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AS LAGOAS COSTEIRAS - Georeferencial

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“Em aquelas porções de terras areentas, que se terminam nas margens do Mar, e<br />

assim também nas restingas, pouco crescem os matos, são delgados, rasteiros,<br />

tortos, e pela maior parte de má qualidade, mas entre eles nascem algumas<br />

madeiras de muita estimação, e com a circunstância de serem mais sólidas, e rijas<br />

como é o pau-ferro.”(COUTO REIS, 1785).<br />

Referia-se, decerto, às depressões pantanosas intercordões das restingas, com<br />

vegetação apropriada para a pecuária, diminuindo a fertilidade nas proximidades da crista<br />

praial. Na avaliação da fertilidade das terras, Couto Reis volta às restingas. Do interior para a<br />

costa, passa-se das terras montanhosas para as terras planas, que, por sua vez, dividem-se em<br />

restingas, campos e florestas. Os de praia corresponderiam às restingas. Os campos<br />

propriamente ditos constituiriam a planície de massapé. As florestas designariam os<br />

tabuleiros (COUTO REIS, 1785, p.1 e 2).<br />

Na cartografia do militar, as lagoas de restinga merecem destaque especial. Na<br />

restinga examinada, figuram, na margem direita do rio Paraíba do Sul, o caudaloso rio<br />

Iguaçu, a lagoa Salgada (confrontando ao sul com o rio do Veiga e esgotando no brejo do<br />

Martinho e noutras partes baixas), o rio do Veiga (na verdade, uma lagoa alongada que se<br />

dirigia à barra do Açu), as lagoas de Guipari (Iquipari, situada ao pé do cômoro costeiro, tem<br />

sua barra aberta por pescadores quando muito cheia), de Guruçaí, (Grussaí, nome derivado<br />

de Guruçá, caranguejo branco – Ocypode quadrata – que habita a praia, e í, água, comunica-<br />

se com o Paraíba por compridos brejais), de Taí Grande (de fundo avultado, lança seus<br />

excedentes hídricos no brejo do Martinho e noutros que correm para o Paraíba; seu nome<br />

deriva de Intaá, concha comum na região, e í, água; deve referir-se à espécie Anodonta<br />

perlifera (=Anodonta trapezóide)) e de Taí Pequeno (nas cheias, despeja parte de suas águas<br />

na lagoa do Jacaré) (COUTO REIS, 1785, p.11-13).<br />

Diante da infinidade de lagoas existentes na região, o inventário do cartógrafo deixa,<br />

aparentemente, algo a desejar. Todavia, ele esclarece que, além das apontadas, “... há outras<br />

muitas, também avultadas, umas com continuada existência, ainda no tempo das maiores<br />

secas, e outras só o são enquanto há inundações.” (COUTO REIS, 1785, p. 10). As<br />

observações de Couto Reis confirmam a estreita vinculação de grande parte das lagoas da<br />

planície aluvial e de restinga e do tabuleiro às bacias do rio Paraíba do Sul e da lagoa Feia,<br />

colhendo de surpresa condições ambientais hoje não mais existentes.<br />

Em 1817, foi publicada a Corografia Brasílica, de Manoel Aires de Casal, com<br />

poucas referências às restingas do norte fluminense. Acerca dos distributários da Lagoa Feia,<br />

esclarece que eles são vários e que não alcançam o mar por esbarrarem em cômoro alto e<br />

extenso, formado de areia grossa e firme. Acrescenta, no entanto, que estes sangradouros se<br />

reúnem numa lagoa bastante alongada com feitio de rio que vence o cômoro com a força<br />

humana, que anualmente abre nele um vertedouro à enxada, permitindo que as águas escoem

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