sumário - Eletronorte
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SUMÁRIO<br />
ENTREVISTA<br />
Ziraldo Alves Pinto<br />
Página 3<br />
MEIO AMBIENTE<br />
Peixes que valem ouro<br />
Página 9<br />
ENERGIA ATIVA<br />
Corrente Contínua, pedra<br />
fundamental da comunicação<br />
institucional da <strong>Eletronorte</strong><br />
Página 18<br />
TECNOLOGIA<br />
As fi bras da telecomunicação<br />
Página 39<br />
CORRENTE ALTERNADA<br />
Página 43<br />
CIRCUITO INTERNO<br />
Página 46<br />
AMAZÔNIA E NÓS<br />
Página 48<br />
CORREIO CONTÍNUO<br />
Página 50<br />
FOTOLEGENDA<br />
Página 51<br />
SCN - Qd. 6 - Cj. A<br />
Ed.Venâncio 3000<br />
Bl. B- Sl. 305 - Brasília/DF<br />
CEP: 70716-900<br />
Fones:(61) 3429 6146/ 6164<br />
e-mail: imprensa@eln.gov.br<br />
site: www.eletronorte.gov.br<br />
(Prêmio 1998/2001/2003)<br />
TRANSMISSÃO<br />
Educação ambiental e<br />
arqueologia:quando uma<br />
linha de transmissãofornece<br />
mais do que energia<br />
Página 24<br />
GERAÇÃO<br />
Segurança de barragens, a<br />
engenharia da prevenção<br />
Página 34<br />
Conselho Editorial: Diretor-Presidente, Carlos Raimundo Nascimento; Diretor de<br />
Planejamento e Engenharia, Adhemar Palocci; Diretor de Produção e Comercialização,<br />
Wady Charone; Diretor Econômico-Financeiro, Astrogildo Fraguglia Quental; Diretor de<br />
Gestão Corporativa, Manoel Ribeiro; Gerentes Regionais - Coordenação de Comunicação<br />
e Relacionamento Empresarial: Zenon Pereira Leitão - Gerência de Imprensa: Alexandre<br />
Accioly - Edição e Reportagem: Alexandre Accioly (DRT 1342-DF), Bruna Maria Netto<br />
(DRT 8997-DF), Byron de Quevedo (DRT 7566-DF), César Fechine (DRT 9838-DF),<br />
Michele Silveira (DRT 11298-RS), Núcleos de Comunicação das unidades regionais<br />
Capa: Sandro Santana - Fotografi a: Rony Ramos, Roberto Francisco, Alexandre Mourão,<br />
Núcleos de Comunicação das unidades regionais - Tiragem: 10 mil exemplares
ENTREVISTA<br />
“Esta é a entrevista mais verdadeira<br />
que eu já dei na minha vida!” (Ziraldo Alves Pinto)<br />
No próximo dia 24 de outubro o pintor, cartazista,<br />
jornalista, teatrólogo, chargista, caricaturista<br />
e escritor Ziraldo Alves Pinto completa 75 anos<br />
de vida. Neste 2007 comemoram-se também os 60<br />
anos de trabalho desse artista que vem pontuando<br />
a vida cultural brasileira com personagens, livros,<br />
revistas e jornais sempre marcantes na história<br />
recente do País.<br />
A Turma do Pererê, Flicts, O Pasquim, Supermãe,<br />
Menino Maluquinho, Menina Nina, Bundas, quem<br />
nunca leu ou viu nada que tenha saído das mãos de<br />
Ziraldo? Sem falar naquela<br />
clássica crônica<br />
que não tem a letra O!<br />
Entrevistamos Ziraldo<br />
no fi nal da tarde do<br />
dia 7 de junho de 2002,<br />
na pérgola da piscina<br />
do Hotel Augustus, em<br />
Altamira, oeste do Pará.<br />
O Brasil já assistia aos<br />
jogos da seleção pentacampeã<br />
da Copa do<br />
Mundo de futebol e nós<br />
descansávamos (!) de<br />
uma tarde fatigante.<br />
Ziraldo acabara de autografar<br />
uns duzentos<br />
gibis da reedição da<br />
primeira história da<br />
Turma do Pererê (patrocinada<br />
pela <strong>Eletronorte</strong>)<br />
- acontecida em 1962,<br />
quando o Brasil se preparava<br />
para a Copa do<br />
Mundo do Chile.<br />
A criançada de Altamira, que naquele dia participava<br />
de diversas atividades organizadas pela<br />
<strong>Eletronorte</strong> em comemoração ao Dia Mundial do Meio<br />
Ambiente, correu pro cais do Rio Xingu e sob um sol e<br />
calor escaldantes pôde fi car perto de um dos maiores<br />
ídolos da literatura infantil que já tivemos em todos<br />
os tempos.<br />
Foi um dos quatro eventos organizados pela Empresa<br />
no Pará durante a Semana do Meio Ambiente<br />
daquele mês de junho que contou com a participação<br />
do cartunista. Em Altamira, o relançamento<br />
do gibi; em Tucuruí, a inauguração de um bosque;<br />
em Breu Branco, a entrega de obras sociais e em<br />
Belém, a abertura do espaço Procel no Planetário<br />
(foto ao centro).<br />
Na piscina, lembrando de uma música de Lamartine<br />
Babo, Serra da Boa Esperança, Ziraldo<br />
disse: “Vou contar a minha vida!” E contou mesmo.<br />
Desde a saída de Caratinga, a passagem por<br />
Belo Horizonte, a chegada ao Rio de Janeiro, a<br />
paixão pela família, o convívio com uma geração<br />
de bambas do humor e a criação de uma dezena<br />
de personagens até culminar com o lançamento do<br />
Menino Maluquinho.<br />
A entrevista fi cou de ser publicada nesta revista,<br />
mas por diversas razões acabou por aguardar este<br />
momento especial, quando comemoramos os 30<br />
anos da Corrente Contínua, inovando mais uma vez<br />
a linha editorial e gráfi ca. É uma entrevista especial,<br />
para uma edição especial. Com o bom humor<br />
nas alturas, mais uma vez Ziraldo dá mostras da<br />
sua capacidade de inventar, de criar e de procurar<br />
sempre um jeito de sermos mais brasileiros e mais<br />
felizes. Confi ra os principais trechos da entrevista<br />
sobre a qual ele declara: “é a mais verdadeira que já<br />
dei na vida porque contei coisas que nunca havia<br />
contado pra ninguém”.<br />
3
4<br />
Caratinga<br />
“Cheguei ao Rio de Janeiro pela primeira vez em<br />
1948, quando terminei o científi co e fui procurar<br />
saber o que ia fazer da minha vida. Em 51 tive que<br />
servir o exército e me alistei como pára-quedista,<br />
tava doido pra saltar de pára-quedas. Meu pai me<br />
chamou: ‘Você já se alistou?’ ‘Já e tal’. ‘Você não<br />
quer fazer o tiro de guerra em Caratinga, não?’ Papai<br />
era amoroso, mas um superpai. Eu já gostava muito<br />
do Rio, mas tinha arrumado uma namorada em<br />
Caratinga e já tava doido pra voltar. Aí quando foi de<br />
tarde papai me disse: ‘Olha, você já tá alistado lá<br />
em Caratinga, tem um sargento amigo meu e tal’. Aí<br />
eu voltei pra Caratinga e foi o ano mais feliz da minha<br />
vida. O tiro de guerra era uma festa, uma farra,<br />
uma coisa maravilhosa. Eu era presidente do Centro<br />
de Estudantes e tinha baile o tempo todo. E tinha<br />
um time de basquete que disputava campeonatos<br />
no interior de Minas. Um time entusiasmadíssimo<br />
chamado Vigapepizi: era formado por cinco amigos<br />
da infância e adolescência: Viggiano (Alan), Galileu,<br />
Pedro Vieira, Pimentel e Ziraldo: Vigapepizi. Bom de<br />
nome, ruim de basquete. Um vexame!”<br />
Primeiros passos<br />
“Eu comecei desenhando meus colegas de colégio,<br />
mas nos dois anos que passei no Rio já tinha<br />
publicado numa porrada de revistas. Com 16 anos<br />
fui chegando e publicando, eram histórias em quadrinhos<br />
infanto-juvenis. De volta a Caratinga, mandava<br />
meus desenhos pra revista Cigarra, que era mensal,<br />
e pra Cruzeiro, que era semanal. Mas em Caratinga<br />
a gente só queria saber de festa e de namorar, íamos<br />
à cidade vizinha namorar as moças de lá e elas<br />
também vinham namorar a gente. Aí dava nove, dez<br />
horas da noite, a gente entregava as namoradas em<br />
casa e ia todo mundo pra zona. Aliás, hoje lá no cais<br />
do Xingu vi uma menina de calça roxa igualzinha à<br />
minha primeira namorada na zona. Naquela época<br />
era assim, os garotos se iniciavam ali e eu tinha até<br />
ciúme dessa menina, chamada Neide, era muito<br />
bonitinha, tinha uma cicatriz na boca. E tinha um<br />
corpo monumental, muito parecido com a menina<br />
que vimos hoje, eu olhei e pensei: gente, a Neide<br />
não morreu! (risos)”.<br />
Belo Horizonte<br />
“Saí de Caratinga de novo e fui para Belo Horizonte,<br />
antes de voltar pro Rio. A Nacional Transportes<br />
Aéreos inaugurou a linha BH/Caratinga e o pessoal<br />
tomou conhecimento de Belo Horizonte, que a gente<br />
não conhecia, ninguém sabia escalar o Cruzeiro ou o<br />
Atlético, não sabíamos nada de BH. O relacionamento<br />
de Caratinga era muito maior com o Rio e Vitória (ES).<br />
Todos os viajantes, todas as compras de armazém,<br />
era tudo com Vitória. Em BH, como bom mineiro, eu<br />
conheci, de cara, o Paulinho Mendes Campos. Tinha<br />
um grupo de intelectuais e a gente lia Manchete, assinávamos<br />
revistas americanas e líamos o Millôr na<br />
Cruzeiro. A diferença entre nós, naquele momento,<br />
e o pessoal que fi cou em Caratinga, é que o pessoal<br />
de lá lia Seleções Readers Digest e a gente em BH lia<br />
Manchete, uma revista que era moderna e instigante<br />
e para a qual o Paulo Mendes Campos já escrevia.<br />
Além disso, as namoradas de Belo Horizonte eram<br />
lindas e eu passei no vestibular e comecei a fazer<br />
Direito, ao mesmo tempo em que continuei a desenhar<br />
e fui trabalhar em agência de publicidade. Fazia<br />
uma página na Folha de Minas. O Borjalo foi pro Rio<br />
trabalhar na Manchete e eu fi quei no lugar dele. Tinha<br />
uma página semanal de humor que fazia o maior<br />
sucesso. Engraçado como o cartum e a caricatura<br />
faziam sucesso naquela época”.<br />
Rio de Janeiro<br />
“Não tinha mais Careta,<br />
nem O Malho, já tinham passado,<br />
essas revistas todas.<br />
Mas tava todo mundo vivo, o<br />
J. Carlos, o Aquarone, o Raul<br />
Pederneiras, o Mendez, esse<br />
povo todo tava vivo. Através<br />
do Millôr comecei a tomar<br />
contato com o mundo e não<br />
perdi meus contatos com<br />
a revista Cigarra. Aí criei<br />
uma série de cartuns tendo<br />
como personagem o canguru.<br />
Peguei cento e tantos<br />
cartuns do canguru e levei<br />
na Cruzeiro, no Rio. Foi um<br />
impacto, todo mundo veio<br />
ver o menino de Belo Horizonte.<br />
Eu comecei a comprar<br />
revistas americanas e aprender o mecanismo de fazer<br />
cartum com os caras mais famosos do mundo. Fiz<br />
um cartum do canguru que o pessoal riu demais: o<br />
canguruzinho na bolsa da mãe e um toldo por cima.<br />
Saiu até uma matéria: “Ziraldo veio pro Rio na bolsa<br />
do canguru!” Fui trabalhar na Cruzeiro e seis meses<br />
depois escolhia a capa da revista. Fui morar em Copacabana<br />
e no meu primeiro aniversário do Rio, eu<br />
já casado, o cara da Colombo (a Confeitaria) soube<br />
e quis fazer a festa. Perguntou quantas pessoas,<br />
eu disse: ‘umas cinqüenta’! ele, ‘vou arranjar umas<br />
coisinhas’.Parecia mais uma festa pra rainha da Inglaterra.<br />
Tinha tanta comida e garçons que as coisas<br />
fi caram espalhadas pelo corredor, uma loucura que<br />
eu nunca tinha visto”.
Vilma<br />
“Antes disso, volto a BH pra conversar com um<br />
amigo: ‘Cara, o que eu faço, tô noivo?!’ E ele: ‘Você<br />
é o velho provinciano que vai pra capital e chega lá<br />
e descobre que o mundo é aquilo, você é mais uma<br />
vítima dessa babaquice, um rapaz que não respeita<br />
as origens’. E decidimos que eu tinha de fazer aquilo<br />
mesmo; manter a palavra. Aí casei com Vilma em<br />
1957. Eu que já havia vivido cinqüenta crises de<br />
paixão por ela, era muito apaixonado. Namoramos<br />
sete anos e me apaixonei e desapaixonei pela Vilma<br />
umas 500 vezes ao longo da nossa vida em comum.<br />
E agora tá ruim rapaz, tem dois anos que ela morreu<br />
e eu tô naquela crise de não achar justo. Foi daí, em<br />
conversas com a minha neta sobre a morte da avó,<br />
que veio a história do meu livro Menina Nina. Vivi com<br />
a Vilma toda a minha vida adulta, desde que saí do<br />
Exército. Desde que a conhecei nunca mais tive um<br />
dia em que ela não estivesse nele. Foram 50 anos.<br />
Com Vilma nunca fui um indivíduo, nunca tomei uma<br />
decisão sozinho, nunca fi z um escândalo: quantas<br />
vezes tive vontade de rodar a baiana e não rodei por<br />
causa da Vilma?”<br />
Amor e trabalho<br />
“Converso muito com meus fi lhos sobre a importância<br />
do amor e do trabalho na vida da gente. Tem<br />
pessoas para quem o amor é a coisa mais importante<br />
da vida delas. É um sentimento muito mais feminino<br />
que masculino. Quando uma mulher se apaixona<br />
ela larga tudo. Um caso dos mais representativos é<br />
o da mulher do Euclides da Cunha. O cara matoulhe<br />
o marido e o fi lho e ela fi cou com ele até o fi nal.<br />
Assim, como tem pessoas para quem o centro da<br />
vida é o amor do outro ou pelo outro, tem pessoas<br />
para quem o que fazer da vida é que é o mais importante.<br />
Hollywood fez uns 500 fi lmes sobre isto: o<br />
mais importante da minha vida é o amor ou minha<br />
carreira? Tem a história do Louis Armstrong. Casou<br />
e só viveu 18 dias com a primeira mulher. Separou,<br />
casou de novo. Durou seis meses. Casou de novo e<br />
este casamento durou a vida inteira. É que esta sabia<br />
que estava casando com o Louis Armstrong, o maior<br />
músico do jazz. Por que meu casamento com Vilma<br />
durou tanto? Porque quando nos casamos ela já sabia<br />
que eu era eu. Não houve surpresas. Eu sou muito<br />
centrado no que faço. Outro dia meu fi lho chegou<br />
em casa, eu tava desenhando, ele disse: ‘Vem ver<br />
um fi lme, pai. Vem descansar.’ Ora, fazer o que eu<br />
gosto é o que me descansa.”<br />
Turma do Pererê<br />
“Casei com a Vilma e fomos morar na praça do<br />
Lido, em Copacabana. O apartamento era mínimo.<br />
Não tinha nem quarto de empregada. Mas era um<br />
apartamento sensacional, num prédio símbolo de<br />
Copacabana. Todo art-decó, em plena Avenida<br />
Atlântica. Pra quem tinha vindo de Caratinga... Por<br />
ali passou todo mundo que se possa imaginar. Era<br />
caminho entre o Fiorentina e a Gôndola e todo mundo<br />
que passava e via a luz do nosso apartamento acesa,<br />
subia. O porteiro não dormia, chegava gente toda<br />
hora, Sérgio Ricardo, Chico de Assis, Carlos Leonan,<br />
Antônio Pitanga, Jaguar, Millôr... Até o Caetano e o<br />
Gil passaram por lá antes de embarcar para São<br />
Paulo. Ali nasceram meus três fi lhos e até o Chico<br />
Buarque nasceu naquele edifício. Eu já trabalhava<br />
na Cruzeiro, onde fi quei por sete anos, de 57 a 64.<br />
E também já tinha nascido a Pererê! Eu queria fazer<br />
história em quadrinhos quando descobri os cartuns.<br />
5
6<br />
Foi quando virei cartunista e passei a fazer parte da<br />
turma dos quatro meninos do Millôr: Jaguar, Claudius,<br />
Fortuna e eu. Éramos hiperdesenhistas e o cartum<br />
naquela época tinha prestígio internacional. Quando<br />
surgiu a chance de fazer o Pererê eu já fazia uma<br />
série de piadinhas do personagem na Cruzeiro. A<br />
revista decidiu que devia haver uma revista nacional<br />
de história em quadrinhos e encomendou projetos<br />
a mim, ao Carlos Estevão e ao Péricles, do Amigo<br />
da Onça. O Péricles fez o Oliveira, o Trapalhão, mas<br />
não conseguiu terminar, suicidou-se antes. O Carlos<br />
Estevão fez a dele por uns cinco meses e fi z a Pererê<br />
por cinco anos, até 1964. A história em quadrinhos<br />
era muito cara, os homens já sabiam que a revolução<br />
não viria, aí, acabaram com a minha revistinha<br />
tão nacionalista. Tive a primeira crise existencial da<br />
minha vida”.<br />
Anos de chumbo<br />
“Começa uma fase de sofrimento, apesar de minha<br />
querida amiga Marina Colassanti me censurar<br />
porque, numa entrevista, eu disse que não sabia o<br />
que era sofrimento. A Marina disse que eu era um<br />
vegetal. Deus tinha até ali me poupado de duas<br />
coisas: sofrimento e azia (risos). Eu tenho dor de<br />
barriga, mas azia eu não tenho. Mas foram duros<br />
os anos que sofri, rapaz. Eu, com 32 anos, já tinha<br />
feito o Pererê, quando descobri a possibilidade do<br />
Brasil se assumir culturalmente, quer dizer, um Brasil<br />
brasileiro poderia ser feito. Veio o Teatro Brasileiro<br />
de Comédia, a UNE, a reforma de bases. Eu era, até<br />
então, fascinado pelos Estados Unidos. Aí, comecei<br />
a descobrir meus amigos de esquerda e a descobrir<br />
a esquerda. Foi nesse tempo, entre o fi m<br />
da Pererê e o início de O Pasquim, em 68. Foram<br />
anos de sofrimento. Comecei a publicar uma página<br />
inteira no Jornal do Brasil, aos domingos, numa<br />
época de muita rejeição e eu não suporto rejeição.<br />
Sofro!... Jaguar, Fortuna e Claudius se reúnem para<br />
fazer a primeira publicação de protesto, um livro<br />
chamado Hay Govierno, e não falam comigo. Isto me<br />
deu uma rejeição mortal. ‘Pô, você é um alienado’,<br />
diziam todos os que se encontravam engajados. E<br />
eu: ‘Pô, mas eu fi z o coelhinho vermelho, minha<br />
revista estava comprometida com todos os sonhos<br />
políticos da minha geração’. Eu queria mesmo era ir<br />
pra luta. Mesmo! Mas, não posso levar a Vilma nisso,<br />
não posso me engajar, eu não sou um só. Já tinha<br />
as duas fi lhas, Daniela e Fabrizia. Quando fi zemos<br />
a passeata dos cem mil, começam a acreditar que<br />
eu era do quadro do partidão. Mas nunca fui. Me<br />
contentei em ser massa de manobra, linha auxiliar...<br />
o que eles, na época, chamavam de inocente útil.<br />
Só que eu não era tão inocente assim. Estava mais<br />
para atormentado útil”.<br />
O Pasquim<br />
“Aí surge a idéia de fazer uma publicação de<br />
protesto. Eram Fortuna, Jaguar, Claudius e eu,<br />
mas quem mobilizava a turma era o Millôr (Na foto<br />
acima, Millôr, Jaguar e Ziraldo). Aí, tem uma reunião<br />
na minha casa, fi lmada pelo David Neves, para a<br />
fundação dessa publicação de humor e protesto.<br />
Antes disto, eu tinha sido diretor de arte da Visão e<br />
publicado cartuns no mundo inteiro. Aí fecharam o<br />
Manequinho, no Correio da Manhã, página de humor<br />
político do Fortuna, onde todos colaborávamos. Além<br />
de nós quatro e o Millôr, estiveram lá em casa, nesta<br />
reunião, esses meninos todos que já colaboravam<br />
com o Manequinho. Eles vieram, chefi ados pelo<br />
Henfi l. Entre eles, estavam Miguel Paiva, o Juarez<br />
Machado, o Redi, o Mayrink, o Vagn. Cinco velhos<br />
e os meninos: deu um racha na reunião. O pessoal<br />
optou por uma cooperativa pra fazer o jornalzinho<br />
de combate. Metade para os cinco velhos e metade<br />
para a rapaziada nova. O Henfi l disse: ‘nem pensar’<br />
e foi embora com os meninos. Eu queria fazer um<br />
jornal pra botar pra quebrar. Já tinha um agente em<br />
Nova Iorque e, se não desse certo, ia embora. Essa<br />
reunião e outras para fundar nosso panfl etário jornal<br />
deram em nada. Um dia, o Jaguar me liga dizendo<br />
que tinha arrumado um distribuidor que topava<br />
bancar a publicação e a distribuição em banca.<br />
Ele disse: ‘Como o Sérgio Porto morreu, o Tarso<br />
de Castro vai editar, o Claudius, Carlos Prosperi e<br />
o Sérgio Cabral estão com a gente e o jornal vai se<br />
chamar O Pasquim.’ Eu disse: ‘Ah, Jaguar, eu quero<br />
fazer um jornal independente, com distribuidor<br />
envolvido como vai ser independente?’ Além disso,<br />
o Millôr também disse que não ia e, se ele não ia,<br />
eu também não. Dias depois, eu estava em São
Paulo, liga a Vilma dizendo que o Jaguar tava lá em<br />
casa, dizendo que eu havia autorizado ele a pegar<br />
uns desenhos dos Zeróis, inéditos, para publicar<br />
no Pasquim, junto com um texto do Millôr. Pronto,<br />
saíram dois desenhos meus no Pasquim e o artigo<br />
do Millôr que virou antológico porque dizia que a<br />
imprensa e a publicidade eram um balcão de secos<br />
e molhados! (risos). Tiraram vinte mil exemplares.<br />
Era junho de 69, com o Ibrahim Sued na capa. Não<br />
era um jornal político, não era. Nem o Jaguar nem<br />
o Tarso de Castro tinham pretensões políticas, não<br />
tinha ninguém político no Pasquim, talvez só o Sérgio<br />
Cabral, que tinha sido do partidão. O Tarso era<br />
um bon vivant que queria conquistar o Rio, como<br />
de fato conquistou e teve todas as mulheres que<br />
quis na cama. Tarso era bonito, não tinha nenhum<br />
impedimento moral e passava uma segurança incrível<br />
pras mulheres. Dormiu com todas, até com a<br />
Candice Berger”.<br />
Flicts<br />
“O Pasquim sai com vinte mil exemplares como<br />
um jornal ipanemense indignadinho, mas a edição<br />
esgotou em dez minutos. A segunda em meia hora<br />
e a terceira também, somando tudo dava uns oitenta<br />
mil exemplares. Tiramos cem mil no segundo número.<br />
Quando já começávamos a ser postos contra a<br />
parede, começou a surgir gente nova como o Henfi l.<br />
E veio o Francis, e outros mais. Aí as circunstâncias<br />
nos transformaram<br />
num jornal de humor<br />
político, um jornal de<br />
combate. Um jornal<br />
que virou um símbolo<br />
da resistência. Quanto<br />
às famosas entrevistas<br />
do Pasquim, elas eram<br />
daquele jeito porque na<br />
verdade ninguém tinha<br />
saco de editar. A redação<br />
era meio bagunça<br />
e a gente decidia editar<br />
as entrevistas na íntegra<br />
e quando não dava pra<br />
entender a gravação,<br />
dizíamos: põe aí ‘ruídos’<br />
ou ‘risos’, o que acabou<br />
também virando o maior<br />
sucesso (risos). E fomos levando porrada atrás de<br />
porrada até chegar as bombas na redação. O Pasquim<br />
teve mil edições, durando até a anistia, quando<br />
perde sua força. Mas até aí ele foi signifi cativo, com<br />
o grande momento das entrevistas com os que estavam<br />
voltando do exílio. Com a campanha da anistia<br />
o Pasquim encerra um ciclo. Eu saio do jornal. No<br />
mesmo ano e mês de lançamento do Pasquim, eu<br />
tinha lançado Flicts e feito um sucesso igual ao do<br />
Pasquim. Nunca um livro fez tanto sucesso na cidade,<br />
virou uma paixão. No lançamento, das nove<br />
da manhã às duas da madrugada, autografei uns<br />
1.200 exemplares do livro. Não teve um cronista da<br />
imprensa brasileira que não tenha dado a notícia<br />
do lançamento e do sucesso de Flicts. Mas não dei<br />
continuidade à minha carreira de escritor infantil.<br />
Fiquei no Pasquim”.<br />
Menino Maluquinho<br />
“Depois de dez anos fazendo o Pasquim, meus<br />
amigos sendo presos, por coincidência no ano da<br />
anistia, lanço o Menino Maluquinho na Bienal do<br />
Livro de São Paulo, em 1980. De cara o livro vende<br />
cem mil exemplares. Não sou a referência do Menino<br />
Maluquinho, mas quando criança usava panela na<br />
cabeça enquanto os meninos botavam chapéu de<br />
jornal dobrado: eu era o capitão, pô! (risos). O sucesso<br />
do Menino Maluquinho todo mundo conhece, chegou<br />
ao cinema e à televisão. Eu já tinha criado muitos personagens,<br />
Jeremias, o Bom; os Zeróis, a Supermãe,<br />
Mineirinho Comequieto... Mas nenhum deles fez mais<br />
sucesso do que o Menino Maluquinho. Por falar na<br />
Supermãe, o substantivo está, primeiro no Aurélio,<br />
depois em todos os nossos dicionários brasileiros.<br />
Deixei de publicar o Jeremias, quando entrei pro<br />
Pasquim. Fiz ele voar, sumir: ele chega em casa, tira<br />
o paletó, a gravata e, quando tira a camisa, tem duas<br />
asas. Sai, então, voando e nunca mais aparece. Teve<br />
ainda o Sêo Pinto... tudo morre na vida, todo mundo<br />
teve um personagem por muito tempo e depois mata<br />
esse personagem. Muito antes do Angeli matar a Rê<br />
Bordosa, o Henfi l matou a Graúna, o Fradim..., o<br />
Conan Doyle matou o Sherlock Holmes. Chega uma<br />
hora que a gente já não suporta mais o cara. Mas<br />
personagens infantis não morrem nunca”.<br />
7
8<br />
Ler é melhor que estudar<br />
“Estamos aqui<br />
em Altamira, no<br />
dia 7 de junho de<br />
2002, editando<br />
esta historinha de<br />
60 anos. Esta é a<br />
entrevista mais verdadeira<br />
que eu já<br />
dei na minha vida,<br />
tem um monte de<br />
coisas aí que eu<br />
nunca contei pra<br />
ninguém”.<br />
(Durante três<br />
dias Ziraldo esteve,<br />
a convite da<br />
<strong>Eletronorte</strong>, em<br />
Altamira (foto abaixo), Tucuruí, Breu Branco e<br />
Belém, em contato com o povo e as crianças da<br />
região. Seu carisma é absoluto. Menino maluquinho<br />
que é, sua filosofia foi desenvolvida na<br />
Mata do Fundão: “Ler é melhor que estudar”,<br />
ensina às crianças; e continua a correr atrás dos<br />
seus sonhos, como o Compadre a correr atrás<br />
do Galileu: “eu ainda pego essa onça!” Agora,<br />
em agosto de 2007, Ziraldo complementa esta<br />
entrevista com o depoimento a seguir).<br />
Aquela noite em Altamira<br />
“Querido Alexandre, li com o maior interesse a<br />
entrevista em que, tomados de deslumbramento<br />
que as paisagens que nos cercavam naquele<br />
longínquo pedaço do Brasil, produziam em nós<br />
- que, encantados, nos descobrimos mutuamente<br />
- perpetramos esta entrevista, encharcada de<br />
uísque e alegria. Acho que nós dois exageramos:<br />
ela não tem tanta importância, a gente estava<br />
empolgado e você, essa pessoa rara, continuou<br />
empolgado até hoje. Muita coisa mudou na<br />
minha vida nestes cinco anos que nos separam<br />
daquela noite em Altamira. (Que belo título para<br />
um livro: “Aquela noite em Altamira”). Peraí, o<br />
pessoal vai achar que a gente é caso (risos).<br />
Não tem perigo. Nós somos espadas e, por esta<br />
razão, continuemos. Falei tanto na Vilma naquela<br />
noite e, veja você, hoje sigo a minha vida com<br />
outra companheira. É como se fosse uma outra<br />
vida. Um preço bastante caro para viver duas vidas<br />
em uma só existência. Mas independe de nossas<br />
decisões. Hoje estou casado com uma moça loura e<br />
linda, completamente diferente da Vilma que, entre<br />
outras diferenças, era morena. Mas linda, também.<br />
Quando eu digo loura linda você vai achar que, como<br />
um velho gaiteiro, me casei com uma mocinha. Nada<br />
disso. Ela é uma mulher feita, feitíssima, que tem o<br />
dom de ser também, fi lha de meu tio mais querido,<br />
meu tipo inesquecível, meu<br />
herói, irmão de minha mãe,<br />
que se chamava, para seus<br />
sobrinhos, Tilcinho, e para a<br />
vida prática, Wilson. Quando<br />
a Márcia nasceu, eu morava<br />
na casa deste meu tio e<br />
juro que não cantei para ela<br />
aquela canção que o Cláudio<br />
Cavalcanti cantava numa<br />
novela e que se chamava<br />
‘Menina’, lembra? E nem<br />
ela cantou para mim. O<br />
tempo é que tece o nosso<br />
tempo. Agora sim, estou<br />
contando pra você, coisa<br />
que nunca contei pra ninguém.<br />
No mais, continuo<br />
trabalhando sem olhar<br />
para o espelho. Só as<br />
falhas do meu corpo me<br />
avisam que já passei da<br />
hora... Mas eu não tomo<br />
conhecimento das falhas<br />
do meu corpo”. (Fotos e<br />
ilustrações: Arquivo Ziraldo/<br />
<strong>Eletronorte</strong>)
MEIO AMBIENTE<br />
Peixes que valem ouro<br />
Byron de Quevedo<br />
O antigo texto bíblico sobre a multiplicação<br />
de pães e peixes, em que Jesus Cristo,<br />
milagrosamente, sacia a fome de cinco mil<br />
seguidores seus pelo deserto, já mostra<br />
a preocupação dos grandes líderes com<br />
a produção de alimentos. Aumentar essa<br />
produção continua a ser meta fundamental<br />
dos governos através dos tempos. E, certamente,<br />
uma preocupação divina, prova<br />
disso é a grande diversidade de fontes ricas<br />
de nutrição na natureza. Notadamente os<br />
produtos derivados dos peixes, umas das<br />
primeiras opções alimentares, têm hoje<br />
outras utilidades na indústria, na medicina,<br />
no turismo, nas artes e nos esportes. Na<br />
Amazônia, que guarda cerca de 20% de<br />
toda a água doce do mundo, os peixes se<br />
multiplicaram e, mais uma vez, como um<br />
milagre, lá a pesca se tornou generosa e<br />
promissora. Cuidar e aumentar esse acervo<br />
é preciso. E se é verdade que nossos peixes<br />
valem ouro, a nossa água não tem preço.<br />
“Devemos preservar até por<br />
precaução, pois nunca se sabe<br />
quando uma espécie se mostrará útil.<br />
Devemos usar o que está na natureza,<br />
preservando as espécies com<br />
racionalidade e inteligência, sem<br />
depredar os ecossistemas”<br />
(Juras).<br />
A extinção de fl orestas, a contaminação, o<br />
assoreamento de rios e o crescimento populacional<br />
apontam para previsões pouco<br />
otimistas para vários países e já está sendo<br />
dito por muitos como sendo este “o século<br />
da fome”. Peixes: como sabê-los sem conhecê-los?<br />
Viajemos então pelos rios amazônicos<br />
para vê-los. Esse moço, o Juras, será<br />
o nosso instrutor e “canoeiro-guia”.<br />
9
10<br />
Peixes, razão de uma vida - Anastácio Afonso Juras, o<br />
Juras, é biólogo, mestre e doutor em Ciências pela Universidade<br />
de São Paulo - USP. Os peixes despertaram a sua<br />
atenção logo no início da graduação, em 1973. E a partir daí,<br />
iniciou os estudos de riachos, rios e barragens. Pesquisou<br />
em museus, tendo sempre como meta o aproveitamento<br />
dos recursos pesqueiros na alimentação de comunidades<br />
ribeirinhas, carentes de proteínas na alimentação diária.<br />
Chamou-lhe a atenção a possibilidade desses recursos serem<br />
aperfeiçoados ou melhorados geneticamente. “Para se<br />
ter o peixe como alimento, basta uma vara, alguns metros<br />
de linha, um bom local para pescar, sem grandes complexidades.<br />
É um alimento rico que oferece ainda outros<br />
subprodutos”.<br />
Estariam os administradores públicos e privados interessados<br />
nos motivos da queda da produção pesqueira no<br />
País, ou estariam os peixes vindo à tona com a nova onda<br />
ecológica mundial que gera dividendos àqueles que defendem<br />
a natureza? Segundo Juras não há tal onda. Ele crê que<br />
hoje a consciência está mais aguçada e as ações ligadas<br />
ao meio ambiente, mais vigiadas. Os regulamentos sobre o<br />
tema começaram no Brasil com o Código de Águas, de 1934.<br />
“Nele já existia o cuidado com os mananciais. Até então os<br />
órgãos ambientais estavam desaparelhados e a fi scalização<br />
era inadequada. O problema é mundial.<br />
No Japão, por exemplo, a pouca água<br />
existente precisa ser reciclada cinco<br />
vezes antes do consumo. Em 1972, com<br />
a 1ª. Conferência Mundial de Estocolmo<br />
do Meio Ambiente, em Oslo, deu-se<br />
início à regulação e fi scalização. A partir<br />
dali os governos passaram a investir nos<br />
órgãos ambientais. Depois vieram a Eco<br />
92, no Rio de Janeiro, e o Protocolo de<br />
Kyoto, no Japão, em 1997, dando nova<br />
ênfase aos cuidados com o ambiente. E<br />
as empresas tiveram que se adequar à<br />
nova legislação.”<br />
Peixes retirantes - Em 34 anos<br />
acompanhando as estatísticas dos<br />
desembarques pesqueiros na região<br />
amazônica, Juras verifi cou a diminuição da produção e a<br />
alteração dos habitats nas áreas de desmatamentos e de<br />
novas fronteiras agrícolas, em virtude das contaminações<br />
dos rios por agrotóxicos e mercúrio dos garimpos. “Os<br />
assoreamentos destroem os riachos e córregos, forçando<br />
a migração de peixes. Eles se tornam retirantes e, semelhantes<br />
aos seres humanos nas suas migrações, vão habitar<br />
áreas congestionadas. Nos grandes rios confl itam com<br />
os predadores maiores. Esses desequilíbrios ocorrem por<br />
ações antrópicas, ou seja, por atitudes humanas negativas<br />
sobre a natureza”.<br />
De acordo com Juras, a depredação, em muitos casos,<br />
pode ser revertida desde que haja interação entre os<br />
governos municipal, estadual e federal, para fazerem o
ordenamento territorial e a instalação dos comitês das<br />
bacias hidrográfi cas, estabelecendo as áreas para a extração<br />
da madeira, agricultura, mineração etc. “A falta<br />
desse macroplanejamento, que deve ser feito a partir das<br />
microbacias, afeta a saúde dos rios e lagos, o território<br />
livre dos peixes. Rios que atravessam metrópoles podem<br />
ser recuperados, sendo necessário que, ao dar o licenciamento,<br />
o órgão ambiental competente exija que as<br />
empresas tratem seus resíduos e devolvam suas águas<br />
em qualidade igual ou superior a que elas captaram na<br />
natureza. Não adianta multar, tem que conscientizar<br />
para não se jogar o lixo nos rios e dar condições para o<br />
hábito da reciclagem”.<br />
Nas regiões Sul e Sudeste, os agentes<br />
poluidores são os detritos, detergentes, ácidos<br />
e outros tipos de esgotos industriais. Já<br />
na Região Norte, os desmatamentos abrem<br />
clareiras nas fl orestas desnudando o solo.<br />
“As gotas de chuva caem com a velocidade<br />
média de setenta quilômetros por hora. Se<br />
não há a vegetação para amortecer o impacto,<br />
elas assoreiam o terreno provocando a<br />
erosão. Os primeiros cinqüenta centímetros<br />
do solo são repletos de nutrientes e matérias<br />
orgânicas. As enxurradas levam o fósforo,<br />
nitrogênio e outros elementos químicos para<br />
os rios. A conseqüência é o aparecimento<br />
de macrófi tas aquáticas (aguapés), vegetação que, em<br />
excesso, provoca proliferação de mosquitos e problemas<br />
para a navegação e usinas hidrelétricas, entre outros danos”,<br />
comenta Juras.<br />
Peixes que curam - Segue o nosso barco virtual rio abaixo<br />
e, aqui e acolá, passamos por cardumes meio santos. Salvar<br />
enfermos e debilitados: esta é a nova e promissora aplicação<br />
para os subprodutos dos peixes. Juras, da <strong>Eletronorte</strong>, em<br />
conjunto com a professora Alpina Begossi, da Unicamp, e<br />
o professor Renato Silvano, da Universidade Federal do Rio<br />
Grande do Sul, estudam espécies amazônicas como surubim,<br />
tucunaré, jaraqui, traíra e pacu, como complemento na<br />
dieta alimentar de populações humanas carentes, pois têm<br />
proteínas que regeneram rapidamente o organismo, principalmente<br />
após cirurgias. “É uma alimentação especializada<br />
para hospitais, clínicas e casas de saúde. Os nutricionistas<br />
podem ministrar aos seus pacientes dietas com esses peixes,<br />
pois já constatamos que a recuperação das pessoas chega<br />
a ser até quatro vezes mais rápida do que com as comidas<br />
tradicionais”, atesta Juras.<br />
Peixes que encantam - O nosso barco chega agora aos<br />
igarapés. Lá, Juras nos aponta belos exemplares que os<br />
colecionadores conhecem bem, entre centenas de outros:<br />
néon, guppy, aruanã, espada, plati, cará, lambari, piaba,<br />
trairinha, piabinha e cascudo, que é um peixe muito feio,<br />
mas bastante vendido, pois come o lodo das pedras e limpa<br />
os vidros do aquário. A comercialização desses pequeninos<br />
11
12<br />
souverniers vivos tem um enorme potencial. A Universidade<br />
Federal Rural da Amazônia, segundo um estudo da<br />
professora Rosália Furtado Cutrim Souza, já catalogou uma<br />
imensidão de espécies de peixes ornamentais. Só para se<br />
ter uma idéia dos valores deste mercado, o acari-zebra, que<br />
vive em águas de até vinte metros de profundidade na região<br />
do Xingu, custa, na Europa, cerca de duzentos euros, ou<br />
aproximadamente R$ 510,00 a unidade.<br />
Para fi ns de exportação, todos os peixes amazônicos são<br />
considerados ornamentais. Um exemplo, não muito positivo,<br />
é o da arrainha, bastante comum nos rios Tocantins e Araguaia,<br />
que chega a pesar 14 quilos, mas enquanto jovem<br />
é utilizada para enfeitar aquários. Segundo Juras, esse tipo<br />
de exportação é ilegal, porque são peixes que ainda não se<br />
reproduziram. “O ideal seria comercializar exemplares adultos<br />
com autorização do Ibama. Já estão usando, inclusive,<br />
o pirarucu, de até 15 centímetros nos aquários, o que é um<br />
crime, pois ele crescerá rapidamente e será sacrifi cado. O<br />
Ibama regula quais espécies podem ser exportadas, mas<br />
mesmo assim o contrabando é intenso”.<br />
Peixes lucrativos - Juras mostra as margens nos lembrando<br />
que os benefícios dos peixes estão fora d’água. Diz ele que<br />
uma mesma espécie pode ter dezenas de variações, o que<br />
aguça a mente dos colecionadores e o ânimo do mercado<br />
internacional. No Tocantins já foram catalogadas cinqüenta<br />
espécies só do acará-disco, um peixe redondo e fi no com<br />
várias cores e nuances. Em Oeiras, no Pará, também há<br />
grandes quantidades de peixes ornamentais, constatação<br />
que está sendo feita por Juras num estudo em conjunto<br />
com as comunidades ribeirinhas. “O objetivo é propiciar a<br />
autosustentabilidade dos recursos. As cooperativas são uma<br />
iniciativa da própria população. Para formá-las é necessário<br />
no mínimo vinte pessoas. A <strong>Eletronorte</strong>, por exemplo, tem<br />
incentivado a formação de cooperativas em Breu Branco<br />
e em outros municípios à jusante da Usina Hidrelétrica<br />
Tucuruí. Já ministrei cursos de cooperativismo aplicado à<br />
pesca, levando informações atualizadas sobre a legislação<br />
e a comercialização. As cooperativas são importantes, pois<br />
conscientizam sobre as riquezas locais e promovem a união<br />
das pessoas em torno de um objetivo comum”.<br />
A partir de 1972, vários governos incentivaram a formação<br />
de cooperativas, inclusive com desoneração de impostos<br />
por se tratar de uma questão social, evitando a ação dos<br />
atravessadores. Essa forma de associação teve origem na<br />
Inglaterra, há 130 anos, portanto, é algo novo em muitos<br />
países. “Ajudamos a criação de cooperativas com estatutos,<br />
contemplando produtos fl orestais e de origem animal, que<br />
agreguem valores aos itens tradicionais. Por exemplo, um<br />
quilo de tucunaré, em Tucuruí, custa de R$ 6,00 a R$ 12,00,<br />
dependendo da entressafra. Se o produtor transformá-lo em<br />
fi lé, lingüiça, salames e outros subprodutos, os lucros aumentarão<br />
signifi cativamente. Para tanto, basta ter uma tábua<br />
de corte, facas e recipientes. Pescando com racionalidade e<br />
respeitando os períodos da piracema, quando os peixes se<br />
reproduzem, todos sempre terão o que pescar”.
Peixes de criação - O nosso barco virtual também navega<br />
pelos lagos das hidrelétricas, aqueles contidos por grandes<br />
barragens de onde sai a energia elétrica que abastece a<br />
economia do País. A <strong>Eletronorte</strong> está fazendo estudos ambientais<br />
para a implantação de parques aqüícolas no lago<br />
de Tucuruí, por solicitação da Secretaria de Aqüicultura e<br />
Pesca, da Presidência da República. O objetivo é a produção<br />
de peixes em gaiolas, em larga escala. Esse trabalho<br />
conta também com a parceria do Ibama, da Sectam, o<br />
órgão estadual de meio ambiente do Pará, e outros órgãos<br />
e instituições, para atender a toda a legislação e exigências<br />
ambientais.<br />
“A proposta é utilizar 0,25 % do lago de Tucuruí para<br />
produzir cerca de nove mil toneladas de pescado por ano. O<br />
estudo, que será utilizado em outros reservatórios hidrelétricos,<br />
é direcionado às populações ribeirinhas. Estamos controlando<br />
os desembarques pesqueiros, que é quando a frota<br />
artesanal desembarca em Tucuruí e em outras cidades do<br />
entorno da hidrelétrica. Verifi camos que eles correspondem<br />
a seis ou sete mil toneladas por ano. Nos parques aqüícolas,<br />
com áreas de 120 a 150 hectares, estarão<br />
desembarcando cerca de nove mil toneladas<br />
de peixes, provando que é possível utilizar<br />
os recursos hídricos de forma racional e<br />
sustentável, e contribuir com a redução da<br />
fome no Brasil e no mundo”.<br />
Peixes que fi caram em Tucuruí - Lembra<br />
ainda Juras que as regiões Sul e Sudeste,<br />
em virtude do inverno rigoroso, produzem<br />
uma safra que dura entre seis a oito meses<br />
de pesca. Já na região dos trópicos, a<br />
produção é contínua o ano todo, com duas<br />
safras. “Na margem esquerda de Tucuruí, perto de Jacundá<br />
e Novo Repartimento, fi caram árvores submersas. Nelas, os<br />
peixes encontram abrigo. Lá fi cam protegidos das redes dos<br />
pescadores e dos peixes predadores maiores. Se a madeira<br />
continuar ali pelos próximos 100 anos, decompondo-se<br />
lentamente, muitas espécies serão preservadas. É uma<br />
área de esconderijo, alimentação e reprodução. As ovas dos<br />
peixes podem fi car incrustadas nos troncos das árvores a<br />
até quarenta metros de profundidade”.<br />
Hoje, constata-se que as espécies existentes há 25 anos<br />
a montante da hidrelétrica acomodaram-se ao ambiente<br />
lêntico (local com água parada e limpa): o tucunaré, a<br />
pescada e vários tipos de piranhas proliferaram-se. Já no<br />
ambiente de água corrente, a jusante da barragem, ocorrem<br />
vários tipos de bagres. “Hoje há menos espécies, mas em<br />
contrapartida temos no lago muitos indivíduos por espécie.<br />
A biomassa, o volume e o peso dos peixes que são desembarcados<br />
no lago alcançam cerca de seis mil toneladas por<br />
ano. Antes da formação do lago, esse peso não chegava<br />
a seiscentas toneladas. Constatamos que as espécies não<br />
existentes no ambiente acima de Marabá migraram para<br />
outras áreas do Rio Tocantins e retornam ao lago para se<br />
alimentar e reproduzir, e depois sobem novamente o rio.<br />
13
14<br />
Em suma, todas as espécies que existiam<br />
antes da formação do reservatório da hidrelétrica<br />
ainda estão lá. Apenas algumas<br />
não podem ser comercializadas. Abaixo da<br />
barragem, o jaraqui e o mapará tiveram seus<br />
estoques reduzidos, mas ainda existem em<br />
boa quantidade”, afi rma Juras.<br />
Peixes que controlam epidemias - Na<br />
Amazônia existem muitos ambientes propícios<br />
à sobrevivência dos peixes. Qualquer<br />
um a bordo de nossa canoa virtual pode<br />
pressentir em tantas águas profundas e<br />
margens quilométricas que ainda há muitas<br />
espécies a serem descobertas. Na literatura<br />
constam em torno de dois mil tipos de peixes.<br />
Alguns se alimentam dos nutrientes ou<br />
de outros elementos existentes apenas em<br />
determinados lugares que, se destruídos,<br />
os danos serão incalculáveis, pois podemos<br />
perder a chance de obter os princípios<br />
físico-químicos para a cura de muitas doenças,<br />
entre outras utilidades. De acordo com Juras, há<br />
peixes que se alimentam de larvas de mosquitos, e com<br />
isto controlam males como a dengue e a malária. “O mais<br />
importante desses estudos é conhecer a função dos peixes<br />
na natureza. O governo brasileiro tem feito investimentos, por<br />
intermédio de vários órgãos da Amazônia, como o Instituto<br />
Nacional de Pesquisas da Amazônia - Inpa, em Manaus, e<br />
o Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém. A <strong>Eletronorte</strong>,<br />
em conjunto com essas e outras instituições, também tem<br />
realizado pesados investimentos em pesquisas. Catalogamos<br />
cinqüenta novas espécies, principalmente na família das<br />
piranhas. Há ainda outras sem valor econômico, mas com<br />
enorme importância ecológica”.<br />
Peixes que se disfarçam - Há uma teoria sobre as espécies<br />
endêmicas, aquelas que ocorrem em um só local. Dizem os<br />
cientistas que na era geológica pleistoceno, há cerca de 150<br />
milhões de anos, parte da região do Amazonas, Roraima e a<br />
área de Belém fi cavam submersas no mar. Havia lá ilhotas<br />
que hoje são morros. Nas lagoas em volta desses morros,<br />
desenvolveram espécies de características únicas. Com o<br />
abaixamento do nível dos mares, essas áreas fi caram isoladas,<br />
formando os chamados hot spots (pontos quentes). As<br />
colorações originais dos peixes, aves, lagartas e borboletas<br />
vêm dos próprios pigmentos desenvolvidos para protegeremse.<br />
Por exemplo, o tucunaré tem na cauda um formato de<br />
olho que confunde seus predadores; outros apresentam colorações<br />
ilusórias dando a impressão de que são maiores. E o<br />
predador foge. Essa capacidade genética de mesclarem-se<br />
ao ambiente chama-se mimetismo. Os peixes que adornam<br />
os aquários têm essa riqueza de nuances, que mudam a<br />
cada estação do ano. De acordo com Juras, “geralmente são<br />
peixes pequenos que entram nos espaços entre rochas e<br />
lá se alimentam, ao mesmo tempo em que fogem dos seus
predadores. Os peixes coloridos quando<br />
morrem perdem a cor. Já o tuvira-sarapó<br />
tem seu alimento entre as pedras e por isso<br />
desenvolveu um bico longo. Se destruirmos<br />
o pedral, a sua casa, perderemos espécies<br />
como estas, que levaram vinte mil anos para<br />
se formar, e todas têm sua utilidade”.<br />
E a barca segue. Agora, passamos pelos<br />
estuários e vamos em direção ao alto-mar,<br />
posto frente aos portões das entradas amazônicas.<br />
Encontramos o mais magnífi co de todos<br />
os farsantes: o tubarão. Seu valor comercial<br />
é inestimável: barbatanas, tecidos, órgãos<br />
e pele mostram-se úteis a novas aplicações<br />
com o avanço da tecnologia. Esse dissimulador<br />
visto de baixo para cima mostra-se de barriga branca,<br />
um recurso que ele usa para se confundir com o próprio céu,<br />
já os que o observam de cima para baixo pensam que o seu<br />
dorso é escuro. “Assim ele se confunde com o escuro do<br />
fundo do mar. O tubarão é um peixe totalmente adaptável ao<br />
seu ambiente. Ele é um caçador que não provoca desequilibro<br />
na natureza” - acrescenta Juras.<br />
Peixes da Amazônia Azul - Mas a região amazônica não<br />
termina quando acabam as suas terras, ela muda de cor e<br />
entra pelo Atlântico. E que o nosso canoeiro tenha braços,<br />
pois o Brasil possui mais águas para serem navegadas. É<br />
que após vinte anos de pesquisas e negociações internacionais,<br />
o País obteve da Comissão de Limites da Plataforma<br />
Continental, da ONU, a autorização para explorar economicamente<br />
mais 950 mil km² de mar além dos 3,5 milhões de<br />
km² que já tem direito. A menos que haja contra-ordens, a<br />
Plataforma Continental Jurídica Brasileira terá 4,5 milhões<br />
km². A nova área estende-se ao longo da costa, a partir<br />
do limite das duzentas milhas até os limites exteriores da<br />
margem continental, nas regiões em que as características<br />
do prolongamento do território nacional se enquadram nas<br />
disposições da Convenção Nacional das Nações Unidas<br />
sobre o Direito do Mar. Essa nova área está sendo chamada<br />
de Amazônia Azul, e guarda recursos minerais e pesqueiros<br />
expressivos. Nesse novo contexto, os peixes marinhos, como<br />
a gurijuba, a pescada amarela, o tubarão, ricas fontes de<br />
cálcio e com outras aplicações no vestuário, alimentos e<br />
medicina, ganham maior importância, dando mais fôlego<br />
ao comércio exterior brasileiro.<br />
Peixes especiais e espaciais - Segundo Juras, a produção<br />
pesqueira brasileira já ultrapassou um milhão de toneladas<br />
por ano. Em 2005, a Região Norte produziu 135.596,5<br />
toneladas de pescado. Detém a maior produção da pesca<br />
extrativa continental do Brasil. Os estados do Pará e Amazonas<br />
são os maiores produtores. A produção da pescadaamarela,<br />
com 21 mil toneladas e a gurijuba, com oito mil<br />
toneladas, se prestam a uma gama tão vasta de aplicações<br />
que seus quilos de carne saborosa e de bom valor econômico<br />
praticamente fi cam em segundo plano.<br />
15
16<br />
“Elas são capturadas com os apetrechos<br />
artesanais: espinhel e rede de emalhar, principalmente<br />
no município de Vigia de Nazaré,<br />
no Pará, e no Amapá, o maior produtor dessas<br />
espécies. São peixes que formam cardumes<br />
numerosos em alto-mar. Os pescadores comercializam<br />
também a bexiga natatória, conhecida<br />
como “grude”, mais valiosa do que o próprio<br />
peixe. Ele é industrializado para a obtenção de<br />
gelatinas de alta qualidade. É utilizado na indústria<br />
de bebidas, principalmente de cerveja<br />
e vinho, como agente clarifi cante, pois atua no<br />
seqüestro das partículas em suspensão. Tem<br />
fi nalidade também na indústria como espessante,<br />
emulsifi cante, dispersante, gelifi cante<br />
e adesivo base. Novas aplicações estão sendo<br />
investigadas, porém a mais importante delas<br />
talvez seja o uso deste órgão para a fabricação<br />
de fi os cirúrgicos biodegradáveis, que evitam<br />
nova operação para a retirada dos pontos, em<br />
muitas intervenções complexas”.<br />
Juras lembra a pesquisa Caracterização do<br />
Processamento e Cadeia de Comercialização<br />
do Grude da Pescada Amarela e Gurijuba,<br />
de autoria de Andréia da Silva Lisboa, onde<br />
a professora comenta que, em Vigia, por ser<br />
uma região que sofre a infl uência de água doce, a produção<br />
do município também abrange as espécies típicas<br />
de água doce e salobra como a piramutaba, dourada, os<br />
bagres (gurijuba, cangatá, cambéua, uritinga, uricica, bandeirado)<br />
que representam parte importante da produção<br />
vigiense. “As pescarias são realizadas desde a foz do Rio<br />
Pará, estendendo-se à costa marítima da Ilha do Marajó, à<br />
foz do Amazonas e à costa do Amapá até o Cabo Orange.<br />
Após a chegada das embarcações em terra fi rme, o pescado<br />
é desembarcado às margens do Rio Açaí, no bairro<br />
do Arapiranga, no trapiche municipal e em vários outros<br />
pontos da orla. Ao desembarcar, a produção está quase<br />
toda comprometida com os comerciantes de peixes, intermediários<br />
e caminhoneiros, em função de compromissos<br />
anteriores existentes entre estes e os donos das embarcações.<br />
A bexiga natatória é comercializada nas formas seca<br />
e molhada. A forma molhada refere-se ao grude in natura<br />
e o grude seco refere-se àquele que sofre o processo de<br />
secagem ao sol ou estufa”.<br />
Há ainda outras espécies amazônicas que vão além das<br />
especiais: são espaciais. Com o avanço da tecnologia aeroespacial,<br />
novas e antigas substâncias têm sido utilizadas<br />
nos vôos fora da órbita da Terra. Quando fora da gravidade<br />
ou em situações extremas de temperaturas, certas substâncias<br />
agem para preservar o calor ou o frio. Muitos espécimes<br />
amazônicos se mostram altamente resistentes nesses casos.<br />
Os nossos peixes exportados estão sendo pesquisados em<br />
vários laboratórios do mundo para muitas aplicações em<br />
tecnologia avançada. Mas esse é um assunto para outras<br />
viagens, com muitos outros “canoeiros”.
Peixes que são deliciosos - E falando em peixes sempre<br />
bate uma fome danada. Atraquemos nossa canoa virtual às<br />
margens do Rio Negro. O tucunaré, também nomeado Furiba,<br />
peixe-da-moeda e peixe-zebu, é uma boa pedida, e até<br />
indicado como revigorante após longas viagens. Poderíamos<br />
indicar também o pacu-manteiga, um peixe muito apreciado<br />
no Médio Tocantins, especialmente no Rio Araguaia, que por<br />
ser onívoro, consome folhas, frutos, sementes e invertebrados,<br />
nos lagos e margens dos rios, sendo muito gostoso e saudável.<br />
Mas vamos ao tucunaré, pois tem 100% de aprovação.<br />
Até bem pouco tempo pagava-se caro para saborear a<br />
Caldeirada de Tucunaré. Após a formação do lago da Hidrelétrica<br />
Balbina, na cercania de Manaus, Amazonas, este<br />
peixe proliferou, mas não deixou de ser especial pelo sabor<br />
único. Mas deixemos de conversa e vamos mandar a receita,<br />
pois tá todo mundo, ou o mundo inteiro, com fome.<br />
A receita é simples, originada das margens do Rio Uatumã,<br />
e ditada por D. Patrícia, do Restaurante Itaporanga,<br />
da cidade de Presidente Figueiredo. Enquanto bebemos<br />
uma cerveja geladinha<br />
aí vai uma porção para<br />
três pessoas se fartarem.<br />
Pegue meio quilo<br />
de tomate, cebolas,<br />
cheiro-verde, pimentade-cheiro<br />
(cuidado se<br />
for usá-la no tucupi).<br />
Quatro peixes de tamanho<br />
médio cortados em<br />
no máximo três postas<br />
cada. Tempere com<br />
sal e limão e bote na<br />
espera. Numa panela<br />
grande, coloque óleo o<br />
sufi ciente para refogar<br />
todos os temperos juntos.<br />
Em outra panela<br />
menor coloque para<br />
cozinhar quatro ovos e<br />
uma porção de batatas<br />
inteiras ou cortadas ao<br />
meio. É importante lavar<br />
bem o ovos e as batatas, pois é com a água da fervura deles<br />
que se faz o restante do prato, aproveitando as proteínas.<br />
Quando o refogado estiver no ponto, engrosse com uma<br />
ou duas colheres de extrato de tomate, e junte a água. No<br />
caldo coloque os peixes e deixe ferver. Acrescente, então,<br />
depois de cozido o peixe - o que demora muito pouco - as<br />
batatas e os ovos. Com um pouco do caldo faça um pirão,<br />
acrescentando farinha de mandioca branca e mexendo sem<br />
parar. Serve-se de duas maneiras: tudo numa sopeira de<br />
alumínio ou panela de barro, com concha, escumadeira<br />
e colher grande; ou separado: o peixe numa travessa e o<br />
caldo na sopeira. Acompanha arroz branco ou baião-dedois,<br />
farofa ou farinha, o pirão e para quem gosta, pimenta<br />
murupi picada no prato. Delicie-se.<br />
17
ENERGIA<br />
18<br />
Corrente Contínua, pedra fundamental da<br />
comunicação institucional da <strong>Eletronorte</strong><br />
“<br />
(...) O nome sugere exatamente a continuidade<br />
nesta tarefa de informar e ser<br />
informado, básica para que todos nós<br />
possamos conhecer problemas e acertos<br />
que a Empresa deve assumir. Por último, o<br />
nome sugere, também, uma solução, uma<br />
espécie de ovo de Colombo para a energia<br />
hidrelétrica na Amazônia e, portanto, para<br />
a <strong>Eletronorte</strong> (...) . ”<br />
Assim o primeiro presidente da <strong>Eletronorte</strong>,<br />
Raul Garcia Lhano apresentava a<br />
primeira edição de Corrente Contínua, um<br />
boletim com oito páginas, lançado em agosto<br />
de 1977. Os destaque eram os 15 anos da<br />
Eletrobrás; os trabalhos de “linha de frente”<br />
no Amapá; os serviços médicos; a Semana<br />
da Pátria e até “como se vestir simples no<br />
trabalho sem perder a elegância”.<br />
De lá pra cá Corrente Contínua evoluiu<br />
gráfi ca e editorialmente passando de boletim<br />
a jornal e de jornal a revista, um longo<br />
caminho de trinta anos onde está registrada<br />
a história da <strong>Eletronorte</strong> e parte da história<br />
da Amazônia e do Brasil.<br />
Em maio de 1978 ganhou uma coloração<br />
amarronzada e um formato que valorizava<br />
a então logomarca da Empresa. Coaracy<br />
Nunes e Tucuruí já dominavam o noticiário,<br />
mas ainda tinha tempo para falar de<br />
segurança no trabalho e campeonatos de<br />
futebol da Associação dos Empregados da<br />
<strong>Eletronorte</strong> - Aseel.<br />
Em maio de 1981, nova concepção gráfi ca<br />
e o logotipo do jornal mais próximo do que é<br />
hoje. Sob o título “Nova Imagem”, o editorial<br />
de capa dizia: “A transformação foi bastante<br />
radical, tanto na forma quanto no conteúdo.<br />
Basicamente seguimos a fi losofi a aplicada<br />
na via do País hoje: ‘produzir mais e poupar’,<br />
isto é, com o mesmo espaço, estaremos oferecendo<br />
um volume muito maior de informações<br />
- e essa maior produtividade equivale<br />
a uma poupança”. As colunas ganharam<br />
ícones próprios: Carta ao Leitor, Destaque,<br />
Para sua Informação, Fique Ligado, Gente<br />
e Linha de Frente.<br />
Em janeiro de 1983, para comemorar<br />
os dez anos de criação da <strong>Eletronorte</strong>, Corrente<br />
Contínua ganha nova “cabeça” e sai<br />
todo na cor verde, com manchete para a<br />
posse do novo diretor-presidente, Douglas<br />
Souza Luz. E o editorial: “Nossa Empresa<br />
completa seus dez anos de existência. Muito<br />
trabalho, dedicação, esforços e até sacrifícios<br />
preenchem as páginas de sua história.<br />
Isso precisa ser comemorado. É tempo de<br />
alegrias, recordações, de festa. A primeira<br />
delas é a nova roupagem do Corrente Con-
tínua: novo cabeçalho, nova cor, novo tipo<br />
de letra e a marca dos dez anos inserida em<br />
cada página”.<br />
O cabeçalho mudaria novamente em<br />
janeiro de 1984, mas a cor verde ainda<br />
predominava. A capa destaca a breve inauguração<br />
de Tucuruí (“Marquem em seus<br />
calendários: 22 de novembro de 1984. É<br />
a data de inauguração da nossa Usina, a<br />
Usina Hidrelétrica Tucuruí. Foi o João quem<br />
disse. E palavra de Presidente é palavra de<br />
Rei. Falou, tá falado”). Mas a concretagem<br />
de Samuel, os serviços de microfi lmagem e<br />
a segurança e medicina no trabalho também<br />
ganharam destaque.<br />
Um ano depois, em janeiro de 1985, a<br />
cor verde desaparecia e as matérias fi cavam<br />
mais densas. O uso de fotografi as também<br />
ganhava corpo, bem como os depoimentos<br />
de pessoas infl uentes no Brasil da época.<br />
Tucuruí já expandia sua primeira casa de<br />
força e os olhos agora se voltavam para<br />
Balbina.<br />
O verde só voltaria em setembro de<br />
1988, mas somente no logotipo do jornal e<br />
como fundo de box. Tomava posse o novo<br />
diretor de Operação, Delcídio do Amaral, e<br />
as notícias já se voltavam mais para o Setor<br />
Elétrico e para a Usina de Manso, no Mato<br />
Grosso. No entanto, veja só, ainda se falava<br />
em automatização do setor de rádio e telex,<br />
ferramentas que foram ultrapassadas pela<br />
informática.<br />
Em janeiro de 1990 é introduzida a cor<br />
azul, ofi cial da <strong>Eletronorte</strong>, no lugar do verde.<br />
Pelas manchetes é possível ter uma idéia da<br />
expansão das atividades da Empresa e de<br />
como ela já se posicionava como estratégica<br />
no Setor Elétrico brasileiro: “<strong>Eletronorte</strong> propõe<br />
equacionamento energético do Estado do<br />
Tocantins”; “Nacionalização de peças economiza<br />
US$ 5 milhões”; “Em Manaus, indústrias<br />
consomem mais de 33% de toda a geração”;<br />
“Os usos múltiplos da UHE Lajeado”; “Inter-<br />
venções automáticas melhoram desempenho<br />
do sistema interligado”, e por aí vai.<br />
Em junho de 1994 vem uma nova proposta<br />
de cabeçalho, mas a cor azul ainda<br />
permanece. O editorial destaca a criação<br />
do Comitê Superior de Planejamento da<br />
<strong>Eletronorte</strong> e uma chamada logo abaixo vem<br />
a apresentação do novo projeto gráfi co após<br />
três anos sem o jornal circular.<br />
Mudança que durou apenas uma edição,<br />
porque no mês seguinte, julho de 1994, a<br />
proposta já era outra; e um mês depois a<br />
grande transformação com a introdução do<br />
uso de quatro cores na capa e contracapa,<br />
ou seja, fotografi as coloridas passaram a<br />
ilustrar o jornal. A energia de Samuel chegava<br />
ao interior de Rondônia e a área de meio<br />
ambiente já trabalhava com equipamentos<br />
de última geração, como o sensoriamento<br />
remoto.<br />
Novembro de 1994, nova mudança de<br />
logotipo e a manchete: “Tucuruí, a luz do<br />
futuro”, já adiantando as transformações<br />
advindas do Programa <strong>Eletronorte</strong> de Qualidade<br />
e Produtividade. Eventos e comemorações<br />
se juntavam ao crescimento do meio<br />
ambiente como assunto recorrente no jornal<br />
e na imprensa brasileira e mundial.<br />
Uma pequena mudança aconteceu em<br />
junho de 1996. Enquanto isso a energia de<br />
Tucuruí chegava ao oeste do Pará e a privatização<br />
começava a rondar o Setor Elétrico.<br />
Em fevereiro de 1997, outro pequeno<br />
ajuste no projeto gráfico encabeçava a<br />
manchete “Está nascendo o novo norte”,<br />
notícia sobre o novo credo empresarial da<br />
época. Grandes fotos coloridas ilustravam<br />
um momento de expansão nas atividades da<br />
Empresa: “Brasil e Venezuela fecham acordo<br />
para fazer linha de transmissão até Boa<br />
Vista”; “População faz festa em Macapá e<br />
Porto Velho”; “<strong>Eletronorte</strong> garante o fornecimento<br />
de mais 690 MW para o Mato Groso”;<br />
“Tramo-Oeste: energia elétrica de Tucuruí vai<br />
19
20<br />
chegar ao interior do Estado”; “Amazonas,<br />
R$ 80 milhões solucionam problemas de<br />
energia nos próximos dois anos”.<br />
Em outubro de 1997 o nosso “jornalzinho”<br />
se transforma em tablóide, papel especial e<br />
todo em cores, numa diagramação moderna<br />
e limpa. Dizia o editorial: “Ao propor mudanças<br />
para o Corrente Contínua, o Jornal da <strong>Eletronorte</strong>,<br />
estamos trabalhando para melhorar<br />
o processo de comunicação empresarial.<br />
Começamos ousando na diagramação e no<br />
papel, mas nos próximos números poderemos<br />
implantar novas idéias até chegarmos a<br />
um produto que satisfaça ao máximo nossos<br />
públicos interno e externo”.<br />
Mudanças que vieram rápido, em novembro<br />
de 1997, uma nova cabeça, extremamente<br />
moderna lembrando uma linha viva de transmissão<br />
de energia ou fi bra óptica. Manchete<br />
encimando uma belíssima foto: “Do Mato<br />
Grosso ao Maranhão, mais energia para 3,5<br />
milhões de pessoas”. Novas colunas foram introduzidas,<br />
como “Dando o que falar”; “Você<br />
conhece?” e “Curtas no circuito”.<br />
Em janeiro de 2000 muda apenas o papel,<br />
mas a manchete é de um evento inesquecível,<br />
os 15 anos da Usina Hidrelétrica Tucuruí:<br />
“Brasileira, com muito orgulho”; e logo abaixo:<br />
“PQGF: <strong>Eletronorte</strong> conquista Faixa Prata<br />
pela segunda vez consecutiva”. Também surgem<br />
nesta edição os anúncios institucionais<br />
da <strong>Eletronorte</strong>. A metodologia TPM começa<br />
a se disseminar pela Empresa e o ‘bug’ do<br />
ano 2000 não passou de um blefe.<br />
Veio então o maior salto de qualidade na<br />
história de Corrente Contínua. A edição 200,<br />
de setembro de 2001, já é uma revista. Uma<br />
belíssima foto da Volta Grande do Xingu e a<br />
manchete “Belo Monte, a esperança que vem<br />
do Xingu”. Edição histórica: novo logotipo,<br />
tamanho, papel, impressão, qualidade de<br />
textos e fotos. Diz o editorial: “Agora uma nova<br />
mudança o transforma numa revista, nova<br />
disposição gráfi ca e visual, edição de textos e<br />
fotos e colunas. E com a nobre função de estar<br />
atento à divulgação das ações empresariais,<br />
sejam sobre a atuação da <strong>Eletronorte</strong> na Amazônia,<br />
sejam para a melhoria da comunicação<br />
interna e da excelência da gestão”.<br />
Em setembro de 2003 a revista passa a<br />
ser editada em papel especial e insere novos<br />
artifícios de diagramação, mantendo a ampla<br />
cobertura às ações da Empresa em suas<br />
diversas frentes de trabalho e publicando<br />
os anúncios institucionais. Diz o editorial:<br />
“Seu novo visual, com impressão em papel<br />
reciclado e moderna diagramação, remete<br />
a um tom despojado, sem, no entanto, deixar<br />
de transparecer o capricho de todos os<br />
profi ssionais envolvidos na elaboração de<br />
cada edição da revista”.<br />
Após dois anos sem circular, Corrente<br />
Contínua volta em maio de 2007, mais uma<br />
vez de cara nova. Novo projeto gráfi co, novo<br />
tamanho, novo papel, nova linha editorial,<br />
novas colunas. E nesta edição de agosto de<br />
2007 surge um novo logotipo, integrado ao<br />
espaço da primeira página.<br />
É assim, se adaptando aos momentos de<br />
cada época, acompanhando a evolução gráfi -<br />
ca e editorial do momento e, principalmente,<br />
sendo a voz da <strong>Eletronorte</strong> junto à sociedade<br />
brasileira que, sem dúvida, Corrente Contínua<br />
se transformou na peça fundamental da<br />
comunicação institucional da Empresa.<br />
Em tempo: somos tricampeões do<br />
Prêmio Aberje - Associação Brasileira de<br />
Comunicação Empresarial: Melhor Jornal<br />
Interno da Região Centro-Oeste/Leste, em<br />
1998 e 2001, e Melhor Revista Interna da<br />
Região Centro-Oeste/Leste, em 2003.<br />
“<br />
Ao longo dos últimos 30 anos, Corrente<br />
Contínua tem documentado o dia-a-dia da<br />
<strong>Eletronorte</strong>. Retratado, de forma fi dedigna,<br />
os mais importantes acontecimentos que<br />
marcaram a vida da Empresa. O rico acervo<br />
contido nas edições de Corrente Contínua é<br />
excelente fonte de pesquisa sobre a memória<br />
da nossa história. Seria interessante que se<br />
criasse uma seção, veiculando matérias que<br />
marcaram o nosso passado. Tenho certeza<br />
que temos muitos bons momentos e situações<br />
para recordar, o que também poderá<br />
interessar aos novos colaboradores . ”<br />
(Francisco Antônio Almendra)<br />
- em 1986 e 2007
“<br />
Uma das características mais importantes<br />
do ser humano é a memória, é relembrar os<br />
atos que contribuíram para a construção de<br />
alguma coisa. Corrente Contínua vem, ao<br />
longo dos anos, registrando importantes momentos<br />
da nossa história, acontecimentos<br />
marcantes da nossa Empresa, que têm contribuído<br />
de maneira exemplar para o crescimento<br />
do Brasil. Parabenizamos a todos os<br />
que a fazem ao logo de todos esses anos, e<br />
desejamos que se prolongue, sempre registrando<br />
os atos e as contribuições daqueles<br />
que integram a <strong>Eletronorte</strong>, cujas atitudes<br />
fazem a grandeza dessa Empresa .<br />
(Carlos Nascimento) - em 1985 ” e 2007<br />
“<br />
Sem dúvida, integração é a palavra que<br />
mais identifi ca o resultado desses 30 anos<br />
de Corrente Contínua. Antes dela, não tínhamos<br />
isso que, para mim, é o signifi cado<br />
maior da revista . ”<br />
(Mário Gardino) - em 1980 e 2007<br />
“<br />
A Corrente Contínua é a história da <strong>Eletronorte</strong><br />
e a Empresa é parte integrante da<br />
minha vida. São 30 anos muito felizes, de<br />
realizações, de amizades, de compromisso.<br />
Nós vivemos grandes emoções juntos,<br />
e todos construíram a Empresa, cada um<br />
contribuindo um pedacinho com a sua formação,<br />
a sua motivação. E toda essa vida<br />
está retratada em Corrente Contínua . ”<br />
(Isolda Maciel de Almeida)<br />
- em 1978 e 2007<br />
“<br />
Para mim tem um grande valor. Como<br />
empregado da <strong>Eletronorte</strong> há muitos anos,<br />
vejo na Corrente Contínua um veículo muito<br />
importante para integrar colaboradores, trazer<br />
notícias sobre a Empresa e, a gente que<br />
trabalha aqui, muitas vezes se vê sendo notícia<br />
- e notícia boa. Faço questão de ser um<br />
dos primeiros a ler e sou um incentivador. O<br />
pessoal da Comunicação está de parabéns<br />
por ter mantido essa ferramenta esses anos<br />
todos e espero que continue sempre assim,<br />
trazendo um pouco da história da Empresa,<br />
o que é fundamental . ”<br />
(José Henrique Machado Fernandes)<br />
- em 1980 e 2007<br />
21
22<br />
“<br />
Para nós a Corrente Contínua é o registro<br />
da memória da <strong>Eletronorte</strong>. Ao longo dos<br />
anos vem registrando fatos importantes da<br />
nossa história. Hoje, se alguém precisar fazer<br />
uma pesquisa sobre a trajetória da Empresa<br />
a revista é uma boa fonte de consulta .<br />
(Tenysson de Matos Andrade) ”<br />
- em 1984 e 2007<br />
”<br />
Ingressei na <strong>Eletronorte</strong> em 1976 e minha<br />
primeira experiência gerencial foi em Mato<br />
Grosso, cuja sede era em Rondonópolis,<br />
interior do estado. Corrente Contínua era o<br />
veículo mais importante para nós, pois não<br />
tínhamos as facilidades tecnológicas de<br />
hoje. Era uma forma de nos comunicar com<br />
a Empresa e conhecer as melhores práticas<br />
que estavam sendo desenvolvidas nas demais<br />
áreas. Era uma expectativa muito grande<br />
quando a recebíamos. Como Rondonópolis<br />
era fi m de linha, muitos técnicos e dirigentes<br />
demoravam ir à cidade. Estamos falando de<br />
1984 e Corrente Contínua passou a ter uma<br />
dimensão muito grande para todos nós da<br />
regional. Na época já era um veículo importante,<br />
como está sendo até hoje .<br />
(Zenon Pereira Leitão) - em 1985 ”<br />
e 2007<br />
“<br />
É um grande veículo de comunicação interna<br />
e externa. Marca momentos da nossa<br />
história, que é cheia de fatos concretos e que<br />
a revista vem acompanhando de maneira<br />
crescente, com muita qualidade. Tenho muito<br />
apreço pela Corrente Contínua. Cada um<br />
de nós tem uma história dentro da Empresa<br />
e acho que a revista nos inclui na trajetória<br />
da <strong>Eletronorte</strong> . ”<br />
(Rafael Teodoro Bolina) - em 1986 e 2007<br />
“<br />
Corrente Contínua, no decorrer desses anos<br />
todos, vem registrando a vida, os atos e fatos<br />
da Empresa e de seus empregados. É muito<br />
importante. E espero que continuem, como<br />
estão até hoje, divulgando as notícias - tanto<br />
do Setor Elétrico como as demais pertinentes<br />
ao nosso trabalho . ”<br />
(Maurício Massaroto) - em 1979 e 2007
“<br />
É muito importante pra nossa integração.<br />
Desde quando trabalhava prestando serviços<br />
para a <strong>Eletronorte</strong> em Porto Velho, lembro<br />
que a gente ficava super motivado com<br />
as notícias. Cada edição nos aproximava e<br />
atualizava sobre o que estava acontecendo.<br />
Nesses 30 anos tivemos muitos progressos,<br />
avanços tecnológicos e a Comunicação<br />
está de parabéns. Hoje recebemos elogios<br />
de públicos externos e a revista consegue<br />
transmitir esse amor que a gente tem pela<br />
<strong>Eletronorte</strong>, pelo nosso trabalho por um objetivo<br />
maior que é levar progresso para todas<br />
as regiões em que a empresa atua . ”<br />
(Maria Da Ajuda Rego) - em 1987 e 2007<br />
“<br />
Sou fã de carteirinha da revista. Inclusive<br />
tenho a coleção completa ou, no máximo,<br />
faltando um ou dois exemplares. Hoje a gente<br />
aproveita ainda mais para conhecer a nossa<br />
Empresa, saber as informações das regionais,<br />
sobre o que estamos fazendo. Leio tudo, guardo,<br />
coleciono mesmo. Hoje é comum olhar as<br />
páginas da revista e pensar: nossa, já estamos<br />
fazendo tudo isso!?! É maravilhoso! . ”<br />
(Rosângela Carneiro) - em 1985 e 2007<br />
“<br />
A revista é importante por tudo que proporciona<br />
à Empresa - desde a aproximação<br />
entre colaboradores e diferentes ações até a<br />
divulgação externa e o reconhecimento do<br />
trabalho e da história da <strong>Eletronorte</strong>. Muitas<br />
vezes atuamos em áreas específi cas e é muito<br />
bom fi car sabendo do que estamos fazendo<br />
nas páginas de Corrente Contínua. Fico emocionada<br />
de ver o que nós, empregados, estamos<br />
fazendo; de ver o progresso e a evolução<br />
da Empresa, ajudando no desenvolvimento<br />
do País. E até pessoalmente - meu crescimento<br />
profi ssional, minha evolução como<br />
ser humano - vejo isso refl etido na revista.<br />
Essa evolução da <strong>Eletronorte</strong>, da qual sou<br />
testemunha desde a década de 70, só me traz<br />
orgulho de poder participar de uma Empresa<br />
como a nossa . ”<br />
(Rosa Maria Telesde Almeida)<br />
- em 1979 e 2007<br />
23
TRANSMISSÃO<br />
24<br />
Educação ambiental e arqueologia:<br />
quando uma linha de transmissão<br />
fornece mais do que energia<br />
Bruna Maria Netto<br />
Conhecimento. Além de servir para escoar<br />
a produção de energia elétrica da fonte<br />
geradora até os consumidores fi nais, uma<br />
linha de transmissão é capaz de deixar uma<br />
criança do interior do Maranhão apta a separar<br />
o lixo orgânico do reciclável e a cuidar da<br />
saúde bucal corretamente. Em Porto Velho<br />
(RO), por exemplo, profi ssionais habilitados<br />
das Faculdades Integradas Maria Coelho<br />
de Aguiar executaram uma campanha de<br />
saúde bucal para 18.585 alunos de 45 escolas,<br />
demonstrando a maneira correta de<br />
escovação e higiene dental. As atividades de<br />
educação ambiental são ações obrigatórias<br />
que a <strong>Eletronorte</strong> cumpre na implantação de<br />
todos os seus empreendimentos de transmissão<br />
de energia elétrica, que suportam o<br />
licenciamento das obras.<br />
Essas atividades são desenvolvidas por<br />
equipes multidisciplinares, abrangendo os<br />
diferentes grupos sociais que vivem nas<br />
proximidades do empreendimento em instalação.<br />
Além de atender a uma exigência,<br />
procuram preparar as comunidades para<br />
uma convivência segura com os novos<br />
equipamentos que serão instalados. É<br />
dada atenção especial às crianças, por<br />
causa do risco a que podem se expor ao<br />
tentarem escalar uma torre de transmissão,<br />
por exemplo. Aos agricultores, a atenção é<br />
dirigida para as restrições do uso das faixas<br />
de servidão das linhas de transmissão, cuidados<br />
necessários com o aterramento das<br />
cercas das propriedades e com o trânsito<br />
de equipamentos que possam se aproximar<br />
dos cabos das linhas.<br />
Dependendo da característica da população,<br />
as atividades podem incluir noções<br />
de cuidado com o meio ambiente, com a<br />
saúde pública, com higiene pessoal, entre<br />
outros e, para isso, utilizam-se palestras,<br />
vídeos e materiais ilustrativos.<br />
Assim tem sido em toda a Região Norte,<br />
mais recentemente nos estados de Mato<br />
Grosso, Rondônia, Acre, Amapá e Ma-<br />
ranhão. Lá, estudantes e professores de<br />
escolas públicas do interior têm se tornado<br />
coordenadores de projetos próprios de<br />
preservação ambiental, após receberem as<br />
informações da <strong>Eletronorte</strong>.<br />
Conscientização - Quando uma linha de<br />
transmissão é implementada, o trabalho não<br />
é apenas fazer chegar energia em determi-
nado local, mas também conscientizar a<br />
população dos benefícios trazidos por ela. É<br />
por meio desta conscientização que moradores<br />
de pequenos municípios vêm aprendendo<br />
a conviver harmoniosamente com a<br />
natureza. Coelho Neto (MA), Jangada (MT),<br />
Guajará-Mirim (RO), Epitaciolândia (AC), Vila<br />
do Paredão (AP) entre outras, são algumas<br />
das cidades assistidas pelo programa da<br />
<strong>Eletronorte</strong> que experimentaram mudanças<br />
signifi cativas no seu modo de vida.<br />
Além dos mais de 53 mil alunos de<br />
escolas municipais que já participaram<br />
do programa, outros segmentos da sociedade<br />
também se sentem prestigiados.<br />
“O que temos recebido é, na verdade,<br />
uma importante lição de cidadania e responsabilidade<br />
social”, diz, com um largo<br />
Continua na página 28<br />
Trajeto da<br />
linha desviado<br />
para preservar<br />
o geoglifo<br />
25
28<br />
Escolas simples, futuro complexo<br />
sorriso, Otacílio Martins Cardoso (foto<br />
abaixo), ao falar da ajuda que recebeu<br />
na entidade que preside, a Cooperativa<br />
de Produção de Recicláveis do Tocantins<br />
- Cooperan. Criada em maio de 2004, ela<br />
conta atualmente com 64 cooperados.<br />
Otacílio destaca a importância do apoio<br />
que vem recebendo da <strong>Eletronorte</strong>. “Além<br />
da doação dos materiais, a Empresa também<br />
colabora com o transporte, fazendo<br />
a entrega diretamente aqui em nossa<br />
Sede. E isso faz toda a diferença para<br />
nós”, enfatiza.<br />
Entre os vários profi ssionais que trabalham<br />
no programa da <strong>Eletronorte</strong> está o<br />
analista de meio ambiente Sérgio Augusto<br />
de Souza. Segundo ele, a escolha do público-alvo<br />
não é aleatória. “Escolhemos<br />
professores e seus alunos por serem os<br />
mais atingidos pelo programa de conscientização,<br />
pois são considerados estratégicos<br />
para a disseminação das idéias que permitirão<br />
fundamentar o desenvolvimento em<br />
moldes sustentáveis, baseado no respeito<br />
aos princípios ambientais, além de serem<br />
também os que correm mais riscos de se<br />
acidentarem por conta da instalação dos<br />
novos equipamentos”.<br />
São temas que antes da chegada da<br />
linha de transmissão difi cilmente essas<br />
pessoas teriam contato, como técnicas de<br />
reciclagem e separação de lixo, noções<br />
básicas de saúde, saúde bucal, prevenções<br />
a doenças como dengue, hanseníase, febre<br />
amarela, DSTs, gravidez precoce e dependência<br />
química. São momentos onde se<br />
aviva outra palavra esquecida nos rincões<br />
mais carentes do Brasil, a esperança. “Por<br />
essa razão optamos por acrescentar uma<br />
abordagem social e humana em relação ao<br />
público-alvo. Não é por outro motivo que escolhemos<br />
como forma de motivar os alunos<br />
das escolas visitadas a doação de mochilas,<br />
camisetas, estojos escolares, cadernos<br />
e garrafas para água, ou seja, pequenas<br />
coisas que contribuem minimamente para<br />
a melhoria das condições de vida daquelas<br />
populações”, lembra Sérgio.<br />
Futuro sustentável - Em 34 anos, a <strong>Eletronorte</strong><br />
tem se comprometido em construir,<br />
também, uma sensibilidade ambiental em<br />
seus profi ssionais e na sociedade presente<br />
no entorno de seus empreendimentos. No<br />
primeiro princípio da Política<br />
Ambiental da Empresa,<br />
Do Respeito à Natureza,<br />
a <strong>Eletronorte</strong> explicita o<br />
entendimento de que a<br />
interação com o ambiente<br />
no momento presente, condiciona<br />
parte das opções no<br />
futuro e estabelece assim<br />
uma orientação para que<br />
suas ações priorizem a preservação<br />
da biodiversidade<br />
e o uso sustentável dos<br />
recursos naturais.<br />
Em Rondônia, por exemplo,<br />
para atender à demanda<br />
dos serviços de recuperação<br />
de áreas degradadas<br />
pela construção de um<br />
sistema de transmissão, foi<br />
construído um viveiro com<br />
cerca de trinta mil mudas<br />
de plantas típicas da Ama-
zônia, como urucum, biriba e cupuaçu. É<br />
uma das formas que a <strong>Eletronorte</strong> acredita<br />
ser possível promover a sensibilização,<br />
mobilização, conscientização e capacitação<br />
dos diversos segmentos da sociedade para<br />
a preservação da natureza visando à sustentabilidade<br />
das gerações futuras.<br />
Segundo Sérgio Augusto, “o propósito é<br />
contribuir com soluções ou propostas de<br />
minimizações dos problemas ambientais,<br />
para a construção de um futuro político,<br />
econômico, social e ambientalmente sustentável,<br />
não importando quão pequeno<br />
seja o tamanho da cidade”. Algumas das<br />
comunidades benefi ciadas sequer formam<br />
municípios e seus moradores, por vezes,<br />
moram bem perto da beira da estrada. As<br />
rodovias BR-364 - ligando Porto Velho a<br />
Rio Branco - e a BR- 425, que liga Abunã<br />
a Guajará-Mirim, são duas delas.<br />
As comunidades indígenas não foram<br />
esquecidas, e também se benefi ciaram dos<br />
programas de conscientização elaborados<br />
pela <strong>Eletronorte</strong>. O convênio celebrado com<br />
a Funai em Guajará-Mirim, cidade a 320<br />
quilômetros de Porto Velho, por exemplo,<br />
levou aulas de educação ambiental para<br />
340 índios das comunidades dos Pacaás<br />
Novos nas aldeias de Lage e Ribeirão.<br />
Vestígios do passado - Mas na construção<br />
de uma linha de transmissão não<br />
é só a educação ambiental que ocupa<br />
lugar estratégico no relacionamento da<br />
<strong>Eletronorte</strong> com as comunidades. Outra<br />
ciência ganha importância nos estudos<br />
ambientais, a arqueologia. Assim como na<br />
construção de usinas hidrelétricas, estudos<br />
arqueológicos são desenvolvidos ao longo<br />
das áreas onde serão implementados os<br />
empreendimentos.<br />
Apoiados pelo trabalho de geólogos,<br />
topógrafos e engenheiros, os arqueólogos<br />
têm encontrado verdadeiros tesouros da<br />
humanidade na Amazônia brasileira. Enfrentando<br />
as mais diversas difi culdades,<br />
desde a temida malária até as condições<br />
climáticas adversas, arqueólogos como Eurico<br />
Theófi lo Miller, (foto abaixo, à esquerda)<br />
há 18 anos na <strong>Eletronorte</strong>, procuraram<br />
entender o modo de vida das comunidades<br />
antigas. “O valioso é<br />
reconstituir a cultura,<br />
e não os objetos<br />
encontrados, pois<br />
eles são apenas<br />
o meio. O fi m é a<br />
reconstituição da<br />
cultura”. E a busca<br />
dessa identidade<br />
cultural rende algumasdescobertas<br />
surpreendentes:<br />
nos trabalhos de<br />
campo para construção<br />
da Usina Hidrelétrica<br />
Balbina<br />
(AM), por exemplo,<br />
foi descoberta<br />
uma comunidade<br />
que, com a terra<br />
ácida de um solo<br />
pobre, sobreviveu<br />
milhares de anos<br />
se alimentando de<br />
moluscos. Em Balbina<br />
também foi localizado<br />
o raríssimo<br />
muiraquitã.<br />
Na construção<br />
da Interligação Norte-Sul,<br />
nos 520 km<br />
sob a responsabilidade<br />
da <strong>Eletronorte</strong>,<br />
Miller e sua equipe<br />
encontraram por<br />
volta de 480 indícios<br />
arqueológicos<br />
- “isso somente<br />
olhando na faixa<br />
de servidão, sem<br />
desviar o olhar para<br />
os lados”, relembra<br />
Miller, que já contraiu malária 32 vezes<br />
em 14 anos de expedições. Eles também<br />
descobriram, na construção da Hidrelétrica<br />
Samuel (RO), uma comunidade pré-ceramista<br />
milenar que já praticava a agricultura,<br />
contrariando os paradigmas da arqueologia<br />
européia da época.<br />
Peças<br />
arqueológicas<br />
encontradas<br />
na Amazônia<br />
29
30<br />
Miller descreve em poucas linhas a<br />
grandeza de detalhes do seu trabalho: “É<br />
escrever uma enciclopédia em cima de<br />
um caco de cerâmica que está no solo,<br />
de tanto dado que aparece”. No entanto,<br />
lembra que uma pesquisa não é feita por<br />
uma pessoa apenas: “O arqueólogo tem<br />
de ser mais onisciente que Deus. Se não<br />
puder, tem que levar sua equipe” brinca.<br />
Geoglifos - Em se tratando de arqueologia,<br />
a natureza também é sábia em apresentar<br />
novas descobertas. Na construção da linha<br />
de transmissão entre Rio Branco e Epitaciolândia,<br />
no Acre, a <strong>Eletronorte</strong> se deparou<br />
com uma dessas maravilhas envolvendo o<br />
homem e a natureza: os geoglifos. Os técnicos<br />
explicam de maneira simples: se você estiver<br />
caminhando por uma pastagem e entrar<br />
numa grande vala, veja por onde ela segue. Se<br />
for muito regular, isso vai chamar a atenção.<br />
Uma vala tão regular foi feita por alguém, pois<br />
a natureza não deve ter feito tão certinha,<br />
redonda ou com ângulos tão retos.<br />
Essas formas geométricas, chamadas<br />
geoglifos, bem como demais sinais arqueológicos<br />
encontrados nos solos, são<br />
estudados e preservados cuidadosamente,<br />
como se cada pedacinho de cerâmica ou<br />
carvão encontrado fosse único no mundo.<br />
Mas como um geoglifo aparece? No<br />
Brasil existem há pelo menos seiscentos<br />
anos, como estruturas de terra formadas<br />
pelas escavações de sulcos de grandes<br />
dimensões que podem ter diversas formas.<br />
No deserto de Nazca, no Peru, foram encontrados<br />
geoglifos em forma de animais,<br />
datados de mais de dois mil anos. Os do<br />
Brasil, encontrados no Acre, caracterizam-se<br />
por serem valas de dois metros de<br />
profundidade e dez de largura, construídas<br />
por índios com as mãos, por meio de vasos<br />
de cerâmica ou com machadinhas de<br />
pedra. O resultado são fi guras geométricas<br />
fascinantes, que aparecem em conjuntos<br />
ou isoladamente, em forma de círculos,<br />
quadrados ou octógonos.<br />
Os geoglifos brasileiros ainda são uma<br />
incógnita para os pesquisadores, pois<br />
eles só começaram a ser descobertos nos<br />
anos setenta do século passado, em conseqüência<br />
do aumento da devastação da<br />
fl ora acreana. E apesar de sua importância<br />
para a humanidade, ainda não se sabe<br />
ao certo como nem por que essas fi guras<br />
construídas por índios antes da chegada de<br />
A linha de<br />
transmissão<br />
que dá frutos<br />
Tiago Araújo da Silva é um menino que tem uma vida<br />
que muitos de nós tivemos, ou que gostaríamos de ter<br />
tido. Numa manhã de sol de sábado ele, juntamente com<br />
os amiguinhos da comunidade, vai à nascente chamada<br />
“Olho d’Água”, que dá nome ao povoado situado na zona<br />
rural vizinha do município de Coelho Neto, no Maranhão.<br />
Ele chega no lugar que, por pura obra divina, chora sem<br />
parar e sobrevive bravamente em meio a um canavial<br />
a perder de vista, e com isso abastece todo o povoado<br />
e entorno, desembocando no Rio Parnaíba. Lá, Tiago<br />
mata sua sede numa água deliciosamente refrescante,<br />
para depois nadar na água limpa e gelada que teima<br />
em contrastar com o calor do sol que não hesita em sair<br />
dali. No entanto, essa realidade poderia também não ser<br />
a dele. Mas graças aos programas de conscientização<br />
ambiental, a água que mata a sede de Tiago continua<br />
pura e fresca, e ele, agradecido, também faz sua parte.<br />
Aluno da 6ª série, ele sabe da importância da preservação<br />
do meio ambiente. “É preciso que as pessoas<br />
se sensibilizem e não destruam as nascentes de água,<br />
porque um dia elas podem secar e aí acabar e nós morreremos<br />
também junto com elas”, diz o garoto, enquanto<br />
conversa agachado à beira da fonte e, entre um pausa e<br />
outra, bebe um pouco de água: “Aqui é que a gente vem<br />
buscar água, onde matamos a nossa sede”.<br />
Quem também se preocupa com a preservação da<br />
nascente é Francisca de Moraes. Naquele mesmo sábado<br />
ela seguia para o banho da tarde juntamente com<br />
seus fi lhos, e falava sobre o que nós já sabíamos: caso<br />
não preservássemos o meio ambiente, esses riachos em<br />
pouco tempo acabariam. “Nós temos que nos juntar com<br />
a comunidade, discutir sobre isso. Há 34 anos, que é<br />
a minha idade - e eu não sou tão velha assim - sorri -<br />
esse rio era bem mais afl uente e mais fundo. Em outros<br />
lugares ele já está seco, pois desmataram toda a sua<br />
margem”, desabafa.<br />
O programa de educação ambiental da <strong>Eletronorte</strong> tem<br />
ajudado a manter a água que Tiago e Francisca tanto<br />
Cabral eram usadas. “Talvez para rituais<br />
religiosos, usos residenciais, cerimoniais e<br />
defensivos, podendo ser uma combinação<br />
de duas ou de todas essas hipóteses”, diz<br />
Solange Bezerra Caldarelli, doutora em<br />
Ciências Humanas pela Universidade de<br />
São Paulo - USP, especializada em préhistória<br />
e em Arqueologia. Ela é diretora da<br />
consultoria científi ca Scientia, contratada
valorizam. Implantado juntamente com a construção da<br />
linha de transmissão em 230 kV no trecho Periotó/Teresina/Coelho<br />
Neto, o projeto começou em 2006, e ainda<br />
hoje colhe os frutos das palestras de sensibilização ambiental.<br />
Quem bem sabe disso é Wakilla Torreão Oliveira<br />
Costa. Quatorze anos de idade e cabeça de gente grande,<br />
Wakilla já sabe o que lhe espera daqui por diante. “Na<br />
palestra, as imagens mostravam que se as pessoas não<br />
cuidarem do meio ambiente, nós poderemos até fi car sem<br />
água no futuro. O alerta nos despertou e agora sabemos<br />
cuidar melhor da natureza que nos cerca”.<br />
pela <strong>Eletronorte</strong> para fazer um projeto de<br />
arqueologia preventiva dos sítios arqueológicos<br />
encontrados durante a expansão do<br />
sistema elétrico Acre-Rondônia.<br />
Os geoglifos acreanos surgiram nos estudos<br />
da <strong>Eletronorte</strong> em 2005, quando foram<br />
iniciadas as pesquisas do solo para a instalação<br />
da linha de transmissão de Rio Branco<br />
a Epitaciolândia, cidade de 12 mil habitantes<br />
A turma de Tiago e Wakilla,<br />
e D. Francisca:<br />
garantindo a água de beber<br />
Com isso, alguns projetos ganharam impulso. A professora<br />
Ângela Maria Oliveira Saraiva, coordenadora de<br />
uma frente de combate à poluição, também comemora.<br />
“A palestra era tudo o que nós estávamos precisando,<br />
porque convivíamos passivamente com a degradação do<br />
meio ambiente, mas não percebíamos. Depois da palestra<br />
nós despertamos, tanto que criamos na escola o Projeto<br />
Meio Ambiente e Sobrevivência no Olho d’Água Grande.<br />
Na outra escola onde eu trabalho também desenvolvemos<br />
outro trabalho sobre tratamento do lixo”, conclui.<br />
O que Wakilla aprendeu e quer repassar serve muito<br />
bem para ele, no interior do Maranhão, como para qualquer<br />
um de nós. “O recado que eu deixo para os jovens é que<br />
eles tenham consciência de preservar o meio ambiente,<br />
que lutem e preservem mais porque um dia isso acaba e a<br />
gente vai sofrer muito com as conseqüências”.<br />
(Colaborou Arthur Quirino)<br />
situada no sudeste do estado e fronteiriça<br />
com a Bolívia. Em seu trajeto, os engenheiros<br />
da equipe encontraram dois dos seis geoglifos<br />
que estavam pelas redondezas da linha, no<br />
município de Xapuri. Esses dois sítios, pelos<br />
quais passaria a linha de transmissão, tinham<br />
formas distintas. Um deles octogonal - com<br />
328 metros de diâmetro -, e outro no formato<br />
circular - com 260 metros de diâmetro.<br />
31
32<br />
Do alto, a<br />
perfeição<br />
geométrica.<br />
Embaixo,<br />
os vestígios<br />
arqueológicos<br />
Trajeto desviado - Ao fazer um estudo para<br />
instalação de uma linha de transmissão gerase<br />
um traçado dito de escritório, que como já<br />
diz o nome, é desenhada ainda sem conhecer<br />
os obstáculos que sua instalação enfrentará,<br />
fazendo um percurso mais reto possível e<br />
com menos vértices, devido ao alto custo<br />
de instalação das torres que sustentarão os<br />
cabos elétricos. Uma vez defi nidas as posições<br />
das torres pelo traçado de escritório, os<br />
arqueólogos entram em campo para avaliar<br />
o lugar, identifi car os sítios, dimensioná-los e<br />
saber se a interferência da torre será signifi cativa,<br />
e, assim, avaliar se deve deslocá-la.<br />
Assim foi feito nos 211 quilômetros que<br />
ligam Rio Branco a Epitaciolândia, onde<br />
foram identifi cados os geoglifos que deveriam<br />
ser mantidos intactos. Esse estudo<br />
ajudou tanto a preservar os geoglifos já<br />
encontrados, quanto a manter os novos,<br />
alvos de pessoas sem conhecimento da<br />
raridade que as cercam. Os sítios devem<br />
permanecer o mais intactos possível para<br />
os próximos arqueólogos e estudiosos, que<br />
provavelmente os verão com outros olhos e<br />
farão novas descobertas.<br />
A importância da preservação desses<br />
sítios é justamente por conta da falta de<br />
conhecimento sobre mais esse tesouro deixado<br />
pelos povos indígenas. A ação direta<br />
do homem, seja nas estradas alternativas<br />
abertas por fazendeiros que desconhecem<br />
a valiosa arqueologia encontrada em suas<br />
terras, seja por rodovias estaduais e federais<br />
- a BR-317, por exemplo, cortou um<br />
dos geoglifos - pode prejudicar bastante a<br />
conservação da história. Apesar do aumento<br />
do número de torres e do uso maior das<br />
variantes nas linhas de transmissão, em<br />
função dos desvios causados pelos sítios arqueológicos,<br />
o investimento feito é um presente<br />
para a humanidade. Solange faz coro<br />
com os profi ssionais da <strong>Eletronorte</strong>. “Há<br />
preocupação em preservar todos os bens<br />
de importância arqueológica do Brasil; não<br />
apenas os geoglifos. Eles têm sido objeto de<br />
preocupação especial exatamente porque<br />
não foram ainda estudados e, portanto,<br />
não há conhecimento científi co produzido<br />
sobre eles que permita sua incorporação à<br />
memória nacional”, alerta.<br />
Foto: Sérgio Valle
GERAÇÃO<br />
Segurança de barragens,<br />
a engenharia da prevenção<br />
Michele Silveira<br />
Acredite: a expressão “prevenir é melhor<br />
do que remediar” não está apenas na boca<br />
do povo. O ditado é usado também nos meios<br />
científi cos; em todas as entrevistas sobre segurança<br />
de barragens, a expressão é ponto<br />
comum. Na literatura, já foi citada por Mellios<br />
e Cardia (1992) em “Critérios de Segurança<br />
Operacional: manutenção preventiva”, publicado<br />
na Revista Brasileira de Engenharia. E<br />
não é para menos. Para o engenheiro Rogério<br />
de Abreu Menescal, mestre em Geotecnia e<br />
referência sobre o assunto, a identifi cação<br />
das chamadas incertezas e a avaliação de<br />
risco nas diferentes fases da vida de uma<br />
barragem, permitem que se possa elaborar<br />
uma estratégia com medidas preventivas<br />
para minimizar ou até mesmo eliminar as<br />
ameaças.<br />
Manutenções regulares nas turbinas previnem interferências indesejadas na barragem<br />
O fato é que nem sempre a prevenção é<br />
notícia. Mas as conseqüências de falhas nos<br />
sistemas de segurança de uma barragem,<br />
qualquer que seja o seu uso, sim. Embora o<br />
Brasil mantenha uma posição de referência<br />
na metodologia da construção de barragens,<br />
cabe salientar que casos como o rompimento<br />
da barragem de contenção de rejeitos no<br />
município mineiro de Cataguazes, em 2003,<br />
causam sérias implicações ambientais e<br />
alertam para a necessidade permanente de<br />
prevenção e monitoramento. Foram derramados<br />
1,4 milhão de metros cúbicos de efl uente<br />
industrial, composto de licor de madeira e<br />
soda cáustica, deixando sem abastecimento<br />
de água cerca de seiscentas mil pessoas em<br />
vários municípios da região, além do impacto<br />
ambiental. Já em 2004, o rompimento da barragem<br />
Camará, na Paraíba, causou a morte<br />
de nove pessoas e destruição nas cidades de<br />
35
34<br />
No campo<br />
e in loco a<br />
qualidade da<br />
inspeção está<br />
nos mínimos<br />
detalhes<br />
Alagoa Grande e Mulungu, a cerca de 140<br />
quilômetros de João Pessoa. Mais de quatro<br />
mil pessoas fi caram desabrigadas. Em 2006,<br />
a ruptura da barragem da Rio Pomba Mineração,<br />
em Miraí, Minas Gerais, foi causada<br />
provavelmente pelo deslocamento das placas<br />
de revestimento de um dos vertedouros e<br />
causou a inundação de áreas ribeirinhas,<br />
interrupção no abastecimento de água, morte<br />
dos peixes e destruição de áreas de pastagem<br />
e de agricultura. Também em 2006, na barragem<br />
da Usina Hidrelétrica Campos Novos,<br />
em Santa Catarina, houve um esvaziamento<br />
do reservatório, causado por problemas em<br />
um dos túneis de desvio. Mesmo com sinais<br />
de desgaste da estrutura devido à presença<br />
de uma rachadura horizontal na base da<br />
barragem, não houve ameaça de ruptura.<br />
Hidrelétricas - Mas, felizmente o Setor<br />
Elétrico não é a regra nas estatísticas de acidentes<br />
ou incidentes com barragens. E nem<br />
mesmo chega perto das estatísticas<br />
da exceção. E aqui<br />
cabe explicar o registro de<br />
Menescal, citando o professor<br />
Vicente Vieira, da Universidade<br />
Federal do Ceará: pode-se<br />
entender acidente como um<br />
evento de grande porte, correspondente<br />
à ruptura parcial<br />
ou total de obra ou a sua<br />
completa desfuncionalidade,<br />
com graves conseqüências<br />
econômicas e sociais. Já o<br />
incidente é um evento físico<br />
indesejável, de pequeno porte,<br />
que prejudica a funcionalidade<br />
ou a inteireza da obra,<br />
podendo vir a gerar eventuais<br />
acidentes, se não corrigido a<br />
tempo. Tanto um quanto o<br />
outro são objetos de minucioso<br />
interesse dos pesquisadores e gestores da<br />
área de segurança de barragens. E no Setor<br />
Elétrico essa preocupação tem produzido um<br />
know-how reconhecido internacionalmente.<br />
“As barragens hidrelétricas certamente estão<br />
muito à frente no que diz respeito à segurança,<br />
até porque têm recursos para manutenção e<br />
investem nesse processo. Infelizmente temos<br />
diversos outros casos de barragens que não<br />
recebem a manutenção adequada, muitas estão<br />
até mesmo abandonadas”, alerta Rogério<br />
Menescal. Estima-se que existam no Brasil<br />
mais de trezentas mil barragens de todos os<br />
tamanhos e tipos, sendo vinte mil de médio e<br />
grande porte, em sua grande maioria desconhecidas<br />
pelo Poder Público.<br />
Na <strong>Eletronorte</strong>, diversas áreas atuam com<br />
o mesmo propósito: garantir a segurança da<br />
estrutura, dos sistemas operacionais, dos<br />
colaboradores e da vizinhança das usinas<br />
hidrelétricas. “Já tivemos, e é muito comum,<br />
acidentes de pescadores que chegam em<br />
áreas muito próximas da barragem, onde<br />
existe forte vibração, o que exige um processo<br />
de conscientização para que possamos atuar<br />
na prevenção”, explica o assistente da Superintendência<br />
de Engenharia de Operação e<br />
Manutenção da Transmissão, Ricardo Rios.<br />
Segundo ele, o monitoramento detalhado é<br />
constante e em tempo real. “É assim que podemos<br />
nos antecipar. Se tem um lugar onde<br />
há um controle bastante desenvolvido é no<br />
Setor Elétrico, onde temos uma quantidade<br />
signifi cativa de procedimentos para garantir<br />
a integridade em todas as etapas”.
Com a experiência de quem faz a inspeção<br />
e instrumentação das usinas da <strong>Eletronorte</strong><br />
há mais de dez anos, o engenheiro<br />
Gilson Machado da Luz (foto abaixo) explica<br />
que a avaliação de segurança deve ser um<br />
esforço contínuo, que exige a realização<br />
simultânea e complementar de vistorias<br />
periódicas in situ e de análise pari passu<br />
dos dados da instrumentação, durante toda<br />
a vida útil da barragem. Em meio a fotos,<br />
dados, cronogramas e gráfi cos, Gilson não<br />
deixa de mostrar o orgulho do que faz: “A<br />
auscultação de uma barragem tem um<br />
elevado grau de responsabilidade devido<br />
às proporções que possíveis falhas ou acidentes<br />
possam assumir”.<br />
E o que é auscultação? - De acordo com<br />
Gilson, é um conjunto de informações a<br />
respeito das inspeções visuais realizadas,<br />
combinadas com os resultados das medições<br />
efetuadas nos instrumentos instalados<br />
nas estruturas de concreto e solos. Esse<br />
processo é fundamental para a segurança<br />
de uma barragem. As inspeções de campo<br />
e a instrumentação devem ser mutuamente<br />
complementares e os dados analisados de<br />
forma conjunta. Gilson explica que isso é<br />
necessário, pois um problema pode surgir<br />
em regiões não instrumentadas, onde apenas<br />
as inspeções de campo podem detectálos.<br />
Um dos objetivos de instrumentar uma<br />
barragem é proporcionar um histórico do<br />
comportamento da estrutura. Isso permite a<br />
prevenção, durante<br />
a sua vida útil, de<br />
qualquer evolução<br />
que possa, eventualmente,comprometer<br />
a segurança.<br />
Segundo ele, muitos<br />
dos acidentes<br />
com barragens que<br />
ocorreram no mundo<br />
foram conseqüências<br />
diretas ou<br />
indiretas de falhas<br />
ou erros humanos.<br />
“Por isso é tão importante<br />
uma dedicação<br />
acima do comum a cada detalhe das<br />
tarefas de todos que participam da implantação<br />
e operação de barragens e reservatórios,<br />
desde a programação e planejamento até a<br />
inspeção e manutenção das estruturas de<br />
terra, rocha e concreto”.<br />
Para Menescal, (foto ao<br />
lado) uma barragem segura<br />
apresenta um desempenho<br />
adequado no que diz respeito<br />
aos aspectos estruturais,<br />
econômicos, ambientais e<br />
sociais. Os problemas mais<br />
freqüentes que ocorrem<br />
durante o período de exploração<br />
da barragem se devem<br />
principalmente à falta de um<br />
controle sistemático ou de<br />
uma manutenção cuidadosa<br />
da obra e a erros humanos<br />
na operação, que também<br />
podem causar acidentes ou<br />
levar a barragem à ruptura. “A experiência<br />
mundial mostra que os custos necessários<br />
à garantia da segurança de uma barragem<br />
são pequenos se comparados com aqueles<br />
que se seguem em caso de ruptura”, diz<br />
Menescal.<br />
Novamente, prevenção é a palavra<br />
da vez. E é o que garante ao Setor Elétrico<br />
brasileiro o posto de referência na<br />
construção de barragens no mundo inteiro.<br />
“Estamos preparados e temos um<br />
comportamento muito sério em relação<br />
à segurança da Usina”. A frase é de<br />
José Walton Bechara, coordenador da<br />
equipe de inspeção na Usina Hidrelétrica<br />
Tucuruí; mas poderia ser qualquer outro<br />
técnico que acompanha, minuto a minuto,<br />
o comportamento da maior hidrelétrica<br />
brasileira. José Walton, o Waltinho, não<br />
esconde o orgulho ao falar dos elogios<br />
concedidos por especialistas à rotina de<br />
inspeção de Tucuruí. Em junho deste ano,<br />
a Fundação Coge promoveu na Usina um<br />
curso sobre segurança de barragens. O<br />
resultado foi uma equipe ainda mais preparada<br />
e orgulhosa de saber que está no<br />
caminho certo.<br />
Abalos sísmicos - Gelson e Gentil são irmãos,<br />
fi lhos de Ana Alves da Silva, que mora<br />
em Belém, no Pará. Há seis meses Gentil<br />
assumiu sua vaga no concurso da <strong>Eletronorte</strong><br />
e foi morar em Tucuruí. Em junho deste ano,<br />
o telefone toca e ele já imagina o que seja:<br />
“Gentil, fala com a mãe porque ela tá preocupada<br />
com essa história de tremor de terra aí<br />
na Usina”, pede o irmão Gelson. Mesmo sem<br />
ter sentido muito o tremor, Gentil avisa que<br />
está tudo bem, que a mãe não se preocupe<br />
porque ele e a barragem estão seguros.<br />
35
36<br />
Um Brasil<br />
com terremotos<br />
O Observatório Sismológico da UnB registrou, nos<br />
últimos dez anos, mais de cinco mil abalos no País; quatrocentos<br />
sismos tiveram magnitude igual ou superior a 3.0<br />
na Escala Richter.<br />
No Brasil, os tremores de terra só começaram a ser<br />
detectados com precisão a partir de 1968, quando foi<br />
instalada uma rede mundial de sismologia. Brasília, mais<br />
precisamente o Parque Nacio nal (Água Mineral), foi escolhida<br />
para sediar o arranjo sismográfi co da América do<br />
Sul. Nos últimos anos, a terra tremeu com maior freqüência<br />
em João Câmara (RN), Cascavel e Pacajus (CE), Porto<br />
dos Gaúchos (MT), Caruaru (PE), Pedro Leopoldo, Betim e<br />
Igaratinga (MG).<br />
Os sismos acontecem porque a camada mais externa<br />
da Terra, a litosfera, formada pelos primeiros cem quilômetros<br />
de profundidade, é rígida e quebrada em diversos<br />
pedaços (placas tectônicas) que não estão parados, mas se<br />
movimentando uns em relação aos outros. Nos pontos onde<br />
estas placas se tocam ou se roçam ocorrem os maiores e<br />
mais freqüentes tremores. O Brasil está localizado no meio<br />
Gentil foi avisado do tremor pela esposa.<br />
Era quase meia-noite do último dia 20 de<br />
junho quando muitas pessoas sentiram o<br />
chão tremer na cidade paraense. Difícil<br />
explicar que isso acontece e que é previsto<br />
durante a construção de uma hidrelétrica<br />
como Tucuruí. “As pessoas obviamente<br />
fi cam assustadas e é uma reação normal”,<br />
diz Waltinho, que lembra de outro tremor<br />
em 1998: “Esse foi por volta das três horas<br />
da madrugada, mas foi bem mais forte do<br />
que o deste ano. Na manhã seguinte fi zemos<br />
logo a troca da fi ta do sismógrafo porque sabíamos<br />
que algo estava registrado. A escala<br />
acusou um temor de 3,6 pontos”.<br />
O sismógrafo a que Waltinho se refere é<br />
um dos que monitoram a área. São dois:<br />
um deles próximo da Usina e o outro a cerca<br />
de 70 quilômetros. Todos os dados são<br />
enviados ao Observatório Sismológico da<br />
Universidade de Brasília - UnB, que mantém<br />
um convênio com a <strong>Eletronorte</strong> desde 1978.<br />
“Tucuruí é monitorada mesmo antes da sua<br />
construção”, explica o engenheiro Gilson<br />
da Luz. Segundo ele, o ideal é que esse<br />
monitoramento prévio exista para permitir o<br />
mapeamento sismológico da região. Numa<br />
audiência pública realizada no mês de agosto,<br />
na Câmara de Vereadores de Tucuruí, o<br />
depoimento de uma moradora contribuiu<br />
para que o histórico de sismos da cidade<br />
Foto: Roberto Fleury/UnB<br />
de uma placa tectônica. Nas bordas ou limites dessas<br />
placas a atividade sísmica é mais forte, mas a história tem<br />
demonstrado que ela pode ocorrer mesmo em regiões de<br />
baixa atividade (intraplaca).<br />
O tremor de maior magnitude de que se tem notícia<br />
no Brasil data de janeiro de 1955, em Porto dos Gaúchos<br />
(MT), tendo alcançado 6.5 na Escala Richter. Não houve<br />
danos, pois a região não era habitada, na época. Nesse<br />
local, existe um rebaixamento da crosta terrestre, também<br />
chamada de zona de fraqueza.<br />
fosse ainda mais aprofundado: segundo ela,<br />
em 1972 já houve um tremor ainda mais<br />
forte que os recentes. A Usina ainda não<br />
estava lá. Isso pode ser um indicativo de<br />
quem nem todo o sismo em uma hidrelétrica<br />
acontece em razão dos chamados sismos<br />
induzidos por reservatório. É comum em<br />
usinas do porte de Tucuruí que as placas se<br />
acomodem sob a terra em razão do peso ou<br />
do caminho natural que a água busca.<br />
De acordo com Lucas Barros, (foto abaixo)<br />
professor do Observatório Sismológico<br />
da UnB, as regiões de reservatórios estão<br />
mais vulneráveis a abalos sísmicos, já que<br />
a pressão da água pode induzir a acomodação<br />
de placas tectônicas da crosta terrestre.<br />
Embora algumas hidrelétricas como Tucuruí<br />
mantenham estações sismológicas, o Brasil<br />
ainda não tem um órgão<br />
específico para tratar<br />
do assunto nem um<br />
sistema integrado de<br />
monitoramento. “Precisamos<br />
de uma unidade<br />
de vigilância para<br />
registrar e acompanhar<br />
as ocorrências”, afi rma<br />
Barros.<br />
Mais uma vez a prevenção.<br />
A <strong>Eletronorte</strong><br />
prevê ainda este ano a<br />
Foto: Cláudio Reis/UnB
Foto: Cláudio Reis/UnB<br />
Em Brasília, no dia 20 de novembro de 2000, a terra<br />
tremeu com uma magnitude 3.7. Os estudos posteriores<br />
ao abalo indicaram a possibilidade de desabamento de<br />
uma caverna subterrânea. O solo da região é rico nesse<br />
tipo de formação.<br />
E o que é a Escala Richter? Ela mede a intensidade<br />
de energia sísmica dos terremotos e surgiu em 1935,<br />
idealizada pelo sismólogo norte-americano Charles F.<br />
Richter. Após coletar e interpretar dados de inúmeras<br />
ondas liberadas pelos abalos sísmicos, o sismólogo criou<br />
um sistema para calcular a magnitude delas. Inicialmente,<br />
a escala foi criada para medir apenas a magnitude de<br />
tremores no sul da Califórnia, mas hoje é utilizada em<br />
todo o mundo.<br />
Efeitos dos terremotos: menos de 3.5 graus na Escala<br />
Richter, geralmente não é sentido; 3.5 a 5.4 graus, causa<br />
pequenos danos, ainda que não seja sentido; 5.5 a 6.0<br />
graus, provoca pequenos danos a edifi cações; 6.1 a 6.9<br />
graus, pode causar danos graves em regiões densamente<br />
povoadas; 7.0 a 7.9 graus, terremoto de grandes proporções<br />
com danos graves; e 8.0 graus ou mais, tremor muito<br />
forte que causa destruição total na comunidade atingida<br />
e em povoados próximos. A escala Richter é aberta e não<br />
há limite máximo de graus.<br />
aquisição de quatro novas estações sismológicas,<br />
num investimento de aproximadamente<br />
US$ 400 mil. O Observatório da UnB<br />
já tem um projeto para a criação de uma<br />
rede sismográfi ca nacional e, de acordo com<br />
o professor Lucas, a idéia é que as estações<br />
estejam distribuídas uniformemente pelo<br />
País, operando em tempo real via satélite. Por<br />
se tratar de um investimento alto, empresas<br />
como <strong>Eletronorte</strong> e Furnas, que já são parceiras<br />
no monitoramento, também apóiam<br />
o projeto. A expectativa é que a rede esteja<br />
concluída em três anos. Até dezembro de<br />
2007, a estação de Porto dos Gaúchos, no<br />
Mato Grosso, deverá ser modernizada. A região<br />
já sofreu um tremor de alta intensidade:<br />
em 1955, a população fi cou assustada com<br />
um de seis graus na escala Richter. De acordo<br />
com o professor, a rede vai permitir registrar<br />
tremores de baixa ou de alta intensidade de<br />
forma sistematizada e ágil. Mas afi rma: ainda<br />
não existe tecnologia para prever tremores,<br />
mas o monitoramento é fundamental para<br />
minimizar impactos a partir de restrições<br />
e orientações para as construções locais.<br />
E aí entra a engenharia - que poderia ser<br />
nesse contexto denominada Engenharia da<br />
Prevenção.<br />
Metahidro - Desacostumados com terremotos,<br />
os brasileiros não os aceitam com<br />
naturalidade. Já os pesquisadores estudam<br />
sobre como prevenir os impactos, já<br />
que não podem prever o dia ou prevenir a<br />
causa. No Grupo de Metahidro, que reúne<br />
pesquisadores da <strong>Eletronorte</strong> e da Universidade<br />
de Brasília, as discussões a respeito<br />
são constantes. “Buscamos a integração do<br />
conhecimento, apostando na troca de informações<br />
entre diversos profi ssionais da área.<br />
Isso tem permitido pesquisas em diferentes<br />
áreas da engenharia de barragens”, afi rma<br />
o coordenador do Grupo de Metahidro,<br />
professor Lineu Pedroso ( foto abaixo). Engenheiro<br />
da área de geotecnia e estruturas<br />
da <strong>Eletronorte</strong>, Sílvio Caldas destaca a participação<br />
e o reconhecimento da <strong>Eletronorte</strong><br />
nas pesquisas sobre o tema,<br />
e lembra que o Grupo foi<br />
destaque no último Seminário<br />
Nacional de Grandes<br />
Barragens, realizado em<br />
Belém, no último mês de<br />
junho. (Ver edição 215 de<br />
junho/julho de 2007).<br />
Para a pesquisadora Rita<br />
de Cássia Silva, também<br />
pesquisadora do Grupo e<br />
autora de trabalhos como<br />
Aspectos de Risco e Confiabilidade<br />
em Barragens,<br />
o conceito ‘segurança de<br />
barragens’ não deve ser considerado apenas<br />
na fase da sua concepção, mas, sobretudo,<br />
para as barragens existentes. “O principal<br />
interesse dessa linha de pesquisa é desenvolver<br />
uma metodologia capaz de avaliar a<br />
segurança de barragens do tipo ‘gravidade’,<br />
em concreto. Contudo, num estudo dessa<br />
natureza, diversas são as variáveis envolvidas<br />
que trazem para a análise incertezas cruciais<br />
em uma avaliação realista do comportamento<br />
estrutural do barramento”, afi rma ela. Hoje,<br />
a temática da segurança ocupa lugar de destaque<br />
nas diversas áreas que compreendem<br />
o estudo de uma barragem e, segundo Rita,<br />
“tornou-se um assunto de inegável relevância<br />
para o setor de energia elétrica tanto técnica<br />
como economicamente”.<br />
Legislação - Ainda que o objetivo de muitos<br />
seja submeter as barragens a um seguro,<br />
especialistas em segurança de barragens<br />
discordam, não achando necessário, por<br />
exemplo, que se criem leis específi cas sobre<br />
o assunto. O fato é que notas técnicas alertam<br />
para a necessidade de se diferenciar uma<br />
Foto: Cláudio Reis/UnB<br />
37
38<br />
Manuais<br />
qualifi cados e<br />
exigências legais<br />
podem evitar<br />
catástrofes<br />
como a de<br />
Cataguazes (MG)<br />
empresa que é submetida a rígidas inspeções<br />
por organismos credenciados, e mantém padrões<br />
de construção, manutenção e monitoramento<br />
de uma barragem, de empresas que<br />
sequer fazem acompanhamentos regulares.<br />
“É como você fazer um seguro do seu carro.<br />
Quem tem mais cuidado não pode pagar a<br />
mesma coisa do que quem não tem o mesmo<br />
comportamento. Além disso, o pagamento<br />
de um seguro seria feito com recursos que<br />
poderiam ser destinados à manutenção e<br />
prevenção”, alerta Rogério Menescal.<br />
Gilson da Luz lembra que as barragens<br />
do Setor Elétrico são implantadas depois de<br />
diversos estudos geotécnicos e de impacto<br />
ambiental, e são dimensionadas de acordo<br />
com normas internacionais, não havendo<br />
histórico de acidentes em grandes e médias<br />
hidrelétricas no Brasil. “Nesse sentido, as<br />
barragens hidrelétricas se desenvolvem de<br />
acordo com os regulamentos estabelecidos<br />
pela Agência Nacional de Energia Elétrica -<br />
Aneel e manuais elaborados pela Eletrobrás,<br />
que comprovam a execução de programas<br />
de inspeção e monitoramento durante a fase<br />
de operação da barragem”.<br />
Por outro lado, está tramitando na Câmara<br />
dos Deputados o Projeto de Lei 1.181/2003<br />
que prevê uma Política Nacional de Segurança<br />
de Barragens, cria o Conselho Nacional<br />
de Segurança de Barragens e o Sistema<br />
Nacional de Informações sobre Segurança<br />
de Barragens. Trata-se de um dos eixos do<br />
Programa de Segurança de Barragens no<br />
Brasil, conjunto de ações do Ministério da Integração<br />
Nacional, em parceria com diversas<br />
instituições que prevê o cadastramento de<br />
barragens, realização de inspeções, elaboração<br />
de arcabouço legal e treinamento.
TECNOLOGIA<br />
As fi bras da telecomunicação<br />
César Fechine<br />
O alarme sonoro dispara na sala de operações<br />
do Centro de Informação e Análise da<br />
Transmissão da <strong>Eletronorte</strong>, em Brasília, às<br />
14h49 do dia 8 de agosto de 2007. Quem trabalha<br />
nessa sala sabe que sistema elétrico não<br />
tem hora para cair. “Houve um desligamento<br />
na linha de interligação Presidente Dutra-Boa<br />
Esperança, em 500 kV, no Maranhão”, explica<br />
o operador de sistemas Marcos Fernando de<br />
Sousa Lira, 28 anos de profi ssão.<br />
Apenas um minuto após o registro da<br />
ocorrência, o Centro de Operações da <strong>Eletronorte</strong><br />
no Maranhão tenta recompor a carga.<br />
Neste caso, não houve conseqüências para<br />
o sistema e o abastecimento de energia não<br />
foi interrompido em nenhum lugar.<br />
A interligação que caiu compõe o Sistema<br />
Norte-Nordeste e possibilita a troca de energia<br />
entre os sistemas operados pela <strong>Eletronorte</strong><br />
e a Chesf. “Não houve falta de energia e, de<br />
qualquer forma, a linha Presidente Dutra-Teresina,<br />
circuitos 1 e 2, que também compõe<br />
o anel elétrico do Sistema Norte-Nordeste,<br />
permaneceu energizada”, tranqüiliza Lira.<br />
Às 14h52, a linha de transmissão volta a<br />
ser energizada e às 14h55min, com o fechamento<br />
do anel na subestação Boa Esperança,<br />
a ocorrência é considerada normalizada.<br />
Velocidade da luz - A supervisão e o monitoramento<br />
em tempo real dos mais de dez<br />
mil quilômetros de linhas de transmissão<br />
e dos sistemas elétricos gerenciados pela<br />
<strong>Eletronorte</strong> só é possível graças à rede de<br />
fi bra óptica da Empresa, da qual o Centro de<br />
Informação e Análise da Transmissão é um<br />
dos principais usuários.<br />
“A fi bra óptica permite que as grandezas<br />
elétricas do sistema cheguem aos centros<br />
de operação, sendo supervisionadas permanentemente<br />
para que, numa anormalidade,<br />
possam ser tomadas decisões de remanejamento<br />
ou redução da carga. Esse trabalho é<br />
feito em todos os nossos sistemas de transmissão”,<br />
explica Josias Matos de Araújo,<br />
superintendente de Engenharia de Operação<br />
e Manutenção da Transmissão.<br />
Não dá para imaginar a vida moderna sem<br />
a Internet, a videocomunicação e a telefonia<br />
digital. E são as fi bras ópticas que possibilitam<br />
a transmissão instantânea de dados a<br />
longas distâncias.<br />
Em 1984, a <strong>Eletronorte</strong> implantou, em<br />
Tucuruí, o primeiro cabo do tipo OPGW<br />
(Optical Ground Wire), que traduzido<br />
para o português signifi ca fi bra óptica em<br />
cabo de guarda (pára-raio).”A Empresa foi<br />
pioneira no Brasil na implantação desse<br />
equipamento. Esse tipo de cabo tem dupla<br />
função: servir de pára-raios e<br />
acomodar as fi bras ópticas<br />
que fazem a transmissão<br />
de dados”, explica<br />
39
40<br />
Carlos Magno de Sá Abadá, superintendente<br />
de Telecomunicações.<br />
O cabo OPGW é colocado normalmente<br />
na parte mais alta das torres que compõem<br />
a linha de transmissão (diagrama ao lado).<br />
A fi bra óptica fi ca na parte interna do cabo<br />
e é manipulada e conectada por meio das<br />
chamadas caixas de emenda.<br />
A trezentos mil quilômetros por segundo<br />
- a velocidade da luz -, a transmissão dos<br />
dados por meio da fi bra óptica é instantânea.<br />
O que defi ne a capacidade de transmissão<br />
desses dados é a qualidade dos equipamentos<br />
eletrônicos utilizados “na ponta” para<br />
transmitir e recepcionar os dados.<br />
A opção pela construção da rede de fi bra<br />
óptica da <strong>Eletronorte</strong> surgiu com a demanda<br />
de uma maior capacidade de transmissão de<br />
dados. O crescimento da rede corporativa<br />
de informática, a automação das máquinas,<br />
das subestações e das usinas, a necessidade<br />
crescente de transmitir dados com confi abilidade,<br />
continuidade e qualidade foram outras<br />
demandas.<br />
“Ficava mais econômico e confi ável montar<br />
um sistema próprio, com grande capacidade<br />
de transmissão de dados, do que fi car<br />
comprando canais das operadoras”, explica<br />
Abadá. Atualmente, a fi bra óptica está presente<br />
em 5.927 quilômetros das linhas de<br />
transmissão operadas pela <strong>Eletronorte</strong>, o que<br />
equivale a quase 60% do total.<br />
Serviços - A Superintendência de Telecomunicações<br />
foi criada com a fi nalidade principal<br />
de prestar serviços de telecomunicações<br />
para a própria <strong>Eletronorte</strong> e para terceiros. Em<br />
2001 houve uma mudança no Estatuto Social<br />
da Empresa, adequando-o para possibilitar<br />
a prestação do serviço de telecomunicações<br />
a terceiros. Em 2003, a <strong>Eletronorte</strong> obteve<br />
licença junto à Agência Nacional de Telecomunicações<br />
- Anatel para explorar o Serviço<br />
de Comunicação Multimídia - SCM.<br />
Rede de fi bras<br />
ópticas (OPGW)<br />
da <strong>Eletronorte</strong>
Hoje, a rede de fi bras ópticas atende<br />
às necessidades de comunicação operativa<br />
e corporativa entre as unidades<br />
da <strong>Eletronorte</strong>, gerando serviços de<br />
telecomunicações como produtos. Para<br />
o mercado externo, a Empresa oferece<br />
canais de comunicação como produto<br />
e infra-estrutura para as operadoras de<br />
serviços de telecomunicações.<br />
A utilização do sistema óptico também<br />
está permitindo a redução de custos, tais<br />
como a interligação telefônica entre a Sede,<br />
em Brasília, e as unidades regionais do Maranhão,<br />
Pará, Mato Grosso, Tocantins, Acre<br />
e Rondônia, que são feitas via ramal, sem<br />
pagar interurbano.<br />
A medição e o faturamento pelo uso das<br />
linhas de transmissão da Empresa também<br />
são feitos por meio das fi bras ópticas, bem<br />
como a realização de videoconferências.<br />
A rede de fibra óptica também está<br />
gerando receitas para a <strong>Eletronorte</strong>. A<br />
Empresa tem contratos fi rmados na telefonia<br />
celular com a Vivo, Claro e Brasil<br />
Telecom. Na telefonia fi xa, há contratos<br />
fi rmados com a Brasil Telecom e com a<br />
Embratel. “Hoje temos uma receita anual<br />
com os serviços de telecomunicações da<br />
ordem de R$ 3 milhões. E temos a certeza<br />
de que essa receita será crescente a cada<br />
ano”, informa Abadá.<br />
A estimativa é de que se a Empresa tivesse<br />
que pagar por conectividade para as<br />
mesmas operadoras para as quais passou<br />
a ser prestadora de serviços, os gastos chegariam<br />
a cerca de R$ 30 milhões por ano.<br />
Outra importante ação que a <strong>Eletronorte</strong><br />
está iniciando é colocar a sua infra-estrutura<br />
de fi bra óptica à disposição do Governo do<br />
Estado do Pará para possibilitar a inclusão<br />
digital de milhões de pessoas por meio de<br />
telecentros digitais.<br />
É impossível imaginar qualquer sistema<br />
computadorizado hoje em dia que não<br />
tenha como base a transmissão de dados.<br />
Para a <strong>Eletronorte</strong>, a opção por montar uma<br />
rede de fi bra óptica própria mostrou-se<br />
bastante vantajosa.<br />
Enquanto isso, o monitoramento dos sistemas<br />
elétricos, 24 horas por dia, continua para<br />
garantir a boa qualidade dos serviços, o suprimento<br />
de energia elétrica e a tomada rápida de<br />
decisões, se necessário for. A integração dos<br />
dados é garantida pelas fi bras compostas por<br />
fi nos fi lamentos de vidro, que revolucionaram<br />
o mundo das telecomunicações.<br />
Filamentos de luz<br />
A fi bra óptica é um fi lamento de vidro<br />
(sílica) da espessura de um fi o de cabelo,<br />
capaz de transmitir a luz a enormes distâncias.<br />
Quando alguém fala ao telefone, a voz<br />
é traduzida para a linguagem dos impulsos<br />
elétricos, pelo próprio aparelho. Porém,<br />
quando essa mensagem é transmitida por<br />
meio de fi bra óptica, esses impulsos são<br />
convertidos em impulsos de luz, por meio<br />
de uma fonte de faixa de infravermelho conectada<br />
à fi bra.<br />
A aplicação dessa tecnologia revolucionou<br />
a comunicação de dados por causa dos benefícios<br />
se comparada ao uso de cabos de<br />
cobre convencionais. A comunicação óptica<br />
tem muitas vantagens: ela permite a transmissão<br />
de uma quantidade bem maior de<br />
informações, a distâncias bem mais longas;<br />
tem menor custo de implantação e operação;<br />
os componentes são bem menores e a interferência<br />
eletromagnética é eliminada.<br />
Uma tecnologia denominada Wavelength<br />
Division Multiplexing (WDM), ou Multiplexação<br />
por Divisão de Comprimento de Onda, fez<br />
com que, em vez de se utilizar uma fi bra para<br />
cada laser de sinal, como no início do sistema,<br />
fosse possível transmitir vários lasers pela<br />
mesma fi bra óptica. Assim, a multiplexação<br />
permite que diversas bandas de transmissão,<br />
cada uma com dezenas de milhões de ligações<br />
ao mesmo tempo, possam ser enviadas<br />
por uma única fi bra óptica.<br />
Há dez anos, cada fi bra óptica levava um<br />
único raio de luz e transmitia seiscentos<br />
milhões de bits por segundo (bps). Hoje, já<br />
se pode canalizar cem lasers dentro da fi bra<br />
ótica e transmitir um trilhão de bps. (Fonte:<br />
Jornal da Unicamp)<br />
41
42<br />
Parceria pela inclusão digital no Pará<br />
A rede de fi bras ópticas da <strong>Eletronorte</strong> está<br />
agora a serviço da inclusão digital no Estado do<br />
Pará. Um convênio de cooperação técnica, inédito<br />
no País, vai permitir o uso da rede de fi bra<br />
óptica da <strong>Eletronorte</strong> pelo governo estadual e a<br />
transmissão de dados em alta velocidade a órgãos<br />
públicos e a telecentros, que benefi ciarão cerca<br />
de dois milhões de pessoas em diversos municípios<br />
paraenses. O secretário de Desenvolvimento,<br />
Ciência e Tecnologia do Estado do Pará, Maurílio<br />
Monteiro, explicou à revista Corrente Contínua os<br />
trabalhos que estão sendo desenvolvidos por intermédio<br />
do convênio.<br />
Qual o percentual da população do Pará que<br />
tem acesso a computadores e à Internet?<br />
A estimativa hoje é de que 5,5% da população<br />
têm acesso a computadores e apenas 3% têm<br />
acesso à internet. É um percentual muito baixo e<br />
os governos federal e estadual têm desenvolvido<br />
um conjunto de ações para melhorar essa situação,<br />
como o convênio fi rmado com a <strong>Eletronorte</strong>.<br />
O que prevê o convênio fi rmado entre<br />
o governo do estado e a <strong>Eletronorte</strong>?<br />
Esse é um passo importante para efetivar a<br />
inclusão digital de milhões de pessoas excluídas.<br />
Com esse convênio, a <strong>Eletronorte</strong> cede o direito<br />
de uso da sua rede de fi bras ópticas, que se<br />
estende desde o município de Santa Maria até<br />
Santarém. Esse trajeto tem centenas de quilômetros<br />
e em 12 pontos desse trecho haverá a<br />
possibilidade de o governo fazer derivações dessa<br />
rede e implantar um conjunto de ações voltadas<br />
à inclusão digital.<br />
Quais as principais ações que serão<br />
desenvolvidas por meio do convênio?<br />
São dois tipos de ações. A primeira é a implantação<br />
de cidades digitais para permitir, num raio<br />
de quatro quilômetros da antena principal, que<br />
todos os órgãos públicos tenham acesso à internet.<br />
Outra ação é a instalação de infocentros, em<br />
convênios com as prefeituras e organizações nãogovernamentais,<br />
para os quais o governo cederá<br />
computadores, espaço físico, monitores e internet<br />
para comunidades de baixa renda. A previsão é de<br />
que, em um ano, sejam instalados trinta infocentros<br />
na faixa da infovia.<br />
Que áreas serão benefi ciadas e como os<br />
serviços públicos poderão ser otimizados?<br />
Nós teremos um conjunto de benefícios nas<br />
áreas de educação, saúde, comunicação e várias<br />
outras. O funcionamento da rede vai possibilitar a<br />
implantação do serviço de telemedicina, pois será<br />
possível a transmissão de exames e a produção de<br />
laudos a distância. Teremos também os telecentros<br />
de inclusão digital, que vão melhorar a educação<br />
da população e ações de governança eletrônica<br />
com vários serviços para a população, como tirar<br />
certidões e outros documentos, participar de videoconferências,<br />
entre outros.<br />
Como foi concebido o projeto e<br />
em quanto tempo a população poderá<br />
contar com os benefícios?<br />
A previsão é de que os primeiros infocentros<br />
comecem a funcionar já com o sinal de fi bra<br />
óptica em Santarém, Marabá e Marituba a partir<br />
de setembro de 2007. A montagem dessa infovia<br />
envolveu um projeto de engenharia sofi sticado<br />
e vai permitir a transmissão de dados numa<br />
velocidade de cinco gigabits por segundo, o<br />
equivalente à transmissão dos dados de sete<br />
CDs a cada segundo. A <strong>Eletronorte</strong> elaborou<br />
esse projeto e já o entregou para que o governo<br />
estadual possa operar a rede.<br />
Qual a estimativa de economia de custos e<br />
que outros benefícios o projeto proporcionará?<br />
A estimativa de redução de custos é de<br />
aproximadamente R$ 3,2 milhões por ano em<br />
conseqüência do uso dessa rede para a transmissão<br />
de dados, voz e imagem entre os órgãos<br />
públicos do Estado. Mas o grande benefício<br />
dessa parceria é mesmo social. Com este projeto,<br />
a <strong>Eletronorte</strong> está prestando um serviço social<br />
de uma dimensão enorme. Essa é uma ação de<br />
grande envergadura, que só foi possível graças<br />
à parceria com a Empresa.
CORRENTE ALTERNADA<br />
Troféu Transparência<br />
<strong>Eletronorte</strong> tem uma das<br />
melhores demonstrações<br />
contábeis do País<br />
A <strong>Eletronorte</strong> está entre as 14 empresas do<br />
seleto grupo premiado pelo Troféu Transparência,<br />
concedido àquelas que têm as melhores<br />
demonstrações contábeis do País. Criado em<br />
1997, o prêmio é dividido nas categorias empresas<br />
abertas e fechadas, numa parceria da<br />
Associação Nacional dos Executivos de Finanças,<br />
Administração e Contabilidade - Anefac; Fundação<br />
Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e<br />
Financeiras da USP - Fipecafi e Serasa. Essa é<br />
a 11ª edição do prêmio que elege as empresas<br />
mais transparentes do Brasil.<br />
De acordo com o diretor Econômico-Financeiro<br />
da <strong>Eletronorte</strong>, Astrogildo Fraguglia Quental, o Troféu<br />
Transparência é reconhecido nacionalmente como o<br />
“Oscar” da classe contábil. “Uma genuína referência<br />
nacional quando o assunto é transparência corporativa.<br />
O prêmio é reconhecido pela seriedade e rigor<br />
técnico com que são selecionados os participantes<br />
e escolhidos os vencedores. Toda a nossa aguerrida<br />
equipe, particularmente da Superintendência de<br />
Contabilidade, está honrada com essa distinção.<br />
Esse prêmio é mais uma das várias provas da competência<br />
dos colaboradores da <strong>Eletronorte</strong>”.<br />
O superintendente de Contabilidade da <strong>Eletronorte</strong>,<br />
Jésus Alves da Costa, concorda com<br />
Astrogildo. “Fazemos questão de destacar o papel<br />
da equipe e da Diretoria nesse contexto, por terem<br />
sempre apoiado a área contábil, por reconhecê-la<br />
como um ambiente técnico, nunca interferindo na<br />
aplicação de procedimentos pertinentes e de suas<br />
ações”, afi rma.<br />
Gestores<br />
comprometidos<br />
com a<br />
transparência<br />
contábil<br />
Em 2005, a <strong>Eletronorte</strong> obteve da Associação<br />
Brasileira dos Contadores do Setor de Energia<br />
Elétrica - Abraconee prêmio de melhor Demonstração<br />
Contábil entre as grandes concessionárias<br />
do serviço público de energia elétrica, um reconhecimento<br />
de grande importância. Agora, recebe<br />
o Troféu Transparência, considerado uma espécie<br />
de certifi cado de garantia das demonstrações<br />
contábeis da <strong>Eletronorte</strong>.<br />
Método - A análise e a classifi cação das demonstrações<br />
são feitas a partir de critérios essencialmente<br />
técnicos, estabelecidos pela Fipecafi , onde<br />
são avaliados: qualidade e grau das informações<br />
contidas nas demonstrações e notas explicativas;<br />
transparência das informações prestadas; qualidade<br />
do relatório da administração e sua consistência<br />
com as informações divulgadas, aderência aos<br />
princípios contábeis, além de uma série de outros<br />
aspectos relevantes, não exigidos legalmente, mas<br />
importantes para o negócio, como fl uxo de caixa e<br />
balanço social<br />
Numa primeira fase, alunos dos cursos de mestrado<br />
e doutorado em Controladoria e Contabilidade<br />
da FEA-USP selecionam as demonstrações contábeis<br />
publicadas no País que melhor atendem aos<br />
critérios, para encaminhamento à comissão julgadora<br />
composta por personalidades de destaque no<br />
cenário contábil nacional.<br />
Dez empresas abertas receberão este ano o<br />
11º Prêmio Anefac-Fipecafi -Serasa - Troféu Transparência<br />
2007, entre elas a Companhia Vale do<br />
Rio Doce, a Gerdau e a Petrobras. A <strong>Eletronorte</strong> é<br />
premiada na categoria capital fechado, onde quatro<br />
instituições foram contempladas. A cerimônia de<br />
premiação será realizada no dia 25 de setembro<br />
de 2007, em São Paulo.<br />
43
44<br />
Amazônia <strong>Eletronorte</strong><br />
Transmissora<br />
distribui dividendos<br />
Resultado do primeiro leilão realizado sob as regras<br />
do atual modelo do Setor Elétrico, a linha de transmissão<br />
Coxipó/Cuiabá/Rondonópolis, em 230 kV, arrematada<br />
pela <strong>Eletronorte</strong> em consórcio com empresas privadas,<br />
apresentou ótimos resultados. Tanto que o BNDES resolveu<br />
liberar 100% dos dividendos para distribuição entre<br />
os sócios do consórcio, quando o usual seria 25%. Num<br />
ato simbólico, a concessionária da linha, a Amazônia<br />
<strong>Eletronorte</strong> Transmissora de Energia - AETE realizou,<br />
na Sede da <strong>Eletronorte</strong>, com a participação de toda a<br />
Diretoria, cerimônia para demonstração dos resultados<br />
e distribuição dos dividendos aos participantes daquela<br />
Sociedade de Propósito Específi co, que tem a participação<br />
da <strong>Eletronorte</strong> (49%); Alubar (13,25%); Bimetal<br />
(24,5%); e Linear (13,25%).<br />
A linha, que compreende os trechos Coxipó-Cuiabá, em<br />
circuito duplo de 230 kV, com 17 km; Cuiabá - Rondonópolis,<br />
em circuito simples de 230 kV, com 171 km; a<br />
ampliação da subestação Coxipó, com dois vãos de linha<br />
em 230 kV; a construção da subestação Cuiabá, em 230<br />
kV; e a ampliação da subestação Rondonópolis, um vão de<br />
A <strong>Eletronorte</strong> e a PadTec assinaram contrato<br />
para exploração do know-how e do pedido<br />
de patente da metodologia de utilização e<br />
aparatos de regeneração óptica passiva, desenvolvida<br />
por meio de<br />
um projeto de P&D entre<br />
a <strong>Eletronorte</strong> e o Centro<br />
de Pesquisa e Desenvolvimento<br />
em Telecomunicações<br />
- CPqD, um<br />
dos mais conceituados<br />
pólos de tecnologia do<br />
mundo.<br />
Para o presidente da<br />
PadTec, José Salomão<br />
Pereira, as perspectivas<br />
de comercialização<br />
são animadoras. “É<br />
um produto com muito<br />
potencial, resultado de<br />
um trabalho que pode<br />
fazer com que os mercados<br />
da Ásia, África e<br />
mesmo América Latina,<br />
possam ser atendidos<br />
linha em 230 kV e um compensador série em 91 MVAR,<br />
de transmissão teve investimentos de R$ 116,6 milhões<br />
e gerou cerca de oitocentos empregos diretos.<br />
Na ocasião, o diretor-presidente da <strong>Eletronorte</strong>,<br />
Carlos Nascimento, recebeu das mãos do presidente<br />
do consórcio, Mauro Mendes, o cheque de R$ 4,2<br />
milhões, de um total de R$ de 8,7 milhões, correspondentes<br />
à distribuição dos dividendos acumulados no<br />
período de setembro de 2005 a dezembro de 2006.<br />
Quadro qualifi cado - Os cheques foram também entregues<br />
aos demais membros do consórcio: a Bimetal<br />
recebeu R$ 2,3 milhões; a Linear, R$ 1,1 milhão e a<br />
Alubar, R$ 941 mil. Mauro Mendes disse que o patamar<br />
de R$ 8,7 milhões continuará nos próximos dez anos e<br />
deverão aumentar nos 15 anos fi nais com o término do<br />
pagamento do empréstimo ao BNDES. “O nosso grupo<br />
é formado por empresários de Mato Grosso e do Pará,<br />
e a experiência deu tão certo, que a primeira linha de<br />
transmissão feita com participação estatal nesse modelo<br />
mostra-se agora com uma rentabilidade de 22%. No<br />
leilão o grupo teve que dar 38% de deságio para ganhar,<br />
enquanto o previsto era de até 26%”.<br />
Carlos Nascimento enfatizou o quadro técnico altamente<br />
qualifi cado da <strong>Eletronorte</strong>, que se dedica ao extremo.<br />
“O resultado é o sucesso dos processos da Empresa. O<br />
atual modelo do Setor Elétrico não é perfeito mas tem<br />
importância como indutor do desenvolvimento. A partici-<br />
Equipamento a ser produzido pela iniciativa p<br />
com produtos brasileiros, gerando riqueza e trabalho<br />
no País. Já temos muitos interessados e, com assinatura<br />
desse contrato, poderemos começar a produção<br />
em aproximadamente um mês”, afi rma.<br />
Diretores da <strong>Eletronorte</strong> e PadTec assinam o contrato
Diretoria e técnicos das duas empresas comemoram os resultados<br />
pação estatal com empresas privadas deu oportunidade a<br />
novos empresários de participarem de um setor até então<br />
fechado, complexo e carente de recursos. Formamos um<br />
grupo de empresas fora do centro de maior atividade<br />
comercial do País, mas que conseguiu desbancar grupos<br />
gigantes e altamente preparados para o leilão”.<br />
O coordenador de Viabilização de Negócios da<br />
<strong>Eletronorte</strong>, Wilson Fernandes, lembrou que o empreendimento<br />
permite que o Mato Grosso passe a<br />
ser exportador de energia. “A <strong>Eletronorte</strong> investiu<br />
no projeto cerca de R$ 20 milhões e está recebendo<br />
R$ 4,2 milhões no primeiro um ano e quatro meses de<br />
operação, sendo que a concessão é por trinta anos.<br />
É muito importante que a Empresa invista em outros<br />
empreendimentos lucrativos como este, que apresenta<br />
Taxa Interna de Retorno - TIR superior a 20%. A Intesa<br />
(Integração Transmissora de Energia, SPE em parceria<br />
com a Chesf, Fipe e Engevix com obras em andamento),<br />
e a Hidrelétrica Dardanelos, em parceria com a Chesf<br />
e Neoenergia em fase de início de obras, apresentam<br />
expectativa de ótimos resultados para a <strong>Eletronorte</strong>”,<br />
vibra o coordenador.<br />
privada tem patente pedida pela <strong>Eletronorte</strong><br />
O diretor de Gestão Corporativa da <strong>Eletronorte</strong>, Manoel<br />
Ribeiro, disse que essa é mais uma demonstração da<br />
importância que a Empresa dá à pesquisa e ao desenvolvimento<br />
tecnológico. “Os talentos que temos aqui, e a<br />
vontade que temos de buscar parcerias para mostrar que o<br />
Brasil é capaz de produzir tecnologia fazem a diferença”.<br />
Fibra ótica - “Sempre tivemos um problema com a<br />
transmissão de sinais na rede de fi bra ótica, que era a<br />
necessidade de, a cada duzentos quilômetros, colocarmos<br />
uma estação repetidora, exigindo um alto custo de manutenção<br />
para a Empresa. Daí é que a Empresa desenvolveu<br />
uma pesquisa com o CPqD e o resultado foi o Regenerador<br />
Ótico Passivo”, explica o superintendente de Pesquisa e<br />
Desenvolvimento Tecnológico, Luis Cláudio Silva Frade.<br />
O equipamento, inventado por Domingos Sávio dos<br />
Reis, da <strong>Eletronorte</strong>, é capaz de transmitir um sinal a até<br />
quatrocentos quilômetros, permitindo que não seja mais<br />
necessária a antena retransmissora. “A <strong>Eletronorte</strong> pediu<br />
o registro da patente desse equipamento junto ao Instituto<br />
Nacional da Propriedade Industrial - Inpi; contratou uma<br />
empresa para produzi-lo em escala comercial e agora<br />
assinamos o contrato que vai permitir a exploração desse<br />
know-how. É a primeira vez que se faz isso no Setor<br />
Elétrico”, afi rma Frade.<br />
Patente - A gerente de Articulação com<br />
a Indústria Nacional, Neusa Lobato, explica<br />
que a Lei 9.279/96 permite que contratos<br />
dessa natureza sejam feitos por cinco anos,<br />
renováveis por mais cinco. “Há duas coisas<br />
diferentes: uma é a exploração do know-how;<br />
e outra é a exploração do pedido de patente.<br />
Essa última não pode ser cobrada, pois o que<br />
temos é o pedido e, conseqüentemente, uma<br />
expectativa de ganho. Demos entrada no Inpi<br />
há dois anos e o processo pode levar até oito<br />
anos. Nos primeiros 18 meses o processo fi ca<br />
em sigilo; depois de mais 18 meses começam<br />
outras análises técnicas. Se essa patente sai antes<br />
do tempo previsto no contrato, poderemos<br />
então transferir a exploração da patente”.<br />
É importante lembrar que a <strong>Eletronorte</strong><br />
vai receber royalties de 7,0 % sobre o lucro<br />
líquido dos equipamentos comercializados<br />
pela PadTec. Além disso, na aquisição de um<br />
deles, a Empresa tem mais 10% de desconto.<br />
A estimativa é que o equipamento gere uma<br />
economia de aproximadamente R$ 1 milhão<br />
ao ano, por estação. O investimento no projeto<br />
foi de R$ 670 mil.<br />
45
CIRCUITO INTERNO<br />
46<br />
Efi ciência energética<br />
Nas escolas do Pará 160 mil estudantes da<br />
rede pública aprendem a preservar o meio<br />
ambiente e a economizar energia elétrica<br />
O Programa <strong>Eletronorte</strong> de Efi ciência Energética -<br />
PEEE, que vem sendo executado desde 2005 no Pará,<br />
chega neste semestre a 221 novas escolas da rede pública<br />
de ensino em oito municípios paraenses. Desde o<br />
início de agosto, professores, servidores de instituições<br />
municipais e estaduais, estudantes e suas famílias<br />
aprendem com o PEEE Educacional a preservar o meio<br />
ambiente ao fazer uso efi ciente da energia elétrica.<br />
O projeto envolve professores de todas as disciplinas<br />
aplicadas nas escolas. As ações do programa incluem<br />
sensibilização de gestores escolares, capacitação de<br />
professores, realização de atividades lúdico-pedagógicas<br />
e medição do consumo de energia nas escolas e residências<br />
dos estudantes, com todo o material didático doado<br />
pela <strong>Eletronorte</strong> e Eletrobrás.<br />
As ações serão desenvolvidas gradativamente ao longo<br />
do semestre, até que todos os municípios benefi ciados<br />
pelo convênio sejam contemplados: Belém, Castanhal,<br />
Para viver, vencer<br />
“Nos dias 14 e 16 de agosto de 2007, Edson Cavalcante<br />
conquistou duas medalhas de ouro no Parapan-americano<br />
Rio 2007. Ele deixou para trás adversários do México e do<br />
Canadá, favoritos na disputa dos 100 e 200 metros rasos.<br />
Nos 100 metros seu tempo foi de 11s72 e nos 200 metros<br />
23s95.Com seu carisma, o atleta da <strong>Eletronorte</strong> conseguiu<br />
arrebatar a torcida e a imprensa. Ele é agora conhecido<br />
como o novo “xodó” do para-atletismo brasileiro”.<br />
A boa notícia acima chegou a tempo de completar esta<br />
reportagem, provando mais uma vez que os brasileiros<br />
são famosos pela perseverança e por encararem com<br />
alegria a vida. Na Regional de Produção e Comercialização<br />
de Rondônia existe um exemplo ainda maior: brasileiro,<br />
nascido em família humilde e portador de necessidades<br />
especiais. Esse é o retrato de Edson Cavalcante Pinheiro,<br />
28, que buscou nos assentos escolares e no esporte a<br />
força para se fi rmar na vida.<br />
Edson nasceu em meio a difi culdades, no interior do<br />
Acre. No parto, sofreu uma paralisia cerebral que ocasionou<br />
uma paralisia parcial em seu braço direito. “Minha<br />
sorte é que sempre consegui enfrentar isso muito bem,<br />
sem fi car revoltado. Pelo contrário, isso só me deu mais<br />
vontade de lutar”, destaca.<br />
Edson mostrou o que uma pessoa determinada é capaz<br />
de fazer. Mesmo convivendo com difi culdades, ele fez facul-<br />
Santarém, Goianésia, Jacundá, Ananindeua, Barcarena<br />
e Abaetetuba. A previsão é de que até novembro,<br />
1.590 professores e aproximadamente 160 mil<br />
estudantes do ensino infantil, fundamental e médio<br />
estejam sensibilizados.<br />
O PEEE Educacional, produto da parceria entre<br />
Eletrobrás e <strong>Eletronorte</strong> no Programa Nacional de<br />
dade: Tecnologia em Processamento de Dados, na Faculdade<br />
de Ciências Administrativas e de Tecnologia de<br />
Rondônia (Fatec-RO), na capital do Estado, Porto Velho.<br />
Hoje, faz pós-graduação em Desenvolvimento Web.<br />
O suporte dado pelos estudos, somado à participação<br />
de Edson em associações de portadores de<br />
defi ciências físicas garantiu a conquista de um espaço<br />
no disputado mercado de trabalho. “Só tenho o que<br />
comemorar. Consegui estudar e, com a ajuda da Associação,<br />
sempre consegui trabalho. Por isso, há seis<br />
anos trabalho na <strong>Eletronorte</strong>, que abriu novas portas<br />
para mim”, comemora.<br />
Uma das grandes mudanças na vida de Edson,<br />
depois de ter entrado na <strong>Eletronorte</strong>, foi o ingresso<br />
nos esportes. Foi na Empresa que ele conheceu João<br />
Fernando, o ‘Totó’, um amigo, também portador de<br />
necessidades especiais, que lhe incentivou a praticar<br />
esportes. Com o apoio, Edson começou a praticar e<br />
participar de competições para-desportivas de tênis de<br />
mesa. O talento para os esportes foi logo comprovado:<br />
em 2003, Edson foi campeão brasileiro de tênis de<br />
mesa individual.<br />
Em 2004, houve uma mudança de planos e Edson<br />
passou a competir no atletismo, por acreditar que nesse<br />
esporte seria mais competitivo. Nosso atleta acertou mais<br />
uma vez e, já em 2005, venceu o Campeonato Brasileiro<br />
nos 100 e 200 metros rasos. O mesmo aconteceu em
Conservação da Energia Elétrica na Educação Básica<br />
(Procel Educacional), com apoio das secretarias<br />
de Educação, tem como meta gerar a economia<br />
de 6,98 kWh/mês por aluno envolvido. Mas o uso<br />
racional de energia elétrica pode trazer resultados<br />
ainda melhores, segundo a gerente de Articulação<br />
com a Indústria Nacional da <strong>Eletronorte</strong>, Neusa<br />
Foto: Daniel Fachini/CPB<br />
Professores e alunos unidos na mesma lição: sabendo usar não vai faltar<br />
Rodrigues. “Nossas medições nas residências dos<br />
alunos já contemplados nos programas têm tido um<br />
resultado médio de 12 kWh/mês e uma média de economia<br />
nas escolas de 180 kWh/mês. Em Breu Branco,<br />
a economia de energia, em seis meses, nas instituições<br />
envolvidas, representou o consumo de três escolas no<br />
mesmo período considerado”.<br />
2006 e, agora em 2007, Edson defende o tri-campeonato<br />
em sua classe, a T-38 (no para-atletismo, os atletas são<br />
divididos em classes, de acordo com o nível e tipo de defi -<br />
ciência física). Ele tem tudo para conseguir, pois na primeira<br />
etapa do Campeonato Brasileiro deste ano, realizado em<br />
Porto Alegre, Edson novamente foi para o lugar mais alto<br />
do pódio nos 100 e 200 metros rasos.<br />
Com esse histórico de vitórias, na vida e no esporte,<br />
Edson foi para os Jogos Parapan-americanos Rio 2007<br />
e voltou com as medalhas douradas para a <strong>Eletronorte</strong>,<br />
Empresa que também lhe patrocina.<br />
Os resultados de Edson são expressivos, principalmente<br />
se for levado em consideração que o atleta não treina em<br />
uma pista ofi cial, inexistente em Rondônia, e que ele não<br />
é um atleta profi ssional. “Eu preciso trabalhar. Não tenho<br />
como viver só do esporte. Essa é a realidade da maioria<br />
dos atletas, mesmo os que não possuem defi ciência e,<br />
obviamente, isso prejudica os resultados”, frisa.<br />
O esforço e superação de Edson são tão visíveis que<br />
ele foi um dos escolhidos para conduzir a tocha olímpica<br />
dos Jogos Pan-americanos Rio 2007 quando ela passou<br />
por Porto Velho, no dia 25 de junho passado. “Eu fi quei<br />
muito feliz em perceber que meu esforço está sendo<br />
reconhecido e em ver meus amigos da <strong>Eletronorte</strong> me<br />
acompanhando naquele momento. Sempre recebo o incentivo<br />
dos que trabalham comigo, mas naquele momento<br />
foi mais especial”.<br />
47
AMAZÔNIA E NÓS<br />
48<br />
RONDÔNIA<br />
HISTÓRIA<br />
A <strong>Eletronorte</strong> chegou<br />
a Rondônia em 1981,<br />
dez meses antes da<br />
criação do Estado. Nesse<br />
mesmo ano, iniciou<br />
a construção da Usina<br />
Hidrelétrica Samuel,<br />
no Rio Jamari. Nove<br />
anos depois, a Usina se<br />
incorporou ao parque<br />
termelétrico instalado<br />
na capital, Porto Velho,<br />
possibilitando a ampliação<br />
do sistema de transmissão<br />
para o interior do<br />
Estado.<br />
Em Rondônia, a <strong>Eletronorte</strong><br />
é representada<br />
pelas unidades regionais<br />
de Produção e<br />
Comercialização e de<br />
Planejamento e Engenharia.<br />
A força de<br />
trabalho é formada por<br />
profi ssionais das mais<br />
diversas áreas de conhecimento,<br />
que trabalham<br />
para melhorar<br />
a qualidade de vida dos<br />
rondonienses.<br />
Esse trabalho tem<br />
sido reconhecido ao<br />
longo dos anos, tanto<br />
pela satisfação dos<br />
clientes e consumidores<br />
quanto pelas diversas<br />
premiações recebidas,<br />
devido à excelência<br />
da gestão empresarial.<br />
Essas conquistas são<br />
fruto da prática constante<br />
dos valores do<br />
Credo da <strong>Eletronorte</strong>:<br />
excelência na gestão,<br />
valorização das pessoas,<br />
comprometimento,<br />
aprendizado contínuo,<br />
empreendedorismo e<br />
ética e transparência.<br />
TRANSMISSÃO<br />
O sistema de transmissão da <strong>Eletronorte</strong> em Rondônia conta com<br />
dez subestações. A subestação de Ji-Paraná está sendo ampliada para,<br />
juntamente com a construção das subestações de Pimenta Bueno e<br />
Vilhena, garantir um dos maiores empreendimentos no cone sul do<br />
Estado: a linha de transmissão Ji-Paraná/Pimenta Bueno/Vilhena,<br />
que permitirá a interligação dos Estados do Acre e de Rondônia ao<br />
Sistema Interligado Nacional - SIN. Atualmente são 916 quilômetros<br />
de linhas de transmissão em 69 kV, 138 kV e 230 kV, e 1.367 MVA de<br />
capacidade de transformação.<br />
GERAÇÃO<br />
A energia elétrica consumida<br />
em Rondônia é gerada pela Usina<br />
Hidrelétrica Samuel e por um<br />
parque termelétrico operado pela<br />
<strong>Eletronorte</strong> e por produtores independentes<br />
de energia. Samuel<br />
tem potência instalada de 216<br />
MW e é considerada um marco<br />
na história local. Sua construção<br />
possibilitou que uma antiga colônia<br />
de pescadores desse lugar ao<br />
município de Candeias do Jamari.<br />
A hidrelétrica foi concebida inicialmente<br />
para suprir as cidades<br />
rondonienses de Guajará-Mirim,<br />
Ariquemes, Ji-Paraná, Pimenta<br />
Bueno, Vilhena, Abunã e a capital,<br />
Porto Velho. Atualmente, 90%<br />
dos 52 municípios do Estado são<br />
benefi ciados com energia fi rme e<br />
segura desse sistema isolado da<br />
<strong>Eletronorte</strong>.<br />
Em 20 de novembro de 2002, a<br />
capital do Acre, Rio Branco, também<br />
passou a ser abastecida com<br />
a energia de Samuel. Em maio de<br />
2006, esse sistema foi ampliado,<br />
permitindo que a geração térmica<br />
do Acre fosse substituída pela<br />
hidráulica, proporcionando a substituição<br />
da geração a derivados de<br />
petróleo. Além de Samuel, a <strong>Eletronorte</strong><br />
opera a Usina Termelétrica<br />
Rio Madeira, que produz 90 MW.<br />
Somada à geração dos produtores<br />
independentes de energia, a potência<br />
instalada da <strong>Eletronorte</strong> em<br />
Rondônia é de 426 MW.
RESPONSABILIDADE SOCIAL<br />
A energia distribuída pela <strong>Eletronorte</strong><br />
em Rondônia atende 1,7 milhão de habitantes,<br />
incluindo a população do Estado<br />
e mais 280 mil habitantes de Rio Branco,<br />
no Acre. Além desse benefício, a Empresa<br />
desenvolve atividades de responsabilidade<br />
social junto às comunidades.<br />
Um exemplo é a participação dos<br />
empregados em ações assistenciais,<br />
como a doação de cestas básicas a<br />
idosos carentes, iniciativa que nasceu<br />
há 12 anos e que atualmente benefi -<br />
cia mais de 140 famílias. A <strong>Eletronorte</strong><br />
também desenvolve diversos projetos<br />
diretos com a comunidade. Um deles é<br />
a alfabetização de adultos. Duas turmas<br />
de jovens e adultos em Porto Velho e<br />
uma em Candeias do Jamari já foram<br />
contempladas pelo programa, realizado<br />
em parceria com o Colégio Dom Bosco.<br />
Ainda na educação, a <strong>Eletronorte</strong> apóia<br />
no Estado a Associação de Pais e Amigos<br />
do Autista - AMA.<br />
Desde novembro de 2003, em parceria<br />
com o Governo do Estado de Rondônia<br />
e o Ibama, desenvolve em Candeias do<br />
Jamari o projeto de Aproveitamento de<br />
Águas Improdutivas para Criação de<br />
Tambaqui em Tanques-rede, benefi ciando<br />
cerca de 500 famílias de pescadores<br />
MEIO AMBIENTE<br />
O profundo respeito ao meio ambiente<br />
valeu à <strong>Eletronorte</strong> em Rondônia a certificação<br />
NBR ISO 14001, o chamado<br />
‘Selo Verde’, que contempla os resultados<br />
positivos dos trabalhos de preservação<br />
ambiental promovidos na região e consolidando<br />
o Sistema de Gestão Ambiental<br />
Regional, implantado em 2003. Foram<br />
certifi cadas a Usina Hidrelétrica Samuel,<br />
a Usina Térmica Rio Madeira, a Linha de<br />
Transmissão de 230 kV Porto Velho-Abunã<br />
e as subestações Porto Velho e Abunã. O<br />
‘Selo Verde’ comprova que a energia gerada<br />
pela <strong>Eletronorte</strong> é limpa, permitindo valores<br />
maiores em sua negociação, assegurando<br />
sua exportação através da produção<br />
industrial ou da preparação de recursos<br />
minerais como, por exemplo, a produção<br />
de alumínio, em cuja composição a energia<br />
elétrica representa 80%.<br />
49
CORREIO CONTÍNUO<br />
50<br />
Pronunciamento<br />
“Recebi, recentemente, da Diretoria da <strong>Eletronorte</strong> um exemplar<br />
da revista Corrente Contínua, veículo de divulgação das ações<br />
da Empresa, tanto na área de geração e transmissão de energia,<br />
quanto em matéria de preservação ambiental e de projetos sociais.<br />
Gostaria de destacar algumas matérias publicadas na revista, que<br />
completa, em 2007, 30 anos de existência. A primeira matéria<br />
a que gostaria de referir-me é assinada pelo jornalista Alexandre<br />
Accioly e possui o título ‘Hidrelétricas são a melhor opção para<br />
o Brasil’. A matéria não poderia vir em melhor hora. Neste momento<br />
em que a questão ambiental toma conta dos debates em<br />
todo o mundo, é preciso que discutamos, de uma vez por todas,<br />
qual a matriz energética que queremos para o nosso País. E a<br />
forma mais limpa e produtiva de geração de energia elétrica que<br />
temos no Brasil é, sem dúvida alguma, a hidrelétrica. Na área de<br />
atuação da <strong>Eletronorte</strong>, a preservação ambiental caminha lado a<br />
lado com a geração de energia. Esse é o tema de outra matéria,<br />
constante da revista Corrente Contínua, sobre a qual gostaria de<br />
tecer alguns comentários. A matéria, assinada pela jornalista<br />
Michele Silveira, traz exemplos de como a <strong>Eletronorte</strong> cuida<br />
dos impactos ambientais subjacentes à construção das usinas<br />
hidrelétricas. O exemplar que recebi da revista Corrente Contínua<br />
ainda possui uma série de reportagens interessantes que retratam<br />
o trabalho da <strong>Eletronorte</strong>, com destaque para a responsabilidade<br />
sociambiental, uma das marcas da Empresa. A linha-mestra da<br />
revista, com a qual compartilho as mesmas convicções, é que o<br />
Brasil precisa construir usinas hidrelétricas para garantir um futuro<br />
de prosperidade para o seu povo. Os impactos socioambientais<br />
existem, mas são perfeitamente contornáveis por intermédio de<br />
ações modelares como as que vêm sendo desenvolvidas pela<br />
Empresa nas regiões alagadas pelas usinas de Balbina e Tucuruí.<br />
O Brasil precisa de energia para crescer e gerar empregos. E a<br />
melhor maneira de fazê-lo é investindo na construção de novas<br />
hidrelétricas, fontes de geração de energia limpa e renovável.<br />
Parabéns à <strong>Eletronorte</strong> pela belíssima revista e pelo competente<br />
trabalho que vem desenvolvendo”!<br />
Senador Romero Jucá (PMDB-RR)<br />
- em pronunciamento na tribuna do Senado Federal<br />
Furnas<br />
“Agradeço pelo envio da excelente Corrente Contínua. Peço<br />
que transmita, em nome da Coordenação de Imprensa de Furnas,<br />
nossos parabéns e votos de contínuo sucesso aos colegas<br />
envolvidos com o projeto”.<br />
Eduardo Franklin Correia - Coordenador de Imprensa<br />
Coordenação de Comunicação Social de Furnas<br />
Aberje<br />
“Fiquei muito feliz ao receber a revista da <strong>Eletronorte</strong>. Primorosas<br />
a edição e as reportagens. Parabéns!”<br />
Anna Chala - Diretora de Assuntos Externos da Associação<br />
Brasileira de Comunicação Empresarial - Aberje<br />
Abrage<br />
“Essa edição da Corrente Contínua está realmente muito boa<br />
e, coincidentemente, está alinhada com o contexto editorial que<br />
pretendemos adotar na futura revista da Abrage, que, em última<br />
análise, deverá ser uma espécie de somatório de artigos publicados<br />
por nossas associadas. Gostaríamos de passar a receber<br />
essa revista regularmente, na versão impressa”<br />
Flávio Antônio Neiva - Presidente da Associação Brasileira<br />
das Empresas Geradoras de Energia Elétrica - Abrage<br />
Agradecimentos<br />
“Agradecemos a gentileza do envio da revista Corrente Contínua<br />
e parabenizamos pela excelente edição”.<br />
Assessoria de Comunicação do gabinete<br />
do senador Romeu Tuma (DEM-SP)<br />
“De ordem do d eputado Paulo Rocha (PT-PA), confi rmo<br />
o recebimento da revista Corrente Contínua, nº 215 e agradeço<br />
cordialmente”.<br />
Raquel Paz - Assessora parlamentar<br />
do deputado Federal Paulo Rocha<br />
“Agradeço o envio da revista Corrente Contínua,edição n°<br />
215, do mês de junho, na qual aborda o aniversário de 34 anos<br />
desta conceituada Empresa e parabenizo o trabalho quem vem<br />
desenvolvendo ao longo de sua existência”.<br />
Deputado Belarmino Lins de Albuquerque - Presidente<br />
da Assembléia Legislativa do Estado do Amazonas<br />
Entrevista<br />
“Acabo de ler a entrevista publicada na revista Corrente Contínua,<br />
com o deputado José Otávio Germano, presidente da Comissão<br />
de Minas e Energia da Câmara dos Deputados. Parabenizo a<br />
<strong>Eletronorte</strong> e a sua equipe pelo excelente trabalho”.<br />
Luiz Carlos Machado Fernandes - Gerência de<br />
Relações Institucionais e Parlamentares - <strong>Eletronorte</strong><br />
Tucuruí<br />
“Adorei o novo formato da revista Corrente Contínua. Gostei<br />
das matérias, em especial a sobre Tucuruí. Mas gostei mesmo<br />
foi da qualidade da impressão, o que valoriza e muito a imagem<br />
da Empresa, da qual não podemos abrir mão. Parabéns para a<br />
equipe toda, fi cou muito bom.”<br />
Regina Caciamani - Assessoria de Controle da<br />
Subsidiária Integral Manaus Energia - <strong>Eletronorte</strong><br />
Boa leitura<br />
“Caros colegas da equipe da Gerência de Imprensa, parabéns<br />
pela edição da revista Corrente Contínua. Dá gosto saborear sua<br />
leitura!”<br />
Humberto Gama - Gerência de Geotecnia<br />
e Estruturas - <strong>Eletronorte</strong><br />
Qualidade gráfi ca<br />
“Recebemos e agradecemos pelo envio da publicação Corrente<br />
Contínua, de excelente qualidade gráfi ca e editorial. Ressaltamos<br />
ainda que é de grande valia para o acervo da Biblioteca do Iesam<br />
- Instituto de Estudos Superiores da Amazônia continuar a ser<br />
receptora de tão valiosa publicação”.<br />
Clarice Silva Neta - Bibliotecária do Iesam - Instituto<br />
de Estudos Superiores da Amazônia - Belém (PA)<br />
Responsabilidade social<br />
“Caro editor, ao ler a nova edição da revista Corrente<br />
Contínua, queremos parabenizar a todo o corpo editorial pela<br />
excelência dos tópicos nela tratados. Aproveitamos para agradecer<br />
a <strong>Eletronorte</strong>, dentro do tema Responsabilidade Social, pelo<br />
auxilio inestimável que vem sendo dado à Universidade Federal<br />
do Pará, através de convênio de patrocínio para a implantação<br />
de uma Faculdade de Engenharia, em Tucuruí (PA), subunidade<br />
do Instituto de Tecnologia desta Instituição (Itec-UFPA), já com<br />
três cursos implantados: Engenharia Elétrica, Engenharia Civil<br />
e Engenharia Mecânica, e outros em processo de implantação.<br />
Isto mostra o esforço desta grande Empresa, em conjunto com<br />
a UFPA, em proporcionar às populações dos municípios do<br />
entorno da Usina Hidrelétrica Tucuruí, sem dúvida o maior<br />
empreendimento da <strong>Eletronorte</strong>, uma oportunidade inestimável<br />
de ascensão social e de desenvolvimento para essa região. Finalizamos<br />
propondo que a revista enfoque, em próximo número,<br />
uma reportagem sobre a implantação e funcionamento desta<br />
Faculdade”.<br />
Prof. Dr. José Augusto Lima Barreiros -Professor titular<br />
e diretor do Itec-UFPA
FOTOLEGENDA<br />
Grudada na parede<br />
Seguro o choro<br />
Ruindo devagar<br />
Peço socorro<br />
Pelas frestas<br />
Sussurro dores<br />
Descolorida<br />
Renego ao tempo<br />
Desalinhada<br />
Sopro sombras tardias<br />
Apedrejada<br />
Embaralho letras e datas<br />
Pinço estrelas trêmulas<br />
Assentada no mofo<br />
Filtro angústias<br />
Engulo ânsias<br />
Como uma provocação insana<br />
Tento penetrar nos sonhos<br />
Luto pela manifestação da saudade<br />
Mesmo fi xa na superfície ausente<br />
Ignorada em duas frias dimensões<br />
Repito todos os dias anos a fi o:<br />
Por que olhas para o lado<br />
Se sou eu quem te chama?<br />
Texto: Alexandre Accioly<br />
Foto: Rui Faquini