Fórum Brasileiro de Segurança Pública - Escola de Administração
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Data: 09:40 <strong>de</strong> 23/08/2010<br />
Assunto: <strong>Fórum</strong> <strong>Brasileiro</strong> <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> <strong>Pública</strong><br />
1. O Globo - RJ<br />
Polícia para quem precisa<br />
...informação, publicada ontem pelo GLOBO, <strong>de</strong> que 12 policiais do Grupo <strong>de</strong> Ações Táticas<br />
(GAT) do 23º BPM organizaram uma operação não autorizada pela secretaria <strong>de</strong><br />
segurança, para tentar pren<strong>de</strong>r, na manhã <strong>de</strong> sábado, o traficante Antônio Francisco Bonfim<br />
Lopes, o<br />
2. O Globo - RJ<br />
Dilma admite que fronteiras precisam <strong>de</strong> reforço policial<br />
...um dia após o narcotráfico levar terror a São Conrado, a presi<strong>de</strong>nciável do PT, Dilma<br />
Rousseff, anunciou propostas do seu programa <strong>de</strong> governo para segurança pública. Ela<br />
elogiou o trabalho do aliado Sérgio Cabral (PMDB) no combate ao crime e a implantação<br />
3. DCI - SP<br />
Cabral elogia ação da polícia em confronto com traficantes<br />
...(21). Em nota, Cabral afirma que “em breve o povo do Vidigal e o povo da Rocinha estarão<br />
livres do po<strong>de</strong>r paralelo”. O secretário estadual <strong>de</strong> segurança pública, José Mariano<br />
Beltrame, afirmou que o episódio <strong>de</strong>ste sábado não vai alterar o cronograma <strong>de</strong> implantação<br />
4. Gazeta do Povo - PR<br />
Após três dias, Curitiba volta a registrar homicídios<br />
...tinha sido às 22 horas <strong>de</strong> segunda-feira (16). Em maio, a cida<strong>de</strong> já havia passado um fim<br />
<strong>de</strong> semana inteiro (entre os dias 7 e 10) sem registrar homicídios. Na quinta-feira, um<br />
homem <strong>de</strong> 42 anos morreu no Hospital do Trabalhador, em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> ferimentos<br />
5. O Globo - RJ<br />
Com o inimigo vivendo <strong>de</strong>ntro da própria casa<br />
...Corregedoria <strong>de</strong> Polícia Civil. As gravações, às quais O GLOBO teve acesso com<br />
exclusivida<strong>de</strong>, foram feitas pela Subsecretaria <strong>de</strong> Inteligência da secretaria <strong>de</strong> segurança e<br />
pela Coor<strong>de</strong>nadoria <strong>de</strong> Inteligência Policial (Cinpol) da Polícia Civil. Elas revelam que a<br />
6. O Globo - RJ<br />
Invasão é <strong>de</strong>staque na imprensa internacional<br />
...no Rio: “O estado é um dos mais violentos do Brasil, país que registra a cada ano mais <strong>de</strong><br />
40 mil assassinatos, gerando uma taxa anual <strong>de</strong> 23,8 homicídios a cada cem mil<br />
habitantes”. O tiroteio também teve espaço no site do jornal americano “The New York<br />
Times”<br />
7. O Globo - RJ<br />
Operação não autorizada <strong>de</strong> PMs foi estopim<br />
...aval do comando da segurança pública, 12 policiais teriam tentado pren<strong>de</strong>r o chefe do<br />
tráfico na Rocinha Uma operação, não autorizada pelo comando da segurança ...<br />
8. O Estado <strong>de</strong> S. Paulo - SP<br />
A invasão do Congresso<br />
...ser resolvidos por medidas administrativas, não por emenda constitucional. A PEC, se<br />
aprovada, po<strong>de</strong> ter consequências danosas para o sistema <strong>de</strong> segurança pública. Por que<br />
criar uma nova polícia no País? A legislação é clara ao atribuir à Polícia Civil muitas das
9. O Estado <strong>de</strong> S. Paulo - SP<br />
<strong>Segurança</strong> vira mote <strong>de</strong> campanha<br />
...<strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2010 | 0h 00 Lucas <strong>de</strong> Abreu Maia - O Estado <strong>de</strong> S.Paulo Ao comprometerse,<br />
no início da pré-campanha, com a criação do Ministério da segurança pública, o<br />
presi<strong>de</strong>nciável do PSDB, José Serra, empurrou a questão para o centro do embate eleitoral.<br />
10. O Globo - RJ<br />
Ação criminosa tem repercussão entre autorida<strong>de</strong>s<br />
...livres do tráfico”. Há especulação sobre a instalação <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> na Rocinha, mas até<br />
agora ainda não foi divulgado prazo pela Secretaria <strong>de</strong> segurança pública. “Importante<br />
<strong>de</strong>stacar a ação da polícia. Firme, profissional e com efetivida<strong>de</strong>. Não temos nenhuma<br />
11. Consultor Jurídico - SP<br />
Polícia continua sem meios e estrutura para agir<br />
...ou no socialismo (v.g. Cuba). Para não entrar em complexas análises sociológicas,<br />
psicológicas ou religiosas, fiquemos apenas com a situação da segurança pública. É ela<br />
parte do plano <strong>de</strong> todos os candidatos a qualquer cargo eletivo. De vereador a presi<strong>de</strong>nte.<br />
12. Estado <strong>de</strong> Minas - MG<br />
Uma questão <strong>de</strong> segurança<br />
...Sul leva pânico aos moradores e turistas. A notícia repercutiu no país das próximas Copa<br />
do Mundo e Olimpíada e no mundo. O episódio reforça que a segurança pública, mais do<br />
que um compromisso <strong>de</strong> campanha, <strong>de</strong>ve ser tratada com priorida<strong>de</strong> pelos candidatos à<br />
Presidência da República e aos governos ...<br />
13. Estado <strong>de</strong> Minas - MG<br />
Sindicância na promessa<br />
...sido instaurado também inquérito policial. As <strong>de</strong>legadas Alessandra Wilke, que chefiava a<br />
investigação, e Ana Maria dos Santos, chefe da Delegacia <strong>de</strong> homicídios <strong>de</strong> Contagem,<br />
presentes na aeronave, acabaram afastadas do caso. Bruno e mais oito pessoas estão<br />
14. Estado <strong>de</strong> Minas - MG<br />
Traficantes vão para penitenciária<br />
...para tentar i<strong>de</strong>ntificar a presença do traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem, na ação dos<br />
bandidos. Uma operação não autorizada pelo comando da segurança pública feita por 12<br />
policiais militares para pren<strong>de</strong>r Nem estaria por trás da manhã <strong>de</strong> terror vivida no sábado por<br />
15. Estado <strong>de</strong> Minas - MG<br />
Ousadia dos bandidos assusta<br />
...<strong>de</strong> segurança pública afirma que ação violenta dos traficantes não vai mudar os planos <strong>de</strong><br />
instalação <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Polícia Pacificadora (UPPs) nos morros ...<br />
16. Diário da Manha - GO<br />
Polícia diz ter prova contra filha <strong>de</strong> ex-ministro do TSE<br />
...mortos com 73 facadas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa, há um ano. Em entrevista à imprensa, a <strong>de</strong>legada<br />
Mabel Alves <strong>de</strong> Farias Corrêa, diretora da 2ª Divisão <strong>de</strong> homicídios, disse hoje que não está<br />
<strong>de</strong>scartada a hipótese <strong>de</strong> ela ter estado no local do crime e ajudado na execução. As<br />
17. Gazeta <strong>de</strong> Alagoas - AL<br />
Violência urbana: ação dos grupos <strong>de</strong> extermínio<br />
...na mídia porque virou o principal tema da campanha política. “Mas poucos dos candidatos<br />
mostram alguma alternativa”, critica o homem forte da segurança pública em Alagoas. O<br />
titular da SDS afirma que a boa investigação policial é a melhor solução para combater
18. Diário da Manha - GO<br />
A violência e suas causas - Wolmir Therezio Amado<br />
...saneamento básico, transporte público, energia elétrica, iluminação pública, lazer, praças e<br />
quadras esportivas, arborização e plantio <strong>de</strong> flores, segurança pública, acesso à saú<strong>de</strong>,<br />
escolas etc), existe maior propensão à prática <strong>de</strong> <strong>de</strong>litos. Isso torna os bairros mais pobres<br />
19. Diário da Manha - GO<br />
O preço da violência - Wolmir Therezio Amado<br />
...Tudo isso é pago pelo Estado, com o dinheiro dos impostos. Isso significa a redução <strong>de</strong><br />
outros investimentos sociais. Além dos custos com a segurança pública, também é caro o<br />
preço da segurança particular. Empresas, instituições e residências são obrigadas a reforçar<br />
20. Diário da Manha - GO<br />
Um mundo esquecido dos direitos humanos - Robson <strong>de</strong> Oliveira Pereira<br />
...ativistas dos direitos humanos e dos sindicatos; 6. A força arbitrária empregada pelas<br />
autorida<strong>de</strong>s militares da Angola e Moçambique, a partir <strong>de</strong> homicídios, dissipação e violação<br />
em um sistema prisional <strong>de</strong>sumano; 7. A violência contra as mulheres, <strong>de</strong>flagrada<br />
21. O Estado <strong>de</strong> S. Paulo - SP<br />
Defesa <strong>de</strong> Bruno chama <strong>de</strong>legado <strong>de</strong> ''Nean<strong>de</strong>rtal''<br />
...apelidos aos <strong>de</strong>legados responsáveis pelas investigações e lista a própria Eliza no rol <strong>de</strong><br />
testemunhas. O chefe do Departamento <strong>de</strong> Investigação <strong>de</strong> homicídios e Proteção à<br />
Pessoa (DIHPP), <strong>de</strong>legado Edson Moreira, é chamado <strong>de</strong> "Nean<strong>de</strong>rtal" (espécie anterior ao<br />
22. Diário <strong>de</strong> Pernambuco - PE<br />
Suspeita <strong>de</strong> matar os pais<br />
...marapuljiz.df@dabr.com.br Brasília - A Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Investigação <strong>de</strong> Crimes contra a<br />
Vida (Corvida) da Polícia Civil quebrou o silêncio sobre os homicídios do ex-ministro do<br />
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela, 73 anos, da mulher <strong>de</strong>le, Maria<br />
23. Diário <strong>de</strong> Pernambuco - PE<br />
Delegados apoiam o governador<br />
...compromisso <strong>de</strong> reduzir ainda mais os homicídios e dar continuda<strong>de</strong> ao Pacto pela Vida -<br />
tratado como "a menina-dos -olhos" pelo governador Eduardo Campos (PSB) - recebeu um<br />
24. O Liberal - PA<br />
Preso foragido da chacina da Cabanagem<br />
...equipe policial da <strong>de</strong>legacia da Cabanagem, com o apoio da Divisão <strong>de</strong> homicídios,<br />
pren<strong>de</strong>u na madrugada <strong>de</strong> ontem Dileno José Ferreira <strong>de</strong> Souza, <strong>de</strong> 19 anos, acusado <strong>de</strong> ser<br />
25. O Povo - CE<br />
Ronda do Quarteirão, o futuro que às urnas pertence<br />
...mas adiantam que haverá uma ampla reformação. O atual governador, que i<strong>de</strong>alizou o<br />
programa, reforma sua importância <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma estratégia <strong>de</strong> segurança pública, mesmo<br />
admitindo que ele ''não resolve tudo''. Lúcio fala em requalificação, Cals diz que sentido<br />
26. O Estado <strong>de</strong> S. Paulo - SP<br />
Direitos humanos às escuras<br />
...o compromisso com o valor universal dos direitos humanos. Subscrevemos um conjunto <strong>de</strong><br />
convenções internacionais (a começar pela Convenção Contra a tortura) que nos havíamos<br />
recusado a assinar sob a ditadura militar. E inscrevemos na Constituição a
27. Gazeta do Povo - PR<br />
Discussão ilusória<br />
...nas ruas e uma polícia melhor. Não há dúvida <strong>de</strong> que o componente repressivo,<br />
representado por essa instituição, é essencial a qualquer política <strong>de</strong> segurança pública.<br />
Também não se po<strong>de</strong> hesitar em constatar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> incrementá-la, não apenas em<br />
28. Folha <strong>de</strong> S. Paulo - SP<br />
ANÁLISE<br />
...<strong>de</strong>sta vez estavam interessados no confronto, por alguma razão? Há algum fato novo,<br />
nesse caso, relacionado à instalação das UPPs (Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> polícia Pacificadora) em favelas<br />
da zona sul do Rio? Os policiais foram atacados primeiro ou, pelo contrário,<br />
29. O Estado <strong>de</strong> S. Paulo - SP<br />
Após invasão <strong>de</strong> hotel, reservas são canceladas<br />
...indiciados por tráfico <strong>de</strong> drogas, porte ilegal <strong>de</strong> armas, sequestro e cárcere privado. Um<br />
suspeito, Jonatan Costa Soares, está sob custódia da polícia no Hospital Miguel Couto, no<br />
Leblon. Ele foi preso quando seguia em uma ambulância na Penha. Segundo a polícia, a<br />
30. O Globo - RJ<br />
Ataque leva pânico a oásis <strong>de</strong> luxo na região<br />
...das 11h. Quatro horas <strong>de</strong>pois, policiais continuavam a varredura no hotel, com um cão<br />
farejador, na tentativa <strong>de</strong> encontrar bandidos infiltrados. A polícia checou a documentação<br />
<strong>de</strong> cada pessoa. Somente no fim da tar<strong>de</strong>, as buscas foram encerradas no hotel, que tem<br />
31. O Globo - RJ<br />
Delegados e promotores admitem falta <strong>de</strong> preparo, estrutura e policiais<br />
...para o segundo plano Demétrio Weber e Sérgio Marques Enviados especiais RIO,<br />
FORTALEZA E MANAUS. Despreparo e falta <strong>de</strong> pessoal na polícia somados à lentidão da<br />
Justiça são terreno fértil para a impunida<strong>de</strong>. No Rio, a Delegacia da Criança e do<br />
32. O Globo - RJ<br />
Um crime invisível e impune<br />
...nem sempre o resultado é a con<strong>de</strong>nação, porque as vítimas não comparecem em juízo e,<br />
quando comparecem, é para contradizer o que disseram na polícia. Exploradores as<br />
procuram e dão agrados às famílias — diz a juíza da 12aVara <strong>de</strong> Fortaleza, Maria Ilna <strong>de</strong><br />
33. Estado <strong>de</strong> Minas - MG<br />
Falso sequestro mobiliza policiais<br />
...cair em várias contradições, ele se apresentou na 36ª Delegacia da Regional do Barreiro,<br />
na capital, e confessou ter inventado a história para que a polícia encontrasse rapidamente o<br />
automóvel. De acordo com o <strong>de</strong>legado Roberto Soares, chefe da Delegacia Regional do<br />
34. Estado <strong>de</strong> Minas - MG<br />
Tio é preso por torturar garota<br />
...<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> sofrer várias convulsões. Ela apresentava hematomas nas pernas e sinais,<br />
aparentemente, <strong>de</strong> queimaduras nas ná<strong>de</strong>gas e no tórax. A polícia investiga se ela sofreu<br />
maus-tratos. A mãe da criança, a médica Cristiane Cardoso Marcenal Ferraz, acusa o pai da<br />
35. JB Online - RJ<br />
SP: acusado <strong>de</strong> matar taxista é preso pela Polícia Civil<br />
...Terra SÃO PAULO - A polícia Civil pren<strong>de</strong>u neste sábado um homem <strong>de</strong> 24 anos acusado<br />
<strong>de</strong> ter matado a taxista Cleuza Antonia dos Santos Andreta, <strong>de</strong> 28 anos. O corpo da ...<br />
36. Zero Hora - RS
Bloqueios para marcar a morte <strong>de</strong> sem-terra<br />
...<strong>de</strong>sconhecer que sua arma estava com munição letal. joanna.ferraz@diariosm.com.br<br />
JOANNA FERRAZ Entenda o caso 2009 - 28 <strong>de</strong> setembro – A polícia Civil <strong>de</strong> São Gabriel<br />
indicia o policial por homicídio qualificado. - 5 <strong>de</strong> outubro – A promotora Ivana Battaglin, <strong>de</strong><br />
37. O Globo - RJ<br />
Histórias consumidas pelo vício<br />
...10% passaram por prisões ou tiveram problemas com crimes. No Su<strong>de</strong>ste, a situação<br />
ten<strong>de</strong> a ser mais crítica: segundo a Secretaria Nacional <strong>de</strong> segurança pública, 63% dos<br />
<strong>de</strong>litos envolvendo drogas — posse, uso e tráfico — ocorreram na região em 2004 e 2005.<br />
38. O Globo - RJ<br />
Antropólogo vê episódio como tragédia social<br />
...gran<strong>de</strong>s eventos O cientista político e antropólogo Luiz Eduardo Soares, que é morador <strong>de</strong><br />
um condomínio em São Conrado e ex-secretário nacional <strong>de</strong> segurança pública, falou sobre<br />
os momentos <strong>de</strong> terror que presenciou no bairro da Zona Sul, na manhã <strong>de</strong> ontem. —<br />
39. O Globo - RJ<br />
Marina critica o 'uso eleitoral' <strong>de</strong> UPPs cariocas<br />
...Presidência, Marina Silva, criticou o uso eleitoral das Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Polícia Pacificadora<br />
(UPPs). Apesar <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rá-las uma experiência positiva em segurança pública, ela disse<br />
40. O Globo - RJ<br />
Homem diz ter sido espancado por Nem<br />
...foragido e respondia por dois crimes <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> drogas, foi levado para o Hospital Miguel<br />
Couto. Lá, ele permanece em observação, com escolta policial. O <strong>de</strong>legado Alessandro<br />
Thieres não acredita que o caso do suposto sequestro tenha relação com o tiroteio que<br />
houve na manhã <strong>de</strong> ontem, em São ...<br />
41. O Globo - RJ<br />
No Ceará, ação sobre estupro não anda<br />
...uma garota <strong>de</strong> 13 anos, até então virgem. Exame médico comprovou rompimento do<br />
hímen. A promotora Edna da Matta diz que estranhou o procedimento da polícia: primeiro,<br />
só a prostituta foi presa. Segundo Edna, só <strong>de</strong>pois, a pedido do MP, Thurnau foi incluído<br />
42. O Globo - RJ<br />
Beltrame diz que não muda planos<br />
...quer instalar UPPs, mesmo após confronto em São Conrado O secretário <strong>de</strong> segurança<br />
pública, José Mariano Beltrame, afirmou ontem que o planejamento para a implantação das<br />
43. O Globo - RJ<br />
Bairro <strong>de</strong> segurança máxima<br />
...Fe<strong>de</strong>ração das Associações <strong>de</strong> Moradores da Ilha do Governador, Melquía<strong>de</strong>s Chagas<br />
Martins acredita que a construção do portal vai zerar os índices <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong> no bairro.<br />
Segundo ele, que também integra o Conselho Comunitário <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> da Ilha, a maior<br />
44. O Globo - RJ<br />
Delegado já suspeitava <strong>de</strong> estratégia<br />
...os mecanismos e as ferramentas para a apuração dos fatos. O que é pior, eles utilizam a<br />
máquina do estado, o Disque-Denúncia, as corregedorias <strong>de</strong> polícias, por exemplo, para<br />
45. Reporter <strong>de</strong> Crime - RJ<br />
Secretário Beltrame não gosta <strong>de</strong> divulgar próximas UPPs
...do governador, no Palácio Guanabara Foto Michel Filho/ Agência O GLOBO Com o<br />
sucesso das Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Polícia Pacificadora (UPP), o secretário <strong>de</strong> segurança pública,<br />
José Mariano Beltrame, atingiu nível <strong>de</strong> popularida<strong>de</strong> jamais visto por um ocupante do<br />
46. Reporter <strong>de</strong> Crime - RJ<br />
Meta <strong>de</strong> UPP social é levar a República às favelas<br />
...que sempre foi tranquilo até a chegada <strong>de</strong> traficantes armados na década <strong>de</strong> 90. D. Percília<br />
garante que os bandidos <strong>de</strong>ixaram a favela tão logo a polícia lá se aboletou numa das <strong>de</strong>z<br />
Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> polícia Pacificadora da cida<strong>de</strong>. Há cerca um ano e meio à frente da<br />
47. Folha <strong>de</strong> S. Paulo - SP<br />
"Tio" acolhe criança apreendida 6 vezes<br />
...12 anos recém-completados, menino foi flagrado ven<strong>de</strong>ndo drogas na cracolândia,<br />
segundo a polícia De acordo com o Denarc, garoto chegava a ven<strong>de</strong>r 2.000 pedras <strong>de</strong> crack<br />
num só dia na região central <strong>de</strong> São Paulo VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO ...<br />
1. O Globo - RJ<br />
Polícia para quem precisa<br />
PM reforça patrulhamento em São Conrado, e imagens <strong>de</strong> prédios serão usadas na caça aos<br />
bandidos<br />
Um dia após o confronto entre bandidos da Rocinha e policiais ter levado terror a São<br />
Conrado, a PM criou ontem um esquema especial para reforçar o patrulhamento no bairro.<br />
Além das patrulhas do 23º BPM (Leblon), policiais do Batalhão <strong>de</strong> Choque e do Grupo<br />
Especial Tático em Motopatrulhamento (Getem) fizeram ronda durante todo o dia. O reforço,<br />
que contou com PMs armados com fuzis nas garupas <strong>de</strong> motos, criou uma sensação <strong>de</strong><br />
segurança para os moradores, ainda muito assustados com as cenas <strong>de</strong> violência do dia<br />
anterior, e garantiu a realização, pela manhã, da 14ª Meia Maratona do Rio, um percurso <strong>de</strong><br />
22 quilômetros entre São Conrado e o Aterro do Flamengo. Ainda assim, alguns inscritos<br />
<strong>de</strong>sistiram <strong>de</strong> participar da prova.<br />
— Fiquei muito assustada. O que aconteceu no sábado só contribui para a imagem negativa<br />
do Rio, que fica marcado como uma cida<strong>de</strong> perigosa — comentou a advogada Ana Carolina<br />
Hohmann, <strong>de</strong> 27 anos, que veio <strong>de</strong> Curitiba e não <strong>de</strong>sistiu <strong>de</strong> participar da Meia Maratona do<br />
Rio.<br />
Além do aumento do efetivo, que <strong>de</strong>verá ser mantido nos próximos dias, a PM fez rondas<br />
durante todo o dia <strong>de</strong> ontem em São Conrado. Na porta do Intercontinental, havia uma<br />
patrulha <strong>de</strong> prontidão.<br />
PM vai apurar se ação foi autorizada<br />
A movimentação <strong>de</strong> bon<strong>de</strong>s do tráfico — comboios <strong>de</strong> bandidos em carros e motos — <strong>de</strong> um<br />
morro para o outro já é esperada pela polícia. O comandantegeral da PM, coronel Mário<br />
Sérgio Duarte, informou ontem que toda sexta-feira os batalhões recebem um relatório <strong>de</strong><br />
inteligência (Relint) que informa sobre festas e eventos nas comunida<strong>de</strong>s que po<strong>de</strong>m ter a<br />
participação <strong>de</strong> bandidos.<br />
O comandante-geral também disse que está investigando a informação, publicada ontem<br />
pelo GLOBO, <strong>de</strong> que 12 policiais do Grupo <strong>de</strong> Ações Táticas (GAT) do 23º BPM organizaram<br />
uma operação não autorizada pela Secretaria <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong>, para tentar pren<strong>de</strong>r, na manhã<br />
<strong>de</strong> sábado, o traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, chefe do tráfico nas favelas<br />
da Rocinha e do Vidigal.
A operação teria sido o estopim para o confronto, que <strong>de</strong>ixou uma mulher morta e seis<br />
feridos, resultando ainda na invasão do Hotel Intercontinental, on<strong>de</strong> 35 pessoas foram feitas<br />
reféns por três horas.<br />
Ontem, a PM negou que o presi<strong>de</strong>nte da Associação <strong>de</strong> Moradores do Bairro Barcelos, na<br />
Rocinha, Van<strong>de</strong>rlan Barros <strong>de</strong> Oliveira, o Feijão, tenha negociado com os bandidos a<br />
libertação dos reféns. O lí<strong>de</strong>r comunitário só teria ajudado a polícia passando algumas<br />
informações sobre o bando. Feijão já foi investigado, em 2009, por ligação com o tráfico da<br />
Rocinha.<br />
A partir <strong>de</strong> hoje, policiais civis que investigam o caso vão começar a visitar condomínios do<br />
bairro, em especial nos arredores do Intercontinental, para obter imagens <strong>de</strong> circuitos <strong>de</strong><br />
segurança e tentar i<strong>de</strong>ntificar os traficantes que conseguiram fugir.<br />
As imagens do interior do hotel também serão analisadas.<br />
Enquanto a presença ostensiva <strong>de</strong> policiais levava tranquilida<strong>de</strong> ao bairro, no asfalto, a<br />
Rocinha viveu horas <strong>de</strong> tensão. A PM já sabe que Nem, que foi um dos que conseguiram<br />
escapar do cerco policial <strong>de</strong> anteontem, está escondido na comunida<strong>de</strong>.<br />
Os acessos ao Morro do Vidigal e à Favela da Rocinha também tiveram reforço no<br />
patrulhamento.<br />
O clima é <strong>de</strong> medo também no Vidigal.<br />
Na sexta-feira, o presi<strong>de</strong>nte da associação <strong>de</strong> moradores do morro, José Valdir Cavalcante,<br />
o Zé do Rádio, foi expulso da comunida<strong>de</strong> por Nem. Segundo moradores, ele é suspeito <strong>de</strong><br />
ter passado informações sobre o bando do traficante para a polícia. Candidato a <strong>de</strong>putado<br />
estadual, ele registrou queixa na <strong>de</strong>legacia.<br />
Zé do Rádio contou que só procurou a polícia para <strong>de</strong>nunciar a expulsão, mas que não<br />
<strong>de</strong>latou o traficante.<br />
Ele afirmou ter sido expulso do Vidigal porque não aceitava que a associação servisse “como<br />
instrumento do tráfico”. Por isso, segundo ele, toda vez que o traficante o chamava para<br />
conversar, não atendia aos pedidos, pois sabia que era para lhe dar alguma or<strong>de</strong>m.<br />
— Ele queria que eu fosse o candidato <strong>de</strong>le para me manipular, como fez com o outro que<br />
morreu (o vereador Luiz Claudio <strong>de</strong> Oliveira, o Claudinho da Aca<strong>de</strong>mia, morto em junho<br />
<strong>de</strong>ste ano). Não aceitava isso. Falava duro com ele, então me botou para correr <strong>de</strong> lá —<br />
disse Zé do Rádio.<br />
No fim da manhã <strong>de</strong> ontem, nove dos <strong>de</strong>z bandidos presos após a invasão do Hotel<br />
Intercontinental <strong>de</strong>ixaram a 15ª DP (Gávea), on<strong>de</strong> passaram a noite, e foram para o Instituto<br />
Médico-Legal (IML), na Leopoldina, fazer exames <strong>de</strong> corpo <strong>de</strong> <strong>de</strong>lito. Em seguida, o bando<br />
foi transferido para o complexo penitenciário <strong>de</strong> Gericinó, na Zona Oeste. Entre eles, estava<br />
o braço direito <strong>de</strong> Nem, Ítalo Jesus, o Perninha, que usava um colete preto, com inscrição da<br />
Polícia do Exército, quando preso pelos policiais.<br />
Um adolescente, que também fazia parte da quadrilha, foi levado para o Departamento Geral<br />
<strong>de</strong> Ações Socioeducativas (Degase), na Ilha do Governador.<br />
Autorida<strong>de</strong>s da cúpula da Secretaria <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> foram procuradas pelos repórteres do<br />
GLOBO durante todo o dia <strong>de</strong> ontem, mas ninguém confirmou se a polícia já tem ou está<br />
traçando uma estratégia para pren<strong>de</strong>r Nem. Voltar<br />
2. O Globo - RJ
Dilma admite que fronteiras precisam <strong>de</strong> reforço policial<br />
Luiza Damé<br />
BRASÍLIA. Oportunamente, um dia após o narcotráfico levar terror a São Conrado, a<br />
presi<strong>de</strong>nciável do PT, Dilma Rousseff, anunciou propostas do seu programa <strong>de</strong> governo para<br />
segurança pública. Ela elogiou o trabalho do aliado Sérgio Cabral (PMDB) no combate ao<br />
crime e a implantação das Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Polícia Pacificadora, e disse que preten<strong>de</strong> reforçar o<br />
policiamento nas fronteiras para evitar tráfico <strong>de</strong> drogas e armas. Para isso, quer comprar,<br />
entre 2011 e 2014, <strong>de</strong>z veículos aéreos não tripulados, um <strong>de</strong>les para o Rio.<br />
Segundo Dilma, a principal tarefa <strong>de</strong> seu governo será combater o crime, investindo no<br />
policiamento <strong>de</strong> fronteira, numa parceria entre Polícia Fe<strong>de</strong>ral, Polícia Rodoviária Fe<strong>de</strong>ral,<br />
Forças Armadas e polícias Civil e Militar.<br />
Ela disse que hoje “não se faz policiamento <strong>de</strong> fronteira <strong>de</strong> forma tradicional”, mas<br />
combinando informação, inteligência, tecnologia e ação policial. Dilma criticou a proposta do<br />
tucano José Serra <strong>de</strong> criar o Ministério da <strong>Segurança</strong> <strong>Pública</strong>. Dilma estará hoje em São<br />
Paulo, on<strong>de</strong> estreia na porta <strong>de</strong> uma fábrica, levada pelo presi<strong>de</strong>nte Lula. A previsão é que<br />
os dois façam campanha na fábrica da Merce<strong>de</strong>s-Benz.<br />
Voltar<br />
3. DCI - SP<br />
Cabral elogia ação da polícia em confronto com traficantes<br />
RIO DE JANEIRO – O governador do Rio <strong>de</strong> Janeiro, Sérgio Cabral, elogiou a atuação da<br />
polícia durante a invasão do Hotel Intercontinental, em São Conrado, zona sul do Rio, na<br />
manhã do sábado (21). Em nota, Cabral afirma que “em breve o povo do Vidigal e o povo da<br />
Rocinha estarão livres do po<strong>de</strong>r paralelo”.<br />
O secretário estadual <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> <strong>Pública</strong>, José Mariano Beltrame, afirmou que o episódio<br />
<strong>de</strong>ste sábado não vai alterar o cronograma <strong>de</strong> implantação das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Polícia<br />
Pacificadora (UPPs).<br />
Segundo Beltrame, “a época em que a polícia agia ao sabor <strong>de</strong> acontecimentos já passou”.<br />
Ele recebeu a imprensa na se<strong>de</strong> do 23º Batalhão da Polícia Militar, no bairro do Leblon, para<br />
on<strong>de</strong> foram levados os <strong>de</strong>z integrantes do grupo armado, após se ren<strong>de</strong>rem aos policiais que<br />
faziam o cerco ao hotel.<br />
Beltrame disse que os invasores eram traficantes da favela da Rocinha e, entre os presos,<br />
está o segundo homem na hierarquia do tráfico daquela comunida<strong>de</strong>. A mulher que morreu<br />
na troca <strong>de</strong> tiros, antes da invasão do hotel, foi i<strong>de</strong>ntificada como Adriana Oliveira dos Santos<br />
e apontada como responsável pela contabilida<strong>de</strong> do tráfico na Rocinha. No tiroteio, seis<br />
pessoas ficaram feridas, sendo quatro policiais militares.<br />
Segundo a Polícia Militar, 35 pessoas, entre funcionários e hóspe<strong>de</strong>s, foram mantidas como<br />
reféns pelos bandidos, que entraram no hotel pela cozinha. O grupo estava armado com oito<br />
fuzis, cinco pistolas e uma granada.<br />
Segundo a gerência do Intercontinental, um dos principais da re<strong>de</strong> hoteleira do Rio, cerca <strong>de</strong><br />
600 pessoas estavam hospedadas no momento da invasão. Muitos conseguiram <strong>de</strong>ixar o<br />
hotel, mas a maioria foi orientada a permanecer em seus quartos.<br />
Agência Brasil<br />
4. Gazeta do Povo - PR<br />
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Após três dias, Curitiba volta a registrar homicídios<br />
Um jovem foi morto no Tatuquara na noite <strong>de</strong> quinta-feira e três corpos foram encontrados no<br />
Xaxim, Campo Comprido e Bairro Alto na manhã <strong>de</strong>sta sexta-feira<br />
20/08/2010 | 12:16 | Fernanda Trisotto e Felippe Aníbal<br />
Por três dias, Curitiba não registrou nenhum homicídio. Às 22 horas da quinta-feira (19), a<br />
capital completou 72 horas sem assassinatos. Cerca <strong>de</strong> quarenta minutos <strong>de</strong>pois, a Polícia<br />
Militar (PM) registrou uma morte violenta no bairro Tatuquara. Um jovem, <strong>de</strong><br />
aproximadamente 16 anos, foi atingido por vários disparos <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo na Rua Marçal<br />
Justen. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu.<br />
Na manhã <strong>de</strong>sta sexta-feira (20), três corpos foram encontrados no Bairro Alto, Campo<br />
Comprido e Xaxim. A primeira ocorrência foi na Rua Luiz Barreto Murat, no Bairro Alto, on<strong>de</strong><br />
o corpo <strong>de</strong> um homem, ainda não i<strong>de</strong>ntificado, foi encontrado com várias marcas <strong>de</strong> facadas<br />
no rosto. No Xaxim, o corpo <strong>de</strong> Carlos Eduardo Pires Meister foi encontrado com vários<br />
disparos <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo. A polícia não sabe qual a motivação do crime. Já no Campo<br />
Comprido, o corpo <strong>de</strong> um homem foi encontrado <strong>de</strong>ntro da casa <strong>de</strong>le, com manchas <strong>de</strong><br />
sangue no local. A causa da morte <strong>de</strong> Edson Luis Batista, <strong>de</strong> 55 anos, vai ser investigada.<br />
Balanço<br />
O último registro <strong>de</strong> morte violenta na capital tinha sido às 22 horas <strong>de</strong> segunda-feira (16).<br />
Em maio, a cida<strong>de</strong> já havia passado um fim <strong>de</strong> semana inteiro (entre os dias 7 e 10) sem<br />
registrar homicídios.<br />
Na quinta-feira, um homem <strong>de</strong> 42 anos morreu no Hospital do Trabalhador, em <strong>de</strong>corrência<br />
<strong>de</strong> ferimentos provocados por arma <strong>de</strong> fogo. Mas, como ele havia sido baleado em São José<br />
dos Pinhais, o caso é atribuído à cida<strong>de</strong> da região metropolitana.<br />
No mês <strong>de</strong> agosto já haviam sido registradas 23 mortes violentas em Curitiba. Outros 27<br />
casos aconteceram em municípios da região metropolitana. Vinte homicídios estão sem local<br />
especificado pelo IML.<br />
Em entrevista à Gazeta do Povo, a <strong>de</strong>legada Vanessa Alice, titular da DH, atribuiu a queda<br />
dos índices <strong>de</strong> homicídio está relacionada às ações realizadas pela polícia em bairros<br />
consi<strong>de</strong>rados violentos. Na Cida<strong>de</strong> Industrial <strong>de</strong> Curitiba (CIC), após a prisão <strong>de</strong> traficantes,<br />
os índices <strong>de</strong> homicídios caíram, porque os assassinatos estavam diretamente relacionado<br />
às drogas. Hoje, segundo a polícia, os crimes estão “praticamente zerados” na CIC. Em<br />
agosto, a polícia <strong>de</strong>sarticulou as duas principais quadrilhas que disputavam o controle do<br />
tráfico naquele bairro. No total, foram presas sete pessoas, entre elas, dois lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> uma<br />
das facções.<br />
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5. O Globo - RJ<br />
Com o inimigo vivendo <strong>de</strong>ntro da própria casa<br />
MP investiga milicianos que atuavam na Corregedoria <strong>de</strong> Polícia<br />
Vera Araújo<br />
O inimigo não mora ao lado, mas <strong>de</strong>ntro da própria Corregedoria <strong>de</strong> Polícia Civil.<br />
Responsável por apurar <strong>de</strong>svios <strong>de</strong> conduta <strong>de</strong> policiais civis, o órgão está na mira do Grupo<br />
<strong>de</strong> Atuação Especial <strong>de</strong> Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio (Gaeco),<br />
especializado em investigar quadrilhas <strong>de</strong> milicianos. Escutas telefônicas autorizadas pela<br />
Justiça revelam que milicianos do principal grupo <strong>de</strong> Campo Gran<strong>de</strong>, na Zona Oeste, tinham<br />
como informante um agente da Corregedoria <strong>de</strong> Polícia Civil.
As gravações, às quais O GLOBO teve acesso com exclusivida<strong>de</strong>, foram feitas pela<br />
Subsecretaria <strong>de</strong> Inteligência da secretaria <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> e pela Coor<strong>de</strong>nadoria <strong>de</strong><br />
Inteligência Policial (Cinpol) da Polícia Civil. Elas revelam que a milícia do ex-PM Ricardo<br />
Teixeira da Cruz, o Batman, repassava informações sobre o bando rival do também exPM<br />
Francisco César Oliveira, o Chico Bala, a um inspetor da corregedoria. Segundo a<br />
interceptação telefônica, a função <strong>de</strong>le era montar operações contra os inimigos <strong>de</strong> Batman,<br />
que está preso.<br />
Operação feita após suposta propina O chefe <strong>de</strong> Polícia Civil, Allan Turnowski, <strong>de</strong>terminou a<br />
abertura <strong>de</strong> uma sindicância na corregedoria para investigar a participação do policial civil<br />
que atua no órgão e estaria ligado às milícias, segundo as gravações.<br />
— O fato está sendo apurado com rigor — disse Turnowski.<br />
Nos próximos dias, os promotores da Gaeco <strong>de</strong>vem pedir a prisão do agente da Polícia Civil<br />
infiltrado pelas milícias, já i<strong>de</strong>ntificado. Em algumas ligações, o inspetor é procurado na<br />
corregedoria por uma mulher chamada Jaqueline, integrante do grupo <strong>de</strong> milicianos <strong>de</strong><br />
Batman, que informa a localização <strong>de</strong> carros da polícia, quando o alvo é algum aliado.<br />
Numa outra gravação, realizada dia 28 <strong>de</strong> janeiro do ano passado, o miliciano Maciel Valente<br />
<strong>de</strong> Souza, braço direito <strong>de</strong> Batman, pe<strong>de</strong> a um homem não i<strong>de</strong>ntificado que faça a <strong>de</strong>núncia<br />
sobre os rivais, ligando “para o amigo da corregedoria”, a fim <strong>de</strong> prendê-los pela manhã.<br />
Uma escuta feita no dia 26 <strong>de</strong> janeiro do ano passado comprova as ligações perigosas entre<br />
a milícia <strong>de</strong> Batman e a corregedoria.<br />
Maciel pe<strong>de</strong> ao tesoureiro da quadrilha que lance na contabilida<strong>de</strong> a saída <strong>de</strong> “40 lex” para a<br />
corregedoria. Os investigadores suspeitam que o valor se refere a quantia <strong>de</strong> R$ 40 mil e que<br />
a palavra “lex” seria um código para propina. No dia seguinte ao suposto acerto, foi<br />
<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ada uma operação da Corregedoria <strong>de</strong> Polícia Civil, em Campo Gran<strong>de</strong>, na qual<br />
esteve presente até uma <strong>de</strong>legada do órgão, segundo a escuta. De acordo com a conversa<br />
interceptada, um homem não i<strong>de</strong>ntificado informa que “a <strong>de</strong>legada da corregedoria ligou<br />
agora e tá indo para Campo Gran<strong>de</strong>”.<br />
Além <strong>de</strong> usarem a corregedoria, milicianos passavam informações sobre as ações <strong>de</strong> Chico<br />
Bala e seus cúmplices ao Disque<strong>de</strong>núncia (2253-1177). A tática seria uma resposta aos<br />
métodos utilizados pelo titular da 35ª DP (Campo Gran<strong>de</strong>), Marcus Neves, que atuou na<br />
região em 2008. Para <strong>de</strong>sarticular a quadrilha <strong>de</strong> Batman, o <strong>de</strong>legado usou como<br />
informantes Chico Bala e o ex-PM Herbert Canijo da Silva, o Escangalhado.<br />
Em <strong>de</strong>poimento à 1ª Comissão Permanente <strong>de</strong> Inquérito Administrativo da Polícia Civil, em<br />
<strong>de</strong>zembro do ano passado, o ex-chefe <strong>de</strong> Polícia Civil Gilberto da Cruz Ribeiro confirmou que<br />
ele e o secretário <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong>, José Mariano Beltrame, autorizaram Neves a usar<br />
milicianos para <strong>de</strong>ter o grupo <strong>de</strong> Batman. O objetivo era realizar prisões em flagrante <strong>de</strong><br />
pessoas vistas como “intocáveis”, referindo-se aos irmãos Natalino José Guimarães e<br />
Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, ex-vereador e ex<strong>de</strong>putado estadual, presos <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
2008.<br />
O ex-chefe <strong>de</strong> Polícia Civil revelou ainda que o grupo <strong>de</strong> Batman “plantava” informações em<br />
órgãos como a Assembleia Legislativa, a Câmara dos Vereadores, a Chefia <strong>de</strong> Polícia Civil,<br />
a Secretaria <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> e a própria corregedoria. Em 2008, um outro informante <strong>de</strong><br />
Marcus Neves ligado às milícias, o sargento bombeiro Carlos Alexandre Silva Cavalcante, o<br />
Gaguinho, foi preso pela corregedoria, em frente à se<strong>de</strong> da Chefia <strong>de</strong> Polícia Civil, no Centro.<br />
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6. O Globo - RJ<br />
Invasão é <strong>de</strong>staque na imprensa internacional<br />
Sites citam perigo enfrentado por turistas
A invasão do Hotel Intercontinental ganhou <strong>de</strong>staque na imprensa internacional.<br />
Os sites do jornal francês “Le Point” e da TV francesa TV5Mon<strong>de</strong> afirmaram que o episódio<br />
“mancha mais uma vez a imagem da cida<strong>de</strong> escolhida para abrigar as Olimpíadas <strong>de</strong> 2016”.<br />
Nas reportagens, eles informam que o tiroteio ocorreu em frente a um hotel <strong>de</strong> luxo, que<br />
tinha 300 turistas estrangeiros entre os 1.500 hóspe<strong>de</strong>s.<br />
Ambos os sites <strong>de</strong>stacaram ainda que o “inci<strong>de</strong>nte levou pânico ao bairro” e publicaram<br />
dados sobre a violência no Rio: “O estado é um dos mais violentos do Brasil, país que<br />
registra a cada ano mais <strong>de</strong> 40 mil assassinatos, gerando uma taxa anual <strong>de</strong> 23,8 homicídios<br />
a cada cem mil habitantes”.<br />
O tiroteio também teve espaço no site do jornal americano “The New York Times” ressaltou<br />
que o “hotel estava lotado <strong>de</strong> turistas para a maratona do Rio, no domingo”.<br />
Ainda segundo o site, todos os reféns foram libertados e a policia conseguiu capturar a<br />
maioria dos suspeitos.” O site do jornal “Chicago Tribune”, cida<strong>de</strong> americana que per<strong>de</strong>u<br />
para o Brasil o direito <strong>de</strong> sediar as Olimpíadas <strong>de</strong> 2016, informou que o hotel se “transformou<br />
numa zona <strong>de</strong> guerra, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>z suspeitos, com armas <strong>de</strong> grosso calibre e granadas,<br />
trocaram tiros com a polícia e mataram uma mulher”. Ao informar sobre a invasão, o<br />
“Chicago Tribune” <strong>de</strong>stacou o fato <strong>de</strong> o bando ter feito reféns <strong>de</strong>ntro do hotel <strong>de</strong> luxo, on<strong>de</strong><br />
havia turistas estrangeiros.<br />
As páginas da CNN e BBC na internet chamaram atenção para a morte <strong>de</strong> uma pessoa no<br />
tiroteio. A CNN acrescentou que a vítima estava envolvida com tráfico.<br />
No jornal “Washington Post”, o <strong>de</strong>staque foi para a ação dos “homens armados que se<br />
envolveram num tiroteio com a polícia e colocaram 30 pessoas como reféns num hotel <strong>de</strong><br />
luxo com turistas estrangeiros”. Ainda <strong>de</strong> acordo com o periódico, “em algumas horas as<br />
vítimas foram libertadas e os criminosos, presos pela polícia.” A versão on-line do “Jornal <strong>de</strong><br />
Notícias”, <strong>de</strong> Portugal, fez a seguinte manchete: “Lí<strong>de</strong>r do tráfico na Rocinha esteve no<br />
sequestro ao Hotel Intercontinental” e afirmou que entre os <strong>de</strong>z presos estava o “número dois<br />
do tráfico <strong>de</strong> drogas na favela”. A matéria também <strong>de</strong>stacou que entre os reféns estavam 50<br />
portugueses, que permaneceram presos durante três horas.<br />
O também por tuguês “Diário <strong>de</strong> Notícias” preferiu ressaltar a ação dos agentes <strong>de</strong><br />
segurança: “Polícia liberta 30 pessoas feitas reféns num hotel”. O jornal chamou a atenção<br />
para a continuida<strong>de</strong> da operação policial mesmo após a libertação das vítimas, com a<br />
“incursão <strong>de</strong> agentes na Rocinha para encontrar os fugitivos.” O inci<strong>de</strong>nte repercutiu na<br />
primeira página do site do “El Universal”, da Venezuela: “A violência voltou a se apo<strong>de</strong>rar do<br />
Rio, quando <strong>de</strong>linquentes fortemente armados tomaram 35 reféns em um hotel”.<br />
Segundo o periódico espanhol “El Pais”, da Espanha.<br />
“O Rio <strong>de</strong> Janeiro viveu no sábado horas <strong>de</strong> tensão, pois <strong>de</strong>z narcotraficantes invadiram o<br />
Hotel Intercontinental”.<br />
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7. O Globo - RJ<br />
Operação não autorizada <strong>de</strong> PMs foi estopim<br />
Sem aval do comando da segurança pública, 12 policiais teriam tentado pren<strong>de</strong>r o chefe do<br />
tráfico na Rocinha<br />
Uma operação, não autorizada pelo comando da segurança pública, feita por 12 policiais<br />
militares para tentar pren<strong>de</strong>r o traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, chefe do<br />
tráfico nas favelas do Vidigal e da Rocinha, estaria por trás da manhã <strong>de</strong> terror vivida ontem<br />
por centenas <strong>de</strong> turistas e moradores <strong>de</strong> São Conrado. A informação, obtida com fontes do<br />
GLOBO, não foi confirmada pela PM, mas será investigada.
Os policiais do Grupo <strong>de</strong> Ações Táticas (GAT) do 23º BPM (Leblon) foram informados da<br />
presença do bandido na Favela do Vidigal, ainda <strong>de</strong> madrugada.<br />
Nem estaria em uma festa acompanhado <strong>de</strong> pelo menos 60 traficantes armados com fuzis,<br />
metralhadoras e pistolas.<br />
Ele chegou à favela por volta <strong>de</strong> 5h, anunciando bebida <strong>de</strong> graça para os cúmplices e<br />
moradores.<br />
No início da manhã, os policiais — todos à paisana — tomaram um dos acessos da Avenida<br />
Presi<strong>de</strong>nte João Goulart, principal ligação entre a Avenida Niemeyer e o alto do morro, e<br />
ficaram esperando, escondidos, os traficantes saírem.<br />
Os criminosos <strong>de</strong>ixaram o Vidigal e, já em São Conrado, foram surpreendidos pelos PMs.<br />
Nem e seu bando, que seguiam em comboio para a Favela da Rocinha, reagiram a tiros.<br />
Lí<strong>de</strong>r comunitário estaria jurado <strong>de</strong> morte Moradores do Vidigal confirmaram que Nem e seus<br />
cúmplices estavam numa festa no alto da favela, no final da Avenida João Goulart. Segundo<br />
fontes do GLOBO, Nem e seus cúmplices obrigaram dois motoristas <strong>de</strong> vans do Vidigal a<br />
transportá-los até a Rocinha, quando o grupo cruzou com policiais militares e começou o<br />
tiroteio.<br />
Na comunida<strong>de</strong>, moradores contam que Nem <strong>de</strong>sconfia que o lí<strong>de</strong>r da Associação <strong>de</strong><br />
Moradores do Vidigal, José Valdir Cavalcante, o Zé da Rádio, candidato a <strong>de</strong>putado<br />
estadual, tenha procurado a polícia para <strong>de</strong>nunciá-lo. Na sexta-feira, o traficante expulsou Zé<br />
do Rádio, que teria feito algo que o <strong>de</strong>sagradou, embora já tivesse sido avisado. O lí<strong>de</strong>r<br />
comunitário teria jurado vingança, dizendo que procuraria a 15ª DP (Gávea).<br />
No morro, para on<strong>de</strong> volo traficante disse que Zé do Rádio “será a bola da vez”.<br />
O secretário <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong>, José Mariano Beltrame, apresentou uma versão diferente para o<br />
confronto. Segundo ele, os policiais não sabiam que havia o comboio <strong>de</strong> traficantes e se<br />
<strong>de</strong>pararam com os bandidos por acaso: — A polícia não tinha essa informação. A polícia<br />
encontrou essas pessoas naquele trecho.<br />
Já segundo um dos quatro PMs que se <strong>de</strong>pararam com a quadrilha, o sargento Juan<br />
Hornero, do 23º BPM (Leblon), ele e seus colegas já tinham informações sobre a presença<br />
dos bandidos. O PM contou que o batalhão informou que o bando sairia <strong>de</strong> uma festa, da<br />
Rocinha ou do Vidigal. De acordo com o sargento, o grupo tinha cerca <strong>de</strong> 60 criminosos,<br />
divididos em motos, duas vans e dois carros <strong>de</strong> passeio.<br />
— Não esperávamos que eles fossem tantos. Se a informação fosse mais precisa, a ação<br />
seria melhor — disse, acrescentando que a patrulha on<strong>de</strong> ele estava ficou cheia <strong>de</strong> marcas<br />
<strong>de</strong> tiros.<br />
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8. O Estado <strong>de</strong> S. Paulo - SP<br />
A invasão do Congresso<br />
23 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2010 | 0h 00<br />
- O Estado <strong>de</strong> S.Paulo<br />
Se, para satisfazer suas ambições profissionais, funcionários públicos interessados em<br />
equiparar seu trabalho ao dos policiais são capazes <strong>de</strong> invadir a Câmara dos Deputados,<br />
causando gran<strong>de</strong> tumulto e interrompendo o trabalho legislativo, que serviços eles po<strong>de</strong>m<br />
prestar para dar mais segurança àqueles que pagam seus salários, isto é, aos cidadãos<br />
comuns?<br />
Esta é a primeira pergunta que precisam respon<strong>de</strong>r os agentes penitenciários que, na noite<br />
<strong>de</strong> terça-feira, a <strong>de</strong>speito da ação da Polícia Legislativa - com a qual trocaram safanões -,
invadiram o Salão Ver<strong>de</strong> da Câmara, que dá acesso ao plenário. A <strong>de</strong>cisão dos invasores <strong>de</strong><br />
manter o local ocupado forçou o presi<strong>de</strong>nte da Casa, <strong>de</strong>putado Michel Temer, em acordo<br />
com as li<strong>de</strong>ranças partidárias, a suspen<strong>de</strong>r a sessão marcada para o dia seguinte.<br />
Mas não é só o vandalismo <strong>de</strong>sses funcionários públicos, açulados pelos dirigentes <strong>de</strong> suas<br />
associações profissionais, que causa estranheza. Mais estranheza ainda causam os seus<br />
objetivos. O que levou agentes penitenciários <strong>de</strong> todo o País a encher 11 ônibus que os<br />
conduziram a Brasília foi a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> votação, pela Câmara, <strong>de</strong> uma proposta <strong>de</strong><br />
emenda constitucional (PEC) que os transforma em "policiais penais", com po<strong>de</strong>res para<br />
realizar investigações e capturar foragidos, entre outras atribuições típicas e privativas da<br />
polícia.<br />
Em outras palavras, o que os agentes penitenciários querem é ter po<strong>de</strong>res e vencimentos<br />
iguais aos dos policiais. O presi<strong>de</strong>nte do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do<br />
Estado <strong>de</strong> São Paulo, João Rinaldo Machado, <strong>de</strong>clarou ao jornal Correio Braziliense que a<br />
aprovação da proposta seria "uma forma <strong>de</strong> reconhecimento da profissão". Serviria também<br />
para uniformizar as relações <strong>de</strong> trabalho nas penitenciárias, on<strong>de</strong>, segundo ele, trabalham<br />
profissionais concursados, terceirizados e policiais <strong>de</strong>slocados <strong>de</strong> sua função original. Se tais<br />
problemas existem, <strong>de</strong>vem ser resolvidos por medidas administrativas, não por emenda<br />
constitucional.<br />
A PEC, se aprovada, po<strong>de</strong> ter consequências danosas para o sistema <strong>de</strong> segurança pública.<br />
Por que criar uma nova polícia no País? A legislação é clara ao atribuir à Polícia Civil muitas<br />
das tarefas que os agentes penitenciários preten<strong>de</strong>m <strong>de</strong>sempenhar. São tarefas que não<br />
po<strong>de</strong>m ser segmentadas - <strong>de</strong>ntro ou fora dos presídios, como prevê o projeto -, pois, como<br />
tem observado o presi<strong>de</strong>nte do Instituto <strong>Brasileiro</strong> <strong>de</strong> Ciências Criminais, Sérgio Mazina<br />
Martins, "o crime não é segmentado". A tarefa do agente penitenciário é cuidar da or<strong>de</strong>m e<br />
da disciplina nos presídios e das necessida<strong>de</strong>s humanas dos presidiários. Não é uma tarefa<br />
policial.<br />
Há notórios interesses políticos. O tamanho da categoria profissional - estima-se em 100 mil<br />
o número <strong>de</strong> agentes penitenciários no País - certamente inspirou alguns <strong>de</strong>putados a<br />
oferecer-lhe alguma vantagem financeira, pois a equiparação ao trabalho profissional<br />
implicará vencimentos maiores.<br />
Também tem motivação política outra proposta <strong>de</strong> emenda constitucional, a <strong>de</strong> número<br />
300/08, que cria o piso nacional para os policiais e para os bombeiros. Não por acaso, a<br />
proposta estabelece, como parâmetro nacional, o piso em vigor no Distrito Fe<strong>de</strong>ral, um dos<br />
mais altos do País.<br />
Em <strong>de</strong>fesa da responsabilida<strong>de</strong> fiscal, muitos governadores se opõem a mais essa<br />
generosida<strong>de</strong> parlamentar com o dinheiro do contribuinte. Cada Estado tem uma realida<strong>de</strong><br />
econômica, financeira e social, que baliza a remuneração <strong>de</strong> sua força policial e dos <strong>de</strong>mais<br />
profissionais do setor público. A equiparação dos vencimentos dos policiais em nível nacional<br />
imporia a muitos Estados um ônus que eles não têm como suportar. Não por acaso, a<br />
proposta transfere parte <strong>de</strong>sse ônus para a União, que teria <strong>de</strong> criar um fundo para ajudar os<br />
Estados que não tenham recursos suficientes para pagar os novos vencimentos dos policiais.<br />
Há dois meses as categorias que po<strong>de</strong>m ser beneficiadas com as duas PECs vinham<br />
ameaçando invadir o Congresso, e o fizeram. Agora, ameaçam realizar uma greve. Não se<br />
preocupam com os interesses dos cidadãos.<br />
9. O Estado <strong>de</strong> S. Paulo - SP<br />
<strong>Segurança</strong> vira mote <strong>de</strong> campanha<br />
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Além <strong>de</strong> criar ministério, Serra promete reforçar as fronteiras; Dilma vai incentivar combate à<br />
violência por núcleos comunitários<br />
22 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2010 | 0h 00
Lucas <strong>de</strong> Abreu Maia - O Estado <strong>de</strong> S.Paulo<br />
Ao comprometer-se, no início da pré-campanha, com a criação do Ministério da <strong>Segurança</strong><br />
<strong>Pública</strong>, o presi<strong>de</strong>nciável do PSDB, José Serra, empurrou a questão para o centro do embate<br />
eleitoral. Seu programa <strong>de</strong> quinta-feira, na TV, concentrou-se em suas propostas para o<br />
combate às drogas - em especial o crack.<br />
Neste mês, em viagem a Salvador, Serra divulgou seu programa <strong>de</strong> governo para a<br />
segurança. Além da criação da pasta, os sete eixos condutores incluem o fortalecimento do<br />
controle fronteiriço, investimento em inteligência e a construção <strong>de</strong> presídios.<br />
Dilma Rousseff, candidata do PT, respon<strong>de</strong>u às propostas do adversário com um programa<br />
para a segurança com 13 diretrizes básicas, obtidas pelo Estado. Tratam, em linhas gerais,<br />
da continuida<strong>de</strong> das políticas do governo Lula. A ênfase será, contudo, no incentivo ao<br />
combate à violência por núcleos comunitários - chamado pelos coor<strong>de</strong>nadores petistas <strong>de</strong><br />
"segurança cidadã".<br />
A segurança pública tornou-se um dos principais flancos <strong>de</strong> ataque ao PT. Esta é a área em<br />
que o governo Lula é mais mal avaliado, <strong>de</strong> acordo com a última pesquisa Ibope/Estado/TV<br />
Globo. Para 34% do eleitorado, a segurança piorou nos últimos dois anos - mesmo<br />
porcentual que consi<strong>de</strong>ra que houve melhora no setor.<br />
"A verda<strong>de</strong> é que a segurança não é priorida<strong>de</strong> para este governo", ataca o cientista político<br />
Túlio Kahn, que coor<strong>de</strong>nou o programa tucano para a área. Ele afirma que a criação do<br />
Ministério da <strong>Segurança</strong> "é um meio, não um fim". A nova pasta <strong>de</strong>verá congregar órgãos<br />
atualmente subordinados ao Ministério da Justiça, como a Polícia Fe<strong>de</strong>ral. O programa fala<br />
em "valorizar" e em aumentar os salários dos policiais.<br />
Na semana passada, o partido conseguiu suspen<strong>de</strong>r judicialmente uma campanha<br />
publicitária da Associação dos Delegados <strong>de</strong> Polícia <strong>de</strong> São Paulo (Adpesp) que protestava<br />
contra salários e condições <strong>de</strong> trabalho.<br />
Criticado pelo PT por aumentar o número <strong>de</strong> presídios em São Paulo, Serra <strong>de</strong>verá, se<br />
eleito, levar o mo<strong>de</strong>lo a todo o País. O programa tucano prevê parcerias público-privadas<br />
(PPPs) para a construção <strong>de</strong> novas unida<strong>de</strong>s. "Vamos vencer a burocracia que impe<strong>de</strong> as<br />
construções", garante o texto. "Há um déficit <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 180 mil vagas nos presídios",<br />
complementa Kahn.<br />
No programa <strong>de</strong> governo <strong>de</strong> Dilma, o enfoque será na continuida<strong>de</strong>. As 13 diretrizes para a<br />
segurança pública falam em "melhoria da gestão", "ampliação da política <strong>de</strong> combate às<br />
drogas" e "fortalecimento da Força Nacional <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> <strong>Pública</strong>".<br />
A ruptura fica na promessa <strong>de</strong> reforma no sistema prisional. Outra inovação é o investimento<br />
em policia comunitária. Não há, porém, <strong>de</strong>talhes sobre como isto seria feito. "Vamos juntar<br />
políticas sociais com repressão qualificada. Criaremos territórios da paz, para oferecer, em<br />
zonas <strong>de</strong> perigo, a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> não envolvimento com o crime", explica o sociólogo José<br />
Vicente Tavares dos Santos, colaborador do programa <strong>de</strong> Dilma.<br />
Promessas. Marina Silva (PV) também dá <strong>de</strong>staque à segurança pública. Em julho, ela<br />
divulgou uma nova versão das diretrizes do seu programa com ênfase no setor. São seis<br />
itens, que falam em investir em inteligência, combater a impunida<strong>de</strong> e estabelecer um plano<br />
<strong>de</strong> carreira para as três polícias. O plano teve a colaboração do antropólogo Luiz Eduardo<br />
Soares.<br />
Os candidatos à Presidência fizeram, nesta semana, 13 novas promessas. O levantamento<br />
do Estado leva em consi<strong>de</strong>ração as aparições públicas dos três principais candidatos, além<br />
<strong>de</strong> entrevistas, propaganda eleitoral e material <strong>de</strong> seus sites.<br />
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10. O Globo - RJ<br />
Ação criminosa tem repercussão entre autorida<strong>de</strong>s<br />
Cabral elogia polícia, e presi<strong>de</strong>nciáveis <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m mais empenho do governo fe<strong>de</strong>ral<br />
O confronto entre traficantes e PMs em São Conrado teve forte repercussão entre<br />
autorida<strong>de</strong>s e na campanha eleitoral. Ontem, o governador Sérgio Cabral divulgou nota<br />
elogiando a ação da PM e, sem fazer referência expressa à Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Polícia Pacificadora<br />
(UPP), prometeu que logo os moradores <strong>de</strong> Rocinha e Vidigal “ficarão livres do tráfico”. Há<br />
especulação sobre a instalação <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> na Rocinha, mas até agora ainda não foi<br />
divulgado prazo pela Secretaria <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> <strong>Pública</strong>.<br />
“Importante <strong>de</strong>stacar a ação da polícia.<br />
Firme, profissional e com efetivida<strong>de</strong>. Não temos nenhuma ilusão, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o primeiro dia <strong>de</strong><br />
governo, sobre o tamanho do nosso <strong>de</strong>safio. Mas temos a convicção <strong>de</strong> que estamos no<br />
caminho certo. Em breve, o povo do Vidigal e o da Rocinha estarão livres do po<strong>de</strong>r paralelo”<br />
disse a nota.<br />
O ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, também elogiou a ação da polícia.<br />
Ele monitorou o caso <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da manhã, porém, não foi necessária a participação <strong>de</strong><br />
forças fe<strong>de</strong>rais: — Foi uma reação pronta e muito eficaz das polícias. Fui colocado a par e<br />
ficamos <strong>de</strong> prontidão caso houvesse um <strong>de</strong>sdobramento. Porém, o que houve foi um controle<br />
total da situação.<br />
O presi<strong>de</strong>nciável José Serra (PSDB), classificou <strong>de</strong> ousada e ação dos bandidos e voltou a<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r maior participação do governo fe<strong>de</strong>ral na segurança e a criação do Ministério da<br />
<strong>Segurança</strong> <strong>Pública</strong>: — Essa ação mostra a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que o presi<strong>de</strong>nte da República se<br />
jogue na luta pela segurança do nosso povo. A base do crime organizado é o contrabando <strong>de</strong><br />
armas e drogas. Isto é tarefa fe<strong>de</strong>ral.<br />
O tucano pregou ainda a criação <strong>de</strong> uma Guarda Nacional para as fronteiras: — É preciso<br />
que todos os estados sejam auxiliados pelo governo fe<strong>de</strong>ral pois o crime passa <strong>de</strong> uma<br />
fronteira para outra. Uma coisa é inegável: com Copa do Mundo, com Olimpíadas, se não<br />
atuarmos <strong>de</strong> forma avançada, vamos ter problemas. Só tem uma solução: o governo fe<strong>de</strong>ral<br />
entrar na luta, com recursos, com tropas e inteligência. O crime no Brasil é cada vez mais<br />
nacional e o enfrentamento é regional.<br />
Para ele, a implantação <strong>de</strong> UPPs é insuficiente para tratar da segurança no Rio.<br />
Na avaliação da candidata do PV à Presidência, Marina Silva, o episódio representa “uma<br />
<strong>de</strong>núncia do que não foi feito nos últimos 16 anos” pelos sucessivos governos. Segundo ela,<br />
é essencial uma reforma do setor <strong>de</strong> segurança pública no país, com mais investimentos<br />
para a formação <strong>de</strong> policiais e uma ação preventiva. Ela <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a ampliação das UPPs.<br />
— A gente vê todo o tempo situações <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontrole ocorrendo nos estados mais ricos, São<br />
Paulo e Rio. Significa que as UPPs têm <strong>de</strong> ganhar em escala e é preciso ainda uma reforma<br />
da segurança pública no Brasil. Tem <strong>de</strong> treinar a<strong>de</strong>quadamente policiais e pagar salários<br />
justos.<br />
A presi<strong>de</strong>nciável Dilma Rousseff (PT) não se pronunciou sobre o episódio.<br />
O adversário <strong>de</strong> Cabral na corrida ao governo do estado, Fernando Gabeira (PV) criticou a<br />
falta <strong>de</strong> planejamento dos governos estadual e fe<strong>de</strong>ral para enfrentar a violência na capital e<br />
no interior. Ele disse que Rocinha, Vidigal e Alemão receberam obras do PAC, mas não<br />
foram contempladas com instalação <strong>de</strong> UPPs.<br />
— As pessoas estão dizendo que aconteceu isso porque não tem UPP.<br />
Mas ninguém pergunta por que não tem UPP? Por que não se pacificou esses lugares antes
<strong>de</strong> realizar as obras sociais? Temos apenas 1% <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s pacificadas.<br />
As outras 99% <strong>de</strong>mandariam gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos e soldados, que não temos —<br />
disse.<br />
Segundo ele, possivelmente, a força política conseguiu neutralizar a instalação <strong>de</strong> UPPs na<br />
Rocinha e no Alemão.<br />
Já Marcio Fortes, ministro das Cida<strong>de</strong>s, parabenizou o trabalho da polícia.<br />
Atribuiu o episódio a uma ação isolada <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> bandidos: — A ação da policia foi<br />
eficiente. Tão eficiente que os bandidos foram controlados rapidamente.<br />
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11. Consultor Jurídico - SP<br />
Polícia continua sem meios e estrutura para agir<br />
Por Vladimir Passos <strong>de</strong> Freitas<br />
A cada dia o cidadão brasileiro sente-se mais tolhido na sua liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ir e vir. Não por<br />
conta <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>s arbitrárias, pois o regime é <strong>de</strong> plena <strong>de</strong>mocracia. Felizmente. A<br />
limitação vem mesmo do andar na rua, nos espaços públicos. Faz pouca diferença ser <strong>de</strong> dia<br />
ou <strong>de</strong> noite, centro ou periferia, cida<strong>de</strong>s gran<strong>de</strong>s ou pequenas. A insegurança avança, um<br />
pouco a cada dia. E se alguém tiver alguma dúvida, examine sete variadas ocorrências<br />
recentes:<br />
1) Em 19/8/2010 , no km 171 da Rodovia Presi<strong>de</strong>nte Dutra, São João do Meriti, RJ, dois<br />
assaltantes, aproveitando-se do congestionamento <strong>de</strong> veículos, roubaram duas mulheres<br />
que se achavam com três crianças e mataram o auxiliar <strong>de</strong> serviços gerais William<br />
Benevi<strong>de</strong>s.<br />
2) A Polícia Rodoviária Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Cascavel, PR, em 3/8/2010, informa que no trecho da BR<br />
277, entre os kms 270 e 300, município <strong>de</strong> Nova Laranjeira, índios estão participando <strong>de</strong><br />
assaltos a motoristas da região.[i]<br />
3) Na madrugada <strong>de</strong> 20/8/2010, criminosos atiram contra o Centro <strong>de</strong> Detenção Provisória<br />
(CDP) <strong>de</strong> Pinheiros, São Paulo, atingindo a portaria e a muralha do complexo que abriga<br />
presos que aguardam julgamento <strong>de</strong>finitivo.<br />
4) Em 6/8/2010, em Varginha, sul <strong>de</strong> MG, um adolescente viciado em drogas matou o pai a<br />
facadas. Segundo a notícia: “A mãe <strong>de</strong>le, conforme a PM, disse que o rapaz é viciado em<br />
crack e que ficou apreendido por três meses. Ainda <strong>de</strong> acordo com a polícia, ele tinha 32<br />
passagens pela polícia por diversos crimes.”[ii]<br />
5) Mudando o foco, em 18/8/2010 a mídia informa que: “O presi<strong>de</strong>nte do Tribunal <strong>de</strong> Justiça<br />
<strong>de</strong> Mato Grosso, <strong>de</strong>sembargador José Silvério Gomes, <strong>de</strong>terminou nesta quarta-feira (18) o<br />
afastamento cautelar do juiz Fernando Márcio Marques <strong>de</strong> Sales, da Comarca <strong>de</strong> Parantinga,<br />
acusado <strong>de</strong> pedofilia. O magistrado atuava no Juizado da Infância e Juventu<strong>de</strong>, local on<strong>de</strong> os<br />
crimes teriam ocorrido. A <strong>de</strong>núncia é <strong>de</strong> que ele oferecia dinheiro em troca <strong>de</strong> relações<br />
sexuais com crianças e adolescentes.”[iii]<br />
6) Notícia veiculada em 5/7/2010, envolvendo pré-adolescentes <strong>de</strong> famílias socialmente bem<br />
situadas, mostra que os pais têm outro tipo <strong>de</strong> insegurança: “A troca <strong>de</strong> mensagens em um<br />
site <strong>de</strong> relacionamento da internet entre dois adolescentes trouxe à tona o estupro <strong>de</strong> uma<br />
menina <strong>de</strong> 13 anos, em Florianópolis, Santa Catarina. O crime aconteceu há 40 dias, mas a<br />
confissão do jovem <strong>de</strong> 14 anos, suspeito <strong>de</strong> ser um dos estupradores, foi o estopim para a<br />
história se espalhar pela cida<strong>de</strong>.”[iv]<br />
7) E para que ninguém pense que viu tudo, notícia sobre ocorrência em 18/8/2010 informa<br />
que: “O pedreiro Adilson Bueno Santos, 42 anos, foi preso em flagrante na segunda-feira
após confessar ser o mandante do assalto contra a sua própria mulher, a dona <strong>de</strong> casa<br />
Terezinha Nunes, 49 anos, com quem vivia havia seis anos.”[v]<br />
Fiquemos em apenas sete. Outras tantas po<strong>de</strong>riam ser comentadas. A começar pela que<br />
envolve o goleiro Bruno, do Flamengo. Mas seria um inútil <strong>de</strong>sfilar <strong>de</strong> misérias humanas. O<br />
que po<strong>de</strong> ser útil é avaliar o que po<strong>de</strong> ser feito.<br />
Tal tipo <strong>de</strong> análise não é do agrado da maioria, que prefere tapar os olhos para os problemas<br />
e refugiar-se no futebol e na cerveja.<br />
Dirão uns que sempre foi assim, apenas não se divulgava. Errado. Era menos, muito menos,<br />
e quem tiver dúvidas consulte os antigos exemplares da Revista dos Tribunais dos anos<br />
1960/70, boa fonte <strong>de</strong> pesquisa. Outros afirmarão que o problema é a pobreza. Errado. Ela<br />
contribui, sem dúvida, para agravar a criminalida<strong>de</strong>. Mas não a justifica. Na opinião <strong>de</strong> outros<br />
tantos, o problema é mundial e o Brasil apenas acompanha. É verda<strong>de</strong>, mas só em termos.<br />
Há países mais seguros, no capitalismo (v.g. Uruguai) ou no socialismo (v.g. Cuba).<br />
Para não entrar em complexas análises sociológicas, psicológicas ou religiosas, fiquemos<br />
apenas com a situação da segurança pública. É ela parte do plano <strong>de</strong> todos os candidatos a<br />
qualquer cargo eletivo. De vereador a presi<strong>de</strong>nte. Mas, na realida<strong>de</strong>, continua a Polícia sem<br />
meios, estrutura, pessoal bem treinado para agir.<br />
O jornal O Estado <strong>de</strong> São Paulo, em reportagem que retrata o melhor jornalismo (15/8/2010,<br />
C1 e C4), mostrou o atraso em que se encontram os órgãos <strong>de</strong>stinados a perícias nas SSP<br />
dos estados. Foram consultados os 26 estados e o DF, 23 respon<strong>de</strong>ram. Constatou-se que<br />
apenas 37% das respostas foram positivas. Com raras exceções, não se trabalha com GPS,<br />
notebook, máquina fotográfica, trena a laser, luz forense e outros meios <strong>de</strong> provas. Tudo o<br />
que a tecnologia po<strong>de</strong> oferecer, regra geral, não é usado.<br />
Isto sem falar em policiais mal remunerados, em número insuficiente, ocupando repartições<br />
mal cuidadas, assumindo por vezes o papel <strong>de</strong> agentes penitenciários e sem, pelo menos, o<br />
reconhecimento da socieda<strong>de</strong>.<br />
E como se estas <strong>de</strong>ficiências não bastassem, do ponto <strong>de</strong> vista processual ainda se trabalha<br />
com métodos arcaicos. Inquéritos tramitam <strong>de</strong> forma burocrática, as autorida<strong>de</strong>s nem sempre<br />
se comunicam (Polícia, MP e Judiciário), bens apreendidos aguardam anos em <strong>de</strong>pósitos<br />
ina<strong>de</strong>quados e ainda se adotam práticas do Brasil colônia. Por exemplo, há estados em que<br />
as precatórias policiais passam pelo crivo da Corregedoria, na capital, ainda que os<br />
municípios sejam vizinhos...<br />
A contrapor-se a esse estado <strong>de</strong> amadorismo e imobilida<strong>de</strong> avança-se isoladamente em um<br />
ou outro setor. Por exemplo, os cursos à distância do Senasp, no Ministério da Justiça,<br />
promovem capacitação <strong>de</strong> policiais e contribuem para o aperfeiçoamento dos seus serviços.<br />
E assim vão as coisas, a socieda<strong>de</strong> amedrontada, a TV exibindo cenas diárias <strong>de</strong> balas<br />
perdidas, mães chorando, <strong>de</strong>scrença na efetivida<strong>de</strong> da Justiça, homicidas respon<strong>de</strong>ndo em<br />
liberda<strong>de</strong> até que o STF dê a última palavra (o que po<strong>de</strong> levar 10 ou mais anos), segurança<br />
privada ocupando um espaço cada vez maior, tudo a manchar uma imagem <strong>de</strong> otimismo<br />
<strong>de</strong>corrente do avanço econômico.<br />
De quem é a culpa? Dos governantes? Sim e não. Sim, quando não dão ao problema o<br />
tratamento que merece. Não, quando se supõe que o problema é apenas <strong>de</strong>les. Na verda<strong>de</strong>,<br />
é <strong>de</strong> toda socieda<strong>de</strong>. Cada omisso tem sua partícula <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>. Há muitas formas<br />
<strong>de</strong> participar. A mais simples <strong>de</strong>las e que po<strong>de</strong> ser exercitada com facilida<strong>de</strong>, é a <strong>de</strong> cobrar a<br />
ação das autorida<strong>de</strong>s (p. ex., através <strong>de</strong> e-mails). Enfim, é preciso agir antes que seja tar<strong>de</strong>.<br />
Ou será que já é tar<strong>de</strong> <strong>de</strong>mais!<br />
[i] http://pib.socioambiental.org/pt/noticias?id=89556&id_pov=80, acesso 21.8.2010.<br />
[ii] http://caratinganoticias.blogspot.com/2010/08/adolescente-viciado-em-drogas-mata-o.html,
acesso em 21.8.2010.<br />
[iii] http://www.olhardireto.com.br/noticias/exibir.asp?noticia=Presi<strong>de</strong>nte_do_TJ-<br />
MT_afasta_juiz_acusado_<strong>de</strong>_abusar_<strong>de</strong>_adolescentes&id=123300, acesso 21.8.2010<br />
[iv] http://noticias.r7.com/rio-e-cida<strong>de</strong>s/noticias/adolescente-confessa-estupro-pela-internet-<br />
20100705.html, acesso em 21.8.2010.<br />
[v] http://www.agora.uol.com.br/policia/ult10104u785326.shtml, acesso 21.8.2010.<br />
12. Estado <strong>de</strong> Minas - MG<br />
Uma questão <strong>de</strong> segurança<br />
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A <strong>de</strong>speito da competência dos estados <strong>de</strong> cuidar mais <strong>de</strong> perto da segurança <strong>de</strong> seus<br />
cidadãos, cabe à União elaborar uma política nacional que busque resultados efetivos no<br />
combate à criminalida<strong>de</strong><br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro, manhã <strong>de</strong> sábado, um tiroteio entre policiais e bandidos na Zona Sul leva<br />
pânico aos moradores e turistas. A notícia repercutiu no país das próximas Copa do Mundo e<br />
Olimpíada e no mundo. O episódio reforça que a segurança pública, mais do que um<br />
compromisso <strong>de</strong> campanha, <strong>de</strong>ve ser tratada com priorida<strong>de</strong> pelos candidatos à Presidência<br />
da República e aos governos dos estados. Números relacionados ao tema são sempre<br />
alarmantes e explicitam a <strong>de</strong>ficiência das políticas públicas dos últimos anos. Embora no<br />
período 1997-2007 a taxa <strong>de</strong> homicídios por 100 mil habitantes no Brasil tenha diminuído<br />
0,7%, a violência está à espreita <strong>de</strong> qualquer cidadão brasileiro, a qualquer hora do dia, do<br />
trânsito aos covar<strong>de</strong>s assassinatos <strong>de</strong> mulheres e crianças. Um dos dados mais cruéis,<br />
segundo o Mapa da Violência 2010 – Anatomia dos homicídios no Brasil, feito pelo Instituto<br />
Sangari, aponta que os maiores índices <strong>de</strong> homicídio no país concentram-se na faixa <strong>de</strong> 15 a<br />
24 anos. Apesar <strong>de</strong> os jovens representarem apenas 18,6% da população do país em 2007,<br />
eles concentravam 36,6% dos homicídios ocorridos em 2007.<br />
A <strong>de</strong>speito da competência dos estados, gestores do aparato policial, <strong>de</strong> cuidar mais <strong>de</strong> perto<br />
da segurança <strong>de</strong> seus cidadãos, cabe à União elaborar uma política nacional que busque<br />
resultados efetivos no combate à criminalida<strong>de</strong>. Os três principais candidatos a presi<strong>de</strong>nte –<br />
Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) – têm total conhecimento <strong>de</strong><br />
que esta área é uma das que mais preocupam os brasileiros e convergem em vários pontos<br />
quando tocam no assunto em entrevistas, <strong>de</strong>bates e, agora, nos programas <strong>de</strong> rádio e TV.<br />
Serra lançou seu programa <strong>de</strong> segurança pública no Pelourinho, em Salvador. E apresentou<br />
seus números: segundo ele, 45 mil pessoas, em média, morrem por homicídio no Brasil por<br />
ano. A criação do Ministério da <strong>Segurança</strong> <strong>Pública</strong>, o principal anúncio do tucano nestas<br />
eleições e um dos pontos <strong>de</strong> divergência com a ex-ministra Dilma, costura um pacote <strong>de</strong><br />
propostas, como o enfrentamento ao crime como questão nacional, com o controle articulado<br />
entre os estados.<br />
A adoção nacional do projeto das Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Polícia Pacificadora (UPPs), implantado no<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro, é <strong>de</strong>fendida tanto por Dilma quanto por Marina. Para a candidata do PV, boas<br />
iniciativas vindas da socieda<strong>de</strong> e <strong>de</strong> experiências pontuais <strong>de</strong> governo <strong>de</strong>vem ser<br />
incorporadas em conjunto com uma reforma que atualize a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> segurança pública. Para<br />
a presi<strong>de</strong>nciável do PT, as UPPs são referência pelo fato <strong>de</strong> ser uma parceria entre estado,<br />
prefeitura e o Ministério da Justiça, o que, <strong>de</strong> certa forma, coinci<strong>de</strong> com proposta <strong>de</strong> Serra. O<br />
resultado <strong>de</strong>ssa união, disse Dilma em visita ao Rio, construiu uma referência em termos <strong>de</strong><br />
política <strong>de</strong> segurança, que transforma territórios em guerra em territórios <strong>de</strong> paz.<br />
Basicamente, as UPPs são unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> policiamento comunitário permanente em favelas do<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro, que visam à ocupação <strong>de</strong> áreas antes dominadas por traficantes. Pesquisa<br />
feita pelo Instituto <strong>Brasileiro</strong> <strong>de</strong> Pesquisa Social (IBPS) aponta que 93% dos moradores das<br />
favelas on<strong>de</strong> as UPPs estão em operação se sentem mais seguros.
No âmbito estadual, os candidatos Antonio Anastasia (PSDB) e Hélio Costa (PMDB) também<br />
já mostraram suas plataformas para a área. Anastasia afirmou que, reeleito, intensificará as<br />
ações <strong>de</strong> segurança no interior e em zonas rurais, por meio das Áreas Integradas <strong>de</strong><br />
<strong>Segurança</strong>, responsáveis pelo planejamento e integração das ações das polícias. O<br />
peeme<strong>de</strong>bista firmou compromisso <strong>de</strong> montar uma força-tarefa para combater a violência no<br />
estado, especialmente nos locais <strong>de</strong> maior incidência <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong>.<br />
De fato, há consenso nas propostas dos candidatos <strong>de</strong> que é preciso investir mais nas<br />
políticas <strong>de</strong> segurança pública, seja em tecnologia, na inteligência, no aparato policial e na<br />
prevenção à criminalida<strong>de</strong> e em ações <strong>de</strong> combate à violência contra crianças, jovens,<br />
mulheres e idosos, ao tráfico <strong>de</strong> drogas e à impunida<strong>de</strong>, levando à prisão os autores <strong>de</strong><br />
crimes graves. É tudo que a socieda<strong>de</strong> cobra. Com urgência.<br />
Enquanto isso…<br />
A semana <strong>de</strong> estreia do horário eleitoral gratuito mostra mais uma vez o po<strong>de</strong>r da TV, que se<br />
reflete nos números <strong>de</strong> intenção <strong>de</strong> voto. Na primeira pesquisa Datafolha <strong>de</strong>pois do início da<br />
propaganda na TV, Dilma Rousseff (PT) mais que dobrou, <strong>de</strong> oito para 17 pontos a<br />
vantagem sobre o principal adversário, José Serra, e seria eleita no primeiro turno se a<br />
eleição fosse hoje. Com uma mãozinha do presi<strong>de</strong>nte Lula, do seu tempo <strong>de</strong> exposição e,<br />
por que não, pelo seu próprio <strong>de</strong>sempenho nos programas, a petista aparece com 47%,<br />
contra 30% do tucano.<br />
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13. Estado <strong>de</strong> Minas - MG<br />
Sindicância na promessa<br />
Polícia não cumpre prazo para apurar vazamento <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o em que o goleiro é entrevistado,<br />
na aeronave da corporação<br />
Daniel Antunes<br />
A Corregedoria da Polícia Civil não cumpriu o prazo <strong>de</strong> 30 dias para a conclusão da<br />
sindicância que apuraria o vazamento do ví<strong>de</strong>o em que o goleiro do Flamengo Bruno<br />
Fernan<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Souza, <strong>de</strong> 25 anos, aparece algemado, <strong>de</strong>ntro do avião da corporação, na<br />
transferência do Rio <strong>de</strong> Janeiro para Belo Horizonte, dia 8 <strong>de</strong> julho. Ontem, a assessoria da<br />
PC informou, em nota, que foi pedida a prorrogação das apurações, sem precisar datas para<br />
a conclusão.<br />
Na época, a polícia prometeu que apontaria, em 48 horas, os culpados pela gravação<br />
clan<strong>de</strong>stina e o vazamento do conteúdo. E que havia sido instaurado também inquérito<br />
policial. As <strong>de</strong>legadas Alessandra Wilke, que chefiava a investigação, e Ana Maria dos<br />
Santos, chefe da Delegacia <strong>de</strong> Homicídios <strong>de</strong> Contagem, presentes na aeronave, acabaram<br />
afastadas do caso.<br />
Bruno e mais oito pessoas estão presas, acusadas pela morte da mo<strong>de</strong>lo Eliza Samudio, 25,<br />
ex-amante do atleta. O menor, J., <strong>de</strong> 17 anos, primo <strong>de</strong>le, foi sentenciado a internação por<br />
tempo in<strong>de</strong>terminado. A mo<strong>de</strong>lo exigia que o jogador assumisse a paternida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um filho,<br />
na época com quatro meses.<br />
APELIDOS A <strong>de</strong>fesa prévia do jogador, feita pelo advogado Ércio Quaresma, que além <strong>de</strong><br />
Eliza, arrolou como testemunhas o menor J. e os seis <strong>de</strong>legados ligados ao caso, po<strong>de</strong><br />
ren<strong>de</strong>r problemas ao <strong>de</strong>fensor. No documento, divulgado no blog <strong>de</strong> Quaresma, e<br />
supostamente remetido à juíza Marixa Fabiane Lopes, do 1º Tribunal do Júri do <strong>Fórum</strong> <strong>de</strong><br />
Contagem, na Região Metropolitana <strong>de</strong> Belo Horizonte, junto ao nome <strong>de</strong> cada um dos<br />
<strong>de</strong>legados aparece um apelido. Edson Moreira, chefe do Departamento <strong>de</strong> Investigações, é<br />
apelidado <strong>de</strong> "Nean<strong>de</strong>rtal". O <strong>de</strong>legado Júlio Wilke é chamado <strong>de</strong> "Galinho <strong>de</strong> briga", as<br />
<strong>de</strong>legadas Ana Maria Santos e Alessandra Wilke, respectivamente, <strong>de</strong> "Mega hair" e<br />
"Paquita". O <strong>de</strong>legado Wagner Pinto, <strong>de</strong> “Mudinho”. Júlio e Alessandra Wilke informaram que
tomarão todas as “medidas cabíveis”. "Infelizmente, saiu da esfera da investigação e partiu<br />
para um lado que não é muito profissional. A gente lamenta, mas não vai abalar o nosso<br />
trabalho", <strong>de</strong>clarou Alessandra. Os <strong>de</strong>mais <strong>de</strong>legados não se pronunciaram.<br />
O presi<strong>de</strong>nte da Comissão <strong>de</strong> Ética e Disciplina da Or<strong>de</strong>m dos Advogados do Brasil (OAB-<br />
MG), Ronaldo Armond, disse que a entida<strong>de</strong> só vai se manifestar se provocada por um dos<br />
atingidos. Procedimento interno apontaria se houve infração e, neste caso, implicaria<br />
advertência ou até a exclusão, vetando o exercício profissional. “Em princípio, é uma infração<br />
ética contra terceiros, ofensa pessoal, mas temos que saber se essa peça colocada na<br />
internet foi realmente remetida para a Justiça", <strong>de</strong>clarou Armond.<br />
Perícia Os exames feitos nos fios <strong>de</strong> cabelo encontrados na casa do ex-policial Marcos<br />
Aparecido dos Santos, 47 anos, o Bola, local on<strong>de</strong> Eliza teria sido morta e esquartejada,<br />
estão prontos. As análises foram realizadas num laboratório da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />
Alagoas (Ufal). O resultado <strong>de</strong>ve ser divulgado na segunda-feira pelo advogado Zanone<br />
Manuel <strong>de</strong> Oliveira e o médico-legista George Sanguinetti. "Não posso falar se são ou não da<br />
Eliza, porque ainda não vi o resultado", disse o <strong>de</strong>fensor.<br />
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14. Estado <strong>de</strong> Minas - MG<br />
Traficantes vão para penitenciária<br />
Os presos, após invasão <strong>de</strong> hotel, foram indiciados por tráfico, porte ilegal <strong>de</strong> arma,<br />
sequestro e cárcere privado<br />
Fabiano Rocha/agência o dia/ae<br />
Policiamento foi reforçado ontem em São Conrado. Não foi registrado nenhum inci<strong>de</strong>nte no<br />
bairro<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro – Os traficantes presos, <strong>de</strong>pois da invasão do Hotel Intercontinental, em São<br />
Conrado, na manhã <strong>de</strong> sábado, <strong>de</strong>ixaram a 15ª DP (Gávea), on<strong>de</strong> passaram a noite, no fim<br />
da manhã <strong>de</strong> ontem. Eles foram levados para o Instituto Médico-Legal (IML), on<strong>de</strong> fizeram<br />
exame <strong>de</strong> corpo <strong>de</strong> <strong>de</strong>lito, e em seguida foram para o Complexo Penitenciário <strong>de</strong> Bangu, na<br />
Zona Oeste. O único menor do grupo saiu da Delegacia <strong>de</strong> Proteção à Criança e ao<br />
Adolescente (DPCA) e foi para um instituto na Ilha do Governador. Policiais foram enviados<br />
para reforçar a segurança do bairro, principalmente nas entradas das favelas da Rocinha e<br />
do Vidigal.<br />
Os presos foram indiciados por tráfico <strong>de</strong> drogas, porte ilegal <strong>de</strong> armas, sequestro e cárcere<br />
privado. Eles não quiseram prestar <strong>de</strong>poimento e disseram que só falarão em juízo. A polícia<br />
solicitou imagens <strong>de</strong> câmeras do hotel e <strong>de</strong> condomínios próximos para tentar i<strong>de</strong>ntificar a<br />
presença do traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem, na ação dos bandidos.<br />
Uma operação não autorizada pelo comando da <strong>Segurança</strong> <strong>Pública</strong> feita por 12 policiais<br />
militares para pren<strong>de</strong>r Nem estaria por trás da manhã <strong>de</strong> terror vivida no sábado por<br />
centenas <strong>de</strong> turistas e moradores <strong>de</strong> São Conrado. A informação não foi confirmada pela<br />
PM, mas será investigada.<br />
Os policiais do Grupo <strong>de</strong> Ações Táticas (GAT) do 23º BPM (Leblon) foram informados da<br />
presença do bandido na Favela do Vidigal, ainda <strong>de</strong> madrugada. Nem estaria em uma festa<br />
acompanhado <strong>de</strong> ao menos 60 traficantes armados com fuzis, metralhadoras e pistolas. Ele<br />
chegou à favela por volta das 5h, anunciando bebida <strong>de</strong> <strong>de</strong> graça para os cúmplices e<br />
moradores. Ao <strong>de</strong>ixar a comunida<strong>de</strong>, às 7h15m, os policiais – todos à paisana – tomaram um<br />
dos acessos da Avenida Presi<strong>de</strong>nte João Goulart, principal ligação entre a Avenida Niemeyer<br />
e o alto do morro, e ficaram esperando, escondidos.<br />
Surpreendidos pelos PMs, Nem e seu bando, que seguiam em comboio para a Favela da<br />
Rocinha, reagiram a tiros. A intensa troca <strong>de</strong> tiros ocorreu por volta das 7h30. Moradores do<br />
Vidigal confirmaram que Nem e seus cúmplices estavam numa festa no alto da favela, no
final da Avenida João Goulart, uma das principais ruas da comunida<strong>de</strong>. Nem e seus<br />
cúmplices obrigaram dois motoristas <strong>de</strong> vans, do Vidigal, que os transportassem até a<br />
Rocinha, quando o grupo cruzou com policiais militares e começou o tiroteio.<br />
Segundo o coronel Paulo Henrique Moraes, comandante do Batalhão <strong>de</strong> Operações<br />
Especiais (Bope), há suspeitas <strong>de</strong> que Nem tenha se ferido durante o confronto, mas a<br />
polícia não sabe <strong>de</strong> seu para<strong>de</strong>iro.<br />
Na ação, 35 pessoas foram feitas reféns, entre elas alguns hóspe<strong>de</strong>s do Hotel<br />
Intercontinental, que foi invadido pelo grupo armado. Um mulher, que, segundo a Secretaria<br />
<strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> <strong>Pública</strong>, trabalhava para o tráfico <strong>de</strong> drogas na Rocinha e era foragida da<br />
Justiça, morreu no confronto. Duas pessoas ficaram feridas. Elas foram socorridas e levadas<br />
para o Hospital Miguel Couto, na Gávea.<br />
Na comunida<strong>de</strong>, moradores contam que Nem <strong>de</strong>sconfia que o lí<strong>de</strong>r da Associação <strong>de</strong><br />
Moradores do Vidigal, José Valdir Cavalcante, o Zé da Rádio, candidato a <strong>de</strong>putado<br />
estadual, tenha procurado a polícia para <strong>de</strong>nunciá-lo. Na sexta-feira, o traficante expulsou Zé<br />
do Rádio, que teria feito algo que o <strong>de</strong>sagradou, embora já tivesse sido avisado. O lí<strong>de</strong>r<br />
comunitário teria jurado vingança, dizendo que procuraria a 15ª DP (Gávea). No morro, para<br />
on<strong>de</strong> voltou, o traficante disse que Zé do Rádio "será a bola da vez".<br />
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15. Estado <strong>de</strong> Minas - MG<br />
Ousadia dos bandidos assusta<br />
Secretário <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> <strong>Pública</strong> afirma que ação violenta dos traficantes não vai mudar os<br />
planos <strong>de</strong> instalação <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Polícia Pacificadora (UPPs) nos morros da cida<strong>de</strong><br />
Diego Abreu<br />
Igor Silveira<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro – A violenta manhã <strong>de</strong> ontem, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, virou um dos assuntos mais<br />
comentados do dia. O tom das opiniões ia <strong>de</strong> elogioso a crítico. Os únicos pontos<br />
convergentes eram a surpresa com a ousadia dos bandidos e o temor pela violência em<br />
plena luz do dia, em uma das áreas mais nobres da capital fluminense. O governador Sérgio<br />
Cabral divulgou nota oficial sobre o ocorrido e garantiu que, em breve, moradores das<br />
comunida<strong>de</strong>s do Vidigal e da Rocinha estarão livres do po<strong>de</strong>r paralelo. "É importante<br />
<strong>de</strong>stacar a ação da polícia. Firme, profissional e com efetivida<strong>de</strong>. Não temos nenhuma ilusão,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o primeiro dia <strong>de</strong> governo, sobre o tamanho do nosso <strong>de</strong>safio. Mas temos a convicção<br />
<strong>de</strong> que estamos no caminho certo", ressaltou.<br />
Em entrevista ao Estado <strong>de</strong> Minas, o candidato ao governo do Rio <strong>de</strong> Janeiro pelo Partido<br />
Ver<strong>de</strong>, Fernando Gabeira, acusou as administrações fe<strong>de</strong>ral, estadual e municipal <strong>de</strong> não<br />
terem instalado unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Polícia Pacificadora (UPPs) na Rocinha e no Complexo do<br />
Alemão para manter o ritmo das obras do Programa <strong>de</strong> Aceleração do Crescimento (PAC)<br />
nessas regiões. "Este acontecimento alveja a máquina <strong>de</strong> propaganda do governo",<br />
ressaltou. O presi<strong>de</strong>nciável José Serra, que esteve, ontem, em Duque <strong>de</strong> Caxias, a 15<br />
quilômetros do Rio, classificou a ação dos bandidos como "ousada" e <strong>de</strong>stacou a<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma atuação mais firme do governo contra a violência.<br />
O secretário <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> <strong>Pública</strong> do Estado do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou que a<br />
ação violenta dos traficantes não vai atingir o plano <strong>de</strong> instalação <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Polícia<br />
Pacificadora na cida<strong>de</strong>. "Estamos apresentando um plano concreto para o Rio e isso não vai<br />
<strong>de</strong>sviar nossas ações. Nosso planejamento não será alterado. Enten<strong>de</strong>mos que o que<br />
propomos é uma solução. Mas leva tempo. Quem afirma que resolve o problema da noite<br />
para o dia está mentindo", frisou.<br />
Repercussão O tiroteio entre bandidos e policiais em São Conrado e a invasão do Hotel<br />
Intercontinental também repercutiram no exterior. Uma matéria publicada na página<br />
eletrônica do The New York Times relatava os momentos <strong>de</strong> terror e lembrava que a edição
2009 do <strong>Fórum</strong> Econômico Mundial foi realizada no mesmo prédio, ontem criminosos<br />
mantiveram 35 reféns antes <strong>de</strong> serem rendidos pelas autorida<strong>de</strong>s. "Eu nunca tinha visto<br />
tantos bandidos juntos", <strong>de</strong>stacou uma testemunha à reportagem.<br />
O jornal português Público manteve, durante boa parte do dia, uma gran<strong>de</strong> chamada para a<br />
história na capa do site.<br />
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16. Diário da Manha - GO<br />
Polícia diz ter prova contra filha <strong>de</strong> ex-ministro do TSE<br />
21 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 2010 | Por: Agencia Estado - Vannildo Men<strong>de</strong>s<br />
A Polícia Civil <strong>de</strong> Brasília informou hoje ter provas suficientes para indiciar Adriana Villela<br />
como suposta mandante do assassinato do pai, o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral<br />
(TSE) José Guilherme Villela, da mãe, Maria, e da empregada Francisca Nascimento, mortos<br />
com 73 facadas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa, há um ano. Em entrevista à imprensa, a <strong>de</strong>legada Mabel<br />
Alves <strong>de</strong> Farias Corrêa, diretora da 2ª Divisão <strong>de</strong> Homicídios, disse hoje que não está<br />
<strong>de</strong>scartada a hipótese <strong>de</strong> ela ter estado no local do crime e ajudado na execução.<br />
As investigações, segundo a <strong>de</strong>legada, mostram que Adriana era a maior interessada na<br />
morte dos pais, com os quais vivia em permanente conflito por aumento <strong>de</strong> mesada e partilha<br />
<strong>de</strong> bens. 'As brigas eram constantes, sempre por questões financeiras', afirmou. 'Após um<br />
ano <strong>de</strong> investigação, não restou outra motivação para o crime que não a financeira',<br />
acrescentou. A <strong>de</strong>legada informou que o caso caminha para um <strong>de</strong>sfecho e outras prisões<br />
<strong>de</strong>vem ser efetuadas em breve, inclusive a dos ou autores materiais.<br />
Dono <strong>de</strong> uma das bancas <strong>de</strong> advogados mais requisitadas, Villela tinha uma fortuna <strong>de</strong> mais<br />
<strong>de</strong> R$ 20 milhões em imóveis, ações e investimentos. Ele foi <strong>de</strong>fensor do ex-presi<strong>de</strong>nte<br />
Fernando Collor no processo <strong>de</strong> impeachment, em 1992. Na semana passada, Adriana foi<br />
presa junto com mais quatro pessoas, acusadas <strong>de</strong> obstrução das investigações para<br />
acobertar os verda<strong>de</strong>iros autores. 'Temos indícios veementes <strong>de</strong> que todos eles agiram <strong>de</strong><br />
forma concertada, a mando <strong>de</strong>la', enfatizou a <strong>de</strong>legada.<br />
Suspeitos<br />
Um dos presos - já libertado - é o policial José Augusto Alves, acusado <strong>de</strong> plantar prova falsa<br />
- a chave da residência do casal Villela - na casa <strong>de</strong> terceiros para <strong>de</strong>sviar a investigação. Os<br />
outros são Guiomar Barbosa, faxineira do casal, a vi<strong>de</strong>nte Rosa Maria Jaques e o marido<br />
<strong>de</strong>la, João Cocchetto. Instruída por um emissário <strong>de</strong> Adriana, filho <strong>de</strong> Guiomar, a vi<strong>de</strong>nte<br />
procurou a polícia em outubro <strong>de</strong> 2009, para dizer que tinha tido 'revelações do além' que<br />
apontavam a autoria do crime para o ex-<strong>de</strong>tento Cláudio Barros, em cuja casa foi plantada a<br />
chave.<br />
O casal e a empregada foram mortos com extrema cruelda<strong>de</strong>, segundo a polícia. As facadas<br />
foram aplicadas com raiva em regiões fatais, e os golpes prosseguiram mesmo quando os<br />
três já estavam mortos. Cartas apreendidas no escritório <strong>de</strong> Villela, <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> amigos e<br />
familiares, entre outras provas, mostram que Adriana mantinha com os pais ma relação <strong>de</strong><br />
permanente conflito, que se agravou nos últimos tempos.<br />
Embora Adriana não visitasse os pais há meses, a perícia encontrou digitais recentes <strong>de</strong>la no<br />
imóvel do casal logo <strong>de</strong>pois do homicídio. Ela não conseguiu até agora provar o álibi <strong>de</strong> que<br />
estava na casa <strong>de</strong> uma amiga, na Vila Planalto, na hora do assassinato, entre 18 e 20 horas<br />
do dia 28 <strong>de</strong> agosto, uma sexta-feira. Procurado, o advogado <strong>de</strong> Adriana não foi localizado<br />
pela reportagem até o fechamento <strong>de</strong>ste texto.<br />
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17. Gazeta <strong>de</strong> Alagoas - AL<br />
Violência urbana: ação dos grupos <strong>de</strong> extermínio
Este ano, Alagoas registrou 25 ocorrências com mais <strong>de</strong> uma morte, sendo 5 chacinas com<br />
triplo homicídio e uma com 4 vítimas<br />
MAURÍCIO GONÇALVES - Repórter<br />
A chacina que aniquilou três adolescentes e um rapaz <strong>de</strong> 24 anos, no Benedito Bentes, no<br />
último fim <strong>de</strong> semana, chama a atenção para uma das modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> crime mais perversas.<br />
Pistoleiros que não per<strong>de</strong>m a viagem assassinam a granel. Não importa quem esteja por<br />
perto, a bala “come no centro” e é corpo caindo para todo lado. Sejam execuções, latrocínios<br />
ou tiroteios, Alagoas registra este ano um notável aumento nos casos <strong>de</strong> duplos homicídios e<br />
<strong>de</strong> chacinas.<br />
Em todo o ano passado, o Instituto <strong>de</strong> Criminalística (IC) registrou 15 casos <strong>de</strong> duplo<br />
assassinato e nenhuma chacina. Já em 2010, até o último dia 17, o índice saltou para 25<br />
ocorrências com mais <strong>de</strong> uma morte, sendo cinco chacinas com triplo homicídio e uma com<br />
quatro vítimas. O secretário <strong>de</strong> Defesa Social, Paulo Rubim, <strong>de</strong>scarta a existência <strong>de</strong> grupos<br />
<strong>de</strong> extermínio e atribui a maioria dos óbitos a <strong>de</strong>savenças entre bandidos, sobretudo por<br />
causa do tráfico <strong>de</strong> drogas.<br />
Bandidos não poupam inocentes<br />
A imagem dos quatro cadáveres juvenis <strong>de</strong>itados no fundo da barreira dá arrepios. Jazem<br />
tão bem arrumados que até parece que ainda estão vivos. Quatro outros garotos observam<br />
do alto, num momento eternizado pela foto da jornalista Porlane Santos, da Gazetaweb. Não<br />
precisa ser perito para concluir que a chacina do Benedito Bentes foi uma execução sumária,<br />
realizada com frieza por profissionais, sem dar chances às vítimas, rendidas e levadas para o<br />
leito <strong>de</strong> morte.<br />
Um crime que foge das características dos homicídios cometidos na região. Segundo a<br />
<strong>de</strong>legada <strong>de</strong> homicídios, Rebecca Cor<strong>de</strong>iro, 90% dos casos que ela apura são execuções<br />
cometidas por traficantes e que seguem <strong>de</strong>terminadas características. Nos acertos <strong>de</strong> contas<br />
do tráfico, as mortes são escancaradas, acontecem no meio da rua, num bar ou <strong>de</strong>ntro da<br />
casa das vítimas. Por vezes, os matadores nem se preocupam em escon<strong>de</strong>r os rostos.<br />
Secretário diz não haver chacinas<br />
O secretário <strong>de</strong> Defesa Social, Paulo Rubim, <strong>de</strong>staca que quase todos estes casos com mais<br />
<strong>de</strong> uma morte estão relacionados com outros crimes. “São homicídios envolvendo<br />
<strong>de</strong>sacertos entre bandidos, a princípio por tráfico <strong>de</strong> drogas, mas também por roubo <strong>de</strong><br />
cargas ou assaltos, tirando os casos <strong>de</strong> crimes passionais, que são a minoria”, afirma.<br />
Para Rubim, a violência urbana está com <strong>de</strong>staque na mídia porque virou o principal tema da<br />
campanha política. “Mas poucos dos candidatos mostram alguma alternativa”, critica o<br />
homem forte da segurança pública em Alagoas.<br />
O titular da SDS afirma que a boa investigação policial é a melhor solução para combater<br />
estes casos <strong>de</strong> homicídios por atacado, bem como para reduzir a violência. Para tanto,<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> políticas sociais, tecnologia e reforço do número <strong>de</strong> policiais.<br />
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18. Diário da Manha - GO<br />
A violência e suas causas - Wolmir Therezio Amado<br />
21 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 2010 |<br />
A violência está em todo lugar. Nas guerras, é o conflito entre os povos que se transforma<br />
em violência internacional. Na Copa do Mundo, a gran<strong>de</strong> quantia <strong>de</strong> cartões vermelhos<br />
indicou o grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontrole e <strong>de</strong> violência <strong>de</strong> alguns dos jogadores. A lista <strong>de</strong> exemplos<br />
sobre a violência parece não ter fim: jagunços assassinam sem-terra; latifundiários<br />
massacram índios; fascistas metralham crianças; fanáticos e terroristas jogam aviões contra<br />
prédios; jovens <strong>de</strong> classe média queimam índios, arrebentam telefones públicos e picham<br />
cida<strong>de</strong>s; homens agri<strong>de</strong>m mulheres; pais espancam filhos. Por que existe a violência?<br />
A edição do Mapa da Violência no Brasil mostra que o índice <strong>de</strong> homicídios em Goiás<br />
cresceu seis vezes mais que no resto do País. Nosso estado teve, <strong>de</strong> 1997 a 2007, um<br />
aumento <strong>de</strong> 105% na quantia <strong>de</strong> assassinatos, enquanto no Brasil o aumento foi <strong>de</strong> pouco
mais <strong>de</strong> 17%. Chama a atenção que estados i<strong>de</strong>ntificados mundialmente pela violência,<br />
tiveram redução no número <strong>de</strong> homicídios. São Paulo teve uma redução <strong>de</strong> 50% e o Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro reduziu em mais <strong>de</strong> 20% o número <strong>de</strong> assassinatos (O Popular, 30/07/2010, p. 5-A).<br />
Em Goiânia, as estatísticas da Polícia Civil também apontam para o crescimento no número<br />
<strong>de</strong> homicídios. O ano <strong>de</strong> 2008 foi o mais violento, com 443 assassinatos. Em 2009, caiu para<br />
335 assassinatos. Neste ano, já foram registrados 210 homicídios. Dessas mortes, 94,26%<br />
foram <strong>de</strong> homens e apenas 5,74 <strong>de</strong> mulheres. A faixa etária mais atingida pelos assassinatos<br />
é <strong>de</strong> 18 a 30 anos (Diário da Manhã, 27/07/2010, p. 2-B).<br />
Essas duas pesquisas revelam o perfil predominante das vítimas e dos agressores. As<br />
principais vítimas e, também, a maior parte dos autores dos crimes são jovens, do sexo<br />
masculino. Informações complementares sobre o perfil dos presos no Brasil ainda indicam<br />
que a maior parte <strong>de</strong>les é <strong>de</strong> moradores <strong>de</strong> regiões periféricas, que abandonaram a escola e<br />
não possuem emprego formal.<br />
O fenômeno da violência é bastante complexo. Suas causas são variadas e, geralmente,<br />
umas têm implicação com as outras. Geralmente, a pobreza, tomada em si, não é causa da<br />
violência. Do contrário, todos os que são pobres seriam violentos, o que não é verda<strong>de</strong>.<br />
Entretanto, verifica-se que, quando à pobreza se soma a falta <strong>de</strong> equipamentos e <strong>de</strong> serviços<br />
públicos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> (quando falta saneamento básico, transporte público, energia elétrica,<br />
iluminação pública, lazer, praças e quadras esportivas, arborização e plantio <strong>de</strong> flores,<br />
segurança pública, acesso à saú<strong>de</strong>, escolas etc), existe maior propensão à prática <strong>de</strong> <strong>de</strong>litos.<br />
Isso torna os bairros mais pobres também mais atraentes para a criminalida<strong>de</strong>.<br />
A falta <strong>de</strong> emprego também po<strong>de</strong> favorecer à violência, pois, <strong>de</strong>ixa a pessoa vulnerável ao<br />
crime. O crescimento do tráfico <strong>de</strong> drogas é outro fator relevante para o aumento dos crimes<br />
violentos. São altas as taxas <strong>de</strong> homicídio por acertos <strong>de</strong> contas, chacinas e disputas <strong>de</strong><br />
gangues rivais. Em Goiânia, o crescimento no tráfico e no consumo <strong>de</strong> crack e <strong>de</strong> outras<br />
drogas vai tirando a antiga paz <strong>de</strong>sta bela capital.<br />
A disseminação das armas <strong>de</strong> fogo também é um gran<strong>de</strong> indicador para os homicídios.<br />
Brigas <strong>de</strong> bar, <strong>de</strong> trânsito ou entre familiares terminam em assassinato, quando uma arma <strong>de</strong><br />
fogo está ao alcance das mãos.<br />
Há, ainda, outros dois fatores como causa da violência. O anonimato nas gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s<br />
reduz as pessoas a nada, a um ser sem valor e sem importância. Então, a vida se banaliza e<br />
po<strong>de</strong> ser tirada <strong>de</strong> alguém por uma aposentadoria buscada no caixa eletrônico, ou por uma<br />
bicicleta que transporta um inocente. Outro fator relevante para a violência é a<br />
<strong>de</strong>sestruturação familiar. Quando não existem as mínimas condições <strong>de</strong> afeto e <strong>de</strong><br />
convivência, o resultado é o <strong>de</strong>samparo e a formação <strong>de</strong> futuros agressores.<br />
A mim, interrogam muito alguns dos estudos antropológicos e psicológicos sobre as causas<br />
da violência. Um <strong>de</strong>sses brilhantes estudos é <strong>de</strong> Freud. Ele constatou que a violência é parte<br />
da herança da espécie, tanto biológica quanto historicamente. Essa herança mora no mais<br />
profundo <strong>de</strong> nossa estrutura psíquica. Criadas as condições objetivas ou subjetivas<br />
propícias, logo a raiva, o ódio e o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> <strong>de</strong>struir vêm lá <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro, com toda a força, e<br />
elimina o que encontra pela frente.<br />
Na obra Além do Princípio e do Prazer, <strong>de</strong> 1920, para explicar os fortes impulsos interiores<br />
<strong>de</strong> violência, Freud criou a noção <strong>de</strong> pulsão <strong>de</strong> morte, ou Thanatos. Em 1929, escreveu a<br />
obra Mal Estar da Civilização, em que apresenta a constatação <strong>de</strong> que o maior obstáculo<br />
enfrentado pela civilização é essa disposição primária e instintiva <strong>de</strong> eliminar o outro. Para<br />
enfrentar esse obstáculo, segundo Freud, só mesmo a mobilização do Eros, do amor que<br />
supera o ódio e a morte.<br />
Wolmir Therezio Amado é o reitor da Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Goiás<br />
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19. Diário da Manha - GO<br />
O preço da violência - Wolmir Therezio Amado<br />
23 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 2010 |<br />
A violência tem preço. Traz prejuízos financeiros e custa caro à socieda<strong>de</strong>. Em Goiás,<br />
recentemente, foram contratados mais dois mil policiais. Além do ostensivo policiamento,<br />
ainda há o custo com as viaturas, o combustível, a compra <strong>de</strong> armas, as fardas, o
treinamento do pessoal, a investigação dos crimes, as prisões, as <strong>de</strong>legacias, as secretarias<br />
<strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> e a estrutura do Po<strong>de</strong>r Judiciário. Tudo isso é pago pelo Estado, com o<br />
dinheiro dos impostos. Isso significa a redução <strong>de</strong> outros investimentos sociais.<br />
Além dos custos com a segurança pública, também é caro o preço da segurança particular.<br />
Empresas, instituições e residências são obrigadas a reforçar a segurança <strong>de</strong> seus bens e<br />
dos que nelas trabalham ou resi<strong>de</strong>m. Há uma estimativa <strong>de</strong> que o número <strong>de</strong> vigilantes<br />
particulares no Brasil chegue a três vezes mais que todo o contingente das Forças Armadas.<br />
Cida<strong>de</strong>s com alto índice <strong>de</strong> violência têm o turismo prejudicado, o que significa redução <strong>de</strong><br />
emprego na re<strong>de</strong> hoteleira e diminuição da ativida<strong>de</strong> comercial. Bairros mais violentos<br />
<strong>de</strong>sestabilizam os pequenos comerciantes, <strong>de</strong>sestabilizam as escolas e amedrontam as<br />
famílias. A socieda<strong>de</strong> se sente com medo e com perda da liberda<strong>de</strong>. Teme-se pelo filho que<br />
chega mais tar<strong>de</strong> da escola, à noite. Há insegurança com os familiares que saem para uma<br />
diversão no final <strong>de</strong> semana. E, em casa, colocam-se gra<strong>de</strong>s em todas as portas e janelas,<br />
aprisionando as vítimas e <strong>de</strong>ixando a liberda<strong>de</strong> das ruas aos que praticam os crimes.<br />
O maior preço da violência, entretanto, não é a insegurança e o prejuízo financeiro. Quando<br />
uma vida é tirada, quando se per<strong>de</strong> um filho ou um pai, nada po<strong>de</strong> pagar. Mesmo que se<br />
aplique uma pena severa pelo crime cometido, ninguém po<strong>de</strong> <strong>de</strong>volver uma vida. É essa a<br />
<strong>de</strong>claração que se escuta repetidamente da boca dos que per<strong>de</strong>ram algum familiar, vítima da<br />
violência.<br />
Um clássico a estudar o fenômeno da violência nas socieda<strong>de</strong>s arcaicas foi René Girard. É<br />
mundialmente conhecida sua obra A Violência e o Sagrado. Em suas pesquisas, Girard<br />
constatou que, em passado remoto, a violência também colocava em risco os grupos<br />
humanos. E <strong>de</strong> um ato violento isolado, havia o risco <strong>de</strong> que a violência contaminasse a<br />
todos, levando a auto-extinção <strong>de</strong> toda aquela civilização. Para purificar da agressivida<strong>de</strong><br />
humana, nossos antepassados criavam ritos <strong>de</strong> sacrifício e vítimas expiatórias. Geralmente,<br />
um animal era imolado, projetando nele todas as agressivida<strong>de</strong>s. Um dos ritos mais<br />
conhecidos é do bo<strong>de</strong> expiatório, para o qual se transferiam todas as mazelas humanas;<br />
<strong>de</strong>pois, o animal era jogado num precipício.<br />
Também o cristianismo tem seu rito <strong>de</strong> expiação e <strong>de</strong> purificação. A Teologia <strong>de</strong>u uma nova<br />
dimensão ao sacrifício da Cruz, transformando-a em sinal <strong>de</strong> doação e <strong>de</strong> vida. Mas não há<br />
quem não se arrepie ao ler o relato da paixão e morte <strong>de</strong> Cristo, ou ao meditar sobre a Via<br />
Sacra. Coroa <strong>de</strong> espinhos, chicotadas, cusparadas, vinagre para saciar a se<strong>de</strong>, coração<br />
perfurado, pregos nas mãos e nos pés, xingamentos. Teologicamente, o Cor<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> Deus<br />
foi imolado para a salvação do mundo. Sociologicamente, o caminho do Calvário foi uma<br />
ação violenta, praticada pelos po<strong>de</strong>res da época contra um pobre ju<strong>de</strong>u, visto como<br />
revolucionário, blasfemo e agitador.<br />
O limite último da violência é a <strong>de</strong>struição e a morte. Quando tudo acaba, cessa a violência.<br />
Ela não é um mal infinito, gran<strong>de</strong> temor <strong>de</strong> Hegel. Levinas, um filósofo ju<strong>de</strong>u da atualida<strong>de</strong>,<br />
ao propor uma ética da alterida<strong>de</strong>, reconhece que o outro, aquele que está sempre além e<br />
distintamente <strong>de</strong> mim, por mim jamais po<strong>de</strong>rá ser <strong>de</strong>finitivamente apropriado. Se minha<br />
violência o <strong>de</strong>struir, ele se recolhe na morte e cessa toda a minha ação e relação. Portanto,<br />
longe <strong>de</strong> ser uma antítese que me anula, como queria Sartre, o outro é sempre minha<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser, <strong>de</strong> me conhecer e <strong>de</strong> conviver. Porque existe o outro, então, eu existo.<br />
A revelação do outro constrói minha i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e meu viver. Se eu o <strong>de</strong>struir, <strong>de</strong>struo a mim<br />
próprio e nego a minha possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser.<br />
Wolmir Therezio Amado é reitor da Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Goiás<br />
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20. Diário da Manha - GO<br />
Um mundo esquecido dos direitos humanos - Robson <strong>de</strong> Oliveira Pereira<br />
22 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 2010 |<br />
A socieda<strong>de</strong>, tida como mo<strong>de</strong>rna, ao ser amparada pelo direito social, criou uma nova forma<br />
<strong>de</strong> conceber o humano. Nascia, no século XVIII, uma pretensa orientação filosófico-política,<br />
segundo a qual o fim da socieda<strong>de</strong> era a felicida<strong>de</strong> iminente <strong>de</strong> todos. Cabia, portanto, ao<br />
Estado o compromisso <strong>de</strong> viabilizar a constitucionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse direito social, no intuito <strong>de</strong><br />
garantir o bem comum dos seus cidadãos. A resultante foi a utilização <strong>de</strong>sse código <strong>de</strong> leis
universal, para a elaboração das Constituições Nacionais, nos séculos seguintes.<br />
Contudo, é no século XX, que a noção <strong>de</strong> ‘dignida<strong>de</strong> humana’, torna-se o eixo fundante do<br />
direito constitucional <strong>de</strong> vários povos. Nasce, assim, a Declaração Universal dos Direitos<br />
Humanos, promulgada pela Assembleia Geral das Nações Unidos, em 10 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong><br />
1948. Trata-se <strong>de</strong> um documento, disponível para 360 traduções, cujo maior objetivo é<br />
assegurar os direitos sociais, políticos, religiosos, econômicos, culturais dos povos. Surge,<br />
<strong>de</strong>ssa forma, uma obrigatorieda<strong>de</strong> moral e parcialmente jurídica <strong>de</strong> todos os Estados no<br />
cumprimento <strong>de</strong> uma lei internacional. A Declaração dos Direitos Humanos, “traz um conceito<br />
<strong>de</strong> consciência individual pelo respeito e pelo ético” (Caio Chagas).<br />
No preâmbulo da Declaração já consta a elucidativa importância do seu manifesto:<br />
“Consi<strong>de</strong>rando que o <strong>de</strong>sprezo e o <strong>de</strong>srespeito pelos direitos humanos resultaram em atos<br />
bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanida<strong>de</strong> e que o advento <strong>de</strong> um mundo em<br />
que os todos gozem <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> palavra, <strong>de</strong> crença e da liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> viverem a salvo do<br />
temor e da necessida<strong>de</strong> foi proclamado como a mais alta aspiração do ser humano comum,<br />
[...]”.<br />
Mesmo assim, há uma profunda distância entre a palavra escrita e os fatos vivenciados. Os<br />
direitos humanos têm sido <strong>de</strong>srespeitados, das mais variadas formas, principalmente pelo<br />
Estado, que possui a obrigação <strong>de</strong> garanti-los. Determinadas situações, como no caso do Irã,<br />
que em 31 anos <strong>de</strong> República, foi con<strong>de</strong>nado 25 vezes por não respeitar os direitos<br />
humanos, nos faz pensar. Vejamos algumas situações bem precisas, ‘sem generalizações’:<br />
1. Assassinatos extrajudiciais, crimes encomendados, chacinas, sequestros, tráfico <strong>de</strong><br />
drogas e extorsões por parte <strong>de</strong> policiais civis e militares brasileiros;<br />
2. A má conduta sexual <strong>de</strong> soldados norte-americanos, que violentaram, sexualmente, 112<br />
mulheres nos conflitos do Kuwait, Iraque e Afeganistão;<br />
3. Operações <strong>de</strong> perseguição e limpeza étnica, na Província <strong>de</strong> Darfur, no Sudão, com a<br />
chacina <strong>de</strong> 70 mil pessoas e o <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> um milhão e 600 mil populares locais;<br />
4. Aplicação <strong>de</strong> leis repressivas no Zimbabwe, com o objetivo maior <strong>de</strong> suprimir a liberda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> imprensa entre a socieda<strong>de</strong> civil, os partidos da oposição e os meios <strong>de</strong> comunicação;<br />
5. Utilização <strong>de</strong> tortura em Guiné-Bissau, com agressões e maus tratos físicos. Sem<br />
mencionar ainda a prisão, sem justificativa, <strong>de</strong> jornalistas, lí<strong>de</strong>res da oposição, ativistas dos<br />
direitos humanos e dos sindicatos;<br />
6. A força arbitrária empregada pelas autorida<strong>de</strong>s militares da Angola e Moçambique, a partir<br />
<strong>de</strong> homicídios, dissipação e violação em um sistema prisional <strong>de</strong>sumano;<br />
7. A violência contra as mulheres, <strong>de</strong>flagrada em Cabo Ver<strong>de</strong>, São Tomé e Príncipe,<br />
segundo o qual há também a institucionalização do trabalho infantil;<br />
8. Casos <strong>de</strong> presos confinados em containers, comendo em sacos <strong>de</strong> lixo, amontoados pela<br />
superlotação nos piores presídios do Brasil. Não se trata <strong>de</strong> dar provimento luxuoso, mas <strong>de</strong><br />
oferecer elementos para a ressocialização, para a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e para humanização do<br />
<strong>de</strong>tento a começar pela própria cela.<br />
9. A morte repetida <strong>de</strong> boias-frias, nos interiores brasileiros, <strong>de</strong>vido à ausência <strong>de</strong> água<br />
potável, ambulância e aparelhagem para os primeiros socorros. Além da <strong>de</strong>sidratação<br />
perene, os trabalhadores sofrem em alojamentos precários. Algo que se aproxima do<br />
trabalho escravo;<br />
10. As situações dos favelados que se tornam vítimas dos traficantes: verda<strong>de</strong>iras<br />
autorida<strong>de</strong>s dos morros. Sem mencionar o quesito ‘segurança’ que é amplamente<br />
<strong>de</strong>sobe<strong>de</strong>cido em contrapartida ao tráfico, visualmente <strong>de</strong>fendido.<br />
Infelizmente, alguns acabam se esquecendo <strong>de</strong> que um sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> preventivo,<br />
moradia <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, previdência digna, acessibilida<strong>de</strong> aos portadores <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s<br />
especiais ou pessoas com <strong>de</strong>ficiência, o basta à violência doméstica, o ‘não’ ao racismo são<br />
direitos fundamentais da pessoa humana! Parafraseando Paulo VI, po<strong>de</strong>mos dizer que grito<br />
da dignida<strong>de</strong> humana precisa romper os nossos tímpanos!<br />
Vale ainda ressaltar a mais recente ferida aos direitos humanos, por meio da xenofobia<br />
institucional, em um país que se autointitulou na história como o ‘berço dos intelectuais<br />
iluministas’, ou seja, a França. O atual Governo do Presi<strong>de</strong>nte Nicolas Sarkozy, promulgou a<br />
expulsão <strong>de</strong> cidadãos ‘ciganos’, <strong>de</strong>portando-os <strong>de</strong> volta aos seus países <strong>de</strong> origem, no caso<br />
a Bulgária e a Romênia: os mais pobres da Europa. Na atualida<strong>de</strong>, 400 mil ciganos formam a<br />
população da França e até pouco tempo eram utilizados como mão-<strong>de</strong>-obra barata.<br />
Por fim, que a nossa consciência, nos faça recordar do período histórico em que nasceu a<br />
Declaração dos Direitos Humanos, logo após as barbáries cometidas na Segunda Guerra<br />
Mundial. Nessa ocasião foram mortos no Holocausto, ou na Solução Final, o montante <strong>de</strong>:
3,5 milhões <strong>de</strong> poloneses, 6 milhões <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us, 4 milhões <strong>de</strong> prisioneiros <strong>de</strong> guerra russos,<br />
1,5 milhão <strong>de</strong> dissi<strong>de</strong>ntes políticos, 25 mil homossexuais e 1 milhão <strong>de</strong> ciganos. Que o amor<br />
do Pai nos salve <strong>de</strong> tamanhas atrocida<strong>de</strong>s, para que as mesmas nunca mais sejam repetidas<br />
pelo gênero humano!<br />
Robson <strong>de</strong> Oliveira Pereira é padre, missionário re<strong>de</strong>ntorista, reitor da Basílica <strong>de</strong> Trinda<strong>de</strong> e<br />
mestre em Teologia Moral pela Universida<strong>de</strong> do Vaticano (www.paieterno.com.br)<br />
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21. O Estado <strong>de</strong> S. Paulo - SP<br />
Defesa <strong>de</strong> Bruno chama <strong>de</strong>legado <strong>de</strong> ''Nean<strong>de</strong>rtal''<br />
21 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2010 | 0h 00<br />
MARCELO PORTELA - O Estado <strong>de</strong> S.Paulo<br />
Ércio Quaresma, advogado <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa do goleiro Bruno Fernan<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> mais sete acusados<br />
<strong>de</strong> envolvimento no <strong>de</strong>saparecimento e possível assassinato <strong>de</strong> Eliza Samudio, ex-amante<br />
do atleta, divulgou ontem em seu blog uma cópia da <strong>de</strong>fesa prévia <strong>de</strong> seus clientes,<br />
apresentada à Justiça na véspera. Ele dá apelidos aos <strong>de</strong>legados responsáveis pelas<br />
investigações e lista a própria Eliza no rol <strong>de</strong> testemunhas.<br />
O chefe do Departamento <strong>de</strong> Investigação <strong>de</strong> Homicídios e Proteção à Pessoa (DIHPP),<br />
<strong>de</strong>legado Edson Moreira, é chamado <strong>de</strong> "Nean<strong>de</strong>rtal" (espécie anterior ao homem). A chefe<br />
da Delegacia <strong>de</strong> Homicídios <strong>de</strong> Contagem, <strong>de</strong>legada Ana Maria dos Santos, virou<br />
"Megahair". O casal <strong>de</strong> <strong>de</strong>legados Alessandra e Júlio Wilke foram chamados,<br />
respectivamente, <strong>de</strong> "Paquita" e "Galinho <strong>de</strong> Briga". E o chefe da Divisão <strong>de</strong> Investigação <strong>de</strong><br />
Crimes contra a Vida (DICcV) da Polícia Civil, Wagner Pinto, é apelidado <strong>de</strong> "Mudinho".<br />
Segundo a Or<strong>de</strong>m dos Advogados do Brasil, se a <strong>de</strong>fesa apresentada à Justiça for a mesma<br />
divulgada na internet, Quaresma po<strong>de</strong> sofrer processo ético na entida<strong>de</strong>.<br />
22. Diário <strong>de</strong> Pernambuco - PE<br />
Suspeita <strong>de</strong> matar os pais<br />
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Brasília // Pela primeira vez, <strong>de</strong>legada fala sobre o caso e reitera que Adriana Villela po<strong>de</strong> ter<br />
participado da execução <strong>de</strong> ex-ministro<br />
Mara Puljiz<br />
marapuljiz.df@dabr.com.br<br />
Brasília - A Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Investigação <strong>de</strong> Crimes contra a Vida (Corvida) da Polícia Civil<br />
quebrou o silêncio sobre os homicídios do ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)<br />
José Guilherme Villela, 73 anos, da mulher <strong>de</strong>le, Maria Carvalho Men<strong>de</strong>s Villela, 69, e da<br />
empregada Francisca Nascimento da Silva, 58, ocorridos há quase um ano no Bloco C da<br />
113 Sul. Em entrevista coletiva com duração <strong>de</strong> pouco mais <strong>de</strong> uma hora, a diretora-adjunta<br />
da unida<strong>de</strong>, Mabel Alves <strong>de</strong> Faria, reafirmou que a filha do casal assassinado, Adriana, 46<br />
anos, é a única suspeita <strong>de</strong> ser a mentora do crime e po<strong>de</strong> até ter ajudado a esfaquear os<br />
próprios pais. "Nós temos duas vertentes e não po<strong>de</strong>mos afastar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ela<br />
(Adriana) ter participado da execução", disse Mabel Faria. A polícia diz ter evidências<br />
suficientes para indiciar Adriana Villela pelo crime, antes do término da prisão temporária <strong>de</strong><br />
30 dias <strong>de</strong>cretada pela Justiça.<br />
Mabel Faria, <strong>de</strong>legada da Corvida responsável pelo inquérito do crime da 113 Sul. Foto:<br />
Breno Fortes/CB/D.A Press Adriana está <strong>de</strong>tida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a noite da última segunda-feira. Um<br />
dia <strong>de</strong>pois, também foram presos o policial civil José Augusto Alves e Guiomar Barbosa da<br />
Cunha, ex-empregada da família. Após viajarem <strong>de</strong> Porto Alegre (RS) para Brasília, a<br />
paranormal Rosa Maria Jaques e seu marido, João Tocchetto, chegaram algemados na<br />
última quinta-feira. Todos são acusados <strong>de</strong> atrapalhar as investigações, dificultando o
trabalho policial. Segundo as autorida<strong>de</strong>s que estão à frente do caso, a motivação para os<br />
assassinatos seria a fortuna dos Villela.<br />
Os cinco já foram indiciados por alguns crimes. Adriana, Rosa Maria e João foram<br />
enquadrados por <strong>de</strong>nunciação caluniosa (incriminar falsamente alguém), com pena <strong>de</strong> dois a<br />
oito anos <strong>de</strong> <strong>de</strong>tenção. Contra os três, as investigações continuam. José Augusto Alves<br />
respon<strong>de</strong>rá por frau<strong>de</strong> processual - seis meses a quatro anos <strong>de</strong> prisão em caso <strong>de</strong><br />
con<strong>de</strong>nação. Guiomar também será <strong>de</strong>nunciada à Justiça por <strong>de</strong>nunciação caluniosa. A<br />
<strong>de</strong>legada espera concluir o inquérito em breve - pois "tudo já está bastante adiantado". Ela,<br />
porém, não fixou prazo. E ainda há lacunas, como a própria arma do crime. "O executor tem<br />
astúcia. O fato <strong>de</strong> o instrumento usado para esfaquear as vítimas ter sido levado da cena<br />
<strong>de</strong>monstra conhecimento mediano", reconhece Mabel.<br />
Impressões digitais - Entre as provas reunidas pela polícia estão <strong>de</strong>poimentos, impressões<br />
digitais <strong>de</strong> Adriana colhidas na casa dos pais - embora ela pouco frequentas se o local - e<br />
escutas telefônicas. De acordo com fontes policiais, peritos encontraram digitais da filha do<br />
casal no closet do apartamento, on<strong>de</strong> eram guardadas as joias e o dinheiro roubados na<br />
noite do crime. Havia ainda vestígios na pia e nas toalhas <strong>de</strong> um banheiro do imóvel. Para a<br />
<strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> Adriana Villela, as provas são frágeis e insuficientes para incriminá-la, uma vez<br />
que ela era a filha e as digitais apareceriam na casa naturalmente. "Não acreditamos nessas<br />
alegações. A <strong>de</strong>fesa repudia as suspeitas e não existe fundamento para incriminar Adriana",<br />
disse o advogado Rodrigo <strong>de</strong> Alencastro. Por intermédio <strong>de</strong>le, a filha e o irmão <strong>de</strong> Adriana,<br />
Carolina e Augusto, divulgaram uma <strong>de</strong>claração <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo a inocência da familia. Durante<br />
a coletiva, a <strong>de</strong>legada garantiu: "As provas não são frágeis. Estamos caminhando <strong>de</strong> forma<br />
a<strong>de</strong>quada e com elementos <strong>de</strong> convicção".<br />
A prisão temporária <strong>de</strong> Adriana foi pedida pela polícia e aceita pelo juiz Fábio Esteves, que,<br />
em seu <strong>de</strong>spacho, disse haver levantado suspeita a "gran<strong>de</strong> mobilização" da acusada para<br />
conseguir um álibi para a noite do triplo assassinato. Ainda segundo o juiz, a ligação entre<br />
Adriana e a paranormal tinha como objetivo "evi<strong>de</strong>ntemente levar à não elucidação do evento<br />
criminoso". De acordo com a <strong>de</strong>legada Mabel Faria, os investigadores perceberam que o<br />
<strong>de</strong>poimento das testemunhas apresentavam certa combinação, no sentido <strong>de</strong> imputar a<br />
autoria do crime a outras pessoas. "Quando percebemos que existia um arranjo <strong>de</strong> pessoas<br />
sempre ofertando <strong>de</strong>núncias sobre A, B ou C, verificamos que elas estavam agindo <strong>de</strong> forma<br />
orquestrada." Para a polícia, o grupo estava a serviço <strong>de</strong> Adriana.<br />
Das cinco pessoas presas, a empregada Guiomar e o policial civil José Augusto tiveram<br />
pedido <strong>de</strong> habeas corpus concedido pela Justiça. Adriana teve o pedido <strong>de</strong> soltura negado<br />
em caráter liminar. A análise do mérito <strong>de</strong>ve ocorrer na próxima quinta-feira. Além <strong>de</strong>la,<br />
permanecem presos a paranormal Rosa Maria Jaques e o marido João Tocchetto, pois o<br />
<strong>de</strong>sembargador Romão Cícero, pediu mais informações aos advogados do casal.<br />
Declaração da família Villela<br />
"Manifestamos nosso absoluto repúdio às suspeitas absurdas lançadas sobre a nossa<br />
querida mãe e irmã, Adriana Villela. Com a aproximação do primeiro ano da perda <strong>de</strong> nossos<br />
pais e avós, nossa família vive um momento muito triste. Somado a esse gran<strong>de</strong> pesar, os<br />
responsáveis pela cruelda<strong>de</strong> cometida contra nós continuam livres e acobertados pelo manto<br />
da ineficiência das instituições que, em vez <strong>de</strong> aprofundar com rigor as investigações,<br />
procuram o caminho mais fácil, qual seja, o <strong>de</strong> impor o cerceamento da liberda<strong>de</strong>, sem<br />
nenhuma prova, a um nosso ente querido, mobilizando negativamente a operação pública.<br />
Temos plena convicção da sua inocência e, por isso, a sua prisão tem nos causado uma dor<br />
in<strong>de</strong>scritível. Lutaremos juntos e iremos apoiá-la no que for preciso. Lamentavelmente,<br />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> quase um ano <strong>de</strong> investigações, em que também sofremos muitos e inaceitáveis<br />
constrangimentos, constatamos que há mais dúvidas do que certeza sobre a tragédia que se<br />
abateu sobre nossa família."<br />
Carolina Villela Perche e Augusto Villela<br />
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23. Diário <strong>de</strong> Pernambuco - PE<br />
Delegados apoiam o governador<br />
O compromisso <strong>de</strong> reduzir ainda mais os homicídios e dar continuda<strong>de</strong> ao Pacto pela Vida -<br />
tratado como "a menina-dos -olhos" pelo governador Eduardo Campos (PSB) - recebeu um<br />
apoio <strong>de</strong> peso, ontem, <strong>de</strong> um segmento diretamente ligado à área <strong>de</strong> segurança. A<br />
Associação <strong>de</strong> Delegados <strong>de</strong> Polícia do Estado <strong>de</strong> Pernambuco (Ad<strong>de</strong>pe), que tem 600<br />
profissionais na ativa e 400 aposentados, fez cobranças ao socialista para os próximos<br />
quatro anos, mas aproveitou a tar<strong>de</strong> <strong>de</strong> ontem para elogiar a gestão e prometer engajamento<br />
na campanha do socialista.<br />
O evento <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são, realizado na se<strong>de</strong> da entida<strong>de</strong> no Centro do Recife, teve a presença <strong>de</strong><br />
aproximadamente 300 <strong>de</strong>legados e foi marcado por críticas ao ex-governadores Jarbas<br />
Vasconcelos (PMDB) e Mendonça Filho (DEM). Eduardo esteve no encontro ao lado dos<br />
candidatos ao Senado, Humberto Costa (PT) e Armando Monteiro Neto (PTB).<br />
O presi<strong>de</strong>nte da Ad<strong>de</strong>pe, Arlindo Teixeira, foi o porta-voz dos <strong>de</strong>legados. Embora a categoria<br />
tenha paralisado parte das ativida<strong>de</strong>s, no semestre passado, e elevado o tom contra o<br />
governo, terminou acertando os ponteiros com o socialista para os próximos anos. O<br />
presi<strong>de</strong>nte abriu o discurso elogiando o respeito do governador pelos profissionais da área<br />
<strong>de</strong> segurança e lamentou que, na gestão passada, o mesmo não tivesse acontecido. "Em<br />
2006, convidados o governador da época (Mendonça Filho) para vir discutir conosco, mostrar<br />
as nossas dificulda<strong>de</strong>s, mas ele não quis", observou.<br />
Arlindo fez cobrança ao governador, dizendo que a Polícia Civil <strong>de</strong> Pernambuco ainda tem<br />
um dos salários mais baixos do Nor<strong>de</strong>ste, mas ele acredita que o socialista está no caminho<br />
certo e merece continuar no cargo. "Queremos que os <strong>de</strong>legados <strong>de</strong> Pernambuco saiam da<br />
margem dos piores salários do Nor<strong>de</strong>ste. Também temos que criar um plano <strong>de</strong><br />
reestruturação da carreira (#) Mas é evi<strong>de</strong>nte que o governador quebrou a velha prática <strong>de</strong><br />
politicagem na Polícia Civil".<br />
De acordo com o presi<strong>de</strong>nte da Ad<strong>de</strong>pe, a redução <strong>de</strong> homicídios tem haver diretamente<br />
com a postura do governador, que passou a cobrar resultadosnão apenas como<br />
administrador, mas cidadão. "Tenho certeza que vai ser daqui para melhor", disse Arlindo,<br />
repetindo o slongan da Frente Popular.<br />
O governador admitiu a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> restruturar a carreira da Polícia Civil e ainda<br />
prometeu reforçar o efetivo nos próximos anos. Já em entrevista, ele disse que também<br />
preten<strong>de</strong> interiorizar o Instituto <strong>de</strong> Medicina Legal e os laboratórios <strong>de</strong> Polícia Científica,<br />
incluíndo a realização <strong>de</strong> exames <strong>de</strong> DNA (hoje não existente no estado).<br />
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24. O Liberal - PA<br />
Preso foragido da chacina da Cabanagem<br />
A equipe policial da <strong>de</strong>legacia da Cabanagem, com o apoio da Divisão <strong>de</strong> Homicídios,<br />
pren<strong>de</strong>u na madrugada <strong>de</strong> ontem Dileno José Ferreira <strong>de</strong> Souza, <strong>de</strong> 19 anos, acusado <strong>de</strong> ser<br />
o principal autor da chacina, que resultou na morte <strong>de</strong> quatro pessoas, no início <strong>de</strong>ste mês.<br />
Dileno foi preso, por volta das 2 horas, numa casa no município <strong>de</strong> Capitão Poço, on<strong>de</strong><br />
estava foragido.<br />
O crime ocorreu na madrugada do dia 8 <strong>de</strong> agosto, quando o acusado e outros cinco<br />
comparsas teriam invadido uma casa e assassinado Paulo Roberto Ribeiro Ferreira, <strong>de</strong> 42<br />
anos; Rafaela Conceição Pereira Ferreira, <strong>de</strong> 18 anos; Miller Vaz da Silva, <strong>de</strong> 20 anos; e<br />
Mizaias Vaz da Silva, <strong>de</strong> 17 anos. Um bebê <strong>de</strong> três meses escapou do massacre porque a<br />
mãe o protegeu com o corpo antes <strong>de</strong> morrer.<br />
Segundo o <strong>de</strong>legado Ocimar Souza Nascimento, da <strong>de</strong>legacia da Cabanagem, Dileno teria<br />
fugido, inicialmente, para a casa <strong>de</strong> um parente, em Mosqueiro. Mas, <strong>de</strong>pois da <strong>de</strong>scoberta<br />
da participação <strong>de</strong>le na chacina, acabou sendo expulso do imóvel e se refugiou numa casa,
localizada na vila <strong>de</strong> Capitão Pocinho, em Capitão Poço. Ocorre que moradores do local<br />
também <strong>de</strong>scobriram a participação <strong>de</strong>le no crime e o <strong>de</strong>nunciaram à polícia. A equipe<br />
policial da <strong>de</strong>legacia da Cabanagem solicitou apoio da Divisão <strong>de</strong> Homicídios e, na manhã <strong>de</strong><br />
sexta-feira (20), equipes policiais foram até o local para efetuar a prisão do acusado, o que<br />
ocorreu na madrugada <strong>de</strong> ontem.<br />
A prisão foi realizada em cumprimento a um mandado <strong>de</strong> prisão preventiva expedido pelo<br />
juiz Hey<strong>de</strong>r Tavares da Silva Ferreira. O preso disse à reportagem que planejou o crime por<br />
vingança. Ele diz que queria matar Antonio Clayton Melo <strong>de</strong> Almeida, <strong>de</strong> 19 anos, que<br />
escapou apenas ferido no braço e no pé no dia da chacina, fugindo pelo forro do banheiro.<br />
"Eu planejei matá-lo porque ele matou meu primo a facadas e também já tinha tentado me<br />
matar", disse o preso. Segundo a polícia existe uma rixa entre criminosos do Jardim Si<strong>de</strong>ral<br />
(turma do Dileno) e da invasão da ponte (turma <strong>de</strong> Antonio Clayton). Os <strong>de</strong>mais acusados<br />
que ainda estão foragidos são conhecidos pelos apelidos "Sibira", "Baby" e "Igor". Além <strong>de</strong><br />
Dileno, a polícia também já pren<strong>de</strong>u A<strong>de</strong>lson da Vera Cruz, o "Bocão" e "Claudinho" morreu<br />
<strong>de</strong>pois do crime, em outra situação, em troca <strong>de</strong> tiros com a polícia.<br />
CONFISSÃO<br />
Dileno José Ferreira <strong>de</strong> Souza confessa que planejou matar Antonio Clayton, seu rival, e que<br />
por isso teria pedido para comparsas o ajudarem a pegá-lo. Porém, ele diz que não foi<br />
planejada a chacina e que teria ficado do lado <strong>de</strong> fora da casa e que quando entrou no<br />
imóvel, as quatro pessoas já teriam sido mortas por "Claudinho" (morto pela polícia em troca<br />
<strong>de</strong> tiros). Mas, a versão do preso não convence a polícia. "Ele era a pessoa que queria fazer<br />
a vingança e que acionou os <strong>de</strong>mais comparsas. Como que ele não ia entrar na casa?",<br />
indaga o <strong>de</strong>legado, que não tem dúvidas que Dileno é autor da chacina.<br />
Dileno disse à reportagem que já havia matado outras duas pessoas, anteriormente. Uma<br />
<strong>de</strong>las, quando ainda era adolescente, aos 16 anos. Na ocasião, chegou a cumprir 1 ano e 3<br />
meses <strong>de</strong> medida sócio-educativa. O preso também já cumpriu pena pelo crime <strong>de</strong> roubo,<br />
chegando a ficar 2 anos e 3 meses preso no Presídio Estadual Metropolitano (PEM). Além<br />
disso, no dia 25 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong>ste ano - poucos dias antes da chacina - ele diz ter matado a tiros<br />
Benilson Santos Lima, que seria comparsa <strong>de</strong> Antonio Clayton. De acordo com o <strong>de</strong>legado,<br />
Antonio Clayton chegou a admitir, numa ocasião em que prestou <strong>de</strong>poimento à polícia, que<br />
teria <strong>de</strong>sferido três tiros para matar Dileno e que não conseguiu realizar seu intento.<br />
Perguntado ao preso se ele continuará querendo matar o inimigo, ele respon<strong>de</strong>: "se eu<br />
pu<strong>de</strong>r, eu vou. Agora eu estou preso e vou pagar por meu crime, mas uma hora isso vai<br />
acabar", ameaçou o preso. A família <strong>de</strong> Dileno está apavorada, com medo <strong>de</strong> morrer, porque<br />
Antonio Clayton já teria ameaçado assassinar a mãe <strong>de</strong>le e a esposa.<br />
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25. O Povo - CE<br />
Ronda do Quarteirão, o futuro que às urnas pertence<br />
Adversários <strong>de</strong> Cid não falam em extinção, mas adiantam que haverá uma ampla<br />
reformação. O atual governador, que i<strong>de</strong>alizou o programa, reforma sua importância <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>de</strong> uma estratégia <strong>de</strong> segurança pública, mesmo admitindo que ele ''não resolve tudo''. Lúcio<br />
fala em requalificação, Cals diz que sentido ''complementar'' seria resgatado<br />
21/08/2010 17:00<br />
Se divi<strong>de</strong> opinião nas ruas, o programa Ronda do Quarteirão é ponto <strong>de</strong> concordância entre<br />
a maioria dos candidatos ao Governo do Estado. À pergunta - “o programa Ronda do<br />
Quarteirão <strong>de</strong>ve continuar a ser o carro-chefe da polícia?” – seis, <strong>de</strong> sete candidatos optaram<br />
pela alternativa “não”, com exceção apenas do governador e candidato à reeleição, Cid<br />
Gomes (PSB).<br />
Mas, apesar das críticas, ninguém se prontificou a extinguir o programa, que se tornou alvo
<strong>de</strong> questionamento por parte da população após ações, no mínimo, <strong>de</strong>sastradas.<br />
Reformulações seriam suficientes, na opinião da maioria dos postulantes ao Executivo<br />
estadual.<br />
Lançado como principal projeto para a área <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> <strong>Pública</strong>, em 2007, o Ronda do<br />
Quarteirão já foi alvo <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncias escandalosas, conforme O POVO mostrou no ano<br />
passado, <strong>de</strong> policiais fazendo sexo em viaturas, cometendo abuso <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e recebendo<br />
alimento gratuitamente em troca <strong>de</strong> proteção. Mas o estopim para uma crise com a<br />
socieda<strong>de</strong> foi a morte do jovem Bruce Cristian, no final <strong>de</strong> julho último.<br />
Em <strong>de</strong>fesa<br />
I<strong>de</strong>alizador do Ronda, Cid optou por não marcar nenhuma das opções objetivas, se manteria<br />
ou não o projeto como carro-chefe da polícia. Mas fez questão <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o programa como<br />
uma das ações <strong>de</strong> seu Governo.<br />
No entanto, o governador acrescentou que “é importante, mas não foi feito para resolver<br />
tudo”. Fora isso, ele não se pren<strong>de</strong>u a apenas <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o Ronda. Optou por divulgar os<br />
investimentos na área <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> que, <strong>de</strong>staca, teve orçamento “dobrado” em sua gestão.<br />
“Contratei mais <strong>de</strong> 4 mil policiais, construí e reformei <strong>de</strong>legacias, nomeei mais <strong>de</strong> 100<br />
<strong>de</strong>legados, renovei armamento e munição. E não parei nisso”.<br />
O ex-governador Lúcio Alcântara, que agora busca voltar ao cargo pelo PR, afirmou que o<br />
Ronda do Quarteirão continuará, caso vença as eleições <strong>de</strong> outubro. Mas, enfatizou, “será<br />
requalificado” e será retirada a “ênfase nas ações cosméticas”. “A priorida<strong>de</strong> não será dada a<br />
equipamentos e sim ao profissional da segurança”, disse, em indireta ao principal adversário,<br />
Cid Gomes.<br />
O candidato do PSDB, Marcos Cals, avaliou o Ronda como um “programa complementar”,<br />
que necessita <strong>de</strong> “reajustes”. Fora isso, não disparou críticas mais duras ao principal<br />
programa <strong>de</strong> policiamento ostensivo do Ceará. Preferiu dizer o que faria: polícia trabalhando<br />
com inteligência 24 horas e um “comando forte”.<br />
Já os candidatos Marcelo Silva (PV), Francisco Gonzaga (PSTU) e Maria da Nativida<strong>de</strong><br />
(PCB), apostam na unificação das polícias como forma mais eficaz <strong>de</strong> combate ao crime.<br />
Soraya Tupinambá (Psol), por sua vez, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> um maior controle social sobre a polícia.<br />
Para isso, ela afirma que <strong>de</strong>ve haver um corregedor único para as polícias, escolhido por<br />
meio <strong>de</strong> concurso público e não po<strong>de</strong>ria integrar a corporação policial. (Giselle Dutra –<br />
giselledutra@opovo.com.br)<br />
26. O Estado <strong>de</strong> S. Paulo - SP<br />
Direitos humanos às escuras<br />
22 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2010 | 0h 00<br />
Sergio Fausto - O Estado <strong>de</strong> S.Paulo<br />
Voltar<br />
Em artigo na Folha <strong>de</strong> S.Paulo no domingo passado, o chanceler Celso Amorim criticou a<br />
diplomacia do "<strong>de</strong>do em riste" na área dos direitos humanos. Afirmou que esta agrada à<br />
plateia, mas não protege <strong>de</strong> fato as vítimas <strong>de</strong> violações daqueles direitos. Mais eficazes<br />
seriam as negociações <strong>de</strong> bastidores com os Estados violadores, conforme proposta<br />
apresentada pelo Brasil ao grupo <strong>de</strong> 19 países incumbido <strong>de</strong> refletir sobre o fortalecimento<br />
do Conselho <strong>de</strong> Direitos Humanos da ONU.<br />
A manifestação <strong>de</strong> Amorim - que parece ter-se esquecido da importância das pressões<br />
internacionais para o fim do apartheid na África do Sul e das ditaduras militares na América<br />
do Sul - indica que continuamos a distanciar-nos da política externa seguida pelo País nessa<br />
área, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o retorno à <strong>de</strong>mocracia até o governo Lula.<br />
Nesse período não praticamos a diplomacia do "<strong>de</strong>do em riste" nem <strong>de</strong>ixamos <strong>de</strong> reconhecer
com realismo os limites da ação externa para proteção dos direitos humanos, muito menos<br />
<strong>de</strong> pon<strong>de</strong>rar pragmaticamente os nossos interesses econômicos e políticos. No entanto,<br />
marcamos com clareza o compromisso com o valor universal dos direitos humanos.<br />
Subscrevemos um conjunto <strong>de</strong> convenções internacionais (a começar pela Convenção<br />
Contra a Tortura) que nos havíamos recusado a assinar sob a ditadura militar. E inscrevemos<br />
na Constituição a <strong>de</strong>terminação legal que dá prevalência aos direitos humanos na condução<br />
da política externa.<br />
No atual governo acumulam-se sinais <strong>de</strong> mudança. Discretos, mas significativos, na atuação<br />
do Brasil no Conselho <strong>de</strong> Direitos Humanos da ONU. Visíveis nas ações e nas palavras dos<br />
principais formuladores da política externa, a começar pelo presi<strong>de</strong>nte da República.<br />
A nova orientação da política externa obe<strong>de</strong>ce a um diagnóstico segundo o qual o tema dos<br />
direitos humanos é manipulado pelas gran<strong>de</strong>s potências oci<strong>de</strong>ntais. Ninguém o exprime<br />
melhor do que Samuel Pinheiro Guimarães. Para o ex-segundo homem do Itamaraty e hoje<br />
ministro <strong>de</strong> Assuntos Estratégicos, a <strong>de</strong>fesa dos direitos humanos "dissimula, com sua<br />
linguagem humanitária e altruísta, as ações táticas das gran<strong>de</strong>s potências em <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong><br />
seus interesses estratégicos". O alvo da crítica são, principalmente, os Estados Unidos, cuja<br />
hegemonia no sistema internacional representaria um dos principais obstáculos, se não<br />
ameaça, à projeção do Brasil na cena global, como se lê em seu livro Desafios <strong>Brasileiro</strong>s na<br />
Era dos Gigantes. Ou seja, a <strong>de</strong>fesa dos direitos humanos, assim como a <strong>de</strong>fesa da nãoproliferação<br />
nuclear, presta-se, na prática, ao congelamento do po<strong>de</strong>r mundial tal como hoje<br />
se distribui. O resto seria retórica, mal ou bem-intencionada.<br />
Se queremos e po<strong>de</strong>mos tornar-nos um dos gigantes do mundo, e se a <strong>de</strong>fesa dos direitos<br />
humanos não é senão a forma como os interesses das "potências oci<strong>de</strong>ntais" se travestem<br />
em preocupações humanitárias, o objetivo do Brasil <strong>de</strong>ve ser o <strong>de</strong> remover a maquiagem<br />
i<strong>de</strong>ológica que recobre o tema nos fóruns multilaterais. Não para afirmar o valor em si, e<br />
nossas cre<strong>de</strong>nciais diferenciadas em relação a ele, mas para relegá-lo a um plano<br />
secundário. Quem sabe, com o propósito <strong>de</strong> livrar-nos dos constrangimentos que a<br />
<strong>de</strong>liberação à luz do dia sobre eventuais casos <strong>de</strong> violação dos direitos humanos po<strong>de</strong> impor<br />
à nossa movimentação internacional, agora que, acredita-se, nos estamos tornando um dos<br />
gigantes do planeta.<br />
Fazer alianças pontuais para questionar a distribuição <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r atual no mundo é objetivo<br />
legítimo e oportuno. Ele vem sendo, porém, perseguido ao preço da leniência com violadores<br />
contumazes dos direitos humanos. Fica a impressão, certa ou errada, <strong>de</strong> que a proposta<br />
<strong>de</strong>fendida por Amorim tem entre suas motivações a <strong>de</strong> reduzir o dano moral que a política<br />
externa do atual governo na área dos direitos humanos provoca na imagem internacional do<br />
Brasil. Figurativamente, em vez <strong>de</strong> repensar nossa atuação em cena, preferimos apagar a<br />
luz do palco.<br />
Para ser efetiva, a proteção internacional dos direitos humanos precisa do olhar vigilante, da<br />
ação ruidosa, às vezes equivocada, mas sempre indispensável, <strong>de</strong> ONGs ligadas ao tema.<br />
Não é preciso i<strong>de</strong>alizar o que seja esse embrião <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> civil internacional para<br />
reconhecer sua importância, tanto mais agora que países com regimes autoritários e<br />
repressivos ganham peso na balança <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r global. Estaríamos querendo nos proteger<br />
<strong>de</strong>sse olhar para mais livremente manejar nossos interesses econômicos e nossa projeção<br />
<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r na nova or<strong>de</strong>m multipolar?<br />
A visão <strong>de</strong> mundo expressa por Samuel Pinheiro Guimarães é compartilhada por gran<strong>de</strong><br />
parte das forças políticas <strong>de</strong> sustentação do atual governo. Comunga o PT o diagnóstico <strong>de</strong><br />
que a <strong>de</strong>fesa dos direitos humanos é parte da hegemonia norte-americana. O<br />
antiamericanismo é um elemento <strong>de</strong> coesão no campo das esquerdas menos ou não<strong>de</strong>mocráticas,<br />
sobretudo na América Latina, on<strong>de</strong> o partido construiu uma ampla re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
alianças. Serve para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r as violações dos direitos humanos em Cuba e para justificar<br />
Chávez e o chavismo. Explica também certa simpatia por grupos como o Hezbollah e o<br />
Hamas e a complacência com Ahmadinejad.<br />
Tem razão quem diz que os Estados Unidos não nos <strong>de</strong>vem servir <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo. Em muitas
ocasiões, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se tornou uma potência econômica e militar, a atuação externa <strong>de</strong>sse<br />
país conflitou com os valores <strong>de</strong>mocráticos que professa. A questão, porém, não se resume<br />
a questionar as cre<strong>de</strong>nciais dos Estados Unidos. O fato <strong>de</strong> tais cre<strong>de</strong>nciais serem<br />
questionáveis não nos libera <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r à pergunta e prestar contas sobre o lugar que<br />
valores fundamentais como a <strong>de</strong>fesa dos direitos humanos terão em nossa política externa,<br />
agora que projetamos nossos interesses e nossas aspirações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r em escala global.<br />
Será que para sermos gigantes precisamos apequenar-nos na sustentação <strong>de</strong> valores que<br />
<strong>de</strong>vem marcar a nossa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> internacional?<br />
DIRETOR EXECUTIVO DO iFHC, É MEMBRO DO GACINT-USP E-MAIL:<br />
SFAUSTO40@HOTMAIL.COM<br />
27. Gazeta do Povo - PR<br />
Discussão ilusória<br />
Publicado em 21/08/2010 | Marcelo Jugend<br />
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É preciso priorizar e arrancar, com ações específicas, as raízes socioculturais da violência,<br />
<strong>de</strong> maneira a atalhar com rigor o círculo vicioso que alimenta a verda<strong>de</strong>ira linha <strong>de</strong> produção<br />
<strong>de</strong> criminosos que a exclusão <strong>de</strong> cidadania criou neste país<br />
A campanha eleitoral aguça os sentidos da socieda<strong>de</strong> em busca da posição dos candidatos<br />
acerca dos problemas que mais a afligem. Embora positiva, na medida em que incentiva um<br />
saudável <strong>de</strong>bate, esse fenômeno ten<strong>de</strong> a sofrer <strong>de</strong> uma lamentável superficialida<strong>de</strong>, visto<br />
que os principais personagens têm outras preocupações em mente, envolvidos que estão em<br />
uma verda<strong>de</strong>ira batalha.<br />
No último domingo, a Gazeta do Povo <strong>de</strong>bruçou-se sobre a preocupação com os índices da<br />
criminalida<strong>de</strong> e buscou discriminar medidas prioritárias a serem adotadas pelo próximo<br />
governador. De um modo geral, as conclusões apontam a <strong>de</strong>manda por mais policiais nas<br />
ruas e uma polícia melhor. Não há dúvida <strong>de</strong> que o componente repressivo, representado por<br />
essa instituição, é essencial a qualquer política <strong>de</strong> segurança pública. Também não se po<strong>de</strong><br />
hesitar em constatar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> incrementá-la, não apenas em quantida<strong>de</strong>, mas<br />
principalmente em qualida<strong>de</strong>, com investimentos em inteligência e mo<strong>de</strong>rnização.<br />
É fundamental abordar, contudo, a urgente necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocratização das<br />
corporações. Her<strong>de</strong>iras privilegiadas do autoritarismo imperante no país ao longo <strong>de</strong><br />
décadas, as polícias revelam-se ainda hoje presas à cultura da força indiscriminada. Esse<br />
veneno possui múltiplos efeitos. No ambiente interno das instituições, corrói as relações<br />
entre superiores e subordinados, prejudicando a efetivida<strong>de</strong> das ações. Delas para fora, fere<br />
<strong>de</strong> morte a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se integrarem entre si, colocando em xeque o próprio mo<strong>de</strong>lo<br />
bipartido do ciclo policial (civis investigativos e militares preventivos sem vínculos orgânicos).<br />
Pior do que tudo, dificulta a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> outro vínculo fundamental, entre os<br />
policiais e os cidadãos aos quais prestam seus serviços, frequentemente encarados com<br />
<strong>de</strong>sconfiança e agressivida<strong>de</strong>, como se fossem adversários. Trata-se <strong>de</strong> uma ligação<br />
fundamental, sem a qual já está provada a inviabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um policiamento <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. E,<br />
sem este, nenhuma política pública na área se sustenta.<br />
É alentador que os candidatos afirmem que priorizam o policiamento comunitário. Cabe<br />
apurar, todavia, se eles têm ciência <strong>de</strong> que essas medidas vão muito além <strong>de</strong> simples<br />
orientações ou da implantação <strong>de</strong> módulos. É preciso encarar, <strong>de</strong> forma radical e verda<strong>de</strong>ira,<br />
questões culturais arraigadas, cristalizadas por séculos <strong>de</strong> prática acrítica e incontestada.<br />
Estamos falando <strong>de</strong> uma postura reconhecidamente difícil e corajosa, mas sem a qual todas<br />
as <strong>de</strong>mais apenas arranharão a superfície do problema. Por outro lado, é forçoso constatar<br />
que simplesmente a meta <strong>de</strong> mais policiais e uma polícia melhor, mesmo que essencial,
consiste em muito pouco para dar conta da transversalida<strong>de</strong>, multissetorialida<strong>de</strong> e<br />
complexida<strong>de</strong> do tema. Isso só é possível mediante o enfrentamento real da questão<br />
preventiva.<br />
Alguns caminhos se apresentam <strong>de</strong> imediato. Entre eles, é preciso estreitar, inclusive com<br />
estratégias <strong>de</strong> financiamento, a muito relegada relação do Estado com os municípios,<br />
titulares <strong>de</strong> protagonismo cada vez mais explícito na área da segurança pública.<br />
É preciso também encarar a questão <strong>de</strong> forma abrangente, priorizando e arrancando, com<br />
ações específicas, as raízes socioculturais da violência, <strong>de</strong> maneira a atalhar com rigor o<br />
círculo vicioso que alimenta a verda<strong>de</strong>ira linha <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> criminosos que a exclusão <strong>de</strong><br />
cidadania criou neste país.<br />
É preciso, ainda, quebrar paradigmas administrativos, combatendo as fogueiras <strong>de</strong> vaida<strong>de</strong><br />
político-eleitoreiras dos diversos setores do governo, a fim <strong>de</strong> propiciar abordagens<br />
transversais das questões. Fiquemos apenas no exemplo mais urgente: as drogas.<br />
Quem, hoje, em sã consciência, é capaz <strong>de</strong> afirmar que esse é apenas um problema <strong>de</strong><br />
polícia? Sabe-se plenamente que envolve atendimento em saú<strong>de</strong>, educação, assistência<br />
social etc. Resta saber, então, se vencida a etapa da disputa, com sua natural<br />
superficialida<strong>de</strong>, o governador eleito estará disposto a pagar o preço <strong>de</strong> enfrentar a estrutura<br />
viciada ou se simplesmente nos brindará com o inócuo mais do mesmo.<br />
Marcelo Jugend, advogado, é secretário municipal <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> <strong>de</strong> São José dos Pinhais.<br />
28. Folha <strong>de</strong> S. Paulo - SP<br />
ANÁLISE<br />
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O Rio das Olimpíadas e da Copa espera as respostas<br />
MICHEL MISSE<br />
ESPECIAL PARA A FOLHA<br />
Foi a segunda vez em seis anos que os moradores <strong>de</strong> classe média alta <strong>de</strong> São Conrado<br />
sofreram com um tiroteio cerrado que levou pânico ao bairro.<br />
O primeiro conflito, em 2004, envolveu uma guerra entre as facções do tráfico que<br />
controlavam as favelas da Rocinha, a maior do Rio, e sua vizinha, a do Vidigal.<br />
O segundo, na manhã do último sábado, <strong>de</strong>correu do suposto encontro casual <strong>de</strong> policiais<br />
com carros <strong>de</strong> traficantes da Rocinha que voltavam <strong>de</strong> uma festa no Vidigal.<br />
Nas duas vezes, o conflito saiu <strong>de</strong> seu território usual para <strong>de</strong>rramar-se perigosamente, "fora<br />
<strong>de</strong> lugar", nas imediações <strong>de</strong> prédios e condomínios que abrigam parte da população <strong>de</strong><br />
melhor renda da cida<strong>de</strong>. O que na primeira vez foi inusual, um <strong>de</strong>scontrole dos personagens,<br />
<strong>de</strong>sta vez não parece ter sido tão casual assim.<br />
Festas e bailes são comuns nas favelas e conjuntos habitacionais <strong>de</strong> baixa renda, incluindo o<br />
tráfego <strong>de</strong> pessoal em veículos coor<strong>de</strong>nados e com "seguranças" armados, para se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r<br />
<strong>de</strong> seus inimigos <strong>de</strong> outras facções ou <strong>de</strong> policiais.<br />
Raramente uma patrulha policial enfrenta esses "bon<strong>de</strong>s", seja por <strong>de</strong>sequilíbrio na relação<br />
<strong>de</strong> forças, seja por um acordo tácito em que os próprios traficantes evitam,<br />
instrumentalmente, o confronto. Muitas vezes, eles sabem que "é burrice" levar o conflito<br />
para o asfalto. Por que, então, <strong>de</strong>sta vez acabou sendo diferente?<br />
Se tivermos uma investigação policial séria sobre o que aconteceu, teremos respostas a<br />
algumas perguntas que insistem em permanecer. Foi a primeira vez que patrulhas da PM<br />
viram um "bon<strong>de</strong>" naquele trecho? Os traficantes <strong>de</strong>sta vez estavam interessados no<br />
confronto, por alguma razão? Há algum fato novo, nesse caso, relacionado à instalação das<br />
UPPs (Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Polícia Pacificadora) em favelas da zona sul do Rio?<br />
Os policiais foram atacados primeiro ou, pelo contrário, <strong>de</strong>cidiram, mesmo sem tempo <strong>de</strong><br />
pedir reforços, enfrentar heroicamente os traficantes que estavam em número superior?<br />
A avaliação das causas e efeitos <strong>de</strong>ste confronto "fora <strong>de</strong> lugar" po<strong>de</strong> reservar surpresas. O
Rio das Olimpíadas e da Copa do Mundo espera as respostas.<br />
MICHEL MISSE é professor <strong>de</strong> Sociologia e coor<strong>de</strong>nador do Núcleo <strong>de</strong> Estudos da<br />
Cidadania, Conflito e Violência Urbana da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />
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29. O Estado <strong>de</strong> S. Paulo - SP<br />
Após invasão <strong>de</strong> hotel, reservas são canceladas<br />
73 agendamentos para o Intercontinental, no Rio, foram retirados, apesar <strong>de</strong> o policiamento<br />
ter sido reforçado ontem na região <strong>de</strong> São Conrado<br />
23 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2010 | 0h 00<br />
Marcia Vieira , Clarissa Thomé / RIO - O Estado <strong>de</strong> S.Paulo<br />
Tranferência. Nove traficantes foram levados para o Complexo Penitenciário <strong>de</strong> Bangu<br />
Um dia <strong>de</strong>pois do confronto entre traficantes e policiais, que terminou com a invasão do<br />
Intercontinental, on<strong>de</strong> 35 pessoas foram feitas reféns, o hotel <strong>de</strong> luxo teve 73 cancelamentos<br />
<strong>de</strong> reservas, entre <strong>de</strong>sistências <strong>de</strong> hóspe<strong>de</strong>s que estavam por chegar e a saída adiantada<br />
daqueles que pretendiam passar mais alguns dias no Rio.<br />
Nem o reforço do policiamento em São Conrado, bairro da zona sul do Rio, levou<br />
tranquilida<strong>de</strong> àqueles que ficaram sob as armas dos criminosos ou trancados em seus<br />
quartos por cerca <strong>de</strong> três horas. A assessoria <strong>de</strong> Imprensa do Intercontinental informou que<br />
não foi oferecida nenhuma compensação financeira aos cinco hóspe<strong>de</strong>s que foram mantidos<br />
reféns, ao lado <strong>de</strong> 30 funcionários. Essas pessoas estariam recebendo "atenção especial" da<br />
direção do hotel.<br />
Patrulhamento. A meia maratona do Rio, que passa em São Conrado, ao lado do<br />
Intercontinental, transcorreu sem inci<strong>de</strong>ntes. Durante o dia, carros da PM patrulharam o<br />
bairro. Vans foram paradas e fiscalizadas pelos policiais. Não houve novos confrontos. Nove<br />
traficantes da Favela da Rocinha, presos após invasão do Hotel Intercontinental, em São<br />
Conrado, no Rio, na manhã <strong>de</strong> sábado, foram transferidos ontem para o Complexo<br />
Penitenciário <strong>de</strong> Bangu, na zona oeste. Outro dos invasores, que ontem completou 16 anos,<br />
foi encaminhado para a Delegacia <strong>de</strong> Proteção à Criança e ao Adolescente.<br />
Os traficantes não quiseram prestar nenhum <strong>de</strong>poimento na <strong>de</strong>legacia. Decidiram só falar em<br />
juízo. Eles foram indiciados por tráfico <strong>de</strong> drogas, porte ilegal <strong>de</strong> armas, sequestro e cárcere<br />
privado.<br />
Um suspeito, Jonatan Costa Soares, está sob custódia da polícia no Hospital Miguel Couto,<br />
no Leblon. Ele foi preso quando seguia em uma ambulância na Penha. Segundo a polícia, a<br />
ambulância havia sido roubada na Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pronto-Atendimento (UPA) da Rocinha,<br />
<strong>de</strong>pois do tiroteio entre policiais e traficantes. Jonatan estaria indo para o Hospital Getúlio<br />
Vargas, na zona norte.<br />
Imagens divulgadas pelo Batalhão <strong>de</strong> Operações Especiais (Bope) e transmitidas pela<br />
GloboNews mostram o momento em que os <strong>de</strong>z homens foram presos no Intercontinental.<br />
Os criminosos aparecem dominados, com as mãos para trás da cabeça. Um <strong>de</strong>les pe<strong>de</strong>:<br />
"Não precisa esculachar, não".<br />
Os homens <strong>de</strong>ixaram o hotel sem camisetas. Enquanto caminhavam, um policial explicava<br />
que as roupas seriam <strong>de</strong>volvidas <strong>de</strong>pois. Um policial do Bope tenta acalmá-los. "Rapaziada,<br />
tranquilo. Fica tranquilo."<br />
Lí<strong>de</strong>r do tráfico. O conflito, que levou pânico aos moradores do bairro <strong>de</strong> classe média alta,<br />
começou quando um grupo <strong>de</strong> bandidos da Rocinha voltava <strong>de</strong> um baile funk na Favela do<br />
Vidigal, comunida<strong>de</strong> próxima, e foi interceptado por PMs, em São Conrado. Uma mulher<br />
morreu no conflito e quatro PMs ficaram feridos.
Segundo a polícia, Adriana Duarte <strong>de</strong> Oliveira dos Santos, <strong>de</strong> 41 anos, fazia parte do bando<br />
e era responsável pela contabilida<strong>de</strong> do tráfico. Com o grupo, que manteve 30 funcionários e<br />
cinco hóspe<strong>de</strong>s do hotel presos na cozinha por mais <strong>de</strong> uma hora, foram apreendidos oito<br />
fuzis, cinco pistolas e três granadas. A polícia do Rio ainda investiga se o traficante Antônio<br />
Bonfim Lopes, o Nem, chefe do tráfico na Rocinha, estava entre os bandidos. Câmeras do<br />
Hotel Intercontinental e dos condomínios próximos estão sendo analisadas para tentar<br />
i<strong>de</strong>ntificá-lo.<br />
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30. O Globo - RJ<br />
Ataque leva pânico a oásis <strong>de</strong> luxo na região<br />
Funcionários pediram a hóspe<strong>de</strong>s para ficarem em seus quartos. Turistas lamentaram a<br />
violência na cida<strong>de</strong><br />
A violência do Rio ultrapassou as fronteiras das ruas e das favelas e levou pânico aos<br />
hóspe<strong>de</strong>s e funcionários do Hotel Intercontinental, um oásis <strong>de</strong> luxo e, até então, <strong>de</strong><br />
segurança em São Conrado.<br />
Após a invasão, funcionários começaram a ligar para os quartos, pedindo que os hóspe<strong>de</strong>s<br />
ficassem em seus cômodos.<br />
Muitos foram às janelas tentando <strong>de</strong>scobrir o que estava acontecendo. Os 35 reféns em<br />
po<strong>de</strong>r dos bandidos foram libertados por volta das 11h.<br />
Quatro horas <strong>de</strong>pois, policiais continuavam a varredura no hotel, com um cão farejador, na<br />
tentativa <strong>de</strong> encontrar bandidos infiltrados. A polícia checou a documentação <strong>de</strong> cada<br />
pessoa. Somente no fim da tar<strong>de</strong>, as buscas foram encerradas no hotel, que tem 17 andares<br />
e 418 quartos.<br />
A empresária Caroline Melo, que mora em Jacarepaguá e participaria <strong>de</strong> um congresso — o<br />
hotel sediava dois eventos na área médica —, estava no saguão quando bandidos entraram.<br />
Ela e 14 pessoas se trancaram em uma sala, on<strong>de</strong> ficaram até a chegada <strong>de</strong> um policial. O<br />
contador Tiago Perondi veio <strong>de</strong> Ribeirão Preto para acompanhar a mulher num congresso.<br />
Assistiu a tudo da sacada: — Estavam todos <strong>de</strong> preto, como <strong>de</strong> uniforme. Pensei que fossem<br />
policiais.<br />
O administrador mineiro Wal<strong>de</strong>mar Rausch também veio ao Rio para um congresso.<br />
Prolongou a viagem para passar o fim <strong>de</strong> semana na cida<strong>de</strong> com a mulher e dois filhos, <strong>de</strong> 3<br />
e 5 anos: — Tinha receio <strong>de</strong> vir ao Rio e há muitos anos não vinha. A vonta<strong>de</strong> é voltar para<br />
casa agora.<br />
A turista belga Nicole <strong>de</strong> Weber Baras veio ao Rio para um casamento. Ela tomava café da<br />
manhã no restaurante quando um funcionário pediu que todos fossem a um cômodo em<br />
obras.<br />
Depois, avisou da invasão.<br />
— Pensei que fosse algum treinamento. Achei que a violência no Rio era coisa do passado<br />
— disse a belga.<br />
Camareira ficou três horas presa em banheiro A camareira Rosana <strong>de</strong> Lima ficou três horas<br />
presa em um banheiro, com duas colegas. Após sair do hotel, uma das camareiras<br />
<strong>de</strong>smaiou. O porteiro Renato Icci foi até a porta do Intercontinental em busca <strong>de</strong> notícias do<br />
filho An<strong>de</strong>rson Nascimento, que trabalha como anotador <strong>de</strong> pedidos na cozinha do hotel: —<br />
Um policial que vi nascer me ligou e disse que meu filho estava entre os reféns.
Mães <strong>de</strong> bandidos que faziam reféns no Intercontinental também correram para a porta do<br />
hotel, na tentativa <strong>de</strong> ajudar nas negociações com a polícia. A guia <strong>de</strong> turismo Vladia<br />
Galhardo, que estava no 15oandar, viu uma “teresa”, corda que teria sido usada pelos<br />
bandidos para passar <strong>de</strong> um quarto a outro.<br />
O coor<strong>de</strong>nador do Congresso Carioca <strong>de</strong> Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, o<br />
cirurgião Fernando Lima, abrigouse em seu carro após chegar, sob o fogo cruzado, para o<br />
segundo dia do encontro, que reuniu 300 pessoas. Um carro da polícia impedia o acesso.<br />
De outro, policiais atiravam.<br />
— As pessoas passavam <strong>de</strong>sesperadas.<br />
Foi um <strong>de</strong>sespero. É uma sensação <strong>de</strong> impotência total.<br />
Os minutos ali duram horas.<br />
Quando a pista foi liberada, acelerei no sentido Barra, preocupado com quem estava no<br />
prédio — disse Lima, que ligou para colegas que estavam no hotel.<br />
Dezessete participantes do congresso que estavam no hall ficaram confinados em um<br />
quarto.<br />
Dos participantes que correram para o Fashion Mall, um teve o carro roubado por um dos<br />
bandidos. O congresso custou R$ 200 mil e acabaria hoje à noite, mas os participantes<br />
estavam antecipando voos. Daqui a dois anos, a edição brasileira po<strong>de</strong>ria ser realizada no<br />
Intercontinental, hipótese agora afastada por Lima.<br />
O hotel sediava também um congresso da Associação Brasileira <strong>de</strong> Medicina <strong>de</strong> Grupo.<br />
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31. O Globo - RJ<br />
Delegados e promotores admitem falta <strong>de</strong> preparo, estrutura e policiais<br />
Dificulda<strong>de</strong>s levam combate à prostituição infantil para o segundo plano<br />
Demétrio Weber e Sérgio Marques<br />
Enviados especiais<br />
RIO, FORTALEZA E MANAUS.<br />
Despreparo e falta <strong>de</strong> pessoal na polícia somados à lentidão da Justiça são terreno fértil para<br />
a impunida<strong>de</strong>. No Rio, a Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav) funciona até<br />
as 18h e tem cinco agentes para ir às ruas. O próprio <strong>de</strong>legado Luiz Henrique Marques<br />
admite que a priorida<strong>de</strong> são os casos <strong>de</strong> abuso sexual e não prostituição.<br />
— Eu não posso ir atrás também <strong>de</strong> casos <strong>de</strong>ssa natureza (exploração sexual), sabendo que<br />
aqui tem um monte <strong>de</strong> gente parada na porta da <strong>de</strong>legacia, um monte <strong>de</strong> criança violentada<br />
pelos pais, pelos padrastos, por familiar, que é o nosso enfoque — diz Luiz Henrique.<br />
Em Fortaleza, policiais emprestados em mutirão A promotora Ana Lúcia Melo, titular da<br />
25aPromotoria <strong>de</strong> Investigação Penal do Rio, afirma que a produção <strong>de</strong> provas é o maior<br />
<strong>de</strong>safio. Ela já participou <strong>de</strong> operações policiais na Vila Mimosa, tradicional ponto <strong>de</strong><br />
prostituição carioca, e conta que i<strong>de</strong>ntificou duas menores: — A gente foi, fechou tudo, cada<br />
buraco horrível. E conseguimos pegar duas meninas no local, mas elas não estavam sendo<br />
submetidas a exploração.<br />
Estavam em via pública, num lugar que é <strong>de</strong> exploração, mas também um bar. Acabou que<br />
só tomamos providências na área <strong>de</strong> proteção.
Ali não estava sendo praticado nenhum crime.<br />
Ana Lúcia consi<strong>de</strong>ra a prostituição <strong>de</strong> menores um crime impune: — Por falta <strong>de</strong> estrutura da<br />
polícia, por falta <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong> dos governos.<br />
Em Fortaleza, réus con<strong>de</strong>nados por crimes sexuais contra menores estão em liberda<strong>de</strong><br />
porque faltam policiais para cumprir os mandados <strong>de</strong> prisão.<br />
A Delegacia <strong>de</strong> Combate à Exploração da Criança e do Adolescente na cida<strong>de</strong> precisou<br />
mobilizar equipes <strong>de</strong> outras três DPs, em julho, para cumprir 123 mandados <strong>de</strong> prisão contra<br />
réus con<strong>de</strong>nados entre 2005 e 2010.<br />
— Não adianta a gente ter todo o trabalho (<strong>de</strong> investigar e pren<strong>de</strong>r) e não dar o fechamento<br />
— diz a <strong>de</strong>legada Ivana Timbó.<br />
Pelo menos 43 casos seguem na prateleira, pois ficaram fora do mutirão. A <strong>de</strong>legada<br />
promete realizar nova operação em setembro.<br />
Em Manaus, uma ação penal ajuizada no mês passado diz respeito a uma investigação <strong>de</strong><br />
2004. Trata-se da <strong>de</strong>núncia contra Fabiana Pereira Ribeiro, uma garota <strong>de</strong> programa<br />
acusada <strong>de</strong> aliciar meninas <strong>de</strong> 13, 14 e 16 anos em 2003. Hoje as vítimas já são maiores.<br />
O promotor Elvys <strong>de</strong> Paula Freitas diz que a vara especializada <strong>de</strong> Manaus herdou 6 mil<br />
processos, em 2007, ao ser criada.<br />
No ano passado, segundo ele, cerca <strong>de</strong> 900 ações <strong>de</strong> diferentes assuntos aguardavam<br />
manifestação do Ministério Público.<br />
Hoje são menos <strong>de</strong> cem.<br />
Em Fortaleza, o investidor francês Patrick Francis Eclancher respon<strong>de</strong> a processo <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
2008. No último dia 12, ele participou <strong>de</strong> audiência <strong>de</strong> instrução. A próxima foi marcada para<br />
maio <strong>de</strong> 2011, daqui a nove meses.<br />
Francês nega viagem <strong>de</strong> turismo sexual Eclancher é acusado <strong>de</strong> exploração <strong>de</strong> duas<br />
adolescentes <strong>de</strong> 15 e 16 anos. Segundo a polícia, as garotas não receberam dinheiro, mas<br />
roupas e bebidas, o que configuraria a exploração. O francês ficou mais <strong>de</strong> um mês <strong>de</strong>tido<br />
em 2008. Ele nega o crime.<br />
No Brasil há cerca <strong>de</strong> cinco anos, Eclancher diz que veio atraído por amigos e negócios, não<br />
por turismo sexual: — Tem muito mais prostituta em Paris do que aqui.<br />
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32. O Globo - RJ<br />
Um crime invisível e impune<br />
Exploração sexual <strong>de</strong> menores raramente resulta em processos, e as sentenças só chegam<br />
para 3% dos casos; em três capitais do país, apenas 16 ações judiciais foram abertas<br />
Demétrio Weber e Sérgio Marques<br />
Enviados especiais<br />
RIO, FORTALEZA e MANAUS. Um homem <strong>de</strong> 70 anos aborda uma adolescente <strong>de</strong> 17 nas<br />
imediações do Estádio Castelão, on<strong>de</strong> será disputada a Copa <strong>de</strong> 2014, em Fortaleza. São<br />
10h42m <strong>de</strong> uma quarta-feira <strong>de</strong> muito sol.<br />
Pelo buraco <strong>de</strong> um muro, os dois entram num terreno baldio, na movimentada Avenida
Padaria Espiritual. É ali que ele <strong>de</strong>sembolsa R$ 2 para tocar na garota.<br />
O Código Penal ganhou redação mais rigorosa no ano passado e diz claramente: pagar para<br />
fazer sexo ou praticar ato libidinoso com menores <strong>de</strong> 18 anos é crime <strong>de</strong> favorecimento à<br />
prostituição <strong>de</strong> vulnerável. A pena, prevista no artigo 218-B, vai <strong>de</strong> quatro a <strong>de</strong>z anos <strong>de</strong><br />
prisão.<br />
Já era assim <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1990, quando foi aprovado o Estatuto da Criança e do Adolescente.<br />
Mas divergências jurídicas sobre o texto levaram o Congresso a mexer no Código Penal,<br />
explicitando que a punição vale para cafetões, clientes e donos <strong>de</strong> motéis. Nas cida<strong>de</strong>s<br />
brasileiras, porém, cenas <strong>de</strong> prostituição infantojuvenil se repetem e pouca gente vai parar na<br />
ca<strong>de</strong>ia.<br />
Um levantamento do GLOBO em três capitais — Rio, Fortaleza e Manaus — revela que<br />
apenas 16 processos foram abertos no primeiro semestre <strong>de</strong>ste ano: <strong>de</strong>z em Fortaleza, três<br />
no Rio e três em Manaus. As três cida<strong>de</strong>s estão entre aquelas em que mais há <strong>de</strong>núncias <strong>de</strong><br />
casos <strong>de</strong> exploração sexual <strong>de</strong> menores no Disque 100, o serviço telefônico da Secretaria <strong>de</strong><br />
Direitos Humanos da Presidência da República.<br />
O número <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nações na Justiça é ainda menor: em Fortaleza, foram duas. Em<br />
Manaus, nenhuma. No Rio, o dado não está disponível, mas um balanço parcial do Tribunal<br />
<strong>de</strong> Justiça (TJ) indica que pelo menos duas sentenças foram proferidas.<br />
Embora faltem estatísticas, é fácil concluir que o número <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nações é um retrato da<br />
impunida<strong>de</strong>. De janeiro a junho, o Disque 100 registrou 161 relatos <strong>de</strong> exploração sexual nas<br />
três capitais: 65 no Rio, 60 em Fortaleza e 36 em Manaus.<br />
Os 16 processos abertos no mesmo período, portanto, equivalem a 10% dos casos<br />
<strong>de</strong>nunciados.<br />
As sentenças, a 3%. Mesmo que meta<strong>de</strong> das <strong>de</strong>núncias fosse falsa, o que não é o caso,<br />
embora existam relatos fictícios, o percentual <strong>de</strong> processos ficaria em 20% e o <strong>de</strong><br />
julgamentos, em 6%.<br />
Juiz critica a falta <strong>de</strong> dados<br />
O caminho até a con<strong>de</strong>nação tem a forma <strong>de</strong> um funil. Em Fortaleza, enquanto o Disque 100<br />
recebeu 60 <strong>de</strong>núncias, a Delegacia <strong>de</strong> Combate à Exploração da Criança e do Adolescente<br />
instaurou 21 inquéritos e o Ministério Público propôs 11 ações penais. A 12aVara Criminal <strong>de</strong><br />
Fortaleza, que só julga crimes contra crianças e adolescentes, sentenciou só duas pessoas.<br />
— Para nossa tristeza, nem sempre o resultado é a con<strong>de</strong>nação, porque as vítimas não<br />
comparecem em juízo e, quando comparecem, é para contradizer o que disseram na polícia.<br />
Exploradores as procuram e dão agrados às famílias — diz a juíza da 12aVara <strong>de</strong> Fortaleza,<br />
Maria Ilna <strong>de</strong> Castro.<br />
Manaus também conta com uma vara especializada. Foi criada em 2007, mas ainda não<br />
julgou nenhum processo <strong>de</strong> exploração sexual. Assim como em Fortaleza e no Rio,<br />
predominam os casos <strong>de</strong> abuso sexual: no primeiro semestre, foram ajuizadas 114 ações por<br />
estupro e atentado violento ao pudor, ante três por prostituição infanto-juvenil.<br />
O juiz Luiz Albuquerque, <strong>de</strong> Manaus, diz que a <strong>de</strong>sproporção não significa que a cida<strong>de</strong><br />
esteja livre da exploração sexual: — Se há, e há muita, não tem chegado a nós. Não tem<br />
tomado a forma <strong>de</strong> processo.<br />
O julgamento é o último passo <strong>de</strong> uma investigação. Assim, as <strong>de</strong>cisões tomadas no primeiro
semestre <strong>de</strong> 2010 refletem a realida<strong>de</strong> dos últimos anos. Fortaleza é a cida<strong>de</strong> brasileira com<br />
maior número <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncias <strong>de</strong> exploração ao Disque 100: 966, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2003, quando o<br />
serviço passou para o governo fe<strong>de</strong>ral, até 30 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2010. O Rio aparece em terceiro,<br />
com 682, e Manaus em oitavo, com 333. As três capitais são <strong>de</strong>stinos turísticos nacionais e<br />
internacionais.<br />
E serão se<strong>de</strong> da Copa <strong>de</strong> 2014.<br />
No Rio, não há sequer vara especializada em crimes contra crianças e adolescentes — só<br />
contra menores infratores. Isso dificulta até mesmo a contabilização dos casos, já que as<br />
ações ficam espalhadas por 40 varas.<br />
— A exploração sexual é um crime impune, porque o aparelho judicial não está preparado<br />
para receber esse tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncia.<br />
Sem instrumentos, não há como punir — diz o <strong>de</strong>sembargador do TJ-RJ Siro Darlan.<br />
Para <strong>de</strong>scobrir o número <strong>de</strong> processos instaurados no primeiro semestre, no Rio, foi preciso<br />
analisar uma lista do TJ com todos os crimes sexuais e do Estatuto da Criança e do<br />
Adolescente. Os casos <strong>de</strong> prostituição infanto-juvenil foram i<strong>de</strong>ntificados mediante contato<br />
com as varas, consi<strong>de</strong>rando-se apenas casos já <strong>de</strong>nunciados pelo MP. Ainda assim, há risco<br />
<strong>de</strong> imprecisão, porque processos com registro eletrônico ou etiqueta <strong>de</strong> um assunto po<strong>de</strong>m,<br />
na verda<strong>de</strong>, tratar <strong>de</strong> outro. Em Fortaleza e Manaus, as varas especializadas divulgaram<br />
dados.<br />
— Temos informação para tudo, mas não para esse tipo <strong>de</strong> pergunta. Desinformação é<br />
sinônimo <strong>de</strong> negligência — diz Siro.<br />
Em Fortaleza, a jovem <strong>de</strong> 17 anos usou os R$ 2 para fazer um lanche. O homem <strong>de</strong> 70 foi<br />
embora a pé. Como nas estatísticas do Rio, a prostituição <strong>de</strong>la e <strong>de</strong> outras adolescentes<br />
permanece invisível à Justiça.<br />
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33. Estado <strong>de</strong> Minas - MG<br />
Falso sequestro mobiliza policiais<br />
Homem comunica roubo <strong>de</strong> carro com criança <strong>de</strong>ntro, mas confessa que mentiu para agilizar<br />
busca pelo automóvel<br />
Alfredo Durães e Lan<strong>de</strong>rcy Hemerson<br />
O <strong>de</strong>spachante João Bibiano inventa história e po<strong>de</strong> ter punição<br />
Um falso comunicado <strong>de</strong> sequestro <strong>de</strong> uma criança <strong>de</strong> 2 anos mobilizou ontem, por mais <strong>de</strong><br />
15 horas, um gran<strong>de</strong> aparato policial, na Região Metropolitana <strong>de</strong> Belo Horizonte. O intento<br />
foi praticado pelo <strong>de</strong>spachante João Antônio Bibiano, <strong>de</strong> 50 anos, <strong>de</strong>pois que seu punto<br />
sporting, com placa <strong>de</strong> Ibirité, foi roubado, na noite <strong>de</strong> sexta-feira, por dois homens. Ele<br />
afirmou que o filho <strong>de</strong> sua namorada também tinha sido levado pelos bandidos. Somente na<br />
tar<strong>de</strong> <strong>de</strong> ontem, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> cair em várias contradições, ele se apresentou na 36ª Delegacia<br />
da Regional do Barreiro, na capital, e confessou ter inventado a história para que a polícia<br />
encontrasse rapidamente o automóvel.<br />
De acordo com o <strong>de</strong>legado Roberto Soares, chefe da Delegacia Regional do Barreiro, o<br />
acusado contou que, nas proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um shopping, viu uma mulher <strong>de</strong> boa aparência<br />
com uma criança e ofereceu carona a ela, que disse que seguia para a estação <strong>de</strong> ônibus<br />
Diamante. Porém, o <strong>de</strong>spachante parou na Padaria Simões, na esquina das ruas Américo<br />
Magalhães e Antônio Teixeira Dias, no Barreiro <strong>de</strong> Baixo. Quando saía do estabelecimento<br />
foi abordado por dois homens, um <strong>de</strong>les armado com revólver, que o teria obrigado a entrar<br />
no punto com eles, a mulher e a criança. Três quarteirões <strong>de</strong>pois, o casal e a criança foram<br />
libertados.
O <strong>de</strong>legado Islan<strong>de</strong> Batista, chefe do Departamento <strong>de</strong> Investigações <strong>de</strong> Crimes Contra o<br />
Patrimônio (Depatri), informou que, na noite da sexta-feira, foram mobilizadas equipes com<br />
mais <strong>de</strong> 40 policiais para tentar encontrar a criança. Até às 14h30 <strong>de</strong> ontem, agentes do<br />
Departamento <strong>de</strong> Operações Especiais (Deoesp), estavam <strong>de</strong> prontidão para uma possível<br />
ação <strong>de</strong> resgate, inclusive com helicóptero à disposição do grupo.<br />
Ao suspeitar da frau<strong>de</strong>, o <strong>de</strong>legado Batista convenceu o <strong>de</strong>spachante a se apresentar.<br />
Indiciado pelo falso comunicado <strong>de</strong> crime, cuja pena varia <strong>de</strong> um a seis meses <strong>de</strong> <strong>de</strong>tenção,<br />
Bibiano foi ouvido e liberado. A polícia vai agora investigar a última versão apresentada pelo<br />
<strong>de</strong>spachante, já que há suspeitas <strong>de</strong> que a tal mulher com a criança não existam. Até mesmo<br />
o roubo do carro, que não está em nome <strong>de</strong>le, embora afirme que o veículo seja <strong>de</strong> sua<br />
proprieda<strong>de</strong>, será investigado.<br />
Ao acionar a polícia, Bibiano informou aos militares do 41º Batalhão que o filho <strong>de</strong> “sua<br />
namorada”, que estava em sua companhia, havia sido sequestrado. Ele relatou ainda que os<br />
bandidos teriam roubado R$ 1,4 mil em dinheiro, quat ro telefones celulares, além <strong>de</strong><br />
documentos e placas <strong>de</strong> carros <strong>de</strong> clientes. Na sua falsa versão aos PMs, ele contou que foi<br />
obrigado a <strong>de</strong>scer do punto e que os ladrões disseram que levariam o menino como garantia<br />
e o soltariam <strong>de</strong>pois.<br />
CONTRADIÇÃO Militares da P2 (o serviço <strong>de</strong> inteligência da Polícia Militar), disseram que a<br />
história contada por Bibiano começou a tomar contornos duvidosos quando, ainda na noite<br />
<strong>de</strong> sexta-feira, ele se negou a fornecer o telefone e o en<strong>de</strong>reço da suposta namorada,<br />
alegando que estava muito nervoso e não se lembrava. “Ele falou apenas que ela se<br />
chamava Valéria”, disse um oficial. Bibiano chegou a levado para a Delegacia do Barreiro na<br />
mesma noite em que <strong>de</strong>u o falso alarme, mas foi liberado <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ouvido. Lá, chegou a<br />
fornecer o nome da criança, que, na realida<strong>de</strong>, era o <strong>de</strong> seu filho, adulto, que mora em<br />
Diamantina, na Região Central <strong>de</strong> Minas. Pela manhã, policiais civis e militares da P2<br />
estiveram na casa do <strong>de</strong>spachante, no Bairro Santa Helena, também no Barreiro, mas ele<br />
não foi encontrado. Conseguiram então localizá-lo por telefone e Bibiano <strong>de</strong>sconversou,<br />
informando que já havia falado com o <strong>de</strong>legado Islan<strong>de</strong> Batista, para informá-lo <strong>de</strong> que tinha<br />
pistas do para<strong>de</strong>iro da criança e a procurava em Betim.<br />
Ao ser questionado sobre o custo para a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> movimentação policial<br />
como essa, sem necessida<strong>de</strong>, o <strong>de</strong>legado Roberto Soares disse que não saberia precisar o<br />
montante, mas que centenas <strong>de</strong> policias, que po<strong>de</strong>riam estar no policiamento ou no<br />
atendimento <strong>de</strong> outras ocorrências, foram <strong>de</strong>slocados para o caso em vão.<br />
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34. Estado <strong>de</strong> Minas - MG<br />
Tio é preso por torturar garota<br />
Criança <strong>de</strong> 5 anos está com o corpo queimado a ferro, teve <strong>de</strong>ntes arrancados com alicate e<br />
genitália ferida a faca, segundo <strong>de</strong>legada<br />
Tio é preso por torturar garota<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro – Policiais civis pren<strong>de</strong>ram na madrugada <strong>de</strong> ontem Sirlei Ferreira do<br />
Nascimento, <strong>de</strong> 38 anos, suspeito <strong>de</strong> torturar com um ferro quente a sobrinha <strong>de</strong> 5 anos, na<br />
Praça Seca, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio. Segundo informações da <strong>de</strong>legada<br />
Adriana Belém, da Delegacia <strong>de</strong> Campinho (Zona Norte), on<strong>de</strong> o caso foi registrado, a<br />
criança tem marcas <strong>de</strong> queimaduras espalhadas pelo corpo, teve os <strong>de</strong>ntes arrancados por<br />
um alicate e a genitália ferida a faca. Sirlei Ferreira do Nascimento, <strong>de</strong> 38 anos, foi levado<br />
para <strong>de</strong>legacia, on<strong>de</strong> permanecia preso.<br />
A mulher do suspeito, Francinaire Firmino da Costa, <strong>de</strong> 35, também foi chamada para <strong>de</strong>por.<br />
A menina é filha da irmã <strong>de</strong>la, Juliana Alberto da Cruz, <strong>de</strong> 29, que teria se mudado para<br />
Santa Catarina e <strong>de</strong>ixado a filha no Rio. Juliana retornou à capital fluminense quarta-feira e<br />
ficou chocada com os ferimentos na filha. Sirlei <strong>de</strong>ve ser indiciado por crime <strong>de</strong> tortura e
Francinaire respon<strong>de</strong>rá por tortura omissiva. Na noite <strong>de</strong> ontem, os dois teriam admitido as<br />
agressões à criança, alegando que ela seria “levada”. Não havia informações se os acusados<br />
já têm advogado.<br />
Na sexta-feira passada, outra vítima <strong>de</strong> maus -tratos morreu <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> passar quase um mês<br />
internada no Rio. A menina Joanna Cardoso Marcenal Marins , <strong>de</strong> 5, ficou quase um mês<br />
hospitalizada, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> sofrer várias convulsões. Ela apresentava hematomas nas pernas e<br />
sinais, aparentemente, <strong>de</strong> queimaduras nas ná<strong>de</strong>gas e no tórax. A polícia investiga se ela<br />
sofreu maus-tratos. A mãe da criança, a médica Cristiane Cardoso Marcenal Ferraz, acusa o<br />
pai da menina, o técnico judiciário André Rodrigues Marins, <strong>de</strong> tê-la agredido.<br />
A juíza Cláudia Nascimento Vieira, da 1ª Vara <strong>de</strong> Família <strong>de</strong> Nova Iguaçu, na Baixada<br />
Fluminense, lamentou em nota divulgada dia 18, o falecimento da menina Joanna Marcenal<br />
Marins e disse que se a violência contra a vítima for confirmada “será uma surpresa”. A juíza<br />
foi a responsável por conce<strong>de</strong>r ao pai a guarda da criança. A magistrada alegou que “até o<br />
momento, não havia prova disso nos autos do processo que tramita neste Juízo <strong>de</strong> Família”<br />
e acrescentou que a internação da criança “não guarda relação com o processo on<strong>de</strong> se<br />
discutia sua guarda e visitação”. No entanto, ela reconheceu que uma notícia <strong>de</strong> maus-tratos<br />
em 2007 resultou na suspensão das visitas do pai por nove meses.<br />
De acordo com Cláudia Nascimento Vieira, um estudo psicológico teria atestado a<br />
inexistência da violência e restabelecido a visitação paterna. Des<strong>de</strong> 2007, o pai da vítima<br />
disputava a guarda <strong>de</strong> Joanna com a mãe. De acordo com o Tribunal <strong>de</strong> Justiça do Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro (TJ-RJ), nesse período foram realizados um estudo social e dois estudos<br />
psicológicos sobre o caso, com a participação <strong>de</strong> três psicólogos diferentes. A juíza <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u<br />
sua <strong>de</strong>cisão e afirmou que estudos psicológicos realizados no processo <strong>de</strong> Joanna<br />
concluíram pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> “restabelecer com urgência o convívio da criança com o<br />
pai”, “sem a interferência da mãe”.<br />
PROCURADORA Em outro caso recente <strong>de</strong> criança torturada por adulto no Rio <strong>de</strong> Janeiro, a<br />
procuradora aposentada Vera Lúcia <strong>de</strong> Sant’anna Gomes, <strong>de</strong> 66 anos, foi con<strong>de</strong>nada a<br />
pouco mais <strong>de</strong> 8 anos <strong>de</strong> prisão por ter vitimado uma menina <strong>de</strong> 2 anos e 8 meses que se<br />
encontrava sob sua guarda provisória para adoção. De acordo com <strong>de</strong>núncia do Ministério<br />
Público Estadual, a criança foi submetida diariamente a violência física e moral, inclusive na<br />
presença <strong>de</strong> empregados da casa. O boletim <strong>de</strong> atendimento médico, as fotos e o laudo do<br />
exame <strong>de</strong> corpo <strong>de</strong> <strong>de</strong>lito, anexados ao processo e analisados pelo magistrado que pediu a<br />
prisão da procuradora, registram as consequências físicas da violência contra a criança, que<br />
precisou ser socorrida a um hospital. A procuradora continua presa no Rio, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> maio <strong>de</strong>ste<br />
ano.<br />
Agressão na escola<br />
A mãe <strong>de</strong> uma aluna do sexto ano da <strong>Escola</strong> Municipal Al<strong>de</strong>barã, em Santa Cruz, Zona<br />
Oeste do Rio, é suspeita <strong>de</strong> agredir uma colega <strong>de</strong> sua filha, <strong>de</strong> 12 anos, na manhã <strong>de</strong><br />
quinta-feira. Segundo a Secretaria Municipal <strong>de</strong> Educação, as duas meninas tinham brigado<br />
na saída da escola no dia anterior. Testemunhas disseram à polícia que funcionários da<br />
escola precisaram segurar a mulher durante a agressão, tirar a menina do local e levá-la ao<br />
Hospital Pedro 2º. A mãe da criança – que ficou com arranhões e manchas <strong>de</strong> pancadas no<br />
corpo – registrou ocorrência na Delegacia <strong>de</strong> Santa Cruz. A Polícia Militar chegou a ser<br />
acionada durante a agressão, mas a mãe suspeita conseguiu <strong>de</strong>ixar a escola antes da<br />
chegada dos militares. Segundo a polícia, a diretora da escola também esteve na <strong>de</strong>legacia,<br />
mas <strong>de</strong>sistiu <strong>de</strong> entrar quando viu um grupo <strong>de</strong> jornalistas.<br />
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35. JB Online - RJ<br />
SP: acusado <strong>de</strong> matar taxista é preso pela Polícia Civil<br />
Portal Terra
SÃO PAULO - A Polícia Civil pren<strong>de</strong>u neste sábado um homem <strong>de</strong> 24 anos acusado <strong>de</strong> ter<br />
matado a taxista Cleuza Antonia dos Santos Andreta, <strong>de</strong> 28 anos. O corpo da vítima foi<br />
encontrado em 25 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong>ste ano, em um canavial no bairro Periquito, em Monte<br />
Aprazível, no interior <strong>de</strong> São Paulo.<br />
A investigação foi conduzida pelos policiais <strong>de</strong> Monte Aprazível, em parceria com a<br />
Delegacia <strong>de</strong> Investigações Gerais (DIG) e Centro <strong>de</strong> Inteligência Policial (Cipol) <strong>de</strong> São José<br />
do Rio Preto. Depois <strong>de</strong> ouvirem diversas pessoas, os policiais chegaram até o suspeito, na<br />
sexta-feira, 20, porém, ele conseguiu fugir.<br />
Na manhã <strong>de</strong> sábado, os policiais armaram campana nas proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma casa em que<br />
ele po<strong>de</strong>ria estar. Conforme o previsto, o acusado foi até o local e acabou <strong>de</strong>tido. Ele já tinha<br />
prisão temporária <strong>de</strong> 30 dias <strong>de</strong>cretada, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o dia anterior.<br />
o homem, que já tinha passagem por roubo e estupro em Pernambuco, confessou o crime.<br />
Após sua prisão, foi feita a reconstituição do crime, acompanhada por uma equipe <strong>de</strong> peritos<br />
<strong>de</strong> São José do Rio Preto. Os policiais voltaram ao local do crime, on<strong>de</strong> o acusado indicou o<br />
lugar em que estava o telefone celular da vítima, em meio ao matagal, e, cerca <strong>de</strong> seis<br />
quilômetros adiante, mostrou on<strong>de</strong> estava o chip, também do celular da taxista.<br />
O acusado está preso na carceragem da DIG à disposição da Justiça. A polícia agora <strong>de</strong>ve<br />
pedir a prisão preventiva do acusado.<br />
O crime<br />
Desaparecida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o dia 24 <strong>de</strong> julho, quando foi vista pela última vez saindo com seu táxi<br />
da Praça São João, em Monte Aprasível, a taxista Cleuza Antonia dos Santos Andreta, <strong>de</strong> 28<br />
anos, foi encontrada morta na noite <strong>de</strong> domingo, 25 <strong>de</strong> julho, em um canavial. O corpo<br />
estava a 50 metros do táxi que dirigia.<br />
Na ocasião, foram apreendidos documentos e pertences da vítima, que estavam <strong>de</strong>ntro do<br />
carro; além <strong>de</strong> outros objetos que estavam na estrada, perto do táxi. A polícia instaurou<br />
inquérito para a investigação, até chegar ao autor do homicídio.<br />
13:38 - 22/08/2010<br />
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36. Zero Hora - RS<br />
Bloqueios para marcar a morte <strong>de</strong> sem-terra<br />
MST interrompeu três rodovias BRs para cobrar justiça no caso <strong>de</strong> companheiro assassinado<br />
O data <strong>de</strong> um ano da morte do sem-terra Elton Brum da Silva, 44 anos, assassinado por um<br />
policial militar em uma ação <strong>de</strong> <strong>de</strong>socupação <strong>de</strong> terra, foi lembrada ontem com bloqueios <strong>de</strong><br />
três estradas no Estado. Os protestos, organizados pelo Movimento dos Trabalhadores<br />
Rurais Sem Terra (MST), tinham faixas com palavras <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m e distribuição <strong>de</strong> panfletos<br />
com as reivindicações do movimento.<br />
Em Santa Margarida do Sul, cerca <strong>de</strong> 150 assentados bloquearam o trânsito na BR-290.<br />
Movimentação igual ocorreu na BR-158, em Júlio <strong>de</strong> Castilhos, com cerca <strong>de</strong> 80 pessoas,<br />
entre assentados e acampados. Em Palmeira das Missões, no norte do Estado, os sem-terra<br />
pararam o tráfego da BR-569. Em função dos bloqueios, houve congestionamento.<br />
– Já se passou um ano <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o nosso companheiro foi assassinado covar<strong>de</strong>mente e<br />
nada foi feito – <strong>de</strong>sabafou o sem-terra Gilmar Soares, que mora no acampamento Herança<br />
<strong>de</strong> Adão Pretto, em Júlio <strong>de</strong> Castilhos.<br />
O processo que trata da morte <strong>de</strong> Silva ainda tramita na Justiça. Na quarta-feira, a Justiça <strong>de</strong><br />
São Gabriel mandou que o réu, o soldado da Brigada Militar (BM) Alexandre Curto dos
Santos, seja citado. Conforme a acusação, Santos teria atirado pelas costas em Silva,<br />
durante operação <strong>de</strong> reintegração <strong>de</strong> posse da Fazenda Southall, em São Gabriel. O semterra<br />
chegou a ser socorrido, mas não resistiu. À época, Santos afirmou <strong>de</strong>sconhecer que<br />
sua arma estava com munição letal.<br />
joanna.ferraz@diariosm.com.br<br />
JOANNA FERRAZ<br />
Entenda o caso<br />
2009<br />
- 28 <strong>de</strong> setembro – A Polícia Civil <strong>de</strong> São Gabriel indicia o policial por homicídio qualificado.<br />
- 5 <strong>de</strong> outubro – A promotora Ivana Battaglin, <strong>de</strong> São Gabriel, oferece <strong>de</strong>núncia por homicídio<br />
qualificado contra o PM.<br />
- 28 <strong>de</strong> outubro – O juiz da Vara Criminal <strong>de</strong> São Gabriel, José Pedro <strong>de</strong> Oliveira Eckert,<br />
aceita parte da <strong>de</strong>núncia. O magistrado não acha que o PM dificultou a <strong>de</strong>fesa.<br />
- 30 <strong>de</strong> outubro – O MP recorre.<br />
2010<br />
- 12 <strong>de</strong> maio – A 1ª Câmara Criminal do TJ <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> que a <strong>de</strong>núncia do MP <strong>de</strong>ve ser recebida<br />
<strong>de</strong> forma integral.<br />
- 21 <strong>de</strong> junho – O processo volta para São Gabriel.<br />
- 18 <strong>de</strong> agosto – A juíza Juliana Neves Capiotti cita o réu. A citação é a primeira chance do<br />
PM <strong>de</strong> se manifestar no processo.<br />
37. O Globo - RJ<br />
Histórias consumidas pelo vício<br />
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País tem cerca <strong>de</strong> 1 milhão <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do crack. Nos últimos anos, 63% dos <strong>de</strong>litos<br />
com drogas foram no Su<strong>de</strong>ste<br />
Tatiana Farah<br />
SÃO PAULO. É festa no sobrado <strong>de</strong> Jacira e Clau<strong>de</strong>miro, família <strong>de</strong> classe média do bairro<br />
<strong>de</strong> Perus, na periferia <strong>de</strong> São Paulo. Depois <strong>de</strong> dois anos <strong>de</strong> espera, o filho caçula,<br />
Clau<strong>de</strong>miro Júnior, <strong>de</strong> 22 anos, passa o Dia dos Pais em casa.<br />
Na segunda-feira, porém, ele voltaria para cumprir o resto da pena <strong>de</strong> dois anos e seis<br />
meses no presídio <strong>de</strong> Franco da Rocha. Foi con<strong>de</strong>nado por tráfico. Ele estava no metrô<br />
quando foi abordado pela polícia em 2008. Na bolsa da namorada, menor <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, mais <strong>de</strong><br />
um quilo <strong>de</strong> cocaína.<br />
— Ele assumiu todo o crime.<br />
Mas, para mim, negou. Disse que não sabia. Para a advogada, ele contou que já havia feito<br />
outras vezes — admite a mãe.<br />
Irmão vítima da Cracolândia<br />
Hoje, no país, há <strong>de</strong> 800 mil a um milhão <strong>de</strong> viciados em crack, estimam especialistas na<br />
área, como o psiquiatra Ronaldo Laranjeira. Segundo ele, <strong>de</strong>sse total, 10% passaram por<br />
prisões ou tiveram problemas com crimes.<br />
No Su<strong>de</strong>ste, a situação ten<strong>de</strong> a ser mais crítica: segundo a Secretaria Nacional <strong>de</strong><br />
<strong>Segurança</strong> <strong>Pública</strong>, 63% dos <strong>de</strong>litos envolvendo drogas — posse, uso e tráfico — ocorreram<br />
na região em 2004 e 2005. São Paulo concentra o maior número, 41%.
O GLOBO acompanha a ansieda<strong>de</strong> da família <strong>de</strong> Clau<strong>de</strong>miro, a uma noite da “festa”.<br />
Jacira escolhe as fotos para um painel com as imagens <strong>de</strong> Júnior quando criança. A maioria<br />
ao lado do pai: na praia, pescando, brincando na areia, num sítio.<br />
— Acho que a cama agora ficou pequena. Ele cresceu lá.<br />
Está um “homão”— empolgase Clau<strong>de</strong>miro. — As pessoas ficam achando que a gente está<br />
envolvida. Mas tem muitos filhos envolvidos nos crimes, nas drogas, e os pais nem estão<br />
sabendo.<br />
Talvez pelo medo do preconceito, Jacira nunca tenha contado no trabalho que o filho está<br />
preso. Ela prepara uma lasanha, prato predileto <strong>de</strong> Júnior. Apesar das visitas toda semana,<br />
nunca pô<strong>de</strong> levar a massa na ca<strong>de</strong>ia: — Lasanha é proibido, por causa do recheio.<br />
Clau<strong>de</strong>miro e Jacira passaram a frequentar a Pastoral Carcerária, ajudando outras famílias<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>tentos.<br />
— Mesmo quando meu filho sair, vamos continuar. Agora ele vai ficar um ano no semiaberto,<br />
mas faz três meses que conseguiu o direito, só que não tem vaga, então está no regime<br />
fechado ainda— conta Jacira.<br />
A poucas ruas da casa <strong>de</strong> Clau<strong>de</strong>miro, no Dia dos Pais não teve lasanha. O almoço <strong>de</strong><br />
domingo ainda “engasga” na garganta <strong>de</strong> Cristiane*, <strong>de</strong> 19 anos. Seu irmão, Paulo*, está<br />
sumido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que foi solto da prisão, em maio.<br />
Tendo vivido na Cracolândia — área no centro <strong>de</strong> São Paulo on<strong>de</strong> jovens consomem e<br />
ven<strong>de</strong>m crack — <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o fim <strong>de</strong> 2009, o rapaz, também <strong>de</strong> 22 anos, foi preso em abril por<br />
roubo. É viciado em crack há pelo menos três anos.<br />
— O pior foi quando nosso irmão começou a pedir comida na rua, no nosso bairro.<br />
Sempre fomos pobres, mas nunca nos faltou comida — diz Cristiane.<br />
Sob um frio <strong>de</strong> 15 graus, a irmã caçula <strong>de</strong> Paulo chora ao pensar que o irmão está na rua,<br />
esmolando comida e dinheiro.<br />
Ela e o pai <strong>de</strong>sconfiam que ele tenha voltado à Cracolândia, mas não foram procurálo.<br />
Quando ele foi preso, o pai recusou-se a vê-lo atrás das gra<strong>de</strong>s.<br />
— Meu pai disse que iria atrás <strong>de</strong>le, mas nunca na ca<strong>de</strong>ia.<br />
Ele tentou internar meu irmão, pagava casas <strong>de</strong> repouso, mas Paulo sempre telefonava<br />
pedindo para ele ir buscálo. Não ficava lá.<br />
Cristiane conta que o irmão é filho <strong>de</strong> um relacionamento anterior do pai e foi morar com a<br />
família aos 14 anos: — Ele trabalhava e, quando trabalhava, era ótimo no que fazia. Era<br />
caprichoso. Depois a mãe <strong>de</strong>le morreu, a avó que o criou também. Ele começou a dizer que<br />
não importava mais nada. Ficava violento. Já agrediu meu pai.<br />
Deprimido, o pai não quis dar entrevista. Também não permitiu que a família <strong>de</strong>sse ao jornal<br />
os nomes verda<strong>de</strong>iros.<br />
Cristiane conta que, em 2009, enquanto o irmão andava pelas ruas, encontrou-o pedindo<br />
esmola.<br />
— Eu estava na pastelaria. Ele entrou pedindo comida. Fiquei com medo, porque ele estava<br />
com um menino. Tive medo <strong>de</strong> ser roubada, <strong>de</strong> ele querer se vingar da vida que eu tinha e<br />
ele, não. Depois fiquei mais triste <strong>de</strong> pensar assim, porque sei que ele não me faria mal.
A garota lembra que, quando o irmão morava em casa, a família sempre estava em conflito.<br />
Quando não tinha dinheiro, Paulo começava a ven<strong>de</strong>r as roupas, saía até “levando a<br />
televisão”: — Antes da faculda<strong>de</strong>, eu fazia escola técnica integrada, ficava 12 horas na<br />
escola. Eu gostava <strong>de</strong> ficar tanto tempo fora porque tinha medo <strong>de</strong> acontecer algo em casa.<br />
Meu irmão já tinha agredido meu pai. Vou confessar uma coisa: com ele fora <strong>de</strong> casa, eu me<br />
sinto mais tranquila. Mas também, assim com esse frio, a gente fica pensando: como será<br />
que ele está? Cristiane conta sua história ao lado do primo Ricardo, que teve outra sorte.<br />
Viciado por <strong>de</strong>z anos em cocaína, o ven<strong>de</strong>dor passou a frequentar uma igreja evangélica e<br />
“está limpo” <strong>de</strong> álcool, drogas e tabaco há seis anos, conta ele: — Seis anos e sete meses.<br />
(*) Nomes fictícios. Os sobrenomes dos familiares <strong>de</strong> Clau<strong>de</strong>miro foram preservados a<br />
pedido <strong>de</strong>les.<br />
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38. O Globo - RJ<br />
Antropólogo vê episódio como tragédia social<br />
A preocupação é também com a insegurança às vésperas <strong>de</strong> a cida<strong>de</strong> receber gran<strong>de</strong>s<br />
eventos<br />
O cientista político e antropólogo Luiz Eduardo Soares, que é morador <strong>de</strong> um condomínio em<br />
São Conrado e ex-secretário nacional <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> <strong>Pública</strong>, falou sobre os momentos <strong>de</strong><br />
terror que presenciou no bairro da Zona Sul, na manhã <strong>de</strong> ontem.<br />
— Antes, o palco era sempre a Rocinha, mas agora foi o bairro, o asfalto, a região próxima<br />
aos prédios e condomínios. Isso muda a geografia da guerra urbana.<br />
Do ponto <strong>de</strong> vista político, cultural e social, representa uma tragédia, pois o Rio está no<br />
centro das atenções internacionais — ressaltou, em entrevista à Rádio CBN.<br />
De acordo com o cientista político, as Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Polícia Pacificadoras (UPPs) têm um<br />
papel importante no combate à violência, mas não representam a solução do problema.<br />
Quem também relatou momentos <strong>de</strong> terror no bairro foi Tan<strong>de</strong>, ex-jogador da Seleção<br />
Brasileira <strong>de</strong> Vôlei, que seguia pelo Túnel Zuzu Angel por volta das 8h30m, quando policiais<br />
e bandidos trocaram tiros.<br />
— Eu estava no meu carro com mais três amigos seguindo para a Barra, on<strong>de</strong> iríamos jogar<br />
uma pelada. Quando saímos do túnel, o tiroteio estava muito intenso.<br />
Uma patrulha da polícia em alta velocida<strong>de</strong> atingiu o meu carro, que ficou amassado na parte<br />
da frente e na lateral — contou o atleta. — Você sai <strong>de</strong> casa para um programa simples e<br />
acaba passando por uma loucura <strong>de</strong>ssas. Eu só pensava na minha família, pois ali é um<br />
local que passamos sempre.<br />
A cantora Preta Gil, que também mora em São Conrado e está em Trancoso, na Bahia,<br />
contou no Twitter que bandidos invadiram o seu prédio: — Aos que estão preocupados com<br />
o tiroteio, em frente à minha casa, não aconteceu nada com meu marido e filho. Eles estão<br />
assustados, bandidos invadiram o meu prédio, foi um terror.<br />
Que angustia, meus Deus.<br />
Outros famosos também manifestaram indignação através do Twitter. A atriz Taís Araújo foi<br />
a primeira a escrever uma mensagem comentando o assunto: — Bom dia! Bom dia? Será?<br />
Porque acordar com notícia <strong>de</strong> invasão, tiroteio e bala perdida, me faz pensar o porquê <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sejar um bom dia.<br />
Que Deus nos proteja e ilumine nossos caminhos.<br />
O humorista Marcius Melhem, no Twitter, criticou a insegurança vivida pelos cariocas: —
Toda vez que o governo quer nos dar a impressão <strong>de</strong> que tudo está sob controle, a cida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>smente.<br />
A atriz Thaila Ayala, atualmente no ar como a Amanda Moura <strong>de</strong> “Ti-ti-ti”, também mostrou<br />
preocupação.<br />
— Alguém tem que fazer alguma coisa! Que país é esse? Que Copa, gente! — exaltou.<br />
Em sua página no Twitter, a atriz Samara Felippo também ressaltou a falta <strong>de</strong> segurança que<br />
toma conta da cida<strong>de</strong> às vésperas <strong>de</strong> o Rio receber gran<strong>de</strong>s eventos esportivos.<br />
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39. O Globo - RJ<br />
Marina critica o 'uso eleitoral' <strong>de</strong> UPPs cariocas<br />
Candidata elogia o projeto, mas diz que ele está no começo<br />
Márcia Abos<br />
Enviada especial<br />
GUARIBA e ARARAQUARA (SP).<br />
Em campanha ontem em Guariba e Araraquara, interior <strong>de</strong> São Paulo, a candidata do PV à<br />
Presidência, Marina Silva, criticou o uso eleitoral das Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Polícia Pacificadora<br />
(UPPs). Apesar <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rá-las uma experiência positiva em segurança pública, ela disse<br />
que falta escala ao projeto e que, por estar só no início, ele não <strong>de</strong>veria ser apresentado<br />
como se já tivesse solucionado o problema da violência urbana e do crime organizado.<br />
Marina abordou o assunto ao comentar <strong>de</strong> novo o confronto em São Conrado, no Rio,<br />
sábado. Para ela, o crime “é <strong>de</strong>núncia grave <strong>de</strong> que estamos per<strong>de</strong>ndo o controle na<br />
segurança pública”: — As UPPs são uma boa i<strong>de</strong>ia. Mas ainda não têm escala.<br />
Estão apenas no começo. Estão usando-as (em campanha) como se o problema estivesse<br />
resolvido — disse, pedindo reforma da segurança pública.<br />
No discurso no Sindicato dos Trabalhadores Rurais <strong>de</strong> Guariba, Marina queixou-se da<br />
propaganda do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que mostra ao eleitor as funções <strong>de</strong> cada<br />
cargo eletivo, pois o filme só usa bonecos do sexo masculino: — A cultura <strong>de</strong> que só homem<br />
po<strong>de</strong>ria ser eleito está presente.<br />
Temos duas mulheres na disputa (à Presidência). O certo seria colocar na propaganda duas<br />
bonequinhas, uma magra <strong>de</strong> coque e a outra mais fortinha — disse, avaliando que o<br />
conteúdo da campanha é positivo, mas a mensagem subliminar, empossando apenas<br />
homens, não.<br />
“Pesquisas não refletem a acolhida dos eleitores” Questionada se aceitaria voltar a ser<br />
ministra num eventual governo <strong>de</strong> um <strong>de</strong> seus concorrentes, Marina <strong>de</strong>u a enten<strong>de</strong>r que<br />
preferiria atuar em organizações da socieda<strong>de</strong> civil: — A gente po<strong>de</strong> contribuir para o país<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> estar no governo. Faço isso <strong>de</strong>s<strong>de</strong> meus 17 anos, quando conheci<br />
Chico Men<strong>de</strong>s e me engajei na luta pela <strong>de</strong>fesa da Amazônia, dos índios, seringueiros e<br />
ribeirinhos.<br />
Já <strong>de</strong>i minha contribuição no Ministério do Meio Ambiente.<br />
Lamentavelmente, o governo e o partido aos quais eu pertencia não me <strong>de</strong>ram o apoio<br />
necessário para que continuasse naquilo que era mais importante: mudar o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>senvolvimento.<br />
Como candidata, posso propor essa mudança.
Para Marina, as pesquisas não refletem a acolhida dos eleitores nas ruas. No sábado,<br />
pesquisa Datafolha mostrou a candidata ver<strong>de</strong> na terceira posição, com 9% das intenções <strong>de</strong><br />
voto, atrás <strong>de</strong> José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT): — O acolhimento que temos da<br />
população é emocionante e animador. O momento da virada será quando aparecer nas<br />
pesquisas o que sentimos na rua.<br />
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40. O Globo - RJ<br />
Homem diz ter sido espancado por Nem<br />
Leandro Azevedo, que já respon<strong>de</strong> por tráfico, é acusado <strong>de</strong> ter forjado o próprio sequestro<br />
Leandro Pereira Azevedo, <strong>de</strong> 33 anos, foi preso ontem sob acusação <strong>de</strong> forjar seu próprio<br />
sequestro por agentes da 14ª DP (Leblon). Ele é morador da Rocinha e se entregou aos<br />
policiais por volta das 2h com o corpo cheio <strong>de</strong> escoriações. Segundo Alessandro Thieres,<br />
<strong>de</strong>legado responsável pelo caso, o rapaz contou no <strong>de</strong>poimento que levou uma surra <strong>de</strong><br />
Nem, chefe do tráfico na comunida<strong>de</strong>, por volta das 21h <strong>de</strong> sexta-feira, porque o bandido<br />
teria <strong>de</strong>scoberto o falso sequestro.<br />
Thieres contou que a mãe e outros parentes do rapaz já tinham ido à <strong>de</strong>legacia no início da<br />
noite <strong>de</strong> quinta-feira. Na ocasião, eles disseram que Leandro estava <strong>de</strong>saparecido e que uma<br />
pessoa estava pedindo R$ 10 mil <strong>de</strong> resgate. O <strong>de</strong>legado disse que eles entregaram a ele<br />
um celular com algumas ligações gravadas e permaneceram na <strong>de</strong>legacia acompanhando a<br />
negociação conduzida pelos policiais.<br />
Depois <strong>de</strong> combinar um local para entregar o dinheiro, a equipe do <strong>de</strong>legado pren<strong>de</strong>u dois<br />
dos negociadores, um segurança e um motoboy. Quando os parentes voltaram para casa,<br />
encontraram o rapaz. Segundo o relato da mãe <strong>de</strong> Leandro, ela tentou convencêlo a se<br />
entregar. Ele fugiu, passou o dia <strong>de</strong> sexta-feira sumido e quando voltou para casa no final da<br />
noite disse que tinha levado uma surra do bando <strong>de</strong> Nem.<br />
Após prestar <strong>de</strong>poimento, Leandro Azevedo, que estava foragido e respondia por dois crimes<br />
<strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> drogas, foi levado para o Hospital Miguel Couto. Lá, ele permanece em<br />
observação, com escolta policial. O <strong>de</strong>legado Alessandro Thieres não acredita que o caso do<br />
suposto sequestro tenha relação com o tiroteio que houve na manhã <strong>de</strong> ontem, em São<br />
Conrado.<br />
— Não há relação alguma com o tiroteio. Leandro trabalha para o tráfico da Cruzada São<br />
Sebastião e estava proibido <strong>de</strong> traficar na Rocinha.<br />
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41. O Globo - RJ<br />
No Ceará, ação sobre estupro não anda<br />
Alemão acusado <strong>de</strong> violar adolescente em 2004 continua em liberda<strong>de</strong><br />
Demétrio Weber e Sérgio Marques<br />
Enviados especiais<br />
FORTALEZA. Denunciado à Justiça em 2004 por estupro <strong>de</strong> uma adolescente e<br />
favorecimento da prostituição, o dono do Hotel Sunflower, Hagen Erich Andreas Thurnau,<br />
respon<strong>de</strong> a dois processos em liberda<strong>de</strong>, em Fortaleza.<br />
Ele foi citado no relatório final da CPI da Exploração Sexual. O hotel, com “as melhores<br />
camas <strong>de</strong> Fortaleza”, continua aberto.<br />
Os dois processos contra Thurnau tramitam na 12ª Vara, especializada em crimes contra<br />
crianças e adolescentes. Des<strong>de</strong> 2009, estão com a <strong>de</strong>fesa. O advogado Humberto Bezerra,<br />
porém, conta ter <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> trabalhar para Thurnau ano passado.
O motivo é que o alemão estaria em dificulda<strong>de</strong>s financeiras. Um dos processos, porém,<br />
ficou com sua equipe; só recentemente teria sido <strong>de</strong>volvido: — Houve um contratempo, tinha<br />
ficado com um colega.<br />
O outro processo já está nas mãos do <strong>de</strong>fensor público Rommel Maciel. O serviço é gratuito.<br />
Ele admite que ainda não analisou o caso e não sabe dizer quando se manifestará.<br />
— Está naquele bolo — diz Maciel, apontando para uma prateleira com 160 volumes.<br />
Segundo Maciel, a vara ficou bom tempo sem <strong>de</strong>fensor, e há muito serviço acumulado. Ele<br />
conta que o alemão o procurou: — Não conheço o caso. Conheço a figura do senhor Hagen,<br />
um gringão que quase não entra nesta porta. Sou acostumado a aten<strong>de</strong>r pessoas raquíticas.<br />
A acusação <strong>de</strong> estupro envolve uma garota <strong>de</strong> 13 anos, até então virgem. Exame médico<br />
comprovou rompimento do hímen. A promotora Edna da Matta diz que estranhou o<br />
procedimento da polícia: primeiro, só a prostituta foi presa. Segundo Edna, só <strong>de</strong>pois, a<br />
pedido do MP, Thurnau foi incluído no inquérito: — Indiciaram a menina, e não ele. Achei<br />
estranho: por que correram atrás da garota <strong>de</strong> programa e não do abusador? O outro<br />
processo envolve favorecimento à prostituição <strong>de</strong> maiores e menores, que fariam programas<br />
com o alemão e com hóspe<strong>de</strong>s do hotel. Para Edna, a <strong>de</strong>mora nos julgamentos é problema<br />
estrutural da Justiça, não algo específico <strong>de</strong> crimes <strong>de</strong> exploração sexual. O Judiciário<br />
cearense está em greve parcial: — Não é impunida<strong>de</strong>, é a morosida<strong>de</strong> da Justiça.<br />
Relatora da CPI do Congresso, a <strong>de</strong>putada Maria do Rosário (PT-RS) diz que falta<br />
articulação aos órgãos que combatem e punem a exploração sexual. E a <strong>de</strong>mora favorece a<br />
impunida<strong>de</strong>: — Tudo que a gente fez naquele período está parado.<br />
O GLOBO esteve no Sunflower há duas semanas e telefonou semana passada, atrás <strong>de</strong><br />
Thurnau. Ele não foi encontrado nem retornou as ligações.<br />
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42. O Globo - RJ<br />
Beltrame diz que não muda planos<br />
Secretário quer instalar UPPs, mesmo após confronto em São Conrado<br />
O secretário <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> <strong>Pública</strong>, José Mariano Beltrame, afirmou ontem que o<br />
planejamento para a implantação das Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Polícia Pacificadora (UPPs) não vai<br />
mudar após o tiroteio ocorrido em São Conrado. Para o secretário, o maior problema do Rio<br />
na área <strong>de</strong> segurança pública foi, ao longo dos anos, mudar a sua política para o setor a<br />
cada vez em que estourava uma crise. Sobre uma possível ocupação da Rocinha e do<br />
Vidigal, ele disse que, se houver informações que embasem uma operação, ela ocorrerá em<br />
qualquer favela da cida<strong>de</strong>.<br />
— Nosso planejamento não vai ser alterado, porque nós temos uma proposta concreta. Esse<br />
episódio não vai nos afastar do projeto que apresentamos aos cidadãos. Ele prevê 40 UPPs<br />
beneficiando 160 comunida<strong>de</strong>s. Esse plano está completando dois anos, e os resultados são<br />
animadores — afirmou.<br />
O secretário <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> criticou o uso político do episódio, mas reconheceu que situações<br />
como a <strong>de</strong> ontem po<strong>de</strong>m acontecer novamente, pois “o novo Rio <strong>de</strong> Janeiro que queremos<br />
terá que conviver com esse velho”, enquanto o plano <strong>de</strong> pacificação não for terminado. Sobre<br />
o impacto negativo na imagem da cida<strong>de</strong> no exterior, ele disse que isso não é novida<strong>de</strong>.<br />
— Em primeiro lugar, o Rio passa essa imagem há muito tempo, infelizmente.<br />
Agora, on<strong>de</strong> nós estamos com as UPPs, temos resultados positivos. As pessoas têm que<br />
enten<strong>de</strong>r que não existe mágica, milagres não vão ocorrer.
Quem promete solução mirabolante tirada <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro da cartola é um mentiroso — afirmou<br />
Beltrame.<br />
Ele elogiou ainda a atuação dos policiais militares no caso: — A polícia conseguiu pren<strong>de</strong>r as<br />
<strong>de</strong>z pessoas que entraram no hotel, os 35 reféns saíram sem ferimento, e foram<br />
apresentadas à socieda<strong>de</strong> as armas que aí estão há muitos anos.<br />
Na ofensiva das UPPs contra o tráfico, policiais militares pren<strong>de</strong>ram ontem à tar<strong>de</strong> Rafaela<br />
Gabriel da Silva, <strong>de</strong> 21 anos, no Morro Pavã-Pavãozinho, com 1.764 pedras <strong>de</strong> crack.<br />
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43. O Globo - RJ<br />
Bairro <strong>de</strong> segurança máxima<br />
Ilha do Governador terá portal e central <strong>de</strong> controle para monitorar entrada e saída <strong>de</strong> carros<br />
Sérgio Ramalho<br />
As câmeras captam a placa do veículo, instantaneamente i<strong>de</strong>ntificado, por um programa <strong>de</strong><br />
computador, como roubado. Em segundos, o sistema lança um alerta, fechando as cancelas<br />
<strong>de</strong> acesso ao bairro, enquanto PMs cercam o carro suspeito.<br />
Em fase <strong>de</strong> conclusão, o projeto para a implantação do Portal <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> da Ilha do<br />
Governador vai permitir que a cena <strong>de</strong>scrita acima se torne uma realida<strong>de</strong> para a região,<br />
on<strong>de</strong> a ação <strong>de</strong> bandidos vem aumentando a sensação <strong>de</strong> insegurança dos moradores. Com<br />
14 subbairros, a Ilha tem o terceiro melhor Índice <strong>de</strong> Desenvolvimento Humano (IDH) do Rio,<br />
ficando atrás só <strong>de</strong> Gávea e Leblon. A partir da experiência na Ilha do Governador, outro<br />
bairro que po<strong>de</strong>rá receber um portal <strong>de</strong> segurança é a Urca. A região guarda semelhanças<br />
com a Ilha, por ter apenas um acesso.<br />
Resultado <strong>de</strong> um trabalho integrado da Secretaria <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> com órgãos da prefeitura —<br />
entre eles a Secretaria <strong>de</strong> Obras, a CET-Rio e a subprefeitura da Ilha —, o portal <strong>de</strong><br />
segurança <strong>de</strong>ve ter as obras iniciadas até outubro. O projeto consiste na construção <strong>de</strong> uma<br />
estrutura semelhante a uma praça <strong>de</strong> pedágio na entrada do bairro, on<strong>de</strong> também será<br />
instalada uma estação <strong>de</strong> Bus Rapid Transit (BRT), corredor expresso <strong>de</strong> ônibus que ligará a<br />
Barra da Tijuca ao Aeroporto Internacional Tom Jobim. Com nove faixas <strong>de</strong> rolamento, seis<br />
<strong>de</strong> entrada e três <strong>de</strong> saída, o portal contará com um centro <strong>de</strong> controle. Lá, operadores vão<br />
acompanhar em tempo real as imagens geradas por câmeras instaladas estrategicamente a<br />
500 metros do portal.<br />
Um programa leitor <strong>de</strong> placas vai informar, em segundos, qualquer irregularida<strong>de</strong> nos<br />
veículos monitorados pelas câmeras. O sistema usará os bancos <strong>de</strong> dados do Detran e da<br />
Secretaria <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong>. Com isso, além <strong>de</strong> alertar para um carro roubado, o programa vai<br />
informar se o veículo está com o IPVA atrasado ou outra irregularida<strong>de</strong> administrativa.<br />
Projeto une estado e prefeitura do Rio<br />
Integrante do grupo <strong>de</strong> trabalho criado há dois meses para viabilizar a instalação do portal, o<br />
superinten<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Comando e Controle da Secretaria <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong>, coronel Almeida Neto,<br />
acredita que o projeto vai inibir a ação <strong>de</strong> bandidos que saem dos complexos do Alemão e da<br />
Maré para agir na Ilha: — Esse é um projeto transformador, resultado <strong>de</strong> um estudo realizado<br />
por um grupo <strong>de</strong> trabalho que reuniu profissionais <strong>de</strong> diversas áreas do governo do estado e<br />
da prefeitura do Rio. Por meio das câmeras, todo o fluxo <strong>de</strong> entrada e saída <strong>de</strong> veículos da<br />
Ilha do Governador será monitorado em tempo real.<br />
De acordo com ele, o Portal <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> da Ilha vai operar como uma central, on<strong>de</strong><br />
atuarão diariamente equipes das polícias Militar e Civil, além do Detro, da Guarda Municipal,
da CET-Rio e outros órgãos: — A estrutura vai possibilitar a realização <strong>de</strong> operações em<br />
vários setores <strong>de</strong> fiscalização. Des<strong>de</strong> operações Lei Seca até ações da Receita Fe<strong>de</strong>ral, por<br />
exemplo — disse Almeida Neto.<br />
Após dois meses <strong>de</strong> reuniões, o projeto arquitetônico do portal foi concluído pela equipe da<br />
Secretaria municipal <strong>de</strong> Obras e enviado ontem ao subsecretário operacional <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong>,<br />
Roberto Sá. Os recursos para a implantação do portal <strong>de</strong>vem ser divididos entre o po<strong>de</strong>r<br />
público e a iniciativa privada.<br />
Para o subprefeito da Ilha, Victor Accioly, a iniciativa <strong>de</strong>volverá a segurança aos 249 mil<br />
habitantes do bairro. A obra, com traços futuristas, também vai transformar a entrada do<br />
bairro. O projeto prevê a construção do portal na Estrada do Galeão, perto <strong>de</strong> on<strong>de</strong> funciona<br />
atualmente uma cabine do 17º BPM (Ilha do Governador).<br />
Presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração das Associações <strong>de</strong> Moradores da Ilha do Governador, Melquía<strong>de</strong>s<br />
Chagas Martins acredita que a construção do portal vai zerar os índices <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong> no<br />
bairro. Segundo ele, que também integra o Conselho Comunitário <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> da Ilha, a<br />
maior parte dos roubos registrados na região é praticada por bandidos vindos <strong>de</strong> outros<br />
bairros.<br />
— A insegurança no bairro já esteve pior. Há alguns meses, a situação quase saiu <strong>de</strong><br />
controle, com assaltos acontecendo a qualquer hora do dia. As reuniões do conselho, que<br />
conta com a participação do comandante do 17º BPM e <strong>de</strong> policiais da 37ª DP (Ilha do<br />
Governador), vêm mudando esse quadro. Agora, com a obra do portal saindo do papel, o<br />
bairro vai voltar a ser uma ilha <strong>de</strong> tranquilida<strong>de</strong> — acredita.<br />
A fe<strong>de</strong>ração presidida por Melquía<strong>de</strong>s Martins congrega representantes <strong>de</strong> 27 associações<br />
<strong>de</strong> moradores do bairro, entre elas comunida<strong>de</strong>s carentes. Segundo ele, os principais alvos<br />
da ação <strong>de</strong> bandidos são os moradores dos sub-bairros Jardim Guanabara e Portuguesa.<br />
— Esses dois sub-bairros são como uma espécie <strong>de</strong> Zona Sul da Ilha do Governador. Lá,<br />
estão concentrados os moradores com maior po<strong>de</strong>r aquisitivo, além do comércio — disse.<br />
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44. O Globo - RJ<br />
Delegado já suspeitava <strong>de</strong> estratégia<br />
Milicianos usavam Disque-Denúncia<br />
Responsável pelas prisões <strong>de</strong> boa parte dos milicianos e especialista no assunto, o titular da<br />
Delegacia <strong>de</strong> Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco-<br />
IE), Cláudio Ferraz, já havia percebido a estratégia dos milicianos: — Eles trabalham com<br />
táticas <strong>de</strong> inteligência o tempo todo, porque conhecem os mecanismos e as ferramentas para<br />
a apuração dos fatos. O que é pior, eles utilizam a máquina do estado, o Disque-Denúncia,<br />
as corregedorias <strong>de</strong> polícias, por exemplo, para informar os passos <strong>de</strong> seus inimigos,<br />
enfraquecendoos e dominando seus redutos. Não se trata apenas da corrupção e da<br />
infiltração <strong>de</strong> policiais.<br />
Outro especialista no assunto, doutor em Planejamento e Estudos Militares, Diógenes<br />
Dantas Filho lembrou que a contrainteligência foi amplamente usada na Guerra Fria, quando<br />
os serviços <strong>de</strong> inteligência/informação dos Estados Unidos (a CIA) e da União Soviética (a<br />
KGB) travaram uma luta nos bastidores.<br />
— No período <strong>de</strong> 1945 a 1991, as estruturas e o modus operandi dos ser viços <strong>de</strong><br />
Inteligência/informação alcançaram gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, o que fez com que a<br />
informação, qualificada ou estratégica, adquirisse a importância que tem hoje — explica<br />
Diógenes.<br />
Depois da prisão dos principais integrantes do grupo <strong>de</strong> Batman, em 2008 e 2009, além do<br />
miliciano Maciel <strong>de</strong> Souza, o chefe da milícia <strong>de</strong> Campo Gran<strong>de</strong> é o ex-PM Toni Ângelo<br />
Souza <strong>de</strong> Aguiar, foragido.
Reservado, ele não usa celular próprio. Em cerca <strong>de</strong> 50 horas <strong>de</strong> gravações, ele aparece<br />
poucas vezes e, mesmo assim, usando o aparelho <strong>de</strong> seus cúmplices, para falar futilida<strong>de</strong>s,<br />
como se estivesse <strong>de</strong>safiando a polícia.<br />
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45. Reporter <strong>de</strong> Crime - RJ<br />
Secretário Beltrame não gosta <strong>de</strong> divulgar próximas UPPs<br />
O secretário Beltrame brinca <strong>de</strong> se ren<strong>de</strong>r a Cabral durante entrevista do governador, no<br />
Palácio Guanabara Foto Michel Filho/ Agência O GLOBO<br />
Com o sucesso das Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Polícia Pacificadora (UPP), o secretário <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong><br />
pública, José Mariano Beltrame, atingiu nível <strong>de</strong> popularida<strong>de</strong> jamais visto por um ocupante<br />
do cargo, pelo menos nos últimos 30 anos que acompanho a segurança pública no Rio.<br />
Ninguém seria capaz <strong>de</strong> imaginar que o governador Sérgio Cabral chegou a pensar em<br />
substituí-lo há cerca <strong>de</strong> dois anos, como consequência <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgastes naturais impostos por<br />
um dos cargos mais visados do po<strong>de</strong>r executivo estadual no Rio.<br />
Uma das razões do relativo sucesso <strong>de</strong> Beltrame, à frente da secretaria, é sua discrição e o<br />
fato <strong>de</strong> ser natural <strong>de</strong> outro estado, fora do Rio. Delegado fe<strong>de</strong>ral que havia se internado na<br />
Missão Suporte da Polícia Fe<strong>de</strong>ral do Rio - um núcleo <strong>de</strong> inteligência policial, on<strong>de</strong> pô<strong>de</strong><br />
mapear até a corrupção policial no Rio - Beltrame revela um grau <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência<br />
surpreen<strong>de</strong>nte para o cargo <strong>de</strong> secretário <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> e já rompeu até mesmo com quem<br />
havia sugerido seu nome para Sérgio Cabral.<br />
Apesar da discrição, Beltrame soube fazer das UPPs a vitrine do governo Cabral, graças<br />
também ao controle das informações na secretaria e um projeto <strong>de</strong> marketing bem-sucedido,<br />
como <strong>de</strong>monstrou a reportagem "Polícia, Câmera, Ação" sobre as UPPs, publicada na<br />
revista Piauí <strong>de</strong>ste mês (ouça a repórter da Piauí, aqui).<br />
Um trecho da matéria mostrou a palestra <strong>de</strong> media training (treinamento <strong>de</strong> como lidar com a<br />
imprensa) dado pelo asssessor-chefe da Comunicação social da Secretaria <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong>,<br />
Dirceu Viana:<br />
"Façam o trabalho policial como ele tem que ser feito e fiquem atentos. A UPP é uma vitrine<br />
construída com dificuldae. Se chegamos até aqui é porque cativamos o povo. E agora que as<br />
pessoas começaram a acreditar que é possível retomar o Rio, o cuidado tem que ser<br />
redobrado, enfatizou Viana. Para sublinhar a gravida<strong>de</strong> da lição, arregalou os olhos e<br />
engrossou a voz: "Não guar<strong>de</strong>m panfletos nas viaturas, não xeroquem nada, não permitam<br />
que o logotipo do projeto apareça em nenhum cartaz, não emprestem o telefone da UPP...."<br />
Em resumo: Usem luvas <strong>de</strong> pelica". (Revista Piauí número 47, Agosto).<br />
A matéria mostrou em números o marketing da UPP: Beltrame teve 138 almoços com<br />
formadores <strong>de</strong> opinião e jornalistas e <strong>de</strong>u nada menos que 223 entrevistas sobre o tema.<br />
Desse total, 39 foram para repórteres <strong>de</strong> veículos estrangeiros como o The New York Times,<br />
a revista National Geographic ou a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> TV Al Jazeera. Apesar <strong>de</strong> tamanha disposição do<br />
secretário, para um blogueiro como eu - que às vezes tem perguntas <strong>de</strong>sconfortáveis - é<br />
mais difícil do que se pensa falar com Beltrame ou seus auxiliares diretos.<br />
Portanto, fiquei feliz da vida que pu<strong>de</strong>, num tete-a-tete com o secretário <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong>, saber<br />
<strong>de</strong>le o que já mais ou menos <strong>de</strong>sconfiava. Beltrame não gosta <strong>de</strong> adiantar as próximas<br />
favelas a serem beneficiadas por UPPs, embora admita eventualmente que a estratégia<br />
tenha surtido efeito, espantando os bandidos antes da chegada do Bope, na gran<strong>de</strong> maioria<br />
das <strong>de</strong>z comunida<strong>de</strong>s ocupadas. Enquanto eu falava com ele ontem, uma pessoa se<br />
aproximou e perguntou quando será a instalação da UPP do Salgueiro. O secretário parou<br />
um momento e riu aquele riso que significa "você está brincando comigo".<br />
Homem <strong>de</strong> informações e contra-informações (a arte <strong>de</strong> manter o sigilo sobre a<br />
organização), Beltrame sabe que em segurança o segredo muitas vezes é a alma do
negócio. Mas precisa conviver com a saia justa <strong>de</strong> ter um chefe que gosta <strong>de</strong> falar em<br />
público on<strong>de</strong> será a próxima parada da UPP. Da última vez que isso aconteceu por pouco<br />
não ocorrem problemas mais graves na ocupação do Bope para a instalação da 12a UPP, a<br />
do Morro do Turano, na região da Tijuca, em 9 <strong>de</strong> agosto. Logo após o anúncio feito pelo<br />
governador, durante compromisso <strong>de</strong> campanha, a polícia teve que fazer a segurança do<br />
entorno da favela e bateu <strong>de</strong> frente com bandidos em fuga.<br />
Há quem <strong>de</strong>fenda, porém, que avisar os bandidos <strong>de</strong> áreas menores é a melhor forma <strong>de</strong> se<br />
evitar confrontos e empregar menor número <strong>de</strong> policiais. Os traficantes então levam seus<br />
fuzis para refúgios do outro lado da baía, no interior do estado ou para o Complexo do<br />
Alemão, que é consi<strong>de</strong>rada hoje a maior fortaleza do tráfico <strong>de</strong> drogas na cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro, apesar da velocida<strong>de</strong> das obras do PAC. Segundo Beltrame, será necessário um<br />
efetivo <strong>de</strong> dois mil homens para ocupar o Alemão, mas isso só <strong>de</strong>verá ocorrer em 2014,<br />
antes que a bola role no gramado do Maracanã.<br />
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46. Reporter <strong>de</strong> Crime - RJ<br />
Meta <strong>de</strong> UPP social é levar a República às favelas<br />
Há 62 anos no Morro da Babilônia, no Leme, d. Percília da Silva Pereira já viu coisa que até<br />
Deus duvida. Ela vive num morro que sempre foi tranquilo até a chegada <strong>de</strong> traficantes<br />
armados na década <strong>de</strong> 90. D. Percília garante que os bandidos <strong>de</strong>ixaram a favela tão logo a<br />
polícia lá se aboletou numa das <strong>de</strong>z Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Polícia Pacificadora da cida<strong>de</strong>. Há cerca<br />
um ano e meio à frente da associação <strong>de</strong> moradores da favela que foi tema <strong>de</strong> documentário<br />
<strong>de</strong> Eduardo Coutinho, Percília teve seu dia <strong>de</strong> glória ontem ao sentar na mesa entre nove<br />
autorida<strong>de</strong>s estaduais e municipais, além <strong>de</strong> representantes da chamada socieda<strong>de</strong> civil<br />
como lí<strong>de</strong>res empresariais e acadêmicos.<br />
Percília emprestou sua voz para a autenticação do inédito programa do governo do estado<br />
UPP Social - que consiste num novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gestão pública que preten<strong>de</strong>, até 2016,<br />
incluir socialmente os moradores <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s pobres pacificadas. Inclusão social nesse<br />
caso significa simplesmente acabar <strong>de</strong> vez com as diferenças entre a favela e cida<strong>de</strong> formal.<br />
O que tem numa <strong>de</strong>ve haver na outra e vice-versa. Sejam serviços públicos, direitos e<br />
<strong>de</strong>veres, oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho, educação, transporte, saú<strong>de</strong> e segurança.<br />
- Se não qualificar os jovens para o mercado <strong>de</strong> trabalho não vai adiantar. Os jovens vão sair<br />
da comunida<strong>de</strong> e agir no asfalto - afirmou Percilia.<br />
Dona Percilia, do Morro da Babilonia, nunca viu reunião como aquela, mas frisou que só vai<br />
aplaudir mesmo <strong>de</strong>pois que ver as coisas tomarem forma. O fundador do grupo <strong>de</strong> teatro Nós<br />
do Morro, Gutti Fraga, disse que ficou feliz ao ver gente tão diferente querendo a mesma<br />
coisa.<br />
- Por que isso não aconteceu antes? - indagou Gutti.<br />
D. Percília tinha uma resposta na ponta da língua:<br />
- Não aconteceu antes porque faltou responsabilida<strong>de</strong> aos responsáveis.<br />
A pequena gran<strong>de</strong> mulher foi ovacionada.<br />
Na mesa com ela estavam, entre outros, o secretário <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong>, José Mariano Beltrame;<br />
o secretário municipal <strong>de</strong> Conservação, Carlos Osório - representando o prefeito Eduardo<br />
Paes - o presi<strong>de</strong>nte da Firjan, Eugênio Gouveia Vieira; reitor da Uerj, Ricardo Vieiralves; e a<br />
pesquisadora Regina Novaes, que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u que o governo crie canais para receber também<br />
as criticas que po<strong>de</strong>m ajudar na correção <strong>de</strong> rumos do programa.<br />
A Secretaria <strong>de</strong> Assistência Social e Direitos Humanos, numa articulação política feita por<br />
Silvia Ramos, conseguiu reunir amplo espectro da socieda<strong>de</strong> fluminense no Teatro Sesi, da
Firjan, que ficou pequeno. A atriz Zezé Motta - que trabalha na secretaria - foi a MC da festa<br />
que renovou o espírito e as esperanças <strong>de</strong> quem sabe que chegou a vez do morro, sem<br />
paternalismo ou assistencialismo barato. Na plateia estavam artistas como Regina Casé e<br />
Milton Goncalves, cineastas como Cacá Diegues e os diretores do filme "5Xfavela", o<br />
coor<strong>de</strong>nador do Disque-Denúncia, Zeca Borges, além <strong>de</strong> pesquisadoras como Janice<br />
Perlman, autora do clássico sobre favelas "O mito da marginalida<strong>de</strong>".<br />
Do Twitter, o microblog da internet, eram enviadas mensagens <strong>de</strong> apoio como a da<br />
professora Ivana Bentes, da UFRJ: "É a 1a. vez que ouço falar em Politica <strong>Pública</strong> <strong>de</strong> Cultura<br />
para e COM as favelas O Rio po<strong>de</strong> ser o laboratório <strong>de</strong> uma real mudança!"<br />
O secretário <strong>de</strong> Assistência Social e Direitos Humanos, Ricardo Henriques - há apenas<br />
quatro meses no governo - fez uma explanação <strong>de</strong>talhada da proposta <strong>de</strong> integração <strong>de</strong><br />
esforços <strong>de</strong> atores públicos, privados e da socieda<strong>de</strong> civil. Os secretários estaduais e<br />
municipais <strong>de</strong>verão dar priorida<strong>de</strong> ao projeto. "Vocês terão que furar fila", disse Henriques,<br />
dirigindo-se a secretários. Para Henriques, a parceria com a socieda<strong>de</strong> é imprescindível. Ele<br />
divi<strong>de</strong> os objetivos em três pontos:<br />
Assegurar a consolidação do controle territorial e da pacificação nas áreas das Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
Polícia Pacificadora.<br />
Promover a cidadania e o <strong>de</strong>senvolvimento social e econômico nessas áreas.<br />
Efetivar a int egração plena das áreas ao conjunto da cida<strong>de</strong>.<br />
O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gestão da UPP Social consiste num círculo no qual os agentes públicos e<br />
privados - com apoio da socieda<strong>de</strong> - vão escutar por meio <strong>de</strong> ações integradas as <strong>de</strong>mandas<br />
sinalizadas por empreen<strong>de</strong>dores, gestores públicos locais e organizações comunitárias e<br />
moradores das áreas pacificadas. Há quem vá dizer que esse mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>veria ter sido<br />
lançado simultaneamente com a ocupação policial, mas seus i<strong>de</strong>alizadores argumentam que<br />
foi preciso não ter dúvidas <strong>de</strong> que os criminosos haviam sido realmente <strong>de</strong>sarmados - a<br />
principal características dos territórios ocupados pelas UPPs. Com certa dose <strong>de</strong> lirismo,<br />
Henriques disse que agora é possível trabalhar socialmente aquelas áreas porque caiu "o<br />
manto das armas". Ele diz que o projeto vai levar a República (entenda o conceito) às favelas<br />
que, em muitos casos, realmente parecem territórios perdidos no império da <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m e da<br />
<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social. Para isso, Ricardo Henriques montou uma equipe peso (ver aqui).<br />
O Morro da Providência foi a primeira favela pacificada a receber o UPP Social. Com isso<br />
terá iluminação, limpeza do túnel João Ricardo, instalação <strong>de</strong> lixeiras da Comlurb e reforma<br />
do reservatório <strong>de</strong> água. O cadastramento dos moradores vai obrigá-los a pagar pelo<br />
consumo da água. Ser cidadão também significa ter <strong>de</strong>veres.<br />
Em entrevista a este blog, o secretário Ricardo Henriques disse estar convencido <strong>de</strong> que não<br />
há risco <strong>de</strong> o projeto - apresentado no último ano <strong>de</strong> mandato <strong>de</strong> Sérgio Cabral - não ser<br />
levado adiante caso o governador não seja reeleito porque, segundo Henriques, a própria<br />
socieda<strong>de</strong> já aprovou e não abrirá mão do programa <strong>de</strong> pacificação das favelas. Cabral por<br />
sinal não participou da festa provavelmente em respeito à legislação eleitoral. Apenas um<br />
político ligado ao governador apareceu no lançamento - o senador Regis Fitchner, ex-chefe<br />
da casa civil.<br />
A festa bem que po<strong>de</strong>ria ter ficado no <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> d. Percília <strong>de</strong> que, sem educação, todo<br />
esse trabalho po<strong>de</strong>rá ser nulo. E educação nesse contexto, a meu ver, passa também pela<br />
pedagogia da civilida<strong>de</strong>, do respeito às leis, <strong>de</strong> levar aos moradores das comunida<strong>de</strong>s<br />
pobres uma consciência que tem faltado a alguns setores das camadas médias da socieda<strong>de</strong><br />
- a <strong>de</strong> que o crime não compensa.<br />
TV Repórter <strong>de</strong> Crime. Se não existe em ví<strong>de</strong>o a gente faz um.<br />
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47. Folha <strong>de</strong> S. Paulo - SP<br />
"Tio" acolhe criança apreendida 6 vezes<br />
Aos 12 anos recém-completados, menino foi flagrado ven<strong>de</strong>ndo drogas na cracolândia,<br />
segundo a polícia<br />
De acordo com o Denarc, garoto chegava a ven<strong>de</strong>r 2.000 pedras <strong>de</strong> crack num só dia na<br />
região central <strong>de</strong> São Paulo<br />
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO<br />
DE SÃO PAULO<br />
Aos recém-completados 12 anos, ida<strong>de</strong> em que já po<strong>de</strong>ria estar no sétimo ano do ensino<br />
fundamental, o menino não sabe ler nem escrever.<br />
Nesta semana, foi apreendido pela sexta vez pela polícia por ven<strong>de</strong>r drogas, apontado como<br />
o mais jovem traficante da cracolândia, reduto <strong>de</strong> usuários <strong>de</strong> crack na região central <strong>de</strong> São<br />
Paulo.<br />
Segundo a polícia, a criança era peça essencial na ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> produção e distribuição <strong>de</strong><br />
crack no centro.<br />
Por 40 dias, policiais civis do Denarc (<strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> narcóticos) seguiram seus passos.<br />
Dia e noite o menino circulava entre centenas <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, entorpecidos pela droga. E<br />
chegava a ven<strong>de</strong>r 2.000 pedras num só dia.<br />
A mãe, o menino e um irmão <strong>de</strong> 17 anos foram presos em flagrante nesta semana. Outros<br />
três irmãos já estavam presos por envolvimento com o tráfico.<br />
Levado ao fórum <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> mora na Gran<strong>de</strong> São Paulo, a juíza Vanessa<br />
Vaitekunas Zapater <strong>de</strong>terminou que o menino <strong>de</strong>veria ser entregue aos pais.<br />
Como a mãe também estava <strong>de</strong>tida e o pai fora assassinado no início <strong>de</strong>ste ano num hotel<br />
do centro <strong>de</strong> São Paulo, o garoto foi entregue ao Conselho Tutelar, que o encaminhou a um<br />
"tio" -por consi<strong>de</strong>ração, não sangue.<br />
O homem <strong>de</strong> 49 anos que o acolheu é o sogro <strong>de</strong> um dos seus irmãos mais velhos.<br />
"É enxugar gelo. Esse menino <strong>de</strong>ve estar traficando novamente", diz o <strong>de</strong>legado Marco<br />
Antônio <strong>de</strong> Paula Santos, chefe do Denarc.<br />
COMPLEXO<br />
"É algo extremamente complexo que não se resolve com <strong>de</strong>cisões rigorosas. Não existe<br />
solução simplista para isso", afirma Antônio Carlos Malheiros, <strong>de</strong>sembargador da Infância e<br />
da Juventu<strong>de</strong>.<br />
"O receio é colocar numa casa <strong>de</strong> internação e sair <strong>de</strong> lá pior. A medida <strong>de</strong> internação por si<br />
só não resolver nada", diz Ricardo Cabezon, presi<strong>de</strong>nte da Comissão da Criança e do<br />
Adolescente da OAB.<br />
A juíza Vanessa Vaitekunas Zapater, que <strong>de</strong>terminou a liberação do menino, diz que nem ele<br />
nem o irmão tinham passagem pela Vara da Infância e Juventu<strong>de</strong> e mandou que os dois<br />
fossem entregues ao Conselho Tutelar.<br />
Ele não tinha passagem porque, nas cinco apreensões anteriores, tinha menos <strong>de</strong> 12 anos -<br />
nessa ida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> acordo com a lei, não po<strong>de</strong>riam ser registradas.<br />
Na investigação, a polícia diz ter <strong>de</strong>scoberto dois <strong>de</strong>pósitos na cracolândia. A droga, diz o<br />
Denarc, era processada na casa da família, na Gran<strong>de</strong> São Paulo.<br />
"A juíza tem razão. Não adianta internar esse menino. Ele precisaria <strong>de</strong> atendimento<br />
psicológico e médico. É importante que o garoto seja escutado", afirma o psicanalista Jorge<br />
Broi<strong>de</strong>, especialista em adolescentes em conflito com a lei.