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Nesta Edição<br />

Capa – A Expressão Era Vulgar e o Calendário Maçônico..Capa<br />

Editorial.........................................................................................2<br />

Editorial<br />

Matéria da Capa –<br />

- A Expressão Era Vulgar e o Calendário Maçônico..............3<br />

Destaques – As Leis Básicas do Universo.................................5<br />

Informe Cultural –<br />

- A Iniciação Maçônica Esotericamente Comentada.......................8<br />

Editorial<br />

- Palestra no Oriente de Cuiabá...........................................................8<br />

Academia da da Leitura – Amantes da Leitura............................9<br />

Trabalhos<br />

- Maçom Refém do Templo.....................................................10<br />

- A Mulher na Maçonaria.........................................................11<br />

Reflexões – Paremos de Carregar as Malas dos Outros........15<br />

Lançamentos – Livros.................................................................16<br />

"O O mundo está repleto da Luz Divina! Procure percebê-la, aproveitando ao máximo a<br />

elevação espiritual que você alcançará. Procure descobrir a Luz que brilha dentro de você<br />

e de todas as criaturas, embora muitas vezes encoberta por grossa camada de ignorância”.<br />

(Professor Henrique José de Souza)<br />

É<br />

com grande alegria que, mais uma vez, utilizamo-nos<br />

deste espaço, a fim de travar importante diálogo.<br />

Comumente, o espaço de um editorial não é reservado<br />

<strong>para</strong> tal fim, mas entendemos ser importante aproveitarmos<br />

esta oportunidade, a fim de se fazer luz sobre assuntos, que,<br />

jamais, deverão ser varridos <strong>para</strong> debaixo do tapete. Portanto,<br />

peço-lhes a prestimosa tolerância com este editor.<br />

Ao longo de uma gloriosa história de cinco anos de<br />

nossa Revista, vimos, a cada edição, tentando elucidar-lhes<br />

sobre temas, merecedores, pelo menos, de reflexão. Não<br />

temos como medir o quanto nossos esforços têm modificado<br />

tais situações <strong>aqui</strong> tratadas, mas não pretendemos <strong>para</strong>r de<br />

fazer o que nos compete, por entendermos a Revista Arte Real<br />

como órgão de informação e de conscientização do Povo<br />

Maçônico.<br />

Voltamos a tocar no assunto que muito nos incomoda,<br />

desde que entramos na Ordem: o descomprometimento da<br />

maioria dos <strong>Irmãos</strong> com o aspecto iniciático de nossa Ordem.<br />

É notório que muitos profanos estão sendo convidados a<br />

participarem, sem que sejam informados dos objetivos da<br />

Maçonaria. Provavelmente, seus padrinhos, também,<br />

recrutados na sociedade da mesma maneira, não tendo sido,<br />

devidamente, pre<strong>para</strong>dos no decorrer do estudo dos Graus<br />

Simbólicos, conforme os ditames de nossa doutrina,<br />

contribuirão <strong>para</strong> a formação, desculpe o termo, de uma<br />

“escola de profanos de avental”.<br />

Esse retrato não é privilégio de algumas Lojas;<br />

lamentavelmente, acontece na maioria delas. A vaidade<br />

começa de cima; basta relermos a história da Ordem no Brasil<br />

<strong>para</strong> registrarmos o absurdo número de dissidências, criações<br />

de novas Lojas e de tantas outras “potências”<br />

(propositalmente, entre aspas, já que dividir a Maçonaria em<br />

diversas Obediências é enfraquecê-la, e não potencializá-la),<br />

que chegamos ao absurdo de computar mais de 125 Grão-<br />

Mestres em nosso país. Como uma Ordem tão pulverizada<br />

poderá ter uma atuação decisiva nos assuntos de interesse da<br />

sociedade?<br />

Basta um irmão perder as eleições <strong>para</strong> Venerável<br />

Mestre de sua Loja <strong>para</strong> buscar a criação de uma nova Loja.<br />

As Lojas atuais já possuem seu quadro de Obreiros bastante<br />

reduzido; com isso, surge mais uma Loja com sete ou oito<br />

irmãos, implorando que ninguém falte, à guisa de não poder<br />

abrir seus Trabalhos. Que Maçonaria é essa?<br />

Precisamos fazer Maçonaria de verdade! E, insisto: o<br />

caminho de tal transformação é amá-la e estar comprometido<br />

com seus ideais. Para amá-la, faz-se necessário conhecê-la,<br />

estudá-la em sua história e entendê-la como uma Escola de<br />

Iniciação, seu princípio básico!<br />

Revista Arte Real 61 2


Disse John Kennedy ao povo americano: “Não<br />

perguntes o que a tua pátria pode fazer por ti. Pergunta o que<br />

tu podes fazer por ela”. “Mutatis mutandis”, tal citação nos<br />

permitirá profunda reflexão.<br />

Precisamos otimizar o tempo que roubamos de nossas<br />

famílias semanalmente, abolindo a ensurdecedora “sinfonia<br />

do bater de malhetes” em nossas sessões e nos dedicarmos ao<br />

estudo da doutrina maçônica. E, quando estivermos atuando<br />

na vida profana, coloquemos em prática seus ensinamentos.<br />

Não precisamos mudar, pontualmente, o político corrupto, o<br />

policial desonesto, o mau profissional; temos que mudar a<br />

nós mesmos e servirmos de exemplo <strong>para</strong> o mundo. Toda<br />

modificação começa de dentro <strong>para</strong> fora. Em outras palavras:<br />

temos que transformar a Iniciação Simbólica recebida em<br />

Iniciação Real!<br />

Falando desta edição e colaborando <strong>para</strong> melhor<br />

conhecermos nossa Ordem, destacamos alguns temas e<br />

apresentamo-los, como Matéria de Capa, “A Expressão Era<br />

Matéria da Capa<br />

Vulgar e o Calendário Maçônico”, trabalho de autoria do<br />

Irmão Marcelo Alegrucci; dentro do escopo de conhecer a si<br />

mesmo e o universo que nos envolve, apresentamos a matéria<br />

“As Leis Básicas do Universo”, carinhosamente, enviada pelo<br />

Irmão Galuzzi, extraída de Apostilas da Sociedade Brasileira<br />

de Eubiose; a matéria “A Mulher na Maçonaria” é um tema<br />

polêmico e até mal compreendido por muitos, isso, até a<br />

leitura da excelente matéria do renomado maçonólogo Irmão<br />

Jo<strong>aqui</strong>m Gervásio de Figueiredo.<br />

Agradecendo suas prestimosas tolerâncias por nos<br />

permitir estar aproveitando este Editorial <strong>para</strong> chamá-los à<br />

razão sobre temas que, jamais, deverão ser desconsiderados,<br />

peço uma profunda reflexão de todos, em especial, sobre a<br />

frase de John Kennedy. Se a entenderem pertinente, levem-na<br />

<strong>para</strong> suas Lojas, a fim de que possamos melhorar nossa<br />

postura diante da triste realidade da Maçonaria atual e,<br />

consequentemente, fazê-la retomar o papel que lhe cabe,<br />

como Escola de Iniciação. Afinal, a Maçonaria somos todos<br />

nós! ?<br />

A EXPRESSÃO ERA VULGAR E O CALENDÁRIO MAÇÔNICO<br />

Desde os idos mais antigos, a humanidade utiliza-se<br />

de certos referenciais <strong>para</strong> delimitar um<br />

determinado espaço de tempo. Os astrônomos<br />

servem-se de acontecimentos naturais ou fenômenos a que se<br />

referem os seus cálculos, como as revoluções da Lua, os<br />

equinócios e solstícios, os eclipses e a passagem dos cometas.<br />

Os cronologistas e historiadores servem-se, também, de certos<br />

acontecimentos que tiveram influência sobre o gênero<br />

humano. Designam-se as épocas enunciando os fatos notáveis<br />

a que se referem: Criação do Mundo, Fundação de Roma e o<br />

Nascimento de Cristo, entre outros.<br />

Primitivamente, os tempos eram calculados em<br />

gerações: a Bíblia, por exemplo, conta dez gerações antes do<br />

Dilúvio e outras dez depois do Dilúvio. Já, segundo Heródoto<br />

(grego, considerado o Pai da História) e a maior parte dos<br />

autores da época, três gerações correspondiam a cem anos.<br />

Posteriormente, no século VIII, possivelmente ,introduziu-se<br />

o uso das Eras, que consistiam no número de anos civis de<br />

um povo, decorridos desde uma época notável, tomada como<br />

ponto de referência, dando o nome à era adotada.<br />

Rogério Alegrucci<br />

Quanto à etimologia da palavra “Era”, é um tanto<br />

controversa. Alguns indícios apontam que teve sua origem na<br />

Espanha, acreditando-se ser a contração das iniciais A.E.R.A.,<br />

encontradas nos monumentos antigos: “Annus Erat Regni<br />

Revista Arte Real 61 3


Augusti” (era o ano do reinado de Augusto) ou “Ab Exordio<br />

Regni Augusti” (Do começo do reinado de Augusto), Os<br />

espanhóis iniciaram seus cálculos a partir do período em que<br />

o país ficou sob o domínio de Augusto.<br />

Outros dizem derivar da palavra latina “aeneu”<br />

(bronze), porque, das medalhas e moedas desse metal,<br />

deduzia-se a data do acontecimento notável, que serviu de<br />

começo a uma série de anos. As palavras “era” e “época” têm<br />

certa relação entre si, mas, contudo, são bem distintas: ”era”,<br />

é o número de anos decorridos desde certo acontecimento<br />

notável; “época” é o momento desse acontecimento. De todos<br />

os marcos de início que se poderiam escolher, nenhum seria<br />

mais apropriado e natural do que o próprio começo do<br />

tempo, isto é: o instante do ponto de partida da primeira volta<br />

da Terra em torno do<br />

Sol, no princípio do<br />

mundo. Todos os<br />

povos tomariam esse<br />

instante, se tivesse sido<br />

possível determiná-lo.<br />

Não o sendo, cada<br />

povo adotou, como já<br />

dissemos, uma Era: A<br />

dos Judeus funda-se na<br />

criação do Mundo,<br />

segundo o Gênese; a<br />

dos antigos Romanos,<br />

na fundação de sua<br />

Capital; a dos Gregos,<br />

no estabelecimento dos<br />

Jogos Olímpicos; a dos<br />

Egípcios, na ascensão<br />

de Nabonassar, primeiro rei da Babilônia, ao trono daquele<br />

Império; a dos Cristãos, no nascimento de Cristo.<br />

Já a expressão Vulgar tem origem no Latim “Vulgare”<br />

e, primitivamente, significava “pessoas comuns”, ou seja,<br />

aqueles que não eram da nobreza. Isso, pelo menos, até<br />

meados do século XVI, quando a palavra Vulgar passou a ter<br />

o significado de algo “grosseiramente indecente”.<br />

Foram os Judeus, no entanto, que substituíram o antes<br />

de Cristo e o depois de Cristo por antes e depois da Era<br />

Vulgar. Como a Era Cristã, sob a denominação de Era Vulgar,<br />

é a mais empregada, serve de termo médio e de com<strong>para</strong>ção<br />

com as outras, as quais podem se classificar em Eras antigas,<br />

as anteriores à Era Vulgar, e Eras Modernas, as posteriores. A<br />

Era Vulgar, portanto, designa o Calendário Gregoriano,<br />

mundialmente, adotado.<br />

Para entender como a expressão Era Vulgar passou a<br />

ser empregada na Maçonaria, é preciso lançar mão do<br />

Calendário Maçônico. O primeiro ano do Calendário<br />

Maçônico é o da Verdadeira Luz, ”Anno Lucis”, em latim, ou,<br />

simplesmente, V∴L∴ ou A∴L∴, como empregado na<br />

datação de antigos documentos maçônicos do século XVIII, e<br />

interpretado como “Latomorum Anno” ou, como no texto<br />

original em inglês, que serviu de base <strong>para</strong> esta pesquisa,<br />

“Age of Stonecutters”, “Idade dos Cortadores de Pedra”.<br />

A determinação do Ano da Verdadeira Luz teria sido<br />

com base nos cálculos de James Usher, bispo anglicano,<br />

nascido no ano de 1581, em Dublim. Usher havia<br />

desenvolvido um cronograma que começava com a criação do<br />

mundo, segundo o<br />

Gênese, ocorrido às<br />

09h da manhã, do dia<br />

23 de Outubro de 4004<br />

A.C., com base no<br />

texto Massotérico<br />

(texto em hebraico que<br />

deu origem a vários<br />

capítulos da Bíblia), ao<br />

invés de o Septuaginta<br />

(antiga tradução grega<br />

do Velho Testamento).<br />

Nesse contexto, James<br />

Anderson fez constar,<br />

em sua Constituição<br />

de 1723, a adoção de<br />

uma cronologia<br />

independente da<br />

religião, pelo menos no contexto britânico da época, com o<br />

objetivo de afirmar, simbolicamente, a Universalidade da<br />

Maçonaria.<br />

Foi aceito, portanto, que o início da Era Maçônica se<br />

deu em 4000 anos antes da Era Comum ou Vulgar. Nota-se o<br />

que parece ser um pequeno arredondamento de quatro anos<br />

entre os cálculos de Usher e o que foi adotado nas<br />

Constituições de Anderson. O Ano Maçônico tem o mesmo<br />

comprimento do ano Gregoriano, no entanto começa em 01<br />

de março, assim como o Ano Juliano, que, ainda, estava em<br />

vigor quando da redação das Constituições de Anderson.<br />

No Calendário Maçônico, os meses são designados<br />

pelo seu número ordinal. Assim, 01 de março de 2011 da E∴<br />

V∴ seria o dia 01 do mês 01 do ano de 6011 da V∴L∴,<br />

segundo Anderson.<br />

Revista Arte Real 61 4


Se, por um lado, existem claras referências nas<br />

Constituições de Anderson a eventos, calculados segundo a<br />

regra que citamos, por outro, tal prática parece não ter sido<br />

adotada como regra geral. Os antigos maçons dos Ritos de<br />

York e Francês adicionavam 4000 anos à Era Vulgar, conforme<br />

as Constituições de Anderson. No entanto, Maçons do Rito<br />

Escocês Antigo e Aceito utilizavam o calendário judaico,<br />

adicionando 3760 anos à Era Vulgar. Já os Maçons do Arco<br />

Real utilizavam-se da data de construção do segundo Templo,<br />

ou 530 anos antes da Era de Cristo.<br />

Qualquer que seja o motivo que tenha levado a tantas<br />

variações nos diferentes Ritos, um calendário maçônico é<br />

baseado na data de um evento ou um começo, e essas<br />

referências eram usadas em documentos oficiais das Lojas. As<br />

datas históricas são símbolos de novos começos, e não devem<br />

ser interpretadas como se já houvesse uma Loja maçônica no<br />

Jardim do Éden... A ideia só foi concebida <strong>para</strong> se transmitir<br />

que os princípios da Maçonaria (e não a Maçonaria em si) são<br />

tão antigos quanto a existência do mundo. Vejo que qualquer<br />

outro significado maçônico <strong>para</strong> essas datas não passam de<br />

um desejo dos primeiros maçons escritores: criar uma<br />

Destaques<br />

AS LEIS BÁSICAS DO UNIVERSO*<br />

A<br />

um Iniciado, cabe conhecer a si mesmo, princípio<br />

básico <strong>para</strong> quem ousa trilhar os estreitos caminhos<br />

iniciáticos. Como Microcosmo que é, deverá buscar<br />

a perfeita interação com o Macrocosmo e suas Leis Básicas do<br />

Universo. Recebemos de nosso valoroso Irmão José Roberto<br />

Galuzio a matéria abaixo, extraída de uma apostila da<br />

Sociedade Brasileira de Eubiose, que muito irá nos ajudar a<br />

perceber a necessidade da vida em harmonia com as Leis da<br />

Natureza. Com certeza, após a leitura deste texto,<br />

compreenderemos melhor a frase, gravada no frontispício do<br />

templo de Delfos, na antiga Grécia e adotada como divisa por<br />

Sócrates, ao nos indicar a verdadeira senda da evolução:<br />

“Homem, conhece-te a ti mesmo!”<br />

São Leis Universais, criadas quando o Supremo<br />

Arquiteto do Universo planejou a criação. São Leis imutáveis,<br />

às quais todos os Seres, sem exceção, desde a pedra bruta até<br />

o homem, estão sujeitos. O desconhecimento e o desrespeito<br />

às mesmas são causa de desequilíbrio e, consequentemente,<br />

de sofrimento.<br />

Daí percebermos e entendermos que não há Evolução<br />

linhagem antiga <strong>para</strong> a Maçonaria, nos moldes de suas<br />

imaginações.<br />

No Brasil, há registros de que o GOB utilizava, nos<br />

primórdios da Maçonaria Nacional, um calendário equinocial<br />

muito próximo do hebraico, situando o início do ano<br />

maçônico não em 01 de março, como sugere Anderson, mas<br />

no dia 21 de março (equinócio de outono, no hemisfério Sul),<br />

acrescentando 4000 aos anos da Era Vulgar, datando seus<br />

documentos com o ano da V∴L∴(A∴L∴). Dessa maneira, o<br />

6° mês Maçônico tinha início a 21 de agosto (primeiro dia do<br />

sexto mês), e o 20° dia era, portanto, 09 de setembro da<br />

E∴V∴, como situa um Boletim do GOB de 1874, isso segundo<br />

o Irmão José Castellani, em sua obra “Do pó aos arquivos”.<br />

Outro bom exemplo é a imagem do topo deste artigo, retirado<br />

da Ata de Iniciação de D. Pedro I.<br />

O fato é que datar pranchas e documentos maçônicos<br />

com o ano da V∴L∴ caiu em desuso, talvez porque, hoje,<br />

saibamos que nosso sistema solar existe há mais de 4,5 bilhões<br />

de anos. Utilizar o Calendário Gregoriano e referir-se a ele<br />

como E∴V∴, é a prática mais comum nos dias atuais. ?<br />

sem Carma e sem Reencarnação. Ao mesmo tempo em que o<br />

Determinismo e o Livre Arbítrio completam o processo, ao<br />

mesmo tempo em que o fenômeno da morte se intercala com<br />

o milagre da vida.<br />

Revista Arte Real 61 5


Lei da Evolução<br />

O termo “Evolução” já era utilizado pelos filósofos<br />

gregos, entre eles, Sócrates e Platão, os quais, iniciados que<br />

eram conheciam a Ciência Oculta e sabiam que Evolução é o<br />

caminho que o homem percorre na busca do entendimento de<br />

Deus e, mais que isto, do despertar da sua consciência divina.<br />

No estudo da “Cosmogênese”, apreende-se que<br />

Evolução é transformar Vida Energia em Vida Consciência. E<br />

a Vida Energia processa-se nos quatro Veículos: Físico, Vital,<br />

Emocional e Mental Concreto = Quaternário Inferior. O Corpo<br />

Físico compreende os Sistemas: Ósseo, Nervoso, Circulatório,<br />

Respiratório, Glandular. O Corpo Vital é formado pelo Duplo<br />

Etéreo. O Corpo Emocional, nos seus diversos aspectos,<br />

compõe-se dos elementos: sensoriais, instintivos e<br />

emocionais, propriamente ditos. O Corpo Mental Concreto é<br />

formado pela Inteligência Concreta, ou Inteligência em<br />

função das necessidades<br />

fisiológicas.<br />

Para que o homem,<br />

no seu processo evolucional,<br />

atinja a plenitude da<br />

consciência, precisa alcançar,<br />

ou despertar, ou se unir aos<br />

três Princípios Superiores:<br />

Mental Abstrato, Intuitivo e<br />

Crístico.<br />

O que os iniciados<br />

procuram ensinar através<br />

das diversas Escolas e<br />

Colégios Iniciáticos, que<br />

existem desde os primórdios<br />

da raça humana, é que o<br />

homem, tendo uma origem<br />

divina, nem sempre teve essas duas naturezas desligadas.<br />

Ensinam, também, como religá-las.<br />

Como possuímos uma natureza humana (quaternário:<br />

físico, vital, astral e mental concreto), e uma natureza divina<br />

(tríade: Mental Abstrato, Princípio Intuitivo e Princípio<br />

Crístico), elas devem funcionar em equilíbrio e<br />

permanentemente unidas, pois a Evolução se faz entre esses<br />

dois polos: Terreno e Divino.<br />

Lei de Causa e Efeito = Carma<br />

Sendo uma Lei Universal, tem o mesmo princípio<br />

básico existente em todo o universo e demonstrado por<br />

Newton, ou seja, “Para cada ação há uma reação igual e em<br />

sentido contrário”.<br />

Os não-Iniciados confundem a Lei de Carma com o<br />

pecado, ou seja, tudo que fazemos de mal é pecado e,<br />

consequentemente, levar-nos-á <strong>para</strong> o inferno, onde<br />

acertaremos contas com o Diabo. Para os religiosos, o Carma<br />

não existe. Existem, sim, o pecado e o Diabo.<br />

O Bem e o Mal, como comumente pensamos, não<br />

existem. O que existe é o equilíbrio, ou seja, os ajustes, feitos<br />

pela Grande Lei que a tudo e a todos rege. A Lei de Carma<br />

não pode ser interpretada de maneira dogmática. O que de<br />

fato prevalece são as consequências advindas do nosso ato e a<br />

intensidade da dor causada.<br />

A dor (sempre o resultado de qualquer sofrimento<br />

físico ou moral) é a forma de esgotarmos o nosso Carma,<br />

desde que não nos revoltemos contra ele. No entanto, dizer<br />

que a humanidade evolui pela dor é uma meia verdade, pois,<br />

de fato, a dor é, apenas, o<br />

retorno ao equilíbrio.<br />

Somente o Conhecimento e a<br />

Sabedoria nos conduzem ao<br />

equilíbrio.<br />

O Carma não é<br />

castigo, nem prêmio. É uma<br />

Lei Justa e evita que a<br />

humanidade se destrua. É de<br />

ajuste, de equilíbrio, de<br />

harmonia; julga as<br />

circunstâncias. Deus é o<br />

equilíbrio interno do ser<br />

humano. São Paulo, com<br />

referência à Lei do Carma,<br />

disse: “Tudo o que o homem<br />

semeia colherá” (Gálatas).<br />

Lei dos Ciclos ou Lei de Reencarnação<br />

A nossa evolução está toda fundamentada na Lei dos<br />

Ciclos ou Lei de Reencarnação. Em cada vida, adquirimos um<br />

percentual de conhecimento, como também de Carma. Nesse<br />

processo cíclico, existem dois fatores internos que acionam<br />

nossos impulsos, tendências, inclinações: Escandas e Nidanas.<br />

Escandas: tendências positivas, expressas pelo bem,<br />

pelas virtudes, pela moralidade, no seu conjunto. Nidanas:<br />

tendência negativas, expressas pelo mal, pelos vícios, pelos<br />

defeitos morais, no seu conjunto.<br />

O fenômeno da morte faz o ajustamento entre essas<br />

duas energias; ao iniciar-se uma nova vida, ao nascermos de<br />

novo, trazemos impulsos, reações, tendências, resultado desse<br />

ajustamento.<br />

Revista Arte Real 61 6


Em cada ciclo de vida, adquirimos um ou mais tipo de<br />

experiência. Por isso, são necessárias muitas vidas <strong>para</strong> se<br />

completar o ciclo de experiências. Durante os ciclos de vida,<br />

uma alma ora se aproxima, ora se afasta do espírito, à medida<br />

que vai cumprindo a tarefa de ganhar experiências.<br />

O Que Reencarna?<br />

Não é o Corpo Físico. Este pertence à Terra e a ela<br />

retorna após ser usado. Também não é a Alma, pois é feita de<br />

matéria astral e volta a sua origem. Não é o Espírito, pois é<br />

imortal e a tudo comanda. O que reencarna são os três átomos<br />

permanentes (físico, anímico e espiritual) que guardam todas<br />

as experiências adquiridas pela Mônada durante os seus<br />

ciclos evolutivos.<br />

A Lei de Reencarnação não só se aplica ao homem,<br />

mas também às civilizações, pois estas crescem e atingem a<br />

maturidade e se degeneram, desaparecem <strong>para</strong> surgir logo<br />

adiante, mais avançadas, com melhor destino.<br />

Aqueles que já adquiriram um potencial de<br />

consciência capaz de perceber essas<br />

verdades devem se esforçar <strong>para</strong> evoluir<br />

o mais rapidamente possível. Com isso<br />

estão se livrando da Roda de Sansara, ou<br />

dos Renascimentos e Mortes. Quem<br />

consegue isso não mais reencarna, mas,<br />

sim encarna, pois já é um Ser Superior e<br />

adquiriu o direito de escolher, ou não,<br />

uma nova vida humana (face da Terra).<br />

O Que é Alma? ... O Que é<br />

Espírito?<br />

Segundo a “Ciência das Idades”,<br />

são elementos distintos, com funções,<br />

estruturas, funcionando em planos<br />

diferentes. O Professor Henrique José de<br />

Souza, fundador da SBE, ensinou que:<br />

“Alma é Caráter; Espírito, outra coisa mais<br />

transcendental”. Disse ainda: “Deus é a Ideia, a Inteligência, o<br />

Espírito no Homem; a Alma, naturalmente, a estrutura psíquica (o<br />

caráter)”.<br />

Determinismo e Livre Arbítrio<br />

O Determinismo está intimamente ligado à Lei de<br />

Carma, bem como às tendências conhecidas como Escandas e<br />

Nidanas. Tem sua origem no passado, apesar de estar<br />

definindo o futuro dos Seres em processo de evolução. A par<br />

do Determinismo, existe o Livre Arbítrio. Este permite ao<br />

homem liberdade de ação, mas sempre limitada ao<br />

Determinismo e, naturalmente, também, intimamente<br />

vinculada à Lei de Carma.<br />

Existem Leis que regem os pensamentos e as emoções.<br />

O homem, através do Livre Arbítrio, promove o desequilíbrio<br />

de tais leis e, naturalmente, o desequilíbrio na Natureza.<br />

Podemos concluir que existe o chamado “Carma Coletivo”,<br />

com consequências no processo evolucional daquele que<br />

promove tais desequilíbrios, no de todo um povo de uma<br />

Nação e até do próprio Planeta.<br />

O Livre Arbítrio, portanto, dá liberdade de ação ao<br />

homem, tendo suas consequências. De fato, expressa a<br />

escolha que um homem faz. No entanto, ainda que opte por<br />

uma determinada situação, não se livra do “Determinismo”.<br />

Vida e Morte<br />

Quando uma criatura não-espiritualizada, que não<br />

reconhece a Doutrina Reencarnacionista, passa pelo<br />

fenômeno da morte, a mecanogênese, normalmente, segundo<br />

a “Ciência das Idades”, é a seguinte: Os Corpos físico e vital,<br />

por serem mais grosseiros, menos duráveis, de menor<br />

frequência vibratória, desfazem-se no cemitério, desassociamse<br />

mais rapidamente; Como Consciência, permanecem as<br />

experiências de natureza emocional e mental concreto (Alma).<br />

Essa Consciência permanece com a forma do corpo físico.<br />

Prevalece a forma astral que fica perambulando pelo espaço<br />

infinito, sem rumo, como folhas secas, desgarradas da árvore,<br />

levadas pelas correntes aéreas. Fica, pois, vivendo de acordo<br />

com a intensidade emocional, senão conforme os hábitos<br />

criados quando possuía o corpo físico.<br />

Como as estruturas física e vital<br />

se desfizeram no cemitério, perde o<br />

ponto de referência e se mantém presa<br />

(como se estivesse viva) onde tinha seus<br />

últimos hábitos. Continua morando na<br />

casa onde sempre viveu, por exemplo, e<br />

tentando influir nos novos moradores,<br />

ou mesmo sofrendo por não ser<br />

atendido nos seus propósitos de manter<br />

tudo “como sempre foi”. Outro exemplo:<br />

se era um médico, continua, através do<br />

corpo psíquico de um médium, a usar o<br />

receituário da época em que estava vivo.<br />

Observação Importante: Quando o<br />

médium receita elementos modernos,<br />

terramicina, penicilina, ou outro<br />

qualquer medicamento de nossos dias,<br />

fora, portanto, da época da vida do<br />

médico extinto, é falso, é imaginação, é embuste do médium...<br />

As tradições indus dão a essas manifestações o nome<br />

de Kâma-Rupa. Kâma = desejos instintivos, inferiores,<br />

sexuais, faculdades anímicas. Rupa = corpo, forma... Kâma-<br />

Rupa = corpo dos desejos, os desejos com formas, os desejos<br />

em ação.<br />

Kama-Loca = lugar do Plano Astral, do Plano<br />

Emocional onde vivem as almas. Kama-Loca - Mundo dos<br />

Kama-Rupas, Almas desencarnadas, como dizem as escrituras<br />

sagradas. Refere-se à região do astral, dos ensinamentos<br />

teosóficos, correspondente ao plano dos mortos, da doutrina<br />

espírita.<br />

As almas ficam ligadas às criaturas humanas por<br />

vários motivos: com aquelas que contraíram Carma de<br />

afetividade, de convivência, de longa amizade; se houve um<br />

assassinato, entra em jogo o Carma; a vítima fica ligada à<br />

parte psíquica do assassino. Entra, também, em jogo a Lei da<br />

afinidade, a Lei da responsabilidade. ?<br />

*Matéria extraída de apostilas da Sociedade Brasileira de<br />

Eubiose, enviada pelo valoroso Irmão José Roberto Galuzio, do<br />

Oriente de São Bernardo do Campo-SP.<br />

Revista Arte Real 61 7


Informe Cultural<br />

A INICIAÇÃO MAÇÔNICA ESOTERICAMENTE COMENTADA<br />

No próximo dia 03 de março, a Loja Maçônica Isabel<br />

Domingues nº 109, jurisdicionada à Grande Loja<br />

Maçônica do Estado do Rio de Janeiro, promoverá<br />

o IV Seminário Maçônico <strong>para</strong> a Região de Jacarepaguá. O<br />

evento, de muita expressão na Maçonaria, passou a fazer<br />

parte integrante do calendário maçônico carioca, dado os<br />

temas e a participação de renomados <strong>Irmãos</strong>.<br />

A equipe organizadora foi muito feliz na escolha do<br />

tema, A Iniciação Maçônica Esotericamente Comentada, <strong>para</strong><br />

cuja apresentação tivemos a honra de ter sido escolhido como<br />

palestrante único.<br />

O tema é muitíssimo oportuno, tendo em vista que se<br />

observa certa evasão na Ordem, por muitos encontrarem mais<br />

uma dinâmica de estudos de sua doutrina e de seu aspecto<br />

iniciático. Tal ostracismo leva alguns desinformados a<br />

tentarem transformá-la em um Clube de Serviços,<br />

esquecendo-se de que, fundamentalmente, trata-se de uma<br />

Escola de Iniciação.<br />

A palestra será proferida no suntuoso Templo da Loja<br />

Maçônica Isabel Domingues, com acomodação <strong>para</strong> mais de<br />

500 pessoas, na Rua Cônego Felipe, 242, Taquara,<br />

Jacarepaguá, RJ. Às 08h começará o cadastramento dos<br />

PALESTRA NO ORIENTE DE CUIABÁ-MT<br />

No dia 15 de fevereiro próximo passado, estivemos<br />

no Oriente de Cuiabá,MT, atendendo ao convite da<br />

ARLS Henrique José de Souza nº 49, jurisdicionada<br />

à Grande Loja Maçônica de Mato Grosso, a fim de proferir<br />

uma palestra, intitulada “A Vida e a<br />

Obra de JHS”. O evento tratava-se de<br />

uma reunião conjunta, envolvendo as<br />

Lojas Maçônicas Henrique José de Souza<br />

nº 49, Templo Íntimo nº 29 e Phoênix do<br />

Oriente nº 46, ambas do Oriente de<br />

Cuiabá e jurisdicionadas à GLEMT, além<br />

de diversos <strong>Irmãos</strong> de várias Lojas<br />

coirmãs.<br />

A Sessão Pública, realizada no<br />

Templo da Harmonia, sede da GLEMT,<br />

foi presidida pelo Grão-Mestre Adjunto<br />

da GLEMT, o Eminente Irmão Haroldo de Moraes.<br />

Registraram-se as presenças do Soberano Grande Inspetor<br />

Litúrgico do Estado de Mato Grosso, Poderoso Irmão Rubens<br />

Carlos de Oliveira, 33º, do Delegado Distrital, o Irmão Isaac<br />

Nepomuceno Filho, e de um seleto grupo de membros da<br />

Francisco Feitosa<br />

participantes, quando será servido Café da Manhã. A palestra<br />

terá início às 09h, com término previsto <strong>para</strong> 12h.<br />

O tema será divido em três partes distintas: 1ª – A<br />

Origem dos Mistérios; 2ª – A Iniciação e Seus Arcanos; 3ª -<br />

Aspectos Esotéricos da Iniciação Maçônica. Na oportunidade,<br />

acontecerá uma teatralização de alguns momentos do<br />

Cerimonial Maçônico de Iniciação, seguido de comentários<br />

sobre sua origem e influências de outras Ordens, além de<br />

explanações sobre o aspecto esotérico.<br />

Aproveitaremos a singular oportunidade <strong>para</strong> expor e<br />

debater, através de multimídia, tópicos, como: a origem da<br />

Iniciação; a definição do termo Iniciar + ação; os tipos de<br />

Iniciação; a “recepção” na Maçonaria Operativa; a influência<br />

de outras Ordens no processo iniciático maçônico; origem de<br />

símbolos usados na Maçonaria; o Homem e suas vestes sutis;<br />

os Chacras e a ritualística; o Templo e o Homem Cósmico; a<br />

Iniciação Simbólica e Iniciação Real, dentre outros.<br />

Convido a todos a prestigiarem a quarta edição desse<br />

Seminário, quando teremos enorme prazer em recebê-los, a<br />

fim de abordarmos tão importante assunto, e, com certeza,<br />

aprendermos juntos.<br />

Temos um encontro marcado em Jacarepaguá! <br />

Francisco Feitosa<br />

Ordem Paramaçônica Shrine Brasil Central, liderada pelo<br />

nobre Shriner Genilto Nogueira.<br />

A Palestra apresentou a vida e a obra do insigne<br />

patrono da Loja Henrique José de Souza nº 49, fundador da<br />

Sociedade Brasileira de Eubiose, patrono e mentor espiritual<br />

de diversas Lojas Maçônicas em vários<br />

estados do Brasil.<br />

Prestigiada por cerca de 90<br />

pessoas, dentre <strong>Irmãos</strong>, Cunhadas,<br />

Sobrinhos e Convidados, o tema foi<br />

muito bem recebido por todos, que<br />

puderam conhecer, em detalhes, a<br />

prodigiosa Obra do Professor Henrique<br />

José de Souza, o Manu do século XX.<br />

Na oportunidade, foi ressaltada,<br />

também, a enorme importância do estado de Mato Grosso no<br />

atual cenário mundial e no futuro espiritual do mundo.<br />

Vale ressaltar a carinhosa e fraternal acolhida de parte<br />

dos <strong>Irmãos</strong> do Oriente de Cuiabá, em especial, do Irmão<br />

Márcio Cambahuba e sua linda família. Fica <strong>aqui</strong> nosso<br />

sincero agradecimento pela singular oportunidade! ?<br />

Revista Arte Real 61 8


Academia da Leitura<br />

AMANTES DA LEITURA*<br />

Esta coluna se veste de “cupido”, com o objetivo de<br />

iniciar bibliófobos em um belo e apaixonante<br />

relacionamento com a leitura. Estimular a leitura<br />

tem sido uma de nossas principais tarefas. Afinal, quem lê,<br />

melhor vê a vida, consegue enxergar o detalhe e compreende<br />

a essência das coisas.<br />

Tentaremos, a cada edição, dis<strong>para</strong>r nossas “flexas” e<br />

transformá-los em novo Amante da Leitura. A relação, que<br />

deverá travar com o amigo livro, lhes servirá de “Chave”,<br />

<strong>para</strong> abrir-lhes os verdadeiros portais do desconhecido e<br />

ampliar-lhes a consciência nos mais variados temas.<br />

Descobrimos o belíssimo trabalho de uma altruística<br />

associação, que visa a modificar, <strong>para</strong> melhor, a<br />

vida de pessoas, levando a leitura a lugares os<br />

mais inacessíveis. Trata-se da “Sociedade<br />

Amantes da Leitura”, uma<br />

associação civil de direito privado,<br />

sem fins econômicos e de interesse<br />

público, criada em agosto de<br />

2003, na Lagoa da Conceição,<br />

em Florianópolis, SC, e formada<br />

por um grupo de pessoas, que<br />

reconhece a importância da<br />

Leitura <strong>para</strong> o desenvolvimento<br />

comunitário e individual.<br />

Foi reconhecida como<br />

entidade de Utilidade Pública<br />

Municipal pela Lei Nº11.403<br />

(12/07/2005) e Estadual pela Lei Nº<br />

13.590 (29/11/2005).<br />

O principal projeto da referida Sociedade é a<br />

“Biblioteca Barca dos Livros”, uma biblioteca viva, com<br />

intenso programa de incentivo à leitura e com a previsão de<br />

um eixo itinerante (o barco-biblioteca), montada a bordo de<br />

uma embarcação, especialmente, adaptada, respeitando as<br />

condições geográficas, o meioambiente e as tradições<br />

culturais da população da Lagoa da Conceição. Um grande<br />

acervo vem sendo constituído e pre<strong>para</strong>do <strong>para</strong> ir ao encontro<br />

do leitor.<br />

Por compartilhar da convicção de que a leitura é<br />

instrumento fundamental <strong>para</strong> a formação do indivíduo, na<br />

medida em que alimenta a imaginação e o conhecimento,<br />

vem realizando, desde sua fundação, atividades que<br />

aproximam o leitor do livro em suas mais variadas roupagens<br />

e conteúdos.<br />

Além do projeto Barca dos Livros, organiza e<br />

promove palestras, campanhas, seminários, cursos e outros<br />

eventos nas áreas da leitura e do livro; incentiva a formação<br />

de grupos de leitura; oferece atualização contínua <strong>para</strong> jovens<br />

e adultos mediadores de leitura (estudantes universitários,<br />

professores, bibliotecários, arte-educadores, contadores de<br />

história e demais interessados) nos domínios da<br />

leitura, literatura infantil e juvenil, literatura,<br />

história do livro e da leitura,<br />

ilustração, “design” gráfico,<br />

restauração e encadernação de livros.<br />

A Revista Arte Real<br />

<strong>para</strong>beniza o grupo Sociedade<br />

Amantes da Leitura pela<br />

belíssima iniciativa de<br />

promover cultura,<br />

estimulando e conscientizando<br />

as pessoas quanto à importância<br />

do hábito da leitura, livrando-as<br />

dos grilhões da ignorância.<br />

É com esse mesmo objetivo que vimos, através<br />

desta coluna, distribuindo livros virtuais gratuitos aos nossos<br />

diletos leitores, na certeza de que possam ser multiplicadores<br />

dessa iniciativa, estimulando seus filhos, amigos e parentes a<br />

travarem um silencioso e profundo diálogo com nosso amigo<br />

livro, apaixonando-se pela leitura!<br />

Apresentamos, de autoria de Laurence Gardner, o<br />

livro virtual “Os Segredos Perdidos da Arca Sagrada”,<br />

tradução Julia Vidili, Editora Madras, 2003.<br />

Tenham uma boa leitura e nos ajudem nessa<br />

empreitada, repassando-o aos contatos de sua lista! <br />

*Compilação extraída do site http://barcadoslivros.org/sociedadeamantes-da-leitura/<br />

Revista Arte Real 61 9


Trabalhos<br />

MAÇOM REFÉM DO TEMPLO<br />

Ao longo desses últimos anos, analisando algumas<br />

Lojas, e conversando com alguns <strong>Irmãos</strong>, tenho<br />

observado e feito alguns comentários a respeito da<br />

não-interação dos Maçons na vida profana, enfim, na<br />

sociedade, em que estão fixados. Tem-se a impressão de que o<br />

Maçom vive alheio à sociedade, e o mais inadmissível é que a<br />

maioria deles nos dá a impressão de não querer aparecer<br />

como tal. Notadamente, assim se comporta como se tivesse<br />

vergonha ou medo de pertencer à Arte Real.<br />

Aqui, quero fazer uma declaração muito especial: eu<br />

não tenho vergonha ou medo de ser Maçom, entretanto,<br />

tenho muita vergonha do comportamento de certos<br />

<strong>Irmãos</strong>Maçons que denigrem essa Augusta Irmandade.<br />

Tenho observado, também, que muitos vivem, apenas,<br />

de glórias do passado, não sendo, hoje, uma pálida sombra de<br />

seus antigos dias. Esta não é uma observação, somente,<br />

minha, pois, lendo vários autores, sabidamente, de profundos<br />

conhecimentos maçônicos, vejo que têm dito que a<br />

Maçonaria, em diversas partes do mundo, encontra-se na<br />

mesma situação. Quer dizer, numa dormência de atos e fatos,<br />

preferindo a penumbra reclusa de seus Templos, como que<br />

querendo se esconder do mundo.<br />

Esse comportamento atípico nos leva, ligeiramente, a<br />

concluir que a Ordem está passando por uma crise de valores,<br />

encontrando dificuldades em se adaptar ao mundo moderno.<br />

Talvez, o conservadorismo exagerado não seja um bom<br />

“status quo” <strong>para</strong> Ela.<br />

Nos dias de hoje, tudo evolui, e <strong>aqui</strong>lo, que ficar preso<br />

às amarras do comportamento histórico (conservadorismo),<br />

por certo, definhará e palmilhará, tão somente, a vereda da<br />

inexpressividade – talvez, seja esse o caso. Tudo <strong>aqui</strong>lo que<br />

não se atualiza, acaba ficando obsoleto. Outra observação<br />

diária, que se faz necessário nomear <strong>aqui</strong>, é que alguns recéminiciados<br />

(Aprendizes) estão, totalmente, desiludidos com o<br />

que estão presenciando, isto é, apenas, uma catequese<br />

homeopática de instruções e um rigor excessivo nos rituais,<br />

como dizem: ”está faltando algo mais”. As instruções a que<br />

me refiro são aquelas ministradas pelos Mestres de uma<br />

Eráclito Alípio da Silveira<br />

forma didática, sem criatividade e com uma insistência na<br />

repetição, e que induz a certa lavagem cerebral.<br />

Quero acreditar que esse não é o objetivo primordial<br />

da Instituição. Mesmo porque a repetição, sem a devida<br />

criatividade, liberdade ou conotação, leva o Aprendiz a um<br />

bloqueio cego, não oferecendo condições <strong>para</strong> inteligir e<br />

argumentar o que está sendo introjetado.<br />

Não é intenção minha querer mudar os Landmarks ou<br />

os princípios da Arte Real, afinal de contas, quem sou eu <strong>para</strong><br />

abrigar tamanha pretensão. O que a maioria dos Maçons<br />

deseja é que a Maçonaria não mude, muito pelo contrário,<br />

quem deve mudar, atualizando-se e reciclando-se, são os<br />

Maçons. E não vivendo como se, ainda, estivessem<br />

trabalhando numa Guilda do século XVIII, sob a influência<br />

deletéria da Idade Média.<br />

Talvez, na insipidez árida das reuniões (sessões), na<br />

falta de estudo, na carência de cultura maçônica, no<br />

desinteresse em geral, devemos ficar em alerta e ver a fonte<br />

principal das ausências, das deserções e, afinal, do<br />

adormecimento definitivo. As sessões em Loja não devem<br />

ficar, tão somente, restritas à praxe ordinária, ficando, dessa<br />

forma, o tempo, totalmente, tomado pelos rituais e pela<br />

leitura dos expedientes, práxis essa, que leva ligeiro ao<br />

enfado.<br />

Revista Arte Real 61 10


Assim, afasta-se a possibilidade da apresentação de<br />

trabalhos, discussões temáticas, propostas de possíveis<br />

atividades no mundo profano (uma ausência muito grande<br />

dos Maçons). Enfim, fazer das sessões uma verdadeira<br />

tribuna <strong>para</strong> que os Obreiros de qualquer grau possam expor,<br />

com espontaneidade, seus pensamentos, seus desejos e seus<br />

objetivos. Isso deverá ser feito dentro de uma organização<br />

pré-estabelecida em uma outra sessão, obedecendo-a todos os<br />

princípios da Arte Real, como também ao comportamento<br />

maçônico da tolerância e do respeito mútuo.<br />

Essa afirmação de que as reuniões são insípidas,<br />

temos ouvido, sempre, dos <strong>Irmãos</strong>, e isso deriva da posição<br />

tomada por vários deles ao reclamarem de leitura de Boletim,<br />

de Atos, de Decretos ou Leis, de correspondências recebidas e<br />

expedidas, etc.<br />

Se não for possível mudar essa configuração das<br />

reuniões ordinárias, que se faça uma reunião, exclusivamente,<br />

<strong>para</strong> os debates, como acima propusemos. Se assim se<br />

procedesse, por certo, as reuniões tornar-se-iam mais<br />

agradáveis e não se deixariam os <strong>Irmãos</strong> à mercê de busca<br />

solitária e sem muita propriedade, estando sujeitos a, muitas<br />

vezes, adentrar veredas não muito recomendáveis.<br />

Eu tenho a certeza de que o verdadeiro ensinamento<br />

maçônico seria transmitido pelo exemplo e pela sabedoria de<br />

cada Irmão e pela atuação conjunta de toda a Loja, a partir do<br />

momento em que ficar entendido que nenhum Irmão é<br />

possuidor da verdade e, por uma dedução lógica, não estaria<br />

capacitado <strong>para</strong> transmiti-la sozinho.<br />

Se fossem instaladas as sessões de uma forma mais<br />

democrática, poderíamos contar com essa práxis inovadora<br />

<strong>para</strong> transmitir, de uma forma mais aberta, todos os<br />

conhecimentos, fortalecendo, maçonicamente, ambas as<br />

Colunas.<br />

A MULHER NA MAÇONARIA<br />

Sob o critério místico-filosófico, tal qual os antigos<br />

Mistérios, a Maçonaria se destina igualmente ao<br />

homem e à mulher, complementos que são um do<br />

outro, pois ambos visam a atingir a mesma meta evolutiva e a<br />

constituir a família como base celular de uma sociedade bem<br />

organizada. E, segundo os mandamentos da própria Ordem,<br />

em um dos seus antigos Landmarks, todos os seres humanos<br />

são fundamentalmente iguais, portanto suas diferenças são<br />

meramente circunstanciais.<br />

Sobre esse ponto, não há nenhuma dúvida nas<br />

tradições maçônicas, baseadas nas legítimas escolas<br />

antropológicas, místicas e ocultas. E, mais, mesmo nas escolas<br />

que atribuem sua origem às Corporações Operativas da Idade<br />

Média, os investigadores não encontraram, em seus registros<br />

e instituições, nada de discriminatório contra a inclusão do<br />

elemento feminino.<br />

Tendo em vista essa atitude nova de se reunir com o<br />

objetivo de assimilar mais conhecimentos, fica claro que é<br />

obrigação de todos de um Quadro trazer suas Luzes <strong>para</strong> a<br />

Loja. Podendo, assim, trilhar com todo o esforço no sentido<br />

do aperfeiçoamento de cada um dos <strong>Irmãos</strong> a um só tempo.<br />

É evidente que, caso se instalassem sessões com esse<br />

objetivo, reduzir-se-a um número mínimo os males que<br />

afligem a Maçonaria atual, trazendo, inclusive, benefícios<br />

<strong>para</strong> a Ordem.<br />

Compete a todos os <strong>Irmãos</strong> mostrar o caminho que a<br />

Maçonaria deve trilhar pelos tempos, pois o colegiado de<br />

Obreiros é a própria, e Ela será, sempre, o somatório de todas<br />

as nossas ações.<br />

Não quero dar continuidade a esse ensaio porque<br />

pode parecer uma intromissão, mas, na verdade, estou,<br />

completamente, adormecido por vários motivos; e o que mais<br />

me influenciou <strong>para</strong> permanecer nesse estado foi esse, acima<br />

exposto. Porém, antes de encerrar esse modesto trabalho de<br />

observação, tenho, ainda, de fazer uma referência a algo,<br />

também, observado <strong>para</strong> concluir como desfecho final. Existe<br />

uma grande culpa dos Mestres e, também, do Veneralato: a<br />

cerimônia de Iniciação não é acompanhada de<br />

esclarecimentos e estudos, que objetivem despertar a<br />

verdadeira Maçonaria no Aprendiz. Simplesmente, são<br />

colocados no alto da Coluna do Norte, onde, assistindo às<br />

sessões econômicas, aguardam certo intervalo de tempo <strong>para</strong><br />

que, como Companheiros, possam passar à Coluna do Sul,<br />

onde tudo se repetirá até se tornarem Mestres, sem, contudo,<br />

conseguirem ser um verdadeiro Maçom.<br />

Urge que os Maçons estudem, com maior<br />

profundidade, a sua própria Tríade: Liberdade-Igualdade-<br />

Fraternidade. <br />

“Seja você a transformação Jo<strong>aqui</strong>m Gervásio de Figueiredo<br />

Essa esdrúxula proibição, ao arrepio da tradição,<br />

normas e ideais de todas as demais sociedades secretas<br />

passadas e contemporâneas, bem como das anteriores<br />

Revista Arte Real 61 11


Constituições e Regulamentos da Maçonaria<br />

Operativa, foi introduzida pelo presbítero James Anderson no<br />

artigo 18º, de sua Constituição de 1723, após a transformação<br />

da Maçonaria Operativa em 1717.<br />

É justo, porém, ressaltar que tal transformação já<br />

havia sido empreendida nos anos 1648-49 pelo célebre e culto<br />

Alquimista e Rosa-Cruz Elias Ashmole (1617-1692), em cujo<br />

nome a Universidade de Oxford conserva, um museu de<br />

raridades, e é bem sabido que os verdadeiros Rosa-Cruzes<br />

jamais nutriram preconceito de sexo e, por princípio, nunca o<br />

aprovariam.<br />

Sobre a reforma de 1717, comenta o famoso maçom<br />

Miguel André Ramsey (1686-1743), contemporâneo dos<br />

reformadores: “Muito de nossos ritos e costumes contrários<br />

aos preconceitos dos reformadores<br />

foram mudados, disfarçados e<br />

suprimidos, e, assim, muitos irmãos<br />

lhes esqueceram o espírito e lhes<br />

retiveram, apenas, a casca externa,<br />

porém, no futuro, a Maçonaria será<br />

restaurada em sua prístina glória”(C.<br />

W. Leadbeater, Glimpses of Masonics<br />

History, p. 309). Por sua vez, o erudito<br />

e alto Maçom e Rosa-Cruz Charles<br />

Sotseran, 32º, escreve em 11 de janeiro<br />

de 1877: “As Constituições de 1723 e<br />

1738, do falso Maçom Anderson,<br />

foram adaptadas <strong>para</strong> a recémemplumada<br />

primeira Grande Loja de<br />

Livres e Aceitos Maçons da Inglaterra,<br />

e daí derivaram todas as demais do<br />

mundo atual. Anderson compilou<br />

estas adulteradas Constituições e, a<br />

fim de contestar a chamada ‘história<br />

de lixo’ da Ordem, teve a audácia de<br />

declarar que quase todos os<br />

documentos relativos à Maçonaria, na<br />

Inglaterra, haviam sido destruídos<br />

pelos reformadores de 1717.<br />

Felizmente, no Museu Britânico, na Biblioteca<br />

Boldeiana e em outras instituições públicas, Rebold, Hughan<br />

e outros descobriram provas suficientes ao molde das antigas<br />

Observâncias Maçônicas Operativas, <strong>para</strong> refutar a assertiva”.<br />

Depois de salientar que, graças à Maçonaria Especulativa, os<br />

Estados Unidos lograram obter sua independência política –<br />

são inquestionáveis as atuações dos Maçons Washington,<br />

Lafayette, Franklin, Jefferson e Hamilton - e a Itália obteve sua<br />

unidade através do braço executor do Maçom 33º Garibaldi,<br />

continua: “A Maçonaria especulativa tem muitas tarefas a<br />

executar. Uma delas é a de admitir a mulher como<br />

colaboradora do homem nas atuações da vida, segundo o<br />

fizeram, recentemente, Maçons húngaros ao iniciarem a<br />

condessa Haiderk.<br />

Outra importante tarefa é o reconhecimento prático<br />

da fraternidade humana, de modo que nacionalidade, cor,<br />

crença e posição social não sejam obstáculos ao ingresso na<br />

Maçonaria. O negro não há de ser irmão do branco, apenas,<br />

teoricamente, pois Maçons da raça negra não são admitidos<br />

nas Lojas norte-americanas.<br />

É preciso persuadir a América do Sul a participar dos<br />

deveres com a humanidade. Se a Maçonaria há de ser, como<br />

se pretende, uma escola de ciência e religião progressivas,<br />

deve ir na vanguarda e não na<br />

retaguarda da civilização” (H. P.<br />

Blavatsky, Isis Unveilled, Vol. II, p.<br />

389, ed. 1931). Nas investigações<br />

empreendidas nesse setor, o primeiro<br />

escrito com o nome Freemason, que<br />

aparece, é um ato do Parlamento, do<br />

ano de 1530, 25º ano do reinado de<br />

Eduardo I, regulamentando a<br />

profissão de pedreiro; é minucioso em<br />

suas normas e omisso em relação à<br />

mulher. Depois, vem o chamado<br />

“Manuscrito Régio” ou de “Halliwel”,<br />

descoberto por um antiquário nãomaçom,<br />

no Museu Britânico de<br />

Dnodez, escrito em 1390 e publicado<br />

no Magazine Freemason, de junho de<br />

1815, porém, segundo alguns autores,<br />

era cópia de um escrito mais antigo.<br />

Trata-se de um pequeno livro em<br />

papel de vitela, com 794 versos em<br />

inglês arcaico.<br />

A primeira parte trata da<br />

tradição da Corporação, e a segunda,<br />

dos versos 97 a 794, é de estrito teor legal maçônico, mas nada<br />

se consigna ali de ser a Maçonaria privativa só <strong>para</strong> homens.<br />

Ao contrário, de<strong>para</strong>m-se provas, da presença e colaboração<br />

femininas. Com efeito, em seu artigo 10º, versos 203 e 204, lêse:<br />

“que nenhum Mestre suplante outro, senão que procedam<br />

todos entre si como irmão e irmã”. No ponto 9º, versos 351 e<br />

352, diz-se: “Amavelmente, servindo-nos a todos, como se<br />

fôssemos irmão e irmã”. Em todo esse histórico documento,<br />

básico <strong>para</strong> uma autêntica enumeração dos “Antigos Limites”<br />

Revista Arte Real 61 12


ou Landmarks, existe, apenas, uma proibição: a de admitir<br />

servos (verso 129) e inválidos (verso 154). Também, a<br />

Constituição de York, de 926, em seu artigo 11º, assinala a<br />

condição obrigatória de o candidato à iniciação não ser servo,<br />

inválido ou de maus costumes, e nada expressa contra a<br />

mulher.<br />

O mesmo acontece em outros documentos antigos,<br />

como o “Manuscrito de Watson”, de 1440, que coincide<br />

bastante com o “Manuscrito Régio”, levando o nome de quem<br />

o descobriu na Biblioteca Boldeiana de Oxford. Afinal, no<br />

regulamento elaborado em Londres, em 27 de dezembro de<br />

1663, numa assembleia geral em que o Conde Santo Albano<br />

foi eleito Grão-Mestre, consta, em seu artigo 2º, que ninguém<br />

seria admitido na confraria que não fosse são de corpo, de<br />

nascimento honrado, de boa reputação e submisso às leis do<br />

país. Ainda uma vez, nenhuma referência discriminatória à<br />

mulher.<br />

E, segundo o Dr. Chethwode Grawley (A. Q. C. XV,<br />

69), existia, em Deneraible, Irlanda, em 1710-12, uma Loja<br />

especulativa do tipo inglês, na qual foi iniciada Elizabeth St.<br />

Leger, uma famosa dama maçônica. Mais recente ainda são as<br />

Constituições da Grande Loja de Hamburgo e os Estatutos da<br />

Grande Loja da Dieta Alemã. Foram aceitos e aprovados, em<br />

10 de março de 1782, sendo Frederico Guilherme II, da<br />

Prússia, o Grão-Mestre e Protetor da Ordem. Reproduzem,<br />

com esmerada exatidão, os “Antigos Limites”, sob a<br />

denominação mais moderna de Charges Landmarks, e<br />

nenhuma alusão fazem à mulher, nem contra a sua admissão<br />

na Maçonaria.<br />

A revista inglesa Hiram, em seu número maio-junho<br />

de 1908, publicou na íntegra uma cópia de um “old charge”,<br />

destinado à Grande Loja de York, cujo original estaria na<br />

posse da Loja York nº 236. No Bulletin International du Droit<br />

Humain, do mês de maio de 1914 (páginas 390-394), uma<br />

Grande Inspetora da Federação Britânica precisou, que se<br />

trata de um texto datado de 1643, isto é, de uma época em que<br />

existia, sem sombra de dúvida, há longo tempo, uma Loja<br />

maçônica em York, que admitia mulheres. Ela cita o texto<br />

inglês original de um parágrafo do manuscrito,<br />

particularmente sugestivo: “Before the spec al charges are<br />

delivered, the one of the elderes taking the book and that he or she to<br />

be made a Mason shall lay their hands thereon and the charges shall<br />

be given”. O que se traduz como: “Antes que as instruções<br />

especiais sejam dadas, um dos mais antigos toma o livro e<br />

aquele ou aquela que deve ser constituído Maçom lhe coloca<br />

as mãos em cima, e as instruções são dadas”.<br />

Mas nossa erudita irmã não se restringe a este<br />

documento, pois utilizou, também, outros: “Examinando os<br />

registros das antigas corporações - declara-nos ela -<br />

encontram-se, apenas, cinco de cada quinhentas existentes<br />

(um por cento), que não estavam igualmente constituídas de<br />

homens e mulheres”. E acrescenta que há dificuldade de<br />

escolha entre a profusão de manuscritos que pôde compulsar.<br />

Limita-se, todavia, a apresentar três outros, conservando o<br />

arcaico texto inglês que respeitaremos. Vem, primeiro, uma<br />

citação tirada da Corporação de Santa Catarina, de Chartres,<br />

datada de 1494: “Admissão de <strong>Irmãos</strong> e Irmãs na Corporação<br />

de Santa Catarina.... Depois se fará que se aproximem todos<br />

aqueles que deverão ser admitidos como <strong>Irmãos</strong> e Irmãs na<br />

Corporação, e o Alderman (dignitário tornado,<br />

posteriormente, “Mestre” ou “Vigilante”) os interrogará desta<br />

maneira: “Senhor ou Senhora, desejais tornar-vos <strong>Irmãos</strong><br />

entre nós, nesta corporação?” E, de sua própria vontade, eles<br />

deverão responder “sim” ou “não”.<br />

Uma segunda citação é tirada das Ordenações da<br />

Corporação de Corpus Chisti, York, 1408, cujo manuscrito<br />

mostra, de maneira insofismável, que é maçônico:<br />

“Ordenação V: Nenhum leigo será admitido na Corporação,<br />

exceto, apenas, aqueles que exercem uma profissão honesta,<br />

mas todos, sejam clérigos ou leigos, e de ambos os sexos,<br />

Revista Arte Real 61 13


serão recebidos se forem de boa reputação e bons costumes”. No<br />

mesmo manuscrito, indica-se que os <strong>Irmãos</strong> e Irmãs deverão<br />

prestar juramento sobre um livro, e, várias vezes, faz-se alusão à<br />

“Dama”, particularmente no juramento do Aprendiz, onde se<br />

jura obedecer ao “Mestre”, ou à “Dama”, ou a todo outro<br />

Franco-Maçom.<br />

Enfim, um último documento nos é apresentado. Na<br />

Idade Média, havia já desenhos especiais e um modo<br />

característico, inscritos sobre a campa sepulcral dos Franco-<br />

Maçons, tal qual ainda se encontram nos velhos cemitérios, o<br />

que permite aos irmãos reconhecerem que ali jaz um dos seus.<br />

Ora, um velho testamento apresenta uma perturbadora conexão<br />

com este costume. Está datado de 4 de fevereiro de 1482, e<br />

emana da falecida Margaret, esposa de John Paston, Escudeiro, e<br />

filha e herdeira de John Mauteboy, também Escudeiro. Ela<br />

ordena ali que uma inscrição, coincidente com o moto dos<br />

Franco-Maçons, seja gravada em sua tumba, em respeito às<br />

prescrições maçônicas: “Uma placa de mármore conterá escudos<br />

nos quatro cantos e, no meio da mesma, desejo ter um escudo só<br />

com as armas paternas, encimando esta inscrição: “Em Deus está<br />

a minha confiança”.<br />

E a M∴ Il∴ Ir∴ termina seu trabalho de investigação<br />

com uma pergunta muito judiciosa: “Se os Antigos Mistérios<br />

nunca excluíram as mulheres e se mesmo as Corporações<br />

Operativas, as mais maçônicas, as recebiam de muito bom<br />

grado, por que, então, a Maçonaria Especulativa masculina de<br />

nossa época persiste tanto na discriminação contra elas?”.<br />

Na longa história da Maçonaria, a primeira vez que<br />

aparece a proibição discriminatória contra o elemento feminino é<br />

no “Livro das Constituições”, compilado e publicado em 1723,<br />

por James Anderson, presbítero anglicano e Gr∴ Vig∴ da<br />

Grande Loja de Londres, que, no final de seu artigo 3º, diz: “As<br />

pessoas admitidas a fazer parte de uma Loja devem ser boas,<br />

sinceras, livres e de idade madura; não são admitidos escravos,<br />

mulheres, pessoas imorais e escandalosas, mas exclusivamente<br />

as que são de boa reputação”. Esta proibição foi repetida,<br />

posteriormente, no 18º Landmark, compilado por Mackey em<br />

sua Enciclopédia, donde outros a tem copiado. No entanto, não<br />

tardou a reação.<br />

A Maçonaria continental jamais se conformou com tão<br />

estranha discriminação contra a mulher. E, por triste ironia, o<br />

golpe lhe foi desferido no exato momento em que se promovia a<br />

ampliação dos estreitos horizontes da Maçonaria Operativa <strong>para</strong><br />

os mais brilhantes e esperançosos da Maçonaria Especulativa.<br />

Consequentemente, em 1730, esboçou-se, na França, a<br />

Maçonaria de Adoção, destinada às mulheres, em quatro graus.<br />

Outras Ordens surgiram depois, como a Moisés, em 1738,<br />

fundada por alemães, e a dos Lenhadores, em 1747, derivada<br />

dos Carbonários da Itália. Mais associações similares vieram<br />

depois, como a Ordem do Machado, na França, onde o Grande<br />

Oriente acabou criando um novo Rito, em 1774, chamado de<br />

Adoção, com seus regulamentos próprios e sob o patrocínio de<br />

uma Loja regular.<br />

Em 27 de Julho de 1786, o Conde Cagliostro, iniciado por<br />

volta de 1770, na antiga Maçonaria Egípcia, pelo Conde de Saint<br />

Germain, fundava em Lyon, França, a Loja Mater Sabedoria<br />

Triunfante, do Rito da Maçonaria Egípcia, adaptado a homens e<br />

mulheres, declarando que, desde que as mulheres haviam sido,<br />

indistintamente, admitidas nos Antigos Mistérios, não havia<br />

nenhuma razão <strong>para</strong> excluí-las das ordens modernas. A princesa<br />

Lamballe aceitou, prazerosamente, a dignidade de Mestra<br />

Honorária de sua sociedade secreta, e, à sua iniciação, assistiram<br />

membros dos mais importantes da corte francesa. As Lojas de<br />

Adoção acabaram por se espalhar por toda a Europa e, depois,<br />

pela América do Norte, e o movimento culminou na fundação,<br />

em 4 de abril de 1893, em Paris, pelo Dr. Georges Martin e sua<br />

esposa, da Ordem Maçônica Mista Internacional Le Droit<br />

Humain (“O Direito Humano”), também, denominada<br />

CoMaçonaria Internacional. Outorga iguais direitos a homens e<br />

mulheres e os admite e inicia no mesmo nível de igualdade; hoje<br />

está instalada nos cinco continentes.<br />

Importa assinalar que os preconceitos e discriminações<br />

contra as mulheres e outras classes e raças, sempre, existiram em<br />

toda parte, mas, ao Maçom, como a toda pessoa bem informada,<br />

cumpre combatê-los e desfazê-los, e não apoiá-los. Já há cinco<br />

mil anos, o divino Avatar Shri Krishna os impugnava nas castas<br />

da Índia com estas palavras: “Aqueles que em Mim se refugiam,<br />

ó Arjuna, ainda que concebidos em pecado, sejam mulheres,<br />

comerciantes ou artífices, também, vão <strong>para</strong> o Eterno”<br />

(Bhagavad Gita, IX, 32). Há 2500 anos, Buda contestava o regime<br />

de castas na Índia e aceitava, igualmente, homens e mulheres<br />

como seus discípulos no seu Sangha (Confraria). Há 2000 anos,<br />

Cristo prestigiou as mulheres, dialogando com elas, escolhendoas<br />

<strong>para</strong> anunciar sua chegada e partida, defendo-as das injustiças<br />

dos homens e escolhendo a maior delas <strong>para</strong> ser sua Mãe.<br />

Por último, temos as palavras de São Paulo, um Iniciado<br />

nos Antigos Mistérios, que, por isso, apresenta-se como “sábio<br />

mestre construtor” (I Cor. 3:10). Assim aconselha ele sobre o<br />

trato com as mulheres e os servos: “Porque todos quantos fostes<br />

batizados em Cristo, já vos revestistes de Cristo. Nisto não há<br />

judeu nem grego, não há servo nem livre, não há macho nem<br />

fêmea, porque todos vós sois um, em Cristo” (Gal. III, 27, 28).<br />

Parodiando o grande Apóstolo, diríamos: “Quem honra<br />

suas insígnias maçônicas perde todo preconceito de<br />

nacionalidade, classe social e sexo”. <br />

Revista Arte Real 61 14


Reflexões<br />

PAREMOS DE CARREGAR A MALA DOS OUTROS<br />

Acreditamos que carregamos malas alheias? Vamos fazer<br />

um exercício? Como reagimos quando nosso filho<br />

não quer ir à faculdade? Quando nossa filha quer<br />

morar sozinha? Ou quando alguém não consegue arrumar a<br />

própria mala <strong>para</strong> a viagem de férias, perde a hora do<br />

trabalho com frequência, gasta mais do que ganha… e muitas<br />

coisinhas mais que nos vão fazendo correr em desvario <strong>para</strong><br />

tapar buracos, que não criamos, e evitar problemas, que não<br />

afetam nossa vida diretamente? Não afetam nossa vida, mas a<br />

de pessoas queridas. Então, saímos correndo e pegamos todas<br />

as malas, jogadas pelo caminho, e as coloca no lombo (lombo,<br />

<strong>aqui</strong>, cai muito bem, fala a verdade). E a nossa mala, a única,<br />

que temos a obrigação de carregar, fica lá, num canto<br />

qualquer da estação. Repetindo, nossa mala, a única, que<br />

temos obrigação de carregar, fica lá jogada na estação!<br />

Temos uma jornada e um propósito <strong>aqui</strong> neste<br />

planeta, e, quando perdemos o foco, passamos a executar os<br />

propósitos alheios. A estrada é longa, e o caminho, muitas<br />

vezes, esgota-nos, pois o peso da carga que nós nos<br />

atribuímos não é proporcional à nossa capacidade, à nossa<br />

resistência, e o esgotamento aparece de repente. Esse é o<br />

primeiro toque que a vida nos dá, pois, quando o<br />

investimento não é proporcional ao retorno, ou seja, quando<br />

damos muito mais do que recebemos na vida, nos<br />

relacionamentos humanos ou profissionais, é porque,<br />

certamente, estamos carregando pesos desnecessários e<br />

inúteis.<br />

Quando olhamos <strong>para</strong> um novo dia como se ele fosse<br />

mais um objetivo a cumprir, chegou a hora de <strong>para</strong>r <strong>para</strong><br />

rever o que estamos fazendo com o nosso precioso tempo. O<br />

peso e o cansaço nos tornam insensíveis à beleza da vida, e<br />

acabamos racionalizando o que deveria ser sacralizado. É o<br />

peso da mala que nos deixa, assim, empedernidos. Quanto ela<br />

pesa? Quanto sofrimento carregamos inutilmente, mágoa,<br />

preocupação, controle, ansiedade, excesso de zelo, tudo o que<br />

exaure nossa energia vital.<br />

E o medo, o que ele nos faz e quanta coisa ele cria,<br />

que, muitas vezes, só existe dentro da nossa cabeça? Às vezes,<br />

temos tanto medo de olhar <strong>para</strong> a própria vida, que<br />

preferimos tomar conta da vida dos filhos, do marido, do pai,<br />

da mãe… E, nossa mala fica na estação… O momento é esse,<br />

vamos identificar essa bagagem: ela é nossa. Ótimo, então, é<br />

Marlene Damico Lamarco<br />

hora de começar uma grande limpeza <strong>para</strong> jogar fora o lixo<br />

que não interessa e caminhar mais leve.<br />

Agora, se o excesso de peso, que carregamos, vem de<br />

cargas alheias, chegou a hora de, corajosamente, devolvê-las<br />

aos interessados. Não nos intimidemos, tampouco, fiquemos<br />

com a consciência pesada por achar que a pessoa vai<br />

sucumbir ao fardo excessivo. Ao contrário, nesse momento,<br />

você estará dando a ela a oportunidade de aprender a<br />

carregar a própria mala.<br />

A vida assim compartilhada fica muito mais suave,<br />

pois os relacionamentos com bases mais justas e equânimes<br />

acabam se tornando mais amorosos, sem cobranças e a<br />

liberdade abre um grande espaço <strong>para</strong> a cumplicidade e o<br />

afeto. Onde está a nossa mala? <br />

Revista Arte Real 61 15


Lançamentos<br />

“Tudo é Uma Questão de Atitude – Sonho e Visão” é um livro<br />

que vai te ajudar a replanejar sua vida, reconhecer a importância de<br />

uma atitude positiva, e outros aspectos essenciais como perdoar e<br />

elogiar. Cada artigo serve como tema <strong>para</strong> profunda reflexão, levando<br />

o leitor a buscar entender a si mesmo, ingrediente fundamental no<br />

processo de autotransformação. Recomendo como livro de cabeceira.<br />

? Feitosa.<br />

“O Mito Jesus – A Linhagem e a Descendência do Mestre!” - O<br />

autor apresenta, em três livros, um trabalho sério de 15 anos de<br />

pesquisas, baseado em documentos, sobre a identidade, a genealogia<br />

e a relação do Mestre Jesus com diversas personalidades do mundo<br />

atual.<br />

Um trabalho único e ousado, já que pouquíssimos autores<br />

ousaram adentrar nessa linha de pesquisa que, com certeza, vai de<br />

encontro a “verdade” imposta pelo Vaticano!<br />

Recomendamos sua leitura!<br />

“Indicamos aos nossos diletos leitores, como livro de cabeceira,<br />

a excelente obra de nosso Irmão e Amigo, Alfredo Netto, que,<br />

magistralmente, uniu seu vasto conhecimento com a arte de bem escrever,<br />

traduzindo-se em um livro que, levará o ávido leitor a profundas reflexões<br />

e, consequentemente, a um eterno aprendizado!” Feitosa.<br />

Os direitos autorais foram cedidos à Loja Maçônica União e Solidariedade -<br />

GLESP, acordado que o lucro advindo da venda se reverta <strong>para</strong> obras de<br />

Filantropia.?<br />

Arte Real é uma Revista maçônica virtual, de publicação mensal, fundada em 24 de fevereiro de 2007, com registro<br />

na ABIM – Associação Brasileira de Imprensa Maçônica – 005-JV, que se apresenta como mais um canal de<br />

informação, integração e incentivo à cultura maçônica, sendo distribuída, gratuitamente, via Internet, hoje, <strong>para</strong><br />

24.000 e-mails de <strong>Irmãos</strong> de todo o Brasil e, também, do exterior, além de uma vasta redistribuição em listas de discussões,<br />

sites maçônicos e listas particulares de nossos leitores. Sentimo-nos muitíssimo honrados em poder contribuir, de forma<br />

muito positiva, com a cultura maçônica, incentivando o estudo e a pesquisa no seio das Lojas e fazendo muitos <strong>Irmãos</strong><br />

repensarem quanto à importância do momento a que chamamos de “Quarto de Hora de Estudos”. Obrigado por prestigiar<br />

esse altruístico trabalho!<br />

Editor Responsável, Diagramação, Editoração Gráfica e Distribuição: Francisco Feitosa da Fonseca - M∴I∴ - 33º<br />

Revisão Ortográfica: João Geraldo de Freitas Camanho - M∴I∴ - 33º<br />

Colaboradores nesta edição: Eráclito Alípio da Silveira – Jo<strong>aqui</strong>m Gervário de Figueiredo – José Roberto Galuzio – Marlene<br />

Damico Lamarca – Rogério Alegrucci.<br />

Contatos: MSN - entre-irmaos@hotmail.com / E-mail – revistaartereal@entreirmaos.net / Skype – francisco.feitosa.da.fonseca / (35) 3331-1288 / 8806-7175<br />

Suas críticas, sugestões e considerações são muito bem-vindas. Temos um encontro marcado na próxima edição!<br />

Revista Arte Real 61 16

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