Investindo em cidadania - Honda
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FORMAÇÃO DE INSTRUTORES:<br />
<strong>Investindo</strong> <strong>em</strong> <strong>cidadania</strong><br />
POR ANDRÉ RAMOS<br />
Numa época <strong>em</strong> que motocicleta só ganha destaque na grande mídia quando se envolve <strong>em</strong> acidentes,<br />
fabricante de motos investe pesado na formação de instrutores, para tentar colocar um freio nesta dura realidade.<br />
Nos últimos dez anos o mercado de motos experimentou<br />
um grande crescimento. Em dez<strong>em</strong>bro de<br />
2002, o relatório de vendas no atacado (da fábrica<br />
aos concessionários) da Abraciclo apontava que<br />
792.429 motos haviam sido comercializadas naquele ano. Até<br />
set<strong>em</strong>bro deste ano, o mesmo relatório apontava que as vendas<br />
haviam alcançado nada menos que 1.283.929 motocicletas, com<br />
projeção de encerrar o ano na casa de 1,4 milhão, um crescimento<br />
médio de 62% no período. Em certos estados do país este aumento<br />
supera os 250%, como <strong>em</strong> Minas Gerais, por ex<strong>em</strong>plo.<br />
Mas o que seria motivo de com<strong>em</strong>oração por um lado, por outro<br />
as estatísticas revelam a face perversa deste aumento, já que<br />
as estatísticas negativas depõ<strong>em</strong> contra a motocicleta. Segundo o<br />
estudo batizado de Mapa da Violência 2011, lançado pelo Instituto<br />
Sangari, entre 1998 e 2008, o número de acidentes envolvendo<br />
motocicletas subiu nada menos que 753,8%.<br />
44 • Pró Moto / Especial
Motos e carros parec<strong>em</strong> conviver <strong>em</strong> constante pé-de-guerra. Sob a<br />
desculpa da urgência do t<strong>em</strong>po curto, muitos motociclistas abusam da<br />
sorte e dão as costas à legislação por um lado, enquanto de outro, motoristas<br />
parec<strong>em</strong> querer fazer valer seus direitos por meio da força que lhe<br />
confer<strong>em</strong> seus veículos, com os dois lados esquecendo-se de que, nesta<br />
guerra, não há vitoriosos.<br />
Já a formação de nosso condutor pode ser considerada uma piada de<br />
mau gosto: 15 horas-aula, realizadas apenas <strong>em</strong> primeira marcha e <strong>em</strong><br />
um circuito fechado. E isso não é tudo: este mesmo aluno, que fez toda<br />
sua “vasta formação”, após “habilitado”, está, segundo o estado, apto a<br />
montar <strong>em</strong> um torpedo de 200 cv e sair por aí, se assim o desejar.<br />
CETH<br />
Em 1998 foi inaugurado o CETH (Centro de Educação no Trânsito<br />
<strong>Honda</strong>), na cidade de Indaiatuba, a 120 km da capital paulista. Desde<br />
então, cerca de 23.233 atividades de pilotag<strong>em</strong> com segurança já foram<br />
realizadas, o que motivou o surgimento <strong>em</strong> 2006 de uma nova unidade<br />
do CETH, <strong>em</strong> Recife/PE.<br />
Nos CETH´s são realizados cursos gratuitos, voltados para <strong>em</strong>presas<br />
frotistas e órgãos públicos, como bombeiros e policiais, para que estejam<br />
menos vulneráveis às adversidades do trânsito. A <strong>Honda</strong> criou também<br />
um curso específi co para a formação de instrutores. “Indaiatuba se encarrega<br />
das regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste, enquanto que Recife<br />
fi ca responsável por atender os estados das regiões Norte e Nordeste”,<br />
explica Robson Clauss, um dos instrutores responsáveis.<br />
Para saber como que se forma um instrutor de pilotag<strong>em</strong>, a Revista<br />
PRÓ MOTO foi convidada pela <strong>Honda</strong> para acompanhar durante uma s<strong>em</strong>ana,<br />
toda a didática e desenvolvimento deste curso.<br />
DISCIPLINA E ORGANIZAÇÃO<br />
Para que o curso fl ua e não se perca t<strong>em</strong>po, a obediência aos horários<br />
é fundamental. Estávamos <strong>em</strong> 33 colegas de classe e ao longo de cinco<br />
dias, fi camos imersos num universo de respeito à disciplina.<br />
Tirando eu e meu amigo Jornalista Laner Azevedo, todos ali eram<br />
orgulhosos funcionários de concessionárias, devidamente escolhidos e<br />
desde então responsáveis por passar adiante os conhecimentos que seriam<br />
adquiridos. Receb<strong>em</strong>os um kit composto por apostila, 2 DVD´s e um<br />
livreto, que serviram de base para o aprendizado.<br />
O curso divide-se <strong>em</strong> quatro módulos relacionados às Técnicas de<br />
Pilotag<strong>em</strong>: Fundamentais, Avançadas, Fora de Estrada e Quadriciclos.<br />
ATIVIDADES<br />
As aulas divid<strong>em</strong>-se entre parte teórica e prática, s<strong>em</strong>pre nesta ord<strong>em</strong>.<br />
No primeiro dia, os instrutores Robson Claus e Tiago Roberto Vasconcelos<br />
faz<strong>em</strong> um apanhado sobre a importância de se checar os itens denominados<br />
“P-CLOC”: sigla para “Pneus”, “Cabos e Comandos, “Luzes e Parte<br />
Elétrica”, “Óleo e Combustível” e “Corrente de Transmissão”.<br />
Dez<strong>em</strong>bro 2012 / Janeiro 2013 • 45
46 • Pró Moto / Especial<br />
A seguir discorr<strong>em</strong> a respeito da importância de se pilotar equipado,<br />
postura correta sobre a moto, aceleração e frenag<strong>em</strong> e fi nalmente,<br />
curvas, tudo isso focado <strong>em</strong> motos de 150 cm3 e de 300 cm3. Após<br />
o almoço os alunos são levados para uma área asfaltada, repleta de<br />
cones, acontece a parte prática.<br />
Divididos <strong>em</strong> duas turmas, os alunos são levados inicialmente a conhecer<br />
o circuito, <strong>em</strong> segunda marcha. Tudo é feito de forma controlada,<br />
com ênfase na segurança, afi nal, ninguém ali está sendo testado. Todos<br />
são considerados aprendizes, independent<strong>em</strong>ente do grau pessoal de<br />
conhecimento e de técnicas de pilotag<strong>em</strong>.<br />
A seguir o instrutor pede que a pilotag<strong>em</strong> seja feita com apenas com<br />
a mão direita. Não vale frear. Depois é hora de fazer o circuito <strong>em</strong> pé<br />
sobre as pedaleiras.<br />
O CALDO ENTORNA<br />
O segundo dia é dedicado às técnicas de pilotag<strong>em</strong> avançadas e<br />
com motos maiores. Após a apresentação teórica <strong>em</strong> classe, com as<br />
proveitosas e saudáveis discussões de casos e situações que já haviam<br />
acontecido no dia anterior, era hora de irmos à pista. Lá nos esperavam<br />
motos XRE 300, CB 300R e CB 600F Hornet. Os alunos precisaram repetir<br />
alguns exercícios básicos do dia anterior.<br />
Chegou então o momento de realizar um exercício de frenag<strong>em</strong> de<br />
<strong>em</strong>ergência, com e s<strong>em</strong> desvio de trajetória – <strong>em</strong> motos com e s<strong>em</strong> ABS,<br />
fazendo com que os alunos experimentass<strong>em</strong> a diferença entre um e<br />
outro modelo. Depois os alunos foram apresentados ao contra-esterço<br />
(pilotando <strong>em</strong> um circuito redondo, com apenas a mão direita) e depois,<br />
tiveram de fazer exercícios de equilíbrio, atravessando quatro sessões<br />
estreitas, com diferentes níveis de difi culdade.<br />
Para fechar o dia, um desafi o-teste: fazer o circuito de cones dentro<br />
do menor t<strong>em</strong>po possível, sendo que o recorde pertencia ao instrutor<br />
Tiago, com 1min25s. Os três primeiros colocados foram presenteados<br />
com capacetes. Ricardo de Freitas Marteleto, da revenda Easy Way (Conselheiro<br />
Lafaiete/MG); Divaldo Ferreira Antônio - Motofor (Goiânia/GO)<br />
e Maicon Bertolini - Mega Motos (Brusque/SC), foram os vencedores.<br />
FORA DE ESTRADA: QUANTA DIVERSÃO<br />
O terceiro dia foi dedicado às técnicas de pilotag<strong>em</strong> no fora de estrada.<br />
Durante a parte teórica, explanação de conceitos sobre as peculiaridades<br />
de se pilotar na terra, posicionamento, técnicas de frenag<strong>em</strong>,<br />
para se realizar curvas com efi ciência, importância do olhar, cotovelos<br />
abertos, pés nas pedaleiras, aceleração, frenag<strong>em</strong>, curvas, subidas e<br />
descidas, além da importância da inspeção preventiva e dos equipamentos<br />
de proteção.<br />
Em seguida fomos presenteados com muitas horas de diversão. Começamos<br />
com o exercício do “8”, onde treina-se <strong>em</strong> um único e curto<br />
exercício, posicionamentos de aceleração, frenag<strong>em</strong> e curvas. Depois,<br />
na pista de motocross, montou-se um circuito <strong>em</strong> zigue-zague <strong>em</strong> subida<br />
e depois <strong>em</strong> descida, para um treinamento mais intenso.
Mais a tarde colocamos <strong>em</strong> prática a teoria de pilotag<strong>em</strong> dos quadris.<br />
Fomos levados a treinar posicionamentos para curvas, subidas e<br />
descidas, além de técnicas para superação de obstáculos. Por fi m, um<br />
rolê pela pista completa de motocross para fechar o dia.<br />
INSTRUTORES DE FATO<br />
No quarto e último dia os alunos foram apresentados a técnicas<br />
de verbalização e de apresentação, além de receber<strong>em</strong> orientações<br />
sobre como montar as aulas, os circuitos e como lidar com turmas<br />
indisciplinadas.<br />
Para marcar o fi m das atividades práticas, os alunos foram convidados<br />
a pilotar cada um dos modelos da linha Dream da <strong>Honda</strong>, ou<br />
seja, aqueles acima de 600 cm3. Cada um recebeu o seu certifi cado de<br />
participação e conclusão do Curso de Formação de Instrutores.<br />
Sab<strong>em</strong>os que não basta apenas a formação e a vontade de cada<br />
um para colocar os ensinamentos <strong>em</strong> prática e é neste ponto que<br />
os donos de concessionárias precisam colaborar. Afi nal, de nada vale<br />
investir no funcionário se este não puder exercitar seus novos conhecimentos.<br />
Já passou da hora de o mercado perceber que não basta<br />
OPINIÕES<br />
Nosso trabalho não é somente fabricar motocicletas.cletas.<br />
Nossa fi losofi a de <strong>em</strong>presa vai muito além<br />
disso. Primeiro t<strong>em</strong>os a mobilidade, pois a motocicleta<br />
propicia liberdade às pessoas. Ela é econômica e acessível,<br />
mas também precisa ser utilizada de uma forma<br />
segura e responsável. Nossa equipe que se espalha pelo<br />
Brasil todo t<strong>em</strong> uma responsabilidade muito grande: fazer<br />
com que a motocicleta seja um veículo não apenas<br />
aceito, mas desejado. Essa é a grande missão, o<br />
grande desafi o que carrega cada um dos instrutores<br />
que formamos.<br />
Alexandre Cury – Gerente geral de vendas /<br />
<strong>Honda</strong><br />
apenas vender motos, se a reputação que estas gozam na sociedade<br />
for cada vez mais negativado a cada acidente. Viv<strong>em</strong>os um período<br />
de forte crescimento, mesmo com a crise, mas é preciso investir <strong>em</strong><br />
educação no trânsito para que a violência diminua e mais pessoas<br />
sintam-se seguras <strong>em</strong> adquirir uma motocicleta. A <strong>Honda</strong> já está fazendo<br />
a sua parte.<br />
Se você quiser participar de um curso de pilotag<strong>em</strong>, acesse o site<br />
da <strong>Honda</strong> (www.honda.com.br) e lá você obterá informações do concessionário<br />
mais próximo que realiza esta atividade.<br />
Na rede a gente t<strong>em</strong> pessoas de diversos<br />
perfi s, ora da área comercial,<br />
ora do pós-vendas, e muitos que estão aqui<br />
voltam com vontade de colocar isso <strong>em</strong> prática.<br />
É nessa hora que preciso da<br />
ajuda do gerente de cada um deles<br />
para que o trabalho aconteça.<br />
Robson Clauss – Instrutor<br />
A nossa rede t<strong>em</strong> uma capilaridade muito grande no Brasil.<br />
São mais de 1.500 pontos de venda e mais de 10 milhões de<br />
contatos comerciais. Por isso é muito importante o instrutor treinado,<br />
para que ele, <strong>em</strong> cada ponto de venda, possa diss<strong>em</strong>inar as<br />
técnicas e conceitos de pilotag<strong>em</strong> correta. A passag<strong>em</strong> de cada<br />
um destes alunos por aqui é muito importante.<br />
José Luiz Terwak – Gerente de competições / <strong>Honda</strong><br />
“Aqui tentamos suprir um pouco a lacuna que há na habilitação<br />
de motociclistas, antes que eles se envolvam <strong>em</strong> acidentes<br />
na rua e se coloqu<strong>em</strong> <strong>em</strong> situações de risco. A motocicleta<br />
não é um veículo perigoso. Pessoas mal-formadas é que geram<br />
este perigo.”<br />
Tiago Vasconcelos – Instrutor<br />
Dez<strong>em</strong>bro 2012 / Janeiro 2013 • 47