Foto: Fernando Rezende - Arquidiocese de Sorocaba
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2<br />
A Palavra do Pastor<br />
As Diretrizes da Igreja no Brasil (II)<br />
Igreja, casa da iniciação cristã (Já)<br />
Dom Eduardo Benes Sales Rodrigues<br />
Arcebispo Metropolitano <strong>de</strong> <strong>Sorocaba</strong><br />
a última reflexão que<br />
apresentamos nessa coluna a<br />
propósito da primeira urgência<br />
ndicada nas Diretrizes da Ação<br />
vangelizadora da Igreja no Brasil,<br />
erminamos com a pergunta: mas quem<br />
stá disposto a ir, a sair <strong>de</strong> si para entrar<br />
om amor no universo do outro? O<br />
iscípulo <strong>de</strong> Jesus, na medida em que se<br />
<strong>de</strong>ntifica com Ele, entra na dinâmica do<br />
ser-para-o-outro", espelhando na própria<br />
xistência o processo da Vida Trinitária.<br />
Ser missionário é partir rumo àquele<br />
ue está longe, é ampliar o leque do "serara",<br />
para além do círculo <strong>de</strong> sua pequena<br />
omunida<strong>de</strong>. O que só po<strong>de</strong> ser realizado<br />
or quem apren<strong>de</strong>u a sair <strong>de</strong> si e a viver<br />
ocado no outro com quem partilha o<br />
otidiano da vida, Mas voltemos à<br />
ergunta: quem está disposto a entrar na<br />
ventura missionária? São Paulo, na<br />
pístola aos Romanos, a propósito da<br />
regação do evangelho a todos, levanta a<br />
uestão; "Todo aquele que invocar o nome<br />
o Senhor será salvo. Como, porém,<br />
nvocarão aquele em quem não creram?<br />
como crerão naquele <strong>de</strong> quem nada<br />
uviram? E como ouvirão, se não há quem<br />
regue? E como pregarão se não forem<br />
nviados? " (Rom 10.13-15).<br />
As perguntas <strong>de</strong> Paulo nos conduzem<br />
o texto da vocação <strong>de</strong> Isaias, que, purificado<br />
or Deus, escuta-o perguntar-lhe: "Quem<br />
nviarei? Quem irá <strong>de</strong> nossa parte" e<br />
espon<strong>de</strong>: "aqui estou, envia-me."( Cf Is 6,<br />
-9). Aqui entra a segunda urgência das<br />
iretrizes Gerais da Ação Evangelizadora<br />
a Igreja no Brasil: "Igreja, casa da iniciação<br />
vida cristã". Isaias só se tornou profeta<br />
epois <strong>de</strong> ter experimentado Deus e ser por<br />
le purificado. Se fizermos em nossas missas<br />
ominicais o convite para os fieis<br />
articiparem <strong>de</strong> forma permanente do<br />
empenho missionário<br />
da paróquia, quantos<br />
católicos se<br />
apresentarão com<br />
sincera disposição<br />
para a missão?<br />
A pergunta <strong>de</strong> Paulo VI continua atual:<br />
"O que é que é feito, em nossos dias, daquela<br />
energia escondida da Boa Nova, suscetível<br />
<strong>de</strong> impressionar profundamente a<br />
consciência dos homens?" (EN). A partir<br />
<strong>de</strong> Aparecida, as Diretrizes apontam-nos o<br />
caminho para <strong>de</strong>spertar na vida <strong>de</strong> nossas<br />
comunida<strong>de</strong>s a energia da Boa Nova: o<br />
encontro com Cristo pela retomada do<br />
querigma, como fio condutor <strong>de</strong> todo o<br />
processo <strong>de</strong> formação do discípulo<br />
missionário. Isaias, como todos os profetas,<br />
saiu em missão porque viu o Senhor Deus<br />
e por Ele foi purificado. Só quem recebeu a<br />
graça do encontro com Cristo, dom do Pai<br />
pelo Espírito Santo, e vive a experiência <strong>de</strong><br />
estar com Cristo, po<strong>de</strong> verda<strong>de</strong>iramente se<br />
tornar missionário.<br />
O Coração das Diretrizes está no<br />
capítulo primeiro: Partir <strong>de</strong> Cristo. O<br />
encontro e o aprofundamento na vivência<br />
do mistério <strong>de</strong> Cristo postulam uma<br />
profunda iniciação à vida cristã. Esta<br />
iniciação, para a maioria <strong>de</strong> nossos fieis,<br />
<strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> estilo catecumenal -<br />
catecumenato pós-batismal - e<br />
mistagógico. Sem esta experiência<br />
purificadora do estar com Cristo e do<br />
cultivo <strong>de</strong> sua amiza<strong>de</strong> não há como nos<br />
tornarmos seus missionários.<br />
A iniciação à vida Cristã <strong>de</strong>ve<br />
respon<strong>de</strong>r ao que nos propõem as<br />
Diretrizes, sob a forma <strong>de</strong> perguntas: "O<br />
que significa acolhê-lo, segui-lo e anunciálo?<br />
O que há em Jesus Cristo que <strong>de</strong>sperta<br />
nosso fascínio, faz ar<strong>de</strong>r nosso coração (cf.<br />
Lc 24,32), leva-nos a tudo <strong>de</strong>ixar (cf. Lc<br />
5,8-11) e, mesmo diante das nossas<br />
limitações e vicissitu<strong>de</strong>s, afirmar um<br />
incondicional amor a Ele (cf. Jo 21,9-17)?<br />
A paixão por Jesus Cristo leva ao<br />
arrependimento, à contrição (cf. Lc 2447;<br />
At 2,36ss) e à verda<strong>de</strong>ira conversão pessoal<br />
e pastoral.<br />
Por isso, <strong>de</strong>vemos sempre nos<br />
perguntar: estamos convencidos <strong>de</strong> que<br />
Jesus Cristo é o Caminho, a Verda<strong>de</strong> e a<br />
Vida? O que significa para nós, hoje, o<br />
Reino <strong>de</strong> Deus por Ele instaurado e<br />
comunicado?" (DGAE 4). E mais adiante:<br />
"A admiração pela pessoa <strong>de</strong> Jesus, seu<br />
chamado e seu olhar <strong>de</strong> amor <strong>de</strong>spertam<br />
uma resposta consciente e livre <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />
mais íntimo do coração do discípulo"<br />
(n.38) A iniciação à vida cristã, que tem<br />
sua fonte permanente na palavra <strong>de</strong> Deus,<br />
intensifica a vida sacramental e suscita a<br />
vida <strong>de</strong> comunhão fraterna.<br />
O livro dos Atos assim <strong>de</strong>screve as<br />
primeiras comunida<strong>de</strong>s: "Eles eram<br />
perseverantes em ouvir o ensinamento dos<br />
apóstolos, na comunhão fraterna, na fração<br />
EXPEDIENTE<br />
-Publicação Oficial da <strong>Arquidiocese</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Sorocaba</strong> - Edição mensal<br />
Nº 161 - Tiragem: 21 mil exemplares<br />
Leitor(a) Leitor(a) amigo(a)<br />
amigo(a)<br />
Certamente, você já ouviu o conto abaixo.<br />
Ele nos ensina que as situações po<strong>de</strong>m ser<br />
modificadas a cada momento, assim como o<br />
passarinho da história po<strong>de</strong>ria se apresentar<br />
vivo ou morto nas mãos do jovem.<br />
Tempo quaresmal é oportunida<strong>de</strong> para<br />
cada cristão refletir sobre as mudanças que<br />
<strong>de</strong>ve operar em sua vida. Tempo <strong>de</strong> nos<br />
aproximarmos quanto mais do Pai que nos<br />
ajuda a bem construir nossos caminhos.<br />
Tal qual o jovem que <strong>de</strong>safiava o velho<br />
mestre, nós, no melhor sentido, <strong>de</strong>vemos<br />
<strong>de</strong>safiar-nos para que a cada dia sejamos<br />
pessoas mais comprometidas com as<br />
transformações, com as mudanças<br />
frutíferas.<br />
Ora po<strong>de</strong>mos evi<strong>de</strong>nciar a cultura da<br />
morte, apoiando o mal, vivenciando o que<br />
nos traz incertezas e prejuízos. Ora, po<strong>de</strong>mos<br />
evi<strong>de</strong>nciar a cultura da vida, cumprindo os<br />
preceitos <strong>de</strong> Deus, promovendo a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong><br />
todas as criaturas, nossos irmãos e buscando<br />
a nossa própria salvação.<br />
As transformações <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> nossa<br />
vonta<strong>de</strong>, <strong>de</strong> nossa firmeza no seguimento <strong>de</strong><br />
Jesus Cristo que passou fazendo somente o<br />
bem.<br />
Conta-se que... certa vez um jovem<br />
maldoso e inconsequente resolveu pregar<br />
uma peça em velho mestre.<br />
- Quero ver se esse velho é realmente<br />
sábio, como dizem - pensou. Vou<br />
Falando <strong>de</strong> Deus<br />
Diretor Geral - D. Eduardo Benes <strong>de</strong> Sales<br />
Rodrigues | Diretor Responsável - Diácono<br />
José da Cruz | Conselho Editorial - D.<br />
Eduardo Benes <strong>de</strong> Sales Rodrigues - Diácono<br />
José da Cruz - Juliana Cuani - Pe Carlos<br />
Ferreira Borges Meira - Pe Inácio Kriguer - Pe<br />
José Antônio - Pe Antonio Carlos - Pe Manoel<br />
César <strong>de</strong> Camargo Junior - Pe Antonio Car-<br />
Março/2012<br />
do pão e nas orações. Apossava-se <strong>de</strong> todos o<br />
temor, e pelos apóstolos realizavam-se<br />
numerosos prodígios e sinais. Todos os que<br />
abraçavam a fé viviam unidos e possuíam<br />
tudo em comum; vendiam suas<br />
proprieda<strong>de</strong>s e seus bens e repartiam o<br />
dinheiro entre todos, conforme a<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada um. Perseverantes e<br />
bem unidos, freqüentavam diariamente o<br />
templo, partiam o pão pelas casas e tomavam<br />
a refeição com alegria e simplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
coração. Louvavam a Deus e eram estimados<br />
por todo o povo. E,cada dia, o Senhor<br />
acrescentava a seu número mais pessoas que<br />
eram salvas."(At 2,42-47). O testemunho da<br />
comunida<strong>de</strong> atraia os <strong>de</strong> fora.<br />
A quarta urgência "A Igreja:<br />
comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s" será<br />
abordada nas próximas edições.<br />
Mudanças... <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> nós!<br />
escon<strong>de</strong>r um passarinho em minhas<br />
mãos. Depois, em presença <strong>de</strong> seus<br />
discípulos, vou perguntar-lhe se está<br />
vivo ou morto. Se ele disser que está vivo,<br />
eu o esmagarei e o apresentarei morto.<br />
Se ele falar que está morto eu abrirei a<br />
mão e o pássaro voará.<br />
Realmente, uma armadilha infalível,<br />
como só a malda<strong>de</strong> e a ignorância po<strong>de</strong>m<br />
conceber.<br />
Aos olhos <strong>de</strong> quem presenciasse o<br />
encontro, qualquer que fosse a sua resposta,<br />
o sábio estaria incorrendo em erro. E lá se<br />
foi o jovem mal-intencionado com sua<br />
armadilha perfeita.<br />
Diante do ancião acompanhado dos<br />
aprendizes, fez a pergunta fatal:<br />
- Mestre, este passarinho que tenho<br />
preso em minhas mãos, está vivo ou morto?<br />
O sábio olhou bem fundo em seus olhos,<br />
como se examinasse os recônditos <strong>de</strong> sua<br />
alma, e respon<strong>de</strong>u: - Meu filho, o <strong>de</strong>stino<br />
<strong>de</strong>sse pássaro está em suas mãos.<br />
Você quer que as coisas mu<strong>de</strong>m? Mu<strong>de</strong> a<br />
si mesmo.<br />
Procuremos, portanto, neste tempo <strong>de</strong><br />
reflexão, abstinências e prática da carida<strong>de</strong>,<br />
viver melhor, promovendo transformações<br />
em nossa vida, e assim, <strong>de</strong>monstrarmos<br />
gran<strong>de</strong> amor e respeito por Aquele que nos<br />
doou Sua Vida.<br />
Elenil Gardim Machado da Silva Gobbo<br />
e-mail: temaprim@uol.com.br<br />
los Fernan<strong>de</strong>s - Pe João Alfredo Pires <strong>de</strong> Campos<br />
| Reportagem - Juliana Cuani - José da<br />
Cruz | Colaboradores - Gilson Delgado - Elenil<br />
Machado | Depto Comercial - Rita Telles<br />
8803.0540 / 9112.9487 ritelles1105@hotmail.com<br />
| Redação 3202.1264 | Jornalista Responsável<br />
- Juliana Cuani - MTB 56.868 | Diagramação<br />
e Impressão: Ipanema Sistema Gráfico LTDA<br />
O jornal Terceiro Milênio não se responsabiliza pelos artigos assinados.