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São José do Xingu - MT<br />
A Capital do Boi Gordo<br />
1ª Edição - Dezembro/2008<br />
Cássio Vilela dos Santos<br />
Raviano Alves dos Santos Coelho
Créditos:<br />
Autores do livro:<br />
Cássio Vilela dos Santos<br />
8ª série - Escola Estadual Antonio Gomes Primo<br />
Data de nascimento: 11.05.1994 - Limeira – SP (desde os 4 anos reside no Xingu)<br />
Filiação: Elaine Cristina Vilela dos Santos e Joberson Elias dos Santos<br />
Raviano Alves dos Santos Coelho<br />
8ª série - Escola Estadual Antonio Gomes Primo<br />
Data de nascimento: 31.07.1993 - São José do Xingu - MT<br />
Filiação: Joana Alves Coelho e Ideire dos Santos<br />
Autoras do Anexo da dengue:<br />
Técnicas de Enfermagem:<br />
Ariane Santiago Alves<br />
Elaine Cristina Vilela dos Santos<br />
Elba Luz Britto<br />
Mônica da Silva Rodrigues<br />
Autoras do Anexo da Fazenda Bang-Bang:<br />
Itamara Costa Cirqueira<br />
7ª série - Escola Estadual Antonio Gomes Primo<br />
Data de nascimento: 01.11.1994 - Porto Franco - MA<br />
Filiação: Pedrina Costa Cirqueira e Domingos Marinho Cirqueira<br />
Pâmela Gracielly da Silva Albuquerque<br />
6ª série - Escola Estadual Antonio Gomes Primo<br />
Data de nascimento: 06.06.1994 - São José do Xingu - MT<br />
Filiação: Leila da Silva e João Farias de Albuquerque<br />
Coodernação Geral e Apoio:<br />
Luiz Carlos Nunes Castelo<br />
Marta Jeane de Carvalho<br />
Nilcéia Lino de Jesus Lourenço<br />
Equipe de motivação e entusiasmo:<br />
Fabiana Farah do Grupo Pão de Açúcar;<br />
Teresinha Fonseca, Consultora de Responsabilidade Social;<br />
Telma Moretti, Consultora de Responsabilidade Social;<br />
Fazendas e Parceiros participantes do Programa de Sustentabilidade do Grupo Pão de Açúcar.<br />
direção de Arte / diagramação / imagens:<br />
Marcela Choff<br />
revisão:<br />
Ana Carolina Correa<br />
2008<br />
Realização: Fazenda Bang-Bang<br />
BR-080, km 301 – São José do Xingu - MT – CEP: 78663-000<br />
e-mail: <strong>fazenda</strong><strong>bang</strong>-<strong>bang</strong>@<strong>fazenda</strong><strong>bang</strong>-<strong>bang</strong>.com.br<br />
Fone: 66-3568-1192
Livro Aberto de São José do Xingu – MT<br />
A Fazenda Bang-Bang participou do Programa de Sustentabilidade da cadeia do varejo do Grupo Pão de Açúcar, para produzir<br />
carne com RESPONSABILIDADE SOCIAL, que significa ter lucro respeitando o meio ambiente e cuidando da parte social, enfim<br />
preparando o meio em que vivemos para as gerações futuras. É sempre preciso destacar a importância do Pão de Açúcar em<br />
convidar a Bang, até então seu mais distante fornecedor, só assim este trabalho pôde ser iniciado. Muito obrigado.<br />
Este programa pediu que fizéssemos um relatório Socioambiental de nossas atividades e para isto vimos a necessidade de<br />
contar a história da Fazenda Bang no município; resolvi ampliar um pouco este tema envolvendo a história da Cidade, pois acredito<br />
como veremos ao longo deste livro, que a cidade de São José do Xingu e a Fazenda Bang não podem ser separadas.<br />
Convidei os adolescentes de nossa Cidade para contarem a história do Bang ou de São José do Xingu e da Fazenda Bang, Bang-<br />
Bang ou como queiram chamar, onde o melhor trabalho receberia o Prêmio Bang, cujo tema foi “Minha Cidade Tem História”.<br />
Estes maravilhosos adolescentes todos eles, que participaram do concurso, movimentaram a cidade, ouviram a história por<br />
meio das pessoas mais antigas do município e aprenderam com a experiência e pioneirismo deles a respeitar mais a nossa<br />
cidade e saber porque ela é a Cidade Solidária.<br />
Nossos agradecimentos à Rádio FM Xingu – 88,5, uma parceira que deu certo e que valorizou este prêmio de forma espetacular,<br />
principalmente a pessoa do Álvaro. Cumpre destacar o importante papel educativo que desenvolve a nossa Rádio.<br />
A doença da dengue que atingiu o município em 2007/2008 de forma grave é tratada pelas técnicas de enfermagem de São<br />
José do Xingu no ANEXO I deste livro com a seriedade que o assunto merece. Aproveito a oportunidade para cumprimentar a<br />
todos que trabalham com a saúde que é um dos pontos fortes e de destaque do município.<br />
As meninas Pâmela e Itamara que contaram de forma brilhante a história da Fazenda Bang-Bang, no ANEXO II deste livro, e que<br />
terão sempre minha admiração pela sua educação e luta para cumprir a promessa feita a mim, de serem brilhantes em qualquer<br />
lugar do mundo. Contem com meu apoio, mas lutem com muita garra para atingirem seus objetivos na vida.<br />
Os meninos Cássio, Raviano e Samuel, vencedores do Prêmio Bang: “Minha Cidade Tem História”, minha admiração por<br />
tudo, em especial ao Cássio e ao Raviano, que deram seguimento ao trabalho que resultou neste livro. Parabéns pela inteligência,<br />
pela astúcia, pela perseverança e até pela molecagem. Fica aqui registrada a brilhante formação dada pelas mães destes<br />
meninos, verdadeiras educadoras e disciplinadoras, responsáveis pelo sucesso deles. É presente a gratidão deles aos seus professores<br />
pelo seu aprendizado e orientação.<br />
A Fazenda Bang-Bang lança este livro que é aberto, não para ser criticado e sim reescrito sempre que for preciso por meninos<br />
grandes e pequenos e que queiram fazer de São José do Xingu um município moderno e socialmente justo para sua população<br />
e construído para as gerações futuras.<br />
Está sendo reescrito neste momento, pois em Janeiro de 2009 assume a prefeitura de nosso município o Sr. Gilberto Mendes<br />
Leoncini, o Betão, com a responsabilidade maior de transformar para melhor o meio em que vivemos. Viveremos um novo<br />
momento.<br />
A Fazenda Bang-Bang espera poder contribuir junto a todos seus amigos e colaboradores com esta transformação. A bola<br />
está com você Betão!<br />
Agradeço sempre a amigável acolhida que tive quando aqui cheguei, dos meus amigos Carlito, Fátima e Tia Rosa.<br />
Finalmente a Bang, o Bang, São José do Xingu – MT, que é uma cidade solidária, foi o aprendizado diante das inúmeras dificuldades<br />
a serem vencidas por seus vitoriosos PIONEIROS, que fizeram deste município, UM LUGAR DE PAZ.<br />
Luiz Carlos Nunes Castelo<br />
Fazenda Bang-Bang<br />
20/Dezembro/2008<br />
PREFÁCIO
Introdução<br />
Este livro conta a história de São José do Xingu, vamos relembrar o passado trazendo<br />
para o presente as lembranças que São José do Xingu traz para todos, venha você,<br />
amigo leitor, participar de uma grande viagem onde juntos veremos a realidade de<br />
São José do Xingu, com muitos mistérios e alegrias.<br />
Também vamos percorrer um vilarejo chamado BANG-BANG, com seus grandes<br />
mistérios, onde há terras que foram conquistadas pelo homem através de tiroteios,<br />
tem até médico formado pela escola da vida e mais, não esquecendo as belezas naturais<br />
como o Parque Indígena do Xingu que concentra uma das maiores riquezas<br />
ecológicas do país com a sua fauna e flora.<br />
Boa viagem e divirta-se muito com nossas grandes e misteriosas histórias.<br />
Cássio e Raviano
Agradecimentos<br />
Agradecemos primeiramente a Deus que nos deu a oportunidade de realizarmos<br />
este trabalho com muito empenho e dignidade.<br />
Em segundo lugar aos nossos professores, em particular a professora Zuleick que<br />
nos ajudou na realização das pesquisas e entrevistas.<br />
Agradecemos principalmente ao Sr. Luiz Carlos Nunes Castelo, por ter nos dado esta<br />
grande oportunidade de publicar este trabalho, onde contamos a história do nosso<br />
município.<br />
E por fim, aos nossos pais que nos apoiaram nesta longa caminhada.<br />
A todos aqueles que de uma forma ou de outra nos ajudaram.<br />
Cássio e Raviano
06<br />
Fundação: Ano/1974<br />
Emancipação: O município de<br />
São José do Xingu conseguiu<br />
sua emancipação<br />
político-administrativa<br />
em 20 de dezembro de<br />
1991, através da Lei Estadual<br />
nº 5904, tendo a<br />
partir daí sua área integralmente<br />
desmembrada<br />
do município de Luciara<br />
cidade da qual foi município<br />
e distrito por quase<br />
duas décadas.<br />
Área Municipal: 13.163.74 Km<br />
População: 4.198 (2007)<br />
Localização: A Cidade está<br />
situada na região do Vale<br />
do Araguaia, margem direita<br />
da BR-080 no trecho<br />
Alô Brasil – Matupá, a 337<br />
metros de altitude em relação<br />
ao nível do mar. Está<br />
situada na região norte<br />
do estado do Mato Grosso,<br />
dentro da bacia do<br />
Xingu, cerca de 1.100 km<br />
da capital Cuiabá.<br />
Dependência Genealógica: O município<br />
de Cuiabá deu origem<br />
ao município de Ara-<br />
Dados Gerais do Município<br />
SÃO JOSÉ DO XINGU - MT<br />
Mapa das Microrregiões do Estado<br />
de Mato Grosso<br />
guaia (extinto), que deu<br />
origem à Barra das Garças,<br />
que deu origem ao<br />
município de Luciara, do<br />
qual se originou o município<br />
de São José do Xingu.<br />
Denominação Dos Habitantes:<br />
Xinguenses ou São-Joseenses<br />
do Xingu<br />
Eleitores: 3.144<br />
Distrito do Município: Santo<br />
Antônio do Fontoura.<br />
Principais Atividades Econômicas:<br />
Pecuário-sistema (cria, recria<br />
e corte) e Agricultura<br />
- com culturas de arroz,<br />
feijão, milho e soja.<br />
Clima: São José do Xingu<br />
possui climas predominantemente<br />
equatoriais,<br />
quente e úmido, com 3<br />
meses de seca, de junho<br />
a agosto. A temperatura<br />
média anual gira em<br />
torno de 24ºC. O período<br />
mais intenso de chuvas vai
de outubro a abril e o período<br />
mais seco, compreende<br />
entre os meses de maio<br />
a setembro.<br />
Índice Pluviométrico: 2000 mm<br />
/ ano.<br />
Hidrografia: O município apresenta<br />
um grande número de<br />
formações fluviais de pequeno<br />
porte, sendo todas<br />
elas afluentes dos dois<br />
principais rios que lá se localizam:<br />
o Rio Comandante<br />
Fontoura (liberdade) e o<br />
Rio Xingu, ambos pertencentes<br />
à área de influência<br />
da Bacia Amazônica. O<br />
que predomina na formação<br />
deste município são<br />
O<br />
os assentamentos rurais<br />
e, nesse caso, destaca-se<br />
a agricultura de subsistência,<br />
onde a população<br />
tende a crescer muito rapidamente.<br />
Geomorfologia: Planalto Residual<br />
Norte de Mato Grosso.<br />
Foto aérea de São José do Xingu-MT em 2007<br />
A Formação do Município de São José do Xingu-MT<br />
Contexto Histórico e Político<br />
Brasil possui um<br />
enorme potencial<br />
de riquezas naturais em<br />
todo seu contexto territorial,<br />
por isso tem atraído<br />
a atenção de todos que<br />
procuram, principalmente<br />
no interior dos estados,<br />
um modo de vida<br />
simples, porém, de boa<br />
qualidade, com muito ar<br />
puro. Foi a partir daí que<br />
surgiram, em todo interior<br />
brasileiro, inúmeros<br />
povoados. A maioria deles<br />
criados e desenvolvidos<br />
com méritos quase<br />
que exclusivamente de<br />
pioneiros desbravadores<br />
na luta pela conquista de<br />
seus ideais, sendo que<br />
grande parte desses povoados<br />
virou cidades.<br />
São José do Xingu nasce<br />
em plena selva mato-grossense,<br />
distante aproximadamente<br />
300 km de qualquer<br />
núcleo urbano do<br />
Estado. No decorrer dos<br />
anos, não conseguiu ter<br />
um avanço populacional<br />
ou econômico, para que<br />
fosse colocada em um lugar<br />
de destaque. São José<br />
do Xingu uma cidade que<br />
aos seus 27 anos de exis-<br />
Hidrografia do Município:<br />
(1.784 nascentes mapeadas)<br />
Rio Xingu Ribeirão Capivara<br />
Rio Paturi Ribeirão Ariranha<br />
Rio Preto Ribeirão das Antas<br />
Rio Auaia-Miçu Corgão<br />
Rio Comandante<br />
Fontoura<br />
Córrego Trairão<br />
Córrego São José Córrego do Pedro<br />
tência não cresceu muito<br />
e, possui uma tendência<br />
de não ir mais além do que<br />
já é, justamente pelo fato<br />
de sua localização geográfica,<br />
não privilegiada. A<br />
cidade situa-se à margem<br />
de uma rodovia, a BR-080,<br />
porém sem pavimentação<br />
asfáltica e com pouco movimento<br />
de pessoas e veículos.<br />
Podemos imaginar as<br />
grandes dificuldades com<br />
que se defrontavam os<br />
pioneiros, que em Xingu<br />
resolviam aportar. As estradas<br />
eram precárias, e<br />
07
08<br />
em alguns trechos nem<br />
pareciam estradas. O transporte<br />
era normalmente<br />
feito por avião ou a pé,<br />
pelo meio das matas. A finalidade<br />
era desbravar as<br />
mesmas, mesmo que para<br />
isso não existissem num local<br />
os recursos necessários.<br />
Tudo era trazido de fora.<br />
Existe outro fator que<br />
pode ser considerado determinante<br />
para estagnação<br />
do crescimento de São<br />
José do Xingu. Esse fator é<br />
a sua economia, que se baseia<br />
na pecuária de corte.<br />
É uma economia forte, porém,<br />
sem perspectiva de<br />
crescimento populacional.<br />
Essa é uma realidade de<br />
todo o Brasil. Entretanto,<br />
sejam quais forem os fatores<br />
que deram origem à cidade,<br />
eles só podem ser de<br />
dois tipos: ou surgiram espontaneamente<br />
ou foram<br />
previamente planejados.<br />
A maioria das cidades brasileiras<br />
nasceu e cresceu<br />
espontaneamente a partir<br />
de pequenos núcleos iniciais.<br />
São José do Xingu é<br />
um exemplo a parte, uma<br />
vez que seu surgimento<br />
se deu de forma espontânea<br />
com a chegada de<br />
pessoas vindas das várias<br />
regiões do país e foram<br />
se instalando no povoado<br />
sem nenhum planejamento<br />
urbanístico.<br />
Mais tarde, já por volta<br />
do início dos anos 80, surgiu<br />
um novo loteamen-<br />
to na parte mais alta da<br />
cidade. Este loteamento<br />
foi planejado por uma<br />
empresa imobiliária. Por<br />
esse detalhe, São José do<br />
Xingu se encaixa nos dois<br />
tipos de cidades: a espontânea<br />
e a planejada.<br />
Grande parte dos municípios<br />
de Mato Grosso foi<br />
fundada por migrantes,<br />
essencialmente nos anos<br />
60 e 70, período em que<br />
ficou conhecido na história<br />
“A marcha para o Oeste”<br />
justamente neste período<br />
o centro oeste passou a ser<br />
o centro das atenções para<br />
as pessoas que – não satisfeitas<br />
com seus estados de<br />
origem, que já não estavam<br />
mais proporcionando condições<br />
para se ter uma vida<br />
digna e também influenciada<br />
pela oferta de empregos<br />
e oportunidades na região,<br />
vinham à procura de uma<br />
vida melhor. Foi assim que<br />
se iniciou um pequeno povoado<br />
em São José do Xingu<br />
em 19 de março de 1974.<br />
Nesta época, as <strong>fazenda</strong>s<br />
que hoje formam o município,<br />
estavam grandes e em<br />
processo de abertura.<br />
Segundo o Sr. Jerônimo<br />
Alves dos Santos Filho, morador<br />
de São José do Xingu<br />
desde 1978, comerciante e<br />
primeiro prefeito do município,<br />
a <strong>fazenda</strong> Reunidas<br />
se constituiu na “Célula<br />
Mater” do município, pois<br />
além de ser a primeira <strong>fazenda</strong><br />
a se abrir, exerceu<br />
um papel importante no<br />
crescimento do povoado,<br />
porque trouxe muita gente<br />
de fora para trabalhar em<br />
sua formação. A mão-deobra<br />
era trazida de Barra<br />
do Garças-MT, São Félix do<br />
Araguaia-MT e de Goiás.<br />
Os que vinham de São Miguel<br />
do Araguaia chegavam<br />
de barco até São Félix<br />
do Araguaia e de lá saiam<br />
para São José do Xingu de<br />
carona ou “pau-de-arara”.<br />
A região do Xingu faz<br />
parte da Amazônia Legal,<br />
topografia plana e clima<br />
excelente. Portanto é uma<br />
região constantemente observada.<br />
Mas não podemos<br />
pensar em Xingu apenas<br />
como área de preservação<br />
ambiental. Quem vive no<br />
Xingu sabe que os pioneiros<br />
dessa região chegaram<br />
há mais de 30 anos, abrindo<br />
estradas, formando<br />
pastagens, fazendo surgir<br />
a pecuária forte dinâmica<br />
e organizada. A economia<br />
do município, baseada na<br />
pecuária extensiva, continua<br />
sendo preservada,<br />
mantendo um desenvolvimento<br />
lento. Muitos pecuaristas<br />
têm enfrentado<br />
nos últimos anos um grande<br />
dilema, continuar com<br />
uma atividade que ao ano<br />
oferece uma margem de<br />
lucro pequena ou investir<br />
no plantio de grãos.<br />
Segundo Olavo Alves<br />
(2004), a solução está em<br />
praticar as duas fontes de
enda na propriedade, integrar<br />
lavouras e pecuárias<br />
investindo na produção<br />
de carne e grãos, aproveitando<br />
em ambas a tecnificação<br />
que a agropecuária<br />
dispõe. Neste momento<br />
em que o agronegócio<br />
brasileiro responde por<br />
cerca de 40% das exporta-<br />
ções do país, e bate novo<br />
recorde histórico, é necessário<br />
que os segmentos<br />
que o compõe aprendam<br />
a interagir entre si e deixem<br />
de debater qual é o<br />
elo da cadeia produtiva<br />
responsável pelo sucesso<br />
do setor. Por isso creio<br />
que, além da união do<br />
sistema de integração da<br />
lavoura e pecuária é uma<br />
grande ferramenta para<br />
ajudar o produtor rural a<br />
definir o caminho certo na<br />
busca de melhores índices<br />
de produtividades e conseqüentemente<br />
melhorar<br />
sua renda. (ALVES, JORNAL<br />
FOLHA RURAL, 2004).<br />
Sr. José Martins– Primeira Pessoa a Chegar ao Município de<br />
São José do Xingu<br />
A<br />
abertura das <strong>fazenda</strong>s<br />
fez com que<br />
muitas famílias e peões<br />
solteiros viessem em busca<br />
de emprego nas derrubadas.<br />
Muitas outras pessoas<br />
vieram em função de<br />
montar seu próprio negócio<br />
e se dar bem na vida.<br />
Foi com esse objetivo<br />
que o senhor José Martins<br />
veio para o Xingu. Primeiro<br />
ele construiu um barraco<br />
de pau-a-pique à beira<br />
do rio Xingu. Neste barraco<br />
o Sr. José Martins mon-<br />
A<br />
s pessoas que chegavam<br />
à região iam<br />
construindo seus barracos,<br />
quase sempre se utilizando<br />
de recursos que tinham:<br />
pau-a-pique, palha<br />
de coqueiro e plástico preto.<br />
Alguns barracos eram<br />
cobertos de barro, outros<br />
eram cobertos de telhas<br />
feitas de madeira.<br />
Na história do Xingu há<br />
uma data que nunca será<br />
tou um boteco. No entanto,<br />
sua permanência à beira do<br />
rio durou pouco, porque<br />
teve problemas de relacionamentos<br />
com outro morador<br />
de nome Amancinho<br />
e outro problema com os<br />
índios. Por isso, transferiuse<br />
para o local onde é hoje<br />
a cidade de São José do<br />
Xingu. A 42 km à margem<br />
direita do rio Xingu ele se<br />
tornou o primeiro morador<br />
do futuro povoado.<br />
Em seu novo local de morada,<br />
ele construiu um bar-<br />
Família Leoncini<br />
esquecida - 15 de julho de<br />
1974. Nessa data chegou<br />
ao município uma família<br />
paulista, vinda de Pereira<br />
Barreto (SP); foram uns<br />
dos primeiros migrantes<br />
que aqui chegaram<br />
com o firme propósito de<br />
conquistarem esta terra<br />
e contraírem esse tão sonhado<br />
paraíso.<br />
Essa família é formada<br />
pelo Sr. Romeu Leoncini<br />
raco no mesmo modelo do<br />
anterior, “tocando” um boteco<br />
e hospedaria com o objetivo<br />
de abrigar peões que<br />
vinham para trabalhar nas<br />
derrubadas das <strong>fazenda</strong>s e<br />
começavam a freqüentar o<br />
pequeno povoado que se<br />
encontrava ainda em fase<br />
embrionária, porém promissora.<br />
Mas o senhor José<br />
Martins morou somente 2<br />
anos em São José do Xingu.<br />
Depois se mudou e ninguém<br />
teve mais noticia de<br />
seu paradeiro.<br />
sua esposa, Sra. Aracy<br />
Mendes Leoncini, e seus<br />
filhos, Antônio, Romeu Jr.,<br />
Ana Gertrudes, Bernadete,<br />
Gilberto (Betão) e Cid Clei.<br />
Romeu veio para a região<br />
acompanhado de seu<br />
irmão Otávio Leoncini, que<br />
era proprietário de terras,<br />
com quem montou uma<br />
serraria no local. Foi a base<br />
concreta e o marco inicial<br />
que possibilitou a vinda<br />
09
10<br />
de outros migrantes,<br />
como também a criação e<br />
fundação de São José do<br />
Xingu. O empreendimento<br />
contribuiu<br />
enormemente<br />
para o desenvolvimento<br />
da<br />
cidade. Com<br />
planos de permanecer<br />
na cidade,<br />
fizeram<br />
de tudo para a<br />
sua melhoria.<br />
Na região<br />
existia a FazendaNirvana,<br />
que era<br />
E<br />
m 1971 chegou em<br />
São José do Xingu<br />
a família do Sr. Fernando<br />
Nascimento Tulha, e em<br />
1982 chegou o seu filho<br />
Fernando Nascimento Tulha<br />
Filho, com o propósito<br />
de cuidar dos negócios<br />
rurais de seu pai, e com<br />
o passar do tempo optou<br />
pelo cultivo de seringa.<br />
Em depoimento para o<br />
livro aberto, o Sr. Fernando<br />
Tulha Filho conta que<br />
seu pai foi um dos primeiros<br />
comerciantes de<br />
São José do Xingu, hoje<br />
O Sr.<br />
Dionísio foi quem<br />
construiu a primeira<br />
“Casa de Diversão Noturna”,<br />
numa das ruas da<br />
cidade, que logo passou a<br />
propriedade dos irmãos<br />
Leoncini (Romeu, Fiúza e<br />
Irineu) e ocupava uma área<br />
de terra bem vasta, que foi<br />
Sr. Romeu e Dna. Aracy<br />
Família Tulha<br />
ele é o presidente do Sindicato<br />
Rural de São José<br />
do Xingu, e o seu maior<br />
objetivo é defender os<br />
Fernando Nascimento Tulha Filho<br />
Rua da Mandioca<br />
ser conhecida por Rua da<br />
Mandioca, pelo fato de no<br />
local existir um mandiocal.<br />
Após construir a casa,<br />
Dionísio fretou uma ca-<br />
em parte dividida e negociada,<br />
a fim de ceder um<br />
espaço ao primeiro loteamento<br />
onde rapidamente<br />
se formou uma<br />
vila que logo<br />
começou a<br />
crescer.<br />
A família permanece<br />
no município<br />
até hoje,<br />
é muito conhecida<br />
e respeitada<br />
por todos. O<br />
prefeito eleito<br />
em 2008, Gilberto,<br />
é filho do<br />
casal.<br />
interesses do produtor<br />
rural e ajudar no desenvolvimento<br />
da região.<br />
Hoje em dia, Fernando,<br />
continua trabalhando<br />
com seringal em sua<br />
<strong>fazenda</strong>, a Estância Diva<br />
(que antes era propriedade<br />
de seu pai), e tem uma<br />
área de plantio de 150<br />
hectares de seringueiras,<br />
além de também criar bovinos.<br />
A família Tulha também<br />
contribuiu para a emancipação<br />
de São José do<br />
Xingu.<br />
minhonete pertencente<br />
ao Sr. Arnaldo Pereira Luz<br />
para deslocar-se até São<br />
Félix do Araguaia, a fim de<br />
trazer de lá quatro mulhe-
es de “vida livre”,<br />
dando assim,<br />
início à famosa<br />
“Rua da Mandioca”<br />
que nada<br />
mais era que a<br />
zona Boêmia da<br />
cidade.<br />
Eram “apenas”<br />
essas as<br />
formas de lazer<br />
das pessoas,<br />
porém todas<br />
afirmam que era uma época<br />
muito melhor que hoje,<br />
porque entre os moradores<br />
da cidade não havia<br />
balbúrdia. “Com o mandiocal<br />
já desenvolvido, barra-<br />
O pequeno<br />
povoado<br />
de São José do Xingu<br />
foi palco de várias tragédias.<br />
Era difícil um dia<br />
que não morria uma pessoa.<br />
Essas mortes eram<br />
quase sempre de peões<br />
que vinham das <strong>fazenda</strong>s,<br />
começavam a beber, e<br />
quando já estavam bêbados<br />
qualquer coisa servia<br />
de motivo para confusões<br />
e brigas corporais. Nessas<br />
brigas geralmente acontecia<br />
o pior, ás vezes com<br />
uso de armas. Morriam<br />
também muitas mulheres<br />
de vida livre que se evolviam<br />
nas brigas, ora para<br />
tentar interromper os<br />
conflitos, ora por estar diretamente<br />
ligadas a eles.<br />
Segundo o que contam<br />
Rua da Mandioca<br />
cão construído, tudo nos<br />
conformes, como houvera<br />
planejado. Não faltavam<br />
homens querendo freqüentar<br />
o botequim paulista, e<br />
a notícia corria à boca pequena.<br />
A movimentação do<br />
O Bang-Bang<br />
as pessoas mais antigas<br />
na região, em um desses<br />
episódios, morreram três<br />
peões ao mesmo tempo<br />
e, nesse exato momento,<br />
um caminhoneiro estava<br />
por perto dobrando<br />
a lona de seu caminhão.<br />
Quando viu aquela tragédia<br />
bem próxima dele<br />
entrou em seu caminhão<br />
e saiu correndo.<br />
Somente a mais ou menos<br />
12 km do povoado<br />
que ele parou e foi terminar<br />
de dobrar a lona.<br />
Enquanto isso passaram<br />
algumas pessoas por ele<br />
e o cumprimentaram. O<br />
caminhoneiro respondeu<br />
aos cumprimentos e falou<br />
assustado do que havia<br />
acontecido em São José<br />
lugar atraía muita<br />
gente, inclusive<br />
mulheres de vida<br />
fácil, vinham de<br />
todas as bandas,<br />
até de São Félix<br />
do Araguaia aumentando<br />
ainda<br />
a freqüência de<br />
homens no local,<br />
inclusive aqueles<br />
casados. (...) “<br />
(Pires, Suely Gonçalves<br />
Santos, ODISSÉIA DO<br />
XINGU, 2001, P.53)<br />
A Rua da Mandioca é o<br />
nome pelo qual o local é<br />
conhecido até nos dias<br />
atuais.<br />
do Xingu, tratando inclusive,<br />
o episódio de BANG-<br />
BANG. Daí surgiu esse<br />
codinome, que ficou conhecido<br />
em todo estado<br />
de Mato Grosso e até em<br />
outros estados do Brasil.<br />
Até hoje muitas pessoas<br />
denominam São José do<br />
Xingu de BANG-BANG.<br />
Por todos esses episódios<br />
lamentáveis é possível<br />
afirmar que a formação<br />
sócio-espacial de São<br />
José do Xingu deu-se por<br />
violentos conflitos, porém<br />
nada disso impediu que<br />
houvesse relação de solidariedade<br />
entre as pessoas<br />
que construíram suas<br />
vidas neste longínquo<br />
pedaço de chão matogrossense.<br />
11
12<br />
Abaixo segue transcrito<br />
um trecho da obra Odisséia<br />
do Xingu que relata<br />
uma das fascinantes histórias<br />
violentas que movimentaram<br />
a localidade.<br />
“Alguns moradores que<br />
ali já residiam naquela<br />
época, relatam fatos dos<br />
mais escabrosos, e dentre<br />
eles, um chama a atenção<br />
por mostrar até que ponto<br />
chegava a violência.<br />
Um peão, a quem vamos<br />
dar o nome de Valente,<br />
pois era do tipo debochado<br />
e metido a valentão, tido<br />
como arreliento, desumano,<br />
após vários tragos de<br />
bebidas alcoólicas, ficava<br />
ainda pior. Certa noite, não<br />
se sabe o motivo, armou<br />
rumorosa porfia com outro<br />
peão, desencadeando-se<br />
uma terrível briga que terminou<br />
com outro estendido<br />
no chão, com o corpo atingido<br />
por vários tiros.<br />
Valente, não tendo ainda<br />
saciado a sede por álcool,<br />
entrou novamente no bar,<br />
pediu mais uma dose e ingeriu<br />
em um só gole. Limpou os<br />
lábios com as costas da mão<br />
e voltou-se para o cadáver.<br />
A<br />
Cutucou-o para conferir se estava<br />
realmente morto e, não<br />
satisfeito, arrancou de um<br />
facão e enfiou com tamanha<br />
força na perna de sua vitima<br />
que estilhaçou um osso.<br />
O facínora, na volúpia da<br />
maldade, com o álcool a obscurecer-lhe<br />
a mente e achando<br />
que com aquele ato dava<br />
amostras de sua coragem,<br />
passou a noite toda naquele<br />
atroz reverso, bebendo e<br />
esfaqueando o morto. Ninguém<br />
se atrevia a interferir,<br />
tamanha a sua ira.<br />
Ao amanhecer, dirigiu-se<br />
para o dormitório, a fim de<br />
tirar um sono reparador.<br />
Descia pela rua tranqüilamente,<br />
desfrutando de toda<br />
liberdade como um cidadão<br />
qualquer, envolto em<br />
uma nuvem de fumaça que<br />
saia de suas baforadas de<br />
um cigarro de palha.<br />
De repente, foi interrompido<br />
por um estridente grito,<br />
era um justiceiro qualquer<br />
de uma janela no primeiro<br />
andar de um pequeno<br />
sobrado de tábuas: - Olha<br />
para cima, peão valente,<br />
disse o justiceiro.<br />
Valente parou, fitou o outro<br />
e, tomando aquilo como um<br />
insulto, jogou o cigarro para o<br />
canto da boca com um trejeito<br />
de lábios e falou em alto e<br />
bom tom: - O que foi, filho da<br />
mãe, quer morrer? Desce daí<br />
que te pico na bala!<br />
- Picar-me na bala! Eu é que<br />
vou te transformar em peneira<br />
agora mesmo, de você<br />
só vai sobrar o registro, se tiver<br />
em alguma delegacia. E<br />
sem dar tempo para Valente<br />
responder, disparou sobre<br />
ele a carga de uma espingarda<br />
calibre 16. Tamanho<br />
foi o impacto, que valente foi<br />
jogado alguns metros para<br />
trás, caindo no outro lado da<br />
rua, sobrando no local onde<br />
estava apenas o gasto par de<br />
botinas que calçava.<br />
Assim findado a vida do<br />
obstinado algoz, que após<br />
as atrocidades da noite anterior<br />
agora jazia ali, inerte<br />
e indefeso.<br />
De forma irônica, Valente<br />
acabou sendo enterrado na<br />
mesma cova de sua vítima.<br />
Como ainda não havia cemitério,<br />
todos os mortos do<br />
dia eram depositados em um<br />
mesmo buraco, feito a esmo,<br />
no meio do mato.” (Pires, Suely<br />
Gonçalves Santos, ODIS-<br />
SEÍA DO XINGU, 2001, P.18)<br />
São José do Xingu Consegue Ter Sua Emancipação<br />
cidade de São José<br />
do Xingu foi fundada<br />
em 19 de março de<br />
1974 com a chegada das<br />
primeiras famílias vindas<br />
de várias partes do país.<br />
A cidade recebeu este<br />
nome em homenagem a<br />
São José, pois dia 19 de<br />
março é dia deste santo<br />
e, também, em homenagem<br />
ao Sr. José Ramos<br />
Rodrigues o “Zezinho da<br />
Reunida”.<br />
“O topônimo São José<br />
do Xingu surgiu com o<br />
nome do Santo padroeiro
da cidade, e ao mesmo<br />
tempo, como uma homenagem<br />
ao Sr. José Ramos<br />
Rodrigues,<br />
o “Zezinho<br />
da Reunidas”,tragic<br />
a m e n t e<br />
desse homem<br />
que<br />
muito contribuiu<br />
para<br />
E<br />
m 1974, quando o<br />
Sr. Romeu Leoncini,<br />
chegou em São José do<br />
Xingu, já existia a BR Perdidas,<br />
na qual é a BR-080.<br />
Naquele tempo esta BR<br />
deu muitos problemas. O<br />
dono da Fazenda Brasil,<br />
que era o proprietário das<br />
terras onde hoje é o município<br />
de Santa Cruz do<br />
Xingu, tinha feito um projeto<br />
para fazer plantações<br />
de pimenta-do-reino.<br />
Então essa BR, a famosa<br />
Perdida ligava São José<br />
do Xingu até onde é hoje<br />
Santa Cruz do Xingu, porque<br />
tinham fazendeiros<br />
que estavam acabando<br />
de abrir suas terras lá.<br />
O Sr. Romeu ia lá consertar<br />
tratores, motores,<br />
e viajava de avião para<br />
o surgimento da cidade,<br />
com o episódio do traçado<br />
da rodovia BR-080, assim<br />
Rio Xingu<br />
A “BR das Perdidas”<br />
trabalhar. Houve um tempo<br />
em que ocorreu um<br />
tremendo atoleiro nesta<br />
Perdidas, que segundo o<br />
Sr. Romeu “atolava até o<br />
pensamento”.<br />
O nome “Perdida” se deu<br />
porque a estrada foi perdida,<br />
os empreiteiros vieram<br />
juntos com a BR 080,<br />
e chegando no posto Sucupira,<br />
seguiram reto, ao<br />
invés de fazer uma curva.<br />
Estavam errados, então<br />
eles consertaram e continuaram<br />
na BR-080 que ia<br />
direto para o rio Xingu. Ao<br />
invés da estrada das Perdidas<br />
vir para o Xingu, eles<br />
passaram direto, e ficou<br />
errado. A BR ficou perdida,<br />
mas eles continuaram<br />
para frente, e depois viram<br />
que estavam errados, e<br />
viabilizando a implantação<br />
da referida cidade. Referindo<br />
ao topônimo Xingu<br />
- foi escolhido<br />
por ser nome do<br />
rio que banha o<br />
município”.<br />
(Pires, Suely<br />
Gonçalves Santos,<br />
ODISSEÍA<br />
DO XINGU, 2001,<br />
P.37)<br />
voltaram para trás e seguiram<br />
na direção certa. Esta<br />
BR começou a ser feita em<br />
1972, conforme o depoimento<br />
do Sr. Romeu.<br />
Este projeto começou a<br />
ser colocado em prática no<br />
tempo da Ditadura Militar,<br />
e até hoje o Sr.Romeu tem<br />
um pneu de trator que foi<br />
usado na abertura da Rodovia,<br />
ele o encontrou na<br />
beira do Rio Xingu.<br />
O objetivo da BR era ligar<br />
a rodovia de Brasília até a<br />
Colômbia, naquele tempo<br />
o projeto era conhecido<br />
por esse nome “Brasília-<br />
Bogotá” e hoje é conhecida<br />
como a famosa BR das<br />
Perdidas.<br />
(Texto elaborado conforme<br />
o depoimento do Sr. Romeu<br />
Leoncini).<br />
13
14<br />
O<br />
Secretarias do Governo Municipal<br />
SECRETARIA<br />
DA SAÚDE<br />
município de São<br />
José do Xingu conseguiu<br />
sua emancipação<br />
político-administrativa em<br />
PODER<br />
LEGISLATIVO<br />
SECRETARIA<br />
DA EDUCAÇÃO<br />
Galpão da Secretaria de Obras<br />
O primeiro prefeito<br />
municipal eleito foi<br />
o Sr. Jerônimo Alves dos<br />
Santos Filho, que venceu<br />
as eleições, conseguindo<br />
1012 votos nas urnas, em<br />
3 de outubro de 1992. Seu<br />
candidato a vice-prefeito<br />
foi o Sr. Hugo Velter.<br />
PODER<br />
EXECUTIVO<br />
SECRETARIA<br />
DE OBRAS<br />
20 de dezembro de 1991,<br />
através de lei Estadual n°<br />
5.904, tendo a partir daí,<br />
sua área integralmente<br />
SECRETARIA<br />
DE ASSISTÊNCIA<br />
SOCIAL<br />
desmembrada do município<br />
de Luciara, Cidade da<br />
qual foi município e distrito<br />
por quase duas décadas.<br />
Prefeitura Municipal de<br />
São José do Xingu-MT<br />
Administrações<br />
Primeira Administração (1993/1996)
CÂMARA MUNICIPAL<br />
Jorge Divino da Silva<br />
Aroldo Brito Carvalho<br />
Nesta oportunidade foi<br />
Rosana Pereira da Rocha<br />
eleita a primeira Equipe<br />
Gilberto Mendes Leoncini<br />
legislativa da Câmara de<br />
Antônio Marinho Carvalho<br />
Vereadores do município,<br />
Osmar Rempel<br />
que foi inaugurada em 20<br />
de dezembro, tendo a se-<br />
Domingos Nunes de Oliveira<br />
guinte composição:<br />
Maria Aparecida Costa<br />
Anaci Ribeiro de Sousa<br />
Segunda e Terceira Administração<br />
(1997/2000 e reeleito 2001/2004)<br />
O<br />
segundo prefeito do<br />
município foi o Sr.<br />
Hélio José do Carmo, eleito<br />
com 1.281 votos, teve<br />
como vice-prefeito o<br />
Sr. Lauro Tarcísio de<br />
Oliveira e quando reeleito<br />
em 2001, teve<br />
1.440 votos, e seu<br />
vice-prefeito foi o<br />
Sr. Gilberto Mendes<br />
LEGiSLATuRA (1997/2000)<br />
Leoncini “o Betão”, vereador<br />
no primeiro mandato<br />
do Sr. Hélio e que acabou<br />
Foto do Prefeito Hélio do Carmo,<br />
ao lado sua filha Ana Paula<br />
Anaci Ribeiro de Sousa<br />
Adalberto Sousa Costa<br />
Ageu Braga<br />
Carlos Roberto Rempel<br />
Dianete Pereira Guimarães<br />
Maria Joselice Rocha do Nascimento<br />
Luiz Freitas Lopes<br />
Gilberto Mendes Leoncini<br />
Suedes das Dores Neto<br />
Raimundo Alexandre de Carvalho<br />
Moacir Pereira de Sá<br />
de ser eleito Prefeito para o<br />
ano de 2009.<br />
Sr. Hélio José do Carmo<br />
nasceu no dia 06<br />
de Julho em Quirinópolis-GO,casouse<br />
com a Sra. Nair<br />
Conceição, com<br />
quem teve três filhos,<br />
Hélio, Ana<br />
Paula e Luciana.<br />
LEGiSLATuRA (2001/2004)<br />
Suedes das Dores Neto<br />
Luiz Freitas Lopes<br />
Lúdio de Sousa Barros<br />
Vanderley Luiz Aguiar<br />
Cássio Aparecido Borges da Costa<br />
Raimundo Alexandre Carvalho<br />
Luiz Gonzaga Alves Silva<br />
Aníbal Lima Luz<br />
Alcides Martins Leal<br />
15
16<br />
S<br />
O Prefeito eleito foi<br />
o Sr. Vanderley Luz<br />
Aguiar, eleito com 984 votos,<br />
teve como vice-prefeito<br />
Manoel Condon.<br />
Quarta Administração (2005/2008)<br />
LEGiSLATuRA (2005/2008)<br />
Kelly Morgana M. R. Silva<br />
Alcides Martins Leal<br />
Vandete Araújo Lima Oliveira<br />
Julimar Luz Amorim<br />
Edimar S. da Silva<br />
Coracina de Jesus C. Spanholi<br />
Selvino P. da Silva<br />
Lúdio Souza Barros<br />
Tamairu Kayabi<br />
r. Gilberto Mendes<br />
Leoncini, conhecido<br />
como “Betão” nasceu em<br />
02 de Fevereiro de 1960,<br />
na cidade de Pereira Barreto<br />
– SP, é casado com<br />
a Sra. Rosair J. da Silva,<br />
“a Tampinha”,<br />
com<br />
quem tem<br />
Quinta Administração (2009)<br />
três filhas. Instalou-se no<br />
município em 1974, trabalhando<br />
com seu pai<br />
o Sr. Romeu Leoncini na<br />
serraria e posteriormente<br />
na cerealista. Nas primeiras<br />
eleições do município,<br />
foi um dos vereadores<br />
mais<br />
votados.<br />
Foi vice-prefeito do Sr.<br />
Hélio do Carmo no segundo<br />
mandato e agora<br />
eleito prefeito com 51%<br />
votos, 1.355 eleitores, promete<br />
ser a solução para os<br />
problemas do município.<br />
Tem como vice-prefeito, o<br />
Sr. Julimar Luz Amorim.<br />
LEGiSLATuRA<br />
Lúdio Souza Barros<br />
Coracina de Jesus C. Spanholi<br />
Lindomar<br />
Dimarzão<br />
Leodete<br />
Ageu Braga<br />
Gauchim<br />
Fábio Condon<br />
Parruda
E<br />
nquanto viveu sob<br />
a condição do povoado,<br />
de 1974 até o início<br />
dos anos 80, São José<br />
do Xingu não teve escola<br />
reconhecida pelo MEC<br />
(Ministério da Educação e<br />
Cultura), no entanto tiveram<br />
algumas escolinhas<br />
que funcionavam com<br />
professores leigos que, às<br />
vezes prestavam serviços<br />
à comunidade sem cobrar<br />
nenhum valor, como foi<br />
o caso da dona Aracy Leoncini<br />
que lecionou para<br />
crianças e adultos.<br />
A 1ª escola local funcionou<br />
em condições precárias<br />
em uma espécie de<br />
A<br />
Histórico da Fundação e Funcionamento da Escola<br />
Estadual “Antônio Gomes Primo”<br />
Escola Estadual “Antônio<br />
Gomes Primo”<br />
tem por patrono o Sr. Antônio<br />
Gomes Primo, pai de<br />
Mauro Pires Gomes, primeiro<br />
agropecuarista a se<br />
estabelecer no município<br />
de São José do Xingu-MT.<br />
Mauro Pires Gomes desbravador,<br />
residiu na <strong>fazenda</strong><br />
“Curicaca”, e trouxe para<br />
a região os primeiros peões<br />
que povoaram o então Distrito<br />
de São José, em meados<br />
dos anos 70, investiu<br />
em Educação mantendo as<br />
primeiras salas de aula que<br />
funcionaram no distrito,<br />
A Educação do Município<br />
choupana.<br />
Além de Dona Aracy, teve<br />
uma senhora, de nome<br />
Maria Raimunda, que também<br />
lecionou em escolinhas<br />
particulares. Depois<br />
veio o Sr. Fibricio, na época<br />
dele já havia uma pequena<br />
sala construída para<br />
esse fim. Já os professores<br />
anteriores lecionavam em<br />
suas próprias residências.<br />
O professor Fibricio foi trazido<br />
pelo Sr. Jerônimo, que<br />
na época já possuía um armazém<br />
denominado Comercial<br />
Perdido Ltda e um<br />
posto de gasolina. Para<br />
recompensar o trabalho<br />
do professor na atividade<br />
que pertencia ao município<br />
de Luciara-MT.<br />
Conseguiu recursos junto<br />
ao SUDECO, Superintendência<br />
de Desenvolvimento<br />
do Centro Oeste,<br />
que era representada pelo<br />
então presidente Sr. Romeu<br />
Pompeu de Pina, construindo<br />
o primeiro prédio da Escola<br />
Municipal “Antônio Gomes<br />
Primo”, fundada através<br />
do Decreto 021/1978, que<br />
recebeu este nome em homenagem<br />
ao pai de Mauro<br />
Pires Gomes falecido no<br />
ano de 1973, aos 76 anos<br />
na cidade de Pires do Rio,<br />
de ensinar, o Sr. Jerônimo<br />
foi quem, durante algum<br />
tempo, pagou o salário do<br />
professor.<br />
Diante da realidade sócio-educativa<br />
do município,<br />
houve iniciativas que<br />
acabaram por fazer existir<br />
a primeira escola municipal<br />
que foi criada nos<br />
anos de 1978 a partir do<br />
Decreto 021/1978, possibilitando<br />
posteriormente<br />
uma estrutura educacional<br />
adequada e com condições<br />
de proporcionar<br />
aos alunos do município<br />
o acesso e a permanência<br />
na escola com qualidade<br />
e eqüidade.<br />
no Estado de Goiás.<br />
O Sr. Mauro Pires Gomes,<br />
faleceu em 17 de abril de<br />
1985, vítima de um acidente<br />
aéreo próximo à Reserva<br />
Indígena do Parque Nacional<br />
do Xingu-MT. No avião<br />
estavam, também, mais<br />
dois pecuaristas da região.<br />
No ano de 1987 a Escola<br />
Municipal “Antônio Gomes<br />
Primo” foi Estadualizada<br />
através do Decreto<br />
044/05 de 1987, a partir<br />
de uma movimentação<br />
da população por melhores<br />
condições e ampliação<br />
do ensino do município,<br />
17
18<br />
passando-se a denominar<br />
Escola Estadual “Antônio<br />
Gomes Primo”, tendo<br />
seu ensino fundamental<br />
reconhecido através da<br />
portaria n°3277/92. A elevação<br />
de nível de 2° grau<br />
pelo Decreto n°415/94<br />
CEE/MT. Autorização de<br />
suplência através da resolução<br />
020/98 CEE. Fundada<br />
no governo de Carlos<br />
Bezerra.<br />
A escola manteve todas<br />
as séries a partir do Ensino<br />
Fundamental, oferecendo<br />
também o curso<br />
de Ensino Médio não profissionalizante<br />
e o curso<br />
de suplência І. Em abril de<br />
1998, foi implantado o Ciclo<br />
Básico de Alfabetiza-<br />
A<br />
Escola Estadual “Antônio Gomes Primo”,<br />
quando foi fundada<br />
ção (CBA), essa proposta<br />
abrangeu as duas primeiras<br />
séries do ensino fundamental,<br />
num único bloco,<br />
objetivando assegurar<br />
aos alunos a aquisição de<br />
conhecimentos e habilidades<br />
básicas necessárias<br />
ao prosseguimento dos<br />
estudos.<br />
A instituição atualmente<br />
atende alunos da Educação<br />
Básica de I a IV (1ª a<br />
4ª séries), de V a VIII (5ª a<br />
8ª séries), Ensino Médio<br />
(1º a 3º ano), Sala para<br />
Portadores de Necessidades<br />
Especiais e a mais<br />
nova modalidade de educação<br />
inserida no Programa<br />
Brasil Alfabetizado – o<br />
EJA – Educação de Jovens<br />
Histórico do Patrono da Escola Estadual<br />
Antônio Gomes Primo<br />
Escola Estadual “Antônio<br />
Gomes Primo”<br />
tem por patrono o Sr. Antônio<br />
Gomes Primo, pai de<br />
Mauro Pires Gomes, primeiro<br />
agropecuarista a se<br />
estabelecer no município<br />
de São José do Xingu-MT.<br />
Antônio Gomes Primo,<br />
agropecuarista, nascido<br />
em 24 de abril de 1897,<br />
natural da cidade de Pires<br />
do Rio, no Estado de Goiás,<br />
casado com a senho-<br />
e Adultos, que começou a<br />
vigorar a partir do ano de<br />
2007, atendendo o 2º e 3º<br />
segmentos.<br />
Esse estabelecimento de<br />
ensino situa-se hoje à Rua<br />
Domentília Gomes de Oliveira,<br />
s/nº, e conta, conforme<br />
dados fornecidos<br />
pelo atual diretor Sr. José<br />
Adelson Aragão, com um<br />
corpo docente de 33 professores,<br />
cuja formação<br />
profissional abrange o<br />
Ensino Médio, Magistério<br />
e o Ensino Superior,<br />
atendendo as diferentes<br />
modalidades de ensino.<br />
O corpo discente abrange<br />
827 alunos, distribuídos<br />
no ensino Fundamental e<br />
Médio.<br />
Escola Estadual “Antônio Gomes Primo”,<br />
atualmente<br />
ra Angelina Pires Gomes,<br />
teve 04 filhos sendo eles:<br />
Antônio Gomes Filho,<br />
Aluízio Pires Gomes, Alice<br />
Pires Gomes e Mauro<br />
Pires Gomes.<br />
Residiu em sua Fazenda
“Lajeada”, no município<br />
de Pires do Rio, até o dia<br />
de seu falecimento 18 de<br />
maio do ano de 1973, aos<br />
76 anos de idade, em função<br />
de uma insuficiência<br />
cardíaca.<br />
O senhor Antônio Gomes<br />
Primo nunca esteve<br />
no Município de São José<br />
do Xingu-MT, seu filho<br />
A<br />
Mauro Pires Gomes, deu<br />
início à colonização da região<br />
em meados de 1974,<br />
abrindo as primeiras <strong>fazenda</strong>s<br />
que constituíram<br />
o então distrito de São<br />
José do Xingu, pertencente<br />
ao Município de Luciara-MT.<br />
E, por ser uma pessoa<br />
que se estabeleceu<br />
na região, investindo na<br />
Escola Maria Marlene de Morais<br />
educação com certo vigor,<br />
resolveu dar o nome<br />
de seu pai para a primeira<br />
escola que foi fundada no<br />
município através de sua<br />
iniciativa, conseguindo a<br />
construção do primeiro<br />
prédio através de recursos<br />
da SUDECO – Superintendência<br />
de Desenvolvimento<br />
do Centro Oeste.<br />
Escola Municipal Maria Marlene de Morais<br />
escola Municipal de<br />
Ensino Fundamental<br />
“Maria Marlene de Morais”<br />
situa-se na rua Francisco<br />
Eloi da Silva, nº 118<br />
– Centro CEP: 78663-000.<br />
Foi criada pelo Decreto<br />
n° 07 de 29/01/93. Autorização<br />
de funcionamento<br />
através da resolução/CEE<br />
n° 172/93.<br />
A Educação Infantil e o<br />
Ensino Fundamental tiveram<br />
seu reconhecimen-<br />
to através da Portaria<br />
n°108/98.<br />
A escola tem por finalidade<br />
atender os princípios<br />
da Lei de Diretrizes e Bases<br />
da Educação Nacional<br />
9394/96, ministrando cursos<br />
de Educação Infantil e<br />
Ensino Fundamental.<br />
O corpo discente abrange<br />
na atualidade uma estimativa<br />
de 448 alunos distribuídos<br />
na Educação Infantil<br />
e Ensino Fundamental em<br />
Educação Infantil I Crianças de 4 anos<br />
Educação Infantil II Crianças de 5 anos<br />
Ens. Fund. 1ª fase do 1º ciclo (alfabetização) Crianças de 6 anos<br />
Ens. Fund. 2ª fase do 1º ciclo (1ª série) Crianças de 7 anos<br />
Ens. Fund. 3ª fase do 1º ciclo (2ª série) Crianças de 8 anos<br />
Ens. Fund. 1ª fase do 2º ciclo (3ª série) Crianças de 9 anos<br />
Ens. Fund. 2ª fase do 2º ciclo (4ª série) Crianças de 10 anos<br />
Obs.: Estimativa de<br />
séries e/ou fases<br />
por faixa etária.<br />
ciclos de 1ª até 4ª.<br />
A ação educativa é desenvolvida<br />
dentro de uma<br />
metodologia dinâmica e<br />
atualizada, abrangendo<br />
“temas e projetos” da nossa<br />
realidade seguindo a<br />
linha construtivista.<br />
Tem-se assim, o seguinte<br />
quadro da divisão da Educação<br />
Infantil e do Ensino<br />
Fundamental de nove<br />
anos, conforme preceitua<br />
a LDB 9394/96:<br />
19
20<br />
M<br />
Patrona da EMPG “Maria Marlene de Morais”<br />
aria Marlene de<br />
Morais nasceu em<br />
20 de fevereiro de 1947,<br />
em Aurilândia-GO. Aos 14<br />
anos começou a dar aulas<br />
em uma escola rural.<br />
Completou seus estudos<br />
posteriormente através do<br />
“Projeto Lúmen”, quando<br />
E spaço cultural importantíssimo<br />
para<br />
os estudantes. Com a<br />
nova metodologia de ensino,<br />
onde os trabalhos de<br />
pesquisa têm papel relevante<br />
na ação educativa,<br />
a Biblioteca é de grande<br />
utilidade para os nossos<br />
estudantes. Diariamente<br />
o local é bem freqüentado<br />
e ... Bem animado.<br />
A responsável pela biblioteca<br />
é a Daura Souza<br />
Costa.<br />
A<br />
Primeira Igreja<br />
construída no povoado<br />
foi a da religião<br />
Católica. Foi o Sr. Arnaldo<br />
Pereira da Luz, que a<br />
construiu a pedido do<br />
Padre Jesus e do Bispo<br />
Pedro Casaldaglia entre<br />
os anos de 1981 e 1982.<br />
O local onde a igreja foi<br />
construída, seria hoje den-<br />
então, ministrava aulas na<br />
sede daquele município.<br />
Foi uma das pioneiras na<br />
educação de São José do<br />
Xingu, na criação da escola<br />
Estadual, onde trabalhou<br />
na área de alfabetização<br />
até o período de seu<br />
falecimento. A professora<br />
Biblioteca Pública Municipal<br />
Rubens Pereira de Araújo Filho<br />
Maria Marlene, contribuiu<br />
enormemente para o Projeto<br />
Educacional deste<br />
município com sua experiência<br />
de docente, sua<br />
paciência e dom para trabalhar<br />
com crianças.<br />
(Por Kelly Morgana Morais<br />
da Rocha)<br />
Biblioteca Pública Municipal “Rubens Pereira de Araújo Filho”<br />
A Religião<br />
tro dos pastos da Fazenda<br />
Bang-Bang. Depois os moradores<br />
da cidade (como<br />
Sr. Romeu, dona Aracy,<br />
etc.) construíram o prédio<br />
da igreja, com 6x8m.<br />
A primeira missa foi celebrada<br />
pelo Bispo Dom Pedro<br />
Casaldaglia e pelo Padre<br />
Jesus. Depois da igreja<br />
construída dona Aracy,<br />
considerada pelo povo<br />
como rezadeira do lugar,<br />
sempre que ia a Pereira<br />
Barreto-SP trazia folhetos<br />
e ensinava as pessoas<br />
rezarem a missa e cantar<br />
os hinos. Hoje, na cidade,<br />
existem nove igrejas diferentes<br />
e dois tipos de religião,<br />
mas a mais popular<br />
continua sendo a Católica.
igreja Pentecostal Deus é Amor<br />
igreja Evangélica Assembléia de Deus<br />
Missão de Brasília<br />
igreja Congregação Cristã<br />
igreja Católica<br />
igreja Batista<br />
igreja Evangélica Assembléia de Deus<br />
Ministério de Madureira<br />
Salão do Reino das Testemunhas de Jeová<br />
21
22<br />
A<br />
igreja Evangélica Assembléia de Deus<br />
Missão de Belém<br />
té sua emancipação,<br />
os meios de<br />
comunicação de São José<br />
do Xingu eram muito escassos.<br />
No início, os moradores<br />
tinham apenas<br />
um radinho à pilha para<br />
ouvir programas e noticiários.<br />
A radio Nacional<br />
de Brasília era a que predominava<br />
com audiência<br />
fantástica. Qualquer aparelho<br />
de rádio sintonizava<br />
esta emissora com muita<br />
perfeição, inclusive, algumas<br />
pessoas diziam que<br />
se colocasse uma pilha<br />
A Comunicação<br />
em uma caixa de fósforos<br />
conseguiria sintetizar a<br />
rádio Nacional.<br />
Hoje o município possui<br />
uma Emissora de Rádio<br />
local - FM 88,5 - servindo<br />
para todos os moradores<br />
do município e para cidades<br />
próximas.<br />
A rádio Xingu FM foi<br />
fundada em 1º de maio<br />
de 2006. O seu objetivo<br />
é comunicar e levar notícias<br />
de São José do Xingu<br />
e região. Esta rádio pertence<br />
ao grupo de Comunicação<br />
GSB - Grupo Sival<br />
igreja Evangélica Assembléia de Deus<br />
Missão de Belém<br />
Emissora de Rádio Xingu FM – 88,5 “Diferente de todas, mas<br />
igual a você” Álvaro, locutor<br />
Barbosa.<br />
A Rádio constitui um<br />
quadro de nove funcionários<br />
incluindo o diretor<br />
Álvaro José Soares.<br />
Rádio a pilha
O<br />
esporte de São José<br />
do Xingu é bem<br />
qualificado. Conta com um<br />
Ginásio Poliesportivo chamado<br />
“Mivanildo Miguel<br />
Silva de Oliveira”- fundado<br />
em 15 de novembro<br />
de 1999 - com recursos da<br />
Prefeitura e do INDESP na<br />
primeira administração do<br />
ex-prefeito Hélio do Carmo,<br />
e um campo de Fute-<br />
N<br />
o início do povoamento,<br />
não existia<br />
necrotério e hospital.<br />
Médicos havia somente<br />
em outras cidades a quilômetros<br />
de distância. Os<br />
homens e mulheres residentes<br />
na região buscavam<br />
formas alternativas<br />
de sobrevivência de acordo<br />
com o que era possível<br />
encontrar no local onde<br />
estavam.<br />
A região de São José do<br />
O Esporte<br />
bol denominado “Heli Barbosa<br />
Lima”.<br />
Sr. Heli Barbosa Lima era<br />
um fazendeiro que contribuiu<br />
muito para o crescimento<br />
do município de<br />
São José do Xingu. Ele era<br />
proprietário da Fazenda<br />
Belima, e também contribuiu<br />
muito para o esporte<br />
de São Jose do Xingu junto<br />
com Mercedes Costa, eles<br />
Ginásio Poliesportivo “Mivanildo Miguel Silva de Oliveira”.<br />
A Saúde Pública e Privada do Município<br />
Xingu por não ser privilegiada,<br />
tinha sua área de<br />
saúde dificultada. Segundo<br />
Sr. Jerônimo Alves dos<br />
Santos Filho - primeiro<br />
prefeito e comerciante - o<br />
primeiro médico a aparecer<br />
no povoado foi o Dr.<br />
Antônio que se estabeleceu<br />
no atual Posto Sucupira,<br />
onde havia uma<br />
pensão e uma farmácia.<br />
Contudo, segundo o relato<br />
da Sra. Ana Francisca<br />
fizeram o primeiro campo<br />
de futebol no município.<br />
Em 1989 Raimundo Alexandre<br />
de Carvalho conseguiu<br />
uma máquina que<br />
ajudou no crescimento do<br />
campo com 25 metros. Os<br />
pioneiros do esporte de<br />
São José do Xingu foram:<br />
Sr. Heli Barbosa Lima, Mercedes<br />
Costa e Raimundo<br />
Alexandre de Carvalho.<br />
Guimarães na maioria das<br />
vezes os moradores procuravam<br />
a <strong>fazenda</strong> Suiá<br />
Missu, por lá existir um<br />
bom hospital e bons médicos.<br />
Quando acontecia<br />
algum caso de enfermidade,<br />
os médicos atendiam<br />
lá seus pacientes. Às<br />
vezes quando a pessoa<br />
possuía uma condição financeira<br />
melhor, ia para<br />
Goiânia, Barra do Garças,<br />
Cuiabá e etc.<br />
23
24<br />
Apesar de ser uma preocupação<br />
a doença sempre<br />
foi um problema. O povoado<br />
contava com a força<br />
de vontade, havia muita<br />
união e companheirismo<br />
entre os moradores. Por<br />
isso, quando adoecia alguém<br />
que não tinha condições<br />
financeiras para sair<br />
e fazer tratamento fora, as<br />
pessoas se reuniam e arrecadavam<br />
dinheiro entre<br />
elas. Cada uma doava um<br />
pouquinho e conseguia<br />
certo montante que daria<br />
para o tratamento nos melhores<br />
centros de média e<br />
alta complexidade.<br />
Conforme informações<br />
de pessoas que residiram<br />
inicialmente no povoado<br />
de São José do Xingu, a população<br />
muitas vezes contava<br />
apenas com um médico<br />
formado pela “escola<br />
da vida”, porém, com um<br />
conhecimento profundo<br />
sobre a medicina, por ser<br />
muito estudioso e dedicado.<br />
O médico da “escola da<br />
vida” era chamado de Dr.<br />
Benedito Holanda de Medeiros<br />
e popularmente conhecido<br />
por “Dr. Benedito”.<br />
Ele fazia tratamento de<br />
Malária, partos, pequenas<br />
cirurgias, cuidava de algumas<br />
fraturas, inclusive embalsamava<br />
quando era preciso.<br />
Ele efetuava muitos<br />
outros tipos de tratamento<br />
desde que não necessitasse<br />
de uso de equipamentos<br />
modernos, pois seus<br />
Esta casa pertencia ao “Dr. Benedito”, o da direita, é nela que<br />
ele recebia seus pacientes<br />
instrumentos de trabalho<br />
eram bastante rústicos,<br />
até porque ele nunca freqüentou<br />
uma faculdade<br />
de medicina. Seu conhecimento<br />
era na prática,<br />
ele lia muito as bulas de<br />
remédios, e por isso adquiriu<br />
um grande conhecimento<br />
da medicina para<br />
ajudar a quem precisasse.<br />
Aonde tivesse alguma enfermidade,<br />
Benedito estava<br />
lá para ajudar.<br />
Isso é fato retratado com<br />
os seguintes dizeres:<br />
“Em certa ocasião, um<br />
peão levara um tiro no<br />
pescoço, necessitando urgentemente<br />
de cuidados<br />
médicos, impossíveis de receber<br />
naquele momento e<br />
a tempo de sobreviver”.<br />
O Dr. Benedito, observando<br />
a agonia do peão<br />
e ciente da dificuldade em<br />
removê-lo até a cidade<br />
mais próxima, arregaçou<br />
as mangas e munido de<br />
um pedaço de arame, esterilizando-o<br />
de improviso,<br />
localizou a bala. Em seguida,<br />
utilizando um formão<br />
de carpinteiro, fez uma incisão<br />
no osso, sem anestesia<br />
, retirou a bala, salvando<br />
a vida do peão.<br />
O desafortunado peão<br />
escapou dessa, porém,<br />
como havia matado um<br />
outro peão, foi condenado<br />
a cumprir pena na cadeia<br />
de Luciara, morrendo ali<br />
alguns anos depois, acometido<br />
de malária.<br />
(Pires, Suely Gonçalves<br />
Santos, ODISSÉIA DO XIN-<br />
GU, 2001, P.45)<br />
Uma das curiosidades<br />
do Dr. Benedito era que,<br />
quando terminava suas<br />
cirurgias, dizia sempre: “Se<br />
escapar foi Deus quem<br />
curou, se morrer foi Benedito<br />
que matou”. E essa<br />
frase ficou na memória do<br />
povo, considerando Benedito<br />
até como um mito.
MÉDICO<br />
Organização Administrativa da Secretaria<br />
de Saúde na atualidade<br />
POSTO DE<br />
SAÚDE<br />
EQUIPE DE<br />
ENFERMAGEM<br />
O município conta<br />
com um centro de<br />
saúde urbano e outro<br />
centro rural, com atendimento<br />
através do Programa<br />
de Saúde da Família<br />
– PSF, um Hospital privado<br />
para atendimento dos<br />
pacientes do SUS, particular<br />
e conveniados.<br />
Construído dentro dos<br />
padrões da Organização<br />
Mundial de Saúde, possui<br />
24 leitos, um aparelho de<br />
Raio X e um laboratório<br />
que atende às necessidades<br />
hospitalares.<br />
O atendimento hospitalar<br />
é efetuado pelo Clínico<br />
Geral, Ginecologista e<br />
Obstetra - Dr. Luís Alberto<br />
Pretti, proprietário do<br />
Hospital.<br />
AGENTE DE<br />
SAÚDE<br />
COMUNITÁRIA<br />
SECRETARIA<br />
DE SAÚDE<br />
HOSPITAL<br />
CONVENIADO<br />
VIGILÂNCIA<br />
AMBIENTAL<br />
VIGILÂNCIA<br />
EPIDEMIOLÓGICA<br />
VIGILÂNCIA<br />
EM SAÚDE<br />
VIGILÂNCIA<br />
SANITÁRIA<br />
Descrição e Análise das Facilidades e Dificuldades<br />
para a Ação Vigilância em saúde<br />
A Unidade Hospitalar<br />
possui cinco atendentes<br />
de enfermagem e uma<br />
única técnica-administrativa,<br />
a Sra. Beatriz Cattafesta.<br />
São efetuados convênios<br />
particulares e atendem os<br />
Hospital e Maternidade Hospret<br />
carentes, através de um<br />
convênio mantido pela<br />
Prefeitura Municipal de<br />
São José do Xingu para<br />
atendimentos de urgência<br />
e emergência, como também<br />
para exames como<br />
ultra-sonografias e outros.<br />
25
26<br />
O primeiro Posto de<br />
Saúde foi construído<br />
em 21 de Fevereiro de<br />
1998, na Gleba Aymoré e<br />
recebeu o nome de Centro<br />
de Saúde Luiza Soares<br />
Guimarães.<br />
Centro de Saúde<br />
A nova Unidade de Saúde Urbana – PSF URBANO<br />
O Desenvolvimento da Agricultura no Município de<br />
São José do Xingu-MT<br />
D<br />
o ano de 2002 para<br />
cá os fazendeiros<br />
de São José do Xingu, que<br />
até então utilizavam a pecuária<br />
extensiva, resolvem<br />
apostar na produção de<br />
grãos, recuperando parte<br />
de suas terras através de<br />
lavouras mostrando que<br />
também podem se incorporar<br />
no sistema de produção<br />
para a exportação.<br />
Desde então o município<br />
passa a se inserir nesse<br />
sistema de produção modernizada<br />
onde o desenvolvimento<br />
passa a ser<br />
tão discutido pela sociedade<br />
xinguense.<br />
No ano de 2002 até 2005<br />
o município de São José<br />
do Xingu passa por uma<br />
mudança em sua economia.<br />
Os pecuaristas de<br />
São José do Xingu relatam<br />
que a crise no setor<br />
pecuário e a grande que-<br />
da nos preços da arroba<br />
do boi com o surgimento<br />
de focos de aftosa no estado<br />
do Mato Grosso do<br />
Sul, o mercado de carne<br />
bovina encontrou-se suspenso,<br />
decaindo o faturamento<br />
levando a margem<br />
de lucros negativos. Foi<br />
um dos motivos que os<br />
incentivou a investir em<br />
áreas de lavouras, já que<br />
a renda dos mesmos era<br />
voltada para a pecuária<br />
como já foi citado anteriormente.<br />
A dificuldade encontrada<br />
fez com que os produtores<br />
buscassem alternativas<br />
viáveis para diversificar a<br />
produção, investindo em<br />
áreas paralelas (pecuária<br />
x lavoura), procurando<br />
assim agregar valor à produção<br />
primária. Com a<br />
chegada da CARGILL no<br />
município os agricultores<br />
se mantiveram para inciarem<br />
as plantações.<br />
Os mesmos esclarecem<br />
que o setor da agricultura<br />
neste início de milênio<br />
tem passado por transformações<br />
significativas,<br />
novas áreas são incorporadas<br />
ao sistema produtivo,<br />
pesquisas vem sendo<br />
conduzidas com o objetivo<br />
de dar sustentabilidade<br />
à produção, adoção de<br />
tecnologias avançadas,<br />
diversificação de culturas,<br />
aumento da produtividade,<br />
crescimento da<br />
competitividade, quebra<br />
de recordes de produção,<br />
viabilização de novas alternativas<br />
de transportes,<br />
aberturas de novos mercados,<br />
agregação de valores<br />
através de processos<br />
agroindustriais, treinamento<br />
de mão-de-obra<br />
e incentivos por parte do
governo, porém que com<br />
todas essas ações empreendedoras,<br />
resolveram<br />
apostar em plantações<br />
de diversas lavouras que<br />
viessem melhorar a renda,<br />
gerarem empregos, e<br />
impulsionar a economia<br />
do município.<br />
A partir do ano de 2002<br />
das 365 <strong>fazenda</strong>s que se<br />
localizam ao redor do<br />
município de São José do<br />
Xingu-MT, 13 pecuaristas<br />
resolvem apostar no<br />
plantio de grãos como Arroz,<br />
Milho, Sorgo e a Soja.<br />
Diversos fatores foram<br />
decisivos para o desenvolvimento<br />
progressivo<br />
da agricultura, dentre os<br />
quais se refere à localização<br />
geográfica, associada<br />
à disponibilidade de terras<br />
com excelente topografia<br />
e condições excepcionalmente<br />
favoráveis a<br />
agricultura mecanizada.<br />
De acordo com a Secretaria<br />
Municipal de<br />
Agricultura o município<br />
começou as primeiras<br />
plantações de grãos a partir<br />
de 2002/2003 com uma<br />
área de 16.800 hectares<br />
permanecendo estável na<br />
segunda safra com a mesma<br />
quantidade nos anos<br />
de 2003/2004, sendo as<br />
principais culturas, a soja<br />
plantada numa área de<br />
6.500 hectares com uma<br />
produção de 19.500 mil<br />
toneladas, o milho correspondeu<br />
a uma área de<br />
1000 hectares com produção<br />
de 4800 toneladas,<br />
o sorgo com uma área de<br />
300 hectares com produção<br />
de 360 toneladas e<br />
o arroz com uma área de<br />
9.000 mil hectares com<br />
produção de 3.000 toneladas,<br />
um exemplo disso<br />
é o que mostra as tabelas<br />
abaixo: uma significativa<br />
Principais atividades econômicas em São José do Xingu-MT<br />
Lavoura (2006) Pecuária (2006)<br />
CuLTuRA TONELADAS<br />
Soja 21.600<br />
Arroz 6.000<br />
Mandioca 4.800<br />
Milho 4.200<br />
Banana 730<br />
Borracha 126<br />
REBANHO QuANTiDADE<br />
bovinos 357.789<br />
galinhas 23.547<br />
suínos 4.764<br />
eqüinos 2.323<br />
muares 1.679<br />
ovinos 519<br />
bubalinos 434<br />
caprinos 114<br />
asininos 47<br />
produção enquanto durava<br />
o período de plantio.<br />
Ao entrevistar a pecuarista<br />
Rosana de Araújo<br />
da Rocha, proprietária de<br />
terras na região a mais<br />
de 25 anos, ela também<br />
apostou alto na produção<br />
de grãos.<br />
“O que me incentivou<br />
a plantar foi à chegada<br />
de pessoas especializadas<br />
nos assuntos agrícolas, e<br />
também, minha propriedade<br />
estava degradada e a<br />
maneira de conseguir a recuperação<br />
do solo era através<br />
de roça, que seria realmente<br />
beneficiada, porque<br />
araria e iria corrigir a acidez.<br />
Aplicaríamos adubos e<br />
dentro de um ou dois anos<br />
de cultivo de soja e arroz<br />
nós estaríamos com o solo<br />
pronto, próprio para capim,<br />
então a preferência foi essa:<br />
ajeitar o solo degradado<br />
Desmatamento no Município (2007)<br />
51,72% Desmatado<br />
62,80% DESMATADO EXCLuiNDO<br />
Terra indígena<br />
Fonte: ISA<br />
SEPLAN-MT<br />
Fonte:<br />
Área e produção da cultura de sorgo e soja em São José do Xingu-MT<br />
Ano-Safra<br />
Área (ha)<br />
Sorgo<br />
Produção t Área (há)<br />
Soja<br />
Produção t<br />
2001<br />
2002<br />
2003<br />
2004<br />
2005<br />
300<br />
300<br />
300<br />
600<br />
500<br />
360<br />
360<br />
360<br />
720<br />
600<br />
6500<br />
6500<br />
6500<br />
2000<br />
2000<br />
19500<br />
19500<br />
19500<br />
6000<br />
6000<br />
27
28<br />
que já tinha 25 anos de uso.<br />
Então resolvemos fazer<br />
isso, a recuperação do solo<br />
através de lavouras, por<br />
que só arar o capim ficava<br />
pior. Chegou a hora de que<br />
eu tive que usar fosfato,<br />
adubar e plantar. Isso favoreceu<br />
a formação do solo,<br />
mas o dinheiro do plantio<br />
não era suficiente, e só tivemos<br />
incentivo do governo<br />
no primeiro ano, que foi o<br />
financiamento do PROSOL<br />
e PROPASTO. Fizemos<br />
também<br />
o custeio agrícola,<br />
e foi só.<br />
Mas na hora de<br />
pegar o custeio<br />
agrícola o dolar<br />
estava US$ 3,20<br />
e na hora de<br />
vender a soja, o<br />
dólar estava a<br />
US$ 2,20. Como<br />
exemplo, temos o arroz<br />
que vendíamos no primeiro<br />
ano a R$ 37,00 a saca, e<br />
por fim, estava vendendo a<br />
R$ 7,00. Não tinha condições<br />
de continuar. Plantei<br />
arroz e soja, utilizei vários<br />
tipos de máquinas como:<br />
trator, pulverizador, colheitadeira,<br />
roçadeira e plantadeira,<br />
só implementos caros<br />
que foram financiados<br />
pelo BASA. A agricultura,<br />
sem dúvida, quando bem<br />
orientada é bem mais rentável<br />
que a pecuária, isso<br />
quando a gente tem uma<br />
política de governo, porque<br />
se não é um desastre.<br />
Agora, em fator de dinheiro,<br />
a soja é rápida, o retorno<br />
do capital é muito rápido,<br />
quando a gente tem<br />
uma safra boa, você com<br />
seis meses já está pagando<br />
ela e fazendo outra, sem<br />
contar no grande número<br />
de emprego que a mesma<br />
traz. Só na época de plantio<br />
cheguei a empregar<br />
mais de 50 pessoas. O gado<br />
é uma coisa devagar, mas é<br />
seguro, você não quebra, o<br />
Tia Rosa<br />
giro do capital é pequeno,<br />
quanto mais seguro menor<br />
é o lucro. Meu pensamento<br />
era utilizar 200ha para lavoura<br />
e 200ha para pasto,<br />
mas faltou condições para<br />
dar assistência na correção<br />
do solo, onde precisa de<br />
gente especializada, aplicação<br />
de calcário, correção<br />
de fosfato em longo estilo<br />
tudo isso foi feito com<br />
nossos próprios recursos,<br />
nunca tivemos assistência<br />
de nenhum órgão e por<br />
isso não conseguimos levar<br />
as lavouras adiante, o<br />
que acabou influindo no<br />
desenvolvimento do mu-<br />
nicípio, que com isso ficou<br />
muito parado com um<br />
numero muito grande de<br />
pessoas desempregadas.<br />
Mas ainda pretendo investir<br />
em plantações de cana,<br />
álcool porque acredito que<br />
o futuro do município é a<br />
agricultura.”<br />
Outro exemplo disso fica<br />
claro na entrevista da senhora<br />
Ires Marta de Magalhães,<br />
gerente da <strong>fazenda</strong><br />
Rancharia que possui uma<br />
área de 4.840 ha.,<br />
foi a primeira <strong>fazenda</strong><br />
a plantar lavoura<br />
começando<br />
no ano de 2002.<br />
Ela fala do que os<br />
levou a implantar<br />
a agricultura em<br />
sua propriedade:<br />
“No ano de<br />
2002, ao visitarmos<br />
a região do Xingu,<br />
observamos que a terra<br />
sendo bem preparada<br />
poderia dar uma boa<br />
produção. Então com um<br />
pequeno apoio da RIAMA,<br />
uma empresa de vendas<br />
de fertilizantes, resolvemos<br />
apostar na plantação de<br />
soja, mas para plantar precisávamos<br />
fazer uma boa<br />
correção no solo, por que a<br />
terra, até então, tinha sido<br />
utilizada para pastagens<br />
e os pecuaristas que eram<br />
os proprietários da mesma<br />
anteriormente só haviam<br />
sugado dela, então tivemos<br />
que utilizar máquinas
como: trator, gradeadora,<br />
niveladora além de adubos<br />
e calcário, durante o plantio<br />
emprega 70 pessoas. A<br />
agricultura é um bom empreendimento<br />
tanto para<br />
o produtor quanto para o<br />
município, porque ela gera<br />
empregos, e o giro do dinheiro<br />
é rápido, mas não<br />
recebemos incentivo do governo<br />
acabamos parando<br />
A nalisando a situação<br />
da agricultura<br />
empresarial, é de qualquer<br />
maneira, o carro<br />
chefe no setor da economia<br />
de qualquer estado<br />
ou município que a retêm,<br />
porque altos ganhos<br />
de produtividade elevam<br />
a participação do estado<br />
no PIB nacional, além de<br />
atrair grandes investidores<br />
em busca cada vez<br />
mais de lucro. Isso se chama<br />
giro de capital. Outro<br />
ponto a se lembrar é a<br />
implantação de grandes<br />
indústrias em busca de<br />
matéria prima que acabam<br />
gerando empregos,<br />
a exemplo disso tivemos<br />
a CARGILL que se implantou<br />
no município e empregou<br />
um bom número<br />
de pessoas, e conforme<br />
dito anteriormente. também<br />
as propriedades que<br />
produziu acabou gerando<br />
emprego na época do<br />
com as plantações, por falta<br />
de recursos e do alto custo<br />
do frete devido a má qualidade<br />
das estradas, causando<br />
dificuldade para trazer<br />
fertilizantes e até mesmo<br />
levar a soja para fora daqui.<br />
Com isso, a produção se torna<br />
mais barata do que em<br />
outros estados como Goiás<br />
e Minas Gerais. Entre pecuária<br />
e agricultura, sem dúvi-<br />
da, a pecuária dá mais certo,<br />
mas a renda é pequena,<br />
enquanto na agricultura os<br />
custos são mais caros, mas<br />
o lucro é bem mais rentável.<br />
Sem falar no aumento de<br />
movimento que a mesma<br />
traz para o município, porque<br />
nos anos que utilizamos<br />
a agricultura o número<br />
de pessoas no mesmo era<br />
bem maior.”<br />
Desenvolvimento das Áreas de Cultivo em<br />
São José do Xingu - MT<br />
plantio. No período em<br />
que a agricultura no município<br />
estava em alta<br />
o mesmo esteve entre<br />
os vários produtores de<br />
grãos do estado, de certa<br />
forma a agricultura implantada<br />
no Xingu deu<br />
um pequeno impulso no<br />
movimento comercial do<br />
município.<br />
Compreende-se que o<br />
agronegócio no Xingu<br />
não contou com uma po-<br />
lítica de governo, contou<br />
apenas com a capacidade<br />
empreendedora e<br />
financeira dos empresários<br />
rurais que julgavam<br />
um maior desenvolvimento<br />
para o município.<br />
As culturas tiveram uma<br />
diversificação de produção,<br />
pois cultivaram o<br />
milho, arroz, sorgo, soja<br />
e a pecuária que já existia<br />
a mais de 20 anos na<br />
região.<br />
Área da cultura de soja em São José do Xingu-MT<br />
29<br />
Fonte: Fazenda Barra do Dia, abril de 2007
30<br />
O<br />
arroz na região de<br />
São José do Xingu<br />
começou nos anos de 1985<br />
na <strong>fazenda</strong> Terra Nova propriedade<br />
do Sr.<br />
Carlito Guimarães,<br />
um dos<br />
maiores fazendeiros<br />
da região.Ex-presidente<br />
da Asfax<br />
(Associação.<br />
dos Fazendeiros<br />
Araguaia<br />
do Xingu),<br />
sempre lutando<br />
pelo desenvolvimento<br />
da<br />
região. Recebeu o título de<br />
cidadão Xinguense, cidadão<br />
Mato Grossense e, recentemente,<br />
de Água Boa,<br />
acontecimentos que por si<br />
só explicam a importância<br />
do Carlito e da Fátima para<br />
a história da nossa cida-<br />
A<br />
principal atividade<br />
do município de São<br />
José do Xingu é a pecuária<br />
com um rebanho de<br />
357.789 (dados de 2006)<br />
bovinos distribuídos em<br />
363 <strong>fazenda</strong>s, em sua<br />
maioria com a finalidade<br />
ao abate. São José do<br />
Arroz, Milho e Sorgo<br />
de. Chegou no Xingu em<br />
1978, e possui 7 <strong>fazenda</strong>s:<br />
Rancharia, Curicaca, Terra<br />
Nova, Santa Adélia, Reata,<br />
Sr. Carlito e Sra. Maria de Fátima<br />
Maria Bonita e Bacuri. Além<br />
de ser um grande pecuarista,<br />
ele atua desde 1978,<br />
também produzindo arroz,<br />
milho e soja. O sorgo e o<br />
milho são também muito<br />
importantes na agricultura<br />
xinguana. São utilizados<br />
Preço do Adubo em São José do Xingu<br />
ANO PLANTIO COBERTURA<br />
2004 R$ 930,00 R$ 890,00<br />
2008 R$ 1.870,00 R$ 1.918,00<br />
Pecuária de São José do Xingu<br />
Xingu já está em primeiro<br />
lugar no estado ao abate<br />
de bovinos. Daí, o termo<br />
“Capital do Boi Gordo”.<br />
Segundo os fazendeiros<br />
entrevistados, citados<br />
abaixo:<br />
- Tia Rosa (proprietária da Fazenda<br />
para rações de animais e<br />
para adubo de terras e produzidos<br />
em várias <strong>fazenda</strong>s<br />
da região.<br />
Segundo os fazendeirosentrevistados,<br />
o solo<br />
e o clima são<br />
apropriados para<br />
a agricultura de<br />
soja, arroz, milho<br />
e sorgo entre outros,<br />
mas esses<br />
são os principais<br />
produtos agrícolas<br />
cultivados em São<br />
José do Xingu.<br />
Na tabela abaixo<br />
podemos observar o preço<br />
do adubo da soja no<br />
ano de 2004 e 2008.<br />
O que explica a interrupção<br />
da agricultura no Xingu,<br />
o preço da soja é praticamente<br />
igual em 2004<br />
e 2008.<br />
Barra do dia);<br />
- Dr. Zezinho Filho ( proprietário da<br />
Fazenda Reunida);<br />
- Marssilon Pinto Souto Junior (proprietário<br />
da Fazenda Sete Ranchos);<br />
- Carlito Guimarães (proprietário
das Fazendas Rancharia, Curicaca,<br />
Terra Nova, Santa Adélia, Reata,<br />
Maria Bonita e Bacuri.<br />
A Pecuária tem<br />
como objetivo:<br />
criações e engorda<br />
de bois<br />
para venda. É e<br />
uma atividade<br />
muito antiga na<br />
região do Xingu<br />
que começou na<br />
década de 1970.<br />
Segundo o Dr.<br />
Zezinho Filho a<br />
pecuária começou<br />
a partir da Fazenda<br />
Suiá Missu, onde trouxe<br />
incentivos à <strong>fazenda</strong><br />
Reunidas a trabalhar com<br />
a pecuária.<br />
Também, após alguns<br />
anos, outros fazendeiros<br />
de outras partes do<br />
país viram que a região<br />
do Xingu poderia gerar<br />
Sr. Marssilon Pinto na Fazenda Sete Ranchos<br />
lucros, logo eles começaram<br />
a investir na região<br />
com a pecuária com cria,<br />
recria e engorda para<br />
vendas para frigoríficos e<br />
para outros estados bra-<br />
Boiada Fazenda Bang-Bang<br />
sileiros.<br />
Embora, a agricultura na<br />
região tenha durado por<br />
pouco tempo, a pecuária<br />
se manteve sempre<br />
em pé com sua típica<br />
produção de bovinos,<br />
sem nenhuma<br />
interferência da agricultura.<br />
Todos os entrevistados<br />
nos citaram que<br />
já foi provado que<br />
o município de São<br />
José do Xingu é adequado<br />
à engorda de<br />
bovinos por ter uma<br />
topografia plana, terras<br />
férteis e clima adequado<br />
para a produção, e vem<br />
demonstrando que em<br />
breve será, também, uma<br />
potência na agricultura.<br />
31
As Grandes Fazendas da Região e os Investimentos<br />
na Pecuária e na Agricultura<br />
Cadastro de Propriedades Rurais<br />
Conforme registros do INDEA – Instituto de Defesa Agropecuária do município de São José do<br />
Xingu-MT, apresentado no dia 18/03/2008, o município possui as seguintes propriedades ativas:<br />
32<br />
NOME DA PROPRIEDADE NOME DA PROPRIEDADE NOME DA PROPRIEDADE<br />
FAZENDA 02 IRMÃOS FAZENDA BENJAMIM FAZENDA ESTÂNCIA DE SÃO SEBASTIÃO<br />
FAZENDACRUMARÉ DO XINGU FAZENDA BOA ESPERANÇA FAZENDA ESTÂNCIA DIVA<br />
FAZENDA SANTA LIA FAZENDA BOA ESPERANÇA I FAZENDA ESTÂNCIA SÃO SEBASTIÃO<br />
FAZENDA 23 DE JUNHO FAZENDA BOA ESPERANÇA II FAZENDA ESTANCIA TRÊS COQUEIROS<br />
FAZENDA 3 DE MAIO FAZENDA BOA SORTE FAZENDA ESTRELA DALVA<br />
FAZENDA 3 R FAZENDA BOA VISTA FAZENDA ESTRELA DALVA III<br />
FAZENDA 4 IRMÃOS FAZENDA BOM MIRAR FAZENDA ESTRELAS<br />
FAZENDA 5N FAZENDA BOM SUCESSO FAZENDA FELICIDADE<br />
FAZENDA 7 RANCHOS FAZENDA BRASÍLIA FAZENDA FERRÃO DE PRATA<br />
FAZENDA ADORADO FAZENDA CALIFÓRNIA FAZENDA FLOR DA MATA<br />
FAZENDA ÁGUA AZUL FAZENDA CAMAÇARI FAZENDA FLOR DO OESTE<br />
FAZENDA ÁGUA BOA FAZENDA CAMPINA FAZENDA FORTALEZA<br />
FAZENDA ÁGUA LIMPA FAZENDA CAMPOS ALTOS FAZENDA GAIVOTA<br />
FAZENDA AGUENTA CORAÇÃO FAZENDA CANAÃ FAZENDA GOIÂNIA<br />
FAZENDA ÁGUIA AZUL FAZENDA CANDEIA FAZENDA GUARANI<br />
FAZENDA ALEGRIA FAZENDA CATANDUVAS FAZENDA GUARUJÁ<br />
FAZENDA ALIANÇA FAZENDA CHALANA FAZENDA GUARUJÁ DO NORTE<br />
FAZENDA ALTINO RIBEIRO FAZENDA CLÉIA FAZENDA HAVAÍ<br />
FAZENDA ALVORADA FAZENDA COBIÇADA FAZENDA HS<br />
FAZENDA APARECIDA FAZENDA COND. PIABA AZUL II FAZENDA INAJÁ<br />
FAZENDA ARÁ FAZENDA CONQUISTA FAZENDA INDOMADA<br />
FAZENDA ARAÇATUBA FAZENDA CÓRREGO SECO FAZENDA IPÊ<br />
FAZENDA ARAI FAZENDA CRUMARÉ DO XINGU FAZENDA ITACURU<br />
FAZENDA ARAPONGA FAZENDA CURICACA FAZENDA ITATIAIA<br />
FAZENDA ARARA AZUL FAZENDA DALAS FAZENDA JAMANTA<br />
FAZENDA ARAÚNA FAZENDA DOIS IRMÃOS FAZENDA JANDAIA<br />
FAZENDA ITUIUTABA FAZENDA DOS VIEIRAS FAZENDA JAÓ<br />
FAZENDA BANG BANG FAZENDA ELDORADO FAZENDA JARDIM DO EDEM<br />
FAZENDA BARRA BONITA II FAZENDA ELOÍSA FAZENDA JATOBÁ<br />
FAZENDA BARRA DO DIA FAZENDA ESCONDIDA FAZENDA JAVAE<br />
FAZENDA BARRO ALTO FAZENDA ESMERALDA FAZENDA JB<br />
FAZENDA BEIRA RIO FAZENDA ESPIGÃO FAZENDA JERUSALÉM<br />
FAZENDA BELIMA FAZENDA ESPERANÇA FAZENDA JURITI<br />
FAZENDA BENAGRO FAZENDA ESPERANÇA II FAZENDA LAGO AZUL
NOME DA PROPRIEDADE NOME A PROPRIEDADE NOME DA PROPRIEDADE<br />
FAZENDA LAGO VERMELHO FAZENDA PERDIZ FAZENDA SANTA ROSA<br />
FAZENDA LIMOEIRO FAZENDA PERPETO SOCORRO FAZENDA SANTA TERESA<br />
FAZENDA LUZ DOURADA FAZENDA PESA II FAZENDA SANTIAGO<br />
FAZENDA MACAÚBA FAZENDA PESA III FAZENDA SANTO ANTÔNIO<br />
FAZENDA MACUCO FAZENDA PIABA AZUL 2 FAZENDA SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA I<br />
FAZENDA MARAJÓ FAZENDA PIRARARA FAZENDA SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA II<br />
FAZENDA MARANATA FAZENDA PIRES DO RIO FAZENDA SANTUÁ RIO<br />
FAZENDA MARCELA FAZENDA PITEL FAZENDA SÃO BENTO<br />
FAZENDA MATA FRESCA FAZENDA PONTA VERDE FAZENDA SÃO COSME<br />
FAZENDA MATO MINAS FAZENDA PORTANA FAZENDA SÃO COSME DAMIÃO<br />
FAZENDA MINA D’ÁGUA FAZENDA POTÊNCIA FAZENDA SÃO FRANCISCO<br />
FAZENDA MINAS GERAIS FAZENDA PRIMAVERA FAZENDA SÃO JOÃO<br />
FAZENDA MINAS GERAIS BELIMA FAZENDA QUEIROZ FAZENDA SÃO JORGE<br />
FAZENDA MINAS GERAIS II FAZENDA RAINHA DA PAZ FAZENDA SÃO JORGE BLANCO<br />
FAZENDA MINEIRA FAZENDA RENATA FAZENDA SÃO JORGE PRETO II<br />
FAZENDA MINEIRA II FAZENDA RANCHARIA FAZENDA SÃO JOSÉ<br />
FAZENDA MODELO FAZENDA RANCHO DO VALE FAZENDA SÃO JOSÉ DA REUNIDA<br />
FAZENDA MOINHO FAZENDA RECANTO DO NELORE FAZENDA SÃO LUÍS<br />
FAZENDA MONTE DAS OLIVEIRAS FAZENDA REGALITO FAZENDA SÃO MARCOS<br />
FAZENDA MORADA DO BOI FAZENDA RIACHO FUNDO FAZENDA SÃO MIGUEL<br />
FAZENDA MUNDO NOVO DO XINGU FAZENDA RIO MADEIRA FAZENDA SÃO PAULO<br />
FAZENDA N. S. APARECIDA FAZENDA RIO PRETO FAZENDA SÃO SEBASTIÃO DA GOIANA<br />
FAZENDA NASCENTE FAZENDA ROSAURA FAZENDA SERRA NEGRA<br />
FAZENDA NIAGARA FAZENDA SANTA ADA FAZENDA SOSSEGO<br />
FAZENDA NOSSA SENHORA ABADIA FAZENDA SANTA ADÉLIA FAZENDA SUCUPIRA<br />
FAZENDA NOSSA SENHORA APARECIDA FAZENDA SANTA ALUZIA FAZENDA TAIASSU<br />
FAZENDA NOSSA SENHORA DA GUIA FAZENDA SANTA ANITA FAZENDA TAMARANA<br />
FAZENDA NOVA ALIANÇA FAZENDA SANTA CRUZ FAZENDA TAPETE VERDE<br />
FAZENDA NOVA ESPERANÇA FAZENDA SANTA FÉ FAZENDA TAPUIA<br />
FAZENDA NOVA OLINDA FAZENDA SANTA FÉ DO XINGU FAZENDA TERRA BOA<br />
FAZENDA NOVO MUNDO FAZENDA SANTA HELENA TERRA NOVA<br />
FAZENDA OLHO D’ÁGUA FAZENDA SANTA INÊS FAZENDA TOINHA<br />
FAZENDA OURO VERDE FAZENDA SANTA LUZIA FAZENDA TUBARANA<br />
FAZENDA OURO VERDE II FAZENDA SANTA LUZIA DA SERRINHA FAZENDA TRÊS FLEXAS<br />
FAZENDA PAI E FILHO FAZENDA SANTA MARIA FAZENDA TUBARANA<br />
FAZENDA PALMEIRA FAZENDA SANTA MARIA DO MT FAZENDA UMUARAMA<br />
FAZENDA PANORAMA FAZENDA SANTA MARIA DO MT I FAZENDA VÁRZEA GRANDE<br />
FAZENDA PARAÍSO FAZENDA SANTA MARIA DO XINGU FAZENDA VIDEIRA<br />
FAZENDA PARAÍSO II FAZENDA SANTA MARTA FAZENDA VISTA ALEGRE<br />
FAZENDA PARAÍSO III FAZENDA SANTA RITA FAZENDA VITÓRIA<br />
FAZENDA PATEIRO FAZENDA SANTA TEREZINHA FAZENDA WA<br />
33
34<br />
A<br />
s terras indígenas representam<br />
17,80%<br />
da área total do município.<br />
Segundo o Instituto<br />
Socioambiental, no Xingu<br />
as aldeias são formadas<br />
por casas comuns dispostas<br />
em perímetro ovulado,<br />
em torno de uma praça de<br />
chão batido.<br />
No centro desta praça<br />
fica a chamada casa dos<br />
homens. Além de ser um<br />
ponto de reunião masculina,<br />
a construção oculta<br />
as flautas sagradas, interditas<br />
ao olhar feminino, e<br />
que são por isso tocada no<br />
interior da casa, ou à noite<br />
no pátio, quando as mulheres<br />
estão recolhidas.<br />
Também saem ao ar livre,<br />
por ocasião de tarefas<br />
coletivas masculinas, retribuídas<br />
com alimentos por<br />
aquele a favor de quem<br />
são realizadas. Nessa ocasião,<br />
as mulheres têm de<br />
se trancar em suas casas.<br />
Na cultura xinguana, as<br />
jovens ao menstruarem<br />
pela primeira vez, entram<br />
em reclusão, para aprender<br />
a executar tarefas femininas<br />
no preparo dos<br />
alimentos e na confecção<br />
do artesanato. Durante a<br />
sua reclusão, que não costuma<br />
durar mais do que<br />
um ano, ela não corta os<br />
cabelos e sua franja cresce<br />
por sobre os olhos. Ao<br />
A Cultura Indígena Xinguana<br />
final deste período, ela recebe<br />
um novo nome, sendo<br />
considerada a partir de<br />
então, adulta pronta para<br />
o casamento.<br />
A unidade política por<br />
excelência no Xingu é a aldeia,<br />
cujo líder atua como<br />
mediador e regulador dos<br />
conflitos, devendo ser generoso<br />
e manter a harmonia<br />
interna do grupo.<br />
O poder do chefe, de natureza<br />
marcadamente pacífica,<br />
depende da anuência<br />
do grupo, sobretudo<br />
do apoio dos lideres de<br />
grupos domésticos. Sua<br />
habilidade política se expressa<br />
pelas palavras nos<br />
discursos e exortações<br />
na praça. As regras de sucessão<br />
ao status de líder<br />
da aldeia são flexíveis e<br />
costumam suscitar muita<br />
competição pelo cargo.<br />
(ISA, 2004)<br />
Apesar do intenso intercâmbio<br />
entre diferentes<br />
povos do parque, cada<br />
qual mantém a sua língua;<br />
nele estão representadas<br />
as seguintes famílias lingüísticas:<br />
- Família Tupi-Guarani<br />
(do tronco tupi): Kamanxurá<br />
e Kaiabi.<br />
- Família Juruna (do<br />
tronco tupi): Yudjá (ou<br />
Juruna)<br />
- Família Aweti (do tronco<br />
tupi e com uma única<br />
língua): Aweti.<br />
- Família Aruak: Mehimako,<br />
wauja e yawalapiti.<br />
Família Karibi:Ikpeng, Kalapalo,<br />
kuikuro, matipu e<br />
nahukwa.<br />
- Família Jê (do tronco<br />
macro – Jê): suyá<br />
- Língua não classificada<br />
em qualquer família:<br />
trumai.<br />
Em relação à produção<br />
de artefatos e indumentária,<br />
os artigos de metal,<br />
dos quais depende a<br />
quase totalidade das atividades<br />
produtivas masculinas<br />
não substituíram<br />
integralmente o artesanato<br />
indígena usado pelas<br />
mulheres na produção de<br />
alimentos. Assim, panelas<br />
e caldeirões de metal<br />
competem com as cuias<br />
usadas no transporte e<br />
armazenamento de água,<br />
sem, entretanto, ameaçar<br />
a posição das panelas de<br />
cerâmicas.<br />
Grande parte dos materiais<br />
empregados na ela<br />
boração do artesanato é<br />
de origem nativa – madeira,<br />
embira, fibra de buriti,<br />
algodão, etc. Dentre esses<br />
itens, o fio de lã com-
pete com o de algodão nativo<br />
e tende em alguns casos<br />
(como para a confecção<br />
de redes de dormir) a<br />
substituí-lo integralmente.<br />
Outros, como as con- tas e<br />
miçangas, altamente valorizadas<br />
na elaboração de<br />
colares e cintos, não diminuíram<br />
a importância dos<br />
similares nativos (contas<br />
de caramujo).<br />
São quatorze etnias que<br />
habitam atualmente o PIX<br />
(Parque Indígena do Xingu):<br />
Aweti, Kalapalo, kuikuro,<br />
matipu, mehinako,<br />
nalukwa, trumai, wauja,<br />
yawalapiti, ikpeng, kaiabi<br />
e suyá.<br />
Entre essas etnias cada<br />
uma é reconhecida por<br />
uma certa especialidade<br />
produtiva, que lhe permite<br />
participar num sistema de<br />
trocas com as demais etnias.<br />
As grandes panelas de<br />
cerâmicas, de fundo chato<br />
e espessas bordas voltadas<br />
A<br />
s vantagens da<br />
transferência dos<br />
Kaiabi para o PIX, foram<br />
no sentido de terem conseguido<br />
estabelecer a paz<br />
e a harmonização com<br />
povos anteriormente rivais.<br />
Em contrapartida a<br />
tal realidade, houve também<br />
grandes perdas de<br />
costumes, e também da<br />
língua, em função do contato<br />
com os missionários<br />
para fora, são uma especialidade<br />
das wauja. Os arcos<br />
de uma dura madeira<br />
pre-ta são feitas exclusivamente<br />
pelos kamaiurás. Os<br />
colares e os cintos de garras<br />
de onças e de discos de<br />
caramujos são confecciona<br />
dos pelos povos falantes<br />
de línguas de família karib<br />
(kalapalo, kulapalo, matipu,<br />
nahukuá). O sal (não<br />
o cloreto de sódio, e sim<br />
de potássio) é extraído de<br />
aguapé e armazenado pe-<br />
Índios Kaiabi<br />
Diamantinos e sua política<br />
de doutrinação ao<br />
povo Kaiabi.<br />
Parte das habilidades em<br />
se fazer artefatos também<br />
se perderam com a mudança<br />
para o PIX. Os Kaiabi<br />
conhecidos como Mestres<br />
das panelas de barro,<br />
não fazem mais esse artefato,<br />
já que a região das<br />
terras demarcadas para a<br />
aldeia Kaiabi não abrigou<br />
Índios Kaiabi (atrás, rio Xingu)<br />
los aweti, nohinako e trumai.<br />
(ISA, 2004).<br />
A iniciativa das associações<br />
significa, sobretudo, a<br />
tentativa dos índios de conquistar<br />
autonomia na gestão<br />
dos interesses comunitários<br />
que tem interface<br />
com os mundos institucionais,<br />
públicos e privados,<br />
da sociedade nacional.<br />
Existem duas tribos que<br />
daremos maior destaque<br />
no livro: Os Kaiabi e os<br />
Kayapós.<br />
em seus limites a lagoa<br />
utilizada para a extração<br />
do barro usado na confecção<br />
de artefatos, e nos<br />
limites do PIX, não se encontra<br />
o barro de igual<br />
qualidade para a fabricação<br />
destes artefatos.<br />
Cada indivíduo Kaiabi<br />
possui vários nomes, que<br />
formam um repertório<br />
pessoal variado. Ao longo<br />
da vida os nomes são tro-<br />
35
36<br />
cados à medida que estes<br />
ascendem a novas categorias<br />
sociais ou passa<br />
por experiências pessoais<br />
marcantes.<br />
O nascimento do primeiro<br />
filho é um momento<br />
em que os pais sempre<br />
recebem novos nomes.<br />
Esses nomes podem ser<br />
de antepassados, de seres<br />
sobrenaturais ou estarem<br />
relacionados a algum<br />
evento específico protagonizado<br />
pelo indivíduo.<br />
Os homens mais velhos<br />
da aldeia, o chefe ou pajé,<br />
são em geral os responsáveis<br />
pela transmissão dos<br />
nomes. No passado, o principal<br />
momento que determinava<br />
a mudança de<br />
nome era a participação<br />
O s<br />
Kaiabi têm uma<br />
cultura material elaborada<br />
e bastante diversificada.<br />
Porém, de acordo<br />
com a ATIX os itens que<br />
mais os caracterizam são:<br />
apás (um tipo de peneira)<br />
e cestos (confeccionados<br />
pelos homens), conforme<br />
se vê na figura abaixo.<br />
O s<br />
Kaiabi são considerados<br />
um grupo<br />
com forte tradição agrícola,<br />
sua horticultura é<br />
bastante diversificada,<br />
compreendendo dezenas<br />
de variedades de plantas<br />
em expedições guerreiras<br />
e, mais especificamente,<br />
a morte de um inimigo.<br />
No passado todos os<br />
Kaiabi exibiam tatuagens<br />
faciais, as quais obedeciam<br />
alguns padrões básicos<br />
para homens e mulheres.<br />
Essas tatuagens eram<br />
feitas, primeiramente no<br />
início da puberdade.<br />
Assim como os nomes, as<br />
tatuagens serviam como<br />
mecanismo de identificação<br />
pessoal ou grupal.<br />
Também como no caso<br />
dos nomes, a morte de<br />
um inimigo era um evento<br />
marcado pela execução<br />
de novas tatuagens.<br />
A divisão do trabalho<br />
nas tribos Kaiabi obedece<br />
ao esquema de que roças<br />
Os Artefatos<br />
Eles também fazem arcos<br />
e flechas para a caça, abanador<br />
para as mulheres, colares<br />
e pulseiras para se enfeitarem,<br />
pentes e bancos.<br />
O trabalho artesanal feminino<br />
mais elaborado é a<br />
tecelagem do algodão para<br />
a fabricação das redes e tipóias.<br />
Atualmente, os itens<br />
A Agricultura<br />
cultivadas e um sistema<br />
agrícola bastante elaborarado.<br />
Como em outros grupos<br />
indígenas o calendário<br />
agrícola compreende os<br />
períodos de roçado e der-<br />
e plantas, caçar, pescar e<br />
fabricar utensílios ligados<br />
a estas atividades, a construção<br />
de canoas, a arquitetura<br />
e os trabalhos de<br />
trançados, assim como a<br />
busca e o transporte de lenha,<br />
a coleta de mel, estas<br />
são as tarefas dos homens.<br />
(Grunberg: 2004, p. 161).<br />
Às mulheres cabe colher<br />
e transportar os produtos<br />
da roça, preparar o<br />
alimento, fiar o algodão<br />
para a confecção de faixas<br />
para carregar crianças<br />
e redes de dormir. O<br />
transporte de cargas, o<br />
plantio, a colheita e a coleta<br />
de frutas, porém, são<br />
em geral executados por<br />
homens e mulheres em<br />
conjunto.<br />
mais produzidos são os<br />
colares de tucum lisos, também<br />
confeccionados pelas<br />
mulheres. Os artesanatos<br />
feitos pelos Kaiabi são ornamentados<br />
com uma grande<br />
variedade de padrões<br />
gráficos, que representam<br />
figuras da rica cosmologia<br />
e mitologia do grupo.<br />
rubada (maio e junho),<br />
queimada (agosto) e plantio<br />
(setembro e outubro).<br />
Os períodos de colheita<br />
variam dependendo da<br />
cultura.<br />
Há basicamente dois ti-
pos de roça Kaiabi: as<br />
ro-ças polivarietais de<br />
mandioca e as roças de<br />
policultivo. Nas primeiras,<br />
planta-se quase que exclusivamente<br />
as diversas<br />
E<br />
mbora pratiquem a<br />
caça de aves, e ocasionalmente<br />
de pequenos<br />
mamíferos, os Kaiabi<br />
vivem principalmente da<br />
pesca. Além de vários tipos<br />
de armadilhas, se destaca,<br />
o Pari, cesto de entrada<br />
afunilada e do uso de<br />
pequenas redes, os índios<br />
Kaiabi utilizam principal-<br />
variedades de mandioca<br />
utilizadas para a produção<br />
de farinha, beijus e<br />
mingaus.<br />
Nas roças de policultivo<br />
plantam-se diversas es-<br />
Caça e Pesca<br />
mente o arco e flecha para<br />
a pesca, quando praticada<br />
individualmente.<br />
Um processo mais produtivo<br />
e de largo uso, mas<br />
que exige a participação<br />
de um grupo numeroso<br />
de indivíduos é o envenenamento<br />
das águas de enseadas<br />
e pequenos lagos<br />
de igarapés, com o timbó.<br />
Canoas e Barcos dos Indios<br />
Índios Kayapós<br />
DADOS BÁSICOS<br />
pécies, que exigem melhores<br />
solos (área de terra<br />
preta): milho, algodão,<br />
amendoim, batata, cará,<br />
banana, fava, cana, abóbora<br />
e melancia.<br />
O peixe moqueado no<br />
próprio local da pescaria<br />
é transportado em fardos<br />
para a aldeia.<br />
A pimenta usada em<br />
grande quantidade é<br />
condimento essencial do<br />
peixe. Usa-se também<br />
uma espécie de sal feito<br />
de raízes de uma planta<br />
aquática.<br />
Nome: Kayapó<br />
Nomes alternativos: Xikrin, Txhukahamai<br />
Auto-denominação: Mebêngôkre<br />
Classificação lingüística: Macro-Gê, Gê, Kayapó<br />
População: 7096 (ISA-2003)<br />
Local: Parque Nacional do Xingu, Mato Grosso e Sul do Pará. São nove aldeias.<br />
37
38<br />
A<br />
ntigamente os<br />
Kayapó eram considerados<br />
uma tribo muito<br />
belicosa e agressiva morando<br />
no sul do Pará e<br />
norte de Mato Grosso,<br />
vagueando por um<br />
território vasto desde<br />
a margem leste do<br />
Xingu até o Tapajós. A<br />
parte oriental da tribo<br />
foi pacificada por volta<br />
de 1940, e a parte<br />
ocidental na década<br />
de 50, pelos irmãos<br />
Villas Boas. Eles guerreavam<br />
com tribos<br />
vizinhas como Karajá,<br />
Juruna, Xavante, Tapirapé,<br />
Kreen-Akorore<br />
e outras, como também<br />
ribeirinhos, seringueiros<br />
e outros no<br />
local. Eles matavam, tocavam<br />
fogo nas aldeias e<br />
vilarejos, roubavam e sequestravam.<br />
Alguns dos<br />
cativos ainda hoje estão<br />
vivos, integrados na sociedade<br />
Kayapó, casados<br />
com filhos e netos.<br />
Além de guerrear com os<br />
A<br />
caça possui lugar<br />
privilegiado nas atividades<br />
cotidianas masculinas.<br />
Normalmente,<br />
as caçadas são coletivas<br />
e planejadas quando antecedem<br />
os cerimoniais<br />
(metôro) do calendário<br />
de festas tradicionalnente<br />
Traços Culturais dos Kayapós<br />
não-Kayapó, eles também<br />
praticavam guerra interna,<br />
com aldeias diferentes<br />
atacando e se matando<br />
umas às outras. Hoje em<br />
dia não tem mais guerra<br />
interna, nem guerra contra<br />
outras tribos, porém<br />
eles insistem em sua natureza<br />
belicosa, pois atacam<br />
aqueles que invadem<br />
suas terras.<br />
Alguns aspectos distinti-<br />
Caça, Pesca e Coleta<br />
cultivadas pelos Mebengokré,<br />
mas alguns caçadores<br />
costumam praticála<br />
individualmente quase<br />
que diariamente, sempre<br />
acompanhados por cachorros.<br />
Os animais mais<br />
apreciados são: a onça,<br />
a capivara, a queixada<br />
vos da cultura Kayapó são<br />
os bodoques que os homens<br />
costumavam usar e<br />
ainda são usados por alguns,<br />
embora a nova<br />
geração não continue<br />
a praticar. Outro aspecto<br />
é a pintura corporal,<br />
uma coisa muito<br />
bonita, feita com<br />
linhas geométricas e<br />
intricadas. Crianças e<br />
adultos de ambos os<br />
sexos costumam usar.<br />
As primorosas festas<br />
constituem outro<br />
aspecto muito interessante.<br />
Estas festas<br />
chegam ao clímax, depois<br />
de um período de<br />
meses, durante o qual<br />
cada ritual se adere<br />
minuciosamente com<br />
suas canções, danças e<br />
cerimônias especiais próprias<br />
para aquela festa.<br />
A língua tem 17 (dezessete)<br />
vogais e 16 (dezesseis)<br />
consoantes, e padrão<br />
distinto de entoação e vogal<br />
prolongada para dar<br />
ênfase.<br />
(poco), entre outros. Preferindo,<br />
em épocas de escassez<br />
de alimentos, abater<br />
um boi ou uma vaca<br />
para o sustento da comunidade<br />
indígena.<br />
A pesca é desenvolvida<br />
nos rios e igarapés próximos<br />
às casas, no caso do
Posto Indígena de Vigilância<br />
Kranhãmpre, utilizam o<br />
igarapé Trairão e os pequenos<br />
igarapés que circundam<br />
a área. Os índios do<br />
Posto Indígena de Vigilância<br />
Ngônôkãket utilizam<br />
o rio Xingu e seus afluentes,<br />
como por exemplo o<br />
rio da Paz, e dos igarapés<br />
localizados próximos ao<br />
Posto Indígena de Vigilância<br />
Ngônôkãket. Os instrumentos<br />
mais utilizados<br />
na pesca são o anzol e a<br />
O<br />
antropólogo Darrel<br />
Posey, estudando os<br />
Mebengokré, mostrou a<br />
preocupação desse povo<br />
com a preservação da natureza,<br />
utilizando, para<br />
isso, não só um planejamento<br />
rigoroso<br />
nas suas práticas<br />
agrícolas,<br />
como também<br />
técnicas naturais<br />
altamente<br />
desenvolvidas,<br />
se comparadas<br />
à dependência<br />
da sociedade<br />
envolvente aos<br />
defensivos químicos.<br />
Os Kayapós, por exemplo,<br />
acreditam que existe<br />
um equilíbrio entre os<br />
espíritos dos animais, dos<br />
homens e das plantas.<br />
Se os homens abusarem<br />
dos recursos da floresta, a<br />
harmonia será destruída<br />
linha de nylon, adquiridas<br />
nos mercados regionais, e<br />
as canoas equipadas com<br />
motor de rabeta.<br />
Coletam o açaí, o babaçú,<br />
a andiroba, entre uma variedade<br />
de coquinhos, são<br />
também muito apreciados<br />
pelos índios, além da<br />
envira para confecção de<br />
artesanatos, a exemplo de<br />
paneiros, cocares, palhas<br />
para a cobertura de suas<br />
casas, lenha para abastecer<br />
as fogueiras familiares,<br />
Agricultura<br />
e chegarão doenças para<br />
toda a tribo. Para eles, nenhum<br />
aspecto da vida tribal<br />
é mais importante que<br />
o equilíbrio ecológico.<br />
E, sobre as lavouras as<br />
roças possuem sempre<br />
Índios Kayapós<br />
cobertura vegetal, o que<br />
impede a erosão do solo<br />
e a insolação excessiva.<br />
Dentro das roças é grande<br />
a variedade de plantas<br />
e sua distribuição evita o<br />
aparecimento de insetos<br />
e outras pragas. Outro co-<br />
e privilegiam a coleta do<br />
mel e da cera de abelha.<br />
Os mais importantes rituais<br />
Mebengokré são aqueles<br />
associados à iniciação<br />
e à nominação. Os nomes<br />
cerimoniais são trazidos<br />
pelos xamãs da aldeia. Eles<br />
entram em contato com<br />
os animais, que lhes dizem<br />
quais o nomes serão dados<br />
às pessoas. Um xamã<br />
pode falar tanto com animais<br />
quanto com os elementos<br />
da natureza.<br />
nhecimento nativo sobre a<br />
agricultura é que o plantio<br />
se faz de maneira a aproveitar<br />
ao máximo o solo,<br />
de acordo com as plantas<br />
e as condições do terreno.<br />
Assim cada planta pode<br />
aproveitar melhor<br />
as propriedades<br />
que lhe servem.<br />
As faixas de<br />
florestas conservadas<br />
entre as<br />
roças servem ao<br />
mesmo tempo de<br />
“corredores naturais”<br />
prestando-se<br />
ao uso como refúgio<br />
por plantas e<br />
animais, facilitando<br />
a reconstituição da fauna<br />
e da flora. Isto denota<br />
planejamento e permite a<br />
conservação das reservas,<br />
proporcionando que haja<br />
produção com aproveitamento<br />
máximo dos recursos<br />
e sem dano ao meio.<br />
39
BIBLIOGRAFIA<br />
Freitas, J. J. A Produção do Espaço Urbano de São José do Xingu a partir de meados<br />
da década de 70. São José do Xingu: UNEMAT, 2001.<br />
(Texto monográfico apresentado no ano de 2001, para a conclusão do curso de Geografia).<br />
Santiago, E. S. Historia de São José do Xingu. São Jose do Xingu: UNEMAT,<br />
2001.<br />
(Texto monográfico apresentado no ano de 2001, para a conclusão do curso de Pedagogia.).<br />
Junior, H. M. Índios Kaiabis – A Cultura que a ainda Sobrevive no PIX. Iporá:<br />
UEG, 2006.<br />
(Texto monográfico apresentado no ano de 2006, para a conclusão do curso de Geografia).<br />
Silva, M. O. Gleba Aymoré – A Coragem de um povo pela Ocupação de uma Terra.<br />
São José do Xingu: UNEMAT, 2007.<br />
(Texto monográfico apresentado no ano de 2007, para a conclusão do curso de Historia.).<br />
Vilela, E.C. ; Alves,A.S. ; Rodrigues, M. S. ; Brito ,E.L. Dengue – Um Aumento significativo<br />
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(Texto monográfico apresentado no ano de 2007, para a conclusão do curso de Enfermagem.).<br />
Godoy, M. São Jose do Xingu – MT Brasil. São Jose do Xingu, 2000.<br />
Oliveira, A.A.A. A Produção de Grãos e sua Comercialização pelos pecuaristas<br />
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(Texto monográfico apresentado no ano de 2007, para a conclusão do curso de Geografia.).<br />
Agentes ambientais de Saúde e Sheila Cristina, São José do Xingu-MT ,São Jose<br />
do Xingu: PROFORMAR,2007.<br />
(Texto monográfico apresentado por alguns Agentes Ambientais da Secretaria de<br />
Saúde).<br />
Revista<br />
Revista de Estudos e Pesquisas, FUNAI, Brasília, v.1, n.2, p. 249-288, dez. 2004, Eliane<br />
da Silva Souza Pequeno<br />
Pires, Suely Gonçalves – Odisséia do Xingu, 2001.
ANEXO I<br />
Dengue
44<br />
Dengue: Um Aumento Significativo da Doença ou um<br />
Descuido da População Xinguense<br />
(Trabalho elaborado pelas Técnicas de Enfermagem: Ariane, Elaine, Monica e Elba)<br />
S<br />
egundo dados do<br />
Ministério da Saúde<br />
e da Secretaria Municipal<br />
de Saúde de São José do<br />
Xingu, o número de casos<br />
de dengue vem tendo um<br />
aumento significativo a<br />
cada ano que passa.<br />
O primeiro indício de<br />
dengue no município data<br />
de novembro de 2004.<br />
Uma larva foi encontrada<br />
na quadra 26, residência<br />
nº 132 no centro da cidade<br />
(casa do Gauchinho),<br />
em uma caixa d’água no<br />
chão que veio de fora.<br />
Como medida de proteção,<br />
foi tratado o foco local<br />
juntamente com mais<br />
quatro quarteirões em sua<br />
mediação (26,27,45,46).<br />
A segunda amostra encontrada<br />
data de 20 de<br />
janeiro de 2005 na quadra<br />
27, nº 136 (construção do<br />
Sr. Afonso Andrade). Já<br />
em fevereiro deste mesmo<br />
ano foi constatado o primeiro<br />
caso de dengue no<br />
município (na residência<br />
da professora Tuti), cinco<br />
pessoas de uma mesma<br />
família. Como medidas de<br />
providência colocaram 6<br />
agentes em trabalho de<br />
campo, fizeram arrastão e<br />
borrifação. Nesta época o<br />
surto foi controlado com<br />
limpeza geral, evitandose<br />
assim que a dengue se<br />
alastrasse.<br />
Com base nos dados colhidos<br />
no ano de 2006,<br />
houve 51 casos notificados;<br />
no ano de 2007, esse<br />
número passou para 106;<br />
e só no mês de janeiro de<br />
2008 os dados ultrapassam<br />
o ano de 2006 com<br />
Equipe de Saúde<br />
mais, de 90 novos casos<br />
notificados. Esses dados<br />
revelam que a cada ano<br />
que passa a dengue se espalha<br />
cada vez mais, o que<br />
deixa a população muito<br />
preocupada, mas isso só<br />
está acontecendo devido<br />
à população não estar se<br />
prevenindo e conscientizando<br />
que a dengue é um<br />
problema de todos.<br />
O que mais se vê na cidade<br />
são terrenos sujos, lixos<br />
se acumulando por toda<br />
parte, entulhos em todo<br />
canto. Quem agüenta<br />
isso? Somente os oportunistas.<br />
Os famosos vetores<br />
que encontram aí ambiente<br />
ideal para se procriar,<br />
se reproduzir. E com isso<br />
aumentam, sim, os casos<br />
de dengue no município,<br />
e não há como evitar esse
mal sem a ajuda da população<br />
xinguense.<br />
Uma das formas encontrada<br />
pela Prefeitura<br />
Municipal para evitar<br />
que essa doença se espalhasse<br />
ainda mais, foi um<br />
mutirão no qual estavam<br />
presentes todas as equipes<br />
da vigilância ambiental,<br />
epidemiológica e sa-<br />
A<br />
dengue é uma doença<br />
infecciosa febril<br />
aguda, epidêmica, de<br />
início súbito, caracterizada<br />
por erupção cutânea<br />
polimorfa e difusa, morbiforme,<br />
dores articulares,<br />
cefaléia, astenia, evolução<br />
cíclica e convalescência<br />
longa. Doença causada<br />
por um vírus da família<br />
Flaviridae e é transmitida<br />
através do mosquito<br />
Aedes aegypti, também<br />
infectado pelo vírus, que<br />
é menor que um pernilongo,<br />
é escuro e rajado<br />
de branco, gosta de picar<br />
as pessoas durante o dia<br />
e se desenvolve em água<br />
parada e limpa. Atualmente,<br />
a dengue é considerada<br />
um dos principais<br />
problemas de saúde pública<br />
de todo o mundo. E<br />
a população de São José<br />
do Xingu não está fora<br />
dessa estatística.<br />
É uma doença caracterizada<br />
em sua forma clássica<br />
por dores musculares e<br />
articulares intensas. Exis-<br />
nitária, além de toda uma<br />
equipe formada para atuar<br />
no combate a dengue.<br />
Embora tenha sido uma<br />
iniciativa muito boa da<br />
prefeitura, não teve muito<br />
êxito devido à própria população<br />
não ter se conscientizado<br />
da importância<br />
da prevenção. Durante<br />
esse mutirão foi recolhido<br />
Dengue<br />
tem quatro sorotipos específicos:<br />
DEN-1, DEN-2,<br />
DEN-3, DEN-4. A infecção<br />
por um deles confere proteção<br />
permanente para o<br />
mesmo sorotipo e imunidade<br />
parcial e temporária<br />
contra os outros três. Trata-se<br />
caracteristicamente<br />
de uma enfermidade de<br />
áreas tropicais e subtropicais,<br />
onde as condições<br />
do ambiente favorecem o<br />
desenvolvimento dos vetores<br />
e a população xinguense<br />
está justamente<br />
em uma área que é ótima<br />
para a reprodução desses<br />
vetores e além de tudo<br />
não se conscientiza da importância<br />
da prevenção<br />
dessa doença. Infelizmente<br />
o ambiente ideal para o<br />
crescimento, desenvolvimento<br />
e reprodução dessa<br />
espécie é encontrado<br />
com muita facilidade por<br />
toda parte que se olha em<br />
São José do Xingu.<br />
A dengue na sua forma<br />
clássica é uma doença de<br />
baixa letalidade, mesmo<br />
um número muito grande<br />
de entulhos e lixos que<br />
acumulavam água das<br />
chuvas e na qual poderiam<br />
estar ocorrendo multiplicação<br />
e a proliferação<br />
dos vetores, não só o que<br />
transmite a dengue como<br />
também os que transmitem<br />
outras doenças a população.<br />
sem tratamento específico,<br />
no entanto incapacita<br />
temporariamente as pessoas<br />
para o trabalho. Já na<br />
dengue hemorrágica a febre<br />
é alta com manifestações<br />
hemorrágicas, hepatomegalia<br />
e insuficiência<br />
circulatória, a letalidade é<br />
significativamente maior<br />
do que na forma clássica.<br />
Quando o mosquito pica<br />
uma pessoa infectada, o<br />
vírus se instala e se multiplica<br />
em suas glândulas<br />
salivares e no intestino.<br />
A partir de então, o inseto<br />
permanece infectado<br />
pelo resto da vida (vive ao<br />
redor de 30 dias).<br />
Aedes aegypti é um mosquito<br />
Peri doméstico,<br />
que se multiplica em depósitos<br />
de água parada,<br />
acumulada nos quintais e<br />
dentro das casas e isso é o<br />
que mais se encontra em<br />
São José do Xingu. Apesar<br />
da vida curta, o Aedes<br />
é voraz: pode picar uma<br />
pessoa a cada 20 ou 30<br />
minutos.<br />
45
46<br />
Os ovos do mosquito podem<br />
sobreviver um ano<br />
em ambiente seco, enquanto<br />
esperam a estação<br />
seguinte de chuvas para<br />
formar novas larvas. A<br />
grande maioria das infecções<br />
é assintomática. Calcula-se<br />
que em cada dez<br />
pessoas infectadas apenas<br />
uma ou duas fiquem doentes.<br />
Quando surgem, os<br />
sintomas costumam evoluir<br />
em obediência a três<br />
formas clínicas: dengue<br />
clássica, forma benigna,<br />
similar à gripe; dengue hemorrágica,<br />
mais grave, caracterizada<br />
por alterações<br />
da coagulação sanguínea;<br />
e a chamada síndrome do<br />
choque associado à dengue,<br />
forma raríssima, mas<br />
que pode levar à morte se<br />
não houver atendimento<br />
especializado.<br />
O período de incubação<br />
(da picada ao aparecimento<br />
dos sintomas)<br />
geralmente dura de 2 a<br />
7 dias, mas pode chegar<br />
a 15 dias. A intensidade<br />
dos sintomas geralmente<br />
é mais leve nas crianças<br />
do que nos adultos.<br />
A doença é de instalação<br />
abrupta, indistinguível<br />
dos quadros gripais: febre<br />
intermitente de intensidade<br />
variável (que pode chegar<br />
a 39 graus e provocar<br />
calafrios), cefaléia, dores<br />
na região orbitária dos<br />
olhos, nas costas, pernas<br />
e articulações. Muitos pa-<br />
cientes se queixam de dor<br />
ao movimentar os olhos,<br />
cansaço extremo e fraqueza<br />
muscular generalizada.<br />
Insônia, náuseas, perda<br />
de apetite, perversão do<br />
paladar e da sensibilidade<br />
da pele são freqüentes.<br />
Faringite e inflamação da<br />
mucosa nasal ocorrem em<br />
25% dos casos.<br />
Ainda não foi desenvolvida<br />
vacina eficaz contra<br />
a dengue. O tratamento<br />
deve ser à base de repouso<br />
e reposição de líquidos.<br />
Assim, a pessoa contaminada<br />
deve tomar muita<br />
água, sucos, e ingerir frutas<br />
e verduras frescas. Para<br />
dor e febre, procurar um<br />
médico.<br />
Nos casos de dengue hemorrágica<br />
o tratamento<br />
realizado é de suporte, no<br />
sentido de evitar o choque.<br />
Não existem vacinas<br />
contra a dengue de tal<br />
forma que a prevenção<br />
é a única arma contra a<br />
doença. Toda pessoa que<br />
apresentar sintomas da<br />
doença deve procurar um<br />
posto de saúde para obter<br />
orientação médica e evitar<br />
medicamentos à base de<br />
Salicilatos.<br />
FORMAS DE APRESENTAÇÃO<br />
A dengue pode se apresentar<br />
– clinicamente - de<br />
quatro formas diferentes<br />
formas: Infecção Inaparente,<br />
Dengue Clássica, Febre<br />
Hemorrágica da Dengue e<br />
Síndrome de Choque da<br />
Dengue. Dentre eles, destacam-se<br />
a Dengue Clássica<br />
e a Febre Hemorrágica<br />
da Dengue.<br />
- Infecção Inaparente<br />
A pessoa está infectada<br />
pelo vírus, mas não apresenta<br />
nenhum sintoma.<br />
A grande maioria das infecções<br />
da dengue não<br />
apreapresenta sintomas.<br />
Acredita-se que de cada<br />
dez pessoas infectadas<br />
apenas uma ou duas ficam<br />
doentes.<br />
- Dengue Clássica<br />
A Dengue Clássica é uma<br />
forma mais leve da doença<br />
e semelhante à gripe.<br />
Geralmente, inicia de uma<br />
hora para outra e dura entre<br />
5 a 7 dias. A pessoa infectada<br />
tem febre alta (39°<br />
a 40°C), dores de cabeça,<br />
cansaço, dor muscular e<br />
nas articulações, indisposição,<br />
enjôos, vômitos,<br />
manchas vermelhas na<br />
pele, dor abdominal (principalmente<br />
em crianças),<br />
entre outros sintomas. Os<br />
sintomas da Dengue Clássica<br />
duram até uma semana.<br />
Após este período,<br />
a pessoa pode continuar<br />
sentindo cansaço e indisposição.<br />
Essa é a forma<br />
mais encontrada aqui na<br />
população xinguense.
- Dengue Hemorrágica<br />
A Dengue Hemorrágica<br />
é uma doença grave e se<br />
caracteriza por alterações<br />
da coagulação sanguínea<br />
da pessoa infectada. Inicialmente<br />
se assemelha<br />
a Dengue Clássica, mas,<br />
após o terceiro ou quarto<br />
dia de evolução, surgem<br />
hemorragias<br />
em virtude do sangramento<br />
de pequenos<br />
vasos na pele e<br />
nos órgãos internos.<br />
A Dengue Hemorrágica<br />
pode provocar<br />
hemorragias nasais,<br />
gengivais, urinárias,<br />
gastrintestinais ou<br />
uterinas. Na Dengue<br />
Hemorrágica, assim<br />
que os sintomas<br />
de febre acabam a<br />
pressão arterial do<br />
doente cai, o que<br />
pode gerar tontura,<br />
queda e choque. Em<br />
função da inflamação<br />
dos vasos (por causa<br />
da instalação dos vírus no<br />
tecido que os envolve), há<br />
um consumo exagerado<br />
de plaquetas, pequenos<br />
soldados que trabalham<br />
contra as doenças. A falta<br />
de plaquetas interfere na<br />
homeostase do corpo -<br />
capacidade de controlar<br />
espontaneamente o fluxo<br />
de sangue. O organismo<br />
passa a apresentar uma<br />
forte tendência a ter hemorragias.<br />
Pode ocorrer:<br />
1- Se a pessoa tem dengue<br />
pela segunda vez<br />
(outro tipo de vírus), pode<br />
contrair a hemorrágica.<br />
2- Há quatro sorotipos<br />
diferentes de dengue.<br />
Um deles, o den-2, que é<br />
o mais intenso. Este tipo<br />
pode evoluir para a dengue<br />
hemorrágica.<br />
3- Combinação da seqüência<br />
de doença, da força<br />
do vírus e da suscetibilidade<br />
da pessoa. Se for<br />
alguém com AIDS, por<br />
exemplo, a doença oferece<br />
mais riscos.<br />
- Síndrome de Choque da Dengue<br />
Esta é a mais séria apresentação<br />
da dengue e se<br />
caracteriza por uma gran-<br />
de queda ou ausência de<br />
pressão arterial. A pessoa<br />
acometida pela doença<br />
apresenta um pulso quase<br />
imperceptível, inquietação,<br />
palidez e perda de<br />
consciência. Neste tipo de<br />
apresentação da doença,<br />
há registros de várias<br />
complicações, como alteraçõesneurológicas,<br />
problemas<br />
cardiorrespiratórios,<br />
insuficiência<br />
hepática, hemorragia<br />
digestiva e<br />
derrame pleural.<br />
Entre as principaismanifestaçõesneurológicas,<br />
destacam-se:<br />
delírio, sonolência,<br />
depressão,<br />
coma, irritabilidade<br />
extrema,<br />
psicose, demência,<br />
amnésia, paralisias<br />
e sinais<br />
de meningite.<br />
Se a doença não<br />
for tratada com rapidez,<br />
pode levar à morte.<br />
A CONSCIENTIZAÇÃO É A<br />
MELHOR FORMA PREVENÇÃO<br />
Com a disseminação do<br />
mosquito, há um risco<br />
maior das pessoas se infectarem<br />
por mais de um<br />
vírus e desenvolver a dengue<br />
hemorrágica. Por isso<br />
a importância da prevenção,<br />
mas para haver prevenção<br />
é preciso primei-<br />
47
48<br />
ramente ter a conscientização<br />
da população xinguense.<br />
O tratamento da dengue<br />
é somente de suporte,<br />
ou seja, não há um<br />
medicamento específico<br />
para tratar a doença. O<br />
tratamento consiste em<br />
deixar o paciente em repouso,<br />
hidratado, sem<br />
febre e sem dor. Se o paciente<br />
apresenta um sangramento<br />
grave, ele deve<br />
receber tratamento específico<br />
em um hospital.<br />
Não se deve usar ácido<br />
acetilsalicílico (presente<br />
em medicamentos como<br />
a Aspirina, AAS) para diminuir<br />
a febre ou a dor<br />
em pacientes com suspeita<br />
de dengue. O ácido<br />
acetilsalicílico age sobre<br />
as plaquetas, diminuindo<br />
a capacidade do corpo<br />
de formar coágulos. Por<br />
isso, ele deve ser evitado<br />
na suspeita de dengue. O<br />
Ministério da Saúde recomenda<br />
o uso de acetaminofen<br />
e paracetamol<br />
para o controle da febre<br />
e da dor na suspeita de<br />
dengue.<br />
BIOLOGIA DO VETOR<br />
A origem do Aedes aegypti,<br />
inseto transmissor<br />
da doença ao homem,<br />
é africana. Na verdade,<br />
quem contamina é a fêmea,<br />
pois o macho apenas<br />
se alimenta de seivas<br />
de plantas. A fêmea precisa<br />
de uma substância do<br />
sangue (a albumina) para<br />
completar o processo de<br />
amadurecimento de seus<br />
ovos. O mosquito apenas<br />
transmite a doença, mas<br />
não sofre seus efeitos. É<br />
uma espécie tropical e<br />
subtropical, encontrada<br />
em todo o mundo. Tem<br />
sido achado esporadicamente<br />
apenas durante a<br />
estação quente, não sobrevivendo<br />
ao inverno.<br />
Infelizmente aqui em São<br />
José do Xingu não temos<br />
a estação de inverno e<br />
por isso temos dengue o<br />
ano inteiro.<br />
É essencialmente um<br />
mosquito urbano, sendo<br />
encontrado em maior<br />
abundância em cidades,<br />
vilas e povoados, mas já<br />
foi localizado em zonas<br />
rurais, provavelmente<br />
transportado de áreas urbanas<br />
em vasos domésticos,<br />
onde se encontravam<br />
ovos e larvas. O mosquito<br />
se desenvolve através de<br />
metamorfose completa,<br />
e o ciclo de vida compreende<br />
quatro fases: ovo,<br />
larva, pupa e adulto.<br />
DENGUE: DOENÇA FINGIDA<br />
Por não ter sintomas específicos,<br />
a doença pode<br />
ser confundida com várias<br />
outras, como leptospirose,<br />
sarampo, rubéola. São<br />
doenças que provocam<br />
febre, prostração, dor de<br />
cabeça e dores musculares<br />
generalizadas. Um<br />
médico consegue, por<br />
exames em laboratório,<br />
definir a doença e tratá-la<br />
corretamente.<br />
O DESENVOLVIMENTO DA<br />
DOENÇA<br />
1). O mosquito infectado<br />
pica o homem.<br />
2). O vírus se dissemina<br />
pelo sangue.<br />
3). Um dos locais preferidos<br />
do vírus para se instalar<br />
no corpo humano é o<br />
tecido que envolve os vasos<br />
sangüíneos, chamado<br />
retículo-endotelial.<br />
4). A multiplicação do<br />
vírus sobre o tecido que<br />
provoca a inflamação dos<br />
vasos. O sangue, e assim,<br />
circula mais lentamente.<br />
5). Como a circulação fica<br />
mais lenta, é comum que<br />
os líquidos do sangue extravasem<br />
dos vasos. O san-
gue torna-se mais espesso.<br />
6). O sangue, mais espesso,<br />
pode coagular<br />
dentro dos vasos provocando<br />
trombos (entupimentos).<br />
Além disso, a<br />
circulação lenta prejudica<br />
a oxigenação e nutrição<br />
ideal dos órgãos.<br />
7). Com o tempo, se não<br />
houver tratamento específico,<br />
pode haver um choque<br />
circulatório. O sangue<br />
deixa de circular, os órgãos<br />
ficam prejudicados<br />
e podem parar de funcionar.<br />
Isso leva à morte.<br />
Sintomas: Eritema (vermelhão<br />
da pele) pode<br />
surgir no primeiro ou<br />
segundo dia: a vermelhidão<br />
se instala no tronco e<br />
se espalha para os membros,<br />
poupando palmas<br />
das mãos e planta dos<br />
pés. Bradicardia (diminuição<br />
da freqüência dos<br />
batimentos do coração) é<br />
encontrada em 30 a 90%<br />
dos casos.<br />
A doença costuma ser<br />
bifásica: dois ou três dias<br />
depois de surgirem, os<br />
sintomas regridem e a febre<br />
cai. Outros dois ou três<br />
dias se passam e a sintomatologia<br />
retorna, geralmente<br />
menos intensa. O<br />
eritema fica mais nítido e<br />
surgem ínguas no pescoço,<br />
fossa supraclavicular e<br />
regiões inguinais.<br />
Em poucos dias, o eritema<br />
regride novamente e a<br />
pele chega a descamar. As<br />
duas fases, juntas, duram<br />
de 5 a 7 dias, tipicamente,<br />
mas a doença pode deixar<br />
um rastro de fadiga e<br />
depressão que permanece<br />
por diversas semanas.<br />
Na forma hemorrágica,<br />
os sintomas são semelhantes,<br />
mas a doença<br />
é muito mais grave, por<br />
causa das alterações da<br />
coagulação sanguínea.<br />
Pequenos vasos podem<br />
sangrar na pele e nos<br />
órgãos internos, surgindo<br />
hemorragias nasais,<br />
gengivais, urinárias, gastrintestinais<br />
ou uterinas.<br />
como o leito dos capilares<br />
se dilata, a pressão arterial<br />
pode baixar, dando<br />
origem à tontura, queda,<br />
choque e, em raríssimos<br />
casos, à morte.<br />
A fisiopatologia da dengue<br />
hemorrágica é mal<br />
conhecida. Uma das teorias<br />
parte do princípio de<br />
que ela esteja associada<br />
à infecção por cepas (linhagens)<br />
mais agressivas<br />
do vírus. A segunda<br />
pressupõe que já tenha<br />
havido uma primeira infecção<br />
inaparente pelo<br />
vírus, seguida de outra<br />
que provocaria reações<br />
imunológicas capazes de<br />
interferir com elementos<br />
essenciais do mecanismo<br />
de coagulação.<br />
O diagnostico de certeza<br />
da dengue é laboratorial.<br />
Pode ser obtido por isolamento<br />
direto do vírus no<br />
sangue nos 3 a 5 dias iniciais<br />
da doença (fase de<br />
viremia) ou por exames<br />
de sangue para detectar<br />
anticorpos contra o vírus<br />
(testes sorológicos).<br />
Tratamento: A pessoa<br />
com dengue deve ficar<br />
em repouso, beber muito<br />
líquido e só usar medicamento<br />
para aliviar as dores<br />
e a febre, sempre com<br />
indicação do médico.<br />
Para quem já teve dengue<br />
uma vez, o cuidado deve<br />
ser redobrado. Em uma<br />
segunda contaminação,<br />
as chances são maiores<br />
de a doença evoluir para<br />
a forma hemorrágica, que<br />
pode ser mortal.<br />
Cuidados Especiais: A<br />
pessoa com dengue não<br />
pode tomar remédios<br />
à base de ácido acetil<br />
salicílico, como por<br />
exemplo, aspirina, AAS,<br />
Melhoral, Doril, Sonrisal,<br />
Alka-Seltzer, Engov, Cibalena,<br />
Doloxene e Buferin.<br />
Eles podem facilitar o<br />
sangramento.<br />
Como a doença causa<br />
muita dor no corpo, em<br />
geral, as pessoas procuram<br />
analgésicos. É importante<br />
para o doente<br />
evitar antiinflamatórios,<br />
pois facilitam o sangramento.<br />
49
50<br />
RESPOSTAS PARA AS PERGUN-<br />
TAS MAIS FREQÜENTES DOS<br />
MORADORES SOBRE DENGUE<br />
Geral Sobre A Doença<br />
A picada do mosquito<br />
é a única forma de transmissão<br />
da dengue? Sim,<br />
a dengue não é transmitida<br />
por pessoas, objetos<br />
ou outros animais.<br />
Qual é o principal mosquito<br />
transmissor da<br />
dengue? É o mosquito<br />
Aedes aegypti.<br />
É verdade que somente<br />
a fêmea do mosquito<br />
pica as pessoas? Sim,<br />
pois é a fêmea que necessita<br />
do sangue em seu<br />
organismo para amadurecer<br />
seus ovos e assim<br />
dar seqüência no seu ciclo<br />
de vida.<br />
Como a pessoa reconhece<br />
o mosquito Aedes<br />
aegypti? O Aedes<br />
é parecido com o pernilongo<br />
comum, e pode ser<br />
identificado por algumas<br />
características que o diferencia<br />
como: corpo escuro<br />
e rajado de branco<br />
e possui hábito de picar<br />
durante o dia.<br />
De onde veio o mosquito<br />
Aedes aegypti? É<br />
originário da África Tropical<br />
característico de<br />
países com clima tropical<br />
e úmido, introduzido<br />
nas Américas durante a<br />
colonização. Atualmente<br />
encontram-se ampla-<br />
mente disseminado nas<br />
Américas, Austrália, Ásia<br />
e África.<br />
Qualquer inseticida<br />
mata o mosquito da<br />
Dengue? Sim, porém a<br />
aplicação dos inseticidas<br />
atua somente sobre a forma<br />
adulta do mosquito,<br />
surtindo efeito momentâneo<br />
com poder residual<br />
de pouca duração.<br />
Uma pessoa infectada<br />
pode passar a doença<br />
para outra? Não há<br />
transmissão por contato<br />
direto de um doente ou<br />
de suas secreções para<br />
pessoas sadias. A pessoa<br />
também não se contamina<br />
por meio de fontes de<br />
água, alimento, ou uso de<br />
objetos pessoais do doente<br />
de dengue.<br />
É possível distinguir a<br />
picada do Aedes aegypti<br />
com a de um mosquito<br />
comum? Não. A sensação<br />
de eventual coceira ou incômodo<br />
é semelhante à<br />
picada de qualquer outro<br />
mosquito.<br />
Algum outro mosquito<br />
é capaz de transmitir a<br />
doença? Sim, o mosquito<br />
Aedes albopictus, que<br />
também pode ser encontrado<br />
em áreas urbanas,<br />
também pode transmitir<br />
a dengue.<br />
Todo Aedes transmite<br />
a dengue? Não, apenas<br />
os infectados. O mosquito<br />
só transmite a doença<br />
se tiver contraído o vírus.<br />
Todo mundo que é picado<br />
pelo mosquito Aedes<br />
aegypti fica doente?<br />
É preciso que o mosquito<br />
esteja infectado com o<br />
vírus de Dengue. Além<br />
disso, muitas pessoas picadas<br />
pelo mosquito Aedes<br />
aegypti infectado não<br />
apresentam sintomas. Outras<br />
apresentam sintomas<br />
brandos que podem passar<br />
despercebidos ou confundidos<br />
com gripe, existindo<br />
ainda, aquelas que<br />
são acometidas de forma<br />
acentuada, com sintomatologia<br />
exacerbada.<br />
Por que foi possível<br />
fazer uma vacina febre<br />
amarela e não está sen-<br />
do possível fazer uma<br />
vacina contra dengue?<br />
No caso da Febre Amarela<br />
só existe um tipo de vírus.<br />
Na dengue, são conhecidas<br />
quatro variedades de<br />
vírus – chamados den-1,<br />
den-2, den-3, e den-4. Os<br />
quatro tipos já foram registrados<br />
no Brasil (sendo<br />
que o tipo 4 só na Amazônia).<br />
A rigor, uma vacina<br />
para um tipo não dará<br />
imunização para outro.<br />
Sintomas<br />
Quais são os principais<br />
sintomas da dengue?<br />
Febre alta, dor de cabeça,<br />
principalmente na região<br />
ocular, dores nas articulações,<br />
músculos e muito<br />
cansaço. Também é co-
mum náuseas, falta de<br />
apetite, dor abdominal,<br />
podendo até ocorrer diarréia<br />
e vermelhidão na<br />
pele.<br />
Em quanto tempo os<br />
sintomas aparecem? De<br />
três a quinze dias após a<br />
picada do mosquito infectado.<br />
A pessoa pode estar<br />
com a doença e apresentar<br />
apenas alguns dos<br />
sintomas? Não ter febre,<br />
por exemplo? Sim. A intensidade<br />
dos sintomas<br />
varia muito de pessoa<br />
para pessoa.<br />
A pessoa pode confundir<br />
a dengue com<br />
uma gripe forte? Como<br />
saber a diferença? Sim.<br />
A melhor forma de se ter<br />
certeza é procurando um<br />
médico e eventualmente<br />
realizando exames.<br />
Quem teve Dengue fica<br />
com alguma complicação?<br />
Não. A recuperação<br />
costuma ser total. É comum<br />
que ocorra durante<br />
alguns dias uma sensação<br />
de cansaço, que desaparece<br />
completamente com<br />
o tempo.<br />
Tratamento<br />
A partir de que momento<br />
deve-se procurar<br />
um médico? A partir dos<br />
primeiros sintomas.<br />
Qual é o tratamento<br />
para a doença? A pessoa<br />
doente deve repousar e<br />
ingerir bastante líquido<br />
(água, sucos naturais ou<br />
chá), evitando qualquer<br />
tipo de refrigerante ou<br />
suco artificial. Antitérmicos<br />
e analgésicos que<br />
contém em sua fórmula,<br />
ácido acetilsalicílico,<br />
como a aspirina.<br />
Por que não se devem<br />
tomar medicamentos à<br />
base de ácido acetilsalicílico<br />
como “Aspirina,<br />
Melhoral, AAS”? Porque<br />
estes medicamentos têm<br />
efeitos anticoagulantes<br />
e podem causar sangramentos.<br />
Qual é o tempo de cura<br />
para dengue? A febre<br />
costuma durar de três a<br />
oito dias e pode causar pequenas<br />
bolhas vermelhas<br />
em algumas regiões do<br />
corpo, como pés, pernas<br />
e axilas. Na maioria das<br />
vezes, o doente demora<br />
uma semana para ficar<br />
bom. Porém, o cansaço e<br />
a falta de apetite podem<br />
demorar até quinze dias<br />
para sumir. A recuperação<br />
costuma ser total.<br />
Há cuidados especiais<br />
com bebês e crianças<br />
pequenas? Nas crianças<br />
pequenas a doença<br />
assemelha-se mais a uma<br />
infecção viral inespecífica,<br />
sendo que os sintomas<br />
mais freqüentes são: febre,<br />
vômito e nas que já<br />
falam, a dor abdominal.<br />
A prostração é menos<br />
intensa. Deve-se procu-<br />
rar um médico logo que<br />
aparecerem os primeiros<br />
sintomas.<br />
Quem já teve dengue<br />
uma vez pode ser contaminado<br />
novamente ou<br />
fica imune? Estudos indicam<br />
que uma pessoa doente<br />
de dengue fica imune<br />
para sempre, com relação<br />
ao sorotipo que determinou<br />
a infecção, além<br />
do que, por um período de<br />
alguns meses, ela fica protegida<br />
para qualquer dos<br />
sorotipos de dengue. Passado<br />
este tempo, se ela se<br />
contaminar por outro tipo<br />
de vírus diferente daquele<br />
que se contaminou antes<br />
poderá ter comprometimento<br />
do quadro clínico<br />
e desencadear a dengue<br />
hemorrágica.<br />
Dengue Hemorrágica<br />
Qual é a diferença entre<br />
a dengue clássica e a<br />
hemorrágica? A clássica é<br />
mais branda do que a hemorrágica,<br />
que pode até<br />
causar a morte do doente.<br />
As pessoas que já tiveram<br />
dengue uma vez<br />
podem desenvolver o<br />
tipo hemorrágico? Sim.<br />
Qualquer um dos 4 sorotipos<br />
da dengue pode<br />
causar dengue hemorrágica.<br />
A probabilidade de<br />
manifestações hemorrágicas<br />
é menor em pessoas<br />
infectada pela primeira<br />
vez, portanto pessoas que<br />
51
52<br />
contraem dengue mais<br />
de uma vez apresentam<br />
maior chance de complicações<br />
do quadro clínico,<br />
incluindo manifestações<br />
hemorrágicas.<br />
Por que ela é mais perigosa?<br />
Porque, como o<br />
próprio nome diz, causa<br />
hemorragia e pode levar<br />
à morte.<br />
Que tipo de exame<br />
identifica a dengue hemorrágica?<br />
Há três exames<br />
que podem ser utilizados:<br />
a prova do laço, a<br />
contagem das plaquetas<br />
e a contagem dos glóbulos<br />
vermelhos. A prova do<br />
laço é um exame de consultório,<br />
com uma borrachinha<br />
o médico prende<br />
a circulação do braço e vê<br />
se há pontos vermelhos<br />
sob a pele, que indicariam<br />
a doença. Os outros testes<br />
são feitos por meio de<br />
uma amostra de sangue<br />
em laboratório.<br />
Quais são os sintomas<br />
da versão hemorrágica?<br />
A dengue hemorrágica se<br />
manifesta de três a cinco<br />
dias depois da clássica. A<br />
febre reaparece após ter<br />
cessado, causando suor,<br />
deixando a pele esbranquiçada<br />
e as extremidades<br />
frias. É comum dor de<br />
garganta, queda de pressão,<br />
dores no estômago<br />
e abaixo das costelas. As<br />
hemorragias ocorrem<br />
em pequena quantidade.<br />
Quando a doença fica<br />
ainda mais grave o fígado<br />
fica mole e doloroso. As<br />
cólicas abdominais e a<br />
hemorragia aumentam,<br />
atingindo o tubo digestivo<br />
e os pulmões.<br />
Qual é o tratamento?<br />
Neste caso, a recomendação<br />
é aplicação de soro e<br />
plasma. Em certos casos<br />
há a necessidade de transfusão<br />
de sangue.<br />
O mesmo mosquito<br />
que transmite dengue<br />
clássica pode transmitir<br />
a hemorrágica? Sim.<br />
Qual a taxa de mortos<br />
entre os contaminados?<br />
De acordo com as estatísticas<br />
a chance de morte<br />
no caso da primeira<br />
manifestação da dengue<br />
clássica é zero. Na dengue<br />
hemorrágica a taxa é de<br />
aproximadamente 3%.<br />
Precauções com o Mosquito<br />
O mosquito infectado<br />
pode picar e mesmo assim<br />
não transmitir a doença?<br />
Sim, de 20% a 50%<br />
das pessoas não desenvolvem<br />
a doença.<br />
Por que algumas pessoas<br />
são picadas, mas<br />
não ficam doentes? Por<br />
características do sistema<br />
imunológico de cada um.<br />
É verdade que o mosquito<br />
não pica a noite?<br />
A fêmea do Aedes tem<br />
hábitos diurnos, não costuma<br />
picar a noite.<br />
Que outros hábitos o<br />
Aedes tem? O mosquito<br />
fica onde o homem estiver,<br />
e prefere picá-lo a<br />
qualquer outra espécie e<br />
também gosta de água<br />
acumulada para colocar<br />
seus ovos.<br />
É verdade que o mosquito<br />
se reproduz mais<br />
rápido no calor? Por<br />
quê? Sim. No calor, o período<br />
reprodutivo do mosquito<br />
fica mais curto e ele<br />
se reproduz com maior<br />
velocidade. Isto explica<br />
o aumento de casos de<br />
dengue no verão.<br />
Por que só a fêmea do<br />
Aedes aegypti pica? As<br />
fêmeas picam depois do<br />
acasalamento porque necessitam<br />
do sangue que<br />
contem proteínas necessárias<br />
para que os ovos se<br />
desenvolvam.<br />
Quanto tempo vive o<br />
Aedes? A fêmea do Aedes<br />
vive cerca de 30 a 45 dias<br />
e, nesse período, pode con<br />
taminar até 300 pessoas.<br />
Quantos ovos um mosquito<br />
coloca durante<br />
sua vida? Até 450. Descobriu-se<br />
que existe a transmissão<br />
transovariana, ou<br />
seja, que a fêmea, se estiver<br />
contaminada, inocula<br />
o vírus nos ovos e os mosquitos<br />
já nascem com ele.<br />
Isso multiplica as chances<br />
de propagação.<br />
Por que a água acumulada<br />
é tão perigosa?<br />
Porque a fêmea deposita<br />
seus ovos em locais com
água acumulada.<br />
Água de piscinas é uma<br />
ameaça? Não se estiver<br />
recebendo o tratamento<br />
adequado com aplicação<br />
de cloro em quantidade<br />
correta. Caso contrário<br />
será um criadouro de<br />
mosquitos.<br />
Adianta só tirar a água<br />
dos pratinhos que ficam<br />
sob os vasos? Não.<br />
Os ovos ficam aderidos<br />
às laterais internas dos<br />
pratos ou ainda nas laterais<br />
externas dos vasos.<br />
O ideal é optar por pratos<br />
que fiquem bem justos ao<br />
vaso e lavá-los com água<br />
e sabão, utilizando uma<br />
bucha para retirada de<br />
possíveis ovos.<br />
Ovos ressecados do<br />
Aedes também são perigosos?<br />
Sim. Mesmo ressecados,<br />
os ovos são perigosos.<br />
Eles sobrevivem<br />
até 1 (um) ano sem água<br />
e, se neste período entrar<br />
em contato com água, o<br />
ciclo evolutivo recomeça.<br />
O repelente funciona?<br />
Quantas vezes devem ser<br />
aplicadas por dia? Os repelentes<br />
possuem ação<br />
limitada e não elimina o<br />
mosquito, apenas o mantém<br />
distante.<br />
O uso de inseticida<br />
contra o Aedes pode<br />
torná-lo imune ao produto<br />
químico utilizado?<br />
Sim, pode.<br />
Velas e incensos ajudam<br />
a espantar o Aedes?<br />
Velas de citronela ou andiroba<br />
têm efeito paliativo.<br />
Isto porque o raio de<br />
alcance e a duração são<br />
restritos.<br />
A solução de água sanitária<br />
com água limpa<br />
nas plantas é eficiente?<br />
Não, é necessário substituir<br />
bromélias e outras<br />
plantas que acumulem<br />
água por aquelas que não<br />
acumulem água em suas<br />
folhas.<br />
Aplicar borra de café na<br />
água das plantas e sobre<br />
a terra ajuda a combater<br />
o Aedes? A eficácia<br />
da borra de café na dosagem<br />
de duas colheres de<br />
sopa para meio copo de<br />
água não foi comprovada<br />
e a sua utilização não<br />
simplifica os cuidados<br />
atualmente recomendados<br />
que são: a eliminação<br />
dos pratos ou a utilização<br />
de pratos justos aos vasos,<br />
a colocação de areia até<br />
as bordas dos pratos ou<br />
eliminar a água e lavar os<br />
pratos com bucha e sabão<br />
semanalmente.<br />
Mosquitos podem ser<br />
transportados em carros,<br />
aviões ou navios?<br />
Sim, desde que haja condições<br />
adequadas no<br />
meio de transporte.<br />
Quanto tempo eles sobreviveriam<br />
numa viagem<br />
dessas? Cerca de 10<br />
ou 12 horas nas condições<br />
ideais.<br />
Qual é a autonomia de<br />
vôo do mosquito? O Aedes<br />
costuma circular num<br />
raio de 50 a 100 metros de<br />
distância do local de nascimento.<br />
A borrifação de inseticidas<br />
mata os ovos ou<br />
apenas os mosquitos<br />
adultos? Apenas os mosquitos<br />
adultos. Por isso, a<br />
borrifação de inseticidas<br />
só é eficaz no caso de surtos<br />
ou epidemias. Para matar<br />
os mosquitos é preciso<br />
acabar com os ovos. Caso<br />
contrário, outros mosquitos<br />
nascerão.<br />
Quais são as condições<br />
ideais para o mosquito<br />
procriar e agir? A temperatura<br />
que o mosquito<br />
gosta é de 26 a 28 graus.<br />
Qualquer temperatura inferior<br />
a 18 graus o torna<br />
inoperante. Com 42 graus,<br />
ele morre.<br />
Como a pessoa infectada<br />
transmite o vírus para<br />
o mosquito? Durante seis<br />
dias ela pode transmitir<br />
o vírus para o mosquito.<br />
Um dia antes de começar<br />
a sentir os sintomas e nos<br />
cinco primeiros dias de<br />
sintoma. Depois disso, não<br />
infecta mais o mosquito.<br />
COMO PREVINIR-SE<br />
A única maneira de evitar<br />
a dengue é não deixar<br />
o mosquito nascer. Para<br />
isso, é necessário acabar<br />
com os “criadouros” (lugagares<br />
de nascimento e<br />
53
54<br />
desenvolvimento do mosquito).<br />
Portanto, não deixe<br />
a água, mesmo limpa,<br />
ficar parada em qualquer<br />
tipo de recipiente.<br />
DICAS<br />
- Misture uma colher de<br />
chá de água sanitária com<br />
um litro de água e borrife<br />
nas plantas de sua casa.<br />
A mistura não faz mal às<br />
plantas e mata o mosquito<br />
da dengue;<br />
- Lave bem os pratos de<br />
plantas e xaxins, passando<br />
um pano ou bucha para<br />
eliminar completamente<br />
ovos de mosquitos. Uma<br />
boa solução é trocar a<br />
água por areia molhada<br />
nos pratinhos;<br />
- Limpe calhas e lajes das<br />
casas;<br />
- Lave bebedouros de<br />
aves e animais com escova<br />
ou bucha e troque a<br />
água pelo menos uma vez<br />
por semana;<br />
- Guarde as garrafas vazias<br />
de cabeça para baixo, em<br />
local abrigado;<br />
- Fure latas e pneus;<br />
- Jogue no lixo copos<br />
descartáveis, tampinhas<br />
de garrafas e tudo o que<br />
acumula água. O lixo<br />
deve ficar o tempo todo<br />
fechado.
ANEXO II<br />
Fazenda<br />
Bang-Bang
Agradecimentos<br />
Agradecemos primeiramente a Deus por ter colocado um anjo que se chama, Luiz<br />
Castelo, por ter nos dado esta grande oportunidade de mostrar a bonita história da<br />
Fazenda Bang-Bang.<br />
Agradecemos também aos nossos pais e familiares que nos deram forças para continuar<br />
no trabalho.<br />
A todos que nos deram entrevistas para que este trabalho pudesse ser realizado e a<br />
todos que torceram por nós.<br />
Nosso muito obrigada!<br />
Itamara e Pâmela
A<br />
Fazenda Bang-Bang<br />
foi aberta no ano de<br />
1983 e 1985 pelo proprietário<br />
Mauro Pires Gomes,<br />
começando com o desmatamento<br />
na área. Muitos<br />
trabalhadores vieram<br />
da cidade de São José<br />
do Xingu sede do município<br />
e de outras cidades<br />
e estados. Através dos<br />
trabalhadores que eram<br />
O<br />
grupo Junqueira<br />
chegou a adquirir a<br />
<strong>fazenda</strong> pouco antes da<br />
morte do Sr. Mauro Pires,<br />
este grupo era formado<br />
por quatro irmãos: Paulo<br />
Junqueira, Túlio Junqueira,<br />
Roberto Junqueira,<br />
Nelson Junqueira, no ano<br />
de 1985.<br />
Além desta, os proprietários<br />
do grupo Junqueira<br />
tinham outras <strong>fazenda</strong>s na<br />
região e, com isso, a Bang-<br />
Bang se destacou em todo<br />
o do Araguaia e Xingu, dessa<br />
forma, tendo seu nome<br />
preservado. Dando continuidade<br />
a criação de gado,<br />
foram feitos dois retiros, e<br />
Histórico da Fazenda Bang-Bang<br />
Primeiro Proprietário<br />
atraídos pelos empreiteiros<br />
em busca de serviço,<br />
e assim aumentando o<br />
movimento e a população<br />
da cidade, o Sr. Mauro<br />
Pires Gomes ajudava a<br />
população da região com<br />
contribuições para a melhoria<br />
do bem estar do<br />
município.<br />
Na época a única atividade<br />
da Fazenda era a<br />
Grupo Junqueira<br />
denominaram de Um e o<br />
outro de Dois. Continuaram<br />
contribuindo com<br />
o desenvolvimento do<br />
Município de São José do<br />
Xingu. O reconhecimento<br />
da Fazenda na região se<br />
deu, também, pelo número<br />
de funcionários.<br />
Por falta de estrada na<br />
região, o acesso à Bang-<br />
Bang se dificultou, aumentando<br />
a distância de<br />
uma propriedade à outra<br />
do grupo Junqueira. Veio<br />
a decisão da venda da Fazenda,<br />
consumada em 20<br />
de maio de 1993, para o<br />
Sr. Luiz Carlos Nunes Castelo,<br />
que continuou man-<br />
criação de gado, pois a<br />
pecuária dominava praticamente<br />
todo o estado.<br />
O desmatamento foi necessário<br />
para a formação<br />
de pasto. Em 17 de abril<br />
de 1985, o Sr. Mauro Pires<br />
Gomes veio a falecer sendo<br />
vítima de um acidente<br />
aéreo o que foi uma grande<br />
perda para população<br />
de São José do Xingu.<br />
tendo o nome por achá-lo<br />
interressante.<br />
O primeiro encontro do<br />
Sr. Castelo com a comunidade<br />
de São José do Xingu,<br />
deu-se no Hotel Flor<br />
da Mata, da “Toinha”. Ali,<br />
acompanhado do corretor<br />
Bill e da família Junqueira,<br />
eles negociaram. “Tomei a<br />
primeira cerveja gelada e<br />
muito bem gelada no Xingu”<br />
diz Sr. Castelo. O corretor<br />
foi obrigado a dar para<br />
Toinha um aparelho de<br />
vídeo cassete, que tinha<br />
prometido caso fosse feita<br />
a compra da Fazenda,<br />
já que ela ajudou a fechar<br />
o negócio.<br />
57
58<br />
L<br />
ogo após a compra<br />
Sr. Castelo, como<br />
é conhecido, mudou o<br />
nome dos retiros: passando<br />
de retiro Um, para<br />
Nossa Senhora da Penha<br />
em homenagem a sua padroeira<br />
e protetora e o retiro<br />
Dois, para Letícia em<br />
homenagem a sua filha. E<br />
em seguida criou o retiro<br />
ABC o qual usou em homenagem<br />
ao nome da Fazenda<br />
de seu pai, no Estado<br />
de Espírito Santo, que<br />
são também as iniciais do<br />
nome dele, Antonio Batalha<br />
Castelo.<br />
O retiro ABC, foi formado<br />
em 1994, deixando uma<br />
reserva florestal de 50%<br />
como exigia a legislação<br />
na época.<br />
A <strong>fazenda</strong> com o Sr. Castelo<br />
sempre cumpriu a<br />
legislação trabalhista e<br />
aplica modernas técnicas<br />
de produção, utiliza sal<br />
proteinado desde 1994.<br />
Em 1995 e 1996 implantaram<br />
o sistema rotacionado<br />
de pastagens, iniciaram a<br />
inseminação artificial das<br />
raças Aberdeen<br />
e Simental. Neste<br />
mesmo ano foi<br />
adquirida a área<br />
do Tanzânia que<br />
faz divisa com o<br />
Parque Nacional<br />
do Xingu, e da<br />
qual faz parte a<br />
pista de pouso do<br />
Luiz Carlos Nunes Castelo<br />
município, doada pelo Sr.<br />
Castelo a prefeitura em<br />
1999.<br />
Neste mesmo ano a Fazenda<br />
Bang-Bang sofreu<br />
um forte ataque de cigarrinha<br />
destruindo a totalidade<br />
dos pastos da sede.<br />
Até então, não se sabia<br />
que a cigarrinha atacava<br />
o braquiarão.<br />
Em 2003 e 2004 deram<br />
inicio ao plantio de soja<br />
e arroz visando integrar a<br />
agricultura com a pecuária.<br />
Desde então as cantinas<br />
da Fazenda consomem o<br />
arroz e a carne produzi-<br />
Sede da Fazenda<br />
das pela própria Fazenda,<br />
com preços bem abaixo<br />
do valor de mercado, facilitando<br />
a vida de seus empregados.<br />
Logo após veio<br />
o plantio de sorgo, que<br />
é utilizado na silagem da<br />
composição de ração para<br />
os bovinos, que as vezes<br />
são confinados, e ainda<br />
mantinha plantio de milho<br />
para o consumo de aves,<br />
porcos e eguinhos.<br />
Hoje a expectativa da <strong>fazenda</strong><br />
é aumentar a taxa<br />
de ocupação para 15.000<br />
cabeças de gados e tudo<br />
isso com um compromisso<br />
sério com o meio<br />
ambiente.<br />
Em 2004, a Bang<br />
assinou um termo<br />
para recuperação<br />
das matas ciliares<br />
e ainda comprou<br />
uma área de 4000<br />
hectares de matas<br />
para a comple-
mentação de sua reserva<br />
florestal, que está localizada<br />
no município de Colniza,<br />
no parque estadual<br />
Igarapé do Juruema, dentro<br />
do próprio estado.<br />
A Fazenda obteve a LAU<br />
Objetivos<br />
Recuperar 342.5 hectares<br />
de matas ciliares até<br />
2014 e educar a comunidade<br />
externa e interna<br />
sobre a preservação do<br />
meio ambiente.<br />
Metas<br />
• reflorestar 34.25 hectares anuais;<br />
• produzir 16.000 mudas em viveiro;<br />
• aquisição de 70.000 mudas;<br />
• coleta e compra de 2.000 kg de<br />
sementes nativas;<br />
• estimular a sensibilização e a<br />
educação da comunidade interna<br />
e externa;<br />
• utilizar 28 espécies de sementes.<br />
O Projeto<br />
Preocupados com a questão<br />
da recomposição das<br />
matas ciliares, uma obrigação<br />
legal, desde 2004 a<br />
<strong>fazenda</strong> vinha pensando<br />
em uma estratégia eficiente<br />
para recompor as matas<br />
ciliares, várias foram as<br />
tentativas, inclusive algumas<br />
frustradas de plantio<br />
com mudas e fragmentos<br />
florestais, que quase não<br />
(Licença Ambiental Única)<br />
certificando sua legalização<br />
junto aos orgãos<br />
ambientais. Atualmente<br />
a <strong>fazenda</strong> desenvolve<br />
um projeto denominado<br />
“Pulmão do Xingu”. A<br />
Projeto Pulmão do Xingu<br />
deram resultado. Em junho<br />
de 2006 foi iniciada<br />
uma pesquisa e perceberam<br />
que havia pouca informação<br />
sobre o assunto,<br />
assim sendo, pessoas<br />
especializadas, do Clube<br />
da Semente - uma ONG -<br />
foram contatadas, e partir<br />
disso, foram compradas<br />
as primeiras sementes<br />
para iniciar o viveiro. Com<br />
um total de 10 espécies<br />
o plantio das sementes<br />
em saquinhos, iniciou em<br />
outubro de 2006 e em novembro<br />
de 2007 o plantio<br />
teve seu início propriamente<br />
dito. Atualmente<br />
a Fazenda possui mais de<br />
28 espécies de sementes.<br />
Viveiro da Bang<br />
motivação para a implantação<br />
deste projeto foi a<br />
conquista de metas estipuladas<br />
para adquirir as<br />
regras de recomposição<br />
das matas ciliares, conforme<br />
a LAU.<br />
As sementes retiradas<br />
da própria <strong>fazenda</strong>, foram<br />
distribuídas aos colaboradores<br />
e à comunidade<br />
local, como forma de geração<br />
de renda adicional,<br />
a Fazenda tem pago R$<br />
1,00 por muda produzida.<br />
A idéia foi bem recebida e<br />
muitas famílias criaram<br />
seus próprios viveiros nas<br />
suas casas, além de ajudarem<br />
a recompor as matas<br />
ciliares, estão tendo<br />
a oportunidade de gerar<br />
uma renda extra e contribuir<br />
para a preservação<br />
ambiental e fazer parte<br />
deste marco na história<br />
da Fazenda.<br />
Após a criação do vivei-<br />
59
60<br />
ro, a Fazenda firmou uma<br />
parceria com o ISA – Instituto<br />
Socioambiental, que<br />
desde 2004 vem promovendo<br />
a campanha, Y Ikatu<br />
Xingu, que visa a recuperação<br />
das nascentes da<br />
região, já que muitos dos<br />
rios que formam o Xingu<br />
nascem fora do território<br />
indígena. Entre as estratégias<br />
da iniciativa, que tem<br />
como meta recuperar 300<br />
mil hectares degradados<br />
de mata ciliar, estão a capacitação<br />
de lideranças, e<br />
a promoção do desenvolvimento<br />
sustentável por<br />
intermédio da mídia local<br />
e de escolas. Além disso,<br />
há cerca de 20 projetos<br />
pilotos buscando estabelecer<br />
formas de recuperação<br />
de vegetação adequadas<br />
para pequenas e<br />
grandes propriedades e<br />
assentamentos de reforma<br />
agrária e o nosso é um<br />
desses projetos.<br />
O Instituto que vem<br />
fornecendo assessoria e<br />
parceria para o plantio,<br />
ensinando os cuidados e<br />
nos auxiliando na identificação<br />
de sementes. Também<br />
promoveu um curso<br />
O<br />
utro projeto em<br />
destaque na Fazenda<br />
Bang-Bang é o Programa<br />
de Sustentabilidade,<br />
que tem como objetivo<br />
de formação de agentes<br />
ambientais no município,<br />
onde dois dos funcionários<br />
da Fazenda aprenderam<br />
muito sobre técnicas<br />
de plantio, identificação e<br />
captação de sementes. O<br />
curso envolveu lideranças<br />
das escolas e de outras<br />
partes interessadas, promovendo<br />
campanhas na<br />
comunidade e divulgando<br />
os trabalhos na rádio.<br />
Deste grupo de agentes<br />
ambientais, já estão surgindo<br />
projetos paralelos<br />
como o de coleta seletiva<br />
na comunidade do qual<br />
fazemos parte.<br />
Outro parceiro da Fazenda<br />
é o SENAR – Serviço<br />
Nacional Rural, que tem<br />
promovido cursos e treinamentos,<br />
com informa-<br />
Identificação de sementes<br />
Programa de Sustentabilidade<br />
envolver os funcionários<br />
da Fazenda nas decisões<br />
que dizem respeito a ela<br />
e desenvolver ações nas<br />
áreas sociais, econômicas<br />
ções para lidarem com o<br />
viveiro e com outras questões<br />
ambientais.<br />
Um funcionário foi designado<br />
neste período para<br />
cuidar exclusivamente do<br />
viveiro de mudas.<br />
Apesar de ainda encontrar<br />
algumas dificuldades,<br />
como a falta de chuva, que<br />
prejudicou o início do plantio,<br />
a Fazenda está confiante<br />
e espera nesta próxima<br />
safra colher os frutos de<br />
seus esforços. Alguns dos<br />
colaboradores da Bang,<br />
estão sendo beneficiados,<br />
já venderam mudas e outros<br />
receberam a quantia<br />
antecipada para suprir necessidades<br />
pessoais, como<br />
realizar melhorias em suas<br />
casas. Serão compradas<br />
70.000 mudas.<br />
e ambientais. A convite<br />
do grupo Pão de Açúcar<br />
- cuja sede está localizada<br />
em São Paulo - a Fazenda<br />
tem participado do gru-
po de desenvolvimento<br />
de pequenos e médios<br />
fornecedores com mais<br />
nove <strong>fazenda</strong>s. Na Bang o<br />
programa de sustentabilidade<br />
foi criado em 06 de<br />
outubro de 2006 e teve<br />
sua primeira reunião no<br />
retiro Nossa Senhora da<br />
Penha. Nesta ocasião foi<br />
formada uma comissão de<br />
colaboradores na <strong>fazenda</strong>,<br />
que a partir de então seria<br />
responsável pela tomada<br />
de decisões em busca de<br />
melhorias para a mesma.<br />
Representantes do Grupo<br />
Pão de Açúcar foram<br />
até São José do Xingu<br />
para conhecerem a Bang.<br />
Acreditaram no trabalho<br />
da <strong>fazenda</strong> e investiram<br />
tempo no monitoramento<br />
e na motivação para<br />
melhorar cada vez mais o<br />
desempenho da Fazenda.<br />
O Programa de Produção<br />
de Carne Taeq do<br />
Grupo Pão de Açúcar consiste<br />
em parcerias com<br />
pecuaristas, cujo objetivo<br />
Mariângela Ikeda, diretora do Grupo Pão de Açúcar<br />
em visita à Fazenda - Julho / 2008<br />
Equipe de peões qualificados da Bang. (parceria Merial)<br />
é produzir carne de qualidade<br />
através de produtividade<br />
e sustentabilidade.<br />
Tal projeto tem como<br />
base o uso exclusivo de<br />
matrizes da tradicional<br />
raça Nelore inseminadas<br />
com touros da raça Rubia<br />
Gallega, pura de origem<br />
da Espanha, região<br />
da Galícia. A raça Nelore<br />
também faz parte do Programa.<br />
O bem estar animal é<br />
tratado de forma especial<br />
na Fazenda. A finalidade é<br />
produzir a melhor carne,<br />
da melhor maneira possível,<br />
sempre respeitando o<br />
meio ambiente.<br />
Com algumas parcerias<br />
a Fazenda promove treinamentos<br />
específicos e<br />
leva informações sobre o<br />
manejo adequado para<br />
que as técnicas sejam<br />
aperfeiçoadas. O acompanhamento<br />
técnico do<br />
rebanho é feito por meio<br />
de um quadro fito sanitário<br />
desenvolvido por um<br />
de seus fornecedores.<br />
Também é realizada a<br />
correção do solo e adubação<br />
das pastagens, tratando<br />
com muita seriedade<br />
cuidados como: a limpeza<br />
dos currais e dos cochos,<br />
além das reformas realizadas,<br />
que são consideradas<br />
essenciais para o bem estar<br />
animal no curral. Além<br />
disso, foram realizadas<br />
correções nas estradas,<br />
sempre pensando no bem<br />
estar dos animais.<br />
61
62<br />
Centro de Desenvolvimento Humano – Antonio & Alayr<br />
N o dia 26 de Julho<br />
de 2008 a Fazenda<br />
Bang-Bang inaugurou o<br />
Centro de Desenvolvimento<br />
Humano, Antonio<br />
& Alayr. O nome é uma<br />
homenagem do proprietário,<br />
Sr. Luiz Castelo, aos<br />
seus pais.<br />
O evento contou com a<br />
presença de fazendeiros<br />
vizinhos e de outros estados<br />
também. Parceiros<br />
como o ISA, Grupo Pão de<br />
Açúcar, Merial, Aliança da<br />
Terra, SENAR entre outros<br />
que estiveram presentes<br />
para prestigiar o evento.<br />
O CDH será uma ferramenta<br />
de acesso a informação<br />
e conhecimento<br />
em tempo real. Uma iniciativa<br />
transformadora<br />
cuja semente foi plantada<br />
pelo Grupo Pão de<br />
Açúcar.<br />
Composto por um mini<br />
auditório e um refeitório,<br />
duas salas de aula, uma<br />
sala de informática e uma<br />
biblioteca, além das áreas<br />
de lazer como: parque,<br />
campo de voleibol e futebol.<br />
O CDH irá oferecer<br />
atividades de educação,<br />
cultura, esporte, saúde<br />
e lazer para os colaboradores<br />
da Fazenda Bang-<br />
Bang e seus familiares e<br />
também será aberto à<br />
comunidade de São José<br />
do Xingu.<br />
Onde são oferecidas:<br />
- Aulas e Cursos profissionalizantes<br />
por meio de satélite<br />
em tempo real (Projeto<br />
Navega Pantanal);<br />
- Cursos profissionalizantes<br />
com a presença de<br />
profissionais;<br />
- Cursos de geração de<br />
renda;<br />
- Aula de alfabetização de<br />
Adultos;<br />
- Tele curso 2000 (1º e 2º<br />
grau);<br />
- Aula de Inclusão Digital;<br />
- Palestras e reuniões via<br />
videoconferência;<br />
- Sala de informática;<br />
- Em 2009 “Projeto Navega<br />
Xingu”.<br />
Foi instalada uma base<br />
do Projeto Navega Pantanal,<br />
por meio da parceria<br />
realizada com a Fundação<br />
Manoel de Barros (FMB)<br />
e a (UNIDERP) do grupo<br />
Anhanguera. A Base<br />
Bang-Bang é a primeira<br />
do Projeto Navega Pantanal<br />
fora do Estado de<br />
Mato Grosso do Sul.<br />
O Projeto Navega Pantanal<br />
visa oportunizar a<br />
inclusão digital em comunidades<br />
remotas da<br />
Bacia do Alto Paraguai e<br />
transferir tecnologias de<br />
produção e organização<br />
por meio de capacitação,<br />
qualificação e mecanismos<br />
de discussão<br />
implantados por meio<br />
informatizado, visando<br />
estabelecer programas e<br />
estratégias de ações capazes<br />
de romper o isolamento<br />
geográfico imposto<br />
naturalmente aos<br />
setores produtivos e comunidades<br />
localizadas na
Bacia do Alto Paraguai.<br />
A partir desta idéia o objetivo<br />
é criar o Projeto Navega<br />
Xingu, integrado ao<br />
Navega Pantanal, com a<br />
parceria valiosa da Anhanguera<br />
Educacional e a Fundação<br />
Manoel de Barros,<br />
e expandir as bases na<br />
região elaborando aulas<br />
específicas para a população<br />
do Xingu, como é<br />
feito no Projeto Navega<br />
Pantanal. São trabalhados<br />
os seguintes eixos<br />
temáticos: Práticas Agropecuárias,<br />
Administração<br />
e Empreendedorismo,<br />
Melhoria da Qualidade<br />
de Vida, Inclusão digital e<br />
Fortalecimento de práticas<br />
pedagógicas.<br />
No dia da inauguração<br />
do CDH foi ministrada<br />
uma palestra, ao vivo, via<br />
satélite, sobre Exploração<br />
Economica para Pastagem<br />
de Gado de Corte.<br />
A palestra foi ministrada<br />
pelo Prof. Dr. Moacyr Corsi<br />
da USP, um dos maiores<br />
especialistas sobre o<br />
tema no Brasil.<br />
A Fazenda Bang-Bang<br />
inaugurou uma escola de<br />
alfabetização de adultos<br />
em suas instalações no<br />
início do ano de 2007,<br />
em 2008 nossa escola foi<br />
reconhecida como extensão<br />
da escola municipal<br />
do município e agora com<br />
o CDH – Antonio & Alayr,<br />
os alunos terão mais conforto,<br />
mais recursos didá-<br />
Inauguração do CDH - Julho / 2008<br />
Peões com acesso a internet<br />
ticos e pedagógicos e<br />
equipamentos audiovisuais<br />
que facilitarão o<br />
aprendizado, as turmas<br />
poderão ser ampliadas e<br />
se espera ter uma melhora<br />
no desempenho individual.<br />
Na ocasião foi feito o lançamento<br />
da logomarca e<br />
exibido o primeiro vídeo<br />
institucional da Fazenda<br />
Bang-Bang, destacando<br />
sua história com o Sr. Castelo<br />
e o trabalho sócioambiental<br />
que a Fazenda<br />
vem realizando com o ISA<br />
– Instituto Socioambiental,<br />
na Campanha Y Ikatu<br />
Xingu, para a recuperação<br />
das matas ciliares. Este<br />
trabalho vem rendendo<br />
várias reportagens e visibilidade<br />
para a Fazenda<br />
nos principais meios de<br />
comunicação.<br />
Com isto o proprietário<br />
espera propiciar o desenvolvimento<br />
sustentável<br />
na região.<br />
63
Agradecemos a comunidade de<br />
São José do Xingu, em especial<br />
aos moradores que contribuíram<br />
com seus depoimentos.<br />
Aos nossos parceiros e a todas<br />
as crianças que participaram<br />
do Prêmio Bang: “Minha Cidade<br />
Tem História”,<br />
dedicamos este livro.<br />
Entrega da premiação Prêmio Bang - Março/2008
Realização<br />
Parceiros<br />
Asa Alimentos – DF - Fazenda Agrobandeirante – MT - Fazenda Água Preta – MT<br />
Fazenda Boa Sorte – GO - Fazenda Mauroanas – GO - Fazenda Santa Vitória – GO<br />
aliança da terra<br />
Prefeitura Municipal<br />
de São José do Xingu - MT