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AC091 GRU-YYZ AC700 YYZ-LGA AC771 EWR-YYZ AC090 YYZ ...

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OPINIÃO DO PASSAGEIRO<br />

<strong>AC091</strong> <strong>GRU</strong>-<strong>YYZ</strong><br />

<strong>AC700</strong> <strong>YYZ</strong>-<strong>LGA</strong><br />

<strong>AC771</strong> <strong>EWR</strong>-<strong>YYZ</strong><br />

<strong>AC090</strong> <strong>YYZ</strong>-<strong>GRU</strong><br />

Neste Flight Check você vai voar<br />

com a Air Canada. Do maior<br />

jato em sua frota – o flagship<br />

Boeing 777-333ER – ao menor,<br />

o confortável e brasileiríssimo<br />

Embraer 175, você vai conhecer<br />

uma empresa aérea exemplar sob<br />

todos os ângulos.<br />

Texto e fotos: Gianfranco Beting<br />

Flight Check Air Canada.indd 2-3 06.02.09 10:27:16


No check-in ou<br />

no portão, o<br />

atendimento<br />

da companhia<br />

foi perfeito.<br />

A neve havia caído na madrugada anterior<br />

no Aeroporto Lester B. Pearson International,<br />

servindo a cidade de Toronto, onde a Air Canada<br />

(AC) tem seu principal hub. Igualmente, na<br />

véspera, havia me apresentado em Guarulhos,<br />

para embarcar no voo <strong>AC091</strong>, operado diariamente<br />

entre os dois aeroportos. Estava ansioso<br />

para conhecer o novo Triplo Sete da maior<br />

empresa aérea canadense, bem como sua nova<br />

classe executiva.<br />

O check-in tinha sido rápido e extremamente<br />

cortês, atendido pela bem treinada e<br />

motivada equipe da empresa em Guarulhos.<br />

Diferente de muitas companhias estrangeiras<br />

que operam no Brasil, a AC tem sua própria<br />

equipe de profissionais, sem terceirizar o pessoal,<br />

o que ajuda a garantir um tratamento de<br />

ótimo padrão. Foi justamente o que aconteceu.<br />

O jovem Thiago Gallo no check-in, Leonardo,<br />

supervisor, e Josana, concierge, não mediram<br />

esforços para tornar a experiência dos passageiros<br />

a mais agradável possível. Realmente,<br />

muito acima da média.<br />

Rumei para a sala VIP Smiles, da VariGol,<br />

que é utilizada pela Air Canada. Confortável,<br />

aguardei a chamada, que se deu às 21h45.<br />

Embarquei e a primeira impressão foi ótima.<br />

Aeronave novinha, matrícula C-FIUL (designação<br />

na frota da companhia ou tail number 734), foi<br />

entregue pelo fabricante em 29 de junho de<br />

2007 e estava imaculada.<br />

Fui recebido na porta por Ray Adams,<br />

service director (comissário-chefe) do voo, que<br />

nos minutos seguintes acompanhou-me em<br />

um rápido passeio pela aeronave, mostrando,<br />

inclusive, as áreas de descanso da tripulação, os<br />

crew rests, cujo acesso normalmente é vetado à<br />

imprensa e ao público. Muito simpático.<br />

O embarque foi concluído de forma rápida<br />

e organizada. E olhe que são 349 assentos no<br />

gigante, sendo 42 na Executive First, ou classe<br />

Super Affaires em francês, que juntamente com<br />

o inglês é língua oficial do país mais setentrional<br />

das Américas. O voo tinha praticamente 100%<br />

de ocupação, com somente dois lugares vagos<br />

na executiva. Dez comissários cuidariam dos<br />

passageiros, sendo que quatro ficariam encarregados<br />

da executiva. Adams prontificou-se a<br />

pendurar meu paletó, bebidas de boas-vindas<br />

foram oferecidas, juntamente com um cardápio.<br />

Uma garrafa de água e o kit de amenidades<br />

já estavam elegantemente colocados em cada<br />

poltrona, esta valendo um capítulo à parte.<br />

A executiva é dividida em duas cabines,<br />

sendo que meu assento, 9D, fica na posterior.<br />

Tirando a primeira fila, que somente possui<br />

assentos nas janelas, são 11 fileiras de quatro<br />

assentos, dispostos em configuração Herringbone<br />

ou espinha de peixe, em um ângulo diagonal<br />

em relação ao eixo longitudinal da aeronave.<br />

Esta configuração permite máximo aproveitamento<br />

do espaço, bem como adicionalmente<br />

propicia muita privacidade, algo raro de se<br />

encontrar em aviões de carreira. Além disso, o<br />

acesso é sempre direto, sem a necessidade de<br />

malabarismos para entrar ou sair das poltronas<br />

distantes dos corredores.<br />

A tela do<br />

excelente<br />

sistema de<br />

entretenimento<br />

agradou.<br />

As poltronasleito<br />

da<br />

Executive First<br />

são um show<br />

à parte.<br />

Seja como for, aprovei. Uma das melhores<br />

poltronas de executiva que experimentei nos<br />

últimos anos.<br />

Comodamente instalado, aguardei nossa<br />

partida, de olho no cumprimento do horário:<br />

minha conexão no dia seguinte, para Nova<br />

York, seria apertada. Finalmente, às 22h37,<br />

sete minutinhos depois do horário previsto, o<br />

enorme 777 foi tratorado para o pátio, sob uma<br />

forte tempestade, que parece ser a norma deste<br />

verão extremamente úmido no sudeste brasileiro.<br />

Taxiamos às 22h45 e, com algum tráfego à<br />

frente, esperamos até decolarmos às 23h57. Os<br />

dois motores GE produziam seu característico<br />

rugido cavo, grave, enchiam a cabine com seu<br />

som poderoso. O gigante levou 47 segundos<br />

para tirar a bequilha do chão (V-R de 168 nós)<br />

e acelerou ainda mais cinco segundos para tirar<br />

as 12 rodas principais do solo. Nossa V-1 foi de<br />

154 nós e a V-2 foi de 173 nós. Suave curva à<br />

direita, em cumprimento à saída por instrumentos<br />

SURF na pista 09L. As luzes dos arrabaldes<br />

de Guarulhos foram rapidamente tragadas pelas<br />

nuvens baixas e pela chuva forte que fez nossa<br />

partida ainda mais memorável.<br />

Este 777-333ER da companhia pode decolar<br />

com até 330 mil quilos. Neste voo, partiu com<br />

309 mil quilos, sendo 90 toneladas de combustível.<br />

O simpático comandante do voo, Al Mostovich,<br />

explicou-me que o 300ER consome em<br />

média 8 toneladas de combustível por hora de<br />

voo de cruzeiro. Nesta etapa, voaríamos a Mach<br />

0,84, mantendo uma TAS – True Air Speed (ou<br />

velocidade da aeronave em relação à massa de<br />

ar, não necessariamente ao solo) de 507 nós.<br />

Logo estabilizamos na proa oeste, descrevendo<br />

um lento arco para tomar o rumo norte,<br />

necessário para vencer os 8.167 quilômetros de<br />

distância até Toronto. Imediatamente coloqueime<br />

a analisar o sistema de entretenimento da<br />

companhia. Um tela de LCD de 14 polegadas<br />

exibia uma vasta variedade de conteúdo, de<br />

rádio digital a várias categorias de filmes. Uma<br />

discoteca com dezenas de CDs gravados também<br />

mostrou-se uma boa pedida. Enfim, um<br />

sistema AVOD, que nada deve aos melhores do<br />

mundo, foi outra excelente descoberta neste<br />

novo padrão de serviços da empresa.<br />

As comissárias, todas muito simpáticas,<br />

vieram trazer um drinque de boas-vindas e<br />

anotar as escolhas de entradas e pratos principais.<br />

Havia duas opções de entradas: carpaccio<br />

de cogumelos ou atum defumado; perna de<br />

cordeiro ao forno com molho de vinho; salmão<br />

com pimenta-do-reino e batatas ou um<br />

mil-folhas de vegetais. De sobremesa, torta de<br />

Flight Check Air Canada.indd 4-5 06.02.09 10:27:36<br />

Tudo a<br />

bordo<br />

estava<br />

delicioso.<br />

Catering a la<br />

canadense:<br />

sabor e boa<br />

apresentação na<br />

sobremesa e no<br />

prato principal.


A sensacional<br />

cabine de<br />

comando do<br />

777-333ER:<br />

tecnologia e<br />

conforto para<br />

os pilotos.<br />

limão e coco ou frutas. Chá, café, pães quentes<br />

e licores acompanhavam, bem como um<br />

pratinho de queijos camembert e roquefort. A<br />

carta de vinhos apresentou champagne Drappier<br />

Carte d’Or Brut; os brancos, um Vinus Viognier<br />

francês e um produto local, o canadense Colio<br />

Estate Silhouette, um assemblage de Chardonnay,<br />

Riesling e Pinot Grigio. Entre os tintos, o<br />

francês Syrah Haut de Valmoure (interessante)<br />

e um MontGras Reserva, este um competente<br />

Carmenère chileno; fechando a lista, o Porto era<br />

um Dow’s. Note-se também a impecável apresentação<br />

dos talheres, louças e copos, todos de<br />

bonito desenho, exclusivo para a Air Canada.<br />

Além do cardápio de bordo, nas poltronas<br />

havia ainda duas publicações: a revista de bordo<br />

EnRoute e o catálogo de duty free. Gostei da<br />

qualidade editorial e da apresentação em geral<br />

de todos os materiais da companhia.<br />

Mas o destaque mesmo foi o padrão de<br />

atendimento prestado pelos comissários, tendo<br />

entre eles uma simpática profissional brasileira.<br />

Sorridentes, acolhedores, elegantes na medida<br />

certa. Enfim, em uma única palavra: educados.<br />

Fato que parece demonstrar que, ao menos em<br />

matéria de boas maneiras, o Canadá parece<br />

mais próximo de um padrão de atendimento<br />

europeu do que as companhias aéreas do país<br />

fronteiriço. Os speeches dos pilotos foram muito<br />

bons. Inicialmente em inglês, depois francês e,<br />

finalmente, em português, exatamente como<br />

nos cardápios impressos. Foram concisos, informativos<br />

e interessantes. Um ponto que talvez<br />

merecesse mais atenção por parte da companhia<br />

foram os uniformes, que poderiam ser<br />

trocados por desenhos mais contemporâneos.<br />

O 777 cruzou serenamente toda a noite,<br />

mostrando um nível de ruído baixíssimo a<br />

Ray Adams e<br />

o comandante<br />

Mostovitch:<br />

simpatia e<br />

profissionalismo<br />

totais.<br />

O Embraer<br />

175 da Air<br />

Canada agrada<br />

muito aos<br />

passageiros.<br />

bordo, o que ajudou a melhorar ainda mais a<br />

experiência, facilitando o descanso. Estiqueime<br />

na poltrona, agora transformada em cama<br />

– mesmo – e dormi profundamente por seis<br />

horas, mais do que costumo fazer quando estou<br />

em terra firme.<br />

Acordei relaxado, com o aroma do café da<br />

manhã invadindo a cabine, ainda silenciosa. Dei<br />

um pulinho em um dos espaçosos banheiros da<br />

aeronave e voltei a tempo de ser servido com<br />

um desjejum completo, com duas opções de<br />

pratos quentes: ovos mexidos com bacon ou<br />

uma fritada de legumes. Chamou atenção a<br />

excelente qualidade dos pães, bem como o fato<br />

de que todas as geléias, chás, enfim, todos os<br />

complementos servidos eram canadenses.<br />

Após a decolagem de Guarulhos, mantivemos<br />

36 mil pés de altitude. Já a parte final<br />

da viagem foi feita no nível de voo 390 (39 mil<br />

pés), antes de iniciarmos a descida para Toronto.<br />

No sistema AirShow, verifiquei a rota voada.<br />

Sobrevoamos pontos como as Ilhas Virgens Britânicas<br />

no Caribe, depois em proa quase direta<br />

ao Aeroporto de JFK em Nova York e Buffalo,<br />

antes de entrar em espaço aéreo canadense.<br />

Em cumprimento à STAR LINNG, pousamos pela<br />

pista 24L às 5h32, exatos três minutos antes do<br />

horário previsto. Tempo total de voo, 9 horas<br />

e 35 minutos. E, nesta viagem em particular,<br />

uma operação cumprida com pontualidade teria<br />

importância fundamental, pois minha conexão<br />

partiria às 6h20. Levamos mais de 13 minutos<br />

taxiando até nosso portão no terminal T1. Despedi-me<br />

da simpática tripulação e parti na minha<br />

missão (quase) impossível: pegar minha conexão<br />

que partiria menos de 30 minutos depois.<br />

<strong>AC700</strong>: Toronto-Nova York<br />

(La Guardia)<br />

Fui um dos primeiros a sair do 777. Era uma<br />

corrida contra o relógio: teria que caminhar<br />

as enormes distâncias do gigantesco terminal,<br />

passar pela imigração, achar o portão e torcer<br />

para o meu próximo voo não partir antes<br />

do previsto. Mas país de primeiro mundo, em<br />

uma hora destas, mostra a que veio. A fila na<br />

imigração norte-americana era pequena. Sim,<br />

a imigração para voar para os Estados Unidos<br />

a partir do Canadá é feita em solo canadense.<br />

Você já entra nos States com se chegasse de<br />

um voo local. Pois bem, passei pela máquina de<br />

raio X às 6h10. Tinha menos de dez minutos<br />

para chegar ao gate 157.<br />

Deu certinho. Fui o último a embarcar, às<br />

6h13, porta da aeronave fechando-se atrás de<br />

mim, o último dos 44 passageiros a bordo do<br />

Embraer 175 matrícula C-FEJC. Foi o tempo de<br />

acomodar-me na poltrona 18F e sentir o pushback<br />

empurrando o jato para o escuro e gelado<br />

Flight Check Air Canada.indd 6-7 06.02.09 10:27:55<br />

Bom espaço<br />

para as<br />

pernas no<br />

Embraer 175.<br />

Chegando a<br />

Nova York ao<br />

nascer do dia.


pátio, às 6h27. O termômetro marcava inclementes<br />

15 graus celsius negativos, sem contar o<br />

vento. Não que Nova York estivesse muito mais<br />

quente: apenas 7 graus mais cálida, ainda mantendo<br />

8 abaixo de zero. Pelo menos haveria sol<br />

em abundância. Às 6h32 iniciamos o táxi rumo<br />

à pista 24R. Ainda escuro, iniciamos a corrida de<br />

decolagem às 6h47. Levamos 32 segundos para<br />

rodar. O E-Jet apontou para o céu escuro e gelado<br />

com ímpeto, subindo rapidamente para sua<br />

altitude de cruzeiro, 29 mil pés. O comandante<br />

Jason Brown havia estimado o tempo total de<br />

viagem, ou block time, em 1 hora e 29 minutos,<br />

sendo 1 hora e 1 minuto de voo.<br />

Tão logo estabilizamos, notei a barra do dia<br />

a leste, quase na proa do E-Jet, anunciando a<br />

chegada do sol. As duas comissárias passaram<br />

distribuindo bebidas não alcoólicas, somente<br />

acompanhadas de dois biscoitinhos de gengibre.<br />

Para quem quisesse cerveja, vinho ou outras<br />

libações, a companhia cobraria 6 dólares. Os<br />

fones de ouvido estavam à venda por 3 dólares.<br />

E quem assim desejasse poderia conectar-se a<br />

uma entrada USB que fica ao lado do monitor<br />

individual, presente em cada assento. Perfeito<br />

para carregar seu Ipod ou celular.<br />

O dia logo nasceu e fiquei contemplando<br />

a paisagem, coberta pela neve de um dos mais<br />

inclementes invernos dos últimos anos. Eram<br />

exatamente 7h27 quando, a 100 milhas de distância<br />

de La Guardia, o comandante anunciou<br />

o início de nossa descida. Abaixo das asas do E-<br />

Jet, desfilavam lentamente as mansões, campos<br />

e florestas de uma das regiões mais ricas do<br />

planeta. O sol ganhava altura sobre o horizonte,<br />

deixando longas sombras sobre a paisagem.<br />

A manhã de sábado estava clara, radiosa, com<br />

baixa umidade do ar, permitindo excelente<br />

visibilidade. Às 7h48, quatro minutos antes do<br />

previsto, o C-FEJC tocou com suavidade o solo<br />

dos Estados Unidos da América. Foi mesmo<br />

1 hora e 1 minuto de voo, como os computadores<br />

haviam previsto.<br />

<strong>AC771</strong>: Newark-Toronto<br />

No dia seguinte à minha chegada, era hora<br />

de partir de volta para o Brasil. Desta vez, voltaria<br />

pelo Aeroporto de Newark Liberty, em New<br />

Jersey. O país todo encontrava-se hipnotizado,<br />

olhos voltados para a TV durante a realização do<br />

Super Bowl, a final do campeonato de futebol<br />

americano, que ocorria justamente naquela<br />

noite de domingo.<br />

A temperatura estava perfeita, 8 graus<br />

celsius, e um céu anil, sem nuvens. Um lindo<br />

dia para voar. Fiz o check-in até o Brasil em um<br />

quiosque de autoatendimento, até porque não<br />

tinha bagagens para despachar. Fomos chamados<br />

no portão A12 para o voo <strong>AC771</strong>, sem<br />

escalas até Toronto. Com seus assentos todos<br />

A enorme e<br />

confortável<br />

sala Maple<br />

Leaf em<br />

Toronto.<br />

O cardápio é<br />

correto, sem<br />

exageros.<br />

tomados, o Embraer escalado para este trecho,<br />

matrícula C-FEJB, saiu do portão com apenas<br />

cinco minutinhos de atraso, às 19h34. Mais<br />

três minutos e o táxi era iniciado. Decolamos na<br />

noite cristalina às 19h54. Voo sereno, curtindo<br />

o monitor individual que passa vários programas<br />

gravados, além de seleção variada de músicas,<br />

filmes, curtas metragens. Muito bom.<br />

Como muito bom é o padrão de conforto<br />

dos E-Jets. Sem a poltrona do meio, toda viagem<br />

fica muito melhor. O espaço entre fileiras<br />

na Air Canada também é generoso no E175,<br />

como a companhia chama oficialmente o modelo.<br />

O serviço foi atencioso na medida e a viagem<br />

passou rápido: às 20h03, tocávamos no solo na<br />

pista 24L, com muita suavidade. Mais dez minutos<br />

de táxi e chegamos ao nosso portão, nº 159.<br />

Passar pela alfândega foi uma brisa. Em menos<br />

de dez minutos desde minha saída da aeronave,<br />

adentrava o belíssimo, espaçoso e muito bem<br />

aparelhado Maple Leaf Lounge, a sala VIP que a<br />

Air Canada dedica aos seus passageiros frequentes<br />

ou viajando em classe executiva.<br />

<strong>AC091</strong>: Toronto-Guarulhos<br />

Muito bem impressionado com a sala VIP,<br />

estava bem disposto na hora do embarque, que<br />

ocorreu por volta de 22h20, no portão 175.<br />

Prioridade para embarque da classe executiva<br />

claramente identificado. Ao entrar a bordo,<br />

o mesmo padrão atencioso de tratamento,<br />

logo ofereceram-se para pendurar meu paletó.<br />

Drinque de boas-vindas, cardápio distribuído,<br />

pedidos anotados ainda em solo.<br />

Os 316 passageiros finalmente foram<br />

acomodados no confortabilíssimo 777-333ER,<br />

matrícula C-FIUW (tail number 737, entregue<br />

em 22/4/2008). O horário previsto de partida,<br />

23h00, chegou e nada de sairmos do portão.<br />

Flight Check Air Canada.indd 8-9 06.02.09 10:28:10<br />

O kit de<br />

amenidades<br />

é prático,<br />

compacto e<br />

completo.<br />

O catering<br />

no voo de<br />

retorno foi<br />

bastante<br />

superior.


A disposição<br />

interna da<br />

galley central<br />

cria uma área<br />

de convivência.<br />

Jantar no<br />

trecho<br />

Toronto-<br />

São Paulo.<br />

Uma pane técnica no sistema de entretenimento,<br />

tão comum em aeronaves novas como esta,<br />

atrasou o voo 91. Mas não muito: às 23h16, o<br />

trator empurrou o maior birreator do mundo<br />

para o pátio. Motores GE 90-115B girando,<br />

iniciamos o táxi às 23h22 para a pista 23, para<br />

cumprir a SID Lester 7. Uma noite linda em Toronto:<br />

a lua brilhava, temperatura de zero grau,<br />

amena para a estação. Alinhamos e partimos às<br />

23h40. Nossa V-1 foi de 163, V-R de 166 e V-2<br />

de 171 nós. Repare que, com a pista seca, a V-1<br />

tem pouca diferença da V-R. Isso se deve ao fato<br />

de que a velocidade de decisão (V-1) pode ser<br />

maior, pois, em caso de decolagem abortada, o<br />

asfalto seco colabora no desempenho de uma<br />

eventual frenagem de emergência. Com pista<br />

molhada, como ocorreu na partida de Guarulhos,<br />

a V-1 (decision speed) é sempre significativamente<br />

menor que a V-R ou rotation speed.<br />

Subimos sem restrição ao nível 340, o<br />

Boeing pesando 303 toneladas, com 216.900<br />

de ZFW – Zero Fuel Weight, ou peso total sem<br />

O gigante<br />

decolou<br />

de Toronto<br />

com 316<br />

passageiros.<br />

considerar o combustível. O Triplo Sete levou<br />

86,1 toneladas de Jet A-1, 4 toneladas a menos<br />

que no voo de ida. Tempo estimado de voo de<br />

9 horas e 15 minutos até <strong>GRU</strong>.<br />

Enquanto subíamos em rota, examinei o<br />

cardápio: vieiras e musse de trutas defumadas<br />

ou queijo de cabra com chutney de figo como<br />

entradas. Pratos principais: uma combinação<br />

de carne de veado, lombo de porco e linguiça<br />

de faisão com maçã ao molho de mostarda em<br />

grãos, risoto de cogumelos e legumes mistos;<br />

filé de frango na manteiga com maple syrup e<br />

ratatouille de batata; ravióli de queijo e legumes.<br />

Sobremesa: uma dacquoise de caramelo<br />

ou frutas frescas. A carta de vinhos foi a mesma<br />

do voo de ida. Completando as libações, Vodka<br />

Smirnoff, Gin Bombay Sapphire, Johnnie Walker<br />

Black Label, Crown Royal Canadian Whisky,<br />

Jack Daniels (Bourbon) e Bacardi White. Licores:<br />

Bailey’s Grand Marnier, Cognac Courvoisier<br />

VSOP. Muito bom.<br />

Como era de se esperar, a qualidade das<br />

refeições no voo de volta foi flagrantemente<br />

superior à do voo rumo norte, de ida. O padrão<br />

de catering da empresa em sua sede no Canadá<br />

não poderia mesmo ser comparado ao seu<br />

similar no Brasil. Portanto, se já havia jantado<br />

relativamente bem na ida, desta vez a experiência<br />

foi ainda melhor. O jantar foi servido depois<br />

da meia-noite, à 0h30. Agradou muitíssimo e<br />

foi completado por um chá e um Bailey’s antes<br />

de pregar as pestanas.<br />

Não me fiz de rogado. Como na ida, findo<br />

o jantar, ao toque de um botão, a poltrona<br />

transformou-se num confortável e amplo leito,<br />

onde me estiquei e dormi profundamente por,<br />

acredite, quase sete horas. Faz diferença o<br />

leito 100% horizontal: o relaxamento é sensivelmente<br />

melhor. Tanto é assim que dormi até<br />

iniciarmos a descida para Guarulhos. A noite<br />

fechada na primeira etapa não permitiu constatar<br />

os pontos mais interessantes sobrevoados: o<br />

Aeroporto de Kennedy, em Nova York; Bermuda<br />

e Antígua, no Caribe; de lá, voamos direto para<br />

Boa Vista, Brasília e Pirassununga, antes de entrar<br />

na aproximação STAR Tuca para a pista 09R.<br />

Tocamos suavemente em solo às 11h52, perfazendo<br />

o trajeto em 9 horas e 12 minutos, e no<br />

final das contas chegamos apenas 12 minutos<br />

depois do horário previsto.<br />

Avaliação: as notas vão de 0 a 10<br />

1- Reserva: nota 7. Eficiente, mas fui atendido com pouca cortesia<br />

pelo pessoal de reserva. Fazendo perguntas sobre a configuração<br />

interna, a atendente, visivelmente ansiosa em me despachar,<br />

sugeriu de forma impaciente: “Vá no nosso site para ver como é<br />

o interior da aeronave, ok?”.<br />

2- Check-in: nota 10. Ágil, muito simpático, perfeito. Em<br />

Newark, feito em um terminal, em segundos.<br />

3- Embarque: nota 10. Ordenados, perfeitos, com prioridade<br />

para a classe executiva.<br />

4- Assento: nota 10. Um dos melhores que já provei. Padrão de<br />

primeira classe, cama 100% horizontal.<br />

5- Entretenimento: nota 9. Excelente. Rádio a bordo, monitores<br />

LCD grandes, AVOD, revista correta.<br />

6- Serviço dos comissários: nota 10. Além de muito eficientes,<br />

sobrou simpatia, como há muito não via.<br />

7- Refeições: nota 8. Gostei. Voo na volta sensivelmente<br />

melhor.<br />

8- Bebidas: nota 8. Vários rótulos diferentes, boas descobertas<br />

do Novo Mundo.<br />

9- Necessaire: nota 9. Completo, moderninho, prático.<br />

10- Desembarque: nota 10. Todos bons, bem organizados.<br />

11- Pontualidade: nota 10. Apesar de alguns atrasinhos na<br />

saída, três dos quatro voos chegaram antes do previsto e o último,<br />

com um atraso desprezível.<br />

Nota final: 9,18<br />

Comentário final: Já havia voado algumas vezes antes pela Air Canada e<br />

as impressões haviam sido as melhores possíveis. Portanto, a expectativa<br />

para este Flight Check era alta. Não posso deixar de afirmar que ainda<br />

assim os voos analisados superaram todas as mais otimistas expectativas.<br />

O 777-333ER, moderníssimo, conta com uma classe executiva<br />

que merece seu nome: Executive First. Na prática, para ser mesmo uma<br />

primeira classe, só poderia dizer que faltaria o caviar e uma seleção mais<br />

abrangente de vinhos. Mas, pelo preço pago, trata-se de uma excelente<br />

relação de custo-benefício.<br />

Destaco como pontos extremamente positivos: o atendimento exemplar<br />

(em solo e a bordo) e, muitíssimo importante em voos longos, o conforto<br />

e a privacidade que essas novas poltronas permitem. Desta maneira, não<br />

hesito em recomendar a Air Canada como uma excelente opção para sua<br />

próxima viagem ao Canadá, América do Norte ou Extremo Oriente, mercados<br />

nos quais a companhia dispõe de ótimas conexões.<br />

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