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baixar - Pastoral da Juventude

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“Qualquer dia amigo eu volto a te encontrar,<br />

qualquer dia amigo a gente vai se<br />

encontrar”. (Milton Nascimento).<br />

Diante <strong>da</strong> morte percebemos a nossa fraqueza,<br />

apesar de acreditarmos na ressurreição, queremos ter o<br />

corpo de quem a gente ama pertinho de nós, <strong>da</strong>í vem a<br />

dor que a sau<strong>da</strong>de provoca, sau<strong>da</strong>de do abraço, do<br />

aconchego, dos conselhos, <strong>da</strong>s partilhas, <strong>da</strong>s<br />

brincadeiras, <strong>da</strong>s festas, dos momentos de encontro e<br />

reencontro.<br />

Quando a gente se dá conta que não vamos ter<br />

mais oportuni<strong>da</strong>des de estarmos juntos de alguém que<br />

para nós é especial, parece que arrancaram um pe<strong>da</strong>ço<br />

do nosso corpo, se não <strong>da</strong> nossa alma, mas como bons<br />

cristãos precisamos nos apegar na certeza <strong>da</strong><br />

ressurreição, lembrar que a morte não é o fim, mas ela é<br />

uma porta para o encontro com a eterni<strong>da</strong>de. É a<br />

certeza <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> eterna que nos permite cantar, celebrar<br />

e acalmar o nosso coração.<br />

Muitas pessoas estão preocupa<strong>da</strong>s com as<br />

causas <strong>da</strong> morte do nosso querido Padre Gisley, as<br />

especulações são várias, mas as investigações ain<strong>da</strong><br />

não foram concluí<strong>da</strong>s, de uma coisa eu tenho certeza<br />

estamos firmes e dispostos a lutar contra qualquer<br />

forma de violência que ceifa diariamente tantas vi<strong>da</strong>s<br />

jovens, vi<strong>da</strong>s cheias de sonhos e de projetos.<br />

Padre Gisley deixará muitas marcas naqueles e<br />

naquelas que conviveram com ele, por causa <strong>da</strong> sua<br />

intensi<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> sua sinceri<strong>da</strong>de e do seu compromisso<br />

com a vi<strong>da</strong> do outro e <strong>da</strong> outra. Ele estava muito<br />

empolgado com a campanha contra a violência e o<br />

extermínio de jovens, já dizia que tínhamos que ter<br />

cui<strong>da</strong>do, porque quando nos colocamos em defesa <strong>da</strong><br />

vi<strong>da</strong> dos marginalizados, dos pobres, dos excluídos e<br />

dos mais vulneráveis <strong>da</strong> nossa socie<strong>da</strong>de, corremos o<br />

risco de perder a nossa própria vi<strong>da</strong>.<br />

Na ocasião do seu quarto aniversário de<br />

sacerdócio, ele nos dizia que desde a primeira<br />

comemoração ele sempre esteve junto com a<br />

juventude e que essa boa coincidência servia para ele<br />

reafirmar a dedicação do seu ministério a favor <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong> juventude. Ele não imaginava que seria a última vez<br />

que estaria celebrando mais um ano de sacerdócio,<br />

mas a violência é assim, ela mata sem a gente esperar,<br />

não dá tempo nem para se despedir, apesar de nos<br />

últimos meses ele ter feito questão de dizer a algumas<br />

pessoas uma frase tão simples, mas tão forte: Você<br />

sabe que eu te amo?<br />

E é por amor a Gisley, a vi<strong>da</strong> e a juventude que<br />

vamos seguir em marcha contra a violência, para que o<br />

nosso povo tenha vi<strong>da</strong> plena e em abundância como<br />

desejou o nosso mestre Jesus de Nazaré. Não vamos<br />

deixar que a morte de mais um irmão sirva apenas de<br />

número para essa estatística que nos assusta e nos<br />

convoca para sairmos do silêncio e <strong>da</strong> acomo<strong>da</strong>ção. É<br />

preciso combater as raízes <strong>da</strong> violência: o racismo<br />

histórico, a desigual<strong>da</strong>de social, a impuni<strong>da</strong>de, o<br />

desamor, a desestruturação <strong>da</strong> família, a educação<br />

pública de péssima quali<strong>da</strong>de, a injustiça...<br />

Não vamos combater a violência com mais<br />

violência, não vamos julgar os jovens que mataram<br />

nosso amigo, não sabemos quem são eles, como vivem<br />

e nem as suas histórias de vi<strong>da</strong>, a mídia só nos informou<br />

os seus nomes e as suas i<strong>da</strong>des. Às vezes dá vontade<br />

de ir ao encontro deles, <strong>da</strong>r-lhes um abraço fraterno e<br />

dizer: “Senhor perdoa-os, porque eles não sabem o que<br />

fazem”. Queremos um Outro Mundo Possível, uma<br />

Civilização do Amor, o Reino de Deus, onde não haja<br />

espaço para essa guerra diária que estamos vivendo e<br />

onde as pessoas enten<strong>da</strong>m que to<strong>da</strong> vi<strong>da</strong> tem o mesmo<br />

valor e que devemos amar e cui<strong>da</strong>r de todos os seres<br />

vivos e não-vivos que povoam a terra.<br />

Hildete Emanuele<br />

Secretária Nacional <strong>da</strong> <strong>Pastoral</strong> <strong>da</strong> <strong>Juventude</strong>

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