15.04.2013 Views

Prosa - Academia Brasileira de Letras

Prosa - Academia Brasileira de Letras

Prosa - Academia Brasileira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O humanismo na socieda<strong>de</strong> tecnológica <strong>de</strong> massas<br />

A Tradição Humanista<br />

Apesar <strong>de</strong> incipientes manifestações na era paleolítica e nas antigas civilizações<br />

orientais, o humanismo, como uma reflexão consciente do homem sobre<br />

sua própria condição e consciente priorida<strong>de</strong> que o homem confere a tudo o que<br />

é humano, é um produto da civilização grega. Surgiu com Homero, como um<br />

humanismo heróico e o culto da areté. Desenvolveu-se com os sofistas, sobretudo<br />

Protágoras, que consi<strong>de</strong>rou o homem como a medida <strong>de</strong> todas as coisas.<br />

Alcançou sua plenitu<strong>de</strong> clássica com as reflexões <strong>de</strong> Sócrates e Platão sobre a virtu<strong>de</strong>,<br />

como conhecimento e prática do bem. Como observou Hei<strong>de</strong>gger é com a<br />

República Romana que o humanismo se formula com tal <strong>de</strong>signação: o homo humanus<br />

se opõe ao homo barbarus, com incorporação da paidéia grega. A paidéia se<br />

traduz por humanitas.Aromanitas do homo romanus consiste nessa humanitas.<br />

Esse humanismo impregnou todas as manifestações da cultura clássica, a<br />

partir da grega: a arquitetura <strong>de</strong> Ictinos, a escultura <strong>de</strong> Fídias a Praxiteles, a<br />

pintura <strong>de</strong> Polígnoto, a poesia <strong>de</strong> Safo, a tragédia <strong>de</strong> Ésquilo, Sófocles e Eurípe<strong>de</strong>s,<br />

a comédia <strong>de</strong> Aristófanes, a política <strong>de</strong> Péricles, ou a homonóia <strong>de</strong> Alexandre.<br />

Esse humanismo será continuado pelo círculo dos Scipões, por Cícero<br />

e Lucrécio e pelos estóicos, <strong>de</strong> Senêca a Marco Aurélio.<br />

O humanismo clássico oscila entre os pólos do relativismo e do categorismo.<br />

O relativista, <strong>de</strong> tendência agnóstica ou ateísta – <strong>de</strong> Protágoras a Aristóteles e<br />

Lucrécio – converte o homem em centro <strong>de</strong> si mesmo, enquanto o categórico –<br />

<strong>de</strong> Sócrates e Platão aos estóicos – inclina-se para um monoteísmo metafísico,<br />

avaliando o homem por sua <strong>de</strong>dicação à virtu<strong>de</strong> e ao bem supremo, a justiça.<br />

A tradição do humanismo clássico está incorporada ao Cristianismo, a partir<br />

<strong>de</strong> seu processo <strong>de</strong> helenização. Até Alberto Magno (1200-1280) e Santo<br />

Tomás, por sua vertente platônica. A reconstrução da filosofia cristã sobre bases<br />

aristotélicas, com Santo Tomás (1215-1274), revalorizou o conceito da<br />

virtu<strong>de</strong> como um meio-termo.<br />

O humanismo medieval, sob o profundo teocentrismo da época, apresenta<br />

importantes diferenciações que <strong>de</strong>correm, predominantemente, da evolução<br />

ocorrida no âmbito da Igreja e do <strong>de</strong>senvolvimento da cida<strong>de</strong> medieval.<br />

83

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!