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São José do Xingu - MT<br />

A Capital do Boi Gordo<br />

1ª Edição - Dezembro/2008<br />

Cássio Vilela dos Santos<br />

Raviano Alves dos Santos Coelho


Créditos:<br />

Autores do livro:<br />

Cássio Vilela dos Santos<br />

8ª série - Escola Estadual Antonio Gomes Primo<br />

Data de nascimento: 11.05.1994 - Limeira – SP (desde os 4 anos reside no Xingu)<br />

Filiação: Elaine Cristina Vilela dos Santos e Joberson Elias dos Santos<br />

Raviano Alves dos Santos Coelho<br />

8ª série - Escola Estadual Antonio Gomes Primo<br />

Data de nascimento: 31.07.1993 - São José do Xingu - MT<br />

Filiação: Joana Alves Coelho e Ideire dos Santos<br />

Autoras do Anexo da dengue:<br />

Técnicas de Enfermagem:<br />

Ariane Santiago Alves<br />

Elaine Cristina Vilela dos Santos<br />

Elba Luz Britto<br />

Mônica da Silva Rodrigues<br />

Autoras do Anexo da Fazenda Bang-Bang:<br />

Itamara Costa Cirqueira<br />

7ª série - Escola Estadual Antonio Gomes Primo<br />

Data de nascimento: 01.11.1994 - Porto Franco - MA<br />

Filiação: Pedrina Costa Cirqueira e Domingos Marinho Cirqueira<br />

Pâmela Gracielly da Silva Albuquerque<br />

6ª série - Escola Estadual Antonio Gomes Primo<br />

Data de nascimento: 06.06.1994 - São José do Xingu - MT<br />

Filiação: Leila da Silva e João Farias de Albuquerque<br />

Coodernação Geral e Apoio:<br />

Luiz Carlos Nunes Castelo<br />

Marta Jeane de Carvalho<br />

Nilcéia Lino de Jesus Lourenço<br />

Equipe de motivação e entusiasmo:<br />

Fabiana Farah do Grupo Pão de Açúcar;<br />

Teresinha Fonseca, Consultora de Responsabilidade Social;<br />

Telma Moretti, Consultora de Responsabilidade Social;<br />

Fazendas e Parceiros participantes do Programa de Sustentabilidade do Grupo Pão de Açúcar.<br />

direção de Arte / diagramação / imagens:<br />

Marcela Choff<br />

revisão:<br />

Ana Carolina Correa<br />

2008<br />

Realização: Fazenda Bang-Bang<br />

BR-080, km 301 – São José do Xingu - MT – CEP: 78663-000<br />

e-mail: <strong>fazenda</strong><strong>bang</strong>-<strong>bang</strong>@<strong>fazenda</strong><strong>bang</strong>-<strong>bang</strong>.com.br<br />

Fone: 66-3568-1192


Livro Aberto de São José do Xingu – MT<br />

A Fazenda Bang-Bang participou do Programa de Sustentabilidade da cadeia do varejo do Grupo Pão de Açúcar, para produzir<br />

carne com RESPONSABILIDADE SOCIAL, que significa ter lucro respeitando o meio ambiente e cuidando da parte social, enfim<br />

preparando o meio em que vivemos para as gerações futuras. É sempre preciso destacar a importância do Pão de Açúcar em<br />

convidar a Bang, até então seu mais distante fornecedor, só assim este trabalho pôde ser iniciado. Muito obrigado.<br />

Este programa pediu que fizéssemos um relatório Socioambiental de nossas atividades e para isto vimos a necessidade de<br />

contar a história da Fazenda Bang no município; resolvi ampliar um pouco este tema envolvendo a história da Cidade, pois acredito<br />

como veremos ao longo deste livro, que a cidade de São José do Xingu e a Fazenda Bang não podem ser separadas.<br />

Convidei os adolescentes de nossa Cidade para contarem a história do Bang ou de São José do Xingu e da Fazenda Bang, Bang-<br />

Bang ou como queiram chamar, onde o melhor trabalho receberia o Prêmio Bang, cujo tema foi “Minha Cidade Tem História”.<br />

Estes maravilhosos adolescentes todos eles, que participaram do concurso, movimentaram a cidade, ouviram a história por<br />

meio das pessoas mais antigas do município e aprenderam com a experiência e pioneirismo deles a respeitar mais a nossa<br />

cidade e saber porque ela é a Cidade Solidária.<br />

Nossos agradecimentos à Rádio FM Xingu – 88,5, uma parceira que deu certo e que valorizou este prêmio de forma espetacular,<br />

principalmente a pessoa do Álvaro. Cumpre destacar o importante papel educativo que desenvolve a nossa Rádio.<br />

A doença da dengue que atingiu o município em 2007/2008 de forma grave é tratada pelas técnicas de enfermagem de São<br />

José do Xingu no ANEXO I deste livro com a seriedade que o assunto merece. Aproveito a oportunidade para cumprimentar a<br />

todos que trabalham com a saúde que é um dos pontos fortes e de destaque do município.<br />

As meninas Pâmela e Itamara que contaram de forma brilhante a história da Fazenda Bang-Bang, no ANEXO II deste livro, e que<br />

terão sempre minha admiração pela sua educação e luta para cumprir a promessa feita a mim, de serem brilhantes em qualquer<br />

lugar do mundo. Contem com meu apoio, mas lutem com muita garra para atingirem seus objetivos na vida.<br />

Os meninos Cássio, Raviano e Samuel, vencedores do Prêmio Bang: “Minha Cidade Tem História”, minha admiração por<br />

tudo, em especial ao Cássio e ao Raviano, que deram seguimento ao trabalho que resultou neste livro. Parabéns pela inteligência,<br />

pela astúcia, pela perseverança e até pela molecagem. Fica aqui registrada a brilhante formação dada pelas mães destes<br />

meninos, verdadeiras educadoras e disciplinadoras, responsáveis pelo sucesso deles. É presente a gratidão deles aos seus professores<br />

pelo seu aprendizado e orientação.<br />

A Fazenda Bang-Bang lança este livro que é aberto, não para ser criticado e sim reescrito sempre que for preciso por meninos<br />

grandes e pequenos e que queiram fazer de São José do Xingu um município moderno e socialmente justo para sua população<br />

e construído para as gerações futuras.<br />

Está sendo reescrito neste momento, pois em Janeiro de 2009 assume a prefeitura de nosso município o Sr. Gilberto Mendes<br />

Leoncini, o Betão, com a responsabilidade maior de transformar para melhor o meio em que vivemos. Viveremos um novo<br />

momento.<br />

A Fazenda Bang-Bang espera poder contribuir junto a todos seus amigos e colaboradores com esta transformação. A bola<br />

está com você Betão!<br />

Agradeço sempre a amigável acolhida que tive quando aqui cheguei, dos meus amigos Carlito, Fátima e Tia Rosa.<br />

Finalmente a Bang, o Bang, São José do Xingu – MT, que é uma cidade solidária, foi o aprendizado diante das inúmeras dificuldades<br />

a serem vencidas por seus vitoriosos PIONEIROS, que fizeram deste município, UM LUGAR DE PAZ.<br />

Luiz Carlos Nunes Castelo<br />

Fazenda Bang-Bang<br />

20/Dezembro/2008<br />

PREFÁCIO


Introdução<br />

Este livro conta a história de São José do Xingu, vamos relembrar o passado trazendo<br />

para o presente as lembranças que São José do Xingu traz para todos, venha você,<br />

amigo leitor, participar de uma grande viagem onde juntos veremos a realidade de<br />

São José do Xingu, com muitos mistérios e alegrias.<br />

Também vamos percorrer um vilarejo chamado BANG-BANG, com seus grandes<br />

mistérios, onde há terras que foram conquistadas pelo homem através de tiroteios,<br />

tem até médico formado pela escola da vida e mais, não esquecendo as belezas naturais<br />

como o Parque Indígena do Xingu que concentra uma das maiores riquezas<br />

ecológicas do país com a sua fauna e flora.<br />

Boa viagem e divirta-se muito com nossas grandes e misteriosas histórias.<br />

Cássio e Raviano


Agradecimentos<br />

Agradecemos primeiramente a Deus que nos deu a oportunidade de realizarmos<br />

este trabalho com muito empenho e dignidade.<br />

Em segundo lugar aos nossos professores, em particular a professora Zuleick que<br />

nos ajudou na realização das pesquisas e entrevistas.<br />

Agradecemos principalmente ao Sr. Luiz Carlos Nunes Castelo, por ter nos dado esta<br />

grande oportunidade de publicar este trabalho, onde contamos a história do nosso<br />

município.<br />

E por fim, aos nossos pais que nos apoiaram nesta longa caminhada.<br />

A todos aqueles que de uma forma ou de outra nos ajudaram.<br />

Cássio e Raviano


06<br />

Fundação: Ano/1974<br />

Emancipação: O município de<br />

São José do Xingu conseguiu<br />

sua emancipação<br />

político-administrativa<br />

em 20 de dezembro de<br />

1991, através da Lei Estadual<br />

nº 5904, tendo a<br />

partir daí sua área integralmente<br />

desmembrada<br />

do município de Luciara<br />

cidade da qual foi município<br />

e distrito por quase<br />

duas décadas.<br />

Área Municipal: 13.163.74 Km<br />

População: 4.198 (2007)<br />

Localização: A Cidade está<br />

situada na região do Vale<br />

do Araguaia, margem direita<br />

da BR-080 no trecho<br />

Alô Brasil – Matupá, a 337<br />

metros de altitude em relação<br />

ao nível do mar. Está<br />

situada na região norte<br />

do estado do Mato Grosso,<br />

dentro da bacia do<br />

Xingu, cerca de 1.100 km<br />

da capital Cuiabá.<br />

Dependência Genealógica: O município<br />

de Cuiabá deu origem<br />

ao município de Ara-<br />

Dados Gerais do Município<br />

SÃO JOSÉ DO XINGU - MT<br />

Mapa das Microrregiões do Estado<br />

de Mato Grosso<br />

guaia (extinto), que deu<br />

origem à Barra das Garças,<br />

que deu origem ao<br />

município de Luciara, do<br />

qual se originou o município<br />

de São José do Xingu.<br />

Denominação Dos Habitantes:<br />

Xinguenses ou São-Joseenses<br />

do Xingu<br />

Eleitores: 3.144<br />

Distrito do Município: Santo<br />

Antônio do Fontoura.<br />

Principais Atividades Econômicas:<br />

Pecuário-sistema (cria, recria<br />

e corte) e Agricultura<br />

- com culturas de arroz,<br />

feijão, milho e soja.<br />

Clima: São José do Xingu<br />

possui climas predominantemente<br />

equatoriais,<br />

quente e úmido, com 3<br />

meses de seca, de junho<br />

a agosto. A temperatura<br />

média anual gira em<br />

torno de 24ºC. O período<br />

mais intenso de chuvas vai


de outubro a abril e o período<br />

mais seco, compreende<br />

entre os meses de maio<br />

a setembro.<br />

Índice Pluviométrico: 2000 mm<br />

/ ano.<br />

Hidrografia: O município apresenta<br />

um grande número de<br />

formações fluviais de pequeno<br />

porte, sendo todas<br />

elas afluentes dos dois<br />

principais rios que lá se localizam:<br />

o Rio Comandante<br />

Fontoura (liberdade) e o<br />

Rio Xingu, ambos pertencentes<br />

à área de influência<br />

da Bacia Amazônica. O<br />

que predomina na formação<br />

deste município são<br />

O<br />

os assentamentos rurais<br />

e, nesse caso, destaca-se<br />

a agricultura de subsistência,<br />

onde a população<br />

tende a crescer muito rapidamente.<br />

Geomorfologia: Planalto Residual<br />

Norte de Mato Grosso.<br />

Foto aérea de São José do Xingu-MT em 2007<br />

A Formação do Município de São José do Xingu-MT<br />

Contexto Histórico e Político<br />

Brasil possui um<br />

enorme potencial<br />

de riquezas naturais em<br />

todo seu contexto territorial,<br />

por isso tem atraído<br />

a atenção de todos que<br />

procuram, principalmente<br />

no interior dos estados,<br />

um modo de vida<br />

simples, porém, de boa<br />

qualidade, com muito ar<br />

puro. Foi a partir daí que<br />

surgiram, em todo interior<br />

brasileiro, inúmeros<br />

povoados. A maioria deles<br />

criados e desenvolvidos<br />

com méritos quase<br />

que exclusivamente de<br />

pioneiros desbravadores<br />

na luta pela conquista de<br />

seus ideais, sendo que<br />

grande parte desses povoados<br />

virou cidades.<br />

São José do Xingu nasce<br />

em plena selva mato-grossense,<br />

distante aproximadamente<br />

300 km de qualquer<br />

núcleo urbano do<br />

Estado. No decorrer dos<br />

anos, não conseguiu ter<br />

um avanço populacional<br />

ou econômico, para que<br />

fosse colocada em um lugar<br />

de destaque. São José<br />

do Xingu uma cidade que<br />

aos seus 27 anos de exis-<br />

Hidrografia do Município:<br />

(1.784 nascentes mapeadas)<br />

Rio Xingu Ribeirão Capivara<br />

Rio Paturi Ribeirão Ariranha<br />

Rio Preto Ribeirão das Antas<br />

Rio Auaia-Miçu Corgão<br />

Rio Comandante<br />

Fontoura<br />

Córrego Trairão<br />

Córrego São José Córrego do Pedro<br />

tência não cresceu muito<br />

e, possui uma tendência<br />

de não ir mais além do que<br />

já é, justamente pelo fato<br />

de sua localização geográfica,<br />

não privilegiada. A<br />

cidade situa-se à margem<br />

de uma rodovia, a BR-080,<br />

porém sem pavimentação<br />

asfáltica e com pouco movimento<br />

de pessoas e veículos.<br />

Podemos imaginar as<br />

grandes dificuldades com<br />

que se defrontavam os<br />

pioneiros, que em Xingu<br />

resolviam aportar. As estradas<br />

eram precárias, e<br />

07


08<br />

em alguns trechos nem<br />

pareciam estradas. O transporte<br />

era normalmente<br />

feito por avião ou a pé,<br />

pelo meio das matas. A finalidade<br />

era desbravar as<br />

mesmas, mesmo que para<br />

isso não existissem num local<br />

os recursos necessários.<br />

Tudo era trazido de fora.<br />

Existe outro fator que<br />

pode ser considerado determinante<br />

para estagnação<br />

do crescimento de São<br />

José do Xingu. Esse fator é<br />

a sua economia, que se baseia<br />

na pecuária de corte.<br />

É uma economia forte, porém,<br />

sem perspectiva de<br />

crescimento populacional.<br />

Essa é uma realidade de<br />

todo o Brasil. Entretanto,<br />

sejam quais forem os fatores<br />

que deram origem à cidade,<br />

eles só podem ser de<br />

dois tipos: ou surgiram espontaneamente<br />

ou foram<br />

previamente planejados.<br />

A maioria das cidades brasileiras<br />

nasceu e cresceu<br />

espontaneamente a partir<br />

de pequenos núcleos iniciais.<br />

São José do Xingu é<br />

um exemplo a parte, uma<br />

vez que seu surgimento<br />

se deu de forma espontânea<br />

com a chegada de<br />

pessoas vindas das várias<br />

regiões do país e foram<br />

se instalando no povoado<br />

sem nenhum planejamento<br />

urbanístico.<br />

Mais tarde, já por volta<br />

do início dos anos 80, surgiu<br />

um novo loteamen-<br />

to na parte mais alta da<br />

cidade. Este loteamento<br />

foi planejado por uma<br />

empresa imobiliária. Por<br />

esse detalhe, São José do<br />

Xingu se encaixa nos dois<br />

tipos de cidades: a espontânea<br />

e a planejada.<br />

Grande parte dos municípios<br />

de Mato Grosso foi<br />

fundada por migrantes,<br />

essencialmente nos anos<br />

60 e 70, período em que<br />

ficou conhecido na história<br />

“A marcha para o Oeste”<br />

justamente neste período<br />

o centro oeste passou a ser<br />

o centro das atenções para<br />

as pessoas que – não satisfeitas<br />

com seus estados de<br />

origem, que já não estavam<br />

mais proporcionando condições<br />

para se ter uma vida<br />

digna e também influenciada<br />

pela oferta de empregos<br />

e oportunidades na região,<br />

vinham à procura de uma<br />

vida melhor. Foi assim que<br />

se iniciou um pequeno povoado<br />

em São José do Xingu<br />

em 19 de março de 1974.<br />

Nesta época, as <strong>fazenda</strong>s<br />

que hoje formam o município,<br />

estavam grandes e em<br />

processo de abertura.<br />

Segundo o Sr. Jerônimo<br />

Alves dos Santos Filho, morador<br />

de São José do Xingu<br />

desde 1978, comerciante e<br />

primeiro prefeito do município,<br />

a <strong>fazenda</strong> Reunidas<br />

se constituiu na “Célula<br />

Mater” do município, pois<br />

além de ser a primeira <strong>fazenda</strong><br />

a se abrir, exerceu<br />

um papel importante no<br />

crescimento do povoado,<br />

porque trouxe muita gente<br />

de fora para trabalhar em<br />

sua formação. A mão-deobra<br />

era trazida de Barra<br />

do Garças-MT, São Félix do<br />

Araguaia-MT e de Goiás.<br />

Os que vinham de São Miguel<br />

do Araguaia chegavam<br />

de barco até São Félix<br />

do Araguaia e de lá saiam<br />

para São José do Xingu de<br />

carona ou “pau-de-arara”.<br />

A região do Xingu faz<br />

parte da Amazônia Legal,<br />

topografia plana e clima<br />

excelente. Portanto é uma<br />

região constantemente observada.<br />

Mas não podemos<br />

pensar em Xingu apenas<br />

como área de preservação<br />

ambiental. Quem vive no<br />

Xingu sabe que os pioneiros<br />

dessa região chegaram<br />

há mais de 30 anos, abrindo<br />

estradas, formando<br />

pastagens, fazendo surgir<br />

a pecuária forte dinâmica<br />

e organizada. A economia<br />

do município, baseada na<br />

pecuária extensiva, continua<br />

sendo preservada,<br />

mantendo um desenvolvimento<br />

lento. Muitos pecuaristas<br />

têm enfrentado<br />

nos últimos anos um grande<br />

dilema, continuar com<br />

uma atividade que ao ano<br />

oferece uma margem de<br />

lucro pequena ou investir<br />

no plantio de grãos.<br />

Segundo Olavo Alves<br />

(2004), a solução está em<br />

praticar as duas fontes de


enda na propriedade, integrar<br />

lavouras e pecuárias<br />

investindo na produção<br />

de carne e grãos, aproveitando<br />

em ambas a tecnificação<br />

que a agropecuária<br />

dispõe. Neste momento<br />

em que o agronegócio<br />

brasileiro responde por<br />

cerca de 40% das exporta-<br />

ções do país, e bate novo<br />

recorde histórico, é necessário<br />

que os segmentos<br />

que o compõe aprendam<br />

a interagir entre si e deixem<br />

de debater qual é o<br />

elo da cadeia produtiva<br />

responsável pelo sucesso<br />

do setor. Por isso creio<br />

que, além da união do<br />

sistema de integração da<br />

lavoura e pecuária é uma<br />

grande ferramenta para<br />

ajudar o produtor rural a<br />

definir o caminho certo na<br />

busca de melhores índices<br />

de produtividades e conseqüentemente<br />

melhorar<br />

sua renda. (ALVES, JORNAL<br />

FOLHA RURAL, 2004).<br />

Sr. José Martins– Primeira Pessoa a Chegar ao Município de<br />

São José do Xingu<br />

A<br />

abertura das <strong>fazenda</strong>s<br />

fez com que<br />

muitas famílias e peões<br />

solteiros viessem em busca<br />

de emprego nas derrubadas.<br />

Muitas outras pessoas<br />

vieram em função de<br />

montar seu próprio negócio<br />

e se dar bem na vida.<br />

Foi com esse objetivo<br />

que o senhor José Martins<br />

veio para o Xingu. Primeiro<br />

ele construiu um barraco<br />

de pau-a-pique à beira<br />

do rio Xingu. Neste barraco<br />

o Sr. José Martins mon-<br />

A<br />

s pessoas que chegavam<br />

à região iam<br />

construindo seus barracos,<br />

quase sempre se utilizando<br />

de recursos que tinham:<br />

pau-a-pique, palha<br />

de coqueiro e plástico preto.<br />

Alguns barracos eram<br />

cobertos de barro, outros<br />

eram cobertos de telhas<br />

feitas de madeira.<br />

Na história do Xingu há<br />

uma data que nunca será<br />

tou um boteco. No entanto,<br />

sua permanência à beira do<br />

rio durou pouco, porque<br />

teve problemas de relacionamentos<br />

com outro morador<br />

de nome Amancinho<br />

e outro problema com os<br />

índios. Por isso, transferiuse<br />

para o local onde é hoje<br />

a cidade de São José do<br />

Xingu. A 42 km à margem<br />

direita do rio Xingu ele se<br />

tornou o primeiro morador<br />

do futuro povoado.<br />

Em seu novo local de morada,<br />

ele construiu um bar-<br />

Família Leoncini<br />

esquecida - 15 de julho de<br />

1974. Nessa data chegou<br />

ao município uma família<br />

paulista, vinda de Pereira<br />

Barreto (SP); foram uns<br />

dos primeiros migrantes<br />

que aqui chegaram<br />

com o firme propósito de<br />

conquistarem esta terra<br />

e contraírem esse tão sonhado<br />

paraíso.<br />

Essa família é formada<br />

pelo Sr. Romeu Leoncini<br />

raco no mesmo modelo do<br />

anterior, “tocando” um boteco<br />

e hospedaria com o objetivo<br />

de abrigar peões que<br />

vinham para trabalhar nas<br />

derrubadas das <strong>fazenda</strong>s e<br />

começavam a freqüentar o<br />

pequeno povoado que se<br />

encontrava ainda em fase<br />

embrionária, porém promissora.<br />

Mas o senhor José<br />

Martins morou somente 2<br />

anos em São José do Xingu.<br />

Depois se mudou e ninguém<br />

teve mais noticia de<br />

seu paradeiro.<br />

sua esposa, Sra. Aracy<br />

Mendes Leoncini, e seus<br />

filhos, Antônio, Romeu Jr.,<br />

Ana Gertrudes, Bernadete,<br />

Gilberto (Betão) e Cid Clei.<br />

Romeu veio para a região<br />

acompanhado de seu<br />

irmão Otávio Leoncini, que<br />

era proprietário de terras,<br />

com quem montou uma<br />

serraria no local. Foi a base<br />

concreta e o marco inicial<br />

que possibilitou a vinda<br />

09


10<br />

de outros migrantes,<br />

como também a criação e<br />

fundação de São José do<br />

Xingu. O empreendimento<br />

contribuiu<br />

enormemente<br />

para o desenvolvimento<br />

da<br />

cidade. Com<br />

planos de permanecer<br />

na cidade,<br />

fizeram<br />

de tudo para a<br />

sua melhoria.<br />

Na região<br />

existia a FazendaNirvana,<br />

que era<br />

E<br />

m 1971 chegou em<br />

São José do Xingu<br />

a família do Sr. Fernando<br />

Nascimento Tulha, e em<br />

1982 chegou o seu filho<br />

Fernando Nascimento Tulha<br />

Filho, com o propósito<br />

de cuidar dos negócios<br />

rurais de seu pai, e com<br />

o passar do tempo optou<br />

pelo cultivo de seringa.<br />

Em depoimento para o<br />

livro aberto, o Sr. Fernando<br />

Tulha Filho conta que<br />

seu pai foi um dos primeiros<br />

comerciantes de<br />

São José do Xingu, hoje<br />

O Sr.<br />

Dionísio foi quem<br />

construiu a primeira<br />

“Casa de Diversão Noturna”,<br />

numa das ruas da<br />

cidade, que logo passou a<br />

propriedade dos irmãos<br />

Leoncini (Romeu, Fiúza e<br />

Irineu) e ocupava uma área<br />

de terra bem vasta, que foi<br />

Sr. Romeu e Dna. Aracy<br />

Família Tulha<br />

ele é o presidente do Sindicato<br />

Rural de São José<br />

do Xingu, e o seu maior<br />

objetivo é defender os<br />

Fernando Nascimento Tulha Filho<br />

Rua da Mandioca<br />

ser conhecida por Rua da<br />

Mandioca, pelo fato de no<br />

local existir um mandiocal.<br />

Após construir a casa,<br />

Dionísio fretou uma ca-<br />

em parte dividida e negociada,<br />

a fim de ceder um<br />

espaço ao primeiro loteamento<br />

onde rapidamente<br />

se formou uma<br />

vila que logo<br />

começou a<br />

crescer.<br />

A família permanece<br />

no município<br />

até hoje,<br />

é muito conhecida<br />

e respeitada<br />

por todos. O<br />

prefeito eleito<br />

em 2008, Gilberto,<br />

é filho do<br />

casal.<br />

interesses do produtor<br />

rural e ajudar no desenvolvimento<br />

da região.<br />

Hoje em dia, Fernando,<br />

continua trabalhando<br />

com seringal em sua<br />

<strong>fazenda</strong>, a Estância Diva<br />

(que antes era propriedade<br />

de seu pai), e tem uma<br />

área de plantio de 150<br />

hectares de seringueiras,<br />

além de também criar bovinos.<br />

A família Tulha também<br />

contribuiu para a emancipação<br />

de São José do<br />

Xingu.<br />

minhonete pertencente<br />

ao Sr. Arnaldo Pereira Luz<br />

para deslocar-se até São<br />

Félix do Araguaia, a fim de<br />

trazer de lá quatro mulhe-


es de “vida livre”,<br />

dando assim,<br />

início à famosa<br />

“Rua da Mandioca”<br />

que nada<br />

mais era que a<br />

zona Boêmia da<br />

cidade.<br />

Eram “apenas”<br />

essas as<br />

formas de lazer<br />

das pessoas,<br />

porém todas<br />

afirmam que era uma época<br />

muito melhor que hoje,<br />

porque entre os moradores<br />

da cidade não havia<br />

balbúrdia. “Com o mandiocal<br />

já desenvolvido, barra-<br />

O pequeno<br />

povoado<br />

de São José do Xingu<br />

foi palco de várias tragédias.<br />

Era difícil um dia<br />

que não morria uma pessoa.<br />

Essas mortes eram<br />

quase sempre de peões<br />

que vinham das <strong>fazenda</strong>s,<br />

começavam a beber, e<br />

quando já estavam bêbados<br />

qualquer coisa servia<br />

de motivo para confusões<br />

e brigas corporais. Nessas<br />

brigas geralmente acontecia<br />

o pior, ás vezes com<br />

uso de armas. Morriam<br />

também muitas mulheres<br />

de vida livre que se evolviam<br />

nas brigas, ora para<br />

tentar interromper os<br />

conflitos, ora por estar diretamente<br />

ligadas a eles.<br />

Segundo o que contam<br />

Rua da Mandioca<br />

cão construído, tudo nos<br />

conformes, como houvera<br />

planejado. Não faltavam<br />

homens querendo freqüentar<br />

o botequim paulista, e<br />

a notícia corria à boca pequena.<br />

A movimentação do<br />

O Bang-Bang<br />

as pessoas mais antigas<br />

na região, em um desses<br />

episódios, morreram três<br />

peões ao mesmo tempo<br />

e, nesse exato momento,<br />

um caminhoneiro estava<br />

por perto dobrando<br />

a lona de seu caminhão.<br />

Quando viu aquela tragédia<br />

bem próxima dele<br />

entrou em seu caminhão<br />

e saiu correndo.<br />

Somente a mais ou menos<br />

12 km do povoado<br />

que ele parou e foi terminar<br />

de dobrar a lona.<br />

Enquanto isso passaram<br />

algumas pessoas por ele<br />

e o cumprimentaram. O<br />

caminhoneiro respondeu<br />

aos cumprimentos e falou<br />

assustado do que havia<br />

acontecido em São José<br />

lugar atraía muita<br />

gente, inclusive<br />

mulheres de vida<br />

fácil, vinham de<br />

todas as bandas,<br />

até de São Félix<br />

do Araguaia aumentando<br />

ainda<br />

a freqüência de<br />

homens no local,<br />

inclusive aqueles<br />

casados. (...) “<br />

(Pires, Suely Gonçalves<br />

Santos, ODISSÉIA DO<br />

XINGU, 2001, P.53)<br />

A Rua da Mandioca é o<br />

nome pelo qual o local é<br />

conhecido até nos dias<br />

atuais.<br />

do Xingu, tratando inclusive,<br />

o episódio de BANG-<br />

BANG. Daí surgiu esse<br />

codinome, que ficou conhecido<br />

em todo estado<br />

de Mato Grosso e até em<br />

outros estados do Brasil.<br />

Até hoje muitas pessoas<br />

denominam São José do<br />

Xingu de BANG-BANG.<br />

Por todos esses episódios<br />

lamentáveis é possível<br />

afirmar que a formação<br />

sócio-espacial de São<br />

José do Xingu deu-se por<br />

violentos conflitos, porém<br />

nada disso impediu que<br />

houvesse relação de solidariedade<br />

entre as pessoas<br />

que construíram suas<br />

vidas neste longínquo<br />

pedaço de chão matogrossense.<br />

11


12<br />

Abaixo segue transcrito<br />

um trecho da obra Odisséia<br />

do Xingu que relata<br />

uma das fascinantes histórias<br />

violentas que movimentaram<br />

a localidade.<br />

“Alguns moradores que<br />

ali já residiam naquela<br />

época, relatam fatos dos<br />

mais escabrosos, e dentre<br />

eles, um chama a atenção<br />

por mostrar até que ponto<br />

chegava a violência.<br />

Um peão, a quem vamos<br />

dar o nome de Valente,<br />

pois era do tipo debochado<br />

e metido a valentão, tido<br />

como arreliento, desumano,<br />

após vários tragos de<br />

bebidas alcoólicas, ficava<br />

ainda pior. Certa noite, não<br />

se sabe o motivo, armou<br />

rumorosa porfia com outro<br />

peão, desencadeando-se<br />

uma terrível briga que terminou<br />

com outro estendido<br />

no chão, com o corpo atingido<br />

por vários tiros.<br />

Valente, não tendo ainda<br />

saciado a sede por álcool,<br />

entrou novamente no bar,<br />

pediu mais uma dose e ingeriu<br />

em um só gole. Limpou os<br />

lábios com as costas da mão<br />

e voltou-se para o cadáver.<br />

A<br />

Cutucou-o para conferir se estava<br />

realmente morto e, não<br />

satisfeito, arrancou de um<br />

facão e enfiou com tamanha<br />

força na perna de sua vitima<br />

que estilhaçou um osso.<br />

O facínora, na volúpia da<br />

maldade, com o álcool a obscurecer-lhe<br />

a mente e achando<br />

que com aquele ato dava<br />

amostras de sua coragem,<br />

passou a noite toda naquele<br />

atroz reverso, bebendo e<br />

esfaqueando o morto. Ninguém<br />

se atrevia a interferir,<br />

tamanha a sua ira.<br />

Ao amanhecer, dirigiu-se<br />

para o dormitório, a fim de<br />

tirar um sono reparador.<br />

Descia pela rua tranqüilamente,<br />

desfrutando de toda<br />

liberdade como um cidadão<br />

qualquer, envolto em<br />

uma nuvem de fumaça que<br />

saia de suas baforadas de<br />

um cigarro de palha.<br />

De repente, foi interrompido<br />

por um estridente grito,<br />

era um justiceiro qualquer<br />

de uma janela no primeiro<br />

andar de um pequeno<br />

sobrado de tábuas: - Olha<br />

para cima, peão valente,<br />

disse o justiceiro.<br />

Valente parou, fitou o outro<br />

e, tomando aquilo como um<br />

insulto, jogou o cigarro para o<br />

canto da boca com um trejeito<br />

de lábios e falou em alto e<br />

bom tom: - O que foi, filho da<br />

mãe, quer morrer? Desce daí<br />

que te pico na bala!<br />

- Picar-me na bala! Eu é que<br />

vou te transformar em peneira<br />

agora mesmo, de você<br />

só vai sobrar o registro, se tiver<br />

em alguma delegacia. E<br />

sem dar tempo para Valente<br />

responder, disparou sobre<br />

ele a carga de uma espingarda<br />

calibre 16. Tamanho<br />

foi o impacto, que valente foi<br />

jogado alguns metros para<br />

trás, caindo no outro lado da<br />

rua, sobrando no local onde<br />

estava apenas o gasto par de<br />

botinas que calçava.<br />

Assim findado a vida do<br />

obstinado algoz, que após<br />

as atrocidades da noite anterior<br />

agora jazia ali, inerte<br />

e indefeso.<br />

De forma irônica, Valente<br />

acabou sendo enterrado na<br />

mesma cova de sua vítima.<br />

Como ainda não havia cemitério,<br />

todos os mortos do<br />

dia eram depositados em um<br />

mesmo buraco, feito a esmo,<br />

no meio do mato.” (Pires, Suely<br />

Gonçalves Santos, ODIS-<br />

SEÍA DO XINGU, 2001, P.18)<br />

São José do Xingu Consegue Ter Sua Emancipação<br />

cidade de São José<br />

do Xingu foi fundada<br />

em 19 de março de<br />

1974 com a chegada das<br />

primeiras famílias vindas<br />

de várias partes do país.<br />

A cidade recebeu este<br />

nome em homenagem a<br />

São José, pois dia 19 de<br />

março é dia deste santo<br />

e, também, em homenagem<br />

ao Sr. José Ramos<br />

Rodrigues o “Zezinho da<br />

Reunida”.<br />

“O topônimo São José<br />

do Xingu surgiu com o<br />

nome do Santo padroeiro


da cidade, e ao mesmo<br />

tempo, como uma homenagem<br />

ao Sr. José Ramos<br />

Rodrigues,<br />

o “Zezinho<br />

da Reunidas”,tragic<br />

a m e n t e<br />

desse homem<br />

que<br />

muito contribuiu<br />

para<br />

E<br />

m 1974, quando o<br />

Sr. Romeu Leoncini,<br />

chegou em São José do<br />

Xingu, já existia a BR Perdidas,<br />

na qual é a BR-080.<br />

Naquele tempo esta BR<br />

deu muitos problemas. O<br />

dono da Fazenda Brasil,<br />

que era o proprietário das<br />

terras onde hoje é o município<br />

de Santa Cruz do<br />

Xingu, tinha feito um projeto<br />

para fazer plantações<br />

de pimenta-do-reino.<br />

Então essa BR, a famosa<br />

Perdida ligava São José<br />

do Xingu até onde é hoje<br />

Santa Cruz do Xingu, porque<br />

tinham fazendeiros<br />

que estavam acabando<br />

de abrir suas terras lá.<br />

O Sr. Romeu ia lá consertar<br />

tratores, motores,<br />

e viajava de avião para<br />

o surgimento da cidade,<br />

com o episódio do traçado<br />

da rodovia BR-080, assim<br />

Rio Xingu<br />

A “BR das Perdidas”<br />

trabalhar. Houve um tempo<br />

em que ocorreu um<br />

tremendo atoleiro nesta<br />

Perdidas, que segundo o<br />

Sr. Romeu “atolava até o<br />

pensamento”.<br />

O nome “Perdida” se deu<br />

porque a estrada foi perdida,<br />

os empreiteiros vieram<br />

juntos com a BR 080,<br />

e chegando no posto Sucupira,<br />

seguiram reto, ao<br />

invés de fazer uma curva.<br />

Estavam errados, então<br />

eles consertaram e continuaram<br />

na BR-080 que ia<br />

direto para o rio Xingu. Ao<br />

invés da estrada das Perdidas<br />

vir para o Xingu, eles<br />

passaram direto, e ficou<br />

errado. A BR ficou perdida,<br />

mas eles continuaram<br />

para frente, e depois viram<br />

que estavam errados, e<br />

viabilizando a implantação<br />

da referida cidade. Referindo<br />

ao topônimo Xingu<br />

- foi escolhido<br />

por ser nome do<br />

rio que banha o<br />

município”.<br />

(Pires, Suely<br />

Gonçalves Santos,<br />

ODISSEÍA<br />

DO XINGU, 2001,<br />

P.37)<br />

voltaram para trás e seguiram<br />

na direção certa. Esta<br />

BR começou a ser feita em<br />

1972, conforme o depoimento<br />

do Sr. Romeu.<br />

Este projeto começou a<br />

ser colocado em prática no<br />

tempo da Ditadura Militar,<br />

e até hoje o Sr.Romeu tem<br />

um pneu de trator que foi<br />

usado na abertura da Rodovia,<br />

ele o encontrou na<br />

beira do Rio Xingu.<br />

O objetivo da BR era ligar<br />

a rodovia de Brasília até a<br />

Colômbia, naquele tempo<br />

o projeto era conhecido<br />

por esse nome “Brasília-<br />

Bogotá” e hoje é conhecida<br />

como a famosa BR das<br />

Perdidas.<br />

(Texto elaborado conforme<br />

o depoimento do Sr. Romeu<br />

Leoncini).<br />

13


14<br />

O<br />

Secretarias do Governo Municipal<br />

SECRETARIA<br />

DA SAÚDE<br />

município de São<br />

José do Xingu conseguiu<br />

sua emancipação<br />

político-administrativa em<br />

PODER<br />

LEGISLATIVO<br />

SECRETARIA<br />

DA EDUCAÇÃO<br />

Galpão da Secretaria de Obras<br />

O primeiro prefeito<br />

municipal eleito foi<br />

o Sr. Jerônimo Alves dos<br />

Santos Filho, que venceu<br />

as eleições, conseguindo<br />

1012 votos nas urnas, em<br />

3 de outubro de 1992. Seu<br />

candidato a vice-prefeito<br />

foi o Sr. Hugo Velter.<br />

PODER<br />

EXECUTIVO<br />

SECRETARIA<br />

DE OBRAS<br />

20 de dezembro de 1991,<br />

através de lei Estadual n°<br />

5.904, tendo a partir daí,<br />

sua área integralmente<br />

SECRETARIA<br />

DE ASSISTÊNCIA<br />

SOCIAL<br />

desmembrada do município<br />

de Luciara, Cidade da<br />

qual foi município e distrito<br />

por quase duas décadas.<br />

Prefeitura Municipal de<br />

São José do Xingu-MT<br />

Administrações<br />

Primeira Administração (1993/1996)


CÂMARA MUNICIPAL<br />

Jorge Divino da Silva<br />

Aroldo Brito Carvalho<br />

Nesta oportunidade foi<br />

Rosana Pereira da Rocha<br />

eleita a primeira Equipe<br />

Gilberto Mendes Leoncini<br />

legislativa da Câmara de<br />

Antônio Marinho Carvalho<br />

Vereadores do município,<br />

Osmar Rempel<br />

que foi inaugurada em 20<br />

de dezembro, tendo a se-<br />

Domingos Nunes de Oliveira<br />

guinte composição:<br />

Maria Aparecida Costa<br />

Anaci Ribeiro de Sousa<br />

Segunda e Terceira Administração<br />

(1997/2000 e reeleito 2001/2004)<br />

O<br />

segundo prefeito do<br />

município foi o Sr.<br />

Hélio José do Carmo, eleito<br />

com 1.281 votos, teve<br />

como vice-prefeito o<br />

Sr. Lauro Tarcísio de<br />

Oliveira e quando reeleito<br />

em 2001, teve<br />

1.440 votos, e seu<br />

vice-prefeito foi o<br />

Sr. Gilberto Mendes<br />

LEGiSLATuRA (1997/2000)<br />

Leoncini “o Betão”, vereador<br />

no primeiro mandato<br />

do Sr. Hélio e que acabou<br />

Foto do Prefeito Hélio do Carmo,<br />

ao lado sua filha Ana Paula<br />

Anaci Ribeiro de Sousa<br />

Adalberto Sousa Costa<br />

Ageu Braga<br />

Carlos Roberto Rempel<br />

Dianete Pereira Guimarães<br />

Maria Joselice Rocha do Nascimento<br />

Luiz Freitas Lopes<br />

Gilberto Mendes Leoncini<br />

Suedes das Dores Neto<br />

Raimundo Alexandre de Carvalho<br />

Moacir Pereira de Sá<br />

de ser eleito Prefeito para o<br />

ano de 2009.<br />

Sr. Hélio José do Carmo<br />

nasceu no dia 06<br />

de Julho em Quirinópolis-GO,casouse<br />

com a Sra. Nair<br />

Conceição, com<br />

quem teve três filhos,<br />

Hélio, Ana<br />

Paula e Luciana.<br />

LEGiSLATuRA (2001/2004)<br />

Suedes das Dores Neto<br />

Luiz Freitas Lopes<br />

Lúdio de Sousa Barros<br />

Vanderley Luiz Aguiar<br />

Cássio Aparecido Borges da Costa<br />

Raimundo Alexandre Carvalho<br />

Luiz Gonzaga Alves Silva<br />

Aníbal Lima Luz<br />

Alcides Martins Leal<br />

15


16<br />

S<br />

O Prefeito eleito foi<br />

o Sr. Vanderley Luz<br />

Aguiar, eleito com 984 votos,<br />

teve como vice-prefeito<br />

Manoel Condon.<br />

Quarta Administração (2005/2008)<br />

LEGiSLATuRA (2005/2008)<br />

Kelly Morgana M. R. Silva<br />

Alcides Martins Leal<br />

Vandete Araújo Lima Oliveira<br />

Julimar Luz Amorim<br />

Edimar S. da Silva<br />

Coracina de Jesus C. Spanholi<br />

Selvino P. da Silva<br />

Lúdio Souza Barros<br />

Tamairu Kayabi<br />

r. Gilberto Mendes<br />

Leoncini, conhecido<br />

como “Betão” nasceu em<br />

02 de Fevereiro de 1960,<br />

na cidade de Pereira Barreto<br />

– SP, é casado com<br />

a Sra. Rosair J. da Silva,<br />

“a Tampinha”,<br />

com<br />

quem tem<br />

Quinta Administração (2009)<br />

três filhas. Instalou-se no<br />

município em 1974, trabalhando<br />

com seu pai<br />

o Sr. Romeu Leoncini na<br />

serraria e posteriormente<br />

na cerealista. Nas primeiras<br />

eleições do município,<br />

foi um dos vereadores<br />

mais<br />

votados.<br />

Foi vice-prefeito do Sr.<br />

Hélio do Carmo no segundo<br />

mandato e agora<br />

eleito prefeito com 51%<br />

votos, 1.355 eleitores, promete<br />

ser a solução para os<br />

problemas do município.<br />

Tem como vice-prefeito, o<br />

Sr. Julimar Luz Amorim.<br />

LEGiSLATuRA<br />

Lúdio Souza Barros<br />

Coracina de Jesus C. Spanholi<br />

Lindomar<br />

Dimarzão<br />

Leodete<br />

Ageu Braga<br />

Gauchim<br />

Fábio Condon<br />

Parruda


E<br />

nquanto viveu sob<br />

a condição do povoado,<br />

de 1974 até o início<br />

dos anos 80, São José<br />

do Xingu não teve escola<br />

reconhecida pelo MEC<br />

(Ministério da Educação e<br />

Cultura), no entanto tiveram<br />

algumas escolinhas<br />

que funcionavam com<br />

professores leigos que, às<br />

vezes prestavam serviços<br />

à comunidade sem cobrar<br />

nenhum valor, como foi<br />

o caso da dona Aracy Leoncini<br />

que lecionou para<br />

crianças e adultos.<br />

A 1ª escola local funcionou<br />

em condições precárias<br />

em uma espécie de<br />

A<br />

Histórico da Fundação e Funcionamento da Escola<br />

Estadual “Antônio Gomes Primo”<br />

Escola Estadual “Antônio<br />

Gomes Primo”<br />

tem por patrono o Sr. Antônio<br />

Gomes Primo, pai de<br />

Mauro Pires Gomes, primeiro<br />

agropecuarista a se<br />

estabelecer no município<br />

de São José do Xingu-MT.<br />

Mauro Pires Gomes desbravador,<br />

residiu na <strong>fazenda</strong><br />

“Curicaca”, e trouxe para<br />

a região os primeiros peões<br />

que povoaram o então Distrito<br />

de São José, em meados<br />

dos anos 70, investiu<br />

em Educação mantendo as<br />

primeiras salas de aula que<br />

funcionaram no distrito,<br />

A Educação do Município<br />

choupana.<br />

Além de Dona Aracy, teve<br />

uma senhora, de nome<br />

Maria Raimunda, que também<br />

lecionou em escolinhas<br />

particulares. Depois<br />

veio o Sr. Fibricio, na época<br />

dele já havia uma pequena<br />

sala construída para<br />

esse fim. Já os professores<br />

anteriores lecionavam em<br />

suas próprias residências.<br />

O professor Fibricio foi trazido<br />

pelo Sr. Jerônimo, que<br />

na época já possuía um armazém<br />

denominado Comercial<br />

Perdido Ltda e um<br />

posto de gasolina. Para<br />

recompensar o trabalho<br />

do professor na atividade<br />

que pertencia ao município<br />

de Luciara-MT.<br />

Conseguiu recursos junto<br />

ao SUDECO, Superintendência<br />

de Desenvolvimento<br />

do Centro Oeste,<br />

que era representada pelo<br />

então presidente Sr. Romeu<br />

Pompeu de Pina, construindo<br />

o primeiro prédio da Escola<br />

Municipal “Antônio Gomes<br />

Primo”, fundada através<br />

do Decreto 021/1978, que<br />

recebeu este nome em homenagem<br />

ao pai de Mauro<br />

Pires Gomes falecido no<br />

ano de 1973, aos 76 anos<br />

na cidade de Pires do Rio,<br />

de ensinar, o Sr. Jerônimo<br />

foi quem, durante algum<br />

tempo, pagou o salário do<br />

professor.<br />

Diante da realidade sócio-educativa<br />

do município,<br />

houve iniciativas que<br />

acabaram por fazer existir<br />

a primeira escola municipal<br />

que foi criada nos<br />

anos de 1978 a partir do<br />

Decreto 021/1978, possibilitando<br />

posteriormente<br />

uma estrutura educacional<br />

adequada e com condições<br />

de proporcionar<br />

aos alunos do município<br />

o acesso e a permanência<br />

na escola com qualidade<br />

e eqüidade.<br />

no Estado de Goiás.<br />

O Sr. Mauro Pires Gomes,<br />

faleceu em 17 de abril de<br />

1985, vítima de um acidente<br />

aéreo próximo à Reserva<br />

Indígena do Parque Nacional<br />

do Xingu-MT. No avião<br />

estavam, também, mais<br />

dois pecuaristas da região.<br />

No ano de 1987 a Escola<br />

Municipal “Antônio Gomes<br />

Primo” foi Estadualizada<br />

através do Decreto<br />

044/05 de 1987, a partir<br />

de uma movimentação<br />

da população por melhores<br />

condições e ampliação<br />

do ensino do município,<br />

17


18<br />

passando-se a denominar<br />

Escola Estadual “Antônio<br />

Gomes Primo”, tendo<br />

seu ensino fundamental<br />

reconhecido através da<br />

portaria n°3277/92. A elevação<br />

de nível de 2° grau<br />

pelo Decreto n°415/94<br />

CEE/MT. Autorização de<br />

suplência através da resolução<br />

020/98 CEE. Fundada<br />

no governo de Carlos<br />

Bezerra.<br />

A escola manteve todas<br />

as séries a partir do Ensino<br />

Fundamental, oferecendo<br />

também o curso<br />

de Ensino Médio não profissionalizante<br />

e o curso<br />

de suplência І. Em abril de<br />

1998, foi implantado o Ciclo<br />

Básico de Alfabetiza-<br />

A<br />

Escola Estadual “Antônio Gomes Primo”,<br />

quando foi fundada<br />

ção (CBA), essa proposta<br />

abrangeu as duas primeiras<br />

séries do ensino fundamental,<br />

num único bloco,<br />

objetivando assegurar<br />

aos alunos a aquisição de<br />

conhecimentos e habilidades<br />

básicas necessárias<br />

ao prosseguimento dos<br />

estudos.<br />

A instituição atualmente<br />

atende alunos da Educação<br />

Básica de I a IV (1ª a<br />

4ª séries), de V a VIII (5ª a<br />

8ª séries), Ensino Médio<br />

(1º a 3º ano), Sala para<br />

Portadores de Necessidades<br />

Especiais e a mais<br />

nova modalidade de educação<br />

inserida no Programa<br />

Brasil Alfabetizado – o<br />

EJA – Educação de Jovens<br />

Histórico do Patrono da Escola Estadual<br />

Antônio Gomes Primo<br />

Escola Estadual “Antônio<br />

Gomes Primo”<br />

tem por patrono o Sr. Antônio<br />

Gomes Primo, pai de<br />

Mauro Pires Gomes, primeiro<br />

agropecuarista a se<br />

estabelecer no município<br />

de São José do Xingu-MT.<br />

Antônio Gomes Primo,<br />

agropecuarista, nascido<br />

em 24 de abril de 1897,<br />

natural da cidade de Pires<br />

do Rio, no Estado de Goiás,<br />

casado com a senho-<br />

e Adultos, que começou a<br />

vigorar a partir do ano de<br />

2007, atendendo o 2º e 3º<br />

segmentos.<br />

Esse estabelecimento de<br />

ensino situa-se hoje à Rua<br />

Domentília Gomes de Oliveira,<br />

s/nº, e conta, conforme<br />

dados fornecidos<br />

pelo atual diretor Sr. José<br />

Adelson Aragão, com um<br />

corpo docente de 33 professores,<br />

cuja formação<br />

profissional abrange o<br />

Ensino Médio, Magistério<br />

e o Ensino Superior,<br />

atendendo as diferentes<br />

modalidades de ensino.<br />

O corpo discente abrange<br />

827 alunos, distribuídos<br />

no ensino Fundamental e<br />

Médio.<br />

Escola Estadual “Antônio Gomes Primo”,<br />

atualmente<br />

ra Angelina Pires Gomes,<br />

teve 04 filhos sendo eles:<br />

Antônio Gomes Filho,<br />

Aluízio Pires Gomes, Alice<br />

Pires Gomes e Mauro<br />

Pires Gomes.<br />

Residiu em sua Fazenda


“Lajeada”, no município<br />

de Pires do Rio, até o dia<br />

de seu falecimento 18 de<br />

maio do ano de 1973, aos<br />

76 anos de idade, em função<br />

de uma insuficiência<br />

cardíaca.<br />

O senhor Antônio Gomes<br />

Primo nunca esteve<br />

no Município de São José<br />

do Xingu-MT, seu filho<br />

A<br />

Mauro Pires Gomes, deu<br />

início à colonização da região<br />

em meados de 1974,<br />

abrindo as primeiras <strong>fazenda</strong>s<br />

que constituíram<br />

o então distrito de São<br />

José do Xingu, pertencente<br />

ao Município de Luciara-MT.<br />

E, por ser uma pessoa<br />

que se estabeleceu<br />

na região, investindo na<br />

Escola Maria Marlene de Morais<br />

educação com certo vigor,<br />

resolveu dar o nome<br />

de seu pai para a primeira<br />

escola que foi fundada no<br />

município através de sua<br />

iniciativa, conseguindo a<br />

construção do primeiro<br />

prédio através de recursos<br />

da SUDECO – Superintendência<br />

de Desenvolvimento<br />

do Centro Oeste.<br />

Escola Municipal Maria Marlene de Morais<br />

escola Municipal de<br />

Ensino Fundamental<br />

“Maria Marlene de Morais”<br />

situa-se na rua Francisco<br />

Eloi da Silva, nº 118<br />

– Centro CEP: 78663-000.<br />

Foi criada pelo Decreto<br />

n° 07 de 29/01/93. Autorização<br />

de funcionamento<br />

através da resolução/CEE<br />

n° 172/93.<br />

A Educação Infantil e o<br />

Ensino Fundamental tiveram<br />

seu reconhecimen-<br />

to através da Portaria<br />

n°108/98.<br />

A escola tem por finalidade<br />

atender os princípios<br />

da Lei de Diretrizes e Bases<br />

da Educação Nacional<br />

9394/96, ministrando cursos<br />

de Educação Infantil e<br />

Ensino Fundamental.<br />

O corpo discente abrange<br />

na atualidade uma estimativa<br />

de 448 alunos distribuídos<br />

na Educação Infantil<br />

e Ensino Fundamental em<br />

Educação Infantil I Crianças de 4 anos<br />

Educação Infantil II Crianças de 5 anos<br />

Ens. Fund. 1ª fase do 1º ciclo (alfabetização) Crianças de 6 anos<br />

Ens. Fund. 2ª fase do 1º ciclo (1ª série) Crianças de 7 anos<br />

Ens. Fund. 3ª fase do 1º ciclo (2ª série) Crianças de 8 anos<br />

Ens. Fund. 1ª fase do 2º ciclo (3ª série) Crianças de 9 anos<br />

Ens. Fund. 2ª fase do 2º ciclo (4ª série) Crianças de 10 anos<br />

Obs.: Estimativa de<br />

séries e/ou fases<br />

por faixa etária.<br />

ciclos de 1ª até 4ª.<br />

A ação educativa é desenvolvida<br />

dentro de uma<br />

metodologia dinâmica e<br />

atualizada, abrangendo<br />

“temas e projetos” da nossa<br />

realidade seguindo a<br />

linha construtivista.<br />

Tem-se assim, o seguinte<br />

quadro da divisão da Educação<br />

Infantil e do Ensino<br />

Fundamental de nove<br />

anos, conforme preceitua<br />

a LDB 9394/96:<br />

19


20<br />

M<br />

Patrona da EMPG “Maria Marlene de Morais”<br />

aria Marlene de<br />

Morais nasceu em<br />

20 de fevereiro de 1947,<br />

em Aurilândia-GO. Aos 14<br />

anos começou a dar aulas<br />

em uma escola rural.<br />

Completou seus estudos<br />

posteriormente através do<br />

“Projeto Lúmen”, quando<br />

E spaço cultural importantíssimo<br />

para<br />

os estudantes. Com a<br />

nova metodologia de ensino,<br />

onde os trabalhos de<br />

pesquisa têm papel relevante<br />

na ação educativa,<br />

a Biblioteca é de grande<br />

utilidade para os nossos<br />

estudantes. Diariamente<br />

o local é bem freqüentado<br />

e ... Bem animado.<br />

A responsável pela biblioteca<br />

é a Daura Souza<br />

Costa.<br />

A<br />

Primeira Igreja<br />

construída no povoado<br />

foi a da religião<br />

Católica. Foi o Sr. Arnaldo<br />

Pereira da Luz, que a<br />

construiu a pedido do<br />

Padre Jesus e do Bispo<br />

Pedro Casaldaglia entre<br />

os anos de 1981 e 1982.<br />

O local onde a igreja foi<br />

construída, seria hoje den-<br />

então, ministrava aulas na<br />

sede daquele município.<br />

Foi uma das pioneiras na<br />

educação de São José do<br />

Xingu, na criação da escola<br />

Estadual, onde trabalhou<br />

na área de alfabetização<br />

até o período de seu<br />

falecimento. A professora<br />

Biblioteca Pública Municipal<br />

Rubens Pereira de Araújo Filho<br />

Maria Marlene, contribuiu<br />

enormemente para o Projeto<br />

Educacional deste<br />

município com sua experiência<br />

de docente, sua<br />

paciência e dom para trabalhar<br />

com crianças.<br />

(Por Kelly Morgana Morais<br />

da Rocha)<br />

Biblioteca Pública Municipal “Rubens Pereira de Araújo Filho”<br />

A Religião<br />

tro dos pastos da Fazenda<br />

Bang-Bang. Depois os moradores<br />

da cidade (como<br />

Sr. Romeu, dona Aracy,<br />

etc.) construíram o prédio<br />

da igreja, com 6x8m.<br />

A primeira missa foi celebrada<br />

pelo Bispo Dom Pedro<br />

Casaldaglia e pelo Padre<br />

Jesus. Depois da igreja<br />

construída dona Aracy,<br />

considerada pelo povo<br />

como rezadeira do lugar,<br />

sempre que ia a Pereira<br />

Barreto-SP trazia folhetos<br />

e ensinava as pessoas<br />

rezarem a missa e cantar<br />

os hinos. Hoje, na cidade,<br />

existem nove igrejas diferentes<br />

e dois tipos de religião,<br />

mas a mais popular<br />

continua sendo a Católica.


igreja Pentecostal Deus é Amor<br />

igreja Evangélica Assembléia de Deus<br />

Missão de Brasília<br />

igreja Congregação Cristã<br />

igreja Católica<br />

igreja Batista<br />

igreja Evangélica Assembléia de Deus<br />

Ministério de Madureira<br />

Salão do Reino das Testemunhas de Jeová<br />

21


22<br />

A<br />

igreja Evangélica Assembléia de Deus<br />

Missão de Belém<br />

té sua emancipação,<br />

os meios de<br />

comunicação de São José<br />

do Xingu eram muito escassos.<br />

No início, os moradores<br />

tinham apenas<br />

um radinho à pilha para<br />

ouvir programas e noticiários.<br />

A radio Nacional<br />

de Brasília era a que predominava<br />

com audiência<br />

fantástica. Qualquer aparelho<br />

de rádio sintonizava<br />

esta emissora com muita<br />

perfeição, inclusive, algumas<br />

pessoas diziam que<br />

se colocasse uma pilha<br />

A Comunicação<br />

em uma caixa de fósforos<br />

conseguiria sintetizar a<br />

rádio Nacional.<br />

Hoje o município possui<br />

uma Emissora de Rádio<br />

local - FM 88,5 - servindo<br />

para todos os moradores<br />

do município e para cidades<br />

próximas.<br />

A rádio Xingu FM foi<br />

fundada em 1º de maio<br />

de 2006. O seu objetivo<br />

é comunicar e levar notícias<br />

de São José do Xingu<br />

e região. Esta rádio pertence<br />

ao grupo de Comunicação<br />

GSB - Grupo Sival<br />

igreja Evangélica Assembléia de Deus<br />

Missão de Belém<br />

Emissora de Rádio Xingu FM – 88,5 “Diferente de todas, mas<br />

igual a você” Álvaro, locutor<br />

Barbosa.<br />

A Rádio constitui um<br />

quadro de nove funcionários<br />

incluindo o diretor<br />

Álvaro José Soares.<br />

Rádio a pilha


O<br />

esporte de São José<br />

do Xingu é bem<br />

qualificado. Conta com um<br />

Ginásio Poliesportivo chamado<br />

“Mivanildo Miguel<br />

Silva de Oliveira”- fundado<br />

em 15 de novembro<br />

de 1999 - com recursos da<br />

Prefeitura e do INDESP na<br />

primeira administração do<br />

ex-prefeito Hélio do Carmo,<br />

e um campo de Fute-<br />

N<br />

o início do povoamento,<br />

não existia<br />

necrotério e hospital.<br />

Médicos havia somente<br />

em outras cidades a quilômetros<br />

de distância. Os<br />

homens e mulheres residentes<br />

na região buscavam<br />

formas alternativas<br />

de sobrevivência de acordo<br />

com o que era possível<br />

encontrar no local onde<br />

estavam.<br />

A região de São José do<br />

O Esporte<br />

bol denominado “Heli Barbosa<br />

Lima”.<br />

Sr. Heli Barbosa Lima era<br />

um fazendeiro que contribuiu<br />

muito para o crescimento<br />

do município de<br />

São José do Xingu. Ele era<br />

proprietário da Fazenda<br />

Belima, e também contribuiu<br />

muito para o esporte<br />

de São Jose do Xingu junto<br />

com Mercedes Costa, eles<br />

Ginásio Poliesportivo “Mivanildo Miguel Silva de Oliveira”.<br />

A Saúde Pública e Privada do Município<br />

Xingu por não ser privilegiada,<br />

tinha sua área de<br />

saúde dificultada. Segundo<br />

Sr. Jerônimo Alves dos<br />

Santos Filho - primeiro<br />

prefeito e comerciante - o<br />

primeiro médico a aparecer<br />

no povoado foi o Dr.<br />

Antônio que se estabeleceu<br />

no atual Posto Sucupira,<br />

onde havia uma<br />

pensão e uma farmácia.<br />

Contudo, segundo o relato<br />

da Sra. Ana Francisca<br />

fizeram o primeiro campo<br />

de futebol no município.<br />

Em 1989 Raimundo Alexandre<br />

de Carvalho conseguiu<br />

uma máquina que<br />

ajudou no crescimento do<br />

campo com 25 metros. Os<br />

pioneiros do esporte de<br />

São José do Xingu foram:<br />

Sr. Heli Barbosa Lima, Mercedes<br />

Costa e Raimundo<br />

Alexandre de Carvalho.<br />

Guimarães na maioria das<br />

vezes os moradores procuravam<br />

a <strong>fazenda</strong> Suiá<br />

Missu, por lá existir um<br />

bom hospital e bons médicos.<br />

Quando acontecia<br />

algum caso de enfermidade,<br />

os médicos atendiam<br />

lá seus pacientes. Às<br />

vezes quando a pessoa<br />

possuía uma condição financeira<br />

melhor, ia para<br />

Goiânia, Barra do Garças,<br />

Cuiabá e etc.<br />

23


24<br />

Apesar de ser uma preocupação<br />

a doença sempre<br />

foi um problema. O povoado<br />

contava com a força<br />

de vontade, havia muita<br />

união e companheirismo<br />

entre os moradores. Por<br />

isso, quando adoecia alguém<br />

que não tinha condições<br />

financeiras para sair<br />

e fazer tratamento fora, as<br />

pessoas se reuniam e arrecadavam<br />

dinheiro entre<br />

elas. Cada uma doava um<br />

pouquinho e conseguia<br />

certo montante que daria<br />

para o tratamento nos melhores<br />

centros de média e<br />

alta complexidade.<br />

Conforme informações<br />

de pessoas que residiram<br />

inicialmente no povoado<br />

de São José do Xingu, a população<br />

muitas vezes contava<br />

apenas com um médico<br />

formado pela “escola<br />

da vida”, porém, com um<br />

conhecimento profundo<br />

sobre a medicina, por ser<br />

muito estudioso e dedicado.<br />

O médico da “escola da<br />

vida” era chamado de Dr.<br />

Benedito Holanda de Medeiros<br />

e popularmente conhecido<br />

por “Dr. Benedito”.<br />

Ele fazia tratamento de<br />

Malária, partos, pequenas<br />

cirurgias, cuidava de algumas<br />

fraturas, inclusive embalsamava<br />

quando era preciso.<br />

Ele efetuava muitos<br />

outros tipos de tratamento<br />

desde que não necessitasse<br />

de uso de equipamentos<br />

modernos, pois seus<br />

Esta casa pertencia ao “Dr. Benedito”, o da direita, é nela que<br />

ele recebia seus pacientes<br />

instrumentos de trabalho<br />

eram bastante rústicos,<br />

até porque ele nunca freqüentou<br />

uma faculdade<br />

de medicina. Seu conhecimento<br />

era na prática,<br />

ele lia muito as bulas de<br />

remédios, e por isso adquiriu<br />

um grande conhecimento<br />

da medicina para<br />

ajudar a quem precisasse.<br />

Aonde tivesse alguma enfermidade,<br />

Benedito estava<br />

lá para ajudar.<br />

Isso é fato retratado com<br />

os seguintes dizeres:<br />

“Em certa ocasião, um<br />

peão levara um tiro no<br />

pescoço, necessitando urgentemente<br />

de cuidados<br />

médicos, impossíveis de receber<br />

naquele momento e<br />

a tempo de sobreviver”.<br />

O Dr. Benedito, observando<br />

a agonia do peão<br />

e ciente da dificuldade em<br />

removê-lo até a cidade<br />

mais próxima, arregaçou<br />

as mangas e munido de<br />

um pedaço de arame, esterilizando-o<br />

de improviso,<br />

localizou a bala. Em seguida,<br />

utilizando um formão<br />

de carpinteiro, fez uma incisão<br />

no osso, sem anestesia<br />

, retirou a bala, salvando<br />

a vida do peão.<br />

O desafortunado peão<br />

escapou dessa, porém,<br />

como havia matado um<br />

outro peão, foi condenado<br />

a cumprir pena na cadeia<br />

de Luciara, morrendo ali<br />

alguns anos depois, acometido<br />

de malária.<br />

(Pires, Suely Gonçalves<br />

Santos, ODISSÉIA DO XIN-<br />

GU, 2001, P.45)<br />

Uma das curiosidades<br />

do Dr. Benedito era que,<br />

quando terminava suas<br />

cirurgias, dizia sempre: “Se<br />

escapar foi Deus quem<br />

curou, se morrer foi Benedito<br />

que matou”. E essa<br />

frase ficou na memória do<br />

povo, considerando Benedito<br />

até como um mito.


MÉDICO<br />

Organização Administrativa da Secretaria<br />

de Saúde na atualidade<br />

POSTO DE<br />

SAÚDE<br />

EQUIPE DE<br />

ENFERMAGEM<br />

O município conta<br />

com um centro de<br />

saúde urbano e outro<br />

centro rural, com atendimento<br />

através do Programa<br />

de Saúde da Família<br />

– PSF, um Hospital privado<br />

para atendimento dos<br />

pacientes do SUS, particular<br />

e conveniados.<br />

Construído dentro dos<br />

padrões da Organização<br />

Mundial de Saúde, possui<br />

24 leitos, um aparelho de<br />

Raio X e um laboratório<br />

que atende às necessidades<br />

hospitalares.<br />

O atendimento hospitalar<br />

é efetuado pelo Clínico<br />

Geral, Ginecologista e<br />

Obstetra - Dr. Luís Alberto<br />

Pretti, proprietário do<br />

Hospital.<br />

AGENTE DE<br />

SAÚDE<br />

COMUNITÁRIA<br />

SECRETARIA<br />

DE SAÚDE<br />

HOSPITAL<br />

CONVENIADO<br />

VIGILÂNCIA<br />

AMBIENTAL<br />

VIGILÂNCIA<br />

EPIDEMIOLÓGICA<br />

VIGILÂNCIA<br />

EM SAÚDE<br />

VIGILÂNCIA<br />

SANITÁRIA<br />

Descrição e Análise das Facilidades e Dificuldades<br />

para a Ação Vigilância em saúde<br />

A Unidade Hospitalar<br />

possui cinco atendentes<br />

de enfermagem e uma<br />

única técnica-administrativa,<br />

a Sra. Beatriz Cattafesta.<br />

São efetuados convênios<br />

particulares e atendem os<br />

Hospital e Maternidade Hospret<br />

carentes, através de um<br />

convênio mantido pela<br />

Prefeitura Municipal de<br />

São José do Xingu para<br />

atendimentos de urgência<br />

e emergência, como também<br />

para exames como<br />

ultra-sonografias e outros.<br />

25


26<br />

O primeiro Posto de<br />

Saúde foi construído<br />

em 21 de Fevereiro de<br />

1998, na Gleba Aymoré e<br />

recebeu o nome de Centro<br />

de Saúde Luiza Soares<br />

Guimarães.<br />

Centro de Saúde<br />

A nova Unidade de Saúde Urbana – PSF URBANO<br />

O Desenvolvimento da Agricultura no Município de<br />

São José do Xingu-MT<br />

D<br />

o ano de 2002 para<br />

cá os fazendeiros<br />

de São José do Xingu, que<br />

até então utilizavam a pecuária<br />

extensiva, resolvem<br />

apostar na produção de<br />

grãos, recuperando parte<br />

de suas terras através de<br />

lavouras mostrando que<br />

também podem se incorporar<br />

no sistema de produção<br />

para a exportação.<br />

Desde então o município<br />

passa a se inserir nesse<br />

sistema de produção modernizada<br />

onde o desenvolvimento<br />

passa a ser<br />

tão discutido pela sociedade<br />

xinguense.<br />

No ano de 2002 até 2005<br />

o município de São José<br />

do Xingu passa por uma<br />

mudança em sua economia.<br />

Os pecuaristas de<br />

São José do Xingu relatam<br />

que a crise no setor<br />

pecuário e a grande que-<br />

da nos preços da arroba<br />

do boi com o surgimento<br />

de focos de aftosa no estado<br />

do Mato Grosso do<br />

Sul, o mercado de carne<br />

bovina encontrou-se suspenso,<br />

decaindo o faturamento<br />

levando a margem<br />

de lucros negativos. Foi<br />

um dos motivos que os<br />

incentivou a investir em<br />

áreas de lavouras, já que<br />

a renda dos mesmos era<br />

voltada para a pecuária<br />

como já foi citado anteriormente.<br />

A dificuldade encontrada<br />

fez com que os produtores<br />

buscassem alternativas<br />

viáveis para diversificar a<br />

produção, investindo em<br />

áreas paralelas (pecuária<br />

x lavoura), procurando<br />

assim agregar valor à produção<br />

primária. Com a<br />

chegada da CARGILL no<br />

município os agricultores<br />

se mantiveram para inciarem<br />

as plantações.<br />

Os mesmos esclarecem<br />

que o setor da agricultura<br />

neste início de milênio<br />

tem passado por transformações<br />

significativas,<br />

novas áreas são incorporadas<br />

ao sistema produtivo,<br />

pesquisas vem sendo<br />

conduzidas com o objetivo<br />

de dar sustentabilidade<br />

à produção, adoção de<br />

tecnologias avançadas,<br />

diversificação de culturas,<br />

aumento da produtividade,<br />

crescimento da<br />

competitividade, quebra<br />

de recordes de produção,<br />

viabilização de novas alternativas<br />

de transportes,<br />

aberturas de novos mercados,<br />

agregação de valores<br />

através de processos<br />

agroindustriais, treinamento<br />

de mão-de-obra<br />

e incentivos por parte do


governo, porém que com<br />

todas essas ações empreendedoras,<br />

resolveram<br />

apostar em plantações<br />

de diversas lavouras que<br />

viessem melhorar a renda,<br />

gerarem empregos, e<br />

impulsionar a economia<br />

do município.<br />

A partir do ano de 2002<br />

das 365 <strong>fazenda</strong>s que se<br />

localizam ao redor do<br />

município de São José do<br />

Xingu-MT, 13 pecuaristas<br />

resolvem apostar no<br />

plantio de grãos como Arroz,<br />

Milho, Sorgo e a Soja.<br />

Diversos fatores foram<br />

decisivos para o desenvolvimento<br />

progressivo<br />

da agricultura, dentre os<br />

quais se refere à localização<br />

geográfica, associada<br />

à disponibilidade de terras<br />

com excelente topografia<br />

e condições excepcionalmente<br />

favoráveis a<br />

agricultura mecanizada.<br />

De acordo com a Secretaria<br />

Municipal de<br />

Agricultura o município<br />

começou as primeiras<br />

plantações de grãos a partir<br />

de 2002/2003 com uma<br />

área de 16.800 hectares<br />

permanecendo estável na<br />

segunda safra com a mesma<br />

quantidade nos anos<br />

de 2003/2004, sendo as<br />

principais culturas, a soja<br />

plantada numa área de<br />

6.500 hectares com uma<br />

produção de 19.500 mil<br />

toneladas, o milho correspondeu<br />

a uma área de<br />

1000 hectares com produção<br />

de 4800 toneladas,<br />

o sorgo com uma área de<br />

300 hectares com produção<br />

de 360 toneladas e<br />

o arroz com uma área de<br />

9.000 mil hectares com<br />

produção de 3.000 toneladas,<br />

um exemplo disso<br />

é o que mostra as tabelas<br />

abaixo: uma significativa<br />

Principais atividades econômicas em São José do Xingu-MT<br />

Lavoura (2006) Pecuária (2006)<br />

CuLTuRA TONELADAS<br />

Soja 21.600<br />

Arroz 6.000<br />

Mandioca 4.800<br />

Milho 4.200<br />

Banana 730<br />

Borracha 126<br />

REBANHO QuANTiDADE<br />

bovinos 357.789<br />

galinhas 23.547<br />

suínos 4.764<br />

eqüinos 2.323<br />

muares 1.679<br />

ovinos 519<br />

bubalinos 434<br />

caprinos 114<br />

asininos 47<br />

produção enquanto durava<br />

o período de plantio.<br />

Ao entrevistar a pecuarista<br />

Rosana de Araújo<br />

da Rocha, proprietária de<br />

terras na região a mais<br />

de 25 anos, ela também<br />

apostou alto na produção<br />

de grãos.<br />

“O que me incentivou<br />

a plantar foi à chegada<br />

de pessoas especializadas<br />

nos assuntos agrícolas, e<br />

também, minha propriedade<br />

estava degradada e a<br />

maneira de conseguir a recuperação<br />

do solo era através<br />

de roça, que seria realmente<br />

beneficiada, porque<br />

araria e iria corrigir a acidez.<br />

Aplicaríamos adubos e<br />

dentro de um ou dois anos<br />

de cultivo de soja e arroz<br />

nós estaríamos com o solo<br />

pronto, próprio para capim,<br />

então a preferência foi essa:<br />

ajeitar o solo degradado<br />

Desmatamento no Município (2007)<br />

51,72% Desmatado<br />

62,80% DESMATADO EXCLuiNDO<br />

Terra indígena<br />

Fonte: ISA<br />

SEPLAN-MT<br />

Fonte:<br />

Área e produção da cultura de sorgo e soja em São José do Xingu-MT<br />

Ano-Safra<br />

Área (ha)<br />

Sorgo<br />

Produção t Área (há)<br />

Soja<br />

Produção t<br />

2001<br />

2002<br />

2003<br />

2004<br />

2005<br />

300<br />

300<br />

300<br />

600<br />

500<br />

360<br />

360<br />

360<br />

720<br />

600<br />

6500<br />

6500<br />

6500<br />

2000<br />

2000<br />

19500<br />

19500<br />

19500<br />

6000<br />

6000<br />

27


28<br />

que já tinha 25 anos de uso.<br />

Então resolvemos fazer<br />

isso, a recuperação do solo<br />

através de lavouras, por<br />

que só arar o capim ficava<br />

pior. Chegou a hora de que<br />

eu tive que usar fosfato,<br />

adubar e plantar. Isso favoreceu<br />

a formação do solo,<br />

mas o dinheiro do plantio<br />

não era suficiente, e só tivemos<br />

incentivo do governo<br />

no primeiro ano, que foi o<br />

financiamento do PROSOL<br />

e PROPASTO. Fizemos<br />

também<br />

o custeio agrícola,<br />

e foi só.<br />

Mas na hora de<br />

pegar o custeio<br />

agrícola o dolar<br />

estava US$ 3,20<br />

e na hora de<br />

vender a soja, o<br />

dólar estava a<br />

US$ 2,20. Como<br />

exemplo, temos o arroz<br />

que vendíamos no primeiro<br />

ano a R$ 37,00 a saca, e<br />

por fim, estava vendendo a<br />

R$ 7,00. Não tinha condições<br />

de continuar. Plantei<br />

arroz e soja, utilizei vários<br />

tipos de máquinas como:<br />

trator, pulverizador, colheitadeira,<br />

roçadeira e plantadeira,<br />

só implementos caros<br />

que foram financiados<br />

pelo BASA. A agricultura,<br />

sem dúvida, quando bem<br />

orientada é bem mais rentável<br />

que a pecuária, isso<br />

quando a gente tem uma<br />

política de governo, porque<br />

se não é um desastre.<br />

Agora, em fator de dinheiro,<br />

a soja é rápida, o retorno<br />

do capital é muito rápido,<br />

quando a gente tem<br />

uma safra boa, você com<br />

seis meses já está pagando<br />

ela e fazendo outra, sem<br />

contar no grande número<br />

de emprego que a mesma<br />

traz. Só na época de plantio<br />

cheguei a empregar<br />

mais de 50 pessoas. O gado<br />

é uma coisa devagar, mas é<br />

seguro, você não quebra, o<br />

Tia Rosa<br />

giro do capital é pequeno,<br />

quanto mais seguro menor<br />

é o lucro. Meu pensamento<br />

era utilizar 200ha para lavoura<br />

e 200ha para pasto,<br />

mas faltou condições para<br />

dar assistência na correção<br />

do solo, onde precisa de<br />

gente especializada, aplicação<br />

de calcário, correção<br />

de fosfato em longo estilo<br />

tudo isso foi feito com<br />

nossos próprios recursos,<br />

nunca tivemos assistência<br />

de nenhum órgão e por<br />

isso não conseguimos levar<br />

as lavouras adiante, o<br />

que acabou influindo no<br />

desenvolvimento do mu-<br />

nicípio, que com isso ficou<br />

muito parado com um<br />

numero muito grande de<br />

pessoas desempregadas.<br />

Mas ainda pretendo investir<br />

em plantações de cana,<br />

álcool porque acredito que<br />

o futuro do município é a<br />

agricultura.”<br />

Outro exemplo disso fica<br />

claro na entrevista da senhora<br />

Ires Marta de Magalhães,<br />

gerente da <strong>fazenda</strong><br />

Rancharia que possui uma<br />

área de 4.840 ha.,<br />

foi a primeira <strong>fazenda</strong><br />

a plantar lavoura<br />

começando<br />

no ano de 2002.<br />

Ela fala do que os<br />

levou a implantar<br />

a agricultura em<br />

sua propriedade:<br />

“No ano de<br />

2002, ao visitarmos<br />

a região do Xingu,<br />

observamos que a terra<br />

sendo bem preparada<br />

poderia dar uma boa<br />

produção. Então com um<br />

pequeno apoio da RIAMA,<br />

uma empresa de vendas<br />

de fertilizantes, resolvemos<br />

apostar na plantação de<br />

soja, mas para plantar precisávamos<br />

fazer uma boa<br />

correção no solo, por que a<br />

terra, até então, tinha sido<br />

utilizada para pastagens<br />

e os pecuaristas que eram<br />

os proprietários da mesma<br />

anteriormente só haviam<br />

sugado dela, então tivemos<br />

que utilizar máquinas


como: trator, gradeadora,<br />

niveladora além de adubos<br />

e calcário, durante o plantio<br />

emprega 70 pessoas. A<br />

agricultura é um bom empreendimento<br />

tanto para<br />

o produtor quanto para o<br />

município, porque ela gera<br />

empregos, e o giro do dinheiro<br />

é rápido, mas não<br />

recebemos incentivo do governo<br />

acabamos parando<br />

A nalisando a situação<br />

da agricultura<br />

empresarial, é de qualquer<br />

maneira, o carro<br />

chefe no setor da economia<br />

de qualquer estado<br />

ou município que a retêm,<br />

porque altos ganhos<br />

de produtividade elevam<br />

a participação do estado<br />

no PIB nacional, além de<br />

atrair grandes investidores<br />

em busca cada vez<br />

mais de lucro. Isso se chama<br />

giro de capital. Outro<br />

ponto a se lembrar é a<br />

implantação de grandes<br />

indústrias em busca de<br />

matéria prima que acabam<br />

gerando empregos,<br />

a exemplo disso tivemos<br />

a CARGILL que se implantou<br />

no município e empregou<br />

um bom número<br />

de pessoas, e conforme<br />

dito anteriormente. também<br />

as propriedades que<br />

produziu acabou gerando<br />

emprego na época do<br />

com as plantações, por falta<br />

de recursos e do alto custo<br />

do frete devido a má qualidade<br />

das estradas, causando<br />

dificuldade para trazer<br />

fertilizantes e até mesmo<br />

levar a soja para fora daqui.<br />

Com isso, a produção se torna<br />

mais barata do que em<br />

outros estados como Goiás<br />

e Minas Gerais. Entre pecuária<br />

e agricultura, sem dúvi-<br />

da, a pecuária dá mais certo,<br />

mas a renda é pequena,<br />

enquanto na agricultura os<br />

custos são mais caros, mas<br />

o lucro é bem mais rentável.<br />

Sem falar no aumento de<br />

movimento que a mesma<br />

traz para o município, porque<br />

nos anos que utilizamos<br />

a agricultura o número<br />

de pessoas no mesmo era<br />

bem maior.”<br />

Desenvolvimento das Áreas de Cultivo em<br />

São José do Xingu - MT<br />

plantio. No período em<br />

que a agricultura no município<br />

estava em alta<br />

o mesmo esteve entre<br />

os vários produtores de<br />

grãos do estado, de certa<br />

forma a agricultura implantada<br />

no Xingu deu<br />

um pequeno impulso no<br />

movimento comercial do<br />

município.<br />

Compreende-se que o<br />

agronegócio no Xingu<br />

não contou com uma po-<br />

lítica de governo, contou<br />

apenas com a capacidade<br />

empreendedora e<br />

financeira dos empresários<br />

rurais que julgavam<br />

um maior desenvolvimento<br />

para o município.<br />

As culturas tiveram uma<br />

diversificação de produção,<br />

pois cultivaram o<br />

milho, arroz, sorgo, soja<br />

e a pecuária que já existia<br />

a mais de 20 anos na<br />

região.<br />

Área da cultura de soja em São José do Xingu-MT<br />

29<br />

Fonte: Fazenda Barra do Dia, abril de 2007


30<br />

O<br />

arroz na região de<br />

São José do Xingu<br />

começou nos anos de 1985<br />

na <strong>fazenda</strong> Terra Nova propriedade<br />

do Sr.<br />

Carlito Guimarães,<br />

um dos<br />

maiores fazendeiros<br />

da região.Ex-presidente<br />

da Asfax<br />

(Associação.<br />

dos Fazendeiros<br />

Araguaia<br />

do Xingu),<br />

sempre lutando<br />

pelo desenvolvimento<br />

da<br />

região. Recebeu o título de<br />

cidadão Xinguense, cidadão<br />

Mato Grossense e, recentemente,<br />

de Água Boa,<br />

acontecimentos que por si<br />

só explicam a importância<br />

do Carlito e da Fátima para<br />

a história da nossa cida-<br />

A<br />

principal atividade<br />

do município de São<br />

José do Xingu é a pecuária<br />

com um rebanho de<br />

357.789 (dados de 2006)<br />

bovinos distribuídos em<br />

363 <strong>fazenda</strong>s, em sua<br />

maioria com a finalidade<br />

ao abate. São José do<br />

Arroz, Milho e Sorgo<br />

de. Chegou no Xingu em<br />

1978, e possui 7 <strong>fazenda</strong>s:<br />

Rancharia, Curicaca, Terra<br />

Nova, Santa Adélia, Reata,<br />

Sr. Carlito e Sra. Maria de Fátima<br />

Maria Bonita e Bacuri. Além<br />

de ser um grande pecuarista,<br />

ele atua desde 1978,<br />

também produzindo arroz,<br />

milho e soja. O sorgo e o<br />

milho são também muito<br />

importantes na agricultura<br />

xinguana. São utilizados<br />

Preço do Adubo em São José do Xingu<br />

ANO PLANTIO COBERTURA<br />

2004 R$ 930,00 R$ 890,00<br />

2008 R$ 1.870,00 R$ 1.918,00<br />

Pecuária de São José do Xingu<br />

Xingu já está em primeiro<br />

lugar no estado ao abate<br />

de bovinos. Daí, o termo<br />

“Capital do Boi Gordo”.<br />

Segundo os fazendeiros<br />

entrevistados, citados<br />

abaixo:<br />

- Tia Rosa (proprietária da Fazenda<br />

para rações de animais e<br />

para adubo de terras e produzidos<br />

em várias <strong>fazenda</strong>s<br />

da região.<br />

Segundo os fazendeirosentrevistados,<br />

o solo<br />

e o clima são<br />

apropriados para<br />

a agricultura de<br />

soja, arroz, milho<br />

e sorgo entre outros,<br />

mas esses<br />

são os principais<br />

produtos agrícolas<br />

cultivados em São<br />

José do Xingu.<br />

Na tabela abaixo<br />

podemos observar o preço<br />

do adubo da soja no<br />

ano de 2004 e 2008.<br />

O que explica a interrupção<br />

da agricultura no Xingu,<br />

o preço da soja é praticamente<br />

igual em 2004<br />

e 2008.<br />

Barra do dia);<br />

- Dr. Zezinho Filho ( proprietário da<br />

Fazenda Reunida);<br />

- Marssilon Pinto Souto Junior (proprietário<br />

da Fazenda Sete Ranchos);<br />

- Carlito Guimarães (proprietário


das Fazendas Rancharia, Curicaca,<br />

Terra Nova, Santa Adélia, Reata,<br />

Maria Bonita e Bacuri.<br />

A Pecuária tem<br />

como objetivo:<br />

criações e engorda<br />

de bois<br />

para venda. É e<br />

uma atividade<br />

muito antiga na<br />

região do Xingu<br />

que começou na<br />

década de 1970.<br />

Segundo o Dr.<br />

Zezinho Filho a<br />

pecuária começou<br />

a partir da Fazenda<br />

Suiá Missu, onde trouxe<br />

incentivos à <strong>fazenda</strong><br />

Reunidas a trabalhar com<br />

a pecuária.<br />

Também, após alguns<br />

anos, outros fazendeiros<br />

de outras partes do<br />

país viram que a região<br />

do Xingu poderia gerar<br />

Sr. Marssilon Pinto na Fazenda Sete Ranchos<br />

lucros, logo eles começaram<br />

a investir na região<br />

com a pecuária com cria,<br />

recria e engorda para<br />

vendas para frigoríficos e<br />

para outros estados bra-<br />

Boiada Fazenda Bang-Bang<br />

sileiros.<br />

Embora, a agricultura na<br />

região tenha durado por<br />

pouco tempo, a pecuária<br />

se manteve sempre<br />

em pé com sua típica<br />

produção de bovinos,<br />

sem nenhuma<br />

interferência da agricultura.<br />

Todos os entrevistados<br />

nos citaram que<br />

já foi provado que<br />

o município de São<br />

José do Xingu é adequado<br />

à engorda de<br />

bovinos por ter uma<br />

topografia plana, terras<br />

férteis e clima adequado<br />

para a produção, e vem<br />

demonstrando que em<br />

breve será, também, uma<br />

potência na agricultura.<br />

31


As Grandes Fazendas da Região e os Investimentos<br />

na Pecuária e na Agricultura<br />

Cadastro de Propriedades Rurais<br />

Conforme registros do INDEA – Instituto de Defesa Agropecuária do município de São José do<br />

Xingu-MT, apresentado no dia 18/03/2008, o município possui as seguintes propriedades ativas:<br />

32<br />

NOME DA PROPRIEDADE NOME DA PROPRIEDADE NOME DA PROPRIEDADE<br />

FAZENDA 02 IRMÃOS FAZENDA BENJAMIM FAZENDA ESTÂNCIA DE SÃO SEBASTIÃO<br />

FAZENDACRUMARÉ DO XINGU FAZENDA BOA ESPERANÇA FAZENDA ESTÂNCIA DIVA<br />

FAZENDA SANTA LIA FAZENDA BOA ESPERANÇA I FAZENDA ESTÂNCIA SÃO SEBASTIÃO<br />

FAZENDA 23 DE JUNHO FAZENDA BOA ESPERANÇA II FAZENDA ESTANCIA TRÊS COQUEIROS<br />

FAZENDA 3 DE MAIO FAZENDA BOA SORTE FAZENDA ESTRELA DALVA<br />

FAZENDA 3 R FAZENDA BOA VISTA FAZENDA ESTRELA DALVA III<br />

FAZENDA 4 IRMÃOS FAZENDA BOM MIRAR FAZENDA ESTRELAS<br />

FAZENDA 5N FAZENDA BOM SUCESSO FAZENDA FELICIDADE<br />

FAZENDA 7 RANCHOS FAZENDA BRASÍLIA FAZENDA FERRÃO DE PRATA<br />

FAZENDA ADORADO FAZENDA CALIFÓRNIA FAZENDA FLOR DA MATA<br />

FAZENDA ÁGUA AZUL FAZENDA CAMAÇARI FAZENDA FLOR DO OESTE<br />

FAZENDA ÁGUA BOA FAZENDA CAMPINA FAZENDA FORTALEZA<br />

FAZENDA ÁGUA LIMPA FAZENDA CAMPOS ALTOS FAZENDA GAIVOTA<br />

FAZENDA AGUENTA CORAÇÃO FAZENDA CANAÃ FAZENDA GOIÂNIA<br />

FAZENDA ÁGUIA AZUL FAZENDA CANDEIA FAZENDA GUARANI<br />

FAZENDA ALEGRIA FAZENDA CATANDUVAS FAZENDA GUARUJÁ<br />

FAZENDA ALIANÇA FAZENDA CHALANA FAZENDA GUARUJÁ DO NORTE<br />

FAZENDA ALTINO RIBEIRO FAZENDA CLÉIA FAZENDA HAVAÍ<br />

FAZENDA ALVORADA FAZENDA COBIÇADA FAZENDA HS<br />

FAZENDA APARECIDA FAZENDA COND. PIABA AZUL II FAZENDA INAJÁ<br />

FAZENDA ARÁ FAZENDA CONQUISTA FAZENDA INDOMADA<br />

FAZENDA ARAÇATUBA FAZENDA CÓRREGO SECO FAZENDA IPÊ<br />

FAZENDA ARAI FAZENDA CRUMARÉ DO XINGU FAZENDA ITACURU<br />

FAZENDA ARAPONGA FAZENDA CURICACA FAZENDA ITATIAIA<br />

FAZENDA ARARA AZUL FAZENDA DALAS FAZENDA JAMANTA<br />

FAZENDA ARAÚNA FAZENDA DOIS IRMÃOS FAZENDA JANDAIA<br />

FAZENDA ITUIUTABA FAZENDA DOS VIEIRAS FAZENDA JAÓ<br />

FAZENDA BANG BANG FAZENDA ELDORADO FAZENDA JARDIM DO EDEM<br />

FAZENDA BARRA BONITA II FAZENDA ELOÍSA FAZENDA JATOBÁ<br />

FAZENDA BARRA DO DIA FAZENDA ESCONDIDA FAZENDA JAVAE<br />

FAZENDA BARRO ALTO FAZENDA ESMERALDA FAZENDA JB<br />

FAZENDA BEIRA RIO FAZENDA ESPIGÃO FAZENDA JERUSALÉM<br />

FAZENDA BELIMA FAZENDA ESPERANÇA FAZENDA JURITI<br />

FAZENDA BENAGRO FAZENDA ESPERANÇA II FAZENDA LAGO AZUL


NOME DA PROPRIEDADE NOME A PROPRIEDADE NOME DA PROPRIEDADE<br />

FAZENDA LAGO VERMELHO FAZENDA PERDIZ FAZENDA SANTA ROSA<br />

FAZENDA LIMOEIRO FAZENDA PERPETO SOCORRO FAZENDA SANTA TERESA<br />

FAZENDA LUZ DOURADA FAZENDA PESA II FAZENDA SANTIAGO<br />

FAZENDA MACAÚBA FAZENDA PESA III FAZENDA SANTO ANTÔNIO<br />

FAZENDA MACUCO FAZENDA PIABA AZUL 2 FAZENDA SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA I<br />

FAZENDA MARAJÓ FAZENDA PIRARARA FAZENDA SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA II<br />

FAZENDA MARANATA FAZENDA PIRES DO RIO FAZENDA SANTUÁ RIO<br />

FAZENDA MARCELA FAZENDA PITEL FAZENDA SÃO BENTO<br />

FAZENDA MATA FRESCA FAZENDA PONTA VERDE FAZENDA SÃO COSME<br />

FAZENDA MATO MINAS FAZENDA PORTANA FAZENDA SÃO COSME DAMIÃO<br />

FAZENDA MINA D’ÁGUA FAZENDA POTÊNCIA FAZENDA SÃO FRANCISCO<br />

FAZENDA MINAS GERAIS FAZENDA PRIMAVERA FAZENDA SÃO JOÃO<br />

FAZENDA MINAS GERAIS BELIMA FAZENDA QUEIROZ FAZENDA SÃO JORGE<br />

FAZENDA MINAS GERAIS II FAZENDA RAINHA DA PAZ FAZENDA SÃO JORGE BLANCO<br />

FAZENDA MINEIRA FAZENDA RENATA FAZENDA SÃO JORGE PRETO II<br />

FAZENDA MINEIRA II FAZENDA RANCHARIA FAZENDA SÃO JOSÉ<br />

FAZENDA MODELO FAZENDA RANCHO DO VALE FAZENDA SÃO JOSÉ DA REUNIDA<br />

FAZENDA MOINHO FAZENDA RECANTO DO NELORE FAZENDA SÃO LUÍS<br />

FAZENDA MONTE DAS OLIVEIRAS FAZENDA REGALITO FAZENDA SÃO MARCOS<br />

FAZENDA MORADA DO BOI FAZENDA RIACHO FUNDO FAZENDA SÃO MIGUEL<br />

FAZENDA MUNDO NOVO DO XINGU FAZENDA RIO MADEIRA FAZENDA SÃO PAULO<br />

FAZENDA N. S. APARECIDA FAZENDA RIO PRETO FAZENDA SÃO SEBASTIÃO DA GOIANA<br />

FAZENDA NASCENTE FAZENDA ROSAURA FAZENDA SERRA NEGRA<br />

FAZENDA NIAGARA FAZENDA SANTA ADA FAZENDA SOSSEGO<br />

FAZENDA NOSSA SENHORA ABADIA FAZENDA SANTA ADÉLIA FAZENDA SUCUPIRA<br />

FAZENDA NOSSA SENHORA APARECIDA FAZENDA SANTA ALUZIA FAZENDA TAIASSU<br />

FAZENDA NOSSA SENHORA DA GUIA FAZENDA SANTA ANITA FAZENDA TAMARANA<br />

FAZENDA NOVA ALIANÇA FAZENDA SANTA CRUZ FAZENDA TAPETE VERDE<br />

FAZENDA NOVA ESPERANÇA FAZENDA SANTA FÉ FAZENDA TAPUIA<br />

FAZENDA NOVA OLINDA FAZENDA SANTA FÉ DO XINGU FAZENDA TERRA BOA<br />

FAZENDA NOVO MUNDO FAZENDA SANTA HELENA TERRA NOVA<br />

FAZENDA OLHO D’ÁGUA FAZENDA SANTA INÊS FAZENDA TOINHA<br />

FAZENDA OURO VERDE FAZENDA SANTA LUZIA FAZENDA TUBARANA<br />

FAZENDA OURO VERDE II FAZENDA SANTA LUZIA DA SERRINHA FAZENDA TRÊS FLEXAS<br />

FAZENDA PAI E FILHO FAZENDA SANTA MARIA FAZENDA TUBARANA<br />

FAZENDA PALMEIRA FAZENDA SANTA MARIA DO MT FAZENDA UMUARAMA<br />

FAZENDA PANORAMA FAZENDA SANTA MARIA DO MT I FAZENDA VÁRZEA GRANDE<br />

FAZENDA PARAÍSO FAZENDA SANTA MARIA DO XINGU FAZENDA VIDEIRA<br />

FAZENDA PARAÍSO II FAZENDA SANTA MARTA FAZENDA VISTA ALEGRE<br />

FAZENDA PARAÍSO III FAZENDA SANTA RITA FAZENDA VITÓRIA<br />

FAZENDA PATEIRO FAZENDA SANTA TEREZINHA FAZENDA WA<br />

33


34<br />

A<br />

s terras indígenas representam<br />

17,80%<br />

da área total do município.<br />

Segundo o Instituto<br />

Socioambiental, no Xingu<br />

as aldeias são formadas<br />

por casas comuns dispostas<br />

em perímetro ovulado,<br />

em torno de uma praça de<br />

chão batido.<br />

No centro desta praça<br />

fica a chamada casa dos<br />

homens. Além de ser um<br />

ponto de reunião masculina,<br />

a construção oculta<br />

as flautas sagradas, interditas<br />

ao olhar feminino, e<br />

que são por isso tocada no<br />

interior da casa, ou à noite<br />

no pátio, quando as mulheres<br />

estão recolhidas.<br />

Também saem ao ar livre,<br />

por ocasião de tarefas<br />

coletivas masculinas, retribuídas<br />

com alimentos por<br />

aquele a favor de quem<br />

são realizadas. Nessa ocasião,<br />

as mulheres têm de<br />

se trancar em suas casas.<br />

Na cultura xinguana, as<br />

jovens ao menstruarem<br />

pela primeira vez, entram<br />

em reclusão, para aprender<br />

a executar tarefas femininas<br />

no preparo dos<br />

alimentos e na confecção<br />

do artesanato. Durante a<br />

sua reclusão, que não costuma<br />

durar mais do que<br />

um ano, ela não corta os<br />

cabelos e sua franja cresce<br />

por sobre os olhos. Ao<br />

A Cultura Indígena Xinguana<br />

final deste período, ela recebe<br />

um novo nome, sendo<br />

considerada a partir de<br />

então, adulta pronta para<br />

o casamento.<br />

A unidade política por<br />

excelência no Xingu é a aldeia,<br />

cujo líder atua como<br />

mediador e regulador dos<br />

conflitos, devendo ser generoso<br />

e manter a harmonia<br />

interna do grupo.<br />

O poder do chefe, de natureza<br />

marcadamente pacífica,<br />

depende da anuência<br />

do grupo, sobretudo<br />

do apoio dos lideres de<br />

grupos domésticos. Sua<br />

habilidade política se expressa<br />

pelas palavras nos<br />

discursos e exortações<br />

na praça. As regras de sucessão<br />

ao status de líder<br />

da aldeia são flexíveis e<br />

costumam suscitar muita<br />

competição pelo cargo.<br />

(ISA, 2004)<br />

Apesar do intenso intercâmbio<br />

entre diferentes<br />

povos do parque, cada<br />

qual mantém a sua língua;<br />

nele estão representadas<br />

as seguintes famílias lingüísticas:<br />

- Família Tupi-Guarani<br />

(do tronco tupi): Kamanxurá<br />

e Kaiabi.<br />

- Família Juruna (do<br />

tronco tupi): Yudjá (ou<br />

Juruna)<br />

- Família Aweti (do tronco<br />

tupi e com uma única<br />

língua): Aweti.<br />

- Família Aruak: Mehimako,<br />

wauja e yawalapiti.<br />

Família Karibi:Ikpeng, Kalapalo,<br />

kuikuro, matipu e<br />

nahukwa.<br />

- Família Jê (do tronco<br />

macro – Jê): suyá<br />

- Língua não classificada<br />

em qualquer família:<br />

trumai.<br />

Em relação à produção<br />

de artefatos e indumentária,<br />

os artigos de metal,<br />

dos quais depende a<br />

quase totalidade das atividades<br />

produtivas masculinas<br />

não substituíram<br />

integralmente o artesanato<br />

indígena usado pelas<br />

mulheres na produção de<br />

alimentos. Assim, panelas<br />

e caldeirões de metal<br />

competem com as cuias<br />

usadas no transporte e<br />

armazenamento de água,<br />

sem, entretanto, ameaçar<br />

a posição das panelas de<br />

cerâmicas.<br />

Grande parte dos materiais<br />

empregados na ela<br />

boração do artesanato é<br />

de origem nativa – madeira,<br />

embira, fibra de buriti,<br />

algodão, etc. Dentre esses<br />

itens, o fio de lã com-


pete com o de algodão nativo<br />

e tende em alguns casos<br />

(como para a confecção<br />

de redes de dormir) a<br />

substituí-lo integralmente.<br />

Outros, como as con- tas e<br />

miçangas, altamente valorizadas<br />

na elaboração de<br />

colares e cintos, não diminuíram<br />

a importância dos<br />

similares nativos (contas<br />

de caramujo).<br />

São quatorze etnias que<br />

habitam atualmente o PIX<br />

(Parque Indígena do Xingu):<br />

Aweti, Kalapalo, kuikuro,<br />

matipu, mehinako,<br />

nalukwa, trumai, wauja,<br />

yawalapiti, ikpeng, kaiabi<br />

e suyá.<br />

Entre essas etnias cada<br />

uma é reconhecida por<br />

uma certa especialidade<br />

produtiva, que lhe permite<br />

participar num sistema de<br />

trocas com as demais etnias.<br />

As grandes panelas de<br />

cerâmicas, de fundo chato<br />

e espessas bordas voltadas<br />

A<br />

s vantagens da<br />

transferência dos<br />

Kaiabi para o PIX, foram<br />

no sentido de terem conseguido<br />

estabelecer a paz<br />

e a harmonização com<br />

povos anteriormente rivais.<br />

Em contrapartida a<br />

tal realidade, houve também<br />

grandes perdas de<br />

costumes, e também da<br />

língua, em função do contato<br />

com os missionários<br />

para fora, são uma especialidade<br />

das wauja. Os arcos<br />

de uma dura madeira<br />

pre-ta são feitas exclusivamente<br />

pelos kamaiurás. Os<br />

colares e os cintos de garras<br />

de onças e de discos de<br />

caramujos são confecciona<br />

dos pelos povos falantes<br />

de línguas de família karib<br />

(kalapalo, kulapalo, matipu,<br />

nahukuá). O sal (não<br />

o cloreto de sódio, e sim<br />

de potássio) é extraído de<br />

aguapé e armazenado pe-<br />

Índios Kaiabi<br />

Diamantinos e sua política<br />

de doutrinação ao<br />

povo Kaiabi.<br />

Parte das habilidades em<br />

se fazer artefatos também<br />

se perderam com a mudança<br />

para o PIX. Os Kaiabi<br />

conhecidos como Mestres<br />

das panelas de barro,<br />

não fazem mais esse artefato,<br />

já que a região das<br />

terras demarcadas para a<br />

aldeia Kaiabi não abrigou<br />

Índios Kaiabi (atrás, rio Xingu)<br />

los aweti, nohinako e trumai.<br />

(ISA, 2004).<br />

A iniciativa das associações<br />

significa, sobretudo, a<br />

tentativa dos índios de conquistar<br />

autonomia na gestão<br />

dos interesses comunitários<br />

que tem interface<br />

com os mundos institucionais,<br />

públicos e privados,<br />

da sociedade nacional.<br />

Existem duas tribos que<br />

daremos maior destaque<br />

no livro: Os Kaiabi e os<br />

Kayapós.<br />

em seus limites a lagoa<br />

utilizada para a extração<br />

do barro usado na confecção<br />

de artefatos, e nos<br />

limites do PIX, não se encontra<br />

o barro de igual<br />

qualidade para a fabricação<br />

destes artefatos.<br />

Cada indivíduo Kaiabi<br />

possui vários nomes, que<br />

formam um repertório<br />

pessoal variado. Ao longo<br />

da vida os nomes são tro-<br />

35


36<br />

cados à medida que estes<br />

ascendem a novas categorias<br />

sociais ou passa<br />

por experiências pessoais<br />

marcantes.<br />

O nascimento do primeiro<br />

filho é um momento<br />

em que os pais sempre<br />

recebem novos nomes.<br />

Esses nomes podem ser<br />

de antepassados, de seres<br />

sobrenaturais ou estarem<br />

relacionados a algum<br />

evento específico protagonizado<br />

pelo indivíduo.<br />

Os homens mais velhos<br />

da aldeia, o chefe ou pajé,<br />

são em geral os responsáveis<br />

pela transmissão dos<br />

nomes. No passado, o principal<br />

momento que determinava<br />

a mudança de<br />

nome era a participação<br />

O s<br />

Kaiabi têm uma<br />

cultura material elaborada<br />

e bastante diversificada.<br />

Porém, de acordo<br />

com a ATIX os itens que<br />

mais os caracterizam são:<br />

apás (um tipo de peneira)<br />

e cestos (confeccionados<br />

pelos homens), conforme<br />

se vê na figura abaixo.<br />

O s<br />

Kaiabi são considerados<br />

um grupo<br />

com forte tradição agrícola,<br />

sua horticultura é<br />

bastante diversificada,<br />

compreendendo dezenas<br />

de variedades de plantas<br />

em expedições guerreiras<br />

e, mais especificamente,<br />

a morte de um inimigo.<br />

No passado todos os<br />

Kaiabi exibiam tatuagens<br />

faciais, as quais obedeciam<br />

alguns padrões básicos<br />

para homens e mulheres.<br />

Essas tatuagens eram<br />

feitas, primeiramente no<br />

início da puberdade.<br />

Assim como os nomes, as<br />

tatuagens serviam como<br />

mecanismo de identificação<br />

pessoal ou grupal.<br />

Também como no caso<br />

dos nomes, a morte de<br />

um inimigo era um evento<br />

marcado pela execução<br />

de novas tatuagens.<br />

A divisão do trabalho<br />

nas tribos Kaiabi obedece<br />

ao esquema de que roças<br />

Os Artefatos<br />

Eles também fazem arcos<br />

e flechas para a caça, abanador<br />

para as mulheres, colares<br />

e pulseiras para se enfeitarem,<br />

pentes e bancos.<br />

O trabalho artesanal feminino<br />

mais elaborado é a<br />

tecelagem do algodão para<br />

a fabricação das redes e tipóias.<br />

Atualmente, os itens<br />

A Agricultura<br />

cultivadas e um sistema<br />

agrícola bastante elaborarado.<br />

Como em outros grupos<br />

indígenas o calendário<br />

agrícola compreende os<br />

períodos de roçado e der-<br />

e plantas, caçar, pescar e<br />

fabricar utensílios ligados<br />

a estas atividades, a construção<br />

de canoas, a arquitetura<br />

e os trabalhos de<br />

trançados, assim como a<br />

busca e o transporte de lenha,<br />

a coleta de mel, estas<br />

são as tarefas dos homens.<br />

(Grunberg: 2004, p. 161).<br />

Às mulheres cabe colher<br />

e transportar os produtos<br />

da roça, preparar o<br />

alimento, fiar o algodão<br />

para a confecção de faixas<br />

para carregar crianças<br />

e redes de dormir. O<br />

transporte de cargas, o<br />

plantio, a colheita e a coleta<br />

de frutas, porém, são<br />

em geral executados por<br />

homens e mulheres em<br />

conjunto.<br />

mais produzidos são os<br />

colares de tucum lisos, também<br />

confeccionados pelas<br />

mulheres. Os artesanatos<br />

feitos pelos Kaiabi são ornamentados<br />

com uma grande<br />

variedade de padrões<br />

gráficos, que representam<br />

figuras da rica cosmologia<br />

e mitologia do grupo.<br />

rubada (maio e junho),<br />

queimada (agosto) e plantio<br />

(setembro e outubro).<br />

Os períodos de colheita<br />

variam dependendo da<br />

cultura.<br />

Há basicamente dois ti-


pos de roça Kaiabi: as<br />

ro-ças polivarietais de<br />

mandioca e as roças de<br />

policultivo. Nas primeiras,<br />

planta-se quase que exclusivamente<br />

as diversas<br />

E<br />

mbora pratiquem a<br />

caça de aves, e ocasionalmente<br />

de pequenos<br />

mamíferos, os Kaiabi<br />

vivem principalmente da<br />

pesca. Além de vários tipos<br />

de armadilhas, se destaca,<br />

o Pari, cesto de entrada<br />

afunilada e do uso de<br />

pequenas redes, os índios<br />

Kaiabi utilizam principal-<br />

variedades de mandioca<br />

utilizadas para a produção<br />

de farinha, beijus e<br />

mingaus.<br />

Nas roças de policultivo<br />

plantam-se diversas es-<br />

Caça e Pesca<br />

mente o arco e flecha para<br />

a pesca, quando praticada<br />

individualmente.<br />

Um processo mais produtivo<br />

e de largo uso, mas<br />

que exige a participação<br />

de um grupo numeroso<br />

de indivíduos é o envenenamento<br />

das águas de enseadas<br />

e pequenos lagos<br />

de igarapés, com o timbó.<br />

Canoas e Barcos dos Indios<br />

Índios Kayapós<br />

DADOS BÁSICOS<br />

pécies, que exigem melhores<br />

solos (área de terra<br />

preta): milho, algodão,<br />

amendoim, batata, cará,<br />

banana, fava, cana, abóbora<br />

e melancia.<br />

O peixe moqueado no<br />

próprio local da pescaria<br />

é transportado em fardos<br />

para a aldeia.<br />

A pimenta usada em<br />

grande quantidade é<br />

condimento essencial do<br />

peixe. Usa-se também<br />

uma espécie de sal feito<br />

de raízes de uma planta<br />

aquática.<br />

Nome: Kayapó<br />

Nomes alternativos: Xikrin, Txhukahamai<br />

Auto-denominação: Mebêngôkre<br />

Classificação lingüística: Macro-Gê, Gê, Kayapó<br />

População: 7096 (ISA-2003)<br />

Local: Parque Nacional do Xingu, Mato Grosso e Sul do Pará. São nove aldeias.<br />

37


38<br />

A<br />

ntigamente os<br />

Kayapó eram considerados<br />

uma tribo muito<br />

belicosa e agressiva morando<br />

no sul do Pará e<br />

norte de Mato Grosso,<br />

vagueando por um<br />

território vasto desde<br />

a margem leste do<br />

Xingu até o Tapajós. A<br />

parte oriental da tribo<br />

foi pacificada por volta<br />

de 1940, e a parte<br />

ocidental na década<br />

de 50, pelos irmãos<br />

Villas Boas. Eles guerreavam<br />

com tribos<br />

vizinhas como Karajá,<br />

Juruna, Xavante, Tapirapé,<br />

Kreen-Akorore<br />

e outras, como também<br />

ribeirinhos, seringueiros<br />

e outros no<br />

local. Eles matavam, tocavam<br />

fogo nas aldeias e<br />

vilarejos, roubavam e sequestravam.<br />

Alguns dos<br />

cativos ainda hoje estão<br />

vivos, integrados na sociedade<br />

Kayapó, casados<br />

com filhos e netos.<br />

Além de guerrear com os<br />

A<br />

caça possui lugar<br />

privilegiado nas atividades<br />

cotidianas masculinas.<br />

Normalmente,<br />

as caçadas são coletivas<br />

e planejadas quando antecedem<br />

os cerimoniais<br />

(metôro) do calendário<br />

de festas tradicionalnente<br />

Traços Culturais dos Kayapós<br />

não-Kayapó, eles também<br />

praticavam guerra interna,<br />

com aldeias diferentes<br />

atacando e se matando<br />

umas às outras. Hoje em<br />

dia não tem mais guerra<br />

interna, nem guerra contra<br />

outras tribos, porém<br />

eles insistem em sua natureza<br />

belicosa, pois atacam<br />

aqueles que invadem<br />

suas terras.<br />

Alguns aspectos distinti-<br />

Caça, Pesca e Coleta<br />

cultivadas pelos Mebengokré,<br />

mas alguns caçadores<br />

costumam praticála<br />

individualmente quase<br />

que diariamente, sempre<br />

acompanhados por cachorros.<br />

Os animais mais<br />

apreciados são: a onça,<br />

a capivara, a queixada<br />

vos da cultura Kayapó são<br />

os bodoques que os homens<br />

costumavam usar e<br />

ainda são usados por alguns,<br />

embora a nova<br />

geração não continue<br />

a praticar. Outro aspecto<br />

é a pintura corporal,<br />

uma coisa muito<br />

bonita, feita com<br />

linhas geométricas e<br />

intricadas. Crianças e<br />

adultos de ambos os<br />

sexos costumam usar.<br />

As primorosas festas<br />

constituem outro<br />

aspecto muito interessante.<br />

Estas festas<br />

chegam ao clímax, depois<br />

de um período de<br />

meses, durante o qual<br />

cada ritual se adere<br />

minuciosamente com<br />

suas canções, danças e<br />

cerimônias especiais próprias<br />

para aquela festa.<br />

A língua tem 17 (dezessete)<br />

vogais e 16 (dezesseis)<br />

consoantes, e padrão<br />

distinto de entoação e vogal<br />

prolongada para dar<br />

ênfase.<br />

(poco), entre outros. Preferindo,<br />

em épocas de escassez<br />

de alimentos, abater<br />

um boi ou uma vaca<br />

para o sustento da comunidade<br />

indígena.<br />

A pesca é desenvolvida<br />

nos rios e igarapés próximos<br />

às casas, no caso do


Posto Indígena de Vigilância<br />

Kranhãmpre, utilizam o<br />

igarapé Trairão e os pequenos<br />

igarapés que circundam<br />

a área. Os índios do<br />

Posto Indígena de Vigilância<br />

Ngônôkãket utilizam<br />

o rio Xingu e seus afluentes,<br />

como por exemplo o<br />

rio da Paz, e dos igarapés<br />

localizados próximos ao<br />

Posto Indígena de Vigilância<br />

Ngônôkãket. Os instrumentos<br />

mais utilizados<br />

na pesca são o anzol e a<br />

O<br />

antropólogo Darrel<br />

Posey, estudando os<br />

Mebengokré, mostrou a<br />

preocupação desse povo<br />

com a preservação da natureza,<br />

utilizando, para<br />

isso, não só um planejamento<br />

rigoroso<br />

nas suas práticas<br />

agrícolas,<br />

como também<br />

técnicas naturais<br />

altamente<br />

desenvolvidas,<br />

se comparadas<br />

à dependência<br />

da sociedade<br />

envolvente aos<br />

defensivos químicos.<br />

Os Kayapós, por exemplo,<br />

acreditam que existe<br />

um equilíbrio entre os<br />

espíritos dos animais, dos<br />

homens e das plantas.<br />

Se os homens abusarem<br />

dos recursos da floresta, a<br />

harmonia será destruída<br />

linha de nylon, adquiridas<br />

nos mercados regionais, e<br />

as canoas equipadas com<br />

motor de rabeta.<br />

Coletam o açaí, o babaçú,<br />

a andiroba, entre uma variedade<br />

de coquinhos, são<br />

também muito apreciados<br />

pelos índios, além da<br />

envira para confecção de<br />

artesanatos, a exemplo de<br />

paneiros, cocares, palhas<br />

para a cobertura de suas<br />

casas, lenha para abastecer<br />

as fogueiras familiares,<br />

Agricultura<br />

e chegarão doenças para<br />

toda a tribo. Para eles, nenhum<br />

aspecto da vida tribal<br />

é mais importante que<br />

o equilíbrio ecológico.<br />

E, sobre as lavouras as<br />

roças possuem sempre<br />

Índios Kayapós<br />

cobertura vegetal, o que<br />

impede a erosão do solo<br />

e a insolação excessiva.<br />

Dentro das roças é grande<br />

a variedade de plantas<br />

e sua distribuição evita o<br />

aparecimento de insetos<br />

e outras pragas. Outro co-<br />

e privilegiam a coleta do<br />

mel e da cera de abelha.<br />

Os mais importantes rituais<br />

Mebengokré são aqueles<br />

associados à iniciação<br />

e à nominação. Os nomes<br />

cerimoniais são trazidos<br />

pelos xamãs da aldeia. Eles<br />

entram em contato com<br />

os animais, que lhes dizem<br />

quais o nomes serão dados<br />

às pessoas. Um xamã<br />

pode falar tanto com animais<br />

quanto com os elementos<br />

da natureza.<br />

nhecimento nativo sobre a<br />

agricultura é que o plantio<br />

se faz de maneira a aproveitar<br />

ao máximo o solo,<br />

de acordo com as plantas<br />

e as condições do terreno.<br />

Assim cada planta pode<br />

aproveitar melhor<br />

as propriedades<br />

que lhe servem.<br />

As faixas de<br />

florestas conservadas<br />

entre as<br />

roças servem ao<br />

mesmo tempo de<br />

“corredores naturais”<br />

prestando-se<br />

ao uso como refúgio<br />

por plantas e<br />

animais, facilitando<br />

a reconstituição da fauna<br />

e da flora. Isto denota<br />

planejamento e permite a<br />

conservação das reservas,<br />

proporcionando que haja<br />

produção com aproveitamento<br />

máximo dos recursos<br />

e sem dano ao meio.<br />

39


BIBLIOGRAFIA<br />

Freitas, J. J. A Produção do Espaço Urbano de São José do Xingu a partir de meados<br />

da década de 70. São José do Xingu: UNEMAT, 2001.<br />

(Texto monográfico apresentado no ano de 2001, para a conclusão do curso de Geografia).<br />

Santiago, E. S. Historia de São José do Xingu. São Jose do Xingu: UNEMAT,<br />

2001.<br />

(Texto monográfico apresentado no ano de 2001, para a conclusão do curso de Pedagogia.).<br />

Junior, H. M. Índios Kaiabis – A Cultura que a ainda Sobrevive no PIX. Iporá:<br />

UEG, 2006.<br />

(Texto monográfico apresentado no ano de 2006, para a conclusão do curso de Geografia).<br />

Silva, M. O. Gleba Aymoré – A Coragem de um povo pela Ocupação de uma Terra.<br />

São José do Xingu: UNEMAT, 2007.<br />

(Texto monográfico apresentado no ano de 2007, para a conclusão do curso de Historia.).<br />

Vilela, E.C. ; Alves,A.S. ; Rodrigues, M. S. ; Brito ,E.L. Dengue – Um Aumento significativo<br />

para a População Xinguense.São José do Xingu : CFECC,2007.<br />

(Texto monográfico apresentado no ano de 2007, para a conclusão do curso de Enfermagem.).<br />

Godoy, M. São Jose do Xingu – MT Brasil. São Jose do Xingu, 2000.<br />

Oliveira, A.A.A. A Produção de Grãos e sua Comercialização pelos pecuaristas<br />

de São José do Xingu – MT.São Jose do Xingu:UNEMAT,2007.<br />

(Texto monográfico apresentado no ano de 2007, para a conclusão do curso de Geografia.).<br />

Agentes ambientais de Saúde e Sheila Cristina, São José do Xingu-MT ,São Jose<br />

do Xingu: PROFORMAR,2007.<br />

(Texto monográfico apresentado por alguns Agentes Ambientais da Secretaria de<br />

Saúde).<br />

Revista<br />

Revista de Estudos e Pesquisas, FUNAI, Brasília, v.1, n.2, p. 249-288, dez. 2004, Eliane<br />

da Silva Souza Pequeno<br />

Pires, Suely Gonçalves – Odisséia do Xingu, 2001.


ANEXO I<br />

Dengue


44<br />

Dengue: Um Aumento Significativo da Doença ou um<br />

Descuido da População Xinguense<br />

(Trabalho elaborado pelas Técnicas de Enfermagem: Ariane, Elaine, Monica e Elba)<br />

S<br />

egundo dados do<br />

Ministério da Saúde<br />

e da Secretaria Municipal<br />

de Saúde de São José do<br />

Xingu, o número de casos<br />

de dengue vem tendo um<br />

aumento significativo a<br />

cada ano que passa.<br />

O primeiro indício de<br />

dengue no município data<br />

de novembro de 2004.<br />

Uma larva foi encontrada<br />

na quadra 26, residência<br />

nº 132 no centro da cidade<br />

(casa do Gauchinho),<br />

em uma caixa d’água no<br />

chão que veio de fora.<br />

Como medida de proteção,<br />

foi tratado o foco local<br />

juntamente com mais<br />

quatro quarteirões em sua<br />

mediação (26,27,45,46).<br />

A segunda amostra encontrada<br />

data de 20 de<br />

janeiro de 2005 na quadra<br />

27, nº 136 (construção do<br />

Sr. Afonso Andrade). Já<br />

em fevereiro deste mesmo<br />

ano foi constatado o primeiro<br />

caso de dengue no<br />

município (na residência<br />

da professora Tuti), cinco<br />

pessoas de uma mesma<br />

família. Como medidas de<br />

providência colocaram 6<br />

agentes em trabalho de<br />

campo, fizeram arrastão e<br />

borrifação. Nesta época o<br />

surto foi controlado com<br />

limpeza geral, evitandose<br />

assim que a dengue se<br />

alastrasse.<br />

Com base nos dados colhidos<br />

no ano de 2006,<br />

houve 51 casos notificados;<br />

no ano de 2007, esse<br />

número passou para 106;<br />

e só no mês de janeiro de<br />

2008 os dados ultrapassam<br />

o ano de 2006 com<br />

Equipe de Saúde<br />

mais, de 90 novos casos<br />

notificados. Esses dados<br />

revelam que a cada ano<br />

que passa a dengue se espalha<br />

cada vez mais, o que<br />

deixa a população muito<br />

preocupada, mas isso só<br />

está acontecendo devido<br />

à população não estar se<br />

prevenindo e conscientizando<br />

que a dengue é um<br />

problema de todos.<br />

O que mais se vê na cidade<br />

são terrenos sujos, lixos<br />

se acumulando por toda<br />

parte, entulhos em todo<br />

canto. Quem agüenta<br />

isso? Somente os oportunistas.<br />

Os famosos vetores<br />

que encontram aí ambiente<br />

ideal para se procriar,<br />

se reproduzir. E com isso<br />

aumentam, sim, os casos<br />

de dengue no município,<br />

e não há como evitar esse


mal sem a ajuda da população<br />

xinguense.<br />

Uma das formas encontrada<br />

pela Prefeitura<br />

Municipal para evitar<br />

que essa doença se espalhasse<br />

ainda mais, foi um<br />

mutirão no qual estavam<br />

presentes todas as equipes<br />

da vigilância ambiental,<br />

epidemiológica e sa-<br />

A<br />

dengue é uma doença<br />

infecciosa febril<br />

aguda, epidêmica, de<br />

início súbito, caracterizada<br />

por erupção cutânea<br />

polimorfa e difusa, morbiforme,<br />

dores articulares,<br />

cefaléia, astenia, evolução<br />

cíclica e convalescência<br />

longa. Doença causada<br />

por um vírus da família<br />

Flaviridae e é transmitida<br />

através do mosquito<br />

Aedes aegypti, também<br />

infectado pelo vírus, que<br />

é menor que um pernilongo,<br />

é escuro e rajado<br />

de branco, gosta de picar<br />

as pessoas durante o dia<br />

e se desenvolve em água<br />

parada e limpa. Atualmente,<br />

a dengue é considerada<br />

um dos principais<br />

problemas de saúde pública<br />

de todo o mundo. E<br />

a população de São José<br />

do Xingu não está fora<br />

dessa estatística.<br />

É uma doença caracterizada<br />

em sua forma clássica<br />

por dores musculares e<br />

articulares intensas. Exis-<br />

nitária, além de toda uma<br />

equipe formada para atuar<br />

no combate a dengue.<br />

Embora tenha sido uma<br />

iniciativa muito boa da<br />

prefeitura, não teve muito<br />

êxito devido à própria população<br />

não ter se conscientizado<br />

da importância<br />

da prevenção. Durante<br />

esse mutirão foi recolhido<br />

Dengue<br />

tem quatro sorotipos específicos:<br />

DEN-1, DEN-2,<br />

DEN-3, DEN-4. A infecção<br />

por um deles confere proteção<br />

permanente para o<br />

mesmo sorotipo e imunidade<br />

parcial e temporária<br />

contra os outros três. Trata-se<br />

caracteristicamente<br />

de uma enfermidade de<br />

áreas tropicais e subtropicais,<br />

onde as condições<br />

do ambiente favorecem o<br />

desenvolvimento dos vetores<br />

e a população xinguense<br />

está justamente<br />

em uma área que é ótima<br />

para a reprodução desses<br />

vetores e além de tudo<br />

não se conscientiza da importância<br />

da prevenção<br />

dessa doença. Infelizmente<br />

o ambiente ideal para o<br />

crescimento, desenvolvimento<br />

e reprodução dessa<br />

espécie é encontrado<br />

com muita facilidade por<br />

toda parte que se olha em<br />

São José do Xingu.<br />

A dengue na sua forma<br />

clássica é uma doença de<br />

baixa letalidade, mesmo<br />

um número muito grande<br />

de entulhos e lixos que<br />

acumulavam água das<br />

chuvas e na qual poderiam<br />

estar ocorrendo multiplicação<br />

e a proliferação<br />

dos vetores, não só o que<br />

transmite a dengue como<br />

também os que transmitem<br />

outras doenças a população.<br />

sem tratamento específico,<br />

no entanto incapacita<br />

temporariamente as pessoas<br />

para o trabalho. Já na<br />

dengue hemorrágica a febre<br />

é alta com manifestações<br />

hemorrágicas, hepatomegalia<br />

e insuficiência<br />

circulatória, a letalidade é<br />

significativamente maior<br />

do que na forma clássica.<br />

Quando o mosquito pica<br />

uma pessoa infectada, o<br />

vírus se instala e se multiplica<br />

em suas glândulas<br />

salivares e no intestino.<br />

A partir de então, o inseto<br />

permanece infectado<br />

pelo resto da vida (vive ao<br />

redor de 30 dias).<br />

Aedes aegypti é um mosquito<br />

Peri doméstico,<br />

que se multiplica em depósitos<br />

de água parada,<br />

acumulada nos quintais e<br />

dentro das casas e isso é o<br />

que mais se encontra em<br />

São José do Xingu. Apesar<br />

da vida curta, o Aedes<br />

é voraz: pode picar uma<br />

pessoa a cada 20 ou 30<br />

minutos.<br />

45


46<br />

Os ovos do mosquito podem<br />

sobreviver um ano<br />

em ambiente seco, enquanto<br />

esperam a estação<br />

seguinte de chuvas para<br />

formar novas larvas. A<br />

grande maioria das infecções<br />

é assintomática. Calcula-se<br />

que em cada dez<br />

pessoas infectadas apenas<br />

uma ou duas fiquem doentes.<br />

Quando surgem, os<br />

sintomas costumam evoluir<br />

em obediência a três<br />

formas clínicas: dengue<br />

clássica, forma benigna,<br />

similar à gripe; dengue hemorrágica,<br />

mais grave, caracterizada<br />

por alterações<br />

da coagulação sanguínea;<br />

e a chamada síndrome do<br />

choque associado à dengue,<br />

forma raríssima, mas<br />

que pode levar à morte se<br />

não houver atendimento<br />

especializado.<br />

O período de incubação<br />

(da picada ao aparecimento<br />

dos sintomas)<br />

geralmente dura de 2 a<br />

7 dias, mas pode chegar<br />

a 15 dias. A intensidade<br />

dos sintomas geralmente<br />

é mais leve nas crianças<br />

do que nos adultos.<br />

A doença é de instalação<br />

abrupta, indistinguível<br />

dos quadros gripais: febre<br />

intermitente de intensidade<br />

variável (que pode chegar<br />

a 39 graus e provocar<br />

calafrios), cefaléia, dores<br />

na região orbitária dos<br />

olhos, nas costas, pernas<br />

e articulações. Muitos pa-<br />

cientes se queixam de dor<br />

ao movimentar os olhos,<br />

cansaço extremo e fraqueza<br />

muscular generalizada.<br />

Insônia, náuseas, perda<br />

de apetite, perversão do<br />

paladar e da sensibilidade<br />

da pele são freqüentes.<br />

Faringite e inflamação da<br />

mucosa nasal ocorrem em<br />

25% dos casos.<br />

Ainda não foi desenvolvida<br />

vacina eficaz contra<br />

a dengue. O tratamento<br />

deve ser à base de repouso<br />

e reposição de líquidos.<br />

Assim, a pessoa contaminada<br />

deve tomar muita<br />

água, sucos, e ingerir frutas<br />

e verduras frescas. Para<br />

dor e febre, procurar um<br />

médico.<br />

Nos casos de dengue hemorrágica<br />

o tratamento<br />

realizado é de suporte, no<br />

sentido de evitar o choque.<br />

Não existem vacinas<br />

contra a dengue de tal<br />

forma que a prevenção<br />

é a única arma contra a<br />

doença. Toda pessoa que<br />

apresentar sintomas da<br />

doença deve procurar um<br />

posto de saúde para obter<br />

orientação médica e evitar<br />

medicamentos à base de<br />

Salicilatos.<br />

FORMAS DE APRESENTAÇÃO<br />

A dengue pode se apresentar<br />

– clinicamente - de<br />

quatro formas diferentes<br />

formas: Infecção Inaparente,<br />

Dengue Clássica, Febre<br />

Hemorrágica da Dengue e<br />

Síndrome de Choque da<br />

Dengue. Dentre eles, destacam-se<br />

a Dengue Clássica<br />

e a Febre Hemorrágica<br />

da Dengue.<br />

- Infecção Inaparente<br />

A pessoa está infectada<br />

pelo vírus, mas não apresenta<br />

nenhum sintoma.<br />

A grande maioria das infecções<br />

da dengue não<br />

apreapresenta sintomas.<br />

Acredita-se que de cada<br />

dez pessoas infectadas<br />

apenas uma ou duas ficam<br />

doentes.<br />

- Dengue Clássica<br />

A Dengue Clássica é uma<br />

forma mais leve da doença<br />

e semelhante à gripe.<br />

Geralmente, inicia de uma<br />

hora para outra e dura entre<br />

5 a 7 dias. A pessoa infectada<br />

tem febre alta (39°<br />

a 40°C), dores de cabeça,<br />

cansaço, dor muscular e<br />

nas articulações, indisposição,<br />

enjôos, vômitos,<br />

manchas vermelhas na<br />

pele, dor abdominal (principalmente<br />

em crianças),<br />

entre outros sintomas. Os<br />

sintomas da Dengue Clássica<br />

duram até uma semana.<br />

Após este período,<br />

a pessoa pode continuar<br />

sentindo cansaço e indisposição.<br />

Essa é a forma<br />

mais encontrada aqui na<br />

população xinguense.


- Dengue Hemorrágica<br />

A Dengue Hemorrágica<br />

é uma doença grave e se<br />

caracteriza por alterações<br />

da coagulação sanguínea<br />

da pessoa infectada. Inicialmente<br />

se assemelha<br />

a Dengue Clássica, mas,<br />

após o terceiro ou quarto<br />

dia de evolução, surgem<br />

hemorragias<br />

em virtude do sangramento<br />

de pequenos<br />

vasos na pele e<br />

nos órgãos internos.<br />

A Dengue Hemorrágica<br />

pode provocar<br />

hemorragias nasais,<br />

gengivais, urinárias,<br />

gastrintestinais ou<br />

uterinas. Na Dengue<br />

Hemorrágica, assim<br />

que os sintomas<br />

de febre acabam a<br />

pressão arterial do<br />

doente cai, o que<br />

pode gerar tontura,<br />

queda e choque. Em<br />

função da inflamação<br />

dos vasos (por causa<br />

da instalação dos vírus no<br />

tecido que os envolve), há<br />

um consumo exagerado<br />

de plaquetas, pequenos<br />

soldados que trabalham<br />

contra as doenças. A falta<br />

de plaquetas interfere na<br />

homeostase do corpo -<br />

capacidade de controlar<br />

espontaneamente o fluxo<br />

de sangue. O organismo<br />

passa a apresentar uma<br />

forte tendência a ter hemorragias.<br />

Pode ocorrer:<br />

1- Se a pessoa tem dengue<br />

pela segunda vez<br />

(outro tipo de vírus), pode<br />

contrair a hemorrágica.<br />

2- Há quatro sorotipos<br />

diferentes de dengue.<br />

Um deles, o den-2, que é<br />

o mais intenso. Este tipo<br />

pode evoluir para a dengue<br />

hemorrágica.<br />

3- Combinação da seqüência<br />

de doença, da força<br />

do vírus e da suscetibilidade<br />

da pessoa. Se for<br />

alguém com AIDS, por<br />

exemplo, a doença oferece<br />

mais riscos.<br />

- Síndrome de Choque da Dengue<br />

Esta é a mais séria apresentação<br />

da dengue e se<br />

caracteriza por uma gran-<br />

de queda ou ausência de<br />

pressão arterial. A pessoa<br />

acometida pela doença<br />

apresenta um pulso quase<br />

imperceptível, inquietação,<br />

palidez e perda de<br />

consciência. Neste tipo de<br />

apresentação da doença,<br />

há registros de várias<br />

complicações, como alteraçõesneurológicas,<br />

problemas<br />

cardiorrespiratórios,<br />

insuficiência<br />

hepática, hemorragia<br />

digestiva e<br />

derrame pleural.<br />

Entre as principaismanifestaçõesneurológicas,<br />

destacam-se:<br />

delírio, sonolência,<br />

depressão,<br />

coma, irritabilidade<br />

extrema,<br />

psicose, demência,<br />

amnésia, paralisias<br />

e sinais<br />

de meningite.<br />

Se a doença não<br />

for tratada com rapidez,<br />

pode levar à morte.<br />

A CONSCIENTIZAÇÃO É A<br />

MELHOR FORMA PREVENÇÃO<br />

Com a disseminação do<br />

mosquito, há um risco<br />

maior das pessoas se infectarem<br />

por mais de um<br />

vírus e desenvolver a dengue<br />

hemorrágica. Por isso<br />

a importância da prevenção,<br />

mas para haver prevenção<br />

é preciso primei-<br />

47


48<br />

ramente ter a conscientização<br />

da população xinguense.<br />

O tratamento da dengue<br />

é somente de suporte,<br />

ou seja, não há um<br />

medicamento específico<br />

para tratar a doença. O<br />

tratamento consiste em<br />

deixar o paciente em repouso,<br />

hidratado, sem<br />

febre e sem dor. Se o paciente<br />

apresenta um sangramento<br />

grave, ele deve<br />

receber tratamento específico<br />

em um hospital.<br />

Não se deve usar ácido<br />

acetilsalicílico (presente<br />

em medicamentos como<br />

a Aspirina, AAS) para diminuir<br />

a febre ou a dor<br />

em pacientes com suspeita<br />

de dengue. O ácido<br />

acetilsalicílico age sobre<br />

as plaquetas, diminuindo<br />

a capacidade do corpo<br />

de formar coágulos. Por<br />

isso, ele deve ser evitado<br />

na suspeita de dengue. O<br />

Ministério da Saúde recomenda<br />

o uso de acetaminofen<br />

e paracetamol<br />

para o controle da febre<br />

e da dor na suspeita de<br />

dengue.<br />

BIOLOGIA DO VETOR<br />

A origem do Aedes aegypti,<br />

inseto transmissor<br />

da doença ao homem,<br />

é africana. Na verdade,<br />

quem contamina é a fêmea,<br />

pois o macho apenas<br />

se alimenta de seivas<br />

de plantas. A fêmea precisa<br />

de uma substância do<br />

sangue (a albumina) para<br />

completar o processo de<br />

amadurecimento de seus<br />

ovos. O mosquito apenas<br />

transmite a doença, mas<br />

não sofre seus efeitos. É<br />

uma espécie tropical e<br />

subtropical, encontrada<br />

em todo o mundo. Tem<br />

sido achado esporadicamente<br />

apenas durante a<br />

estação quente, não sobrevivendo<br />

ao inverno.<br />

Infelizmente aqui em São<br />

José do Xingu não temos<br />

a estação de inverno e<br />

por isso temos dengue o<br />

ano inteiro.<br />

É essencialmente um<br />

mosquito urbano, sendo<br />

encontrado em maior<br />

abundância em cidades,<br />

vilas e povoados, mas já<br />

foi localizado em zonas<br />

rurais, provavelmente<br />

transportado de áreas urbanas<br />

em vasos domésticos,<br />

onde se encontravam<br />

ovos e larvas. O mosquito<br />

se desenvolve através de<br />

metamorfose completa,<br />

e o ciclo de vida compreende<br />

quatro fases: ovo,<br />

larva, pupa e adulto.<br />

DENGUE: DOENÇA FINGIDA<br />

Por não ter sintomas específicos,<br />

a doença pode<br />

ser confundida com várias<br />

outras, como leptospirose,<br />

sarampo, rubéola. São<br />

doenças que provocam<br />

febre, prostração, dor de<br />

cabeça e dores musculares<br />

generalizadas. Um<br />

médico consegue, por<br />

exames em laboratório,<br />

definir a doença e tratá-la<br />

corretamente.<br />

O DESENVOLVIMENTO DA<br />

DOENÇA<br />

1). O mosquito infectado<br />

pica o homem.<br />

2). O vírus se dissemina<br />

pelo sangue.<br />

3). Um dos locais preferidos<br />

do vírus para se instalar<br />

no corpo humano é o<br />

tecido que envolve os vasos<br />

sangüíneos, chamado<br />

retículo-endotelial.<br />

4). A multiplicação do<br />

vírus sobre o tecido que<br />

provoca a inflamação dos<br />

vasos. O sangue, e assim,<br />

circula mais lentamente.<br />

5). Como a circulação fica<br />

mais lenta, é comum que<br />

os líquidos do sangue extravasem<br />

dos vasos. O san-


gue torna-se mais espesso.<br />

6). O sangue, mais espesso,<br />

pode coagular<br />

dentro dos vasos provocando<br />

trombos (entupimentos).<br />

Além disso, a<br />

circulação lenta prejudica<br />

a oxigenação e nutrição<br />

ideal dos órgãos.<br />

7). Com o tempo, se não<br />

houver tratamento específico,<br />

pode haver um choque<br />

circulatório. O sangue<br />

deixa de circular, os órgãos<br />

ficam prejudicados<br />

e podem parar de funcionar.<br />

Isso leva à morte.<br />

Sintomas: Eritema (vermelhão<br />

da pele) pode<br />

surgir no primeiro ou<br />

segundo dia: a vermelhidão<br />

se instala no tronco e<br />

se espalha para os membros,<br />

poupando palmas<br />

das mãos e planta dos<br />

pés. Bradicardia (diminuição<br />

da freqüência dos<br />

batimentos do coração) é<br />

encontrada em 30 a 90%<br />

dos casos.<br />

A doença costuma ser<br />

bifásica: dois ou três dias<br />

depois de surgirem, os<br />

sintomas regridem e a febre<br />

cai. Outros dois ou três<br />

dias se passam e a sintomatologia<br />

retorna, geralmente<br />

menos intensa. O<br />

eritema fica mais nítido e<br />

surgem ínguas no pescoço,<br />

fossa supraclavicular e<br />

regiões inguinais.<br />

Em poucos dias, o eritema<br />

regride novamente e a<br />

pele chega a descamar. As<br />

duas fases, juntas, duram<br />

de 5 a 7 dias, tipicamente,<br />

mas a doença pode deixar<br />

um rastro de fadiga e<br />

depressão que permanece<br />

por diversas semanas.<br />

Na forma hemorrágica,<br />

os sintomas são semelhantes,<br />

mas a doença<br />

é muito mais grave, por<br />

causa das alterações da<br />

coagulação sanguínea.<br />

Pequenos vasos podem<br />

sangrar na pele e nos<br />

órgãos internos, surgindo<br />

hemorragias nasais,<br />

gengivais, urinárias, gastrintestinais<br />

ou uterinas.<br />

como o leito dos capilares<br />

se dilata, a pressão arterial<br />

pode baixar, dando<br />

origem à tontura, queda,<br />

choque e, em raríssimos<br />

casos, à morte.<br />

A fisiopatologia da dengue<br />

hemorrágica é mal<br />

conhecida. Uma das teorias<br />

parte do princípio de<br />

que ela esteja associada<br />

à infecção por cepas (linhagens)<br />

mais agressivas<br />

do vírus. A segunda<br />

pressupõe que já tenha<br />

havido uma primeira infecção<br />

inaparente pelo<br />

vírus, seguida de outra<br />

que provocaria reações<br />

imunológicas capazes de<br />

interferir com elementos<br />

essenciais do mecanismo<br />

de coagulação.<br />

O diagnostico de certeza<br />

da dengue é laboratorial.<br />

Pode ser obtido por isolamento<br />

direto do vírus no<br />

sangue nos 3 a 5 dias iniciais<br />

da doença (fase de<br />

viremia) ou por exames<br />

de sangue para detectar<br />

anticorpos contra o vírus<br />

(testes sorológicos).<br />

Tratamento: A pessoa<br />

com dengue deve ficar<br />

em repouso, beber muito<br />

líquido e só usar medicamento<br />

para aliviar as dores<br />

e a febre, sempre com<br />

indicação do médico.<br />

Para quem já teve dengue<br />

uma vez, o cuidado deve<br />

ser redobrado. Em uma<br />

segunda contaminação,<br />

as chances são maiores<br />

de a doença evoluir para<br />

a forma hemorrágica, que<br />

pode ser mortal.<br />

Cuidados Especiais: A<br />

pessoa com dengue não<br />

pode tomar remédios<br />

à base de ácido acetil<br />

salicílico, como por<br />

exemplo, aspirina, AAS,<br />

Melhoral, Doril, Sonrisal,<br />

Alka-Seltzer, Engov, Cibalena,<br />

Doloxene e Buferin.<br />

Eles podem facilitar o<br />

sangramento.<br />

Como a doença causa<br />

muita dor no corpo, em<br />

geral, as pessoas procuram<br />

analgésicos. É importante<br />

para o doente<br />

evitar antiinflamatórios,<br />

pois facilitam o sangramento.<br />

49


50<br />

RESPOSTAS PARA AS PERGUN-<br />

TAS MAIS FREQÜENTES DOS<br />

MORADORES SOBRE DENGUE<br />

Geral Sobre A Doença<br />

A picada do mosquito<br />

é a única forma de transmissão<br />

da dengue? Sim,<br />

a dengue não é transmitida<br />

por pessoas, objetos<br />

ou outros animais.<br />

Qual é o principal mosquito<br />

transmissor da<br />

dengue? É o mosquito<br />

Aedes aegypti.<br />

É verdade que somente<br />

a fêmea do mosquito<br />

pica as pessoas? Sim,<br />

pois é a fêmea que necessita<br />

do sangue em seu<br />

organismo para amadurecer<br />

seus ovos e assim<br />

dar seqüência no seu ciclo<br />

de vida.<br />

Como a pessoa reconhece<br />

o mosquito Aedes<br />

aegypti? O Aedes<br />

é parecido com o pernilongo<br />

comum, e pode ser<br />

identificado por algumas<br />

características que o diferencia<br />

como: corpo escuro<br />

e rajado de branco<br />

e possui hábito de picar<br />

durante o dia.<br />

De onde veio o mosquito<br />

Aedes aegypti? É<br />

originário da África Tropical<br />

característico de<br />

países com clima tropical<br />

e úmido, introduzido<br />

nas Américas durante a<br />

colonização. Atualmente<br />

encontram-se ampla-<br />

mente disseminado nas<br />

Américas, Austrália, Ásia<br />

e África.<br />

Qualquer inseticida<br />

mata o mosquito da<br />

Dengue? Sim, porém a<br />

aplicação dos inseticidas<br />

atua somente sobre a forma<br />

adulta do mosquito,<br />

surtindo efeito momentâneo<br />

com poder residual<br />

de pouca duração.<br />

Uma pessoa infectada<br />

pode passar a doença<br />

para outra? Não há<br />

transmissão por contato<br />

direto de um doente ou<br />

de suas secreções para<br />

pessoas sadias. A pessoa<br />

também não se contamina<br />

por meio de fontes de<br />

água, alimento, ou uso de<br />

objetos pessoais do doente<br />

de dengue.<br />

É possível distinguir a<br />

picada do Aedes aegypti<br />

com a de um mosquito<br />

comum? Não. A sensação<br />

de eventual coceira ou incômodo<br />

é semelhante à<br />

picada de qualquer outro<br />

mosquito.<br />

Algum outro mosquito<br />

é capaz de transmitir a<br />

doença? Sim, o mosquito<br />

Aedes albopictus, que<br />

também pode ser encontrado<br />

em áreas urbanas,<br />

também pode transmitir<br />

a dengue.<br />

Todo Aedes transmite<br />

a dengue? Não, apenas<br />

os infectados. O mosquito<br />

só transmite a doença<br />

se tiver contraído o vírus.<br />

Todo mundo que é picado<br />

pelo mosquito Aedes<br />

aegypti fica doente?<br />

É preciso que o mosquito<br />

esteja infectado com o<br />

vírus de Dengue. Além<br />

disso, muitas pessoas picadas<br />

pelo mosquito Aedes<br />

aegypti infectado não<br />

apresentam sintomas. Outras<br />

apresentam sintomas<br />

brandos que podem passar<br />

despercebidos ou confundidos<br />

com gripe, existindo<br />

ainda, aquelas que<br />

são acometidas de forma<br />

acentuada, com sintomatologia<br />

exacerbada.<br />

Por que foi possível<br />

fazer uma vacina febre<br />

amarela e não está sen-<br />

do possível fazer uma<br />

vacina contra dengue?<br />

No caso da Febre Amarela<br />

só existe um tipo de vírus.<br />

Na dengue, são conhecidas<br />

quatro variedades de<br />

vírus – chamados den-1,<br />

den-2, den-3, e den-4. Os<br />

quatro tipos já foram registrados<br />

no Brasil (sendo<br />

que o tipo 4 só na Amazônia).<br />

A rigor, uma vacina<br />

para um tipo não dará<br />

imunização para outro.<br />

Sintomas<br />

Quais são os principais<br />

sintomas da dengue?<br />

Febre alta, dor de cabeça,<br />

principalmente na região<br />

ocular, dores nas articulações,<br />

músculos e muito<br />

cansaço. Também é co-


mum náuseas, falta de<br />

apetite, dor abdominal,<br />

podendo até ocorrer diarréia<br />

e vermelhidão na<br />

pele.<br />

Em quanto tempo os<br />

sintomas aparecem? De<br />

três a quinze dias após a<br />

picada do mosquito infectado.<br />

A pessoa pode estar<br />

com a doença e apresentar<br />

apenas alguns dos<br />

sintomas? Não ter febre,<br />

por exemplo? Sim. A intensidade<br />

dos sintomas<br />

varia muito de pessoa<br />

para pessoa.<br />

A pessoa pode confundir<br />

a dengue com<br />

uma gripe forte? Como<br />

saber a diferença? Sim.<br />

A melhor forma de se ter<br />

certeza é procurando um<br />

médico e eventualmente<br />

realizando exames.<br />

Quem teve Dengue fica<br />

com alguma complicação?<br />

Não. A recuperação<br />

costuma ser total. É comum<br />

que ocorra durante<br />

alguns dias uma sensação<br />

de cansaço, que desaparece<br />

completamente com<br />

o tempo.<br />

Tratamento<br />

A partir de que momento<br />

deve-se procurar<br />

um médico? A partir dos<br />

primeiros sintomas.<br />

Qual é o tratamento<br />

para a doença? A pessoa<br />

doente deve repousar e<br />

ingerir bastante líquido<br />

(água, sucos naturais ou<br />

chá), evitando qualquer<br />

tipo de refrigerante ou<br />

suco artificial. Antitérmicos<br />

e analgésicos que<br />

contém em sua fórmula,<br />

ácido acetilsalicílico,<br />

como a aspirina.<br />

Por que não se devem<br />

tomar medicamentos à<br />

base de ácido acetilsalicílico<br />

como “Aspirina,<br />

Melhoral, AAS”? Porque<br />

estes medicamentos têm<br />

efeitos anticoagulantes<br />

e podem causar sangramentos.<br />

Qual é o tempo de cura<br />

para dengue? A febre<br />

costuma durar de três a<br />

oito dias e pode causar pequenas<br />

bolhas vermelhas<br />

em algumas regiões do<br />

corpo, como pés, pernas<br />

e axilas. Na maioria das<br />

vezes, o doente demora<br />

uma semana para ficar<br />

bom. Porém, o cansaço e<br />

a falta de apetite podem<br />

demorar até quinze dias<br />

para sumir. A recuperação<br />

costuma ser total.<br />

Há cuidados especiais<br />

com bebês e crianças<br />

pequenas? Nas crianças<br />

pequenas a doença<br />

assemelha-se mais a uma<br />

infecção viral inespecífica,<br />

sendo que os sintomas<br />

mais freqüentes são: febre,<br />

vômito e nas que já<br />

falam, a dor abdominal.<br />

A prostração é menos<br />

intensa. Deve-se procu-<br />

rar um médico logo que<br />

aparecerem os primeiros<br />

sintomas.<br />

Quem já teve dengue<br />

uma vez pode ser contaminado<br />

novamente ou<br />

fica imune? Estudos indicam<br />

que uma pessoa doente<br />

de dengue fica imune<br />

para sempre, com relação<br />

ao sorotipo que determinou<br />

a infecção, além<br />

do que, por um período de<br />

alguns meses, ela fica protegida<br />

para qualquer dos<br />

sorotipos de dengue. Passado<br />

este tempo, se ela se<br />

contaminar por outro tipo<br />

de vírus diferente daquele<br />

que se contaminou antes<br />

poderá ter comprometimento<br />

do quadro clínico<br />

e desencadear a dengue<br />

hemorrágica.<br />

Dengue Hemorrágica<br />

Qual é a diferença entre<br />

a dengue clássica e a<br />

hemorrágica? A clássica é<br />

mais branda do que a hemorrágica,<br />

que pode até<br />

causar a morte do doente.<br />

As pessoas que já tiveram<br />

dengue uma vez<br />

podem desenvolver o<br />

tipo hemorrágico? Sim.<br />

Qualquer um dos 4 sorotipos<br />

da dengue pode<br />

causar dengue hemorrágica.<br />

A probabilidade de<br />

manifestações hemorrágicas<br />

é menor em pessoas<br />

infectada pela primeira<br />

vez, portanto pessoas que<br />

51


52<br />

contraem dengue mais<br />

de uma vez apresentam<br />

maior chance de complicações<br />

do quadro clínico,<br />

incluindo manifestações<br />

hemorrágicas.<br />

Por que ela é mais perigosa?<br />

Porque, como o<br />

próprio nome diz, causa<br />

hemorragia e pode levar<br />

à morte.<br />

Que tipo de exame<br />

identifica a dengue hemorrágica?<br />

Há três exames<br />

que podem ser utilizados:<br />

a prova do laço, a<br />

contagem das plaquetas<br />

e a contagem dos glóbulos<br />

vermelhos. A prova do<br />

laço é um exame de consultório,<br />

com uma borrachinha<br />

o médico prende<br />

a circulação do braço e vê<br />

se há pontos vermelhos<br />

sob a pele, que indicariam<br />

a doença. Os outros testes<br />

são feitos por meio de<br />

uma amostra de sangue<br />

em laboratório.<br />

Quais são os sintomas<br />

da versão hemorrágica?<br />

A dengue hemorrágica se<br />

manifesta de três a cinco<br />

dias depois da clássica. A<br />

febre reaparece após ter<br />

cessado, causando suor,<br />

deixando a pele esbranquiçada<br />

e as extremidades<br />

frias. É comum dor de<br />

garganta, queda de pressão,<br />

dores no estômago<br />

e abaixo das costelas. As<br />

hemorragias ocorrem<br />

em pequena quantidade.<br />

Quando a doença fica<br />

ainda mais grave o fígado<br />

fica mole e doloroso. As<br />

cólicas abdominais e a<br />

hemorragia aumentam,<br />

atingindo o tubo digestivo<br />

e os pulmões.<br />

Qual é o tratamento?<br />

Neste caso, a recomendação<br />

é aplicação de soro e<br />

plasma. Em certos casos<br />

há a necessidade de transfusão<br />

de sangue.<br />

O mesmo mosquito<br />

que transmite dengue<br />

clássica pode transmitir<br />

a hemorrágica? Sim.<br />

Qual a taxa de mortos<br />

entre os contaminados?<br />

De acordo com as estatísticas<br />

a chance de morte<br />

no caso da primeira<br />

manifestação da dengue<br />

clássica é zero. Na dengue<br />

hemorrágica a taxa é de<br />

aproximadamente 3%.<br />

Precauções com o Mosquito<br />

O mosquito infectado<br />

pode picar e mesmo assim<br />

não transmitir a doença?<br />

Sim, de 20% a 50%<br />

das pessoas não desenvolvem<br />

a doença.<br />

Por que algumas pessoas<br />

são picadas, mas<br />

não ficam doentes? Por<br />

características do sistema<br />

imunológico de cada um.<br />

É verdade que o mosquito<br />

não pica a noite?<br />

A fêmea do Aedes tem<br />

hábitos diurnos, não costuma<br />

picar a noite.<br />

Que outros hábitos o<br />

Aedes tem? O mosquito<br />

fica onde o homem estiver,<br />

e prefere picá-lo a<br />

qualquer outra espécie e<br />

também gosta de água<br />

acumulada para colocar<br />

seus ovos.<br />

É verdade que o mosquito<br />

se reproduz mais<br />

rápido no calor? Por<br />

quê? Sim. No calor, o período<br />

reprodutivo do mosquito<br />

fica mais curto e ele<br />

se reproduz com maior<br />

velocidade. Isto explica<br />

o aumento de casos de<br />

dengue no verão.<br />

Por que só a fêmea do<br />

Aedes aegypti pica? As<br />

fêmeas picam depois do<br />

acasalamento porque necessitam<br />

do sangue que<br />

contem proteínas necessárias<br />

para que os ovos se<br />

desenvolvam.<br />

Quanto tempo vive o<br />

Aedes? A fêmea do Aedes<br />

vive cerca de 30 a 45 dias<br />

e, nesse período, pode con<br />

taminar até 300 pessoas.<br />

Quantos ovos um mosquito<br />

coloca durante<br />

sua vida? Até 450. Descobriu-se<br />

que existe a transmissão<br />

transovariana, ou<br />

seja, que a fêmea, se estiver<br />

contaminada, inocula<br />

o vírus nos ovos e os mosquitos<br />

já nascem com ele.<br />

Isso multiplica as chances<br />

de propagação.<br />

Por que a água acumulada<br />

é tão perigosa?<br />

Porque a fêmea deposita<br />

seus ovos em locais com


água acumulada.<br />

Água de piscinas é uma<br />

ameaça? Não se estiver<br />

recebendo o tratamento<br />

adequado com aplicação<br />

de cloro em quantidade<br />

correta. Caso contrário<br />

será um criadouro de<br />

mosquitos.<br />

Adianta só tirar a água<br />

dos pratinhos que ficam<br />

sob os vasos? Não.<br />

Os ovos ficam aderidos<br />

às laterais internas dos<br />

pratos ou ainda nas laterais<br />

externas dos vasos.<br />

O ideal é optar por pratos<br />

que fiquem bem justos ao<br />

vaso e lavá-los com água<br />

e sabão, utilizando uma<br />

bucha para retirada de<br />

possíveis ovos.<br />

Ovos ressecados do<br />

Aedes também são perigosos?<br />

Sim. Mesmo ressecados,<br />

os ovos são perigosos.<br />

Eles sobrevivem<br />

até 1 (um) ano sem água<br />

e, se neste período entrar<br />

em contato com água, o<br />

ciclo evolutivo recomeça.<br />

O repelente funciona?<br />

Quantas vezes devem ser<br />

aplicadas por dia? Os repelentes<br />

possuem ação<br />

limitada e não elimina o<br />

mosquito, apenas o mantém<br />

distante.<br />

O uso de inseticida<br />

contra o Aedes pode<br />

torná-lo imune ao produto<br />

químico utilizado?<br />

Sim, pode.<br />

Velas e incensos ajudam<br />

a espantar o Aedes?<br />

Velas de citronela ou andiroba<br />

têm efeito paliativo.<br />

Isto porque o raio de<br />

alcance e a duração são<br />

restritos.<br />

A solução de água sanitária<br />

com água limpa<br />

nas plantas é eficiente?<br />

Não, é necessário substituir<br />

bromélias e outras<br />

plantas que acumulem<br />

água por aquelas que não<br />

acumulem água em suas<br />

folhas.<br />

Aplicar borra de café na<br />

água das plantas e sobre<br />

a terra ajuda a combater<br />

o Aedes? A eficácia<br />

da borra de café na dosagem<br />

de duas colheres de<br />

sopa para meio copo de<br />

água não foi comprovada<br />

e a sua utilização não<br />

simplifica os cuidados<br />

atualmente recomendados<br />

que são: a eliminação<br />

dos pratos ou a utilização<br />

de pratos justos aos vasos,<br />

a colocação de areia até<br />

as bordas dos pratos ou<br />

eliminar a água e lavar os<br />

pratos com bucha e sabão<br />

semanalmente.<br />

Mosquitos podem ser<br />

transportados em carros,<br />

aviões ou navios?<br />

Sim, desde que haja condições<br />

adequadas no<br />

meio de transporte.<br />

Quanto tempo eles sobreviveriam<br />

numa viagem<br />

dessas? Cerca de 10<br />

ou 12 horas nas condições<br />

ideais.<br />

Qual é a autonomia de<br />

vôo do mosquito? O Aedes<br />

costuma circular num<br />

raio de 50 a 100 metros de<br />

distância do local de nascimento.<br />

A borrifação de inseticidas<br />

mata os ovos ou<br />

apenas os mosquitos<br />

adultos? Apenas os mosquitos<br />

adultos. Por isso, a<br />

borrifação de inseticidas<br />

só é eficaz no caso de surtos<br />

ou epidemias. Para matar<br />

os mosquitos é preciso<br />

acabar com os ovos. Caso<br />

contrário, outros mosquitos<br />

nascerão.<br />

Quais são as condições<br />

ideais para o mosquito<br />

procriar e agir? A temperatura<br />

que o mosquito<br />

gosta é de 26 a 28 graus.<br />

Qualquer temperatura inferior<br />

a 18 graus o torna<br />

inoperante. Com 42 graus,<br />

ele morre.<br />

Como a pessoa infectada<br />

transmite o vírus para<br />

o mosquito? Durante seis<br />

dias ela pode transmitir<br />

o vírus para o mosquito.<br />

Um dia antes de começar<br />

a sentir os sintomas e nos<br />

cinco primeiros dias de<br />

sintoma. Depois disso, não<br />

infecta mais o mosquito.<br />

COMO PREVINIR-SE<br />

A única maneira de evitar<br />

a dengue é não deixar<br />

o mosquito nascer. Para<br />

isso, é necessário acabar<br />

com os “criadouros” (lugagares<br />

de nascimento e<br />

53


54<br />

desenvolvimento do mosquito).<br />

Portanto, não deixe<br />

a água, mesmo limpa,<br />

ficar parada em qualquer<br />

tipo de recipiente.<br />

DICAS<br />

- Misture uma colher de<br />

chá de água sanitária com<br />

um litro de água e borrife<br />

nas plantas de sua casa.<br />

A mistura não faz mal às<br />

plantas e mata o mosquito<br />

da dengue;<br />

- Lave bem os pratos de<br />

plantas e xaxins, passando<br />

um pano ou bucha para<br />

eliminar completamente<br />

ovos de mosquitos. Uma<br />

boa solução é trocar a<br />

água por areia molhada<br />

nos pratinhos;<br />

- Limpe calhas e lajes das<br />

casas;<br />

- Lave bebedouros de<br />

aves e animais com escova<br />

ou bucha e troque a<br />

água pelo menos uma vez<br />

por semana;<br />

- Guarde as garrafas vazias<br />

de cabeça para baixo, em<br />

local abrigado;<br />

- Fure latas e pneus;<br />

- Jogue no lixo copos<br />

descartáveis, tampinhas<br />

de garrafas e tudo o que<br />

acumula água. O lixo<br />

deve ficar o tempo todo<br />

fechado.


ANEXO II<br />

Fazenda<br />

Bang-Bang


Agradecimentos<br />

Agradecemos primeiramente a Deus por ter colocado um anjo que se chama, Luiz<br />

Castelo, por ter nos dado esta grande oportunidade de mostrar a bonita história da<br />

Fazenda Bang-Bang.<br />

Agradecemos também aos nossos pais e familiares que nos deram forças para continuar<br />

no trabalho.<br />

A todos que nos deram entrevistas para que este trabalho pudesse ser realizado e a<br />

todos que torceram por nós.<br />

Nosso muito obrigada!<br />

Itamara e Pâmela


A<br />

Fazenda Bang-Bang<br />

foi aberta no ano de<br />

1983 e 1985 pelo proprietário<br />

Mauro Pires Gomes,<br />

começando com o desmatamento<br />

na área. Muitos<br />

trabalhadores vieram<br />

da cidade de São José<br />

do Xingu sede do município<br />

e de outras cidades<br />

e estados. Através dos<br />

trabalhadores que eram<br />

O<br />

grupo Junqueira<br />

chegou a adquirir a<br />

<strong>fazenda</strong> pouco antes da<br />

morte do Sr. Mauro Pires,<br />

este grupo era formado<br />

por quatro irmãos: Paulo<br />

Junqueira, Túlio Junqueira,<br />

Roberto Junqueira,<br />

Nelson Junqueira, no ano<br />

de 1985.<br />

Além desta, os proprietários<br />

do grupo Junqueira<br />

tinham outras <strong>fazenda</strong>s na<br />

região e, com isso, a Bang-<br />

Bang se destacou em todo<br />

o do Araguaia e Xingu, dessa<br />

forma, tendo seu nome<br />

preservado. Dando continuidade<br />

a criação de gado,<br />

foram feitos dois retiros, e<br />

Histórico da Fazenda Bang-Bang<br />

Primeiro Proprietário<br />

atraídos pelos empreiteiros<br />

em busca de serviço,<br />

e assim aumentando o<br />

movimento e a população<br />

da cidade, o Sr. Mauro<br />

Pires Gomes ajudava a<br />

população da região com<br />

contribuições para a melhoria<br />

do bem estar do<br />

município.<br />

Na época a única atividade<br />

da Fazenda era a<br />

Grupo Junqueira<br />

denominaram de Um e o<br />

outro de Dois. Continuaram<br />

contribuindo com<br />

o desenvolvimento do<br />

Município de São José do<br />

Xingu. O reconhecimento<br />

da Fazenda na região se<br />

deu, também, pelo número<br />

de funcionários.<br />

Por falta de estrada na<br />

região, o acesso à Bang-<br />

Bang se dificultou, aumentando<br />

a distância de<br />

uma propriedade à outra<br />

do grupo Junqueira. Veio<br />

a decisão da venda da Fazenda,<br />

consumada em 20<br />

de maio de 1993, para o<br />

Sr. Luiz Carlos Nunes Castelo,<br />

que continuou man-<br />

criação de gado, pois a<br />

pecuária dominava praticamente<br />

todo o estado.<br />

O desmatamento foi necessário<br />

para a formação<br />

de pasto. Em 17 de abril<br />

de 1985, o Sr. Mauro Pires<br />

Gomes veio a falecer sendo<br />

vítima de um acidente<br />

aéreo o que foi uma grande<br />

perda para população<br />

de São José do Xingu.<br />

tendo o nome por achá-lo<br />

interressante.<br />

O primeiro encontro do<br />

Sr. Castelo com a comunidade<br />

de São José do Xingu,<br />

deu-se no Hotel Flor<br />

da Mata, da “Toinha”. Ali,<br />

acompanhado do corretor<br />

Bill e da família Junqueira,<br />

eles negociaram. “Tomei a<br />

primeira cerveja gelada e<br />

muito bem gelada no Xingu”<br />

diz Sr. Castelo. O corretor<br />

foi obrigado a dar para<br />

Toinha um aparelho de<br />

vídeo cassete, que tinha<br />

prometido caso fosse feita<br />

a compra da Fazenda,<br />

já que ela ajudou a fechar<br />

o negócio.<br />

57


58<br />

L<br />

ogo após a compra<br />

Sr. Castelo, como<br />

é conhecido, mudou o<br />

nome dos retiros: passando<br />

de retiro Um, para<br />

Nossa Senhora da Penha<br />

em homenagem a sua padroeira<br />

e protetora e o retiro<br />

Dois, para Letícia em<br />

homenagem a sua filha. E<br />

em seguida criou o retiro<br />

ABC o qual usou em homenagem<br />

ao nome da Fazenda<br />

de seu pai, no Estado<br />

de Espírito Santo, que<br />

são também as iniciais do<br />

nome dele, Antonio Batalha<br />

Castelo.<br />

O retiro ABC, foi formado<br />

em 1994, deixando uma<br />

reserva florestal de 50%<br />

como exigia a legislação<br />

na época.<br />

A <strong>fazenda</strong> com o Sr. Castelo<br />

sempre cumpriu a<br />

legislação trabalhista e<br />

aplica modernas técnicas<br />

de produção, utiliza sal<br />

proteinado desde 1994.<br />

Em 1995 e 1996 implantaram<br />

o sistema rotacionado<br />

de pastagens, iniciaram a<br />

inseminação artificial das<br />

raças Aberdeen<br />

e Simental. Neste<br />

mesmo ano foi<br />

adquirida a área<br />

do Tanzânia que<br />

faz divisa com o<br />

Parque Nacional<br />

do Xingu, e da<br />

qual faz parte a<br />

pista de pouso do<br />

Luiz Carlos Nunes Castelo<br />

município, doada pelo Sr.<br />

Castelo a prefeitura em<br />

1999.<br />

Neste mesmo ano a Fazenda<br />

Bang-Bang sofreu<br />

um forte ataque de cigarrinha<br />

destruindo a totalidade<br />

dos pastos da sede.<br />

Até então, não se sabia<br />

que a cigarrinha atacava<br />

o braquiarão.<br />

Em 2003 e 2004 deram<br />

inicio ao plantio de soja<br />

e arroz visando integrar a<br />

agricultura com a pecuária.<br />

Desde então as cantinas<br />

da Fazenda consomem o<br />

arroz e a carne produzi-<br />

Sede da Fazenda<br />

das pela própria Fazenda,<br />

com preços bem abaixo<br />

do valor de mercado, facilitando<br />

a vida de seus empregados.<br />

Logo após veio<br />

o plantio de sorgo, que<br />

é utilizado na silagem da<br />

composição de ração para<br />

os bovinos, que as vezes<br />

são confinados, e ainda<br />

mantinha plantio de milho<br />

para o consumo de aves,<br />

porcos e eguinhos.<br />

Hoje a expectativa da <strong>fazenda</strong><br />

é aumentar a taxa<br />

de ocupação para 15.000<br />

cabeças de gados e tudo<br />

isso com um compromisso<br />

sério com o meio<br />

ambiente.<br />

Em 2004, a Bang<br />

assinou um termo<br />

para recuperação<br />

das matas ciliares<br />

e ainda comprou<br />

uma área de 4000<br />

hectares de matas<br />

para a comple-


mentação de sua reserva<br />

florestal, que está localizada<br />

no município de Colniza,<br />

no parque estadual<br />

Igarapé do Juruema, dentro<br />

do próprio estado.<br />

A Fazenda obteve a LAU<br />

Objetivos<br />

Recuperar 342.5 hectares<br />

de matas ciliares até<br />

2014 e educar a comunidade<br />

externa e interna<br />

sobre a preservação do<br />

meio ambiente.<br />

Metas<br />

• reflorestar 34.25 hectares anuais;<br />

• produzir 16.000 mudas em viveiro;<br />

• aquisição de 70.000 mudas;<br />

• coleta e compra de 2.000 kg de<br />

sementes nativas;<br />

• estimular a sensibilização e a<br />

educação da comunidade interna<br />

e externa;<br />

• utilizar 28 espécies de sementes.<br />

O Projeto<br />

Preocupados com a questão<br />

da recomposição das<br />

matas ciliares, uma obrigação<br />

legal, desde 2004 a<br />

<strong>fazenda</strong> vinha pensando<br />

em uma estratégia eficiente<br />

para recompor as matas<br />

ciliares, várias foram as<br />

tentativas, inclusive algumas<br />

frustradas de plantio<br />

com mudas e fragmentos<br />

florestais, que quase não<br />

(Licença Ambiental Única)<br />

certificando sua legalização<br />

junto aos orgãos<br />

ambientais. Atualmente<br />

a <strong>fazenda</strong> desenvolve<br />

um projeto denominado<br />

“Pulmão do Xingu”. A<br />

Projeto Pulmão do Xingu<br />

deram resultado. Em junho<br />

de 2006 foi iniciada<br />

uma pesquisa e perceberam<br />

que havia pouca informação<br />

sobre o assunto,<br />

assim sendo, pessoas<br />

especializadas, do Clube<br />

da Semente - uma ONG -<br />

foram contatadas, e partir<br />

disso, foram compradas<br />

as primeiras sementes<br />

para iniciar o viveiro. Com<br />

um total de 10 espécies<br />

o plantio das sementes<br />

em saquinhos, iniciou em<br />

outubro de 2006 e em novembro<br />

de 2007 o plantio<br />

teve seu início propriamente<br />

dito. Atualmente<br />

a Fazenda possui mais de<br />

28 espécies de sementes.<br />

Viveiro da Bang<br />

motivação para a implantação<br />

deste projeto foi a<br />

conquista de metas estipuladas<br />

para adquirir as<br />

regras de recomposição<br />

das matas ciliares, conforme<br />

a LAU.<br />

As sementes retiradas<br />

da própria <strong>fazenda</strong>, foram<br />

distribuídas aos colaboradores<br />

e à comunidade<br />

local, como forma de geração<br />

de renda adicional,<br />

a Fazenda tem pago R$<br />

1,00 por muda produzida.<br />

A idéia foi bem recebida e<br />

muitas famílias criaram<br />

seus próprios viveiros nas<br />

suas casas, além de ajudarem<br />

a recompor as matas<br />

ciliares, estão tendo<br />

a oportunidade de gerar<br />

uma renda extra e contribuir<br />

para a preservação<br />

ambiental e fazer parte<br />

deste marco na história<br />

da Fazenda.<br />

Após a criação do vivei-<br />

59


60<br />

ro, a Fazenda firmou uma<br />

parceria com o ISA – Instituto<br />

Socioambiental, que<br />

desde 2004 vem promovendo<br />

a campanha, Y Ikatu<br />

Xingu, que visa a recuperação<br />

das nascentes da<br />

região, já que muitos dos<br />

rios que formam o Xingu<br />

nascem fora do território<br />

indígena. Entre as estratégias<br />

da iniciativa, que tem<br />

como meta recuperar 300<br />

mil hectares degradados<br />

de mata ciliar, estão a capacitação<br />

de lideranças, e<br />

a promoção do desenvolvimento<br />

sustentável por<br />

intermédio da mídia local<br />

e de escolas. Além disso,<br />

há cerca de 20 projetos<br />

pilotos buscando estabelecer<br />

formas de recuperação<br />

de vegetação adequadas<br />

para pequenas e<br />

grandes propriedades e<br />

assentamentos de reforma<br />

agrária e o nosso é um<br />

desses projetos.<br />

O Instituto que vem<br />

fornecendo assessoria e<br />

parceria para o plantio,<br />

ensinando os cuidados e<br />

nos auxiliando na identificação<br />

de sementes. Também<br />

promoveu um curso<br />

O<br />

utro projeto em<br />

destaque na Fazenda<br />

Bang-Bang é o Programa<br />

de Sustentabilidade,<br />

que tem como objetivo<br />

de formação de agentes<br />

ambientais no município,<br />

onde dois dos funcionários<br />

da Fazenda aprenderam<br />

muito sobre técnicas<br />

de plantio, identificação e<br />

captação de sementes. O<br />

curso envolveu lideranças<br />

das escolas e de outras<br />

partes interessadas, promovendo<br />

campanhas na<br />

comunidade e divulgando<br />

os trabalhos na rádio.<br />

Deste grupo de agentes<br />

ambientais, já estão surgindo<br />

projetos paralelos<br />

como o de coleta seletiva<br />

na comunidade do qual<br />

fazemos parte.<br />

Outro parceiro da Fazenda<br />

é o SENAR – Serviço<br />

Nacional Rural, que tem<br />

promovido cursos e treinamentos,<br />

com informa-<br />

Identificação de sementes<br />

Programa de Sustentabilidade<br />

envolver os funcionários<br />

da Fazenda nas decisões<br />

que dizem respeito a ela<br />

e desenvolver ações nas<br />

áreas sociais, econômicas<br />

ções para lidarem com o<br />

viveiro e com outras questões<br />

ambientais.<br />

Um funcionário foi designado<br />

neste período para<br />

cuidar exclusivamente do<br />

viveiro de mudas.<br />

Apesar de ainda encontrar<br />

algumas dificuldades,<br />

como a falta de chuva, que<br />

prejudicou o início do plantio,<br />

a Fazenda está confiante<br />

e espera nesta próxima<br />

safra colher os frutos de<br />

seus esforços. Alguns dos<br />

colaboradores da Bang,<br />

estão sendo beneficiados,<br />

já venderam mudas e outros<br />

receberam a quantia<br />

antecipada para suprir necessidades<br />

pessoais, como<br />

realizar melhorias em suas<br />

casas. Serão compradas<br />

70.000 mudas.<br />

e ambientais. A convite<br />

do grupo Pão de Açúcar<br />

- cuja sede está localizada<br />

em São Paulo - a Fazenda<br />

tem participado do gru-


po de desenvolvimento<br />

de pequenos e médios<br />

fornecedores com mais<br />

nove <strong>fazenda</strong>s. Na Bang o<br />

programa de sustentabilidade<br />

foi criado em 06 de<br />

outubro de 2006 e teve<br />

sua primeira reunião no<br />

retiro Nossa Senhora da<br />

Penha. Nesta ocasião foi<br />

formada uma comissão de<br />

colaboradores na <strong>fazenda</strong>,<br />

que a partir de então seria<br />

responsável pela tomada<br />

de decisões em busca de<br />

melhorias para a mesma.<br />

Representantes do Grupo<br />

Pão de Açúcar foram<br />

até São José do Xingu<br />

para conhecerem a Bang.<br />

Acreditaram no trabalho<br />

da <strong>fazenda</strong> e investiram<br />

tempo no monitoramento<br />

e na motivação para<br />

melhorar cada vez mais o<br />

desempenho da Fazenda.<br />

O Programa de Produção<br />

de Carne Taeq do<br />

Grupo Pão de Açúcar consiste<br />

em parcerias com<br />

pecuaristas, cujo objetivo<br />

Mariângela Ikeda, diretora do Grupo Pão de Açúcar<br />

em visita à Fazenda - Julho / 2008<br />

Equipe de peões qualificados da Bang. (parceria Merial)<br />

é produzir carne de qualidade<br />

através de produtividade<br />

e sustentabilidade.<br />

Tal projeto tem como<br />

base o uso exclusivo de<br />

matrizes da tradicional<br />

raça Nelore inseminadas<br />

com touros da raça Rubia<br />

Gallega, pura de origem<br />

da Espanha, região<br />

da Galícia. A raça Nelore<br />

também faz parte do Programa.<br />

O bem estar animal é<br />

tratado de forma especial<br />

na Fazenda. A finalidade é<br />

produzir a melhor carne,<br />

da melhor maneira possível,<br />

sempre respeitando o<br />

meio ambiente.<br />

Com algumas parcerias<br />

a Fazenda promove treinamentos<br />

específicos e<br />

leva informações sobre o<br />

manejo adequado para<br />

que as técnicas sejam<br />

aperfeiçoadas. O acompanhamento<br />

técnico do<br />

rebanho é feito por meio<br />

de um quadro fito sanitário<br />

desenvolvido por um<br />

de seus fornecedores.<br />

Também é realizada a<br />

correção do solo e adubação<br />

das pastagens, tratando<br />

com muita seriedade<br />

cuidados como: a limpeza<br />

dos currais e dos cochos,<br />

além das reformas realizadas,<br />

que são consideradas<br />

essenciais para o bem estar<br />

animal no curral. Além<br />

disso, foram realizadas<br />

correções nas estradas,<br />

sempre pensando no bem<br />

estar dos animais.<br />

61


62<br />

Centro de Desenvolvimento Humano – Antonio & Alayr<br />

N o dia 26 de Julho<br />

de 2008 a Fazenda<br />

Bang-Bang inaugurou o<br />

Centro de Desenvolvimento<br />

Humano, Antonio<br />

& Alayr. O nome é uma<br />

homenagem do proprietário,<br />

Sr. Luiz Castelo, aos<br />

seus pais.<br />

O evento contou com a<br />

presença de fazendeiros<br />

vizinhos e de outros estados<br />

também. Parceiros<br />

como o ISA, Grupo Pão de<br />

Açúcar, Merial, Aliança da<br />

Terra, SENAR entre outros<br />

que estiveram presentes<br />

para prestigiar o evento.<br />

O CDH será uma ferramenta<br />

de acesso a informação<br />

e conhecimento<br />

em tempo real. Uma iniciativa<br />

transformadora<br />

cuja semente foi plantada<br />

pelo Grupo Pão de<br />

Açúcar.<br />

Composto por um mini<br />

auditório e um refeitório,<br />

duas salas de aula, uma<br />

sala de informática e uma<br />

biblioteca, além das áreas<br />

de lazer como: parque,<br />

campo de voleibol e futebol.<br />

O CDH irá oferecer<br />

atividades de educação,<br />

cultura, esporte, saúde<br />

e lazer para os colaboradores<br />

da Fazenda Bang-<br />

Bang e seus familiares e<br />

também será aberto à<br />

comunidade de São José<br />

do Xingu.<br />

Onde são oferecidas:<br />

- Aulas e Cursos profissionalizantes<br />

por meio de satélite<br />

em tempo real (Projeto<br />

Navega Pantanal);<br />

- Cursos profissionalizantes<br />

com a presença de<br />

profissionais;<br />

- Cursos de geração de<br />

renda;<br />

- Aula de alfabetização de<br />

Adultos;<br />

- Tele curso 2000 (1º e 2º<br />

grau);<br />

- Aula de Inclusão Digital;<br />

- Palestras e reuniões via<br />

videoconferência;<br />

- Sala de informática;<br />

- Em 2009 “Projeto Navega<br />

Xingu”.<br />

Foi instalada uma base<br />

do Projeto Navega Pantanal,<br />

por meio da parceria<br />

realizada com a Fundação<br />

Manoel de Barros (FMB)<br />

e a (UNIDERP) do grupo<br />

Anhanguera. A Base<br />

Bang-Bang é a primeira<br />

do Projeto Navega Pantanal<br />

fora do Estado de<br />

Mato Grosso do Sul.<br />

O Projeto Navega Pantanal<br />

visa oportunizar a<br />

inclusão digital em comunidades<br />

remotas da<br />

Bacia do Alto Paraguai e<br />

transferir tecnologias de<br />

produção e organização<br />

por meio de capacitação,<br />

qualificação e mecanismos<br />

de discussão<br />

implantados por meio<br />

informatizado, visando<br />

estabelecer programas e<br />

estratégias de ações capazes<br />

de romper o isolamento<br />

geográfico imposto<br />

naturalmente aos<br />

setores produtivos e comunidades<br />

localizadas na


Bacia do Alto Paraguai.<br />

A partir desta idéia o objetivo<br />

é criar o Projeto Navega<br />

Xingu, integrado ao<br />

Navega Pantanal, com a<br />

parceria valiosa da Anhanguera<br />

Educacional e a Fundação<br />

Manoel de Barros,<br />

e expandir as bases na<br />

região elaborando aulas<br />

específicas para a população<br />

do Xingu, como é<br />

feito no Projeto Navega<br />

Pantanal. São trabalhados<br />

os seguintes eixos<br />

temáticos: Práticas Agropecuárias,<br />

Administração<br />

e Empreendedorismo,<br />

Melhoria da Qualidade<br />

de Vida, Inclusão digital e<br />

Fortalecimento de práticas<br />

pedagógicas.<br />

No dia da inauguração<br />

do CDH foi ministrada<br />

uma palestra, ao vivo, via<br />

satélite, sobre Exploração<br />

Economica para Pastagem<br />

de Gado de Corte.<br />

A palestra foi ministrada<br />

pelo Prof. Dr. Moacyr Corsi<br />

da USP, um dos maiores<br />

especialistas sobre o<br />

tema no Brasil.<br />

A Fazenda Bang-Bang<br />

inaugurou uma escola de<br />

alfabetização de adultos<br />

em suas instalações no<br />

início do ano de 2007,<br />

em 2008 nossa escola foi<br />

reconhecida como extensão<br />

da escola municipal<br />

do município e agora com<br />

o CDH – Antonio & Alayr,<br />

os alunos terão mais conforto,<br />

mais recursos didá-<br />

Inauguração do CDH - Julho / 2008<br />

Peões com acesso a internet<br />

ticos e pedagógicos e<br />

equipamentos audiovisuais<br />

que facilitarão o<br />

aprendizado, as turmas<br />

poderão ser ampliadas e<br />

se espera ter uma melhora<br />

no desempenho individual.<br />

Na ocasião foi feito o lançamento<br />

da logomarca e<br />

exibido o primeiro vídeo<br />

institucional da Fazenda<br />

Bang-Bang, destacando<br />

sua história com o Sr. Castelo<br />

e o trabalho sócioambiental<br />

que a Fazenda<br />

vem realizando com o ISA<br />

– Instituto Socioambiental,<br />

na Campanha Y Ikatu<br />

Xingu, para a recuperação<br />

das matas ciliares. Este<br />

trabalho vem rendendo<br />

várias reportagens e visibilidade<br />

para a Fazenda<br />

nos principais meios de<br />

comunicação.<br />

Com isto o proprietário<br />

espera propiciar o desenvolvimento<br />

sustentável<br />

na região.<br />

63


Agradecemos a comunidade de<br />

São José do Xingu, em especial<br />

aos moradores que contribuíram<br />

com seus depoimentos.<br />

Aos nossos parceiros e a todas<br />

as crianças que participaram<br />

do Prêmio Bang: “Minha Cidade<br />

Tem História”,<br />

dedicamos este livro.<br />

Entrega da premiação Prêmio Bang - Março/2008


Realização<br />

Parceiros<br />

Asa Alimentos – DF - Fazenda Agrobandeirante – MT - Fazenda Água Preta – MT<br />

Fazenda Boa Sorte – GO - Fazenda Mauroanas – GO - Fazenda Santa Vitória – GO<br />

aliança da terra<br />

Prefeitura Municipal<br />

de São José do Xingu - MT

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