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Fórum Brasileiro de Segurança Pública - Escola de Administração

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Data: 09:40 <strong>de</strong> 23/08/2010<br />

Assunto: <strong>Fórum</strong> <strong>Brasileiro</strong> <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> <strong>Pública</strong><br />

1. O Globo - RJ<br />

Polícia para quem precisa<br />

...informação, publicada ontem pelo GLOBO, <strong>de</strong> que 12 policiais do Grupo <strong>de</strong> Ações Táticas<br />

(GAT) do 23º BPM organizaram uma operação não autorizada pela secretaria <strong>de</strong><br />

segurança, para tentar pren<strong>de</strong>r, na manhã <strong>de</strong> sábado, o traficante Antônio Francisco Bonfim<br />

Lopes, o<br />

2. O Globo - RJ<br />

Dilma admite que fronteiras precisam <strong>de</strong> reforço policial<br />

...um dia após o narcotráfico levar terror a São Conrado, a presi<strong>de</strong>nciável do PT, Dilma<br />

Rousseff, anunciou propostas do seu programa <strong>de</strong> governo para segurança pública. Ela<br />

elogiou o trabalho do aliado Sérgio Cabral (PMDB) no combate ao crime e a implantação<br />

3. DCI - SP<br />

Cabral elogia ação da polícia em confronto com traficantes<br />

...(21). Em nota, Cabral afirma que “em breve o povo do Vidigal e o povo da Rocinha estarão<br />

livres do po<strong>de</strong>r paralelo”. O secretário estadual <strong>de</strong> segurança pública, José Mariano<br />

Beltrame, afirmou que o episódio <strong>de</strong>ste sábado não vai alterar o cronograma <strong>de</strong> implantação<br />

4. Gazeta do Povo - PR<br />

Após três dias, Curitiba volta a registrar homicídios<br />

...tinha sido às 22 horas <strong>de</strong> segunda-feira (16). Em maio, a cida<strong>de</strong> já havia passado um fim<br />

<strong>de</strong> semana inteiro (entre os dias 7 e 10) sem registrar homicídios. Na quinta-feira, um<br />

homem <strong>de</strong> 42 anos morreu no Hospital do Trabalhador, em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> ferimentos<br />

5. O Globo - RJ<br />

Com o inimigo vivendo <strong>de</strong>ntro da própria casa<br />

...Corregedoria <strong>de</strong> Polícia Civil. As gravações, às quais O GLOBO teve acesso com<br />

exclusivida<strong>de</strong>, foram feitas pela Subsecretaria <strong>de</strong> Inteligência da secretaria <strong>de</strong> segurança e<br />

pela Coor<strong>de</strong>nadoria <strong>de</strong> Inteligência Policial (Cinpol) da Polícia Civil. Elas revelam que a<br />

6. O Globo - RJ<br />

Invasão é <strong>de</strong>staque na imprensa internacional<br />

...no Rio: “O estado é um dos mais violentos do Brasil, país que registra a cada ano mais <strong>de</strong><br />

40 mil assassinatos, gerando uma taxa anual <strong>de</strong> 23,8 homicídios a cada cem mil<br />

habitantes”. O tiroteio também teve espaço no site do jornal americano “The New York<br />

Times”<br />

7. O Globo - RJ<br />

Operação não autorizada <strong>de</strong> PMs foi estopim<br />

...aval do comando da segurança pública, 12 policiais teriam tentado pren<strong>de</strong>r o chefe do<br />

tráfico na Rocinha Uma operação, não autorizada pelo comando da segurança ...<br />

8. O Estado <strong>de</strong> S. Paulo - SP<br />

A invasão do Congresso<br />

...ser resolvidos por medidas administrativas, não por emenda constitucional. A PEC, se<br />

aprovada, po<strong>de</strong> ter consequências danosas para o sistema <strong>de</strong> segurança pública. Por que<br />

criar uma nova polícia no País? A legislação é clara ao atribuir à Polícia Civil muitas das


9. O Estado <strong>de</strong> S. Paulo - SP<br />

<strong>Segurança</strong> vira mote <strong>de</strong> campanha<br />

...<strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2010 | 0h 00 Lucas <strong>de</strong> Abreu Maia - O Estado <strong>de</strong> S.Paulo Ao comprometerse,<br />

no início da pré-campanha, com a criação do Ministério da segurança pública, o<br />

presi<strong>de</strong>nciável do PSDB, José Serra, empurrou a questão para o centro do embate eleitoral.<br />

10. O Globo - RJ<br />

Ação criminosa tem repercussão entre autorida<strong>de</strong>s<br />

...livres do tráfico”. Há especulação sobre a instalação <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> na Rocinha, mas até<br />

agora ainda não foi divulgado prazo pela Secretaria <strong>de</strong> segurança pública. “Importante<br />

<strong>de</strong>stacar a ação da polícia. Firme, profissional e com efetivida<strong>de</strong>. Não temos nenhuma<br />

11. Consultor Jurídico - SP<br />

Polícia continua sem meios e estrutura para agir<br />

...ou no socialismo (v.g. Cuba). Para não entrar em complexas análises sociológicas,<br />

psicológicas ou religiosas, fiquemos apenas com a situação da segurança pública. É ela<br />

parte do plano <strong>de</strong> todos os candidatos a qualquer cargo eletivo. De vereador a presi<strong>de</strong>nte.<br />

12. Estado <strong>de</strong> Minas - MG<br />

Uma questão <strong>de</strong> segurança<br />

...Sul leva pânico aos moradores e turistas. A notícia repercutiu no país das próximas Copa<br />

do Mundo e Olimpíada e no mundo. O episódio reforça que a segurança pública, mais do<br />

que um compromisso <strong>de</strong> campanha, <strong>de</strong>ve ser tratada com priorida<strong>de</strong> pelos candidatos à<br />

Presidência da República e aos governos ...<br />

13. Estado <strong>de</strong> Minas - MG<br />

Sindicância na promessa<br />

...sido instaurado também inquérito policial. As <strong>de</strong>legadas Alessandra Wilke, que chefiava a<br />

investigação, e Ana Maria dos Santos, chefe da Delegacia <strong>de</strong> homicídios <strong>de</strong> Contagem,<br />

presentes na aeronave, acabaram afastadas do caso. Bruno e mais oito pessoas estão<br />

14. Estado <strong>de</strong> Minas - MG<br />

Traficantes vão para penitenciária<br />

...para tentar i<strong>de</strong>ntificar a presença do traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem, na ação dos<br />

bandidos. Uma operação não autorizada pelo comando da segurança pública feita por 12<br />

policiais militares para pren<strong>de</strong>r Nem estaria por trás da manhã <strong>de</strong> terror vivida no sábado por<br />

15. Estado <strong>de</strong> Minas - MG<br />

Ousadia dos bandidos assusta<br />

...<strong>de</strong> segurança pública afirma que ação violenta dos traficantes não vai mudar os planos <strong>de</strong><br />

instalação <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Polícia Pacificadora (UPPs) nos morros ...<br />

16. Diário da Manha - GO<br />

Polícia diz ter prova contra filha <strong>de</strong> ex-ministro do TSE<br />

...mortos com 73 facadas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa, há um ano. Em entrevista à imprensa, a <strong>de</strong>legada<br />

Mabel Alves <strong>de</strong> Farias Corrêa, diretora da 2ª Divisão <strong>de</strong> homicídios, disse hoje que não está<br />

<strong>de</strong>scartada a hipótese <strong>de</strong> ela ter estado no local do crime e ajudado na execução. As<br />

17. Gazeta <strong>de</strong> Alagoas - AL<br />

Violência urbana: ação dos grupos <strong>de</strong> extermínio<br />

...na mídia porque virou o principal tema da campanha política. “Mas poucos dos candidatos<br />

mostram alguma alternativa”, critica o homem forte da segurança pública em Alagoas. O<br />

titular da SDS afirma que a boa investigação policial é a melhor solução para combater


18. Diário da Manha - GO<br />

A violência e suas causas - Wolmir Therezio Amado<br />

...saneamento básico, transporte público, energia elétrica, iluminação pública, lazer, praças e<br />

quadras esportivas, arborização e plantio <strong>de</strong> flores, segurança pública, acesso à saú<strong>de</strong>,<br />

escolas etc), existe maior propensão à prática <strong>de</strong> <strong>de</strong>litos. Isso torna os bairros mais pobres<br />

19. Diário da Manha - GO<br />

O preço da violência - Wolmir Therezio Amado<br />

...Tudo isso é pago pelo Estado, com o dinheiro dos impostos. Isso significa a redução <strong>de</strong><br />

outros investimentos sociais. Além dos custos com a segurança pública, também é caro o<br />

preço da segurança particular. Empresas, instituições e residências são obrigadas a reforçar<br />

20. Diário da Manha - GO<br />

Um mundo esquecido dos direitos humanos - Robson <strong>de</strong> Oliveira Pereira<br />

...ativistas dos direitos humanos e dos sindicatos; 6. A força arbitrária empregada pelas<br />

autorida<strong>de</strong>s militares da Angola e Moçambique, a partir <strong>de</strong> homicídios, dissipação e violação<br />

em um sistema prisional <strong>de</strong>sumano; 7. A violência contra as mulheres, <strong>de</strong>flagrada<br />

21. O Estado <strong>de</strong> S. Paulo - SP<br />

Defesa <strong>de</strong> Bruno chama <strong>de</strong>legado <strong>de</strong> ''Nean<strong>de</strong>rtal''<br />

...apelidos aos <strong>de</strong>legados responsáveis pelas investigações e lista a própria Eliza no rol <strong>de</strong><br />

testemunhas. O chefe do Departamento <strong>de</strong> Investigação <strong>de</strong> homicídios e Proteção à<br />

Pessoa (DIHPP), <strong>de</strong>legado Edson Moreira, é chamado <strong>de</strong> "Nean<strong>de</strong>rtal" (espécie anterior ao<br />

22. Diário <strong>de</strong> Pernambuco - PE<br />

Suspeita <strong>de</strong> matar os pais<br />

...marapuljiz.df@dabr.com.br Brasília - A Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Investigação <strong>de</strong> Crimes contra a<br />

Vida (Corvida) da Polícia Civil quebrou o silêncio sobre os homicídios do ex-ministro do<br />

Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela, 73 anos, da mulher <strong>de</strong>le, Maria<br />

23. Diário <strong>de</strong> Pernambuco - PE<br />

Delegados apoiam o governador<br />

...compromisso <strong>de</strong> reduzir ainda mais os homicídios e dar continuda<strong>de</strong> ao Pacto pela Vida -<br />

tratado como "a menina-dos -olhos" pelo governador Eduardo Campos (PSB) - recebeu um<br />

24. O Liberal - PA<br />

Preso foragido da chacina da Cabanagem<br />

...equipe policial da <strong>de</strong>legacia da Cabanagem, com o apoio da Divisão <strong>de</strong> homicídios,<br />

pren<strong>de</strong>u na madrugada <strong>de</strong> ontem Dileno José Ferreira <strong>de</strong> Souza, <strong>de</strong> 19 anos, acusado <strong>de</strong> ser<br />

25. O Povo - CE<br />

Ronda do Quarteirão, o futuro que às urnas pertence<br />

...mas adiantam que haverá uma ampla reformação. O atual governador, que i<strong>de</strong>alizou o<br />

programa, reforma sua importância <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma estratégia <strong>de</strong> segurança pública, mesmo<br />

admitindo que ele ''não resolve tudo''. Lúcio fala em requalificação, Cals diz que sentido<br />

26. O Estado <strong>de</strong> S. Paulo - SP<br />

Direitos humanos às escuras<br />

...o compromisso com o valor universal dos direitos humanos. Subscrevemos um conjunto <strong>de</strong><br />

convenções internacionais (a começar pela Convenção Contra a tortura) que nos havíamos<br />

recusado a assinar sob a ditadura militar. E inscrevemos na Constituição a


27. Gazeta do Povo - PR<br />

Discussão ilusória<br />

...nas ruas e uma polícia melhor. Não há dúvida <strong>de</strong> que o componente repressivo,<br />

representado por essa instituição, é essencial a qualquer política <strong>de</strong> segurança pública.<br />

Também não se po<strong>de</strong> hesitar em constatar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> incrementá-la, não apenas em<br />

28. Folha <strong>de</strong> S. Paulo - SP<br />

ANÁLISE<br />

...<strong>de</strong>sta vez estavam interessados no confronto, por alguma razão? Há algum fato novo,<br />

nesse caso, relacionado à instalação das UPPs (Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> polícia Pacificadora) em favelas<br />

da zona sul do Rio? Os policiais foram atacados primeiro ou, pelo contrário,<br />

29. O Estado <strong>de</strong> S. Paulo - SP<br />

Após invasão <strong>de</strong> hotel, reservas são canceladas<br />

...indiciados por tráfico <strong>de</strong> drogas, porte ilegal <strong>de</strong> armas, sequestro e cárcere privado. Um<br />

suspeito, Jonatan Costa Soares, está sob custódia da polícia no Hospital Miguel Couto, no<br />

Leblon. Ele foi preso quando seguia em uma ambulância na Penha. Segundo a polícia, a<br />

30. O Globo - RJ<br />

Ataque leva pânico a oásis <strong>de</strong> luxo na região<br />

...das 11h. Quatro horas <strong>de</strong>pois, policiais continuavam a varredura no hotel, com um cão<br />

farejador, na tentativa <strong>de</strong> encontrar bandidos infiltrados. A polícia checou a documentação<br />

<strong>de</strong> cada pessoa. Somente no fim da tar<strong>de</strong>, as buscas foram encerradas no hotel, que tem<br />

31. O Globo - RJ<br />

Delegados e promotores admitem falta <strong>de</strong> preparo, estrutura e policiais<br />

...para o segundo plano Demétrio Weber e Sérgio Marques Enviados especiais RIO,<br />

FORTALEZA E MANAUS. Despreparo e falta <strong>de</strong> pessoal na polícia somados à lentidão da<br />

Justiça são terreno fértil para a impunida<strong>de</strong>. No Rio, a Delegacia da Criança e do<br />

32. O Globo - RJ<br />

Um crime invisível e impune<br />

...nem sempre o resultado é a con<strong>de</strong>nação, porque as vítimas não comparecem em juízo e,<br />

quando comparecem, é para contradizer o que disseram na polícia. Exploradores as<br />

procuram e dão agrados às famílias — diz a juíza da 12aVara <strong>de</strong> Fortaleza, Maria Ilna <strong>de</strong><br />

33. Estado <strong>de</strong> Minas - MG<br />

Falso sequestro mobiliza policiais<br />

...cair em várias contradições, ele se apresentou na 36ª Delegacia da Regional do Barreiro,<br />

na capital, e confessou ter inventado a história para que a polícia encontrasse rapidamente o<br />

automóvel. De acordo com o <strong>de</strong>legado Roberto Soares, chefe da Delegacia Regional do<br />

34. Estado <strong>de</strong> Minas - MG<br />

Tio é preso por torturar garota<br />

...<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> sofrer várias convulsões. Ela apresentava hematomas nas pernas e sinais,<br />

aparentemente, <strong>de</strong> queimaduras nas ná<strong>de</strong>gas e no tórax. A polícia investiga se ela sofreu<br />

maus-tratos. A mãe da criança, a médica Cristiane Cardoso Marcenal Ferraz, acusa o pai da<br />

35. JB Online - RJ<br />

SP: acusado <strong>de</strong> matar taxista é preso pela Polícia Civil<br />

...Terra SÃO PAULO - A polícia Civil pren<strong>de</strong>u neste sábado um homem <strong>de</strong> 24 anos acusado<br />

<strong>de</strong> ter matado a taxista Cleuza Antonia dos Santos Andreta, <strong>de</strong> 28 anos. O corpo da ...<br />

36. Zero Hora - RS


Bloqueios para marcar a morte <strong>de</strong> sem-terra<br />

...<strong>de</strong>sconhecer que sua arma estava com munição letal. joanna.ferraz@diariosm.com.br<br />

JOANNA FERRAZ Entenda o caso 2009 - 28 <strong>de</strong> setembro – A polícia Civil <strong>de</strong> São Gabriel<br />

indicia o policial por homicídio qualificado. - 5 <strong>de</strong> outubro – A promotora Ivana Battaglin, <strong>de</strong><br />

37. O Globo - RJ<br />

Histórias consumidas pelo vício<br />

...10% passaram por prisões ou tiveram problemas com crimes. No Su<strong>de</strong>ste, a situação<br />

ten<strong>de</strong> a ser mais crítica: segundo a Secretaria Nacional <strong>de</strong> segurança pública, 63% dos<br />

<strong>de</strong>litos envolvendo drogas — posse, uso e tráfico — ocorreram na região em 2004 e 2005.<br />

38. O Globo - RJ<br />

Antropólogo vê episódio como tragédia social<br />

...gran<strong>de</strong>s eventos O cientista político e antropólogo Luiz Eduardo Soares, que é morador <strong>de</strong><br />

um condomínio em São Conrado e ex-secretário nacional <strong>de</strong> segurança pública, falou sobre<br />

os momentos <strong>de</strong> terror que presenciou no bairro da Zona Sul, na manhã <strong>de</strong> ontem. —<br />

39. O Globo - RJ<br />

Marina critica o 'uso eleitoral' <strong>de</strong> UPPs cariocas<br />

...Presidência, Marina Silva, criticou o uso eleitoral das Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Polícia Pacificadora<br />

(UPPs). Apesar <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rá-las uma experiência positiva em segurança pública, ela disse<br />

40. O Globo - RJ<br />

Homem diz ter sido espancado por Nem<br />

...foragido e respondia por dois crimes <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> drogas, foi levado para o Hospital Miguel<br />

Couto. Lá, ele permanece em observação, com escolta policial. O <strong>de</strong>legado Alessandro<br />

Thieres não acredita que o caso do suposto sequestro tenha relação com o tiroteio que<br />

houve na manhã <strong>de</strong> ontem, em São ...<br />

41. O Globo - RJ<br />

No Ceará, ação sobre estupro não anda<br />

...uma garota <strong>de</strong> 13 anos, até então virgem. Exame médico comprovou rompimento do<br />

hímen. A promotora Edna da Matta diz que estranhou o procedimento da polícia: primeiro,<br />

só a prostituta foi presa. Segundo Edna, só <strong>de</strong>pois, a pedido do MP, Thurnau foi incluído<br />

42. O Globo - RJ<br />

Beltrame diz que não muda planos<br />

...quer instalar UPPs, mesmo após confronto em São Conrado O secretário <strong>de</strong> segurança<br />

pública, José Mariano Beltrame, afirmou ontem que o planejamento para a implantação das<br />

43. O Globo - RJ<br />

Bairro <strong>de</strong> segurança máxima<br />

...Fe<strong>de</strong>ração das Associações <strong>de</strong> Moradores da Ilha do Governador, Melquía<strong>de</strong>s Chagas<br />

Martins acredita que a construção do portal vai zerar os índices <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong> no bairro.<br />

Segundo ele, que também integra o Conselho Comunitário <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> da Ilha, a maior<br />

44. O Globo - RJ<br />

Delegado já suspeitava <strong>de</strong> estratégia<br />

...os mecanismos e as ferramentas para a apuração dos fatos. O que é pior, eles utilizam a<br />

máquina do estado, o Disque-Denúncia, as corregedorias <strong>de</strong> polícias, por exemplo, para<br />

45. Reporter <strong>de</strong> Crime - RJ<br />

Secretário Beltrame não gosta <strong>de</strong> divulgar próximas UPPs


...do governador, no Palácio Guanabara Foto Michel Filho/ Agência O GLOBO Com o<br />

sucesso das Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Polícia Pacificadora (UPP), o secretário <strong>de</strong> segurança pública,<br />

José Mariano Beltrame, atingiu nível <strong>de</strong> popularida<strong>de</strong> jamais visto por um ocupante do<br />

46. Reporter <strong>de</strong> Crime - RJ<br />

Meta <strong>de</strong> UPP social é levar a República às favelas<br />

...que sempre foi tranquilo até a chegada <strong>de</strong> traficantes armados na década <strong>de</strong> 90. D. Percília<br />

garante que os bandidos <strong>de</strong>ixaram a favela tão logo a polícia lá se aboletou numa das <strong>de</strong>z<br />

Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> polícia Pacificadora da cida<strong>de</strong>. Há cerca um ano e meio à frente da<br />

47. Folha <strong>de</strong> S. Paulo - SP<br />

"Tio" acolhe criança apreendida 6 vezes<br />

...12 anos recém-completados, menino foi flagrado ven<strong>de</strong>ndo drogas na cracolândia,<br />

segundo a polícia De acordo com o Denarc, garoto chegava a ven<strong>de</strong>r 2.000 pedras <strong>de</strong> crack<br />

num só dia na região central <strong>de</strong> São Paulo VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO ...<br />

1. O Globo - RJ<br />

Polícia para quem precisa<br />

PM reforça patrulhamento em São Conrado, e imagens <strong>de</strong> prédios serão usadas na caça aos<br />

bandidos<br />

Um dia após o confronto entre bandidos da Rocinha e policiais ter levado terror a São<br />

Conrado, a PM criou ontem um esquema especial para reforçar o patrulhamento no bairro.<br />

Além das patrulhas do 23º BPM (Leblon), policiais do Batalhão <strong>de</strong> Choque e do Grupo<br />

Especial Tático em Motopatrulhamento (Getem) fizeram ronda durante todo o dia. O reforço,<br />

que contou com PMs armados com fuzis nas garupas <strong>de</strong> motos, criou uma sensação <strong>de</strong><br />

segurança para os moradores, ainda muito assustados com as cenas <strong>de</strong> violência do dia<br />

anterior, e garantiu a realização, pela manhã, da 14ª Meia Maratona do Rio, um percurso <strong>de</strong><br />

22 quilômetros entre São Conrado e o Aterro do Flamengo. Ainda assim, alguns inscritos<br />

<strong>de</strong>sistiram <strong>de</strong> participar da prova.<br />

— Fiquei muito assustada. O que aconteceu no sábado só contribui para a imagem negativa<br />

do Rio, que fica marcado como uma cida<strong>de</strong> perigosa — comentou a advogada Ana Carolina<br />

Hohmann, <strong>de</strong> 27 anos, que veio <strong>de</strong> Curitiba e não <strong>de</strong>sistiu <strong>de</strong> participar da Meia Maratona do<br />

Rio.<br />

Além do aumento do efetivo, que <strong>de</strong>verá ser mantido nos próximos dias, a PM fez rondas<br />

durante todo o dia <strong>de</strong> ontem em São Conrado. Na porta do Intercontinental, havia uma<br />

patrulha <strong>de</strong> prontidão.<br />

PM vai apurar se ação foi autorizada<br />

A movimentação <strong>de</strong> bon<strong>de</strong>s do tráfico — comboios <strong>de</strong> bandidos em carros e motos — <strong>de</strong> um<br />

morro para o outro já é esperada pela polícia. O comandantegeral da PM, coronel Mário<br />

Sérgio Duarte, informou ontem que toda sexta-feira os batalhões recebem um relatório <strong>de</strong><br />

inteligência (Relint) que informa sobre festas e eventos nas comunida<strong>de</strong>s que po<strong>de</strong>m ter a<br />

participação <strong>de</strong> bandidos.<br />

O comandante-geral também disse que está investigando a informação, publicada ontem<br />

pelo GLOBO, <strong>de</strong> que 12 policiais do Grupo <strong>de</strong> Ações Táticas (GAT) do 23º BPM organizaram<br />

uma operação não autorizada pela Secretaria <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong>, para tentar pren<strong>de</strong>r, na manhã<br />

<strong>de</strong> sábado, o traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, chefe do tráfico nas favelas<br />

da Rocinha e do Vidigal.


A operação teria sido o estopim para o confronto, que <strong>de</strong>ixou uma mulher morta e seis<br />

feridos, resultando ainda na invasão do Hotel Intercontinental, on<strong>de</strong> 35 pessoas foram feitas<br />

reféns por três horas.<br />

Ontem, a PM negou que o presi<strong>de</strong>nte da Associação <strong>de</strong> Moradores do Bairro Barcelos, na<br />

Rocinha, Van<strong>de</strong>rlan Barros <strong>de</strong> Oliveira, o Feijão, tenha negociado com os bandidos a<br />

libertação dos reféns. O lí<strong>de</strong>r comunitário só teria ajudado a polícia passando algumas<br />

informações sobre o bando. Feijão já foi investigado, em 2009, por ligação com o tráfico da<br />

Rocinha.<br />

A partir <strong>de</strong> hoje, policiais civis que investigam o caso vão começar a visitar condomínios do<br />

bairro, em especial nos arredores do Intercontinental, para obter imagens <strong>de</strong> circuitos <strong>de</strong><br />

segurança e tentar i<strong>de</strong>ntificar os traficantes que conseguiram fugir.<br />

As imagens do interior do hotel também serão analisadas.<br />

Enquanto a presença ostensiva <strong>de</strong> policiais levava tranquilida<strong>de</strong> ao bairro, no asfalto, a<br />

Rocinha viveu horas <strong>de</strong> tensão. A PM já sabe que Nem, que foi um dos que conseguiram<br />

escapar do cerco policial <strong>de</strong> anteontem, está escondido na comunida<strong>de</strong>.<br />

Os acessos ao Morro do Vidigal e à Favela da Rocinha também tiveram reforço no<br />

patrulhamento.<br />

O clima é <strong>de</strong> medo também no Vidigal.<br />

Na sexta-feira, o presi<strong>de</strong>nte da associação <strong>de</strong> moradores do morro, José Valdir Cavalcante,<br />

o Zé do Rádio, foi expulso da comunida<strong>de</strong> por Nem. Segundo moradores, ele é suspeito <strong>de</strong><br />

ter passado informações sobre o bando do traficante para a polícia. Candidato a <strong>de</strong>putado<br />

estadual, ele registrou queixa na <strong>de</strong>legacia.<br />

Zé do Rádio contou que só procurou a polícia para <strong>de</strong>nunciar a expulsão, mas que não<br />

<strong>de</strong>latou o traficante.<br />

Ele afirmou ter sido expulso do Vidigal porque não aceitava que a associação servisse “como<br />

instrumento do tráfico”. Por isso, segundo ele, toda vez que o traficante o chamava para<br />

conversar, não atendia aos pedidos, pois sabia que era para lhe dar alguma or<strong>de</strong>m.<br />

— Ele queria que eu fosse o candidato <strong>de</strong>le para me manipular, como fez com o outro que<br />

morreu (o vereador Luiz Claudio <strong>de</strong> Oliveira, o Claudinho da Aca<strong>de</strong>mia, morto em junho<br />

<strong>de</strong>ste ano). Não aceitava isso. Falava duro com ele, então me botou para correr <strong>de</strong> lá —<br />

disse Zé do Rádio.<br />

No fim da manhã <strong>de</strong> ontem, nove dos <strong>de</strong>z bandidos presos após a invasão do Hotel<br />

Intercontinental <strong>de</strong>ixaram a 15ª DP (Gávea), on<strong>de</strong> passaram a noite, e foram para o Instituto<br />

Médico-Legal (IML), na Leopoldina, fazer exames <strong>de</strong> corpo <strong>de</strong> <strong>de</strong>lito. Em seguida, o bando<br />

foi transferido para o complexo penitenciário <strong>de</strong> Gericinó, na Zona Oeste. Entre eles, estava<br />

o braço direito <strong>de</strong> Nem, Ítalo Jesus, o Perninha, que usava um colete preto, com inscrição da<br />

Polícia do Exército, quando preso pelos policiais.<br />

Um adolescente, que também fazia parte da quadrilha, foi levado para o Departamento Geral<br />

<strong>de</strong> Ações Socioeducativas (Degase), na Ilha do Governador.<br />

Autorida<strong>de</strong>s da cúpula da Secretaria <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> foram procuradas pelos repórteres do<br />

GLOBO durante todo o dia <strong>de</strong> ontem, mas ninguém confirmou se a polícia já tem ou está<br />

traçando uma estratégia para pren<strong>de</strong>r Nem. Voltar<br />

2. O Globo - RJ


Dilma admite que fronteiras precisam <strong>de</strong> reforço policial<br />

Luiza Damé<br />

BRASÍLIA. Oportunamente, um dia após o narcotráfico levar terror a São Conrado, a<br />

presi<strong>de</strong>nciável do PT, Dilma Rousseff, anunciou propostas do seu programa <strong>de</strong> governo para<br />

segurança pública. Ela elogiou o trabalho do aliado Sérgio Cabral (PMDB) no combate ao<br />

crime e a implantação das Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Polícia Pacificadora, e disse que preten<strong>de</strong> reforçar o<br />

policiamento nas fronteiras para evitar tráfico <strong>de</strong> drogas e armas. Para isso, quer comprar,<br />

entre 2011 e 2014, <strong>de</strong>z veículos aéreos não tripulados, um <strong>de</strong>les para o Rio.<br />

Segundo Dilma, a principal tarefa <strong>de</strong> seu governo será combater o crime, investindo no<br />

policiamento <strong>de</strong> fronteira, numa parceria entre Polícia Fe<strong>de</strong>ral, Polícia Rodoviária Fe<strong>de</strong>ral,<br />

Forças Armadas e polícias Civil e Militar.<br />

Ela disse que hoje “não se faz policiamento <strong>de</strong> fronteira <strong>de</strong> forma tradicional”, mas<br />

combinando informação, inteligência, tecnologia e ação policial. Dilma criticou a proposta do<br />

tucano José Serra <strong>de</strong> criar o Ministério da <strong>Segurança</strong> <strong>Pública</strong>. Dilma estará hoje em São<br />

Paulo, on<strong>de</strong> estreia na porta <strong>de</strong> uma fábrica, levada pelo presi<strong>de</strong>nte Lula. A previsão é que<br />

os dois façam campanha na fábrica da Merce<strong>de</strong>s-Benz.<br />

Voltar<br />

3. DCI - SP<br />

Cabral elogia ação da polícia em confronto com traficantes<br />

RIO DE JANEIRO – O governador do Rio <strong>de</strong> Janeiro, Sérgio Cabral, elogiou a atuação da<br />

polícia durante a invasão do Hotel Intercontinental, em São Conrado, zona sul do Rio, na<br />

manhã do sábado (21). Em nota, Cabral afirma que “em breve o povo do Vidigal e o povo da<br />

Rocinha estarão livres do po<strong>de</strong>r paralelo”.<br />

O secretário estadual <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> <strong>Pública</strong>, José Mariano Beltrame, afirmou que o episódio<br />

<strong>de</strong>ste sábado não vai alterar o cronograma <strong>de</strong> implantação das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Polícia<br />

Pacificadora (UPPs).<br />

Segundo Beltrame, “a época em que a polícia agia ao sabor <strong>de</strong> acontecimentos já passou”.<br />

Ele recebeu a imprensa na se<strong>de</strong> do 23º Batalhão da Polícia Militar, no bairro do Leblon, para<br />

on<strong>de</strong> foram levados os <strong>de</strong>z integrantes do grupo armado, após se ren<strong>de</strong>rem aos policiais que<br />

faziam o cerco ao hotel.<br />

Beltrame disse que os invasores eram traficantes da favela da Rocinha e, entre os presos,<br />

está o segundo homem na hierarquia do tráfico daquela comunida<strong>de</strong>. A mulher que morreu<br />

na troca <strong>de</strong> tiros, antes da invasão do hotel, foi i<strong>de</strong>ntificada como Adriana Oliveira dos Santos<br />

e apontada como responsável pela contabilida<strong>de</strong> do tráfico na Rocinha. No tiroteio, seis<br />

pessoas ficaram feridas, sendo quatro policiais militares.<br />

Segundo a Polícia Militar, 35 pessoas, entre funcionários e hóspe<strong>de</strong>s, foram mantidas como<br />

reféns pelos bandidos, que entraram no hotel pela cozinha. O grupo estava armado com oito<br />

fuzis, cinco pistolas e uma granada.<br />

Segundo a gerência do Intercontinental, um dos principais da re<strong>de</strong> hoteleira do Rio, cerca <strong>de</strong><br />

600 pessoas estavam hospedadas no momento da invasão. Muitos conseguiram <strong>de</strong>ixar o<br />

hotel, mas a maioria foi orientada a permanecer em seus quartos.<br />

Agência Brasil<br />

4. Gazeta do Povo - PR<br />

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Após três dias, Curitiba volta a registrar homicídios<br />

Um jovem foi morto no Tatuquara na noite <strong>de</strong> quinta-feira e três corpos foram encontrados no<br />

Xaxim, Campo Comprido e Bairro Alto na manhã <strong>de</strong>sta sexta-feira<br />

20/08/2010 | 12:16 | Fernanda Trisotto e Felippe Aníbal<br />

Por três dias, Curitiba não registrou nenhum homicídio. Às 22 horas da quinta-feira (19), a<br />

capital completou 72 horas sem assassinatos. Cerca <strong>de</strong> quarenta minutos <strong>de</strong>pois, a Polícia<br />

Militar (PM) registrou uma morte violenta no bairro Tatuquara. Um jovem, <strong>de</strong><br />

aproximadamente 16 anos, foi atingido por vários disparos <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo na Rua Marçal<br />

Justen. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu.<br />

Na manhã <strong>de</strong>sta sexta-feira (20), três corpos foram encontrados no Bairro Alto, Campo<br />

Comprido e Xaxim. A primeira ocorrência foi na Rua Luiz Barreto Murat, no Bairro Alto, on<strong>de</strong><br />

o corpo <strong>de</strong> um homem, ainda não i<strong>de</strong>ntificado, foi encontrado com várias marcas <strong>de</strong> facadas<br />

no rosto. No Xaxim, o corpo <strong>de</strong> Carlos Eduardo Pires Meister foi encontrado com vários<br />

disparos <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo. A polícia não sabe qual a motivação do crime. Já no Campo<br />

Comprido, o corpo <strong>de</strong> um homem foi encontrado <strong>de</strong>ntro da casa <strong>de</strong>le, com manchas <strong>de</strong><br />

sangue no local. A causa da morte <strong>de</strong> Edson Luis Batista, <strong>de</strong> 55 anos, vai ser investigada.<br />

Balanço<br />

O último registro <strong>de</strong> morte violenta na capital tinha sido às 22 horas <strong>de</strong> segunda-feira (16).<br />

Em maio, a cida<strong>de</strong> já havia passado um fim <strong>de</strong> semana inteiro (entre os dias 7 e 10) sem<br />

registrar homicídios.<br />

Na quinta-feira, um homem <strong>de</strong> 42 anos morreu no Hospital do Trabalhador, em <strong>de</strong>corrência<br />

<strong>de</strong> ferimentos provocados por arma <strong>de</strong> fogo. Mas, como ele havia sido baleado em São José<br />

dos Pinhais, o caso é atribuído à cida<strong>de</strong> da região metropolitana.<br />

No mês <strong>de</strong> agosto já haviam sido registradas 23 mortes violentas em Curitiba. Outros 27<br />

casos aconteceram em municípios da região metropolitana. Vinte homicídios estão sem local<br />

especificado pelo IML.<br />

Em entrevista à Gazeta do Povo, a <strong>de</strong>legada Vanessa Alice, titular da DH, atribuiu a queda<br />

dos índices <strong>de</strong> homicídio está relacionada às ações realizadas pela polícia em bairros<br />

consi<strong>de</strong>rados violentos. Na Cida<strong>de</strong> Industrial <strong>de</strong> Curitiba (CIC), após a prisão <strong>de</strong> traficantes,<br />

os índices <strong>de</strong> homicídios caíram, porque os assassinatos estavam diretamente relacionado<br />

às drogas. Hoje, segundo a polícia, os crimes estão “praticamente zerados” na CIC. Em<br />

agosto, a polícia <strong>de</strong>sarticulou as duas principais quadrilhas que disputavam o controle do<br />

tráfico naquele bairro. No total, foram presas sete pessoas, entre elas, dois lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> uma<br />

das facções.<br />

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5. O Globo - RJ<br />

Com o inimigo vivendo <strong>de</strong>ntro da própria casa<br />

MP investiga milicianos que atuavam na Corregedoria <strong>de</strong> Polícia<br />

Vera Araújo<br />

O inimigo não mora ao lado, mas <strong>de</strong>ntro da própria Corregedoria <strong>de</strong> Polícia Civil.<br />

Responsável por apurar <strong>de</strong>svios <strong>de</strong> conduta <strong>de</strong> policiais civis, o órgão está na mira do Grupo<br />

<strong>de</strong> Atuação Especial <strong>de</strong> Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio (Gaeco),<br />

especializado em investigar quadrilhas <strong>de</strong> milicianos. Escutas telefônicas autorizadas pela<br />

Justiça revelam que milicianos do principal grupo <strong>de</strong> Campo Gran<strong>de</strong>, na Zona Oeste, tinham<br />

como informante um agente da Corregedoria <strong>de</strong> Polícia Civil.


As gravações, às quais O GLOBO teve acesso com exclusivida<strong>de</strong>, foram feitas pela<br />

Subsecretaria <strong>de</strong> Inteligência da secretaria <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> e pela Coor<strong>de</strong>nadoria <strong>de</strong><br />

Inteligência Policial (Cinpol) da Polícia Civil. Elas revelam que a milícia do ex-PM Ricardo<br />

Teixeira da Cruz, o Batman, repassava informações sobre o bando rival do também exPM<br />

Francisco César Oliveira, o Chico Bala, a um inspetor da corregedoria. Segundo a<br />

interceptação telefônica, a função <strong>de</strong>le era montar operações contra os inimigos <strong>de</strong> Batman,<br />

que está preso.<br />

Operação feita após suposta propina O chefe <strong>de</strong> Polícia Civil, Allan Turnowski, <strong>de</strong>terminou a<br />

abertura <strong>de</strong> uma sindicância na corregedoria para investigar a participação do policial civil<br />

que atua no órgão e estaria ligado às milícias, segundo as gravações.<br />

— O fato está sendo apurado com rigor — disse Turnowski.<br />

Nos próximos dias, os promotores da Gaeco <strong>de</strong>vem pedir a prisão do agente da Polícia Civil<br />

infiltrado pelas milícias, já i<strong>de</strong>ntificado. Em algumas ligações, o inspetor é procurado na<br />

corregedoria por uma mulher chamada Jaqueline, integrante do grupo <strong>de</strong> milicianos <strong>de</strong><br />

Batman, que informa a localização <strong>de</strong> carros da polícia, quando o alvo é algum aliado.<br />

Numa outra gravação, realizada dia 28 <strong>de</strong> janeiro do ano passado, o miliciano Maciel Valente<br />

<strong>de</strong> Souza, braço direito <strong>de</strong> Batman, pe<strong>de</strong> a um homem não i<strong>de</strong>ntificado que faça a <strong>de</strong>núncia<br />

sobre os rivais, ligando “para o amigo da corregedoria”, a fim <strong>de</strong> prendê-los pela manhã.<br />

Uma escuta feita no dia 26 <strong>de</strong> janeiro do ano passado comprova as ligações perigosas entre<br />

a milícia <strong>de</strong> Batman e a corregedoria.<br />

Maciel pe<strong>de</strong> ao tesoureiro da quadrilha que lance na contabilida<strong>de</strong> a saída <strong>de</strong> “40 lex” para a<br />

corregedoria. Os investigadores suspeitam que o valor se refere a quantia <strong>de</strong> R$ 40 mil e que<br />

a palavra “lex” seria um código para propina. No dia seguinte ao suposto acerto, foi<br />

<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ada uma operação da Corregedoria <strong>de</strong> Polícia Civil, em Campo Gran<strong>de</strong>, na qual<br />

esteve presente até uma <strong>de</strong>legada do órgão, segundo a escuta. De acordo com a conversa<br />

interceptada, um homem não i<strong>de</strong>ntificado informa que “a <strong>de</strong>legada da corregedoria ligou<br />

agora e tá indo para Campo Gran<strong>de</strong>”.<br />

Além <strong>de</strong> usarem a corregedoria, milicianos passavam informações sobre as ações <strong>de</strong> Chico<br />

Bala e seus cúmplices ao Disque<strong>de</strong>núncia (2253-1177). A tática seria uma resposta aos<br />

métodos utilizados pelo titular da 35ª DP (Campo Gran<strong>de</strong>), Marcus Neves, que atuou na<br />

região em 2008. Para <strong>de</strong>sarticular a quadrilha <strong>de</strong> Batman, o <strong>de</strong>legado usou como<br />

informantes Chico Bala e o ex-PM Herbert Canijo da Silva, o Escangalhado.<br />

Em <strong>de</strong>poimento à 1ª Comissão Permanente <strong>de</strong> Inquérito Administrativo da Polícia Civil, em<br />

<strong>de</strong>zembro do ano passado, o ex-chefe <strong>de</strong> Polícia Civil Gilberto da Cruz Ribeiro confirmou que<br />

ele e o secretário <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong>, José Mariano Beltrame, autorizaram Neves a usar<br />

milicianos para <strong>de</strong>ter o grupo <strong>de</strong> Batman. O objetivo era realizar prisões em flagrante <strong>de</strong><br />

pessoas vistas como “intocáveis”, referindo-se aos irmãos Natalino José Guimarães e<br />

Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, ex-vereador e ex<strong>de</strong>putado estadual, presos <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

2008.<br />

O ex-chefe <strong>de</strong> Polícia Civil revelou ainda que o grupo <strong>de</strong> Batman “plantava” informações em<br />

órgãos como a Assembleia Legislativa, a Câmara dos Vereadores, a Chefia <strong>de</strong> Polícia Civil,<br />

a Secretaria <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> e a própria corregedoria. Em 2008, um outro informante <strong>de</strong><br />

Marcus Neves ligado às milícias, o sargento bombeiro Carlos Alexandre Silva Cavalcante, o<br />

Gaguinho, foi preso pela corregedoria, em frente à se<strong>de</strong> da Chefia <strong>de</strong> Polícia Civil, no Centro.<br />

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6. O Globo - RJ<br />

Invasão é <strong>de</strong>staque na imprensa internacional<br />

Sites citam perigo enfrentado por turistas


A invasão do Hotel Intercontinental ganhou <strong>de</strong>staque na imprensa internacional.<br />

Os sites do jornal francês “Le Point” e da TV francesa TV5Mon<strong>de</strong> afirmaram que o episódio<br />

“mancha mais uma vez a imagem da cida<strong>de</strong> escolhida para abrigar as Olimpíadas <strong>de</strong> 2016”.<br />

Nas reportagens, eles informam que o tiroteio ocorreu em frente a um hotel <strong>de</strong> luxo, que<br />

tinha 300 turistas estrangeiros entre os 1.500 hóspe<strong>de</strong>s.<br />

Ambos os sites <strong>de</strong>stacaram ainda que o “inci<strong>de</strong>nte levou pânico ao bairro” e publicaram<br />

dados sobre a violência no Rio: “O estado é um dos mais violentos do Brasil, país que<br />

registra a cada ano mais <strong>de</strong> 40 mil assassinatos, gerando uma taxa anual <strong>de</strong> 23,8 homicídios<br />

a cada cem mil habitantes”.<br />

O tiroteio também teve espaço no site do jornal americano “The New York Times” ressaltou<br />

que o “hotel estava lotado <strong>de</strong> turistas para a maratona do Rio, no domingo”.<br />

Ainda segundo o site, todos os reféns foram libertados e a policia conseguiu capturar a<br />

maioria dos suspeitos.” O site do jornal “Chicago Tribune”, cida<strong>de</strong> americana que per<strong>de</strong>u<br />

para o Brasil o direito <strong>de</strong> sediar as Olimpíadas <strong>de</strong> 2016, informou que o hotel se “transformou<br />

numa zona <strong>de</strong> guerra, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>z suspeitos, com armas <strong>de</strong> grosso calibre e granadas,<br />

trocaram tiros com a polícia e mataram uma mulher”. Ao informar sobre a invasão, o<br />

“Chicago Tribune” <strong>de</strong>stacou o fato <strong>de</strong> o bando ter feito reféns <strong>de</strong>ntro do hotel <strong>de</strong> luxo, on<strong>de</strong><br />

havia turistas estrangeiros.<br />

As páginas da CNN e BBC na internet chamaram atenção para a morte <strong>de</strong> uma pessoa no<br />

tiroteio. A CNN acrescentou que a vítima estava envolvida com tráfico.<br />

No jornal “Washington Post”, o <strong>de</strong>staque foi para a ação dos “homens armados que se<br />

envolveram num tiroteio com a polícia e colocaram 30 pessoas como reféns num hotel <strong>de</strong><br />

luxo com turistas estrangeiros”. Ainda <strong>de</strong> acordo com o periódico, “em algumas horas as<br />

vítimas foram libertadas e os criminosos, presos pela polícia.” A versão on-line do “Jornal <strong>de</strong><br />

Notícias”, <strong>de</strong> Portugal, fez a seguinte manchete: “Lí<strong>de</strong>r do tráfico na Rocinha esteve no<br />

sequestro ao Hotel Intercontinental” e afirmou que entre os <strong>de</strong>z presos estava o “número dois<br />

do tráfico <strong>de</strong> drogas na favela”. A matéria também <strong>de</strong>stacou que entre os reféns estavam 50<br />

portugueses, que permaneceram presos durante três horas.<br />

O também por tuguês “Diário <strong>de</strong> Notícias” preferiu ressaltar a ação dos agentes <strong>de</strong><br />

segurança: “Polícia liberta 30 pessoas feitas reféns num hotel”. O jornal chamou a atenção<br />

para a continuida<strong>de</strong> da operação policial mesmo após a libertação das vítimas, com a<br />

“incursão <strong>de</strong> agentes na Rocinha para encontrar os fugitivos.” O inci<strong>de</strong>nte repercutiu na<br />

primeira página do site do “El Universal”, da Venezuela: “A violência voltou a se apo<strong>de</strong>rar do<br />

Rio, quando <strong>de</strong>linquentes fortemente armados tomaram 35 reféns em um hotel”.<br />

Segundo o periódico espanhol “El Pais”, da Espanha.<br />

“O Rio <strong>de</strong> Janeiro viveu no sábado horas <strong>de</strong> tensão, pois <strong>de</strong>z narcotraficantes invadiram o<br />

Hotel Intercontinental”.<br />

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7. O Globo - RJ<br />

Operação não autorizada <strong>de</strong> PMs foi estopim<br />

Sem aval do comando da segurança pública, 12 policiais teriam tentado pren<strong>de</strong>r o chefe do<br />

tráfico na Rocinha<br />

Uma operação, não autorizada pelo comando da segurança pública, feita por 12 policiais<br />

militares para tentar pren<strong>de</strong>r o traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, chefe do<br />

tráfico nas favelas do Vidigal e da Rocinha, estaria por trás da manhã <strong>de</strong> terror vivida ontem<br />

por centenas <strong>de</strong> turistas e moradores <strong>de</strong> São Conrado. A informação, obtida com fontes do<br />

GLOBO, não foi confirmada pela PM, mas será investigada.


Os policiais do Grupo <strong>de</strong> Ações Táticas (GAT) do 23º BPM (Leblon) foram informados da<br />

presença do bandido na Favela do Vidigal, ainda <strong>de</strong> madrugada.<br />

Nem estaria em uma festa acompanhado <strong>de</strong> pelo menos 60 traficantes armados com fuzis,<br />

metralhadoras e pistolas.<br />

Ele chegou à favela por volta <strong>de</strong> 5h, anunciando bebida <strong>de</strong> graça para os cúmplices e<br />

moradores.<br />

No início da manhã, os policiais — todos à paisana — tomaram um dos acessos da Avenida<br />

Presi<strong>de</strong>nte João Goulart, principal ligação entre a Avenida Niemeyer e o alto do morro, e<br />

ficaram esperando, escondidos, os traficantes saírem.<br />

Os criminosos <strong>de</strong>ixaram o Vidigal e, já em São Conrado, foram surpreendidos pelos PMs.<br />

Nem e seu bando, que seguiam em comboio para a Favela da Rocinha, reagiram a tiros.<br />

Lí<strong>de</strong>r comunitário estaria jurado <strong>de</strong> morte Moradores do Vidigal confirmaram que Nem e seus<br />

cúmplices estavam numa festa no alto da favela, no final da Avenida João Goulart. Segundo<br />

fontes do GLOBO, Nem e seus cúmplices obrigaram dois motoristas <strong>de</strong> vans do Vidigal a<br />

transportá-los até a Rocinha, quando o grupo cruzou com policiais militares e começou o<br />

tiroteio.<br />

Na comunida<strong>de</strong>, moradores contam que Nem <strong>de</strong>sconfia que o lí<strong>de</strong>r da Associação <strong>de</strong><br />

Moradores do Vidigal, José Valdir Cavalcante, o Zé da Rádio, candidato a <strong>de</strong>putado<br />

estadual, tenha procurado a polícia para <strong>de</strong>nunciá-lo. Na sexta-feira, o traficante expulsou Zé<br />

do Rádio, que teria feito algo que o <strong>de</strong>sagradou, embora já tivesse sido avisado. O lí<strong>de</strong>r<br />

comunitário teria jurado vingança, dizendo que procuraria a 15ª DP (Gávea).<br />

No morro, para on<strong>de</strong> volo traficante disse que Zé do Rádio “será a bola da vez”.<br />

O secretário <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong>, José Mariano Beltrame, apresentou uma versão diferente para o<br />

confronto. Segundo ele, os policiais não sabiam que havia o comboio <strong>de</strong> traficantes e se<br />

<strong>de</strong>pararam com os bandidos por acaso: — A polícia não tinha essa informação. A polícia<br />

encontrou essas pessoas naquele trecho.<br />

Já segundo um dos quatro PMs que se <strong>de</strong>pararam com a quadrilha, o sargento Juan<br />

Hornero, do 23º BPM (Leblon), ele e seus colegas já tinham informações sobre a presença<br />

dos bandidos. O PM contou que o batalhão informou que o bando sairia <strong>de</strong> uma festa, da<br />

Rocinha ou do Vidigal. De acordo com o sargento, o grupo tinha cerca <strong>de</strong> 60 criminosos,<br />

divididos em motos, duas vans e dois carros <strong>de</strong> passeio.<br />

— Não esperávamos que eles fossem tantos. Se a informação fosse mais precisa, a ação<br />

seria melhor — disse, acrescentando que a patrulha on<strong>de</strong> ele estava ficou cheia <strong>de</strong> marcas<br />

<strong>de</strong> tiros.<br />

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8. O Estado <strong>de</strong> S. Paulo - SP<br />

A invasão do Congresso<br />

23 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2010 | 0h 00<br />

- O Estado <strong>de</strong> S.Paulo<br />

Se, para satisfazer suas ambições profissionais, funcionários públicos interessados em<br />

equiparar seu trabalho ao dos policiais são capazes <strong>de</strong> invadir a Câmara dos Deputados,<br />

causando gran<strong>de</strong> tumulto e interrompendo o trabalho legislativo, que serviços eles po<strong>de</strong>m<br />

prestar para dar mais segurança àqueles que pagam seus salários, isto é, aos cidadãos<br />

comuns?<br />

Esta é a primeira pergunta que precisam respon<strong>de</strong>r os agentes penitenciários que, na noite<br />

<strong>de</strong> terça-feira, a <strong>de</strong>speito da ação da Polícia Legislativa - com a qual trocaram safanões -,


invadiram o Salão Ver<strong>de</strong> da Câmara, que dá acesso ao plenário. A <strong>de</strong>cisão dos invasores <strong>de</strong><br />

manter o local ocupado forçou o presi<strong>de</strong>nte da Casa, <strong>de</strong>putado Michel Temer, em acordo<br />

com as li<strong>de</strong>ranças partidárias, a suspen<strong>de</strong>r a sessão marcada para o dia seguinte.<br />

Mas não é só o vandalismo <strong>de</strong>sses funcionários públicos, açulados pelos dirigentes <strong>de</strong> suas<br />

associações profissionais, que causa estranheza. Mais estranheza ainda causam os seus<br />

objetivos. O que levou agentes penitenciários <strong>de</strong> todo o País a encher 11 ônibus que os<br />

conduziram a Brasília foi a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> votação, pela Câmara, <strong>de</strong> uma proposta <strong>de</strong><br />

emenda constitucional (PEC) que os transforma em "policiais penais", com po<strong>de</strong>res para<br />

realizar investigações e capturar foragidos, entre outras atribuições típicas e privativas da<br />

polícia.<br />

Em outras palavras, o que os agentes penitenciários querem é ter po<strong>de</strong>res e vencimentos<br />

iguais aos dos policiais. O presi<strong>de</strong>nte do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do<br />

Estado <strong>de</strong> São Paulo, João Rinaldo Machado, <strong>de</strong>clarou ao jornal Correio Braziliense que a<br />

aprovação da proposta seria "uma forma <strong>de</strong> reconhecimento da profissão". Serviria também<br />

para uniformizar as relações <strong>de</strong> trabalho nas penitenciárias, on<strong>de</strong>, segundo ele, trabalham<br />

profissionais concursados, terceirizados e policiais <strong>de</strong>slocados <strong>de</strong> sua função original. Se tais<br />

problemas existem, <strong>de</strong>vem ser resolvidos por medidas administrativas, não por emenda<br />

constitucional.<br />

A PEC, se aprovada, po<strong>de</strong> ter consequências danosas para o sistema <strong>de</strong> segurança pública.<br />

Por que criar uma nova polícia no País? A legislação é clara ao atribuir à Polícia Civil muitas<br />

das tarefas que os agentes penitenciários preten<strong>de</strong>m <strong>de</strong>sempenhar. São tarefas que não<br />

po<strong>de</strong>m ser segmentadas - <strong>de</strong>ntro ou fora dos presídios, como prevê o projeto -, pois, como<br />

tem observado o presi<strong>de</strong>nte do Instituto <strong>Brasileiro</strong> <strong>de</strong> Ciências Criminais, Sérgio Mazina<br />

Martins, "o crime não é segmentado". A tarefa do agente penitenciário é cuidar da or<strong>de</strong>m e<br />

da disciplina nos presídios e das necessida<strong>de</strong>s humanas dos presidiários. Não é uma tarefa<br />

policial.<br />

Há notórios interesses políticos. O tamanho da categoria profissional - estima-se em 100 mil<br />

o número <strong>de</strong> agentes penitenciários no País - certamente inspirou alguns <strong>de</strong>putados a<br />

oferecer-lhe alguma vantagem financeira, pois a equiparação ao trabalho profissional<br />

implicará vencimentos maiores.<br />

Também tem motivação política outra proposta <strong>de</strong> emenda constitucional, a <strong>de</strong> número<br />

300/08, que cria o piso nacional para os policiais e para os bombeiros. Não por acaso, a<br />

proposta estabelece, como parâmetro nacional, o piso em vigor no Distrito Fe<strong>de</strong>ral, um dos<br />

mais altos do País.<br />

Em <strong>de</strong>fesa da responsabilida<strong>de</strong> fiscal, muitos governadores se opõem a mais essa<br />

generosida<strong>de</strong> parlamentar com o dinheiro do contribuinte. Cada Estado tem uma realida<strong>de</strong><br />

econômica, financeira e social, que baliza a remuneração <strong>de</strong> sua força policial e dos <strong>de</strong>mais<br />

profissionais do setor público. A equiparação dos vencimentos dos policiais em nível nacional<br />

imporia a muitos Estados um ônus que eles não têm como suportar. Não por acaso, a<br />

proposta transfere parte <strong>de</strong>sse ônus para a União, que teria <strong>de</strong> criar um fundo para ajudar os<br />

Estados que não tenham recursos suficientes para pagar os novos vencimentos dos policiais.<br />

Há dois meses as categorias que po<strong>de</strong>m ser beneficiadas com as duas PECs vinham<br />

ameaçando invadir o Congresso, e o fizeram. Agora, ameaçam realizar uma greve. Não se<br />

preocupam com os interesses dos cidadãos.<br />

9. O Estado <strong>de</strong> S. Paulo - SP<br />

<strong>Segurança</strong> vira mote <strong>de</strong> campanha<br />

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Além <strong>de</strong> criar ministério, Serra promete reforçar as fronteiras; Dilma vai incentivar combate à<br />

violência por núcleos comunitários<br />

22 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2010 | 0h 00


Lucas <strong>de</strong> Abreu Maia - O Estado <strong>de</strong> S.Paulo<br />

Ao comprometer-se, no início da pré-campanha, com a criação do Ministério da <strong>Segurança</strong><br />

<strong>Pública</strong>, o presi<strong>de</strong>nciável do PSDB, José Serra, empurrou a questão para o centro do embate<br />

eleitoral. Seu programa <strong>de</strong> quinta-feira, na TV, concentrou-se em suas propostas para o<br />

combate às drogas - em especial o crack.<br />

Neste mês, em viagem a Salvador, Serra divulgou seu programa <strong>de</strong> governo para a<br />

segurança. Além da criação da pasta, os sete eixos condutores incluem o fortalecimento do<br />

controle fronteiriço, investimento em inteligência e a construção <strong>de</strong> presídios.<br />

Dilma Rousseff, candidata do PT, respon<strong>de</strong>u às propostas do adversário com um programa<br />

para a segurança com 13 diretrizes básicas, obtidas pelo Estado. Tratam, em linhas gerais,<br />

da continuida<strong>de</strong> das políticas do governo Lula. A ênfase será, contudo, no incentivo ao<br />

combate à violência por núcleos comunitários - chamado pelos coor<strong>de</strong>nadores petistas <strong>de</strong><br />

"segurança cidadã".<br />

A segurança pública tornou-se um dos principais flancos <strong>de</strong> ataque ao PT. Esta é a área em<br />

que o governo Lula é mais mal avaliado, <strong>de</strong> acordo com a última pesquisa Ibope/Estado/TV<br />

Globo. Para 34% do eleitorado, a segurança piorou nos últimos dois anos - mesmo<br />

porcentual que consi<strong>de</strong>ra que houve melhora no setor.<br />

"A verda<strong>de</strong> é que a segurança não é priorida<strong>de</strong> para este governo", ataca o cientista político<br />

Túlio Kahn, que coor<strong>de</strong>nou o programa tucano para a área. Ele afirma que a criação do<br />

Ministério da <strong>Segurança</strong> "é um meio, não um fim". A nova pasta <strong>de</strong>verá congregar órgãos<br />

atualmente subordinados ao Ministério da Justiça, como a Polícia Fe<strong>de</strong>ral. O programa fala<br />

em "valorizar" e em aumentar os salários dos policiais.<br />

Na semana passada, o partido conseguiu suspen<strong>de</strong>r judicialmente uma campanha<br />

publicitária da Associação dos Delegados <strong>de</strong> Polícia <strong>de</strong> São Paulo (Adpesp) que protestava<br />

contra salários e condições <strong>de</strong> trabalho.<br />

Criticado pelo PT por aumentar o número <strong>de</strong> presídios em São Paulo, Serra <strong>de</strong>verá, se<br />

eleito, levar o mo<strong>de</strong>lo a todo o País. O programa tucano prevê parcerias público-privadas<br />

(PPPs) para a construção <strong>de</strong> novas unida<strong>de</strong>s. "Vamos vencer a burocracia que impe<strong>de</strong> as<br />

construções", garante o texto. "Há um déficit <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 180 mil vagas nos presídios",<br />

complementa Kahn.<br />

No programa <strong>de</strong> governo <strong>de</strong> Dilma, o enfoque será na continuida<strong>de</strong>. As 13 diretrizes para a<br />

segurança pública falam em "melhoria da gestão", "ampliação da política <strong>de</strong> combate às<br />

drogas" e "fortalecimento da Força Nacional <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> <strong>Pública</strong>".<br />

A ruptura fica na promessa <strong>de</strong> reforma no sistema prisional. Outra inovação é o investimento<br />

em policia comunitária. Não há, porém, <strong>de</strong>talhes sobre como isto seria feito. "Vamos juntar<br />

políticas sociais com repressão qualificada. Criaremos territórios da paz, para oferecer, em<br />

zonas <strong>de</strong> perigo, a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> não envolvimento com o crime", explica o sociólogo José<br />

Vicente Tavares dos Santos, colaborador do programa <strong>de</strong> Dilma.<br />

Promessas. Marina Silva (PV) também dá <strong>de</strong>staque à segurança pública. Em julho, ela<br />

divulgou uma nova versão das diretrizes do seu programa com ênfase no setor. São seis<br />

itens, que falam em investir em inteligência, combater a impunida<strong>de</strong> e estabelecer um plano<br />

<strong>de</strong> carreira para as três polícias. O plano teve a colaboração do antropólogo Luiz Eduardo<br />

Soares.<br />

Os candidatos à Presidência fizeram, nesta semana, 13 novas promessas. O levantamento<br />

do Estado leva em consi<strong>de</strong>ração as aparições públicas dos três principais candidatos, além<br />

<strong>de</strong> entrevistas, propaganda eleitoral e material <strong>de</strong> seus sites.<br />

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10. O Globo - RJ<br />

Ação criminosa tem repercussão entre autorida<strong>de</strong>s<br />

Cabral elogia polícia, e presi<strong>de</strong>nciáveis <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m mais empenho do governo fe<strong>de</strong>ral<br />

O confronto entre traficantes e PMs em São Conrado teve forte repercussão entre<br />

autorida<strong>de</strong>s e na campanha eleitoral. Ontem, o governador Sérgio Cabral divulgou nota<br />

elogiando a ação da PM e, sem fazer referência expressa à Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Polícia Pacificadora<br />

(UPP), prometeu que logo os moradores <strong>de</strong> Rocinha e Vidigal “ficarão livres do tráfico”. Há<br />

especulação sobre a instalação <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> na Rocinha, mas até agora ainda não foi<br />

divulgado prazo pela Secretaria <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> <strong>Pública</strong>.<br />

“Importante <strong>de</strong>stacar a ação da polícia.<br />

Firme, profissional e com efetivida<strong>de</strong>. Não temos nenhuma ilusão, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o primeiro dia <strong>de</strong><br />

governo, sobre o tamanho do nosso <strong>de</strong>safio. Mas temos a convicção <strong>de</strong> que estamos no<br />

caminho certo. Em breve, o povo do Vidigal e o da Rocinha estarão livres do po<strong>de</strong>r paralelo”<br />

disse a nota.<br />

O ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, também elogiou a ação da polícia.<br />

Ele monitorou o caso <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da manhã, porém, não foi necessária a participação <strong>de</strong><br />

forças fe<strong>de</strong>rais: — Foi uma reação pronta e muito eficaz das polícias. Fui colocado a par e<br />

ficamos <strong>de</strong> prontidão caso houvesse um <strong>de</strong>sdobramento. Porém, o que houve foi um controle<br />

total da situação.<br />

O presi<strong>de</strong>nciável José Serra (PSDB), classificou <strong>de</strong> ousada e ação dos bandidos e voltou a<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r maior participação do governo fe<strong>de</strong>ral na segurança e a criação do Ministério da<br />

<strong>Segurança</strong> <strong>Pública</strong>: — Essa ação mostra a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que o presi<strong>de</strong>nte da República se<br />

jogue na luta pela segurança do nosso povo. A base do crime organizado é o contrabando <strong>de</strong><br />

armas e drogas. Isto é tarefa fe<strong>de</strong>ral.<br />

O tucano pregou ainda a criação <strong>de</strong> uma Guarda Nacional para as fronteiras: — É preciso<br />

que todos os estados sejam auxiliados pelo governo fe<strong>de</strong>ral pois o crime passa <strong>de</strong> uma<br />

fronteira para outra. Uma coisa é inegável: com Copa do Mundo, com Olimpíadas, se não<br />

atuarmos <strong>de</strong> forma avançada, vamos ter problemas. Só tem uma solução: o governo fe<strong>de</strong>ral<br />

entrar na luta, com recursos, com tropas e inteligência. O crime no Brasil é cada vez mais<br />

nacional e o enfrentamento é regional.<br />

Para ele, a implantação <strong>de</strong> UPPs é insuficiente para tratar da segurança no Rio.<br />

Na avaliação da candidata do PV à Presidência, Marina Silva, o episódio representa “uma<br />

<strong>de</strong>núncia do que não foi feito nos últimos 16 anos” pelos sucessivos governos. Segundo ela,<br />

é essencial uma reforma do setor <strong>de</strong> segurança pública no país, com mais investimentos<br />

para a formação <strong>de</strong> policiais e uma ação preventiva. Ela <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a ampliação das UPPs.<br />

— A gente vê todo o tempo situações <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontrole ocorrendo nos estados mais ricos, São<br />

Paulo e Rio. Significa que as UPPs têm <strong>de</strong> ganhar em escala e é preciso ainda uma reforma<br />

da segurança pública no Brasil. Tem <strong>de</strong> treinar a<strong>de</strong>quadamente policiais e pagar salários<br />

justos.<br />

A presi<strong>de</strong>nciável Dilma Rousseff (PT) não se pronunciou sobre o episódio.<br />

O adversário <strong>de</strong> Cabral na corrida ao governo do estado, Fernando Gabeira (PV) criticou a<br />

falta <strong>de</strong> planejamento dos governos estadual e fe<strong>de</strong>ral para enfrentar a violência na capital e<br />

no interior. Ele disse que Rocinha, Vidigal e Alemão receberam obras do PAC, mas não<br />

foram contempladas com instalação <strong>de</strong> UPPs.<br />

— As pessoas estão dizendo que aconteceu isso porque não tem UPP.<br />

Mas ninguém pergunta por que não tem UPP? Por que não se pacificou esses lugares antes


<strong>de</strong> realizar as obras sociais? Temos apenas 1% <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s pacificadas.<br />

As outras 99% <strong>de</strong>mandariam gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos e soldados, que não temos —<br />

disse.<br />

Segundo ele, possivelmente, a força política conseguiu neutralizar a instalação <strong>de</strong> UPPs na<br />

Rocinha e no Alemão.<br />

Já Marcio Fortes, ministro das Cida<strong>de</strong>s, parabenizou o trabalho da polícia.<br />

Atribuiu o episódio a uma ação isolada <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> bandidos: — A ação da policia foi<br />

eficiente. Tão eficiente que os bandidos foram controlados rapidamente.<br />

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11. Consultor Jurídico - SP<br />

Polícia continua sem meios e estrutura para agir<br />

Por Vladimir Passos <strong>de</strong> Freitas<br />

A cada dia o cidadão brasileiro sente-se mais tolhido na sua liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ir e vir. Não por<br />

conta <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>s arbitrárias, pois o regime é <strong>de</strong> plena <strong>de</strong>mocracia. Felizmente. A<br />

limitação vem mesmo do andar na rua, nos espaços públicos. Faz pouca diferença ser <strong>de</strong> dia<br />

ou <strong>de</strong> noite, centro ou periferia, cida<strong>de</strong>s gran<strong>de</strong>s ou pequenas. A insegurança avança, um<br />

pouco a cada dia. E se alguém tiver alguma dúvida, examine sete variadas ocorrências<br />

recentes:<br />

1) Em 19/8/2010 , no km 171 da Rodovia Presi<strong>de</strong>nte Dutra, São João do Meriti, RJ, dois<br />

assaltantes, aproveitando-se do congestionamento <strong>de</strong> veículos, roubaram duas mulheres<br />

que se achavam com três crianças e mataram o auxiliar <strong>de</strong> serviços gerais William<br />

Benevi<strong>de</strong>s.<br />

2) A Polícia Rodoviária Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Cascavel, PR, em 3/8/2010, informa que no trecho da BR<br />

277, entre os kms 270 e 300, município <strong>de</strong> Nova Laranjeira, índios estão participando <strong>de</strong><br />

assaltos a motoristas da região.[i]<br />

3) Na madrugada <strong>de</strong> 20/8/2010, criminosos atiram contra o Centro <strong>de</strong> Detenção Provisória<br />

(CDP) <strong>de</strong> Pinheiros, São Paulo, atingindo a portaria e a muralha do complexo que abriga<br />

presos que aguardam julgamento <strong>de</strong>finitivo.<br />

4) Em 6/8/2010, em Varginha, sul <strong>de</strong> MG, um adolescente viciado em drogas matou o pai a<br />

facadas. Segundo a notícia: “A mãe <strong>de</strong>le, conforme a PM, disse que o rapaz é viciado em<br />

crack e que ficou apreendido por três meses. Ainda <strong>de</strong> acordo com a polícia, ele tinha 32<br />

passagens pela polícia por diversos crimes.”[ii]<br />

5) Mudando o foco, em 18/8/2010 a mídia informa que: “O presi<strong>de</strong>nte do Tribunal <strong>de</strong> Justiça<br />

<strong>de</strong> Mato Grosso, <strong>de</strong>sembargador José Silvério Gomes, <strong>de</strong>terminou nesta quarta-feira (18) o<br />

afastamento cautelar do juiz Fernando Márcio Marques <strong>de</strong> Sales, da Comarca <strong>de</strong> Parantinga,<br />

acusado <strong>de</strong> pedofilia. O magistrado atuava no Juizado da Infância e Juventu<strong>de</strong>, local on<strong>de</strong> os<br />

crimes teriam ocorrido. A <strong>de</strong>núncia é <strong>de</strong> que ele oferecia dinheiro em troca <strong>de</strong> relações<br />

sexuais com crianças e adolescentes.”[iii]<br />

6) Notícia veiculada em 5/7/2010, envolvendo pré-adolescentes <strong>de</strong> famílias socialmente bem<br />

situadas, mostra que os pais têm outro tipo <strong>de</strong> insegurança: “A troca <strong>de</strong> mensagens em um<br />

site <strong>de</strong> relacionamento da internet entre dois adolescentes trouxe à tona o estupro <strong>de</strong> uma<br />

menina <strong>de</strong> 13 anos, em Florianópolis, Santa Catarina. O crime aconteceu há 40 dias, mas a<br />

confissão do jovem <strong>de</strong> 14 anos, suspeito <strong>de</strong> ser um dos estupradores, foi o estopim para a<br />

história se espalhar pela cida<strong>de</strong>.”[iv]<br />

7) E para que ninguém pense que viu tudo, notícia sobre ocorrência em 18/8/2010 informa<br />

que: “O pedreiro Adilson Bueno Santos, 42 anos, foi preso em flagrante na segunda-feira


após confessar ser o mandante do assalto contra a sua própria mulher, a dona <strong>de</strong> casa<br />

Terezinha Nunes, 49 anos, com quem vivia havia seis anos.”[v]<br />

Fiquemos em apenas sete. Outras tantas po<strong>de</strong>riam ser comentadas. A começar pela que<br />

envolve o goleiro Bruno, do Flamengo. Mas seria um inútil <strong>de</strong>sfilar <strong>de</strong> misérias humanas. O<br />

que po<strong>de</strong> ser útil é avaliar o que po<strong>de</strong> ser feito.<br />

Tal tipo <strong>de</strong> análise não é do agrado da maioria, que prefere tapar os olhos para os problemas<br />

e refugiar-se no futebol e na cerveja.<br />

Dirão uns que sempre foi assim, apenas não se divulgava. Errado. Era menos, muito menos,<br />

e quem tiver dúvidas consulte os antigos exemplares da Revista dos Tribunais dos anos<br />

1960/70, boa fonte <strong>de</strong> pesquisa. Outros afirmarão que o problema é a pobreza. Errado. Ela<br />

contribui, sem dúvida, para agravar a criminalida<strong>de</strong>. Mas não a justifica. Na opinião <strong>de</strong> outros<br />

tantos, o problema é mundial e o Brasil apenas acompanha. É verda<strong>de</strong>, mas só em termos.<br />

Há países mais seguros, no capitalismo (v.g. Uruguai) ou no socialismo (v.g. Cuba).<br />

Para não entrar em complexas análises sociológicas, psicológicas ou religiosas, fiquemos<br />

apenas com a situação da segurança pública. É ela parte do plano <strong>de</strong> todos os candidatos a<br />

qualquer cargo eletivo. De vereador a presi<strong>de</strong>nte. Mas, na realida<strong>de</strong>, continua a Polícia sem<br />

meios, estrutura, pessoal bem treinado para agir.<br />

O jornal O Estado <strong>de</strong> São Paulo, em reportagem que retrata o melhor jornalismo (15/8/2010,<br />

C1 e C4), mostrou o atraso em que se encontram os órgãos <strong>de</strong>stinados a perícias nas SSP<br />

dos estados. Foram consultados os 26 estados e o DF, 23 respon<strong>de</strong>ram. Constatou-se que<br />

apenas 37% das respostas foram positivas. Com raras exceções, não se trabalha com GPS,<br />

notebook, máquina fotográfica, trena a laser, luz forense e outros meios <strong>de</strong> provas. Tudo o<br />

que a tecnologia po<strong>de</strong> oferecer, regra geral, não é usado.<br />

Isto sem falar em policiais mal remunerados, em número insuficiente, ocupando repartições<br />

mal cuidadas, assumindo por vezes o papel <strong>de</strong> agentes penitenciários e sem, pelo menos, o<br />

reconhecimento da socieda<strong>de</strong>.<br />

E como se estas <strong>de</strong>ficiências não bastassem, do ponto <strong>de</strong> vista processual ainda se trabalha<br />

com métodos arcaicos. Inquéritos tramitam <strong>de</strong> forma burocrática, as autorida<strong>de</strong>s nem sempre<br />

se comunicam (Polícia, MP e Judiciário), bens apreendidos aguardam anos em <strong>de</strong>pósitos<br />

ina<strong>de</strong>quados e ainda se adotam práticas do Brasil colônia. Por exemplo, há estados em que<br />

as precatórias policiais passam pelo crivo da Corregedoria, na capital, ainda que os<br />

municípios sejam vizinhos...<br />

A contrapor-se a esse estado <strong>de</strong> amadorismo e imobilida<strong>de</strong> avança-se isoladamente em um<br />

ou outro setor. Por exemplo, os cursos à distância do Senasp, no Ministério da Justiça,<br />

promovem capacitação <strong>de</strong> policiais e contribuem para o aperfeiçoamento dos seus serviços.<br />

E assim vão as coisas, a socieda<strong>de</strong> amedrontada, a TV exibindo cenas diárias <strong>de</strong> balas<br />

perdidas, mães chorando, <strong>de</strong>scrença na efetivida<strong>de</strong> da Justiça, homicidas respon<strong>de</strong>ndo em<br />

liberda<strong>de</strong> até que o STF dê a última palavra (o que po<strong>de</strong> levar 10 ou mais anos), segurança<br />

privada ocupando um espaço cada vez maior, tudo a manchar uma imagem <strong>de</strong> otimismo<br />

<strong>de</strong>corrente do avanço econômico.<br />

De quem é a culpa? Dos governantes? Sim e não. Sim, quando não dão ao problema o<br />

tratamento que merece. Não, quando se supõe que o problema é apenas <strong>de</strong>les. Na verda<strong>de</strong>,<br />

é <strong>de</strong> toda socieda<strong>de</strong>. Cada omisso tem sua partícula <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>. Há muitas formas<br />

<strong>de</strong> participar. A mais simples <strong>de</strong>las e que po<strong>de</strong> ser exercitada com facilida<strong>de</strong>, é a <strong>de</strong> cobrar a<br />

ação das autorida<strong>de</strong>s (p. ex., através <strong>de</strong> e-mails). Enfim, é preciso agir antes que seja tar<strong>de</strong>.<br />

Ou será que já é tar<strong>de</strong> <strong>de</strong>mais!<br />

[i] http://pib.socioambiental.org/pt/noticias?id=89556&id_pov=80, acesso 21.8.2010.<br />

[ii] http://caratinganoticias.blogspot.com/2010/08/adolescente-viciado-em-drogas-mata-o.html,


acesso em 21.8.2010.<br />

[iii] http://www.olhardireto.com.br/noticias/exibir.asp?noticia=Presi<strong>de</strong>nte_do_TJ-<br />

MT_afasta_juiz_acusado_<strong>de</strong>_abusar_<strong>de</strong>_adolescentes&id=123300, acesso 21.8.2010<br />

[iv] http://noticias.r7.com/rio-e-cida<strong>de</strong>s/noticias/adolescente-confessa-estupro-pela-internet-<br />

20100705.html, acesso em 21.8.2010.<br />

[v] http://www.agora.uol.com.br/policia/ult10104u785326.shtml, acesso 21.8.2010.<br />

12. Estado <strong>de</strong> Minas - MG<br />

Uma questão <strong>de</strong> segurança<br />

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A <strong>de</strong>speito da competência dos estados <strong>de</strong> cuidar mais <strong>de</strong> perto da segurança <strong>de</strong> seus<br />

cidadãos, cabe à União elaborar uma política nacional que busque resultados efetivos no<br />

combate à criminalida<strong>de</strong><br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro, manhã <strong>de</strong> sábado, um tiroteio entre policiais e bandidos na Zona Sul leva<br />

pânico aos moradores e turistas. A notícia repercutiu no país das próximas Copa do Mundo e<br />

Olimpíada e no mundo. O episódio reforça que a segurança pública, mais do que um<br />

compromisso <strong>de</strong> campanha, <strong>de</strong>ve ser tratada com priorida<strong>de</strong> pelos candidatos à Presidência<br />

da República e aos governos dos estados. Números relacionados ao tema são sempre<br />

alarmantes e explicitam a <strong>de</strong>ficiência das políticas públicas dos últimos anos. Embora no<br />

período 1997-2007 a taxa <strong>de</strong> homicídios por 100 mil habitantes no Brasil tenha diminuído<br />

0,7%, a violência está à espreita <strong>de</strong> qualquer cidadão brasileiro, a qualquer hora do dia, do<br />

trânsito aos covar<strong>de</strong>s assassinatos <strong>de</strong> mulheres e crianças. Um dos dados mais cruéis,<br />

segundo o Mapa da Violência 2010 – Anatomia dos homicídios no Brasil, feito pelo Instituto<br />

Sangari, aponta que os maiores índices <strong>de</strong> homicídio no país concentram-se na faixa <strong>de</strong> 15 a<br />

24 anos. Apesar <strong>de</strong> os jovens representarem apenas 18,6% da população do país em 2007,<br />

eles concentravam 36,6% dos homicídios ocorridos em 2007.<br />

A <strong>de</strong>speito da competência dos estados, gestores do aparato policial, <strong>de</strong> cuidar mais <strong>de</strong> perto<br />

da segurança <strong>de</strong> seus cidadãos, cabe à União elaborar uma política nacional que busque<br />

resultados efetivos no combate à criminalida<strong>de</strong>. Os três principais candidatos a presi<strong>de</strong>nte –<br />

Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) – têm total conhecimento <strong>de</strong><br />

que esta área é uma das que mais preocupam os brasileiros e convergem em vários pontos<br />

quando tocam no assunto em entrevistas, <strong>de</strong>bates e, agora, nos programas <strong>de</strong> rádio e TV.<br />

Serra lançou seu programa <strong>de</strong> segurança pública no Pelourinho, em Salvador. E apresentou<br />

seus números: segundo ele, 45 mil pessoas, em média, morrem por homicídio no Brasil por<br />

ano. A criação do Ministério da <strong>Segurança</strong> <strong>Pública</strong>, o principal anúncio do tucano nestas<br />

eleições e um dos pontos <strong>de</strong> divergência com a ex-ministra Dilma, costura um pacote <strong>de</strong><br />

propostas, como o enfrentamento ao crime como questão nacional, com o controle articulado<br />

entre os estados.<br />

A adoção nacional do projeto das Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Polícia Pacificadora (UPPs), implantado no<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro, é <strong>de</strong>fendida tanto por Dilma quanto por Marina. Para a candidata do PV, boas<br />

iniciativas vindas da socieda<strong>de</strong> e <strong>de</strong> experiências pontuais <strong>de</strong> governo <strong>de</strong>vem ser<br />

incorporadas em conjunto com uma reforma que atualize a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> segurança pública. Para<br />

a presi<strong>de</strong>nciável do PT, as UPPs são referência pelo fato <strong>de</strong> ser uma parceria entre estado,<br />

prefeitura e o Ministério da Justiça, o que, <strong>de</strong> certa forma, coinci<strong>de</strong> com proposta <strong>de</strong> Serra. O<br />

resultado <strong>de</strong>ssa união, disse Dilma em visita ao Rio, construiu uma referência em termos <strong>de</strong><br />

política <strong>de</strong> segurança, que transforma territórios em guerra em territórios <strong>de</strong> paz.<br />

Basicamente, as UPPs são unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> policiamento comunitário permanente em favelas do<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro, que visam à ocupação <strong>de</strong> áreas antes dominadas por traficantes. Pesquisa<br />

feita pelo Instituto <strong>Brasileiro</strong> <strong>de</strong> Pesquisa Social (IBPS) aponta que 93% dos moradores das<br />

favelas on<strong>de</strong> as UPPs estão em operação se sentem mais seguros.


No âmbito estadual, os candidatos Antonio Anastasia (PSDB) e Hélio Costa (PMDB) também<br />

já mostraram suas plataformas para a área. Anastasia afirmou que, reeleito, intensificará as<br />

ações <strong>de</strong> segurança no interior e em zonas rurais, por meio das Áreas Integradas <strong>de</strong><br />

<strong>Segurança</strong>, responsáveis pelo planejamento e integração das ações das polícias. O<br />

peeme<strong>de</strong>bista firmou compromisso <strong>de</strong> montar uma força-tarefa para combater a violência no<br />

estado, especialmente nos locais <strong>de</strong> maior incidência <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong>.<br />

De fato, há consenso nas propostas dos candidatos <strong>de</strong> que é preciso investir mais nas<br />

políticas <strong>de</strong> segurança pública, seja em tecnologia, na inteligência, no aparato policial e na<br />

prevenção à criminalida<strong>de</strong> e em ações <strong>de</strong> combate à violência contra crianças, jovens,<br />

mulheres e idosos, ao tráfico <strong>de</strong> drogas e à impunida<strong>de</strong>, levando à prisão os autores <strong>de</strong><br />

crimes graves. É tudo que a socieda<strong>de</strong> cobra. Com urgência.<br />

Enquanto isso…<br />

A semana <strong>de</strong> estreia do horário eleitoral gratuito mostra mais uma vez o po<strong>de</strong>r da TV, que se<br />

reflete nos números <strong>de</strong> intenção <strong>de</strong> voto. Na primeira pesquisa Datafolha <strong>de</strong>pois do início da<br />

propaganda na TV, Dilma Rousseff (PT) mais que dobrou, <strong>de</strong> oito para 17 pontos a<br />

vantagem sobre o principal adversário, José Serra, e seria eleita no primeiro turno se a<br />

eleição fosse hoje. Com uma mãozinha do presi<strong>de</strong>nte Lula, do seu tempo <strong>de</strong> exposição e,<br />

por que não, pelo seu próprio <strong>de</strong>sempenho nos programas, a petista aparece com 47%,<br />

contra 30% do tucano.<br />

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13. Estado <strong>de</strong> Minas - MG<br />

Sindicância na promessa<br />

Polícia não cumpre prazo para apurar vazamento <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o em que o goleiro é entrevistado,<br />

na aeronave da corporação<br />

Daniel Antunes<br />

A Corregedoria da Polícia Civil não cumpriu o prazo <strong>de</strong> 30 dias para a conclusão da<br />

sindicância que apuraria o vazamento do ví<strong>de</strong>o em que o goleiro do Flamengo Bruno<br />

Fernan<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Souza, <strong>de</strong> 25 anos, aparece algemado, <strong>de</strong>ntro do avião da corporação, na<br />

transferência do Rio <strong>de</strong> Janeiro para Belo Horizonte, dia 8 <strong>de</strong> julho. Ontem, a assessoria da<br />

PC informou, em nota, que foi pedida a prorrogação das apurações, sem precisar datas para<br />

a conclusão.<br />

Na época, a polícia prometeu que apontaria, em 48 horas, os culpados pela gravação<br />

clan<strong>de</strong>stina e o vazamento do conteúdo. E que havia sido instaurado também inquérito<br />

policial. As <strong>de</strong>legadas Alessandra Wilke, que chefiava a investigação, e Ana Maria dos<br />

Santos, chefe da Delegacia <strong>de</strong> Homicídios <strong>de</strong> Contagem, presentes na aeronave, acabaram<br />

afastadas do caso.<br />

Bruno e mais oito pessoas estão presas, acusadas pela morte da mo<strong>de</strong>lo Eliza Samudio, 25,<br />

ex-amante do atleta. O menor, J., <strong>de</strong> 17 anos, primo <strong>de</strong>le, foi sentenciado a internação por<br />

tempo in<strong>de</strong>terminado. A mo<strong>de</strong>lo exigia que o jogador assumisse a paternida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um filho,<br />

na época com quatro meses.<br />

APELIDOS A <strong>de</strong>fesa prévia do jogador, feita pelo advogado Ércio Quaresma, que além <strong>de</strong><br />

Eliza, arrolou como testemunhas o menor J. e os seis <strong>de</strong>legados ligados ao caso, po<strong>de</strong><br />

ren<strong>de</strong>r problemas ao <strong>de</strong>fensor. No documento, divulgado no blog <strong>de</strong> Quaresma, e<br />

supostamente remetido à juíza Marixa Fabiane Lopes, do 1º Tribunal do Júri do <strong>Fórum</strong> <strong>de</strong><br />

Contagem, na Região Metropolitana <strong>de</strong> Belo Horizonte, junto ao nome <strong>de</strong> cada um dos<br />

<strong>de</strong>legados aparece um apelido. Edson Moreira, chefe do Departamento <strong>de</strong> Investigações, é<br />

apelidado <strong>de</strong> "Nean<strong>de</strong>rtal". O <strong>de</strong>legado Júlio Wilke é chamado <strong>de</strong> "Galinho <strong>de</strong> briga", as<br />

<strong>de</strong>legadas Ana Maria Santos e Alessandra Wilke, respectivamente, <strong>de</strong> "Mega hair" e<br />

"Paquita". O <strong>de</strong>legado Wagner Pinto, <strong>de</strong> “Mudinho”. Júlio e Alessandra Wilke informaram que


tomarão todas as “medidas cabíveis”. "Infelizmente, saiu da esfera da investigação e partiu<br />

para um lado que não é muito profissional. A gente lamenta, mas não vai abalar o nosso<br />

trabalho", <strong>de</strong>clarou Alessandra. Os <strong>de</strong>mais <strong>de</strong>legados não se pronunciaram.<br />

O presi<strong>de</strong>nte da Comissão <strong>de</strong> Ética e Disciplina da Or<strong>de</strong>m dos Advogados do Brasil (OAB-<br />

MG), Ronaldo Armond, disse que a entida<strong>de</strong> só vai se manifestar se provocada por um dos<br />

atingidos. Procedimento interno apontaria se houve infração e, neste caso, implicaria<br />

advertência ou até a exclusão, vetando o exercício profissional. “Em princípio, é uma infração<br />

ética contra terceiros, ofensa pessoal, mas temos que saber se essa peça colocada na<br />

internet foi realmente remetida para a Justiça", <strong>de</strong>clarou Armond.<br />

Perícia Os exames feitos nos fios <strong>de</strong> cabelo encontrados na casa do ex-policial Marcos<br />

Aparecido dos Santos, 47 anos, o Bola, local on<strong>de</strong> Eliza teria sido morta e esquartejada,<br />

estão prontos. As análises foram realizadas num laboratório da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />

Alagoas (Ufal). O resultado <strong>de</strong>ve ser divulgado na segunda-feira pelo advogado Zanone<br />

Manuel <strong>de</strong> Oliveira e o médico-legista George Sanguinetti. "Não posso falar se são ou não da<br />

Eliza, porque ainda não vi o resultado", disse o <strong>de</strong>fensor.<br />

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14. Estado <strong>de</strong> Minas - MG<br />

Traficantes vão para penitenciária<br />

Os presos, após invasão <strong>de</strong> hotel, foram indiciados por tráfico, porte ilegal <strong>de</strong> arma,<br />

sequestro e cárcere privado<br />

Fabiano Rocha/agência o dia/ae<br />

Policiamento foi reforçado ontem em São Conrado. Não foi registrado nenhum inci<strong>de</strong>nte no<br />

bairro<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro – Os traficantes presos, <strong>de</strong>pois da invasão do Hotel Intercontinental, em São<br />

Conrado, na manhã <strong>de</strong> sábado, <strong>de</strong>ixaram a 15ª DP (Gávea), on<strong>de</strong> passaram a noite, no fim<br />

da manhã <strong>de</strong> ontem. Eles foram levados para o Instituto Médico-Legal (IML), on<strong>de</strong> fizeram<br />

exame <strong>de</strong> corpo <strong>de</strong> <strong>de</strong>lito, e em seguida foram para o Complexo Penitenciário <strong>de</strong> Bangu, na<br />

Zona Oeste. O único menor do grupo saiu da Delegacia <strong>de</strong> Proteção à Criança e ao<br />

Adolescente (DPCA) e foi para um instituto na Ilha do Governador. Policiais foram enviados<br />

para reforçar a segurança do bairro, principalmente nas entradas das favelas da Rocinha e<br />

do Vidigal.<br />

Os presos foram indiciados por tráfico <strong>de</strong> drogas, porte ilegal <strong>de</strong> armas, sequestro e cárcere<br />

privado. Eles não quiseram prestar <strong>de</strong>poimento e disseram que só falarão em juízo. A polícia<br />

solicitou imagens <strong>de</strong> câmeras do hotel e <strong>de</strong> condomínios próximos para tentar i<strong>de</strong>ntificar a<br />

presença do traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem, na ação dos bandidos.<br />

Uma operação não autorizada pelo comando da <strong>Segurança</strong> <strong>Pública</strong> feita por 12 policiais<br />

militares para pren<strong>de</strong>r Nem estaria por trás da manhã <strong>de</strong> terror vivida no sábado por<br />

centenas <strong>de</strong> turistas e moradores <strong>de</strong> São Conrado. A informação não foi confirmada pela<br />

PM, mas será investigada.<br />

Os policiais do Grupo <strong>de</strong> Ações Táticas (GAT) do 23º BPM (Leblon) foram informados da<br />

presença do bandido na Favela do Vidigal, ainda <strong>de</strong> madrugada. Nem estaria em uma festa<br />

acompanhado <strong>de</strong> ao menos 60 traficantes armados com fuzis, metralhadoras e pistolas. Ele<br />

chegou à favela por volta das 5h, anunciando bebida <strong>de</strong> <strong>de</strong> graça para os cúmplices e<br />

moradores. Ao <strong>de</strong>ixar a comunida<strong>de</strong>, às 7h15m, os policiais – todos à paisana – tomaram um<br />

dos acessos da Avenida Presi<strong>de</strong>nte João Goulart, principal ligação entre a Avenida Niemeyer<br />

e o alto do morro, e ficaram esperando, escondidos.<br />

Surpreendidos pelos PMs, Nem e seu bando, que seguiam em comboio para a Favela da<br />

Rocinha, reagiram a tiros. A intensa troca <strong>de</strong> tiros ocorreu por volta das 7h30. Moradores do<br />

Vidigal confirmaram que Nem e seus cúmplices estavam numa festa no alto da favela, no


final da Avenida João Goulart, uma das principais ruas da comunida<strong>de</strong>. Nem e seus<br />

cúmplices obrigaram dois motoristas <strong>de</strong> vans, do Vidigal, que os transportassem até a<br />

Rocinha, quando o grupo cruzou com policiais militares e começou o tiroteio.<br />

Segundo o coronel Paulo Henrique Moraes, comandante do Batalhão <strong>de</strong> Operações<br />

Especiais (Bope), há suspeitas <strong>de</strong> que Nem tenha se ferido durante o confronto, mas a<br />

polícia não sabe <strong>de</strong> seu para<strong>de</strong>iro.<br />

Na ação, 35 pessoas foram feitas reféns, entre elas alguns hóspe<strong>de</strong>s do Hotel<br />

Intercontinental, que foi invadido pelo grupo armado. Um mulher, que, segundo a Secretaria<br />

<strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> <strong>Pública</strong>, trabalhava para o tráfico <strong>de</strong> drogas na Rocinha e era foragida da<br />

Justiça, morreu no confronto. Duas pessoas ficaram feridas. Elas foram socorridas e levadas<br />

para o Hospital Miguel Couto, na Gávea.<br />

Na comunida<strong>de</strong>, moradores contam que Nem <strong>de</strong>sconfia que o lí<strong>de</strong>r da Associação <strong>de</strong><br />

Moradores do Vidigal, José Valdir Cavalcante, o Zé da Rádio, candidato a <strong>de</strong>putado<br />

estadual, tenha procurado a polícia para <strong>de</strong>nunciá-lo. Na sexta-feira, o traficante expulsou Zé<br />

do Rádio, que teria feito algo que o <strong>de</strong>sagradou, embora já tivesse sido avisado. O lí<strong>de</strong>r<br />

comunitário teria jurado vingança, dizendo que procuraria a 15ª DP (Gávea). No morro, para<br />

on<strong>de</strong> voltou, o traficante disse que Zé do Rádio "será a bola da vez".<br />

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15. Estado <strong>de</strong> Minas - MG<br />

Ousadia dos bandidos assusta<br />

Secretário <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> <strong>Pública</strong> afirma que ação violenta dos traficantes não vai mudar os<br />

planos <strong>de</strong> instalação <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Polícia Pacificadora (UPPs) nos morros da cida<strong>de</strong><br />

Diego Abreu<br />

Igor Silveira<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro – A violenta manhã <strong>de</strong> ontem, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, virou um dos assuntos mais<br />

comentados do dia. O tom das opiniões ia <strong>de</strong> elogioso a crítico. Os únicos pontos<br />

convergentes eram a surpresa com a ousadia dos bandidos e o temor pela violência em<br />

plena luz do dia, em uma das áreas mais nobres da capital fluminense. O governador Sérgio<br />

Cabral divulgou nota oficial sobre o ocorrido e garantiu que, em breve, moradores das<br />

comunida<strong>de</strong>s do Vidigal e da Rocinha estarão livres do po<strong>de</strong>r paralelo. "É importante<br />

<strong>de</strong>stacar a ação da polícia. Firme, profissional e com efetivida<strong>de</strong>. Não temos nenhuma ilusão,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o primeiro dia <strong>de</strong> governo, sobre o tamanho do nosso <strong>de</strong>safio. Mas temos a convicção<br />

<strong>de</strong> que estamos no caminho certo", ressaltou.<br />

Em entrevista ao Estado <strong>de</strong> Minas, o candidato ao governo do Rio <strong>de</strong> Janeiro pelo Partido<br />

Ver<strong>de</strong>, Fernando Gabeira, acusou as administrações fe<strong>de</strong>ral, estadual e municipal <strong>de</strong> não<br />

terem instalado unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Polícia Pacificadora (UPPs) na Rocinha e no Complexo do<br />

Alemão para manter o ritmo das obras do Programa <strong>de</strong> Aceleração do Crescimento (PAC)<br />

nessas regiões. "Este acontecimento alveja a máquina <strong>de</strong> propaganda do governo",<br />

ressaltou. O presi<strong>de</strong>nciável José Serra, que esteve, ontem, em Duque <strong>de</strong> Caxias, a 15<br />

quilômetros do Rio, classificou a ação dos bandidos como "ousada" e <strong>de</strong>stacou a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma atuação mais firme do governo contra a violência.<br />

O secretário <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> <strong>Pública</strong> do Estado do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou que a<br />

ação violenta dos traficantes não vai atingir o plano <strong>de</strong> instalação <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Polícia<br />

Pacificadora na cida<strong>de</strong>. "Estamos apresentando um plano concreto para o Rio e isso não vai<br />

<strong>de</strong>sviar nossas ações. Nosso planejamento não será alterado. Enten<strong>de</strong>mos que o que<br />

propomos é uma solução. Mas leva tempo. Quem afirma que resolve o problema da noite<br />

para o dia está mentindo", frisou.<br />

Repercussão O tiroteio entre bandidos e policiais em São Conrado e a invasão do Hotel<br />

Intercontinental também repercutiram no exterior. Uma matéria publicada na página<br />

eletrônica do The New York Times relatava os momentos <strong>de</strong> terror e lembrava que a edição


2009 do <strong>Fórum</strong> Econômico Mundial foi realizada no mesmo prédio, ontem criminosos<br />

mantiveram 35 reféns antes <strong>de</strong> serem rendidos pelas autorida<strong>de</strong>s. "Eu nunca tinha visto<br />

tantos bandidos juntos", <strong>de</strong>stacou uma testemunha à reportagem.<br />

O jornal português Público manteve, durante boa parte do dia, uma gran<strong>de</strong> chamada para a<br />

história na capa do site.<br />

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16. Diário da Manha - GO<br />

Polícia diz ter prova contra filha <strong>de</strong> ex-ministro do TSE<br />

21 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 2010 | Por: Agencia Estado - Vannildo Men<strong>de</strong>s<br />

A Polícia Civil <strong>de</strong> Brasília informou hoje ter provas suficientes para indiciar Adriana Villela<br />

como suposta mandante do assassinato do pai, o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral<br />

(TSE) José Guilherme Villela, da mãe, Maria, e da empregada Francisca Nascimento, mortos<br />

com 73 facadas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa, há um ano. Em entrevista à imprensa, a <strong>de</strong>legada Mabel<br />

Alves <strong>de</strong> Farias Corrêa, diretora da 2ª Divisão <strong>de</strong> Homicídios, disse hoje que não está<br />

<strong>de</strong>scartada a hipótese <strong>de</strong> ela ter estado no local do crime e ajudado na execução.<br />

As investigações, segundo a <strong>de</strong>legada, mostram que Adriana era a maior interessada na<br />

morte dos pais, com os quais vivia em permanente conflito por aumento <strong>de</strong> mesada e partilha<br />

<strong>de</strong> bens. 'As brigas eram constantes, sempre por questões financeiras', afirmou. 'Após um<br />

ano <strong>de</strong> investigação, não restou outra motivação para o crime que não a financeira',<br />

acrescentou. A <strong>de</strong>legada informou que o caso caminha para um <strong>de</strong>sfecho e outras prisões<br />

<strong>de</strong>vem ser efetuadas em breve, inclusive a dos ou autores materiais.<br />

Dono <strong>de</strong> uma das bancas <strong>de</strong> advogados mais requisitadas, Villela tinha uma fortuna <strong>de</strong> mais<br />

<strong>de</strong> R$ 20 milhões em imóveis, ações e investimentos. Ele foi <strong>de</strong>fensor do ex-presi<strong>de</strong>nte<br />

Fernando Collor no processo <strong>de</strong> impeachment, em 1992. Na semana passada, Adriana foi<br />

presa junto com mais quatro pessoas, acusadas <strong>de</strong> obstrução das investigações para<br />

acobertar os verda<strong>de</strong>iros autores. 'Temos indícios veementes <strong>de</strong> que todos eles agiram <strong>de</strong><br />

forma concertada, a mando <strong>de</strong>la', enfatizou a <strong>de</strong>legada.<br />

Suspeitos<br />

Um dos presos - já libertado - é o policial José Augusto Alves, acusado <strong>de</strong> plantar prova falsa<br />

- a chave da residência do casal Villela - na casa <strong>de</strong> terceiros para <strong>de</strong>sviar a investigação. Os<br />

outros são Guiomar Barbosa, faxineira do casal, a vi<strong>de</strong>nte Rosa Maria Jaques e o marido<br />

<strong>de</strong>la, João Cocchetto. Instruída por um emissário <strong>de</strong> Adriana, filho <strong>de</strong> Guiomar, a vi<strong>de</strong>nte<br />

procurou a polícia em outubro <strong>de</strong> 2009, para dizer que tinha tido 'revelações do além' que<br />

apontavam a autoria do crime para o ex-<strong>de</strong>tento Cláudio Barros, em cuja casa foi plantada a<br />

chave.<br />

O casal e a empregada foram mortos com extrema cruelda<strong>de</strong>, segundo a polícia. As facadas<br />

foram aplicadas com raiva em regiões fatais, e os golpes prosseguiram mesmo quando os<br />

três já estavam mortos. Cartas apreendidas no escritório <strong>de</strong> Villela, <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> amigos e<br />

familiares, entre outras provas, mostram que Adriana mantinha com os pais ma relação <strong>de</strong><br />

permanente conflito, que se agravou nos últimos tempos.<br />

Embora Adriana não visitasse os pais há meses, a perícia encontrou digitais recentes <strong>de</strong>la no<br />

imóvel do casal logo <strong>de</strong>pois do homicídio. Ela não conseguiu até agora provar o álibi <strong>de</strong> que<br />

estava na casa <strong>de</strong> uma amiga, na Vila Planalto, na hora do assassinato, entre 18 e 20 horas<br />

do dia 28 <strong>de</strong> agosto, uma sexta-feira. Procurado, o advogado <strong>de</strong> Adriana não foi localizado<br />

pela reportagem até o fechamento <strong>de</strong>ste texto.<br />

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17. Gazeta <strong>de</strong> Alagoas - AL<br />

Violência urbana: ação dos grupos <strong>de</strong> extermínio


Este ano, Alagoas registrou 25 ocorrências com mais <strong>de</strong> uma morte, sendo 5 chacinas com<br />

triplo homicídio e uma com 4 vítimas<br />

MAURÍCIO GONÇALVES - Repórter<br />

A chacina que aniquilou três adolescentes e um rapaz <strong>de</strong> 24 anos, no Benedito Bentes, no<br />

último fim <strong>de</strong> semana, chama a atenção para uma das modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> crime mais perversas.<br />

Pistoleiros que não per<strong>de</strong>m a viagem assassinam a granel. Não importa quem esteja por<br />

perto, a bala “come no centro” e é corpo caindo para todo lado. Sejam execuções, latrocínios<br />

ou tiroteios, Alagoas registra este ano um notável aumento nos casos <strong>de</strong> duplos homicídios e<br />

<strong>de</strong> chacinas.<br />

Em todo o ano passado, o Instituto <strong>de</strong> Criminalística (IC) registrou 15 casos <strong>de</strong> duplo<br />

assassinato e nenhuma chacina. Já em 2010, até o último dia 17, o índice saltou para 25<br />

ocorrências com mais <strong>de</strong> uma morte, sendo cinco chacinas com triplo homicídio e uma com<br />

quatro vítimas. O secretário <strong>de</strong> Defesa Social, Paulo Rubim, <strong>de</strong>scarta a existência <strong>de</strong> grupos<br />

<strong>de</strong> extermínio e atribui a maioria dos óbitos a <strong>de</strong>savenças entre bandidos, sobretudo por<br />

causa do tráfico <strong>de</strong> drogas.<br />

Bandidos não poupam inocentes<br />

A imagem dos quatro cadáveres juvenis <strong>de</strong>itados no fundo da barreira dá arrepios. Jazem<br />

tão bem arrumados que até parece que ainda estão vivos. Quatro outros garotos observam<br />

do alto, num momento eternizado pela foto da jornalista Porlane Santos, da Gazetaweb. Não<br />

precisa ser perito para concluir que a chacina do Benedito Bentes foi uma execução sumária,<br />

realizada com frieza por profissionais, sem dar chances às vítimas, rendidas e levadas para o<br />

leito <strong>de</strong> morte.<br />

Um crime que foge das características dos homicídios cometidos na região. Segundo a<br />

<strong>de</strong>legada <strong>de</strong> homicídios, Rebecca Cor<strong>de</strong>iro, 90% dos casos que ela apura são execuções<br />

cometidas por traficantes e que seguem <strong>de</strong>terminadas características. Nos acertos <strong>de</strong> contas<br />

do tráfico, as mortes são escancaradas, acontecem no meio da rua, num bar ou <strong>de</strong>ntro da<br />

casa das vítimas. Por vezes, os matadores nem se preocupam em escon<strong>de</strong>r os rostos.<br />

Secretário diz não haver chacinas<br />

O secretário <strong>de</strong> Defesa Social, Paulo Rubim, <strong>de</strong>staca que quase todos estes casos com mais<br />

<strong>de</strong> uma morte estão relacionados com outros crimes. “São homicídios envolvendo<br />

<strong>de</strong>sacertos entre bandidos, a princípio por tráfico <strong>de</strong> drogas, mas também por roubo <strong>de</strong><br />

cargas ou assaltos, tirando os casos <strong>de</strong> crimes passionais, que são a minoria”, afirma.<br />

Para Rubim, a violência urbana está com <strong>de</strong>staque na mídia porque virou o principal tema da<br />

campanha política. “Mas poucos dos candidatos mostram alguma alternativa”, critica o<br />

homem forte da segurança pública em Alagoas.<br />

O titular da SDS afirma que a boa investigação policial é a melhor solução para combater<br />

estes casos <strong>de</strong> homicídios por atacado, bem como para reduzir a violência. Para tanto,<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> políticas sociais, tecnologia e reforço do número <strong>de</strong> policiais.<br />

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18. Diário da Manha - GO<br />

A violência e suas causas - Wolmir Therezio Amado<br />

21 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 2010 |<br />

A violência está em todo lugar. Nas guerras, é o conflito entre os povos que se transforma<br />

em violência internacional. Na Copa do Mundo, a gran<strong>de</strong> quantia <strong>de</strong> cartões vermelhos<br />

indicou o grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontrole e <strong>de</strong> violência <strong>de</strong> alguns dos jogadores. A lista <strong>de</strong> exemplos<br />

sobre a violência parece não ter fim: jagunços assassinam sem-terra; latifundiários<br />

massacram índios; fascistas metralham crianças; fanáticos e terroristas jogam aviões contra<br />

prédios; jovens <strong>de</strong> classe média queimam índios, arrebentam telefones públicos e picham<br />

cida<strong>de</strong>s; homens agri<strong>de</strong>m mulheres; pais espancam filhos. Por que existe a violência?<br />

A edição do Mapa da Violência no Brasil mostra que o índice <strong>de</strong> homicídios em Goiás<br />

cresceu seis vezes mais que no resto do País. Nosso estado teve, <strong>de</strong> 1997 a 2007, um<br />

aumento <strong>de</strong> 105% na quantia <strong>de</strong> assassinatos, enquanto no Brasil o aumento foi <strong>de</strong> pouco


mais <strong>de</strong> 17%. Chama a atenção que estados i<strong>de</strong>ntificados mundialmente pela violência,<br />

tiveram redução no número <strong>de</strong> homicídios. São Paulo teve uma redução <strong>de</strong> 50% e o Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro reduziu em mais <strong>de</strong> 20% o número <strong>de</strong> assassinatos (O Popular, 30/07/2010, p. 5-A).<br />

Em Goiânia, as estatísticas da Polícia Civil também apontam para o crescimento no número<br />

<strong>de</strong> homicídios. O ano <strong>de</strong> 2008 foi o mais violento, com 443 assassinatos. Em 2009, caiu para<br />

335 assassinatos. Neste ano, já foram registrados 210 homicídios. Dessas mortes, 94,26%<br />

foram <strong>de</strong> homens e apenas 5,74 <strong>de</strong> mulheres. A faixa etária mais atingida pelos assassinatos<br />

é <strong>de</strong> 18 a 30 anos (Diário da Manhã, 27/07/2010, p. 2-B).<br />

Essas duas pesquisas revelam o perfil predominante das vítimas e dos agressores. As<br />

principais vítimas e, também, a maior parte dos autores dos crimes são jovens, do sexo<br />

masculino. Informações complementares sobre o perfil dos presos no Brasil ainda indicam<br />

que a maior parte <strong>de</strong>les é <strong>de</strong> moradores <strong>de</strong> regiões periféricas, que abandonaram a escola e<br />

não possuem emprego formal.<br />

O fenômeno da violência é bastante complexo. Suas causas são variadas e, geralmente,<br />

umas têm implicação com as outras. Geralmente, a pobreza, tomada em si, não é causa da<br />

violência. Do contrário, todos os que são pobres seriam violentos, o que não é verda<strong>de</strong>.<br />

Entretanto, verifica-se que, quando à pobreza se soma a falta <strong>de</strong> equipamentos e <strong>de</strong> serviços<br />

públicos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> (quando falta saneamento básico, transporte público, energia elétrica,<br />

iluminação pública, lazer, praças e quadras esportivas, arborização e plantio <strong>de</strong> flores,<br />

segurança pública, acesso à saú<strong>de</strong>, escolas etc), existe maior propensão à prática <strong>de</strong> <strong>de</strong>litos.<br />

Isso torna os bairros mais pobres também mais atraentes para a criminalida<strong>de</strong>.<br />

A falta <strong>de</strong> emprego também po<strong>de</strong> favorecer à violência, pois, <strong>de</strong>ixa a pessoa vulnerável ao<br />

crime. O crescimento do tráfico <strong>de</strong> drogas é outro fator relevante para o aumento dos crimes<br />

violentos. São altas as taxas <strong>de</strong> homicídio por acertos <strong>de</strong> contas, chacinas e disputas <strong>de</strong><br />

gangues rivais. Em Goiânia, o crescimento no tráfico e no consumo <strong>de</strong> crack e <strong>de</strong> outras<br />

drogas vai tirando a antiga paz <strong>de</strong>sta bela capital.<br />

A disseminação das armas <strong>de</strong> fogo também é um gran<strong>de</strong> indicador para os homicídios.<br />

Brigas <strong>de</strong> bar, <strong>de</strong> trânsito ou entre familiares terminam em assassinato, quando uma arma <strong>de</strong><br />

fogo está ao alcance das mãos.<br />

Há, ainda, outros dois fatores como causa da violência. O anonimato nas gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s<br />

reduz as pessoas a nada, a um ser sem valor e sem importância. Então, a vida se banaliza e<br />

po<strong>de</strong> ser tirada <strong>de</strong> alguém por uma aposentadoria buscada no caixa eletrônico, ou por uma<br />

bicicleta que transporta um inocente. Outro fator relevante para a violência é a<br />

<strong>de</strong>sestruturação familiar. Quando não existem as mínimas condições <strong>de</strong> afeto e <strong>de</strong><br />

convivência, o resultado é o <strong>de</strong>samparo e a formação <strong>de</strong> futuros agressores.<br />

A mim, interrogam muito alguns dos estudos antropológicos e psicológicos sobre as causas<br />

da violência. Um <strong>de</strong>sses brilhantes estudos é <strong>de</strong> Freud. Ele constatou que a violência é parte<br />

da herança da espécie, tanto biológica quanto historicamente. Essa herança mora no mais<br />

profundo <strong>de</strong> nossa estrutura psíquica. Criadas as condições objetivas ou subjetivas<br />

propícias, logo a raiva, o ódio e o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> <strong>de</strong>struir vêm lá <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro, com toda a força, e<br />

elimina o que encontra pela frente.<br />

Na obra Além do Princípio e do Prazer, <strong>de</strong> 1920, para explicar os fortes impulsos interiores<br />

<strong>de</strong> violência, Freud criou a noção <strong>de</strong> pulsão <strong>de</strong> morte, ou Thanatos. Em 1929, escreveu a<br />

obra Mal Estar da Civilização, em que apresenta a constatação <strong>de</strong> que o maior obstáculo<br />

enfrentado pela civilização é essa disposição primária e instintiva <strong>de</strong> eliminar o outro. Para<br />

enfrentar esse obstáculo, segundo Freud, só mesmo a mobilização do Eros, do amor que<br />

supera o ódio e a morte.<br />

Wolmir Therezio Amado é o reitor da Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Goiás<br />

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19. Diário da Manha - GO<br />

O preço da violência - Wolmir Therezio Amado<br />

23 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 2010 |<br />

A violência tem preço. Traz prejuízos financeiros e custa caro à socieda<strong>de</strong>. Em Goiás,<br />

recentemente, foram contratados mais dois mil policiais. Além do ostensivo policiamento,<br />

ainda há o custo com as viaturas, o combustível, a compra <strong>de</strong> armas, as fardas, o


treinamento do pessoal, a investigação dos crimes, as prisões, as <strong>de</strong>legacias, as secretarias<br />

<strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> e a estrutura do Po<strong>de</strong>r Judiciário. Tudo isso é pago pelo Estado, com o<br />

dinheiro dos impostos. Isso significa a redução <strong>de</strong> outros investimentos sociais.<br />

Além dos custos com a segurança pública, também é caro o preço da segurança particular.<br />

Empresas, instituições e residências são obrigadas a reforçar a segurança <strong>de</strong> seus bens e<br />

dos que nelas trabalham ou resi<strong>de</strong>m. Há uma estimativa <strong>de</strong> que o número <strong>de</strong> vigilantes<br />

particulares no Brasil chegue a três vezes mais que todo o contingente das Forças Armadas.<br />

Cida<strong>de</strong>s com alto índice <strong>de</strong> violência têm o turismo prejudicado, o que significa redução <strong>de</strong><br />

emprego na re<strong>de</strong> hoteleira e diminuição da ativida<strong>de</strong> comercial. Bairros mais violentos<br />

<strong>de</strong>sestabilizam os pequenos comerciantes, <strong>de</strong>sestabilizam as escolas e amedrontam as<br />

famílias. A socieda<strong>de</strong> se sente com medo e com perda da liberda<strong>de</strong>. Teme-se pelo filho que<br />

chega mais tar<strong>de</strong> da escola, à noite. Há insegurança com os familiares que saem para uma<br />

diversão no final <strong>de</strong> semana. E, em casa, colocam-se gra<strong>de</strong>s em todas as portas e janelas,<br />

aprisionando as vítimas e <strong>de</strong>ixando a liberda<strong>de</strong> das ruas aos que praticam os crimes.<br />

O maior preço da violência, entretanto, não é a insegurança e o prejuízo financeiro. Quando<br />

uma vida é tirada, quando se per<strong>de</strong> um filho ou um pai, nada po<strong>de</strong> pagar. Mesmo que se<br />

aplique uma pena severa pelo crime cometido, ninguém po<strong>de</strong> <strong>de</strong>volver uma vida. É essa a<br />

<strong>de</strong>claração que se escuta repetidamente da boca dos que per<strong>de</strong>ram algum familiar, vítima da<br />

violência.<br />

Um clássico a estudar o fenômeno da violência nas socieda<strong>de</strong>s arcaicas foi René Girard. É<br />

mundialmente conhecida sua obra A Violência e o Sagrado. Em suas pesquisas, Girard<br />

constatou que, em passado remoto, a violência também colocava em risco os grupos<br />

humanos. E <strong>de</strong> um ato violento isolado, havia o risco <strong>de</strong> que a violência contaminasse a<br />

todos, levando a auto-extinção <strong>de</strong> toda aquela civilização. Para purificar da agressivida<strong>de</strong><br />

humana, nossos antepassados criavam ritos <strong>de</strong> sacrifício e vítimas expiatórias. Geralmente,<br />

um animal era imolado, projetando nele todas as agressivida<strong>de</strong>s. Um dos ritos mais<br />

conhecidos é do bo<strong>de</strong> expiatório, para o qual se transferiam todas as mazelas humanas;<br />

<strong>de</strong>pois, o animal era jogado num precipício.<br />

Também o cristianismo tem seu rito <strong>de</strong> expiação e <strong>de</strong> purificação. A Teologia <strong>de</strong>u uma nova<br />

dimensão ao sacrifício da Cruz, transformando-a em sinal <strong>de</strong> doação e <strong>de</strong> vida. Mas não há<br />

quem não se arrepie ao ler o relato da paixão e morte <strong>de</strong> Cristo, ou ao meditar sobre a Via<br />

Sacra. Coroa <strong>de</strong> espinhos, chicotadas, cusparadas, vinagre para saciar a se<strong>de</strong>, coração<br />

perfurado, pregos nas mãos e nos pés, xingamentos. Teologicamente, o Cor<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> Deus<br />

foi imolado para a salvação do mundo. Sociologicamente, o caminho do Calvário foi uma<br />

ação violenta, praticada pelos po<strong>de</strong>res da época contra um pobre ju<strong>de</strong>u, visto como<br />

revolucionário, blasfemo e agitador.<br />

O limite último da violência é a <strong>de</strong>struição e a morte. Quando tudo acaba, cessa a violência.<br />

Ela não é um mal infinito, gran<strong>de</strong> temor <strong>de</strong> Hegel. Levinas, um filósofo ju<strong>de</strong>u da atualida<strong>de</strong>,<br />

ao propor uma ética da alterida<strong>de</strong>, reconhece que o outro, aquele que está sempre além e<br />

distintamente <strong>de</strong> mim, por mim jamais po<strong>de</strong>rá ser <strong>de</strong>finitivamente apropriado. Se minha<br />

violência o <strong>de</strong>struir, ele se recolhe na morte e cessa toda a minha ação e relação. Portanto,<br />

longe <strong>de</strong> ser uma antítese que me anula, como queria Sartre, o outro é sempre minha<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser, <strong>de</strong> me conhecer e <strong>de</strong> conviver. Porque existe o outro, então, eu existo.<br />

A revelação do outro constrói minha i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e meu viver. Se eu o <strong>de</strong>struir, <strong>de</strong>struo a mim<br />

próprio e nego a minha possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser.<br />

Wolmir Therezio Amado é reitor da Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Goiás<br />

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20. Diário da Manha - GO<br />

Um mundo esquecido dos direitos humanos - Robson <strong>de</strong> Oliveira Pereira<br />

22 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 2010 |<br />

A socieda<strong>de</strong>, tida como mo<strong>de</strong>rna, ao ser amparada pelo direito social, criou uma nova forma<br />

<strong>de</strong> conceber o humano. Nascia, no século XVIII, uma pretensa orientação filosófico-política,<br />

segundo a qual o fim da socieda<strong>de</strong> era a felicida<strong>de</strong> iminente <strong>de</strong> todos. Cabia, portanto, ao<br />

Estado o compromisso <strong>de</strong> viabilizar a constitucionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse direito social, no intuito <strong>de</strong><br />

garantir o bem comum dos seus cidadãos. A resultante foi a utilização <strong>de</strong>sse código <strong>de</strong> leis


universal, para a elaboração das Constituições Nacionais, nos séculos seguintes.<br />

Contudo, é no século XX, que a noção <strong>de</strong> ‘dignida<strong>de</strong> humana’, torna-se o eixo fundante do<br />

direito constitucional <strong>de</strong> vários povos. Nasce, assim, a Declaração Universal dos Direitos<br />

Humanos, promulgada pela Assembleia Geral das Nações Unidos, em 10 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong><br />

1948. Trata-se <strong>de</strong> um documento, disponível para 360 traduções, cujo maior objetivo é<br />

assegurar os direitos sociais, políticos, religiosos, econômicos, culturais dos povos. Surge,<br />

<strong>de</strong>ssa forma, uma obrigatorieda<strong>de</strong> moral e parcialmente jurídica <strong>de</strong> todos os Estados no<br />

cumprimento <strong>de</strong> uma lei internacional. A Declaração dos Direitos Humanos, “traz um conceito<br />

<strong>de</strong> consciência individual pelo respeito e pelo ético” (Caio Chagas).<br />

No preâmbulo da Declaração já consta a elucidativa importância do seu manifesto:<br />

“Consi<strong>de</strong>rando que o <strong>de</strong>sprezo e o <strong>de</strong>srespeito pelos direitos humanos resultaram em atos<br />

bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanida<strong>de</strong> e que o advento <strong>de</strong> um mundo em<br />

que os todos gozem <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> palavra, <strong>de</strong> crença e da liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> viverem a salvo do<br />

temor e da necessida<strong>de</strong> foi proclamado como a mais alta aspiração do ser humano comum,<br />

[...]”.<br />

Mesmo assim, há uma profunda distância entre a palavra escrita e os fatos vivenciados. Os<br />

direitos humanos têm sido <strong>de</strong>srespeitados, das mais variadas formas, principalmente pelo<br />

Estado, que possui a obrigação <strong>de</strong> garanti-los. Determinadas situações, como no caso do Irã,<br />

que em 31 anos <strong>de</strong> República, foi con<strong>de</strong>nado 25 vezes por não respeitar os direitos<br />

humanos, nos faz pensar. Vejamos algumas situações bem precisas, ‘sem generalizações’:<br />

1. Assassinatos extrajudiciais, crimes encomendados, chacinas, sequestros, tráfico <strong>de</strong><br />

drogas e extorsões por parte <strong>de</strong> policiais civis e militares brasileiros;<br />

2. A má conduta sexual <strong>de</strong> soldados norte-americanos, que violentaram, sexualmente, 112<br />

mulheres nos conflitos do Kuwait, Iraque e Afeganistão;<br />

3. Operações <strong>de</strong> perseguição e limpeza étnica, na Província <strong>de</strong> Darfur, no Sudão, com a<br />

chacina <strong>de</strong> 70 mil pessoas e o <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> um milhão e 600 mil populares locais;<br />

4. Aplicação <strong>de</strong> leis repressivas no Zimbabwe, com o objetivo maior <strong>de</strong> suprimir a liberda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> imprensa entre a socieda<strong>de</strong> civil, os partidos da oposição e os meios <strong>de</strong> comunicação;<br />

5. Utilização <strong>de</strong> tortura em Guiné-Bissau, com agressões e maus tratos físicos. Sem<br />

mencionar ainda a prisão, sem justificativa, <strong>de</strong> jornalistas, lí<strong>de</strong>res da oposição, ativistas dos<br />

direitos humanos e dos sindicatos;<br />

6. A força arbitrária empregada pelas autorida<strong>de</strong>s militares da Angola e Moçambique, a partir<br />

<strong>de</strong> homicídios, dissipação e violação em um sistema prisional <strong>de</strong>sumano;<br />

7. A violência contra as mulheres, <strong>de</strong>flagrada em Cabo Ver<strong>de</strong>, São Tomé e Príncipe,<br />

segundo o qual há também a institucionalização do trabalho infantil;<br />

8. Casos <strong>de</strong> presos confinados em containers, comendo em sacos <strong>de</strong> lixo, amontoados pela<br />

superlotação nos piores presídios do Brasil. Não se trata <strong>de</strong> dar provimento luxuoso, mas <strong>de</strong><br />

oferecer elementos para a ressocialização, para a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e para humanização do<br />

<strong>de</strong>tento a começar pela própria cela.<br />

9. A morte repetida <strong>de</strong> boias-frias, nos interiores brasileiros, <strong>de</strong>vido à ausência <strong>de</strong> água<br />

potável, ambulância e aparelhagem para os primeiros socorros. Além da <strong>de</strong>sidratação<br />

perene, os trabalhadores sofrem em alojamentos precários. Algo que se aproxima do<br />

trabalho escravo;<br />

10. As situações dos favelados que se tornam vítimas dos traficantes: verda<strong>de</strong>iras<br />

autorida<strong>de</strong>s dos morros. Sem mencionar o quesito ‘segurança’ que é amplamente<br />

<strong>de</strong>sobe<strong>de</strong>cido em contrapartida ao tráfico, visualmente <strong>de</strong>fendido.<br />

Infelizmente, alguns acabam se esquecendo <strong>de</strong> que um sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> preventivo,<br />

moradia <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, previdência digna, acessibilida<strong>de</strong> aos portadores <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s<br />

especiais ou pessoas com <strong>de</strong>ficiência, o basta à violência doméstica, o ‘não’ ao racismo são<br />

direitos fundamentais da pessoa humana! Parafraseando Paulo VI, po<strong>de</strong>mos dizer que grito<br />

da dignida<strong>de</strong> humana precisa romper os nossos tímpanos!<br />

Vale ainda ressaltar a mais recente ferida aos direitos humanos, por meio da xenofobia<br />

institucional, em um país que se autointitulou na história como o ‘berço dos intelectuais<br />

iluministas’, ou seja, a França. O atual Governo do Presi<strong>de</strong>nte Nicolas Sarkozy, promulgou a<br />

expulsão <strong>de</strong> cidadãos ‘ciganos’, <strong>de</strong>portando-os <strong>de</strong> volta aos seus países <strong>de</strong> origem, no caso<br />

a Bulgária e a Romênia: os mais pobres da Europa. Na atualida<strong>de</strong>, 400 mil ciganos formam a<br />

população da França e até pouco tempo eram utilizados como mão-<strong>de</strong>-obra barata.<br />

Por fim, que a nossa consciência, nos faça recordar do período histórico em que nasceu a<br />

Declaração dos Direitos Humanos, logo após as barbáries cometidas na Segunda Guerra<br />

Mundial. Nessa ocasião foram mortos no Holocausto, ou na Solução Final, o montante <strong>de</strong>:


3,5 milhões <strong>de</strong> poloneses, 6 milhões <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us, 4 milhões <strong>de</strong> prisioneiros <strong>de</strong> guerra russos,<br />

1,5 milhão <strong>de</strong> dissi<strong>de</strong>ntes políticos, 25 mil homossexuais e 1 milhão <strong>de</strong> ciganos. Que o amor<br />

do Pai nos salve <strong>de</strong> tamanhas atrocida<strong>de</strong>s, para que as mesmas nunca mais sejam repetidas<br />

pelo gênero humano!<br />

Robson <strong>de</strong> Oliveira Pereira é padre, missionário re<strong>de</strong>ntorista, reitor da Basílica <strong>de</strong> Trinda<strong>de</strong> e<br />

mestre em Teologia Moral pela Universida<strong>de</strong> do Vaticano (www.paieterno.com.br)<br />

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21. O Estado <strong>de</strong> S. Paulo - SP<br />

Defesa <strong>de</strong> Bruno chama <strong>de</strong>legado <strong>de</strong> ''Nean<strong>de</strong>rtal''<br />

21 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2010 | 0h 00<br />

MARCELO PORTELA - O Estado <strong>de</strong> S.Paulo<br />

Ércio Quaresma, advogado <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa do goleiro Bruno Fernan<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> mais sete acusados<br />

<strong>de</strong> envolvimento no <strong>de</strong>saparecimento e possível assassinato <strong>de</strong> Eliza Samudio, ex-amante<br />

do atleta, divulgou ontem em seu blog uma cópia da <strong>de</strong>fesa prévia <strong>de</strong> seus clientes,<br />

apresentada à Justiça na véspera. Ele dá apelidos aos <strong>de</strong>legados responsáveis pelas<br />

investigações e lista a própria Eliza no rol <strong>de</strong> testemunhas.<br />

O chefe do Departamento <strong>de</strong> Investigação <strong>de</strong> Homicídios e Proteção à Pessoa (DIHPP),<br />

<strong>de</strong>legado Edson Moreira, é chamado <strong>de</strong> "Nean<strong>de</strong>rtal" (espécie anterior ao homem). A chefe<br />

da Delegacia <strong>de</strong> Homicídios <strong>de</strong> Contagem, <strong>de</strong>legada Ana Maria dos Santos, virou<br />

"Megahair". O casal <strong>de</strong> <strong>de</strong>legados Alessandra e Júlio Wilke foram chamados,<br />

respectivamente, <strong>de</strong> "Paquita" e "Galinho <strong>de</strong> Briga". E o chefe da Divisão <strong>de</strong> Investigação <strong>de</strong><br />

Crimes contra a Vida (DICcV) da Polícia Civil, Wagner Pinto, é apelidado <strong>de</strong> "Mudinho".<br />

Segundo a Or<strong>de</strong>m dos Advogados do Brasil, se a <strong>de</strong>fesa apresentada à Justiça for a mesma<br />

divulgada na internet, Quaresma po<strong>de</strong> sofrer processo ético na entida<strong>de</strong>.<br />

22. Diário <strong>de</strong> Pernambuco - PE<br />

Suspeita <strong>de</strong> matar os pais<br />

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Brasília // Pela primeira vez, <strong>de</strong>legada fala sobre o caso e reitera que Adriana Villela po<strong>de</strong> ter<br />

participado da execução <strong>de</strong> ex-ministro<br />

Mara Puljiz<br />

marapuljiz.df@dabr.com.br<br />

Brasília - A Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Investigação <strong>de</strong> Crimes contra a Vida (Corvida) da Polícia Civil<br />

quebrou o silêncio sobre os homicídios do ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)<br />

José Guilherme Villela, 73 anos, da mulher <strong>de</strong>le, Maria Carvalho Men<strong>de</strong>s Villela, 69, e da<br />

empregada Francisca Nascimento da Silva, 58, ocorridos há quase um ano no Bloco C da<br />

113 Sul. Em entrevista coletiva com duração <strong>de</strong> pouco mais <strong>de</strong> uma hora, a diretora-adjunta<br />

da unida<strong>de</strong>, Mabel Alves <strong>de</strong> Faria, reafirmou que a filha do casal assassinado, Adriana, 46<br />

anos, é a única suspeita <strong>de</strong> ser a mentora do crime e po<strong>de</strong> até ter ajudado a esfaquear os<br />

próprios pais. "Nós temos duas vertentes e não po<strong>de</strong>mos afastar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ela<br />

(Adriana) ter participado da execução", disse Mabel Faria. A polícia diz ter evidências<br />

suficientes para indiciar Adriana Villela pelo crime, antes do término da prisão temporária <strong>de</strong><br />

30 dias <strong>de</strong>cretada pela Justiça.<br />

Mabel Faria, <strong>de</strong>legada da Corvida responsável pelo inquérito do crime da 113 Sul. Foto:<br />

Breno Fortes/CB/D.A Press Adriana está <strong>de</strong>tida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a noite da última segunda-feira. Um<br />

dia <strong>de</strong>pois, também foram presos o policial civil José Augusto Alves e Guiomar Barbosa da<br />

Cunha, ex-empregada da família. Após viajarem <strong>de</strong> Porto Alegre (RS) para Brasília, a<br />

paranormal Rosa Maria Jaques e seu marido, João Tocchetto, chegaram algemados na<br />

última quinta-feira. Todos são acusados <strong>de</strong> atrapalhar as investigações, dificultando o


trabalho policial. Segundo as autorida<strong>de</strong>s que estão à frente do caso, a motivação para os<br />

assassinatos seria a fortuna dos Villela.<br />

Os cinco já foram indiciados por alguns crimes. Adriana, Rosa Maria e João foram<br />

enquadrados por <strong>de</strong>nunciação caluniosa (incriminar falsamente alguém), com pena <strong>de</strong> dois a<br />

oito anos <strong>de</strong> <strong>de</strong>tenção. Contra os três, as investigações continuam. José Augusto Alves<br />

respon<strong>de</strong>rá por frau<strong>de</strong> processual - seis meses a quatro anos <strong>de</strong> prisão em caso <strong>de</strong><br />

con<strong>de</strong>nação. Guiomar também será <strong>de</strong>nunciada à Justiça por <strong>de</strong>nunciação caluniosa. A<br />

<strong>de</strong>legada espera concluir o inquérito em breve - pois "tudo já está bastante adiantado". Ela,<br />

porém, não fixou prazo. E ainda há lacunas, como a própria arma do crime. "O executor tem<br />

astúcia. O fato <strong>de</strong> o instrumento usado para esfaquear as vítimas ter sido levado da cena<br />

<strong>de</strong>monstra conhecimento mediano", reconhece Mabel.<br />

Impressões digitais - Entre as provas reunidas pela polícia estão <strong>de</strong>poimentos, impressões<br />

digitais <strong>de</strong> Adriana colhidas na casa dos pais - embora ela pouco frequentas se o local - e<br />

escutas telefônicas. De acordo com fontes policiais, peritos encontraram digitais da filha do<br />

casal no closet do apartamento, on<strong>de</strong> eram guardadas as joias e o dinheiro roubados na<br />

noite do crime. Havia ainda vestígios na pia e nas toalhas <strong>de</strong> um banheiro do imóvel. Para a<br />

<strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> Adriana Villela, as provas são frágeis e insuficientes para incriminá-la, uma vez<br />

que ela era a filha e as digitais apareceriam na casa naturalmente. "Não acreditamos nessas<br />

alegações. A <strong>de</strong>fesa repudia as suspeitas e não existe fundamento para incriminar Adriana",<br />

disse o advogado Rodrigo <strong>de</strong> Alencastro. Por intermédio <strong>de</strong>le, a filha e o irmão <strong>de</strong> Adriana,<br />

Carolina e Augusto, divulgaram uma <strong>de</strong>claração <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo a inocência da familia. Durante<br />

a coletiva, a <strong>de</strong>legada garantiu: "As provas não são frágeis. Estamos caminhando <strong>de</strong> forma<br />

a<strong>de</strong>quada e com elementos <strong>de</strong> convicção".<br />

A prisão temporária <strong>de</strong> Adriana foi pedida pela polícia e aceita pelo juiz Fábio Esteves, que,<br />

em seu <strong>de</strong>spacho, disse haver levantado suspeita a "gran<strong>de</strong> mobilização" da acusada para<br />

conseguir um álibi para a noite do triplo assassinato. Ainda segundo o juiz, a ligação entre<br />

Adriana e a paranormal tinha como objetivo "evi<strong>de</strong>ntemente levar à não elucidação do evento<br />

criminoso". De acordo com a <strong>de</strong>legada Mabel Faria, os investigadores perceberam que o<br />

<strong>de</strong>poimento das testemunhas apresentavam certa combinação, no sentido <strong>de</strong> imputar a<br />

autoria do crime a outras pessoas. "Quando percebemos que existia um arranjo <strong>de</strong> pessoas<br />

sempre ofertando <strong>de</strong>núncias sobre A, B ou C, verificamos que elas estavam agindo <strong>de</strong> forma<br />

orquestrada." Para a polícia, o grupo estava a serviço <strong>de</strong> Adriana.<br />

Das cinco pessoas presas, a empregada Guiomar e o policial civil José Augusto tiveram<br />

pedido <strong>de</strong> habeas corpus concedido pela Justiça. Adriana teve o pedido <strong>de</strong> soltura negado<br />

em caráter liminar. A análise do mérito <strong>de</strong>ve ocorrer na próxima quinta-feira. Além <strong>de</strong>la,<br />

permanecem presos a paranormal Rosa Maria Jaques e o marido João Tocchetto, pois o<br />

<strong>de</strong>sembargador Romão Cícero, pediu mais informações aos advogados do casal.<br />

Declaração da família Villela<br />

"Manifestamos nosso absoluto repúdio às suspeitas absurdas lançadas sobre a nossa<br />

querida mãe e irmã, Adriana Villela. Com a aproximação do primeiro ano da perda <strong>de</strong> nossos<br />

pais e avós, nossa família vive um momento muito triste. Somado a esse gran<strong>de</strong> pesar, os<br />

responsáveis pela cruelda<strong>de</strong> cometida contra nós continuam livres e acobertados pelo manto<br />

da ineficiência das instituições que, em vez <strong>de</strong> aprofundar com rigor as investigações,<br />

procuram o caminho mais fácil, qual seja, o <strong>de</strong> impor o cerceamento da liberda<strong>de</strong>, sem<br />

nenhuma prova, a um nosso ente querido, mobilizando negativamente a operação pública.<br />

Temos plena convicção da sua inocência e, por isso, a sua prisão tem nos causado uma dor<br />

in<strong>de</strong>scritível. Lutaremos juntos e iremos apoiá-la no que for preciso. Lamentavelmente,<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> quase um ano <strong>de</strong> investigações, em que também sofremos muitos e inaceitáveis<br />

constrangimentos, constatamos que há mais dúvidas do que certeza sobre a tragédia que se<br />

abateu sobre nossa família."<br />

Carolina Villela Perche e Augusto Villela<br />

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23. Diário <strong>de</strong> Pernambuco - PE<br />

Delegados apoiam o governador<br />

O compromisso <strong>de</strong> reduzir ainda mais os homicídios e dar continuda<strong>de</strong> ao Pacto pela Vida -<br />

tratado como "a menina-dos -olhos" pelo governador Eduardo Campos (PSB) - recebeu um<br />

apoio <strong>de</strong> peso, ontem, <strong>de</strong> um segmento diretamente ligado à área <strong>de</strong> segurança. A<br />

Associação <strong>de</strong> Delegados <strong>de</strong> Polícia do Estado <strong>de</strong> Pernambuco (Ad<strong>de</strong>pe), que tem 600<br />

profissionais na ativa e 400 aposentados, fez cobranças ao socialista para os próximos<br />

quatro anos, mas aproveitou a tar<strong>de</strong> <strong>de</strong> ontem para elogiar a gestão e prometer engajamento<br />

na campanha do socialista.<br />

O evento <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são, realizado na se<strong>de</strong> da entida<strong>de</strong> no Centro do Recife, teve a presença <strong>de</strong><br />

aproximadamente 300 <strong>de</strong>legados e foi marcado por críticas ao ex-governadores Jarbas<br />

Vasconcelos (PMDB) e Mendonça Filho (DEM). Eduardo esteve no encontro ao lado dos<br />

candidatos ao Senado, Humberto Costa (PT) e Armando Monteiro Neto (PTB).<br />

O presi<strong>de</strong>nte da Ad<strong>de</strong>pe, Arlindo Teixeira, foi o porta-voz dos <strong>de</strong>legados. Embora a categoria<br />

tenha paralisado parte das ativida<strong>de</strong>s, no semestre passado, e elevado o tom contra o<br />

governo, terminou acertando os ponteiros com o socialista para os próximos anos. O<br />

presi<strong>de</strong>nte abriu o discurso elogiando o respeito do governador pelos profissionais da área<br />

<strong>de</strong> segurança e lamentou que, na gestão passada, o mesmo não tivesse acontecido. "Em<br />

2006, convidados o governador da época (Mendonça Filho) para vir discutir conosco, mostrar<br />

as nossas dificulda<strong>de</strong>s, mas ele não quis", observou.<br />

Arlindo fez cobrança ao governador, dizendo que a Polícia Civil <strong>de</strong> Pernambuco ainda tem<br />

um dos salários mais baixos do Nor<strong>de</strong>ste, mas ele acredita que o socialista está no caminho<br />

certo e merece continuar no cargo. "Queremos que os <strong>de</strong>legados <strong>de</strong> Pernambuco saiam da<br />

margem dos piores salários do Nor<strong>de</strong>ste. Também temos que criar um plano <strong>de</strong><br />

reestruturação da carreira (#) Mas é evi<strong>de</strong>nte que o governador quebrou a velha prática <strong>de</strong><br />

politicagem na Polícia Civil".<br />

De acordo com o presi<strong>de</strong>nte da Ad<strong>de</strong>pe, a redução <strong>de</strong> homicídios tem haver diretamente<br />

com a postura do governador, que passou a cobrar resultadosnão apenas como<br />

administrador, mas cidadão. "Tenho certeza que vai ser daqui para melhor", disse Arlindo,<br />

repetindo o slongan da Frente Popular.<br />

O governador admitiu a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> restruturar a carreira da Polícia Civil e ainda<br />

prometeu reforçar o efetivo nos próximos anos. Já em entrevista, ele disse que também<br />

preten<strong>de</strong> interiorizar o Instituto <strong>de</strong> Medicina Legal e os laboratórios <strong>de</strong> Polícia Científica,<br />

incluíndo a realização <strong>de</strong> exames <strong>de</strong> DNA (hoje não existente no estado).<br />

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24. O Liberal - PA<br />

Preso foragido da chacina da Cabanagem<br />

A equipe policial da <strong>de</strong>legacia da Cabanagem, com o apoio da Divisão <strong>de</strong> Homicídios,<br />

pren<strong>de</strong>u na madrugada <strong>de</strong> ontem Dileno José Ferreira <strong>de</strong> Souza, <strong>de</strong> 19 anos, acusado <strong>de</strong> ser<br />

o principal autor da chacina, que resultou na morte <strong>de</strong> quatro pessoas, no início <strong>de</strong>ste mês.<br />

Dileno foi preso, por volta das 2 horas, numa casa no município <strong>de</strong> Capitão Poço, on<strong>de</strong><br />

estava foragido.<br />

O crime ocorreu na madrugada do dia 8 <strong>de</strong> agosto, quando o acusado e outros cinco<br />

comparsas teriam invadido uma casa e assassinado Paulo Roberto Ribeiro Ferreira, <strong>de</strong> 42<br />

anos; Rafaela Conceição Pereira Ferreira, <strong>de</strong> 18 anos; Miller Vaz da Silva, <strong>de</strong> 20 anos; e<br />

Mizaias Vaz da Silva, <strong>de</strong> 17 anos. Um bebê <strong>de</strong> três meses escapou do massacre porque a<br />

mãe o protegeu com o corpo antes <strong>de</strong> morrer.<br />

Segundo o <strong>de</strong>legado Ocimar Souza Nascimento, da <strong>de</strong>legacia da Cabanagem, Dileno teria<br />

fugido, inicialmente, para a casa <strong>de</strong> um parente, em Mosqueiro. Mas, <strong>de</strong>pois da <strong>de</strong>scoberta<br />

da participação <strong>de</strong>le na chacina, acabou sendo expulso do imóvel e se refugiou numa casa,


localizada na vila <strong>de</strong> Capitão Pocinho, em Capitão Poço. Ocorre que moradores do local<br />

também <strong>de</strong>scobriram a participação <strong>de</strong>le no crime e o <strong>de</strong>nunciaram à polícia. A equipe<br />

policial da <strong>de</strong>legacia da Cabanagem solicitou apoio da Divisão <strong>de</strong> Homicídios e, na manhã <strong>de</strong><br />

sexta-feira (20), equipes policiais foram até o local para efetuar a prisão do acusado, o que<br />

ocorreu na madrugada <strong>de</strong> ontem.<br />

A prisão foi realizada em cumprimento a um mandado <strong>de</strong> prisão preventiva expedido pelo<br />

juiz Hey<strong>de</strong>r Tavares da Silva Ferreira. O preso disse à reportagem que planejou o crime por<br />

vingança. Ele diz que queria matar Antonio Clayton Melo <strong>de</strong> Almeida, <strong>de</strong> 19 anos, que<br />

escapou apenas ferido no braço e no pé no dia da chacina, fugindo pelo forro do banheiro.<br />

"Eu planejei matá-lo porque ele matou meu primo a facadas e também já tinha tentado me<br />

matar", disse o preso. Segundo a polícia existe uma rixa entre criminosos do Jardim Si<strong>de</strong>ral<br />

(turma do Dileno) e da invasão da ponte (turma <strong>de</strong> Antonio Clayton). Os <strong>de</strong>mais acusados<br />

que ainda estão foragidos são conhecidos pelos apelidos "Sibira", "Baby" e "Igor". Além <strong>de</strong><br />

Dileno, a polícia também já pren<strong>de</strong>u A<strong>de</strong>lson da Vera Cruz, o "Bocão" e "Claudinho" morreu<br />

<strong>de</strong>pois do crime, em outra situação, em troca <strong>de</strong> tiros com a polícia.<br />

CONFISSÃO<br />

Dileno José Ferreira <strong>de</strong> Souza confessa que planejou matar Antonio Clayton, seu rival, e que<br />

por isso teria pedido para comparsas o ajudarem a pegá-lo. Porém, ele diz que não foi<br />

planejada a chacina e que teria ficado do lado <strong>de</strong> fora da casa e que quando entrou no<br />

imóvel, as quatro pessoas já teriam sido mortas por "Claudinho" (morto pela polícia em troca<br />

<strong>de</strong> tiros). Mas, a versão do preso não convence a polícia. "Ele era a pessoa que queria fazer<br />

a vingança e que acionou os <strong>de</strong>mais comparsas. Como que ele não ia entrar na casa?",<br />

indaga o <strong>de</strong>legado, que não tem dúvidas que Dileno é autor da chacina.<br />

Dileno disse à reportagem que já havia matado outras duas pessoas, anteriormente. Uma<br />

<strong>de</strong>las, quando ainda era adolescente, aos 16 anos. Na ocasião, chegou a cumprir 1 ano e 3<br />

meses <strong>de</strong> medida sócio-educativa. O preso também já cumpriu pena pelo crime <strong>de</strong> roubo,<br />

chegando a ficar 2 anos e 3 meses preso no Presídio Estadual Metropolitano (PEM). Além<br />

disso, no dia 25 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong>ste ano - poucos dias antes da chacina - ele diz ter matado a tiros<br />

Benilson Santos Lima, que seria comparsa <strong>de</strong> Antonio Clayton. De acordo com o <strong>de</strong>legado,<br />

Antonio Clayton chegou a admitir, numa ocasião em que prestou <strong>de</strong>poimento à polícia, que<br />

teria <strong>de</strong>sferido três tiros para matar Dileno e que não conseguiu realizar seu intento.<br />

Perguntado ao preso se ele continuará querendo matar o inimigo, ele respon<strong>de</strong>: "se eu<br />

pu<strong>de</strong>r, eu vou. Agora eu estou preso e vou pagar por meu crime, mas uma hora isso vai<br />

acabar", ameaçou o preso. A família <strong>de</strong> Dileno está apavorada, com medo <strong>de</strong> morrer, porque<br />

Antonio Clayton já teria ameaçado assassinar a mãe <strong>de</strong>le e a esposa.<br />

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25. O Povo - CE<br />

Ronda do Quarteirão, o futuro que às urnas pertence<br />

Adversários <strong>de</strong> Cid não falam em extinção, mas adiantam que haverá uma ampla<br />

reformação. O atual governador, que i<strong>de</strong>alizou o programa, reforma sua importância <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong> uma estratégia <strong>de</strong> segurança pública, mesmo admitindo que ele ''não resolve tudo''. Lúcio<br />

fala em requalificação, Cals diz que sentido ''complementar'' seria resgatado<br />

21/08/2010 17:00<br />

Se divi<strong>de</strong> opinião nas ruas, o programa Ronda do Quarteirão é ponto <strong>de</strong> concordância entre<br />

a maioria dos candidatos ao Governo do Estado. À pergunta - “o programa Ronda do<br />

Quarteirão <strong>de</strong>ve continuar a ser o carro-chefe da polícia?” – seis, <strong>de</strong> sete candidatos optaram<br />

pela alternativa “não”, com exceção apenas do governador e candidato à reeleição, Cid<br />

Gomes (PSB).<br />

Mas, apesar das críticas, ninguém se prontificou a extinguir o programa, que se tornou alvo


<strong>de</strong> questionamento por parte da população após ações, no mínimo, <strong>de</strong>sastradas.<br />

Reformulações seriam suficientes, na opinião da maioria dos postulantes ao Executivo<br />

estadual.<br />

Lançado como principal projeto para a área <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> <strong>Pública</strong>, em 2007, o Ronda do<br />

Quarteirão já foi alvo <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncias escandalosas, conforme O POVO mostrou no ano<br />

passado, <strong>de</strong> policiais fazendo sexo em viaturas, cometendo abuso <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e recebendo<br />

alimento gratuitamente em troca <strong>de</strong> proteção. Mas o estopim para uma crise com a<br />

socieda<strong>de</strong> foi a morte do jovem Bruce Cristian, no final <strong>de</strong> julho último.<br />

Em <strong>de</strong>fesa<br />

I<strong>de</strong>alizador do Ronda, Cid optou por não marcar nenhuma das opções objetivas, se manteria<br />

ou não o projeto como carro-chefe da polícia. Mas fez questão <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o programa como<br />

uma das ações <strong>de</strong> seu Governo.<br />

No entanto, o governador acrescentou que “é importante, mas não foi feito para resolver<br />

tudo”. Fora isso, ele não se pren<strong>de</strong>u a apenas <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o Ronda. Optou por divulgar os<br />

investimentos na área <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> que, <strong>de</strong>staca, teve orçamento “dobrado” em sua gestão.<br />

“Contratei mais <strong>de</strong> 4 mil policiais, construí e reformei <strong>de</strong>legacias, nomeei mais <strong>de</strong> 100<br />

<strong>de</strong>legados, renovei armamento e munição. E não parei nisso”.<br />

O ex-governador Lúcio Alcântara, que agora busca voltar ao cargo pelo PR, afirmou que o<br />

Ronda do Quarteirão continuará, caso vença as eleições <strong>de</strong> outubro. Mas, enfatizou, “será<br />

requalificado” e será retirada a “ênfase nas ações cosméticas”. “A priorida<strong>de</strong> não será dada a<br />

equipamentos e sim ao profissional da segurança”, disse, em indireta ao principal adversário,<br />

Cid Gomes.<br />

O candidato do PSDB, Marcos Cals, avaliou o Ronda como um “programa complementar”,<br />

que necessita <strong>de</strong> “reajustes”. Fora isso, não disparou críticas mais duras ao principal<br />

programa <strong>de</strong> policiamento ostensivo do Ceará. Preferiu dizer o que faria: polícia trabalhando<br />

com inteligência 24 horas e um “comando forte”.<br />

Já os candidatos Marcelo Silva (PV), Francisco Gonzaga (PSTU) e Maria da Nativida<strong>de</strong><br />

(PCB), apostam na unificação das polícias como forma mais eficaz <strong>de</strong> combate ao crime.<br />

Soraya Tupinambá (Psol), por sua vez, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> um maior controle social sobre a polícia.<br />

Para isso, ela afirma que <strong>de</strong>ve haver um corregedor único para as polícias, escolhido por<br />

meio <strong>de</strong> concurso público e não po<strong>de</strong>ria integrar a corporação policial. (Giselle Dutra –<br />

giselledutra@opovo.com.br)<br />

26. O Estado <strong>de</strong> S. Paulo - SP<br />

Direitos humanos às escuras<br />

22 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2010 | 0h 00<br />

Sergio Fausto - O Estado <strong>de</strong> S.Paulo<br />

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Em artigo na Folha <strong>de</strong> S.Paulo no domingo passado, o chanceler Celso Amorim criticou a<br />

diplomacia do "<strong>de</strong>do em riste" na área dos direitos humanos. Afirmou que esta agrada à<br />

plateia, mas não protege <strong>de</strong> fato as vítimas <strong>de</strong> violações daqueles direitos. Mais eficazes<br />

seriam as negociações <strong>de</strong> bastidores com os Estados violadores, conforme proposta<br />

apresentada pelo Brasil ao grupo <strong>de</strong> 19 países incumbido <strong>de</strong> refletir sobre o fortalecimento<br />

do Conselho <strong>de</strong> Direitos Humanos da ONU.<br />

A manifestação <strong>de</strong> Amorim - que parece ter-se esquecido da importância das pressões<br />

internacionais para o fim do apartheid na África do Sul e das ditaduras militares na América<br />

do Sul - indica que continuamos a distanciar-nos da política externa seguida pelo País nessa<br />

área, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o retorno à <strong>de</strong>mocracia até o governo Lula.<br />

Nesse período não praticamos a diplomacia do "<strong>de</strong>do em riste" nem <strong>de</strong>ixamos <strong>de</strong> reconhecer


com realismo os limites da ação externa para proteção dos direitos humanos, muito menos<br />

<strong>de</strong> pon<strong>de</strong>rar pragmaticamente os nossos interesses econômicos e políticos. No entanto,<br />

marcamos com clareza o compromisso com o valor universal dos direitos humanos.<br />

Subscrevemos um conjunto <strong>de</strong> convenções internacionais (a começar pela Convenção<br />

Contra a Tortura) que nos havíamos recusado a assinar sob a ditadura militar. E inscrevemos<br />

na Constituição a <strong>de</strong>terminação legal que dá prevalência aos direitos humanos na condução<br />

da política externa.<br />

No atual governo acumulam-se sinais <strong>de</strong> mudança. Discretos, mas significativos, na atuação<br />

do Brasil no Conselho <strong>de</strong> Direitos Humanos da ONU. Visíveis nas ações e nas palavras dos<br />

principais formuladores da política externa, a começar pelo presi<strong>de</strong>nte da República.<br />

A nova orientação da política externa obe<strong>de</strong>ce a um diagnóstico segundo o qual o tema dos<br />

direitos humanos é manipulado pelas gran<strong>de</strong>s potências oci<strong>de</strong>ntais. Ninguém o exprime<br />

melhor do que Samuel Pinheiro Guimarães. Para o ex-segundo homem do Itamaraty e hoje<br />

ministro <strong>de</strong> Assuntos Estratégicos, a <strong>de</strong>fesa dos direitos humanos "dissimula, com sua<br />

linguagem humanitária e altruísta, as ações táticas das gran<strong>de</strong>s potências em <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong><br />

seus interesses estratégicos". O alvo da crítica são, principalmente, os Estados Unidos, cuja<br />

hegemonia no sistema internacional representaria um dos principais obstáculos, se não<br />

ameaça, à projeção do Brasil na cena global, como se lê em seu livro Desafios <strong>Brasileiro</strong>s na<br />

Era dos Gigantes. Ou seja, a <strong>de</strong>fesa dos direitos humanos, assim como a <strong>de</strong>fesa da nãoproliferação<br />

nuclear, presta-se, na prática, ao congelamento do po<strong>de</strong>r mundial tal como hoje<br />

se distribui. O resto seria retórica, mal ou bem-intencionada.<br />

Se queremos e po<strong>de</strong>mos tornar-nos um dos gigantes do mundo, e se a <strong>de</strong>fesa dos direitos<br />

humanos não é senão a forma como os interesses das "potências oci<strong>de</strong>ntais" se travestem<br />

em preocupações humanitárias, o objetivo do Brasil <strong>de</strong>ve ser o <strong>de</strong> remover a maquiagem<br />

i<strong>de</strong>ológica que recobre o tema nos fóruns multilaterais. Não para afirmar o valor em si, e<br />

nossas cre<strong>de</strong>nciais diferenciadas em relação a ele, mas para relegá-lo a um plano<br />

secundário. Quem sabe, com o propósito <strong>de</strong> livrar-nos dos constrangimentos que a<br />

<strong>de</strong>liberação à luz do dia sobre eventuais casos <strong>de</strong> violação dos direitos humanos po<strong>de</strong> impor<br />

à nossa movimentação internacional, agora que, acredita-se, nos estamos tornando um dos<br />

gigantes do planeta.<br />

Fazer alianças pontuais para questionar a distribuição <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r atual no mundo é objetivo<br />

legítimo e oportuno. Ele vem sendo, porém, perseguido ao preço da leniência com violadores<br />

contumazes dos direitos humanos. Fica a impressão, certa ou errada, <strong>de</strong> que a proposta<br />

<strong>de</strong>fendida por Amorim tem entre suas motivações a <strong>de</strong> reduzir o dano moral que a política<br />

externa do atual governo na área dos direitos humanos provoca na imagem internacional do<br />

Brasil. Figurativamente, em vez <strong>de</strong> repensar nossa atuação em cena, preferimos apagar a<br />

luz do palco.<br />

Para ser efetiva, a proteção internacional dos direitos humanos precisa do olhar vigilante, da<br />

ação ruidosa, às vezes equivocada, mas sempre indispensável, <strong>de</strong> ONGs ligadas ao tema.<br />

Não é preciso i<strong>de</strong>alizar o que seja esse embrião <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> civil internacional para<br />

reconhecer sua importância, tanto mais agora que países com regimes autoritários e<br />

repressivos ganham peso na balança <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r global. Estaríamos querendo nos proteger<br />

<strong>de</strong>sse olhar para mais livremente manejar nossos interesses econômicos e nossa projeção<br />

<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r na nova or<strong>de</strong>m multipolar?<br />

A visão <strong>de</strong> mundo expressa por Samuel Pinheiro Guimarães é compartilhada por gran<strong>de</strong><br />

parte das forças políticas <strong>de</strong> sustentação do atual governo. Comunga o PT o diagnóstico <strong>de</strong><br />

que a <strong>de</strong>fesa dos direitos humanos é parte da hegemonia norte-americana. O<br />

antiamericanismo é um elemento <strong>de</strong> coesão no campo das esquerdas menos ou não<strong>de</strong>mocráticas,<br />

sobretudo na América Latina, on<strong>de</strong> o partido construiu uma ampla re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

alianças. Serve para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r as violações dos direitos humanos em Cuba e para justificar<br />

Chávez e o chavismo. Explica também certa simpatia por grupos como o Hezbollah e o<br />

Hamas e a complacência com Ahmadinejad.<br />

Tem razão quem diz que os Estados Unidos não nos <strong>de</strong>vem servir <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo. Em muitas


ocasiões, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se tornou uma potência econômica e militar, a atuação externa <strong>de</strong>sse<br />

país conflitou com os valores <strong>de</strong>mocráticos que professa. A questão, porém, não se resume<br />

a questionar as cre<strong>de</strong>nciais dos Estados Unidos. O fato <strong>de</strong> tais cre<strong>de</strong>nciais serem<br />

questionáveis não nos libera <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r à pergunta e prestar contas sobre o lugar que<br />

valores fundamentais como a <strong>de</strong>fesa dos direitos humanos terão em nossa política externa,<br />

agora que projetamos nossos interesses e nossas aspirações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r em escala global.<br />

Será que para sermos gigantes precisamos apequenar-nos na sustentação <strong>de</strong> valores que<br />

<strong>de</strong>vem marcar a nossa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> internacional?<br />

DIRETOR EXECUTIVO DO iFHC, É MEMBRO DO GACINT-USP E-MAIL:<br />

SFAUSTO40@HOTMAIL.COM<br />

27. Gazeta do Povo - PR<br />

Discussão ilusória<br />

Publicado em 21/08/2010 | Marcelo Jugend<br />

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É preciso priorizar e arrancar, com ações específicas, as raízes socioculturais da violência,<br />

<strong>de</strong> maneira a atalhar com rigor o círculo vicioso que alimenta a verda<strong>de</strong>ira linha <strong>de</strong> produção<br />

<strong>de</strong> criminosos que a exclusão <strong>de</strong> cidadania criou neste país<br />

A campanha eleitoral aguça os sentidos da socieda<strong>de</strong> em busca da posição dos candidatos<br />

acerca dos problemas que mais a afligem. Embora positiva, na medida em que incentiva um<br />

saudável <strong>de</strong>bate, esse fenômeno ten<strong>de</strong> a sofrer <strong>de</strong> uma lamentável superficialida<strong>de</strong>, visto<br />

que os principais personagens têm outras preocupações em mente, envolvidos que estão em<br />

uma verda<strong>de</strong>ira batalha.<br />

No último domingo, a Gazeta do Povo <strong>de</strong>bruçou-se sobre a preocupação com os índices da<br />

criminalida<strong>de</strong> e buscou discriminar medidas prioritárias a serem adotadas pelo próximo<br />

governador. De um modo geral, as conclusões apontam a <strong>de</strong>manda por mais policiais nas<br />

ruas e uma polícia melhor. Não há dúvida <strong>de</strong> que o componente repressivo, representado por<br />

essa instituição, é essencial a qualquer política <strong>de</strong> segurança pública. Também não se po<strong>de</strong><br />

hesitar em constatar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> incrementá-la, não apenas em quantida<strong>de</strong>, mas<br />

principalmente em qualida<strong>de</strong>, com investimentos em inteligência e mo<strong>de</strong>rnização.<br />

É fundamental abordar, contudo, a urgente necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocratização das<br />

corporações. Her<strong>de</strong>iras privilegiadas do autoritarismo imperante no país ao longo <strong>de</strong><br />

décadas, as polícias revelam-se ainda hoje presas à cultura da força indiscriminada. Esse<br />

veneno possui múltiplos efeitos. No ambiente interno das instituições, corrói as relações<br />

entre superiores e subordinados, prejudicando a efetivida<strong>de</strong> das ações. Delas para fora, fere<br />

<strong>de</strong> morte a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se integrarem entre si, colocando em xeque o próprio mo<strong>de</strong>lo<br />

bipartido do ciclo policial (civis investigativos e militares preventivos sem vínculos orgânicos).<br />

Pior do que tudo, dificulta a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> outro vínculo fundamental, entre os<br />

policiais e os cidadãos aos quais prestam seus serviços, frequentemente encarados com<br />

<strong>de</strong>sconfiança e agressivida<strong>de</strong>, como se fossem adversários. Trata-se <strong>de</strong> uma ligação<br />

fundamental, sem a qual já está provada a inviabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um policiamento <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. E,<br />

sem este, nenhuma política pública na área se sustenta.<br />

É alentador que os candidatos afirmem que priorizam o policiamento comunitário. Cabe<br />

apurar, todavia, se eles têm ciência <strong>de</strong> que essas medidas vão muito além <strong>de</strong> simples<br />

orientações ou da implantação <strong>de</strong> módulos. É preciso encarar, <strong>de</strong> forma radical e verda<strong>de</strong>ira,<br />

questões culturais arraigadas, cristalizadas por séculos <strong>de</strong> prática acrítica e incontestada.<br />

Estamos falando <strong>de</strong> uma postura reconhecidamente difícil e corajosa, mas sem a qual todas<br />

as <strong>de</strong>mais apenas arranharão a superfície do problema. Por outro lado, é forçoso constatar<br />

que simplesmente a meta <strong>de</strong> mais policiais e uma polícia melhor, mesmo que essencial,


consiste em muito pouco para dar conta da transversalida<strong>de</strong>, multissetorialida<strong>de</strong> e<br />

complexida<strong>de</strong> do tema. Isso só é possível mediante o enfrentamento real da questão<br />

preventiva.<br />

Alguns caminhos se apresentam <strong>de</strong> imediato. Entre eles, é preciso estreitar, inclusive com<br />

estratégias <strong>de</strong> financiamento, a muito relegada relação do Estado com os municípios,<br />

titulares <strong>de</strong> protagonismo cada vez mais explícito na área da segurança pública.<br />

É preciso também encarar a questão <strong>de</strong> forma abrangente, priorizando e arrancando, com<br />

ações específicas, as raízes socioculturais da violência, <strong>de</strong> maneira a atalhar com rigor o<br />

círculo vicioso que alimenta a verda<strong>de</strong>ira linha <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> criminosos que a exclusão <strong>de</strong><br />

cidadania criou neste país.<br />

É preciso, ainda, quebrar paradigmas administrativos, combatendo as fogueiras <strong>de</strong> vaida<strong>de</strong><br />

político-eleitoreiras dos diversos setores do governo, a fim <strong>de</strong> propiciar abordagens<br />

transversais das questões. Fiquemos apenas no exemplo mais urgente: as drogas.<br />

Quem, hoje, em sã consciência, é capaz <strong>de</strong> afirmar que esse é apenas um problema <strong>de</strong><br />

polícia? Sabe-se plenamente que envolve atendimento em saú<strong>de</strong>, educação, assistência<br />

social etc. Resta saber, então, se vencida a etapa da disputa, com sua natural<br />

superficialida<strong>de</strong>, o governador eleito estará disposto a pagar o preço <strong>de</strong> enfrentar a estrutura<br />

viciada ou se simplesmente nos brindará com o inócuo mais do mesmo.<br />

Marcelo Jugend, advogado, é secretário municipal <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> <strong>de</strong> São José dos Pinhais.<br />

28. Folha <strong>de</strong> S. Paulo - SP<br />

ANÁLISE<br />

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O Rio das Olimpíadas e da Copa espera as respostas<br />

MICHEL MISSE<br />

ESPECIAL PARA A FOLHA<br />

Foi a segunda vez em seis anos que os moradores <strong>de</strong> classe média alta <strong>de</strong> São Conrado<br />

sofreram com um tiroteio cerrado que levou pânico ao bairro.<br />

O primeiro conflito, em 2004, envolveu uma guerra entre as facções do tráfico que<br />

controlavam as favelas da Rocinha, a maior do Rio, e sua vizinha, a do Vidigal.<br />

O segundo, na manhã do último sábado, <strong>de</strong>correu do suposto encontro casual <strong>de</strong> policiais<br />

com carros <strong>de</strong> traficantes da Rocinha que voltavam <strong>de</strong> uma festa no Vidigal.<br />

Nas duas vezes, o conflito saiu <strong>de</strong> seu território usual para <strong>de</strong>rramar-se perigosamente, "fora<br />

<strong>de</strong> lugar", nas imediações <strong>de</strong> prédios e condomínios que abrigam parte da população <strong>de</strong><br />

melhor renda da cida<strong>de</strong>. O que na primeira vez foi inusual, um <strong>de</strong>scontrole dos personagens,<br />

<strong>de</strong>sta vez não parece ter sido tão casual assim.<br />

Festas e bailes são comuns nas favelas e conjuntos habitacionais <strong>de</strong> baixa renda, incluindo o<br />

tráfego <strong>de</strong> pessoal em veículos coor<strong>de</strong>nados e com "seguranças" armados, para se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong> seus inimigos <strong>de</strong> outras facções ou <strong>de</strong> policiais.<br />

Raramente uma patrulha policial enfrenta esses "bon<strong>de</strong>s", seja por <strong>de</strong>sequilíbrio na relação<br />

<strong>de</strong> forças, seja por um acordo tácito em que os próprios traficantes evitam,<br />

instrumentalmente, o confronto. Muitas vezes, eles sabem que "é burrice" levar o conflito<br />

para o asfalto. Por que, então, <strong>de</strong>sta vez acabou sendo diferente?<br />

Se tivermos uma investigação policial séria sobre o que aconteceu, teremos respostas a<br />

algumas perguntas que insistem em permanecer. Foi a primeira vez que patrulhas da PM<br />

viram um "bon<strong>de</strong>" naquele trecho? Os traficantes <strong>de</strong>sta vez estavam interessados no<br />

confronto, por alguma razão? Há algum fato novo, nesse caso, relacionado à instalação das<br />

UPPs (Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Polícia Pacificadora) em favelas da zona sul do Rio?<br />

Os policiais foram atacados primeiro ou, pelo contrário, <strong>de</strong>cidiram, mesmo sem tempo <strong>de</strong><br />

pedir reforços, enfrentar heroicamente os traficantes que estavam em número superior?<br />

A avaliação das causas e efeitos <strong>de</strong>ste confronto "fora <strong>de</strong> lugar" po<strong>de</strong> reservar surpresas. O


Rio das Olimpíadas e da Copa do Mundo espera as respostas.<br />

MICHEL MISSE é professor <strong>de</strong> Sociologia e coor<strong>de</strong>nador do Núcleo <strong>de</strong> Estudos da<br />

Cidadania, Conflito e Violência Urbana da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

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29. O Estado <strong>de</strong> S. Paulo - SP<br />

Após invasão <strong>de</strong> hotel, reservas são canceladas<br />

73 agendamentos para o Intercontinental, no Rio, foram retirados, apesar <strong>de</strong> o policiamento<br />

ter sido reforçado ontem na região <strong>de</strong> São Conrado<br />

23 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2010 | 0h 00<br />

Marcia Vieira , Clarissa Thomé / RIO - O Estado <strong>de</strong> S.Paulo<br />

Tranferência. Nove traficantes foram levados para o Complexo Penitenciário <strong>de</strong> Bangu<br />

Um dia <strong>de</strong>pois do confronto entre traficantes e policiais, que terminou com a invasão do<br />

Intercontinental, on<strong>de</strong> 35 pessoas foram feitas reféns, o hotel <strong>de</strong> luxo teve 73 cancelamentos<br />

<strong>de</strong> reservas, entre <strong>de</strong>sistências <strong>de</strong> hóspe<strong>de</strong>s que estavam por chegar e a saída adiantada<br />

daqueles que pretendiam passar mais alguns dias no Rio.<br />

Nem o reforço do policiamento em São Conrado, bairro da zona sul do Rio, levou<br />

tranquilida<strong>de</strong> àqueles que ficaram sob as armas dos criminosos ou trancados em seus<br />

quartos por cerca <strong>de</strong> três horas. A assessoria <strong>de</strong> Imprensa do Intercontinental informou que<br />

não foi oferecida nenhuma compensação financeira aos cinco hóspe<strong>de</strong>s que foram mantidos<br />

reféns, ao lado <strong>de</strong> 30 funcionários. Essas pessoas estariam recebendo "atenção especial" da<br />

direção do hotel.<br />

Patrulhamento. A meia maratona do Rio, que passa em São Conrado, ao lado do<br />

Intercontinental, transcorreu sem inci<strong>de</strong>ntes. Durante o dia, carros da PM patrulharam o<br />

bairro. Vans foram paradas e fiscalizadas pelos policiais. Não houve novos confrontos. Nove<br />

traficantes da Favela da Rocinha, presos após invasão do Hotel Intercontinental, em São<br />

Conrado, no Rio, na manhã <strong>de</strong> sábado, foram transferidos ontem para o Complexo<br />

Penitenciário <strong>de</strong> Bangu, na zona oeste. Outro dos invasores, que ontem completou 16 anos,<br />

foi encaminhado para a Delegacia <strong>de</strong> Proteção à Criança e ao Adolescente.<br />

Os traficantes não quiseram prestar nenhum <strong>de</strong>poimento na <strong>de</strong>legacia. Decidiram só falar em<br />

juízo. Eles foram indiciados por tráfico <strong>de</strong> drogas, porte ilegal <strong>de</strong> armas, sequestro e cárcere<br />

privado.<br />

Um suspeito, Jonatan Costa Soares, está sob custódia da polícia no Hospital Miguel Couto,<br />

no Leblon. Ele foi preso quando seguia em uma ambulância na Penha. Segundo a polícia, a<br />

ambulância havia sido roubada na Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pronto-Atendimento (UPA) da Rocinha,<br />

<strong>de</strong>pois do tiroteio entre policiais e traficantes. Jonatan estaria indo para o Hospital Getúlio<br />

Vargas, na zona norte.<br />

Imagens divulgadas pelo Batalhão <strong>de</strong> Operações Especiais (Bope) e transmitidas pela<br />

GloboNews mostram o momento em que os <strong>de</strong>z homens foram presos no Intercontinental.<br />

Os criminosos aparecem dominados, com as mãos para trás da cabeça. Um <strong>de</strong>les pe<strong>de</strong>:<br />

"Não precisa esculachar, não".<br />

Os homens <strong>de</strong>ixaram o hotel sem camisetas. Enquanto caminhavam, um policial explicava<br />

que as roupas seriam <strong>de</strong>volvidas <strong>de</strong>pois. Um policial do Bope tenta acalmá-los. "Rapaziada,<br />

tranquilo. Fica tranquilo."<br />

Lí<strong>de</strong>r do tráfico. O conflito, que levou pânico aos moradores do bairro <strong>de</strong> classe média alta,<br />

começou quando um grupo <strong>de</strong> bandidos da Rocinha voltava <strong>de</strong> um baile funk na Favela do<br />

Vidigal, comunida<strong>de</strong> próxima, e foi interceptado por PMs, em São Conrado. Uma mulher<br />

morreu no conflito e quatro PMs ficaram feridos.


Segundo a polícia, Adriana Duarte <strong>de</strong> Oliveira dos Santos, <strong>de</strong> 41 anos, fazia parte do bando<br />

e era responsável pela contabilida<strong>de</strong> do tráfico. Com o grupo, que manteve 30 funcionários e<br />

cinco hóspe<strong>de</strong>s do hotel presos na cozinha por mais <strong>de</strong> uma hora, foram apreendidos oito<br />

fuzis, cinco pistolas e três granadas. A polícia do Rio ainda investiga se o traficante Antônio<br />

Bonfim Lopes, o Nem, chefe do tráfico na Rocinha, estava entre os bandidos. Câmeras do<br />

Hotel Intercontinental e dos condomínios próximos estão sendo analisadas para tentar<br />

i<strong>de</strong>ntificá-lo.<br />

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30. O Globo - RJ<br />

Ataque leva pânico a oásis <strong>de</strong> luxo na região<br />

Funcionários pediram a hóspe<strong>de</strong>s para ficarem em seus quartos. Turistas lamentaram a<br />

violência na cida<strong>de</strong><br />

A violência do Rio ultrapassou as fronteiras das ruas e das favelas e levou pânico aos<br />

hóspe<strong>de</strong>s e funcionários do Hotel Intercontinental, um oásis <strong>de</strong> luxo e, até então, <strong>de</strong><br />

segurança em São Conrado.<br />

Após a invasão, funcionários começaram a ligar para os quartos, pedindo que os hóspe<strong>de</strong>s<br />

ficassem em seus cômodos.<br />

Muitos foram às janelas tentando <strong>de</strong>scobrir o que estava acontecendo. Os 35 reféns em<br />

po<strong>de</strong>r dos bandidos foram libertados por volta das 11h.<br />

Quatro horas <strong>de</strong>pois, policiais continuavam a varredura no hotel, com um cão farejador, na<br />

tentativa <strong>de</strong> encontrar bandidos infiltrados. A polícia checou a documentação <strong>de</strong> cada<br />

pessoa. Somente no fim da tar<strong>de</strong>, as buscas foram encerradas no hotel, que tem 17 andares<br />

e 418 quartos.<br />

A empresária Caroline Melo, que mora em Jacarepaguá e participaria <strong>de</strong> um congresso — o<br />

hotel sediava dois eventos na área médica —, estava no saguão quando bandidos entraram.<br />

Ela e 14 pessoas se trancaram em uma sala, on<strong>de</strong> ficaram até a chegada <strong>de</strong> um policial. O<br />

contador Tiago Perondi veio <strong>de</strong> Ribeirão Preto para acompanhar a mulher num congresso.<br />

Assistiu a tudo da sacada: — Estavam todos <strong>de</strong> preto, como <strong>de</strong> uniforme. Pensei que fossem<br />

policiais.<br />

O administrador mineiro Wal<strong>de</strong>mar Rausch também veio ao Rio para um congresso.<br />

Prolongou a viagem para passar o fim <strong>de</strong> semana na cida<strong>de</strong> com a mulher e dois filhos, <strong>de</strong> 3<br />

e 5 anos: — Tinha receio <strong>de</strong> vir ao Rio e há muitos anos não vinha. A vonta<strong>de</strong> é voltar para<br />

casa agora.<br />

A turista belga Nicole <strong>de</strong> Weber Baras veio ao Rio para um casamento. Ela tomava café da<br />

manhã no restaurante quando um funcionário pediu que todos fossem a um cômodo em<br />

obras.<br />

Depois, avisou da invasão.<br />

— Pensei que fosse algum treinamento. Achei que a violência no Rio era coisa do passado<br />

— disse a belga.<br />

Camareira ficou três horas presa em banheiro A camareira Rosana <strong>de</strong> Lima ficou três horas<br />

presa em um banheiro, com duas colegas. Após sair do hotel, uma das camareiras<br />

<strong>de</strong>smaiou. O porteiro Renato Icci foi até a porta do Intercontinental em busca <strong>de</strong> notícias do<br />

filho An<strong>de</strong>rson Nascimento, que trabalha como anotador <strong>de</strong> pedidos na cozinha do hotel: —<br />

Um policial que vi nascer me ligou e disse que meu filho estava entre os reféns.


Mães <strong>de</strong> bandidos que faziam reféns no Intercontinental também correram para a porta do<br />

hotel, na tentativa <strong>de</strong> ajudar nas negociações com a polícia. A guia <strong>de</strong> turismo Vladia<br />

Galhardo, que estava no 15oandar, viu uma “teresa”, corda que teria sido usada pelos<br />

bandidos para passar <strong>de</strong> um quarto a outro.<br />

O coor<strong>de</strong>nador do Congresso Carioca <strong>de</strong> Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, o<br />

cirurgião Fernando Lima, abrigouse em seu carro após chegar, sob o fogo cruzado, para o<br />

segundo dia do encontro, que reuniu 300 pessoas. Um carro da polícia impedia o acesso.<br />

De outro, policiais atiravam.<br />

— As pessoas passavam <strong>de</strong>sesperadas.<br />

Foi um <strong>de</strong>sespero. É uma sensação <strong>de</strong> impotência total.<br />

Os minutos ali duram horas.<br />

Quando a pista foi liberada, acelerei no sentido Barra, preocupado com quem estava no<br />

prédio — disse Lima, que ligou para colegas que estavam no hotel.<br />

Dezessete participantes do congresso que estavam no hall ficaram confinados em um<br />

quarto.<br />

Dos participantes que correram para o Fashion Mall, um teve o carro roubado por um dos<br />

bandidos. O congresso custou R$ 200 mil e acabaria hoje à noite, mas os participantes<br />

estavam antecipando voos. Daqui a dois anos, a edição brasileira po<strong>de</strong>ria ser realizada no<br />

Intercontinental, hipótese agora afastada por Lima.<br />

O hotel sediava também um congresso da Associação Brasileira <strong>de</strong> Medicina <strong>de</strong> Grupo.<br />

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31. O Globo - RJ<br />

Delegados e promotores admitem falta <strong>de</strong> preparo, estrutura e policiais<br />

Dificulda<strong>de</strong>s levam combate à prostituição infantil para o segundo plano<br />

Demétrio Weber e Sérgio Marques<br />

Enviados especiais<br />

RIO, FORTALEZA E MANAUS.<br />

Despreparo e falta <strong>de</strong> pessoal na polícia somados à lentidão da Justiça são terreno fértil para<br />

a impunida<strong>de</strong>. No Rio, a Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav) funciona até<br />

as 18h e tem cinco agentes para ir às ruas. O próprio <strong>de</strong>legado Luiz Henrique Marques<br />

admite que a priorida<strong>de</strong> são os casos <strong>de</strong> abuso sexual e não prostituição.<br />

— Eu não posso ir atrás também <strong>de</strong> casos <strong>de</strong>ssa natureza (exploração sexual), sabendo que<br />

aqui tem um monte <strong>de</strong> gente parada na porta da <strong>de</strong>legacia, um monte <strong>de</strong> criança violentada<br />

pelos pais, pelos padrastos, por familiar, que é o nosso enfoque — diz Luiz Henrique.<br />

Em Fortaleza, policiais emprestados em mutirão A promotora Ana Lúcia Melo, titular da<br />

25aPromotoria <strong>de</strong> Investigação Penal do Rio, afirma que a produção <strong>de</strong> provas é o maior<br />

<strong>de</strong>safio. Ela já participou <strong>de</strong> operações policiais na Vila Mimosa, tradicional ponto <strong>de</strong><br />

prostituição carioca, e conta que i<strong>de</strong>ntificou duas menores: — A gente foi, fechou tudo, cada<br />

buraco horrível. E conseguimos pegar duas meninas no local, mas elas não estavam sendo<br />

submetidas a exploração.<br />

Estavam em via pública, num lugar que é <strong>de</strong> exploração, mas também um bar. Acabou que<br />

só tomamos providências na área <strong>de</strong> proteção.


Ali não estava sendo praticado nenhum crime.<br />

Ana Lúcia consi<strong>de</strong>ra a prostituição <strong>de</strong> menores um crime impune: — Por falta <strong>de</strong> estrutura da<br />

polícia, por falta <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong> dos governos.<br />

Em Fortaleza, réus con<strong>de</strong>nados por crimes sexuais contra menores estão em liberda<strong>de</strong><br />

porque faltam policiais para cumprir os mandados <strong>de</strong> prisão.<br />

A Delegacia <strong>de</strong> Combate à Exploração da Criança e do Adolescente na cida<strong>de</strong> precisou<br />

mobilizar equipes <strong>de</strong> outras três DPs, em julho, para cumprir 123 mandados <strong>de</strong> prisão contra<br />

réus con<strong>de</strong>nados entre 2005 e 2010.<br />

— Não adianta a gente ter todo o trabalho (<strong>de</strong> investigar e pren<strong>de</strong>r) e não dar o fechamento<br />

— diz a <strong>de</strong>legada Ivana Timbó.<br />

Pelo menos 43 casos seguem na prateleira, pois ficaram fora do mutirão. A <strong>de</strong>legada<br />

promete realizar nova operação em setembro.<br />

Em Manaus, uma ação penal ajuizada no mês passado diz respeito a uma investigação <strong>de</strong><br />

2004. Trata-se da <strong>de</strong>núncia contra Fabiana Pereira Ribeiro, uma garota <strong>de</strong> programa<br />

acusada <strong>de</strong> aliciar meninas <strong>de</strong> 13, 14 e 16 anos em 2003. Hoje as vítimas já são maiores.<br />

O promotor Elvys <strong>de</strong> Paula Freitas diz que a vara especializada <strong>de</strong> Manaus herdou 6 mil<br />

processos, em 2007, ao ser criada.<br />

No ano passado, segundo ele, cerca <strong>de</strong> 900 ações <strong>de</strong> diferentes assuntos aguardavam<br />

manifestação do Ministério Público.<br />

Hoje são menos <strong>de</strong> cem.<br />

Em Fortaleza, o investidor francês Patrick Francis Eclancher respon<strong>de</strong> a processo <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

2008. No último dia 12, ele participou <strong>de</strong> audiência <strong>de</strong> instrução. A próxima foi marcada para<br />

maio <strong>de</strong> 2011, daqui a nove meses.<br />

Francês nega viagem <strong>de</strong> turismo sexual Eclancher é acusado <strong>de</strong> exploração <strong>de</strong> duas<br />

adolescentes <strong>de</strong> 15 e 16 anos. Segundo a polícia, as garotas não receberam dinheiro, mas<br />

roupas e bebidas, o que configuraria a exploração. O francês ficou mais <strong>de</strong> um mês <strong>de</strong>tido<br />

em 2008. Ele nega o crime.<br />

No Brasil há cerca <strong>de</strong> cinco anos, Eclancher diz que veio atraído por amigos e negócios, não<br />

por turismo sexual: — Tem muito mais prostituta em Paris do que aqui.<br />

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32. O Globo - RJ<br />

Um crime invisível e impune<br />

Exploração sexual <strong>de</strong> menores raramente resulta em processos, e as sentenças só chegam<br />

para 3% dos casos; em três capitais do país, apenas 16 ações judiciais foram abertas<br />

Demétrio Weber e Sérgio Marques<br />

Enviados especiais<br />

RIO, FORTALEZA e MANAUS. Um homem <strong>de</strong> 70 anos aborda uma adolescente <strong>de</strong> 17 nas<br />

imediações do Estádio Castelão, on<strong>de</strong> será disputada a Copa <strong>de</strong> 2014, em Fortaleza. São<br />

10h42m <strong>de</strong> uma quarta-feira <strong>de</strong> muito sol.<br />

Pelo buraco <strong>de</strong> um muro, os dois entram num terreno baldio, na movimentada Avenida


Padaria Espiritual. É ali que ele <strong>de</strong>sembolsa R$ 2 para tocar na garota.<br />

O Código Penal ganhou redação mais rigorosa no ano passado e diz claramente: pagar para<br />

fazer sexo ou praticar ato libidinoso com menores <strong>de</strong> 18 anos é crime <strong>de</strong> favorecimento à<br />

prostituição <strong>de</strong> vulnerável. A pena, prevista no artigo 218-B, vai <strong>de</strong> quatro a <strong>de</strong>z anos <strong>de</strong><br />

prisão.<br />

Já era assim <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1990, quando foi aprovado o Estatuto da Criança e do Adolescente.<br />

Mas divergências jurídicas sobre o texto levaram o Congresso a mexer no Código Penal,<br />

explicitando que a punição vale para cafetões, clientes e donos <strong>de</strong> motéis. Nas cida<strong>de</strong>s<br />

brasileiras, porém, cenas <strong>de</strong> prostituição infantojuvenil se repetem e pouca gente vai parar na<br />

ca<strong>de</strong>ia.<br />

Um levantamento do GLOBO em três capitais — Rio, Fortaleza e Manaus — revela que<br />

apenas 16 processos foram abertos no primeiro semestre <strong>de</strong>ste ano: <strong>de</strong>z em Fortaleza, três<br />

no Rio e três em Manaus. As três cida<strong>de</strong>s estão entre aquelas em que mais há <strong>de</strong>núncias <strong>de</strong><br />

casos <strong>de</strong> exploração sexual <strong>de</strong> menores no Disque 100, o serviço telefônico da Secretaria <strong>de</strong><br />

Direitos Humanos da Presidência da República.<br />

O número <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nações na Justiça é ainda menor: em Fortaleza, foram duas. Em<br />

Manaus, nenhuma. No Rio, o dado não está disponível, mas um balanço parcial do Tribunal<br />

<strong>de</strong> Justiça (TJ) indica que pelo menos duas sentenças foram proferidas.<br />

Embora faltem estatísticas, é fácil concluir que o número <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nações é um retrato da<br />

impunida<strong>de</strong>. De janeiro a junho, o Disque 100 registrou 161 relatos <strong>de</strong> exploração sexual nas<br />

três capitais: 65 no Rio, 60 em Fortaleza e 36 em Manaus.<br />

Os 16 processos abertos no mesmo período, portanto, equivalem a 10% dos casos<br />

<strong>de</strong>nunciados.<br />

As sentenças, a 3%. Mesmo que meta<strong>de</strong> das <strong>de</strong>núncias fosse falsa, o que não é o caso,<br />

embora existam relatos fictícios, o percentual <strong>de</strong> processos ficaria em 20% e o <strong>de</strong><br />

julgamentos, em 6%.<br />

Juiz critica a falta <strong>de</strong> dados<br />

O caminho até a con<strong>de</strong>nação tem a forma <strong>de</strong> um funil. Em Fortaleza, enquanto o Disque 100<br />

recebeu 60 <strong>de</strong>núncias, a Delegacia <strong>de</strong> Combate à Exploração da Criança e do Adolescente<br />

instaurou 21 inquéritos e o Ministério Público propôs 11 ações penais. A 12aVara Criminal <strong>de</strong><br />

Fortaleza, que só julga crimes contra crianças e adolescentes, sentenciou só duas pessoas.<br />

— Para nossa tristeza, nem sempre o resultado é a con<strong>de</strong>nação, porque as vítimas não<br />

comparecem em juízo e, quando comparecem, é para contradizer o que disseram na polícia.<br />

Exploradores as procuram e dão agrados às famílias — diz a juíza da 12aVara <strong>de</strong> Fortaleza,<br />

Maria Ilna <strong>de</strong> Castro.<br />

Manaus também conta com uma vara especializada. Foi criada em 2007, mas ainda não<br />

julgou nenhum processo <strong>de</strong> exploração sexual. Assim como em Fortaleza e no Rio,<br />

predominam os casos <strong>de</strong> abuso sexual: no primeiro semestre, foram ajuizadas 114 ações por<br />

estupro e atentado violento ao pudor, ante três por prostituição infanto-juvenil.<br />

O juiz Luiz Albuquerque, <strong>de</strong> Manaus, diz que a <strong>de</strong>sproporção não significa que a cida<strong>de</strong><br />

esteja livre da exploração sexual: — Se há, e há muita, não tem chegado a nós. Não tem<br />

tomado a forma <strong>de</strong> processo.<br />

O julgamento é o último passo <strong>de</strong> uma investigação. Assim, as <strong>de</strong>cisões tomadas no primeiro


semestre <strong>de</strong> 2010 refletem a realida<strong>de</strong> dos últimos anos. Fortaleza é a cida<strong>de</strong> brasileira com<br />

maior número <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncias <strong>de</strong> exploração ao Disque 100: 966, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2003, quando o<br />

serviço passou para o governo fe<strong>de</strong>ral, até 30 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2010. O Rio aparece em terceiro,<br />

com 682, e Manaus em oitavo, com 333. As três capitais são <strong>de</strong>stinos turísticos nacionais e<br />

internacionais.<br />

E serão se<strong>de</strong> da Copa <strong>de</strong> 2014.<br />

No Rio, não há sequer vara especializada em crimes contra crianças e adolescentes — só<br />

contra menores infratores. Isso dificulta até mesmo a contabilização dos casos, já que as<br />

ações ficam espalhadas por 40 varas.<br />

— A exploração sexual é um crime impune, porque o aparelho judicial não está preparado<br />

para receber esse tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncia.<br />

Sem instrumentos, não há como punir — diz o <strong>de</strong>sembargador do TJ-RJ Siro Darlan.<br />

Para <strong>de</strong>scobrir o número <strong>de</strong> processos instaurados no primeiro semestre, no Rio, foi preciso<br />

analisar uma lista do TJ com todos os crimes sexuais e do Estatuto da Criança e do<br />

Adolescente. Os casos <strong>de</strong> prostituição infanto-juvenil foram i<strong>de</strong>ntificados mediante contato<br />

com as varas, consi<strong>de</strong>rando-se apenas casos já <strong>de</strong>nunciados pelo MP. Ainda assim, há risco<br />

<strong>de</strong> imprecisão, porque processos com registro eletrônico ou etiqueta <strong>de</strong> um assunto po<strong>de</strong>m,<br />

na verda<strong>de</strong>, tratar <strong>de</strong> outro. Em Fortaleza e Manaus, as varas especializadas divulgaram<br />

dados.<br />

— Temos informação para tudo, mas não para esse tipo <strong>de</strong> pergunta. Desinformação é<br />

sinônimo <strong>de</strong> negligência — diz Siro.<br />

Em Fortaleza, a jovem <strong>de</strong> 17 anos usou os R$ 2 para fazer um lanche. O homem <strong>de</strong> 70 foi<br />

embora a pé. Como nas estatísticas do Rio, a prostituição <strong>de</strong>la e <strong>de</strong> outras adolescentes<br />

permanece invisível à Justiça.<br />

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33. Estado <strong>de</strong> Minas - MG<br />

Falso sequestro mobiliza policiais<br />

Homem comunica roubo <strong>de</strong> carro com criança <strong>de</strong>ntro, mas confessa que mentiu para agilizar<br />

busca pelo automóvel<br />

Alfredo Durães e Lan<strong>de</strong>rcy Hemerson<br />

O <strong>de</strong>spachante João Bibiano inventa história e po<strong>de</strong> ter punição<br />

Um falso comunicado <strong>de</strong> sequestro <strong>de</strong> uma criança <strong>de</strong> 2 anos mobilizou ontem, por mais <strong>de</strong><br />

15 horas, um gran<strong>de</strong> aparato policial, na Região Metropolitana <strong>de</strong> Belo Horizonte. O intento<br />

foi praticado pelo <strong>de</strong>spachante João Antônio Bibiano, <strong>de</strong> 50 anos, <strong>de</strong>pois que seu punto<br />

sporting, com placa <strong>de</strong> Ibirité, foi roubado, na noite <strong>de</strong> sexta-feira, por dois homens. Ele<br />

afirmou que o filho <strong>de</strong> sua namorada também tinha sido levado pelos bandidos. Somente na<br />

tar<strong>de</strong> <strong>de</strong> ontem, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> cair em várias contradições, ele se apresentou na 36ª Delegacia<br />

da Regional do Barreiro, na capital, e confessou ter inventado a história para que a polícia<br />

encontrasse rapidamente o automóvel.<br />

De acordo com o <strong>de</strong>legado Roberto Soares, chefe da Delegacia Regional do Barreiro, o<br />

acusado contou que, nas proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um shopping, viu uma mulher <strong>de</strong> boa aparência<br />

com uma criança e ofereceu carona a ela, que disse que seguia para a estação <strong>de</strong> ônibus<br />

Diamante. Porém, o <strong>de</strong>spachante parou na Padaria Simões, na esquina das ruas Américo<br />

Magalhães e Antônio Teixeira Dias, no Barreiro <strong>de</strong> Baixo. Quando saía do estabelecimento<br />

foi abordado por dois homens, um <strong>de</strong>les armado com revólver, que o teria obrigado a entrar<br />

no punto com eles, a mulher e a criança. Três quarteirões <strong>de</strong>pois, o casal e a criança foram<br />

libertados.


O <strong>de</strong>legado Islan<strong>de</strong> Batista, chefe do Departamento <strong>de</strong> Investigações <strong>de</strong> Crimes Contra o<br />

Patrimônio (Depatri), informou que, na noite da sexta-feira, foram mobilizadas equipes com<br />

mais <strong>de</strong> 40 policiais para tentar encontrar a criança. Até às 14h30 <strong>de</strong> ontem, agentes do<br />

Departamento <strong>de</strong> Operações Especiais (Deoesp), estavam <strong>de</strong> prontidão para uma possível<br />

ação <strong>de</strong> resgate, inclusive com helicóptero à disposição do grupo.<br />

Ao suspeitar da frau<strong>de</strong>, o <strong>de</strong>legado Batista convenceu o <strong>de</strong>spachante a se apresentar.<br />

Indiciado pelo falso comunicado <strong>de</strong> crime, cuja pena varia <strong>de</strong> um a seis meses <strong>de</strong> <strong>de</strong>tenção,<br />

Bibiano foi ouvido e liberado. A polícia vai agora investigar a última versão apresentada pelo<br />

<strong>de</strong>spachante, já que há suspeitas <strong>de</strong> que a tal mulher com a criança não existam. Até mesmo<br />

o roubo do carro, que não está em nome <strong>de</strong>le, embora afirme que o veículo seja <strong>de</strong> sua<br />

proprieda<strong>de</strong>, será investigado.<br />

Ao acionar a polícia, Bibiano informou aos militares do 41º Batalhão que o filho <strong>de</strong> “sua<br />

namorada”, que estava em sua companhia, havia sido sequestrado. Ele relatou ainda que os<br />

bandidos teriam roubado R$ 1,4 mil em dinheiro, quat ro telefones celulares, além <strong>de</strong><br />

documentos e placas <strong>de</strong> carros <strong>de</strong> clientes. Na sua falsa versão aos PMs, ele contou que foi<br />

obrigado a <strong>de</strong>scer do punto e que os ladrões disseram que levariam o menino como garantia<br />

e o soltariam <strong>de</strong>pois.<br />

CONTRADIÇÃO Militares da P2 (o serviço <strong>de</strong> inteligência da Polícia Militar), disseram que a<br />

história contada por Bibiano começou a tomar contornos duvidosos quando, ainda na noite<br />

<strong>de</strong> sexta-feira, ele se negou a fornecer o telefone e o en<strong>de</strong>reço da suposta namorada,<br />

alegando que estava muito nervoso e não se lembrava. “Ele falou apenas que ela se<br />

chamava Valéria”, disse um oficial. Bibiano chegou a levado para a Delegacia do Barreiro na<br />

mesma noite em que <strong>de</strong>u o falso alarme, mas foi liberado <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ouvido. Lá, chegou a<br />

fornecer o nome da criança, que, na realida<strong>de</strong>, era o <strong>de</strong> seu filho, adulto, que mora em<br />

Diamantina, na Região Central <strong>de</strong> Minas. Pela manhã, policiais civis e militares da P2<br />

estiveram na casa do <strong>de</strong>spachante, no Bairro Santa Helena, também no Barreiro, mas ele<br />

não foi encontrado. Conseguiram então localizá-lo por telefone e Bibiano <strong>de</strong>sconversou,<br />

informando que já havia falado com o <strong>de</strong>legado Islan<strong>de</strong> Batista, para informá-lo <strong>de</strong> que tinha<br />

pistas do para<strong>de</strong>iro da criança e a procurava em Betim.<br />

Ao ser questionado sobre o custo para a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> movimentação policial<br />

como essa, sem necessida<strong>de</strong>, o <strong>de</strong>legado Roberto Soares disse que não saberia precisar o<br />

montante, mas que centenas <strong>de</strong> policias, que po<strong>de</strong>riam estar no policiamento ou no<br />

atendimento <strong>de</strong> outras ocorrências, foram <strong>de</strong>slocados para o caso em vão.<br />

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34. Estado <strong>de</strong> Minas - MG<br />

Tio é preso por torturar garota<br />

Criança <strong>de</strong> 5 anos está com o corpo queimado a ferro, teve <strong>de</strong>ntes arrancados com alicate e<br />

genitália ferida a faca, segundo <strong>de</strong>legada<br />

Tio é preso por torturar garota<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro – Policiais civis pren<strong>de</strong>ram na madrugada <strong>de</strong> ontem Sirlei Ferreira do<br />

Nascimento, <strong>de</strong> 38 anos, suspeito <strong>de</strong> torturar com um ferro quente a sobrinha <strong>de</strong> 5 anos, na<br />

Praça Seca, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio. Segundo informações da <strong>de</strong>legada<br />

Adriana Belém, da Delegacia <strong>de</strong> Campinho (Zona Norte), on<strong>de</strong> o caso foi registrado, a<br />

criança tem marcas <strong>de</strong> queimaduras espalhadas pelo corpo, teve os <strong>de</strong>ntes arrancados por<br />

um alicate e a genitália ferida a faca. Sirlei Ferreira do Nascimento, <strong>de</strong> 38 anos, foi levado<br />

para <strong>de</strong>legacia, on<strong>de</strong> permanecia preso.<br />

A mulher do suspeito, Francinaire Firmino da Costa, <strong>de</strong> 35, também foi chamada para <strong>de</strong>por.<br />

A menina é filha da irmã <strong>de</strong>la, Juliana Alberto da Cruz, <strong>de</strong> 29, que teria se mudado para<br />

Santa Catarina e <strong>de</strong>ixado a filha no Rio. Juliana retornou à capital fluminense quarta-feira e<br />

ficou chocada com os ferimentos na filha. Sirlei <strong>de</strong>ve ser indiciado por crime <strong>de</strong> tortura e


Francinaire respon<strong>de</strong>rá por tortura omissiva. Na noite <strong>de</strong> ontem, os dois teriam admitido as<br />

agressões à criança, alegando que ela seria “levada”. Não havia informações se os acusados<br />

já têm advogado.<br />

Na sexta-feira passada, outra vítima <strong>de</strong> maus -tratos morreu <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> passar quase um mês<br />

internada no Rio. A menina Joanna Cardoso Marcenal Marins , <strong>de</strong> 5, ficou quase um mês<br />

hospitalizada, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> sofrer várias convulsões. Ela apresentava hematomas nas pernas e<br />

sinais, aparentemente, <strong>de</strong> queimaduras nas ná<strong>de</strong>gas e no tórax. A polícia investiga se ela<br />

sofreu maus-tratos. A mãe da criança, a médica Cristiane Cardoso Marcenal Ferraz, acusa o<br />

pai da menina, o técnico judiciário André Rodrigues Marins, <strong>de</strong> tê-la agredido.<br />

A juíza Cláudia Nascimento Vieira, da 1ª Vara <strong>de</strong> Família <strong>de</strong> Nova Iguaçu, na Baixada<br />

Fluminense, lamentou em nota divulgada dia 18, o falecimento da menina Joanna Marcenal<br />

Marins e disse que se a violência contra a vítima for confirmada “será uma surpresa”. A juíza<br />

foi a responsável por conce<strong>de</strong>r ao pai a guarda da criança. A magistrada alegou que “até o<br />

momento, não havia prova disso nos autos do processo que tramita neste Juízo <strong>de</strong> Família”<br />

e acrescentou que a internação da criança “não guarda relação com o processo on<strong>de</strong> se<br />

discutia sua guarda e visitação”. No entanto, ela reconheceu que uma notícia <strong>de</strong> maus-tratos<br />

em 2007 resultou na suspensão das visitas do pai por nove meses.<br />

De acordo com Cláudia Nascimento Vieira, um estudo psicológico teria atestado a<br />

inexistência da violência e restabelecido a visitação paterna. Des<strong>de</strong> 2007, o pai da vítima<br />

disputava a guarda <strong>de</strong> Joanna com a mãe. De acordo com o Tribunal <strong>de</strong> Justiça do Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro (TJ-RJ), nesse período foram realizados um estudo social e dois estudos<br />

psicológicos sobre o caso, com a participação <strong>de</strong> três psicólogos diferentes. A juíza <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u<br />

sua <strong>de</strong>cisão e afirmou que estudos psicológicos realizados no processo <strong>de</strong> Joanna<br />

concluíram pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> “restabelecer com urgência o convívio da criança com o<br />

pai”, “sem a interferência da mãe”.<br />

PROCURADORA Em outro caso recente <strong>de</strong> criança torturada por adulto no Rio <strong>de</strong> Janeiro, a<br />

procuradora aposentada Vera Lúcia <strong>de</strong> Sant’anna Gomes, <strong>de</strong> 66 anos, foi con<strong>de</strong>nada a<br />

pouco mais <strong>de</strong> 8 anos <strong>de</strong> prisão por ter vitimado uma menina <strong>de</strong> 2 anos e 8 meses que se<br />

encontrava sob sua guarda provisória para adoção. De acordo com <strong>de</strong>núncia do Ministério<br />

Público Estadual, a criança foi submetida diariamente a violência física e moral, inclusive na<br />

presença <strong>de</strong> empregados da casa. O boletim <strong>de</strong> atendimento médico, as fotos e o laudo do<br />

exame <strong>de</strong> corpo <strong>de</strong> <strong>de</strong>lito, anexados ao processo e analisados pelo magistrado que pediu a<br />

prisão da procuradora, registram as consequências físicas da violência contra a criança, que<br />

precisou ser socorrida a um hospital. A procuradora continua presa no Rio, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> maio <strong>de</strong>ste<br />

ano.<br />

Agressão na escola<br />

A mãe <strong>de</strong> uma aluna do sexto ano da <strong>Escola</strong> Municipal Al<strong>de</strong>barã, em Santa Cruz, Zona<br />

Oeste do Rio, é suspeita <strong>de</strong> agredir uma colega <strong>de</strong> sua filha, <strong>de</strong> 12 anos, na manhã <strong>de</strong><br />

quinta-feira. Segundo a Secretaria Municipal <strong>de</strong> Educação, as duas meninas tinham brigado<br />

na saída da escola no dia anterior. Testemunhas disseram à polícia que funcionários da<br />

escola precisaram segurar a mulher durante a agressão, tirar a menina do local e levá-la ao<br />

Hospital Pedro 2º. A mãe da criança – que ficou com arranhões e manchas <strong>de</strong> pancadas no<br />

corpo – registrou ocorrência na Delegacia <strong>de</strong> Santa Cruz. A Polícia Militar chegou a ser<br />

acionada durante a agressão, mas a mãe suspeita conseguiu <strong>de</strong>ixar a escola antes da<br />

chegada dos militares. Segundo a polícia, a diretora da escola também esteve na <strong>de</strong>legacia,<br />

mas <strong>de</strong>sistiu <strong>de</strong> entrar quando viu um grupo <strong>de</strong> jornalistas.<br />

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35. JB Online - RJ<br />

SP: acusado <strong>de</strong> matar taxista é preso pela Polícia Civil<br />

Portal Terra


SÃO PAULO - A Polícia Civil pren<strong>de</strong>u neste sábado um homem <strong>de</strong> 24 anos acusado <strong>de</strong> ter<br />

matado a taxista Cleuza Antonia dos Santos Andreta, <strong>de</strong> 28 anos. O corpo da vítima foi<br />

encontrado em 25 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong>ste ano, em um canavial no bairro Periquito, em Monte<br />

Aprazível, no interior <strong>de</strong> São Paulo.<br />

A investigação foi conduzida pelos policiais <strong>de</strong> Monte Aprazível, em parceria com a<br />

Delegacia <strong>de</strong> Investigações Gerais (DIG) e Centro <strong>de</strong> Inteligência Policial (Cipol) <strong>de</strong> São José<br />

do Rio Preto. Depois <strong>de</strong> ouvirem diversas pessoas, os policiais chegaram até o suspeito, na<br />

sexta-feira, 20, porém, ele conseguiu fugir.<br />

Na manhã <strong>de</strong> sábado, os policiais armaram campana nas proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma casa em que<br />

ele po<strong>de</strong>ria estar. Conforme o previsto, o acusado foi até o local e acabou <strong>de</strong>tido. Ele já tinha<br />

prisão temporária <strong>de</strong> 30 dias <strong>de</strong>cretada, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o dia anterior.<br />

o homem, que já tinha passagem por roubo e estupro em Pernambuco, confessou o crime.<br />

Após sua prisão, foi feita a reconstituição do crime, acompanhada por uma equipe <strong>de</strong> peritos<br />

<strong>de</strong> São José do Rio Preto. Os policiais voltaram ao local do crime, on<strong>de</strong> o acusado indicou o<br />

lugar em que estava o telefone celular da vítima, em meio ao matagal, e, cerca <strong>de</strong> seis<br />

quilômetros adiante, mostrou on<strong>de</strong> estava o chip, também do celular da taxista.<br />

O acusado está preso na carceragem da DIG à disposição da Justiça. A polícia agora <strong>de</strong>ve<br />

pedir a prisão preventiva do acusado.<br />

O crime<br />

Desaparecida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o dia 24 <strong>de</strong> julho, quando foi vista pela última vez saindo com seu táxi<br />

da Praça São João, em Monte Aprasível, a taxista Cleuza Antonia dos Santos Andreta, <strong>de</strong> 28<br />

anos, foi encontrada morta na noite <strong>de</strong> domingo, 25 <strong>de</strong> julho, em um canavial. O corpo<br />

estava a 50 metros do táxi que dirigia.<br />

Na ocasião, foram apreendidos documentos e pertences da vítima, que estavam <strong>de</strong>ntro do<br />

carro; além <strong>de</strong> outros objetos que estavam na estrada, perto do táxi. A polícia instaurou<br />

inquérito para a investigação, até chegar ao autor do homicídio.<br />

13:38 - 22/08/2010<br />

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36. Zero Hora - RS<br />

Bloqueios para marcar a morte <strong>de</strong> sem-terra<br />

MST interrompeu três rodovias BRs para cobrar justiça no caso <strong>de</strong> companheiro assassinado<br />

O data <strong>de</strong> um ano da morte do sem-terra Elton Brum da Silva, 44 anos, assassinado por um<br />

policial militar em uma ação <strong>de</strong> <strong>de</strong>socupação <strong>de</strong> terra, foi lembrada ontem com bloqueios <strong>de</strong><br />

três estradas no Estado. Os protestos, organizados pelo Movimento dos Trabalhadores<br />

Rurais Sem Terra (MST), tinham faixas com palavras <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m e distribuição <strong>de</strong> panfletos<br />

com as reivindicações do movimento.<br />

Em Santa Margarida do Sul, cerca <strong>de</strong> 150 assentados bloquearam o trânsito na BR-290.<br />

Movimentação igual ocorreu na BR-158, em Júlio <strong>de</strong> Castilhos, com cerca <strong>de</strong> 80 pessoas,<br />

entre assentados e acampados. Em Palmeira das Missões, no norte do Estado, os sem-terra<br />

pararam o tráfego da BR-569. Em função dos bloqueios, houve congestionamento.<br />

– Já se passou um ano <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o nosso companheiro foi assassinado covar<strong>de</strong>mente e<br />

nada foi feito – <strong>de</strong>sabafou o sem-terra Gilmar Soares, que mora no acampamento Herança<br />

<strong>de</strong> Adão Pretto, em Júlio <strong>de</strong> Castilhos.<br />

O processo que trata da morte <strong>de</strong> Silva ainda tramita na Justiça. Na quarta-feira, a Justiça <strong>de</strong><br />

São Gabriel mandou que o réu, o soldado da Brigada Militar (BM) Alexandre Curto dos


Santos, seja citado. Conforme a acusação, Santos teria atirado pelas costas em Silva,<br />

durante operação <strong>de</strong> reintegração <strong>de</strong> posse da Fazenda Southall, em São Gabriel. O semterra<br />

chegou a ser socorrido, mas não resistiu. À época, Santos afirmou <strong>de</strong>sconhecer que<br />

sua arma estava com munição letal.<br />

joanna.ferraz@diariosm.com.br<br />

JOANNA FERRAZ<br />

Entenda o caso<br />

2009<br />

- 28 <strong>de</strong> setembro – A Polícia Civil <strong>de</strong> São Gabriel indicia o policial por homicídio qualificado.<br />

- 5 <strong>de</strong> outubro – A promotora Ivana Battaglin, <strong>de</strong> São Gabriel, oferece <strong>de</strong>núncia por homicídio<br />

qualificado contra o PM.<br />

- 28 <strong>de</strong> outubro – O juiz da Vara Criminal <strong>de</strong> São Gabriel, José Pedro <strong>de</strong> Oliveira Eckert,<br />

aceita parte da <strong>de</strong>núncia. O magistrado não acha que o PM dificultou a <strong>de</strong>fesa.<br />

- 30 <strong>de</strong> outubro – O MP recorre.<br />

2010<br />

- 12 <strong>de</strong> maio – A 1ª Câmara Criminal do TJ <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> que a <strong>de</strong>núncia do MP <strong>de</strong>ve ser recebida<br />

<strong>de</strong> forma integral.<br />

- 21 <strong>de</strong> junho – O processo volta para São Gabriel.<br />

- 18 <strong>de</strong> agosto – A juíza Juliana Neves Capiotti cita o réu. A citação é a primeira chance do<br />

PM <strong>de</strong> se manifestar no processo.<br />

37. O Globo - RJ<br />

Histórias consumidas pelo vício<br />

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País tem cerca <strong>de</strong> 1 milhão <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do crack. Nos últimos anos, 63% dos <strong>de</strong>litos<br />

com drogas foram no Su<strong>de</strong>ste<br />

Tatiana Farah<br />

SÃO PAULO. É festa no sobrado <strong>de</strong> Jacira e Clau<strong>de</strong>miro, família <strong>de</strong> classe média do bairro<br />

<strong>de</strong> Perus, na periferia <strong>de</strong> São Paulo. Depois <strong>de</strong> dois anos <strong>de</strong> espera, o filho caçula,<br />

Clau<strong>de</strong>miro Júnior, <strong>de</strong> 22 anos, passa o Dia dos Pais em casa.<br />

Na segunda-feira, porém, ele voltaria para cumprir o resto da pena <strong>de</strong> dois anos e seis<br />

meses no presídio <strong>de</strong> Franco da Rocha. Foi con<strong>de</strong>nado por tráfico. Ele estava no metrô<br />

quando foi abordado pela polícia em 2008. Na bolsa da namorada, menor <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, mais <strong>de</strong><br />

um quilo <strong>de</strong> cocaína.<br />

— Ele assumiu todo o crime.<br />

Mas, para mim, negou. Disse que não sabia. Para a advogada, ele contou que já havia feito<br />

outras vezes — admite a mãe.<br />

Irmão vítima da Cracolândia<br />

Hoje, no país, há <strong>de</strong> 800 mil a um milhão <strong>de</strong> viciados em crack, estimam especialistas na<br />

área, como o psiquiatra Ronaldo Laranjeira. Segundo ele, <strong>de</strong>sse total, 10% passaram por<br />

prisões ou tiveram problemas com crimes.<br />

No Su<strong>de</strong>ste, a situação ten<strong>de</strong> a ser mais crítica: segundo a Secretaria Nacional <strong>de</strong><br />

<strong>Segurança</strong> <strong>Pública</strong>, 63% dos <strong>de</strong>litos envolvendo drogas — posse, uso e tráfico — ocorreram<br />

na região em 2004 e 2005. São Paulo concentra o maior número, 41%.


O GLOBO acompanha a ansieda<strong>de</strong> da família <strong>de</strong> Clau<strong>de</strong>miro, a uma noite da “festa”.<br />

Jacira escolhe as fotos para um painel com as imagens <strong>de</strong> Júnior quando criança. A maioria<br />

ao lado do pai: na praia, pescando, brincando na areia, num sítio.<br />

— Acho que a cama agora ficou pequena. Ele cresceu lá.<br />

Está um “homão”— empolgase Clau<strong>de</strong>miro. — As pessoas ficam achando que a gente está<br />

envolvida. Mas tem muitos filhos envolvidos nos crimes, nas drogas, e os pais nem estão<br />

sabendo.<br />

Talvez pelo medo do preconceito, Jacira nunca tenha contado no trabalho que o filho está<br />

preso. Ela prepara uma lasanha, prato predileto <strong>de</strong> Júnior. Apesar das visitas toda semana,<br />

nunca pô<strong>de</strong> levar a massa na ca<strong>de</strong>ia: — Lasanha é proibido, por causa do recheio.<br />

Clau<strong>de</strong>miro e Jacira passaram a frequentar a Pastoral Carcerária, ajudando outras famílias<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>tentos.<br />

— Mesmo quando meu filho sair, vamos continuar. Agora ele vai ficar um ano no semiaberto,<br />

mas faz três meses que conseguiu o direito, só que não tem vaga, então está no regime<br />

fechado ainda— conta Jacira.<br />

A poucas ruas da casa <strong>de</strong> Clau<strong>de</strong>miro, no Dia dos Pais não teve lasanha. O almoço <strong>de</strong><br />

domingo ainda “engasga” na garganta <strong>de</strong> Cristiane*, <strong>de</strong> 19 anos. Seu irmão, Paulo*, está<br />

sumido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que foi solto da prisão, em maio.<br />

Tendo vivido na Cracolândia — área no centro <strong>de</strong> São Paulo on<strong>de</strong> jovens consomem e<br />

ven<strong>de</strong>m crack — <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o fim <strong>de</strong> 2009, o rapaz, também <strong>de</strong> 22 anos, foi preso em abril por<br />

roubo. É viciado em crack há pelo menos três anos.<br />

— O pior foi quando nosso irmão começou a pedir comida na rua, no nosso bairro.<br />

Sempre fomos pobres, mas nunca nos faltou comida — diz Cristiane.<br />

Sob um frio <strong>de</strong> 15 graus, a irmã caçula <strong>de</strong> Paulo chora ao pensar que o irmão está na rua,<br />

esmolando comida e dinheiro.<br />

Ela e o pai <strong>de</strong>sconfiam que ele tenha voltado à Cracolândia, mas não foram procurálo.<br />

Quando ele foi preso, o pai recusou-se a vê-lo atrás das gra<strong>de</strong>s.<br />

— Meu pai disse que iria atrás <strong>de</strong>le, mas nunca na ca<strong>de</strong>ia.<br />

Ele tentou internar meu irmão, pagava casas <strong>de</strong> repouso, mas Paulo sempre telefonava<br />

pedindo para ele ir buscálo. Não ficava lá.<br />

Cristiane conta que o irmão é filho <strong>de</strong> um relacionamento anterior do pai e foi morar com a<br />

família aos 14 anos: — Ele trabalhava e, quando trabalhava, era ótimo no que fazia. Era<br />

caprichoso. Depois a mãe <strong>de</strong>le morreu, a avó que o criou também. Ele começou a dizer que<br />

não importava mais nada. Ficava violento. Já agrediu meu pai.<br />

Deprimido, o pai não quis dar entrevista. Também não permitiu que a família <strong>de</strong>sse ao jornal<br />

os nomes verda<strong>de</strong>iros.<br />

Cristiane conta que, em 2009, enquanto o irmão andava pelas ruas, encontrou-o pedindo<br />

esmola.<br />

— Eu estava na pastelaria. Ele entrou pedindo comida. Fiquei com medo, porque ele estava<br />

com um menino. Tive medo <strong>de</strong> ser roubada, <strong>de</strong> ele querer se vingar da vida que eu tinha e<br />

ele, não. Depois fiquei mais triste <strong>de</strong> pensar assim, porque sei que ele não me faria mal.


A garota lembra que, quando o irmão morava em casa, a família sempre estava em conflito.<br />

Quando não tinha dinheiro, Paulo começava a ven<strong>de</strong>r as roupas, saía até “levando a<br />

televisão”: — Antes da faculda<strong>de</strong>, eu fazia escola técnica integrada, ficava 12 horas na<br />

escola. Eu gostava <strong>de</strong> ficar tanto tempo fora porque tinha medo <strong>de</strong> acontecer algo em casa.<br />

Meu irmão já tinha agredido meu pai. Vou confessar uma coisa: com ele fora <strong>de</strong> casa, eu me<br />

sinto mais tranquila. Mas também, assim com esse frio, a gente fica pensando: como será<br />

que ele está? Cristiane conta sua história ao lado do primo Ricardo, que teve outra sorte.<br />

Viciado por <strong>de</strong>z anos em cocaína, o ven<strong>de</strong>dor passou a frequentar uma igreja evangélica e<br />

“está limpo” <strong>de</strong> álcool, drogas e tabaco há seis anos, conta ele: — Seis anos e sete meses.<br />

(*) Nomes fictícios. Os sobrenomes dos familiares <strong>de</strong> Clau<strong>de</strong>miro foram preservados a<br />

pedido <strong>de</strong>les.<br />

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38. O Globo - RJ<br />

Antropólogo vê episódio como tragédia social<br />

A preocupação é também com a insegurança às vésperas <strong>de</strong> a cida<strong>de</strong> receber gran<strong>de</strong>s<br />

eventos<br />

O cientista político e antropólogo Luiz Eduardo Soares, que é morador <strong>de</strong> um condomínio em<br />

São Conrado e ex-secretário nacional <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> <strong>Pública</strong>, falou sobre os momentos <strong>de</strong><br />

terror que presenciou no bairro da Zona Sul, na manhã <strong>de</strong> ontem.<br />

— Antes, o palco era sempre a Rocinha, mas agora foi o bairro, o asfalto, a região próxima<br />

aos prédios e condomínios. Isso muda a geografia da guerra urbana.<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista político, cultural e social, representa uma tragédia, pois o Rio está no<br />

centro das atenções internacionais — ressaltou, em entrevista à Rádio CBN.<br />

De acordo com o cientista político, as Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Polícia Pacificadoras (UPPs) têm um<br />

papel importante no combate à violência, mas não representam a solução do problema.<br />

Quem também relatou momentos <strong>de</strong> terror no bairro foi Tan<strong>de</strong>, ex-jogador da Seleção<br />

Brasileira <strong>de</strong> Vôlei, que seguia pelo Túnel Zuzu Angel por volta das 8h30m, quando policiais<br />

e bandidos trocaram tiros.<br />

— Eu estava no meu carro com mais três amigos seguindo para a Barra, on<strong>de</strong> iríamos jogar<br />

uma pelada. Quando saímos do túnel, o tiroteio estava muito intenso.<br />

Uma patrulha da polícia em alta velocida<strong>de</strong> atingiu o meu carro, que ficou amassado na parte<br />

da frente e na lateral — contou o atleta. — Você sai <strong>de</strong> casa para um programa simples e<br />

acaba passando por uma loucura <strong>de</strong>ssas. Eu só pensava na minha família, pois ali é um<br />

local que passamos sempre.<br />

A cantora Preta Gil, que também mora em São Conrado e está em Trancoso, na Bahia,<br />

contou no Twitter que bandidos invadiram o seu prédio: — Aos que estão preocupados com<br />

o tiroteio, em frente à minha casa, não aconteceu nada com meu marido e filho. Eles estão<br />

assustados, bandidos invadiram o meu prédio, foi um terror.<br />

Que angustia, meus Deus.<br />

Outros famosos também manifestaram indignação através do Twitter. A atriz Taís Araújo foi<br />

a primeira a escrever uma mensagem comentando o assunto: — Bom dia! Bom dia? Será?<br />

Porque acordar com notícia <strong>de</strong> invasão, tiroteio e bala perdida, me faz pensar o porquê <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sejar um bom dia.<br />

Que Deus nos proteja e ilumine nossos caminhos.<br />

O humorista Marcius Melhem, no Twitter, criticou a insegurança vivida pelos cariocas: —


Toda vez que o governo quer nos dar a impressão <strong>de</strong> que tudo está sob controle, a cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>smente.<br />

A atriz Thaila Ayala, atualmente no ar como a Amanda Moura <strong>de</strong> “Ti-ti-ti”, também mostrou<br />

preocupação.<br />

— Alguém tem que fazer alguma coisa! Que país é esse? Que Copa, gente! — exaltou.<br />

Em sua página no Twitter, a atriz Samara Felippo também ressaltou a falta <strong>de</strong> segurança que<br />

toma conta da cida<strong>de</strong> às vésperas <strong>de</strong> o Rio receber gran<strong>de</strong>s eventos esportivos.<br />

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39. O Globo - RJ<br />

Marina critica o 'uso eleitoral' <strong>de</strong> UPPs cariocas<br />

Candidata elogia o projeto, mas diz que ele está no começo<br />

Márcia Abos<br />

Enviada especial<br />

GUARIBA e ARARAQUARA (SP).<br />

Em campanha ontem em Guariba e Araraquara, interior <strong>de</strong> São Paulo, a candidata do PV à<br />

Presidência, Marina Silva, criticou o uso eleitoral das Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Polícia Pacificadora<br />

(UPPs). Apesar <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rá-las uma experiência positiva em segurança pública, ela disse<br />

que falta escala ao projeto e que, por estar só no início, ele não <strong>de</strong>veria ser apresentado<br />

como se já tivesse solucionado o problema da violência urbana e do crime organizado.<br />

Marina abordou o assunto ao comentar <strong>de</strong> novo o confronto em São Conrado, no Rio,<br />

sábado. Para ela, o crime “é <strong>de</strong>núncia grave <strong>de</strong> que estamos per<strong>de</strong>ndo o controle na<br />

segurança pública”: — As UPPs são uma boa i<strong>de</strong>ia. Mas ainda não têm escala.<br />

Estão apenas no começo. Estão usando-as (em campanha) como se o problema estivesse<br />

resolvido — disse, pedindo reforma da segurança pública.<br />

No discurso no Sindicato dos Trabalhadores Rurais <strong>de</strong> Guariba, Marina queixou-se da<br />

propaganda do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que mostra ao eleitor as funções <strong>de</strong> cada<br />

cargo eletivo, pois o filme só usa bonecos do sexo masculino: — A cultura <strong>de</strong> que só homem<br />

po<strong>de</strong>ria ser eleito está presente.<br />

Temos duas mulheres na disputa (à Presidência). O certo seria colocar na propaganda duas<br />

bonequinhas, uma magra <strong>de</strong> coque e a outra mais fortinha — disse, avaliando que o<br />

conteúdo da campanha é positivo, mas a mensagem subliminar, empossando apenas<br />

homens, não.<br />

“Pesquisas não refletem a acolhida dos eleitores” Questionada se aceitaria voltar a ser<br />

ministra num eventual governo <strong>de</strong> um <strong>de</strong> seus concorrentes, Marina <strong>de</strong>u a enten<strong>de</strong>r que<br />

preferiria atuar em organizações da socieda<strong>de</strong> civil: — A gente po<strong>de</strong> contribuir para o país<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> estar no governo. Faço isso <strong>de</strong>s<strong>de</strong> meus 17 anos, quando conheci<br />

Chico Men<strong>de</strong>s e me engajei na luta pela <strong>de</strong>fesa da Amazônia, dos índios, seringueiros e<br />

ribeirinhos.<br />

Já <strong>de</strong>i minha contribuição no Ministério do Meio Ambiente.<br />

Lamentavelmente, o governo e o partido aos quais eu pertencia não me <strong>de</strong>ram o apoio<br />

necessário para que continuasse naquilo que era mais importante: mudar o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Como candidata, posso propor essa mudança.


Para Marina, as pesquisas não refletem a acolhida dos eleitores nas ruas. No sábado,<br />

pesquisa Datafolha mostrou a candidata ver<strong>de</strong> na terceira posição, com 9% das intenções <strong>de</strong><br />

voto, atrás <strong>de</strong> José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT): — O acolhimento que temos da<br />

população é emocionante e animador. O momento da virada será quando aparecer nas<br />

pesquisas o que sentimos na rua.<br />

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40. O Globo - RJ<br />

Homem diz ter sido espancado por Nem<br />

Leandro Azevedo, que já respon<strong>de</strong> por tráfico, é acusado <strong>de</strong> ter forjado o próprio sequestro<br />

Leandro Pereira Azevedo, <strong>de</strong> 33 anos, foi preso ontem sob acusação <strong>de</strong> forjar seu próprio<br />

sequestro por agentes da 14ª DP (Leblon). Ele é morador da Rocinha e se entregou aos<br />

policiais por volta das 2h com o corpo cheio <strong>de</strong> escoriações. Segundo Alessandro Thieres,<br />

<strong>de</strong>legado responsável pelo caso, o rapaz contou no <strong>de</strong>poimento que levou uma surra <strong>de</strong><br />

Nem, chefe do tráfico na comunida<strong>de</strong>, por volta das 21h <strong>de</strong> sexta-feira, porque o bandido<br />

teria <strong>de</strong>scoberto o falso sequestro.<br />

Thieres contou que a mãe e outros parentes do rapaz já tinham ido à <strong>de</strong>legacia no início da<br />

noite <strong>de</strong> quinta-feira. Na ocasião, eles disseram que Leandro estava <strong>de</strong>saparecido e que uma<br />

pessoa estava pedindo R$ 10 mil <strong>de</strong> resgate. O <strong>de</strong>legado disse que eles entregaram a ele<br />

um celular com algumas ligações gravadas e permaneceram na <strong>de</strong>legacia acompanhando a<br />

negociação conduzida pelos policiais.<br />

Depois <strong>de</strong> combinar um local para entregar o dinheiro, a equipe do <strong>de</strong>legado pren<strong>de</strong>u dois<br />

dos negociadores, um segurança e um motoboy. Quando os parentes voltaram para casa,<br />

encontraram o rapaz. Segundo o relato da mãe <strong>de</strong> Leandro, ela tentou convencêlo a se<br />

entregar. Ele fugiu, passou o dia <strong>de</strong> sexta-feira sumido e quando voltou para casa no final da<br />

noite disse que tinha levado uma surra do bando <strong>de</strong> Nem.<br />

Após prestar <strong>de</strong>poimento, Leandro Azevedo, que estava foragido e respondia por dois crimes<br />

<strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> drogas, foi levado para o Hospital Miguel Couto. Lá, ele permanece em<br />

observação, com escolta policial. O <strong>de</strong>legado Alessandro Thieres não acredita que o caso do<br />

suposto sequestro tenha relação com o tiroteio que houve na manhã <strong>de</strong> ontem, em São<br />

Conrado.<br />

— Não há relação alguma com o tiroteio. Leandro trabalha para o tráfico da Cruzada São<br />

Sebastião e estava proibido <strong>de</strong> traficar na Rocinha.<br />

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41. O Globo - RJ<br />

No Ceará, ação sobre estupro não anda<br />

Alemão acusado <strong>de</strong> violar adolescente em 2004 continua em liberda<strong>de</strong><br />

Demétrio Weber e Sérgio Marques<br />

Enviados especiais<br />

FORTALEZA. Denunciado à Justiça em 2004 por estupro <strong>de</strong> uma adolescente e<br />

favorecimento da prostituição, o dono do Hotel Sunflower, Hagen Erich Andreas Thurnau,<br />

respon<strong>de</strong> a dois processos em liberda<strong>de</strong>, em Fortaleza.<br />

Ele foi citado no relatório final da CPI da Exploração Sexual. O hotel, com “as melhores<br />

camas <strong>de</strong> Fortaleza”, continua aberto.<br />

Os dois processos contra Thurnau tramitam na 12ª Vara, especializada em crimes contra<br />

crianças e adolescentes. Des<strong>de</strong> 2009, estão com a <strong>de</strong>fesa. O advogado Humberto Bezerra,<br />

porém, conta ter <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> trabalhar para Thurnau ano passado.


O motivo é que o alemão estaria em dificulda<strong>de</strong>s financeiras. Um dos processos, porém,<br />

ficou com sua equipe; só recentemente teria sido <strong>de</strong>volvido: — Houve um contratempo, tinha<br />

ficado com um colega.<br />

O outro processo já está nas mãos do <strong>de</strong>fensor público Rommel Maciel. O serviço é gratuito.<br />

Ele admite que ainda não analisou o caso e não sabe dizer quando se manifestará.<br />

— Está naquele bolo — diz Maciel, apontando para uma prateleira com 160 volumes.<br />

Segundo Maciel, a vara ficou bom tempo sem <strong>de</strong>fensor, e há muito serviço acumulado. Ele<br />

conta que o alemão o procurou: — Não conheço o caso. Conheço a figura do senhor Hagen,<br />

um gringão que quase não entra nesta porta. Sou acostumado a aten<strong>de</strong>r pessoas raquíticas.<br />

A acusação <strong>de</strong> estupro envolve uma garota <strong>de</strong> 13 anos, até então virgem. Exame médico<br />

comprovou rompimento do hímen. A promotora Edna da Matta diz que estranhou o<br />

procedimento da polícia: primeiro, só a prostituta foi presa. Segundo Edna, só <strong>de</strong>pois, a<br />

pedido do MP, Thurnau foi incluído no inquérito: — Indiciaram a menina, e não ele. Achei<br />

estranho: por que correram atrás da garota <strong>de</strong> programa e não do abusador? O outro<br />

processo envolve favorecimento à prostituição <strong>de</strong> maiores e menores, que fariam programas<br />

com o alemão e com hóspe<strong>de</strong>s do hotel. Para Edna, a <strong>de</strong>mora nos julgamentos é problema<br />

estrutural da Justiça, não algo específico <strong>de</strong> crimes <strong>de</strong> exploração sexual. O Judiciário<br />

cearense está em greve parcial: — Não é impunida<strong>de</strong>, é a morosida<strong>de</strong> da Justiça.<br />

Relatora da CPI do Congresso, a <strong>de</strong>putada Maria do Rosário (PT-RS) diz que falta<br />

articulação aos órgãos que combatem e punem a exploração sexual. E a <strong>de</strong>mora favorece a<br />

impunida<strong>de</strong>: — Tudo que a gente fez naquele período está parado.<br />

O GLOBO esteve no Sunflower há duas semanas e telefonou semana passada, atrás <strong>de</strong><br />

Thurnau. Ele não foi encontrado nem retornou as ligações.<br />

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42. O Globo - RJ<br />

Beltrame diz que não muda planos<br />

Secretário quer instalar UPPs, mesmo após confronto em São Conrado<br />

O secretário <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> <strong>Pública</strong>, José Mariano Beltrame, afirmou ontem que o<br />

planejamento para a implantação das Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Polícia Pacificadora (UPPs) não vai<br />

mudar após o tiroteio ocorrido em São Conrado. Para o secretário, o maior problema do Rio<br />

na área <strong>de</strong> segurança pública foi, ao longo dos anos, mudar a sua política para o setor a<br />

cada vez em que estourava uma crise. Sobre uma possível ocupação da Rocinha e do<br />

Vidigal, ele disse que, se houver informações que embasem uma operação, ela ocorrerá em<br />

qualquer favela da cida<strong>de</strong>.<br />

— Nosso planejamento não vai ser alterado, porque nós temos uma proposta concreta. Esse<br />

episódio não vai nos afastar do projeto que apresentamos aos cidadãos. Ele prevê 40 UPPs<br />

beneficiando 160 comunida<strong>de</strong>s. Esse plano está completando dois anos, e os resultados são<br />

animadores — afirmou.<br />

O secretário <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> criticou o uso político do episódio, mas reconheceu que situações<br />

como a <strong>de</strong> ontem po<strong>de</strong>m acontecer novamente, pois “o novo Rio <strong>de</strong> Janeiro que queremos<br />

terá que conviver com esse velho”, enquanto o plano <strong>de</strong> pacificação não for terminado. Sobre<br />

o impacto negativo na imagem da cida<strong>de</strong> no exterior, ele disse que isso não é novida<strong>de</strong>.<br />

— Em primeiro lugar, o Rio passa essa imagem há muito tempo, infelizmente.<br />

Agora, on<strong>de</strong> nós estamos com as UPPs, temos resultados positivos. As pessoas têm que<br />

enten<strong>de</strong>r que não existe mágica, milagres não vão ocorrer.


Quem promete solução mirabolante tirada <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro da cartola é um mentiroso — afirmou<br />

Beltrame.<br />

Ele elogiou ainda a atuação dos policiais militares no caso: — A polícia conseguiu pren<strong>de</strong>r as<br />

<strong>de</strong>z pessoas que entraram no hotel, os 35 reféns saíram sem ferimento, e foram<br />

apresentadas à socieda<strong>de</strong> as armas que aí estão há muitos anos.<br />

Na ofensiva das UPPs contra o tráfico, policiais militares pren<strong>de</strong>ram ontem à tar<strong>de</strong> Rafaela<br />

Gabriel da Silva, <strong>de</strong> 21 anos, no Morro Pavã-Pavãozinho, com 1.764 pedras <strong>de</strong> crack.<br />

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43. O Globo - RJ<br />

Bairro <strong>de</strong> segurança máxima<br />

Ilha do Governador terá portal e central <strong>de</strong> controle para monitorar entrada e saída <strong>de</strong> carros<br />

Sérgio Ramalho<br />

As câmeras captam a placa do veículo, instantaneamente i<strong>de</strong>ntificado, por um programa <strong>de</strong><br />

computador, como roubado. Em segundos, o sistema lança um alerta, fechando as cancelas<br />

<strong>de</strong> acesso ao bairro, enquanto PMs cercam o carro suspeito.<br />

Em fase <strong>de</strong> conclusão, o projeto para a implantação do Portal <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> da Ilha do<br />

Governador vai permitir que a cena <strong>de</strong>scrita acima se torne uma realida<strong>de</strong> para a região,<br />

on<strong>de</strong> a ação <strong>de</strong> bandidos vem aumentando a sensação <strong>de</strong> insegurança dos moradores. Com<br />

14 subbairros, a Ilha tem o terceiro melhor Índice <strong>de</strong> Desenvolvimento Humano (IDH) do Rio,<br />

ficando atrás só <strong>de</strong> Gávea e Leblon. A partir da experiência na Ilha do Governador, outro<br />

bairro que po<strong>de</strong>rá receber um portal <strong>de</strong> segurança é a Urca. A região guarda semelhanças<br />

com a Ilha, por ter apenas um acesso.<br />

Resultado <strong>de</strong> um trabalho integrado da Secretaria <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> com órgãos da prefeitura —<br />

entre eles a Secretaria <strong>de</strong> Obras, a CET-Rio e a subprefeitura da Ilha —, o portal <strong>de</strong><br />

segurança <strong>de</strong>ve ter as obras iniciadas até outubro. O projeto consiste na construção <strong>de</strong> uma<br />

estrutura semelhante a uma praça <strong>de</strong> pedágio na entrada do bairro, on<strong>de</strong> também será<br />

instalada uma estação <strong>de</strong> Bus Rapid Transit (BRT), corredor expresso <strong>de</strong> ônibus que ligará a<br />

Barra da Tijuca ao Aeroporto Internacional Tom Jobim. Com nove faixas <strong>de</strong> rolamento, seis<br />

<strong>de</strong> entrada e três <strong>de</strong> saída, o portal contará com um centro <strong>de</strong> controle. Lá, operadores vão<br />

acompanhar em tempo real as imagens geradas por câmeras instaladas estrategicamente a<br />

500 metros do portal.<br />

Um programa leitor <strong>de</strong> placas vai informar, em segundos, qualquer irregularida<strong>de</strong> nos<br />

veículos monitorados pelas câmeras. O sistema usará os bancos <strong>de</strong> dados do Detran e da<br />

Secretaria <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong>. Com isso, além <strong>de</strong> alertar para um carro roubado, o programa vai<br />

informar se o veículo está com o IPVA atrasado ou outra irregularida<strong>de</strong> administrativa.<br />

Projeto une estado e prefeitura do Rio<br />

Integrante do grupo <strong>de</strong> trabalho criado há dois meses para viabilizar a instalação do portal, o<br />

superinten<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Comando e Controle da Secretaria <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong>, coronel Almeida Neto,<br />

acredita que o projeto vai inibir a ação <strong>de</strong> bandidos que saem dos complexos do Alemão e da<br />

Maré para agir na Ilha: — Esse é um projeto transformador, resultado <strong>de</strong> um estudo realizado<br />

por um grupo <strong>de</strong> trabalho que reuniu profissionais <strong>de</strong> diversas áreas do governo do estado e<br />

da prefeitura do Rio. Por meio das câmeras, todo o fluxo <strong>de</strong> entrada e saída <strong>de</strong> veículos da<br />

Ilha do Governador será monitorado em tempo real.<br />

De acordo com ele, o Portal <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> da Ilha vai operar como uma central, on<strong>de</strong><br />

atuarão diariamente equipes das polícias Militar e Civil, além do Detro, da Guarda Municipal,


da CET-Rio e outros órgãos: — A estrutura vai possibilitar a realização <strong>de</strong> operações em<br />

vários setores <strong>de</strong> fiscalização. Des<strong>de</strong> operações Lei Seca até ações da Receita Fe<strong>de</strong>ral, por<br />

exemplo — disse Almeida Neto.<br />

Após dois meses <strong>de</strong> reuniões, o projeto arquitetônico do portal foi concluído pela equipe da<br />

Secretaria municipal <strong>de</strong> Obras e enviado ontem ao subsecretário operacional <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong>,<br />

Roberto Sá. Os recursos para a implantação do portal <strong>de</strong>vem ser divididos entre o po<strong>de</strong>r<br />

público e a iniciativa privada.<br />

Para o subprefeito da Ilha, Victor Accioly, a iniciativa <strong>de</strong>volverá a segurança aos 249 mil<br />

habitantes do bairro. A obra, com traços futuristas, também vai transformar a entrada do<br />

bairro. O projeto prevê a construção do portal na Estrada do Galeão, perto <strong>de</strong> on<strong>de</strong> funciona<br />

atualmente uma cabine do 17º BPM (Ilha do Governador).<br />

Presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração das Associações <strong>de</strong> Moradores da Ilha do Governador, Melquía<strong>de</strong>s<br />

Chagas Martins acredita que a construção do portal vai zerar os índices <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong> no<br />

bairro. Segundo ele, que também integra o Conselho Comunitário <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> da Ilha, a<br />

maior parte dos roubos registrados na região é praticada por bandidos vindos <strong>de</strong> outros<br />

bairros.<br />

— A insegurança no bairro já esteve pior. Há alguns meses, a situação quase saiu <strong>de</strong><br />

controle, com assaltos acontecendo a qualquer hora do dia. As reuniões do conselho, que<br />

conta com a participação do comandante do 17º BPM e <strong>de</strong> policiais da 37ª DP (Ilha do<br />

Governador), vêm mudando esse quadro. Agora, com a obra do portal saindo do papel, o<br />

bairro vai voltar a ser uma ilha <strong>de</strong> tranquilida<strong>de</strong> — acredita.<br />

A fe<strong>de</strong>ração presidida por Melquía<strong>de</strong>s Martins congrega representantes <strong>de</strong> 27 associações<br />

<strong>de</strong> moradores do bairro, entre elas comunida<strong>de</strong>s carentes. Segundo ele, os principais alvos<br />

da ação <strong>de</strong> bandidos são os moradores dos sub-bairros Jardim Guanabara e Portuguesa.<br />

— Esses dois sub-bairros são como uma espécie <strong>de</strong> Zona Sul da Ilha do Governador. Lá,<br />

estão concentrados os moradores com maior po<strong>de</strong>r aquisitivo, além do comércio — disse.<br />

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44. O Globo - RJ<br />

Delegado já suspeitava <strong>de</strong> estratégia<br />

Milicianos usavam Disque-Denúncia<br />

Responsável pelas prisões <strong>de</strong> boa parte dos milicianos e especialista no assunto, o titular da<br />

Delegacia <strong>de</strong> Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco-<br />

IE), Cláudio Ferraz, já havia percebido a estratégia dos milicianos: — Eles trabalham com<br />

táticas <strong>de</strong> inteligência o tempo todo, porque conhecem os mecanismos e as ferramentas para<br />

a apuração dos fatos. O que é pior, eles utilizam a máquina do estado, o Disque-Denúncia,<br />

as corregedorias <strong>de</strong> polícias, por exemplo, para informar os passos <strong>de</strong> seus inimigos,<br />

enfraquecendoos e dominando seus redutos. Não se trata apenas da corrupção e da<br />

infiltração <strong>de</strong> policiais.<br />

Outro especialista no assunto, doutor em Planejamento e Estudos Militares, Diógenes<br />

Dantas Filho lembrou que a contrainteligência foi amplamente usada na Guerra Fria, quando<br />

os serviços <strong>de</strong> inteligência/informação dos Estados Unidos (a CIA) e da União Soviética (a<br />

KGB) travaram uma luta nos bastidores.<br />

— No período <strong>de</strong> 1945 a 1991, as estruturas e o modus operandi dos ser viços <strong>de</strong><br />

Inteligência/informação alcançaram gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, o que fez com que a<br />

informação, qualificada ou estratégica, adquirisse a importância que tem hoje — explica<br />

Diógenes.<br />

Depois da prisão dos principais integrantes do grupo <strong>de</strong> Batman, em 2008 e 2009, além do<br />

miliciano Maciel <strong>de</strong> Souza, o chefe da milícia <strong>de</strong> Campo Gran<strong>de</strong> é o ex-PM Toni Ângelo<br />

Souza <strong>de</strong> Aguiar, foragido.


Reservado, ele não usa celular próprio. Em cerca <strong>de</strong> 50 horas <strong>de</strong> gravações, ele aparece<br />

poucas vezes e, mesmo assim, usando o aparelho <strong>de</strong> seus cúmplices, para falar futilida<strong>de</strong>s,<br />

como se estivesse <strong>de</strong>safiando a polícia.<br />

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45. Reporter <strong>de</strong> Crime - RJ<br />

Secretário Beltrame não gosta <strong>de</strong> divulgar próximas UPPs<br />

O secretário Beltrame brinca <strong>de</strong> se ren<strong>de</strong>r a Cabral durante entrevista do governador, no<br />

Palácio Guanabara Foto Michel Filho/ Agência O GLOBO<br />

Com o sucesso das Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Polícia Pacificadora (UPP), o secretário <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong><br />

pública, José Mariano Beltrame, atingiu nível <strong>de</strong> popularida<strong>de</strong> jamais visto por um ocupante<br />

do cargo, pelo menos nos últimos 30 anos que acompanho a segurança pública no Rio.<br />

Ninguém seria capaz <strong>de</strong> imaginar que o governador Sérgio Cabral chegou a pensar em<br />

substituí-lo há cerca <strong>de</strong> dois anos, como consequência <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgastes naturais impostos por<br />

um dos cargos mais visados do po<strong>de</strong>r executivo estadual no Rio.<br />

Uma das razões do relativo sucesso <strong>de</strong> Beltrame, à frente da secretaria, é sua discrição e o<br />

fato <strong>de</strong> ser natural <strong>de</strong> outro estado, fora do Rio. Delegado fe<strong>de</strong>ral que havia se internado na<br />

Missão Suporte da Polícia Fe<strong>de</strong>ral do Rio - um núcleo <strong>de</strong> inteligência policial, on<strong>de</strong> pô<strong>de</strong><br />

mapear até a corrupção policial no Rio - Beltrame revela um grau <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência<br />

surpreen<strong>de</strong>nte para o cargo <strong>de</strong> secretário <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> e já rompeu até mesmo com quem<br />

havia sugerido seu nome para Sérgio Cabral.<br />

Apesar da discrição, Beltrame soube fazer das UPPs a vitrine do governo Cabral, graças<br />

também ao controle das informações na secretaria e um projeto <strong>de</strong> marketing bem-sucedido,<br />

como <strong>de</strong>monstrou a reportagem "Polícia, Câmera, Ação" sobre as UPPs, publicada na<br />

revista Piauí <strong>de</strong>ste mês (ouça a repórter da Piauí, aqui).<br />

Um trecho da matéria mostrou a palestra <strong>de</strong> media training (treinamento <strong>de</strong> como lidar com a<br />

imprensa) dado pelo asssessor-chefe da Comunicação social da Secretaria <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong>,<br />

Dirceu Viana:<br />

"Façam o trabalho policial como ele tem que ser feito e fiquem atentos. A UPP é uma vitrine<br />

construída com dificuldae. Se chegamos até aqui é porque cativamos o povo. E agora que as<br />

pessoas começaram a acreditar que é possível retomar o Rio, o cuidado tem que ser<br />

redobrado, enfatizou Viana. Para sublinhar a gravida<strong>de</strong> da lição, arregalou os olhos e<br />

engrossou a voz: "Não guar<strong>de</strong>m panfletos nas viaturas, não xeroquem nada, não permitam<br />

que o logotipo do projeto apareça em nenhum cartaz, não emprestem o telefone da UPP...."<br />

Em resumo: Usem luvas <strong>de</strong> pelica". (Revista Piauí número 47, Agosto).<br />

A matéria mostrou em números o marketing da UPP: Beltrame teve 138 almoços com<br />

formadores <strong>de</strong> opinião e jornalistas e <strong>de</strong>u nada menos que 223 entrevistas sobre o tema.<br />

Desse total, 39 foram para repórteres <strong>de</strong> veículos estrangeiros como o The New York Times,<br />

a revista National Geographic ou a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> TV Al Jazeera. Apesar <strong>de</strong> tamanha disposição do<br />

secretário, para um blogueiro como eu - que às vezes tem perguntas <strong>de</strong>sconfortáveis - é<br />

mais difícil do que se pensa falar com Beltrame ou seus auxiliares diretos.<br />

Portanto, fiquei feliz da vida que pu<strong>de</strong>, num tete-a-tete com o secretário <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong>, saber<br />

<strong>de</strong>le o que já mais ou menos <strong>de</strong>sconfiava. Beltrame não gosta <strong>de</strong> adiantar as próximas<br />

favelas a serem beneficiadas por UPPs, embora admita eventualmente que a estratégia<br />

tenha surtido efeito, espantando os bandidos antes da chegada do Bope, na gran<strong>de</strong> maioria<br />

das <strong>de</strong>z comunida<strong>de</strong>s ocupadas. Enquanto eu falava com ele ontem, uma pessoa se<br />

aproximou e perguntou quando será a instalação da UPP do Salgueiro. O secretário parou<br />

um momento e riu aquele riso que significa "você está brincando comigo".<br />

Homem <strong>de</strong> informações e contra-informações (a arte <strong>de</strong> manter o sigilo sobre a<br />

organização), Beltrame sabe que em segurança o segredo muitas vezes é a alma do


negócio. Mas precisa conviver com a saia justa <strong>de</strong> ter um chefe que gosta <strong>de</strong> falar em<br />

público on<strong>de</strong> será a próxima parada da UPP. Da última vez que isso aconteceu por pouco<br />

não ocorrem problemas mais graves na ocupação do Bope para a instalação da 12a UPP, a<br />

do Morro do Turano, na região da Tijuca, em 9 <strong>de</strong> agosto. Logo após o anúncio feito pelo<br />

governador, durante compromisso <strong>de</strong> campanha, a polícia teve que fazer a segurança do<br />

entorno da favela e bateu <strong>de</strong> frente com bandidos em fuga.<br />

Há quem <strong>de</strong>fenda, porém, que avisar os bandidos <strong>de</strong> áreas menores é a melhor forma <strong>de</strong> se<br />

evitar confrontos e empregar menor número <strong>de</strong> policiais. Os traficantes então levam seus<br />

fuzis para refúgios do outro lado da baía, no interior do estado ou para o Complexo do<br />

Alemão, que é consi<strong>de</strong>rada hoje a maior fortaleza do tráfico <strong>de</strong> drogas na cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro, apesar da velocida<strong>de</strong> das obras do PAC. Segundo Beltrame, será necessário um<br />

efetivo <strong>de</strong> dois mil homens para ocupar o Alemão, mas isso só <strong>de</strong>verá ocorrer em 2014,<br />

antes que a bola role no gramado do Maracanã.<br />

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46. Reporter <strong>de</strong> Crime - RJ<br />

Meta <strong>de</strong> UPP social é levar a República às favelas<br />

Há 62 anos no Morro da Babilônia, no Leme, d. Percília da Silva Pereira já viu coisa que até<br />

Deus duvida. Ela vive num morro que sempre foi tranquilo até a chegada <strong>de</strong> traficantes<br />

armados na década <strong>de</strong> 90. D. Percília garante que os bandidos <strong>de</strong>ixaram a favela tão logo a<br />

polícia lá se aboletou numa das <strong>de</strong>z Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Polícia Pacificadora da cida<strong>de</strong>. Há cerca<br />

um ano e meio à frente da associação <strong>de</strong> moradores da favela que foi tema <strong>de</strong> documentário<br />

<strong>de</strong> Eduardo Coutinho, Percília teve seu dia <strong>de</strong> glória ontem ao sentar na mesa entre nove<br />

autorida<strong>de</strong>s estaduais e municipais, além <strong>de</strong> representantes da chamada socieda<strong>de</strong> civil<br />

como lí<strong>de</strong>res empresariais e acadêmicos.<br />

Percília emprestou sua voz para a autenticação do inédito programa do governo do estado<br />

UPP Social - que consiste num novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gestão pública que preten<strong>de</strong>, até 2016,<br />

incluir socialmente os moradores <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s pobres pacificadas. Inclusão social nesse<br />

caso significa simplesmente acabar <strong>de</strong> vez com as diferenças entre a favela e cida<strong>de</strong> formal.<br />

O que tem numa <strong>de</strong>ve haver na outra e vice-versa. Sejam serviços públicos, direitos e<br />

<strong>de</strong>veres, oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho, educação, transporte, saú<strong>de</strong> e segurança.<br />

- Se não qualificar os jovens para o mercado <strong>de</strong> trabalho não vai adiantar. Os jovens vão sair<br />

da comunida<strong>de</strong> e agir no asfalto - afirmou Percilia.<br />

Dona Percilia, do Morro da Babilonia, nunca viu reunião como aquela, mas frisou que só vai<br />

aplaudir mesmo <strong>de</strong>pois que ver as coisas tomarem forma. O fundador do grupo <strong>de</strong> teatro Nós<br />

do Morro, Gutti Fraga, disse que ficou feliz ao ver gente tão diferente querendo a mesma<br />

coisa.<br />

- Por que isso não aconteceu antes? - indagou Gutti.<br />

D. Percília tinha uma resposta na ponta da língua:<br />

- Não aconteceu antes porque faltou responsabilida<strong>de</strong> aos responsáveis.<br />

A pequena gran<strong>de</strong> mulher foi ovacionada.<br />

Na mesa com ela estavam, entre outros, o secretário <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong>, José Mariano Beltrame;<br />

o secretário municipal <strong>de</strong> Conservação, Carlos Osório - representando o prefeito Eduardo<br />

Paes - o presi<strong>de</strong>nte da Firjan, Eugênio Gouveia Vieira; reitor da Uerj, Ricardo Vieiralves; e a<br />

pesquisadora Regina Novaes, que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u que o governo crie canais para receber também<br />

as criticas que po<strong>de</strong>m ajudar na correção <strong>de</strong> rumos do programa.<br />

A Secretaria <strong>de</strong> Assistência Social e Direitos Humanos, numa articulação política feita por<br />

Silvia Ramos, conseguiu reunir amplo espectro da socieda<strong>de</strong> fluminense no Teatro Sesi, da


Firjan, que ficou pequeno. A atriz Zezé Motta - que trabalha na secretaria - foi a MC da festa<br />

que renovou o espírito e as esperanças <strong>de</strong> quem sabe que chegou a vez do morro, sem<br />

paternalismo ou assistencialismo barato. Na plateia estavam artistas como Regina Casé e<br />

Milton Goncalves, cineastas como Cacá Diegues e os diretores do filme "5Xfavela", o<br />

coor<strong>de</strong>nador do Disque-Denúncia, Zeca Borges, além <strong>de</strong> pesquisadoras como Janice<br />

Perlman, autora do clássico sobre favelas "O mito da marginalida<strong>de</strong>".<br />

Do Twitter, o microblog da internet, eram enviadas mensagens <strong>de</strong> apoio como a da<br />

professora Ivana Bentes, da UFRJ: "É a 1a. vez que ouço falar em Politica <strong>Pública</strong> <strong>de</strong> Cultura<br />

para e COM as favelas O Rio po<strong>de</strong> ser o laboratório <strong>de</strong> uma real mudança!"<br />

O secretário <strong>de</strong> Assistência Social e Direitos Humanos, Ricardo Henriques - há apenas<br />

quatro meses no governo - fez uma explanação <strong>de</strong>talhada da proposta <strong>de</strong> integração <strong>de</strong><br />

esforços <strong>de</strong> atores públicos, privados e da socieda<strong>de</strong> civil. Os secretários estaduais e<br />

municipais <strong>de</strong>verão dar priorida<strong>de</strong> ao projeto. "Vocês terão que furar fila", disse Henriques,<br />

dirigindo-se a secretários. Para Henriques, a parceria com a socieda<strong>de</strong> é imprescindível. Ele<br />

divi<strong>de</strong> os objetivos em três pontos:<br />

Assegurar a consolidação do controle territorial e da pacificação nas áreas das Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

Polícia Pacificadora.<br />

Promover a cidadania e o <strong>de</strong>senvolvimento social e econômico nessas áreas.<br />

Efetivar a int egração plena das áreas ao conjunto da cida<strong>de</strong>.<br />

O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gestão da UPP Social consiste num círculo no qual os agentes públicos e<br />

privados - com apoio da socieda<strong>de</strong> - vão escutar por meio <strong>de</strong> ações integradas as <strong>de</strong>mandas<br />

sinalizadas por empreen<strong>de</strong>dores, gestores públicos locais e organizações comunitárias e<br />

moradores das áreas pacificadas. Há quem vá dizer que esse mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>veria ter sido<br />

lançado simultaneamente com a ocupação policial, mas seus i<strong>de</strong>alizadores argumentam que<br />

foi preciso não ter dúvidas <strong>de</strong> que os criminosos haviam sido realmente <strong>de</strong>sarmados - a<br />

principal características dos territórios ocupados pelas UPPs. Com certa dose <strong>de</strong> lirismo,<br />

Henriques disse que agora é possível trabalhar socialmente aquelas áreas porque caiu "o<br />

manto das armas". Ele diz que o projeto vai levar a República (entenda o conceito) às favelas<br />

que, em muitos casos, realmente parecem territórios perdidos no império da <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m e da<br />

<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social. Para isso, Ricardo Henriques montou uma equipe peso (ver aqui).<br />

O Morro da Providência foi a primeira favela pacificada a receber o UPP Social. Com isso<br />

terá iluminação, limpeza do túnel João Ricardo, instalação <strong>de</strong> lixeiras da Comlurb e reforma<br />

do reservatório <strong>de</strong> água. O cadastramento dos moradores vai obrigá-los a pagar pelo<br />

consumo da água. Ser cidadão também significa ter <strong>de</strong>veres.<br />

Em entrevista a este blog, o secretário Ricardo Henriques disse estar convencido <strong>de</strong> que não<br />

há risco <strong>de</strong> o projeto - apresentado no último ano <strong>de</strong> mandato <strong>de</strong> Sérgio Cabral - não ser<br />

levado adiante caso o governador não seja reeleito porque, segundo Henriques, a própria<br />

socieda<strong>de</strong> já aprovou e não abrirá mão do programa <strong>de</strong> pacificação das favelas. Cabral por<br />

sinal não participou da festa provavelmente em respeito à legislação eleitoral. Apenas um<br />

político ligado ao governador apareceu no lançamento - o senador Regis Fitchner, ex-chefe<br />

da casa civil.<br />

A festa bem que po<strong>de</strong>ria ter ficado no <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> d. Percília <strong>de</strong> que, sem educação, todo<br />

esse trabalho po<strong>de</strong>rá ser nulo. E educação nesse contexto, a meu ver, passa também pela<br />

pedagogia da civilida<strong>de</strong>, do respeito às leis, <strong>de</strong> levar aos moradores das comunida<strong>de</strong>s<br />

pobres uma consciência que tem faltado a alguns setores das camadas médias da socieda<strong>de</strong><br />

- a <strong>de</strong> que o crime não compensa.<br />

TV Repórter <strong>de</strong> Crime. Se não existe em ví<strong>de</strong>o a gente faz um.<br />

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47. Folha <strong>de</strong> S. Paulo - SP<br />

"Tio" acolhe criança apreendida 6 vezes<br />

Aos 12 anos recém-completados, menino foi flagrado ven<strong>de</strong>ndo drogas na cracolândia,<br />

segundo a polícia<br />

De acordo com o Denarc, garoto chegava a ven<strong>de</strong>r 2.000 pedras <strong>de</strong> crack num só dia na<br />

região central <strong>de</strong> São Paulo<br />

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO<br />

DE SÃO PAULO<br />

Aos recém-completados 12 anos, ida<strong>de</strong> em que já po<strong>de</strong>ria estar no sétimo ano do ensino<br />

fundamental, o menino não sabe ler nem escrever.<br />

Nesta semana, foi apreendido pela sexta vez pela polícia por ven<strong>de</strong>r drogas, apontado como<br />

o mais jovem traficante da cracolândia, reduto <strong>de</strong> usuários <strong>de</strong> crack na região central <strong>de</strong> São<br />

Paulo.<br />

Segundo a polícia, a criança era peça essencial na ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> produção e distribuição <strong>de</strong><br />

crack no centro.<br />

Por 40 dias, policiais civis do Denarc (<strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> narcóticos) seguiram seus passos.<br />

Dia e noite o menino circulava entre centenas <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, entorpecidos pela droga. E<br />

chegava a ven<strong>de</strong>r 2.000 pedras num só dia.<br />

A mãe, o menino e um irmão <strong>de</strong> 17 anos foram presos em flagrante nesta semana. Outros<br />

três irmãos já estavam presos por envolvimento com o tráfico.<br />

Levado ao fórum <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> mora na Gran<strong>de</strong> São Paulo, a juíza Vanessa<br />

Vaitekunas Zapater <strong>de</strong>terminou que o menino <strong>de</strong>veria ser entregue aos pais.<br />

Como a mãe também estava <strong>de</strong>tida e o pai fora assassinado no início <strong>de</strong>ste ano num hotel<br />

do centro <strong>de</strong> São Paulo, o garoto foi entregue ao Conselho Tutelar, que o encaminhou a um<br />

"tio" -por consi<strong>de</strong>ração, não sangue.<br />

O homem <strong>de</strong> 49 anos que o acolheu é o sogro <strong>de</strong> um dos seus irmãos mais velhos.<br />

"É enxugar gelo. Esse menino <strong>de</strong>ve estar traficando novamente", diz o <strong>de</strong>legado Marco<br />

Antônio <strong>de</strong> Paula Santos, chefe do Denarc.<br />

COMPLEXO<br />

"É algo extremamente complexo que não se resolve com <strong>de</strong>cisões rigorosas. Não existe<br />

solução simplista para isso", afirma Antônio Carlos Malheiros, <strong>de</strong>sembargador da Infância e<br />

da Juventu<strong>de</strong>.<br />

"O receio é colocar numa casa <strong>de</strong> internação e sair <strong>de</strong> lá pior. A medida <strong>de</strong> internação por si<br />

só não resolver nada", diz Ricardo Cabezon, presi<strong>de</strong>nte da Comissão da Criança e do<br />

Adolescente da OAB.<br />

A juíza Vanessa Vaitekunas Zapater, que <strong>de</strong>terminou a liberação do menino, diz que nem ele<br />

nem o irmão tinham passagem pela Vara da Infância e Juventu<strong>de</strong> e mandou que os dois<br />

fossem entregues ao Conselho Tutelar.<br />

Ele não tinha passagem porque, nas cinco apreensões anteriores, tinha menos <strong>de</strong> 12 anos -<br />

nessa ida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> acordo com a lei, não po<strong>de</strong>riam ser registradas.<br />

Na investigação, a polícia diz ter <strong>de</strong>scoberto dois <strong>de</strong>pósitos na cracolândia. A droga, diz o<br />

Denarc, era processada na casa da família, na Gran<strong>de</strong> São Paulo.<br />

"A juíza tem razão. Não adianta internar esse menino. Ele precisaria <strong>de</strong> atendimento<br />

psicológico e médico. É importante que o garoto seja escutado", afirma o psicanalista Jorge<br />

Broi<strong>de</strong>, especialista em adolescentes em conflito com a lei.

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