Boletim do Búfalo - nº 2 - jul/2005 - Associação Brasileira de ...
Boletim do Búfalo - nº 2 - jul/2005 - Associação Brasileira de ...
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OPINIÕES DOS LEITORES
AABCB e a equipe do Boletim do
Búfalo externam sua satisfação em
veícular está segunda edição do
Boletim do Bufalo, que se tornou possível
pelo apoio de seus anunciantes e colaboradores.
Desejamos ainda agradecer as manifestações
recebidas dos seguintes leitores:
Getulio Marcantonio - RS; Helcio Bueno Pereira
da Cunha – SP; Roberto Botelho
Cangussu – BA; Edgar Gerber – PR; Kátia L.
Gonzalez S. Chamon – RJ; Pedro Silva de
Oliveira – SP; Paulo Lobato de Mattos – PA;
Paulo Bittencourt Hourneaux de Moura –
SP; Fabrício Rodrigues Amaral – MG; Ruy
Antonio Romagna – PR; José Atanásio Lemos
Neto – MS; Edson de Souza Balieiro –
SP; João Carlos Cavalcanti de Petribú Vilaça
– PE; Deolino Pedro Bruschi – RS; Wilson
Santa Catarina – SC; Lindolfo Felinto de
Almeida Filho – RO; Adilson Mario Pinto
Kruel – RS; Marcello Borsato – RS; Rivaldo
Borba Monteiro – PE; Carla Campanha – SP;
Orlando Gonçalves de Souza – MG; Esmeralda
Theotoky de Feraldy – SP; Cláudio
César Figueiredo Soares – BA; Pedro Paulo
Assef Delgado – SP; Ruy Jenisch da Fonseca
– RS; Rinaldo Fernandes – GO; Gerson
Walter Kraemer – SC; Arlei Bichels – PR;
Renato Ract Rocha – SP; Luiz Cláudio Surugi
Guimarães – PR; Pedro Paulo Pamplona –
PR; José Fernando Simplicio de Oliveira –
SP; Vinicius Miranda das Dores – SP; Paulo
Cleve do Bomfim – PR; Rodrigo Baraúna
Pinheiro – AM; Tomaz Teixeira Malta – MG;
Alfonso Siqueira D’ Império – TO; Celestino
Goulart Filho – RS; Antonio Migliorini – MS
e Rafael Vargas – PE.
Os leitores Renato José Araújo – RO;
Sergio Antonio Baludeto Parizzi – SP;
Roberto Nascimento Oliveira – MS;
Frederico Dias Batista – SP e Waldemar
Blicheriene – SP, reclamaram contra os frigoríficos
que impõe preços inferiores na
compra de búfalos destinados ao abate.
( Nesta edição o Boletim do Búfalo, em
matéria específica, procura abordar com
profundidade esse importante tema ).
Flavio Bolonhesi – SP, propõe que a difusão
da bubalinocultura seja feita com sabedoria,
dando ênfase às parcerias, tão essenciais
ao agronegocio. Antonio José da
Fonseca Pires – SP, sugere que sejam mais
divulgadas receitas culinárias com derivados
de búfalos, visando despertar maior interesse
e valor aos mesmos.
Maria Beatriz Braga Del Rey – RS, afirma
existir pouca divulgação na mídia sobre
búfalos, e que não há incentivo à criação
nem aporte aos criadores. Pergunta o que
está faltando, e quem é o omisso ?
Antonio Migliorini – MS, baseando-se
no fato de que uma imagem vale mais do
que mil palavras, sugere que o Boletim do
Búfalo seja enriquecido com gráficos e fotos
que despertem interesse e atenção dos
leitores.
Sebastião Marcondes de Melo Lemos
– MS, confessa ser grande admirador dos
búfalos pela sua precocidade e marcante
conversão alimentar.
Ney Geraldo Lemos – MG, afirma ter decidido
pela criação de búfalos, movido pelo
baixo custo de manejo que a espécie exige.
Alguns leitores também manifestaram
um certo desagrado com a criação e composição
da capa do Boletim do Búfalo nº 1,
inclusive com relação ao logotipo que foi
criado visando sintetizar as 4 raças
bubalinas existentes no Brasil.
Paulo Ponce de Leon Filho – PE, sugere
que a ABCB passe a dar preferência ao termo
“associado”, ao invés de “sócio”, uma
vez que o termo “sócio”, é mais correto
para integrantes de empresas formadas com
finalidade de auferir lucros.
Paulo Cleve do Bomfim – PR, relata as
enormes dificuldades que vem enfrentando
na sua fazenda localizada no município de
Guaraqueçaba, “uma das últimas reservas
de Mata Atlântica intocada do Paraná”:
“De uma hora para outra, sem motivo
específico, começaram a chegar pessoas
oriundas de favelas próximas a Grande
Curitiba, se intitulando “sem terras”, iniciando
um acampamento na estrada de
acesso à nossa propriedade e da área de
nosso vizinho, Dr. Pedro Paulo Pamplona,
que também é criador de búfalos.
Logo começaram pequenos furtos e delitos.
Um leitão desaparecido, um capão
de palmito cortado na calada da noite,
uma rede com malha criminosa no rio. Rapidamente
evoluiu para roubo de búfalos,
fechamento de estradas, proibição do trafego
da linha regular de ônibus, de carros
e de pessoas, furto de fios e cabos elétricos
e até ameaças de morte.
Depois veio a invasão ( 05/06/2004 ).
Roubaram a fazenda. Destruíram casas
e currais. Desmancharam as cercas.
Não ficou nada inteiro.
As matas viraram depósitos de toda
sorte de armadilhas e os rios, almoxarifado
de redes de pesca.
Em um lugar de riquíssima fauna, hoje
não se encontra um tatu, uma paca, um
tucano.
Nosso rio, um esteio de biodiversidade,
onde gerações e mais gerações de nossos
antepassados lutaram pela sua preservação,
hoje não passa de um cemitério. Tudo
morto.
Dezenas e mais dezenas de caçadores
e pescadores “sem terra“, se revezam criminosamente
para dar cabo de tudo...
Diuturnamente, uma barbárie !
Começamos a “via sacra“, a qual acreditamos,
todo produtor rural esbulhado
se obriga a fazer : Delegacia de Policia
Civil, Polícia Militar, Polícia Florestal,
Ibama, Instituto Ambiental do Paraná,
Juiz e Promotora da Comarca, Secretaria
de Segurança Pública, Incra, Gabinete
Civil, Gabinete Militar, Procuradoria do
Estado, Procuradoria do meio Ambiente e
Governo do Estado.
Pouco tempo depois veio o mandado
de reintegração de posse, emitido pelo
juízo da comarca de Antonina.
O Conselho Deliberativo da APA, por
unanimidade, deliberou que a referida
área não é propicia para assentamentos
humanos.
Foi pedido reforço policial para dar
segurança aos Oficiais de Justiça que iriam
cumprir a ordem judicial.
O Secretário de Segurança Pública do
Estado do Paraná vem se negando a cumprir
a ordem judicial, e não envia força
policial requisitada judicialmente.
Que fazer ?”
* Esta seção sempre estará aberta a todos
leitores que queiram se manifestar,
externando suas opiniões, suas idéias, suas
reivindicações. Afinal o Boletim é do búfalo,
e ele é o objeto de nosso trabalho, e de
nossa mesma torcida!
Búfalos Sustentáveis
Otavio Bernardes - SP
Écomum que medidas “heróicas”
adotadas diante de certos extremismos
acabem ocasionando posições
extremas e apenas após muito tempo se imponha
um equilíbrio menos apaixonado e
mais racional garantindo uma convivência
mais harmônica entre tais extremos.
Assim ocorreu, por exemplo, nas relações
de trabalho, passando-se de uma relação
quase de escravagismo, para um
controle total sobre quaisquer aspectos
desta relação pela “Lei”, ou mesmo nas
relações de consumo em que um dos lados
é na atualidade legalmente um “vilão”
até prova em contrário. Mais recentemente,
quando a preocupação sobre a conservação
ambiental se amplia, nota-se uma
tendência muito grande na radicalização
de idéias, criando-se por vezes conflitos
artificiais entre produção e conservação
(antes, preservação), nos confusos e incompletos
regulamentos sobre a intervenção
do homem no meio ambiente, com a
criação de conceitos ainda pouco claros e
universais tais como a tão propalada
“sustentabilidade” que parece ter um sem
número de definições. É crescente a idéia,
em grupos muito bem organizados e influentes,
apesar de nem sempre assim tão representativos,
de que qualquer intervenção
humana sobre o ambiente é deletéria e
que sistemas de produção em escala são
totalmente incompatíveis com a vida e sustentação
da humanidade, e assim, toda
ação deveria ser feita na direção de restaurar
o ambiente a seu estado primitivo,
com as chamadas espécies nativas, e preferencialmente,
dali retirando o homem.
Nesta época de “acomodações de idéias”,
creio ser de importância que se busquem
pontos da mesma forma que os
contrapontos, sem o que, sairemos do campo
da discussão para o campo unicamente
da fé, o que certamente pouco contribui
para a evolução.
Acompanhamos a ocorrência da autorização
do IBAMA para a “caça” de búfalos
abandonados pelo governo no Vale do
Guaporé muitos anos atrás e que, por sua
melhor adaptação ao ambiente e falta de
exploração econômica, passaram a se multiplicar
e a competir com espécies nativas
na busca de alimentos, em detrimento destas
últimas. Tivemos a oferta de criadores
do Pará de tentar a domesticação e transferência
de parte destes animais para outras
regiões onde poderiam ser base de sustentação
de atividades economicamente relevantes.
Confesso que não sei bem qual foi
o desfecho (a não ser a criação de um grupo
de estudo regiamente financiado pelo
MMA). Uma coisa, porém é certa, o “estrago”
na imagem da espécie que apareceu
como uma “predadora” e inimiga do meio
ambiente foi feito, e com grande publicidade.
As contestações têm pouco apelo de
mídia, e seu eco foi pouco difundido.
Outro, é o caso da atuação da ONG
denominada SPVS que, financiada por empresas
petrolífera, automobilística e de
energia americanas, entre outras, tem literalmente
“comprado” fazendas no litoral
do Paraná, algumas com criação de búfalos,
uma atividade que vinha sendo incentivada
pelo governo daquele Estado
que entendia ser aquela uma opção para
o desenvolvimento econômico e social da
região, e que, após a aquisição, tem sido
desativadas e os animais sacrificados sumariamente
(a despeito de que poderiam
ser transferidos para outras regiões, haja
visto haver demanda para tanto), e busca
a ONG regenerar a mata a seu estado natural.
Há alguns programas paralelos visando
“readaptar” a população local para
que viva de maneira “sustentável” (ao
menos para a natureza original, não sei se
para a população que sempre ali viveu
em condições precárias) através de uma
atividade dita extrativista florestal, mas
sem depredá-la como antes se fazia com
o palmito e a lenha. A contrapartida dos
financiadores será logicamente os tais
“créditos de carbono” gerados, o que
lhes permitirá continuar poluindo o pla-
neta e sendo indiretamente proprietários
de florestas brasileiras com direito até
mesmo a prêmios internacionais de beneméritos
do meio ambiente.
Situações análogas têm sido vistas no
Amapá, no Maranhão e no Amazonas, que,
direta ou indiretamente vem arranhando a
imagem da bubalinocultura enquanto atividade
sustentável ambientalmente. Que
a espécie é exótica no país, não se discute.
Aliás, o maior mamífero “nativo” é a
anta, o que significa que bovinos, muares,
eqüinos etc. são todos exóticos. Da
mesma forma o café, a soja, centenas de
variedades de frutas e culturas também o
são, o que absolutamente não significa que
são incompatíveis com a natureza. Sua forma
de exploração, esta sim, é que irá defini-la.
Diante de um quadro como este, me
parece bastante oportuno apresentar uma
experiência realizada em Israel (disponível
no site: http://www.migal.org.il/
lifeabs.html) sobre o projeto denominado
PROJECT Nº: LIFE TCY/97/1L/O38 -
Restoration and Conservation of Fauna
and Flora in the Re-Flooded Hula
Wetland in Northern Israel.
Naquele país havia uma várzea (Hula
Valley) que foi drenada para uso em agricultura
e erradicação da malária. Apesar de bastante
fértil, seu uso intensivo acabou por
promover uma deterioração do solo e comprometimento
das águas do lago Kinneret,
principal fonte de abastecimento de água de
Israel, o que resultou, em 1994 na
implementação de um projeto de recuperação
da várzea a sua antiga condição. Dentre
outras ações, foram re-introduzidos na área
cervos, aves, espécies vegetais (algumas não
nativas). Chama a atenção a observação de
que, para controle de plantas invasoras, foram
introduzidos búfalos na área (0,22 a 0,33
por hectare) que acabaram por induzir um
vigoroso “stand” de pastagens, e estabilidade
da vegetação, mostrando-se assim, na
visão dos autores, bastante úteis na conservação
ambiental daquelas várzeas.
3
COOPERBÚFALO
COMPLETA 7 ANOS:
ACOOPERBÚFALO, Cooperativa
Sul-Riograndense de Bubalinocultores,
Industrial e Comercial
Ltda., completa 7 anos de existência no ano
de 2005, processando aproximadamente
130.000 litros de leite por ano e
comercializando de 19 a 20.000 Kg de queijo
100% de búfalo no mesmo período. Foi fundada
em Porto Alegre, RS, no ano de 1998,
4
Livraria ABCB
Anais do 1º Simpósio Paulista de
Bubalinocultura
Bubalinos: Sanidade, reprodução e produção.
Editores: Valquíria Hyppólito Barnabe, Humberto Tonhati,
Pietro Sampaio Baruselli.
Jaboticabal: FUNEP, 1999- 202 pg
R$ 20,00 (sem postagem)
Bufalando Sério
Assumpção, Jonas Camargo de
Ed. Guaíba- Agropecuária, 1996. 131 pg.
R$ 20,00 ( sem postagem)
Manual de Inseminação Artificial
em Búfalos
Autor: Prof. Dr. Pietro Sampaio Baruselli
Prof. Associado Depto Reprodução Animal FMVZ USP –
Ed. ABCB- São Paulo, 2002 - 33 pg.
R$ 20,00 (sem postagem)
O Búfalo no Brasil
Editores: Gabriel Jorge Carneiro de Oliveira, Ana Maria
Lima de Almeida e Urbano Antonio S. Filho -Simpósio
Brasileiro de Bubalinocultura (1996: Cruz das Almas -
UFBA, Escola de Agronomia, 1997 . 236 pg.
R$ 27,00 (sem postagem)
O Búfalo
Título Original: The water buffalo (em português) Autor :
condensado de W. Cockrill, Health and Husbandry of Water
Buffalo. Tradutor: ABCB. Ed. Ed. FAO (Roma, Itália). O
Búfalo. Brasília: MARA/ São Paulo: ABCB - 1991 - 320 pg.
R$ 20,00 (sem postagem)
Base de Dados Bubalinos
Brasília: FAO/MAPA/ ABCB, 1991. 184pg.
R$ 5,00 (sem postagem)
por 24 amigos e criadores de búfalos, atualmente
conta com 37 membros . Hoje na parte
do leite são 6 cooperativados, que trabalham
entregando seus produtos, duas vezes por
semana, em um laticínio terceirizado que fabrica
os queijos, sendo estes colocados diretamente
á venda em redes de supermercados,
pizzarias, casas especializadas, etc. O
próximo desafio é a colocação do queijo duro
O Búfalo e Sua Rentabilidade
FEDERACITE - ASCRIBU - Guaíba: Agropecuária, 1994; 91pg
R$ 10,00 (sem postagem)
O Búfalo na Mesa - Receitas
Munaretti, Noemea
Ed. Guaíba: Agropecuária, 1995. 92 pg
R$ 14,00 (sem postagem)
Como adquirí-las:
Faça seu pedido através de e-mail bufalo@bufalo.com.br ou
fone/ fax (11) 3673.4455, informando o endereço completo para
postagem, em seguida iremos respondê-lo informando valor total
das literaturas solicitadas já incluindo o valor da postagem.
O Manejo do Búfalo
Associação Sulina de Criadores de Búfalos – ASCRIBU –
1987; 43pg – Ed. Lema: Búfalo + em tudo
R$ 10,00 (sem postagem)
Criação de Búfalos – Coleção Criar
Coordenador: José Ribamar Felipe Marques – Zootecnista,
MS.,Ph.D - Brasília: EMBRAPA-SPI; Belém: EMBRAPA-
CPATU, 1998 - 141pg
R$ 4,00 (Sem Postagem)
Doenças em Búfalos no Brasil
Diagnóstico, epidemiologia e controle
Autor: Hugo Didonet Láu -Brasília: EMBRAPA – SPI; Belém:
EMBRAPA – CPATU 1999 – 202 pg
R$ 26,00 (Sem Postagem)
Búfalos – Coleção 500 Perguntas –
500 Respostas - O produtor pergunta
a EMBRAPA responde
Editor Técnico: José Ribamar Felipe Marques EMBRAPA
Amazônia Oriental (Belém – PA) – Brasília: EMBRAPA,
2000 – 176 pg.
R$ 15,00
EMBRAPA– CPATU RECOMENDAÇÕES
BÁSICAS
Bubalinos – Manejo – 1988 – 4pg
Bubalinos – Inseminação Artificial – 1992 – 4pg
Mineralização de Bovinos e Bubalinos -1989 – 4pg
Bubalinos – Manejo Sanitário – 1988 – 4pg
Bubalinos – Produção de Carne – 1988 – 2pg
Forma de Pagamento:
tipo Parmesão no comércio que deverá ser
lançado nos próximos meses. Todos os associados
possuem ordenha mecânica e tanque
de resfriamento, e fazem basicamente
uma ordenha diária.
Bubalinos – Produção de Leite – 1987– 4pg
Controle de Plantas Invasoras em Pastagens-1988 – 4pg
Capineiras de Capim Elefante – 1988 – 4pg
R$ 5,00 (Sem Postagem)
EMBRAPA CPATU – BOLETINS DE
PESQUISA -SÉRIE LEITE
Estudo Comparativo da Composição Química do Leite de
Zebuínos e Bubalinos - 1982 – 15pg
Avaliação Microbiológica do Leite de Búfalas Sob Diferentes
Práticas Higiênicas -1994 – 38pg
Características Peculiaridades e Tecnologia do Leite de
Búfala – 1991 – 51pg
R$ 10,00 (Sem Postagem)
EMBRAPA CPATU – BOLETINS DE
PESQUISA SÉRIE PATOLOGIA
Eficácia do Ivermectin no Controle do Piolho
(Haematopinus tuberculatus) em Búfalos-1985 – 12pg
Uso do Timbó Urucu (Derris urucu) no Controle do Piolho
Haematopinus tuberculatus) em Bubalinos – 1986 – 16pg
Perfil Hemático de Bezerros Búfalos Lactentes Naturalmente
Parasitados pelo Neoascaris – 1985 – 10pg
Ocorrência de Parafilaríase e Oncocercíase Cutânea em
Búfalos (Bubalus bubalis) – 1987 – 14pg
Sintomas e Tratamento da Tripanossomíase (T. vivax) em
Búfalos - 1988 – 13pg
R$ 10,00 (Sem Postagem)
EMBRAPA CPATU – BOLETINS DE
PESQUISA SÉRIE NUTRIÇÃO
Variabilidade na Determinação da Qualidade da Dieta de
Bubalinos em Pastagem de Brachiaria Humidicola 1992 – 19pg
Aspectos Sobre a Desnutrição Mineral em Búfalos e Método
de Tratamento- 1988 – 14pg
R$ 5,00 (Sem Postagem)
EMBRAPA CPATU – BOLETINS DE
PESQUISA SÉRIE CARNE
Composição Corporal de Búfalos
R$ 7,00 (Sem Postagem)
Depósito Bancário Banco do Brasil
Associação Brasileira de Criadores de Búfalos
Agência 1199-1 Conta Corrente 22021-3
ou através de Boleto Bancário acrescido de R$ 3,00
Reminiscências
45 anos da ABCB *
Nossa ABCB está completando 45 anos
de existência. Foi fundada em 21 de abril de
1960, por iniciativa do Dr. Paulo Joaquim
Monteiro da Silva e do conhecido e respeitado
zootecnista Alberto Alves Santiago,
ambos com longa historia de serviços prestados
à bubalinocultura nacional.
Inicialmente denominava-se Associação
dos Criadores de Búfalos do Brasil -
ACBB, vindo depois a se transformar em
Associação Brasileira dos Criadores de
Búfalos – ABCB.
A assembléia de sua fundação foi realizada
no Salão Nobre do Parque da Água
Branca, durante a realização da IV Exposição
de Gado Indiano, aproveitando a presença
no evento, de inúmeros e expressivos
bubalinocultores de São Paulo, Minas
e Paraná, destacando-se dentre eles os senhores
Severo Gomes, Aldo Beretta, José
Jacintho da Silva, Continentino Jacintho da
Silva, Breno Lima Palma, Francisco Malzoni,
Antonio M. Alves de Lima, Paulo Nogueira
Neto, Nheco Gomes da Silva e Ian Sula .
Também estavam presentes Dr. João
Barrisson Villares e diversos outros técnicos
do Departamento de Produção Animal,
além dos organizadores do certame.
A primeira diretoria da Associação dos
Criadores de Búfalos do Brasil, foi assim
constituída:
Presidente: Aldo Beretta
Vice-Presidente: Paulo Joaquim M. da Silva
Diretores:Severo Gomes, Francisco Malzoni
e Paulo Nogueira Neto
Diretor Técnico: Alberto Alves Santiago
6
* Fonte: Trabalho Histórico de Autoria do
Dr. Alberto Alves Santiago.
Importação de 1962
A última importação brasileira de búfalos
indianos aconteceu em 1962, e revestiu-se da
maior importância no desenvolvimento de
nossa bubalinocultura. As participações do
Dr. Alberto Alves Santiago (autor da narrativa
abaixo) e da ABCB, inicialmente ACBB foram
fundamentais para sua viabilização.
“Em 1960 o selecionador Celso
Garcia Cid, de Londrina – PR, conseguiu,
a duras penas trazer da Índia, um lote de
mais de uma centena de reprodutores e
matrizes das raças zebuínas, contrariando
e vencendo tenaz resistência dos burocratas
do Ministério da Agricultura, que
desde 1921 proibiam terminantemente a
importação de gado indiano. Esse fato
animou criadores paulistas e mineiros a
pleitearem junto ao Ministério da Agricultura,
licença para uma nova importação.
A solicitação feita pelos criadores Torres
Homem Rodrigues da Cunha, Rubens
de Andrade Carvalho (Rubico de Carvalho),
Veríssimo da Costa Junior (Nenê Costa
), José Cesário de Castilho e mais uma vez,
Celso Garcia Cid, encontrou grande oposição
no Ministério da Agricultura. Por fim,
pressionado politicamente, o Ministro nomeou
uma comissão constituída de técnicos
de expressão que representavam os Estados
de Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro
e Pernambuco, além de diretores e
técnicos da Associação dos Criadores de
Zebu. Coube-nos representar a Secretaria
da Agricultura de São Paulo, na dupla condição
de Diretor do Departamento de Produção
Animal e Diretor Técnico da Associação
de Criadores de Búfalos, tendo batalhado
bastante para que a licença fosse
concedida, porquanto considerávamos indispensável
o “refrescamento” de sangue
de nossos rebanhos zebuínos e principalmente
bubalinos.
Mais uma vez, junto com os zebuínos,
vieram duas dezenas de búfalos, desta vez
puros e bem selecionados, pertencentes às
raças Jafarabadi e principalmente Murrah.
Para que essa importação se efetivasse,
foi exigido parecer técnico da Associação
de Criadores de Búfalos, já em fase de
reconhecimento pelo Ministério da Agricultura.
Assinaram esse parecer, o presidente
Paulo Joaquim Monteiro da Silva e
nós, na qualidade de Diretor Técnico da
Associação.
A chegada desses animais trouxe grande
estímulo para os criadores e
selecionadores brasileiros, por constituírem
a fonte de reprodutores de raças puras,
indispensáveis ao melhoramento genético
do rebanho bubalino nacional,
quase todo muito consangüíneo, devido
aos poucos casais indianos importados em
1918 e 1920, animais esses de regiões diferentes
da Índia, e sem comprovação de
maior ou menor de pureza racial.”
Admiráveis Colocações
É comum assistirmos o desenrolar de
fatos que desmentem hoje, aquilo que ontem,
muitos homens, garantiram ser verdadeiro.
No nosso mundo atual, o cenário
científico, econômico e político é constantemente
transformado, em ritmo e velocidade
alucinante, fazendo derrubar teorias
e crenças na mesma velocidade com que
foram concebidas...
Por essa razão, são bastante admiráveis
as colocações, a seguir transcritas, feitas
há exatos 50 anos atrás, pelo eminente Prof.
Octávio Domingues*, extraídas de uma série
de artigos de sua autoria, publicados
pelo DIÁRIO DE SÃO PAULO, em 1955,
idéias estas, que certamente continuam
válidas e atuais para a grande maioria dos
que vivem a bubalinocultura brasileira.
“Cada vez que me ponho em direto
contato com a criação de búfalos no Brasil,
mais cresce aquela minha convicção,
nascida em 1937, de que o búfalo deve
merecer nossa particular atenção. Atenção
do poder público, atenção dos técnicos,
atenção dos criadores realmente empenhados
em criar riquezas com as atividades
pecuárias.
Volto de uma viagem de observação nos
municípios de Franca e Cássia, , cheio de
otimismo ao verificar que no Brasil, é possível
abrigarmos um rebanho dos maiores
do mundo,formado por uma espécie que
até aqui, tem sido considerada apenas
objeto de curiosidade” (... ).
“É minha convicção que o búfalo pode
e deve ser uma de nossas melhores fontes
de leite, carne e couro”. (... ).
“Os búfalos que acabo de ver em costeio,
em diversas fazendas do vale do Rio
Grande, me convenceram de que só por
incapacidade, ou vontade em contrário,
esta espécie de gado não se integrará definitivamente
em nossa paisagem campestre.
Em 7(sete) fazendas visitadas, foi possível
observar como vivem e produzem 507
cabeças de búfalos, em estado de mansidão,
fornecendo leite e carne, sob o mais
econômico dos regimes. Regime de campo,
e em campos inferiores de baixada,
onde não se põe o zebu fino” .(... )
“Quando de minha visita à Franca, o
preço do boi para abate, era de 250 cruzeiros
por arroba. Pois bem, o marchante
com quem palestrei, oferece mais 10 cruzeiros
por arroba quando tratar-se de búfalo
para corte. Perguntando-lhe qual a
razão de assim proceder, explicou-me que
quando corta a carne de búfalo, a freguesia
não reclama o peso”. (... )
“O êxito dessa criação está no costeio.
Essa é a primeira noção que o criador de
búfalo deve meter em sua cabeça”. (... )
“Criar búfalo ao Deus dará é uma recomendação
que não faço ! ” (... )
* O Prof. Octávio Domingues nasceu no Acre em
1897 tendo se diplomado em Agronomia em 1917
na Esalq-USP onde ocupou a cátedra de Zootecnia
Geral de 1931 a 1966. Foi fundador e presidente da
SBZ de 1951 a 1968.
MULHER DE FIBRA
Jonas Camargo Assumpção - SP
Pode-se considerar que a história do
BÚFALO DOURADO começou a ser
escrita em 1975, quando a senhora
Wilma Penteado Ferreira, herdou de seus
pais, a Fazenda Santa Eliza, no município
de Dourado, SP, com 30 búfalas e um touro,
descendentes de alguns “exemplares exóticos”,
introduzidos por lá, em 1960.
Logo depois, em 1977, na cidade de Tietê
– SP era realizada a primeira exposição nacional
de búfalos, e pretendendo se fixar na
exploração de carne, Da. Wilma acaba levando
para a Santa Elisa, o Campeão Touro
Jovem Jafarabadi, batizado de Mussum,
comprado do plantel da Sabaúna, de José
Lauro de Arruda Camargo.
No entanto, em sua fazenda, incentivada
e ajudada por um amigo italiano, meio de
brincadeira, começa a produzir “mozzarella”,
exclusivamente para consumo de sua família,
e foi tomando gosto pela coisa...
Em 1978, um tratamento de saúde impõe-lhe
a obrigação de viajar para São Paulo,
todas as quartas feiras. Era apenas mais
uma vez em que o bom destino começava a
ser traçado por linhas tortuosas, pois foi
em uma dessas penosas quartas feiras, durante
um bate-papo com uma senhora italiana,
no consultório médico, que acabou por
contar que criava búfalos e ainda por cima,
fazia “mozzarella” ! Por insistência dessa
senhora, concretiza a primeira venda de uma
“trançada de mozzarella” de puro leite de
búfala, despertando em si, seu nato instinto
para o comercio, bem como sua enorme
capacidade empresarial. Sem maiores cerimônias,
imediatamente passa a considerar
e tratar a sala de espera do consultório médico,
como sendo seu primeiro ponto de
venda, espaço onde anotava pedidos, e
comercializava seus produtos à amigos,
parentes e colegas pacientes.
Os elogios recebidos, fizeram aumentar
sua crença no potencial dos seus produtos,
e imbuída da coragem, que nunca lhe
faltou, procura a Casa Santa Luzia, famosa
mercearia freqüentada pelos consumidores
mais exigentes da capital paulista, para de
maneira altiva e orgulhosa oferecer-lhes a
“primeira mozzarella brasileira, exclusivamente
fabricada com leite de búfala”. Uma
vez testado e aprovado o produto, recebeu
como contrapartida a exigência da continuidade
no fornecimento. Acuada, mas
acostumada a desafios, não teve outra saída
senão topar a parada e sair por aí, a cata
de búfalas....
Comprava o que lhe ofereciam, e sem
muita possibilidade de escolha, o índice de
descarte era elevado. Uma vez, conseguiu
aproveitar apenas 6 búfalas, de um lote de
16 compradas.
Toda caminhada do Búfalo Dourado foi
percorrida com tenacidade e garra, por aquela
“senhora do destino”, que sempre soube
claramente onde queria chegar.
Da. Wilma ainda guarda bem nítidas, nas
suas lembranças, as inúmeras vezes em que
capitaneava até altas horas da noite, um
antigo fogão à lenha, buscando o ponto
correto de filar a massa. Ao invés de se esquecer,
relembra com orgulho, aquele ano
de 1985, onde em plena safra de lactação de
suas búfalas, acabou perdendo o casal de
funcionários responsáveis pela queijaria.
Não pestanejou : simplesmente arregaçou
as mangas, abriu mão de muitas coisas, inclusive
das “obrigatórias e legais” folgas
semanais, e durante 6 meses seguidos, assumiu
pessoalmente essa tarefa.
O tempo foi passando, e em 1990, seu
estabelecimento consegue aprovação pelo
Sistema de Inspeção Federal – SIF.
Em 1991 sua micro-empresa dá lugar à
uma empresa jurídica, e mais adiante, em
2004 inaugura seu novo laticínio, com 600
metros quadrados, apto a processar 10.000
litros de leite/dia.
Sede da Fazenda Santa Eliza.
Hoje, Da. Wilma considera já ter conseguido
razoável desestacionalização da
estação de parição de suas búfalas, o que
garante matéria prima ao seu laticínio durante
todo ano, dando lhe tranqüilidade
para seguir cumprindo aquela promessa
feita à Casa Santa Luzia, há mais de 25 anos
atrás!
Seu rebanho amochado, atualmente
composto por cerca de 600 cabeças, é controlado
e registrado no projeto do Búfalo
Brasileiro voltado para produção de leite, e
é responsável por cerca da metade da produção
processada pelo seu laticínio, que
iniciou pequeno, trabalhando com 100 litros/dia,
e hoje na safra, já atingiu 4.000 litros/
dia.
Da. Wilma e suas búfalas, são responsáveis
por mais uma inimaginável proeza:
ter conseguido expulsar a cana de suas
terras, quando na enorme maioria das vezes,
a historia sempre foi contada na direção
inversa.
Será que esta mulher de fibra, de “estopim
meio curto”, de origem tradicional,
educada nos moldes franceses, no Colégio
Sacre Coeur de Marie de São Paulo, e
que elegeu o trabalho como meta de sua
vida, está realizada e totalmente satisfeita ?
Não! Já elegeu sua próxima meta: Exportar!
E pelo andar com que comanda a carruagem,
não vai demorar a chegar lá...
7
8
DIRETORIA DA ABCB
(2004 - 2007)
Manjedoura Cincerro
Dr. Getulio Marcantonio, um dos mais
atuantes e tradicionais bubalinocultores
gaúchos, sempre procurou conceber e
incrementar no manejo de sua criação, algo
novo que lhe propiciasse elevar os níveis
de produtividade e lucratividade do seu
negócio.
Em sua criação de búfalos, seu pressuposto
inicial é não ordenhar suas búfalas,
utilizando todo diferenciado leite por elas
produzido, como insumo e alimento básico
imprescindível para produção de um animal
precoce, que lhe permitiria antecipar o
abate e o entouramento de seu gado. Explorar
ao máximo o potencial de crescimento
dos terneiros bubalinos é seu objetivo, e
o leite produzido pelas matrizes búfalas,
destinado integralmente aos seus produtos,
deixavam Dr. Getulio tranqüilo quanto
a sua meta, pelo menos até os 3 ou 4 meses
de vida dos terneiros. Infelizmente, essa
exteriorização máxima do potencial de crescimento
das crias, bem como a tranqüilidade
do Dr. Getulio, cessavam a partir dessa
idade dos animais, pois a “ partir daí, boa
parte dos nutrientes necessários devem
provir de outra fonte”.
Dr. Getulio escreveu, tentando conduzir
seu próprio pensamento :
“Março concentra os nascimentos
bubalinos no RS, o que leva a
amamentação para os meses frios do inverno
e a conseqüente paralização do crescimento
das pastagens naturais. A busca
do animal precoce exigia uma providência
de ordem alimentar. O custo alto afastava
a possibilidade desse procedimento
ser feito junto às mães. A preocupação
convergiu para o terneiro. “ ( .... )
Muitas idéias, projetos e soluções passaram
pela cabeça do Dr. Getulio, até que
uma veio atender suas expectativas. Batizou-a
com o nome de Manjedoura Cincerro,
em homenagem à sua “Pastoril Cincerro”.
A Manjedoura Cincerro é a adaptação
para búfalos, do “Creep Feeding”, sistema
usado para suplementar bezerros lactantes,
criado nos EUA, e hoje muito difundido no
mundo todo, e particularmente, em inúmeras
regiões brasileiras. É o próprio Dr. Getulio
quem refere-se também à manjedoura de
sua criação, usando o nome de “Creep
Feeding Crioulo”.
Consiste em um cercado de “paus a pique”,
de formato redondo, formado por resistentes
mourões previamente tratados,
firmemente cravados no solo, distantes 40
centímetros entre si. Recomenda-se que no
topo superior desses mourões, sejam passados
1 ou 2 fios de arame farpado, para
garantir rigidez a todo conjunto e também a
manutenção dos espaçamentos entre
mourões. Na parte interna desse cercado
ficam os cochos onde os terneiros se alimentam,
pois tem livre passagem pelos vãos
do cercado, ao contrário das mães, cuja
passagem é impedida pelos 40 centímetros
( figura e foto abaixo).
Dr. Getulio Marcantonio relaciona as
principais vantagens da suplementação dos
terneiros em aleitamento :
1 - Aumenta o desenvolvimento dos animais.
2 - Antecipa o funcionamento ruminal.
3 - Reduz os efeitos negativos do
estresse, à desmama.
4 - Condiciona os animais para o ingresso
no regime intensivo.
5 - Diminui a pressão dos terneiros sobre
as búfalas.
6 - Contribui para a homogeneidade dos
lotes.
7 - Aumenta até 10% o desempenho produtivo
das matrizes.
Quanto ao suplemento alimentar a ser
disponibilizado no “creep”, aos bezerros,
Dr. Getulio vem adotando ração granulada
com teor protéico da ordem de 20 a 22%, em
quantidades diárias variando entre 500 a
1.000 gramas/dia, com excelentes respostas
em termo de ganhos de peso e desenvolvimento
de seus terneiros.
Uma das maiores dificuldades na
implementação desse processo de
suplementação de terneiros lactantes criados
a pasto, segundo Dr. Getulio, reside no
indispensável ensinamento dos bezerros a
se alimentarem em cochos, o que ele consegue,
deixando previamente os bezerros
presos, durante 48 horas, afastados de suas
mães, em uma mangueira, com água e ração.
Considera normal e passageira a resistência
inicial dos terneiros em entrar no
“creep”, e sugere algumas outras medidas
que podem abreviar esse tempo:
1 - Usar ração bastante palatável para os
bezerros.
2 - No inicio colocar de maneira visível,
dentro do “creep”, algumas pequenas
porções de pasto verde.
3 - Reunir uma vez por dia, a vacada em
torno do “creep”.
Nota: Na Fazenda Boa Vista, o hábito dos
bezerros se suplementarem em “creep”, só
foi alcançado quando a instalação do
“creep”, obedeceu exatamente o local adotado
e escolhido pelos próprios animais, com
finalidade de descanso, normalmente conhecido
como malhador, ou batedor.
9
CURIOSIDADES:
Jonas Camargo Assumpção - SP
Seletividade
Lendo o excelente livro Pastoreio Voisin,
de autoria do Prof. Humberto Sório, chamou-nos
a atenção a comparação que ele
faz entre búfalos e bovinos, no que se refere
a habilidade que cada uma dessas espécies
possue, na digestão da celulose e
hemicelulose, o que determina diferentes
graus de seletividade nos hábitos e atitudes
de pastoreio, dessas duas espécies. Dr.
Sório interpreta essa inegável supremacia
digestiva dos búfalos, como bastante coerente
com a maior largura de suas mandíbulas,
medidas essas que superam às dos
bovinos em 25 ou em até mais de 50%!
Esse parece ser mais um dos
incontáveis exemplos comprobatórios de
que na natureza nada acontece por acaso,
explicando o motivo da tamanha “frescura”
e irritante seletividade com que nossos
carneirinhos pastam, justificando de quebra,
a perfeita maneira usada pelo Prof. Sório
na definição dos cabritos: “verdadeiros
caçadores de rebrote”....
Mães Diferenciadas
Há mais de 20 anos atrás, ao buscar assessoria
para um projeto de confinamento
de terminação de bovinos e bubalinos, conheci
o zootecnista Carlos Benedini, Ribeirão
Preto, SP, de quem me tornei admirador e
amigo. Quando ele soube que éramos criadores
de búfalos, me disse que nutria grande
respeito e admiração por essa espécie,
em razão da búfala ter um comportamento
diferente de todas outras espécies que havia
estudado, quanto ao “estabelecimento”
de seus períodos ou épocas de parições:
“Enquanto todas outras espécies costumam
parir em meses que são mais favoráveis,
ou menos desgastantes às mães, as
búfalas, ao contrário, preferem se sacrificar,
concentrando suas parições nos meses
que beneficiam mais seus bezerros.
Veja você: A vaca bovina concentra seus
cios férteis em dezembro e janeiro, para
parir em setembro e outubro. Começa alimentar
seu filhotes quando as pastagens
da primavera iniciam suas brotações. Continuam
a amamentação durante a fartura
do verão, mas quando vai se aproximando
a boca do inverno, desmamam seus filhotes
deixando-os na pior.
A búfala, ao contrário, em uma atitude
de desprendimento, atravessa todo período
de escassez, sustentando seus pro-
dutos com seu rico leite, aguardando a
chegada dos pastos de primavera, para
desmama-los.
Pra mim, esse ato de heroísmo, nutre o
respeito que dedico à essa espécie!”
DICAS DE
BUBALINOCULTORES
Mochamento de Animais
Adultos
No nosso Boletim nº 1, o criativo engenheiro
bubalinocultor alagoano Alberto
Couto, descreveu todo processo que utiliza
para mochamento de seus bezerros. Agora,
neste Boletim nº 2, nos relata o sistema que
adota para mochamento de animais adultos:
“Para mochar animais adultos, nós
usamos tiras de borracha de câmara de ar
de caminhão, das mais elásticas possíveis,
cortadas com cerca de 1 centímetro de largura,
nos mesmos moldes que a molecada
corta para fazer “petecas”. Com essas tiras,
damos 3 ou 4 voltas, bem apertadas,
em torno da base dos chifres dos animais,
amarrando as pontas fortemente. A voltas
devem ser dadas quanto mais na base, ou
inserção dos cornos, sem que precisemos
nos preocupar em recuar a pele, etc.
Com os elásticos apertando a base de
seus cornos, os animais ficarão um tanto
quanto estressados, separando-se dos demais,
permanecendo mais tempo nos brejos
ou aguadas, alem de procurarem se
esfregar em árvores, mas nada que nos
cause preocupação.
Antes que os cornos, naturalmente caiam,
o que deve acontecer dentro de 15 ou
20 dias, apenas deveremos estar atentos em
verificar se a câmara de ar não “pocou”.
Quando os chifres, naturalmente caírem,
praticamente a cicatrização já estará
completada, restando apenas o miolo
central, que deverá ser tratado com
cicatrizantes e repelentes, comumente encontrados
no mercado.
Quanto a melhor época do ano para
procedermos ao mochamento de animais
adultos, recomendo o momento da secagem
do leite ou desmama, fase em que a
búfala não está comprometida com a produção
de leite, ou em momento avançado
de gestação.”
Glossário de termos alagoanos:
Peteca: estilingue
Pocou: rustiu, rompeu, arrebentou.
Evitando Rejeições
Jonas Camargo Assumpção – SP
Via de regra, os criadores de búfalos que
não ordenham suas búfalas, destinando a
totalidade do leite para alimentação dos
bezerros, conduzem suas criações de maneira
mais extensiva, totalmente a campo,
sem muito “costeio”.
(Na nossa fazenda, nossos búfalos permanecem
todo ano em pastagens mais afastadas
da sede, sendo vistoriados pelo vaqueiro
apenas por alguns minutos, duas vezes
por semana, indo ao curral exclusivamente
para receber vacinas, vermífugos ou afins).
Essa maneira de criar, faz aumentar o risco
de rejeição dos bezerros pelas novilhas,
em seu primeiro parto, por serem animais
menos acostumados com a presença do
homem, mais ariscos.
Não devemos nos esquecer que a experiência
nova, vivenciada por um animal em
seu primeiro parto, exige um ambiente calmo,
de bem estar, propício ao desabrochar
do maravilhoso instinto maternal. Nesse
momento, a eventual falta de sensibilidade
do bubalinocultor ou do vaqueiro, pode
provocar estresse em novilhas menos tranqüilas,
e trazer como conseqüência, eventuais
rejeições de bezerros.
Para evitar tais problemas, recomendamos
as seguintes atitudes, quando se tratar
de primíparas criadas de maneira mais
extensiva:
- Nunca deixa-las na maternidade sozinhas,
mas sim acompanhadas de outras
companheiras.
- Logo que parirem, não apartar-lhes
os bezerros, para pesagens dos recém
nascidos, etc.
- O próprio curativo do umbigo do recém
nascido, que a rigor, deveria ser
feito em seguida ao parto, a nosso ver
só deve ser feito no momento em que
ficou claramente demonstrada a
afetividade da mãe pelo seu rebento.
- Por fim, nos parece importante também
a postura e a maneira com que o
vaqueiro deve vistoriar as matrizes
mojando e recém paridas que se encontram
na maternidade : Sua chegada
ao local onde estão agrupados os animais,
nunca deverá ser abrupta, de
maneira a assusta-los pois muitas vezes
eles estão deitados, distraídos, cochilando.
Logo que adentra o pasto
maternidade, antes mesmo de avistar
os animais, o vaqueiro deve emitir seu
habitual som de aboio, avisando que
11
12
chegou, e ao mesmo tempo acalmando
os animais. Deve seguir se aproximando
vagarosamente, permitindo-se ser
observado, sem causar qualquer sensação
de encurralamento aos animais.
Procurar não se interpor entre mães e
filhos, dar tempo às mães e aos filhos
que se aproximem, são apenas algumas
outras posturas recomendáveis. As demais
certamente serão ditadas pelo
“bom senso” de cada um.
Cinto de Ferramentas
O bubalinocultor gaúcho Erizolei
Belmiro Oliveira da Silva, nos relata uma
“dica” que acabou resolvendo as constantes
e crônicas perdas de ferramentas usadas
na manutenção das cercas eletrificadas
de sua propriedade.
Esse problema torna-se maior para aqueles
que aplicam o PRV ( Pastoreio Racional
Voisin ), em razão da grande quantidade de
cercas eletrificadas que o sistema exige.
Erizolei encontrou a solução, adotando um
simples e prático cinto concebido para portar
as ferramentas usadas para esse serviço,
conforme mostra a foto.
Além de evitar as perdas, o uso do cinto
permite que o funcionário proceda os
reparos no momento em que os defeitos
forem observados, o que além de poupar
tempo, evita as conhecidas conseqüências
da costumeira atitude de “deixar pra depois”,
por falta de ferramentas...
Estudo comparativo da
toxidez de Palicourea
juruana (Erva de Rato)
para búfalos e bovinos.
Carlos Magno C. de Oliveira, José
Diomedes Barbosa, Raquel S. Cavaleiro de
Macedo, Marilene de Farias Brito, Paulo
Vargas Peixoto e Carlos Hubinger Tokarnia
O estudo foi realizado com os objetivos
de estabelecer a sensibilidade dos búfalos a
Palicourea juruana (Erva de Rato) e agregar
novos dados sobre a toxidez dessa planta
para bovinos.
Embora os quadros clínico-patológicos
tenham sido semelhantes, a comparação das
doses letais para búfalos (entre 1 e 2 g/kg) e
para bovinos (0,25 g/kg) estabelece o búfalo
como pelo menos quatro vezes mais resistente.
Em experimentos realizados 10 anos
antes - com amostras de P. juruana coletadas
na mesma fazenda no Pará, em julho de 1993,
início da época de seca, portanto apenas 2
meses mais tarde do que os agora realizados
em maio de 2003 - a dose letal para bovinos
foi de 2 g/kg. Não encontramos explicação
para a toxicidade extremamente elevada da
planta verificada nesse estudo.
2º Encontro Nacional de Bubalinocultores
Salvador - 2004
Eduardo Daher Santos - PA
Criadores de búfalos de todo o Brasil
participaram nos dias 2 a 4 de dezembro
de 2004, em Salvador-Bahia,
do 2º Encontro Nacional de Criadores de Búfalos.
A abertura do evento, realizado no auditório
da Secretaria da Agricultura (Seagri),
contou com a presença do secretário da Agricultura,
Pedro Barbosa, e do presidente de
Associação Brasileira de Criadores de Búfalos
(ABCB), Otavio Bernardes.
Na abertura do encontro, Pedro Barbosa
afirmou: “Acho que o Brasil tem desprezado
um negócio de grande potencial, que
é a produção de leite e carne de
bubalinos. Temos o desafio de continuar
convencendo a sociedade da qualidade
desses animais e seus produtos”. Destacou
ainda que na Bahia há áreas com grande
vocação para a atividade como o Litoral
Norte, no Recôncavo e o Extremo Sul. “Precisamos
incentivar a importação de material
genético de qualidade e investir no
marketing dos produtos”, explicou, propondo
a realização de um ciclo de seminários
e visitas técnicas às regiões produtoras
do estado, destacando a importância da realização
deste Encontro. Afirmou ainda o
Secretário que cometemos grandes erros,
primeiro tentando forçar a criação de gado
europeu em desprezo aos zebuínos a ao
búfalo, e que José Maria Couto Sampaio
teve a lucidez de apoiar o guzerá e o búfalo,
dois animais excelentes para a região. Convocou
os criadores e governo para não desistir
desses projetos que são importantes
demais para não serem apoiados. Ampliar o
esforço de marketing, efetuar visitas técnicas,
para levar criadores potenciais a se encontrar
com criadores tradicionais.
Dr. Ricardo Ferreira Rodrigues, presidente
da Associação dos Bubalinocultores
do Estado de Pernambuco (ASBUPE) e presidente
da Associação Nordestina de Criadores
, afirmou: “ousar é quase sempre realizar”.
Fisco Benjamim – Diretor da SEAGRI,
colocou a Secretaria à disposição dos criadores.
Luciano Figueiredo da ADAB – Agência
de Defesa da Agropecuária da Bahia –
parabenizou a equipe organizadora na pessoa
de Maria Couto Sampaio, relembrando
seu pai, José Maria como um marco na
bubalinocultura da Bahia, destacando a
grande importância que a bubalinocultura
tem prestado à Bahia. Convocou os
bubalinocultores para a campanha da
erradicação da aftosa no Estado.
José Joaquim Santana – Presidente da
EBDA – referenciou José Maria e mencionou
a importância dada ao búfalo na Bahia
com a criação da Estação experimental José
Maria Couto Sampaio.
Otávio destacou o trabalho do Núcleo
Baiano na organização do Evento e do
apoio da Seagri em sua concretização, lembrando
o papel pioneiro do Estado na introdução
e melhoramento dos exemplares
da raça Murrah e da importância dos criadores
na ampliação do conhecimento e desenvolvimento
da espécie bubalina.
Segundo o presidente da ABCB, a realização
destes encontros demonstra o interesse
dos criadores não só em ampliar seus
conhecimentos sobre a espécie como também,
representam uma busca de organização
da cadeia produtiva do setor. Ele disse
que é crescente a inclusão de pequenos criadores
na atividade: “É uma atividade que
antes somente era viável com produção em
escala, mas que hoje, com uma maior organização
de mercados, formação de núcleos
e certa agregação de produtores, vem sendo
importante fator de inserção social em
diversas regiões, com sua adoção cada vez
maior por pequenos criadores, agregando
valor a suas explorações.”
Lembrou ainda que a necessidade de
aprofundamento do conhecimento sobre o
melhor manejo da espécie visando otimizar
sua exploração foi outro fator que motivou
a realização do Encontro buscando a troca
de experiências entre criadores de diversas
regiões brasileiras com participação de
palestrantes nacionais e internacionais.
Outro foco do Encontro foi a avaliação
das cadeias produtivas ligadas ao
agronegócio bubalino, em particular a carne
e os derivados lácteos, para o que, os
palestrantes trouxeram depoimentos de
operações bem sucedidas em suas regiões
a fim de serem debatidas e eventualmente
multiplicadas.
Previamente ao Encontro foi realizado um
Curso de Capacitação de Técnicos de Registro
e Formação de Jurados de Raças
bubalinas, ministrado pelo Dr. Renato Amaral,
Superintendente de Registro da ABCB.
Realizou-se ainda, nas dependências do
Laticínio de Maria José Barreto Sampaio um
Curso de Derivados de Leite Bubalino, ministrado
pelo Dr. Neverton Benedito
Picciani, da empresa Fermentech, envolvendo
técnicas de fabricação de derivados alternativos
à tradicional mozzarella.
O Encontro, ocorreu simultaneamente à
realização da tradicional FENAGRO onde
se encontravam expostos excelentes exemplares
de búfalos da Bahia que foram julgados
pelo Dr. Pietro Baruselli, vice-presidente
de Ciência e Tecnologia da ABCB.
Participantes do 2º Encontro Nacional de Bubalinocultores em Salvador-BA, por ocasião da visita à propriedade
de Maria José Barreto Sampaio.
13
O programa dos ciclos de palestras e
debates foi o seguinte:
14
Nutrição da Búfala Leiteira – Prof. Dr.
Giuseppe Campanille – Univ. Federico
II –Nápoles – Itália
Utilização intensiva de gramíneas tropicais
para a produção de leite. Prof.
Edgar Fraga Santos Faria. Depto de
Produção Animal da EMEV-UFBA.
Importância das leguminosas na
sustentabilidade de sistemas de produção
a pasto. Dr. José Marques Pereira
– Cepec-Ceplac.
Fundamentos do agronegócio. Prof.
Massilon Araújo – FTC-Salvador.
Mesa redonda: Agronegócio da Carne
de Búfalo. Evaldo Canalli – Presidente
da Cooperbufalo – RS . Celestino
Goulart – Presidente da Ascribu – RS
Mesa redonda: Agronegócio do Leite
de Búfalas - Urbano Antonio de Souza
Filho – Laticínio Natal – Bahia.Nelson
B. Prado – Laticínio Laguna - Ceará
O encerramento do evento se deu com
um dia de visitas a fazendas de búfalo na
Fazenda Natal, de Urbano Souza Filho por ocasião do 2º Encontro
região do Recôncavo, iniciando-se pela fazenda
São Miguel de Dna Marilena Couto
Sampaio e sua filha Maria José onde após
conhecer o rebanho iniciado pelo grande
fomentador do búfalo na Bahia, José Maria,
pode-se degustar as delicias dos produtos
bubalinos e a hospitalidade dos anfitriões.
Em seguida os participantes puderam conhecer
as instalações do Laticínio e da Fazenda
Natal de propriedade do Dr. Urbano Antonio
de Souza Filho, onde são industrializados
1.500 litros de leite de búfalas diariamente
cujas instalações, rebanho e os produtos,
foram muito elogiados.
Ainda Sobre Contenção de Búfalos
Jonas Camargo Assumpção – SP
Alguns proprietários de búfalos alegam
dificuldades na contenção dos
mesmos e crêem que a espécie
bubalina nasceu com a vocação de varar
cercas. Outros sugerem que cercas para
contê-los, devam ser super reforçadas, com
características bem diferentes daquelas utilizadas
para bovinos.
Na Boa Vista nunca tivemos esse tipo
de problema, apesar de nossa crônica falta
de capricho na conservação de nossas cercas.
Por esse motivo acreditamos que o problema,
via de regra, não tem origem nas cercas,
mas sim em erros de manejo.
Nossa vivência nessa área nos faz achar
indispensável que todo criador de búfalos
acredite e saiba :
1 - Que toda cerca que serve para bovinos,
serve também para búfalos bem
manejados. A única diferença útil que
se propõe é que sejam ligeiramente
mais baixas, ( + ou - 1,10 metros de altura
), com o primeiro fio mais próximo
do solo ( 0,20 a 0,25 metros ). Quatro
fios de arame lisos são mais que suficientes.
2 - Que rios e lagos não são barreiras
intransponíveis para búfalos.
3 - Que o criador deve estar sempre atento
ao temperamento “machista” dos
touros e as conseqüências de manejo
determinadas por esse fato.
4 - Que ele também não pode se esquecer
de que uma das características da espécie
é seu hábito gregário. Assim, se
tiver de apartar, reapartar, ou sub-dividir
um lote já coeso de búfalos, deverá
manter por alguns dias os novos lotes
em pastagens não contíguas, para que
os indivíduos de um lote percam aquela
coesão que possuíam com os indivíduos
do outro lote.
5 - Que búfalos podem ser atacados por
piolhos, que os levam a procurar árvores,
barrancos de terra, cupinzeiros
e moirões de cerca, para se coçarem.
Por sua vez, moirões de cerca em brejos,
se utilizados como coçadores,
podem se deitar, inutilizando a cerca.
Tais áreas atoladiças, são muito freqüentadas
pelos búfalos, e muito pouco
visitadas pelos vaqueiros. A conseqüência
de falha na manutenção é
cerca no chão, búfalos no outro lado,
e a conclusão errada de que os búfalos
romperam a cerca.
6 - Que a última coisa que se deve fazer
quando algum animal “rompe” uma cerca,
é mandar conserta-la. Antes disso
deveremos procurar o motivo que
acasionou o fato. Na grande maioria
das vezes o culpado não foi o búfalo.
Se a falha tiver sido do criador, o erro
deverá ser reparado imediatamente.
Como é o próprio criador que funcionará
como juiz, é necessário que tenha
modéstia e humildade para reconhecer
sua eventual falha.
7 - Que búfalos não tem qualquer vocação
para romper cercas, mas como são
“inteligentes“, aprendem com rapidez
muito maior que os bovinos, tanto os
bons, como os maus hábitos. Assim
sendo, romper cercas pode vir a tornar-se
um mau hábito de um determinado
animal. Antes que ele ensine aos
demais colegas essa transgressão,
deve ser sumariamente eliminado do rebanho,
abatido sem clemência. Nenhum
álibi ou argumento poderá livrálo
do “gancho”, mesmo que seja “cabeceira”
do plantel. Para que a execução
seja justa, é preciso que a identificação
do infrator seja precisa. Um ou
dois dias de espreita no rebanho, pode
trazer a confirmação.
(Ninguém precisa se assustar, imaginando
que vai precisar viver executando
seus animais. São casos muito esporádicos,
se não houver falhas graves
de manejo. Em 36 anos de criação,
não passou de meia dúzia, o número
de infratores que tivemos de abater).
8 - Que não devemos perder tempo tentando
reeducar búfalos que adquiriram
maus hábitos. Eles são muito teimosos,
e dificilmente teríamos sucesso.
9 - Que alguns búfalos, em razão do formato
de seus chifres, podem se
enganchar em cipós, galhos, inclusive
arames. Se o arame não se romper, o
animal pode ficar preso a ele, sem conseguir
se soltar. Se o arame romper,
pode ser que esse simples acidente se
transforme em hábito. As sugestões
abaixo, podem evitar tais problemas :
- Manter rebaixada, por roçada, uma faixa
de 1,00 metro de largura, do pasto
vizinho, principalmente quando o dos
búfalos estiver debilitado e o contíguo
com bastante oferta de capim. Isso evita
que o animal fique introduzindo sua
cabeça pelos vãos dos arames, e acabe
se enganchando.
Utilizar arames resistentes e aumentar
vigilância, inclusive para diminuir o
risco de perda de animais enroscados.
- Mochar seus animais, preferivelmente
nos primeiros dias de vida, terminando
gradativamente com os animais de
chifre do rebanho. Os machos nem
precisariam ser mochados, pois antes
que seus chifres se transformem em
problemas, já terão sido abatidos.
10 - O bubalinocultor deve também saber
que existem animais que não se adaptam
a um determinado grupo, sendo
constantemente perseguido por vários
componentes do lote. É normal e
aceitável que o grupo rejeite, logo de
inicio, a introdução de um novo componente.
No entanto, se essa reação
não se amenizar dentro de algum tempo,
o animal rejeitado deverá ser retirado
daquele convívio.
(As vezes é um animal líder, com hábitos
de agredir novos componentes do
grupo, que deverá ser retirado do
plantel).
11 - Que devemos ficar sempre atentos.
Os búfalos não falam, mas podem se
comunicar conosco através de algumas
atitudes. Basta que estejamos
dispostos a entendê-los. Vejamos um
exemplo:
Aquele nosso lote de búfalos, confinado
a uma pastagem “rapada”, ao cair
da tarde, poderá postar-se ao lado de
uma cerca. Com essa atitude, esse grupo
de animais está querendo nos dizer
que assim como está, não dá pra
continuar. Deveremos saber
compreendê-los, tomando as devidas
providências...
(Nunca vivenciamos experiências com
uso de cercas eletrificadas no manejo
de búfalos).
15
PARÁ
APCB promove discussão
sobre bubalinocultura na
Assembléia Legislativa do
Estado do Pará
A APCB participou em 25/11/2004 de
sessão na Assembléia Legislativa do Pará
que tratou do desenvolvimento da
bubalinocultura paraense com a presença
do secretário executivo de Agricultura,
Francisco Victer.
O Estado do Pará possui o maior rebanho
de búfalos das Américas, com 1,5 milhão
de cabeças. No Brasil são 3,5 milhões
de cabeças. A produtividade destes animais
é de 4 a 5 litros de leite/dia, que representa
50% a mais que a produtividade do leite
bovino.
Durante a sessão, também foram apontadas
as qualidades da carne de búfalo que
tem 40% menos colesterol, 55% menos calorias,
11% mais proteínas e 12 vezes menos
gordura.
O trabalho de fomento a bubalinocultura
no Estado teve início em 1997, com a criação
da Associação Paraense de Criadores
de Búfalo (APCB). Desde então, este grupo
vem batalhando para melhorar a qualidade
genética dos animais, o preço e a divulgação
do búfalo.
De acordo com Francisco Victer, o Governo
do Estado vê a bubalinocultura como
uma atividade viável, por isso tem apoiado
o setor. Entre as propostas apresentadas
aos deputados pela APCB estão o incentivo
à agroindústria para beneficiamento da
carne e agroindústria de laticínios, incentivo
à pesquisa e inovação tecnológica e a
questão da tributação e incentivos fiscais.
Fonte: Sagri - Secretaria Executiva de Agricultura do
Pará - Notícias - Novembro 2004
http://www.sagri.pa.gov.br/noticias_novembro2004.htm
3ª Prova de Ganho de
Peso de Búfalos.
Melhorar o padrão produtivo dos búfalos
no Brasil é o objetivo de mais um
contrato de cooperação técnica entre a
Embrapa Amazônia Oriental e a Associação
Paraense de Criadores de Búfalos. O
contrato, que foi assinado pelo chefe ge-
MOSAICO DE NOTÍCIAS
ral da instituição, Jorge Yared, e pelo diretor
da APCB, Rolf Ericksen, vai viabilizar a
realização da “3ª Prova de Ganho de Peso
de Búfalos Murrah em sistema
silvipastorial e pastejo rotacionado intensivo
com suplementação alimentar”. Trata-se
de uma competição entre os melhores
animais de criadores da região e da
Embrapa, onde serão destacados um do
tipo elite e quatro do tipo superiores.
Durante a assinatura do convênio, Jorge
Yared ressaltou que a parceria da instituição
com a APCB é histórica na região e
que a pesquisa é feita para quem vai se utilizar
dela. O chefe geral falou ainda que a
pesquisa em bubalinocultura voltará a ocupar
o devido espaço dentro da empresa,
para isso já está sendo viabilizada a
contratação de mais profissionais dessa
área, bem como estabelecimento de novas
e fortalecimento de antigas parcerias.
Um dos diretores da Associação, o produtor
Rolf Ericksen, colocou a APCB à disposição
da Embrapa Amazônia Oriental e
disse que esse convênio é importante pois
estabelece com a prova de ganho de peso,
uma oportunidade de mostrar a
potencialidade do búfalo e disponibilizar
animais testados para a comunidade.
Durante período da prova, vinte e seis
búfalos serão acompanhados e avaliados
pelo desempenho de itens como altura, largura
da garupa, produção de sêmen e outras
características raciais. Eles serão observados
em sistemas silvipastoris de
pastejo rotacionado intensivo, com
suplementação alimentar.
De acordo com o pesquisador José de
Brito Lourenço Júnior, da Embrapa, que é
coordenador técnico da prova, após os 10
meses, os melhores animais terão o sêmen
coletado pela Central de Biotecnologia de
Reprodução Animal, da Universidade Federal
do Pará, para posterior
comercialização em outros estados brasileiros
e até mesmo em outros países da
América Latina, como Venezuela, Colômbia,
Argentina e Peru, para que se melhore o
padrão genético dos animais.
A “3ª Prova de Ganho de Peso de Búfalos
Murrah em sistema silvipastorial e
pastejo rotacionado intensivo com
suplementação alimentar” faz parte do projeto
“Biotecnias na Produção de Búfalos
Melhoradores para Carne e Leite”, coordenado
pela Embrapa Amazônia Oriental.
Genômica de Búfalos
O projeto genômica de búfalos tem
como interesse realizar investigaçõoes acerca
da estrutura e funções do genoma do
búfalo de rio. O projeto conta com diversas
parcerias nacionais e internacionais onde
destacam-se colaborações com o Campus
de São José do Rio Preto da Universidade
Estadual Paulista, o Departamento de Patologia
Veterinária da Texas A & M
University da College Station dos Estados
Unidos e o Instituto de Medicina Veterinária
da Georg August Universitat em
Gottingen, Alemanha.
O projeto, com o título “O genoma funcional
do búfalo: a biotecnologia aplicada
à localização e expressão de genes de interesse
econômico” é liderado pela pesquisadora
Maria Paula Cruz Schneider da Universidade
Federal do Pará e conta com
aporte de R$ 239.900,00 do CNPq
Fonte: site CNPq - Pronex
Programa de Incentivo
Foi aprovado no Conselho Estadual de
Desenvolvimento Rural Sustentável o
“PROGRAMA DE INCENTIVO A CRIA-
ÇÃO DE BÚFALOS POR PEQUENOS PRO-
DUTORES”, para criação de 20 búfalas, um
reprodutor e 17 crias, em área de pastagem
de 10 ha, em regime de pastejo rotacionado
intensivo e cercas eletrificadas, em sistema
silvipastoril. O Programa será financiado
com recursos do PRONAF - Programa Nacional
de Agricultura Familiar, através de
Instituições de Crédito da Rede Pública, tais
como o Banco da Amazônia S.A - Basa,
Banco do Brasil S.A - BB, no valor de R$
25.000,00 (vinte e cinco mil reais). A taxa de
juros efetivos será de 4% ao ano e bônus
de adimplência de 25%, para os mutuários
que pagarem integralmente, até a data do
respectivo vencimento. Serão necessários
dois avais idôneos, sendo um da Cooperativa/Associação
e outro do(a)
cooperado(a)/associado(a)/beneficiário(a).
Estarão aptos a obter o financiamento, pequenos
produtores do Estado do Pará, que
tenham a posse ou propriedade de um lote
agrícola mínimo de 25 ha, preferencialmente,
com pelo menos 10 ha de pasto, possuam
experiência no manejo de gado e este-
17
jam localizados em regiões onde existam
usinas de beneficiamento de leite. Outra
possibilidade é a aquisição e implantação
de mini usinas de beneficiamento, através
de Associações de Produtores, as quais,
também, poderão ser financiadas pelo Programa.
Maiores informações Associação Paraense de Criadores
de Búfalos - APCB - Avenida Almirante Barroso, 5386 -
Parque de Exposições - Entroncamento.
Fone: (0xx91) 243.3373
18
AMAZONAS
Laticinio Vô Batista
O laticínio Vô Batista, passou a processar
em média 700 lts de leite dia, segundo o
Dr. José Rogério a fazenda Porangaba produz
em torno de 250 lts e o restante é adquirido
na bacia leiteira de Itacoatiara.
A fabricação de minas frecal e mozzarella,
são os principais produtos da empresa, que
atende diversos segmentos de mercado em
Manaus.
Fonte: José Rogério
Demanda aquecida
Segundo o bubalinocultor Francisco
Oliveira, é notório o crescimento da procura
de matrizes bubalinas e por sub produtos
desta espécie. No município de
Autazes, sede da fazenda União, a oferta
não atende a demanda, sendo necessário
adquirir gado no baixo Amazonas ou no
estado do Pará.
Fonte : Francisco Oliveira
Inseminação Artificial
Na fazenda Carabao, aconteceu mais
uma visita técnica do pesquisador Pietro
Baruselli, que conferiu o resultado do 3o
ano do programa de I.A. Segundo o Dr.
Pietro, a Carabal vem obtendo resultados
semelhantes aos das melhores fazendas
de SP, o que mostra que esta técnica é
viável na Amazônia. Nesta oportunidade
houve a participação de profissionais da
SEPROR, de alunos e criadores. Foi comunicado
aos participantes a chegada do
sêmen dos touros Mallandrino III, Jafar e
Capovila, elevando para 14 o número de
touros disponíveis.
Houve também a inauguração do novo
laticínio da marca Di Bufalla, contando com
modernos equipamentos da SULINOX e
com treinamento do mestre queijeiro Paolo
Mortero, de Cagliari-Itália e do técnico do
IDAM, Sr. Nailson Vizolli.
Fonte: Rodrigo B. Pinheiro
PERNAMBUCO
Ricardo Rodrigues assume
a Secretaria de Produção
Rural de
Pernambuco
O presidente da Associação de
Bubalinocultores de Pernambuco,
(ASBUPE), diretor para o Nordeste da
ABCB e presidente e da Sociedade Nordestina
dos Criadores (SNC), Ricardo
Rodrigues, foi nomeado pelo Governador
Jarbas Vasconcelos para assumir o cargo
de Secretário de Produção Rural de
Pernambuco.
Em função de suas novas atribuições, a
organização do 3º Encontro Nacional de
Bubalinocultores, previsto para o período
de 15 a 17 de Outubro de 2.005 em Recife-
PE passa à responsabilidade do Zootecnista
e Técnico da ABCB Rafael Vargas, juntamente
com UFPE.
MINAS GERAIS
O búfalo marca presença
na 1ª SuperAgro
Buscando marcar o início de uma nova
fase no calendário de eventos de agricultura
e pecuária em Minas Gerais, contando
com apoio do governo mineiro e diversas
entidades representativas da iniciativa privada
foi programada a 1ª Superagro, para o
período de 02 a 05 de junho de 2.005 no
complexo da Gameleira em Belo Horizonte
em que concomitantemente à 45ª Exposição
Agropecuária, estão sendo programados
diversos eventos paralelos tais como a
Expocachaça, além de cursos, palestras,
workshops e ainda uma mostra dos princi-
pais produtores de bens de consumo duráveis
e outros segmentos industriais.
Num evento que espera atrair um público
de mais de 100 mil pessoas, os búfalos
mais uma vez deverão marcar sua presença
num Estado em que a bubalinocultura vem
apresentando uma das mais expressivas taxas
de crescimento do país, sendo sua participação
coordenada pelo criador Mauricio
Lapertosa, da Fazenda e Laticínio
Belcon. Durante a mostra está programado
um leilão de bubalinos oferecendo novilhas
e reprodutores de aptidão leiteira no último
dia da mostra.
Associação Mineira promove
mais um Encontro
Regional
A AMB, dentro de seu programa de difusão
da bubalinocultura no Estado, e com
apoio do Núcleo de Bubalinocultura da
Escola de Veterinária da UFMG, realizou no
último dia 30/04/05 mais um Encontro de
Criadores, desta vez na Fazenda
Cachoeirinha localizada em Cachoeira da
Prata - MG, de propriedade do Sr Domicio
Maciel e contou com a participação de 80
pessoas, sendo 30 estudantes e 50 criadores
de várias regiões do Estado, tais como
Brumadinho, Araxá, Montes Claros e da
Região Metropolitana de Belo Horizonte.
No Encontro, além da visita à propriedade
foram realizadas as seguintes palestras:
Situação atual da bubalinocultura mineira
(Profa Dra Simone Koprowski
Garcia - EV-UFMG)
Convênio AMB / EV-UFMG (Profa Dra Denise A. A. de Oliveira - EV-UFMG)
Nutrição da búfala em lactação com
parâmetros italianos (Dr. Eduardo
Bastianetto - Médico Veterinário, AMB)
O convênio de cooperação técnico científica
da AMB com a EV-UFMG deverá
ser assinado nas próximas semanas. Já estão
sendo realizadas algumas pesquisas
nas áreas de genética, sanidade animal e
caracterização dos produtores nas propriedades
de alguns dos associados.
Fonte: Eduardo Bastianetto Diretor de Informatização,
Comunicação e Eventos da AMB
Projeto Búfalo
Major Júlio César e Revista Segurança e Defesa
Uma das primeiras preocupações do
CIGS (Centro de Instrução de Guerra
da Selva) era resolver a questão
do transporte de armas, munição, água, rações
e outros equipamentos por frações de
tropas empenhadas em guerra de selva.
Na busca de um meio de transporte eficiente
e de baixo custo para o ressuprimento
nas operações na selva, tentou-se a utilização
de animais de carga ou que pudessem
ser adestrados para esse fim. Uma das primeiras
tentativas foi com a utilização de uma
anta, criada desde cedo no zoológico do
Centro com este fim, colocando-se cangalha
e administrando-se pequenos pesos em
cestos que eram fixados em seu lombo. Conforme
relatos obtidos com o Sr João, mateiro
do CIGS, esta idéia não foi concretizada
porque o animal reagia e saía pinoteando
dentro do seu recinto no zoológico.
Outra tentativa, também frustrada, mas
que começou a demonstrar a validade do
conceito da utilização de animais, foi executada
a partir de 1983 com a utilização de
muares carregados com cerca de 60 Kg de
suprimentos, montados sobre cangalhas
confeccionadas com palha. O “Seu João”
participou do trabalho e, segundo ele, o
muar não passou do primeiro socavão devido
à existência de um acentuado
chavascal a cerca de 800 metros da base.
Neste lugar, o animal empacou e não quis
sair do local. O projeto foi abandonado pela
inaptidão do animal para o ambiente de selva,
tendo apresentado também sérios problemas
com o apodrecimento de cascos e
doenças de natureza epidérmica.
Mais recentemente, no ano de 2000, a
Divisão de Doutrina e Pesquisa desenvolveu
outro Projeto, empregando-se a bicicleta
para o transporte de carga. Esta idéia
surgiu a partir do estudo de técnicas especiais
de ressuprimento utilizadas pelos
vietnamitas na guerra contra os EUA, no
final da década de 60 e início da de 70 onde
a fisiografia da selva possibilitava a abertura
de trilhas e o largo emprego da mão de
obra farta e barata, daquele país.
Devido ao grande esforço físico
dispendido pelo homem para empurrar a bicicleta,
ela não foi aprovada como sendo uma
opção para a logística no interior da selva.
Em 2000, teve início com o Projeto
Logístico 2–Técnicas especiais de
Ressuprimento nas Operações na Selva o
emprego do búfalo, a partir de um trabalho
20
de pesquisa que visava minorar as dificuldades
de transporte de cargas no interior
da floresta.
A idéia de se empregar o búfalo partiu
de um cartão postal. Neste cartão se retratava
a utilização do animal para fins de
patrulhamento pela 5ª Companhia Independente
da Polícia Militar na cidade de Soure,
na ilha do Marajó- PA.
Já criado com sucesso na Amazônia em
pelo menos quatro raças, o búfalo é rústico
e possui diversas características que foram
ao encontro das necessidades militares para
o emprego de animais.
Recursos Materiais
Empregados
No início do Projeto, o objetivo primordial
era domesticar os animais, passando
para eles condições que viessem a facilitar
o cumprimento das metas estabelecidas na
Proposta de trabalho apresentada ao CMA.
Desde a fase inicial, foi buscado o desenvolvimento
de um colete que pudesse
acondicionar o material que iria ser carregado
ou seja, no primeiro momento era
fundamental que o animal se acostumas-
se com algo sobre o seu lombo. Para tanto,
foi desenvolvido um tipo de colete
denominado pela equipe como “colete
tático transportador”.
Com o andamento dos trabalhos, houve
a necessidade de aprimoramento destes
materiais. A cada nova investida na selva,
uma nova idéia surgia e era aplicada de imediato.
A última versão do colete tático transportador
foi aplicada na Operação Búfala
Aérea, com resultados bastante
satisfatórios. Este material foi uma importante
alteração realizada porque passou a
facilitar a montagem e desmontagem dos
bolsos nos coletes. Vários tipos foram testados,
permitindo se chegar a um modelo
ideal para os trabalhos.
O búfalo tem demonstrado ser uma das
soluções para as necessidades das tropas de
selva brasileiras, devido à resistência do animal,
sua adaptação ao ambiente e, principalmente,
à sua capacidade de transportar 400
kg ou mais de carga no lombo, ou até três
vezes isso quando tracionando carroças.
Por ser um animal que não exige pasto
de qualidade pode ser criado em pequenos
rebanhos, comendo aquilo que a selva oferece.
Em operação com a participação da
Marinha, Exército e Força Aérea foram testadas
todas as possibilidades de utilização
dos búfalos: integrados às atividades militares,
realizaram travessia de cursos d’água,
infiltração através da selva e transporte de
peças de artilharia.
A utilização desses animais ainda pode
proporcionar, em situações de crise, um
“estoque” de carne fresca para as tropas
empregadas na selva, da mesma maneira
como era utilizado o gado nas antigas expedições
de nossos Bandeirantes.
Um búfalo da raça Mediterrâneo equipado com o colete especialmente desenvolvido pelo CIGS para o
transporte de suprimentos diversos. O animal, equipado com este colete, suporta o seu próprio peso em carga, ou
cerca de 400 kg (Foto: CIGS).
CONSANGUINIDADE
Otavio Bernardes - SP (Baseado em monografia de William Koury Filho - Zootecnista - william@brasilcomz.com)
Cada animal possui no núcleo de suas
células diversos cromossomos
agrupados em pares, formados por
estruturas denominadas DNA. As “unidades
básicas” do DNA, responsáveis pela
expressão das características do indivíduo
são denominadas genes, que,
simplificadamente seriam “um pedacinho do
DNA”, cuja localização é denominada locus.
Certas características dos indivíduos são
dependentes de um único par de genes (cor
dos olhos, por exemplo) localizadas do mesmo
locus dos pares de cromossomos, já
outras, dependem de uma combinação de
diversos genes (produção leiteira por exemplo).
Na reprodução, cada animal recebe
50% de seus genes do pai (espermatozóide),
e 50% dos genes da mãe (óvulo).
Num acasalamento de dois indivíduos,
quanto mais aparentados forem eles,
maiores as chances de que seus descendentes
possuam um percentual maior de
genes idênticos (homozigose), que seriam
cópias do gene presente no ancestral em
comum e que se transmitem aos filhos,
ocorrendo o inverso, quanto menos forem
aparentados os ancestrais em comum
(heterozigose). Lembremos que todos os
animais dentro de uma população têm alguma
relação entre si posto que descenderam
em algum lugar e em algum momento
de algum ancestral em comum.
A fim de avaliar o “grau de parentesco”
ou probabilidade de existência de genes em
comum com seus ancestrais foi definido um
coeficiente de consangüinidade ou de
endogamia que é a metade do grau de parentesco
entre os pais do indivíduo, expresso
em porcentagem e é medida pelos ancestrais
em comum que o mesmo possui de
forma que quanto mais aparentados forem
os ancestrais, maior a endogamia no seu
acasalamento e portanto, maiores as
chances de possuir genes idênticos ao dos
ancestrais comuns.
Exemplo de alguns acasalamentos
endogâmicos e seus respectivos coeficientes
de endogamia:
22
Teoricamente uma maior freqüência de
genes idênticos responsáveis por características
positivas (produtivas, por exemplo)
num indivíduo é um dos objetivos do processo
de melhoramento dos rebanhos, assim,
pareceria lógico que se acasalássemos
indivíduos de alta produtividade aparentados
entre si teríamos maiores chances de
obtermos uma progênie igualmente mais
produtiva.
RAZOOK (1977), em um amplo trabalho
de revisão, relata a utilização da endogamia
até mesmo para formação de raças de corte
e leite de valor indiscutível, como Hereford,
Shorthorn, Holstein-Friesian e outras, terminando
por dizer que a mesma
consangüinidade deve ter tido um papel
bastante significante na formação das raças
zebuínas.
Ocorre porém, que, com a maior
consangüinidade, também os genes “negativos”
presentes nos ancestrais se apresentariam
com maior freqüência nos descendentes.
Ou seja,a endogamia em si, não
produz genes deletérios ou que causem
anomalias congênitas, mas, se presentes
nos pais, podem levar a um aumento de sua
freqüência nos descendentes em
homozigose (genes idênticos no mesmo
locus dos pares de cromossomos) e, algumas
doenças somente se manifestam quando
em homozigose, como a acondroplasia,
a agnatia,; cabeça Bulldogue ou
prognatismo; hérnia cerebral, espasmos letais
congênitos; catarata congênita; membros
curvos; epilepsia; lábio leporino;
alopecia, hidrocefalia, hipoplasia de ovário
ou testículo, espinha curta; hérnia umbilical,
cauda torcida, entre outras, sendo algumas
delas letais.
Problemas que surgem com a utilização
da endogamia que são letais ou semiletais
são facilmente identificados, mas pequenos
“problemas” que na verdade são combinações
gênicas desfavoráveis, não são facilmente
identificados, e estas combinações
indesejadas ocorrendo no indivíduo, leva
ao que se conhece por depressão
endogâmica, pela qual, a partir de um certo
grau de consangüinidade ao invés de observarmos
uma melhora das características
presentes nos pais, observa-se uma redução
nas mesmas.
Vários são os estudos em que se de-
monstram perdas por depressão
endogâmica, como o de SMITH et al. (1998),
que trabalharam com vacas holandesas, e
calcularam que para cada 1% de aumento
no coeficiente de endogamia, houve perda
aproximada de 37 kg de leite, 1,2 kg de gordura,
1,2 kg de proteína por lactação, além
da idade ao primeiro parto ter aumentado
em 0,4 dias, o intervalo entre partos em 0,3
e a vida produtiva diminuído em 13,1 dias.
SCHENKEL et al. (2002), trabalhando com
arquivos da ABCZ, estimaram que, na média
das raças zebuínas, para cada 10% de
aumento na endogamia individual, o ganho
médio diário ajustado para 205 dias e o para
550 dias foram reduzidos em 1,7% e 2,1%
em relação a média da população estudada.
Baseado na literatura, pode-se dizer grosseiramente
que a cada incremento em 10%
no coeficiente de endogamia, há depressão
de 2% a 7% nas características de vigor,
produtivas e reprodutivas. JOHANSSON &
RENDEL (1968), mencionam trabalhos norte
americanos a respeito da influência da
consangüinidade que apontam para perdas
em características reprodutivas e de vigor,
e que relatam a ocorrência de uma mortalidade
embrionária 15% mais alta, no caso de
vaca consangüínea, e ainda maiores, quando
a vaca consangüínea foi acasalada com
touro aparentado com ela própria. Outro
resultado bastante expressivo, foi o de 36%
de prenhes diagnosticada de touros consangüíneos
acasalados com vacas consangüíneas,
contra 65,7% entre acasalamentos
de animais não aparentados e não-consangüíneos.
Por outro lado, certas características
produtivas melhoram em indivíduos com
baixos níveis de consangüinidade
(heterose ou “vigor híbrido”) em decorrência
das combinações gênicas favoráveis,
conseqüência do aumento de genes em
heterozigose. Esse aumento em desempenho
é somente, parcialmente transmitido às
futuras gerações, e é conseguido principalmente
com um acasalamento bem sucedido
A natureza é sábia, e com este tipo de
mecanismo permite uma maior sobrevivência
de indivíduos não consangüíneos, mantendo
assim uma maior variabilidade genética
nas espécies, dificultando que as mesmas
possam vir a se extinguir devido à falta
de adaptação a alguma adversidade do ambiente.
A despeito de ser possível a utilização
da endogamia no processo de melhoramento
JOHANSSON & RENDEL (1968), citados
por RAZOOK (1977), trabalhando com
rebanhos consangüíneos e posteriormente
cruzando as diferentes linhagens em gado
Holandês concluem que: “A imprevisibilidade
da consangüinidade em rebanhos
de diferentes origens, a tendência a uma
redução da eficiência produtiva e a falta de
uniformidade na “performance” de indivíduos
consangüíneos desencorajam o desenvolvimento
de linhagens consangüíneas
como meio geral para melhoramento do
gado leiteiro. O desenvolvimento e a manutenção
de linhagens consangüíneas será
muito oneroso e o cruzamento de tais linhagens
pode não favorecer indivíduos claramente
superiores a indivíduos provenientes
de cruzamento com outros rebanhos
exteriores não consangüíneos.”
O fato é que a endogamia acarreta em
perdas produtivas e reprodutivas, porém
trabalhar linhagens em moderados níveis
de parentesco de um ancestral provado,
pode ser uma boa opção para imprimir características
desejadas de uma determinada
família.
Em função disso, a recomendação geral
nos processos de melhoramento dos rebanhos
tem sido a de se buscar acasalar animais
de alto potencial produtivo, porém,
com o menor coeficiente de endogamia possível,
visando aumentar nos descendentes
a presença de genes responsáveis pelas
características que se busca (raciais, produtivas,
de conformação, etc.) ao mesmo
tempo em que se evita a referida “depressão
endogâmica” e paralelamente se consegue
obter algum grau de heterose.
Modernos métodos de avaliação genética
e aplicáveis a grandes contingentes
populacionais (como o BLUP-modelo animal),
têm permitido a identificação dos indivíduos
de melhor potencial genético para
uma determinada característica ou grupo de
características almejadas, e são expressos
em índices como BV (Breeding Value), PTA
(habilidade de transmissão), DEP (desenvolvimento
esperado na progênie) de expressão
quantitativa e que permitem “classificar”
os animais em função das caracte-
rísticas avaliadas e costumam ser divulgados
nos tradicionais “rankings” e “sumários”.
As modernas biotecnologias de reprodução
(inseminação artificial, transferência
de embriões, e quem sabe até mesmo a
clonagem no futuro) e sua popularização,
têm permitido a rápida multiplicação de um
determinado indivíduo o que vem ocorrendo
em nosso meio por exemplo em zebuínos
onde se busca multiplicar os animais melhores
classificados nos sumários.
Uma das conseqüências são resultados
preocupantes como os publicados por FA-
RIA et al. (2001), que observou que, no
período de 1994 a 1998, apenas 10 touros
foram pais de 19,3% dos animais da raça
Nelore nascidos no Brasil e, ainda que o
aumento de consangüinidade por geração
na raça tem sido da mesma magnitude da
que se observaria em uma pequena população,
constituída de 34 machos e 34 fêmeas
acasalando-se ao acaso e deixando um
casal de filhos cada.
A bubalinocultura brasileira, ainda que
por motivos diversos tais como: baixo volume
de importações, pequena quantidade
de rebanhos sob controle zootécnico, baixo
intercâmbio comercial inter-regional, etc
potencialmente tem os mesmos problemas
descritos para os zebuínos. Numa fase inicial,
principalmente a partir das décadas de
70-80, despertou-se enorme interesse entre
os criadores na busca de animais com padrões
raciais bem definidos, o que mais facilmente
era obtido com a utilização de animais
descendentes dos importados originais
e suas progênies, a quem se denominam
“POI”, que quantitativamente, eram em
reduzidíssimo número, resultando que rebanhos
que buscavam se fechar em tais linhagens,
certamente possuem alto grau de
endogamia.
As raras importações de material genético
principalmente a partir da década
de 60 ( sêmen da Bulgária e da Itália, e
alguns poucos exemplares italianos), a
despeito de terem sido muito pouco utilizadas
em nosso meio, também provinham
de rebanhos com elevado grau de
consangüinidade (na Itália, por exemplo,
há séculos não existe a introdução de animais
de outros países e os dois animais
com sêmen búlgaro introduzido no país
eram filhos da mesma mãe).
A dificuldade de utilização de animais
“puros” porém acabou favorecendo os
acasalamentos visando formações raciais
por “absorção”, passíveis de registro em
Livro Aberto (LA) e após algumas gerações,
reconhecidos como puros o que, se por um
lado acaba gerando animais com menor
repetibilidade de características em suas
progênies para perfeito enquadramento nos
padrões raciais admitidos, por outro lado,
carregam menor dose de consangüinidade,
o que evita seus efeitos depressivos nas
características de interesse econômico.
Em trabalho apresentado no Congresso
das Filipinas em 2004, Ramos et al. aferiram
os efeitos de depressão endogâmica
na produção leiteira de búfalos no Brasil,
concluindo que a mesma ocorre quando o
coeficiente de endogamia ultrapassa 6-7%,
conclusão de certa forma concordante com
trabalho de Vasconcelos que em rebanho
com coeficiente médio de consangüinidade
de 6%, não havia observado depressão da
produção leiteira atribuível a tais níveis de
consangüinidade,
Infelizmente no Brasil são ainda pouco
comuns propriedades que submetam seus
rebanhos a controle zootécnico e
genealógico resultando daí que, na elaboração
de avaliações de potencial genético
produtivo, somente uma pequena parcela
do rebanho tem sido avaliada utilizando-se
as técnicas hoje disponíveis o que, se persistindo,
acabará por identificar poucos
animais de mérito superior e conseqüentemente,
uma superutilização dos mesmos e
com conseqüente aumento da
consangüinidade de nossos rebanhos, tendência
já constatada no trabalho de Ramos
e que, a exemplo dos zebuínos, poderá se
transformar num problema.
Acreditamos que a diversidade de nosso
“rebanho de base”, formado principalmente
por animais mestiços e LA, caso despertem
os criadores para a necessidade do
controle zootécnico e genealógico de seus
rebanhos, permitiria que identificássemos em
maior quantidade indivíduos de mérito produtivo
superior e não consangüíneos, reduzindo
tal problema em potencial.
23
Carne de Búfalo: Cadê Você ?
Existe uma situação verdadeiramente
constrangedora, que deixa todo e
qualquer bubalinocultor de “saia
justa”. É quando freqüentemente lhes solicitam
informações a respeito dos pontos
de venda onde a carne de búfalo pode ser
encontrada. Esse mal estar decorre do fato
de que na esmagadora maioria das vezes,
nem ele nem ninguém sabe responder essa
pergunta, por um motivo tão simples quanto
inadmissível. É que o búfalo, quando
embarca da fazenda rumo ao frigorífico, imediatamente
se transforma em boi!
Não interessa entrarmos em divagações
para sabermos se o consumidor está comprando
gato por lebre, ou lebre por gato.
Pouco importa se o produto que o mercado
está lhe impingindo é de melhor ou pior
qualidade. Basta darmos conta de que essa
prática vem desrespeitando um dos mais
básicos direitos do consumidor, que é possuir
verdadeiro conhecimento daquilo que
está adquirindo.
Esta prática transformista, também trás
como conseqüência, a desvalorização dos
búfalos perante a opinião pública, e o inevitável
desmerecimento dos seus criadores,
na medida em que é interpretada de imediato
e pejorativamente, como maquiagem utilizada
para comercializar um produto de
qualidade inferior.
Sobram aos bubalinocultores, além do
constrangimento a que já nos referimos, a
notória posição de inferioridade, presente
na hora da comercialização dos seus animais,
sem identificação, anônimos,
apócrifos!
Se vender búfalo por boi é um desrespeito
ao consumidor, e prejudica financeiramente
o bubalinocultor, então porque
isso é feito?
Podemos facilmente ressaltar 2 fortes e
determinantes motivos:
1 - Com “perdão da palavra” e não querendo
faltar com o devido respeito, não
podemos nos furtar a colocar a primeira
culpa, no colo de Deus ! (Será que
Deus tem colo ?) Explicamos melhor:
Se nosso pai todo poderoso, ao criar o
búfalo, tivesse tido a simples idéia de
fazê-lo com gosto de búfalo, bem diferente
do gosto do boi, nada disto estaria
acontecendo. Da mesma forma que
ninguém pensa vender porco por carneiro,
nem peixe por galinha, ninguém
ousaria tentar vender búfalo por boi
ou boi por búfalo....
2 - A segunda culpa
cabe à uma das mais
inexoráveis leis do
mercado, qual seja a
exigência da tão
famigerada quanto
importantíssima escala
de produção!
O “tamanho” da escala
varia com o tempo, com
os processos e sistemas
produtivos, logísticos,
etc. Algumas rápidas lembranças
práticas e corriqueiras,
da evolução sofrida
nos últimos 40 ou 50
anos, pela pecuária de corte
paulista, nos ajudam no
entendimento dessa questão:
Naquele tempo, todo gado era transportado
“tocado por terra”, por peões à cavalo
ou burro. Soa engraçado, mas era assim
que se falava : “tocado por terra” – como
se também pudesse ser “tocado por ar”....
Os bois tinham vida longa, viviam pelo
menos o dobro do que hoje. Também pudera
! Sem qualquer “genética”, muito menos
manejo, nasciam nos cerrados de Goiás ou
Mato Grosso, antes do advento das
brachiarias, e viviam na estrada, viajando...
Na desmama eram levados “por terra”, muitos
e muitos pousos adiante, para serem
recriados. Após recria, algumas aftosas
contraídas e vários outros pousos adiante,
eram engordados, para fazerem sua última
viagem, também “por terra”, até o frigorífico.
Se passassem de 15 @ no gancho, seus
invernistas contavam a façanha a seus amigos,
com os peitos inflados de orgulho. Suas
carcaças serviam aos varejistas dos grandes
centros urbanos enquanto os açougueiros
das pequenas cidades interioranas,
tinham de abastecer seus estabelecimentos
com vacas velhas ou bois de “frieiras”
adquiridos dos fazendeiros locais. Se os
bichos fossem razoavelmente mansos e
saudáveis, seguiam “por terra”, até os matadouros
municipais, se eram fracos ou
muito ariscos, eram mortos no local de origem,
debaixo de uma árvore “ajeitada” para
essa finalidade.
Tais açougueiros conseguiam sobreviver
abatendo, picando e vendendo, apenas
2 ou 3 cabeças por semana, e por total ausência
de escala, eram desprezados os couros,
miudezas, etc.
Hoje o panorama visto da ponte é outro:
Os pequenos varejistas fecharam suas
portas, por falta de escala.
Os matadouros municipais estão se tornando
obsoletos, sem utilização, por falta
de escala. Aqueles açougueiros medianos,
que comercializam 10 ou 12 cabeças por
semana, e que ainda não cerraram suas portas,
preferem adquirir suas carcaças diretamente
dos frigoríficos, por serem mais baratas
e de qualidade superior. Motivo: Simplesmente
porque os frigoríficos trabalham
com escala de produção, e isso lhes propiciam
agregar valor a todos sub produtos
dos animais, como couros, vísceras, etc.
Essa agregação de valor aos sub produtos,
chegou a tal ponto, que frigoríficos prestam
serviços de abate, totalmente “gratuitos”,
pagando-se exclusivamente com eles.
Mais que isso : alguns frigoríficos ainda
oferecem, por conta dos sub produtos, o
transporte para o gado que será abatido,
desde que dentro de um raio de até 100 km.
Tudo isso é simples “milagre” da tal
escala de produção!
Após estas rápidas reminiscências e
constatações, fica claro que o búfalo, no
terreno das “escalas” exigidas pelos grandes
frigoríficos, sempre levará desvantagem
com o boi. A falta de escala atrapalha até na
hora do abate, pois o magarefe tem que improvisar
o ato, se utilizando de um instrumento
projetado e concebido para bovinos,
de diferente anatomia. Se na hora em que
as carcaças são comercializadas, desgraçadamente
vira tudo farinha do mesmo saco,
com o couro não dá pra agir assim, e a falta
25
de escala também acaba complicando. A velocidade
com que cresce a exigência de escala
no mercado, sempre será maior que a
velocidade de crescimento do rebanho
bubalino.
Resta ao búfalo encontrar e construir
sua própria cadeia de carne no mercado, a
qual a nosso ver, deve ser distante, isolada
e apartada dos grandes frigoríficos. Méritos
não lhe faltam, pelo contrário, sobramlhe,
testemunhados por seus fantásticos
índices produtivos, e pela saudável riqueza
de sua carne.
É nessa humilde e persistente luta, que
muitos bubalinocultores estão se empenhando
em diversas regiões brasileiras, a construir
cadeias de carne bubalina, capazes de
driblar a famigerada falta de escala. Todos,
indistintamente, merecem nosso aplauso,
nosso apoio, extensivos àqueles, que motivados
por circunstâncias diversas, já encerraram
suas atividades, por eles terem igualmente
contribuído e participado de maneira
importante, na evolução e formatação das
cadeias viáveis da carne bubalina.
Vejamos algumas dessas iniciativas:
Comecemos por narrar as experiências
vivenciadas por João Ghaspar de Almeida e
Manoel Osório L. de Almeida,
bubalinocultores em Uruguaiana – RS, na
segunda metade dos anos 90. Durante cerca
de 5 anos eles mantiveram uma parceria comercial
com a empresa Wessel, de São Paulo,
atuante na área de carnes nobres especiais.
Após várias experiências iniciais, concluíram
que os búfalos super jovens geravam
produtos de maior aceitação aos clientes
daquele tipo de comercio de carne, e assim
sendo a parceria baseou-se nesses animais.
Os mesmos eram abatidos, quase sempre
na desmama, em frigoríficos próximos
ao criatório, e suas carcaças eram enviadas
quinzenalmente para São Paulo. Os preços
eram pré-estabelecidos, e válidos por longos
períodos. Para poder manter a regularidade
nos fornecimentos,
os produtores,
tinham que
congelar parte das
cargas na safra,
para entregá-las na
entressafra. Essa
parceria só foi interrompida,quando
foram criadas
barreiras sanitárias
que impediram o
envio de carne gaúcha
para outros
estados, em razão
do surgimento de
26
focos de aftosa na região.
Desse trabalho intensamente vivenciado,
sobraram algumas firmes conclusões que
João Ghaspar faz questão de citar:
1 - O produtor de búfalos para carne, é
normalmente um apaixonado por
aquilo que faz, e pelo animal que cria,
e acaba não obedecendo a mais elementar
das regras de comercio: Quem
manda e determina é o consumidor final,
que compra a carne de nossos
búfalos, cozinha, come, aprecia e decide
se tornará a comprá-la.
2 - Nosso cliente de restaurante não aceita
que o cardápio ofereça carne de
búfalo e o garçom diga que está em
falta, que não é época, etc.
3 - Se nosso produto é diferenciado, sempre
tem de agradar ao consumidor, por
isso todo cuidado é pouco ! Se o filé
de bovino não agradá-lo, poderá ter
sido por qualquer motivo, mas se descontentar
com o filé de búfalo comprado,
sua única conclusão é de que
carne de búfalo não presta.
4 - Não gaste seus recursos em promoção
se não tiver consistência de produção,
com desvio mínimo de qualidade e eficiência
de logística.
5 - Nosso produto tem um tremendo potencial
de diferenciação no mercado,
porém uma grande dificuldade é criar
alternativas para os cortes menos
nobres, pois a culinária brasileira é
cruel com anatomia animal, por ela
destinar a cada animal, apenas e tão
somente duas picanhas...
Foi também no RS que em 1998, surgiu a
Cooperbúfalo, aglutinando em torno dela
24 amigos e criadores de búfalos. Hoje, passados
7 anos de sua fundação, fazem parte
dessa instituição, 37 cooperados comprometidos
com a agenda anual que garante
regularidade de oferta para abate, de animais
de até 30 meses de idade, bem acabados,
com peso mínimo de 390 k.
Evaldo Canali, seu atual presidente faz
um rápido retrospecto da historia dessa
cooperativa:
A primeira providência, como não podia
deixar de ser, foi estabelecermos um
cronograma de fornecimento regular de
animais jovens e bem acabados, de forma
a garantir o abastecimento da
Cooperbúfalo durante o primeiro ano. A
seguir a cooperativa tomou para si as responsabilidades
inerentes a todas fases do
processo. Era ela quem comprava os ani-
mais dos associados, terceirizava o abate,
assumia a comercialização, a entrega, e
tudo o mais. As vendas eram realizadas
em diminuta escala, com os varejistas comprando
meio ou um animal de cada vez, e
para complicar ainda mais, todos queriam
receber seus pedidos na sexta feira.
Isso gerava um acúmulo de entregas em
um único dia, tornando impossíveis de serem
feitas com utilização de um só veículo.
Logo constatamos que as ditas carnes nobres
dos búfalos, para churrascos, eram
muito bem aceitas, mas os dianteiros começaram
a sobrar na câmara fria, obrigandonos
a comercializá-los por preços inferiores,
para não perdê-los. Os couros eram
salgados com o intuito de fazermos estoque
ou escala, para obtermos melhores preços.
Não deu certo, começaram a desaparecer
os couros por conta dos amigos do alheio...
Alguns problemas de inadimplência também
começaram a surgir.
A partir do segundo semestre de 2002,
percebemos que nossa pequena estrutura
não nos permitia continuar abraçando todos
elos da cadeia produtiva.
Mudamos nossa maneira de atuar. A
Cooperbúfalo continuou coordenando a
agenda de abate, controlando a qualidade
dos animais, inclusive comprando-os
dos cooperados, mas os revendíamos vivos
a um frigorífico/parceiro, o qual fazia
o abate, a comercialização, e todo o resto.
Hoje, reduzimos a participação da
Cooperbúfalo em todo processo, concentrando
nossas ações exclusivamente naquilo
que consideramos essencial. Apenas
controlamos a agenda e a qualidade dos
produtos que nossos cooperados
comercializam diretamente junto ao frigorífico.
Também intermediamos vendas de
búfalos vivos para uma rede de supermercados,
que se incumbe diretamente do abate
e das demais operações.
O faturamento da nossa cooperativa,
dessa maneira, tem sido suficiente para
cumprir com sua obrigação de pagar os
fretes boiadeiros, e manter-se em operação,
procurando estimular a produção e
a oferta de animais de qualidade para o
abate. Aos nossos cooperados procuramos
garantir o escoamento de seus produtos,
a preços justos de mercado, e sobretudo a
confiabilidade que nos faz permanecer
unidos.
Mais no interior do RS, na cidade de
Caçapava do Sul, com pouco mais de 20 mil
habitantes, o bubalinocultor Celestino
Goulart Filho, conhecido por Tininho, chamou
exclusivamente para si a responsabilidade
de fazer com que a carne de seus búfalos,
chegasse à mesa de seus consumidores,
como carne de búfalo.
Firmou parceria com um supermercado
local, assumindo o compromisso de lhes
fornecer semanalmente, machos ou fêmeas
bubalinas, de até 30 meses de idade, bem
acabados para o abate. Ambos, igualmente
se responsabilizariam pelas ações
promocionais, porém o supermercado, teria
de vender toda carne fielmente
identificada como de búfalo. O preço de
comercialização do kg vivo dos animais, ficou
estabelecido que seria 10% inferior ao
do vigente para bovinos, em razão do menor
rendimento de carcaça dos búfalos, e o
supermercado, por sua conta, terceirizaria
o abate.
Distribuiram panfletos pela cidade divulgando
os aspectos nutricionais da carne
de búfalo, outros tantos divulgando receitas,
foram visitadas academias de ginásticas,
geraram noticias no jornal local,
mandaram construir uns poucos cartazes e
o resultado veio em 18 meses: Criou-se na
cidade de Caçapava do Sul – RS, a cultura
do consumo da carne de búfalo. Tininho
afirma que todas essas despesas com promoções,
visando conscientizar a população
de uma pequena cidade do interior, são pequenas
e tendem a quase se anularem com
o tempo.
Hoje são abatidos de 2 a 6 búfalos por
semana, sendo que o consumidor paga por
essa carne, por enquanto, o mesmo que
pagaria se a mesma fosse bovina. “Por enquanto”,
porque Tininho afirma que “mais
adiante será mais caro”....
Outra afirmação do Tininho :
“Até 1998 criava Angus da melhor qualidade,
com todas tecnologias possíveis, e
nunca ganhei dinheiro, sempre puxando
recursos do bolso para sustentar a atividade.
Com o búfalo, há alguns anos, empato
os custos, pois estou em fase de ampliação
do rebanho, e tenho a previsão de começar
a ganhar dinheiro dentro de 2 anos.”
No Estado de Santa Catarina, iniciativas
recentes, da Acribúfalo, e de seus nú-
cleos regionais, (ver noticias neste boletim),
estão prometendo boas perspectivas
para o mercado da carne de búfalos, na
medida que essas diversificadas e inteligentes
ações promocionais da carne de búfalo,
tem despertado o interesse nos consumidores,
como também nos demais segmentos
da cadeia produtiva. Assim, vem se tornando
cada vez mais comum a carne de
búfalo ser oferecida em churrascarias, restaurantes
e em alguns estabelecimentos
varejistas, como é o caso do Supermercado
Supri Mais, o qual inclusive figura como
patrocinador de vários eventos bufaleiros.
Com algumas reflexões, somos levados
a concluir que o processo de formação das
cadeias de carne de búfalo que vem se formando
em Santa Catarina, difere da grande
maioria de cadeias do restante do país, onde
constatamos que a iniciativa de montagem
das mesmas, sempre partem ou partiram dos
próprios bubalinocultores. Ao contrário
dessa tendência quase uníssona que se
verifica no Brasil como um todo, em Santa
Catarina, parece que os “encabeçadores”
dessas cadeias, ao invés de
bubalinocultores, são varejistas,
abatedouros ou mesmo churrascarias que
tiveram seus interesses despertados para a
carne de búfalo, a partir de eficientes ações
de divulgação, empreendidas pelos criadores
de búfalos. Uma dessas felizes ações,
nasceu de uma discussão surgida entre o
gerente de uma churrascaria e o
bubalinocultor Arno Phillipi. Ao ouvir do
gerente que o consumidor não tinha interesse
pela carne de búfalo, Arno o desafiou
a promover uma “noite do búfalo”, onde
somente seriam servidas carnes de búfalo.
No evento de “casa cheia” foram servidas
além das carnes de churrasco, dianteiros
na panela, lingüiça e até torresmo de couro
de búfalo. O sucesso foi tão marcante que
a “noite do búfalo” vem se repetindo mensalmente
naquela churrascaria. De outra
feita, no almoço comemorativo do “Dia do
Médico” aquela meia dúzia de laboriosos
bubalinocultores catarinenses, liderados
pelo Arno, conseguiu que os organizadores
deixassem por sua conta o fornecimento da
carne que seria servida. Dessa forma, acabaram
vendendo seu “peixe”, ou melhor, sua
carne de búfalo, para os verdadeiros formadores
da opinião pública catarinense. Parece
estar se configurando em Santa
Catarina uma nova postura que vem dando
certo. Os criadores de búfalos, com seus
bem sucedidos eventos promocionais, atraem
a atenção e o interesse dos formadores
de opiniões bem como dos empresários que
queiram investir no setor, garantindo-lhes
o suporte necessário. Fato que ilustra bem
essa tendência diferente que ocorre em Santa
Catarina, é o recente interesse partido da
prefeitura do município de São José, em incluir
carne de búfalo na merenda escolar de
sua cidade.
No Estado do Paraná, algumas iniciativas
foram feitas no sentido de formação da
cadeia de carne de búfalo, amparando-se
na expressiva população bubalina existente
no litoral paranaense, bem próximo a
Curitiba, o que garantia boas vantagens
logísticas. Alô Guimarães Netto e Umberto
Natalli, foram os precursores nessas iniciativas,
e precederam Paulo Cleve do Bomfim,
ex presidente da ABCB, que atuou no ramo
de 1995 a 1998.
Paulo comprava os animais diretamente
dos produtores, abatendo-os no Frigorífico
Argus, em São José dos Pinhais, perto
de Curitiba. Os dianteiros eram
comercializados no atacado, como carne
bovina e os traseiros, diretamente em seu
estabelecimento varejista. Servia também
inúmeros restaurantes da capital
paranaense. Para as entregas contava com
um caminhão tipo baú, além de uma Kombi
e 8 motos de entrega. Por semana abatia
cerca de 60 búfalos. Encerrou suas atividades
em 1998, e aponta as principais razões
que o levaram a essa contingência :
1 - A pequena escala com que trabalhávamos
originava custos maiores, os
quais não conseguíamos repassar aos
consumidores por se recusarem terminantemente
a pagar mais caro pela
carne de búfalo.
2 - Com honrosas exceções, os criadores
de búfalos de nossa região, falhavam
constantemente com suas previsões de
terminação de seus animais, além de
pretenderem preços incompatíveis
com seus produtos, inclusive buscando
“empurrar” vacas velhas e magras
na carga. Era um calvário comprar
búfalos na idade e peso necessários.
27
3 - Diferentemente do queijo de búfalo,
que “pegou carona“ no marketing e
culinária italianos, a carne de búfalo
era e em parte continua sendo,
muito desconhecida.
No Estado de São Paulo, mais precisamente
na região de Marilia, Cláudio Ribeiro
vem tentando formar uma cadeia de carne
bubalina. Cadastrou os produtores da região,
chegando à conclusão que somados,
dariam conta de produzir 2 mil garrotes por
ano, o que corresponderia a cerca de 40
cabeças por semana. Além dos produtores,
contatou frigoríficos, supermercados e definiu
o tipo de animal que imaginou ideal.
Teria de ser jovem, entre 18 e 24 meses, estar
terminado e pesando cerca de 400 k.
Registrou a marca “Búfalo Precoce”, e ao
iniciar as primeiras negociações com os
segmentos “parceiros”, constatou as primeiras
dificuldades: “Querem tudo para
eles, e nada para nós...”
Assim, a pretensão inicial de Cláudio,
de vender carne de búfalo, por preços superiores
aqueles praticados para carne de
vaca, não foi satisfeita. Afirma que outras
razões estão impedindo esse objetivo, tais
como a grande oferta de carne vigente hoje
no mercado, além do antigo e conhecido
problema com a venda do couro de búfalo,
determinado pela pequena escala e oferta
irregular.
Cláudio chegou à conclusão de que “no
momento, nosso mercado interno, não tem
condições de absorver a carne de búfalo
por preços superiores aos que atualmente
são praticados”. Apesar das dificuldades,
vem procurando manter coesos os produtores
de sua região, e sugere uma saída : A
busca por mercados diferenciados, no exterior.
No momento, o bubalinocultor paulista,
Sergio Seixas, com propriedades em
Adamantina e Analândia, com capacidade
de produzir cerca de 380 animais jovens para
abate, por ano, vem tentando costurar algumas
parcerias visando à colocação de
carne de búfalo no mercado.
No Estado da Bahia, Getulio Soares
criou em 2003, uma pequena cadeia
mercadológica para colocação da carne de
búfalos “Búfalo Baby”, no mercado. Compra
animais recém desmamados, e os recria
e engorda em sua fazenda localizada em São
Sebastião do Passe, a apenas 60 km de Salvador.
No inicio, Getulio bancava todo o
processo, desde o abate, desossa, embalagem
a vácuo, e congelamento. Assumia
também a comercialização junto a uma rede
de delicatessen, promovendo degustação
28
entre clientes, distribuindo folhetos, etc.
Esse processo inicial, durou um ano e a partir
de 2004 foi alterado:
“Passamos a vender nossos animais
diretamente a empresa Tecnocarne, por
preços iguais aos vigentes para o boi, a
qual faz o abate e nos revende os cortes
nobres, já embalados com o selo da Búfalo
Baby, com os quais servimos restaurantes
da região, também aos mesmos preços
de carne bovina. A exemplo das carnes
nobres, compramos da Tecnocarne os
couros de nossos animais, os quais mandamos
curtir em curtume distante 200 km
de Salvador, comercializando a sola para
cabrestos, selas, arreios, loros, etc. Por enquanto,
nosso abate de búfalos resume-se
em 15 animais a cada 2 meses.
No Estado de Alagoas, outro que organizou
a seu modo a venda de carne de búfalos,
foi o bubalinocultor Alberto Couto.
Sua atividade principal é a produção de leite,
toda utilizada na fabricação de diversas
qualidades de queijos. Tem um ponto de
venda, denominado Búfalo Bill, bem próximo
à sua fazenda, nas margens da rodovia
BR101, em São Luiz do Quitunde, onde
comercializa além de seus queijos, a carne
de búfalos, e gama variada de embutidos
de sua fabricação, maximizando com um mix
variado, a agregação de valor à sua produção.
Seu ponto de venda já se tornou tradicional
em sua região, muito devendo seu
sucesso, ao rígido controle de qualidade
que Alberto impõe a seus produtos. Ele vem
adotando a estratégia de vender seus animais,
logo na desmama a um de seus vizinhos,
com a garantia de recompra quando
estiverem prontos para serem abatidos. Não
exercendo a atividade de engorda, alivia
suas pastagens, melhorando assim a produtividade
de leite em sua fazenda.
No Estado do Rio Grande do Norte,
Francisco Veloso empreendeu por algum
tempo a tentativa de colocar diretamente a
carne de búfalo, no mercado :
“Nosso projeto com búfalos iniciou na
Fazenda Tapuio em 2002, substituindo a
recria e engorda que fazíamos à pasto. No
final deste mesmo ano, começamos a produção
artesanal de queijos bubalinos, pas-
sando a colocá-los nas lojas onde tínhamos
relacionamento comercial, decorrente
da venda de ovos, ainda hoje, nossa principal
atividade. Com a chegada dos queijos
nas gôndolas dos supermercados, passamos
a ser cobrados também pela oferta de
carne, o que não fazia parte de nossos objetivos
iniciais. Nosso primeiro cliente foi o
Carrefour – Natal, onde eram
comercializados cerca de 5 a 7 búfalos, por
semana, sempre vendidos de forma casada,
ao preço CEPEA – ESALQ mais 5% para
carcaça fria. Fizemos tudo que estava a
nosso alcance para divulgação da carne
de búfalo: Baner’s, folder’s, abordagens, e
degustação de carnes todas às sextas e sábados.
Havia clientes fiéis, que procuravam
regularmente a carne de búfalo, mas
os custos elevados ocasionados pela pequena
escala, destacando-se os fretes semanais
de animais vivos para o frigorífico,
e das carcaças ao supermercado, bem como
a dificuldade de auferirmos preços justos
para os couros, acabaram por inviabilizar
o processo. Na mesma ocasião houve também
grande interesse manifestado pela rede
Bompreço, na compra exclusiva dos cortes
considerados nobres, mas as dificuldades
com a venda dos dianteiros, agravariam
ainda mais o processo.Quem sabe, em um
futuro próximo......”
No Pará, a criação do projeto do Baby
Búfalo, encabeçado e conduzido por Mario
Martins Filho, vem conseguindo
desmistificar o preconceito contrario que
existia, contra a carne de búfalo. Esse projeto
teve inicio em 1999, quando a APCB, através
do Próbúfalo, incentivou
bubalinocultores de Marajó, a trazerem seus
bezerros desmamados para o continente,
onde se conseguiria um melhor crescimento
e acabamento. Uma parceria foi firmada com
a rede dos Supermercados Nazaré, garantindo-lhe
a exclusividade na comercialização do
Baby Búfalo. O projeto foi alavancado através
de uma campanha publicitária junto aos
meios de comunicação, e para satisfazer a
demanda de carne por outros supermercados,
posteriormente foi criada a marca Novilho
Búfalo, que hoje é comercializada em to-
dos grandes supermercados de Belém.
Para resolver o problema de
comercialização dos dianteiros, foram feitos
testes e pesquisas visando a produção
de embutidos como salames e lingüiças,
com ênfase nos produtos light como lingüiça
e mortadela sem gordura. Para iniciar
a produção o maquinário já se encontra
adquirido, apenas estando se aguardando
a liberação da Inspeção Estadual.
O abate semanal vem totalizando cerca
de 120 animais, incluindo os Baby Búfalos
(18 a 24 meses) e os Novilhos Búfalos (24 a
36 meses).
Para atendimento aos criadores, a empresa
empreendedora dos projetos também
vem abatendo algumas búfalas de descarte,
cuja carne é vendida a preços inferiores,
juntamente com a maioria dos dianteiros e
costelas dos Baby Búfalos, como carnes
de bovinos, em 2 açougues na feira de
Icoaraci, que é a maior feira fixa do Brasil.
Os produtores estão sendo remunerados
pelos seus animais com pequeno
deságio de 5% em relação ao preço praticado
para os bovinos, mas pode se considerar
que houve expressivo avanço nessa
área, uma vez que esse deságio antigamente
era bem maior. O consumidor, por sua
vez, está pagando nos supermercados, pelos
cortes dos traseiros, cerca de 10% a mais
do que os iguais cortes bovinos, sendo que
para os cortes de dianteiros, os preços são
equivalentes aos dos bovinos.
Os empreendedores do projeto afirmam
que no momento, entre as maiores dificuldades
encontradas está o imprescindível incremento
na produção do Baby Búfalo, visando
redução dos custos de produção bem
como atender a crescente demanda pelo produto.
Segundo o diretor industrial, Carlos
Francisco Gouveia Neto, a maior dificuldade
enfrentada para o aumento da produção,
reside nas adversidades de algumas regiões
do Pará, que restringem a terminação do
Baby Búfalo, a apenas algumas épocas do
ano. Fora o problema dos dianteiros que se
espera esteja em via de ser solucionado com
a industrialização já mencionada, Neto afirma
persistir o do couro, uma vez que o insuficiente
volume vem determinando baixos
preços de venda ( R$ 0,70/kg ), enquanto os
dos bovinos alcançam ( R$ 1,70/kg ), sendo
que no mercado internacional os couros
bubalinos são cotados a U$ 0,80/kg ).
Está também nos planos da empresa, a
criação em local nobre, de uma butique de
venda de todos sub-produtos do búfalo, onde
a carne se faria presente, embalada em peque-
nas porções, satisfazendo clientes exigentes
e enobrecendo ainda mais o produto.
Finalizando, podemos concluir que a
carne de búfalo vem tentando chegar aos
mercados consumidores de muitos estados
brasileiros, por meio de vários caminhos, e
nós, criadores ou simples admiradores dessa
espécie, devemos respeitar e render nossas
homenagens a todos aqueles que se
envolveram nesse trabalho.
Vitoriosos ou não, eles fazem parte da própria
história da bubalinocultura brasileira.
29
TRAPALHADAS DA VIDA...
Jonas Camargo Assumpção - SP
Ofato desta segunda edição do
Boletim do Búfalo estar publicando
uma ampla matéria sobre várias iniciativas
de comercialização da carne
bubalina, faz com que eu aproveite essa oportunidade
para contar aos amigos leitores
minhas desastradas “incursões” nessa área.
Há cerca de 15 anos atrás, pensando em
abrir uma refinada butique de carne de búfalo
em Campinas, de imediato concluí que
ela não poderia ser viabilizada ofertando
apenas as carnes nobres de churrasco.
Assim sendo, contratei uma empresa de
assessoria, que trabalharia em conjunto com
o ITAL ( Instituto de Tecnologia de Alimentos
), visando desenvolver formulações
e processos de fabricação de inúmeros embutidos,
inclusive determinando
percentuais de rendimento, apropriando
custos, etc. Todo esse trabalho levaria ao
estabelecimento do “mix” ideal de produtos
a serem oferecidos a consumidores exigentes,
e de alto poder aquisitivo.
Estabelecidos os objetivos, faço chegar
ao ITAL, 2 carcaças completas de animais
jovens de primeira qualidade, e fico na
esperançosa expectativa de que tudo deveria
correr a contento.
Aos poucos, as noticias começam a
chegar:
“A doutora fulana saiu de férias mas
seu caso foi passado para beltrana...”
“Estamos em falta com o condimento X
para processarmos Y...”
“Seria aconselhável produzirmos Z,
mas o equipamento disponível não está
funcionando adequadamente...”
E assim por diante...
Naquela época, meu filho André, que
estudava veterinária na UFMG – BH, veio
passar um fim de semana conosco, em Campinas.
No sábado, convidado por um conhecido
de alguém que era cunhado do primo
de um colega dele, acabou indo a uma
festa em uma “seleta” e bem freqüentada
“república” de universitários não menos
seletos....
No dia seguinte, ainda curtindo ressaca,
André me conta que o churrasco da fes-
ta foi feito com carne de nossos búfalos,
surrupiada do ITAL por um dos seletos
universitários festeiros que fazia estágio
naquele instituto... Pra meu consolo, André
completa: “A carne estava ótima. Fez o
maior sucesso... “
Não bastasse isso, alguns dias mais tarde,
minha mulher liga para meu escritório, e
com voz desesperada dispara a falar :
“Seus competentes assessores acabaram
de deixar aqui em casa um kit de produtos
feitos com a carne de nossos búfalos,
e me disseram que estavam com o carro
cheio deles, para imediatamente distribui-los
para degustação, em residências
pré-selecionadas. Contaram-me também
que cada kit seria acompanhado por um
questionário de avaliação, que seriam recolhidos
após 2 dias.”
Respondo-lhe: “Bom, e daí?”
Minha mulher: “E daí, que eu acabo de
abrir o tal kit que nos deixaram, e nem
pude acreditar no que vi. Ninguém pode
comer isto. É bolor por todo lado!”
Arrisco dialogar: “Você tem certeza de
que isso que você está vendo, é realmente
bolor?”
A resposta veio seca: “Deixe de perder
tempo fazendo-me perguntas e trate urgentemente
de correr para impedir a degustação!”
Graças ao advento do “celular”, consegui
impedir a entrega dos produtos que
comporiam o mix de nossa butique, a qual
foi sepultada antes mesmo de nascer....
Alguns anos se passaram e a poeira foi
baixando...
Acabei convencendo 2 estabelecimentos
varejistas de Campinas a fazerem experiências
de venda com carne de nossos
queridos búfalos. Propositalmente optei por
varejos bem distintos, pois assim eu teria
uma visão mais ampla a respeito da aceitação
da carne de búfalo. O primeiro era um
supermercado tradicional, cuja clientela era
de classe média. O segundo, uma sofisticada
casa de carnes que atendia clientes não
menos sofisticados. Pedi ao Renato, atual
Diretor de Registro da ABCB que me aju-
dasse na empreitada. Imprimimos panfletos,
rótulos, contratamos churrasqueiro
paramentado com bombachas gaúchas,
para “pilotar” churrasqueira com fins
degustativos....
Tudo organizado, entrego simultaneamente
aos 2 estabelecimentos, carcaças de
búfalos escolhidos no capricho.
Na véspera, ligo aos amigos, pedindolhes
apoio à minha causa. Deveriam ir a qualquer
um dos pontos de varejo, provar a
carne, elogia-la em voz alta, e ao compra-la
deveriam indagar se na próxima semana
voltariam a encontrá-la nos balcões. Estava
tranqüilo, pois tudo corria as mil maravilhas,
até que....
Um desses “bons amigos”, liga ao supermercado,
perguntando se já estavam
vendendo carne de búfalo, e qual o preço
de uma determinada peça. Recebe a resposta,
mas ao sair de seu consultório, resolve
comprá-la na casa mais sofisticada.
Já no interior da butique, ao saber que a
tal peça estava sendo vendida por quase
o dobro daquele praticado pelo supermercado,
imediatamente arma o maior “barraco”
no meio de toda requintada freguesia
presente na butique. Diz que aquilo era
roubo à mão armada, que no supermercado
X a mesma carne estava sendo vendida
por Y, e que tinha certeza que o produto
era o mesmo, pois era amigo do dono dos
búfalos, etc e tal.
Sem saber de nada, chego na minha casa
tranqüilo, feliz com o andamento do experimento,
quando recebo um telefonema do
Renato:
“Jonas, o dono da butique acabou de
me ligar, puto da vida com o papelão que
um amigo seu acabou de aprontar lá, e também
com você pois não tinha sido informado
que iríamos entregar carne de búfalo
também no supermercado X. O homem está
super nervoso, dizendo que nunca mais na
vida quer ouvir falar de búfalo.”
Desta vez a poeira ainda não baixou por
completo, mas nem por isso deixo de rir
ao relembrar essas trapalhadas da vida.
Acho que sem elas a vida não teria a mesma
graça...
31
O búfalo já conquistou
seu espaço em Santa Catarina
Texto: Fabíola de Souza - Jornalista Mtb/SC 00197JP (Fonte: Site ABCB e ACRIBÚFALO - SC)
Na década de 30 chegaram a Santa
Catarina os primeiros exemplares de
búfalos. A criação desses animais
rústicos e esquisitos iniciou com João de
Araújo Vieira, em 1930, no município Lages,
no Planalto Serrano catarinense. Outro entusiasta
de búfalo em Santa Catarina foi
Abelardo S. da Silva, criador por mais de 35
anos. Dono do frigorífico Santos, seu
Abelardo conhece como ninguém todo o
processo da cadeia produtiva deste animal,
do pasto à venda final ao consumidor.
Também foram pioneiros na criação de
búfalos no estado, as famílias Martins,
Amboni, Becker e Koerich. Eles não só
transferiram a responsabilidade para seus
descendentes de manter viva a tradição na
lida com búfalos, como também despertaram
nas gerações futuras o prazer de conviver
com estes animais rústicos e “feios”.
De avô para neto, de neto para filho, o
rebanho catarinense de búfalos foi crescendo
gradativamente e hoje conta com mais
de 60 mil cabeças. O maior rebanho do litoral
catarinense está nas mãos da família
Martins, cuja criação iniciou com Ciniro Luiz
Martins Ribeiro (ex-presidente da
Acribúfalo/SC). Junto com Orlando Becker
e Orlando Koerich, seu Ciniro foi insistente
e levou em frente sua paixão pelo animal.
Fundação da ACRIBÚFALO foi um
marco histórico na agropecuária
catarinense
Fundada em 1979 com o principal objetivo
de incentivar a bubalinocultura
catarinense, a ACRIBÚFALO/SC modificou
o contexto agropecuário catarinense que
até então não (re) conhecia este segmento
no estado. Com muita persistência e objetivos
definidos a Associação se consolidou
e hoje conta com oito Núcleos Regionais.
Mas a trajetória não foi fácil. Durante todo
este período a Associação buscou organizar
os criadores, defendendo os interesses
dos criadores de búfalos e promovendo a
união dos associados. A tarefa de convencer
os produtores de búfalos de que estavam
fazendo um bom investimento no campo
foi uma das mais difíceis. Muitos não
acreditaram e até desistiram do empreendimento.
Outros, porém, com mais visão no
futuro, preferiram apostar mesmo com todo
o preconceito que existia em torno destes
animais. Hoje, aqueles que apostaram no
búfalo, não se arrependem, pois o búfalo
está cada vez mais sendo reconhecido e
respeitado no setor agropecuário
catarinense.
Para consolidar o búfalo no mercado e
exigir respeito dos demais criadores do campo
foi preciso realizar diversas atividades
em busca do aprimoramento técnico-científico
da espécie e o incremento do mercado.
Até vender carne de búfalo como se
fosse de boi era considerado normal até
pouco tempo para alguns criadores. Mas
esta fase parece que está chegando ao fim.
Graças à “teimosia” de alguns criadores, a
carne de búfalo vem sendo cada vez mais
aceita no mercado e apreciada por consumidores
mais exigentes. Até porque o valor
nutritivo da carne de búfalo está sendo
bastante divulgado e adotado por aqueles
que preferem menos gordura e colesterol e
mais proteína.
Trabalho de marketing contribuiu
para divulgação do búfalo no
Estado
Após muitos anos de resistência e insistência,
os criadores de búfalos de Santa
Catarina decidiram partir para um
marketing mais agressivo no mercado. Por
volta de 1995 a Associação iniciou um trabalho
de divulgação dos benefícios do
búfalo, ainda que tímido. A partir de 2000 a
publicação de boletins informativos passou
a ter uma periodicidade regular. A distribuição
dos materiais gráficos atingia os
variados eventos agropecuários e estabelecimentos
comerciais.
Na avaliação dos criadores havia chegado
a hora de assumir de fato a condição
de criador, sem temer a concorrência. O resultado
do marketing direto, mesmo em pequena
escala devido à limitação financeira
da Associação, mudou a realidade dos criadores.
A partir de então a mídia passou a
divulgar com mais freqüência os eventos
específicos do búfalo. As festas passaram
a ser notícias de jornais de grande circulação.
O búfalo agora já não estava mais no
anonimato, nem seus criadores.
Parcerias e agradecimentos
especiais
A parceria com empresários, criadores e
órgãos públicos foi essencial para manter
viva a tradição. Com a Secretaria Estadual
da Agricultura foi acertada a inclusão, no
próximo censo rural catarinense, das propriedades
de criadores de búfalos, a localização
e o rebanho. Tudo isso será cadastrado.
O Icepa, um instituto vinculado a
Secretaria da Agricultura, também passou
a divulgar diariamente o preço da arroba do
búfalo em seu relatório, disponibilizando via
internet.
O atual presidente da Acribúfalo/SC,
Carlos Marin, afirma que sem a obstinação
de alguns criadores e parceiros a Associação
não teria se consolidado e o búfalo teria
sido coisa do passado. “Peço desculpa
se esqueci algum nome, mas estas pessoas
abaixo relacionadas merecem toda nossa
admiração e eterno agradecimento pelo que
fizeram ou ainda estão fazendo pela
bubalinocultura catarinense”, enfatizou
Marin.
Ele lembrou ainda que um dos
divulgadores da carne de búfalo é o dono
da churrascaria Meu Cantinho, de São José,
Fabrício Barbi, que há muito tempo mantém
regularmente em seu cardápio esta exótica
e deliciosa carne.
“Merecem todo nosso agradecimento
as seguintes pessoas que tanto fizeram e
ainda continuam fazendo em prol da
bubalinocultura”: Odair Knoblanc, Alfredo
Zeferino, Antônio César Martins, Ademir
João Vieira, Luiz Inocentti, José Negreiros,
Arno Manoel Philippi, Túlio R. Martins (in
memorian), Leonardo Martins, Rui O.
Koerich, Luiz Salvador, Wilson Santa
33
Catarina, Luiz Alberto Rodrigues e Marco
Tadeu (Tadeuzinho) de Lages. Agradecemos
também Júlio César Terra (Cow Boy),
que atualmente é patrocinado pela Associação
para participar em competições em
rodeios, Mário Coelho que foi o responsável
pela organização da 1ª. Festa do Búfalo,
hoje na sua 6ª. edição. Outro parceiro da
Acribúfalo/SC é Leonardo Martins, responsável
pela coleta de sêmen de búfalo, cujo
trabalho tem agradado muito os criadores.
ACRIBÚFALO/SC aposta na
inseminação artificial
Para organizar o processo reprodutivo
do rebanho de búfalo em Santa Catarina, a
ACRIBÚFALO/SC firmou uma parceria com
um inseminador artificial (IA), Oscar
Nazareno de Sousa. O principal objetivo é
viabilizar uma boa genética do rebanho e
consequentemente assegurar retorno financeiro
aos criadores. “A inseminação artificial
evita problemas de consangüinidade
dos animais evitando anomalias”, explica
Souza. O técnico irá prestar serviço coletivo
a grupos de criadores formados pela
Associação.
Preocupação com o meio ambiente
A Acribúfalo/SC mantém uma constante
preocupação com a preservação do meio
ambiente. O exemplo mais recente é a
integração com alguns proprietários de terra
da região de Urubici em defesa de um
verdadeiro santuário da natureza, o Campo
dos Padres. Localizada a 1.800 metros acima
do nível do mar, esta área está sendo
alvo de cruel degradação ambiental.
De maneira irresponsável alguns proprietários
de terra estão plantando
indiscriminadamente pinus sobre o solo
rochoso, ameaçando inclusive uma das nascentes
do rio Canoas, o principal afluente
da bacia do Uruguai. O pior disso tudo é
que não existe nem mesmo uma licença
ambiental para agir desta forma. Por estar
situado dentro do que deveria ser o Parque
Nacional de São Joaquim, o Campo dos
Padres é um nicho da natureza desprovido
de fiscalização. A Acribúfalo/SC se junta
aos defensores e acompanha na Justiça a
tramitação de ações populares, embargos e
outros recursos jurídicos para barrar o avanço
destrutivo da monocultura do pinus nesta
região.
Baby Búfalo da Neve Orgânico tem
menos gordura e mais proteína
O Baby Búfalo da Neve Orgânico é resultado
de uma experiência com animais
criados em ambiente de baixa temperatura.
Apesar do frio intenso, o Búfalo da Neve
vem conseguindo uma maior velocidade de
crescimento e volume de produção com
34
menor custo por ser orgânico. O resultado
pode ser comprovado na carne através da
maciez e sabor, além dos valores nutritivos
agregado.
O pioneiro nesta experiência é Arno
Manoel Philippi (ex-presidente da
Acribúfalo/SC) que iniciou
a criação de búfalos
em Santa Catarina há mais
de 12 anos, com 10 fêmeas
e um touro reprodutor.
Segundo explica Arno, os
animais são submetidos à
temperatura que pode
chegar a 14 graus abaixo
de zero. O local onde cria
os búfalos, da raça
Murrah, fica no ponto
mais alto do Sul do Brasil,
entre os municípios de
Urubici e Bom Retiro, a
1800 metros acima do nível
do mar.
Segundo o criador, a
produtividade do rebanho se deve ao melhoramento
genético aplicado nos últimos
10 anos, além da pastagem utilizada que é
extensiva (pasto nativo). “Todos estes procedimentos
têm garantido mais resistência
e rusticidade aos animais, mesmo sendo
uma alimentação de baixo valor nutritivo”,
explica Arno.
Em sua opinião, pode estar surgindo
uma raça brasileira de búfalos altamente
resistente ao frio, cuja média de parição
chega a 80%. O animal fica pronto para o
abate entre 12 a 14 meses com um peso de
aproximadamente 350 quilos, acrescenta
Arno.
Búfalo inserido em projeto
ambiental
Em Garopaba, no litoral sul de Santa
Catarina, a 70 km de Florianópolis, o búfalo
está inserido num projeto ambiental – Gaia
Village - que atua em diversas linhas cuja
finalidade é descobrir alternativas sustentáveis.
Numa área de aproximadamente 12
hectares são adotadas diversas medidas
ecologicamente corretas que têm proporcionado
ao búfalo uma pastagem de qualidade
e consequentemente animais com mais
qualidade. “A diversidade das espécies
gramíneas melhora a saúde do rebanho”,
explica o administrador da fazenda, Dolizete
Zilli. Segundo ele, o projeto tem apresentado
resultados bastante positivos e o búfalo,
por ser um animal rústico e menos exigente,
é um bom excelente do que se pode
realizar dentro da produção orgânica de um
modo geral. A pastagem pastoreio voisin é
um processo natural que vem dando bons
resultados no campo junto aos animais. “E
o grande responsável por isso é o Engenheiro
Agrônomo Abdon Schmitt”, ressalta
Zilli. Ele observa ainda que no conjunto
de medidas a homeopatia aplicada aos animais
também tem seu destaque. “Não usamos
nenhum tipo de produto químico. Aqui
tudo é natural”, finaliza.
Milhares de catarinenses aprovaram
a carne de búfalo em eventos
organizados pela Associação
Várias pessoas experimentaram pela primeira
vez a carne de búfalo nos eventos
organizados pela ACIBÚFALO/SC. Foram
mais de 10 eventos realizados no estado no
ano passado, onde o búfalo foi a principal
estrela.
Já constam no calendário dos criadores
a festa chamada Noite do Búfalo. Outro
evento que fez grande sucesso foi a Festa
do Baby Búfalo, na Associação Catarinense
de Medicina (ACM).
O mais tradicional encontro dos criadores
e admiradores de búfalos é a Festa do
Búfalo, realizada todos os anos em
Florianópolis, que costuma reunir mais de
mil pessoas. Além de participarem das atividades
organizadas pela Acribúfalo/SC, os
criadores marcaram presença também em
outras festas agropecuárias catarinenses.
“O crescimento da participação dos criadores
em feiras agropecuárias e eventos
afins é um sinal da aceitação do búfalo no
mercado e na sociedade”, acredita Ademir
Martins (ex-presidente da Acribúfalo/SC).
Segundo ele, até pouco tempo o búfalo era
discriminado na pecuária local. Agora, segundo
avalia, não existe mais a ameaça da
concorrência com outros animais.
Laticínio Natura é o pioneiro em
Santa Catarina na fabricação de
queijo mussarela
O Laticínio Natura, localizado em
Biguaçu, é o principal processador de
lacticínios derivados de leite de búfala da
Grande Florianópolis. O proprietário, Wilson
Santa Catarina (também ex-presidente
da Acribúfalo/SC s), garante uma fabricação
diária chega a 100 kg de queijo e 300
litros de leite bovino, tipo C. Para produzir
os queijos, ele compra o leite de fornecedores
da região, pois não cria os animais em
sua propriedade. Além do queijo de búfala,
Santa Catarina também processa o leite de
cabra e de bovino, com uma produção média
de 500 a 1000 litros de leite por dia.
Todos os produtos produzidos em seu
lacticínio são distribuídos nos supermercados
e estabelecimentos gastronômicos de
Florianópolis e região. Segundo Santa
Catarina, são produzidos mussarela, minas
frescal de búfala e bovino, minas frescal de
cabra, provolone de búfala e queijo prato.
“Toda a produção do meu lacticínio tem
mercado garantido, mesmo assim estamos
pretendendo expandir a produção porque
a demanda existe”, afirma.
Fornecedores querem mais estabilidade
no mercado
Apesar da carne de búfalo ter bastante
aceitação entre os consumidores, os fornecedores
ainda reclamam da inconstância na
distribuição dos produtos. A falta da carne
em alguma época do ano tem causado uma
insegurança para os atacadistas e donos
de restaurantes da grande Florianópolis. O
dono do Supermercado Suprimas, Luiz Antônio
Salvador é um dos poucos comerciantes
da grande Florianópolis que insiste
em vender a carne de búfalo, apesar da dificuldade
na distribuição.
Admirador da carne de búfalo, Salvador
afirma que está faltando mais organização
e regularidade no fornecimento. Muitas
vezes ele fica sem a carne para oferecer
aos seus clientes, o que cria um mal estar. O
mesmo não acontece com outros tipos de
carne, a exemplo da de boi, por exemplo.
Isso tem causado frustração quando o cliente
pede a carne de búfalo e não tem no
supermercado para vender. Para amenizar
este problema, muitas vezes Salvador compra
carne do Rio Grande do Sul.
O dono do restaurante Meu Cantinho,
Fabrício Barbi, que é um grande admirador
da carne de búfalo, reclama também da regularidade
na distribuição da carne de búfalo
em sua churrascaria. Localizado num
bairro próximo a capital catarinense, seu
estabelecimento é conhecido como local de
carnes exóticas. Segundo ele, já existe uma
clientela que pede carne de búfalo, mas nem
sempre pode disponibilizar por causa da
falta do produto. Em função disso, ele já
pensou inclusive em retirar do cardápio a
carne de búfalo para evitar constrangimento
com seu cliente.
Cooperativa será a grande alternativa
para cadeia produtiva de
búfalos
Diante das dificuldades na distribuição
regular da carne de búfalo em Santa
Catarina, os criadores já discutem alternativas
para amenizar este problema. A mais
viável no momento, e que já está tomando
forma, é a criação de uma cooperativa.
Antes, porém, de se organizarem em
cooperativa, os criadores de búfalos tiveram
que quebrar uma barreira que eles mesmos
criaram. Assumir de fato a condição de
criadores de búfalos e vender a carne não
mais camuflada de boi. A questão era até
cultural, mas já houve avanço.
Outro benefício para consolidar a distribuição
da carne foi a inclusão do preço
diário da arroba do búfalo nas publicações
da Secretaria Estadual da Agricultura, através
de uma de suas empresas, o Icepa. A
partir deste procedimento houve um
realimento dos preços no estado e
consequentemente um aumento na demanda.
Até porque os criadores passaram a ter
um referencial de preço a exemplo do que
acontece para outros animais.
Cooperativa será criada em parceria
pública privada
A criação da cooperativa será possível
com a parceria da Prefeitura Municipal de
São José, município vizinho de
Florianópolis. As negociações em torno de
incentivos já estão em discussão. Uma das
alternativas oferecidas pela secretaria municipal
da agricultura seria disponibilizar um
espaço físico, neste caso o Ceasa, para
escoação dos produtos, seja a carne ou o
leite e seus derivados.
Na avaliação do ex-presidente, Ademir
Martins (Tito) esta parceria irá proporcionar
um salto na organização dos criadores.
O primeiro benefício será a elevação do preço
da carne que chegará ao patamar justo
no mercado. “Até agora a carne de búfalo
era vendida mais barata, mesmo sendo mais
nobre em relação a outras”. “E só por este
motivo deveria ser mais cara e valorizada
no mercado”, explica Tito.
Segundo ele, a criação da cooperativa
de criadores de búfalos, com apoio do po-
der público, é uma alternativa inédita no
Brasil. “Não sabemos de nenhuma cooperativa
de criadores de búfalos que surgiu
com este tipo de parceria”, ressalta Tito.
Na sua avaliação, todos, criadores e sociedade,
ganharão com mais este produto
disponibilizado no mercado.
“O consumo já aumentou muito em Santa
Catarina e as perspectivas são positivas
quanto ao crescimento da demanda no estado”,
aposta o ex-presidente da
ACRIBÚFSALO/SC.
Búfalo na merenda escolar
As negociações com a Prefeitura Municipal
de São José vão além da criação da
cooperativa. Criadores e Secretaria Municipal
da Agricultura discutem a inclusão da
carne de búfalo e do leite de búfala na merenda
escolar. “Diferentes de outras carnes
ou leites, os produtos derivados do búfalo
disparam quando o quesito é valor nutritivo”.
As vantagens começam quando a carne
de búfalo apresenta 40% menos
colesterol que a carne de boi e 12 vezes
menos gordura. “Isso sem contar que é tem
55% menos caloria e 11% a mais de proteínas
e 10% a mais de sais minerais”,
exemplifica Tito.
Quanto ao leite de búfala em relação ao
da vaca, tem mais proteína, mais lipídio, mais
lactose, menos água e menos colesterol. Ou
seja, o leite de búfala é mais nutritivo e saudável
para as crianças. “Não é a toa que 7%
de todo o leite consumido no mundo é de
búfalas”, acrescenta Tito.
Segundo Tito, programas semelhantes
já são adotados em outros estados, onde a
preocupação com a saúde das crianças sensibilizou
os órgãos públicos.
Programa de novilho precoce
poderá ser estendido ao búfalo
A Secretaria Estadual da Agricultura de
Santa Catarina poderá incluir os búfalos no
Programa de Apoio à Criação de Gado para
Abate Precoce. Para isso é preciso que o
Ministério da Agricultura inclua os búfalos
na portaria do novilho precoce que já existe.
Neste caso os criadores de búfalos passariam
a ter o mesmo tratamento dos criadores
de bovinos.
Várias reuniões já foram realizadas entre
os criadores de búfalos de Santa
Catarina e órgãos do governo para viabilizar
este procedimento. “É só uma questão de
tempo”, acredita Ademir Martins, ex-presidente
da ACRIBÚFALO/SC.
35
Os Búfalos e a Expointer
Antonio Carlos Trierweiler - Vice-Presidente da ASCRIBU
Entre os dias 28 de agosto a 5 de setembro
de 2004, aconteceu a 27ª
EXPOINTER, no Parque de Exposições
Assis Brasil, em Esteio/RS, que mais
uma vez cumpriu a tradição da mostra, de a
cada ano, superar a edição anterior. Durante
os nove dias da mostra, mais de 720 mil pessoas
visitaram a EXPOINTER, e mais uma
vez, os búfalos foram bem representados,
tanto na quantidade como na qualidade dos
animais. Foi uma semana repleta de atividades
e eventos voltados à bubalinocultura:
na segunda-feira(30/08), aconteceu o julgamento
de classificação das raças bubalinas
Mediterrâneo, Murrah e Jafarabadi e teve
como jurado o Prof. Dr. Alcides de Amorim
Ramos; na terça-feira (31/08), ocorreu a pa-
lestra “Como iniciar sua criação de búfalos”
e “O Búfalo e sua tríplice aptidão: carne, leite
e trabalho” ministrada pelo Médico Veterinário
Antonio Carlos Trierweiler no espaço
SENAR-RS. Já na quarta-feira(1º/09) ocorreu
a Mesa Redonda entre Técnicos e Criadores
com Discussão sobre Mochamento e
Vermifugação em Búfalos, que teve como
moderadores os Médicos Veterinários Marco
Antônio Mayer Rosa e Antonio Carlos
Trierweiler, na sede da ASCRIBU.Na quintafeira(2/09),
no auditório da FEDERACITE, às
16:00h ocorreu a Palestra do Prof. André
Mendes Jorge da Universidade Estadual
Paulista-UNESP, sobre Produção de Carne
Bubalina. No mesmo local, ocorreram os “Depoimentos
de Produtores sobre
Comercialização da Carne Bubalina no Interior
do Estado”, ocasião em que o Presidente
da ASCRIBU o Sr. Celestino Goulart Filho
relatou a sua experiência exitosa em
Caçapava do Sul.Em seguida, já na sede da
ASCRIBU, houve a Inauguração da Galeria
de Fotos das Cabanhas Expositoras e o lançamento
dos livros “Resumo de Pesquisas”
e “Palestras” de autoria do Prof.Alcides de
Amorim Ramos-UNESP-Botucatu SP, com
sessão de autógrafos.
Às 20:30 horas iniciou o “Leilão Show”,
com uma magnífica apresentação de Dança
Flamenca. A comercialização dos animais
ocorreu dentro do esperado, considerando
a atual conjuntura da pecuária gaúcha. Na
sexta-feira(3/09), pela tarde, aconteceu a
Mesa Redonda entre Técnicos e Criadores
com Discussão sobre a Viabilidade Econômica
de laticínio de Leite de Búfalas e a
Comercialização da Carne Diretamente ao
Consumidor, e teve como Moderador o sr.
Alberto Couto, de Alagoas, que acabou dando
uma verdadeira aula sobre a arte de vender.
E todas estas atividades foram
abrilhantadas com presenças ilustres como
a do Presidente da ABCB Dr. Otávio
Bernardes e a delegação de criadores do
estado da Bahia.
Esperamos que esta 27a EXPOINTER
seja superada pela 28a, mantendo a tradição
da mostra...
Bubalinocultura das Meso-regiões do Triangulo
Mineiro/ Alto Paranaíba e Noroeste de Minas.
Machado, Théa Mírian Medieros, Martins, René Galvão Rezende
Para diagnóstico da bubalinocultura
procurou-se conhecer aspectos referentes
ao produtor, ao estabelecimento,
ao rebanho e ao mercado, através de entrevistas
ao produtor. O número médio de
cabeças bubalinas/rebanho foi de 92. Foram
encontrados animais das raças: Murrah, Mediterrânea
e seus mestiços. A maior parte dos
bubalinocultores visava a produção de leite
de búfala, com uma ordenha/dia. As fazendas
medem, em média, 461 hectares (ha), com
os búfalos ocupando 78% da área. Os pastos
são mais freqüentemente de Brachiarão
e de Brachiarias. As capineiras estão presentes
em 64% e a cana-de-açúcar em 53%
das fazendas, com cerca de 7 ha de cada uma
Confraternização durante 27ª EXPOINTER.
destas culturas/fazenda. As cercas e as instalações
são, na maior parte, inadequadas
para bubalinos. A identificação dos animais
está presente na maior parte (71 %) das fazendas,
mas a escrituração zootecnia em
apenas 12% delas. As parições estão concentradas
no primeiro semestre do ano. Os
bubalinocultores realizam controle das
endo/ectoparasitoses. As vacinações são
realizadas em menor escala que o preconizado
pelos órgãos responsáveis pela saúde
animal. O bubalinocultor tem em média
49 anos de idade e está, em média, há 14
anos na atividade. Ele tem um grau de instrução
superior à média dos ruralistas brasileiros.
Comercializam búfalos para abate
76% deles, ¼ destes pelo preço pago pela
arroba de vaca, os demais recebem o preço
pago pela arroba de boi. Transformam, o
leite na propriedade, 30% dos produtores.
Daqueles que entregam o leite bubalino aos
laticínios, 60% são mais bem remunerados
que o valor usualmente pago pelo leite bovino.
Apesar da pequena expressão numérica
das mesorregiões estudadas, a
bubalinocultura representa ora a principal
fonte de renda, ora fonte de renda complementar,
ora agrega valor à produção através
da venda de produtos derivados ou
ainda quando o produtor coloca seu produto
diretamente para o consumidor (açougues
e mercados).
37
Constituição físico-química, celular e microbiológica do leite de
búfalas (Bubalus bubalis) criadas no Estado de São Paulo
BASTOS, P. A. S. Tese Doutorado em Clínica Veterinária) – FMVZ-USP 2004
Utilizando 98 búfalas adultas e lactantes,
da raça Murrah, foram colhidas 1.176 amostras
de leite (de glândulas mamárias que não apresentavam
sinais de processo inflamatório ou tivessem
sido submetidas a tratamento
intramamário).
Para amostras dos primeiros jatos da ordenha
os valores encontrados, segundo as fases de
lactação (inicial, intermediária e final) foram respectivamente:
para o pH - 6,89; 6,85 e 6,9;
para a eletrocondutividade - 3,82; 4,02 e 4,49
mS/cm; para os teores de cloreto - 18,21; 20,13
e 26,49 mg/dl; para os teores de gordura - 4,25;
3,70 e 3,56 g/dl; para os teores de proteína -
3,97; 4,03 e 4,5 g/dl; para os teores de lactose
- 5,11; 5,08 e 4,81 g/dl; para os teores de
sólidos totais - 14,55; 13,88 e 13,93 g/dl e para
o número de células somáticas - 29.000; 29.000
e 16.000 cel/ml.
Os escores do CMT (negativo, traços, 1+ e
2+), aumentavam, gradativamente, com o evoluir
da fase da lactação e, a eletrocondutividade,
o teor de cloreto e o número de células somáticas
aumentaram de forma diretamente proporcional
ao aumento do escore do CMT; porém, ao
contrário, o teor de lactose diminuía. A variação
38
do escore do CMT não foi acompanhada de
modificações significativas dos teores lácteos
de gordura, proteína e de sólidos totais.
Amostras colhidas ao início da ordenha (primeiros
jatos) e ao final da ordenha (últimos jatos),
apresentaram os seguintes resultados: gordura:
3,90 e 8,9 g/dl; proteínas: 4,12 e 3,67 g/
dl; lactose: 5,02 e 4,64 g/dl; sólidos totais:
14,18 e 18,31 g/dl e; contagem de células
somáticas: 29.000 e 56.000 cel/ml.
Quanto ao tipo de ordenha (manual ou mecânica),
observou-se respectivamente, para:
eletrocondutividade - 3,89 e 4,14 mS/cm; número
de células somáticas - 22.000 e 32.000
CS/ml;
Ao se considerar a idade das búfalas verificou-se
que, com o progredir da idade a
eletrocondutividade e os teores de cloreto aumentavam,
mas, em contra posição os teores de
lactose diminuíram; não se observou alteração
significativa nos valores de gordura, sólidos totais,
proteína e pH lácteos.
As bactérias isoladas com maior freqüência
foram as dos gêneros: Corynebacterium sp
(28,5%); Staphylococcus sp (24,7%);
Streptococcus sp (15,8%) e; Actinomyces sp
(11,4%). O número de isolamentos bacterianos
aumentou, significativamente, com o evoluir da
lactação. Entretanto, o momento da ordenha não
influiu no número de isolamentos e evidenciouse
maior freqüência de isolamentos nas glândulas
posteriores do úbere.
No antibiograma das cepas de bactérias isoladas
foram utilizados os seguintes antibióticos
e quimioterápicos: cefalotina; cefoperazone;
cloranfenicol; cotrimoxa-zol; enrofloxacina;
estreptomicina; genta-micina; neomicina;
nitrofurantoína; oxa-cilina; penicilina e
tetraciclina. Entre os Corynebacterium sp, 47
cepas (61,03%) foram resistentes à
nitrofurantoína; 10 (12,9%) à oxacilina; 8
(10,38%) à estreptomicina e; 7 (9,09%) à
tetraciclina; sendo sensíveis aos demais
antimicrobianos testados. Os Staphylococcus sp
demonstraram, em 12 (26,66%) dos casos, resistência
a nitrofurantoína; em 2 (4,44%) à
tetraciclina e; foram sensíveis aos demais
antimicrobianos; os Streptococcus sp, com exceção
de 7 (25%), resistentes à ação da
nitrofurantoína, foram sensíveis aos demais
antimicrobianos utilizados.
Desempenho Ponderal de Búfalos da Raça Murrah
em Sistema Silvipastoril com Pastejo Rotacionado
Intensivo e Suplementação Alimentar
Santos, Núbia de Fátima Alves Santos; José de Brito Lourenço Jr.; Hugo Didonet Láu; José Ferreira Teixeira Neto
Os trabalhos foram conduzidos numa
área experimental na Unidade de
Pesquisa Animal “Senador Álvaro
Adolfo”, pertencente à Embrapa Amazônia
Oriental, Belém, Pará, composta de 5,4 hectares
divididos em seis piquetes de grama
estrela (Cynodon nlemfuensis), adubadas
com 300 kg/ha de fosfato natural reativo
(Arad) na implantação e manejada com cinco
dias de ocupação, 25 dias de descanso,
divididas com cerca elétrica, ao longo das
quais foram plantadas mudas de mogno africano
(Khaya ivorensis) e nim indiano
(Azadirachta indica), intercaladas quatro
metros, as quais são fertilizadas com adubos
químicos e orgânicos, visando promover
a ambiência animal e agregar valor à propriedade,
com uma área contendo bebedouro
e cocho coberto para suplementação alimentar
e mineralização dos animais.
Foram selecionados 25 machos desmamados
inteiros da raça Murrah, com idade
média de 258 dias (entre 213 e 303 dias),
provenientes de seis plantéis de
bubalinocultores do Estado, selecionados
com base em características raciais, escore
corporal, idade, controle genealógico e sanidade,
sendo mantidos em regime alimentar
semelhante, durante 294 dias, sendo 70
dias de adaptação e 224 dias de prova, tendo
sido submetidos a vermifugação prévia,
vacinação periódica contra febre aftosa e,
eventualmente, tratados contra ataque de
endo e ectoparasitos. Os animais foram
pesados no início e final do período de adaptação
e a cada 56 dias. Após o término da
prova, foram calculados o peso ajustado
aos 550 dias e o ganho de peso, durante os
224 dias, os quais foram transformados em
índices (60% para peso aos 550 dias e 40%
para ganho de peso durante a prova, para
indicação dos melhores animais. A forragem
disponível foi estimada duas vezes no
período mais chuvoso e duas no menos
chuvoso para a determinação da matéria
seca (MS), coeficientes de digestibilidade
“in vitro” da matéria orgânica (DIVMO) com
líquido ruminal de búfalo.
A disponibilidade de forragem foi, em
média, de 3.607 kg/ha na entrada dos ani-
mais e de 2.828 kg/ha na saída, suprindo as
necessidades mínimas exigidas pelos animais,
que é de 1.200 a 1.600 kg de MS.ha -1 ,
segundo Mott (1980) e os animais receberam
ração suplementar, com 14% de proteína
bruta – PB, em cocho coberto, mais água
e mistura mineral à vontade.
O desenvolvimento dos animais foi o
apresentado no gráfico ao lado e indicam
um ganho de peso médio diário de 0,790 (±
0,081) kg/animal, durante os 224 dias de
prova, tendo variado em média de 302 kg
ao início da prova para 479 kg ao final. Os
melhores animais foram enviados para coleta
de sêmen na Cebran.
Os cinco animais que mais se destacaram
apresentaram média de ganho diário de
0,906 kg/animal.
39
Utilização do leite de búfala na elaboração de
iogurtes e leites fermentados
Otaviano Carneiro Cunha Neto – FZEA-USP
Aprodução de iogurte se constitui
uma excelente alternativa para o
aproveitamento do leite de búfala,
embora possam ocorrer problemas na aceitação
do produto devido ao elevado teor
de gordura no leite original. O leite bubalino
e seus derivados apresentam teores mais
elevados de seus constituintes nutricionais,
conferem um maior rendimento, e podem
constituir uma fonte nutricional alternativa
e adequada na dieta humana para a população
Brasileira.
O elevado teor de gordura e proteína torna
o leite de búfala valioso para a produção
de produtos lácteos, tais como; queijos, leites
fermentados e iogurte, entre outros. Estes
componentes conferem um rendimento
industrial superior aos derivados lácteos de
leite de bubalino, quando comparado com
os de outras espécies de mamíferos.
A palavra yogurt é derivada de jugurt, termo
originário da Turquia que se consagrou
universalmente para denominar o produto
obtido a partir da fermentação do leite pelos
microrganismos Lactobacillus delbrueckii
subesp. bulgaricus e Streptococcus salivarius
subesp. Thermophilus.
O iogurte é o principal produto fermentado
a partir do leite in natura, sendo que
existem diversos tipos de leites fermentados
elaborados com leite de búfala, usualmente
produtos regionais, cujas características são
ajustadas de acordo com as preferências
locais.Na Bulgária, utiliza-se o leite bubalino
misturado ao bovino para a produção de um
tipo especial de leite ácido, denominado
kúselo mleko, elaborado com L. bulgaricus,
similarmente ao iogurte de leite de búfala
produzido na Itália. O natural yoch, bogurar
dohi, ou susu madu klenceng, são derivados
lácteos produzidos em Bangladesh, Ilhas
Fiji, e Indonésia. Na Índia, é elaborado um
produto com características semelhantes ao
iogurte, conhecido por dahi, podendo ser
utilizado como matéria-prima o leite de vaca,
de búfala ou o produto da mistura dos dois.
A elaboração de produtos fermentados com
leite bubalino é particularmente elevada na
Índia, o qual destina cerca de 7% do leite
bubalino à produção de um tipo de leite fermentado
denominado khoa, cujas características
de textura decorrem do alto teor de
gordura (7-8%) no produto, elaborado com
leite integral.
40
O iogurte pode ser classificado quanto
ao seu teor de gordura em: iogurte com creme
(mínimo de 6,0%), iogurte integral (mínimo
de 3,0%), iogurte parcialmente desnatado
(entre 0,5% e 2,9%), e iogurte desnatado
(máximo de 0,5%). Todavia, tanto no
Brasil, como no Mundo, a utilização do leite
bubalino para a produção industrial de
iogurtes tem sido pouco relatada na literatura.
Sabe-se que a utilização do leite
bubalino, incorporado ao leite bovino, para
a produção de iogurte, incrementa o sabor
e a consistência do produto do produto final.
Sugere-se que seja empregada a padronização
do teor de gordura do leite bubalino
para uma melhor assimilação de seus nutrientes,
havendo relatos de que o iogurte de
leite bubalino apresenta melhor aspecto
quando padronizado o ESD e a gordura, a
10% e 3%,respectivamente.
Pesquisas têm demonstrado que o iogurte
de leite de búfala, principalmente o
produto contendo 3,0% de gordura, apresenta
boa estabilidade ao longo do período
de armazenamento de 30 dias, não necessitando
na sua elaboração, do fortalecimento
adicional do ESD, o que representa
a obtenção de um derivado do leite bubalino
rentável do ponto de vista econômico. Outra
característica importante e peculiar ao
iogurte bubalino, é que o produto final apresenta
um corpo e uma textura mais firme
quando comparado com o iogurte elaborado
totalmente com leite bovino .
Outra característica importante no consumo
do iogurte de leite integral de búfala
é que este pode ser adicionado a frutas regionais,
dessa forma substituindo uma refeição
de crianças em idade escolar, por
apresentar um sabor agradável e com quantidade
suficiente de calorias necessárias a
alimentação das crianças.
Os níveis de proteína, gordura, e cálcio
do iogurte elaborado com leite bubalino são
maiores do que os níveis encontrados no
iogurte proveniente do leite bovino, respectivamente,
4,5% e 3,8%, 7,1% e 3,8%,
1,44% e 1,29%. A população microbiana de
Streptococcus salivarius ssp. thermophilus
e Lactobacillus delbruekii ssp. bulgaricus,
e a quantidade de acetaldeído, principal
substância que confere o sabor ao iogurte
tradicional não são alteradas com a adição
de leite de búfala ao leite bovino na elaboração
do iogurte.
O rendimento é uma característica importante
nos derivados produzidos com
leite bubalino, havendo em relação ao iogurte,
uma economia considerável quando
da sua utilização na elaboração do iogurte
tradicional. O produto não necessita de leite
em pó desnatado, ou mesmo de substâncias
de ação espessantes, rotinas
comumente usadas na elaboração de iogurte
com leite bovino com a finalidade de promover
uma maior viscosidade e textura.
No Brasil, o consumo interno de iogurte
aumentou, principalmente no período de
1994 a 1997, quando variou de 1,4 para 3,0
kg/habitante/ano, não havendo estatísticas
de produção e consumo de iogurtes exclusivamente
de leite de búfala.
Fluxograma de Fabricação de iogurte.
Condensado de “Utilização Artesanal de
Leite de Búfala” - Manual Técnico nº 3 –
ITAL – Izildinha Moreno
1 - Adicionar ou não leite em pó até 25%
visando obtenção de coágulo mais
firme.
2 - Aquecer entre 85-95 C por 15 minutos,
tempo suficiente para desnaturar 80%
das proteínas do soro, favorecendo
aumento de retenção de água no soro
e destruir substâncias inibidoras de
crescimento bacteriano presentes no
leite cru (como as aglutininas).
3 - Resfriar em água corrente até 45 C
4 - Adicionar fermento lático rapidamente
e de forma a evitar contaminações, nas
base de 1 a 3% (maiores quantidades
reduzem o tempo de coagulação), agitando
até homogeneizar a cultura.
5 - Incubar à temperatura de 42-45 C até
coagular
6 - Resfriar logo após e manter a temperatura
abaixo de 10 C, evitando que o produto
se torne excessivamente ácido e
que haja crescimento microbiano. (O desenvolvimento
de acidez no leite de
búfalas é menor que o de leite bovino, o
que permite uma maior conservação em
temperatura ambiente. Em temperaturas
menores (3-7 C) o produto pode ser conservado
sem perda de qualidade.
O fermento lático: usualmente composto
em mistura de Streptococcus
thermophilus e Lactobacilus bulgaricus
(que devem ser usados sempre na mesma
proporção).
Recomendações para Nutrição da Búfala Leiteira
Traduzido e adaptado por Otavio Bernardes
Em sua palestra por ocasião do 2º Encontro
Nacional de Bubalinocultores
em Salvador - 2004, o Prof. Giuseppe
Campanille afirmou que a produtividade da
búfala italiana se deu tanto por ganho genético
obtido através de processo seletivo
com base em controle produtivo, amplamente
disseminado naquele país, inclusive
com forte subsídio do governo e com a prática
de reposição média de 15% no rebanho
com filhas das melhores produtoras e, principalmente,
por uma melhora na alimentação
animal que permitiu, não só um aumento
quantitativo na produção leiteira, como
também na produção de sólidos, particularmente
gorduras e proteínas, fundamentais
para um maior rendimento na fabricação
de mozzarella.
Destacou ainda, a grande influência dos
fatores ambientais, nutrição, clima e técnicas
de manejo na produção leiteira das
búfalas. Quanto aos alimentos, ressaltou o
efeito negativo do excesso de fibras na dieta,
que limita a ingestão e digestão dos
alimentos. Discutiu as variações na demanda
energética com a fase de lactação e conclui
que as proteínas da dieta são o principal
limitante da produção no Brasil, em que
a alimentação se baseia principalmente no
consumo de pastagens, ressaltando que
neste caso, é imprescindível o concurso de
suplementação de concentrados tanto para
a expressão do potencial produtivo dos
animais, quanto para manutenção de sua
fertilidade lembrando porém, que seu uso
deverá ser avaliado à luz da sua relação
custo x benefício, já que o leite no Brasil
não é tão valorizado como na Itália.
Em função do interesse manifestado,
solicitou que traduzíssemos parte do trabalho
publicado em “Modelo di
Regolamento per la gestione igienica ed
alimentare dell’allevamento bufalino in
relazione alla produzione della mozzarella
di bufala campana DOP”, editado pelo
Consorzio per la Tutela Del Formaggio
Mozzarella di Bufala Campana” - 2002 - Diversos
autores, contendo as bases gerais
utilizadas para nutrição das búfalas leitei-
42
ras italianas, que fazemos a seguir.
É necessário ter em mente que nos primeiros
100 dias de lactação, pela menor
ingestão de matéria seca (fase catabólica da
lactação), é necessário fornecer alimentos de
maior densidade energética a fim de se obter
uma maior produção de leite e teores mais
elevados de proteínas e gorduras no leite,
sendo que dietas muito fibrosas (mais que
45% de FDN-Fibra em detergente neutro),
reduzem a produção de leite, aconselhandose
assim que nesta fase se forneça uma ração
com níveis de FDN entre 30 e 40%, de
carbohidratos não estruturais (CNE) entre
27 e 32% e carbohidratos de rápida fermentação
(amidos e açucares solúveis) em
percentual não superior a 23%.
Necessidades de Manutenção
(recomendações do INRA-Paris-1988)
Energia:
NDT (kg) = [0, 46875 x (Peso Vivo/100)] +
1,09375
Proteínas:
PB (g) = 0,85 x Peso Vivo , ou,
PD (g) = 0,60 x Peso Vivo
Cálcio:
Ca(g) = 6,5 g x (Peso Vivo/100)
Fósforo:
P (g) = 5,0 g x (Peso Vivo/100)
Obs. Aumentar em 10% a energia no caso de
estabulação livre, para atender a o maior dispêndio
energético e, para animais a pasto, aumentar de 20 a
60% conforme a declividade do terreno.
Necessidades de Produção NT
Os cálculos de necessidade de energia
são efetuados com base na produção
corrigida para energia (ECM), calculado
conforme a fórmula de Di Palo:
Leite ECM ={{[(gordura (g) - 40) + (proteinas (g) -
31)] x 0,01155} +1} x produção
De forma prática, podemos estimar que
o leite médio brasileiro corresponda a cerca
de 1,47 litros de leite ECM. (Dados de
Tonhati em São Paulo, com leite com 6,96%
de gorduras e 4,2% de proteínas)
Energia para produção:
NDT (kg) = Leite ECM x 0,3375
Proteínas para produção:
PB (g) = 2,84 x (g) PB em 1 litro de leite
Cálcio para produção:
Ca (g) = 6,7 g/kg leite produzido
Fósforo para produção:
P (g) = 2,3 g/kg de leite produzido
Magnésio para produção:
Mg(g) = 0,9 g/kg de leite produzido
Necessidades para Crescimento
Estimando a necessidade de ganho de
100 kg no ano ( 300 g/dia) para as primíparas
atingirem o peso adulto, recomenda-se
acrescentar na ração diária:
NDT (kg) = 0,82
PB (g) = 140
Ca (g) = 9,5
P (g) = 3,8
NT. No Brasil, onde a dieta é representada
principalmente por pastagens, tal recomendação
é de difícil execução posto que
nossas gramíneas possuem teores de FDN
bastante elevados, usualmente acima de
75% e que aumentam com o avançar da idade
da planta. Os concentrados usualmente
utilizados tais como caroço de algodão e
resíduo de cervejaria, possuem teores de
NDF em torno de 50%. Assim, somente com
uso de grãos (NDF em torno de 8-10%),
utilizados à razão de 50% da dieta total (base
na matéria seca) permitiria atingir os níveis
recomendados de fibras, resultando, porém,
numa maior quantidade de carbohidratos
do que aquela indicada. Deixamos esta discussão
para outra oportunidade
Exemplo de cálculo: Considerando um,
rebanho com peso médio de 650 kg, mantido
a pasto com topografia plana, com produção
média anual de 1.533 kg, ou seja, uma
média diária de 5,8 kg de leite com cerca de
6,96% de gorduras e 4,2% de proteínas (dados
de Tonhati-2001). As recomendações
seriam as seguintes.
Produção de leite padronizado (ECM)
1 litro leite = {[(69,6 - 40) + (42 - 31)] x 0,1155}
+ 1 = 1,47
Produção diária de leite ECM
1,47 x 5,8 = 8,53
Energia:
-Manutenção: [0, 46875 x (650/100)] +
1,09375 = 4,14 kg de NDT
-Acréscimo por estar no pasto; 20% = 0,83 kg
de NDT
-Produção: 8,53 kg de leite ECM x 0,3375 = 2,88
kg de NDT
Total diário de energia: 7,85 kg de NDT
Proteínas:
-Manutenção: 0,85 x 650 = 552,5 g
-Produção: 2,85 x 42 (g/l leite) x 5,8 lits/dia =
694,3 g
Total diário de proteínas: 1.246,4 g/dia
Cálcio:
-Manutenção: 6,5 x (650/100) = 42 g
-Produção: 6,7 x 5,8 lits/dia = 39 g
Total diário de cálcio: 81 g/dia
Fósforo:
-Manutenção: 5,0 x (650/100) = 32,5 g
-Produção: 2,3 x 5,8 lits/dia = 13,3 g
Total diário de fósforo: 46 g/dia
Obs. para conversão de UFL (Unidade
forrageira para produção de Leite), unidade
de medida de energia comumente utilizada
na Itália, utilizamos o fator de conversão
de 1 kg de NDT= 1,28 UFL.
Na atualidade existe tecnologia para a inseminação
artificial das búfalas durante todo o ano
Nelcio Antonio Tonizza de Carvalho e Pietro Sampaio Baruselli
Éde conhecimento dos bubalinocultores
e dos profissionais que traba
lham com a espécie bubalina, que os
búfalos possuem estacionalidade
reprodutiva, de forma similar ao que ocorre
com as espécies ovina e caprina, sendo os
búfalos poliéstricos estacionais de dias
curtos. Devido a esta característica, no centro-sul
do Brasil, onde existe variação anual
mais marcada na duração de horas de luz
conforme a estação do ano, é observada
uma maior concentração das manifestações
de cio nas estações de outono e inverno,
com conseqüente concentração das
parições no primeiro semestre.
Para criações voltadas à produção de
leite e para laticínios especializados em fabricação
de queijos especiais com leite de
búfala, a concentração das parições é um
fator indesejável. No final do ano, após a
desmama da maioria dos bezerros, ocorre
uma diminuição da produção de leite e uma
queda na entrega do produto no mercado,
comprometendo sua comercialização.
Devido a essa característica reprodutiva
e produtiva da espécie bubalina, o Departamento
de Reprodução Animal da Faculdade
de Medicina Veterinária e Zootecnia
da Universidade de São Paulo (VRA-FMVZ-
USP) junto à Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento
do Polo Regional de Desenvolvimento
Sustentável dos Agronegócios
do Vale do Ribeira(UPD-APTA) vem desenvolvendo
estudos para possibilitar a utilização
da inseminação artificial durante todo
o ano e, dessa forma, viabilizar a introdução
de material genético superior, distribuir
os partos e proporcionar uma produção de
leite mais uniforme.
Para tanto, foram desenvolvidos projetos
de pesquisa em propriedades nos Esta-
dos de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do
Sul. Os resultados dos primeiros trabalhos
(1997/1998) indicaram que os búfalos apresentam
eficiente resposta à sincronização da
ovulação para a inseminação artificial em
tempo fixo (IATF) durante a estação
reprodutiva favorável (outono e inverno). No
entanto, estes animais quando sincronizados
durante a estação reprodutiva desfavorável
(primavera e verão) apresentaram baixa
taxa de concepção à inseminação.
Somente em 2001, quando se utilizou o
protocolo à base de P4, BE, PGF a, eCG e
2
hCG, foi possível obter satifatória taxa de
concepção em búfalas sincronizadas e
inseminadas em tempo fixo durante a estação
reprodutiva desfavorável.
No entanto, os tratamentos para IATF
que apresentaram êxito fora da estação
reprodutiva favorável, são mais caros do
que os tratamentos utilizados no outono e
inverno. Nesse sentido, novos estudos foram
e estão sendo desenvolvidos visando
minimizar os custos dos tratamentos, tornando-os
mais acessíveis aos produtores,
sem comprometimento da eficiência.
Atualmente, os protocolos preconizados
para a IATF durante as estações
reprodutivas favorável e desfavorável estão
descritos nos esquemas abaixo.
O protocolo descrito para IATF na estação
reprodutiva favorável é conhecido
tecnicamente como “Ovsynch”. O primeiro
fármaco deste protocolo pode ser aplicado
em dia aleatório, desde que as fêmeas não
estejam gestantes, apresentem bom estado
de condição corporal e tenham parido a
mais de quarenta dias. Todas as injeções
devem ser realizadas com agulha 40x12 (via
intramuscular profunda) e com seringa de
graduação não superior a 5 ml (para aumen-
tar a precisão da dose). Os fármacos deverão
ser aplicados à tarde e a inseminação
deverá ser realizada pela manhã, 10 dias
após o início do protocolo (D10).
Para a desestacionalização, é utilizado
o protocolo que consiste na inserção
intravaginal de um dispositivo de
progesterona associado à injeção
intramuscular de benzoato de estradiol.
Nove dias mais tarde, aplica-se
prostaglandina e eCG, seguida pela aplicação
de hCG no D11. Com 16 horas do último
tratamento, realiza-se a IATF. Para a utilização
desse protocolo, deverão ser seguidas
as mesmas recomendações do tratamento
descrito anteriormente.
De posse desses conhecimentos, os
produtores possuem ferramentas para
incrementar o emprego da inseminação artificial
durante todo o ano, com vistas à
melhoria genética e à desestacionalização
dos partos e da produção de leite dos rebanhos
bubalinos.
A preços atuais, o custo de utilização
dos protocolos descritos no artigo são:
- estação reprodutiva favorável (outono
e inverno): R$ 12,00 por búfala.
- estação reprodutiva desfavorável (primavera
e verão): R$ 28,69 por búfala.
Esses valores são referentes apenas aos
fármacos necessários para a sincronização
da ovulação devendo ser acrescidos do
valor do sêmem que se situa entre R$ 13,00
à R$ 25,00 (valores em 02/2005).
Como a taxa de prenhez esperada em
cada um dos protocolos é de 50% por IATF,
isto é, de cada 100 búfalas inseminadas 50
se tornam prênhes, o valor total por prenhez
deve ser multiplicado por dois.
43
Influência do tipo de preparo de Carne Bovina
e Bubalina no teor de gorduras totais.
ALVES, A.C.O.1; ALVES, R.C.B.1; SANTOS, R.N.; NEVES, E.C.A.
Com o objetivo verificar a influência do
tipo de preparo de carne bovina e no teor
de gorduras totais, foram cortadas amostras
de contra-filé, com e sem gordura (retirando
toda a gordura aparente), em 3 pedaços
(início, meio e fim), e mais um segundo
corte foi feito, resultando em 4 partes de
cada pedaço para cada preparo respectivamente
assado, grelhado, cozido e frito.
Os processamentos para cada tipo de
carne foram:
- CARNE ASSADA: A carne foi cozida
em calor seco (forno) à 163o C, colocando-se
a carne diretamente na assadeira,
sem ser untada e ou água acrescentada.
Para avaliar o ponto final da
carne assada, a peça de carne foi perfurada
com um garfo até não visualizar
a liberação de líquido.
- CARNE GRELHADA: processo semelhante
ao da carne assada realizada
no forno (163oC), sendo carne depositada
sobre grelha na assadeira, não permitindo
contato direto com o líquido
que escorria durante a cocção.
- CARNE COZIDA EM LÍQUIDO: A
carne foi colocada em água à temperatura
de ebulição e cozida lentamente
em recipiente tampado.
- CARNE FRITA: A carne foi cortada
em cubos, sendo o processo de cocção
realizado por fritura por imersão em
óleo quente.
Entre as carnes bovinas e bubalinas observou-se
(Tabela 1) uma ligeira diferença
em relação aos teores de gordura nos diferentes
tipos de preparo da carne, contradizendo
o que foi afirmado por Damé (2002).
Porém pode ser verificado que a carne
bubalina apresenta vantagens, em relação
à carne bovina, principalmente, nos teores
de gordura e a quantidade no consumo.
É possível observar que quanto mais
bem passada a carne, menor teor de gordura
ela terá, bem como existe diferença entre
as carnes bovina e bubalina em relação à
presença ou não da gordura superficial da
carne, pois a gordura, durante o preparo,
penetra na carne.
A carne frita, devido ao tipo de preparo
(adição de óleo), como já esperado, apresentou
maior teor de gordura em relação aos
outros tipos. As carnes assadas são o segundo
tipo a apresentar maior teor de gordura
total, ou seja, o contato direto da carne
com a água que escoa desta faz com que a
perda de gordura seja menor; diferentemente
do que ocorre na carne grelhada, sendo a
grelha furada, evita-se a reabsorção pela carne
da gordura liberada ao ser aquecida, ocorrendo
uma maior perda de gordura, ficando
este tipo em terceiro lugar.
A carne cozida, tanto bovina quanto
bubalina, apresentou menor teor de gordura
dentre todos os tipos, pois esta carne foi
totalmente submersa pela água adicionada,
ocorrendo dessa maneira maior perda de
nutrientes (gordura, proteínas, minerais, etc).
Tabela 1. Teores de gordura das carnes
bovinas e bubalinas
Conclui-se pois que entre carnes bovinas
e bubalinas observou-se uma ligeira diferença
em relação aos teores de gordura nos
diferentes tipos de preparo, sendo sempre
menor na bubalina, com diferença mais acentuada
na carne sem gordura. A carne quando
cozida, tanto bovina quanto bubalina,
apresentou menor teor de gordura dentre
todos os tipos de preparo, sendo a carne
frita a que apresentou maior teor.
Fabricação de mozzarella com leite de búfalas.
Alberto Gusmão Couto - Fazenda Castanha Grande - São Luiz do Quitunde - Alagoas - Brasil - Tel. (82) 254 1115/ 9976 3800
1. Adicionar ao leite, água potável na proporção
de 10% do volume final
(90%leite +10% água). 2. De agora por
diante, trataremos por leite a mistura
(leite+água), exceto quando formos
calcular o rendimento, o que é obvio.
2. Pasteurizar o leite.
3. Adicionar 40ml de cloreto de cálcio
para cada 100 litros de leite.
4. Adicionar ao leite: 3 % de soro fermento
estando à 40ºD (Dornic) ou 2 % estando
a 60ºD ou 1% estando a 120ºD.
5. Deixar o leite fermentar por 20 a 30 min.
O ideal é que a acidez do leite após a
fermentação esteja com 21oD na hora
de colocar o coalho.
6. Temperatura do leite na hora de colocar
o coalho: 38o C.
7. Dissolver o coalho em um copo d‘água,
e em seguida misturar essa solução em
um recipiente de aproximadamente 2 litros
d’água.
8. Aos poucos vai-se colocando ao leite
o coalho diluído em água e agitandose
o leite à cada pequena porção colocada.
Essa operação deverá ser rápi-
da, no máximo de 1 a 2 min. Parar a turbulência
e deixar o leite em repouso.
9. O coalho deverá coalhar o leite em 30 a
45 min, fora desse tempo afetará a qualidade
do produto. Se menos de 30min,
poderá dar gosto amargo no queijo
devido ao excesso de coalho, além de
45min diminuirá o rendimento do queijo.
10. Estando a coalhada no ponto, quebrase
a mesma com a lira horizontal, no
sentido longitudinal, depois com a lira
vertical, no mesmo sentido, em seguida
com a lira vertical no sentido transversal
até se obter o tamanho do grão
desejado. Alguns queijeiros fazem um
pré-corte da coalhada.
11. Para que se tenha um produto tenro,
deve-se deixar os grãos de tamanhos
45
médios a grandes, em torno de 1,5 a
2cm.de aresta.
12. Após a quebra da coalhada, esta deverá
repousar por 3 min, tempo necessário
para formar uma película nas paredes
dos grãos da coalhada. Essa película
filtrará o soro do interior dos
grãos, quando feita a primeira mexedura
e impedirá a saída de finos (pequenas
partículas da coalhada), aumentando
desta forma o rendimento do queijo.
13. Primeira mexedura: iniciar muito lentamente
e gradativamente aumentar a agitação.
Duração: 20min.
14. Ao término desse tempo, deixar a coalhada
assentar no fundo do tanque.
15. A Segunda mexedura poderá ser processada
de duas maneiras:
a. Com aquecimento na camisa do tanque
de fabricação: Aquecer lentamente
por todo o processo, a coalhada com
todo o soro. Mexer a coalhada inicialmente
lentamente e gradativamente aumentar
a agitação, mantendo as pelotas
soltas, sem formação de bolos. Ao atingir
a temperatura de 38ºC a massa deverá
estar numa consistência ideal.
b. Com adição de água quente: a esse
processo dar-se o nome de
delactosagem, pois retira parte da
46
lactose de dentro dos grãos. Retirar
parte do soro até o aparecimento dos
primeiros grãos.
Adicionar à massa mais soro, muito lentamente,
com um aguador fino, água a
100ºC. Evitar que a água quente entre
em contato direto com à massa, pois
poderá emborrachar a mesma. A medida
que se vai colocando a água quente,
vai-se fazendo a mexedura na massa,
inicialmente devagar e gradativamente
e concomitantemente com o aumento
de temperatura, vai-se aumentando a
agitação, evitando desta forma que a
massa forme bolos. Em torno de 38ºC, a
massa deverá estar no ponto, o que será
detectado pelo queijeiro.
16. Deixar a massa repousando (no próprio
soro, caso a temperatura ambiente esteja
baixa e retirar todo soro se a temperatura
ambiente estiver alta) até a mesma atingir
o ponto de filagem, o que ocorrerá
entre 4 à 5 horas, dependendo das condições
acima especificadas e acidez da
massa. Quanto maior for o tempo para
dar o ponto de filagem, maior será o tempo
que o queijeiro terá para filar e vice
versa, por isso aconselho que o queijeiro
calcule para que a massa dê o ponto de
filagem com mais de 4 horas.
17. Ao fazer o teste de filagem, a massa
deve esticar em mais de um metro, quando
estará no ponto.
18. FILAGEM: Filar a massa com água entre
85 / 90ºC, e quantidade de 1.5 a 2
vezes o peso da massa a ser filada.
Quanto maior a temperatura mais mole
ficará a massa e vice versa.
19. SALGA: MOZZARELLA EM BARRA,
PARA FATIAR: usar de 2 a 2.5 % de
sal na água de filagem(dependendo da
clientela). Trabalhar na massa, fechar
a bola e enformar. Colocar o queijo em
água gelada, dentro da forma, por aproximadamente
uma hora.Retirar da forma
e colocar em câmara fria para o queijo
enxugar.
MOZZARELLA EM BOLINHAS: Retirar
da água gelada. Colocar em uma
salmoura à 20% por um período de 5 a
10min (dependendo do tamanho da
bola). Colocar as bolinhas em salmoura
de conserva definitiva. Esta salmoura
deverá ter a mesma acidez da massa,
para evitar que fique leitosa.
20. EMBALAR: Caso seja Mozzarella em
barra, embalar a vácuo; caso seja em
bolinhas, colocar em um recipiente com
uma quantidade de salmoura de conserva
suficiente para deixar as bolinhas
imersas.
Influência das características reprodutivas da búfala
na produção, composição e qualidade do leite
Eduardo Bastianetto, Sidney Correa Escrivão - Apoio: Núcleo de Bubalinocultura da EV-UFMG e Associação Mineira de Bubalinocultores
Introdução
Os animais selvagens apresentam
uma atividade reprodutiva
estacional, condicionada pela necessidade
de coincidir o parto e a desmama
com uma estação climática que satisfaça as
exigências de temperatura e alimento da prole.
Esta característica que se perde durante
o processo de domesticação ainda encontra-se
presente em algumas espécies animais.
A tendência à estacionalidade
reprodutiva de algumas espécies foi parcialmente
influenciada pelo processo de
domesticação e sua mudança para novas
áreas de criação.
Índia
A espécie selvagem que originou os
búfalos desenvolveu-se em uma zona tropical
Indiana localizada entre os paralelos
31° N e 2° S da linha do Equador. O parto
primaveril garantiu para a prole, durante o
processo de seleção natural dos animais, a
presença de forragem em áreas tropicais ao
norte do Equador. As espécies que possuem
período de gestaçao de cinco meses
(Caprinos e Ovinos) e de 11 –12 meses
(Eqüinos e Asininos) apresentam um aumento
acentuado na fertilidade respectivamente
no Outono e na Primavera. A variação
na quantidade diária de luz sinaliza a
epoca do ano para sistema neuro-endócrino
dos animais e reativa o sistema reprodutivo
no período favorável a reprodução, dividindo-os
em espécies fotoperiodo negativo
(aumento da fertilidade no Outono e Inverno)
e fotoperiodo positivo (aumento da
fertilidade na Primavera e Verão). Os indivíduos
que nasciam nas épocas mais favoráveis
sobreviviam e prevaleceram numericamente,
transmitindo para as gerações sucessivas
as características reprodutivas
(Zicarelli, L. 1997).
Brasil
A disponibilidade de forragem nas áreas
tropicais ao sul da linha equatorial ocorre
no período em que as horas de luz do dia
aumentam (primavera e verão), ao contrário
do que ocorre no ambiente que os búfalos
foram selecionados. Uma búfala que
inicia uma gestação no principio do inverno
irá entrar em trabalho de parto no outono
do ano seguinte (período médio de gestação
de 315 dias), época caracterizada pela
baixa quantidade e qualidade das forragens.
Os búfalos apresentam estacionalidade
reprodutiva mesmo quando estão em locais
com boa disponibilidade de alimento durante
todo o ano. Os animais pertencentes
aos rebanhos localizados próximos à linha
equatorial apresentam uma estacionalidade
reprodutiva influenciada por fatores
nutricionais. A manifestação da
estacionalidade reprodutiva nos búfalos é
influenciada pelo aumento da distância da
linha do Equador (Zicarelli, L. 1997).
Comportamento reprodutivo das
búfalas
A espécie bubalina é poliéstrica
estacional de dia curto. A variação na concentração
sangüínea de melatonina nas
búfalas sinaliza a estação do ano para o
sistema reprodutivo. O aumento na concentração
plasmática de melatonina após o por
do sol é menor em indivíduos menos sensíveis
ao fotoperiodo.
A necessidade de alterar o calendário
natural de partos das búfalas para satisfazer
a maior demanda comercial de Mozzarella na
primavera e no verão causam perdas na fertilidade
do rebanho, que são menores (aproximadamente
15%) nas propriedades que utilizam
programas de desestacionalização para
búfalas há mais tempo. As búfalas destes
rebanhos manifestam um comportamento
reprodutivo estacional menos característico
(Zicarelli, L. 1997).
Variação na composição do leite da
búfala durante o ano
Os percentuais de gordura, proteína,
CCS e acidez titulável do leite apresentam
uma variação conhecida e esperada durante
a lactação. A intensidade e tipo destas
variações ocorrem devido ao manejo alimentar,
sanitário e genético imposto pelos criadores,
e podem favorecer ou prejudicar a
qualidade e o rendimento dos produtos
derivados do leite da búfala.
O leite das búfalas recém paridas não é
adequado para a fabricação de queijo tipo
Mozzarella. O leite utilizado para a fabricação
desse queijo deve conter uma relação
de gordura e proteína de 2:1, com um teor
mínimo de gordura de 7,2% (Del Prato, S.
O., 1998) e baixa acidez titulável. A acidez
titulável do leite da búfala Mediterrânea Italiana
varia durante a lactação de 12.0 a 9.0
SH°(unidade de Soux – Henkel em 100 ml
de leite) nos primeiros 25 dias apos o parto..
O leite apresenta 12.0° SH no início da
lactação, 10.0° SH após duas semanas e
para 9.0° SH aos 25 dias.
A conversão dos valores de acidez expressa
em °SH e °Dornic (°D) podem ser
feitas através das formulas:
• Acidez do leite em °D = (4,5x acidez
do leite °SH) /2
• Acidez do leite em °SH = (2 x acidez
do leite em °D) /4,5 (Adaptado de Del
Prato, S. O., 1998).
A acidez titulável do leite da búfala apresenta
valores ligeiramente superiores à acidez
titulável do leite da vaca, isto provavelmente
ocorre em função da maior quantidade,
diâmetro e número das micelas de
caseína do leite da búfala se comparado ao
leite da vaca. (Macedo et, 2001). Segundo
Del Prato (1998) a acidez normal do leite da
búfala Mediterrânea Italiana para a fabricação
de Mozzarella varia entre 7.0 e 7.8°SH.
Fatores ambientais que causam o aumento
da acidez titulável do leite da búfala:
a. Presença de bactérias saprófitas produtoras
de acido lático através da fermentação
da lactose.
b. Conservação do leite em refrigerador
sujo e resfriamento lento.
c. Transporte do leite em latas sujas e temperatura
inadequada.
d. Percursos longos e demorados.
e. Ordenha com pouca ou nenhuma higiene.
Fatores alimentares que aumentam a
acidez titulável do leite:
1. Excesso de forragem grosseira sem a
observação das características
nutricionais.
47
2. Fornecimento de alimentos
inapropriados: silagem de baixa qualidade,
alimentos mofados, mistura mineral
inapropriada.
A estacionalidade reprodutiva concentra
a produção de grande volume de leite
(até 60% da produção total de leite) nos
meses de Fevereiro a Maio de búfalas recém
paridas. O baixo percentual de caseína
no leite, a alta acidez titulável e a alta CCS
em algumas fases da lactação causam problemas
na coagulação do leite e na filagem
da massa. A mozarela produzida com o leite
de uma búfala recém parida apresenta baixa
qualidade organoléptica e reduzido tempo
para comercialização.
Para diminuir a concentração de partos
em poucos meses do ano deve-se fazer um
o planejamento reprodutivo. Baruselli (1993)
descreveu as seguintes técnicas de manejo
que auxiliam a distribuição de partos ao
longo do ano:
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• Colocar as novilhas em reprodução
na Primavera, pois as novilhas não
apresentam um comportamento
estacional reprodutivo acentuado.
• Retirar o touro do lote de búfalas paridas
no inverno (Junho, Julho e Agosto)
e recolocar na primavera.
Alimentar bem as búfalas, condição indispensável
para a concepção na primavera.
O rendimento da mozarela e dos demais
derivados está diretamente relacionados
com a composição do leite, em especial com
a quantidade de proteína. O rendimento do
leite da búfala para a fabricação de Mozarela
pode ser calculado com a formula: [((3,5 x
%P no leite) + (1,25 x %G no leite)) – 0,088].
A búfala apresenta uma maior capacidade
de alterar a composição (percentual
de gordura e proteína) do leite em relação
ao volume. Existe uma diferença no
percentual de gordura no leite das búfalas
submetidas a uma ou duas ordenhas por
dia nos rebanhos que fornecem ração no
cocho durante ou após a ordenha. Nos rebanhos
em que as búfalas são ordenhadas
duas vezes elas recebem uma quan-
tidade maior de ração, isto diminui a relação
forragem: concentrado da alimentação
total ingerida e favorece a produção de
leite com maior percentual de gordura em
relação as búfalas que são ordenhadas somente
uma vez.
Quando as búfalas em lactação não ingerem
alimentos de maneira que satisfaçam
suas exigências nutricionais para a
mantença, gestação, e produção de leite
ocorre uma acentuada diminuição no volume
de leite produzido com uma pequena
alteração na sua composição.
Conclusões
As características reprodutivas da espécie
bubalina influenciam na composição,
qualidade e volume do leite produzido durante
o ano. Deve-se fazer um planejamento
dos acasalamentos das búfalas, respeitando
as características da espécie, para
diminuir a concentração da produção de
leite com características indesejáveis para
a produção de mozzarella em poucos meses
do ano.
Receitas da Criadora
Magda Elizabete Nebel da Silva
Guaíba - RS
Filé Recheado:
Rendimento: 4 a 6 pessoas
- 1 Kg de filé de búfalo
- Sal e pimenta a gosto
- 2 dentes de alho
- 2 cebolas grandes
- 125 g de bacon
- 3 cenouras
- ½ maço de temperos verdes picados
- 200 g de mozzarella de búfala em fatias
Modo de preparar:
Recheio: Passe no processador o alho,
a cebola, a cenoura e o bacon, ou corte
tudo bem picadinho. Tempere a gosto e
refogue por 10 a 15 minutos, mexendo até
evaporar todo o liquido. Desligue e acrescente
o tempero verde e reserve. Com uma
faca de cozinha bem afiada, vá abrindo a
peça inteira do filé como forma de uma manta,
quanto mais fino melhor, tempere com
sal e pimenta.
Coloque o recheio: espalhe as fatias de
mozzarella e depois o refogado de bacon
com cebola e cenoura.
Enrole como um rocambole, amarre com
o auxilio de um barbante e embrulhe em papel
alumínio, fechando bem.Leve para assar
por cerca de 20 minutos em forno médio préaquecido.
Após esse tempo, abra o papel
alumínio delicadamente e pincele com manteiga
de búfala. Volte ao forno e deixe dourar
aproximadamente 20 minutos. Pode ser servido
com arroz, salada verde e farofa.
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RECEITAS CULINÁRIAS
Encaminhe à ABCB
Quiche de Mozzarella de
Búfala
Rendimento: 8 porções
Massa:
- 250 g de farinha de trigo
- 125 g de manteiga
- 1 colher de chá de sal
- 1 ovo
- 2 colheres de água
Modo de fazer:
Misture a farinha e o sal e incorpore a
manteiga com a ponta dos dedos até formar
uma farofa. Acrescente os ovos e a
água e forme a massa sem trabalhar muito
nela. Cubra com filme plástico e leve à geladeira
para descansar por 30 minutos. Após
este tempo, abra a massa e coloque em uma
forma de fundo falso. Cubra com papel alumínio,
encha de feijões crus e leve para assar
em forno médio por 15 minutos aproximadamente.
Recheio:
- 300 g de mozzarella de búfala picada
em quadrados grandes
- 300 ml de creme de leite fresco (nata)
- 1 xic. de leite
- 1 cebola picadinha
- 4 ovos
- 1 colher de chá de sal
- pimenta do reino
- 6 azeitonas pretas fatiadas para decorar
Frite a cebola na manteiga. Bata no
liquidificador os ovos com o creme de leite,
o sal e a pimenta. Depois de batido, junte a
mozzarella de búfala e a cebola. Coloque o
recheio no fundo da torta que foi pré-assada.
Salpique por cima as azeitonas
cortadinhas e leve ao forno médio por aproximadamente
30 minutos.
suas sugestões de receitas para serem publicadas
no próximo Boletim do Búfalo
Pão de Queijo com
Mozzarella de Búfala
- 1 colher rasa de sal
- 6 xic. polvilho doce ou fécula
- 1 xic. medida de azeite
- 1 xic. medida de leite
- 400 g mozzarella búfala
- 4 ovos
Modo de fazer:
Misturar o sal com o polvilho, misturar o
leite junto com o óleo fervendo, despejar no
polvilho misturando bem.
Deixar esfriar por 20 minutos, acrescentar
os ovos e por último o queijo ralado,
fazer bolinhas e assar no forno pré aquecido
a 200º.
Para congelar:
Fazer bolinhas, colocar na forma, levar
ao freezer e depois embalar. Retirar o ar para
que dure mais.
Pizza de Mozzarella de
Búfala com Rúcula
- ½ xícara de chá de leite
- 2 colheres de chá de margarina
- 1 colher de chá de sal
- 1 colher de sopa de fermento em pó
Cobertura:
- 3 tomates sem pele e semente picados
- 1 colher de sobremesa de orégano
- 200 g de mozzarella de búfalo
- folhas de rúcula
Modo de fazer:
Junte os ingredientes da massa, amassando-os
com as mãos até obter uma massa
homogênea. Abra com rolo formando
quatro discos de pizza. Leve a massa ao
forno por 12 minutos.
Tempere os tomates com sal e orégano
e espalhe sobre os discos já assados. Distribua
a mozzarella ralada e leve novamente
ao forno por mais 8 minutos. Coloque as
folhas de rúcula e serva a seguir.
Composições químicas comparativas:
Leite de Búfala x Leite de Vaca
Parâmetros Búfala Vaca
Umidade (%) 83,00 88,00
Gordura (%) 8,16 3,68
Proteína (%) 4,50 3,70
Cinzas (%) 0,70 0,70
Extr. Seco (%) 17,00 12,00
Vit. A (UI) 204,27 185,49
Calorias / 100 ml 104,29 62,83
Cálcio (%) 1,88 1,30
Ferro (ppm) 61 37
Carne de Búfalo x Carne Bovina
Parâmetros Búfalos Bovinos
Calorias (Kcal) 131,00 289,00
Proteína (%) 26,83 24,07
Lipídios (g) 1,80 20,89
AG Saturados (g) 0,60 (33%) 8,13 (39%)
AG Monoinsaturados (g) 0,53 9,06
AG Poliinsaturados (g) 0,36 0,77
Colesterol (mg) 61,00 90,00
Minerais (mg) 641,80 583,70
Vitaminas (mg) 20,85 18,52
Fonte: Verruma (1994) Por 100 g de carne.
Fonte: USDA Agriculture Handbook.
AGENDA
3º ENCONTRO NACIONAL DE
CRIADORES DE BÚFALOS
RECIFE - PE
O 3º Encontro Nacional de Criadores de Búfalos,
acontecerá entre os dias 15 e 19 de Setembro
de 2005 e está sendo organizado pela Associação
de Bubalinocultores de Pernambuco (ASBUPE)
juntamente com a Universidade Rural de
Pernambuco (UFRPE) e ABCB.
Previamente ao encontro, estão programados dois
cursos, sendo um de produção de derivados de leite
de búfalas e outro de Inseminação Artificial.
1º SIMPÓSIO ITALO-AMERICANO
DE BÚFALOS
Programado para ser realizado
entre os dias 15 e 18 de Outubro de 2005 em
Paestum-Salerno, na Itália.
O simpósio deverá ainda ter um curso prévio que
abordará a qualidade do leite e sua
transformação em derivados.