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VARAL DO BRASIL 20 FEV 2013.pdf - coracional

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Literário, Literário, sem sem frescuras! frescuras!<br />

Ano Ano 4 4 -<br />

Fevereiro Fevereiro de de <strong>20</strong>13 <strong>20</strong>13—Edição<br />

<strong>20</strong>13 Edição no. no. <strong>20</strong><br />

<strong>20</strong><br />

ISSN ISSN<br />

ISSN 1664 1664-5243 1664<br />

1664-5243 1664<br />

1664 5243<br />

5243<br />

www.varaldobrasil.com 1<br />

®


Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

LITERÁRIO, SEM FRESCURAS<br />

Genebra, inverno de <strong>20</strong>13<br />

No. <strong>20</strong><br />

ISSN ISSN 1664 1664-5243 1664 5243<br />

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®<br />

www.varaldobrasil.com 3


EXPEDIENTE<br />

Revista Literária <strong>VARAL</strong> <strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong><br />

ISSN 1664 1664-5243 1664 5243<br />

NO. <strong>20</strong> - Genebra - CH - ISSN 1664<br />

Copyright Vários Autores<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

O <strong>VARAL</strong> <strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong> é promovido, organizado e<br />

realizado por Jacqueline Aisenman<br />

Site do <strong>VARAL</strong>: www.varaldobrasil.com<br />

Blog do Varal: www.varaldobrasil.blogspot.com<br />

Textos: Vários Autores<br />

Colunas:<br />

Fabiane Ribeiro<br />

Sheila Ferreira Kuno<br />

Clara Machado<br />

Ilustrações: Vários Autores<br />

Foto capa: ©-Perrush---Fotolia.com<br />

Muitas imagens encontramos na internet sem ter<br />

o nome do autor citado. Se for uma foto ou um<br />

desenho seu, envie um e-mail aqui para a gente e<br />

teremos o maior prazer em divulgar o seu talento.<br />

Revisão parcial de cada autor<br />

Revisão geral <strong>VARAL</strong> <strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong><br />

Composição e diagramação:<br />

Jacqueline Aisenman<br />

A distribuição ecológica, por e-mail, é gratuita. A<br />

revista está gratuitamente para download em<br />

seus site e blog.<br />

Se você deseja participar do <strong>VARAL</strong> <strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong><br />

NO. 21 envie seus textos até 10 de fevereiro de<br />

<strong>20</strong>13 para: varaldobrasil@gmail.com O tema da<br />

edição será AMOR.<br />

Se você deseja participar do <strong>VARAL</strong> <strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong><br />

NO. 22 envie seus textos até 10 de março de<br />

<strong>20</strong>13 para: varaldobrasil@gmail.com O tema da<br />

edição será livre.<br />

Informações sobre o 27o Salão Internacional do<br />

Livro e da Imprensa de Genebra e sobre o stand<br />

do <strong>VARAL</strong> <strong>DO</strong><strong>BRASIL</strong>:<br />

varaldobrasil@gmail.com<br />

SEN<strong>DO</strong> MULHER<br />

Por Jacqueline Aisenman<br />

Volta e meia era menina, de rosa<br />

e boneca e laço apertado. Volta<br />

meia era menino, rosto sujo, cara<br />

braba e vontade de brigar. Volta e<br />

tanta e meia a mais, virei mulher:<br />

em meio a tentar ser bonita e ser<br />

capaz e ser forte e... os saltos<br />

cansam, esqueço o batom e os<br />

cabelos se revoltam mais do que<br />

eu. Por isto, dentro aqui de mim<br />

ainda tem menina e menino. A<br />

menina que redescobre os brincos<br />

e brinca de ser mulher vaidosa<br />

e o menino que se joga na vida<br />

e nem quer saber que aparência<br />

tem. Mas a menina também luta<br />

feio e vigorosamente por tudo o<br />

que quer e o menino também se<br />

fantasia e permite voar entre os<br />

sonhos. Dentro de mim tem na<br />

verdade uma população inteira<br />

querendo existir e toda ela com<br />

um nome só: mulher!<br />

Imagem by Astralwind<br />

www.varaldobrasil.com 4


Sempre que fazemos uma edição temática<br />

temos muitas pessoas entusiastas que nos<br />

escrevem felizes.<br />

Mas nenhum tema até agora superou este:<br />

A MULHER!<br />

Já falamos de amor e vamos falar novamente<br />

no próximo mês; já falamos da vida<br />

e da preservação da vida (e claro que voltaremos<br />

a falar!) e de tantos outros temas.<br />

Mas falar de MULHER é diferente. É falar<br />

de nós mesmos, de nossas mães, irmãs,<br />

avós, tias, primas, amigas e inimigas, colegas.<br />

É falar das que nos inspiram, das<br />

santas e das pecadoras. Falar das sábias<br />

(que algumas vezes enlouquecem) e das<br />

loucas (que tantas vezes são sábias!).<br />

MULHER nem é mais um tema em si. MU-<br />

LHER é um UNIVERSO.<br />

Vocês verão, o número de paginas está<br />

bem maior nesta edição. Foi impossível<br />

manter as inscrições até a data que havíamos<br />

previsto. E mesmo assim, ainda tivemos<br />

a tristeza de recusar certos trabalhos<br />

(que reconduzimos para as próximas edições).<br />

Temos a participação de vários amigos do<br />

<strong>VARAL</strong> de longa data e temos também a<br />

participação de novos escritores (novos no<br />

<strong>VARAL</strong> apenas, na vida já são talentosos e<br />

reconhecidos escritores) que chegam para<br />

se unir a esta família da literatura sem<br />

frescuras.<br />

Este mês estamos lançando um concurso:<br />

o 1o PRÊMIO <strong>VARAL</strong> <strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong> DE LITE-<br />

RATURA que premiará originais em três<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

categorias: contos, crônicas e poemas. As<br />

inscrições já estão abertas e esperamos a<br />

sua inscrição. Os dois primeiros lugares<br />

nas três categorias receberão prêmio em<br />

espécie e estarão como convidados no livro<br />

<strong>VARAL</strong> ANTOLÓGICO 4.<br />

E por falar de <strong>VARAL</strong> ANTOLÓGICO, nosso<br />

volume 3 já está de lançamento marcado.<br />

Será dia 03 de maio durante o 27o Salão<br />

Internacional do Livro e da Imprensa de<br />

Genebra e em agosto em Florianópolis<br />

(SC), ambos os lançamentos na presença<br />

de vários autores.<br />

Se você lembra de nossa participação<br />

cheia de sucesso no Salão do Livro de Genebra<br />

no ano passado, com quatorze autores<br />

autografando e mais de cem títulos expostos,<br />

prepare-se!<br />

Estamos voltando este ano, com um stand<br />

maior, mais escritores para incríveis lançamentos<br />

e sessões de autógrafos, novos<br />

livros em exposição! E tudo isto porque o<br />

<strong>VARAL</strong> <strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong> e o Salão Internacional<br />

do Livro e da Imprensa de Genebra tem<br />

tudo a ver: é a maior festa da Literatura na<br />

Suíça e uma das maiores da Europa.<br />

Obrigada por continuar conosco. Leitor,<br />

escritor, você faz o <strong>VARAL</strong>!<br />

Jacqueline Aisenman<br />

Editora-Chefe<br />

<strong>VARAL</strong> <strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong><br />

www.varaldobrasil.com 5


Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

MULHER,<br />

Você trabalha? Você vota? Você tem amigos homens? Você fala o que<br />

pensa? Escreve o que sente? Publica livros? Vai a bares e restaurantes<br />

sozinha? Viaja sozinha? Tem a liberdade de escolher com quem quer<br />

ficar, namorar, casar? Você é livre?<br />

MULHER,<br />

Você tem sorte! Muitas mulheres antes vieram que lutaram e deram suas<br />

próprias vidas para que os seus direitos fossem respeitados e a sua<br />

liberdade preservada.<br />

Infelizmente... Este respeito e liberdade ainda não alcançaram todos os<br />

corações, lares, cidades, países.<br />

Ainda atiram pedras, estupram, matam, censuram, prendem, batem, escondem,<br />

inferiorizam; deixam-nas de fora de importantes círculos profissionais,<br />

sociais e culturais.<br />

MULHER,<br />

Você é um ser humano tal qual o HOMEM. Ambos merecem amor,<br />

respeito, solidariedade. A igualdade deveria ser sempre o padrão.<br />

UTILEZEMOS NOSSOS RECURSOS PARA QUE ISTO ACONTEÇA!<br />

Sejamos unidos,<br />

HOMENS E MULHERES!<br />

Lutemos juntos por um mundo melhor para todos.<br />

JUNTOS!<br />

www.varaldobrasil.com 6


⇒ ALCÉA ROMANO<br />

⇒ ALEXANDRA MAGALHÃES ZEINER<br />

⇒ ANA BEATRIZ CABRAL<br />

⇒ ANA ROSENROT<br />

⇒ ANA MARIA GAZZANEO<br />

⇒ ANE BRAGA<br />

⇒ ANGELA GUERRA<br />

⇒ ANGELA RAMALHO<br />

⇒ ANNA RIBEIRO<br />

⇒ ANTONIO CABRAL FILHO<br />

⇒ ANTONIO VENDRAMINI NETO<br />

⇒ BASILINA PEREIRA<br />

⇒ BERTOLINA MAFFEI<br />

⇒ BILÁ BERNARDES<br />

⇒ CARMEN DI MORAES<br />

⇒ CAROLINE B. AXELSSON<br />

⇒ CÉSAR SOARES FARIAS<br />

⇒ CHAJAFREIDAFINKELSTEIN<br />

⇒ CLARA MACHA<strong>DO</strong><br />

⇒ CRISTINA CACOSSI<br />

⇒ DEISE FORMENTIN<br />

⇒ DEUSA D’ AFRICA<br />

⇒ <strong>DO</strong>MINGOS A. R. NUVOLARI<br />

⇒ <strong>DO</strong>UGLAS SILVA<br />

⇒ EBER JOSUÉ<br />

⇒ ELIANE ACCIOLY<br />

⇒ ELISE SCHIFFER<br />

⇒ EMANUEL MEDEIROS VIEIRA<br />

⇒ ERICA GONÇALVES<br />

⇒ ESTHER ROGESSI<br />

⇒ FABIANA DE ALMEIDA<br />

⇒ FABIANE RIBEIRO<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

⇒ FÁBIO SIQUEIRA <strong>DO</strong> AMARAL<br />

⇒ FLAVIA ASSAIFE<br />

⇒ FRANCY WAGNER<br />

⇒ GALDY GALDINO<br />

⇒ GERAL<strong>DO</strong> SANT’ANNA<br />

⇒ GILBERTO NOGUEIRA DE OLIVEIRA<br />

⇒ GIL<strong>DO</strong> OLIVEIRA<br />

⇒ GLADYS GIMÉNEZ<br />

⇒ GONZAGA MEDEIROS<br />

⇒ GUACIRA MACIEL<br />

⇒ HEBE C. BOA-VIAGEM A. COSTA<br />

⇒ HERNRIETTE EFFENBERGER<br />

⇒ ISABEL C. S. VARGAS<br />

⇒ IVANE LAURETE PEROTTI<br />

⇒ JACQUELINE AISENMAN<br />

⇒ JANIA SOUZA<br />

⇒ JEANNE PAGANUCCI<br />

⇒ JOAREZ DE OLIVEIRA PRETO<br />

⇒ JOSÉ ALBERTO DE SOUZA<br />

⇒ JOSÉ CARLOS PAIVA BRUNO<br />

⇒ JOSÉ HILTON ROSA<br />

⇒ JOSÉ LUIZ PIRES<br />

⇒ JOSÉ PAULO SIUVES<br />

⇒ JOSÉ SOLHA<br />

⇒ JOSSELENE MARQUES<br />

⇒ JOYCE CAVALCCANTE<br />

⇒ JU PETEK<br />

⇒ JULIA HEIMANN<br />

⇒ JULIETA FALAVINA<br />

⇒ LARIEL FROTA<br />

⇒ LEDA MONTANARI LEME<br />

⇒ LENIVAL NUNES ANDRADE<br />

www.varaldobrasil.com 7


⇒ LEONILDA YVONNETI SPINA<br />

⇒ LÓLA PRATA<br />

⇒ LORENI FERNANDES GUTIERREZ<br />

⇒ LÚCIA AMÉLIA BRULLHARDT<br />

⇒ LY SABAS<br />

⇒ LYRSS CABRAL BUOSO<br />

⇒ MARA DE FREITAS HERMANN<br />

⇒ MÁRCIA ETELLI COELHO<br />

⇒ MARCIA TIGANI<br />

⇒ MARIA DE FÁTIMA B. MICHELS<br />

⇒ MARIA JOSÉ VITAL JUSTINIANO<br />

⇒ MARIA (NILZA) CAMPOS LEPRE<br />

⇒ MARIA SOCORRO SOUZA<br />

⇒ MARINA VALENTE<br />

⇒ MARIO REZENDE<br />

⇒ MARLY RONDAN<br />

⇒ MIGUEL GARCIA ALVES<br />

⇒ MYRTHES NEUSALI S. DE MORAES<br />

⇒ NILZA AMARAL<br />

⇒ NORÁLIA DE MELLO CASTRO<br />

⇒ NORBERTO DE MORAES ALVES<br />

⇒ ODENIR FERRO<br />

⇒ OLIVEIRA CARUSO<br />

⇒ ONÃ SILVA<br />

⇒ RAI D’ LAVOR<br />

⇒ REJANE MACHA<strong>DO</strong><br />

⇒ RENATA IACOVINO<br />

⇒ ROBERTO FERRARI<br />

⇒ ROBERTO SATURNINO BRAGA<br />

⇒ ROBSON LUIS SILVA COSTA<br />

⇒ ROSSANDRO LAURIN<strong>DO</strong><br />

⇒ SANDRA COUTO<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

⇒ SELMO VASCONCELLOS<br />

⇒ SHEILA FERREIRA KUNO<br />

⇒ SILVANA BRUGNI<br />

⇒ SILVIO PARISE<br />

⇒ SONIA NOGUEIRA<br />

⇒ SONYA PRAZERES<br />

⇒ SUZANA VILLAÇA<br />

⇒ TERESA CRISTINA C. DE SOUSA<br />

⇒ VALQUIRIA GESQUI MALAGOLI<br />

⇒ VALQUIRIA IMPERIANO<br />

⇒ VERA SALBEGO<br />

⇒ VOLPONE DE SOUZ<br />

⇒ AWADAD NAIEF KATTAR<br />

NOSSA HOMENAGEADA:<br />

JOYCE CAVALCCANTE<br />

www.varaldobrasil.com 8


Ana Maria Gazzaneo<br />

Da criação, a mulher,<br />

deveras é obra prima.<br />

Melhor é aquiescer<br />

sem ela, a vida não rima...<br />

Fábio Siqueira do Amaral<br />

A mulher – pura beleza –,<br />

de tez alva, igual à lua,<br />

no universo é a riqueza<br />

da minha alma que flutua.<br />

Henriette Effenberger<br />

À mulher foi concedido<br />

o dom da maternidade,<br />

e no filho concebido,<br />

recria a humanidade.<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

MULHER<br />

Pelos Trovadores de Bragança Paulista SP<br />

Joarez de Oliveira Preto<br />

Mulher empreendedora,<br />

mulher que não desanima,<br />

é mulher batalhadora.<br />

Bem merece nossa estima!<br />

José Solha<br />

Diz-se que em uma mulher<br />

não se bate nem com flor.<br />

Mate-a porém, se puder,<br />

com muitos beijos de amor....<br />

Leda Montanari Leme<br />

Para a mulher, só um dia?<br />

Àquela que traz no ventre,<br />

sempre com tanta alegria,<br />

dando ao futuro, a semente?<br />

(Segue)<br />

(Segue)<br />

www.varaldobrasil.com 9


Lóla Prata<br />

Jesus chamava Maria<br />

simplesmente de Mulher<br />

e o amor que nisso havia<br />

é tudo o que a gente quer!<br />

Lyrss Cabral Buoso<br />

Entre os sexos, igualdade<br />

não existe, pensem bem.<br />

O dom da maternidade<br />

somente as mulheres têm.<br />

Marina Valente<br />

A mulher traduz ternura,<br />

doação, vida e amor;<br />

colabora com doçura<br />

com a obra do Criador.<br />

Miguel Garcia Alves<br />

Para que grandes decotes?<br />

Queres que os homens te vejam?<br />

Mulher, deixa de fricotes,<br />

assim, os bons te cortejam.<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Myrthes Neusali Spina de Moraes<br />

h p://freelogoplanet.com/<br />

A mulher apaixonada,<br />

quando recebe uma flor,<br />

fica logo deslumbrada,<br />

achando que é amor.<br />

Norberto de Moraes Alves<br />

A mulher é um ser sublime,<br />

a fonte de inspiração,<br />

sopro de luz que exprime<br />

o auge da criação.<br />

Volpone de Souza<br />

Quando Deus fez a mulher,<br />

de “presente” ao homem deu.<br />

Acredite quem quiser:<br />

o homem não mereceu!<br />

Wadad Naief Kattar<br />

Englobando a criação<br />

do que Deus aqui deixou,<br />

é a mulher confirmação<br />

de quanto ele caprichou.<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

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Jornal The Guardian<br />

R7 No4cias<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

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Site La Croix


Correio Brazilense<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

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The Guardian<br />

Africa-renewal<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

NOSSA HOMENAGEM ESPECIAL :<br />

JOYCE CAVALCCANTE<br />

PRESIDENTE DA REBRA (REDE DE ESCRITORAS <strong>BRASIL</strong>EIRAS)<br />

Fonte: Site da RBRA (http://www.rebra.org/index.php?pg=home.php)<br />

A escritora Joyce Cavalccante é a idealizadora e atual presidente da REBRA - Rede de Escritoras<br />

Brasileiras. É também diretora da RELAT-Red de Escritoras Latino-americanas. Embora se<br />

sinta atraída superlativamente pelo sossego de seu estúdio, onde escreve seus romances de<br />

longo curso madrugada a dentro, não consegue desconhecer as dificuldades pelas quais passa<br />

a escritora brasileira, principalmente as iniciantes, quando tentam fazer sua voz ser ouvida e seu<br />

talento reconhecido num mercado editorial cada dia mais estreito. Foi justamente para colaborar<br />

com a solução desse problema que criou a Rede de Escritoras Brasileiras, associação que pretende<br />

divulgar o trabalho literário das mulheres brasileiras de maneira global.<br />

Joyce nasceu em Fortaleza, Ceará e mora em São Paulo. É jornalista, romancista, contista, cronista<br />

e conferencista. Publicou nove livros de prosa de ficção individualmente, e participou de<br />

quatorze coletâneas de contos com outros autores. Tem obras traduzidas para o inglês, sueco,<br />

francês, italiano, espanhol e holandês. Contribui sistematicamente com a imprensa publicando<br />

contos, resenhas ou artigos, e já faz algum tempo, vem se dedicando a palestras sobre literatura<br />

feminina brasileira nas universidades do Brasil e do exterior.<br />

Nos anos de 1979 e 1980 foi premiada no Concurso de Contos eróticos promovido pela revista<br />

Status, publicação da editora Três, São Paulo, com os contos “ESTÓRIA DE UM CORPO DE<br />

MENINA e ”LUTA LIVRE” respectivamente. Prêmio APCA - Associação Paulista de Críticos de<br />

Arte - de melhor ficção de 1993, por seu romance “INIMIGAS INTIMAS”. Em <strong>20</strong>02 ganhou o Prêmio<br />

Radio France Internationale, pelo conto ”NEGUINHA”. Prêmios são pequenos incentivos para<br />

uma grande paixão, diz.<br />

Atualmente dedica-se a escrever a saga do povo brasileiro de origem nordestina entre os anos<br />

de 1954 ao ano de <strong>20</strong>04: Constrói a tetralogia chamada “O CORAÇÃO <strong>DO</strong>S OUTROS NÃO É<br />

TERRA QUE SE PISE”, iniciada com os já publicados romances “INIMIGAS ÍNTIMAS” e “O CÃO<br />

CHUPAN<strong>DO</strong> MANGA” . Tem a literatura como um privilégio, dai tanto entusiasmo.<br />

www.varaldobrasil.com 17


Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Fonte: Site da RBRA (http://www.rebra.org/index.php?pg=home.php)<br />

Rede de Escritoras Brasileiras — REBRA — é uma organização não governamental,<br />

sem fins lucrativos, que pretende reunir em associação o maior número<br />

de escritoras de nosso país que tenham compromisso público com a literatura, a<br />

cultura e a justiça social, entendendo que as idéias exprimidas pela palavra escrita<br />

tem a força de modificar a sociedade humana. E é justamente esse o principal<br />

objetivo e a missão da REBRA: o aprimoramento da sociedade brasileira em particular<br />

e da humanidade em geral, por meio da divulgação da palavra da mulher.<br />

Foi fundada em 8 de março de 1999, para tentar corrigir a grande injustiça que<br />

as mulheres escritoras brasileiras, em particular, e as mulheres brasileiras, em<br />

geral, sofreram e continuam sofrendo ao serem permanentemente excluídas dos<br />

registros históricos de nossa sociedade.<br />

Trabalhamos em conjunto com a organização mundial Women's WORLD - Women's<br />

World Organization for Rights, Literature and Development, com sede nos<br />

Estados Unidos da América.<br />

No âmbito Latino-Americano, funcionamos também em parceria com a RELAT —<br />

Red De Escritoras Latino-americanas, sediada no Peru e atuante nos países da<br />

América do Sul e México.<br />

Convidamos a todos que concordam e conosco dividem esses mesmos ideais, a<br />

visitar nosso site e tomar conhecimento de nosso trabalho.<br />

www.varaldobrasil.com 18


Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Desembaraço<br />

Por Valquíria Gesqui Malagoli<br />

É uma outra que ora escreve.<br />

A que há em mim sem ter brio<br />

ou qualquer pejo do cio.<br />

Sou de nós quem não se atreve.<br />

Eu disfarço, e então sorrio.<br />

Nela o disfarce não serve:<br />

nada esconde, nada deve...<br />

Discorre, qual corre um rio.<br />

É uma outra que escreve ora.<br />

Eu, se escrevo – jogo fora<br />

o que vai no coração...<br />

e então sorrio. Eu disfarço;<br />

não exponho sequer traço.<br />

Coube à outra a indiscrição.<br />

Tela de Valquiria G. Malagoli, Gênese técnica-mista 80x60<br />

www.varaldobrasil.com 19


Mulher<br />

Por Douglas Silva<br />

Linda gentileza,<br />

Nobre beleza,<br />

Curvas sensuais<br />

Traços, delicadeza.<br />

Olhar nobre,<br />

Sorriso entusiasta,<br />

Pele mais límpida,<br />

Pureza genial,<br />

Genialidade secular.<br />

Sentidos abstratos,<br />

Abstração angelical,<br />

Carisma formidável,<br />

Alimento para alma.<br />

Desejo escondido,<br />

Um beijo alienado,<br />

Alienação natural,<br />

Sexualidade afrodisíaca,<br />

União corporal.<br />

Desprendimento senil,<br />

Independência desnuda.<br />

Criação sábia,<br />

Detalhes lúdicos,<br />

Saciação humana,<br />

Natureza real,<br />

Mulher, pura raridade.<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

www.varaldobrasil.com <strong>20</strong>


Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Poeminha Feminista<br />

Por Ana Beatriz Cabral<br />

O Sapo disse a Sapa<br />

Que queria muitos sapinhos.<br />

A Sapa pediu um tempo<br />

Para pensar um bocadinho.<br />

Saiu por um instante<br />

E voltou com um banquinho,<br />

Onde o Sapo espera ainda<br />

A vinda dos molequinhos.<br />

Enquanto isso, Dona Sapa<br />

Passeia pela Europa,<br />

Conhecendo outros brejinhos...<br />

E não pretende voltar tão cedo<br />

Para os braços de seu queridinho!!<br />

Esperta essa sapinha, não é??<br />

www.varaldobrasil.com 21<br />

Foto do filme A Princesa e o Sapo<br />

Disney


M U L H E R<br />

Por Alexandra Magalhães Zeiner <strong>20</strong>13<br />

Mães, avós, filhas, irmãs, tias, primas, amigas,<br />

companheiras, amantes, deusas...<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Uma só, muitas faces, universos, galáxias, planetas,<br />

estrelas, luas...<br />

Lá no fundo Uma só, parte Dela, modelo de criação<br />

e inspiração...<br />

Hoje, ontem, sempre, cada dia, cada semana, mês<br />

e ano, em processo de evolução...<br />

Em constante metamorfose, criando, mudando,<br />

melhorando, mergulhando em universos paralelos...<br />

Resposta da Criadora de todos os mundos para<br />

nosso planeta, filhas da Mãe Natureza.<br />

Ilustração: Mururu por Waldemar de<br />

Andrade e Silva<br />

www.varaldobrasil.com 22


CAROLINAS<br />

As Carolinas, também conhecidas como bombinhas<br />

ou profiteroles, tiveram origem na França.<br />

O doce é uma sobremesa muito popular na<br />

França e foi considerada uma iguaria real no<br />

século XVI. Graças a um pedido de Catarina de<br />

Médicis, soberana da França na época, um<br />

chef italiano criou a receita, que vem sendo<br />

aperfeiçoada ao longo dos tempos. O profiterole<br />

é tão popular na França quanto o brigadeiro<br />

é aqui no Brasil.<br />

Essas tentações são recheadas com um creme<br />

de baunilha e cobertas com calda de chocolate<br />

e açúcar confeiteiro (opcional).<br />

Ingredientes<br />

Massa<br />

- 250ml de água<br />

- 100g de margarina light<br />

- 150g de farinha de trigo<br />

- 2 ovos<br />

- 1 colher (sopa) de açúcar<br />

1 colher (café) rasa de sal<br />

Para o creme<br />

- 1 caixinha de pudim de baunilha<br />

- 1 1/2 xícara de leite<br />

- 1 gema<br />

- 1 colher (chá) de baunilha<br />

- 1 colher (sopa) de açúcar<br />

Calda de chocolate<br />

- 2 colheres (sopa) de chocolate em pó<br />

- 1 xícara de leite<br />

- 1 colher (sobremesa) de margarina<br />

- 1 colher (chá) de baunilha<br />

- 1 colher (sobremesa) de amido de milho<br />

- 2 colheres (sopa) de açúcar<br />

Calda de framboesa<br />

- 2 xícaras de framboesa<br />

- 1 xícara (chá) de água<br />

- 4 colheres (sopa) de açúcar<br />

Para o glacê<br />

- 1 xícara (chá) de leite em pó<br />

- 1 xícara de açúcar<br />

⇒ 1/2 xícara (chá) de leite<br />

Modo de Preparo<br />

Massa da Carolina<br />

Leve a água e a margarina para ferver. Em se-<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

guida, acrescente a farinha de trigo e mexa rapidamente.<br />

Deixe esfriar e vá acrescentando os<br />

ovos. Leve novamente ao fogo até a massa<br />

soltar da panela. Deixe esfriar. Coloque a massa<br />

num saco de confeiteiro com bico largo e<br />

faça as Carolinas. Leve ao forno médio por 25<br />

minutos. Rende 25 Carolinas pequenas.<br />

Creme<br />

Leve todos os ingredientes ao fogo mexendo<br />

sempre, até ficar um creme firme.<br />

Calda de chocolate:<br />

Leve todos os ingredientes para uma panela<br />

em fogo baixo e mexa até engrossar.<br />

Calda de framboesa:<br />

Leve todos os ingredientes para uma panela e<br />

deixe em fogo baixo mexendo sempre.<br />

Glacê<br />

Coloque numa vasilha e mexa bem, até ficar<br />

um glacê. Para o glacê de chocolate, acrescente<br />

2 colheres (sopa) de chocolate em pó.<br />

Fonte: http://gcnreceitas.wordpress.com/<br />

Fontes receitas: http://www.globo.com/maisvoce<br />

http://www.wikipedia.com<br />

http://baunilhaechocolate.com/archives/1199<br />

http://www.lifecooler.com/edicoes/lifecooler/<br />

desenvRegArtigo.asp?reg=329389<br />

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Essência!<br />

Por José Carlos Paiva Bruno<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Casa da Ciência, talvez esteja um pouco em displicência,<br />

Talvez clamor inadimplência da clemência,<br />

Piedade da nossa demência, deixando a vida passar,<br />

Cadência que não abandono, deixar procurar...<br />

Carecemos enamorados; a felicidade mora ao lado,<br />

Crescemos quando presente traduz resultado do passado,<br />

Assim com laços e fitas, cheiro d’entregas benditas,<br />

Correndo contra o tempo, qual lenço vela de vento...<br />

Preciso estar atento, abrigado ao relento...<br />

Bem vinda em nosso tempo, viajar sentimento,<br />

Que a brisa leve e morna sopre seu rosto,<br />

Beijando muito – além d’estoica razão – é precioso sentir...<br />

Fluir vir e ir, marshmallow de corpos e almas...<br />

Chocolate, champanhe de copos e palmas... Bravo de pé!<br />

Cada segundo, minuto, hora, dia, mês, ano, década e século,<br />

Crédulo de que o melhor porvir, futuro de abrir.<br />

Então abra sua caixa, ali estão seus tesouros...<br />

Quem não é visto, não é lembrado,<br />

Nunca menos, tampouco circunstâncias amenas,<br />

Faça voar as penas, dos travesseiros apenas...<br />

Somente desta, a essência vence a ausência,<br />

Duelo da competência, destra benevolência...<br />

Aproveite seu dia, aberto em portal da energia.<br />

Alegria está no gesto, fila ética do meio-dia...<br />

Desconheço melhoria sem ajudar o semelhante em<br />

travessia...<br />

Na avenida ou em melancolia: como Lispector a direção,<br />

Importa além da velocidade, afinal devagar ou rápido,<br />

Somos um clássico mutante, melhores eternos tudo ou<br />

nada...<br />

Lembre-se da sombra jabuticaba, do quase lobo travesso,<br />

Ceia roubada; eu mereço: sorrisos em que cresço...<br />

Mútuo sorvendo apreço, contas rosário em terço,<br />

Ela sempre pode ajudar: daquele Amor maior encontrar!<br />

Reze, mesmo sem saber rezar, pois pedir e praticar...<br />

Formulando cristal semelhança, onde distância não alcança,<br />

Ligação amar por cá... Como discar para o Céu,<br />

Então creio, logo existo! Inda pisco ou despisto: nunca desisto...<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

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ANITA GARIBALDI<br />

HEROÍNA <strong>DO</strong>S <strong>DO</strong>IS MUN<strong>DO</strong>S<br />

Artigo: Reprodução<br />

Por Norberto Ungaretti<br />

Relata, resumidamente, a biografia da brasileira<br />

Ana Maria de Jesus Ribeiro, historicamente<br />

conhecida como Anita Garibaldi. Natural de Laguna,<br />

em Santa Catarina, Anita foi a esposa e<br />

companheira de batalhas do italiano Giuseppe<br />

Garibaldi, que no Brasil lutou junto às tropas<br />

farroupilhas pela causa republicana, tendo<br />

também se engajado em lutas libertárias no<br />

Uruguai e na Itália. Ao seu lado, Anita deu demonstrações<br />

de grande heroísmo e bravura.<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Laguna, por onde passava, no sul do Brasil, a<br />

linha demarcada pelo Tratado de Tordesilhas a<br />

dividir entre Portugal e Espanha as terras descobertas<br />

e por descobrir, teve papel de fundamental<br />

importância na conquista do continente<br />

de São Pedro do Rio Grande do Sul, pelo que<br />

raízes rio-grandenses são em boa parte raízes<br />

lagunenses. A certa altura, quase mesmo a póvoa<br />

vicentista chegou a esvaziar-se, tão intensa<br />

era a emigração lagunense para os campos<br />

do sul, a serviço del Rey ou em busca das novas<br />

oportunidades que se abriam, promissoras,<br />

no até então inexplorado "continente". Era porém,<br />

acima de tudo, uma missão de conquista,<br />

a consolidar naquelas terras o domínio português.<br />

Por isso, a velha cidade pode hoje orgulhosamente<br />

ostentar em seu brasão, concebido<br />

e composto pelo historiador Afonso Taunay,<br />

esta legenda gloriosa: Ad meridan Brasilian duxi.<br />

Na verdade, Laguna levou o Brasil para o<br />

sul.Essa identificação histórica e até mesmo<br />

afetiva entre Laguna e o Rio Grande do Sul em<br />

boa parte explica a simpatia com que os lagunenses<br />

receberam a notícia da rebelião que<br />

empolgou os gaúchos, em 1835, levando-os à<br />

proclamação da República Piratini. Tal simpatia<br />

só fez aumentar, à medida que iam chegando<br />

as notícias e a propaganda dos ideais farroupilhas,<br />

não obstante a atenção que ao as-<br />

sunto dedicou o Presidente da Província de<br />

Santa Catarina, por meio de providências de<br />

variada natureza, inclusive alertando o povo<br />

para os riscos da adesão aos ideais separatistas<br />

(e separatistas porque republicanos, mas<br />

aspirando à união nacional sob novo regime)<br />

que inspiravam o movimento sulista.<br />

Chegados à Laguna e festivamente recebidos<br />

pela população, os revolucionários ali proclamaram,<br />

com gente da terra, em 29 de julho de<br />

1839, a República Catarinense, também chamada<br />

Juliana, de efêmera duração, porém. A<br />

15 de novembro daquele mesmo ano de 1839<br />

(coincidentemente exatos cinquenta anos antes<br />

que vingasse no Brasil o sonho republicano),<br />

feriu-se a batalha naval em que foram definitivamente<br />

derrotadas, na Laguna, as forças<br />

rebeldes.<br />

Esse fato, aliás (e manda a verdade histórica<br />

que se diga), foi recebido com sentimento de<br />

alívio pela população lagunense, dado que o<br />

entusiasmo das primeiras semanas cedeu lugar<br />

à frustração e mesmo à revolta, pois as tropas<br />

irregulares estacionadas na vila, ociosas,<br />

sem poder ir à frente nem enfrentar a reação<br />

legalista, que tardava, acabaram por cometer<br />

tropelias e crimes que enlutaram Laguna e se<br />

estenderam a localidades adjacentes.<br />

Foto de Maria de Fá"ma Barreto Michels<br />

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Naquele mesmo tempo e espaço, entretanto,<br />

surgiria, à margem do episódio militar e político,<br />

uma história de amor e heroísmo que projetou,<br />

da vida obscura na sua vila para a consagração<br />

em duas pátrias, uma singular figura de<br />

mulher.<br />

Ana Maria de Jesus Ribeiro, no verdor dos<br />

seus dezoito anos, longe estava de supor que<br />

a onda vinda do sul era a mesma que a arrastaria<br />

para aventuras jamais sonhadas e para a<br />

glória que não ambicionou nem perseguiu.<br />

Ainda muito jovem, analfabeta, provavelmente<br />

não lhe faria diferença, nem ocupava suas preocupações,<br />

viver sob regime republicano ou<br />

monárquico, embora provavelmente participasse<br />

do entusiasmo que, na euforia de ser a vila<br />

elevada à cidade capital da República Catarinense,<br />

tomou conta da maior parte da população<br />

lagunense.<br />

A paixão que despertou em Giuseppe Garibaldi<br />

e a que se entregou sem resistência, antes<br />

com o encantamento de quem parecia haver<br />

esperado desde sempre aquele amor vindo de<br />

tão longe, foi que acordou em Anita as insuspeitadas<br />

energias da mulher determinada e<br />

guerreira, capaz do heroísmo que a imortalizou.<br />

Bem o percebeu, sem demora, o futuro herói<br />

da unificação italiana. Ainda antes do embate<br />

final com as forças legalistas, Anita acompanhou<br />

Garibaldi no combate de Imbituba, travado<br />

a 4 de novembro de 1839. Em suas<br />

Memórias, ele diria, referindo-se àquele episódio,<br />

que constituíra o batismo de fogo da sua<br />

jovem companheira: Durante aquela luta, provei<br />

a mais viva e cruel emoção de minha vida.<br />

Enquanto Anita, sobre a proa do barco, com o<br />

sabre na mão, encorajava nossos marinheiros,<br />

uma bala de canhão arremessou ao chão outros<br />

dois. Dei um salto para junto dela, pensando<br />

encontrar um cadáver; ao invés, ela se levantou<br />

rapidamente, sã e salva, enquanto os<br />

dois homens caídos com ela estavam mortos.<br />

Dei-lhe ordem para descer ao interior do barco.<br />

"Sim, desço", me respondeu, "mas para trazer<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

fora os covardes que ali se esconderam"1.<br />

Na batalha naval de Laguna, que pôs fim à República<br />

Catarinense, e que custou aos dois lados<br />

dezenas de mortos e feridos, Anita deu outras<br />

demonstrações de bravura. A bordo do<br />

"Rio Pardo", acompanhava os preparativos para<br />

enfrentar o inimigo que se aproximava. Como<br />

Garibaldi subira à costa para observar o<br />

movimento das embarcações inimigas, Anita,<br />

conta seu mais autorizado biógrafo, W. L. Rau,<br />

(...) sem hesitação o substituiu no comando e<br />

disparou, ela mesma, o primeiro tiro de canhão<br />

em direção ao adversário, animando com seu<br />

destemor a tripulação, momentaneamente acéfala<br />

e deprimida2.<br />

Encerrado o episódio lagunense do movimento<br />

farroupilha, desarticulada e vencida a República<br />

Catarinense, retiraram-se os rebeldes para<br />

o Rio Grande, dirigindo-se primeiro ao planalto<br />

serrano catarinense. Com eles, ou melhor, com<br />

Giuseppe Garibaldi, Ana Maria de Jesus Ribeiro,<br />

que jamais retornaria à sua terra e à sua<br />

gente.<br />

A primeira batalha que se seguiu à derrota sofrida<br />

em Laguna travou-se em Lages. Nela,<br />

Anita não tomou parte direta, mas, à falta de<br />

médico e sendo a única presença feminina no<br />

cenário da luta, (...) foi o anjo que a todos os<br />

feridos acudia, como enfermeira meiga e carinhosa.<br />

Foto de Maria de Fá"ma Barreto Michels<br />

www.varaldobrasil.com 27


Dias depois, os rebeldes alcançam Lages, onde<br />

não só entraram sem qualquer resistência,<br />

como foram recebidos festivamente, pois entre<br />

os lageanos, tal qual sucedera entre os lagunenses,<br />

os ideais republicanos que defendiam<br />

desfrutavam de entusiástica simpatia.<br />

Os pais de Anita tinham morado em Lages. Ali<br />

lhes nasceram alguns filhos. O cenário, pois,<br />

do ponto de vista afetivo, era familiar a Anita.<br />

Ela e Garibaldi instalaram-se numa casinha,<br />

bem modesta, é verdade, mas em todo caso<br />

uma casa que até então não haviam tido para<br />

si. Na noite de Natal daquele ano de 1839, participando<br />

da Missa do Galo na igreja de Nossa<br />

Senhora dos Prazeres, talvez tivessem desejado<br />

ser como aquela gente simples, de vida<br />

tranquila, endereço e domicílio certos, ocupação<br />

estável, paz para criar os filhos, paz para<br />

viver. Sabiam, entretanto, não ser aquele o seu<br />

presente nem o seu futuro. Giuseppe Garibaldi<br />

era o destemeroso aventureiro, cavaleiro andante<br />

de ideais libertários, que a posteridade<br />

consagraria como herói da sua pátria. Anita, a<br />

mulher que aceitou o desafio de acompanhá-lo<br />

e que parecia haver sido escolhida pelo destino<br />

para dividir com ele as incertezas, os riscos, os<br />

perigos, as agruras dos longos e difíceis caminhos.<br />

Poucos dias durou, de fato, aquela sensação<br />

de calma e segurança que quase os fizera felizes,<br />

na sua casinha de Lages.<br />

Logo as tropas rebeldes puseram-se em movimento,<br />

ao encontro das forças legalistas que<br />

rondavam a região e antecipando-se, assim, ao<br />

inevitável confronto. Travou-se, então, terrível<br />

combate. Estava-se em Curitibanos, no planalto<br />

catarinense. Surpreendida pelo inimigo, Anita<br />

reage de sabre em punho. Matam-lhe, entretanto,<br />

a montaria, e furam-lhe o chapéu a bala,<br />

arrancando-lhe uma mecha de cabelos. Caída<br />

ao chão, é feita prisioneira, mas o chefe adversário,<br />

que mal podia esconder a admiração por<br />

aquela mulher solitária e brava, vestida de homem<br />

entre homens e lutando melhor que quase<br />

todos, permitiu-lhe procurar Garibaldi dentre<br />

os mortos, cujos corpos, vários já em decompo-<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

sição, encontravam-se ainda insepultos. Anita<br />

cumpre, em ânsias, aquele roteiro sinistro,<br />

compensada, afinal, pela certeza de que seu<br />

amado Giuseppe escapara ao saldo trágico do<br />

combate de Marombas, com o qual terminaria a<br />

ação bélica dos farroupilhas em terras de Santa<br />

Catarina.<br />

Anita vivia um momento decisivo. Longe de Garibaldi,<br />

com quem perdera contacto, e trazendo<br />

já no ventre o primeiro fruto do seu amor, só<br />

lhe restava fugir, para reencontrar-se com a vida.<br />

Certa noite, abandonou a clareira em que eram<br />

mantidos os prisioneiros e embrenhou-se na<br />

floresta, pois andar pela estrada seria expor-se<br />

ao reconhecimento e à captura. Foi uma fuga<br />

épica, não pelo ato de fugir em si mesmo, talvez<br />

até, quem sabe, favorecido pela deliberada<br />

invigilância de algum dos guardas, mas em razão<br />

dos perigos que haveriam de ser enfrentados:<br />

a própria mata, cerrada e selvagem, os<br />

animais, a fome, o cansaço, a tudo acrescendo<br />

o desconforto da gravidez. Chegando às margens<br />

do rio Canoas, consegue furtar o cavalo<br />

de um miliciano descuidado e com ele atravessa<br />

a água rasa que a conduz ao outro lado, de<br />

onde prossegue a fuga. Mais dois dias de viagem,<br />

e chega a Lages, indo ter à mesma casa<br />

simples onde vivera alguns dias e na qual, agora,<br />

esperou em vão encontrar Garibaldi. No dia<br />

seguinte, porém, os dois se reuniram, com<br />

grande emoção dele e admiração e surpresa<br />

dos seus homens, que mal podiam compreender<br />

como aquela pequena mulher pudera, sozinha,<br />

percorrer tão longos e difíceis caminhos. A<br />

uma pergunta de Teixeira Nunes, bravo e leal<br />

republicano, que lhe indagava como conseguira<br />

chegar até ali, Anita respondeu, quase simplória:<br />

Vim vindo, coronel...<br />

De Lages, partem para o Rio Grande. Ana Maria<br />

de Jesus Ribeiro deixava para sempre a terra<br />

barriga-verde, em que nascera. Teria a intuição<br />

do seu destino, a percepção da aventura<br />

que apenas começava e culminaria com a consumação<br />

dos seus dias em solo estrangeiro e<br />

distante?<br />

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Foto de Maria de Fá"ma Barreto Michels<br />

Em território gaúcho, caminham os farrapos<br />

desde Vacaria até Viamão, perto de Porto Alegre,<br />

localidade entre cujos povoadores estavam<br />

muitos dos lagunenses que se lançaram à conquista<br />

do Rio Grande no séc. XVIII. Ali esteve<br />

Anita em paz, por algum tempo. Da batalha de<br />

Taquari, que se seguiu, e na qual morreram<br />

cerca de 470 combatentes, de um e outro lados,<br />

Anita não participou porque não o permitiu<br />

o comandante supremo dos revoltosos, o general<br />

Bento Gonçalves, que por isso incorreu na<br />

antipatia da companheira de Garibaldi. Não poderia<br />

ter agido de outra forma, entretanto, o<br />

chefe farroupilha. Anita estava em adiantada<br />

gravidez.<br />

Àquela batalha, por haver demonstrado o equilíbrio<br />

de forças das facções nela empenhadas,<br />

seguiram-se conversações de paz, que acabaram<br />

frustradas, mas permitiram alguma tranquilidade<br />

aos republicanos. Foi providencial a trégua,<br />

pois por esse tempo, havendo Garibaldi<br />

conseguido acomodações na casa de uma certa<br />

família Costa, já na localidade de Mostardas,<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Anita deu à luz seu primogênito, a quem chamaram<br />

Menotti. Era o dia 16 de setembro de<br />

1840.<br />

Garibaldi dirigiu-se então a Viamão, a fazer<br />

compras de coisas necessárias à mulher e ao<br />

filho, bem como participar o nascimento a seu<br />

amigo e patrício Luigi Rossetti.<br />

Enquanto estava ausente, o vilarejo foi assaltado<br />

por um esquadrão legalista. Prender Anita e<br />

a criança seria subjugar Garibaldi. Assim pensou,<br />

com lógica, o valente capitão Pedro de<br />

Abreu, futuro Barão de Jacuí. Só que não conhecia<br />

a capacidade de decisão e resistência<br />

da jovem lagunense, nem poderia supor que<br />

ela tivesse condições físicas capazes de, sobretudo<br />

na situação em que se achava, sustentar<br />

qualquer reação ao imprevisto assalto.<br />

Mas Anita, avisada a tempo, fez o que a qualquer<br />

um pareceria impossível. Tomando nos<br />

braços o filho com apenas doze dias de nascido,<br />

e afrontando todas as regras de prudência<br />

que exigiam longo e cheio de cuidados o repouso<br />

das parturientes, mergulhou nas sombras<br />

da noite, sozinha com seu tesouro. Foi<br />

nesta atitude de fuga, vivendo um momento heróico<br />

da sua recente maternidade, dividindo-se<br />

entre o governo do animal que a todo galope a<br />

transportava e a proteção ao frágil Menotti, que<br />

a imortalizaram os italianos no belo monumento<br />

erguido em sua memória no centro de Roma e<br />

onde hoje repousam seus restos mortais.<br />

Dois meses mais tarde, resolve Bento Gonçalves<br />

que se retirem os revoltosos para a serra,<br />

ao norte, dividindo-se eles em dois grandes<br />

grupos, um dos quais seguiria pelo litoral e o<br />

outro pelo interior. A este, sob o comando de<br />

Davi Canabarro, integrou-se Garibaldi.<br />

Foi uma tragédia aquele percurso. A começar<br />

pelo fato de que não havia caminhos, apenas<br />

rumos, que assim mesmo de vez em quando<br />

ficavam perdidos naquela região inóspita, sob<br />

chuvas intensas, que faziam transbordar os<br />

cursos d’água, impedindo a passagem das tropas.<br />

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Os homens, bem assim as mulheres e crianças<br />

que os acompanhavam, molhados, cansados,<br />

famintos, iam muitos deles sucumbindo às privações<br />

e à doença. Os próprios guias se perderam,<br />

e foi esta a causa principal das desgraças<br />

que se abateram sobre aquela gente, de<br />

repente convertida como que em prisioneira do<br />

labirinto da Serra das Antas, com suas escarpas<br />

rochosas, suas curvas abruptas, suas alturas<br />

que se levantavam súbitas e desafiadoras.<br />

Muita gente morreu ao longo da sinistra travessia.<br />

Era uma carnificina mais horrível do que a<br />

de uma sanguinolenta batalha, escreveria Garibaldi<br />

em suas Memórias. A tudo resistiu outra<br />

vez Anita, inexcedível na luta para salvar o filho<br />

de três meses, que quase morre enrelegado.<br />

Terminada a marcha, depois de nove dias e<br />

nove noites de acerbo sofrimento, amadureceu<br />

no espírito de Garibaldi a resolução de deixar o<br />

Brasil.<br />

As perspectivas de vitória da causa farroupilha<br />

estavam cada vez mais distintas. A República<br />

Catarinense fôra derrotada e nenhuma esperança<br />

restava de que pudesse ser restabelecida.<br />

No Rio Grande, a causa não avançava.<br />

Luigi Rossetti, o amigo e conselheiro, estava<br />

morto. E havia sobretudo o fato novo: Anita e o<br />

pequeno Menotti, a quem julgava já haver exposto<br />

demais aos riscos e privações daquela<br />

vida desassossegada e aventureira.<br />

Assim, em fins de abril de 1841, depois de comunicar<br />

a Bento Gonçalves sua intenção de<br />

partir, Garibaldi iniciou viagem para o Uruguai.<br />

Levou 900 bois, recebidos como indenização<br />

pelos serviços prestados à causa farroupilha.<br />

Cinquenta dias depois, chegavam os Garibaldi<br />

a seu destino. Nenhum dos animais sobreviveu<br />

à longa e penosa jornada. Cerca de quatrocentos<br />

tinham morrido somente na travessia do<br />

Rio Negro.<br />

Em Montevidéu, embora instalado em casa de<br />

um carbonário que generosamente o acolhera,<br />

Garibaldi tratava de organizar a nova vida.<br />

Passou a lecionar num colégio matemática,<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

caligrafia e história. Além disso, começou a trabalhar<br />

também como corretor de cargas marítimas.<br />

Graças a esse período de estabilidade,<br />

tiveram os Garibaldi sua primeira casa de morada,<br />

hoje transformada em museu.<br />

A vida de Anita em Montevidéu foi marcada por<br />

acontecimentos de grande importância no plano<br />

pessoal, sendo o principal deles o casamento,<br />

realizado a 26 de março de 1842, na<br />

Igreja de São Bernardino, com a presença da<br />

mãe dela, Maria Antonia de Jesus, que de Laguna<br />

se lançara a rever a filha e conhecer o<br />

neto. No Uruguai também nasceram os outros<br />

três filhos do casal, a saber: Rosita, que morreu<br />

criança, Terezita e o caçula Riciotti.<br />

Garibaldi pôs-se a serviço das lutas pela independência<br />

do Uruguai, contestada pelo general<br />

Oribe, com o apoio do ditador argentino, Rosas.<br />

Ligou-se, assim, ao general Frutuoso Rivera.<br />

Liderou a Legião Italiana, que se envolveu<br />

em intensa atividade bélica. Não cabe aqui<br />

detalhar tais atividades, nem as que lhe correram<br />

paralelas, com a decisiva participação de<br />

Garibaldi, até porque foi um tempo em que Anita<br />

esteve inteiramente absorvida pelas lides<br />

domésticas, a cuidar dos filhos e do lar que comandava<br />

durante as longas e frequentes ausências<br />

do marido.<br />

Depois de seis anos e meio de permanência<br />

no Uruguai, foram para a Itália, primeiro ela e<br />

os filhos, mais tarde Garibaldi, que se sentiu<br />

chamado à defesa da causa da unificação italiana.<br />

Garibaldi já era uma figura conhecida e admirada<br />

na Itália, onde ademais tinha chegado a<br />

notícia de suas andanças e seus feitos de<br />

guerreiro libertário na América Latina. Amigos<br />

e correligionários seus tinham difundido a ideia<br />

de que poderia ser ele o comandante vitorioso<br />

das lutas contra a opressão do invasor estrangeiro.<br />

(segue)<br />

www.varaldobrasil.com 30


A chegada de Anita, que os italianos igualmente<br />

admiravam, conhecendo-lhe os atos de<br />

bravura, valeu-lhe entusiástica recepção em<br />

Gênova, onde desembarcou, a 2 de março de<br />

1848, sendo recebida por cerca de três mil<br />

pessoas. Tendo aprendido o idioma italiano,<br />

na convivência com Garibaldi e seus amigos,<br />

Anita fez um discurso dirigido ao povo. Pelos<br />

registros da imprensa genovesa, pode-se verificar<br />

que sua fala foi concisa e precisa, plenamente<br />

adequada àquele momento, revelandose<br />

uma mulher inteligente e segura de si, muito<br />

diferente da jovem inexperiente e de uma<br />

simplicidade quase rude, que deixara Laguna<br />

há cerca de dez anos. Nesse aspecto, foi a<br />

longa estadia no Uruguai que a transformou.<br />

Ali viveu em permanente contacto com pessoas<br />

de bom nível cultural e social, fossem essas<br />

das relações de Garibaldi, fossem da sociedade<br />

uruguaia e dos círculos oficiais, pois<br />

Anita fez-se grande amiga da esposa do presidente<br />

Frutuoso Rivera.<br />

A 21 de junho daquele ano de 1848, Garibaldi<br />

chegava à Itália. Vinha acompanhado por 86<br />

legionários (membros da Legião Italiana, que<br />

ele liderara no Uruguai). Desembarcou em<br />

Nizza, onde recebeu várias homenagens, inclusive<br />

um banquete a que compareceu o intendente<br />

do Condado. Muitas outras reuniões<br />

se seguiram, com Garibaldi sempre pregando<br />

a unificação italiana. Por onde passava ia ganhando<br />

adeptos, reunindo, assim, um exército<br />

particular, com o que tomava a dianteira dos<br />

acontecimentos. Era um grupo de voluntários,<br />

sem organização e sem maior preparo, mas<br />

dispostos a tudo pela causa que os empolgava.<br />

O batismo de fogo de Garibaldi nesta sua nova<br />

cruzada deu-se na batalha de Luino, da<br />

qual Anita participou. Foi pesada, entretanto, a<br />

derrota sofrida, fazendo com que Garibaldi fugisse,<br />

disfarçado, para a Suíça, de onde voltou<br />

pouco depois.<br />

Chamado pelos sicilianos para auxiliá-los na<br />

sua sublevação contra a coroa de Nápoles,<br />

para lá dirigiu Garibaldi a sua legião. Ele e Ani-<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

ta cavalgavam à frente, e depois de saudados<br />

por onde passavam, entraram triunfalmente<br />

em Ravena, à noite, formando-se um longo<br />

préstito à luz de tochas.<br />

Os acontecimentos se sucediam velozmente.<br />

Em Roma, proclamara-se a República. Para lá<br />

dirigiu-se Anita, ao encontro de Garibaldi e<br />

animada a participar das lutas que pressentia<br />

seriam muitas e intensas até se consolidar a<br />

nova situação. Garibaldi fora eleito deputado<br />

constituinte. Feito general pelo governo republicano,<br />

preparou-se para lutar contra os franceses,<br />

que atacaram Roma atendendo a um<br />

apelo do Papa Pio IX. A auxiliar os franceses,<br />

vieram tropas austríacas, espanholas, napolitanas<br />

e do Vaticano. Anita, que havia deixado<br />

Roma, ao saber do agravamento da situação,<br />

voltou para junto de seu marido, apesar de estar<br />

grávida de cinco meses. A luta a atraía, sobretudo<br />

porque nela estava o homem a quem<br />

entregara sua vida.<br />

Foi uma viagem difícil e acidentada, desde<br />

Nizza, onde residia a família Garibaldi. Depois<br />

de cavalgar sozinha, sob o rigor do verão, durante<br />

três dias, fugindo à implacável vigilância<br />

de franceses e austríacos, Anita conseguiu<br />

romper o cerco de Roma e colocar-se ao lado<br />

do marido. Era o final de junho de 1849.<br />

Mas Anita já estava doente. Daí para a frente,<br />

freqüentemente indisposta e fraca, atribuía à<br />

gravidez tais sintomas. Já era, porém, o impaludismo<br />

a que sucumbiria.<br />

Roma capitulou e os chefes republicanos concordaram<br />

num armistício, mas não Garibaldi,<br />

que conclamou o povo a continuar a luta fora<br />

de Roma. A retirada de Roma, sob o comando<br />

dele, enfrentando a resistência dos exércitos<br />

inimigos (franceses, espanhóis e austríacos),<br />

foi um episódio glorioso e que ficou célebre<br />

pelas ousadias e pelos requintes estratégicos<br />

que permitiram seu êxito, nas mais adversas<br />

circunstâncias.<br />

(Segue)<br />

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Ainda uma vez, entretanto, apesar do cansaço<br />

e da doença, Anita demonstraria a sua coragem<br />

e o seu heroísmo. Ao aproximar-se de<br />

San Marino, onde Garibaldi tentava obter asilo<br />

político, a retaguarda das suas tropas, enquanto<br />

descansava, foi atacada por homens<br />

do exército austríaco. Os legionários se dispersaram<br />

em fuga. Anita, que seguia pouco<br />

mais adiante, vendo o que se passava, concitou-os<br />

energicamente à resistência. Usou de<br />

um chicote e com ele tentava deter os fugitivos.<br />

Acabou só, porém, mas disparando sua<br />

arma e assim repelindo o pequeno grupo inimigo,<br />

que avançava. Bem mais adiante, Garibaldi<br />

assistiu à cena e veio com seus homens<br />

em socorro da mulher, travando-se, então,<br />

uma rápida batalha, homem a homem, saindo<br />

Anita ilesa e Garibaldi com um leve ferimento<br />

no peito. O historiador Adilcio Cadorin observa,<br />

a propósito do episódio: Anita saiu ilesa<br />

do pequeno confronto, mas sua oportuna e<br />

corajosa resistência impediu um massacre<br />

que os tedescos iriam fazer na retaguarda da<br />

coluna garibaldina em retirada4.<br />

A fuga prosseguia, e prosseguia também o<br />

enfraquecimento de Anita, que, entretanto,<br />

recusava-se a abandonar Garibaldi, reagindo<br />

com energia às tentativas deste de deixá-la<br />

entregue aos cuidados de famílias contactadas<br />

para isso ao longo do caminho.<br />

A 2 de agosto, Anita ditou sua última carta.<br />

Era dirigida à irmã, da qual se despedia,<br />

consciente do estado grave em que se achava.<br />

Depois de incríveis dificuldades, vencidas no<br />

mar e em terra, chega Garibaldi a Ravena,<br />

onde, invocando princípios de humanidade,<br />

encontra asilo numa casa cujos moradores<br />

rendem-se à gravidade da situação, apesar<br />

das ameaças que posam sobre quem quer<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

que auxiliasse Garibaldi e os legionários.<br />

Ali, às 19h45 do dia 4 de agosto de 1849, ante<br />

o olhar angustiado do inconsolável Garibaldi,<br />

Anita cerrava os olhos "para a vida presente",<br />

como se dizia nos antigos registros de<br />

óbito.<br />

Tinha 28 anos apenas. Fugia-lhe a vida quando<br />

esta apenas começava, mas ela ingressava<br />

na História, aureolada de heroísmo, heroísmo<br />

por amor e pelo ideal libertário a que se<br />

entregou com todas as forças do seu coração.<br />

Norberto Ungaretti é Desembargador aposentado<br />

do Tribunal de Justiça do Estado de<br />

Santa Catarina, Professor do Centro de Ciências<br />

Jurídicas da Universidade Federal de<br />

Santa Catarina e da Escola Superior da Magistratura<br />

de Santa Catarina, e Membro do<br />

Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina<br />

e da Academia Catarinense de Letras.<br />

Fonte: Portal da Justiça Federal e<br />

Site Lagunista (www.lagunista.com)<br />

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MADALENAS<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

A origem das Madalenas (Madeleines em francês) ainda é uma incógnita. Supõe-se<br />

que ela teria uma ligação com a história de uma jovem cozinheira chamada Madaleine<br />

Paumier que teria improvisado uma receita para atender o pedido de um rei.<br />

O que podemos afirmar é que Madeleine está associada com a pequena cidade francesa<br />

de Commercy, cuja padaria, conta-se há muito tempo, pagou uma grande quantia<br />

por uma receita e vendia “bolos embalados em caixas ovais” como uma especialidade<br />

na área.<br />

Veja como elas são feitas:<br />

Receita – MADALENAS<br />

Ingredientes<br />

- 3 colheres de sopa de margarina bem cheias<br />

- 1 xícara de chá bem cheia de açúcar<br />

- 1/2 lata de creme de leite sem soro<br />

- 3/4 de xícara de farinha de trigo<br />

- 2 colheres de chá de fermento em pó<br />

- 1 colher de chá de casca de limão ralada (opcional)<br />

- 2 ovos<br />

Modo de preparo<br />

- Bata em creme o açúcar e a margarina<br />

- Acrescente os ovos, a casca de limão e o creme de leite, batendo até conseguir<br />

uma mistura homogênea.<br />

- Junte a farinha peneirada com o fermento, misture bem.<br />

- Coloque-as Madalenas em forminhas untadas a asse-as em forno aquecido a 170°<br />

C<br />

- Desenforme-as ainda quentes.<br />

Fonte: http://gcnreceitas.wordpress.com/<br />

Fontes receitas: http://www.globo.com/maisvoce<br />

http://www.wikipedia.com<br />

http://baunilhaechocolate.com/archives/1199<br />

http://www.lifecooler.com/edicoes/lifecooler/desenvRegArtigo.asp?reg=329389<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

ANITA GARIBALDI NUNCA MORRERÁ<br />

Por Maria de Fátima Barreto Michels<br />

“Garibaldi segura a mão da mulher. São sete horas e 45 minutos da noite de 4 de agosto<br />

de 1849. Ana Maria de Jesus Ribeiro, Anita Garibaldi está morta” – (da obra ANITA GARI-<br />

BALDI - Uma Heroína Brasileira - Paulo Markun.)<br />

- Para muitos catarinenses, inclusive para mim, não importa o que pensam os estudiosos<br />

quanto à dimensão histórica do levante farroupilha.<br />

O que cultuamos por aqui é a memória da mulher que foi mais forte do que o preconceito.<br />

Anita surpreendeu as conveniências sociais e os limites do universo feminino em sua época.<br />

Wolfgang Ludwig Rau, o maior estudioso de Anita Garibaldi em sua obra “Anita Garibaldi –<br />

O Perfil de uma Heroína Brasileira” revela, pelo zelo demonstrado em sua pesquisa, que<br />

também ele apaixonou-se por Anita.<br />

Durante entrevista que concedeu à televisão (tive o prazer de assistir), foi perguntado ao<br />

professor Rau o que ele diria à Anita se pudesse falar-lhe, Wolgang respondeu prontamente:<br />

“Anita, eu te amo!”<br />

Perseverança, iniciativa, parceria, autonomia e principalmente amor e coragem, que marcaram<br />

a personalidade de Anita Garibaldi apaixonam de fato, os que a revisitam nos livros e a<br />

procuram em Laguna.<br />

Nadar, cavalgar e atirar pode se aprender. Vestir-se de soldado, fazer guerras pelo mundo<br />

ao mesmo tempo em que gerava filhos, há 150 anos, foi de uma certa singularidade.<br />

Anita partiu há 157 anos mas, para nós sulistas e para o povo italiano ela nunca morrerá.<br />

Quando deixou seu espaço físico e assumiu seu tempo cósmico, Aninha virou estrela e perpetuou<br />

seu galope em alada montaria. Inquieta, Anita não parou.<br />

Desviando-se de todo cerco e qualquer tentativa que façam de contê-la, corre célere pelos<br />

céus.<br />

Lá, na imensidão celestial, as criaturas siderais também tentam decifrá-la mas confundemse<br />

então, encantadas contentam-se em segui-la, em seu rastro de luz.<br />

Fonte: Site Lagunista http://www.lagunista.com/<br />

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Ana Maria de Jesus Ribeiro,<br />

mais conhecida como<br />

Aninha do Bentão e posteriormente<br />

como Anita Garibaldi,<br />

nasceu em Laguna,<br />

atualmente Morrinhos –<br />

SC, em 30 de agosto de<br />

1821, vindo a morrer com<br />

apenas 28 anos em 04 de<br />

agosto de 1849.<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

TANTAS ANAS<br />

Jacqueline Aisenman<br />

(Do livro Coracional)<br />

Ana<br />

Não és a estátua<br />

Calada e altiva<br />

Que vigia as noites<br />

Da praça.<br />

Nem és tanto assim<br />

Somente<br />

A heroína contada<br />

Nas longas histórias<br />

Dos livros.<br />

Ana<br />

Te conheci vulto.<br />

Te aprendi mulher.<br />

Aninha filha,<br />

Ana aventura,<br />

Anita do Garibaldi.<br />

Fonte: Site Lagunista http://www.lagunista.com/<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

“Mulher, um universo”<br />

Por José Hilton Rosa<br />

Brilho nos olhos que olham<br />

Sempre admirando sua beleza<br />

Natural da mulher, um universo<br />

Caminhar provocante<br />

Intriga qualquer infante<br />

Passos de mulher, um universo<br />

Faço versos e sopro-os pelo ar<br />

quando, por mim ela passar<br />

Rebelde na malicia com todos os olhos<br />

Maldosos só tenham a desconfiar<br />

À mulher, um universo a confiar<br />

A prova de mãe quer sempre deixar<br />

Mulher, um universo, quero dele aproveitar<br />

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ROSÂNGELA<br />

Por Roberto Saturnino Braga<br />

Com a palma da mão Rosângela podia<br />

bem sentir o abaulamento do baixo ventre,<br />

quando tirava a roupa antes do banho e procedia<br />

a este exame, todo dia, com delicadeza,<br />

quase carinho. Era bem discreto o abaulamento,<br />

tanto que não se percebia pelo ver corrente,<br />

não se distinguia nenhuma linha de ressalto<br />

adicional à curva ampla e natural do ventre,<br />

não propriamente adiposo mas alargado pela<br />

gravidez que lhe trouxera a filha Ana, de dois<br />

anos. O corpo, no geral, mantinha a esbeltez<br />

da juventude, mas ficara ali a marca da maternidade,<br />

ali na cintura como nos seios, que,<br />

cheios e sugados, haviam perdido a rijeza macia<br />

de antes.<br />

Vinte e dois anos, e aquele caráter benigno<br />

de aceitação das circunstâncias da vida,<br />

que a fazia gostar ainda da sua própria figura, e<br />

desprezar o desgaste da maturidade prematura<br />

e da responsabilidade com os cuidados da filha.<br />

Mantinha as alegrias essenciais da vida, as<br />

duas graças dela: a juventude e a menina, o<br />

acordar e sentir o regozijo da manhã, o existir,<br />

e a menininha Ana, fruto dela, não do amor<br />

mas do assédio e da conformidade. As coisas.<br />

Tinha feito direitinho os oito anos escolares<br />

do primeiro grau e trabalhava desde os dezessete,<br />

naquela disciplinazinha ditada pelo<br />

pai, um rodoviário honesto, motorista, comunista<br />

e conservador. Agora, depois de uma parada<br />

de um ano, quando nasceu a filha, ela estava<br />

de atendente num supermercado em Campo<br />

Grande e morava com a família num enorme<br />

ajuntamento de casas de moradia popular chamado<br />

Cesarão, uma cidade homogênea que<br />

ficava perto de Santa Cruz, cheia de gente de<br />

vida difícil. Ela ficava com a filha no quarto do<br />

corredor que ia para a cozinha e o banheiro, e<br />

os pais no quarto que dava para a sala, com<br />

mesa, cadeiras duas poltronas e o móvel da<br />

televisão, tudo apertadinho. O dos meninos ficava<br />

em cima, fechado sobre um canto da laje<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

para onde se subia por uma escadinha externa.<br />

O resto da laje era do varal, da caixa dágua e<br />

de uma varanda aberta, que tinha perdido outro<br />

pedacinho para se fazer um novo quarto para<br />

Dorotéia, a irmã que ficava com ela no quarto<br />

de baixo antes de Ana nascer.<br />

Dorotéia era a irmã logo abaixo dela, que também<br />

trabalhava mas que era muito bonita, de<br />

pele branquinha da cor da do pai, e cabelos<br />

castanhos claros, bem sedosos, olhos iluminados<br />

e um corpo formoso e curvoso, que se<br />

mostrava através das roupas justas e decotadas<br />

que ela usava. Havia atritos com o pai por<br />

causa disso, atritos graves, ele imprecava contra<br />

a justeza das calças ou a curteza das saias,<br />

e uma vez rasgou de raiva uma blusa indecente<br />

que arrancou à força do corpo dela. Ele intuía,<br />

ele era homem e sabia, e a mãe intervinha e<br />

punha panos quentes, ela sabia também, não<br />

era nenhuma boba, mas sentia um certo aprazimento<br />

de realização através da filha bonita<br />

que vivia experiências de outra graduação. Todos<br />

sabiam que Dorotéia trabalhava, também<br />

tinha feito o colégio, trabalhava de secretária<br />

no escritório de um advogado no centro da cidade<br />

e ralava o sacrifício da viagem diária e<br />

cansativa. E que algumas vezes se atrasava<br />

muito por causa do tráfego e chegava até depois<br />

de meia-noite. Ganhava bem, por isso, claro,<br />

como se via na televisão, todos viam, todos<br />

sabiam, até os dois meninos mais novos que<br />

ainda estudavam, e o maior já trabalhava.<br />

Na primeira noite que não veio dormir em casa<br />

enfrentou a cara séria do pai no dia seguinte de<br />

manhã, a cara séria e a fala séria, de que seria<br />

melhor que ela não morasse mais com eles, já<br />

que escapava aos padrões morais da família e<br />

podia contaminar os outros. Dorotéia chorou,<br />

sinceramente chorou, e a mãe chorou com ela,<br />

e Rosângela também. O pai então calou, seco<br />

e amargo. Era a família. Eram os tempos. Difícil<br />

manter a família naqueles tempos. Mas era a<br />

família. Calou.<br />

(Segue)<br />

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Calou para sempre, e até voltou a sorrir<br />

de vez em quando. Tomava a cerveja no bar<br />

do Caçula com os amigos de sempre, e foi descontraindo<br />

a vergonha da filha.<br />

E um dia Dorotéia falou com Rosângela,<br />

as irmãs se amavam e se falavam tudo entre<br />

si. Falou séria porque o assunto era sério; falou<br />

porque achou que devia falar, era a irmã, Dorotéia<br />

adorava a sobrinha, e sofria com a dureza<br />

da vida de Rosângela. Falou porque Doutor<br />

Célio tinha falado. Rosângela tinha ido à cidade<br />

levar a Ana para fazer um exame por causa de<br />

uma anemia e dias depois foi apanhar o resultado<br />

que não deu nada de grave. Estava feliz e<br />

passou no consultório do Doutor Célio para voltar<br />

com Dorotéia. Nunca tinha ido lá e foi apresentada<br />

ao Doutor Célio. No dia seguinte Doutor<br />

Célio falou e Dorotéia pensou, pensou, e<br />

achou que devia falar com Rosângela.<br />

Doutor Célio era um homem sério de cinquenta<br />

e poucos anos, não era um vigarista,<br />

um enganador, não vivia rindo e soltando piadas,<br />

era um homem maduro e falava sério, ia<br />

direto ao assunto, honesto. Tinha dois amigos,<br />

advogados também, mais ou menos da idade<br />

dele, sérios como ele, um deles pouquinho<br />

mais moço e meio alegrinho, mas boa gente.<br />

Eram todos casados mas tinham precisão de<br />

mulher jovem e bonita, sabe como é homem.<br />

Tinham alugado um apartamento no centro da<br />

cidade, na Avenida Beira-Mar, onde se encontravam<br />

com algumas moças direitas, como ela,<br />

Dorotéia, não queriam saber de prostitutas. E o<br />

Doutor Célio vivia insistindo para que ela, Dorotéia,<br />

fosse morar lá e cuidasse do apartamento.<br />

Ela resistia por causa da mãe, e também por<br />

causa da irmã, Rosângela. Mas estava quase<br />

decidida. E o Doutor Célio tinha gostado da<br />

Rosângela, tinha achado ela bonita e com jeito<br />

muito carinhoso, ele conhecia bem as mulheres,<br />

e tinha perguntado se ela não queria fazer<br />

parte do grupo de moças que frequentavam o<br />

apartamento. Era tudo muito sério, muito discreto<br />

e muito honesto, e as moças ganhavam<br />

bem, toda vez que passavam lá. Só a primeira<br />

vez era difícil. Rosângela podia continuar trabalhando<br />

no supermercado e ir lá de vez em<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

quando, uma vez por semana, assim, podia<br />

dormir lá com ela, Dorotéia, podia dizer em casa<br />

que estava com saudade e ia dormir com a<br />

irmã. Claro que os pais iam desconfiar e saber,<br />

mas era uma coisa tão discreta que eles não<br />

iam brigar muito, a mãe ia aprovar, o pai já estava<br />

se acostumando ao mundo.<br />

Rosângela ouviu tudo sem dizer palavra,<br />

sem mais que um rubor muito leve no rosto, de<br />

excitação ou de timidez, mas imperceptível.<br />

Não esperava por aquela fala e não tinha uma<br />

resposta preparada, tinha que elaborar, era<br />

uma revolução na vida, e um mundo desconhecido,<br />

não era um salto no escuro porque tinha o<br />

amparo da irmã, mas era outro mundo, adulto e<br />

grave, não era mais a meninice irresponsável<br />

do Bebeto que era o pai da Ana mas não era,<br />

que só queria brincar de sexo e já não tinha<br />

nenhuma graça.<br />

Tinha de pensar, era menina ainda,<br />

mesmo mãe, sendo chamada a ser mulher, a<br />

doçura não perdia, que era dela, mas perdia a<br />

inocência, tinha de pensar, olhando a vida com<br />

olhar mais medido e meditado O futuro. Pensava.<br />

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A MULHER QUE SOU<br />

Por Basilina Pereira<br />

Descrevo a mulher que sou:<br />

versátil, fecunda, fluida...<br />

não sei bem por onde vou,<br />

mas sigo a trilha dos druidas.<br />

Falo a linguagem do amor<br />

neste terraço do mundo,<br />

se encontro miséria e dor<br />

acelero e vou mais fundo.<br />

Sempre tem dias de chuva<br />

e de assobio no escuro,<br />

mas quem tem mão salva a luva,<br />

sonho atrevido é futuro.<br />

Nado em audácia e leveza<br />

com charme de lua cheia,<br />

tem mistérios, com certeza,<br />

o que me corre nas veias.<br />

Mas como toda mulher<br />

sou força que para o vento,<br />

quem foca o alvo e o quer<br />

vai além do pensamento<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

h p://wallpaperswide.com<br />

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M de Mulher<br />

Por Bertolina Maffei<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Mulher, é mãe!<br />

Mulher, é Maria mãe de Jesus!<br />

Mulher, é sinônimo de amor e esperança!<br />

Mulher, é vida alegria!<br />

Mulher, é desejo!<br />

Mulher, que trabalha de noite e de dia<br />

Mulher, que rompe barreiras!<br />

Mulher, apaixonada!<br />

Mulher, que faz loucuras por um amor ou uma paixão!<br />

Mulher, solteira casada, viúva ou divorciada!<br />

Mulher, pobre ou rica!<br />

Mulher, que sofre, chora, ama!<br />

Mulher, que está na sociedade machista!<br />

Mulher, que não é respeitada, no trabalho é assediada!<br />

Mulher, que reclama é mandada embora!<br />

Mulher, que é ainda é Amélia!<br />

Mulher motorista pensa na família, dificilmente uma mulher se envolve<br />

num acidente, 97 % dos acidentes em rodovias são homens, embriagados,<br />

drogados, fazendo ultrapassagem em lugares proibidos, não acabando<br />

só com sua vida mas de toda a família!<br />

Por tudo isto e muito mais, 8 de março dia internacional da mulher,<br />

parabéns! Parabéns... a todas nós.<br />

h p://www.mdwallpapers.com/<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Você veio<br />

Por Domingos Alberto Richieri Nuvolari<br />

A vida nasce de você,<br />

O encanto de viver,<br />

A súbita esperança,<br />

De um amor vencido.<br />

Você veio de dentro da saudade,<br />

Da esperança oculta,<br />

Do amor que não existia,<br />

E que começou a existir.<br />

A vida começou a viver,<br />

Depois que o amor se infiltrou,<br />

Neste imenso sentimento,<br />

No sentimento de amar.<br />

A final o que sentimos<br />

Quando o amor nos recebe?<br />

Seria uma porta,<br />

Que depois dela encontraríamos<br />

Uma escuridão?<br />

A escuridão ardente,<br />

Na qual se a olharmos,<br />

Sentimos no coração<br />

Uma dor ardente de sentimento.<br />

É o amor!<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Mulher de todos<br />

Por Elise Schiffer<br />

Foi...<br />

Neta mãe, chorando e sorrindo.<br />

Filha mãe, sorrindo e chorando.<br />

Irmã mãe, chorando e sorrindo.<br />

Sobrinha mãe, sorrindo e chorando.<br />

Prima mãe, chorando e sorrindo.<br />

Esposa mãe, sorrindo e chorando.<br />

Pai mãe, chorando e sorrindo.<br />

Mãe pé de boi, sorrindo e chorando.<br />

Sozinha e vazia, chorando e sorrindo.<br />

Nunca foi mulher, sorrindo e chorando.<br />

Aguardou décadas, chorando e sorrindo.<br />

Reflexos de afeto, sorrindo e chorando.<br />

Mulher de todos, chorando e amando pereceu...<br />

h p://www.abril.com.br<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

DESIGUALDADE RACIAL<br />

Por Rai d’ Lavor<br />

Onde estão as mulheres negras na história e nos espaços de poder?<br />

A partir do questionamento acima, quero registrar<br />

a minha indignação com relação ao problema da<br />

desigualdade racial.<br />

Com vemos no dia a dia, as mulheres negras são<br />

alvos do preconceito e da discriminação por parte<br />

das sociedades, dos órgãos da administração pública<br />

e privada. E inclusive das polícias civil e militar.<br />

É muito triste ter que conviver com tantas desigualdades<br />

e diferenças de valores.<br />

Embora eu não seja negra, me coloco no lugar<br />

dessas mulheres e sinto na pele a dor do sofrimento,<br />

da falta de oportunidade no mercado de<br />

trabalho, da disputa por uma vaga nos órgãos públicos<br />

e privados. Enfim, as mulheres negras são<br />

confundidas com ladras e prostitutas e nós precisamos<br />

nos organizar e formar uma comissão destinada<br />

a combater a desigualdade racial e zelar pelos direitos de votar e ser votado para cargos<br />

políticos e órgãos públicos, como também exercer funções políticas em todos os níveis e instâncias<br />

e lutar pela igualdade jurídica, formal, social e cultual.<br />

A nossa cultura precisa ser definida em termos concretos. Temos que relacionar o passado ao<br />

presente e demonstrar a evolução histórica do negro moderno no início do descobrimento do<br />

Brasil, em que os brancos contavam com o trabalho dos negros na agricultura e que, muitos já<br />

sofriam a dor da desigualdade, pois muitos viajavam de formas desumanas em porões de navios,<br />

muitos até morriam devido às condições precárias em que viajavam.<br />

E como podemos analisar a desigualdade racial já existia no passado, mas não é justo que ainda<br />

predomine em nosso meio, nos dias atuais, mesmo porque o negro é muito importante na<br />

cultura, no teatro, no samba, enfim o negro é arte e cultura, e com base nesse contexto, é necessário<br />

lutarmos unidos num só propósito de devolver ao negro a sua valorização e relação<br />

humana junto à sociedade na vida em geral.<br />

Desta forma, iremos reduzir as desagradáveis cenas de preconceito racial as quais acontecem<br />

diariamente e mundialmente. Precisamos acabar com essa desumanidade, pois só quem já sofreu<br />

ações desse tipo, sabe o tamanho da dor da humilhação, da falta de oportunidade de ocuparem<br />

cargos mais elevados, só por serem negros. Então é preciso que além da nossa luta, os<br />

políticos também tenham consciência de que alguma coisa precisa ser feita a favor dos negros<br />

no Brasil e no mundo.<br />

Imagem: http://enegrecer.blogspot.ch/<br />

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A MULHER E O PEREGRINO<br />

Por Emanuel Medeiros Vieira<br />

Apenas peregrino/pulsante,<br />

“é vermelha, cor do sangue” – ela diz,<br />

jogando a calcinha no tapete,<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

contemplo o matagal<br />

sal da vida<br />

úmido<br />

pelos encrespados,<br />

teus gemidos cortam a tarde, como um<br />

túnel,<br />

meu dedo em romaria no teu útero<br />

matriz de tudo<br />

“mater” minha<br />

cachorro late ao longe, ronco de um<br />

caminhão,<br />

o tempo zomba de nós,<br />

lambes – lúbrica – a língua,<br />

viva!, a Portuguesa, e esta que me arrepia<br />

agora.<br />

Bússola afetiva: decifro (?) o mapa do teu<br />

corpo<br />

(vacina de infância),<br />

minha sina, minha mina,<br />

estupidamente comovido,<br />

cumpro a jornada – esta vida.<br />

Fatigado e celebrante,<br />

vivo a vertigem – passageira.<br />

Lembro do poeta:<br />

“Nós que devemos morrer, exigimos um<br />

Milagre”. (W. H. Auden)<br />

Grito “primal” pós-coito,<br />

cheiros que se contaminam – perfume<br />

paraguaio,<br />

esperma, suor,<br />

ah, vida, urina, outros odores.<br />

Contemplo tuas axilas raspadas,<br />

teus olhos tão negros que parecem um<br />

bisturi<br />

afetivo – eles tudo enxergam,<br />

palavras não ditas – fêmea que não se<br />

revela.<br />

Sim: como Rosa disse,<br />

amar não é verbo, mas luz lembrada.<br />

Quem és tu?<br />

Quem sou eu?<br />

Quem somos nós?<br />

Nunca saberemos.<br />

Analfabetos das emoções: para sempre.<br />

Uma sinfonia neste anoitecer,<br />

quase sempre silenciosa.<br />

Serenados estamos.<br />

Mordes uma maçã, o livro entreaberto entre as<br />

coxas, lês: “Se Deus morreu tudo é permitido.”<br />

Corpos entrelaçados, estamos tão perto Dele.<br />

Dure, energia!, imploro.<br />

Ajoelho-me e oro.<br />

Lambo tua umidade, um gosto de sal (mar da<br />

infância), ris de olhos fechados, longas pernas,<br />

cabelo oxigenado,<br />

tão sincera/tão simulacro,<br />

és bela-bela,<br />

amorável mulher,<br />

Deus desaparece, depois reaparece,<br />

saciados, molhados, mortais<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

vulcânica posse, abro mais esta fenda,<br />

puxo os teus cabelos, com rudeza e doçura<br />

(sim, sempre ambivalente),<br />

um fio branco cai no meu peito, passamos,<br />

envelhecemos, e vamos todos morrer.<br />

Extenuado, indago com Freud: “Afinal, o que<br />

querem as mulheres?”<br />

Suplicante, gemes mais baixinho,<br />

subalterna, ficas de quatro,<br />

respondes: “O mesmo que os homens.”<br />

Calcinha no ombro, cor de sangue, lépida –<br />

garça vespertina –,<br />

vais ao banheiro, olhos fechados, tudo é<br />

noite.<br />

Já posso partir, e a memória do teu corpo<br />

me inunda.<br />

E direi: “Vivi como um peregrino e, mais<br />

tarde,<br />

um surpreendente e definitivo passo darei ao<br />

morrer.”<br />

(Palavras escritas no mármore branco da<br />

minha<br />

peregrinação.)<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Mulher<br />

Por Gladys Giménez<br />

Pantera selvagem, livre donzela,<br />

A cavalgar pradarias.<br />

Negros navios, balanço das águas,<br />

Noites profanas, usada, açoitada,<br />

Encontro co’a morte.<br />

Formosa menina,<br />

Vestida em rendas,<br />

Perfume de flores.<br />

Filhas de Gaia,<br />

Ventre esperança,<br />

Levas n’alma<br />

As cores das raças.<br />

Índia. Negra,<br />

Branca. Mulata,<br />

Latina - Guerreira<br />

De olhar malicioso,<br />

Andar requebrado.<br />

Codinome Coragem.<br />

Teu nome: Mulher.<br />

Gaia by archanN<br />

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PEQUENAS DÚVIDAS<br />

Por Sandra Couto<br />

Mamãe, por favor,<br />

Sente aqui, vamos conversar:<br />

Tenho tantas coisas pra perguntar,<br />

Coisas que preciso saber,<br />

mas você se esqueceu de me dizer...<br />

Ô mãe, por favor me diga:<br />

Como é que se cresce,<br />

Como é que se faz<br />

pra assumir responsabilidades<br />

e atuar sobre o aqui-agora?<br />

Será que há necessidade<br />

De se jogar a meninice fora?<br />

Mãe, desculpe a insistência,<br />

Mas é que o caso é de urgência,<br />

é mais de vida que de morte,<br />

por isso espero que você não se importe...<br />

Mãe, como é isso de ser mulher,<br />

Como é que se convive com os homens,<br />

E esse negócio de lavar roupa<br />

Com o corpo cansado de<br />

Enfrentar o mundo lá fora,<br />

me responde, mãe!<br />

Me perdoe se estou<br />

sendo inconveniente,<br />

mas é que é tão difícil<br />

ser Gente!<br />

Mamãe, me ensina<br />

como ser mãe,<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

como regar um filho<br />

e amá-lo e vê-lo<br />

ir embora...<br />

deve ser duro, né, mãe?<br />

Ah, mãe: me conta também<br />

como é esse lance de envelhecer,<br />

de ver o futuro virar passado...<br />

como lidar com as rugas e as lembranças?<br />

Gostaria tanto de saber<br />

quanto duram as esperanças...<br />

Você sabe, mãe?<br />

Mãe, responde depressa,<br />

que o tempo tá voando,<br />

não demora minha filha<br />

vai estar perguntando,<br />

o que eu digo pra ela,<br />

hein, mãe?<br />

http://iphotoquotes.com/l<br />

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CREPE SUZETTE<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

O crepe Suzette é uma sobremesa da cozinha tradicional francesa. Trata-se de uma maneira<br />

de cozinhar os crepes consistindo em barrá-los com uma manteiga perfumada com sumo e<br />

raspa de tangerina e um licor de laranja amarga, dobrá-los em quatro, regá-los depois com<br />

uma mistura de licores e servi-los em chama (flambado).<br />

Diz-se que os crepes Suzette foram pela primeira confeccionados por Auguste Escoffier, em<br />

honra do rei Eduardo VII da Inglaterra e que este teria batizado com o nome da jovem vendedora<br />

de violetas que dele se aproximou.<br />

Receita – CREPE SUZETTE<br />

Ingredientes<br />

- Casca de 1 laranja<br />

- 1 colher (sopa) de manteiga<br />

- 2 colheres (sopa) de açúcar<br />

- 30 ml de conhaque<br />

- 1 copo (tipo americano) de suco de laranja<br />

- 3 panquecas finas (receita abaixo)<br />

- 50 ml de licor<br />

Modo de preparo<br />

Numa frigideira em fogo médio coloque a casca de laranja e manteiga até que derreta (não<br />

deixe queimar). Acrescente açúcar e misture até formar um caramelo.<br />

Retire a frigideira do fogo e coloque conhaque. Adicione suco de laranja e misture bem até<br />

ficar lisinho. Junte as panquecas abertas, sempre com o lado mais claro para cima e despeje<br />

licor. Mexa bem. Coloque os crepes num prato de servir junto com uma bola de sorvete de<br />

creme.<br />

Ingredientes para as panquecas:<br />

- 1 copo (tipo americano) de farinha de trigo<br />

- 1 copo (tipo americano) de leite<br />

- 1 ovo<br />

- 1 pitada de sal<br />

Modo de preparo:<br />

Num liquidificador bata farinha de trigo, leite, ovo e sal. Numa frigideira antiaderente, coloque<br />

um pouco de manteiga e uma concha da massa (quanto mais fina melhor). Deixe dourar, vire<br />

a panqueca e doure do outro lado. Retire da frigideira e reserve.<br />

Fonte: http://gcnreceitas.wordpress.com/<br />

Fontes receitas: http://www.globo.com/maisvoce<br />

http://www.wikipedia.com<br />

http://baunilhaechocolate.com/archives/1199<br />

http://www.lifecooler.com/edicoes/lifecooler/desenvRegArtigo.asp?reg=329389<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

<strong>BRASIL</strong> SENSUAL<br />

Por José Luiz Pires<br />

Teus recantos, tuas artes,<br />

tua sensualidade, meu destino!<br />

Imagino teus contornos, tuas fronteiras<br />

sensualmente recobertas e guarnecidas.<br />

Programo passeios e incursões,<br />

embarco em sonho por tuas belezas naturais.<br />

Meus olhos não cansam de contemplar<br />

a beleza sem par.<br />

De norte a sul<br />

viajo por todas as tuas regiões,<br />

derrapando em tuas curvas perigosas.<br />

Embrenho-me em tuas matas,<br />

exploro terras férteis no teu interior.<br />

Bebo das tuas águas cristalinas<br />

saciando minha sede.<br />

Escalo teus relevos, picos e montanhas.<br />

Aqueço-me com o teu calor,<br />

quero provar do teu mel,<br />

ver estrelas imaginando um diferente céu.<br />

Cavalgo por teus estreitos caminhos<br />

colhendo e deixando carinhos.<br />

É o poeta brasileiro<br />

redescobrindo o seu Brasil.<br />

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Lilith<br />

Por Caroline Baptista Axelsson<br />

Lilith, sempre sendo acusada pelo sistema patriarcal<br />

de ser um demônio, a primeira esposa<br />

de Adão que, tendo sido criada pelas mãos do<br />

próprio Deus não via razão para ser submissa<br />

e exigia igualdade com o marido. Deus, cansado<br />

das queixas de Adão, tirou uma costela do<br />

rapaz, criou outra mulher e a ensinou a ser<br />

obediente já que ela tinha vindo do homem. E<br />

Lilith foi castigada sendo obrigada a viver a<br />

eternidade na escuridão, sem um companheiro<br />

e sem os gozos do paraíso. Bom, a verdadeira<br />

Lilith conhecedora de outra versão dessa estória,<br />

resolveu recentemente aterrissar seu disco<br />

voador num lugar deserto e apresentar ao nosso<br />

mundo outra imagem de si mesma. Já que a<br />

terra agora está numa época mais moderna<br />

com sistemas de satélites, Internet rápida e aviação,<br />

não há mais a necessidade de percorrer<br />

as estradas a cavalo ou em mula. Assim sendo<br />

ela alugou um helicóptero-taxi e foi para o Rio<br />

de Janeiro. Com sua beleza, charme e juventude<br />

sem idade, ela conseguiu trabalho numa rede<br />

de televisão, num programa tipo ”Coração”,<br />

e durante algumas semanas respondeu a perguntas<br />

vindas dos expectadores. Como ”O Profeta”<br />

de Kahlil Gibran, mas como mulher e com<br />

muito mais astucia, Lilith começou a expressar<br />

seu ponto de vista ao vivo.<br />

A primeira pergunta veio de Maria Auxiliadora,<br />

costureira de Volta Redonda e cheia de ilusões,<br />

pediu a Lilith que falasse sobre o amor e<br />

o casamento. ”O amor”, Lilith repetiu e fez uma<br />

careta. O objetivo da energia masculina é o de<br />

alimentar a feminina e ativar a magia da mulher.<br />

Se funcionasse assim o homem receberia<br />

como recompensa vitalidade e juventude eterna.<br />

É um intercambio que eu chamaria de ecologia<br />

humana. Mas na população desse planeta<br />

tudo funciona pelo avesso, o homem esvazia<br />

as reservas de energia da mulher, os dois envelhecem<br />

e morrem. E praticamente ninguém<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

sabe o que realmente significa a palavra<br />

”romance”. Existem aqui os que vivem pela<br />

violência, tudo o que querem tratam de conseguir<br />

através da forca. Temos também os intelectuais<br />

que dão nomes em latim a tudo. Pensam<br />

que colocando nomes e erguendo sinais<br />

são capazes de domar a natureza. Estão perdidos<br />

em palavras e sua violência está nas letras.<br />

Somente quando as pessoas aprendem a<br />

usar a linguagem dos sentimentos podem compreender<br />

o que é o romance. Romance é um<br />

caso de amor com a própria existência. Um homem<br />

de percepção sabe como descansar sua<br />

alma na magia que sai da mulher, e a mulher<br />

esclarecida sabe como utilizar a energia masculina.<br />

No meu mundo sempre vivemos apaixonados<br />

por nós mesmos já que os imortais não<br />

precisam de ninguém.<br />

(Segue)<br />

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O convívio romântico é por escolha<br />

própria sem obrigação e sem sufoco, e sempre<br />

para beneficio mutuo. Maria Auxiliadora, meu<br />

conselho é que você esqueça o tal do “amor” e<br />

se conforme somente com o sexo porque é o<br />

único que se pode conseguir numa sociedade<br />

primitiva. Espero que todos vocês tenham melhor<br />

sorte na próxima encarnação… Quanto ao<br />

casamento, bom, nada mais selvagem do que<br />

legalizar o abuso. Mas como muitos aqui gostam<br />

de sentimentalismo, gostam de ver noivas<br />

de branco jogando flores para outras vitimas,<br />

não vou me opor a esta tradição. E para concluir<br />

temos uma pergunta de Suzana Costa,<br />

professora primária de Vitória, quer saber se eu<br />

gosto de crianças. Pois bem, gosto muito de<br />

crianças e por isso acho que vocês não deveriam<br />

ter nenhuma! As crianças recebem dos<br />

adultos superstição e medo. Raramente os jovens<br />

se tornam adultos de ideias próprias. Filho<br />

de católico vira católico, filho de hindu vira<br />

hindu. Passam a vida inteira repetindo o eco<br />

dos antepassados e suas decisões são um espelho<br />

da opinião alheia. Não é de admirar que<br />

a sociedade humana esteja encalhada, os<br />

mesmos problemas vão e vem. O que muda é<br />

só a camuflagem devido a nova tecnologia.<br />

Mas a percepção é difusa e se perpetua sombria.<br />

Vocês alimentam as crianças com mentiras<br />

e preconceitos, como podem então esperar<br />

que o mundo melhore? Enquanto a sabedoria<br />

aqui estiver travada o meu conselho é que<br />

usem anticonceptivos!<br />

Ao voltar para seu apartamento em<br />

Copacabana Lilith estava um pouco nostálgica.<br />

Sentia saudades de Zeus seu amante favorito.<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Já fazia dois mil anos que eles não se encontravam<br />

mas ela guardava boas recordações.<br />

Depois de cumprir com sua missão na terra ela<br />

iria procurar por ele para reviver as delicias do<br />

passado. “Amor antigo não enferruja” é provérbio<br />

certo.<br />

Chegou ao conhecimento de Silvio,<br />

o diretor da televisão, que duas mulheres de<br />

meia-idade tinham se suicidado deixado uma<br />

carta para ser entregue a Lilith. Na carta elas<br />

diziam ter compreendido que não valia a pena<br />

gastar dinheiro com operações plásticas e produtos<br />

de beleza já que a velhice sempre chegaria.<br />

Tudo era culpa dos homens que não sabiam<br />

fazer o amor energeticamente! Elas morreriam<br />

esperando reencarnar no planeta de Lilith<br />

onde a juventude era eterna. O diretor disse<br />

a Lilith que ela deveria no próximo programa<br />

mandar uma mensagem para as famílias das<br />

defuntas. Assim sendo, na frase de abertura<br />

Lilith franziu a testa e comentou que aparentemente<br />

duas mulheres com problemas de menopausa,<br />

tinham se suicidado esperando rejuvenescer<br />

no além…Minha mensagem para os<br />

familiares é ”Ignorância mata”! E passamos<br />

agora à pergunta de hoje. Antonio Aquino de<br />

Salvador quer saber o que eu penso sobre trabalho<br />

e dinheiro.<br />

Antes que Lilith pudesse responder a transmissão<br />

foi interrompida por uma chamada telepática<br />

muito forte, tirando o programa do ar. Era<br />

Apolo que queria conversar porque estava se<br />

sentindo muito chateado. Ele precisava encontrar<br />

uma nova Musa para seu Oráculo, mas<br />

não tinha achado ninguém com os devidos méritos.<br />

Sentia falta de Lilith já que ela era uma<br />

boa amiga e sempre tinha ótimas ideias. Ele<br />

esperaria o seu retorno e deixaria que ela escolhesse<br />

a nova profetiza.<br />

O chefe do programa um tanto irritado mandou<br />

por Lilith alguns palavrões pedindo a Apolo que<br />

respeitasse as ondas de transmissão terrestres.<br />

Ela, um pouco constrangida, colocou uma<br />

cara alegre e retomou o assunto onde tinha terminado.<br />

Muito bem, Antonio Aquino, vou lhe<br />

dizer o que penso, ou melhor, vou lhe dizer o<br />

que sei. Aqui não existe trabalho, aqui existe<br />

escravidão. (Segue)<br />

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A cronologia genética de vocês é de somente<br />

setenta ou oitenta anos, um tempo muito curto<br />

para se conseguir um trabalho. Me refiro a uma<br />

atividade que realmente enriqueça a alma, a<br />

mente e que apresente o verdadeiro conhecimento<br />

que se estende além dos cinco sentidos.<br />

Vocês todos vivem simplesmente numa forma<br />

de rotina. Assim que deixam o tempo inocente<br />

da infância são empurrados no mundo dos<br />

adultos sem ter a oportunidade de refletir. As<br />

rotinas as vezes podem até parecer positivas,<br />

mas na realidade todos são escravos das mesmas<br />

coisas. E no final das contas todos caem<br />

na rotina dos problemas e das obrigações, e<br />

por ultimo na rotina da velhice, doença e morte.<br />

No meu mundo eu realmente tenho um trabalho,<br />

sou professora de relações intergalácticas,<br />

coisa que não vou nem tentar explicar. E o meu<br />

salario não é pago em dinheiro já que a moeda<br />

universal é o conhecimento. O inferno está<br />

cheio de burros, já que a falta de cultura impede<br />

as pessoas de usufruir das descobertas e<br />

das delicias universais simplesmente por não<br />

saber que elas existem. E o sistema econômico<br />

de vocês é um outro astuto. Uns são retidos na<br />

miséria, outros são enganados a viver de empréstimos<br />

sem perceber que toda pessoa endividada<br />

perde a liberdade. E o dinheiro-papel<br />

não tem valor nenhum já que pode ser trocado,<br />

queimado e jogado no lixo. Os bancários apertam<br />

um botão do computador, sobem e baixam<br />

os juros, inventam crises econômicas somente<br />

para manter a vocês todos de cabeça baixa.<br />

Lutar pela vida toma muito tempo, um tempo<br />

que vocês não tem. O trabalho e o dinheiro aos<br />

quais você se refere são simplesmente doses<br />

de veneno que matam aos poucos. Cada espécie<br />

cria sua própria realidade e vocês mesmos<br />

criaram a ilusão do trabalho e do dinheiro. Sinto<br />

pena de vocês, mas não posso fazer nada. Seu<br />

mundo está sufocado pela própria condição social,<br />

e mesmo sem perceber todos estão em<br />

pânico. As pessoas entram em simbiose com<br />

os problemas e desistem das soluções, mesmo<br />

sabendo que as coisas poderiam ser bem melhores.<br />

Infelizmente chegamos ao término do nosso<br />

programa de hoje, mais uma vez peço descul-<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

pas pela interferência. Até a próxima semana e<br />

boa noite!<br />

Armetisa ficou sabendo que seu irmão Apolo<br />

tinha causando transtorno a Lilith interrompendo<br />

e seu programa. Foi procura-lo para lhe dar<br />

um carão.<br />

“Você Apolo não tem nenhuma consideração<br />

com ninguém. Onde já se viu deixar Lilith desconcertada<br />

diante das câmeras de televisão na<br />

terra”!<br />

”Eu estava muito preocupado, Armetisa. E Lilith<br />

é a única amiga que entende meus problemas”.<br />

”Mais uma razão para você mostrar respeito<br />

por ela. Você é mesmo artista de cabeça oca”!<br />

Artemisa resolveu naquela mesma noite ir se<br />

encontrar com Lilith através de um sonho. Queria<br />

colocar as fofocas em dia e ver como ela<br />

estava aguentando respirar o ar poluído da terra.<br />

Lilith sentiu seu espirito deixar o corpo e<br />

numa parte do espaço, entre as estrelas, ela<br />

viu Armetisa. As duas se abraçaram.<br />

“A barra é muito pesada na terra”?, perguntou<br />

Armetisa preocupada.<br />

“É pesada mas será por pouco tempo. Tem<br />

muita gente boa também, coitadas. Estou com<br />

saudades de casa. Me conta as novidades”.<br />

”Poseidon se mudou, não vive mais nas águas.<br />

Zeus criou um novo mundo não sei aonde, e o<br />

mandou para lá colonizar. Poseidon agora é<br />

dono de terras”!<br />

(Segue)<br />

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“E Amfritite foi com ele”?<br />

“Foi sim, os dois sempre foram inseparáveis. E<br />

ela estava cansada de morar na praia. Queria<br />

uma casa de campo”.<br />

“E como vai Zeus”?<br />

“Papai? Acho que vai bem. Ele passou um<br />

tempo muito pensativo, algumas de suas criações<br />

não deram certo e ele ficou meio triste.<br />

Disse que ia tirar férias e desapareceu. Cortou<br />

todos os canais de comunicação e ninguém<br />

sabe onde ele está”.<br />

“Vou procura-lo assim que terminar meu assunto<br />

na terra”.<br />

“Procura mesmo. No passado você andava<br />

pendurada nele”…<br />

“Deixa de ser grosseira, menina! Como vai o<br />

Dionísio”?<br />

”Não vai nada bem. Sempre de cara cheia sem<br />

poder se controlar. Foi humilhado por Zeus e<br />

perdeu o titulo de deus. Está agora numa clinica<br />

de recuperação na galáxia de Andrômeda.<br />

Zeus, antes de desaparecer, disse que se Dionísio<br />

não deixar de beber, será obrigado a viver<br />

na terra como mortal. Já pensou que castigo”?<br />

”Me arrepio só em pensar”!<br />

”Pois é, o tio Hades às vezes vai visita-lo dando<br />

uma forca, mas Dionísio é cabeça dura. A<br />

última novidade é que Hades fechou o inferno.<br />

Estava muito cansado da burrice e dos lamentos<br />

dos inquilinos. Vai agora transformar o lugar<br />

numa área de lazer. Acho que ficar muito<br />

bom com todas as fontes de calor que tem por<br />

lá”.<br />

“E o que vai fazer com as almas penadas”?<br />

“Ninguém sabe. O sindicato galáctico ainda<br />

não resolveu o problema. Hades contratou<br />

uma empresa privada que provisoriamente está<br />

vigilando os espíritos zombeteiros. Você sabe<br />

que eles não podem andar soltos”.<br />

“Puxa, quanta novidade”!<br />

“É, você vive viajando e não fica a par dos<br />

acontecimentos”.<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

“Amiga, tem alguém de vocês me observando<br />

para me ajudar em caso de emergência”?<br />

“Tem sim, não se preocupe. Você sabe que<br />

nós gostamos muito de você”.<br />

“Obrigada, mas tenho que voltar para o corpo<br />

agora porque sinto que estou acordando. Nos<br />

veremos em breve, adeus”!<br />

Lilith se despertou agitada. Tanta coisa importante<br />

acontecendo no universo e ela presa na<br />

terra por vontade própria! Não sabia se seu<br />

sacrifício valeria a pena. Muitos continuavam<br />

pensando que ela era um demônio e provavelmente<br />

não mudariam de opinião. Ela gostaria<br />

pelo menos de se tornar uma inspiração para o<br />

grupo feminino. Queria lhes dizer que ela tinha<br />

sido a ultima guerreira do sistema matriarcal.<br />

Foi assassinada nas margens do rio Nilo quando<br />

os primeiros patriarcas destruíram a Era de<br />

Ouro. A Esfinge é seu tumulo, e é um monumento<br />

muitíssimo mais velho do que a arqueológica<br />

quer admitir. Os deuses que receberam<br />

seu espirito lhe deram um novo corpo. O mesmo<br />

corpo que ela usa até agora e que usará<br />

eternamente.<br />

A prefeitura da região infernal não queria dar a<br />

Hades permissão para construir o complexo de<br />

lazer com banhos térmicos. Eles achavam que<br />

o inferno era patrimônio histórico e deveria ser<br />

conservado como era.<br />

(Segue)<br />

www.varaldobrasil.com 53


Concordariam sim em transformar<br />

o local numa atração turística estilo “campo de<br />

concentração”. Uma zona de respeito e meditação<br />

e não um parque de diversões. Hades,<br />

muito indignado, foi conversar com Hermes, o<br />

deus do comercio, já que ele entendia de negócios.<br />

“Quem é o proprietário legitimo do inferno”?<br />

perguntou Hermes.<br />

“Bom, tecnicamente falando sou eu, mas preciso<br />

ter permissão para modificar a estrutura. Você<br />

sabe que o universo é organizado”.<br />

“E quem é o prefeito”?<br />

“Um deus secundário. Desconhecido, mas de<br />

todo jeito é autoridade”.<br />

“O complexo que você pretende construir vai<br />

oferecer condomínios”?<br />

“Vai sim. Unidades de luxo com ar condicionado,<br />

vista para o lago de fogo mas sem cheiro<br />

de enxofre. Vou mandar sanear tudo. Terá estacionamento<br />

amplo para todos os tipos de naves<br />

privadas e transportes coletivos”.<br />

”Bem, então acho que você deve ir falar com o<br />

prefeito e oferecer a ele um apartamento de<br />

cobertura”…<br />

“Falou e disse! Obrigado”.<br />

Através de sua secretaria, a deputada<br />

Aracely Melo do Paraná pediu a Lilith que falasse<br />

sobre politica. Politica é uma ilusão de<br />

princípios e opiniões. Os eleitores são convidados<br />

a votar sem saber que seu voto não vale<br />

nada. Todos elegem a mesma ilusão mas em<br />

diferentes disfarces, e o povo escolhe o candidato<br />

que apresenta a melhor ilusão. A retorica<br />

dos políticos faz todo mundo acreditar ter parte<br />

no poder, mas na realidade o cidadão não tem<br />

poder nenhum. Sua vida está nas mãos dos<br />

chamados “expertos”, governantes com grandes<br />

ideias e pouca moral. Politica é simplesmente<br />

um sistema para alimentar a ganancia<br />

de vampiros! O ministro da Educação me chamou<br />

pelo telefone e disse ter ficado muito preocupado<br />

ao saber que o inferno estava cheio de<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

burros, e me pediu que eu falasse sobre o sistema<br />

educacional. Pois bem, o cultivo intelectual<br />

ao qual me refiro começa no interior do individuo<br />

e não no exterior. A educação da alma<br />

não é medida pelas instituições de ensino, mas<br />

pela madureza da percepção. Não saber sentir,<br />

não saber amar, não saber respeitar, não saber<br />

considerar, não saber cuidar é ignorância completa.<br />

E não saber usar a ecologia humana entre<br />

o homem e a mulher é a morte de todos. A<br />

terra está cheia de eruditos universalmente estúpidos.<br />

A humanidade deve aprender a viver<br />

como espíritos livres de ritmo apaixonado e<br />

profundo, sabendo que a vida é uma eterna viagem<br />

de descobrimentos num universo de<br />

emoções. A forma de agir de vocês aqui na terra<br />

não é e nunca foi uma verdade matemática.<br />

É simplesmente um transtorno criado por mentes<br />

desiquilibradas. Todos querer ser salvos de<br />

maneira mágica, mas magia é simplesmente<br />

uma mudança de percepção. Cabe a vocês fazerem<br />

essa mudança. Bem, hoje temos um<br />

convidado especial, o maravilhoso Roberto<br />

Carlos aceitou visitar nosso programa, e a meu<br />

pedido vai cantar Coisa Bonita! Fiquem ligados,<br />

o tema da próxima semana será “religião”.<br />

Artemisa veio novamente através de um sonho<br />

visitar Lilith. Queria contar sobre a melhora de<br />

Dionísio.<br />

“Ele saiu da clinica”, disse Artemisa e sorriu<br />

“E deixou de beber”?<br />

“Deixou sim, mas continua produzindo vinhos<br />

divinos. Ele é mesmo o maior conhecedor das<br />

uvas. Com a ajuda de Hermes ele vai abrir uma<br />

consultoria. Você sabe que em muitas galáxias<br />

vinhos e outras bebidas ainda não são de muito<br />

boa qualidade”.<br />

“A beleza do universo é justamente essa, o nível<br />

de evolução é diferente em todas as partes”.<br />

“Antes que eu me esqueça, tenho um recado<br />

de Afrodite. Ela disse pra você ter cuidado. Um<br />

mortal vai se apaixonar por você”!<br />

“Ficou maluca”? (Segue)<br />

www.varaldobrasil.com 54


Tenha cuidado Lilith, você sabe que não pode<br />

se misturar com as vibrações dos mortais.<br />

Bem, vou embora agora. Acho que só nos veremos<br />

outra vez quando você deixar a terra”.<br />

“Certo, e obrigada pela visita”.<br />

(http://www.fatosinteressantes.com.br/)<br />

A presença de Lilith na terra tinha feito<br />

com que muitos fiéis deixassem as igrejas. Ela<br />

era prova evidente de que a origem humana<br />

não era como nós pensávamos. Certos religiosos<br />

no entanto tinham se tornado ainda mais<br />

zelosos temendo a possibilidade de que ela realmente<br />

fosse um demônio. De todas as formas<br />

Lilith agora era mundialmente conhecida, não<br />

tanto por suas palavras mas pelo fato de ser<br />

extraterrestre, linda e radiante. Silvio estava<br />

muito interessado nela. Como a maioria dos<br />

homens ele era isento de autocritica, se achava<br />

gostoso, irresistível e sem defeitos. Lilith, acostumada<br />

com a grandeza de Zeus, os músculos<br />

de Atlas e a beleza de Narciso, sentia pena dele.<br />

Coitados, os terrestres eram vitimas de uma<br />

aritmética fajuta que contava no máximo até<br />

aos cem. Tendo perdido o equilíbrio entre as<br />

energias femininas e masculinas, o DNA foi reprogramado<br />

para causar a decadência celular.<br />

Ao completar vinte anos o estresse começa.<br />

Todos querem uma carreira, conseguir trabalho<br />

e formar família. Ninguém quer nem imaginar<br />

em chegar aos trinta, e completar quarenta é<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

um pesadelo, esqueça dos cinquenta! Mas ao<br />

passar dos sessenta o comportamento muda.<br />

Muitos começam a torcer por uma morte tranquila<br />

sem muito sofrimento. Mas durante esta<br />

trajetória, certos homens usam as conquistas<br />

para fingir que são eternos. Bem, Silvio era<br />

muito atencioso e estava sendo um bom amigo<br />

durante a curta visita de Lilith no nosso planeta.<br />

Ela não queria ferir seus sentimentos mas não<br />

podia ter intimidade com mortais. Suas vibrações<br />

eram muito altas, a renovação celular<br />

muito rápida e sua radiação era muito forte.<br />

Sendo assim o terrestre que penetrasse nela<br />

iria parar no Pronto Socorro com o pinto assado!<br />

Ela tentou de maneira gentil explicar-lhe a<br />

situação mas ele não acreditou. Estava acostumado<br />

com mulheres que no começo se faziam<br />

de difíceis mas que sempre acabavam cedendo.<br />

Ele estava certo de que Lilith, antes de voltar<br />

para as estrelas, aceitaria receber suas caricias.<br />

Como anunciado anteriormente falarei hoje sobre<br />

religião, comentou Lilith com ar sério. A religião<br />

foi criada por homens brutos para homens<br />

brutos, e para manipular e oprimir a mulher.<br />

Muitos pensam que religião é sinônimo de bondade,<br />

mas o que as religiões trouxeram até<br />

agora é uma historia de violência e ignorância.<br />

Muitas ilusões foram criadas com rituais ridículos<br />

para atemorizar. E os lideres enriquecem<br />

aproveitando-se da dor e do temor dos fieis.<br />

Dizem saber definir a Deus, mas aqui ninguém<br />

sabe nem sequer definir a si mesmo. Felizmente<br />

quando uma pessoa adquire percepção perde<br />

a necessidade de ilusões. Assim sendo<br />

aconselho vocês a se livrarem do medo. A religião<br />

não é nada mais do que terror organizado.<br />

Novas seitas se formam todos os dias. Começam<br />

sempre com ar de simplicidade, passam<br />

depois a ser complicadas e no fim se tornam<br />

dogmas. Dogmas escurecem a mente e as<br />

pessoas são manipuladas. Os lideres decidem,<br />

os membros obedecem, sem nunca questionar<br />

a validade das ideias que são obrigados a aceitar.<br />

Somente porque muitos estão agarrados a<br />

certos conceitos, não significa que estes conceitos<br />

sejam verdadeiros. (Segue)<br />

www.varaldobrasil.com 55


Na realidade não existe maldade fora da intenção<br />

humana. A intenção é e sempre foi a raiz<br />

de todos os maus. E as mentiras são apresentadas<br />

em todos os idiomas. Aqui na terra vocês<br />

não vivem, vocês simplesmente sobrevivem<br />

correndo atrás de uma qualidade de vida que<br />

nunca podem alcançar. E se alcançam algo a<br />

satisfação não é completa já que quando a vida<br />

termina, todos os sonhos e conquistas morrem<br />

com ela. A palavra “esperança” me faz rir. Uma<br />

palavra que foi sabiamente criada para garantir<br />

a continuação da desinformação sem provocar<br />

revolta. “Tenham fé”, diz o padre e o pastor. E<br />

tendo fé vocês estão atolados sem entender o<br />

significado da própria existência. A morte é um<br />

crime que todos cometem uns contra os outros<br />

já que ninguém se responsabiliza pelo que ensina<br />

e nem pelo que aprende. Vocês devem<br />

investigar e descobrir suas verdadeiras origens.<br />

Um povo que não conhece o passado, não sabe<br />

viver o presente e não tem futuro. Aprendam<br />

a linguagem universal da intuição e do sextosentido,<br />

já que quando devidamente desenvolvida,<br />

é a única língua que não mente. E onde<br />

está o grupo feminino? Continua nas igrejas<br />

cantando hinos dissonantes e vivendo um dia-a<br />

-dia igualmente desafinado? O feminismo infelizmente<br />

é só um grito de socorro que não modifica<br />

quase nada. As memórias perdidas estão<br />

armazenadas no DNA da mulher. Com inteligência<br />

e coragem elas poderiam reativar sua<br />

magia, borrar o esquecimento e relembrar as<br />

glórias do passado. Seria a volta da Era de Ouro,<br />

a Idade Matriarcal onde os problemas eram<br />

somente matemáticos. A agonia de vocês pelo<br />

contrario, não é cientifica, é desesperada. E terminamos<br />

aqui nosso programa, deixo vocês<br />

com o samba de Alcione, nossa convidada especial.<br />

No Vaticano o Papa, velho, doente e cansado<br />

de escândalos estava muito irritado com<br />

aquela mulher de outro mundo, falando mal da<br />

igreja na televisão brasileira. Ele convocou uma<br />

reunião de urgência com vários Chefes de Estado<br />

para encontrar uma maneira de obrigar<br />

Lilith a abandonar o planeta. Na realidade era<br />

uma preocupação desnecessária já que ela<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

mesma estava decidida a ir embora. As energias<br />

negativas na terra tinham começado a afetar<br />

suas células e ela se sentia desconfortável. As<br />

cantadas de Silvio também contribuíam para o<br />

desconforto, e ela resolveu dar-lhe uma lição.<br />

Convidou-o a um jantar no seu apartamento.<br />

Fez uma comida gostosa, abriu uma garrafa de<br />

vinho caro, colocou um vestido elegante e sensual.<br />

Silvio, de muito bom humor, pensava que<br />

iria entrar na historia conquistando uma extraterrestre.<br />

Lilith com seu bom coração, e seguindo<br />

a lei da misericórdia, já tinha colocado um<br />

saco de gelo no congelador para jogar nos genitais<br />

de Silvio quando eles pegassem fogo. Ela<br />

tinha avisado anteriormente sobre sua radiação<br />

interior. Ele não quis acreditar pelo bem, agora<br />

iria acreditar pela dor. Depois do jantar se sentaram<br />

no sofá, e ele com grande intimidade foi<br />

tocando em tudo que queria. Mas quando por<br />

fim penetrou na parte privada deu um grito de<br />

horror. Os vizinhos pensavam que era grito de<br />

prazer e ninguém se incomodou. Lilith foi rapidamente<br />

até a cozinha, trouxe o saco de gelo e<br />

entregou a ele, para que aliviasse a queimadura<br />

de terceiro grau que por longo tempo impediria<br />

novos amores. Ela se vestiu rapidamente,<br />

chamou uma ambulância e saiu correndo do<br />

apartamento. Correu até o local onde o helicóptero-taxi<br />

estava esperando por ela para leva-la<br />

de volta a seu disco voador. Dentro de sua<br />

própria nave espacial Lilith sentiu um grande<br />

alivio. Nunca mais voltaria a se misturar com<br />

mortais. Acendeu o painel de controle e viu que<br />

alguém tinha deixado uma mensagem na<br />

answering machine. Era um recado de Zeus.<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Para Jacqueline Aisenman,<br />

no Dia Internacional das Mulheres.<br />

P R E N D A G U E R R E I R A<br />

Por José Alberto de Souza<br />

Quantas mulheres existem tão resignadas<br />

Aí por detrás das panelas e dos fogões,<br />

Por tantos azares da vida derrotadas,<br />

Renunciando de futuras motivações.<br />

Mas há também aquelas já determinadas<br />

A não serem abatidas por frustrações,<br />

Superando essas dificuldades passadas,<br />

De inesgotável manancial nos corações.<br />

Assim olhamos para ti, prenda guerreira,<br />

E sentimos a luta por tudo que queres<br />

Transparecendo sempre na fronte altaneira.<br />

Por isso, suplicamos: enquanto puderes,<br />

Nunca desiste para que, desta maneira,<br />

Continuemos acreditando nas mulheres.<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

PASTÉIS DE SANTA CLARA<br />

Os pastéis de Santa Clara estão entre os mais populares doces conventuais de Coimbra,<br />

estando a sua origem associada ao convento do mesmo nome. Fundado no final do XIII,<br />

o convento de Santa Clara-a-Velha gozou de especial proteção da Rainha Santa Isabel<br />

que aí passou parte da sua vida. Devido às cheias do rio, foi abandonado em 1677 e as<br />

religiosas passaram ao convento de Santa Clara-a-Nova, cuja igreja guarda ainda hoje o<br />

túmulo da Rainha Santa.<br />

Receita – Pastéis de Santa Clara<br />

Ingredientes<br />

- 250g de farinha de trigo<br />

- 100g de manteiga<br />

- 9 gemas<br />

- 1 pitada de sal<br />

- 250g de açúcar cristal<br />

- 1/2 copo de água gelada<br />

- 100g de amêndoas<br />

- Açúcar de confeiteiro para polvilhar<br />

Modo de Preparo<br />

Levar ao fogo o açúcar e a água, deixando ferver até formar uma calda espessa. Retirar<br />

do fogo, colocar as amêndoas sem pele e moídas, as gemas batidas ligeiramente, mexendo<br />

vigorosamente para não talhar. Voltar ao fogo e, sem parar de mexer, deixar engrossar<br />

até aparecer o fogo da panela. Deixar esfriar. Sobre a mesa misturar a farinha, a<br />

manteiga e 3 colheres de água (se precisar, pôr um pouco mais de água). Amassar com<br />

a mão e estender a massa bem fina. Cortar rodelas de massa, rechear com o creme de<br />

ovos e fechar como pastel (se preferir, fazer pastéis redondos com tampa em forminhas<br />

de empada untadas). Para fechar a massa, é bom umedecer a borda com um pouco de<br />

água. Levar a assar em forno médio por cerca de <strong>20</strong> minutos. Retirar do forno e polvilhar<br />

com o açúcar de confeiteiro.<br />

Fonte: http://gcnreceitas.wordpress.com/<br />

Fontes receitas: http://www.globo.com/maisvoce<br />

http://www.wikipedia.com<br />

http://baunilhaechocolate.com/archives/1199<br />

http://www.lifecooler.com/edicoes/lifecooler/desenvRegArtigo.asp?reg=329389<br />

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Por Roberto Ferrari<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Mulher<br />

Mulher, ser maravilhoso que possui a força do amor dentro do coração.<br />

Por vezes intangível quando o que buscamos é compartilhar seus sentimentos mais<br />

profundos.<br />

Criada por Deus, em sua inspiração mais soberba, traz dentro de si a capacidade de<br />

amar e de se entregar inteiramente.<br />

Por ti removo todos os obstáculos e navego em direção ao seu amor, porto seguro<br />

aonde sei que vou me encontrar com os prazeres da paixão.<br />

Lábios quentes, olhos convidativos, corpo esculpido com as formas de uma deusa,<br />

enfim todo este conjunto não me deixa esquecer que a paixão só é vivida intensamente<br />

com você ao meu lado.<br />

Quando você está longe se instala um vazio em minha alma e procuro sempre teus<br />

braços para acalmar o fogo que queima no meu coração.<br />

Figura linda, digna das poesias mais inspiradas, te quero por todo o sempre e quando<br />

nos encontramos distantes, nasce uma dor invisível dentro do meu peito e para a qual<br />

só existe uma cura, sempre ter você ao meu lado e te amar pela eternidade.<br />

Paixão desenfreada que nasceu do encontro dos nossos sentimentos, me deixa aflito<br />

nos momentos de solidão e ansioso pelo instante de poder falar com você, de te sentir<br />

e de te fazer juras de amor infinito.<br />

Nesta loucura que me entorpece os sentidos, vislumbro sempre tuas feições que<br />

mostram o caminho que tanto procuro e em cuja trajetória vejo que a vida é mais doce<br />

e cheia do sabor da emoção.<br />

Em cada sonho tenho você como minha guia através do mundo das emoções e das<br />

sensações e tenho a certeza que nosso amor será sempre vivenciado ao extremo.<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

LINDA MULHER<br />

Por Lenival de Andrade<br />

Seu lindo sorriso<br />

É tudo o que preciso<br />

Em seu lindo olhar<br />

Quero mirar<br />

Sua mão<br />

Quero no meu coração<br />

Por seu abraço<br />

Me despedaço<br />

Sua palavra amiga<br />

Embeleza e encanta minha vida<br />

Saiba que estou do seu lado<br />

Pro que der e vier<br />

Porque você não é pra um qualquer<br />

Pois é uma linda mulher<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

EM <strong>20</strong>11 NÓS TIVEMOS UMA<br />

EDIÇÃO ESPECIAL SOBRE A MULHER!<br />

Cem autores, cem rosas para você, mulher!<br />

Se você ainda não leu, peça através de nosso e-mail<br />

varaldobrasil@gmail.com ou leia em nosso site<br />

www.varaldobrasil.com ou em nosso blog<br />

www.varaldobrasil.blogspot.com<br />

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Simplesmente Mulher<br />

Por Ane Braga<br />

Já fui uma semente esperando para brotar<br />

Tão pequena e frágil diante da grandeza do<br />

desconhecido<br />

Tropecei nas pedras do chão e da vida<br />

Cresci sabendo que o caminho seria árduo<br />

Mas também seria cheio de vitórias<br />

Chorei quando estava feliz e sorri<br />

Quando estava sofrendo<br />

E em todo momento entre a dor e a ternura<br />

A força estava em mim<br />

Tive dúvidas, quis jogar tudo fora<br />

Quase perdi a esperança<br />

Quase... Pois a cada árduo momento<br />

Com cada queda que me arranhou a alma,<br />

Fiquei mais forte, mais experiente<br />

Sofrida e vivida<br />

Mas em nenhum momento<br />

Perdi-me de mim<br />

Cada cicatriz marcou minha história<br />

Tenho tudo que sonhei<br />

Muito mais do que pedi<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

E nesse meu longo caminho<br />

Que ainda não percorri totalmente<br />

Tenho muito para aprender<br />

Muito a ensinar<br />

Muito a sofrer<br />

E muito para amar<br />

Sou a mesma de ontem<br />

Com toda as esperanças do hoje e incertezas<br />

do amanhã<br />

Sou força e delicadeza espalhadas no caminho<br />

Sou destino e fim<br />

Acertos e tropeços<br />

Sou um ciclo esperando para recomeçar<br />

Sou simplesmente mulher.<br />

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ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE A OBRA<br />

IRACEMA DE JOSÉ DE ALENCAR<br />

E AVATAR DE JAMES CAMERON<br />

Por Jeanne Cristina Barbosa Paganucci<br />

A obra Iracema de José de Alencar aborda<br />

aspectos do romance indianista, com foco naciona-<br />

lista e neocolonizador. Nessa conjuntura, há o res-<br />

quício do olhar paternalista e colonizador em que<br />

revela o outro sempre à disposição. Em Avatar, fil-<br />

me de James Cameron, observa-se o pensamento de<br />

agressividade e a representação do exótico numa<br />

perspectiva neocolonialista.<br />

As obras analisadas dialogam no contexto<br />

do pensamento colonial e abordagem das relações<br />

amorosas como construção do nacionalismo. As<br />

personagens Iracema e Zeytiri representam o femi-<br />

nino, a entrega total ao desconhecido, em contexto<br />

de crenças, rituais ou religiosas e representação do<br />

signo linguístico. Pode-se notar, no entanto, que<br />

essas personagens não representam a mulher co-<br />

mum, mas as mulheres guerreiras imbuídas de não<br />

apenas procriar, mas também conservar a história<br />

do seu povo. Em determinados momentos em que<br />

confiavam no desconhecido, as mulheres revelavam<br />

os segredos mantidos por seu povo.<br />

Em oposição às mulheres, os representan-<br />

tes masculinos, Martim e Jake Sully, são evidente-<br />

mente brancos e com propósitos delineados pelo<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

processo colonizador. Dessa maneira, esses homens<br />

imbuídos do ideal colonialista, aproximam-se das<br />

mulheres e interagem com os povos exóticos por<br />

intermédio delas.<br />

As imagens de Avatar são extravagantes,<br />

com efeitos ricos e bem elaborados, chamando a<br />

atenção para o estereótipo de outros povos, criando<br />

também um corpo destinado aos colonizadores, pes-<br />

quisadores, a adentrar o mundo diferente. A riqueza<br />

da terra é o objeto ambicionado pelos brancos, os<br />

quais não se conformam com uma preciosidade co-<br />

mo crença protegida por um povo.<br />

A literatura e o cinema retratam a violência<br />

com que a colonização foi estabelecida. A demons-<br />

tração do exótico, o nacionalismo operante e a ideia<br />

de estabilidade marcam as imagens de Avatar e as<br />

páginas de Iracema como uma reflexão acerca do<br />

Tratado descritivo e a Carta de Pero Vaz de Cami-<br />

nha.<br />

REFERÊNCIAS<br />

ALENCAR, José de. Iracema. 24. ed. São Paulo: Ática,<br />

1991.<br />

CAMERON, James. Avatar. Disponível em: http://<br />

www.adorocinema.com/filmes/filme-61282<br />

http://www.sindinoticias.com/<br />

noticias,15412,retrospectiva_<strong>20</strong>11_iracema.html (1)<br />

http://www.fanpop.com/clubs/avatar/images/11063382/title/<br />

avatar-blu-ray-dvd-promo-photo (2)<br />

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QUARTA-FEIRA<br />

Por Deusa D’Africa<br />

Aquela velha rameira<br />

Vendeu a quarta<br />

Numa manhã cheia de ternura<br />

Pronta para parir o dia<br />

Quando foi a feira<br />

Sem anuência<br />

Nem sequer dos deuses<br />

A velha levou a quarta parte do dia<br />

Para uma feira<br />

Numa periodicidade<br />

Em que tal como a cidade, o mercado se<br />

encontrava<br />

Azafamado por monopolistas com quem<br />

negociava<br />

Em troca de míseras moedas<br />

A velha vendeu ainda esverdeada<br />

a parte quarta dos dias, como vendeu a enteada.<br />

- É verdade imperatriz<br />

Que aquela meretriz<br />

Que diz ser actriz<br />

Dos prostíbulos, na feira vendeu os dias<br />

A parte quarta dos dias<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

E os monopolistas<br />

Tomaram-na e o pior, é que para a civilizarem<br />

chamam-na por quarta-feira<br />

Como se não existisse nome melhor<br />

Sejam tomadas deliberações<br />

Antes que venda a quinta e também a sexta<br />

Parte dos dias para os mesmos<br />

E esgote os nossos dias numa feira.<br />

Pintura by Mac0ne<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

FALO<br />

Por Joyce Cavalccante<br />

Das mulheres e dos recursos ilimitados de seus casulos. Suas receitas de magia – tradição<br />

sensual transmitida de geração para geração. Seu poder e seu tudo: o homem. Ele e<br />

seu universo pronto e acabado, mas sempre por elas transformado.<br />

Falo: deles o principal pedaço – bloco plástico que às vezes se pensa que é de aço, no<br />

entanto, fragilidade de vidro envolta em cetim brilhante. É carne, é sangue em seu estado básico,<br />

mas poderá vir a ser qualquer coisa que se vier a escolher.<br />

De forma cilíndrica e rija se pronto para favorecer ao prazer e a procriação. Em repouso, como<br />

um pássaro amigo, só suavidade entre as mãos.<br />

A vista de um belo torso nu e feminino, qualquer contorno pode vir a ter o pedacinho mais<br />

lúdico do corpo masculino.<br />

Sombras e luzes aqui, serão testemunhas das imensas possibilidades de formas, criadas pela<br />

necessidade de transcendência.<br />

A arte do desejo e de desejar ser maior do que o ser, para alimentar a fêmea que quer brincar.<br />

Se acomodar na ausência de matéria, lá dentro, bem dentro, e servir de apoio ao movimento.<br />

Esperar imóvel como uma folha sem vento, enquanto a mulher dança e se oferece, vem e<br />

desaparece.<br />

Ou simular paciência enquanto ela se aquieta e se alcança.<br />

Se multiplicar em muitos, se milhares ainda é pouco, para complementar e satisfazer a quem<br />

deva, em todos os seus orifícios de prazer.<br />

Se apresentar em forma de energia quântica, aquela que apenas passou por aqui. O ir e vir,<br />

balançado ondas de pele e sentimento.<br />

Misturar-se. Perder a própria identidade. Achar sua outra metade. Aperfeiçoar a natureza,<br />

fazendo-a mais completa. Geração de beleza.<br />

O absurdo do encontro dos corpos. A resistência, o encaixe, a coincidência, o absoluto. Mistério<br />

a ser desvendado e o quase nada se não for mistério.<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Noite Especial*<br />

Por Ana Rosenrot<br />

Hoje a noite é minha,<br />

Deixei para trás os deveres que tinha...<br />

O celular desligado, o relógio parado,<br />

Estou em paz, e sozinha...<br />

Não quero luzes acesas,<br />

Iluminando minhas tristezas;<br />

Esquecerei as decepções,<br />

Vencerei minhas frustrações,<br />

A alma livre, sem inibições...<br />

O silêncio a dominar,<br />

Vela perfumada a queimar,<br />

Sem palavras para machucar,<br />

Sem batalhas para lutar,<br />

Minhas feridas a cicatrizar.<br />

A luz da lua pela janela,<br />

Não sou mais uma mulher a lamentar,<br />

Esqueço norma e cautela,<br />

Sou menininha a cantar,<br />

Cantigas que o silêncio me faz lembrar...<br />

Roda a roda a girar...<br />

A noite acabou,<br />

Pra realidade tenho que voltar,<br />

Estou no espelho a me maquiar, me fantasiar, me camuflar...<br />

Para esconder quem eu realmente sou,<br />

As dores do meu mundo, novamente enfrentar,<br />

Até outra noite especial chegar.<br />

*Poema premiado com Menção Honrosa no Concurso<br />

“Troféu Jacaré” <strong>20</strong>12.<br />

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PIZZA MARGHERITA<br />

Uma das pizzas mais tradicionais, a margherita,<br />

foi feita pela primeira vez em 1889, por um<br />

pizzaiolo napolitano. A história conta que o rei<br />

Umberto I e a rainha Margherita di Savoia, em<br />

uma viagem a Nápoles, desejaram experimentar<br />

a receita que havia tornado aquela região<br />

tão famosa.<br />

Porém, membros da família real não podiam<br />

frequentar certos locais, como pizzarias. Sendo<br />

assim, o pizzaiolo, com o intuito de satisfazer<br />

seus reis, preparou a pizza e a entregou no<br />

castelo. A receita fez muito sucesso, e até hoje<br />

é conhecida por seus ingredientes, que lembram<br />

as cores da bandeira italiana: mussarela,<br />

tomate e manjericão.<br />

Receita – Pizza Margherita<br />

Ingredientes<br />

Massa<br />

- ½ kg de farinha de trigo<br />

- 1 colher (sopa) de banha<br />

- ½ ovo (coloque 1 ovo inteiro numa xícara,<br />

misture a clara e a gema e dividida em 2<br />

- 1 tablete de fermento biológico<br />

- ½ xícara (chá) de óleo<br />

- 1 pitada de açúcar<br />

- 2 xícaras (chá) de água<br />

- ½ colher (café) de sal<br />

Molho de Tomate<br />

• 5 tomates sem pele picadinhos<br />

• ½ cebola picadinha<br />

• Azeite<br />

• Sal a gosto<br />

• Açúcar a gosto<br />

• Pimenta verde<br />

• Orégano<br />

• 1 folha de louro<br />

Cobertura<br />

• 300 g de mussarela laminada<br />

• 3 tomates bem vermelhos cortados em rodelas<br />

• Folhas de manjericão grandes<br />

• Orégano e azeite<br />

Modo de Preparo<br />

Massa<br />

Misture um pouco de farinha de trigo com o fermento<br />

e um pouco de água. Faça uma pasta e<br />

deixe crescer por uns <strong>20</strong> minutos, coberta com<br />

um pano de prato úmido. Em seguida, acrescente<br />

o ovo, a banha, o óleo, o açúcar e o sal.<br />

Misture bem e vá adicionando a farinha e a<br />

água até adquirir uma consistência que permita<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

sovar a massa na pedra, ou seja, quando a<br />

massa não grudar mais na mão, está pronta<br />

para ser sovada. Sove bem e depois cubra com<br />

um pano de prato úmido e deixe crescer por <strong>20</strong><br />

minutos. Abra a massa e coloque em assadeira<br />

untada. Asse em forno pré-aquecido a 180°c,<br />

por 15 minutos. Retire do forno, monte a pizza<br />

e leve ao forno por mais <strong>20</strong> minutos.<br />

Molho<br />

Retire a pele e as sementes dos tomates frescos<br />

e pique em pequenos quadradinhos. Aqueça<br />

o azeite, adicione a cebola picadinha e doure<br />

bem. Acrescente os tomates, incluindo o caldo<br />

do tomate, o louro, o orégano e o açúcar.<br />

Deixe cozinhar por uns 40 minutos em fogo<br />

brando. Retire do fogo e tempere com sal e um<br />

pouco de pimenta verde. Descarte a folha de<br />

louro e reserve o molho.<br />

Montagem<br />

Cubra a massa com uma boa camada de molho<br />

de tomate. Disponha a mussarela laminada,<br />

as rodelas do tomate e o manjericão. Polvilhe<br />

com orégano e regue com azeite.<br />

Rendimento: 8 porções<br />

Fonte: http://gcnreceitas.wordpress.com/<br />

Fontes receitas: http://www.globo.com/<br />

maisvoce<br />

http://www.wikipedia.com<br />

http://baunilhaechocolate.com/archives/1199<br />

http://www.lifecooler.com/edicoes/lifecooler/<br />

desenvRegArtigo.asp?reg=329389<br />

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CONVERSAN<strong>DO</strong> COM<br />

CLARA MACHA<strong>DO</strong><br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Mulher um Universo.<br />

Pensar na mulher como um universo, me faz olhar para a grande capacidade<br />

que a mulher tem de gerar um filho e do seu papel maior que é dar<br />

uma educação adequada para essa criança, pois o fato de gerar não garante<br />

a mulher a sua idoneidade na grande missão maior que é do seu papel<br />

de cuidadora desse ser que foi gerado por ela.<br />

Muitas mulheres hoje em dia emprestam seu ventre para gerar filhos para<br />

outras mães. Aí eu me pergunto: em que essa mulher esta se transformando?<br />

Em uma incubadora, se colocando nesse papel e abrindo mão do<br />

seu grande Dom que foi lhe dado por Deus é que o de gerar, amamentar e<br />

cuidar dessa criança com amor e respeito para que esse bebê venha se<br />

tornar um adulto consciente para a construção de um mundo melhor de<br />

mais respeito aos seus semelhantes e ao nosso planeta e também ao Universo.<br />

Pois se todos "somos um' vamos mulheres ser grandes operarias do Universo<br />

e vamos cuidar com muito amor , respeito e dignidade todas as crianças<br />

que você for gerar ou que ja gerou.<br />

O mundo anda muito egoísta e os homens andam com medo do próprio<br />

homem com tanta violência, desonestidade, e crueldade e nós mulheres<br />

temos o dever de ajudar a cuidar dessas criaturas que são geradas pelo<br />

nosso ventre, pois assim seremos capaz de continuar o grande projeto de<br />

cuidar do nosso universo e sermos merecedoras de um tema tão importante<br />

como esse: MULHERES UM UNIVERSO.<br />

Clara Machado.<br />

www.claramachado.com.br<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

O terceiro volume de nossas coletâneas <strong>VARAL</strong> ANTOLÓGICO chegará<br />

em breve! Será lançado dia 03 de maio no 27o Salon International<br />

du Livre et de la Presse de Genève (Genebra/Suíça) e em agosto em<br />

Florianópolis, SC.<br />

Conheça todos os participantes do livro nas páginas de nosso site!<br />

www.varaldobrasil.com<br />

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E a vanguarda de Chiquinha<br />

abriu alas...<br />

Por Renata Iacovino<br />

“Pois, senhor meu marido, eu não entendo<br />

a vida sem harmonia!”. E assim separou-se<br />

de um oficial da Marinha Mercante, após casamento<br />

arranjado pelos pais dela, em 1863. O<br />

pedido de escolha entre ele e a música selou o<br />

que a musicista tanto desejava...<br />

A música e a busca incessante pela liberdade<br />

deram o tom à vida de Francisca Edwiges<br />

Neves Gonzaga, nascida em 1847, no Rio de<br />

Janeiro, filha de um tenente com a mestiça Maria.<br />

Após o feito da separação e grávida do<br />

terceiro filho, o pai a considerou morta.<br />

Amiga do grande compositor e flautista<br />

Calado – principal figura do choro – passou a<br />

conviver com músicos populares, fato nada popular<br />

à época, especialmente para uma mulher.<br />

Foi enfrentando as adversidades e os preconceitos<br />

que Chiquinha Gonzaga tornou-se<br />

célebre, admirada e respeitada por seu talento<br />

e sua coragem.<br />

Enquanto maestrina foi pioneira; autora<br />

da primeira canção carnavalesca; foi também a<br />

primeira pianista de choro, introduzindo a música<br />

popular nos salões elegantes da sociedade<br />

da época.<br />

De suas mãos nasceu, além das 77 peças<br />

musicadas (quase todas encenadas) e das<br />

centenas de músicas pautadas nos mais variados<br />

gêneros – como polca, tango brasileiro,<br />

valsa, habanera, maxixe, lundu, fado, serenata,<br />

schottisch, mazurca e modinha – a iniciativa<br />

para fundação da SBAT, em 1917, sociedade<br />

pioneira na arrecadação e proteção dos direitos<br />

autorais.<br />

A intensidade que empregava em tudo o<br />

quanto acreditava era um marco de sua personalidade<br />

e não hesitava ao investir em fatos<br />

que a pudessem colocar numa situação delicada.<br />

Dedicou-se à campanha abolicionista ao<br />

lado de Quintino Bocaiúva e José do Patrocínio.<br />

Com o dinheiro obtido na venda da parti-<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

tura de sua obra Caramuru comprou, em 1888,<br />

a alforria do músico (e então escravo) Zé Flauta.<br />

Parece-nos tão longe um tempo em que<br />

uma peça teatral musicada pudesse ser vetada<br />

em razão de ter sido composta por uma mulher.<br />

Isto ocorreu em 1883, com Viagem ao<br />

Parnaso, uma parceria com Artur Azevedo.<br />

No entanto, persistente, dois anos depois,<br />

ainda compondo operetas, obteve grande sucesso<br />

com A Corte na Roça e, então, conquistou<br />

reconhecimento no meio teatral.<br />

Quando compôs a marcha de carnaval Ó<br />

Abre Alas (obra inaugural da produção carnavalesca),<br />

em 1899, por encomenda do Cordão<br />

Rosa de Ouro, Chiquinha Gonzaga já era uma<br />

artista consagrada. Ao que tudo indica, foi esta<br />

marchinha que garantiu ao Cordão o primeiro<br />

lugar no desfile daquele ano.<br />

Um dos momentos históricos na carreira da<br />

maestrina foi o sucesso do tango Gaúcho, também<br />

conhecido como Corta-jaca, e sua execução,<br />

ao piano, por Nair de Teffé, esposa do então<br />

Presidente da República, Hermes da Fonseca,<br />

em recepção oficial no Palácio do Catete,<br />

gerando escândalo político e crise ministerial.<br />

Sua precocidade fez com que estivesse à<br />

frente de seu tempo, abrindo alas a tantas conquistas<br />

posteriores, que só se tornaram factíveis<br />

devido a todo caminho anteriormente percorrido<br />

por Chiquinha.<br />

Compôs pela primeira vez, aos 11 anos, a<br />

Canção dos pastores. E foi de maneira improvisada<br />

que nasceu seu primeiro sucesso, a polca<br />

Atraente, em meio a uma festa em que se apresentava.<br />

A “madrinha de todos os valores novos”<br />

atuou na música e na política, foi detentora de<br />

sensibilidade arrebatadora e de força inesgotável;<br />

emprestou seu talento e sua inteligência a<br />

uma época que não tinha na figura da mulher<br />

alguém capaz de pensar por si só ou de realizar<br />

algo que se acreditava ser exclusivo de<br />

mentes e atitudes masculinas.<br />

Foi às vésperas da festa popular que tanto<br />

amava – o carnaval – que, em 1935, Chiquinha<br />

Gonzaga ouviu os últimos acordes em vida,<br />

transcendendo à harmonia terrena e compartilhando<br />

com outros merecedores, em outras<br />

plagas, sua genialidade.<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

CHIQUINHA<br />

GONZAGA<br />

1847: Chiquinha Gonzaga nasce a 17 de outubro no Rio de Janeiro. - 1863: Casase<br />

com Jacinto Ribeiro do Amaral no dia 5 de novembro. - 1864: Nasce o primeiro<br />

filho do casal, João Gualberto, no dia 12 de julho. - 1866: Chiquinha e João Gualberto<br />

acompanham Jacinto no navio São Paulo durante a guerra do Paraguai. -<br />

1867/8: Abandona o marido Jacinto e os filhos Maria e Hilário. - 1877: Em fevereiro<br />

edita sua primeira composição, Atraente. - 1880: Morre, em março, seu amigo<br />

Callado. - 1885: Estreia a 17 de janeiro a primeira peça musicada pela maestrina,<br />

A Corte na Roça. - 1888:Abolição da escravatura. - 1889: Proclamação da República;<br />

compõe a primeira marcha carnavalesca, Ó Abre Alas; conhece João Batista.<br />

- 1902: Vai pela primeira vez à Europa, acompanhada por João Batista. -<br />

1912: Estreia o grande sucesso Forrobodó. -1914: Escândalo do tango Corta-<br />

Jaca no Palácio do Catete. - 1917: Participa na fundação da Sociedade Brasileira<br />

de Autores Teatrais (SBAT). -1935: Morre em 28 de fevereiro, no Rio de Janeiro.<br />

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FLORES PARA UM CASAL FELIZ<br />

Por Gilberto Nogueira de Oliveira<br />

Certa vez eu andava<br />

Por um caminho perfumado,<br />

Flores vermelhas de ambos os lados,<br />

Todas para mim.<br />

Eu me sentia assim;<br />

De repente o tédio e a nostalgia<br />

Tomou conta de mim.<br />

Então compreendi<br />

Que aquele lugar não existia,<br />

Pelo menos para mim.<br />

O lugar não florescia para mim.<br />

Talvez para uma mulher,<br />

Uma linda mulher.<br />

Então eu retornei<br />

E as flores brilharam.<br />

Brilharam mais ainda<br />

Comemorando a minha partida.<br />

Será que eu sou tão mau assim?<br />

Nem as flores me querem mais?<br />

De repente, como que por encanto<br />

Apareceu uma linda mulher,<br />

Tomou uma rosa vermelha entre as mãos<br />

E a rosa sorriu.<br />

E eu chorei.<br />

E a mulher sorriu com doçura<br />

E eu sofri<br />

E a mulher não me deu atenção.<br />

E a rosa murchou.<br />

Depois compreendi<br />

Que a rosa queria<br />

Era um casal feliz.<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Luiigi Diamanti<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

MULHER<br />

Por Cristina Cacossi<br />

Mosaico multicor, multiforme, mutável<br />

Unifica e ultrapassa seus próprios<br />

Limites. Usa a liderança para lapidar o mundo<br />

Habilmente, enfrenta o lado hostil da vida<br />

Edifica e eleva os seres. Em sua<br />

Rotina, reconcilia e reescreve um novo lado da vida.<br />

h p://pt.best-wallpaper.net/<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

SER MULHER<br />

Por Marly Rondan<br />

É saber ser bruxa e com feitiços<br />

Trazer alegria para sua vida e do<br />

Seu amor, é saber sorrir, mesmo<br />

Com o coração chorando!<br />

É saber ser fada e viver cada<br />

Paixão com a inocência primeira,<br />

Voltar a ser adolescente.<br />

Ser alegre, irresistível!<br />

Como bruxa...com magia<br />

Voltar a ser virgem,<br />

Cometer todos os erros, todos<br />

Os pecados do primeiro amor.<br />

Poder voar como um anjo,<br />

Como uma ave de rapina,<br />

Uma águia, uma indefesa pomba,<br />

Ou um ser alado qualquer...<br />

É errar muito como bruxa ou fada.<br />

Perdoar-se sempre como criança.<br />

Ser feliz, ser amada, tudo isso:<br />

É SER MULHER!<br />

h p://www.iwallfinder.com/<br />

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FOTOPEDIA<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

A beleza de uma mulher não está somente na aparência do seu<br />

corpo. Está na sua essência e sempre estará.<br />

Independente de suas origens e de sua cultura.<br />

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A mulher da zona rural –<br />

vida e trabalho<br />

Por Teresa Cristina Cerqueira de Sousa<br />

Qual o significado da palavra mulher para<br />

quem vive na zona rural? Que expectativas de vida,<br />

de sonhos tem uma mulher que nasce para casar e ter<br />

filhos? Não foi uma surpresa para mim quando des-<br />

cobri que me vi em cada uma delas nas localidades<br />

por onde trabalhei nesses três últimos anos.<br />

Para entender como vivem as pessoas da zo-<br />

na rural do interior do Piauí/Brasil, deve-se, antes de<br />

tudo, pensar que mulher não pode ficar sentada na<br />

sala da casa recebendo as visitas, se forem masculi-<br />

nas, se o marido se encontrar em casa. Eu tive de<br />

revisar meus conceitos de direitos iguais entre os<br />

sexos, como meio de compartilhar dessas comunida-<br />

des sem ser vista como uma intrusa ou quem quer<br />

desfazer lares.<br />

Cedo ainda, olhei o relógio marcando quatro<br />

horas da manhã, por uma semana seguida, vendo<br />

Dona Mocinha (esposa de Seu Didi) levantar para ir<br />

ao poço, distante uns duzentos metros, pegar água<br />

para abastecer os potes da casa. Ela e a filha mais<br />

velha, dezesseis anos, deixavam o restante da crian-<br />

çada dormindo e seguiam caladas com um pano de<br />

algodão na cabeça, numa tentativa de se protegerem<br />

da friagem da manhã, por um caminho estreito den-<br />

tro da mata. Apenas se ouvia um leve voar de algum<br />

pássaro que se espantava com o vento ou com o som<br />

dos passos das duas mulheres.<br />

Eu ficava quieta na minha rede, com os pen-<br />

samentos me impedindo de cochilar num momento<br />

em que o calor dava uma trégua. Algumas vezes eu<br />

ouvia o dono da casa ir para o terreiro, fumar um<br />

cigarro e depois, sabia que o som do curral tinha a<br />

presença do homem.<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Imagem: http://redeccom.blogspot.com<br />

Evidentemente que essas cenas me chama-<br />

ram a atenção. Não falei sobre isso nos primeiros<br />

dias que estive com essa família, pois como profes-<br />

sora local e agregada da casa não ficava bem tecer<br />

opiniões das tarefas familiares. Contudo, há momen-<br />

tos que o ser humano não se controla e explode em<br />

questionamentos. Do mesmo modo que há ocasiões<br />

que pedem palavras cuidadosas e planejadas. Essa<br />

última está mais presente nas conversas do interior<br />

sobre o tema direitos da mulher.<br />

Tenho 34 anos, professora. Trabalho nesta<br />

terra desde o dia em que casei com Didi. Chegamos<br />

aqui não havia a casa. Era tudo mata fechada. Eu<br />

trouxe da casa de minha mãe umas panelas de ferro<br />

e uns pratos, juntamente com umas canecas de es-<br />

malte e tive a sorte de ganhar de presente de casa-<br />

mento uma rede grande de algodão. O Didi a amar-<br />

rava no alto das árvores e dormíamos ali. Para co-<br />

zinhar eu fazia um fogo em volta de umas pedras,<br />

onde punha as panelas e comíamos de tudo que apa-<br />

recia: do porco do mato ao tatu ou passarinhos. Aos<br />

poucos fomos levantando a casa com paus de carna-<br />

úba, que ainda hoje estão aqui bem firmes. E fomos<br />

levando. Eu ajudei a plantar a primeira roça e é<br />

coisa que faço até o nono mês de gestação. Acho<br />

bom cuidar de minha casa e de meus filhos. Com<br />

esta barriga já são sete filhos, mas o Didi quer ter<br />

oito. Durante o tempo do resguardo fico cozinhando<br />

em casa e olhando as crianças, mas depois vou aju-<br />

dar meu marido na lida que isso eu aprendi desde<br />

pequena e digo isso p’ras quatro meninas.<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Dos meninos o pai cuida. Eles gostam de ficar vendo o pai trabalhar. Ainda são pequenos, porém<br />

logo, logo vão estar nos ajudando e aí, sim, eu mais o pai deles vamos descansar um pouco (Texto com<br />

apenas as correções gramaticais, para melhor compreensão).<br />

Debruçada no peitoril da varanda da casa eu ouvi a tudo com muita atenção. Fiquei, então, olhando<br />

a mata com seu rumores de vento na folhagem. Um pássaro perdido passou procurando o ninho tão próxi-<br />

mo das meninas que brincavam no terreiro que uma delas veio até mim e disse:<br />

_ A senhora viu, professora? Era um bem-te-vi.<br />

Aproximei-me dela e lhe dei um largo sorriso.<br />

O curioso é que eu não me lembrava de que eu também tinha vivido situação semelhante. Aliás, se<br />

assim não fosse, bastava eu olhar para a pequena foto, na carteira, de meus filhos numa casa do interior.<br />

Outras perguntas sobre a vida no lugar ainda foram levantadas por mim, durante o tempo que estive<br />

lá. Mas eu sentia, ao final delas, que se você faz alguma coisa com os pés no chão, sempre tem motivos<br />

para continuar.<br />

Foto Juliana Freitas/Urbisno4cias<br />

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Semente de Universo<br />

Por Rossandro Laurindo<br />

Um brilho interno<br />

Eterno em sentimentos<br />

Momentos os invernos<br />

Suavidade os movimentos<br />

Mover de mãos, sublimidade<br />

Coser vestes de amor<br />

O ventre farto, fertilidade<br />

Vida nascente, o fervor<br />

Um coração minúsculo do ser<br />

A criação pulsante a surgir<br />

Mãe que gera todo o viver<br />

Seres humanos à terra emergir<br />

Na inspiração, o amor<br />

Na expiração, virtudes<br />

O suportar de muita dor<br />

Superação nas atitudes<br />

Delicadeza nos gestos das pálpebras<br />

São olhares cativantes<br />

Flutuar de folhas semelhantes<br />

Das copas das árvores, às camélias<br />

Os passos tenros conduzem o corpo<br />

Esculturado pelo tempo à perfeição<br />

Moldado levemente à emoção<br />

Instrumento de construir da vida o topo<br />

A face expressa as riquezas<br />

As emoções cravadas na alma<br />

Fonte que jorra as purezas<br />

Das palavras sinceras a que ama<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Ama através de palavras<br />

Palavras amem através de si<br />

Letras sempre declaradas<br />

De canções vividas entre si<br />

Notas de orquestras são as vozes<br />

Das que elevam as sutilezas dos dizeres<br />

Cantem todos, exaltem totais seres<br />

A beleza cintilante às existentes vezes<br />

Em que brota sementes de universo<br />

Do viver de seres que geram<br />

Mundos em mundos em si mesmas<br />

Chamas de luzes internas<br />

Não vistas por olhos externos<br />

Luminárias de sentidos vários<br />

Águas fluindo de cisternas<br />

São estes os princípios<br />

Da vida feminina<br />

Feminilidade ativa<br />

Restante nos viventes, indícios<br />

Toda essência<br />

De menina<br />

De mulher<br />

Eterna fêmea<br />

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Por Paulo Siuves<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Haja Paciência<br />

A gente sempre ouve aquele bordão da TV: – pergunta idiota, tolerância zero!!!<br />

Mas convencionemos uma coisa, pra trabalhar dentro de coletivos, dar quatro, seis,<br />

oito viagens por dia, há de se ter saco de Papai Noel pra vencer a jornada e se esforçar<br />

para não se lembrar do dia por vir.<br />

Concordo que, às vezes, não dá tempo de formular uma pergunta antes de<br />

abordar um desavisado, mas não entendo como, imediatamente após a abordagem, o<br />

interpelado responde com um irreverente, sarcástico toma-lá-dá-cá...O riso é irreprimível<br />

e totalmente desculpável, apesar de ser inconveniente, tal situação o perdoa.<br />

Por exemplo: A senhorita entra no coletivo, entre empurrões e cotoveladas consegue<br />

vencer os metros rasos entre a porta de entrada e a roleta onde o indivíduo uniformizado<br />

que recebe notas e devolve moedas fica postado. Pois bem, a distinta senhorita<br />

chega, acomoda-se na roleta como no sofá da antessala de um escritório de<br />

advocacia e, irritantemente, abre a bolsa, vasculha-a ligeiramente para encontrar a sua<br />

nécessaire, abre a dita e encontra um simpático porta-níqueis, aí vem a dramática pergunta;<br />

olhos nos olhos do sofredor, ar sério, uma multidão estacionada esperando a<br />

vez de passar pelo cobrador, ela diz:<br />

– Quanto custa o ônibus, moço?<br />

Ele do alto da cadeira – sempre altas – fecha a gaveta, olha o carro de alto a<br />

baixo, olha o fundo e o retrovisor interno, suspira e responde pacientemente:<br />

– Uns 65 ou 70 mil, o carro tá meia boca, deve rodar uns anos ainda...<br />

h p://chirupier69.xpg.uol.com.br<br />

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Pudim Carmen Miranda<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Origem: Essa deliciosa sobremesa foi inspirada no paladar da cantora brasileira Carmen<br />

Miranda, e então criado em sua homenagem. Além de ser uma ótima opção para adocicar<br />

o paladar, ele é nutritivo e menos calórico.<br />

Ingredientes<br />

Para o pudim:<br />

6 xícaras de leite de soja<br />

1 lata de leite condensado de soja<br />

10 colheres (sopa) de maisena<br />

100 g de coco ralado<br />

Óleo para untar<br />

Para a calda:<br />

10 colheres (sopa) de açúcar<br />

2 colheres (sopa) de água<br />

7 bananas-nanicas médias, maduras e firmes<br />

Preparo<br />

Pudim:<br />

Bata no liquidificador o leite de soja, o leite condensado de soja e a maisena. Coloque<br />

em uma panela e leve ao fogo médio, mexendo sempre até engrossar. Acrescente o coco<br />

ralado e misture bem. Retire do fogo e despeje em uma forma de buraco no meio de<br />

22 cm de diâmetro untada com óleo. Deixe esfriar e leve à geladeira por 4 horas.<br />

Calda:<br />

Coloque em uma panela o açúcar, leve ao fogo médio até caramelar e acrescente aos<br />

poucos a água até obter a cor e a consistência de caramelo. Coloque as bananas cortadas<br />

em rodelas e deixe por 2 minutos. Retire do fogo, deixe esfriar e leve à geladeira até<br />

o momento de servir. Para servir, desenforme o pudim e regue com a calda caramelada<br />

de banana.<br />

Dica – Não deixe a calda escurecer muito para não ficar amarga.<br />

Rendimento: 12 porções<br />

Fonte: http://gcnreceitas.wordpress.com/<br />

Fontes receitas: http://www.globo.com/maisvoce<br />

http://www.wikipedia.com<br />

http://baunilhaechocolate.com/archives/1199<br />

http://www.lifecooler.com/edicoes/lifecooler/desenvRegArtigo.asp?reg=329389<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Este ano o stand do <strong>VARAL</strong><br />

<strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong> acolherá uma exposição<br />

de pinturas do artista<br />

RICHARD CALIL BULOS.<br />

Richard, também conhecido<br />

como Chachá, nasceu no Rio<br />

de Janeiro e radicou-se após<br />

em Laguna, SC, onde viveu<br />

até seu falecimento em <strong>20</strong>07.<br />

Filho de um libanês e de uma<br />

suíça nascida em Genebra, o<br />

artista já teve suas obras expostas<br />

por três vezes nesta<br />

cidade (duas vezes na OMC e<br />

uma vez na OMPI).<br />

Artista plástico, caricaturista,<br />

jornalista, Richard dedicou sua<br />

vida a retratar e defender os<br />

cidadãos mais simples da região<br />

de Laguna, cidade que<br />

amou e pela qual zelou com<br />

palavras, tintas e pincéis.<br />

Suas obras estão espalhadas<br />

pelos cinco continentes.<br />

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Esperançar<br />

Por Ly Sabas<br />

Lembro como se tivesse acontecido ontem.<br />

Foi a última vez que tocamos em sua ferida.<br />

Não sei até hoje se conseguiu cicatrizá-la em<br />

definitivo ou se, simplesmente, a amorteceu.<br />

Tínhamos passado o dia falando somente amenidades.<br />

Das últimas leituras, dos filmes, de<br />

nossas filhas e até de congelados. Só ao cair<br />

da noite é que procuramos a discrição da varanda.<br />

Fomos saldadas pelo grilar insistente de<br />

um inseto.<br />

— Às vezes chego a pensar que ele acompanha<br />

meus devaneios.<br />

Disse enquanto dirigia-se, com seus gestos<br />

medidos e delicados, em direção às confortáveis<br />

cadeiras. Sempre achei fascinante seu jeito<br />

flutuante de andar, mas naquele instante me<br />

passava a impressão exata de que se movia<br />

como um pássaro ferido, procurando não despertar<br />

os sentidos de algum felino a espreita.<br />

— Sento aqui ou no beiral da calçada, e<br />

sempre tenho a companhia de seus ruídos. Ás<br />

vezes delicado, em outras irritante, é o fundo<br />

perfeito para o tumulto de meus pensamentos.<br />

Acendeu um cigarro e esticando o braço,<br />

convidou-me a sentar.<br />

— Quase que diariamente termino meus<br />

dias aqui. Mamãe fazia o mesmo, dizia que saturava<br />

a alma com o perfume das plantas –<br />

completou com nostalgia e abaixando o tom de<br />

voz segredou - Não tenho sido muito boa nisso!<br />

Deu sua risada rouca, mas não havia graça<br />

em seu olhar.<br />

— É o fantasiar... é o flutuar... é o esperançar...<br />

– disse levantando-me e me posicionando<br />

em suas costas. Essa frase tinha se tornado<br />

uma espécie de código nos últimos meses.<br />

Massageei um pouco seus ombros tensos e<br />

pesando bem as palavras continuei:<br />

— Você anda procurando com tamanho<br />

afinco um compartilhar, que já não consegue<br />

mais separar a fantasia do ponderável. - lembrei-me,<br />

meio envergonhada, que já havia usado<br />

o mesmo argumento para tentar apaziguar o<br />

coração de outro amigo. - Creio que já não pesa<br />

mais as palavras com a verdadeira importância<br />

e poder de que elas são capazes.<br />

Remexeu-se um pouco na cadeira, abriu e<br />

fechou a boca algumas vezes e, pelo arfar de<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

seu peito, avaliei o esforço que fazia para manter-se<br />

calada. Desisti de seus ombros e passei<br />

a acarinhar seus macios cabelos escuros.<br />

— Ultimamente passou a absorver cada<br />

elogio, como uma esponja. Depois embarca na<br />

ilusão que essas palavras criaram sem dar a<br />

mínima para o seu agudíssimo senso crítico.<br />

Depois de uma pequena pausa, na qual<br />

com bravura, manteve o silêncio continuei:<br />

— De todos os turbilhões pelos quais você<br />

já passou, esse parece ser o que a está deixando<br />

mais fragilizada. Talvez por querer reverter<br />

o que está fora de suas mãos, sofre como o<br />

artista que perdeu o controle das marionetes.<br />

Os birrentos bonecos tomaram conta do espetáculo<br />

e, com vida própria, dão um final diferente<br />

à sua história.<br />

Parei de acariciar seus cabelos e voltei a<br />

sentar. Ela nada disse e ficamos alguns segundos<br />

admirando o voo de uma borboleta amarela<br />

até que saiu do mutismo:<br />

— Sinto-me, às vezes, exatamente como<br />

ela, à procura de algo que não sei o quê é. -<br />

com um ligeiro suspiro, imitando minha voz tornou:<br />

- É o flutuar...<br />

Rimos. Segurei sua mão:<br />

—Sinto-me culpada por seu sofrimento -<br />

afastei com uma leve pressão dos dedos a contestação<br />

esboçada, — É como se sempre lhe<br />

desse corda. Nunca achando nada impossível,<br />

ou inaceitável... Creio mesmo que você pode<br />

tudo! Que tem o dever de lutar, seja como for,<br />

para ser feliz e o direito de escolher o seu caminho,<br />

sem pedir opiniões... É isso que passo<br />

para você e depois me culpo.<br />

(segue)<br />

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— Não faça isso, eu é que amei tanto que<br />

sinto como se tivesse parido o próprio AMOR –<br />

falou com ênfase, contraindo meu coração – E<br />

foi um parto tão sofrido que o nascimento resultou<br />

só em dor!<br />

As lágrimas que brotaram, impedidas de<br />

correrem, ficaram boiando, aprisionadas em<br />

sua voz.<br />

— Passei anos lutando contra a solidão,<br />

tentando encontrar o equilíbrio entre o que ansiava<br />

e a satisfação com o que tinha. Mas ela<br />

nunca se deixou dominar. Sempre que uma<br />

brecha se fazia, mostrava-se de várias formas.<br />

No cigarro fumado sem o prazer do depois, no<br />

pôr-do-sol solitário, na única escova dentro do<br />

armário, nos livros lidos sem comentários, nos<br />

textos inacabados, nos jantares sem velas, na<br />

toalha molhada nunca jogada sobre a cama...<br />

Novamente o silêncio se fez presente por<br />

alguns segundos. Eu não sabia mais o que lhe<br />

dizer. Já havia esgotado todos os argumentos<br />

no auge da separação. O olho do furacão já<br />

havia passado e, agora, só estava interessada<br />

na recuperação dos destroços. Queria vê-la<br />

inteira novamente. Mesmo que isso significasse<br />

a volta à liberdade forçada.<br />

— Durou pouco minha vitória sobre ela.<br />

Mas foram meses plenos, de material farto para<br />

a cadeira de balanço. E já estou preparada<br />

para o reinício da luta. Mas não espere de mim<br />

o não esperançar!<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Mulher, tens o Universo!<br />

Por Julia Heimann<br />

Mulher, tens o Universo!<br />

Desperta tua coragem,<br />

nas linhas frágeis de um verso<br />

manda do amor a mensagem.<br />

Ela pensa e metrifica<br />

são diamantes que ela apara,<br />

toda mulher modifica<br />

pedra bruta em joia rara!<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Copyright Photo © John Brown All Rights Reserved<br />

h p://cambodiaphotographer.photoshelter.com/<br />

Luz Que nos Deste<br />

Por Galdy Galdino<br />

Ó mulher<br />

Pariste a vida!<br />

A tua fenda que se abre<br />

Para o nascer<br />

O teu seio que nutre<br />

Com o alimento vital<br />

O teu colo que aquece<br />

E a tua doce voz a ninar<br />

Tens a vida nos braços, mulher<br />

E a vida te tem no coração!<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

MULHER UM UNIVERSO<br />

Por EstherRogessi<br />

Dispo-me do meu gênero – poeta não tem sexo – para<br />

falar sobre o ser mais que perfeito, criação inimitável, de<br />

quem é maior que o universo.<br />

Tudo quanto Ele fez é a própria perfeição, o homem<br />

foi... Será, sempre, a sua criação maior – Adão foi criado<br />

para a Sua glória, porém, para criar Eva, o Senhor o<br />

fez dormir, para manter a fórmula em segredo.<br />

Ela, a mulher – humanamente falando, a única geratriz –<br />

é o ser mais invejado e copiado pelo próprio homem, que<br />

de todas as formas possíveis, busca encontrar a forma<br />

original, do ser que é, um universo em complexidade e,<br />

possuidora, de mistérios insondáveis – busca vã. Nesse<br />

particular, não há espionagem industrial que prospere; nenhum<br />

cientista, e/ou, ganhador de Prêmio Nobel conseguirá tal intento: a originalidade de tal<br />

invento.<br />

Aportar e, permanecer, em tal ser é como desbravar, o infinito rumo ao encontro, de outra<br />

desejada – a lua.<br />

Muito se fala, homenageia-se, escreve-se, descreve-se e poetiza-se, sobre essa, que foi, é e<br />

será... A musa, lira, verso, reverso, controverso... Ode!<br />

Mulher! Equilíbrio e loucura.<br />

Natureza, mãe terra, Gaia, oxigênio, vida, morte, desdita e sorte.<br />

Início e fim, o bom e o ruim; o fio da costura, o rasgo do saco, o arremate, o grito e o engasgo!<br />

Da navalha o fio, do faminto o desafio... MULHER!<br />

Beleza, realeza, atenção, distração, sedução... Perdição!<br />

O brilho que seduz; trilha para às trevas e, o caminho para a luz.<br />

Mulher, terra, montes, montanhas, vales, desaguar d’águas... Do encontro do côncavo com o<br />

convexo... Explosão, clímax, cataclismo... Emoção!<br />

Dele, a musa; a inspiração – do arquiteto das formas boleadas – que, hoje, flutua em outro universo<br />

– Niemeyer.<br />

Pintura de EstherRogessi, Intimidade<br />

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O SUBLIME MISTERIO DAS ROSAS<br />

Por Gildo P. de Oliveira<br />

Falar é fácil.<br />

Falam mesmo as provas<br />

Com que o destino<br />

Nos coloca presentes no mundo<br />

Para vivenciarmos<br />

O sublime mistério das rosas!<br />

Rosas viçosas, belas, formosas,<br />

Sábias;<br />

Rosas dos mais sublimes e belos<br />

Matizes de cor e luz;<br />

Rosas eminentemente rosas!<br />

Rosas perfumadas, serenas,<br />

Rosas-mãe, rosas pródigas,<br />

Rosas que prometem, renunciam,<br />

Que se dedicam ao homem<br />

Por toda uma vida<br />

Com desprendimento e espiritualidade;<br />

Rosas que encantam com doçura e<br />

Amabalidade.<br />

Rosas abnegadas que abdicam<br />

Dos dotes da formosura em prol<br />

De uma causa nobre, uma missão<br />

No mundo; rosas noturnas...<br />

Rosas-aurora, anunciando a chegada<br />

Do Sol, senhor da vida, solenemente!<br />

Rosas angelicais expressando as mais sublimes<br />

Palavras de amor, candura!<br />

Rosas companheiras que caminham<br />

Com o homem em sua evolução<br />

Contínua no cosmo; vitalizando<br />

A marcha ascencional triunfante<br />

Da alma pelas veredas do espírito<br />

Universal; verdadeiros laços<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Fraternos são edificados no coração.<br />

Rosas que fascinam e fazem cair<br />

O homem; rosas que o levantam;<br />

Rosas altruístas, ativas, voluntárias,<br />

Irmãs; rosas que morrem com grandeza<br />

De espírito, deixando para o mundo<br />

Uma eterna lição de vida!<br />

Rosas mal cuidadas, sem trato;<br />

Esquecidas, enfraquecidas,<br />

Envelhecidas, isoladas,<br />

Desiludidas, ultrajadas,<br />

Discriminadas, violentadas,<br />

Surdas, mudas, cegas...<br />

As que não conseguem mais caminhar;<br />

As portadoras de doenças incuráveis<br />

Que sofrem na vigília e na solidão da noite.<br />

Rosas martirizadas,<br />

Que suportam com coragem<br />

Indomável provas severas!<br />

Almas elevadas, sublimadas,<br />

Iluminadas, santificadas,<br />

Rosas verdadeiramente<br />

Espiritualizadas, perenes,<br />

Para sempre lembradas!<br />

(continua na próxima página)<br />

Rose by melemel<br />

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Rosas pioneiras, rosas modernas;<br />

Rosas obreiras, guerreiras,<br />

Incansáveis, que trabalham<br />

Sem medir esforços, sem descanso;<br />

O verdadeiro esteio da família;<br />

Rosas mensageiras do amor!<br />

Rosas de luz, que pelo dom especial,<br />

Sabem conduzir, com maestria,<br />

As primeiras palavras aos pequeninos,<br />

Frágeis, indefesos numa sala de aula...<br />

Rosas que compartilham a vida<br />

Com a comunidade inteira,<br />

Acendendo em cada mente a centelha<br />

Para o aprendizado eterno; rosas educadoras;<br />

Rosas mestras; a nossa querida<br />

Professorinha, saudade!<br />

Rosas que lavam feridas<br />

E cicatrizam chagas; que<br />

Atenuam dores e trazem consolo<br />

à alma; sabem ouvir, silenciar;<br />

E no momento oportuno dar uma<br />

Palavra amiga!<br />

Rosas que assistem os enfermos<br />

Nos leitos, consultórios, em toda parte<br />

Com uma prece nos lábios e um sorriso<br />

Largo, dourado; sempre prestativas;<br />

Rosas cuidadoras, anjos de cura!<br />

Rosas que pela iniciação<br />

Renascem com autoconsciência<br />

Trazendo para o homem o dom<br />

Da percepção dos mundos espirituais,<br />

Graças às maravilhosas flores de<br />

Lótus do corpo astral e dos fluxos<br />

E movimentos poderosos do corpo<br />

Etérico; do vibrante órgão do verbo interior<br />

No solo sagrado, o coração.<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Rosas devotadas, confiantes,<br />

Que não se intimidam diante<br />

Da solidão; e reconhecem<br />

Na clausura a grande oportunidade<br />

Para alcançar profundas vivências<br />

Espirituais...<br />

Rosas vivas dos monastérios;<br />

O dom inabalável da fé edificante<br />

Na busca ao Cristo Jesus.<br />

Rosas que despertam<br />

Espiritualmente em almas gnósticas;<br />

Estrelas desafiando órgãos sensoriais<br />

E intelecto; arte humana sublime<br />

Se revelando ao coração.<br />

A Rosa das rosas,<br />

A divina virgem Maria,<br />

A Imaculada Conceição,<br />

Nossa querida mãe,<br />

Com seu manto protetor,<br />

Amorosamente nos guia!<br />

(Continua na próxima página)<br />

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Rosas que enfeitam a vida<br />

E também a morte;<br />

Rosas que transcendem<br />

A compreensão humana.<br />

Brilham na cruz as rosas,<br />

Esplêndidas, eternas,<br />

Espirituais, maravilhosas,<br />

Anunciando a vitória do espírito<br />

Sobre a morte; trazendo para<br />

A alma humana decaída a cura<br />

E a redenção pela graça, misericórdia<br />

E doação infinita do divino mestre,<br />

Cristo Jesus, o maior exemplo de amor<br />

Em toda a evolução da Humanidade.<br />

O destino nos coloca diante das rosas<br />

Para o fiel cumprimento das provas<br />

Pelas quais precisamos passar, antes<br />

Da missão espiritual que temos de realizar...<br />

Por isso, a rosa da nossa missão de vida<br />

Na Terra deve ser cultivada por nós,<br />

Verdadeiramente, com muito amor;<br />

Para que um dia, já com maturidade espiritual,<br />

Possamos reconhecê-la enfim, em nós mesmos<br />

Com uma extensão natural nossa...<br />

E com ela, juntos, plenos, altivos,<br />

Espirituais e justos, possamos prosseguir<br />

Durante séculos e milênios,<br />

Por toda a Eternidade,<br />

Pelas amplidões espirituais infinitas<br />

Retornando ao celeiro do Pai.<br />

Núpcias celestiais,<br />

Tesouros do Céu e da Terra,<br />

Novamente unidos<br />

à luz da perfeição,<br />

agora com autoconsciência,<br />

Alma e espírito; assim<br />

Viverá o ser humano!<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Por Fabiane Ribeiro<br />

Conto 8 – O essencial é invisível a certos olhos...<br />

Após meses em que as reuniões dos deficientes visuais aconteciam, Maria Isabel, a coordenadora<br />

do grupo, estava mais animada que nunca. Aquela seria a última reunião do ano e, mais<br />

que isso, seria uma exposição.<br />

Há algum tempo, ela havia conhecido um artista, que se propusera a ensinar uma nova forma de<br />

arte aos membros do grupo. Todos se empenharam e, enfim, chegara o dia da grande reunião.<br />

Todos estavam presentes e, inclusive, levaram seus familiares e amigos para prestigiarem o encantador<br />

evento.<br />

Ao adentrar-se no salão, um verdadeiro espetáculo resplandecia aos olhos e aos corações. As<br />

obras de arte em exposição eram divinas.<br />

Telas com pinturas em alto relevo estavam expostas em fileira. Assim, cada deficiente visual,<br />

poderia analisar uma após a outra com a palma das mãos. Sem contar que, as obras eram também<br />

um espetáculo de cores, aos olhos dos familiares e amigos presentes.<br />

Um dos membros do grupo tocava violino, enquanto os convidados chegavam. Aquela noite foi<br />

mágica, em todos os sentidos que se possa imaginar.<br />

Sobre as telas, saltavam modelos arquitetados pelos participantes do grupo, que haviam transmitido<br />

para as imagens os sonhos mais profundos que já tiveram.<br />

Sendo assim, as telas refletiam e simbolizavam... um campo de flores sem fim, com a face de<br />

um cavalo branco, e suas crinas, em alto relevo, permitindo que todos sentissem a suavidade do<br />

animal, assim como o aroma das flores, que fora impregnado na obra de arte.<br />

O mar... simbolizado em vários pinturas, como símbolo de autodescobrimento e renovação, estava<br />

presente em um dos quadros de forma mágica: areia havia sido colocada de forma graciosa<br />

na pintura, transmitindo a sensação de uma praia deserta, onde os sonhos estariam escondidos<br />

à salvo, como em um paraíso particular.<br />

Pétalas de rosa a desabrochar estavam em outra obra, mas o mais lindo se ver era que o artista<br />

ali pregara um ramo, com duas rosas surgindo de sua extremidade. Tratava-se de um dos sonhos<br />

com o qual Maria Isabel mais se emocionado, aquele que lhe ressoava ao ouvido, ainda<br />

dizendo, que qualquer jardim regado a dois é mais florido...<br />

Um céu escuro havia sido projetado sobre a rosa, estrelas recobriam a imensidão, como em um<br />

tapete de brilhos sem fim.<br />

Diversas eram as telas. A criatividade e a superação dos artistas estavam mais evidentes que<br />

nunca.<br />

Por fim, Maria Isabel reuniu todos os convidados entre os quadros expostos, ainda ao som do<br />

suave violino, e disse:<br />

“Certa vez, um conhecido autor nos deixou um precioso legado, no qual dizia que o essencial é<br />

invisível aos olhos. Eu, hoje, meus amigos, lhes digo, a essência da vida está nos sonhos, nas<br />

atitudes e nas escolhas. Nós escolhemos ver além de nossas limitações; somos livres como as<br />

ondas do mar, como uma águia no céu ou como um cavalo a galopar... Nós escolhemos ver a<br />

essência, por isso, não há nada que fuja aos nossos olhos...”.<br />

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SAMANTAS<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Origem: Não se sabe ao certo o porquê do nome Samanta para os biscoitos, porém,<br />

para quem não conhece, a Samanta é um biscoitinho feito com massa choux – a mesma<br />

usada para se fazer bombas, éclairs e carolinas – no formato de uma rosquinha açucarada,<br />

que fica meio oca por dentro. É um tipo simples e delicioso.<br />

Ingredientes<br />

1 colher de chá de açúcar<br />

1 pitada de sal<br />

1 xícara de água<br />

4 colheres de sopa de manteiga sem sal (52g)<br />

1 xícara de farinha de trigo<br />

3 ovos<br />

açúcar cristal para polvilhar<br />

Preparo:<br />

Pré-aqueça o forno a <strong>20</strong>0°C. Junte o açúcar, a água, o sal e a manteiga e leve ao fogo<br />

até ferver. Acrescente a farinha peneirada, reduza o fogo e mexa até que a massa fique<br />

homogênea e solte da panela. Retire do fogo, trabalhe a massa até amornar e adicione<br />

os ovos, um a um, batendo bem entre cada adição. Coloque no saco de confeitar com<br />

bico pitanga e modele rosquinhas (3 a 4cm) sobre as costas de uma assadeira forrada<br />

com papel manteiga sem untar. Polvilhe com o açúcar cristal e asse no forno preaquecido,<br />

até ficarem douradas, firmes e sequinhas. Depois de frias, conserve em recipiente<br />

tampado.<br />

Rendimento: De 2 a 3 dúzias.<br />

Fonte: http://gcnreceitas.wordpress.com/<br />

Fontes receitas: http://www.globo.com/maisvoce<br />

http://www.wikipedia.com<br />

http://baunilhaechocolate.com/archives/1199<br />

http://www.lifecooler.com/edicoes/lifecooler/desenvRegArtigo.asp?reg=329389<br />

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A SENHORA <strong>DO</strong> ENGENHO<br />

Por Geraldo Sant’Anna<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

A mulher sorria sentada em sua cadeira de balanço enquanto perscrutava o farfalhar das<br />

folhas em um redemoinho que se formara ali próximo. Balouçava displicentemente abandonada<br />

em si mesma deixando seus pensamentos rodopiarem captando cenas mortas de um passado<br />

já distante.<br />

Sem muito esforço podia ouvir as crianças brincando, conversando e correndo pelo terreiro,<br />

o grunhido dos porcos e o cacarejar das galinhas. A constante algazarra contrapondo-se ao<br />

absoluto silêncio do agora. Seu marido chegando sempre desassossegado, autoritário e de<br />

maus modos, que naquela época tanto deprimia, parece fazer falta. Fora assassinado em uma<br />

emboscada. Tinha muitos inimigos e conseguira as muitas terras usando de seus métodos<br />

agressivos, intempestivos e duros.<br />

O tempo passara mais rápido que o esperado. As crianças cresceram. Três ao todo. Helena,<br />

a mais jovem, inquieta e criativa, deixou-se envolver pelas artes. Morava em Paris e poucas<br />

notícias dava, eventualmente uma carta onde relatava em poucas linhas suas exposições, viagens<br />

e projetos. Henrique, o do meio, estava na Capital. Era advogado, um doutor. Era o orgulho<br />

do pai, mais pelo título que pela pessoa. Tinha um doutor na família. Josefina, a mais velha,<br />

casara-se com o Barão de Jaraí e vivia abastada em outras terras, fincada no sertão.<br />

Hoje restava o enorme casarão, os muitos ecos na casa, Zelinda, a criada, quase devota<br />

da senhora, e Otalvino, também criado, que buscava manter a fazenda em ordem trabalhando<br />

arduamente.<br />

Assim passavam os dias para Dona Beatriz Pimenta de Ataíde Novaes do Porto. Era ainda<br />

possível identificar sua beleza pregressa, sua elegância no trato das mínimas coisas. A vida talvez<br />

lhe tenha sido ingrata diante de sua dedicação aos filhos e esposo, mas não era de se abater<br />

e conseguia conduzir a fazenda como se fosse homem.<br />

Inácia, negra já antiga na casa e que amamentara Henrique, sempre dizia que a senhora<br />

tinha a realeza de Xangô.<br />

O olhar profundo de Dona Beatriz olhava a vastidão ao redor do casarão. Despedia-se. Em<br />

pouco tempo iria emergir em profundo e silencioso sono. O tempo não mais passaria, enquadrando<br />

em sua mente, para sempre, o que via e o que se lembrava.<br />

Zelinda acorreu afoita.<br />

Beatriz sorria em uma visão que ninguém iria compartilhar.<br />

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E Eu Então...<br />

Dalton é um jovem programador com comportamento<br />

bizarro, além de contar tantas "estórias", que a<br />

julgar pela sua idade, seria impossível ele ter vivido<br />

todas.<br />

Ao ouvir uma pessoa contando algum fato ou fazendo<br />

algum comentário, imediatamente Dalton dizia:<br />

- E eu então...<br />

O vicio era tanto, que mesmo sendo uma auto difamação,<br />

Dalton não perdia a oportunidade de participar<br />

da conversa.<br />

Um dia, eu estava comentando com meus amigos,<br />

sobre a grande miscigenação que é minha família e<br />

contei sobre uma conversa que havia tido com meu<br />

marido (filho de japoneses) quando eu estava grávida,<br />

que ele não deveria se assustar, caso nós tivéssemos<br />

uma filha bem moreninha, pois sou descendente<br />

de suíços por parte de pai e de negros, por parte de<br />

mãe. Neste momento, Dalton comentou:<br />

- E eu então... Meu último filho quando nasceu, era<br />

muito moreno, eu e minha ex-esposa somos bem<br />

claros. Ela me dizia que o menino havia saído ao avô<br />

dela. Como eu estava apaixonado, acreditei, até o dia<br />

em que um homem muito alto, musculoso e mulato<br />

apareceu em casa reivindicando seu direito de pai.<br />

Foi aí que me separei.<br />

Até aí, parece ser uma história normal, que poderia<br />

ser verdadeira, mas não para Dalton, que carrega<br />

consigo uma lista de “estórias” como estas:<br />

- Eu sou tenente reformado da aeronáutica, pois levei<br />

um tiro na perna. Por isso tornei-me programador.<br />

(Detalhes: Ele andava perfeitamente bem e a<br />

contar pelo tempo de experiência na área de informática,<br />

era impossível ele ter sido tenente da aeronáutica.<br />

O que era reforçado pelo fato de não constar<br />

em seu currículo).<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Por Sheila Ferreira Kuno<br />

- Sou primo do governador de São Paulo, embora<br />

não tenha muito contato com ele.<br />

- Sofro de aneurisma cerebral, uma vez por ano eu<br />

tenho que fazer uma cirurgia para a retirada de bolha<br />

da minha cabeça. (Detalhe: ele mantinha o cabelo<br />

bem curto e não havia sequer, uma cicatriz)<br />

Foram muitas “estórias” contadas por ele....<br />

Agora a cena mais bizarra que presenciei foi quando<br />

Dalton saiu do banheiro, arrastando o pé, com as<br />

pernas bem juntas em direção ao nosso gerente pedindo<br />

um curativo.<br />

Como ninguém na sala tinha um e dado que ficamos<br />

preocupados, insistimos para que ele contasse o que<br />

havia acontecido. Ele então começou apontar para<br />

baixo.<br />

- Dalton, você machucou o pé?<br />

-Não.<br />

E continuou apontando para baixo.<br />

- A perna?<br />

- Não.<br />

Foi quando ele resolveu abrir o jogo, ele havia prendido<br />

sua parte íntima no zíper da calça. Como ele<br />

conseguiu? Não sabemos, mas até hoje ele é motivo<br />

de piadas.<br />

h p://no"cias.uol.com.br<br />

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BENDITAS AS MULHERES<br />

Por Suzana Villaça<br />

Benditas as mulheres capazes de colocar no<br />

fruto da sua esperança as sementes da sua criação, o<br />

respeito à vida em todas as suas fases e ciclos existenciais.<br />

Pois nelas estão as marcas do futuro e de<br />

todas as investidas do destino.<br />

Benditas as mulheres que ensinam as orações<br />

para defender os princípios sagrados da vida e dos<br />

tempos de paz e tormentas, neste princípio formatam-se<br />

o caráter e a dignidade.<br />

Benditas as mulheres comprometidas em sinalizar<br />

as vertentes no perdão o poder generoso ao dar<br />

magia às diferenças.<br />

Benditas as mulheres estimulando o desapego<br />

para diluir o egoísmo e fazer da solidariedade uma<br />

flor sem estação para colorir os caminhos.<br />

Benditas as mulheres que conseguem proteger<br />

sem tirar a liberdade de expressão.<br />

Benditas as mulheres fortalecendo a determinação<br />

para dar verdades reais e sensíveis na busca<br />

de um objetivo construtivo, nas opções de seguir a<br />

rota do tempo.<br />

Benditas as mulheres que tentam aprender a<br />

silenciosa linguagem do<br />

aprendizado.<br />

Benditas as mulheres estimulando o riso e o<br />

pranto na medida em que são importantes na manifestação<br />

da emoção ao sentir os mistérios conscientes<br />

de estarem diluindo tudo que precisa de definição.<br />

Benditas as mulheres cujo desejo traz a promessa<br />

de valorizar os sonhos e ideais para alavancar os<br />

amanhãs da existência.<br />

Benditas as mulheres com o olhar de sabedoria<br />

vislumbrando um horizonte de conquistas por apontar<br />

a importância do servir a humanidade.<br />

Benditas as mulheres das nossas vidas as anônimas<br />

e despretensiosas em suas rotinas sempre cheias<br />

de desafios e amor..<br />

Foi com este sentimento que ao relembrar minha<br />

mãe fiquei a rever os valores destes tempos onde<br />

a sofisticação dilui os verdadeiros propósitos das<br />

mulheres comprometidas com o dom da vida.<br />

Relembrei as grandes mulheres que deixaram<br />

suas marcas nos arquétipos da civilização humana<br />

neste planeta.<br />

Como as belíssimas passagens da mãe<br />

“Maria” cujo ventre trouxe o mestre dos mestres<br />

Jesus para o cumprimento da sua missão cósmica.<br />

Assim como uma infinidade de outras mulheres<br />

com suas contribuições de espírito humanitário<br />

iluminaram os ciclos evolutivos de nossa historia<br />

humana.<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Deixo aqui espaço para que muitos possam<br />

relembrar os nomes destas bem aventuradas, mas<br />

citarei um dos maiores exemplos de compaixão e<br />

amor incondicional, madre Teresa de Calcutá para<br />

quem os mistérios da solidariedade foram um dado<br />

marcante no século passado<br />

Quando iremos comemorar o dia internacional<br />

da mulher em 8 de março façamos o supremo esforço<br />

de buscar alem das alegorias festivas o espírito<br />

das mulheres cujo papel decisivo e discreto esta<br />

cheio de ternura ao viver com esperança cada dia<br />

junto a sua família.<br />

Pois nas entranhas de cada mulher existe um<br />

principio de esperança ao doar-se e contribuir trazendo<br />

vidas há muitas existências.<br />

Conscientes deste apostolado muitos olham as<br />

mulheres como companheiras e permitem-se dividir<br />

as conquistas, um elo, assim como milhões de habitantes<br />

neste planeta fazem da sua força transmitindo<br />

fé na existência.<br />

Nesta escalada cósmica de aprendizado muitas<br />

mulheres tem levado o essencial para seus filhos se<br />

voltarem aos caminhos do coração , apesar do mundo<br />

muitas vezes escurecer este brilho.<br />

Benditas todas as mães, filhas, educadoras,<br />

amigas por compartilharem a força evolutiva a uma<br />

nova dimensão de oração e fé, amor e paz e todos os<br />

sentimentos que fazem viver com alegria os momentos<br />

da vida..<br />

Nesta busca de bem aventurança seguem<br />

apoiadas na esperança universal do nascimento de<br />

um novo mundo com justiça a toda humanidade<br />

.<br />

Andrew Gonzalez<br />

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DEBRUÇADA NA JANELA<br />

Por Antonio Vendramini Neto<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Era uma pequena cidade do interior, daquelas que tinha somente uma<br />

rua com calçamento e as demais de terra batida. Ali funcionava o comércio,<br />

o correio e o ponto do ônibus que circulava uma vez por semana<br />

para a cidade grande.<br />

Essa rua desembocava em uma pracinha defronte a igreja, onde havia<br />

um casarão pertencente a um comerciante cuja filha era muito bonita e<br />

por isso não a deixava sair de casa, ficava na janela assistindo a tudo o<br />

que se passava.<br />

Mantinha esse mirante sempre enfeitado na esperança de que algum<br />

rapaz viesse cortejá-la.<br />

Um pouco antes de o dia clarear, a mocinha já estava toda arrumada,<br />

regando as flores que ficavam na soleira e ali recebia cumprimentos e<br />

cordiais saudações dos moradores que iam e vinham.<br />

Nesse mundo que lhe foi imposto, viu toda sua vida passar e foi escrevendo<br />

as suas ansiedades e aspirações em uma caderneta, que foi encontrada<br />

entre seus pertences, depois que partiu para outra dimensão<br />

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Mulher sem Fronteiras<br />

Por Jania Souza<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Ser Mulher<br />

uma orgia de espasmos doridos sempre felizes<br />

Guerreira vencedora esquecida das honras<br />

sempre presente no comando da panela, da mesa, da bacia, do pente<br />

dos lençóis amassados vergonhosos de carregarem segredos<br />

Nina com carinho seu ventre rebento<br />

com oração bendita do firmamento<br />

Heroína do livro do livramento<br />

esquece magoas, lamentos e a velha inimiga de fel no fundo da boca<br />

esconde num belo sorriso seu grito libertário, libertino de onça acuada<br />

enfrenta o palco em trajes de palhaço<br />

salta o trapézio num pulo mortal<br />

e abraça o recomeço ofertado na rosa carmim de seus lábios<br />

rachados, rugados, partidos, sangrados que sabem tanto beijar<br />

Ser mulher<br />

é ser um rosário de fé<br />

crer e confiar nas promessas de esperança<br />

de que um dia tudo há de mudar na canção nova que sussurra no ar<br />

e sentir que a sensibilidade vencerá a materialidade com a lei da espiritualidade<br />

Nesses tempos difíceis<br />

muito difíceis<br />

só esse ser tão frágil e tão resistente<br />

com tamanha capacidade de amor<br />

consegue fazer enfrentamento<br />

com tanta garra, ternura e vigor.<br />

Homenagem de Jania Souza às mulheres, essas valorosas guerreiras, que escrevem as<br />

páginas da Historia Humana<br />

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Foto: Annie Leibovitz /<br />

Revista Vogue<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

SEREIA<br />

Por Márcia Tigani<br />

Repousa no mar um'esperança<br />

na verde cor das ondas e das velas.<br />

Umas aves silenciosas e opacas<br />

desvendam mistérios da superfície<br />

das águas ,em múltiplas aquarelas.<br />

Adormecida (ou morta) está à espera<br />

de luz e do ar da primavera.<br />

Surge silenciosa e bela,<br />

na vastidão do horizonte<br />

e nas rochas calcificadas de paixão.<br />

São sinuosas as formas desta fêmea<br />

antes morta, enregelada, ou esquecida.<br />

Desperta do sonho essa quimera<br />

e se colocam lânguidos e desejosos<br />

os fartos seios da donzela.<br />

Conhecida d'outros tempos, d'outras eras<br />

num templo de beleza chamado juventude,<br />

a que passa breve, qual divino estro,<br />

no cio da tarde adormece à espera,<br />

expondo assim a dor da finitude.<br />

E ainda que meu corpo anoiteça ,<br />

cada estrofe e cada verso do poema,<br />

tira-me das águas , lava-me a areia<br />

o mar revolto dos meus velhos sonhos,<br />

e me devolve o desejo rubro de sereia.<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

ANTOLOGIAS DA LITERARTE SERÃO LANÇADAS EM GENEBRA!<br />

A diretora da LITERARTE Izabelle Valladares esteve no ano passado em Genebra<br />

consolidando os laços culturais entre aquela Associação e o <strong>VARAL</strong> <strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong>.<br />

Jacqueline Aisenman, Conselheira Internacional da LITERARTE, lançará no stand<br />

do <strong>VARAL</strong> duas antologias promovidas e organizadas por Izabelle Valladares.<br />

Vários membros da LITERARTE estarão presentes para os autógrafos durante os<br />

lançamentos no 27o Salão Internacional do Livro e da Imprensa de Genebra.<br />

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Quando você se ama<br />

Por Silvana Brugni<br />

É bíblico: Uma das principais Leis de Deus: “Amar<br />

ao próximo como a si mesmo”, que na vida para ser<br />

colocado em prática – em toda e qualquer forma de<br />

amor, basta seguir com base em “não fazer ao próximo<br />

aquilo que não gostaríamos que fizessem a nós<br />

mesmos”.<br />

Mas aproveito esta máxima para que possamos nos<br />

perguntar: a quantas andam o amor por si mesma?<br />

Já começo pensando que quando a pessoa acha<br />

que a felicidade está condicionada ao outro (quando<br />

o “outro” me ama é quando posso ser/estar feliz) – já<br />

se está indo por um caminho ou atalho perigoso para<br />

a própria felicidade. O outro vai perceber em algum<br />

momento essa transferência de responsabilidade, e,<br />

nem todos estarão dispostos a arcar com esse peso de<br />

“fazer” uma pessoa feliz! Mas isto se dá justamente<br />

quando a pessoa “ainda” não encontrou a felicidade<br />

dentro dela mesma!<br />

Numa frase de Nando Reis ele diz: : “E O QUE ES-<br />

TAVA LONGE ESTÁ AQUI: DENTRO E TÃO<br />

PERTO, DE UM JEITO TÃO CERTO QUE SÓ<br />

CABE EM MIM!” . Vou interpretá-la (porque a interpretação<br />

ai é pessoal), como a descoberta do amor<br />

próprio.<br />

Os caminhos que levam cada pessoa às suas descobertas<br />

são diversos e muito pessoais! Quem leu o<br />

livro, ou assistiu ao filme “COMER, REZAR,<br />

AMAR” de Elizabeth Gilbert, baseada na história<br />

verídica da própria autora, viu que ela viaja pelo<br />

mundo para se redescobrir e se reconectar com sua<br />

verdadeira essência. A atriz Julia Roberts que protagonizou<br />

o filme, em entrevista disse: “Todo mundo<br />

tem a sua jornada, um momento na vida quando precisa<br />

redefinir quem você é e o que está buscando” –<br />

isso é algo Universal. Mas, você não precisa ser essa<br />

mulher moderna que – literalmente, viaja pelo mundo<br />

para se redescobrir e se reconectar com sua verdadeira<br />

essência! – Esse pode ser um processo bem<br />

mais simples, e vai depender exclusivamente de você!<br />

Os caminhos que levarão a “se amar verdadeiramente”<br />

não serão iguais de uma para outra, mas,<br />

creio que começar a aprender a “ouvir” o seu coração<br />

– é o mesmo que ouvir o seu EU interior; é bus-<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

car no autoconhecimento descobrir o quê realmente<br />

lhe faz bem! A partir de então, o amor vai se instalando<br />

em sua vida de uma forma natural, e você vai<br />

exercitando essa arte de se amar, de se permitir estar<br />

fora dos padrões, de olhar com mais carinho para si<br />

mesma, de aprender que não só “perdoar” os outros é<br />

importante na vida – mas que as vezes saber se<br />

“perdoar” é algo essencial! Olhar para os erros e<br />

pensar que eles foram necessários para seu crescimento<br />

pessoal e evolução. Olhar para si mesma com<br />

admiração, respeito e carinho, descobrir o que realmente<br />

lhe faz bem, e fazer isso sozinha e se sentir<br />

feliz. Se vendo assim e agindo assim você chegará<br />

ao ponto em que já estará se “amando” – e ai, quando<br />

você passa a se amar de verdade, doar amor se<br />

torna absolutamente natural! A partir de então, o<br />

amor vai se instalando em sua vida e o próprio exercício<br />

do Viver com amor é retroalimentado: quanto<br />

mais se coloca amor na própria vida, mais amorosa<br />

sua pessoa é, e amar é genuinamente um passo automático,<br />

pois você começará a se relacionar com o<br />

outro sem esperar que o outro “supra” de um amor –<br />

QUE VOCÊ JÁ ESTÁ SE DAN<strong>DO</strong>, pois quando<br />

nos damos AMOR genuíno é quando podemos dar<br />

amor genuíno para o outro! Então chegamos à segunda<br />

frase da Lei Divina com a qual comecei esse<br />

texto: “Amai ao próximo COMO A TI MESMO! – e<br />

então a frase dentro deste texto começa a fazer amplo<br />

sentido: estabelecer relações honestas e verdadeiras<br />

de TROCA DE AMOR, onde eu dou ao outro o<br />

que dou para mim – e o outro, idem! : nem mais,<br />

nem menos. (Silvana Brugni).<br />

“Se sou amado,<br />

quanto mais amado<br />

mais correspondo ao amor.<br />

Se sou esquecido,<br />

devo esquecer também,<br />

Pois amor é feito espelho:<br />

-tem que ter reflexo”. Pablo Neruda.<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Mulata Brejeira<br />

Por Flávia Assaife<br />

Mulata brejeira<br />

De beleza faceira<br />

Caminha ligeiro<br />

Foge de meu beijo.<br />

Ao ver-te passar<br />

Coração a palpitar<br />

Desejo ardente<br />

Que queima meu peito como panela quente!<br />

Dona do meu pensar<br />

Olhar preso em teu caminhar<br />

Quem sabe mulata brejeira<br />

Possa eu, um dia, teu amor conquistar!<br />

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...MEU UNIVERSO de MULHER...<br />

Por Onã Silva<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

MEU UNIVERSO-IMPRESSO: ideias,<br />

MEU UNIVERSO-COMEÇO: nenê, mamãe,<br />

inspiração, poesias, livros, artigos, resenhas,<br />

papai, parteira, irmãos, berço, interior, Posse,<br />

coletâneas, isbn, issn, layout, diagramação, ca-<br />

Goiás, infância, areia, árvores, quintal, manga,<br />

pa, ilustração, revisão, “boneca”, catalogação,<br />

casarão, varanda, fogão, lenha, brasa, pilão,<br />

citação, sumário, prefácio, posfácio, orelha, re-<br />

botija, lamparina, paralelepípedo, jabuticaba,<br />

ferências, editora, orçamento, apoio, biografia,<br />

vovó, vovô, bênção, primos, primas, parentes...<br />

troféus, prêmios, empreendedora, autora, autó-<br />

MEU UNIVERSO-TRAVESSO: menina, levada,<br />

gude, finca, pipa, queimada, escalada, arvorisgrafo,<br />

leitora, biblioteca, lançamento, brinde...<br />

mo, gesso, peraltice, machucados, dodói, mer-<br />

MEU UNIVERSO DE VERSOS: insight, poesias,<br />

poemas, mensagens, frases, pensamentos,<br />

tiolate, arnica, mamona, amarelinha, fazenda,<br />

boi, vaca, açude, rio, riacho, balanço, rede, ca-<br />

reflexões, temática, gênero, categoria, cordel,<br />

rimas, métrica, imaginação, rabiscos, papel,<br />

neca, brincadeiras, bonecas, casinha... MEU<br />

UNIVERSO-PROCESSO: bê-a-bá, alfabetiza-<br />

borrão, máquina, datilografia, computador,<br />

ção, tabuada, continha, lápis, borracha, cader-<br />

Word, arquivo, margens, fontes... MEU UNIno,<br />

caligrafia, livros, Lobato, prancheta, profes-<br />

VERSO-SUCESSO: amor, amar, casamento,<br />

aliança, gravidez, bebê, desejo, maternidade,<br />

soras, giz, lousa, uniforme, merenda, boletim,<br />

mãe, parto, cordão, filho, amamentação, fralda,<br />

ginásio, composição, grêmio, Colégio, Goiânia,<br />

cultura, colegas, vestibular, faculdade, enfer-<br />

trocador, papinha, babá, família, profissão, amimagem,<br />

estágio, livros, bolsa, biblioteca, formagos,<br />

irmãos, respeito, ética, cidadã, honestidatura,<br />

concurso, Brasília, trabalho, diplomas, Esde,<br />

amizade, paz, feliz... MEU UNIVERSOpecialização,<br />

Mestrado, Doutorado, atualiza-<br />

IMENSO tem fatos, lembranças, cores, saboções,<br />

cursos, palestras, currículo... MEU UNIres,<br />

cheiros, sons, imagens, sorrisos, lágrimas,<br />

emoções, lutas, derrotas, vitórias e muito mais<br />

VERSO-PROFESSO: Deus, amor, fé, oração,<br />

nas reticências. DEIXO FLASHS <strong>DO</strong> MEU UNIgratidão,<br />

Jesus, mandamentos, Bíblia, Igreja,<br />

VERSO-EXPRESSO: SOU UMA MULHER<br />

altar, próximo, virtudes, comunhão, Salmos,<br />

QUE AMOU, AMA E AMARÁ SEMPRE A VIprovérbios,<br />

testamentos, músicas, confissão,<br />

DA, EU CONFESSO!<br />

louvor, hinário, adoração, devocional, doação,<br />

devoção, voluntária, virtuosa, maravilhas, si-<br />

nais, milagres, amém... MEU UNIVERSO-<br />

DIVERSO: arte, educação, criatividade, teatro,<br />

cinema, multidisciplinar, crochê, bordado, via-<br />

gens, dondoca, batom, rímel, sombra, esmalte,<br />

perfume, cremes, cabelo, brincos, acessórios,<br />

roupas, sapatos, bolsas, diva, cólicas, super-<br />

mercado, trânsito, Banco, contas, pa-<br />

gamentos, contribuinte, liquidação, re-<br />

ceitas, cardápio, agenda, guerreira,<br />

princesa, sonhos, projetos, férias...<br />

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A Pera Belle Helene<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Origem: Essa deliciosa mistura que envolve peras, calda de chocolate quente,<br />

amêndoas grelhadas e sorvete de baunilha, foi criada em 1864 em homenagem à<br />

cantora Hortense Schneider, intérprete da ópera de Offenbach La Belle Hélène.<br />

Uma deliciosa opção de sobremesa sensual que brinca com os contrastes entre<br />

quente e frio, texturas crocantes e cremosas.<br />

Ingredientes<br />

peras<br />

açúcar<br />

baunilha<br />

água<br />

chocolate amargo<br />

creme de leite<br />

sorvete de baunilha<br />

Preparo:<br />

Basta cozinhar por <strong>20</strong> minutos, as peras descascadas e inteiras em calda preparada<br />

com água, açúcar e baunilha. Em seguida, prepare a calda de chocolate com<br />

barras de chocolate amargo derretido com creme de leite.<br />

Colocar as peras em uma vasilha, cobrir com a calda e servir com sorvete de baunilha.<br />

No último momento acrescente as amêndoas grelhadas.<br />

Fonte: http://gcnreceitas.wordpress.com/<br />

Fontes: http://thecookieshop.wordpress.com<br />

www.conexaoparis.com.br<br />

www.cantinhovegetariano.com.br<br />

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"Eu acordei bem tarde, e o primeiro e-mail que<br />

eu leio me propõe pensar “mulher, um universo”.<br />

MULHER, UM UNIVERSO<br />

Por Julieta Falavina<br />

Meu primeiro impulso é pensar porque não ser<br />

humano um universo? Depois é analisar porque<br />

continua sendo tão difícil para mim pensar<br />

mulher como um universo.<br />

Ainda me é tão difícil, eu sei por quê, eu sou<br />

mulher, eu sou ser humano. E por eu ter estudado<br />

antropologia, biologia, literatura, feminismo,<br />

política, etc, tudo isso vem carregado de<br />

tantas ideologias. Por ter viajado tanto e voluntariado<br />

mundo a fora e eu querer tanto um<br />

mundo menos desigual e ao mesmo plural.<br />

Porque eu sentir que ideologias vem muito<br />

na superfície buscar atenuar desigualdade que<br />

existe no mundo ( em escalas variadas)<br />

mas muitas vezes acabam nos roubando da<br />

pluralidade do mundo. Da beleza da diversidade.<br />

Da particularidade que todos temos por<br />

uma coisa ou outra.<br />

Quando será que o Universo feminino ficou tão<br />

duro assim? Tao politizado. Penso tudo isso<br />

mesmo antes de sair da cama, então, me vem<br />

a cabeça uma frase que eu ouvi ontem a noite<br />

de um artista, num bar em São Paulo. Um homem<br />

que eu imagino sensível. Não crendo habitar<br />

o planeta machista.<br />

Resolvo tomar um banho enquanto penso a frase.<br />

O homem me diz num bar duas frases:<br />

A primeira é uma pergunta<br />

“ Você é Balzaquiana ?”<br />

Concordo tenho 31 anos, há dois anos sou<br />

uma mulher Balzaquiana. Isso não me ofende.<br />

Ainda que eu não seja a mulher de 30 anos de<br />

Balzac isso me faz e faz a ele perceber que temos<br />

repertorio comum e que eu não sou uma<br />

“mulher qualquer”.<br />

A segunda frase é<br />

“ Você é bonita, e tem canela grossa. Se eu<br />

fosse senhor de engenho te compraria para colocar<br />

na casa grande e não no engenho. Mulheres<br />

de canela grossa são boas de cama,<br />

mas são preguiçosas”<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Sou pega de surpresa por essa frase. Nunca<br />

vou a bares desse tipo. Não moro no Brasil há<br />

tempo demais para imaginar isso acontecendo<br />

em qualquer lugar outro que ali. Não me ofende.<br />

É-me tão raro que eu tento contextualizar<br />

como eu posso. Contextualizo no intelectual.<br />

Pergunto a ele se de fato se dizia isso no passado<br />

se havia uma teoria mesmo referindo se a<br />

isso.<br />

Faço isso por curiosidade, mas também por um<br />

certo desconcerto de ser explicitamente desejada,<br />

e ter sido colocado assim em duas frases...<br />

“eu quero saber se você tem meu repertorio.<br />

No entanto, eu quero você na minha cama.”<br />

Nada disso eu coloco em palavras na hora. Eu<br />

fico no território que eu conheço: o intelectual.<br />

Não quero entrar no domínio do sexual. Como<br />

se aquilo não se referi se a mim.<br />

Como se eu ser uma mulher não fizesse alguma<br />

diferença. Como se eu ser mulher bonita e<br />

ele ser homem ali não fosse a particularidade<br />

mais presente. Que mais definisse o mundo<br />

que entravamos.<br />

Mudo de mesa e começo uma conversa com<br />

outros homens. No plano do humano.<br />

Volto para casa e acordo hoje para pensar o<br />

Universo Mulher.<br />

Saio da cama, pensando o que vou escrever.<br />

Entro no banho e me lembro que uma vez<br />

posei nua para um pintor russo na Inglaterra.<br />

Fazia mestrado na época, meus pais ficaram<br />

perplexos e eu fui por curiosidade.<br />

(Segue)<br />

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Na época eu ainda, estava um pouco cansada<br />

do tanto que a antropologia se afastava da biologia,<br />

da neurociência, o tanto que o feminismo<br />

vivia no ideológico. Fui lá ser pintada nua. Ser<br />

nada além de uma mulher nua. E foi uma experiência<br />

muito diferente. E não consegui.<br />

Primeiro eu fiquei amiga do pintor, falei de Dostoyevski,<br />

me estabeleci como ser humano que<br />

tivesse uma particularidade. Depois eu reconhecia<br />

que estava lá porque queria e não porque<br />

fosse forcada.<br />

Tirei minha roupa confortavelmente. A princípio<br />

fiquei desconcertada. Não tanto pela nudez,<br />

por também sempre aceitá-la como humana e<br />

comum, mas me desconcertou que alguém fosse<br />

pegar o que sentia ser a minha essência e<br />

por num papel. E ali, aquela essência me era<br />

sem controle.<br />

Entendi melhor o que eu admiro do feminismo.<br />

A luta pela igualdade de direitos.<br />

Olhei a principio para baixo. Depois resolvi<br />

olhar o pintor. Como quase um ato de envolvimento<br />

.Resolvi ser parte do processo de ser<br />

pintada. Ainda que fosse em silêncio. Ainda<br />

que eu fosse objetificada, que só observasse<br />

quem o fazia, que tivesse algum poder ali naquele<br />

processo de ser apenas uma mulher nua.<br />

Ali eu senti o poder arquétipo de ser homem e<br />

mulher. A tensão que existe quando vc deixa<br />

de lado as particularidades e fica na essência<br />

do arquétipo. Eu era bela e frágil, vulnerável,<br />

ele forte, dono da situação. E ainda assim, eu<br />

ali não me senti sem poder. O poder que eu<br />

tinha vinha de não ser obrigada a estar ali,<br />

aquilo para mim era uma escolha.<br />

Foi um tempo tenso, em que tudo que eu já vi<br />

de pintura de Ingres e Delacroix, das Odaliscas,<br />

me vieram à cabeça. Seria o orientalismo<br />

que eu via ali realmente delas, ou o que eu<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

aprendi a ver quando vejo um quadro de um<br />

europeu, que retrata o Oriente por ter lido<br />

Said? Será que eu tentei vê-las? O que será<br />

que significava aquela postura, aquele silêncio?<br />

Depois de tudo isso viajei, e passei muito tempo<br />

pelo Oriente Médio e a Ásia, sempre buscando<br />

e encontrando a voz dos que não tinham.<br />

E no fundo, todos nós estamos tão calados.<br />

Nos é imposto tanto que ouvir mesmo o<br />

universo do ser humano a sua frente é difícil.<br />

Eu acabei pela Índia, e pelo caminho, encontrando<br />

versões de Tantra, o culto à Shakti, o<br />

feminino. E o que eu soube pegar disso tudo,<br />

eu voltei a resgatar o mundo mulher em mim. O<br />

mundo feminino. Que suas características não<br />

pertencem só às mulheres, mas que me parecem<br />

(depois de tanto tempo pela academia e<br />

pelo mundo) estarem mais sim em nos que temos<br />

dois cromossomos XX.<br />

Eu não quero entrar na biologia da questão. Eu<br />

não quero desmerecer a luta política por direitos<br />

iguais que o feminismo nas suas varias ondas<br />

teve. O que eu quero , ou melhor, o que eu<br />

tento , é aceitar que talvez o universo de qualquer<br />

coisa é plural.<br />

A beleza da diversidade não pode ser apagada,<br />

ela não precisa ser erradicada para que a nossa<br />

comum humanidade se encontre. Não precisamos<br />

ser iguais par ter mesmos direitos. Direitos<br />

mais adequados.<br />

Eu, hoje sei que sou mulher. É o que eu sou<br />

toda vez que eu encontro um homem que me<br />

deseja. Quando eu desejo o homem, me envolvo<br />

nesse discurso, senão, trago-o para um outro<br />

âmbito.<br />

Essa tensão, ser mulher x homem, me faz pensar<br />

como eu vivi muito tempo, e vejo muitas<br />

pessoas viverem, sua sexualidade, como se<br />

fosse uma entrega, um presente, uma distração.<br />

Em toda essa busca eu encontrei uma<br />

percepção de sexualidade como uma possibilidade<br />

de um encontro. Um encontro pleno. Um<br />

encontro com o outro, uma possibilidade de<br />

dissoluções de barreiras.<br />

No entanto, o que me parece mais problemático<br />

no “Mundo Mulher” de hoje, nas nossas sociedades,<br />

é como a sexualidade é roubada de<br />

nós mulheres. Ou para ser usada como um<br />

presente, ou como um ato de poder, ou de desmerecimento,<br />

nunca uma conversa, um diálogo<br />

consensual entre duas pessoas. Um encontro<br />

com o outro. Uma escolha principal e importante<br />

de todos os envolvidos.<br />

(Segue)<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Quando eu encontro um velho, sou jovem. Quando eu encontro um asiático, sou do Ocidente.<br />

Todas essas categorias não são fundamentais, tampouco, tão circunstanciais assim. Elas são<br />

imploradas em varias situações, pois nós habitamos muitos mundos.<br />

Acho que as características que são atribuídas às mulheres: cuidado, delicadeza, beleza, fragilidade,<br />

são as que o mundo, que se desumaniza, tenta roubar de nós todos. Essas, eu mais do<br />

que nunca compreendo como características que por razão biológica, humana, ou sei La o que)<br />

me parecem ser a base da fundação do universo feminino. Essas são as que em nome de poder,<br />

muitas de nos mulheres (infelizmente) tentamos abandonar...<br />

Eu acredito que essas devam ser características que devem ser cultuadas mais também no arquétipo<br />

universo masculino. Por que antes de ser mulher, e ele ser homem nos somos seres humanos...<br />

numa jornada que nos não entendemos muito bem. Numa jornada que nos desumaniza<br />

mais e mais a cada segundo. Nessa jornada vamos todos tentando entender pela razão tudo,<br />

enquanto navegamos o mundo pelos nossos corpos e sentidos.<br />

O mundo mulher é só mais um mundo. Um que eu habito muito frequentemente. Um que hoje<br />

me é mais familiar. E que tenho muito ainda mais a aprender. Um que se politizou de um tanto<br />

que é difícil falar dele. E de passeá-lo.<br />

Já o mundo em que todos nos habitamos, é plural e devíamos cultivar toda essa pluralidade sem<br />

jamais perder a ideia que no final ele é também muito comum. É o mundo da experiência humana."<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

MULHER <strong>BRASIL</strong>EIRA<br />

Por Angela Ramalho<br />

Sou filha, que partilha, sou mulher.<br />

Sou mãe, acolhedora, sou mulher.<br />

Sou amada, respeitada, sou mulher.<br />

Sou lutadora, professora, sou mulher.<br />

Sou emotiva, poetiza, sou mulher.<br />

Sou valente, onipresente, sou mulher.<br />

Sou ativa, executiva, sou mulher.<br />

Sou prendada, dedicada, sou mulher.<br />

Sou serena, Madalena, sou mulher.<br />

Sou falante, estudante, sou mulher.<br />

Sou divina, heroína, sou mulher.<br />

Sou atriz, meretriz, sou mulher.<br />

Sou preparada, advogada, sou mulher.<br />

Sou da lida, sou querida, sou mulher.<br />

Sou sarada, sou danada, sou mulher.<br />

Sou a tal, sensual, sou mulher.<br />

Sou libertária, operária, sou mulher.<br />

Sou artista, esportista, sou mulher.<br />

Sou raça, tenho graça, sou mulher.<br />

Sou negritude, atitude, sou mulher.<br />

Sou altruísta, jornalista, sou mulher.<br />

Sou decente, inteligente, sou mulher.<br />

Sou crítica, sou política, sou mulher.<br />

Sou verdade, sou vontade, sou mulher.<br />

Sou guerreira, sou inteira,<br />

Sou mulher brasileira.<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

MATER MUNDUS ALIMENTANDUS<br />

A Jacqueline Aisenman<br />

Por Robson Luis Silva Costa<br />

Mulher<br />

colher<br />

de pau<br />

de mexer<br />

mingau<br />

e dá de comer<br />

ao mundo<br />

que parece<br />

prestes a morrer<br />

à míngua...<br />

esse Ser<br />

profundo...<br />

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ONDE?<br />

Por chajafreidafinkelsztain<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Preciso de uma linda flor vermelha<br />

Para enviar a quem mais quero<br />

Que seja bela , perfeita e muito perfumada e... que<br />

Transmita todo o meu sentimento...<br />

Onde ... poderia encontrá-la?<br />

Preciso de um belo vestido, sensual e arrojado<br />

Quero sapatos e bolsa adequados, brincos e um<br />

Colar combinando... preciso estar muito bela para<br />

Quando encontrá-lo...<br />

Preciso olhar a folhinha e escolher dia e hora<br />

Do nosso encontro... e a partir disso ficarei planejando...<br />

Planejarei dia e noite... enquanto a insônia<br />

Não for vencida!<br />

Quero sonhos belos com flores, correndo com cenas<br />

Lindas... quero personagens ... mais belos ainda...<br />

Preciso esquecer das dores que apertam e me magoam<br />

Ah! se pudesse escolher...<br />

Optaria por outro lugar... onde ...<br />

Tanta coisa aconteceria! Os sinos repicariam sons seguidos<br />

Anunciando o encontro... os ares soprariam uma brisa tão<br />

Leve ! tão leve! l- e- v -í- s- s- i- m- a...<br />

Cada qual saindo de um ponto , se encontrariam nesse<br />

Local onde as flores emprestariam a paisagem o colorido<br />

Diversificado e marcante, e o sol seria a testemunha.<br />

A partir daqui... o destino tomaria as rédeas... e a ninguém<br />

Mais importaria a vida deles!<br />

No canto ancorado, o amor desabrocharia, sem medos e<br />

Sem culpas...<br />

No tempo marcado tudo aconteceria,<br />

Só não sei onde?<br />

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O ano das acerolas<br />

Norália de Mello Castro<br />

Chegou dezembro. Minha filha me perguntou:<br />

- O que você quer fazer para o Natal?<br />

- Vou pensar... - respondi.<br />

Voltou a perguntar:<br />

- O que você quer fazer para o Natal?<br />

Onde quer passar?<br />

- Estou pensando! - respondi.<br />

Os dias passavam e eu não encontrava<br />

resposta. Até que veio a terceira pergunta dela:<br />

- Onde você quer passar o Natal?<br />

Nesta altura, respondi:<br />

- Ficarei em Brumas. Não quero ir para<br />

nossa casa em Beagá. Quero ficar aqui, na<br />

nossa casa de campo.<br />

- Tudo bem. - disse-me ela. - Então o<br />

que faremos? Faça a sua listinha que providenciarei<br />

tudo.<br />

Fiz a lista e dei para minha filha.<br />

Alguma coisa diferente passava comigo.<br />

Eu, uma curtidora eterna de uma Árvore de Natal,<br />

curtidora de tudo referente ao Natal, estava<br />

mudada. Algo diferente me movia: a vida mudara<br />

e eu precisava acompanhar esta mudança.<br />

Os pais já não estavam mais aqui. A casa matriz<br />

que sempre acolheu toda a família para os<br />

festejos de Natal, não mais existia. Uma tristeza<br />

estava se apossando de mim diante desta<br />

realidade. Estava correndo risco de uma baita<br />

depressão. Um vazio se entranhava. Ficaria em<br />

Brumas, mas não montaria minha Árvore de<br />

Natal, estava decidido. A tristeza rondava.<br />

Sempre tivemos Árvore de Natal. Bem<br />

jovem passei a montar a nossa árvore e a enfeitar<br />

a casa paterna, o que fiz ano após ano.<br />

Ao ter minha própria casa, montava e enfeitava<br />

as duas casas. Eu sonhava em ter uma árvore<br />

bem grande. Quando pude adquirir a árvore<br />

que tenho até hoje, foi um momento mágico na<br />

nossa vida. Quando ela chegou, peguei caixas<br />

e mais caixas de enfeites feitos por mim, para<br />

colocá-los e veio a surpresa: a árvore era tão<br />

grande que aquelas poucas dezenas de enfeites<br />

sumiram na sua extensão. Tive de sair correndo<br />

para comprar mais enfeites e não parei<br />

de comprar enfeites natalinos até ano passado.<br />

Entretanto, chegou <strong>20</strong>12 e com ele o não<br />

desejo de ir para Beagá e lá montar a árvore de<br />

natal.. Não sentia nenhuma motivação. O que<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

fazer? Não posso cair em depressão. Fiz a lista<br />

para minha filha de comes e bebes, mas nossa<br />

casa ficaria sem enfeites novos. Nenhum desejo<br />

se manifestava em mim de comemorar este<br />

Natal. Procurei ficar calma, deixar os dias passarem,<br />

sem que as tristezas tomassem conta,<br />

enfrentando naturalmente os dias que avançavam<br />

e o Natal que chegava.<br />

Minha filha trouxe as compras e entre<br />

elas estavam as castanhas portuguesas e os<br />

Bauducos, que não podiam faltar. Por conta<br />

própria, ela me presenteou com três enfeites<br />

natalinos. Meus irmãos não poderiam estar presentes,<br />

estavam espalhados conduzindo as<br />

próprias vidas. Amigos que sempre estiveram<br />

presentes não poderiam estar aqui, pois impasses<br />

naturais de vida os impediam. Quem viria<br />

até Brumas? Como seria o nosso Natal? Só minha<br />

filha e eu? Que pobreza... Recebi convites<br />

para ir para Beagá, passar o Natal lá. Neguei.<br />

Realmente eu não queria sair de minha casa,<br />

isto estava certo comigo mesma.<br />

Fiquei trabalhando e cuidando de coisas<br />

em Brumas...<br />

A cada dia que avançava em dezembro,<br />

meu pé de acerolas se enchia mais e mais de<br />

frutinhas. Estava lindo! Era sua quinta produção<br />

no ano. Nas vésperas do dia 25, ele estava magistralmente<br />

repleto de frutos maduros. Ao observá-lo<br />

depois de uma chuva intensa, quando<br />

o sol voltou a brilhar, vi meu pé de acerolas<br />

com gotinhas de chuvas, como estrelas de Natal.<br />

Esplendoroso. Brilhante. Cheio de folhas<br />

verdes e frutos vermelhos, as cores símbolo do<br />

Natal. Minha Árvore de Natal estava ali, naquele<br />

pé de acerolas.<br />

O presente que dei para os amigos que<br />

aqui estiveram foi uma sacola cheia de acerolas,<br />

colhidas por eles próprios. Felizes, enquanto<br />

colhiam, chupavam acerolas. A cada colheita<br />

era uma curtição. Dezenas de saquinhos saíram<br />

de minha casa, calculo uns 60 quilos de<br />

acerolas.<br />

.<br />

A tristeza foi embora. A depressão evaporou-se.<br />

E eu curti o meu Natal, com minha<br />

filha, um irmão e os novos amigos, regado por<br />

sucos e mais sucos deliciosos de acerola.<br />

Meu Natal <strong>20</strong>12 foi completo: uma curtição<br />

com uma Árvore de Natal, presenteada pela<br />

Mãe Natureza.<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

QUERÊNCIAS<br />

Por Márcia Etelli Coelho<br />

Eu quero um amor com romântica vela,<br />

mas sem me anular para tê-lo comigo.<br />

Eu quero a beleza jovial e eterna,<br />

mas se eu enrugar manterei o sorriso.<br />

Eu quero riqueza, mas sem sacrifício,<br />

nem penso em vender os meus bons ideais.<br />

Eu quero talento, sucesso, prestígio,<br />

mas não vou pagar se for caro demais.<br />

Quero gente nova, aumentar minha lista,<br />

mas sem deletar os antigos amigos.<br />

Quero, no futuro, alegria e conquista,<br />

mas sem esquecer: No presente é que eu vivo.<br />

Eu quero uma casa no campo e na praia,<br />

mas não vou trocá-la pelo doce lar.<br />

Eu quero ver netos brincando na sala,<br />

mas não vou deixar de cuidar dos meus pais.<br />

Eu quero saúde completa e perfeita,<br />

não vou me entregar se a doença insistir.<br />

Eu quero o triunfo, vencer a barreira,<br />

não vou lastimar tudo o que eu já perdi.<br />

Eu quero paixões amorosas, incríveis,<br />

não sou filial, só aceito matriz.<br />

Eu quero mil coisas, nem todas possíveis,<br />

mas mesmo sem elas, eu vou ser feliz.<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

<strong>DO</strong>CES GUERREIRAS<br />

Por Isabel C S Vargas<br />

Desejo falar sobre as mulheres de agora,<br />

Mas que carregam em si muito daquelas de outrora,<br />

Identificadas nos anseios,<br />

Nos sonhos, nas dores.<br />

Nas vitórias e nas derrotas,<br />

Nos amores e desamores,<br />

Na doação irrestrita aos filhos,<br />

Na batalha constante pela sobrevivência<br />

Para provar dia após dia,<br />

Seu valor e competência.<br />

Mulher forte, mulher guerreira<br />

Ao mesmo tempo delicada como flor.<br />

Prioriza o amor, sem ele não sabe viver<br />

Capaz de suportar maior dor ,<br />

Sempre com sorriso aberto<br />

Para cumprir sua grande missão<br />

De ser a semeadora do amor<br />

Em todas suas facetas:<br />

Amor maternal, amor filial,<br />

Amor fraternal, amor romântico<br />

Mulher de muitos amores<br />

Mulher amor – perfeito.<br />

Foto: Annie Leibovitz - Revista Vogue<br />

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Torta Marta Rocha Original<br />

Muito se fala da torta Marta Rocha que foi criada<br />

em homenagem à Miss Brasil de 1954 ,a linda e<br />

maravilhosa baiana Martha Rocha que perdeu o<br />

titulo de Miss Universo por ter duas polegadas a<br />

mais de quadris...e ficou como Vice Miss Universo.<br />

Bem, mas a torta foi feita em sua homenagem e<br />

posso dizer que é tão maravilhosa como a Miss.<br />

Existem muitas versões, mas a tradicional leva<br />

massa de bolo claro e chocolate, creme de ovos<br />

moles, suspiro, nozes e chantilly. E não há quem<br />

resista ao incrível sabor e apesar de muitos acharem<br />

uma torta doce demais, eu acho que se for feita<br />

com medidas certas dos ingredientes fica muito suave<br />

e nem um pouco enjoativa. Fiz neste final de<br />

semana para comemorar meu aniversário... É uma<br />

das datas em que a torta Marta Rocha não pode<br />

faltar, pois, é minha favorita. Então vamos a ela<br />

mais uma vez!<br />

Ingredientes Massa Bolo Claro<br />

5 claras;<br />

5 gemas;<br />

2 xícaras de açúcar;<br />

2 xícaras de farinha de trigo;<br />

1 xícara de água quente;<br />

1 colher (sobremesa) de fermento em pó;<br />

1/2 colher (chá) essência de baunilha;<br />

Bata as gemas com o açúcar até ficar um creme<br />

fofo. Adicione a farinha, baunilha e a água quente.<br />

bata mais um pouco e misture o fermento, por último<br />

as claras em neve. Unte uma fôrma 25cm e leve<br />

para assar em forno 180 º C por +- 40/45minutos.<br />

Para o bolo de chocolate acrescente na massa uma<br />

xícara de cacau em pó ou chocolate amargo em<br />

barra ralado.<br />

Depois de assados corte cada bolo em três discos.<br />

Recheios:<br />

Ovos Moles:<br />

3 xícaras de açúcar;<br />

1 xícara de água;<br />

12 gemas passadas na peneira;<br />

1 colher (chá) de manteiga;<br />

*Misture o açúcar com a água misturando bem. Leve<br />

ao fogo e não mexa mais. Quando começar a<br />

ferver conte 5 minutos, desligue, acrescente a manteiga<br />

sem mexer a calda e deixe amornar.<br />

*Depois de passar as gemas na peneira junte2 colheres<br />

(chá) de água fria e mexa bem. Misture na<br />

calda morna e leve ao fogo até ferver, desta vez<br />

mexendo até estar um creme. Reserve.<br />

Crocante:<br />

1 xícara de nozes picadas;<br />

1 xícara de açúcar;<br />

Misture e leve ao fogo mexendo bem até ficar açu-<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

carado, tire do fogo e mexa bem até formar uma<br />

farofa.<br />

Suspiro:<br />

6 claras em neve;<br />

300gr de açúcar;<br />

2 colheres (chá) de maisena;<br />

1 colher (chá) de essência de baunilha;<br />

1 colher (chá) de Vinagre;<br />

*Bata as claras em neve mas não muito firmes. Adicione<br />

o açúcar e bata até ficar incorporado. Acrescente<br />

a maisena, vinagre e a baunilha e envolva<br />

sem bater.<br />

*Forme um disco sobre uma folha de papel vegetal<br />

e leve ao forno 150ºC (eu uso uma forma de pizza<br />

como base). Deixe no forno aproximadamente 30<br />

minutos. Desligue o forno e deixe dentro até esfriar.<br />

(Caso queira facilitar pode usar suspiro pronto).<br />

Chantilly:<br />

2 1/2 potes de nata<br />

5 colheres de açúcar;<br />

Bata bem até formar um chantilly, mas não deixe<br />

ficar muito consistente.<br />

Calda p/ Umedecer o Bolo:<br />

Eu costumo usar leite condensado misturado com<br />

leite para umedecer os discos do bolo. Porém, como<br />

o bolo leva recheios muito doces usei apenas<br />

guaraná.<br />

Montagem da Torta:<br />

disco de bolo chocolate;<br />

ovos moles (coloque só a metade para não ficar<br />

muito doce).<br />

disco de bolo claro;<br />

crocante de nozes;<br />

(passe uma camada bem fininha de nata sobre o<br />

bolo para o crocante aderir à massa)<br />

disco de bolo chocolate;<br />

suspiro;<br />

disco de bolo claro;<br />

uma camada de chantilly (deixe para cobrir a torta)<br />

para finalizar um disco de chocolate;<br />

Cubra a torta com chantilly e decore à gosto.<br />

(recomendado: fios de ovos)<br />

Fonte: http://docemomentodagula.blogspot.com/<br />

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Introspecção<br />

Por Loreni Fernandes Gutierrez<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Protagonista de um mundo urbanizado e imprevisível<br />

debruço sobre minha introspecção em dias de incertezas<br />

e do medo de ter que deixar de sonhar e de acreditar que o bem existe.<br />

Duvidar dos olhos que me veem, mãos que me tocam e lábios que me riem.<br />

Medo de acordar e não encontrar à minha espera a manhã idealizada<br />

transformada em alguma coisa infértil e desamorada.<br />

Vejo que os abraços se escasseiam, na solidão crescente de nossa<br />

existência - desafetos camuflados em pequenas desculpas.<br />

Quase não temos tempo para abraçar os pais e mais demoradamente<br />

os filhos, como se os resgatássemos em nossos seios.<br />

Quando só, os abraços que em mim se acumulam<br />

dou-os carinhosamente em minha “poodle toy”, chamada “Mag”,<br />

que me abana a pequena cauda num chamego frequente,<br />

sempre colada em mim feito uma sombra e me buscando<br />

a todo instante com seus olhos espertos, como se fosse<br />

gente.<br />

A cada dia menos crianças subindo em árvores,<br />

pulando amarelinhas, jogando peladas.<br />

Cada vez mais cercas nos muros e casas fechadas.<br />

Ao invés dos galos, nas manhãs, buzinas e freadas.<br />

Cada vez menos contos sobre fadas e violinistas verdes<br />

que acordam, com suas músicas, as árvores<br />

encantadas.<br />

Não vemos mais estrelas e nem luas românticas e<br />

solitárias<br />

ofuscadas pelos holofotes das cidades que se<br />

agigantam,<br />

atrapalhando a passagem dos mensageiros dos ventos.<br />

Quase não há mais abelhas, nem favos de mel, nem borboletas<br />

adejando sobre os poucos jardins que ainda existem.<br />

Ainda bem que árvores frondosas e persistentes sombreiam,<br />

enfileiradas, partes das ruas acinzentadas e quentes!<br />

E nelas se urbanizam as pombas, andorinhas e pardais<br />

e pássaros sazonais - porque lhes tiraram as matas.<br />

Nos tempos atuais, em que a cada dia mais nos etiquetamos<br />

e vemos com naturalidade se instalar a corrupção e a indiferença.<br />

Num tempo onde os lobos se tornaram mais célebres que os cordeiros<br />

e que a cada dia ouvimos menos a palavra honra.<br />

Tenho medo de que esqueçamos quem somos, perdendo-nos pelos<br />

caminhos sinuosos - desse novo esquema pegajoso e corrosivo da desonra.<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

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A BISAVÓ<br />

Por Sonya Prazeres<br />

Minha bisavó quando morreu já tinha perdido a<br />

noção da idade. A família chegou a contar até<br />

os 103 anos... Mas passou disto, nós é que<br />

perdemos a conta. Ela perdeu seus documentos,<br />

não dava mais pra saber, também não tinha<br />

mais ninguém do tempo dela pra testemunhar:<br />

o quórum comum de suposições da família<br />

ficava em torno dos 107 anos...<br />

Cento e sete anos!!!!???? Nenhum de nós, em<br />

verdade, acreditava ser possível alguém existir<br />

por 107 anos...<br />

A bisa virou lenda viva. Ela foi magrelando, uva<br />

-passando-se, os ossos madeirando.<br />

Já não envelhecia, nos últimos 10 anos, nem<br />

dores nem queixas, Ela só fazia feliz aniversário...<br />

a gente olhava, buscava, e... cadê?<br />

Nenhum novo sinal de envelhecimento, tudo<br />

exatamente igual, sempre e parecia q tudo seria<br />

sempre igual, dali para sempre - permanecia<br />

apenas uma grande verruga no meio da carapergaminho<br />

como selo de garantia<br />

E ela sempre sorrindo, às vezes gargalhando...<br />

As coisas a atravessavam, ela já não atravessava<br />

nada, nem os dias...<br />

Flutuava etérea, mas todo dia trançava seu cabelo<br />

prateado, monumento tombado, que já ia<br />

pra lá da curva de baixo da bundinha murcha<br />

Ela e seu pito, que a acompanhava, fiel amigo,<br />

o único que ainda sabia de seus humores e<br />

amores, que ela, cigana, lhe confidenciava...<br />

Fumava cachimbo! ininterruptamente...<br />

Quando me lembro dela eu penso que a velhice<br />

é um rito... de permanência: escolhemos alguns<br />

objetos, manias e trejeitos, que têm raízes<br />

no que praticamos ao longo da vida, e os carregamos,<br />

fetiches, junto conosco, como objetos<br />

de poder... de permanecer...<br />

Sempre que visitávamos a Vó Pequenininha -<br />

ela reduziu seu tamanho e carga física a um<br />

terço do q antes fora- levávamos, cada um, de<br />

presente, uma lata de goiabada cascão... era<br />

seu pedido, sua gula, sua pequena loucura,<br />

pensávamos...<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Fora a goiabada da visita, acho que ninguém a<br />

via comer nada, ninguém nem ao menos perguntava,<br />

ou se preocupava com o que ela comia.<br />

Em nosso imaginário, ela já tinha conquistado<br />

o jejum e com ele a eternidade.<br />

Fora a goiabada, ela só precisava de umas moedas<br />

de troco para a erva do pito - mais ela não<br />

aceitava...<br />

Em seu quarto modestíssimo, apenas a antiga<br />

cama e um criado mudo a mantinham a salvo<br />

de nossos duvidosos intentos de proteção e<br />

controle e de qualquer curiosidade mórbida. O<br />

quarto pequeno e nu era na casa de uma antiga<br />

parenta generosa, que já ninguém sabia se<br />

era mesmo da família, nem isso era de dar conta.<br />

No seu quarto só ela entrava, do seu quarto<br />

só ela cuidava, e estava tudo sempre limpo, a<br />

madeira dos móveis polida pelo tempo à espera<br />

das visitas que a Vó recebia sempre com<br />

alegria...<br />

Até que ela afinal se foi, quietinha, sem nenhum<br />

alarde, sem nenhum movimento. Apenas<br />

fechou os olhos e não foi a lugar nenhum, ficou<br />

-se, ela com ela, sentada consigo mesma, consignada<br />

em fiança a deus. E decerto deus sorriu<br />

ao vê-la assim sapeca, brincando de boneca,<br />

fazendo, até na morte, tudo a seu mimado<br />

jeito.<br />

E então, quando fomos todos lá testemunhar<br />

sua estatuíce crônica, foi a grande surpresa:<br />

debaixo de sua cama, limpas e empilhadas aos<br />

montes e montanhas, as latas de goiabada! Intactas!<br />

Deve ser que a Vó Pequenininha não chegou a<br />

conhecer o abridor de latas!<br />

h p://studio58cartoons.blogspot.com<br />

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Mulher, esse ser maravilhoso<br />

Por Maria (Nilza) de Campos Lepre.<br />

Deus ao criar o universo, parou para completar<br />

sua obra dando vida ao planeta Terra. Com carinho<br />

enfeitou-o com milhares de flores, muita água<br />

e arvores de várias espécies. Para algumas deu o<br />

poder de produzir frutos comestíveis, que serviriam<br />

de alimento para as aves, e os animais de várias<br />

espécies que acabara de ali também colocar.<br />

Terminada sua obra parou para observar o<br />

resultado, e achou que faltava algo importante. Depois<br />

de refletir por alguns instantes resolveu criar o<br />

homem a sua imagem e semelhança.<br />

Ficou observando sua obra prima, mas com o<br />

passar dos dias percebeu que ele estava ficando<br />

sem brilho e nada o alegrava. Depois de refletir por<br />

alguns instantes percebeu que ele se sentia muito<br />

solitário e resolveu dar lhe uma companheira, quem<br />

sabe assim se tornasse uma pessoa com mais alegre!<br />

Ao homem havia dado um corpo robusto,<br />

musculoso, muita força vitalidade e grande agilidade.<br />

Deu lhe também deu uma inteligência, para que<br />

pudesse pensar, raciocinar, e encontrar formas de<br />

sobreviver, e se defender neste planeta que apenas<br />

estava começando a ser formado.<br />

Para resolver o problema do ser que havia<br />

criado, e que havia chamado de Adão, retirou uma<br />

de suas costelas e com ela criou a mulher que chamou<br />

de Eva.<br />

Acontece, porém, que ao programar a sua nova<br />

obra, o fez de forma bem diversa, deu a ela um<br />

corpo de aparência frágil, curvilíneo, delicado, mas<br />

de contrapeso um coração enorme onde caberia tudo<br />

que conquistasse através dos anos. Deu lhe também<br />

um poder que só a ela pertenceria, a faculdade<br />

de gerar filhos. Para contrabalançar a sua forma<br />

frágil, deu lhe uma força descomunal de amor e<br />

emoção, que a transformaria em animal bravio na<br />

defesa de sua prole e família.<br />

Como Adão, Eva também recebeu como prêmio<br />

a inteligência.<br />

Milhares de anos se passaram depois da criação<br />

do mundo, mas até hoje as mulheres continuam<br />

com o mesmo dom, o de gerar seus filhos, não como<br />

antigamente, pois a ciência evoluiu muito, mas,<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

continuam sendo o esteio de suas famílias; se bem<br />

que hoje em dia, este termo já não é muito usado. A<br />

forma familiar se modificou através do tempo, mas<br />

o sentimento materno continua o mesmo. Tente<br />

agredir o filho de uma delas, e a verá transformarse<br />

de uma hora a outra, em uma verdadeira leoa na<br />

defesa de sua prole.<br />

Hoje em dia elas são verdadeiras guerreiras,<br />

pois além de dar a luz, cuidar de seus filhos, de sua<br />

casa, a maioria ainda trabalha fora. Muitas delas<br />

sustentam a casa, e os filhos, sozinha, sem um companheiro<br />

ao seu lado para ajudar nesta árdua tarefa.<br />

Cada dia mais elas crescem, ocupando cargos<br />

nas empresas, que antigamente, somente homens<br />

podiam ocupar.<br />

As universidades estão repletas delas estudando<br />

para entrarem no mundo dos negócios com a<br />

mesma formação dos homens, não há área de trabalho<br />

onde elas não são encontradas. A suposta fragilidade<br />

de seus corpos é superada com muita garra,<br />

estudo e inteligência e abdicação.<br />

Nos cargos que ocupam geralmente exercem<br />

com capacidade e maestria, e fazem tudo para que<br />

o trabalho flua com rapidez e eficiência.<br />

Claro que sempre há exceções a regra, mas é<br />

coisa que não é muito comum nos dias de hoje, a<br />

maioria exerce bem sua profissão com competência<br />

e honestidade.<br />

Adoro os homens, vivi com um por quarenta<br />

e cinco anos e, há dez partiu para outra dimensão,<br />

mas continua até hoje sendo o grande amor de minha<br />

vida.<br />

Preocupo-me com o futuro dos jovens de hoje.<br />

Cuidem-se rapazes, até para a procriação elas<br />

não precisam mais ter um parceiro, hoje existe a<br />

inseminação artificial.<br />

Coloquem as suas barbas de molho. Fiquem<br />

de bem olhos bem abertos.<br />

Amo os homens, mas adoro mais, ter nascido<br />

MULHER.<br />

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Se na noite, um estranho<br />

Por Nilza Amaral<br />

... forçando a porta de entrada penetrasse<br />

em meu apartamento, e diabólico e cruel,<br />

explorasse com seus passos macios e pre-<br />

meditados a minha intimidade, devassasse a<br />

corrente dos meus pensamentos, extraindo<br />

dos cantos do meu cérebro as palavras não<br />

ditas, apenas pensadas, se invadisse os<br />

meus aposentos, revirasse as minhas gave-<br />

tas, à cata do quê? joias, se não as tenho,<br />

dinheiro escondido, muito menos, fetiches?<br />

tão ocultos jamais expostos, como aquela<br />

roupa íntima vermelha usada nos momen-<br />

tos do sexo mais pervertido, ou aquele pé de<br />

coelho que um dia me ofertaram com a pro-<br />

messa de que ele amaciaria os caminhos,<br />

se esse estranho embaralhasse a minha vi-<br />

da, violentasse o meu pudor sem a minha<br />

concordância, penetrasse a minha cozinha<br />

em busca de alimento, encontrasse aquela<br />

sobremesa especial que fiz com carinho, e<br />

com um bah de desprezo, atirasse tudo ao<br />

cachorro, não sem antes lhe dar um pontapé<br />

no traseiro, em seguida sem aviso, alcan-<br />

çasse a faca afiada e com ela me ameaças-<br />

se, se entregue ou eu te furo, e me atirasse<br />

ao chão e me possuísse sob gritos de meu<br />

protesto irado, se esse estranho me humi-<br />

lhasse de todas as maneiras, penetrando<br />

violentamente todos os orifícios de meu cor-<br />

po em busca do prazer insaciável, achando<br />

que o meu dever era aceitar resignada a sua<br />

condição de macho de cetro impiedoso, e a<br />

minha de fêmea sempre pronta, pernas<br />

abertas, e se depois da posse, estirado ain-<br />

da no ladrilho frio da cozinha, acendesse um<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

cigarro e me olhasse com os olhos semicer-<br />

rados, feliz com a sua conquista e vanglori-<br />

ando-se de ser bom amante, o querido de<br />

todas as mulheres do bairro, se esse estra-<br />

nho depois do ato do sexo, percorrendo com<br />

uma faca todos os contornos de meu corpo,<br />

parando em meus mamilos duros de prazer,<br />

penetrando a minha vagina ainda quente,<br />

riscando a minha pele eriçada, então se le-<br />

vantasse e ordenasse, faça um café, mulher,<br />

abra uma cerveja, se mexa, me agrade, que<br />

eu mereço pois afinal entrei na tua vida para<br />

te fazer feliz, ah, se ainda esse estranho<br />

resolvesse aportar na minha casa, e dela<br />

tomar posse, com promessas de mudança e<br />

de carinhos, se chegasse todos as noites<br />

depois de passar em meia dúzia de bares,<br />

embora para que ele não voltasse, eu rezas-<br />

se todo os terços, que ele me arrancava<br />

das mãos pisava sobre as contas, gritando<br />

eu sou teu único Deus, e, se como senhor<br />

e dono me exigisse, me possuísse pele ené-<br />

sima vez, gritando, nenhum deus te dará<br />

mais aleluias do que eu, e depois de todas<br />

as vontades satisfeitas, deitasse na minha<br />

cama e dormisse a sono solto, até a manhã<br />

seguinte, e se assim fossem todos os dias, a<br />

relação de dois estranhos sob o mesmo teto,<br />

e se eu mais uma vez rogasse aos santos,<br />

sobre meus joelhos sangrando, para acon-<br />

tecer algum fato, mesmo que fosse uma<br />

desgraça, que interrompesse essa corrente,<br />

ou que a minha vontade predominasse por<br />

alguns instantes, o tempo suficiente para<br />

expulsá-lo de minha vida, eu agradeceria<br />

pelo resto da vida, mas se a fraqueza, o me-<br />

do, o amor, o ódio ou o prazer, impedissem<br />

o cumprimento dessa vontade, e eu insensa-<br />

ta o matasse (segue)<br />

www.varaldobrasil.com 117


com mil facadas perfurantes que lhe alcan-<br />

çassem a alma de coisa ruim, talvez seu es-<br />

pírito retornasse mais feroz do que o anteri-<br />

or desencarnado, e mais me torturasse, me<br />

penetrando, me violentando, me satisfazen-<br />

do. Se esse estranho a cada dia se fizesse<br />

mais odioso e mais desejado, se minasse<br />

em meu íntimo dia a dia, minuto a minuto, a<br />

volição da vida, se arraigasse o desejo in-<br />

sensato de liquidá-lo na hora do orgasmo, a<br />

hora da distração e do alheamento, se des-<br />

pertasse em mim o lobo interior que leva à<br />

crueldade em vez da gazela que bale, se<br />

esse estranho me asfixiasse com seu suor,<br />

e num momento de fúria eu o estrangulasse<br />

ou o aleijasse cortando seus testículos re-<br />

cheados, e o banisse da minha vida escravi-<br />

zada, então talvez eu descansasse e abris-<br />

se as portas para a solidão se alojar. Se<br />

esse estranho não tivesse o riso cínico de<br />

superioridade estampado na face, a lubrici-<br />

dade sempre pronta, se não soubesse o po-<br />

der de sua dominação, da força da perdição<br />

que impele à morte, a certeza do seu abso-<br />

lutismo, se esse estranho que invadiu a mi-<br />

nha noite não tivesse consciência do quanto<br />

se tornou imprescindível, se desaparecesse<br />

assim como apareceu, com seus passos<br />

mansos e sua fala macia, com suas preten-<br />

sas promessas de felicidade, se esse estra-<br />

nho que comigo hoje habita se fosse, desis-<br />

tisse de mim, então talvez eu me desespe-<br />

rasse.<br />

Se numa noite, um estranho<br />

tentasse entrar em minha vida para se insta-<br />

lar, eu o teria impedido, teria trancado com<br />

todas as chaves a porta de entrada da mi-<br />

nha casa, e mais as entradas de meus sen-<br />

timentos, fechado o caminho do labirinto do<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

meu corpo, ou gritado por auxílio, e se ele<br />

superando a minha força física e as minhas<br />

intenções, conseguisse o seu intuito, e me<br />

submetesse ao seu sexo, então eu o assas-<br />

sinaria, e seria em legítima defesa. E se ele<br />

implorasse, em nome do passado, do amor,<br />

da luxúria, eu recusaria para que ele fosse<br />

nada mais, apenas um estranho na noite<br />

tentando forçar a minha porta de entrada.<br />

Se na noite, um estranho tocasse a porta da<br />

minha alma e do meu destino,<br />

Stranger in a Strange<br />

Landby ~SecondGoddess<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

O vestido verde<br />

Por Josselene Marques<br />

Pietro e Elena moravam na mesma cidade, há vários anos,<br />

mas nunca haviam se encontrado. Por uma artimanha do destino,<br />

eles se conheceram. Viram-se, pela primeira vez, em uma<br />

linda manhã ensolarada. A empatia entre eles foi instantânea e<br />

recíproca a admiração. Tornaram-se amigos. Ambos conservavam<br />

parte do frescor da juventude, pois não aparentavam sua<br />

idade cronológica. Ele costumava vestir-se elegantemente – o<br />

que realçava o seu belo porte. Para trabalhar e/ou estudar, ela<br />

tinha preferência por jeans com túnicas coloridas – que a tornavam,<br />

aparentemente, ainda mais jovem, mas não revelavam<br />

a beleza de seu corpo.<br />

Com o passar do tempo, a afinidade e a intimidade foram aumentando.<br />

Todavia, comportavam-se como dois excelentes amigos – isto até o belo dia em que<br />

Elena o surpreendeu e tudo mudou. Pela primeira vez, Pietro percebeu o quanto sua amiga<br />

era, ingenuamente, sedutora. Apesar de conhecê-la de perto, não reparara, com interesse, em<br />

seu físico. A princípio, ela não se encaixava no seu perfil de mulher ideal.<br />

Embora estivesse no período chuvoso, naquele dia, em especial, o sol renascera esplendorosamente.<br />

Cansada das roupas pesadas, que fora obrigada a usar em virtude do frio, Elena<br />

escolhera um lindo vestido verde para usar por ocasião de seu compromisso matinal. Tinha<br />

uma reunião de trabalho. Normalmente, ela só usava seus vestidos para ir à missa e às raras<br />

festas, em família, das quais participava. Ao olhar-se no espelho, previu que, no mínimo, os<br />

seus colegas professores iriam estranhar seu traje. Chegando ao seu destino, confirmou suas<br />

previsões. Todos repararam nela e a elogiaram. Alguns até sugeriram que ela deveria usar somente<br />

vestidos – não há nada mais feminino do que eles -, pois os mesmos lhe caíam muito<br />

bem. Depois de alguns minutos, seu melhor amigo entrou no recinto e a observou com indisfarçável<br />

expressão de espanto. Não resistiu e aproximou-se. Durante o cumprimento, segredoulhe<br />

um elogio que a fez arrepiar-se. A partir daquele momento, a amizade dera lugar a algo<br />

bem mais forte. Sentiram-se, irremediavelmente, atraídos. Pietro passara a enxergar a mulher e<br />

não apenas a amiga solícita. Elena que já o escolhera para amar – e não o avisara -, interiormente,<br />

vibrou de alegria por, finalmente, haver sido notada como desejava.<br />

As horas voaram e eles lamentaram o fato de terem que se afastar, pois precisavam retornar<br />

aos seus lares. Despediram-se. O último olhar de Pietro estava repleto de promessas.<br />

Já era adiantado da hora noturna quando Elena recebeu uma chamada telefônica. Do<br />

outro lado da linha, Pietro lhe confessou o seu sentimento. Ela o imitou. Juraram amor eterno e<br />

combinaram o seu primeiro encontro a sós.<br />

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VAIDADE DE FEMININA<br />

(Do livro Panela d'água )<br />

Por Lariel Frota<br />

Colocou água numa panela para o cozimento<br />

do brócolis. Depois da festa há duas semanas,<br />

resolveu que é hora de começar um regime<br />

para perder medidas e ver se melhora um<br />

pouco a pele, as unhas quebradiças, talvez<br />

recuperar o viço dos cabelos, detonados por<br />

anos a fio de alisamentos com produtos químicos<br />

fortíssimos. Preparou-se tanto para a tal<br />

festa, saiu sentindo-se derrotada.<br />

Ainda não completou cinquenta anos e<br />

repentinamente percebe-se bem no meio do<br />

furacão....tudo acontecendo a sua volta, todos<br />

vivendo sem notá-la. Ela parece não existir.<br />

Ninguém perde um segundo sequer para pensar<br />

que talvez aquela panela com água seja<br />

para fazer algo pra ela. Ao contrário, parece<br />

que a panela é mais importante, e ela apenas<br />

uma extensão do utensílio de alumínio.<br />

-Corre Luiza, traga logo água limpa e jogue<br />

nas violetas. Coloquei o fertilizante errado. Não<br />

sei se suas flores vão suportar a troca.<br />

-Mãe, essa é a água filtrada pra enxaguar o<br />

meu cabelo? Coloque mais, é muito pouco.<br />

-Filha você já esquentou a água para o chá do<br />

seu pai. Rápido menina, o velho hoje tá mais<br />

ranzinza que nunca.<br />

-Dona Luiza, que bom que está providenciando<br />

o cozimento dos ovos pro seu Mauricio. Estou<br />

atrasada, coloque um prá mim também. Acho<br />

que vou seguir o regime do patrão ele está tão<br />

bem!<br />

-Legal mãe, é só por essa água e bater dois<br />

minutos. O suplemento em pó e a proteína, já<br />

estão no liquidificador.<br />

- Mãe, onde está a água pra enxaguar meu cabelo,<br />

a senhora quer me ver careca?<br />

-Onde já se viu tanta bobagem, água filtrada<br />

pro cabelo. Filha, você ainda não esquentou a<br />

água pro meu chá?<br />

-Luiza rápido... a água limpa, antes que o fertilizante<br />

queime as violetas, depois não quero<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

reclamações.<br />

-Ué dona Luiza, ainda não colocou os ovos pra<br />

cozinhar?<br />

(...)<br />

Uma pequena aglomeração se forma<br />

em frente ao sobrado. Afoitos se acotovelam<br />

tentando enxergar algo que justifique a movimentação.<br />

O carro da polícia militar, as ambulâncias,<br />

uma com o rapaz ferido na cabeça, outra<br />

com a mulher sedada, abrem espaço fazendo<br />

soar a sirene.<br />

O burburinho dos vizinhos é grande.<br />

Atônitos ninguém entende o que aconteceu.<br />

(...)<br />

-Alguém da família explicou como começou<br />

a confusão? A Luiza é tão calma, paciente.<br />

Até o policial parece perplexo com tanta<br />

informação confusa.<br />

-Verdade ela é tranquila, sempre cuidando<br />

de todos. Olhe o jardim, veja o canteiro<br />

de violetas que lindo. É amada pela família:<br />

solícita, atuante, presente em tudo.<br />

-Segundo o Mauricio parece que estava<br />

tudo normal: ele colocando fertilizantes nas<br />

plantas, a filha no chuveiro, o filho saindo pra<br />

academia, a empregada tinha chegado da feira<br />

e o casal de velhos na rotina de sempre.<br />

-Porque será que ela jogou pela janela<br />

a panela com água? Ainda bem que o pobre<br />

carteiro além do susto, parece que só teve<br />

um profundo corte na testa.<br />

-Pois é. O que mais surpreendeu foi a<br />

crise nervosa que teve a seguir. Você ouviu a<br />

gritaria, pensei que tivesse morrido alguém<br />

credo!?<br />

- Coisa estranha, um surto de repente<br />

carregando uma panela com um pouco d’água!?<br />

-Será que não foi esse negócio de macumba?<br />

- da guarda, ascender um incenso e ler o<br />

salmo 91.<br />

-Isso é bom pra quê?<br />

(segue)<br />

www.varaldobrasil.com 1<strong>20</strong>


Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

-Sei lá, pra proteção ué!. Vai que seja algum trabalho feito pra eles e acabou saindo de controle.<br />

Não viu o pobre carteiro? Não tinha nada a ver com a história e saiu com o braço queimado e<br />

um bom corte na cabeça.<br />

-Quer saber, você está certa. Vou até o mercadinho comprar um maço velas, e ver se encontro<br />

algum incenso de proteção. Qual é mesmo o salmo que você disse?<br />

-Salmo 91.<br />

-Tomara que meu nenê não tenha rasgado justamente essa página. Ele costuma brincar<br />

com a bíblia, outro dia arrancou um monte de páginas e picou em pedacinhos.<br />

Se você deseja ajudar os ani-<br />

mais que todos os dias são<br />

abandonados, atropelados, mal-<br />

tratados e não sabe como, vai<br />

aqui uma dica:<br />

Procure uma associação de pro-<br />

teção aos animais, um refúgio,<br />

uma organização ou mesmo<br />

uma pessoa responsável em sua<br />

cidade ou estado. As colabora-<br />

ções podem ser feitas através de<br />

tempo, dedicação, ajudas finan-<br />

ceiras, divulgação.<br />

Há pessoas por todos os cantos<br />

ajudando aqueles que não sa-<br />

bem como ajudar a si mesmos.<br />

Seja mais um, faça destes bichi-<br />

nhos a sua causa!!<br />

AJUDE A AJUDAR,<br />

SEJA HUMANO!<br />

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MULHER - UM UNIVERSO<br />

Por Odenir Ferro<br />

- A Mulher, não compõe-se apenas de um corpo;<br />

cuja paixão por sua estética e pelas performances<br />

que se desnudam pela vida afora - momento a momento<br />

- instantâneo a instantâneo - Flaaaassssssscccccccccchhhhhhhh!!!!!<br />

Todos estes movimentos vitalícios, fazem com que a<br />

mulher não componha-se, e nem muito menos comporte-se,<br />

- por dentro e por fora, - articulando-se<br />

apenas num corpo. Cuja paixão pela estética, a faz<br />

com que ela se submeta a todos os caprichos, impostos<br />

pela moda: e muitos mais, e mais outros e outros,<br />

e outros, segmentos a mais.<br />

- Ela também tem - algumas, até, em muita profundidade:<br />

um universo!<br />

Num universo interior, que lhe permite, dentro das<br />

suas atitudes, um : iiillllllliiiiimitttttttttttaaaaaaarrrrrrrrrr-se!<br />

Dentro de si mesma. Sendo estas atitudes,<br />

pequenas ou grandes. Agindo, através dos seus<br />

desempenhos, muitas vezes, demonstrando uma postura<br />

ativista - ao invés daquelas submissões antigas,<br />

que presenciávamos - dentro dos padrões de ações<br />

das nossas avós.<br />

A mulher, - na atualidade - comparada com a mulher<br />

de antigamente, - deixou de ser submissa a tudo e a<br />

todos. A mulher moderna desempenha muitas funções<br />

sociais - além de atuar em vários setores do<br />

mercado de trabalho. Trabalho que antes, - e isto não<br />

faz muito tempo, - era, para ela, impossível; até podemos<br />

dizer: inimaginável fosse, a sua atuação. Como<br />

por exemplo: a mulher astronauta. Ou, a mulher<br />

piloto ou copiloto de voos aéreos. A bordo de aviões<br />

comerciais de grande porte. Nacionais ou internacionais!<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

A mulher da atualidade, está provocando, e olha<br />

que: ela está provando que sim! Ela pode exercer e<br />

desempenhar as mais variadas funções: que lhe exijam<br />

concentração, atenção, e força. E isto até, atuando<br />

nas atividades de muitos ou de poucos esforços<br />

físicos.<br />

A mulher é paciente. A mulher é perseverante; é... a<br />

mulher, ela é! Ela atua nos textos e nos contextos<br />

dos dramas, dos psicodramas, dos melodramas, das<br />

tramas e das tramoias da vida, de forma exemplar.<br />

Ela é! Ela atua constantemente sobre, e em torno<br />

dela mesma! Sem contar que ela é super, muito,<br />

pouco, mais ou menos... Muitíssimo agitada! Com<br />

os filhos - às vezes, ou sempre, ela se torna: me-lodra-máááááá-ti-caaaaaaaaaaaa!!!!<br />

A mulher não sabe quem ela ama: se é a família, se é<br />

o seu passado, se é os seus planos mais secretos, ou<br />

são os seus filhos! Ou, se é: tudo-ao-mesmoteempooooo!!!!<br />

Numas oras, ela é idealista; sendo que em questão de<br />

segundos, ela passa a ser realista. Ou, vice-e-versa!<br />

A mulher é: empreendedora! Ela concentra dentro de<br />

si, as habilidades para dividir-se. Em muitas, em algumas,<br />

em outras, ou, em múltiplas: dentro das funções<br />

que lhe vão indo, atuando dentro do seu próprio,<br />

único e ímpar e próprio ser: exercendo as múltiplas<br />

funções que lhe vão desde as mais simples tarefas<br />

domésticas, até as que - porventura, - lhes exijam<br />

os mais e os maiores esforços para a resolução<br />

de uma determinada função.<br />

Ainda, na atualidade, - cabe mais, a mulher - os desempenhos<br />

de educar e de acompanhar a formação<br />

dos seus filhos. Como ela tem a dor e o amor - no<br />

dom de parir, e amamentar - ela guarda e resguarda<br />

dentro de si, as noções mais primitivas do amor, do<br />

ódio, e do desamor!<br />

Pois ela guarda dentro de si, todos os instintos mais<br />

primitivos que se agem e reagem, dentro da concepção<br />

e da proteção maternal.<br />

Cada mulher, contêm dentro de si, um inesgotável<br />

universo de bem-aventurança: no qual, e através do<br />

qual, elas adquirem e têm os plenos poderes para<br />

convergir em benefícios próprio; ou da sua família,<br />

ou até: de toda uma sociedade. E, consequentemente,<br />

do planeta inteiro!<br />

- É notável que as mulheres, competem e muito,<br />

muitíssimo mesmo: entre si mesma e entre todas as<br />

outras mulheres: que são tão notáveis, quanto elas<br />

mesmas.<br />

(Segue)<br />

www.varaldobrasil.com 122


Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Dentro do meu conceito pessoal, uma das minhas fãs, Carmem Miranda, foi um puro exemplo de megalomania:<br />

- Eu acredito que ela foi uma mulher apaixonadíííííísssssima: por ela mesma!<br />

É notável que as mulheres se competem entre elas. Elas prezam muito pelas estéticas. Sejam elas: faciais,<br />

corporais, indumentárias,... e, pelas estéticas indiscriminadas pelo culto ao corpo. São vaidosas: algumas,<br />

obsessivas até!<br />

- Dentro dos padrões estéticos de comportamentos, ou seja lá o que for...<br />

- A mulher, contempla tudo o que é belo! Tudo o que contêm, dentro das belezas, naturalmente residentes<br />

dentro delas mesmas. Ou, dentro daquilo que elas sentem, pressentem, ouvem, intuem, realizam, ou vêem...<br />

Pois a mulher, é constantemente apaixonada pela vida. E, consequentemente, pelos ambientes socioculturais,<br />

em que ela passeia, vivendo.<br />

As fêmeas no sentido geral - tanto no aspecto humano como nos demais aspectos dos reinos animais - contêm<br />

dentro de si, - os instintos de preservação que se unificam a continuidade geral e natural da vida!<br />

A mulher, é um ser distinto do ser mãe - muito embora, ambas se complementam, se completam! E isto é<br />

exemplar, sociocultural, além de ser: Divino!<br />

A mulher, está para ela mesma, quando: dentro do seu intuitivo instinto materno, ela figura-se inerente ao<br />

seu contexto geral. Sendo que a sua natureza feminina, como sendo uma mulher-guerreira, se abre ou resguarda-se<br />

dentro deste seu universo misterioso. Um universo, que carrega dentro de si, como se fosse uma<br />

importante missão - num referencial espontaneamente exposto à natureza da criação e da procriação - que<br />

ela mesmo, às vezes, desconhece: pois ela age, muitas vezes, instintivamente - atuando dentro deste sentido.<br />

Cabe ao Criador do Universo - O Conhecimento de como se procede e se prossegue a perpetuidade das<br />

espécies.<br />

- Às Mulheres, apenas cumpre-lhes desempenharem o seu magnífico papel, dentro da sua natureza: o de ir<br />

agindo com a plenitude da sabedoria da procriação da vida!<br />

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Receita de Mulher<br />

Vinicius de Moraes<br />

As muito feias que me<br />

perdoem<br />

Mas beleza é fundamental.<br />

É preciso que haja qualquer<br />

coisa de flor em tudo isso<br />

Qualquer coisa de dança,<br />

qualquer coisa de haute<br />

couture<br />

Em tudo isso (ou então Que a mulher se socialize<br />

elegantemente em azul,<br />

como na República Popular Chinesa).<br />

Não há meio-termo possível. É preciso<br />

Que tudo isso seja belo. É preciso que súbito<br />

Tenha-se a impressão de ver uma garça apenas<br />

pousada e que um rosto<br />

Adquira de vez em quando essa cor só encontrável<br />

no terceiro minuto da aurora.<br />

É preciso que tudo isso seja sem ser, mas que se<br />

reflita e desabroche<br />

No olhar dos homens. É preciso, é absolutamente<br />

preciso<br />

Que seja tudo belo e inesperado. É preciso que umas<br />

pálpebras cerradas<br />

Lembrem um verso de Éluard e que se acaricie nuns<br />

braços<br />

Alguma coisa além da carne: que se os toque<br />

Como no âmbar de uma tarde. Ah, deixai-me dizervos<br />

Que é preciso que a mulher que ali está como a<br />

corola ante o pássaro<br />

Seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre<br />

um templo e<br />

Seja leve como um resto de nuvem: mas que seja<br />

uma nuvem<br />

Com olhos e nádegas. Nádegas é importantíssimo.<br />

Olhos então<br />

Nem se fala, que olhe com certa maldade inocente.<br />

Uma boca<br />

Fresca (nunca úmida!) é também de extrema<br />

pertinência.<br />

É preciso que as extremidades sejam magras; que<br />

uns ossos<br />

Despontem, sobretudo a rótula no cruzar das pernas,<br />

e as pontas pélvicas<br />

No enlaçar de uma cintura semovente.<br />

Gravíssimo é porém o problema das saboneteiras:<br />

uma mulher sem saboneteiras<br />

É como um rio sem pontes. Indispensável.<br />

Que haja uma hipótese de barriguinha, e em seguida<br />

A mulher se alteie em cálice, e que seus seios<br />

Sejam uma expressão greco-romana, mas que gótica<br />

ou barroca<br />

E possam iluminar o escuro com uma capacidade<br />

mínima de cinco velas.<br />

Sobremodo pertinaz é estarem a caveira e a coluna<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

vertebral<br />

Levemente à mostra; e que exista um grande<br />

latifúndio dorsal!<br />

Os membros que terminem como hastes, mas que<br />

haja um certo volume de coxas<br />

E que elas sejam lisas, lisas como a pétala e<br />

cobertas de suavíssima penugem<br />

No entanto, sensível à carícia em sentido<br />

contrário.<br />

É aconselhável na axila uma doce relva com<br />

aroma próprio<br />

Apenas sensível (um mínimo de produtos farmacêuticos!).<br />

Preferíveis sem dúvida os pescoços longos<br />

De forma que a cabeça dê por vezes a impressão<br />

De nada ter a ver com o corpo, e a mulher não lembre<br />

Flores sem mistério. Pés e mãos devem conter elementos<br />

góticos<br />

Discretos. A pele deve ser frescas nas mãos, nos<br />

braços, no dorso, e na face<br />

Mas que as concavidades e reentrâncias tenham uma<br />

temperatura nunca inferior<br />

A 37 graus centígrados, podendo eventualmente<br />

provocar queimaduras<br />

Do primeiro grau. Os olhos, que sejam de<br />

preferencia grandes<br />

E de rotação pelo menos tão lenta quanto a da Terra;<br />

e<br />

Que se coloquem sempre para lá de um invisível<br />

muro de paixão<br />

Que é preciso ultrapassar. Que a mulher seja em<br />

princípio alta<br />

Ou, caso baixa, que tenha a atitude mental dos altos<br />

píncaros.<br />

Ah, que a mulher de sempre a impressão de que se<br />

fechar os olhos<br />

Ao abri-los ela não estará mais presente<br />

Com seu sorriso e suas tramas. Que ela surja, não<br />

venha; parta, não vá<br />

E que possua uma certa capacidade de emudecer<br />

subitamente e nos fazer beber<br />

O fel da dúvida. Oh, sobretudo<br />

Que ela não perca nunca, não importa em que<br />

mundo<br />

Não importa em que circunstâncias, a sua infinita<br />

volubilidade<br />

De pássaro; e que acariciada no fundo de si mesma<br />

Transforme-se em fera sem perder sua graça de ave;<br />

e que exale sempre<br />

O impossível perfume; e destile sempre<br />

O embriagante mel; e cante sempre o inaudível<br />

canto<br />

Da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna<br />

dançarina<br />

Do efêmero; e em sua incalculável imperfeição<br />

Constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a<br />

criação inumerável.<br />

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MULHER<br />

Por Alcéa Romano<br />

Duas, dez, dúzias,<br />

para ser uma só.<br />

Sozinha, somente,<br />

mulher, inteligente.<br />

Nem sempre basta<br />

ser capaz, congruente,<br />

eloquente, exuberante.<br />

Às vezes, é preciso ser<br />

irreverente, contundente,<br />

instigante, interessante.<br />

Imperativo ser<br />

ternamente paciente,<br />

carinhosamente persistente,<br />

amorosamente tolerante.<br />

Quem sabe aprender<br />

Ou aprender simplesmente<br />

a tornar-se semelhante,<br />

contemplar o semblante,<br />

se sentir bem inteira,<br />

a melhor companheira.<br />

Ter viço<br />

Ser viço<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Ser vista<br />

Re-vista<br />

Insistir em ser isto e aquilo.<br />

Sem pressa, com charme.<br />

Calmamente, integralmente,<br />

Mulher.<br />

Ilustração do livro Poesia de Vi-<br />

ver de Alcéa Romano<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

MARIA BONITA SOLIDÃO<br />

Por Lúcia Amélia Brüllhardt<br />

No vazio de uma mente entre flores e sementes<br />

Nascem passagens e dores de um ser ausente<br />

Que sente o presente<br />

Que chora a vida indiferente<br />

Que sente a sede indecente<br />

Num universo de homens valentes<br />

Existirá sempre uma mulher presente<br />

Em um universo transparente<br />

Que fala a mesma língua da gente<br />

Ser vivente sobrevivente<br />

Entre cobras e serpentes<br />

Rainha do cangaço<br />

Que somente desejou o teu abraço.<br />

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Por César Soares Farias<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Aquele Vitelo...<br />

A noite encaminhava-se para um final feliz, com todas as escalas do romantismo sendo<br />

rigorosamente percorridas e executadas com uma precisão quase científica. As flores, a caixa<br />

de bombons, o passeio de carro à beira do Guaíba, as citações de Fernando Pessoa murmuradas<br />

caprichosamente ao pé do ouvido... Agora Jean Carlo estacionava o Vectra escarlate em<br />

frente ao “Degusta”, restaurante do bairro São Geraldo frequentado por 8 entre 10 casais de<br />

namorados da classe média porto-alegrense.<br />

Vera, ou Verinha como era chamada na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal<br />

do Rio Grande do Sul, devota de São Francisco, era uma galega pequenina mas de contornos<br />

bem delineados, acabando por atrair os olhares e desejos de Jean, o galanteador conceituadíssimo<br />

entre as ninfas da Faculdade.<br />

Tão certo como as uvas colhidas em vinhedos de Bento Gonçalves, após destiladas,<br />

vão para as garrafas, as mulheres que embarcavam naquele Vectra para um jantar no “Degusta”<br />

acabavam todas, sem exceção, no apartamento nº <strong>20</strong>3 do edifício 2704, Rua Fernandes Vieira,<br />

bairro Bom Fim, mais precisamente no leito do acadêmico de Odontologia.<br />

Após degustar a Carne de Vitelo ao Molho Branco, sugerida com grande entusiasmo e<br />

brilho no olhar pelo rapaz, Vera sentiu curiosidade sobre aquele prato tão delicioso que<br />

acabara de experimentar na companhia excitante daquele moreno de olhos verdes que acariciava<br />

suavemente, sem pressa, as suas mãozinhas. O vinho deixava-a descontraída.<br />

Estavam em uma mesa privilegiada, junto à janela, de onde avistava-se a lua derramando<br />

emanações prateadas a refletirem-se no pequeno lago artificial do luxuoso restaurante. Um quarteto<br />

de cordas, composto por músicos da Orquestra de Câmara da Ulbra, num brinde aos devaneios<br />

amorosos, executava a irresistível “La Barca”. Quando o garçom aproximou-se novamente<br />

para encher-lhes as taças ela finalmente indagou:<br />

-- Ai moço, como é que se prepara esse tal de Vitelo? ... Adorei.<br />

-- Bom faz assim, quando nasce um bezerro tem que desmamá ele da vaca assim que começá a<br />

caminhá... Aí começa a dá só água pra ele, até fica anêmico, porque assim a carne fica bem<br />

branquinha e macia... Depois é só matá o filhote...<br />

-- PLAFT!<br />

A bofetada da galeguinha acertou a face direita de Jean, que corou ao notar, já sozinho,<br />

que nas mesas ao redor todos o miravam com sarcasmo.<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Mulher<br />

Por Vera Salbego<br />

Mulher, quem és tu.<br />

Sei que é guerreira<br />

Luta por tua causa<br />

Tens tantas tarefas<br />

Trabalha fora e ainda tem o serviço de casa.<br />

Mulher, tu és uma Vitoriosa.<br />

Levanta cedo<br />

E vai para o trabalho<br />

Cuida dos teus filhos<br />

Os educa, ama e orienta.<br />

Mulher és uma Diva<br />

Tem teu charme<br />

Passa batom e com teu jeito firme<br />

Conquista teu espaço.<br />

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QUEM É VOCÊ, MULHER?<br />

Por Jacqueline Aisenman<br />

Eu não saberia dizer quem sou eu. Um anjo<br />

me concebeu, levou o amor de um homem ao<br />

ventre de uma mulher. Nasci deste ventre e<br />

posso dizer, não sei se ela, a quem chamei<br />

mãe, também saberia responder.<br />

Sei que antes dela anjos bendisseram outros<br />

amores e preencheram ventres e tantas de nós<br />

nascemos. Dizem que viemos de uma primeira,<br />

criada e concebida pelo amor eterno.<br />

Aprendi a caminhar com as mãos e os pés e<br />

caminhei pela vida e pelos anos levando e trazendo<br />

de mim e de muitos. Pisei chão firme e<br />

areias movediças; muitas vezes levantei sozinha,<br />

algumas vezes fui erguida por mãos humanas,<br />

outras ainda, por mãos divinas. Trilhei<br />

estradas que me levaram a lugares onde fiquei<br />

por um tempo; peguei atalhos que me privaram<br />

das verdadeiras paisagens. Conheci rotas longas<br />

e curtas, cheias de pedra e de flores. Encontrei<br />

de tudo.<br />

Minhas primeiras palavras fizeram ecoar sorrisos<br />

ao meu redor. Mas na sequência da vida<br />

nem sempre foi assim. Falei coisas das quais<br />

me arrependi, guardei palavras em silêncios<br />

sem sentido. Ouvi o que queria e o que não<br />

queria. Pedi para que houvesse mais e mais<br />

som. Supliquei pela paz do silêncio. Me pediram<br />

sigilo e me disseram para cantar. Vozes<br />

existiram fora e dentro de mim.<br />

No princípio todo o meu desejo era fundir com<br />

a mulher que me deixara sair de dentro dela.<br />

Queria estar sempre o mais perto possível,<br />

dentro, bem dentro, ainda mais se possível fosse.<br />

Depois, aos poucos, fui me afastando. Cheguei<br />

ao ponto de desejar nunca mais ver o cordão<br />

invisível que me puxava. Mas com o tempo<br />

o cordão foi tornando-se visível, forte e em tantos<br />

momentos da minha vida foi a única coisa<br />

que me segurou e não permitiu a queda em<br />

precipícios e penhascos. Também aos poucos<br />

fui voltando, me aconchegando, querendo novamente<br />

o colo que me neguei.<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Senti medo do escuro em algumas ocasiões e<br />

em outras apaguei eu mesma as luzes. Corri<br />

de lobos em florestas desertas, mas também<br />

cacei lobos em florestas superpovoadas. Senti<br />

a força dos meus braços e pernas e toda a fraqueza<br />

que os mesmos membros podem ter em<br />

certos momentos. Fui o estandarte de algumas<br />

batalhas e noutras simplesmente me escondi<br />

atrás de cortinas.<br />

Lutei muito. Lutei contra os moinhos e contra<br />

monstros. Enfrentei heróis e vilãos. Combati<br />

sentimentos e pensamentos. Disputei espaços.<br />

Certas vezes venci e acordei depois. Noutras,<br />

perdi e não tive como acordar. A realidade e os<br />

sonhos me pregaram muitas peças!<br />

Brinquei com nuvens e viajei com o vento.<br />

Chorei lágrimas de chuva e embraveci com os<br />

trovões. Fui calor de verão e suas tempestades.<br />

Gelei como o mais frio inverno e deixei<br />

cair de mim as folhas de outono esperando a<br />

renovação.<br />

Escrevi poemas cheios de emoção e sem poesia<br />

e fiz poesias com olhares que não pediam<br />

palavras. Li mais linhas do que podia, folhei a<br />

vida, tentei entender, busquei soluções, encontrei<br />

contradições, fui ao fundo de questões que<br />

me trouxeram cada vez mais indagações.<br />

Encontrei quem me apontasse o dedo e dissesse:<br />

Ei, você, mulher! E eu, surpresa de ainda<br />

ser a menina de um dia, busquei em mim<br />

mesma as formas e as experiências que me<br />

dessem a certeza, o orgulho ou a resposta de<br />

ser quem foi chamada.<br />

Ouvi tantos chamados! Respondi alguns, me<br />

fiz de surda para tantos outros.<br />

Não me fechei em opiniões, não tranquei meus<br />

olhos na obviedade. Busquei sempre o que pudesse<br />

haver por trás do reflexo no espelho.<br />

Tantos caminhos e dias, tantas gentes e situações<br />

depois de minha concepção, ainda não fui<br />

capaz de te responder. Não sei quem sou. Sei<br />

apenas que vivo nascendo e morrendo, dando<br />

e tirando vida, tudo isto porque escolhi viver.<br />

Talvez para responder por enquanto tua pergunta<br />

eu responda: sou uma tela em branco ou<br />

notas musicais soltas ou barro no chão. Espero<br />

que o artista em ti desabroche e venha até mim<br />

para que eu também possa despertar.<br />

E você, quem é você, homem?<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Obra de ourives<br />

Por Oliveira Caruso<br />

Qual ourives a ti esculpiu,<br />

linda e una amada de meu ser?<br />

Laborou ele decerto a valer!<br />

Natureza à beldeza um dia pariu...<br />

Tu cresceste, aumentando o valor<br />

que já tinhas no ouro decerto só teu.<br />

Mais quilates teu corpo viçoso me deu;<br />

incremento me trouxe ele em furor!<br />

O tempo de fato a ti desbastou,<br />

nada tirando de tua ternura!<br />

Moça criança então te tornou.<br />

Árduo, porém, pra mim é mensurar<br />

todo o valor que tu propicias<br />

à vida em casal do nosso levar.<br />

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Somos mulheres<br />

Por Ju Petek<br />

Somos mulheres<br />

de todas as cores<br />

de todos amores<br />

de todas as flores<br />

somos ardores<br />

espalhamos sabores<br />

sorrisos encantadores<br />

inundamos prazeres<br />

despertamos calores<br />

explodimos esplendores<br />

rubores<br />

Somos mulheres de todos amores<br />

de todos sonhadores<br />

esbanjamos essa fantasia<br />

em enfeitar<br />

enfeitiçar<br />

brilhos espalhar.<br />

Criamos esse amar<br />

incondicional amar<br />

em transformar<br />

no ato de doar<br />

o voar<br />

a alma elevar<br />

à linha do céu azul.<br />

Somos mulheres<br />

de embalar numa canção<br />

o doce ninar,<br />

e um filho<br />

acalentar.<br />

Somos mulheres<br />

de lutas e conquistas<br />

de lágrimas e bravatas<br />

de amor e comiseração<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

seguindo no coração<br />

no caminho no viver<br />

a ternura<br />

a fortaleza<br />

de ser<br />

mulher ..<br />

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Esmeralda<br />

Por Guacira Maciel<br />

__ Minha fia, o que ocê tá fazendo<br />

aqui nesse lugar essas hora? Vai pra casa...aqui<br />

num é lugar pra moça como ocê.<br />

__ Num posso. Tô percurando uns "baguio" pra<br />

comprá de comer pra nois...<br />

__ Aqui?? Se sobra arguma coisinha de nada<br />

qui serve, eles carrega, fia.<br />

__ Mais eu vou "dissaroiar" mais um poquinho,<br />

quem sabe num dô sorte?<br />

__ Num sobra nada qui preste, fia! tô dizeno?<br />

eu cunheço isso aqui como a parma das minha<br />

mão...<br />

__ Mas a sinhora num tá cum a fome qui eu<br />

tô...eu e mãe...<br />

__ Oia, eu sei o qui é fome braba...vamo lá im<br />

casa, que eu te dou arguma coisa...<br />

__Brigada, mais num carece. E amanhã?<br />

__ Prendi qui o qui conta é matar a fome hoje,<br />

no outro dia nois vê depois... Cuma ocê se<br />

chama?<br />

__ Ismerarda<br />

__ Nome bonito... vamo qui nois cunvesa cum<br />

carma.<br />

__ Tá bom, hoje eu vou...<br />

Dona Tonha levou Esmeralda rapidamente,<br />

era importante sair logo dali...Quando chegaram<br />

em sua casa, a senhora fez a moça entrar,<br />

sentar-se à mesa e serviu-lhe um jantar caprichado.<br />

Esmeralda não abriu a boca para outra<br />

coisa que não fosse para enfiar a colher lotada<br />

daquela deliciosa e quente comidinha. [Meu<br />

Deus, pensou...faz quanto tempo qui num sinto<br />

esse gostim de cumida de verdade? eu nem<br />

se lembrava mais].<br />

De repente deu-se conta que nem olhara para<br />

aquela “dona tão boazinha” e parou, largando a<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

colher sobre a mesa:<br />

__ A dona me discurpe, eu fiz qui nem bicho<br />

quando vi a cumida.<br />

__ Num carece se discurpá, fia. Eu intendo, já<br />

fui qui nem ocê...<br />

__ E foi? Mas tem essa casa boa...<br />

__ É...eu sei quanto mi custô...<br />

Esmeralda olhou-a intrigada; não entendeu,<br />

mas não quis perguntar, com receio de parecer<br />

curiosa; em seu meio as perguntas não eram<br />

bem vindas. Terminou de comer, levantou-se<br />

educadamente de cabeça baixa, agradeceu e<br />

saiu.<br />

__Se cuida, fia! E se puder, vá pra bem longe<br />

daqui.<br />

Não conseguiu dormir, pensando naquela moça.<br />

Levantou-se pela madrugada e, como de<br />

costume, foi pitar seu cachimbo acocorada à<br />

porta de casa, olhando ao longe, absorta.<br />

[Hum... aquela minina não demora pura...é muito<br />

bonita e muito pobre]. Mal acabara de pensar<br />

nela, observou uma poeira ao longe [hum...<br />

dessa vez foi mais rapidim ainda].<br />

__Dia, Dona Tonha!<br />

Falou Cosme, seu conhecido, com o chapéu<br />

numa das mãos.<br />

__Dia. O que traz vosmicê aqui essas hora?<br />

__Cadê a moça? O Seu Hermano qué qui a<br />

sinhora leve ela lá.<br />

__ Vô não, tô muito veia. O qui ocês qué cum<br />

ela? num chega? ela é muito nova prá ir pra<br />

“Serra”, sô!<br />

__A sinhora sabe, né? Quanto mais nova mió...<br />

A “Serra” é como se referem simplificadamente<br />

às minas de onde se extrai , de forma quase<br />

improvisada, a esmeralda na região da Serra<br />

da Carnaíba, no Estado da Bahia, que tem as<br />

maiores reservas da preciosa pedra no Brasil<br />

(segue)<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Ali, como em todos esse lugares, a prostituição de mulheres quase crianças é uma barbárie;<br />

além de riquezas, também se “extrai” a inocência, a beleza e a pureza dessas meninas, para<br />

satisfazer os instintos mais brutais, muitas vezes com a conivência de autoridades e até das próprias<br />

famílias, que vivem numa miséria tão absoluta, que entregam suas filhas em troca de comida,<br />

de uma fugaz melhora de vida, para não morrerem todos de fome. Entretanto, em pouco<br />

tempo essas mulheres-crianças caem no desagrado e vão aumentar as multidões de pequenos<br />

e magros fantasmas a perambular sem rumo e sem esperança no entorno dos restos da<br />

garimpagem , em busca de um "dente de jegue" que lhe possa mitigar a fome por algumas horas.<br />

Esmeralda subiu a “Serra”, com os olhos cheios de esperança...<br />

__Cumigo vai sê diferente! Eu juro, mãe!<br />

__Minha fia, Deus te proteja...<br />

__ Ei, ocê ai....o que fais nesse lugá, essas hora? Vai pra<br />

casa, anda!<br />

Esmeralda virou-se, os olhos baços contornados por um círculo vermelho fitaram dona Tonha<br />

febrilmente. Amarrado ao pescoço trazia um cordãozinho barato de onde pendia, solitário, sem<br />

brilho e sem verdor, como a própria dona, um “dente de jegue”, trocado, enganadoramente, por<br />

sua juventude e inocência.<br />

Baguio = restos de lavra, cascalho imprestável, descartável<br />

Disaroiar = procurar, buscar<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

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Mulher no...<br />

Exílio<br />

Por Mara de Freitas Hermann<br />

Desde terras distantes recordo meu pai, minha<br />

mãe, meus amigos, familiares, a minha história<br />

Desde terras tão distantes vou sentindo o coração<br />

se apertar e um amortecer de vida<br />

Desde terras distantes vou sentindo a vida em<br />

mim diferente<br />

A lua aqui é ao contrário<br />

O sol de brincadeira é frio... lá fora<br />

As pessoas não conhecem mandioca, que dirá<br />

aipim<br />

Nunca ouviram falar de paçoquinha, pé de moleque<br />

Nunca escutaram os sábias... corriolas...<br />

Nem ouviram os ruídos dos coqueirais quando<br />

estão assanhadinhos pelo vento... E aquele<br />

marzão ? ohhhhhhhh... é muito lindo arrepia<br />

tudo...<br />

Caldo de cana ? nem pensar... Pastel...<br />

Forró, Pagode, Vanerão ... isso não tem por<br />

aqui não<br />

Aqui tudo é : „meu nome é trabalho<br />

Tem hora prá tudo, até...<br />

Tem gente que quer explicar tudo, e entender a<br />

árvore genealógica de tudo<br />

Improviso, passou rápido e sumiu...<br />

Risada, só sob controle<br />

é... tudo isso, e mais um pouco<br />

Eu comecei então a me perguntar que vim fazer<br />

aqui<br />

Carma? vai com carma com o carma...sô...<br />

Sinto o cheiro do feijão, que de repente chega<br />

e diz,<br />

bommmmm<br />

A couve só mineira, é claro. Oh! meu Deus, ai<br />

vem o pão de quei... essa palavra até nem dá<br />

pra completar, pois a baba escorre solta<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Pular fogueira, comer pipoca... festa de São<br />

João<br />

Eles tem aqui uma grande quermesse... com<br />

roda gigante e<br />

tudo<br />

mais umas coisa meio estranha<br />

chamam a festa da cerveja<br />

todo mundo de porre<br />

meio bobo, viu<br />

Mas...<br />

entre um pensar e outro<br />

eu me deleito com a mãe natureza<br />

que no seu esplendor se apresenta em várias<br />

cores<br />

em suas fases multicores, linda<br />

Tudo arrumadinho<br />

Ninguém<br />

eu fico procurando às crianças à jogar futebol,<br />

a correr, a sorrir<br />

de repente percebo que estou aqui<br />

longe<br />

tão perto do meu coração<br />

Brasil.<br />

Foto de Canallucio Adriano<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

De Amazona a babá...<br />

Por Angela Guerra<br />

MULHER – 6 letrinhas, apenas –<br />

um cosmos a explorar...<br />

Amazona destemida,<br />

pelas aleias da vida,<br />

cavalga pronta<br />

para o que der e vier,<br />

ciente de seus encantos<br />

e de seu poder,<br />

imbuída de uma força,<br />

que brota do âmago do seu ser<br />

e a faz triunfar, indômita,<br />

temperando a fortaleza da fórmula,<br />

com dose certa de doçura,<br />

sedução, amor, ternura,<br />

em seus múltiplos papéis,<br />

de mãe, filha,<br />

irmã, companheira,<br />

amiga, dona de casa,<br />

profissional competente,<br />

babá de neto...<br />

e o que mais se fizer mister...<br />

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O livro <strong>VARAL</strong> ANTOLÓGICO 3,<br />

terceira coletânea da revista <strong>VARAL</strong> <strong>DO</strong><br />

<strong>BRASIL</strong>, chega às mãos dos leitores em<br />

maio de <strong>20</strong>13.<br />

São participantes e coautores no livro:<br />

ValdiValdi - Capa<br />

Valdeck Almeida de Jesus - Prefácio<br />

Rita de Cássia A. Andrade - Poema de<br />

abertura<br />

Maria de Fátima Barreto Michels -<br />

Fotos interiores<br />

Isabel C. S. Vargas e César Soares<br />

Farias - Orelhas<br />

Editora: Selo Varal do Brasil com Design<br />

Editora<br />

Organização de Jacqueline Aisenman<br />

São os coautores no livro:<br />

ARLETE TRENTINI <strong>DO</strong>S SANTOS<br />

AUDELINA MACIEIRA<br />

CAROLINE AXELSSON<br />

CINTIA MEDEIROS<br />

CLAUDIO DE ALMEIDA HERMINIO<br />

CLEVANE PESSOA<br />

DIVA MENDES<br />

EDIANE SOUZA 5<br />

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA<br />

FLAVIA ASSAIFE<br />

FLÁVIO GOULART BARRETO<br />

GUSTAVO GOTTFRIED BARRETO<br />

HEBE C. BOA-VIAGEM A. COSTA<br />

HERNANDES LEÃO<br />

JACQUELINE AISENMAN<br />

JANIA SOUZA<br />

JERONYMO ARTHUR<br />

JOANA ROLIM 3<br />

JOSE ALBERTO DE SOUZA<br />

JOSÉ CAMBINDA DALA<br />

J C BRI<strong>DO</strong>N<br />

LENIVAL NUNES DE ANDRADE<br />

LUCIA AMÉLIA BRULLHARDT<br />

LUIZ CARLOS AMORIM<br />

MARIA DE FÁTIMA B. MICHEL<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

MARLY RONDAN<br />

MARIA NILZA DE CAMPOS LEPRE<br />

NORALIA DE MELLO CASTRO<br />

PEDRO ANTÔNIO CORRÊA<br />

RAIMUN<strong>DO</strong> CANDI<strong>DO</strong> T. FILHO<br />

RENATA IACOVINO<br />

RITA DE OLIVEIRA MEDEIRO<br />

ROBERTO FERRARI<br />

ROSELIS BATISTA R<br />

SANDRA NASCIMENTO<br />

VALQUIRIA MALAGOLI<br />

VICENCIA JAGUARIBE<br />

VO FIA<br />

WALNÉLIA C. PEDERNEIRAS<br />

LANÇAMENTOS:<br />

Em 3 de maio de <strong>20</strong>13 no 27o Salão<br />

Internacional do Livro de Genebra<br />

Em agosto de <strong>20</strong>13 em Florianópolis,<br />

SC.<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

MULHERES DE MINAS<br />

Por Gonzaga Medeiros<br />

Mulheres existem muitas,<br />

tantas quantas são as saias do mundo.<br />

Só é, porém, uma grande mulher,<br />

a que se veste com a saia do amor<br />

conjugado no tempo<br />

mais-que-profundo.<br />

Ah! Mulheres existem tantas<br />

quantos são os lábios do beijo doce.<br />

Será, porém, uma grande mulher,<br />

aquela que sorrindo puder<br />

beijar também com o sorriso,<br />

como se este um doce beijo fosse.<br />

Vós, mulheres de minas,<br />

lavadeiras, artesãs e rezadeiras,<br />

professoras, operárias lavradoras,<br />

parteiras, parideiras de outras mais,<br />

sois todas heroínas,<br />

porque escreveis com suor<br />

a própria história,<br />

defendendo a pátria da vida<br />

no peito, na dividida,<br />

numa luta nem sempre de glória.<br />

Ah! Se todas fossem iguais a vós,<br />

mulheres de Minas ...<br />

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MULHER MODERNA<br />

Sheila Ferreira Kuno<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Acorda de manhã, se arruma, beija as crianças e sai.<br />

Vai pro trabalho com o marido e durante o percurso, pega seu “tablet” e escreve,<br />

as vezes lê ou estuda.<br />

No trabalho se desdobra sem nunca se esquecer de ligar para os filhos.<br />

Pergunta se fizeram a lição, se tem dúvidas.<br />

Consola quando necessário.<br />

Dá bronca quando é preciso.<br />

Resolve todos os problemas domésticos que surgem, sem perder o comprometimento<br />

e profissionalismo necessários a um bom profissional.<br />

Fim do dia, no percurso de volta, ainda tenta escrever, ler já é impossível.<br />

Dorme um pouco.<br />

Em casa, ajuda os filhos nas atividades escolares.<br />

Verifica as agendas, mochilas e uniformes.<br />

Lê historias para as crianças.<br />

Beija o marido quando ele passa.<br />

Põe as crianças na cama e tentar correr na esteira.<br />

Toma um banho demorado e recebe seu marido na cama, com a disposição de quem acaba de<br />

acordar.<br />

h p://www.einstein.br/<br />

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<strong>BRASIL</strong>-REPÚBLICA<br />

AS MULHERES RESGATAN<strong>DO</strong> SEUS<br />

DIREITOS<br />

Por Hebe C. Boa-Viagem A. Costa<br />

Eis um rápido esboço:<br />

1.891 - A primeira Constituição da República do<br />

Brasil decepcionou as mulheres. Apesar de<br />

assegurar que todos são iguais perante as<br />

leis, mantiveram a mulher na condição de me-<br />

noridade com todas as limitações inerentes a<br />

essa situação.<br />

1897 – Fundada a Academia Brasileira de Le-<br />

tras com um estatuto que impedia que as mu-<br />

lheres a ela pertencessem. Foram barradas<br />

Julia Lopes de Almeida e Amélia Bevilacqua.<br />

1905 – Embora as mulheres pudessem fre-<br />

quentar cursos superiores (1987) só nesse<br />

ano, graças a advogada Mirthes Campos, a<br />

OAB, então IAB , permitiu que elas se filias-<br />

sem.<br />

1916 – O Código Civil trouxe as seguintes<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

“preciosidades”:<br />

A chefia da sociedade conjugal cabe ao ho-<br />

mem competindo o direito de fixar ou de<br />

mudar de domicilio; de conceder ou reti-<br />

rar a autorização para que a mulher<br />

exerça profissão;<br />

À mulher cabe a função de auxiliar e só<br />

poderá exercer uma profissão se o ma-<br />

rido autorizar.<br />

1918 - Desencantadas as mulheres resolveram<br />

agir não mais isoladamente. Estrangeiras que<br />

aqui viviam e brasileiras que conheceram ou-<br />

tras terras adotaram estratégia já existente em<br />

diversos países. Bertha Lutz, que vivera na Eu-<br />

ropa, se dispôs a criar uma organização sufra-<br />

gista . De inicio, mulheres da elite se associa-<br />

ram e depois, o movimento se estendeu às tra-<br />

balhadoras orientando-as na criação de sindi-<br />

catos.<br />

Década de Vinte<br />

Em1922 Bertha Lutz criou a Federação Brasi-<br />

leira para Progresso Feminino .<br />

(segue)<br />

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• Foi uma década de muitas tentativas da Fe-<br />

deração para conseguir o direito de voto. As<br />

associadas frequentavam assiduamente a Câ-<br />

mara e o Senado para que um projeto que<br />

tratava do assunto fosse votado mas ele aca-<br />

bou sendo engavetado. Todavia as mulheres se<br />

faziam notar.<br />

• Na Semana da Arte Moderna Tarsila Ama-<br />

ral, Anita Mafatti, Guiomar Novaes e tantas ou-<br />

tras mostraram, com sucesso, suas especiali-<br />

dades.<br />

• No Rio, é fundada a Escola de Enfermagem<br />

Ana Nery que alarga, e muito, o espaço das<br />

mulheres. Elas viajaram para o exterior onde se<br />

aperfeiçoariam para dar continuidade a difusão<br />

do sistema de enfermagem Nightingale no Bra-<br />

sil Entre outras, Edith Magalhães Fraenkel, Ra-<br />

chel Haddock Lobo, Lais Netto Reys...<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Anesia Pinheiro Machado e Theresa de Marzo<br />

tornam-se pioneiras na aviação. Essa atividade<br />

era olhada com certa reserva até mesmo pelos<br />

homens. Mais tarde Ada Rogato completaria<br />

esse trio ousado.<br />

Década de Trinta<br />

• O Segundo Congresso Internacional Femi-<br />

nista contou com uma representante do gover-<br />

no brasileiro, Bertha Lutz As conclusões desse<br />

encontro foram encaminhadas ao Presidente<br />

Getulio Vargas.<br />

Maria Lenk foi a primeira mulher sul-americana<br />

a disputar uma Olimpíada – Los Angeles, USA<br />

1932<br />

www.varaldobrasil.com 141


• É publicado o Código Eleitoral ( decreto<br />

21.076) concedendo o direito de voto a mu-<br />

lher. Entretanto esse direito ainda sofria restri-<br />

ções: as casadas; para poderem votar, preci-<br />

savam do consentimento do marido (!!! As sol-<br />

teiras e viúvas, só podiam ser eleitoras se<br />

comprovassem ter renda.(!!!) Embora não fos-<br />

se a reposta desejada, grande parte das mu-<br />

lheres poderiam votar e ser votadas.<br />

• Nesse mesmo ano deu-se o Manifesto pela<br />

Educação Nova redigido por Fernando de<br />

Azevedo. Ao lado de homens três mulheres<br />

foram signatárias desse documento: Noemy da<br />

Silveira Rudolfer, Cecilia Meireles e Armanda<br />

Alvaro<br />

• Na Revolução de 32 as mulheres mostra-<br />

ram ter coragem, criatividade, capacidade de<br />

trabalho em equipe e solidariedade . Foram<br />

exemplos Carlota Pereira de Queiroz, Perola<br />

Byington, Olivia Guedes Penteado e tantas ou-<br />

tras<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

• Em 1934 Carlota Pereira de Queiroz foi<br />

eleita a primeira deputada federal do Brasil.e<br />

foi a única mulher a assinar a Constituição de<br />

1934<br />

• .É fundada a Universidade de São Paulo e<br />

foram convidados muitos professores estran-<br />

geiros que viam como natural e necessária a<br />

emancipação da mulher. Mesmo nessa conjun-<br />

tura a mulher continuava a ser definida como<br />

relativamente incapaz!<br />

• 1936 – Bertha Lutz assumiu o cargo de de-<br />

putada federal com a morte de Candido Perei-<br />

ra e passou a defender mudanças na legisla-<br />

ção ao trabalho da mulher e dos menores de<br />

idade.. Propôs a igualdade salarial, a licença<br />

de três meses para as gestantes e a redução<br />

da jornada de trabalho. Seu trabalho foi inter-<br />

rompido com o Golpe getulista do Estado Novo<br />

(1937).<br />

Na Era Vargas uma nova Constituição foi outorgada<br />

e nela não mais consta “ sem distinção<br />

de sexo” Novamente a mulher se sente<br />

espoliada.<br />

www.varaldobrasil.com 142


Década de quarenta<br />

Quando da entrada do Brasil na II Guerra Mun-<br />

dial as nossas Forças Armadas não tinham um<br />

corpo de enfermagem e precisaram contar<br />

com a Cruz Vermelha e com a Escola de En-<br />

fermagem Ana Nery que formara um pessoal<br />

altamente especializado, entre elas Izaura Bar-<br />

bosa Lima.<br />

• Mudanças ocorridas no âmbito internacio-<br />

nal passaram a influenciar o dia a dia brasilei-<br />

ro, especialmente as aspirações femininas. A<br />

ONU desde sua criação se consagrou plena-<br />

mente ao principio de igualdade entre o ho-<br />

mem e a mulher: Carta das Nações Unidas<br />

(1945) e Declaração dos Direitos Humanos<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

(1946)<br />

Com o fim da Era Vargas o Novo Código Eleitoral<br />

devolveu à mulher o direito do voto sem<br />

as restrições anteriores.<br />

Década de cinquenta<br />

• Em 1950 a advogada Romy Martins Medei-<br />

ros apresentou um anteprojeto para alterar a<br />

posição da mulher casada perante a lei vigen-<br />

te. Todavia ele permaneceu engavetado nada<br />

menos do que 12 anos!<br />

A expansão das redes de ensino em diversos<br />

níveis mostrou a necessidade de aumentar o<br />

número de professores devidamente habilitados<br />

e as mulheres acorreram às Universidades.<br />

Década de sessenta<br />

• Inauguração da nova capital da República<br />

com a promessa de “crescer 50 anos em cin-<br />

co”. O Brasil levando o progresso para o interi-<br />

or deixava de só “arranhar a costa brasileira”.<br />

• 1962 – O anteprojeto de Romy M. Medeiros<br />

serviu de base para o Estatuto da Mulher Ca-<br />

sada (Lei 4121/62) Foi retirado do Código Civil<br />

a ” incapacidade relativa da mulher” e deu-lhe<br />

a função de colaboradora do marido na chefia-<br />

da sociedade conjugal, de partilhar do direito<br />

de fixar ou mudar o domicilio da família ( res-<br />

salvando a possibilidade de recorrer ao juiz no<br />

caso de deliberação que a prejudique); garantir<br />

o direito de exercer profissão’ sem necessitar<br />

da autorização marital ou ser surpreendida<br />

com a cassação arbitraria desse direito ..<br />

1967 – A ONU na Assembleia Geral adotou a<br />

“Declaração sobre a Eliminação de Discriminação<br />

contra as Mulheres”<br />

www.varaldobrasil.com 143


Década de setenta<br />

• Diversas vezes a ONU se pronunciou a res-<br />

peito da importância da “contribuição da mu-<br />

lher para que se alcancem as metas e os obje-<br />

tivos fundamentais das Nações Unidas, a sa-<br />

ber, a manutenção da paz e a melhoria das<br />

condições de vida para todos”<br />

• Em 1975 a Academia Brasileira de Letras<br />

admitiu a primeira “imortal”, Rachel de Queiroz!<br />

• As mulheres brasileiras, em 1975, criaram<br />

um Movimento Feminino pela Anistia e partici-<br />

param de campanhas que clamavam pelo retor-<br />

no do pais à democracia Fundaram jornais<br />

combativos e participaram do movimento Dire-<br />

tas já.<br />

Esther Figueiredo Ferraz é a primeira mulher<br />

brasileira a ocupar um Ministério no governo<br />

federal<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Década de oitenta<br />

• Foi cheia de novidades. O Brasil volta a ser<br />

democracia. As mulheres alargaram seu espa-<br />

ço candidatando-se a cargos eletivos munici-<br />

pais, estaduais e federais. Pressionam o gover-<br />

no a criar o Conselho Nacional dos Direitos da<br />

Mulher que em 1987 lançou a campanha: “A<br />

Constituinte para valer tem que ter a palavra da<br />

mulher”. E foi o que aconteceu!<br />

• Em São Paulo surgiu o movimento SOS Mu-<br />

lher com o objetivo de combater a violência<br />

contra a mulher. Foram criadas as primeiras<br />

Delegacias Especializadas no Atendimento de<br />

Mulheres Vitimas de Violência. Em diversos es-<br />

tados brasileiros.<br />

Com a criação de Universidades muitas mulheres<br />

passaram a fazer parte do corpo docente. E<br />

tornam-se especialistas em diversas áreas.<br />

Década de Noventa<br />

As mulheres cada vez mais ocupam cargos de<br />

relevância. O célebre “teto de vidro” que impedia<br />

as mulheres galgarem postos mais altos<br />

parece estar menos frequente. Há, ainda, certa<br />

discrepância entre os salários dos homens e<br />

das mulheres.<br />

(segue)<br />

www.varaldobrasil.com 144


• Depois de 107 anos a Escola Politécnica da<br />

USP tem uma mulher como professora titular,<br />

Maria Cândida Reginato Facciotti<br />

Nelida Piñon foi eleita presidente da Academia<br />

Brasileira de Letras no ano que se comemorava<br />

o centenário dessa entidade.<br />

Terceiro Milenio<br />

Finalmente o Novo Código Civil (<strong>20</strong>03) proclama<br />

a igualdade total entre o homem e a mulher:<br />

Art.1511 – O casamento estabelece<br />

comunhão plena de vida, com ba-<br />

se na igualdade de direitos e deve-<br />

res dos cônjuges.<br />

Art. 1565 - Pelo casamento, homem e<br />

mulher assumem mutuamente a<br />

condição de consortes, compa-<br />

nheiros e responsáveis pelos en-<br />

cargos da família.<br />

Art. 1567 – A direção da sociedade<br />

conjugal será exercida , em cola-<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

borsção, pelo marido e pela mu-<br />

lher, sempre no interesse do casal<br />

e dos filhos.<br />

Pela primeira vez uma mulher assume a presidência<br />

do Supremo Tribunal Federal, Ellen<br />

Graice Northfleet (<strong>20</strong>06/<strong>20</strong>08)<br />

Lei Maria da Penha (11.340/<strong>20</strong>06) diz na sua<br />

Introdução;<br />

Cria mecanismos para coibir a violência domés-<br />

tica e familiar contra a mulher, nos termos do<br />

art. 226 da Constituição Federal, da Conven-<br />

ção sobre a Eliminação de Todas as Formas<br />

de Discriminação contra as Mulheres e da Con-<br />

venção Interamericana para Prevenir, Punir e<br />

Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe<br />

sobre a criação dos Juizados de Violência Do-<br />

méstica e Familiar contra a Mulher; altera o Có-<br />

digo de Processo Penal, o Código Penal e a<br />

Lei de Execução Penal; e dá outras providên-<br />

cias.<br />

www.varaldobrasil.com 145


Pela primeira vez o Brasil tem uma mulher na<br />

presidência, Dilma Rousseff<br />

Ao longo do século XX a mulher ganhou es-<br />

paço na luta por seus direitos. Não foram dádi-<br />

vas e sim conquistas. Elas provaram que podi-<br />

am. Todavia, entre a teoria e a prática há uma<br />

considerável distancia. Com hábitos tão arrai-<br />

gados não se incorpora facilmente as mudan-<br />

ças que a lei determina. Até entre os juízes há<br />

os que questionam a lei Maria da Penha. E a<br />

violência contra a mulher ainda continua.. A lu-<br />

ta, portanto, deve continuar até que toda e<br />

qualquer discriminação deixe de existir!<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

www.varaldobrasil.com 146


A complexidade do sujeito feminino<br />

Por Fabiana de Almeida<br />

O contexto que exprime os mais íntimos sentimentos<br />

e sentidos da alma feminina está mais<br />

do que explícito na obra clariceana. A profundidade<br />

da condição humana é a linguagem e a<br />

figura central estabelecida por Clarice Lispector,<br />

descrevendo a descoberta da identidade<br />

feminina e a consciência desta.<br />

O autoconhecimento é descrito como um processo<br />

de autolibertação. A partir do momento<br />

da epifania, o feminino desperta para um novo<br />

eu, descobrindo um mundo muito maior do que<br />

até então visto e programado. Esse é o processo<br />

do “recomeçar”. Recomeçar como indivíduo<br />

no mundo, estabelecendo suas próprias regras,<br />

reconhecendo-se como ser pensante, que possui<br />

ideias e ideais próprios e íntimos, através<br />

da percepção sensorial.<br />

Clarice transgrediu vários parâmetros dos modelos<br />

pré-estabelecidos em sua geração, pois<br />

remonta em sua escrita fluxos de consciência<br />

que acarretam profundas inovações críticas e<br />

inúmeras inovações formais. A metáfora está<br />

presente em quase todos os seus textos, implicitando<br />

na linguagem literária a propagação da<br />

autoconsciência de suas personagens, num<br />

momento sempre solitário.<br />

A partir dos anos 80, houve uma projeção nos<br />

estudos da problemática feminina e da mulher<br />

na literatura. Clarice chegou a ser comparada<br />

com o estilo de Virginia Wolf e Katherine Mansfield,<br />

caracterizadas pelo desmanche, em suas<br />

narrativas, da submissão feminina na sociedade<br />

vigente.<br />

Perto do Coração Selvagem é um exemplo claro<br />

desses estudos e das subversões que Clarice<br />

aborda em sua obra.<br />

É um romance de estreia, diferente dos modelos<br />

estabelecidos para a época. Os anos 30 re-<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

zava uma literatura regionalista, cheia de descrições<br />

de ambientes e cenas dos costumes<br />

locais, preconizando as condições sociais vigentes,<br />

e que até hoje, século XXI, não tiveram<br />

mudanças. Haja vista o romance de Graciliano<br />

Ramos, Vidas Secas, que aborda a trajetória<br />

de nordestinos com visíveis dificuldades linguísticas<br />

e sem nenhuma perspectiva, em busca<br />

de sobrevivência. O zoomorfismo está impregnado<br />

na escrita de Graciliano, traduzindo<br />

seus personagens como animalescos, preferindo<br />

os animais aos seres humanos.<br />

Na obra de Clarice o animal também é divulgado,<br />

só não com o mesmo sentido, como veremos<br />

mais adiante.<br />

Um romance tido como introspectivo, Perto do<br />

Coração Selvagem trata da libertação de Joana,<br />

sua personagem principal, não só dos modelos<br />

matrimoniais da época como a libertação<br />

de si mesma. Descrita como introspectiva, sonhadora<br />

e contemplativa, ficou órfã muito cedo,<br />

acentuando ainda mais suas diferenças com o<br />

mundo. Mora com os tios e se torna um estorvo.<br />

Sua tendência para o mal aparece no momento<br />

em que rouba um livro para afrontar a<br />

tia, que a manda para um colégio interno. Livre<br />

do colégio, casa-se com Otávio, tão sonhador<br />

quanto ela, porém sem nenhuma ideia de como<br />

se portar no casamento. É no casamento que<br />

Joana descobre ainda mais sua introspecção.<br />

Reflete sobre seus questionamentos, sobre a<br />

vida, as coisas ao seu redor, e descobre um<br />

relacionamento extraconjugal do marido com<br />

Lídia, sua ex-noiva, que engravida. Sua reação<br />

é diferente de todas as previstas: reage passionalmente,<br />

sem escândalos. Descobre outro tipo<br />

de relacionamento ao separar-se de Otávio – o<br />

erótico, apenas sexual – aparecendo novas divagações.<br />

Quando este outro homem – cujo<br />

nome nem quis saber – desaparece, é o momento<br />

da epifania, o momento do resgate de si<br />

mesma. O livro é repleto dos fluxos de consciência<br />

de Joana frente aos acontecimentos e às<br />

próprias alusões de cada faixa etária de sua<br />

vida.<br />

_________________________________________<br />

1. LIMA, Luciano Rodrigues. Clarice Lispector Comparada.<br />

Ed. Bahia: EDUFBA. <strong>20</strong>08, P. 56-57<br />

2.Ibidem, p. 58<br />

3. ROSEMBAUM, Yudith. op. cit., p. 35<br />

4. LISPECTOR, Clarice. Perto do Coração Selvagem.<br />

São Paulo. Ed. Círculo do Livro, 1980.<br />

5. ROSEMBAUM, Yudith. op. cit., p. 36 (segue)<br />

www.varaldobrasil.com 147


Jardim Botânico acontece a epifania: a percepção<br />

da natureza e a suposta absorção de energia<br />

atribuída a ela, faz com que Ana volte para<br />

casa sob outra vertente. O caos, o desassossego<br />

agora fazem parte do cotidiano de Ana.<br />

“A estética de Clarice constrói-se na intensidade<br />

dramática, no conflito subjetivo, na queda do<br />

indivíduo, na sua perdição, no sentido da descoberta<br />

irreversível do socavões da alma humana<br />

e na busca da redenção, ou reequilíbrio”.<br />

O tempo em que passa no Jardim Botânico é<br />

um marco para sua reabilitação como ser humano,<br />

como reconhecimento de si mesma e da<br />

vida que construiu para si e para sua família.<br />

Uma vida cheia de rotinas e sem nenhuma novidade<br />

fez com que a personagem se aproximasse<br />

de uma figura que pode-se dizer desprezível<br />

ou até mesmo, no sentido mais peculiar,<br />

“diferente”, modificando sua maneira de<br />

pensar, que após o choque inicial da visão do<br />

cego, foi se aproximando de uma preocupação<br />

permanente de que nada acontecesse de mau<br />

com sua família, passando a ser até mais carinhosa<br />

com o marido, “não quero que lhe aconteça<br />

nada, nunca!”, e penteia os cabelos em<br />

sua penteadeira “sem nenhum mundo no coração”.<br />

A narrativa aponta uma busca angustiante de<br />

decifrar o verdadeiro eu, que insiste em se<br />

mostrar a partir do estremecimento da rotina de<br />

pensamento. É profundamente conflitante o encontro<br />

com o verdadeiro “eu”, como cita Herman<br />

Hesse: “Não há caminho mais obscuro para<br />

o homem do que aquele que o leva para si<br />

mesmo”.<br />

No conto Feliz Aniversário, onde relata uma<br />

reunião familiar em torno do aniversário de oitenta<br />

e nove anos da matriarca, também é uma<br />

boa forma de expressar a desilusão de uma<br />

anciã perante uma família que não sonhara em<br />

construir, não gostava do que ela havia se<br />

transformado. Ela prefere se manter imóvel,<br />

muda. Com exceção do filho morto, com quem<br />

sempre se identificou, o restante não trazia nada<br />

que a acrescentasse. Nem mesmo a filha<br />

Zilda, com quem morava e cuidava dela, sentia<br />

aproximação.<br />

Zilda vela-se em cuidados para que a família se<br />

reúna, pelo menos uma vez no ano, preocupada<br />

se a mãe morresse, a família se esvaneceria.<br />

Esses cuidados são fortemente apresentados<br />

na preparação da festa de aniversário da<br />

mãe.<br />

As cadeiras dispostas em redor da mesa onde<br />

o bolo e os petiscos da festa estariam disponibilizados,<br />

a confecção de todas as iguarias para<br />

melhor servir e os convidados terem ao menos<br />

a impressão de que existia fartura. Ainda<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

existe o desconforto de a filha Zilda se sentir<br />

“sobrecarregada”, pois somente ela é quem<br />

disponibiliza parcos recursos para o sustento<br />

dela e da mãe.<br />

Voltando à matrona, seu rosto era incerto. Não<br />

se podia mais ser interpretado. Havia desde<br />

duas horas da tarde que estava sentada na<br />

mesa onde estava o bolo açucarado de aniversário,<br />

imóvel. E assim ficou até a hora de cortar<br />

o bolo. Todos estavam alertas e apreensivos<br />

quanto ao que faria a “mãe”. De súbito pegou a<br />

faca e cortou o bolo. Imediatamente distribuíam<br />

-se pratinhos por todos os lados. E todos não<br />

viam a hora de que tudo isso se acabasse para<br />

se irem embora.<br />

Esse conto retrata uma família típica, descrevendo<br />

os pensamentos de cada personagem,<br />

seus medos e agonias, suas apreensões e dissabores.<br />

Cada qual em seu mundo dentro de<br />

uma casa onde acontecia (ou era para ter<br />

acontecido) uma festa de aniversário para uma<br />

mulher de oitenta e nove anos, mãe de todas<br />

aquelas pessoas, direta ou indiretamente. O<br />

respeito, ao menos, era explícito. Embora ninguém<br />

quisesse estar ali, o fazia por respeito.<br />

Apenas a aniversariante não exprime respeito<br />

por ninguém. Para ela eram pessoas desconhecidas<br />

e ao mesmo tempo conhecidas até<br />

demais, não lhe eram caros. Uma vida inteira<br />

de cuidados e orientações para que os filhos se<br />

saíssem como saíram.”Oh o desprezo pela vida<br />

que falhava. Como?! Como tendo sido tão forte<br />

pudesse dar à luz aqueles seres opacos, com<br />

braços moles e rostos ansiosos?”, “...dera<br />

aqueles azedos e infelizes frutos, sem capacidade<br />

sequer para uma boa alegria. Como pudera<br />

ela dar à luz aqueles seres risonhos, fracos,<br />

sem austeridade?”<br />

O sentimento de fracasso atribuído à própria<br />

vida é o primeiro dos abordados no seu interior.<br />

Os filhos... Tendo tido uma vida regrada, independente,<br />

honesta, tudo a seu tempo, ter uma<br />

família com a qual pudesse se orgulhar era o<br />

mínimo que a vida poderia ter lhe oferecido.<br />

Agora era só esperar pela morte.<br />

_________________________________<br />

6. LIMA, Luciano Rodrigues. op. cit. , p. 42<br />

7.Ibidem, p. 46<br />

8. LISPECTOR, Clarice. Amor. In: LISPECTOR,<br />

Clarice. Laços de Família. Rio de Janeiro. Ed. Rocco,<br />

1998<br />

9. LISPECTOR, Clarice. Feliz Aniversário. In: LISPEC-<br />

TOR, Clarice. Laços de Família. Rio de Janeiro. Ed. Rocco,<br />

1998. p. 60. (Segue)<br />

www.varaldobrasil.com 148


Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Na despedida, todos estavam apreensivos de que o ano que vem não houvesse o que comemorar,<br />

“- Até o ano que vem! (...) Além de alguns pensarem que felizmente havia mais do que uma<br />

brincadeira na indireta e que só no próximo ano seriam obrigados a se encontrar diante do bolo<br />

aceso; enquanto que outros, já mais no escuro da rua, pensavam se a velha resistiria mais um<br />

ano (...)”.<br />

O sentido da morte vinculada ao conto, se dá sobremaneira pelas impressões e desilusões da<br />

matrona ao se deparar com seu maior fracasso: a família. A angústia e o terror de ter que enfrentá-los<br />

(ou ao contrário) é o ápice de sua vontade de não completar os noventa anos e ter<br />

que reencontrá-los no ano seguinte. Mas essa vontade se vai, aparentemente, quando todos<br />

vão embora e ela fica só consigo mesma: “Enquanto isso, lá em cima, sobre escadas e contingências,<br />

estava a aniversariante sentada à cabeceira da mesa, erecta, definitiva, maior do que<br />

ela mesma. Será que hoje não vai ter jantar, meditava ela. A morte era o seu mistério”.<br />

Este texto faz parte de um estudo maior, intitulado “Indizível Clarice Lispector”, que será<br />

publicado até o final de <strong>20</strong>13.<br />

_______________________________<br />

10. Ibidem, p. 67<br />

MULHER<br />

Por Selmo Vasconcellos<br />

Mulher dividida:<br />

meio loba,<br />

meio panda.<br />

www.varaldobrasil.com 149


Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

www.varaldobrasil.com 150


MULHER DE ONTEM,<br />

VIVEN<strong>DO</strong> O HOJE<br />

E SONHAN<strong>DO</strong> COM O AMANHÃ<br />

Por Erica Gonçalves<br />

Mulher de ontem.<br />

Muitas vezes já ouvimos falar que, não<br />

se fazem mulheres como antigamente. Claro,<br />

visto pelos olhos daqueles que não evoluíram<br />

com o passar do tempo. Mesmo vivendo no<br />

presente, pensam e agem como se vivessem<br />

ainda no passado. “Retrógrados”. Ela, a mulher<br />

de verdade para estes, é a eterna Amélia.<br />

A mulher de ontem, na sua maioria, tra-<br />

balhava muito e tinha o mínimo de conforto. Ela<br />

levantava cedo, ia para a cozinha, colocava<br />

água para o café e ás pressas arrumava a rou-<br />

pa para o marido trabalhar. Tudo a sua mão.<br />

Meias, estas ela calçava em seus pés. Então<br />

voltava a cozinha fazia o café e servia o<br />

“provedor”. Só então ele iria para o trabalho,<br />

não antes de ela lhe dar seu chapéu e bengala.<br />

A mulher ficava em casa, mas, trabalha-<br />

va muito, lutava o dia inteiro. Sem o conforto da<br />

modernidade de hoje, ao findar o labor do dia<br />

ela estava exausta.<br />

Quando o chefe da família e “provedor”<br />

chegava em casa a noite, tudo estava pronto e<br />

ele era servido. Ela ficava a seu lado, em pé,<br />

servindo-lhe como uma serviçal e não como<br />

companheira que era.<br />

Entretanto, algumas destas mulheres,<br />

resolveram olhar para fora das suas senzalas,<br />

pois até então, elas tentavam se moldar ao<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

gosto e vontade do marido. Começaram a tirar<br />

as vendas dos olhos e enxergar o mundo lá fo-<br />

ra e a ver como sua vida e seu mundo era res-<br />

trito e vazio.<br />

As mulheres, aquelas de mais personali-<br />

dade, passaram a assumir novas posturas.<br />

Muitas delas enfrentaram grandes dificuldades<br />

e preconceitos em suas lutas por mais liberda-<br />

des e por direito de igualdade. O preconceito se<br />

via, ate mesmo, por parte de outras mulheres,<br />

que submissas se conformavam com aquela<br />

vida a qual eram submetidas.<br />

Porem, muitas delas, através da luta,<br />

emergiram daquela submissão a que viviam.<br />

Mas, elas queriam mais,<br />

sonhavam com o futuro!<br />

O hoje.<br />

Mulher de hoje.<br />

A mulher de hoje,<br />

trabalha fora, estuda, as-<br />

sume a vida com mais<br />

liberdade, senta-se ao<br />

lado do marido como sua<br />

companheira e não co-<br />

mo uma serviçal. Ela<br />

participa das decisões<br />

com sua opinião própria. Hoje ela já dirige, tem<br />

sua participação na vida publica. No lar, ela di-<br />

vide as tarefas e responsabilidades como um<br />

todo e briga de igual para igual pelo seu espa-<br />

ço, no lar, na sociedade e no trabalho. Mas,<br />

elas, as mulheres querem mais! Mais, indepen-<br />

dência, mais reconhecimento de seu valor, de<br />

sua capacidade de luta pelos seus direitos.<br />

(Segue)<br />

www.varaldobrasil.com 151


Hoje a mulher conquistou alguns direi-<br />

tos, já garantidos pela constituição. Mas, como<br />

em outras leis de direitos, muitas vezes não<br />

são respeitadas. Há muito ainda á conquistar<br />

pela mulher de hoje. Entretanto, em matéria de<br />

educação e escolaridade elas não devem em<br />

nada aos homens. A mulher, mesmo tendo que<br />

encarar dupla jornada de trabalho, como profis-<br />

sional e de dona de casa, tem mais disposição<br />

e se organiza melhor que os homens.<br />

A violência doméstica é outra grande re-<br />

alidade negativa na vida de mulheres, de mui-<br />

tas delas é claro. Mas, hoje, elas têm apoio,<br />

ainda que ineficiente. Esse é mais um dos direi-<br />

tos que aos poucos vão conquistando.<br />

Ser mulher de hoje, é ser mais ativa,<br />

participativa em todos os seguimentos da soci-<br />

edade, nas ações do dia-a-dia, seja na vida<br />

pessoal, profissional ou educacional.<br />

No entanto, depois de sonhar com o re-<br />

conhecimento dos valores femininos e muitas<br />

delas terem conquistado esses direitos, a vida<br />

feminina, para muitas, é ser mãe, ser esposa,<br />

ser filha e profissional. Ela cobra de si, mais do<br />

que é de direito em perfeição, Sobrecarregando<br />

sua vida, só com trabalho e responsabilidades.<br />

Com tudo, ser mulher não é só isso: Ser<br />

mulher é tirar um tempo entre tudo para olhar<br />

para si mesmo. Cuidar se seu corpo físico e<br />

mental e também cuidar de sua alma. Só assim<br />

ela estará bem para viver uma vida alegre e<br />

comunitária.<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Quando o interesse não for mútuo e deve ser<br />

respeitada por isso.<br />

O amanhã.<br />

Mais, a mulher de hoje quer muito mais!<br />

Mulher do amanhã.<br />

A mulher do amanhã terá forças para<br />

levantar a bandeira de seus direitos. Lutar por<br />

seus interesses, seus ideais. Por seu direito de<br />

igualdade de condições e de decisões, ao lado<br />

dos homens, sendo remuneradas igualmente<br />

pelo mesmo trabalho.<br />

A mulher do amanhã terá orgulho das<br />

suas conquistas, ela será mais versátil, mais<br />

bem preparada para disputar no âmbito profis-<br />

sional e social seu espaço, com condições de<br />

igualdade e terem estes direitos reconhecidos e<br />

garantidos por leis e serem respeitadas por<br />

ção vivida por estas mulheres, alimenta a esta-<br />

A mulher de hoje, deve fazer atividades<br />

tística desta violência, que é mais comum do<br />

prazerosas, se relacionar, ter lazer. Ter direito<br />

que se supõe. Ela é camuflada pela vergonha<br />

ao descanso, a privacidade. Ela tem direito de<br />

que elas sentem de serem assim tratadas. Pe-<br />

escolha.<br />

las varias formas de violência. (Segue)<br />

A mulher de hoje, já pode dizer não.<br />

elas.<br />

As mulheres do amanhã, dirão não a<br />

submissão. Não a violência. Não a exploração.<br />

Elas terão direitos de igualdade no poder de<br />

decisão e de igual modo de responsabilidade.<br />

Elas terão direito a amar e ser amada. Serem<br />

compreendidas e respeitadas. A mulher terá<br />

direito a relaxar para escutar seu próprio cora-<br />

ção, suas emoções, seus anseios e desejos.<br />

Mas, as grandes lutas das mulheres, são<br />

contra a violência conjugal. “A chamada violên-<br />

cia domestica”. Ainda existe um grande tabu e<br />

preconceitos na chamada “Sociedade”. A coa-<br />

www.varaldobrasil.com 152


Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Muitas destas mulheres se revoltam e acabam por se separarem. E assim começa um no-<br />

vo drama. Uma nova violência, tão assustadora quanto. Elas viviam confinadas, exclusivamente<br />

para ser dona de casa, ser mãe, Etc. Etc. e para servir seu provedor. Assustadas, elas não estão<br />

preparadas para lutar pela sobrevivência, num mundo tão carrasco quanto o seu cativeiro. Mas,<br />

apesar disso, elas se libertam. As que continuam, sendo submetidas a submissão, escondem<br />

por anos a violência sofridas por eles. E esta humilhação, leva a perda da alta estima e isso leva<br />

a degradação do “Ser Mulher”. Por anos de violência sofrida por elas. Sua dignidade? Já não<br />

existe! E ela ainda sente-se culpada por não ser boa o suficiente para ele, O provedor. Achando<br />

que por ele prover o sustento, tem o direito de agredi-la e violenta-la, sempre que tiver um mau<br />

dia no trabalho, ou ser contrariado por qualquer motivo. Alguns homens sentem necessidade de<br />

exercer o ritual da violência, apenas para se afirmarem como machos. Assim como os cães mar-<br />

cam seu território.<br />

Estas mulheres já se encontram com sua alta estima lá embaixo e não se sentem merece-<br />

doras da miséria de vida à que são submetidas. A esta altura, não sabem mais o que é dignida-<br />

de. Não há mais esperança de uma vida melhor. Seus desejos, suas aspirações, seus sonhos,<br />

foram se perdendo pelo caminho, de uma dura e sofrida vida.<br />

Muitas das mulheres de ontem, não souberam, outras de hoje, infelizmente, não sabem. E<br />

algumas do amanhã jamais saberão o que é a felicidade.<br />

Haverá esperança com certeza para as mulheres do amanhã?!!<br />

www.varaldobrasil.com 153


EM UM ÚNICO UNIVERSO<br />

Por Ivane Laurete Perotti<br />

Pequeno,<br />

foi assim que chegou.<br />

Sem medo do mundo<br />

Pois eu estava aqui<br />

Pequeno,<br />

Eu esperava você,<br />

Pequeno menino,<br />

Meu mundo é seu,<br />

Queria você para amar<br />

Para cantar<br />

Para dizer<br />

Para mostrar<br />

Para ensinar<br />

Pequeno menino,<br />

meu mundo é seu,<br />

vou crescer junto<br />

para ser igual a você<br />

pequeno menino,<br />

venha correr pelos sonhos<br />

eu os dou a você<br />

construí um castelo de cartas<br />

só para você soprar,<br />

venha menino<br />

pequeno menino<br />

eu esperava você.<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Foto de Ivane Laurete PeroL<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

MULHER UM UNIVERSO<br />

Por Maria SocorroSousa<br />

Mulher<br />

Dona do seu próprio “EU”<br />

Guerreira bela e serena<br />

Forte e absolutamente preciosa<br />

Poderosa... Conquista seu espaço<br />

Imponente... Fértil de geração a geração<br />

Sexy ousada e determinada<br />

Singela... Encanta quando ama<br />

Mulher sempre feminina em grande estilo<br />

Coco Channel conduziu a moda as passarelas<br />

Mulher... Sempre um universo<br />

Ganhou o prêmio Nobel da Paz - Jane Addams<br />

Governa uma nação – Dilma Rousself<br />

Mulheres que amam que brilham<br />

Da rainha do Egito - Cleópatra<br />

A poetisa brasileira Cora Coralina<br />

Raquel de Queirós – mulher que me fascina<br />

Mulher de coração puro que admiro<br />

Maria - mãe de Jesus o Salvador do mundo<br />

Amou sem questionar<br />

Tornou-se mãe da humanidade<br />

Mulher... Um universo<br />

Da mais alta elegância a mais simples e formosa<br />

Tornam-se estrelas marco na história.<br />

www.varaldobrasil.com 155


MULHER<br />

Por Deise Formentin<br />

Mãe dedicada,<br />

Filha educada,<br />

Irmã companheira,<br />

Amiga certeira,<br />

Estudante determinada,<br />

Profissional respeitada,<br />

Esposa amável,<br />

Enfim mulher,<br />

Que dedica cada um de seus dias a fazer<br />

desses,<br />

Dias melhores para todos que estão a sua<br />

volta,<br />

Seja com a família morando com os pais e<br />

irmãos,<br />

Seja em seu próprio lar,<br />

Dedicando-se intensamente ao marido e aos<br />

filhos,<br />

Depois aos netos e bisnetos,<br />

Ou no trabalho com o tempo sempre<br />

expirando rápido demais,<br />

Enfim desdobrando-se em suas tarefas diárias<br />

Que sempre parecem multiplicar-se,<br />

E ainda encontrar tempo para estar sempre<br />

linda<br />

E buscar a realização de cada um de seus<br />

sonhos,<br />

São educadas, guerreiras, companheiras,<br />

Amáveis, corajosas, destemidas,<br />

Sensíveis, românticas, espiritualizadas,<br />

Sempre buscando um equilíbrio entre a razão<br />

e o coração,<br />

Entre o querer e o poder,<br />

Querendo resolver os problemas do mundo,<br />

Quando muitas vezes não conseguem resolver<br />

Seus próprios problemas deixando-os de lado,<br />

Sempre dispostas a ouvir, a dar carinho,<br />

atenção,<br />

Acalentar dores da alma e do coração,<br />

Assim são as mulheres,<br />

Repletas de garra e vontade,<br />

De sonhos, de medos e ansiedades,<br />

Mas completamente transbordantes de<br />

qualidades,<br />

Mesmo que muitas vezes desconhecidas,<br />

Esquecidas e não valorizadas pelos homens,<br />

Por isso há ainda tanta violência,<br />

Preconceito, injustiça e agressões contra<br />

muitas de nós,<br />

Mas as amarras que nos prendiam ao<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

passado,<br />

Assim como as grades das prisões<br />

Foram eliminadas de alguma forma<br />

Mulher-Maravilha você encontra em cada<br />

esquina<br />

Disfarçadas de estudantes, donas de casa,<br />

mãe e profissionais<br />

Cada uma com personalidade, beleza e brilho<br />

próprio<br />

Não precisamos ser iguais a ninguém<br />

Basta que sejamos nós mesmas sempre<br />

E tudo será perfeito<br />

E nós completamente felizes.<br />

www.varaldobrasil.com 156


Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Por Antonio Cabral Filho<br />

Se da pedra nasce flor,<br />

apesar do controverso,<br />

a mulher plena de amor<br />

é essência do universo.<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

SER... SÓ EU... APENAS EU...<br />

Por Carmen Di Moraes<br />

Hoje eu quero... ser...<br />

Só eu... apenas eu...<br />

Caminhar na chuva...<br />

Com os pés descalços...<br />

Deixar a chuva beijar o meu rosto,<br />

E acariciar todo o meu corpo...<br />

Como se fosse me amar...<br />

Quero ser a menina que acreditava...<br />

A mulher que sonhava...<br />

Quero cantar as canções que não cantei;<br />

Amar os amores que eu não amei;<br />

E ter os sonhos que não sonhei...<br />

Ser eu mesma... com meus erros e acertos...<br />

Sem passado... nem futuro...<br />

Só momentos...<br />

Apenas o hoje... e ser, só eu, apenas eu...<br />

Quero caminhar na chuva... sem destino....<br />

Não quero deixar... nem as marcas<br />

Dos meus pés, na areia...<br />

Pois sob a chuva nada fica... creia...<br />

Mas, hoje... eu não quero,<br />

Nem uma saudade...<br />

Só os beijos da chuva...<br />

Com sensualidade...<br />

...Como se fosse me amar...<br />

E ser, só eu... apenas eu...<br />

Do livro Ousei Escrever 1000 Poesias – pag. 121<br />

www.varaldobrasil.com 158


Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

MATER MATIS ET REGINA ET CAPUT<br />

(mãe, rainha e líder)<br />

Por Mario Rezende<br />

Pela manhã é sol<br />

e à noite é lua.<br />

Às vezes operária,<br />

outras tantas é rainha.<br />

Para os seus se despe de toda a vaidade,<br />

das vestes que lhe impõe a sociedade.<br />

Alicerce emocional na estrutura familiar,<br />

enquanto mãe é manancial para o sustento,<br />

uma fêmea como qualquer outro animal.<br />

Realiza-se no prazer de conceber que o homem não tem,<br />

no seu colo aconchegante choram a dor e o sofrimento.<br />

Tem que ser mãe, esposa e profissional a cada momento,<br />

mas o beijo carinhoso dos seus é bônus reconfortante.<br />

Apesar das resistências construiu sua identidade<br />

e tem hoje novos anseios e desejos,<br />

tentando buscar o seu espaço<br />

de reconhecimento e de afeto,<br />

de descoberta e de criação,<br />

de respeito e acolhimento,<br />

para atingir a plenitude.<br />

www.varaldobrasil.com 159


A PERSONAGEM FEMININA EM<br />

MACHA<strong>DO</strong> DE ASSIS<br />

(Tentativa de ensaio)<br />

Por Rejane Machado<br />

Enquanto que José de Alencar é francamente<br />

moralista (em sua ficção, claro!) Machado de<br />

Assis não parece ter maiores preocupações com a<br />

moral de suas personagens femininas.<br />

No contexto machadiano “elas” parecem<br />

sentir-se à vontade no terreno da infração. Enganando<br />

e traindo, dissimulando intenções, libertárias por<br />

natureza e graça, tais figuras deixam sua marca de<br />

independência, pairando acima de convenções e de<br />

toda espécie de condicionamento mesológico. São<br />

retratos de mulheres, em certo sentido diabólicas,<br />

que “fazem” o destino dos homens do seu círculo,<br />

dominando-os e mantendo-os em franca dependência<br />

de seus caprichos mais extravagantes. Na maioria<br />

das vezes procedem consoante uma grande necessidade<br />

de serem admiradas.<br />

Da imensa galeria de tipos femininos, romanescos,<br />

se poderia estabelecer, em princípio, uma<br />

divisão entre mulheres decentes e mulheres menos<br />

decentes, com base num comportamento mais<br />

“descontraído” de algumas , em oposição às Carmo,<br />

às Fidélia, às manas Rita e Sabina, por exemplo.<br />

Alencar por seu lado, parece entender o<br />

mundo feminino como sendo composto de criaturas<br />

nem sempre dóceis e acomodadas: é a frágil e diáfana<br />

Ceci, mantendo Peri como seu escravo, apesar da<br />

repugnância que lhe causa o selvagem, a vibrar com<br />

a visão do abandono da mãe e da própria tribo em<br />

troca de servi-la, à Senhora, à Iara; é Aurélia, proprietária<br />

de um homem, do qual compra, com dinheiro,<br />

a honra; é Lucíola, que se enquadraria aparentemente<br />

na segunda classificação, mas a moralidade alencariana<br />

logo dará ciência ao leitor da razão dos seus caminhos<br />

: é pura, no íntimo, tão pura quanto as outras,<br />

ou até mais; em realidade assume o papel de cortesã<br />

por razões sociais. A renúncia vai situá-la, inteiramente,<br />

no grupo das mulheres decentes, honestas, de<br />

comportamento ilibado, dando-lhe destaque pelo<br />

dramático da situação de extrema crueldade com que<br />

é condenada pelo grupo que a marginaliza.<br />

O adultério não é claramente enfocado na<br />

ficção de Alencar. A mulher pouco decente é aquela<br />

que choca os padrões da sociedade, mas a “ménage à<br />

trois”, os triângulos, não são comuns na normalidade<br />

da sua escritura.<br />

Tal não acontece em Machado de Assis.<br />

Muitas de suas personagens não primam pelo que se<br />

poderia classificar “procedimento digno”, mas as<br />

reações de grupo são dessemelhantes às de Alencar.<br />

Ao passo que as “marcelas” são franca e assumidamente<br />

depravadas, tendo uma vida da qual a sociedade<br />

é ciente, vicejando à margem, como um mal ne-<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

cessário a que os pais fecham os olhos,- as Virgílias,<br />

Sofias, e Capitus têm toda cobertura da sociedade<br />

para suas ações limitadas pelas aparências exteriores:<br />

são damas da melhor importância, com direito à consideração<br />

das pessoas de bem.<br />

http://tensaintensa.blogspot.com/<br />

Mas cada uma delas é diferente desta classificação<br />

apressada e homogênea com que as rotulam<br />

alguns críticos- resultado da análise em profundidade<br />

praticada pelo olho agudo do romancista que lhes<br />

desnuda o interior e lhes perscruta razões. Criaturas,<br />

na maioria, frívolas e frias, o adultério é-lhes, talvez,<br />

uma segunda natureza, ou uma necessidade de afirmação<br />

da personalidade, e nele estão muito bem,<br />

sem se deterem sobre as consequências, sem problemas<br />

de consciência, sem demonstrar nenhuma crise<br />

moral, escrúpulos ou remorsos. Esta é Virgília, que,<br />

destinada a Brás Cubas, casa-se por interesse com<br />

aquele outro que lhe dará maior brilho social – talvez<br />

até a faça “marquesa”. Sem o menor sentimento de<br />

culpa, concretizará o amor antigo, reatando as relações<br />

interrompidas e as aprofundará, muito naturalmente,<br />

no seu duplo papel, resguardadas as aparências<br />

(não tanto que a coisa não transpire, brevemente),<br />

e forçando a honestidade de berço de dona Plácida,<br />

a fará aceitar a situação indesejada de alcoviteira<br />

de seus amores, pela situação de miséria e penúria<br />

em que a agregada vive. Dona Plácida defende a duras<br />

penas a sua dignidade ferida, - ela que é, de conformidade<br />

com o seu nome, pacífica por natureza;<br />

aprende a acomodar, ou mesmo calar, os seus escrúpulos,<br />

passando por cima de suas próprias convicções.<br />

E o autor justifica sua função “ o vício é muitas<br />

vezes o estrume da virtude. O que não impede que a<br />

virtude seja uma flor cheirosa e sã. Ela que possui a<br />

sua honradez (apesar da origem), que não compactua<br />

com uniões ilegais, e por isso mesmo, só se entrega<br />

pelo casamento estabelecido, não experimenta traumas<br />

com a união espúria, porque não analisa o fato<br />

em profundidade,- (SEGUE)<br />

www.varaldobrasil.com 160


,- é sua defesa interior- e aceita, assim, o<br />

papel que lhe destinaram, sem questionar a moralidade<br />

implícita.<br />

Sofia é calculista, dissimulada, como também<br />

o é Capitu (com os seus olhos de cigana oblíqua);<br />

sua marca é a esperteza, a sagacidade, a malícia.<br />

Diferentemente porém, daquela, destaca-se pela<br />

vulgaridade. Se Virgília é levada ao adultério pelo<br />

amor impulsivo ao antigo noivo; se Capitu chega à<br />

situação esquiva movida por uma espécie de<br />

“imperativo categórico” (algo que não poderia ser de<br />

outro modo ), algo que estava nela embrionariamente<br />

incutido pela natureza do seu caráter, pela firmeza<br />

do seu espírito altivo, Sofia o faz como fuga a uma<br />

vida vazia de qualquer conteúdo espiritual ou moral.<br />

O cinismo é o seu terreno, e a amoralidade é parte da<br />

sua personalidade; deixa-se levar pelos acontecimentos,<br />

cultivando e incentivando o galanteio masculino,<br />

necessitada de uma corte de admiradores. Completamente<br />

desprovida de qualquer sentimento mais<br />

“piedoso”, ela pisa corações, só lhe interessando subir<br />

na vida, não importa a quantas duras penas, a que<br />

concessões. Tem dois pesos e duas medidas para julgar<br />

e/ou conter ou estimular a investida masculina:<br />

de um, conta ao marido o atrevimento, de outro<br />

guarda para si, encantada, o segredo do amor revelado:<br />

Rubião e Carlos Maia, respectivamente.<br />

Capitu 4 é o personagem mais complexo de<br />

quantos criados por Machado de Assis. O que nela<br />

mais impressiona é a firmeza de sua resolução, a certeza<br />

do caminho que traçou, com todos aqueles objetivos<br />

a alcançar, dele não se afastando por nenhuma<br />

razão, não admitindo nenhum insucesso, mulher superior<br />

que faz o seu destino, que dispõe da sua vida e<br />

daquelas vidas que estão ao seu redor. Não é um títere,<br />

movida por impulsos, como as outras, nem por<br />

sentimentos banais. Ao contrário, toda ela é certeza,<br />

é cálculo, e é sucesso. A observação de José Dias<br />

sobre os seus olhos de cigana oblíqua e dissimulada<br />

cai como uma luva para realçar a sua maior característica.<br />

Maquiavélica, ela prepara o seu futuro, onde<br />

tudo deverá acontecer como arquitetou. E é tal a força<br />

de verdade da personagem, que o leitor a elege<br />

em simpatia, solidário com a posição cruel em que<br />

as consequências dos seus atos de raciocínio a colocaram,<br />

em detrimento da figura nula do marido, que<br />

a retira de sua vida muito discretamente, de maneira<br />

“oblíqua”.<br />

Para tal autor tão fortemente pessimista,<br />

que de maneira alguma “acredita” na sinceridade dos<br />

sentimentos femininos, que parece adotar a filosofia<br />

do Duque de Mântua 5 : “La donna é móbile/qual piuma<br />

al vento/ mutta d’acento e di pensiero”..- causará<br />

espécie a contradição do enfoque das figuras femininas<br />

do Memorial de Aires.”, a um leitor menos avisado.<br />

É preciso pensar na obra “globalizante” do<br />

autor de Dom Casmurro: aquelas figuras tão santas<br />

, tão “normais” (dentro do conceito familiar judaico-cristão)<br />

têm que ser compreendidas em seu<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

sentido próprio e nunca, em oposição às Capitus, às<br />

Virgílias, Sofias, etc. Sendo um romance que encerra<br />

um ciclo de vida e de filosofia, vai desmentir a<br />

carranca que colocaram sob a face do narrador de<br />

tantas infidelidades femininas – ele não é um inimigo<br />

declarado das mulheres, não é um descrente das<br />

suas virtudes. Não! O Memorial....”é, pelo contrário,<br />

a confissão da sua crença no casamento como<br />

instituição social. É possível a felicidade conjugal. O<br />

casamento pode ser uma fonte de alegrias, de companheirismo,<br />

de realizações e enriquecimento espiritual.<br />

A gente Aguiar o ilustra à saciedade. Passados<br />

os primeiros anos de ajustamento de personalidades,<br />

chega um tempo em que, verdadeiramente, o homem<br />

e a mulher se complementam. Ali estão aqueles dois<br />

“velhos”( e nem o seriam tanto!) a desfrutar de uma<br />

paz absoluta que lhes vem da certeza do sentimento<br />

recíproco, da fé e da verdade da sua união (o ideal de<br />

Rosemonde Gérard 6 realizado! “Quando tu fores velho<br />

e eu também for velha/ E estes louros anéis forem<br />

brancos e escassos,/ Em maio, no jardim, do sol<br />

à luz vermelha/ Iremos aquecer os nossos membros<br />

lassos”.). E o que haverá de autobiográfico nesta cena?<br />

Dizem seus biógrafos que ele encontrou a felicidade<br />

no casamento. E se não bastasse a colaboração<br />

mútua, aí ficaram os versos que ele recitou no túmulo<br />

de sua amada Carolina, um dos mais belos sonetos<br />

da língua portuguesa, a dizer da profundidade dessa<br />

união.<br />

Dona Carmo, diz o narrador, tem o sentido<br />

da medida, É calma, discreta, suave e santa mulher .<br />

Fidélia corresponde ao nome: não está nunca traindo<br />

o seu defunto; e seu casamento com Tristão há de<br />

dar certo, porque realizado sob o signo de uma reflexão<br />

amadurecida – esta, a grande tese de Machado:<br />

- ao contrário das uniões apressadas e efetuadas sem<br />

o necessário discernimento, sem as indispensáveis<br />

bases morais e espirituais, sujeitas, por isso, à queda<br />

nas tentações.<br />

Um outro aspecto que escapa sempre aos<br />

julgadores da implacabilidade de Machado de Assis<br />

com relação às suas heroínas é a falta “de olhos” para<br />

enxergar a outra face da medalha. Machado apresenta<br />

somente mulheres demoníacas, ou apenas lhes<br />

destaca como fundo e silhueta esta característica,<br />

(SEGUE)<br />

www.varaldobrasil.com 161


que é realçada pela qualidade moral baixíssima<br />

de certos homens que as acompanham? Hem?<br />

Daquele severo julgamento não podem estar excluídos<br />

os personagens masculinos, “donos” de tais criaturas...<br />

Em geral, eles são, de alguma maneira,<br />

cúmplices da subversão dos costumes, da desonestidade<br />

de suas mulheres. Lobo Neves sabe que é uma<br />

das pontas do triângulo, mas não sente nenhuma repugnância<br />

em oferecer charutos (e mais: até uma<br />

Secretaria...) a Brás Cubas, cuja presença é-lhe oportuna<br />

e bem-vinda, pois não o dispensa como conselheiro<br />

e secretário; não dará importância à carta anônima<br />

que recebe, revelando um fato do qual talvez já<br />

tenha conhecimento, comentado e sabido por toda<br />

sociedade fluminense; bom para a esposa, nunca a<br />

censurou, merecendo-lhe ao morrer, lágrimas sinceras,<br />

daquela mesma sinceridade que era “o estofo da<br />

traição”; Palha é uma figura completamente abjeta.<br />

Justifica que alguns dos “raios” dos olhares de sua<br />

bela esposa iluminassem e aquecessem outros corações;<br />

fá-la exibir as formas “magníficas”, como as<br />

nomeia o narrador; orgulha-se de que a esposa seja a<br />

“primeira figura do salão”, apreciando-a valsar, cingida<br />

por braços vários e variados, e justifica, sem se<br />

escandalizar, que alguns homens notáveis pela posição<br />

social ou fortuna- se ocupassem dela por tanto<br />

tempo...<br />

Como condenar inteiramente essas mulheres<br />

vazias, sem conteúdo moral, sem finalidade mais<br />

alta na existência do que o brilho social e o sucesso<br />

nos salões, preocupadas apenas em subir socialmente<br />

?<br />

No caso de Capitu também se poderia atribuir<br />

a Bentinho a sua parcela, grande, de culpa, dado<br />

o seu caráter apagado, neutro, sempre conduzido<br />

pelos outros, incapaz de defender o seu lar, não reco-<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

nhecendo evidências nem ameaças na figura calculista<br />

de Ezequiel; e, mais grave, conformado com a<br />

sua desgraçada sorte, não lutando para preservar o<br />

seu mundo, não aproveitando a lição da experiência<br />

em tentar recuperar aquele magnífico potencial, ao<br />

invés de afastá-lo de si para sempre e condená-la, a<br />

Capitu, ao exílio e à morte ?!<br />

Em fazendo um retrato tão amargo das heroínas<br />

romanescas, não quererá ele destacar esse aspecto?<br />

Essa realidade, por detrás das aparências<br />

vãs?<br />

NOTAS<br />

____________________________________<br />

Cf. MACHA<strong>DO</strong> de ASSIS. Memorial de Aires. São Paulo,Cultrix,l960.Org.<br />

de Massaud Moisés.<br />

Cf. ----------------------------Memórias póstumas de Brás<br />

Cubas, idem, idem.<br />

Cf. Idem, idem, cap.LXV1,p. 134<br />

4 Cf. personagem de Dom Casmurro<br />

5 Cf. personagem da ópera Rigoletto, de G. Verdi<br />

6 Cf. GÉRARD, ROSEMOND. A eterna canção, poesia.Tradução:<br />

Ana Amélia de Queiroz Carneiro de Mendonça.<br />

In:TELLES ALVES,A. Antologia de poetas estrangeirosª.<br />

São Paulo, Logos,1960,3 ed.<br />

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Terra e Tear<br />

Por Eliane Accioly<br />

Reunidas no tear<br />

mulheres tecem<br />

fios e ciclos<br />

de um tempo lunar<br />

Contam laçadas<br />

e pontos, cantam<br />

baladas e lendas<br />

entre risos e marés<br />

Navegando<br />

arcaica memória,<br />

turvo lago,<br />

era imemorial,<br />

riscam e sulcam<br />

essas águas<br />

sem deixar marca<br />

ou pegada<br />

(Os quatro rostos de Eva:<br />

a menina e a virgem,<br />

a plácida grávida,<br />

e a anciã, teia de vida)<br />

Passeando toda noite<br />

no branco esquecimento<br />

que cuida tudo apagar<br />

mulheres e tecelãs<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

recordam o tempo lunar:<br />

mulher botão, verde fruto,<br />

fruto dando semente<br />

e a velha, terra gretada<br />

Ciclos correm em seus corpos<br />

tecendo rios e leitos<br />

onde deitam com seus homens<br />

onde partejam crianças<br />

Cardando e enovelando<br />

mãos calejadas e nuas<br />

mulheres tramam e urdem<br />

as mortalhas e a vida<br />

entre risos e marés<br />

(Mulher tem muitas sementes:<br />

na menina, a anciã,<br />

e das gretas de uma velha<br />

brota tímida, a menina)<br />

Imagem: Eliane Accioly<br />

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Mulher um Universo<br />

Por Sonia Nogueira<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Sobre o sono de Adão nasceu a mulher osso do seu osso e carne da sua carne e<br />

serão dois numa mesma carne. Pela desobediência estarás debaixo do poder do teu mari-<br />

do, e, ele te dominará. (Gênesis, cap.14 v 16).<br />

Viveu a mulher escrava e submissa por longos e tenebrosos anos, parindo, cuidan-<br />

do da casa e filhos. As regras podaram-lhe o direito do saber, a liberdade da palavra, o<br />

direito sagrado de pensar.<br />

Os ventos, submissos ao tempo, rolaram lentos até que o sopro da liberdade roçou<br />

ora num pensar, ora num querer, e surge a nova mulher do século: A maior percentagem<br />

nos estudos, minimizou a prole, trocou o fogão pela caneta, alçou voo nas mais variadas<br />

profissões, pensa, discute, age, cria, escolhe o companheiro, grita a liberdade.<br />

Não citarei as mazelas que ainda enfrenta, as barreiras e pontes que ultrapassa<br />

com aranhões e espinhos lhe perfurando corpo e alma, para não apagar o brilho da con-<br />

quista. Falo, porém, dos inúmeros degraus que pisou com ou sem salto, caminhando to-<br />

das com o mesmo objetivo: arregaçar as mangas, mexer no barro, montar tijolo a tijolo e<br />

construir com suor e coragem a nova missão, liberdade, igualdade e liderança.<br />

Neste universo de disputas braço a braço, saber por saber, e culturas diferentes,<br />

tem a mulher se inteirado da força que a domina, ultrapassa fronteiras, sobe em palan-<br />

ques, discute decisões, sujeita e ganhar ou perder, mas, muitos troféus e vitórias lhe che-<br />

gam às mãos.<br />

Sem deixar de lado a maior das missões, ser mãe, e profissional em tempo e sin-<br />

gularidade, no abraço, no sorriso e feminilidade destacável. Falo da mulher que faz da<br />

vida estrada de conquistas e do amor direito natural e intransferível.<br />

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A rosa que é você<br />

Por Silvio Parise<br />

Como a rosa que se vê<br />

de um perfume saboroso e marcada<br />

com espinhos por todos os lados...<br />

Assim mesmo é você nesse talo<br />

de vida que Deus te deu<br />

Essa rosa de aroma que falo<br />

doce demais para se descrever<br />

é a essência de um puro ser<br />

cujas pétalas me exprimem e exaltam<br />

a paixão que vem do Alto, e que se faz saber...<br />

Este amor que parte de você<br />

como a rosa toda bela e meiga<br />

esta ternura singela que estonteia<br />

ao mais puro e verdadeiro ser<br />

Quem pode te entender?<br />

Acho que nem você se entende...<br />

Porque esta maneira de ser<br />

Não vem de nenhuma flor que se conhece...<br />

Complexa e meiga como a rosa<br />

tu tens perfume, mas também espinhos...<br />

Pois são partes distintas desta personalidade<br />

que, quando se traga, nos embebeda como o<br />

vinho<br />

Esse ser misterioso e rebelde<br />

meigo demais para qualquer malícia...<br />

Mas que, como a rosa, que é sempre formosa e<br />

artística<br />

tu, da mesma maneira, também és...<br />

Este labirinto de desenhos fabulosos<br />

cheio de relevos, curvas e perfume<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

esta marca registrada cujo aroma<br />

me encanta e me deixa quase nas nuvens...<br />

Pra te cheirar, beijar e amar<br />

esse amor de rosa que é você<br />

e juntos podermos plantar<br />

esta semente para sempre eu poder ter<br />

Pois não quero vê-la partir<br />

e esperar um novo amanhecer<br />

para então te ver assim crescer<br />

colorir-se, florir e me perfumar...<br />

Com o perfume que só você pode dar<br />

rosa do meu amor perene<br />

que me lembra, e sempre faz me lembrar de ti<br />

e como a rosa que é tão sublime<br />

assim é o amor que exprimes<br />

porque é isso mesmo que você é<br />

Essa rosa delicada e sonsa<br />

mas de uma exuberância estrondosa...<br />

Que faz fluir em qualquer esfera<br />

o perfume e flor do amor que jorra<br />

de ti, ó rosa bela, para sempre tão formosa.<br />

www.varaldobrasil.com 165


Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

NÃO COMPRE<br />

ANIMAIS<br />

SILVESTRES!<br />

DENUNCIE QUAN<strong>DO</strong><br />

VER ACONTECEN<strong>DO</strong><br />

COMPRA E VENDA<br />

DESTES ANIMAIS!<br />

ELES MERECEM A<br />

NATUREZA E A<br />

NATUREZA PRECISA<br />

DELES!<br />

www.varaldobrasil.com 166


ELA<br />

Por Francy Wagner<br />

Mulher, feminino, fêmea, criadora e procriadora,<br />

amor e doação, companheirismo e amizade.<br />

Estou aqui diante dela e não consigo parar de<br />

olhar. Fico vasculhando sua figura: os olhos, a<br />

boca, os cabelos, o colo, o corpo inteiro e ela<br />

sorri! Esta ficando encabulada com o meu<br />

olhar? Acho que não. Ela sabe o que estou fazendo.<br />

Ela sabe o que estou procurando e gentilmente<br />

esconde para que eu continue a procurar.<br />

Ela, que no inicio me trouxe tantas dores de<br />

cabeça! Ela, que no inicio era motivo da minha<br />

raiva! Eu não tolerava seu jeito seguro de ser,<br />

colocando tudo em ordem na minha desordem,<br />

o que para mim significava exatamente o contrario.<br />

Então, com minha forca, meu imperialismo<br />

masculino, virava tudo pelo avesso! Ela ficava<br />

com raiva também e brigávamos. E como<br />

brigávamos!...<br />

Nunca nos agredimos fisicamente, claro. Eu<br />

não bateria nela! Mas procurava alcançar seu<br />

ponto fraco... e nunca consegui! Eu não o<br />

achei.<br />

Ela achou o meu!<br />

No final, não houve perdedor. Nós nos ganhamos.<br />

Eu não recuei, ela recuou e venceu. Venceu<br />

meus argumentos, cansou as minhas forças e<br />

quando menos percebi, ela ja morava no meu<br />

coração.<br />

Para os conceitos atuais de beleza, ela não é<br />

uma modelo fotográfica! Ainda bem. Ela é uma<br />

mulher normal, se é que existem mulheres normais.<br />

Nem sempre esta com o cabelo arrumadinho,<br />

ja achei até alguns fios brancos e nada falei;<br />

ela os encontrou e pintou o cabelo, trocou a<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

cor. Depois cortou, e eu não notei... dois dedos!<br />

Eu achei que foram dois centímetros, daqueles<br />

bem pequenos! Nem sempre esta na moda,<br />

mas adora bolsas e sapatos... tantos que os<br />

meus ficaram relegados a uma das cinco prateleiras.<br />

Vitrines? Ah, minha tortura, sair com ela<br />

para as compras... e ja desisti de tomar café<br />

com as suas amigas... fico com dor de cabeça:<br />

falam demais e não sei como se entendem- todas<br />

ao mesmo tempo. E como tem assunto!...<br />

Sabem de tudo!<br />

Tem uma barriguinha que acho linda, um corpinho<br />

que se encaixa direitinho no meu!<br />

Ela consegue me enlouquecer de todas as maneiras.<br />

Em primeiro lugar não consigo entender como<br />

ela consegue ver tudo!<br />

Em casa vê o que ela acha que está sujo, as<br />

tarefas das crianças, a dispensa, o lixo para<br />

levar para fora,... uma canseira. Se tivesse um<br />

batalhão de pessoas ao seu comando, tenho<br />

certeza que ninguém conseguia ficar parado!<br />

Não sei como ela consegue fazer tudo e, pasmem(!),<br />

ao mesmo tempo!<br />

Lembro que fiquei um dia desses sentado, fingindo<br />

ler um livro, e observando sua movimentação,<br />

normal e diária, em um dia comum da<br />

semana, quando todos estávamos em casa. Eu<br />

cansei!<br />

E quando ela ficou doente e teve que ser internada<br />

durante alguns dias no hospital! Eu quase<br />

enlouqueci. Esquecia de tudo. Compras, casa,<br />

crianças, trabalho, e ela... no hospital. Tudo me<br />

faltava. Ela me faltava!<br />

Isso! Ela! Ela me faltando eu não sou eu inteiro.<br />

Eu sou menos de trinta por cento, pois ela<br />

constrói o universo onde habito.<br />

Seu humor, de variações escandalosas, deixa<br />

meus dias... digamos, agitados! Ou ela esta<br />

muito bem, sorrindo, colorindo minhas arvores,<br />

meu céu, meu caminho, meu trabalho, ou ela<br />

esta com TPM e provoca uma revolução, um<br />

terremoto, vai tirando tudo do lugar, para colocar<br />

novamente daqui há alguns dias... e os meses<br />

vão se passando. Os anos foram se passando.<br />

Perdi minha paz? Não, ela é minha paz!<br />

Perdi a minha “monotonidade”. Perdi minha<br />

unidade, minha individualidade? Nada disso:<br />

com ela eu sou uno, sou um individuo melhor:<br />

minha companheira é a melhor mulher do mundo!<br />

... apesar de tudo.<br />

(segue)<br />

www.varaldobrasil.com 167


Meu mundo deixou de ser preto e branco. Tudo<br />

ali, certinho. Camisas de colarinho bem passado,<br />

esqueça: ela detesta passar roupa- existe<br />

lavanderia para isso! Meus sapatos ao pé do<br />

sofá, prontos para o dia seguinte – esqueça:<br />

tem sapateira na entrada para isso! E onde esta<br />

aquele calção do domingo? Aquela porcaria?<br />

Joguei fora! Não prestava para nada. Nada?!<br />

Era meu calção predileto, macio, velhinho, não<br />

incomodava.... eu podia ate...bem, deixa pra la.<br />

Ela jogou fora! E assim também foram para o<br />

lixo meu velho e querido tênis ( cheirava mal e<br />

estava rasgado!), minha meia de inverno<br />

( aquela porcaria furada, nem pensar!), ela chegou<br />

na minha mesa de trabalho. Não!!!! Aqui<br />

você não arrume! Ela ficou triste. Fiquei triste<br />

alguns dias. Ela me presenteou com outro calção,<br />

bem diferente... mas que deixei jogado no<br />

chão, ao pé da cama. Ela coloriu meu mundo!<br />

Ela se queixa. É incompreendida! Mãe de dois<br />

filhos lindos, vive numa casa de homens! Então<br />

lembrei a musica do Erasmo Carlos: somos todos<br />

dependentes e carentes de sua força! Ela<br />

consegue por ordem nesse pardieiro, como disse<br />

uma vez, quando ficamos os três em casa e<br />

ela chegou... meia hora antes! Nós não a compreendemos,<br />

pois é impossível: quando se<br />

pensa que ela vai explodir, ela sorri e tranquiliza<br />

nossos corações. Quando penso que ela vai<br />

sorrir, ela diz: não sei... quando penso... deixei<br />

de pensar. Deixar de prever. Ela é imprevisível.<br />

Aceitei essa qualidade.<br />

E a profissional? Eu ate pensei que iriamos<br />

continuar trabalhando juntos, mas ela trocou de<br />

profissão! Eu nunca conseguiria fazer isso com<br />

tanta facilidade. Foi só engravidar, ela decidiu:<br />

Vou mudar tudo! Vou reorganizar minha vida!<br />

Vou precisar de mais tempo para o bebe, mesmo<br />

depois, e... decidido: vou fazer algo que encaixe<br />

na minha vida de mãe também.<br />

Gelei! Será que vai trocar de marido também?<br />

Cheguei ate a perguntar. Ela sorriu. Não gargalhou<br />

na minha cara assim, na maior tranquilidade!<br />

Ela sabe o poder que tem. E ainda diz que<br />

é insegura? Inseguro sou eu! Ela trocou tudo<br />

quando foi mãe, e me mudou totalmente para<br />

casarmos... Inseguro sou eu!<br />

Gritou um dia que não queria ser minha dependente!<br />

Eu iria cuidar das crianças (mais ainda?!)<br />

pois ela precisava da promoção! Ei, quem<br />

é o dependente aqui? Quem é que não sabe<br />

mais nem onde anda suas cuecas? Você troca<br />

tudo de lugar! Quem enlouquece quem?<br />

Passamos por tempos difíceis. Pensei em ir<br />

embora. Fui.<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Encontrei o vazio. O vazio de mim mesmo.<br />

Senti sua falta. A falta do colorido, do quente,<br />

do frio. Minha vida ficou morna. Voltei!<br />

Hoje ela esta magicamente ali, sentada a minha<br />

frente, brincando de videogame com o caçula,<br />

e percebe meu olhar. Sabe que escrevo<br />

sobre ela. Sabe que não consigo ver tudo, mas<br />

sei o tudo que ela significa para mim.<br />

Ela sorri. Não esta encabulada. Esta segura<br />

dos nossos laços. Esta segura de nossa vida.<br />

Nosso amor nos segurou ate hoje.<br />

Mulher, meu amor, meu rumo, minha direção.<br />

Mulher, magia e feitiço.<br />

Mulher, feminino, magia, criação e procriação,<br />

ordem e desordem, guerra e paz, decadência e<br />

triunfo. Nela tudo existe! Nela tudo se encontra.<br />

Ela é meu complemento e sem ela nada sou<br />

além de um triste homem vagando no vácuo.<br />

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ESSA MULHER<br />

Por Eber Josué<br />

Ela chegou e, sem querer, roubou a cena.<br />

Sonhou, brincou, amou...<br />

Era serena.<br />

Trouxe risos e cores<br />

Envoltos em versos e prosas.<br />

Docemente dizia:<br />

“Não quero rosas, desde que haja rosas”.<br />

Ela chegou e, sem querer, tomou o palco.<br />

Cantou, dançou, sorriu...<br />

Sobre o seu salto.<br />

Trouxe cor e calor,<br />

Contagiando a massa.<br />

Somente se ouvia:<br />

“Meu Deus, eu quero a mulher que passa”.<br />

Acreditou sinceramente nas pessoas.<br />

Parou, ouviu, sentiu...<br />

Julgou-as boas.<br />

Viu-se despedaçar<br />

Todo o carinho<br />

Ao concluir:<br />

“Tinha uma pedra no meio do caminho”.<br />

Ela provou de uma moeda os vários lados.<br />

Sorriu, sofreu, chorou...<br />

Tempo nublado.<br />

Tentou lutar,<br />

Travando íntima peleja,<br />

Quando provou:<br />

“A mão que afaga é a mesma que apedreja”.<br />

Ela seguiu e decidiu fazer-se forte.<br />

Sentiu, ouviu... Curvar?<br />

Nem mesmo à morte!<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Sorriu e o sol<br />

Radiante retornou.<br />

E concluiu:<br />

“Mulher é desdobrável. Eu sou”.<br />

www.varaldobrasil.com 169


Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

www.varaldobrasil.com 170


REGULAMENTO <strong>DO</strong> CONCURSO CULTU-<br />

RAL "1º PRÊMIO <strong>VARAL</strong> <strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong> DE<br />

LITERATURA - <strong>20</strong>13", PROMOVI<strong>DO</strong><br />

PELA REVISTA <strong>VARAL</strong> <strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong><br />

A finalidade do presente concurso é a divulgação<br />

da Língua Portuguesa e da arte<br />

literária mediante premiação das melhores<br />

obras literárias dentro do proposto no regulamento<br />

a seguir:<br />

1. Poderão participar do concurso<br />

pessoas maiores de 18 anos que<br />

sejam brasileiras ou estrangeiras e<br />

que escrevam na Língua Portuguesa.<br />

2. Serão consideradas três categorias:<br />

contos, crônicas e poemas.<br />

3. Os originais deverão ser inéditos e<br />

escritos em Língua Portuguesa. Os<br />

contos, crônicas e poemas não poderão<br />

ser traduções de originais de<br />

outros idiomas e não poderão ter<br />

sido publicados anteriormente em<br />

nenhum meio de comunicação, impresso<br />

ou virtual, e poderá ser chamado<br />

às vistas da lei.<br />

4. O conteúdo dos originais seguirá o<br />

critério seguinte: o tema é LIVRE,<br />

ou seja, o autor poderá escrever sobre<br />

o assunto de sua escolha. Os<br />

textos não deverão trazer temática<br />

partidária, seja ela política, religiosa,<br />

racial ou outra. Textos que possuam<br />

conteúdo partidário político,<br />

religioso, racial ou outro e textos<br />

que contenham pornografia de<br />

qualquer espécie serão desclassificados<br />

deste concurso sem mais.<br />

5. Cada candidato poderá concorrer<br />

nas três categorias com um trabalho<br />

em cada uma delas no máximo.<br />

Para cada categoria o candidato deverá<br />

fazer uma inscrição separada<br />

e enviar também separadamente, o<br />

material a ser avaliado no concurso.<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

6. A inscrição dos originas deverá ser<br />

realizada no período entre 1º de fevereiro<br />

e 30 de abril de <strong>20</strong>13, mediante<br />

o pagamento de uma taxa de<br />

inscrição e do envio dos originais a<br />

serem avaliados para o e-mail<br />

varaldobrasil@gmail.com nas condições<br />

abaixo discriminadas.<br />

7. O valor da taxa de inscrição fica<br />

estabelecido em: CHF 25,00 (vinte<br />

e cinco francos suíços) para a Suíça;<br />

BRL 45,00 (quarenta e cinco<br />

reais) para o Brasil e EUR <strong>20</strong>,00<br />

(vinte euros) para todos os demais<br />

países. O valor deverá chegar ao<br />

<strong>VARAL</strong> <strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong> isento do pagamento<br />

da taxa de transferência<br />

bancária ou depósito bancário.<br />

8. As coordenadas bancárias para o<br />

pagamento da taxa de inscrição deverão<br />

ser solicitadas através do email<br />

varaldobrasil@gmail.com<br />

9. Os interessados preencherão a ficha<br />

de inscrição que será enviada<br />

junto do texto (folha separada) e<br />

comprovante de pagamento da taxa<br />

de inscrição. Uma foto de rosto deverá<br />

ser enviada junto ao restante<br />

do material solicitado.<br />

10. As inscrições serão realizadas apenas<br />

online, por intermédio do email<br />

varaldobrasil@gmail.com<br />

11. As crônicas e os contos deverão ser<br />

enviados em formato A4, letra Arial<br />

12. Os contos deverão ter no máximo<br />

duas páginas e as crônicas no<br />

máximo uma página.<br />

12. Os poemas deverão ser enviados<br />

obedecendo às mesmas condições<br />

dos itens 10 e 11, mas contendo no<br />

máximo 1 página.<br />

13. Não serão considerados válidos textos<br />

que vieram colados no corpo do<br />

e-mail nem textos que vierem sem<br />

o comprovante de pagamento da<br />

taxa de inscrição.<br />

www.varaldobrasil.com 171


14. Não serão considerados válidos textos<br />

que vieram colados no corpo do e-mail<br />

nem textos que vierem sem o comprovante<br />

de pagamento da taxa de inscrição.<br />

15. Para seleção das melhores obras o<br />

<strong>VARAL</strong> <strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong> formará uma Comissão<br />

Julgadora que estará apta a<br />

avaliar os originais enviados de acordo<br />

com os critérios editoriais, criatividade<br />

e estilo para desta forma escolher os<br />

vencedores do presente Prêmio.<br />

16. Toda e qualquer decisão tomada pela<br />

Comissão Julgadora será irrevogável.<br />

E para a decisão não cabe nenhum tipo<br />

de recurso ou medida judicial. A<br />

inscrição no concurso implica na aceitação<br />

de todos os itens deste regulamento.<br />

17. A escolha das melhores obras literárias<br />

será publicada no mês de junho<br />

de <strong>20</strong>13 no site e blog do <strong>VARAL</strong> <strong>DO</strong><br />

<strong>BRASIL</strong> (www.varaldobrasil.com e<br />

www.varaldobrasi.blogspot.com) e divulgada<br />

amplamente.<br />

18. Os vencedores em cada categoria receberão<br />

certificado do I PRÊMIO VA-<br />

RAL <strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong> DE LITERATURA,<br />

além da quantia de CHF 500,00<br />

(quinhentos francos suíços) e a participação<br />

como convidados no livro VA-<br />

RAL ANTOLÓGICO 4 a ser editado em<br />

<strong>20</strong>14.<br />

19. Os detentores do segundo lugar em<br />

cada categoria receberão Menção Honrosa,<br />

mais a quantia de CHF 300,00<br />

(trezentos francos suíços) e a participação<br />

como convidados no livro VA-<br />

RAL ANTOLÓGICO 4 a ser editado em<br />

<strong>20</strong>14.<br />

<strong>20</strong>. Do terceiro ao décimo lugar: Menção<br />

Honrosa e possibilidade de participar<br />

do livro <strong>VARAL</strong> ANTOLÓGICO 4<br />

(mediante pagamento de inscrição com<br />

valor privilegiado).<br />

21. A nominação e comunicação dos premiados<br />

será feita por e-mail.<br />

22. Fica autorizada a publicação pelo VA-<br />

RAL <strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong> na revista <strong>VARAL</strong> <strong>DO</strong><br />

<strong>BRASIL</strong>, no livro <strong>VARAL</strong> ANTOLÓGICO<br />

4 e nos blog e site do <strong>VARAL</strong> <strong>DO</strong> BRA-<br />

SIL de todos os textos inscritos, sejam<br />

eles selecionados ou não. Os candidatos<br />

autorizam o uso e a veiculação do<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

seu nome pelo <strong>VARAL</strong> <strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong> ou<br />

por terceiros por ele autorizados, inclusive<br />

para fins comerciais.<br />

23. A apresentação dos originais para<br />

concorrer ao I PRÊMIO <strong>VARAL</strong> <strong>DO</strong><br />

<strong>BRASIL</strong> DE LITERATURA implica expresso<br />

acordo às normas apresentadas<br />

no presente Regulamento.<br />

24. Os prêmios são pessoais e intransferíveis<br />

e não poderão ser trocados por<br />

quaisquer outros produtos ou serviços.<br />

25 Todos os casos não previstos nas normas<br />

deste Regulamento serão resolvidos<br />

diretamente pelo <strong>VARAL</strong> <strong>DO</strong> BRA-<br />

SIL.<br />

26. A organização do <strong>VARAL</strong> <strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong><br />

se reserva o direito de recusar qualquer<br />

candidatura que acredite não<br />

respeitar as normas deste Regulamento<br />

ou por outros motivos que a organização<br />

do I PRÊMIO <strong>VARAL</strong> <strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong><br />

DE LITERATURA achar pertinente.<br />

Em Genebra, 24 de janeiro de <strong>20</strong>13<br />

Jacqueline Aisenman<br />

Editora-Chefe do <strong>VARAL</strong> <strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong><br />

Coordenadora do<br />

I PRÊMIO <strong>VARAL</strong> <strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong> DE<br />

LITERATURA<br />

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MULHER-POEMA<br />

Por Leonilda Yvonneti Spina<br />

“Mulher-maravilha”<br />

que brilha na passarela!<br />

- Que mulher é aquela?<br />

Mulher de cama, mesa e fogão.<br />

Com a sutileza de quem ama<br />

arruma a casa, esfrega o chão...<br />

- Que mulher é então, que esconde<br />

as queixas sob as madeixas?<br />

Lavra a terra, aquece a marmita,<br />

engrossa a fila dos operários.<br />

Faz passeata, em coro grita<br />

pela melhora de seus salários.<br />

Mulher bonita, politizada,<br />

cara pintada... Mulher guerreira,<br />

porta-bandeira,<br />

bandeira branca na negra anca.<br />

Mulher sem medo! Conhece cedo<br />

o dissabor da competição:<br />

- Mestra, arquiteta, jurista, esteta,<br />

“anjo da guarda” do hospital!<br />

Do quadro-negro à régua e ao traço,<br />

ao bisturi, é o direito braço<br />

dos que a temem como rival.<br />

Mulher escrava? - Não! Nunca mais!<br />

Brava mulher possui idéias,<br />

forma colmeias de puro mel.<br />

Rosa-mulher... Cheios de espinhos<br />

são seus caminhos. Camélia...<br />

É Amélia a quem bem a quer,<br />

ou “margarida”,<br />

àquele que passa a vida<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

brincando de malmequer...<br />

- Que mulher é essa tão destemida,<br />

que traz no ventre o poder da vida<br />

e enfrenta o mundo sempre adverso?<br />

É Mulher-Poema... Com rima e verso!<br />

h p://fr.all-free-download.com/<br />

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M DE MULHER<br />

Por Valquíria Imperiano<br />

Mulher<br />

Maga Magna<br />

Milagrosa,<br />

Mistura de aMor Mesurado<br />

Mulher é Metáfora<br />

Meteoro Micante<br />

Metamorfose Majestosa<br />

Magnânima Mãe<br />

Mágica Mistura Maleável<br />

Maravilhosa Mão que Manuseia<br />

Misterioso Manto Maternal<br />

Meramente Mentora<br />

Memorável Militante<br />

Medula Milenar<br />

Mestra Mão do mundo<br />

Mirífica Missionária Modelo<br />

Mítica Mulher<br />

Módulo Monumento huMano<br />

Vocabulário<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Micante : brilhante, luminoso resplandecente<br />

Mentora : guia, conselheira<br />

Mítica : fantástica, fabulosa<br />

Mirífica :Admirável, extraordinária<br />

Módulo : suave, melodioso, harmonioso<br />

Escultura e foto de<br />

Valquiria Imperiano<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

A MULHER E A LÍNGUA PORTUGUESA<br />

Por Maria José Vital Justiniano<br />

Tenho inveja da mulher que...<br />

É sábia.<br />

Canta como sabiá<br />

Faz diferença entre o sábio e não sábio, todavia,<br />

sábia como é, defende seus direitos entre os sábios homens<br />

Busca a promoção no meio dos cidadãos<br />

Busca nas palavras a realização de<br />

poesias<br />

E tenta fazer trocadilhos como:<br />

A sábia mulher<br />

Não sabia<br />

Que há homens que gostam de mulheres<br />

S antas, sensíveis<br />

A rrogantes<br />

B obas<br />

I gnorantes<br />

A morosas<br />

S ensuais<br />

Mesmo sendo loiras, morenas, negras, brancas, afinal, de qualquer cor.<br />

Pobre mulher sábia!<br />

Esqueceu-se que a natureza masculina reclama e...<br />

Não se preocupa nem com a língua portuguesa que separou<br />

Errado a palavra arrogante<br />

O homem é maravilhoso macho ou fêmea<br />

Sábio ou não Sábio.<br />

Que importa?<br />

Sempre haverá poesia<br />

O homem não assassina a poesia<br />

Ele gosta de Mulher<br />

A mulher<br />

É POESIA<br />

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Marias e Marias<br />

Por Anna Ribeiro<br />

Já falei de Maria?<br />

Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Maria.<br />

Neste mundo de meu Deus<br />

São tantas as Marias<br />

Ou<br />

Simplesmente Maria<br />

Maria das Dores<br />

Maria Paixão!<br />

Maria dos Amores<br />

Maria Mãe<br />

Maria apenas mulher<br />

Maria sofrida<br />

Maria que ninguém quer<br />

Maria que todos querem<br />

Maria de casa<br />

Oh' Dona Maria!<br />

Mas tu Maria, só tu és minha Maria<br />

Maria minha amada Mulher<br />

h p://www.v3wall.com/<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

Santas seríamos, santas somos<br />

Por Jacqueline Aisenman<br />

Na verdade eu seria santa<br />

se não tivesse sido tantas antes<br />

tantas outras coisas.<br />

E também se não tivesse tantas vontades<br />

as tantas de depois<br />

de ser depois<br />

e ter depois<br />

e nem sei antes ou depois do que.<br />

Seria santa como são todas as mulheres<br />

as que nasceram antes e depois.<br />

Porque as virtudes da santidade não estão no depois de tudo,<br />

mas exatamente no antes de qualquer coisa.<br />

E se eu fosse então santa e todas as outras também seriam<br />

seríamos todas.<br />

Partilharíamos com a vida nossos martírios pessoais e mundanos<br />

e escolheríamos a cor do altar<br />

(combinando com nossos olhos ou com o salto alto).<br />

Nós, mulheres, somos as tais santas que não se venera.<br />

Usamos batom, saias que voam e baldes na cabeça.<br />

Também cuidamos para que o decote seja tão vasto<br />

quanto é nosso coração (de vez em quando nos fechamos em golas altas).<br />

As cores dos vestidos fazem coro com os sentimentos<br />

e por isto somos floridas, coloridas ou no luto nos escondemos.<br />

Não temos tempo de ser mãe de um só filho, somos mães mesmo sem filhos,<br />

nossos filhos estão pelo mundo, espalhados e não nos chamam de mãe.<br />

Devotas esposas de homens que muitas vezes nem sabem que com eles casamos.<br />

Impiedosas amantes de homens que muitas vezes nem sabem que são eles que amamos.<br />

Agarramos com as unhas o que queremos, arranhamos com as mesmas unhas o que nos<br />

violenta.<br />

Somos as santas profissionais da casa, da vida, do amor, do sexo, dos sonhos, da crueldade.<br />

Somos as santas que o povo ama e tripudia.<br />

Alcançamos a graça simplesmente por ter nascido mulher.<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

O DIREITO AUTORAL DEVE SER RESPEITA<strong>DO</strong><br />

PORQUE RESPEITÁ-LO RESPEITÁ LO É RESPEITAR O TALENTO<br />

E A CRIATIVIDADE DAQUELE QUE CRIOU UMA<br />

OBRA. AS PESSOAS QUE COPIAM E MODIFICAM<br />

OS TEXTOS DE OUTRAS E/OU PASSAM ADIANTE<br />

ESTES TEXTOS SEM DAR AOS AUTORES <strong>DO</strong>S<br />

MESMOS OS RESPECTIVOS CRÉDITOS ESTÃO<br />

COMETEN<strong>DO</strong> CRIME!<br />

APRECIE, MAS RESPEITE O AUTOR!<br />

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Varal do Brasil fevereiro de <strong>20</strong>13<br />

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Revista Varal do Brasil<br />

A revista Varal do Brasil é uma revista bimensal<br />

independente, realizada por Jacqueline<br />

Aisenman.<br />

Todos os textos publicados no Varal do Brasil<br />

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quais agradecemos a participação.<br />

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