Meteorologia Agrícola Básica - Do.ufgd.edu.br
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<strong>Meteorologia</strong> <strong>Agrícola</strong><<strong>br</strong> />
<strong>Básica</strong><<strong>br</strong> />
1ª. Edição<<strong>br</strong> />
Guilherme Augusto Biscaro<<strong>br</strong> />
UNIGRAF<<strong>br</strong> />
Gráfica e Editora União Ltda.<<strong>br</strong> />
2007<<strong>br</strong> />
2
Capa e Editoração:<<strong>br</strong> />
Guilherme Augusto Biscaro / UNIGRAF<<strong>br</strong> />
Revisão Lingüística:<<strong>br</strong> />
Luiz Sander de Freitas - luizsander@yahoo.com.<strong>br</strong><<strong>br</strong> />
Revisão Técnica:<<strong>br</strong> />
Prof. Dr.Wilson Itamar Maruyama - wilsonmaruyama@yahoo.com.<strong>br</strong><<strong>br</strong> />
Impressão e Acabamento:<<strong>br</strong> />
UNIGRAF - Gráfica e Editora União Ltda.<<strong>br</strong> />
Rua Sebastião Leal, 811 - Centro.<<strong>br</strong> />
CEP 79540-000 - Cassilândia - Mato Grosso do Sul<<strong>br</strong> />
Fone/fax: (0xx67) 3596-1981 E-mail: uni_graf@terra.com.<strong>br</strong><<strong>br</strong> />
(*) Ilustrações e fotografias realizadas por Guilherme Augusto Biscaro<<strong>br</strong> />
3
Prof. Dr. Guilherme Augusto Biscaro<<strong>br</strong> />
gbiscaro@hotmail.com<<strong>br</strong> />
Engenheiro <strong>Agrícola</strong> (1995) formado na Universidade Federal de<<strong>br</strong> />
Lavras, UFLA, em Lavras/MG.<<strong>br</strong> />
Mestre (1999) e <strong>Do</strong>utor (2003) em Agronomia, Área de<<strong>br</strong> />
Concentração em Irrigação e Drenagem pela Faculdade de<<strong>br</strong> />
Ciências Agronômicas da Universidade Estadual Paulista, UNESP,<<strong>br</strong> />
campus de Botucatu/SP.<<strong>br</strong> />
Professor Adjunto (2004) de Hidráulica, Irrigação e Drenagem e<<strong>br</strong> />
Agrometeorologia do curso de Agronomia da Universidade Estadual<<strong>br</strong> />
de Mato Grosso do Sul, UEMS, Unidade Universitária de<<strong>br</strong> />
Cassilândia, UUC.<<strong>br</strong> />
Foi coordenador do curso de graduação em Agronomia da UEMS,<<strong>br</strong> />
Unidade Universitária de Cassilândia, em 2006.<<strong>br</strong> />
4
Dedico<<strong>br</strong> />
A minha filha Mariana, minha esposa Adriana e aos meus pais.<<strong>br</strong> />
Agradecimentos<<strong>br</strong> />
A Deus e a Nossa Senhora.<<strong>br</strong> />
A minha família.<<strong>br</strong> />
Aos amigos docentes e discentes do curso de Agronomia da Unidade<<strong>br</strong> />
Universitária de Cassilândia.<<strong>br</strong> />
A Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Comunitários (PROEC) da<<strong>br</strong> />
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.<<strong>br</strong> />
A Squitter do Brasil.<<strong>br</strong> />
5
Índice<<strong>br</strong> />
Página<<strong>br</strong> />
1. Tempo e Clima.....................................................................................................07<<strong>br</strong> />
2. Terra, Sol e Atmosfera.........................................................................................08<<strong>br</strong> />
3. Latitude, Longitude e Altitude..............................................................................14<<strong>br</strong> />
4. Radiação Solar.....................................................................................................18<<strong>br</strong> />
5. Temperatura do Ar e do Solo...............................................................................25<<strong>br</strong> />
6. Umidade do Ar.....................................................................................................32<<strong>br</strong> />
7. Ventos...................................................................................................................36<<strong>br</strong> />
8. Condensação da Água no Ar...............................................................................39<<strong>br</strong> />
9. Geadas.................................................................................................................42<<strong>br</strong> />
10. Precipitação.......................................................................................................46<<strong>br</strong> />
11. Massas de Ar......................................................................................................49<<strong>br</strong> />
12. Evaporação........................................................................................................53<<strong>br</strong> />
13. Evapotranspiração.............................................................................................56<<strong>br</strong> />
14. Balanço Hídrico.................................................................................................61<<strong>br</strong> />
15. Classificação Climática de Köppen...................................................................67<<strong>br</strong> />
16. Estações Meteorológicas e PCD’s.....................................................................75<<strong>br</strong> />
17. Manejo de Sistemas de Irrigação......................................................................80<<strong>br</strong> />
Referências Bibliográficas.......................................................................................82<<strong>br</strong> />
Tabelas.....................................................................................................................83<<strong>br</strong> />
6
1. Tempo e Clima<<strong>br</strong> />
A ciência que estuda os fenômenos atmosféricos é chamada de<<strong>br</strong> />
meteorologia. Trata-se de uma prática muito antiga que obteve um grande avanço<<strong>br</strong> />
tecnológico nas últimas décadas com o desenvolvimento de radares mais precisos,<<strong>br</strong> />
computadores e softwares mais sofisticados e potentes, satélites, etc. Processos<<strong>br</strong> />
como temperatura, umidade, precipitação, índice de radiação e outros são<<strong>br</strong> />
analisados e estudados.<<strong>br</strong> />
O estudo do clima de um local ou região é feito com base na análise<<strong>br</strong> />
estatística dos dados observados pela meteorologia, sendo contabilizados entre<<strong>br</strong> />
outras coisas as médias, as correlações, freqüências, distribuições.<<strong>br</strong> />
Por exemplo: qual é a temperatura média, máxima e mínima no Município<<strong>br</strong> />
de Cassilândia, Mato Grosso do Sul, no mês de novem<strong>br</strong>o? Quanto chove em<<strong>br</strong> />
média anualmente nessa região? Existem períodos secos e úmidos definidos?<<strong>br</strong> />
Estas perguntas só podem ser respondidas com mais precisão se forem<<strong>br</strong> />
baseadas numa série de observações no decorrer de vários anos, sendo necessários<<strong>br</strong> />
pelo menos trinta anos para se obter informações bastante confiáveis. Isto se deve<<strong>br</strong> />
as pequenas variações que irão ocorrer de um ano para o outro, que são normais e<<strong>br</strong> />
devem ser levadas em consideração no estudo do clima de uma localidade.<<strong>br</strong> />
É necessário diferenciar os conceitos de TEMPO e CLIMA, para se evitar<<strong>br</strong> />
confusões bastante comuns quando se falam so<strong>br</strong>e eles:<<strong>br</strong> />
• TEMPO→ é como se apresenta a atmosfera em um determinado instante e<<strong>br</strong> />
local. Por exemplo: hoje, no Município de Cassilândia, o dia está chuvoso e<<strong>br</strong> />
frio.<<strong>br</strong> />
• CLIMA→ é o comportamento observado na atmosfera no decorrer de vários<<strong>br</strong> />
anos. Por exemplo: o clima no Município de Cassilândia é considerado<<strong>br</strong> />
segundo Köppen como seco de inverno (Cw), com a precipitação máxima do<<strong>br</strong> />
verão maior ou igual a dez vezes a precipitação do mês mais seco.<<strong>br</strong> />
.<<strong>br</strong> />
7
2. Terra, Sol e Atmosfera<<strong>br</strong> />
O planeta Terra apresenta a forma esférica, cujo raio aproximado é de mais<<strong>br</strong> />
de 6300 quilômetros (Figura 1). A sua superfície é formada pela litosfera, que é<<strong>br</strong> />
uma camada superficial composta por rochas, sendo também chamada de crosta<<strong>br</strong> />
terrestre. So<strong>br</strong>e a maior parte da litosfera se encontra a hidrosfera, que é uma<<strong>br</strong> />
camada de água do tipo continental (rios, lagos, etc.) ou oceânica (oceanos e<<strong>br</strong> />
mares).<<strong>br</strong> />
Figura 1. O planeta Terra. (Fonte: www.turbosquid.com)<<strong>br</strong> />
Existe também uma camada gasosa não visível que envolve o globo<<strong>br</strong> />
terrestre, e é chamada de atmosfera terrestre.<<strong>br</strong> />
ATMOSFERA TERRESTRE<<strong>br</strong> />
A atmosfera do planeta Terra, que é presa ao mesmo pela gravidade,<<strong>br</strong> />
apresenta duas camadas principais: a troposfera e a estratosfera. A troposfera é a<<strong>br</strong> />
camada que vai da superfície terrestre até uma altura aproximada de 10<<strong>br</strong> />
quilômetros, sendo composta por dois conjuntos de gases: os componentes fixos da<<strong>br</strong> />
troposfera e os componentes variáveis da troposfera.<<strong>br</strong> />
• Componentes fixos: é um conjunto de gases, com predominância do<<strong>br</strong> />
nitrogênio (78%) e do oxigênio (21%). Os demais gases no<strong>br</strong>es (hélio,<<strong>br</strong> />
neônio, argônio, xenônio e criptônio, etc.) somados constituem apenas 1%<<strong>br</strong> />
do total.<<strong>br</strong> />
8
• Componentes variáveis: é composto por CO2, vapor d’água e ozônio.<<strong>br</strong> />
O responsável pela retenção do calor (radiação) que o planeta emite durante a<<strong>br</strong> />
noite é o vapor d’água. Em noites claras e sem nuvens, ou seja com pouco vapor<<strong>br</strong> />
d’água, o calor emitido pela Terra acaba se perdendo no espaço (Figura 2). Isto<<strong>br</strong> />
gera um resfriamento da mesma deixando a noite fria. É nessa condição também<<strong>br</strong> />
que podem ocorrer as geadas.<<strong>br</strong> />
Figura 2. Radiação do dia e da noite. (*)<<strong>br</strong> />
É na troposfera que ocorrem os fenômenos meteorológicos como: formação<<strong>br</strong> />
de nuvens, chuvas, furacões, etc.. A temperatura nessa camada sofre variação a<<strong>br</strong> />
medida que ocorre o aumento de altitude. Em média, para cada 100 metros de<<strong>br</strong> />
altitude (com o ar estacionário) ocorre um decréscimo de 0,6 °C na temperatura.<<strong>br</strong> />
Isto é: quanto maior for a altitude, menor é a temperatura.<<strong>br</strong> />
O CO2 presente na troposfera apresenta a capacidade de absorver raios<<strong>br</strong> />
infravermelhos, retendo com isso o calor, se tornando um termoregulador. Isto<<strong>br</strong> />
pode ser observado no efeito estufa que ocorre em grandes capitais, aonde a<<strong>br</strong> />
emissão de monóxido de carbono é bastante elevada.<<strong>br</strong> />
Após o limite superior da troposfera, ocorre uma camada intermediária de<<strong>br</strong> />
aproximadamente três quilômetros de espessura, aonde não ocorre variação de<<strong>br</strong> />
temperatura e que é chamada de tropopausa. Sua distância em relação a superfície<<strong>br</strong> />
varia de acordo as condições climáticas da troposfera, podendo vir a subir se<<strong>br</strong> />
houver muitas correntes de convecção.<<strong>br</strong> />
9
Acima da tropopausa se encontra a estratosfera, que é uma camada que vai<<strong>br</strong> />
atingir uma altura estimada de cinquenta quilômetros. Nesta camada ocorre o<<strong>br</strong> />
inverso da troposfera em relação a variação de temperatura: quanto maior for a<<strong>br</strong> />
altitude maior será a temperatura. Isto se deve a reação que ocorre entre a radiação<<strong>br</strong> />
ultravioleta emitida pelo Sol e que é absorvida pelo gás ozônio.<<strong>br</strong> />
Acima da estratosfera se encontram outras camadas como a mesosfera e a<<strong>br</strong> />
termosfera.<<strong>br</strong> />
A RELAÇÃO ENTRE O PLANETA TERRA E O SOL<<strong>br</strong> />
A Terra e os demais planetas do sistema solar giram em torno Sol. Este<<strong>br</strong> />
movimento contínuo denomina-se translação, e apresenta a forma de uma elipse<<strong>br</strong> />
(Figura 3). A Terra gasta 365 dias, seis horas e nove minutos para percorrer todo<<strong>br</strong> />
esse percurso. Ele também é o responsável pelas quatro estações (primavera, verão,<<strong>br</strong> />
outono e inverno).<<strong>br</strong> />
Figura 3. Movimento de translação da Terra. (*)<<strong>br</strong> />
Além da translação, a Terra apresenta um movimento em torno do seu<<strong>br</strong> />
próprio eixo, chamado de rotação, cuja duração é de aproximadamente 24 horas.<<strong>br</strong> />
Este movimento é o responsável pela ocorrência dos dias e das noites e sempre<<strong>br</strong> />
ocorre na mesma direção, de oeste para leste.<<strong>br</strong> />
10
DECLINAÇÃO SOLAR<<strong>br</strong> />
Chamamos de declinação solar (δ) o ângulo formado entre a linha<<strong>br</strong> />
imaginária que une o centro do planeta Terra (na linha do Equador) ao centro do<<strong>br</strong> />
Sol. Ela varia de 23° 27’ a -23° 27’. Quando a declinação atinge os valores<<strong>br</strong> />
máximos, recebe de solstício.<<strong>br</strong> />
Figura 4. Solstício de inverno no hemisfério sul e de verão no hemisfério norte (δ=<<strong>br</strong> />
23° 27’), ocorrendo em 22 de junho (*)<<strong>br</strong> />
Figura 5. Solstício de inverno no hemisfério norte e de verão no hemisfério sul (δ=<<strong>br</strong> />
-23° 27’), ocorrendo em 22 de dezem<strong>br</strong>o. (*)<<strong>br</strong> />
11
Quando não há declinação (δ=0°), ou seja, o Sol se encontra exatamente<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>e a linha do Equador, damos o nome de Equinócio.<<strong>br</strong> />
Figura 6. Equinócio de primavera no hemisfério norte e de outono no hemisfério<<strong>br</strong> />
sul (δ=0°), ocorrendo em 22 de março e equinócio de primavera no<<strong>br</strong> />
hemisfério sul e de outono no hemisfério norte (δ=0°), ocorrendo em 22<<strong>br</strong> />
de setem<strong>br</strong>o. (*)<<strong>br</strong> />
É possível se calcular a declinação solar em graus, para uma determinada<<strong>br</strong> />
data, utilizando-se a seguinte equação:<<strong>br</strong> />
δ = 23,45 x seno [(360/365) x (dia juliano – 80)]<<strong>br</strong> />
O dia juliano corresponde ao número de dias transcorridos desde o dia<<strong>br</strong> />
primeiro de janeiro do ano que se deseja determinar a declinação solar.<<strong>br</strong> />
DIA E NOITE<<strong>br</strong> />
Quando os raios solares atingem a superfície da Terra, a mesma se divide<<strong>br</strong> />
em dois hemisférios, sendo um iluminado e outro não.<<strong>br</strong> />
12
Figura 7. Dia e noite. (*)<<strong>br</strong> />
Como já foi explicado anteriormente, a terra possui um movimento de<<strong>br</strong> />
rotação em torno do seu próprio eixo, sempre com a mesma velocidade, e que<<strong>br</strong> />
demora cerca de 24 horas para dar uma volta completa. Podemos perceber este<<strong>br</strong> />
movimento quando olhamos para o céu e vemos o Sol nascer de um lado, subir ao<<strong>br</strong> />
alto do céu e se pôr do lado oposto. É esse movimento, aliado a divisão em um<<strong>br</strong> />
hemisfério iluminado e outro não iluminado, que determina os dias e as noites.<<strong>br</strong> />
Teoricamente, a metade do tempo gasto pela Terra em sua rotação (12<<strong>br</strong> />
horas) corresponde ao período de luz e a outra corresponde ao período escuro.<<strong>br</strong> />
Porém, de acordo com a época do ano, ocorrem variações. Os dias tornam-se mais<<strong>br</strong> />
longos no verão, podendo chegar a mais de 13 horas (dependendo da localidade), e<<strong>br</strong> />
as noites mais longas no inverno (devido à declinação solar), com menos de 11<<strong>br</strong> />
horas de luz.<<strong>br</strong> />
O equilí<strong>br</strong>io (dias e noites com mesma duração) ocorre nos equinócios de<<strong>br</strong> />
primavera e outono.<<strong>br</strong> />
13
3. Altitude, Latitude e Longitude<<strong>br</strong> />
Para poder se localizar com precisão um determinado local so<strong>br</strong>e a<<strong>br</strong> />
superfície do planeta é necessário à definição de três coordenadas: altitude,<<strong>br</strong> />
latitude, longitude. Suas unidades de medida são: o grau, o minuto e o segundo.<<strong>br</strong> />
Para ser possível esta localização, a Terra foi toda dividida em linhas imaginárias<<strong>br</strong> />
nos mapas (Figura 8), sendo elas os paralelos (linhas imaginárias paralelas à linha<<strong>br</strong> />
do Equador) e os meridianos (linhas imaginárias paralelas ao meridiano de<<strong>br</strong> />
Greenwich).<<strong>br</strong> />
Figura 8. Paralelos e meridianos da Terra. (*)<<strong>br</strong> />
Podemos afirmar então que os paralelos são as linhas imaginárias que<<strong>br</strong> />
determinam à latitude e os meridianos são as linhas imaginárias que determinam à<<strong>br</strong> />
longitude.<<strong>br</strong> />
ALTITUDE<<strong>br</strong> />
A altitude é distância vertical do local exato o qual se deseja localizar em<<strong>br</strong> />
relação ao nível médio da superfície do mar (Figura 9).<<strong>br</strong> />
14
Figura 9. Altitude de uma localidade. (*)<<strong>br</strong> />
LATITUDE<<strong>br</strong> />
O Planeta Terra é dividido em duas metades (também chamadas de<<strong>br</strong> />
hemisférios) pela linha do Equador: o Hemisfério Setentrional (Norte) e o<<strong>br</strong> />
Hemisfério Meridional (Sul). A latitude é à distância em graus de um lugar<<strong>br</strong> />
qualquer da superfície terrestre até a linha do equador, com base nos paralelos. A<<strong>br</strong> />
distância varia de 0° a 90° na linha do equador (referência) para o norte (designada<<strong>br</strong> />
como positiva) ou o sul (designada com negativa).<<strong>br</strong> />
Figura 10. Latitude de um ponto. (*)<<strong>br</strong> />
Podemos dizer que dois locais possuem a mesma latitude quando ambos<<strong>br</strong> />
se encontrarem no mesmo paralelo.<<strong>br</strong> />
15
LONGITUDE<<strong>br</strong> />
Além da divisão da Terra pela linha do Equador (hemisférios norte e sul), a<<strong>br</strong> />
mesma também pode ser dividida pelo Meridiano de Greenwich (leva esse nome<<strong>br</strong> />
por passar exatamente so<strong>br</strong>e um observatório astronômico na Inglaterra, mais<<strong>br</strong> />
precisamente na cidade de Greenwich) em dois hemisférios: Hemisfério Ocidental<<strong>br</strong> />
(oeste) e Hemisfério Oriental (leste).<<strong>br</strong> />
São utilizados planos imaginários denominados de meridianos, para se<<strong>br</strong> />
localizar um ponto. O ângulo formado entre o meridiano do local com o Meridiano<<strong>br</strong> />
de Greenwich é denominado de longitude. A longitude pode variar de 0°<<strong>br</strong> />
(exatamente no Meridiano de Greenwich) até 180° para leste (E) ou oeste (W).<<strong>br</strong> />
Figura 11. Longitude de um ponto. (*)<<strong>br</strong> />
Figura 12. Latitude e longitude de um ponto. (*)<<strong>br</strong> />
16
Figura 13. Paralelos e meridianos que delimitam o Brasil.<<strong>br</strong> />
(Fonte: www.city<strong>br</strong>azil.com.<strong>br</strong>/mapas.htm).<<strong>br</strong> />
17
4. Radiação Solar<<strong>br</strong> />
O Sol emite radiação na forma de ondas eletromagnéticas, que viajam a<<strong>br</strong> />
velocidade da luz no espaço e são recebidas por vários planetas, em especial a<<strong>br</strong> />
Terra. Este tipo de onda eletromagnética é composto predominantemente por ondas<<strong>br</strong> />
curtas. São elas que promovem o calor e a iluminação do planeta.<<strong>br</strong> />
Nas 24 horas de um dia, a radiação solar irá atingir a superfície de uma<<strong>br</strong> />
localidade qualquer com diferentes intensidades, dependendo do horário, sendo a<<strong>br</strong> />
máxima radiação recebida por volta de meio dia (Figura 14).<<strong>br</strong> />
Figura 14. Variação da radiação (W/m²) medida no dia 27/09/2006, no Município<<strong>br</strong> />
de Cassilândia-MS. (*)<<strong>br</strong> />
A figura acima apresenta o curso diário de radiação solar que incide so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />
uma superfície, medida por uma estação meteorológica automatizada, no dia 27 de<<strong>br</strong> />
setem<strong>br</strong>o de 2006. Esta radiação é que foi absorvida durante o tempo em que o Sol<<strong>br</strong> />
se encontrava so<strong>br</strong>e o horizonte (do nascer ao pôr-do-sol), e variou de acordo com<<strong>br</strong> />
a altura do mesmo.<<strong>br</strong> />
Podem-se observar nesta figura alguns pontos (indicados pela seta) fora da<<strong>br</strong> />
curva formada pela absorção de radiação solar. Isto pode ser explicado pelo fato de<<strong>br</strong> />
18
que, em alguns momentos o céu estava com nuvens, fazendo com que a radiação se<<strong>br</strong> />
tornasse difusa e interferisse na leitura do sensor.<<strong>br</strong> />
A Terra também emite a sua própria radiação, na qual predomina as ondas<<strong>br</strong> />
longas. Na verdade, qualquer corpo que possua temperatura diferente de 0° K, tem<<strong>br</strong> />
a capacidade de emitir radiação também.<<strong>br</strong> />
Existe um tipo de corpo que recebe e absorve toda a radiação<<strong>br</strong> />
eletromagnética que incide so<strong>br</strong>e ele, independente do tipo de comprimento de<<strong>br</strong> />
onda: o corpo negro. A emissão de radiação de um corpo negro compreende-se<<strong>br</strong> />
dentro de uma faixa de comprimento de onda. A quantidade total de energia irá<<strong>br</strong> />
depender da temperatura do corpo, sendo regida pela lei de Stefan-Boltzmann.<<strong>br</strong> />
E = Εm . σ . T 4<<strong>br</strong> />
Onde,<<strong>br</strong> />
E = Energia total emitida (cal/cm 2 . min);<<strong>br</strong> />
σ = constante de Stefan-Boltzmann (0,827 . 10 -10 cal/cm 2 . min);<<strong>br</strong> />
T = temperatura absoluta (ºK).<<strong>br</strong> />
Em = emissividade do corpo.<<strong>br</strong> />
Podemos chamar de constante solar (Io) a taxa de recebimento dos raios do<<strong>br</strong> />
sol no alto da atmosfera da Terra, em um ponto aonde os mesmos incidam so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />
ela perpendicularmente. Em média apresentam um valor aproximado de duas<<strong>br</strong> />
calorias por centímetro quadrado por minuto (cal/cm 2 . min).<<strong>br</strong> />
FLUXO DE RADIAÇÃO QUE ATINGE UM CORPO<<strong>br</strong> />
Ao atingir um corpo qualquer, o fluxo de radiação (Ii = radiação incidente)<<strong>br</strong> />
sofrerá as seguintes ocorrências:<<strong>br</strong> />
• Reflexão: Parte da radiação será refletida.<<strong>br</strong> />
• Absorção: Parte da radiação será absorvida, sendo retida pelo corpo,<<strong>br</strong> />
podendo ocasionar um aumento de temperatura (aquecimento).<<strong>br</strong> />
• Transmissão: Parte da radiação vai atravessar o corpo, ser levemente<<strong>br</strong> />
alterada, porém seguirá a diante a sua trajetória.<<strong>br</strong> />
19
Figura 15. Reflexão, absorção e transmissão em um corpo. (*)<<strong>br</strong> />
O total da radiação que incidirá por um corpo qualquer (Ii) será a soma da<<strong>br</strong> />
radiação refletida (Ir) com a radiação absorvida (Ia) e com a radiação transmitida<<strong>br</strong> />
(It).<<strong>br</strong> />
• A propriedade de um corpo de refletir a radiação é chamada de<<strong>br</strong> />
refletividade, e é dada pela razão entre Ir e Ii (R = Ir / Ii). Observação:<<strong>br</strong> />
albedo é o nome dado à capacidade de um corpo de refletir ondas curtas.<<strong>br</strong> />
• A propriedade de um corpo de absorver a radiação é chamada de<<strong>br</strong> />
absorvidade, e é dada pela razão entre Ia e Ii (A = Ia / Ii).<<strong>br</strong> />
• A propriedade de um corpo de transmitir a radiação é chamada de<<strong>br</strong> />
transmissividade, e é dada pela razão entre It e Ii (T = It / Ii).<<strong>br</strong> />
FLUXO DE RADIAÇÃO QUE ATINGE A ATMOSFERA<<strong>br</strong> />
Quando a radiação solar atinge o topo da atmosfera da Terra, ela é<<strong>br</strong> />
atenuada devido aos seguintes fatores:<<strong>br</strong> />
• As partículas presentes na atmosfera (impurezas, cristais, etc.) que causam<<strong>br</strong> />
o seu espalhamento;<<strong>br</strong> />
• A alguns constituintes da atmosfera (oxigênio, CO2, vapor, etc.) a<<strong>br</strong> />
absorvem;<<strong>br</strong> />
• As nuvens que absorvem no máximo 7% do total, e refletem até 90%,<<strong>br</strong> />
dependendo de suas dimensões.<<strong>br</strong> />
20
BALANÇO DE RADIAÇÃO NA SUPERFÍCIE TERRESTRE<<strong>br</strong> />
Chamamos de balanço de radiação (ou radiação líquida → RL) a<<strong>br</strong> />
contabilidade dos e ganhos e perdas no fluxo de radiação que incide so<strong>br</strong>e uma<<strong>br</strong> />
superfície terrestre. Este fluxo corresponde à quantidade total de radiação que<<strong>br</strong> />
chega e recebe o nome de Radiação Global.<<strong>br</strong> />
A radiação líquida é a soma do balanço de ondas curtas (Boc) que é emitido<<strong>br</strong> />
pelo Sol e sofre ou não modificações, com o balanço de ondas longas (Bol) que é<<strong>br</strong> />
emitida pela Terra.<<strong>br</strong> />
RL = Boc + Bol<<strong>br</strong> />
Onde,<<strong>br</strong> />
RL = Radiação líquida;<<strong>br</strong> />
Boc = Balanço de ondas curtas;<<strong>br</strong> />
Bol = Balanço de ondas longas.<<strong>br</strong> />
Figura 16. Balanço de radiação. (*)<<strong>br</strong> />
• A radiação global (Qg) é soma dos fluxos de radiação direta (Qd) e fluxo de<<strong>br</strong> />
radiação difusa (Qc) que atingem a superfície terrestre simultaneamente;<<strong>br</strong> />
Qg = Qc + Qd<<strong>br</strong> />
21
• A radiação líquida (RL) é a soma do balanço de ondas curtas (Boc) e o balanço<<strong>br</strong> />
de ondas longas (Bol);<<strong>br</strong> />
RL = Boc + Bol<<strong>br</strong> />
• A radiação solar absorvida (Qoc), também denominado balanço de ondas<<strong>br</strong> />
curtas, é a diferença da radiação recebida (Qg) e a refletida (Qr).<<strong>br</strong> />
Qoc = Qg – Qr<<strong>br</strong> />
• Assim como o Sol, a Terra também emite ondas eletromagnéticas, só que do<<strong>br</strong> />
tipo ondas longas. Existe também uma outra radiação de ondas longas,<<strong>br</strong> />
originada na atmosfera e chamada de contra-radiação que possui mesma<<strong>br</strong> />
direção, só que sentido oposto ao da radiação terrestre, e que é absorvida<<strong>br</strong> />
totalmente pela Terra. O balanço de radiação de ondas longas (Qol) é a<<strong>br</strong> />
diferença entre a contra-radiação (Qcr) e a radiação emitida pela Terra (Qs).<<strong>br</strong> />
Qol = Qcr – Qs<<strong>br</strong> />
• Balanço de radiação (Q) é a soma dos balanços de radiação de ondas curtas<<strong>br</strong> />
(Qoc) e do balanço de radiação de ondas longas (Qol).<<strong>br</strong> />
Q = Qoc + Qol<<strong>br</strong> />
MECANISMOS DE MEDIÇÃO DA RADIAÇÃO SOLAR<<strong>br</strong> />
Existem alguns tipos de aparelhos de medição da radiação solar que são<<strong>br</strong> />
bastante usados no Brasil: o piranômetro (utilizado em estações meteorológicas<<strong>br</strong> />
automatizadas) (Figura 17), o heliógrafo (Figura 18), e o actinógrafo.<<strong>br</strong> />
Figura 17. Piranômetro. (*)<<strong>br</strong> />
22
Figura 18. Heliógrafo. (*)<<strong>br</strong> />
O mais comum é o heliógrafo, que mede o numero de horas de <strong>br</strong>ilho de Sol<<strong>br</strong> />
sem nuvens no dia, por meio de uma lente que queima uma fita de papel. O<<strong>br</strong> />
actinógrafo é um aparelho que possui placas metálicas diferentes que se dilatam<<strong>br</strong> />
entre si e medem a radiação global.<<strong>br</strong> />
CÁLCULO DO BALANÇO DE RADIAÇÃO<<strong>br</strong> />
O balanço de radiação (Q) pode ser determinado pela seguinte equação:<<strong>br</strong> />
Q = Qoc + Qol<<strong>br</strong> />
Onde,<<strong>br</strong> />
Qoc = balanço de radiação de ondas curtas (cal/cm 2 .dia);<<strong>br</strong> />
Qol = balanço de radiação de ondas longas (cal/cm 2 .dia).<<strong>br</strong> />
O balanço de radiação de ondas longas (Qol), também chamado de emissão<<strong>br</strong> />
efetiva da Terra é determinado pela seguinte equação:<<strong>br</strong> />
23
Qol = Qs . ( 0,09 . √(e ) - 0,56 ) . ( 0,1 + 0,9 . n / N )<<strong>br</strong> />
Onde,<<strong>br</strong> />
e = Tensão média diária de vapor d’água (vapor de água na atmosfera) (mmHg);<<strong>br</strong> />
n = insolação diária (horas);<<strong>br</strong> />
N = Número diário possível de horas de sol (Tabela 1);<<strong>br</strong> />
Qs = emissão diária de radiação de um corpo negro em função da temperatura do ar<<strong>br</strong> />
(Tabela 2).<<strong>br</strong> />
O balanço de radiação de ondas curtas (Qoc), também chamado de<<strong>br</strong> />
radiação solar absorvida, é determinado pela seguinte equação:<<strong>br</strong> />
Qoc = ( 1 – r ) . Qg<<strong>br</strong> />
Onde,<<strong>br</strong> />
Qg = radiação solar global (cal/cm 2 .dia);<<strong>br</strong> />
r = valor tabelado que corresponde ao poder refletor da superfície (Tabela 3).<<strong>br</strong> />
A determinação aproximada da radiação solar global (Qg) pode ser<<strong>br</strong> />
realizada através de equações que utilizam a insolação diária. Uma destas equações<<strong>br</strong> />
é a proposta por ANGSTRON:<<strong>br</strong> />
Qg = Qo [(0,29 . cos ∅) + 0,52 . n / N ]<<strong>br</strong> />
Onde,<<strong>br</strong> />
Qo = radiação solar em uma superfície horizontal no topo da atmosfera (Tabela 4);<<strong>br</strong> />
∅ = latitude do local no qual se está determinando Qg.<<strong>br</strong> />
Pode-se determinar também a radiação solar refletida (Qr), que é apenas<<strong>br</strong> />
uma parte de Qg, utiliza-se a seguinte equação:<<strong>br</strong> />
Qr = r . Qg<<strong>br</strong> />
24
5. Temperatura do Ar e do Solo<<strong>br</strong> />
É so<strong>br</strong>e a superfície do solo (vegetada ou não) que recai a grande totalidade<<strong>br</strong> />
da radiação atmosférica. Esta radiação varia sua intensidade durante as 24 horas do<<strong>br</strong> />
dia e durante os 365 dias do ano, gerando as variações diárias e anuais de<<strong>br</strong> />
temperatura do ar e do solo.<<strong>br</strong> />
No decorrer de um dia, as temperaturas do ar e solo irão variar de acordo<<strong>br</strong> />
com a posição do Sol acima do horizonte, e no decorrer de um ano (aonde ocorre a<<strong>br</strong> />
mudança das estações), as temperaturas irão depender da declinação solar e das<<strong>br</strong> />
coordenadas geográficas do local. Esta variação nos valores de temperatura é<<strong>br</strong> />
chamada de balanço de radiação.<<strong>br</strong> />
No balanço de radiação durante o dia, as temperaturas do ar e do solo<<strong>br</strong> />
aumentam também de acordo com a posição do Sol, atingindo um valor máximo<<strong>br</strong> />
(coincidente com a altura máxima do Sol). Após este ponto ocorre o declínio das<<strong>br</strong> />
temperaturas. Tal fenômeno irá se estender após o pôr-do-sol e continuar durante<<strong>br</strong> />
toda a noite e madrugada (Figura 19). As temperaturas só voltarão a aumentar com<<strong>br</strong> />
um novo nascer do Sol.<<strong>br</strong> />
Você saberia afirmar com precisão qual é a menor temperatura do ar no<<strong>br</strong> />
dia? A resposta é que a mesma ocorre alguns segundos antes do Sol nascer e a<<strong>br</strong> />
superfície do solo voltar a receber radiação.<<strong>br</strong> />
Figura 19. Variação das temperaturas do ar e do solo, e a radiação incidida nas 24<<strong>br</strong> />
horas de um dia. (*)<<strong>br</strong> />
25
Juntamente com a radiação que recebe e absorve do Sol, a Terra também<<strong>br</strong> />
emite radiação (radiação efetiva terrestre) e que também é crescente com o nascer<<strong>br</strong> />
do Sol, atinge um valor máximo e decresce com passar do dia, porém ao contrário<<strong>br</strong> />
da radiação solar, se mantém durante a noite e a madrugada. Assim, podemos<<strong>br</strong> />
dividir o balanço de radiação em balanço de radiação positivo (durante o dia) e<<strong>br</strong> />
balanço de radiação negativo (durante a noite).<<strong>br</strong> />
No balanço positivo de radiação (+) a energia excedente é utilizada para o<<strong>br</strong> />
aquecimento do solo (que diminui com o aumento da profundidade). O solo<<strong>br</strong> />
promove o aquecimento do ar (que diminui com a altitude). No balanço negativo<<strong>br</strong> />
de radiação (-) o calor existente no solo é utilizado para aquecer a atmosfera<<strong>br</strong> />
(gerando o resfriamento do solo) e o calor existente no ar é utilizado para suprir a<<strong>br</strong> />
perda de calor do solo (gerando o resfriamento do ar) (Figura 20).<<strong>br</strong> />
Figura 20. Balanço positivo e negativo de radiação. (*)<<strong>br</strong> />
Tanto no balanço positivo quanto no balanço negativo de radiação uma<<strong>br</strong> />
parte do calor disponível é sempre direcionada para realizar a evaporação.<<strong>br</strong> />
TRANSPORTE DE CALOR NO SOLO E NO AR PRÓXIMO AO SOLO<<strong>br</strong> />
O aquecimento do solo e do ar próximo ao solo, é regido pelo balanço de<<strong>br</strong> />
radiação na superfície.<<strong>br</strong> />
No solo, o calor é transportado e armazenado para camadas inferiores pelo<<strong>br</strong> />
processo físico da condução de calor. A temperatura armazenada irá diminuir com<<strong>br</strong> />
26
a profundidade e irá depender de certas características do solo como estrutura,<<strong>br</strong> />
composição, teor de umidade, densidade aparente, condutibilidade térmica, etc.<<strong>br</strong> />
No ar que se encontra próximo ao solo, os processos responsáveis pelas<<strong>br</strong> />
trocas de calor são a condução e a convecção de calor. Este último é o principal<<strong>br</strong> />
responsável pelo aquecimento do ar próximo ao solo (Figura 21).<<strong>br</strong> />
Figura 21. Movimento convectivo responsável pelo aquecimento da atmosfera. (*)<<strong>br</strong> />
A convecção de calor vai aumentando no decorrer do dia, alcançando um<<strong>br</strong> />
valor máximo de temperatura na superfície por volta de 12:00 horas e no ar por<<strong>br</strong> />
volta de 15:00 horas. A partir deste ponto este movimento se inverte e o ar passa a<<strong>br</strong> />
perder calor.<<strong>br</strong> />
MEDIÇÃO DA TEMPERATURA DO SOLO E DO AR<<strong>br</strong> />
Para medir a temperatura do solo utilizam-se os geotermômetros (aparelhos<<strong>br</strong> />
que apenas medem) (Figuras 22 e 23) e os geotermógrafos (aparelhos que medem e<<strong>br</strong> />
também registram por meio de um tambor de relojoaria), que são termômetros<<strong>br</strong> />
especiais que são instalados a profundidades definidas, variando de 2 a 100<<strong>br</strong> />
centímetros.<<strong>br</strong> />
A temperatura do ar é medida em a<strong>br</strong>igos meteorológicos (Figura 24), por<<strong>br</strong> />
meio de termômetros (Figura 25) e termógrafos de mercúrio. Os a<strong>br</strong>igos<<strong>br</strong> />
meteorológicos são “pequenas casinhas”, instaladas a 120 centímetros de altura,<<strong>br</strong> />
pintadas de <strong>br</strong>anco e com ventilação natural. Geralmente dentro destes a<strong>br</strong>igos<<strong>br</strong> />
também são instalados medidores de umidade do ar. Apesar da máxima radiação<<strong>br</strong> />
que atinge a superfície ocorra por volta de 12:00 horas, a temperatura máxima do<<strong>br</strong> />
ar só ocorre em torno de duas a três horas depois.<<strong>br</strong> />
27
Figura 22. Bateria de geotermômetros instalados a profundidades diferentes. (*)<<strong>br</strong> />
Figura 23. Desenho de um geotermômetro visto de perfil. (*)<<strong>br</strong> />
28
Figura 24. A<strong>br</strong>igo meteorológico. (*)<<strong>br</strong> />
Figura 25. Termômetros. (*)<<strong>br</strong> />
AMPLITUDE TÉRMICA<<strong>br</strong> />
Denomina-se amplitude térmica a diferença entre a temperatura máxima e a<<strong>br</strong> />
mínima no decorrer das 24 horas de um dia (amplitude térmica diária) e entre a<<strong>br</strong> />
temperatura do mês mais frio e a do mês mais quente (amplitude térmica anual). A<<strong>br</strong> />
temperatura do ar também varia de acordo com a altura em relação à superfície do<<strong>br</strong> />
solo (gradiente vertical de temperatura), diminuindo em média cerca de 0,6 °C a<<strong>br</strong> />
cada 100 metros de altura, em condições de ar parado, sem vento.<<strong>br</strong> />
29
A TEMPERATURA DO AR E O CONCEITO DE GRAUS-DIA<<strong>br</strong> />
Para que uma cultura possa se desenvolver plenamente é necessário que<<strong>br</strong> />
ocorra uma temperatura mínima apropriada para cada fase do seu ciclo fisiológico,<<strong>br</strong> />
sendo denominada temperatura base. Várias culturas já tiveram suas temperaturas<<strong>br</strong> />
base determinadas, possibilitando assim a utilização do conceito de graus-dia.<<strong>br</strong> />
Este conceito é bastante interessante para se determinar datas prováveis de colheita<<strong>br</strong> />
ou se estabelecer o melhor dia para o plantio de uma cultura, visando a sua colheita<<strong>br</strong> />
em uma data pré-definida.<<strong>br</strong> />
Graus-dia é a diferença entre a temperatura média do dia e a temperatura<<strong>br</strong> />
base (considerando existir uma única temperatura base). O somatório dos graus dia<<strong>br</strong> />
ao longo de todo o ciclo de uma cultura é denominado de constante térmica.<<strong>br</strong> />
Cada cultura teoricamente possui três faixas de temperatura em que as<<strong>br</strong> />
mesmas devem se desenvolver: a temperatura mínima (abaixo da qual a cultura não<<strong>br</strong> />
se desenvolve), a temperatura ótima de desenvolvimento (ideal) e a temperatura<<strong>br</strong> />
máxima (acima da qual o desenvolvimento será prejudicado ou impossibilitado).<<strong>br</strong> />
Vamos resolver um exemplo em passos: uma cultura que possui exigência<<strong>br</strong> />
de 740,0 graus dia (gd) e uma temperatura base de 6,0 °C, vai ser semeada no dia<<strong>br</strong> />
15 de agosto. Qual será a data provável da colheita?<<strong>br</strong> />
É necessário conhecer primeiramente as temperaturas médias mensais, a<<strong>br</strong> />
partir do mês em questão:<<strong>br</strong> />
Mês Ago. Set. Out. Nov.<<strong>br</strong> />
Temperatura média mensal ( o C) 13,0 14,5 16,7 18,8<<strong>br</strong> />
(1° passo) Para cada mês, subtrair o valor da temperatura média da temperatura<<strong>br</strong> />
base.<<strong>br</strong> />
Ago = 13,0 – 6,0 = 7,0 °C<<strong>br</strong> />
Set = 14,5 – 6,0 = 8,5 °C<<strong>br</strong> />
Out = 16,7 – 6,0 = 10,7 °C<<strong>br</strong> />
Nov = 18,8 – 6,0 = 12,8 °C<<strong>br</strong> />
(2° passo) Multiplicar o número de dias do mês pelo valor encontrado na subtração<<strong>br</strong> />
acima, para determinar a quantidade de graus-dia (gd) no mês. Observação: como a<<strong>br</strong> />
semeadura será realizada no dia 15 de agosto, e o mesmo possui 31 dias, restam<<strong>br</strong> />
apenas 16 dias após a semeadura.<<strong>br</strong> />
Ago = 16 dias x 7,0 °C = 112,0 gd<<strong>br</strong> />
Set = 30 dias x 8,5 °C = 255,0 gd<<strong>br</strong> />
Out = 31 dias x 10,7 °C = 331,7 gd<<strong>br</strong> />
Nov = 30 dias x 12,8 °C = 384,0 gd<<strong>br</strong> />
30
(3° passo) Somam-se os valores de graus dia, a partir da semeadura, sendo que o<<strong>br</strong> />
valor não pode ultrapassar a exigência de graus dia da cultura.<<strong>br</strong> />
112,0 gd (Ago) + 255,0 gd (Set) + 331,7 gd (Out) + 384 gd (Nov)= 1082,7 gd<<strong>br</strong> />
1082,7 gd > 740,0 gd (não atende)<<strong>br</strong> />
112,0 gd (Ago)+255,0 gd (Set)+331,7 gd (Out) = 698,7 gd<<strong>br</strong> />
698,7 gd < 740,0 gd (OK!)<<strong>br</strong> />
Se fosse somado o mês de novem<strong>br</strong>o inteiro, o valor ultrapassaria os 740<<strong>br</strong> />
gd. Porém, o valor obtido até agora não atende a necessidade de graus-dia da<<strong>br</strong> />
cultura. Isto quer dizer que a colheita será realizada em algum dia de novem<strong>br</strong>o.<<strong>br</strong> />
(4° passo) Para saber a data da colheita, deve-se primeiro subtrair o valor requerido<<strong>br</strong> />
de gd (740,0) do valor obtido no somatório (698,7).<<strong>br</strong> />
740,0 gd – 698,7 gd = 41,3 gd<<strong>br</strong> />
Ou seja, ainda faltam mais 41,3 gd no mês de novem<strong>br</strong>o para a cultura<<strong>br</strong> />
estar pronta para a colheita. Divide-se então o número de graus dias restantes pelo<<strong>br</strong> />
valor da subtração do 1° passo para o mês de novem<strong>br</strong>o.<<strong>br</strong> />
41,3 gd = 3 dias<<strong>br</strong> />
12,8<<strong>br</strong> />
São necessários mais três dias de novem<strong>br</strong>o para se completar o número de<<strong>br</strong> />
graus dia requeridos pela cultura. Temos então a data de 04 de novem<strong>br</strong>o como a<<strong>br</strong> />
mais provável para a colheita.<<strong>br</strong> />
PROBLEMAS NO CONCEITO DE GRAUS-DIA<<strong>br</strong> />
Apesar de sua praticidade, este conceito apresenta alguns problemas:<<strong>br</strong> />
• Utiliza somente uma única temperatura base em todo ciclo da cultura (a<<strong>br</strong> />
temperatura base varia de acordo com o estágio de desenvolvimento);<<strong>br</strong> />
• Não considera o número de horas de insolação no dia e que o crescimento<<strong>br</strong> />
planta varia de acordo com a faixa de temperatura no qual a mesma está<<strong>br</strong> />
exposta.<<strong>br</strong> />
• Não leva em conta a disponibilidade de nutrientes no solo, o espaçamento<<strong>br</strong> />
entre plantas, a textura do solo, sua temperatura e a disponibilidade de água<<strong>br</strong> />
durante todo o ciclo da cultura.<<strong>br</strong> />
31
6. Umidade do Ar<<strong>br</strong> />
A água de qualquer origem quando se transforma em vapor, seja por<<strong>br</strong> />
evaporação, transpiração, etc., se espalha pela atmosfera gerando o que chamamos<<strong>br</strong> />
de umidade do ar. Dependendo da quantidade de vapor d’água existente na<<strong>br</strong> />
atmosfera, essa água irá se condensar, vindo a formar as nuvens (Figura 26).<<strong>br</strong> />
Figura 26. Condensação do vapor d’água (nuvens). (*)<<strong>br</strong> />
Para que ocorra a evaporação de uma quantidade qualquer de água é<<strong>br</strong> />
necessária uma fonte externa de calor (radiação). Durante o dia é que ocorre a<<strong>br</strong> />
maior disponibilidade de radiação e consequentemente a maior quantidade de água<<strong>br</strong> />
evaporada. À noite, porém, também ocorre a evaporação, como já foi explicado no<<strong>br</strong> />
capítulo anterior.<<strong>br</strong> />
A atmosfera por sua vez só consegue reter água (vapor) até um<<strong>br</strong> />
determinado limite, que irá variar de acordo com a temperatura e a pressão. É nesse<<strong>br</strong> />
momento que podemos afirmar que o ar está saturado. Quanto mais quente estiver<<strong>br</strong> />
o ar, maior será sua capacidade de reter vapor d’água.<<strong>br</strong> />
Em geral, a quantidade de vapor d’água existente na atmosfera é menor do<<strong>br</strong> />
que a quantidade necessária para se afirmar que o ar está saturado. Conhecendo-se<<strong>br</strong> />
a umidade do ar em um determinado momento (medida através de higrômetros, por<<strong>br</strong> />
exemplo) e a umidade de saturação, pode-se traçar uma relação percentual e se<<strong>br</strong> />
determinar a umidade relativa do ar.<<strong>br</strong> />
32
DETERMINAÇÃO DA UMIDADE DO AR<<strong>br</strong> />
A determinação da umidade relativa do ar é realizada por meio de<<strong>br</strong> />
aparelhos específicos que apenas a medem, como os higrômetros e os psicrômetros<<strong>br</strong> />
(Figura 27), ou aparelhos que medem e registram como os higrógrafos (Figura 28).<<strong>br</strong> />
Figura 27. Psicrômetro. (*)<<strong>br</strong> />
Figura 28. Higrógrafo. (*)<<strong>br</strong> />
33
Existem também aparelhos que medem e registram conjuntamente a<<strong>br</strong> />
umidade e a temperatura do ar que são chamados de termohigrógafos.<<strong>br</strong> />
Os higrômetros e os higrógrafos se utilizam de materiais que possuam a<<strong>br</strong> />
capacidade de absorver a umidade presente no ar. Feito isso, o comprimento destes<<strong>br</strong> />
materiais é alterado e o valor fica indicado em uma escala. Uma mecha de cabelo<<strong>br</strong> />
humano é normalmente utilizada nesse tipo de aparelho. É possível também se<<strong>br</strong> />
encontrar higrômetro que usam sais de lítio, que tem sua condutividade alterada de<<strong>br</strong> />
acordo com a quantidade de água presente na atmosfera. Um amperímetro indica<<strong>br</strong> />
os valores em uma escala.<<strong>br</strong> />
O psicrômetro é um aparelho composto por dois termômetros e mede a<<strong>br</strong> />
umidade relativa do ar através da velocidade de evaporação da água. Ambos os<<strong>br</strong> />
termômetros são expostos ao ar, dentro de um a<strong>br</strong>igo meteorológico. Em um deles<<strong>br</strong> />
o bulbo fica envolvido em uma gaze úmida, que com evaporação da água, tem um<<strong>br</strong> />
resfriamento maior do que o outro. Quanto menor for a umidade existente no ar,<<strong>br</strong> />
maior será o resfriamento da gaze. Determina-se em uma tabela o valor da umidade<<strong>br</strong> />
relativa, utilizando-se o resultado da diferença de leitura entre os dois termômetros.<<strong>br</strong> />
Um a<strong>br</strong>igo meteorológico pode conter, entre outros aparelhos, o<<strong>br</strong> />
psicrômetro e o higrógrafo (Figura 29).<<strong>br</strong> />
Figura 29. Aparelhos dentro do a<strong>br</strong>igo meteorológico. (*)<<strong>br</strong> />
34
VARIAÇÃO DA UMIDADE DO AR<<strong>br</strong> />
Durante o dia a umidade relativa do ar é menor que a registrada durante a<<strong>br</strong> />
noite, apesar de que, quanto maior a temperatura, maior é a capacidade do ar de<<strong>br</strong> />
reter vapor d’água. Isto é devido ao espalhamento do vapor na atmosfera ser maior<<strong>br</strong> />
com o calor.<<strong>br</strong> />
A diminuição da umidade relativa do ar, a partir do nascer do sol e se<<strong>br</strong> />
estendendo durante o decorrer do dia, é diretamente proporcional ao aumento da<<strong>br</strong> />
temperatura. Como esta última sofre um decréscimo a partir das 15 horas, a<<strong>br</strong> />
umidade relativa começa a aumentar a partir desta mesma hora.<<strong>br</strong> />
Durante a noite, com o resfriamento, a umidade vai aumentando até atingir<<strong>br</strong> />
um valor máximo, em torno de 99%. Por isso, logo de manhã, podemos presenciar<<strong>br</strong> />
algumas vezes a formação do nevoeiro ou do orvalho. A umidade do ar começa a<<strong>br</strong> />
decrescer com surgimento do Sol e com o aumento de temperatura (Figura 30).<<strong>br</strong> />
Figura 30. Variação da temperatura e da umidade do ar medidas no dia 04/04/2006<<strong>br</strong> />
no Município de Cassilândia-MS. (*)<<strong>br</strong> />
Os períodos do ano que possuem maiores índices de precipitação são os<<strong>br</strong> />
que apresentam maiores valores de umidade relativa do ar. São estes os meses de<<strong>br</strong> />
dezem<strong>br</strong>o a março, na maioria dos estados do Brasil. Também conforme a região, a<<strong>br</strong> />
umidade poderá ser maior ou menor. Nas regiões litorâneas e na Amazônia a<<strong>br</strong> />
umidade relativa do ar é alta (75-85%) e na região norte e nordeste a umidade<<strong>br</strong> />
relativa é baixa (menos de 45%).<<strong>br</strong> />
35
7. Ventos<<strong>br</strong> />
Quando o ar está em deslocamento horizontal so<strong>br</strong>e a superfície da Terra,<<strong>br</strong> />
podemos afirmar que o mesmo está submetido a valores diferentes de temperatura<<strong>br</strong> />
e de pressão de um ponto para outro, responsáveis por este movimento. Porém, o<<strong>br</strong> />
atrito com a superfície, aliado ao movimento de rotação do planeta causam<<strong>br</strong> />
interferência neste deslocamento modificando a direção e a velocidade. Este<<strong>br</strong> />
movimento do ar é denominado vento.<<strong>br</strong> />
A variação de temperatura de uma localidade gera uma mudança na<<strong>br</strong> />
pressão da mesma, fazendo com que o ar se desloque horizontalmente para um<<strong>br</strong> />
outro local aonde a pressão esteja contrária, para buscar o equilí<strong>br</strong>io, inciando e<<strong>br</strong> />
mantendo assim o vento.<<strong>br</strong> />
Quanto menor for a altura da massa de ar em deslocamento, maior será a<<strong>br</strong> />
influência do atrito com a superfície, que se dá sempre no sentido contrário da<<strong>br</strong> />
velocidade do vento. Próximo ao solo a velocidade do vento é igual a zero.<<strong>br</strong> />
MEDIÇÃO DO VENTO<<strong>br</strong> />
A medição do vento envolve a leitura e o registro dos seguintes<<strong>br</strong> />
parâmetros: direção, velocidade e força da rajada de vento. Diversos aparelhos são<<strong>br</strong> />
empregados para tal, sendo os mais comuns o anemógrafo (Figura 31), o<<strong>br</strong> />
anemômetro (Figura 32), o cata-vento e a biruta.<<strong>br</strong> />
Figura 31. Anemógrafo. (*)<<strong>br</strong> />
36
Figura 32. Anemógrafo. (*)<<strong>br</strong> />
O anemômetro é utilizado para se determinar a velocidade média do vento.<<strong>br</strong> />
Sua instalação deve ser realizada na parte sul da área da estação meteorológica, a<<strong>br</strong> />
uma altura de dois metros. O anemógrafo mede e registra as diferentes velocidades<<strong>br</strong> />
do vento durante o dia, devendo ser instalado no mesmo local do anemômetro, só<<strong>br</strong> />
que a uma altura de dez metros. O catavento é utilizado para se medir a direção e a<<strong>br</strong> />
força do vento; deve ser instalado também na parte sul da estação meteorológica, a<<strong>br</strong> />
uma altura de seis metros.<<strong>br</strong> />
De todos os aparelhos a biruta é o mais simples, e tem por função apenas<<strong>br</strong> />
indicar a direção e o sentido do vento.<<strong>br</strong> />
VARIAÇÃO DA VELOCIDADE DO VENTO<<strong>br</strong> />
Devido a velocidade do vento ser diretamente proporcional aos valores do<<strong>br</strong> />
balanço de radiação, a mesma é maior durante o dia. Com o início da noite a<<strong>br</strong> />
velocidade do vento começa a diminuir. Ao nascer do sol, aonde o balanço de<<strong>br</strong> />
radiação passa de negativo para positivo, ocorre um período de baixas velocidades<<strong>br</strong> />
do vento (Figura 33).<<strong>br</strong> />
37
Figura 33. Variação da velocidade do vento medida no dia 14/07/2006 no<<strong>br</strong> />
Município de Cassilândia-MS. (*)<<strong>br</strong> />
Em um local específico que esteja so<strong>br</strong>e a influência de uma massa de ar,<<strong>br</strong> />
podemos analisar a velocidade do vento de acordo com a distância deste local em<<strong>br</strong> />
relação ao centro dessa massa. A medida em que o centro da massa de ar se<<strong>br</strong> />
aproxima, a velocidade do vento diminui.<<strong>br</strong> />
Durante o ano a velocidade do vento também irá variar de acordo com a<<strong>br</strong> />
região do país e com a estação do ano. De maneira geral, no Brasil, os ventos mais<<strong>br</strong> />
fortes ocorrerm no início da primavera e os mais fracos no início do verão.<<strong>br</strong> />
Chamamos de direção predominante do vento a direção em que o mesmo<<strong>br</strong> />
ocorre com maior freqüência, sendo que o relevo da região influi diretamente nesta<<strong>br</strong> />
direção.<<strong>br</strong> />
38
8. Condensação da Água no Ar<<strong>br</strong> />
Quando o vapor de água (água em estado gasoso) que se encontra<<strong>br</strong> />
espalhado pela atmosfera passa para o estado líquido (formando as nuvens, os<<strong>br</strong> />
nevoeiros, o orvalho, a geada, etc.), pode-se dizer que o mesmo sofreu um processo<<strong>br</strong> />
de condensação. Uma massa de ar pode acumular uma determinada quantidade de<<strong>br</strong> />
vapor d’água, que quando ultrapassada da início a saturação, que irá formar a<<strong>br</strong> />
condensação.<<strong>br</strong> />
Os principais fatores responsáveis pela saturação de uma massa de ar são: a<<strong>br</strong> />
diminuição da temperatura do ar (quanto menor a temperatura do ar, menor a sua<<strong>br</strong> />
capacidade de reter vapor d’água), o aumento na quantidade de vapor d’água e/ou o<<strong>br</strong> />
encontro dessa massa com outra de temperatura contrária a sua, promovendo<<strong>br</strong> />
aumento na saturação.<<strong>br</strong> />
AS NUVENS<<strong>br</strong> />
Uma nuvem (Figura 34) é formada quando ocorre a condensação do vapor<<strong>br</strong> />
d’água devido a diminuição da temperatura da massa de ar. Um dos fatores<<strong>br</strong> />
responsáveis por esta diminuição é o aumento da altitude dessa massa. Isto ocorre<<strong>br</strong> />
porque o ar não é bom condutor de calor. O processo contrário também é possível,<<strong>br</strong> />
ou seja, a massa de ar perde altitude, aumenta de temperatura, consegue reter mais<<strong>br</strong> />
vapor e dissipa a nuvem.<<strong>br</strong> />
Figura 34. Nuvem. (*)<<strong>br</strong> />
39
Vários fatores são causadores da variação da altitude da massa de ar, sendo<<strong>br</strong> />
os principais o relevo da superfície terrestre, eventuais barreiras físicas (Figura 35),<<strong>br</strong> />
o vento e a convecção de calor.<<strong>br</strong> />
Figura 35. Formação e dissipação de nuvens. (*)<<strong>br</strong> />
As nuvens possuem coloração <strong>br</strong>anca, vindo a mudar para tons mais ou<<strong>br</strong> />
menos acinzentados dependendo de quanto estão carregadas de água. Podem existir<<strong>br</strong> />
desde a poucos metros da superfície até quase 20 quilômetros de altitude.<<strong>br</strong> />
OS NEVOEIROS<<strong>br</strong> />
Os nevoeiros são formados por inúmeras partículas microscópicas de água<<strong>br</strong> />
suspensas no ar próximo à superfície do solo. Diferentemente da neblina (Figura<<strong>br</strong> />
36), que possui partículas maiores de água, e que causa o molhamento de tudo que<<strong>br</strong> />
estiver no local de sua ocorrência, o nevoeiro não consegue molhar as coisas ao seu<<strong>br</strong> />
redor, mas apenas restringir a visibilidade a poucos metros.<<strong>br</strong> />
Devido ao pequeno tamanho das partículas (menores que 60 microns), os<<strong>br</strong> />
nevoeiros apenas contornam os objetos sem conseguir causar molhamento. A<<strong>br</strong> />
radiação solar é o principal mecanismo de dissipação dos nevoeiros, que após a<<strong>br</strong> />
evaporação das gotículas de água, formam as nuvens de baixa altitude.<<strong>br</strong> />
40
Figura 36. Neblina. (*)<<strong>br</strong> />
O ORVALHO<<strong>br</strong> />
Quando o vapor d’água presente no ar se condensa so<strong>br</strong>e uma superfície,<<strong>br</strong> />
devido principalmente a queda de temperatura que ocorre alguns segundos antes do<<strong>br</strong> />
nascer do Sol, é chamado de orvalho (Figura 37).<<strong>br</strong> />
As épocas do ano mais propícias à ocorrência do orvalho são o inverno e o<<strong>br</strong> />
outono. Pode-se mensurar a quantidade de orvalho formada e a duração do<<strong>br</strong> />
molhamento através de aparelhos específicos denominados orvalhômetros e<<strong>br</strong> />
orvalhógrafos, que possuem superfícies expostas aonde o orvalho se deposita e<<strong>br</strong> />
pode ser pesado e registrado.<<strong>br</strong> />
Figura 37. Orvalho. (Fonte: www.weatherzone.com.au)<<strong>br</strong> />
41
9. Geadas<<strong>br</strong> />
A geada (Figura 38) é um fenômeno localizado que se origina<<strong>br</strong> />
principalmente quando ocorre uma queda de temperatura do ar para um valor<<strong>br</strong> />
abaixo de zero grau. A umidade presente no ar então se condensa e se deposita<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>e uma superfície vegetal, do mesmo modo que o orvalho, vindo a se<<strong>br</strong> />
transformar em gelo.<<strong>br</strong> />
Figura 38. Ocorrência de geada <strong>br</strong>anca so<strong>br</strong>e galhos e folhas. (Fonte: http://ianbarton.com)<<strong>br</strong> />
Quando isto acontece, ocorre também congelamento do protoplasma das<<strong>br</strong> />
células da planta em que se depositou, destruindo o tecido vegetal e matando a<<strong>br</strong> />
mesma. Para cada espécie vegetal há uma temperatura em que o congelamento do<<strong>br</strong> />
protoplasma ocorrerá, sendo possível em alguns casos que o mesmo ocorra antes<<strong>br</strong> />
da temperatura chegar a zero grau. Outras espécies podem apresentar uma maior<<strong>br</strong> />
resistência ao congelamento, continuando vivas mesmo após o fenômeno ter<<strong>br</strong> />
ocorrido (Figura 39).<<strong>br</strong> />
42
Figura 39. Efeito de uma geada em <strong>br</strong>omélias (Fonte: Bromeliário Cairé, 2007).<<strong>br</strong> />
TIPOS DE GEADA<<strong>br</strong> />
As geadas podem ser classificadas em: geada <strong>br</strong>anca, geada negra e geada<<strong>br</strong> />
de vento e suas ocorrências irão depender da quantidade de umidade presente no ar,<<strong>br</strong> />
da temperatura e da presença de massas de ar em deslocamento.<<strong>br</strong> />
Na geada <strong>br</strong>anca, com a diminuição de temperatura e com a presença de<<strong>br</strong> />
certa quantidade de umidade no ar, a água que se condensa e se deposita so<strong>br</strong>e a<<strong>br</strong> />
superfície das plantas (formando o orvalho), vindo a congelar quando a<<strong>br</strong> />
temperatura atingir valores abaixo de zero grau. Pode-se dizer então que a geada<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>anca é o orvalho que se congelou. A superfície vegetal adquire uma coloração<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>anca, que são os cristais de gelo.<<strong>br</strong> />
No caso da geada negra, também ocorre à diminuição da temperatura,<<strong>br</strong> />
porém o ar possui baixíssimo teor de umidade, não havendo, portanto a<<strong>br</strong> />
condensação. Quando a temperatura atinge valores abaixo de zero, os tecidos<<strong>br</strong> />
vegetais são congelados mesmo sem a presença de gelo so<strong>br</strong>e a superfície,<<strong>br</strong> />
causando um efeito ainda mais devastador que a geada <strong>br</strong>anca. Ocorre o<<strong>br</strong> />
rompimento das mem<strong>br</strong>anas das células e a morte do vegetal.<<strong>br</strong> />
Vale ressaltar que a geada <strong>br</strong>anca e a geada negra ocorrem em geral com a<<strong>br</strong> />
presença de uma massa de ar de origem polar so<strong>br</strong>e a região, sem a presença de<<strong>br</strong> />
ventos e em noites sem nuvens.<<strong>br</strong> />
Também pode ocorrer um tipo de geada que, mesmo a temperatura do ar<<strong>br</strong> />
estando um pouco acima de zero grau, a umidade estiver baixa e houver a presença<<strong>br</strong> />
de vento, promove a desidratação dos tecidos vegetais, causando a sua morte. Este<<strong>br</strong> />
tipo de geada é denominada geada de vento e sua principal causa são as massas de<<strong>br</strong> />
ar polar em deslocamento.<<strong>br</strong> />
43
PREVISÃO DE GEADAS<<strong>br</strong> />
É possível com algumas observações e utilizando-se de alguns artifícios,<<strong>br</strong> />
prever com razoável segurança a ocorrência de uma geada <strong>br</strong>anca ou negra.<<strong>br</strong> />
No dia em que se deseja verificar a possibilidade ou não de ocorrer a<<strong>br</strong> />
geada, deve-se realizar inicialmente as seguintes verificações:<<strong>br</strong> />
• Determinar durante o dia a velocidade média do vento através de algum<<strong>br</strong> />
aparelho ou estação meteorológica. Velocidades menores que 1,0 m/s são<<strong>br</strong> />
valores indicativos;<<strong>br</strong> />
• Verificar também no decorrer do dia os valores de umidade relativa e se a<<strong>br</strong> />
temperatura do ar apresenta valores baixos.<<strong>br</strong> />
• Observar se há ausência de nuvens, o que é também um fator indicativo.<<strong>br</strong> />
Caso sejam observados valores baixos de velocidade do vento, temperatura<<strong>br</strong> />
baixa e céu limpo e sem nuvens, que são indicativos de uma possível geada, devese<<strong>br</strong> />
iniciar uma segunda etapa de medições, agora com a utilização dos termômetros<<strong>br</strong> />
de um psicrômetro.<<strong>br</strong> />
A partir do final do dia, inicia-se a leitura dos termômetros de bulbo seco e<<strong>br</strong> />
bulbo úmido a cada uma hora, colocando-se os valores encontrados no gráfico de<<strong>br</strong> />
Belfort de Matos (Figura 40) e avaliando os resultados obtidos. Este gráfico está<<strong>br</strong> />
dividido em três zonas: zona livre de geada, zona de geada provável e zona de<<strong>br</strong> />
geada certa.<<strong>br</strong> />
Figura 40. Gráfico de Belfort de Matos (Fonte: Tubelis e Nascimento, 1980).<<strong>br</strong> />
44
Cotando-se as leituras dos termômetros de bulbo seco e de bulbo úmido no<<strong>br</strong> />
gráfico, iremos encontrar um ponto dentro de uma das três zonas já descritas. Se o<<strong>br</strong> />
ponto encontrado estiver dentro da zona de geada provável deve-se repetir as<<strong>br</strong> />
leituras do psicrômetro por toda a noite e madrugada e acompanhar o seu<<strong>br</strong> />
desenvolvimento.<<strong>br</strong> />
MECANISMOS PARA COMBATER A GEADA<<strong>br</strong> />
Infelizmente nada pode ser feito de concreto para se tentar combater ou<<strong>br</strong> />
evitar a geada. Porém algumas medidas podem ser tomadas para tentar amenizar os<<strong>br</strong> />
seus danos:<<strong>br</strong> />
• Acionar o sistema de irrigação por aspersão durante a noite com geada<<strong>br</strong> />
prevista na área a ser atingida pode minimizar os efeitos da geada nas<<strong>br</strong> />
plantas, pois a água ao congelar libera calor para o ar, r<strong>edu</strong>zindo o<<strong>br</strong> />
resfriamento;<<strong>br</strong> />
• Aquecer o local com o uso de pequenas fogueiras, produzindo a fumaça,<<strong>br</strong> />
que leva calor para as áreas mais baixas da lavoura.<<strong>br</strong> />
MEDIÇÃO DA GEADA<<strong>br</strong> />
Pode-se quantificar a intensidade da geada determinando-se a temperatura<<strong>br</strong> />
mínima atingida (temperatura mínima de relva), com o uso de um termômetro<<strong>br</strong> />
especial instalado na superfície do solo, chamado de termômetro de relva (Figura<<strong>br</strong> />
41).<<strong>br</strong> />
Figura 41. Termômetro de relva (Fonte: Escola Superior Agrária de Coim<strong>br</strong>a,<<strong>br</strong> />
2007).<<strong>br</strong> />
45
10. Precipitação<<strong>br</strong> />
A precipitação, em todas as suas formas de ocorrência (chuva, granizo e<<strong>br</strong> />
neve), é o fenômeno meteorológico responsável pela recarga de água na Terra.<<strong>br</strong> />
Podem-se classificar as precipitações em frontais, orográficas e convectivas.<<strong>br</strong> />
• Precipitações frontais: são aquelas que ocorrem devido à entrada, em uma<<strong>br</strong> />
região, de massas de ar de origem polar.<<strong>br</strong> />
• Precipitações orográficas: ocorrem em locais em que o relevo apresente<<strong>br</strong> />
grandes variações de altitude.<<strong>br</strong> />
• Precipitações convectivas: ocorrem em geral nas épocas mais quentes do<<strong>br</strong> />
ano.<<strong>br</strong> />
FORMAÇÃO DAS CHUVAS<<strong>br</strong> />
Uma nuvem é composta de vapor d’água que se condensou e que se<<strong>br</strong> />
mantém suspenso na atmosfera, devido a pequena dimensão de suas gotículas.<<strong>br</strong> />
Essas gotículas, que possuem menos de 20 microns, ficam sujeitas a força de<<strong>br</strong> />
correntes ascendentes de ar, que as mantém nessa posição. Porém ficam também<<strong>br</strong> />
sujeitas a ação da gravidade.<<strong>br</strong> />
Se essas gotículas começarem aumentar de tamanho, a força da gravidade<<strong>br</strong> />
será maior que a das correntes ascendentes, as fazendo irem de encontro com a<<strong>br</strong> />
superfície terrestre, originando a chuva (Figura 41).<<strong>br</strong> />
Figura 41. Chuva. (*)<<strong>br</strong> />
46
Isto se deve primeiramente ao aumento do vapor d’água em uma nuvem.<<strong>br</strong> />
Com isso, as gotículas já existentes começam a aumentar de tamanho devido ao<<strong>br</strong> />
contato de suas superfícies externas com as novas gotículas, num processo<<strong>br</strong> />
chamado de difusão.<<strong>br</strong> />
Ao atingir um determinado tamanho essas gotículas começam a se chocar<<strong>br</strong> />
entre si, devido à turbulência do ar dentro da nuvem, dando início a queda das<<strong>br</strong> />
gotículas maiores e o conseqüente choque com outras, por conta da força da<<strong>br</strong> />
gravidade.<<strong>br</strong> />
MEDIÇÃO DA PRECIPITAÇÃO<<strong>br</strong> />
A medição da quantidade de água precipitada é realizada pelo<<strong>br</strong> />
pluviômetro e a medição e o registro pelo pluviógrafo (Figura 42).<<strong>br</strong> />
Figura 42. Pluviômetro (A) e pluviógrafo (B). (*)<<strong>br</strong> />
A leitura realizada por estes aparelhos corresponde à espessura da<<strong>br</strong> />
camada de água, em milímetros (mm) que incidiu so<strong>br</strong>e a superfície do solo,<<strong>br</strong> />
considerando o mesmo totalmente plano, e não havendo evaporação, infiltração e<<strong>br</strong> />
nem escoamento superficial (Figura 43).<<strong>br</strong> />
47
Figura 43. Representação da espessura da camada de água. (*)<<strong>br</strong> />
Denomina-se intensidade de precipitação a espessura da camada de água<<strong>br</strong> />
por unidade de tempo, em mm/h ou mm/min.<<strong>br</strong> />
VARIAÇÃO DA PRECIPITAÇÃO<<strong>br</strong> />
As diferentes massas de ar que atuam no Brasil fazem com que a variação e<<strong>br</strong> />
a distribuição da precipitação sejam diferentes dependendo da região. A região<<strong>br</strong> />
nordeste do país (sujeita a uma massas de ar quente e seca, oriunda da África) é a<<strong>br</strong> />
mais deficiente em chuvas, apresentando uma média anual menor que 1000 mm de<<strong>br</strong> />
água. Em contrapartida, na Amazônia (sujeita a massa de ar equatorial continental),<<strong>br</strong> />
encontramos as maiores médias anuais, ultrapassando em certas épocas os 3000<<strong>br</strong> />
mm anuais. Outras regiões (sujeitas a massas de ar polar) apresentam valores<<strong>br</strong> />
intermediários.<<strong>br</strong> />
Nos litorais do país apresentam altos valores anuais de precipitação, devido<<strong>br</strong> />
às massas de ar que após chegar nesta região, se deparam com as serras e geram as<<strong>br</strong> />
precipitações orográficas.<<strong>br</strong> />
48
11. Massas de Ar<<strong>br</strong> />
Uma massa de ar é um grande volume de ar que possui a mesma temperatura,<<strong>br</strong> />
pressão e umidade em toda sua extensão, tanto vertical como horizontalmente.<<strong>br</strong> />
Pode estar em repouso ou deslocando-se so<strong>br</strong>e a superfície da Terra, trazendo todas<<strong>br</strong> />
as características de sua região de origem.<<strong>br</strong> />
O ar está em constante movimento devido às diferenças de pressão<<strong>br</strong> />
atmosférica entre um local e outro. Com este movimento, o ar tenta igualar as<<strong>br</strong> />
pressões, transportando dos pontos de maior para os de menor valor. Ao passar por<<strong>br</strong> />
um determinado ponto, a massa de ar em movimento encontra a massa de ar local e<<strong>br</strong> />
interage com ela, alterando o estado do tempo neste lugar.<<strong>br</strong> />
O aparelho utilizado para se medir a pressão do ar é o barômetro, e para<<strong>br</strong> />
medir e registrar é o barógrafo (Figura 44).<<strong>br</strong> />
Figura 44. Barômetro (A) e barógrafo (B). (*)<<strong>br</strong> />
Como a temperatura do ar varia de um local para outro, devido às diferenças<<strong>br</strong> />
da incidência da radiação na superfície, são formadas áreas de alta e baixa pressão<<strong>br</strong> />
atmosférica, que fazem as massas de ar se deslocar. Elas vão de áreas com menores<<strong>br</strong> />
temperaturas, onde a pressão atmosférica é alta para áreas de maior temperatura,<<strong>br</strong> />
onde a pressão atmosférica é baixa.<<strong>br</strong> />
49
Na região ao redor do equador, aonde as latitudes são menores, o ar com<<strong>br</strong> />
temperatura mais alta eleva-se na atmosfera, gerando uma área de baixa pressão<<strong>br</strong> />
chamada de área ciclonal, e que é recebedora de massas de ar. Já nas áreas com<<strong>br</strong> />
latitudes menores (polares e subtropicais), o ar possuindo menores temperaturas<<strong>br</strong> />
desce na atmosfera e gera uma área de alta pressão denominada de área<<strong>br</strong> />
anticiclonal, que é dispersora de massas de ar.<<strong>br</strong> />
As massas de ar podem ser classificadas em: massa de ar equatorial, massa de<<strong>br</strong> />
ar polar, massa de ar tropical, massa de ar ártica e massa de ar antártica.<<strong>br</strong> />
NOMENCLATURA DAS MASSAS DE AR<<strong>br</strong> />
A seguinte nomenclatura é utilizada para descrever uma massa de ar:<<strong>br</strong> />
O quadro abaixo apresenta as siglas utilizadas para classificação das<<strong>br</strong> />
massas de ar:<<strong>br</strong> />
Quadro 1. Siglas utilizadas para classificação das massas de ar.<<strong>br</strong> />
Massa de ar sigla Local de formação sigla Temperatura sigla<<strong>br</strong> />
equatorial E<<strong>br</strong> />
polar P Continental c Quente k<<strong>br</strong> />
tropical T<<strong>br</strong> />
ártica A Marítima m Fria m<<strong>br</strong> />
antártica A<<strong>br</strong> />
Em relação à temperatura da massa de ar em movimento, devemos<<strong>br</strong> />
considerar também qual a temperatura da massa de ar que está no local, e verificar<<strong>br</strong> />
se ela está mais quente ou mais fria.<<strong>br</strong> />
Por exemplo, para uma massa de ar tropical continental quente, devemos<<strong>br</strong> />
utilizar a seguinte nomenclatura:<<strong>br</strong> />
50
ENCONTRO DE MASSAS DE AR<<strong>br</strong> />
Quando duas massas de ar se encontram, não ocorre a mistura entre elas,<<strong>br</strong> />
mas sim o deslocamento de uma devido a intensidade da outra, deixando o tempo<<strong>br</strong> />
no local sujeito as características desta. Este ponto de contato entre as massas de ar<<strong>br</strong> />
é chamado de frente, que pode ser fria ou quente.<<strong>br</strong> />
A frente fria ocorre quando a massa de ar que está avançando é fria e<<strong>br</strong> />
empurra o ar quente. Pelo fato de ser mais densa que a massa de ar quente, esta<<strong>br</strong> />
última é forçada a elevar-se na atmosfera, gerando as nuvens. A temperatura local<<strong>br</strong> />
diminui podendo provocar chuvas e trovoadas (Figura 45).<<strong>br</strong> />
Figura 45. Frente fria. (*)<<strong>br</strong> />
A frente quente: ocorre quando a massa de ar que está avançando é quente<<strong>br</strong> />
e empurra o ar frio. Neste caso o ar frio não irá subir na atmosfera, mas sim fazer<<strong>br</strong> />
uma espécie de “rampa” para o ar quente, fazendo-o subir. A temperatura local<<strong>br</strong> />
aumenta, juntamente com a quantidade de nuvens. (Figura 46)<<strong>br</strong> />
51
Figura 46. Frente quente. (*)<<strong>br</strong> />
MASSAS DE AR QUE ATUAM NO BRASIL<<strong>br</strong> />
O Brasil está sujeito as seguintes massas de ar em seu território: Equatorial,<<strong>br</strong> />
Equatorial Continental, Tropical Atlântica, Tropical Continental e Polar Atlântica.<<strong>br</strong> />
• Massa Equatorial: atua na parte litorânea do Nordeste e da Amazônia em<<strong>br</strong> />
parte do ano e tem por característica ser quente e úmida.<<strong>br</strong> />
• Massa Equatorial Continental: atua na parte noroeste da Amazônia quase o<<strong>br</strong> />
ano todo e tem por característica ser quente e úmida.<<strong>br</strong> />
• Massa Tropical Atlântica: atua na parte litorânea do Brasil e tem por<<strong>br</strong> />
característica ser quente e úmida.<<strong>br</strong> />
• Massa Tropical Continental: atua em pequena parte do Brasil e tem por<<strong>br</strong> />
característica ser quente e seca.<<strong>br</strong> />
• Massa Polar Atlântica: entra no Brasil sob a forma de frente fria no inverno<<strong>br</strong> />
provocando chuvas e queda de temperatura e tem por característica ser fria<<strong>br</strong> />
e úmida.<<strong>br</strong> />
52
12. Evaporação<<strong>br</strong> />
No processo de evaporação da água de uma superfície, seja do solo, do<<strong>br</strong> />
mar, de lagos ou de qualquer outro curso d’água, a mesma sai lentamente do estado<<strong>br</strong> />
líquido e se transforma em vapor d’água, sem que a temperatura tenha atingido o<<strong>br</strong> />
ponto de ebulição (no caso da água, 100 °C). Como já foi visto anteriormente, este<<strong>br</strong> />
vapor vai ascender na atmosfera e dependendo da temperatura poderá se condensar<<strong>br</strong> />
e formar as nuvens, e posteriormente voltar à superfície na forma de uma<<strong>br</strong> />
precipitação.<<strong>br</strong> />
O principal fator responsável pela evaporação da água de uma superfície é<<strong>br</strong> />
a radiação solar, seguido da temperatura, do vento e da quantidade de vapor d’água<<strong>br</strong> />
presente na atmosfera. Segundo Tubelis e Nascimento (1980), para se evaporar 1<<strong>br</strong> />
grama de água da superfície são necessários em média 590 calorias, que durante o<<strong>br</strong> />
dia provém do balanço positivo de radiação e durante a noite dos fluxos de calor do<<strong>br</strong> />
solo e do ar.<<strong>br</strong> />
O vento tem grande influência na evaporação, pois substitui o ar úmido que<<strong>br</strong> />
se encontra so<strong>br</strong>e uma superfície líquida por ar mais seco, que irá buscar o<<strong>br</strong> />
equilí<strong>br</strong>io com a mesma, intensificando assim a transformação do líquido em vapor<<strong>br</strong> />
d’água. Até certo ponto, que irá depender de cada caso, quanto maior for a<<strong>br</strong> />
velocidade do vento maior será a taxa de evaporação.<<strong>br</strong> />
MECANISMOS DE MEDIÇÃO DA EVAPORAÇÃO<<strong>br</strong> />
Existem diversos equipamentos utilizados para medir a evaporação, sendo<<strong>br</strong> />
os mais comuns os atmômetros (Figura 47) e os tanques evaporímetros (Figura 48).<<strong>br</strong> />
No atmômetro de Pichê, um papel filtro de pouco mais de 3,2 cm de<<strong>br</strong> />
diâmetro é colocado sob uma coluna d’água e preso por uma mola, tornando-se<<strong>br</strong> />
úmido. A passagem de água através do papel só ocorre a medida que a mesma é<<strong>br</strong> />
evaporada de sua superfície para a atmosfera. Já o tanque evaporímetro “Classe A”<<strong>br</strong> />
apresenta uma superfície livre de água, que evapora diretamente para atmosfera.<<strong>br</strong> />
53
Figura 47. Atmômetro de Pichê. (*)<<strong>br</strong> />
Figura 48. Tanque evaporímetro “Classe A”. (*)<<strong>br</strong> />
Como o atmômetro é instalado dentro do a<strong>br</strong>igo meteorológico (vide<<strong>br</strong> />
Figura 27), ao contrário do tanque “Classe A”, ele não fica so<strong>br</strong>e a influência da<<strong>br</strong> />
radiação solar direta e difusa e nem da ação dos ventos, medindo os milímetros de<<strong>br</strong> />
54
água evaporada a som<strong>br</strong>a. Além disso, o tanque evaporímetro sofre também<<strong>br</strong> />
influência da cobertura do solo no qual está instalado e da faixa de bordadura. Uma<<strong>br</strong> />
tabela é utilizada para ajustar as leituras para cada situação.<<strong>br</strong> />
TANQUE EVAPORÍMETRO “CLASSE A”<<strong>br</strong> />
Esse tanque é feito de metal (chapa galvanizada n° 22), deve ser cheio de<<strong>br</strong> />
água limpa até 5,0 centímetros da borda superior, possui a forma circular, com<<strong>br</strong> />
diâmetro de 121 centímetros e com altura de 25,4 centímetros. É instalado so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />
um estrado de madeira pintado de <strong>br</strong>anco, de mesma altura do tanque.<<strong>br</strong> />
Somente é permitida uma variação máxima de 25 milímetros de água<<strong>br</strong> />
evaporada, sendo necessário neste momento completar o tanque com água até valor<<strong>br</strong> />
inicial. As leituras dos milímetros de água evaporada são realizadas por meio de<<strong>br</strong> />
micrômetro de gancho colocado dentro de um poço tranqüilizador. Um termômetro<<strong>br</strong> />
flutuante é colocado também para fornecer a temperatura na água (Figura 49).<<strong>br</strong> />
Figura 49. Micrômetro de gancho e termômetro. (*)<<strong>br</strong> />
A medição da evaporação é realizada diariamente, sempre no mesmo horário.<<strong>br</strong> />
O poço tranqüilizador tem a função de impedir que a água oscile devido ao vento<<strong>br</strong> />
no momento da leitura, comprometendo-a. A limpeza do tanque deve ser realizada<<strong>br</strong> />
periodicamente e a área onde ele fica instalado deve ser cercada, para evitar que<<strong>br</strong> />
animais bebam a água, gerando informações errôneas.<<strong>br</strong> />
55
13. Evapotranspiração<<strong>br</strong> />
A evapotranspiração é um processo de fundamental importância para as<<strong>br</strong> />
operações de manejo de sistemas de irrigação, devendo ser determinada com<<strong>br</strong> />
bastante critério para evitar erros na reposição de água para as culturas. Assim<<strong>br</strong> />
como a transpiração das plantas, a evapotranspiração varia de acordo com o<<strong>br</strong> />
desenvolvimento da cultura, que em geral apresenta seu valor máximo no início da<<strong>br</strong> />
floração.<<strong>br</strong> />
TRANSPIRAÇÃO DAS PLANTAS<<strong>br</strong> />
Para poder retirar os nutrientes do solo, a planta necessita absorver também<<strong>br</strong> />
grandes quantidades de água. Parte desta água (menos de 2 %) tem o objetivo de<<strong>br</strong> />
atender as necessidades fisiológicas da planta (constituição de órgãos, transporte de<<strong>br</strong> />
gases e solutos, compor a fotossíntese, a hidrólise dos açucares, etc.) e o restante é<<strong>br</strong> />
transpirada.<<strong>br</strong> />
A transpiração é importante na planta, pois mantém a sua turgidez,<<strong>br</strong> />
promove a refrigeração da folha e leva os nutrientes para o ápice da mesma. Este<<strong>br</strong> />
processo ocorre da seguinte maneira: a água evapora para os espaços intercelulares<<strong>br</strong> />
das plantas; destes espaços então ocorre a difusão da mesma sob a forma de vapor<<strong>br</strong> />
para a atmosfera. O estômato é o órgão responsável por mais de 80% da<<strong>br</strong> />
transpiração nas plantas.<<strong>br</strong> />
EVAPOTRANSPIRAÇÃO POTENCIAL E REAL<<strong>br</strong> />
Quando uma cultura se encontra em pleno desenvolvimento vegetativo, em<<strong>br</strong> />
perfeita harmonia com a temperatura, umidade, insolação e demais componentes<<strong>br</strong> />
atmosféricos locais, com a superfície do solo totalmente coberta e estando este em<<strong>br</strong> />
condições ideais de umidade para a cultura, a água perdida pelo conjunto<<strong>br</strong> />
evaporação e transpiração é denominada de evapotranspiração potencial.<<strong>br</strong> />
Na prática esta é uma situação que raramente ocorre, pois, alguns dos<<strong>br</strong> />
fatores acima descritos, podem não estar em condições favoráveis à cultura, além<<strong>br</strong> />
do que a mesma pode não se encontrar em pleno desenvolvimento vegetativo.<<strong>br</strong> />
Nesse caso a evapotranspiração é denominada de evapotranspiração real.<<strong>br</strong> />
56
Ocorrendo a evapotranspiração potencial, a reposição de água pela<<strong>br</strong> />
irrigação deve atender a máxima perda de água da cultura, caso contrário à<<strong>br</strong> />
reposição deve atender apenas a quantidade perdida no processo.<<strong>br</strong> />
DETERMINAÇÃO DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO<<strong>br</strong> />
A evapotranspiração pode ser determinada através de medidas diretas e<<strong>br</strong> />
medidas indiretas. Para se realizar as medidas diretas podemos utilizar, entre outros<<strong>br</strong> />
métodos, os lisímetros e o balanço hídrico de campo. As medidas indiretas são<<strong>br</strong> />
realizadas através de equações, por gravimetria e pelos evaporímetros.<<strong>br</strong> />
LISÍMETRO<<strong>br</strong> />
O lisímetro é um tanque enterrado no solo, cheio do mesmo, vegetado, e que<<strong>br</strong> />
utiliza um sistema de pesagem (com balança) ou um sistema de drenagem (com<<strong>br</strong> />
poço coletor) para determinar a evapotranspiração.<<strong>br</strong> />
Nos lisímetros de pesagem (Figura 50), os tanques cheios de solo são<<strong>br</strong> />
instalados so<strong>br</strong>e balanças. Estando o solo dentro do tanque em capacidade de<<strong>br</strong> />
campo, pode-se determinar a evapotranspiração pela perda de peso do tanque, que<<strong>br</strong> />
podia ser medida na balança mecânica em um câmara subterrânea especial<<strong>br</strong> />
localizada ao lado do lisímetro, em intervalos pré-definidos. Atualmente balanças<<strong>br</strong> />
digitais facilitam este trabalho, podendo ser acopladas diretamente em<<strong>br</strong> />
computadores ou data loggers.<<strong>br</strong> />
Figura 50. Lisímetro de pesagem. (*)<<strong>br</strong> />
57
Utiliza-se a seguinte expressão para se determinar a evapotranspiração:<<strong>br</strong> />
Evapotranspiração (mm) = variação do peso do tanque (kg)<<strong>br</strong> />
Área do tanque (m²)<<strong>br</strong> />
Este tipo de equipamento apresenta um elevado custo de instalação, e<<strong>br</strong> />
demanda de muitos cuidados na operação, sendo utilizado na maioria das vezes por<<strong>br</strong> />
universidades e institutos de pesquisa.<<strong>br</strong> />
No lisímetro de drenagem (Figura 51), a quantidade de água que ultrapassa o<<strong>br</strong> />
valor da capacidade de campo é drenada no fundo do tanque e conduzida para um<<strong>br</strong> />
poço coletor, aonde é medida em um recipiente graduado. Devem ser instalados em<<strong>br</strong> />
conjuntos de pelo menos três aparelhos. Necessitam de um sistema de irrigação que<<strong>br</strong> />
deve ser acionado em intervalos de quatro a cinco dias, e que a vegetação externa,<<strong>br</strong> />
seu espaçamento e sua densidade populacional sejam a mesma da que está<<strong>br</strong> />
instalada dentro do tanque. A borda superior do tanque deve permanecer cinco<<strong>br</strong> />
centímetros para fora do solo.<<strong>br</strong> />
Figura 51. Lisímetro de drenagem. (*)<<strong>br</strong> />
A equação utilizada para determinar a evapotranspiração nesse tipo de<<strong>br</strong> />
tanque é:<<strong>br</strong> />
ET = P + (I – D)<<strong>br</strong> />
A<<strong>br</strong> />
58
Onde,<<strong>br</strong> />
ET = evapotranspiração máxima (mm);<<strong>br</strong> />
P = quantidade de água precipitada (mm);<<strong>br</strong> />
D = quantidade de água drenada e coletada no tanque (litros);<<strong>br</strong> />
A = área do tanque (m²).<<strong>br</strong> />
A grama Batatais (Paspalum notatum Flugge) é utilizada com mais<<strong>br</strong> />
freqüência em lisímetros no Brasil por apresentar um evapotranspiração bastante<<strong>br</strong> />
uniforme durante todo o ano.<<strong>br</strong> />
BALANÇO HÍDRICO DE CAMPO<<strong>br</strong> />
Este método de determinação da evapotranspiração se baseia no princípio da<<strong>br</strong> />
conservação de massa. Nele é realizada a contabilidade da quantidade de água que<<strong>br</strong> />
entra e que sai do solo, que é um reservatório de água para as culturas. Para aplicálo<<strong>br</strong> />
de maneira simplificada deve-se utilizar a seguinte expressão:<<strong>br</strong> />
Evapotranspiração (mm) = Irrigação (mm) + Precipitação (mm) ± Variação no<<strong>br</strong> />
armazenamento de água do solo (cm 3 /cm 3 )<<strong>br</strong> />
EVAPOTRANSPIRAÇÃO DETERMINADA POR MEIO DE EQUAÇÕES<<strong>br</strong> />
Uma grande quantidade de fórmulas é utilizada para se determinar a<<strong>br</strong> />
evapotranspiração, porém apenas poucas delas possuem a praticidade necessária<<strong>br</strong> />
para o uso em situações comuns do dia a dia, por necessitarem de informações<<strong>br</strong> />
disponíveis apenas com o uso de aparelhos caros e sofisticados.<<strong>br</strong> />
Por outro lado, as equações mais simples não possuem a confiabilidade e a<<strong>br</strong> />
precisão das anteriores, servindo em muitos casos apenas de parâmetro em<<strong>br</strong> />
situações onde não se dispõem de informações mais detalhadas.<<strong>br</strong> />
Algumas dessas equações, descritas por Tubelis e Nascimento (1980) são<<strong>br</strong> />
apresentadas abaixo:<<strong>br</strong> />
• Equação de Thornthwaite<<strong>br</strong> />
ETp = 16 . D . (10.T / I) a<<strong>br</strong> />
Onde,<<strong>br</strong> />
ETp = evapotranspiração potencial (mm/mês);<<strong>br</strong> />
D = fator de ajuste que leva em consideração o dia do mês e a duração do <strong>br</strong>ilho<<strong>br</strong> />
solar;<<strong>br</strong> />
59
T = temperatura média mensal do ar (°C);<<strong>br</strong> />
I = índice de calor anual.<<strong>br</strong> />
12<<strong>br</strong> />
I = Σ i i = (T / 5) 1,514<<strong>br</strong> />
1<<strong>br</strong> />
a = 0,675 . 10 -6 . I 3 - 0,771 . 10 -4 . I 2 + 1,792 . 10 -2 . I + 0,49239<<strong>br</strong> />
• Equação de Hargreaves<<strong>br</strong> />
ETp = MF (1,8.T + 32). CH<<strong>br</strong> />
Onde,<<strong>br</strong> />
ETp = evapotranspiração potencial (mm/mês);<<strong>br</strong> />
MF = valor tabelado que depende da latitude;<<strong>br</strong> />
T = temperatura média mensal do ar (°C);<<strong>br</strong> />
UR = umidade relativa média mensal (%).<<strong>br</strong> />
CH= 0,158 (100 – UR) 0,5 (se CH > 1,0, adota-se: CH=1,0)<<strong>br</strong> />
• Equação de Garcia-Lopez<<strong>br</strong> />
Etp = 1,21.10 x . (1 - 0,01.UR) + 0,21.T – 2,30<<strong>br</strong> />
Onde,<<strong>br</strong> />
ETp = evapotranspiração potencial (mm/dia);<<strong>br</strong> />
T = temperatura média mensal do ar (°C);<<strong>br</strong> />
UR = umidade relativa média mensal (%).<<strong>br</strong> />
X = (7,45 . T) / (234,7 + T)<<strong>br</strong> />
• Equação de Jensen-Haise<<strong>br</strong> />
ETp = (0,078 + 0,0252 . T) RS<<strong>br</strong> />
Onde,<<strong>br</strong> />
ETp = evapotranspiração potencial (mm/dia);<<strong>br</strong> />
T = temperatura média mensal do ar (°C);<<strong>br</strong> />
RS = radiação solar global (mm/dia).<<strong>br</strong> />
60
14. Balanço Hídrico do Solo<<strong>br</strong> />
O balanço hídrico do solo é um método de cálculo utilizado para determinar<<strong>br</strong> />
qual foi o armazenamento de água em um solo em um ano específico,<<strong>br</strong> />
contabilizando todas as entradas de água, por precipitação ou irrigação, e todas as<<strong>br</strong> />
saídas de água por evapotranspiração. Com isso podemos conhecer qual foi a<<strong>br</strong> />
disponibilidade de água em um solo, de acordo com o seu tipo e a cultura nele<<strong>br</strong> />
cultivada.<<strong>br</strong> />
Cada tipo de solo possui sua capacidade de armazenamento (capacidade de<<strong>br</strong> />
campo) que, quando atingida, faz com que a água que estiver em excesso seja<<strong>br</strong> />
percolada ou ocorra o escoamento superficial da mesma. A máxima capacidade de<<strong>br</strong> />
retenção de água de um solo, de acordo com a vegetação (em pleno<<strong>br</strong> />
desenvolvimento) nele cultivada é um valor tabelado que deve ser definido no<<strong>br</strong> />
início do cálculo do balanço hídrico.<<strong>br</strong> />
A metodologia utilizada para o cálculo do balanço hídrico foi desenvolvida<<strong>br</strong> />
por Thornthwaite e Matter em 1955 e utiliza as informações de precipitação total<<strong>br</strong> />
mensal (mm), evapotranspiração potencial total mensal (mm) e temperatura média<<strong>br</strong> />
mensal (°C) de uma região. Para se compreender como é realizado o cálculo do<<strong>br</strong> />
balanço hídrico, será desenvolvido um exemplo passo a passo. O Quadro 2<<strong>br</strong> />
apresenta os dados de temperatura, evapotranspiração e precipitação mensais de<<strong>br</strong> />
um município.<<strong>br</strong> />
Quadro 2. Dados de temperatura (T), evapotranspiração (EP) e precipitação (P).<<strong>br</strong> />
Mês T EP P<<strong>br</strong> />
°C ----- mm ----<<strong>br</strong> />
JAN 21,7 101 272<<strong>br</strong> />
FEV 22,1 93 192<<strong>br</strong> />
MAR 20,9 87 174<<strong>br</strong> />
ABR 19,8 78 73<<strong>br</strong> />
MAI 17,5 54 41<<strong>br</strong> />
JUN 16,3 45 28<<strong>br</strong> />
JUL 15,8 44 23<<strong>br</strong> />
AGO 17,7 58 25<<strong>br</strong> />
SET 19,0 68 72<<strong>br</strong> />
OUT 20,4 86 126<<strong>br</strong> />
NOV 20,9 91 213<<strong>br</strong> />
DEZ 21,1 98 296<<strong>br</strong> />
61
O Quadro 3 apresenta o modelo da planilha que deve ser utilizada no<<strong>br</strong> />
cálculo do balanço hídrico.<<strong>br</strong> />
Quadro 3. Planilha de cálculo do balanço hídrico.<<strong>br</strong> />
Mês T EP P P-EP N ARM ALT ER DEF EXC<<strong>br</strong> />
°C --- mm --- ----- mm ----<<strong>br</strong> />
JAN<<strong>br</strong> />
FEV<<strong>br</strong> />
MAR<<strong>br</strong> />
ABR<<strong>br</strong> />
MAI<<strong>br</strong> />
JUN<<strong>br</strong> />
JUL<<strong>br</strong> />
AGO<<strong>br</strong> />
SET<<strong>br</strong> />
OUT<<strong>br</strong> />
NOV<<strong>br</strong> />
DEZ<<strong>br</strong> />
Total<<strong>br</strong> />
(1° passo) Colocar os dados de temperatura (T), evapotranspiração (EP) e<<strong>br</strong> />
precipitação (P) na planilha e calcular a coluna P-EP (Quadro 4).<<strong>br</strong> />
Quadro 4. Cálculo da coluna P-EP.<<strong>br</strong> />
Mês T EP P P-EP N ARM ALT ER DEF EXC<<strong>br</strong> />
°C --- mm --- ----- mm ----<<strong>br</strong> />
JAN 21,7 101 272 171<<strong>br</strong> />
FEV 22,1 93 192 99<<strong>br</strong> />
MAR 20,9 87 174 87<<strong>br</strong> />
ABR 19,8 78 73 -5<<strong>br</strong> />
MAI 17,5 54 41 -13<<strong>br</strong> />
JUN 16,3 45 28 -17<<strong>br</strong> />
JUL 15,8 44 23 -21<<strong>br</strong> />
AGO 17,7 58 25 -33<<strong>br</strong> />
SET 19,0 68 72 4<<strong>br</strong> />
OUT 20,4 86 126 40<<strong>br</strong> />
NOV 20,9 91 213 122<<strong>br</strong> />
DEZ 21,1 98 296 198<<strong>br</strong> />
Total 903 1535 632<<strong>br</strong> />
62
A coluna P–EP corresponde ao valor da precipitação média subtraída o da<<strong>br</strong> />
evapotranspiração média, ambos do mês em questão. Exemplo:<<strong>br</strong> />
Mês T EP P P-EP Cálculo:<<strong>br</strong> />
MAR 20,9 87 174 87 P - EP = 174 - 87 = 87<<strong>br</strong> />
ABR 19,8 78 73 -5 P - EP = 73 - 78 = -5<<strong>br</strong> />
(2° passo) Calcular a negativa acumulada (N) e o armazenamento (ARM) (Quadro<<strong>br</strong> />
5).<<strong>br</strong> />
Quadro 5. Cálculo das colunas N e ARM.<<strong>br</strong> />
Mês T EP P P-EP N ARM ALT ER DEF EXC<<strong>br</strong> />
°C --- mm --- ----- mm ----<<strong>br</strong> />
JAN 21,7 101 272 171 0 100<<strong>br</strong> />
FEV 22,1 93 192 99 0 100<<strong>br</strong> />
MAR 20,9 87 174 87 0 100<<strong>br</strong> />
ABR 19,8 78 73 -5 -5 95<<strong>br</strong> />
MAI 17,5 54 41 -13 -18 83<<strong>br</strong> />
JUN 16,3 45 28 -17 -35 70<<strong>br</strong> />
JUL 15,8 44 23 -21 -56 56<<strong>br</strong> />
AGO 17,7 58 25 -33 -89 40<<strong>br</strong> />
SET 19,0 68 72 4 -81 44<<strong>br</strong> />
OUT 20,4 86 126 40 -17 84<<strong>br</strong> />
NOV 20,9 91 213 122 0 100<<strong>br</strong> />
DEZ 21,1 98 296 198 0 100<<strong>br</strong> />
Total 903 1535 632<<strong>br</strong> />
Primeiramente deve-se determinar qual é a capacidade máxima de retenção<<strong>br</strong> />
de água no perfil do solo. Para o nosso caso vamos considerar que o<<strong>br</strong> />
armazenamento de água disponível é de 100 mm.<<strong>br</strong> />
A negativa acumulada deve ser calculada em conjunto com a determinação<<strong>br</strong> />
do valor do armazenamento (ARM), que é tabelado (Tabela 5). Sempre que o valor<<strong>br</strong> />
encontrado na coluna P-EP for positivo, o valor da coluna N (negativa acumulada)<<strong>br</strong> />
do mês em questão será igual à zero. Consequentemente entra-se na Tabela 5 e se<<strong>br</strong> />
determina o valor da coluna ARM (armazenamento), que para N=0, sempre será<<strong>br</strong> />
igual a 100. Exemplo:<<strong>br</strong> />
Mês P-EP N ARM Cálculo:<<strong>br</strong> />
JAN 171 0 100 P-EP = (+) → N= 0 → ARM = 100 (Tabela 5)<<strong>br</strong> />
FEV 99 0 100 P-EP = (+) → N= 0 → ARM = 100 (Tabela 5)<<strong>br</strong> />
Em alguns balanços isto pode não ocorrer, mas, no primeiro mês em que o<<strong>br</strong> />
valor de precipitação for menor do que o da evapotranspiração potencial e<<strong>br</strong> />
63
consequentemente o valor da coluna P-EP der negativo, após terem ocorrido<<strong>br</strong> />
valores positivos, o valor de N será igual ao de P-EP.<<strong>br</strong> />
No mês seguinte, o valor de N será igual ao valor de P-EP somado ao valor<<strong>br</strong> />
de N do mês anterior. Conseqüente entra-se na Tabela 7 e se determina o valor de<<strong>br</strong> />
ARM correspondente. Isto deve ser repetido para os próximos meses se o valor de<<strong>br</strong> />
P-EP for negativo. Exemplo:<<strong>br</strong> />
Mês P-EP N ARM Cálculo:<<strong>br</strong> />
MAR 87 0 100 P-EP = (+) → N= 0 → ARM = 100 (Tabela 5)<<strong>br</strong> />
ABR -5 -5 95 P-EP = (-) → N= P-EP = -5 → ARM = 95 (Tabela 5)<<strong>br</strong> />
MAI -13 -18 83 P-EP = (-) → N (atual) = P-EP (atual) + N (anterior)<<strong>br</strong> />
N (atual) = -13 + (-5) = -18 → ARM = 83 (Tabela 5)<<strong>br</strong> />
JUN -17 -35 70 P-EP = (-) → N (atual) = P-EP (atual) + N (anterior)<<strong>br</strong> />
N (atual) = -17 + (-18) = -35 → ARM = 70 (Tabela 5)<<strong>br</strong> />
Se os valores de P-EP voltarem a se tornar positivos, deve-se fazer uma<<strong>br</strong> />
mudança na maneira de fazer o cálculo da coluna N e ARM. Determina-se<<strong>br</strong> />
primeiramente o valor da coluna ARM, somando o valor positivo de P-EP do mês<<strong>br</strong> />
em questão com o valor do ARM do mês anterior. Entra-se na Tabela 5 com o<<strong>br</strong> />
valor do ARM para encontrar N. Quando encontrar mais de um valor de ARM,<<strong>br</strong> />
utiliza-se o mais negativo.<<strong>br</strong> />
Se a soma do valor positivo de P-EP do mês em questão com o valor do<<strong>br</strong> />
ARM do mês anterior for maior ou igual a 100, adota-se este valor para ARM e<<strong>br</strong> />
zero para N. Exemplo:<<strong>br</strong> />
Mês P-EP N ARM Cálculo:<<strong>br</strong> />
AGO -33 -89 40<<strong>br</strong> />
SET 4 -81 44 P-EP = (+) → ARM (atual) = P-EP (atual) + ARM (anterior)<<strong>br</strong> />
ARM (atual) = 4 + 40 = 44 → N = -81 (Tabela 5)<<strong>br</strong> />
OUT 40 -17 84 P-EP = (+) → ARM (atual) = P-EP (atual) + ARM (anterior)<<strong>br</strong> />
ARM (atual) = 40 + 44 = 84 → N = -17 (Tabela 5)<<strong>br</strong> />
NOV 122 0 100 P-EP = (+) → ARM (atual) = P-EP (atual) + ARM (anterior)<<strong>br</strong> />
ARM (atual) = 122 + 84 >100 (adota-se ARM=100) → N = 0<<strong>br</strong> />
DEZ 198 0 100 P-EP = (+) → ARM (atual) = P-EP (atual) + ARM (anterior)<<strong>br</strong> />
ARM (atual) = 198 + 100 >100 (adota-se ARM=100) → N = 0<<strong>br</strong> />
(3° passo) Calcular a alteração (ALT) e a evapotranspiração real (ER) (Quadro 6).<<strong>br</strong> />
A coluna ALT corresponde à diferença do mês em questão e o mês<<strong>br</strong> />
anterior dos valores de armazenamento. Considera-se que o mês anterior ao mês de<<strong>br</strong> />
janeiro, na coluna ARM, possui o mesmo valor de dezem<strong>br</strong>o, no caso 100.<<strong>br</strong> />
Portanto o primeiro valor de ALT é zero.<<strong>br</strong> />
Utiliza-se a seguinte regra para o cálculo da evapotranspiração real (ER):<<strong>br</strong> />
Se P - EP > 0 → ER = EP<<strong>br</strong> />
64
Se P - EP < 0 → ER = P + | ALT |*<<strong>br</strong> />
* os valores de ALT devem estar em módulo.<<strong>br</strong> />
Quadro 6. Cálculo das colunas ALT e ER.<<strong>br</strong> />
Mês T EP P P-EP N ARM ALT ER DEF EXC<<strong>br</strong> />
°C --- mm --- ----- mm ----<<strong>br</strong> />
JAN 21,7 101 272 171 0 100 0 101<<strong>br</strong> />
FEV 22,1 93 192 99 0 100 0 93<<strong>br</strong> />
MAR 20,9 87 174 87 0 100 0 87<<strong>br</strong> />
ABR 19,8 78 73 -5 -5 95 -5 78<<strong>br</strong> />
MAI 17,5 54 41 -13 -18 83 -12 53<<strong>br</strong> />
JUN 16,3 45 28 -17 -35 70 -13 41<<strong>br</strong> />
JUL 15,8 44 23 -21 -56 56 -14 37<<strong>br</strong> />
AGO 17,7 58 25 -33 -89 40 -16 41<<strong>br</strong> />
SET 19,0 68 72 4 -81 44 4 68<<strong>br</strong> />
OUT 20,4 86 126 40 -17 84 40 86<<strong>br</strong> />
NOV 20,9 91 213 122 0 100 16 91<<strong>br</strong> />
DEZ 21,1 98 296 198 0 100 0 98<<strong>br</strong> />
Total 903 1535 632 0 874<<strong>br</strong> />
(4° passo) Calcular os valores de deficiência de água do solo (DEF) e da<<strong>br</strong> />
quantidade de água disponível no solo (EXC) (Quadro 7).<<strong>br</strong> />
Quadro 7. Balanço hídrico totalmente calculado.<<strong>br</strong> />
Mês T EP P P-EP N ARM ALT ER DEF EXC<<strong>br</strong> />
°C --- mm --- ----- mm ----<<strong>br</strong> />
JAN 21,7 101 272 171 0 100 0 101 0 171<<strong>br</strong> />
FEV 22,1 93 192 99 0 100 0 93 0 99<<strong>br</strong> />
MAR 20,9 87 174 87 0 100 0 87 0 87<<strong>br</strong> />
ABR 19,8 78 73 -5 -5 95 -5 78 0 0<<strong>br</strong> />
MAI 17,5 54 41 -13 -18 83 -12 53 1 0<<strong>br</strong> />
JUN 16,3 45 28 -17 -35 70 -13 41 4 0<<strong>br</strong> />
JUL 15,8 44 23 -21 -56 56 -14 37 7 0<<strong>br</strong> />
AGO 17,7 58 25 -33 -89 40 -16 41 17 0<<strong>br</strong> />
SET 19,0 68 72 4 -81 44 4 68 0 0<<strong>br</strong> />
OUT 20,4 86 126 40 -17 84 40 86 0 0<<strong>br</strong> />
NOV 20,9 91 213 122 0 100 16 91 0 106<<strong>br</strong> />
DEZ 21,1 98 296 198 0 100 0 98 0 198<<strong>br</strong> />
Total 903 1535 632 0 874 29 661<<strong>br</strong> />
65
Regra para determinar DEF:<<strong>br</strong> />
Se P - EP > 0 → DEF = 0<<strong>br</strong> />
Se P - EP < 0 → DEF = EP – ER<<strong>br</strong> />
Regra para determinar EXC:<<strong>br</strong> />
Se P - EP > 0 → EXC = ( P - EP ) - ALT<<strong>br</strong> />
Se P - EP < 0 → EXC = 0<<strong>br</strong> />
CONFERÊNCIA DOS RESULTADOS<<strong>br</strong> />
Para verificar se os cálculos foram executados com exatidão, realizam-se<<strong>br</strong> />
as seguintes conferências:<<strong>br</strong> />
• Σ P = Σ EP + Σ (P – EP) → 1535 = 903 + 632 →1535 = 1535 (OK)<<strong>br</strong> />
• Σ ALT = ZERO → 0 = 0 (OK)<<strong>br</strong> />
• Σ EP = Σ ER + Σ DEF → 903 = 874+ 29 → 903 = 903 (OK)<<strong>br</strong> />
• Σ P = Σ ER + Σ EXC → 1535 = 874+ 661→ 1535 = 1535 (OK)<<strong>br</strong> />
REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO BALANÇO HÍDRICO<<strong>br</strong> />
Traçando-se o gráfico do balanço hídrico (Figura 52) com os valores de P,<<strong>br</strong> />
EP e ER, pode-se melhor visualizar as épocas de excesso e de deficiência de água<<strong>br</strong> />
no solo.<<strong>br</strong> />
Figura 52. Representação gráfica do balanço hídrico. (*)<<strong>br</strong> />
66
15. Classificação Climática de Köppen<<strong>br</strong> />
Para melhor se compreender a distribuição do clima na Terra, utilizamos a<<strong>br</strong> />
classificação climática proposta por Wilhelm Köppen, que dividiu o globo terrestre<<strong>br</strong> />
em cinco zonas principais, após ter estudado a vegetação em conjunto com os<<strong>br</strong> />
valores de precipitação e temperatura.<<strong>br</strong> />
As cinco zonas climáticas de Köppen são: Clima Tropical Chuvoso (Zona<<strong>br</strong> />
A), Clima Seco (Zona B), Clima Temperado Chuvoso (Zona C), Clima Boreal<<strong>br</strong> />
(Zona D) e Clima Polar (Zona E).<<strong>br</strong> />
CLIMA TROPICAL CHUVOSO (ZONA A)<<strong>br</strong> />
Esta é uma região tropical chuvosa praticamente sem inverno aonde a<<strong>br</strong> />
temperatura media do mês mais frio nunca é menor que 18 o C, que se localiza entre<<strong>br</strong> />
0° e 25 o de latitude S e 0° e 25 o de latitude N (Figura 53).<<strong>br</strong> />
Figura 53. Zona A. (*)<<strong>br</strong> />
CLIMA SECO (ZONA B)<<strong>br</strong> />
Localiza-se aproximadamente nas latitudes de 30 o N e 30 o S. É na Zona B<<strong>br</strong> />
que ocorre uma das maiores áreas desértica da Terra, com elevados valores de<<strong>br</strong> />
evapotranspiração e baixas quantidades de precipitação (Figura 54).<<strong>br</strong> />
67
Figura 54. Zona B. (*)<<strong>br</strong> />
CLIMA TEMPERADO CHUVOSO (ZONA C)<<strong>br</strong> />
Esta região se localiza entre as latitudes de 30 o e 60° N ou S (Figura 55).<<strong>br</strong> />
Nele a temperatura média do mês mais frio varia de -3 °C até 18 °C.<<strong>br</strong> />
Figura 55. Zona C. (*)<<strong>br</strong> />
CLIMA BOREAL (ZONA D)<<strong>br</strong> />
Localiza-se apenas entre as latitudes de 60 o e 70° N (Figura 56), aonde a<<strong>br</strong> />
temperatura sofre uma grande variação. No mês mais quente a temperatura é maior<<strong>br</strong> />
ou igual 10 o C e a e no mais frio é menor que –3 o C.<<strong>br</strong> />
68
Figura 56. Zona D. (*)<<strong>br</strong> />
CLIMA POLAR (ZONA E)<<strong>br</strong> />
A Zona E encontra-se acima das latitudes 70° N e S (Figura 57), não<<strong>br</strong> />
havendo a presença de vegetação.<<strong>br</strong> />
Figura 57. Zona E. (*)<<strong>br</strong> />
GUIA PARA CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA DE KÖPPEN<<strong>br</strong> />
Para facilitar a realização da classificação climática proposta por Wilhelm<<strong>br</strong> />
Köppen, será apresentado um roteiro passo a passo.<<strong>br</strong> />
(1° passo) De posse das latitudes que limitam o local que se deseja realizar a<<strong>br</strong> />
classificação de Köppen, verificar preliminarmente em qual zona ele se encaixa.<<strong>br</strong> />
69
(2° passo) Fazer a identificação o tipo do clima, se é seco, úmido ou de neve. Para<<strong>br</strong> />
isso é necessário conhecer a temperatura média anual (tma) e a precipitação total<<strong>br</strong> />
anual (pta) da região. O Quadro 8 apresenta as condições para classificação.<<strong>br</strong> />
Observação: Deve-se converter ao valor da precipitação total anual que é em<<strong>br</strong> />
milímetros para centímetros.<<strong>br</strong> />
Quadro 8. Condições para identificação do clima.<<strong>br</strong> />
Condições Verdadeiras Falsas<<strong>br</strong> />
pta < (tma x 2)<<strong>br</strong> />
e/ou<<strong>br</strong> />
pta < [(tma +7 ) x 2]<<strong>br</strong> />
e/ou<<strong>br</strong> />
pta < [(tma +14 )x 2]<<strong>br</strong> />
Clima<<strong>br</strong> />
Seco<<strong>br</strong> />
(Zona B)<<strong>br</strong> />
Climas Úmidos<<strong>br</strong> />
(Zonas A, C ou D)<<strong>br</strong> />
ou<<strong>br</strong> />
Clima de Neve<<strong>br</strong> />
(Zona E)<<strong>br</strong> />
(3° passo) Se uma ou todas as condições forem falsas, e o clima for classificado<<strong>br</strong> />
como úmido ou de neve, deve-se pular diretamente para o 4° passo. Caso as<<strong>br</strong> />
condições do Quadro 8 forem verdadeiras, e o clima for identificado como Seco<<strong>br</strong> />
(Zona B), deve-se classificar esta zona de acordo com as características abaixo<<strong>br</strong> />
descritas. Os tipos fundamentais da zona B são divididos com base na<<strong>br</strong> />
ausência/presença de precipitação em:<<strong>br</strong> />
• Clima seco desértico (BW), quase sem precipitação e com vegetação<<strong>br</strong> />
formada em sua maioria por cactos.<<strong>br</strong> />
• Clima seco (BS), que possui pequena estação de chuvas e vegetação de<<strong>br</strong> />
pampas, estepes e pradarias.<<strong>br</strong> />
Após se determinar o tipo fundamental da Zona B, deve-se classificar a<<strong>br</strong> />
mesma em variedades específicas, em função da precipitação e sua distribuição nas<<strong>br</strong> />
estações (Quadro 9).<<strong>br</strong> />
Quadro 9. Variedades específicas da Zona B.<<strong>br</strong> />
Condição Tipo de chuva Variedade específica<<strong>br</strong> />
pta < tma Chuvas de inverno BWs<<strong>br</strong> />
pta < (tma+7) Chuvas irregulares BWx’<<strong>br</strong> />
pta < (tma+14) Chuvas de verão BWw<<strong>br</strong> />
pta < (tma x 2) Chuvas de inverno BSs<<strong>br</strong> />
pta < [(tma+7) x 2] Chuvas irregulares BSx’<<strong>br</strong> />
pta < [(tma+14) x 2] Chuvas de verão BSw<<strong>br</strong> />
70
A Zona B também pode ser classificada em função das variedades<<strong>br</strong> />
específicas de temperatura, adicionando mais uma letra a classificação (Quadro<<strong>br</strong> />
10).<<strong>br</strong> />
Quadro 10. Variedades específicas da Zona B, em função da temperatura.<<strong>br</strong> />
Temperatura Temperatura média Tipo de clima Classificação<<strong>br</strong> />
média anual<<strong>br</strong> />
do mês:<<strong>br</strong> />
> 18 °C Mais frio > 18 °C Muito quente h’<<strong>br</strong> />
< 18 °C Quente h<<strong>br</strong> />
< 18 °C Mais quente > 18 °C Frio k<<strong>br</strong> />
< 18 °C Muito frio k’<<strong>br</strong> />
(4° passo) Deve-se determinar agora qual entre os climas úmidos ou clima de neve<<strong>br</strong> />
se classifica o local estudado, com base nas temperaturas (Quadro 11).<<strong>br</strong> />
Quadro 11. Limites de temperatura entre as zonas.<<strong>br</strong> />
Temperatura (°C) Zona<<strong>br</strong> />
Em todos os meses > 18 °C<<strong>br</strong> />
Mês mais frio fica entre –3 °C e 18 °C<<strong>br</strong> />
No mês mais frio < -3 °C e no mês mais quente > 10 °C<<strong>br</strong> />
Em todos os meses < 10 o C<<strong>br</strong> />
Os tipos fundamentais da Zona A (Clima Tropical Chuvoso) são<<strong>br</strong> />
divididos com base na relação entre a precipitação do mês mais seco e a quantidade<<strong>br</strong> />
total anual de chuva em:<<strong>br</strong> />
• Clima tropical chuvoso com precipitação freqüente durante o ano (Af),<<strong>br</strong> />
aonde no mês mais seco a precipitação é maior que 60 mm e a vegetação é<<strong>br</strong> />
de selva tropical.<<strong>br</strong> />
• Clima tropical chuvoso com inverno seco (Aw), aonde a precipitação no<<strong>br</strong> />
inverno é menor que 60 mm e a vegetação é em sua maioria arbustiva e<<strong>br</strong> />
rasteira.<<strong>br</strong> />
• Clima tropical chuvoso intermediário entre Af e Aw (Am), com vegetação<<strong>br</strong> />
composta por árvores altas em áreas de pequena extensão.<<strong>br</strong> />
A<<strong>br</strong> />
C<<strong>br</strong> />
D<<strong>br</strong> />
E<<strong>br</strong> />
71
Os tipos fundamentais da Zona C (Clima Temperado Chuvoso) são<<strong>br</strong> />
divididos com base no período de precipitação em:<<strong>br</strong> />
• Clima temperado chuvoso seco de inverno (Cw), com verão chuvoso e a<<strong>br</strong> />
precipitação no mês mais seco dez vezes menor do que a precipitação<<strong>br</strong> />
máxima de verão. Possui vegetação de cerrado.<<strong>br</strong> />
• Clima temperado chuvoso seco de verão (Es), com inverno chuvoso e a<<strong>br</strong> />
precipitação do mês mais seco (menor que 30 mm) é três vezes menor que<<strong>br</strong> />
a precipitação máxima de inverno.<<strong>br</strong> />
• Clima temperado chuvoso com a época mais seca sendo o verão (Cfs), com<<strong>br</strong> />
inverno chuvoso e a precipitação do mês mais seco é maior que 30 mm.<<strong>br</strong> />
• Clima temperado chuvoso constantemente úmido (Cf), aonde as chuvas<<strong>br</strong> />
máximas de verão são dez vezes menores que a precipitação do mês mais<<strong>br</strong> />
seco e as chuvas máximas de inverno são três vezes menores que a<<strong>br</strong> />
precipitação do mês mais seco.<<strong>br</strong> />
Os tipos fundamentais da Zona D (Clima Boreal) são divididos em:<<strong>br</strong> />
• Clima boreal de inverno seco (Dw), com precipitação máxima do mês mais<<strong>br</strong> />
seco dez vezes menor que a precipitação de verão, e bosques com árvores<<strong>br</strong> />
altas.<<strong>br</strong> />
• Clima boreal de inverno úmido (Df), com precipitação máxima do mês<<strong>br</strong> />
mais seco dez vezes maior que a precipitação de verão, e bosques com<<strong>br</strong> />
árvores altas.<<strong>br</strong> />
Os tipos fundamentais da Zona E (Clima Polar), cuja temperatura<<strong>br</strong> />
máxima anual não ultrapassa 10 °C, podem ser divididos em:<<strong>br</strong> />
• Clima polar de tundra (ET), com temperatura que varia ente 0 e 10 °C na<<strong>br</strong> />
época mais quente, havendo apenas liquens e musgos.<<strong>br</strong> />
• Clima polar com gelo perpétuo (EF), com temperaturas sempre menores<<strong>br</strong> />
que 0 °C.<<strong>br</strong> />
• Clima polar de neve de altas montanhas (EB), que é intermediário entre os<<strong>br</strong> />
anteriores.<<strong>br</strong> />
(5° passo) Caso o clima seja classificado em A, B ou C, e após se determinar os<<strong>br</strong> />
seus tipos fundamentais, determinam-se suas variedades gerais (Quadro 12) e suas<<strong>br</strong> />
alternativas gerais em função da distribuição de chuvas (Quadro 13).<<strong>br</strong> />
72
Quadro 12. Variedades gerais das Zonas A, B e C.<<strong>br</strong> />
Descrição Variedade<<strong>br</strong> />
Variação anual de temperatura < 5 °C i<<strong>br</strong> />
Curva anual de temperatura atinge valor máximo antes do<<strong>br</strong> />
solstício de verão, com ocorrência de chuvas neste período<<strong>br</strong> />
g<<strong>br</strong> />
Curva anual de temperatura atinge valor máximo depois do<<strong>br</strong> />
solstício de verão, com ocorrência de chuvas neste período<<strong>br</strong> />
g'<<strong>br</strong> />
Presença constante de nevoeiros n<<strong>br</strong> />
Ar sempre úmido, com escassez de chuvas e temperatura no verão n'<<strong>br</strong> />
menor que 24 °C<<strong>br</strong> />
Ar sempre úmido, com escassez de chuvas e temperatura no verão<<strong>br</strong> />
menor que 24 °C<<strong>br</strong> />
Quadro 13. Alternativas gerais das Zonas A, B e C.<<strong>br</strong> />
Descrição Alternativa<<strong>br</strong> />
Estação chuvosa atrasa e ocorre no outono w’<<strong>br</strong> />
Estação chuvosa adianta e ocorre no outono s'<<strong>br</strong> />
Duas estações chuvosas separadas por dois períodos secos w”<<strong>br</strong> />
Estação chuvosa na primavera e a seca no verão x<<strong>br</strong> />
Escassez de chuvas, sendo que as mesmas apresentam a mesma<<strong>br</strong> />
intensidade em todas as estações<<strong>br</strong> />
x'<<strong>br</strong> />
(6° passo) Caso o clima seja classificado em D ou E, e após se determinar os seus<<strong>br</strong> />
tipos fundamentais, determinam-se suas variedades específicas em função da<<strong>br</strong> />
temperatura (Quadro 14).<<strong>br</strong> />
Quadro 14. Variedades específicas dos climas D e E em função da temperatura.<<strong>br</strong> />
Número de meses com temperatura Temperatura do mês: Variedade<<strong>br</strong> />
média mensal > 10 °C<<strong>br</strong> />
específica<<strong>br</strong> />
Quatro meses Mais quente > 22 °C a (subtropical)<<strong>br</strong> />
Mais quente < 22 °C b (temperado)<<strong>br</strong> />
Menos de quatro meses Mais frio > -3 °C c (frio)<<strong>br</strong> />
Mais frio < -3 °C d (muito frio)<<strong>br</strong> />
n"<<strong>br</strong> />
73
ZONAS CLIMÁTICAS NO BRASIL<<strong>br</strong> />
Devido a sua grande área territorial, o Brasil (compreendido entre os<<strong>br</strong> />
paralelos 5° N e 34° S) é classificado em nas Zonas A (Am e Aw), B (Bsh) e C<<strong>br</strong> />
(Cwa e Cf), de acordo com a região:<<strong>br</strong> />
• Amazônia (a maior parte): Clima Tropical Chuvoso, Am, com<<strong>br</strong> />
temperaturas e pluviosidades elevadas;<<strong>br</strong> />
• Região central e parte de Minas Gerais e da Bahia: Clima Tropical<<strong>br</strong> />
Chuvoso, Aw, com o verão chuvoso e o inverno seco;<<strong>br</strong> />
• Sertão do Nordeste: Clima Seco, Bsh, com baixa pluviosidade média anual<<strong>br</strong> />
e chuvas irregulares;<<strong>br</strong> />
• Partes sul do Mato Grosso do Sul e da região sudeste: Clima Temperado<<strong>br</strong> />
Chuvoso, Cwa, com chuvas de verão;<<strong>br</strong> />
• Região sul: Clima Temperado Chuvoso, Cf, com chuvas bem distribuídas.<<strong>br</strong> />
74
16. Estações Climatológicas e PCD’s<<strong>br</strong> />
Para se observar corretamente os fenômenos meteorológicos, caracterizar o<<strong>br</strong> />
estado instantâneo da atmosfera ou se classificar o clima de uma região, com<<strong>br</strong> />
observação de dados por vários anos, é necessário utilizar procedimentos<<strong>br</strong> />
adequados, equipamentos padronizados e devidamente cali<strong>br</strong>ados, além de padrões<<strong>br</strong> />
rígidos nos horários de observação e no tratamento dos dados.<<strong>br</strong> />
É necessário então dispor de um local adequado, com área gramada, que<<strong>br</strong> />
possa permitir todas essas exigências: as estações climatológicas (Figura 58).<<strong>br</strong> />
Figura 58. Estação climatológica da Universidade Federal de Lavras, UFLA, em<<strong>br</strong> />
Minas Gerais. (*)<<strong>br</strong> />
75
Além das estações climatológicas, existem também as estações<<strong>br</strong> />
agrometeorológicas, estações meteorológicas aeronáuticas, estações sinóticas e<<strong>br</strong> />
estações diferenciadas.<<strong>br</strong> />
• Estações agrometeorológicas: utilizada principalmente para fins agrícolas,<<strong>br</strong> />
relacionando informações meteorológicas e atividades agrícolas.<<strong>br</strong> />
• Estações meteorológicas aeronáuticas: utilizadas em aeroportos de grandes<<strong>br</strong> />
capitais, fornecem informações necessárias à segurança de vôos.<<strong>br</strong> />
• Estações sinóticas: utilizadas para atividades de previsão do tempo. Usa o<<strong>br</strong> />
horário padrão TMG (Tempo Médio de Greenwich). Todas as observações<<strong>br</strong> />
são realizadas simultaneamente, independentes de sua localização. Juntas<<strong>br</strong> />
em um mapa formam a carta sinótica.<<strong>br</strong> />
• Estações diferenciadas: outras estações que apresentem características<<strong>br</strong> />
específicas.<<strong>br</strong> />
PRINCIPAIS INSTRUMENTOS UTILIZADOS<<strong>br</strong> />
Os principais instrumentos utilizados nas estações são:<<strong>br</strong> />
• Psicrômetro: aparelho utilizado para medir as variações da umidade;<<strong>br</strong> />
• Geotermômetro: mede a temperatura do solo;<<strong>br</strong> />
• Geotermógrafo: mede e registra a temperatura do solo;<<strong>br</strong> />
• Pluviômetro: mede a quantidade de chuva;<<strong>br</strong> />
• Pluviógrafo: mede e registra a quantidade de chuva;<<strong>br</strong> />
• Anemômetro: mede a direção e força dos ventos;<<strong>br</strong> />
• Anemógrafo universal: mede e registra a direção e força dos ventos;<<strong>br</strong> />
• Barômetro: mede a as variações da pressão da atmosfera;<<strong>br</strong> />
• Barógrafo: mede e registra as variações da pressão atmosférica;<<strong>br</strong> />
• Evaporímetro: mede a evaporação;<<strong>br</strong> />
• Evapotranspirômetro: mede a evapotranspiração;<<strong>br</strong> />
• Actinógrafo: mede os raios luminosos;<<strong>br</strong> />
• Heliógrafo: mede as horas de <strong>br</strong>ilho solar e sem nuvens.<<strong>br</strong> />
ESTAÇÕES METEOROLÓGICAS AUTOMATIZADAS<<strong>br</strong> />
As estações meteorológicas automatizadas (Figura 59) consistem em<<strong>br</strong> />
sistemas automatizados de monitoramento dotados de sensores que captam as mais<<strong>br</strong> />
diversas informações meteorológicas (precipitação, velocidade, direção e força do<<strong>br</strong> />
vento, radiação solar, temperatura e umidade do solo e do ar, etc.).<<strong>br</strong> />
76
Figura 59. Estação meteorológica automatiza. (*)<<strong>br</strong> />
Na maioria das estações automatizadas, um Data Logger (Figura 60)<<strong>br</strong> />
controla todo o sistema de aquisição, comunicação e processamento de dados.<<strong>br</strong> />
Figura 60. Data Logger. (*)<<strong>br</strong> />
77
PLATAFORMA DE COLETA DE DADOS (PCD)<<strong>br</strong> />
Uma PCD (Figura 61) também é um sistema automatizado de<<strong>br</strong> />
monitoramento, dotado de sensores, que utilizam energia elétrica ou solar (Figura<<strong>br</strong> />
62). Está conectada diretamente a computadores ou a satélites coletores de dados,<<strong>br</strong> />
para onde são transmitidas as informações armazenadas, de acordo com a sua<<strong>br</strong> />
finalidade (dados agrometeorológicos, hidrológicos, ambientais, etc.).<<strong>br</strong> />
Figura 61. PCD agrometeorológica localizada em Cassilândia-MS. (*)<<strong>br</strong> />
Figura 62. Painel solar. (*)<<strong>br</strong> />
78
De acordo com o site do Centro de Previsão do Tempo e Estudos<<strong>br</strong> />
Climáticos, CPTEC (http://www.cptec.inpe.<strong>br</strong>/), o Sistema de Coleta de Dados é<<strong>br</strong> />
constituído por um conjunto de satélites e por diversas de plataformas de coleta de<<strong>br</strong> />
dados espalhadas pelo território nacional, pelas Estações de Recepção de Cuiabá e<<strong>br</strong> />
de Alcântara, e pelo Centro de Missão Coleta de Dados.<<strong>br</strong> />
A função do satélite é ser um retransmissor de mensagens, fazendo a<<strong>br</strong> />
comunicação entre uma PCD e as estações de recepção. Estes dados são enviados<<strong>br</strong> />
posteriormente para o Centro de Missão de Coleta de Dados em Cachoeira<<strong>br</strong> />
Paulista, onde são processados, armazenados e divulgados pela internet, meia hora<<strong>br</strong> />
após a recepção.<<strong>br</strong> />
79
17. Manejo da Irrigação por Evapotranspiração<<strong>br</strong> />
Para que um sistema de irrigação pressurizada funcione de maneira eficiente<<strong>br</strong> />
e uniforme, deve-se realizar o manejo correto de quando e quanto aplicar de água,<<strong>br</strong> />
para que não ocorra excesso ou deficiência de água no solo. Entre as diversas<<strong>br</strong> />
formas de se controlar a irrigação, pode-se utilizar a evapotranspiração da cultura<<strong>br</strong> />
(ETc).<<strong>br</strong> />
Como já foi visto, a evapotranspiração pode ser determinada através de<<strong>br</strong> />
medidas diretas (lisímetros, balanço hídrico de campo, etc.) e por medidas<<strong>br</strong> />
indiretas, através de equações, por gravimetria e pelos evaporímetros.<<strong>br</strong> />
Um dos evaporímetros bastante utilizados é o Tanque Evaporímetro “Classe<<strong>br</strong> />
A”, ou simplesmente “Tanque Classe A”. Porém este evaporímetro não fornece a<<strong>br</strong> />
evapotranspiração de referência, mas sim à evaporação do tanque (ECA), sendo<<strong>br</strong> />
necessário a aplicação de alguns coeficientes, para se obter a evapotranspiração de<<strong>br</strong> />
referência e a evapotranspiração da cultura.<<strong>br</strong> />
A evapotranspiração de referência (ETo), representa a perda de água que<<strong>br</strong> />
uma superfície totalmente coberta de vegetação rasteira, em pleno desenvolvimento<<strong>br</strong> />
e sem limitação de água, sofre para a atmosfera. Pode-se calcular a<<strong>br</strong> />
evapotranspiração de referência através da expressão:<<strong>br</strong> />
ETo = ECA x Kp<<strong>br</strong> />
Onde,<<strong>br</strong> />
ETo= evapotranspiração de referência, mm;<<strong>br</strong> />
ECA = evaporação do Tanque “Classe A”, mm;<<strong>br</strong> />
Kp = coeficiente de Tanque, adimensional (Tabela 6).<<strong>br</strong> />
O coeficiente do Tanque Classe A (Kp) é função da umidade relativa do ar,<<strong>br</strong> />
da velocidade do vento e do tamanho da bordadura ao seu redor. A<<strong>br</strong> />
evapotranspiração da cultura (ETc) é a quantidade de água que foi consumida pela<<strong>br</strong> />
cultura, variando de uma cultura para outra e do seu estágio de desenvolvimento da<<strong>br</strong> />
cultura. A evapotranspiração da cultura pode ser calculada através da expressão:<<strong>br</strong> />
ETc = ETo x Kc<<strong>br</strong> />
Onde,<<strong>br</strong> />
ETc= evapotranspiração da cultura, mm;<<strong>br</strong> />
ETo= evapotranspiração de referência, mm;<<strong>br</strong> />
Kc = depende da cultura e do seu estágio de desenvolvimento (Tabela 7).<<strong>br</strong> />
O ciclo da cultura é dividido em fases fenológicas distintas, cada qual com<<strong>br</strong> />
um valor de Kc.<<strong>br</strong> />
80
MÉTODOS DE MANEJO<<strong>br</strong> />
O manejo da irrigação por meio de um tanque evaporímetro “Classe A” pode<<strong>br</strong> />
ser realizado das seguintes maneiras:<<strong>br</strong> />
• Fixando-se um turno de rega: TR = LL / ETm<<strong>br</strong> />
Onde,<<strong>br</strong> />
TR = Intervalo entre irrigações consecutivas (turno de rega), dias;<<strong>br</strong> />
LL = lâmina líquida, mm;<<strong>br</strong> />
ETm = Evapotranspiração máxima (mm/dia).<<strong>br</strong> />
LL = AD x f<<strong>br</strong> />
Onde,<<strong>br</strong> />
AD = água disponível no solo, cm 3 /cm 3 ;<<strong>br</strong> />
f = fração de água que pode ser extraída do solo, decimal.<<strong>br</strong> />
AD = 0,1 x (CC – PMP) x dg x z<<strong>br</strong> />
Onde,<<strong>br</strong> />
CC = capacidade de campo, %;<<strong>br</strong> />
PMP = ponto de murcha permanente, %;<<strong>br</strong> />
(Observação: Os valores de capacidade de campo (CC) e ponto de murcha<<strong>br</strong> />
permanente (PMP) podem ser obtidos com a curva de retenção de água do solo, nas<<strong>br</strong> />
tensões de 0,1 atm e 15 atm.)<<strong>br</strong> />
dg = densidade global, g/cm 3 ;<<strong>br</strong> />
z = profundidade do sistema radicular, cm.<<strong>br</strong> />
• Fixando-se um valor para lâmina d’água: LL = AD x f<<strong>br</strong> />
O valor da lâmina líquida (mm) vai ser igual ao da evapotranspiração<<strong>br</strong> />
máxima (mm/dia). A irrigação será realizada quando a evapotranspiração<<strong>br</strong> />
acumulada atingir esse valor.<<strong>br</strong> />
• Realizando-se a medição do consumo de água: Hi – ETc + P +I = S<<strong>br</strong> />
Onde,<<strong>br</strong> />
Hi = lâmina hídrica a ser aplicada, mm;<<strong>br</strong> />
ET= evapotranspiração da cultura, mm;<<strong>br</strong> />
P = precipitação, mm;<<strong>br</strong> />
I = irrigação, mm;<<strong>br</strong> />
S = saldo de umidade retirada no solo, mm.<<strong>br</strong> />
A irrigação terá início quando o saldo de umidade se aproximar de zero.<<strong>br</strong> />
81
Referências Bibliográficas<<strong>br</strong> />
BERNARDO, S. Manual de Irrigação. Viçosa, UFV, Imprensa Universitária, 7a edição.<<strong>br</strong> />
BROMELIÁRIO CAIRÉ Disponível em >, acesso<<strong>br</strong> />
em 11 de fevereiro de 2007.<<strong>br</strong> />
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Lavras, MG, 44 p, 1990.<<strong>br</strong> />
CITY BRAZIL Disponível em: , acesso em<<strong>br</strong> />
22 de janeiro de 2007.<<strong>br</strong> />
CPTEC Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos. Disponível em:<<strong>br</strong> />
http://www.cptec.inpe.<strong>br</strong>/, acesso em 22 de janeiro de 2006.<<strong>br</strong> />
ESCOLA SUPERIOR AGRÁRIA DE COIMBRA Disponível em:<<strong>br</strong> />
, acesso em 11 de fevereiro de 2007.<<strong>br</strong> />
FAO Crop evapotranspiration - Guidelines for computing crop water requirements -<<strong>br</strong> />
FAO Irrigation and drainage paper 56, 1988.<<strong>br</strong> />
IAN’S PHOTOBLOG Disponível em >, acesso em<<strong>br</strong> />
02 de fevereiro de 2007.<<strong>br</strong> />
KLAR, A. E. Água no sistema solo-planta-atmosfera. Editora Nobel, São Paulo, 1984,<<strong>br</strong> />
408 p.<<strong>br</strong> />
OMETTO, J. C. Bioclimatologia Vegetal. Editora Agronômica Ceres, São Paulo, 1981.<<strong>br</strong> />
CASTRO NETO, P. Notas de aula de agrometeorologia. Lavras, MG, 1990.<<strong>br</strong> />
REICHARDT, K. Processos de Transferência no Sistema Solo-Planta-Atmosfera.<<strong>br</strong> />
Fundação Cargil, São Paulo, 1975, 286 p.<<strong>br</strong> />
REICHARDT, K.; TIMM, L. C. Solo, Planta e Atmosfera: conceitos, processos e<<strong>br</strong> />
aplicações. Editora Manole, Barueri-SP, 2004, 478 p.<<strong>br</strong> />
SAUCIER, W. J. Princípios de Análise Meteorológica. Livro Técnico S.A., Rio de<<strong>br</strong> />
Janeiro, RJ, 1969.<<strong>br</strong> />
SELLERS, W. D. Physical Climatology. The University of Chicago Press. Chicago, USA,<<strong>br</strong> />
1972, 242 p.<<strong>br</strong> />
TUBELIS, A.; NASCIMENTO, F. J. L. <strong>Meteorologia</strong> Descritiva: fundamentos e<<strong>br</strong> />
aplicações <strong>br</strong>asileiras. Nobel, São Paulo, SP, 1980, 374 p.<<strong>br</strong> />
TURBO SQUID Disponível em , acesso em 03 de<<strong>br</strong> />
fevereiro de 2007.<<strong>br</strong> />
VIANELLO, R. L.; ALVES, A. R. <strong>Meteorologia</strong> <strong>Básica</strong> e Aplicações. Imprensa<<strong>br</strong> />
Universitária Viçosa, MG, 1991.<<strong>br</strong> />
WEATHERZONE Disponível em , acesso em 29 de<<strong>br</strong> />
janeiro de 2007.<<strong>br</strong> />
82
Tabelas<<strong>br</strong> />
Tabela 1. Número possível de horas de <strong>br</strong>ilho de sol no 15° dia do mês (N)<<strong>br</strong> />
(adaptado de Tubelis e Nascimento, 1980).<<strong>br</strong> />
83
Tabela 2. Emissão diária de radiação de um corpo negro (1440 σ T 4 ) em função da<<strong>br</strong> />
temperatura, cal/cm 2 . dia (adaptado de Tubelis e Nascimento, 1980).<<strong>br</strong> />
Tabela 3. Albedo (r) de algumas superfícies (adaptado de Tubelis e<<strong>br</strong> />
Nascimento, 1980)<<strong>br</strong> />
84
Tabela 4. Radiação solar diária (Qo) em suma superfície horizontal no topo<<strong>br</strong> />
da atmosfera, cal/cm 2 .dia (adaptado de Tubelis e Nascimento, 1980).<<strong>br</strong> />
85
Tabela 5. Água retida no solo após terem ocorridos valores diferentes de<<strong>br</strong> />
evapotranspiração potencial (capacidade de retenção de água no perfil do solo =<<strong>br</strong> />
100 mm) (fonte: Castro Neto, 1990).<<strong>br</strong> />
86
Tabela 6. Valores de coeficiente do tanque (Kp).<<strong>br</strong> />
Cultura Kc inicial Kc médio Kc final<<strong>br</strong> />
Vegetais pequenos 0.7 1.05 0.95<<strong>br</strong> />
Solanáceas (Solanaceae) 0.6 1.15 0.80<<strong>br</strong> />
Cucurbitáceas (Cucurbitaceae) 0.5 1.00 0.80<<strong>br</strong> />
Raízes e tubérculos 0.5 1.10 0.95<<strong>br</strong> />
Legumes (Leguminosae) 0.4 1.15 0.55<<strong>br</strong> />
Cereais 0.3 1.15 0.4<<strong>br</strong> />
Cana-de-açúcar 0.40 1.25 0.75<<strong>br</strong> />
Tabela 7. Valores de Kc de algumas culturas (Fonte: FAO, 1988)<<strong>br</strong> />
87