Marcos José Carrilho - marcos carrilho arquitetos
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Tema: Intervenciones de conservación, recuperación y refuncionalización del<br />
patrimonio industrial<br />
Título: Vicissitudes da Preservação dos Remanescentes do Cotonifício Crespi<br />
Autor: <strong>Marcos</strong> <strong>José</strong> <strong>Carrilho</strong><br />
<strong>carrilho</strong>@terra.com.br<br />
O Cotonifício Crespi teve origem em 1897, a partir da sociedade então denominada<br />
Regoli Crespi & Cia. Nos anos seguintes, sob a direção de Rodolfo Crespi, a empresa<br />
cresceu rapidamente, tendo, de um único pavilhão inicial, ampliado suas instalações<br />
para abrigar várias atividades de produção têxtil.<br />
Dados da história da empresa são bastante escassos. Porém, o desenvolvimento da<br />
indústria pode ser avaliado pelo sucessivo aumento de capitais no transcurso dos<br />
primeiros anos de suas atividades. Em 1909 contava com um capital de cerca de Rs<br />
3.000:000$000, tendo sido ampliado para Rs. 4.000.000$000 em 1911 e Rs.<br />
6.000.000$000 no ano seguinte. (Bertarelli, 1922: 227). O estabelecimento era<br />
atendido à época por rede elétrica, consumindo 3.000 HP de energia,<br />
complementados pelo consumo de 200 toneladas mensais de óleo em suas caldeiras,<br />
para atender as suas seções de tinturaria, preparação e acabamento.<br />
Da mesma forma, não é fácil traçar a evolução física do Cotonifício Crespi com base<br />
nas informações disponíveis. A documentação existente no Arquivo Histórico da<br />
Cidade de São Paulo não é muito expressiva. Há, porém, requerimentos à<br />
municipalidade desde o ano de 1904, relativas a sucessivos pedidos de construção,<br />
reformas e ampliações de suas instalações. Nesta data, temos uma solicitação de<br />
autorização para “construir na Rua Javry um sobradinho e na Rua dos Trilhos um<br />
depósito para algodão”. 1<br />
Anexa a esta solicitação, encontra-se uma planta, compreendendo mais da metade do<br />
perímetro do quarteirão, onde foram assinaladas as paredes externas com respectivas<br />
aberturas. Por este desenho é possível inferir que já neste ano boa parte do quarteirão<br />
se encontrava ocupado por instalações fabris. 2 Requerimento e projeto são assinados<br />
pelo Engenheiro Eduardo Loschi, que parece ser o responsável pelas obras e projetos<br />
1 Arquivo Municipal Washington Luís, O.PA 387/ E-14-371/ 1904, p. 81<br />
2 Idem, ibidem, p. 81.
deste período, pois neste mesmo ano deu entrada outra solicitação por ele<br />
encaminhada, para a construção de instalações para abrigar “indústrias de Fiados”. 3<br />
Novamente, um conjunto de desenhos permite verificar tratar-se de edifício de 84m de<br />
extensão por cerca de 29m de largura, isto é, uma construção fabril de 2.436 m2<br />
(figura 1).<br />
No desenho, constituído de uma planta e um corte, estão representados os típicos<br />
galpões industriais da região, compostos de naves justapostas de 6 metros de vão,<br />
cobertura em duas águas, sendo cada uma delas dotada de um “shed” para<br />
iluminação e ventilação. A construção é simples e austera, porém de organização<br />
aberta e flexível, adequada ao fim a que se destina. Colunas de ferro fundido suportam<br />
o a cobertura de telhas francesas, apoiadas sobre estrutura de vigas de madeira<br />
travadas por tirantes de aço.<br />
Piso, constituído de pavimento apoiado diretamente sobre o solo, e paredes de<br />
alvenaria complementam o conjunto destas construções utilitárias. Vale salientar que,<br />
no conjunto de edificações fabris remanescentes, ainda há segmentos de galpões que<br />
conservam este tipo de solução construtiva, o que confirma a utilização do sistema<br />
projetado.<br />
Outra solicitação de licença de construção digna de menção é aquela datada de 4 de<br />
dezembro de 1919. Nesta ocasião deu entrada um pedido de autorização para uma<br />
série de pequenas providências entre as quais a construção da “officina mechanica da<br />
fabrica”. Contudo, os desenhos apresentados contrastam com as solicitações de 1904,<br />
dada sua má qualidade e ausência de indicação de autoria ou responsabilidade pelo<br />
projeto.<br />
Uma análise mais detida permite presumir tratar-se apenas da inserção de dois<br />
segmentos de galpões em continuidade a outros já existentes. Tal condição talvez<br />
justifique a negligência em relação à qualidade da representação do projeto, pois, ao<br />
que tudo indica, a obra seria mera reprodução de um sistema construtivo já realizado,<br />
que receberia um acréscimo para abrigar referida oficina mecânica.<br />
No entanto, as características deste documento são ainda mais intrigantes se<br />
confrontado com o fato de que à esta época deveria estar construído ou sendo<br />
planejada a construção da principal edificação do Cotonifício Crespi, o edifício fabril de<br />
3 Idem, ibidem, p. 84<br />
2
quatro pavimentos. Infelizmente, porém, não foi encontrado nenhum documento a<br />
respeito desta notável estrutura. Foram realizadas pesquisas nas pastas de Obras<br />
Particulares, entre os anos de 1903 a 1920, relativas aos endereços da Rua Javari e<br />
da Rua Taquari, não tendo sido localizados registros de qualquer pedido para uma<br />
construção daquele porte.<br />
Porém, esta edificação já existia em 1922, ano do centenário da independência,<br />
ocasião em que a colônia italiana edita a obra “Gli Italiani nel Brasile” (figura 2). Nesta<br />
publicação, são exaltados os feitos dos imigrantes italianos economicamente mais<br />
bem sucedidos, com destaque para as atividades industriais. A página 228 apresenta<br />
uma foto do conjunto do Cotonifício Crespi, onde aparece com destaque o edifício de 4<br />
pavimentos. Portanto, esta edificação encontrava-se, naquele ano, totalmente<br />
construída e em funcionamento.<br />
Uma construção deste porte não poderia ser realizada sem que fosse obtida<br />
autorização da municipalidade. Por outro lado, dadas suas características técnicas e<br />
construtivas, não poderia prescindir de projeto nem de profissional qualificado. Sendo<br />
assim, restaria a hipótese do pedido de licença ter sido extraviado ou ter dado entrada<br />
na Prefeitura em 1922, ano este cuja documentação ainda não se encontra acessível<br />
no Arquivo Histórico Municipal. Levando em conta as características do edifício, cujo<br />
sistema construtivo foi pré-fabricado industrialmente, sendo, portanto de rápida<br />
construção, é perfeitamente plausível que possa ter sido construído no curto espaço<br />
de tempo entre o ano de 1921 e a referida publicação, de 1922.<br />
O conjunto edificado do Cotonifício Crespi, e esta construção em particular, dado o<br />
seu porte sempre constituíram <strong>marcos</strong> referenciais da Mooca. O edifício principal é<br />
uma construção de excepcional interesse quer sob o aspecto industrial, quer sob o<br />
aspecto arquitetônico.<br />
Destaca-se como unidade fabril peculiar, com desenvolvimento em altura, constituindo<br />
um raro exemplar deste tipo de construção no Brasil. Corresponde, além disso, à<br />
tipologia das warehouses inglesas ou norte-americanas, que podem ser encontradas<br />
em várias de suas cidades industriais. A estrutura do edifício foi inteiramente<br />
importada do Reino Unido, constituída de perfis usinados de aço procedentes tanto da<br />
Escócia, como da Inglaterra, como poder ser verificado pela marcas dos fabricantes –<br />
Glengarnock Steel – impressas nas peças. Assim, colunas, vigas principais e perfis de<br />
sustentação das lajes são todos pré-fabricados segundo um projeto geral, compondo<br />
um conjunto de peças a serem montadas no local. Os detalhes de sambladura dos<br />
3
perfis permitem verificar nitidamente o processo de montagem, uma vez que as<br />
chapas de conexão já vinham fixadas por rebites sendo o restante da peça dotado de<br />
furos de espera para a conexão com as partes correspondentes, mediante uso de<br />
parafusos. Demais componentes como pisos das escadas, corrimãos e guarda-corpos<br />
também eram importados. O mesmo se pode dizer em relação às esquadrias, a julgar<br />
pelos perfis laminados. Até mesmo a funilaria veio pronta, como pode ser observado<br />
pela inscrição do nome do fabricante nas chapas.<br />
Sob o aspecto arquitetônico trata-se de uma edificação moderna, que antecipa em<br />
vários anos alguns dos preceitos, que viriam a se tornar correntes, apenas a partir dos<br />
anos 30. Ali podemos constatar, além dos procedimentos industriais de construção<br />
acima referidos, o princípio da estrutura independente, isto é, os elementos de<br />
sustentação do edifício não se confundem com os demais componentes da construção<br />
e as paredes não atuam apenas como elementos de vedação. Tal condição estrutural<br />
permite a adoção da chamada planta livre, proporcionando ampla flexibilidade na<br />
organização dos pavimentos. As fachadas, embora aparentem tratamento formal<br />
convencional, são dotadas de amplas aberturas, prenúncio do que mais tarde viria a<br />
ser adotado, as vedações contínuas de vidro. Finalmente, destaca-se o uso da<br />
cobertura plana com laje impermeabilizada. Em outras palavras, esta edificação, no<br />
anonimato de uma construção utilitária, antecipa de vários anos alguns dos princípios<br />
preconizados pela Arquitetura Moderna.<br />
Uma estrutura desse porte e com o grau de sofisticação construtiva de que é dotada,<br />
não poderia ser feita, como já foi salientado, sem projeto. Tampouco poderia ter sido<br />
executada sem prévio licenciamento da municipalidade. A pesquisa, portanto, deve<br />
prosseguir para verificar a hipótese de ser encontrada alguma documentação nos<br />
arquivos da Prefeitura de São Paulo.<br />
A Greve de 1917<br />
Além do alto valor do conjunto fabril, como testemunho do início do desenvolvimento<br />
industrial de São Paulo, o Cotonifício Crespi está vinculado a dois episódios históricos<br />
de grande relevância: a Greve Operária de 1917 e a Revolução de 1924.<br />
O primeiro evento teve origem neste estabelecimento. Nas palavras de Edgar Carone:<br />
4
“No dia 12 de junho começa a famosa greve de São Paulo, cujas repercussões se<br />
fazem sentir no interior do Estado e em todo o Brasil. (,,,) Inicia-se no Contonifício<br />
Rodolpho Crespi, na Moóca, quando operários reclamam contra os ordenados<br />
“exíguos”. 4<br />
Vários fatores parecem ter contribuído para a deflagração da greve. De acordo com<br />
Boris Fausto, “os sintomas de ativação das reivindicações dos trabalhadores, após<br />
anos de profunda depressão, surgem em São Paulo nos primeiros meses de 1917,<br />
localizando-se no ramo têxtil. O centro de prolongados atritos é o Cotonifício Crespi,<br />
grande empresa de fiação e tecelagem de algodão, localizada na Mooca, com mais de<br />
2000 trabalhadores. A 9 de junho de 1917, a resolução patronal prolongando o serviço<br />
noturno é mal recebida pelos operários que respondem com a exigência de aumento<br />
de 15 a 20% do salário. Uma seção da fábrica abrangendo 400 trabalhadores, entra<br />
em greve e as reivindicações se ampliam: abolição de multas, regulamentação do<br />
trabalho das mulheres e dos menores, modificação do regime interno da empresa,<br />
supressão da contribuição “pró-pátria””. 5 Esta última contribuição era um desconto de<br />
2% no pagamento dos trabalhadores de origem italiana, como contribuição para o<br />
esforço de guerra do país de origem.<br />
Nos dias subseqüentes, a greve se ampliou para várias outras indústrias têxteis, como<br />
a Estamparia Ipiranga de Nami Jafet. Em julho a greve alcança outro importante<br />
estabelecimento fora do setor têxtil, a fábrica de cervejas Antárctica.<br />
A mobilização dos trabalhadores entrou seguidamente em choque com as forças<br />
policiais. A repressão de uma das ações dos operários, de fronte a Tecelagem<br />
Mariângela, acabou por provocar o incidente da morte do sapateiro anarquista Antônio<br />
Martinez. O episódio gerou enorme comoção e a greve se alastrou por vários outros<br />
setores. Na seqüência, conforme o relato de Edgar Carone, o conflito passa a tomar<br />
“proporções sempre maiores: no dia 11 de julho há 15.000 operários em greve; no dia<br />
12, 20.000. Os bondes, a luz, o comércio, e as indústrias paralisam-se, São Paulo<br />
passa dois dias sob o controle do Comitê de Defesa Proletária, composto de líderes<br />
sindicais e dirigentes do movimento grevista. As tropas da Força Pública não<br />
controlam mais a capital apesar das metralhadoras localizadas em pontos estratégicos<br />
4<br />
Edgar Carone, A República Velha: Instituições e classes sociais, São Paulo: Difusão Européia<br />
do Livro, 1970, p. 277<br />
5<br />
Boris Fausto, Trabalho urbano e conflito social, Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000, p. 192-3<br />
5
da cidade (...) Tropas militares são mandadas para São Paulo, pois a Força Pública<br />
encontrava-se exausta e até um batalhão se subleva”. 6<br />
A imprensa local registraria diariamente o estado de calamidade em que se<br />
encontrava a cidade de São Paulo. Àquela altura a greve era considerada pelas forças<br />
policiais agitação de desordeiros, tendo sido proibidas reuniões em logradouros<br />
públicos. Saques e assaltos a estabelecimentos comerciais, aos bondes da Light e à<br />
casa do Secretário de Segurança acabaram por resultar em outro desfecho trágico: a<br />
morte de uma criança e um operário, no dia 13 de julho. 7<br />
Diante da extensão da crise foi formada uma comissão de jornalistas para atuar como<br />
mediadora entre industriais, governo e operários. A sua atuação obteve um conjunto<br />
de concessões, entre as quais o aumento de 20% sobre os salários, o compromisso<br />
de não haver demissões como represália aos grevistas e o respeito ao direito de<br />
associação. Rodolfo Crespi, Jorge Street, Alexandre Siciliano, Ermelino Matarazzo<br />
são, entre outros, signatários do documento. O mesmo comitê mediador negociou com<br />
o governo o compromisso de libertação dos trabalhadores presos por motivo de greve,<br />
o reconhecimento do direito de reunião e, ainda, a disposição de atuar para garantir o<br />
controle de preço dos gêneros de primeira necessidade.<br />
O ano de 1917 assistiria ainda outras greves. O movimento seria ampliado<br />
nacionalmente, com adesões em vários estados. A onda de greves prosseguiu pelos<br />
anos de 1918 e 1919. A partir daí, estariam consolidadas algumas conquistas do<br />
movimento sindical, especialmente o reconhecimento dos direitos de associação.<br />
A Revolução de 1924<br />
Alguns anos mais tarde, o Cotonifício Crespi seria objeto de outro episódio de<br />
conteúdo político, a Revolução Paulista de 1924. Nesses anos agitados, se repetiria<br />
em São Paulo, uma revolta militar nos moldes do que foi aquela ocorrida dois anos<br />
antes no Forte de Copacabana.<br />
Dia 5 de julho de 1924 a capital paulista foi ocupada por militares, alguns dos quais<br />
haviam também participado dos levantes de 1922, no Rio de Janeiro. Esta revolta<br />
militar veio posteriormente a se desdobrar, com a participação de militares gaúchos,<br />
6 Edgar Carone, op. cit., p. 227.<br />
7 Jornal O Estado de São Paulo, 14/07/1917.<br />
6
na famosa Coluna Prestes que atravessou o Brasil, sertão adentro, por quase dois<br />
anos.<br />
O movimento exigia a renúncia do presidente Artur Bernardes e tinha como metas a<br />
mudança do sistema eleitoral, a implantação do ensino gratuito pelo Estado e a<br />
garantia de autonomia do poder judiciário. Os revoltosos obtiveram uma ampla adesão<br />
civil da qual participaram professores, estudantes, comerciantes, funcionários públicos.<br />
As organizações operárias anarquistas e comunistas também tentaram se aproximar<br />
dos rebeldes tendo sido, no entanto, recusado seu apoio.<br />
Após dias de batalhas nas ruas da cidade, os tenentes tomam São Paulo no dia 8 de<br />
julho, ocasião em que o governador Carlos Campos decide abandonar o Palácio dos<br />
Campos Elíseos, deixando a cidade de São Paulo nas mãos dos revoltosos.<br />
O governo federal decide reagir com rigor face às experiências de revoltas anteriores.<br />
Por ordem do presidente da República, Artur Bernardes, a capital paulista é<br />
bombardeada a partir do dia 11. O ataque deixa o saldo de 503 mortos, enorme<br />
quantidade de feridos e faz com que a população abandone São Paulo às pressas.<br />
O prefeito Firmino Pinto, em seu relatório sobre os efeitos da revolta, calculou em 500<br />
o saldo de vítimas fatais, o que evidencia a violência tão rapidamente empregada. Fez<br />
referência ainda às regiões mais afetadas por saques, bombardeios e incêndios. As<br />
áreas mais afetadas da cidade foram Brás, Belenzinho, Mooca, Ipiranga, Cambuci e<br />
entre as indústrias mais atingidas constam Sociedade Anônima Scarpa, Matarazzo &<br />
Cia, Ernesto de Castro, Motores Marelli, Moinho Gambá, Moinho Santista, Reickman &<br />
Cia, etc.<br />
O fotógrafo Gustavo Prugner fez uma ampla documentação fotográfica destes<br />
episódios. Entre as imagens que registrou destacam-se as fotos que documentam a<br />
situação em que ficou a fábrica Crespi (figura 3).<br />
Passados estes episódios o Cotonifício Crespi prosseguiu suas atividades até a crise<br />
do final dos anos 50, quando as dificuldades financeiras da empresa a levaram ao<br />
pedido de concordata. Uma vez esgotadas as tentativas de saneamento financeiro e<br />
sem obter apoio junto ao governo federal, suas atividades foram encerradas em 1963.<br />
Desde então suas instalações persistiram parcialmente locadas para distintas<br />
atividades industriais. Contudo, o conjunto nunca recuperaria o vigor do período<br />
florescente da atividade têxtil.<br />
7
Situação Atual<br />
Se a análise acima realizada não deixa dúvidas quanto ao valor histórico e cultural das<br />
instalações fabris, é preciso, no entanto, avaliar quais são as partes ainda<br />
remanescentes que constituem testemunho das atividades do Cotonifício. Cabe,<br />
portanto, identificar entre as construções existentes, quais são as que se mantiveram<br />
íntegras e, dentre elas, aquelas mais significativas para a preservação da memória<br />
desta atividade industrial pioneira.<br />
As instalações em questão sofreram, ao longo do tempo, um processo de<br />
transformação, como é característico das atividades industriais. As transformações,<br />
reformas, adaptações e acréscimos constituem, de modo geral, demonstração de<br />
vitalidade das atividades produtivas. Nem sempre, porém, tais transformações são<br />
realizadas com o melhor critério, ocorrendo circunstâncias em que as alterações<br />
acabam por comprometer ou eliminar partes de alta qualidade. Em outros casos, a<br />
modernização e as exigências de atualização rompem a unidade de determinado<br />
encadeamento das atividades de produção e sua respectiva expressão espacial. Isto<br />
ocorreu, por exemplo, com o antigo edifício voltado para a Rua dos Trilhos que, depois<br />
de severamente atingido em 1924, foi inteiramente reconstruído, tendo servido em<br />
anos recentes a outra atividade fabril, a fábrica de móveis L’Atelier. Tais reformas<br />
incidiram sobre um dos edifícios arquitetonicamente mais expressivos do conjunto<br />
industrial, do qual só restaram os registros de Gustavo Prugner (figura 3). O mesmo se<br />
pode dizer do segmento de edifícios situado na esquina da Rua dos Trilhos com a Rua<br />
Taquari. Os galpões ali existentes deram lugar à instalação de um posto de gasolina, o<br />
que descaracterizou completamente este trecho do conjunto. Na esquina da Rua dos<br />
Trilhos com a Rua Visconde de Laguna e ao longo desta última ainda se conservam<br />
os galpões originais, correspondentes a um dos registros fotográficos que<br />
documentam a Greve de 1917. Todavia, as fachadas destes galpões sofreram a<br />
sobreposição de revestimentos que descaracterizam sua condição original. Da mesma<br />
forma, algumas naves têm sido alteradas na sua estrutura para abrigar<br />
estacionamento de veículos.<br />
Finalmente, as edificações situadas na Rua Javari sofreram consideráveis<br />
transformações em suas fachadas e alguns trechos destas instalações industriais<br />
foram substituídos por novas edificações como aquela que servia para as oficinas e<br />
loja de uma empresa concessionária de veículos. Persistiam, porém, alguns<br />
segmentos de galpões industriais, cujas características arquitetônicas recomendavam<br />
atenção e análise criteriosa.<br />
8
Restavam, pois, das instalações fabris originais, o edifício principal, de 4 pavimentos,<br />
situado na confluência das Ruas Javari e Taquari, os galpões industriais ao longo da<br />
Rua Visconde de Laguna, todos ainda relativamente íntegros ou passíveis de<br />
recuperação, um galpão industrial no interior do conjunto fabril. Lindeiros a estes<br />
últimos, persistiram segmentos de galpões na Rua Javari e o conjunto da Rua dos<br />
Trilhos que, embora de origem mais recente, é construção de qualidade, constituindo<br />
parte importante da trajetória histórica do complexo fabril. Os demais setores do<br />
conjunto fabril foram destruídos ou se encontram muito alterados, compondo, na maior<br />
parte do quarteirão, uma seqüência de fragmentos descontínuos.<br />
Não se trata, portanto, de um conjunto fabril inteiramente conservado, cujos<br />
remanescentes ostentem uma relação de unidade e coerência entre as partes capaz<br />
de impor a necessidade da preservação integral de todos os seus elementos. É<br />
inegável que alguns de seus elementos são dotados de alto valor documental,<br />
arquitetônico e tecnológico significativos, que por sua vez, não podem estar<br />
dissociados dos demais, sob pena de perderem a relação característica de parte de<br />
um conjunto. Outras edificações ou segmentos de galpões fabris podem constituir<br />
documentos mais modestos, parciais em sua configuração ou mesmo alterados em<br />
vários de seus aspectos. Não devem, contudo ser descartados sem uma análise<br />
minuciosa, capaz de reencontrar destino aceitável para o seu reaproveitamento.<br />
Qualquer projeto que tenha como propósito a re-apropriação do conjunto teria<br />
necessariamente de promover a análise crítica das partes pré-existentes e suas<br />
possibilidades de adaptação para novos usos, não podendo deixar de considerar<br />
simultaneamente suas lacunas e descontinuidades.<br />
O Projeto<br />
Em 2004 a Companhia Brasileira de Distribuição, importante grupo econômico<br />
detentor da rede de Supermercados Pão de Açúcar e Extra, deu início a estudos para<br />
o aproveitamento do imóvel do Cotonifício para ali implantar uma de suas unidades.<br />
O empreendimento proposto atingia parcialmente o imóvel de domínio do Cotonifício<br />
Crespi. Os galpões originais situados ao longo da Rua Visconde de Laguna e parte<br />
dos edifícios de alto valor documental que avançam para o interior do quarteirão não<br />
sofreriam interferência decorrente da implantação do hipermercado proposto.<br />
O projeto do hipermercado buscou conciliar os imperativos funcionais e de viabilidade<br />
econômica à maior preservação possível dos remanescentes significativos na área de<br />
9
sua incidência. Tendo como referência parâmetros técnicos característicos deste tipo<br />
de atividade, o projeto foi desenvolvido de modo a adaptar as instalações ali<br />
existentes. Os referidos parâmetros, balizados por dimensões ideais de distribuição de<br />
equipamentos para a exposição e venda de produtos, estabelecia um espaçamento<br />
estrutural de colunas incompatível com a preservação do edifício industrial existente.<br />
Embora a construção histórica fosse dotada de uma estrutura modular bastante<br />
flexível, passível de acomodar vários tipos de arranjo, a avaliação do setor técnico da<br />
empresa considerou os intervalos de colunas inadequados aos seus padrões. Assim, o<br />
projeto desenvolvido contemplava somente a preservação das fachadas voltadas para<br />
as ruas. Ao longo destas fachadas foi proposta a preservação na face lindeira à Rua<br />
Javari de dois vãos da estrutura original e, ao longo das duas outras fachadas<br />
preservadas, a conservação do primeiro vão da estrutura original incorporando ainda,<br />
nas suas extremidades, a manutenção de uma das torres verticais de circulação.<br />
Finalmente, no pavimento térreo seria mantido íntegro todo o conjunto estrutural.<br />
Além destes elementos, o projeto previu a conservação do Portão de Acesso da Rua<br />
Javari, com o seu emblema característico, sendo prevista ainda a conservação de<br />
segmentos de fachadas dos galpões, ainda remanescentes, passíveis de serem<br />
reconstituídos.<br />
O restante da edificação principal e parte dos galpões industriais mais antigos, ainda<br />
remanescentes, seriam totalmente arrasados, sendo substituídos por uma construção<br />
inteiramente nova e as áreas livres restantes destinadas a estacionamento de<br />
veículos. A transformação proposta era muito drástica, e a preservação pretendida<br />
ficava limitada ao invólucro externo correspondente apenas às faces voltadas para as<br />
ruas. Todavia, apesar de muito limitada, tal atitude denuncia as dificuldades que a<br />
aprovação do projeto enfrentaria caso não houvesse nenhuma concessão.<br />
É nesta circunstância que fomos chamados a elaborar um projeto de restauração das<br />
fachadas do edifício. O trabalho teve início, como é de praxe, com os respectivos<br />
levantamentos do edifício. Esta atividade permitiu conhecer mais detalhadamente a<br />
estrutura existente. A riqueza da obra, pouco conhecida, se revelava a cada visita.<br />
Seus ambientes internos constituíam vastas naves, dotadas de grande flexibilidade. A<br />
estrutura era composta por um sistema de colunas e vigas feitas de perfil I, às quais se<br />
sobrepunham longarinas de seção reduzida, também em perfil I, responsáveis por<br />
suportar os pisos constituídos de lajes de concreto. A circulação vertical era<br />
constituída de duas prumadas nas extremidades do edifício. Sua estrutura, da mesma<br />
forma, foi realizada pelo mesmo sistema construtivo, complementado por escadas<br />
10
metálicas também pré-fabricadas com peças metálicas. As vedações foram realizadas<br />
por fechamentos em alvenaria de meio tijolo à vista, e as aberturas para iluminação<br />
compostas de janelas de grandes dimensões, geralmente três a cada entrecolúnio,<br />
separadas por delgadas colunas de tijolos (figuras 4 e 5).<br />
A mesma laje utilizada nos pisos foi utilizada também na cobertura, protegida, porém,<br />
por uma sobre-cobertura constituída de placas pré-moldadas de concreto armado,<br />
com juntas preenchidas por mastique asfáltico, compondo uma superfície contínua,<br />
dotada de uma pequena declividade, a fim de permitir o fácil escoamento das águas.<br />
Até mesmo os dispositivos de drenagem de águas pluviais eram constituídos de peças<br />
metálicas de chapa galvanizada inteiramente importada. São dotados de todos os<br />
dispositivos para o escoamento das águas tais como calhas, curvas de concordância,<br />
caixas de visita e colunas verticais.<br />
Além da função industrial a que se destinava, o edifício foi concebido como obra<br />
inteiramente industrializada, em que maioria dos componentes veio pré-fabricada de<br />
fora. Aliás, não é de todo improvável que todo o complexo fabril tenha sido importado,<br />
tanto as máquinas, como o esquema de organização da linha de produção e o<br />
respectivo projeto. Os únicos elementos produzidos no local corresponderiam a<br />
fundações do edifício e as lajes de concreto. Este é outro tema que também<br />
recomenda o prosseguimento das pesquisas assim como a busca de informações<br />
sobre seu projeto. Da mesma forma, vale a pena investigar o papel que terá tido um<br />
arquiteto tão importante quanto Giovanni Battista Bianchi a quem tem sido atribuída a<br />
autoria do projeto.<br />
O projeto de restauração de fachadas elaborado ficou circunscrito ao objeto da<br />
contratação, isto é, a restauração das fachadas. Para tanto, foram feitos<br />
levantamentos e elaborados os estudos técnicos e recomendações de conservação.<br />
Não obstante, antevendo o desfecho que o assunto tomou, foi realizada uma tentativa<br />
de apresentar ao empreendedor uma versão intermediária entre a preservação integral<br />
do edifício e a simples preservação das fachadas. Esta alternativa propunha a<br />
demolição de um vão central no edifício, compreendendo todos os três pisos, e a<br />
criação de uma clarabóia na cobertura, de modo a ampliar no nível da loja a<br />
flexibilidade e, ao mesmo tempo, permitir a manutenção, ainda que parcial, da<br />
integridade da estrutura em seu desenvolvimento vertical. A solução proposta<br />
permitiria ainda um aproveitamento mais atraente para as atividades comerciais, na<br />
medida em que determinados usos poderiam ser desdobrados nos pavimentos<br />
11
superiores, assim como proporcionaria uma fruição mais intensa do artefato<br />
arquitetônico. Todavia, esta iniciativa não foi acolhida pela empresa.<br />
O Conflito<br />
No início do ano de 2004 começaram a surgir matérias de jornal dando conta da<br />
preocupação dos moradores do bairro em relação ao destino da indústria. “Moradores<br />
temem que venda descaracterize um patrimônio histórico da comunidade” diz o<br />
subtítulo da matéria publicada no jornal O Estado de São Paulo. 8 O site Portal da<br />
Mooca, criado por um morador, Angelo Agarelli, tem recebido diversos e-mails da<br />
vizinhança, de pessoas que querem preservar o bairro e resgatar a história local. “É<br />
muito difícil – afirmou Agarelli – não encontrar alguém de alguma família que não<br />
tenha trabalhado naquele prédio.” 9<br />
A esta altura a Companhia Brasileira de Distribuição havia consultado o Conselho de<br />
Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo –<br />
CONPRESP, para verificar se incidiam restrições sobre o imóvel. Até então não havia<br />
nenhuma restrição legal estabelecida. Apenas a iniciativa já citada, de um pedido de<br />
tombamento que se encontrava em estudo, e o enquadramento do complexo fabril na<br />
figura recém criada das ZEPECs (Zona Especial de Preservação Cultural) como parte<br />
do Projeto de Lei do Plano Diretor Regional da Subprefeitura da Mooca, aprovado em<br />
02/07/04 pela Câmara de Vereadores, mas que ainda não fora sancionado pelo poder<br />
executivo.<br />
Na ausência de restrições legais, o empreendedor deu início à demolição do edifício<br />
principal do Cotonifício Crespi. A iniciativa não prosperou, tendo sido embargada logo<br />
a seguir pelo Ministério Público. Mas o incidente criado estabelecia as condições em<br />
que as partes envolvidas iriam medir forças e buscar fazer prevalecer seus interesses.<br />
Tendo o Ministério Público como mediador, ocorreram sucessivas reuniões. A primeira<br />
delas foi aberta com um apelo veemente do proprietário do imóvel, Sr. Fernando<br />
Crespi, para que fosse alcançado um entendimento capaz de conciliar os interesses<br />
em jogo. Mas o impasse persistiu. De um lado o CONPRESP insistia na preservação<br />
integral do edifício principal do conjunto e, de outro, os representantes do grupo<br />
8 Jornal O Estado de São Paulo, 7/05/07.<br />
9 www.portaldamooca.com.br<br />
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empresarial alegavam a inviabilidade do empreendimento. A disputa foi encerrada com<br />
a assinatura de um termo de ajuste de conduta que, em linhas gerais, estabeleceu<br />
algumas concessões da parte do empreendedor, no sentido de ampliar alguns<br />
aspectos de preservação solicitados sem, contudo, alterar a substância do projeto de<br />
hipermercado tal como proposto. Em síntese o termo acrescentava àquilo que já havia<br />
sido definido pelo projeto, a preservação da terceira fachada paralela à Rua Taquari, a<br />
preservação e restauração da segunda torre de circulação acima da cobertura (cota<br />
116,87m), a preservação integral do terceiro pavimento, em toda a sua espacialidade,<br />
devendo ser aberto à fruição pública. Ficava assim definido o que foi finalmente<br />
realizado (figura 6).<br />
Conclusão<br />
As instalações remanescentes do Cotonifício Crespi constituem significativo<br />
testemunho das origens do processo de industrialização da cidade de São Paulo.<br />
Vinculam-se, ademais, a dois episódios de grande relevância para história brasileira<br />
recente. A arquitetura de seu principal edifício fabril é um notável e raro exemplar de<br />
construção fabril, que se destaca não apenas em relação às suas demais instalações,<br />
mas também no contexto dos demais conjuntos industriais contemporâneos. É<br />
documento de alto valor sob o aspecto tecnológico como testemunho do<br />
desenvolvimento de processos produtivos da indústria têxtil. Finalmente, a presença<br />
desta notável estrutura está vinculada de forma indissociável à memória do bairro da<br />
Mooca, a um contingente importante de moradores, cuja vida transcorreu nos<br />
interiores desta fábrica.<br />
Por algum tempo, algumas de suas instalações foram ocupadas por atividades<br />
industriais de relativo porte como foi o caso da indústria de móveis L’Atelier. Nos<br />
últimos anos, porém, suas instalações encontram-se ociosas ou têm sido apropriadas<br />
de forma predatória. Desse modo, a oportunidade de aproveitar as edificações<br />
existentes para novo uso, ainda que de forma parcial, permitia vislumbrar a<br />
possibilidade de continuidade de sua conservação.<br />
Contudo, a obra realizada, ao contrário de proporcionar a preservação de suas<br />
instalações, acabou por destruir boa parte da edificação original. Não obstante a<br />
flexibilidade da antiga construção, os critérios de projeto e as imposições dos padrões<br />
de funcionamento das atividades comerciais de grande porte acabaram por<br />
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prevalecer. Assim, os elementos originais conservados não permitem mais a<br />
percepção espacial dos ambientes de trabalho e produção característicos do prédio<br />
industrial. Neste sentido, constituem apenas uma cenografia. É certo que é capaz de<br />
evocar a presença da atividade industrial que ali teve lugar, porém uma presença<br />
vazia, na qual não há mais vestígio da vida e da atividade que alimentava do espaço<br />
interior.<br />
A memória dos episódios históricos também deveria ser conservada na medida em<br />
que pudessem ser evidenciadas, no processo de restauração, algumas marcas ainda<br />
presentes, especialmente aquelas da Revolução de 1924. Todavia, muitas das<br />
marcas destes episódios ainda presentes na construção, cuja preservação havia sido<br />
indicada, acabaram por ser apagadas nas obras de restauração.<br />
A conservação parcial negociada mediante o “Termo de Ajustamento de Conduta”<br />
pode ter alcançado algum resultado diante da ausência de instrumentos que<br />
assegurassem uma proteção mais ampla. Todavia, nos limites em que foi acordada<br />
não permite mais a sua fruição plena seja como documento, seja como obra de<br />
arquitetura. A conservação integral da estrutura do último pavimento pode permitir ao<br />
observador a percepção da configuração original do edifício e de aspectos<br />
fundamentais de sua concepção arquitetônica tais como o princípio da planta livre e da<br />
estrutura independente. De fato, é possível a compreensão destas partes preservadas,<br />
mas será sempre uma compreensão obtida por dedução ou inferência.<br />
De todo modo, é necessário destacar que não há preservação da memória sem a<br />
perspectiva da reintegração do bem cultural na vida social. Em outras palavras, toda<br />
preservação depende de uma destinação útil para os bens culturais, em especial das<br />
estruturas arquitetônicas, sem o que não há recursos para a sua conservação, nem<br />
tampouco a possibilidade de sua fruição, quer seja para fins pragmáticos, quer seja<br />
para sua contemplação desinteressada. A preservação, paradoxalmente, só se realiza<br />
mediantes a capacidade de conservar as estruturas herdadas do passado e adapta-<br />
las, simultaneamente, às demandas do presente. Isto, porém, nunca se realiza de<br />
maneira ideal, nem de forma exclusivamente técnica, tampouco de modo neutro. A<br />
cidade é território permanente de conflitos cuja feição se conforma pelo concurso dos<br />
agentes sociais em disputa.<br />
Bibliografia e Fontes:<br />
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Arquivo Histórico de Municipal de São Paulo: Obras Particulares.<br />
BERTARELLI, Ernesto et. Ali. Gli italiani nell Brasile: contributo degli italiani all sviluppo<br />
deste paese – São Paulo: Estabelecimento Graphico Pasquino Coloniale, 1922.<br />
CARONE, Edgard. A República Velha: Instituições e classes sociais - São Paulo:<br />
Difusão Européia do Livro, 1970.<br />
FAUSTO, Boris. Trabalho urbano e conflito social – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,<br />
2000.<br />
Instituto Moreira Salles: Acervo Gustavo Prugner.<br />
MORSE, Richard M. Formação Histórica de São Paulo – São Paulo: Difusão Européia<br />
do Livro, 1970.<br />
SEVCENKO, Nicolau. Orfeu extático na metrópole: São Paulo sociedade e cultura nos<br />
frementes anos 20 – São Paulo: Companhia das Letras, 1992.<br />
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Figura 1. Projeto de galpões para “Industrias de Fiados”, Eng. Eduardo Loschi (O. PA<br />
387/ E-14-371/ 1904 p. 84)<br />
Figura 2. Imagem do Cotonifício Crespi c. 1922.<br />
fonte: Bertarelli, Ernesto et. Ali. Gli italiani nell Brasile: contributo degli italiani all sviluppo deste<br />
paese – São Paulo: Graphico Pasquino Coloniale, 1922.<br />
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Figura 3. Cotonifício Crespi bombardeado na Revolução de 1924, foto Gustavo<br />
Prugner<br />
Figura 4. Cotonifício Crespi antes da restauração. Foto Haroldo Gallo<br />
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Figura 5. Vista interna do edificio principal<br />
Figura 6. Vista interna do Cotonifício convertido em supermercado<br />
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