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sumário - Eletronorte

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8<br />

Ler é melhor que estudar<br />

“Estamos aqui<br />

em Altamira, no<br />

dia 7 de junho de<br />

2002, editando<br />

esta historinha de<br />

60 anos. Esta é a<br />

entrevista mais verdadeira<br />

que eu já<br />

dei na minha vida,<br />

tem um monte de<br />

coisas aí que eu<br />

nunca contei pra<br />

ninguém”.<br />

(Durante três<br />

dias Ziraldo esteve,<br />

a convite da<br />

<strong>Eletronorte</strong>, em<br />

Altamira (foto abaixo), Tucuruí, Breu Branco e<br />

Belém, em contato com o povo e as crianças da<br />

região. Seu carisma é absoluto. Menino maluquinho<br />

que é, sua filosofia foi desenvolvida na<br />

Mata do Fundão: “Ler é melhor que estudar”,<br />

ensina às crianças; e continua a correr atrás dos<br />

seus sonhos, como o Compadre a correr atrás<br />

do Galileu: “eu ainda pego essa onça!” Agora,<br />

em agosto de 2007, Ziraldo complementa esta<br />

entrevista com o depoimento a seguir).<br />

Aquela noite em Altamira<br />

“Querido Alexandre, li com o maior interesse a<br />

entrevista em que, tomados de deslumbramento<br />

que as paisagens que nos cercavam naquele<br />

longínquo pedaço do Brasil, produziam em nós<br />

- que, encantados, nos descobrimos mutuamente<br />

- perpetramos esta entrevista, encharcada de<br />

uísque e alegria. Acho que nós dois exageramos:<br />

ela não tem tanta importância, a gente estava<br />

empolgado e você, essa pessoa rara, continuou<br />

empolgado até hoje. Muita coisa mudou na<br />

minha vida nestes cinco anos que nos separam<br />

daquela noite em Altamira. (Que belo título para<br />

um livro: “Aquela noite em Altamira”). Peraí, o<br />

pessoal vai achar que a gente é caso (risos).<br />

Não tem perigo. Nós somos espadas e, por esta<br />

razão, continuemos. Falei tanto na Vilma naquela<br />

noite e, veja você, hoje sigo a minha vida com<br />

outra companheira. É como se fosse uma outra<br />

vida. Um preço bastante caro para viver duas vidas<br />

em uma só existência. Mas independe de nossas<br />

decisões. Hoje estou casado com uma moça loura e<br />

linda, completamente diferente da Vilma que, entre<br />

outras diferenças, era morena. Mas linda, também.<br />

Quando eu digo loura linda você vai achar que, como<br />

um velho gaiteiro, me casei com uma mocinha. Nada<br />

disso. Ela é uma mulher feita, feitíssima, que tem o<br />

dom de ser também, fi lha de meu tio mais querido,<br />

meu tipo inesquecível, meu<br />

herói, irmão de minha mãe,<br />

que se chamava, para seus<br />

sobrinhos, Tilcinho, e para a<br />

vida prática, Wilson. Quando<br />

a Márcia nasceu, eu morava<br />

na casa deste meu tio e<br />

juro que não cantei para ela<br />

aquela canção que o Cláudio<br />

Cavalcanti cantava numa<br />

novela e que se chamava<br />

‘Menina’, lembra? E nem<br />

ela cantou para mim. O<br />

tempo é que tece o nosso<br />

tempo. Agora sim, estou<br />

contando pra você, coisa<br />

que nunca contei pra ninguém.<br />

No mais, continuo<br />

trabalhando sem olhar<br />

para o espelho. Só as<br />

falhas do meu corpo me<br />

avisam que já passei da<br />

hora... Mas eu não tomo<br />

conhecimento das falhas<br />

do meu corpo”. (Fotos e<br />

ilustrações: Arquivo Ziraldo/<br />

<strong>Eletronorte</strong>)

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