15.04.2013 Views

uma análise crítica do método kumon à luz da perspectiva

uma análise crítica do método kumon à luz da perspectiva

uma análise crítica do método kumon à luz da perspectiva

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

A grande procura pelo méto<strong>do</strong> Kumon de ensino de matemática, que se traduz, em<br />

números absolutos, em cerca de 135 mil alunos matricula<strong>do</strong>s apenas no Brasil,<br />

despertou-nos alg<strong>uma</strong>s questões. A primeira delas foi inevitável: por que há tanta<br />

procura pelo méto<strong>do</strong> Kumon? Se partirmos <strong>da</strong> hipótese de que isso se deve em<br />

virtude de <strong>uma</strong> lacuna produzi<strong>da</strong> na/pela escola, outras in<strong>da</strong>gações relaciona<strong>da</strong>s ao<br />

contexto <strong>da</strong> organização <strong>do</strong> ensino, seu sistema e estrutura, formação de<br />

professores, processo de aprendizagem, de avaliação, entre tantas outras,<br />

poderiam se apresentar. No entanto, como tivemos por objetivo analisar o méto<strong>do</strong><br />

Kumon em seus aspectos teóricos e meto<strong>do</strong>lógicos a partir <strong>da</strong>s contribuições <strong>da</strong><br />

teoria histórico-cultural, novas questões foram necessárias. A primeira delas: o<br />

aluno aprende, realmente, no Kumon? Seguem-se outras: quais conteú<strong>do</strong>s? Qual<br />

sujeito o Kumon forma? Qual a concepção de educação presente nesse méto<strong>do</strong>?<br />

Diante de tais interrogações, propusemos-nos a realizar <strong>uma</strong> pesquisa de<br />

abor<strong>da</strong>gem qualitativa envolven<strong>do</strong> a <strong>análise</strong> <strong>do</strong> referencial bibliográfico <strong>do</strong> méto<strong>do</strong><br />

Kumon e <strong>do</strong> material didático utiliza<strong>do</strong> pelos estu<strong>da</strong>ntes. Realizamos, inicialmente,<br />

um estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>cumental <strong>da</strong>s obras <strong>do</strong> fun<strong>da</strong><strong>do</strong>r <strong>do</strong> méto<strong>do</strong>, Toru Kumon, e <strong>do</strong><br />

material utiliza<strong>do</strong> pelos estu<strong>da</strong>ntes; em segui<strong>da</strong> efetivamos a coleta de<br />

depoimentos de pais e usuários e, ain<strong>da</strong>, a observação de alunos em ativi<strong>da</strong>de em<br />

<strong>uma</strong> Uni<strong>da</strong>de Kumon na ci<strong>da</strong>de de Ribeirão Preto/SP. Esperamos que o<br />

desenvolvimento desta pesquisa possa trazer ao debate as concepções<br />

epistemológicas, filosóficas e pe<strong>da</strong>gógicas que fun<strong>da</strong>mentam o méto<strong>do</strong> Kumon.<br />

Apresentaremos, brevemente, o méto<strong>do</strong> Kumon, em segui<strong>da</strong> os procedimentos<br />

a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s na pesquisa. Posteriormente, discutiremos um episódio temático referente<br />

<strong>à</strong> Mediação e incluiremos com as primeiras considerações decorrentes <strong>do</strong> trabalho<br />

de investigação.<br />

O Méto<strong>do</strong> Kumon<br />

O méto<strong>do</strong> Kumon foi cria<strong>do</strong> no Japão em um cenário de pós-guerra na déca<strong>da</strong> de<br />

1950 pelo professor de matemática Toru Kumon, com <strong>uma</strong> justificativa, segun<strong>do</strong><br />

ele, de aju<strong>da</strong>r seu filho na disciplina de matemática.<br />

Além de apoiar-se em um estu<strong>do</strong> individualiza<strong>do</strong>, o Kumon proclama o<br />

"autodi<strong>da</strong>tismo", o "estu<strong>do</strong> diário", o "tempo de resolução por bloquinhos", a "autocorreção",<br />

o "estu<strong>do</strong> com metas", como características essenciais <strong>do</strong> méto<strong>do</strong>. O<br />

Kumon, em sua gênese, defende a aprendizagem como um processo individual,<br />

a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> <strong>uma</strong> <strong>perspectiva</strong> teórica de aprendizagem na qual o aluno é capaz de<br />

aprender por si só, dependen<strong>do</strong> o menos possível <strong>do</strong> outro, sen<strong>do</strong> ele o responsável<br />

pela construção de seu próprio conhecimento. Tal <strong>perspectiva</strong> alimenta e é<br />

alimenta<strong>da</strong> pelo mo<strong>do</strong> de produção capitalista que impera na socie<strong>da</strong>de<br />

contemporânea, <strong>perspectiva</strong> que se traduz na formação de sujeitos competitivos,<br />

individualistas, disciplina<strong>do</strong>s e "competentes" que estão sempre <strong>à</strong> procura <strong>do</strong><br />

cumprimento de metas.<br />

No Brasil, a expansão <strong>do</strong> Kumon parece ratificar essa compreensão. De acor<strong>do</strong> com<br />

o observa<strong>do</strong> na Uni<strong>da</strong>de em que foi realiza<strong>do</strong> o trabalho de campo e com as<br />

indicações <strong>da</strong> professora-orienta<strong>do</strong>ra, os motivos pelos quais os pais/estu<strong>da</strong>ntes<br />

efetivam a matricula no Kumon, restringem-se a: superar dificul<strong>da</strong>des em<br />

matemática na escola; manter boas notas na escola; melhorar a atenção e<br />

concentração nas ativi<strong>da</strong>des escolares; iniciar o conhecimento <strong>do</strong>s números; obter<br />

bons resulta<strong>do</strong>s nos vestibulares e/ou adquirir boa posição no merca<strong>do</strong> de trabalho.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!