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Estudo comparativo entre Humanos e outros Primatas

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da mesma espécie estão longe de ser desinibidos. Os chimpanzés não conhecem a exclusividade da<br />

formação de pares, mas por outro lado sua vida sexual não é completamente promíscua”.<br />

De acordo com este autor, é verdade que durante o estro a fêmea de chimpanzé pratica um<br />

grande número de cópulas, sendo que cada macho copula a cada cinco horas em média. Mas, “tão logo<br />

o inchaço genital diminui, os machos perdem interesse.... Numa colônia como a nossa, onde nasce um<br />

grande número de bebês, isto significa que às vezes podem se passar meses sem que haja nenhuma<br />

relação sexual <strong>entre</strong> os animais adultos” (ibidem, p. 157).<br />

Alguns primatas parecem divertir-se muito pouco com sua vida sexual. Num dos extremos,<br />

parecem estar os macacos vervets. A eles, “cujos comportamentos sexuais são pouco intensos, seus<br />

gestos fugazes no cortejo e suas copulações breves lhes valeram a reputação de macacos assexuados<br />

(sexless)” (Collinge, 1993, p. 125). Fedigan (1992,p. 138) tem a mesma opinião sobre os vervets, e<br />

descreve suas cópulas apressadas e sem muitas manifestações externas e seus comportamentos de corte<br />

extremamente breves e limitados. Outras espécies divertem-se bastante, mas apenas durante um<br />

período específico do ano: “nos macacos japoneses, todo o conteúdo da vida grupal fica direcionado<br />

para a atividade sexual durante a estação de acasalamento. Machos buscam as fêmeas, as fêmeas<br />

solicitam os machos e os jovens praticam seu adestramento nas atividades de acasalamento” (Collinge,<br />

1993, p. 125). Diferentemente se comportam os bonobos, os chimpanzés e os humanos, com a prática<br />

do sexo constante e de maneira importante durante todo o ano.<br />

Neste sentido, Fedigan (1992, p. 139) comenta que “um dos mais notáveis aspectos do<br />

comportamento sexual na ordem dos primatas é a sua extraordinária variabilidade. O espectro vai<br />

desde espécies como os vervets, nos quais o ato de copulação é rápido e „não-emocional‟ ou<br />

desacompanhado de comportamentos elaborados preparatórios ou subseqüentes, até espécies como os<br />

macacos japoneses, nos quais o acasalamento envolve uma corte extensa, uma ligação sexual especial,<br />

e até mesmo mudanças temporárias em todo o caráter da vida social. Ela também varia de espécies que<br />

irão acasalar-se ao longo de todo o ano, como os chimpanzés, até aquelas, como os macacos rhesus,<br />

que só o farão durante uma estação de acasalamento nitidamente demarcada” Apesar das variações,<br />

acredita-se que a norma seja a ocorrência de estações de acasalamento (idem, p 140).<br />

Examinaremos a seguir algumas áreas do comportamento sexual dos primatas, sempre<br />

buscando com isso reunir elementos que permitam uma melhor compreensão da sexualidade humana.<br />

A diversidade cultural humana exigiria que esta comparação abrangesse um extenso estudo<br />

antropológico concomitantemente, dado que é muito pouco adequado falar-se em sexualidade humana.<br />

O correto seria referir-se às sexualidades humanas, no plural, já que cada cultura constrói um código<br />

diferente de atitudes e regras nesse campo 6 . Como isto sairia muito do âmbito deste trabalho, fica a<br />

ressalva de que se estará lidando aqui basicamente com a sexualidade humana tal como exercida e<br />

discutida no século XX, nas sociedades ocidentais industrializadas filiadas à tradição judaico-cristã. Os<br />

breves relatos de aspectos da sexualidade em outras culturas não têm a pretensão de dar conta da<br />

diversidade existente.<br />

3.2 PUDOR<br />

Iniciaremos nosso exame pela observação do fato de que, excetuando os humanos, os animais<br />

são unanimemente despudorados. Ou seja, não têm vergonha de praticar o sexo ou de exibir áreas do<br />

corpo ligadas à sexualidade, não escondem a atividade sexual de seus filhotes ou de <strong>outros</strong> eventuais<br />

membros do grupo, a não ser que isto lhes possa causar dano de algum modo.<br />

Na verdade, um dos comportamentos humanos mais curiosos em relação à sexualidade<br />

relaciona-se com a vergonha e o pudor quanto a tudo que está ligado à sexualidade, até mesmo em<br />

relação às palavras relacionadas ao sexo. É algo único na natureza, e parece um contra-senso se<br />

pensarmos na pressão seletiva que deveria levar à facilitação dos encontros e isto é o que realmente se<br />

pode verificar em muitas espécies. Segundo Coolinge (1993, p. 127), no período de estro “as fêmeas<br />

dos babuínos e chimpanzés exibem mudanças físicas extremas na forma de um avermelhamento e de<br />

6 Ver, por exemplo, os estudos de Malinowski (1973).<br />

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