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The L Word - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFMG

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o que impe<strong>de</strong> um maior <strong>de</strong>bate a respeito <strong>da</strong>s nuances e especifici<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

do tema (LEAL, 2008, p. 18).<br />

A invisibili<strong>da</strong><strong>de</strong> na imprensa, <strong>de</strong>staca<strong>da</strong> por Leal (2008), está também presente no meio<br />

acadêmico. Uma busca atual no banco <strong>de</strong> dissertações e teses <strong>da</strong> Capes nos apresenta ain<strong>da</strong><br />

poucos trabalhos concluídos sobre o tema, a maioria nas áreas <strong>de</strong> Ciências Sociais e Psicologia,<br />

sendo que boa parte trata <strong>da</strong> observação <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> convivência lésbica. Essa<br />

lacuna não se restringe ao Brasil, como atesta a pesquisadora espanhola Simonis (2007):<br />

“A reconstrução <strong>da</strong> presença <strong>da</strong>s lésbicas na história é fragmentária, dispersa, ambígua e<br />

muitas vezes basea<strong>da</strong> em hipóteses difíceis <strong>de</strong> provar. Precisa <strong>de</strong> muita investigação.” (p.<br />

112, tradução nossa) 1 .<br />

Se fizermos uma retrospectiva histórica para i<strong>de</strong>ntificar a presença <strong>de</strong>ssas mulheres, verificaremos<br />

que esta se confun<strong>de</strong> com a história <strong>da</strong> própria humani<strong>da</strong><strong>de</strong>. Apesar dos poucos<br />

registros documentais, até porque muitos foram <strong>de</strong>struídos, pesquisadores <strong>da</strong> área<br />

informam sobre a presença <strong>de</strong> mulheres que têm relações sexuais com mulheres nas mais<br />

remotas e diversas civilizações, entre eles Mott (1987) e Le Breton (2006). Entretanto, a<br />

prática sexual é insuficiente para se falar em i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> lésbica, uma vez que, como ressalvamos,<br />

essa discussão envolve também questões <strong>de</strong> gênero, sociabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, militância<br />

e uma posição fora do mo<strong>de</strong>lo heterocentrista.<br />

Luiz Mott (1987) ressalta que, na chega<strong>da</strong> dos colonizadores ao território americano,<br />

chamou-lhes a atenção a presença <strong>de</strong> mulheres masculinas, que se casavam com outras<br />

mulheres e que assumiam tarefas <strong>de</strong>stina<strong>da</strong>s a homens. A mesma observação é feita por<br />

Trevisan (2004) ao citar trechos <strong>da</strong> carta que o Padre Pero Correa teria escrito em 1551,<br />

entre eles: “há muitas mulheres que assim nas armas como em to<strong>da</strong>s as outras coisas<br />

seguem ofício <strong>de</strong> homens e têm outras mulheres com quem são casa<strong>da</strong>s.” (p. 67). Será<br />

que, a partir <strong>de</strong> Mott e Trevisan, po<strong>de</strong>mos realmente consi<strong>de</strong>rar essas mulheres lésbicas?<br />

Essa expressão, aliás, sequer existia no Brasil colonial e muito provavelmente o olhar do<br />

colonizado sobre essas práticas se distinguia bastante dos olhos do colonizador.<br />

De doentes a perigosas, as mulheres masculiniza<strong>da</strong>s e que tinham relações sexuais com<br />

outras mulheres sempre estiveram presentes na história do Brasil. É Mott (1987) o responsável<br />

pelo mais amplo resgate <strong>de</strong>ssa presença até 1980. Segundo o pesquisador, essas<br />

mulheres faziam parte <strong>da</strong>s mais diversas cama<strong>da</strong>s econômicas e sociais. E é assim que ele<br />

1 “La reconstrucción <strong>de</strong> la presencia lesbiana en la historia es, pues, fragmentaria, dispersa, ambígua y muchas<br />

veces basa<strong>da</strong> em hipótesis hasta hora muy difíciles <strong>de</strong> probar y fun<strong>da</strong>mentalmente, muy necesita<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> investigación.”<br />

– eLas por eLas 7

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