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BARROS, Diana Luz Pessoa de - Teoria Semiotica do - No-IP

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competente para o fazer, sujeito opera<strong>do</strong>r ou <strong>do</strong> fazer (que compõe), sujeito<br />

realiza<strong>do</strong> pelo fazer e pela obtenção <strong>do</strong>s valores <strong>de</strong>seja<strong>do</strong>s. Na fábula <strong>de</strong> Millôr, o<br />

sujeito gato assume os papéis actanciais <strong>de</strong>: sujeito <strong>do</strong> não-querer-fazer (“quan<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>parou com o carão <strong>do</strong> gato <strong>do</strong>méstico que sorria <strong>de</strong> sua aflição, <strong>do</strong> alto <strong>do</strong><br />

copo”), mas sujeito <strong>do</strong> saber e <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r-fazer; sujeito <strong>do</strong> querer-fazer (<strong>de</strong>pois da<br />

proposta da barata), sujeito competente (quer, sabe e po<strong>de</strong> salvar a barata), sujeito<br />

opera<strong>do</strong>r (“o gato então virou o copo”), sujeito não-realiza<strong>do</strong> (não obtém, com a<br />

perfórmance, o valor “comida”, <strong>de</strong>seja<strong>do</strong>).<br />

Se os percursos são <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s pelo enca<strong>de</strong>amento <strong>de</strong> programas narrativos,<br />

emprega-se, para <strong>de</strong>nominá-los, a noção <strong>de</strong> actante funcional. Assim, o percurso<br />

caracteriza<strong>do</strong> pela seqüência lógica <strong>do</strong>s programas <strong>de</strong> competência e <strong>de</strong><br />

perfórmance chama-se, como se viu, percurso <strong>do</strong> sujeito. Esse sujeito não é mais o<br />

sujeito <strong>de</strong> esta<strong>do</strong> ou o sujeito <strong>do</strong> fazer, e sim um actante funcional <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> por um<br />

conjunto variável <strong>de</strong> papéis actanciais. Há na caracterização <strong>do</strong> sujeito algumas<br />

<strong>de</strong>terminações mínimas, entre as quais se encontram a <strong>de</strong> ser o sujeito <strong>de</strong> esta<strong>do</strong><br />

afeta<strong>do</strong>, <strong>de</strong> alguma forma, pelo programa <strong>de</strong> competência e a <strong>de</strong> ser o sujeito<br />

realiza<strong>do</strong>r da perfórmance ou, ao menos, competente para realizá-la. Os <strong>de</strong>mais<br />

papéis actanciais farão que o sujeito seja diferente em cada texto. Jasão e o gato não<br />

cumprem os mesmos papéis actanciais, mas são ambos manifestações <strong>do</strong> actante<br />

sujeito, em seus respectivos textos.<br />

O percurso <strong>do</strong> sujeito representa, sintaticamente, a aquisição, pelo sujeito, da<br />

competência necessária à ação e a execução, por ele, <strong>de</strong>ssa perfórmance. Há<br />

diferentes espécies <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> competência e <strong>de</strong> perfórmance e maneiras<br />

diversas <strong>de</strong> se enca<strong>de</strong>arem os programas, haven<strong>do</strong>, por conseguinte, percursos <strong>do</strong><br />

sujeito diferencia<strong>do</strong>s em cada texto.<br />

O percurso <strong>do</strong> sujeito não é o único tipo <strong>de</strong> percurso encontra<strong>do</strong> na<br />

organização narrativa. Existem <strong>do</strong>is outros mais: o percurso <strong>do</strong> <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>rmanipula<strong>do</strong>r<br />

e o percurso <strong>do</strong> <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>r-julga<strong>do</strong>r.<br />

<strong>No</strong> percurso <strong>do</strong> <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>r-manipula<strong>do</strong>r, o programa <strong>de</strong> competência é<br />

examina<strong>do</strong> não na perspectiva <strong>do</strong> sujeito <strong>de</strong> esta<strong>do</strong> que recebe os valores modais,<br />

mas <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>do</strong> sujeito <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r ou <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>r <strong>de</strong>sses valores, O <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>rmanipula<strong>do</strong>r<br />

é o actante funcional que engloba vários papéis actanciais, entre os<br />

quais se encontra necessariamente o <strong>de</strong> sujeito <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r <strong>de</strong> valores modais. É ele, na<br />

narrativa, a fonte <strong>de</strong> valores <strong>do</strong> sujeito, seu <strong>de</strong>stinatário: tanto <strong>de</strong>termina que<br />

valores serão visa<strong>do</strong>s pelo sujeito quanto <strong>do</strong>ta o sujeito <strong>do</strong>s valores modais<br />

necessários à execução da ação.<br />

As ações <strong>do</strong> sujeito e <strong>do</strong> <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>r diferenciam-se nitidamente: o sujeito<br />

transforma esta<strong>do</strong>s, faz-ser e simula a ação <strong>do</strong> homem sobre as coisas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>; o<br />

<strong>de</strong>stina<strong>do</strong>r modifica o sujeito, pela alteração <strong>de</strong> suas <strong>de</strong>terminações semânticas e<br />

modais, e faz-fazer, representan<strong>do</strong>, assim, a ação <strong>do</strong> homem sobre o homem.<br />

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