<br />

em algumas capitais. Em Porto<br />

Alegre, por exemplo, o custo<br />

de vida aumentou 5,5% ,<br />

neste período, em Salvador o<br />

aumento foi de 12,1%, em<br />

Belo Horizonte 6,6%, em Recife<br />

o custo de vida ficou 0,5%<br />

mais caro, São Paulo 1,7% , e<br />

somente o Rio de Janeiro teve<br />

baixa de -1,3%.<br />

Por mais que queira esconder<br />

a recessão, o governo Lula<br />

não consegue evitar os efeitos<br />

devastadores dela sobre a<br />

ma de tudo, manter os privilégios<br />

da burguesia mesmo diante<br />

de uma das maiores crises<br />

capitalistas da história.<br />

Portugal e Espanha, os trabalhadores<br />

já se organizam para<br />

lutar contra estes ataques.<br />

Governo grego<br />

anuncia pacotaço<br />

de privatizações<br />

O governo da Grécia anunciou<br />

um novo plano de “salvamento”<br />

da economia nacional:<br />

a privatização em larga escala<br />

de diversos setores da indústria<br />

grega.<br />

A medida busca levantar<br />

cerca de 1 bilhão de euros<br />

para o Estado grego, mas se<br />

baseia em um ataque sem precedentes<br />

contra a economia<br />

nacional do país.<br />

Este novo anúncio representa<br />

um aprofundamento das<br />

medidas de ataques aos trabalhadores<br />

já prenunciadas pelos<br />

“planos de austeridade fiscal”<br />

anunciados em diversos<br />

países.<br />

Entre os setores que o governo<br />

grego pretende privatizar<br />

estão a companhia ferroviária<br />

OSE, a empresa de Correios,<br />

a participação do governo<br />

em cassinos, além de diversos<br />

outros serviços que<br />

atualmente estão sob o controle<br />

público como o de saneamento<br />

das grandes cidades.<br />

Inclui-se no pacotaço de privatizações,<br />

também, planos<br />

de administração privada de<br />

portos, aeroportos, rodovias,<br />

além de inúmeras propriedades<br />

estatais.<br />

Em muitos dos casos o governo<br />

pretende, inicialmente,<br />

abrir os capitais na Bolsa de<br />

Atenas, mantendo ainda o<br />

controle majoritário das empresas.<br />

Manobra que invariavelmente<br />

termina com a entrega<br />

total das empresas para a<br />

iniciativa privada.<br />

O anúncio surge logo após<br />

gigantescas manifestações<br />

populares se levantarem contra<br />

o corte de salários e o congelamento<br />

dos planos de previdência.<br />

classe operária. Os principais<br />

afetados continuam sendo os<br />

trabalhadores que perdem emprego,<br />

poder de compra etc.<br />

As piores condições de vida<br />

da classe operária se devem à<br />

política do governo de atender<br />

exclusivamente aos interesses<br />

dos ricos e poderosos por meio<br />

da exploração cada vez maior da<br />

população pobre e trabalhadora.<br />

É necessário que os trabalhadores<br />

se organizem em torno<br />

a um programa próprio<br />

contra a crise para garantir<br />

suas condições de vida, um<br />

programa de defesa dos seus<br />

próprios interesses, totalmente<br />

independente da burguesia que<br />

está utilizando os cortes de benefícios,<br />

congelamento de salários<br />

e demissões para se salvar<br />

da crise à custa dos trabalhadores.


CAUSA OPERÁRIA<br />

POLÍTICA E ECONOMIA <br />

O que o imperialismo quer<br />

¨©¥¢¡ ¥¦§ ¢£¤ ¡<br />

O PT garante a representantes de banco norte-americano Merrill Lynch que a candidatura de Dilma Rousseff irá satisfazer os interesses<br />

dos capitalistas internacionais. Já a rede norte-americana CNN faz ressalvas quanto à economia do governo do PT, mas diz que Brasil<br />

não deve virar uma Venezuela com a vitória de Dilma <br />

O imperialismo declara estar satisfeito com as eleições no Brasil antes mesmo das votações.<br />

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<br />

NOVO ÍDOLO DOS<br />

ESCRAVAGISTAS, ASSSASSINOS E<br />

TORTURADORES<br />

PCdoB, um partido<br />

a serviço direto<br />

doslatifundiários e do<br />

imperialismo Página A6<br />

ENCHENTE EM PERNAMBUCO E ALAGOAS<br />

Uma tragédia anunciada<br />

Página A6<br />

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<br />

RONDÔNIA<br />

Trabalhadores da usina de Santo<br />

Antônio realizam protesto por<br />

condições de trabalho<br />

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<br />

Uma candidatura burguesa,<br />

antioperária e em defesa da direita<br />

¡¦¢§ ©©¥¢§§ ¥§¡<br />

<br />

<br />

É necessário que as organizações<br />

operárias, estudantis e<br />

populares repudiem e denunciem<br />

amplamente o Psol<br />

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ELDORADO DOS CARAJÁS<br />

STF suspende julgamento<br />

de responsável por<br />

massacre de sem-terra<br />

Página A7<br />

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EUA<br />

PERSISTÊNCIA<br />

Crise não cessa no setor<br />

imobiliário dos EUA<br />

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Obama apela para países<br />

em crise continuarem<br />

sustentando capitalistas e<br />

banqueiros Página A8<br />

Página A8


27 DE JUNHO DE 2010 CAUSA OPERÁRIA POLÍTICA A6<br />

NOVO ÍDOLO DOS ESCRAVAGISTAS, ASSSASSINOS E TORTURADORES<br />

PCdoB, um partido a serviço direto dos<br />

latifundiários e do imperialismo<br />

O deputado do PCdoB de São Paulo, Aldo Rebelo, relator<br />

da Comissão Especial do Congresso Nacional sobre o<br />

Código Florestal tornou-se o principal representante da<br />

bancada ruralista, ou seja, da bancada do latifúndio, em<br />

plena ofensiva da direita contra os militantes da luta pela<br />

terra<br />

No dia 24 de junho, uma das<br />

líderes da bancada ruralista no<br />

Congresso Nacional, a senadora<br />

Kátia Abreu (DEM-TO), publicou<br />

um artigo com elogios rasgados ao<br />

deputado do PCdoB, Aldo Rebelo.<br />

O título da matéria da principal<br />

porta-voz do latifúndio no Congresso<br />

era “A coragem moral de<br />

Aldo Rebelo”.<br />

O motivo de tanto amor e apreço<br />

é a relatoria do deputado “comunista”<br />

do projeto de alterações<br />

do Novo Código Florestal. O líder<br />

do PCdoB na câmara é efetivamente<br />

o principal representante dos<br />

interesses da bancada ruralista na<br />

comissão do Congresso que discute<br />

o projeto. A proposta defendida<br />

por Rebelo é um ataque à população<br />

brasileira e um “presente”<br />

aos latifundiários.<br />

PCdoB em defesa<br />

dos latifundiários<br />

As modificações propostas<br />

pelo relator da Comissão Especial<br />

do Congresso – composta por<br />

uma maioria ruralista – ao Código<br />

Florestal Brasileiro de 1965 são<br />

uma verdadeira declaração de amor<br />

ENCHENTE EM PERNAMBUCO E ALAGOAS<br />

Uma tragédia anunciada<br />

Em um dos piores desastres<br />

da história do Nordeste,<br />

57 pessoas morreram e centenas<br />

estão desaparecidas devido<br />

as chuvas que atingiram<br />

Alagoas e Pernambuco.<br />

As mortes foram causadas<br />

principalmente pelo transbordamento<br />

do rio Mundaú que<br />

levou ao rompimento da barragem<br />

Bom Conselho, em<br />

Pernambuco, o que inundou<br />

diversas cidades alagoanas e<br />

pernambucanas.<br />

Boletim da Defesa Civil do<br />

Estado de Alagoas chegou a<br />

computar 57.673 pessoas desabrigadas<br />

e desalojas e 4.508<br />

deslocados em 21 cidades.<br />

O estado contabiliza estragos<br />

causados por enchentes e<br />

deslizamentos desde o fim da<br />

semana passada. No total, 177<br />

Kátia Abreu (DEM) e Aldo Rebelo (PCdoB).<br />

ao mais retrógrado setor da sociedade<br />

brasileira: os latifundiários.<br />

As alterações propostas por<br />

Aldo Rebelo e apoiadas de maneira<br />

delirantemente entusiástica pela<br />

bancada ruralista são cuidadosamente<br />

feitas de acordo com os<br />

interesses dos latifundiários. Essencialmente<br />

as modificações institucionalizam<br />

a perseguição aos<br />

pequenos proprietários e o favorecimento<br />

dos latifundiários.<br />

A começar pela proposta escandalosa<br />

e verdadeiramente criminosa<br />

que anistia os latifundiários<br />

condenados por desmatamentos<br />

cometidos até julho de 2008.<br />

A aprovação dessa proposta vai<br />

favorecer diretamente a senadora<br />

do DEM, presidente da Confederação<br />

de Agricultura e Pecuária do<br />

Brasil e líder da bancada ruralista<br />

no Congresso Nacional. A senadora<br />

recebeu multa de R$ 77 mil<br />

por desmatamento ilegal de 776<br />

hectares sem autorização do IBA-<br />

MA em Tocantins. A multa, recebida<br />

em 2004, está hoje em R$ 120<br />

mil. Eis um dos motivos dos elogios<br />

da latifundiária ao deputado do<br />

PCdoB.<br />

Está claro que a anistia proposta<br />

pelo relatório de Aldo Rebelo<br />

favorece os latifundiários, que são<br />

O governo não quer se responsabilizar pela catástrofe que provocou.<br />

os maiores devastadores do País.<br />

Na prática, o que ocorre é que os<br />

ruralistas poderão continuar usufruindo<br />

das enormes extensões de<br />

terra, ou seja, o projeto de Aldo<br />

Rebelo favorece a manutenção do<br />

latifúndio, ainda que a terra tenha<br />

sido obtida através do crime ambiental.<br />

O projeto passa por cima<br />

até mesmo da reforma agrária<br />

branda prevista pela Constituição,<br />

que destinaria terras que “não cumprem<br />

com sua função social”,<br />

como é o caso, para a reforma<br />

agrária.<br />

O projeto do deputado do<br />

PCdoB é uma proposta abertamente<br />

anti-reforma agrária e, portanto,<br />

contra todo o povo pobre do<br />

campo brasileiro em favor de uma<br />

minoria de latifundiários escravagistas,<br />

ladrões de terras e assassinos<br />

de camponeses.<br />

É preciso ter<br />

“coragem”<br />

A senadora do DEM e presidente<br />

da CNA (Confederação da<br />

Agricultura e Pecuária do Brasil)<br />

afirma no título de seu artigo que<br />

Aldo Rebelo tem a “coragem<br />

moral” por defender o Novo Código<br />

Florestal. Temos que concordar<br />

em parte com a latifundiária. O<br />

deputado do PCdoB, partido que<br />

leva a palavra “comunista” no<br />

nome e se intitula como de “esquerda”,<br />

teve que ter muita coragem e<br />

mil pessoas foram atingidas. mal conservada.<br />

Pelo menos 15 municípios A população deve exigir a<br />

estão em situação de calami- realização de uma operação de<br />

dade pública.<br />

emergência para atender às<br />

No estado de Pernambuco, centenas de milhares de pes-<br />

de acordo com a coordenadosoas atingidas e uma ampla inria<br />

de Defesa Civil (Codecivestigação sobre a negligência<br />

pe), 54 municípios foram das autoridades responsáveis.<br />

atingidos e registraram estra- Além disto, a população deve<br />

gos, sendo que nove deles exigir o controle sobre estas<br />

decretaram calamidade públi- operações, contra o descaso<br />

ca. Em todo o estado, 44 mil do governo que é comum a<br />

pessoas ficaram desabriga- todas as operações de resgadas.te,<br />

como as que ocorreram<br />

Este é, assim como todos nos deslizamentos do Rio de<br />

os desastres que ocorrem Janeiro e nas enchentes em<br />

com a população pobre em Santa Catarina, onde os capi-<br />

função de problemas da infratalistas procuraram se aproestrutura<br />

de saneamento, reveitar da situação para lucrar<br />

sultado de problemas que são com a crise e para expulsar fa-<br />

de conhecimento das autorimílias de suas casas a pretexdades,<br />

como sobre a estrututo de acomodá-las em outros<br />

ra da barragem, que estava locais.<br />

Mais de 600 pessoas estão desaparecidas devido às enchentes em Alagoas e Pernambuco.<br />

ENCHENTE EM PERNAMBUCO E ALAGOAS 2<br />

Governo economizou na<br />

prevenção e agora quer<br />

economizar na ajuda às vítimas<br />

Além de não gastar o suficiente<br />

para prevenir desastres<br />

como a enchente ocorrida no<br />

último fim de semana em Pernambuco<br />

e Alagoas, o governo<br />

federal está economizando com<br />

as vítimas.<br />

O governo repassou R$ 50<br />

milhões (R$ 25 milhões) para os<br />

dois estados graças à crise, mas<br />

verbas para reconstrução do que<br />

foi destruído em termos de infra-<br />

ousadia para defender a direita<br />

mais retrógrada, aqueles que nesse<br />

momento estão assassinando<br />

camponeses em todo o País. Mais<br />

que coragem, é preciso ter uma<br />

cara-de-pau sem limites.<br />

As alterações no Código Florestal<br />

defendidas por Aldo Rebelo, que<br />

agradam tanto à senadora do DEM<br />

fazem parte da ofensiva geral dos<br />

latifundiários contra os sem-terra<br />

e os camponeses pobres em geral.<br />

Aldo Rebelo decidiu mostrar sua<br />

“coragem moral” no momento de<br />

maior repressão no campo.<br />

Para começar, no Congresso<br />

Nacional está em vigor a CPI do<br />

MST, cuja principal propositora<br />

e defensora foi nada mais nada<br />

menos do que a própria Kátia<br />

Abreu. A CPI faz parte do ataque<br />

dos latifundiários às organizações<br />

dos sem-terra. Nos últimos anos,<br />

intensificou-se as prisões e perseguições<br />

aos militantes do movimento<br />

camponês. Com a desculpa<br />

de que o MST estaria usando<br />

indevidamente recursos da<br />

União, os latifundiários conseguiram<br />

aprovar a CPI para perseguir<br />

o movimento, atacar a organização<br />

dos camponeses e reprimir<br />

os militantes.<br />

Os mesmos latifundiários que<br />

estão de namoro com o deputado<br />

do PCdoB são os responsáveis<br />

pelos maiores ataques contra os<br />

camponeses. Em 2008, a revista<br />

Istoé publicou uma matéria acusando<br />

os companheiros da Liga<br />

dos Camponeses Pobres de Rondônia<br />

de ser um grupo “narcoguerrilheiro”,<br />

com ligações com as<br />

FARC colombianas., uma história<br />

mentirosa financiada pelos latifundiários<br />

da região para abrir caminho<br />

para a repressão contra os<br />

companheiros.<br />

Tanto que, na época, jagunços<br />

invadiram um acampamento, assassinando,<br />

torturando e incendiando<br />

os barracos dos companheiros.<br />

Foi nessa época que jagunços,<br />

apoiados pela polícia militar, assassinaram<br />

o companheiro Betão,<br />

com dezenas de tiros calibre 12 à<br />

queima roupa.<br />

Em 2009, em Pernambuco, três<br />

companheiros do MST, Alceu<br />

Ferreira dos Santos, Paulo Alves<br />

Cursino e Severino Alves da Silva,<br />

da cidade de São Joaquim do<br />

Monte, que participaram de ação<br />

em que os sem-terra se defenderam<br />

de jagunços armados na entrada<br />

de um acampamento, atirando<br />

nestes em defesa de suas famí-<br />

estrutura (pontes, redes de energia,<br />

estradas, prédios públicos e<br />

habitações) dos municípios só<br />

será repassado em um mês, pois<br />

a liberação das verbas depende de<br />

um balanço detalhado do que foi<br />

destruído, informou a Secretaria<br />

nacional de Defesa Civil.<br />

Além disso, outras ajudas às<br />

famílias são negadas em um curto<br />

prazo como a liberação do<br />

FGTS (Fundo de Garantia do<br />

lias, foram presos em um processo<br />

draconiano, provando que a<br />

justiça não dá aos trabalhadores o<br />

que é um direito fundamental a<br />

qualquer cidadão: o direito à autodefesa.<br />

Também no ano passado, no<br />

Pará, jagunços assassinaram de<br />

maneira covarde o companheiro<br />

Luíz Lopes. O companheiro, líder<br />

da LCP do Pará, foi brutalmente<br />

assassinado pelas costas e até<br />

agora nada foi feito para punir os<br />

responsáveis. Luíz Lopes era uma<br />

liderança histórica do movimento<br />

camponês no Pará e esteve presente<br />

no ato de Primeiro de maio independente<br />

e socialista, organizado<br />

pelo <strong>PCO</strong> e outras organizações<br />

como a própria LCP, em 2008<br />

para defender os sem-terra dos<br />

ataques dos latifundiários.<br />

Em 2009 também o companheiro<br />

Pelé, um dos fundadores da<br />

LCP de Rondônia, escapou por<br />

pouco de um atentado cometido<br />

por jagunços. Ele levou dois tiros<br />

e só não perdeu a vida porque<br />

conseguiu fugir para o mato.<br />

Esses são apenas alguns casos<br />

de muitos ataques cometidos contra<br />

as organizações da luta pela<br />

terra. A lista de ataques contra os<br />

camponeses, particularmente<br />

aqueles cometidos contra os militantes,<br />

é extensa. Segundo a<br />

Comissão Pastoral da Terra, calcula-se<br />

que nos últimos 13 anos,<br />

aproximadamente 400 trabalhadores<br />

rurais foram assassinados.<br />

É nesse quadro que atua o<br />

PCdoB, o representante dos latifundiários<br />

assassinos no Congresso<br />

Nacional. Não há limites para a<br />

política direitista desses mafiosos,<br />

que usam o nome de comunista<br />

para defender as maiores atrocidades<br />

contra os trabalhadores. Realmente<br />

é preciso ter coragem.<br />

Por que o PCdoB?<br />

Não é por acaso que a direita<br />

mais reacionária da política brasileira<br />

escolheu justamente o PCdoB<br />

(Partido Comunista do Brasil) para<br />

realizar este ataque contra a população.<br />

Para a direita, completamente<br />

desmoralizada diante da população,<br />

nada melhor que um “esquerdista”<br />

para fazer o trabalho<br />

sujo e servir como testa-de-ferro.<br />

O PCdoB prova mais uma vez<br />

que está a serviço dos maiores inimigos<br />

do povo. Esse é e sempre foi<br />

o seu papel político. Quando a direita<br />

não tem forças para atacar os<br />

trabalhadores, vêm socorrê-la. Por<br />

isso, enquanto os trabalhadores<br />

sem-terra são assassinados, torturados<br />

e presos, o deputado Aldo<br />

Rebelo se transforma no maior<br />

defensor dos latifundiários responsáveis<br />

por esses crimes.<br />

Essa é a função do PCdoB<br />

Tempo de Serviço). Atualmente<br />

previsto na Lei nº 8.036, o FGTS<br />

é um amparo aos trabalhadores<br />

que percam o emprego e que<br />

pode ser destinado a investimentos<br />

em habitação, saneamento e<br />

infra-estrutura.<br />

Por lei este pode ser repassado<br />

quando é decretada calamidade<br />

pública nos municípios. A ajuda,<br />

no entanto, esbarra em processos<br />

como a delimitação da<br />

dentro dos movimentos de luta dos<br />

trabalhadores: servem como cobertura<br />

de “esquerda” para os ataques<br />

da burguesia. Foi assim nos<br />

anos 80, quando servia como uma<br />

verdadeira tropa de choque para<br />

barrar o desenvolvimento das<br />

oposições sindicais que estavam<br />

em luta contra o peleguismo oficial<br />

da ditadura militar. O PCdoB<br />

era o capanga dos patrões contra<br />

a luta independente dos trabalhadores.<br />

O mesmo quadro é visto nos<br />

Correios, onde o PCdoB foi colocado<br />

pela direção da empresa nos<br />

principais sindicatos da categoria<br />

para defender a privatização da<br />

ECT (Empresa Brasileira de Correios<br />

e Telégrafos).<br />

No Sindicato dos Trabalhadores<br />

dos Correios de São Paulo, nas<br />

duas últimas eleições, apesar de<br />

terem sido derrotados, foram<br />

colocados na direção por meio de<br />

fraudes e golpes. Na última eleição,<br />

em 2008, contaram com a ajuda<br />

de uma junta interventora da justiça<br />

para garantir, que controlou as<br />

eleições. Tudo isso porque os capitalistas<br />

precisam da ajuda de traidores<br />

dentro do movimento sindical<br />

para aprovar o projeto do governo<br />

de Correios do Brasil S.A.<br />

que privatiza a maior empresa estatal<br />

brasileira.<br />

A direção da empresa está financiando<br />

e corrompendo sindicalistas<br />

para intimidar os trabalhadores,<br />

que estão em luta contra a<br />

privatização. Em Minas Gerais,<br />

principal sindicato dirigido pela<br />

oposição Ecetistas em Luta, que<br />

trava uma luta contra a privatização<br />

e os desmandos da empresa,<br />

tentaram repetir o golpe que deram<br />

em São Paulo.<br />

Um grupo financiado pela<br />

empresa tentou utilizar a justiça e<br />

o Estado para intervir na organização<br />

dos trabalhadores e controlar<br />

as eleições. Repudiados pela categoria,<br />

esses elementos do PCdoB/<br />

CTB S.A. partiram para a violência<br />

extrema. Esfaquearam dois<br />

companheiros da Corrente Ecetistas<br />

em Luta. Avelar Viana, secretário<br />

geral do Sintect-ES e Edson<br />

Dorta, carteiro de Campinas e exsecretário<br />

geral da Fentect.<br />

O criminoso, chamado Orozimbo<br />

Roberto dos Santos, partiu<br />

para cima dos companheiros que<br />

estavam ajudando nas eleições<br />

para a direção do Sintect-MG.<br />

Essa é a face desse grupo de<br />

fascínoras. Os trabalhadores devem<br />

expulsar esses corruptos e assassinos<br />

de dentro dos movimentos<br />

populares. Sua única função é<br />

intimidar a luta dos trabalhadores.<br />

Esse é o motivo da aliança de<br />

Aldo Rebelo com os assassinos e<br />

torturadores dos sem-terra. O<br />

PCdoB é a tropa de choque dos<br />

patrões e dos latifundiários contra<br />

os trabalhadores.<br />

área afetada, documentos que<br />

devem ser apresentados à Caixa<br />

Econômica, comprovação da<br />

residência no local, etc.<br />

Supostamente para agilizar o<br />

repasse de verbas, o governo enviará<br />

em 45 dias um projeto de<br />

lei ao Congresso para “desburocratizar”<br />

o repasse.<br />

As vítimas de Pernambuco e<br />

Alagoas poderão sofrer muito<br />

mais com as conseqüências da<br />

tragédia do que sofrem hoje graças<br />

à política criminosa dos governos<br />

burgueses de economia<br />

no gasto de resgate às vítimas.<br />

Contra o descaso do governo,<br />

são as vítimas que devem controlar<br />

as verbas e exigir o repasse<br />

imediato do dinheiro destinado<br />

a toda reconstrução do que foi<br />

destruído pela chuva e para a sobrevivência<br />

destas famílias.


27 DE JUNHO DE 2010 CAUSA OPERÁRIA POLÍTICA A7<br />

ELDORADO DOS CARAJÁS<br />

STF suspende julgamento<br />

de responsável por<br />

massacre de sem-terra<br />

Comandante da ação que assassinou 19 sem-terra no<br />

Pará teve julgamento novamente suspenso<br />

Em sessão no dia 15 de junho,<br />

os juízes do Supremo<br />

Tribunal Federal resolveram<br />

suspender com um pedido de<br />

vista o julgamento de habeas<br />

corpus requisitado pelo coronel<br />

da Polícia Militar do estado<br />

do Pará, Mário Colares<br />

Pantoja, acusado de comandar<br />

o massacre de Eldorado<br />

dos Carajás.<br />

O coronel pede a nulidade<br />

do processo que o condenou<br />

a 228 anos de prisão pela<br />

morte de 19 sem-terra no<br />

massacre.<br />

O pedido de vista, feito pelo<br />

ministro Celso de Mello paralisa<br />

o caso mais uma vez, depois<br />

de quase 15 anos de indefinição<br />

sobre o caso.<br />

Pantoja já havia sido absolvido<br />

em agosto de 1999 em<br />

um primeiro julgamento que<br />

foi anulado em 2000 pelo Tribunal<br />

de Justiça do Pará, por<br />

MATO GROSSO DO SUL<br />

irregularidades. Foi condenado<br />

em novo julgamento, em<br />

maio 2002, mas obteve liminar<br />

do STF em 2005 para responder<br />

ao processo em liberdade<br />

até que não caiba mais<br />

recurso, proposta do ministro<br />

Cezar Peluso, atual presidente<br />

do STF.<br />

Pantoja é acusado de comandar<br />

nada menos que 155<br />

policiais que foram indiciados<br />

pela ação em Eldorado do Carajás,<br />

em 17 de abril de 1996,<br />

contra 1.500 sem-terra que<br />

estavam acampados. O massacre<br />

ocorreu durante uma<br />

marcha em protesto contra a<br />

demora da desapropriação de<br />

terras da Fazenda Macaxeira,<br />

em meio a protestos que duravam<br />

uma semana na região.<br />

O coronel teve orientações<br />

na época do Secretário de Segurança<br />

do Pará, Paulo Sette<br />

Câmara no governo de Almir<br />

Gabriel (PSDB), o O secretário<br />

chegou a declarar depois<br />

do ocorrido, que autorizara<br />

“usar a força necessária, inclusive<br />

atirar” e que dava orientações<br />

de dentro do gabinete<br />

do ex-governador.<br />

Os policiais começaram a<br />

atirar alegando que os semterra<br />

reagiram com facões e<br />

foices justificando o massacre.<br />

Dezenove pessoas morreram<br />

na hora, outras duas morreram<br />

anos depois, vítimas<br />

das seqüelas, e outras 79 foram<br />

mutiladas.<br />

No entanto, nem Almir Gabriel<br />

ou Sette Câmara foram<br />

julgados por qualquer crime.<br />

É preciso exigir a condenação<br />

não só de Pantoja e dos<br />

outros policiais que atuaram<br />

no massacre, mas também do<br />

ex-governador e do secretário<br />

de Segurança na época e de<br />

todos os assassinos dos semterra<br />

no Pará, estado conhecido<br />

por ser palco dos maiores<br />

conflitos no País.<br />

Juízes decidem pela expulsão de seis<br />

mil trabalhadores de assentamento<br />

em favor de empresa estrangeira<br />

O Tribunal Regional Federal<br />

da 3ª Região em Mato Grosso do<br />

Sul decidiu reverter um decreto<br />

presidencial de desapropriação<br />

dos donos de um terreno de 27<br />

mil hectares. A propriedade, a<br />

Fazenda Teijin, ocupada por<br />

1.067 famílias (cerca de seis mil<br />

pessoas) em Nova Andradina foi<br />

considerada improdutiva em<br />

2002 e retirada de seus donos.<br />

O tribunal decidiu multar o<br />

INCRA (Instituto Nacional de<br />

Colonização e Reforma Agrária)<br />

em R$ 45,3 milhões a serem<br />

pagos ao grupo estrangeiro japonês<br />

Teijin, valor que se corrigi-<br />

do chega a até R$ 80 milhões. Os<br />

juízes aprovaram que devem ser<br />

cobrados juros de 12% ao ano a<br />

partir da ocupação da fazenda.<br />

A multa seria pelo fato de que<br />

o INCRA teria vistoriado as terras<br />

no ano de 2002 e considerado<br />

estas improdutivas, quando,<br />

segundo o grupo, estas seriam<br />

produtivas pela criação de 10 mil<br />

cabeças de gado.<br />

A decisão do tribunal mostra<br />

como a Justiça do País está nas<br />

Para os juízes ligados aos latifundiários vale mais o interesse de meia dúzia de capitalistas<br />

estrangeiros do que de seis mil trabalhadores do campo.<br />

BAHIA<br />

mãos dos latifundiários.<br />

Esta decisão é um ataque contra<br />

seis mil trabalhadores semterra<br />

em favor de um grupo estrangeiro<br />

no País.<br />

A medida é uma aberração<br />

jurídica já que prevê que um<br />

órgão do governo que seria responsável<br />

pela fiscalização das<br />

Polícia Federal é denunciada por<br />

tortura e perseguir indígenas<br />

Denúncias feitas pelo Conselho<br />

Indigenista Missionário<br />

(Cimi) e a ONG Justiça Global,<br />

trouxeram à tona a ação criminosa<br />

da Polícia Federal contra<br />

os indígenas da etnia Tupinambá,<br />

localizados no Sul da Bahia.<br />

De acordo com as denúncias,<br />

agentes da Polícia Federal<br />

teriam prendido de forma<br />

ilegal uma das líderes indígenas,<br />

Glicéria de Jesus da Silva,<br />

conhecida como Glicéria<br />

Tupinambá. Segundo o documento,<br />

que inclusive foi enviado<br />

à Organização das Nações<br />

Unidas (ONU), “Glicéria<br />

foi detida logo ao descer<br />

do avião, ainda na pista de<br />

pouso do aeroporto da cidade<br />

de Ilhéus. A líder indígena<br />

estava com Erúthawã, seu<br />

filho de dois meses, no colo,<br />

quando foi detida (...). Após<br />

ser interrogada durante toda<br />

a tarde na sede da PF, em<br />

Ilhéus, sempre com o bebê<br />

no colo, Glicéria recebeu voz<br />

de prisão. A prisão se deu em<br />

pleno feriado de Corpus<br />

Christi, decorrendo daí dificuldades<br />

de acesso aos autos<br />

mencionados e à divulgação<br />

da prisão. Mãe e filho foram<br />

transferidos no dia seguinte<br />

para um presídio na cidade de<br />

Jequié, distante cerca de 200<br />

quilômetros da aldeia”, (Correio<br />

Braziliense, 9/6/2010).<br />

O caso da líder indígena é<br />

apenas um dentre centenas<br />

de casos. O fato de o mesmo<br />

ter sido divulgado, e ainda<br />

assim de forma muito “tímida”<br />

pela imprensa capitalista,<br />

está relacionado ao fato de a<br />

vítima fazer parte da Comissão<br />

Nacional de Política In-<br />

digenista (CNPI), órgão consultivo<br />

do governo ligado ao<br />

Ministério da Justiça, ou seja,<br />

por se trata de uma pessoa<br />

que tem relações com o governo.<br />

Essa situação, no entanto,<br />

ocorre com freqüência,<br />

mas não recebe nenhuma<br />

notoriedade porque se trata<br />

de pessoas pobres, marginalizadas,<br />

sem nenhuma influência,<br />

contra a ação de poderosos,<br />

pessoas ligadas aos<br />

governos. O fato é que não<br />

apenas na Bahia, mas em todos<br />

os estados, está sendo<br />

organizada uma ofensiva direitista<br />

contra a população.<br />

No campo esse massacre é<br />

ainda mais intenso, seja contra<br />

os sem-terra ou contra os<br />

indígenas, como nesse caso.<br />

Trata-se de uma intensa ofensiva<br />

do latifúndio e seus ca-<br />

O STF dá tempo para Mário Colares Pantoja, acusado de comandar o massacre de Eldorado<br />

dos Carajás, onde 19 sem-terra morreram e dezenas ficaram feridos.<br />

terras a serem distribuídas pague<br />

um valor como indenização,<br />

quando a decisão foi referendada<br />

pelo próprio governo.<br />

A decisão dos juízes é totalmente<br />

contra os sem-terra, pois<br />

nem sequer coloca a possibilidade<br />

de indenização do governo aos<br />

trabalhadores sem-terra que foram<br />

realocados para a fazenda<br />

com a promessa de um lugar para<br />

viver e produzir.<br />

Esta decisão mostra que para<br />

os juízes ligados aos latifundiários<br />

vale mais o interesse de meia<br />

dúzia de capitalistas estrangeiros<br />

do que de seis mil trabalhadores<br />

do campo. Mais que isto, a decisão<br />

do TRF do Mato Grosso<br />

do Sul impõe que ocorra um<br />

imenso conflito entre as famílias<br />

e a polícia do governo que,<br />

caso esta seja aprovada, será enviada<br />

ao local.<br />

Os trabalhadores sem-terra<br />

devem exigir a desapropriação da<br />

empresa estrangeira e manter-se<br />

ocupados, exigindo que nenhuma<br />

indenização seja paga aos<br />

capitalistas pelo INCRA.<br />

Assim também os trabalhadores<br />

sem-terra devem exigir a<br />

distribuição de todas terras dos<br />

latifundiários para todos os trabalhadores<br />

sem-terra, para<br />

aqueles que nela trabalham e<br />

produzem e não para os especuladores<br />

da terra e grandes empresas<br />

que exploram a população<br />

local e expulsam os pequenos<br />

produtores.<br />

pangas, em razão da qual o<br />

número de execuções contra<br />

líderes sem-terra vem aumentando<br />

assustadoramente.<br />

O caso dos índios segue<br />

essa mesma lógica, uma vez<br />

que como os sem-terra, este<br />

é um setor que está em confronto<br />

direito com os interesses<br />

dos latifundiários e grandes<br />

empresários do campo.<br />

Para se ter idéia do absurdo,<br />

além da prisão ilegal, os<br />

agentes também estão sendo<br />

acusados de torturar ao menos<br />

cinco índios tupinambás.<br />

O crime teria acontecido em<br />

junho de 2009 e até agora os<br />

torturadores permanecem<br />

impunes. Essa é a realidade<br />

dos trabalhadores do campo<br />

e deve ser amplamente denunciada<br />

e combatida por<br />

toda a população.<br />

RONDÔNIA<br />

Trabalhadores da usina<br />

de Santo Antônio<br />

realizam protesto por<br />

condições de trabalho<br />

Trabalhadores do canteiro<br />

de obras da usina hidrelétrica<br />

de Santo Antônio, no rio Madeira,<br />

em Porto Velho (RO),<br />

realizaram no dia 17 um protesto<br />

contra as péssimas condições<br />

de trabalho a que estão<br />

submetidos.<br />

Os trabalhadores realizavam<br />

um protesto pacífico até<br />

que um encarregado (possivelmente<br />

um engenheiro da<br />

usina) agrediu um operário. A<br />

reação dos trabalhadores foi<br />

imediata, aumentando a paralisação,<br />

e as ações de mobilização.<br />

Veículos do consórcio<br />

CSAC (Consórcio Santo Antônio<br />

Civil), gerido pelas construtoras<br />

Odebrecht e Andrade<br />

Gutierrez foram incendiados,<br />

35 ônibus foram quebrados<br />

e os trabalhadores queimaram<br />

pneus na BR-364, que<br />

liga Porto Velho ao Acre, na<br />

altura do km 725, a 15 quilômetros<br />

da usina.<br />

De acordo com o Sticcero<br />

(Sindicato dos Trabalhadores<br />

da Indústria da Construção<br />

Civil de Rondônia), “cerca de<br />

3.000 trabalhadores noturnos<br />

já haviam suspendido as atividades<br />

para exigir melhores<br />

salários e mais segurança,<br />

entre outras reivindicações”.<br />

Ainda segundo o sindicato trabalham<br />

na usina cerca de<br />

10.000 operários.<br />

No entanto, apesar de o sindicato<br />

reconhecer a agressão<br />

cometida por um alto funcionário<br />

da Odebrecht, condenou<br />

a ação dos trabalhadores<br />

que considerou “excessiva”.<br />

Os trabalhadores devem<br />

Cerca de 3 mil trabalhadores participaram da greve.<br />

superar a direção do sindicato<br />

e garantir que suas reivindicações<br />

sejam atendidas.<br />

Como aconteceu recentemente<br />

em outras usinas<br />

(como em Jirau), onde trabalhadores<br />

conseguiram algumas<br />

melhorias nas condições<br />

de trabalho, apenas após intensas<br />

mobilizações.<br />

Algumas das reivindicações<br />

dos trabalhadores segundo<br />

o sindicato são: aumento<br />

de 20% no salário,<br />

folga aos sábados e feriados,<br />

direito de visita aos familiares<br />

a cada três meses e aditivo<br />

de insalubridade e periculosidade.


CAUSA OPERÁRIA<br />

MOVIMENTO OPERÁRIO <br />

Frente dos 17 sindicatos delibera<br />

impulsionar a campanha salarial 2010<br />

e lutar por 35% de reposição salarial<br />

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Ecetistas em Luta<br />

lança chapa contra a<br />

privatização da ECT<br />

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ELEIÇÕES SINTECT-SJO<br />

Frente dos 17 sindicatos<br />

aprova apoio à chapa 1,<br />

contra os traidores da<br />

maioria da federação<br />

Página A9 Página A9<br />

Reunião nacional, em São José do Rio Preto, aprovou proposta da Corrente Ecetistas em Luta de iniciar mobilização pela realização da campanha salarial deste<br />

ano, rejeitando a política do bloco traidor (PCdoB/CTB S.A. – PT/Articulação) de deixar a categoria sem campanha pelo salário e contra a privatização<br />

<br />

<br />

<br />

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CORREIOS CAMPINAS<br />

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CTO BH<br />

Página A9<br />

Veja aqui os eixos da Campanha<br />

Salarial de 2010 que serão defendidos<br />

e aprovados no próximo Conrep © ¢¤¥§ §¤§£¤¥¤¥§¨ ©§¢¥§¦<br />

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do assédio contra os<br />

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“Ele saiu com uma faca na mão, escondida,<br />

e veio já agredindo o companheiro Avelar”<br />

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27 DE JUNHO DE 2010 CAUSA OPERÁRIA MOVIMENTO OPERÁRIO A9<br />

ELEIÇÕES - SINDICATO DOS TRABALHADORES DOS CORREIOS DE CAMPINAS<br />

Ecetistas em Luta lança chapa contra a<br />

privatização da ECT, fortalecendo a luta<br />

contra a política traidora da direção da Fentect<br />

Nos próximos dias 7 e 8 de Julho de 2010, acontecerão<br />

as eleições para renovação da diretoria do Sintect-Cas.<br />

Os militantes da Corrente Ecetistas em Luta inscreveram<br />

a Chapa 2 para uma nova diretoria, firme e combativa,<br />

para que o sindicato de Campinas seja um instrumento<br />

na luta pelas reivindicações da categoria, contra a<br />

privatização da ECT, que só será bem sucedida com a<br />

derrota e expulsão dos traidores da Fentect e dos<br />

principais sindicatos do País<br />

O Sintect-CAS seja uma ferramenta na luta nacional para<br />

derrubar os pelegos e corruptos dos grandes sindicatos.<br />

Nos últimos anos, dentro<br />

do movimento dos trabalhadores<br />

dos Correios,<br />

a corrente política, Ecetistas<br />

em Luta, vem denunciando<br />

implacavelmente as traições<br />

que as direções sindicais<br />

do Bando dos Quatro na Fentect,<br />

lideradas pelo PCdoB/<br />

CTB e PT/Articulação cometeram<br />

contra os trabalhadores<br />

ecetistas.<br />

Venderam acordos coletivos;<br />

aceitaram as regras abusivas<br />

da ECT (Empresa Brasileira<br />

de Correios e Telégrafos)<br />

nas Participações do Lucro<br />

da Empresa (PLR), onde<br />

o trabalhador que gera o lucro<br />

é o que menos ganha e é o mais<br />

exigido; concordaram com o<br />

famigerado Banco de Horas;<br />

fizeram propaganda do<br />

PCCS/2008, Plano de Cargos<br />

da escravidão da ECT; chamaram<br />

os trabalhadores aderirem<br />

ao roubo que foi o Saldamento<br />

do Postalis; fraudaram<br />

o acordo salarial do ano<br />

passado, que estabeleceu<br />

campanha salarial de dois em<br />

dois anos; tudo isso para facilitar<br />

a transformação da<br />

ECT de Empresa Pública em<br />

Empresa de Sociedade Anônima,<br />

ou seja, em um instrumento<br />

de lucro dos grandes<br />

capitalistas.<br />

Para trair os interesses dos<br />

trabalhadores, ajudando a pri-<br />

vatização deste patrimônio<br />

nacional, os sindicalistas do<br />

PT/Articulação e PCdoB/CTB<br />

S.A. ganharam cargos, privilégios<br />

e muito dinheiro à custa<br />

do sofrimento e da demissão<br />

da categoria.<br />

Mais de 500 sindicalistas<br />

ganharam cargos, traindo os<br />

trabalhadores, aumentando<br />

seus salários individuais em<br />

mais de 1.000%, para que<br />

agora o atual Presidente dos<br />

Correios Carlos Henrique<br />

Custódio anuncie que quer demitir<br />

mais de 50 mil trabalhadores,<br />

a partir da transformação<br />

dos Correios em S.A.<br />

A vacilação do<br />

Sintect-Cas em<br />

defender os<br />

trabalhadores<br />

A direção do sindicato de<br />

Campinas esteve do lado dos<br />

traidores até o ano passado,<br />

defendendo todos os acordos<br />

da Fentect com a ECT e defendendo<br />

os sindicalistas vendidos<br />

do Bando dos Quatro,<br />

como o ex-Secretário Geral<br />

da Fentect, Manoel Cantoara,<br />

que vendeu a luta contra o Saldamento<br />

do Postalis, o PCCS/<br />

2008, entre outros acordos,<br />

por um cargo na direção da<br />

ECT, aumentando seu salário<br />

de R$ 800,00 para mais de R$<br />

20.000,00.<br />

Cantoara, que foi secretário-geral<br />

da Fentect, é<br />

hoje o chefe da bancada de<br />

negociações patronal que<br />

usa de todos os tipos de truques<br />

sujos para impedir que<br />

os trabalhadores consigam<br />

as suas reivindicações.<br />

Devido à pressão dos trabalhadores<br />

contra o Acordo Bianual,<br />

a direção do Sindicato de<br />

Campinas rompeu no final de<br />

2009 com o Bando dos Quatro<br />

da Fentect, com os Cantoaras<br />

e Talibãs, que haviam apoiado<br />

até então, criticando o fraudado<br />

acordo bianual e a traição<br />

destes sindicalistas do PT/Articulação<br />

e PCdoB em e-mails<br />

pela internet.<br />

A partir da ruptura com o<br />

Bando dos Quatro da Fentect,<br />

o grupo do atual secretáriogeral<br />

do Sintect-Cas, Luís<br />

Aparecido de Moraes, vulgo<br />

Biaia, que dirige o sindicato,<br />

também se posicionou em relação<br />

ao PCCS da ECT, conforme<br />

a Corrente Ecetistas<br />

em Luta defende, pela revogação<br />

total do PCCS/2008 da<br />

escravidão, fazendo a auto<br />

critica da sua posição quando<br />

trouxeram um dos traidores,<br />

que assinaram o PCCS/2008,<br />

Ezequiel, vulgo Jacaré do<br />

PSTU, para defender o cargo<br />

amplo do PCCS/2008 para os<br />

trabalhadores de Campinas.<br />

A ruptura do Sindicato de<br />

Campinas e de outros sindicatos<br />

do país com o Bando dos<br />

Quatro da Fentect, levou estes<br />

sindicatos a se juntarem<br />

aos sindicatos de Minas Gerais,<br />

Espírito Santo e Roraima,<br />

dirigidos pela corrente<br />

Ecetistas em Luta, e formarem<br />

a Frente de 17 Sindicatos<br />

contrários ao Acordo Bianual,<br />

PCCS da escravidão, contra<br />

os Correios S.A, pela expulsão<br />

do nosso movimento<br />

dos traidores do PCdoB/CTB<br />

e PT/Articulação, que hoje,<br />

ainda são maioria na direção<br />

da Fentect.<br />

A corrente Ecetistas em<br />

Luta atua nesta Frente de sindicatos<br />

para empurrar para<br />

esquerda os sindicatos que<br />

romperam com os traidores,<br />

organizando a campanha contra<br />

a privatização da ECT, levantando<br />

as reivindicações<br />

dos trabalhadores, levantando<br />

as reivindicações na campanha<br />

salarial este ano, propondo<br />

mobilizações amplas, chamando<br />

os trabalhadores a retomar<br />

seus sindicatos para a<br />

luta. Pois se a Frente conseguir<br />

apenas mais um sindicato,<br />

o controle da Fentect pela<br />

ECT, através dos vendidos<br />

sindicalistas do PT/Articulação<br />

e PCdoB/CTB estará totalmente<br />

ameaçado.<br />

Nesse sentido, apesar de<br />

todas as profundas limitações<br />

desta guinada à esquerda da<br />

atual direção do Sintect-CAS<br />

e da falta de luta anterior contra<br />

as traições da atual direção<br />

da Fentect, buscamos trabalhar<br />

em conjunto com a expectativa<br />

de fazer evoluir este<br />

processo no interior do Bloco<br />

de 17 sindicatos.<br />

Porque montamos<br />

a chapa de<br />

Oposição<br />

Ecetistas em Luta<br />

no Sintect-Cas<br />

Coerentes com esta política,<br />

fizemos um esforço para<br />

que nas eleições do Sindicato<br />

de Campinas fosse formada<br />

uma Chapa unitária, composta<br />

pelos grupos que estão se reunindo<br />

na Frente dos 17 sindicatos<br />

contrários ao Acordo<br />

Bianual, colocando em segundo<br />

plano as divergências existentes<br />

que possuímos com as<br />

posições direitistas do grupo<br />

de Biaia e suas vacilações diante<br />

de nossos inimigos na<br />

Fentect. Nossa posição foi a<br />

de se apoiar no simples fato de<br />

que o Sintect-Cas estava sendo<br />

arrastado para uma política<br />

à esquerda, de enfrentamento<br />

com a direção da ECT<br />

e seus meninos de recado no<br />

movimento sindical (PCdoB/<br />

CTB e PT/Articulação).<br />

O grupo de Biaia, porém,<br />

se recusou a formar a chapa<br />

da Frente dos 17 sindicatos<br />

para dirigir o sindicato de<br />

Campinas, mostrando que a<br />

sua ruptura com a direção<br />

traidora da Fentect não é integral,<br />

mas parcial. Ao recusar<br />

formar uma chapa que<br />

somente poderia contribuir<br />

para fortalecer esta luta e criar<br />

uma direção mais firme para<br />

o nosso sindicato mostraram<br />

que não estão dispostos a<br />

avançar de maneira firme na<br />

luta contra o Bando dos Quatro<br />

da Fentect, que são temerosos<br />

diante da possibilidade<br />

de que a Corrente Ecetistas<br />

em Luta participe na direção<br />

do sindicato impulsionando<br />

sua política de total ruptura<br />

com os traidores da Fentect,<br />

ELEIÇÕES SINTECT-SJO<br />

Frente dos 17 sindicatos aprova apoio à<br />

chapa 1, contra os traidores da maioria<br />

da federação<br />

O Sintect-SJO deve continuar na frente dos 17, lutando<br />

pelas reivindicações dos trabalhadores.<br />

Publicamos abaixo a Moção<br />

de apoio apresentada pela Corrente<br />

Ecetistas em Luta e aprovada<br />

na reunião nacional da<br />

Frente dos 17 Sindicatos contrários<br />

à privatização da ECT<br />

e ao acordo bianual em relação<br />

às eleições em São José do Rio<br />

Preto que ocorrerão nos próximos<br />

dias 13 e 14 de julho<br />

“O Sintect – SJO é dos trabalhadores<br />

FORA OS TRAIDORES<br />

DO ACORDO BIANUAL<br />

TODO APOIO À CHAPA<br />

1, O SINDICATO É PARA<br />

LUTAR”<br />

“Reunida no dia 21/06, na<br />

cidade de São José do Rio Preto,<br />

a Frente Nacional de Oposição<br />

à maioria a direção da<br />

Fentect, Sindicatos e Oposições<br />

contrários ao acordo bianual<br />

e à privatização da ECT,<br />

se manifesta em irrestrito<br />

apoio à Chapa 1 nas eleições<br />

para a diretoria do Sintect –<br />

SJO.<br />

Essas eleições, tais como<br />

todas as que ocorrem pelo país<br />

a fora, colocam em disputa<br />

dois blocos e interesses contraditórios<br />

e irreconciliáveis.<br />

De um lado, em defesa dos<br />

trabalhadores, estão todos<br />

aqueles que como os companheiros<br />

da Chapa 1 para a direção<br />

do Sintect - SJO que estão<br />

na luta pelas reivindicações<br />

dos trabalhadores, contra a privatização<br />

(Correios S.A.),<br />

contra o PCCS da escravidão,<br />

contra a PLR de fome e contra<br />

o excesso de trabalho.<br />

Do outro lado, os “sindicalistas”<br />

patronais que defenderam<br />

o acordo bianual, ou seja,<br />

que nossa categoria não faça<br />

campanha salarial neste ano,<br />

que abra mão de lutar por nossas<br />

reivindicações justamente<br />

no ano das eleições e quando<br />

o governo tenta encaminhar<br />

a privatização da ECT,<br />

por meio da sua transformação<br />

em sociedade anônima<br />

(S.A.).<br />

Não por acaso, nos últimos<br />

dias esteve presente em alguns<br />

poucos locais de trabalho de<br />

São José o secretário-geral da<br />

Fentect, Jose Rivaldo – o Talibã<br />

– que veio a serviço da<br />

empresa fazer campanha a favor<br />

da PLR de fome de R$ 880<br />

para os trabalhadores e R$ 16<br />

mil para a burocracia (como o<br />

ex-secretário-geral da Fentect<br />

e seu aliado da Articulação/PT,<br />

Manoel Cantoara que foi “promovido”<br />

por serviços prestados<br />

à direção da ECT); que<br />

veio defender o miserável<br />

acordo bianual, isto é, o congelamento<br />

dos salários até<br />

2011 e veio articular uma chapa<br />

de oposição com elementos<br />

traidores da categoria e, inclusive,<br />

chefes políticos do<br />

PSDB, de FHC e Serra. Tudo<br />

isso com claro apoio da direção<br />

da ECT que gostaria de ver<br />

o Sintetc-SJO dirigido por “Judas”,<br />

traidores da categoria.<br />

Diante disso, a reunião da<br />

Frente, representando os 17<br />

Sindicatos e oposições de todas<br />

as regiões do País, se posiciona<br />

em irrestrito apoio à<br />

Chapa 1, para que o Sintect-<br />

SJO continue nas mãos dos<br />

trabalhadores e continue junto<br />

na Frente lutando pelas reivindicações<br />

dos trabalhadores:<br />

· Contra o acordo bianual;<br />

pela realização da campanha<br />

salarial 2010, por 35% de reajuste<br />

dos salários!<br />

· Não aos Correios S.A.;<br />

não à privatização da ECT!<br />

Correios 100% estatal, público<br />

e de qualidade, sob o controle<br />

dos trabalhadores!<br />

· Fora os diretores que<br />

traíram os trabalhadores da direção<br />

do Sintect-SJO e da Fentect!<br />

Por uma direção classista<br />

e independente da empresa<br />

e do governo para a luta dos<br />

trabalhadores”<br />

São José do Rio Preto, 21<br />

de junho de 2010.<br />

de denúncia sistemática<br />

das<br />

falcatruas e<br />

de organização<br />

firme e<br />

coerente das<br />

nossas lutas,<br />

tanto em Campinas<br />

como em escala nacional.<br />

A concepção vacilante e<br />

conciliadora com os pelegos<br />

deste grupo impede que eles<br />

avancem mais para uma política<br />

ampla, de luta, de efetiva<br />

mobilização dos trabalhadores<br />

e de defesa integral das reivindicações<br />

dos ecetistas,<br />

onde o sindicato de Campinas<br />

seja um instrumento nacional<br />

na luta contra os ataques da<br />

direção da ECT aos trabalhadores.<br />

Esta concepção e conduta<br />

frouxas e vacilantes também<br />

impedem que façam o combate<br />

necessário contra os traidores<br />

do nosso movimento<br />

(PCdoB/CTB e PT/Articulação),<br />

que usam os maiores<br />

sindicatos (São Paulo, Rio de<br />

Janeiro e Brasília) e a Fentect<br />

para bloquear a luta da categoria,<br />

assinando acordos contra<br />

a categoria em nome dos<br />

trabalhadores.<br />

A grande questão é a seguinte.<br />

Não basta deixar de<br />

assinar um acordo. É preciso<br />

organizar uma verdadeira oposição<br />

nacional para derrubar<br />

os pelegos. Esta é a única<br />

forma em que podemos sair<br />

vitoriosos. Sem derrubar os<br />

pelegos dos principais sindicatos<br />

e conquistar a maioria<br />

para as bases, não poderemos<br />

vencer.<br />

Por isso, a Corrente Ecetistas<br />

em Luta organizou uma<br />

chapa para concorrer às eleições<br />

à Diretoria do Sintect-<br />

Cas – Sindicato dos Trabalhadores<br />

dos Correios de Campinas<br />

e Região, pois a atual diretoria<br />

(grupo do Biaia) já demonstrou<br />

que não tem firmeza<br />

para realmente organizar a<br />

luta da categoria até o fim, que<br />

por serem vacilantes podem<br />

sair a qualquer momento da<br />

Frente dos 17 sindicatos e voltar<br />

apoiar o Bando dos Quatro<br />

como apoiavam antes.<br />

Neste sentido a Chapa 2<br />

Ecetistas em Luta tem como<br />

o objetivo o de não só manter<br />

o Sindicato na Frente dos 17<br />

sindicatos contrários ao<br />

Acordo Bianual, mas também<br />

transformar o sindicato em<br />

uma ferramenta na luta naci-<br />

CTO BH<br />

Como se já não bastasse o<br />

esforço da direção da ECT para<br />

acabar com o cargo de motorista,<br />

com o apoio de sindicalistas<br />

traidores, os ecetistas lotados no<br />

CTO/BH vêm sofrendo uma<br />

imensa pressão por parte do<br />

supervisor José Carlos.<br />

As pressões são de vários tipos<br />

como quando alguém traz<br />

um atestado médico e o supervisor<br />

fica de “cara fechada” para<br />

o trabalhador e ainda contesta o<br />

atestado como se fosse médico,<br />

fica tentando causar mal estar<br />

entre os ecetistas que trabalham<br />

e os que recentemente retornaram<br />

ao trabalho na ECT causando<br />

assim constrangimento nas<br />

pessoas.<br />

Os motoristas do CTO/BH só<br />

querem fazer o trabalho com<br />

tranqüilidade e querem também<br />

ser respeitados pelo supervisor<br />

assim como eles o respeitam.<br />

Os trabalhadores também<br />

reclamam sobre os desvios de<br />

funcionários para outros setores<br />

o que sobrecarrega mais<br />

ainda as linhas que ficam com<br />

mais pontos de entregas/coletas.<br />

Não se deve aceitar essa política<br />

de sucateamento do setor<br />

de motoristas em MG e em todo<br />

o Brasil que a direção da ECT<br />

vem impondo a este setor e a toda<br />

a empresa como parte de sua<br />

política de sabotagem dos Correios,<br />

que visa criar pretextos<br />

para a defesa da privatização.<br />

Eles destroem propositalmente<br />

o serviço d equalidade prestado<br />

pela categoria, transformam as<br />

vidas dos trabalhadores em um<br />

verdadeiro inferno e depois,<br />

onal contra<br />

a corrupta direção<br />

da ECT<br />

que compra os sindicalistas<br />

da Fentect para acabar<br />

com os direitos dos trabalhadores<br />

preparando a privatização<br />

da ECT, que significa<br />

demissão em massa.<br />

O que queremos:<br />

1. Que o Sintect-CAS tenha<br />

um programa definido,<br />

claro e coerente de luta contra<br />

o acordo bianual, o PCCS<br />

da escravidão, a privatização<br />

e em defesa de todas as nossas<br />

reivindicações, grandes e<br />

pequenas.<br />

2. Que o Sintect-CAS supere<br />

a sua atual semi-paralisia<br />

e se torne um verdadeiro instrumento<br />

de mobilização ampla<br />

e democrática dos trabalhadores.<br />

3. Que o Sintect-CAS seja<br />

uma ferramenta na luta nacional<br />

para derrubar os pelegos<br />

e corruptos dos grandes sindicatos<br />

e colocar uma nova<br />

direção, honesta, de luta e<br />

comprometida com os interesses<br />

dos trabalhadores na<br />

Federação Nacional.<br />

-Contra o Acordo Bianual,<br />

pela imediata organização da<br />

Campanha Salarial 2010,<br />

-35 % já de Reajuste salarial;<br />

-Contratação imediata de<br />

quantos trabalhadores forem<br />

necessários para diminuir o<br />

excesso serviço que sufoca<br />

atualmente a categoria ecetista;<br />

-Revogação integral do<br />

PCCS/2008;<br />

-Revogação integral do Saldamento<br />

do Postalis, que os<br />

participantes tenham os seus<br />

direitos garantidos aos moldes<br />

do Plano anterior;<br />

-Contra os Correios S.A;<br />

-Por um Correio 100% Público,<br />

Estatal e de Qualidade,<br />

controlado pelos trabalhadores,<br />

através de eleição direta<br />

aos cargos de chefia, de Presidente<br />

da Empresa à Supervisor;<br />

com mandatos revogáveis<br />

pelos próprios trabalhadores.<br />

Mobilizar por contratações e fim<br />

do assédio contra os motoristas<br />

fazem campanha de que os trabalhadores<br />

são os culpados de<br />

tudo e de que é preciso privatizar<br />

a ECT.<br />

Chamamos todos os motoristas<br />

para se unirem a luta junto<br />

com o Sindicato para manter<br />

o cargo e mais, para manter<br />

cada um dos nossos empregos<br />

nesta luta contra a privatização<br />

dos Correios.<br />

Nesse sentido O SINTECT-<br />

MG vai realizar as reuniões mensais<br />

no CTOBH para acompanharmos<br />

de perto todo o desdobramento<br />

das denúncias que<br />

foram feitas aqui e para manter<br />

os motoristas informados e unidos<br />

nesta luta. E qualquer tipo de<br />

perseguição, assédio ou irregularidade<br />

tem que comunicar ao<br />

Sindicato para que sejam tomadas<br />

tomar as providências.<br />

A luta dos motoristas e de<br />

toda a categoria é o único caminho<br />

para derrotar o0s ataques da<br />

direção da ECT e conquistar<br />

nossas reivindicações. Porisso<br />

chamamos os companheiros do<br />

CTO e de todos os setores a<br />

participarem das atividades da<br />

Campanha Salarial 2010, que<br />

estaremos convocando nas próximas<br />

semanas.<br />

FIm do assédio aos trabalhadores!<br />

Não ao PCCS da escravidão,<br />

que acaba com o cargo de motorista!<br />

Não a privatização dos Correios!<br />

Todos juntos na Campanha<br />

Salarial 2010! Por 35% de reajuste<br />

e demais reivindicações da<br />

categoria.


CAUSA OPERÁRIA<br />

ELEIÇÕES 2010 <br />

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<br />

RUI COSTA PIMENTA<br />

Ato da início à campanha eleitoral do<br />

Partido da Causa Operária<br />

¥¦§¨§ ¢£¤ ¡<br />

No sábado, dia 26, o <strong>PCO</strong> lançou o candidato à presidência Rui Costa Pimenta e também os candidatos aos governos dos estados de<br />

Minas Gerais, Paraíba, Rio de Janeiro e São Paulo tendo como eixo a defesa do partido operário e o socialismo<br />

Rui Costa Pimenta em discurso no ato de lançamento de sua candidatura à Presidência da República pelo <strong>PCO</strong> e jantar comemorativo realizado em seguida<br />

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A tarefa central é a construção do<br />

partido operário e revolucionário<br />

¢¢¡ ¢<br />

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<br />

“Só o socialismo pode<br />

dar uma saída para a<br />

humanidade”<br />

Página A14<br />

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<br />

ANAÍ CAPRONI<br />

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<br />

“Chamo os companheiros a<br />

defender a nossa proposta, o<br />

nosso programa e o direito de<br />

ser partido, de fazer campanha<br />

e de lutar pelo que é nosso”<br />

©<br />

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<br />

Página A15<br />

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<br />

Jantar comemorativo para<br />

impulsionar a campanha eleitoral<br />

¢ ¢<br />

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Música latina de primeira<br />

<br />

qualidade<br />

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¥ <br />

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<br />

<br />

Apresentação do grupo latino-americano “Sendero”, no jantar<br />

comemorativo do lançamento das candidaturas do <strong>PCO</strong>.


27 DE JUNHO DE 2010 CAUSA OPERÁRIA ELEIÇÕES A11<br />

XIX CONFERÊNCIA NACIONAL DO PARTIDO DA CAUSA OPERÁRIA<br />

Informe sobre a situação política nacional<br />

Reproduzimos aqui a transcrição resumida do informe<br />

político apresentado na Convenção Eleitoral Nacional<br />

(XIX Conferência Nacional) do <strong>PCO</strong>, sintetizando as<br />

principais questões colocadas pelo partido para a<br />

análise da situação política atual e a definição das tarefas<br />

para o próximo período<br />

1. A situação<br />

econômica<br />

A situação econômica brasileira<br />

é apresentada pelo governo<br />

e pela imprensa capita-<br />

lista como um grande sucesso.<br />

Estes supostos êxitos são<br />

uma das bases para a eleição<br />

de Dilma Rousseff. O que há<br />

de verdade na afirmação feita<br />

pelo governo de que o Brasil<br />

escapou da crise é que o País<br />

é um terreno que permite momentaneamente<br />

que capitais<br />

que não encontram aplicação<br />

ou um ambiente de mínima<br />

segurança nos países imperialistas<br />

ou nos países atrasados<br />

derrubados pela especulação,<br />

vejam no Brasil um<br />

amplo terreno para investimento.<br />

O Brasil é um país<br />

enorme, com sua mão-deobra<br />

relativamente qualificada<br />

e barata em termos internacionais,<br />

grandes empresas<br />

públicas construídas com o<br />

dinheiro do povo, abundantes<br />

recursos minerais e a vantagem<br />

de possuir uma razoável<br />

infraestrutura para a atividade,<br />

industrial, o que favorece<br />

a especulação. Embora tenha<br />

passado por crises anteriores,<br />

o Brasil não entrou em colapso<br />

junto com os outros países<br />

na última onda de crise (2007-<br />

2008).<br />

A base para a existência do<br />

imperialismo é a desigualdade<br />

no desenvolvimento econômico<br />

entre os países imperialistas<br />

e os países atrasados,<br />

o que permite lucros acima<br />

dos normais em seus próprios<br />

países. Um dos países em<br />

maior evidência neste momento<br />

é a China, que tem a<br />

maior e a mais barata força de<br />

trabalho do mundo. A própria<br />

existência do imperialismo repousa<br />

nestes fatos: a exploração<br />

desenfreada, sem limites,<br />

da força de trabalho e de outras<br />

desigualdades presentes<br />

na atual situação: a venda de<br />

matérias-primas não beneficiadas,<br />

a utilização de vantagens<br />

para as aplicações financeiras<br />

tais como juros excessivamente<br />

altos etc.<br />

A principal atividade do<br />

Brasil, exaltada pelo governo<br />

como o marco do seu crescimento<br />

e desenvolvimento econômico,<br />

é a exploração das<br />

suas desigualdades pelo imperialismo,<br />

a exportação de matérias-primas.<br />

A relativa estabilidade<br />

econômica do Brasil<br />

se apóia, neste momento, em<br />

algumas questões-chave. A<br />

primeira delas é a enorme exploração<br />

das matérias-primas<br />

nacionais. A exploração de<br />

matérias-primas é, na realidade,<br />

a antítese do desenvolvimento.<br />

A economia brasileira re-<br />

pousa neste momento em dois<br />

alicerces fundamentais. O primeiro<br />

é a exportação agrícola<br />

e o segundo a exportação de<br />

minérios, incluindo aí o petróleo.<br />

A Petrobras é um dos<br />

grandes responsáveis pela<br />

fase que o País está vivendo.<br />

Os minérios de maior valor<br />

internacional estão sendo levados<br />

pelo imperialismo que<br />

deixa para trás uma migalha,<br />

administrada por um gerente<br />

esquerdista (a Agência Nacional<br />

de Petróleo, sob o comando<br />

do dirigente do PCdoB,<br />

Haroldo Lima) responsável<br />

pela entrega da riqueza nacional.<br />

Além destas atividades, a<br />

especulação financeira é a segunda<br />

questão-chave do “sucesso”<br />

econômico do Brasil<br />

sob o governo Lula. A “grandiosidade”<br />

do governo Lula<br />

consiste no fato de este ser<br />

mera continuação do governo<br />

FHC neste sentido e, inclusive,<br />

aprofundar a entrega da<br />

economia nacional. É por este<br />

motivo que há uma unanimidade<br />

na burguesia, sócia menor<br />

do imperialismo, em torno<br />

a Lula.<br />

Outra coisa que deve ser<br />

notada entre a burguesia é<br />

que, curiosamente, a economia<br />

brasileira é totalmente dependente<br />

da flutuação da economia<br />

internacional. Ocorre<br />

apenas que a flutuação recente<br />

na economia internacional<br />

não afetou diretamente a economia<br />

brasileira a ponto de<br />

levá-la a um colapso, embora<br />

a tenha afetado. No entanto,<br />

isto não significa que qualquer<br />

movimentação abrupta dos<br />

capitais internacionais não<br />

possa levar a economia brasileira<br />

a desabar.<br />

Do ponto de vista da população<br />

trabalhadora, embora a<br />

economia seja estável (relativamente),<br />

há uma queda nas<br />

suas condições de vida. A recuperação<br />

de emprego só diz<br />

respeito ao mercado de trabalho<br />

atual. Do ponto de vista do<br />

desemprego crônico no país,<br />

pouco ou nada foi alterado. Há<br />

um vigoroso ataque à população<br />

rural e um rebaixamento<br />

permanente nas condições de<br />

vida dos trabalhadores, colocadas<br />

sob um ataque sistemático<br />

dos patrões com a cober-<br />

tura do governo da frente popular.<br />

A burguesia vem fazendo,<br />

silenciosamente, uma reforma<br />

trabalhista, com leis para<br />

acabar com o final de semana<br />

remunerado, o 13º salário,<br />

impor a terceirização em vasta<br />

escala etc. Não há, do ponto<br />

de vista da população, nenhuma<br />

melhoria. Na realidade,<br />

o constante aprofundamento<br />

do confisco da população é a<br />

base principal para os movimentos<br />

especulativos.<br />

Em uma medida complexa<br />

O <strong>PCO</strong> lançou a candidatura do companheiro Rui Costa Pimenta à presidência da República<br />

em defesa de um programa operário, socialista e de luta para classe operária<br />

As mobilizações estudantis na USP são um sintoma de uma<br />

virada da situação política no Brasil.<br />

e proporcionalmente menor<br />

ou mais lenta, o colapso econômico<br />

por que passaram os<br />

países do Leste europeu está<br />

se desenvolvendo no Brasil. A<br />

privatização da indústria estatal<br />

do Leste europeu deu lugar<br />

a um forte movimento de especulação<br />

com os capitais imperialistas<br />

aí aplicados. Com<br />

a crise, países que viviam uma<br />

situação “extraordinária”<br />

(como a do Brasil), foram<br />

completamente à falência porque,<br />

de fato, já estavam falidos.<br />

Este é o sentido geral da<br />

política burguesa. No próximo<br />

período imediato, isto<br />

deve se manifestar de uma<br />

maneira negativa.<br />

Do ponto de vista mais imediato,<br />

a crise internacional gerou<br />

uma tendência muito importante,<br />

que é o retorno da<br />

tendência inflacionária. A burguesia<br />

mundial, há cerca de<br />

10 meses, se viu confrontada<br />

com esta situação, com a<br />

perspectiva da volta da inflação<br />

ou da recessão. Se não<br />

temos no mundo hoje uma<br />

situação hiperinflacionária, é<br />

porque há o contrapeso da<br />

mão-de-obra ultra-explorada<br />

da China. Lá, hoje, está havendo<br />

aumento de salário,<br />

greves, organização sindical,<br />

etc. Sem o contrapeso da<br />

China à economia imperialista,<br />

não há como controlar a<br />

inflação. Isto se dá porque<br />

enquanto alguns preços sobem<br />

nos EUA e na Europa,<br />

outros permanecem baixos<br />

graças à importação de mercadorias<br />

produzidas com a<br />

mão-de-obra barata chinesa,<br />

o que mantém a inflação sob<br />

controle.<br />

Esta tendência inflacionária<br />

já está presente no Brasil e é<br />

a responsável pela tendência<br />

de luta que já começa a se manifestar<br />

na classe operária brasileira.<br />

De um ponto de vista geral,<br />

a abertura da crise, o colapso<br />

do sistema promovido pela<br />

burguesia, vai mostrar que<br />

todo o sacrifício feito pelos<br />

governos burgueses para recuperar<br />

as economias que entraram<br />

em colapso é feito em<br />

vão pois não há aí uma recuperação<br />

efetiva da economia,<br />

mas uma maior decomposição<br />

que cobrará inevitavelmente a<br />

sua fatura.<br />

2. O regime político<br />

A esquerda nacional considera<br />

que, no Brasil, a direita é<br />

o PT, ou seja, não teria importância<br />

o fato de o PT ser um<br />

partido de esquerda porque<br />

ele está no governo, leva adiante<br />

a política do bloco burguês<br />

e isto faz dele o equivalente<br />

a um PSDB, um DEM. O<br />

PT, no governo, logicamente<br />

é obrigado a levar adiante a<br />

política do grande capital, do<br />

imperialismo porque ele mesmo<br />

é um partido burguês.<br />

Este fato não quer dizer que a<br />

burguesia possa prescindir<br />

dos partidos burgueses tradicionais.<br />

Isto é uma ilusão de<br />

ótica totalmente confusionista<br />

da situação. Há uma situação<br />

onde todo um setor da<br />

burguesia procura reorganizar<br />

os partidos burgueses tradicionais,<br />

de direita, ou que,<br />

não sendo partidos originalmente<br />

de direita, cumprem<br />

um papel de direita, como é o<br />

caso do PSDB, para não ficar<br />

na mão de um partido vinculado<br />

aos sindicatos, aos movimentos<br />

populares, como o<br />

PT, por mais direitista que<br />

seja este partido em um determinado<br />

momento.<br />

Precisamos nos recordar<br />

que a burguesia vem procurando<br />

estabelecer no país uma<br />

espécie de bipartidarismo, assim<br />

como a burguesia imperialista<br />

procurou fazer. Este<br />

esquema vem afundando a<br />

cada eleição e a cada etapa da<br />

crise.<br />

A função deste sistema de<br />

pêndulo é permitir que o movimento<br />

das massas passe de<br />

um lado para o outro sem abalar<br />

o regime político. Quando<br />

as massas entram em uma etapa<br />

onde há um certo aquecimento<br />

da situação, a burguesia<br />

convoca os partidos burgueses<br />

de esquerda para governar.<br />

Quando a situação se<br />

acalma, entram os partidos<br />

burgueses que defendem<br />

abertamente os interesses da<br />

burguesia. Para a burguesia,<br />

o ponto central consiste em<br />

não permitir que as massas se<br />

desloquem para além deste<br />

“pêndulo”, que não vão nem<br />

para as mãos da extrema-direita,<br />

nem para as da extremaesquerda,<br />

particularmente<br />

desta última.<br />

Este tipo de equilíbrio do<br />

regime entrou em colapso no<br />

Brasil. A combinação feita entre<br />

PT, PMDB e a máquina<br />

estatal criou um movimento<br />

avassalador. Apesar de o go-<br />

verno do PT não ser como um<br />

governo Chávez, a “dinâmica<br />

política” é igual à da Venezuela,<br />

o que implica em um desequilíbrio<br />

muito grande.<br />

Por sua vez, o PT não é o<br />

substituto perfeito para um<br />

regime de partidos. O que está<br />

se dando nas eleições neste<br />

momento é que o sistema de<br />

partidos da burguesia está entrando<br />

em crise.<br />

A burguesia e a imprensa<br />

burguesa em particular, estão<br />

tentando criar uma polarização<br />

ideológica nas eleições<br />

porque é preciso preservar<br />

uma “aparência” de oposição.<br />

Embora a eleição pareça se<br />

desenvolver sob um aspecto<br />

de estabilidade, não se trata<br />

disso. Há um período de crise<br />

detrás desta estabilidade.<br />

Outro fato que precisa ser<br />

analisado é o papel decisivo do<br />

PT e da frente popular no<br />

equilíbrio do regime político.<br />

O domínio sobre a CUT e todos<br />

os sindicatos de ponta, a<br />

UNE, que sempre foi uma organização<br />

importantíssima<br />

para a luta política no Brasil e<br />

o MST e as demais organizações<br />

de luta no campo garante<br />

a estabilidade do regime<br />

político. Se a frente popular<br />

perder o controle das massas,<br />

o regime entra em crise. Os<br />

partidos burgueses tradicionais<br />

tentaram por diversas<br />

vezes quebrar este monopólio,<br />

mas não conseguiram.<br />

Isto tudo é o “calcanhar de<br />

Aquiles” do regime político.<br />

Este problema é a chave para<br />

compreender muitas das coisas<br />

miúdas que acontecem no<br />

movimento sindical e nos demais<br />

movimentos de luta hoje.<br />

Há um verdadeiro patrulhamento<br />

em todas as organizações<br />

sindicais, estudantis e<br />

populares porque este é o ponto<br />

fraco do regime. Se perderem<br />

o controle, a crise não<br />

poderá ser controlada a não<br />

ser por uma intensa luta de<br />

classes. O regime e, em última<br />

análise, os lucros do imperialismo,<br />

repousam sobre o<br />

controle que a burocracia sindical,<br />

estudantil, dos sem-terra,<br />

do PT e da frente popular<br />

têm sobre as organizações<br />

populares. Daí a luta nestas<br />

organizações para que a frente<br />

popular não perca o controle.<br />

Este é o segredo da situação<br />

brasileira, este é o segredo<br />

do próprio PT. Lula só<br />

tem a importância que a burguesia<br />

mundial dá a ele por ter<br />

estas organizações nas mãos.<br />

O regime político está hoje<br />

em um período de aparente<br />

estabilidade, porém um conjunto<br />

de contradições tende a<br />

se manifestar com mais força<br />

na próxima etapa.<br />

3. A classe operária<br />

e as massas<br />

É evidente, diante dos últimos<br />

acontecimentos, que há<br />

uma forte tendência ao desenvolvimento<br />

da luta das massas.<br />

Primeiro tivemos, no ano<br />

passado, a importante mobilização<br />

na USP que, conforme<br />

assinalamos diversas vezes, é<br />

um sintoma da crise política.<br />

Em seguida, a enorme greve<br />

dos professores de São<br />

Paulo, em março deste ano,<br />

um outro termômetro da situação.<br />

Na sequência, tivemos na<br />

USP um enfrentamento muito<br />

grande com a reitoria indicada<br />

pelo governo Serra. Há,<br />

de todos os lados, uma série<br />

de greves e lutas que têm uma<br />

importância sistemática muito<br />

grande.<br />

Tudo consiste em saber<br />

por meio de que etapas, e com<br />

que velocidade, vai se desenvolver<br />

a crise para que os contingentes<br />

mais importantes da<br />

classe trabalhadora entrem<br />

em luta.<br />

Nos Correios a situação é,<br />

a cada dia, mais radicalizada.<br />

Tudo isto tem uma importân-<br />

cia grande do ponto de vista<br />

do que tende a acontecer.<br />

O processo político da<br />

classe operária brasileira tem<br />

que passar por uma modificação<br />

na sua relação nos sindicatos.<br />

Embora os sindicatos<br />

brasileiros sejam até mesmo<br />

anacrônicos, a luta começa<br />

sempre por dentro dos setores<br />

sindicais e é exatamente<br />

isto é o que está acontecendo.<br />

Há uma luta intensa que se<br />

dá de forma oculta dentro dos<br />

sindicatos. Em todos os lugares,<br />

em diversas categorias,<br />

há milhares de manifestações<br />

neste sentido. Está em pleno<br />

movimento um processo de<br />

reorganização da classe trabalhadora<br />

no sentido de reorganizar<br />

o movimento sindical.<br />

Está em marcha uma espécie<br />

de repetição do processo<br />

que se desenvolveu nas greves<br />

de 1984, 85 e 86, e que obriga<br />

qualquer partido revolucionário<br />

a acompanhar esta situação<br />

com extrema atenção, nos<br />

sindicatos, no movimento estudantil<br />

e no movimento dos<br />

sem-terra.<br />

Neste sentido, não é à toa<br />

que nosso partido afirmou que<br />

está surgindo um novo movimento<br />

estudantil, que está ficando<br />

evidente nos momentos<br />

em que as lutas se intensificam,<br />

tanto quanto naqueles<br />

momentos em que a luta reflui<br />

temporariamente.<br />

Na luta pela terra, este processo<br />

se desenvolve com ainda<br />

mais clareza. Há uma fragmentação<br />

muito grande do<br />

MST que é, por assim dizer,<br />

quem controla o setor da luta<br />

pela terra.<br />

Percebe-se que os movimentos<br />

dos trabalhadores da<br />

cidade e do campo e dos estudantes<br />

acumularam uma<br />

vasta experiência com a burocracia<br />

da frente popular. Isto<br />

indica que uma próxima etapa<br />

de lutas tende a adquirir<br />

muito rapidamente um caráter<br />

abertamente revolucionário.<br />

Todos estes fatos devem<br />

ser observados para que se<br />

defina a política do partido no<br />

dia-a-dia. A nossa política não<br />

é feita de desejos ou opiniões,<br />

mas a partir de um conhecimento<br />

prévio do movimento<br />

operário, das causas da luta do<br />

movimento operário, das ten-<br />

As mobilizações na Grécia são um sintoma da falência dos países europeus.<br />

dências presentes da luta das<br />

massas. Se queremos ter uma<br />

política correta, esta política<br />

deve surgir da compreensão<br />

correta do desenvolvimento<br />

da luta das massas. O que<br />

ocorre hoje com clareza nas<br />

lutas dos estudantes da USP,<br />

entre os sem-terra e nas categorias<br />

operárias, considerado<br />

por muitos como um movimento<br />

minoritário, é de extrema<br />

importância pois justamente<br />

tende a se espalhar na-<br />

Os professores do estado de São Paulo realizaram uma greve<br />

de um mês colocando o governo Serra na lona e derrotando a<br />

burocracia sindical.<br />

cionalmente.<br />

4. A esquerda<br />

pequeno-burguesa


27 DE JUNHO DE 2010 CAUSA OPERÁRIA ELEIÇÕES<br />

Não consideramos, como a<br />

maioria dos militantes de esquerda,<br />

que exista uma identidade<br />

entre o nosso partido e<br />

a maioria dos partidos de esquerda.<br />

Deve-se fazer uma<br />

importante distinção que é o<br />

fato de que o nosso é um partido<br />

operário (com todos os<br />

defeitos e problemas que possa<br />

ter) e os demais são partidos<br />

da pequena burguesia.<br />

A maioria desta esquerda se<br />

transformou em uma burocracia<br />

sindical, uma camada<br />

pequeno burguesa que repousa<br />

sobre o movimento das<br />

massas.<br />

Como não estão voltados<br />

para as massas, sua política é<br />

eleitoral e mostram um verdadeiro<br />

desdém pelas reivindicações<br />

operárias, esta esquerda<br />

foi protagonista de<br />

fiascos marcantes como o<br />

caso do PSTU diante das demissões<br />

em São José dos<br />

Campos, lugar em que controlam<br />

um sindicato importante<br />

(o dos metalúrgicos de<br />

S. José dos Campos) e o fiasco<br />

da esquerda pequeno-burguesa<br />

que sequer discutiu este<br />

fiasco, justamente porque é<br />

pequeno-burguesa.<br />

Não há qualquer identificação<br />

com a classe operária, o<br />

que fica demonstrado por<br />

outro fracasso, o da candidatura<br />

de Heloísa Helena, e agora<br />

de Plínio de Arruda Sampaio,<br />

pelo Psol nas eleições. A<br />

principal diferença entre nosso<br />

partido e os principais representantes<br />

desta esquerda<br />

(Psol e PSTU) fora do governo<br />

não é mera divergência<br />

política pontual, mas uma diferença<br />

de classe.<br />

Nós sabemos que a pequena<br />

burguesia oscila politicamente,<br />

da mesma forma que<br />

se encontra economicamente<br />

entre a classe operária e a burguesia.<br />

Esta é a sua natureza<br />

política e social. Nos últimos<br />

50 anos, mais ou menos, o<br />

papel da pequena burguesia na<br />

sociedade cresceu extraordinariamente.<br />

A atual pequena<br />

burguesia não é a mesma coisa<br />

que a pequena burguesia<br />

antiga, as classes médias descritas<br />

por Marx em O Capital.<br />

O desenvolvimento capitalista<br />

criou todo um outro setor<br />

da pequena burguesia, um<br />

setor profundamente direitista<br />

ou com propensões muito<br />

direitistas, que são os funcionários<br />

das grandes empresas,<br />

ou que vivem em torno a<br />

elas. Marx falava do pequeno<br />

burguês referindo-se ao advogado,<br />

o professor, o profissional<br />

liberal, o pequeno artesão<br />

etc. O imperialismo desenvolveu<br />

muito esta camada social<br />

com idéias direitistas e um<br />

papel direitista, tornando-a<br />

essencialmente uma camada<br />

pró-imperialista da população<br />

com grande peso no conjunto<br />

da pequena-burguesia ou<br />

classes médias, como queiram.<br />

Nos últimos 30 anos, a pequena<br />

burguesia se tornou o<br />

principal ponto de apoio político<br />

do imperialismo nos países<br />

atrasados e também nos<br />

Os candidatos do regime político, Dilma Roussef, Marina Silva e José Serra.<br />

países imperialistas. No Brasil,<br />

tivemos durante todo um<br />

período o desenvolvimento de<br />

uma esquerda pequeno-burguesa<br />

“nacionalista”. A pequena<br />

burguesia, de um modo<br />

geral, é uma manifestação da<br />

decomposição do sistema capitalista<br />

no seu conjunto. A<br />

burguesia cria a pequena burguesia,<br />

contratando um batalhão<br />

de funcionários dos mais<br />

diversos tipos para se enfrentar<br />

com a classe operária formando<br />

um contrapeso à classe<br />

operária.<br />

A necessidade de uma camada<br />

social como esta para a<br />

sobrevivência política do im-<br />

perialismo é um sinal do caráter<br />

profundamente reacionário,<br />

defensivo, do apodrecimento<br />

do regime capitalista.<br />

Este é um problema-chave.<br />

No último período, nos últimos<br />

60 anos, o papel político<br />

da pequena burguesia cresceu<br />

muito, primeiro com a burocracia<br />

stalinista, no estado<br />

operário, devido ao avanço da<br />

crise mundial. O imperialismo<br />

foi obrigado a se apoiar de<br />

maneira intensa nesta camada,<br />

a tal ponto que temos hoje<br />

no mundo mais governos “de<br />

esquerda” do que de direita,<br />

governos desta pequena bur-<br />

Plínio de Arruda Sampaio, do Psol, uma candidatura burguesa<br />

sem nenhum apoio entre a classse operária.<br />

guesia de esquerda que formam<br />

um batalhão imenso, produto<br />

do fato de que a burguesia<br />

não consegue controlar a<br />

situação política diretamente.<br />

A esquerda pequeno burguesa<br />

no Brasil, grosso modo,<br />

é um resultado deste processo<br />

social de crise capitalista.<br />

Muitos grupos de esquerda<br />

foram formados para serem<br />

esquerdistas, mas a situação<br />

tende para a absorção desta<br />

esquerda pelo imperialismo.<br />

No Brasil, em particular,<br />

esta esquerda cumpre um papel<br />

decisivo. Ainda que muitos<br />

dos esquerdistas sejam<br />

verdadeiros direitistas, esta<br />

esquerda é enorme. Apenas no<br />

movimento operário, com<br />

cerca de 10 mil sindicatos no<br />

país, há uma burocracia sindical<br />

de cerca de 200 mil pessoas,<br />

contando apenas as di-<br />

reções sindicais.<br />

Há uma pressão muito<br />

grande da esquerda pequenoburguesa<br />

devido, em primeiro<br />

lugar, ao seu número. Esta<br />

esquerda pequeno-burguesa,<br />

devido à pressão da burguesia,<br />

enveredou profundamente<br />

pela direita. A maioria revela,<br />

confrontada com a classe<br />

operária, características fascistóides<br />

(como, por exemplo,<br />

a tentativa de assassinato<br />

de militantes sindicais do<br />

Partido da Causa Operária nas<br />

eleições do Sindicato dos Trabalhadores<br />

dos Correios de<br />

Minas Gerais, em que o problema<br />

central é pressão pela<br />

privatização dos Correios da<br />

parte da burocracia sindical do<br />

PT-PCdoB e da direção da empresa).<br />

Essa propensão fascistóide<br />

fica também revelada pelo patrulhamento<br />

e a perseguição<br />

às organizações operárias e<br />

estudantis que se afastam da<br />

política da frente popular.<br />

Qualquer confusão entre a<br />

frente popular e o partido da<br />

classe operária é extremamente<br />

grave.<br />

Nas últimas eleições, a chamada<br />

“frente de esquerda”,<br />

em uma tentativa de superar a<br />

profunda fragmentação desta<br />

esquerda, emprestou uma<br />

candidatura direitista da burguesia<br />

(a da ex-senadora Heloísa<br />

Helena) e esta tentativa<br />

fracassou completamente,<br />

levando a uma completa divisão<br />

da frente<br />

Recentemente, ocorreu a<br />

tentativa de unificar os partidos<br />

da esquerda pequeno-burguesa<br />

no terreno da organização<br />

sindical, através do congresso<br />

da Conlutas-Intersindical.<br />

Do ponto de vista do<br />

movimento operário, esta tentativa<br />

foi completamente irrelevante,<br />

passando completamente<br />

despercebida.<br />

A característica mais reacionária<br />

da esquerda pequenoburguesa<br />

não é nem tanto a<br />

oposição que esta camada<br />

social faz às reivindicações da<br />

classe operária, mas o fato de<br />

que não há coincidência no<br />

que diz respeito à constituição<br />

de um partido operário, no<br />

fato de que se constituem em<br />

verdadeiros inimigos da construção<br />

de um partido operário<br />

e é nesta questão que a distinção<br />

se dá claramente.<br />

5. A questão do<br />

partido operário<br />

O problema do partido é<br />

uma questão-chave na atual<br />

situação. A tarefa central é,<br />

em primeiro lugar, a construção<br />

de um partido operário revolucionário.<br />

Dadas as tendências<br />

atuais, o problema do<br />

partido se coloca no primeiro<br />

plano do ponto de vista prático.<br />

É muito sintomático que<br />

nos Correios, a própria ala esquerda<br />

da esquerda pequeno-<br />

burguesa tenha colocado a<br />

luta contra nós no terreno da<br />

luta contra a existência de um<br />

partido operário nos sindicatos.<br />

A questão do partido está<br />

se colocando na ordem do<br />

dia. Para a burocracia está<br />

colocado lutar contra o partido<br />

operário, impedir a construção<br />

de um o partido operário<br />

nos sindicatos.<br />

Em segundo lugar, a luta<br />

contra o partido operário dentro<br />

das organizações sindicais<br />

é o terreno decisivo da luta. A<br />

vinculação da propaganda em<br />

torno à construção de um partido<br />

operário com os sindica-<br />

O <strong>PCO</strong> entra nas eleições para defender as mobilizações dos trabalhadores, como a luta<br />

contra a privatização dos Correios.<br />

tos é que coloca, num terreno<br />

prático, a construção de<br />

um verdadeiro partido operário.<br />

No início do PT, a palavra<br />

de ordem mais combatida<br />

pela esquerda pequeno-burguesa<br />

e levantada pela então<br />

tendência Causa Operária era,<br />

justamente, a da construção<br />

do PT em um congresso dos<br />

sindicatos.<br />

Por isso existe uma campanha<br />

imensa, feroz, de cunho<br />

fascista contra a atuação do<br />

partido operário nos sindicatos,<br />

contra a construção de<br />

um partido operário a partir<br />

dos sindicatos e da luta sindical.<br />

Ficou claro na questão<br />

dos Correios que não se trata<br />

de qualquer partido. Muitos<br />

dirigentes sindicais podem<br />

sair candidatos pelo PT, pelo<br />

DEM, por qualquer outro partido<br />

burguês ou pequeno-burguês.<br />

Porém, quando decidem<br />

sair candidatos pelo <strong>PCO</strong>,<br />

todas as baterias se voltam<br />

contra o nosso partido, na tentativa<br />

de impedir que os operários<br />

se organizem politicamente<br />

ali onde lutam, a partir<br />

dos seus interesses de classe,<br />

na luta pelo socialismo.<br />

Neste sentido, está colocado<br />

para o nosso partido enfrentar<br />

este desafio: construir<br />

um verdadeiro partido operário<br />

de massas na luta sindical,<br />

na luta das massas.<br />

Embora não haja efetivamente<br />

nem nunca tenha existido<br />

uma verdadeira central<br />

sindical, nesta etapa histórica,<br />

os trabalhadores não precisam<br />

de uma nova central sindical,<br />

mas de um partido operário. A<br />

próxima etapa é a da luta revolucionária<br />

da classe operária.<br />

Neste sentido, é o partido e as<br />

organizações revolucionárias,<br />

como os sovietes, que estão<br />

colocados na ordem do dia e<br />

vão expressar de forma mais<br />

acabada a tendência própria da<br />

classe operária à sua centralização<br />

política.<br />

A burocracia sindical é a<br />

polícia militar dentro dos sindicatos,<br />

uma junta de intervenção<br />

policial dentro dos<br />

sindicatos operários. É preciso<br />

expulsar a burocracia<br />

dos sindicatos para que estes<br />

existam como tal. E, na medida<br />

em que se desenvolve a<br />

luta, isso vai ficando claro e<br />

esta luta se desenvolve desde<br />

o seu início como luta de<br />

partidos. Nos Correios, através<br />

de uma luta efetiva, os<br />

trabalhadores vêm compreendendo<br />

que, enquanto a<br />

burocracia faz seus congressos,<br />

funda suas centrais etc.,<br />

há uma luta intensa contra a<br />

burocracia.<br />

No meio desta luta, a esquerda<br />

pequeno-burguesa<br />

propõe criar um gueto, um<br />

oásis onde não é necessário<br />

lutar. Isto ficou demonstrado<br />

pelas diversas iniciativas,<br />

como a tomada pelo PSTU na<br />

categoria dos petroleiros, de<br />

fundar federações e organizações<br />

paralelas às existentes,<br />

que não vão negociar os salários,<br />

mas apenas servir de<br />

ponto de agrupamento para a<br />

própria esquerda pequenoburguesa.<br />

A esquerda pequeno-burguesa<br />

dá as costas ao mundo<br />

real, aquele no qual está surgindo<br />

uma reorganização da<br />

classe operária, e se lança à<br />

organização de seus pequenos<br />

congressos festivos.<br />

A discussão que nosso partido<br />

deve fazer em todo o movimento<br />

operário é sobre o<br />

que está acontecendo nos Correios:<br />

a luta para derrotar a burocracia<br />

sindical. Nada de<br />

congressos sindicais, nada de<br />

convescotes, liquidar a burocracia<br />

sindical!<br />

A luta contra a burocracia<br />

sindical é, logicamente, ao<br />

mesmo tempo, uma luta contra<br />

a frente popular. A burocracia<br />

sindical é a expressão<br />

da frente popular na luta das<br />

massas. O surgimento de oposições<br />

em diversos sindicatos<br />

da categoria dos Correios<br />

mostra que a própria burocracia<br />

está se liquidando, que o<br />

bloco da frente popular não<br />

existe como bloco e não consegue<br />

mais controlar o movimento,<br />

aprofundando a divisão<br />

já existente no terreno<br />

eleitoral.<br />

6. As eleições<br />

Dentro do regime há contradições.<br />

Na medida em que<br />

os partidos burgueses entram<br />

em crise fica evidente que o<br />

regime está afundando. Abrese<br />

a possibilidade de uma<br />

ampla luta contra o regime.<br />

Isto se dá em um regime<br />

eleitoral, como o brasileiro,<br />

onde há uma verdadeira ditadura<br />

totalitária da imprensa<br />

capitalista, da justiça eleitoral,<br />

etc., em que quase não é possível<br />

fazer campanha eleitoral.<br />

Se o regime entra em crise,<br />

abre-se, consequentemente,<br />

uma crise eleitoral. A crise<br />

da frente popular está se<br />

colocando nos marcos do regime<br />

eleitoral. Isto está acentuando<br />

a tendência da burguesia<br />

a colocar o <strong>PCO</strong> fora do<br />

terreno eleitoral.<br />

Do ponto de vista atual, a<br />

importância das para nós eleições<br />

é o movimento que está<br />

se criando. O centro da nos-<br />

sa campanha devem ser os locais<br />

onde estamos nos mobilizando,<br />

evidentemente principalmente<br />

nos Correios.<br />

Nossos candidatos dos Correios<br />

devem bater firme nos<br />

pontos que são o eixo central<br />

da nossa intervenção nos sindicatos,<br />

assim como no movimento<br />

estudantil, entre os<br />

professores de S. Paulo, a<br />

campanha eleitoral deve ser<br />

toda ela organizada em torno<br />

à luta e a mobilização do último<br />

período. Para nós não se<br />

trata de disputar cargos, nem<br />

obter vantagens do regime dos<br />

exploradores, mas de levar<br />

adiante esta luta que vem sendo<br />

travada hoje nos sindicatos,<br />

no meio do movimento<br />

estudantil e dos sem-terra.<br />

Para nós o objetivo da campanha<br />

é conseguir despertar<br />

estes setores para aprofundar<br />

A12<br />

a organização política nos sindicatos,<br />

nas organizações estudantis<br />

e populares.<br />

O objetivo, nesta campanha<br />

eleitoral, é ganhar mais<br />

militantes ali onde o partido já<br />

está organizado e ampliar sua<br />

organização nas categorias<br />

onde já intervém.<br />

Por isso, é preciso que a<br />

campanha eleitoral do partido<br />

esteja concentrada nas questões<br />

candentes do movimento<br />

de massas e na propaganda<br />

revolucionária do socialismo<br />

e do governo operário e,<br />

acima de tudo, na questão do<br />

partido operário, levando a<br />

explicação aos trabalhadores<br />

em todos os lugares de que o<br />

desenvolvimento da luta caminha<br />

para a construção de um<br />

partido operário.<br />

7. Balanço do <strong>PCO</strong><br />

Nosso partido é um agrupamento<br />

da vanguarda da<br />

classe operária. Salvo engano,<br />

único que existe no país.<br />

A vanguarda da classe operária<br />

é, em si, um aspecto do<br />

próprio movimento operário,<br />

não um fator independente.<br />

Quando os trabalhadores<br />

entram em movimento, o desenvolvimento<br />

político é<br />

muito grande. Quando o país<br />

entra em crise, os embriões<br />

de organizações da classe<br />

operária desaparecem, e ficam<br />

para trás as organizações<br />

pequeno-burguesas.<br />

A existência do <strong>PCO</strong> é importante,<br />

uma conquista do<br />

próprio partido e da classe<br />

operária. O fato de que tenhamos<br />

chegado até aqui é uma<br />

vitória política incontestável.<br />

Diante do problema da<br />

proscrição do partido, da<br />

cassação de seu registro eleitoral,<br />

devemos nos posicionar<br />

claramente: vamos fazer<br />

disso um eixo de denúncia da<br />

farsa que é o regime eleitoral,<br />

mas por outro lado isto não<br />

vai impedir, de qualquer maneira,<br />

que, se formos vítimas<br />

de tal arbitrariedade, nos lancemos<br />

novamente às ruas<br />

para legalizar o partido ou, na<br />

impossibilidade de obtermos<br />

novamente um registro, continuaremos<br />

na luta de qualquer<br />

maneira. Nosso partido<br />

não é um partido de eleições,<br />

não vamos deixar de progredir<br />

se não obtivermos uma<br />

vitória imediata.<br />

O próximo período é um<br />

período em que a construção<br />

do partido operário está colocada<br />

no primeiro plano dos<br />

acontecimentos políticos do<br />

País. Temos que saber como<br />

combinar duas idéias intimamente<br />

relacionadas, que é o<br />

desenvolvimento e uma vanguarda,<br />

um partido como o<br />

nosso, e o desenvolvimento<br />

da luta por um partido operário<br />

no meio das massas, que<br />

também é uma vanguarda,<br />

mais ampla e em uma cone-<br />

José Maria de Almeida, do PSTU, candidato da esquerda<br />

pequeno-burguesa depois do fracasso da Frente de Esquerda<br />

xão mais estreita com a massa<br />

operária, na medida que entrem<br />

em luta, desenvolvam e<br />

aprofundem sua luta. Este é<br />

o problema decisivo.<br />

Como há uma relação dialética<br />

entre o movimento da<br />

vanguarda e o das massas,<br />

haverá uma profunda modificação<br />

no próprio <strong>PCO</strong> por<br />

dentro. Nossas idéias influenciam<br />

a classe operária e a<br />

classe operária influencia<br />

nosso partido. Nossa vantagem<br />

para isso é que nossa<br />

política, em geral, coincide<br />

com os interesses fundamentais<br />

da classe operária. Temos<br />

que ter consciência disso e<br />

traçar um plano prático de<br />

ação para todas as etapas (greves,<br />

mobilizações, campanhas<br />

políticas) no sentido de fazer<br />

avançar a construção de um<br />

partido operário amplo.


27 DE JUNHO DE 2010 CAUSA OPERÁRIA ELEIÇÕES A13<br />

ELEIÇÕES 2010<br />

O <strong>PCO</strong> lança candidaturas para<br />

organizar a luta por um partido<br />

operário e socialista<br />

O Partido da Causa Operária lançou no último dia 26 sua<br />

candidatura à presidência e as candidaturas ao governo<br />

de diversos estados. Estas candidaturas expressam a<br />

reorganização da luta do movimento operário e fazem<br />

um chamado à organização dos trabalhadores em um<br />

partido para defender seus interesses de classe<br />

O <strong>PCO</strong> realizou no último dia 26<br />

sua XIX Conferência Nacional e<br />

um ato nacional em São Paulo para<br />

lançar suas candidaturas para as<br />

eleições presidenciais.<br />

O partido lançou o companheiro<br />

Rui Costa Pimenta, presidente<br />

nacional do <strong>PCO</strong>, como candidato<br />

à presidência. Foram lançadas<br />

outras oito candidaturas nos estados<br />

de São Paulo, Minas Gerais,<br />

Paraíba, Rio de Janeiro, Piauí,<br />

Espírito Santo, Distrito Federal e<br />

Roraima.<br />

O partido participa das eleições<br />

para levantar um programa de luta<br />

para a classe operária, em defesa<br />

de seus próprios interesses e para<br />

organizar a classe operária independente<br />

dos patrões e seus partidos.<br />

Candidaturas<br />

operárias e<br />

socialistas<br />

Os candidatos do <strong>PCO</strong> militan-<br />

tes do movimento operário, estiveram<br />

à frente de parte das principais<br />

luta dos trabalhadores no<br />

último período. Estas candidaturas<br />

adquirem ainda maior importância<br />

diante da retomada das lutas<br />

da classe trabalhadora impulsionada<br />

pelo aprofundamento da<br />

crise e da atuação do partido na luta<br />

sindical e popular.<br />

Este é o caso da principal frente<br />

de atuação do <strong>PCO</strong> no movimento<br />

sindical, da qual participam<br />

quatro dos oito candidatos do <strong>PCO</strong><br />

aos governos estaduais.<br />

Nos Correios o <strong>PCO</strong> leva à<br />

frente uma luta sem tréguas contra<br />

a burocracia sindical e contra<br />

a direção da empresa, que pretendem<br />

entregar a segunda maior<br />

estatal do País para as mãos dos<br />

abutres capitalistas internacionais<br />

e atacar os trabalhadores impondo<br />

profundos ataques aos seus<br />

direitos trabalhistas como ocorre<br />

na tentativa de impor o PCCS<br />

(Plano de Cargos Carreira e Salário)<br />

e o acordo bianual.<br />

O <strong>PCO</strong> esteve à frente da luta<br />

RUI COSTA PIMENTA<br />

A única candidatura<br />

operária e socialista<br />

à presidência<br />

A candidatura do <strong>PCO</strong> à<br />

presidência, de Rui Costa Pimenta,<br />

é a única candidatura<br />

operária e socialista nas eleições<br />

em defesa dos interesses<br />

da classe operária.<br />

A candidatura de Rui Costa<br />

Pimenta representa a sequência<br />

da luta pela construção<br />

do <strong>PCO</strong> e em defesa de sua<br />

participação nas eleições e. A<br />

candidatura do <strong>PCO</strong> à presidência<br />

foi atacada nas eleições<br />

de 2006, com a impugnação<br />

da candidatura de Rui Costa<br />

Pimenta pelo Tribunal Supe-<br />

O companheiro Rui Costa<br />

Pimenta é atualmente presidente<br />

nacional do <strong>PCO</strong> e editor e<br />

jornalista responsável pelo jornal<br />

Causa Operária.<br />

Nascido em 25 de junho de<br />

1957, no Estado de São Paulo,<br />

Capital, iniciou a sua atividade<br />

política ainda sob o regime<br />

militar, a partir de 1976. Ao<br />

ingressar na universidade começou<br />

a militar ativamente no<br />

movimento estudantil, tendo<br />

participado do Congresso de<br />

Refundação da UNE, em Salvador,<br />

em 1980 e sendo diretor do<br />

Centro Acadêmico de Estudos<br />

Literários e Linguísticas (CA-<br />

ELL) da Faculdade de Letras<br />

da USP.<br />

Em 1980 participou do Congresso<br />

de Fundação da Organização<br />

IV Internacional, que<br />

daria origem à Tendência Causa<br />

Operária do Partido dos<br />

Trabalhadores, baseada no<br />

nome do jornal da organização.<br />

A partir do final de 1979 participa<br />

do processo de fundação<br />

do Partido dos Trabalhadores,<br />

tendo contribuído para construir<br />

o PT em São Paulo e no ABC.<br />

Na década de 80, participa<br />

das grandes lutas sindicais da<br />

época do governo Sarney. Em<br />

1985, ano de maior crescimen-<br />

rior Eleitoral. Em um processo<br />

draconiano, o TSE rejeitou<br />

as contas do <strong>PCO</strong> de 2002<br />

com base em uma lei aprovada<br />

em 2004, de caráter retroativo.<br />

A aberração jurídica,<br />

voltada contra a principal liderança<br />

do <strong>PCO</strong>, foi uma<br />

evidente tentativa da burguesia<br />

de cassar o partido e sua<br />

participação política.<br />

O <strong>PCO</strong> nas eleições terá,<br />

por meio da candidatura de Rui<br />

Costa Pimenta, a oportunidade<br />

de denunciar amplamente<br />

o caráter antidemocrático e<br />

to do movimento grevista, é eleito<br />

diretor da Central Única dos<br />

Trabalhadores na região da Grande<br />

São Paulo.<br />

No Interior da CUT impulsiona<br />

com outros militantes operários<br />

a construção da maior<br />

oposição classista que existiu<br />

dentro da CUT, chamada CUT<br />

Pela Base. Como assessor de<br />

imprensa e militante na CUT<br />

participa da formação e organização<br />

de dezenas de oposições<br />

sindicais nos mais diversos sindicatos<br />

em São Paulo e outros<br />

estados do país.<br />

Em 1989, a Tendência Causa<br />

Operária opõe-se à política da<br />

direção do Partido dos Trabalhadores<br />

de lançar como vice de Lula<br />

para a eleição presidencial o latifundiário<br />

gaúcho e então senador<br />

pelo PMDB, eleito no estelionato<br />

eleitoral do Plano Cruzado,<br />

José Paulo Bisol, lançando uma<br />

campanha por uma chapa independente<br />

do PT.<br />

Esta campanha resulta na intervenção<br />

da direção petista nos<br />

diretórios dirigidos pela Tendência<br />

Causa Operária e na destituição<br />

das suas direções eleitas pela<br />

base. Ao final da eleição, a direção<br />

do PT iniciou o processo de<br />

expulsão da tendência Causa<br />

Operária, a qual foi colocada na<br />

dos trabalhadores dos Correios<br />

não apenas nas greves, mas cotidianamente<br />

através de sua corrente,<br />

Ecetistas em Luta. Por meio de<br />

sua imprensa regular e sem concorrência<br />

na categoria o <strong>PCO</strong><br />

denuncia os desmandos dos patrões<br />

e a criminosa burocracia<br />

sindical do Bando dos Quatro (PT-<br />

PCdoB-Psol-PSTU). Neste momento<br />

o <strong>PCO</strong> nos Correios enfrenta<br />

diversos ataques por impulsionar<br />

a organização de um bloco<br />

de sindicatos nacionalmente contra<br />

a política da ala patronal do<br />

PcdoB e do PT que apóiam abertamente<br />

a política da direção da<br />

empresa.<br />

O <strong>PCO</strong> também esteve à frente<br />

da luta dos professores estaduais<br />

em São Paulo, e por meio de sua<br />

corrente Educadores em Luta interveio<br />

para impulsionar a luta de<br />

dezenas de milhares de professores<br />

que ocuparam a paulista e lutaram<br />

contra o governador do<br />

PSDB e atual candidato à presidência,<br />

José Serra.<br />

O <strong>PCO</strong> esteve à frente também<br />

da denúncia em todo o País contra<br />

os ataques dos trabalhadores<br />

sem-terra e os pequenos agricultores<br />

no campo, pelas milícias dos<br />

latifundiários. O partido utilizará,<br />

portanto, suas candidaturas para<br />

tratar da questão da terra e levantar<br />

a necessidade de organizar os<br />

antioperário das eleições.<br />

A candidatura de Rui Costa<br />

Pimenta, que terá novamente<br />

como palavra-de-ordem de<br />

“salário, trabalho e terra” será,<br />

assim como o foi em 2006, o<br />

centro da propaganda do partido<br />

nas eleições, a luta em torno<br />

de um programa de atendimento<br />

dos interesses mais sentidos<br />

da classe operária e de<br />

toda a população. A candidatura<br />

do <strong>PCO</strong> às eleições, ao contrário<br />

dos partidos burgueses e<br />

pequeno-burgueses é a candidatura<br />

do partido em defesa de<br />

seu programa. Defenderemos<br />

nestas eleições novamente o<br />

salário mínimo vital, a luta pela<br />

redução da jornada de trabalho<br />

para 35 horas semanais,<br />

contra a rivatização dos Correios,<br />

contra a ditadura das reitorias<br />

das universidades, por<br />

um programa de luta das mulheres<br />

e dos negros e pela<br />

construção de um partido operário<br />

e socialista.<br />

ilegalidade dentro do partido<br />

como tendência política.<br />

Em 1995, após um trabalho<br />

preparatório de três anos, enfrentando<br />

as dificuldades da<br />

situação, foi lançado o Partido<br />

da Causa Operária, que obteve<br />

um registro provisório<br />

como partido legal. Em 1996,<br />

após uma campanha nacional<br />

de filiações, o partido obteve<br />

registro defintivo.<br />

Para tornar o partido conhecido<br />

e divulgar o seu programa<br />

o mais amplamente possível, o<br />

partido decidiu participar das<br />

eleições de 1996 com alguns<br />

candidatos. Nas eleições seguintes,<br />

o companheiro Rui<br />

Costa Pimenta foi candidato a<br />

vereador, a deputado federal e<br />

a prefeito de São Paulo pelo<br />

<strong>PCO</strong>, trabalhando para superar<br />

as debilidades financeiras e o<br />

pouco tempo na televisão.<br />

Continuando a luta pela<br />

construção do partido e pela organização<br />

política da classe<br />

operária, o companheiro Rui<br />

Costa Pimenta foi o candidato<br />

presidencial do partido nas eleições<br />

de 2002 e 2006, quando<br />

teve sua candidatura cassada de<br />

maneira completamente arbitrária<br />

e antidemocrática pelo<br />

TSE.<br />

trabalhadores do campo pelo seu<br />

direito a autodefesa.<br />

O objetivo do <strong>PCO</strong> ao participar<br />

das eleições é organizar os<br />

trabalhadores, estudantes, camponeses<br />

e diversos outros setores<br />

para aprofundar a organização<br />

política nos sindicatos, nas organizações<br />

de luta dos trabalhadores<br />

e organizar sua luta.<br />

Construir um<br />

partido operário,<br />

socialista e<br />

revolucionário<br />

O <strong>PCO</strong> é um agrupamento<br />

real, de vanguarda da classe operária.<br />

Este é um fator de desenvolvimento<br />

político e de organização<br />

da classe operária que fica evidente<br />

na organização da luta cotidiana<br />

da classe operária em sua<br />

luta. Esta luta mais acabada se dá<br />

na forma de um partido político<br />

operário, única organização capaz<br />

de defender os interesses de classe<br />

dos trabalhadores e de lutar<br />

contra a burguesia.<br />

Diante da retomada das lutas da<br />

classe operária e da crise sem<br />

precedentes da burguesia e de<br />

suas organizações políticas o<br />

<strong>PCO</strong> tem sido atacado no movimento<br />

sindical por uma política<br />

direitista, contra a organização<br />

dos trabalhadores em partido, que<br />

se expressa na tentativa da burocracia<br />

sindical em cassar seu direito<br />

de intervir no movimento<br />

operário, o que vemos claramente<br />

nos Correios, mas de uma<br />

maneira geral em todas as categorias.<br />

Isto ocorre porque a construção<br />

de um partido operário e socialista,<br />

está colocada na ordemdo-dia,<br />

não apenas graças à crise<br />

da burocracia sindical lulista, mas<br />

pela crise dos partidos burgueses<br />

nacionalmente<br />

Os partidos burgueses tradicionais,<br />

derivados da ditadura militar,<br />

como PSDB e e DEM, que<br />

sustentaram o regime burguês<br />

estão em um verdadeiro processo<br />

de falência.<br />

Na medida em que os partidos<br />

burgueses entram em crise abrese<br />

a possibilidade para que a classe<br />

operária organize a derrubada<br />

deste regime e isto só pode se dar<br />

de maneira acabada pela construção<br />

de um partido próprio.<br />

Esta luta, que foi paralisada pela<br />

tomada do PT pela burguesia, tende<br />

a se expressar no próximo<br />

período no rompimento completo<br />

com este partido e com toda a<br />

frente popular e na contrução de<br />

um partido socialista e independente.<br />

Este tende a se expressar<br />

de maneira cada vez mais profunda<br />

diante das lutas da classe operária<br />

e da crise.<br />

Uma outra expressão desta<br />

crise é o fato que o regime eleitoral<br />

brasileiro, tem estabelecido<br />

uma verdadeira ditadura totalitária<br />

nas eleições. Esta ditadura se<br />

volta contra a organização da classe<br />

operária em partido e seu direito<br />

de defender um programa nas<br />

eleições seja por meio do monopólio<br />

dos candidatos da burgue-<br />

sia na imprensa burguesa, da<br />

campanha pela cassação do partido<br />

realizada por esta imprensa e<br />

os tribunais, pela rejeição da prestação<br />

de contas do partido na<br />

justiça eleitoral etc.<br />

Este cerco ao <strong>PCO</strong> nas eleições<br />

é uma demonstração evidente de<br />

que junto com a crise do regime<br />

político abre-se uma crise eleitoral<br />

e que a burguesia teme que a<br />

classe operária organizada em<br />

partido coloque abaixo este regime<br />

eleitoral.<br />

É preciso denunciar a tentativa<br />

da burguesia de proscrever o<br />

<strong>PCO</strong> e que esta tentativa não pode<br />

se dar nas eleições, pois o <strong>PCO</strong><br />

não atua, ao contrário da esquerda<br />

burguesa e pequeno-burguesa,<br />

subordinado às eleições.<br />

Neste sentido, o <strong>PCO</strong> participa<br />

das eleições para levantar necessidade<br />

de organização de um<br />

partido operário e revolucionário,<br />

não apenas para impulsionar uma<br />

ou outra categoria, um ou outra<br />

luta, que não são suficientes para<br />

derrotar o governo dos capitalistas.<br />

As lutas econômicas, por reivindicações<br />

parciais ou mesmo de<br />

certas categorias podem agregar<br />

uma massa de trabalhadores e ser<br />

um fator de grande experiência<br />

para os trabalhadores, mas se esta<br />

não se expressa em uma organização<br />

própria dos trabalhadores<br />

tende a refluir e se dispersar.<br />

O <strong>PCO</strong> participa das eleições<br />

para lutar pela unificação e organização<br />

de toda a classe trabalhadora<br />

em torno de seus interesses,<br />

para levar até a última consequência<br />

a luta contra o regime de exploração<br />

capitalista e lutar pela<br />

única forma de organização social<br />

que atende aos interesses da imensa<br />

maioria explorada, o governo<br />

dos trabalhadores da cidade e do<br />

campo e o socialismo.<br />

ELEIÇÕES 2010<br />

Veja aqui o perfil dos candidatos<br />

As conferências estaduais do<br />

Partido da Causa Operária indicaram<br />

na última semana as candidaturas do<br />

partido ao governo em oito estados.<br />

Seguindo uma tradição de lançar<br />

candidaturas operárias, ligadas às<br />

lutas dos trabalhadores, o partido<br />

reuniu nas chapas estaduais trabalhadores<br />

e sindicalistas que participaram<br />

e dirigiram as principais lutas de suas<br />

categorias nos últimos anos:<br />

São Paulo: Anaí<br />

Caproni<br />

Nascida em São Bernardo do<br />

Campo, no Grande ABC, iniciaria em<br />

1983 sua atuação política no movimento<br />

estudantil, participando da<br />

União Municipal dos Estudantes Secundaristas<br />

de São Bernardo do<br />

Campo. Militou na Voz Estudantil,<br />

grupo estudantil da tendência Causa<br />

Operária. Como metalúrgica atuou<br />

no movimento sindical sendo membro<br />

da Coordenação da Oposição<br />

Metalúrgica de São Paulo de 1987 a<br />

1991.<br />

Hoje, como trabalhadora da Empresa<br />

Brasileira de Correios e Telégra-<br />

fos na função de operadora de triagem<br />

e transbordo, tem uma atuação<br />

ativa no movimento sindical com a<br />

corrente nacional Ecetistas em Luta.<br />

Anaí é diretora da Federação Nacional<br />

dos Trabalhadores dos Correios<br />

(Fentect) e da corrente sindical de<br />

oposição nacional na categoria, Ecetistas<br />

em Luta, de trabalhadores e<br />

simpatizantes do <strong>PCO</strong>.<br />

Como diretora da Fentect, Anaí é<br />

responsável pela luta contra a política<br />

da empresa e da burocracia sindical<br />

do PT e PCdoB de privatização<br />

da empresa, sendo uma das principais<br />

organizadoras da corrente.<br />

Participou ativamente na construção<br />

e legalização do Partido da Causa<br />

Operária, sendo hoje membro da Direção<br />

Nacional e do Comitê Central do<br />

partido. Coordena também o Coletivo<br />

de Mulheres Rosa Luxemburgo,<br />

organismo do <strong>PCO</strong> voltado à organização<br />

política das mulheres.<br />

Foi candidata pelo <strong>PCO</strong> nas últimas<br />

cinco eleições estaduais e municipais<br />

desde o ano de 2000.<br />

Minas Gerais:<br />

Pedro Paulo<br />

Pinheiro<br />

Foi um dos pioneiros do movimento<br />

sindical dos Correios. Em 1984<br />

formou junto a outros companheiros<br />

as associações de trabalhadores de<br />

Correios, e em seguida fundou a<br />

Unact, União Nacional de Trabalhadores<br />

da ECT que geraria a Fentect em<br />

1990. Foi demitido na primeira greve<br />

realizada pelos trabalhadores da ECT<br />

e novamente em 86, quando foi en-<br />

quadrado na Lei de Segurança Nancional.<br />

Criou com outros companheiros<br />

o Sintect-MG, do qual foi o primeiro<br />

presidente em 1990.<br />

Hoje mantém-se como presidente<br />

do sindicato dos Correios de Minas<br />

Gerais e é membro da corrente<br />

sindical Causa Operária e da oposição<br />

Ecetistas em Luta, dos trabalhadores<br />

dos Correios e membro da direção<br />

do Partido da Causa Operária.<br />

Foi candidato a vice-presidente na<br />

chapa do partido encabeçada pelo<br />

companheiro Rui Costa Pimenta nas<br />

duas últimas eleições presidenciais.<br />

Rio de Janeiro:<br />

Antônio Carlos<br />

Silva<br />

Antônio Carlos Silva acompanhou<br />

a expulsão da tendência Causa<br />

Operária do PT no final dos anos 80.<br />

Antônio Carlos participou da campanha<br />

pela legalização do <strong>PCO</strong> e é hoje<br />

membro da direção nacional do partido.<br />

Como professor do ensino básico,<br />

é membro da corrente sindical de<br />

oposição nacional Educadores em<br />

Luta. Foi a principal liderança da principal<br />

mobilização dos professores<br />

estaduais de São Paulo nos últimos<br />

anos, a greve dos professores de<br />

março deste ano na qual centenas de<br />

milhares de professores participaram<br />

ativamente.<br />

Antônio Carlos foi candidato a<br />

prefeito da capital carioca pelo <strong>PCO</strong><br />

em 2008<br />

Espírito Santo:<br />

Avelar Viana<br />

Carteiro, secretário geral do Sindicato<br />

dos Trabalhadores dos Correios<br />

do Espírito Santo (Sintect-ES).<br />

Avelar Viana, membro da corrente<br />

Ecetistas em Luta, de trabalhadores<br />

dos Correios do <strong>PCO</strong>, sofreu há<br />

um mês atentado cometido por um<br />

membro da CTB, central do PCdoB,<br />

no qual o companheiro foi esfaqueado<br />

por denunciar a política de privatização<br />

da empresa e de apoio do<br />

PCdoB a esta política.<br />

O atentado ocorreu em Minas<br />

Gerais durante uma campanha realizada<br />

por Avelar e outros companheiros<br />

nas portas dos setores de trabalho<br />

contra os ataques e a tentativa de<br />

intervenção do PCdoB no Sintect-<br />

MG, que é o maior controlado hoje<br />

pela oposição nos Correios.<br />

Avelar foi candidato pelo partido<br />

à prefeitura de Vitória, capital do estado,<br />

em 2008.<br />

Distrito Federal:<br />

Ricardo Machado<br />

Bancário do Banco do Brasil, Ri-<br />

cardo é membro da corrente sindical<br />

de oposição Bancários em Luta. É<br />

responsável pela organização desta<br />

oposição no Distrito Federal contra<br />

a burocracia do Bando dos Quatro<br />

(PT-PCdoB-Psol-PSTU). Participou<br />

da formação da chapa 2 - Bancário em<br />

Luta nas eleições para o Sindicato dos<br />

Bancários de Brasília.<br />

Paraíba: Lourdes<br />

Sarmento<br />

Ingressou na militância no movimento<br />

estudantil da década de 70<br />

fazendo parte da corrente estudantil<br />

nacional Liberdade e Luta. Foi uma das<br />

fundadoras do Partido dos Trabalhadores<br />

na Paraíba, participou da luta<br />

pela Reforma agrária em assentamentos<br />

dos trabalhadores sem-terra e com<br />

movimentos populares em bairros<br />

periféricos de João Pessoa.<br />

Ingressou na corrente Causa<br />

Operária dentro do PT e participou da<br />

campanha contra a expulsão de seus<br />

membros do partido e pela legalização<br />

do <strong>PCO</strong>.<br />

Atualmente é membro da direção<br />

nacional do partido, professora da<br />

UEPB é membro da corrente sindical<br />

nacional de oposição Docentes em<br />

Luta.<br />

Foi candidata a Prefeita de João<br />

Pessoa e ao Governo do estado da<br />

Paraíba nas últimas eleições.<br />

Piauí: Lourdes<br />

Mello<br />

Professora da rede estadual de<br />

ensino, sindicalista da corrente nacional<br />

de oposição Educadores em<br />

Luta, foi candidata pelo partido à<br />

prefeitura de Teresina em 2008<br />

Roraima: Ariomar<br />

Farias<br />

Carteiro, secretário geral do Sindicato<br />

dos Trabalhadores dos Correios<br />

de Roraima (Sintect-RR), foi candidato<br />

pelo partido à prefeitura de Boa<br />

Vista em 2008 e ao governo do estado<br />

em 2006.


27 DE JUNHO DE 2010 CAUSA OPERÁRIA ELEIÇÕES A14<br />

RUI COSTA PIMENTA<br />

“Só o socialismo pode dar uma<br />

saída para a humanidade”<br />

Leia o discurso do presidente nacional do <strong>PCO</strong> e editor<br />

do jornal Causa Operária, o companheiro Rui Costa<br />

Pimenta, candidato à presidência da república, durante<br />

o ato nacional de lançamento da sua candidatura<br />

Companheiros, eu queria dizer<br />

algumas palavras aqui no sentido<br />

de traduzir as idéias fundamentais<br />

que estiveram em discussão em<br />

nossa XIX Conferência Nacional,<br />

que foi realizada hoje pouco an-<br />

tes desta nossa primeira atividade<br />

da campanha eleitoral.<br />

Queria repetir aqui o que já foi<br />

dito pelos companheiros e o que<br />

eu acho que todos os militantes<br />

do partido, toda a classe trabalhadora<br />

e todas as pessoas honestas,<br />

que buscam um futuro diferente<br />

para o Brasil e para o mundo, têm<br />

que saber: as eleições que estão se<br />

iniciado agora são um jogo de<br />

cartas marcadas e os resultados<br />

estão definidos de antemão. O<br />

povo brasileiro vai ser chamado<br />

às urnas para referendar o funcionamento<br />

avassalador da máquina<br />

estatal.<br />

Apesar disso, companheiros,<br />

é de se perguntar por que nós<br />

entramos nesse jogo de cartas<br />

marcadas muito difícil de jogar.<br />

Nós estamos no final de junho, e<br />

teremos exatamente três meses<br />

para fazer uma campanha eleitoral<br />

que divulgue as nossas propostas<br />

e convença mais de cem<br />

milhões de eleitores em um país<br />

de oito milhões de quilômetros<br />

quadrados. Ao mesmo tempo,<br />

teremos alguns segundos na televisão<br />

e não vamos participar de<br />

nenhum debate que vai ser promovido<br />

pelas grandes redes de<br />

televisão, como a Rede Globo.<br />

Quem escolherá quais são os<br />

candidatos que o povo pode ouvir<br />

são os capitalistas donos destas<br />

empresas. Nós vamos ter que<br />

enfrentar no primeiro mês de eleição,<br />

conforme foi dito aqui, uma<br />

verdadeira floresta amazônica de<br />

regulamentos do TSE para registrar<br />

os candidatos, dos quais o<br />

tribunal tentará impugnar um bom<br />

número. Isto são as eleições. Isto<br />

é o que se chama de democracia<br />

hoje no País. É um jogo de cartas<br />

marcadas, uma farsa política que<br />

tem que ser denunciada. Apesar<br />

disso, companheiros, eu queria<br />

chamar todos a se empenharem<br />

de corpo e alma nesta curtíssima<br />

campanha política que são as eleições<br />

nacionais de 2010.<br />

Nós devemos lançar candidatos<br />

a governador e ao Senado em<br />

dez estados do país, além da candidatura<br />

à presidência da República.<br />

Nós temos que ir aos trabalhadores<br />

com um objetivo prático<br />

definido. Nós temos que levar em<br />

consideração que há um despertar<br />

muito importante, muito significativo<br />

da luta dos trabalhadores<br />

de diversas categorias pelo<br />

País afora. Nós vimos neste ano<br />

a gigantesca greve dos professores<br />

estaduais de São Paulo, na qual<br />

os professores ocuparam a Av.<br />

Paulista, enfrentaram a Polícia<br />

Militar do governo Serra, encurralaram<br />

o governo no Palácio dos<br />

Bandeirantes e todos nós sabemos<br />

que essa tendência de luta<br />

está se multiplicando em todo o<br />

País.<br />

Foi destacada aqui a situação<br />

que existe nos Correios, a tentativa<br />

de privatização da empresa.<br />

É evidente que o governo do PT<br />

está esperando passar as eleições<br />

para lançar com toda força a privatização<br />

dos Correios. Mas é<br />

importante também assinalar que<br />

entre os trabalhadores dos Correios<br />

cresce a determinação de resistir<br />

a esta ofensiva do governo,<br />

da burguesia e dos tubarões internacionais.<br />

Nós estamos vendo na principal<br />

universidade do País que é a<br />

Universidade de São Paulo<br />

(USP), a luta dos estudantes e dos<br />

funcionários que estão pedindo<br />

inclusive a saída do reitor. Essas<br />

tendências de luta, companheiros,<br />

crescem por todo o País.<br />

É isso que faz da campanha<br />

eleitoral que começa agora, uma<br />

campanha eleitoral especial para<br />

nós. O nosso objetivo prático, o<br />

nosso objetivo número um nas<br />

eleições é utilizar a atenção despertada<br />

pela necessidade de renovar<br />

os governos, necessidade da<br />

burguesia de conseguir um apoio<br />

popular formal para os governantes<br />

corruptos e que não têm nenhum<br />

apoio popular real, que nos<br />

permite utilizar o curto espaço que<br />

nós temos nas eleições e na televisão<br />

para contribuir com e impulsionar<br />

o desenvolvimento dessas<br />

lutas. É o desenvolvimento<br />

dessas lutas que vai mudar o País<br />

e não as eleições.<br />

Nós devemos dizer isso abertamente<br />

para os trabalhadores<br />

nos quatro cantos do País. É a luta<br />

e a organização da classe operária,<br />

das organizações sindicais, de<br />

sua organização política que pode<br />

dar um novo rumo ao País e não<br />

as eleições, companheiros<br />

(aplausos).<br />

Em segundo lugar, companheiros,<br />

eu queria chamar a atenção<br />

para outro aspecto fundamental.<br />

Nestas eleições encerram-se<br />

os oito anos do governo Lula. O<br />

maior partido da esquerda nacional<br />

dos últimos 50 anos chegou<br />

ao poder, um partido que congregou<br />

as expectativas de milhões e<br />

milhões de trabalhadores brasileiros<br />

no terreno eleitoral. Um partido<br />

no qual os trabalhadores, a<br />

juventude, as mulheres, a população<br />

negra acreditavam que,<br />

assim que chegasse ao poder, iria<br />

modificar a situação criada e<br />

mantida pelos tradicionais canalhas<br />

e cafajestes dos partidos<br />

burgueses, que toda a população<br />

nacional repudia.<br />

Eis que o povo brasileiro fez<br />

uma amarga experiência de oito<br />

PEDRO PAULO DE ABREU PINHEIRO<br />

“Nós queremos através da luta dos<br />

trabalhadores dos correios colocar a defesa<br />

pelo controle operário da produção em todos<br />

os setores do Brasil”<br />

Acompanhe o discurso do presidente do sindicato dos<br />

correios de Minas Gerais (Sintect-MG), o companheiro<br />

que faz parte da direção nacional do <strong>PCO</strong> e é o candidato<br />

ao governo do estado de Minas Gerais<br />

Boa noite a todos os companheiros<br />

e companheiras da plenária<br />

e oradores da mesa. É<br />

muito importante esse momento,<br />

no qual, nós, companheiros<br />

da Causa Operária, realizamos<br />

o ato de lançamento da candidatura<br />

à presidência da república<br />

dopresidente do Partido da Causa<br />

Operária, o companheiro Rui<br />

Costa Pimenta; e dos demais<br />

companheiros operários, negros,<br />

mulheres, dos companheiros<br />

que vão representar a<br />

juventude e o conjunto dos explorados<br />

contraa política pseudo-democrática<br />

do regime capitalista<br />

que explora e oprime os<br />

trabalhadores. As nossas candidaturas<br />

vão fazer uma contundente<br />

denúncia contra esse regime<br />

de opressão e contra a<br />

farsa das eleições<br />

Nesse sentido, a nossa candidatura<br />

ao governo do estado<br />

de Minas Geraistem como objetivo<br />

demonstrar a toda população<br />

brasileira, ao conjunto da<br />

classe trabalhadora, aos setores<br />

explorados da sociedade, que<br />

nós não aceitaremos a truculência,<br />

os absurdos que vêm sendo<br />

cometidos pela burguesia à<br />

Discurso do companheiro Rui Costa Pimenta durante o ato.<br />

classe trabalhadora. Nós vamos<br />

utilizar as eleições para realizar<br />

uma intensa denúncia do desmonte<br />

que está sendo realizado<br />

pelo governo Lula da Empresa<br />

Brasileira de Correios e Telegrafos,<br />

fazer uma ampla campanha<br />

contra a privatização da ECT, a<br />

maior empresa estatal em quantidade<br />

de trabalhadores, nos<br />

locais de trabalho, nas praças e<br />

nas ruas do estado de Minas<br />

Gerais. Os governos Antônio<br />

Carlos Magalhães, Sarney,<br />

Collor de Mello, Itamar Franco,<br />

FHC, e agora o Lula, realizaram<br />

diversas iniciativas com o objetivo<br />

de privatizar a ECT.<br />

Nós já realizamos muitas lutas<br />

e muitas outras lutas ainda<br />

serão necessárias. , Essa empresa<br />

é um patrimônio da população<br />

brasileira e dos trabalhadores.<br />

Nós não vamos abrir mão<br />

dela. Anossa campanha será<br />

também um aviso para a burocracia<br />

sindical, subserviente da<br />

burguesia e que vem traindo a<br />

luta e os interesses dos trabalhadores<br />

da cidade e do campo em<br />

todos os momentos. Para os trabalhadores<br />

dos correios, a situação<br />

da subserviência da buro-<br />

cracia sindical aos patrões é bastanteescandalosa.<br />

A ECTé uma<br />

empresa que além de empregar<br />

mais de 110 mil trabalhadores<br />

diretos e 45 mil trabalhadores<br />

terceirizados, vem, a cada dia,<br />

sendo sucateadapela política<br />

criminosa do governo Lula, juntamente<br />

com o governo do<br />

PMDB, através do Ministério<br />

das Comunicações. O que está<br />

sendo realizado, é uma política<br />

de desmonte da ECT, de rebaixamento<br />

do poder de compra<br />

dos salários, das condições de<br />

trabalho ede vida dos trabalhadores<br />

dos correios.<br />

Ano passado, mais de um<br />

milhão de trabalhadores se candidataram<br />

a um cargo de empregado<br />

na ECT e o governo, que<br />

orientou a empresa a receber<br />

dinheiro de mais de um milhão<br />

de trabalhadores, não realizaou<br />

um único concurso! Não querem<br />

realizarconcurso público e<br />

dessa forma estabelecem um<br />

verdadeiro caos na empresa<br />

com sobrecarga de trabalho aos<br />

trabalhadores. Acabaram com a<br />

rede de postal noturna, na qual<br />

aviões transportavam correspondência<br />

de norte a sul do País,<br />

para dificultar o serviço de entrega<br />

das correspondências e<br />

justificar a entrega da ECT ao<br />

grande capital nacional e sobretudo<br />

ao capital internacional,<br />

anos e descobriu que os partidos<br />

da esquerda nacional não representam<br />

os interesses da classe<br />

trabalhadora brasileira. Descobriu<br />

que esses partidos, como nós<br />

denunciamos muitas vezes, inclusive<br />

dentro do Partido dos Trabalhadores,<br />

o Partido Comunista do<br />

Brasil e todos os partidos de esquerda,<br />

servem como instrumento<br />

da defesa dos interesses dos<br />

banqueiros, dos grandes industriais<br />

e dos latifundiários que matam<br />

os trabalhadores no campo brasileiro.<br />

São os interesses dos inimigos<br />

da classe trabalhadora brasileira<br />

(aplausos).<br />

Um episódio recente demonstra<br />

a magnitude da queda desses<br />

partidos diante da luta da população<br />

brasileira. Um dos líderes do<br />

governo Lula no Congresso Nacional,<br />

líder do PCdoB, o senhor<br />

Aldo Rebelo, está sendo nesse<br />

momento homenageado pelos<br />

piores assassinos que existem<br />

nesse País, que são os latifundiários<br />

que mataram há alguns<br />

meses atrás, no Pará, o nosso<br />

companheiro que falou no ato do<br />

1º de maio do Partido da Causa<br />

Operária, o companheiro Luiz<br />

Lopes, da Liga dos Camponeses<br />

Pobres. Essas pessoas que assassinaram<br />

este e centenas de outros<br />

companheiros estão publicamente<br />

elogiando um líder do PCdoB<br />

porque esse líder teve a capacidade<br />

e a ousadia oportunista, reacionária<br />

e contra-revolucionária de<br />

aprovar um código florestal sob<br />

medida para esses latifundiários<br />

(aplausos).<br />

A principal porta-voz do latifúndio<br />

brasileiro, esse fenômeno<br />

retrogrado, Kátia Abreu, foi à<br />

imprensa defender a coragem<br />

moral do senhor Aldo Rebelo. Pois<br />

eu sou obrigado a concordar com<br />

ela. É preciso ter muita coragem<br />

para se dizer comunista e de esquerda<br />

e servir de capacho para<br />

esses assassinos. É preciso muita<br />

coragem (aplausos).<br />

Eu digo isso, companheiros,<br />

porque nestas eleições nós temos<br />

que dizer para os trabalhadores<br />

em alto e bom som que chegou a<br />

hora dos trabalhadores, não os<br />

militantes do <strong>PCO</strong>, mas a classe<br />

trabalhadora, os trabalhadores<br />

que estão se mobilizando nos sindicatos,<br />

que estão se mobilizando<br />

nas greves, os estudantes que<br />

estão se mobilizando na luta contra<br />

essas reitoras ditatoriais corruptas,<br />

de construir um partido de<br />

luta que defenda o interesse da<br />

classe trabalhadora brasileira.<br />

Chegou a hora de construir um<br />

partido operário que seja capaz,<br />

não de eleger deputados para<br />

serem elogiados pelos latifundiários<br />

e seus representantes, mas de<br />

todos os dias organizar e dar uma<br />

diretriz para a luta de massas dos<br />

trabalhadores da cidade e do cam-<br />

colocandona rua mais de 68 mil<br />

trabalhadores.<br />

Em contrapartida, os capitalistas,<br />

o governo e os patrões<br />

querem, ao mesmo tempo, entregar<br />

a ECT de mãos beijadas<br />

para o imperialismo colocando<br />

mais de 100 mil trabalhadores<br />

concursados trabalhando como<br />

terceirizados, com salários mínimos,<br />

aumentando ainda mais<br />

a exploração dos trabalhadores<br />

brasileiros e rebaixando suas<br />

condições de sobrevivência.<br />

Eles só não fizeram isso ainda<br />

porque o nosso partido, através<br />

do movimento sindical, através<br />

de uma organização sólida interveio<br />

dividindo a burocracia sindical<br />

como um todo e constituindo<br />

um aparelho firme de luta<br />

contra a privatização. No ano<br />

passado, a direção da ECT em<br />

conjunto com o Ministério das<br />

Comunicações e os lacaios do<br />

movimento sindical tentaram de<br />

todas as maneiras acabar com<br />

o movimento sindical dos Correios.<br />

Ao mesmo tempo, mais<br />

de 500 sindicalistas se venderam<br />

para os patrões, passando a<br />

receber salários de 3, 5, 10 e até<br />

20 mil reais para trair, através<br />

de assinaturas de acordos escandalosos<br />

o interesse de trabalhadores.<br />

Eles também utilizaram<br />

esse expediente para impor<br />

o acordo bianual eOum plano de<br />

cargos, carreira e salários que<br />

dificulta a vida dos trabalhadores,<br />

criando o cargo amplo,<br />

acabando com aquilo que nós<br />

chamamos que é o cargo e função<br />

de cada trabalhador. A burocracia<br />

sindical fez isso através<br />

desse PCCS, também tentam<br />

dividir os trabalhadores e orga-<br />

po e para a juventude. Nós temos<br />

que colocar esta questão no centro<br />

da nossa campanha eleitoral.<br />

Nós temos que discutir esses<br />

problemas e levantar a consciência<br />

dos trabalhadores da necessidade<br />

da sua organização política.<br />

Sem organização e, particularmente,<br />

sem organização política<br />

o trabalhador não passa de um<br />

escravo do capital. Escravo porque<br />

ele tem emprego, se não, é um<br />

indigente sem emprego que fica<br />

à mercê dos acontecimentos.<br />

Sem organização política a classe<br />

trabalhadora não é nada. Sem<br />

organização política, os patrões,<br />

os grandes capitalistas, os banqueiros<br />

fazem o que querem. Por<br />

isso não basta que estejamos construindo<br />

um partido, é preciso<br />

fazer um amplo chamado à classe<br />

trabalhadora brasileira e a que<br />

essa classe desperte como está<br />

despertando para as lutas, para<br />

construir este partido.<br />

Companheiros, outra questão<br />

que nós temos que discutir abertamente<br />

nessas eleições é que não<br />

estamos participando das eleições,<br />

da vida política do país, das<br />

greves dos trabalhadores, da luta<br />

dos estudantes, da luta dos trabalhadores<br />

do campo, para vender<br />

ilusões. As eleições que estão<br />

começando agora são as primeiras<br />

eleições nacionais desde que<br />

explodiu em escala mundial a crise<br />

capitalista, revelando aos olhos de<br />

todo mundo aquilo que apenas algumas<br />

pessoas, mas não a maioria,<br />

sabiam: o capitalismo está<br />

pobre até a medula. Os governos<br />

de todos os países, inclusive do<br />

Brasil – o governo Lula – usaram<br />

o dinheiro que falta para a assistência<br />

médica da maioria da população,<br />

para a educação, para o<br />

salário dos funcionários públicos,<br />

para a habitação e o transporte,<br />

para salvar um punhado de bancos.<br />

Estes bancos poderiam ter<br />

sido estatizados, porque os banqueiros<br />

demonstraram que eles<br />

nem sequer têm competência para<br />

administrar uma empresa, que é<br />

a única coisa que eles fazem.<br />

Sequer têm competência para<br />

explorar os trabalhadores e, portanto,<br />

não têm o direito de manter<br />

essas empresas e de explorar<br />

nossos trabalhadores. Veio à tona<br />

aos olhos da população mundial,<br />

aos olhos da classe operária no<br />

mundo inteiro, a podridão total e<br />

profunda do capitalismo internacional.<br />

Essa podridão exige uma<br />

resposta que não pode ser dada<br />

por medidas parciais, por mais<br />

importantes que sejam. Quando<br />

defendemos o direito à terra do<br />

homem do campo, lutamos contra<br />

a privatização e defendemos o<br />

salário do trabalhador, do professor,<br />

quando defendemos o ensino<br />

público e gratuito, para nós<br />

essas reivindicações não são mais<br />

do que um ponto de partida para<br />

uma luta mais ampla. Nós temos<br />

que dizer isso nas eleições.<br />

Nós defendemos cada reivindicação,<br />

por menor que seja, de<br />

todas as camadas exploradas da<br />

população, mas ao mesmo tempo<br />

nós temos que dizer claramente<br />

que a situação só vai mudar de<br />

forma integral, duradoura real e<br />

profunda no momento em que o<br />

capitalismo for destruído e os<br />

nizar um novo método de entrega<br />

da ECT para facilitar o capital<br />

internacional. Nesse momento,<br />

o goveno prepara medidas provisórias<br />

para entregar a ECT ao<br />

imperialismo com a colaboração<br />

da burocracia sindical que assinou<br />

um acordo coletivo bianual<br />

para que não haja nenhuma<br />

luta.<br />

Nós, através da nossa inter-<br />

venção, dividimos a burocracia<br />

sindical, organizamos um bloco<br />

de oposição de17 sindicatos<br />

para amobilização contra essas<br />

medidas do governo, os trabalhadores<br />

estão respondendo à<br />

nossa política, deixando o PT e<br />

o PCdoB e toda a burocracia<br />

sindical completamente sem<br />

reação. Nós vamos utilizar as<br />

eleições como uma tribuna para<br />

denunciar todas as falcatruas da<br />

ECT. Vamos denunciar todas as<br />

tramóias de tentativa de privatização<br />

da ECT, a contragosto da<br />

burocracia sindical, a contragosto<br />

do governo Lula, do<br />

PMDB e de todo o imperialismo.<br />

Companheiros, nós vamos usar<br />

Companheiro Pedro Paulo.<br />

trabalhadores, que são o setor<br />

mais avançado da humanidade,<br />

acabarem com a propriedade<br />

privada dos meios de produção,<br />

o direito dos capitalistas de viverem<br />

no luxo, de jogarem dinheiro<br />

fora. Temos que dizer claramente<br />

que a vitória dos anseios, da esperança,<br />

das expectativas não só<br />

dos operários, mas de todos os setores<br />

que buscam o progresso da<br />

humanidade, uma vida melhor, o<br />

movimento da cultura, a igualdade<br />

entre o homem e a mulher, o<br />

fim de toda opressão racial só vai<br />

ser obtido se acabarmos com este<br />

modo infame de organização<br />

social que é o capitalismo e a<br />

propriedade privada (aplausos).<br />

Só o socialismo, companheiros,<br />

que nós entendemos como a<br />

expropriação integral de toda a<br />

propriedade privada e a gestão<br />

coletiva pelos povos do mundo<br />

inteiro dessa propriedade em benefício<br />

das necessidades de cada<br />

ser humano - é isso que nós<br />

entendemos por socialismo e não<br />

esses governos “cor de rosa” que<br />

servem para ficar balançando a<br />

bandeira para os capitalistas - pode<br />

dar uma saída para a humanidade.<br />

O capitalismo significa trabalho<br />

escravo, miséria, desemprego<br />

de centenas de milhões de pessoas<br />

e que o ser humano comum<br />

tem que trabalhar para sustentar<br />

um banco. Significa a guerra,<br />

como nós temos visto sistematicamente<br />

no Iraque, no Afeganistão<br />

e em outros países. Esse é o<br />

significado do capitalismo. Para<br />

acabar com a intensificação da<br />

barbárie capitalista só há um caminho:<br />

o socialismo.<br />

No entanto, companheiros, o<br />

socialismo não cairá do céu. A<br />

burguesia é uma classe que detém<br />

privilégios inacreditáveis<br />

diante da maioria da população<br />

nacional. Enquanto alguns morrem<br />

de fome, outros moram em<br />

mansões de milhões de dólares<br />

nos Estados Unidos. Enquanto<br />

alguns tomam ônibus lotado para<br />

ir trabalhar, os outros têm avião<br />

particular, iates. Ninguém vai<br />

abrir mão desse luxo sem luta.<br />

Por isso nós temos que dizer na<br />

campanha eleitoral que o socialismo<br />

vai ser o resultado da organização<br />

e da mobilização coletiva<br />

da classe operária para destruir<br />

o poder político da burguesia,<br />

ou seja, o socialismo só vai<br />

vir como resultado da revolução<br />

proletária.<br />

Sem acabar com a ditadura<br />

dos exploradores e sem colocar<br />

o povo no poder, sem dar todo<br />

o poder à classe operária, aos trabalhadores<br />

do campo – inclusive<br />

para que eles possam esmagar<br />

a resistência desta burguesia,<br />

violenta, maléfica exploradora –<br />

não vai haver socialismo. É por<br />

isso que nós lutamos e temos que<br />

explicar isto para a classe trabalhadora<br />

na campanha eleitoral.<br />

Nós temos que fazer da nossa<br />

campanha uma campanha que vá<br />

desde a menor reivindicação do<br />

trabalhador mais humilde, até a<br />

expropriação total da burguesia,<br />

o socialismo e o poder da classe<br />

operária. Muito obrigado, companheiros<br />

(aplausos e gritos:<br />

“Partido, Partido, da Causa<br />

Operária”).<br />

a tribuna para fazer essa denúncia<br />

e para mobilizar através da<br />

nossa iniciativa os trabalhadores<br />

dos correios e todos os trabalhadores,<br />

petroleiros, bancários,<br />

companheiros dos mais diversos<br />

setores emuma luta sem<br />

trégua contra o grande capital.<br />

Nós queremos através da luta que<br />

está sendo desenvolvida nos<br />

correios, colocar a luta pelo<br />

controle operário da produção<br />

em todos os setores do Brasil.<br />

Nós queremos mostrar que,<br />

nestas eleições, podemos utilizar<br />

o espaço para fazer a nossa propaganda<br />

política na defesa da<br />

emancipação da classe trabalhadora,<br />

na defesa dos nossos interesses,<br />

na luta contra o assassinato<br />

promovido pelo latifúndio<br />

no campo, contra a exploração<br />

promovida pelos capitalistas na<br />

cidade, e só assim, através dessas<br />

denúncias, vamos levantar a<br />

reivindicação entre os trabalhadores<br />

da luta pelo poder político,<br />

a luta pela emancipação dos trabalhadores<br />

enquanto classe, pelo<br />

socialismo.


27 DE JUNHO DE 2010 CAUSA OPERÁRIA ELEIÇÕES A15<br />

ANAÍ CAPRONI<br />

“Chamo os companheiros a defender a nossa<br />

proposta, o nosso programa e o direito de ser partido,<br />

de fazer campanha e de lutar pelo que é nosso”<br />

Acompanhe o discurso da companheira que é candidata<br />

ao governo do estado de São Paulo pelo <strong>PCO</strong>, membro<br />

da direção nacional do partido, da coordenação da<br />

Corrente Nacional Ecetistas em Luta e diretora da<br />

Federação Nacional dos Correios (Fentect)<br />

Eu queria saudar a presença<br />

dos companheiros apoiadores das<br />

atividades do Partido da Causa<br />

Operária.<br />

Da mesma maneira que nas<br />

eleições anteriores, nessa campanha<br />

eleitoral obviamente não esperamos<br />

eleger os candidatos ao<br />

governo do estado, muito o nosso<br />

candidato presidencial. A eleição<br />

é denunciada não só pelo<br />

Partido da Causa Operária, mas<br />

por inúmeras pessoas com o<br />

mínimo de senso crítico por serem<br />

eleições totalmente controladas<br />

e manipuladas, ao ponto de<br />

que uma ilustre desconhecida<br />

como Dilma Rousseff é a eventual<br />

próxima presidenta da República.<br />

Uma ilustre desconhecida e<br />

uma pessoa que nunca foi candidata,<br />

que não tem história de<br />

militância no PT e em nenhum<br />

partido; um elemento da burocracia<br />

estatal que foi alçado ao cargo<br />

e que, ao que tudo indica, a decisão<br />

da burguesia é que ela seja a<br />

nova presidenta da República,<br />

num esquema totalmente contro-<br />

lado pela verba do governo federal,<br />

pela compra de voto e pelo<br />

apoio em bloco de uma parcela<br />

expressiva da burguesia brasileira.<br />

Sendo assim, falar que nos<br />

colocamos a perspectiva de eleger<br />

qualquer candidato a presidente<br />

numa eleição como essa é não<br />

se situar na realidade. É uma eleição<br />

que não é de fato uma eleição:<br />

é uma indicação dos apadrinhados<br />

do governo federal.<br />

Nessa eleição, como nas anteriores,<br />

vamos fazer a propaganda<br />

na luta operária, dos movimentos<br />

sociais, da luta pelos direitos<br />

das mulheres, dos negros, dos<br />

companheiros que estão sendo<br />

perseguidos no Rio de Janeiro –<br />

como o companheiro que me<br />

antecedeu já colocou – quer dizer,<br />

trata-se de defender a proposta,<br />

o programa de luta e de organização<br />

da classe trabalhadora.<br />

Eu queria dar ênfase a uma<br />

questão que vamos tratar nessas<br />

eleições, que vamos dar uma importância<br />

que não foi dada nas<br />

eleições anteriores. Trata-se da<br />

tentativa do Tribunal Superior<br />

Eleitoral de cassar nosso registro,<br />

obviamente a mando do governo<br />

e daqueles que efetivamente<br />

mandam no Brasil: a burguesia, os<br />

latifundiários, os banqueiros.<br />

Há um processo em curso no<br />

TSE contra o nosso partido. Aliás,<br />

um não: vários. Há processos<br />

contra o nosso candidato presidencial,<br />

o companheiro Rui Costa<br />

Pimenta e contra a legenda<br />

<strong>PCO</strong> e em todos esses a pena seria<br />

a cassação do registro partidário,<br />

ou seja, nos proscrever como<br />

legenda.<br />

A idéia é cassar a legalidade do<br />

Companheira Anaí Caproni, candidata pelo <strong>PCO</strong> ao governo do estado de São Paulo,<br />

discursando no ato.<br />

partido de forma que não possamos<br />

expressar o nosso posicionamento,<br />

divulgar a luta que levamos<br />

no interior dos movimentos<br />

sociais e populares. Esses processos<br />

se arrastam há vários anos<br />

já, mas notamos que têm aumentado<br />

muito. O que antigamente<br />

eram tentativas esparsas de tentar<br />

cassar a legenda, de um tempo<br />

para cá é parte de iniciativas<br />

muito bem organizadas e concatenadas,<br />

no sentido de justificar<br />

legalmente a cassação.<br />

A acusação é uma só: nós não<br />

cumprimos a extensa lista de<br />

exigências burocráticas do TSE.<br />

Burocráticas, companheiros!<br />

ANTÔNIO CARLOS<br />

“Nosso partido comparece às<br />

eleições para usá-las como uma<br />

tribuna de denúncia do regime<br />

político que esmaga o trabalhador”<br />

Confira o discurso do candidato do <strong>PCO</strong> ao governo do<br />

Rio de Janeiro, o companheiro que é um dos<br />

coordenadores da Corrente Nacional de Oposição<br />

Sindical Causa Operária<br />

Eu queria rapidamente falar<br />

da importância da atividade<br />

eleitoral do Partido da Causa<br />

Operária, que diferentemente<br />

dos demais partidos, não se<br />

apresenta nas eleições para<br />

vender a ilusão de que através<br />

do voto é possível transformar<br />

a situação dos trabalhadores<br />

e da juventude no nosso<br />

País.<br />

Nosso partido comparece<br />

às eleições para usá-las como<br />

uma tribuna de denúncia do<br />

regime político, um regime de<br />

opressão que esmaga o trabalhador.<br />

Comparecemos às<br />

eleições para defender,, um<br />

programa que consiste em explicar<br />

para a população explorada<br />

que as suas reivindicações<br />

só podem ser atendidas<br />

por meio de sua própria organização<br />

e mobilização independente,<br />

e que não é possível<br />

acreditar na falácia de que<br />

através do voto é possível<br />

modificar a situação de opressão<br />

e de miséria que se estabelece<br />

contra a maioria da população.<br />

Nosso partido comparece<br />

às eleições não para alimentar<br />

a ilusão nessa farsa de<br />

democracia, onde um punhado<br />

de grandes capitalistas<br />

controlam todo o poder político,<br />

os governos, o parlamento,<br />

a justiça. Nosso partido<br />

comparece às eleições para<br />

chamar a juventude e os trabalhadores<br />

a se mobilizarem e<br />

organizarem de maneira independente<br />

um verdadeiro partido<br />

de trabalhadores, um<br />

partido operário que seja capaz<br />

de organizar a luta do conjunto<br />

da população.<br />

Particularmente nesse momento<br />

isso é muito importan-<br />

te, pois o conjunto dos partidos,<br />

particularmente da esquerda,<br />

procuram disseminar<br />

a ilusão de que não há outra<br />

saída para os trabalhadores a<br />

não ser acreditar nas eleições.<br />

O conjunto dos partidos que<br />

se reivindicam da esquerda,<br />

abandonaram qualquer perspectiva<br />

de luta e se transformaram<br />

em mero instrumento<br />

de defesa deste apodrecido<br />

regime capitalista pseudo-democrático<br />

que existe em nosso<br />

país e em todo mundo.<br />

No Rio de Janeiro, toda a<br />

esquerda, e em particular, - o<br />

PT - está comprometida com<br />

o governo de Sérgio Cabral e<br />

com o governo Lula que colocam<br />

o exército e a Força<br />

Nacional de Segurança para<br />

reprimir a população trabalhadora,<br />

os moradores da favela,<br />

e a população negra que<br />

constrói a riqueza do estado do<br />

Rio de Janeiro e de nosso país.<br />

O nosso partido vai às eleições<br />

do Rio de Janeiro, assim<br />

como em todo país, dizer que<br />

a população negra e explorada<br />

das favelas tem que se organizar<br />

para expulsar as tropas<br />

do governo, e exigir respeito<br />

ao povo negro e trabalhador.<br />

Nosso partido participa das<br />

eleições para defender os direitos<br />

dos trabalhadores do<br />

campo, que são oprimidos<br />

pelo latifúndio, estão sendo<br />

assassinados em Rondônia,<br />

no Pará e em todo País.<br />

Participamos das eleições<br />

para defender o direito da população<br />

camponesa, sem-terra<br />

de se armar e enfrentar o latifúndio<br />

e garantir através dessa<br />

luta a revolução agrária que<br />

os camponeses pobres precisam<br />

em nosso país e que não<br />

pode ser conseguida através<br />

do voto, mas apenas através<br />

da luta dos camponeses com<br />

o apoio dos trabalhadores da<br />

cidade.<br />

São reivindicações como<br />

essas, de defesa do povo trabalhador<br />

do campo e da cidade,<br />

do povo negro, que só<br />

podem ser conquistadas através<br />

da organização e da mobilização<br />

dos trabalhadores.<br />

Nessas eleições, o nosso<br />

partido vai fazer o que faz cotidianamente,<br />

aquilo que fez,<br />

por exemplo,na greve dos professores.<br />

Nosso partido vai<br />

utilizar as eleições como uma<br />

tribuna para dizer que é necessário<br />

mobilizar os professores,<br />

funcionários e estudantes<br />

porque não há outra<br />

maneira de melhorar a educa-<br />

ção e que os trabalhadores não<br />

devem acreditarque através<br />

do voto é possível melhorar a<br />

educação. Todos os candidatos<br />

burgueses vão comparecer<br />

às eleições para difundir a<br />

falácia aos trabalhadores de<br />

que é possível melhorar a<br />

educação e melhorar o salário<br />

Eles não nos acusam de ter feito<br />

nada que possa ser condenado<br />

como uma falta grave ou uma<br />

conduta moral reprovável. Tratase<br />

do não cumprimento de exigências<br />

burocráticas; detalhes de<br />

contabilidade que não conseguimos<br />

fazer da forma que eles<br />

querem.<br />

Não é divulgado, mas existe<br />

uma contabilidade especial para<br />

partidos políticos, algo que o TSE<br />

definiu. Não é possível ir ao escritório<br />

de contabilidade “da esquina”,<br />

como qualquer cidadão<br />

comum faz, e pedir para que ele<br />

faça a contabilidade do partido.<br />

Não, é preciso ter um contador<br />

especialista em legislação eleitoral.<br />

Manter esse contador especialista,<br />

justamente por ser um especialista<br />

e não ser facilmente<br />

achado no mercado, requer recursos<br />

inimagináveis para que se<br />

sustente um trabalho regular. É<br />

exigida uma série de procedimentos<br />

administrativos especiais para<br />

partido político, que não é qualquer<br />

escritório que pode fazer.<br />

São pessoas que têm que seguir<br />

um conjunto de leis que o Tribunal<br />

Superior Eleitoral publica todo<br />

ano de eleição. Eu digo “leis” de<br />

forma irônica, porque um tribunal<br />

jamais poderia elaborar leis. A<br />

função oficial do Tribunal é fazer<br />

cumprir leis que são aprovadas<br />

pelo Poder Legislativo. No caso<br />

do sistema eleitoral brasileiro isso<br />

não existe. É o Tribunal que diretamente<br />

legisla em véspera de<br />

eleição, na conveniência dos partidos<br />

grandes, daqueles que mantém<br />

um poder no governo do<br />

estado, no Senado, na Câmara, de<br />

forma a fazer da legislação uma<br />

arma para ameaçar politicamente<br />

aqueles que não concordam.<br />

Essa arma feita pelo TSE é<br />

usada inclusive entre os partidos<br />

burgueses. É uma legislação tão<br />

extensa que é impossível atender<br />

todos os requisitos. Não existe<br />

nenhum partido no Brasil que<br />

conseguiu atender todos os requisitos.<br />

Quando há uma briga entre<br />

os partidos, o Tribunal vai procu-<br />

simplesmente por meio do<br />

voto. O <strong>PCO</strong>, que irá chamar<br />

o voto em seus candidatos<br />

operários e socialistas, como<br />

a candidatura presidencial do<br />

companheiro Rui Costa Pimenta,<br />

vai defender o que<br />

afirma sempre noseu jornal<br />

Causa Operária, que somente<br />

nas greves e nas mobilizações<br />

é possível aos trabalhadores<br />

realizar qualquer melhoria<br />

na educação, no salário e<br />

etc. Só a luta dos trabalhadores<br />

é o instrumento capaz de<br />

transformar essa situação. Só<br />

a organização dos trabalhadores<br />

em um partido próprio e<br />

operário é capaz de abrir uma<br />

perspectiva de transformação<br />

verdadeira para a maioria da<br />

população explorada do País.<br />

O <strong>PCO</strong> vai às eleições para<br />

defender salário, emprego,<br />

terra, e dizer que essas reivindicações<br />

fundamentais só<br />

podem ser conquistadas por<br />

meio da luta por um governo<br />

operário e camponês, um<br />

governo dos trabalhadores da<br />

cidade e do campo.<br />

Companheiros, eu saúdo<br />

essa nossa reunião e o lançamento<br />

da candidatura à presidência<br />

da república do companheiro<br />

Rui Costa Pimenta,<br />

chamando os companheiros a<br />

juntos cerrarmos fileiras em<br />

todo País, defendendo nessas<br />

Companheiro Antônio Carlos Silva.<br />

eleições a mobilização e a organização<br />

independente dos<br />

trabalhadores. Só a luta transforma<br />

a realidade e a construção<br />

de um verdadeiro partido<br />

operário pode abrir uma perspectiva<br />

de conjunto para todos<br />

os setores oprimidos do<br />

País.<br />

rar qual é o requisito que o partido<br />

não conseguiu cumprir e levanta<br />

como causa de anulação de<br />

candidatura, levanta como ameaça<br />

para cassação do registro. É<br />

um processo de barganha política<br />

usando uma legislação ilegal,<br />

uma vez que é feita pelo Tribunal<br />

e não pelo Poder Legislativo, que<br />

é o único que tem, pelo menos legalmente,<br />

o poder de elaborar leis<br />

no Brasil.<br />

Esse processo, que está sendo<br />

denunciado nos meios técnicos<br />

e políticos, se transformou<br />

num escândalo nacional. É visível<br />

que se espera fazer um ajuste<br />

de contas entre os candidatos dos<br />

partidos grandes usando essa legislação.<br />

No nosso caso é evidente<br />

que a legislação está sendo usada<br />

para cassar o registro e para impedir<br />

que possamos continuar o<br />

trabalho de propaganda, de divulgação<br />

política das causas operárias<br />

e populares. Nesse ano esperamos,<br />

e já estamos tirando uma<br />

iniciativa grande no sentido de<br />

levantar toda a informação, todas<br />

as ilegalidades que são cometidas<br />

nessa área. No sentido de verificar<br />

no conjunto da campanha<br />

eleitoral e todas as situações em<br />

que ela se manifesta e fazer dos<br />

programas eleitorais, da nossa<br />

propaganda eleitoral, uma denúncia<br />

do TSE, uma denúncia do<br />

esquema de utilização do Judiciário<br />

como um poder efetivo na<br />

eleição.<br />

Porque o processo eleitoral<br />

só é definido depois que o TSE<br />

decide como ele vai funcionar.<br />

Antes de o Tribunal baixar a<br />

montanha de normas, ninguém<br />

sabe o que vai acontecer. Então<br />

as eleições são uma farsa,<br />

porque o poder econômico, o<br />

poder da máquina eleitoral do<br />

governo federal é o que elege os<br />

candidatos. Em termos legais<br />

você fica na mão do primo do<br />

Collor de Melo, que é um dos<br />

ministros do TSE, e dos outros<br />

ministros, todos indicados pelo<br />

governo Lula e pelo governo de<br />

Fernando Henrique Cardoso,<br />

porque todos os ministros que<br />

compõem o colegiado do Tribunal<br />

Superior Eleitoral são indicados<br />

pelo Presidente da República.<br />

Nenhum ali é concursado.<br />

Nenhum ministro foi eleito<br />

por ninguém. Todos são indicações<br />

política da presidência<br />

da República, a qual eles<br />

submetem e fazem tudo que é<br />

pedido. Por isso, antes das eleições<br />

o Tribunal indica aquele<br />

conjunto de resoluções que vão<br />

nortear todo o processo eleitoral<br />

para o candidato que é escolhido<br />

como o que vai ganhar a<br />

eleição.<br />

Nesse sentido, discutimos<br />

na Conferência, mas é uma discussão<br />

que está sendo feita já<br />

há um tempo no âmbito do<br />

partido como um todo, lançar<br />

uma campanha contra esse sistema<br />

absolutamente ilegal e<br />

arbitrário. Contra a tentativa de<br />

usar essas arbitrariedades<br />

como motivo para a cassação<br />

de um partido de esquerda, de<br />

um partido popular, de um<br />

partido que não recebe fundo<br />

partidário, que se sustenta com<br />

os recursos próprios da sua<br />

militância, com a sua luta no<br />

interior das organizações sindicais<br />

e movimentos sociais.<br />

É um absurdo que partidos<br />

como PSDB, o PMDB, o DEM<br />

que recebem por ano mais de<br />

um milhão de reais de fundo<br />

partidário, não tenham o seu registro<br />

submetido a um pedido<br />

de cassação, enquanto que um<br />

partido como o nosso, que vive<br />

de contribuição de trabalhadores,<br />

esteja permanentemente<br />

sob pressão de a qualquer momento<br />

perder a possibilidade de<br />

ter 20 segundos na televisão<br />

durante a campanha eleitoral. É<br />

um absurdo, uma coisa escandalosa,<br />

que um partido como o<br />

nosso, que não é sustentado<br />

por bancos, por empreiteiras,<br />

não é sustentado por empresários<br />

que vivem do dinheiro de<br />

contratos fajutos com governos,<br />

com órgãos públicos, que<br />

vive da contribuição de cidadãos<br />

comuns, tenha que gastar<br />

um tempo e uma energia imensa<br />

tentando cumprir a burocracia<br />

ilegal dos tribunais, enquanto<br />

os que são responsáveis pela<br />

corrupção integral do sistema<br />

político no Brasil não tenham<br />

nenhuma punição em relação a<br />

seu registro em curso nesse<br />

momento. Por isso, eu finalizo<br />

pedindo aos companheiros que<br />

nos juntemos na campanha<br />

eleitoral para defender a nossa<br />

proposta, o nosso programa e<br />

o direito de ser partido, de fazer<br />

campanha e de lutar pelo<br />

que é nosso. Muito obrigada.<br />

(gritos: Partido, Partido da<br />

Causa Operária)<br />

LOURDES SARMENTO<br />

“O Partido da Causa<br />

Operária, nesse processo<br />

eleitoral, tem como eixo de<br />

sua intervenção a defesa da<br />

luta dos trabalhadores, das<br />

mulheres, dos negros e<br />

da juventude”<br />

Confira o discurso da candidata ao governo do<br />

estado da Paraíba, que também faz parte da<br />

direção nacional do Partido da Causa Operária<br />

Companheira Lourdes Sarmento.<br />

Gostaria de fazer uma saudação<br />

aos companheiros de todos<br />

os estados aqui presentes em<br />

nosso ato nacional de lançamento<br />

das candidaturas do <strong>PCO</strong> aos<br />

estados e à Presidência da República.<br />

O atual momento de crise<br />

econômica e política que atravessa<br />

o País e de crise dos partidos<br />

da esquerda pequeno-burguesa,<br />

coloca o desafio para o<br />

Partido da Causa Operária de<br />

apresentar nesse processo eleitoral<br />

ecomo eixo da sua intervenção,<br />

a defesa da luta dos trabalhadores,<br />

das mulheres, dos<br />

negros e da juventude.<br />

Nosso partido, diante dessa<br />

situação, tem o poder de intervir<br />

não só a favor da mobilizaçãodos<br />

trabalhadores, como de<br />

fazer dessas eleições uma tribuna<br />

de denúncia da farsa que é o<br />

governo Lula, que está muito<br />

longe de ser um governo que<br />

possa minimamente resolver os<br />

problemas dos trabalhadores da<br />

cidade e do campo, apesar de ser<br />

um partido que carrega no nome<br />

os “trabalhadores”. Nos estados,<br />

os governos da burguesia<br />

e os governos de frente popular<br />

estã1o muito distantes de<br />

trazer qualquer possibilidade de<br />

evolução, de desenvolvimento e<br />

superação da crise econômica<br />

e da crise do regime político. Por<br />

isso, o Partido da Causa Operaria,<br />

nesse processo eleitoral, realizará<br />

uma intervenção concreta<br />

e uma ação não só para defender<br />

os interesses dos trabalhadores<br />

e chamar sua organização,<br />

mas travar uma luta<br />

contra os partidos da pequena<br />

burguesia, os partidos do regime<br />

da burguesia, contra a privatização<br />

dos correios, contra<br />

os ataques no campo, contra a<br />

opressão das mulheres e em<br />

defesa da juventude.<br />

Por isso, companheiros e<br />

companheiras, os nossos candidatos<br />

em nível nacional, em<br />

especial a nossa candidatura à<br />

presidência da república, cumprirão<br />

um papel fundamental na<br />

atual etapa do movimento operário<br />

diante da crise econômica<br />

nacional e internacional.<br />

Sou candidata pela Paraíba,<br />

onde levaremos à frente toda<br />

essa luta. Muito obrigada!


CAUSA OPERÁRIA<br />

MOVIMENTO ESTUDANTIL ¢© ¡¢£££¤¥¡¦§¨©¥©¡¢<br />

MANIFESTO DOS EX-REITORES<br />

O ataque aos movimentos de<br />

luta é a defesa da privatização<br />

da USP<br />

Página A17<br />

OCUPAÇÃO NA USP<br />

Sob pressão dos<br />

trabalhadores, diretor da<br />

Faculdade de Odontologia<br />

recua e não corta o ponto<br />

Página A17<br />

Os trabalhadores não devem<br />

aceitar a quebra da isonomia<br />

A proposta do Fórum das Seis consiste em atender a reivindicação de Rodas e aceitar a quebra da isonomia, proposta que era um<br />

dos pontos centrais da pauta dos funcionários<br />

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<br />

Trabalhadores da USP decidem manter a greve e ocupação pelo reajuste salarial e pagamento dos salários cortados<br />

em retaliação à greve.<br />

Os funcionários da USP devem ter uma política independente dos professores e do Fórum<br />

das Seis controlado pelo Bando dos Quatro.<br />

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<br />

Ocupação da reitoria deve ser mantida até o atendimento<br />

das reivindicações.


27 DE JUNHO DE 2010 CAUSA OPERÁRIA MOVIMENTO ESTUDANTIL A17<br />

MANIFESTO DOS EX-REITORES<br />

O ataque aos movimentos de luta é<br />

a defesa da privatização da USP<br />

Na defesa da privatização da USP, ex-reitores<br />

publicam manifesto de apoio à repressão à greve e à<br />

ocupação da reitoria<br />

Reitoria quer que os trabalhadores e estudantes se calem<br />

diante da destruição da universidade.<br />

Neste domingo, dia 20 de<br />

junho, foi publicado um manifesto<br />

dos ex-reitores da Universidade<br />

de São Paulo contra<br />

a mobilização de estudantes<br />

e funcionários.<br />

O manifesto foi divulgado<br />

pela reitoria e assinado por todos<br />

os ex-reitores vivos da<br />

USP: Suely Vilela, Adolfo José<br />

Melfi, Jacques Marcowitch,<br />

Flavio Fava de Moraes, Roberto<br />

Leal Lobo e Silva, José<br />

Goldemberg, Waldyr Muniz<br />

Oliva e Helio Guerra Vieira.<br />

“Ex-reitores da Universidade<br />

de São Paulo, vimos manifestar<br />

nossa veemente repulsa<br />

à escalada de violência promovida<br />

por uma minoria que<br />

prega a desordem, arrogando-se<br />

pretensa representatividade<br />

da comunidade da USP”.<br />

(Portal da reitoria da USP, 20/<br />

6/2010)<br />

O documento publicado é<br />

uma seqüência de calúnias<br />

contra o movimento de luta da<br />

universidade, cujo único objetivo<br />

é limpar o terreno para<br />

levar adiante os planos do<br />

governo de privatização da<br />

universidade.<br />

Carrascos acusam<br />

suas vítimas<br />

Em primeiro lugar, os exinterventores<br />

procuram montar<br />

uma farsa. Afirmam: “as<br />

táticas da violência antidemocrática<br />

de hoje, praticada a<br />

despeito de os canais de comunicação<br />

permanecerem<br />

abertos, não diferem, na essência,<br />

dos atentados à liberdade<br />

cometidos pelo regime<br />

autoritário no passado.”<br />

Dificilmente poderiam ter<br />

dito bobagem maior! Acusam<br />

o movimento grevista de ser<br />

igual à ditadura militar, quando<br />

esta tinha como objetivo<br />

OCUPAÇÃO NA USP<br />

fundamental justamente o esmagamento<br />

dos movimentos<br />

de luta, em primeiríssimo lugar,<br />

o movimento operário,<br />

grevista.Em segundo lugar,<br />

todos sabem que foram esses<br />

mesmos movimentos grevistas,<br />

“autoritários”, com piquetes,<br />

“ações violentas e ilegais”<br />

(como qualificaram al-<br />

guns eméritos) que derrubaram<br />

a ditadura militar brasileira.<br />

Foram as enormes greves<br />

do ABC que abalaram e acabaram<br />

por derrotar a ditadura<br />

e não a ação de nenhum professor<br />

emérito ou reitor da<br />

USP. Estes viviam confortavelmente<br />

sob o regime militar,<br />

enquanto mantinham os trabalhadores<br />

sob o tacão dos patrões,<br />

para que estes pudessem<br />

explorá-los sem entraves,<br />

ou seja, sem o risco da<br />

greve.<br />

É esse mesmo risco que o<br />

governo e a reitoria não querem<br />

enfrentar hoje. Querem<br />

que os trabalhadores e estudantes<br />

se calem, mesmo que<br />

seja na base da força policial,<br />

como fazia a ditadura, para<br />

que possam colocar em prática<br />

o plano de privatização da<br />

principal universidade do<br />

País.<br />

Os amigos da<br />

ditadura militar<br />

A máscara “democrática”<br />

cai de vez quando se constata<br />

que todos os reitores eram ligados<br />

a ditadura. O próprio<br />

João Grandino Rodas, atual<br />

reitor da USP, é o melhor<br />

exemplo disso. A sua candidatura<br />

a reitor foi articulada<br />

pelo grupo de professores titulares<br />

que dirige a Faculdade<br />

do Largo São Francisco,<br />

liderados por Celso Lafer, do<br />

PSDB, ex-ministro de FHC.<br />

Celso Lafer, assim como<br />

Rodas tem como mentor político<br />

Miguel Reale, ninguém<br />

menos que um dos fundadores,<br />

junto a Plínio Salgado, da<br />

Ação Integralista Brasileira,<br />

ou seja, do fascismo, em<br />

1932.<br />

Miguel Reale, para completar<br />

o quadro, foi reitor da USP<br />

justamente durante o governo<br />

do general Médici, período<br />

mais repressivo da ditadura<br />

militar brasileira.<br />

A indicação de Rodas para<br />

interventor na USP foi elogiada<br />

por um dos representantes<br />

da direita nacional no Supremo<br />

Tribunal Federal, ministro<br />

Gilmar Mendes, que<br />

afirmou que este “mostrou<br />

sua autoridade política e moral<br />

no episódio da invasão da<br />

Faculdade do Largo de São<br />

Francisco, solucionada rapidamente”.<br />

Elogiou Rodas justamente<br />

por ter reprimido a manifestação<br />

no Largo São Francisco<br />

com a tropa de choque da<br />

Polícia Militar.<br />

E a ligação de Rodas com a<br />

ditadura não pára por aqui.<br />

Ele fez parte ainda da Comissão<br />

de Mortos e Desaparecidos<br />

no conhecido caso da<br />

estilista Zuzu Angel, assassinada<br />

enquanto investigava o<br />

desaparecimento de seu filho,<br />

morto nos porões da ditadura<br />

militar. Rodas foi voto decisivo<br />

para isentar os militares<br />

da responsabilidade pela morte<br />

da estilista.<br />

Porque os exreitores<br />

querem<br />

acabar com as<br />

mobilizações<br />

Em seu manifesto, os reitores<br />

declaram: “reafirmamos<br />

nosso apoio à adoção de medidas<br />

legais que ponham fim<br />

a essa escalada, assegurando<br />

à população do Estado de São<br />

Paulo, a quem esta Instituição<br />

pertence, que sua<br />

grande universidade<br />

de pesquisa jamais se<br />

curvará à força da brutalidade<br />

e jamais se<br />

afastará de seus objetivos<br />

de promoção do<br />

desenvolvimento por<br />

meio da investigação<br />

científica, dos altos<br />

estudos e da produção<br />

cultural.” (idem)<br />

Segundo eles, a universidade<br />

pertence à<br />

população e a maior<br />

preocupação dos que a<br />

administram seria a<br />

investigação científica<br />

e a produção cultural.<br />

Não poderia haver<br />

cinismo maior.<br />

É preciso dizer claramente:<br />

todo este ataque<br />

às mobilizações<br />

tem por finalidade a privatização<br />

da universidade.<br />

E a população que tem pouco<br />

acesso à USP terá ainda<br />

menos quando esta for privatizada<br />

e a reitoria começar a<br />

cobrar mensalidades exorbitantes.<br />

A preocupação dos ex-reitores<br />

com a população que<br />

paga a universidade se revela<br />

uma enorme mentira quando<br />

vemos que o setor mais atacado<br />

pelas reitorias e justamente<br />

a moradia e auxílio<br />

estudantil, necessários justamente<br />

aos filhos dos trabalhadores,<br />

que são a maioria da<br />

população, e minoria na universidade.<br />

Em 40 anos não há<br />

aumento de vagas para os estudantes,<br />

apenas diminuição.<br />

Outro dado que revela a farsa<br />

é a intenção da reitoria de<br />

fechar o portão de acesso à<br />

universidade que está próximo<br />

da favela da São Remo.<br />

Ele não quer população nenhuma<br />

dentro da USP. Quer<br />

apenas uma pequena elite que<br />

empregue seus esforços não<br />

em benefício da sociedade,<br />

mas unicamente dos interesses<br />

das grandes empresas e<br />

bancos. E é justamente contra<br />

isso que os estudantes e<br />

funcionários, a maioria da uni-<br />

versidade, estão lutando.<br />

A preocupação dos ex-reitores<br />

com a qualidade da universidade<br />

é igualmente falsa.<br />

Rodas, quando diretor da<br />

faculdade São Francisco, “tão<br />

preocupado” com a “USP forte”<br />

empilhou os livros da biblioteca<br />

do Direito, a maior biblioteca<br />

jurídica da América<br />

Latina, em um prédio com infiltrações<br />

o que prejudicou diversas<br />

obras raras. Além de<br />

ter deixado os livros encaixotados,<br />

privando os estudantes<br />

do acesso a eles. Evidentemente,<br />

nenhum ex-reitor se<br />

levantou contra esse evidente<br />

descaso com a universidade<br />

e a cultura.<br />

Os “tão preocupados” com<br />

a produção recentemente<br />

aprovaram o fim do “gatilho”,<br />

que é a imediata contratação<br />

de um professor quando um<br />

vem a faltar, se aposentando<br />

por exemplo, agravando o já<br />

defasado quadro de professores,<br />

que condena os estudantes<br />

da USP a salas superlotadas<br />

e ausência de disciplinas.<br />

Isto evidentemente é um sucateamento<br />

do ensino na universidade.<br />

Tudo isso e mais o ataque<br />

aos movimentos de luta dentro<br />

da universidade, fazem<br />

parte do plano de privatizar a<br />

USP, que segundo o reitor-interventor<br />

seria a sua “modernização”.<br />

Com o plano de<br />

Rodas, a privatização, não haverá<br />

nenhuma pesquisa para a<br />

sociedade, mas apenas para<br />

servir a interesses das empresas.<br />

Em diversas unidades, as<br />

pesquisas já estão totalmente<br />

dominadas pelas empresas,<br />

uma utilização do dinheiro e do<br />

patrimônio público para fins<br />

puramente privados.<br />

E é isso que a população<br />

precisa saber. O governo colocou<br />

Rodas na reitoria da<br />

USP para intensificar a privatização,<br />

transformar o que<br />

hoje ainda é exceção em regra.<br />

A privatização da USP, nesse<br />

sentido é um problema que<br />

afeta não apenas a população<br />

trabalhadora, que perderá a<br />

pouca possibilidade que tinha<br />

de acesso ao ensino superior,<br />

Sob pressão dos trabalhadores, diretor da Faculdade<br />

de Odontologia recua e não corta o ponto<br />

Mais de 70 funcionários realizaram<br />

na última terça-feira,<br />

22, um ato na Faculdade de<br />

Odontologia para protestar<br />

contra os cortes dos salários,<br />

um dos ataques mais brutais<br />

do reitor-interventor contra o<br />

movimento. Ao todo mais de<br />

1.600 funcionários foram demitidos<br />

e outras centenas estão<br />

sendo ameaçados.<br />

De acordo com os relatos<br />

dos trabalhadores, o diretor da<br />

Faculdade, Rodney Garcia<br />

Rocha, ameaçou cortar o pon-<br />

PIRACICABA<br />

O ataque aos trabalhadores é a preparação para a<br />

privatização.<br />

to de todos os funcionários<br />

que estivessem em greve e que<br />

não retornassem às atividades<br />

até as 14h do dia. Mais de 40<br />

trabalhadores foram coagidos<br />

diretamente pelo chefe. Diante<br />

desse crime, o de coagir e<br />

intimidar os funcionários que<br />

estão no movimento, dezenas<br />

de trabalhadores se reuniram<br />

em frente à sala do diretor da<br />

Faculdade, que diante da pressão<br />

foi obrigado a recuar e a<br />

afirmar – na frente de todos –<br />

que não iria cortar os salários.<br />

Depois de conseguir arrancar,<br />

através da pressão e mobilização,<br />

o recuo dos ataques<br />

anunciados pelo diretor, os<br />

funcionários desceram para a<br />

clínica de odontologia para<br />

tirar satisfação com seu administrador,<br />

Adauto Lopes Menezes.<br />

Diversos funcionários<br />

o acusaram de manter as mesmas<br />

práticas do diretor da<br />

Faculdade e de utilizar uma<br />

lista para “marcar” quem estava<br />

a favor e quem estava contra<br />

a greve. Adauto Menezes<br />

ainda foi denunciado por um<br />

dos funcionários de nepotismo<br />

e corrupção. Para se ter idéia<br />

do esquema, tanto a esposa<br />

quanto o filho de Menezes conseguiram,<br />

ambos, passar “misteriosamente”<br />

pelo concurso<br />

para assumir um cargo na administração<br />

da clínica. A esposa<br />

do administrador trabalha<br />

inclusive na mesma sala<br />

com o marido, mostrando que<br />

de fato houve um acordo para<br />

empossar a “subchefe”. Esses<br />

acordos corruptos, de<br />

fraudar concursos para facilitar<br />

a contratação de determinas<br />

pessoas, não é nenhuma<br />

novidade. Em 2007 os estudantes<br />

encontraram uma carta<br />

do então secretário de Ensino<br />

Superior, José Aristodemo<br />

Pinotti, na qual ele pedia<br />

para a reitora Suely Villela,<br />

uma vaga em pós-graduação<br />

na Escola Politécnica para o<br />

“Sr. Joedson Carneiro Nunes”,<br />

seu funcionário de gabinete.<br />

Os casos são a demonstração<br />

do esquema cor-<br />

como será um prejuízo para<br />

todo o País.<br />

Se a USP está entre as melhores<br />

universidades do mundo,<br />

isso se deve fundamentalmente<br />

à luta do movimento<br />

estudantil para mantê-la pública<br />

e gratuita.<br />

As mobilizações<br />

são uma reação à<br />

tentativa de<br />

destruição da<br />

universidade<br />

O que, segundo os ex-interventores,<br />

é uma “escalada<br />

da violência” está diretamente<br />

relacionado à operação de<br />

desmonte da universidade.<br />

Rodas foi indicado por Serra<br />

para concluir essa operação<br />

e seu principal obstáculo<br />

é o movimento de funcionários<br />

e, principalmente, de estu-<br />

O manifesto ataca o movimento de luta para tentar impedir que o<br />

plano de privatização seja derrotado.<br />

dantes da USP.<br />

A repressão tem aumentado<br />

sistematicamente com a<br />

abertura de sindicâncias contra<br />

estudantes, a proibição de<br />

festas, venda e consumo de<br />

bebidas, distribuição de panfletos<br />

etc. Tudo para tentar<br />

controlar o movimento que<br />

inevitavelmente se levanta<br />

contra o ataque à universidade.<br />

Os funcionários foram o<br />

primeiro setor a ser mais duramente<br />

atacado, pois, como<br />

todos sabem, o primeiro passo<br />

de toda privatização é terceirizar<br />

a maioria dos serviços,<br />

reduzir a folha de pagamento,<br />

cortar os benefícios e<br />

achatar os salários dos trabalhadores.<br />

É por isso que hoje a briga<br />

da reitoria é principalmente<br />

contra os funcionários. O seu<br />

plano, porém, é mais amplo e<br />

inclui um ataque em regra a<br />

toda a universidade.<br />

O ataque enfurecido dos<br />

ex-reitores aos movimentos<br />

de luta na universidade é<br />

uma tentativa desesperada de<br />

impedir que os estudantes,<br />

funcionários e professores<br />

da universidade liquidem os<br />

planos de privatização da<br />

USP.<br />

rupto que rege a universidade.<br />

Trata-se de uma ação típica<br />

da burocracia, que se mantém<br />

através de acordos e esquema<br />

de favorecimento pessoal,<br />

uma reprodução do que<br />

acontece nos Congressos Nacionais<br />

da vida. Essa parcela<br />

de parasitas está intimamente<br />

ligada aos políticos burgueses<br />

e as suas máfias como, por<br />

exemplo, nepotismo, superfaturamento<br />

etc.<br />

O ato em na Faculdade de<br />

Odontologia foi a demonstração<br />

de que o caminho para a<br />

luta é o aumento da mobilização.<br />

Somente dessa forma é<br />

que todas as reivindicações,<br />

inclusive a isonomia, serão<br />

atendidas.<br />

Funcionários da ESALQ fecham os portões da universidade<br />

Na última quarta-feira, 23,<br />

os funcionários do campus da<br />

ESALQ – Escola Superior de<br />

Agricultura “Luiz de Queiroz”<br />

– em Piracicaba, fecharam todos<br />

os portões de acesso de<br />

veículos para protestar contra<br />

as faltas injustificadas aos<br />

trabalhadores do restaurante<br />

universitário e da biblioteca,<br />

uma forma de retaliar aqueles<br />

que estão em greve.<br />

Por conta da greve, as funcionárias<br />

fecharam o restaurante<br />

universitário. A medida<br />

incomodou bastante a diretoria<br />

da ESALQ que passou a assediar<br />

as funcionárias para<br />

que as mesmas voltassem a<br />

trabalhar, dizendo que havia<br />

estudantes bolsistas carentes<br />

sendo prejudicados pela greve;<br />

um truque tradicional da<br />

burocracia para jogar os estudantes<br />

contra os funcionários<br />

e tentar intimidar de forma<br />

moral os grevistas. A coação,<br />

por parte da diretoria, fez com<br />

que parte das funcionárias retornasse<br />

ao trabalho, forçan-<br />

do as funcionárias a fazer um<br />

acordo que vai contra o seu<br />

direito de greve.<br />

Mesmo as funcionárias tendo<br />

feito um acordo e voltado<br />

ao trabalho, a diretoria quer<br />

agora puni-las, colocando faltas<br />

injustificadas para todas as<br />

funcionárias do restaurante.<br />

Uma verdadeira arbitrariedade<br />

da direção da ESALQ que<br />

assedia os funcionários a todo<br />

o momento, não respeita o direito<br />

de greve e agora quer<br />

punir os trabalhadores que<br />

estão lutando pelos seus direitos<br />

e por uma universidade<br />

pública, gratuita e de qualidade.<br />

O mesmo aconteceu com<br />

os trabalhadores da biblioteca,<br />

que ficaram poucos dias<br />

paralisados devido à pressão<br />

dos diretores para o seu funcionamento.<br />

Os nove portões que dão<br />

acesso ao campus permaneceram<br />

fechados das 6h até as<br />

16h.<br />

Ao final da tarde, os funcionários<br />

do prédio central fo-<br />

ram dispensados do expediente,<br />

segundo a diretoria “para<br />

evitar confrontos”, mas que<br />

na verdade revela o medo de<br />

ocupação do prédio central,<br />

seguindo a tendência de ocupações<br />

dos prédios administrativos<br />

pelo movimento dos<br />

funcionários.<br />

Em seguida, todos os departamentos<br />

foram notificados<br />

do cancelamento do expediente<br />

a partir dessa quintafeira,<br />

24, por ordem do diretor da<br />

unidade, Antonio Roque Dechen,<br />

que estava na USP em São Paulo.<br />

Esta atitude do diretor, além<br />

de uma tentativa de evitar maior<br />

repercussão da greve entre a comunidade<br />

universitária e a sociedade,<br />

demonstra um recuo da<br />

burocracia universitária diante da<br />

mobilização dos funcionários.<br />

Esse recuo mostra o caminho<br />

para a luta dos funcionários, que<br />

é seguir adiante na mobilização e<br />

ampliação do movimento até o<br />

atendimento de todas as suas reivindicações.


CAUSA OPERÁRIA<br />

INTERNACIONAL <br />

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A crise na cúpula<br />

¤¨¢¥¤§©¡ ¡¢£¤¢¤¥£¢¦¦¤§<br />

Declarações feitas pelo general Stanley McChrystal à imprensa comprometeram a confiança do governo Obama em seu trabalho e levam<br />

a uma nova mudança na direção prática da guerra<br />

<br />

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<br />

Karzai afirma que demissão de<br />

McChrystal vai prejudicar a guerra<br />

¢§£¤§ ©¡¡ § ¤¨¢¥¤§©¡<br />

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AFEGANISTÃO: A “ARÁBIA SAUDITA DO LÍTIO”?<br />

Não se depender<br />

do imperialismo<br />

Página A19<br />

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<br />

O general norte-americano demitido Stanley McChrystal e o presidente afegão Hamid Karzai.<br />

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<br />

<br />

O pano de fundo da demissão do general Stanley McChrystal é o impasse da guerra no Afeganistão.<br />

<br />

<br />

<br />

Algumas das declarações que<br />

levaram à demissão do general<br />

¥¢§¢¦¤¢ ¦¢©¦¤¤<br />

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ELEIÇÕES NA COLÔMBIA<br />

Quase 70% da<br />

população rejeitou<br />

Juan Manuel Santos<br />

como presidente<br />

Página A19


27 DE JUNHO DE 2010 CAUSA OPERÁRIA INTERNACIONAL A19<br />

AFEGANISTÃO: A “ARÁBIA SAUDITA DO LÍTIO”?<br />

Não, se depender<br />

do imperialismo<br />

O presidente afegão Hamid Karzai já anunciou que a<br />

descoberta de enormes reservas minerais no país está<br />

à disposição de investidores internacionais. Para o país<br />

ocupado pelo imperialismo, nem um pingo de soberania<br />

Após anos buscando riquezas<br />

minerais no Afeganistão, o<br />

Pentâgono anunciou na semana<br />

passada a descoberta de<br />

depósitos de ferro, cobre, lítio<br />

e outros minérios. Caso as<br />

riquezas sejam exploradas plenamente,<br />

o país se tornará um<br />

dos maiores produtores do<br />

mundo. Estima-se que a riqueza<br />

esteja em torno de três<br />

trilhões de dólares. Fala-se em<br />

valores ainda maiores na imprensa<br />

econômica internacional.<br />

Durante a invasão soviética<br />

na década 1980, foi elaborado<br />

um mapa com a localização<br />

das reservas afegãs, e<br />

com a invasão dos EUA em<br />

2004, a busca por tais riquezas<br />

foi retomada.<br />

Logo após ter anunciado a<br />

descoberta, o governo norteamericano<br />

declarou que o país<br />

não tem máquinas e experiência<br />

para explorar as minas.<br />

Para manter sua invasão no<br />

país, afirmou que está disposto<br />

a “ajudar” na exploração.<br />

Na segunda-feira, dia 21, o<br />

Ministério de Minas do Afeganistão<br />

anunciou que abrirá<br />

suas reservas para os investidores<br />

internacionais.<br />

De acordo com o ministro<br />

de Minas, Wahidullah<br />

Shahrani, as notícias sobre o<br />

potencial são “boas”, pois<br />

“valorizarão a economia afegã<br />

e servirão para desenvolver<br />

o país”.<br />

O leilão das minas já tem local<br />

marcado, será realizado<br />

em Londres e de acordo com<br />

Craig Andrews, especialista<br />

em mineração do Banco Mun-<br />

dial para o Afeganistão, foram<br />

convidados 200 investidores<br />

do setor de mineração que durante<br />

a reunião farão suas propostas.<br />

Segundo Craig, após as<br />

propostas o ministério irá lançar<br />

uma oferta. De acordo<br />

com o especialista, ao que<br />

tudo indica o governo irá ter<br />

como exigência que a empre-<br />

AFEGANISTÃO<br />

Número de soldados<br />

britânicos mortos na<br />

guerra chega a 300<br />

Com cerca de 10 mil pessoas<br />

mobilizadas no país, o Reino<br />

Unido perdeu na última semana<br />

seu 300º soldado no conflito<br />

que já se arrasta há nove<br />

anos. O membro de um esquadrão<br />

britânico, atingido por<br />

uma explosão no último dia 12<br />

na província de Helmand, teve<br />

sua morte confirmada pelo<br />

governo neste final de semana.<br />

A morte do 300º soldado<br />

britânico atingiu o governo do<br />

novo premiê, David Cameron,<br />

como um duro golpe. Com<br />

cerca de 10 mil pessoas, entre<br />

soldados e civis estacionados<br />

no Afeganistãtn:o, Cameron<br />

enfrenta o mesmo problema<br />

que Obama: “como sair da<br />

guerra?”<br />

sa invista nas instalações siderúrgicas<br />

e de minas e ferro.<br />

O ministro disse ainda que<br />

as expectativas não devem ser<br />

muito altas, pois os investimentos<br />

vão levar anos para<br />

serem vistos, já que a exploração<br />

é lenta.<br />

Apesar das expectativas, a<br />

população está mais preocupada<br />

com o que pode vir a<br />

acontecer com as minas. De<br />

acordo com moradores de<br />

Cabul citados pela imprensa<br />

internacional, o único interesse<br />

é que os resultados cheguem<br />

até eles, seja por meio<br />

de investimentos em estrutura,<br />

transporte etc.<br />

Segundo o estudante de direito<br />

e ciências políticas da<br />

Universidade de Cabul, Faisal<br />

Farooqi, o principal desejo da<br />

população é se apoderar da riqueza<br />

encontrada, já que essa<br />

é a oportunidade de saírem da<br />

miséria.<br />

Já alguns especialistas em<br />

mineração e recursos afirmam<br />

que as minas encontradas<br />

podem prejudicar ainda<br />

mais o país. Isso porque os<br />

lucros com a exploração das<br />

minas levarão cerca de 20<br />

anos para aparecerem.<br />

Segundo Murray W. Hitzman,<br />

professor de geologia<br />

econômica da School of Mines<br />

do Colorado, “nenhuma<br />

empresa de mineração no seu<br />

perfeito estado de juízo iria<br />

agora para o Afeganistão”.<br />

(The New York Times, 18/5/<br />

2010) De acordo com Murray<br />

diante da crise econômica,<br />

seria extremamente arriscado<br />

para uma empresa investir dinheiro<br />

em uma mina onde só<br />

teria lucro mais de 10 anos<br />

depois.<br />

De acordo com Michael T.<br />

Klare, professor de Estudos<br />

da Paz e segurança mundial no<br />

Hampshire College, o tesouro<br />

subterrâneo será bom para os<br />

senhores da guerra e não para<br />

os afegãos.<br />

Segundo ele, a história em<br />

diversas épocas mostrou que<br />

impérios foram construídos<br />

em cima da exploração de minas,<br />

principalmente de ouro,<br />

citando como exemplo Espanha<br />

e Portugal que enriqueceram<br />

com a exploração do ouro<br />

da América do Sul e ainda a<br />

Os EUA planejam colocar em prática uma das maiores atividades de rapina do globo no Afeganistão.<br />

O governo norte-americano,<br />

que já perdeu mais de mil<br />

soldados no Afeganistão, está<br />

atolado na guerra. Cameron<br />

chegou a declarar, pouco depois<br />

de assumir o cargo de<br />

primeiro-ministro, que o país<br />

deveria esperar “mais mortes”<br />

em julho. Pressionado, por um<br />

lado, pelos aliados norte-americanos<br />

a permanecer na guer-<br />

ra e, por outro, pela opinião<br />

pública em seu próprio país,<br />

contra a manutenção das tropas<br />

no Oriente Médio, Cameron<br />

teve que se desdobrar em<br />

justificativas para manter a<br />

guerra.<br />

Após o anúncio da morte do<br />

soldado de número 300, o<br />

novo premiê se saiu com esta:<br />

“Estamos pagando um preço<br />

alto para manter nosso país<br />

seguro, para tornar o nosso<br />

mundo um lugar mais seguro<br />

e devemos continuar a nos perguntar<br />

porque estamos lá e por<br />

quanto tempo deveremos ficar<br />

lá”, disse.<br />

“Estamos lá porque os afegãos<br />

ainda não estão prontos<br />

para manter seu próprio país a<br />

salvo e manter os terroristas e<br />

campos de treinamento de terroristas<br />

fora de seu país”.<br />

“As forças britânicas devem<br />

evacuar assim que o Afeganistão<br />

possa garantir sua<br />

própria segurança”, acrescentou<br />

(BBC, 21/6/2010).<br />

As articulações políticas<br />

promovidas pelo governo do<br />

presidente Hamid Karzai mostram,<br />

pelo contrário, que a justificativa<br />

apresentada pelo governo<br />

britânico é apenas um<br />

pretexto para a manutenção<br />

das tropas no Afeganistão. A<br />

tentativa (fracassada) de corromper<br />

uma parte do Talibã e<br />

incorporar a organização islâmica<br />

extremista ao governo<br />

revela que a disposição do<br />

imperialismo mundial, por trás<br />

da manobra, é viabilizar o<br />

quanto antes a retirada de suas<br />

tropas, por quaisquer meios<br />

que encontre, para evitar que<br />

a crise já instalada em seus próprios<br />

países se acentue.<br />

Apenas em 2010, 55 soldados<br />

britânicos morreram no<br />

Afeganistão. Já é mais da metade<br />

do número de mortos no<br />

ano passado (108) e mais do<br />

que morreram no ano de 2008<br />

Apenas em 2010, 55 soldados britânicos morreram no Afeganistão, mais da metade do número de mortos no ano passado e<br />

mais do que morreram no ano de 2008 inteiro (51).<br />

inteiro (51). Enquanto os soldados<br />

britânicos, norte-americanos<br />

e dos demais países<br />

que compõem a coalizão liderada<br />

pela OTAN continuarem<br />

a morrer no Afeganistão, a<br />

crise está garantida nestes<br />

países. Resta saber por quanto<br />

tempo seus governos vão<br />

sustentar este ônus.<br />

dominação da Indonésia pela<br />

Holanda e da China pelo Japão.<br />

“Países com uma história<br />

de conflitos geralmente não<br />

conseguem resultados benéficos<br />

com a descoberta de riquezas<br />

minerais, mas sim,<br />

mais guerras, corrupção,<br />

menos democracia e mais desigualdade”,<br />

afirmou Terry<br />

Lynn Karl, professor de ciências<br />

politicas na Universidade<br />

de Stanford. Terry cita como<br />

exemplo a Nigéria, que depois<br />

da descoberta do petróleo, se<br />

tornou ainda mais pobre.<br />

Isso ocorreu porque uma<br />

pequena elite do país, vendeu<br />

o petróleo para investidores<br />

internacionais em troca de<br />

migalhas para se manterem no<br />

poder, não trazendo nenhum<br />

benefício à população, que só<br />

conseguiu ser mais explorada.<br />

Atualmente a economia do<br />

país é totalmente dependente<br />

do petróleo e apesar disso<br />

toda a produção é privatizada.<br />

Diante da crescente probreza<br />

no país, que já registra<br />

70% da população abaixo da<br />

linha da pobreza, o governo<br />

apresentou em 2007 um projeto,<br />

declarando que iria se<br />

comprometer em reformar a<br />

economia da Nigéria.<br />

Na época foi apresentado<br />

como principal problema para<br />

o crescimento do país o investimento<br />

em infra-estrutura,<br />

mas como solução o governo<br />

declarou que estava na busca<br />

de parcerias público-privadas<br />

para o “desenvolvimento” do<br />

país.<br />

De acordo com Klare, o<br />

Afeganistão não pode ser<br />

comparado com a Arábia Saudida,<br />

como fez o Pentâgono,<br />

mas sim com o Congo.<br />

Segundo ele o diamante e<br />

cobalto encontrados no país<br />

levaram o Congo à miséria total,<br />

com governos corruptos<br />

e guerras brutais.<br />

O próprio jornal The New<br />

York Times levanta a questão<br />

de quem irá proteger as minas<br />

durante os próximos 20 anos<br />

enquanto a exploração não dá<br />

lucro.<br />

Com isso, os EUA planejam<br />

para o Afeganistão o mesmo<br />

que acontece com o Congo,<br />

Nigéria e outros países oprimidos:<br />

estimular os conflitos<br />

internos para justificar a manutenção<br />

de suas tropas que<br />

vão abrir o caminho para que<br />

as empresas e bancos norteamericanos<br />

e europeus se<br />

apoderem da riqueza natural<br />

do país.<br />

ELEIÇÕES NA COLÔMBIA<br />

Quase 70% da população<br />

rejeitou Juan Manuel<br />

Santos como presidente<br />

A maioria absoluta da população da Colômbia não votou<br />

em Santos e na continuação do estado policial de Uribe.<br />

A maioria esmagadora da<br />

população não compareceu às<br />

urnas no último final de semana.<br />

Mesmo assim, o candidato do<br />

governo se elegeu com uma das<br />

maiores abstenções entre os eleitorados.<br />

Juan Manuel Santos, foi eleito<br />

presidente da Colômbia com<br />

69,05% dos votos, o seu adversário<br />

Antanas Mockus ficou com<br />

27,5%. As eleições foram marcadas<br />

pela presença do exército<br />

nos locais de votação, uma forma<br />

de pressionar e intimidar a<br />

população a votar no candidato<br />

do governo.<br />

Apesar da aparência de uma<br />

vitória arrasadora, os números<br />

absolutos das eleições mostram o<br />

verdadeiro fracasso por trás da<br />

vitória do candidato de Uribe. Do<br />

total de eleitores, 30 milhões,<br />

apenas 13,5 milhões foram votar,<br />

menos da metade. Os números<br />

são maiores se considerarmos a<br />

população como um todo. No<br />

caso da Colômbia, dos 44 milhões<br />

de habitantes, 14 milhões não são<br />

eleitores e não votam em ninguém.<br />

O número total, somado às abstenções,<br />

é de quase 30,5 milhões<br />

de pessoas que não elegeram<br />

Santos a presidente. O resultado<br />

é que a maioria absoluta da população<br />

da Colômbia não votou em<br />

Santos e na continuação do estado<br />

policial de Uribe.<br />

Com a vitória fraudulenta de<br />

Santos, o imperialismo norteamericano<br />

garantiu sua presença<br />

na América Latina. “A vitória do<br />

Sr. Santos, para os economistas,<br />

aponta para a continuidade<br />

nas relações da Colômbia com<br />

os Estados Unidos, que prevê ao<br />

país centenas de milhões de<br />

dólares em ajuda de segurança<br />

a cada ano. Sr. Santos, como o<br />

presidente que sucede Álvaro<br />

Uribe, disse que quer preservar<br />

a posição da Colômbia como<br />

principal aliado de Washington<br />

na América Latina” (The New<br />

York Times, 20/6/2010).<br />

Com isso, o governo norteamericano<br />

quer fazer na America<br />

Latina algo parecido com o<br />

Oriente Médio. A Colômbia seria<br />

uma espécie de Israel, um<br />

país cão-de-guarda para os interesses<br />

do imperialismo na região.<br />

Os alvos seriam os atuais<br />

governos nacionalistas que dominam<br />

a região (Venezuela,<br />

Bolívia, Equador etc.). O próprio<br />

The New York Times revela que<br />

“as ambições de Santos de cultivar<br />

laços estreitos com Washington<br />

irão torná-lo uma espécie<br />

de observador em uma<br />

região que está para ver uma<br />

erosão contínua da influência<br />

norte-americana, e com a China<br />

aumentando o seu representação<br />

no hemisfério e no Brasil,<br />

potência em ascensão na América<br />

Latina, amplia o seu alcance<br />

político e econômico” (idem)<br />

Assim como no Afeganistão e<br />

no Iraque, onde a “ordem” é<br />

mantida sob a ocupação militar<br />

norte-americana, o presidente<br />

escolhido pelo imperialismo só<br />

pode ser imposto por meio da fraude<br />

e da manipulação da vontade<br />

do eleitorado. A eleição de Juan<br />

Manuel Santos é o símbolo da<br />

fraqueza do imperialismo e de seus<br />

prepostos na América Latina.


27 DE JUNHO DE 2010 CAUSA OPERÁRIA ENTREVISTA DA SEMANA A20<br />

DIREITO DE GREVE NA USP<br />

“Enfraquecer a resistência do movimento<br />

sindical como forma de facilitação de<br />

um projeto de privatização”<br />

Causa Operária entrevista Jorge Luiz Souto Maior, jurista e professor livre<br />

docente de direito do trabalho brasileiro na USP sobre o ataque ao direito<br />

de greve dos funcionários da universidade<br />

Causa Operária – Do ponto<br />

do direito do cidadão, o que<br />

significa a suspensão dos salários<br />

dos funcionários da<br />

Universidade de São Paulo<br />

em greve?<br />

Jorge Luiz Souto Maior –<br />

Representa para eles a desconsideração<br />

de serem titulares de<br />

um direito. Do direito de fazerem<br />

greve para defesa de seus<br />

interesses. Quando você exclui<br />

destas pessoas o salário, na<br />

verdade está sendo excluída a<br />

greve como um direito porque<br />

elas teriam que se sacrificar do<br />

ponto de vista da sua própria<br />

sobrevivência, porque o salário<br />

é de natureza alimentar para<br />

poder fazer a greve. Então a<br />

greve deixa de ser um direito e<br />

passa a ser um ato de sacrifício<br />

ou um ato de heroísmo e na<br />

verdade não é. É meramente o<br />

exercício de um direito.<br />

Causa Operária – Os trabalhadores<br />

podem contestar o<br />

contrato de trabalho com o<br />

seu patrão por lei?<br />

Jorge Luiz Souto Maior –<br />

Sim. A greve é um mecanismo<br />

que os trabalhadores têm para<br />

poder conseguir junto ao seu<br />

empregador a melhoria da condição<br />

de trabalho. É o meio democrático<br />

de manifestação,<br />

porque sem este meio de diálogo,<br />

de livre reivindicação,<br />

meramente um pedido digamos<br />

assim, o empregador naturalmente<br />

tende a não acatar,<br />

porque ele está na posição cômoda<br />

de quem tem os meios de<br />

produção e o poder econômico.<br />

Então ele simplesmente<br />

pode não conceder ou não<br />

aceitar a reivindicação dos trabalhadores<br />

e pronto. O único<br />

meio que os trabalhadores têm<br />

para que este diálogo mude a<br />

favor deles é o exercício da<br />

greve, dizer que não trabalha<br />

mais enquanto o empregador<br />

não quiser discutir com eles e<br />

negociar as condições de trabalho.<br />

Causa Operária – A medida<br />

que pedia a reintegração<br />

dos prédios contra os piquetes<br />

da greve já era uma forma de<br />

impedir a livre organização<br />

dos trabalhadores. Existe alguma<br />

lei sobre esta atividade<br />

de greve?<br />

Jorge Luiz Souto Maior –<br />

O piquete se insere dentro do<br />

contexto da greve. É um mecanismo<br />

para o convencimento<br />

dos outros trabalhadores<br />

que muitas vezes tem medo de<br />

aderir a greve. É um mecanismo<br />

que convence os outros a<br />

aderirem o movimento de greve.<br />

E muitas vezes, o piquete<br />

não é nem uma forma de convencimento,<br />

mas é uma forma<br />

que os trabalhadores encontram<br />

para que aqueles trabalhadores<br />

que querem fazer a greve,<br />

mas tem medo da represá-<br />

Jorge Luiz Souto Maior.<br />

lia e do que pode acontecer<br />

com ele em termos de contrariedade<br />

do empregador, tenha<br />

o argumento de dizer “olha, eu<br />

até quis ir trabalhar, mas fui<br />

impedido pelo sindicato, pelo<br />

movimento grevista”. Então é<br />

uma forma, uma estratégia<br />

importante para que mais trabalhadores<br />

pensem na greve<br />

sem se submeterem ao risco<br />

de represália por parte do<br />

empregador. Faz parte do<br />

exercício da greve a realização<br />

do piquete. E também é uma<br />

manifestação democrática.<br />

Não se fala de piquete como<br />

forma de atacar fisicamente as<br />

outras pessoas ou de destruir<br />

o patrimônio alheio. Piquete é<br />

uma forma de manifestação e<br />

uma forma de impedir que os<br />

trabalhadores não estão em<br />

greve trabalhem. O que os<br />

empregadores acabam utilizando<br />

é um mecanismo jurídico<br />

chamado “interdito proibitório”<br />

que serve para desobstruir<br />

o acesso a uma propriedade<br />

privada. Mas este “interdito<br />

proibitório” geralmente é<br />

um mecanismo jurídico que<br />

serve para finalidade rurais<br />

para desocupações de terras<br />

ou no sentido de proprietários<br />

que tiveram atividades obstruídas<br />

por “invasores”, digamos<br />

assim.<br />

No caso das relações de trabalho<br />

não deveria ser posto<br />

desta forma porque os trabalhadores<br />

não são invasores e<br />

fazem parte do contexto produtivo<br />

e neste sentido, o trabalho<br />

a ele pertence também.<br />

Eles são parte integrante do<br />

local de trabalho. Estar no<br />

local de trabalho, não trabalhando<br />

e dificultando o procedimento<br />

da atividade produtiva,<br />

no sentido da realização de<br />

piquetes, não constitui um ato<br />

de invasão, constitui ao ato<br />

pertinente ao ato de greve por<br />

pessoas que são parte daquele<br />

contexto produtivo e não de<br />

invasores.<br />

Causa Operária – Em sua<br />

opinião, qual o objetivo do<br />

Rodas ao quebrar a isonomia<br />

do reajuste salarial entre professores<br />

e funcionários e agora<br />

cortar os salários dos trabalhadores<br />

em greve?<br />

Jorge Luiz Souto Maior –<br />

Não dá para vislumbrar qual<br />

foi a idéia que ele teve com a<br />

quebra da isonomia e qual o<br />

propósito exatamente. O que<br />

não dá, diante de qualquer propósitos,<br />

é para concordar com<br />

a medida. Porque existem dados<br />

históricos da vinculação<br />

do ponto de vista salarial dos<br />

servidores e professores. E<br />

quebrar esta regra de uma<br />

hora para outra é uma coisa<br />

com a qual não se pode concordar<br />

em hipótese nenhuma.<br />

Até porque no grau de importância,<br />

servidores e professo-<br />

são.<br />

res, todos eles trabalham<br />

juntos e todos eles têm a<br />

mesma representação<br />

para a universidade. Os<br />

professores dão aula,<br />

mas não conseguiriam<br />

dar as suas aulas sem o<br />

apoio dos servidores. O<br />

contexto educacional é<br />

todo um só. Não pode<br />

haver esta divisão. Em<br />

algum momento surgiu<br />

esta divisão em professores<br />

e servidores na<br />

universidade. Do meu<br />

ponto de vista é totalmente<br />

injustificado. Os<br />

professores são também<br />

servidores. E num contexto<br />

mais amplo, todos<br />

são funcionários públicos,<br />

mesmo exercendo<br />

atividades distintas. Não<br />

vejo razão alguma para<br />

esta quebra da isonomia.<br />

Muito pelo contrário,<br />

deve haver um tratamento<br />

isonômico cada vez<br />

maior, entre professores<br />

e servidores. No contexto<br />

de serem considerados<br />

todos servidores públicos<br />

que efetivamente<br />

Causa Operária – Sobre a<br />

aprovação pelo STF de medida<br />

visando proibir as greves<br />

nos chamados serviços essenciais,<br />

o senhor considera que<br />

é também uma restrição do<br />

direito de greve?<br />

Jorge Luiz Souto Maior –<br />

O que o STF decidiu é que se<br />

aplica a “lei de greve” aos servidores<br />

públicos. Isso em certa<br />

medida pode representar<br />

uma restrição ao direito de greve,<br />

se a lei for mal interpretada<br />

e mal aplicada e a mim é o<br />

que parece estar acontecendo.<br />

As pessoas querem ver na lei<br />

de greve mais uma limitação ao<br />

direito de greve que propriamente<br />

um regramento da garantia<br />

ao exercício do direito<br />

do direito de greve. E o que a<br />

Constituição prevê concretamente<br />

é que existe o direito de<br />

greve e que este será garantido<br />

nos termos da lei. Então a<br />

lei deve vir para garantir o exercício<br />

do direito de greve e não<br />

para inviabilizar o direito.<br />

Quando a lei diz que o contrato<br />

de trabalho fica suspenso, o<br />

que se deve entender é que esta<br />

garantia foi ali posta como forma<br />

de dizer que o empregador<br />

não pode fechar o contrato de<br />

trabalho dos trabalhadores que<br />

estejam em greve. Mas as<br />

pessoas, como lêem a lei de<br />

forma equivocada, entendendo-a<br />

como uma forma de limitação<br />

ao direito de greve, querem<br />

ver estes dispositivos<br />

como “suspensão do contrato<br />

de trabalho”, o fato de que o<br />

empregador fica desobrigado<br />

a pagar salário durante o período<br />

de greve. É uma forma de<br />

olhar um dispositivo para fora<br />

da finalidade em que a lei deveria<br />

atender, que seria garantir<br />

o exercício de greve. A decisão<br />

do SFT por si não é limitadora<br />

do direito de greve, mas<br />

ela passa a ser na medida em<br />

que esta lei que regula a greve<br />

for mal interpretada e mal aplicada.<br />

E infelizmente é o que<br />

tem ocorrido até o presente<br />

momento. O que nós estamos<br />

tentando reformular é a interpretação<br />

desta lei sob uma<br />

perspectiva de que ela seja garantidora<br />

do direito de greve<br />

e não limitadora, como até<br />

pouco tempo ela tem sido interpretada<br />

e aplicada.<br />

Causa Operária – Em<br />

2007, o STF autoriza a contratação<br />

de servidores por três<br />

meses podendo ser prorrogado.<br />

Ele está autorizando a<br />

substituição dos trabalhadores<br />

paralisados a partir do décimo<br />

dia de greve e ainda<br />

permitindo a instauração de<br />

processo administrativo coletivo<br />

para demitir grevistas<br />

rapidamente, sem a garantia<br />

de direitos?<br />

Jorge Luiz Souto Maior –<br />

O Supremo Tribunal Federal<br />

decidiu em um processo que<br />

a lei para os funcionários de<br />

empresas privadas seria aplica<br />

aos funcionários públicos.<br />

Em atividades essenciais o<br />

que a lei estabelece é que o<br />

empregador e o sindicato devem<br />

estabelecer e garantir a<br />

manutenção das atividades<br />

essenciais, isso compete ao<br />

empregador e ao sindicato diante<br />

um comum acordo. O<br />

sindicato vai negociar com o<br />

empregador os trabalhadores<br />

que vão continuar trabalhando<br />

e qual o percentual necessário<br />

para as atividades essenciais<br />

sejam preservadas.<br />

Mas isso quem define, nos<br />

termos da lei, são os trabalhadores.<br />

O empregador não<br />

pode falar “olha, quero que<br />

tantos por cento esteja em atividade”<br />

ou mesmo o judiciário<br />

“é importante que se mantenha<br />

tantos por centro trabalhando”.<br />

A definição quanto a<br />

isso também deve ser feita em<br />

comum acordo. O que eu<br />

acho interessante é que eles<br />

usam a lei para limitar o direito<br />

de greve e não percebem<br />

que a própria lei não faz isso.<br />

Ela garante o exercício de<br />

greve e não obriga os trabalhadores<br />

a realizarem o trabalho<br />

a partir da visão unilateral do<br />

empregador ou até mesmo a<br />

visão do judiciário a respeito<br />

do assunto. A lei obriga os trabalhadores<br />

à prestação de serviço,<br />

mas a partir de um comum<br />

acordo com seu empregador.<br />

A lei propriamente não permite<br />

isso. Existe uma interpretação<br />

equivocada de achar<br />

que em atividades essenciais<br />

o empregador ou o judiciário<br />

podem obrigar os trabalhadores<br />

em greve a prestação de<br />

serviço. Não podem. O que a<br />

lei diz é que o sindicato deve<br />

negociar com o empregador<br />

como esta atividade será exercida.<br />

Claro que se o sindicato<br />

se negar a negociação, se os<br />

sindicatos não fornecerem<br />

meios para executar as atividades<br />

essenciais, aí sim a lei<br />

permite a contratação de trabalhadores<br />

para execução daqueles<br />

serviços específicos<br />

para um período determinado.<br />

Mas isso só depois de ultrapassada<br />

a possibilidade de negociação<br />

junto ao trabalhador.<br />

O que tem havido normalmente<br />

é isso se põe sem negociação<br />

nenhuma. É como se os<br />

trabalhadores em greve, pelo<br />

simples fato de estarem em<br />

greve, tivessem efetivando<br />

um ato ilícito. Mas eles não<br />

estão cometendo um ato ilícito.<br />

Estão no exercício pleno e<br />

regular do seu direito.<br />

Causa Operária - Isso não<br />

significa que o STF está legislando<br />

em lugar do Congresso<br />

Nacional?<br />

Jorge Luiz Souto Maior –<br />

Eu acho que não. O Supremo<br />

Tribunal Federal ao considerar<br />

que a lei se aplica aos servidores<br />

considerou um princípio<br />

de direito que é o preenchimento<br />

de uma lacuna por<br />

analogia. Considerando que<br />

se não há uma lei que regula,<br />

se aplicará uma lei existente<br />

que regula uma situação que é<br />

parecida e que, portanto, poderia<br />

regular esta mesma situação.<br />

Não vejo nenhum mal<br />

nesta decisão do Supremo. O<br />

pior de tudo é como esta lei<br />

tem sido aplicada. Isso para<br />

mim parece equivocado. A lei<br />

tem sido aplicada erroneamente.<br />

Mas não pelo Supremo,<br />

mas pela jurisprudência em<br />

geral. A esperança que se tem<br />

é que o Supremo aplicando<br />

esta lei comece a reverter este<br />

quadro vendo nela lei mais<br />

uma garantia do exercício do<br />

direito de greve do que uma<br />

mera limitadora deste direito<br />

de greve. Se não fizer isto, a<br />

critica ao Supremo terá maior<br />

sentido, mas por enquanto<br />

pelo menos na minha visão, o<br />

Supremo pode ser isentado de<br />

uma culpa plena sobre o problema.<br />

O problema maior está<br />

nos tribunais, na jurisprudên-<br />

cia dos tribunais que tem mal<br />

aplicado e mal interpretado<br />

esta lei 7.783/89. Não estou<br />

dizendo que o Supremo vá<br />

seguir o mesmo caminho, até<br />

pode ser que sim, mas por enquanto<br />

como não se posicionou<br />

nestes aspectos postos<br />

por estas discussões sobre o<br />

desconto efetivo durante a<br />

greve, sobre o percentual<br />

para o trabalho essencial, a<br />

negociação com os trabalhadores,<br />

por enquanto temos<br />

que esperar para saber qual<br />

será mesmo a posição do<br />

Supremo para aí sim efetuar<br />

ou não uma crítica ao seu posicionamento.<br />

Causa Operária - A ausência<br />

do direito de greve é característica<br />

de um governo<br />

totalitário. Quais os mecanismos<br />

utilizados hoje para<br />

impedir este direito?<br />

Jorge Luiz Souto Maior –<br />

Ameaças de trabalhadores<br />

que participam da greve, mecanismos<br />

de intervenção do<br />

judiciário que obrigam os trabalhadores<br />

a voltarem ao trabalho.<br />

Existe todo um aparato<br />

jurídico estabelecido para<br />

limitar o direito de greve. Mas<br />

isso não necessariamente em<br />

regimes autoritários, pode ser<br />

em regimes tidos como democráticos<br />

em que a lei mal<br />

aplicada ao invés de servir ao<br />

direito de greve, acabar servindo<br />

para limitar o direito de<br />

greve. No regime autoritário<br />

os trabalhadores perdem isso<br />

enquanto direito, é uma ilegalidade<br />

pura e simples. Não se<br />

discute.<br />

Causa Operária – Quais as<br />

conseqüências possíveis para<br />

o reitor da USP por ter cortado<br />

o salário de pelo menos<br />

1.600 trabalhadores?<br />

Jorge Luiz Souto Maior –<br />

Do ponto de vista jurídico nenhuma<br />

conseqüência pessoal<br />

pelo exercício desta ação. Ele<br />

dirá que está respaldado por<br />

uma jurisprudência, respaldado<br />

em um entendimento jurídico<br />

e que, portanto, lhe confere<br />

certa razoalibidade para<br />

agir desta forma. Do ponto de<br />

vista político sim, o desgaste<br />

pode ser muito grande na<br />

medida em que ele atrai para<br />

si a responsabilidade pela realização<br />

de um gravame muito<br />

grande para diversas pessoas.<br />

Sem benefício nenhum<br />

para a instituição. Muito pelo<br />

contrário, pode desgastar<br />

completamente a instituição e<br />

as pessoas que estão nela<br />

envolvida. Conseqüentemente<br />

isso pode representar um<br />

desgaste político muito grande<br />

para a pessoa dele. Mas do<br />

ponto de vista jurídico, o ato<br />

por si só não representaria em<br />

primeiro plano nenhum efeito<br />

específico pessoal.<br />

Causa Operária – Quais<br />

recursos os trabalhadores<br />

possuem para se defender<br />

desta arbitrariedade?<br />

Jorge Luiz Souto Maior –<br />

Eles podem deixar o processo<br />

na justiça do trabalho com<br />

a declaração da legalidade da<br />

greve a regularidade do seu<br />

exercício, dizendo que a greve<br />

tem um fundamento jurídico<br />

preciso e legítimo que é a<br />

recuperação da isonomia que<br />

ficou perdida por um ato ilegal<br />

do empregador, no caso a<br />

universidade e diante da legalidade<br />

do movimento, a razoabilidade<br />

e da juridicidade da<br />

sua reivindicação e por conseqüência<br />

a arbitrariedade do<br />

outro lado com o desconto do<br />

seu salário pode, portanto,<br />

pedir o imediato pagamento<br />

do salário dos dias parados,<br />

pedindo a tutela antecipada de<br />

caráter urgente para que se<br />

garanta a eles o legítimo direito<br />

de greve conforme existe<br />

na Constituição. Tem estes<br />

mecanismos jurídicos, que<br />

existem também em tese.<br />

Existem processualmente,<br />

mas não significa dizer que o<br />

judiciário dará esta resposta<br />

afirmativamente a pretensão<br />

deles. Talvez o tempo em que<br />

eles têm este remédio para<br />

buscar o recebimento do seu<br />

salário. Com o risco de que o<br />

judiciário entenda diferente<br />

disso que estou manifestando<br />

e dizer “não, o desconto de<br />

salário está correto, porque o<br />

contrato está suspenso” e<br />

aquela coisa toda que pode<br />

ser que o judiciário volte a<br />

dizer. O mecanismo é esse do<br />

ponto de vista jurídico. Do<br />

ponto de vista do movimento,<br />

tem que fazer o que em geral<br />

os grevistas sofridos do País<br />

aprenderam a fazer: que é fazer<br />

fundos, pedidos de solidariedade<br />

para que a sociedade<br />

e as outras pessoas acabem<br />

contribuindo para que eles<br />

possam receber uma forma de<br />

sobrevivência enquanto fazem<br />

a greve. Mesmo esta jurisprudência<br />

que acaba negando<br />

aos trabalhadores o salário<br />

enquanto a greve é exercida,<br />

acaba chegando à conclusão<br />

de que o empregador<br />

deve pagar aos trabalhadores<br />

os dias parados, considerando<br />

que a greve foi legítima.<br />

Mas para dizerem isso depois,<br />

impõem ao trabalhador durante<br />

um grande período um<br />

grande sacrifício que muitas<br />

vezes acaba desgastando o<br />

movimento e muitas vezes<br />

acaba destruindo a força dos<br />

trabalhadores. São mecanismos<br />

que não são muito garantidos.<br />

Causa Operária – Em sua<br />

opinião, esta medida pode ser<br />

considerada uma tentativa de<br />

desmantelar a organização<br />

sindical dos funcionários da<br />

USP?<br />

Jorge Luiz Souto Maior –<br />

Certamente o corte de salários<br />

é para enfraquecer o movimento,<br />

expor o movimento a<br />

um sacrifício grande em que<br />

muitos acabam voltando a trabalhar<br />

e os que não voltam<br />

acabam fazendo um sacrifício<br />

de ordem pessoal muito grande,<br />

tentanto ganhar com isso,<br />

na resistência, enquanto que o<br />

empregador não tem muito o<br />

que perder. Sobretudo quando<br />

nós pensamos num ente público<br />

que não tem muito a perder<br />

com a greve se demorando,<br />

então ele vai impondo aos trabalhadores<br />

um sacrifício de<br />

ordem pessoal que eles acabam<br />

favorecendo no embate<br />

dos interesses. Ao contrário,<br />

por exemplo, de uma empresa<br />

privada que precisa produzir,<br />

vender e acaba também do<br />

ponto de vista econômico sentindo<br />

os efeitos da greve. Isto<br />

não ocorrendo na entidade de<br />

serviço público, o corte de salário<br />

acaba sendo uma atitude<br />

brutal e destruidora porque o<br />

ente público trabalha com esta<br />

lógica, sem muita necessidade<br />

do ponto de vista econômico,<br />

o tempo é favorável. Ainda<br />

mais se tiver uma decisão judicial,<br />

obrigando os trabalhadores<br />

a religação de serviços.<br />

Seja um percentual de serviços<br />

ou contratação de trabalhadores<br />

para a realização destes<br />

serviços. Acaba que o ente público<br />

não é suficientemente<br />

pressionado pela greve e os<br />

únicos que sofrem com a greve<br />

são os trabalhadores. Isso<br />

coloca a greve como um sacrifício<br />

e não como um efetivo<br />

direito.<br />

Causa Operária – Rodas<br />

publicou recentemente um<br />

artigo falando da privatização<br />

da USP e da necessidade<br />

de “modernização” da universidade.<br />

O Senhor faz uma<br />

relação com estes ataques sofridos<br />

pelos funcionários com<br />

a perda da isonomia e o corte<br />

de salários por causa da greve?<br />

Jorge Luiz Souto Maior –<br />

Claro que uma coisa está ligada<br />

a outra: enfraquecer a resistência<br />

do movimento sindical<br />

como forma de facilitação de<br />

um projeto de privatização.<br />

Ainda mais acusando o modelo<br />

atual, a existência de servidores<br />

públicos, como um empecilho<br />

a modernidade. Jogando<br />

a opinião pública contra<br />

os servidores. É uma estratégia<br />

privatizante. Não tenho<br />

a menor dúvida. Mas é<br />

preciso resistir.

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