“Banco Judeu” do Bom Retiro - Arquivo Histórico Judaico Brasileiro
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artiGo<br />
C.m.g. - Ah, não me lembro. Quan<strong>do</strong> eu entrei lá,<br />
eu me lembro que eu ganhava um salário mínimo. Eu<br />
não lembro nem quanto era esse salário. Depois, vieram<br />
logo os aumentos, porque eu me tornei chefe. E eu não<br />
fiz carreira lá porque eu saí depois de <strong>do</strong>is anos.<br />
N.H.O - você ficou chefe logo, pelo que você está<br />
me contan<strong>do</strong>.<br />
C.m.g. - É, foi logo, foi logo. Porque as pessoas que trabalhavam<br />
lá que eram os chefes saíram também. E aí me<br />
colocaram. Então, trabalhávamos em três pessoas, nessa<br />
seção de empréstimo. O chefe e mais <strong>do</strong>is funcionários<br />
que calculavam tu<strong>do</strong> e datilografavam os borderôs.<br />
BeRtHa litvaC (B.l.), PaulistaNa, FilHa<br />
de Pai RussO, viNdO de istamBul, e<br />
mÃe POlONesa. Residia NO BOm RetiRO.<br />
eNtROu Na COOPeRativa aOs 14 aNOs.<br />
N.H.O. - e qual foi o seu primeiro trabalho? Qual<br />
era a sua função?<br />
B.l. - No escritório, no escritório em geral, né, eu passei<br />
por diversos setores, né. E depois eu fui trabalhar<br />
com seu Benjamim Kulikovsky; fui secretária dele e, depois,<br />
eu passei pro caixa. Nos últimos tempos, eu trabalhava<br />
na caixa.<br />
N.H.O. - e, depois, quan<strong>do</strong> você deixou de fazer, vamos<br />
dizer, serviços gerais, você trabalhou em alguma<br />
outra seção, assim, específica?<br />
B.l. - Específica, não. Eram os mesmos serviços gerais<br />
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mesmo, que eram dividi<strong>do</strong>s.<br />
Porque tinha várias seções.<br />
Tinha as seções de empréstimo,<br />
tinha a seção de... daí, o<br />
pessoal pedia empréstimo...<br />
então, era dividi<strong>do</strong> em nota<br />
promissória. Eles assinavam a<br />
nota promissória, dividin<strong>do</strong> o<br />
valor <strong>do</strong> empréstimo pra pagar<br />
mensalmente. E a gente fazia<br />
os avisinhos de... hoje em dia<br />
chamam-se boletos... que mandavam<br />
pra casa das pessoas,<br />
com o dia <strong>do</strong> pagamento, com<br />
a ordem... e eram várias vias,<br />
que eram anexadas em cada<br />
promissória. Tinha os arquivos. E quan<strong>do</strong> a pessoa pagava,<br />
uma era ficha de caixa, outra ia pro arquivo, pra dar<br />
baixa, e assim por diante...<br />
N.H.O. - e quem eram as pessoas que aprovavam o<br />
empréstimo?<br />
B.l. - Era a diretoria. Tinha reuniões dirigidas pelo presidente,<br />
que era o Sr. Benjamin Kulikovsky, o vice-presidente<br />
era o Manoel Epstein, e vários diretores. E tinha<br />
reuniões... semanais... Então esses pedi<strong>do</strong>s eram analisa<strong>do</strong>s<br />
e eles tinham que ter avalistas.<br />
N.H.O. - você se lembra de outros diretores que<br />
trabalharam durante esses dez anos? Fale alguns nomes...<br />
B.l. - Alguns... Como eu já citei, o presidente era o<br />
Benjamim Kulikovsky, o vice-presidente e tesoureiro era<br />
o Sr. Manoel Epstein, depois tinha os outros diretores. Eu<br />
lembro de Guilherme Krasilchik, Carol Goldenstein, Guilherme...<br />
Carol... Abram Idel Portnoy; esses são os que eu<br />
acho, quem mais – ah – o senhor Marcos Zaitz.<br />
N.H.O. - e essas pessoas reuniam-se uma vez por<br />
semana para aprovar os empréstimos? Ou...<br />
B.l. - Pra aprovar os empréstimos, mas eles tinham<br />
plantões diários lá. O presidente vinha to<strong>do</strong>s os dias.<br />
N.H.O. - Como é que era o presidente, o sr. Benjamin<br />
Kulikovsky, que já foi muito homenagea<strong>do</strong>...?<br />
B.l. - Foi. Ele era uma pessoa influente na sociedade,<br />
né, judaica. Ele também presidiu a Ezra, que hoje é a<br />
Unibes, né. Ele também, ele fazia esses <strong>do</strong>is trabalhos<br />
paralelos e ele tinha uma loja na José Paulino. Confecções,<br />
roupas feitas, não lembro direito, mas ele era uma<br />
pessoa que se dedicava à sociedade daquele tempo.<br />
N.H.O. - e havia muitas funcionárias na cooperativa?