NIPPON KOMA <strong>Festival</strong> <strong>de</strong> <strong>Cinema</strong> <strong>Japonês</strong> <strong>Japanese</strong> <strong>Film</strong> <strong>Festival</strong> De 28 <strong>de</strong> Novembro a 3 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2005 28th November – 3rd December 2005 18h30 · 21h30 · Pequeno Auditório · 2 € * <strong>Film</strong>es legendados em inglês <strong>Film</strong>s with subtitles in english * Sem <strong>de</strong>scontos No discount
Documentários e filmes <strong>de</strong> animação Documentaries and animated films Comissário Curator João Paulo Silva A animação japonesa é simultaneamente consi<strong>de</strong>rada estranha à cultura contemporânea japonesa e a sua quinta-essência. Esta percepção é claramente uma consequência da exibição <strong>de</strong> características pós-mo<strong>de</strong>rnas intensas. Tal como a cultura envolvente suprimiu inúmeras distinções, a animação japonesa tem procurado <strong>de</strong>struir os i<strong>de</strong>ais mo<strong>de</strong>rnistas enraizados, privilegiando a fragmentação, a in<strong>de</strong>terminação, e a heterogeneida<strong>de</strong>. A generalida<strong>de</strong> dos trabalhos envolve, mas não exclusivamente, um profundo <strong>de</strong>sejo pela paz <strong>de</strong> um passado longínquo, a supressão <strong>de</strong>sse mesmo passado e da or<strong>de</strong>m subjacente, a visão da vida e da morte como um conjunto <strong>de</strong> transformações e metamorfoses niilistas intermináveis, um universo pós-apocalíptico <strong>de</strong>scentrado em que os seres humanos não <strong>de</strong>têm a primazia, e a promessa <strong>de</strong> um tecno-futuro infinitamente capaz <strong>de</strong> apropriação sintética da forma humana. Contudo, e não obstante a distância da realida<strong>de</strong> que as imagens possam produzir, a animação Japonesa não está vazia do Japão contemporâneo. Mesmo que não exista nada <strong>de</strong> especificamente japonês no pós-mo<strong>de</strong>rnismo do Japão, dado que é uma característica do pós-mo<strong>de</strong>rnismo extinguir ou eliminar especificida<strong>de</strong>s nacionais e mitos <strong>de</strong> singularida<strong>de</strong> nacional, as animações, tal como os documentários, colhem abundantemente das constelações sociais e culturais nas quais, e para as quais, são realizados. Esta nova edição do Nippon Koma irá explorar estes balanços e nexos, ao projectar uma imagética estilística e visualmente mais ou menos abstracta e <strong>de</strong>sconcertante, que confirma a conspícua dissolução do espaço e das leis naturais na animação japonesa, acompanhada por trabalhos mais realísticos, que documentam as anomalias, fracturas, e tensões sócio-económicas. <strong>Japanese</strong> animation is consi<strong>de</strong>red at the same both foreign to contemporary <strong>Japanese</strong> culture and its quintessence. This perception is clearly a consequence of displaying intense post-mo<strong>de</strong>rn characteristics. Just as the surrounding culture has discar<strong>de</strong>d numerous distinctions, <strong>Japanese</strong> animation is also seeking to <strong>de</strong>stroy ingrained mo<strong>de</strong>rnist i<strong>de</strong>als, privileging fragmentation, in<strong>de</strong>terminacy, and heterogeneity. Most works involve, but not exclusively, a <strong>de</strong>ep-seated <strong>de</strong>sire for the peace of a past long gone, an erasure of that past and it’s un<strong>de</strong>rlying or<strong>de</strong>r, the view of life and <strong>de</strong>ath as a series of endless nihilistic transformations and metamorphoses, a post-apocalyptic <strong>de</strong>centred universe in which human beings do not have primacy, and the promise of a techno-future unlimitedly capable of synthetic appropriation of the human form. Still, for all the distance that images might create from perceived reality, <strong>Japanese</strong> animation is not <strong>de</strong>void of contemporary Japan. Even if there is nothing specifically <strong>Japanese</strong> about postmo<strong>de</strong>rnism in Japan, as it is a feature of postmo<strong>de</strong>rnism to efface or eradicate national specificities and myths of national uniqueness; animations, just like documentaries, borrow heavily from the social and cultural constellations within which, and for which, they are ma<strong>de</strong>. This new edition of Nippon Koma will thus overtly explore these mosaics and mixes, by screening a stylistically and visually more or less abstract and disconcerting imagery which confirms the conspicuous dissolution of space and natural laws in <strong>Japanese</strong> animation, along with more realistic works documenting socioeconomic anomalies, fractures, and tensions.