Prosa - Academia Brasileira de Letras
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O humanismo na socieda<strong>de</strong> tecnológica <strong>de</strong> massas<br />
O problema tomou-se nitidamente visível nos países europeus mais ricos e,<br />
em gran<strong>de</strong> medida, também nos Estados Unidos. A única solução existente no<br />
plano internacional consiste na realização, pelo Norte, <strong>de</strong> um esforço sistemático,<br />
contando com o máximo apoio possível dos setores ilustrados do Sul, para a<br />
mo<strong>de</strong>rnização e o <strong>de</strong>senvolvimento das socieda<strong>de</strong>s sub<strong>de</strong>senvolvidas. Na prática<br />
isso implica uma combinação maciça da educação popular com maciça criação<br />
<strong>de</strong> empregos, mediante transferência <strong>de</strong> capital e tecnologia, bem como na implantação<br />
no Sul <strong>de</strong> um sério programa <strong>de</strong> disciplina <strong>de</strong>mográfica. Sem subestimar<br />
as dificulda<strong>de</strong>s práticas, existem razões teóricas e experimentais que justificam<br />
a convicção <strong>de</strong> que um esforço sério, e não meramente retórico como o<br />
atual, mediante o qual o Norte promova a mo<strong>de</strong>rnização e o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
do Sul, obrigará os dirigentes sulistas a tomar as necessárias medidas no que toca<br />
a educação popular e a disciplina <strong>de</strong>mográfica. Medidas equivalentes são requeridas,<br />
no plano doméstico, para a incorporação dos setores marginalizados.<br />
O quarto macroproblema socioempírico, supramencionado, em traços gerais,<br />
é bastante simples. Trata-se, em suma, do fato <strong>de</strong> que a planetarização das<br />
relações econômico-sociais do mundo contemporâneo, que conta com comunicações<br />
instantâneas e transportes velozes, não permite mais que os problemas<br />
coletivos da humanida<strong>de</strong>, além dos ecológicos, tais como aqueles relativos<br />
à saú<strong>de</strong>, educação, regulamentação <strong>de</strong> intercâmbios, sejam submetidos a uma<br />
infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões nacionais soberanas. Os países do mundo contemporâneo<br />
convertem-se, quer o queiram ou não, em municípios da civilização planetária,<br />
e não po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> <strong>de</strong>legar a um sistema internacional eficaz e eqüitativo<br />
a normatização e a administração dos gran<strong>de</strong>s interesses coletivos da humanida<strong>de</strong>.<br />
As Nações Unidas foram criadas para esse fim, e po<strong>de</strong>m fazê-lo se<br />
alcançar o necessário consenso internacional que lhes confira os meios <strong>de</strong> ação<br />
necessários para tanto. Não o fazer submeterá o mundo a crescentes níveis <strong>de</strong><br />
caos e <strong>de</strong> conflito, afetando a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> todos os países. Ao contrário,<br />
fazê-lo, conjuntamente com a implantação <strong>de</strong> uma política <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização<br />
e <strong>de</strong>senvolvimento do Sul, levará, em prazos historicamente curtos, à universalização<br />
<strong>de</strong> uma boa qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.<br />
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