Proposta para conexão de três fragmentos florestais na região sul ...
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Universida<strong>de</strong><br />
Estadual <strong>de</strong><br />
Londri<strong>na</strong><br />
ADRIANO TOFFOLO<br />
PROPOSTA PARA CONEXÃO DE TRÊS FRAGMENTOS<br />
FLORESTAIS NA REGIÃO SUL DO MUNICÍPIO DE<br />
LONDRINA-PR, ATRAVÉS DE TÉCNICAS DE<br />
GEOPROCESSAMENTO<br />
LONDRINA<br />
2009
ADRIANO TOFFOLO<br />
PROPOSTA PARA CONEXÃO DE TRÊS FRAGMENTOS<br />
FLORESTAIS NA REGIÃO SUL DO MUNICÍPIO DE<br />
LONDRINA-PR, ATRAVÉS DE TÉCNICAS DE<br />
GEOPROCESSAMENTO<br />
Trabalho <strong>de</strong> Conclusão <strong>de</strong> Curso<br />
apresentado ao Departamento <strong>de</strong><br />
Geociências da Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong><br />
Londri<strong>na</strong> <strong>para</strong> obtenção do título <strong>de</strong> Bacharel<br />
em Geografia.<br />
Orientador: Prof. Dr. Osvaldo Pereira Coelho<br />
Neto<br />
LONDRINA<br />
2009
ADRIANO TOFFOLO<br />
PROPOSTA PARA CONEXÃO DE TRÊS FRAGMENTOS<br />
FLORESTAIS NA REGIÃO SUL DO MUNICÍPIO DE<br />
LONDRINA-PR, ATRAVÉS DE TÉCNICAS DE<br />
GEOPROCESSAMENTO<br />
Trabalho <strong>de</strong> Conclusão <strong>de</strong> Curso<br />
apresentado ao Departamento <strong>de</strong><br />
Geociências da Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong><br />
Londri<strong>na</strong> <strong>para</strong> obtenção do título <strong>de</strong> Bacharel<br />
em Geografia.<br />
COMISSÃO EXAMINADORA<br />
____________________________________<br />
Prof. Dr. Osvaldo Pereira Coelho Neto<br />
Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Londri<strong>na</strong><br />
____________________________________<br />
Profª. Drª. Mirian Vizintim Fer<strong>na</strong>n<strong>de</strong>s Barros<br />
Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Londri<strong>na</strong><br />
____________________________________<br />
Prof. Dr. José Marcelo Domingues Torezan<br />
Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Londri<strong>na</strong><br />
____________________________________<br />
Suplente: Prof. Dr. Geraldo Terceiro Correa<br />
Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Londri<strong>na</strong><br />
Londri<strong>na</strong>, _____<strong>de</strong> ___________<strong>de</strong> _____.
DEDICATÓRIA<br />
Ao meu pai (in memorian),<br />
Antonio Toffolo
AGRADECIMENTOS<br />
A Deus, sem o qual <strong>na</strong>da é possível.<br />
A minha família, por nunca ter <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> acreditar em mim.<br />
A minha esposa e filha, pelo apoio, amor e confiança: eter<strong>na</strong>s<br />
companheiras, sempre ao meu lado.<br />
Ao professor Dr. Osvaldo Pereira Coelho Neto, pela orientação e<br />
companheirismo <strong>na</strong> realização <strong>de</strong>ste trabalho.<br />
Aos colegas <strong>de</strong> curso, que enfrentaram esta longa caminhada e<br />
conquistaram comigo mais uma vitória.<br />
<strong>para</strong> a minha formação.<br />
A todos os professores que contribuíram com seus conhecimentos
“Em toda luta por um i<strong>de</strong>al se tropeça em<br />
adversários e se cria inimiza<strong>de</strong>s. O homem<br />
firme não os ouve nem se <strong>de</strong>tém a contá-los,<br />
segue a sua luta, irredutível em sua fé,<br />
imperturbável em sua ação, pois quem marcha<br />
em direção à uma luz não po<strong>de</strong> ver o que<br />
ocorre <strong>na</strong>s sombras.”<br />
(Autor <strong>de</strong>sconhecido)
TOFFOLO, Adriano. <strong>Proposta</strong> <strong>para</strong> <strong>conexão</strong> <strong>de</strong> <strong>três</strong> <strong>fragmentos</strong> <strong>florestais</strong> <strong>na</strong> <strong>região</strong><br />
<strong>sul</strong> do município <strong>de</strong> Londri<strong>na</strong>-PR, através <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong> geoprocessamento. 2009.<br />
53 p. Trabalho <strong>de</strong> Conclusão <strong>de</strong> Curso (Graduação em Geografia) – Universida<strong>de</strong><br />
Estadual <strong>de</strong> Londri<strong>na</strong>, Londri<strong>na</strong>, 2009.<br />
RESUMO<br />
Diante do intenso processo <strong>de</strong> fragmentação florestal observado atualmente, este<br />
trabalho objetiva elaborar uma proposta <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> áreas <strong>para</strong> a implementação<br />
<strong>de</strong> dois corredores <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong> no município <strong>de</strong> Londri<strong>na</strong>, <strong>região</strong> norte do<br />
estado do Paraná. Delimitou-se como área <strong>de</strong> estudo a bacia hidrográfica do ribeirão<br />
dos Apertados, que tem extensão aproximada <strong>de</strong> 87.300 metros e <strong>de</strong>marca o limite<br />
<strong>sul</strong> do Parque Estadual Mata dos Godoy (PEMG). Utilizando imagens do satélite<br />
SPOT-5, bandas 1, 2 e 3, com resolução <strong>de</strong> 10 metros, foram elaborados mapas <strong>de</strong><br />
cobertura vegetal e uso do solo no software SPRING. As cartas topográficas<br />
rasterizadas, escala 1:50.000, foram também introduzidas no Spring e serviram <strong>para</strong><br />
a confecção da re<strong>de</strong> hidrográfica, do mapa <strong>de</strong> <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> e hipsométrico. A partir da<br />
re<strong>de</strong> hidrográfica foram <strong>de</strong>finidos os limites das áreas <strong>de</strong> preservação permanente<br />
(APPs). Depois <strong>de</strong> gerados os mapas, projetou-se um traçado reto entre os<br />
<strong>fragmentos</strong>, minimizando a distância entre eles e estabelecendo a largura <strong>de</strong> 10%<br />
do comprimento do corredor. A próxima etapa foi modificar este traçado <strong>para</strong> que<br />
pu<strong>de</strong>sse contemplar as APPs e abranger algumas <strong>na</strong>scentes, sem aumentar muito o<br />
seu comprimento. Por fim procurou-se passar por locais com <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>s mais<br />
acentuadas e áreas ocupadas por pastagens, evitando as áreas <strong>de</strong>sti<strong>na</strong>das à<br />
agricultura. Obe<strong>de</strong>cendo a legislação vigente, a implementação dos corredores<br />
acarretará a <strong>de</strong>sapropriação <strong>de</strong> extensas áreas <strong>de</strong> terras agricultáveis, gerando<br />
sérios impactos socioeconômicos às respectivas regiões frente aos benefícios à<br />
fau<strong>na</strong> e flora, além do elevado custo <strong>de</strong> implantação. Optou-se, então, pelo<br />
estabelecimento da largura <strong>de</strong> 200 metros, medida consi<strong>de</strong>rada suficiente, sob o<br />
ponto <strong>de</strong> vista biológico, <strong>para</strong> que os corredores cumpram sua função e pela<br />
otimização da passagem dos corredores pelas formações ciliares, como forma <strong>de</strong><br />
minimizar a área total a ser reflorestada.<br />
Palavras-chave Biodiversida<strong>de</strong>. Fragmentação Florestal. Corredores Ecológicos.<br />
Sensoriamento Remoto. Geoprocessamento.
TOFFOLO, Adriano. Proposal for connection of three forest fragments in the<br />
southern city of Londri<strong>na</strong>-PR, through tchniques geocoding. 2009. 53 p. Paper<br />
presented as Research for Geography Course Conclusion (Geography Graduation) –<br />
State University of Londri<strong>na</strong>, 2009.<br />
ABSTRACT<br />
Consi<strong>de</strong>ring the currently intense process of forest fragmentation, this work aims to<br />
<strong>de</strong>velop a proposal for <strong>de</strong>fining areas for the implementation of two biodiversity<br />
corridors in the city of Londri<strong>na</strong>, northern Paraná. The river basin of Apertados, which<br />
has a length of approximately 87.300 meters and marks the southern boundary of the<br />
Parque Estadual Mata dos Godoy (PEMG), was <strong>de</strong>limited as area of study. Maps of<br />
vegetation and land use were drawn in the software Spring by using satellite images<br />
SPOT-5, bands 1, 2 and 3, with resolution of 10 meters. The raster topographic<br />
maps, 1:50.000 scale, were also inputted in the Spring and used for the<br />
<strong>de</strong>velopment of the river system, the map and topographic slope. From the river<br />
system were <strong>de</strong>fined the limits of the permanent preservation areas (APPs). After<br />
generated the maps, a straight path between the fragments was projected, which<br />
minimized the distance between them and setting the width of 10% of the length of<br />
the corridor. The next step was to modify this route in or<strong>de</strong>r to encompass the APPs<br />
and cover some sources, without significantly increasing their length. Fi<strong>na</strong>lly, we tried<br />
to go through sites with steeper slopes and pasture areas, avoiding the areas used<br />
for agriculture. Consi<strong>de</strong>ring currently t laws, the implementation of the corridors will<br />
entail the expropriation of large agricultural areas, which can imply serious economic<br />
impacts to the region in <strong>de</strong>triment of benefits to wildlife, besi<strong>de</strong>s high costs of<br />
implementation. Then, corroborating biological point of view, it was set the width of<br />
200 meters, which is consi<strong>de</strong>red as sufficient measure for the corridors fulfill their<br />
function and for the optimization of the passage of the riparian corridors as a way to<br />
minimize the total area to be reforested.<br />
Key words: Biodiversity. Forest Fragmentation. Ecological Corridors. Remote<br />
Sensing. Geocoding.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES<br />
Figura 1 – Localização do estado do Paraná .......................................................... 19<br />
Figura 2 – Mapa <strong>de</strong> uso do solo do estado do Paraná ........................................... 20<br />
Figura 3 – Remanescentes <strong>florestais</strong> do estado do Paraná (1930-2000) ............... 22<br />
Figura 4 – Remanescentes <strong>florestais</strong> do estado do Paraná (2005) ........................ 23<br />
Figura 5 – Localização do município <strong>de</strong> Londri<strong>na</strong> ................................................... 24<br />
Figura 6 – Grupos litológicos do estado do Paraná ................................................ 25<br />
Figura 7 – Tipos <strong>de</strong> solos do município <strong>de</strong> Londri<strong>na</strong> .............................................. 28<br />
Figura 8 – Divisão distrital do município <strong>de</strong> Londri<strong>na</strong> ............................................. 31<br />
Figura 9 – Imagem orbital dos <strong>fragmentos</strong> <strong>florestais</strong> .............................................. 33<br />
Figura 10 – Localização do PEMG ......................................................................... 33<br />
Figura 11 – Corredores ecológicos implementados no Brasil ................................. 38<br />
Figura 12 – Corredores do Projeto Paraná Biodiversida<strong>de</strong> ..................................... 39<br />
Figura 13 – Corredores retilíneos com largura <strong>de</strong> acordo com a legislação ........... 44<br />
Figura 14 – Corredores retilíneos com 200 metros <strong>de</strong> largura ............................... 45<br />
Figura 15 – Corredores abrangendo as APPs ........................................................ 46<br />
Figura 16 – Corredores abrangendo as <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>s mais acentuadas ................. 46<br />
Figura 17 – Corredores abrangendo as áreas <strong>de</strong> pastagens .................................. 47<br />
Figura 18 – Corredores abrangendo os cursos dos rios ........................................ 48
ANA - Agência Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Águas<br />
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS<br />
APP - Área <strong>de</strong> Preservação Permanente<br />
CONAMA - Conselho Nacio<strong>na</strong>l do Meio Ambiente<br />
CTNP - Companhia <strong>de</strong> Terras Norte do Paraná<br />
DNPM - Departamento Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Produção Mineral<br />
IAP - Instituto Ambiental do Paraná<br />
IAPAR - Instituto Agronômico do Paraná<br />
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais<br />
Renováveis<br />
IBGE - Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e Estatística<br />
INPA - Instituto <strong>de</strong> Pesquisas da Amazônia<br />
INPE - Instituto Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Pesquisas Espaciais<br />
ITCG - Instituto <strong>de</strong> Terras, Cartografia e Geociências<br />
MMA - Ministério do Meio Ambiente<br />
ONGs - Organizações Não Gover<strong>na</strong>mentais<br />
PEMG - Parque Estadual Mata dos Godoy<br />
PML - Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Londri<strong>na</strong><br />
PPG7 - Programa Piloto <strong>para</strong> a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil<br />
SEED - Secretaria Estadual <strong>de</strong> Educação<br />
SEMA - Secretaria <strong>de</strong> Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos<br />
SIGs - Sistemas <strong>de</strong> Informação Geográfica<br />
SNUC - Sistema Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação<br />
SPOT - Système Pour l´Observation <strong>de</strong> la Terre<br />
UC - Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Conservação
SUMÁRIO<br />
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12<br />
2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS .............................................................................. 14<br />
2.1 HISTÓRICO DA DEVASTAÇÃO DA MATA ATLÂNTICA .................................................. 14<br />
2.2 COLONIZAÇÃO DO NORTE DO PARANÁ ................................................................... 17<br />
2.2.1 Caracterização Física do Estado do Paraná ................................................... 18<br />
2.2.2 Uso e Ocupação do Solo ................................................................................ 20<br />
2.2.3 Caracterização Física da Área <strong>de</strong> Estudo ...................................................... 23<br />
2.3 FRAGMENTAÇÃO FLORESTAL ................................................................................ 29<br />
2.4 LOCALIZAÇÃO DOS FRAGMENTOS FLORESTAIS E DO PEMG .................................... 31<br />
2.5 CORREDORES DE BIODIVERSIDADE ........................................................................ 34<br />
2.6 TECNOLOGIAS DE GEOPROCESSAMENTO ................................................................ 40<br />
3 MATERIAL E METODOLOGIA ............................................................................ 42<br />
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................... 44<br />
CONCLUSÕES ........................................................................................................ 49<br />
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 50
1 INTRODUÇÃO<br />
Des<strong>de</strong> a época do <strong>de</strong>scobrimento o território brasileiro vem sofrendo<br />
as mais variadas agressões ambientais, as quais po<strong>de</strong>m ser observadas através da<br />
constante <strong>de</strong>gradação e subtração dos seus recursos <strong>na</strong>turais. Neste contexto, as<br />
florestas tropicais que ocupavam gran<strong>de</strong> parte do litoral das regiões <strong>sul</strong>, su<strong>de</strong>ste e<br />
nor<strong>de</strong>ste do país foram vítimas <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> colonização e crescimento<br />
econômico socialmente trágico, combi<strong>na</strong>ndo concentração fundiária, <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong><br />
social e, principalmente, <strong>de</strong>gradação ambiental. Tal fato é evi<strong>de</strong>nciado pela redução<br />
acentuada da Mata Atlântica, um dos ecossistemas com maior diversida<strong>de</strong> biológica<br />
<strong>de</strong> todo o planeta.<br />
Corroborando <strong>para</strong> evi<strong>de</strong>nciar as conseqüências negativas das<br />
ações re<strong>sul</strong>tantes do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> ocupação do território brasileiro, Metzger (1997<br />
apud MATOS, 2006, p. 9) diz que “A Mata Atlântica que tomava gran<strong>de</strong> extensão do<br />
litoral brasileiro, esten<strong>de</strong>ndo seu domínio geográfico aos pla<strong>na</strong>ltos do interior <strong>de</strong> São<br />
Paulo e Paraná, foi severamente <strong>de</strong>struída durante a segunda meta<strong>de</strong> do século 19<br />
e começo do século 20 [...]”. Hoje restam aproximadamente 5% do total da Mata<br />
Atlântica que recobria o solo brasileiro. (PARANÁ, 2008, p. 23)<br />
A forma <strong>de</strong>sor<strong>de</strong><strong>na</strong>da como vem sendo <strong>de</strong>senvolvidas as ativida<strong>de</strong>s<br />
antrópicas, <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rando-se os aspectos conservacionistas, tem causado uma<br />
série <strong>de</strong> efeitos <strong>de</strong>letérios ao ambiente. Enchentes, <strong>de</strong>slizamentos <strong>de</strong> encostas,<br />
intensificação <strong>de</strong> processos erosivos e assoreamento <strong>de</strong> cursos d’água, entre outros,<br />
são alguns dos efeitos que tor<strong>na</strong>ram-se freqüentes nos dias atuais, evi<strong>de</strong>nciando a<br />
falta <strong>de</strong> planejamento <strong>de</strong>stas ativida<strong>de</strong>s.<br />
Objetivando a minimização <strong>de</strong>stes efeitos negativos, <strong>de</strong>correntes do<br />
<strong>de</strong>sflorestamento, tor<strong>na</strong>-se necessária a conservação dos recursos <strong>na</strong>turais<br />
<strong>florestais</strong> através da manutenção dos remanescentes ainda existentes e da<br />
recuperação das áreas já <strong>de</strong>gradadas.<br />
Tais ações mostram-se imprescindíveis <strong>para</strong> a continuida<strong>de</strong> da<br />
diversida<strong>de</strong> no planeta, por possibilitarem a manutenção dos fluxos gênicos e da<br />
existência <strong>de</strong> várias espécies, algumas em vias <strong>de</strong> extinção e outras <strong>de</strong>sconhecidas<br />
ainda pois, conforme afirma Burley (1997, p. 287),<br />
12
[...] nem todas as espécies e ecossistemas chegarão a ser<br />
i<strong>de</strong>ntificados, nomeados, catalogados e estudados com <strong>de</strong>talhe antes<br />
<strong>de</strong> muitos <strong>de</strong>les <strong>de</strong>saparecerem. Por exemplo, é possível que<br />
existam bem mais <strong>de</strong> 10 milhões <strong>de</strong> espécies vivas atualmente.<br />
Somente 1,4 milhão já foram <strong>de</strong>scritas e nomeadas, e as que foram<br />
estudadas totalmente <strong>para</strong> uso potencial pelos seres humanos são<br />
ape<strong>na</strong>s uma pequeni<strong>na</strong> fração <strong>de</strong>sse número.<br />
Uma das maneiras <strong>de</strong> se alcançar este objetivo é através da eficaz<br />
aplicabilida<strong>de</strong> da legislação vigente, acompanhada <strong>de</strong> uma fiscalização realmente<br />
efetiva, pois somente estas ações já seriam em gran<strong>de</strong> parte suficientes <strong>para</strong> a<br />
coibição da fragmentação dos habitats e <strong>para</strong> a conservação e aumento das áreas<br />
dos remanescentes <strong>florestais</strong> e, conseqüentemente, da biodiversida<strong>de</strong>.<br />
O aumento <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>sti<strong>na</strong>das à práticas agrícolas re<strong>sul</strong>tou em<br />
uma gran<strong>de</strong> perda da biodiversida<strong>de</strong> do planeta.<br />
A implementação <strong>de</strong> corredores ecológicos vem <strong>de</strong> encontro à<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coibir a fragmentação dos habitats que ocorre no mundo inteiro e<br />
tem como efeito o isolamento das populações <strong>de</strong> plantas e animais, tor<strong>na</strong>ndo-as<br />
suscetíveis a extinção.<br />
Tanto órgãos gover<strong>na</strong>mentais (<strong>na</strong>s esferas fe<strong>de</strong>ral, estadual e<br />
municipal) quanto Organizações Não Gover<strong>na</strong>mentais (ONGs) e diversas entida<strong>de</strong>s<br />
da socieda<strong>de</strong> civil tem participado ativamente <strong>de</strong>ste processo.<br />
Diante do exposto, este trabalho propõe a re<strong>conexão</strong> <strong>de</strong> dois<br />
<strong>fragmentos</strong> <strong>florestais</strong> remanescentes, inseridos <strong>na</strong> bacia hidrográfica do ribeirão dos<br />
Apertados, localizados no distrito <strong>de</strong> Paiquerê, ao Parque Estadual Mata dos Godoy<br />
(PEMG) através da implementação <strong>de</strong> dois corredores ecológicos.<br />
Os objetivos específicos <strong>de</strong>ste trabalho são:<br />
· mostrar o processo <strong>de</strong> reor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção espacial do território através da expansão<br />
das fronteiras agrícolas;<br />
· mapear as pressões antrópicas sobre os recursos <strong>na</strong>turais da <strong>região</strong> e a<br />
situação atual das áreas <strong>de</strong> remanescentes <strong>florestais</strong>;<br />
· propor ações que possibilitem a recuperação/restauração e conservação da<br />
biodiversida<strong>de</strong> no local;<br />
· sugerir áreas <strong>para</strong> a implementação dos corredores ecológicos, através da<br />
análise <strong>de</strong> imagens orbitais.<br />
13
2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS<br />
2.1 HISTÓRICO DA DEVASTAÇÃO DA MATA ATLÂNTICA<br />
Para explicar o processo <strong>de</strong> formação da Mata Atlântica, Dean<br />
(1996, p. 34), através <strong>de</strong> um resgate histórico, relata que “Há mais <strong>de</strong> 400 milhões<br />
<strong>de</strong> anos, plantas vasculares fotossintetizadoras e multicelulares começaram a a<strong>de</strong>rir<br />
às margens dos continentes” e logo cobriram as costas rochosas e avançaram <strong>para</strong><br />
o interior. Nestas plantas, formaram-se radículas <strong>para</strong> absorção <strong>de</strong> nutrientes,<br />
folículos <strong>para</strong> a captura <strong>de</strong> luz solar e as sementes se tor<strong>na</strong>ram os agentes <strong>de</strong><br />
dispersão, em substituição aos esporos. Há aproximadamente 40 milhões <strong>de</strong> anos,<br />
algumas <strong>de</strong>las <strong>de</strong>senvolveram um estame principal e <strong>de</strong>pois vasos <strong>para</strong> transportar<br />
água <strong>para</strong> cima e nutrientes <strong>para</strong> baixo, em um tronco. Com isso, <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong><br />
competir, ao nível do solo, pela luz solar e ganharam certa imunida<strong>de</strong> contra a<br />
predação animal. Surgem aí, as primeiras florestas. (DEAN, 1996, p. 34)<br />
Após vários eventos geológicos e processos evolutivos, no ano <strong>de</strong><br />
1500 começa a história da colonização <strong>de</strong>vastadora do território brasileiro, ocorrida<br />
através <strong>de</strong> sucessivos ciclos econômicos que culmi<strong>na</strong>ram <strong>na</strong> quase total extinção da<br />
Mata Atlântica brasileira.<br />
Ao <strong>de</strong>sembarcarem no Novo Mundo, os colonizadores europeus<br />
encontraram “uma <strong>na</strong>tureza mais pura que a <strong>de</strong> outros pontos dos trópicos e, assim,<br />
uma parte muito maior do processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação ocorreu [...].” (DEAN, 1996, p.<br />
23). Deu-se, então, início ao processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>vastação da Mata Atlântica através do<br />
primeiro gran<strong>de</strong> ciclo econômico-extrativista, o do pau-brasil. O mesmo autor<br />
prossegue dizendo que:<br />
Um dos primeiros atos dos marinheiros portugueses que, a 22 <strong>de</strong><br />
abril <strong>de</strong> 1500, alcançaram a costa sobrecarregada <strong>de</strong> floresta do<br />
continente <strong>sul</strong>-americano nos 17 graus <strong>de</strong> latitu<strong>de</strong> <strong>sul</strong>, foi <strong>de</strong>rrubar<br />
uma árvore. Do tronco <strong>de</strong>sse sacrifício ao machado <strong>de</strong> aço,<br />
confeccio<strong>na</strong>ram uma cruz rústica [...]. (DEAN, 1996, p. 59)<br />
Consta que nos primeiros anos <strong>de</strong> exploração, a retirada <strong>de</strong> pau-<br />
brasil era da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 1200 toneladas ao ano. Porém, <strong>de</strong>vido à <strong>de</strong>manda crescente,<br />
14
no ano <strong>de</strong> 1588, “4700 toneladas <strong>de</strong> pau-brasil passaram pela adu<strong>na</strong> portuguesa,<br />
talvez meta<strong>de</strong> do verda<strong>de</strong>iro volume.” (DEAN, 1996, p. 64)<br />
No ano <strong>de</strong> 1605, em virtu<strong>de</strong> da alarmante quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> extração do<br />
pau-brasil, a coroa portuguesa passou a controlar o corte, criou a função <strong>de</strong> guardas<br />
<strong>florestais</strong> e impôs a pe<strong>na</strong> <strong>de</strong> morte <strong>para</strong> a extração ilegal. Devido a tais medidas, em<br />
1607, o pau-brasil voltou a ser um monopólio e, aos concessionários, era autorizada<br />
a importação <strong>de</strong> ape<strong>na</strong>s 600 toneladas/ano, fato que contribuiu <strong>para</strong> a continuida<strong>de</strong><br />
do contrabando.<br />
Após o ciclo do pau-brasil, e em alguns períodos em concomitância<br />
com o mesmo, surgiu o ciclo da ca<strong>na</strong> <strong>de</strong> açúcar. Estima-se que em 1700 foram<br />
produzidas cerca <strong>de</strong> 19 mil toneladas <strong>de</strong> açúcar, com a plantação <strong>de</strong> ca<strong>na</strong> ocupando<br />
em torno <strong>de</strong> 120 km 2 , área tomada da floresta tropical, pois acreditava-se ser mais<br />
viável o cultivo <strong>de</strong> ca<strong>na</strong> <strong>de</strong> açúcar em solos <strong>de</strong> floresta.<br />
Além da área plantada;<br />
A produção <strong>de</strong> açúcar também consumia floresta <strong>na</strong> forma <strong>de</strong> lenha,<br />
queimada <strong>de</strong>baixo dos tonéis nos quais o caldo da ca<strong>na</strong> era<br />
cristalizado. Cerca <strong>de</strong> quinze quilos <strong>de</strong> lenha eram queimados <strong>para</strong><br />
cada quilo <strong>de</strong> açúcar produzido, o que daria a média <strong>de</strong> 210 mil<br />
toneladas <strong>de</strong> matas secundárias e florestas <strong>de</strong> manguezais <strong>de</strong><br />
enseada cortadas anualmente <strong>para</strong> esse fim. (DEAN, 1996, p. 96)<br />
Antonil (1976, p. 115 apud Pádua, 2002, p.15) revela o pensamento<br />
<strong>de</strong> inesgotabilida<strong>de</strong> da Mata Atlântica primária, que servia <strong>de</strong> lenha <strong>para</strong> as cal<strong>de</strong>iras<br />
<strong>de</strong> ca<strong>na</strong>-<strong>de</strong>-açúcar, ao relatar que “com a imensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> matos que tem, po<strong>de</strong> fartar,<br />
como fartou por tantos anos, e fartará nos tempos vindouros, a tantas for<strong>na</strong>lhas<br />
quanto existam.”<br />
Após uma média <strong>de</strong> 15 anos <strong>de</strong> uso, os solos ocupados pelos<br />
ca<strong>na</strong>viais eram abando<strong>na</strong>dos <strong>para</strong> a agricultura <strong>de</strong> subsistência ou <strong>para</strong> pastagens.<br />
O ciclo econômico seguinte foi o da mineração, com as <strong>de</strong>scobertas<br />
<strong>de</strong> ouro e diamante figurando entre as mais importantes ocorridas no Novo Mundo<br />
colonial. Dados revelam que:<br />
De 1700 a 1800, 1 milhão <strong>de</strong> quilos <strong>de</strong> ouro foram oficialmente<br />
registrados e talvez outro milhão tenha escapado ao fisco real. Cerca<br />
<strong>de</strong> 2,4 milhões <strong>de</strong> quilates <strong>de</strong> diamantes foram extraídos, segundo<br />
registros oficiais e uma quantia adicio<strong>na</strong>l incalculável foi<br />
contraban<strong>de</strong>ada. (DEAN, 1996, p. 108)<br />
15
Devido a essa fartura, gran<strong>de</strong> contingente populacio<strong>na</strong>l se <strong>de</strong>slocou<br />
<strong>para</strong> as áreas auríferas, localizadas em pleno sertão, <strong>na</strong> fronteira inter<strong>na</strong> com a Mata<br />
Atlântica. Nestes locais as lavras eram todas <strong>de</strong> aluvião e o ouro, a princípio, era<br />
facilmente encontrado nos leitos dos córregos. Após algum período, a prática se<br />
voltou <strong>para</strong> a “dre<strong>na</strong>gem” a seco, técnica que consistia <strong>na</strong> perfuração <strong>de</strong> poços rasos<br />
e afunilados, <strong>de</strong> aproximadamente 50 centímetros, o que fez com que a área da<br />
floresta fosse substituída por charnecas 1 esburacadas.<br />
Em relação ao cálculo da área atingida pela extração <strong>de</strong> ouro e<br />
diamante, e estimando-se que <strong>para</strong> se obter um grama <strong>de</strong> ouro tenha sido<br />
necessária a coleta <strong>de</strong> um metro cúbico <strong>de</strong> material contendo ouro e ganga 2 , tem-se<br />
que <strong>para</strong> o volume total <strong>de</strong> ouro obtido no século XVIII, foi necessário revirar 4 mil<br />
km 2 da <strong>região</strong> da Mata Atlântica.<br />
Diante do exposto, Pádua (2002, p. 13) contribui <strong>de</strong>clarando que:<br />
No que se refere à relação com a Natureza, as linhas gerais <strong>de</strong>ste<br />
mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> ocupação e exploração do território po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>finidas<br />
através <strong>de</strong> <strong>três</strong> características essenciais que, infelizmente, ainda<br />
estão bastante presentes no modo <strong>de</strong> relacio<strong>na</strong>mento da socieda<strong>de</strong><br />
brasileira com o seu entorno ecológico: 1) O mito da <strong>na</strong>tureza<br />
inesgotável, baseado <strong>na</strong> idéia <strong>de</strong> uma fronteira <strong>na</strong>tural sempre aberta<br />
<strong>para</strong> o avanço da exploração econômica; 2) Um grau consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sprezo pela biodiversida<strong>de</strong> e os biomas <strong>na</strong>tivos e 3) Uma aposta<br />
permanente <strong>na</strong>s espécies exóticas, especialmente em regime <strong>de</strong><br />
monocultura, como fonte <strong>de</strong> enriquecimento econômico e<br />
instrumento eficaz <strong>de</strong> controle sobre o território.<br />
Após estes, vários outros ciclos, em épocas mais recentes, também<br />
contribuíram <strong>para</strong> a diminuição da área ocupada pela Mata Atlântica. Entre estes<br />
ciclos, e enfatizando os mais significativos, Rambaldi e Oliveira (2003, p. 67)<br />
corroboram ao <strong>de</strong>stacar que “[...] o cultivo do café e as ativida<strong>de</strong>s pecuárias<br />
impulsio<strong>na</strong>ram a ocupação da área origi<strong>na</strong>lmente coberta pela Mata Atlântica, que<br />
hoje se estima não passar <strong>de</strong> 5% da cobertura origi<strong>na</strong>l.”<br />
O <strong>de</strong>senvolvimento gerado pelas ativida<strong>de</strong>s econômicas re<strong>sul</strong>tou em<br />
uma gran<strong>de</strong> atração populacio<strong>na</strong>l e as cida<strong>de</strong>s ocu<strong>para</strong>m, então, o lugar das<br />
florestas, que foram consumidas <strong>para</strong> a geração <strong>de</strong> energia e implantação da infra-<br />
estrutura urba<strong>na</strong>.<br />
1 Terreno inculto, árido, on<strong>de</strong> somente vegetam ervas rasteiras e silvestres.<br />
2 Resíduo, em geral não aproveitável, <strong>de</strong> uma jazida filonia<strong>na</strong>, o qual po<strong>de</strong>, no entanto, em certos<br />
casos, conter substâncias economicamente úteis.<br />
16
2.2 COLONIZAÇÃO DO NORTE DO PARANÁ<br />
O estado do Paraná teve sua in<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> São Paulo assi<strong>na</strong>da<br />
pelo imperador Dom Pedro II em 19 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1853, passando a ser uma das<br />
unida<strong>de</strong>s políticas do Brasil (PARANÁ, 2008, p. 10). De acordo com Matos (2007, p.<br />
9), “a colonização e exploração agrícola do norte do Paraná teve início em 1925 com<br />
o empreendimento da Companhia <strong>de</strong> Terras Norte do Paraná (CTNP), que começou<br />
a comprar terras <strong>na</strong> <strong>região</strong> com objetivos imobiliários.”<br />
De 1925 a 1927,<br />
[...] a CTNP comprou 515.000 alqueires paulistas <strong>de</strong> terras (cada<br />
alqueire paulista correspon<strong>de</strong> a 24.000 m 2 ) <strong>para</strong> dar início ao seu<br />
projeto <strong>de</strong> colonização. Localizadas entre os rios Para<strong>na</strong>panema,<br />
Tibagi e Ivaí, a maior parte <strong>de</strong>ssas terras – cerca <strong>de</strong> 450.000<br />
alqueires eram consi<strong>de</strong>radas terras <strong>de</strong>volutas (<strong>de</strong>socupadas e<br />
<strong>de</strong>sabitadas) – foi adquirida diretamente do governo do Estado do<br />
Paraná, a preços relativamente baixos. O baixo valor das terras se<br />
justificava pelo interesse do governo em <strong>de</strong>socupar e <strong>de</strong>senvolver o<br />
estado. Para tanto, era necessário <strong>de</strong>smatar áreas <strong>na</strong>tivas,<br />
transformando-as em produtivas, <strong>para</strong>, com isso, atrair investimentos<br />
e <strong>de</strong>sbravadores dispostos a fincar raízes em áreas inóspitas. (BONI,<br />
2004 apud MACHADO, 2005, p. 34)<br />
O mesmo autor revela ainda que:<br />
Nessa época, a <strong>região</strong> era praticamente uma floresta, salvo alguns<br />
locais como Cambará, Jacarezinho, Jataizinho e Sertanópolis.<br />
Entretanto, tratava-se <strong>de</strong> povoados sem expressivida<strong>de</strong> econômica e<br />
com pouca organização administrativa e social. (BONI, 2004 apud<br />
MATOS, 2007, p. 10)<br />
Como a <strong>região</strong> era ocupada por uma gran<strong>de</strong> mata, seria necessário<br />
criar uma infra-estrutura mínima <strong>para</strong> receber os investidores interessados <strong>na</strong><br />
compra das terras. Uma das primeiras preocupações foi garantir o acesso ao local.<br />
Em 1930 foi construída a estrada <strong>de</strong> rodagem entre Jataizinho e Londri<strong>na</strong>. (MATOS,<br />
2007, p. 10)<br />
Los<strong>na</strong>k e Ivano (2003) prosseguem dizendo que:<br />
Londri<strong>na</strong> era parte <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> projeto <strong>de</strong> colonização, que<br />
envolvia cida<strong>de</strong>s planejadas, peque<strong>na</strong>s proprieda<strong>de</strong>s, reservas<br />
17
<strong>florestais</strong>, estradas <strong>de</strong> ferro e <strong>de</strong> rodagem, tudo previamente<br />
planejado <strong>para</strong> o povoamento e a produção agrícola. (apud MATOS,<br />
2007, p. 9)<br />
Nas décadas <strong>de</strong> 1930 e 1940 houve gran<strong>de</strong> expansão da cultura do<br />
café, que foi a principal ativida<strong>de</strong> geradora <strong>de</strong> renda e propulsora da migração <strong>para</strong><br />
a <strong>região</strong>. A agricultura <strong>para</strong> o consumo consistia uma ativida<strong>de</strong> complementar, on<strong>de</strong><br />
plantava-se o arroz e o feijão intercalados entre as ruas <strong>de</strong> café, além do milho, que<br />
era <strong>de</strong>sti<strong>na</strong>do à criação <strong>de</strong> animais <strong>para</strong> o consumo. (MACHADO, 2005, p. 35)<br />
Maack (1981), relata que:<br />
No estado do Paraná, a Floresta Atlântica sofreu abrupto processo<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>vastação à partir da primeira meta<strong>de</strong> do século XX. O<br />
crescimento das ativida<strong>de</strong>s agrícolas, como a cafeicultura no norte<br />
do estado após a década <strong>de</strong> 20, e a crescente ocupação huma<strong>na</strong><br />
fizeram com que a cobertura origi<strong>na</strong>l, estimada em 83,41% da área<br />
do estado, tenha sido reduzida <strong>para</strong> 59,48% em 1965 e <strong>para</strong> 8% em<br />
estimativas atuais. (apud SERAFINI, 2003, p. 6)<br />
Pouco mais <strong>de</strong> meio século <strong>de</strong> colonização foi suficiente <strong>para</strong> que a<br />
<strong>região</strong> norte do Paraná <strong>de</strong>ixasse <strong>de</strong> ser ocupada por mata virgem e fosse<br />
substituída, em sua maior parte, por plantações <strong>de</strong> café, com a ocorrência <strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong>s fluxos migratórios, com a implantação <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s planejadas e a<br />
intensificação da agricultura mecanizada. (MACHADO, 2005, p. 42)<br />
2.2.1 Caracterização Física do Estado do Paraná<br />
De acordo com a Secretaria Estadual <strong>de</strong> Educação (SEED),<br />
atualmente o estado do Paraná conta com população aproximada <strong>de</strong> 10 milhões <strong>de</strong><br />
habitantes em uma área <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 199.727.274 km 2 , o que correspon<strong>de</strong> a 2,34%<br />
do território <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, distribuída em 399 municípios e tem como capital a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Curitiba. (PARANÁ, 2008, p. 10)<br />
Localizado entre 22º30’58” e 26º43’00” <strong>de</strong> latitu<strong>de</strong> Sul e 48º05’37” e<br />
54º37’08” <strong>de</strong> longitu<strong>de</strong> Oeste, o Paraná faz divisa, ao norte e nor<strong>de</strong>ste, com São<br />
Paulo; a oeste, com a República do Paraguai e Mato Grosso do Sul; ao <strong>sul</strong>, com<br />
Santa Catari<strong>na</strong>; a sudoeste com a República da Argenti<strong>na</strong> e a leste com o Oceano<br />
18
Atlântico (PARANÁ, 2008, p. 14), conforme po<strong>de</strong> ser observado <strong>na</strong> figura 1.<br />
Figura 1 – Localização do estado do Paraná.<br />
Fonte: SEMA, 2004.<br />
O relevo <strong>para</strong><strong>na</strong>ense tem <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> em sentido norte-oci<strong>de</strong>ntal e<br />
oeste, o que faz com que 92% das águas inter<strong>na</strong>s se dirijam à Bacia do Rio Paraná,<br />
e as <strong>de</strong>mais a leste <strong>na</strong> direção da Bacia Atlântica (STIPP; OLIVEIRA, 2004, p. 53;<br />
PARANÁ, 2008, p. 16). Conforme relata Machado (2005, p. 59), “<strong>de</strong>vido ao contexto<br />
geológico e geomorfológico, os rios <strong>para</strong><strong>na</strong>enses são predomi<strong>na</strong>ntemente <strong>de</strong><br />
pla<strong>na</strong>lto, apresentando gran<strong>de</strong> potencial hidráulico.”<br />
Em linhas gerais, o estado apresenta uma sucessão <strong>de</strong> pla<strong>na</strong>ltos: o<br />
Primeiro Pla<strong>na</strong>lto ou Pla<strong>na</strong>lto <strong>de</strong> Curitiba, com altitu<strong>de</strong> variando entre 850 e 950<br />
metros; o Segundo Pla<strong>na</strong>lto ou Pla<strong>na</strong>lto <strong>de</strong> Ponta Grossa, com altitu<strong>de</strong> média <strong>de</strong><br />
1.188 metros, baixando em seu extremo, as margens do Rio Ivaí, <strong>para</strong> 484 metros;<br />
e o Terceiro Pla<strong>na</strong>lto ou Pla<strong>na</strong>lto <strong>de</strong> Guarapuava, que termi<strong>na</strong> <strong>na</strong>s margens do Rio<br />
Paraná com uma altitu<strong>de</strong> média <strong>de</strong> 170 metros. (PARANÁ, 2008, p. 19)<br />
O clima <strong>para</strong><strong>na</strong>ense é predomi<strong>na</strong>ntemente subtropical úmido, porém<br />
em uma peque<strong>na</strong> faixa ao norte e no litoral do estado predomi<strong>na</strong> o clima tropical<br />
(MACHADO, 2005, p. 56). As temperaturas variam entre 14º C e 22º C e os índices<br />
19
pluviométricos entre 1.500 mm e 2.500 mm anuais. (PARANÁ, 2008, p. 19-22)<br />
Os tipos <strong>de</strong> vegetação predomi<strong>na</strong>ntes são a Floresta Estacio<strong>na</strong>l<br />
Semi<strong>de</strong>cidual, a Floresta Ombrófila Mista ou <strong>de</strong> Araucária e a Floresta<br />
Ombrófila Densa. (MORELLATO; HADDAD, 2000 apud SERAFINI, 2003, p. 6)<br />
2.2.2 Uso e Ocupação do Solo<br />
Re<strong>sul</strong>tante da divisão da gran<strong>de</strong> gleba <strong>de</strong> terras da CTNP, o estado<br />
do Paraná foi ocupado pela agricultura familiar, cuja organização e exploração<br />
tradicio<strong>na</strong>l mantém vínculos e interações que garantem, ainda hoje, alguns<br />
remanescentes do bioma origi<strong>na</strong>l. Com o processo <strong>de</strong> mecanização agrícola a partir<br />
dos anos 70, essa exploração tradicio<strong>na</strong>l foi quase toda extinta, predomi<strong>na</strong>ndo<br />
ape<strong>na</strong>s <strong>na</strong> <strong>região</strong> centro-<strong>sul</strong>, on<strong>de</strong>, não por coincidência, encontra-se boa parte da<br />
cobertura florestal do estado (RAMBALDI; OLIVEIRA, 2003, p. 70). Na <strong>região</strong> norte<br />
do estado, predomi<strong>na</strong>m as áreas ocupadas pela agricultura intensiva. (figura 2)<br />
Figura 2 – Mapa <strong>de</strong> uso do solo do estado do Paraná.<br />
Fonte: SEMA, 2004.<br />
20
A mo<strong>de</strong>rnização da agricultura <strong>para</strong><strong>na</strong>ense, através da mecanização<br />
agrícola e do uso intensivo <strong>de</strong> insumos industrializados, consolidou um quadro<br />
agrário caracterizado pelo “predomínio <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s plantações <strong>de</strong> soja e trigo<br />
mecanizados <strong>na</strong>s glebas <strong>de</strong> solos basálticos e <strong>de</strong> pastagens extensivas <strong>para</strong> a<br />
criação <strong>de</strong> bovinos <strong>na</strong>s glebas <strong>de</strong> solos areníticos, predomi<strong>na</strong>ntemente.”<br />
(MACHADO, 2005, p. 66)<br />
formas <strong>de</strong> uso do solo:<br />
A SEED apresenta os dados estatísticos referentes às diversas<br />
As terras indicadas <strong>para</strong> lavouras perfazem 73,2% da área do<br />
estado. São pastagens plantadas cerca <strong>de</strong> 14,1%. A silvicultura e<br />
pastagens <strong>na</strong>turais abrangem 4,6% e as áreas sem aptidão agrícola<br />
ocorrem em 8,1% do território <strong>para</strong><strong>na</strong>ense. Devido a gran<strong>de</strong><br />
fertilida<strong>de</strong> dos solos, abundância <strong>de</strong> águas e relevo relativamente<br />
plano, o Estado do Paraná é um dos maiores produtores <strong>de</strong> grãos do<br />
país. (PARANÁ, 2008, p. 25)<br />
Até um século atrás, o estado do Paraná apresentava cerca <strong>de</strong> 80%<br />
<strong>de</strong> sua área recoberta por florestas. Em <strong>de</strong>corrência do intenso uso e ocupação do<br />
solo em todo o seu território, os remanescentes da cobertura florestal origi<strong>na</strong>l, hoje,<br />
correspon<strong>de</strong>m a aproximadamente 5%, sendo que a maior parte está <strong>na</strong> Serra do<br />
Mar e os <strong>de</strong>mais <strong>fragmentos</strong> localizam-se, em sua maioria, em parques e áreas <strong>de</strong><br />
proteção e conservação. Há, ainda, as florestas ciliares, localizadas <strong>na</strong>s margens<br />
dos cursos d’água. (PARANÁ, 2008, p. 23)<br />
Dourojeanni e Pádua (2007, p. 49) frisam que “[...] das florestas com<br />
araucária do Estado do Paraná, que ainda cobriam quase 1,6 milhão <strong>de</strong> hectares no<br />
ano <strong>de</strong> 1965, ficaram ape<strong>na</strong>s uns 100 mil hectares em 1992 e, evi<strong>de</strong>ntemente, hoje<br />
ainda menos.”<br />
Através dos mapas da figura 3, tem-se um exemplo ilustrativo da<br />
diminuição da vegetação no estado entre os anos 1930 e 2000. Conforme a<br />
Secretaria Estadual <strong>de</strong> Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMA), tal fato ocorreu<br />
porque “O Paraná teve um processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento baseado no uso intensivo<br />
da terra pela agricultura/pecuária [...], o que reduziu as gran<strong>de</strong>s áreas contínuas <strong>de</strong><br />
cobertuta florestal <strong>na</strong>tiva do Estado.” (PARANÁ, 2007, p. 44)<br />
21
1930 1965<br />
64,12% 23,92%<br />
7,59% 3,40%<br />
Figura 3: Remanescentes <strong>florestais</strong> do estado do Paraná (1930-2000).<br />
Fonte: SEMA, 2007.<br />
A Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Pesquisas<br />
Espaciais – INPE (2008) revelaram índices mais otimistas, ao divulgarem que os<br />
remanescentes do bioma origi<strong>na</strong>l no estado do Paraná correspondiam a 10,74% no<br />
ano <strong>de</strong> 2000, fato que indica uma diferença positiva <strong>de</strong> 7,34% da composição<br />
florística <strong>para</strong><strong>na</strong>ense em relação aos dados obtidos pela SEMA <strong>para</strong> o mesmo ano.<br />
Entretanto, no período compreendido entre 2000 e 2005 houve um <strong>de</strong>sflorestamento<br />
<strong>de</strong> 28.324 ha, ou 1,52%, re<strong>sul</strong>tando <strong>na</strong> queda <strong>de</strong>ste índice <strong>para</strong> 10,60%. (Fundação<br />
SOS Mata Atlântica; INPE, 2008)<br />
Sobre a diferença entre os números apresentados pelos diferentes<br />
autores e instituições, Muchailh (2007, p. 20) explica que “[...] as informações sobre<br />
a cobertura florestal do Paraná po<strong>de</strong>m apresentar certas imprecisões e discordância<br />
entre as fontes, por problemas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m técnica, em função <strong>de</strong> diferentes<br />
metodologias <strong>de</strong> análise e diferentes sensores utilizados”.<br />
In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>sta diferença, o que se constata é que a perda <strong>de</strong><br />
habitats é um fenômeno que vem ocorrendo <strong>de</strong> forma generalizada em todas as<br />
regiões do estado, re<strong>sul</strong>tando em uma paisagem fragmentada. A figura 4 ilustra os<br />
remanescentes <strong>florestais</strong> do estado no ano <strong>de</strong> 2005.<br />
22
Geralmente, o <strong>de</strong>saparecimento das áreas <strong>de</strong> florestas:<br />
[...] está associado à efetivação da posse da terra, com a <strong>de</strong>rrubada<br />
da vegetação <strong>na</strong>tural <strong>para</strong> a formação <strong>de</strong> pastos, ou lavouras ou<br />
simplesmente <strong>para</strong> <strong>de</strong>marcar territórios ocupados, já que terras<br />
cobertas por florestas ou por vegetação <strong>na</strong>tural representam, no<br />
modo <strong>de</strong> ver distorcido <strong>de</strong> alguns autores, terras não utilizadas e<br />
improdutivas, passíveis, portanto <strong>de</strong> sobretaxação, <strong>de</strong>sapropriação<br />
ou ocupação. (MACHADO, 2005, p. 64)<br />
Figura 4 – Remanescentes <strong>florestais</strong> do estado do Paraná em 2005. A cor ver<strong>de</strong> representa os<br />
remanescentes <strong>florestais</strong>; a rosa as áreas urba<strong>na</strong>s e as <strong>de</strong>mais cores representam usos diversos.<br />
Fonte: Fundação SOS Mata Atlântica; INPE, 2008.<br />
2.2.3 Caracterização Física da Área <strong>de</strong> Estudo<br />
A criação do município <strong>de</strong> Londri<strong>na</strong> se <strong>de</strong>u através do Decreto<br />
Estadual nº 2.519, assi<strong>na</strong>do pelo interventor Manoel Ribas em 3 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong><br />
1934. Segundo a Resolução nº 05, <strong>de</strong> 10/10/02, do Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia<br />
23
e Estatística (IBGE), Londri<strong>na</strong> ocupa uma área <strong>de</strong> 1.650,809 km 2 , o que correspon<strong>de</strong><br />
a cerca <strong>de</strong> 1% da área total do Paraná. Localiza-se <strong>na</strong> <strong>região</strong> norte do estado,<br />
conforme mostrado <strong>na</strong> figura 5, entre os <strong>para</strong>lelos 23º10’17” e 23º51’10” S e os<br />
meridianos 50º52’11” e 51º14’35” O, a uma altitu<strong>de</strong> média <strong>de</strong> 576 metros. Os<br />
municípios limítrofes são, ao norte: Sertanópolis, Cambé e Ibiporã; a oeste:<br />
Arapongas, Apucara<strong>na</strong> e Marilândia do Sul; ao <strong>sul</strong>: Ortigueira, Tamara<strong>na</strong> e<br />
Marilândia do Sul, e a leste: São Jerônimo da Serra e Assaí. (Londri<strong>na</strong>, 2000, p. 10)<br />
0º<br />
10º<br />
20º<br />
30º<br />
40º<br />
50º<br />
85º<br />
85º<br />
75º<br />
75º<br />
65º<br />
Figura 5 – Localização do município <strong>de</strong> Londri<strong>na</strong>.<br />
Fonte: PML, 2008.<br />
Localizado no Terceiro Pla<strong>na</strong>lto Para<strong>na</strong>ense ou Pla<strong>na</strong>lto <strong>de</strong><br />
Guarapuava (figura 6), o município está assentado sobre uma <strong>região</strong> originária <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>rrames basálticos <strong>na</strong> Bacia do Paraná, uma bacia sedimentar que evoluiu sobre a<br />
55º<br />
0 20 40 KM<br />
65º<br />
55º<br />
45º<br />
45º<br />
35º<br />
35º<br />
24<br />
0º<br />
10º<br />
20º<br />
30º<br />
40º<br />
50º
Plataforma Sul-America<strong>na</strong>. Sua formação teve início no Período Devoniano, há<br />
cerca <strong>de</strong> 400 milhões <strong>de</strong> anos, termi<strong>na</strong>ndo no Cretáceo. (Mineropar, 2001, p. 13)<br />
Stipp (2000, p. 2) acrescenta que o relevo do Terceiro Pla<strong>na</strong>lto “é<br />
talhado sobre rochas eruptivas básicas, alcançando altitu<strong>de</strong>s médias que são<br />
superiores a 1.000 m, e <strong>na</strong> direção do rio Para<strong>na</strong>panema elas caem a 300m.”<br />
Figura 6 – Grupos litológicos do estado do Paraná.<br />
Fonte: Mineropar, 2001.<br />
LONDRINA<br />
As altitu<strong>de</strong>s do município <strong>de</strong>crescem <strong>de</strong> oeste <strong>para</strong> leste, <strong>de</strong>vido a<br />
sua localização <strong>na</strong> macro vertente da margem esquerda da porção inferior da bacia<br />
hidrográfica do rio Tibagi. Sua variação altimétrica aproximada vai <strong>de</strong> 750m <strong>na</strong> Serra<br />
<strong>de</strong> Apucara<strong>na</strong> a oeste-sudoeste até 380m <strong>na</strong>s proximida<strong>de</strong>s do leito do rio Tibagi, a<br />
nor<strong>de</strong>ste. (Londri<strong>na</strong>, 2000, p.11)<br />
Embora o sistema hidrográfico do Paraná, <strong>de</strong>vido à <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> do<br />
seu relevo, oriente-se <strong>de</strong> leste <strong>para</strong> oeste, o subsistema hidrográfico <strong>de</strong> Londri<strong>na</strong><br />
corre predomi<strong>na</strong>ntemente <strong>de</strong> oeste <strong>para</strong> leste, em razão da diminuição da incli<strong>na</strong>ção<br />
do seu relevo em sentido ao rio Tibagi. (PML, 2008, p. 11)<br />
A bacia hidrográfica à qual pertence o município <strong>de</strong> Londri<strong>na</strong> é a do<br />
rio Tibagi, que possui extensão <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 550 km (Maack, 1968) e abrange uma<br />
área <strong>de</strong> dre<strong>na</strong>gem <strong>de</strong> 2.471.167 ha, on<strong>de</strong> estão inseridos, parcial ou totalmente, 41<br />
25<br />
0 81 162 KM
municípios (STIPP, 2000, p. 1). Os rios <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque no município são o Apucara<strong>na</strong>,<br />
o Taquara e o Tibagi, e entre os ribeirões <strong>de</strong>stacam-se o Apucaraninha, Bom Retiro,<br />
Cafezal, Cambezinho, dos Apertados, Jacutinga e Quati. (PML, 2008, p. 11)<br />
De acordo com a classificação climática proposta por Köppen, o<br />
clima <strong>de</strong> Londri<strong>na</strong> é do tipo Cfa (subtropical úmido com verões quentes), com chuvas<br />
em todas as estações, po<strong>de</strong>ndo ocorrer secas no período <strong>de</strong> inverno (PML, 2008, p.<br />
11; SEED, 2008, p. 21). O clima subtropical abrange o Brasil meridio<strong>na</strong>l, porção<br />
localizada ao <strong>sul</strong> do Trópico <strong>de</strong> Capricórnio, compreen<strong>de</strong>ndo parte dos estados <strong>de</strong><br />
São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catari<strong>na</strong> e Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />
Machado (2005, p. 56) ressalta que “os ventos predomi<strong>na</strong>ntes <strong>na</strong> <strong>região</strong> atuam no<br />
sentido leste-oeste com velocida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> 2,6 m/s.”<br />
Na composição da sigla do tipo <strong>de</strong> clima, a primeira letra, maiúscula,<br />
representa as características gerais do clima <strong>de</strong> uma <strong>região</strong>: C = clima mesotérmico<br />
(subtropical ou temperado); a segunda letra, minúscula, representa as<br />
particularida<strong>de</strong>s do regime <strong>de</strong> chuva: f = sempre úmido e a terceira letra, minúscula,<br />
representa a temperatura característica da <strong>região</strong>: a = verões quentes.<br />
Inserida em uma <strong>região</strong> essencialmente agrícola,<br />
Londri<strong>na</strong> sempre foi beneficiada por um regime pluviométrico bem<br />
distribuído durante todo o ano, sendo raríssimos os períodos <strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong>s estiagens ou chuvas prolongadas. Segundo o IAPAR, a<br />
precipitação pluviométrica em 2007, foi <strong>de</strong> 1.566 mm, sendo janeiro,<br />
julho e <strong>de</strong>zembro os meses mais chuvosos e maio, junho, setembro<br />
e agosto os meses mais secos. (PML, 2008, p. 11)<br />
A temperatura média anual registrada em 2007 foi <strong>de</strong> 21,8º C, com<br />
média máxima <strong>de</strong> 28,3º C e média mínima <strong>de</strong> 16,3º C. A umida<strong>de</strong> relativa do ar ficou<br />
em torno <strong>de</strong> 76% no verão e 72% no inverno, tendo como média anual índices em<br />
torno <strong>de</strong> 69%. (PML, 2008, p. 11)<br />
O solo da <strong>região</strong> é <strong>de</strong> origem basáltica, entretanto, <strong>de</strong> acordo com<br />
sua localização, em topografia mais pla<strong>na</strong> ou acentuada, apresenta solos diferentes<br />
e <strong>de</strong> fertilida<strong>de</strong> variável. Sua profundida<strong>de</strong> vai <strong>de</strong> <strong>de</strong>ze<strong>na</strong>s <strong>de</strong> metros, nos espigões,<br />
até poucos centímetros, próximo aos corpos d’água. (PML, 2008, p. 10)<br />
A <strong>região</strong> setentrio<strong>na</strong>l do município possui topografia mais pla<strong>na</strong> e<br />
apresenta os melhores solos do município e um dos mais férteis do mundo: a Terra<br />
Roxa Estruturada Eutrófica, o Latossolo Roxo Eutrófico e, em menor quantida<strong>de</strong>, o<br />
26
Brunizen Vermelho e o Litólico Eutrófico. Ressalte-se que aos primeiros só se<br />
com<strong>para</strong>m os Chernozen (solos negros) da Ucrânia. Já <strong>na</strong> <strong>região</strong> <strong>sul</strong>, <strong>de</strong> relevo mais<br />
aci<strong>de</strong>ntado, encontram-se solos mais ácidos e menos férteis, como o Brunizen<br />
Vermelho, Litossolo, Latossolo Roxo Distrófico e Terra Roxa Estruturada Eutrófica.<br />
(PML, 2008, p. 10). A figura 7 i<strong>de</strong>ntifica os tipos <strong>de</strong> solo do município <strong>de</strong> Londri<strong>na</strong>.<br />
Figura 7: Tipos <strong>de</strong> solos do município <strong>de</strong> Londri<strong>na</strong>.<br />
Fonte: PML, 2008.<br />
Área <strong>de</strong> estudo<br />
Em relação a formação vegetal, a área on<strong>de</strong> hoje é o município <strong>de</strong><br />
27
Londri<strong>na</strong> era ocupada pela mata pluvial tropical e subtropical que, <strong>de</strong>vido ao rápido<br />
<strong>de</strong>senvolvimento das ativida<strong>de</strong>s agrícolas e da urbanização, principlamente a partir<br />
do século XX, foi quase totalmente suprimida. Entretanto, <strong>de</strong>sta formação origi<strong>na</strong>l<br />
ainda restam alguns pontos preservados, entre os quais o PEMG, o Parque Arthur<br />
Thomas e a Reserva Indíge<strong>na</strong> do Apucaraninha, áreas remanescentes que<br />
<strong>de</strong>monstram a varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> gêneros e espécies <strong>de</strong> vegetação que se encontravam<br />
<strong>na</strong> <strong>região</strong>. (PML, 2008, p. 11)<br />
Algumas outras formações <strong>florestais</strong> <strong>de</strong> menor porte, porém <strong>de</strong><br />
significativa importância <strong>para</strong> a conservação da diversida<strong>de</strong> biológica, po<strong>de</strong>m ser<br />
encontradas em proprieda<strong>de</strong>s particulares e também merecem <strong>de</strong>staque. Machado<br />
(2005, p. 64) elenca os seguintes remanescentes: Mata do Ceará (Fazenda Nossa<br />
Senhora <strong>de</strong> Fátima), Fazenda dos Tigres, Mata Mortari, Mata Jaboticabal, Mata<br />
Jaime Canet, Mata do Barão, Mata da Fazenda Guairaçá, Mata <strong>de</strong> Ivo Leão, Mata<br />
do Rebojo, etc. A mata da Fazenda Imbaúva, um dos <strong>fragmentos</strong> estudados, mesmo<br />
não sendo conhecida ou citada, é igualmente merecedora <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque.<br />
De acordo com a Fundação SOS Mata Atlântica e o INPE (2008),<br />
Londri<strong>na</strong> possui uma área remanescente <strong>de</strong> Mata Atlântica que correspon<strong>de</strong> a<br />
12.026,88 ha 2 , o que equivale dizer que 7% da área do município (165.808,92 ha 2 ) é<br />
ocupada por esta formação florestal.<br />
Os <strong>fragmentos</strong> localizados no distrito <strong>de</strong> Paiquerê estão inseridos<br />
parcialmente <strong>na</strong> bacia hidrográfica do ribeirão dos Apertados, que se forma a partir<br />
da junção do Córrego do Arlindo e do Córrego Damasco, no município <strong>de</strong><br />
Arapongas. Já o PEMG tem sua área totalmente inserida nesta bacia. Em relação a<br />
sua caracterização física, Machado (2005, p. 55) assim a <strong>de</strong>screve:<br />
[...] a microbacia do Ribeirão do Apertados possui uma área total <strong>de</strong><br />
326,83 km 2 [...]. Este ribeirão percorre uma extensão aproximada <strong>de</strong><br />
87.300m, com muitos meandros, cortando uma <strong>região</strong> agropecuária<br />
bem <strong>de</strong>senvolvida em relação à mecanização <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s áreas<br />
agrícolas, e também <strong>de</strong>marca o limite <strong>sul</strong> da Mata dos Godoy, no<br />
município <strong>de</strong> Londri<strong>na</strong> [...], importante área <strong>de</strong> remanescente florestal<br />
nesta <strong>região</strong> [...], <strong>de</strong>saguando por fim, no rio Tibagi.<br />
A escolha <strong>de</strong> uma bacia hidrográfica ao invés <strong>de</strong> um recorte<br />
espacial, como área <strong>de</strong> estudo <strong>para</strong> a implementação do corredor, ocorreu porque:<br />
28
A bacia hidrográfica como unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> planejamento já é <strong>de</strong> aceitação<br />
mundial, uma vez que esta se constitui num sistema <strong>na</strong>tural bem<br />
<strong>de</strong>limitado geograficamente, [...] assim bacias hidrográficas po<strong>de</strong>m<br />
ser tratadas como unida<strong>de</strong>s geográficas, on<strong>de</strong> os recursos <strong>na</strong>turais<br />
se integram. Além disso, constitui-se uma unida<strong>de</strong> espacial <strong>de</strong> fácil<br />
reconhecimento e caracterização [...]. (NASCIMENTO; VILLAÇA,<br />
2008, p. 107)<br />
Sendo uma unida<strong>de</strong> <strong>na</strong>tural integradora <strong>de</strong> processos e receptora <strong>de</strong><br />
impactos advindos das ativida<strong>de</strong>s antrópicas, as bacias <strong>de</strong>vem ser “objeto <strong>de</strong><br />
pesquisas e programas <strong>de</strong> ação, visando a compreensão dos mecanismos do seu<br />
funcio<strong>na</strong>mento e preservação dos seus recursos.” (MACHADO, 2005, p. 12)<br />
2.3 FRAGMENTAÇÃO FLORESTAL<br />
Historicamente, a diminuição das florestas está estreitamente ligada<br />
à expansão <strong>de</strong>mográfica e a conversão das áreas <strong>florestais</strong> <strong>para</strong> outros usos, sendo<br />
a extração excessiva <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira <strong>para</strong> fins comerciais, o aumento das áreas<br />
agricultáveis e o excesso <strong>de</strong> pastagens algumas das principais causas da<br />
<strong>de</strong>gradação florestal acarretada pelos seres humanos. (IBAMA, 2004, p. 95)<br />
Maia Santos (2002, p. 26) relata que, em <strong>de</strong>corrência das intensas<br />
ativida<strong>de</strong>s huma<strong>na</strong>s ao longo dos tempos, a cobertura vegetal origi<strong>na</strong>l encontra-se,<br />
hoje, reduzida a <strong>fragmentos</strong>, fato que, em uma análise global, vem re<strong>sul</strong>tando <strong>na</strong><br />
imposição <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> efeitos <strong>de</strong>letérios às populações da fau<strong>na</strong> e flora.<br />
Pereira, Neves e Figueiredo (2007, p. 7) observam ainda que “As<br />
consequências negativas da fragmentação territorial materializam-se em<br />
consequências abióticas e bióticas: <strong>de</strong>sertificação e incremento da erosão do solo,<br />
vulnerabilida<strong>de</strong> dos habitats às alterações climáticas ou <strong>na</strong> extinção <strong>de</strong> espécies.”<br />
De acordo com Harris & Silva-Lopes (1992),<br />
[...] a fragmentação florestal é <strong>de</strong>finida como uma se<strong>para</strong>ção ou<br />
<strong>de</strong>sligamento não <strong>na</strong>tural <strong>de</strong> áreas amplas em <strong>fragmentos</strong><br />
espacialmente segregados, promovendo a redução dos tipos <strong>de</strong><br />
habitat e a divisão dos habitats remanescentes em unida<strong>de</strong>s<br />
menores e isoladas. (apud KORMAN, 2003, p. 4)<br />
29
Sabe-se, ainda, que “A <strong>de</strong>gradação <strong>de</strong> uma área ocorre quando a<br />
vegetação <strong>na</strong>tiva e fau<strong>na</strong> são <strong>de</strong>struídas, removidas ou expulsas; a camada fértil do<br />
solo é perdida, removida ou enterrada; e a qualida<strong>de</strong> e o regime <strong>de</strong> vazão do<br />
sistema hídrico for alterado.” (SESSEGOLO, 2006, p. 25-26)<br />
Após breve análise, apurou-se que o movimento <strong>para</strong> a implantação<br />
<strong>de</strong> parques ou áreas protegidas teve início no fi<strong>na</strong>l do século XIX <strong>na</strong>s <strong>na</strong>ções<br />
industrializadas e aumentou <strong>de</strong> importância no século XX. Nesta época, gran<strong>de</strong><br />
parte das florestas tropicais apresentava áreas com comunida<strong>de</strong>s biológicas ainda<br />
intactas. Esse movimento enfrentou problemas durante as décadas pós-guerra, on<strong>de</strong><br />
o mundo em <strong>de</strong>senvolvimento alcançou altas taxas <strong>de</strong> crescimento populacio<strong>na</strong>l e as<br />
áreas <strong>de</strong>sti<strong>na</strong>das aos parques começaram a sofrer forte pressão vinda do seu<br />
entorno. (SCHAIK; RIJKSEN, 2002, p. 37-38)<br />
Arruda (2004, p. 11) afirma que “os anos setenta e oitenta foram<br />
marcados pela expansão da re<strong>de</strong> mundial <strong>de</strong> áreas protegidas, especialmente em<br />
países <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões como EUA, Ca<strong>na</strong>dá, Austrália, Índia, Colômbia e<br />
Brasil, entre outros.”<br />
Atualmente, embora a maioria dos parques e reservas brasileiros<br />
contribua <strong>para</strong> a preservação <strong>de</strong> parte significativa da diversida<strong>de</strong> biológica e exerça<br />
papel vital <strong>para</strong> o futuro dos recursos <strong>na</strong>turais, o conhecimento científico acumulado<br />
no campo da biologia da conservação 3 mostra a necessida<strong>de</strong> da manutenção <strong>de</strong><br />
áreas protegidas bastante extensas <strong>para</strong> que se mantenham os processos<br />
ecológicos e evolutivos a longo prazo. Na forma como se apresentam hoje, os<br />
parques e reservas existentes não são suficientes <strong>para</strong> a preservação da<br />
diversida<strong>de</strong> biológica brasileira. (AYRES et al., 2005, p. 20)<br />
Uma das maiores dificulda<strong>de</strong>s enfrentadas pelos parques e reservas<br />
do Brasil é o seu crescente isolamento <strong>de</strong> outras áreas <strong>na</strong>turais, protegidas ou não.<br />
Em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste isolamento surge a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se proteger várias populações<br />
<strong>de</strong> uma mesma espécie (metapopulações), pois a conservação da diversida<strong>de</strong><br />
biológica requer, além da preservação em nível <strong>de</strong> espécies, a preservação da<br />
diversida<strong>de</strong> genética contida em diferentes populações. (AYRES et al., 2005, p. 20)<br />
É importante ressaltar, ainda, que populações <strong>de</strong> plantas e animais<br />
isoladas em peque<strong>na</strong>s áreas são mais vulneráveis à extinção local, regio<strong>na</strong>l ou<br />
3 Ramo da biologia que se <strong>de</strong>dica à pesquisa sobre o <strong>de</strong>clínio e eventual colapso <strong>de</strong> populações e<br />
espécies, além da busca <strong>de</strong> soluções que minimizem esse processo.<br />
30
mesmo à extinção completa (GALINDO-LEAL et al., 2005, p. 14; AYRES et al., 2005,<br />
p. 20) tanto mais rapidamente quanto menor a superfície da área isolada.<br />
(DOUROJEANNI; PÁDUA, 2007, p. 168)<br />
2.4 LOCALIZAÇÃO DOS FRAGMENTOS FLORESTAIS E DO PEMG<br />
Os <strong>fragmentos</strong> que preten<strong>de</strong>-se unir ao PEMG estão situados em<br />
proprieda<strong>de</strong>s particulares localizadas <strong>na</strong> área rural do distrito <strong>de</strong> Paiquerê (figura 8),<br />
<strong>região</strong> <strong>sul</strong> do município <strong>de</strong> Londri<strong>na</strong>. Um <strong>de</strong>stes remanescentes pertence a Fazenda<br />
Imbaúva e o outro, <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>do Mata Mortari, localiza-se <strong>na</strong> Fazenda Piratininga.<br />
0 5 10 KM<br />
Figura 8 – Divisão distrital do município <strong>de</strong> Londri<strong>na</strong>. No <strong>de</strong>staque, o distrito <strong>de</strong><br />
Paiquerê, on<strong>de</strong> se localizam as fazendas Imbaúva e Piratininga.<br />
Fonte: PML, 2008.<br />
O distrito <strong>de</strong> Paiquerê foi criado através do Decreto-lei nº 4.992, <strong>de</strong><br />
31
21 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1964. Conta com uma população <strong>de</strong> 2.479 habitantes, sendo<br />
1.162 moradores da zo<strong>na</strong> urba<strong>na</strong> e 1.317 da zo<strong>na</strong> rural, distribuída em uma área <strong>de</strong><br />
211,958 km 2 . Localiza-se a 35 km da se<strong>de</strong> do município, a uma altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 606<br />
metros (PML, 2008, p. 14-15). Para se chegar a Paiquerê é preciso passar pelo<br />
distrito <strong>de</strong> Irerê, que tem seu acesso pela rodovia PR 445, e percorrer mais 10 km<br />
em estrada vici<strong>na</strong>l pavimentada.<br />
O distrito <strong>de</strong> São Luiz teve sua criação alguns anos antes do distrito<br />
<strong>de</strong> Paiquerê, através do Decreto-lei nº 666, <strong>de</strong> 11/06/1951. Possui 1.790 habitantes,<br />
dos quais 622 moram <strong>na</strong> zo<strong>na</strong> urba<strong>na</strong> e 1.168 <strong>na</strong> área rural. A área do distrito é <strong>de</strong><br />
153,361 km 2 e sua altitu<strong>de</strong> é 669 m. Está distante 32 km da se<strong>de</strong> do município.<br />
(PML, 2008, p. 14-15)<br />
No distrito <strong>de</strong> São Luiz está localizado o PEMG, uma Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Conservação (UC) classificada <strong>na</strong> categoria <strong>de</strong> manejo <strong>de</strong> Proteção Integral,<br />
segundo o Sistema Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação (SNUC), que foi criada<br />
oficialmente pelo Decreto nº 5.150 <strong>de</strong> 05 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1989, objetivando a promoção<br />
da preservação do regime hídrico, da flora e da fau<strong>na</strong>. O referido parque possuía,<br />
inicialmente, uma área <strong>de</strong> 675,70 ha, que em 30 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1997 foi ampliada<br />
em 14,4756 ha pelo Decreto nº 3.917, totalizando 690,1756 ha (IAP, 2002).<br />
Na figura 9 observa-se a <strong>de</strong>limitação do PEMG que, juntamente com<br />
os remanescentes <strong>florestais</strong> das proprieda<strong>de</strong>s vizinhas, formam um gran<strong>de</strong><br />
fragmento, usualmente chamado pela população londrinense <strong>de</strong> Mata dos Godoy.<br />
O acesso ao parque é feito por rodovia pavimentada (PR 538), num<br />
trajeto <strong>de</strong> aproximadamente 18 km do centro da cida<strong>de</strong> e o seu centro tem como<br />
coor<strong>de</strong><strong>na</strong>das geográficas 23º27’ <strong>de</strong> latitu<strong>de</strong> Sul e 51º15’ <strong>de</strong> longitu<strong>de</strong> Oeste. Sua<br />
altitu<strong>de</strong> varia <strong>de</strong> 460 a 640 metros acima do nível do mar e é atravessado pelo<br />
Trópico <strong>de</strong> Capricórnio (VICENTE, 2006, p. 14). Na figura 10 é possível observar as<br />
principais vias <strong>de</strong> acesso ao parque.<br />
32
Figura 9: Imagem orbital dos <strong>três</strong> <strong>fragmentos</strong> <strong>florestais</strong>.<br />
Fonte: SPOT, 2004.<br />
Figura 10 – Localização do PEMG em Londri<strong>na</strong>.<br />
Fonte: IAP, 2002.<br />
33
2.5 CORREDORES DE BIODIVERSIDADE<br />
Por representarem uma das estratégias mais promissoras <strong>para</strong> o<br />
planejamento regio<strong>na</strong>l eficaz <strong>de</strong> conservação e preservação da flora e fau<strong>na</strong>,<br />
segundo Valeri e Senô (2005, p. 1), a conectivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>fragmentos</strong> <strong>florestais</strong><br />
remanescentes em áreas on<strong>de</strong> houve <strong>de</strong>smatamento, através da implementação <strong>de</strong><br />
corredores ecológicos ou corredores <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong>, possibilitará a conservação e<br />
a regeneração <strong>na</strong>tural ou induzida do ecossistema local e <strong>de</strong> sua diversida<strong>de</strong><br />
biológica, proporcio<strong>na</strong>ndo a maximização (ou a minimização do grau <strong>de</strong> resistência)<br />
do fluxo <strong>de</strong> indivíduos das diferentes espécies que compõem as comunida<strong>de</strong>s<br />
florísticas e faunísticas. (AYRES et al., 2005, p. 113)<br />
Para um claro entendimento do que são os “corredores ecológicos”,<br />
serão usadas duas <strong>de</strong>finições. A primeira é dada pela Lei Fe<strong>de</strong>ral 9.985, a qual os<br />
conceitua, no capítulo I, art. 2º, inciso XIX, <strong>de</strong>ssa forma:<br />
Corredores ecológicos: porções <strong>de</strong> ecossistemas <strong>na</strong>turais ou<br />
semi<strong>na</strong>turais, ligando unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conservação, que possibilitam<br />
entre elas o fluxo <strong>de</strong> genes e o movimento da biota, facilitando a<br />
dispersão <strong>de</strong> espécies e a recolonização <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>gradadas, bem<br />
como a manutenção <strong>de</strong> populações que <strong>de</strong>mandam <strong>para</strong> sua<br />
sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das<br />
unida<strong>de</strong>s individuais. (BRASIL, 2000, p. 2)<br />
A segunda <strong>de</strong>finição é dada pelo Conselho Nacio<strong>na</strong>l do Meio<br />
Ambiente (CONAMA) através do Art. 1º da resolução 9/96, que assim os conceitua:<br />
Corredor entre remanescentes caracteriza-se como sendo faixa <strong>de</strong><br />
cobertura vegetal existente entre remanescentes <strong>de</strong> vegetação<br />
primária em estágio médio e avançado <strong>de</strong> regeneração, capaz <strong>de</strong><br />
propiciar habitat ou servir <strong>de</strong> área <strong>de</strong> trânsito <strong>para</strong> a fau<strong>na</strong> resi<strong>de</strong>nte<br />
nos remanescentes.<br />
Parágrafo único. Os corredores entre remanescentes constituem-se:<br />
a) pelas matas ciliares em toda sua extensão e pelas faixas<br />
margi<strong>na</strong>is <strong>de</strong>finidas por lei,<br />
b) pelas faixas <strong>de</strong> cobertura vegetal existentes <strong>na</strong>s quais seja<br />
possível a interligação <strong>de</strong> remanescentes, em especial, às unida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> conservação e áreas <strong>de</strong> preservação permanente. (CONAMA,<br />
1996)<br />
A mesma resolução <strong>de</strong>termi<strong>na</strong> ainda, no Art. 2º, que “Nas áreas que<br />
34
se prestem a tal fi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> sejam necessárias intervenções visando sua<br />
recomposição florística, esta <strong>de</strong>verá ser feita com espécies <strong>na</strong>tivas regio<strong>na</strong>is [...]”. O<br />
artigo subsequente <strong>de</strong>fine os parâmetros legais <strong>para</strong> o estabelecimento da largura<br />
dos corredores ecológicos:<br />
A largura dos corredores será fixada previamente em 10% (<strong>de</strong>z por<br />
cento) do seu comprimento total, sendo que a largura mínima será <strong>de</strong><br />
100 m.<br />
Parágrafo único. Quando em faixas margi<strong>na</strong>is a largura mínima<br />
estabelecida se fará em ambas as margens do rio. (CONAMA, 1996)<br />
Corroborando <strong>para</strong> i<strong>de</strong>ntificar a função <strong>de</strong> um corredor ecológico,<br />
Pereira, Neves e Figueiredo (2007, p. 16) esclarecem que “O objetivo primordial do<br />
corredor ecológico está <strong>na</strong> promoção do fluxo <strong>de</strong> animais e plantas e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> em<br />
gran<strong>de</strong> medida das características <strong>de</strong> cada espécie em concreto”, e Arruda (2004, p.<br />
12) conclui que:<br />
[...] servem <strong>para</strong> aumentar o tamanho e as chances <strong>de</strong> sobrevivência<br />
<strong>de</strong> populações <strong>de</strong> diferentes espécies, além <strong>de</strong> possibilitarem a<br />
recolonização com populações <strong>de</strong> espécies localmente reduzidas e,<br />
ainda, permitirem a redução da pressão sobre o entorno das áreas<br />
protegidas.<br />
Diante do exposto, e em concordância com os referidos autores,<br />
conclui-se que um corredor ecológico é uma promissora e importante ferramenta<br />
capaz <strong>de</strong> proporcio<strong>na</strong>r vias <strong>de</strong> intercâmbio entre populações isoladas e,<br />
consequentemente, a manutenção da diversida<strong>de</strong> biológica.<br />
Salienta-se que o termo “diversida<strong>de</strong> biológica”, utilizado ao longo<br />
<strong>de</strong>ste trabalho, tem sua <strong>de</strong>finição <strong>na</strong> Lei Fe<strong>de</strong>ral nº 9.985/00, art. 2º, inciso III:<br />
Diversida<strong>de</strong> biológica: a variabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organismos vivos <strong>de</strong> todas<br />
as origens compreen<strong>de</strong>ndo, <strong>de</strong>ntre outros, os ecossistemas<br />
terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos<br />
ecológicos <strong>de</strong> que fazem parte; compreen<strong>de</strong>ndo ainda a diversida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> espécies, entre espécies e <strong>de</strong> ecossistemas. (BRASIL,<br />
2000, p. 1)<br />
Entretanto, faz-se necessário observar que, apesar <strong>de</strong> sua<br />
importância <strong>para</strong> a <strong>conexão</strong> <strong>de</strong> habitas fragmentados, por promover o fluxo <strong>de</strong><br />
organismos entre as ilhas <strong>de</strong> vegetação isoladas e auxiliar <strong>na</strong> preservação das<br />
35
espécies, os corredores ecológicos po<strong>de</strong>m apresentar, em <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>das<br />
circunstâncias, alguns efeitos não <strong>de</strong>sejáveis.<br />
Entre estes efeitos, tem-se o favorecimento da propagação do fogo,<br />
ampliando os estragos causados pelos incêndios, no caso <strong>de</strong> sua ocorrência, e a<br />
facilitação do acesso <strong>de</strong> organismos nocivos e <strong>de</strong> espécies invasoras aos<br />
<strong>fragmentos</strong>. Estas espécies invasoras po<strong>de</strong>m ser plantas, animais ou organismos,<br />
aquáticos e terrestres, que se encontram fora da sua área <strong>de</strong> distribuição <strong>na</strong>tural,<br />
constituindo-se <strong>na</strong> segunda maior ameaça à biodiversida<strong>de</strong>, seguida ape<strong>na</strong>s da<br />
fragmentação em si. (SEMA, 2007, p. 45)<br />
Sobre este assunto, Primack e Rodrigues (2001) dizem que “a<br />
<strong>de</strong>speito <strong>de</strong> ser provável a ocorrência <strong>de</strong> alguns inconvenientes, como possibilitar o<br />
trânsito <strong>de</strong> espécies daninhas e algumas doenças e facilitar a caça, inexistem dados<br />
que suportem tais afirmações.” (apud MUCHAILH, 2007, p. 27)<br />
Entre as discussões sobre os benefícios e malefícios dos corredores<br />
ecológicos, <strong>de</strong> um modo geral, a maioria das espécies tem respondido <strong>de</strong> forma<br />
positiva à existência <strong>de</strong>stas estruturas, que conseguem, <strong>de</strong>sta forma, atingir seu<br />
propósito.<br />
No Brasil as iniciativas <strong>para</strong> a formação <strong>de</strong> corredores ecológicos<br />
partem do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e do Instituto Brasileiro do Meio<br />
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). O MMA foi o órgão<br />
responsável pela implantação do Programa Piloto <strong>para</strong> a Proteção das Florestas<br />
Tropicais do Brasil (PPG7), que atua em duas áreas prioritárias: o Corredor Central<br />
da Amazônia, que abrange áreas do estado do Amazo<strong>na</strong>s e do Pará e o Corredor<br />
Central da Mata Atlântica, abrangendo áreas do <strong>sul</strong> da Bahia e regiões norte e<br />
centro-serra<strong>na</strong> do Espírito Santo. (MUCHAILH, 2007, p. 38)<br />
Além <strong>de</strong>stes dois corredores, diversos outros projetos foram<br />
elaborados e estão em fase <strong>de</strong> implementação. Ainda que apresentando certa<br />
heterogeneida<strong>de</strong>, estes projetos mantêm alguns aspectos essenciais em comum,<br />
como “a interpretação com base <strong>na</strong> ecologia <strong>de</strong> paisagem, o emprego do<br />
planejamento biorregio<strong>na</strong>l 4 , e a gestão interinstitucio<strong>na</strong>l e participativa.” (ARRUDA,<br />
2004, p. 36)<br />
4 Realizado no espaço geográfico on<strong>de</strong> está inserido um ou mais ecossistemas, i<strong>de</strong>ntificados pela<br />
topografia, cobertura vegetal, socioeconomia, cultura e história dos habitantes locais, governos e<br />
comunida<strong>de</strong> científica. (K. Miller, apud ARRUDA, 2004, p. 20)<br />
36
Metzger (2001, p. 1) <strong>de</strong>fine ecologia <strong>de</strong> paisagem como sendo:<br />
[...] uma nova área <strong>de</strong> conhecimento <strong>de</strong>ntro da ecologia, marcada<br />
pela existência <strong>de</strong> duas principais abordagens: uma geográfica, que<br />
privilegia o estudo da influência do homem sobre a paisagem e a<br />
gestão do território; e outra ecológica, que enfatiza a importância do<br />
contexto espacial sobre os processos ecológicos, e a importância<br />
<strong>de</strong>stas relações em termos <strong>de</strong> conservação biológica. Estas<br />
abordagens apresentam conceitos e <strong>de</strong>finições distintas e por vezes<br />
conflitantes, que dificultam a concepção <strong>de</strong> um arcabouço teórico<br />
comum.<br />
De acordo com Arruda (2004, p. 36-42), entre os projetos <strong>de</strong><br />
corredores ecológicos <strong>de</strong>senvolvidos no Brasil, <strong>de</strong>stacam-se:<br />
· Corredor Ecológico Guaporé/Itenez-Mamoré (1): abrange áreas <strong>de</strong> florestas<br />
úmidas do sudoeste da Amazônia, florestas úmidas <strong>de</strong> Rondônia e Mato<br />
Grosso, além <strong>de</strong> pântanos e florestas <strong>de</strong> galeria do <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> Beni, <strong>na</strong><br />
Bolívia e ocupa uma área <strong>de</strong> 23.821.800 ha;<br />
· Corredor Ecológico da Região do Araguaia/Ba<strong>na</strong><strong>na</strong>l (5): ocupa em torno <strong>de</strong><br />
9.000.000 ha, envolvendo os estados <strong>de</strong> Tocantins, Mato Grosso, Goiás e<br />
Pará;<br />
· Corredor Ecológico do Jalapão (6): localiza-se <strong>na</strong> confluência dos estados do<br />
Tocantins, Piauí e Bahia e possui área <strong>de</strong> 9.275.000 ha;<br />
· Corredor Ecológico Paranã-Pireneus (7): engloba uma área aproximada <strong>de</strong><br />
10.000.000 ha dos estados <strong>de</strong> Goiás, Tocantins e Distrito Fe<strong>de</strong>ral;<br />
· Corredor Ecológico Costa Esmeralda <strong>de</strong> SC (11): localizado <strong>na</strong> costa do<br />
estado <strong>de</strong> Santa Catari<strong>na</strong>, ocupa uma área <strong>de</strong> 77.400 ha, englobando<br />
ecossistemas <strong>de</strong> mata Atlântica e marinhos.<br />
acima <strong>de</strong>scritos.<br />
No mapa da figura 11, é possível a visualização dos corredores<br />
37
Figura 11 – Corredores ecológicos implementados no Brasil.<br />
Fonte: Arruda, 2004.<br />
No estado do Paraná a estratégia <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> corredores<br />
ecológicos foi adotada no início do ano <strong>de</strong> 2003, a partir da implementação do<br />
Projeto Paraná Biodiversida<strong>de</strong>, que tem como estratégia <strong>de</strong> ação prevista a <strong>conexão</strong><br />
<strong>de</strong> remanescentes <strong>florestais</strong> com unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conservação, recuperando áreas <strong>de</strong><br />
38
formações ciliares e <strong>de</strong> reserva legal. Estas ações preten<strong>de</strong>m viabilizar os fluxos da<br />
fau<strong>na</strong> e a dissemi<strong>na</strong>ção <strong>de</strong> espécies vegetais.<br />
O projeto foi implementado pelo governo do estado e conta com<br />
recursos <strong>de</strong> doação do Banco Mundial, <strong>para</strong> a formação <strong>de</strong> <strong>três</strong> corredores:<br />
Araucária, Caiuá-Ilha Gran<strong>de</strong> e Iguaçu-Paraná (MUCHAILH, 2007, p. 38). Somadas,<br />
a área <strong>de</strong>stes corredores (figura 12) correspon<strong>de</strong>m a aproximadamente 10% da área<br />
total do estado e abrange 63 municípios. (IAP, 2006, apud BALESTRINI, 2006, p.<br />
25)<br />
Figura 12 – Corredores do Projeto Paraná Biodiversida<strong>de</strong>.<br />
Fonte: IAP, 2004.<br />
Segundo a concepção do projeto, corredor <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong> é:<br />
[...] uma área com extensão e largura variáveis que compreen<strong>de</strong> um<br />
mosaico <strong>de</strong> uso da terra formado por <strong>fragmentos</strong> <strong>de</strong> vegetação<br />
<strong>na</strong>tural, agricultura, pecuária ou outro uso, gerenciada <strong>de</strong> forma<br />
integrada <strong>para</strong> garantir a conservação da biodiversida<strong>de</strong>. (SEMA,<br />
2007, p. 21)<br />
Os critérios adotados <strong>para</strong> se <strong>de</strong>finir os corredores à serem<br />
39
implantados pelo projeto tiveram por base “a análise <strong>de</strong> regiões existentes, cuja<br />
presença <strong>de</strong> espécies-chave, animais e vegetais, fosse significativa <strong>para</strong> a<br />
biodiversida<strong>de</strong> local, regio<strong>na</strong>l e global.” (SEMA, 2007, p. 21)<br />
Diante das diversas situações ambientais críticas enfrentadas pelo<br />
país, especialmente enfocando a perda da biodiversida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vido o <strong>de</strong>smatamento e<br />
às queimadas, diversas instituições tem se envolvido com estudos ambientais no<br />
Brasil: ANA, EMBRAPA, DNPM, IBAMA, IBGE, INPA, INPE, etc. e todas elas, sem<br />
exceção, tem os seus estudos embasados no sensoriamento remoto (BENITE, 2006,<br />
p. 80), tecnologia que constitui-se, <strong>de</strong>ssa forma, em uma das mais importantes<br />
ferramentas voltadas <strong>para</strong> este fim.<br />
2.6 TECNOLOGIAS DE GEOPROCESSAMENTO<br />
O <strong>de</strong>senvolvimento da informática, a partir da segunda meta<strong>de</strong> do<br />
século XX, possibilitou o armaze<strong>na</strong>mento e a representação das informações antes<br />
contidas ape<strong>na</strong>s em documentos e mapas <strong>de</strong> papel em ambiente computacio<strong>na</strong>l, o<br />
que, <strong>de</strong> acordo com Câmara e Davis (1988, p.1) abriu espaço <strong>para</strong> o surgimento do<br />
geoprocessamento. Segundo os mesmos autores,<br />
[...] o termo Geoprocessamento <strong>de</strong>nota a discipli<strong>na</strong> do conhecimento<br />
que utiliza técnicas matemáticas e computacio<strong>na</strong>is <strong>para</strong> o tratamento<br />
da informação geográfica e que vem influenciando <strong>de</strong> maneira<br />
crescente as áreas <strong>de</strong> Cartografia, Análise <strong>de</strong> Recursos Naturais,<br />
Transportes, Comunicações, Energia e Planejamento Urbano e<br />
Regio<strong>na</strong>l. (CÂMARA; DAVIS, 1988, p. 1)<br />
As ferramentas computacio<strong>na</strong>is <strong>para</strong> o geoprocessamento,<br />
chamadas <strong>de</strong> Sistemas <strong>de</strong> Informação Geográfica, ou simplesmente SIGs<br />
(CÂMARA; DAVIS, 1988, p. 1), são os sistemas que realizam o tratamento<br />
computacio<strong>na</strong>l dos dados geográficos através <strong>de</strong> operações complexas que<br />
integram dados <strong>de</strong> diversas fontes e criam bancos <strong>de</strong> dados georreferenciados, e<br />
que permitem a automatização dos documentos cartográficos.<br />
Uma das maiores fontes <strong>de</strong> dados <strong>para</strong> os SIGs são as imagens<br />
orbitais, tecnologia conhecida como Sensoriamento Remoto, que são o conjunto <strong>de</strong><br />
40
técnicas que permitem obter informações <strong>de</strong> um objeto sem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter<br />
contato direto com ele, através da <strong>de</strong>tecção da energia eletromagnética proveniente<br />
<strong>de</strong>ste objeto.<br />
<strong>de</strong> estudo foi o SPOT-5.<br />
O satélite utilizado <strong>para</strong> o fornecimento das imagens orbitais da área<br />
A série <strong>de</strong> satélites SPOT (Système Pour l´Observation <strong>de</strong> la Terre)<br />
é controlado pela empresa francesa SPOT Image e teve seu projeto iniciado no fi<strong>na</strong>l<br />
da década <strong>de</strong> 70 sob li<strong>de</strong>rança do governo francês, pelo Centre Natio<strong>na</strong>l d´Etu<strong>de</strong>s<br />
Espatiales (CNES) e apoio da Suécia e Bélgica. (EMBRAPA, 2009)<br />
Os satélites da família SPOT operam com sensores ópticos, <strong>na</strong>s<br />
bandas do visível, infravermelho próximo e infravermelho médio. Ao todo foram<br />
lançados cinco satélites, divididos em <strong>três</strong> gerações: os <strong>três</strong> primeiros (lançados em<br />
1986, 1990 e 1993) possuíam sensores HRV (High Resolution Visible) capazes <strong>de</strong><br />
oferecer resolução espacial <strong>de</strong> 10m e 20m em modo pancromático e multiespectral,<br />
respectivamente. O quarto satélite, lançado em 1998, teve acrescentado o sensor<br />
VEGETATION e alterou o sensor HRV, transformando-o em HRVIR (High Resolution<br />
Visible – Infrared). Em 2005 foi lançado o quinto satélite da série, com <strong>três</strong> tipos <strong>de</strong><br />
sensores a bordo: HRG (High Resolution Geometric), uma evolução do sensor<br />
HRVIR com o aumento da resolução espacial e o retorno da banda pancromática;<br />
VEGETATION-2, que é idêntico ao seu antecessor e o HRS (High Resolution<br />
Stereoscopic), especializado em adquirir imagens estéreo. (EMBRAPA, 2009)<br />
Hoje (2009) a plataforma do SPOT opera com <strong>três</strong> satélites (2, 4 e 5)<br />
oferecendo imagens com resoluções espaciais que variam <strong>de</strong> 2,5m a 20m. Os<br />
satélites SPOT percorrem uma órbita circular, heliossíncro<strong>na</strong> e polar a uma altitu<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> 832 km, passando <strong>na</strong> linha do Equador sempre as 10h30min. (EMBRAPA, 2009)<br />
Uma das aplicações possíveis da tecnologia <strong>de</strong> imagens <strong>de</strong> satélite<br />
é o mapeamento regio<strong>na</strong>l como auxílio à implementação <strong>de</strong> corredores ecológicos.<br />
41
3 MATERIAL E METODOLOGIA<br />
Para a realização do presente trabalho foi utilizada uma imagem do<br />
satélite SPOT-5, bandas 1 (ver<strong>de</strong>), 2 (vermelho) e 3 (infravermelho próximo), datada<br />
<strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2004, com resolução <strong>de</strong> 10 metros.<br />
O material cartográfico utilizado, composto pelas cartas topográficas<br />
rasterizadas <strong>de</strong> Arapongas, Londri<strong>na</strong>, Assaí e Apucara<strong>na</strong>, com escala <strong>de</strong> 1:50.000 e<br />
curvas <strong>de</strong> nível com equidistância <strong>de</strong> 20 metros, foi obtido gratuitamente no site do<br />
Instituto <strong>de</strong> Terras, Cartografia e Geociências (ITCG).<br />
O software utilizado <strong>para</strong> o tratamento das imagens foi o SPRING<br />
(Sistema <strong>de</strong> Processamento <strong>de</strong> Informações Geográficas), versão 5.1.2, que tem<br />
funções <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> imagens, análise espacial, mo<strong>de</strong>lagem numérica <strong>de</strong><br />
terreno e con<strong>sul</strong>ta a bancos <strong>de</strong> dados espaciais, <strong>de</strong>senvolvido pelo INPE, com<br />
tecnologia 100% <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e gratuito.<br />
A imagem selecio<strong>na</strong>da foi recortada no módulo IMPIMA do software<br />
SPRING, georreferenciada e importada <strong>para</strong> o SPRING, on<strong>de</strong>, posteriormente, foi<br />
feito um aumento <strong>de</strong> contraste.<br />
A imagem orbital serviu <strong>de</strong> base <strong>para</strong> o mapeamento da cobertura<br />
vegetal e <strong>para</strong> a elaboração do mapa <strong>de</strong> uso do solo, através da classificação da<br />
imagem, utilizando-se o classificador Maxver, com limite <strong>de</strong> aceitação <strong>de</strong> 100%. As<br />
classes <strong>de</strong> uso do solo <strong>de</strong>finidas foram: mata, cultura, pastagem e solo nú.<br />
As cartas topográficas foram utilizadas como base <strong>para</strong> a obtenção<br />
do mapa <strong>de</strong> <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>, através do traçado das curvas <strong>de</strong> nível, geração <strong>de</strong> gra<strong>de</strong><br />
retangular e fatiamento das classes e <strong>para</strong> a geração <strong>de</strong> um mapa hipsométrico à<br />
partir <strong>de</strong>stas curvas. A confecção do mapa hidrográfico também foi baseada <strong>na</strong>s<br />
cartas topográficas, cujos rios foram digitalizados e a partir <strong>de</strong>les foi gerado o mapa<br />
<strong>de</strong> distância <strong>de</strong> 30 metros <strong>para</strong> a <strong>de</strong>limitação das APPs.<br />
A partir da análise <strong>de</strong>stas imagens e do conhecimento prévio da<br />
<strong>região</strong>, foram adotados <strong>três</strong> critérios <strong>para</strong> a escolha das áreas <strong>de</strong> implantação dos<br />
corredores.<br />
Em um primeiro momento, foi elaborado um traçado reto cujo<br />
objetivo foi unicamente o <strong>de</strong> minimizar a distância entre os <strong>fragmentos</strong> e estabelecer<br />
a largura do corredor, conforme previsto <strong>na</strong> resolução CONAMA 09/96.<br />
42
Em um segundo momento, o traçado foi modificado <strong>para</strong> que<br />
contemplasse as APPs ao longo dos rios, inclusive as <strong>na</strong>scentes, porém <strong>de</strong> forma<br />
que o seu comprimento não fosse significativamente aumentado.<br />
O terceiro e último passo foi refazer este traçado <strong>de</strong> forma que, além<br />
dos dois critérios anteriores, o corredor pu<strong>de</strong>sse passar em locais com <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>s<br />
mais acentuadas. Normalmente, tais áreas são <strong>de</strong>sti<strong>na</strong>das à pastagens, cujo<br />
impacto mecânico no solo é menor do que em culturas anuais, mantendo o solo<br />
estruturalmente mais semelhante ao <strong>de</strong> uma floresta. (Pereira Neto et al., 2007)<br />
43
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES<br />
Através do uso do geoprocessamento foi possível realizar a análise<br />
ambiental da <strong>região</strong> visando a proposição <strong>de</strong> áreas <strong>para</strong> a implementação <strong>de</strong><br />
corredores ecológicos.<br />
A figura 13 mostra os <strong>fragmentos</strong> mapeados e a primeira proposta<br />
<strong>de</strong> corredor retilíneo. A distância, em linha reta, que se<strong>para</strong> o PEMG do<br />
remanescente localizado <strong>na</strong> Fazenda Imbaúva (corredor Godoy-Imbaúva) é <strong>de</strong> 7.600<br />
metros e entre este e a Mata Mortari (corredor Imbaúva-Mortari) foi computada uma<br />
distância <strong>de</strong> 2.100 metros.<br />
Figura 13: Corredores retilíneos com largura <strong>de</strong> acordo com a legislação vigente.<br />
Seguindo o que <strong>de</strong>termi<strong>na</strong> a resolução CONAMA 09/96,<br />
estabelecendo a largura do corredor em 10% do seu comprimento, o corredor<br />
Godoy-Imbaúva terá uma largura <strong>de</strong> 760 metros e o corredor Imbaúva-Mortari, <strong>de</strong><br />
210 metros. Para que sejam implementados, há a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sapropriação<br />
<strong>de</strong> extensas áreas agricultáveis, fato que po<strong>de</strong>rá gerar sérios impactos<br />
socioeconômicos às respectivas regiões, frente aos benefícios à fau<strong>na</strong> e flora. A isso<br />
soma-se o elevado custo <strong>de</strong> implantação.<br />
44
Optou-se, então, pelo estabelecimento da largura <strong>de</strong> 200 metros<br />
(figura 14) pois, conforme Altoé, Oliveira e Ribeiro (2005) esta medida é suficiente,<br />
sob o ponto <strong>de</strong> vista biológico, <strong>para</strong> que o corredor mantenha um núcleo livre do<br />
efeito <strong>de</strong> borda e possibilite a conservação do ecossistema local através do fluxo <strong>de</strong><br />
indivíduos das diferentes espécies das comunida<strong>de</strong>s florísticas e faunísticas.<br />
Figura 14: Corredores retilíneos com 200 metros <strong>de</strong> largura.<br />
No segundo momento, ten<strong>de</strong>u-se à passagem dos corredores pelas<br />
formações ciliares, como forma <strong>de</strong> minimizar a área total a ser reflorestada e obter<br />
um ganho <strong>de</strong> tempo <strong>na</strong> regeneração <strong>na</strong>tural da paisagem, além <strong>de</strong> garantir a<br />
proteção dos recursos hídricos. Com isso verifica-se que em seu traçado <strong>de</strong> menor<br />
distância (reto) o corredor Godoy-Imbaúva abrangerá 8 <strong>na</strong>scentes e com o traçado<br />
modificado esse número aumentará <strong>para</strong> 12. Já o corredor Imbaúva-Mortari, com<br />
seu traçado reto, não contemplará nenhuma <strong>na</strong>scente, entretanto, após sua<br />
modificação, abrangerá 3 <strong>na</strong>scentes. (figura 15)<br />
45
Figura 15: Corredores abrangendo as APPs.<br />
No terceiro momento avaliou-se a posição <strong>de</strong>finida até então do<br />
corredor e procurou-se ten<strong>de</strong>r a proposta <strong>para</strong> as <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>s mais acentuadas,<br />
on<strong>de</strong> ocorre a inviabilida<strong>de</strong> da prática da agricultura mecanizada. A figura 16 ilustra<br />
o novo posicio<strong>na</strong>mento do corredor, on<strong>de</strong> alterou-se o trajeto <strong>na</strong>s proximida<strong>de</strong>s da<br />
Mata dos Godoy.<br />
Figura 16: Corredores privilegiando as <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>s mais acentuadas.<br />
46
Conforme a figura 17, o local on<strong>de</strong> se propõe o corredor Godoy-<br />
Imbaúva apresenta gran<strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> pastagens e áreas <strong>de</strong> solo nú, além <strong>de</strong><br />
alguns <strong>fragmentos</strong> remanescentes margeando os cursos d’água. Tal fato se mostra<br />
favorável <strong>para</strong> a implementação do corredor por não impactar <strong>de</strong> forma significativa<br />
a economia local, através da diminuição das áreas produtivas.<br />
Figura 17: Mapa <strong>de</strong> uso do solo.<br />
O local <strong>de</strong> passagem do corredor Imbaúva-Mortari apresenta<br />
gran<strong>de</strong> parte das terras ocupadas por culturas, e em menor número, por pastagens.<br />
Neste caso, o impacto socioeconômico se mostra significativo; porém, o corredor<br />
apresenta curta extensão se com<strong>para</strong>da com a do corredor Godoy-Imbaúva.<br />
Depois <strong>de</strong> feitas as alterações no trajeto inicial dos corredores, <strong>de</strong><br />
forma que contemplasse todos os critérios adotados anteriormente, a distância fi<strong>na</strong>l<br />
do corredor Godoy-Imbaúva aumentou <strong>de</strong> 7.600 <strong>para</strong> 8.700 metros, correspon<strong>de</strong>ndo<br />
a 3,77 km 2 , e o corredor Imbaúva-Mortari, <strong>de</strong> 2.100 <strong>para</strong> 2.500 metros,<br />
correspon<strong>de</strong>ndo a 1,1 km 2 .<br />
Para incrementar o valor com<strong>para</strong>tivo da proposta foi projetado um<br />
outro corredor entre o PEMG e a Fazenda Imbaúva seguindo o curso do rio principal<br />
<strong>de</strong>sta bacia hidrográfica, abrangendo as APPs (figura 18). Nota-se que este novo<br />
corredor apresenta um gran<strong>de</strong> aumento em sua extensão, passando a medir 17.200<br />
47
metros, em com<strong>para</strong>ção aos 8.700 do presente trabalho. Observa-se, também, que<br />
as margens do Ribeirão dos Apertados situam-se em <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>s suaves, que<br />
atualmente são utilizadas pela agricultura mecanizada e, se implementado nestas<br />
localida<strong>de</strong>s, o corredor inviabilizará este tipo <strong>de</strong> uso do solo em gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>stas<br />
áreas, impactando economicamente toda a <strong>região</strong>.<br />
Figura 18: Corredores através do curso dos rios.<br />
Trabalhos futuros po<strong>de</strong>rão ser feitos adotando mais critérios <strong>para</strong> a<br />
escolha do local <strong>de</strong> implementação dos corredores. Uma sugestão é o resgate <strong>de</strong><br />
imagens históricas (aéreas ou orbitais), através das quais po<strong>de</strong>rão ser priorizadas as<br />
áreas <strong>de</strong>smatadas em épocas mais recentes, elaborando seu traçado em locais<br />
on<strong>de</strong> o solo esteja mecanicamente menos impactado.<br />
48
CONCLUSÕES<br />
A conservação da biodiversida<strong>de</strong> requer a adoção <strong>de</strong> medidas que<br />
efetivamente protejam as áreas remanescentes e criem mecanismos <strong>para</strong> a<br />
recuperação das áreas já <strong>de</strong>gradadas. Prioritariamente, <strong>de</strong>ve-se adotar tais medidas<br />
em áreas que sofreram maior impacto oriundo <strong>de</strong> ações antrópicas.<br />
O <strong>de</strong>scumprimento das leis ambientais re<strong>sul</strong>tou em uma situação <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>gradação on<strong>de</strong> a vida no planeta vem se tor<strong>na</strong>ndo gradativamente insustentável.<br />
Em se tratando <strong>de</strong> matas ciliares, as medidas estabelecidas pela lei<br />
4.771/65, se cumpridas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua implantação, possibilitaria que estas estruturas<br />
formassem, por si só, corredores <strong>na</strong>turais que facilitariam os fluxos gênicos e<br />
permitiriam a conservação dos recursos hídricos, além <strong>de</strong> proporcio<strong>na</strong>r uma<br />
significativa redução das áreas à serem reflorestadas on<strong>de</strong> forem implantados<br />
corredores ecológicos.<br />
Infelizmente, por falta <strong>de</strong> recursos humanos e tecnológicos, a<br />
legislação ambiental não é efetivamente aplicada e a fiscalização das áreas que<br />
ainda se matém conservadas é <strong>de</strong>ficitária, possibilitando o seu <strong>de</strong>matamento.<br />
Como o Ribeirão dos Apertados apresenta gran<strong>de</strong>s extensões <strong>de</strong><br />
terras on<strong>de</strong> inexistem ou há pouca mata ciliar, utilizou-se como alter<strong>na</strong>tiva a<br />
implementação dos corredores em áreas <strong>de</strong> maior <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> a prática da<br />
agricultura mecanizada é inviável.<br />
Diante disso, a metodologia proposta forneceu um re<strong>sul</strong>tado<br />
favorável, seguindo propósitos conservacionistas e socioeconômicos, <strong>para</strong> a<br />
re<strong>conexão</strong> dos <strong>fragmentos</strong> <strong>florestais</strong> remanescentes. Através dos critérios pré<br />
estabelecidos, foi possível <strong>de</strong>finir o melhor percurso <strong>para</strong> a implementação dos<br />
corredores, <strong>de</strong> forma a minimizar os impactos oriundos da utilização das terras<br />
<strong>de</strong>sti<strong>na</strong>das às culturas agrícolas.<br />
A tecnologia do geoprocessamento mostrou-se uma po<strong>de</strong>rosa<br />
ferramenta <strong>para</strong> o manuseio <strong>de</strong> dados ambientais, possibilitando a <strong>de</strong>tecção das<br />
áreas prioritárias <strong>para</strong> restauração, sendo sugerida <strong>para</strong> trabalhos futuros em áreas<br />
afins.<br />
49
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