2007 Nº 4 - SAERJ
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2 - <strong>SAERJ</strong> em Foco - out-dez <strong>2007</strong>
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Editorial<br />
Editorial<br />
Novas diretrizes políticas<br />
Dr. Márcio Pinho<br />
Editor<br />
Calgum<br />
poder público, seja no executivo, legislativo ou<br />
om o intuito de obter respostas públicas sobre questões<br />
que nos afligem, a <strong>SAERJ</strong> em Foco, nesta edição, inicia<br />
uma série de entrevistas com todos aqueles que têm<br />
judiciário. São representantes eleitos pela sociedade, inclusive<br />
por e para nós anestesiologistas. Assim, as autoridades<br />
comprometem-se e se expõem, permitindo-se, portanto,<br />
cobranças futuras.<br />
A <strong>SAERJ</strong> em Foco entrevistou o presidente da Comissão de<br />
Saúde da Câmara de Vereadores do Município do Rio de<br />
Janeiro, Carlos Eduardo de Mattos, que se dispôs a responder<br />
sobre assuntos pertinentes à Anestesiologia e à saúde pública.<br />
Cabe a você, nosso associado e leitor, o papel de concordar<br />
ou discordar, não devendo, porém, esquecer-se das palavras<br />
por ele firmadas, como também por qualquer outro homem<br />
público que por estas lides for convidado. Se as esquecermos,<br />
jamais poderemos dele cobrar o que foi prometido.<br />
<strong>SAERJ</strong> em Foco - out-dez <strong>2007</strong> - 3
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Divulgação<br />
Palavra do Presidente<br />
Palavra do Presidente<br />
O valor do nosso trabalho<br />
Dr. Luis Antonio Diego<br />
Aconquista da respeitabilidade<br />
da Anestesiologia<br />
por toda a sociedade civil<br />
e por nossos pares – de outras<br />
especialidades e demais profissionais<br />
de saúde – deve-se à<br />
combatividade de muitos<br />
anestesiologistas que nos antecederam<br />
na vida associativa. Não<br />
foi, entretanto, sem árduo trabalho<br />
e muito discutir que se construiu<br />
a estrutura hoje existente e<br />
que representa os anestesiologistas<br />
brasileiros. Nestes tempos<br />
atuais, em que o egoísmo e<br />
a cobiça cooptaram o fake e o<br />
exibicionismo “midiático”, a defesa<br />
profissional é tarefa cada vez<br />
mais difícil, principalmente para<br />
todos aqueles que se dedicam a<br />
representá-los nas lutas por melhores<br />
honorários ou salários. As<br />
estratégias devem ser mais elaboradas<br />
e requerem certo ama-<br />
4 - <strong>SAERJ</strong> em Foco - out-dez <strong>2007</strong><br />
durecimento a fim de surtirem<br />
efeito mais duradouro.<br />
Outra característica de nosso<br />
tempo é a banalização de certas<br />
atividades que na verdade requerem<br />
muita responsabilidade<br />
e atenção, como a nossa. Muitos,<br />
inclusive anestesiologistas,<br />
propagam a anestesia como tarefa<br />
por “demais simples” e “sem<br />
riscos”. Quando não mostramos<br />
o valor do nosso trabalho, quando<br />
não nos apresentamos ao público<br />
em geral como realmente<br />
somos, deixamos com que se criem<br />
imagens e arquétipos<br />
fantasiosos, na maioria longe da<br />
realidade que todos nós bem conhecemos.<br />
Se nos vêem como<br />
meros administradores de uma<br />
“seringa com a anestesia” ou<br />
“uma máscara no nosso rosto”,<br />
e sem saber ao certo se depois,<br />
durante a cirurgia, continuaremos<br />
a cuidar do paciente, torna-se<br />
difícil destacar nosso valor<br />
maior. Assim, caros colegas,<br />
nossa primeira lição de defesa<br />
profissional é a excelência no<br />
exercício profissional, com alicerces<br />
na qualidade e na competência<br />
técnica. A segunda lição<br />
é nos abrirmos para a sociedade<br />
civil.<br />
Deste modo, a <strong>SAERJ</strong> tem<br />
se aproximado do público leigo.<br />
Abrimos área pública em nossa<br />
home page. Nela inserimos a nossa<br />
cartilha sobre as perguntas<br />
mais comuns sobre a nossa especialidade,<br />
distribuímo-la na<br />
Estação Carioca do metrô do Rio<br />
na semana do Dia do Anestesiologista<br />
e prazerosamente constatamos<br />
excelente receptividade.<br />
Este evento proporcionou a participação<br />
da diretoria em programas<br />
televisivos e entrevistas<br />
radiofônicas e assim pudemos<br />
divulgar ainda mais nosso trabalho<br />
como realmente ele é - de<br />
muito estudo, muito cuidar e,<br />
principalmente, muita responsabilidade.<br />
Nosso estado tem características<br />
únicas no sistema público<br />
de saúde, pois são muitas as instituições<br />
oriundas do tempo em<br />
que éramos a capital federal. Assim,<br />
as unidades federais convivem<br />
com tantas outras estaduais<br />
e municipais e apresentam<br />
distorções importantes entre si,<br />
não só salariais, mas também na<br />
carga horária trabalhada, e, principalmente,<br />
na segurança do exercício<br />
profissional.<br />
Neste contexto, a <strong>SAERJ</strong><br />
mantém-se atenta às reivindicações<br />
de todos os anestesiologistas<br />
fluminenses e procura<br />
apresentar-se em todos os níveis<br />
que detêm poder de decisão.<br />
Fazendo-se presente, fortalece<br />
nossa posição como especialidade<br />
forte em seus princípios,<br />
além dos aspectos técnicos<br />
e científicos. A questão salarial<br />
é complexa e requer, portanto,<br />
firmeza, mas também cautela.<br />
É mister estarmos cada vez<br />
mais unidos, respeitando-se a diversidade<br />
de opiniões e a liberdade<br />
de pensamento.
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Entrevista<br />
Entrevista<br />
<strong>SAERJ</strong> em Foco - Como o senhor<br />
analisa a situação da saúde<br />
no município do Rio de Janeiro,<br />
em relação à Anestesiologia?<br />
Dr. Carlos Eduardo - Desde o início<br />
do meu mandato, tenho me dedicado<br />
às causas da Saúde Pública.<br />
Em dois anos de mandato, fiz 532<br />
diligências e encontramos as piores<br />
condições para o profissional<br />
de saúde exercer e cumprir o juramento<br />
de salvar vidas, dar conforto<br />
e dignidade às pessoas que procuram<br />
os hospitais públicos.<br />
Em relação especificamente à<br />
anestesia, encontramos carrinhos<br />
anestésicos totalmente desatualizados,<br />
muitos, inclusive, enferrujados,<br />
falta de pilha para iluminar<br />
uma orofaringe para o<br />
anestesiologista intubar. Os procedimentos<br />
mais simples, como<br />
a intubação orotraqueal, são dificultados<br />
porque os laringoscópios<br />
encontram-se estraga-<br />
6 - <strong>SAERJ</strong> em Foco - out-dez <strong>2007</strong><br />
Vereador Carlos Eduardo de Mattos<br />
A união da categoria é primordial<br />
Foto: divulgação<br />
Presidente da Comissão de Saúde da Câmara dos<br />
Vereadores e líder do Partido Socialista Brasileiro<br />
(PSB), Carlos Eduardo de Mattos é cardiologista,<br />
com mestrado e doutorado. Eleito em 2004, o vereador<br />
é responsável pela apresentação de 54 projetos<br />
de lei, dos quais oito foram aprovados. Chefe do<br />
Serviço de Emergência do Hospital Municipal Miguel<br />
Couto, no período de 2001 a 2004, o Dr. Carlos<br />
Eduardo fala sobre as irregularidades do setor da<br />
Saúde Pública e a questão do aumento do ISS.<br />
dos, engatilhados e sem pilha.<br />
A situação é tão grave que encontramos<br />
centro cirúrgico com<br />
temperatura chegando a 25 graus<br />
e cirurgiões suando e despejando<br />
suor na cavidade aberta dos<br />
pacientes.<br />
<strong>SAERJ</strong> em Foco - O que o senhor<br />
acha que pode ser feito para solucionar<br />
esses problemas?<br />
Dr. Carlos Eduardo - Eu acho<br />
que a categoria, que já se mostrou<br />
unida em várias ocasiões,<br />
precisa se unir mais ainda e exigir<br />
do Poder Público condições<br />
de trabalho e de remuneração decentes.<br />
Principalmente, no que<br />
tange ao exercício profissional<br />
do anestesiologista, porque o<br />
anestesiologista é como se fosse<br />
um piloto de avião. Ele levanta<br />
o avião e tem que estacionar. Ele<br />
é o último a sair. Ele entrega o<br />
paciente no quarto. Então, ele<br />
tem uma grande responsabilida-<br />
de e não pode exercer a sua especialidade<br />
em centros cirúrgicos<br />
com calor, sujeitos à infecção.<br />
Centros cirúrgicos que usam<br />
furadeiras para abrir o crânio.<br />
Esse binômio, cirurgião e<br />
anestesia, é importante. Não é<br />
necessário só dar condições de<br />
exercer a especialidade do<br />
anestesiologista. É o centro cirúrgico<br />
como um todo. A categoria<br />
tem que se unir e brigar<br />
pelas suas reivindicações.<br />
<strong>SAERJ</strong> em Foco - Algumas das<br />
reivindicações que afetam o<br />
exercício da profissão são a má<br />
remuneração e o número insuficiente<br />
de profissionais. Como<br />
o senhor analisa isso?<br />
Dr. Carlos Eduardo - Em relação<br />
aos recursos humanos, nós já<br />
presenciamos um único anestesiologista<br />
tendo que dar conta<br />
da sala vermelha, da maternidade<br />
e do CTI. Os recursos humanos
devem ser adequados para cada<br />
jornada de plantão, senão os profissionais<br />
ficarão estressados.<br />
Aquele que teria que dar saúde<br />
acaba ficando doente, contraindo<br />
uma série de doenças laborativas,<br />
como herpes, síndrome de esgotamento<br />
e hipertensão arterial.<br />
Temos casos de colegas que<br />
infartaram, tiveram AVC durante<br />
o plantão. Então, não é possível<br />
que se deixe anestesiologistas em<br />
número insuficiente no interior de<br />
uma unidade que atende emergência,<br />
que tem dez centros cirúrgicos<br />
e, inclusive, maternidade. Hoje,<br />
nós temos na Zona Oeste, por<br />
exemplo, hospitais que só têm um<br />
anestesiologista de plantão e outros<br />
que não têm nenhum.<br />
<strong>SAERJ</strong> em Foco - E em relação<br />
à remuneração?<br />
Dr. Carlos Eduardo - A única<br />
maneira de se fixar profissionais nos<br />
hospitais é dando condições de trabalho<br />
e remuneração digna. Se não,<br />
esse profissional não tem incentivo<br />
para permanecer ali. E, hoje, a falta<br />
de condições de trabalho e a má<br />
remuneração são os fatores que levam<br />
à evasão nas unidades públicas,<br />
perdendo espaço para o setor<br />
privado. Os<br />
principais argumentos<br />
para se<br />
fixar o profissional<br />
nas unidades<br />
públicas são as<br />
condições de<br />
trabalho adequadas,<br />
o incentivo<br />
ao estudo e à<br />
questão salarial.<br />
A anestesiologia<br />
é uma especialidade<br />
cara.<br />
“Aquele que teria que<br />
dar saúde acaba ficando<br />
doente, contraindo<br />
uma série de doenças<br />
laborativas como herpes,<br />
síndrome do esgotamento,hipertensão<br />
arterial. Temos<br />
casos de colegas que<br />
enfartaram, tiveram<br />
um AVC durante o<br />
<strong>SAERJ</strong> em Foco - Mudando um<br />
pouco de assunto. Existem muitos<br />
anestesiologistas, em universidades,<br />
trabalhando no campo<br />
de pesquisa com animais. O que<br />
o senhor acha dessa atividade?<br />
Dr. Carlos Eduardo - Eu e alguns<br />
outros vereadores estivemos<br />
na Fiocruz e observamos que ela<br />
é utilizada dentro de um critério<br />
ético e de respeito aos animais.<br />
Então, a pesquisa com animais,<br />
na fase em que nós estamos vivendo,<br />
ainda se faz necessária para<br />
testar vacinas. Não podemos usar<br />
vacinas sem que elas sejam antes<br />
testadas em animais para saber<br />
se há lotes contaminados ou se<br />
haverá algum efeito adverso. Eu<br />
defendo o uso de animais de maneira<br />
respeitosa, ética, sem sofrimento<br />
e sem causar tortura, para<br />
que a Medicina não retroaja. Nós<br />
ainda temos que usar animais,<br />
mas vai chegar uma época em que<br />
isso não será mais necessário.<br />
<strong>SAERJ</strong> em Foco - O senhor defendeu<br />
o veto do Decreto nº 28.340,<br />
que modificava a cobrança do ISS<br />
para pessoas jurídicas. O que o<br />
senhor tem a dizer sobre isso?<br />
Dr. Carlos Eduardo - Isso foi uma<br />
grande vitória<br />
para os profissionais<br />
liberais.<br />
Não só médicos,<br />
mas, também,<br />
dentistas, advogados<br />
e contadores.<br />
Os profissionais<br />
liberais<br />
estavam sendo<br />
severamente<br />
castigados por<br />
um decreto do<br />
prefeito que<br />
mudava a forma de cobrança do<br />
ISS. Resumindo, era mais um imposto<br />
em cima de uma categoria<br />
que já está sacrificada. Isso, inclusive,<br />
poderia causar o fechamento<br />
de vários escritórios, consultórios<br />
e ficaria uma situação muito complicada.<br />
Então, como representante<br />
do setor, fui procurado por uma<br />
série de conselhos e sociedades<br />
para que o meu mandato fosse favorável<br />
à luta e não permitisse que<br />
esse decreto avançasse. Nós tivemos<br />
a oportunidade de convencer<br />
o prefeito Cesar Maia de que o<br />
melhor que ele tinha a fazer era<br />
voltar atrás. Isso é uma vitória das<br />
categorias.<br />
<strong>SAERJ</strong> em Foco - A hipertemia<br />
maligna é uma doença específica<br />
da anestesiologia. O Poder<br />
Legislativo estaria disposto a<br />
discutir com a Sociedade do Rio<br />
de Janeiro um projeto sobre<br />
essa doença?<br />
Dr. Carlos Eduardo - Eu clamo<br />
aos anestesiologistas para que possamos<br />
chamar as autoridades do<br />
Executivo, os representantes das especialidades<br />
e os membros da sociedade<br />
civil organizada, no intuito<br />
de marcar uma audiência pública e<br />
elaborar um projeto a ser apresentado.<br />
Isso é um compromisso que<br />
eu tenho com os anestesiologistas<br />
e que estarei honrando até o último<br />
dia do meu mandato.<br />
<strong>SAERJ</strong> em Foco - Como um<br />
anestesiologista pode fazer uma<br />
denúncia de alguma irregularidade?<br />
Dr. Carlos Eduardo – Ele não precisa<br />
nem se identificar. O número<br />
do Disque-Saúde é (21) 2220-1718<br />
e fica aqui no meu gabinete.<br />
plantão”. <br />
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Eventos<br />
Eventos<br />
40ª Jornada Fluminense de Anestesiologia<br />
Anestesiologistas discutem novas<br />
tecnologias em Macaé<br />
Desenvolvimento econômico da cidade atrai investimentos<br />
e promove avanços na Medicina<br />
undada em 29 de julho de<br />
1813, a cidade petrolífera<br />
de Macaé foi palco da 40ª<br />
FJornada Fluminense de Anestesiologia,<br />
promovida pela <strong>SAERJ</strong> no<br />
dia 6 de outubro, no Hotel Four<br />
Points by Sheraton.<br />
Os diversos treinamentos a<br />
que os anestesiologistas são submetidos<br />
desde sua formação acadêmica<br />
em salas de aulas, centros<br />
de ensino e treinamentos, palestras<br />
e jornadas em diversos cantos<br />
do Estado do Rio de Janeiro e<br />
pelo Brasil afora, têm oferecido,<br />
aos pacientes e a esses profissionais,<br />
uma relação cada vez maior<br />
de segurança e confiabilidade.<br />
Preocupada em intensificar<br />
essa metodologia, a <strong>SAERJ</strong> tem<br />
disponibilizado aos seus associados<br />
e aos médicos do estado uma<br />
variada série de eventos com o<br />
objetivo de aperfeiçoamento e<br />
reciclagem, estendendo essa oportunidade<br />
até mesmo a médicos estrangeiros.<br />
Para os coordenadores<br />
da 40ª Jornada Fluminense de Anestesiologia,<br />
o Dr. Marco Aurélio<br />
Damasceno e a Dra. Alessandra<br />
Domingues, Macaé tem atraído<br />
os anestesiologistas devido ao<br />
crescimento econômico da cidade,<br />
sobretudo na área da Medicina.<br />
8 - <strong>SAERJ</strong> em Foco - out-dez <strong>2007</strong><br />
por Wellington Lopes<br />
Dr. Alexandre de Araújo responde às perguntas após a palestra<br />
O início do debate, com base<br />
em reanimação cardiopulmonar,<br />
foi proferido pelos Doutores<br />
Márcio Augusto Lacerda e Deise<br />
Martins Rosa, que alertaram sobre<br />
a importância da massagem<br />
cardíaca prevista no Protocolo de<br />
2005, que, em certos casos, é mais<br />
importante que uma droga aplicada.<br />
“Apesar de a Medicina ter<br />
tido uma grande evolução nos últimos<br />
dois anos, não existe droga<br />
que seja melhor que a massagem<br />
cardíaca”, explicou Márcio<br />
Lacerda. Para chamar a atenção<br />
de como o anestesiologista tem<br />
que agir, sendo o mais atento pos-<br />
Fotos: Ana Carolina<br />
sível e assimilando as experiências<br />
dos debates, Deise Martins<br />
projetou na tela um vídeo real de<br />
um avião fazendo uma aterrissagem<br />
de emergência sem o trem<br />
de pouso. No entanto, graças ao<br />
treinamento intenso em simuladores<br />
ES, o aviador, com muita<br />
perícia, pousou sem danificar nenhuma<br />
parte da aeronave nem ferir<br />
qualquer passageiro.<br />
Na segunda parte pela manhã,<br />
os debates foram centrados<br />
na insuficiência ventricular e nos<br />
antifibrinolíticos em cirurgias<br />
cardíacas, conduzidos respectivamente<br />
pelos médicos Alexan-
Dr. Márcio Pinho expõe a foto de um paciente obeso na sala cirúrgica<br />
dre Fernandes da Silva e Alexandre<br />
de Araújo Pinto. Durante a<br />
exibição de diversos slides demonstrando<br />
procedimentos<br />
adotados em diversas situações<br />
de insuficiência cardíaca, o Dr.<br />
Alexandre Fernandes chamou a<br />
atenção para o alto custo de alguns<br />
medicamentos, principalmente<br />
o Levosimendan, cuja<br />
ampola fica em torno de R$<br />
1.500,00. Posteriormente, o Dr.<br />
Alexandre de Araújo alertou para<br />
um problema que os hospitais e<br />
mais especificamente os pacientes<br />
enfrentam, que é a falta de<br />
sangue. No Brasil, segundo ele,<br />
são gastas 5.500 bolsas sangüíneas<br />
por dia. Apesar disso, o<br />
brasileiro doa mais sangue que<br />
os norte-americanos. “No Brasil<br />
é mais fácil você conseguir doadores<br />
com uma campanha, principalmente<br />
nos serviços militares.<br />
Já nos EUA, essa situação é<br />
difícil pelo fato de o país estar<br />
Anestesiologistas de Macaé e do Rio de Janeiro marcaram presença nas palestras<br />
“Achei o curso<br />
ótimo. Macaé<br />
tem atraído<br />
investimentos,<br />
especialmente na<br />
área de Medicina”<br />
Alessandra Domingues, médica<br />
anestesiologista - Macaé (RJ) -<br />
Coordenadora da jornada<br />
“Macaé cresce a<br />
cada dia e nada<br />
mais justo que<br />
fazer a jornada<br />
na cidade, pois é<br />
um atrativo a<br />
mais para o<br />
profissional”<br />
Marco Aurélio Damasceno,<br />
médico anestesiologista - Rio de<br />
Janeiro (RJ) - Coordenador da jornada<br />
<strong>SAERJ</strong> em Foco - out-dez <strong>2007</strong> - 9
O anestesiologista Júlio Máximo (em primeiro plano) comentou sobre a importância do<br />
evento na cidade de Macaé<br />
constantemente em guerra, acarretando<br />
a importação de sangue<br />
de outros países e tornando o<br />
serviço caro”, explicou Alexandre,<br />
ressalvando que o sangue<br />
artificial não é a solução para o<br />
problema: “Os estudos estão em<br />
caráter experimental. Para o futuro,<br />
pode ser uma solução, mas<br />
ainda não conseguiram uma molécula<br />
estável que carreie o oxigênio<br />
como a hemoglobina.”<br />
Abrindo as palestras sobre<br />
cirurgia bariátrica, a Dra. Maria<br />
Angélica Abrão apresentou várias<br />
fotos tiradas em centros cirúrgicos<br />
de procedimentos nos<br />
obesos e demonstrou como acomodar<br />
esses pacientes nas mesas<br />
de cirurgias. Segundo Maria<br />
Angélica, as estatísticas de pessoas<br />
obesas vêm aumentando<br />
durante os anos, principalmente<br />
entre a população jovem. Durante<br />
a apresentação dos slides,<br />
Coordenadores da jornada, diretores da<br />
<strong>SAERJ</strong>, palestrantes e participantes no<br />
salão do hotel, após o almoço<br />
10 - <strong>SAERJ</strong> em Foco - out-dez <strong>2007</strong><br />
a médica ilustrou os tipos de<br />
obesidade, além de comentar sobre<br />
as dificuldades que o obeso<br />
tem em dormir, devido à dificuldade<br />
respiratória, com isso<br />
aumentando de forma significativa<br />
o risco de acidentes no trânsito.<br />
Já o Dr. Márcio Lacerda ressaltou<br />
os critérios para indicação<br />
de cirúrgica plástica a um<br />
paciente obeso após se submeter<br />
a uma cirurgia bariátrica e<br />
para as mudanças psicológicas<br />
que ocorrem nesse paciente após<br />
uma cirúrgica plástica. “Os pa-<br />
cientes chegam com baixa-estima,<br />
após a redução ponderal, observa-se<br />
nítida mudança no comportamento,<br />
com melhora na<br />
auto-estima, maior propensão a<br />
novos relacionamentos ou mudanças<br />
nas vestimentas”, contou<br />
Márcio, chamando a atenção para<br />
a vaidade de alguns pacientes.<br />
“O importante é o paciente entender<br />
que a cicatriz não é bonita,<br />
mas o excesso de pele é<br />
pior”.<br />
Para o anestesiologista Marcelo<br />
de Nogueira de Moraes, do<br />
Hospital São Lucas, de Macaé,<br />
as jornadas no interior do Estado<br />
do Rio de Janeiro são, sem<br />
dúvida alguma, de suma importância<br />
para que os médicos que<br />
trabalham nessas regiões possam<br />
se reciclar e, com isso, difundir<br />
o aprendizado adquirido nas salas<br />
de aulas dos centros cirúrgicos.<br />
“Para nós, que não podemos<br />
sair da cidade devido aos<br />
nossos compromissos, esses cursos<br />
são importantíssimos. Eu,<br />
que já sou formado há 13 anos,<br />
procuro me aperfeiçoar dessa<br />
forma: participando das jornadas<br />
onde são apresentados novos<br />
temas e ensinamentos”, explicou<br />
Marcelo.
O Natal<br />
Natal recebe o 54º CBA<br />
Cursos, eleição e confraternização são destaques no congresso<br />
chegou mais cedo no<br />
Rio Grande do Norte, pelo<br />
menos é o que dizia o<br />
slogan do 54º Congresso Brasileiro<br />
de Anestesiologia (CBA), realizado<br />
entre os dias 10 e 14 de novembro<br />
em Natal, capital potiguar.<br />
O sucesso do evento se deveu<br />
à Comissão Organizadora do<br />
54º CBA, especialmente ao Dr. Monte<br />
Neto, presidente do congresso,<br />
que no discurso de abertura ressaltou<br />
o sonho e as dificuldades em<br />
realizar o CBA em Natal.<br />
Apesar das dificuldades<br />
apontadas pelo presidente, houve<br />
uma grande procura pelo evento,<br />
principalmente para o curso<br />
de Suporte Avançado de Vida em<br />
Anestesiologia<br />
(SAVA), o que fez<br />
com que houvesse<br />
a necessidade<br />
de abertura de<br />
uma segunda turma.<br />
Entre os cursos<br />
do SAVA, os<br />
workshops de<br />
Arritmia Cardíaca<br />
e Via Aérea Difícil<br />
foram os mais<br />
destacados e elogiados<br />
pelos participantes.<br />
Outro<br />
curso que chamou a atenção foi<br />
o de via aérea difícil (VAD), devido<br />
ao grande material que possibilitou<br />
treinamento prático em seis<br />
estações, com diversos dispositivos<br />
para controle da via aérea.<br />
O tema do congresso agregou<br />
o 4º Congresso de Dor e o<br />
3º Congresso de Ressuscitação e<br />
Reanimação da SBA. Durante o<br />
evento, a <strong>SAERJ</strong> lançou o livro<br />
“Anestesia Fora do Centro Cirúr-<br />
“O 54 o CBA<br />
proporcionou<br />
inesquecíveis<br />
momentos de<br />
congraçamento aos<br />
anestesiologistas”<br />
Dra. Ana Cristina Pinho,<br />
primeira secretária da <strong>SAERJ</strong><br />
gico”, com apoio da Cristália,<br />
Produtos Químicos Farmacêuticos<br />
LTDA.<br />
Na assembléia geral realizada<br />
no CBA, foram apurados os votos<br />
da eleição da nova diretoria da SBA<br />
e de membros do Conselho Fiscal.<br />
Abaixo, a relação dos nomes:<br />
Jurandir Turazzi (SC), presidente;<br />
Luiz Vane (SP), vice-presidente;<br />
Carlos Eduardo Nunes (RJ),<br />
secretário geral; Henri Braunstein<br />
(RJ), tesoureiro; José Mariano<br />
Moraes (MG), diretor do Departamento<br />
de Defesa Profissional;<br />
Airton Bagatini (RS), diretor do<br />
Departamento Administrativo e<br />
Nádia Duarte (PE), diretora do Departamento<br />
Científico.<br />
A programação<br />
social foi<br />
intensa com destaque<br />
para a festa<br />
de confraternização<br />
animada pela<br />
cantora Margareth<br />
Menezes, que<br />
agradou os congressistas<br />
com um<br />
show eclético,<br />
reunindo músicas<br />
de várias regiões<br />
do país. Fazendo<br />
comentários bemhumorados<br />
sobre os anestesiologistas,<br />
o ator Paulo Goulart também<br />
marcou presença na abertura<br />
do CBA.<br />
A <strong>SAERJ</strong> parabeniza a todos<br />
os integrantes da Comissão<br />
Organizadora do 54º CBA pelas<br />
instalações, acomodações e, sobretudo,<br />
pelo sucesso do congresso,<br />
que proporcionou novas<br />
oportunidades de aperfeiçoamen-<br />
to aos anestesiologistas.<br />
<br />
SBA apresenta<br />
nova tabela do SUS<br />
e proposta de<br />
questionário sobre<br />
Resolução CFM<br />
nº 1802<br />
A Comissão de Defesa Profissional<br />
da Sociedade Brasileira de<br />
Anestesiologia (SBA) promoveu<br />
uma reunião durante o 54º CBA.<br />
Da pauta constou a apresentação<br />
da nova tabela do SUS, que vigorará<br />
a partir de janeiro de 2008. A<br />
nova tabela apresenta substancial<br />
aumento na alta-complexidade (até<br />
22%) e uma média de 12% nos procedimentos<br />
de média e baixa complexidade.<br />
A Comissão de Defesa Profissional<br />
também apresentou proposta<br />
de envio de novo questionário sobre<br />
o cumprimento da Resolução<br />
CFM nº 1802 às instituições de<br />
saúde de todo o território nacional,<br />
através dos Conselhos Regionais<br />
de Medicina. O objetivo é obter<br />
informações sobre a situação<br />
da aplicação da Resolução, dentre<br />
elas a obrigatoriedade de encaminhamento<br />
do paciente à SRPA, consentimento<br />
informado e o emprego<br />
de capnografia em anestesia<br />
geral.<br />
As regionais devem, portanto, solicitar<br />
aos Conselhos Regionais que<br />
enviem correspondência aos hospitais<br />
para que preencham o questionário e<br />
o devolvam para posterior análise.<br />
Ficou claro, portanto, que a SBA<br />
acredita no ganho de qualidade que<br />
a Resolução CFM 1802 trouxe<br />
para o bom exercício da anestesia.<br />
<strong>SAERJ</strong> em Foco - out-dez <strong>2007</strong> - 11
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Dia do Anestesiologista<br />
Dia do Anestesiologista<br />
Tirando dúvidas<br />
<strong>SAERJ</strong> realiza palestra gratuita na Tijuca, promovendo<br />
contato direto do anestesiologista com a população<br />
A<br />
proximar o médico anestesiologista<br />
do paciente.<br />
Este foi o lema do evento<br />
realizado na manhã do último dia<br />
16 de outubro, no auditório da<br />
Drogaria Venâncio, na rua Conde<br />
de Bonfim, na Tijuca. No comando,<br />
o Dr. Luiz Carlos Bastos Salles,<br />
anestesiologista da Comissão Científica<br />
da <strong>SAERJ</strong>. Na platéia, dezenas<br />
de pessoas interessadas em<br />
tirar dúvidas e aprender um pouco<br />
sobre anestesia e a profissão<br />
do médico anestesiologista.<br />
Começando por um breve<br />
histórico, o Dr. Luiz Carlos traçou<br />
uma linha de acontecimentos<br />
desde o dia 16 de outubro de<br />
1846 – data da realização da primeira<br />
anestesia da História – até<br />
o presente momento. Ele contou<br />
detalhadamente a experiência do<br />
dentista William Thomas Green<br />
Morton, que utilizou um aparelho<br />
inalador para anestesiar com<br />
éter um paciente que seria operado<br />
para a extirpação de um tumor<br />
pelo cirurgião Dr. John<br />
Collins Warren. A invenção de<br />
Morton revolucionou a Medicina,<br />
pois, até então, a insensibilidade<br />
total durante o ato cirúrgico era<br />
considerada uma utopia nos meios<br />
acadêmicos.<br />
A partir daí, realizou-se uma<br />
pequena viagem ao longo do tempo<br />
com comentários sobre a evo-<br />
12 - <strong>SAERJ</strong> em Foco - out-dez <strong>2007</strong><br />
por Flávio Dilascio<br />
Cerca de 30 pessoas assistiram à palestra no auditório da Drogaria Venâncio<br />
lução da anestesia e o papel do<br />
anestesiologista, até chegarmos<br />
ao momento atual. Foi feito um<br />
paralelo com a evolução das técnicas<br />
cirúrgicas, os avanços científicos<br />
e a evolução dos equipamentos.<br />
Terminada a parte inicial da<br />
palestra, começou a tão esperada<br />
sessão de perguntas. As principais<br />
dúvidas da platéia eram<br />
como saber se o paciente é alérgico<br />
à anestesia, se a anamnese<br />
deve ser feita mesmo em pequenas<br />
cirurgias, se é o médico ou o<br />
paciente que escolhe o tipo de<br />
anestesia a fazer e as diferenças<br />
entre os diversos tipos de<br />
anestesias. O Dr. Luiz Carlos foi<br />
categórico ao responder todas as<br />
Fotos: Sidiney Parraro<br />
perguntas e ressaltou a maior luta<br />
dos anestesiologistas no atual momento:<br />
“Estamos brigando para<br />
conseguir a obrigatoriedade de<br />
vermos o nosso paciente com antecedência.<br />
Nos hospitais públicos,<br />
temos dificuldade nisso, pois<br />
são poucos especialistas para<br />
atender a muitos pacientes. No<br />
futuro, porém, a tendência é que<br />
os anestesiologistas façam consultório<br />
para melhor avaliarem o<br />
paciente”, previu. Ele afirmou,<br />
ainda, que o médico anestesiologista,<br />
quando se compromete<br />
a fazer uma anestesia,<br />
compromete-se também a curar<br />
o paciente, não deixá-lo sentir<br />
dor e estar o tempo todo ao seu<br />
lado.
Dr. Luiz Carlos Bastos comandou a<br />
palestra na Drogaria Venâncio<br />
Respondendo a uma das perguntas<br />
da platéia, o médico afirmou<br />
que uma das maiores dificuldades<br />
dos anestesiologistas é a<br />
imprevisibilidade de reações alérgicas,<br />
algo que ainda preocupa<br />
médicos e pacientes. Por isso, há<br />
a necessidade de se acompanhar<br />
o paciente desde antes da cirurgia<br />
até ele levantar da cama em seu<br />
estado normal. “O anestesiologista<br />
tem de acompanhar o paciente<br />
desde a avaliação pré-cirúrgica até<br />
o momento em que ele retoma todas<br />
suas funções normais”, explicou<br />
Luiz Carlos. “É nossa função<br />
observar todo e qualquer tipo de<br />
reação e dedicar-se ao estudo do<br />
quadro do referido paciente. O<br />
médico anestesiologista não pode<br />
fazer duas anestesias ao mesmo<br />
tempo.”<br />
Luiz Carlos respondeu, ainda,<br />
que a anamnese do paciente<br />
deve ser feita em todos os casos,<br />
mesmo em pequenas cirurgias, e<br />
que é o anestesiologista quem<br />
deve escolher o tipo de anestesia<br />
a fazer, embora exista a possibilidade<br />
de negociação satisfazendo<br />
a preferência do paciente,<br />
além de mostrar o custo-benefício<br />
de alguns tipos de anestesias.<br />
Encerrada a palestra, o público<br />
mostrou-se bastante satisfeito<br />
com o evento de aproximação<br />
entre o médico e a população,<br />
público este formado por<br />
pessoas de diferentes faixas<br />
etárias, profissões e interesses<br />
sobre o assunto. Técnicos de enfermagem,<br />
professores, estudantes<br />
de Medicina, aposentados,<br />
farmacêuticos ou vendedores, todos<br />
queriam saber algo que não<br />
sabiam sobre o universo da<br />
Anestesiologia ou mesmo tirar<br />
dúvidas e esclarecer experiências<br />
vividas por eles mesmos. “Fui<br />
operada de uma apendicite sendo<br />
hipertensa. Fui para a sala de<br />
cirurgia com pressão 24 por 18.<br />
Felizmente correu tudo bem e hoje<br />
estou aqui. A anestesia foi eficaz<br />
e perfeita. Méritos da equipe<br />
médica, que soube trabalhar<br />
numa operação de alto risco”,<br />
elogiou a aposentada Marília<br />
Corrêa da Silva, moradora da<br />
Tijuca, que foi operada há cerca<br />
Os participantes<br />
tiraram os mais<br />
variados tipos de<br />
dúvidas com o<br />
Marília Corrêa da Silva creditou o sucesso<br />
da sua cirurgia ao anestesiologista<br />
de um ano na clínica Santa<br />
Terezinha.<br />
Marília foi à palestra acompanhada<br />
da filha enfermeira e<br />
achou o evento muito válido e<br />
esclarecedor. Para ela, conversar<br />
com um anestesiologista dá uma<br />
maior segurança, pois sempre há<br />
um receio da anestesia durante<br />
o ato cirúrgico: “Achei a palestra<br />
excelente, pois esclareceu<br />
muita coisa que eu queria saber.<br />
Vim aqui depois que vi uma nota<br />
no jornal e aproveitei para trazer<br />
a minha filha, que é enfermeira.<br />
Sempre tive medo de<br />
anestesia. No meu último parto,<br />
tive medo da peridural. Recentemente,<br />
fiz uma videolaparoscopia<br />
e esta operação me<br />
deu mais confiança, pois correu<br />
tudo bem. Gostei muito de conversar<br />
com o médico hoje. É<br />
muito legal essa aproximação<br />
deles com o público”, completou<br />
entusiasmada.<br />
Se a população achava o<br />
assunto anestesia muito erudito,<br />
a distância pôde ser quebrada na<br />
palestra do dia 16. E foi essa a<br />
missão prometida pela <strong>SAERJ</strong> na<br />
comemoração de mais um Dia do<br />
Anestesiologista. O cidadão comum<br />
agradece.<br />
anestesiologista <br />
<strong>SAERJ</strong> em Foco - out-dez <strong>2007</strong> - 13
Painéis informavam sobre procedimentos e técnicas de anestesia, bem como contavam um pouco da história da especialidade<br />
Um pouco mais de informação<br />
Exposição “Tudo o que você gostaria de saber sobre anestesia”<br />
foi a atração na estação de metrô Carioca nos dias 15 e 16 de outubro<br />
O<br />
utro evento que marcou<br />
o ciclo de atividades do<br />
Dia do Anestesiologista<br />
deste ano foi a exposição “Tudo<br />
o que você gostaria de saber sobre<br />
anestesia”. Realizada na estação<br />
de metrô da Carioca, a mostra<br />
chamou a atenção das pessoas<br />
que circulavam pelo local das 9h<br />
às 18h30min dos dias 15 e 16 de<br />
outubro. Com diversos painéis informativos,<br />
localizados próximos<br />
à saída para a Avenida República<br />
do Chile, o transeunte pôde saber<br />
um pouco mais sobre anestesia e<br />
a profissão do anestesiologista,<br />
além de receber uma cartilha informativa.<br />
Médicos também marcaram<br />
presença no local, fazendo<br />
mais uma aproximação com a<br />
população e esclarecendo as dúvidas<br />
do público, como foi o caso<br />
do Dr. Marcelo Sampaio Duran,<br />
segundo secretário da <strong>SAERJ</strong>, que<br />
esteve presente na manhã do dia<br />
16. “Trabalho em um quiosque<br />
aqui em frente e achei a exposi-<br />
14 - <strong>SAERJ</strong> em Foco - out-dez <strong>2007</strong><br />
por Flávio Dilascio<br />
ção bem legal. Assim que cheguei,<br />
na segunda-feira, fui lá olhar<br />
os painéis. Nunca tinha visto algo<br />
semelhante aqui no metrô. Deu<br />
para aprender algumas coisas sobre<br />
anestesia, pois já fiz muitas<br />
cirurgias, mas nunca me aprofundei<br />
no assunto”, elogiou a<br />
vendedora Sandra Helena Yazigi<br />
de Jesus, de 43 anos, funcionária<br />
do quiosque de bijuterias Casual<br />
Chic, localizado<br />
bem em frente ao<br />
ponto reservado<br />
para a exposição.<br />
E não foi<br />
apenas de populares<br />
e curiosos o<br />
público participante<br />
da mostra.<br />
Estudantes de<br />
Medicina e residentes<br />
em Anestesia<br />
também deram<br />
uma passada<br />
pela estação<br />
para conferir a<br />
novidade, após lerem notas sobre<br />
o evento na imprensa. Eles<br />
não pouparam elogios à profissão<br />
e falaram sobre o futuro.<br />
“Sou estudante do quinto período<br />
de Medicina e tenho interesse<br />
em me tornar um anestesiologista.<br />
Vim à exposição para saber um<br />
pouco mais sobre a minha futura<br />
profissão. Escolhi a anestesia porque<br />
acho interessante controlar a<br />
dor, os sinais vitais<br />
e a intervenção<br />
cirúrgica”,<br />
revelou Felipe<br />
Rangel, aluno da<br />
Uni-Rio, que<br />
compareceu acompanhado<br />
da<br />
amiga Sheila Sil-<br />
Fotos: Marcelo Conde<br />
Detalhe do painel<br />
sobre a<br />
necessidade de<br />
qualificação do<br />
anestesiologista
Equipe de promoção distribui a cartilha na Estação Carioca: aceitação da população, durante os dois dias, foi muito boa<br />
va dos Santos, que pretende fazer<br />
vestibular para Medicina.<br />
Nada se compara, porém, ao<br />
interesse na exposição por parte<br />
da população mais idosa. Com<br />
mais tempo disponível e mais experiências<br />
vivenciadas no assunto<br />
em pauta, muitos paravam por<br />
algum tempo diante dos painéis.<br />
Eles liam com calma e conversavam<br />
com o médico ou com a própria<br />
equipe de promoção, relatando<br />
casos vividos ou mesmo<br />
descobrindo alguma informação<br />
nova. A satisfação também foi<br />
muito grande e a importância da<br />
profissão do anestesiologista também<br />
foi ressaltada. “A anestesia<br />
é algo de extrema responsabilidade.<br />
Muito se noticia que pessoas<br />
morrem por causa da<br />
anestesia, como aconteceu com<br />
a cantora Clara Nunes. Eu, graças<br />
a Deus, nunca tive problemas<br />
com anestésicos em meus 70<br />
anos de vida”, afirmou a aposentada<br />
Carmen dos Santos Ferreira,<br />
que passava pela estação por<br />
volta das 15h de terça-feira.<br />
Sheila dos Santos,<br />
que pretende fazer<br />
vestibular para<br />
Medicina,<br />
aproveitou para<br />
conferir a<br />
exposição<br />
Os transeuntes mostraram<br />
uma boa receptividade à cartilha.<br />
Com a pressa do dia a dia corrido,<br />
alguns não puderam parar<br />
para ler os murais, mas levaram<br />
consigo um pequeno manual com<br />
um breve histórico da anestesia,<br />
além de respostas às dúvidas mais<br />
freqüentes da população<br />
sobre os<br />
procedimentos<br />
médicos. Na<br />
cartilha, explicava-se<br />
como o paciente<br />
deve se<br />
preparar para a<br />
anestesia, se deve<br />
suspender todo e<br />
qualquer tipo de<br />
medicação antes<br />
do ato anestésico,<br />
quais os tipos de<br />
anestesia existentes,<br />
se todo procedimentocirúrgico<br />
necessita de<br />
anestesia e se o paciente pode<br />
escolher o tipo de anestesia, dentre<br />
outras perguntas de interesse<br />
comum da população.<br />
E parece que o público leigo<br />
gostou de aprender um pouco<br />
sobre essa área tão importante da<br />
Medicina. Pelo menos no que diz<br />
respeito à linguagem, não houve<br />
nenhuma dúvida nem nada de difícil<br />
compreensão. Os termos<br />
médicos, muitas vezes incompre-<br />
Cartilha distribuída durante os eventos<br />
endidos por alguns, deram lugar<br />
a palavras e frases de simples assimilação.<br />
“Nunca vi uma anestesia<br />
e nem sei como é isso. Estou aqui<br />
vendo a exposição por curiosidade<br />
e estou achando bem legal. Ela<br />
nos passa alguma idéia do que<br />
seja o assunto, embora nunca tenha<br />
vivido uma<br />
experiência do<br />
tipo” declarou a<br />
empregada doméstica<br />
Bartira<br />
Tavares Ferreira,<br />
que passava pela<br />
estação com a família<br />
e não resistiu<br />
à curiosidade<br />
de saber do que<br />
se tratava o evento.<br />
Após a intensa<br />
distribuição<br />
de cartilhas e dois<br />
dias de exibição<br />
de painéis, deuse<br />
por encerrada mais uma atividade<br />
comemorativa do Dia do<br />
Anestesiologista. A intenção de<br />
promover um contato direto com<br />
a população contribuiu, certamente,<br />
para a integração médico-paciente.<br />
Quem sabe, a partir<br />
de agora, esse entrosamento<br />
passe a se tornar uma realidade<br />
no Rio de Janeiro e no Brasil.<br />
Pelo menos é isso o que deseja<br />
a <strong>SAERJ</strong> daqui para a frente. <br />
<strong>SAERJ</strong> em Foco - out-dez <strong>2007</strong> - 15
Fotos: Marcelo Conde<br />
Fórum de Consentimento<br />
Informado em Anestesia<br />
E<br />
m continuação às comemorações<br />
do Dia do<br />
Anestesiologista, a Câmara<br />
Técnica de Anestesiologia<br />
do CREMERJ promoveu no<br />
dia 16 de outubro o Fórum de<br />
Consentimento Informado em<br />
Anestesia. Apoiado pela <strong>SAERJ</strong>,<br />
o evento reuniu cerca de 70 pessoas<br />
no auditório do Centro Empresarial<br />
Rio, em Botafogo, e<br />
proporcionou uma grande discussão<br />
sobre as questões éticas e jurídicas<br />
que envolvem o Consentimento<br />
Informado.<br />
16 - <strong>SAERJ</strong> em Foco - out-dez <strong>2007</strong><br />
por Bárbara Castro<br />
Dr. Luis Antonio Diego, presidente da <strong>SAERJ</strong>; Dr. Marcos Botelho da Fonseca Lima, conselheiro responsável pela Câmara Técnica de Anestesiologia<br />
do CREMERJ; Dr. Roberto Tolomei, membro da Comissão Profissional da <strong>SAERJ</strong> e Dr. Luiz Fernando Saubermann, membro da Câmara Técnica<br />
Na abertura do fórum, o Dr.<br />
Luis Antonio dos Santos Diego,<br />
presidente da <strong>SAERJ</strong>, falou sobre<br />
a importância da divulgação das<br />
atividades de Anestesiologia para<br />
a sociedade de modo geral, como<br />
o lançamento da cartilha “Tudo<br />
que você gostaria de saber sobre<br />
anestesia” e a exposição realizada<br />
na estação do metrô da Carioca.<br />
Ele observou ainda que eventos<br />
de educação continuada de<br />
forma presencial, como o Fórum<br />
de Consentimento Informado, são<br />
muito importantes para a forma-<br />
ção e aperfeiçoamento dos médicos<br />
anestesiologistas.<br />
Em seguida, o Dr. Marcos<br />
Botelho da Fonseca Lima, conselheiro<br />
do CREMERJ, destacou os<br />
aspectos jurídicos do Consentimento<br />
Informado, ressaltando os<br />
princípios da dignidade humana<br />
e da autonomia da vontade. Segundo<br />
ele, “a relação estabelecida<br />
entre médico e paciente envolve<br />
um contrato tácito que não necessariamente<br />
precisa ser formalizado<br />
por escrito”. Marcos Botelho<br />
afirmou que em qualquer circuns-
tância o médico jamais pode eximir-se<br />
da responsabilidade por<br />
seus atos e que o paciente tem o<br />
direito de ser informado sobre todos<br />
os procedimentos e riscos que<br />
poderão decorrer de uma cirurgia.<br />
Finalizando, o Dr. Marcos Botelho<br />
relacionou algumas características<br />
que os médicos devem ter para<br />
que o Consentimento Informado<br />
seja feito da melhor forma possível,<br />
como perspicácia, experiência<br />
e bom senso.<br />
Analisando os aspectos<br />
bioéticos, o Dr. Roberto Tolomei,<br />
membro da Comissão de Defesa<br />
Profissional e pós-graduado em<br />
Bioética pela PUC/RJ, fez um breve<br />
histórico sobre os primórdios<br />
da ética médica e sobre o<br />
surgimento e a importância da<br />
bioética. O Dr. Tolomei relatou que<br />
até a década de 70 a ética médica<br />
só contava com os princípios básicos<br />
do bonum facere (fazer o<br />
bem) e do primun non nocere<br />
(pelo menos, não fazer o mal).<br />
Nesse contexto, o paciente era<br />
visto de forma passiva e seus direitos<br />
eram ignorados. Com o desenvolvimento<br />
das ciências biológicas<br />
e sociais, principalmente em relação<br />
aos direitos humanos, começaram<br />
a ser alterados alguns<br />
paradigmas da ética médica, surgindo,<br />
então, a bioética. Segundo<br />
Roberto Tolomei, o advento da<br />
bioética, a partir de 1970, provocou<br />
uma revolução na ética médica, que<br />
passou a considerar a autonomia dos<br />
pacientes e seus direitos morais.<br />
Para ele, no Consentimento Informado<br />
“a pessoa autônoma tem o<br />
direito de consentir ou recusar propostas<br />
de caráter preventivo, diagnóstico<br />
ou terapêutico que afetem<br />
ou venham afetar sua integridade<br />
física, psíquica e social”. Ressaltou<br />
também que o atendimento ao princípio<br />
da autonomia do paciente requer<br />
um consentimento livre e esclarecido,<br />
não podendo haver coerção<br />
por parte dos médicos.<br />
Na última parte do fórum, o<br />
Dr. Luis Antonio dos Santos Diego<br />
apresentou um roteiro prático<br />
para a obtenção do Consentimento<br />
Informado. Nesse roteiro, o Dr.<br />
Luis Diego elencou alguns critérios<br />
que precisam ser avaliados pelo<br />
médico. O primeiro critério seria<br />
uma análise das pré-condições do<br />
paciente, como sua capacidade de<br />
entender e decidir e a voluntariedade<br />
da decisão. Em seguida,<br />
o médico deve considerar os elementos<br />
de informação: riscos e<br />
benefícios; recomendação da alternativa<br />
mais adequada e<br />
certificação, por parte do médico,<br />
sobre a compreensão do paciente<br />
do que foi explicado. Nessa<br />
etapa, é fundamental que o<br />
médico dê a conhecer todos os<br />
procedimentos que podem ser<br />
adotados, bem como os riscos,<br />
desconfortos, benefícios e impli-<br />
Dr. Mauro Pereira de Azevedo,<br />
participante do fórum<br />
cações econômicas que envolvem<br />
a anestesia cirúrgica. É preciso,<br />
ainda, considerar os elementos de<br />
consentimento – decisão do<br />
paciente entre, no mínimo, duas<br />
propostas e autorização.<br />
Terminando o evento, foi<br />
aberto ao público presente espaço<br />
para esclarecimento de dúvidas<br />
e perguntas. As principais<br />
questões levantadas foram sobre<br />
problemas práticos para a obtenção<br />
do Consentimento Informado<br />
e suas implicações jurídicas. <br />
No auditório do Centro Empresarial Rio, diversos médicos participaram do fórum<br />
<strong>SAERJ</strong> em Foco - out-dez <strong>2007</strong> - 17
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Cursos<br />
Cursos<br />
Fotos: Marcelo Conde<br />
Prontos para o TSA!<br />
<strong>SAERJ</strong> realiza 31º curso preparatório para o TSA<br />
em uma semana de aulas e palestras ministradas<br />
pelos melhores especialistas da cidade<br />
D esde<br />
Alunos atentos a uma das 29 aulas oferecidas pela <strong>SAERJ</strong><br />
1966 preparando médicos<br />
para as provas do<br />
TSA (Título Superior de A-<br />
nestesiologia), a <strong>SAERJ</strong> manteve a<br />
tradição promovendo mais um curso<br />
neste ano. A edição <strong>2007</strong>, realizada<br />
na semana de 24 a 29 de setembro,<br />
teve uma novidade a mais:<br />
pela primeira vez, as aulas foram<br />
ministradas na sede da entidade,<br />
na Rua Paulo Barreto, em Botafogo.<br />
Até então, a <strong>SAERJ</strong> alugava um espaço<br />
diferente a cada ano para o<br />
seu tão tradicional curso preparatório.<br />
Desta vez, montou-se toda<br />
uma estrutura específica na própria<br />
sede, com sala de aula refrigerada<br />
e projetor eletrônico de<br />
slides conectado direto a um<br />
notebook. Os professores traziam<br />
os conteúdos em power point e<br />
Por Flavio Dilascio<br />
18 - <strong>SAERJ</strong> em Foco - out-dez <strong>2007</strong><br />
davam suas aulas apresentando os<br />
assuntos mais freqüentes e atuais<br />
do universo da Anestesiologia.<br />
O curso teve uma carga horária<br />
de 46 horas, divididas pelos<br />
seis dias. No decorrer do evento,<br />
os alunos tiveram contato com as<br />
mais variadas disciplinas e, no último<br />
dia, levaram para casa uma<br />
prova simulada do TSA. No total,<br />
foram 49 aulas diferentes ministradas<br />
por anestesiologistas selecionados<br />
pela Comissão Científica<br />
da <strong>SAERJ</strong>. Encabeçaram o<br />
projeto a Dra. Elizabeth Bessadas<br />
Penna Firme e a Dra. Maria Helena<br />
Neiva de Almeida. Colaboraram<br />
também na coordenação,<br />
os Doutores Márcio Augusto<br />
Lacerda, Luiz Carlos Bastos Salles,<br />
Marco Aurélio Damasceno Silva,<br />
Dr. Paulo Assis Mello<br />
Alexandre de Araújo Pinto e Maria<br />
Luiza Madalena.<br />
Na turma, alunos de diversas<br />
partes do país com objetivos<br />
distintos. Um grupo empenhavase<br />
em prestar atenção nas aulas<br />
como preparação para os exames<br />
escrito e oral do tão almejado TSA.<br />
Já outra parte vinha interessada<br />
em atualizar-se na profissão e fazer<br />
uma reciclagem de conceitos,<br />
pois o curso preparatório da<br />
<strong>SAERJ</strong> é uma forma de congregar<br />
profissionais da mais alta qualidade<br />
da anestesiologia fluminense.<br />
“Tenho o TSA há 21 anos e vim<br />
aqui para fazer uma reciclagem,<br />
além de realizar uma confirmação<br />
das minhas condutas e uma<br />
reafirmação profissional. O curso<br />
foi muito bom para saber que estou<br />
na prática correta da profissão.<br />
Foi uma grande troca, pois<br />
também aprendi muita coisa”, disse<br />
o anestesiologista Mário Tadeu<br />
Waltrick Rodrigues, que veio de<br />
Joinville (SC) especialmente para<br />
as aulas na <strong>SAERJ</strong>.<br />
Mário Tadeu foi apenas um<br />
dos alunos que vieram de outras<br />
partes do Brasil para participar do<br />
curso. Todos eles escolheram o Rio
de Janeiro pelo fato de o estado<br />
possuir uma sociedade de<br />
anestesiologistas de respeito dentro<br />
do universo da Medicina brasileira.<br />
A <strong>SAERJ</strong>, segundo os alunos, é uma<br />
instituição de referência dentro da<br />
profissão e, na maioria das vezes,<br />
o único meio de alguns anestesiologistas<br />
estarem em contato<br />
com colegas de trabalho. “Moro em<br />
Santo Antônio de Pádua, no interior<br />
do Estado do Rio de Janeiro, e lá<br />
só há três anestesiologistas, contando<br />
comigo. Participar dos eventos<br />
da <strong>SAERJ</strong> é a única forma de<br />
estar em contato com outros colegas.<br />
Não há congressos e cursos na<br />
minha cidade”, explicou o Dr. Mário<br />
Guilherme Gonçalves, que mostrou-se<br />
satisfeito com a renovação<br />
científica que o curso lhe proporcionou,<br />
apesar de não poder aplicar<br />
muita coisa nos hospitais de sua<br />
cidade por falta de estrutura.<br />
Paralelo a isto, muitos médicos<br />
procuraram a <strong>SAERJ</strong> com o intuito<br />
de se prepararem para o TSA.<br />
O exame - que aconteceu este ano<br />
no dia 10 de novembro na forma<br />
escrita e três dias antes na forma<br />
oral – é visto por muitos apenas<br />
como um desafio pessoal, uma vez<br />
que o título não traz benefício fi-<br />
nanceiro algum para o anestesiologista,<br />
pelo menos no Estado do Rio<br />
de Janeiro. O TSA, além da realização<br />
pessoal, proporciona ao médico<br />
o direito de ministrar aulas em<br />
cursos e congressos e participar de<br />
diretorias da <strong>SAERJ</strong> e da SBA.<br />
Para alcançar este objetivo,<br />
o anestesiologista tem que passar<br />
primeiro pela prova escrita e, um<br />
ano depois, pela prova oral. Ambos<br />
os exames são “provas de<br />
fogo” para o conhecimento do<br />
profissional, o que aumenta o tom<br />
de desafio. Por este raciocínio,<br />
muitos alunos do curso têm se<br />
dedicado à preparação para a prova,<br />
intensificando os estudos a<br />
partir do presente momento. “Encaro<br />
o TSA mais como um desafio<br />
pessoal e um estímulo a me<br />
manter atualizada na profissão,<br />
estudando e fazendo reciclagem<br />
de conceitos”, contou a Dra.<br />
Beatriz Cathalá Esberard, formada<br />
em Anestesiologia em janeiro<br />
deste ano pela UERJ. “Quero muito<br />
obter este título, apesar de hoje<br />
não significar muita coisa em nível<br />
financeiro. Aproveito o curso<br />
para intensificar os meus estudos<br />
até novembro, apesar de eu andar<br />
muito sem tempo.”<br />
Outro motivo que leva alguns<br />
alunos a obterem o TSA é<br />
o fato de ele ser visto como uma<br />
distinção na Anestesiologia brasileira.<br />
Contudo, não passa pela<br />
cabeça da maioria dos candidatos<br />
atuar no corpo docente de<br />
cursos e palestras, pelo menos<br />
no momento, como afirma outra<br />
aluna do curso, a Dra. Paula<br />
Aderne Pozes Waineraich, também<br />
formada anestesiologista<br />
este ano pela UERJ e que trabalha<br />
no Hospital da Lagoa: “Vejo<br />
o TSA como uma graduação máxima<br />
dentro da minha especialidade<br />
e acho muito importante<br />
atingirmos o patamar mais alto<br />
na profissão. Mesmo obtendo o<br />
título, pretendo continuar atuando<br />
apenas como médica, isto é,<br />
não passa pela minha cabeça dar<br />
aulas nem agora, nem futuramente.”<br />
Curso teve alto grau de<br />
satisfação entre os alunos<br />
Dra. Simone Soares Leite Alunos candidatos ao TSA aproveitaram cada minuto do intensivo<br />
Diferenças à parte, todos os<br />
alunos tornaram-se iguais ao entrarem<br />
na sala de aula. Isto porque<br />
a vontade de estudar e aprender<br />
era visível nos olhos dos partici-<br />
<strong>SAERJ</strong> em Foco - out-dez <strong>2007</strong> - 19
pantes. Muitos vieram de longe,<br />
enfrentaram horas de viagem e<br />
passaram dias sem a família. Outros<br />
desmarcaram compromissos<br />
profissionais e pessoais para estarem<br />
presentes às aulas.<br />
Mas parece que o esforço<br />
valeu a pena. Ao fim das aulas,<br />
os comentários eram sempre positivos<br />
e as conversas nos intervalos<br />
giravam em torno de discussões<br />
profissionais e trocas de experiências<br />
com colegas de turma<br />
e professores do curso. “Achei o<br />
curso muito bom, pois os professores<br />
tinham uma didática excelente,<br />
além de apresentarem um<br />
bom conteúdo e uma boa interação<br />
com os alunos. A coisa mais difícil<br />
seria escolher o melhor professor<br />
e a melhor aula”, disse, entusiasmado,<br />
o Dr. Mário Tadeu<br />
Waltrick Rodrigues, aluno que esteve<br />
presente em todos os dias de<br />
aula, assim como a maioria da<br />
turma.<br />
Para outros, o curso serviu<br />
como uma forma de rever os conceitos<br />
aprendidos na faculdade e<br />
na residência, e assim, dar um estímulo<br />
para estudar com mais afinco<br />
para o exame, que se aproxi-<br />
20 - <strong>SAERJ</strong> em Foco - out-dez <strong>2007</strong><br />
Mário Guilherme Gonçalves (esq.) é médico anestesiologista na Casa de Saúde Santa<br />
Mônica e no Hospital Municipal Hélio Montezano, em Santo Antônio de Pádua (RJ)<br />
ma a cada dia: “O curso me ajudou<br />
bastante, pois antes dele eu<br />
não estava me preparando para o<br />
TSA com muita determinação. As<br />
aulas me ajudaram a rever conceitos<br />
e me deram um estímulo<br />
para estudar com vontade”, afirmou<br />
a Dra. Beatriz Cathalá, que<br />
trabalha no hospital Pedro Ernesto<br />
e no Hospital da Lagoa e que tirou<br />
um tempo para fazer o curso<br />
da <strong>SAERJ</strong>.<br />
Assim como a maioria dos<br />
outros alunos, a Dra. Paula Aderne<br />
Pozes Waineraich também mostrou-se<br />
extremamente satisfeita com<br />
o 31º Curso Preparatório para o<br />
TSA. Seguindo o exemplo da<br />
inseparável amiga Beatriz Esberard,<br />
Paula Aderne também começou a<br />
se dedicar ao estudo para a prova<br />
somente depois do curso: “Estou<br />
começando a estudar a partir do<br />
curso da <strong>SAERJ</strong>. Até aqui, eu não<br />
estava estudando de forma intensa<br />
e agora estou focada na prova escrita<br />
de novembro. As aulas me<br />
ajudaram muito, pois gostei da<br />
maioria dos professores e fiz uma<br />
reciclagem do que aprendi na re-<br />
Dr. Mário Tadeu Waltrick Rodrigues, de<br />
Joinville (SC)<br />
sidência”, completou a médica, que<br />
aguarda agora o exame escrito de<br />
novembro, para em 2008 poder fazer<br />
a prova oral.<br />
Fim das aulas, fim de mais<br />
uma jornada promovida pela<br />
<strong>SAERJ</strong> com o intuito de aumentar<br />
a qualidade profissional dos<br />
anestesiologistas do Estado do Rio<br />
de Janeiro e de outras partes do<br />
país. Fica agora a torcida por<br />
aqueles que vão fazer a prova e<br />
a satisfação por ter ajudado profissional<br />
e pessoalmente aqueles<br />
que participaram do curso somente<br />
para aprender. E em 2008<br />
recomeça tudo de novo. <br />
Confira a relação de aprovados do<br />
Rio de Janeiro no quadro abaixo:<br />
Relação de<br />
aprovados no TSA<br />
Prova Escrita<br />
Claudio Luis da Fonseca<br />
Paula Aderne Pozes Waineraich<br />
Rodrigo Otavio Lami Pereira<br />
Rogerio Cavalheiro<br />
Prova Oral<br />
Rafael Mercante Linhares
123456789012345678<br />
123456789012345678<br />
123456789012345678<br />
123456789012345678<br />
123456789012345678<br />
123456789012345678<br />
123456789012345678<br />
123456789012345678<br />
123456789012345678<br />
Notícias<br />
Notícias<br />
Médico brasileiro recebe prêmio da<br />
Sociedade Americana de Anestesiologistas<br />
É a primeira vez que um brasileiro é agraciado com a honraria<br />
Foto: Patrícia Sá Rêgo/Globo Online<br />
Dr. Marcos Francisco Vidal Melo<br />
O anestesiologista<br />
e engenheiro<br />
Dr. Marcos Francisco<br />
Vidal Melo foi agracia-<br />
do com o Presidential<br />
Scholar Award. O prêmio da Sociedade<br />
Americana de Anestesiologistas<br />
é uma referência no meio<br />
médico-científico internacional e<br />
esta é a primeira vez que é conferido<br />
a um brasileiro. Com a colaboração<br />
de sua equipe no Massachusetts<br />
General Hospital (MGH),<br />
em Boston (EUA), Vidal Melo desenvolveu<br />
um método inédito para<br />
quantificar e visualizar, de forma<br />
precisa e imediata, o funcionamento<br />
do pulmão e calcular com exatidão<br />
a quantidade de oxigênio carregado<br />
no sangue e a de gás<br />
carbônico eliminado.<br />
Para o presidente da <strong>SAERJ</strong>,<br />
Luis Antonio Diego, a entidade<br />
se sente honrada pela premiação<br />
do brasileiro: “A <strong>SAERJ</strong> sente-se<br />
muito orgulhosa em ter um<br />
anestesiologista fluminense, de<br />
São Gonçalo, em tão importante<br />
instituição como o MGH, berço<br />
da Anestesiologia. Mais ainda, por<br />
tão bem exercer a nossa especialidade,<br />
mostrando-se empreendedor<br />
e altamente qualificado”.<br />
Com a descoberta de Vidal<br />
Melo, a vida de um paciente com<br />
embolia pulmonar pode ser salva<br />
através da indicação de procedimentos<br />
que podem ser utilizados<br />
no combate à doença. No caso de<br />
quem sofre de asma, ao concluir<br />
que apenas pequenas áreas do<br />
pulmão são afetadas durante uma<br />
crise asmática, o estudo pode levar<br />
a tratamentos alternativos para<br />
melhorar a vida dos enfermos.<br />
Nascido em São Gonçalo, no<br />
Rio de Janeiro, Marcos Francisco é<br />
Doutor em Cirurgia Experimental<br />
pela Universidade de Heidelberg,<br />
na Alemanha, Mestre em Engenharia<br />
Biomédica pela Coordenação de<br />
Programas de Pós-Graduação da<br />
Universidade Federal do Rio de Janeiro<br />
(COPPE/UFRJ) e, desde 2003,<br />
é diretor do departamento de Pesquisa<br />
em Anestesia Cardíaca do<br />
Massachusetts General Hospital. Em<br />
entrevista ao GLOBO ONLINE,<br />
Vidal Melo falou sobre a sua pesquisa,<br />
os eventos que oferece aos<br />
brasileiros no MGH, as jornadas que<br />
participa no Brasil e o combate<br />
prioritário às doenças com o tratamento:<br />
“Mantenho contato por meio<br />
de projetos conjuntos, participação<br />
em eventos no Brasil, recebendo<br />
profissionais, estudantes e residentes<br />
de anestesia no MGH, e em encontros<br />
e discussões ocasionais durante<br />
congressos internacionais.<br />
Agora mesmo, em junho passado,<br />
apresentei algumas palestras na Jornada<br />
de Anestesia Cardíaca do Instituto<br />
Nacional de Cardiologia, em<br />
Laranjeiras, no Rio”.<br />
“O Rio de Janeiro teve a satisfação<br />
de receber a visita de Marcos<br />
Vidal Melo na nossa jornada,<br />
onde nos brindou com uma palestra<br />
sobre transplante cardíaco, além<br />
de importante atualização sobre<br />
inflamação e circulação extra-<br />
corpórea. Na ocasião, pôde também<br />
conversar com diversos colegas<br />
interessados em anestesia para<br />
cirurgia cardíaca e mostrou-se receptivo<br />
em recebê-los em visita ao<br />
MGH”, comentou Dr. Diego.<br />
A pesquisa de Vidal Melo<br />
usou conhecimentos médicos e de<br />
engenharia para desenvolver métodos<br />
visando medir de forma<br />
acurada a quantidade de ar e de<br />
sangue em diferentes regiões pulmonares,<br />
determinar o que se altera<br />
em diferentes formas de doenças<br />
pulmonares e cardiovasculares<br />
e estudar métodos de tratamento<br />
de algumas dessas doenças.<br />
Para medição do ar e sangue<br />
nos pulmões, foi utilizada a técnica<br />
de Tomografia com Emissão de<br />
Pósitrons (PET, na sigla em inglês).<br />
Com esse método, pôde-se medir<br />
o ar e o sangue pulmonar em regiões<br />
bem pequenas, aproximadamente<br />
mil regiões em um volume<br />
de um litro. Isso mostrou que um<br />
pulmão adulto pode ser estudado<br />
com o nível de detalhe de milhares<br />
de regiões individuais. Com o uso<br />
de uma substância respirada ou injetada<br />
em uma veia, foram feitas<br />
medições da concentração dessa<br />
substância no pulmão. Análises<br />
baseadas em modelos matemáticos<br />
das medições forneceram ao final<br />
os valores do ar e sangue pulmonares.<br />
Vidal Melo foi além dessa<br />
etapa e, utilizando equações adicionais,<br />
calculou a quantidade de oxigênio<br />
absorvido pelo sangue e a<br />
de gás carbônico eliminado.<br />
Foram estudadas diversas<br />
doenças pulmonares em pacientes<br />
e em animais. Os focos principais<br />
foram insuficiência pulmonar<br />
aguda, síndrome de angústia<br />
respiratória, asma, doença pulmonar<br />
obstrutiva crônica e<br />
embolia pulmonar.<br />
<br />
<strong>SAERJ</strong> em Foco - out-dez <strong>2007</strong> - 21
CREMERJ lança<br />
“Quanto vale o médico?”<br />
Campanha é divulgada em diversos veículos de comunicação<br />
O<br />
CREMERJ lançou no<br />
dia 2 de outubro<br />
passado, em diversos<br />
veículos de comunicação,<br />
a campanha “Quanto vale o<br />
médico?”, com o objetivo de<br />
alertar a população para a<br />
realidade dos médicos na<br />
saúde pública do país.<br />
O lançamento da campanha<br />
foi no Colégio Brasileiro<br />
de Cirurgiões (CBC), em<br />
Botafogo. O evento reuniu<br />
médicos de diversas especialidades<br />
para debaterem a atual<br />
realidade da saúde brasileira e<br />
com isso determinar as diretrizes<br />
para a valorização da categoria.<br />
A presidente do CREMERJ,<br />
Dra. Márcia Rosa de Araújo, comentou<br />
sobre a omissão e a transferência<br />
de responsabilidade aos<br />
médicos por parte dos gestores<br />
públicos e, além disso, chamou a<br />
atenção especialmente para a falta<br />
de perspectivas dos jovens em relação<br />
ao mercado de trabalho.<br />
“Estamos vivenciando uma situação<br />
crítica na saúde e queremos<br />
que os governos deixem de se<br />
omitir e nos culpar por tudo aquilo<br />
que não conseguimos fazer, porque<br />
não temos a mínima infra-estrutura<br />
necessária”, criticou a Dra.<br />
Márcia. “Juntos poderemos fortalecer<br />
nossas iniciativas e alcançar<br />
condições de trabalho adequadas<br />
22 - <strong>SAERJ</strong> em Foco - out-dez <strong>2007</strong><br />
Ilustração: site do CREMERJ<br />
Selo da campanha do CREMERJ<br />
e salários dignos. Os novos colegas<br />
entram na rede e não ficam<br />
porque os salários são absurdamente<br />
baixos. Levamos muitos anos<br />
estudando e nos dedicando à Medicina<br />
e não somos valorizados.<br />
Hoje não enxergamos nenhuma<br />
perspectiva positiva, mas não vamos<br />
ficar calados diante disso”.<br />
Para o Dr. Aloísio Tibiriçá<br />
Miranda, conselheiro do<br />
CREMERJ e do Conselho Federal<br />
de Medicina (CFM), a valorização<br />
do médico e do serviço público<br />
são fundamentais, mas a<br />
valorização do médico no serviço<br />
público também é de suma<br />
importância. “Agora demos o<br />
pontapé inicial, mas esse movimento<br />
é para um caminho longo”,<br />
ressaltou o Dr. Aloísio.<br />
Durante o encontro, representantes<br />
de diversas entidades<br />
de Medicina destacaram<br />
a importância da campanha<br />
e colaboraram com idéias<br />
para unir a sociedade na luta<br />
contra o descaso. “Precisamos<br />
reverter esta situação. Cansamos<br />
de nos reunir com secretários<br />
de saúde, prefeitos, governadores<br />
e ministros e só<br />
ficarmos em promessas. Vamos<br />
agir e mostrar para a<br />
população quem são os verdadeiros<br />
responsáveis pela<br />
falta de leitos nos hospitais,<br />
pela falta de medicamentos, pelas<br />
enormes filas de espera nas emergências”,<br />
assegurou a Dra. Márcia.<br />
A campanha, nas ruas desde<br />
30 de setembro através de várias<br />
peças publicitárias, como<br />
outdoors e propagandas em jornal,<br />
televisão e rádio, ainda conta<br />
com uma página na internet<br />
(www.quantovaleomedico.com.br)<br />
para debate e adesão a um abaixo-assinado<br />
em prol de justas<br />
condições de salário e de trabalho<br />
para os médicos.<br />
No endereço também podem<br />
ser conferidas a agenda da campanha,<br />
as estatísticas dos problemas<br />
de saúde e notícias relacionadas<br />
ao tema.<br />
<br />
Fonte: site do CREMERJ
Presidente da <strong>SAERJ</strong> recebe homenagem pelos<br />
10 anos no Serviço de Anestesiologia do INC<br />
Em homenagem aos seus 10 anos à frente<br />
do Serviço de Anestesiologia do Instituto<br />
Nacional de<br />
Cardiologia (INC),<br />
o presidente da<br />
<strong>SAERJ</strong>, Dr. Luis Antonio<br />
Diego, recebeu<br />
uma placa comemorativa<br />
com<br />
os seguintes dizeres:<br />
“Dr. Luis Antonio<br />
Diego, sua valorosa<br />
contribuição<br />
à frente do serviço<br />
durante 10<br />
anos nos tornou<br />
melhores. Sua humildade<br />
e sabedo-<br />
Os Doutores Cláudia Airoza e Sérgio Vieira brindaram à homenagem<br />
ao presidente da <strong>SAERJ</strong><br />
ria, somadas a uma conduta da mais alta<br />
qualidade, nortearão nossos futuros. Agradecemos<br />
por tudo e desejamos felicidades<br />
em todas as etapas de sua vida. Ser-<br />
viço de Anestesiologia do Instituto Nacional<br />
de Cardiologia”. Além do coordenador<br />
hospitalar (diretor-<br />
Foto: divulgação<br />
médico) do INC, Dr.<br />
Marcos Antônio<br />
Mattos, cerca de<br />
40 pessoas prestigiaram<br />
o evento,<br />
realizado no dia 3<br />
de outubro no Espaço<br />
Brasa Leblon.<br />
A partir de agora,<br />
o Dr. Diego assume<br />
a Assessoria<br />
de Qualidade da<br />
Coordenação Hospitalar,<br />
cujo objetivo<br />
é coordenar as ações de gerenciamento<br />
da qualidade nos setores<br />
assistenciais subordinados à coordenação<br />
do Instituto.<br />
Veja o novo<br />
visual do site<br />
da <strong>SAERJ</strong>!<br />
www.saerj.org.br<br />
<strong>SAERJ</strong> em Foco - out-dez <strong>2007</strong> - 23
4567890123456789012<br />
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Casos Clínicos<br />
Casos Clínicos<br />
Troca de experiências<br />
<strong>SAERJ</strong> promove série de debates sobre procedimentos em anestesia<br />
C<br />
ompartilhar conhecimentos,<br />
debater casos clínicos<br />
e até mesmo fazer uma<br />
networking. Esses foram os motivos<br />
que levaram cerca de 50<br />
anestesiologistas e residentes ao<br />
Centro de Estudos da Casa de Saúde<br />
São José, no último dia 28 de<br />
novembro, para acompanharem<br />
mais um debate promovido pela<br />
<strong>SAERJ</strong>. O Dr. Gustavo Cossich de<br />
Holanda Sales, ME 3 do CET do<br />
Hospital do Andaraí, apresentou<br />
o caso clínico sobre despertar prolongado<br />
após anestesia venosa<br />
total. Acompanhados pelo diretor<br />
da equipe, Dr. Afonso Lugliane,<br />
os residentes debateram com o público<br />
durante uma hora e meia,<br />
24 - <strong>SAERJ</strong> em Foco - out-dez <strong>2007</strong><br />
por Flávio Dilascio<br />
Dr. Gustavo Cossich apresentou procedimento realizado no hospital do Andaraí, acompanhado do diretor<br />
da equipe, Dr. Afonso Lugliane<br />
respondendo a diversos questionamentos<br />
levantados pela platéia.<br />
Dr. Gustavo Cossich começou<br />
sua apresentação fazendo<br />
uma rápida análise sobre o tema<br />
de seu caso: o despertar prolongado<br />
em anestesia venosa<br />
para total para artrodese de coluna.<br />
Auxiliado pelo Dr. Lugliane,<br />
o residente em Anestesiologia<br />
passou ao público as características<br />
físicas do paciente,<br />
que tinha 1,85m de altura,<br />
30 de IMC e 37 anos de idade.<br />
Depois, foi feito um detalhamento<br />
da anestesia proposta<br />
para, em seguida, falar da<br />
indução anestésica.<br />
Após tudo<br />
isso, Gustavo descreveu<br />
o ato operatório<br />
para chegar ao tema<br />
central do debate,<br />
aquele que levantaria<br />
diversas perguntas e<br />
comentários dos presentes:<br />
o despertar<br />
prolongado do paciente.<br />
O final da primeira<br />
parte do debate<br />
terminou com uma<br />
explanação sobre o<br />
tratamento e a apresentação<br />
de todas as<br />
planilhas referentes<br />
ao caso, planilhas essas<br />
que serviriam de<br />
base à etapa das perguntas<br />
e comentários, que estava<br />
prestes a começar.<br />
A equipe do Andaraí foi<br />
questionada, primeiramente, pelo<br />
grupo do Hospital Antônio<br />
Pedro, que foi convidado a sentar-se<br />
à mesa, representado pelos<br />
residentes Dr. Bruno Emanoel<br />
Veloso Silva e Dra. Clarice Peraldo<br />
Crespo. Começando por uma<br />
análise detalhada dos procedimentos<br />
apresentados por<br />
Gustavo, Clarice comentou as<br />
ações e questionou a dose de<br />
Propofol ministrada no despertar<br />
prolongado. “Eu não teria feito o<br />
mesmo”, frisou a Doutora. Bruno<br />
acompanhou as opiniões da<br />
colega de equipe e ainda fez
adendos aos comentários emitidos.<br />
A equipe do Andaraí justificou-se<br />
e Gustavo teve de defender-se<br />
das perguntas, que surgiam<br />
das mais diversas partes da platéia.<br />
Segundo a opinião de muitos,<br />
o bicarbonato de sódio poderia<br />
ter sido usado para ajudar<br />
o paciente a acordar e houve uma<br />
precipitação na extubação.<br />
Gustavo chegou a admitir que<br />
houve um equívoco ao extubar o<br />
paciente após a intervenção gástrica.<br />
O residente falou também<br />
das limitações do Hospital do<br />
Andaraí, grande dificultador dos<br />
bons procedimentos.<br />
Quase todos que tomavam<br />
a palavra justificavam-se apresentando<br />
casos específicos de<br />
seu dia-a-dia. Esses casos levantavam<br />
novos assuntos e, a partir<br />
daí, o debate ia abrangendo<br />
diversos ramos científicos da<br />
Anestesiologia. Outro questionamento<br />
feito foi a não-realização<br />
de uma tomografia no paciente.<br />
Dr. Márcio Pinho, da Comissão<br />
Científica da <strong>SAERJ</strong>, fez<br />
uma longa análise sobre o despertar<br />
prolongado e teceu diversas<br />
críticas ao procedimento<br />
analisado. “Um erro grotesco<br />
dos anestesiologistas cariocas é<br />
ter o monitor e não usá-lo”, comentou.<br />
Para Márcio, não pode<br />
haver pressa para se extubar o<br />
paciente. Tal observação, inclusive,<br />
foi um consenso entre os<br />
médicos e residentes presentes<br />
no Centro de Estudos da Casa<br />
de Saúde São José. Segundo a<br />
opinião da maioria, houve uma<br />
certa impaciência por parte da<br />
equipe do Andaraí em extubar<br />
o paciente. Daí até o final, os<br />
assuntos mais comentados foram<br />
o despertar prolongado e a<br />
tão polêmica extubação, temas<br />
que renderam muitas conversas<br />
e trocas de experiências até o<br />
final da segunda parte do evento.<br />
Fechando o debate, Gustavo<br />
apresentou um resumo do<br />
caso para sua equipe e a platéia<br />
tirarem suas conclusões finais<br />
do estudo, baseadas nas<br />
dissertações apresentadas ao<br />
longo da noite, que foram ganhando<br />
novos ingredientes após<br />
cada comentário. Foi concluído<br />
que deu-se um “tiro” na acidose<br />
e acabou-se acertando indiretamente<br />
a causa, o que ajudou no<br />
tratamento do edema cerebral do<br />
paciente.<br />
Terminada a sessão, o espírito<br />
de confraternização tomou<br />
conta do local. Residentes e<br />
anestesiologistas puderam conhecer<br />
outros profissionais e trocar<br />
experiências sobre condutas do<br />
dia-a-dia. Tanto os mais experientes<br />
quanto os ainda em formação<br />
aprovaram o evento e pretendem<br />
voltar no próximo.<br />
“Achei o debate muito proveitoso.<br />
A discussão foi boa em<br />
relação a todos os assuntos.<br />
Gostaria que esse tipo de debate<br />
acontecesse mais vezes”, elogiou<br />
o residente Dr. Bruno<br />
Cariello Felix, que trabalha no<br />
Hospital da Polícia Militar e estava<br />
na platéia atento a todas<br />
as discussões.<br />
Com o fim de mais um<br />
evento, a <strong>SAERJ</strong> espera ter contribuído<br />
para a melhoria das condutas<br />
dos anestesiologistas do Rio<br />
de Janeiro. Nesta difícil especialização<br />
da Medicina, todo e qualquer<br />
tipo de troca de experiências<br />
é muito válida. A pluralidade<br />
de opiniões e a argumentação baseada<br />
no conhecimento levam o<br />
anestesiologista a dar passos largos<br />
em sua vida intelectual, acadêmica<br />
e profissional. Que muitos<br />
outros debates sejam feitos.<br />
Pelo menos, é isso que desejam<br />
todos os médicos anestesiologistas<br />
do nosso estado.<br />
Dr. Márcio Pinho (em pé) coordenou a sessão de perguntas da platéia de médicos e<br />
residentes em anestesia<br />
<br />
<strong>SAERJ</strong> em Foco - out-dez <strong>2007</strong> - 25
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Notícias da Coopanest<br />
Notícias da Coopanest<br />
M<br />
ais uma vez o ano se<br />
aproxima do seu final e<br />
chegamos novamente naqueles<br />
momentos de reflexão, do<br />
fechamento do balanço: o saldo<br />
foi positivo, negativo ou andamos<br />
de lado? O que nós, anestesiologistas,<br />
fizemos pela nossa classe?<br />
Perseguimos metas estabelecidas<br />
no início do ano ou ficamos<br />
parados, vendo o tempo passar,<br />
esperando que alguém faça<br />
alguma coisa por nós? Lutar sozinho<br />
contra um adversário poderoso<br />
é muito difícil. Temos nossas<br />
instituições já formadas e com longos<br />
anos de atuação, nos representando<br />
com correção e desprendimento.<br />
Lá estão a Coopanest-Rio,<br />
a <strong>SAERJ</strong> e a SBA. Elas não existiriam<br />
sem a participação de nossos<br />
colegas anestesiologistas.<br />
Precisamos cada vez mais<br />
nos aglutinar, reunir forças, sempre<br />
em busca de objetivos claramente<br />
delineados, buscando preceitos<br />
éticos do cooperativismo.<br />
Com os pés no chão, sem promessas<br />
utópicas, pois ninguém é<br />
ingênuo. Impossível acreditar que,<br />
num passe de mágica, estaremos<br />
vivendo em um país onde a saúde<br />
é de primeiro mundo e que<br />
nos depararemos na nossa consulta<br />
pré-anestésica com um paciente<br />
bem-nutrido, bem-instruído,<br />
que responderá às nossas perguntas<br />
com clareza. Promessas de<br />
ganhos salariais acima da nossa<br />
realidade é brincar com a nossa<br />
inteligência. Lutar por valores justos<br />
a serem pagos pelo nosso trabalho,<br />
pelo ato cooperativo, só se<br />
consegue traçando metas, objetivos<br />
e os perseguindo, com apoio<br />
26 - <strong>SAERJ</strong> em Foco - out-dez <strong>2007</strong><br />
A hora é de união<br />
logístico das instituições que nos<br />
representam, tendo credibilidade<br />
tanto no meio médico, como também<br />
junto à população em geral.<br />
Aventureiros que aparecem de<br />
uma hora para outra, sem respaldo<br />
de ninguém e oferecendo um<br />
milagre é algo que causa a todos<br />
nós, bons observadores, uma certa<br />
estranheza. Por que não nos procuram<br />
para dialogar? Possuímos<br />
sede fixa, com endereço conhecido<br />
pelo mundo médico. Se têm<br />
boas idéias, por que não vêm<br />
trazê-las para que possam ser<br />
discutidas? Ou, então, estão procurando<br />
dividir a nossa categoria,<br />
enfraquecendo-a.<br />
Em <strong>2007</strong>, a Coopanest-Rio<br />
conseguiu renegociar contratos e<br />
obter melhora nos ganhos que são<br />
repassados integralmente ao<br />
cooperado, pois esse é um dos<br />
princípios básicos do cooperativismo.<br />
Claro que nem tudo são<br />
glórias. Há contratos que não conseguimos<br />
evoluir, não porque ficamos<br />
parados, mas porque, numa<br />
mesa de negociação, muitas vezes<br />
precisamos ceder alguma<br />
coisa para obtermos um ganho<br />
futuro maior. Essa união não ocorre<br />
somente dentro do estado onde<br />
atuamos, mas também em nível<br />
nacional, com a Federação Brasileira<br />
de Cooperativas de<br />
Anestesiologistas (Febracan), onde<br />
conseguimos melhorar contratos<br />
que valem para todas as federadas.<br />
O movimento cooperativista<br />
só se solidifica seguindo os preceitos<br />
básicos do cooperativismo,<br />
que na sua essência maior é o caráter<br />
democrático, ou seja, não<br />
possui um dono. Cada associado<br />
tem direito a um voto e isso é o<br />
que há de mais grandioso dentro<br />
do cooperativismo: o princípio da<br />
igualdade.<br />
Como vivemos num país<br />
democrático, todos os<br />
anestesiologistas têm acesso à<br />
cooperativa, bastando somente<br />
que sejam filiados à <strong>SAERJ</strong> e à<br />
SBA. Na Coopanest, não há dificuldade<br />
para se ingressar, basta<br />
somente o colega querer entrar.<br />
Esse é mais um dos princípios<br />
do cooperativismo: a livre escolha<br />
- ele entra e sai quando achar<br />
que lhe é conveniente.<br />
Por que a Coopanest-Rio não<br />
é tão forte quanto as suas coirmãs<br />
de outros estados? Porque somos<br />
poucos associados. Com todos<br />
juntos, o nosso poder de pressão<br />
será muito maior. Se nos dividirmos,<br />
seremos fracos nas negociações<br />
e é nisso que os planos de<br />
saúde apostam para continuarem<br />
a reembolsar o que bem entendem.<br />
Sem um contrato pré-assinado,<br />
vamos argüir a quem? Ao<br />
paciente, que de antemão avisa<br />
não poder cobrir a diferença do<br />
reembolso? Assim, vamos continuar<br />
“engolindo sapos”. Precisamos<br />
ser como pilotos de caças<br />
voando em formação para alcançarmos<br />
os nossos objetivos.<br />
Temos que implantar a<br />
CBHPM com valores justos. Se<br />
for vontade dos cooperados, negociaremos<br />
com os serviços públicos<br />
de saúde, mas dentro de<br />
uma realidade, sem promessas de<br />
ganhos fantasiosos, pois isso nunca<br />
irá acontecer.<br />
Caro colega, a hora é de<br />
união, nunca de divisão. A
Coopanest-Rio, a <strong>SAERJ</strong> e a SBA<br />
são as suas casas. Lá você encontrará<br />
os seus pares. Compareça às<br />
reuniões, às assembléias. Leve suas<br />
críticas e sugestões. As diretorias<br />
estarão sempre abertas a novas e<br />
boas idéias. O cooperativismo é a<br />
democracia no seu esplendor.<br />
A diretoria da Coopanest-Rio<br />
agradece a todos que, de uma maneira<br />
ou de outra, colaboraram<br />
conosco neste ano e deseja a todos<br />
um Feliz Natal e um grande<br />
2008.<br />
<br />
Albertino G. Henrique<br />
Presidente Coopanest-Rio<br />
Coopanest-Rio<br />
20 anos<br />
No dia 17 de dezembro a<br />
Coopanest-Rio completa<br />
20 anos de existência.<br />
Ao longo desses anos, todas<br />
as diretorias que por<br />
aqui passaram dedicaram<br />
o seu máximo para implementar<br />
todas as políticas<br />
do cooperativismo dentro<br />
de nossa classe.<br />
Foi muito trabalho, muita<br />
doação de todos e dedicação<br />
dos nossos funcionários,<br />
o que propiciou à cooperativa<br />
oferecer aos seus<br />
associados um serviço de<br />
excelente qualidade.<br />
A Coopanest-Rio quer parabenizar<br />
todos os colegas<br />
cooperados, que ao longo<br />
desses anos colaboraram<br />
com a nossa cooperativa,<br />
fazendo-a crescer, tornando-a<br />
mais forte e unida.<br />
Parabéns a todos.<br />
A diretoria<br />
Avisos Administrativos<br />
1 - Com a implementação das guias TISS, passamos a ter<br />
dados a preencher que não constam das nossas CPSAs,<br />
tais como:<br />
• Horário inicial e horário final da cirurgia/exame<br />
• Procedimento convencional ou por vídeo<br />
• Procedimento ambulatorial, day clinic ou internação<br />
• No caso de procedimento ambulatorial – o nome do<br />
médico solicitante e seu CRM<br />
Assim sendo, pedimos que coloque estas informações em<br />
qualquer campo da CPSA, esclarecendo que estamos<br />
providenciando novo modelo da mesma.<br />
2 - Como as guias estão sendo enviadas para os<br />
contratantes através de meio magnético, qualquer erro<br />
na senha ou matrícula impossibilita o envio de cobrança.<br />
Preencha a CPSA de maneira completa (códigos,<br />
descrição, vias de acesso, etc) clara e legível para evitar<br />
devoluções.<br />
3 - Verifique no site as tabelas utilizadas para cada<br />
contratante (CBHPM ou AMB).<br />
4 - Verifique no site os valores pagos por cada contratante.<br />
5 - Não atrase a entrega de sua cobrança. Se o procedimento<br />
tiver sido há mais de 30 dias, poderá ter o pagamento<br />
negado pelo contratante.<br />
6 - As consultas têm que estar, obrigatoriamente, assinadas,<br />
assim como os outros procedimentos.<br />
7 - Só podemos cobrar consultas do mesmo paciente, na<br />
mesma internação, com intervalo mínimo de 30 dias.<br />
Filie-se ao PLANO DE AUXÍLIO MÚTUO FEBRACAN<br />
VISITE O NOSSO SITE:<br />
www.coopanest-rio.org.br<br />
<strong>SAERJ</strong> em Foco - out-dez <strong>2007</strong> - 27
Feliz 2008<br />
A <strong>SAERJ</strong> <strong>SAERJ</strong> deseja deseja<br />
a todos os associados<br />
um 2008 repleto repleto de saúde, saúde,<br />
paz e muitas realizações!