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Kellen Nogueira Vilhena - Biblioteca Digital de Teses e ...

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Consi<strong>de</strong>rar as representações <strong>de</strong>ssa forma, implica reconhecê-las como matrizes <strong>de</strong><br />

discursos e práticas diferenciadas. O que significa pensar que os discursos sobre o lazer na<br />

imprensa <strong>de</strong>sempenham a função <strong>de</strong> expressar referenciais <strong>de</strong> lazer a partir <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

civilida<strong>de</strong> e mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> em voga nesse período, trazendo à tona o contexto <strong>de</strong> sua produção.<br />

Mas, não há como tratá-las <strong>de</strong> maneira indissociada das práticas representadas, adverte<br />

Antoine Prost (1998, p. 136): “é impossível compreen<strong>de</strong>r uma representação sem saber <strong>de</strong> que<br />

representação é ela”, pois elas se articulam. E uma maneira <strong>de</strong> conhecê-las é tentar<br />

compreen<strong>de</strong>r essas articulações, a partir das diferentes representações produzidas e veiculadas<br />

pela imprensa sobre as práticas <strong>de</strong> lazer.<br />

Além disso, suas formas <strong>de</strong> apropriação pelos indivíduos se dão <strong>de</strong> forma diversa,<br />

mesmo que sob um discurso formador. Essa idéia é explicitada por Chartier (1990) ao advertir<br />

sobre a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o consumo cultural escapar à passivida<strong>de</strong> que tradicionalmente lhe é<br />

atribuída. Assim,<br />

[...] ler, olhar ou escutar são, efectivamente, uma série <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s intelectuais que<br />

– longe <strong>de</strong> submeterem o consumidor à toda-po<strong>de</strong>rosa mensagem i<strong>de</strong>ológica e/ou<br />

estética que supostamente <strong>de</strong>ve mo<strong>de</strong>lar – permitem na verda<strong>de</strong> a reapropriação, o<br />

<strong>de</strong>svio, a <strong>de</strong>sconfiança e a resistência. (p. 59-60)<br />

O i<strong>de</strong>ário republicano pressupunha muito mais que uma alteração na organização<br />

política brasileira, objetivava um novo or<strong>de</strong>namento do social, com transformações<br />

marcantes, em diversas esferas, com vistas à inserção <strong>de</strong>finitiva do país na mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> 3 .<br />

Nesse projeto, o binômio instruir e educar põe em <strong>de</strong>staque o papel da escola como instituição<br />

educadora.<br />

Mas, se a escola ganha centralida<strong>de</strong> como locus privilegiado <strong>de</strong> formação do cidadão<br />

nesse período, ela não era a única. Ao seu lado havia outras iniciativas capazes <strong>de</strong> educar o<br />

povo para essas novas sensibilida<strong>de</strong>s, maneiras e costumes que se colocavam, implicando<br />

também novas formas <strong>de</strong> lidar com o corpo, com o tempo e com o espaço da cida<strong>de</strong>. Nesse<br />

contexto, a imprensa, no caso os jornais, exerciam um papel <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque, uma vez que sua<br />

disseminação favorecia o contato dos moradores com um discurso em prol da formação <strong>de</strong><br />

uma nova sociabilida<strong>de</strong>, novas práticas e comportamentos do ser mo<strong>de</strong>rno, segundo padrões<br />

<strong>de</strong> civilida<strong>de</strong> em voga naquele momento.<br />

3 De acordo com Jean BAUDRILLARD (s/d), a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> é “um modo <strong>de</strong> civilização característico” (p. 1)<br />

caracterizando-se como uma categoria geral que abrange várias esferas (econômica, social e cultural) e como<br />

imperativo cultural compreen<strong>de</strong>ndo costumes, modos <strong>de</strong> vida e cotidiano orientados por um sistema <strong>de</strong> valores<br />

que assume uma função <strong>de</strong> regulação cultural, <strong>de</strong>finindo-se como uma “cultura da cotidianida<strong>de</strong>” (p. 14).<br />

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