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<strong>Senac</strong><br />
Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial<br />
Presidente do Conselho Nacional<br />
Antônio Oliveira Santos<br />
Departamento Nacional<br />
Diretor-geral<br />
Sidney Cunha<br />
Diretor da Divisão Técnica<br />
Luiz Carlos Santa Rosa<br />
Diretor da Divisão de Operações (Diop)<br />
Eladio Asensi Prado<br />
Diretora da Divisão de Administração e Recursos Humanos (DARH)<br />
Vera Espírito<br />
Centro Técnico-Pedagógico (CTP)/Diretoria de Educação Profissional/Ditec<br />
Concepção, coordenação da pesquisa e elaboração do relatório<br />
Diretoria de Planejamento/Ditec<br />
Projeto gráfico, revisão e produção gráfica<br />
Centro de Comunicação Corporativa/DARH<br />
SENAC. DN. Caracterização dos setores de atividades<br />
econômicas : mercado de trabalho e atuação do <strong>Senac</strong> :<br />
imagem pessoal : vestuário e acessórios. Rio de Janeiro,<br />
2007. 48 p. Tab. Gráf.<br />
SENAC; MODA; VESTUÁRIO; MERCADO DE TRABALHO;<br />
ATIVIDADE ECONÔMICA; DADOS ESTATÍSTICOS;<br />
ACESSÓRIO DE MODA.<br />
CDD (20.ed.) – 391<br />
Ficha elaborada de acordo com as normas do SICS – Sistema<br />
de Informação e Conhecimento do <strong>Senac</strong>
Sumário<br />
Apresentação ........................................................... 7<br />
O setor de confecção e a indústria do vestuário ... 11<br />
Caracterização do mercado do segmento<br />
vestuário e acessórios ........................................... 19<br />
Atuação do <strong>Senac</strong> e o segmento<br />
vestuário e acessórios ........................................... 37<br />
Conclusão .............................................................. 45<br />
5<br />
Imagem Pessoal • Vestuário e Acessórios
Apresentação<br />
O homem, desde os primórdios, busca distanciar-se da “animalidade” que está<br />
associada ao corpo intocado. Este, enquanto objeto natural e à mercê das condições<br />
impostas pela natureza, torna semelhantes todos os indivíduos. No entanto,<br />
o corpo pode ser transformado segundo os padrões culturais estabelecidos<br />
com o propósito de afirmar uma determinada identidade grupal. As transformações<br />
se dão através de modificações corporais (tatuagens, escarificações<br />
etc.), ornamentos e vestuário, que representam valores e crenças culturais. 1<br />
Assim, os artifícios (trajes, ornamentos, pinturas etc.) que o homem utiliza na<br />
busca pela identificação com um grupo específico e diferenciação dos demais<br />
constituem, nas diferentes culturas, um universo no qual estão registrados significados<br />
e comportamentos.<br />
É através de vestuário e acessórios que o acompanham que se firma a primeira<br />
etapa de reconhecimento social. É importante salientar que, além de tal reconhecimento<br />
dentro da sociedade, as vestimentas e seus acessórios proporcionam<br />
ao indivíduo uma forma de comunicação com os demais através da linguagem<br />
das roupas, linguagem essa que está diretamente relacionada à evolução<br />
e às transformações porque passa a humanidade.<br />
De meados da Idade Média, quando surge a concepção de moda e o início da<br />
sistematização dos processos de criação, confecção e comercialização com<br />
uma produção totalmente artesanal, 2 até os tempos atuais em que a evolução<br />
de uma indústria da moda alcança os mais diversos segmentos, há um longo<br />
caminho de pesquisas, implementações tecnológicas, mudanças políticas e<br />
sociais.<br />
Apropriando-nos do conceito de “indústria cultural” criado pelos sociólogos<br />
Adorno e Horkheimer, que define que, sob o poder do monopólio, toda cultura<br />
de massa (aí incluída também a moda) torna-se idêntica, podemos entender<br />
que a moda transforma-se em um negócio – por isso, a utilização do<br />
termo “indústria” – em que seus dirigentes a usam como ideologia com o<br />
intuito de legitimar seus produtos. 3<br />
A indústria da moda é bastante complexa e engloba empresas que atuam em<br />
diversos segmentos produtivos como: confecção, têxtil, artefatos de couro (malas,<br />
carteiras, calçados), acessórios, químico, metalúrgico, design, jóias e bijuterias,<br />
cosméticos e perfumarias, arquitetura e decoração e saúde e beleza.<br />
Essa indústria realiza as mais diversas ações nas áreas de criação, gestão,<br />
marketing e tecnologia.<br />
1 QUEIROZ, Renato da Silva. O corpo do brasileiro : estudos de estética e beleza. São Paulo : Ed. <strong>Senac</strong><br />
São Paulo, 1999.<br />
2 Inicialmente, as roupas eram feitas em casa. As famílias criavam ovelhas e cultivavam o linho. Enquanto as<br />
cidades cresciam, surgiram lojas especializadas, geridas por tecelões, remendões e outros artesãos que<br />
faziam roupas. O VESTUÁRIO na Idade Média [capturado em nov. 2004]. Disponível: http://<br />
www.miniweb.com.br/artes/moda<br />
3 SCHMID, Érika. Marketing do varejo de moda : uma ênfase em medias empresas. Rio de Janeiro :<br />
Qualitymark, 2004.<br />
7<br />
Imagem Pessoal • Vestuário e Acessórios
Caracterização dos setores de atividades econômicas: mercado de trabalho e atuação do <strong>Senac</strong><br />
8<br />
A moda, além de fazer parte de processos subjetivos para construção de identidades<br />
(individual e coletiva), apresenta-se também como uma área bastante lucrativa<br />
do mundo moderno, pois abrange diversos segmentos de setores econômicos –<br />
desde acessórios, calçados e cosméticos, até automóveis e eletroeletrônicos. 4<br />
Os setores ligados ao negócio da moda giram atualmente bilhões de dólares no<br />
mercado mundial.<br />
No Brasil, a indústria da moda está em expansão; desde a década de 1990, o<br />
mercado de moda brasileiro vem ultrapassando barreiras tecnológicas, modernizando<br />
equipamentos e processos de produção na cadeia têxtil, gerando novas<br />
ocupações e criando oportunidades para oferta de qualificação.<br />
Tal movimento de expansão e valorização da nossa indústria da moda se deve<br />
a alguns fatores determinantes, como: o estilismo brasileiro, que vive um momento<br />
de grande reconhecimento nacional e internacional pela criatividade e<br />
profissionalização com que vem atuando no mercado; as inovações tecnológicas<br />
no processo produtivo da indústria têxtil que proporciona, entre outras coisas, o<br />
desenvolvimento de novas fibras e o aprimoramento das já conhecidas; a descoberta<br />
e exportação de modelos brasileiras e o estabelecimento de um calendário<br />
de moda no Brasil, com eventos como o São Paulo Fashion Week e o<br />
Fashion Rio, que atraem olhares de conceituados jornalistas internacionais.<br />
No Brasil, segundo dados do Ministério do Trabalho, a indústria da moda emprega<br />
mais de 2 milhões de pessoas em toda a cadeia produtiva têxtil, do cultivo<br />
da matéria-prima à comercialização de peças de vestuário. De acordo com informações<br />
da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil), somando outras<br />
indústrias que a moda engloba – calçados, artefatos de couro, jóias e bijuterias<br />
etc. –, temos um faturamento de R$ 120 bilhões. 5<br />
A partir de dados coletados pela Rais, 6 em 2005, verificamos que do total de<br />
273.167 estabelecimentos participantes da indústria de transformação, os segmentos<br />
“fabricação de produtos têxteis” contabiliza 10.735 empresas, “confecção<br />
de artigos de vestuário e acessórios” soma 42.066 estabelecimentos e, por<br />
fim, “preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos de viagem<br />
e calçados” possui 12.652 fabricantes. Esses valores somados indicam<br />
um total de 65.453 empresas, ou cerca de 24% das empresas constituintes da<br />
indústria de transformação voltadas para o segmento moda.<br />
Na análise de cada setor da indústria de transformação ligada à moda, apresentamos<br />
as seguintes informações: quanto à utilização da mão-de-obra, o setor<br />
têxtil está entre os primeiros lugares no conjunto da indústria de transformação.<br />
A produção desse setor tem seu consumo segmentado, sendo que os três<br />
grandes segmentos consumidores de produtos têxteis são: o segmento casa, o<br />
segmento vestuário e o segmento industrial. No entanto, no Brasil, a distribuição<br />
do consumo concentra-se no segmento vestuário (aproximadamente 70%),<br />
seguido pelo segmento casa (20%) e, por último, o segmento industrial (10%). 7<br />
4 GONÇALVES, Rogério Nogueira. Marketing têxtil. [S.l.] : Senai/Cetiqt, 2000.<br />
5 REINVENTANDO moda. [capturado em nov. 2004]. Disponível: http://www.exclusivo.com.br.<br />
6 Relação Anual de Informações Sociais – Rais é um importante instrumento do Ministério do Trabalho e<br />
Emprego para coleta de dados que tem por objetivo, entre outros, o controle da atividade trabalhista no país.<br />
7 GONÇALVES, op. cit.
O setor têxtil está sendo reestruturado após ultrapassar uma fase difícil como conseqüência<br />
da pequena taxa de crescimento do consumo, bem como as altas taxas<br />
de juros vigoradas, tendo como motor propulsor o setor de confecção com seus 21<br />
segmentos distintos, de acordo com a classificação feita pela Abravest (Associação<br />
Brasileira do Vestuário), no qual estão incluídos artigos de cama, mesa e banho,<br />
peças íntimas, indumentárias de todo tipo e acessórios. No entanto, apesar de<br />
tal multiplicidade, segundo dados do Iemi (Instituto de Estudos e Marketing Industrial),<br />
cerca de 83% do número de empresas do setor de confecção estão voltadas<br />
para a confecção de vestuário, contando com 80% do total da mão-de-obra empregada<br />
na cadeia têxtil. 8<br />
Dada a constituição bastante heterogênea do universo da moda, estabelecemos<br />
o grau de consumo e o número de empregados como os critérios para a<br />
escolha do segmento que será nosso objeto de estudo. Logo, pelas informações<br />
relatadas, será o segmento vestuário e acessórios o foco de nossa análise.<br />
De acordo com estudo realizado pelo BNDES, 9 através da construção do<br />
Modelo de Geração de Emprego, 10 na análise de 41 atividades econômicas, o<br />
vestuário é apontado como o segmento com grande potencial de criação de<br />
vagas, atrás apenas de “serviços prestados à família”. A partir de tal modelo, o<br />
vestuário é o segundo segmento da referida pesquisa, com um acréscimo potencial<br />
de 1.000 postos de trabalho distribuídos em 613 empregos diretos, 136<br />
indiretos e 250 empregos devido ao efeito-renda, o que demonstra a grande<br />
relevância de tal segmento como gerador de emprego, e também a importância<br />
da sua mão-de-obra para a competitividade do setor. Esse estudo avalia somente<br />
o número de postos de trabalho a serem gerados, a partir de todas as<br />
suas premissas simplificadoras, como por exemplo os dados utilizados, que<br />
representam uma média do Brasil.<br />
Tabela 1<br />
Ranking dos<br />
setores de<br />
emprego<br />
direto<br />
Fonte:<br />
Modelo de geração<br />
de empregos<br />
(NAJBERG, 1999)<br />
Posição Setor Empregos<br />
1 Serviços prestados à família 1.080<br />
2 Artigos do vestuário 1.000<br />
3 Agropecuária 828<br />
4 Comércio 810<br />
5 Madeira e mobiliário 805<br />
6 Indústria do café 719<br />
7 Fabricação de calçados 711<br />
8 Fabricação de açúcar 677<br />
9 Abate de animais 664<br />
10 Serviços prestados à empresa 645<br />
8 ANÁLISE da eficiência econômica e da competitividade da cadeia têxtil brasileira, IEL, CNA e Sebrae.<br />
Brasília, DF : IEL, 2000.<br />
9 O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES tem como objetivo apoiar empreendimentos<br />
que contribuam para o desenvolvimento do país; desta ação resultam a melhoria da competitividade<br />
da economia brasileira e a elevação da qualidade de vida da sua população.<br />
10 Estima o nº de postos de trabalho gerados a partir de um aumento da produção setorial de R$10 milhões,<br />
a preços médios de 2003. NAJBERG, Sheila; VIEIRA, Solange Paiva. Modelos de geração de emprego :<br />
metodologia e resultados. Rio de Janeiro : BNDES, 1999.<br />
9<br />
Imagem Pessoal • Vestuário e Acessórios
Caracterização dos setores de atividades econômicas: mercado de trabalho e atuação do <strong>Senac</strong><br />
10<br />
Assim, este estudo tem como objetivo mapear o mercado de trabalho do segmento<br />
vestuário e acessórios com o intuito de traçar tendências gerais de seu<br />
desenvolvimento e os possíveis desdobramentos sobre a qualificação profissional,<br />
cotejadas com a oferta do <strong>Senac</strong> nesse segmento, que, em 2006, representou<br />
37.936 matrículas – 27,06% do total da área profissional Imagem Pessoal.<br />
O aumento percentual do número de matrículas no segmento vestuário e<br />
acessórios em relação aos anos anteriores – em 2004 foram 16,35% do total de<br />
Imagem Pessoal e, em 2005, contabilizamos 22,81% do total de matrículas –<br />
confirma as perspectivas de crescimento desse segmento econômico. A partir<br />
da análise desses dados, buscamos contribuir com subsídios para a atualização<br />
dos cursos oferecidos pela Instituição.
O setor de confecção e a<br />
indústria do vestuário<br />
O setor de confecção, no qual está inserido o segmento vestuário e acessórios,<br />
tem como características a ausência de entraves tecnológicos à entrada de<br />
novas empresas no mercado – com uma simples e conhecida máquina de costura<br />
de baixo custo e fácil manuseio é possível iniciar um negócio – e o baixo<br />
investimento necessário para se constituir uma empresa de pequeno a médio<br />
portes.<br />
Segundo dados da Rais, em 2005, o segmento “confecção de artigos do vestuário<br />
e acessórios” foi responsável por 780.804 postos de trabalho. Ainda de<br />
acordo com tais informações, em 2005 havia 94.586 estabelecimentos do segmento<br />
“confecção de artigos do vestuário e acessórios”, representados da seguinte<br />
forma:<br />
Tabela 2<br />
Distribuição de empresas<br />
do segmento “confecção<br />
de artigos do vestuário e<br />
acessórios” por porte de<br />
estabelecimento<br />
Fonte: Rais<br />
Porte N o de empresas %<br />
0 56.475 59,71<br />
Até 4 17.954 18,98<br />
5 a 9 8.085 8,55<br />
10 a 19 6.016 6,36<br />
20 a 49 4.283 4,53<br />
50 a 99 1.166 1,23<br />
100 a 249 479 0,51<br />
250 a 499 96 0,10<br />
500 a 999 21 0,02<br />
1.000 ou mais 11 0,01<br />
Total 94.586 100<br />
Podemos constatar, através da verificação dos dados da tabela acima, a predominância<br />
das microempresas 11 (71,30%) e de empresas de pequeno porte 12<br />
(24,48%), enquanto as empresas de grande porte têm pouca representatividade.<br />
11 Segundo o Sebrae, a definição do porte das empresas utiliza o conceito de pessoas ocupadas conforme os<br />
seguintes números: microempresa – no comércio e serviços: até 9 pessoas ocupadas; pequena empresa –<br />
no comércio e serviços: de 10 a 49 pessoas ocupadas.<br />
12 Vide nota anterior.<br />
11<br />
Imagem Pessoal • Vestuário e Acessórios
Caracterização dos setores de atividades econômicas: mercado de trabalho e atuação do <strong>Senac</strong><br />
12<br />
Segundo Maria Helena de Oliveira, 13 a sobrevivência das empresas de pequeno<br />
porte é viabilizada devido a aspectos estruturais, como a diversificação da demanda<br />
(confecção de roupa íntima, de dormir, praia/banho, esporte, lazer, social,<br />
roupa profissional, artigos de cama, mesa, banho, copa/cozinha e outras),<br />
que criam nichos de mercado antieconômicos para as maiores empresas, sendo<br />
viáveis economicamente apenas às empresas pequenas; e a flexibilidade<br />
exigida pela indústria do vestuário por estar voltada à produção de um grande<br />
número de modelos durante todo o ano (devido ao lançamento das coleções).<br />
Tais fatores favorecem as pequenas confecções, que demostram maior capacidade<br />
de ajuste e simplicidade administrativa, já que a essas empresas é garantido,<br />
pela Constituição de 1988 e pelo novo Estatuto da Microempresa e da<br />
Empresa de Pequeno Porte pela Lei 9.841/99, um tratamento jurídico diferenciado<br />
e simplificado nas áreas administrativa, tributária, previdenciária, trabalhista,<br />
creditício e de desenvolvimento empresarial. São adotadas, entre outras,<br />
medidas que incluem um regimento único de arrecadação dos impostos e contribuições<br />
(implementação do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e<br />
Contribuições – Simples), aplicação de recursos federais em pesquisa e<br />
capacitação tecnológica e inserção de incentivos fiscais e financeiros para o<br />
desenvolvimento empresarial.<br />
Apesar de o parque fabril brasileiro ter se modernizado com a implementação<br />
de máquinas mais eficientes e automatizadas, otimizando processos de produção<br />
e alterando o perfil da indústria têxtil – que passa a ser mais intensiva em<br />
capital e menos em mão-de-obra –, o subsetor de confecção é o segmento da<br />
cadeia têxtil que apresenta o menor progresso tecnológico e no qual os avanços<br />
registrados incorporam-se apenas a algumas fases do processo (design,<br />
confecção dos moldes etc.), como, por exemplo, a utilização dos sistemas CAD/<br />
CAM (Computer Aided Design/ Computer Aided Manufacturing) e de dispositivos<br />
de controle numérico, cujos benefícios são a redução no tempo do processo<br />
produtivo, no desperdício de matéria-prima e a flexibilidade para alteração<br />
dos modelos. 14<br />
No entanto, no subsetor de confecção, a costura é a principal etapa do processo<br />
produtivo (cerca de 80%), tornando essa fase altamente intensiva em força de<br />
trabalho, o que faz com que essa etapa, e conseqüentemente todo o processo<br />
de confecção, seja bastante dependente da habilidade e do ritmo da mão-deobra.<br />
As duas características mais marcantes do setor de confecção são: intensivo<br />
em mão-de-obra e formado por pequenas empresas, muitas delas informais.<br />
Tal informalidade tem um impacto negativo na competitividade do setor, já que<br />
as chamadas oficinas de costura de “fundo de quintal”, além de distorcerem os<br />
sistemas de valores, não pagam impostos, afetando diretamente a rentabilidade<br />
das empresas formalizadas, justamente aquelas com maior capacidade de<br />
investimento em tecnologia. 15<br />
13 OLIVEIRA, Maria Helena de. Análise conjuntural confeccionista brasileira. Rio de Janeiro : BNDES, 1996.<br />
14 Ibid.<br />
15 ANÁLISE..., op. cit.
A seguir, apresentamos dados em forma de tabela e alguns gráficos que demonstram<br />
o volume de produção do subsetor de confecção em diversos segmentos<br />
e, especialmente, o segmento vestuário com suas especificações, no<br />
período de 2003 a 2005.<br />
Tabela 3<br />
Produção do<br />
setor de<br />
confecção<br />
segundo o<br />
segmento de<br />
atuação<br />
(em mil peças)<br />
Fonte: IEMI<br />
Segmento 2003 2004 2005<br />
Vestuário 4.827.731 4.947.942 5.013.290<br />
Roupa íntima 448.665 460.826 467.692<br />
Roupa de dormir 137.718 140.147 141.100<br />
Roupa de praia/banho 245.084 251.211 259.400<br />
Roupa esportiva 551.675 566.019 576.547<br />
Roupa de lazer 2.380.894 2.443.171 2.447.813<br />
Roupa social 266.686 272.829 284.697<br />
Roupa de gala 11.398 11.615 11.419<br />
Roupa de bebê 256.054 262.430 268.545<br />
Roupa de inverno 145.186 147.161 139.803<br />
Roupa profissional 155.658 160.172 183.797<br />
Roupa de segurança 228.713 232.361 232.477<br />
Meias/Acessórios 609.388 615.480 629.478<br />
Linha lar 872.677 924.252 956.792<br />
Artigos técnicos 3.784.263 3.813.771 3.819.110<br />
Total 10.094.059 10.301.445 10.418.670<br />
Os números relativos ao período investigado (2003 a 2005) indicam que o<br />
subsetor de confecção vem crescendo anualmente e tem no segmento vestuário<br />
a maior produção em peças (em torno de 50% do produto total). O segmento<br />
voltado para os artigos técnicos destaca-se, também, na indústria confeccionista<br />
brasileira abrangendo aproximadamente 40% da produção total de confeccionados.<br />
13<br />
Imagem Pessoal • Vestuário e Acessórios
Caracterização dos setores de atividades econômicas: mercado de trabalho e atuação do <strong>Senac</strong><br />
14<br />
Gráfico 1<br />
Distribuição<br />
percentual da<br />
produção do setor<br />
de confecção (2003)<br />
Gráfico 2<br />
Distribuição<br />
percentual da<br />
produção do setor<br />
de confecção<br />
(2004)<br />
Gráfico 3<br />
Distribuição<br />
percentual da<br />
produção do setor<br />
de confecção (2005<br />
Dentro do segmento vestuário, a “roupa de lazer” liderava com cerca de 50%,<br />
seguida à distância pela produção de “roupa esportiva” – em torno de 12% – e<br />
“roupa íntima” – cerca de 10% –, sugerindo a possibilidade de crescimento no<br />
mercado.
Em contrapartida, a menor produção de peças do segmento vestuário englobava<br />
a “roupa de dormir” e “roupa de gala”, com percentuais abaixo de 3% e 1%,<br />
respectivamente.<br />
Gráfico 4<br />
Distribuição da<br />
produção de<br />
vestuário (em mil<br />
peças)<br />
Gráfico 5<br />
Distribuição<br />
percentual da<br />
produção do<br />
segmento vestuário<br />
(2003)<br />
Gráfico 6<br />
Distribuição<br />
percentual da<br />
produção do<br />
segmento vestuário<br />
(2004)<br />
15<br />
Imagem Pessoal • Vestuário e Acessórios
Caracterização dos setores de atividades econômicas: mercado de trabalho e atuação do <strong>Senac</strong><br />
16<br />
Gráfico 7<br />
Distribuição<br />
percentual da<br />
produção do<br />
segmento<br />
vestuário (2005)<br />
O faturamento do setor têxtil – incluído confecção e vestuário – é bastante relevante<br />
para a economia nacional, como podemos perceber com a tabela a seguir,<br />
que apresenta o ranking das maiores empresas do país em 2005, segundo<br />
dados expostos pelo balanço anual da Gazeta Mercantil. 16<br />
Tabela 4<br />
Ranking<br />
dos setores<br />
industriais com<br />
maior receita<br />
líquida<br />
Fonte:<br />
Balanço Anual<br />
2006 - Gazeta<br />
Mercantil<br />
Indústria<br />
Ranking das<br />
empresas com<br />
Subsetor as maiores<br />
receitas líquidas<br />
Petróleo e gás 1<br />
Química 2<br />
Veículos e autopeças 3<br />
Siderurgia 4<br />
Metalurgia 5<br />
Mineração 6<br />
Eletrodomésticos 7<br />
Papel e celulose 8<br />
Têxtil, couro, calçados e confecções 9<br />
Equipamentos elétricos 10<br />
Mecânica 11<br />
Minerais não-metálicos 12<br />
Farmacêuticos 13<br />
Madeira e móveis 14<br />
Plásticos e borrachas 15<br />
Higiene, limpeza e cosméticos 16<br />
Material para escritório 17<br />
16 O Balanço Anual Gazeta Mercantil 2006 é uma publicação anual que apresenta um elenco de informações<br />
com o objetivo de detalhar o comportamento dos mais representativos setores e subsetores da economia<br />
brasileira.
Segundo tais dados, o setor “têxtil, couro, calçados e confecções” ocupa a 9 a<br />
posição no ranking de empresas que apresentam as maiores receitas líquidas<br />
no conjunto dos 17 setores mais representativos da indústria. No entanto, a<br />
partir das informações levantadas em 276 empresas dos diversos subsetores<br />
do setor “têxtil, couro, calçados e confecções” – fiação, tecelagem e confecções<br />
(120); calçados (28); artigos de vestuário (44); curtumes (27); cama, mesa e<br />
banho (11); diversos têxtil (41); diversos couro e calçados (5) 17 – há uma involução<br />
de 6,0% nesse setor.<br />
O ranking do setor industrial, apresentado pelo Balanço Anual da Gazeta Mercantil,<br />
é o resultado de variáveis aplicadas pelos analisadores, entre elas receita<br />
líquida, evolução real das receitas, lucro/prejuízo operacional, lucro/prejuízo líquido,<br />
ativo total, investimentos, patrimônio líquido, ativos operacionais, passivos<br />
operacionais, incidência tributária, margem de lucro, giro dos ativos e retorno<br />
sobre o capital.<br />
Quanto ao público consumidor dos produtos têxteis, percebe-se que ele vem<br />
tornando-se cada vez mais exigente em relação à qualidade dos produtos e do<br />
serviço/atendimento. Por tratar-se de um público diversificado (faixa etária, sexo,<br />
nível de renda, entre outros fatores) e com necessidades cada vez mais individualizadas,<br />
torna-se imperativa a segmentação do mercado.<br />
A segmentação do público consumidor apresenta três grupos importantes: as<br />
mulheres, os jovens e os solteiros. São grupos que, com as suas especificidades,<br />
vêm passando por mudanças de hábitos e atitudes constantes, refletindo no<br />
setor de confecção e, logo, no segmento vestuário e acessórios. Assim como<br />
esses três grupos mencionados, devemos olhar atentamente também para os<br />
homens, as crianças e os idosos, que atravessam mudanças constantes, e exigem<br />
produtos e serviços cada vez mais especializados.<br />
Analisando esses segmentos individualmente, notamos que todos eles possuem<br />
um grande potencial de crescimento.<br />
O público feminino é o mais tradicional, já que, em geral, as mulheres são vaidosas<br />
e gostam de consumir produtos ligados à beleza, entre eles os confeccionados.<br />
Até pouco tempo, as mulheres eram responsáveis pela escolha e aquisição<br />
das roupas e acessórios usados pelos homens e também pelas crianças e<br />
jovens. Com a maior presença feminina na força de trabalho, seus hábitos vêm<br />
se modificando e seu poder de compra aumentando. Hoje, a mulher assume<br />
diversos papéis na sociedade (mãe, esposa, profissional etc.) e procura<br />
desempenhá-los com determinação, mas sem perder a atratividade e a sensualidade.<br />
Assim, o mercado deve estar atento às novas necessidades e aspirações<br />
femininas.<br />
Atualmente, os homens, as crianças e os jovens demonstram maior autonomia<br />
e informação quanto ao consumo, e o mercado de vestuário e acessórios procura<br />
adequar-se a eles, oferecendo tecnologia (tecidos inteligentes),<br />
modernidade e, ao mesmo tempo, diferenciação (individualismo).<br />
17 Os números entre parênteses após o subsetor indicam o total de empresas que tiveram seus balanços<br />
patrimoniais analisados pela Gazeta Mercantil.<br />
17<br />
Imagem Pessoal • Vestuário e Acessórios
Caracterização dos setores de atividades econômicas: mercado de trabalho e atuação do <strong>Senac</strong><br />
18<br />
Os jovens, além de estarem entrando cada vez mais cedo no mercado de trabalho<br />
– o que lhes permite maior independência e certo poder de compra – também<br />
estão completamente integrados ao capitalismo e organizando-se, cada<br />
vez mais, em grupos com ideologia, indumentária e comportamentos bastante<br />
definidos. 18 É um público consumidor importante, que pode ser fidelizado de<br />
forma a consumir produtos de uma mesma empresa por um longo tempo, atravessando<br />
as diferentes etapas da vida.<br />
As crianças, por sua vez, também estão se tornando um importante nicho de<br />
mercado para o segmento “vestuário e acessórios”. Elas são mais independentes<br />
que as gerações passadas e chegam a influenciar o consumo familiar.<br />
Segundo pesquisa da Multifocus, após realização de um estudo em toda a<br />
América Latina denominado Kiddo’s Study (junto ao público infantil de 6 a 11<br />
anos), detectou-se, entre inúmeros hábitos, que eles decidem pela compra de<br />
59% dos brinquedos e 40% pela compra de vestuário. 19<br />
O mercado de moda infantil cresce continuamente, embora nem sempre seja<br />
percebido pelos profissionais da moda, que ainda preferem trabalhar com vestuário<br />
feminino. Uma prova disso é que, enquanto nos principais eventos de<br />
moda do eixo Rio –São Paulo, as coleções infantis têm participação ínfima, as<br />
vendas no comércio aumentam e os lojistas oferecem aos “pequenos” as promoções<br />
e condições especiais de compra, como fazem as lojas direcionadas<br />
aos adultos, apenas com um diferencial: a linguagem utilizada. 20<br />
Os homens também vêm se preocupando mais com o corpo e a aparência,<br />
demonstrando vaidade sem, no entanto, perderem a masculinidade; característica<br />
essa que passa por um processo de redefinição. Assim, o homem liberta-se<br />
de restrições e convenções determinantes do vestuário e, em busca de um<br />
estilo pessoal, torna-se criativo no vestir.<br />
O segmento masculino estava restrito à clássica roupa masculina, o “terno” e<br />
seus complementos (camisas, calças, coletes), além de alguns itens como roupa<br />
de praia e esportes.<br />
O homem contemporâneo busca ultrapassar o “ar de seriedade” imposto pelo<br />
paletó e a gravata, bem como está mais atento e informado em relação à moda.<br />
Essas mudanças provocam o surgimento de novos produtos no mercado masculino,<br />
entre eles os voltados para vanguarda, ginástica, esportes radicais (escaladas<br />
e ciclismo) e fashion. Portanto, é um segmento que se desenvolve continuamente,<br />
demonstrando grande potencial de crescimento.<br />
18 FEGHALI, Marta Kaznar. As engrenagens da moda. Rio de Janeiro : Ed. <strong>Senac</strong> Rio, 2001.<br />
19 INSTITUTO DE ESTUDOS E MARKETING INDUSTRIAL. Notícias Iemi. [capturado em nov. 2004]. Disponível<br />
em: http://www.iemi.com.br/novo/namidia.htm.<br />
20 MODA infantil emprega. O Dia, Rio de Janeiro, p. 3, 25 jul. 2004.
Caracterização do mercado<br />
do segmento vestuário<br />
e acessórios<br />
Segundo as informações da Rais, 21 apresentamos um painel do segmento “vestuário<br />
e acessórios” quanto aos estabelecimentos, bem como à mão-de-obra<br />
empregada.<br />
Os números apontam para a tendência de estabelecimentos com estrutura familiar<br />
e/ou de pequeno porte, assim como apontam o crescimento do segmento.<br />
Em 2003, de um total de 84.371 empresas confeccionistas, havia 49.657<br />
estabelecimentos que declararavam não possuir vínculos empregatícios, ou seja,<br />
postos de trabalho formais com recolhimento de impostos, direitos assegurados<br />
etc., reafirmando a informalidade reinante no setor de confecção de artigos<br />
do vestuário e acessórios. Em contrapartida, das 84.371 confecções, apenas<br />
85 empresas tinham entre 250 e 499 empregados formais, ou seja, 0,10% do<br />
total, enquanto as empresas sem registro de empregados representavam<br />
58,86%. Tal tendência foi percebida nos anos seguintes (2004 e 2005).<br />
Tabela 5<br />
Número de<br />
estabelecimentos<br />
do<br />
segmento<br />
vestuário e<br />
acessórios<br />
por vínculos<br />
empregatícios<br />
Fonte: Rais<br />
* Registros<br />
formais de<br />
empregados<br />
Vínculos<br />
empregatícios<br />
21 BRASIL. Ministério do Trabalho. Anuário Rais. Brasília, 2003-2005.<br />
Confecção de artigos do vestuário e acessórios<br />
Número de estabelecimentos<br />
2003 % 2004 % 2005 %<br />
0* 49.657 58,86 52.174 58,79 56.475 59,71<br />
Até 4 17.048 20,20 17.238 19,42 17.954 18,98<br />
5 a 9 7.355 8,72 7.907 8,91 8.085 8,55<br />
10 a 19 5.304 6,29 5.741 6,47 6.016 6,36<br />
20 a 49 3.565 4,22 4.003 4,51 4.283 4,53<br />
50 a 99 917 1,09 1.117 1,26 1.166 1,23<br />
100 a 249 411 0,49 443 0,50 479 0,51<br />
250 a 499 85 0,10 92 0,11 96 0,10<br />
500 a 999 16 0,02 21 0,02 21 0,02<br />
1.000 ou mais 13 0,01 12 0,01 11 0,01<br />
Total 84.371 100,00 88.748 100,00 94.586 100,00<br />
19<br />
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Caracterização dos setores de atividades econômicas: mercado de trabalho e atuação do <strong>Senac</strong><br />
20<br />
Gráfico 8<br />
Total de estabelecimentos<br />
do segmento<br />
vestuário e<br />
acessórios por ano<br />
O segmento constitui-se de um grande número de empresas e apresenta-se<br />
heterogêneo em relação ao porte dos estabelecimentos, predominando as<br />
microempresas e empresas de pequeno porte com mão-de-obra intensiva que,<br />
por sua vez, são representativas de os maiores números de postos de trabalho<br />
formais e informais.<br />
O segmento vestuário e acessórios apresentou um crescimento de 14,24% na<br />
geração de emprego, entre 2003 e 2005, com a criação de 111.214 postos de<br />
trabalho, como está demonstrado na tabela e no gráfico abaixo. Tais dados<br />
refletem a constante expansão da demanda por trabalho no setor.<br />
Tabela 6<br />
Número de<br />
trabalhadores<br />
do segmento<br />
vestuário e<br />
acessórios<br />
por vínculos<br />
empregatícios<br />
Fonte: Rais<br />
*Registros<br />
formais de<br />
empregados<br />
Vínculos<br />
empregatícios<br />
Confecção de artigos do vestuário e acessórios<br />
Número de trabalhadores<br />
2003 % 2004 % 2005 %<br />
0* 19.733 2,95 15.506 2,16 18.141 2,32<br />
Até 4 64.126 9,58 61.235 8,52 66.702 8,54<br />
5 a 9 71.921 10,74 76.157 10,60 80.892 10,36<br />
10 a 19 105.699 15,79 110.795 15,41 118.726 15,21<br />
20 a 49 153.941 22,99 168.542 23,45 186.575 23,90<br />
50 a 99 89.322 13,34 107.576 14,97 115.614 14,81<br />
100 a 249 84.985 12,69 91.576 12,74 101.056 12,94<br />
250 a 499 37.909 5,66 40.114 5,58 44.038 5,64<br />
500 a 999 14.769 2,20 19.657 2,73 21.258 2,72<br />
1.000 ou mais 27.185 4,06 27.627 3,84 27.802 3,56<br />
Total 669.590 100,00 718.785 100,00 780.804 100,00
Gráfico 9<br />
Total de trabalhadores<br />
do<br />
segmento<br />
vestuário e<br />
acessórios por<br />
ano<br />
O segmento vestuário e acessórios tem como característica, confirmando teoria<br />
mencionada anteriormente, a mão-de-obra intensiva, concentrada nos estabelecimentos<br />
de pequeno porte. Tal concentração de trabalhadores ocorre, principalmente,<br />
nas faixas mais baixas de vínculos empregatícios, como “10 a 19” e<br />
“20 a 49”, com cerca de 15% e 23% respectivamente. Esses percentuais, como<br />
demonstram os gráficos abaixo, não sofreram mudanças relevantes entre os<br />
anos de 2003 e 2005. Em contrapartida, os estabelecimentos de grande porte –<br />
a partir de 500 empregados registrados – apresentaram os índices menos relevantes<br />
de postos de trabalho.<br />
Gráfico 10<br />
Distribuição<br />
percentual de<br />
trabalhadores por<br />
vínculos<br />
empregatícios (2003)<br />
21<br />
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Caracterização dos setores de atividades econômicas: mercado de trabalho e atuação do <strong>Senac</strong><br />
22<br />
Gráfico 11<br />
Distribuição<br />
percentual de<br />
trabalhadores<br />
por vínculos<br />
empregatícios<br />
(2004)<br />
Gráfico 12<br />
Distribuição<br />
percentual de<br />
trabalhadores<br />
por vínculos<br />
empregatícios<br />
(2005)<br />
Se desagregarmos os dados por região, verificamos que, como visto<br />
anteriormente, os estabelecimentos voltados para a confecção de artigos<br />
do vestuário e acessórios concentram-se nas regiões Sudeste e Sul,<br />
seguido pela região Nordeste, onde os estabelecimentos são atraídos<br />
por incentivos fiscais (oferecidos por alguns estados, como o Ceará) e o<br />
menor custo da mão-de-obra.
Alguns estados do Nordeste vêm interagindo com os estabelecimentos<br />
confeccionistas no que diz respeito ao treinamento da mão-de-obra e à<br />
adoção de cooperativas de trabalhadores subcontratados, isentos de<br />
encargos sociais e remunerados de acordo com a produção, contribuindo,<br />
assim, para a redução dos custos. 22<br />
Em 2003, o segmento vestuário e acessórios apresentou 43.061 estabelecimentos<br />
(51,04%) concentrados na Região Sudeste, enquanto o<br />
Sul possuía 23.609 empresas (27,98%) e, em terceiro lugar, o Nordeste,<br />
com 10.816 estabelecimentos confeccionistas (12,82%). As regiões Centro-Oeste<br />
e Norte possuíam índices bem menores, 5.881 (6,97%) e 1.004<br />
(1,19%) empresas, respectivamente.<br />
Gráfico 13<br />
Distribuição<br />
percentual de<br />
estabelecimentos<br />
segundo a região<br />
geográfica (2003)<br />
Com um aumento de 10,80% no número de estabelecimentos entre 2003<br />
e 2005, temos a seguinte configuração em 2004: região sudeste com<br />
44.601 empresas (50,26%); Região Sul concentrava 24.683 empreendimentos<br />
(27,81%); Região Nordeste com 11.906 estabelecimentos<br />
(13,42%); Região Centro-Oeste possuía 6.340 empresas (7,14%); Região<br />
Norte contabilizava apenas 1.218 empreendimentos (1,37%). Em<br />
2005, o subsetor confeccionista tem o seguinte desenho no mercado:<br />
Região Sudeste concentrava 46.728 empresas (49,40%); Região Sul com<br />
26.293 estabelecimentos (27,80%); Região Nordeste abarcava 13.367<br />
empreendimentos (14,13%); Região Centro-Oeste possuía 6.747 empresas<br />
(7,13%) e, por fim, a Região Norte contava com 1.451 empresas<br />
do total de estabelecimentos voltados para a confecção de artigos do<br />
vestuário e acessórios em todo o território nacional.<br />
22 GORINI, Ana Paula Fontenelle; SIQUEIRA, Sandra Helena Gomes de. Complexo têxtil brasileiro. Rio de<br />
Janeiro : BNDES, 2002.<br />
23<br />
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Caracterização dos setores de atividades econômicas: mercado de trabalho e atuação do <strong>Senac</strong><br />
24<br />
Gráfico 14<br />
Distribuição<br />
percentual de<br />
estabelecimentos<br />
segundo a<br />
região<br />
geográfica<br />
(2004)<br />
Gráfico 15<br />
Distribuição<br />
percentual de<br />
estabelecimentos<br />
segundo a<br />
região<br />
geográfica<br />
(2005)<br />
As regiões Sul e Sudeste, assim como concentram o maior número de estabelecimentos<br />
de confecção de artigos do vestuário e acessórios, também geraram<br />
o maior número de postos de trabalho. Em 2003, do total de 669.590 empregos<br />
formais, um pouco mais da metade, 336.488 (50,25%), estava concentrada na<br />
Região Sudeste; a Região Sul proporcionava 197.434 empregos (29,49%), a<br />
Região Nordeste concentrava 97.285 postos de trabalho (14,53%), enquanto<br />
as regiões Centro-Oeste e Norte possuíam 34.838 (5,20%) e 3.545 (0,53%)<br />
empregos, respectivamente.<br />
Houve um acréscimo de 111.214 postos de trabalho (14,24%) entre 2003 e<br />
2005, número superior ao crescimento dos estabelecimentos no mesmo período,<br />
que ficou em torno de 11%.
Com esse crescimento no número de postos de trabalho, tivemos os seguintes<br />
valores em 2004: Região Sudeste com 359.785 postos de trabalho (50,05%),<br />
Região Sul comportava 216.141 empregados (30,07%), Região Nordeste com<br />
100.910 empregos (14,04%); a Região Centro-Oeste possuía 37.646 empregados<br />
(5,24%) e a Região Norte contabilizava 4.303 trabalhadores (0,60%). Em<br />
2005, temos a seguinte configuração do mercado de trabalho no subsetor<br />
confeccionista: Região Sudeste concentrava 393.283 empregados (50,37%);<br />
Região Sul tinha 236.096 empregos (30,24%); Região Nordeste possuía 106.904<br />
trabalhadores (13,69%); as Regiões Centro-Oeste e Norte apresentavam 39.804<br />
(5,10%) e 4.717 (0,60%) postos de trabalho, respectivamente.<br />
A Região Norte, assim como apresentava o menor número de estabelecimentos,<br />
também é a região que oferecia menos postos de trabalho.<br />
Gráfico 16<br />
Distribuição<br />
percentual de<br />
empregados<br />
segundo a<br />
região geográfica<br />
(2003)<br />
Gráfico 17<br />
Distribuição<br />
percentual de<br />
empregados<br />
segundo a<br />
região<br />
geográfica<br />
(2004)<br />
25<br />
Imagem Pessoal • Vestuário e Acessórios
Caracterização dos setores de atividades econômicas: mercado de trabalho e atuação do <strong>Senac</strong><br />
26<br />
Gráfico 18<br />
Distribuição<br />
percentual de<br />
empregados<br />
segundo a<br />
região geográfica<br />
(2005)<br />
Observamos duas vertentes no segmento vestuário e acessórios. De um lado,<br />
a tendência de um quadro empregatício reduzido nas grandes empresas indica<br />
que, com a aquisição de novas tecnologias e maquinário moderno, capazes de<br />
acelerar e facilitar o processo de produção, o número de postos de trabalho<br />
diminuiu; de outro lado, é relevante a existência de pequenas empresas<br />
desatualizadas tecnologicamente e, em decorrência disso, necessitadas de mãode-obra<br />
numerosa, que sobrevivem praticamente por atuarem nos moldes da<br />
economia informal e em nichos regionais de mercado. Tais mudanças não significam,<br />
necessariamente, mudanças na organização do trabalho, mas torna-se<br />
imprescindível considerar a progressiva terceirização da produção.<br />
Atualmente, muitos empresários do segmento, frente à necessidade de gerir<br />
seus empreendimentos e investir em estratégias de vendas, optam por terceirizar<br />
a confecção das peças. Embora alguns lojistas resistam a esse processo, a<br />
terceirização da confecção é uma tendência para o segmento do vestuário.<br />
O mercado de moda, especialmente o segmento vestuário e acessórios, tem<br />
gerado as mais diferentes oportunidades de trabalho, que vêm crescendo contínua<br />
e diversificadamente; oportunidades essas abertas a todos os tipos de<br />
talento.<br />
O campo de atuação do profissional do segmento vestuário e acessórios engloba<br />
diferentes ocupações, desde supervisores da indústria têxtil e técnicos têxteis<br />
até passadeiras – que, segundo a classificação da CBO 23 (Classificação<br />
Brasileira de Ocupações), utilizada pela Rais –, encontra-se na família “operadores<br />
de máquinas para bordado e acabamento de roupas”.<br />
23 A Classificação Brasileira de Ocupações – CBO do Ministério do Trabalho e Emprego é o documento<br />
normalizador do reconhecimento (para fins classificatórios, sem função de regulamentação profissional), da<br />
nomeação e da codificação dos títulos e conteúdos das ocupações do mercado de trabalho brasileiro. BRA-<br />
SIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Classificação brasileira de ocupações. Brasília, 2002.
Destacaremos as ocupações do segmento vestuário e acessórios que apresentam<br />
maior demanda, bem como aquelas que são representativas para a geração<br />
de renda entre as populações menos privilegiadas e capazes de acolher<br />
novos profissionais (ex. vitrinista). São elas: “operadores de máquinas para costura<br />
de peças do vestuário” (costureiro de roupas de couro e pele, à máquina<br />
na confecção em série; costureiro na confecção em série – auxiliar de<br />
costura, costureira em geral, costureiro de amostra, costureiro de roupas (confecção<br />
em série); costureiro à máquina na confecção em série – costureira<br />
de máquina overloque, costureira de máquina reta, costureira de máquinas industriais).<br />
“Profissionais polivalentes da confecção de roupas” (alfaiate – alfaiate<br />
modelista, buteiro, paramenteiro-alfaiate; costureira de peças sob encomenda<br />
– cortador, estilista, modelista; costureira de reparação de roupas –<br />
reformadora de roupas; costureiro de roupa de couro e pele). “Operadores<br />
de máquinas para bordado e acabamento de roupas” (arrematadeira, bordador<br />
à máquina – auxiliar de operador de máquina de bordar, operador de máquina<br />
de bordar ; marcador de peças confeccionadas para bordar – preparador de<br />
produção de peças para bordar, revisor de produção de peças para bordar –<br />
operador de máquina de costura de acabamento – auxiliar de costureira (no<br />
acabamento); passadeira de peças confeccionadas – coladeira (confecção<br />
em série)).<br />
“Trabalhadores da preparação da confecção de roupas” (cortador de roupas –<br />
cortador de roupas (couro e pele), operador de máquina de corte de roupas,<br />
talhador de roupas; riscador de roupas – programador de encaixe (CAD), programador<br />
de risco e corte, riscador de tecidos). “Trabalhadores artesanais da<br />
confecção de calçados e artefatos de couros e peles” (artífice do couro – bolseiro<br />
(bolsas de couro), cinteiro (correeiro), colador de couro, à mão, trabalhador na<br />
confecção de peças de couro; cortador de calçados, a mão (exceto solas);<br />
sapateiro (calçados sob medida) – confeccionador de calçados de couro,<br />
costurador de calçados, à mão, sapateiro (sapatos de balé), sapateiro de confecção<br />
sob medida, sapateiro montador); “Designers de interiores, de vitrines e<br />
visual merchandiser (nível médio)” (designer de interiores, designer de vitrines<br />
– vitrinista, visual merchandiser). “Trabalhadores artesanais da confecção<br />
de peças e tecidos” (bordador, à mão – bordadeira, criveira, labirinteira<br />
bordadeira, à mão, rebordadeira; cerzidor – cerzideira de malha, cerzideira de<br />
meias, cerzideira de roupas, cerzideira de tecidos, consertador de roupas,<br />
remendeira). Aqui faz-se necessário a ressalva quanto à família ocupacional<br />
“designers de interiores, de vitrines e visual merchandiser (nível médio)” que, no<br />
<strong>Senac</strong>, tem sua oferta de cursos concentrada na área Comunicação, não relacionando-se,<br />
portanto, ao segmento “vestuário e acessórios”. No entanto, foi<br />
mantida neste estudo por estar entre as sete ocupações mais demandadas no<br />
mercado.<br />
De acordo com os dados da Rais, em 2005 – mantendo o padrão ocupacional<br />
dos dois anos anteriores –-, a família ocupacional “operadores de máquinas<br />
para costura de peças do vestuário”, que engloba as atividades de costureiro de<br />
roupas de couro e pele à máquina na confecção em série, costureiro na confecção<br />
em série (auxiliar de costura e costureiro em geral, entre outros) e costureiro<br />
à máquina na confecção em série (que trabalha com máquina overloque, máquina<br />
reta e máquinas industriais), era a mais demandada pelo segmento de<br />
confecção de artigos do vestuário e acessórios, com 420.915 trabalhadores de<br />
27<br />
Imagem Pessoal • Vestuário e Acessórios
Caracterização dos setores de atividades econômicas: mercado de trabalho e atuação do <strong>Senac</strong><br />
28<br />
um total de 715.687 postos de trabalho nas ocupações destacadas por nós ou<br />
cerca de 60%. Essa mão-de-obra concentrava-se, principalmente, nas<br />
microempresas e empresas de pequeno porte, sendo a faixa de vínculos<br />
empregatícios com o maior índice percentual a que abriga de 20 a 49 empregados,<br />
com 98.218 postos de trabalho ou 23,33%. Nas segunda e terceira posições,<br />
com 64.065 (15,22%) e 61.605 (16,64%) postos de trabalho, encontravam-se<br />
as empresas nas faixas de “10 a 19” e “50 a 99” vínculos empregatícios,<br />
respectivamente.<br />
Em seguida, observamos que as ocupações com maior índice de mão-de-obra<br />
empregada eram os “profissionais polivalentes da confecção de roupas” (alfaiate<br />
modelista, cortador, estilista, modelista, reformador de roupas etc.), os “operadores<br />
de máquinas para bordado e acabamento de roupas” (arrematadeira,<br />
auxiliar de operador de máquina de bordar e operador de máquina de bordar,<br />
marcador de peças confeccionadas para bordar, preparador e revisor de produção<br />
de peças para bordar, operador de máquina de costura de acabamento,<br />
passadeira de peças confeccionadas etc.) e os “trabalhadores da preparação<br />
da confecção de roupas” (operador de máquina de corte de roupas, talhador de<br />
roupas, programador de encaixe (CAD), programador de risco e corte, riscador<br />
de tecidos, entre outros), com 87.412 (12,21%), 80.251 (11,21%) e 75.491<br />
(10,55%) empregos, respectivamente.<br />
Tabela 7<br />
Ranking da<br />
mão-de-obra<br />
empregada<br />
(2005)<br />
Fonte: Rais<br />
Segmento Confecção de Vestuário e Acessórios<br />
Família ocupacional N o absoluto %<br />
Operadores de máquinas para 420.915 58,81<br />
costura de peças do vestuário<br />
Profissionais polivalentes da 87.412 12,21<br />
confecção de roupas<br />
Operadores de máquinas 80.251 11,21<br />
para bordado e acabamento de roupas<br />
Trabalhadores da preparação 75.491 10,55<br />
da confecção de roupas<br />
Trabalhadores artesanais da confecção 44.632 6,24<br />
de calçados e artefatos de couros e peles<br />
Designers de interiores, de vitrines 3.877 0,54<br />
e visual merchandiser<br />
Trabalhadores artesanais 3.109 0,44<br />
da confecção de peças e tecidos<br />
Total 715.687 100,00
Gráfico 19<br />
Distribuição<br />
percentual de<br />
operadores de<br />
máquinas para<br />
costura de peças do<br />
vestuário segundo o<br />
porte do estabelecimento<br />
(2005)<br />
Gráfico 20<br />
Distribuição<br />
percentual de<br />
profissionais<br />
polivalentes da<br />
confecção de<br />
roupas segundo o<br />
porte do estabelecimento<br />
(2005)<br />
Gráfico 21<br />
Distribuição percentual<br />
de operadores de<br />
máquinas para bordado<br />
e acabamento de<br />
roupas segundo o porte<br />
do estabelecimento<br />
(2005)<br />
29<br />
Imagem Pessoal • Vestuário e Acessórios
Caracterização dos setores de atividades econômicas: mercado de trabalho e atuação do <strong>Senac</strong><br />
30<br />
Gráfico 22<br />
Distribuição<br />
percentual de trabalhadores<br />
da preparação<br />
da confecção de<br />
roupas segundo o<br />
porte do estabelecimento<br />
(2005)<br />
Havia uma gritante predominância feminina no segmento, do número total de<br />
postos de trabalho (715.687) relativo às sete famílias ocupacionais analisadas<br />
nesse estudo, 563.570 eram ocupados por mulheres, ou seja, 78,75% da força<br />
de trabalho no segmento confecção de artigos do vestuário e acessórios era<br />
composto pelo sexo feminino. Os homens detinham 152.117 (21,25%) dos<br />
empregos nesse segmento. Tal predominância feminina foi percebida na maior<br />
parte das ocupações analisadas, apresentando uma grande diferença entre os<br />
sexos, com exceção das ocupações “designers de interiores, de vitrines e visual<br />
merchandiser”, em que, dos 3.877 postos de trabalho, 2.276 eram preenchidos<br />
por homens, ou 58,71%, e “trabalhadores artesanais da confecção de calçados<br />
e artefatos de couros e peles” que, do total de 44.632 empregos, 24.908<br />
ou 55,81% eram ocupados pelo sexo masculino.<br />
Apesar da presença masculina no mundo da moda, seja na criação e confecção<br />
dos produtos, seja como público consumidor, a “indústria da moda” ainda é<br />
movimentada, basicamente, pelas mãos femininas.<br />
Tabela 8<br />
Distribuição<br />
da mão-deobraempregadasegundo<br />
as famílias<br />
ocupacionais<br />
e por sexo<br />
(2005)<br />
Fonte: Rais<br />
Família ocupacional Masc. % Fem. % Total<br />
Operadores de máquinas para<br />
costura de peças do vestuário<br />
56.019 13,31 364.896 86,69 420.915<br />
Profissionais polivalentes da<br />
confecção de roupas<br />
12.679 14,50 74.733 85,50 87.412<br />
Operadores de máquinas para<br />
bordado e acabamento de roupas<br />
19.511 24,31 60.740 75,69 80.251<br />
Trabalhadores da preparação<br />
da confecção de roupas<br />
36.369 48,18 39.122 51,82 75.491<br />
Trabalhadores artesanais da<br />
confecção de calçados e<br />
artefatos de couros e peles<br />
24.908 55,81 19.724 44,19 44.632<br />
Designers de interiores, de<br />
vitrines e visual merchandiser<br />
2.276 58,71 1.601 41,29 3.877<br />
Trabalhadores artesanais da<br />
confecção de peças e tecidos<br />
355 11,42 2.754 88,58 3.109<br />
Total 152.117 21,25 563.570 78,75 715.687
Gráfico 24<br />
Gráfico 23<br />
Distribuição<br />
percentual da<br />
mão-de-obra<br />
empregada por<br />
sexo (2005)<br />
Distribuição percentual<br />
da mão-de-obra empregada<br />
segundo as<br />
famílias ocupacionais e<br />
por sexo (2005)<br />
31<br />
Imagem Pessoal • Vestuário e Acessórios
Caracterização dos setores de atividades econômicas: mercado de trabalho e atuação do <strong>Senac</strong><br />
32<br />
Com relação ao grau de instrução, os dados demonstraram a grande<br />
representatividade do ensino fundamental (concluído ou não), com 418.169<br />
trabalhadores (58,43%) do total da mão-de-obra empregada.<br />
A maioria daqueles que tem seu nível de escolaridade no ensino fundamental,<br />
209.968 ou 29,34%, possuíam até a 8 a série incompleta; os que concluíram<br />
o ensino fundamental somavam 208.201 ou 29,09% do total de empregados.<br />
O ensino médio (concluído ou não) era o nível escolar de 288.179 empregados<br />
(40,26%) e o ensino superior (concluído ou não) foi alcançado por apenas<br />
6.435 trabalhadores (0,90%), superando os empregados analfabetos,<br />
que contabilizavam 2.904 postos ocupados (0,41%).<br />
Tabela 9<br />
Distribuição<br />
da mão-deobraempregada<br />
por<br />
grau de<br />
instrução<br />
(2005)<br />
Fonte: Rais<br />
Grau de instrução Empregados %<br />
Analfabeto 2.904 0,41<br />
4 a série incompleta 15.672 2,19<br />
4 a série completa 57.324 8,01<br />
8 a série incompleta 136.972 19,14<br />
8 a série completa 208.201 29,09<br />
2 o grau incompleto 114.667 16,02<br />
2 o grau completo 173.512 24,24<br />
Superior incompleto 3.979 0,56<br />
Superior completo 2.456 0,34<br />
Total 715.687 100,00
Gráfico 25<br />
Distribuição<br />
percentual da<br />
mão-de-obra<br />
empregada<br />
por grau de<br />
instrução<br />
(2005)<br />
A maior parte dos empregados das famílias ocupacionais analisadas dividia-se<br />
entre o ensino fundamental e o ensino médio, com predominância<br />
percentual do primeiro.<br />
A exceção referia-se à família ocupacional “designers de interiores, de<br />
vitrines e visual merchandiser”, que tinha a maioria de empregados<br />
registrados com o ensino médio (58,01%) e possuíam um percentual<br />
expressivo de sua mão-de-obra com nível superior (26,39%), proporcionalmente<br />
ao número da força de trabalho.<br />
Essas informações demonstraram que, de um modo geral, o padrão<br />
tecnológico das empresas confeccionistas não foi alterado de forma relevante,<br />
mantendo técnicas de produção antigas e bastante divulgadas,<br />
permitindo o acesso ao mercado com pouco tempo de escolarização e<br />
sem muita exigência quanto à especialização. No entanto, o segmento<br />
cresce continuamente e a tendência é a modernização de seus meios,<br />
bem como a gestão dos negócios, e para isso faz-se necessário a qualificação<br />
e o aprimoramento dos recursos humanos. A mão-de-obra precisa<br />
estar apta a lidar com novos equipamentos e novas formas de produção<br />
e gerenciamento.<br />
33<br />
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Caracterização dos setores de atividades econômicas: mercado de trabalho e atuação do <strong>Senac</strong><br />
34<br />
Gráfico 26<br />
Mão-de-obra<br />
empregada por grau<br />
de instrução (2005)<br />
A mão-de-obra empregada nas empresas confeccionistas concentrava-se<br />
na faixa etária de “30 a 39 anos”, com 197.080 trabalhadores (27,54%), em<br />
seguida, com uma pequena diferença percentual, tínhamos a faixa etária<br />
de “18 a 24 anos”, com 184.088 empregados (25,72%); na terceira e quarta<br />
posições encontravam-se os trabalhadores das faixas etárias de “40 a 49<br />
anos” e de “25 a 29 anos”, com 137.415 (19,20%) e 121.314 (16,95%) postos<br />
de trabalho preenchidos, respectivamente.<br />
Os trabalhadores a partir de 50 anos eram responsáveis por 57.153 empregos<br />
(7,99%), sendo que os que tinham “65 anos ou mais” representavam<br />
apenas 0,27% desse total. A faixa etária de menor representatividade era<br />
“até 17 anos”, com apenas 18.631 empregos ocupados ou 2,60%.<br />
Embora o maior número de empregados das famílias ocupacionais<br />
investigadas tenha sido encontrado na faixa que abrange dos “30 aos 39<br />
anos”, quatro dessas famílias apresentavam o maior índice empregatício<br />
na faixa etária de “18 a 24 anos”. Eram elas: “designers de interiores, de<br />
vitrines e visual merchandiser”, “trabalhadores da preparação da confecção<br />
de roupas”, “operadores de máquinas para bordado e acabamento de rou-
pas” e “trabalhadores artesanais da confecção de calçados e artefatos de<br />
couros e peles”.<br />
De acordo com os dados expostos, verificamos que, apesar de as empresas<br />
confeccionistas não exigirem um alto nível de escolaridade ou<br />
capacitação, possuíam em seus quadros empregatícios um número<br />
irrelevante de menores de 18 anos, revelando-se como grande empregador<br />
de mão-de-obra madura.<br />
Faixa etária Empregados %<br />
Até 17 anos 18.631 2,60<br />
18 a 24 anos 184.088 25,72<br />
25 a 29 anos 121.314 16,95<br />
30 a 39 anos 197.080 27,54<br />
40 a 49 anos 137.415 19,20<br />
50 a 64 anos 55.236 7,72<br />
65 ou mais 1.917 0,27<br />
Ignorado 6 0,00<br />
Total 715.687 100,00<br />
Tabela 10<br />
Distribuição da<br />
mão-de-obra<br />
empregada por<br />
faixa etária<br />
(2005)<br />
Fonte: Rais<br />
Gráfico 27<br />
Distribuição<br />
percentual da<br />
mão-de-obra<br />
empregada por<br />
faixa etária<br />
(2005)<br />
35<br />
Imagem Pessoal • Vestuário e Acessórios
Caracterização dos setores de atividades econômicas: mercado de trabalho e atuação do <strong>Senac</strong><br />
36<br />
Gráfico 28<br />
Mão-de-obra empregada<br />
por faixa etária<br />
(2005)<br />
Em função da análise dos dados, salientamos a capacidade de crescimento do<br />
segmento vestuário e acessórios, sobretudo em ocupações que demandam maior<br />
qualificação, e a escassez de profissionais como, por exemplo, “consultor de<br />
moda” e “vitrinista”.<br />
Embora houvesse um grande número de trabalhadores atuando como<br />
“costureiros” – em todas as suas espeficidades –, assim como “cortadores”,<br />
“modelistas”, “estilistas”, “bordadeiros” etc., percebia-se que o mercado estava<br />
aberto a novos profissionais, especialmente àqueles que buscam melhor<br />
capacitação profissional, sendo essas ocupações uma possibilidade de geração<br />
de renda para as populações mais carentes.<br />
Além das ocupações aqui analisadas, a indústria da moda oferecia mercado a<br />
outros profissionais ainda não classificados na CBO (Classificação Brasileira de<br />
Ocupações), mas que se mostram importantes para as engrenagens do mercado<br />
de moda, tais como “profissional de desenvolvimento de produto”, “consultor<br />
de estilo”, “produtor de moda” etc.
Atuação do <strong>Senac</strong> e o segmento<br />
vestuário e acessórios<br />
O desenvolvimento de novas tecnologias e o crescimento do setor têxtil, incluído<br />
o segmento vestuário e acessórios, especificamente tratado neste estudo,<br />
cria novas oportunidades de trabalho ao mesmo tempo em que demanda qualificação<br />
profissional.<br />
A profissionalização no mercado de moda é recente e cresce proporcionalmente<br />
à modernização dos processos de produção e ao surgimento de cursos de<br />
qualificação e especialização oferecidos na área.<br />
Inicialmente, os trabalhadores desse mercado utilizavam-se da própria intuição<br />
e da experiência prática adquirida no cotidiano profissional. Além disso, a moda<br />
brasileira baseava-se na cópia, carecendo de uma identidade própria.<br />
As transformações porque passa o setor têxtil exigem uma maior<br />
profissionalização de seu capital humano, o que significa necessidade de atrair<br />
e manter pessoal mais qualificado.<br />
“Especialistas avaliam que a troca da atitude instintiva pelo aprendizado<br />
direcionado garantirá, muito provavelmente em curto prazo, a elevação da qualidade<br />
das atividades desenvolvidas na área de moda, diminuindo perdas, especialmente<br />
de tempo e dinheiro”. 24<br />
A moda é uma das poucas áreas que tem boas oportunidades em todas as<br />
regiões do Brasil, portanto as ações educacionais são de extrema importância<br />
para a evolução dos recursos humanos que atuam no segmento.<br />
Profissionalização e capacitação de pessoal são cruciais em empresas de grande<br />
ou pequeno porte; a modernização do maquinário implica na substituição de<br />
mão-de-obra pouco qualificada por empregados aptos a lidar com os novos<br />
equipamentos. Da mesma forma, a especialização da força de trabalho tende a<br />
ser o diferencial capaz de promover o sucesso das pequenas empresas.<br />
A criação e o aprimoramento de cursos profissionalizantes deverão fazer com<br />
que o mercado de moda nacional desenvolva-se de uma forma mais eficiente e<br />
preparada, promovendo a melhoria do nível de produtos e serviços oferecidos<br />
ao consumidor. 25<br />
O mercado de trabalho do segmento vestuário e acessórios necessita de ações<br />
educacionais profissionalizantes eficientes, visto que mais da metade da mãode-obra<br />
empregada possui apenas o ensino fundamental (nem sempre completo)<br />
e um número expressivo tem como grau de instrução o ensino médio. Assim,<br />
torna-se pertinente a implementação de políticas educacionais que objetivem a<br />
24 FEGHALI, op. cit.<br />
25 Ibid.<br />
37<br />
Imagem Pessoal • Vestuário e Acessórios
Caracterização dos setores de atividades econômicas: mercado de trabalho e atuação do <strong>Senac</strong><br />
38<br />
qualificação da força de trabalho, levando em consideração as carências e aspirações<br />
do mercado.<br />
O <strong>Senac</strong>, enquanto Instituição voltada para o comércio de Bens, Serviços e<br />
Turismo, vem atuando na área Imagem Pessoal e, especificamente, no segmento<br />
vestuário e acessórios, oferecendo diversos cursos nas modalidades de<br />
educação profissional, a saber, Formação Inicial e Continuada de Trabalhadores,<br />
Educação Profissional Técnica de Nível Médio e Educação Superior.<br />
Após a reforma educacional iniciada com a publicação da Lei nº 9.394/ 96 –<br />
LDB, que estabeleceu as novas diretrizes e bases da educação nacional, o<br />
projeto pedagógico dos cursos regulares e/ou profissionais passou a ser atribuição<br />
das escolas. O <strong>Senac</strong>, enquanto Instituição de educação profissional, produziu<br />
o documento Referenciais para a educação profissional – <strong>Senac</strong> 2001<br />
com o objetivo de subsidiar a construção do projeto pedagógico de suas unidades.<br />
Assim, os planos dos cursos elaborados pela Instituição levam em consideração,<br />
entre outros, o documento mencionado e o levantamento dos perfis<br />
profissionais demandados pelo mercado de trabalho. 26<br />
A análise pelos profissionais da relação entre a área Imagem Pessoal e o mercado<br />
fornece subsídios para a oferta de cursos nos quais o <strong>Senac</strong> conjuga “uma<br />
formação sólida e comprometida com as necessidades básicas do ser humano<br />
e que esteja de acordo com as necessidades das empresas do setor e com o<br />
desenvolvimento econômico, cultural, social, científico e tecnológico do país”. 27<br />
A área Imagem Pessoal, bem como o segmento vestuário e acessórios, fazem<br />
interface com outras áreas profissionais como, por exemplo, artes, design, comunicação,<br />
gestão etc.<br />
A seguir, destacamos na Tabela 11 as matrículas realizadas no segmento vestuário<br />
e acessórios em todas as regiões do Brasil, por nível e tipo de curso nos<br />
anos de 2005 e 2006. 28<br />
26 SENAC. DN. Referenciais imagem pessoal. Rio de Janeiro, 2001.<br />
27 Ibid.<br />
28 SENAC. DN. Base de dados das atividades de produção do Sistema <strong>Senac</strong>. Rio de Janeiro, 2005/<br />
2006.
Modalidade de<br />
educação<br />
profissional<br />
Formação Inicial<br />
e Continuada de<br />
Trabalhadores<br />
Educação<br />
Profissional<br />
Técnica de<br />
Nível Médio<br />
Educação<br />
Superior<br />
Tabela 11<br />
Número de matrículas efetivadas no <strong>Senac</strong> em “vestuário e acessórios”<br />
por modalidade de educação profissional e por tipo de curso<br />
Total<br />
2005 2006<br />
Tipo de N o de Total por N o de Total por<br />
curso matrículas moda- % matrículas moda- %<br />
por tipo lidade por tipo lidade<br />
Aprendizagem ------ 30.975 98,65 ------ 37.463 98,75<br />
Capacitação 8.454 12.007<br />
Aperfeiçoamento 4.206 4.479<br />
Programas 18.315 20.977<br />
socioprofissionais<br />
e culturais<br />
Qualificação 79 359 1,14 164 450 1,19<br />
técnica<br />
Habilitação 280 286<br />
técnica de<br />
nível médio<br />
Especialização ------ ------ ------ ------ ------ ------<br />
Graduação 65 65 0,21 11 23 0,06<br />
Pós-graduação ------ 12<br />
Cursos seqüenciais ------ ------<br />
Extensão ------ ------<br />
Qualificação ------ -----tecnológica<br />
31.399 31.399 100 37.936 37.936 100<br />
A análise da tabela apresenta um acréscimo no número de matrículas efetuadas<br />
em 2006, com exceção dos cursos oferecidos na modalidade Educação Superior,<br />
que caiu de 0,21% do total de matrículas no segmento para 0,06%; embora tenha<br />
havido, neste último ano, matrículas em pós-graduação além da graduação.<br />
Os cursos da modalidade de educação profissional Formação Inicial e Continuada<br />
de Trabalhadores, oferecidos pelos Departamentos Regionais em 2006,<br />
apresentam um acréscimo de 17,23% em relação ao ano anterior, e representam<br />
o maior percentual de matrículas no total, tanto em 2005 quanto em 2006<br />
(98,65% e 98,75%, respectivamente).<br />
39<br />
Imagem Pessoal • Vestuário e Acessórios
Caracterização dos setores de atividades econômicas: mercado de trabalho e atuação do <strong>Senac</strong><br />
40<br />
Os cursos da modalidade Educação Profissional Técnica de Nível Médio representam<br />
1,14% do total de matrículas em 2005 e 1,19% em 2006, havendo, pois,<br />
um acréscimo inexpressivo de 0,05% de um ano para o outro. Em contrapartida,<br />
os cursos da modalidade Educação Superior, como mencionado anteriormente,<br />
apresentam um decréscimo de 0,15% em relação ao ano de 2005.<br />
Os tipos de curso mais demandados pelo público em 2005 são os voltados para<br />
Corte e costura (8.045 matrículas ou 25,62%), Estilo e moda (5.652 matrículas<br />
ou 18%), Pintura em tecido (3.669 matrículas ou 11,69%), Bijuterias (3.335<br />
matrículas ou 10,62%), Bordados (2.577 matrículas ou 8,21%), Confecção (2.150<br />
matrículas ou 6,85%), Crochê, tricô e afins (1.558 matrículas ou 4,96%), Modelagem<br />
(1.090 matrículas ou 3,47%), Desenho de moda (1.033 matrículas ou<br />
3,29%), Modelo e manequim (744 matrículas ou 2,37%), Customização (654<br />
matrículas ou 2,08%) e Acessórios (363 matrículas ou 1,16%).<br />
Em 2006, os cursos dirigidos para Corte e costura também lideravam as matrículas<br />
(11.350 ou 20,22%), seguidos por Bijuterias (4.472 matrículas ou 11,79%),<br />
Pintura em tecido (4.292 matrículas ou 11,31%), Bordados (3.922 matrículas ou<br />
10,34%), Estilo e moda (3.199 matrículas ou 8,43%), Confecção (2.842 matrículas<br />
ou 7,49%), Desenho de moda (1.907 matrículas ou 5,03%), Crochê, tricô<br />
e afins (1.731 matrículas ou 4,56%), Modelagem (1.314 matrículas ou 3,46%),<br />
Customização (934 matrículas ou 2,46%), Acessórios (586 matrículas ou 1,55%)<br />
e Modelo e manequim (570 matrículas ou 1,50%).<br />
Gráfico 29<br />
Distribuição percentual de<br />
matrículas segundo os<br />
cursos mais demandados<br />
na subárea “vestuário e<br />
acessórios” (2005)
Gráfico 30<br />
Distribuição<br />
percentual de<br />
matrículas segundo<br />
os cursos mais<br />
demandados na<br />
subárea “vestuário e<br />
acessórios” (2006)<br />
Quanto ao público que busca na Instituição capacitação, aperfeiçoamento e<br />
desenvolvimento de suas habilidades e competências no segmento vestuário e<br />
acessórios, temos um reflexo do mercado em geral, com predominância do<br />
público feminino e maior de idade.<br />
Assim, em 2005, do total de 31.399 matrículas, 1.910 correspondiam a menores<br />
de idade (6,08%), enquanto 29.489 representavam os maiores de idade<br />
(93,92%). Em relação ao sexo, apenas 3.113 matrículas (9,91%) foram realizadas<br />
pelo público masculino e 28.286 (90,09%) pelo público feminino.<br />
Gráfico 31<br />
Distribuição<br />
percentual de<br />
matrículas na<br />
subárea “vestuário e<br />
acessórios” por<br />
maioridade/menoridade<br />
(2005)<br />
41<br />
Imagem Pessoal • Vestuário e Acessórios
Caracterização dos setores de atividades econômicas: mercado de trabalho e atuação do <strong>Senac</strong><br />
42<br />
Gráfico 32<br />
Distribuição<br />
percentual de<br />
matrículas na<br />
subárea “vestuário e<br />
acessórios” por<br />
sexo (2005)<br />
Em 2006, do total de 37.936 matrículas no segmento vestuário e acessórios,<br />
2.062 correspondiam aos menores de idade (5,44%) e 35.874 representavam<br />
as matrículas realizadas pelos maiores de idade (94,56%). Já em<br />
relação ao sexo, tivemos 35.578 matrículas referentes ao sexo feminino<br />
(93,78%) e apenas 2.358 matrículas relacionadas ao sexo masculino (6,22%).<br />
Gráfico 33<br />
Distribuição<br />
percentual de<br />
matrículas na<br />
subárea “vestuário e<br />
acessórios” por<br />
maioridade/ menoridade<br />
(2006)
Gráfico 34<br />
Distribuição<br />
percentual de<br />
matrículas na<br />
subárea “vestuário e<br />
acessórios” por<br />
sexo (2006)<br />
Com esses dados, percebemos que os cursos mais demandados são os<br />
oferecidos pela modalidade Formação Inicial e Continuada de Trabalhadores,<br />
ou seja, cursos que não exigem uma determinada escolaridade e<br />
que, em muitos casos, são geradores de renda imediata, proporcionando<br />
aos alunos meios de atuarem no mercado de trabalho, seja através<br />
de vínculo empregatício, seja de forma autônoma. Tal formação é essencial<br />
aos profissionais e àqueles que pretendem ingressar no mercado<br />
de trabalho, já que “compreende cursos e programas ofertados segundo<br />
Itinerários Formativos, possibilitando o aproveitamento contínuo<br />
e articulado dos estudos, em todos os níveis de escolaridade, objetivando<br />
o desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva e social. Deverão<br />
articular-se, preferencialmente, com os cursos de educação de jovens e<br />
adultos, objetivando a qualificação para o trabalho e a elevação do nível<br />
de escolaridade do trabalhador”. 29<br />
29 SENAC. DN. Glossário de ações de educação profissional. Rio de Janeiro : <strong>Senac</strong>/Diretoria de Educação<br />
Profissional, 2004.<br />
43<br />
Imagem Pessoal • Vestuário e Acessórios
Conclusão<br />
A “indústria da moda”, como vimos ao longo deste estudo, apresenta-se como<br />
um universo complexo e diversificado, no qual as oportunidades profissionais<br />
não só existem, mas crescem concomitantemente ao desenvolvimento do mercado.<br />
O cenário nacional mostra-se mais maduro, com estilistas e modelos de reconhecimento<br />
internacional que criam e imprimem uma identidade brasileira aos<br />
produtos. Estes, por sua vez, devem adequar-se às necessidades e ao gosto de<br />
um consumidor cada vez mais exigente em relação aos serviços e produtos<br />
consumidos.<br />
O setor têxtil, que vem se modernizando através da aquisição de equipamentos<br />
mais eficientes e otimizando os processos de produção, tem participação relevante<br />
na economia brasileira. Assim temos que, no início do século 21, a moda<br />
e o segmento vestuário e acessórios possuem um papel de destaque no parque<br />
industrial brasileiro.<br />
Em um ambiente cada vez mais competitivo, os avanços tecnológicos e o desenvolvimento<br />
organizacional, assim como a qualificação profissional e o aprendizado<br />
continuado dos trabalhadores, são fatores extremamente importantes<br />
para a sobrevivência das empresas confeccionistas.<br />
“A habilidade manual per se não é capaz de garantir a qualidade do produto,<br />
uma exigência que já era grande nos consumidores internacionais e que se<br />
torna cada vez maior também no mercado doméstico. Ela tampouco pode garantir<br />
a flexibilidade da produção,<br />
exigência hoje colocada para quase todas as empresas, principalmente as que<br />
atuam com produtos de moda. Assim, esse aspecto da qualificação dos trabalhadores<br />
– extremamente valorizada no passado – vem perdendo espaço para<br />
itens como capacidade de comunicação, raciocínio lógico e escolaridade”. 30<br />
Destacamos três características marcantes do perfil do segmento vestuário e<br />
acessórios: a predominância de microempresas e empresas de pequeno porte,<br />
a informalidade e a utilização intensiva de mão-de-obra.<br />
As dificuldades de financiamento que as micro e pequenas empresas enfrentam<br />
contribuem para a desatualização tecnológica, que é um importante obstáculo<br />
ao desenvolvimento e à competitividade do segmento.<br />
A sobrevivência das empresas de pequeno a médio portes dependem de ações<br />
como transferências de unidades confeccionistas para regiões onde a mão-deobra<br />
é mais barata, investimento tecnológico (máquinas modernas como CAD-<br />
CAM), profissionalização das empresas familiares, qualificação e especialização<br />
da força de trabalho.<br />
30 GORINI, Ana Paula Fontenelle; MARTINS, Renato Francisco. Novas tecnologias e organização do trabalho<br />
no setor têxtil : uma avaliação do programa de financiamento do BNDES. Rio de Janeiro : BNDES,<br />
[2000].<br />
45<br />
Imagem Pessoal • Vestuário e Acessórios
Caracterização dos setores de atividades econômicas: mercado de trabalho e atuação do <strong>Senac</strong><br />
46<br />
Quanto à incidência da informalidade no segmento vestuário e acessórios, há<br />
propostas de políticas para a resolução do problema, como atrair as empresas<br />
para a formalidade através de incentivos fiscais, gerenciais e educacionais, bem<br />
como a implementação de uma reforma tributária que atinja as microempresas<br />
e as empresas de pequeno porte que contribuem pelo Sistema Integrado de<br />
Pagamento de Impostos e Contribuições – Simples.<br />
O aumento dos postos de trabalho no segmento, nos últimos anos, é um aspecto<br />
positivo, assim como a crescente oferta de cursos profissionalizantes. Nesse<br />
contexto, a formação, a pesquisa e a cultura de moda tornam-se elementos<br />
fundamentais para o crescimento de uma identidade brasileira e o estabelecimento<br />
tanto da mão-de-obra quanto dos mercados interno e externo.<br />
“Assim, é necessário que se efetivem ações locais de instituições responsáveis<br />
para o treinamento da mão-de-obra e dos empresários, seja em nível de moda<br />
propriamente dita ou em termos de gestão empresarial”. 31<br />
A “radiografia” do mercado de trabalho do segmento vestuário e acessórios que<br />
este estudo proporcionou mostra-nos que, apesar da necessidade imperiosa de<br />
manuseio de equipamentos mais modernos (utilização de microeletrônicos etc.),<br />
o nível de escolaridade da mão-de-obra empregada é relativamente baixo, sendo<br />
o ensino fundamental o nível escolar de maior representatividade.<br />
Embora o <strong>Senac</strong> também ofereça cursos nas modalidades Educação Profissional<br />
Técnica de Nível Médio e Educação Superior, a maioria dos cursos voltados<br />
para o segmento vestuário e acessórios concentra-se na modalidade Formação<br />
Inicial e Continuada de Trabalhadores.<br />
O desenvolvimento das ações educacionais profissionalizantes pelo <strong>Senac</strong> encontra-se<br />
de acordo com o perfil do mercado de trabalho; no entanto, é preciso<br />
estar atento à evolução da mão-de-obra. Assim, as programações curriculares<br />
devem adequar-se às necessidades de qualificação e aquisição de competências,<br />
conforme a mobilidade do mercado.<br />
A força de trabalho empregada no segmento vestuário e acessórios é predominantemente<br />
feminina, demonstrando que, apesar da crescente participação<br />
masculina, a moda ainda está associada à mulher. É também um indício de que<br />
esse segmento tem um bom potencial de geração de renda, principalmente<br />
para aqueles menos privilegiados, com pouco acesso à educação.<br />
Assim, torna-se um desafio empreender ações educacionais profissionalizantes<br />
que capacitem e aprimorem a mão-de-obra do segmento, elevando continuamente<br />
o seu nível de conhecimento, sem abdicar da formação básica, necessária<br />
e demandada por grande parcela da população e, conseqüentemente, sua<br />
entrada no mercado de trabalho.<br />
31 ANÁLISE..., op. cit.
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