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1 - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro

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CARTA AO POVO E ÀS AUTORIDADES<br />

Nós, moradores e ocupantes dos terrenos <strong>de</strong> diversos bairros <strong>de</strong> Belém que esta-<br />

mos ameaçados <strong>de</strong> <strong>de</strong>sapropriação por órgãos governamentais e particulares, vimos hoje, por<br />

intermédio <strong>de</strong>ste Ato Público, chamar a atenção das autorida<strong>de</strong>s e da opinião pública para a<br />

difícil situação em que nos encontramos, <strong>de</strong>vido à <strong>de</strong>mora das providências que há anos esta-<br />

mos reivindicando.<br />

Uma situação difícil, da qual não somos os culpados e à qual se acrescenta o<br />

baixo salário, o altíssimo custo <strong>de</strong> vida, o <strong>de</strong>semprego, a fome, a falta <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>, poblemas<br />

que o povo há muito tempo vem amargando. Há 30 ou 40 anos ninguém queria saber dos<br />

terrenos que ocupamos. E também, nunca os sucessivos governos se preocuparam em resolver<br />

pela raiz nosso poblema <strong>de</strong> moradia oferecendo terrenos e casas <strong>de</strong>centes a preço popular.<br />

O que sobrava mesmo para o pobre eram os terrenos baldios, mato bravo da<br />

periferia da cida<strong>de</strong>, não cercados, para nós, terrenos da União, que ocupávamos e beneficiáva-<br />

mos na esperança <strong>de</strong> um dia po<strong>de</strong>r legalizar nossa situação. 'TOR QUE OS "DONOS" NÃO<br />

APARECERAM NAOUELE TEMPO ?".<br />

Esperaram que ruas fossem abertas, bairros nascessem, serviços públicos fossem<br />

instalados e o crescimento da cida<strong>de</strong>, aliado a uma política habitacional cheia <strong>de</strong> graves erros<br />

transformassem a especulação imobiliária num gran<strong>de</strong> negócio.<br />

No Jurunas, a firma Morão Ferreira e Cia, faz intimidações aos moradores<br />

,(3.600 famílias) ameaçando <strong>de</strong>rrubar suas casas. A firma até hoje não apresentou qualquer docu-<br />

mento que comprovasse seu direito à área.<br />

Na Terra Firme, mais <strong>de</strong> 5.000 famílias estão ameaçados pela Universida<strong>de</strong> Fe-<br />

<strong>de</strong>ral do Pará e pela Eletronorte já tendo ocorrido diversas violências, como <strong>de</strong>rrubada <strong>de</strong><br />

casas.<br />

No Bengui pelo menos 5.000 famílias estão na mesma situação <strong>de</strong> insegurança.<br />

No Barreiro, área <strong>de</strong> baixada, são mais <strong>de</strong> 5.000 famílias.<br />

No Una, 60 famílias estão em questão com Floriano Moraes que se diz proprie-<br />

tário das terras. Muitas outras ainda procuram um lugar para morar, expulsas que foram pela<br />

Polícia por ocuparem conjuntos criminosamente abandonados.<br />

Na Cida<strong>de</strong> Satélite, 80 famílias ameaçadas; no Coqueiro, 40 famílias (já expulsas<br />

da Sacramenta) vêem-se novamente ameaçadas.<br />

Na Sacramenta, cerca <strong>de</strong> 5.000 famílias (que há anos pe<strong>de</strong>m a proteção das<br />

autorida<strong>de</strong>s) são permanentemente vigiadas pela Aeronáutica e impedidas <strong>de</strong> si quer fazerem<br />

melhoramentos em suas casas. No mês passado, duas casas foram <strong>de</strong>rrubadas por soldados ar-<br />

mados, que não pu<strong>de</strong>ram ser in<strong>de</strong>ntificados pois tinham seus nomes cobertos por esparadrapo.<br />

Amendrontados, os moradores <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> fazer os reparos necessários e muitas casas ameaçam<br />

<strong>de</strong>sabar. Neste mesmo bairro, outros 6.000 moradores estão em conflito com a Imobiliária<br />

Jorge Abelém que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> os interesses da família Ferro Costa, que preten<strong>de</strong> <strong>de</strong>sapropiar as<br />

famílias ali resi<strong>de</strong>ntes.<br />

Na Pedreira, cerca <strong>de</strong> 900 famílias, como resultado <strong>de</strong> uma longa luta que ain-<br />

da não terminou, conseguiram que os terrenos que alugavam à Imobiliária Valente do Couto<br />

fossem comprados pela CO D EM. A transação ainda não esclarecida custou aos cofres públicos<br />

Cr$ 5.000.000,00 e os terrenos serão vendidos aos moradores que, angustiados perguntam-se:<br />

que preço irão pagar por eles ? Os que não pu<strong>de</strong>rem comprar terão que mudar-se para a peri-<br />

feria.

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