Revista 71 - Crea-RJ
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crea<strong>RJ</strong><br />
Nova Cedae: uma gestão que valoriza o engenheiro
Em busca da sustentabilidade<br />
Uma boa maneira de avaliar o<br />
grau de desenvolvimento sustentável<br />
de um país é conhecer os<br />
seus indicadores na área de saneamento,<br />
que inclui esgotamento sanitário,<br />
acesso à água e tratamento de<br />
resíduos sólidos.<br />
Uma pesquisa do Instituto de Pesquisa<br />
Econômica Aplicada (Ipea) revela<br />
que, nas áreas urbanas do Brasil, ainda<br />
existem 14,2 milhões de pessoas sem<br />
água canalizada, 34,5 milhões sem esgoto<br />
por rede ou fossa séptica e 4,4<br />
milhões sem coleta de lixo.<br />
Por outro lado, embora ainda<br />
haja muito a fazer, a parcela com saneamento<br />
inadequado – englobando<br />
água, esgoto e lixo – caiu de 30,9 %,<br />
em 2001, para 26,8% em 2006.<br />
Pode-se atribuir a evolução desse<br />
indicador social a uma atenção maior<br />
do poder público aos problemas ambientais,<br />
embora ainda insuficiente. No<br />
Rio de Janeiro, como mostra a reportagem<br />
de capa, a empresa de distribuição<br />
de água e tratamento de esgoto –<br />
a Cedae – mudou o modelo de gestão<br />
e assumiu como um dos seus compromissos<br />
a universalização dos serviços.<br />
Atualmente, rebatizada como<br />
Nova Cedae, a companhia distribui<br />
água para mais de nove milhões de<br />
pessoas e oferece tratamento de esgoto<br />
a mais de 5 milhões. Abastece,<br />
ainda, mais de 70% dos municípios<br />
do estado e negocia a adesão de cidades<br />
que não usufruem seus serviços.<br />
Na linha de frente do novo modelo<br />
da Cedae, ao contrário do que<br />
ocorria no passado, estão profissionais<br />
de Engenharia.<br />
A gestão do lixo é outro gravíssimo<br />
problema urbano a ser enfrentado<br />
de modo emergencial pelos agentes<br />
públicos. São mais de 140 mil toneladas<br />
de lixo geradas diariamente<br />
no país (ver matéria nesta edição).<br />
Em cerca de 80% dos municípios,<br />
os detritos são lançados em cursos<br />
d’água e áreas a céu aberto. Na cidade<br />
do Rio de Janeiro, por exemplo,<br />
a falta de coleta adequada contribui<br />
para agravar a epidemia de dengue,<br />
além de outros problemas de saúde<br />
pública, como evidenciou um relatório<br />
produzido pelo <strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong> e encaminhado<br />
às autoridades municipais.<br />
É estarrecedor que os poluentes<br />
lixões ainda proliferem nas cidades<br />
brasileiras, desnudando um cenário<br />
perverso que mescla má gestão e falta<br />
de investimento em tecnologias de<br />
tratamento de resíduos sólidos. Mesmo<br />
os aterros sanitários, pouco usados<br />
no Brasil, já começam a ser descartados<br />
em países considerados desenvolvidos<br />
por legarem um passivo<br />
ambiental para a sociedade.<br />
Uma das saídas apontadas por<br />
especialistas é investir em modernas<br />
e limpas soluções para o lixo urbano,<br />
como a incineração e a compostagem,<br />
que têm em comum o reaproveitamento<br />
de resíduos e seus subprodutos.<br />
Ao difundir tais exemplos, o <strong>Crea</strong>-<br />
<strong>RJ</strong> espera que as ações públicas de nítido<br />
compromisso com o desenvolvimento<br />
sustentável tornem-se indissociáveis<br />
de qualquer estratégia global<br />
de crescimento para o país.<br />
Reynaldo Barros<br />
Presidente do <strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong><br />
f
Diretoria<br />
Presidente<br />
Engenheiro Eletricista e de Segurança do Trabalho<br />
Reynaldo Barros<br />
1º Vice-presidente<br />
Engenheiro Mecânico e de Segurança do Trabalho e<br />
Engenheiro de Operação-Mecânica<br />
Luiz Carlos Roma Paumgartten<br />
2º Vice-presidente<br />
Engenheira de Operação-Construção Civil<br />
Teneuza Maria Cavalcanti Ferreira<br />
1º Diretor administrativo<br />
Engenheiro Eletricista e de Segurança do Trabalho<br />
Mariano de Oliveira Moreira<br />
2º Diretor administrativo<br />
Técnico Industrial em Eletrotécnica<br />
Eduardo França Ribeiro<br />
3º Diretor administrativo<br />
Arquiteto e Urbanista<br />
Artur José Macedo de Oliveira<br />
1º Diretor Financeiro<br />
Meteorologista<br />
Alfredo Silveira da Silva<br />
2º Diretor Financeiro<br />
Engenheiro Mecânico e de Segurança do Trabalho<br />
Aloísio Celso de Araújo<br />
3º Diretor Financeiro<br />
Arquiteto e Urbanista<br />
Sydnei Dias Menezes<br />
Comissão eDitorial<br />
Coordenador<br />
Arquiteto e Urbanista<br />
Artur José Macedo de Oliveira<br />
Coordenador-adjunto<br />
Técnico Industrial em Eletrotécnica<br />
Eduardo França Ribeiro<br />
membros<br />
Geógrafo<br />
Sérgio da Costa Velho<br />
Técnico em Eletrônica<br />
Ricardo do Nascimento Alves<br />
Técnico em Química<br />
Jorge Fernandes Filho<br />
suplentes<br />
Eng.de Seg.do Trabalho e de Química Luiz<br />
Mosca Cunha; Eng.Eletricista Regina Moniz<br />
Ribeiro; Arq e Urbanista e Téc.em Edificações<br />
Mauri Vieira da Silva; Eng.Florestal Denise<br />
Baptista; Arq. Jerônimo de Moraes Neto<br />
assessores de marketing e Comunicação<br />
Rodrigo Machado e Maria Dolores Bahia<br />
editor<br />
Coryntho Baldez (MT: 25489)<br />
redação<br />
Coryntho Baldez, Viviane Maia<br />
e André Sant´Anna<br />
Colaboradores<br />
Roberta Diniz, Uallace Lima, Vera Monteiro<br />
e Luciana Soares<br />
redação monte Castelo<br />
Textos: Helena Roballo, Dânae Mazzini, Gisele<br />
Macedo e Jackeline Mota<br />
Projeto Gráfico<br />
Paula Barrenne<br />
Diagramação<br />
Wagner Ulisses<br />
Liberdade de Expressão<br />
impressão<br />
Gráfica Ediouro<br />
tiragem<br />
120 mil exemplares<br />
<strong>Crea</strong>-rJ<br />
(21) 2179-2000<br />
telecrea<br />
(21) 2179-2007<br />
anúncios<br />
(21) 2179-2834<br />
www.crea-rj.org.br<br />
Sumário<br />
Matriz do Conhecimento garante<br />
aperfeiçoamento profissional<br />
<strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong> produz relatório<br />
técnico sobre Dengue<br />
Supercomputador ajuda<br />
Brasil a achar petróleo<br />
Carreiras: empregado ou<br />
empregador?<br />
Novas encomendas para<br />
a indústria naval<br />
Conheça a atuação da<br />
nova Cedae
Fcrea<strong>RJ</strong><br />
O alto preço do lixo urbano<br />
A importância da memória na<br />
Arquitetura<br />
Ministério Público quer melhorar<br />
acessibilidade nos municípios<br />
Programa incentiva inovação<br />
em microempresas<br />
Projeto estrangeiro para Cidade<br />
da Música provoca polêmica<br />
Agricultura briga por<br />
royalties do petróleo<br />
Técnico metrologista é cada vez<br />
mais valorizado
Mulheres Técnicas<br />
Como Técnica em Eletrotécnica,<br />
formada há 36 anos, pela Escola<br />
Técnica Visconde de Mauá, do Rio<br />
de Janeiro, fiquei super orgulhosa<br />
com a matéria de capa do mês<br />
de fevereiro de 2008, na qual<br />
vocês mostraram nosso trabalho.<br />
Parabéns!<br />
Aurora Ribeiro Pacheco<br />
Macaé - <strong>RJ</strong><br />
Orgulho profissional<br />
Com pouco mais de três anos de<br />
registro no <strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong>, orgulho-me<br />
pelo desempenho profissional.<br />
Já conto com mais de 90 ART´s<br />
recolhidas junto ao Conselho. (...) A<br />
cada dia que se passa noto quanto<br />
foi importante a conclusão do<br />
meu curso técnico, tudo mudou!<br />
(competência, postura, ética e<br />
determinação).<br />
Atualmente meu trabalho técnico<br />
é voltado aos Eletricistas. Hoje,<br />
atendo a pouco mais 40 nas diversas<br />
áreas da Região Serrana e isso<br />
me orgulha de verdade. Ressalto,<br />
ainda , para que de fato a mão de<br />
obra dos nossos jovens seja realmente<br />
reconhecida , que é preciso<br />
ter uma parceria entre Escolas e<br />
empresas, como está sendo feito<br />
hoje nas obras do PAC, com a<br />
parceria da Faetec. Só assim que<br />
teremos resultados satisfatórios.<br />
Paulo Sérgio Chagas Junior<br />
Técnico em Eletrotécnica<br />
crea<strong>RJ</strong><br />
Uma casa sem profissional?<br />
Dêem meus parabéns a quem<br />
criou o belo anúncio de vocês<br />
que vi na Veja (“É uma casa muito<br />
engraçada. Não tinha engenheiro.<br />
Não tinha arquiteto. Não tinha<br />
nada”.) Infelizmente, o anúncio<br />
não estava assinado.<br />
Romildo Guerrante<br />
Jornalista<br />
Segurança do Trabalho<br />
Primeiramente quero parabenizá-los<br />
pela qualidade dos temas<br />
abordados bem como pela<br />
qualidade física do material (a<br />
revista).<br />
Entretanto, ao abordarem a<br />
matéria sobre segurança do trabalho,<br />
na edição 69, informaram<br />
a NR 7 como Norma Regulamentadora<br />
que trata do registro<br />
profissional do Técnico de Segurança<br />
do Trabalho o que não<br />
procede. Na verdade, a Norma<br />
Regulamentadora que trata desta<br />
matéria é a NR 27 cujo título é<br />
“Registro Profissional do Técnico<br />
de Segurança do Trabalho no Ministério<br />
do Trabalho e Emprego”.<br />
A NR–7 trata exclusivamente do<br />
PCMSO - Programa de Controle<br />
Médico e Saúde Ocupacional,<br />
que é matéria de interesse da<br />
Medicina do Trabalho.<br />
Aproveito para fazer meu protesto.<br />
É uma ofensa à profissão do<br />
Técnico de Segurança do Trabalho,<br />
que existe há tanto tempo,<br />
não ter um conselho profissional<br />
constituído. Vejo nos <strong>Crea</strong>s condições<br />
de adotar esta categoria<br />
profissional carente de um<br />
Conselho forte e comprometido<br />
com sua valorização profissional.<br />
Contudo, é indispensável que os<br />
futuros líderes valorizem mais os<br />
profissionais de nível técnico e<br />
tecnológico por meio de criação<br />
de Câmaras Especializadas e respeito<br />
no exercício profissional.<br />
Cordialmente<br />
Robson Marcolino de Souza<br />
Engenheiro Civil – Técnico de Segurança<br />
do Trabalho<br />
NR: Caro Robson, obrigado pelos<br />
elogios e pela leitura atenta da<br />
nossa <strong>Revista</strong>.<br />
Comperj<br />
Recebemos exemplares da edição<br />
69 da <strong>Revista</strong> do <strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong> com a<br />
matéria sobre o Comperj. A reportagem<br />
ficou muito boa, mas há<br />
apenas uma informação incorreta.<br />
Em vez de gerar uma economia<br />
de dois bilhões de reais, o projeto<br />
terá como conseqüência uma<br />
economia de divisas da ordem de<br />
dois bilhões de dólares.<br />
Simone Marques<br />
Assessora de Imprensa do Comperj<br />
Sua opinião é muito importante. Acompanhe as ações do <strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong> e envie idéias,<br />
sugestões ou críticas para o e-mail revista@crea-rj.org.br
Resolução 1010,<br />
um salto profissional<br />
matriz do Conhecimento garante processo contínuo de aperfeiçoamento<br />
Considerada uma vitória para os<br />
profissionais ligados ao Sistema<br />
Confea/<strong>Crea</strong>, a Resolução 1010, aprovada<br />
por unanimidade no plenário do<br />
Confea, em 22 de agosto de 2005, permite<br />
a soma das atribuições, além daquelas<br />
concedidas com base na graduação<br />
normal. Na prática, o documento,<br />
que vigora desde 1º de julho de 2007,<br />
cria novas possibilidades de atuação para<br />
os profissionais da área tecnológica, ao<br />
permitir que algumas habilidades técnicas,<br />
obtidas durante cursos de especialização,<br />
mestrado e doutorado sejam incorporadas<br />
àquelas previstas na graduação,<br />
ampliando, dessa forma, o campo<br />
de atuação profissional.<br />
De acordo com o engenheiro mecânico<br />
eletricista Ruy Vieira, coordenador<br />
nacional da Comissão de Implantação<br />
da 1010, a resolução significa<br />
a consolidação de antigas aspirações<br />
dos profissionais da área tecnológica.<br />
“A resolução atende às novas demandas,<br />
no sentido de racionalizar a concessão<br />
de atividades para o desempenho<br />
profissional nos campos de atuação<br />
abrangidos pelo Sistema, e tendo<br />
em vista a flexibilização que foi sendo<br />
aos poucos introduzida no âmbito da<br />
formação acadêmica”, declara.<br />
matriz Do ConheCimento<br />
Todavia, apesar de fazerem quase<br />
três anos de aprovação da resolução,<br />
a sua implementação ainda é tema de<br />
diversos debates, que dão origem a novos<br />
elementos. Um dos mais recentes<br />
diz respeito à Matriz do Conhecimen-<br />
to, cujo objetivo é tornar o processo de<br />
concessão de atribuições menos analítico<br />
e mais automático, além de uniformizar<br />
a forma de análise dos projetos<br />
pedagógicos, de forma a evitar diferenças<br />
substanciais entre os <strong>Crea</strong>s.<br />
Segundo o chefe de gabinete do<br />
<strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong>, arquiteto e urbanista Itamar Kalil,<br />
a idéia de se criar a chamada Matriz<br />
do Conhecimento surgiu da necessidade<br />
de aprovar conteúdos mínimos, garantindo<br />
o processo contínuo de aperfeiçoamento<br />
dos profissionais. “É importante<br />
que o profissional possua competências<br />
e habilidades que permitam a ampliação<br />
dessas atribuições”, destaca.<br />
ConFea aProVa CalenDário<br />
No último dia 30 de maio, o plenário<br />
do Confea aprovou o calendário<br />
de reuniões de especialistas a fim de<br />
que seja concluída a elaboração das<br />
matrizes de conhecimento referentes<br />
à graduação. A criação desta matriz,<br />
prevista no Anexo II da Resolução nº<br />
1.010/05, implica a adequação dos<br />
campos de atuação dos profissionais<br />
Aspectos importantes da 1010<br />
do Sistema Confea/<strong>Crea</strong>.<br />
As reuniões vão tratar das seguintes<br />
modalidades: engenharia civil, industrial,<br />
química, agrimensura/geografia,<br />
geologia/minas, arquitetura, agronomia/meteorologia<br />
e engenharia de<br />
segurança do trabalho.<br />
Ao final das reuniões, haverá reunião<br />
extraordinária da Comissão de<br />
Educação e Atribuição Profissional<br />
(CEAP), para a entrega formal das matrizes<br />
de conhecimento concluídas e da<br />
proposta de adequação dos campos de<br />
atuação profissional do Anexo II da Resolução<br />
nº 1.010, de 2005.<br />
O assunto é amplo e envolve diretamente<br />
todos os profissionais que já<br />
fazem parte do Sistema, assim como<br />
aqueles que estão em processo de graduação.<br />
Dar a merecida atenção ao<br />
tema é essencial para que a Resolução<br />
1010 alcance seu principal objetivo e<br />
sirva de instrumento favorável ao profissional,<br />
permitindo que algumas categorias<br />
tenham uma maior flexibilidade<br />
em relação à concessão e atribuições<br />
de títulos e competências. F (A.S.)<br />
• A Resolução 1010 permite a soma das atribuições, além daquelas concedidas<br />
através da graduação normal;<br />
• Divisão entre conteúdos básicos e obrigatórios. Para ter reconhecida a<br />
competência, o egresso deverá cursar 100% do conteúdo obrigatório e 75%<br />
do conteúdo básico.<br />
• Estabelecimento de cargas horárias para cada conjunto de conteúdos.<br />
• Elaboração: a cargo de coordenadorias nacionais de câmaras especializadas dos<br />
<strong>Crea</strong>s. Participação de especialistas, entidades de classe e instituições de ensino.<br />
f
f<br />
Dengue<br />
um problema sanitário<br />
<strong>Crea</strong>-rJ encaminha ao poder público propostas para<br />
evitar o lixo disperso na cidade, um dos principais<br />
fatores de proliferação do mosquito transmissor
Em 1986, uma das tarefas dos alunos<br />
da quarta série do antigo curso<br />
primário, em uma escola pública no<br />
Rio de Janeiro, era a composição de<br />
um mural sobre uma doença que, então,<br />
vinha assustando toda a população:<br />
a dengue. À época, as crianças<br />
pesquisaram, principalmente, sobre<br />
qual era o vetor transmissor da doença<br />
– o mosquito Aedes Aegypti – e<br />
quais as maneiras de evitar a proliferação<br />
do inseto e, conseqüentemente,<br />
da doença – acabando com os lugares<br />
de seu nascimento e desenvolvimento,<br />
como água limpa parada em recipientes<br />
abertos.<br />
Vinte e dois anos se passaram e a<br />
dengue ainda é tema de pesquisas escolares,<br />
de reportagens maciças nos<br />
meios de comunicação e de campanhas<br />
de conscientização. E o mais grave:<br />
continua matando dezenas de pessoas<br />
aqui no Estado, ano após ano.<br />
Ainda assim, as ações efetivas de<br />
combate às causas da doença acabam<br />
sendo sazonais e a maior parte da responsabilidade<br />
atribuída à população.<br />
Buscando uma nova perspectiva<br />
para o assunto, a fim de formular soluções<br />
concretas para o problema, o<br />
<strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong> produziu, através de sua Assessoria<br />
de Meio Ambiente, um Relatório<br />
Técnico, mostrando os riscos do<br />
lixo disperso na cidade do Rio de Janeiro<br />
– não coletado adequadamente<br />
pelo poder público – na proliferação<br />
de mosquitos e outros vetores,<br />
que geram doenças e epidemias para<br />
a população urbana.<br />
eCobarreiras aGraVam Problemas<br />
O documento detecta que não<br />
está sendo combatido adequadamente<br />
o que, talvez, seja o principal foco da<br />
dengue na cidade do Rio de Janeiro: o<br />
lixo disperso nas favelas urbanas. De<br />
acordo com o documento, coordenado<br />
pelo engenheiro sanitarista Adacto<br />
Ottoni, a coleta nessas localidades<br />
Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr<br />
continua ineficiente, permitindo que o<br />
lixo se alastre no solo urbano, especialmente<br />
nas encostas com ocupações irregulares,<br />
onde o caminhão da limpeza<br />
urbana não tem acesso.<br />
Para Adacto, o risco da proliferação<br />
de vetores pode ser agravado pela<br />
implantação das ecobarreiras para a<br />
retenção do lixo das favelas, que é levado<br />
pelas chuvas por meio do sistema<br />
de drenagem urbana e acaba por atingir<br />
os rios da cidade. “O <strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong> realizou<br />
inspeção no último dia 25 de mar-<br />
Ações emergenciais<br />
ço na ecobarreira do rio Arroio Fundo<br />
(localizada na região de Jacarepaguá/<br />
Barra da Tijuca, grande foco de dengue<br />
na cidade) e detectou uma série<br />
de indícios de mal funcionamento da<br />
estrutura, como o acúmulo por tempo<br />
prolongado do lixo nas calhas fluviais,<br />
deixando o caminho livre para a proliferação<br />
de vetores animados. Para<br />
esta estrutura funcionar sem risco sanitário<br />
para a população, é preciso que<br />
ela seja limpa de forma permanente”,<br />
afirma o sanitarista. F (V.M.)<br />
O relatório do Conselho sobre Dengue, que foi entregue ao Ministério das Cidades,<br />
à Comlurb e às Secretarias Municipal e Estadual de Meio Ambiente, apresenta<br />
como contribuição ao poder público providências emergenciais a serem aplicadas,<br />
como: o desenvolvimento de estudos para a implantação da coleta seletiva<br />
e a reciclagem do lixo nas favelas da cidade, em conjunto com um programa<br />
de educação ambiental e conscientização da população local; a priorização de<br />
investimentos, em níveis municipal, estadual e federal, para o controle do lixo<br />
disperso nas encostas da cidade, evitando que este chegue às calhas fluviais; e a<br />
implantação do monitoramento permanente por sensoriamento remoto do uso<br />
e ocupação do solo, além da criação de políticas públicas efetivas para o controle<br />
de novas ocupações irregulares na Cidade do Rio de Janeiro.<br />
f
f<br />
Uma máquina<br />
colossal<br />
supercomputador instalado na UFrJ vai ajudar<br />
Petrobras a identificar novas reservas de petróleo
investimento de 1% do seu fa-<br />
O turamento em Pesquisa e Desenvolvimento<br />
(P&D) tem levado a<br />
Petrobras a formidáveis conquistas,<br />
como a auto-suficiência em petróleo,<br />
alcançada em 2006. Em quase todas,<br />
a empresa não atuou sozinha. Pelo<br />
contrário, soube explorar parcerias<br />
para desenvolver as tecnologias inovadoras<br />
que lhe deram o sétimo lugar<br />
no ranking das maiores empresas<br />
de petróleo do mundo, de acordo<br />
com a publicação Petroleum Intelligence<br />
Weekly (PIW). A um passo de<br />
confirmar reservas colossais de óleo<br />
na camada pré-sal, a seis mil metros<br />
abaixo no nível do mar, a Petrobras<br />
– consciente do desafio tecnológico<br />
que tem pela frente – vem reforçando<br />
a estratégia de compartilhar o seu<br />
esforço de pesquisa com instituições<br />
acadêmicas.<br />
Nessa empreitada em busca de<br />
novos campos petrolíferos, um de<br />
seus maiores aliados será o supercomputador<br />
Netuno, inaugurado, em<br />
12 de maio, no Núcleo de Computação<br />
Eletrônica da Universidade Federal<br />
do Rio de Janeiro (UF<strong>RJ</strong>). Montado<br />
com R$ 5 milhões financiados<br />
pela Petrobras, o cluster (aglomerado<br />
de servidores) vai beneficiar 14<br />
instituições brasileiras de ensino e<br />
pesquisa que integram duas redes<br />
temáticas: a Rede de Geofísica Aplicada<br />
e a Rede de Modelagem e Observação<br />
Oceanográfica. O mais potente<br />
computador de uso acadêmico<br />
da América Latina vai elevar a capacidade<br />
atual instalada em cerca de<br />
oito vezes.<br />
simUlação Ganha Força<br />
Segundo o coordenador técnico<br />
do projeto, engenheiro eletrônico<br />
Gabriel Pereira da Silva, a máquina<br />
poderá desenvolver modelos para<br />
a prospecção de poços de petróleo.<br />
“Esse poços da camada pré-sal não<br />
têm um modelo acurado que indique<br />
a ocorrência ou não de óleo. Imagina<br />
furar um poço desse e não encontrar<br />
petróleo? São milhões de reais jogados<br />
fora. Com um modelo mais preciso,<br />
será possível economizar muito<br />
na fase de perfuração”, explicou.<br />
A computação de alto desempenho<br />
é uma ferramenta cada vez<br />
mais essencial na pesquisa científica,<br />
que inclui três fases: a teórica; a<br />
simulação, que cria modelos computacionais;<br />
e a laboratorial, que gera<br />
o protótipo de um produto ou equipamento.<br />
“O que está acontecendo<br />
no mundo é que a fase de simulação<br />
está tendo um peso maior em relação<br />
às outras duas. As simulações queimam<br />
etapas e economizam recursos,<br />
descartando opções que não dariam<br />
certo na fase de laboratório”, frisou<br />
o professor do Departamento de Ciência<br />
da Computação da UF<strong>RJ</strong>.<br />
Divulgação<br />
Já na área de Oceanografia, será<br />
possível criar modelos mais precisos<br />
para as correntes oceânicas do<br />
Atlântico Sul, especialmente as da<br />
costa brasileira. “Esse modelo conseguirá<br />
prever com muito mais rigor<br />
a direção, a temperatura e a velocidade<br />
das correntes marítimas. Isso<br />
vai possibilitar o transporte de equipamentos<br />
ou petróleo para a plataforma<br />
ou a costa com mais economia<br />
e segurança. Além disso, vai permitir<br />
uma melhor previsão do tempo e<br />
eventos climáticos, como ciclones,<br />
enchentes e secas”, disse Gabriel<br />
Pereira da Silva.<br />
O geólogo Giuseppe Bacocoli,<br />
da Coordenação de Pesquisa e Pós-<br />
Graduação em Engenharia (Coppe/<br />
UF<strong>RJ</strong>), concorda que, nesse momento<br />
de descobertas de novos campos na<br />
camada pré-sal, a entrada em operação<br />
do Netuno melhora bastante a<br />
O supercomputador Netuno sendo montado nas instalações do NCE/UF<strong>RJ</strong><br />
f
f<br />
infra-estrutura de pesquisa na área<br />
de petróleo. “A espessura do sal varia<br />
e ele tem velocidade sísmica diferente.<br />
Por isso, é preciso fazer modelagens<br />
computacionais mais precisas<br />
para se reconstituir a imagem<br />
do que há abaixo do sal. É uma nova<br />
e mais complicada fronteira tecnológica”,<br />
analisa.<br />
MAIS INVESTIMENTO EM PESQuISA<br />
Embora o projeto tenha sido<br />
patrocinado pela Petrobras e esteja<br />
abrigado na UF<strong>RJ</strong>, o Netuno não<br />
será uma máquina feudal, como lembrou<br />
Sérgio Guedes de Souza, coordenador<br />
do Centro de Computação<br />
de Alto Desempenho de Geofísica<br />
e Oceanografia da UF<strong>RJ</strong>, durante o<br />
evento de inauguração do supercomputador.<br />
“Ele ficará à disposição para<br />
rodar projetos e aplicações de diferentes<br />
universidades brasileiras e, assim,<br />
cumprir seu papel no avanço da<br />
rede de conhecimento científico do<br />
país”, destacou.<br />
Na ocasião, o gerente executivo<br />
do Centro de Pesquisas da Petrobras<br />
(Cenpes), Carlos Tadeu Fraga, anunciou<br />
que a empresa vai aumentar o<br />
percentual investido em pesquisa para<br />
fazer frente às novas descobertas de<br />
petróleo. O contrato de concessão de<br />
exploração e produção entre a Companhia<br />
e a Agência Nacional de Petróleo,<br />
Gás e Biocombustíveis (ANP)<br />
prevê que 1% da receita bruta seja<br />
aplicado em P&D – a metade deve ser<br />
Velocidade de cálculo do Netuno é assombrosa<br />
destinada, obrigatoriamente, a instituições<br />
nacionais de ciência e tecnologia.<br />
Em média, a Petrobras tem investido<br />
em R$ 500 milhões por ano em<br />
universidades e institutos de pesquisa<br />
do país, valor que vai dobrar até o<br />
final de 2008, segundo Carlos Tadeu<br />
Fraga. Ele informou ainda que passará<br />
de 38 para 50 o número de redes temáticas<br />
– modelo de parceria tecnológica<br />
com instituições nacionais – que<br />
utilizam recursos da Petrobras destinados<br />
à pesquisa. A inauguração do<br />
supercomputador, que beneficiará 14<br />
dessas redes, confirma apenas que a<br />
Petrobras continuando apostando na<br />
alta tecnologia para se manter entre<br />
as maiores empresas de petróleo do<br />
planeta. F (C.B.)<br />
Divulgação<br />
O Netuno é o mais rápido su per com putador<br />
acadêmico da América Latina. Ele tem<br />
um desempenho estimado de 21,8 teraflops<br />
(trilhões de operações matemáticas por segundo).<br />
Isso significa que a poderosa máquina<br />
faz em um dia os cálculos que um computador<br />
pessoal levaria dez anos para completar<br />
– compara o coordenador técnico do projeto, Gabriel<br />
Pereira da Silva, que já mediu um desempenho<br />
efetivo de 16,2 teraflops do Netuno. Hoje,<br />
ele está entre os 100 mais rápidos do mundo, na<br />
lista Top500 mantida por instituições de pesquisa<br />
dos estados Unidos e da europa.<br />
Segundo Gabriel Pereira da Silva, o Netuno<br />
é composto de 256 nós computacionais e<br />
cada um deles possui oito processadores, totalizando<br />
2.048. Além disso, a máquina tem<br />
16 gigabytes de memória em cada nó, além<br />
de 30 terabytes para armazenamento de informação.<br />
“o segredo desse computador foi<br />
conectar os seus 256 nós da maneira mais eficiente<br />
possível. Conseguimos uma excelente máquina”, diz o engenheiro eletrônico.<br />
O custo de operação está incluído na garantia, que é de quatro anos. Quando ela chegar ao fim, o Netuno também<br />
estará ultrapassado.
f<br />
Empregado ou<br />
empregador?<br />
Profissionais avaliam a diferença entre trabalhar<br />
em uma empresa e ser um empresário
decisão sobre o futuro profissio-<br />
A nal é sempre muito difícil. Ao sair<br />
da faculdade, a maioria dos recémformados<br />
tem um grande sonho: alguns<br />
almejam fazer uma carreira de<br />
sucesso em uma empresa reconhecida<br />
e outros preferem criar organizações<br />
próprias. Mas, além do próprio desejo,<br />
o que vai decidir por uma coisa ou<br />
outra é o perfil de cada profissional e<br />
uma boa oportunidade.<br />
A determinação, por exemplo, foi<br />
o que moldou o caminho do arquiteto<br />
Paulo Renato Paquet, que hoje está à<br />
frente da Lafem Engenharia, junto com<br />
outros dois sócios. Quando estava na<br />
faculdade, seu objetivo era trabalhar<br />
como empregado apenas para ganhar<br />
experiência profissional, mas sempre<br />
alimentou o sonho de ter a sua empresa.<br />
No seu terceiro emprego, o arquiteto<br />
foi trabalhar com um amigo, fiscalizando<br />
uma construtora – Parc Planejamento<br />
e Construção Ltda. - que executava<br />
uma obra em Búzios. Após a<br />
conclusão da obra, seu trabalho foi reconhecido<br />
e Paquet foi trabalhar como<br />
diretor técnico na construtora, com a<br />
promessa de se tornar sócio; o que virou<br />
realidade um ano depois, inicialmente<br />
com 20% e, posteriormente,<br />
com 40% de participação. Em 1992,<br />
a mesma empresa executou obras em<br />
consórcio com a Lafem Engenharia, e<br />
mais uma vez sua vida profissional tomou<br />
um novo rumo. Ele decidiu sair da<br />
Parc e associar-se à Lafem.<br />
O empresário garante que, para<br />
encarar o desafio, é preciso ousadia,<br />
persistência, capacidade de trabalho<br />
e muita força de vontade. “Abrir<br />
uma empresa no Brasil é trabalhoso,<br />
desgastante, mas acho que ainda<br />
compensa. A Lafem cresceu mais de<br />
100% nos últimos dez anos e emprega<br />
muitas pessoas. Nós fazemos um<br />
bom trabalho e os clientes estão satisfeitos”,<br />
afirma.<br />
Divulgação<br />
Cezar Kirsenblatt: “a perseverança é uma característica do empreendedor”<br />
QuALIDADES DE uM EMPREENDEDOR<br />
O gerente da área de Estratégias e<br />
Diretrizes do Sebrae/<strong>RJ</strong>, Cezar Kirszenblatt,<br />
defende que o sonho de ser empresário<br />
não deve ser motivado apenas<br />
pelo dinheiro que se pode ganhar.<br />
Segundo ele, para ser empreendedor,<br />
é preciso ter vocação e algumas características<br />
básicas: ser perseverante,<br />
criativo, ter uma postura otimista,<br />
correr riscos calculados e não desistir<br />
facilmente. “Empreender tem muitos<br />
significados, mas um deles certamente<br />
é reconhecer que há problemas e<br />
obstáculos e assumir a tarefa de superá-los”,<br />
garante.<br />
Apesar do gosto pelos desafios, a<br />
engenheira Sandra Emmerich, gerente<br />
de engenharia da <strong>RJ</strong>Z Cyrela, nunca<br />
vislumbrou ser uma empresária. Sua<br />
satisfação profissional estava em superar<br />
obstáculos dentro de uma gran-<br />
de empresa e vive hoje em sua profissão<br />
exatamente o que imaginou quando<br />
era apenas uma estudante. “Fui a<br />
primeira mulher na construtora a estagiar<br />
em obra. Eu gostava muito do<br />
que fazia e planejava comandar obras<br />
e crescer dentro da empresa em que<br />
trabalhava. Toda a minha trajetória<br />
foi satisfatória e atendeu às minhas<br />
expectativas. Desde a minha primeira<br />
obra, que tinha prazo e custo bem<br />
apertados, sempre me confiaram desafios.<br />
Acho que desempenhei meu<br />
papel da melhor forma. Aos poucos,<br />
fui subindo degraus e hoje ocupo um<br />
cargo de gerência”, explica.<br />
Segundo a engenheira, fazer uma<br />
carreira de sucesso em uma empresa<br />
depende exclusivamente de duas<br />
características básicas: dedicação e<br />
comprometimento. “Para os profissionais<br />
que pretendem conquistar um<br />
f
f<br />
bom cargo, eu diria para se dedicar<br />
ao máximo, pois os esforços de quem<br />
faz um bom trabalho são reconhecidos.<br />
Também é importante continuar<br />
se capacitando, pois o mercado está<br />
cada vez mais exigente em todos os<br />
níveis”, sugere.<br />
oPortUniDaDe<br />
“Há três coisas que não voltam<br />
atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada<br />
e a oportunidade perdida.”<br />
O provérbio traduz bem a história do<br />
engenheiro mecânico João Edson Machado,<br />
da Maprom Engenharia. Foi a<br />
oportunidade – e a certeza de que<br />
não poderia desperdiçá-la - que o fez<br />
sair da condição de empregado para<br />
virar empresário. Há 13 anos, João<br />
Edson viu a empresa em que trabalhava<br />
como engenheiro de projeto demitir<br />
funcionários e reduzir, até aca-<br />
bar, o departamento em que atuava.<br />
Em vez de tratar a demissão como um<br />
problema, a volta por cima foi abrir<br />
seu negócio. Com o sócio, Walmir Rigas,<br />
o engenheiro, então, construiu o<br />
sonho de virar empregador. “Quando<br />
empregado, percebi que os fornecedores<br />
não conheciam as necessidades<br />
da empresa. Se eu conhecia o que elas<br />
precisavam, por que não oferecer esses<br />
serviços?”, lembra João.<br />
O empresário, então, tratou de<br />
procurar um lugar próximo a seus<br />
clientes, que, aos poucos, começavam<br />
a surgir. Na época, a solução que encontrou<br />
foi uma praça em Irajá, subúrbio<br />
do Rio, onde ele improvisou um<br />
escritório. “Eu apoiava minha agenda<br />
na prateleira embaixo do orelhão<br />
e fazia as ligações para os clientes.<br />
Um dia, bateu um vento forte e voou<br />
tudo”, diverte-se o empresário, lem-<br />
Abrir um pequeno negócio é trabalhoso, mas ainda compensa, de acordo com especialistas<br />
brando a história que o fez procurar<br />
o prédio onde, até hoje, funciona<br />
a Maprom Engenharia. “Não me arrependo<br />
de ter virado empregador.<br />
Hoje gerencio, junto com meu sócio,<br />
uma equipe de 22 funcionários. Já<br />
são mais de 11 anos, muitos clientes<br />
satisfeitos e a certeza de que fiz a escolha<br />
certa”, recorda.<br />
Depois de descobrir a receita rentável<br />
de ser empregador, João também<br />
faz o balanço dos prós e contras da<br />
sua escolha. “A preocupação aumenta<br />
consideravelmente. Ser dono de um<br />
negócio significa mais responsabilidade.<br />
Há quase 12 anos que eu não sei o<br />
que são férias. Mas, ao mesmo tempo,<br />
hoje consigo dosar minha qualidade de<br />
vida com a rentabilidade da empresa,<br />
sem conflitos. Não sei mais trabalhar<br />
como empregado”, resume.<br />
DiFiCUlDaDes e CaPaCitação<br />
Os arquitetos Eduardo Horta e<br />
Andréa Fiorini, sócios da Studio HF,<br />
acham que, apesar da independência<br />
profissional, ainda é muito difícil manter<br />
uma empresa no Brasil. Para eles,<br />
as maiores dificuldades são: conseguir<br />
um fluxo de caixa positivo e confortável,<br />
formar e manter uma equipe, buscar<br />
novos clientes e, principalmente,<br />
enfrentar o universo burocrático que<br />
envolve a prática profissional e a condução<br />
de uma empresa. “Ser empregado<br />
é muito melhor, evidentemente,<br />
se você receber um salário justo<br />
e estiver satisfeito com as atividades<br />
que desempenha. O empregador faz<br />
o mesmo que o empregado e ainda<br />
precisa se preocupar com as contas no<br />
fim do mês, o salário dos empregados,<br />
em buscar novos contratos para manter<br />
isso tudo. O empregador tem um<br />
status superior e é só”, conta Horta.<br />
Para Kirszenblatt, apesar dos obstáculos,<br />
o papel do empreendedor é<br />
muito importante, já que, com a tec-
nologia e o conhecimento que detém,<br />
pode gerar, além de empregos, ferramentas<br />
que aumentam a competitividade<br />
nas empresas tradicionais.<br />
Ele diz ainda que a experiência é importante<br />
para o sucesso de uma nova<br />
organização, mas não é fundamental.<br />
“Mesmo recém-formado e com poucas<br />
experiências, é possível criar uma<br />
empresa, se tiver vocação. Além disso,<br />
no campo da engenharia, assim como<br />
em qualquer outro, é indispensável<br />
que o profissional procure a sua capacitação,<br />
de preferência com cursos<br />
de gestão. Um dos mais procurados<br />
pela área de exatas no Sebrae é o Empretec”,<br />
explica.<br />
As universidades também desempenham<br />
uma função essencial na cultura<br />
empreendedora do país. Se antes<br />
tinham a função de formar pessoas<br />
para grandes empresas, hoje,<br />
estão preocupadas em criar empreendedores.<br />
Um bom exemplo desse<br />
movimento são as incubadoras, presentes<br />
em grande parte das universidades.<br />
“Só no Rio de Janeiro, existem<br />
cerca de 100 empresas na incubadora<br />
– sendo 90% da área tecnológica<br />
- e é forte a presença de engenheiros<br />
nesse mercado. O período de incubadora<br />
pode durar de três a quatro<br />
anos. Em alguns casos, as empresas<br />
já até exportam os serviços”, diz o<br />
engenheiro do Sebrae.<br />
Ele defende ainda que, independentemente<br />
da escolha entre ser<br />
empregado ou empregador, é preciso<br />
capacitar-se, estudar muito, fazer<br />
cursos e estar sempre atento às oportunidades.<br />
ProGramas De inCentiVo<br />
O Brasil vive um dos melhores momentos<br />
para novos negócios. Para estimular<br />
a visão empreendedora e ajudar<br />
o profissional nesse desafio, existem<br />
alguns programas de incentivo in-<br />
teressantes no mercado. Entre eles:<br />
o Programa de Microcrédito do BN-<br />
DES; o Fundo Setorial Verde-e-Amarelo,<br />
no Ministério da Ciência e Tecnologia,<br />
que também disponibiliza<br />
recursos para apoiar capital de risco<br />
por meio do Projeto Inovar, da Finan-<br />
regularização necessária<br />
ciadora de Estudos e Projetos (Finep);<br />
além do Proger Urbano, do Ministério<br />
do Trabalho e Emprego. Também<br />
é importante destacar as ações do Sebrae<br />
direcionadas ao empreendedor,<br />
com cursos de capacitação, consultoria<br />
e competições. F (D.M.)<br />
se você decidiu abrir seu<br />
negócio, o mais indicado é<br />
procurar uma unidade do<br />
Sebrae, que ensina todos os<br />
passos necessários para criar<br />
uma empresa sem a orientação<br />
de um contador. no entanto,<br />
já deve estar preparado<br />
para um longo processo<br />
de regularização, que envolverá<br />
órgãos federais, estaduais<br />
e municipais.<br />
É bom lembrar que, além<br />
das exigências das esferas<br />
municipal, estadual e federal,<br />
as empresas de engenharia,<br />
arquitetura e agronomia<br />
devem atender a legislação<br />
do exercício profissional fiscalizado<br />
pelo <strong>Crea</strong>. os profissionais<br />
também devem estar<br />
regularizados no conselho. a<br />
fim de acelerar o prazo de registro da empresa, o <strong>Crea</strong><strong>RJ</strong> implantou a descentralização<br />
administrativa.<br />
um entrave gerado pelo Governo, velho conhecido da população, é a alta<br />
carga tributária que recai sobre o empresário. São necessárias 2.600 horas por<br />
ano para cumprir todas as obrigações tributárias, o que levou o Brasil à última<br />
posição dos 177 países no ranking elaborado pela PriceWaterhouseCoopers, na<br />
pesquisa Paying Taxes 2008: The Global Picture, conjunta com o Banco Mundial<br />
e a international Finance Corporation.<br />
Mas, apesar de todas as exigências legais, o resultado do relatório brasileiro<br />
do Global Entrepreneurship Monitor – GEM – (2007) confirma a vocação<br />
empreendedora dos brasileiros, apresentando uma taxa de atividade empreendedora<br />
de 12,7%, ou seja, praticamente 13 em cada cem brasileiros adultos<br />
estão envolvidos com alguma atividade empreendedora, o que coloca o país<br />
na sétima colocação entre os que participaram da pesquisa.<br />
f
Mar de brigadeiro<br />
Depois de enfrentar a tormenta da decadência,<br />
indústria naval brasileira tem plano ambicioso<br />
para recuperar a pujança que tinha há 30 anos
ada vez que ouço aqui o apito<br />
“Cdo navio, penso que estamos<br />
levando 160 anos para voltar a construir<br />
aquilo que o Barão de Mauá começou<br />
a construir em 1846.” Foi com<br />
essa frase que o presidente Luiz Inácio<br />
Lula da Silva resumiu o evento de<br />
assinatura do contrato para a construção<br />
de quatro navios de produtos para<br />
a frota da Transpetro. O evento, que<br />
ocorreu no final do ano passado, faz<br />
parte do cenário da nova política industrial<br />
e do Programa de Modernização<br />
e Expansão da Frota de Petroleiros<br />
(Promef), uma parceria entre os<br />
Ministérios dos Transportes, das Minas<br />
e Energia e de Desenvolvimento, Indústria<br />
e Comércio Exterior, além da Petrobras<br />
e da própria Transpetro.<br />
O programa, que no final de maio<br />
entrou na segunda fase, elevará a indústria<br />
naval brasileira a um novo patamar<br />
ao permitir a revitalização de um<br />
setor decisivo para a geração de empregos<br />
no país. A intenção é assegurar<br />
a continuidade das encomendas<br />
para que os estaleiros alcancem a escala<br />
necessária para disputar mercado<br />
no exterior. “Nas décadas de 60 e 70,<br />
o Brasil chegou a ser o segundo maior<br />
fabricante mundial de navios de grande<br />
porte. Depois, entramos numa fase<br />
de declínio e chegamos a passar um<br />
período de 20 anos sem uma única encomenda.<br />
O Promef representa a revitalização<br />
da nossa indústria naval”, explica<br />
o presidente da Transpetro, Sérgio<br />
Machado.<br />
reCUPeração teCnolóGiCa<br />
Atualmente, o Brasil gasta R$ 10<br />
bilhões em transporte marítimo por<br />
ano. Desse total, menos de 4% são<br />
pagos a empresas brasileiras de navegação.<br />
Trata-se, portanto, de uma<br />
questão de soberania. A necessidade<br />
de construir navios no Brasil criou uma<br />
oportunidade de investimentos e de<br />
desenvolvimento econômico e social.<br />
Só na primeira fase do Promef estão<br />
sendo investidos US$ 2,5 bilhões. “Por<br />
uma série de erros e problemas, o Brasil<br />
perdeu sua posição de player mundial<br />
do setor na década de 80. Por isso,<br />
o governo Lula resolveu criar o programa<br />
com base em um novo paradigma.<br />
Analisamos os desacertos do passado<br />
para que não voltassem a ocorrer. Fizemos<br />
um estudo da indústria naval em<br />
todo o mundo e verificamos que estávamos<br />
muito distanciados, tecnologicamente,<br />
dos países mais adiantados<br />
no setor. O Promef criou uma série de<br />
instrumentos para permitir essa modernização”,<br />
resume Sérgio Machado.<br />
Entre esses instrumentos, está a<br />
modernização tecnológica e a capacitação<br />
profissional. Na primeira fase do<br />
programa, quando serão construídos<br />
26 navios, estão sendo<br />
criados 22 mil postos de trabalho.<br />
A segunda fase, que prevê 23 navios,<br />
vai gerar mais 20 mil vagas. Para o pre-<br />
Divulgação<br />
sidente da Transpetro, o processo de<br />
capacitação profissional corre paralelamente<br />
a essas oportunidades que o<br />
mercado oferece. “O Estaleiro Atlântico<br />
Sul, por exemplo, que está se instalando<br />
em Pernambuco, construiu um<br />
centro de treinamento que é a última<br />
fase do processo de formação de seus<br />
operários especializados. Todos os<br />
operários treinados no centro são previamente<br />
contratados pelo estaleiro.<br />
Novas turmas estão se juntando aos<br />
primeiros 342 empregados que concluíram<br />
sua formação”, exemplifica.<br />
Sérgio Machado disse ainda que a<br />
intenção do programa é abrir o mercado<br />
e alavancar um ambiente de<br />
concorrência mais intensa no país. “A<br />
linguagem do mundo moderno é a<br />
da competência. Para que o Brasil reassuma<br />
o lugar que merece no mercado<br />
mundial, seus estaleiros precisam<br />
tornar-se de novo competitivos internacionalmente,<br />
como já foram no pas-<br />
Sérgio Machado: “em estudo, verificamos que o Brasil estava defasado tecnologicamente”
sado, quando chegávamos a exportar<br />
navios para vários países. Graças às<br />
encomendas em escala do Promef, os<br />
estaleiros têm condição de investir na<br />
modernização tecnológica, na melhoria<br />
de suas instalações e na capacitação<br />
profissional. Com isso, asseguramos<br />
a chamada curva do aprendizado:<br />
com as encomendas em escala e<br />
os ganhos de produtividade, o custo do<br />
próximo navio será menor que o do anterior<br />
e assim por diante”, explica.<br />
Os 23 navios previstos para a<br />
segunda etapa do Promef - lançada<br />
no dia 26 de maio —, deverão alcançar<br />
um total de 1,3 milhão de toneladas<br />
de porte bruto (TPB). A expectativa<br />
é que seja gerada uma demanda<br />
por cerca de 250 mil toneladas de aço<br />
durante o período de construção. O<br />
programa também vai gerar um impacto<br />
positivo de US$ 290 milhões por ano<br />
na balança de pagamentos do país. “O<br />
Promef não é um programa da Transpetro,<br />
ou do Governo. Hoje, é um programa<br />
do Brasil, fruto de estudos, pesquisas<br />
e debates que contaram com a<br />
participação de nossas mais conceitu-<br />
adas universidades, centros de pesquisas,<br />
além de entidades empresariais e<br />
sindicais.”<br />
Segundo Sérgio Machado, para<br />
atender a essa demanda, foi criada a<br />
Rede de Tecnologia da Construção Naval,<br />
que já tem vários convênios em andamento,<br />
abrangendo entidades como<br />
o Instituto de Pesquisas Tecnológicas,<br />
a Universidade Federal do Rio de Janeiro<br />
e a Universidade de São Paulo. “Há<br />
diversas parcerias em curso para a capacitação<br />
de mão-de-obra”, adianta.<br />
PolítiCa De inCentiVos<br />
Outro impulso para o setor é o Fundo<br />
da Marinha Mercante (FMM), que<br />
foi incluído no Programa de Aceleração<br />
do Crescimento (PAC) e prevê investir<br />
R$ 10,6 bilhões em projetos da indústria<br />
naval até 2010. Dentro da política<br />
industrial do Governo, o setor também<br />
conquistou, em maio, isenções tributárias<br />
e fundo de R$ 400 milhões, que vai<br />
garantir o pagamento para compradores<br />
e financiadores dos estaleiros. “O<br />
Fundo de Marinha Mercante é um dos<br />
principais instrumentos que estão pos-<br />
sibilitando o ressurgimento da indústria<br />
naval brasileira. Sua criação, há 50<br />
anos, no governo Juscelino Kubitschek,<br />
permitiu o extraordinário crescimento<br />
de nossa indústria naval nos anos 60 e<br />
70. Hoje, novamente, transformou-se<br />
numa alavanca que permitiu a criação<br />
de um programa da magnitude do Promef”,<br />
resume Sérgio.<br />
Já o secretário de Desenvolvimento,<br />
Energia, Indústria e Serviços do estado,<br />
Júlio Bueno, é menos otimista quanto à<br />
sustentação dos investimentos no FMM.<br />
Para ele, o fundo é um instrumento importante<br />
de financiamento para todo o<br />
setor, mas, no entanto, é preciso saber<br />
se haverá lastro para atender toda a demanda.<br />
“Conforme os anúncios da Petrobras,<br />
nos próximos dez anos, ocorrerão<br />
licitações envolvendo algo em torno<br />
de US$ 30 bilhões para construção<br />
de petroleiros, embarcações de apoio<br />
off-shore, plataformas marítimas e sondas<br />
de perfuração. Atualmente, o setor<br />
não conta apenas com o FMM. Há outras<br />
instituições financiando a indústria<br />
naval, como o Banco do Brasil, o Banco<br />
da Amazônia e o Banco do Nordes-
Divulgação<br />
Secretário Estadual de Desenvolvimento, Júlio Bueno<br />
te, sendo de fundamental importância no<br />
processo, pois são muitas as dificuldades<br />
de conseguir financiamento em organismos<br />
internacionais por conta das garantias<br />
exigidas. É importante que o setor<br />
saiba alavancar outras formas de financiamento”,<br />
sugere.<br />
Para o secretário, o setor naval<br />
brasileiro tem um vasto potencial pela<br />
frente, porém precisa das correções<br />
necessárias, principalmente, para conquistar<br />
player internacional. “A sustentabilidade<br />
só ocorrerá se tivermos condição<br />
de competir de igual para igual<br />
com os estaleiros internacionais. A indústria<br />
naval é um setor muito importante<br />
para o Rio de Janeiro, já que integra<br />
uma rede produtiva que impulsiona<br />
fornecedores de produtos e serviços,<br />
demandando diversos segmentos,<br />
como os setores siderúrgico, metalúrgico,<br />
máquinas e equipamentos, além<br />
de criar negócios e promover a inovação<br />
e formação de recursos humanos.<br />
“Atualmente, nós concentramos cerca<br />
de 60% da construção naval nacional.<br />
Para os próximos três anos, estão previstos<br />
investimentos de cerca de R$ 2,6<br />
bilhões, o que corresponde a 9% dos<br />
investimentos na indústria de transformação<br />
fluminense”, explica. F (H.R.)<br />
Rio tem programa para<br />
incrementar indústria naval<br />
Em fevereiro deste ano, foi lançado o Programa de Sustentabilidade<br />
da Indústria Naval do Estado. A isenção do Imposto sobre Circulação<br />
de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o aço importado para a<br />
construção de embarcações foi a primeira medida anunciada para<br />
o incentivo do setor. O objetivo do programa, segundo o secretário<br />
de Desenvolvimento, Energia, Indústria e Serviços do estado, Júlio<br />
Bueno, é dar mais competitividade e possibilitar o aperfeiçoamento<br />
e desenvolvimento de novas tecnologias, além de aumentar a<br />
participação da indústria naval brasileira no mercado internacional.<br />
“O programa vem da necessidade de dar perenidade ao setor, e não<br />
apenas resolver as questões mais imediatas. A indústria naval brasileira<br />
- e, em especial, a fluminense -, está num momento extraordinário e<br />
temos que aproveitá-lo para garantir o futuro do setor”, explica.<br />
Atualmente, os estaleiros do estado têm contratos em andamento para<br />
a construção de 40 navios – de diversas modalidades – e três plataformas<br />
de petróleo, na ordem de US$ 7 bilhões. Para os próximos anos, outros US$<br />
8 bilhões em contratos movimentarão a indústria naval brasileira. “Apesar<br />
disso, ainda temos fragilidades que a impedem de competir em igualdade<br />
com os estaleiros internacionais. Planejamento de médio e longo prazos;<br />
presença de agentes financeiros; garantias para os financiamentos;<br />
investimentos em tecnologia; formação de mais mão-de-obra para os<br />
estaleiros; formação de marítimos que atenda à demanda do setor;<br />
melhoria do ambiente de competitividade; estímulo à produtividade,<br />
além de uma agenda integrada - indústria naval, marinha mercante,<br />
universidades e institutos de P&D: tudo isso é importante”, enumera.<br />
Para acompanhar esse trabalho, foi criada a “comissão<br />
permanente de gestão da indústria naval”, com representantes do<br />
setor. O grupo de trabalho vai elaborar as ações de sustentabilidade<br />
envolvendo o poder público nas três esferas, os estaleiros, o setor de<br />
navipeças, os trabalhadores, os pesquisadores das universidades e<br />
os institutos de pesquisa, além de entidades como Firjan e Sebrae,<br />
para buscar as soluções a médio e longo prazos. “Claro que temos que<br />
pensar no momento atual. Mas é preciso pensar em mecanismos de<br />
financiamento, prazos e qualificação tecnológica porque esse é um<br />
programa para dar perenidade ao setor”, pondera Júlio.<br />
Se o renascimento do setor naval é uma das premissas para o país<br />
superar gargalos de infra-estrutura e logística de transporte marítimo,<br />
com a volta das encomendas em escala, os estaleiros poderão investir na<br />
modernização e na aquisição de nova tecnologia. “As recentes descobertas<br />
da Petrobras e o conseqüente aumento da produção certamente terão<br />
reflexos no volume de encomendas, que deverão crescer, garantindo ainda<br />
maior sustentabilidade para o setor. Dessa forma, a indústria naval que<br />
renasce é a sustentável”, completa Sérgio Machado.
Inovar para crescer<br />
Programa incentiva a inovação em micro e<br />
pequenas empresas no Rio de Janeiro
Uma pesquisa realizada pelo Boston<br />
Consulting Group (BCG) com<br />
1.070 executivos de diferentes indústrias<br />
em 63 países revelou que 72%<br />
dos entrevistados consideram a inovação<br />
uma das três prioridades estratégicas<br />
para superar a competitividade<br />
acirrada do mercado. Quando falamos,<br />
especificamente, de inovação<br />
tecnológica, é comum que o assunto<br />
nos remeta a grandes organizações<br />
globais especializadas em tecnologia,<br />
como a Google e a Microsoft, mas a<br />
criatividade inerente a esse processo<br />
pode estar em empresas grandes ou<br />
pequenas, de diferentes ramos de negócio.<br />
Para desenvolvê-la, basta apenas<br />
que haja incentivo.<br />
Foi pensando nisso que o Ministério<br />
da Ciência e Tecnologia (MCT),<br />
apoiado pela Financiadora de Estudos<br />
e Projetos (Finep) e em parceria com<br />
as Fundações de Amparo à Pesquisa<br />
dos Estados, criou, em 2003, o Programa<br />
de Apoio à Pesquisa em Empresas<br />
(Pappe). O objetivo é financiar<br />
atividades de pesquisa e desenvolvimento<br />
de produtos e processos inovadores<br />
empreendidos por pesquisadores<br />
que atuem diretamente ou em<br />
cooperação com empresas de base<br />
tecnológica. No Rio de Janeiro, a responsabilidade<br />
do programa é da Secretaria<br />
de Estado de Ciência e Tecnologia<br />
(Sect), por meio da Fundação de<br />
Amparo à Pesquisa do Estado do Rio<br />
de Janeiro (Faperj).<br />
“O MCT, a Secretaria, a Finep e a<br />
Faperj acreditam que, além de contribuir<br />
para o desenvolvimento econômico<br />
e social do país, ao fortalecer as<br />
empresas de base tecnológica e lançar<br />
produtos inovadores no mercado,<br />
o Pappe também propicia o aumento<br />
do espaço de atuação profissional<br />
de pesquisadores e empreendedores<br />
nas diversas áreas do conhecimento”,<br />
opina Rex Nazaré, diretor de tecnologia<br />
da Faperj.<br />
Este ano, no Rio de Janeiro, o programa<br />
elegeu as microempresas e pequenas<br />
empresas com faturamento de<br />
até R$ 10,5 milhões como o seu grande<br />
alvo e está disponibilizando R$ 30<br />
milhões a esse segmento em dois editais,<br />
Pappe Subvenção – Rio Inovação<br />
2008 e Apoio à Inovação e à Difusão<br />
Tecnológica no Estado do Rio de Janeiro,<br />
sendo R$ 24 milhões para o primeiro<br />
e R$ 6 milhões para o segundo.<br />
“Essa é a terceira edição do programa<br />
e a novidade é que, pela primeira vez,<br />
as microempresas e pequenas empresas<br />
poderão concorrer diretamente<br />
aos recursos, sem a necessidade de<br />
estarem associadas a uma instituição<br />
de pesquisa”, explica o diretor.<br />
aPoio aUmenta ComPetitiViDaDe<br />
A Sect já vem, há alguns anos,<br />
investindo nas microempresas e pequenas<br />
empresas fluminenses, prática<br />
que tem provocado impacto social<br />
benéfico nas regiões onde estão inseridas,<br />
principalmente a partir da geração<br />
de emprego e, conseqüentemente,<br />
ao proporcionar o desenvolvimento<br />
Roberto Bellonia<br />
sustentável nessas comunidades. “As<br />
microempresas e pequenas empresas<br />
são as maiores responsáveis pela dinâmica<br />
econômica e social do país e<br />
são as maiores geradoras de emprego,<br />
mas, ao mesmo tempo, são carentes<br />
de recursos necessários para se<br />
atualizarem segundo as demandas de<br />
nosso tempo. Ao estimular o desenvolvimento<br />
tecnológico de produtos e<br />
processos, o estado aumenta a competitividade<br />
dessas empresas”, explica<br />
o secretário de estado de Ciência e<br />
Tecnologia, Alexandre Cardoso.<br />
O secretário acredita ainda que,<br />
ao investir em inovação, o estado está<br />
qualificando não só a empresa, mas<br />
também a mão-de-obra. “Com a ajuda<br />
do programa, teremos uma revolução<br />
em inovação tecnológica e, por<br />
conseqüência, uma mão-de-obra mais<br />
capacitada, além de mais qualidade<br />
de vida nessas regiões”, completa.<br />
Rex Nazaré também considera a inovação<br />
uma das melhores ferramentas<br />
para o crescimento das microempresas<br />
e pequenas empresas e, consequentemente,<br />
um mecanismo de de-<br />
Rex Nazaré: “as pequenas empresas, agora, podem concorrer diretamente aos recursos”
Roberto Bellonia<br />
Alexandre Etchebehere mostra o inovador robô multiferramenta capaz de limpar e<br />
higienizar dutos do sistema de ar-refrigerado<br />
senvolvimento para o estado. “A inovação<br />
tecnológica é capaz de agregar<br />
valor aos produtos comercializados<br />
pelas empresas, em particular, aquelas<br />
sediadas em arranjos produtivos<br />
locais (áreas de agropecuária, fruticultura,<br />
floricultura, rochas ornamentais,<br />
piscicultura e eletroeletrônica); desenvolver<br />
o potencial econômico das várias<br />
regiões do estado, contribuindo<br />
para a redução das desigualdades sociais<br />
e possibilitando o acesso da população<br />
menos privilegiada às novas<br />
tecnologias; e aumentar a competitividade<br />
nacional e internacional dos<br />
produtos do estado do Rio de Janeiro”,<br />
defende.<br />
O engenheiro e empreendedor Alexandre<br />
Etchebehere, da Robô-In, que já<br />
foi contemplado pelo projeto, compara<br />
a inovação à respiração humana. “Assim<br />
como o ser humano não vive sem<br />
respirar, a empresa que não inovar, certamente,<br />
morrerá e rápido. Nesse sentido,<br />
as empresas têm que buscar, no<br />
dia-a-dia, inovações em todos os seus<br />
processos e produtos para que possam<br />
manter-se no mercado”, diz.<br />
Sobre o futuro do Pappe, Alexandre<br />
Cardoso afirma que sua maior expectativa<br />
é que as microempresas e<br />
pequenas empresas tenham cada vez<br />
mais acesso à inovação tecnológica<br />
e, com isso, possam disputar espaços<br />
importantes no mercado, não só nacional,<br />
como também internacional.<br />
“Quando você faz com que uma microempresa<br />
na Baixada Fluminense,<br />
por exemplo, compre pela internet,<br />
você reduz o custo dela em até 20%,<br />
e isso é repassado em bens de consumo<br />
para a sociedade. É uma cadeia.<br />
Na verdade, a inovação tecnológica<br />
só pode ser concebida se tiver algum<br />
resultado positivo para toda a população”,<br />
conclui.<br />
65 PROJETOS APROVADOS<br />
Desde seu início no estado, os resultados<br />
do Pappe são muito positivos.<br />
Na primeira etapa, do fim de<br />
2003 ao início de 2004, foram recebidas<br />
109 propostas, que deram origem<br />
a 20 projetos aprovados. A segunda<br />
etapa teve seu edital lançado em setembro<br />
de 2005, para o qual concor-<br />
reram 158 propostas, das quais 45 foram<br />
aprovadas. Os exemplos de projeto<br />
de sucesso vão desde microempresas<br />
que adotaram computadores ligados<br />
à internet para realizar compras<br />
on-line - aperfeiçoando sua produção<br />
-, passando ainda por um produtor de<br />
rochas ornamentais que buscou uma<br />
nova forma de gestão para comercializar<br />
sua produção no exterior, até uma<br />
empresa que descobriu na pesquisa a<br />
resposta para desenvolver um novo e<br />
mais econômico gerador de energia.<br />
O primeiro edital contemplou projetos<br />
como o sistema de fibra óptica<br />
para detecção de vazamentos em tanques<br />
de combustíveis, de Luiz Carlos<br />
Guedes, e o desenvolvimento de um<br />
medidor inteligente de consumo e demanda<br />
de energia elétrica controlado<br />
por telemetria, de Antonio Cesar<br />
Olinto. No segundo edital, destacamse<br />
o Robô-In – ferramenta robotizada<br />
com múltiplas aplicações, de Alexandre<br />
Etchebehere, e o Projeto Nova<br />
Iguaçu Energia Limpa Gerar, de Adriana<br />
Vilela, entre outros.<br />
Conheça mais o ProGrama<br />
O envio das propostas para a terceira<br />
edição do Pappe, em ambos os<br />
editais, começou no dia 13 de maio<br />
e se estenderá até agosto. Os interessados<br />
podem apresentar os projetos<br />
nas áreas determinadas pelos<br />
editais. A Federação das Indústrias<br />
do Estado do Rio de Janeiro (Firjan)<br />
e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro<br />
e Pequenas Empresas (Sebrae/<strong>RJ</strong>)<br />
também poderão ajudar na elaboração<br />
dos projetos.<br />
O edital Apoio à Inovação e à Difusão<br />
Tecnológica no Estado do Rio<br />
de Janeiro será destinado a projetos<br />
de inovação ou difusão de processos<br />
tecnológicos, com potencial de inserção<br />
no mercado e de alta relevância<br />
social, em áreas de arranjos produtivos<br />
locais, design e temas relacio-
nados ao uso da inclusão digital em<br />
empresas. Nesse caso, a Faperj reservará<br />
até 30% dos recursos para<br />
projetos de empresas sediadas fora<br />
da cidade do Rio e os recursos solicitados<br />
por projeto não poderão exceder<br />
R$ 200 mil.<br />
Os principais focos do Pappe –<br />
subvenção Rio Inovação 2008 são temas<br />
priorizados pelas políticas industrial,<br />
tecnológica e de comércio exterior<br />
(semicondutores, tecnologia de<br />
informação e comunicação, incluindo<br />
TV digital), bens de capital, fármacos<br />
e medicamentos, e as atividades do<br />
futuro – biotecnologia, nanotecnologia<br />
e biomassa/energias alternativas;<br />
além de temas estratégicos para<br />
o estado do Rio de Janeiro nas áreas<br />
de segurança pública e saneamento;<br />
temas relacionados às atividades de<br />
microempresas e pequenas empresas<br />
prestadoras de serviço para a refinaria<br />
de Itaboraí e porto de Sepetiba; e<br />
Limpeza de dutos eficiente<br />
Rio Inovação 2007<br />
Distribuição Percentual de Projetos por Setor de Atividade<br />
Segurança Pública<br />
11%<br />
Saúde<br />
19%<br />
Siderurgia<br />
3%<br />
Petróleo e Gás<br />
11%<br />
Meio Ambiente<br />
6%<br />
temas relacionados à construção naval<br />
e ao pólo gás-químico. A parcela<br />
mínima de 30% do valor global desse<br />
edital deverá ser destinada a projetos<br />
desenvolvidos por empresas se-<br />
Agropecuária<br />
25%<br />
Extrativa<br />
6%<br />
Fontes Alternativas<br />
11%<br />
Informação e<br />
Comunicação<br />
8% Fonte: Faperj<br />
diadas fora da região metropolitana<br />
do Rio. Os recursos solicitados por<br />
projeto deverão ser de, no mínimo,<br />
R$ 50 mil e não poderão exceder R$<br />
700 mil. F (D.M.)<br />
Em busca de uma solução para o problema da limpeza dos dutos de ar-condicionado, o engenheiro e<br />
empreendedor Alexandre Etchebehere, da Robô-In, em associação com a empresa Frioterm Engenharia Ltda.,<br />
criou um robô multiferramenta capaz não só de percorrer e limpar os dutos dos sistemas de ar-refrigerado, mas<br />
também de higienizá-los. O desenvolvimento do robô teve o apoio da Faperj, por meio do edital Rio Inovação.<br />
“A limpeza dos dutos continua sendo um desafio para os que lidam com o assunto. Quase sempre estreitos e de<br />
difícil acesso, eles raramente passam por um processo de limpeza adequada. A idéia do robô foi construída através<br />
de pesquisas e reportagens sobre o tema, quando verificamos que os equipamentos disponíveis no mercado eram<br />
ineficientes e caros, que exigiam equipes enormes para operação e nem sempre atendiam às expectativas dos<br />
clientes diretos e indiretos”, explica o engenheiro.<br />
A produção do robô foi estruturada em um galpão em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. As primeiras unidades<br />
começaram a ser produzidas há um ano e estão em fase final de acabamento. O objetivo é prestar serviços por<br />
meio da Frioterm. “Estamos preparados para produzir cerca de duas unidades por mês, inicialmente, e temos<br />
uma estimativa de venda no primeiro ano de cerca de 30 unidades do Robô-In. Em função de outras necessidades<br />
industriais, vários projetos estão em fase de negociação e desenvolvimento para outras aplicações, o que<br />
certamente vai criar expectativas no mercado”, acredita Etchebehere.<br />
Para o pesquisador, o apoio da Faperj é fundamental para todo o processo de inovação. “Uma idéia parte de<br />
um sonho, observação ou pesquisa. No entanto, ela necessita ser trabalhada em forma e função para que possa<br />
atingir o mercado. Nesse sentido, a instituição sinaliza, por meio de seus inúmeros editais, com a oportunidade<br />
de financiamento e apoio para as diferentes áreas e setores de interesse da sociedade”, afirma.
Muito barulho<br />
antes da boa música<br />
Contratação de projeto estrangeiro<br />
para Cidade da Música provoca polêmica<br />
Cidade da Música, na Barra da Tijuca.<br />
O projeto é do arquiteto marroquino<br />
Cristian de Portzamparc<br />
Roberto Bellonia
Criado para completar o plano original<br />
desenvolvido por Lúcio Costa<br />
para a Barra da Tijuca, o complexo<br />
Cidade da Música Roberto Marinho<br />
está sendo erguido em uma área de<br />
94 mil metros quadrados. O local terá<br />
a maior sala de concertos de orquestras<br />
sinfônicas e óperas da América<br />
Latina. Contudo, antes da boa música<br />
tomar conta do espaço e subir ao palco,<br />
o que se pode ouvir é o “barulho”<br />
feito pelos arquitetos do Rio de Janeiro,<br />
que protestam contra a contratação<br />
de um arquiteto estrangeiro para<br />
a execução do projeto, deixando de<br />
fora os profissionais brasileiros.<br />
“O projeto da Cidade da Música<br />
tem um complicador desde o início.<br />
Ele não prevê claramente o direito à<br />
concorrência para todos os profissionais.<br />
Nesse caso, o serviço foi comprado<br />
de um escritório francês, sem<br />
que arquitetos do país pudessem oferecer<br />
os seus projetos e trabalhos”,<br />
destaca o diretor do <strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong>, arquiteto<br />
e urbanista Artur Macedo.<br />
Segundo ele, o Brasil é conhecido<br />
mundialmente pela qualidade dos<br />
trabalhos e pela criatividade dos seus<br />
arquitetos, fato suficiente para que os<br />
profissionais do país tenham o direito<br />
de participar de igual para igual em<br />
Um novo Guggenheim<br />
todos os processos de concorrência,<br />
para qualquer grande obra.<br />
A presidente do Instituto dos Arquitetos<br />
do Brasil - Rio de Janeiro<br />
(IAB-<strong>RJ</strong>), arquiteta Dayse Góis, ressalta<br />
que o IAB defende a escolha do<br />
projeto para toda obra pública por<br />
meio de Concurso Público Nacional<br />
de Projetos ou, se for o caso, Concurso<br />
Internacional de Projetos. “As duas<br />
formas estão previstas na lei de licitações,<br />
e reconhecem a melhor forma<br />
de se escolher um projeto para obra<br />
pública”, enfatiza.<br />
FisCalização Do <strong>Crea</strong>-rJ atUante<br />
Até o momento, o <strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong> já fez<br />
nove visitas ao local, durante as cinco<br />
diferentes etapas das obras na Cidade<br />
da Música. Mais do que autuar<br />
e punir, o objetivo é orientar e fazer<br />
com o que os trabalhos transcorram<br />
da melhor maneira possível. A partir<br />
do trabalho da fiscalização, foi elaborado<br />
um relatório que aponta um<br />
diagnóstico sobre o complexo.<br />
Mais do que acompanhar o andamento<br />
da obra, os agentes de fiscalização<br />
do Conselho puderam verificar<br />
se as questões relativas ao exercício<br />
profissional estavam de acordo com<br />
a lei, como o registro dos profissio-<br />
nais no <strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong> e o preenchimento<br />
das Anotações de Responsabilidade<br />
Técnica (ART). “O Conselho não fiscaliza<br />
a qualidade do produto gerado<br />
e sim da mão-de-obra empregada.<br />
Se o profissional é registrado e está<br />
em legalidade, isso significa que ele<br />
está em conformidade com a lei, e já<br />
é meio caminho andado para garantir<br />
a boa execução do projeto”, ressalta<br />
o diretor do <strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong>.<br />
trabalho ininterrUPto<br />
Para atender a meta inicial e entregar<br />
a obra no prazo estabelecido,<br />
três mil operários trabalham na construção<br />
da Cidade da Música 24 horas<br />
por dia, revezando-se em turnos<br />
diferenciados. O término das obras,<br />
incluindo os acessos viários para veículos<br />
e pedestres no entorno do complexo<br />
cultural, está programado para<br />
o segundo semestre de 2008. Porém,<br />
até que os acordes de instrumentos<br />
eruditos entrem em cena, o que continuará<br />
sendo ouvido é o protesto dos<br />
arquitetos brasileiros para que, de alguma<br />
forma, o poder público se convença<br />
de que o país está muito bem<br />
servido de profissionais da área tecnológica,<br />
sendo desnecessária a importação<br />
de mão-de-obra. F (A.S./V.M. )<br />
Em 2002, em uma audiência pública realizada no IAB/<strong>RJ</strong>, o então presidente da entidade, arquiteto Carlos Fernando Andrade,<br />
esclarecia que o objetivo daquele encontro era a produção de um documento, sob o título “Guggenheim no Rio de Janeiro: e<br />
como fica a cultura local?”. Na época, o prefeito César Maia pretendia realizar a instalação de mais uma unidade do museu,<br />
que existe também nas cidades de Nova Iorque, Veneza, Bilbao e Berlin.<br />
Entre outras preocupações, como os investimentos necessários para a construção e a gestão do museu, a contratação de um profissional<br />
estrangeiro para a realização do projeto do Guggenheim carioca foi a questão mais debatida pelos arquitetos brasileiros.<br />
Como no caso do Guggenheim, que seria projetado pelo francês Jean Nouvel, a escolha do arquiteto marroquino Christian de<br />
Portzamparc para a criação da Cidade da Música não foi questionada pelos profissionais brasileiros por falta de competência<br />
ou de qualidade do projeto. A queixa foi a escolha não ter sido feita através de um concurso público, mesmo que internacional,<br />
que também oferecesse a oportunidade aos profissionais brasileiros de participar de um empreendimento dessa importância.<br />
“Os nossos profissionais, arquitetos, engenheiros e técnicos têm condições de atender às obras de qualquer porte, e,<br />
conseqüentemente, capacidade para disputar qualquer concorrência”, conclui Artur.
Riqueza que passa,<br />
O Arco do<br />
Desenvolvimento<br />
desenvolvimento que fica<br />
Secretário estadual de Agricultura defende criação de lei que<br />
destine royalties do petróleo para investimento no mundo rural
Petróleo e agricultura: de competidores<br />
a aliados. O nome do<br />
seminário organizado pela Secretaria<br />
Estadual de Agricultura do Rio de Janeiro<br />
em Macaé, no dia 8 de maio,<br />
sintetiza o pensamento do titular da<br />
pasta, Christino Áureo, que trabalha<br />
para mobilizar as autoridades políticas<br />
do Norte e da Baixada Fluminense<br />
em torno de uma proposta ousada.<br />
Áureo defende a criação de uma<br />
lei estadual que garanta um repasse<br />
mínimo dos royalties do petróleo para<br />
a agricultura.<br />
Segundo o secretário, uma preocupação<br />
dos administradores públicos<br />
de municípios beneficiados pelos milhões<br />
advindos da exploração do petróleo<br />
deve ser gerar desenvolvimento<br />
perene a partir de um recurso significativo,<br />
mas limitado no tempo. “É<br />
preciso saber utilizar os recursos dos<br />
royalties para fortalecer a base de infra-estrutura<br />
dessas cidades para a<br />
produção agrícola e agroindustrial,<br />
investindo na questão ambiental, em<br />
desenvolvimento sustentável. A visão<br />
mais moderna do futuro é aquela que<br />
pensa no ambiente, e não só em realizar<br />
obras”, diz Áureo.<br />
Uma das formas de gerar desenvolvimento<br />
sustentável, segundo o titular<br />
da pasta, é o investimento no<br />
mundo rural. “Há 30 anos, a agricultura<br />
via o petróleo como ameaça,<br />
como concorrência por mão-de-obra.<br />
Mas, agora, a nova visão é de que é<br />
importante aplicar recursos de fontes<br />
não-renováveis, como os royalties, em<br />
prol de desenvolvimento sustentável<br />
do mundo rural, que inclui agricultura,<br />
pesca e agropecuária”, diz Áureo.<br />
DesenVolVimento loCal<br />
Áureo explica que a proposta, assim<br />
como o percentual a ser fixado<br />
para repasse obrigatório, está sendo<br />
discutida coletivamente nos seminários<br />
que organiza entre administrado-<br />
res locais. Uma das vantagens desse<br />
processo, segundo ele, é receber contribuições<br />
de municípios que já têm<br />
alguma experiência, como Quissamã.<br />
A cidade instituiu, em 2004, o fundo<br />
Quissamã Empreendedor, responsável<br />
por gerir os recursos para o fomento<br />
do desenvolvimento econômico local.<br />
Entre as atividades beneficiadas, está,<br />
por exemplo, a abertura de uma envasadora<br />
de água-de-coco.<br />
Paralelamente à discussão sobre<br />
o percentual a ser investido, um dado<br />
é certo: qualquer que seja a taxa fixada,<br />
o investimento não será, certamente,<br />
pequeno. Afinal, um município<br />
como Macaé recebeu durante o<br />
ano de 2007 mais de R$ 289 milhões<br />
em royalties e, neste ano, apenas até<br />
maio, já haviam sido arrecadados<br />
mais de R$ 151 milhões.<br />
Para o prefeito da cidade, Riverton<br />
Mussi (PSDB), um apoiador da<br />
proposta, o ideal seria que as ativida-<br />
des rurais recebessem investimentos<br />
da mesma ordem do setor de infraestrutura.<br />
“Hoje, a receita dos royalties<br />
está muito concentrada em alguns<br />
serviços. Esse valor teria que ser na<br />
mesma proporção do que é liberado<br />
para infra-estrutura. A agricultura é<br />
uma alternativa de negócio e, havendo<br />
esse investimento, temos a chance<br />
de aumentar muito a produção do<br />
setor”, diz Mussi.<br />
Após as discussões, e em busca de<br />
comprometimento com a causa, Christino<br />
Áureo planeja entregar um relatório<br />
preliminar aos candidatos a cargos<br />
públicos na próxima eleição. “Estamos<br />
estudando propostas que não<br />
firam a Constituição estadual, mas<br />
criem mecanismos para que, quando<br />
o petróleo acabe, o mundo rural possa<br />
contar com atividades modernas a partir<br />
dos recursos investidos. Não queremos<br />
deixar para trás cidades fantasmas”, explica<br />
Áureo. F (J.M.)
Precisão que garante<br />
a qualidade do produto<br />
Técnico metrologista é cada vez mais<br />
valorizado no mercado de trabalho
Alguma vez você já se surpreendeu<br />
com a qualidade de algum produto?<br />
Já se pegou admirando a perfeição<br />
com que um determinado equipamento<br />
ou peça foi produzido? Ou já parou<br />
para pensar a que se deve a exatidão<br />
da fabricação em série, tão presente no<br />
nosso cotidiano? A resposta para essas<br />
e outras perguntas está na Metrologia,<br />
a ciência das medições.<br />
A Metrologia abrange todos os aspectos<br />
teóricos e práticos capazes de<br />
assegurar a precisão exigida no processo<br />
produtivo, procurando garantir<br />
a qualidade de produtos e serviços<br />
por meio da calibração de instrumentos<br />
de medição, seja ele analógico ou<br />
eletrônico (digital), e da realização<br />
de ensaios. Por ser considerada uma<br />
base fundamental para a competitividade,<br />
é cada vez maior o número de<br />
empresas que buscam por profissionais<br />
dessa área.<br />
seGUrança e ProDUtiViDaDe<br />
Para Alexandre Cionci Wein, conselheiro<br />
do <strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong> e técnico em metrologia<br />
e mecatrônica, essa procura<br />
elevada se deve ao fato de a metrologia<br />
estar interligada a outras atividades<br />
do setor industrial e tecnológico<br />
do país. “Ela é decisiva para garantir<br />
a segurança do trabalhador, obter<br />
uma produtividade sem desperdícios<br />
e assegurar a qualidade do produto”,<br />
afirma.<br />
De acordo com o coordenador<br />
do curso técnico de mecatrônica<br />
e eletrotécnica da Escola Técnica<br />
Rezende-Rammel (ETRR), Eliésio<br />
Silva, a metrologia é imprescindível<br />
dentro do processo tecnológico<br />
atual. “Daí a importância das empresas<br />
valorizarem cada vez mais<br />
esses profissionais”, enfatiza. Segundo<br />
ele, parte desse processo de<br />
Conheça as atribuições<br />
do Técnico Metrologista<br />
• Aplicar normas técnicas de qualidade,<br />
saúde e segurança no trabalho e<br />
técnicas de controle de qualidade no<br />
processo industrial.<br />
• Aplicar normas técnicas e<br />
especificações de catálogos, manuais<br />
e tabelas em pro jetos, em processos de<br />
fabricação e na instalação de máquinas e<br />
equipamentos de medição.<br />
• Coordenar e desenvolver equipes de trabalho que atuam em<br />
instalação, produção e manutenção, aplicando métodos e técnicas<br />
de gestão.<br />
• Aplicar técnicas de medição e ensaios visando à melhoria da<br />
qualidade de produtos e serviços de plantas industriais.<br />
• Avaliar as características e propriedades dos materiais,<br />
insumos e elementos de máquinas, correlacionando-os com seus<br />
fundamentos matemáticos, físicos e químicos para a aplicação nos<br />
processos de controle de qualidade.<br />
• Aplicar princípios de segurança e qualidade no trabalho, em<br />
laboratórios de calibração.<br />
• Desenvolver técnicas de calibração e validação de equipamentos<br />
de medição.<br />
• Ler e interpretar resultados gerados pelos aparelhos de medição.<br />
valorização deverá se dar também<br />
com a regulamentação e a exigência<br />
da contratação desses profissionais.<br />
“Nesse aspecto, o Sistema<br />
Confea/<strong>Crea</strong>, que congrega as profissões<br />
da área tecnológica e fiscaliza<br />
o seu exercício tem um papel<br />
fundamental”, ressalta.<br />
Quanto ao processo de formação<br />
desses profissionais, o coordenador<br />
da Escola Técnica Rezende-Rammel<br />
acredita que o bom momento deve estimular<br />
também o surgimento de no-<br />
vos cursos técnicos para formar mais<br />
metrologistas.<br />
Com o mesmo otimismo, Alexandre<br />
avalia que o mercado para esses profissionais<br />
vive um momento de expansão.<br />
Prova disso é que muitas empresas hoje<br />
em dia recorrem às companhias que recrutam<br />
candidatos on-line para anunciar<br />
as suas vagas e captar novos profissionais.<br />
“É um mercado em crescimento<br />
tendo em vista o valor agregado deste<br />
profissional para a industria em geral e o<br />
controle de qualidade”, conclui. F (A.S.)
f<br />
A nova cara<br />
da Cedae<br />
Depois de anos apresentando déficit, empresa<br />
fecha 2007 com saldo positivo e pretende<br />
ampliar sua atuação no rio de Janeiro
Depois de retomar as obras do Programa<br />
de Despoluição da Baía de<br />
Guanabara (PDBG), colocar o Emissário<br />
da Barra da Tijuca, finalmente, em<br />
funcionamento e fechar o ano de 2007<br />
com um surpreendente superávit, a Cedae,<br />
ou Nova Cedae, prepara-se para<br />
abrir seu capital. O presidente da companhia,<br />
Wagner Victer, não conta detalhes,<br />
mas adianta que o estado do<br />
Rio de Janeiro será o acionista majoritário.<br />
Outra novidade é que a empresa<br />
está trabalhando para ampliar sua<br />
carta de “clientes” e distribuir água para<br />
outros municípios fluminenses. “Estamos<br />
nos preparando para disputar o mercado.<br />
Vamos abrir nosso capital, mas o estado<br />
do Rio terá a maior parte das ações. Isso<br />
é certo”, conta Victer, acrescentando que<br />
a abertura de capital deve ocorrer no primeiro<br />
semestre de 2009.<br />
A empresa de distribuição de água<br />
e tratamento de esgoto, que em outros<br />
governos era vista como o “patinho<br />
feio” da administração pública, começa<br />
a alterar o quadro. E a mudança é<br />
muito mais do que conceitual. Com a<br />
eleição do governador Sérgio Cabral,<br />
a Cedae passou por um profundo processo<br />
de renovação, da diretoria à filosofia<br />
da empresa. Com assessoria e<br />
metodologia da Fundação Getúlio Vargas,<br />
foi montado um novo modelo de<br />
gestão para a companhia, que possui<br />
três pilares: imagem, auto-sustentação<br />
e universalização dos serviços.<br />
zeranDo o DéFiCit<br />
Logo nos primeiros meses, além<br />
da alteração da imagem e do nome da<br />
companhia, que passou a se chamar<br />
Nova Cedae, a atual administração desenvolveu<br />
um programa de redução de<br />
custos, com aplicação de pregão eletrônico,<br />
reduziu a estrutura organizacional,<br />
de 30 para 13 superintendências,<br />
e cortou cerca de 50% das funções<br />
terceirizadas. “Meu acordo com<br />
o governador era colocar a empresa<br />
no azul em três anos e meio. Conseguimos<br />
isso logo no primeiro ano. A<br />
Cedae tinha de R$ 20 milhões a R$ 30<br />
milhões de déficit por mês. Pagamos<br />
mais de R$ 90 milhões em dívidas anti-<br />
Roberto Bellonia<br />
Wagner Victer exibe o certificado do Guinness Book recebido pela Nova Cedae, que possui<br />
a maior estação de tratamento de água do mundo (Guandu)<br />
gas e encerramos 2007 com arrecadação<br />
recorde de US$ 1 bilhão e cerca de<br />
US$ 100 milhões em caixa. É como se<br />
tivéssemos um mês a mais de arrecadação<br />
e um mês a menos de gastos”,<br />
compara Victer.<br />
Atualmente, a Nova Cedae distribui<br />
água para mais de nove milhões<br />
de pessoas e trata esgoto de mais de<br />
5 milhões, considerando-se uma taxa<br />
de ocupação de 3,61 pessoas por domicílio.<br />
Dos 92 municípios do estado,<br />
65 são abastecidos pela companhia e<br />
17 contam com a rede de esgoto da<br />
empresa fluminense. “Estamos negociando<br />
com algumas cidades do Rio de<br />
Janeiro e já há quem queira aderir à<br />
Cedae. Vamos crescer nos próximos<br />
anos”, estima o presidente.<br />
enGenheiros ValorizaDos<br />
O choque de gestão passa também<br />
pela valorização dos quadros técnicos<br />
da empresa e, principalmente, dos profissionais<br />
de engenharia. Para se ter<br />
uma idéia, além do atual presidente,<br />
todos os sete diretores da Cedae são<br />
engenheiros. Victer ressalta que o recebimento<br />
do Atestado de Conformidade<br />
com o Exercício Profissional do <strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong>,<br />
que premia empresas que atendem aos<br />
quesitos de conformidade com o exercício<br />
profissional e investem na qualificação<br />
técnica de seus profissionais,<br />
é a prova de que a mudança na forma<br />
de a empresa agir foi uma medida<br />
acertada. “A Cedae foi a primeira empresa<br />
do Governo do Estado a ganhar<br />
o certificado do <strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong>. Estamos fortalecendo<br />
as relações técnicas, capacitando<br />
nossos quadros e valorizando os<br />
bons profissionais. Nossa chefe de gabinete,<br />
por exemplo, é uma das maiores<br />
arquitetas desse estado. Ela participou<br />
de grandes obras no Rio, como<br />
o Sambódromo e a Linha Amarela. São<br />
profissionais assim que queremos na<br />
Cedae”, conta Victer, referindo-se à arquiteta<br />
Ângela Fonti.<br />
f
f<br />
retomaDa Do PDbG<br />
Ainda há falhas na distribuição<br />
de água e na rede de esgoto, que não<br />
atende a toda a população, mas há<br />
muito para comemorar. Entre os grandes<br />
feitos de 2007 está o reinício das<br />
obras do Programa de Despoluição da<br />
Baía de Guanabara (PDBG). Em março<br />
do ano passado, o Governo do Estado<br />
acertou a liberação de R$ 58 milhões,<br />
e foram retomadas as obras de ampliação<br />
da Estação de Tratamento de Esgoto<br />
(ETE) de Alegria, no bairro do Caju,<br />
na Zona Portuária do Rio. A estação, que<br />
atende a dez bairros do centro da cidade<br />
e parte da Tijuca, é a que mais despeja<br />
esgoto na baía. “Essa estação era o monumento<br />
das obras abandonadas. Retomamos<br />
as obras e acredito que, no início<br />
do segundo semestre, ela estará em pleno<br />
funcionamento, permitindo tratamento<br />
primário e secundário. Serão tratados<br />
2.500 litros de esgoto por segundo. É<br />
como se estivéssemos tirando um Maracanãzinho<br />
de esgoto a cada dia da Baía<br />
de Guanabara”, compara Victer.<br />
Desde que o PDBG começou, na<br />
década de 90, até outubro de 2007,<br />
foram investidos cerca de US$ 630 milhões<br />
em esgotamento sanitário, abastecimento<br />
de água, macrodrenagem,<br />
mapeamento digital e atividades ambientais<br />
complementares. Para concluir<br />
a fase atual, será preciso investir mais<br />
US$ 136 milhões. “Em vez de abrir diversas<br />
frentes de obras e não terminar<br />
nenhuma, estamos concentrando as<br />
obras em um número menor de frentes,<br />
dando prioridade às que vão tirar<br />
mais esgoto da baía. Em 2007, investimos<br />
cerca de R$ 120 milhões em tratamento<br />
de esgoto, e nossa expectativa<br />
é que em 2008 sejam mais R$ 100<br />
milhões”, conta Victer.<br />
noVo GUanDU<br />
A oferta de água também vai aumentar<br />
nos próximos anos. Atualmen-<br />
te, a Estação de Tratamento do Guandu,<br />
que no ano passado recebeu o certificado<br />
do Guinness Book, o livro dos<br />
recordes, por ser a maior estação de<br />
tratamento de água do mundo, tem capacidade<br />
de tratar 43 metros cúbicos<br />
por segundo. A Cedae planeja começar<br />
ainda este ano as obras de ampliação<br />
da estação, aumentando a capacidade<br />
do sistema em 30%.<br />
A Estação do Guandu abastece<br />
85% dos domicílios da cidade do Rio<br />
de Janeiro e 75% dos da Baixada Fluminense.<br />
“Será uma nova estação com<br />
capacidade de tratar 12 metros cúbicos<br />
por segundo. É a maior do mundo e vai<br />
ficar maior ainda”, conta Victer, calculando<br />
que, por causa da complexidade<br />
da obra, a construção vai durar cerca<br />
de três anos.<br />
Segundo o coordenador de projetos<br />
da diretoria de engenharia da Cedae,<br />
o engenheiro civil e sanitarista<br />
Sérgio Pinheiro de Almeida, além de<br />
aumentar o número de pessoas atendidas,<br />
o projeto do Novo Guandu trará<br />
outra vantagem importante: a recu-<br />
Luis Winter<br />
peração dos reservatórios. “A estação<br />
foi construída na década de 80 e, com<br />
o passar do tempo, surgiram necessidades<br />
de melhoria na estrutura, de caráter<br />
urgente. Fizemos uma vistoria e<br />
muitos reservatórios estão necessitando<br />
de reparos. Em caso de ruptura, a<br />
população fica automaticamente desabastecida.<br />
Não dá mais para adiar essa<br />
ampliação”, ressalta.<br />
Junto com a ampliação, foi anunciado<br />
o investimento de R$ 196 milhões<br />
do Programa de Aceleração do<br />
Crescimento (PAC) para ampliar a rede<br />
de abastecimento nos bairros de Jacarepaguá,<br />
Barra da Tijuca, Recreio dos<br />
Bandeirantes e Vargens Grande e Pequena,<br />
na Zona Oeste do Rio. Serão<br />
assentados 80 quilômetros de adução<br />
e troncos de distribuição de água<br />
e construídos dois reservatórios com<br />
capacidade para 20 milhões de litros<br />
cada um.<br />
emissário entra em FUnCionamento<br />
O Programa de Saneamento da<br />
Barra da Tijuca, do Recreio dos Bandei-<br />
Sérgio Almeida: “o projeto Novo Guandu vai fazer a recuperação dos reservatórios”
Luis Winter<br />
A Estação do Guandu abastece, hoje, 85%<br />
dos domicílios da cidade de Rio de Janeiro<br />
rantes e de Jacarepaguá (PSBJ) começou<br />
a ser executado em abril de 2001<br />
e sua obra principal é o emissário submarino<br />
da Barra da Tijuca. Dividida em<br />
três partes – instalação da rede coletora,<br />
construção de estações de tratamento<br />
de esgoto na Barra e Jacarepaguá<br />
e construção do emissário submarino<br />
– a obra se arrasta há anos, ora<br />
por falta de verba, ora por desentendimentos<br />
entre os Governos Estadual<br />
e Municipal.<br />
Quando estiver pronto, o novo sistema<br />
de esgotamento sanitário beneficiará<br />
cerca de 1,4 milhões de pessoas,<br />
moradores dos 13 bairros e sub-bairros<br />
da região. A previsão era que a primeira<br />
etapa da obra durasse cerca de dois<br />
anos, ficando pronta em 2003. No entanto,<br />
paralisações, atrasos e erros de<br />
cálculo empurraram o fim da primeira<br />
etapa para os anos seguintes, tendo<br />
sido inaugurada somente em dezembro<br />
de 2006. Em abril de 2007, o Emissário<br />
da Barra entrou em operação de-<br />
finitivamente, passando a despejar 900<br />
litros de dejetos por segundo a uma<br />
distância de 5 km da costa.<br />
“É preciso ressaltar que o governo<br />
passado fez muito pelo emissário. Ao<br />
atual governo coube a montagem final<br />
do emissário e a colocação em operação,<br />
que foi bastante complicada. Fizemos<br />
uma intervenção de engenharia<br />
para o emissário entrar em atividade e<br />
a primeira gota de esgoto foi lançada<br />
no mar este ano”, explica Victer. Nos<br />
cinco primeiros anos do PSBJ, foram<br />
instalados cerca de 120 km de tubulação,<br />
dos 330 km necessários para a<br />
conclusão do programa.<br />
De acordo com dados da Nova Cedae,<br />
até outubro de 2007, foram investidos<br />
cerca de R$ 324 milhões nas obras<br />
do programa. A expectativa da companhia<br />
estadual é que, a partir de 2008, sejam<br />
aplicados mais R$ 194 milhões, com<br />
a maior parcela (R$ 64.561.000,00) destinada<br />
às obras no Recreio.<br />
Atualmente, o emissário submarino<br />
recebe o esgoto produzido nos domicílios<br />
de Rio das Pedras, Jardim Clarice,<br />
Anil, Cidade de Deus, parte da Taquara,<br />
Freguesia e Praça Seca, em Jacarepaguá,<br />
e dos condomínios de classe<br />
média alta Santa Mônica e Novo Leblon,<br />
na Barra da Tijuca.<br />
Em maio de 2007, começaram as<br />
obras da elevatória de Marapendi, que<br />
vai tratar o esgoto de mais de 50 con-<br />
domínios. A unidade vai retirar 900 litros<br />
por segundo de esgoto da região<br />
oceânica da Barra e do sub-bairro de<br />
Marapendi. Com construção de elevatórias<br />
e estações de tratamento, a<br />
segunda fase do PSBJ atenderá, principalmente,<br />
aos bairros Recreio dos<br />
Bandeirantes, Vargem Grande e Vargem<br />
Pequena e está avaliada em mais<br />
R$ 400 milhões.<br />
No último mês de outubro, a empresa<br />
iniciou a construção da elevatória<br />
central de esgotos do bairro, marcando<br />
a implantação do Sistema de<br />
Esgotamento Sanitário do Recreio dos<br />
Bandeirantes. De acordo com o projeto,<br />
essa unidade será instalada ao lado<br />
da Estação de Tratamento de Esgoto<br />
(ETE) Gláucio Gil, que em alguns anos<br />
será desativada, encerrando o lançamento<br />
de dejetos no Canal das Tachas.<br />
A Cedae acredita que, na primeira fase<br />
do sistema, serão retirados aproximadamente<br />
300 litros de esgoto por segundo.<br />
A implantação total do sistema<br />
está prevista para 2011, quando cerca<br />
de 1.200 litros de esgoto por segundo<br />
deixarão de ser lançados nos canais e<br />
lagoas da região. “A Barra da Tijuca e<br />
os bairros próximos estão em expansão<br />
e a rede de esgoto tem que acompanhar.<br />
Temos mais de 30 frentes de<br />
obras em andamento e, em 2008, começam<br />
as construções pesadas no Recreio”,<br />
comenta. F (D.B.)<br />
um dos novos projetos é produzir combustível com esgoto<br />
Passado um ano e meio de muito trabalho e bons resultados, o presidente<br />
da Nova Cedae afirma que o desafio para os próximos anos é garantir a<br />
melhoria contínua dos serviços da empresa.<br />
Com mais de 80 projetos estratégicos em andamento, inclusive um que<br />
estuda a produção de combustível tendo o esgoto como matériaprima,<br />
Victer avalia que o planejamento estratégico e a busca por mudança foram<br />
fundamentais para o crescimento da nova Cedae.<br />
“Hoje, a Cedae é bem melhor que nos últimos meses e é, também,<br />
infinitamente pior se comparada ao que será nos próximos”, conclui.<br />
f
f<br />
O alto preço<br />
do lixo urbano<br />
Gestão do lixo se torna uma questão cada vez mais<br />
urgente em grandes cidades. solução eficiente passa<br />
por tecnologia e consciência ambiental
gestão de resíduos sólidos, do-<br />
A mésticos, industriais e/ou comerciais<br />
é um dos maiores problemas<br />
da sociedade moderna. No Brasil,<br />
mais de 140 mil toneladas de lixo<br />
são geradas diariamente e, em mais<br />
de 80% dos municípios, esses resíduos<br />
são lançados cotidianamente em<br />
cursos d’água e áreas a céu aberto ou<br />
de proteção ambiental, o que evidencia<br />
a má gestão. A falta de investimento<br />
em novas tecnologias capazes<br />
de lidar com o desafio de gerenciar o<br />
lixo de forma limpa e eficiente passa<br />
pela consciência de que o problema é<br />
de todos e deve ser resolvido agora.<br />
Ações que postergam uma solução final<br />
para a próxima geração não podem<br />
mais ser empregadas.<br />
Essa foi uma das principais contribuições<br />
do II Simpósio Internacional<br />
em Tecnologias e Tratamento de<br />
Resíduos Sólidos, segundo Cláudio<br />
Mahler, professor da Coppe/UF<strong>RJ</strong> e<br />
um dos coordenadores da comissão<br />
organizadora do evento, realizado em<br />
abril, no Rio de Janeiro. “Tivemos a<br />
presença de professores e empresários<br />
estrangeiros que trabalham nessa<br />
área. O que considero mais relevante<br />
foi a colocação do professor Raffaello<br />
Cossu, da Itália, relativa à preocupação<br />
de que cada geração seja responsável<br />
pelo resíduo que produz. Essa<br />
filosofia muda o conceito do aterro de<br />
lixo, por exemplo, que é uma construção<br />
de uma geração para ser resolvida<br />
pela geração seguinte. Assim, dentro<br />
dessa nova filosofia, há diversas ações<br />
possíveis”, explica Mahler.<br />
aterro é solUção esGotaDa<br />
Método mais usado por nossos<br />
municípios, os lixões, que não obedecem<br />
a nenhuma norma de controle,<br />
recebem os resíduos sem tratamento,<br />
causando danos como mau cheiro, poluição<br />
dos cursos d’água e das águas<br />
subterrâneas, transmissão de doen-<br />
ças, acúmulo de animais daninhos,<br />
como ratos, e desvalorização dos imóveis<br />
vizinhos. Além disso, esses locais<br />
atraem a população mais carente, que<br />
procura no lixo restos de alimento e<br />
material para ser vendido.<br />
Utilizados em menor escala, os<br />
aterros sanitários recebem resíduos<br />
em camadas compactadas e cobertas<br />
com argila no término de cada dia de<br />
trabalho para evitar mau odor e insetos.<br />
Os gases oriundos da decomposição<br />
da matéria orgânica são coletados<br />
e queimados, enquanto o chorume (líquido<br />
escuro gerado pela degradação<br />
dos resíduos) é drenado e removido<br />
para tratamento adequado. Esse tratamento,<br />
no entanto, não é garantia<br />
contra a contaminação ambiental.<br />
Além disso, o uso do aterro apenas,<br />
não combinado com outras formas de<br />
abordagem do lixo, mostra-se esgo-<br />
Cláudio Mahler coordenou o II Simpósio Internacional em<br />
Tecnologias e Tratamento de Resíduos Sólidos<br />
tado. “Temos alguns bons aterros sanitários,<br />
mas, atualmente, os países<br />
desenvolvidos já estão saindo dessa<br />
técnica de tratamento de exposição<br />
porque ela cria um passivo para a sociedade”,<br />
diz Mahler.<br />
Outras questões que tornam a<br />
continuidade do uso dos aterros quase<br />
inviável são a necessidade de grandes<br />
áreas, terrenos adequados que devem<br />
respeitar uma distância mínima de 15<br />
km de aeroportos e bases aéreas, e a<br />
vida útil limitada desses locais, em geral,<br />
de até 50 anos.<br />
CiDaDes no limite<br />
Na cidade do Rio de Janeiro, a<br />
questão do lixo está crítica. Diariamente<br />
são produzidas cerca de 8 mil<br />
toneladas de resíduos e o principal<br />
aterro, o de Gramacho, localizado na<br />
Baixada Fluminense, opera em sua ca-<br />
Roberto Bellonia<br />
f
f<br />
pacidade máxima, recebendo cerca de<br />
9 mil toneladas de lixo por dia.<br />
A instalação de um novo aterro,<br />
no bairro de Paciência, na Zona Oeste,<br />
ainda não está aprovada. O projeto<br />
tramita sem solução desde 2003,<br />
quando a Prefeitura realizou a licitação<br />
da obra. Agora, a licença prévia,<br />
primeiro passo para a construção do<br />
local, pode não ser outorgada pela<br />
Comissão Estadual de Controle Am-<br />
Uma saga de lutas<br />
biental. O projeto já foi alvo de deze-<br />
nas de ações na Justiça (movidas por<br />
empresas que perderam a licitação e<br />
ONGs), além de três pareceres contrários<br />
do Ministério Público Estadual<br />
Conheça e Federal, mas a tem história o apoio do ex-se- da regulamentação<br />
cretário estadual do Meio Ambiente,<br />
da profissão de técnico de nível médio<br />
e atual ministro, Carlos Minc.<br />
Além do impacto no ambiente, a<br />
construção do novo aterro também<br />
afetaria a economia da região, já que<br />
cerca de 10 mil pessoas tiram sua renda<br />
do aterro de Gramacho hoje. Por<br />
fim, a “solução” tem prazo de validade:<br />
o novo aterro será capaz de atender<br />
a cidade por apenas 20 anos.<br />
Um exemplo das graves conseqüências<br />
que uma má gestão do lixo<br />
pode gerar vem de Nápoles, no sul da<br />
Itália. O caos se instalou na cidade<br />
desde que os aterros ficaram cheios,<br />
no fim do ano passado, e a coleta de<br />
lixo teve que ser suspensa. Atualmente,<br />
140 mil toneladas de resíduos se<br />
acumulam pelas ruas napolitanas, gerando<br />
protestos da população e riscos<br />
à saúde pública.<br />
mais Problemas à Vista<br />
Se o grande volume de produção de<br />
lixo residencial gera dificuldades na gestão<br />
desses resíduos, os rejeitos de outras<br />
origens carecem de atenção especial,<br />
desmembrando a questão em muitas<br />
frentes. “Agora, por exemplo, estamos<br />
vivendo muitos problemas com o<br />
lixo da indústria eletroeletrônica. Não<br />
temos ainda dados exatos da produção<br />
no Brasil, mas, nos EUA, por exemplo,<br />
está em 1,5 milhão de toneladas de resíduos<br />
anuais”, diz Adacto Ottoni, assessor<br />
de meio ambiente do <strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong>.<br />
Para os diversos tipos de resíduo,<br />
são indicados diferentes métodos de<br />
tratamento. O lixo tecnológico, por<br />
exemplo, tem bons resultados para<br />
reciclagem, fornecendo ferro, alumínio<br />
e metais preciosos, como ouro ou<br />
prata. Além disso, muitos componentes<br />
podem ser reutilizados. “Para os<br />
resíduos hospitalares, em que os riscos<br />
de contaminação são uma preocupação<br />
a mais, o processo térmico é<br />
o mais indicado”, diz Mahler.<br />
alternatiVas<br />
As Prefeituras, que por lei são<br />
obrigadas a criar planos de gestão<br />
para os resíduos, podem adotar em<br />
suas estratégias métodos já conhecidos,<br />
como a incineração e a compostagem.<br />
No primeiro, os resíduos<br />
sólidos são queimados em usinas,<br />
após passarem pelo setor de recepção<br />
e pesagem e serem colocados<br />
em câmaras de combustão. As vantagens<br />
desse processo são a redução<br />
do volume do lixo para 25% do<br />
volume original e a neutralização da<br />
ação das bactérias.<br />
Outra vantagem, o aproveitamento<br />
da energia calórica da combustão,<br />
também é possível, mas, como no Brasil<br />
60% da composição dos resíduos é de<br />
matéria orgânica, para isso seria preciso<br />
injetar mais combustível, elevando os<br />
custos do processo. Além disso, à medida<br />
que cresce a recuperação de energia,<br />
diminui a velocidade de resfriamento<br />
da queima, gerando mais compostos<br />
tóxicos, como organoclorados (furanos<br />
e dioxinas). Tais substâncias são causadoras<br />
de câncer e outros graves danos<br />
à saúde humana.<br />
O alto custo do processo, entre<br />
um e sete milhões de dólares, é um<br />
entrave. Cabe lembrar, ainda, que,<br />
com a incineração, os resíduos não<br />
desaparecem, apenas são transformados<br />
em cinzas, líquidos e gases<br />
contaminantes.<br />
Já na compostagem, os resíduos<br />
sólidos passam por uma seleção, normalmente<br />
manual, em que são separados<br />
em materiais orgânicos, recicláveis<br />
e não-aproveitáveis. A grande<br />
vantagem desse sistema é a possibilidade<br />
do aproveitamento econômico<br />
de parte do lixo.<br />
teCnoloGia<br />
É justamente no sentido de reaproveitar<br />
resíduos e seus subprodutos<br />
que caminham as mais modernas<br />
soluções propostas para a gestão do<br />
lixo. Durante o II Simpósio destacaram-se<br />
dois processos que, além de<br />
mais limpos, apresentam a vantagem<br />
de gerar lucro: o processo térmico e o<br />
mecânico-biológico.<br />
O processo térmico necessita da<br />
instalação de grandes incineradores,<br />
o que tem custo, mas as cinzas resultantes,<br />
já inertizadas, podem ser empregadas<br />
como mais uma matéria-prima<br />
para a indústria de cimento, na<br />
pavimentação e na produção de cimento<br />
e blocos para a construção civil,<br />
por exemplo.<br />
Já no processo mecânico-biológico,<br />
o tratamento diferenciado é realizado<br />
em três etapas: primeiro, um<br />
passo mecânico, visando à ruptura<br />
dos sacos de lixo e homogeneização<br />
dos resíduos; em seguida, o tratamento<br />
biológico, que compreende a<br />
decomposição aeróbica e estática da<br />
matéria orgânica; por último, novo<br />
tratamento mecânico, havendo a disposição<br />
final para o material residual<br />
bioestabilizado. Esse processo pode<br />
aproveitar as instalações dos aterros<br />
de forma geral e o gás metano resul-
tante da decomposição de matéria orgânica<br />
pode ser aproveitado para geração<br />
de energia.<br />
A utilização do metano vem sendo<br />
feita com sucesso em Nova Iguaçu,<br />
na Baixada Fluminense. A cidade tem<br />
o primeiro projeto de armazenamento<br />
de lixo do mundo que segue as normas<br />
da Organização das Nações Unidas<br />
(ONU): a Central de Tratamento de Resíduos<br />
(CTR). Por dia, mil toneladas de<br />
lixo produzidas pelo município são encaminhadas<br />
à CTR, onde o metano produzido<br />
é captado por grandes tubulações<br />
e levado até uma usina de biogás.<br />
Lá, o gás gera energia que movimenta<br />
as máquinas industriais da CTR.<br />
No simpósio, também foram apresentadas<br />
pesquisas bastante promissoras,<br />
especialmente no tocante à<br />
questão ambiental dos aterros. O trabalho<br />
de Elisabeth Ritter, do Departamento<br />
de Engenharia Sanitária e Meio<br />
Ambiente da Uerj e doutora pela Coppe/UF<strong>RJ</strong>,<br />
Transporte de Contaminantes<br />
por Difusão Molecular no Solo de<br />
Aterro Sanitário, está em fase experimental<br />
e pode trazer mais conhecimento<br />
sobre o impacto do chorume<br />
no solo e os melhores métodos de manejo<br />
da substância.<br />
Já a pesquisa do engenheiro<br />
Ronaldo Izzo, Uso de Resíduos Prétratados<br />
Mecânica e Biologicamente<br />
na Construção de Barreiras Capilares<br />
é uma promessa para viabilizar<br />
o maior aproveitamento do espaço<br />
dos aterros. O pesquisador estuda<br />
a utilização dos próprios resíduos,<br />
pré-tratados, para a confecção das<br />
coberturas necessárias em depósitos<br />
a céu aberto. A pesquisa caminha<br />
agora para a fase experimental.<br />
“Se você normalmente faz a cobertura<br />
com terra, isso tem um volume,<br />
ocupa um espaço; se você faz com<br />
o próprio lixo, maximiza a vida útil<br />
dos aterros”, explica Izzo. F (J.M.)<br />
Redução, reciclagem e reutilização<br />
Enquanto poucos municípios se mobilizam, o Ministério do Meio Ambiente<br />
tenta instalar uma Política Nacional de Resíduos. As diretrizes, no entanto,<br />
ainda não agregam as pesquisas e técnicas mais modernas. “Essa é uma<br />
política genérica. Não é errada, mas não tem sustentabilidade ambiental”,<br />
explica adacto ottoni.<br />
Para Ottoni, uma gestão sustentável dos resíduos urbanos precisa<br />
passar pelo estímulo à redução do lixo, à instalação de processos eficientes<br />
de reciclagem e ao incentivo à reutilização. “a gestão limpa dos resíduos<br />
domiciliares passa pelos três erres: redução, reciclagem e reutilização. Isso<br />
é tecnologia sustentável. É necessário investir em educação ambiental,<br />
desestimular o consumismo e tentar aumentar a vida útil dos produtos, em<br />
vez de promover o uso dos descartáveis”, explica Ottoni.<br />
O assessor de meio ambiente do <strong>Crea</strong><strong>RJ</strong> lembra ainda que uma estrutura<br />
de coleta seletiva bem implantada pode ser fonte de emprego e geração de<br />
renda. “O lixo é uma solução para o problema das grandes cidades. Na coleta,<br />
você emprega muitas pessoas e combate a exclusão social. é ideal para os<br />
centros urbanos, já que é mais bemsucedida quando realizada em grande<br />
escala”, explica Ottoni.<br />
f
f<br />
Arquitetura:<br />
a importância<br />
da memória<br />
inventário e a cata-<br />
O logação do acervo<br />
do arquiteto Wladimir<br />
Alves de Souza, que estão<br />
sendo promovidos pelo<br />
Departamento de História<br />
e Teoria da Faculdade<br />
de Arquitetura e Urbanismo<br />
da UF<strong>RJ</strong>, com o apoio<br />
financeiro da Faperj, têm<br />
revelado desenhos, documentos<br />
e manuscritos que<br />
recontam a história da arquitetura<br />
no Brasil.<br />
Em um curriculum vitae,<br />
datado de dezembro de<br />
1937, manuscrito e assinado<br />
pelo próprio, fica já evidenciada<br />
uma promissora trajetória,<br />
até então de sete anos.<br />
Formado em 1930, um ano<br />
depois, em janeiro de 1931,<br />
concorre ao prêmio Caminhoá,<br />
de viagem à Europa, tendo sido<br />
classificado em primeiro lugar<br />
concorrendo com Affonso Eduardo<br />
Reidy, Carlos Henrique de<br />
Oliveira Porto, Dante José de Albuquerque,<br />
entre outros.<br />
Neste curto tempo, 20 projetos<br />
são citados, a maioria em fase de execução,<br />
entre edifícios, residências, es-<br />
Com esse projeto de arranha-céu imponente (1936), Wladimir<br />
Alves de Souza ficou em segundo lugar no concurso para a<br />
nova sede do Clube de Engenharia<br />
colas e embaixadas.<br />
Sócio de Enéas Silva desde 1935,<br />
Wladimir ressalta seu primeiro lugar<br />
no concurso para a sede do Ministério<br />
da Fazenda no Rio de Janeiro, e demais<br />
participações em outros concur-<br />
sos, como o da Casa de Itália, em<br />
1931, o da Estação de Passageiros<br />
de Hidroaviões, em 1937, e ainda<br />
o segundo lugar no concurso de<br />
projetos para a nova sede do Clube<br />
de Engenharia, também no Rio<br />
de Janeiro.<br />
Não terminaria aí sua ascensão.<br />
Decerto, este reduzido curriculum<br />
não daria conta da expressiva<br />
carreira que veio a ter.<br />
Classifica-se, em 1938, em primeiro<br />
lugar para Professor Catedrático<br />
de Teoria e Filosofia<br />
da Arquitetura, na Escola<br />
Nacional de Belas Artes, com<br />
uma vida acadêmica intensa<br />
até sua aposentadoria.<br />
Do mesmo modo, posteriormente,<br />
ressalta-se a sua<br />
importante atuação no Rio de<br />
Janeiro, em obras de restauração,<br />
como a Capela Mayrink,<br />
na Floresta da Tijuca, o antigo<br />
Solar da Marquesa de Santos<br />
e a Fazenda da Samambaia,<br />
para citar apenas algumas.<br />
reCUPeração Do PeloUrinho<br />
A importância de seu trabalho o<br />
levou a Salvador, como convidado do<br />
governador Luiz Viana Filho, para pre-
sidir a recém-criada “Fundação do Patrimônio<br />
Artístico e Cultural da Bahia”,<br />
para revitalização do degradado bairro<br />
histórico do Pelourinho. Trabalho este<br />
continuado pelo governo de Antonio<br />
Carlos Magalhães, com a participação<br />
do arquiteto. Ainda em Salvador, realizou<br />
a restauração completa (1958-<br />
1959) do antigo Convento de Santa<br />
Tereza e sua adaptação para o Museu<br />
de Arte Sacra da UFBA.<br />
Estão sendo encontradas anotações<br />
que contam alegrias profissionais,<br />
mas também desabafos, como a<br />
frustração por não ter tido seu projeto<br />
premiado do Ministério da Fazenda<br />
construído: “caso fosse executado teria<br />
sido o primeiro projeto de edifício público<br />
da arquitetura moderna no Brasil.<br />
O ministro de então preteriu o direito à<br />
execução dos concorrentes, por exigir<br />
estilo clássico, em outro local, como foi<br />
feito”, afirmou Wladimir.<br />
Mas, se não foi o primeiro ou o segundo,<br />
as linhas arrojadas e inseridas no<br />
racionalismo preconizado por Le Corbusier<br />
e seus pares, e o “moderno revolucionário”,<br />
como classificado pela Comissão<br />
Julgadora que o avaliou, estão presentes<br />
nos seus projetos. Os desenhos encontrados<br />
em seu acervo, pouco a pouco desvelados,<br />
dão conta disso.<br />
ClUbe e liCeU De artes<br />
O arquiteto Wladimir era um homem<br />
do mundo, vivia dentro do seu<br />
tempo e totalmente identificado com<br />
as correntes internacionais. Mais do<br />
que identificado, não seria nada ousado<br />
dizer que fez parte delas, ajudando<br />
a construir com outros pares a história<br />
da arquitetura moderna no Brasil.<br />
É exemplo o projeto do edifício<br />
para a nova sede do Clube de Engenharia<br />
(1936), com Enéas Silva, um arranha-céu<br />
imponente como um edifício<br />
de Howe e Lescaze nos anos 30. Com<br />
aberturas horizontais que rasgam sua<br />
fachada, tem no contraponto com um<br />
elemento verticalizante, da base até o<br />
seu topo, a afirmação do estilo internacional.<br />
Há neste projeto uma superfície<br />
imponente, que subtrai do prisma<br />
a sua própria essência, sem os pilotis<br />
do Ministério da Fazenda, mas com a<br />
mesma clareza de leitura.<br />
Em tempo próximo, o projeto para<br />
o Liceu de Artes e Ofícios, edifício com<br />
46 andares, em colaboração com os arquitetos<br />
Raul Penna Firme e Enéas Silva,<br />
inclui um grande teatro, armazéns,<br />
lojas e escritórios. Formalmente, apresenta<br />
características que o aproximam<br />
do Clube de Engenharia. A horizontalidade<br />
da fachada é equilibrada com<br />
um eixo vertical, que se não ultrapassa<br />
o edifício, como o outro, ratifica a boa<br />
composição modernista. Em Wladimir,<br />
parece fácil a capacidade de trabalhar<br />
com justaposição de planos. O resultado<br />
é um movimento estético que reforça<br />
a estrutura e impõe a forma racional,<br />
revelando as referências daqueles<br />
nossos modernos anos e afirmando a<br />
nossa modernidade arquitetônica.<br />
O projeto para o Liceu de<br />
Artes e Ofícios, um edifício<br />
com 46 andares, inclui um<br />
grande teatro, armazéns,<br />
lojas e escritórios<br />
A contemporaneidade deve ser<br />
entendida como um valor que dialoga<br />
com o tempo: o tempo em que se<br />
vive. Porém, a condição de modernidade<br />
pressupõe a aceitação do novo. Na<br />
produção de Wladimir, o diálogo com<br />
os movimentos internacionais é uma<br />
constante. O arquiteto soube ser contemporâneo<br />
e ser moderno.<br />
E assim, passo a passo, na revelação<br />
de seus desenhos - perspectivas,<br />
plantas e cortes, desvendam-se a<br />
sua obra. Em cada projeto encontrado,<br />
gestos morfológicos simples recontam<br />
a história e acrescentam informações à<br />
nossa historiografia da arquitetura. Em<br />
cada manuscrito, o relato de um tempo.<br />
Aos poucos, com a apresentação<br />
completa do acervo, novos textos e novos<br />
valores surgirão e o passado aproxima-se<br />
do presente, em um só tempo.<br />
Recompõe-se a arquitetura e a importância<br />
de sua memória - a memória e o<br />
legado de Wladimir Alves de Souza.<br />
Arquiteta e professoraadjunta da FAu/uF<strong>RJ</strong><br />
maria Clara amado martins<br />
f
f<br />
Em busca de<br />
acesso a todos<br />
Como um instrumento jurídico vem garantindo<br />
acessibilidade a deficientes físicos nos municípios do Rio
Um expressivo grupo de entidades<br />
e de patriotas vem se reunindo,<br />
com regularidade, no Movimento<br />
em Defesa da Economia Nacional<br />
(Modecon), com o objetivo de<br />
estruturar uma ampla campanha em<br />
defesa da Amazônia.<br />
Está na Constituição Federal, nas<br />
Leis 10.048 e 10.098 e no Decreto<br />
nº 5.296/04: o planejamento urbano<br />
tem o dever jurídico de contemplar<br />
formas e adaptações necessárias<br />
para garantir ampla acessibilidade às<br />
pessoas com deficiência. O problema<br />
é que está no papel, mas não<br />
está nas ruas. No dia-a-dia, o direito<br />
constitucional de ir e vir de pessoas<br />
com mobilidade reduzida encontra<br />
uma série de obstáculos. No entanto,<br />
há uma boa notícia na área. Procuradores<br />
do Ministério Público Estadual<br />
do Rio de Janeiro têm utilizado<br />
um instrumento jurídico, o Termo de<br />
Ajuste de Conduta (TAC), para obrigar<br />
os municípios a cumprirem o que<br />
a lei determina.<br />
Os caminhos que levam à garantia<br />
do direito de mobilidade de pessoas<br />
com deficiência na área urbana<br />
têm início com a instalação de um inquérito<br />
civil público pelo promotoria<br />
local. Em seguida, são convocadas<br />
audiências públicas reunindo os três<br />
poderes e a sociedade civil. Desses<br />
encontros sai o termo, que determina<br />
as intervenções que o município<br />
deve realizar para garantir acesso livre<br />
a todos os cidadãos, assim como<br />
prazos de conclusão. Municípios que<br />
descumprem o acordado são considerados<br />
inadimplentes perante a União<br />
e podem sofrer sanções, como perda<br />
de repasse de verbas.<br />
“Com o TAC, o ente estatal assume<br />
de forma espontânea o compromisso<br />
de se adequar às exigências<br />
legais. Ele possui a vantagem de ser<br />
uma forma mais rápida e menos dispendiosa<br />
se obrigar o Poder Públi-<br />
co a cumprir seus deveres”, explica<br />
Márcio Ferreira Fernandes, titular da<br />
Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva<br />
do Núcleo Itaperuna. Em sua<br />
área de atuação, já há TAC firmado<br />
no município de Varre-Sai e audiências<br />
marcadas em outras sete cidades.<br />
No Norte Fluminense, Campos<br />
dos Goytacazes e São João da Barra<br />
também firmaram o termo.<br />
“É extremamente relevante a<br />
iniciativa do MP envolvendo a defesa<br />
do direito de ir e vir dos(as) cida-<br />
orientando o poder público<br />
dãos(ãs) com deficiência. Importante<br />
também é envolver Executivo e Legislativo,<br />
apontando para exigências e<br />
sanções. Com iniciativas como essa,<br />
o MP cumpre seu papel”, afirma Fábio<br />
Meireles, da ONG carioca Escola<br />
de Gente, organização voltada à inclusão<br />
de pessoas com deficiência.<br />
Ele ressalta, ainda, que as Prefeituras<br />
devem ficar atentas ao que prevêem<br />
as normas gerais e critérios básicos<br />
sobre acessibilidade também na comunicação.<br />
F (J.M.)<br />
Wagner Ulisses<br />
As cidades precisam se adequar para garantir a mobilidade dos portadores de deficiência<br />
o <strong>Crea</strong>-rJ tem atuado como parceiro do mP no processo para garantir a<br />
inclusão das pessoas com deficiência à vida comunitária, participando das<br />
audiências, ministrando seminários e desenvolvendo cartilhas para orientar<br />
a elaboração do plano de ação dos municípios. “temos acompanhado com<br />
as prefeituras o desenvolvimento desses acordos e atuamos como fiscais<br />
do cumprimento dos prazos”, diz Itamar Kalil, coordenador dos projetos de<br />
acessibilidade do Conselho. Como a instalação do processo para obtenção do<br />
TAC ainda depende da iniciativa pessoal dos promotores, o <strong>Crea</strong><strong>RJ</strong> também<br />
tem atuado em outra frente: a conscientização. “Temos feito ações na<br />
procuradoria do estado no sentido de orientar os promotores para buscarem<br />
o TAC em todos os municípios”, diz Kalil.<br />
f
f<br />
•••<br />
A Segurança na Obra – Manual Técnico de Segurança do Trabalho<br />
em Edificações Prediais<br />
Autores: Autores: Edison da Silva Rousselet e Cesar Falcão<br />
Editora: Interciência<br />
Sob a ótica da segurança na construção civil, os autores, em conteúdo ricamente<br />
ilustrado, capacitam e instrumentalizam o leitor de forma que, os meios de controle,<br />
para as situações em que os riscos de potencializam, sejam adequadamente<br />
aplicados. Há uma outra característica interessante na abordagem do assunto,<br />
o manual permite que os profissionais de produção ao aplicar os conceitos nele<br />
contidos, treinem seus operários em métodos de construção e, portanto, se constitui<br />
num instrumento que pode ajudar na mudança de cultura na construção civil.<br />
A livro foi publicado pelo <strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong> em parceria com a Sobes-Rio, colocando à<br />
disposição do público orientações valiosas no campo da segurança do trabalho às<br />
atuais e futuras gerações. Os Profissionais e estudantes da área tecnológica que<br />
quiserem comprar o livro com 20% de desconto (de R$ 82,00 por R$ 65,60) podem<br />
fazer o pedido pelo e-mail vendas@editorainterciencia.com.br ou www.editorainterciencia.com.br<br />
•••<br />
Primavera P3 - Ferramentas de Apoio para Gerenciamento de Projetos<br />
Autores: Luiz Augusto P. Silva e Marcus Possi<br />
Editora: Ciência Moderna<br />
Líder mundial no desenvolvimento de programas para gerenciamento de projetos,<br />
a Primavera é a única empresa a colocar à disposição dos clientes todos os aspectos<br />
da Gerência de Projetos. Com uma base instalada de mais de 90.000 usuários,<br />
seus programas são utilizados em diferentes áreas de negócios: fabricação,<br />
construção, sistemas de informação, engenharia, desenvolvimento, utilidades, telecomunicações<br />
e manutenção.<br />
Os profissionais que se cadastrarem na editora pela internet (www.lcm.com.br)<br />
podem adquirir o livro com desconto especial de 40%. Para isso, precisa seguir os<br />
seguintes passos depois de acessar o site: clicar em cadastre-se agora; preencher<br />
o cadastro e marcar conveniado no item Tipo; em convênio, clicar em <strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong>; em<br />
Identificação, digitar o código V00009 e completar o preenchimento do cadastro.<br />
•••<br />
Proteção Contra Sobrecorrentes em Circuitos de Distribuição<br />
Autor: Haroldo de Barros<br />
Edição independente<br />
Esse é um tema que pouca gente domina no Brasil. Talvez isso se deva à especificidade<br />
do assunto ou à escassez de literatura, principalmente em língua portuguesa.<br />
Visando fornecer os subsídios mínimos necessários para a elaboração de um estudo<br />
sobre o assunto, esta obra se destina a professores, engenheiros e técnicos<br />
da área de proteção de circuitos de distribuição.<br />
O autor é funcionário da Light Serviços de Eletricidade S.A., onde foi um dos principais<br />
responsáveis pelos projetos e estudos de proteção contra sobrecorrentes e<br />
de regulação de tensão do sistema de distribuição. Atualmente, trabalha na Divisão<br />
de Proteção – Departamento de Automação e Proteção.<br />
Ele também presta consultoria nas áreas de proteção e de regulação de tensão e<br />
elaboração de especificação de compra de equipamentos de proteção e de regulação.<br />
Representa a Light no Comitê Brasileiro de Eletricidade, na Comissão Religadores<br />
Automáticos.<br />
Contatos: livrohb@openlink.com.br / 9604-6989
f<br />
Estudo revela imagem do Sistema Confea/<strong>Crea</strong> junto ao profissional<br />
Uma pesquisa realizada pela Insider<br />
Pesquisas e Marketing, entre 30 de abril<br />
e 8 de maio, avaliou o desempenho dos<br />
Conselhos Regionais de todo o Brasil. Foram<br />
ouvidos 500 profissionais, distribuídos<br />
proporcionalmente ao número de registrados<br />
de cada instituição.<br />
Os entrevistados deram notas entre<br />
1 (péssimo) e 5 (ótimo) para cada<br />
serviço dos <strong>Crea</strong>s. Na avaliação geral<br />
dos Conselhos, 54% lhe atribuíram<br />
conceitos ótimo (12%) ou bom (41%),<br />
30% conceito regular e 16% conceitos<br />
ruim (11%) ou péssimo (5%). Na média,<br />
o conceito ficou em 3,44 (regular).<br />
Os profissionais mais satisfeitos<br />
são os do Paraná (média 3,60), Rio<br />
Grande do Sul (média 3,57%) e Rio<br />
de Janeiro (média 3,56%).<br />
Quanto às funções e obrigações<br />
58%<br />
Anotação de<br />
Responsabilidade<br />
Técnica (ART)<br />
Serviços mais utilizados<br />
(Média Nacional)<br />
10% 10%<br />
Acervo Técnico<br />
Internet / serviços<br />
on-line / provedor<br />
dos <strong>Crea</strong>s, 93% citam a Fiscalização<br />
e 15% a Regulamentação do Exercício<br />
Profissional.<br />
No Rio de Janeiro e Espírito Santo<br />
(avaliados em conjunto), os serviços<br />
mais utilizados são Anotação de Responsabilidade<br />
Técnica (37%), internet<br />
/ serviços on line (16%) e Acervo<br />
Técnico (12%).<br />
Em relação à amostra da pesquisa,<br />
89% são homens e 11% mulheres;<br />
9%<br />
6%<br />
29%<br />
Registro Profissional Desconto de cursos Nenhum<br />
Base: total da amostra (500 entrevistas)<br />
37% têm de 51 a 60 anos, 32% de 41<br />
a 50 anos e 16% mais de 60 anos;<br />
88% possuem nível superior e 12%<br />
nível técnico; 34% são engenheiros<br />
civis, 12% agrônomos, 11% arquitetos,<br />
7% engenheiros elétricos, 3%<br />
técnicos em eletrotécnica, 3% engenheiros<br />
mecânicos e outros 3% técnicos<br />
civis.<br />
A pesquisa, encomendada pelo <strong>Crea</strong>-<br />
<strong>RJ</strong>, tem uma margem de erro de 4,2%.
<strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong> participa do ClimaRio 2008 Seminário Biogás<br />
Aconteceu, de 11 a 13 de junho, no Centro de<br />
Convenções Sul América, o ClimaRio 2008. O<br />
evento, produzido pela empresa Olho Nu, foi um<br />
sucesso de público, atraindo milhares de pessoas.<br />
O <strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong> marcou presença com um estande<br />
para atender profissionais e estudantes que procuraram<br />
esclarecer suas dúvidas sobre como obter<br />
o registro profissional. Além disso, foram exibidos<br />
os vídeos Energia Eólica, Energia Solar e Casa Eficiente.<br />
Houve uma maciça procura pelos materiais<br />
de divulgação do Conselho, como os programas<br />
Clube de Vantagens, Certificação de Conformidade<br />
com o Exercício Profissional, Cartilha de Segurança do Trabalho e, em especial,<br />
a <strong>Revista</strong> do <strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong>.<br />
Em sua quarta edição, o ClimaRio contou com a participação de expositores de diversos<br />
segmentos, como aquecimento, refrigeração, energia, filtros e isolamento térmico,<br />
destacando-se a presença das empresas na área de reciclagem de materiais.<br />
Em paralelo, foram realizados o Fórum de Climatização, Refrigeração e Energia<br />
Alternativa, o VIII Encontro Nacional de Projetistas, o Fórum Rio Ambiente Mostra de<br />
Equipamentos, Tecnologias e Soluções Ambientais e o Seminário de Controle de Contaminação,<br />
que proporcionaram a difusão e a troca de conhecimentos e experiências<br />
entre os profissionais que atuam nestas áreas. Informações: www.climario.com.br<br />
Casa é laboratório de eficiência energética<br />
para Geração de<br />
Energia<br />
Foi realizado, no dia 29 de maio,<br />
na sede do <strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong>, o Seminário Biogás<br />
– Aproveitamento Racional para<br />
Geração de Energia, promovido pela<br />
Câmara Especializada em Engenharia<br />
Elétrica – CEEE.<br />
O evento, com inscrições gratuitas,<br />
foi destinado a estudantes e profissionais<br />
ligados ao Sistema Confea/<br />
<strong>Crea</strong>. Na oportunidade foram debatidos<br />
temas relacionados ao Biogás,<br />
como o seu aproveitamento, o<br />
uso sustentável e o aproveitamento<br />
energético. O Seminário teve o apoio<br />
da União Pan-americana de Associações<br />
de Engenheiros – UPADI, Comitê<br />
de Meio Ambiente e Desenvolvimento<br />
Humano e Comissão de Meio<br />
Ambiente do <strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong>.<br />
O grau de conforto de uma casa costuma ser diretamente proporcional à quantidade de energia elétrica consumida,<br />
levando à conclusão de que só é possível desfrutar das vantagens da vida moderna e da tecnologia se<br />
forem gastos muitos megawatts todos os meses. A Casa Eficiente, inaugurada em março de 2006, em Florianópolis<br />
(SC), foi projetada para contrariar esta norma. É uma construção que oferece conforto, bem-estar e<br />
todas as facilidades de uma construção moderna, ao mesmo<br />
tempo em que reduz o consumo de energia, protege o meio<br />
ambiente e aproveita as características da região onde está<br />
construída, no pátio da sede da Eletrosul, no bairro do Pantanal<br />
em Florianópolis.<br />
O projeto é uma parceria entre a Eletrosul, Eletrobrás/Programa<br />
Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) e<br />
Laboratório de Eficiência Energética em Edificações (LabEE) da<br />
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e representa<br />
investimentos de R$ 477 mil. Hoje, a Casa funciona como um<br />
centro de pesquisa onde as diferentes tecnologias utilizadas em<br />
sua construção terão eficácia comprovada através de constantes<br />
medições. Informações para visitas: www.eletrosul.gov.br/<br />
casaeficiente ou (48) 3231-7374.<br />
Casa eficiente, inaugurada em 2006. Na<br />
edição 69 publicamos, equivocadamente,<br />
a foto de um outro projeto<br />
f
f<br />
Odebrecht lança novo prêmio<br />
A Odebrecht lançou o Prêmio<br />
Odebrecht – Contribuições da Engenharia<br />
para o Desenvolvimento Sustentável,<br />
voltado para estudantes do<br />
curso de graduação em Engenharia<br />
de todo o Brasil. Vencerão as dissertações<br />
inéditas e originais que abordarem<br />
a utilização de recursos e materiais<br />
na construção sob a ótica dos<br />
três pilares da sustentabilidade: viabilidade<br />
econômica, responsabilidade<br />
ambiental e inclusão social.<br />
As inscrições, através do site<br />
www.odebrecht.com/premioodebrecht,<br />
estão abertas e o prazo para<br />
envio dos projetos termina em 31 de<br />
julho de 2008. Os trabalhos enviados<br />
serão pré-selecionados por uma Comissão<br />
Julgadora interna. Após essa<br />
triagem, a Comissão externa, composta<br />
por pessoas de reconhecido<br />
saber no tema, irá nomear os vencedores.<br />
O resultado do julgamento será<br />
Realizada na sede do <strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong>, em<br />
13 de junho, a “Conferência Transporte<br />
do Futuro Hoje” foi ministrada pelo engenheiro<br />
francês M. Christian Gronoff,<br />
Professor na Universidade de Toulouse<br />
e representante da Indústria Russa no<br />
Projeto Thermoplane para toda a Comunidade<br />
Européia. Recentemente, firmou<br />
contratos com a China, Rússia, França e<br />
agora Brasil para a montagem de Fábrica<br />
de Dirigível em cada um desses países.<br />
O equipamento, com patente na Europa, tem tecnologia<br />
de última geração e é dimensionado para atingir altas<br />
capacidades de transporte em uma linha, que se inicia<br />
com 10 toneladas, passando no próximo ano para 100, até<br />
atingir a incrível capacidade de 4 mil toneladas.<br />
divulgado no mesmo site a partir da<br />
primeira semana de outubro.<br />
Serão premiadas as cinco melhores<br />
dissertações. Os autores, orientadores<br />
e as universidades responsáveis<br />
receberão R$ 20.000,00 cada.<br />
Também serão concedidas menções<br />
honrosas para mais cinco dissertações.<br />
No total, os dez projetos serão<br />
publicados em livro comemorativo.<br />
Conferência debateu “Transporte do Futuro Hoje”<br />
Evento marca<br />
comemoração do<br />
dia do Geólogo<br />
No dia 28 de maio, a Assembléia<br />
Legislativa do Estado do Rio de Janeiro<br />
realizou cerimônia de comemoração<br />
do Dia da Geologia e divulgou os<br />
resultados da edição 2008 do Prêmio<br />
Geologia do Estado do Rio de Janeiro.<br />
Em sua terceira edição, o Prêmio<br />
tem o objetivo de valorizar e reconhecer<br />
os geólogos e os futuros profissionais<br />
do ramo e foi lançado pelo<br />
Governo do Estado em 2000, durante<br />
o XXX Congresso Internacional de<br />
Geologia, realizado na cidade do Rio<br />
de Janeiro.<br />
O Dia da Geologia foi instituído no<br />
calendário oficial do Estado pela Lei no<br />
5.231, de 29 de abril de 2008, sancionada<br />
pelo Governador Sérgio Cabral e<br />
de autoria do Deputado Glauco Lopes.<br />
Ele passa a ser comemorado no dia 30<br />
de maio de cada ano, na data consagrada<br />
como o Dia do Geólogo.<br />
O evento, que foi promovido pelo Progredir<br />
– Programa de Capacitação e Desenvolvimento<br />
dos Profissionais – teve como<br />
objetivo fazer conhecer à indústria e comércio<br />
que o custo de transporte declinará com<br />
o advento deste moderno tipo de Dirigível na<br />
razão inversa da segurança.<br />
O encontro foi dirigido a empresas de<br />
transporte, indústria pesada, investidores,<br />
Exército, Marinha e Aeronáutica, bem como<br />
o Corpo de Bombeiros, entre outros.<br />
Foram apresentados diversos panoramas de áreas<br />
inacessíveis, hoje inaproveitadas por falta de acesso,<br />
como minerações no interior do país, produção de grãos<br />
e de alimentos que deixam de chegar à fonte consumidora<br />
por falta de um transporte de acesso.
Projeto arquitetônico do Centro de<br />
Informações do Comperj<br />
Em cerimônia realizada no dia<br />
10/6, 4ª feira na sede do IAB-<strong>RJ</strong>, foram<br />
entregues os prêmios aos vencedores<br />
do Concurso Nacional de Anteprojetos<br />
de Arquitetura para o Centro<br />
de Informações do Comperj, promovido<br />
pelo Instituto dos Arquitetos<br />
do Brasil (IAB-<strong>RJ</strong>) em parceria com<br />
a Petrobras.<br />
O vencedor do concurso, arquiteto<br />
Vinícius Hernandes de Andrade, de<br />
São Paulo, recebeu o prêmio de R$ 50<br />
mil e assinará contrato de R$ 883,5 mil<br />
com a Petrobras para o desenvolvimento<br />
do projeto executivo. O segundo<br />
lugar ficou com Otávio Leonídio, do<br />
Confira o resultado das eleições 2008<br />
No dia 04 de junho foram realizadas as eleições em todo o Sistema Confea/<br />
<strong>Crea</strong>. No Rio de Janeiro, os profissionais votaram para escolher o presidente<br />
do Confea, o presidente do <strong>Crea</strong>, um Conselheiro Federal e o Diretor da Mútua.<br />
Os resultados abaixo ainda não foram homologados pelo Plenário do Confea,<br />
que se reunirá no dia 29 de agosto, sendo passíveis de alteração.<br />
PRESIDEnTE COnFEA (BRASIl)<br />
Marcos Tulio 41224<br />
Reynaldo Barros 21272<br />
Branco 3403<br />
Nulo 1839<br />
PRESIDEnTE COnFEA (<strong>RJ</strong>) vOTOS<br />
Reynaldo Barros 5080<br />
Marcos Túlio 2130<br />
Branco 341<br />
Nulo 193<br />
PRESIDEnTE CREA -<strong>RJ</strong> vOTOS<br />
Agostinho Guerreiro 2251<br />
Sydnei Dias Menezes 1533<br />
Jaques Sherique 1440<br />
Alexandre Duarte 1089<br />
Canagé Vilhena 407<br />
Glauber Pinheiro 399<br />
Sirney Braga 311<br />
Nulo 1<strong>71</strong><br />
Branco 143<br />
Rio de Janeiro, que recebeu o prêmio<br />
de R$ 25 mil; e em terceiro lugar ficou<br />
Eduardo H Suzuki, de Londrina, que<br />
recebeu um prêmio de R$ 15 mil. Receberem<br />
menção honrosa os arquitetos<br />
Luis Eduardo Loiola de Menezes,<br />
de São Paulo; Andreoni da Silva Prudencio,<br />
do Rio Grande do Sul, Sidonio<br />
Marcio Alves Porto, de São Paulo e<br />
Alexandre Hepner, de São Paulo.<br />
O Centro de Informações do Comperj<br />
será a porta de entrada do empreendimento<br />
e tem como meta tornar-se<br />
um elemento valorizador do<br />
turismo tecnológico, cultural e ambiental<br />
na região do Complexo.<br />
COnSElHEIRO FEDERAl vOTOS<br />
Maria Luiza Poci 2<strong>71</strong>1<br />
Geraldo Luiz Monteiro 1937<br />
Piauí 1767<br />
Branco 1034<br />
Nulo 295<br />
DIRETOR DA MÚTUA vOTOS<br />
Eduardo König 2366<br />
Osvaldo Neves 2120<br />
Davi Gonçalves Martins 1935<br />
Branco 1016<br />
Nulo 307<br />
<strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong> debate a<br />
dengue no Rio de<br />
Janeiro<br />
Aconteceu no dia 28 de maio, na<br />
sede do Conselho, o debate “Dengue no<br />
Rio – Morte Anunciada”. O encontro contou<br />
com a participação de profissionais e<br />
estudantes. Compuseram a mesa o coordenador<br />
da Comissão de Meio Ambiente<br />
(CMA/<strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong>), geógrafo Sergio da Costa<br />
Velho, as geógrafas Ana Maria de Paiva<br />
Macedo Brandão e Luciene Abrantes da<br />
Silva, da UF<strong>RJ</strong>, o entomologista da Fiocruz,<br />
Anthony Érico Guimarães, e a corregedora<br />
do Conselho Regional de Medicina-<strong>RJ</strong>,<br />
Marília Abreu Silva.<br />
Na ocasião, o assessor de meio –<br />
ambiente do <strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong>, engenheiro civil<br />
e sanitarista Adacto Ottoni, que também<br />
integrou a mesa, apresentou um relatório<br />
técnico (ver matéria nesta edição) mostrando<br />
os riscos do lixo disperso na cidade<br />
e levantando as principais hipóteses<br />
para a origem do surto de dengue no estado<br />
do Rio de Janeiro.<br />
O evento foi dedicado ao geógrafo<br />
Milton Carvalho de Souza, uma das vítimas<br />
da doença causada pelo mosquito<br />
transmissor Aedes Aegypti. Ao final do<br />
debate, os participantes alertaram sobre<br />
a importância da prevenção e do papel de<br />
cada membro da sociedade para evitar<br />
que novas pessoas sejam contaminadas<br />
e que a doença se torne uma epidemia.<br />
f
f<br />
JUlHO<br />
PROGREDIR<br />
Programa de Capacitação eDesenvolvimento<br />
dos Profissionais do Sistema Confea/<strong>Crea</strong><br />
PAlESTRAS<br />
•••<br />
Tratamento de Fissuras<br />
e Juntas em Estruturas<br />
Deterioradas<br />
MARCELO ILIESCU - Engenheiro Civil,<br />
Consultor do IPACON.<br />
Dia: 10 de julho<br />
Horário: 18h30 às 20h00.<br />
Local: Auditório do prédio Sede do <strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong><br />
Informações: 21 2179 2087 – Progredir<br />
Inscrição Gratuita: portal do <strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong><br />
(Progredir)<br />
Ementas: www.crea-rj.org.br (Progredir)<br />
•••<br />
Obtenção de Biocombustíveis<br />
FERNANDO ABREU – Engenheiro de<br />
Alimentos, Professor Ms. UFF e UF<strong>RJ</strong><br />
Dia: 17 de julho<br />
Horário: 18h30 às 20h00.<br />
Local: Auditório do prédio Sede do <strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong><br />
Informações: 21 2179 2087 – Progredir<br />
Inscrição Gratuita: portal do <strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong><br />
(Progredir)<br />
Ementas: www.crea-rj.org.br (Progredir)<br />
•••<br />
Como Identificar as Patologias<br />
nas Antigas Edificações<br />
TERESA CRISTINA MENEZES DE<br />
OLIVEIRA – Arquiteta e Mestre em<br />
Arquitetura em Conservação e Restauro.<br />
Dia: 22 de julho<br />
Horário: 18h30 às 20h00.<br />
Local: Auditório do prédio Sede do <strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong><br />
Informações: 21 2179 2087 – Progredir<br />
Inscrição Gratuita: portal do <strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong><br />
(Progredir)<br />
Ementas: www.crea-rj.org.br (Progredir)<br />
•••<br />
Fiscalização em laticínios<br />
ADILMA SCAMPARINI - Engenheira de<br />
Alimentos (Diretora <strong>Crea</strong>-SP)<br />
Dia: 24 de julho<br />
Horário: 18h30 às 20h00.<br />
Local: Auditório do prédio Sede do <strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong><br />
Informações: 21 2179 2087 – Progredir<br />
Inscrição Gratuita: portal do <strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong><br />
(Progredir)<br />
Ementas: www.crea-rj.org.br (Progredir)<br />
CURSOS<br />
•••<br />
ERP - O Gerenciamento<br />
Empresarial Integrado<br />
CESAR SUCUPIRA<br />
Data: 7, 8, 9 e 10 de julho<br />
Horário: 18h30 às 22h00<br />
Carga Horária: 16 horas/aula<br />
Local: Sala 1007 10. Andar do prédio Sede<br />
do <strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong> – Rua Buenos Aires, 40.<br />
INVESTIMENTO: R$ 120,00<br />
VAGAS LIMITADAS<br />
Identificador 1 – CPF do Participante<br />
Identificador 2 - 20080207<br />
Informações: 21 2179 2087 – Progredir<br />
Forma de pagamentos, descontos e<br />
ementas: www.crea-rj.org.br (Progredir)<br />
•••<br />
Segurança na<br />
Recuperação de Estádios<br />
para a Copa de 2014<br />
MARCIO ELMOR PADÃO -<br />
Engenheiro de Segurança do<br />
Trabalho<br />
Dia: 28 e 29 de julho<br />
Horário: 18h30 às 22h00<br />
Carga Horária: 08 horas/aula<br />
Local: Sala 1007 10. Andar do prédio<br />
Sede do <strong>Crea</strong>-<strong>RJ</strong> – Rua Buenos<br />
Aires, 40.<br />
INVESTIMENTO: R$ 100,00<br />
VAGAS LIMITADAS<br />
Identificador 1 – CPF do Participante<br />
Identificador 2 - 20080307<br />
Informações: 21 2179 2087 –<br />
Progredir<br />
Forma de pagamentos, descontos<br />
e ementas: www.crea-rj.org.br<br />
(Progredir)