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arlsruhe, 3 de setembro de 1860. Um<br />

importante evento, o primeiro<br />

congresso internacional de Química,<br />

iniciava-se na pitoresca cidade alemã.<br />

O seu idealizador, Friedrich August<br />

Kekulé, justificou a necessidade de sua realização<br />

nos seguintes termos: “o grande desenvolvimento<br />

que tem ocorrido na Química nos últimos anos, e<br />

as diferenças no que diz respeito às opiniões<br />

teóricas que têm surgido, tornam o Congresso<br />

oportuno e útil”. Esta justificativa, somada a uma<br />

lista contendo o nome de 45 renomados<br />

cientistas 1 , que expressavam o apoio ao evento,<br />

encontrava-se exposta no convite endereçado à<br />

comunidade de químicos da época (ver Apêndice<br />

1). Cerca de 140 membros desta comunidade<br />

atenderam ao chamado (ver Apêndice 2) e<br />

participaram de importantes discussões que<br />

permitiram o desenvolvimento da “Teoria<br />

Química Estrutural”. Certamente, alguns dos<br />

cursos nos quais você está matriculado neste<br />

semestre, possuem os seus fundamentos<br />

ancorados nas conclusões advindas dos debates<br />

travados entre eminentes cientistas durante os três<br />

dias do Congresso. Apresentar as principais<br />

questões debatidas e estabelecer as conexões<br />

entre elas e o estado do conhecimento químico da<br />

época é o intuito deste minicurso. (Q.1, Q.2,<br />

Q.3, Q.4)<br />

o início do século XIX, a química<br />

enveredou por um caminho que a<br />

conduziu para um estado caótico. O<br />

significado de palavras como<br />

“átomo”, “molécula” e “equivalente”<br />

era obscuro, sendo este período denominado por<br />

alguns historiadores como a “Era da Confusão”<br />

ou a “Era Negra da Química Orgânica”. A<br />

inexistência de consenso sobre um sistema único<br />

de pesos atômicos fazia com que as fórmulas<br />

químicas variassem de laboratório para<br />

1 Babo*, Blalard, Beketoff, Boussingault*, Brodie, Bünsen*, Bussy,<br />

Cahours, Cannizzaro*, H. Deville, Dumas*, Engelhardt, O. L.<br />

Erdmann*, Fehling*, Frankland, Fremy, Fritzsche, Hlasiwetz*,<br />

Hofmann, Kekulé*, Kopp*, Liebig, Malaguti, Marignac*<br />

Mitscherlich, Odling*, Pasteur, Payen, Pebal*, Peligot, Pelouse, Piria,<br />

Regnault, Roscoe*, Shötter, Socoloff, Staedeler, Stas* Strecker*,<br />

Weltzein, Will*, Williamson, Wöhler, Wurtz* e Zinin*. Os asteriscos<br />

indicam os cientistas que compareceram ao Congresso.<br />

laboratório. O peso atômico do oxigênio, por<br />

exemplo, para alguns possuía valor 8, enquanto o<br />

valor 16 era aceito por outros. Berzelius, cientista<br />

da época, expressava o seu sentimento com<br />

relação ao estado da química afirmando o<br />

seguinte: “o demônio deve escrever livros de<br />

Química, porque em poucos anos todas as coisas<br />

mudam”. Provavelmente, você mostrar-se-ia<br />

solidário com Berzelius, se vivesse em uma época<br />

em que eram encontradas na literatura dezenove<br />

diferentes fórmulas para o ácido acético. Algumas<br />

destas fórmulas encontram-se ilustradas na Figura<br />

1 e foram listadas por Kekulé em 1861.<br />

C 4H 3O 2.O + H O T eoria do R adica l<br />

}<br />

C 2(C 2H 3)O 2 O W u rtz<br />

2<br />

H<br />

C 4H 3O 2<br />

H<br />

}O 2<br />

C 2H 3(C 2O 2) } H<br />

O 2<br />

T eoria dos T ipos (G erh ardt)<br />

M endiu s<br />

Figura 1 – Lista de algumas fórmulas para o ácido<br />

acético, encontrada no trabalho de Kekulé “Lehrbuch<br />

der organischen Chemie”. (Q.5, Q.6)<br />

Alguns dos dilemas que pairavam no<br />

ar por volta de 1860, ano do Congresso de<br />

Karlsruhe, haviam sido instaurados cerca de meio<br />

século antes, com a publicação, por Dalton, da<br />

Teoria Atômica, da tabela de pesos atômicos<br />

relativos e de pesos moleculares. (Q.7, Q.8)<br />

Com relação à Teoria Atômica, Dalton<br />

afirmava que os átomos eram indivisíveis e se<br />

combinavam em proporções numericamente<br />

simples. Para estabelecer os valores dos pesos<br />

atômicos, ele usou um sistema comparativo,<br />

tendo o hidrogênio como elemento padrão para<br />

este sistema, e seu valor igual 1. O processo para<br />

determinação de um peso atômico consistia em<br />

combinar o elemento, cujo peso atômico se queria<br />

determinar, com o elemento padrão (no caso da<br />

tabela publicada por Dalton, em 1803, o<br />

hidrogênio). Então, analisando o composto e<br />

considerando válida a Lei das Proporções<br />

Definidas de Proust, podia-se determinar a<br />

relação ponderal entre os seus componentes e a<br />

partir daí, por simples cálculos, o valor do peso<br />

atômico desejado (com relação ao peso padrão).<br />

1

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