15.04.2013 Views

Prosa - Academia Brasileira de Letras

Prosa - Academia Brasileira de Letras

Prosa - Academia Brasileira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Letícia Malard<br />

to, ao passo que Romero <strong>de</strong>fendia a crítica sociológica, <strong>de</strong>ntro da concepção positivista<br />

do tempo. A sexta série <strong>de</strong> Estudos <strong>de</strong> Literatura <strong>Brasileira</strong>, <strong>de</strong> Veríssimo, é <strong>de</strong><br />

1907. 8 Aí o crítico focaliza, entre outros, o primeiro poeta lírico brasileiro –<br />

Manuel Botelho <strong>de</strong> Oliveira; poetas menores como Magalhães <strong>de</strong> Azeredo (outro<br />

amigo <strong>de</strong> Machado), Júlia Cortines e Luís Guimarães Filho; o parnasiano<br />

Alberto <strong>de</strong> Oliveira e o simbolista Cruz e Sousa; resenha livros publicados entre<br />

1903 e 1905. E fala mal da história da literatura <strong>de</strong> Romero. Este replicou, chamando-o<br />

<strong>de</strong> “tucano empalhado da crítica brasileira” e <strong>de</strong> “criticastro das tartarugas”.<br />

9 Era uma briga torta, entre a Sociologia e a Estética.<br />

Mesmo sem instrumentais teóricos à disposição da crítica da época, Veríssimo<br />

<strong>de</strong>u um passo importante em relação a Romero, quando privilegiou o fator<br />

estético. No entanto, peca pelo subjetivismo, pela avaliação do simples<br />

prazer <strong>de</strong>spertado pela obra. Essa falta <strong>de</strong> critérios, bem como o caráter impressionista,<br />

levou Veríssimo à incompreensão e à recusa <strong>de</strong> movimentos estilísticos,<br />

como o Simbolismo, e <strong>de</strong> autores hoje canônicos, como Cruz e Sousa.<br />

A gran<strong>de</strong> obra <strong>de</strong> Veríssimo é a História da Literatura <strong>Brasileira</strong>, na contramão da<br />

História <strong>de</strong> Romero. Graças a uma extrema sensibilida<strong>de</strong> e a análises do texto<br />

em si, apesar das avaliações impressionistas, po<strong>de</strong>-se dizer que essa História tem<br />

indiscutível atualida<strong>de</strong>.<br />

3. Afrânio Peixoto é o nome selecionado para a terceira década –<br />

1917-1927. 10 Médico sanitarista, romancista e gran<strong>de</strong> erudito, <strong>de</strong>ixou uma<br />

obra imensa. Ficou sendo uma figura afetiva para a <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong>, pois atuava<br />

como seu presi<strong>de</strong>nte, em 1923, quando o Petit Trianon foi negociado com o governo<br />

francês. Peixoto <strong>de</strong>u início às primeiras publicações acadêmicas, cuja coleção<br />

mais tar<strong>de</strong> recebeu seu nome. Duas paixões literárias marcaram sua vida:<br />

8 VERÍSSIMO, José, cit: Estudos <strong>de</strong> Literatura <strong>Brasileira</strong>: sexta série. Rio <strong>de</strong> Janeiro-Paris: Ed. Garnier, 1907.<br />

Na década, ainda publicou: Que é Literatura e Outros Escritos (1907); História da Literatura <strong>Brasileira</strong> (1916).<br />

9 Ver MARTINS, Wilson. A Crítica Literária no Brasil, v. 1. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Francisco Alves, 1983. p. 408.<br />

10 Nesse período publicou: Poeira da Estrada (1918); Castro Alves, o Poeta e o Poema (1922); A Camonologia e os<br />

Estudos Camonianos (1924); Camões e o Brasil (1924); Dinamene (1925); Leituras Camonianas (1926); Páginas<br />

Escolhidas (1926).<br />

118

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!