Transforme seus PDFs em revista digital e aumente sua receita!
Otimize suas revistas digitais para SEO, use backlinks fortes e conteúdo multimídia para aumentar sua visibilidade e receita.
Universida<strong>de</strong> do Sul <strong>de</strong> Santa Catarina<br />
Ano 4/nº 7/ <strong>2º</strong> semestre/ <strong>2008</strong><br />
UNISUL<br />
Premiado projeto que<br />
troca fumo por<br />
plantas medicinais<br />
Nanocápsulas para<br />
retardar o<br />
envelhecimento
evista<br />
UNISUL<br />
<strong>2º</strong> semestre/<strong>2008</strong><br />
2
Universida<strong>de</strong> do Sul <strong>de</strong> Santa Catarina<br />
<strong>Unisul</strong><br />
www.unisul.br<br />
Reitoria<br />
Reitor<br />
Gerson Luiz Joner da Silveira<br />
Vice-Reitor<br />
Sebastião Salésio Herdt<br />
Pró-Reitor Acadêmico<br />
Sebastião Salésio Herdt<br />
Pró-Reitor <strong>de</strong> Administração<br />
Marcus Vinícius A. S. Ferreira<br />
Chefe <strong>de</strong> Gabinete/Secretário-Geral<br />
Fabian Martins <strong>de</strong> Castro<br />
Diretor dos Campi <strong>de</strong> Tubarão e<br />
Araranguá<br />
Valter Alves Schmitz Neto<br />
Diretor do Campus da Gran<strong>de</strong><br />
Florianópolis<br />
Ailton Nazareno Soares<br />
Diretor do Campus <strong>Unisul</strong>Virtual<br />
João Vianney<br />
Sistema Integrado <strong>de</strong> Comunicação<br />
Lau<strong>de</strong>lino José Sardá<br />
Revista <strong>Unisul</strong><br />
Editora<br />
Elisabeth Karam<br />
Textos e fotos<br />
Equipe SIC<br />
Diagramação<br />
Luciane Zuê<br />
e-mail<br />
pesquisasic@unisul.br<br />
Sistema Integrado <strong>de</strong> Comunicação<br />
Editora, <strong>Unisul</strong>TV, WebTV, WebRádio, Jornal<br />
<strong>Unisul</strong>Hoje, Revista <strong>Unisul</strong>, Portal <strong>Unisul</strong>,<br />
Assessoria <strong>de</strong> Imprensa e Serviço <strong>de</strong> Relações<br />
Públicas<br />
En<strong>de</strong>reço<br />
Av. José Acácio Moreira, 787<br />
Cx. Postal 370<br />
CEP: 88704-300 – Tubarão, SC<br />
Fone: (48) 3621 3000/ Fax: (48) 36213036<br />
Impresso em papel Reciclato<br />
AS<br />
a<br />
es<br />
tem<br />
3<br />
<strong>2º</strong> semestre/<strong>2008</strong><br />
revista<br />
UNISUL<br />
Índice<br />
Notas ............................................................................ 4 e 5<br />
Nanotecnologia aplicada aos cosméticos .............................. 6<br />
Projeto premiado ................................................................. 7<br />
Propostas arquitetônicas para Florianópolis ................... 8 a 13<br />
Clusters criam supercomputadores ..................................... 14<br />
A leitura no meio digital e no impresso .............................. 15<br />
Osformandoseanovavidaqueosespera .......................16 a 19<br />
Matemática sem problemas ........................................ 20 e 21<br />
Odor como fator <strong>de</strong> exclusão ou inclusão .................... 22 e 23<br />
Acomunida<strong>de</strong>virtualformadapeloscursosadistância ..... 24 e 25<br />
Ojardimbotânicoqueserácriado em Tubarão ................ 26 a 29<br />
Artigo: Células-tronco ......................................................... 30
evista<br />
UNISUL<br />
Cátedra<br />
<strong>2º</strong> semestre/<strong>2008</strong><br />
A <strong>Unisul</strong> instituiu a cátedra Participação e Socieda<strong>de</strong>,<br />
com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> disseminar discussões<br />
sobre a humanização do mundo frente<br />
aos <strong>de</strong>safios das mudanças, provocadas<br />
principalmente pelos avanços da ciência e da<br />
tecnologia.<br />
Para o professor Osvaldo Della Giustina,um<br />
dos fundadores da <strong>Unisul</strong> e i<strong>de</strong>alizador do projeto,<br />
a cátedra será um valioso mecanismo para<br />
permitir que a universida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sprenda-se da<br />
sua natural segmentação <strong>de</strong> conhecimento e<br />
cui<strong>de</strong> mais da complexida<strong>de</strong> do homem.<br />
O conselho superior da cátedra é integrado<br />
pelo professor Gerson Luiz Joner da<br />
Silveira, reitor da <strong>Unisul</strong> e presi<strong>de</strong>nte do<br />
novo órgão; Benno San<strong>de</strong>r; padre Evaristo<br />
Debiasi; sociólogo Fábio Régio Bento;<br />
Fernando Ximenes; Francisco Menna Barreto<br />
Reis; Heitor Gurgulino <strong>de</strong> Souza, reitor<br />
da Universida<strong>de</strong> da ONU; Henrique<br />
Brandão Cavalcante, diretor do programa<br />
da ONU <strong>de</strong> controle da poluição química<br />
do planeta; filósofo Miguel Popoaski,<br />
médica Zilda Arns Neumann e Osvaldo<br />
Della Giustina.<br />
FOPROP<br />
Coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> Pós-Graduação da <strong>Unisul</strong>, o professor Peter Johann Bürger assumiu<br />
a coor<strong>de</strong>nação do Fórum Regional Sul dos Pró-Reitores <strong>de</strong> Pesquisa e Pós-Graduação.<br />
Permanece na vice-coor<strong>de</strong>nação regional Sul do FOPROP Sul o professor Alamir<br />
Aquino Corrêa, pró-reitor <strong>de</strong> Pesquisa e Pós-Graduação da Universida<strong>de</strong> Estadual<br />
<strong>de</strong> Londrina (UEL), assumindo a coor<strong>de</strong>nação do FOPROP – Santa Catarina, o professor<br />
Leandro Ramires Comassetto, pró-reitor <strong>de</strong> Pesquisa e Pós-Graduação da Universida<strong>de</strong><br />
do Contestado (UNC).<br />
Honoris causa<br />
4<br />
Campeã<br />
O ex-reitor da U<strong>de</strong>sc Lauro Ribas<br />
Zimmer e a médica Zilda<br />
Arns, presi<strong>de</strong>nte das Pastorais<br />
da Criança e do Idoso, receberam<br />
da <strong>Unisul</strong> o título <strong>de</strong> doutor<br />
honoris causa. Ao receber a homenagem,<br />
Zilda Arns conclamou<br />
A <strong>Unisul</strong> é campeã da 26ª Taça Brasil <strong>de</strong> Clubes <strong>de</strong><br />
Futsal, categoria sub-20 masculina. O título, o primeiro<br />
da equipe <strong>de</strong> Santa Catarina nesta competição, foi<br />
conquistado em julho, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> vencer o certame realizado<br />
em Goiânia (GO) e que reuniu atletas com até 20 anos<br />
das oito principais equipes da categoria na atualida<strong>de</strong>.<br />
o governo e a socieda<strong>de</strong> a apostarem<br />
na educação <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />
como solução para os graves<br />
problemas sociais do Brasil, e<br />
sugeriu que os ricos abram seus<br />
corações para se tornar solidários<br />
com as causas sociais.
Parceria<br />
De caminhonete<br />
Rodrigo Martins da Silva, engenheiro eletricista da Fundação <strong>de</strong> Apoio<br />
à Educação, Pesquisa e Extensão da <strong>Unisul</strong> (Faepesul), e Diógenes<br />
Gava, pesquisador da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Nova Veneza, embarcaram em julho<br />
para uma viagem <strong>de</strong><br />
6.500 quilômetros, <strong>de</strong><br />
Tubarão a Belém do<br />
Pará, a bordo <strong>de</strong> uma<br />
caminhonete abastecida<br />
com óleo <strong>de</strong> cozinha<br />
reciclado. A viagem<br />
<strong>de</strong> 17 dias foi para<br />
divulgar o projeto, <strong>de</strong>senvolvido<br />
há dois<br />
anos, que transforma o<br />
óleo <strong>de</strong> cozinha usado<br />
em combustível vegetal.<br />
sado em combustível<br />
vegetal.<br />
Os cursos <strong>de</strong> Educação Física, Turismo e Administração serão beneficiados pela nova<br />
parceria entre a <strong>Unisul</strong> e a University of Southern Mississippi. Há vários pontos em discussão,<br />
sendo que uma das ações será o intercâmbio <strong>de</strong> docentes e, também, <strong>de</strong> preparadores<br />
físicos das equipes <strong>de</strong> esporte <strong>de</strong> rendimento, mantidas pelas instituições – vôlei na <strong>Unisul</strong><br />
e basquete na universida<strong>de</strong> norte-americana.<br />
Lingüística<br />
5<br />
<strong>2º</strong> semestre/<strong>2008</strong><br />
Alunos premiados<br />
Os professores Adair Bonini e Maria Marta Furlanetto, do curso <strong>de</strong> Mestrado<br />
em Ciências da Linguagem, foram eleitos, respectivamente, titular e suplente, para<br />
o Conselho da Associação Nacional <strong>de</strong> Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e<br />
Lingüística (ANPOLL), representando a área <strong>de</strong> Lingüística. A associação reúne<br />
coor<strong>de</strong>nadores dos cursos <strong>de</strong> pós-graduação em Letras e Lingüística.<br />
revista<br />
UNISUL<br />
Alunos recém-formados pela <strong>Unisul</strong><br />
ficaram com o primeiro lugar no<br />
Concurso Nacional <strong>de</strong> Idéias sobre<br />
a Reforma Urbana, organizado<br />
pela Fe<strong>de</strong>ração Nacional dos Estudantes<br />
<strong>de</strong> Arquitetura e Urbanismo<br />
do Brasil (Fenea). O trabalho premiado<br />
é uma intervenção sustentável<br />
na comunida<strong>de</strong> do loteamento<br />
Jardim Taitu, em Tubarão, e foi <strong>de</strong>senvolvido<br />
pelos alunos Flávio Alípio<br />
e Maykon Luiz da Silva, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seus<br />
TCCs orientados pelos professores<br />
Cristiano Fontes <strong>de</strong> Oliveira e Arlis<br />
Buhl Peres.<br />
***<br />
Também recém-formado, o jornalista<br />
Altair Magagnin, junto com<br />
Charles Cargnin, foi o vencedor do<br />
prêmio FATMA <strong>de</strong> jornalismo na categoria<br />
rádio, com o tema Carboníferas<br />
e o Meio Ambiente. Já os alunos<br />
do curso <strong>de</strong> Publicida<strong>de</strong> e Propaganda<br />
ganharam o prêmio Acaert<br />
(Associação Catarinense <strong>de</strong> Emissoras<br />
Rádio e TV) <strong>de</strong> melhor comercial<br />
<strong>de</strong> TV, categoria acadêmica. O trabalho<br />
premiado teve a participação<br />
dos alunos Aline Lidia Cardoso,<br />
Bruna Chapoval e Keni Wil<strong>de</strong>r<br />
Muniz.
evista<br />
UNISUL<br />
<strong>2º</strong> semestre/<strong>2008</strong><br />
NANOCÁPSULAS<br />
POLIMÉRICAS<br />
O uso da<br />
tecnologia em<br />
cosméticos<br />
A nanotecnologia estuda as proprieda<strong>de</strong>s<br />
da matéria em uma escala bem pequena:<br />
um nanômetro equivale à<br />
bilionésima parte <strong>de</strong> um metro. Para se<br />
ter uma idéia, um fio <strong>de</strong> cabelo humano<br />
tem espessura <strong>de</strong> 80 mil<br />
nanômetros. São partículas tão pequenas<br />
que não po<strong>de</strong>m ser vistas nem no<br />
microscópio comum, apenas em equipamentos<br />
especiais <strong>de</strong> microscopia<br />
eletrônica.<br />
6<br />
O ramo da cosmética sempre se valeu da<br />
tecnologia <strong>de</strong> ponta e dos últimos conhecimentos da<br />
ciência para fabricar novos e cada mais eficazes produtos<br />
voltados à estética e à beleza <strong>de</strong> homens e<br />
mulheres. Agora, a novida<strong>de</strong> é por conta da aplicação<br />
da nanotecnologia. As pesquisadoras Irene<br />
Clemes Külkamp e Sílvia Stanisçuaski Guterres<br />
<strong>de</strong>senvolveram nanocápsulas poliméricas <strong>de</strong> ácido<br />
lipóico para a aplicação cutânea na prevenção do<br />
envelhecimento precoce.<br />
“Gran<strong>de</strong> parte da precocida<strong>de</strong> do envelhecimento<br />
é <strong>de</strong>vido ao estresse oxidativo, ou seja, por ação<br />
dos chamados radicais livres que estão associados a<br />
processos <strong>de</strong>generativos, envelhecimento e câncer. O<br />
ácido lipóico é um antioxidante potente e po<strong>de</strong> proteger<br />
a pele da ação <strong>de</strong>sses radicais livres” explica Irene,<br />
professora do curso <strong>de</strong> Farmácia e pesquisadora do<br />
Grupo <strong>de</strong> Desenvolvimento em Tecnologia Farmacêutica<br />
(TECFARMA), que <strong>de</strong>senvolve outras pesquisas<br />
também na área da nanotecnologia.<br />
Esse ácido é naturalmente encontrado no corpo<br />
humano, só que em pequenas quantida<strong>de</strong>s, e já é<br />
utilizado como antioxidante em<br />
produtos cosméticos. No entanto,<br />
mesmo com todo seu potencial, ele<br />
possui limitações inerentes às suas<br />
características físico-químicas,<br />
apresentando instabilida<strong>de</strong> e dificultando<br />
sua utilização especialmente<br />
em formulações farmacêuticas<br />
para administração tópica.<br />
Resolver esta limitação, através da<br />
utilização das nanocápsulas, foi o<br />
trabalho feito por Irene, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />
suas pesquisas para o doutorado<br />
na Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio<br />
Gran<strong>de</strong> do Sul (UFRGS), sob a orientação<br />
da professora Sílvia. O trabalho<br />
contou com o apoio do<br />
Programa <strong>Unisul</strong> <strong>de</strong> Incentivo à<br />
Pesquisa (PUIP).<br />
“Os resultados obtidos até então<br />
são animadores, mas ainda há<br />
muito trabalho pela frente”, alerta<br />
Irene, lembrando do tempo necessário para uma pesquisa<br />
chegar a um produto final. A continuação do<br />
trabalho envolve testes <strong>de</strong> eficácia das formulações<br />
<strong>de</strong>senvolvidas e ativida<strong>de</strong> antioxidante das<br />
nanocápsulas <strong>de</strong> ácido lipóico.
Fumo<br />
dá lugar a<br />
ervas<br />
medicinais<br />
no Sul<br />
Projeto do curso <strong>de</strong> Agronomia recebe<br />
Prêmio Melhores Universida<strong>de</strong>s do Brasil<br />
– categoria Sustentabilida<strong>de</strong><br />
7<br />
<strong>2º</strong> semestre/<strong>2008</strong><br />
revista<br />
UNISUL<br />
Se <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do esforço da equipe <strong>de</strong> professores<br />
e alunos do Curso <strong>de</strong> Agronomia, a região Sul <strong>de</strong><br />
Santa Catarina <strong>de</strong>ixará <strong>de</strong> ser um dos maiores centros<br />
produtores <strong>de</strong> fumo do Brasil para <strong>de</strong>spontar como<br />
celeiro <strong>de</strong> plantas medicinais. Essa é a idéia do projeto<br />
Desenvolvimento do setor produtivo <strong>de</strong> plantas<br />
medicinais como alternativa à fumicultura na região<br />
<strong>de</strong> Tubarão, o gran<strong>de</strong> vencedor na categoria<br />
Sustentabilida<strong>de</strong> do Prêmio Melhores Universida<strong>de</strong>s<br />
do Brasil <strong>2008</strong>, promovido pelo Guia do Estudante e<br />
Banco Real.<br />
Segundo a coor<strong>de</strong>nadora do curso, professora<br />
Rossana Bianchini, o projeto faz parte da tendência<br />
mundial <strong>de</strong> se buscar alternativas à sobrevivência dos<br />
agricultores que hoje trabalham à base <strong>de</strong> agrotóxicos<br />
para ter resultados melhores com a cultura do fumo.<br />
- É incomensurável o número <strong>de</strong> plantas bioativas,<br />
entre espécies medicinais, aromáticas, condimentares,<br />
nutracêuticas, ou seja, nutritivas e terapêuticas, e<br />
biocidas, que atuam como inseticidas naturais no<br />
controle <strong>de</strong> pragas, fungos e bactérias, com gran<strong>de</strong><br />
potencial <strong>de</strong> mercado, dimensiona Rossana Rossana, Rossana que recebeu<br />
o prêmio junto com o professor Celso<br />
Celso<br />
Albuquerque<br />
Albuquerque, Albuquerque o reitor Gerson Gerson Joner Joner da da Silveira<br />
Silveira<br />
e o diretor do campus Tubarão, professor Valter alter<br />
Schmitz Schmitz. Schmitz<br />
O projeto conta com o respaldo da Epagri, o serviço<br />
<strong>de</strong> extensão rural do governo <strong>de</strong> Santa Catarina,<br />
e <strong>de</strong> laboratórios locais interessados no crescimento<br />
da produção <strong>de</strong> ervas medicinais. Os professores<br />
e alunos <strong>de</strong>senvolveram-no em três etapas.<br />
Na primeira, analisam as plantações <strong>de</strong> ervas<br />
medicinais já existentes; no diagnóstico, i<strong>de</strong>ntificam<br />
outros produtores potenciais, capacitação<br />
do pessoal através <strong>de</strong> seminários e visitas às proprieda<strong>de</strong>s;<br />
e, na terceira etapa, o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> material técnico-educativo.<br />
Disputando com outros 488 trabalhos <strong>de</strong> 208<br />
instituições <strong>de</strong> ensino superior <strong>de</strong> todo o país, o<br />
projeto foi anunciado vencedor durante evento<br />
que lançou também a publicação <strong>de</strong>ste ano do<br />
Guia do Estudante, da Editora Abril, que inclui<br />
26 cursos da <strong>Unisul</strong> classificados com quatro e<br />
três estrelas. Os que receberam quatro estrelas<br />
são: Direito e Pedagogia do campus Tubarão e<br />
Ciências Contábeis, Cinema e Ví<strong>de</strong>o, Engenharia<br />
<strong>de</strong> Produção e Naturologia do campus Gran<strong>de</strong><br />
Florianópolis.
evista<br />
UNISUL<br />
<strong>2º</strong> semestre/<strong>2008</strong><br />
Arquitetura: quatro<br />
propostas para uma cida<strong>de</strong><br />
8<br />
Projetos para<br />
Florianópolis.<br />
Mas não<br />
exclusivamente<br />
Duas áreas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valor e praticamente<br />
subutilizadas serviram <strong>de</strong> campo <strong>de</strong> trabalho para dois<br />
formandos do curso <strong>de</strong> Arquitetura e Urbanismo, em<br />
seus trabalhos <strong>de</strong> conclusão do curso (TCC), projetarem<br />
suas idéias para dar à Ponta do Coral e ao Parque<br />
da Luz uma <strong>de</strong>stinação mais <strong>de</strong> acordo com suas potencialida<strong>de</strong>s.<br />
Os conceitos propostos na realização dos trabalhos são os que estão sendo mais<br />
utilizados pelos profissionais da área e, assim, po<strong>de</strong>m fundamentar intervenções<br />
arquitetônicas e urbanísticas em outros locais. A idéia central é aliar arquitetura, urbanismo,<br />
paisagismo, patrimônio histórico e natural e sustentabilida<strong>de</strong> nas quatro dimensões<br />
que a caracterizam: social (consolidar um espaço <strong>de</strong> convívio coletivo); econômica (viabilida<strong>de</strong><br />
do empreendimento); ambiental (preservação do ambiente natural existente) e política<br />
(melhor compatibilização dos interesses coletivos e privados).<br />
O resultado é uma arquitetura condicionada ao entorno, menos agressiva e <strong>de</strong>scon-
textualizada, mais local e natural. Ela é menos<br />
impactante no que diz respeito ao meio ambiente,<br />
às técnicas construtivas e aos materiais empregados<br />
e valoriza as particularida<strong>de</strong>s do local para<br />
criar uma integração e adaptação à paisagem e<br />
ao contexto urbano em que o projeto se insere.<br />
Uma arquitetura que nasce do lugar, que faz o<br />
lugar e é parte do lugar.<br />
PARQUE DA LUZ<br />
A revitalização do Parque da Luz foi a proposta<br />
<strong>de</strong> Tiago Saltiel Rocha. O local é uma das áreas<br />
<strong>de</strong> maior valor no centro <strong>de</strong> Florianópolis e um<br />
dos últimos bolsões ver<strong>de</strong>s na região, além do<br />
privilégio <strong>de</strong> situar-se ao lado do monumento que<br />
é símbolo da cida<strong>de</strong>-aPonte Hercílio Luz.<br />
A idéia <strong>de</strong> intervenção arquitetônica e<br />
paisagística surgiu a partir <strong>de</strong> uma reflexão sobre<br />
o crescimento e <strong>de</strong>senvolvimento urbano acelerado<br />
e, em muitos casos, <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nado. Em geral,<br />
algumas zonas não seguem esse processo e acabam<br />
ficando à margem <strong>de</strong>ssas transformações,<br />
resultando no que Tiago classifica <strong>de</strong> "vazios urbanos,<br />
áreas ociosas, <strong>de</strong>sarticuladas ou que per<strong>de</strong>ram<br />
sua importância e foram abandonadas<br />
<strong>de</strong>vido às mudanças sofridas em seu entorno".<br />
O arquiteto recém-formado observa que Florianópolis<br />
atualmente carece <strong>de</strong> espaços ver<strong>de</strong>s <strong>de</strong> lazer e ressalta<br />
que já ocorreram várias tentativas <strong>de</strong> urbanizar e construir<br />
edificações nessa área. Mas, por diversas mobilizações da<br />
parte da população, <strong>de</strong> ecologistas e entida<strong>de</strong>s ligadas ao<br />
meio ambiente, o espaço foi se mantendo sem edificações.<br />
Sua proposta é um projeto <strong>de</strong> animação e <strong>de</strong><br />
estruturação do parque, abrigando ativida<strong>de</strong>s diurnas e<br />
noturnas, para uso nas quatro estações do ano e em diferentes<br />
condições climáticas. O principal condicionante<br />
<strong>de</strong>ssa intervenção é buscar a animação <strong>de</strong> todo o parque<br />
com um mínimo <strong>de</strong> interferência na paisagem e na topografia,<br />
sem per<strong>de</strong>r em área ver<strong>de</strong> útil. Tiago ressalta que o<br />
projeto foi <strong>de</strong>senvolvido sempre com o referencial <strong>de</strong> integrar<br />
os novos equipamentos à paisagem natural do terreno,<br />
através do uso <strong>de</strong> estruturas enterradas, a<strong>de</strong>quadas à<br />
topografia do local; utilização da pedra como estrutura ou<br />
9<br />
A proposta geral <strong>de</strong><br />
revitalização do<br />
Parque da Luz<br />
e um <strong>de</strong>talhe do<br />
anfiteatro ao ar livre<br />
<strong>2º</strong> semestre/<strong>2008</strong><br />
“Com alguns ambientes abertos e outros fechados,<br />
os projetos prevêem a utilização dos dois espaços<br />
em dias ensolarados ou chuvosos, no inverno e<br />
no verão, <strong>de</strong> dia e <strong>de</strong> noite, trazendo <strong>de</strong> fato ‘vida’ ao<br />
lugar, ou seja, pessoas em ativida<strong>de</strong>s e horários variados<br />
que po<strong>de</strong>m usufruir <strong>de</strong>ste patrimônio urbano,<br />
social, natural e cultural”, resume a orientadora dos<br />
projetos, Maristela Moraes <strong>de</strong> Almeida.<br />
revista<br />
UNISUL
evista<br />
UNISUL<br />
<strong>2º</strong> semestre/<strong>2008</strong><br />
para revestimento; terraços e plataformas, em diferentes<br />
patamares para explorar o visual do entorno.<br />
Sob o ponto <strong>de</strong> vista mais técnico, as edificações propostas<br />
seguem uma linguagem compositiva em comum,<br />
estabelecida por um módulo básico em planta (5x10m)<br />
que, combinado <strong>de</strong> diversas formas, resulta em<br />
volumetrias diferenciadas, moldadas <strong>de</strong> acordo com cada<br />
ativida<strong>de</strong> que irão abrigar e tirando partido do local em<br />
que foram implantadas.<br />
O projeto inclui um anfiteatro ao ar livre utilizando as<br />
curvas <strong>de</strong> nível naturais do terreno; mirantes que funcionam<br />
como totens <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação e que se <strong>de</strong>stacam como<br />
PONTA DO CORAL<br />
A Ponta do Coral, um terreno com mais <strong>de</strong><br />
23 mil metros quadrados localizado em uma das<br />
partes mais nobres da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Florianópolis,<br />
entre o mar e a avenida Beira-Mar Norte, próximo<br />
ao Palácio do Governo, é o assunto do TCC<br />
<strong>de</strong> Ernando Zatariano Junior.<br />
A área <strong>de</strong> paisagem singular já foi palco<br />
<strong>de</strong> muita polêmica há algumas décadas, quando<br />
da divulgação do plano <strong>de</strong> construir ali um<br />
hotel <strong>de</strong> alto padrão. "Minha proposta procura<br />
dar um <strong>de</strong>stino a essa área, que contemple todas<br />
as partes em litígio, ao mesmo tempo em<br />
que propõe uma reinserção dos espaços públicos na vida<br />
da cida<strong>de</strong>", diz seu autor.<br />
Além disso, a intenção é propiciar um uso para esta<br />
área <strong>de</strong> modo que ela se torne parte integrante da vida<br />
da cida<strong>de</strong>, sendo um local em que jovens, adultos e crianças<br />
possam ter ativida<strong>de</strong>s em diversos períodos do dia.<br />
"O que se vê hoje é um abandono da esfera pública,<br />
com os locais <strong>de</strong> encontro passando a ser as áreas privadas,<br />
como praças <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong> shoppings. Não<br />
adianta também simplesmente sair criando áreas <strong>de</strong> uso<br />
público sem que a população as utilize. Temos que rever<br />
as únicas edificações verticalizadas; um local <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso<br />
e suporte aos turistas, com sanitários e informações;<br />
um café-bar assentado sobre o afloramento rochoso existente<br />
e com visão para a baía sul e a ponte; uma biblioteca,<br />
além <strong>de</strong> áreas para feiras e eventos, praça seca e<br />
estacionamento.<br />
Segundo a orientadora do TCC, "Tiago <strong>de</strong>senvolveu<br />
uma proposta arquitetônica que se <strong>de</strong>staca por manter a<br />
área ver<strong>de</strong> do local - exigência do zoneamento previsto<br />
no plano diretor da cida<strong>de</strong> - mas inserindo edificações<br />
que só po<strong>de</strong>riam ser viabilizadas por estarem semi-enterradas<br />
e cobertas por jardins".<br />
10<br />
Ponta do Coral: todas<br />
edificações remetem à forma<br />
<strong>de</strong> conchas, na mesma<br />
proporção do terreno
o modo <strong>de</strong> vida da socieda<strong>de</strong> contemporânea para criar<br />
áreas <strong>de</strong> uso público que atendam aos seus interesses",<br />
acredita Ernando.<br />
Sua proposta prevê a implantação <strong>de</strong> uma casa <strong>de</strong><br />
cultura e <strong>de</strong> uma praça gastronômica, que po<strong>de</strong>m ser exploradas<br />
pela iniciativa privada. Também os pescadores que<br />
tiram dali seu sustento seriam favorecidos, com a inserção<br />
<strong>de</strong> um píer e <strong>de</strong> uma cooperativa <strong>de</strong> pesca, que po<strong>de</strong>ria<br />
ven<strong>de</strong>r os produtos pescados, além <strong>de</strong> peças <strong>de</strong> artesanato<br />
e trabalhos manuais das mulheres dos pescadores.<br />
A casa <strong>de</strong> cultura foi pensada como um espaço para<br />
apresentações artísticas e também para o aprendizado,<br />
incluindo salas para aulas, além <strong>de</strong> bar, café e uma biblioteca<br />
livre, on<strong>de</strong> os usuários po<strong>de</strong>riam pegar livros e<br />
revistas emprestados para ler no parque. Outros espaços<br />
previstos são locais para feiras, jogos, exercícios e parque<br />
infantil, além <strong>de</strong> um lago artificial com <strong>de</strong>ck para<br />
pedalinhos e muita vegetação para garantir clima agradável<br />
e absorver o barulho da cida<strong>de</strong>.<br />
Decks e quiosques foram distribuídos pelo terreno, a<br />
fim <strong>de</strong> oferecer tanto uma área <strong>de</strong> repouso e apreciação<br />
da paisagem, bem como dar suporte a ativida<strong>de</strong>s da<br />
casa da cultura que po<strong>de</strong>m ocorrer pelo parque, como<br />
aulas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho ao ar livre, ensaios <strong>de</strong> instrumentistas<br />
etc. E, se chover, todo o trajeto <strong>de</strong> circulação prevê cobertura,<br />
da a entrada à extremida<strong>de</strong> oposta. Ou seja, é<br />
possível chegar e se locomover no parque sem ficar sujeito<br />
ao vento ou à chuva.<br />
Os acessos ao parque ocorrem, <strong>de</strong> acordo com a<br />
proposta, por uma passarela que atravessa a avenida<br />
Beira-Mar, fazendo uma ligação com um terreno público<br />
existente, e que serviria também <strong>de</strong> estacionamento.<br />
Outro acesso sairia da avenida e levaria ciclistas e pe<strong>de</strong>stres<br />
para o interior do parque. Haveria acesso para<br />
<strong>de</strong>sembarque rápido e também outro por via marítima,<br />
por on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>riam chegar turistas e comensais para a<br />
praça da alimentação.<br />
O TCC <strong>de</strong> Ernando, mais do que apenas edificações<br />
para uma praça pública comum, procura gerar ativida<strong>de</strong>s<br />
e movimento para o local, na perspectiva <strong>de</strong> um<br />
espaço público sustentável. Uma parceria pública e privada;<br />
um equilíbrio entre as duas propostas já existentes<br />
para o local: a construção <strong>de</strong> um hotel particular e a<br />
i<strong>de</strong>alização <strong>de</strong> um parque. A professora Maristela ressalta<br />
o fato <strong>de</strong> que o <strong>de</strong>senho das edificações remete a formas<br />
<strong>de</strong> conchas, em correlação com a <strong>de</strong>nominação da<br />
Ponta do Coral, obe<strong>de</strong>cendo também a mesma proporção<br />
<strong>de</strong> largura e comprimento do terreno.<br />
11<br />
<strong>2º</strong> semestre/<strong>2008</strong><br />
revista<br />
UNISUL<br />
Outros dois projetos referem-se a edificações para terrenos<br />
em encostas com visuais privilegiados para o mar ou<br />
lagoas - comuns em Florianópolis, no litoral catarinense e<br />
em muitos outros lugares. Segundo a professora Maristela,<br />
"as características comuns neste tipo <strong>de</strong> área com<br />
<strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> acentuada são as questões <strong>de</strong> orientação solar,<br />
conexão visual e física com a paisagem, contenção do solo,<br />
acessos, drenagem das águas pluviais e inserção ou manutenção<br />
da vegetação a<strong>de</strong>quada".<br />
CASA POPULAR<br />
Um projeto <strong>de</strong> habitação para pessoas <strong>de</strong> baixa renda,<br />
e a<strong>de</strong>quada a terrenos <strong>de</strong> encosta, foi o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong><br />
Anelise Sityá Bagnati Valles em seu TCC. Ela procurou<br />
minimizar o custo das construções, o baixo impacto<br />
ambiental e a sustentabilida<strong>de</strong> da obra, sem esquecer da<br />
beleza arquitetônica e da relação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> com seus<br />
proprietários e a comunida<strong>de</strong>. Anelise fez seu projeto<br />
voltado para o Morro do Mocotó, no maciço do Morro<br />
da Cruz, em Florianópolis, um assentamento irregular e<br />
espontâneo, com condições muito precárias quanto a<br />
suas habitações e infra-estrutura básica existente.<br />
"O projeto foi <strong>de</strong>senvolvido para as condições<br />
ambientais <strong>de</strong>sse local, mas também po<strong>de</strong> ser implantado<br />
em outras áreas <strong>de</strong> encostas, com características semelhantes,<br />
em outras cida<strong>de</strong>s", diz Maristela.<br />
Como forma <strong>de</strong> respeitar o perfil natural do terreno,<br />
as unida<strong>de</strong>s habitacionais foram implantadas paralelamente<br />
às curvas <strong>de</strong> nível, em cotas e ângulos diferentes,<br />
criando uma diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> visuais que acompanham
evista<br />
UNISUL<br />
Casas sob pilotis e<br />
volumetria <strong>de</strong> formas<br />
simples e retas que<br />
imitam a<br />
sinuosida<strong>de</strong> das<br />
encostas<br />
<strong>2º</strong> semestre/<strong>2008</strong><br />
12<br />
os ângulos e giros naturais do morro. Também melhoram<br />
a insolação e ventilação, assim como uma redução no<br />
número <strong>de</strong> cortes e aterros necessários para o bom funcionamento<br />
do conjunto.<br />
Outra opção <strong>de</strong> Anelise foi elevar as moradias do solo,<br />
através <strong>de</strong> pilotis, diminuindo a área <strong>de</strong> contato da casa<br />
com a umida<strong>de</strong> do solo. A volumetria, em formas simples<br />
e linhas retas, propõe um jogo <strong>de</strong> volumes salientes e recuados<br />
que imitam a sinuosida<strong>de</strong> da encosta, criando<br />
paralelos entre ambiente natural e construído. Também os<br />
telhados acompanham a inclinação natural do terreno.<br />
Todos os materiais foram pensados <strong>de</strong> forma a garantir<br />
a melhor relação paisagem natural e construída. Aberturas<br />
e estrutura da cobertura são em ma<strong>de</strong>ira, com telhas<br />
cerâmicas que melhoram o isolamento térmico e são encontradas<br />
facilmente na região, diminuíndo o custo <strong>de</strong><br />
transporte. Para o sistema <strong>de</strong> estrutura e vedação a proposta<br />
é o sistema construtivo composto por painéis préfabricados,<br />
com garrafas plásticas no interior, recebendo<br />
armadura e argamassa <strong>de</strong> revestimento (<strong>de</strong>senvolvido pela<br />
aluna Thaís Lohmann Provenzano, do curso <strong>de</strong> pós-graduação<br />
em arquitetura da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa<br />
Catarina - UFSC).<br />
Anelise também pensou em outras maneiras <strong>de</strong> diminuir<br />
os custos e os danos ao meio ambiente. Propõe um<br />
sistema <strong>de</strong> aquecimento solar, com coletores feitos <strong>de</strong> garrafas<br />
plásticas e embalagens longa vida (<strong>de</strong>senvolvido por<br />
José Alcino Alano), e lajes ver<strong>de</strong>s (<strong>de</strong> acordo com projeto<br />
<strong>de</strong>senvolvido pelo aluno Alberto Lohmann, do Pós-Arq da<br />
UFSC), que são coberturas vegetais que auxiliam no conforto<br />
térmico das habitações - no calor e no frio ajudam a<br />
manter a temperatura mais amena <strong>de</strong>ntro da edificação, e<br />
protegem a laje da insolação direta.<br />
Além das questões construtivas, salienta-se a solução<br />
formal cuidadosamente elaborada, as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
ampliação e <strong>de</strong> uso, que compatibilizam a moradia com a<br />
opção <strong>de</strong> local também para trabalho. De forma geral, a<br />
proposta habitacional visa a resgatar a cidadania por meio<br />
da valorização do local <strong>de</strong> moradia.<br />
POUSADA ECOLÓGICA<br />
A arquitetura <strong>de</strong> hospedagem em área <strong>de</strong> encosta no<br />
litoral <strong>de</strong> Santa Catarina foi o tema <strong>de</strong> Conrado Abbott<br />
Kalil. Ele <strong>de</strong>senvolveu seu TCC estudando ecotécnicas<br />
aplicadas ao projeto <strong>de</strong> uma pousada sustentável. O <strong>de</strong>safio<br />
foi consi<strong>de</strong>rar as interações homem-ambiente a partir<br />
dos critérios <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> habitabilida<strong>de</strong>.<br />
"O conjunto das edificações resultou em uma solução
com o equilíbrio entre <strong>de</strong>safio e respeito à natureza, entre<br />
uma complexida<strong>de</strong> funcional e construtiva e uma síntese<br />
formal ao mesmo tempo rústica e sofisticada", sintetiza a<br />
professora Maristela.<br />
O trabalho foi <strong>de</strong>senvolvido <strong>de</strong>ntro do conceito <strong>de</strong><br />
que uma pousada, construção <strong>de</strong>stinada à hospedagem,<br />
caracteriza-se por um número reduzido <strong>de</strong> acomodações,<br />
em que o hóspe<strong>de</strong> encontra privacida<strong>de</strong> e sossego, mas<br />
também conta com espaços para o convívio e socialização,<br />
nos momentos em que assim <strong>de</strong>sejarem, além <strong>de</strong><br />
ambientes <strong>de</strong> serviço e apoio.<br />
"Procurei obter as melhores condições <strong>de</strong> insolação, ventilação<br />
e iluminação natural para as edificações e, ao mesmo<br />
tempo, proporcionar os melhores visuais para a natureza<br />
circundante em cada uma das edificações", diz o autor<br />
do projeto. Estas estratégias permitem também diminuir o<br />
consumo <strong>de</strong> energia. Como o terreno, na praia <strong>de</strong> Ibiraquera<br />
(SC), possui <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> voltada para su<strong>de</strong>ste on<strong>de</strong> também<br />
estão as vistas para as lagoas, era importante garantir<br />
a visualização da paisagem mas, também, preservar as cabanas<br />
da incidência dos ventos fortes e frios, além <strong>de</strong> buscar<br />
a<strong>de</strong>quada iluminação natural e insolação para os ambientes.<br />
Equacionar este fatores, além <strong>de</strong> vencer a forte<br />
<strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma a integrar a arquitetura ao lugar, constituíram-se<br />
num exercício <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong> e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
resolução construtiva intensos.<br />
Conrado acrescenta que "as características construtivas<br />
foram selecionadas no sentido <strong>de</strong> formar um conjunto harmônico,<br />
com edificações <strong>de</strong> diferentes funções, escalas e<br />
finalida<strong>de</strong>s, mas integradas na concepção, <strong>de</strong> maneira que<br />
tenham uma só i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>". O <strong>de</strong>senho das pare<strong>de</strong>s externas<br />
alargadas na base, lembrando fortificações, assentam<br />
as edificações na encosta, conferindo maior estabilida<strong>de</strong> e<br />
equilíbrio e compensando a inclinação natural do terreno.<br />
As coberturas, <strong>de</strong> uma só água, buscam a luz inci<strong>de</strong>nte<br />
na orientação Norte, que se faz pelo topo da encosta.<br />
Sua inclinação imita a <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> do terreno e recebe<br />
cobertura vegetal, remetendo à idéia <strong>de</strong> que o solo edificado<br />
foi elevado, tornando-se um telhado ver<strong>de</strong>.<br />
As ecotécnicas implantadas voltam-se para a redução<br />
dos índices <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> energia e <strong>de</strong> água<br />
fornecidas por re<strong>de</strong>s, obtendo-se parte <strong>de</strong>stes bens diretamente<br />
da natureza. O projeto buscou edificar <strong>de</strong> forma<br />
ecológica, traduzida pela utilização <strong>de</strong> materiais construtivos<br />
<strong>de</strong> baixo consumo energético, pelas ecotécnicas incorporadas<br />
e pela responsabilida<strong>de</strong> ambiental no manejo<br />
da edificação, apresentando um conjunto construído <strong>de</strong><br />
baixo impacto ambiental que envolva cuidados com a<br />
natureza local.<br />
13<br />
<strong>2º</strong> semestre/<strong>2008</strong><br />
Pousada ecológica:<br />
equilíbrio entre<br />
<strong>de</strong>safio e respeito à<br />
natureza, síntese<br />
entre rústico e<br />
sofisticado<br />
revista<br />
UNISUL
evista<br />
UNISUL<br />
<strong>2º</strong> semestre/<strong>2008</strong><br />
Pequenas<br />
máquinas se<br />
transformam em<br />
gran<strong>de</strong>s<br />
computadores<br />
Os clusters permitem que vários<br />
computadores in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, ligados por<br />
uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação<br />
e equipados com um software<br />
que compartilha recursos,<br />
transformem-se em supercomputadores<br />
14<br />
É possível ter um supercomputador sem precisar<br />
comprar um. A alternativa são os clusters, uma espécie<br />
<strong>de</strong> “frankenstein” cibernético formado por vários<br />
computadores unidos como se fossem um só.<br />
Ou seja, computadores in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes ligados por<br />
uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação e equipados com um<br />
software que permite o compartilhamento <strong>de</strong> recursos,<br />
permitindo a distribuição <strong>de</strong> tarefas entre eles.<br />
Foi o que fizeram Patrick <strong>de</strong> Melo e Geisa Pires <strong>de</strong><br />
Mello, formados no curso <strong>de</strong> Tecnologia em Re<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> Computadores. Como trabalho <strong>de</strong> conclusão <strong>de</strong><br />
curso (TCC) , eles fizeram um supercomputador a<br />
partir <strong>de</strong> cinco PCs antigos.<br />
Des<strong>de</strong> que esta solução foi criada pela IBM na<br />
década <strong>de</strong> 1960, clusters são utilizados em pesquisas<br />
científicas, cálculos intensivos e em diversas funções<br />
que exijem máquinas potentes.<br />
Geisa e Patrick utilizaram este mesmo conceito<br />
para uma finalida<strong>de</strong> um pouco diferente, pensando<br />
em usuários que apenas vez ou outra precisam <strong>de</strong><br />
um supercomputador.<br />
Eles utilizaram o software OpenMosix, que possibilita<br />
a conversão <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> clássica <strong>de</strong> computadores<br />
em um supercomputador para aplicações<br />
no sistema operacional Linux. O funcionamento<br />
segue uma rotina semelhante<br />
à <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> colegas funcionários.<br />
Uma vez instalado, os nós<br />
do cluster mantêm comunicações entre<br />
eles sobre a disponibilida<strong>de</strong> dos<br />
recursos (processador e memória), o<br />
que permite a cada máquina ter conhecimento<br />
se outra está mais ou menos<br />
disponível para utilizar seus recursos.<br />
Desta forma, se um computador<br />
com vários processos <strong>de</strong>tecta que<br />
outro tem disponibilida<strong>de</strong> superior,<br />
então um <strong>de</strong>sses processos é transferido<br />
para o último.<br />
"Po<strong>de</strong>mos observar no cluster OpenMosix, que para<br />
os mais variados segmentos, sejam eles industriais, comerciais,<br />
caseiros, educacionais, cinematográficos, <strong>de</strong><br />
organizações públicas ou privadas, enfim, qualquer<br />
ativida<strong>de</strong> que utilize recursos <strong>de</strong> informática para<br />
processamento <strong>de</strong> dados, haverá sempre um tipo <strong>de</strong><br />
cluster que po<strong>de</strong> ser feito para aumento <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong><br />
ou da disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse processamento", ressaltam<br />
os estudantes no TCC.
A leitura, no<br />
meio impresso<br />
ou no digital?<br />
15<br />
<strong>2º</strong> semestre/<strong>2008</strong><br />
revista<br />
UNISUL<br />
Se a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> hoje é ditada pela internet,<br />
que torna tudo instantâneo, como fica a absorção<br />
da leitura nesse ritmo? Tatiani Daiana <strong>de</strong> Novaes foi<br />
atrás <strong>de</strong>ssa indagação para sua dissertação <strong>de</strong><br />
mestrado em Ciências da Linguagem. Para isso, realizou<br />
um experimento <strong>de</strong> leitura comparando o suporte<br />
impresso e o digital. “O digital influencia <strong>de</strong><br />
maneira positiva o resultado da compreensão”, revela<br />
a pesquisadora.<br />
Para verificar se havia diferença, Tatiani realizou<br />
uma pesquisa com voluntários. Cada um leu um<br />
mesmo texto, em apenas um suporte, e respon<strong>de</strong>u<br />
questões formuladas para que pu<strong>de</strong>sse ser avaliada<br />
a compreensão da leitura. “A comparação das versões<br />
no suporte impresso e na tela mostrou que a<br />
leitura no ambiente impresso é um pouco diferente<br />
da leitura no digital, conforme já se havia previsto.<br />
O segundo grupo teve um melhor <strong>de</strong>sempenho -<br />
56,66% - enquanto que a leitura no impresso atingiu<br />
46,66% <strong>de</strong> compreensão.<br />
Esses resultados são corroborados por testes realizados<br />
por outros pesquisadores, salienta Tatiani, que<br />
observa: “É difícil provar a superiorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um ou<br />
outro suporte porque a diferença entre eles não é tão<br />
gran<strong>de</strong>”. Ela ressalta que, no processo <strong>de</strong> leitura e<br />
compreensão, muitos elementos estão envolvidos,<br />
além <strong>de</strong> fatores cognitivos individuais, também fatores<br />
externos. Quer seja no suporte impresso ou no<br />
digital, o processo envolve autor, texto e leitor – que<br />
é quem, através <strong>de</strong> seu conhecimento lingüístico-textual<br />
e <strong>de</strong> mundo, constrói o significado <strong>de</strong> um texto.<br />
“A reflexão sobre o estudo comparativo faz acreditar<br />
que a leitura digital não traz em si nenhuma<br />
transformação ou característica inovadora. É um novo<br />
formato <strong>de</strong> texto, e como todo texto, exige o<br />
envolvimento, o conhecimento <strong>de</strong> suas características,<br />
os objetivos <strong>de</strong> leitura, a familiarida<strong>de</strong> com o<br />
gênero, o conhecimento do suporte, o conhecimento<br />
do assunto e a motivação”, acredita a pesquisadora.<br />
Em sua dissertação, ela ainda coloca: “Há uma<br />
necessida<strong>de</strong> crescente <strong>de</strong> se conhecer as características<br />
e peculiarida<strong>de</strong>s do novo modo <strong>de</strong> ler que o computador<br />
possibilita, para, assim, apropriar-se <strong>de</strong> suas<br />
possíveis vantagens. A leitura digital apresenta potenciais<br />
e limitações. Este espaço é uma ferramenta<br />
importante para a divulgação <strong>de</strong> informações e para<br />
a formação <strong>de</strong> leitores, favorece a troca <strong>de</strong> informações<br />
e o acesso ao conhecimento”.
evista<br />
UNISUL<br />
<strong>2º</strong> semestre/<strong>2008</strong><br />
Diploma<br />
na mão, a<br />
vida pela<br />
frente<br />
16<br />
Na vitrine dos sonhos, cada um<br />
pegou a imagem que mais lhe<br />
inspirava e a acalentou durante<br />
cinco anos (às vezes quatro, seis,<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do curso). Dentro <strong>de</strong><br />
alguns meses, uma cerimônia<br />
festiva vai encerrar esse tempo<br />
passado entre livros e estudos,<br />
burilando e recheando <strong>de</strong> realida<strong>de</strong><br />
aquela imagem sonhada
Ao receber seu diploma, Cecília Rosing Steffen<br />
cumpre um <strong>de</strong>stino traçado quando ainda era<br />
pequena e a sua avó, <strong>de</strong> tanto ouvir as tagarelices<br />
da pirralha, vaticinou: “Essa menina tem <strong>de</strong><br />
ser advogada”. Agora ela é. Ou quase, já que a<br />
formatura do curso <strong>de</strong> Direito acontece no início<br />
<strong>de</strong> 2009. “Sempre tive muita facilida<strong>de</strong> com as<br />
palavras e, como a frase da minha avó não saía<br />
da minha cabeça, comecei a prestar atenção nessa<br />
profissão e nos profissionais; e olha eu aqui hoje,<br />
prestes a me tornar um <strong>de</strong>les”, diz Cecília, entusiasmada<br />
com a realida<strong>de</strong> que começa a surgir pós<br />
vida <strong>de</strong> estudante.<br />
Bem diferente <strong>de</strong>la, a primeira opção <strong>de</strong> vida<br />
que Guilherme Tafner tentou realizar foi a <strong>de</strong> jogador<br />
<strong>de</strong> futebol. Não <strong>de</strong>u certo. Às vésperas <strong>de</strong><br />
receber o diploma <strong>de</strong> engenheiro <strong>de</strong> produção,<br />
ele não pensa mais naquele sonho. “Fiquei entre<br />
Engenharia Mecânica e Administração. Acabei<br />
fazendo vestibular para Engenharia <strong>de</strong> Produção<br />
e gostei bastante”, conta. Seu colega <strong>de</strong> turma,<br />
Rafael Sada Koller, fez vestibular sem pensar muito<br />
e, apesar disso, hoje não vê outra coisa que<br />
gostaria <strong>de</strong> fazer na vida.<br />
Eles estão satisfeitos, dizem. Mas olhando para<br />
trás, os jovens formandos fariam uma coisa diferente<br />
nesses anos passados na universida<strong>de</strong>: prestariam<br />
mais atenção em disciplinas que passaram<br />
“batido”, principalmente nas primeiras fases do<br />
curso. Filosofia e Sociologia, por exemplo. “A gente<br />
entra na faculda<strong>de</strong> e quer chegar logo às matérias<br />
específicas da profissão; na hora não dá muita<br />
importância a essas outras, mas agora vejo que<br />
elas dão um alicerce e um respaldo para quando<br />
chegamos à parte técnica”, reconhece Edna dos<br />
Santos Foneca, que em fevereiro estará recebendo<br />
o tão esperado diploma <strong>de</strong> enfermeira. “Pra<br />
que tanto cálculo, tanta equação, me perguntei<br />
muitas vezes. Mas isso sempre agrega algum valor,<br />
agiliza o raciocínio”, acredita hoje Maria<br />
Aparecida Goulart, formanda <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong><br />
Produção.<br />
Por isso, o conselho que eles dariam a um<br />
calouro: “Que estu<strong>de</strong>m bastante, aproveitem a<br />
oportunida<strong>de</strong>, mesmo em disciplinas que não parecem<br />
importantes para a vida profissional”, diz<br />
Maria Aparecida. E outro também: “Usar as oportunida<strong>de</strong>s<br />
para botar a teoria em prática, fazer estágios<br />
sempre que possível”, aconselha Rafael.<br />
“Não medi as conseqüências para conseguir o<br />
que queria, agora estou esgotada, estressada. Tive<br />
que dividir meu tempo entre a universida<strong>de</strong> e dois<br />
empregos”, diz a quase enfermeira Edna. Terminado<br />
o Segundo Grau, ela fez curso técnico <strong>de</strong> Enfermagem<br />
e trabalhou durante quatro anos para<br />
financiar o sonho que tem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que percebeu a<br />
facilida<strong>de</strong> que tinha<br />
nas aulas <strong>de</strong> Biologia.<br />
Depois <strong>de</strong>sse tempo,<br />
conseguiu entrar na<br />
universida<strong>de</strong> e continuou<br />
com os dois empregos<br />
para po<strong>de</strong>r se<br />
manter - cada um com<br />
escala e turno diferentes,<br />
o que a obrigava,<br />
muitas vezes, a não ter<br />
sempre uma boa noite<br />
<strong>de</strong> sono. Às vezes, saia<br />
<strong>de</strong> um plantão noturno<br />
direto para o outro<br />
emprego. Nos finais <strong>de</strong><br />
semana, ainda cuidava<br />
<strong>de</strong> crianças e idosos.<br />
E fazia faxina.<br />
“Claro que logo vou<br />
esquecer esse cansaço,<br />
mas pensando agora<br />
talvez <strong>de</strong>ixasse um dos empregos”, reflete.<br />
Desilusões com a profissão, não. Mais com os<br />
profissionais. No meio do caminho, bem que Cecília,<br />
apesar <strong>de</strong> todo o entusiasmo, ficou abalada<br />
ao perceber a diferença que havia entre a imagem<br />
que ela fazia da profissão escolhida e a visão que<br />
a socieda<strong>de</strong> tinha. “As pessoas só viam os maus<br />
profissionais e zombavam. Algumas vezes cheguei<br />
até a ficar constrangida. Mas é assim com todas<br />
as profissões: tem os bons e os maus profissionais”,<br />
argumenta.<br />
Roseli <strong>de</strong> Souza Goes não se <strong>de</strong>cepcionou. Viu<br />
que “não é só isso”. Ela já trabalhava na área <strong>de</strong><br />
produção <strong>de</strong> uma empresa e durante muito tempo<br />
17<br />
<strong>2º</strong> semestre/<strong>2008</strong><br />
revista<br />
UNISUL