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Jornal Umbandista Português Fundamento 04 | 09 | 10 | 2010 www.umbanda.pt 09 | 10 | 2010 Setembro| Outubro | 2010 A Escrita a sua origem, o Homem utilizou a escrita ligação da escrita com os Deuses e com os seus importância da escrita é a história do povo Hebreu e o desenho como meio de expressão e rituais. Os faraós eram considerados Deuses na qual os Dez Mandamentos ou o Decálogo, nome N de comunicação para consigo e com os vivos. Acreditava-se que estes governantes eram dado ao conjunto de leis que, segundo a Bíblia, seus semelhantes. Actos de admiração, valentia, filhos directos do Deus Osíris, portanto agiam teriam sido originalmente escritas por Deus em luta, transformação, caça, louvação... Todos estes como intermediários entre os Deuses e a popula- tábuas de pedra e entregues ao profeta Moisés (as aspectos o Homem transformava em algo visível ção Egípcia. Ainda em vida, o Faraó começava a Tábuas da Lei). Foram várias as civilizações em para que pudesse cultuar seus actos ou cultuar os construir a sua pirâmide, devendo preparar o que, ao longo da sua história, a escrita represenseus Deuses. Através deste tipo de representação, túmulo para o seu corpo. Este povo, acreditando tou um papel importante no seu crescimento e trocava mensagens, passava ideias e transmitia os na vida após a morte, utilizava a pirâmide para principalmente como meio de ligação ao Divino. seus desejos, as suas necessidades e os seus temo- guardar, em segurança, o corpo mumificado do A escrita sagrada dos Druidas – a escrita Rúnires. Faraó e os seus tesouros. No sarcófago era coloca- ca - não se sabe exactamente como surgiu ou como A origem da escrita surgiu assim no início da do também o livro dos mortos, onde constavam foi criada; no entanto, existem registos de desconossa caminhada – a pré-história. todas as acções positivas que o Faraó fez em vida. bertas arqueológicas que datam de 1.300 a.C. As Ao longo dos tempos, a escrita foi-se desenvol- Esta espécie de biografia era importante, pois os descobertas que mais se destacaram abrangem vendo e transformando mediante o crescimento Egípcios acreditavam que Osíris (Deus dos mor- um período que se estende de 200 a.C até o final da de cada povo, de cada ser. A escrita manteve a sua tos) iria utilizá-la no seu julgamento final. A escri- Idade Média, desde a Islândia até a Roménia, do forma de meio de comunicação e expressão de ta foi, neste e noutros aspectos, de importância Báltico ao Mediterrâneo. Os Druidas dominavam conhecimento ao longo dos séculos, pois nos seus fundamental para este povo, permitindo a divul- quase todas as áreas do conhecimento humano. inícios a escrita teve uma conexão com o mágico, o gação de ideias e uma comunicação elaborada e Cultivavam a música, a poesia, tinham notáveis espiritual, com os Deuses e com o Divino. A escrita eficaz. Existiam duas formas principais de escrita: conhecimentos de medicina usada pelos sírios, hebreus e persas, surgiu ligada as escritas demóticas (mais simplificadas e usa- natural, de fitoterapia, de às necessidades de contabilização dos seus tem- das para assuntos do quotidiano) e a hieroglífica agricultura e astronomia, e plos. Era uma escrita ideográfica, na qual o objecto (mais complexa e formada por desenhos e símbo- possuíam um avançado representado expressava uma ideia. Os sumérios los). As outras formas de escrita gravavam textos sistema filosófico muito e mais tarde, os babilónicos e os assírios fizeram mais vulgares; os hieróglifos, tais como as diferen- semelhante ao dos neouso extensivo da escrita cuneiforme ( foi desen- tes esculturas e monumentos, aspiravam à eterni- platônicos. O povo celta volvida pelos sumérios e é a designação geral dade. Os templos, as colunas e os obeliscos Egípci- tinha uma tradição emidada a certos tipos de escrita feitas com auxílio de os, são livros abertos para quem os saiba ler. A nentemente oral, não objectos em formato de cunha. Fonte: Wikipédia). Escrita Hieroglífica deriva da composição de duas fazendo uso da escrita Mais tarde, os sacerdotes e escribas começa- palavras gregas – hiero «sagrado», e glyfus «escri- para transmitir seus ram a utilizar uma escrita convencional, que não ta», traduzindo-se livremente como “inscrição conhecimentos fundatinha nenhuma relação com o objecto representa- sagrada”. Apenas os sacerdotes, membros da mentais, embora possudo. As convenções eram conhecidas pelos encar- realeza, altos cargos, e escribas conheciam a arte íssem a escrita Rúnica. regados da linguagem culta, que procuraram de ler e escrever esses sinais "sagrados". Esta As Runas eram identificarepresentar os sons da fala humana, isto é, cada escrita constitui, provavelmente, o mais antigo das como símbolos sagrados gravados ou talhasinal representando um som. Surgia assim a escri- sistema organizado de escrita no mundo, e era dos em metal, osso, pedra e couro. Mesmo não ta fonética, que pelo menos no segundo milénio vocacionada, principalmente, para inscrições usando a escrita para gravar seus conhecimentos, a.C., já era utilizada nos registos de textos religio- formais nas paredes de templos e túmulos. eles possuíam suficiente sabedoria a ponto de sos e rituais mágicos. Outra civilização que utilizava a escrita hiero- influenciarem outros povos e assim marcar pro- A civilização Egípcia teve um grande poder na glífica era a civilização Maia. Além de constituir fundamente a literatura da época, criando uma uma forma de comunicação entre os Maias, a espécie de aura de mistério e misticismo que escrita também tinha um vínculo religioso. Estes perdura até hoje. acreditavam que a escrita era um presente dos Também devido a esse facto as Runas - consisdeuses e, por isso, deveria ser ensinada a uma tindo em símbolos com palavras que os denomiparcela privilegiada da população. De um modo nam, e sons equivalentes – passaram a ser utilizageral, utilizavam diferentes materiais para o regis- das para propósitos mágicos, em jeito de codificato de alguma informação, tais como pedras, made- ção de evocações magísticas, conhecidas apenas ira, papel e cerâmica. O sistema de escrita Maia por alguns. As combinações alfanuméricas, devi- (geralmente chamada hieroglífica por uma vaga damente utilizadas, serviam diversos trabalhos, semelhança com a escrita do antigo Egipto, com o das curas às maldições. Dentro da perspectiva qual não se relaciona) era uma combinação de mitológico/sagrada, o surgimento das Runas é símbolos fonéticos e ideogramas. atribuído à Odin, a divindade máxima do panteão Outro ponto fundamental demonstrativo da nórdico. À semelhança de como muitos xamãs Apoios Reportagem www.atupo.com
006 Mágica www.umbanda.pt Jornal Umbandista Português Fundamento ainda fazem nos dias de hoje, Odin submeteu-se a A Escrita Mágica na Umbanda cachaça), fundanga (pólvora) etc. Também é utiliuma experiência de "retorno da morte", para O ponto riscado zado somente o gesto, sem matéria adicional, na alcançar uma espécie de "iluminação". Este estado O ponto riscado possui grande significado na intenção pretendida. de transcendência (por vezes conquistado por liturgia Umbandista. O seu significado expande-se acaso em acidentes ou doenças que conduzem o além das suas propriedades magísticas, na sua indivíduo ao um limite da sua existência), na maio- consagração há muito como “escrita mágica ria das práticas xamânicas, rituais, transes pro- sagrada simbólica” (Saraceni, R.) fundos, ou danças sagradas é conduzido de forma Os pontos riscados, como símbolos magísticategórica. Eram utilizadas nos processos oracu- cos, podem também evocar sinais expressos lares, às práticas talismânicas e à manipulação de numa representação orientada para um determiforças naturais e sobrenaturais. São inúmeros os nado propósito ou para a própria trajectória registos arqueológicos de Runas cravadas em humana, sendo muitas vezes usada a pemba*, armas, batentes de portas e chifres utilizados pelos guias, por para poder riscar os seus pontos como cálices, entre tantos outros objectos, o que ou símbolos espirituais. São espaços cuja função é confirma a fé dos povos setentrionais na protec- dada e orientada pela entidade. É também através ção que estes símbolos ofereciam. Lendas e teste- do ponto riscado que os Caboclos, Pretos-Velhos munhos históricos dos primeiros romanos em ou Exus contam a sua história, a sua origem e terras nórdicas revelam o uso destes vinte e qua- passagens do mundo material e astral, e também tro símbolos, na predição do futuro e nas tentati- no qual manifestam a sua identidade, diferenciavas, nem sempre felizes, de alterá-lo. da das demais, sendo o próprio estandarte da Outro método que utiliza a escrita e os entidade. símbolos como pontos magísticos, Compreendendo-o deste modo, o ponto riscacom origem no Oriente, é o Reiki. do é um dos mais vigorosos meios magísticos Segundo os ensinamenutilizados na Umbanda, consistindo na sua base tos dos mestres, o de um conjunto de símbolos feitos com pemba e Homem mantinha os agrupados de forma a movimentar energias e a seus canais de circulação criar campos de forças, ou como base de sustentade energia intactos, e os ção de alguns trabalhos. A variedade de funções seus instintos básicos de que é sua propriedade é vasta; os pontos de dessobrevivência de forma carrego tão sobejamente conhecidos; os pontos genuína, o que gerava de firmeza, etc. um estado de felicidade e Os pontos riscados com Pemba representam harmonia pleno. Com o desenuma grafia de projecção astral; de símbolos que se volvimento, fomos desligando a revestem de poder mágico, que a força do Orixá nossa ligação às origens e ficámos individualhes confere. Criam genericamente uma espécie listas, enfraquecendo assim os canais de ligação de campo energético, onde o instrumento utilizacom o Cosmo. Os símbolos do Reiki, em unificação, do pela entidade, a Pemba, manipula as forças da correspondendo aos cinco níveis da mente, per- Natureza na afinidade com a entidade, na sua mitiriam alcançar o caminho da iluminação, identificação e domínios, na prossecução do efeito conhecido pelos budistas, por Nirvana. O uso desejado (dependendo também claramente do original desses yantras (símbolos) não foi vocacimerecimento do consulente e do médium). São onado originalmente para a cura material, mas códigos vinculados ao mundo espiritual, no para conduzir à iluminação da ajuda ao próximo. campo de acção de determinada falange de enti- No entanto, associados esses símbolos a mantras dades. Quando são desenhados sem conhecimen- (preces) e a mudras (na mimetização dos símboto de causa, acabam por “não projectar a sua grafia los) foram descobertas novas potencialidades no luminosa” (Lima, C.) e não passam de sinais inócuque respeita à canalização de energia. os, porque têm que ser movimentados pelo pensa- A “Escrita Mágica”, de um modo geral, povoou mento, assim como não basta ver um ponto num desde tempos imemoriais praticamente todas as livro para riscá-lo sem o devido conhecimento, e civilizações, mais ou menos eruditas. Este facto sem as devidas consequências. levou também a que alguns desses símbolos perdurassem até aos dias de hoje, sendo mesmo Para um ponto riscado, além da Pemba, utilizados de forma corrente... podem ser usadas outras substâncias, dependendo do trabalho a realizar, como a marafa (pinga ou Muitos dos símbolos sagrados são do conhecimento comum, como a Cruz, a Estrela de David ou de seis pontas, que os Umbandistas reconhecem como a estrela do equilíbrio, na força da justiça de Deus incorporada no Orixá Xangô, entre outros. Outros desses símbolos mágicos, activados no plano material, são desconhecidos e ainda care- cem de classificação. No seio da comunidade Umbandista, as divergências de opiniões mantêm discussão prolongada sobre este tema. Vários dirigentes e autores, sem consenso na sua aborda- gem, diferem na leitura desses mesmos símbolos, catalogando e fazendo triagens próprias. Outros- sim, a reprodução de símbolos e grafias idênticas encontram-se em diversas casas, países, até mesmo religiões. Certo é que, na transversalidade da Umbanda, se reconhecem símbolos riscados indicando mistérios que são propriedade ou capacidade de determinada entidade. Será ponde- rado não admitir conhecimento absoluto sobre o tema, também na perspectiva de uma aprendiza- gem contínua... "Usem bem os símbolos. Usem-nos mais e mais, e descobrir-se-ão num estágio onde já não precisarão deles. A mente humana consegue alcançar qualquer ponto do Universo imediata- mente." Mikao Usui V.C. / F.C. *pemba – espécie de pequeno giz calcário em formato oval fabricado com diversos componen- tes Rua D. Gonçalo Pereira, 75 - Cividade 4700-032 Braga - Tel. 253 261 021 | 05 Apoios www.atupo.com
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