em revista - AAI Brasil/RS
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cidades<br />
<strong>em</strong> transição<br />
Sustentabilidade segue sendo a palavra-chave do momento.<br />
Nos últimos anos, nunca se falou tanto sobre o assunto e se discutiu<br />
ações que fugiss<strong>em</strong> do discurso e que pudess<strong>em</strong> ser postas<br />
<strong>em</strong> prática para reverter o atual quadro de exploração inadequada<br />
dos recursos naturais e dos impactos promovidos pelas mudanças<br />
climáticas. Para manter o estilo de vida cont<strong>em</strong>porâneo, calculase,<br />
por ex<strong>em</strong>plo, que os Estados Unidos já consumiram cinco planetas<br />
nessa tarefa e o <strong>Brasil</strong>, um, deixando para trás uma pegada<br />
ecológica profunda e um rastro de <strong>em</strong>issões de CO² (gás carbônico).<br />
Modificar esse cenário de uso excessivo dos bens da natureza<br />
– s<strong>em</strong> retornar à terra o que foi utilizado –, de degradação ambiental<br />
e da intensa produção de resíduos é necessidade imediata.<br />
Nesse sentido, o movimento Transition Towns (Cidades <strong>em</strong><br />
Transição), iniciado <strong>em</strong> Kinsale, na Irlanda, e diss<strong>em</strong>inado a partir<br />
da experiência <strong>em</strong> Totnes, na Inglaterra, propõe um novo paradigma<br />
para as cidades, transformando-as <strong>em</strong> áreas com menor<br />
consumo de energia e mais preparadas para enfrentar<strong>em</strong> as crises<br />
econômicas e ecológicas. A pequena cidade inglesa, de oito<br />
mil habitantes, é a vitrine do movimento, pois v<strong>em</strong> sendo totalmente<br />
replanejada com o objetivo de tornar-se compl<strong>em</strong>entamente<br />
independente <strong>em</strong> 2030, revendo seus modelos de economia,<br />
alimentação, habitação e energia, envolvendo sociedade,<br />
governo e <strong>em</strong>presas. O modelo de Totnes já v<strong>em</strong> sendo aplicado<br />
<strong>em</strong> 110 cidades mundo afora: são 300 comunidades oficiais, inclusive<br />
no <strong>Brasil</strong> – no <strong>Brasil</strong>ândia, bairro carente da zona norte<br />
de São Paulo (SP). Para verificar se uma localidade é resiliente<br />
aos fatores externos, segundo a iniciativa, são avaliadas as distâncias<br />
médias que as pessoas percorr<strong>em</strong> entre a casa e o trabalho,<br />
o percentual de energia produzida no lugar, a quantidade de<br />
materiais de construção renováveis e a proporção de bens essenciais<br />
manufaturados na comunidade ou próximo a ela. O permaculturista<br />
inglês Rob Hopkins, idealizador da proposta, con-<br />
Foto Roberto Stuckert Filho | Secretaria de Imprensa da Presidência da República | Divulgação<br />
<strong>em</strong> <strong>revista</strong><br />
Publicação da Associação de Arquitetos de Interiores do <strong>Brasil</strong>/<strong>RS</strong><br />
versou com a <strong>AAI</strong> <strong>em</strong> <strong>revista</strong>, detalhando a iniciativa e os resultados<br />
obtidos até agora (leia a ent<strong>revista</strong> exclusiva na página 12).<br />
O foco do movimento, de acordo com o arq. Fernando Ernesto<br />
Pasquali, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo<br />
da Unisinos, é organizar as comunidades para lidar com dois fenômenos<br />
inevitáveis: o aquecimento global e o pico do petróleo.<br />
“Ambas as situações apontam para a urgente necessidade de<br />
mudarmos nossa forma de viver, a maneira como construímos<br />
os edifícios, usamos as cidades e o jeito como produzimos alimentos<br />
e bens de consumo”, assinala. A arq. Zaida Amaral, especializada<br />
no design de ecovilas e treinadora certificada do Transition<br />
Towns, acrescenta que um modelo de cidades mais sustentáveis<br />
envolve aspectos sociais, culturais, econômicos e ecológicos.<br />
Ela afirma que essas questões dev<strong>em</strong> ser inseridas na<br />
forma de planejar dos profissionais da arquitetura. Para Zaida,<br />
estes têm importante papel nesse movimento por ser<strong>em</strong> os responsáveis<br />
pelo desenho da própria sociedade, redefinindo ações<br />
e processos de solução de vida neste momento, seja com relação<br />
à moradia sustentável, ao urbanismo consciente ou, ainda, à participação<br />
<strong>em</strong> programas de relocalização, criando sist<strong>em</strong>as de<br />
distribuição de produtos e serviços melhor localizados e menos<br />
dependentes de setores externos.<br />
A maximização de áreas permeáveis nos projetos, planos<br />
paisagísticos com hortas e a reutilização da água da chuva são<br />
medidas ressaltadas pela arq. Izabele Colusso, doutoranda <strong>em</strong><br />
Planejamento Urbano e Regional e professora<br />
da Unisinos. Para Izabele, as vantagens<br />
do movimento são muitas, pois<br />
visa o b<strong>em</strong>-estar comum, o cumprimento<br />
da função social da propriedade e dos<br />
municípios e o cuidado com o ambiente<br />
<strong>em</strong> que se vive. O principal papel das Cidades<br />
<strong>em</strong> Transição, para Pasquali, é o<br />
de educação e conscientização para uma<br />
vida mais sustentável, mostrando caminhos<br />
para essa busca.<br />
Conselho de Arquitetura e Urbanismo - CAU<br />
torna-se realidade: uma vitória após 50 anos de luta<br />
Página 4<br />
Páginas 10 e 11<br />
Ano IX<br />
nº 53<br />
Mar/Abr<br />
2011
2<br />
página<br />
Editorial<br />
Todo o início de ano é <strong>em</strong>polgante. É quando “tudo começa<br />
outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar<br />
que da qui pra diante vai ser diferente”, parafraseando o poe-<br />
ta Carlos Drummond de Andrade. E nós, arquitetos, felizmente,<br />
t<strong>em</strong>os a perspectiva de que tudo será mesmo diferente. A<br />
aprovação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo no findar<br />
de 2010 foi, real mente, um presente de final de ano e uma<br />
in jeção de ânimo para todos nós. A promulgação da tão alme-<br />
ja da Lei n° 12.378/2010 re presentou um marco para a Arquite-<br />
tu ra brasileira e coroou o in can sável trabalho de muitos colegas<br />
e entidades que investiram t<strong>em</strong> po, recursos financeiros pró-<br />
prios e energia <strong>em</strong> cada batalha, sofrida, nesta que parecia<br />
ser uma infindável guerra. Nós, arquite tos gaúchos e brasilei-<br />
ros, saber<strong>em</strong>os honrar e valorizar essa nova Instituição que,<br />
certamente, engrandecerá a nossa profissão. A <strong>AAI</strong> <strong>Brasil</strong>/<strong>RS</strong><br />
começa 2011 com a expectativa de intensificar e aprimorar o<br />
relacionamento com seus associados. Investimos, <strong>em</strong> 2010,<br />
na contratação de uma pesquisa para estabelecimento de um<br />
diagnóstico a fim de <strong>em</strong>basar o Plano de Relacionamento e<br />
Co municação a ser desenvolvido pela Entidade. Nosso interes-<br />
se é estarmos cada vez mais próximos e eficientes no atendi-<br />
mento aos anseios e interesses daqueles que representamos.<br />
Arq. Silvia Barakat<br />
Presidente da <strong>AAI</strong> <strong>Brasil</strong>/<strong>RS</strong> - Gestão 2010/2011<br />
Projeto Empresarial <strong>AAI</strong> <strong>Brasil</strong>/<strong>RS</strong><br />
Estas <strong>em</strong>presas garantiram participação nos eventos e projetos da<br />
<strong>AAI</strong> <strong>Brasil</strong>/<strong>RS</strong> <strong>em</strong> 2011. Informações na Arte Sul:<br />
artesul@artesul.net ou fones: (51) 3228.0787 - 9981.3176.<br />
Associação de Arquitetos<br />
de Interiores do <strong>Brasil</strong> –<br />
Seccional Rio Grande do Sul<br />
Rua Sport Club São José, 67/407<br />
Porto Alegre/<strong>RS</strong> CEP 91030-510<br />
(51) 3228.8519<br />
www.aaibrasilrs.com.br<br />
Fotos <strong>AAI</strong> <strong>Brasil</strong>/<strong>RS</strong><br />
DIRETORIA - Gestão 2010/2011<br />
Presidência Silvia Monteiro Barakat<br />
Vice-Presidência Cármen Lila Gonçalves Pires<br />
Relações Acadêmicas Maria Bernadete Sinhorelli<br />
Exercício Profissional Gislaine Saibro<br />
Marketing Ana Paula Bardini<br />
Eventos Rosinha Rodrigues<br />
Sandra Nara Kury Berthier<br />
Tesouraria Elisabeth Sant´Anna<br />
<strong>AAI</strong> <strong>Brasil</strong>/<strong>RS</strong><br />
REUNIÃO-JANTAR<br />
Em 26 de janeiro a Associação promoveu sua reunião mensal <strong>em</strong> formato<br />
diferente, servindo um jantar aos associados, excepcionalmente,<br />
inovando a tradicional Reunião-Almoço – evento com quase 20 anos<br />
de existência. Aproveitando-se da descontração própria do verão<br />
para proporcionar um encontro apenas para associados, a Diretoria<br />
aplicou a pesquisa anual sobre expectativas para 2011. Na ocasião<br />
também foi apresentado o diagnóstico resultante de pesquisa contratada<br />
<strong>em</strong> 2010 pela <strong>AAI</strong> <strong>Brasil</strong>/<strong>RS</strong> sobre relacionamento e comunicação,<br />
com objetivo de nortear ações da Entidade. A Diretoria aproveitou<br />
a oportunidade, ainda, para um debate informal sobre o CAU, o<br />
novo Conselho de Arquitetura e Urbanismo.<br />
FÓRUM DE ENTIDADES DE ARQUITETURA NO <strong>RS</strong><br />
O Sindicato dos Arquitetos no Estado do Rio Grande do Sul - SAERGS<br />
pas sou a integrar o Fórum de Entidades de Arquitetura do <strong>RS</strong>, composto<br />
pela <strong>AAI</strong> <strong>Brasil</strong>/<strong>RS</strong>, IAB-<strong>RS</strong> e AsBEA-<strong>RS</strong>. O SAERGS assume no lugar<br />
da Federação Nacional dos Arquitetos - FNA, que congrega todos os<br />
Sindicatos de Arquitetos do País. O Fórum é atualmente coordenado<br />
pe la representação da AsBEA-<strong>RS</strong>. O SAERGS encontra-se sob nova direção:<br />
a diretoria, eleita <strong>em</strong> dez<strong>em</strong>bro de 2010, é encabeçada pelos<br />
arquitetos Cicero Alvarez, presidente, e Oritz Adriano Adams de Campos,<br />
vice-presidente. Atualmente, uma das pautas do Fórum é o apoio<br />
aos funcionários/arquitetos da Prefeitura de Porto Alegre <strong>em</strong> suas reivindicações<br />
pelo reconhecimento de sua responsabilidade técnica e<br />
por condições adequadas de trabalho.<br />
<strong>AAI</strong> <strong>Brasil</strong>/<strong>RS</strong> NO CREA-<strong>RS</strong> E ATUANDO NO CAU<br />
A Associação, através de sua representação, assumiu a coordenação<br />
da Câmara de Arquitetura do CREA-<strong>RS</strong>, pela segunda vez. A arq. Gislaine<br />
Saibro, que já fora coordenadora <strong>em</strong> 2008, foi eleita no dia 13 de<br />
janeiro, tendo como adjunto o arq. Alvino Jara. Gislaine coordenará<br />
a CEARQ-<strong>RS</strong> por um período de um ano, durante a transição dos arqui<br />
tetos do Sist<strong>em</strong>a Confea/CREA para o Conselho de Arquitetura e<br />
Ur banismo - CAU, conforme previsto na Lei n° 12.378/2010. Informese<br />
melhor sobre o CAU na página 4 desta edição da <strong>AAI</strong> <strong>em</strong> <strong>revista</strong>.<br />
<strong>em</strong> <strong>revista</strong><br />
JORNALISTA RESPONSÁVEL<br />
Letícia Wilson (Reg. 8.757)<br />
aai<strong>em</strong><strong>revista</strong>@aairs.com.br<br />
Colaboração:<br />
Tatiana Gappmayer (Reg. 8.888)<br />
Tirag<strong>em</strong>:<br />
3.000 ex<strong>em</strong>plares<br />
CONSELHO EDITORIAL<br />
Arq. Gislaine Saibro<br />
Letícia Wilson<br />
EDITORAÇÃO<br />
Paica Estúdio Gráfico | Tiba<br />
COMERCIALIZAÇÃO<br />
Arte Sul Marketing & Comércio<br />
(51) 3228.0787 - 9981.3176<br />
artesul@artesul.net<br />
Conceitos e opiniões <strong>em</strong>itidas por ent<strong>revista</strong>dos e colaboradores não reflet<strong>em</strong>, necessariamente, a opinião do informativo e de seus editores. Não publicamos matérias redacionais pagas. Todos os direitos são<br />
reservados. Publicação bimestral, com distribuição dirigida a arquitetos, entidades de classe, instituições de ensino e <strong>em</strong>presas do setor. Órgão oficial da Associação de Arquitetos de Interiores do Rio Grande do Sul.
4<br />
página<br />
Profissão<br />
enFim, nasce o caU<br />
o conselho de arquitetura e Urbanismo - caU começa a se tornar realidade. tendo sido assinado<br />
e publicado no último dia de dez<strong>em</strong>bro, com a promulgação da Lei nº 12.378/2010, o momento<br />
agora é de organização dos arquitetos para um grande trabalho de construção<br />
Este será um ano de muito trabalho para as entidades representativas<br />
dos Arquitetos e, também, para o Sist<strong>em</strong>a Confea/CREA. A<br />
transição dos arquitetos para o Conselho de Arquitetura e Urbanismo<br />
- CAU deverá acontecer de forma cuidadosa e muito organizada, considerando<br />
a complexidade da operação.<br />
Criado no dia 31 de dez<strong>em</strong>bro de 2010, com a publicação da Lei<br />
nº 12.378 no Diário Oficial da União, o novo Conselho passará a existir,<br />
de fato, com a realização das eleições do CAU/BR e dos CAUs, e as<br />
posses dos eleitos, as quais deverão ocorrer até dez<strong>em</strong>bro, conforme<br />
determina a Lei. As Coordenadorias das Câmaras de Arquitetura dos<br />
CREAs e a Coordenadoria Nacional das Câmaras de Arquitetura do<br />
Confea (eleita entre as coordenadorias regionais) gerenciarão o processo<br />
de transição e organizarão o primeiro processo eleitoral para o<br />
CAU/BR e seus regionais. “As entidades nacionais dos arquitetos e<br />
urbanistas também participarão desse processo, conforme está estabelecido<br />
pela Lei nº 12.378”, explica a arq. Gislaine Saibro, diretora<br />
de Exercício Profissional da <strong>AAI</strong> <strong>Brasil</strong>/<strong>RS</strong> e Coordenadora da Câmara<br />
Especializada de Arquitetura - CEARQ/<strong>RS</strong>. Gislaine informa que, dentre<br />
as determinações do Sist<strong>em</strong>a Confea/CREA <strong>em</strong> cumprimento à<br />
Lei, <strong>em</strong> Nota n° 01, de 05 de janeiro, está o imediato repasse mensal<br />
de 90% do valor das anuidades, das Anotações de Responsabilidade<br />
Técnica (ARTs) e de multas recebidas das pessoas físicas e jurídicas de<br />
arquitetos, arquitetos e urbanistas e engenheiros arquitetos para uma<br />
conta especial, até que ocorra a efetiva instalação do CAU. “As Coordenadorias<br />
deverão gerenciar estes recursos, junto com os CREAs,<br />
estabelecendo orçamentos e prioridades, baseados <strong>em</strong> planejamento<br />
nacional”, compl<strong>em</strong>enta Gislaine. Estes recursos serão utilizados<br />
para custear o processo eleitoral e de transição ao CAU.<br />
Meio século de espera<br />
Para qu<strong>em</strong> esperou 50 anos pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo,<br />
este período de transição será vivenciado com responsabilidade<br />
pelos profissionais envolvidos, <strong>em</strong> especial pelos representantes<br />
das entidades que compõ<strong>em</strong> o Colégio <strong>Brasil</strong>eiro de Arquitetos -<br />
CBA, que tanto lutaram pela aprovação do projeto de lei que criou o<br />
CAU. E tal conquista representa muito mais do que a vitória de uma<br />
categoria profissional. “O CAU, mais que uma autarquia pública, tornar-se-á<br />
um endereço de comunicação entre a sociedade, os arquitetos<br />
e a arquitetura brasileira. A cultura brasileira será, a partir de<br />
agora, revigorada. Os arquitetos brasileiros terão a oportunidade de<br />
d<strong>em</strong>onstrar que as cidades brasileiras precisam de sua participação<br />
ativa. As periferias de nossas cidades poderão ser informadas que<br />
existe lei que garante a assistência técnica gratuita de arquitetos a<br />
famílias com rendimentos de até três salários mínimos. Nossos dirigentes<br />
e governantes poderão ser informados, de maneira mais clara,<br />
que existe um enorme equívoco no sist<strong>em</strong>a de contratação de projetos<br />
para o setor público, produzindo assim obras de baixa qualidade<br />
e de alto custo. Enfim, iniciamos uma nova caminhada que trará ao<br />
povo brasileiro e ao nosso País consequências bastante positivas”,<br />
declara o arq. Gilson Paranhos, presidente do Instituto dos Arquitetos<br />
do <strong>Brasil</strong> (IAB).<br />
o QUe Permanece<br />
Durante o período de transição, até no máximo<br />
31 de dez<strong>em</strong>bro de 2011, todas as atividades dos<br />
CREAs com relação aos arquitetos, serão mantidas<br />
de acordo com a Lei nº 5.194/1966, vigente até<br />
a instalação do CAU.<br />
o QUe JÁ mUdoU<br />
• Desde a publicação da Lei nº 12.378/2010, os<br />
CREAs estão obrigados a depositar 90% do valor<br />
obtido com as anuidades, ARTs e multas relativas<br />
aos arquitetos e urbanistas <strong>em</strong> conta corrente<br />
específica para custear o processo eleitoral<br />
e a transição do Conselho de Arquitetura e<br />
Urbanismo (CAU);<br />
• As Câmaras de Arquitetura dos CREAs passam<br />
a gerenciar o processo de transição e organizarão<br />
o primeiro processo eleitoral para o CAU/<br />
BR e para os CAUs. De acordo com a Lei (art.<br />
56), as eleições deverão ser realizadas até o dia<br />
31 de dez<strong>em</strong>bro de 2011;<br />
• Os CREAs estão encarregados de organizar e<br />
repassar aos CAUs todos os documentos de todos<br />
os arquitetos e urbanistas registrados.<br />
o QUe Vai mUdar<br />
• Os arquitetos terão a RRT – Registro de Responsabilidade<br />
Técnica –, um documento para registrar<br />
as atividades técnicas dos profissionais. O<br />
valor será único, fixado <strong>em</strong> R$ 60,00;<br />
• A anuidade do Conselho será de R$ 350,00, reajustada<br />
de acordo com os índices oficiais;<br />
• Os acervos dos profissionais passarão do CREA<br />
para o CAU, pois o Conselho é reconhecido por<br />
lei como órgão público que abriga o registro do<br />
acervo do arquiteto e urbanista;<br />
• Eleições – Todos os arquitetos e urbanistas registrados<br />
nos CAUs serão obrigados a votar nas<br />
eleições;<br />
• Todos os profissionais passarão a ter o título<br />
“Arquiteto e Urbanista”.
6<br />
página<br />
Opinião<br />
GUaÍBa – Uma reLação<br />
de 200 anos<br />
o arquiteto e urbanista Bruno cesar euphrasio de mello, mestre <strong>em</strong> Planejamento Urbano e regional,<br />
convida à reflexão sobre despejo de esgoto, água potável e 200 anos de relação com o Guaíba<br />
“Este artigo é uma breve reflexão sobre a relação de Porto Alegre<br />
com as águas do lago Guaíba, mais especificamente no que tange à captação<br />
para consumo e ao despejo do esgoto da capital gaúcha <strong>em</strong> suas<br />
águas. E para iniciá-la volt<strong>em</strong>os no t<strong>em</strong>po, para o início do século XIX.<br />
O francês Auguste Saint-Hilaire foi botânico, explorador e, com<br />
o intuito de “estudar a flora brasileira e formar coleções de história<br />
na tural” (1) , fez extensas incursões pelo País. Percorreu uma série de<br />
es tados brasileiros, entre eles o Rio Grande do Sul. Esteve <strong>em</strong> Porto<br />
Ale gre por duas t<strong>em</strong>poradas. A primeira no inverno de 1820, entre<br />
os meses de junho e de julho e, a segunda, no outono-inverno do<br />
ano de 1821, entre os meses de maio e julho. Estupefato com a relação<br />
da população da cidade com o Guaíba, faz, <strong>em</strong> seu diário, uma<br />
bre ve, porém importante, anotação. Escreve ele que “Apesar de ser<br />
o lago o único manancial de água potável utilizado pela população,<br />
con sent<strong>em</strong> que nele se faça o despejo das residências” (2) . Cont<strong>em</strong>poraneamente<br />
a relação da cidade com o lago parece não ter se modificado<br />
muito, apesar das atuais preocupações ecológicas e da pressão<br />
exercida pelos novos paradigmas ambientais. Senão vejamos.<br />
O ranking do saneamento realizado pelo Instituto Trata <strong>Brasil</strong> (3) ,<br />
com avaliação dos serviços nas 81 maiores cidade do País, d<strong>em</strong>onstra<br />
que a cidade de Porto Alegre está posicionada no 27º lugar, atrás de<br />
importantes capitais como Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Curitiba<br />
(PR), Goiânia (GO) e São Paulo (SP) e de municípios como Campi na<br />
Grande (PB), Niterói (RJ), Sorocaba (SP), Londrina (PR), dentre outros.<br />
O site do Departamento Municipal de Águas e Esgotos da capital<br />
do Rio Grande do Sul oferece uma série de dados acerca do tratamento<br />
do esgoto da cidade (4) . Indica que um pouco mais da metade da população<br />
é atendida pela rede de esgotamento cloacal e pluvial – são<br />
56%. Aponta, ainda, que a quantidade de esgoto realmente tratado<br />
<strong>em</strong> Porto Alegre é 20% do esgoto coletado da cidade. E o resto disso,<br />
a parte não tratada desse esgoto, vai para que lugar?<br />
Rualdo Menegat, professor do Instituto de Geociências da UFRGS,<br />
mestre <strong>em</strong> Geociências, doutor <strong>em</strong> Ecologia e coordenador do Atlas<br />
Ambiental de Porto Alegre, <strong>em</strong> ent<strong>revista</strong> ao portal de notícias do<br />
Jornal JÁ (5) , afirma que “o esgoto doméstico lançado diretamente no<br />
rio é um grave probl<strong>em</strong>a, por causa do enorme volume. Mas ele é<br />
biológico, ele se degrada. Pior é o industrial, que vai se acumulando<br />
<strong>em</strong> camadas no fundo, onde se depositam substâncias que se acumulam<br />
também no organismo, causando graves doenças”.<br />
Se o probl<strong>em</strong>a do lançamento do esgoto doméstico e industrial<br />
não fosse suficient<strong>em</strong>ente prejudicial à cidade a ponto de ser danoso<br />
da perspectiva ecológica, da balneabilidade, de espantar potenciais<br />
banhistas, de afastar o interesse dos cidadãos pelos esportes<br />
náuticos, como o r<strong>em</strong>o e a vela, o Guaíba é, também, o principal<br />
manancial de captação de água para abastecimento da cidade. Ainda<br />
segundo o DMAE, das sete estações de bombeamento da água<br />
bruta para abastecimento da cidade, seis faz<strong>em</strong> captação diretamente<br />
no Guaíba, <strong>em</strong> diversos pontos.<br />
Quase duzentos anos separam as impressões do botânico e viajante<br />
francês Auguste Saint-Hilaire das avaliações dos pesquisadores<br />
e dos dados oficiais do departamento municipal responsável pela<br />
administração da água e do esgoto de Porto Alegre. E o espanto<br />
acerca da relação da população com seu corpo d’água mais importante,<br />
com o fato de ser ele ao mesmo t<strong>em</strong>po o lugar do despejo do<br />
esgoto e da captação para abastecimento, permanece o mesmo.<br />
A que tipo e grau de contaminação e toxicidade estão expostos<br />
os habitantes da cidade ao consumir<strong>em</strong> água do local de despejo do<br />
esgoto doméstico e industrial de boa parte da região metropolitana<br />
de Porto Alegre? Por que os sucessivos administradores do poder<br />
público municipal não conseguiram ainda, <strong>em</strong> todo este t<strong>em</strong>po, resolver<br />
esta relação da cidade com o corpo d’água que a deu orig<strong>em</strong>?<br />
Esta é uma excelente pauta que unifica uma diversidade de bandeiras,<br />
a de uma nova relação com o Guaíba, de sua despoluição.<br />
Pod<strong>em</strong> unir-se a ela desde associações de bairro que lutam pelo saneamento<br />
básico <strong>em</strong> suas áreas, médicos que pod<strong>em</strong> acessar o probl<strong>em</strong>a<br />
desde a perspectiva da saúde pública, passando por ecologistas,<br />
além de arquitetos e urbanistas.<br />
O Projeto Integrado Socioambiental da Prefeitura de Porto Alegre<br />
pretende ampliar substancialmente a capacidade de tratamento de<br />
esgoto da capital até 2012. O investimento é grande e a meta futura<br />
é propiciar a balneabilidade do Guaíba até 2028. Torc<strong>em</strong>os para que<br />
não precis<strong>em</strong>os esperar mais.”<br />
(1) BELLUZZO, Ana Maria de Moraes. O <strong>Brasil</strong> dos viajantes: um lugar no<br />
universo. São Paulo: Metalivros, 1994, p. 158.<br />
(2) SAINT-HILAIRE in, FILHO, Valter Antonio Noal e FRANCO, Sergio da Costa. Os<br />
viajantes olham Porto Alegre: 1754-1890. Santa Maria, Anaterra, 2004, p.44.<br />
(3) Ranking do Instituto Trata <strong>Brasil</strong> disponível <strong>em</strong><br />
.<br />
(4) Portal do DMAE, < http://www.portoalegre.rs.gov.br/dmae/>.<br />
(5) Portal de Notícias do Jonal JÁ, .<br />
Foto Ricardo Stricher/Arquivo PMPA
8<br />
página<br />
Projeto<br />
Uma escoLa na ÁFrica<br />
A tradição africana de sentar-se <strong>em</strong> roda, os materiais construtivos<br />
típicos locais, como adobe e palha, e a importância de criar<br />
espaços ativos para o desenvolvimento das pessoas estão previstos<br />
no projeto vencedor do Concurso Público Nacional de Arquitetura<br />
para a construção de uma escola <strong>em</strong> Guiné-Bissau. Os arquitetos<br />
Bruno Giugliani, Cintia Gusson Etges e Karen Bammann, de Porto<br />
Alegre, com a colaboração do arquiteto espanhol Pablo Montero<br />
Merino, conquistaram a primeira colocação no concurso promovido<br />
e organizado pelo Instituto dos Arquitetos do <strong>Brasil</strong> - Departamento<br />
Distrito Federal, no ano passado.<br />
A iniciativa, cuja proposta era oferecer uma nova escola para a<br />
comunidade do bairro São Paulo, <strong>em</strong> Bissau, a ser construída <strong>em</strong> sist<strong>em</strong>a<br />
de mutirão, foi resultado da parceria <strong>Brasil</strong>-Unesco para a Promoção<br />
da Cooperação Sul-Sul e foi realizada nos termos do Protocolo<br />
de Intenções de Cooperação Técnica celebrado entre o IAB e a<br />
Agência <strong>Brasil</strong>eira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores<br />
(ABC/MRE). O segundo lugar na classificação também foi conquistado<br />
por arquitetos de Porto Alegre (<strong>RS</strong>): Luciano Rocha de Andrades,<br />
Rochelle Rizzotto Castro, Silvio Lagranha Machado,<br />
do escritório Studio Paralelo, tendo Matías Carballal,<br />
Andrés Gobba, Mauricio López Franco, Emiliano<br />
Etchegaray, Santiago Saettone, Martín<br />
Pronzuk, Gabriel Giambastiani e Diogo<br />
Valls como colaboradores. O escritório<br />
Arquea Arquitetos, de Curitiba<br />
(PR), ficou com o terceiro lugar.<br />
“Mais que uma solução formal<br />
concreta, propomos uma arquitetura<br />
que seja terminant<strong>em</strong>ente capaz de<br />
efetivar a oportunidade que estabelece<br />
a proposta de concurso: uma escola<br />
para Guiné-Bissau. Um espaço<br />
construído que, como mencionado no<br />
edital, favoreça a educação integral,<br />
comunitária e o desenvolvimento sustentável”, explica<br />
o arq. Bruno Giugliani, titular do escritório Giugliani<br />
Montero Arquitetos, recém inagurado na Capital,<br />
<strong>em</strong> parceria com o arquiteto uruguaio Pablo<br />
Montero Merino. A dupla desenvolveu<br />
o projeto vencedor do curso <strong>em</strong> cooperação com o escritório Etges<br />
Bammann Arquitetura, criado há quatro anos, comandado pelas arquitetas<br />
Cíntia Gusson Etges e Karen Bammann. “A importância de<br />
um prêmio como este para um escritório jov<strong>em</strong> como o nosso está<br />
tanto na oportunidade de mostrar nosso trabalho como no reconhecimento<br />
profissional obtido. É uma oportunidade ainda bastante rara<br />
no <strong>Brasil</strong>, levar nossa arquitetura para o exterior, e com um impacto<br />
social dessa magnitude”, com<strong>em</strong>ora Bruno. Ele explica que,<br />
para atender o programa de necessidades solicitado pela comunidade,<br />
os profissionais optaram por um conjunto de peças, com funções<br />
específicas, ao invés de um único edifício, permitindo, assim,<br />
um maior dinamismo dos espaços, além de uma melhor movimentação<br />
de ar entre as edificações. No projeto, eles privilegiaram métodos<br />
construtivos amplamente difundidos na comunidade, “capazes<br />
de garantir uma boa e correta execução da obra”. “Materiais locais,<br />
como o adobe e a palha, tiveram preferência, não só pelo baixíssimo<br />
custo, mas também por apresentar<strong>em</strong> mínimo impacto ao ambiente<br />
e ser<strong>em</strong> aptos à construção por mutirão”, argumenta<br />
Bruno. Uma plataforma de concreto armado<br />
ergue os edifícios do solo sobre fundações de superadobe,<br />
sobre as quais serão assentadas diretamente<br />
as alvenarias de adobe. Estas<br />
conformarão livr<strong>em</strong>ente os espaços sob<br />
uma cobertura independente. “A cobertura<br />
adquire papel fundamental,<br />
já que é onde têm lugar os impactos<br />
térmicos mais fortes e onde<br />
se dá a ênfase do desenho. Sobre a<br />
estrutura de madeira são apoiadas<br />
telhas metálicas, que possu<strong>em</strong> alto<br />
índice de reflexão dos raios solares e<br />
não são compostas de materiais de<br />
grande inércia térmica, o que, mais que<br />
garantir uma boa ventilação, imped<strong>em</strong> que<br />
o calor se mantenha no interior”, explica o<br />
arquiteto. Ainda não há um prazo de conclusão<br />
das obras, mas os trabalhos de preparação<br />
do terreno estão previstos para ser<br />
iniciados <strong>em</strong> fevereiro de 2011.<br />
As edificações, independentes, serão erguidas <strong>em</strong> sist<strong>em</strong>a de mutirão pela própria comunidade do bairro, a partir de materiais como adobe e palha.<br />
Sob a mesma cobertura, cuidadosamente planejada, estarão as oficinas – três espaços flexíveis, separados entre si por tecidos típicos da região<br />
Imagens Divulgação | Giugliani Montero Arquitetos
10<br />
página<br />
Capa<br />
Um LUGar Para ViVer<br />
iniciativas como o transition towns procuram deixar os espaços urbanos melhor qualificados e<br />
sustentáveis, e a arquitetura é um dos muitos campos que pode contribuir para esse fim<br />
A atual situação das cidades, independente do seu nível de<br />
desenvolvimento, t<strong>em</strong> sido motivo de preocupação para os mais<br />
variados segmentos da sociedade mundial, e v<strong>em</strong> levando muitas<br />
pessoas a se organizar<strong>em</strong> e iniciar<strong>em</strong> mudanças <strong>em</strong> suas comunidades.<br />
É dentro desse espírito de mobilização civil e de sua articulação<br />
com governos locais e setores <strong>em</strong>presariais que nasceu<br />
o Transition Towns (Cidades <strong>em</strong> Transição), que propõe ações que<br />
vão desde a criação de planos para a redução de uso de energia<br />
até atividades educacionais e de conscientização sobre o consumo<br />
racional. É o caso do projeto Coisas do Vizinho, <strong>em</strong> andamento<br />
<strong>em</strong> Pombal, Portugal, como ex<strong>em</strong>plifica a arq. Izabele Colusso,<br />
doutoranda <strong>em</strong> Planejamento Urbano e Regional e professora da<br />
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Unisinos. Ela conta que<br />
a meta é formar uma rede de troca de artigos usados e de serviços<br />
produzidos no lugar. “Assim, os participantes conhec<strong>em</strong> o poder<br />
que um grupo possui para lidar com desafios, como passar por<br />
uma crise econômica, e ainda contribuir para a diminuição das<br />
<strong>em</strong>issões de carbono, através do conceito de reutilização”, frisa.<br />
Tornar as localidades mais sustentáveis e resistentes às conjunturas<br />
externas são outros objetivos do movimento para transformar<br />
as cidades e amenizar os probl<strong>em</strong>as existentes. Dificuldades<br />
essas decorrentes, segundo a arq. Ana Rosa Cé, mestre <strong>em</strong><br />
Desenho Urbano pela Universidade de Oxford e professora da<br />
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da PUC<strong>RS</strong>, do crescimento<br />
populacional, da migração descontrolada, da expansão do território<br />
ocupado de maneira irregular e da industrialização, aliadas<br />
à ineficiência de políticas públicas que respondam às d<strong>em</strong>andas<br />
reais. Na realidade nacional, o principal obstáculo é a baixa qualidade<br />
do ambiente urbano, avalia o arq. Fernando Ernesto Pasquali,<br />
professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da<br />
Unisinos. Para ele, a exceção de alguns bairros mais abastados,<br />
as ruas são degradadas e os municípios não possu<strong>em</strong> espaços<br />
com os equipamentos públicos de lazer, cultura, educação e saúde<br />
necessários. Ele pondera, também, que grande parcela dos<br />
brasileiros vive <strong>em</strong> extensas áreas periféricas, normalmente de<br />
baixa densidade populacional, com precária infraestrutura e ca-<br />
<strong>Brasil</strong>ândia é a primeira transition towns do <strong>Brasil</strong><br />
Formada por mais de c<strong>em</strong> favelas, a <strong>Brasil</strong>ândia, localizada na<br />
Zona Norte de São Paulo, é pioneira no País no desenvolvimento de<br />
atividades <strong>em</strong> sintonia com as propostas do movimento Cidades <strong>em</strong><br />
Transição (Transition Towns – TT). Conforme o Instituto <strong>Brasil</strong>eiro de<br />
Geografia e Estatística (IBGE), a região reúne cerca de 247 mil habitantes<br />
e conta com os piores Índices de Desenvolvimento Humano<br />
da cidade. De acordo com a Fundação Stickel, organização que levou<br />
os princípios e objetivos do Transition Towns para o local, o processo<br />
para transformar <strong>Brasil</strong>ândia <strong>em</strong> uma área mais sustentável e com<br />
alternativas de renda abrange ações <strong>em</strong> saúde, educação, cultura,<br />
rência de sist<strong>em</strong>as de transporte adequados. “Nesse cenário, o<br />
desafio da arquitetura é resistir à tendência de deterioração das<br />
vias e da formação de guetos. As propostas dev<strong>em</strong> valorizar o<br />
ambiente urbano e não ignorá-lo”, defende Pasquali.<br />
Os profissionais do setor têm o importante papel de protagonistas<br />
da produção da cidade real, na avaliação de Ana Rosa, através<br />
de planos urbanísticos e arquitetônicos compreensíveis, articulados<br />
e integrados ao local existente e que incorpor<strong>em</strong> às novas estruturas<br />
as técnicas comprovadas de eficiência construtiva. “A inserção<br />
de uma obra <strong>em</strong> uma rua requer o reconhecimento do caráter daquele<br />
lugar, da relação com a vizinhança imediata e do impacto na<br />
vida normal de sua população”, afirma. A arq. Zaida Amaral, especializada<br />
no projeto de ecovilas e treinadora certificada do Transition<br />
Towns, acrescenta que cabe aos arquitetos repensar quesitos<br />
como mobilidade, consumo de energia da edificação erguida e a<br />
inclusão da comunidade como parte do desenho do espaço.<br />
Caminhos qualificados<br />
Para se alcançar cidades mais sustentáveis, os especialistas<br />
defend<strong>em</strong> a incorporação de soluções que privilegi<strong>em</strong> iluminação<br />
e ventilação naturais, orientação das fachadas e proteção solar e<br />
estratégias de conforto ambiental para redução do consumo de<br />
energia. “Não pod<strong>em</strong>os ser tão irresponsáveis a ponto de continuarmos<br />
projetando frentes inteiras <strong>em</strong> vidro, s<strong>em</strong> nenhuma<br />
preocupação com o consumo energético”, argumenta Pasquali.<br />
Ana Rosa frisa, ainda, o <strong>em</strong>prego de recursos naturais regionais<br />
e renováveis, evitando longos deslocamentos, e o estímulo a mão<br />
de obra local. “Processos de controle desses materiais, como<br />
sist<strong>em</strong>as inteligentes de gerenciamento de d<strong>em</strong>anda de energia<br />
e reuso de águas servidas, através de tratamento e reciclag<strong>em</strong><br />
<strong>em</strong> pequena escala, conscientizam a população ao impactar<strong>em</strong><br />
<strong>em</strong> sua vida diária”, reforça.<br />
Para se reverter o quadro de crescimento desordenado dos<br />
municípios, na avaliação de Ana Rosa, dev<strong>em</strong> ser planejados, a<br />
longo prazo, serviços de transporte público e redes de ciclovias<br />
para reduzir a dependência do veículo individual, o gasto com<br />
economia e meio ambiente, envolvendo os moradores para pensar<strong>em</strong><br />
soluções para os probl<strong>em</strong>as locais.<br />
Após seis meses de articulações, <strong>Brasil</strong>ândia tornou-se oficialmente<br />
uma TT <strong>em</strong> dez<strong>em</strong>bro de 2010. Entre as iniciativas p<strong>revista</strong>s estão<br />
a recomposição florestal do Parque da Cantareira e a instalação de<br />
hortas <strong>em</strong> terrenos ociosos. Feiras de trocas incentivarão a economia<br />
solidária. A superintendente da Fundação Stickel, Monica Picavea,<br />
destaca que, até agora, o movimento tinha foco <strong>em</strong> bairros de classe<br />
média e alta e que a experiência do <strong>Brasil</strong> é inovadora ao aplicar<br />
os conceitos das Cidades <strong>em</strong> Transição <strong>em</strong> comunidades pobres.<br />
Fontes: Agências de notícias e Fundação Stickel<br />
Imagens Divulgação/Todescan Siciliano Arquitetura
Passarela “verde” <strong>em</strong> São Paulo: lixo, pneus, tubos de pasta de dente, bambu, madeira de d<strong>em</strong>olição e telhado verde foram <strong>em</strong>pregados na transformação<br />
da antiga passarela do bairro Pinheiros. A reformulação custou dez vezes menos do que derrubar a estrutura existente e construir uma nova<br />
combustível e os níveis de poluição do ar e sonora. Assim como<br />
a densificação dos lotes e quarteirões precisa ser controlada, a<br />
permeabilidade do solo, garantida, evita redes públicas superdimensionadas<br />
de saneamento. Uma alternativa possível, na visão<br />
de Pasquali, baseia-se <strong>em</strong> cidades compactas, de tamanho médio,<br />
com limites definidos, densidade suficiente para sustentar<br />
comércio e serviços públicos de qualidade, variada <strong>em</strong> termos<br />
de usos e classes sociais, com distâncias que pod<strong>em</strong> ser percorridas<br />
a pé e estreita relação com o entorno verde. A descrição do<br />
professor da Unisinos é a meta do Transition Towns, explica Zaida.<br />
Segundo ela, a arquitetura sustentável propagada pelo movimento<br />
“busca edificações inteligentes, que olh<strong>em</strong> e se integr<strong>em</strong><br />
com as áreas ao redor, e regiões que possuam mobilidade, sejam<br />
policêntricas, ecológicas e mais bonitas”.<br />
Uma passarela diferente<br />
Uma intervenção urbana que agrega os conceitos propostos<br />
pelas Cidades <strong>em</strong> Transição é a primeira passarela “verde” do<br />
País, erguida sobre a avenida Eusébio Matoso, no bairro de Pinheiros,<br />
<strong>em</strong> São Paulo. Resultado da parceria entre a prefeitura<br />
municipal da capital paulista e do Unibanco, <strong>em</strong> 2008, a antiga<br />
estrutura de ferro existente foi reaproveitada e transformada <strong>em</strong><br />
símbolo de um projeto público sustentável na cidade. “A intenção<br />
era colocarmos <strong>em</strong> prática tudo o que era possível <strong>em</strong> relação<br />
aos materiais ecológicos naquele momento, <strong>em</strong> que as opções<br />
eram poucas”, relata um dos responsáveis pelo <strong>em</strong>preendimento,<br />
o arq. Marcelo Todescan, sócio do escritório Todescan Siciliano<br />
Arquitetura. M<strong>em</strong>bro e articulador das Redes <strong>Brasil</strong>eiras de Cidades<br />
<strong>em</strong> Transição, ele conta que utilizaram na obra “madeira plástica”<br />
feita a partir do lixo, borracha de pneus reciclados no piso<br />
e ecoplacas (produzidas com tubos de pasta de dente) como moldura<br />
dos dois elevadores que facilitam a acessibilidade ao local.<br />
O bambu foi escolhido para o revestimento do trecho central<br />
da cobertura devido às suas vantagens, como o crescimento acelerado,<br />
durabilidade (s<strong>em</strong>elhante a da madeira, quando recebe<br />
tratamento adequado) e por absorver 30% mais carbono que outras<br />
vegetações s<strong>em</strong>elhantes. A passarela recebeu telhado verde<br />
<strong>em</strong> determinadas áreas, com espécies resistentes à estiag<strong>em</strong>. To-<br />
descan salienta que o objetivo era que as pessoas que circulam<br />
pelo lugar percebess<strong>em</strong> a diferença da sensação térmica dos pontos<br />
onde há laje convencional daqueles <strong>em</strong> que existe vegetação.<br />
“A variação da t<strong>em</strong>peratura pode chegar até três graus”, observa.<br />
Como el<strong>em</strong>ento decorativo, foi <strong>em</strong>pregada madeira de d<strong>em</strong>olição<br />
nas laterais da passarela. A ação envolveu também o entorno da<br />
região, abrangendo as praças Eugene Boudin e Antônio Sabino, as<br />
quais tiveram o piso trocado por outro mais permeável. Para melhor<br />
absorção da água da chuva, foram utilizados blocos assentados<br />
sobre areia, s<strong>em</strong> cimento. Elas ganharam ainda novo paisagismo,<br />
com o plantio de ipês roxos e amarelos, goiabeiras e jabuticabeiras.<br />
Segundo o arquiteto, a reutilização de edificações e estruturas<br />
é mais uma forma de economizar energia, um dos princípios<br />
de fendidos pelo Transition Towns. Todescan informa que o resultado<br />
foi dez vezes mais barato do que derrubar a antiga passarela<br />
e começar uma do zero. “É importante que as pessoas entendam<br />
o movimento, saiam do discurso e pass<strong>em</strong> a agir”, reforça. Com<br />
custo aproximado de R$ 1,2 milhão, a estrutura foi dotada de<br />
lâm padas de alta eficiência e de coletores de lixo reciclável.<br />
T<strong>em</strong>a de casa<br />
Começa no meio acadêmico a formação de uma geração de<br />
arquitetos preocupada com as questões relacionadas à sustentabilidade.<br />
As universidades estão conectadas a essa realidade e vêm<br />
tratando do assunto <strong>em</strong> diferentes disciplinas. Para a professora<br />
da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Unisinos Izabele Colusso,<br />
a utilização de critérios de redução de danos ambientais nos<br />
projetos desenvolvidos pelos alunos deve s<strong>em</strong>pre ser abordada<br />
pelos docentes para que os estudantes entr<strong>em</strong> <strong>em</strong> contato com<br />
esse t<strong>em</strong>a, cada vez mais presente e necessário desde a graduação.<br />
Fernando Pasquali, também professor da Unisinos, acrescenta que<br />
as discussões <strong>em</strong> sala de aula envolv<strong>em</strong> desde a escala urbana (o<br />
uso misto, a densidade populacional, os sist<strong>em</strong>as de transporte e<br />
o acesso a equipamentos urbanos) até a concepção arquitetônica<br />
e as preocupações quanto ao conforto ambiental, consumo energético<br />
e proteção solar. “Ocorre ainda o debate sobre os sist<strong>em</strong>as<br />
construtivos, com atenção a forma de produção, minimização de<br />
resíduos, durabilidade e des<strong>em</strong>penho térmico”, comenta.
12<br />
página<br />
Ent<strong>revista</strong><br />
Idealizador do Transition Towns, Cidades <strong>em</strong> Transição, o permaculturista<br />
inglês Rob Hopkins, falou com o <strong>AAI</strong> <strong>em</strong> <strong>revista</strong> e<br />
contou mais sobre o movimento e o papel da arquitetura na<br />
melhoria das cidades. Hopkins é professor de permacultura e de<br />
construção natural há dez anos, especialista <strong>em</strong> ecovilas e um<br />
ativista ambiental de destaque, acumulando diversos prêmios.<br />
Criou o primeiro curso de permacultura <strong>em</strong> período integral do<br />
mundo, no Kinsale Further Education College, na Irlanda, e coordenou<br />
o processo de transformação do município de Kinsale,<br />
que adotou as diretrizes do movimento <strong>em</strong> seu plano de gestão.<br />
<strong>AAI</strong> <strong>em</strong> <strong>revista</strong> - Como foi o início das Cidades <strong>em</strong> Transição?<br />
Rob Hopkins - Tudo começou <strong>em</strong> Kinsale, na Irlanda, onde lecionava<br />
<strong>em</strong> uma faculdade. Na época, passei a aprofundar meu conhecimento<br />
sobre o pico do petróleo e as alterações climáticas e decidi dar aos<br />
meus alunos um projeto para observar o que aconteceria a uma cidade<br />
caso nos afastáss<strong>em</strong>os da dependência desse combustível fóssil.<br />
Quando me mudei para a Inglaterra, a intenção era aprofundar a<br />
proposta e, desde então, a transição absorve ideias e inspirações de<br />
diferentes modelos e conceitos. A partir da experiência <strong>em</strong> Totnes<br />
(Inglaterra), <strong>em</strong> 2005, o movimento se espalhou. E acabamos de ter<br />
o primeiro lançamento no <strong>Brasil</strong>, <strong>em</strong> uma favela <strong>em</strong> São Paulo.<br />
<strong>AAI</strong> - Quais as ações iniciais para criar essas cidades?<br />
Hopkins - Exist<strong>em</strong> vários “ingredientes” para começar o processo,<br />
mas que são postos <strong>em</strong> prática de maneiras distintas. Inicialmente,<br />
ocorre uma sensibilização para instruir a comunidade sobre as mudanças<br />
climáticas e o pico petrolífero. Depois, são discutidas formas<br />
de engajar as pessoas sobre os assuntos e, então, é feito um evento<br />
de lançamento. Cada vez mais pod<strong>em</strong>os observar<br />
os rumos que o movimento está tomando<br />
<strong>em</strong> criar um comprometimento social, de geração<br />
de negócios e de meios de subsistência <strong>em</strong><br />
torno desse cenário. Em geral, grupos de transição<br />
trabalham para se tornar uma associação<br />
de desenvolvimento local, baseada no conceito<br />
de fazer com que a economia do lugar se torne<br />
mais forte e resistente.<br />
<strong>AAI</strong> - Quais os aspectos mais difíceis no desenvolvimento?<br />
Hopkins - Um dos desafios é o fato desses projetos<br />
ser<strong>em</strong> normalmente dirigidos por voluntários<br />
e requer<strong>em</strong> apoio financeiro, o que pode<br />
dificultar sustentar a longo prazo essa dinâmica.<br />
E há s<strong>em</strong>pre questões <strong>em</strong> torno de conflito de<br />
opiniões envolvidos e se esses grupos são capazes<br />
de trabalhar juntos.<br />
<strong>AAI</strong> - Que resultados foram notados <strong>em</strong> Totnes?<br />
Hopkins - T<strong>em</strong>os o Transition Streets (Ruas <strong>em</strong><br />
Transição) – uma ação local, de rua <strong>em</strong> rua, para<br />
apoiar pessoas a reduzir<strong>em</strong> o consumo de energia,<br />
de água e de <strong>em</strong>issão de carbono. Cerca de<br />
10% da população se envolveu na iniciativa e,<br />
desses, um terço instalou sist<strong>em</strong>as de energia<br />
solar. Estimamos que cada família envolvida, de<br />
acordo com dados coletados, tenha salvado 1,2<br />
toneladas de carbono e economizado <strong>em</strong> torno<br />
de 600 libras por ano (R$ 1.596,00). A cidade<br />
lançou, recent<strong>em</strong>ente, uma <strong>em</strong>presa de energia<br />
custeada pela comunidade que fará investimentos<br />
de grande escala <strong>em</strong> fontes renováveis.<br />
<strong>AAI</strong> - A arquitetura pode auxiliar pela sustentabilidade?<br />
Hopkins - O desafio é avançar na redução de<br />
o mUndo meLHor<br />
Rob Hopkin é idealizador do<br />
movimento Transition Towns<br />
carbono, tanto <strong>em</strong> termos de uso (idealmente eliminando o <strong>em</strong>prego<br />
de aquecimento artificial ou ventilação), mas, também, no que se<br />
refere aos materiais utilizados. Uma troca por produtos da região já<br />
teria um impacto econômico benéfico. Há um projeto no País de Gales<br />
onde foram erguidos dois edifícios nos padrões de “Casa Ecológica”,<br />
usando 90% de artigos locais, o que é um avanço. O objetivo é<br />
que um novo desenvolvimento também integre a produção de alimentos<br />
e de recolhimento de água.<br />
<strong>AAI</strong> - Há outros ex<strong>em</strong>plos arquitetônicos?<br />
Hopkins - O Transition Towns é relativamente novo, com cerca de<br />
quatro anos, e qualquer plano de construção significativo d<strong>em</strong>ora<br />
mais do que isso para ser desenvolvido. Em Totnes, existe o projeto<br />
Transition Homes (Casas de Transição), cuja intenção é construir casas<br />
<strong>em</strong>pregando predominant<strong>em</strong>ente materiais locais e treinar a comunidade<br />
para usá-los. Estamos planejando comprar um terreno perto<br />
da estação ferroviária da cidade para desenvolver habitações a preços<br />
acessíveis e para ser um lugar catalisador de negócios para <strong>em</strong>preendimentos<br />
de transição. Recent<strong>em</strong>ente, publicamos o livro Local<br />
Sustainable Homes (Casas Locais Sustentáveis) com diferentes propostas<br />
<strong>em</strong> construções e habitações.<br />
<strong>AAI</strong> - Qual é o espaço para o crescimento <strong>em</strong> termos de arquitetura<br />
e Transition Towns?<br />
Hopkins - A questão é como a arquitetura e a criação de moradias<br />
acontecerão <strong>em</strong> um mundo de preços voláteis de energia, <strong>em</strong> que a<br />
dependência energética influencia o modo como os materiais são<br />
produzidos, transportados para o local, tratados e, posteriormente,<br />
eliminados. Essa será uma preocupação fundamental para determinar<br />
se um plano é viável ou não. Portanto, para nós,<br />
os principais desafios para a arquitetura são elaborar<br />
planos com o uso de materiais da região,<br />
com elevados níveis de eficiência energética e<br />
envolvendo as comunidades no processo de<br />
construção, nos quais os benefícios do projeto<br />
permaneçam no lugar. Além disso, elaborar propostas<br />
<strong>em</strong> que a produção de alimentos esteja<br />
s<strong>em</strong>pre presente.<br />
<strong>AAI</strong> - Como mudar as edificações existentes?<br />
Hopkins - Esse é outro obstáculo a ser ultrapassado.<br />
Como pod<strong>em</strong>os construir novos prédios,<br />
uma vez que 80% dos imóveis que ter<strong>em</strong>os até<br />
2050 já exist<strong>em</strong>? Essa é uma área enorme e grande<br />
parte do trabalho de adaptação (retrofit) é<br />
feita com produtos industriais, importados de<br />
longe. A maioria dos projetos <strong>em</strong> andamento é<br />
<strong>em</strong> torno de novas edificações, mas a questão<br />
é como readaptar imóveis <strong>em</strong>pregando materiais<br />
naturais locais. Não conheço muitas pessoas<br />
que estão olhando para esse probl<strong>em</strong>a. É onde<br />
o esforço deve ser concentrado.<br />
Foto Rosalie Portman/Divulgação Transition Towns<br />
<strong>AAI</strong> - Quais suas recomendações para os arquitetos<br />
no <strong>Brasil</strong>?<br />
Hopkins - O ponto chave para mim é o que eles<br />
estão fazendo e as respostas que vêm dando<br />
para questões como criar projetos <strong>em</strong> um mundo<br />
com preços voláteis de energia, possível escassez<br />
de materias e com baixas <strong>em</strong>issões de<br />
carbono. Qualquer planejamento deve ser encarado<br />
no contexto de como ele pode estimular<br />
a economia local, gerando o maior número de<br />
postos de trabalho na região e estimulando novos<br />
<strong>em</strong>preendimentos.<br />
*Ent<strong>revista</strong> realizada pela jornalista Daniela Gross, da Irlanda.
14<br />
página<br />
Eventos<br />
aai <strong>Brasil</strong>/rs<br />
ceLeBra o ano<br />
Os primeiros passos da <strong>AAI</strong> <strong>Brasil</strong>, que completou um ano, foram motivo<br />
de com<strong>em</strong>oração no final de 2010. O tradicional jantar de fim de ano<br />
realizado pela Associação de Arquitetos de Interiores do <strong>Brasil</strong>/<strong>RS</strong> – <strong>AAI</strong><br />
<strong>Brasil</strong>/<strong>RS</strong>, alusivo ao Dia do Arquiteto, também marcou a caminhada para<br />
a consolidação da Entidade <strong>em</strong> âmbito nacional, após mais de 20 anos de<br />
existência no Rio Grande do Sul. “Planejamos a divulgação da Associação<br />
para os d<strong>em</strong>ais Estados, considerando que esta é a única Entidade representativa<br />
de arquitetos de interiores no País”, conta a arq. Silvia Monteiro<br />
Barakat, presidente da <strong>AAI</strong> <strong>Brasil</strong>/<strong>RS</strong>.<br />
O evento – realizado no dia 8 de dez<strong>em</strong>bro no hotel Plaza São Rafael,<br />
<strong>em</strong> Porto Alegre –, contou com coquetel, jantar, sorteio dos diversos presentes<br />
recebidos de fornededores e parceiros, lançamento da <strong>AAI</strong> <strong>em</strong> <strong>revista</strong><br />
- arquitetos e entrega do Prêmio Destaque <strong>AAI</strong> <strong>Brasil</strong>/<strong>RS</strong> - 2010. Este<br />
ano, no entanto, a festa esteve ainda mais animada por conta da contratação<br />
do Núcleo de Animadores do Grupo Tholl, a trupe circence de Pelotas<br />
(<strong>RS</strong>). Os artistas participaram ativamente de todo o evento, surpreendendo<br />
os convidados na recepção e interagindo com eles na entrega dos<br />
presentes e dos ex<strong>em</strong>plares da oitava edição do <strong>AAI</strong> <strong>em</strong> <strong>revista</strong> - arquitetos.<br />
Fundado <strong>em</strong> 2002 e já pr<strong>em</strong>iado e reconhecido <strong>em</strong> todo o Estado, o Grupo<br />
Tholl tornou-se Patrimônio Cultural do Rio Grande do Sul <strong>em</strong> 2007.<br />
Além dos parceiros da Associação, prestigiaram o evento os arquitetos<br />
presidentes da AsBEA, Joaquim Hass e do IAB, Carlos Alberto Sant’Ana,<br />
além do presidente do CREA-<strong>RS</strong>, engenheiro civil Luiz Alcides Capoani.<br />
O Prêmio Destaque neste ano foi conferido à Dell Anno, indicada por<br />
arquitetos associados <strong>em</strong> pesquisa realizada pela <strong>AAI</strong> <strong>Brasil</strong>/<strong>RS</strong>. “Agradeço<br />
pela distinção a nós concedida. Este reconhecimento nos impulsiona a cada<br />
vez mais buscarmos inovação, design e soluções que possam solidificar<br />
a parceria com os arquitetos. Ao mesmo t<strong>em</strong>po, reitero que nossa <strong>em</strong>presa<br />
e nossas lojas estarão s<strong>em</strong>pre de portas abertas para melhor atendê-los.<br />
Muito obrigado”, declarou Frank Zietolie, diretor presidente da Unicasa<br />
Indústria de Móveis, detentora das marcas Dell Anno, Favorita e New, <strong>em</strong><br />
mensag<strong>em</strong> enviada à presidente da Associação. “A notícia foi tão maravilhosa<br />
que fiquei meio ‘abobado’”, brincou Edson Busin, gerente de marketing<br />
da Dell Anno, que esteve no evento com os <strong>em</strong>presários Cláudio Sachet<br />
e Rafael Zietolie, franqueados da marca <strong>em</strong> Porto Alegre. Mais de 200 pessoas<br />
prestigiaram o evento, sendo 70 associados, oportunidade <strong>em</strong> que a<br />
Entidade brindou os seus convidados com a agenda 2011 da <strong>AAI</strong> <strong>Brasil</strong>/<strong>RS</strong>.<br />
A trupe circence de Pelotas (<strong>RS</strong>) animou<br />
a festa, recepcionando os convidados.<br />
Eles também participaram do lançamento da<br />
oitava edição do <strong>AAI</strong> <strong>em</strong> <strong>revista</strong> - arquitetos,<br />
distribuindo os ex<strong>em</strong>plares aos 52<br />
profissionais participantes da mesma,<br />
e a todos os presentes<br />
O Prêmio Destaque<br />
<strong>AAI</strong> <strong>Brasil</strong>/<strong>RS</strong> - 2010<br />
foi conferido à<br />
<strong>em</strong>presa Dell Anno.<br />
Os franqueados de<br />
Porto Alegre:<br />
Cláudio Sachet e<br />
Rafael Zietolie, com<br />
o gerente de<br />
marketing da<br />
marca, Edson Busin<br />
Fotos: Rodrigo Migliorin
16<br />
página<br />
Imagens Divulgação<br />
Galeria<br />
Perfil<br />
Pela alta resistência à abrasão, por não sofrer manchas<br />
e por ter <strong>em</strong>endas imperceptíveis, o Corian é<br />
considerado a combinação perfeita entre minerais<br />
naturais e acrílico para aplicação <strong>em</strong> bancadas, móveis<br />
e revestimentos. A Dupont oferece dez anos de<br />
garantia no produto, à venda na Eterna Móveis e Superfícies<br />
<strong>em</strong> Porto Alegre, processor autorizado da<br />
marca. Saiba mais <strong>em</strong> www.moveiseterna.com.br<br />
O título dessa matéria reproduz o elogio feito recent<strong>em</strong>ente por<br />
uma cliente à arq. Tania e é como ela define os seus 30 anos de carreira:<br />
“dedicados a projetar casas para pessoas felizes”. “Seja num móvel,<br />
num ambiente, na casa ou na loja toda; s<strong>em</strong>pre o que mais importa é<br />
a pessoa que vai usar o espaço”, frisa a profissional. Tania gosta de<br />
gente, de arquitetura, de “sentir” os espaços e detesta modismos;<br />
prefere as coisas simples, feitas na medida da necessidade de cada um.<br />
Formada <strong>em</strong> Arquitetura na UFRGS <strong>em</strong> 1977, passou pelos escritórios<br />
Campos e Morganti e Ronaldo Rezende e Mário Englert<br />
Arquitetos. Em 1980 partiu <strong>em</strong> carreira solo. Os arquitetos Nelson<br />
Ely e Cláudia Pires Tedesco já foram seus sócios, mas desde 2001<br />
Tania comanda sozinha seu escritório, <strong>em</strong> Porto Alegre. Sua equipe<br />
é integrada pelas arquitetas Carolina Schrage Nuernberg, Fernanda<br />
D’amore e Mireille Sanson e pela acadêmica<br />
Gabriela Austria.<br />
A paixão de Tania por pessoas extrapola<br />
o dia a dia profissional com o trabalho<br />
voluntário que realiza algumas<br />
horas por s<strong>em</strong>ana. Ela ensina artes para<br />
crianças do Ensino Fundamental de uma<br />
escola da Vila Bom Jesus, na Capital, no<br />
turno inverso às aulas. “Aprendo muito<br />
mais do que ensino”, acredita. E arte<br />
s<strong>em</strong>pre a fascina, no cin<strong>em</strong>a, no teatro<br />
e nos museus. Esses são s<strong>em</strong>pre incluídos<br />
nos roteiros das viagens que costuma<br />
fazer com a filha Júlia, de 25 anos,<br />
recém-formada <strong>em</strong> Publicidade Propaganda.<br />
“Visitamos todos que encontramos<br />
pela frente”, conta Tania, casada há<br />
34 anos.<br />
A Cinex oferece no mercado tampos de vidro para cozinhas leves e<br />
cont<strong>em</strong>porâneas. Pertencentes à linha Piano Zaffito, os tampos estão<br />
disponíveis <strong>em</strong> toda a variação da cartela de cores da marca, que são<br />
pintadas no produto. Para facilitar o escoamento da água, a <strong>em</strong>presa<br />
pode realizar um processo de usinag<strong>em</strong> no vidro, agregando mais tecnologia<br />
ao tampo. Há, ainda, a opção com descanso de panelas já aplicado<br />
no produto. Mais <strong>em</strong> www.cinex.com.br<br />
CASAS PARA PESSOAS FELIZES<br />
a arq. tania Bertolucci delduque de souza inaugura esta seção da<br />
aai <strong>em</strong> <strong>revista</strong>, que apresenta as histórias dos associados da aai <strong>Brasil</strong>/rs<br />
Considera viagens e livros de arquitetura importantes para o seu<br />
aprimoramento profissional. Dos locais que conheceu, admira as<br />
praças e a revitalização de Puerto Madero <strong>em</strong> Buenos Aires (AR); o<br />
ar retrô de Montevidéu (UR); as construções “maravilhosas” de Punta<br />
Del Este (UR); as “mil opções” de Nova Iorque (EUA); e o respeito<br />
à natureza da Ponta do Papagaio, <strong>em</strong> Palhoça, Santa Catarina. Em<br />
Por to Alegre, gosta das ruas arborizadas, do Guaíba, do charme de<br />
bairros como o Moinhos de Vento. “Faltam mais contato com o Guaíba,<br />
mais espaços culturais e mais limpeza, pondera. Entre os novos<br />
destinos, Tania es pera visitar China, Ín dia e as praias da Tai lândia.<br />
“Também te nho curiosidade de co nhecer a arquitetura do norteamericano<br />
Frank Gehry no Mu seu Guggenheim Bilbao (Espanha)”,<br />
diz. Ela ainda cita sua admira ção pelo trabalho do italiano Renzo<br />
Piano, do espanhol Santiago Calatrava e<br />
do brasi lei ro Paulo Mendes da Rocha. E<br />
dos con sa grados Mies Van der Rohe,<br />
Frank Loyd Wright e Antoni Gaudí.<br />
Em casa, Tania cultiva os prazeres da<br />
jardinag<strong>em</strong> e da leitura. Na gastronomia,<br />
prioriza as massas, “como uma boa italiana”,<br />
e pratos a base de queijos, com molhos<br />
diferentes, “para não esquecer meus<br />
ascendentes austríacos”. Gosta de caminhar,<br />
o que faz diariamente entre sua casa<br />
e o escritório, no bairro Petrópolis. Tania<br />
conta que chegou a iniciar o curso de<br />
Jornalismo na mesma universidade, mas<br />
desistiu. Venceu a paixão que mantinha<br />
desde criança, quando ouvia com prazer<br />
as histórias de uma tia sobre a reforma<br />
da sua casa, sobre os móveis e as cores.<br />
Foto acervo pessoal arq. Tania
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