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sumário - Eletronorte

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SUMÁRIO<br />

ENTREVISTA<br />

Ziraldo Alves Pinto<br />

Página 3<br />

MEIO AMBIENTE<br />

Peixes que valem ouro<br />

Página 9<br />

ENERGIA ATIVA<br />

Corrente Contínua, pedra<br />

fundamental da comunicação<br />

institucional da <strong>Eletronorte</strong><br />

Página 18<br />

TECNOLOGIA<br />

As fi bras da telecomunicação<br />

Página 39<br />

CORRENTE ALTERNADA<br />

Página 43<br />

CIRCUITO INTERNO<br />

Página 46<br />

AMAZÔNIA E NÓS<br />

Página 48<br />

CORREIO CONTÍNUO<br />

Página 50<br />

FOTOLEGENDA<br />

Página 51<br />

SCN - Qd. 6 - Cj. A<br />

Ed.Venâncio 3000<br />

Bl. B- Sl. 305 - Brasília/DF<br />

CEP: 70716-900<br />

Fones:(61) 3429 6146/ 6164<br />

e-mail: imprensa@eln.gov.br<br />

site: www.eletronorte.gov.br<br />

(Prêmio 1998/2001/2003)<br />

TRANSMISSÃO<br />

Educação ambiental e<br />

arqueologia:quando uma<br />

linha de transmissãofornece<br />

mais do que energia<br />

Página 24<br />

GERAÇÃO<br />

Segurança de barragens, a<br />

engenharia da prevenção<br />

Página 34<br />

Conselho Editorial: Diretor-Presidente, Carlos Raimundo Nascimento; Diretor de<br />

Planejamento e Engenharia, Adhemar Palocci; Diretor de Produção e Comercialização,<br />

Wady Charone; Diretor Econômico-Financeiro, Astrogildo Fraguglia Quental; Diretor de<br />

Gestão Corporativa, Manoel Ribeiro; Gerentes Regionais - Coordenação de Comunicação<br />

e Relacionamento Empresarial: Zenon Pereira Leitão - Gerência de Imprensa: Alexandre<br />

Accioly - Edição e Reportagem: Alexandre Accioly (DRT 1342-DF), Bruna Maria Netto<br />

(DRT 8997-DF), Byron de Quevedo (DRT 7566-DF), César Fechine (DRT 9838-DF),<br />

Michele Silveira (DRT 11298-RS), Núcleos de Comunicação das unidades regionais<br />

Capa: Sandro Santana - Fotografi a: Rony Ramos, Roberto Francisco, Alexandre Mourão,<br />

Núcleos de Comunicação das unidades regionais - Tiragem: 10 mil exemplares


ENTREVISTA<br />

“Esta é a entrevista mais verdadeira<br />

que eu já dei na minha vida!” (Ziraldo Alves Pinto)<br />

No próximo dia 24 de outubro o pintor, cartazista,<br />

jornalista, teatrólogo, chargista, caricaturista<br />

e escritor Ziraldo Alves Pinto completa 75 anos<br />

de vida. Neste 2007 comemoram-se também os 60<br />

anos de trabalho desse artista que vem pontuando<br />

a vida cultural brasileira com personagens, livros,<br />

revistas e jornais sempre marcantes na história<br />

recente do País.<br />

A Turma do Pererê, Flicts, O Pasquim, Supermãe,<br />

Menino Maluquinho, Menina Nina, Bundas, quem<br />

nunca leu ou viu nada que tenha saído das mãos de<br />

Ziraldo? Sem falar naquela<br />

clássica crônica<br />

que não tem a letra O!<br />

Entrevistamos Ziraldo<br />

no fi nal da tarde do<br />

dia 7 de junho de 2002,<br />

na pérgola da piscina<br />

do Hotel Augustus, em<br />

Altamira, oeste do Pará.<br />

O Brasil já assistia aos<br />

jogos da seleção pentacampeã<br />

da Copa do<br />

Mundo de futebol e nós<br />

descansávamos (!) de<br />

uma tarde fatigante.<br />

Ziraldo acabara de autografar<br />

uns duzentos<br />

gibis da reedição da<br />

primeira história da<br />

Turma do Pererê (patrocinada<br />

pela <strong>Eletronorte</strong>)<br />

- acontecida em 1962,<br />

quando o Brasil se preparava<br />

para a Copa do<br />

Mundo do Chile.<br />

A criançada de Altamira, que naquele dia participava<br />

de diversas atividades organizadas pela<br />

<strong>Eletronorte</strong> em comemoração ao Dia Mundial do Meio<br />

Ambiente, correu pro cais do Rio Xingu e sob um sol e<br />

calor escaldantes pôde fi car perto de um dos maiores<br />

ídolos da literatura infantil que já tivemos em todos<br />

os tempos.<br />

Foi um dos quatro eventos organizados pela Empresa<br />

no Pará durante a Semana do Meio Ambiente<br />

daquele mês de junho que contou com a participação<br />

do cartunista. Em Altamira, o relançamento<br />

do gibi; em Tucuruí, a inauguração de um bosque;<br />

em Breu Branco, a entrega de obras sociais e em<br />

Belém, a abertura do espaço Procel no Planetário<br />

(foto ao centro).<br />

Na piscina, lembrando de uma música de Lamartine<br />

Babo, Serra da Boa Esperança, Ziraldo<br />

disse: “Vou contar a minha vida!” E contou mesmo.<br />

Desde a saída de Caratinga, a passagem por<br />

Belo Horizonte, a chegada ao Rio de Janeiro, a<br />

paixão pela família, o convívio com uma geração<br />

de bambas do humor e a criação de uma dezena<br />

de personagens até culminar com o lançamento do<br />

Menino Maluquinho.<br />

A entrevista fi cou de ser publicada nesta revista,<br />

mas por diversas razões acabou por aguardar este<br />

momento especial, quando comemoramos os 30<br />

anos da Corrente Contínua, inovando mais uma vez<br />

a linha editorial e gráfi ca. É uma entrevista especial,<br />

para uma edição especial. Com o bom humor<br />

nas alturas, mais uma vez Ziraldo dá mostras da<br />

sua capacidade de inventar, de criar e de procurar<br />

sempre um jeito de sermos mais brasileiros e mais<br />

felizes. Confi ra os principais trechos da entrevista<br />

sobre a qual ele declara: “é a mais verdadeira que já<br />

dei na vida porque contei coisas que nunca havia<br />

contado pra ninguém”.<br />

3


4<br />

Caratinga<br />

“Cheguei ao Rio de Janeiro pela primeira vez em<br />

1948, quando terminei o científi co e fui procurar<br />

saber o que ia fazer da minha vida. Em 51 tive que<br />

servir o exército e me alistei como pára-quedista,<br />

tava doido pra saltar de pára-quedas. Meu pai me<br />

chamou: ‘Você já se alistou?’ ‘Já e tal’. ‘Você não<br />

quer fazer o tiro de guerra em Caratinga, não?’ Papai<br />

era amoroso, mas um superpai. Eu já gostava muito<br />

do Rio, mas tinha arrumado uma namorada em<br />

Caratinga e já tava doido pra voltar. Aí quando foi de<br />

tarde papai me disse: ‘Olha, você já tá alistado lá<br />

em Caratinga, tem um sargento amigo meu e tal’. Aí<br />

eu voltei pra Caratinga e foi o ano mais feliz da minha<br />

vida. O tiro de guerra era uma festa, uma farra,<br />

uma coisa maravilhosa. Eu era presidente do Centro<br />

de Estudantes e tinha baile o tempo todo. E tinha<br />

um time de basquete que disputava campeonatos<br />

no interior de Minas. Um time entusiasmadíssimo<br />

chamado Vigapepizi: era formado por cinco amigos<br />

da infância e adolescência: Viggiano (Alan), Galileu,<br />

Pedro Vieira, Pimentel e Ziraldo: Vigapepizi. Bom de<br />

nome, ruim de basquete. Um vexame!”<br />

Primeiros passos<br />

“Eu comecei desenhando meus colegas de colégio,<br />

mas nos dois anos que passei no Rio já tinha<br />

publicado numa porrada de revistas. Com 16 anos<br />

fui chegando e publicando, eram histórias em quadrinhos<br />

infanto-juvenis. De volta a Caratinga, mandava<br />

meus desenhos pra revista Cigarra, que era mensal,<br />

e pra Cruzeiro, que era semanal. Mas em Caratinga<br />

a gente só queria saber de festa e de namorar, íamos<br />

à cidade vizinha namorar as moças de lá e elas<br />

também vinham namorar a gente. Aí dava nove, dez<br />

horas da noite, a gente entregava as namoradas em<br />

casa e ia todo mundo pra zona. Aliás, hoje lá no cais<br />

do Xingu vi uma menina de calça roxa igualzinha à<br />

minha primeira namorada na zona. Naquela época<br />

era assim, os garotos se iniciavam ali e eu tinha até<br />

ciúme dessa menina, chamada Neide, era muito<br />

bonitinha, tinha uma cicatriz na boca. E tinha um<br />

corpo monumental, muito parecido com a menina<br />

que vimos hoje, eu olhei e pensei: gente, a Neide<br />

não morreu! (risos)”.<br />

Belo Horizonte<br />

“Saí de Caratinga de novo e fui para Belo Horizonte,<br />

antes de voltar pro Rio. A Nacional Transportes<br />

Aéreos inaugurou a linha BH/Caratinga e o pessoal<br />

tomou conhecimento de Belo Horizonte, que a gente<br />

não conhecia, ninguém sabia escalar o Cruzeiro ou o<br />

Atlético, não sabíamos nada de BH. O relacionamento<br />

de Caratinga era muito maior com o Rio e Vitória (ES).<br />

Todos os viajantes, todas as compras de armazém,<br />

era tudo com Vitória. Em BH, como bom mineiro, eu<br />

conheci, de cara, o Paulinho Mendes Campos. Tinha<br />

um grupo de intelectuais e a gente lia Manchete, assinávamos<br />

revistas americanas e líamos o Millôr na<br />

Cruzeiro. A diferença entre nós, naquele momento,<br />

e o pessoal que fi cou em Caratinga, é que o pessoal<br />

de lá lia Seleções Readers Digest e a gente em BH lia<br />

Manchete, uma revista que era moderna e instigante<br />

e para a qual o Paulo Mendes Campos já escrevia.<br />

Além disso, as namoradas de Belo Horizonte eram<br />

lindas e eu passei no vestibular e comecei a fazer<br />

Direito, ao mesmo tempo em que continuei a desenhar<br />

e fui trabalhar em agência de publicidade. Fazia<br />

uma página na Folha de Minas. O Borjalo foi pro Rio<br />

trabalhar na Manchete e eu fi quei no lugar dele. Tinha<br />

uma página semanal de humor que fazia o maior<br />

sucesso. Engraçado como o cartum e a caricatura<br />

faziam sucesso naquela época”.<br />

Rio de Janeiro<br />

“Não tinha mais Careta,<br />

nem O Malho, já tinham passado,<br />

essas revistas todas.<br />

Mas tava todo mundo vivo, o<br />

J. Carlos, o Aquarone, o Raul<br />

Pederneiras, o Mendez, esse<br />

povo todo tava vivo. Através<br />

do Millôr comecei a tomar<br />

contato com o mundo e não<br />

perdi meus contatos com<br />

a revista Cigarra. Aí criei<br />

uma série de cartuns tendo<br />

como personagem o canguru.<br />

Peguei cento e tantos<br />

cartuns do canguru e levei<br />

na Cruzeiro, no Rio. Foi um<br />

impacto, todo mundo veio<br />

ver o menino de Belo Horizonte.<br />

Eu comecei a comprar<br />

revistas americanas e aprender o mecanismo de fazer<br />

cartum com os caras mais famosos do mundo. Fiz<br />

um cartum do canguru que o pessoal riu demais: o<br />

canguruzinho na bolsa da mãe e um toldo por cima.<br />

Saiu até uma matéria: “Ziraldo veio pro Rio na bolsa<br />

do canguru!” Fui trabalhar na Cruzeiro e seis meses<br />

depois escolhia a capa da revista. Fui morar em Copacabana<br />

e no meu primeiro aniversário do Rio, eu<br />

já casado, o cara da Colombo (a Confeitaria) soube<br />

e quis fazer a festa. Perguntou quantas pessoas,<br />

eu disse: ‘umas cinqüenta’! ele, ‘vou arranjar umas<br />

coisinhas’.Parecia mais uma festa pra rainha da Inglaterra.<br />

Tinha tanta comida e garçons que as coisas<br />

fi caram espalhadas pelo corredor, uma loucura que<br />

eu nunca tinha visto”.


Vilma<br />

“Antes disso, volto a BH pra conversar com um<br />

amigo: ‘Cara, o que eu faço, tô noivo?!’ E ele: ‘Você<br />

é o velho provinciano que vai pra capital e chega lá<br />

e descobre que o mundo é aquilo, você é mais uma<br />

vítima dessa babaquice, um rapaz que não respeita<br />

as origens’. E decidimos que eu tinha de fazer aquilo<br />

mesmo; manter a palavra. Aí casei com Vilma em<br />

1957. Eu que já havia vivido cinqüenta crises de<br />

paixão por ela, era muito apaixonado. Namoramos<br />

sete anos e me apaixonei e desapaixonei pela Vilma<br />

umas 500 vezes ao longo da nossa vida em comum.<br />

E agora tá ruim rapaz, tem dois anos que ela morreu<br />

e eu tô naquela crise de não achar justo. Foi daí, em<br />

conversas com a minha neta sobre a morte da avó,<br />

que veio a história do meu livro Menina Nina. Vivi com<br />

a Vilma toda a minha vida adulta, desde que saí do<br />

Exército. Desde que a conhecei nunca mais tive um<br />

dia em que ela não estivesse nele. Foram 50 anos.<br />

Com Vilma nunca fui um indivíduo, nunca tomei uma<br />

decisão sozinho, nunca fi z um escândalo: quantas<br />

vezes tive vontade de rodar a baiana e não rodei por<br />

causa da Vilma?”<br />

Amor e trabalho<br />

“Converso muito com meus fi lhos sobre a importância<br />

do amor e do trabalho na vida da gente. Tem<br />

pessoas para quem o amor é a coisa mais importante<br />

da vida delas. É um sentimento muito mais feminino<br />

que masculino. Quando uma mulher se apaixona<br />

ela larga tudo. Um caso dos mais representativos é<br />

o da mulher do Euclides da Cunha. O cara matoulhe<br />

o marido e o fi lho e ela fi cou com ele até o fi nal.<br />

Assim, como tem pessoas para quem o centro da<br />

vida é o amor do outro ou pelo outro, tem pessoas<br />

para quem o que fazer da vida é que é o mais importante.<br />

Hollywood fez uns 500 fi lmes sobre isto: o<br />

mais importante da minha vida é o amor ou minha<br />

carreira? Tem a história do Louis Armstrong. Casou<br />

e só viveu 18 dias com a primeira mulher. Separou,<br />

casou de novo. Durou seis meses. Casou de novo e<br />

este casamento durou a vida inteira. É que esta sabia<br />

que estava casando com o Louis Armstrong, o maior<br />

músico do jazz. Por que meu casamento com Vilma<br />

durou tanto? Porque quando nos casamos ela já sabia<br />

que eu era eu. Não houve surpresas. Eu sou muito<br />

centrado no que faço. Outro dia meu fi lho chegou<br />

em casa, eu tava desenhando, ele disse: ‘Vem ver<br />

um fi lme, pai. Vem descansar.’ Ora, fazer o que eu<br />

gosto é o que me descansa.”<br />

Turma do Pererê<br />

“Casei com a Vilma e fomos morar na praça do<br />

Lido, em Copacabana. O apartamento era mínimo.<br />

Não tinha nem quarto de empregada. Mas era um<br />

apartamento sensacional, num prédio símbolo de<br />

Copacabana. Todo art-decó, em plena Avenida<br />

Atlântica. Pra quem tinha vindo de Caratinga... Por<br />

ali passou todo mundo que se possa imaginar. Era<br />

caminho entre o Fiorentina e a Gôndola e todo mundo<br />

que passava e via a luz do nosso apartamento acesa,<br />

subia. O porteiro não dormia, chegava gente toda<br />

hora, Sérgio Ricardo, Chico de Assis, Carlos Leonan,<br />

Antônio Pitanga, Jaguar, Millôr... Até o Caetano e o<br />

Gil passaram por lá antes de embarcar para São<br />

Paulo. Ali nasceram meus três fi lhos e até o Chico<br />

Buarque nasceu naquele edifício. Eu já trabalhava<br />

na Cruzeiro, onde fi quei por sete anos, de 57 a 64.<br />

E também já tinha nascido a Pererê! Eu queria fazer<br />

história em quadrinhos quando descobri os cartuns.<br />

5


6<br />

Foi quando virei cartunista e passei a fazer parte da<br />

turma dos quatro meninos do Millôr: Jaguar, Claudius,<br />

Fortuna e eu. Éramos hiperdesenhistas e o cartum<br />

naquela época tinha prestígio internacional. Quando<br />

surgiu a chance de fazer o Pererê eu já fazia uma<br />

série de piadinhas do personagem na Cruzeiro. A<br />

revista decidiu que devia haver uma revista nacional<br />

de história em quadrinhos e encomendou projetos<br />

a mim, ao Carlos Estevão e ao Péricles, do Amigo<br />

da Onça. O Péricles fez o Oliveira, o Trapalhão, mas<br />

não conseguiu terminar, suicidou-se antes. O Carlos<br />

Estevão fez a dele por uns cinco meses e fi z a Pererê<br />

por cinco anos, até 1964. A história em quadrinhos<br />

era muito cara, os homens já sabiam que a revolução<br />

não viria, aí, acabaram com a minha revistinha<br />

tão nacionalista. Tive a primeira crise existencial da<br />

minha vida”.<br />

Anos de chumbo<br />

“Começa uma fase de sofrimento, apesar de minha<br />

querida amiga Marina Colassanti me censurar<br />

porque, numa entrevista, eu disse que não sabia o<br />

que era sofrimento. A Marina disse que eu era um<br />

vegetal. Deus tinha até ali me poupado de duas<br />

coisas: sofrimento e azia (risos). Eu tenho dor de<br />

barriga, mas azia eu não tenho. Mas foram duros<br />

os anos que sofri, rapaz. Eu, com 32 anos, já tinha<br />

feito o Pererê, quando descobri a possibilidade do<br />

Brasil se assumir culturalmente, quer dizer, um Brasil<br />

brasileiro poderia ser feito. Veio o Teatro Brasileiro<br />

de Comédia, a UNE, a reforma de bases. Eu era, até<br />

então, fascinado pelos Estados Unidos. Aí, comecei<br />

a descobrir meus amigos de esquerda e a descobrir<br />

a esquerda. Foi nesse tempo, entre o fi m<br />

da Pererê e o início de O Pasquim, em 68. Foram<br />

anos de sofrimento. Comecei a publicar uma página<br />

inteira no Jornal do Brasil, aos domingos, numa<br />

época de muita rejeição e eu não suporto rejeição.<br />

Sofro!... Jaguar, Fortuna e Claudius se reúnem para<br />

fazer a primeira publicação de protesto, um livro<br />

chamado Hay Govierno, e não falam comigo. Isto me<br />

deu uma rejeição mortal. ‘Pô, você é um alienado’,<br />

diziam todos os que se encontravam engajados. E<br />

eu: ‘Pô, mas eu fi z o coelhinho vermelho, minha<br />

revista estava comprometida com todos os sonhos<br />

políticos da minha geração’. Eu queria mesmo era ir<br />

pra luta. Mesmo! Mas, não posso levar a Vilma nisso,<br />

não posso me engajar, eu não sou um só. Já tinha<br />

as duas fi lhas, Daniela e Fabrizia. Quando fi zemos<br />

a passeata dos cem mil, começam a acreditar que<br />

eu era do quadro do partidão. Mas nunca fui. Me<br />

contentei em ser massa de manobra, linha auxiliar...<br />

o que eles, na época, chamavam de inocente útil.<br />

Só que eu não era tão inocente assim. Estava mais<br />

para atormentado útil”.<br />

O Pasquim<br />

“Aí surge a idéia de fazer uma publicação de<br />

protesto. Eram Fortuna, Jaguar, Claudius e eu,<br />

mas quem mobilizava a turma era o Millôr (Na foto<br />

acima, Millôr, Jaguar e Ziraldo). Aí, tem uma reunião<br />

na minha casa, fi lmada pelo David Neves, para a<br />

fundação dessa publicação de humor e protesto.<br />

Antes disto, eu tinha sido diretor de arte da Visão e<br />

publicado cartuns no mundo inteiro. Aí fecharam o<br />

Manequinho, no Correio da Manhã, página de humor<br />

político do Fortuna, onde todos colaborávamos. Além<br />

de nós quatro e o Millôr, estiveram lá em casa, nesta<br />

reunião, esses meninos todos que já colaboravam<br />

com o Manequinho. Eles vieram, chefi ados pelo<br />

Henfi l. Entre eles, estavam Miguel Paiva, o Juarez<br />

Machado, o Redi, o Mayrink, o Vagn. Cinco velhos<br />

e os meninos: deu um racha na reunião. O pessoal<br />

optou por uma cooperativa pra fazer o jornalzinho<br />

de combate. Metade para os cinco velhos e metade<br />

para a rapaziada nova. O Henfi l disse: ‘nem pensar’<br />

e foi embora com os meninos. Eu queria fazer um<br />

jornal pra botar pra quebrar. Já tinha um agente em<br />

Nova Iorque e, se não desse certo, ia embora. Essa<br />

reunião e outras para fundar nosso panfl etário jornal<br />

deram em nada. Um dia, o Jaguar me liga dizendo<br />

que tinha arrumado um distribuidor que topava<br />

bancar a publicação e a distribuição em banca.<br />

Ele disse: ‘Como o Sérgio Porto morreu, o Tarso<br />

de Castro vai editar, o Claudius, Carlos Prosperi e<br />

o Sérgio Cabral estão com a gente e o jornal vai se<br />

chamar O Pasquim.’ Eu disse: ‘Ah, Jaguar, eu quero<br />

fazer um jornal independente, com distribuidor<br />

envolvido como vai ser independente?’ Além disso,<br />

o Millôr também disse que não ia e, se ele não ia,<br />

eu também não. Dias depois, eu estava em São


Paulo, liga a Vilma dizendo que o Jaguar tava lá em<br />

casa, dizendo que eu havia autorizado ele a pegar<br />

uns desenhos dos Zeróis, inéditos, para publicar<br />

no Pasquim, junto com um texto do Millôr. Pronto,<br />

saíram dois desenhos meus no Pasquim e o artigo<br />

do Millôr que virou antológico porque dizia que a<br />

imprensa e a publicidade eram um balcão de secos<br />

e molhados! (risos). Tiraram vinte mil exemplares.<br />

Era junho de 69, com o Ibrahim Sued na capa. Não<br />

era um jornal político, não era. Nem o Jaguar nem<br />

o Tarso de Castro tinham pretensões políticas, não<br />

tinha ninguém político no Pasquim, talvez só o Sérgio<br />

Cabral, que tinha sido do partidão. O Tarso era<br />

um bon vivant que queria conquistar o Rio, como<br />

de fato conquistou e teve todas as mulheres que<br />

quis na cama. Tarso era bonito, não tinha nenhum<br />

impedimento moral e passava uma segurança incrível<br />

pras mulheres. Dormiu com todas, até com a<br />

Candice Berger”.<br />

Flicts<br />

“O Pasquim sai com vinte mil exemplares como<br />

um jornal ipanemense indignadinho, mas a edição<br />

esgotou em dez minutos. A segunda em meia hora<br />

e a terceira também, somando tudo dava uns oitenta<br />

mil exemplares. Tiramos cem mil no segundo número.<br />

Quando já começávamos a ser postos contra a<br />

parede, começou a surgir gente nova como o Henfi l.<br />

E veio o Francis, e outros mais. Aí as circunstâncias<br />

nos transformaram<br />

num jornal de humor<br />

político, um jornal de<br />

combate. Um jornal<br />

que virou um símbolo<br />

da resistência. Quanto<br />

às famosas entrevistas<br />

do Pasquim, elas eram<br />

daquele jeito porque na<br />

verdade ninguém tinha<br />

saco de editar. A redação<br />

era meio bagunça<br />

e a gente decidia editar<br />

as entrevistas na íntegra<br />

e quando não dava pra<br />

entender a gravação,<br />

dizíamos: põe aí ‘ruídos’<br />

ou ‘risos’, o que acabou<br />

também virando o maior<br />

sucesso (risos). E fomos levando porrada atrás de<br />

porrada até chegar as bombas na redação. O Pasquim<br />

teve mil edições, durando até a anistia, quando<br />

perde sua força. Mas até aí ele foi signifi cativo, com<br />

o grande momento das entrevistas com os que estavam<br />

voltando do exílio. Com a campanha da anistia<br />

o Pasquim encerra um ciclo. Eu saio do jornal. No<br />

mesmo ano e mês de lançamento do Pasquim, eu<br />

tinha lançado Flicts e feito um sucesso igual ao do<br />

Pasquim. Nunca um livro fez tanto sucesso na cidade,<br />

virou uma paixão. No lançamento, das nove<br />

da manhã às duas da madrugada, autografei uns<br />

1.200 exemplares do livro. Não teve um cronista da<br />

imprensa brasileira que não tenha dado a notícia<br />

do lançamento e do sucesso de Flicts. Mas não dei<br />

continuidade à minha carreira de escritor infantil.<br />

Fiquei no Pasquim”.<br />

Menino Maluquinho<br />

“Depois de dez anos fazendo o Pasquim, meus<br />

amigos sendo presos, por coincidência no ano da<br />

anistia, lanço o Menino Maluquinho na Bienal do<br />

Livro de São Paulo, em 1980. De cara o livro vende<br />

cem mil exemplares. Não sou a referência do Menino<br />

Maluquinho, mas quando criança usava panela na<br />

cabeça enquanto os meninos botavam chapéu de<br />

jornal dobrado: eu era o capitão, pô! (risos). O sucesso<br />

do Menino Maluquinho todo mundo conhece, chegou<br />

ao cinema e à televisão. Eu já tinha criado muitos personagens,<br />

Jeremias, o Bom; os Zeróis, a Supermãe,<br />

Mineirinho Comequieto... Mas nenhum deles fez mais<br />

sucesso do que o Menino Maluquinho. Por falar na<br />

Supermãe, o substantivo está, primeiro no Aurélio,<br />

depois em todos os nossos dicionários brasileiros.<br />

Deixei de publicar o Jeremias, quando entrei pro<br />

Pasquim. Fiz ele voar, sumir: ele chega em casa, tira<br />

o paletó, a gravata e, quando tira a camisa, tem duas<br />

asas. Sai, então, voando e nunca mais aparece. Teve<br />

ainda o Sêo Pinto... tudo morre na vida, todo mundo<br />

teve um personagem por muito tempo e depois mata<br />

esse personagem. Muito antes do Angeli matar a Rê<br />

Bordosa, o Henfi l matou a Graúna, o Fradim..., o<br />

Conan Doyle matou o Sherlock Holmes. Chega uma<br />

hora que a gente já não suporta mais o cara. Mas<br />

personagens infantis não morrem nunca”.<br />

7


8<br />

Ler é melhor que estudar<br />

“Estamos aqui<br />

em Altamira, no<br />

dia 7 de junho de<br />

2002, editando<br />

esta historinha de<br />

60 anos. Esta é a<br />

entrevista mais verdadeira<br />

que eu já<br />

dei na minha vida,<br />

tem um monte de<br />

coisas aí que eu<br />

nunca contei pra<br />

ninguém”.<br />

(Durante três<br />

dias Ziraldo esteve,<br />

a convite da<br />

<strong>Eletronorte</strong>, em<br />

Altamira (foto abaixo), Tucuruí, Breu Branco e<br />

Belém, em contato com o povo e as crianças da<br />

região. Seu carisma é absoluto. Menino maluquinho<br />

que é, sua filosofia foi desenvolvida na<br />

Mata do Fundão: “Ler é melhor que estudar”,<br />

ensina às crianças; e continua a correr atrás dos<br />

seus sonhos, como o Compadre a correr atrás<br />

do Galileu: “eu ainda pego essa onça!” Agora,<br />

em agosto de 2007, Ziraldo complementa esta<br />

entrevista com o depoimento a seguir).<br />

Aquela noite em Altamira<br />

“Querido Alexandre, li com o maior interesse a<br />

entrevista em que, tomados de deslumbramento<br />

que as paisagens que nos cercavam naquele<br />

longínquo pedaço do Brasil, produziam em nós<br />

- que, encantados, nos descobrimos mutuamente<br />

- perpetramos esta entrevista, encharcada de<br />

uísque e alegria. Acho que nós dois exageramos:<br />

ela não tem tanta importância, a gente estava<br />

empolgado e você, essa pessoa rara, continuou<br />

empolgado até hoje. Muita coisa mudou na<br />

minha vida nestes cinco anos que nos separam<br />

daquela noite em Altamira. (Que belo título para<br />

um livro: “Aquela noite em Altamira”). Peraí, o<br />

pessoal vai achar que a gente é caso (risos).<br />

Não tem perigo. Nós somos espadas e, por esta<br />

razão, continuemos. Falei tanto na Vilma naquela<br />

noite e, veja você, hoje sigo a minha vida com<br />

outra companheira. É como se fosse uma outra<br />

vida. Um preço bastante caro para viver duas vidas<br />

em uma só existência. Mas independe de nossas<br />

decisões. Hoje estou casado com uma moça loura e<br />

linda, completamente diferente da Vilma que, entre<br />

outras diferenças, era morena. Mas linda, também.<br />

Quando eu digo loura linda você vai achar que, como<br />

um velho gaiteiro, me casei com uma mocinha. Nada<br />

disso. Ela é uma mulher feita, feitíssima, que tem o<br />

dom de ser também, fi lha de meu tio mais querido,<br />

meu tipo inesquecível, meu<br />

herói, irmão de minha mãe,<br />

que se chamava, para seus<br />

sobrinhos, Tilcinho, e para a<br />

vida prática, Wilson. Quando<br />

a Márcia nasceu, eu morava<br />

na casa deste meu tio e<br />

juro que não cantei para ela<br />

aquela canção que o Cláudio<br />

Cavalcanti cantava numa<br />

novela e que se chamava<br />

‘Menina’, lembra? E nem<br />

ela cantou para mim. O<br />

tempo é que tece o nosso<br />

tempo. Agora sim, estou<br />

contando pra você, coisa<br />

que nunca contei pra ninguém.<br />

No mais, continuo<br />

trabalhando sem olhar<br />

para o espelho. Só as<br />

falhas do meu corpo me<br />

avisam que já passei da<br />

hora... Mas eu não tomo<br />

conhecimento das falhas<br />

do meu corpo”. (Fotos e<br />

ilustrações: Arquivo Ziraldo/<br />

<strong>Eletronorte</strong>)


MEIO AMBIENTE<br />

Peixes que valem ouro<br />

Byron de Quevedo<br />

O antigo texto bíblico sobre a multiplicação<br />

de pães e peixes, em que Jesus Cristo,<br />

milagrosamente, sacia a fome de cinco mil<br />

seguidores seus pelo deserto, já mostra<br />

a preocupação dos grandes líderes com<br />

a produção de alimentos. Aumentar essa<br />

produção continua a ser meta fundamental<br />

dos governos através dos tempos. E, certamente,<br />

uma preocupação divina, prova<br />

disso é a grande diversidade de fontes ricas<br />

de nutrição na natureza. Notadamente os<br />

produtos derivados dos peixes, umas das<br />

primeiras opções alimentares, têm hoje<br />

outras utilidades na indústria, na medicina,<br />

no turismo, nas artes e nos esportes. Na<br />

Amazônia, que guarda cerca de 20% de<br />

toda a água doce do mundo, os peixes se<br />

multiplicaram e, mais uma vez, como um<br />

milagre, lá a pesca se tornou generosa e<br />

promissora. Cuidar e aumentar esse acervo<br />

é preciso. E se é verdade que nossos peixes<br />

valem ouro, a nossa água não tem preço.<br />

“Devemos preservar até por<br />

precaução, pois nunca se sabe<br />

quando uma espécie se mostrará útil.<br />

Devemos usar o que está na natureza,<br />

preservando as espécies com<br />

racionalidade e inteligência, sem<br />

depredar os ecossistemas”<br />

(Juras).<br />

A extinção de fl orestas, a contaminação, o<br />

assoreamento de rios e o crescimento populacional<br />

apontam para previsões pouco<br />

otimistas para vários países e já está sendo<br />

dito por muitos como sendo este “o século<br />

da fome”. Peixes: como sabê-los sem conhecê-los?<br />

Viajemos então pelos rios amazônicos<br />

para vê-los. Esse moço, o Juras, será<br />

o nosso instrutor e “canoeiro-guia”.<br />

9


10<br />

Peixes, razão de uma vida - Anastácio Afonso Juras, o<br />

Juras, é biólogo, mestre e doutor em Ciências pela Universidade<br />

de São Paulo - USP. Os peixes despertaram a sua<br />

atenção logo no início da graduação, em 1973. E a partir daí,<br />

iniciou os estudos de riachos, rios e barragens. Pesquisou<br />

em museus, tendo sempre como meta o aproveitamento<br />

dos recursos pesqueiros na alimentação de comunidades<br />

ribeirinhas, carentes de proteínas na alimentação diária.<br />

Chamou-lhe a atenção a possibilidade desses recursos serem<br />

aperfeiçoados ou melhorados geneticamente. “Para se<br />

ter o peixe como alimento, basta uma vara, alguns metros<br />

de linha, um bom local para pescar, sem grandes complexidades.<br />

É um alimento rico que oferece ainda outros<br />

subprodutos”.<br />

Estariam os administradores públicos e privados interessados<br />

nos motivos da queda da produção pesqueira no<br />

País, ou estariam os peixes vindo à tona com a nova onda<br />

ecológica mundial que gera dividendos àqueles que defendem<br />

a natureza? Segundo Juras não há tal onda. Ele crê que<br />

hoje a consciência está mais aguçada e as ações ligadas<br />

ao meio ambiente, mais vigiadas. Os regulamentos sobre o<br />

tema começaram no Brasil com o Código de Águas, de 1934.<br />

“Nele já existia o cuidado com os mananciais. Até então os<br />

órgãos ambientais estavam desaparelhados e a fi scalização<br />

era inadequada. O problema é mundial.<br />

No Japão, por exemplo, a pouca água<br />

existente precisa ser reciclada cinco<br />

vezes antes do consumo. Em 1972, com<br />

a 1ª. Conferência Mundial de Estocolmo<br />

do Meio Ambiente, em Oslo, deu-se<br />

início à regulação e fi scalização. A partir<br />

dali os governos passaram a investir nos<br />

órgãos ambientais. Depois vieram a Eco<br />

92, no Rio de Janeiro, e o Protocolo de<br />

Kyoto, no Japão, em 1997, dando nova<br />

ênfase aos cuidados com o ambiente. E<br />

as empresas tiveram que se adequar à<br />

nova legislação.”<br />

Peixes retirantes - Em 34 anos<br />

acompanhando as estatísticas dos<br />

desembarques pesqueiros na região<br />

amazônica, Juras verifi cou a diminuição da produção e a<br />

alteração dos habitats nas áreas de desmatamentos e de<br />

novas fronteiras agrícolas, em virtude das contaminações<br />

dos rios por agrotóxicos e mercúrio dos garimpos. “Os<br />

assoreamentos destroem os riachos e córregos, forçando<br />

a migração de peixes. Eles se tornam retirantes e, semelhantes<br />

aos seres humanos nas suas migrações, vão habitar<br />

áreas congestionadas. Nos grandes rios confl itam com<br />

os predadores maiores. Esses desequilíbrios ocorrem por<br />

ações antrópicas, ou seja, por atitudes humanas negativas<br />

sobre a natureza”.<br />

De acordo com Juras, a depredação, em muitos casos,<br />

pode ser revertida desde que haja interação entre os<br />

governos municipal, estadual e federal, para fazerem o


ordenamento territorial e a instalação dos comitês das<br />

bacias hidrográfi cas, estabelecendo as áreas para a extração<br />

da madeira, agricultura, mineração etc. “A falta<br />

desse macroplanejamento, que deve ser feito a partir das<br />

microbacias, afeta a saúde dos rios e lagos, o território<br />

livre dos peixes. Rios que atravessam metrópoles podem<br />

ser recuperados, sendo necessário que, ao dar o licenciamento,<br />

o órgão ambiental competente exija que as<br />

empresas tratem seus resíduos e devolvam suas águas<br />

em qualidade igual ou superior a que elas captaram na<br />

natureza. Não adianta multar, tem que conscientizar<br />

para não se jogar o lixo nos rios e dar condições para o<br />

hábito da reciclagem”.<br />

Nas regiões Sul e Sudeste, os agentes<br />

poluidores são os detritos, detergentes, ácidos<br />

e outros tipos de esgotos industriais. Já<br />

na Região Norte, os desmatamentos abrem<br />

clareiras nas fl orestas desnudando o solo.<br />

“As gotas de chuva caem com a velocidade<br />

média de setenta quilômetros por hora. Se<br />

não há a vegetação para amortecer o impacto,<br />

elas assoreiam o terreno provocando a<br />

erosão. Os primeiros cinqüenta centímetros<br />

do solo são repletos de nutrientes e matérias<br />

orgânicas. As enxurradas levam o fósforo,<br />

nitrogênio e outros elementos químicos para<br />

os rios. A conseqüência é o aparecimento<br />

de macrófi tas aquáticas (aguapés), vegetação que, em<br />

excesso, provoca proliferação de mosquitos e problemas<br />

para a navegação e usinas hidrelétricas, entre outros danos”,<br />

comenta Juras.<br />

Peixes que curam - Segue o nosso barco virtual rio abaixo<br />

e, aqui e acolá, passamos por cardumes meio santos. Salvar<br />

enfermos e debilitados: esta é a nova e promissora aplicação<br />

para os subprodutos dos peixes. Juras, da <strong>Eletronorte</strong>, em<br />

conjunto com a professora Alpina Begossi, da Unicamp, e<br />

o professor Renato Silvano, da Universidade Federal do Rio<br />

Grande do Sul, estudam espécies amazônicas como surubim,<br />

tucunaré, jaraqui, traíra e pacu, como complemento na<br />

dieta alimentar de populações humanas carentes, pois têm<br />

proteínas que regeneram rapidamente o organismo, principalmente<br />

após cirurgias. “É uma alimentação especializada<br />

para hospitais, clínicas e casas de saúde. Os nutricionistas<br />

podem ministrar aos seus pacientes dietas com esses peixes,<br />

pois já constatamos que a recuperação das pessoas chega<br />

a ser até quatro vezes mais rápida do que com as comidas<br />

tradicionais”, atesta Juras.<br />

Peixes que encantam - O nosso barco chega agora aos<br />

igarapés. Lá, Juras nos aponta belos exemplares que os<br />

colecionadores conhecem bem, entre centenas de outros:<br />

néon, guppy, aruanã, espada, plati, cará, lambari, piaba,<br />

trairinha, piabinha e cascudo, que é um peixe muito feio,<br />

mas bastante vendido, pois come o lodo das pedras e limpa<br />

os vidros do aquário. A comercialização desses pequeninos<br />

11


12<br />

souverniers vivos tem um enorme potencial. A Universidade<br />

Federal Rural da Amazônia, segundo um estudo da<br />

professora Rosália Furtado Cutrim Souza, já catalogou uma<br />

imensidão de espécies de peixes ornamentais. Só para se<br />

ter uma idéia dos valores deste mercado, o acari-zebra, que<br />

vive em águas de até vinte metros de profundidade na região<br />

do Xingu, custa, na Europa, cerca de duzentos euros, ou<br />

aproximadamente R$ 510,00 a unidade.<br />

Para fi ns de exportação, todos os peixes amazônicos são<br />

considerados ornamentais. Um exemplo, não muito positivo,<br />

é o da arrainha, bastante comum nos rios Tocantins e Araguaia,<br />

que chega a pesar 14 quilos, mas enquanto jovem<br />

é utilizada para enfeitar aquários. Segundo Juras, esse tipo<br />

de exportação é ilegal, porque são peixes que ainda não se<br />

reproduziram. “O ideal seria comercializar exemplares adultos<br />

com autorização do Ibama. Já estão usando, inclusive,<br />

o pirarucu, de até 15 centímetros nos aquários, o que é um<br />

crime, pois ele crescerá rapidamente e será sacrifi cado. O<br />

Ibama regula quais espécies podem ser exportadas, mas<br />

mesmo assim o contrabando é intenso”.<br />

Peixes lucrativos - Juras mostra as margens nos lembrando<br />

que os benefícios dos peixes estão fora d’água. Diz ele que<br />

uma mesma espécie pode ter dezenas de variações, o que<br />

aguça a mente dos colecionadores e o ânimo do mercado<br />

internacional. No Tocantins já foram catalogadas cinqüenta<br />

espécies só do acará-disco, um peixe redondo e fi no com<br />

várias cores e nuances. Em Oeiras, no Pará, também há<br />

grandes quantidades de peixes ornamentais, constatação<br />

que está sendo feita por Juras num estudo em conjunto<br />

com as comunidades ribeirinhas. “O objetivo é propiciar a<br />

autosustentabilidade dos recursos. As cooperativas são uma<br />

iniciativa da própria população. Para formá-las é necessário<br />

no mínimo vinte pessoas. A <strong>Eletronorte</strong>, por exemplo, tem<br />

incentivado a formação de cooperativas em Breu Branco<br />

e em outros municípios à jusante da Usina Hidrelétrica<br />

Tucuruí. Já ministrei cursos de cooperativismo aplicado à<br />

pesca, levando informações atualizadas sobre a legislação<br />

e a comercialização. As cooperativas são importantes, pois<br />

conscientizam sobre as riquezas locais e promovem a união<br />

das pessoas em torno de um objetivo comum”.<br />

A partir de 1972, vários governos incentivaram a formação<br />

de cooperativas, inclusive com desoneração de impostos<br />

por se tratar de uma questão social, evitando a ação dos<br />

atravessadores. Essa forma de associação teve origem na<br />

Inglaterra, há 130 anos, portanto, é algo novo em muitos<br />

países. “Ajudamos a criação de cooperativas com estatutos,<br />

contemplando produtos fl orestais e de origem animal, que<br />

agreguem valores aos itens tradicionais. Por exemplo, um<br />

quilo de tucunaré, em Tucuruí, custa de R$ 6,00 a R$ 12,00,<br />

dependendo da entressafra. Se o produtor transformá-lo em<br />

fi lé, lingüiça, salames e outros subprodutos, os lucros aumentarão<br />

signifi cativamente. Para tanto, basta ter uma tábua<br />

de corte, facas e recipientes. Pescando com racionalidade e<br />

respeitando os períodos da piracema, quando os peixes se<br />

reproduzem, todos sempre terão o que pescar”.


Peixes de criação - O nosso barco virtual também navega<br />

pelos lagos das hidrelétricas, aqueles contidos por grandes<br />

barragens de onde sai a energia elétrica que abastece a<br />

economia do País. A <strong>Eletronorte</strong> está fazendo estudos ambientais<br />

para a implantação de parques aqüícolas no lago<br />

de Tucuruí, por solicitação da Secretaria de Aqüicultura e<br />

Pesca, da Presidência da República. O objetivo é a produção<br />

de peixes em gaiolas, em larga escala. Esse trabalho<br />

conta também com a parceria do Ibama, da Sectam, o<br />

órgão estadual de meio ambiente do Pará, e outros órgãos<br />

e instituições, para atender a toda a legislação e exigências<br />

ambientais.<br />

“A proposta é utilizar 0,25 % do lago de Tucuruí para<br />

produzir cerca de nove mil toneladas de pescado por ano. O<br />

estudo, que será utilizado em outros reservatórios hidrelétricos,<br />

é direcionado às populações ribeirinhas. Estamos controlando<br />

os desembarques pesqueiros, que é quando a frota<br />

artesanal desembarca em Tucuruí e em outras cidades do<br />

entorno da hidrelétrica. Verifi camos que eles correspondem<br />

a seis ou sete mil toneladas por ano. Nos parques aqüícolas,<br />

com áreas de 120 a 150 hectares, estarão<br />

desembarcando cerca de nove mil toneladas<br />

de peixes, provando que é possível utilizar<br />

os recursos hídricos de forma racional e<br />

sustentável, e contribuir com a redução da<br />

fome no Brasil e no mundo”.<br />

Peixes que fi caram em Tucuruí - Lembra<br />

ainda Juras que as regiões Sul e Sudeste,<br />

em virtude do inverno rigoroso, produzem<br />

uma safra que dura entre seis a oito meses<br />

de pesca. Já na região dos trópicos, a<br />

produção é contínua o ano todo, com duas<br />

safras. “Na margem esquerda de Tucuruí, perto de Jacundá<br />

e Novo Repartimento, fi caram árvores submersas. Nelas, os<br />

peixes encontram abrigo. Lá fi cam protegidos das redes dos<br />

pescadores e dos peixes predadores maiores. Se a madeira<br />

continuar ali pelos próximos 100 anos, decompondo-se<br />

lentamente, muitas espécies serão preservadas. É uma<br />

área de esconderijo, alimentação e reprodução. As ovas dos<br />

peixes podem fi car incrustadas nos troncos das árvores a<br />

até quarenta metros de profundidade”.<br />

Hoje, constata-se que as espécies existentes há 25 anos<br />

a montante da hidrelétrica acomodaram-se ao ambiente<br />

lêntico (local com água parada e limpa): o tucunaré, a<br />

pescada e vários tipos de piranhas proliferaram-se. Já no<br />

ambiente de água corrente, a jusante da barragem, ocorrem<br />

vários tipos de bagres. “Hoje há menos espécies, mas em<br />

contrapartida temos no lago muitos indivíduos por espécie.<br />

A biomassa, o volume e o peso dos peixes que são desembarcados<br />

no lago alcançam cerca de seis mil toneladas por<br />

ano. Antes da formação do lago, esse peso não chegava<br />

a seiscentas toneladas. Constatamos que as espécies não<br />

existentes no ambiente acima de Marabá migraram para<br />

outras áreas do Rio Tocantins e retornam ao lago para se<br />

alimentar e reproduzir, e depois sobem novamente o rio.<br />

13


14<br />

Em suma, todas as espécies que existiam<br />

antes da formação do reservatório da hidrelétrica<br />

ainda estão lá. Apenas algumas<br />

não podem ser comercializadas. Abaixo da<br />

barragem, o jaraqui e o mapará tiveram seus<br />

estoques reduzidos, mas ainda existem em<br />

boa quantidade”, afi rma Juras.<br />

Peixes que controlam epidemias - Na<br />

Amazônia existem muitos ambientes propícios<br />

à sobrevivência dos peixes. Qualquer<br />

um a bordo de nossa canoa virtual pode<br />

pressentir em tantas águas profundas e<br />

margens quilométricas que ainda há muitas<br />

espécies a serem descobertas. Na literatura<br />

constam em torno de dois mil tipos de peixes.<br />

Alguns se alimentam dos nutrientes ou<br />

de outros elementos existentes apenas em<br />

determinados lugares que, se destruídos,<br />

os danos serão incalculáveis, pois podemos<br />

perder a chance de obter os princípios<br />

físico-químicos para a cura de muitas doenças,<br />

entre outras utilidades. De acordo com Juras, há<br />

peixes que se alimentam de larvas de mosquitos, e com<br />

isto controlam males como a dengue e a malária. “O mais<br />

importante desses estudos é conhecer a função dos peixes<br />

na natureza. O governo brasileiro tem feito investimentos, por<br />

intermédio de vários órgãos da Amazônia, como o Instituto<br />

Nacional de Pesquisas da Amazônia - Inpa, em Manaus, e<br />

o Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém. A <strong>Eletronorte</strong>,<br />

em conjunto com essas e outras instituições, também tem<br />

realizado pesados investimentos em pesquisas. Catalogamos<br />

cinqüenta novas espécies, principalmente na família das<br />

piranhas. Há ainda outras sem valor econômico, mas com<br />

enorme importância ecológica”.<br />

Peixes que se disfarçam - Há uma teoria sobre as espécies<br />

endêmicas, aquelas que ocorrem em um só local. Dizem os<br />

cientistas que na era geológica pleistoceno, há cerca de 150<br />

milhões de anos, parte da região do Amazonas, Roraima e a<br />

área de Belém fi cavam submersas no mar. Havia lá ilhotas<br />

que hoje são morros. Nas lagoas em volta desses morros,<br />

desenvolveram espécies de características únicas. Com o<br />

abaixamento do nível dos mares, essas áreas fi caram isoladas,<br />

formando os chamados hot spots (pontos quentes). As<br />

colorações originais dos peixes, aves, lagartas e borboletas<br />

vêm dos próprios pigmentos desenvolvidos para protegeremse.<br />

Por exemplo, o tucunaré tem na cauda um formato de<br />

olho que confunde seus predadores; outros apresentam colorações<br />

ilusórias dando a impressão de que são maiores. E o<br />

predador foge. Essa capacidade genética de mesclarem-se<br />

ao ambiente chama-se mimetismo. Os peixes que adornam<br />

os aquários têm essa riqueza de nuances, que mudam a<br />

cada estação do ano. De acordo com Juras, “geralmente são<br />

peixes pequenos que entram nos espaços entre rochas e<br />

lá se alimentam, ao mesmo tempo em que fogem dos seus


predadores. Os peixes coloridos quando<br />

morrem perdem a cor. Já o tuvira-sarapó<br />

tem seu alimento entre as pedras e por isso<br />

desenvolveu um bico longo. Se destruirmos<br />

o pedral, a sua casa, perderemos espécies<br />

como estas, que levaram vinte mil anos para<br />

se formar, e todas têm sua utilidade”.<br />

E a barca segue. Agora, passamos pelos<br />

estuários e vamos em direção ao alto-mar,<br />

posto frente aos portões das entradas amazônicas.<br />

Encontramos o mais magnífi co de todos<br />

os farsantes: o tubarão. Seu valor comercial<br />

é inestimável: barbatanas, tecidos, órgãos<br />

e pele mostram-se úteis a novas aplicações<br />

com o avanço da tecnologia. Esse dissimulador<br />

visto de baixo para cima mostra-se de barriga branca,<br />

um recurso que ele usa para se confundir com o próprio céu,<br />

já os que o observam de cima para baixo pensam que o seu<br />

dorso é escuro. “Assim ele se confunde com o escuro do<br />

fundo do mar. O tubarão é um peixe totalmente adaptável ao<br />

seu ambiente. Ele é um caçador que não provoca desequilibro<br />

na natureza” - acrescenta Juras.<br />

Peixes da Amazônia Azul - Mas a região amazônica não<br />

termina quando acabam as suas terras, ela muda de cor e<br />

entra pelo Atlântico. E que o nosso canoeiro tenha braços,<br />

pois o Brasil possui mais águas para serem navegadas. É<br />

que após vinte anos de pesquisas e negociações internacionais,<br />

o País obteve da Comissão de Limites da Plataforma<br />

Continental, da ONU, a autorização para explorar economicamente<br />

mais 950 mil km² de mar além dos 3,5 milhões de<br />

km² que já tem direito. A menos que haja contra-ordens, a<br />

Plataforma Continental Jurídica Brasileira terá 4,5 milhões<br />

km². A nova área estende-se ao longo da costa, a partir<br />

do limite das duzentas milhas até os limites exteriores da<br />

margem continental, nas regiões em que as características<br />

do prolongamento do território nacional se enquadram nas<br />

disposições da Convenção Nacional das Nações Unidas<br />

sobre o Direito do Mar. Essa nova área está sendo chamada<br />

de Amazônia Azul, e guarda recursos minerais e pesqueiros<br />

expressivos. Nesse novo contexto, os peixes marinhos, como<br />

a gurijuba, a pescada amarela, o tubarão, ricas fontes de<br />

cálcio e com outras aplicações no vestuário, alimentos e<br />

medicina, ganham maior importância, dando mais fôlego<br />

ao comércio exterior brasileiro.<br />

Peixes especiais e espaciais - Segundo Juras, a produção<br />

pesqueira brasileira já ultrapassou um milhão de toneladas<br />

por ano. Em 2005, a Região Norte produziu 135.596,5<br />

toneladas de pescado. Detém a maior produção da pesca<br />

extrativa continental do Brasil. Os estados do Pará e Amazonas<br />

são os maiores produtores. A produção da pescadaamarela,<br />

com 21 mil toneladas e a gurijuba, com oito mil<br />

toneladas, se prestam a uma gama tão vasta de aplicações<br />

que seus quilos de carne saborosa e de bom valor econômico<br />

praticamente fi cam em segundo plano.<br />

15


16<br />

“Elas são capturadas com os apetrechos<br />

artesanais: espinhel e rede de emalhar, principalmente<br />

no município de Vigia de Nazaré,<br />

no Pará, e no Amapá, o maior produtor dessas<br />

espécies. São peixes que formam cardumes<br />

numerosos em alto-mar. Os pescadores comercializam<br />

também a bexiga natatória, conhecida<br />

como “grude”, mais valiosa do que o próprio<br />

peixe. Ele é industrializado para a obtenção de<br />

gelatinas de alta qualidade. É utilizado na indústria<br />

de bebidas, principalmente de cerveja<br />

e vinho, como agente clarifi cante, pois atua no<br />

seqüestro das partículas em suspensão. Tem<br />

fi nalidade também na indústria como espessante,<br />

emulsifi cante, dispersante, gelifi cante<br />

e adesivo base. Novas aplicações estão sendo<br />

investigadas, porém a mais importante delas<br />

talvez seja o uso deste órgão para a fabricação<br />

de fi os cirúrgicos biodegradáveis, que evitam<br />

nova operação para a retirada dos pontos, em<br />

muitas intervenções complexas”.<br />

Juras lembra a pesquisa Caracterização do<br />

Processamento e Cadeia de Comercialização<br />

do Grude da Pescada Amarela e Gurijuba,<br />

de autoria de Andréia da Silva Lisboa, onde<br />

a professora comenta que, em Vigia, por ser<br />

uma região que sofre a infl uência de água doce, a produção<br />

do município também abrange as espécies típicas<br />

de água doce e salobra como a piramutaba, dourada, os<br />

bagres (gurijuba, cangatá, cambéua, uritinga, uricica, bandeirado)<br />

que representam parte importante da produção<br />

vigiense. “As pescarias são realizadas desde a foz do Rio<br />

Pará, estendendo-se à costa marítima da Ilha do Marajó, à<br />

foz do Amazonas e à costa do Amapá até o Cabo Orange.<br />

Após a chegada das embarcações em terra fi rme, o pescado<br />

é desembarcado às margens do Rio Açaí, no bairro<br />

do Arapiranga, no trapiche municipal e em vários outros<br />

pontos da orla. Ao desembarcar, a produção está quase<br />

toda comprometida com os comerciantes de peixes, intermediários<br />

e caminhoneiros, em função de compromissos<br />

anteriores existentes entre estes e os donos das embarcações.<br />

A bexiga natatória é comercializada nas formas seca<br />

e molhada. A forma molhada refere-se ao grude in natura<br />

e o grude seco refere-se àquele que sofre o processo de<br />

secagem ao sol ou estufa”.<br />

Há ainda outras espécies amazônicas que vão além das<br />

especiais: são espaciais. Com o avanço da tecnologia aeroespacial,<br />

novas e antigas substâncias têm sido utilizadas<br />

nos vôos fora da órbita da Terra. Quando fora da gravidade<br />

ou em situações extremas de temperaturas, certas substâncias<br />

agem para preservar o calor ou o frio. Muitos espécimes<br />

amazônicos se mostram altamente resistentes nesses casos.<br />

Os nossos peixes exportados estão sendo pesquisados em<br />

vários laboratórios do mundo para muitas aplicações em<br />

tecnologia avançada. Mas esse é um assunto para outras<br />

viagens, com muitos outros “canoeiros”.


Peixes que são deliciosos - E falando em peixes sempre<br />

bate uma fome danada. Atraquemos nossa canoa virtual às<br />

margens do Rio Negro. O tucunaré, também nomeado Furiba,<br />

peixe-da-moeda e peixe-zebu, é uma boa pedida, e até<br />

indicado como revigorante após longas viagens. Poderíamos<br />

indicar também o pacu-manteiga, um peixe muito apreciado<br />

no Médio Tocantins, especialmente no Rio Araguaia, que por<br />

ser onívoro, consome folhas, frutos, sementes e invertebrados,<br />

nos lagos e margens dos rios, sendo muito gostoso e saudável.<br />

Mas vamos ao tucunaré, pois tem 100% de aprovação.<br />

Até bem pouco tempo pagava-se caro para saborear a<br />

Caldeirada de Tucunaré. Após a formação do lago da Hidrelétrica<br />

Balbina, na cercania de Manaus, Amazonas, este<br />

peixe proliferou, mas não deixou de ser especial pelo sabor<br />

único. Mas deixemos de conversa e vamos mandar a receita,<br />

pois tá todo mundo, ou o mundo inteiro, com fome.<br />

A receita é simples, originada das margens do Rio Uatumã,<br />

e ditada por D. Patrícia, do Restaurante Itaporanga,<br />

da cidade de Presidente Figueiredo. Enquanto bebemos<br />

uma cerveja geladinha<br />

aí vai uma porção para<br />

três pessoas se fartarem.<br />

Pegue meio quilo<br />

de tomate, cebolas,<br />

cheiro-verde, pimentade-cheiro<br />

(cuidado se<br />

for usá-la no tucupi).<br />

Quatro peixes de tamanho<br />

médio cortados em<br />

no máximo três postas<br />

cada. Tempere com<br />

sal e limão e bote na<br />

espera. Numa panela<br />

grande, coloque óleo o<br />

sufi ciente para refogar<br />

todos os temperos juntos.<br />

Em outra panela<br />

menor coloque para<br />

cozinhar quatro ovos e<br />

uma porção de batatas<br />

inteiras ou cortadas ao<br />

meio. É importante lavar<br />

bem o ovos e as batatas, pois é com a água da fervura deles<br />

que se faz o restante do prato, aproveitando as proteínas.<br />

Quando o refogado estiver no ponto, engrosse com uma<br />

ou duas colheres de extrato de tomate, e junte a água. No<br />

caldo coloque os peixes e deixe ferver. Acrescente, então,<br />

depois de cozido o peixe - o que demora muito pouco - as<br />

batatas e os ovos. Com um pouco do caldo faça um pirão,<br />

acrescentando farinha de mandioca branca e mexendo sem<br />

parar. Serve-se de duas maneiras: tudo numa sopeira de<br />

alumínio ou panela de barro, com concha, escumadeira<br />

e colher grande; ou separado: o peixe numa travessa e o<br />

caldo na sopeira. Acompanha arroz branco ou baião-dedois,<br />

farofa ou farinha, o pirão e para quem gosta, pimenta<br />

murupi picada no prato. Delicie-se.<br />

17


ENERGIA<br />

18<br />

Corrente Contínua, pedra fundamental da<br />

comunicação institucional da <strong>Eletronorte</strong><br />

“<br />

(...) O nome sugere exatamente a continuidade<br />

nesta tarefa de informar e ser<br />

informado, básica para que todos nós<br />

possamos conhecer problemas e acertos<br />

que a Empresa deve assumir. Por último, o<br />

nome sugere, também, uma solução, uma<br />

espécie de ovo de Colombo para a energia<br />

hidrelétrica na Amazônia e, portanto, para<br />

a <strong>Eletronorte</strong> (...) . ”<br />

Assim o primeiro presidente da <strong>Eletronorte</strong>,<br />

Raul Garcia Lhano apresentava a<br />

primeira edição de Corrente Contínua, um<br />

boletim com oito páginas, lançado em agosto<br />

de 1977. Os destaque eram os 15 anos da<br />

Eletrobrás; os trabalhos de “linha de frente”<br />

no Amapá; os serviços médicos; a Semana<br />

da Pátria e até “como se vestir simples no<br />

trabalho sem perder a elegância”.<br />

De lá pra cá Corrente Contínua evoluiu<br />

gráfi ca e editorialmente passando de boletim<br />

a jornal e de jornal a revista, um longo<br />

caminho de trinta anos onde está registrada<br />

a história da <strong>Eletronorte</strong> e parte da história<br />

da Amazônia e do Brasil.<br />

Em maio de 1978 ganhou uma coloração<br />

amarronzada e um formato que valorizava<br />

a então logomarca da Empresa. Coaracy<br />

Nunes e Tucuruí já dominavam o noticiário,<br />

mas ainda tinha tempo para falar de<br />

segurança no trabalho e campeonatos de<br />

futebol da Associação dos Empregados da<br />

<strong>Eletronorte</strong> - Aseel.<br />

Em maio de 1981, nova concepção gráfi ca<br />

e o logotipo do jornal mais próximo do que é<br />

hoje. Sob o título “Nova Imagem”, o editorial<br />

de capa dizia: “A transformação foi bastante<br />

radical, tanto na forma quanto no conteúdo.<br />

Basicamente seguimos a fi losofi a aplicada<br />

na via do País hoje: ‘produzir mais e poupar’,<br />

isto é, com o mesmo espaço, estaremos oferecendo<br />

um volume muito maior de informações<br />

- e essa maior produtividade equivale<br />

a uma poupança”. As colunas ganharam<br />

ícones próprios: Carta ao Leitor, Destaque,<br />

Para sua Informação, Fique Ligado, Gente<br />

e Linha de Frente.<br />

Em janeiro de 1983, para comemorar<br />

os dez anos de criação da <strong>Eletronorte</strong>, Corrente<br />

Contínua ganha nova “cabeça” e sai<br />

todo na cor verde, com manchete para a<br />

posse do novo diretor-presidente, Douglas<br />

Souza Luz. E o editorial: “Nossa Empresa<br />

completa seus dez anos de existência. Muito<br />

trabalho, dedicação, esforços e até sacrifícios<br />

preenchem as páginas de sua história.<br />

Isso precisa ser comemorado. É tempo de<br />

alegrias, recordações, de festa. A primeira<br />

delas é a nova roupagem do Corrente Con-


tínua: novo cabeçalho, nova cor, novo tipo<br />

de letra e a marca dos dez anos inserida em<br />

cada página”.<br />

O cabeçalho mudaria novamente em<br />

janeiro de 1984, mas a cor verde ainda<br />

predominava. A capa destaca a breve inauguração<br />

de Tucuruí (“Marquem em seus<br />

calendários: 22 de novembro de 1984. É<br />

a data de inauguração da nossa Usina, a<br />

Usina Hidrelétrica Tucuruí. Foi o João quem<br />

disse. E palavra de Presidente é palavra de<br />

Rei. Falou, tá falado”). Mas a concretagem<br />

de Samuel, os serviços de microfi lmagem e<br />

a segurança e medicina no trabalho também<br />

ganharam destaque.<br />

Um ano depois, em janeiro de 1985, a<br />

cor verde desaparecia e as matérias fi cavam<br />

mais densas. O uso de fotografi as também<br />

ganhava corpo, bem como os depoimentos<br />

de pessoas infl uentes no Brasil da época.<br />

Tucuruí já expandia sua primeira casa de<br />

força e os olhos agora se voltavam para<br />

Balbina.<br />

O verde só voltaria em setembro de<br />

1988, mas somente no logotipo do jornal e<br />

como fundo de box. Tomava posse o novo<br />

diretor de Operação, Delcídio do Amaral, e<br />

as notícias já se voltavam mais para o Setor<br />

Elétrico e para a Usina de Manso, no Mato<br />

Grosso. No entanto, veja só, ainda se falava<br />

em automatização do setor de rádio e telex,<br />

ferramentas que foram ultrapassadas pela<br />

informática.<br />

Em janeiro de 1990 é introduzida a cor<br />

azul, ofi cial da <strong>Eletronorte</strong>, no lugar do verde.<br />

Pelas manchetes é possível ter uma idéia da<br />

expansão das atividades da Empresa e de<br />

como ela já se posicionava como estratégica<br />

no Setor Elétrico brasileiro: “<strong>Eletronorte</strong> propõe<br />

equacionamento energético do Estado do<br />

Tocantins”; “Nacionalização de peças economiza<br />

US$ 5 milhões”; “Em Manaus, indústrias<br />

consomem mais de 33% de toda a geração”;<br />

“Os usos múltiplos da UHE Lajeado”; “Inter-<br />

venções automáticas melhoram desempenho<br />

do sistema interligado”, e por aí vai.<br />

Em junho de 1994 vem uma nova proposta<br />

de cabeçalho, mas a cor azul ainda<br />

permanece. O editorial destaca a criação<br />

do Comitê Superior de Planejamento da<br />

<strong>Eletronorte</strong> e uma chamada logo abaixo vem<br />

a apresentação do novo projeto gráfi co após<br />

três anos sem o jornal circular.<br />

Mudança que durou apenas uma edição,<br />

porque no mês seguinte, julho de 1994, a<br />

proposta já era outra; e um mês depois a<br />

grande transformação com a introdução do<br />

uso de quatro cores na capa e contracapa,<br />

ou seja, fotografi as coloridas passaram a<br />

ilustrar o jornal. A energia de Samuel chegava<br />

ao interior de Rondônia e a área de meio<br />

ambiente já trabalhava com equipamentos<br />

de última geração, como o sensoriamento<br />

remoto.<br />

Novembro de 1994, nova mudança de<br />

logotipo e a manchete: “Tucuruí, a luz do<br />

futuro”, já adiantando as transformações<br />

advindas do Programa <strong>Eletronorte</strong> de Qualidade<br />

e Produtividade. Eventos e comemorações<br />

se juntavam ao crescimento do meio<br />

ambiente como assunto recorrente no jornal<br />

e na imprensa brasileira e mundial.<br />

Uma pequena mudança aconteceu em<br />

junho de 1996. Enquanto isso a energia de<br />

Tucuruí chegava ao oeste do Pará e a privatização<br />

começava a rondar o Setor Elétrico.<br />

Em fevereiro de 1997, outro pequeno<br />

ajuste no projeto gráfico encabeçava a<br />

manchete “Está nascendo o novo norte”,<br />

notícia sobre o novo credo empresarial da<br />

época. Grandes fotos coloridas ilustravam<br />

um momento de expansão nas atividades da<br />

Empresa: “Brasil e Venezuela fecham acordo<br />

para fazer linha de transmissão até Boa<br />

Vista”; “População faz festa em Macapá e<br />

Porto Velho”; “<strong>Eletronorte</strong> garante o fornecimento<br />

de mais 690 MW para o Mato Groso”;<br />

“Tramo-Oeste: energia elétrica de Tucuruí vai<br />

19


20<br />

chegar ao interior do Estado”; “Amazonas,<br />

R$ 80 milhões solucionam problemas de<br />

energia nos próximos dois anos”.<br />

Em outubro de 1997 o nosso “jornalzinho”<br />

se transforma em tablóide, papel especial e<br />

todo em cores, numa diagramação moderna<br />

e limpa. Dizia o editorial: “Ao propor mudanças<br />

para o Corrente Contínua, o Jornal da <strong>Eletronorte</strong>,<br />

estamos trabalhando para melhorar<br />

o processo de comunicação empresarial.<br />

Começamos ousando na diagramação e no<br />

papel, mas nos próximos números poderemos<br />

implantar novas idéias até chegarmos a<br />

um produto que satisfaça ao máximo nossos<br />

públicos interno e externo”.<br />

Mudanças que vieram rápido, em novembro<br />

de 1997, uma nova cabeça, extremamente<br />

moderna lembrando uma linha viva de transmissão<br />

de energia ou fi bra óptica. Manchete<br />

encimando uma belíssima foto: “Do Mato<br />

Grosso ao Maranhão, mais energia para 3,5<br />

milhões de pessoas”. Novas colunas foram introduzidas,<br />

como “Dando o que falar”; “Você<br />

conhece?” e “Curtas no circuito”.<br />

Em janeiro de 2000 muda apenas o papel,<br />

mas a manchete é de um evento inesquecível,<br />

os 15 anos da Usina Hidrelétrica Tucuruí:<br />

“Brasileira, com muito orgulho”; e logo abaixo:<br />

“PQGF: <strong>Eletronorte</strong> conquista Faixa Prata<br />

pela segunda vez consecutiva”. Também surgem<br />

nesta edição os anúncios institucionais<br />

da <strong>Eletronorte</strong>. A metodologia TPM começa<br />

a se disseminar pela Empresa e o ‘bug’ do<br />

ano 2000 não passou de um blefe.<br />

Veio então o maior salto de qualidade na<br />

história de Corrente Contínua. A edição 200,<br />

de setembro de 2001, já é uma revista. Uma<br />

belíssima foto da Volta Grande do Xingu e a<br />

manchete “Belo Monte, a esperança que vem<br />

do Xingu”. Edição histórica: novo logotipo,<br />

tamanho, papel, impressão, qualidade de<br />

textos e fotos. Diz o editorial: “Agora uma nova<br />

mudança o transforma numa revista, nova<br />

disposição gráfi ca e visual, edição de textos e<br />

fotos e colunas. E com a nobre função de estar<br />

atento à divulgação das ações empresariais,<br />

sejam sobre a atuação da <strong>Eletronorte</strong> na Amazônia,<br />

sejam para a melhoria da comunicação<br />

interna e da excelência da gestão”.<br />

Em setembro de 2003 a revista passa a<br />

ser editada em papel especial e insere novos<br />

artifícios de diagramação, mantendo a ampla<br />

cobertura às ações da Empresa em suas<br />

diversas frentes de trabalho e publicando<br />

os anúncios institucionais. Diz o editorial:<br />

“Seu novo visual, com impressão em papel<br />

reciclado e moderna diagramação, remete<br />

a um tom despojado, sem, no entanto, deixar<br />

de transparecer o capricho de todos os<br />

profi ssionais envolvidos na elaboração de<br />

cada edição da revista”.<br />

Após dois anos sem circular, Corrente<br />

Contínua volta em maio de 2007, mais uma<br />

vez de cara nova. Novo projeto gráfi co, novo<br />

tamanho, novo papel, nova linha editorial,<br />

novas colunas. E nesta edição de agosto de<br />

2007 surge um novo logotipo, integrado ao<br />

espaço da primeira página.<br />

É assim, se adaptando aos momentos de<br />

cada época, acompanhando a evolução gráfi -<br />

ca e editorial do momento e, principalmente,<br />

sendo a voz da <strong>Eletronorte</strong> junto à sociedade<br />

brasileira que, sem dúvida, Corrente Contínua<br />

se transformou na peça fundamental da<br />

comunicação institucional da Empresa.<br />

Em tempo: somos tricampeões do<br />

Prêmio Aberje - Associação Brasileira de<br />

Comunicação Empresarial: Melhor Jornal<br />

Interno da Região Centro-Oeste/Leste, em<br />

1998 e 2001, e Melhor Revista Interna da<br />

Região Centro-Oeste/Leste, em 2003.<br />

“<br />

Ao longo dos últimos 30 anos, Corrente<br />

Contínua tem documentado o dia-a-dia da<br />

<strong>Eletronorte</strong>. Retratado, de forma fi dedigna,<br />

os mais importantes acontecimentos que<br />

marcaram a vida da Empresa. O rico acervo<br />

contido nas edições de Corrente Contínua é<br />

excelente fonte de pesquisa sobre a memória<br />

da nossa história. Seria interessante que se<br />

criasse uma seção, veiculando matérias que<br />

marcaram o nosso passado. Tenho certeza<br />

que temos muitos bons momentos e situações<br />

para recordar, o que também poderá<br />

interessar aos novos colaboradores . ”<br />

(Francisco Antônio Almendra)<br />

- em 1986 e 2007


“<br />

Uma das características mais importantes<br />

do ser humano é a memória, é relembrar os<br />

atos que contribuíram para a construção de<br />

alguma coisa. Corrente Contínua vem, ao<br />

longo dos anos, registrando importantes momentos<br />

da nossa história, acontecimentos<br />

marcantes da nossa Empresa, que têm contribuído<br />

de maneira exemplar para o crescimento<br />

do Brasil. Parabenizamos a todos os<br />

que a fazem ao logo de todos esses anos, e<br />

desejamos que se prolongue, sempre registrando<br />

os atos e as contribuições daqueles<br />

que integram a <strong>Eletronorte</strong>, cujas atitudes<br />

fazem a grandeza dessa Empresa .<br />

(Carlos Nascimento) - em 1985 ” e 2007<br />

“<br />

Sem dúvida, integração é a palavra que<br />

mais identifi ca o resultado desses 30 anos<br />

de Corrente Contínua. Antes dela, não tínhamos<br />

isso que, para mim, é o signifi cado<br />

maior da revista . ”<br />

(Mário Gardino) - em 1980 e 2007<br />

“<br />

A Corrente Contínua é a história da <strong>Eletronorte</strong><br />

e a Empresa é parte integrante da<br />

minha vida. São 30 anos muito felizes, de<br />

realizações, de amizades, de compromisso.<br />

Nós vivemos grandes emoções juntos,<br />

e todos construíram a Empresa, cada um<br />

contribuindo um pedacinho com a sua formação,<br />

a sua motivação. E toda essa vida<br />

está retratada em Corrente Contínua . ”<br />

(Isolda Maciel de Almeida)<br />

- em 1978 e 2007<br />

“<br />

Para mim tem um grande valor. Como<br />

empregado da <strong>Eletronorte</strong> há muitos anos,<br />

vejo na Corrente Contínua um veículo muito<br />

importante para integrar colaboradores, trazer<br />

notícias sobre a Empresa e, a gente que<br />

trabalha aqui, muitas vezes se vê sendo notícia<br />

- e notícia boa. Faço questão de ser um<br />

dos primeiros a ler e sou um incentivador. O<br />

pessoal da Comunicação está de parabéns<br />

por ter mantido essa ferramenta esses anos<br />

todos e espero que continue sempre assim,<br />

trazendo um pouco da história da Empresa,<br />

o que é fundamental . ”<br />

(José Henrique Machado Fernandes)<br />

- em 1980 e 2007<br />

21


22<br />

“<br />

Para nós a Corrente Contínua é o registro<br />

da memória da <strong>Eletronorte</strong>. Ao longo dos<br />

anos vem registrando fatos importantes da<br />

nossa história. Hoje, se alguém precisar fazer<br />

uma pesquisa sobre a trajetória da Empresa<br />

a revista é uma boa fonte de consulta .<br />

(Tenysson de Matos Andrade) ”<br />

- em 1984 e 2007<br />

”<br />

Ingressei na <strong>Eletronorte</strong> em 1976 e minha<br />

primeira experiência gerencial foi em Mato<br />

Grosso, cuja sede era em Rondonópolis,<br />

interior do estado. Corrente Contínua era o<br />

veículo mais importante para nós, pois não<br />

tínhamos as facilidades tecnológicas de<br />

hoje. Era uma forma de nos comunicar com<br />

a Empresa e conhecer as melhores práticas<br />

que estavam sendo desenvolvidas nas demais<br />

áreas. Era uma expectativa muito grande<br />

quando a recebíamos. Como Rondonópolis<br />

era fi m de linha, muitos técnicos e dirigentes<br />

demoravam ir à cidade. Estamos falando de<br />

1984 e Corrente Contínua passou a ter uma<br />

dimensão muito grande para todos nós da<br />

regional. Na época já era um veículo importante,<br />

como está sendo até hoje .<br />

(Zenon Pereira Leitão) - em 1985 ”<br />

e 2007<br />

“<br />

É um grande veículo de comunicação interna<br />

e externa. Marca momentos da nossa<br />

história, que é cheia de fatos concretos e que<br />

a revista vem acompanhando de maneira<br />

crescente, com muita qualidade. Tenho muito<br />

apreço pela Corrente Contínua. Cada um<br />

de nós tem uma história dentro da Empresa<br />

e acho que a revista nos inclui na trajetória<br />

da <strong>Eletronorte</strong> . ”<br />

(Rafael Teodoro Bolina) - em 1986 e 2007<br />

“<br />

Corrente Contínua, no decorrer desses anos<br />

todos, vem registrando a vida, os atos e fatos<br />

da Empresa e de seus empregados. É muito<br />

importante. E espero que continuem, como<br />

estão até hoje, divulgando as notícias - tanto<br />

do Setor Elétrico como as demais pertinentes<br />

ao nosso trabalho . ”<br />

(Maurício Massaroto) - em 1979 e 2007


“<br />

É muito importante pra nossa integração.<br />

Desde quando trabalhava prestando serviços<br />

para a <strong>Eletronorte</strong> em Porto Velho, lembro<br />

que a gente ficava super motivado com<br />

as notícias. Cada edição nos aproximava e<br />

atualizava sobre o que estava acontecendo.<br />

Nesses 30 anos tivemos muitos progressos,<br />

avanços tecnológicos e a Comunicação<br />

está de parabéns. Hoje recebemos elogios<br />

de públicos externos e a revista consegue<br />

transmitir esse amor que a gente tem pela<br />

<strong>Eletronorte</strong>, pelo nosso trabalho por um objetivo<br />

maior que é levar progresso para todas<br />

as regiões em que a empresa atua . ”<br />

(Maria Da Ajuda Rego) - em 1987 e 2007<br />

“<br />

Sou fã de carteirinha da revista. Inclusive<br />

tenho a coleção completa ou, no máximo,<br />

faltando um ou dois exemplares. Hoje a gente<br />

aproveita ainda mais para conhecer a nossa<br />

Empresa, saber as informações das regionais,<br />

sobre o que estamos fazendo. Leio tudo, guardo,<br />

coleciono mesmo. Hoje é comum olhar as<br />

páginas da revista e pensar: nossa, já estamos<br />

fazendo tudo isso!?! É maravilhoso! . ”<br />

(Rosângela Carneiro) - em 1985 e 2007<br />

“<br />

A revista é importante por tudo que proporciona<br />

à Empresa - desde a aproximação<br />

entre colaboradores e diferentes ações até a<br />

divulgação externa e o reconhecimento do<br />

trabalho e da história da <strong>Eletronorte</strong>. Muitas<br />

vezes atuamos em áreas específi cas e é muito<br />

bom fi car sabendo do que estamos fazendo<br />

nas páginas de Corrente Contínua. Fico emocionada<br />

de ver o que nós, empregados, estamos<br />

fazendo; de ver o progresso e a evolução<br />

da Empresa, ajudando no desenvolvimento<br />

do País. E até pessoalmente - meu crescimento<br />

profi ssional, minha evolução como<br />

ser humano - vejo isso refl etido na revista.<br />

Essa evolução da <strong>Eletronorte</strong>, da qual sou<br />

testemunha desde a década de 70, só me traz<br />

orgulho de poder participar de uma Empresa<br />

como a nossa . ”<br />

(Rosa Maria Telesde Almeida)<br />

- em 1979 e 2007<br />

23


TRANSMISSÃO<br />

24<br />

Educação ambiental e arqueologia:<br />

quando uma linha de transmissão<br />

fornece mais do que energia<br />

Bruna Maria Netto<br />

Conhecimento. Além de servir para escoar<br />

a produção de energia elétrica da fonte<br />

geradora até os consumidores fi nais, uma<br />

linha de transmissão é capaz de deixar uma<br />

criança do interior do Maranhão apta a separar<br />

o lixo orgânico do reciclável e a cuidar da<br />

saúde bucal corretamente. Em Porto Velho<br />

(RO), por exemplo, profi ssionais habilitados<br />

das Faculdades Integradas Maria Coelho<br />

de Aguiar executaram uma campanha de<br />

saúde bucal para 18.585 alunos de 45 escolas,<br />

demonstrando a maneira correta de<br />

escovação e higiene dental. As atividades de<br />

educação ambiental são ações obrigatórias<br />

que a <strong>Eletronorte</strong> cumpre na implantação de<br />

todos os seus empreendimentos de transmissão<br />

de energia elétrica, que suportam o<br />

licenciamento das obras.<br />

Essas atividades são desenvolvidas por<br />

equipes multidisciplinares, abrangendo os<br />

diferentes grupos sociais que vivem nas<br />

proximidades do empreendimento em instalação.<br />

Além de atender a uma exigência,<br />

procuram preparar as comunidades para<br />

uma convivência segura com os novos<br />

equipamentos que serão instalados. É<br />

dada atenção especial às crianças, por<br />

causa do risco a que podem se expor ao<br />

tentarem escalar uma torre de transmissão,<br />

por exemplo. Aos agricultores, a atenção é<br />

dirigida para as restrições do uso das faixas<br />

de servidão das linhas de transmissão, cuidados<br />

necessários com o aterramento das<br />

cercas das propriedades e com o trânsito<br />

de equipamentos que possam se aproximar<br />

dos cabos das linhas.<br />

Dependendo da característica da população,<br />

as atividades podem incluir noções<br />

de cuidado com o meio ambiente, com a<br />

saúde pública, com higiene pessoal, entre<br />

outros e, para isso, utilizam-se palestras,<br />

vídeos e materiais ilustrativos.<br />

Assim tem sido em toda a Região Norte,<br />

mais recentemente nos estados de Mato<br />

Grosso, Rondônia, Acre, Amapá e Ma-<br />

ranhão. Lá, estudantes e professores de<br />

escolas públicas do interior têm se tornado<br />

coordenadores de projetos próprios de<br />

preservação ambiental, após receberem as<br />

informações da <strong>Eletronorte</strong>.<br />

Conscientização - Quando uma linha de<br />

transmissão é implementada, o trabalho não<br />

é apenas fazer chegar energia em determi-


nado local, mas também conscientizar a<br />

população dos benefícios trazidos por ela. É<br />

por meio desta conscientização que moradores<br />

de pequenos municípios vêm aprendendo<br />

a conviver harmoniosamente com a<br />

natureza. Coelho Neto (MA), Jangada (MT),<br />

Guajará-Mirim (RO), Epitaciolândia (AC), Vila<br />

do Paredão (AP) entre outras, são algumas<br />

das cidades assistidas pelo programa da<br />

<strong>Eletronorte</strong> que experimentaram mudanças<br />

signifi cativas no seu modo de vida.<br />

Além dos mais de 53 mil alunos de<br />

escolas municipais que já participaram<br />

do programa, outros segmentos da sociedade<br />

também se sentem prestigiados.<br />

“O que temos recebido é, na verdade,<br />

uma importante lição de cidadania e responsabilidade<br />

social”, diz, com um largo<br />

Continua na página 28<br />

Trajeto da<br />

linha desviado<br />

para preservar<br />

o geoglifo<br />

25


28<br />

Escolas simples, futuro complexo<br />

sorriso, Otacílio Martins Cardoso (foto<br />

abaixo), ao falar da ajuda que recebeu<br />

na entidade que preside, a Cooperativa<br />

de Produção de Recicláveis do Tocantins<br />

- Cooperan. Criada em maio de 2004, ela<br />

conta atualmente com 64 cooperados.<br />

Otacílio destaca a importância do apoio<br />

que vem recebendo da <strong>Eletronorte</strong>. “Além<br />

da doação dos materiais, a Empresa também<br />

colabora com o transporte, fazendo<br />

a entrega diretamente aqui em nossa<br />

Sede. E isso faz toda a diferença para<br />

nós”, enfatiza.<br />

Entre os vários profi ssionais que trabalham<br />

no programa da <strong>Eletronorte</strong> está o<br />

analista de meio ambiente Sérgio Augusto<br />

de Souza. Segundo ele, a escolha do público-alvo<br />

não é aleatória. “Escolhemos<br />

professores e seus alunos por serem os<br />

mais atingidos pelo programa de conscientização,<br />

pois são considerados estratégicos<br />

para a disseminação das idéias que permitirão<br />

fundamentar o desenvolvimento em<br />

moldes sustentáveis, baseado no respeito<br />

aos princípios ambientais, além de serem<br />

também os que correm mais riscos de se<br />

acidentarem por conta da instalação dos<br />

novos equipamentos”.<br />

São temas que antes da chegada da<br />

linha de transmissão difi cilmente essas<br />

pessoas teriam contato, como técnicas de<br />

reciclagem e separação de lixo, noções<br />

básicas de saúde, saúde bucal, prevenções<br />

a doenças como dengue, hanseníase, febre<br />

amarela, DSTs, gravidez precoce e dependência<br />

química. São momentos onde se<br />

aviva outra palavra esquecida nos rincões<br />

mais carentes do Brasil, a esperança. “Por<br />

essa razão optamos por acrescentar uma<br />

abordagem social e humana em relação ao<br />

público-alvo. Não é por outro motivo que escolhemos<br />

como forma de motivar os alunos<br />

das escolas visitadas a doação de mochilas,<br />

camisetas, estojos escolares, cadernos<br />

e garrafas para água, ou seja, pequenas<br />

coisas que contribuem minimamente para<br />

a melhoria das condições de vida daquelas<br />

populações”, lembra Sérgio.<br />

Futuro sustentável - Em 34 anos, a <strong>Eletronorte</strong><br />

tem se comprometido em construir,<br />

também, uma sensibilidade ambiental em<br />

seus profi ssionais e na sociedade presente<br />

no entorno de seus empreendimentos. No<br />

primeiro princípio da Política<br />

Ambiental da Empresa,<br />

Do Respeito à Natureza,<br />

a <strong>Eletronorte</strong> explicita o<br />

entendimento de que a<br />

interação com o ambiente<br />

no momento presente, condiciona<br />

parte das opções no<br />

futuro e estabelece assim<br />

uma orientação para que<br />

suas ações priorizem a preservação<br />

da biodiversidade<br />

e o uso sustentável dos<br />

recursos naturais.<br />

Em Rondônia, por exemplo,<br />

para atender à demanda<br />

dos serviços de recuperação<br />

de áreas degradadas<br />

pela construção de um<br />

sistema de transmissão, foi<br />

construído um viveiro com<br />

cerca de trinta mil mudas<br />

de plantas típicas da Ama-


zônia, como urucum, biriba e cupuaçu. É<br />

uma das formas que a <strong>Eletronorte</strong> acredita<br />

ser possível promover a sensibilização,<br />

mobilização, conscientização e capacitação<br />

dos diversos segmentos da sociedade para<br />

a preservação da natureza visando à sustentabilidade<br />

das gerações futuras.<br />

Segundo Sérgio Augusto, “o propósito é<br />

contribuir com soluções ou propostas de<br />

minimizações dos problemas ambientais,<br />

para a construção de um futuro político,<br />

econômico, social e ambientalmente sustentável,<br />

não importando quão pequeno<br />

seja o tamanho da cidade”. Algumas das<br />

comunidades benefi ciadas sequer formam<br />

municípios e seus moradores, por vezes,<br />

moram bem perto da beira da estrada. As<br />

rodovias BR-364 - ligando Porto Velho a<br />

Rio Branco - e a BR- 425, que liga Abunã<br />

a Guajará-Mirim, são duas delas.<br />

As comunidades indígenas não foram<br />

esquecidas, e também se benefi ciaram dos<br />

programas de conscientização elaborados<br />

pela <strong>Eletronorte</strong>. O convênio celebrado com<br />

a Funai em Guajará-Mirim, cidade a 320<br />

quilômetros de Porto Velho, por exemplo,<br />

levou aulas de educação ambiental para<br />

340 índios das comunidades dos Pacaás<br />

Novos nas aldeias de Lage e Ribeirão.<br />

Vestígios do passado - Mas na construção<br />

de uma linha de transmissão não<br />

é só a educação ambiental que ocupa<br />

lugar estratégico no relacionamento da<br />

<strong>Eletronorte</strong> com as comunidades. Outra<br />

ciência ganha importância nos estudos<br />

ambientais, a arqueologia. Assim como na<br />

construção de usinas hidrelétricas, estudos<br />

arqueológicos são desenvolvidos ao longo<br />

das áreas onde serão implementados os<br />

empreendimentos.<br />

Apoiados pelo trabalho de geólogos,<br />

topógrafos e engenheiros, os arqueólogos<br />

têm encontrado verdadeiros tesouros da<br />

humanidade na Amazônia brasileira. Enfrentando<br />

as mais diversas difi culdades,<br />

desde a temida malária até as condições<br />

climáticas adversas, arqueólogos como Eurico<br />

Theófi lo Miller, (foto abaixo, à esquerda)<br />

há 18 anos na <strong>Eletronorte</strong>, procuraram<br />

entender o modo de vida das comunidades<br />

antigas. “O valioso é<br />

reconstituir a cultura,<br />

e não os objetos<br />

encontrados, pois<br />

eles são apenas<br />

o meio. O fi m é a<br />

reconstituição da<br />

cultura”. E a busca<br />

dessa identidade<br />

cultural rende algumasdescobertas<br />

surpreendentes:<br />

nos trabalhos de<br />

campo para construção<br />

da Usina Hidrelétrica<br />

Balbina<br />

(AM), por exemplo,<br />

foi descoberta<br />

uma comunidade<br />

que, com a terra<br />

ácida de um solo<br />

pobre, sobreviveu<br />

milhares de anos<br />

se alimentando de<br />

moluscos. Em Balbina<br />

também foi localizado<br />

o raríssimo<br />

muiraquitã.<br />

Na construção<br />

da Interligação Norte-Sul,<br />

nos 520 km<br />

sob a responsabilidade<br />

da <strong>Eletronorte</strong>,<br />

Miller e sua equipe<br />

encontraram por<br />

volta de 480 indícios<br />

arqueológicos<br />

- “isso somente<br />

olhando na faixa<br />

de servidão, sem<br />

desviar o olhar para<br />

os lados”, relembra<br />

Miller, que já contraiu malária 32 vezes<br />

em 14 anos de expedições. Eles também<br />

descobriram, na construção da Hidrelétrica<br />

Samuel (RO), uma comunidade pré-ceramista<br />

milenar que já praticava a agricultura,<br />

contrariando os paradigmas da arqueologia<br />

européia da época.<br />

Peças<br />

arqueológicas<br />

encontradas<br />

na Amazônia<br />

29


30<br />

Miller descreve em poucas linhas a<br />

grandeza de detalhes do seu trabalho: “É<br />

escrever uma enciclopédia em cima de<br />

um caco de cerâmica que está no solo,<br />

de tanto dado que aparece”. No entanto,<br />

lembra que uma pesquisa não é feita por<br />

uma pessoa apenas: “O arqueólogo tem<br />

de ser mais onisciente que Deus. Se não<br />

puder, tem que levar sua equipe” brinca.<br />

Geoglifos - Em se tratando de arqueologia,<br />

a natureza também é sábia em apresentar<br />

novas descobertas. Na construção da linha<br />

de transmissão entre Rio Branco e Epitaciolândia,<br />

no Acre, a <strong>Eletronorte</strong> se deparou<br />

com uma dessas maravilhas envolvendo o<br />

homem e a natureza: os geoglifos. Os técnicos<br />

explicam de maneira simples: se você estiver<br />

caminhando por uma pastagem e entrar<br />

numa grande vala, veja por onde ela segue. Se<br />

for muito regular, isso vai chamar a atenção.<br />

Uma vala tão regular foi feita por alguém, pois<br />

a natureza não deve ter feito tão certinha,<br />

redonda ou com ângulos tão retos.<br />

Essas formas geométricas, chamadas<br />

geoglifos, bem como demais sinais arqueológicos<br />

encontrados nos solos, são<br />

estudados e preservados cuidadosamente,<br />

como se cada pedacinho de cerâmica ou<br />

carvão encontrado fosse único no mundo.<br />

Mas como um geoglifo aparece? No<br />

Brasil existem há pelo menos seiscentos<br />

anos, como estruturas de terra formadas<br />

pelas escavações de sulcos de grandes<br />

dimensões que podem ter diversas formas.<br />

No deserto de Nazca, no Peru, foram encontrados<br />

geoglifos em forma de animais,<br />

datados de mais de dois mil anos. Os do<br />

Brasil, encontrados no Acre, caracterizam-se<br />

por serem valas de dois metros de<br />

profundidade e dez de largura, construídas<br />

por índios com as mãos, por meio de vasos<br />

de cerâmica ou com machadinhas de<br />

pedra. O resultado são fi guras geométricas<br />

fascinantes, que aparecem em conjuntos<br />

ou isoladamente, em forma de círculos,<br />

quadrados ou octógonos.<br />

Os geoglifos brasileiros ainda são uma<br />

incógnita para os pesquisadores, pois<br />

eles só começaram a ser descobertos nos<br />

anos setenta do século passado, em conseqüência<br />

do aumento da devastação da<br />

fl ora acreana. E apesar de sua importância<br />

para a humanidade, ainda não se sabe<br />

ao certo como nem por que essas fi guras<br />

construídas por índios antes da chegada de<br />

A linha de<br />

transmissão<br />

que dá frutos<br />

Tiago Araújo da Silva é um menino que tem uma vida<br />

que muitos de nós tivemos, ou que gostaríamos de ter<br />

tido. Numa manhã de sol de sábado ele, juntamente com<br />

os amiguinhos da comunidade, vai à nascente chamada<br />

“Olho d’Água”, que dá nome ao povoado situado na zona<br />

rural vizinha do município de Coelho Neto, no Maranhão.<br />

Ele chega no lugar que, por pura obra divina, chora sem<br />

parar e sobrevive bravamente em meio a um canavial<br />

a perder de vista, e com isso abastece todo o povoado<br />

e entorno, desembocando no Rio Parnaíba. Lá, Tiago<br />

mata sua sede numa água deliciosamente refrescante,<br />

para depois nadar na água limpa e gelada que teima<br />

em contrastar com o calor do sol que não hesita em sair<br />

dali. No entanto, essa realidade poderia também não ser<br />

a dele. Mas graças aos programas de conscientização<br />

ambiental, a água que mata a sede de Tiago continua<br />

pura e fresca, e ele, agradecido, também faz sua parte.<br />

Aluno da 6ª série, ele sabe da importância da preservação<br />

do meio ambiente. “É preciso que as pessoas<br />

se sensibilizem e não destruam as nascentes de água,<br />

porque um dia elas podem secar e aí acabar e nós morreremos<br />

também junto com elas”, diz o garoto, enquanto<br />

conversa agachado à beira da fonte e, entre um pausa e<br />

outra, bebe um pouco de água: “Aqui é que a gente vem<br />

buscar água, onde matamos a nossa sede”.<br />

Quem também se preocupa com a preservação da<br />

nascente é Francisca de Moraes. Naquele mesmo sábado<br />

ela seguia para o banho da tarde juntamente com<br />

seus fi lhos, e falava sobre o que nós já sabíamos: caso<br />

não preservássemos o meio ambiente, esses riachos em<br />

pouco tempo acabariam. “Nós temos que nos juntar com<br />

a comunidade, discutir sobre isso. Há 34 anos, que é<br />

a minha idade - e eu não sou tão velha assim - sorri -<br />

esse rio era bem mais afl uente e mais fundo. Em outros<br />

lugares ele já está seco, pois desmataram toda a sua<br />

margem”, desabafa.<br />

O programa de educação ambiental da <strong>Eletronorte</strong> tem<br />

ajudado a manter a água que Tiago e Francisca tanto<br />

Cabral eram usadas. “Talvez para rituais<br />

religiosos, usos residenciais, cerimoniais e<br />

defensivos, podendo ser uma combinação<br />

de duas ou de todas essas hipóteses”, diz<br />

Solange Bezerra Caldarelli, doutora em<br />

Ciências Humanas pela Universidade de<br />

São Paulo - USP, especializada em préhistória<br />

e em Arqueologia. Ela é diretora da<br />

consultoria científi ca Scientia, contratada


valorizam. Implantado juntamente com a construção da<br />

linha de transmissão em 230 kV no trecho Periotó/Teresina/Coelho<br />

Neto, o projeto começou em 2006, e ainda<br />

hoje colhe os frutos das palestras de sensibilização ambiental.<br />

Quem bem sabe disso é Wakilla Torreão Oliveira<br />

Costa. Quatorze anos de idade e cabeça de gente grande,<br />

Wakilla já sabe o que lhe espera daqui por diante. “Na<br />

palestra, as imagens mostravam que se as pessoas não<br />

cuidarem do meio ambiente, nós poderemos até fi car sem<br />

água no futuro. O alerta nos despertou e agora sabemos<br />

cuidar melhor da natureza que nos cerca”.<br />

pela <strong>Eletronorte</strong> para fazer um projeto de<br />

arqueologia preventiva dos sítios arqueológicos<br />

encontrados durante a expansão do<br />

sistema elétrico Acre-Rondônia.<br />

Os geoglifos acreanos surgiram nos estudos<br />

da <strong>Eletronorte</strong> em 2005, quando foram<br />

iniciadas as pesquisas do solo para a instalação<br />

da linha de transmissão de Rio Branco<br />

a Epitaciolândia, cidade de 12 mil habitantes<br />

A turma de Tiago e Wakilla,<br />

e D. Francisca:<br />

garantindo a água de beber<br />

Com isso, alguns projetos ganharam impulso. A professora<br />

Ângela Maria Oliveira Saraiva, coordenadora de<br />

uma frente de combate à poluição, também comemora.<br />

“A palestra era tudo o que nós estávamos precisando,<br />

porque convivíamos passivamente com a degradação do<br />

meio ambiente, mas não percebíamos. Depois da palestra<br />

nós despertamos, tanto que criamos na escola o Projeto<br />

Meio Ambiente e Sobrevivência no Olho d’Água Grande.<br />

Na outra escola onde eu trabalho também desenvolvemos<br />

outro trabalho sobre tratamento do lixo”, conclui.<br />

O que Wakilla aprendeu e quer repassar serve muito<br />

bem para ele, no interior do Maranhão, como para qualquer<br />

um de nós. “O recado que eu deixo para os jovens é que<br />

eles tenham consciência de preservar o meio ambiente,<br />

que lutem e preservem mais porque um dia isso acaba e a<br />

gente vai sofrer muito com as conseqüências”.<br />

(Colaborou Arthur Quirino)<br />

situada no sudeste do estado e fronteiriça<br />

com a Bolívia. Em seu trajeto, os engenheiros<br />

da equipe encontraram dois dos seis geoglifos<br />

que estavam pelas redondezas da linha, no<br />

município de Xapuri. Esses dois sítios, pelos<br />

quais passaria a linha de transmissão, tinham<br />

formas distintas. Um deles octogonal - com<br />

328 metros de diâmetro -, e outro no formato<br />

circular - com 260 metros de diâmetro.<br />

31


32<br />

Do alto, a<br />

perfeição<br />

geométrica.<br />

Embaixo,<br />

os vestígios<br />

arqueológicos<br />

Trajeto desviado - Ao fazer um estudo para<br />

instalação de uma linha de transmissão gerase<br />

um traçado dito de escritório, que como já<br />

diz o nome, é desenhada ainda sem conhecer<br />

os obstáculos que sua instalação enfrentará,<br />

fazendo um percurso mais reto possível e<br />

com menos vértices, devido ao alto custo<br />

de instalação das torres que sustentarão os<br />

cabos elétricos. Uma vez defi nidas as posições<br />

das torres pelo traçado de escritório, os<br />

arqueólogos entram em campo para avaliar<br />

o lugar, identifi car os sítios, dimensioná-los e<br />

saber se a interferência da torre será signifi cativa,<br />

e, assim, avaliar se deve deslocá-la.<br />

Assim foi feito nos 211 quilômetros que<br />

ligam Rio Branco a Epitaciolândia, onde<br />

foram identifi cados os geoglifos que deveriam<br />

ser mantidos intactos. Esse estudo<br />

ajudou tanto a preservar os geoglifos já<br />

encontrados, quanto a manter os novos,<br />

alvos de pessoas sem conhecimento da<br />

raridade que as cercam. Os sítios devem<br />

permanecer o mais intactos possível para<br />

os próximos arqueólogos e estudiosos, que<br />

provavelmente os verão com outros olhos e<br />

farão novas descobertas.<br />

A importância da preservação desses<br />

sítios é justamente por conta da falta de<br />

conhecimento sobre mais esse tesouro deixado<br />

pelos povos indígenas. A ação direta<br />

do homem, seja nas estradas alternativas<br />

abertas por fazendeiros que desconhecem<br />

a valiosa arqueologia encontrada em suas<br />

terras, seja por rodovias estaduais e federais<br />

- a BR-317, por exemplo, cortou um<br />

dos geoglifos - pode prejudicar bastante a<br />

conservação da história. Apesar do aumento<br />

do número de torres e do uso maior das<br />

variantes nas linhas de transmissão, em<br />

função dos desvios causados pelos sítios arqueológicos,<br />

o investimento feito é um presente<br />

para a humanidade. Solange faz coro<br />

com os profi ssionais da <strong>Eletronorte</strong>. “Há<br />

preocupação em preservar todos os bens<br />

de importância arqueológica do Brasil; não<br />

apenas os geoglifos. Eles têm sido objeto de<br />

preocupação especial exatamente porque<br />

não foram ainda estudados e, portanto,<br />

não há conhecimento científi co produzido<br />

sobre eles que permita sua incorporação à<br />

memória nacional”, alerta.<br />

Foto: Sérgio Valle


GERAÇÃO<br />

Segurança de barragens,<br />

a engenharia da prevenção<br />

Michele Silveira<br />

Acredite: a expressão “prevenir é melhor<br />

do que remediar” não está apenas na boca<br />

do povo. O ditado é usado também nos meios<br />

científi cos; em todas as entrevistas sobre segurança<br />

de barragens, a expressão é ponto<br />

comum. Na literatura, já foi citada por Mellios<br />

e Cardia (1992) em “Critérios de Segurança<br />

Operacional: manutenção preventiva”, publicado<br />

na Revista Brasileira de Engenharia. E<br />

não é para menos. Para o engenheiro Rogério<br />

de Abreu Menescal, mestre em Geotecnia e<br />

referência sobre o assunto, a identifi cação<br />

das chamadas incertezas e a avaliação de<br />

risco nas diferentes fases da vida de uma<br />

barragem, permitem que se possa elaborar<br />

uma estratégia com medidas preventivas<br />

para minimizar ou até mesmo eliminar as<br />

ameaças.<br />

Manutenções regulares nas turbinas previnem interferências indesejadas na barragem<br />

O fato é que nem sempre a prevenção é<br />

notícia. Mas as conseqüências de falhas nos<br />

sistemas de segurança de uma barragem,<br />

qualquer que seja o seu uso, sim. Embora o<br />

Brasil mantenha uma posição de referência<br />

na metodologia da construção de barragens,<br />

cabe salientar que casos como o rompimento<br />

da barragem de contenção de rejeitos no<br />

município mineiro de Cataguazes, em 2003,<br />

causam sérias implicações ambientais e<br />

alertam para a necessidade permanente de<br />

prevenção e monitoramento. Foram derramados<br />

1,4 milhão de metros cúbicos de efl uente<br />

industrial, composto de licor de madeira e<br />

soda cáustica, deixando sem abastecimento<br />

de água cerca de seiscentas mil pessoas em<br />

vários municípios da região, além do impacto<br />

ambiental. Já em 2004, o rompimento da barragem<br />

Camará, na Paraíba, causou a morte<br />

de nove pessoas e destruição nas cidades de<br />

35


34<br />

No campo<br />

e in loco a<br />

qualidade da<br />

inspeção está<br />

nos mínimos<br />

detalhes<br />

Alagoa Grande e Mulungu, a cerca de 140<br />

quilômetros de João Pessoa. Mais de quatro<br />

mil pessoas fi caram desabrigadas. Em 2006,<br />

a ruptura da barragem da Rio Pomba Mineração,<br />

em Miraí, Minas Gerais, foi causada<br />

provavelmente pelo deslocamento das placas<br />

de revestimento de um dos vertedouros e<br />

causou a inundação de áreas ribeirinhas,<br />

interrupção no abastecimento de água, morte<br />

dos peixes e destruição de áreas de pastagem<br />

e de agricultura. Também em 2006, na barragem<br />

da Usina Hidrelétrica Campos Novos,<br />

em Santa Catarina, houve um esvaziamento<br />

do reservatório, causado por problemas em<br />

um dos túneis de desvio. Mesmo com sinais<br />

de desgaste da estrutura devido à presença<br />

de uma rachadura horizontal na base da<br />

barragem, não houve ameaça de ruptura.<br />

Hidrelétricas - Mas, felizmente o Setor<br />

Elétrico não é a regra nas estatísticas de acidentes<br />

ou incidentes com barragens. E nem<br />

mesmo chega perto das estatísticas<br />

da exceção. E aqui<br />

cabe explicar o registro de<br />

Menescal, citando o professor<br />

Vicente Vieira, da Universidade<br />

Federal do Ceará: pode-se<br />

entender acidente como um<br />

evento de grande porte, correspondente<br />

à ruptura parcial<br />

ou total de obra ou a sua<br />

completa desfuncionalidade,<br />

com graves conseqüências<br />

econômicas e sociais. Já o<br />

incidente é um evento físico<br />

indesejável, de pequeno porte,<br />

que prejudica a funcionalidade<br />

ou a inteireza da obra,<br />

podendo vir a gerar eventuais<br />

acidentes, se não corrigido a<br />

tempo. Tanto um quanto o<br />

outro são objetos de minucioso<br />

interesse dos pesquisadores e gestores da<br />

área de segurança de barragens. E no Setor<br />

Elétrico essa preocupação tem produzido um<br />

know-how reconhecido internacionalmente.<br />

“As barragens hidrelétricas certamente estão<br />

muito à frente no que diz respeito à segurança,<br />

até porque têm recursos para manutenção e<br />

investem nesse processo. Infelizmente temos<br />

diversos outros casos de barragens que não<br />

recebem a manutenção adequada, muitas estão<br />

até mesmo abandonadas”, alerta Rogério<br />

Menescal. Estima-se que existam no Brasil<br />

mais de trezentas mil barragens de todos os<br />

tamanhos e tipos, sendo vinte mil de médio e<br />

grande porte, em sua grande maioria desconhecidas<br />

pelo Poder Público.<br />

Na <strong>Eletronorte</strong>, diversas áreas atuam com<br />

o mesmo propósito: garantir a segurança da<br />

estrutura, dos sistemas operacionais, dos<br />

colaboradores e da vizinhança das usinas<br />

hidrelétricas. “Já tivemos, e é muito comum,<br />

acidentes de pescadores que chegam em<br />

áreas muito próximas da barragem, onde<br />

existe forte vibração, o que exige um processo<br />

de conscientização para que possamos atuar<br />

na prevenção”, explica o assistente da Superintendência<br />

de Engenharia de Operação e<br />

Manutenção da Transmissão, Ricardo Rios.<br />

Segundo ele, o monitoramento detalhado é<br />

constante e em tempo real. “É assim que podemos<br />

nos antecipar. Se tem um lugar onde<br />

há um controle bastante desenvolvido é no<br />

Setor Elétrico, onde temos uma quantidade<br />

signifi cativa de procedimentos para garantir<br />

a integridade em todas as etapas”.


Com a experiência de quem faz a inspeção<br />

e instrumentação das usinas da <strong>Eletronorte</strong><br />

há mais de dez anos, o engenheiro<br />

Gilson Machado da Luz (foto abaixo) explica<br />

que a avaliação de segurança deve ser um<br />

esforço contínuo, que exige a realização<br />

simultânea e complementar de vistorias<br />

periódicas in situ e de análise pari passu<br />

dos dados da instrumentação, durante toda<br />

a vida útil da barragem. Em meio a fotos,<br />

dados, cronogramas e gráfi cos, Gilson não<br />

deixa de mostrar o orgulho do que faz: “A<br />

auscultação de uma barragem tem um<br />

elevado grau de responsabilidade devido<br />

às proporções que possíveis falhas ou acidentes<br />

possam assumir”.<br />

E o que é auscultação? - De acordo com<br />

Gilson, é um conjunto de informações a<br />

respeito das inspeções visuais realizadas,<br />

combinadas com os resultados das medições<br />

efetuadas nos instrumentos instalados<br />

nas estruturas de concreto e solos. Esse<br />

processo é fundamental para a segurança<br />

de uma barragem. As inspeções de campo<br />

e a instrumentação devem ser mutuamente<br />

complementares e os dados analisados de<br />

forma conjunta. Gilson explica que isso é<br />

necessário, pois um problema pode surgir<br />

em regiões não instrumentadas, onde apenas<br />

as inspeções de campo podem detectálos.<br />

Um dos objetivos de instrumentar uma<br />

barragem é proporcionar um histórico do<br />

comportamento da estrutura. Isso permite a<br />

prevenção, durante<br />

a sua vida útil, de<br />

qualquer evolução<br />

que possa, eventualmente,comprometer<br />

a segurança.<br />

Segundo ele, muitos<br />

dos acidentes<br />

com barragens que<br />

ocorreram no mundo<br />

foram conseqüências<br />

diretas ou<br />

indiretas de falhas<br />

ou erros humanos.<br />

“Por isso é tão importante<br />

uma dedicação<br />

acima do comum a cada detalhe das<br />

tarefas de todos que participam da implantação<br />

e operação de barragens e reservatórios,<br />

desde a programação e planejamento até a<br />

inspeção e manutenção das estruturas de<br />

terra, rocha e concreto”.<br />

Para Menescal, (foto ao<br />

lado) uma barragem segura<br />

apresenta um desempenho<br />

adequado no que diz respeito<br />

aos aspectos estruturais,<br />

econômicos, ambientais e<br />

sociais. Os problemas mais<br />

freqüentes que ocorrem<br />

durante o período de exploração<br />

da barragem se devem<br />

principalmente à falta de um<br />

controle sistemático ou de<br />

uma manutenção cuidadosa<br />

da obra e a erros humanos<br />

na operação, que também<br />

podem causar acidentes ou<br />

levar a barragem à ruptura. “A experiência<br />

mundial mostra que os custos necessários<br />

à garantia da segurança de uma barragem<br />

são pequenos se comparados com aqueles<br />

que se seguem em caso de ruptura”, diz<br />

Menescal.<br />

Novamente, prevenção é a palavra<br />

da vez. E é o que garante ao Setor Elétrico<br />

brasileiro o posto de referência na<br />

construção de barragens no mundo inteiro.<br />

“Estamos preparados e temos um<br />

comportamento muito sério em relação<br />

à segurança da Usina”. A frase é de<br />

José Walton Bechara, coordenador da<br />

equipe de inspeção na Usina Hidrelétrica<br />

Tucuruí; mas poderia ser qualquer outro<br />

técnico que acompanha, minuto a minuto,<br />

o comportamento da maior hidrelétrica<br />

brasileira. José Walton, o Waltinho, não<br />

esconde o orgulho ao falar dos elogios<br />

concedidos por especialistas à rotina de<br />

inspeção de Tucuruí. Em junho deste ano,<br />

a Fundação Coge promoveu na Usina um<br />

curso sobre segurança de barragens. O<br />

resultado foi uma equipe ainda mais preparada<br />

e orgulhosa de saber que está no<br />

caminho certo.<br />

Abalos sísmicos - Gelson e Gentil são irmãos,<br />

fi lhos de Ana Alves da Silva, que mora<br />

em Belém, no Pará. Há seis meses Gentil<br />

assumiu sua vaga no concurso da <strong>Eletronorte</strong><br />

e foi morar em Tucuruí. Em junho deste ano,<br />

o telefone toca e ele já imagina o que seja:<br />

“Gentil, fala com a mãe porque ela tá preocupada<br />

com essa história de tremor de terra aí<br />

na Usina”, pede o irmão Gelson. Mesmo sem<br />

ter sentido muito o tremor, Gentil avisa que<br />

está tudo bem, que a mãe não se preocupe<br />

porque ele e a barragem estão seguros.<br />

35


36<br />

Um Brasil<br />

com terremotos<br />

O Observatório Sismológico da UnB registrou, nos<br />

últimos dez anos, mais de cinco mil abalos no País; quatrocentos<br />

sismos tiveram magnitude igual ou superior a 3.0<br />

na Escala Richter.<br />

No Brasil, os tremores de terra só começaram a ser<br />

detectados com precisão a partir de 1968, quando foi<br />

instalada uma rede mundial de sismologia. Brasília, mais<br />

precisamente o Parque Nacio nal (Água Mineral), foi escolhida<br />

para sediar o arranjo sismográfi co da América do<br />

Sul. Nos últimos anos, a terra tremeu com maior freqüência<br />

em João Câmara (RN), Cascavel e Pacajus (CE), Porto<br />

dos Gaúchos (MT), Caruaru (PE), Pedro Leopoldo, Betim e<br />

Igaratinga (MG).<br />

Os sismos acontecem porque a camada mais externa<br />

da Terra, a litosfera, formada pelos primeiros cem quilômetros<br />

de profundidade, é rígida e quebrada em diversos<br />

pedaços (placas tectônicas) que não estão parados, mas se<br />

movimentando uns em relação aos outros. Nos pontos onde<br />

estas placas se tocam ou se roçam ocorrem os maiores e<br />

mais freqüentes tremores. O Brasil está localizado no meio<br />

Gentil foi avisado do tremor pela esposa.<br />

Era quase meia-noite do último dia 20 de<br />

junho quando muitas pessoas sentiram o<br />

chão tremer na cidade paraense. Difícil<br />

explicar que isso acontece e que é previsto<br />

durante a construção de uma hidrelétrica<br />

como Tucuruí. “As pessoas obviamente<br />

fi cam assustadas e é uma reação normal”,<br />

diz Waltinho, que lembra de outro tremor<br />

em 1998: “Esse foi por volta das três horas<br />

da madrugada, mas foi bem mais forte do<br />

que o deste ano. Na manhã seguinte fi zemos<br />

logo a troca da fi ta do sismógrafo porque sabíamos<br />

que algo estava registrado. A escala<br />

acusou um temor de 3,6 pontos”.<br />

O sismógrafo a que Waltinho se refere é<br />

um dos que monitoram a área. São dois:<br />

um deles próximo da Usina e o outro a cerca<br />

de 70 quilômetros. Todos os dados são<br />

enviados ao Observatório Sismológico da<br />

Universidade de Brasília - UnB, que mantém<br />

um convênio com a <strong>Eletronorte</strong> desde 1978.<br />

“Tucuruí é monitorada mesmo antes da sua<br />

construção”, explica o engenheiro Gilson<br />

da Luz. Segundo ele, o ideal é que esse<br />

monitoramento prévio exista para permitir o<br />

mapeamento sismológico da região. Numa<br />

audiência pública realizada no mês de agosto,<br />

na Câmara de Vereadores de Tucuruí, o<br />

depoimento de uma moradora contribuiu<br />

para que o histórico de sismos da cidade<br />

Foto: Roberto Fleury/UnB<br />

de uma placa tectônica. Nas bordas ou limites dessas<br />

placas a atividade sísmica é mais forte, mas a história tem<br />

demonstrado que ela pode ocorrer mesmo em regiões de<br />

baixa atividade (intraplaca).<br />

O tremor de maior magnitude de que se tem notícia<br />

no Brasil data de janeiro de 1955, em Porto dos Gaúchos<br />

(MT), tendo alcançado 6.5 na Escala Richter. Não houve<br />

danos, pois a região não era habitada, na época. Nesse<br />

local, existe um rebaixamento da crosta terrestre, também<br />

chamada de zona de fraqueza.<br />

fosse ainda mais aprofundado: segundo ela,<br />

em 1972 já houve um tremor ainda mais<br />

forte que os recentes. A Usina ainda não<br />

estava lá. Isso pode ser um indicativo de<br />

quem nem todo o sismo em uma hidrelétrica<br />

acontece em razão dos chamados sismos<br />

induzidos por reservatório. É comum em<br />

usinas do porte de Tucuruí que as placas se<br />

acomodem sob a terra em razão do peso ou<br />

do caminho natural que a água busca.<br />

De acordo com Lucas Barros, (foto abaixo)<br />

professor do Observatório Sismológico<br />

da UnB, as regiões de reservatórios estão<br />

mais vulneráveis a abalos sísmicos, já que<br />

a pressão da água pode induzir a acomodação<br />

de placas tectônicas da crosta terrestre.<br />

Embora algumas hidrelétricas como Tucuruí<br />

mantenham estações sismológicas, o Brasil<br />

ainda não tem um órgão<br />

específico para tratar<br />

do assunto nem um<br />

sistema integrado de<br />

monitoramento. “Precisamos<br />

de uma unidade<br />

de vigilância para<br />

registrar e acompanhar<br />

as ocorrências”, afi rma<br />

Barros.<br />

Mais uma vez a prevenção.<br />

A <strong>Eletronorte</strong><br />

prevê ainda este ano a<br />

Foto: Cláudio Reis/UnB


Foto: Cláudio Reis/UnB<br />

Em Brasília, no dia 20 de novembro de 2000, a terra<br />

tremeu com uma magnitude 3.7. Os estudos posteriores<br />

ao abalo indicaram a possibilidade de desabamento de<br />

uma caverna subterrânea. O solo da região é rico nesse<br />

tipo de formação.<br />

E o que é a Escala Richter? Ela mede a intensidade<br />

de energia sísmica dos terremotos e surgiu em 1935,<br />

idealizada pelo sismólogo norte-americano Charles F.<br />

Richter. Após coletar e interpretar dados de inúmeras<br />

ondas liberadas pelos abalos sísmicos, o sismólogo criou<br />

um sistema para calcular a magnitude delas. Inicialmente,<br />

a escala foi criada para medir apenas a magnitude de<br />

tremores no sul da Califórnia, mas hoje é utilizada em<br />

todo o mundo.<br />

Efeitos dos terremotos: menos de 3.5 graus na Escala<br />

Richter, geralmente não é sentido; 3.5 a 5.4 graus, causa<br />

pequenos danos, ainda que não seja sentido; 5.5 a 6.0<br />

graus, provoca pequenos danos a edifi cações; 6.1 a 6.9<br />

graus, pode causar danos graves em regiões densamente<br />

povoadas; 7.0 a 7.9 graus, terremoto de grandes proporções<br />

com danos graves; e 8.0 graus ou mais, tremor muito<br />

forte que causa destruição total na comunidade atingida<br />

e em povoados próximos. A escala Richter é aberta e não<br />

há limite máximo de graus.<br />

aquisição de quatro novas estações sismológicas,<br />

num investimento de aproximadamente<br />

US$ 400 mil. O Observatório da UnB<br />

já tem um projeto para a criação de uma<br />

rede sismográfi ca nacional e, de acordo com<br />

o professor Lucas, a idéia é que as estações<br />

estejam distribuídas uniformemente pelo<br />

País, operando em tempo real via satélite. Por<br />

se tratar de um investimento alto, empresas<br />

como <strong>Eletronorte</strong> e Furnas, que já são parceiras<br />

no monitoramento, também apóiam<br />

o projeto. A expectativa é que a rede esteja<br />

concluída em três anos. Até dezembro de<br />

2007, a estação de Porto dos Gaúchos, no<br />

Mato Grosso, deverá ser modernizada. A região<br />

já sofreu um tremor de alta intensidade:<br />

em 1955, a população fi cou assustada com<br />

um de seis graus na escala Richter. De acordo<br />

com o professor, a rede vai permitir registrar<br />

tremores de baixa ou de alta intensidade de<br />

forma sistematizada e ágil. Mas afi rma: ainda<br />

não existe tecnologia para prever tremores,<br />

mas o monitoramento é fundamental para<br />

minimizar impactos a partir de restrições<br />

e orientações para as construções locais.<br />

E aí entra a engenharia - que poderia ser<br />

nesse contexto denominada Engenharia da<br />

Prevenção.<br />

Metahidro - Desacostumados com terremotos,<br />

os brasileiros não os aceitam com<br />

naturalidade. Já os pesquisadores estudam<br />

sobre como prevenir os impactos, já<br />

que não podem prever o dia ou prevenir a<br />

causa. No Grupo de Metahidro, que reúne<br />

pesquisadores da <strong>Eletronorte</strong> e da Universidade<br />

de Brasília, as discussões a respeito<br />

são constantes. “Buscamos a integração do<br />

conhecimento, apostando na troca de informações<br />

entre diversos profi ssionais da área.<br />

Isso tem permitido pesquisas em diferentes<br />

áreas da engenharia de barragens”, afi rma<br />

o coordenador do Grupo de Metahidro,<br />

professor Lineu Pedroso ( foto abaixo). Engenheiro<br />

da área de geotecnia e estruturas<br />

da <strong>Eletronorte</strong>, Sílvio Caldas destaca a participação<br />

e o reconhecimento da <strong>Eletronorte</strong><br />

nas pesquisas sobre o tema,<br />

e lembra que o Grupo foi<br />

destaque no último Seminário<br />

Nacional de Grandes<br />

Barragens, realizado em<br />

Belém, no último mês de<br />

junho. (Ver edição 215 de<br />

junho/julho de 2007).<br />

Para a pesquisadora Rita<br />

de Cássia Silva, também<br />

pesquisadora do Grupo e<br />

autora de trabalhos como<br />

Aspectos de Risco e Confiabilidade<br />

em Barragens,<br />

o conceito ‘segurança de<br />

barragens’ não deve ser considerado apenas<br />

na fase da sua concepção, mas, sobretudo,<br />

para as barragens existentes. “O principal<br />

interesse dessa linha de pesquisa é desenvolver<br />

uma metodologia capaz de avaliar a<br />

segurança de barragens do tipo ‘gravidade’,<br />

em concreto. Contudo, num estudo dessa<br />

natureza, diversas são as variáveis envolvidas<br />

que trazem para a análise incertezas cruciais<br />

em uma avaliação realista do comportamento<br />

estrutural do barramento”, afi rma ela. Hoje,<br />

a temática da segurança ocupa lugar de destaque<br />

nas diversas áreas que compreendem<br />

o estudo de uma barragem e, segundo Rita,<br />

“tornou-se um assunto de inegável relevância<br />

para o setor de energia elétrica tanto técnica<br />

como economicamente”.<br />

Legislação - Ainda que o objetivo de muitos<br />

seja submeter as barragens a um seguro,<br />

especialistas em segurança de barragens<br />

discordam, não achando necessário, por<br />

exemplo, que se criem leis específi cas sobre<br />

o assunto. O fato é que notas técnicas alertam<br />

para a necessidade de se diferenciar uma<br />

Foto: Cláudio Reis/UnB<br />

37


38<br />

Manuais<br />

qualifi cados e<br />

exigências legais<br />

podem evitar<br />

catástrofes<br />

como a de<br />

Cataguazes (MG)<br />

empresa que é submetida a rígidas inspeções<br />

por organismos credenciados, e mantém padrões<br />

de construção, manutenção e monitoramento<br />

de uma barragem, de empresas que<br />

sequer fazem acompanhamentos regulares.<br />

“É como você fazer um seguro do seu carro.<br />

Quem tem mais cuidado não pode pagar a<br />

mesma coisa do que quem não tem o mesmo<br />

comportamento. Além disso, o pagamento<br />

de um seguro seria feito com recursos que<br />

poderiam ser destinados à manutenção e<br />

prevenção”, alerta Rogério Menescal.<br />

Gilson da Luz lembra que as barragens<br />

do Setor Elétrico são implantadas depois de<br />

diversos estudos geotécnicos e de impacto<br />

ambiental, e são dimensionadas de acordo<br />

com normas internacionais, não havendo<br />

histórico de acidentes em grandes e médias<br />

hidrelétricas no Brasil. “Nesse sentido, as<br />

barragens hidrelétricas se desenvolvem de<br />

acordo com os regulamentos estabelecidos<br />

pela Agência Nacional de Energia Elétrica -<br />

Aneel e manuais elaborados pela Eletrobrás,<br />

que comprovam a execução de programas<br />

de inspeção e monitoramento durante a fase<br />

de operação da barragem”.<br />

Por outro lado, está tramitando na Câmara<br />

dos Deputados o Projeto de Lei 1.181/2003<br />

que prevê uma Política Nacional de Segurança<br />

de Barragens, cria o Conselho Nacional<br />

de Segurança de Barragens e o Sistema<br />

Nacional de Informações sobre Segurança<br />

de Barragens. Trata-se de um dos eixos do<br />

Programa de Segurança de Barragens no<br />

Brasil, conjunto de ações do Ministério da Integração<br />

Nacional, em parceria com diversas<br />

instituições que prevê o cadastramento de<br />

barragens, realização de inspeções, elaboração<br />

de arcabouço legal e treinamento.


TECNOLOGIA<br />

As fi bras da telecomunicação<br />

César Fechine<br />

O alarme sonoro dispara na sala de operações<br />

do Centro de Informação e Análise da<br />

Transmissão da <strong>Eletronorte</strong>, em Brasília, às<br />

14h49 do dia 8 de agosto de 2007. Quem trabalha<br />

nessa sala sabe que sistema elétrico não<br />

tem hora para cair. “Houve um desligamento<br />

na linha de interligação Presidente Dutra-Boa<br />

Esperança, em 500 kV, no Maranhão”, explica<br />

o operador de sistemas Marcos Fernando de<br />

Sousa Lira, 28 anos de profi ssão.<br />

Apenas um minuto após o registro da<br />

ocorrência, o Centro de Operações da <strong>Eletronorte</strong><br />

no Maranhão tenta recompor a carga.<br />

Neste caso, não houve conseqüências para<br />

o sistema e o abastecimento de energia não<br />

foi interrompido em nenhum lugar.<br />

A interligação que caiu compõe o Sistema<br />

Norte-Nordeste e possibilita a troca de energia<br />

entre os sistemas operados pela <strong>Eletronorte</strong><br />

e a Chesf. “Não houve falta de energia e, de<br />

qualquer forma, a linha Presidente Dutra-Teresina,<br />

circuitos 1 e 2, que também compõe<br />

o anel elétrico do Sistema Norte-Nordeste,<br />

permaneceu energizada”, tranqüiliza Lira.<br />

Às 14h52, a linha de transmissão volta a<br />

ser energizada e às 14h55min, com o fechamento<br />

do anel na subestação Boa Esperança,<br />

a ocorrência é considerada normalizada.<br />

Velocidade da luz - A supervisão e o monitoramento<br />

em tempo real dos mais de dez<br />

mil quilômetros de linhas de transmissão<br />

e dos sistemas elétricos gerenciados pela<br />

<strong>Eletronorte</strong> só é possível graças à rede de<br />

fi bra óptica da Empresa, da qual o Centro de<br />

Informação e Análise da Transmissão é um<br />

dos principais usuários.<br />

“A fi bra óptica permite que as grandezas<br />

elétricas do sistema cheguem aos centros<br />

de operação, sendo supervisionadas permanentemente<br />

para que, numa anormalidade,<br />

possam ser tomadas decisões de remanejamento<br />

ou redução da carga. Esse trabalho é<br />

feito em todos os nossos sistemas de transmissão”,<br />

explica Josias Matos de Araújo,<br />

superintendente de Engenharia de Operação<br />

e Manutenção da Transmissão.<br />

Não dá para imaginar a vida moderna sem<br />

a Internet, a videocomunicação e a telefonia<br />

digital. E são as fi bras ópticas que possibilitam<br />

a transmissão instantânea de dados a<br />

longas distâncias.<br />

Em 1984, a <strong>Eletronorte</strong> implantou, em<br />

Tucuruí, o primeiro cabo do tipo OPGW<br />

(Optical Ground Wire), que traduzido<br />

para o português signifi ca fi bra óptica em<br />

cabo de guarda (pára-raio).”A Empresa foi<br />

pioneira no Brasil na implantação desse<br />

equipamento. Esse tipo de cabo tem dupla<br />

função: servir de pára-raios e<br />

acomodar as fi bras ópticas<br />

que fazem a transmissão<br />

de dados”, explica<br />

39


40<br />

Carlos Magno de Sá Abadá, superintendente<br />

de Telecomunicações.<br />

O cabo OPGW é colocado normalmente<br />

na parte mais alta das torres que compõem<br />

a linha de transmissão (diagrama ao lado).<br />

A fi bra óptica fi ca na parte interna do cabo<br />

e é manipulada e conectada por meio das<br />

chamadas caixas de emenda.<br />

A trezentos mil quilômetros por segundo<br />

- a velocidade da luz -, a transmissão dos<br />

dados por meio da fi bra óptica é instantânea.<br />

O que defi ne a capacidade de transmissão<br />

desses dados é a qualidade dos equipamentos<br />

eletrônicos utilizados “na ponta” para<br />

transmitir e recepcionar os dados.<br />

A opção pela construção da rede de fi bra<br />

óptica da <strong>Eletronorte</strong> surgiu com a demanda<br />

de uma maior capacidade de transmissão de<br />

dados. O crescimento da rede corporativa<br />

de informática, a automação das máquinas,<br />

das subestações e das usinas, a necessidade<br />

crescente de transmitir dados com confi abilidade,<br />

continuidade e qualidade foram outras<br />

demandas.<br />

“Ficava mais econômico e confi ável montar<br />

um sistema próprio, com grande capacidade<br />

de transmissão de dados, do que fi car<br />

comprando canais das operadoras”, explica<br />

Abadá. Atualmente, a fi bra óptica está presente<br />

em 5.927 quilômetros das linhas de<br />

transmissão operadas pela <strong>Eletronorte</strong>, o que<br />

equivale a quase 60% do total.<br />

Serviços - A Superintendência de Telecomunicações<br />

foi criada com a fi nalidade principal<br />

de prestar serviços de telecomunicações<br />

para a própria <strong>Eletronorte</strong> e para terceiros. Em<br />

2001 houve uma mudança no Estatuto Social<br />

da Empresa, adequando-o para possibilitar<br />

a prestação do serviço de telecomunicações<br />

a terceiros. Em 2003, a <strong>Eletronorte</strong> obteve<br />

licença junto à Agência Nacional de Telecomunicações<br />

- Anatel para explorar o Serviço<br />

de Comunicação Multimídia - SCM.<br />

Rede de fi bras<br />

ópticas (OPGW)<br />

da <strong>Eletronorte</strong>


Hoje, a rede de fi bras ópticas atende<br />

às necessidades de comunicação operativa<br />

e corporativa entre as unidades<br />

da <strong>Eletronorte</strong>, gerando serviços de<br />

telecomunicações como produtos. Para<br />

o mercado externo, a Empresa oferece<br />

canais de comunicação como produto<br />

e infra-estrutura para as operadoras de<br />

serviços de telecomunicações.<br />

A utilização do sistema óptico também<br />

está permitindo a redução de custos, tais<br />

como a interligação telefônica entre a Sede,<br />

em Brasília, e as unidades regionais do Maranhão,<br />

Pará, Mato Grosso, Tocantins, Acre<br />

e Rondônia, que são feitas via ramal, sem<br />

pagar interurbano.<br />

A medição e o faturamento pelo uso das<br />

linhas de transmissão da Empresa também<br />

são feitos por meio das fi bras ópticas, bem<br />

como a realização de videoconferências.<br />

A rede de fibra óptica também está<br />

gerando receitas para a <strong>Eletronorte</strong>. A<br />

Empresa tem contratos fi rmados na telefonia<br />

celular com a Vivo, Claro e Brasil<br />

Telecom. Na telefonia fi xa, há contratos<br />

fi rmados com a Brasil Telecom e com a<br />

Embratel. “Hoje temos uma receita anual<br />

com os serviços de telecomunicações da<br />

ordem de R$ 3 milhões. E temos a certeza<br />

de que essa receita será crescente a cada<br />

ano”, informa Abadá.<br />

A estimativa é de que se a Empresa tivesse<br />

que pagar por conectividade para as<br />

mesmas operadoras para as quais passou<br />

a ser prestadora de serviços, os gastos chegariam<br />

a cerca de R$ 30 milhões por ano.<br />

Outra importante ação que a <strong>Eletronorte</strong><br />

está iniciando é colocar a sua infra-estrutura<br />

de fi bra óptica à disposição do Governo do<br />

Estado do Pará para possibilitar a inclusão<br />

digital de milhões de pessoas por meio de<br />

telecentros digitais.<br />

É impossível imaginar qualquer sistema<br />

computadorizado hoje em dia que não<br />

tenha como base a transmissão de dados.<br />

Para a <strong>Eletronorte</strong>, a opção por montar uma<br />

rede de fi bra óptica própria mostrou-se<br />

bastante vantajosa.<br />

Enquanto isso, o monitoramento dos sistemas<br />

elétricos, 24 horas por dia, continua para<br />

garantir a boa qualidade dos serviços, o suprimento<br />

de energia elétrica e a tomada rápida de<br />

decisões, se necessário for. A integração dos<br />

dados é garantida pelas fi bras compostas por<br />

fi nos fi lamentos de vidro, que revolucionaram<br />

o mundo das telecomunicações.<br />

Filamentos de luz<br />

A fi bra óptica é um fi lamento de vidro<br />

(sílica) da espessura de um fi o de cabelo,<br />

capaz de transmitir a luz a enormes distâncias.<br />

Quando alguém fala ao telefone, a voz<br />

é traduzida para a linguagem dos impulsos<br />

elétricos, pelo próprio aparelho. Porém,<br />

quando essa mensagem é transmitida por<br />

meio de fi bra óptica, esses impulsos são<br />

convertidos em impulsos de luz, por meio<br />

de uma fonte de faixa de infravermelho conectada<br />

à fi bra.<br />

A aplicação dessa tecnologia revolucionou<br />

a comunicação de dados por causa dos benefícios<br />

se comparada ao uso de cabos de<br />

cobre convencionais. A comunicação óptica<br />

tem muitas vantagens: ela permite a transmissão<br />

de uma quantidade bem maior de<br />

informações, a distâncias bem mais longas;<br />

tem menor custo de implantação e operação;<br />

os componentes são bem menores e a interferência<br />

eletromagnética é eliminada.<br />

Uma tecnologia denominada Wavelength<br />

Division Multiplexing (WDM), ou Multiplexação<br />

por Divisão de Comprimento de Onda, fez<br />

com que, em vez de se utilizar uma fi bra para<br />

cada laser de sinal, como no início do sistema,<br />

fosse possível transmitir vários lasers pela<br />

mesma fi bra óptica. Assim, a multiplexação<br />

permite que diversas bandas de transmissão,<br />

cada uma com dezenas de milhões de ligações<br />

ao mesmo tempo, possam ser enviadas<br />

por uma única fi bra óptica.<br />

Há dez anos, cada fi bra óptica levava um<br />

único raio de luz e transmitia seiscentos<br />

milhões de bits por segundo (bps). Hoje, já<br />

se pode canalizar cem lasers dentro da fi bra<br />

ótica e transmitir um trilhão de bps. (Fonte:<br />

Jornal da Unicamp)<br />

41


42<br />

Parceria pela inclusão digital no Pará<br />

A rede de fi bras ópticas da <strong>Eletronorte</strong> está<br />

agora a serviço da inclusão digital no Estado do<br />

Pará. Um convênio de cooperação técnica, inédito<br />

no País, vai permitir o uso da rede de fi bra<br />

óptica da <strong>Eletronorte</strong> pelo governo estadual e a<br />

transmissão de dados em alta velocidade a órgãos<br />

públicos e a telecentros, que benefi ciarão cerca<br />

de dois milhões de pessoas em diversos municípios<br />

paraenses. O secretário de Desenvolvimento,<br />

Ciência e Tecnologia do Estado do Pará, Maurílio<br />

Monteiro, explicou à revista Corrente Contínua os<br />

trabalhos que estão sendo desenvolvidos por intermédio<br />

do convênio.<br />

Qual o percentual da população do Pará que<br />

tem acesso a computadores e à Internet?<br />

A estimativa hoje é de que 5,5% da população<br />

têm acesso a computadores e apenas 3% têm<br />

acesso à internet. É um percentual muito baixo e<br />

os governos federal e estadual têm desenvolvido<br />

um conjunto de ações para melhorar essa situação,<br />

como o convênio fi rmado com a <strong>Eletronorte</strong>.<br />

O que prevê o convênio fi rmado entre<br />

o governo do estado e a <strong>Eletronorte</strong>?<br />

Esse é um passo importante para efetivar a<br />

inclusão digital de milhões de pessoas excluídas.<br />

Com esse convênio, a <strong>Eletronorte</strong> cede o direito<br />

de uso da sua rede de fi bras ópticas, que se<br />

estende desde o município de Santa Maria até<br />

Santarém. Esse trajeto tem centenas de quilômetros<br />

e em 12 pontos desse trecho haverá a<br />

possibilidade de o governo fazer derivações dessa<br />

rede e implantar um conjunto de ações voltadas<br />

à inclusão digital.<br />

Quais as principais ações que serão<br />

desenvolvidas por meio do convênio?<br />

São dois tipos de ações. A primeira é a implantação<br />

de cidades digitais para permitir, num raio<br />

de quatro quilômetros da antena principal, que<br />

todos os órgãos públicos tenham acesso à internet.<br />

Outra ação é a instalação de infocentros, em<br />

convênios com as prefeituras e organizações nãogovernamentais,<br />

para os quais o governo cederá<br />

computadores, espaço físico, monitores e internet<br />

para comunidades de baixa renda. A previsão é de<br />

que, em um ano, sejam instalados trinta infocentros<br />

na faixa da infovia.<br />

Que áreas serão benefi ciadas e como os<br />

serviços públicos poderão ser otimizados?<br />

Nós teremos um conjunto de benefícios nas<br />

áreas de educação, saúde, comunicação e várias<br />

outras. O funcionamento da rede vai possibilitar a<br />

implantação do serviço de telemedicina, pois será<br />

possível a transmissão de exames e a produção de<br />

laudos a distância. Teremos também os telecentros<br />

de inclusão digital, que vão melhorar a educação<br />

da população e ações de governança eletrônica<br />

com vários serviços para a população, como tirar<br />

certidões e outros documentos, participar de videoconferências,<br />

entre outros.<br />

Como foi concebido o projeto e<br />

em quanto tempo a população poderá<br />

contar com os benefícios?<br />

A previsão é de que os primeiros infocentros<br />

comecem a funcionar já com o sinal de fi bra<br />

óptica em Santarém, Marabá e Marituba a partir<br />

de setembro de 2007. A montagem dessa infovia<br />

envolveu um projeto de engenharia sofi sticado<br />

e vai permitir a transmissão de dados numa<br />

velocidade de cinco gigabits por segundo, o<br />

equivalente à transmissão dos dados de sete<br />

CDs a cada segundo. A <strong>Eletronorte</strong> elaborou<br />

esse projeto e já o entregou para que o governo<br />

estadual possa operar a rede.<br />

Qual a estimativa de economia de custos e<br />

que outros benefícios o projeto proporcionará?<br />

A estimativa de redução de custos é de<br />

aproximadamente R$ 3,2 milhões por ano em<br />

conseqüência do uso dessa rede para a transmissão<br />

de dados, voz e imagem entre os órgãos<br />

públicos do Estado. Mas o grande benefício<br />

dessa parceria é mesmo social. Com este projeto,<br />

a <strong>Eletronorte</strong> está prestando um serviço social<br />

de uma dimensão enorme. Essa é uma ação de<br />

grande envergadura, que só foi possível graças<br />

à parceria com a Empresa.


CORRENTE ALTERNADA<br />

Troféu Transparência<br />

<strong>Eletronorte</strong> tem uma das<br />

melhores demonstrações<br />

contábeis do País<br />

A <strong>Eletronorte</strong> está entre as 14 empresas do<br />

seleto grupo premiado pelo Troféu Transparência,<br />

concedido àquelas que têm as melhores<br />

demonstrações contábeis do País. Criado em<br />

1997, o prêmio é dividido nas categorias empresas<br />

abertas e fechadas, numa parceria da<br />

Associação Nacional dos Executivos de Finanças,<br />

Administração e Contabilidade - Anefac; Fundação<br />

Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e<br />

Financeiras da USP - Fipecafi e Serasa. Essa é<br />

a 11ª edição do prêmio que elege as empresas<br />

mais transparentes do Brasil.<br />

De acordo com o diretor Econômico-Financeiro<br />

da <strong>Eletronorte</strong>, Astrogildo Fraguglia Quental, o Troféu<br />

Transparência é reconhecido nacionalmente como o<br />

“Oscar” da classe contábil. “Uma genuína referência<br />

nacional quando o assunto é transparência corporativa.<br />

O prêmio é reconhecido pela seriedade e rigor<br />

técnico com que são selecionados os participantes<br />

e escolhidos os vencedores. Toda a nossa aguerrida<br />

equipe, particularmente da Superintendência de<br />

Contabilidade, está honrada com essa distinção.<br />

Esse prêmio é mais uma das várias provas da competência<br />

dos colaboradores da <strong>Eletronorte</strong>”.<br />

O superintendente de Contabilidade da <strong>Eletronorte</strong>,<br />

Jésus Alves da Costa, concorda com<br />

Astrogildo. “Fazemos questão de destacar o papel<br />

da equipe e da Diretoria nesse contexto, por terem<br />

sempre apoiado a área contábil, por reconhecê-la<br />

como um ambiente técnico, nunca interferindo na<br />

aplicação de procedimentos pertinentes e de suas<br />

ações”, afi rma.<br />

Gestores<br />

comprometidos<br />

com a<br />

transparência<br />

contábil<br />

Em 2005, a <strong>Eletronorte</strong> obteve da Associação<br />

Brasileira dos Contadores do Setor de Energia<br />

Elétrica - Abraconee prêmio de melhor Demonstração<br />

Contábil entre as grandes concessionárias<br />

do serviço público de energia elétrica, um reconhecimento<br />

de grande importância. Agora, recebe<br />

o Troféu Transparência, considerado uma espécie<br />

de certifi cado de garantia das demonstrações<br />

contábeis da <strong>Eletronorte</strong>.<br />

Método - A análise e a classifi cação das demonstrações<br />

são feitas a partir de critérios essencialmente<br />

técnicos, estabelecidos pela Fipecafi , onde<br />

são avaliados: qualidade e grau das informações<br />

contidas nas demonstrações e notas explicativas;<br />

transparência das informações prestadas; qualidade<br />

do relatório da administração e sua consistência<br />

com as informações divulgadas, aderência aos<br />

princípios contábeis, além de uma série de outros<br />

aspectos relevantes, não exigidos legalmente, mas<br />

importantes para o negócio, como fl uxo de caixa e<br />

balanço social<br />

Numa primeira fase, alunos dos cursos de mestrado<br />

e doutorado em Controladoria e Contabilidade<br />

da FEA-USP selecionam as demonstrações contábeis<br />

publicadas no País que melhor atendem aos<br />

critérios, para encaminhamento à comissão julgadora<br />

composta por personalidades de destaque no<br />

cenário contábil nacional.<br />

Dez empresas abertas receberão este ano o<br />

11º Prêmio Anefac-Fipecafi -Serasa - Troféu Transparência<br />

2007, entre elas a Companhia Vale do<br />

Rio Doce, a Gerdau e a Petrobras. A <strong>Eletronorte</strong> é<br />

premiada na categoria capital fechado, onde quatro<br />

instituições foram contempladas. A cerimônia de<br />

premiação será realizada no dia 25 de setembro<br />

de 2007, em São Paulo.<br />

43


44<br />

Amazônia <strong>Eletronorte</strong><br />

Transmissora<br />

distribui dividendos<br />

Resultado do primeiro leilão realizado sob as regras<br />

do atual modelo do Setor Elétrico, a linha de transmissão<br />

Coxipó/Cuiabá/Rondonópolis, em 230 kV, arrematada<br />

pela <strong>Eletronorte</strong> em consórcio com empresas privadas,<br />

apresentou ótimos resultados. Tanto que o BNDES resolveu<br />

liberar 100% dos dividendos para distribuição entre<br />

os sócios do consórcio, quando o usual seria 25%. Num<br />

ato simbólico, a concessionária da linha, a Amazônia<br />

<strong>Eletronorte</strong> Transmissora de Energia - AETE realizou,<br />

na Sede da <strong>Eletronorte</strong>, com a participação de toda a<br />

Diretoria, cerimônia para demonstração dos resultados<br />

e distribuição dos dividendos aos participantes daquela<br />

Sociedade de Propósito Específi co, que tem a participação<br />

da <strong>Eletronorte</strong> (49%); Alubar (13,25%); Bimetal<br />

(24,5%); e Linear (13,25%).<br />

A linha, que compreende os trechos Coxipó-Cuiabá, em<br />

circuito duplo de 230 kV, com 17 km; Cuiabá - Rondonópolis,<br />

em circuito simples de 230 kV, com 171 km; a<br />

ampliação da subestação Coxipó, com dois vãos de linha<br />

em 230 kV; a construção da subestação Cuiabá, em 230<br />

kV; e a ampliação da subestação Rondonópolis, um vão de<br />

A <strong>Eletronorte</strong> e a PadTec assinaram contrato<br />

para exploração do know-how e do pedido<br />

de patente da metodologia de utilização e<br />

aparatos de regeneração óptica passiva, desenvolvida<br />

por meio de<br />

um projeto de P&D entre<br />

a <strong>Eletronorte</strong> e o Centro<br />

de Pesquisa e Desenvolvimento<br />

em Telecomunicações<br />

- CPqD, um<br />

dos mais conceituados<br />

pólos de tecnologia do<br />

mundo.<br />

Para o presidente da<br />

PadTec, José Salomão<br />

Pereira, as perspectivas<br />

de comercialização<br />

são animadoras. “É<br />

um produto com muito<br />

potencial, resultado de<br />

um trabalho que pode<br />

fazer com que os mercados<br />

da Ásia, África e<br />

mesmo América Latina,<br />

possam ser atendidos<br />

linha em 230 kV e um compensador série em 91 MVAR,<br />

de transmissão teve investimentos de R$ 116,6 milhões<br />

e gerou cerca de oitocentos empregos diretos.<br />

Na ocasião, o diretor-presidente da <strong>Eletronorte</strong>,<br />

Carlos Nascimento, recebeu das mãos do presidente<br />

do consórcio, Mauro Mendes, o cheque de R$ 4,2<br />

milhões, de um total de R$ de 8,7 milhões, correspondentes<br />

à distribuição dos dividendos acumulados no<br />

período de setembro de 2005 a dezembro de 2006.<br />

Quadro qualifi cado - Os cheques foram também entregues<br />

aos demais membros do consórcio: a Bimetal<br />

recebeu R$ 2,3 milhões; a Linear, R$ 1,1 milhão e a<br />

Alubar, R$ 941 mil. Mauro Mendes disse que o patamar<br />

de R$ 8,7 milhões continuará nos próximos dez anos e<br />

deverão aumentar nos 15 anos fi nais com o término do<br />

pagamento do empréstimo ao BNDES. “O nosso grupo<br />

é formado por empresários de Mato Grosso e do Pará,<br />

e a experiência deu tão certo, que a primeira linha de<br />

transmissão feita com participação estatal nesse modelo<br />

mostra-se agora com uma rentabilidade de 22%. No<br />

leilão o grupo teve que dar 38% de deságio para ganhar,<br />

enquanto o previsto era de até 26%”.<br />

Carlos Nascimento enfatizou o quadro técnico altamente<br />

qualifi cado da <strong>Eletronorte</strong>, que se dedica ao extremo.<br />

“O resultado é o sucesso dos processos da Empresa. O<br />

atual modelo do Setor Elétrico não é perfeito mas tem<br />

importância como indutor do desenvolvimento. A partici-<br />

Equipamento a ser produzido pela iniciativa p<br />

com produtos brasileiros, gerando riqueza e trabalho<br />

no País. Já temos muitos interessados e, com assinatura<br />

desse contrato, poderemos começar a produção<br />

em aproximadamente um mês”, afi rma.<br />

Diretores da <strong>Eletronorte</strong> e PadTec assinam o contrato


Diretoria e técnicos das duas empresas comemoram os resultados<br />

pação estatal com empresas privadas deu oportunidade a<br />

novos empresários de participarem de um setor até então<br />

fechado, complexo e carente de recursos. Formamos um<br />

grupo de empresas fora do centro de maior atividade<br />

comercial do País, mas que conseguiu desbancar grupos<br />

gigantes e altamente preparados para o leilão”.<br />

O coordenador de Viabilização de Negócios da<br />

<strong>Eletronorte</strong>, Wilson Fernandes, lembrou que o empreendimento<br />

permite que o Mato Grosso passe a<br />

ser exportador de energia. “A <strong>Eletronorte</strong> investiu<br />

no projeto cerca de R$ 20 milhões e está recebendo<br />

R$ 4,2 milhões no primeiro um ano e quatro meses de<br />

operação, sendo que a concessão é por trinta anos.<br />

É muito importante que a Empresa invista em outros<br />

empreendimentos lucrativos como este, que apresenta<br />

Taxa Interna de Retorno - TIR superior a 20%. A Intesa<br />

(Integração Transmissora de Energia, SPE em parceria<br />

com a Chesf, Fipe e Engevix com obras em andamento),<br />

e a Hidrelétrica Dardanelos, em parceria com a Chesf<br />

e Neoenergia em fase de início de obras, apresentam<br />

expectativa de ótimos resultados para a <strong>Eletronorte</strong>”,<br />

vibra o coordenador.<br />

privada tem patente pedida pela <strong>Eletronorte</strong><br />

O diretor de Gestão Corporativa da <strong>Eletronorte</strong>, Manoel<br />

Ribeiro, disse que essa é mais uma demonstração da<br />

importância que a Empresa dá à pesquisa e ao desenvolvimento<br />

tecnológico. “Os talentos que temos aqui, e a<br />

vontade que temos de buscar parcerias para mostrar que o<br />

Brasil é capaz de produzir tecnologia fazem a diferença”.<br />

Fibra ótica - “Sempre tivemos um problema com a<br />

transmissão de sinais na rede de fi bra ótica, que era a<br />

necessidade de, a cada duzentos quilômetros, colocarmos<br />

uma estação repetidora, exigindo um alto custo de manutenção<br />

para a Empresa. Daí é que a Empresa desenvolveu<br />

uma pesquisa com o CPqD e o resultado foi o Regenerador<br />

Ótico Passivo”, explica o superintendente de Pesquisa e<br />

Desenvolvimento Tecnológico, Luis Cláudio Silva Frade.<br />

O equipamento, inventado por Domingos Sávio dos<br />

Reis, da <strong>Eletronorte</strong>, é capaz de transmitir um sinal a até<br />

quatrocentos quilômetros, permitindo que não seja mais<br />

necessária a antena retransmissora. “A <strong>Eletronorte</strong> pediu<br />

o registro da patente desse equipamento junto ao Instituto<br />

Nacional da Propriedade Industrial - Inpi; contratou uma<br />

empresa para produzi-lo em escala comercial e agora<br />

assinamos o contrato que vai permitir a exploração desse<br />

know-how. É a primeira vez que se faz isso no Setor<br />

Elétrico”, afi rma Frade.<br />

Patente - A gerente de Articulação com<br />

a Indústria Nacional, Neusa Lobato, explica<br />

que a Lei 9.279/96 permite que contratos<br />

dessa natureza sejam feitos por cinco anos,<br />

renováveis por mais cinco. “Há duas coisas<br />

diferentes: uma é a exploração do know-how;<br />

e outra é a exploração do pedido de patente.<br />

Essa última não pode ser cobrada, pois o que<br />

temos é o pedido e, conseqüentemente, uma<br />

expectativa de ganho. Demos entrada no Inpi<br />

há dois anos e o processo pode levar até oito<br />

anos. Nos primeiros 18 meses o processo fi ca<br />

em sigilo; depois de mais 18 meses começam<br />

outras análises técnicas. Se essa patente sai antes<br />

do tempo previsto no contrato, poderemos<br />

então transferir a exploração da patente”.<br />

É importante lembrar que a <strong>Eletronorte</strong><br />

vai receber royalties de 7,0 % sobre o lucro<br />

líquido dos equipamentos comercializados<br />

pela PadTec. Além disso, na aquisição de um<br />

deles, a Empresa tem mais 10% de desconto.<br />

A estimativa é que o equipamento gere uma<br />

economia de aproximadamente R$ 1 milhão<br />

ao ano, por estação. O investimento no projeto<br />

foi de R$ 670 mil.<br />

45


CIRCUITO INTERNO<br />

46<br />

Efi ciência energética<br />

Nas escolas do Pará 160 mil estudantes da<br />

rede pública aprendem a preservar o meio<br />

ambiente e a economizar energia elétrica<br />

O Programa <strong>Eletronorte</strong> de Efi ciência Energética -<br />

PEEE, que vem sendo executado desde 2005 no Pará,<br />

chega neste semestre a 221 novas escolas da rede pública<br />

de ensino em oito municípios paraenses. Desde o<br />

início de agosto, professores, servidores de instituições<br />

municipais e estaduais, estudantes e suas famílias<br />

aprendem com o PEEE Educacional a preservar o meio<br />

ambiente ao fazer uso efi ciente da energia elétrica.<br />

O projeto envolve professores de todas as disciplinas<br />

aplicadas nas escolas. As ações do programa incluem<br />

sensibilização de gestores escolares, capacitação de<br />

professores, realização de atividades lúdico-pedagógicas<br />

e medição do consumo de energia nas escolas e residências<br />

dos estudantes, com todo o material didático doado<br />

pela <strong>Eletronorte</strong> e Eletrobrás.<br />

As ações serão desenvolvidas gradativamente ao longo<br />

do semestre, até que todos os municípios benefi ciados<br />

pelo convênio sejam contemplados: Belém, Castanhal,<br />

Para viver, vencer<br />

“Nos dias 14 e 16 de agosto de 2007, Edson Cavalcante<br />

conquistou duas medalhas de ouro no Parapan-americano<br />

Rio 2007. Ele deixou para trás adversários do México e do<br />

Canadá, favoritos na disputa dos 100 e 200 metros rasos.<br />

Nos 100 metros seu tempo foi de 11s72 e nos 200 metros<br />

23s95.Com seu carisma, o atleta da <strong>Eletronorte</strong> conseguiu<br />

arrebatar a torcida e a imprensa. Ele é agora conhecido<br />

como o novo “xodó” do para-atletismo brasileiro”.<br />

A boa notícia acima chegou a tempo de completar esta<br />

reportagem, provando mais uma vez que os brasileiros<br />

são famosos pela perseverança e por encararem com<br />

alegria a vida. Na Regional de Produção e Comercialização<br />

de Rondônia existe um exemplo ainda maior: brasileiro,<br />

nascido em família humilde e portador de necessidades<br />

especiais. Esse é o retrato de Edson Cavalcante Pinheiro,<br />

28, que buscou nos assentos escolares e no esporte a<br />

força para se fi rmar na vida.<br />

Edson nasceu em meio a difi culdades, no interior do<br />

Acre. No parto, sofreu uma paralisia cerebral que ocasionou<br />

uma paralisia parcial em seu braço direito. “Minha<br />

sorte é que sempre consegui enfrentar isso muito bem,<br />

sem fi car revoltado. Pelo contrário, isso só me deu mais<br />

vontade de lutar”, destaca.<br />

Edson mostrou o que uma pessoa determinada é capaz<br />

de fazer. Mesmo convivendo com difi culdades, ele fez facul-<br />

Santarém, Goianésia, Jacundá, Ananindeua, Barcarena<br />

e Abaetetuba. A previsão é de que até novembro,<br />

1.590 professores e aproximadamente 160 mil<br />

estudantes do ensino infantil, fundamental e médio<br />

estejam sensibilizados.<br />

O PEEE Educacional, produto da parceria entre<br />

Eletrobrás e <strong>Eletronorte</strong> no Programa Nacional de<br />

dade: Tecnologia em Processamento de Dados, na Faculdade<br />

de Ciências Administrativas e de Tecnologia de<br />

Rondônia (Fatec-RO), na capital do Estado, Porto Velho.<br />

Hoje, faz pós-graduação em Desenvolvimento Web.<br />

O suporte dado pelos estudos, somado à participação<br />

de Edson em associações de portadores de<br />

defi ciências físicas garantiu a conquista de um espaço<br />

no disputado mercado de trabalho. “Só tenho o que<br />

comemorar. Consegui estudar e, com a ajuda da Associação,<br />

sempre consegui trabalho. Por isso, há seis<br />

anos trabalho na <strong>Eletronorte</strong>, que abriu novas portas<br />

para mim”, comemora.<br />

Uma das grandes mudanças na vida de Edson,<br />

depois de ter entrado na <strong>Eletronorte</strong>, foi o ingresso<br />

nos esportes. Foi na Empresa que ele conheceu João<br />

Fernando, o ‘Totó’, um amigo, também portador de<br />

necessidades especiais, que lhe incentivou a praticar<br />

esportes. Com o apoio, Edson começou a praticar e<br />

participar de competições para-desportivas de tênis de<br />

mesa. O talento para os esportes foi logo comprovado:<br />

em 2003, Edson foi campeão brasileiro de tênis de<br />

mesa individual.<br />

Em 2004, houve uma mudança de planos e Edson<br />

passou a competir no atletismo, por acreditar que nesse<br />

esporte seria mais competitivo. Nosso atleta acertou mais<br />

uma vez e, já em 2005, venceu o Campeonato Brasileiro<br />

nos 100 e 200 metros rasos. O mesmo aconteceu em


Conservação da Energia Elétrica na Educação Básica<br />

(Procel Educacional), com apoio das secretarias<br />

de Educação, tem como meta gerar a economia<br />

de 6,98 kWh/mês por aluno envolvido. Mas o uso<br />

racional de energia elétrica pode trazer resultados<br />

ainda melhores, segundo a gerente de Articulação<br />

com a Indústria Nacional da <strong>Eletronorte</strong>, Neusa<br />

Foto: Daniel Fachini/CPB<br />

Professores e alunos unidos na mesma lição: sabendo usar não vai faltar<br />

Rodrigues. “Nossas medições nas residências dos<br />

alunos já contemplados nos programas têm tido um<br />

resultado médio de 12 kWh/mês e uma média de economia<br />

nas escolas de 180 kWh/mês. Em Breu Branco,<br />

a economia de energia, em seis meses, nas instituições<br />

envolvidas, representou o consumo de três escolas no<br />

mesmo período considerado”.<br />

2006 e, agora em 2007, Edson defende o tri-campeonato<br />

em sua classe, a T-38 (no para-atletismo, os atletas são<br />

divididos em classes, de acordo com o nível e tipo de defi -<br />

ciência física). Ele tem tudo para conseguir, pois na primeira<br />

etapa do Campeonato Brasileiro deste ano, realizado em<br />

Porto Alegre, Edson novamente foi para o lugar mais alto<br />

do pódio nos 100 e 200 metros rasos.<br />

Com esse histórico de vitórias, na vida e no esporte,<br />

Edson foi para os Jogos Parapan-americanos Rio 2007<br />

e voltou com as medalhas douradas para a <strong>Eletronorte</strong>,<br />

Empresa que também lhe patrocina.<br />

Os resultados de Edson são expressivos, principalmente<br />

se for levado em consideração que o atleta não treina em<br />

uma pista ofi cial, inexistente em Rondônia, e que ele não<br />

é um atleta profi ssional. “Eu preciso trabalhar. Não tenho<br />

como viver só do esporte. Essa é a realidade da maioria<br />

dos atletas, mesmo os que não possuem defi ciência e,<br />

obviamente, isso prejudica os resultados”, frisa.<br />

O esforço e superação de Edson são tão visíveis que<br />

ele foi um dos escolhidos para conduzir a tocha olímpica<br />

dos Jogos Pan-americanos Rio 2007 quando ela passou<br />

por Porto Velho, no dia 25 de junho passado. “Eu fi quei<br />

muito feliz em perceber que meu esforço está sendo<br />

reconhecido e em ver meus amigos da <strong>Eletronorte</strong> me<br />

acompanhando naquele momento. Sempre recebo o incentivo<br />

dos que trabalham comigo, mas naquele momento<br />

foi mais especial”.<br />

47


AMAZÔNIA E NÓS<br />

48<br />

RONDÔNIA<br />

HISTÓRIA<br />

A <strong>Eletronorte</strong> chegou<br />

a Rondônia em 1981,<br />

dez meses antes da<br />

criação do Estado. Nesse<br />

mesmo ano, iniciou<br />

a construção da Usina<br />

Hidrelétrica Samuel,<br />

no Rio Jamari. Nove<br />

anos depois, a Usina se<br />

incorporou ao parque<br />

termelétrico instalado<br />

na capital, Porto Velho,<br />

possibilitando a ampliação<br />

do sistema de transmissão<br />

para o interior do<br />

Estado.<br />

Em Rondônia, a <strong>Eletronorte</strong><br />

é representada<br />

pelas unidades regionais<br />

de Produção e<br />

Comercialização e de<br />

Planejamento e Engenharia.<br />

A força de<br />

trabalho é formada por<br />

profi ssionais das mais<br />

diversas áreas de conhecimento,<br />

que trabalham<br />

para melhorar<br />

a qualidade de vida dos<br />

rondonienses.<br />

Esse trabalho tem<br />

sido reconhecido ao<br />

longo dos anos, tanto<br />

pela satisfação dos<br />

clientes e consumidores<br />

quanto pelas diversas<br />

premiações recebidas,<br />

devido à excelência<br />

da gestão empresarial.<br />

Essas conquistas são<br />

fruto da prática constante<br />

dos valores do<br />

Credo da <strong>Eletronorte</strong>:<br />

excelência na gestão,<br />

valorização das pessoas,<br />

comprometimento,<br />

aprendizado contínuo,<br />

empreendedorismo e<br />

ética e transparência.<br />

TRANSMISSÃO<br />

O sistema de transmissão da <strong>Eletronorte</strong> em Rondônia conta com<br />

dez subestações. A subestação de Ji-Paraná está sendo ampliada para,<br />

juntamente com a construção das subestações de Pimenta Bueno e<br />

Vilhena, garantir um dos maiores empreendimentos no cone sul do<br />

Estado: a linha de transmissão Ji-Paraná/Pimenta Bueno/Vilhena,<br />

que permitirá a interligação dos Estados do Acre e de Rondônia ao<br />

Sistema Interligado Nacional - SIN. Atualmente são 916 quilômetros<br />

de linhas de transmissão em 69 kV, 138 kV e 230 kV, e 1.367 MVA de<br />

capacidade de transformação.<br />

GERAÇÃO<br />

A energia elétrica consumida<br />

em Rondônia é gerada pela Usina<br />

Hidrelétrica Samuel e por um<br />

parque termelétrico operado pela<br />

<strong>Eletronorte</strong> e por produtores independentes<br />

de energia. Samuel<br />

tem potência instalada de 216<br />

MW e é considerada um marco<br />

na história local. Sua construção<br />

possibilitou que uma antiga colônia<br />

de pescadores desse lugar ao<br />

município de Candeias do Jamari.<br />

A hidrelétrica foi concebida inicialmente<br />

para suprir as cidades<br />

rondonienses de Guajará-Mirim,<br />

Ariquemes, Ji-Paraná, Pimenta<br />

Bueno, Vilhena, Abunã e a capital,<br />

Porto Velho. Atualmente, 90%<br />

dos 52 municípios do Estado são<br />

benefi ciados com energia fi rme e<br />

segura desse sistema isolado da<br />

<strong>Eletronorte</strong>.<br />

Em 20 de novembro de 2002, a<br />

capital do Acre, Rio Branco, também<br />

passou a ser abastecida com<br />

a energia de Samuel. Em maio de<br />

2006, esse sistema foi ampliado,<br />

permitindo que a geração térmica<br />

do Acre fosse substituída pela<br />

hidráulica, proporcionando a substituição<br />

da geração a derivados de<br />

petróleo. Além de Samuel, a <strong>Eletronorte</strong><br />

opera a Usina Termelétrica<br />

Rio Madeira, que produz 90 MW.<br />

Somada à geração dos produtores<br />

independentes de energia, a potência<br />

instalada da <strong>Eletronorte</strong> em<br />

Rondônia é de 426 MW.


RESPONSABILIDADE SOCIAL<br />

A energia distribuída pela <strong>Eletronorte</strong><br />

em Rondônia atende 1,7 milhão de habitantes,<br />

incluindo a população do Estado<br />

e mais 280 mil habitantes de Rio Branco,<br />

no Acre. Além desse benefício, a Empresa<br />

desenvolve atividades de responsabilidade<br />

social junto às comunidades.<br />

Um exemplo é a participação dos<br />

empregados em ações assistenciais,<br />

como a doação de cestas básicas a<br />

idosos carentes, iniciativa que nasceu<br />

há 12 anos e que atualmente benefi -<br />

cia mais de 140 famílias. A <strong>Eletronorte</strong><br />

também desenvolve diversos projetos<br />

diretos com a comunidade. Um deles é<br />

a alfabetização de adultos. Duas turmas<br />

de jovens e adultos em Porto Velho e<br />

uma em Candeias do Jamari já foram<br />

contempladas pelo programa, realizado<br />

em parceria com o Colégio Dom Bosco.<br />

Ainda na educação, a <strong>Eletronorte</strong> apóia<br />

no Estado a Associação de Pais e Amigos<br />

do Autista - AMA.<br />

Desde novembro de 2003, em parceria<br />

com o Governo do Estado de Rondônia<br />

e o Ibama, desenvolve em Candeias do<br />

Jamari o projeto de Aproveitamento de<br />

Águas Improdutivas para Criação de<br />

Tambaqui em Tanques-rede, benefi ciando<br />

cerca de 500 famílias de pescadores<br />

MEIO AMBIENTE<br />

O profundo respeito ao meio ambiente<br />

valeu à <strong>Eletronorte</strong> em Rondônia a certificação<br />

NBR ISO 14001, o chamado<br />

‘Selo Verde’, que contempla os resultados<br />

positivos dos trabalhos de preservação<br />

ambiental promovidos na região e consolidando<br />

o Sistema de Gestão Ambiental<br />

Regional, implantado em 2003. Foram<br />

certifi cadas a Usina Hidrelétrica Samuel,<br />

a Usina Térmica Rio Madeira, a Linha de<br />

Transmissão de 230 kV Porto Velho-Abunã<br />

e as subestações Porto Velho e Abunã. O<br />

‘Selo Verde’ comprova que a energia gerada<br />

pela <strong>Eletronorte</strong> é limpa, permitindo valores<br />

maiores em sua negociação, assegurando<br />

sua exportação através da produção<br />

industrial ou da preparação de recursos<br />

minerais como, por exemplo, a produção<br />

de alumínio, em cuja composição a energia<br />

elétrica representa 80%.<br />

49


CORREIO CONTÍNUO<br />

50<br />

Pronunciamento<br />

“Recebi, recentemente, da Diretoria da <strong>Eletronorte</strong> um exemplar<br />

da revista Corrente Contínua, veículo de divulgação das ações<br />

da Empresa, tanto na área de geração e transmissão de energia,<br />

quanto em matéria de preservação ambiental e de projetos sociais.<br />

Gostaria de destacar algumas matérias publicadas na revista, que<br />

completa, em 2007, 30 anos de existência. A primeira matéria<br />

a que gostaria de referir-me é assinada pelo jornalista Alexandre<br />

Accioly e possui o título ‘Hidrelétricas são a melhor opção para<br />

o Brasil’. A matéria não poderia vir em melhor hora. Neste momento<br />

em que a questão ambiental toma conta dos debates em<br />

todo o mundo, é preciso que discutamos, de uma vez por todas,<br />

qual a matriz energética que queremos para o nosso País. E a<br />

forma mais limpa e produtiva de geração de energia elétrica que<br />

temos no Brasil é, sem dúvida alguma, a hidrelétrica. Na área de<br />

atuação da <strong>Eletronorte</strong>, a preservação ambiental caminha lado a<br />

lado com a geração de energia. Esse é o tema de outra matéria,<br />

constante da revista Corrente Contínua, sobre a qual gostaria de<br />

tecer alguns comentários. A matéria, assinada pela jornalista<br />

Michele Silveira, traz exemplos de como a <strong>Eletronorte</strong> cuida<br />

dos impactos ambientais subjacentes à construção das usinas<br />

hidrelétricas. O exemplar que recebi da revista Corrente Contínua<br />

ainda possui uma série de reportagens interessantes que retratam<br />

o trabalho da <strong>Eletronorte</strong>, com destaque para a responsabilidade<br />

sociambiental, uma das marcas da Empresa. A linha-mestra da<br />

revista, com a qual compartilho as mesmas convicções, é que o<br />

Brasil precisa construir usinas hidrelétricas para garantir um futuro<br />

de prosperidade para o seu povo. Os impactos socioambientais<br />

existem, mas são perfeitamente contornáveis por intermédio de<br />

ações modelares como as que vêm sendo desenvolvidas pela<br />

Empresa nas regiões alagadas pelas usinas de Balbina e Tucuruí.<br />

O Brasil precisa de energia para crescer e gerar empregos. E a<br />

melhor maneira de fazê-lo é investindo na construção de novas<br />

hidrelétricas, fontes de geração de energia limpa e renovável.<br />

Parabéns à <strong>Eletronorte</strong> pela belíssima revista e pelo competente<br />

trabalho que vem desenvolvendo”!<br />

Senador Romero Jucá (PMDB-RR)<br />

- em pronunciamento na tribuna do Senado Federal<br />

Furnas<br />

“Agradeço pelo envio da excelente Corrente Contínua. Peço<br />

que transmita, em nome da Coordenação de Imprensa de Furnas,<br />

nossos parabéns e votos de contínuo sucesso aos colegas<br />

envolvidos com o projeto”.<br />

Eduardo Franklin Correia - Coordenador de Imprensa<br />

Coordenação de Comunicação Social de Furnas<br />

Aberje<br />

“Fiquei muito feliz ao receber a revista da <strong>Eletronorte</strong>. Primorosas<br />

a edição e as reportagens. Parabéns!”<br />

Anna Chala - Diretora de Assuntos Externos da Associação<br />

Brasileira de Comunicação Empresarial - Aberje<br />

Abrage<br />

“Essa edição da Corrente Contínua está realmente muito boa<br />

e, coincidentemente, está alinhada com o contexto editorial que<br />

pretendemos adotar na futura revista da Abrage, que, em última<br />

análise, deverá ser uma espécie de somatório de artigos publicados<br />

por nossas associadas. Gostaríamos de passar a receber<br />

essa revista regularmente, na versão impressa”<br />

Flávio Antônio Neiva - Presidente da Associação Brasileira<br />

das Empresas Geradoras de Energia Elétrica - Abrage<br />

Agradecimentos<br />

“Agradecemos a gentileza do envio da revista Corrente Contínua<br />

e parabenizamos pela excelente edição”.<br />

Assessoria de Comunicação do gabinete<br />

do senador Romeu Tuma (DEM-SP)<br />

“De ordem do d eputado Paulo Rocha (PT-PA), confi rmo<br />

o recebimento da revista Corrente Contínua, nº 215 e agradeço<br />

cordialmente”.<br />

Raquel Paz - Assessora parlamentar<br />

do deputado Federal Paulo Rocha<br />

“Agradeço o envio da revista Corrente Contínua,edição n°<br />

215, do mês de junho, na qual aborda o aniversário de 34 anos<br />

desta conceituada Empresa e parabenizo o trabalho quem vem<br />

desenvolvendo ao longo de sua existência”.<br />

Deputado Belarmino Lins de Albuquerque - Presidente<br />

da Assembléia Legislativa do Estado do Amazonas<br />

Entrevista<br />

“Acabo de ler a entrevista publicada na revista Corrente Contínua,<br />

com o deputado José Otávio Germano, presidente da Comissão<br />

de Minas e Energia da Câmara dos Deputados. Parabenizo a<br />

<strong>Eletronorte</strong> e a sua equipe pelo excelente trabalho”.<br />

Luiz Carlos Machado Fernandes - Gerência de<br />

Relações Institucionais e Parlamentares - <strong>Eletronorte</strong><br />

Tucuruí<br />

“Adorei o novo formato da revista Corrente Contínua. Gostei<br />

das matérias, em especial a sobre Tucuruí. Mas gostei mesmo<br />

foi da qualidade da impressão, o que valoriza e muito a imagem<br />

da Empresa, da qual não podemos abrir mão. Parabéns para a<br />

equipe toda, fi cou muito bom.”<br />

Regina Caciamani - Assessoria de Controle da<br />

Subsidiária Integral Manaus Energia - <strong>Eletronorte</strong><br />

Boa leitura<br />

“Caros colegas da equipe da Gerência de Imprensa, parabéns<br />

pela edição da revista Corrente Contínua. Dá gosto saborear sua<br />

leitura!”<br />

Humberto Gama - Gerência de Geotecnia<br />

e Estruturas - <strong>Eletronorte</strong><br />

Qualidade gráfi ca<br />

“Recebemos e agradecemos pelo envio da publicação Corrente<br />

Contínua, de excelente qualidade gráfi ca e editorial. Ressaltamos<br />

ainda que é de grande valia para o acervo da Biblioteca do Iesam<br />

- Instituto de Estudos Superiores da Amazônia continuar a ser<br />

receptora de tão valiosa publicação”.<br />

Clarice Silva Neta - Bibliotecária do Iesam - Instituto<br />

de Estudos Superiores da Amazônia - Belém (PA)<br />

Responsabilidade social<br />

“Caro editor, ao ler a nova edição da revista Corrente<br />

Contínua, queremos parabenizar a todo o corpo editorial pela<br />

excelência dos tópicos nela tratados. Aproveitamos para agradecer<br />

a <strong>Eletronorte</strong>, dentro do tema Responsabilidade Social, pelo<br />

auxilio inestimável que vem sendo dado à Universidade Federal<br />

do Pará, através de convênio de patrocínio para a implantação<br />

de uma Faculdade de Engenharia, em Tucuruí (PA), subunidade<br />

do Instituto de Tecnologia desta Instituição (Itec-UFPA), já com<br />

três cursos implantados: Engenharia Elétrica, Engenharia Civil<br />

e Engenharia Mecânica, e outros em processo de implantação.<br />

Isto mostra o esforço desta grande Empresa, em conjunto com<br />

a UFPA, em proporcionar às populações dos municípios do<br />

entorno da Usina Hidrelétrica Tucuruí, sem dúvida o maior<br />

empreendimento da <strong>Eletronorte</strong>, uma oportunidade inestimável<br />

de ascensão social e de desenvolvimento para essa região. Finalizamos<br />

propondo que a revista enfoque, em próximo número,<br />

uma reportagem sobre a implantação e funcionamento desta<br />

Faculdade”.<br />

Prof. Dr. José Augusto Lima Barreiros -Professor titular<br />

e diretor do Itec-UFPA


FOTOLEGENDA<br />

Grudada na parede<br />

Seguro o choro<br />

Ruindo devagar<br />

Peço socorro<br />

Pelas frestas<br />

Sussurro dores<br />

Descolorida<br />

Renego ao tempo<br />

Desalinhada<br />

Sopro sombras tardias<br />

Apedrejada<br />

Embaralho letras e datas<br />

Pinço estrelas trêmulas<br />

Assentada no mofo<br />

Filtro angústias<br />

Engulo ânsias<br />

Como uma provocação insana<br />

Tento penetrar nos sonhos<br />

Luto pela manifestação da saudade<br />

Mesmo fi xa na superfície ausente<br />

Ignorada em duas frias dimensões<br />

Repito todos os dias anos a fi o:<br />

Por que olhas para o lado<br />

Se sou eu quem te chama?<br />

Texto: Alexandre Accioly<br />

Foto: Rui Faquini

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