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Diário do Legislativo de 16/10/1999 - A Assembleia

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<strong>Diário</strong> <strong>do</strong> <strong>Legislativo</strong> <strong>de</strong> <strong>16</strong>/<strong>10</strong>/<strong>1999</strong><br />

MESA DA ASSEMBLÉIA<br />

Presi<strong>de</strong>nte: An<strong>de</strong>rson Adauto - PMDB<br />

1º-Vice-Presi<strong>de</strong>nte: José Braga - PDT<br />

2º-Vice-Presi<strong>de</strong>nte: Durval Ângelo - PT<br />

1º-Secretário: Dilzon Melo - PTB<br />

2º-Secretário: Gil Pereira - PPB<br />

SUMÁRIO<br />

1 - ATAS<br />

1.1 - 81ª Reunião Ordinária<br />

1.2 - 30ª Reunião Especial<br />

1.3 - 31ª Reunião Especial<br />

1.4 - 32ª Reunião Especial<br />

1.5 - 34ª Reunião Especial<br />

1.6 - 77ª Reunião Ordinária Interrompida<br />

2 - ORDENS DO DIA<br />

2.1 - Comissões<br />

3 - EDITAIS DE CONVOCAÇÃO DE REUNIÃO<br />

3.1 - Plenário<br />

3.2 - Comissão<br />

4 - TRAMITAÇÃO DE PROPOSIÇÕES<br />

5 - COMUNICAÇÕES DESPACHADAS PELO SR. PRESIDENTE<br />

6 - CORRESPONDÊNCIA DESPACHADA PELO SR. 1º-SECRETÁRIO<br />

ATAS<br />

7 - MATÉRIA ADMINISTRATIVA]<br />

8 - ERRATA<br />

ATA DA 81ª REUNIÃO ORDINÁRIA, EM 14/<strong>10</strong>/99<br />

Presidência <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s José Braga e Ambrósio Pinto<br />

Sumário: Comparecimento - Abertura - 1ª Parte: 1ª Fase (Expediente): Ata - Correspondência: Mensagem nº 59/99 (encaminha solicitação <strong>de</strong> retirada <strong>de</strong> tramitação <strong>do</strong> Projeto <strong>de</strong> Lei<br />

nº 549/99), <strong>do</strong> Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> - Ofícios - 2ª Fase (Gran<strong>de</strong> Expediente): Apresentação <strong>de</strong> Proposições: Projetos <strong>de</strong> Lei nºs 614 a 619/99 - Requerimentos nºs 799 a 801/99 -<br />

Proposições não recebidas: Requerimentos <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Irani Barbosa e da Comissão <strong>de</strong> Administração Pública - Comunicações: Comunicações <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s Wan<strong>de</strong>rley Ávila e<br />

Mauri Torres - Interrupção e reabertura <strong>do</strong>s trabalhos ordinários - Encerramento.<br />

- Comparecem os Deputa<strong>do</strong>s:<br />

Comparecimento<br />

José Braga - Durval Ângelo - Dilzon Melo - Gil Pereira - A<strong>de</strong>lino <strong>de</strong> Carvalho - A<strong>de</strong>lmo Carneiro Leão - Agostinho Patrús - Agostinho Silveira - Alberto Bejani - Álvaro Antônio -<br />

Ambrósio Pinto - Amilcar Martins - Antônio Andra<strong>de</strong> - Antônio Carlos Andrada - Antônio Genaro - Antônio Roberto - Arlen Santiago - Bené Gue<strong>de</strong>s - Cabo Morais - César <strong>de</strong><br />

Mesquita - Chico Rafael - Dalmo Ribeiro Silva - Dimas Rodrigues - Dinis Pinheiro - Djalma Diniz - Doutor Viana - Edson Rezen<strong>de</strong> - Eduar<strong>do</strong> Daladier - Eduar<strong>do</strong> Hermeto - Elaine<br />

Matozinhos - Elbe Brandão - Elmo Braz - Ermano Batista - Fábio Avelar - Glycon Terra Pinto - Hely Tarqüínio - Irani Barbosa - Ivo José - João Paulo - João Pinto Ribeiro - José<br />

Henrique - José Milton - Luiz Fernan<strong>do</strong> Faria - Márcio Kangussu - Marco Régis - Maria José Haueisen - Maria Olívia - Maria Tereza Lara - Mauri Torres - Mauro Lobo - Olinto<br />

Godinho - Pastor George - Paulo Pettersen - Rêmolo Aloise - Rogério Correia - Sargento Rodrigues - Sebastião Costa - Sebastião Navarro Vieira - Wan<strong>de</strong>rley Ávila.


Abertura<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte (Deputa<strong>do</strong> José Braga) - Às 14h15min, a lista <strong>de</strong> comparecimento registra a existência <strong>de</strong> número regimental. Declaro aberta a reunião. Sob a proteção <strong>de</strong> Deus e em<br />

nome <strong>do</strong> povo mineiro, iniciamos os nossos trabalhos. Com a palavra, o Sr. 2º-Secretário, para proce<strong>de</strong>r à leitura da ata da reunião anterior.<br />

1ª Parte<br />

1ª Fase (Expediente)<br />

- A Deputada Maria Tereza Lara, 2ª-Secretária "ad hoc", proce<strong>de</strong> à leitura da ata da reunião anterior, que é aprovada sem restrições.<br />

- O Deputa<strong>do</strong> Doutor Viana, 1º-Secretário "ad hoc", lê a seguinte correspondência:<br />

Belo Horizonte, 8 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> <strong>1999</strong>.<br />

Senhor Presi<strong>de</strong>nte,<br />

Ata<br />

Correspondência<br />

"MENSAGEM Nº 59/99*<br />

Dirijo-me a V. Exa. para solicitar a retirada <strong>do</strong> Projeto <strong>de</strong> Lei nº 549/99, <strong>de</strong> <strong>16</strong> <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> <strong>1999</strong>, que autoriza o Po<strong>de</strong>r Executivo a criar a Fundação Estadual <strong>de</strong> Amparo e Apoio<br />

ao Trabalho <strong>do</strong> Preso e dá outras providências.<br />

Atenciosamente,<br />

Itamar Augusto Cautiero Franco, Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais."<br />

- Anexe-se ao Projeto <strong>de</strong> Lei nº 549/99.<br />

* - Publica<strong>do</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o original.<br />

OFÍCIOS<br />

Do Sr. Sávio Souza Cruz, Secretário <strong>de</strong> Administração, em atenção a pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> diligência da Comissão <strong>de</strong> Justiça, para subsidiar o exame <strong>do</strong> Projeto <strong>de</strong> Lei nº 436/99, informan<strong>do</strong><br />

que a Secretaria da Justiça foi consultada a respeito <strong>do</strong> assunto e que este <strong>Legislativo</strong> será cientifica<strong>do</strong> tão logo ela se pronuncie. (- Anexe-se ao Projeto <strong>de</strong> Lei nº 436/99.)<br />

Do Sr. Sávio Souza Cruz, Secretário <strong>de</strong> Administração, em atenção a requerimento <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Márcio Kangussu (medida a<strong>do</strong>tada pela Pasta no julgamento das acumulações<br />

ilícitas <strong>de</strong> cargos no Quadro <strong>do</strong> Magistério), informan<strong>do</strong> quais são as normas legais que tratam da matéria e os procedimentos administrativos utiliza<strong>do</strong>s nessa Secretaria. (- Anexe-se<br />

ao Requerimento nº 352/99.)<br />

Dos Srs. Antônio Francisco <strong>de</strong> Melo, Joaquim <strong>de</strong> Faria Lopes, Mo<strong>de</strong>stino Soares F. Neto, Paulo Vieira da Silveira, José Vicente Damasceno, João Batista <strong>de</strong> Bastos, José Miguel <strong>de</strong><br />

Oliveira e Paulo Roberto Nogueira, Prefeitos Municipais, respectivamente, <strong>de</strong> Bom Repouso, Aiuruoca, Presi<strong>de</strong>nte Juscelino, Divisa Nova, Buritis, São Félix <strong>de</strong> Minas, Macha<strong>do</strong> e<br />

Três Pontas, encaminhan<strong>do</strong> os quadros informativos sobre os convênios firma<strong>do</strong>s por esses municípios com o Esta<strong>do</strong>, para realização <strong>de</strong> obras. (- À Comissão Especial <strong>de</strong> Obras<br />

Municipais.)<br />

Do Sr. Pedro Siqueira Miguel, Prefeito Municipal <strong>de</strong> Serrania, informan<strong>do</strong> que no seu município todas as obras iniciadas por meio <strong>de</strong> convênios firma<strong>do</strong>s com o Esta<strong>do</strong> estão em<br />

andamento. (- À Comissão Especial <strong>de</strong> Obras Municipais.)<br />

Do Sr. Leonel Antunes Neto, Presi<strong>de</strong>nte da Câmara Municipal <strong>de</strong> Mato Ver<strong>de</strong>, informan<strong>do</strong> que no seu município não existe nenhuma obra iniciada, em andamento nem concluída<br />

por meio <strong>de</strong> convênio com o Esta<strong>do</strong>. (- À Comissão Especial <strong>de</strong> Obras Municipais.)<br />

Do Sr. Tarcísio Iran Rêgo, Presi<strong>de</strong>nte da Câmara Municipal <strong>de</strong> Montes Claros, encaminhan<strong>do</strong>, em atenção a requerimento <strong>do</strong> Verea<strong>do</strong>r Eurípe<strong>de</strong>s Xavier Souto, cópia <strong>de</strong> moção <strong>de</strong><br />

repúdio, aprovada por essa Casa, pelas <strong>de</strong>clarações <strong>do</strong> Sr. Armínio Fraga. (- À Comissão <strong>de</strong> Fiscalização Financeira.)<br />

Do Sr. Northon Neiva Diamantino, Presi<strong>de</strong>nte da Câmara Municipal <strong>de</strong> Teófilo Otôni, encaminhan<strong>do</strong>, em atenção a requerimento <strong>do</strong> Verea<strong>do</strong>r Paulo Estevão Peruhype Portugal,<br />

cópia <strong>de</strong> moção <strong>de</strong> repúdio, aprovada por essa Casa, pelas <strong>de</strong>clarações <strong>do</strong> Sr. Armínio Fraga. (- À Comissão <strong>de</strong> Fiscalização Financeira.)<br />

Do Sr. Antônio Er<strong>de</strong>s Bortoletti, Diretor-Geral <strong>do</strong> DER-MG, encaminhan<strong>do</strong>, em atenção ao Requerimento nº 340/99, a relação das linhas <strong>de</strong> transporte metropolitano e<br />

intermunicipal <strong>de</strong> passageiros sob o gerenciamento <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>partamento. (- Anexe-se ao Requerimento nº 340/99.)<br />

Do Sr. Hélio Salva<strong>do</strong>r Arêas, Secretário Adjunto da Secretaria da Saú<strong>de</strong>, colocan<strong>do</strong> à disposição <strong>de</strong>sta Casa, em atenção a requerimento <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> José Milton, cópia <strong>do</strong><br />

Memoran<strong>do</strong> nº 3<strong>16</strong>/29/9/99, emiti<strong>do</strong> pela Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Medicamentos Excepcionais.<br />

Do Sr. José Teixeira Dias e outros, Verea<strong>do</strong>res à Câmara Municipal <strong>de</strong> Virgem da Lapa, solicitan<strong>do</strong> seja consigna<strong>do</strong> voto <strong>de</strong> congratulações da Casa com o Sr. José Felipe Mota<br />

Coelho por sua indicação ao cargo <strong>de</strong> Diretor-Geral da CODEVALE. (- À Comissão <strong>de</strong> Administração Pública.)<br />

Do Sr. José Antônio <strong>de</strong> Moraes, Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Polícia da Secretaria da Segurança Pública, comunican<strong>do</strong>, em atenção a requerimento <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Dilzon Melo, que o Ofício<br />

nº 1.928/99 <strong>de</strong>u origem a instauração <strong>do</strong> Inquérito Policial nº 38.050 e que este foi remeti<strong>do</strong> à justiça <strong>de</strong>sta Comarca por meio <strong>do</strong> Ofício nº 4.750/98.<br />

Da Sra. Michela Pereira Souza Lima, Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Conselho Municipal <strong>de</strong> Assistência Social <strong>de</strong> Barão <strong>de</strong> Cocais, solicitan<strong>do</strong> que os Deputa<strong>do</strong>s votem contra a subvenção social<br />

repassada pelo Po<strong>de</strong>r <strong>Legislativo</strong>, garantin<strong>do</strong> a locação <strong>de</strong>ste recurso no Fun<strong>do</strong> Estadual <strong>de</strong> Assistência Social. (- Anexe-se ao Veto à Proposição <strong>de</strong> Lei nº 14.125.)


Do Sr. João Batista Franco, Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>do</strong> PMDB no Noroeste, solicitan<strong>do</strong> o empenho <strong>do</strong>s parlamentares na aprovação <strong>do</strong> Projeto <strong>de</strong> Lei nº 40/99, que é <strong>de</strong> interesse <strong>do</strong>s exfuncionários<br />

da MinasCaixa. (- Anexe-se ao Projeto <strong>de</strong> Lei nº 40/99.)<br />

Da Sra. Maria Bárbara <strong>de</strong> Oliveira, solicitan<strong>do</strong> a aprovação da Proposta <strong>de</strong> Emenda à Constituição nº 17/99, que trata da jornada <strong>de</strong> trabalho <strong>do</strong>s especialistas <strong>de</strong> educação, com<br />

direito à opção pelo regime <strong>de</strong> 40 horas semanais. (- Anexe-se à Proposta <strong>de</strong> Emenda à Constituição nº 17/99.)<br />

Do Sr. Vicente <strong>do</strong> Pra<strong>do</strong>, lí<strong>de</strong>r comunitário da Região Oeste <strong>de</strong> Belo Horizonte, solicitan<strong>do</strong> o empenho <strong>do</strong>s parlamentares em acabar com a obstrução aos trabalhos da Casa. (-<br />

Anexe-se ao Veto à Proposição <strong>de</strong> Lei nº 14.125.)<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - A Mesa passa a receber proposições.<br />

- Nesta oportunida<strong>de</strong>, são encaminhadas à Mesa as seguintes proposições:<br />

Dispõe sobre a exploração <strong>de</strong> loteria <strong>de</strong> números no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais.<br />

A Assembléia Legislativa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais <strong>de</strong>creta:<br />

2ª Fase (Gran<strong>de</strong> Expediente)<br />

Apresentação <strong>de</strong> Proposições<br />

PROJETO DE LEI Nº 614/99<br />

(Ex-Projeto <strong>de</strong> Lei nº 1.495/97)<br />

Art. 1º - A exploração, no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais, da modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> loteria numérica <strong>de</strong>nominada jogo <strong>do</strong> bicho rege-se pelo disposto nesta lei, observadas as exigências da<br />

legislação fe<strong>de</strong>ral pertinente.<br />

Art. 2º - Para a exploração <strong>do</strong> jogo <strong>do</strong> bicho, mediante autorização a ser concedida pela Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Esportes, uma vez legalizada esta modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> loteria numérica, o<br />

po<strong>de</strong>r público estadual promoverá o cadastramento <strong>do</strong>s interessa<strong>do</strong>s, observa<strong>do</strong>s os seguintes requisitos:<br />

I - ser pessoa física resi<strong>de</strong>nte e <strong>do</strong>miciliada no Esta<strong>do</strong> há pelo menos 5 (cinco) anos, conta<strong>do</strong>s da data <strong>de</strong> vigência <strong>de</strong>sta lei;<br />

II - <strong>de</strong>monstrar possuir experiência na exploração e no gerenciamento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s no setor lotérico;<br />

III - apresentar plano <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s e investimentos, a ser aprova<strong>do</strong> pela câmara <strong>de</strong> regulação a que se refere o art. 4º <strong>de</strong>sta lei.<br />

Parágrafo único - Constará, no mínimo, <strong>do</strong> plano <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s a que se refere o inciso III <strong>de</strong>ste artigo, a indicação <strong>do</strong> número <strong>de</strong> pontos <strong>de</strong> venda, o quantitativo <strong>de</strong> empregos<br />

gera<strong>do</strong>s e os limites territoriais propostos para a atuação.<br />

Art. 3º - Não será permitida a superposição <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> atuação <strong>do</strong>s interessa<strong>do</strong>s autoriza<strong>do</strong>s, exceto no caso <strong>de</strong> prévio entendimento entre <strong>do</strong>is ou mais interessa<strong>do</strong>s autoriza<strong>do</strong>s,<br />

comunica<strong>do</strong> ao po<strong>de</strong>r público.<br />

Parágrafo único - Desfeito o entendimento, mediante instrumento formal, fica autorizada a atuação, na área, daquele que originalmente <strong>de</strong>tiver a autorização pública para nela atuar.<br />

Art. 4º - Será criada uma câmara <strong>de</strong> regulação da ativida<strong>de</strong> lotérica, composta por 5 (cinco) representantes <strong>do</strong>s explora<strong>do</strong>res autoriza<strong>do</strong>s, 1 (um) representante da Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong><br />

da Fazenda e 1(um) representante da Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Esportes, que a presidirá.<br />

§ 1º - À câmara <strong>de</strong> regulação compete:<br />

I - <strong>de</strong>terminar o percentual <strong>do</strong>s recursos arrecada<strong>do</strong>s a serem <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s à premiação;<br />

II - fiscalizar o pagamento das apostas e <strong>de</strong>cidir, em grau <strong>de</strong> recurso, quanto a eventuais divergências;<br />

III - examinar o plano <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s a que se refere o inciso III <strong>do</strong> art. 2º e sobre ele emitir parecer;<br />

IV - encaminhar à autorida<strong>de</strong> competente o mapeamento das áreas <strong>de</strong> atuação já existentes;<br />

V - comprovar o referendar as informações a que se refere o inciso II <strong>do</strong> art. 2º;<br />

VI - exercer outras ativida<strong>de</strong>s a serem <strong>de</strong>finidas em regulamento.<br />

§ 2º - Será cassada a autorização para exploração <strong>do</strong> jogo daquele que, após parecer da câmara <strong>de</strong> regulação, assegurada ampla <strong>de</strong>fesa, comprovadamente fraudar os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

apuração ou <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> efetuar os pagamentos <strong>do</strong>s prêmios contrata<strong>do</strong>s.<br />

Art. 5º - Do montante <strong>do</strong>s recursos brutos arrecada<strong>do</strong>s em cada extração será <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> à premiação um percentual não inferior a 30% (trinta por cento) e ao po<strong>de</strong>r público, na forma<br />

da lei, um percentual não inferior a 20% (vinte por cento).<br />

Parágrafo único - Dos recursos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s ao po<strong>de</strong>r público, 50% (cinqüenta por cento) serão <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s, sob forma <strong>de</strong> transferência obrigatória, ao município em que se <strong>de</strong>senvolve<br />

a ativida<strong>de</strong>s e o restante integrará a receita <strong>de</strong> um fun<strong>do</strong> específico <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> à promoção da segurança pública, a ser cria<strong>do</strong> em lei.<br />

Art. 6º - O Po<strong>de</strong>r Executivo regulamentará esta lei no prazo <strong>de</strong> 90 (noventa) dias conta<strong>do</strong>s da data <strong>de</strong> sua publicação.<br />

Art. 7º - Esta lei entra em vigor na data <strong>de</strong> sua publicação.


Art. 8º - Revogam-se as disposições em contrário.<br />

Sala das Reuniões, 7 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> <strong>1999</strong>.<br />

Alencar da Silveira Júnior<br />

Justificação: A exploração da modalida<strong>de</strong> lotérica <strong>de</strong>nominada jogo <strong>do</strong> bicho, ainda consi<strong>de</strong>rada contravenção penal, <strong>de</strong>verá ser regulamentada no Esta<strong>do</strong>, a partir da modificação da<br />

legislação fe<strong>de</strong>ral. Na realida<strong>de</strong>, o legisla<strong>do</strong>r não po<strong>de</strong> e não <strong>de</strong>ve estar alheio aos costumes vigentes, pois eles constituem a primeira e a mais importante fonte <strong>do</strong> direito.<br />

O projeto <strong>de</strong> lei que ora apresentamos visa provocar amplo <strong>de</strong>bate acerca <strong>de</strong> uma questão que não po<strong>de</strong> ser ignorada. Durante a discussão, a proposição <strong>de</strong>verá ser aprimorada, com a<br />

contribuição <strong>de</strong> representantes da socieda<strong>de</strong> civil, <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público e <strong>do</strong>s próprios parlamentares.<br />

Dessa forma, contamos com a participação <strong>do</strong>s nobres pares nos <strong>de</strong>bates e na apresentação <strong>de</strong> sugestões visan<strong>do</strong> ao aprimoramento da proposição ora apresentada.<br />

- Publica<strong>do</strong>, vai o projeto às Comissões <strong>de</strong> Justiça, <strong>de</strong> Educação e <strong>de</strong> Fiscalização Financeira para parecer, nos termos <strong>do</strong> art. 188, c/c o art. <strong>10</strong>2, <strong>do</strong> Regimento Interno.<br />

PROJETO DE LEI Nº 615/99<br />

Institui a obrigatorieda<strong>de</strong> da realização <strong>de</strong> exames <strong>de</strong> prevenção <strong>do</strong> câncer <strong>de</strong> próstata nos hospitais e centros <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da re<strong>de</strong> pública estadual, bem como naqueles subvenciona<strong>do</strong>s<br />

pelo Esta<strong>do</strong>.<br />

A Assembléia Legislativa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais <strong>de</strong>creta:<br />

Art. 1º - Os hospitais e centros <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da re<strong>de</strong> pública estadual ficam obriga<strong>do</strong>s a realizar, gratuitamente, exames <strong>de</strong> prevenção <strong>do</strong> câncer <strong>de</strong> próstata sempre que, a critério médico,<br />

este procedimento for julga<strong>do</strong> conveniente.<br />

Parágrafo único - O disposto neste artigo aplica-se a hospitais e <strong>de</strong>mais órgãos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> particulares subvenciona<strong>do</strong>s pelo Esta<strong>do</strong>.<br />

Art. 2º - Compete à Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> da Saú<strong>de</strong> a fiscalização <strong>do</strong> cumprimento da exigência <strong>de</strong> que trata o artigo anterior.<br />

Art. 3º - Esta lei será regulamentada pelo Po<strong>de</strong>r Executivo no prazo <strong>de</strong> noventa dias, conta<strong>do</strong>s da data <strong>de</strong> sua publicação.<br />

Art. 4º - Esta lei entra em vigor na data <strong>de</strong> sua publicação.<br />

Art. 5º - Revogam-se as disposições em contrário<br />

Sala das Reuniões, 7 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> <strong>1999</strong>.<br />

Gil Pereira<br />

Justificação: O câncer <strong>de</strong> próstata tem gran<strong>de</strong> incidência, principalmente em pacientes i<strong>do</strong>sos. Com um programa a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>mos, <strong>de</strong> forma simples, fazer o diagnóstico em<br />

tempo, para, por meio <strong>de</strong> méto<strong>do</strong>s cirúrgicos, promover a cura. O alcance social <strong>de</strong>ssa medida justifica a proposta em questão.<br />

- Publica<strong>do</strong>, vai o projeto às Comissões <strong>de</strong> Justiça, <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> Fiscalização Financeira para parecer, nos termos <strong>do</strong> art. 188, c/c o art. <strong>10</strong>2, <strong>do</strong> Regimento Interno.<br />

PROJETO DE LEI Nº 6<strong>16</strong>/99<br />

Declara <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública a Associação <strong>de</strong> Cooperação e Integração <strong>do</strong>s Porta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Deficiência <strong>de</strong> João Monleva<strong>de</strong> - ACINPODE -, com se<strong>de</strong> no Município <strong>de</strong> João<br />

Monleva<strong>de</strong>.<br />

A Assembléia Legislativa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais <strong>de</strong>creta:<br />

Art. 1º - Fica <strong>de</strong>clarada <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública a Associação <strong>de</strong> Cooperação e Integração <strong>do</strong>s Porta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Deficiência <strong>de</strong> João Monleva<strong>de</strong> - ACINPODE -, com se<strong>de</strong> no Município <strong>de</strong><br />

João Monleva<strong>de</strong>.<br />

Art. 2º - Esta lei entra em vigor na data <strong>de</strong> sua publicação.<br />

Art. 3º - Revogam-se as disposições em contrário.<br />

Sala das Reuniões, <strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>1999</strong>.<br />

Mauri Torres<br />

Justificação: A Associação <strong>de</strong> Cooperação e Integração <strong>do</strong>s Porta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Deficiência <strong>de</strong> João Monleva<strong>de</strong> - ACINPODE - é socieda<strong>de</strong> civil, cujas ativida<strong>de</strong>s são assistenciais,<br />

beneficentes e filantrópicas, sem fins lucrativos e <strong>de</strong> duração in<strong>de</strong>terminada.<br />

Tem como finalida<strong>de</strong>s precípuas promover o bem-estar e a integração <strong>do</strong>s <strong>de</strong>ficientes na socieda<strong>de</strong>; orientar a profissionalização <strong>do</strong> <strong>de</strong>ficiente; promover encontros <strong>do</strong>s porta<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiência; colaborar com os programas científicos, tecnológicos e esportivos, orientan<strong>do</strong> a participação <strong>do</strong>s <strong>de</strong>ficientes nas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ajustamentos psicomotores e sociais e<br />

esportivas; promover cursos <strong>de</strong> formação em todas as modalida<strong>de</strong>s esportivas e culturais para porta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiências; estimular uma participação constante na área <strong>do</strong> esporte,<br />

lazer e cultura e organizar eventos que possibilitem a criativida<strong>de</strong> artística e cultural.<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se a importância e a relevância <strong>do</strong>s serviços filantrópicos presta<strong>do</strong>s pela supracitada entida<strong>de</strong>, conto com o apoio <strong>do</strong>s nobres pares para a aprovação <strong>de</strong>ste projeto.<br />

- Publica<strong>do</strong>, vai o projeto às Comissões <strong>de</strong> Justiça, para exame preliminar, e <strong>do</strong> Trabalho para <strong>de</strong>liberação, nos termos <strong>do</strong> art. 188, c/c o art. <strong>10</strong>3, inciso I, <strong>do</strong> Regimento Interno.


PROJETO DE LEI N° 617/99<br />

Declara <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública o Centro Comunitário Batista <strong>de</strong> Pouso Alegre, com se<strong>de</strong> no Município <strong>de</strong> Pouso Alegre.<br />

A Assembléia Legislativa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais <strong>de</strong>creta:<br />

Art. 1° - Fica <strong>de</strong>clara<strong>do</strong> <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública o Centro Comunitário Batista <strong>de</strong> Pouso Alegre, inscrito no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ - sob o n° 19.083.583/0001-90,<br />

com se<strong>de</strong> na Rua H 1, n° 26, Bairro São Cristóvão, no Município <strong>de</strong> Pouso Alegre.<br />

Art. 2° - Esta lei entra em vigor na data <strong>de</strong> sua publicação.<br />

Art. 3° - Revogam-se as disposições em contrário.<br />

Sala das Reuniões, 5 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> <strong>1999</strong>.<br />

Chico Rafael<br />

Justificação: O presente projeto <strong>de</strong> lei tem o objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>clarar <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública o Centro Comunitário Batista <strong>de</strong> Pouso Alegre, com se<strong>de</strong> no Município <strong>de</strong> Pouso Alegre.<br />

Esta proposta <strong>de</strong> <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública justifica-se em razão <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> Centro Comunitário ter por finalida<strong>de</strong> ministrar à infância e à juventu<strong>de</strong> educação básica e integral<br />

que objetive a formação moral <strong>do</strong> cidadão e o seu aprimoramento cultural, físico e espiritual. Em suas metas está inseri<strong>do</strong>, também, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s que busquem a<br />

promoção humana em seus diversos níveis.<br />

Em razão <strong>do</strong> Centro Comunitário Batista <strong>de</strong> Pouso Alegre, que é uma entida<strong>de</strong> civil sem fins lucrativos, aten<strong>de</strong>r aos requisitos constantes na Lei n° 12.972, <strong>de</strong> 27/7/98, e<br />

consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o seu relevante alcance cultural, esperamos contar com o apoio <strong>do</strong>s nosso nobres pares para a aprovação <strong>de</strong>ste projeto <strong>de</strong> lei.<br />

- Publica<strong>do</strong>, vai o projeto às Comissões <strong>de</strong> Justiça, para exame preliminar, e <strong>do</strong> Trabalho para <strong>de</strong>liberação, nos termos <strong>do</strong> art. 188, c/c o art. <strong>10</strong>3, inciso I, <strong>do</strong> Regimento Interno.<br />

PROJETO DE LEI Nº 618/99<br />

Declara <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública a Casa da Fraternida<strong>de</strong> São Benedito, com se<strong>de</strong> no Município <strong>de</strong> Uberaba.<br />

A Assembléia Legislativa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais <strong>de</strong>creta:<br />

Art. 1º - Fica <strong>de</strong>clarada <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública a Casa da Fraternida<strong>de</strong> São Benedito, com se<strong>de</strong> no Município <strong>de</strong> Uberaba.<br />

Art. 2º - Esta lei entra em vigor na data <strong>de</strong> sua publicação.<br />

Art. 3º - Revogam-se as disposições em contrário.<br />

Sala das Reuniões, <strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>1999</strong>.<br />

Paulo Piau<br />

Justificação: A Casa da Fraternida<strong>de</strong> São Benedito, <strong>de</strong> Uberaba, é uma socieda<strong>de</strong> civil sem fins lucrativos, <strong>de</strong>vidamente registrada no Cartório <strong>de</strong> Registro <strong>de</strong> Títulos e Documentos<br />

<strong>de</strong> Pessoas Jurídicas da Comarca <strong>de</strong> Uberaba. Atua no campo social e beneficente, com programas e ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> amparo a pessoas i<strong>do</strong>sas, enfermos, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes químicos e<br />

necessita<strong>do</strong>s <strong>de</strong> uma maneira geral.<br />

Por ser uma entida<strong>de</strong> <strong>de</strong> eleva<strong>do</strong> conceito na comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Uberaba, por realizar um importante trabalho na área <strong>de</strong> assistência social e por apresentar to<strong>do</strong>s os requisitos legais<br />

dispostos na Lei nº 12.972, <strong>de</strong> 27/7/98, contamos com o apoio <strong>do</strong>s nobres pares à aprovação <strong>de</strong>ste projeto <strong>de</strong> lei.<br />

- Publica<strong>do</strong>, vai o projeto às Comissões <strong>de</strong> Justiça, para exame preliminar, e <strong>do</strong> trabalho para <strong>de</strong>liberação, nos termos <strong>do</strong> art. 188, c/c o art. <strong>10</strong>3, inciso I, <strong>do</strong> Regimento Interno.<br />

PROJETO DE LEI Nº 619/99<br />

Declara <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública a Casa <strong>de</strong> Carida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Viçosa - Hospital São Sebastião, com se<strong>de</strong> no Município <strong>de</strong> Viçosa.<br />

A Assembléia Legislativa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais <strong>de</strong>creta:<br />

Art. 1º - Fica <strong>de</strong>clarada <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública a Casa <strong>de</strong> Carida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Viçosa - Hospital São Sebastião, com se<strong>de</strong> no Município <strong>de</strong> Viçosa.<br />

Art. 2º - Esta lei entra em vigor na data <strong>de</strong> sua publicação.<br />

Art. 3º - Revogam-se as disposições em contrário.<br />

Sala das Reuniões, <strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>1999</strong>.<br />

Paulo Piau<br />

Justificação: A Casa <strong>de</strong> Carida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Viçosa - Hospital São Sebastião é uma entida<strong>de</strong> filantrópica sem fins lucrativos, que, há quase cem anos, vem prestan<strong>do</strong> benefícios à cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Viçosa e a mais <strong>de</strong> 12 municípios da região.<br />

Fundada em 21/6/1908, com o objetivo <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r a pessoas carentes na área da saú<strong>de</strong>, não fugiu <strong>de</strong> sua finalida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>stinan<strong>do</strong> mais <strong>de</strong> 60% <strong>de</strong> sua capacida<strong>de</strong> aos pacientes <strong>do</strong> SUS,


<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a implantação <strong>de</strong>sse sistema.<br />

Como entida<strong>de</strong> filantrópica, a sua atuação tem si<strong>do</strong> imprescindível, uma vez que, por mais <strong>de</strong> 70 anos, foi o único estabelecimento <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> existente na região.<br />

É um hospital geral e presta atendimento nas áreas <strong>de</strong> clínica médica, cirúrgica, obstétrica e pediátrica, além <strong>do</strong> atendimento ambulatorial e <strong>de</strong> apoio <strong>de</strong> diagnóstico e terapêutico.<br />

Na pediatria, <strong>de</strong>senvolve um plano <strong>de</strong> trabalho, "A Criança no Hospital", programa <strong>de</strong> atendimento a crianças internadas pelo SUS, com os seguintes objetivos: diminuir a ansieda<strong>de</strong><br />

da criança, conforme o tratamento; reduzir a incidência <strong>de</strong> internação <strong>de</strong> crianças; facilitar a adaptação da criança à internação e à alta hospitalar. Esse trabalho vem obten<strong>do</strong> ótimo<br />

resulta<strong>do</strong>. Trata-se <strong>de</strong> um projeto social, inova<strong>do</strong>r, que muito beneficia esse segmento da socieda<strong>de</strong>.<br />

Com o objetivo <strong>de</strong> ampliar as ativida<strong>de</strong>s da Casa <strong>de</strong> Carida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Viçosa junto à comunida<strong>de</strong> que representa, submeto à apreciação <strong>do</strong>s meus ilustres pares este projeto, que<br />

possibilitará a outorga <strong>do</strong> título <strong>de</strong>claratório <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública a uma entida<strong>de</strong> que muito vem contribuin<strong>do</strong> para a melhoria da saú<strong>de</strong> pública.<br />

- Publica<strong>do</strong>, vai o projeto às Comissões <strong>de</strong> Justiça, para exame preliminar, e <strong>do</strong> Trabalho para <strong>de</strong>liberação, nos termos <strong>do</strong> art. 188, c/c o art. <strong>10</strong>3, inciso I, <strong>do</strong> Regimento Interno.<br />

REQUERIMENTOS<br />

Nº 799/99, <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Eduar<strong>do</strong> Brandão, solicitan<strong>do</strong> seja formula<strong>do</strong> apelo ao Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e à Secretaria <strong>de</strong> Esportes com vistas à construção <strong>de</strong> uma quadra poliesportiva<br />

no Distrito <strong>de</strong> Frei Serafim, Município <strong>de</strong> Itambacuri. (- À Comissão <strong>de</strong> Transporte.)<br />

Nº 800/99, <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Amilcar Martins, solicitan<strong>do</strong> seja encaminha<strong>do</strong> pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> informações ao Comandante-Geral da PMMG sobre os custos operacionais das manobras militares<br />

na região da Usina Hidrelétrica <strong>de</strong> Furnas. (- À Mesa da Assembléia.)<br />

Nº 801/99, <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Edson Rezen<strong>de</strong>, solicitan<strong>do</strong> seja encaminha<strong>do</strong> pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> informações à Secretaria da Saú<strong>de</strong> relativas à situação da Maternida<strong>de</strong> Therezinha <strong>de</strong> Jesus, no<br />

Município <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora, para as ações cabíveis. (- À Comissão <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.)<br />

Proposições não Recebidas<br />

- A Mesa <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> receber, nos termos <strong>do</strong> inciso III <strong>do</strong> art. 173 <strong>do</strong> Regimento Interno, as seguintes proposições:<br />

REQUERIMENTOS<br />

Do Deputa<strong>do</strong> Irani Barbosa, solicitan<strong>do</strong> seja convoca<strong>do</strong> o Secretário da Fazenda para prestar a esta Casa os esclarecimentos que menciona. (- Semelhante proposição foi apresentada<br />

anteriormente pelo Deputa<strong>do</strong> Rogério Correia.)<br />

Da Comissão <strong>de</strong> Administração Pública, solicitan<strong>do</strong> sejam encaminha<strong>do</strong>s ofícios ao Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e ao Secretário da Educação com vistas à manutenção <strong>do</strong>s critérios que<br />

permitem a reeleição <strong>de</strong> Diretores <strong>de</strong> escolas estaduais. (- Idêntica proposição foi apresentada pelo Deputa<strong>do</strong> Arlen Santiago.)<br />

Comunicações<br />

- São também encaminhadas à Mesa comunicações <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s Wan<strong>de</strong>rley Ávila e Mauri Torres.<br />

Interrupção <strong>do</strong>s Trabalhos Ordinários<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - A Presidência interrompe os trabalhos ordinários para, nos termos <strong>do</strong> § 1º <strong>do</strong> art. 22 <strong>do</strong> Regimento Interno <strong>de</strong>stinar a 1ª Parte da reunião ao prosseguimento <strong>do</strong><br />

Ciclo <strong>de</strong> Debates O Município e as Reformas Administrativa, Previ<strong>de</strong>nciária e Política, com o tema "A Reforma Administrativa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e a Autonomia <strong>do</strong>s Municípios".<br />

- A ata <strong>de</strong>sta parte da reunião será publicada em outra edição.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte (Deputa<strong>do</strong> Ambrósio Pinto) - Estão reabertos os nossos trabalhos.<br />

Reabertura <strong>do</strong>s Trabalhos Ordinários<br />

Encerramento<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - A Presidência verifica, <strong>de</strong> plano, a inexistência <strong>de</strong> "quorum" para o prosseguimento <strong>do</strong>s trabalhos e encerra a reunião, <strong>de</strong>sconvocan<strong>do</strong> a extraordinária <strong>de</strong> logo<br />

mais, às 20 horas, e convocan<strong>do</strong> os Deputa<strong>do</strong>s para a especial <strong>de</strong> amanhã, dia 15, às 9 horas, nos termos <strong>do</strong> edital <strong>de</strong> convocação. Levanta-se a reunião.<br />

ATA DA 30ª REUNIÃO ESPECIAL, EM 27/9/99<br />

Presidência <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s An<strong>de</strong>rson Adauto e Ivo José<br />

Sumário: Comparecimento - Abertura - Atas - Composição da Mesa - Destinação da reunião - Palavras <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Durval Ângelo - Palavras <strong>do</strong> Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Palavras <strong>do</strong><br />

Deputa<strong>do</strong> Ivo José - Palavras <strong>do</strong> Sr. Márcio Pochmann - Esclarecimentos sobre os <strong>de</strong>bates - Debates - Encerramento - Or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> dia.<br />

- Comparecem os Deputa<strong>do</strong>s:<br />

Comparecimento<br />

An<strong>de</strong>rson Adauto - Durval Ângelo - A<strong>de</strong>lmo Carneiro Leão - Agostinho Silveira - Aílton Vilela - Alencar da Silveira Júnior - Álvaro Antônio - Antônio Andra<strong>de</strong> - Antônio Júlio -<br />

César <strong>de</strong> Mesquita - Dalmo Ribeiro Silva - Dimas Rodrigues - Doutor Viana - Ivo José - José Henrique - Márcio Cunha - Marco Régis - Maria Olívia - Maria Tereza Lara - Rêmolo<br />

Aloise - Sebastião Costa.<br />

Abertura


O Sr. Presi<strong>de</strong>nte (Deputa<strong>do</strong> An<strong>de</strong>rson Adauto) - Às 20h15min, <strong>de</strong>claro aberta a reunião. Sob a proteção <strong>de</strong> Deus e em nome <strong>do</strong> povo mineiro, iniciamos os nossos trabalhos. Com a<br />

palavra, o Sr. 2º-Secretário, para proce<strong>de</strong>r à leitura das atas das duas reuniões anteriores.<br />

- A Deputada Maria Olívia, 2ª-Secretária "ad hoc", proce<strong>de</strong> à leitura das atas das duas reuniões anteriores, que são aprovadas sem restrições.<br />

Atas<br />

Composição da Mesa<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - A Presidência convida a tomar assento à mesa os Exmos. Srs. Márcio Pochmann, professor <strong>do</strong> Centro <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Sindicais e <strong>de</strong> Economia <strong>do</strong> Trabalho da<br />

UNICAMP; Deputa<strong>do</strong> Durval Ângelo, 2º-Vice-Presi<strong>de</strong>nte da Assembléia Legislativa; e Deputa<strong>do</strong> Ivo José, Presi<strong>de</strong>nte da Comissão <strong>do</strong> Trabalho da Assembléia Legislativa.<br />

Destinação da Reunião<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Destina-se esta reunião à abertura <strong>do</strong> Seminário <strong>Legislativo</strong> Desemprego e Direito ao Trabalho, com o tema "Trabalho e Desemprego no Brasil e no Mun<strong>do</strong>".<br />

Palavras <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Durval Ângelo<br />

Sr. Presi<strong>de</strong>nte, Deputa<strong>do</strong> An<strong>de</strong>rson Adauto, senhor expositor, Márcio Pochmann, <strong>do</strong> Centro <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Sindicais e <strong>de</strong> Economia <strong>do</strong> Trabalho da UNICAMP, Deputa<strong>do</strong> Ivo José,<br />

Presi<strong>de</strong>nte da Comissão <strong>do</strong> Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembléia Legislativa e coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s <strong>de</strong>bates, Srs. Deputa<strong>do</strong>s, Sras. Deputadas, Delega<strong>do</strong>s,<br />

representantes das entida<strong>de</strong>s que se inscreveram para este seminário legislativo, hoje é necessário discorrermos sobre o <strong>de</strong>semprego e seu significa<strong>do</strong> no processo <strong>de</strong> exclusão na<br />

socieda<strong>de</strong> brasileira e na socieda<strong>de</strong> mundial. Será, <strong>de</strong> alguma forma, a tarefa <strong>do</strong> expositor da noite e o tema sobre o qual vamos nos <strong>de</strong>bruçar durante esses quatro dias <strong>de</strong> seminário.<br />

Gostaria, Sr. Presi<strong>de</strong>nte, <strong>de</strong> historiar como surgiu a idéia <strong>de</strong>ste seminário. No mês <strong>de</strong> fevereiro, recebemos, em nosso gabinete, o manifesto assina<strong>do</strong> pelas pastorais sociais da<br />

Arquidiocese <strong>de</strong> Belo Horizonte e <strong>do</strong> Leste-2 da Regional da Conferência Nacional <strong>do</strong>s Bispos <strong>do</strong> Brasil - CNBB -, no qual as entida<strong>de</strong>s, motivadas pela 3ª Semana Social Brasileira,<br />

realizada no ano passa<strong>do</strong>, solicitavam <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r <strong>Legislativo</strong> a realização <strong>de</strong> um seminário legislativo para discutir a questão <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego e <strong>do</strong> direito ao trabalho.<br />

Pediam, no requerimento encaminha<strong>do</strong> a nós, inclusive, que a preocupação maior <strong>do</strong> seminário fosse a questão <strong>de</strong> busca <strong>de</strong> soluções para o problema <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego. Posteriormente,<br />

a Mesa da Assembléia recebeu também requerimentos <strong>de</strong> outros Deputa<strong>do</strong>s. Cito o Deputa<strong>do</strong> Ivo José, que, através da Comissão <strong>do</strong> Trabalho, insistia na mesma motivação, no<br />

mesmo tema; também a Deputada Elbe Brandão, que teve um requerimento aprova<strong>do</strong> na Comissão <strong>de</strong> Indústria, Comércio e Turismo, solicitava a oportunida<strong>de</strong> para que a<br />

Assembléia realizasse o fórum. Finalmente, o Deputa<strong>do</strong> Miguel Martini solicitou a realização <strong>de</strong> um fórum técnico. Diante <strong>de</strong>ssas quatro vertentes, a Mesa da Assembléia aprovou a<br />

realização <strong>do</strong> seminário. E o que é um seminário legislativo? Seminário legislativo é um <strong>do</strong>s meios <strong>de</strong> que dispõe a Assembléia Legislativa para realizar interlocução com a<br />

socieda<strong>de</strong>. Trata-se <strong>de</strong> instrumento, <strong>do</strong>s mais eficazes, por meio <strong>do</strong> qual se <strong>de</strong>finem sugestões para encaminhamento da ação legislativa <strong>de</strong>ste Po<strong>de</strong>r e para encaminhamento <strong>de</strong><br />

reivindicações ao Po<strong>de</strong>r Executivo, das quais a Assembléia, <strong>de</strong> alguma forma, é intermediária. Mas, mais <strong>do</strong> que isso, o seminário legislativo é um momento <strong>de</strong> aprofundamento, <strong>de</strong><br />

estu<strong>do</strong> e <strong>de</strong> mobilização da socieda<strong>de</strong>. De outros seminários, tivemos várias proposições legislativas e várias ações encaminhadas. Cito os mais recentes: o seminário <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> à<br />

discussão <strong>do</strong>s direitos humanos, que contou com a participação <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 700 pessoas e quase 200 entida<strong>de</strong>s; o da questão da terra, políticas agrícolas e reforma agrária em Minas<br />

Gerais, que também teve uma gran<strong>de</strong> repercussão, uma gran<strong>de</strong> presença; assim como o da questão <strong>do</strong> turismo.<br />

Assim, nos preparamos e iniciamos o trabalho para <strong>de</strong>senvolver um pouco a dinâmica que tivemos em seminários anteriores. Só que esse seminário, com a participação <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s<br />

organizadas da socieda<strong>de</strong> civil, trouxe um tema novo, que foi a sugestão da interiorização <strong>do</strong> seminário. Então, realizamos <strong>10</strong> <strong>de</strong>bates no interior <strong>de</strong> Minas Gerais, que primaram não<br />

pela presença significativa, mas pela representação significativa <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s. Tivemos seminários, <strong>de</strong>bates no interior, quan<strong>do</strong> chegamos a reunir mais <strong>de</strong> 40 entida<strong>de</strong>s, o que é sinal<br />

da vitalida<strong>de</strong>, da disposição da socieda<strong>de</strong> e da preocupação que esse tema <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego traz.<br />

Vamos estar aqui, <strong>de</strong> hoje até quinta-feira, na plenária final, buscan<strong>do</strong> soluções. As soluções existem, estão colocadas para to<strong>do</strong>s nós. Depen<strong>de</strong> <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> política, <strong>de</strong> mobilização e<br />

<strong>de</strong> pressão da socieda<strong>de</strong> para que sejam colocadas em prática. O seminário também cumpre esse papel, não só termina na quinta-feira com sugestões, mas também mobiliza e<br />

organiza as entida<strong>de</strong>s para continuarem cobran<strong>do</strong>, através <strong>de</strong> uma comissão representativa, as soluções que o tema exige. Acho que hoje a chaga social <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego tem que nos<br />

indignar, tem que nos levantar em um gran<strong>de</strong> movimento cívico nacional <strong>de</strong> resgate da vida e <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa da cidadania. Muito obriga<strong>do</strong>.<br />

Palavras <strong>do</strong> Sr. Presi<strong>de</strong>nte<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte (Deputa<strong>do</strong> An<strong>de</strong>rson Adauto) - A Presidência gostaria <strong>de</strong> saudar o expositor, o Deputa<strong>do</strong> Ivo José, que fará a coor<strong>de</strong>nação <strong>do</strong>s trabalhos, e o 2º-Vice-Presi<strong>de</strong>nte da<br />

Assembléia, Deputa<strong>do</strong> Durval Ângelo. Gostaria ainda <strong>de</strong> saudar os <strong>de</strong>mais Deputa<strong>do</strong>s que se encontram no Plenário e agra<strong>de</strong>cer a presença <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os senhores e senhoras que se<br />

encontram conosco na abertura <strong>de</strong>ste nosso fórum.<br />

Senhoras e senhores, o problema <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego, que os senhores discutirão, é mais grave <strong>do</strong> que sugerem os economistas e os sociólogos, porque toca na essência <strong>do</strong> homem, em<br />

sua natureza ética e em sua transcendência, como a mais inquieta<strong>do</strong>ra criação <strong>de</strong> Deus.<br />

Emprego e trabalho são inseparáveis na civilização <strong>de</strong> produção e consumo em que vivemos. A autonomia <strong>do</strong> trabalho, que era possível no passa<strong>do</strong>, é hoje uma falácia <strong>do</strong>s<br />

neoliberais, que procuram encontrar um cínico consolo para a exclusão <strong>do</strong>s dispensáveis no mo<strong>de</strong>lo que preten<strong>de</strong>m.<br />

O emprego é mais <strong>do</strong> que a vinculação <strong>de</strong> um trabalha<strong>do</strong>r a uma tarefa e a uma firma. É a sua integração na empresa, como parceiro legítimo e com direitos claros, naturais e<br />

jurídicos.<br />

Sem trabalho não há empresas, embora possa haver, e há, empresas sem capital. E to<strong>do</strong> capital existente no mun<strong>do</strong> provém <strong>do</strong> trabalho, tenha si<strong>do</strong> acumula<strong>do</strong> licitamente ou não.<br />

Não é preciso ser marxista para compreen<strong>de</strong>r que preço e valor são categorias agregadas à matéria bruta da natureza, pela ação <strong>do</strong> homem, ou seja, pelo trabalho.<br />

A dimensão maior <strong>do</strong> trabalho é a sua razão ética. Os homens existem para viver em comunhão. Eles <strong>de</strong>vem participar da vida com a sua contribuição cria<strong>do</strong>ra. O homem que produz<br />

sabe que os bens que saem <strong>de</strong> suas mãos servirão a outros homens. É a sua forma <strong>de</strong> estar ativamente no mun<strong>do</strong>. Se lhe retiram o direito a essa realização, reduzem a sua existência.<br />

Por isso, tão ou mais cruel <strong>do</strong> que negar o salário honra<strong>do</strong> que o trabalho po<strong>de</strong> produzir é a carida<strong>de</strong> com os <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s, seja exercida pelo Esta<strong>do</strong> ou pelas instituições privadas.<br />

A assistência <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> é legítima em casos especiais, porque se trata <strong>de</strong> uma redistribuição <strong>de</strong> parcela <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> trabalho comum. Mas nenhum homem, no pleno vigor <strong>de</strong><br />

sua força física e <strong>de</strong> sua razão, vive plenamente quan<strong>do</strong> não po<strong>de</strong> retirar, <strong>de</strong> sua própria inteligência e <strong>de</strong> seus braços, os meios <strong>de</strong> se sustentar e <strong>de</strong> sustentar a sua família, com aquele<br />

mínimo <strong>de</strong> conforto que a necessida<strong>de</strong> reclama.<br />

Uma das mentiras <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> que o capital financeiro mundial nos quer impingir é que a tecnologia, automatizan<strong>do</strong> os processos, torna dispensável o emprego.<br />

A tecnologia tem liberta<strong>do</strong> os trabalha<strong>do</strong>res das tarefas mais penosas, mas não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>sculpa para a hipertrofia <strong>do</strong> egoísmo.


As conquistas da ciência e da técnica são patrimônio <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os homens, e não privilégio absoluto <strong>do</strong> capital. Sen<strong>do</strong> assim, to<strong>do</strong> o tempo poupa<strong>do</strong> nos processos <strong>de</strong> produção <strong>de</strong>ve<br />

ser distribuí<strong>do</strong> entre os trabalha<strong>do</strong>res, para que possam utilizá-lo no livre usufruto <strong>do</strong>s bens da vida.<br />

Há pouco mais <strong>de</strong> cem anos, na Inglaterra, os tecelões e mineiros, muitos <strong>de</strong>les ainda crianças, trabalhavam <strong>16</strong> horas por dia, 7 dias por semana. As conquistas sociais <strong>do</strong> século XX<br />

fizeram com que essa carga se reduzisse a menos da meta<strong>de</strong>, com a garantia <strong>do</strong> repouso semanal. O neoliberalismo, que usa a máscara suja da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, é o retrocesso <strong>de</strong> mais <strong>de</strong><br />

um século.<br />

Na Inglaterra legada por Mme. Tatcher, crianças voltam a trabalhar, o <strong>de</strong>semprego continua a crescer, e os bairros pobres são vigia<strong>do</strong>s pela polícia com a ajuda <strong>de</strong> circuitos <strong>de</strong><br />

televisão, tornan<strong>do</strong> realida<strong>de</strong> a sinistra previsão <strong>de</strong> George Orwell em "1984".<br />

Senhoras e senhores, o problema <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego, como <strong>de</strong> resto to<strong>do</strong>s os problemas ti<strong>do</strong>s como econômicos, só encontram solução nos atos políticos. A política é a construção das<br />

regras <strong>de</strong> convívio entre as pessoas. O gran<strong>de</strong> erro <strong>de</strong> nosso tempo é supor que as relações humanas, entre elas as que envolvem o capital e o trabalho, po<strong>de</strong>m ser resolvidas com<br />

esquemas técnicos. A técnica po<strong>de</strong> ajudar na organização administrativa e econômica que a vonta<strong>de</strong> política estabeleça, mas não po<strong>de</strong> substituir essa vonta<strong>de</strong>, que as instituições<br />

<strong>de</strong>mocráticas enten<strong>de</strong>m, pelo equivoca<strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> eficiência econômica.<br />

A iniciativa <strong>de</strong>ste seminário soma-se, em boa hora, à abertura <strong>de</strong> mais uma etapa <strong>do</strong> Fórum Políticas Macroeconômicas Alternativas para o Brasil, que acontecerá nesta quarta-feira,<br />

às 19h30min, aqui neste Plenário, com as palestras <strong>do</strong> Diretor <strong>do</strong> "Le Mon<strong>de</strong> Diplomatique", Bernard Cassen, e <strong>do</strong> Professor da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, Henrique <strong>de</strong>l Nero, para<br />

a qual convi<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os presentes.<br />

Ao saudá-los nesta noite, em nome da Assembléia Legislativa, manifesto-lhes a minha certeza <strong>de</strong> que a discussão que começa aqui, neste seminário, e prossegue no fórum, até o dia 5<br />

<strong>de</strong> outubro, contribuirá para os esforços nacionais no reencontro <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico. E em conseqüência, ofereço a colaboração e o empenho <strong>de</strong>sta Casa em discutir e<br />

buscar mo<strong>de</strong>los alternativos que gerem trabalho e emprego para to<strong>do</strong>s os brasileiros. Muito obriga<strong>do</strong>.<br />

A Presidência passa a palavra ao Deputa<strong>do</strong> Ivo José, Presi<strong>de</strong>nte da Comissão <strong>do</strong> Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembléia Legislativa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais e<br />

coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>de</strong>ste seminário, para, a partir <strong>de</strong> agora, conduzir os trabalhos <strong>de</strong>sta noite.<br />

Palavras <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Ivo José<br />

Deputa<strong>do</strong> An<strong>de</strong>rson Adauto, Presi<strong>de</strong>nte da Assembléia Legislativa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais; Deputa<strong>do</strong> Durval Ângelo, 2º-Vice-Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>sta Casa; Prof. Márcio Pochmann,<br />

que nos honra com sua presença; senhores representantes <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s, senhoras e <strong>de</strong>mais participantes <strong>de</strong>ste encontro, o Deputa<strong>do</strong> Durval Ângelo fez consi<strong>de</strong>rações acerca <strong>de</strong> como<br />

surgiu a idéia <strong>de</strong> se realizar este seminário legislativo, e, como um <strong>do</strong>s autores <strong>do</strong> requerimento, vejo-me também no <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> tecer alguns comentários a respeito <strong>de</strong>ssa iniciativa,<br />

antes <strong>de</strong> passar a palavra ao palestrante da noite.<br />

Durante os <strong>de</strong>bates sobre a reformulação <strong>do</strong> Regimento Interno, no ano passa<strong>do</strong>, estávamos convictos ao propor a criação <strong>de</strong> mais uma comissão permanente: a Comissão <strong>do</strong><br />

Trabalho, da Previdência e da Ação Social. O nosso argumento era simples e incontestável. Atualmente e nas próximas décadas, a discussão em torno <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho tomaria<br />

conta das aca<strong>de</strong>mias, <strong>do</strong>s sindicatos, <strong>do</strong>s governos e <strong>de</strong> toda a socieda<strong>de</strong>.<br />

Não há <strong>de</strong>safio maior para a humanida<strong>de</strong> <strong>do</strong> que procurar alternativas <strong>de</strong> trabalho e <strong>de</strong> renda para bilhões <strong>de</strong> pessoas, pais e mães <strong>de</strong> famílias, jovens e i<strong>do</strong>sos, que per<strong>de</strong>ram as<br />

esperanças <strong>de</strong> se tornarem produtivos num mun<strong>do</strong> criva<strong>do</strong> pelas <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais.<br />

E não há nada mais humilhante <strong>do</strong> que um pai <strong>de</strong> família não conseguir recursos suficientes para a sua sobrevivência, com um mínimo <strong>de</strong> dignida<strong>de</strong>. Humilhante e injusto, pois esses<br />

trabalha<strong>do</strong>res, em sua maioria, têm perfeitas condições para o trabalho, mas não lhes restam oportunida<strong>de</strong>s, e são con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s ao <strong>de</strong>sespero.<br />

A situação torna-se mais preocupante quan<strong>do</strong> analisamos as causas <strong>do</strong>s índices alarmantes <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego no Brasil e chegamos à conclusão <strong>de</strong> que elas têm pouco a ver com a<br />

inversão <strong>do</strong>s rumos econômicos no mun<strong>do</strong> e muito a ver com as políticas econômicas a<strong>do</strong>tadas pelos governos neoliberais, particularmente o <strong>de</strong> Fernan<strong>do</strong> Henrique Car<strong>do</strong>so.<br />

Após a a<strong>do</strong>ção <strong>do</strong> Plano Real, os índices <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego apresentam ligeira recuperação, mas se agravaram no <strong>de</strong>correr <strong>do</strong>s anos seguintes, principalmente quan<strong>do</strong> o Governo <strong>de</strong>sistiu<br />

<strong>de</strong> regular a parida<strong>de</strong> real-dólar através das reservas cambiais, optan<strong>do</strong> por uma nova fórmula <strong>de</strong> controle da inflação.<br />

Essa nova fórmula, que <strong>de</strong>ixa claros os verda<strong>de</strong>iros compromissos <strong>de</strong>sse Governo, resume-se em estimular medidas recessivas, aumentar as taxas <strong>de</strong> juros e impedir o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento econômico. Portanto, infelizmente, po<strong>de</strong>mos afirmar categoricamente que o Governo contém a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alta inflacionária utilizan<strong>do</strong> como âncora cambial a<br />

promoção <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego.<br />

O Governo não quer fomentar o <strong>de</strong>senvolvimento econômico. Não quer inverter as regras <strong>do</strong> jogo, impon<strong>do</strong> rígi<strong>do</strong> controle ao merca<strong>do</strong> financeiro interno e estabelecen<strong>do</strong> regras para<br />

o ingresso <strong>de</strong> capital estrangeiro. Ao contrário, quer <strong>de</strong>ixar o País ao livre sabor <strong>do</strong>s ventos, e isso, na prática, significa expor a economia nacional à especulação <strong>do</strong> capital<br />

internacional, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> o seu povo sofrer as conseqüências insanas daqueles que só se preocupam com o lucro.<br />

O Brasil não suporta mais a omissão <strong>de</strong>sse Governo. Não suporta mais a subordinação às regras <strong>do</strong> FMI, que, para garantir o pagamento da dívida externa, impõe sacrifícios<br />

extremos ao povo brasileiro.<br />

E, se é verda<strong>de</strong> que fatores estruturais em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> causam o mesmo problema <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego em diversos países, é também verda<strong>de</strong> que chegou a hora <strong>de</strong> os países mais<br />

pobres protestarem, em conjunto, contra o braço <strong>de</strong> ferro <strong>do</strong>s países <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s, que instituem reservas legais, tarifárias e econômicas para as suas indústrias em seus territórios e<br />

exigem a liberação <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s no território <strong>do</strong>s outros.<br />

O Brasil não é um país pobre e não precisaria hoje amargar as cifras <strong>de</strong>sumanas <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego. Segun<strong>do</strong> informações prestadas à Comissão <strong>do</strong> Trabalho, no dia 14/9/99, o<br />

Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA - dizia, em alto e bom som, que, pela renda "per capita" <strong>do</strong> Brasil, US$6.480,00 em 1997, o número <strong>de</strong> pobres<br />

<strong>de</strong>veria ser três vezes menor.<br />

Segun<strong>do</strong> os levantamentos <strong>do</strong> IPEA, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1977 a 1997, portanto 20 anos, a renda <strong>do</strong>s <strong>10</strong>% mais ricos é 28 vezes maior <strong>do</strong> que a <strong>do</strong>s 40% mais pobres no Brasil,<br />

enquanto em outros países, como os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, a renda média <strong>do</strong>s <strong>10</strong>% mais ricos é <strong>10</strong> vezes maior <strong>do</strong> que a <strong>do</strong>s 40% mais pobres e, na Holanda, cinco vezes.<br />

E o mesmo Instituto constata que se o Brasil conseguisse a mesma distribuição <strong>de</strong> renda da Colômbia - que é injusta - o efeito <strong>de</strong> redução da pobreza equivaleria a <strong>10</strong> anos <strong>de</strong><br />

crescimento, a 5,8% ao ano.<br />

E, além disso, to<strong>do</strong>s os gastos públicos <strong>do</strong> Brasil com políticas sociais, cerca <strong>de</strong> R$130.000.000.000,00 ao ano, não alteraram em um milímetro os níveis <strong>de</strong> pobreza.<br />

Os alarmantes índices <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego nas regiões metropolitanas vêm comprovar a serieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> problema e o <strong>de</strong>scompromisso <strong>do</strong> Governo Fe<strong>de</strong>ral em resolvê-lo.<br />

Na Região Metropolitana <strong>de</strong> Belo Horizonte, 19% da população economicamente ativa - PEA - está <strong>de</strong>sempregada, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com os índices da Fundação João Pinheiro, <strong>do</strong><br />

Departamento Intersindical <strong>de</strong> Estatísticas e Estu<strong>do</strong>s Socioeconômicos - DIEESE - e da Secretaria <strong>do</strong> Trabalho. Isso significa que 370 mil pessoas estão à procura <strong>de</strong> emprego, sem


nenhuma esperança <strong>de</strong> encontrá-lo.<br />

Em São Paulo, o <strong>de</strong>semprego atingiu 20,1% em julho; no Distrito Fe<strong>de</strong>ral e em Porto Alegre, as taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego em junho foram <strong>de</strong> 22,8% e 19,5%, e em Salva<strong>do</strong>r, talvez o<br />

índice mais alarmante, o <strong>de</strong>semprego chegou a 28,1%.<br />

E, num país em que emprego não é direito, mas privilégio, os trabalha<strong>do</strong>res emprega<strong>do</strong>s ainda sofrem com a precarização das condições <strong>de</strong> trabalho e os baixos salários, segun<strong>do</strong> as<br />

mesmas estatísticas.<br />

Portanto, a questão <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser simples matemática, como quer o Governo, para se tornar política. É preciso que, com urgência, se inverta radicalmente essa política econômica,<br />

concentran<strong>do</strong> investimentos em ativida<strong>de</strong>s produtivas e tarifan<strong>do</strong> com rigor a especulação. É preciso conter os gastos públicos, utilizan<strong>do</strong> racionalmente os recursos em programas <strong>de</strong><br />

alcance social, que busquem alternativas <strong>de</strong> renda e emprego que sejam compatíveis com as potencialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada região.<br />

É esse o objetivo <strong>de</strong>ste seminário, para o qual se projetou, no início <strong>do</strong> ano, apesar das dificulda<strong>de</strong>s, conseguirmos chegar a praticamente todas as regiões <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, on<strong>de</strong> foram<br />

discutidas alternativas e programas <strong>de</strong> promoção <strong>do</strong> emprego.<br />

A equipe da Assembléia Legislativa viajou 6.500km pelo interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, promoven<strong>do</strong> <strong>10</strong> reuniões, uma em cada região <strong>de</strong> planejamento. Discutimos com mais ou menos 350<br />

entida<strong>de</strong>s, e foram apresentadas 311 propostas.<br />

No final <strong>de</strong>ste seminário, teremos a síntese <strong>de</strong>sses <strong>de</strong>bates e o esboço <strong>de</strong> um programa, que será apresenta<strong>do</strong> ao Governo e à socieda<strong>de</strong>, com propostas <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> emprego e renda<br />

em nosso Esta<strong>do</strong>.<br />

Dessa forma, a Assembléia Legislativa <strong>de</strong> Minas Gerais, a Comissão <strong>do</strong> Trabalho, da Previdência e da Ação Social e as 212 entida<strong>de</strong>s que participaram da elaboração <strong>de</strong>ste seminário<br />

- o maior seminário já realiza<strong>do</strong> aqui na Assembléia Legislativa, com mais <strong>de</strong> 650 pessoas inscritas -, através das reuniões preparatórias em Belo Horizonte e no interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>,<br />

estarão assumin<strong>do</strong> o compromisso público <strong>de</strong> levar adiante essas propostas, com o objetivo <strong>de</strong> inverter esse drástico quadro <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego.<br />

Mas também estamos conscientes <strong>de</strong> que é necessário a<strong>do</strong>tar políticas públicas <strong>de</strong> promoção <strong>do</strong> emprego, retoman<strong>do</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento econômico, não mais com base no<br />

investimento especulativo internacional, mas acreditan<strong>do</strong> em nossas potencialida<strong>de</strong>s e estimulan<strong>do</strong> a produção nacional.<br />

Nós, Deputa<strong>do</strong>s, agra<strong>de</strong>cemos a todas as entida<strong>de</strong>s que aten<strong>de</strong>ram ao nosso apelo e se prontificaram a estar aqui conosco, pois, como nós, sofrem as conseqüências perversas <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>semprego e convivem diariamente com o drama pessoal <strong>de</strong> cada <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>.<br />

Mas, como bons brasileiros, cultivamos com persistência o sentimento da esperança. Acreditamos na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nossa gente e sabemos que também nos compete a busca <strong>de</strong><br />

solução para esse gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio que aflige toda a humanida<strong>de</strong>.<br />

É nosso o compromisso <strong>de</strong> transformar em realida<strong>de</strong> o tema <strong>de</strong>ste seminário, procuran<strong>do</strong> e propon<strong>do</strong> alternativas, incentivan<strong>do</strong> as formas <strong>de</strong> trabalho já existentes, como o<br />

cooperativismo e o associativismo, reafirman<strong>do</strong> para toda a socieda<strong>de</strong> que to<strong>do</strong>s têm direito ao trabalho, e não <strong>de</strong>scansaremos enquanto esse direito humano fundamental não for<br />

cumpri<strong>do</strong> em sua integrida<strong>de</strong>. Muito obriga<strong>do</strong>. (- Palmas.)<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte (Deputa<strong>do</strong> Ivo José) - Esta Presidência comunica às autorida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>mais participantes <strong>do</strong> seminário que o Sena<strong>do</strong>r José Alencar, por motivos incontornáveis, não<br />

po<strong>de</strong>rá comparecer a esta abertura, mas estará aqui, amanhã, dia 28, na segunda sessão plenária, às 8h30min. Passamos, neste momento, a palavra ao Prof. Márcio Pochmann, <strong>do</strong><br />

Centro <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Sindicais e <strong>de</strong> Economia <strong>do</strong> Trabalho da UNICAMP.<br />

Palavras <strong>do</strong> Sr. Márcio Pochmann<br />

Boa noite a to<strong>do</strong>s. Gostaria <strong>de</strong> cumprimentar a Mesa, na pessoa <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte da Assembléia, Deputa<strong>do</strong> An<strong>de</strong>rson Adauto, <strong>do</strong> Vice-Presi<strong>de</strong>nte, Deputa<strong>do</strong> Durval Ângelo, e <strong>do</strong><br />

Presi<strong>de</strong>nte da Comissão <strong>do</strong> Trabalho, da Previdência e da Ação Social, Deputa<strong>do</strong> Ivo José, que, junto com um conjunto expressivo <strong>de</strong> instituições <strong>de</strong>ste Esta<strong>do</strong>, conseguiu, com êxito<br />

significativo, discutir esse tema que traz tantas conseqüências sociais e econômicas negativas no final <strong>do</strong> século, sobretu<strong>do</strong> para o Brasil. Agra<strong>de</strong>ço o convite. Para mim é uma<br />

satisfação e um prazer estar novamente nesta Casa. A questão <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego encontrou um foco importante neste Esta<strong>do</strong>, que é exatamente a Casa <strong>do</strong> povo, porque, não tenho<br />

dúvida, o <strong>de</strong>semprego ten<strong>de</strong> a <strong>de</strong>finir, cada vez mais, o processo político brasileiro. Não sou cientista político, mas, olhan<strong>do</strong> as experiências internacionais, como a eleição <strong>de</strong> Clinton<br />

nos EUA, a eleição na Alemanha, a francesa, a inglesa e até a espanhola, vemos que os programas volta<strong>do</strong>s para o enfrentamento <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego as <strong>de</strong>finiram, tanto para a<br />

Presidência quanto para o <strong>Legislativo</strong>. Tivemos, ano passa<strong>do</strong>, a meu juízo, um <strong>de</strong>bate frágil sobre o <strong>de</strong>semprego. Mas, pela primeira vez na história <strong>de</strong>ste País, essa discussão<br />

assumiu propostas <strong>de</strong> caráter nacional. Foi um <strong>de</strong>bate vazio, a meu juízo, porque, se chegássemos a somar todas as vagas que, em campanha, vários candidatos disseram que<br />

criariam, hoje não estaríamos discutin<strong>do</strong> o <strong>de</strong>semprego, mas o pleno emprego. Muitas foram as promessas <strong>de</strong> emprego, mas, lamentavelmente, o quadro não é esse. Imagino que as<br />

eleições para Prefeito, no próximo ano, e a <strong>de</strong>mais que vierem ten<strong>de</strong>rão a ter o tema <strong>do</strong> emprego como centro <strong>do</strong>s <strong>de</strong>bates.<br />

E tu<strong>do</strong> porque, no meu juízo, o <strong>de</strong>semprego transformou-se em um fenômeno que veio para ficar no Brasil, lamentavelmente. Ele não é apenas expressivo. Nunca tivemos tantos<br />

<strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s como atualmente. Essa é a maior crise <strong>de</strong> emprego na história <strong>de</strong> nosso País. Se compararmos o número <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s existente com o <strong>de</strong> qualquer outro<br />

perío<strong>do</strong>, seja ele o da recessão <strong>de</strong> 1990 a 1992, durante o Governo Collor; o da recessão <strong>de</strong> 1981 a 1983, durante o Governo Figueire<strong>do</strong>; o da <strong>de</strong>pressão econômica <strong>de</strong> 1929 a 1932;<br />

ou mesmo o da transição <strong>do</strong> trabalho escravo para o trabalho assalaria<strong>do</strong>, no final <strong>do</strong> século XIX, veremos que nunca tivemos tantos <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s como atualmente, embora eu<br />

lamente por nem mesmo ter o número <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s no País, já que o Brasil é carente <strong>de</strong> pesquisas a<strong>de</strong>quadas, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista nacional, a esse respeito. Há apenas um órgão<br />

que faz o levantamento nacional: o IBGE, através da pesquisa nacional por amostra <strong>do</strong>miciliar, feita geralmente no mês <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> cada ano. O último da<strong>do</strong> é <strong>de</strong> 1997, e o<br />

número gira em torno <strong>de</strong> 5.800.000 pessoas <strong>de</strong>sempregadas. Não encontramos um número paralelo em qualquer outro perío<strong>do</strong> histórico, e não tenho dúvidas em dizer-lhes que o<br />

número <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s é muito maior ainda, pois temos, nessa pesquisa e em outras feitas pelo IBGE para a apuração <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego, uma limitação meto<strong>do</strong>lógica muito gran<strong>de</strong>.<br />

Não abusarei <strong>do</strong> tempo falan<strong>do</strong> a respeito <strong>de</strong> meto<strong>do</strong>logia das pesquisas <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego, mesmo porque esse é um assunto muito chato e não nos interessa no momento. Uma<br />

<strong>de</strong>monstração clara da insuficiência <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> meto<strong>do</strong>logia aplicada no Brasil é o fato <strong>de</strong> uma pessoa que estan<strong>do</strong> <strong>de</strong>sempregada e não ten<strong>do</strong> procura<strong>do</strong> emprego ser consi<strong>de</strong>rada<br />

inativa, ao invés <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempregada, pelo IBGE. To<strong>do</strong>s sabemos que a procura por empregos, em geral, implica custos, pois a pessoa tem que comprar um jornal, tomar um ônibus,<br />

mandar um currículo, etc., ou seja, há custos, e nem sempre os <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s dispõem <strong>do</strong> mínimo necessário para fazer uma busca; entretanto, o IBGE consi<strong>de</strong>ra essa pessoa<br />

inativa, e não <strong>de</strong>sempregada. Além disso, se a pessoa estiver <strong>de</strong>sempregada, procuran<strong>do</strong> um emprego, mas lavar um automóvel, durante 1 hora, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se toda a semana da<br />

pesquisa, para o IBGE isso é uma ocupação. Se a pessoa se <strong>de</strong>clara autônoma, isso é sinônimo <strong>de</strong> ocupação, ou seja, se for um ven<strong>de</strong><strong>do</strong>r <strong>de</strong> livros e tiver passa<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o mês sem<br />

ven<strong>de</strong>r qualquer livro, isso não interessa ao IBGE, que a consi<strong>de</strong>ra ocupada. Há inequívocos problemas <strong>de</strong> mensuração <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego. A pesquisa mais a<strong>de</strong>quada<br />

meto<strong>do</strong>logicamente <strong>de</strong>veria ser feita pelo DIEESE, pela Fundação CEAD e por outras instituições regionais, pois seria mais fiel à realida<strong>de</strong> brasileira.<br />

Mas, continuan<strong>do</strong> na minha linha <strong>de</strong> raciocínio a respeito <strong>do</strong> volume <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego, diria que é muito expressivo. Mais <strong>do</strong> que <strong>de</strong>stacar isso, é necessário também fazer constatar<br />

que tivemos uma mudança substancial no perfil <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>. Até o final <strong>do</strong>s anos 80, o <strong>de</strong>semprego era um fenômeno relativamente homogêneo, sen<strong>do</strong> os <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s,<br />

geralmente, indivíduos analfabetos, <strong>de</strong> baixa escolarida<strong>de</strong>, sem experiência profissional, com, no máximo, experiência no chão <strong>de</strong> fábrica. Analisan<strong>do</strong> essas estatísticas,<br />

verificávamos claramente que o <strong>de</strong>semprego era um fenômeno circunscrito a mulheres, jovens e negros. Quan<strong>do</strong> olhamos as estatísticas <strong>do</strong>s anos 90 a esse respeito, percebemos uma<br />

mudança substancial, porque, hoje, po<strong>de</strong>mos dizer que não há segmento social imune ao <strong>de</strong>semprego, que atinge, quase que indistintamente, praticamente to<strong>do</strong>s os segmentos sociais.<br />

Ao contrário <strong>do</strong> que vem sen<strong>do</strong> dito, o <strong>de</strong>semprego tem cresci<strong>do</strong> mais para as pessoas com mais <strong>de</strong> 40 anos, com maior escolarida<strong>de</strong> e maior experiência profissional.<br />

Para se ter uma idéia, ao longo <strong>do</strong>s anos 90, houve um aumento muito rápi<strong>do</strong> <strong>do</strong> número <strong>de</strong> pessoas, com mais <strong>de</strong> 11 anos <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>; o que significa, no Brasil, a estar no 3º<br />

grau. Essa, certamente, é a razão <strong>de</strong> o <strong>de</strong>semprego ter-se torna<strong>do</strong> um tema <strong>de</strong>bati<strong>do</strong> por toda a socieda<strong>de</strong>, não fican<strong>do</strong> mais circunscrito a segmentos específicos da socieda<strong>de</strong><br />

brasileira. O <strong>de</strong>semprego jamais atingiu as classes média e alta da socieda<strong>de</strong> brasileira, como tem aconteci<strong>do</strong> neste momento. Por conta disso, tornou-se um produto comercializa<strong>do</strong>.<br />

Há espaço nos jornais, nas revistas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> tiragem, porque é um produto que as pessoas procuram comprar e conhecer.


Lamentavelmente, <strong>de</strong>vo dizer a você, que o <strong>de</strong>bate que travamos no Brasil é um <strong>de</strong>bate pouco esclarece<strong>do</strong>r. É como se olhássemos um rio <strong>de</strong> águas turvas. É impossível i<strong>de</strong>ntificar as<br />

causas <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego, as conseqüências <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego. Portanto, no tempo que tenho, vou tentar hierarquizar aquelas que seriam as principais causas <strong>de</strong>sse problema no Brasil, e<br />

as possíveis soluções para a questão. O <strong>de</strong>semprego tem inúmeras causas, mas é importante que façamos aqui uma reflexão sobre as mais importantes porque, se houvesse uma<br />

atuação centrada, haveria uma reversão no <strong>de</strong>semprego.<br />

Se fizéssemos uma breve avaliação, po<strong>de</strong>ríamos pensar que o <strong>de</strong>semprego é um problema que to<strong>do</strong> país tem; é um problema mundial. Ao utilizarmos esse tipo <strong>de</strong> argumento,<br />

entretanto, estaríamos, <strong>de</strong> certa forma, diminuin<strong>do</strong> a responsabilida<strong>de</strong> da socieda<strong>de</strong> brasileira, <strong>de</strong> suas instituições e autorida<strong>de</strong>s, pela geração <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego. Estaríamos dizen<strong>do</strong>:<br />

"Desemprego é um problema mundial, não há muito o que fazer. É um produto da globalização". Não é <strong>de</strong>ssa forma que <strong>de</strong>veria ser i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> porque, quan<strong>do</strong> olhamos o mun<strong>do</strong>,<br />

percebemos que há países em que o <strong>de</strong>semprego praticamente inexiste. Há outros países on<strong>de</strong> o <strong>de</strong>semprego é expressivo e vem aumentan<strong>do</strong>. É importante <strong>de</strong>stacar que há, pelo<br />

menos, três fatores que fazem com que o <strong>de</strong>semprego, no Brasil, tenha vin<strong>do</strong>, <strong>de</strong> fato, para ficar. Não há soluções <strong>de</strong> curto prazo para enfrentá-lo; é necessário que haja uma profunda<br />

mudança nas priorida<strong>de</strong>s nacionais. O primeiro fator que mencionei refere-se às profundas transformações na or<strong>de</strong>m econômica mundial, neste final <strong>de</strong> século. Estamos diante <strong>de</strong><br />

uma or<strong>de</strong>m econômica mundial extremamente conserva<strong>do</strong>ra, uma or<strong>de</strong>m econômica que se encontra sustentada em um padrão <strong>de</strong> acumulação financeira, isto é, o movimento <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento internacional é da<strong>do</strong> pelos mecanismos <strong>de</strong> valorização financeira <strong>do</strong> capital. Obtém-se muito mais recursos valorizan<strong>do</strong>-se o capital, aplican<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> forma<br />

financeira e não produtiva. Por conta disso, tem-se verifica<strong>do</strong> taxas <strong>de</strong> expansão da produção mundial muito reduzidas. Mesmo os países <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s vêm apresentan<strong>do</strong> taxas <strong>de</strong><br />

expansão muito pequenas, aquém daquelas que apresentavam durante os anos 60 e 70. Uma economia como a japonesa, por exemplo, que, entre 1960 e 1973, crescia a uma taxa<br />

média anual <strong>de</strong> 7% a 8%, vem crescen<strong>do</strong> apenas 1% ao ano, ao longo <strong>do</strong>s anos 90. Essa or<strong>de</strong>m econômica é conserva<strong>do</strong>ra, é prisioneira <strong>do</strong>s interesses financeiros, e mais <strong>do</strong> que isso,<br />

ao se imporem taxas <strong>de</strong> expansão econômica muito baixas, parte <strong>do</strong> fruto <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento fica concentra<strong>do</strong> em poucas nações. Poucas nações no mun<strong>do</strong> absorvem os efeitos<br />

produtivos <strong>de</strong>sse crescimento econômico.<br />

Fundamentalmente, são os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s a principal nação a absorver os melhores resulta<strong>do</strong>s da economia mundial.<br />

Essa é uma or<strong>de</strong>m econômica contrária ao emprego. Mais que isso, essa nova or<strong>de</strong>m econômica mundial está impon<strong>do</strong> uma divisão internacional <strong>do</strong> trabalho bastante distinta<br />

daquela que conhecíamos <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> pós-guerra. Estamos diante <strong>de</strong> uma nova divisão internacional <strong>do</strong> trabalho, que se sustenta em um tripé bastante importante - e vou<br />

tentar <strong>de</strong>monstrar isso <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> sintético. O primeiro eixo <strong>do</strong> tripé que fundamenta essa divisão internacional <strong>do</strong> trabalho se dá sobretu<strong>do</strong> pela onda <strong>de</strong> inovação tecnológica a que<br />

estamos assistin<strong>do</strong> ultimamente. Esse primeiro tripé é produzi<strong>do</strong> fundamentalmente por cerca <strong>de</strong> 400 gran<strong>de</strong>s corporações transnacionais, que são responsáveis pela geração,<br />

produção e difusão <strong>de</strong> novas tecnologias. Cerca <strong>de</strong> 80% <strong>do</strong>s investimentos em inovações tecnológicas são feitos apenas por essas 400 gran<strong>de</strong>s corporações transnacionais, que têm<br />

suas se<strong>de</strong>s nos países mais ricos, no chama<strong>do</strong> G-7: Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, Alemanha, Japão, França, Itália, Inglaterra e Canadá. Os países que têm condições <strong>de</strong> gerarem os melhores postos<br />

<strong>de</strong> trabalho são aqueles que têm capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produzir e difundir tecnologicamente. Esse é o primeiro aspecto importante e que já coloca <strong>do</strong> outro la<strong>do</strong> <strong>do</strong> cenário países que estão<br />

sem essa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produzir e difundir tecnologia.<br />

O segun<strong>do</strong> eixo <strong>do</strong> tripé que sustenta essa nova divisão <strong>do</strong> trabalho no mun<strong>do</strong> refere-se ao papel que as agências multilaterais internacionais vêm promoven<strong>do</strong> com objetivo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>struir os sistemas financeiros nacionais a fim <strong>de</strong>, basicamente, estabelecer três gran<strong>de</strong>s moedas <strong>de</strong> curso mundial. Isto é, há um movimento <strong>de</strong>fendi<strong>do</strong> pelo Banco Mundial, pelo<br />

Fun<strong>do</strong> Monetário Internacional e pela Organização <strong>do</strong> Comércio <strong>de</strong> estabelecer praticamente três gran<strong>de</strong>s moedas <strong>de</strong> curso internacional. É basicamente o dólar. As outras duas<br />

moedas ainda estão em discussão, porque não se sabe <strong>de</strong> sua viabilida<strong>de</strong>. A segunda moeda seria o euro - da União Européia -, e a terceira seria o yene japonês. A escolha <strong>de</strong>ssas<br />

duas moedas ainda está "sub judice", para ver se, <strong>de</strong> fato, terão capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> circulação internacional.<br />

Quero chamar atenção para as políticas que vêm sen<strong>do</strong> difundidas por essas agências multilaterias, que atuam no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> fragilizar e enfraquecer os sistemas financeiros nacionais.<br />

É importante dizer ainda que, a partir <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> pós-guerra, praticamente to<strong>do</strong>s os países <strong>de</strong> economia <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> construíram sistemas financeiros nacionais com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

fazer política monetária, estabelecer taxas <strong>de</strong> juros distintas, promover subsídios a <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s setores e <strong>de</strong> criar moedas nacionais que podiam ser controladas pelo Esta<strong>do</strong>.<br />

Temos várias medidas para <strong>de</strong>struir esses mecanismos. Um <strong>de</strong>les se dá através das formas <strong>do</strong>s programas <strong>de</strong> estabilização monetária que tiveram curso nos anos 90, que são<br />

programas <strong>de</strong> <strong>do</strong>larização das economias, <strong>de</strong> esvaziamento das moedas nacionais, <strong>de</strong>saparecimento <strong>do</strong>s Bancos nacionais e <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> crédito nacional. Há países que estão mais<br />

avança<strong>do</strong>s nesse processo, como a Argentina, que tem parida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua moeda, que tem curso normal e tem apoia<strong>do</strong> a <strong>do</strong>larização plena.<br />

Há casos intermediários, como o caso <strong>do</strong> Brasil, que estabeleceu a sua estabilida<strong>de</strong> monetária ancorada no dólar. Recentemente, rompemos parcialmente, a partir <strong>de</strong> janeiro. Todavia,<br />

já houve outras medidas complementares, como a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> contas em dólar pelas gran<strong>de</strong>s empresas, para que operem no próprio sistema bancário brasileiro,<br />

conforme permiti<strong>do</strong> pelo Banco Central.<br />

Gran<strong>de</strong> parte da dívida pública brasileira está, hoje, sustentada pelo câmbio <strong>do</strong> dólar. Há um processo incurso <strong>de</strong> <strong>do</strong>larização da nossa economia, que veio através da<br />

internacionalização <strong>do</strong>s nossos Bancos, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à própria incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se fazer uma política monetária autônoma, que permitiria oferecermos taxas diferentes das atuais,<br />

proibitivas ao sistema produtivo nacional. Com a <strong>do</strong>larização, o País não tem capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer política monetária. E quem faz a política monetária é o Banco Central americano, e<br />

não mais o Banco Central brasileiro. Esse segun<strong>do</strong> suporte <strong>do</strong> tripé dá uma divisão internacional <strong>do</strong> trabalho diferente, porque, a partir <strong>de</strong>sse novo programa, <strong>de</strong> existência <strong>de</strong> poucas<br />

moedas no mun<strong>do</strong>, os países per<strong>de</strong>m a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar políticas nacionais, políticas <strong>de</strong> favorecimento <strong>de</strong> setores produtivos nacionais. E o terceiro e último suporte <strong>de</strong>sse tripé<br />

vem através da construção <strong>de</strong> um exército mundial, uma força armada mundial, com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> impor as políticas estabelecidas a partir <strong>do</strong>s países mais ricos. Observamos,<br />

através da OTAN - Organização <strong>do</strong> Trata<strong>do</strong> <strong>do</strong> Atlântico Norte, que a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> as Nações Unidas não terem <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> se po<strong>de</strong>ria haver a invasão, houve uma invasão da Iugoslávia,<br />

ou seja, há um exército forma<strong>do</strong>, sobretu<strong>do</strong>, pelas forças militares <strong>do</strong>s países ricos, com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intervir em qualquer país, a qualquer momento. Ao mesmo tempo, os países<br />

que a<strong>do</strong>tam o programa <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> Monetário Internacional, que arrocha, que reduz o gasto público, faz com que as forças armadas <strong>do</strong>s seus países praticamente <strong>de</strong>sapareçam. A<br />

América Latina praticamente não tem mais exército nacional. Conversava, há pouco, com um especialista em aeronáutica, que dizia que um piloto <strong>de</strong> avião supersônico <strong>de</strong>ve voar,<br />

em média, "x" horas para se manter atualiza<strong>do</strong>, já que o avião <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte precisa <strong>de</strong> um piloto atualiza<strong>do</strong>, prepara<strong>do</strong>. Atualmente, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao arrocho no orçamento brasileiro,<br />

nem mesmo os pilotos brasileiros estão voan<strong>do</strong> esse número <strong>de</strong> horas, necessários para manterem-se atualiza<strong>do</strong>s para pilotar aviões <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte. Há inequivocamente uma<br />

redução da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter exércitos nacionais que <strong>de</strong>fendam a soberania e sua transformação recorrente em exércitos, em forças <strong>de</strong> segurança urbana, forças ver<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> segurança<br />

<strong>do</strong> meio ambiente ou polícias <strong>do</strong> narcotráfico. Mas não há mais exércitos nacionais em <strong>de</strong>fesa da soberania, como tínhamos no passa<strong>do</strong>. Esse tipo <strong>de</strong> tripé sustenta uma divisão<br />

internacional <strong>do</strong> trabalho nefasta <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>do</strong>s países que não fazem parte <strong>do</strong> grupo <strong>de</strong> países ricos. Para complementar o que estou dizen<strong>do</strong>, temos uma característica<br />

marcante na evolução <strong>do</strong> emprego mundial. De um la<strong>do</strong>, percebemos que os bons empregos se concentram nos países ricos e os empregos precários concentram-se nos países pobres.<br />

Também o <strong>de</strong>semprego concentra-se nos países pobres. Encontramo-nos diante <strong>de</strong> um novo formato <strong>do</strong> sistema produtivo mundial. Estávamos acostuma<strong>do</strong>s à presença <strong>de</strong> empresas<br />

multinacionais que vinham para os países pobres, como vieram ao Brasil, e, ao se instalarem nesses países, procuravam a<strong>do</strong>tar práticas comuns em seus países <strong>de</strong> origem. Por isso,<br />

percebíamos que, em geral, nas empresas estrangeiras, os salários eram maiores que os pagos nas empresas nacionais, e as condições <strong>de</strong> trabalho, melhores. Ocorre que esse é um<br />

padrão anterior <strong>de</strong> produção por intermédio <strong>de</strong>ssas empresas. Estamos diante <strong>de</strong> uma modificação que permite, hoje, às gran<strong>de</strong>s empresas internacionais operarem na forma <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s.<br />

O que é operação na forma <strong>de</strong> re<strong>de</strong>? Darei o exemplo da Nike, que, provavelmente, conhecem. É uma empresa que fabrica calça<strong>do</strong>s, tênis. Ela concentra em torno <strong>de</strong> <strong>10</strong>0 mil<br />

trabalha<strong>do</strong>res no mun<strong>do</strong> to<strong>do</strong> e contrata, <strong>de</strong> fato, apenas 15 mil, que são os trabalha<strong>do</strong>res emprega<strong>do</strong>s nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, responsáveis pela parte financeira da empresa, pela<br />

distribuição, comercialização, "marketing", <strong>de</strong>senho <strong>do</strong> calça<strong>do</strong>, etc. E ela não produz nenhum calça<strong>do</strong> nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, apenas subcontrata 85 mil trabalha<strong>do</strong>res nos países on<strong>de</strong><br />

é possível produzir ao menor custo possível, muitas vezes utilizan<strong>do</strong> trabalho escravo e trabalho infantil. Mas ela não contrata esses trabalha<strong>do</strong>res, contrata outra empresa, que vai ter<br />

o compromisso com a produção. Então, está haven<strong>do</strong> uma mudança. Não se trata mais <strong>de</strong> uma empresa estrangeira vir para cá e trazer tecnologia, gerar os melhores empregos. Está<br />

haven<strong>do</strong> uma mudança substancial no padrão <strong>de</strong> emprego e <strong>de</strong> produção nesse sistema econômico mundial. E, mais que isso, em relação ao <strong>de</strong>semprego, vou trabalhar com um da<strong>do</strong><br />

que é uma medida <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego restrita, chamada <strong>de</strong>semprego aberto, isto é, a pessoa procurou um emprego, não realizou um trabalho nem mesmo durante uma hora ao longo da<br />

semana, não fez absolutamente nada, só procurou emprego. É um <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong> que procura emprego. De acor<strong>do</strong> com os da<strong>do</strong>s oficiais da Organização Internacional <strong>do</strong> Trabalho -<br />

OIT -, o mun<strong>do</strong> tinha, em 1979, algo em torno <strong>de</strong> 45 milhões <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s. Desses 45 milhões, o G-7 - o grupo <strong>do</strong>s sete países mais ricos - era responsável por<br />

32%; então, 1/3 <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego mundial era <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>le. Em 1998, segun<strong>do</strong> a OIT, haveria no mun<strong>do</strong> 150 milhões <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s. Desses 150 milhões - mais <strong>de</strong> três<br />

vezes o número <strong>de</strong> 1979 -, os sete países mais ricos eram, agora, responsáveis por apenas 15%. E 85% <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego mundial era <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s países pobres. Então, o<br />

<strong>de</strong>semprego está aumentan<strong>do</strong> no mun<strong>do</strong> e se concentran<strong>do</strong> nos países pobres.<br />

O <strong>de</strong>semprego, com o passar <strong>do</strong> tempo, não é mais problema <strong>do</strong>s países ricos. Essa é uma questão importante, <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>, que diz respeito a essa concentração <strong>do</strong> trabalho que, <strong>de</strong> certa<br />

maneira, implica um <strong>de</strong>semprego maior para os países que a<strong>de</strong>rem a essa or<strong>de</strong>m econômica conserva<strong>do</strong>ra. Mas, olhan<strong>do</strong> um pouco para o Brasil, por que temos tanto <strong>de</strong>semprego?<br />

Temos tanto <strong>de</strong>semprego porque o País vive a mais grave crise econômica da sua história. Estamos completan<strong>do</strong>, neste ano, a segunda década perdida. Aliás, a década <strong>de</strong> 90 é a pior<br />

<strong>do</strong> séc. XX. Nenhuma outra década, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1900, teve uma taxa <strong>de</strong> expansão da economia tão baixa como a que vimos ao longo da década <strong>de</strong> 90. Se a produção nacional cair 1% - é a<br />

estimativa para este ano -, a média da expansão da economia na década <strong>de</strong> 90 vai ser <strong>de</strong> 1,5%. Nenhuma outra década <strong>do</strong> século teve taxa <strong>de</strong> crescimento tão baixa como essa.<br />

Mesmo na década <strong>de</strong> 80, que foi também uma década perdida, a economia cresceu 2,6%. E estamos crescen<strong>do</strong>, nos anos 90, 1,5%. Ocorre que a população brasileira aumenta, em<br />

média, 1,3%, 1,4% ao ano. Isso significa que o País, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista da renda nacional dividida pelo número <strong>de</strong> habitantes (renda "per capita"), está estagna<strong>do</strong> nas duas últimas<br />

décadas. A renda "per capita" <strong>do</strong>s brasileiros, em <strong>1999</strong>, vai ser equivalente à <strong>de</strong> 1980. Nunca vimos uma realida<strong>de</strong> como essa. Entre 1890 e 1980, o Brasil esteve entre os países que<br />

mais cresceu no mun<strong>do</strong>. Poucos países cresceram tanto quanto o Brasil nesse perío<strong>do</strong>. A partir <strong>de</strong> 1980 e sobretu<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1990, o Brasil se junta à Rússia, que vive um processo <strong>de</strong>


<strong>de</strong>sagregação social e produtiva.<br />

No Brasil, ainda não estamos ven<strong>do</strong> cair prédios, como na Rússia, mas o que está <strong>de</strong>smoronan<strong>do</strong> é parte <strong>do</strong> sistema produtivo. A primeira tentativa <strong>de</strong> explicação para o fato <strong>de</strong><br />

termos tanto <strong>de</strong>semprego é a <strong>de</strong> que o País não cresce. O País está paralisa<strong>do</strong>. É uma gran<strong>de</strong> locomotiva parada no tempo. Como se um exército ficasse marchan<strong>do</strong> sempre no mesmo<br />

lugar.<br />

Se a economia <strong>de</strong> um país em que, a cada ano, 1.500.000 pessoas ingressam no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho não cresce, não é possível gerar emprego. Não há mágica. Essa é uma questão<br />

importante. Precisamos pensar no crescimento econômico. Sem crescimento, não há como pensar em emprego, lamentavelmente.<br />

A segunda razão, no caso <strong>do</strong> Brasil, tem a ver com o novo mo<strong>de</strong>lo econômico que vivemos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1990. O Brasil teve um mo<strong>de</strong>lo econômico entre 1930 e a década <strong>de</strong> 80, o qual se<br />

pautava pela <strong>de</strong>fesa da produção e <strong>do</strong> emprego nacional. O Brasil foi um <strong>do</strong>s países mais bem-sucedi<strong>do</strong>s <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista da industrialização. Nenhum país <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, da periferia<br />

<strong>do</strong> capitalismo, <strong>do</strong> grupo <strong>do</strong>s países pobres, conseguiu montar uma planta industrial tão complexa, diversificada e integrada como nós montamos até o final <strong>do</strong>s anos 70. Estou<br />

comparan<strong>do</strong> o Brasil com o México, a Argentina, a Índia, a África <strong>do</strong> Sul, a China e os tigres asiáticos. Tínhamos um mo<strong>de</strong>lo que se voltava para o merca<strong>do</strong> interno, protegia a<br />

indústria nacional. Obviamente, isso criou alguns problemas, mas <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista econômico foi extremamente bem-sucedi<strong>do</strong>, ainda que fôssemos capazes <strong>de</strong> montar um <strong>do</strong>s<br />

piores mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento social. O Brasil construiu o pior mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> renda. Nenhum país tem um perfil <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> renda tão ruim quanto o nosso.<br />

O bolo cresceu, mas ficou com poucos. Mas o seu crescimento, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> sua concentração, foi favorável ao emprego. Entre 1940 e 1980, a cada <strong>de</strong>z empregos que o Brasil<br />

gerava, oito eram empregos assalaria<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> sete com carteira assinada.<br />

Ao longo <strong>do</strong>s anos 90, a cada <strong>de</strong>z postos <strong>de</strong> trabalho gera<strong>do</strong>s no Brasil, oito são não assalaria<strong>do</strong>s, são empregos <strong>de</strong> trabalho autônomo, por conta própria, em geral precários. Apenas<br />

<strong>do</strong>is são assalaria<strong>do</strong>s; porém, assalaria<strong>do</strong>s sem registro, sem carteira.<br />

Nosso mo<strong>de</strong>lo econômico é solidário com o <strong>de</strong>semprego. Mesmo o mo<strong>de</strong>lo sen<strong>do</strong> bem-sucedi<strong>do</strong> <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista econômico, não traz efeitos positivos para o emprego. Tomamos<br />

como exemplo o perío<strong>do</strong> em que esse mo<strong>de</strong>lo teve sucesso, 1993 a 1997, perío<strong>do</strong> em que foi possível haver algum crescimento econômico - o País cresceu 23% acumuladamente<br />

nesse perío<strong>do</strong> -, até a estabilida<strong>de</strong> monetária a partir <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1994. Pois bem, nesse perío<strong>do</strong>, não houve expansão positiva <strong>do</strong> emprego assalaria<strong>do</strong>. Houve uma queda <strong>de</strong> 800 mil<br />

postos <strong>de</strong> trabalho. Foi a primeira vez na história em que se aumentou a produção sem efeito no emprego. As taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego, que <strong>de</strong>cresceram entre 1993 e 1994, voltaram a<br />

crescer em 1995, 1996 e 1997, <strong>de</strong> tal forma que permaneceram estabilizadas na média <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>.<br />

Por que, apesar <strong>de</strong> crescer 23%, não se geraram empregos? Não se geraram empregos porque o motor <strong>de</strong>ssa expansão foi da<strong>do</strong> pelo chama<strong>do</strong> setor <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> consumo durável,<br />

eletroeletrônica, televisores, CDs, entre outros e a indústria automobilística.<br />

Esse setor <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> consumo durável cresceu 60% nesse perío<strong>do</strong>, mas seu crescimento foi funda<strong>do</strong> em importação. Produziu-se mais, mas produziu-se compran<strong>do</strong> <strong>de</strong> fora. Dobrouse<br />

a produção <strong>de</strong> automóvel; porém os componentes <strong>de</strong>sses automóveis, em gran<strong>de</strong> parte, vieram <strong>de</strong> fora.<br />

Então, em vez <strong>de</strong> se gerarem empregos no Brasil, geramos empregos na Argentina, nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, nos tigres asiáticos. A indústria brasileira "exportou" 1.240.000 empregos<br />

industriais. Eram empregos que existiam aqui e <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> existir porque as importações vieram. Então, não há possibilida<strong>de</strong>, com esse mo<strong>de</strong>lo econômico, <strong>de</strong> enfrentarmos a<br />

questão <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego. Mais que isso: não há possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> esse mo<strong>de</strong>lo econômico crescer 6% ou 7% ao ano, que é uma exigência <strong>de</strong> um país que tem uma população tão<br />

gran<strong>de</strong> como a nossa. Estamos viven<strong>do</strong> uma armadilha <strong>de</strong> crescimento. O que ocorrerá se, por hipótese, o Brasil crescer os 4% que o Presi<strong>de</strong>nte anunciou que crescerá no ano que<br />

vem, já que, com o atual mo<strong>de</strong>lo econômico, as empresas, para produzir mais, precisam comprar produtos <strong>de</strong> fora? Para aumentar a produção em 4%, vamos ter que importar mais<br />

produtos. Se importarmos mais produtos, o que vai ocorrer? Como nossas exportações não estão reagin<strong>do</strong>, então, vamos ter uma diferença entre o que compramos <strong>de</strong> fora e o que<br />

ven<strong>de</strong>mos para o exterior. Haverá um déficit na balança comercial. Quan<strong>do</strong> compramos mais <strong>do</strong> que ven<strong>de</strong>mos, o que ocorre? Há um déficit, que tem que ser financia<strong>do</strong>. Para se<br />

financiar esse déficit, o Governo brasileiro emite dinheiro como mecanismo <strong>de</strong> atração, melhor dizen<strong>do</strong>, se endivida atrain<strong>do</strong> dólares <strong>do</strong> exterior, ou eleva a taxa <strong>de</strong> juros interna para<br />

atrair mais capital para cá, que é o que se tem feito, sobretu<strong>do</strong>, <strong>de</strong> 1992 e <strong>de</strong> 1993 para cá. Quan<strong>do</strong> se eleva a taxa <strong>de</strong> juros, inibe-se o investimento produtivo e, conseqüentemente,<br />

<strong>de</strong>saquece-se o crescimento. Não há a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crescimento. Então, o <strong>de</strong>semprego, lamentavelmente, veio para ficar. Um milhão e meio <strong>de</strong> pessoas entram no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

trabalho to<strong>do</strong>s os anos, e temos um número absur<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s, <strong>do</strong> qual não temos conhecimento. É, no mínimo, acima <strong>de</strong> 6 milhões. Diante disso, esse mo<strong>de</strong>lo se torna<br />

ineficaz.<br />

Minha participação já está se encerran<strong>do</strong> e gostaria <strong>de</strong>, nestes últimos minutos, falar um pouco sobre as alternativas para essa situação. Não tenho dúvida em afirmar que, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong><br />

vista técnico, sou otimista, porque o Brasil talvez seja um <strong>do</strong>s poucos países no mun<strong>do</strong> que reúna as melhores condições para enfrentar a situação <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego. Do ponto <strong>de</strong> vista<br />

técnico, inexoravelmente, isso é verda<strong>de</strong>iro. Em primeiro lugar, estamos falan<strong>do</strong> <strong>de</strong> um País em construção, <strong>de</strong> um País que está completan<strong>do</strong> 500 anos. Quem teve a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

conhecer ou estudar um país <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> sabe que, ali tu<strong>do</strong> está pronto, to<strong>do</strong>s têm casa, educação, hospital. Essa não é a realida<strong>de</strong> brasileira. Aqui falta tu<strong>do</strong>. Temos um déficit<br />

habitacional estima<strong>do</strong> em 7 milhões <strong>de</strong> moradias. Imaginemos aqui um plano nacional <strong>de</strong> habitação popular que ousasse construir 7 milhões <strong>de</strong> moradias. Que efeito fantástico teria o<br />

Brasil <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista da cidadania, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista da criação <strong>de</strong> emprego! A construção civil gera enormes oportunida<strong>de</strong>s para empregos, inclusive para os chama<strong>do</strong>s<br />

"inimpregáveis", aqueles analfabetos entre outros. O Brasil tem espaço, é um País jovem, tem tu<strong>do</strong> por fazer, é um País em construção.<br />

Mais <strong>do</strong> que isso: o País não fez três reformas clássicas; aquelas que os países <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s fizeram. Sem essas reformas, é impossível pensar num país <strong>de</strong> primeiro mun<strong>do</strong>, num<br />

país <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>. Quais são essas reformas clássicas? O Brasil não fez, por exemplo, a reforma agrária. To<strong>do</strong>s os países <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s fizeram a reforma agrária no século XIX ou<br />

no século XX, como foi o caso <strong>do</strong> Japão e da Itália, no pós-guerra. O fato <strong>de</strong> não termos feito a reforma agrária fez com que criássemos, no Brasil, um <strong>do</strong>s mais flexíveis merca<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong> trabalho <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>; isso porque temos um merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho abundante em mão-<strong>de</strong>-obra. Temos 76.500.000 <strong>de</strong> pessoas que fazem parte da força <strong>de</strong> trabalho nacional. Desses<br />

76.500.000, apenas 22.300.000 têm carteira assinada. Tem carteira assinada e alguma proteção social e trabalhista apenas 1/3, e os 2/3 restantes estão <strong>de</strong> fora.<br />

Não têm nenhum direito, não têm 13º salário, não têm férias, não têm <strong>de</strong>scanso semanal remunera<strong>do</strong>. Dos 22.300.000 que têm direitos trabalhistas, 8.000.000 são <strong>de</strong>miti<strong>do</strong>s a cada<br />

ano. Se compararmos o número <strong>de</strong> <strong>de</strong>miti<strong>do</strong>s com o <strong>de</strong> emprega<strong>do</strong>s, constataremos uma taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>missão <strong>de</strong> 40%, enquanto, nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, essa taxa é <strong>de</strong> 20%, e os<br />

<strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s, ainda assim, são reverencia<strong>do</strong>s com o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho flexível.<br />

Apesar <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> isso, to<strong>do</strong>s os dias, somos bombar<strong>de</strong>a<strong>do</strong>s por informações <strong>de</strong> especialistas, dizen<strong>do</strong> que aqui o trabalho <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> é muito rígi<strong>do</strong> e que as leis trabalhistas são<br />

cumpridas. Lamentavelmente, fazem isso por ignorância ou por má-fé, porque a realida<strong>de</strong> não nos permite afirmar tal coisa.<br />

O fato <strong>de</strong> a reforma agrária não ter si<strong>do</strong> feita no tempo certo fez com que <strong>10</strong>0 milhões <strong>de</strong> pessoas saíssem <strong>do</strong> campo e viessem para a cida<strong>de</strong> sem nenhum preparo, sem nenhuma<br />

qualificação. A reforma agrária ainda é importante nos dias <strong>de</strong> hoje, porque temos um trabalha<strong>do</strong>r na cida<strong>de</strong> para cinco no campo. São 30 milhões <strong>de</strong> pessoas no campo, que,<br />

inexoravelmente, vão continuar vin<strong>do</strong> para a cida<strong>de</strong>, se não houver alteração na estrutura fundiária <strong>de</strong> crédito e <strong>de</strong> técnicas.<br />

A segunda reforma é a tributária, mas não essa que está sen<strong>do</strong> discutida no momento. A reforma tributária que este País nunca fez é aquela que estabelece uma estrutura tributária<br />

progressiva, em que os que ganham mais pagam mais.<br />

No Brasil, temos justamente o contrário: quem ganha mais paga menos imposto, aliás, quem paga imposto no Brasil são os pobres. Por quê? Porque a maior parte <strong>do</strong>s impostos são<br />

diretos, vêm embuti<strong>do</strong>s no preço <strong>do</strong>s produtos, e nem sabemos quanto é. O rico compra um quilo <strong>de</strong> feijão e paga o mesmo imposto que o pobre. Isso faz com que alguém que ganha<br />

<strong>10</strong>0 salários mínimos, no Brasil, pague <strong>16</strong>% <strong>de</strong> impostos, enquanto quem ganha um salário mínimo paga 32%. Com a estrutura tributária regressiva, ajudamos a consolidar um<br />

processo <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> renda cada vez mais perverso.<br />

A reforma tributária que viesse para melhorar a distribuição da renda teria um efeito fantástico na geração <strong>de</strong> empregos, não só porque, com uma maior distribuição <strong>de</strong> renda, mais<br />

consumi<strong>do</strong>res haveria no País, mas também pelo fato <strong>de</strong> que as pessoas <strong>de</strong> baixa renda po<strong>de</strong>riam usufruir <strong>do</strong>s chama<strong>do</strong>s empregos <strong>de</strong> serviços pessoais, que são os empregos que os<br />

pobres não usam; como restaurantes (almoços e jantares fora <strong>de</strong> casa), teatro, lazer, serviços <strong>de</strong> cabeleireiro, <strong>de</strong> eletricista, <strong>de</strong> encana<strong>do</strong>r e outros.<br />

No Brasil, os serviços pessoais representam 14% da ocupação, enquanto, nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, representam 28%. Há um espaço enorme entre nós para a criação <strong>de</strong> serviços pessoais,


mas só se houver maior distribuição <strong>de</strong> renda. Para isso é preciso que se faça a reforma tributária: aquela que onera os que têm recursos.<br />

A terceira reforma em que precisamos pensar é a social. Não atingimos ainda, no final <strong>do</strong> século XX, um estágio <strong>de</strong> bem-estar social. Não temos educação, saú<strong>de</strong>, transportes, não<br />

temos habitação <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> para to<strong>do</strong>s.<br />

Os países que conseguiram ter um quase-pleno emprego durante o pós-guerra foram os que expandiram o gasto público. De cada <strong>de</strong>z empregos novos, seis foram gera<strong>do</strong>s pelo gasto<br />

público. E nós, no entanto, vivemos um quadro <strong>de</strong> redução <strong>do</strong> gasto público.<br />

No ano passa<strong>do</strong>, o Brasil gastou R$72.000.000.000,00 com pagamento <strong>do</strong> serviço da dívida interna. Neste ano, <strong>de</strong>ve gastar algo como R$120.000.000.000,00. No ano passa<strong>do</strong>,<br />

gastou R$21.000.000.000,00 com a saú<strong>de</strong>. Neste ano, <strong>de</strong>ve gastar em torno <strong>de</strong> R$19.000.000.000,00. Vejam: reduziu-se R$1.000.000.000,00 em gastos com a saú<strong>de</strong>, e aumentaramse<br />

os juros <strong>do</strong> serviço da dívida.<br />

Obviamente, não há espaço para expandir o gasto público na educação, na saú<strong>de</strong> e nos transportes, que são áreas <strong>de</strong>mandantes <strong>de</strong> empregos.<br />

Há, portanto, alternativas. A questão <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> é como fazer essas reformas no regime <strong>de</strong>mocrático <strong>do</strong> Brasil.<br />

O que estou dizen<strong>do</strong> para os senhores não representa nenhuma novida<strong>de</strong>, nenhum ovo <strong>de</strong> Colombo. Na verda<strong>de</strong>, o que estou dizen<strong>do</strong> agora refere-se às reformas que se discutiam no<br />

início <strong>do</strong>s anos 60, a chamada reforma <strong>de</strong> base.<br />

Quem teve a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ler Celso Furta<strong>do</strong> e Caio Pra<strong>do</strong> Júnior perceberá perfeitamente que estou apenas repetin<strong>do</strong> o que diziam. Este País tem saída, tem solução? Depen<strong>de</strong> das<br />

reformas que viermos a fazer. O Brasil tem tu<strong>do</strong> para vencer. Tem um merca<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r fantástico, mas prefere se integrar internacionalmente e valorizar o produto internacional<br />

em <strong>de</strong>trimento <strong>do</strong> produto brasileiro.<br />

Essa é, <strong>de</strong> fato, uma possibilida<strong>de</strong> inexeqüível <strong>do</strong>s brasileiros <strong>de</strong> hoje, neste final <strong>de</strong> século. É como aquela história ocorrida em uma vila oriental, em que morava um sábio que tinha<br />

resposta para tu<strong>do</strong>. Certa vez, alguém resolveu questioná-lo da seguinte forma: marcaria uma audiência, levan<strong>do</strong> um passarinho escondi<strong>do</strong> em suas mãos, e lhe perguntaria o que<br />

carregava. Como já imaginava que o sábio possivelmente saberia, faria a segunda pergunta, que era se o passarinho estava vivo ou morto. Se o sábio dissesse que estava morto,<br />

mostraria que estava vivo; se o sábio dissesse que estava vivo, esmagaria o passarinho e o mostraria morto.<br />

Assim, quan<strong>do</strong> chegou à audiência, perguntou-lhe: "O senhor, que tem resposta para tu<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>ria dizer o que tenho escondi<strong>do</strong> em minhas mãos?" O sábio pensou e respon<strong>de</strong>u:<br />

"Olha, você tem um passarinho nas mãos". E ele retrucou: "O senhor, <strong>de</strong> fato, acertou. Mas esse pássaro está vivo ou morto?" O sábio pensou e respon<strong>de</strong>u-lhe: "Esse pássaro está em<br />

suas mãos".<br />

Dessa mesma forma, a questão <strong>do</strong> emprego está em nossas mãos. Depen<strong>de</strong> apenas <strong>de</strong> a socieda<strong>de</strong> reagir. Está comprova<strong>do</strong>, no século XX, que quan<strong>do</strong> a socieda<strong>de</strong> reage <strong>de</strong> forma<br />

organizada, em <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> um projeto nacional <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento que se sustente, que priorize o emprego, é possível gerar mais empregos. No entanto, o que percebemos<br />

atualmente é uma socieda<strong>de</strong> que reage <strong>de</strong> forma individualizada à violência urbana, às drogas, a esse quadro <strong>de</strong> insegurança e até <strong>de</strong> ingovernabilida<strong>de</strong>.<br />

Portanto, formas como essas são absolutamente fundamentais numa socieda<strong>de</strong> que quer ser <strong>de</strong>mocrática e quer encontrar o emprego. E ele virá se to<strong>do</strong>s fizermos a nossa parte. Muito<br />

obriga<strong>do</strong>. (- Palmas.)<br />

Esclarecimentos sobre os Debates<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Neste instante, daremos início à fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates. A Presidência informa ao Plenário que os participantes po<strong>de</strong>rão formular perguntas ao expositor por escrito ou<br />

oralmente, mediante inscrição prévia. Para que possamos agilizar os <strong>de</strong>bates, solicitamos aos participantes que fizerem uso <strong>do</strong> microfone que se i<strong>de</strong>ntifiquem, sejam objetivos e<br />

sucintos, dispensada a formalida<strong>de</strong> das saudações pessoais. Cada participante disporá <strong>de</strong> até 2 minutos para fazer sua intervenção, sen<strong>do</strong>-lhe garanti<strong>do</strong> o mesmo tempo para as<br />

respostas.<br />

Debates<br />

O Sr. Gilson Reis - Sou Vice-Presi<strong>de</strong>nte da CUT <strong>de</strong> Minas Gerais e Secretário Sindical <strong>do</strong> PC <strong>do</strong> B. Faço uma saudação ao Deputa<strong>do</strong> Ivo José e ao companheiro Márcio Pochmann,<br />

que tem contribuí<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>terminante para a realização <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>bate no País. Queria também dar um abraço em Minas Gerais, pela presença <strong>do</strong> companheiro que, com certeza,<br />

gerará propostas para encaminharmos ao conjunto <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res e à socieda<strong>de</strong>.<br />

Temos feito esse <strong>de</strong>bate na CUT e no movimento social, e as várias propostas colocadas como alternativas no mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho estão no âmbito da própria CUT e <strong>do</strong> próprio<br />

movimento. É necessário resgatar três questões que você colocou.<br />

A primeira questão é que não existe emprego sem <strong>de</strong>senvolvimento econômico; portanto, há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se alterar o mo<strong>de</strong>lo econômico instituí<strong>do</strong> no País. Assim, é preciso<br />

combater esse mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> renda, <strong>de</strong> exclusão social, e esse projeto <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> neoliberal, mas sugerin<strong>do</strong> também uma proposta alternativa.<br />

Concordamos com a segunda questão colocada, que é a redução das horas <strong>de</strong> trabalho. Há uma discussão internacional sobre isso. Então é necessário discutirmos o assunto.<br />

O terceiro elemento é a reforma agrária. Como colocou, com bastante proprieda<strong>de</strong>, há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o País passar por uma reforma agrária contun<strong>de</strong>nte, pois o que se observa hoje é<br />

que 400 mil famílias, segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> MST, largaram suas proprieda<strong>de</strong>s em função da política agrícola fundiária <strong>de</strong>senvolvida no Brasil.<br />

Portanto, gostaria <strong>de</strong> resgatar esses três elementos, ou seja, o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico, a redução da jornada <strong>de</strong> trabalho e a reforma agrária, que a CUT, os<br />

movimentos sociais e os parti<strong>do</strong>s <strong>de</strong>vem buscar como alternativa imediata para a solução <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego.<br />

A minha pergunta é bastante concreta e atual. Existe uma crise <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo neoliberal em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>. Houve, por parte <strong>do</strong>s movimentos sindicais e sociais, na década <strong>de</strong> 90, a<br />

chamada "onda rosa", que circun<strong>do</strong>u toda a Europa e atualmente dirige três países sociais <strong>de</strong>mocratas. Pelos da<strong>do</strong>s que apresentou, o combate ao neoliberalismo na Europa também<br />

não é a solução para o <strong>de</strong>semprego. Precisamos <strong>de</strong>rrotar o projeto neoliberal. Gostaria <strong>de</strong> saber se essa crise é somente <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo neoliberal ou <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo capitalista internacional,<br />

que <strong>de</strong>semprega e exclui milhões e milhões <strong>de</strong> pessoas em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>. Portanto, seria uma visão mais profunda <strong>do</strong> que um mero projeto circunstancial da burguesia internacional.<br />

Obriga<strong>do</strong>.<br />

O Sr. Márcio Pochmann - Obriga<strong>do</strong>. Como o tempo é muito pequeno, não tenho condições <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r a sua questão como gostaria. A questão neoliberal, em termos internacionais,<br />

a meu juízo, é muito distinta <strong>do</strong> caso brasileiro. Então vou me ater ao caso brasileiro. Não consigo i<strong>de</strong>ntificar, por parte da socieda<strong>de</strong>, que está insatisfeita com a situação atual, uma<br />

avaliação precisa <strong>de</strong> que a crise se <strong>de</strong>ve ao mo<strong>de</strong>lo econômico. A impressão que tenho é a <strong>de</strong> que as pessoas concluem que a situação está assim porque o Presi<strong>de</strong>nte não é firme, pois<br />

não fez a privatização que precisava, não reduziu o gasto público, porque gasta <strong>de</strong>mais, etc. Não consigo perceber, na consciência nacional, a seguinte idéia: o nosso problema é<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao mo<strong>de</strong>lo que privatizou, que reduziu gastos, que paga juros, etc. Isso não está muito claro, ao contrário <strong>de</strong> outras experiências internacionais, em que essa conscientização<br />

está clara. Se observarmos, por exemplo, a experiência francesa, veremos que, inegavelmente, há um posicionamento nacional contra o mo<strong>de</strong>lo.<br />

Se há uma crise <strong>de</strong> administração internacional, não há uma alternativa concreta colocada. Isso é diferente <strong>do</strong> que aconteceu durante o pós-guerra, quan<strong>do</strong> o capitalismo tinha uma


alternativa, que era o socialismo, ainda que pudéssemos fazer-lhe uma série <strong>de</strong> críticas. No entanto, havia uma alternativa, que hoje é difícil encontrarmos concretamente. O pessoal<br />

<strong>do</strong> Banco Mundial vai discutir com a OIT, que diz o seguinte: esse mo<strong>de</strong>lo que estão difundin<strong>do</strong> pelo mun<strong>do</strong> gera <strong>de</strong>semprego, exclusão, etc. O pessoal <strong>do</strong> Banco Mundial diz: tu<strong>do</strong><br />

bem, estamos i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong> que existem problemas. O Banco Mundial, que no seu último relatório diz que tem aumenta<strong>do</strong> a pobreza e a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> no mun<strong>do</strong>, diz o seguinte:<br />

vocês, da OIT, criticam o nosso mo<strong>de</strong>lo, mas qual é o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> vocês? Essa é a questão-chave. A socieda<strong>de</strong>, até agora, não conseguiu construir um mo<strong>de</strong>lo alternativo. Não adianta<br />

cada um <strong>de</strong> nós ter o seu mo<strong>de</strong>lo se a socieda<strong>de</strong>, em cada país, não tiver o seu. Certamente existem questões mais abrangentes, que dizem o seguinte: é insustentável a expansão<br />

econômica vivida pelos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. Mais dia, menos dia, haverá uma <strong>de</strong>pressão na bolsa <strong>de</strong> valores. No entanto, isso vem sen<strong>do</strong> dito há pelo menos uma década, e até agora não<br />

aconteceu.<br />

É possível que ocorra uma crise mais profunda diante <strong>do</strong> que estamos assistin<strong>do</strong> no sistema financeiro internacional, com gravida<strong>de</strong>s gerais. Mas também não acredito que o<br />

capitalismo, por si só, seja capaz <strong>de</strong> gerar mais empregos. Uma exceção à regra, o perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> pós-guerra, é que nos países <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s gran<strong>de</strong> parte das cida<strong>de</strong>s teve empregos, a<br />

taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego foi muito baixa. Isso foi possível porque fizeram as reformas.<br />

Então, para se acabar com o <strong>de</strong>semprego nos países <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s, tem <strong>de</strong> se fazer uma reforma tributária. Os países <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s tinham uma carga tributária em torno <strong>de</strong> <strong>10</strong>% a<br />

15% <strong>do</strong> PIB até 1920. A partir da Segunda Guerra Mundial, fizeram uma reforma por meio da qual a carga tributária pulou para 37% a 55% <strong>do</strong> PIB. Isso já não é mais capitalismo,<br />

como os livros-textos consagram, em que 37% a 55% <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> o que é produzi<strong>do</strong> vai para o Esta<strong>do</strong>.<br />

Para enfrentar o problema <strong>do</strong> emprego nos países <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s, bastaria uma reforma tributária que fizesse com que esse índice <strong>de</strong> 37% a 55% <strong>do</strong> PIB pulasse para 60% a 80%.<br />

Mas isso não seria capitalismo. Será que os trabalha<strong>do</strong>res que terão emprego aceitariam pagar mais impostos em nome da solidarieda<strong>de</strong>? Será que os ricos aceitariam pagar mais<br />

impostos? É uma questão <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> que, no fun<strong>do</strong>, é política.<br />

A Sra. Eglé Luzia Scarioli Gomi<strong>de</strong> - Gostaria <strong>de</strong> cumprimentar o expositor pela clareza <strong>de</strong> suas colocações e solicitar o texto <strong>de</strong> sua palestra para tê-lo como <strong>do</strong>cumento.<br />

Gostaria <strong>de</strong> fazer uma colocação à direção <strong>de</strong>sta Casa. Como educa<strong>do</strong>ra, Diretora <strong>de</strong> ensino da Fundação <strong>do</strong> Centro das Indústrias, membro da Comissão Estadual <strong>de</strong> Emprego, da<br />

Comissão Municipal <strong>de</strong> Emprego <strong>de</strong> Contagem, queria <strong>de</strong>ixar aqui uma questão: Como se abre um seminário, com 650 pessoas, em que se discute <strong>de</strong>semprego, direito ao trabalho e<br />

cidadania, sem se cantar o Hino Nacional? Estou constrangida. Na Fundação em que sou Diretora <strong>de</strong> ensino, não admito que haja uma reunião sem que <strong>de</strong>ixemos <strong>de</strong> exercitar nosso<br />

direito <strong>de</strong> cidadãos. Nunca consi<strong>de</strong>ro minha <strong>de</strong>terminação cumprida se não existir alguém para tocar, artistas que po<strong>de</strong>m ser convida<strong>do</strong>s, sem nada cobrar, para tocar o trompete ou o<br />

órgão. Caso não haja ninguém para tocar, dispensamos os discos e usamos nossas próprias vozes. Muito obrigada.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Esta Presidência agra<strong>de</strong>ce a sugestão da Sra. Eglé Luzia Scarioli Gomi<strong>de</strong>.<br />

O Sr. Amaril<strong>do</strong> José <strong>do</strong>s Santos - Devemos lembrar que a questão <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego é sócio-geográfica. Há <strong>10</strong>0 anos, o homem conseguiu o direito <strong>de</strong> 8 horas <strong>de</strong> serviço por dia. Um<br />

lenha<strong>do</strong>r, para <strong>de</strong>rrubar uma árvore, usava um macha<strong>do</strong>; hoje, usa a motosserra. Em um escritório on<strong>de</strong> trabalhavam 20 pessoas, hoje, com o computa<strong>do</strong>r, trabalham apenas 5<br />

pessoas. Existe até o guarda-eletrônico. Troca<strong>do</strong>r <strong>de</strong> ônibus, a partir <strong>do</strong> ano que vem, praticamente não vai existir. Em São Paulo, isso está acontecen<strong>do</strong>. Esses exemplos ressaltam o<br />

que é a tecnologia <strong>de</strong> hoje.<br />

Há <strong>10</strong>0 anos, a participação da mulher era <strong>de</strong> 2%. Esse número pulou para 40%. Hoje, a mulher, em casa, tem máquina <strong>de</strong> lavar, tem máquina para isso e aquilo e não tem mais que<br />

<strong>do</strong>is filhos. Então, ela também está no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho. Mas a carga horária <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r continua a mesma: 8 horas <strong>de</strong> serviço por dia. Diante disso, a lei da oferta e da<br />

procura ficou <strong>de</strong>masiadamente <strong>de</strong>sproporcional, o que <strong>de</strong>svaloriza a mão-<strong>de</strong>-obra e, conseqüentemente, provoca a carestia. Quan<strong>do</strong> há um <strong>de</strong>sequilíbrio entre oferta e procura, a<br />

tendência é baratear-se a mão-<strong>de</strong>-obra.<br />

Hoje, o i<strong>de</strong>al é que a jornada <strong>de</strong> trabalho seja <strong>de</strong> 6 horas por dia. Teremos, então, um menor número <strong>de</strong> pessoas aposentadas por <strong>do</strong>enças causadas pelo estresse; um maior número <strong>de</strong><br />

pessoas voltan<strong>do</strong> aos estu<strong>do</strong>s; um aumento na produção <strong>do</strong> produto nacional, porque o trabalha<strong>do</strong>r menos estressa<strong>do</strong> trabalha mais; um menor gasto com segurança pública,<br />

construção e manutenção <strong>de</strong> presídios; oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o Governo remanejar os funcionários exce<strong>de</strong>ntes. Esse plano, bem elabora<strong>do</strong>, não trará impacto para a economia pelo<br />

seguinte: haverá uma redução <strong>de</strong> 25% na jornada <strong>de</strong> trabalho. E esse percentual po<strong>de</strong>rá ser negocia<strong>do</strong> da seguinte forma: <strong>10</strong>% <strong>de</strong> redução <strong>do</strong>s salários e 8% <strong>de</strong> redução nos encargos<br />

sociais, fican<strong>do</strong> 7% para os emprega<strong>do</strong>s. Aí, haveria uma negociação. Muito obriga<strong>do</strong>.<br />

O Sr. Márcio Pochmann - Amaril<strong>do</strong>, pelo que entendi da formulação da sua pergunta, são várias as questões. Uma se refere à tecnologia. Nesse <strong>de</strong>bate não há consenso entre os que<br />

estudam o problema <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego. Há <strong>10</strong>0 anos, havia aqueles que pensavam que a inovação tecnológica gerava, necessariamente, o <strong>de</strong>semprego, e havia aqueles que não<br />

acreditavam nisso. Países que têm gran<strong>de</strong> expansão tecnológica, como o Japão e os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, não têm tanto <strong>de</strong>semprego. Isso quer dizer que a tecnologia, por si só, não gera<br />

<strong>de</strong>semprego; é necessário levar-se em conta em que condições foi introduzida. Se um país cresce <strong>de</strong> 1% a 2% ao ano e faz inovação tecnológica, é óbvio que as pessoas que per<strong>de</strong>ram<br />

o emprego naquele setor em que houve inovação tecnológica não conseguem encontrar emprego em outro setor. Mas se o país cresce a taxas expressivas, a inovação tecnológica<br />

reduz emprego num setor, mas abre em outros. Quero dizer com isso que a inovação tecnológica introduzida nos países que expan<strong>de</strong>m sua economia rapidamente, em vez <strong>de</strong> gerar<br />

<strong>de</strong>semprego, gera uma mudança na sua estrutura ocupacional: pessoas saem <strong>de</strong> um setor e vão para outro. Isso é inegável. Percebemos isso em países como os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e o<br />

Japão.<br />

Obviamente, a inovação tecnológica vai gerar <strong>de</strong>semprego, se não houver compatibilização na jornada <strong>de</strong> trabalho. Essa era a questão que o Amaril<strong>do</strong> queria levantar: a necessida<strong>de</strong><br />

da redução da jornada <strong>de</strong> trabalho. É possível haver essa redução, e, inclusive, outros países a estão a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong>. Na Alemanha, trabalha-se, nas indústrias metalúrgicas, 24 horas<br />

semanais. A França está com um programa nacional ousa<strong>do</strong> <strong>de</strong> redução da jornada <strong>de</strong> trabalho semanal para 35 horas. Em média, nos países ricos, trabalha-se, anualmente, <strong>de</strong> 1.300<br />

a 1.700 horas, enquanto, no Brasil, trabalha-se 2.<strong>10</strong>0, ou seja, trabalhamos muito, e, certamente, se trabalhássemos menos, haveria mais empregos. Esse é, também, o caso <strong>de</strong> 25<br />

milhões <strong>de</strong> brasileiros que fazem horas extras, como forma <strong>de</strong> complementar o salário, pois, agin<strong>do</strong> assim, o Brasil <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> criar 4.500.000 empregos.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Estamos encerran<strong>do</strong> o recebimento <strong>de</strong> inscrições, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao adianta<strong>do</strong> da hora e ao eleva<strong>do</strong> número <strong>de</strong> inscrições. Vamos fazer duas perguntas por escrito, <strong>de</strong>pois<br />

uma intervenção oral e, <strong>de</strong>pois, mais duas perguntas escritas. A primeira pergunta é <strong>do</strong> Sr. Henrique Badaró, <strong>do</strong> SEBRAE-MG: "O senhor não incluiria, como quarta reforma, a<br />

política, com o voto distrital, por exemplo, para melhorar a representativida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Congresso brasileiro?".<br />

A segunda pergunta é <strong>do</strong> Sr. Wagner Pessoa, <strong>do</strong> Movimento <strong>do</strong>s Sem-Universida<strong>de</strong>s - MSU: "Como as universida<strong>de</strong>s públicas po<strong>de</strong>riam contribuir para o fim <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego? Como<br />

torná-las gratuitas se elas, através <strong>de</strong> suas fundações, excluem número elevadíssimo <strong>de</strong> estudantes em to<strong>do</strong>s os níveis?".<br />

O Sr. Márcio Pochmann - Sr. Badaró, certamente a reforma política ajudaria muito o sistema <strong>de</strong> representação <strong>de</strong> interesses no Brasil e favoreceria, obviamente, o encaminhamento<br />

<strong>de</strong> questões tão profundas como a <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego no País. Estamos em um estágio <strong>de</strong> muito discurso, com a manifestação <strong>de</strong> Deputa<strong>do</strong>s e Governa<strong>do</strong>res, mas poucas ações concretas<br />

têm si<strong>do</strong> realizadas. Sen<strong>do</strong> assim, concor<strong>do</strong> com o fato <strong>de</strong> que a reforma política ajudaria a encontrar uma estratégia melhor para essa questão.<br />

Com relação à questão das universida<strong>de</strong>s, consi<strong>de</strong>ro que as universida<strong>de</strong>s públicas representam uma parcela <strong>de</strong>crescente da formação <strong>de</strong> 3º grau no Brasil, ou seja, são responsáveis<br />

por apenas 1/3 <strong>de</strong>ssa formação. A maior parte da formação <strong>de</strong> 3º grau se <strong>de</strong>ve às universida<strong>de</strong>s privadas. Na verda<strong>de</strong>, as universida<strong>de</strong>s não excluem a população, mas sim a própria<br />

socieda<strong>de</strong>, que tem mecanismos naturais <strong>de</strong> exclusão. O problema maior não é o fato <strong>de</strong> as pessoas não terem acesso às universida<strong>de</strong>s, mas o fato <strong>de</strong> apenas 2% da socieda<strong>de</strong> se<br />

formar no 2º grau. A maior parte das crianças não consegue superar o 1º grau, para ter acesso ao 2º grau e, <strong>de</strong>pois, ao 3º grau. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se a evolução da política universitária no<br />

País, constatamos um aniquilamento das universida<strong>de</strong>s públicas, pois há um programa <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> seus gastos, uma vez que, lamentavelmente, elas são responsáveis, no Brasil, por<br />

cerca <strong>de</strong> 80% das pesquisas, ou seja, o grosso das pesquisas é feito por elas. O ensino tem um papel importante na preparação <strong>do</strong>s jovens, sobretu<strong>do</strong> em um país como o nosso, em<br />

que a pesquisa é <strong>de</strong>senvolvimento. Se quisermos ter bons empregos, precisamos <strong>de</strong>senvolver pesquisas que se relacionem aos interesses nacionais. O Brasil não po<strong>de</strong> ficar<br />

compran<strong>do</strong> caixas-pretas, fechadas, conten<strong>do</strong> a tecnologia <strong>do</strong> exterior. Esse é o caso da privatização. Antes <strong>de</strong>la, cada TELEBAHIA, TELECEARÁ, etc. tinha o seu corpo <strong>de</strong><br />

funcionários e, também, um quadro <strong>de</strong> pesquisa<strong>do</strong>res, preocupa<strong>do</strong>s com as novas tecnologias. Com a privatização, isso <strong>de</strong>sapareceu. Esses trabalha<strong>do</strong>res foram <strong>de</strong>miti<strong>do</strong>s, e existe<br />

alguma concentração <strong>de</strong> pesquisa na região <strong>de</strong> São Paulo. Essa é uma questão <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> que interessa, certamente, aos rumos da socieda<strong>de</strong>. É a questão da tecnologia, na qual as<br />

universida<strong>de</strong>s têm um papel fundamental.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Muito obriga<strong>do</strong>. Vamos passar agora a uma intervenção oral <strong>do</strong> Sr. Chafith Felipe, representante <strong>do</strong> Centro Nacional <strong>de</strong> Auto-Desenvolvimento - CENAD.


O Sr. Chafith Felipe - Boa noite. É um prazer, professor, tê-lo aqui conosco. Recentemente, participamos <strong>de</strong> um seminário na Escola Sindical. Foi muito boa e muito interessante a<br />

análise que fizeram <strong>do</strong>s vários tipos <strong>de</strong> pesquisa que temos para medir o <strong>de</strong>semprego. Para nosso espanto, foi tu<strong>do</strong> isso que o senhor falou e mais alguma coisa, porque entramos nos<br />

<strong>de</strong>talhes. Quan<strong>do</strong> entramos nos <strong>de</strong>talhes, vemos que a meto<strong>do</strong>logia é mais da exclusão <strong>do</strong> que no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> medir. Mas, <strong>de</strong>pois que vemos uma autorida<strong>de</strong> como o senhor mostrar o<br />

gran<strong>de</strong> negócio que é o <strong>de</strong>semprego, começamos a assimilar a problemática.<br />

A pergunta que eu queria fazer é justamente a respeito <strong>de</strong>ssas estatísticas. Temos, no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas, quase 300 comissões <strong>de</strong> emprego em quase 853 municípios. Nem a meta<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>s nossos municípios tem comissão <strong>de</strong> emprego, um <strong>do</strong>s mecanismos <strong>do</strong> qual disporíamos para trabalhar o <strong>de</strong>semprego. O pior <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> é que essas comissões existem mas, em sua<br />

maioria, não funcionam. As que funcionam ainda têm uma enorme falta <strong>do</strong> que fazer. Recentemente, a CUT lançou um manual, muito interessante, para as comissões <strong>de</strong> emprego,<br />

mas ainda quero enten<strong>de</strong>r a questão da pesquisa. Se ela é tão importante no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> termos da<strong>do</strong>s para agir, porque essas pesquisas não estão nas gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s, nas gran<strong>de</strong>s<br />

metrópoles? O que encarece tanto essas pesquisas, uma vez que a informação é uma coisa muito importante para estar nas mãos das comissões que po<strong>de</strong>riam estar medin<strong>do</strong> o nível<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego <strong>do</strong> seu município? Vemos que os "gurus" da economia são os mesmos que a levaram à bancarrota. Os gran<strong>de</strong>s institutos, à exceção <strong>do</strong> DIEESE, estão nas mãos<br />

<strong>de</strong>ssas pessoas. O que fazer com essa meto<strong>do</strong>logia, que, inclusive a <strong>do</strong> DIEESE, tem suas falhas? O que fazer para levarmos essas pesquisas para as cida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> interior, que precisam<br />

<strong>de</strong>ssas informações para agir e fazer um projeto público para combater o <strong>de</strong>semprego?<br />

O Sr. Franklin Moreira Gonçalves - Boa noite a to<strong>do</strong>s. Professor, gostaria que o senhor comentasse a questão das relações <strong>de</strong> trabalho e suas conseqüências, <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento industrial no Brasil, <strong>de</strong> 1930 a 1980, quan<strong>do</strong> houve, como conseqüência, uma brutal concentração <strong>de</strong> renda. O que percebemos é que esse perío<strong>do</strong> nos serviu para<br />

hoje termos uma opção <strong>de</strong> financiar o nosso projeto <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento nacional. Como seriam as relações <strong>de</strong> trabalho ainda existentes, da<strong>do</strong> o nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>sorganização sindical,<br />

principalmente consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que tornar precário o trabalho levou a uma pulverização crescente da categoria e suas conseqüências <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> acumulação <strong>de</strong> riquezas nas mãos<br />

<strong>de</strong> 1/3 da população? Quais seriam as conseqüências <strong>de</strong> uma retomada <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> crescimento econômico, ainda ten<strong>do</strong> como base as relações <strong>de</strong> trabalho herdadas <strong>do</strong><br />

perío<strong>do</strong> getulista?<br />

O Sr. Márcio Pochamann - Pesquisa é um instrumento <strong>de</strong> <strong>do</strong>minação política. Sobretu<strong>do</strong> num quadro em que o <strong>de</strong>semprego é muito expressivo, tornou-se para qualquer país um<br />

instrumento <strong>de</strong> medição da eficácia <strong>do</strong> governo. Assim, nenhum governo gosta <strong>de</strong> ter um indica<strong>do</strong>r, como o <strong>de</strong>semprego, que possa avaliá-lo constantemente. Os indica<strong>do</strong>res<br />

existentes são freqüentemente pressiona<strong>do</strong>s para sofrer alteração. Por exemplo, nos anos 80, na Inglaterra, no Governo <strong>de</strong> Margareth Tatcher, a pesquisa <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego sofreu 79<br />

alterações para escon<strong>de</strong>r o <strong>de</strong>semprego.<br />

Não me causa espanto saber que no Brasil se utiliza, por tanto tempo, uma meto<strong>do</strong>logia que pouco tem a ver com o real funcionamento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho. O Ministro Paiva<br />

constituiu uma comissão <strong>de</strong> especialistas que tinha o objetivo <strong>de</strong> fundir as meto<strong>do</strong>logias <strong>do</strong> IBGE, <strong>do</strong> DIEESE e <strong>do</strong> SINE <strong>do</strong> Ceará, que também realiza uma pesquisa. Estávamos<br />

encaminhan<strong>do</strong> bem até o momento em que o IBGE disse que não dava para a<strong>do</strong>tar os estu<strong>do</strong>s. Concretamente falan<strong>do</strong>, se a pesquisa <strong>do</strong> IBGE fosse avançada, ou seja, igual à<br />

pesquisa a<strong>do</strong>tada nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, que não é igual à <strong>do</strong> DIEESE, a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego <strong>do</strong> IBGE subiria 50%.<br />

Para que um governo vai fazer pesquisa <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego para aumentar ainda mais os indica<strong>do</strong>res contrários? Tão logo o Ministro Ama<strong>de</strong>o assumiu o cargo, a Comissão <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong><br />

funcionar. No Brasil, duas pesquisas foram feitas, e o dinheiro po<strong>de</strong>ria ser melhor aplica<strong>do</strong> se a pesquisa fosse bem feita e difundida para outras localida<strong>de</strong>s. É fundamental conhecer<br />

a natureza <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego, porque, <strong>do</strong> contrário, não teremos condições <strong>de</strong> aplicar as políticas <strong>de</strong> emprego.<br />

Muitas pessoas acham que se é São Paulo, a sua região metropolitana tem muitas cida<strong>de</strong>s. O problema <strong>de</strong> São Paulo vem, sobretu<strong>do</strong>, <strong>do</strong> setor industrial. Mas, certamente, o<br />

<strong>de</strong>semprego na região Norte não tem nada a ver com a indústria. Trata-se <strong>de</strong> outra realida<strong>de</strong>, é preciso conhecer o <strong>de</strong>semprego, como funciona o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho em cada cida<strong>de</strong><br />

e em cada região, para po<strong>de</strong>r oferecer alternativas, já que o <strong>de</strong>semprego é muito heterogêneo e não existe política homogênea para tratar <strong>de</strong>le.<br />

Nas relações <strong>de</strong> trabalho, <strong>de</strong> fato, temos ti<strong>do</strong> mudanças importantes nos anos 90, e tem aumenta<strong>do</strong> drasticamente a heterogeneida<strong>de</strong>. No Brasil, é possível perceber empresas que<br />

praticam relações <strong>de</strong> trabalho relativamente mo<strong>de</strong>rnas e avançadas, ao mesmo tempo em que outras empresas praticam relações <strong>de</strong> trabalho <strong>do</strong> século XIX. Existem situações<br />

extremamente divergentes e estanques. Quanto ao quadro, a primeira situação é manter a estrutura que aí está - tu<strong>do</strong> que já conhecemos. A perspectiva que está colocada é da<br />

<strong>de</strong>struição <strong>do</strong> que existe para a construção <strong>de</strong> sindicalismo pela empresa.<br />

Os sindicatos, em economia <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>, só existem nas gran<strong>de</strong>s empresas. No Brasil, 92% <strong>do</strong> universo <strong>de</strong> estabelecimentos empresariais existentes são forma<strong>do</strong>s por pequenas,<br />

médias e microempresas. Não se formam sindicatos, por exemplo, <strong>de</strong> farmácia, <strong>de</strong> mercearia e <strong>de</strong> açougue. On<strong>de</strong> há sindicatos? Estão nas gran<strong>de</strong>s empresas. O que vai ocorrer?<br />

Gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res vão <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> participar <strong>do</strong>s sindicatos, porque, se passar a proposta <strong>de</strong> emenda à Constituição que está no Congresso Nacional, haverá sindicato<br />

apenas por empresa. Assim, haverá uma parcela <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res sem acesso aos sindicatos. As gran<strong>de</strong>s empresas que hoje estão reunidas em apenas um sindicato vão passar cada<br />

uma a ter um sindicato. Haverá o sindicato da Volkswagen, o da Merce<strong>de</strong>s-Benz, o da Ford e assim por diante. Ao invés <strong>do</strong>s <strong>16</strong> mil sindicatos que temos hoje, a perspectiva é <strong>de</strong> que<br />

o Brasil tenha <strong>de</strong> 70 a 80 mil sindicatos, que é o mo<strong>de</strong>lo japonês, <strong>de</strong> sindicato por empresa.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Temos as últimas perguntas e vou fazê-las <strong>de</strong> uma única vez, para encerrar a reunião. A primeira pergunta é <strong>do</strong> Sr. Fabrício <strong>de</strong> Souza, da Comissão Municipal <strong>de</strong><br />

Emprego <strong>de</strong> Lagoa da Prata: "Com gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> pequenos produtores rurais que estão sain<strong>do</strong> <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s, por falta <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> produzir, não é incoerente falar <strong>de</strong><br />

reforma agrária, sem antes implantar uma política agrícola coerente, que permita a ex-produtores permanecer na ativida<strong>de</strong>?"<br />

A próxima pergunta é <strong>do</strong> Sr. Weber Pereira, <strong>do</strong> PT da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coqueiral: "Com a gran<strong>de</strong> privatização das nossas empresas públicas, as empresas estrangeiras têm trazi<strong>do</strong>, para<br />

compor seus quadros, trabalha<strong>do</strong>res <strong>de</strong> seus países <strong>de</strong> origem. Isso significaria um aumento <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego futuro?"<br />

Pergunta <strong>do</strong> Sr. José Rodrigues, <strong>do</strong> Sindicato <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res das Indústrias Químicas, Plásticas e Farmacêuticas: "O apoio às microempresas e às pequenas empresas é necessário,<br />

pois elas não agüentam tanta taxação e, na hora <strong>de</strong> comprar matéria-prima, pagam mais, pois não po<strong>de</strong>m comprar em gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong>, mas são elas que geram a maioria <strong>do</strong>s<br />

empregos. Por que o Governo, saben<strong>do</strong> disso, não dá esse apoio?"<br />

E a última pergunta é <strong>do</strong> Sr. Almeida Calixto, <strong>de</strong> Uberlândia: "Há uma proposta para a organização da socieda<strong>de</strong> que passe por alguma estratégia conhecida?"<br />

O Sr. Márcio Pochmann - Respon<strong>de</strong>rei rapidamente, <strong>de</strong> forma telegráfica.<br />

Em relação à questão da reforma agrária, não acho uma contradição. Na verda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>veríamos ter uma ação integrada. Temos ti<strong>do</strong> algumas experiências <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> terra em<br />

que, sem crédito, sem técnica, sem política <strong>de</strong> comercialização garantida, o que ocorre é que o cidadão, coloca<strong>do</strong> numa região inóspita, embora tenha a terra, não a conhece, não tem<br />

condições <strong>de</strong> produzir e, quan<strong>do</strong> produz, não tem para quem ven<strong>de</strong>r. Com o passar <strong>do</strong> tempo, ele mesmo sai daquela região. Estou pensan<strong>do</strong> em reforma agrária, mas num processo<br />

simplifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> apenas alterar a estrutura fundiária, distribuin<strong>do</strong> terras. Tenho gran<strong>de</strong>s dúvidas, não sou especialista na área, se é, <strong>de</strong> fato, necessária a reforma agrária em todas as<br />

regiões <strong>do</strong> Brasil. Temos que ter cuida<strong>do</strong>, porque há regiões que são extremamente eficazes, on<strong>de</strong> não se sustentariam pequenas proprieda<strong>de</strong>s, pois isso po<strong>de</strong>ria criar uma<br />

<strong>de</strong>sorganização na oferta agrícola, um <strong>de</strong>sabastecimento generaliza<strong>do</strong>. É necessário olhar com calma a questão da alteração da estrutura fundiária, que precisa ser feita a partir <strong>de</strong> um<br />

mo<strong>de</strong>lo integra<strong>do</strong> que reúna crédito e técnica, porque, em geral, diz-se que o trabalha<strong>do</strong>r brasileiro tem baixa escolarida<strong>de</strong> e pouca qualificação, o que é inverda<strong>de</strong>, pois a qualificação<br />

e a escolarida<strong>de</strong> são problemas brasileiros. Ten<strong>do</strong> a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> observar o nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> e qualificação <strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>res brasileiros, notamos que é tão baixo quanto o<br />

<strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res. Os emprega<strong>do</strong>res não são os gran<strong>de</strong>s Diretores <strong>de</strong> empresas nacionais e multinacionais, mas também o <strong>do</strong>no da mercearia, da padaria, <strong>do</strong> açougue, que, em geral,<br />

também não tiveram acesso à educação escolar.<br />

Em relação à questão da privatização e seus efeitos, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>do</strong> emprego é importante que se diga, recuperan<strong>do</strong> a história, que até o final <strong>do</strong>s anos 20, aqui, no Brasil, os<br />

melhores empregos eram ocupa<strong>do</strong>s por trabalha<strong>do</strong>res imigrantes. Tanto é verda<strong>de</strong> que os sindicatos que funcionavam no Brasil, até o final <strong>do</strong>s anos 20, tinham jornais escritos em<br />

alemão, italiano e espanhol, porque a mão-<strong>de</strong>-obra vinha <strong>de</strong> fora. Noventa e cinco por cento <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res em São Paulo, no início <strong>do</strong> século, eram italianos. Foi necessária a<br />

Revolução <strong>de</strong> 1930, o surgimento <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> Trabalho, o aparecimento <strong>de</strong> Lin<strong>do</strong>lfo Collor <strong>de</strong> Melo, avô <strong>do</strong> ex-Presi<strong>de</strong>nte Collor, para introduzir a regulação no merca<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

trabalho, quan<strong>do</strong> passamos a ter normas que proibiam, através da legislação <strong>do</strong>s 2/3, o ingresso <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res <strong>de</strong> fora, porque havia aqui, no Brasil, uma visão <strong>de</strong> que o bom<br />

trabalha<strong>do</strong>r era o estrangeiro. Estamos perceben<strong>do</strong> a volta <strong>de</strong>ssa mentalida<strong>de</strong>, ou seja, há uma valorização <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r estrangeiro perante o brasileiro, sobretu<strong>do</strong> nas empresas que<br />

foram "<strong>de</strong>snacionalizadas". Os principais postos, em gran<strong>de</strong> parte, nas empresas que vieram para cá são disponibiliza<strong>do</strong>s para trabalha<strong>do</strong>res estrangeiros.


Mais <strong>do</strong> que isso, a se manter o movimento que estamos perceben<strong>do</strong> hoje - <strong>de</strong>sregulamentação da economia, flexibilização <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho -, mais dia, menos dia estaremos<br />

diante <strong>de</strong> maior concorrência <strong>de</strong> pessoas que virão <strong>do</strong> exterior para cá, porque, possivelmente, até a lei <strong>do</strong>s 2/3, que é aquela que obriga as empresas a operar com um mínimo <strong>de</strong> 2/3<br />

<strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra nacional, estará "sub judice" no Congresso Nacional. Essa é outra questão que está sen<strong>do</strong> colocada, porque temos, <strong>de</strong> fato, uma livre circulação <strong>de</strong> capital e <strong>de</strong><br />

produto, mas não, ainda, <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra. Se, <strong>de</strong> fato, isso ocorrer, imaginemos o que seria a presença <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res, emprega<strong>do</strong>s alemães, mais qualifica<strong>do</strong>s, disputan<strong>do</strong> vagas<br />

com trabalha<strong>do</strong>res brasileiros.<br />

A questão das microempresas, que o José levanta, é substancial no Brasil. Existe sempre muito discurso sobre ela. Toda vez que há eleição, fala-se que temos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r as médias e<br />

microempresas, só que isso não sai <strong>do</strong> discurso. É lamentável que um País como o nosso não tenha, por exemplo, um Banco volta<strong>do</strong> para o financiamento <strong>de</strong> médias e<br />

microempresas. Não acredito que o problema das microempresas seja as taxas que pagam. Aliás, foram feitos avanços substanciais na redução para a pequena e a média empresa. Por<br />

exemplo, com a introdução <strong>do</strong> SIMPLES, foram reduzi<strong>do</strong>s drasticamente os encargos sociais, e nem por isso aumentou o número <strong>de</strong> empregos. O problema, a meu juízo, das<br />

pequenas e médias empresas está no crédito. As empresas não têm crédito. Esses dias, analisan<strong>do</strong> as informações <strong>do</strong> Banco Central, chamou-me a atenção o fato <strong>de</strong> que o Brasil só<br />

tem 44 milhões <strong>de</strong> contas bancárias para uma população estimada <strong>de</strong> <strong>16</strong>3 milhões. Menos <strong>de</strong> 1/3 da população tem acesso a Bancos. Obviamente, esse é um problema sério, porque<br />

não há condições <strong>de</strong> investir, <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnizar a micro e a pequena empresa. Ela não tem condições <strong>de</strong> concorrer, porque não tem crédito. O problema da micro passa pelo crédito<br />

favoreci<strong>do</strong> e, sobretu<strong>do</strong>, pela questão da tecnologia e técnica, porque gran<strong>de</strong> parte das micro e pequenas empresas não têm acesso à tecnologia. Elas usam méto<strong>do</strong>s rudimentares <strong>de</strong><br />

gestão e até <strong>de</strong> uso <strong>do</strong> trabalho. A <strong>de</strong>speito das micro e médias empresas serem aquelas que mais empregam no Brasil, po<strong>de</strong>mos perceber que também são aquelas que ten<strong>de</strong>m a<br />

pagar os menores salários e a oferecer os tipos <strong>de</strong> trabalhos mais precários. Ao incentivar as micro e médias empresas, estamos favorecen<strong>do</strong> a mo<strong>de</strong>rnização <strong>do</strong> emprego, para que<br />

elas não se sustentem em trabalhos precários.<br />

E o Calixto fala em uma proposta <strong>de</strong> organização da socieda<strong>de</strong>, pergunta se há alguma estratégia conhecida. Vimos, recentemente, sobretu<strong>do</strong> nos anos 80, em vários <strong>de</strong>bates em<br />

diferentes áreas, o seguinte: o mo<strong>de</strong>lo da socieda<strong>de</strong> X, <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, da Itália, é um mo<strong>de</strong>lo para a socieda<strong>de</strong> brasileira. Não estou convenci<strong>do</strong> disso. Creio que uma socieda<strong>de</strong><br />

como a nossa, multirracial, uma socieda<strong>de</strong> que vive num País continental exige, <strong>de</strong> fato, um mo<strong>de</strong>lo eminentemente brasileiro. E ele, obviamente, está em construção, ainda que<br />

tenhamos sinais <strong>de</strong> enfraquecimento da organização. Um jurista brasileiro importante chamava a atenção, nos anos 20, para o fato <strong>de</strong> que uma característica da socieda<strong>de</strong> brasileira é<br />

seu eleva<strong>do</strong> grau <strong>de</strong> "insolidarieda<strong>de</strong>" social, sua dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> organização social. A <strong>de</strong>speito disso, temos ti<strong>do</strong> sucessos importantes, porque estamos viven<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s mais<br />

longos <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia, embora possamos até questionar que tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia estamos ten<strong>do</strong>: se há <strong>de</strong>mocracia quan<strong>do</strong> prepon<strong>de</strong>ra o po<strong>de</strong>r econômico. Mas, certamente, esse<br />

espaço a que estamos assistin<strong>do</strong> aqui é fortemente um contributo necessário para que possamos entrar num estágio social diferente <strong>do</strong> que está aí. Sou otimista em relação ao Brasil.<br />

Não acredito que seja possível construir maior tragédia <strong>do</strong> que essa que estamos viven<strong>do</strong>, porque a socieda<strong>de</strong> brasileira haverá <strong>de</strong> construir algo superior, porque seu povo é<br />

fantástico. O brasileiro não é problema, mas solução.<br />

O Sr. Márcio Pochmann - Gostaria <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer mais uma vez o convite e <strong>de</strong> parabenizar a Assembléia, a Comissão <strong>do</strong> Trabalho e os <strong>de</strong>mais organismos que colaboraram com este<br />

evento. Peço <strong>de</strong>sculpas se abusei <strong>do</strong> tempo e se não trouxe uma mensagem positiva, porque estamos falan<strong>do</strong> sobre <strong>de</strong>semprego e gostaria <strong>de</strong> trazer uma mensagem positiva, mas<br />

acredito que o primeiro passo para se enfrentar um problema é conhecê-lo da forma mais realista possível. Obriga<strong>do</strong>.<br />

Acho que o primeiro passo para enfrentar um problema é conhecê-lo da forma mais realista possível.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - A Presidência manifesta os agra<strong>de</strong>cimentos ao ilustre expositor, Prof. Márcio Pochmann, <strong>de</strong>mais autorida<strong>de</strong>s e participantes, bem como ao público em geral pela<br />

honrosa presença.<br />

Encerramento<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Cumprida a finalida<strong>de</strong> da reunião, a Presidência a encerra, convocan<strong>do</strong> os Deputa<strong>do</strong>s para a reunião especial <strong>de</strong> amanhã, dia 28, às 9 horas, e para a reunião<br />

extraordinária, também <strong>de</strong> amanhã, às 20 horas, nos termos <strong>do</strong>s editais <strong>de</strong> convocação, bem como para a reunião ordinária, na mesma data, às 14 horas, com a seguinte or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> dia :<br />

(- A or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> dia anunciada é a publicada na edição <strong>do</strong> dia 28/9/99.). Levanta-se a reunião.<br />

ATA DA 31ª REUNIÃO ESPECIAL, EM 28/9/99<br />

Presidência <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s Durval Ângelo e Miguel Martini<br />

Sumário: Comparecimento - Abertura - Ata - Composição da Mesa - Destinação da reunião - Palavras <strong>do</strong> Sena<strong>do</strong>r José <strong>de</strong> Alencar - Palavras <strong>do</strong> Sr. Paulo Roberto <strong>de</strong> Araújo -<br />

Palavras <strong>do</strong> Sr. Pedro Duncan - Palavras <strong>do</strong> Sr. João Luiz Homem <strong>de</strong> Carvalho - Esclarecimentos sobre os <strong>de</strong>bates - Debates - Encerramento.<br />

- Comparecem os Deputa<strong>do</strong>s:<br />

Comparecimento<br />

Durval Ângelo - A<strong>de</strong>lmo Carneiro Leão - Agostinho Patrús - Aílton Vilela - Alberto Bejani - Alberto Pinto Coelho - Amilcar Martins - Antônio Andra<strong>de</strong> - Antônio Genaro - Bené<br />

Gue<strong>de</strong>s - Bilac Pinto - Cabo Morais - Carlos Pimenta - César <strong>de</strong> Mesquita - Cristiano Canê<strong>do</strong> - Djalma Diniz - Doutor Viana - Edson Rezen<strong>de</strong> - Elmo Braz - Fábio Avelar - Ivo José<br />

- João Pinto Ribeiro - José Henrique - Luiz Fernan<strong>do</strong> Faria - Luiz Menezes - Márcio Cunha - Márcio Kangussu - Marco Régis - Maria Tereza Lara - Miguel Martini - Olinto Godinho<br />

- Paulo Piau - Rêmolo Aloise - Rogério Correia - Sebastião Costa - Wan<strong>de</strong>rley Ávila.<br />

Abertura<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte (Deputa<strong>do</strong> Durval Ângelo) - Às 9h12min, <strong>de</strong>claro aberta a reunião. Sob a proteção <strong>de</strong> Deus e em nome <strong>do</strong> povo mineiro, iniciamos os nossos trabalhos. Com a<br />

palavra, o Sr. 2º-Secretário, para proce<strong>de</strong>r à leitura da ata da reunião anterior.<br />

- O Deputa<strong>do</strong> Sebastião Costa, 2º-Secretário "ad hoc", proce<strong>de</strong> à leitura da ata da reunião anterior, que é aprovada sem restrições.<br />

Ata<br />

Composição da Mesa<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - A Presidência convida a tomar assento à mesa os Exmos. Srs. Sena<strong>do</strong>r José <strong>de</strong> Alencar, <strong>do</strong> PMDB <strong>de</strong> Minas Gerais; Paulo Roberto <strong>de</strong> Araújo, Assessor <strong>de</strong><br />

Planejamento e Coor<strong>de</strong>nação da Secretaria <strong>do</strong> Planejamento e Coor<strong>de</strong>nação Geral, representan<strong>do</strong> o Secretário Manoel Costa; João Luiz Homem <strong>de</strong> Carvalho, ex-Secretário da<br />

Agricultura <strong>do</strong> Distrito Fe<strong>de</strong>ral; Pedro Duncan, Gerente da Área Social <strong>do</strong> BNDES e Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Crédito Produtivo Popular.<br />

Destinação da Reunião<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Destina-se esta reunião ao prosseguimento <strong>do</strong> Seminário <strong>Legislativo</strong> Desemprego e Direito ao Trabalho, com o tema: "Políticas Governamentais <strong>de</strong> Geração <strong>de</strong><br />

Emprego e Renda".<br />

Palavras <strong>do</strong> Sena<strong>do</strong>r José <strong>de</strong> Alencar


Sr. Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r, senhores conferencistas que fazem parte da Mesa, meu caríssimo e eminente amigo Deputa<strong>do</strong> Miguel Martini, minhas senhoras, meus senhores, autorida<strong>de</strong>s<br />

presentes, meus amigos, primeiramente gostaria <strong>de</strong> trazer minhas <strong>de</strong>sculpas pelo fato <strong>de</strong> não ter podi<strong>do</strong> estar presente aqui, ontem, como estava programa<strong>do</strong>. É que meu gabinete<br />

cometeu um equívoco. Havia um compromisso meu <strong>de</strong> uma conferência ontem, na ADESG, marcada há mais <strong>de</strong> cinco meses. Provavelmente, em razão <strong>de</strong>ssa antecedência,<br />

marcaram outro compromisso no mesmo horário, na Assembléia. Mas contei com a bonda<strong>de</strong> e a generosida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s organiza<strong>do</strong>res <strong>de</strong>ste encontro que permitiram que viéssemos hoje.<br />

E aqui estamos.<br />

Como sabem, o tema <strong>de</strong> ontem era um pouco diferente <strong>do</strong> <strong>de</strong> hoje. Hoje vamos falar sobre políticas governamentais <strong>de</strong> emprego e renda. Ontem, o assunto era mais liga<strong>do</strong> ao<br />

problema <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego.<br />

De qualquer maneira, mesmo o tema sen<strong>do</strong> um pouco diferente, tu<strong>do</strong> está liga<strong>do</strong> aos problemas da economia brasileira. E vamos tentar, então, trazer uma contribuição para este<br />

encontro importante que se realiza aqui, na Assembléia Legislativa <strong>de</strong> Minas, a qual será oriunda <strong>de</strong> minha experiência empresarial, e, também política, apesar <strong>de</strong>, na política, eu<br />

estar militan<strong>do</strong>, efetivamente, há muito pouco tempo, porque <strong>de</strong>cidi filiar-me a parti<strong>do</strong> político e comecei a disputar as eleições a partir <strong>de</strong> 1993/1994. Portanto, há seis anos.<br />

Minha vida é muito mais voltada para o setor empresarial, on<strong>de</strong> milito há meio século. Vocês po<strong>de</strong>m olhar para mim e pensar: mas ele não <strong>de</strong>ve ter meio século <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Mas, é<br />

verda<strong>de</strong>. Comecei a trabalhar, por conta própria, como empresário, aos 18 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, ocasião em que meu pai emancipou-me, por meio <strong>de</strong> uma escritura pública <strong>de</strong> emancipação.<br />

Abri uma pequena loja <strong>de</strong> teci<strong>do</strong>s, em Caratinga, Minas Gerais, em 1950, on<strong>de</strong>, mais tar<strong>de</strong>, me casei. Se não 50, há 49 anos e meio. Então, tenho alguma experiência oriunda <strong>de</strong><br />

empresas. Acredito na empresa e a consi<strong>de</strong>ro importante, não apenas porque ela paga impostos e gera empregos. É claro que isso é importante. Mas sua importância não advém<br />

apenas disso. Ela é importante porque pertence à comunida<strong>de</strong>. Todas as empresas pertencem à comunida<strong>de</strong>, a começar pela própria comunida<strong>de</strong> empresarial. E por que elas<br />

pertencem à comunida<strong>de</strong>? Porque elas são uma fração da economia nacional como um to<strong>do</strong>, em qualquer parte e em qualquer país on<strong>de</strong> esteja. Mesmo na ex-União Soviética, on<strong>de</strong><br />

todas as empresas eram estatais, ainda assim eram empresas que representavam a economia daquele país. Então, é preciso que tenhamos uma economia próspera, forte, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte,<br />

como meio, porque a economia não é um fim em si mesma, ela é a força econômica <strong>de</strong> um país. É preciso que essa força, que essa economia, ou que esses meios econômicos sejam<br />

prósperos, sejam fortes, sejam in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, porque precisamos alcançar os objetivos sociais. O fim é sempre o homem. As empresas, que são frações da economia, são o meio para<br />

a concepção <strong>de</strong>sse objetivo social.<br />

Então, é preciso que compreendamos, como preliminar, a função da empresa na economia. Primeiramente, vamos abordar o termo "economia" como sinônimo <strong>de</strong> força econômica,<br />

<strong>de</strong> meios econômicos. A economia representada pelos setores primário, secundário, terciário e a infra-estrutura. Então, a economia no setor primário, que é a economia agrícola, a<br />

economia da pecuária nacional, a economia da mineração. Depois, no setor secundário, a economia da indústria nacional. Quais são as forças da indústria nacional? Depois,<br />

abordaremos a economia <strong>do</strong> setor terciário que é a economia ligada às ativida<strong>de</strong>s terciárias, como o comércio, a hotelaria, os serviços, a informática, entre outras. E as ativida<strong>de</strong>s da<br />

infra-estrutura, como por exemplo, as comunicações, as estradas, a energia elétrica, etc. Ainda assim, são também as empresas que representam essas ativida<strong>de</strong>s que estão situadas no<br />

setor <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> <strong>de</strong> infra-estrutura.<br />

Temos empresas representan<strong>do</strong> toda a economia nacional. Cada uma <strong>de</strong>las é uma fração <strong>de</strong>ssa economia, é uma célula <strong>de</strong>ssa economia. Há frações gigantescas, como a<br />

PETROBRÁS, há frações gran<strong>de</strong>s, médias e minúsculas; todas são importantes, porque são frações da economia. Repito e enfatizo isso para que to<strong>do</strong>s possam compreen<strong>de</strong>r a forma<br />

com que estamos tentan<strong>do</strong> colocar a significação da economia <strong>de</strong> um país. Pois bem, a economia não é fim, é meio e precisa ser forte, precisa ser próspera, caso contrário não<br />

teremos recursos financeiros suficientes para aten<strong>de</strong>r às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> educação, <strong>de</strong> saneamento, <strong>de</strong> estradas, <strong>de</strong> segurança pública, <strong>de</strong> justiça, etc. Quan<strong>do</strong> viajamos por uma<br />

estrada esburacada, que fura o nosso pneu, que quebra os caminhões que transportam os bens <strong>de</strong> consumo, é porque não houve recurso suficiente para que aquelas estradas fossem<br />

como as estradas <strong>do</strong>s chama<strong>do</strong>s países <strong>de</strong> Primeiro Mun<strong>do</strong>. Quan<strong>do</strong> sentimos dificulda<strong>de</strong>s na área, por exemplo, da saú<strong>de</strong> pública, é porque não tivemos recursos suficientes para<br />

aplicar no setor <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Às vezes, os salários <strong>do</strong>s nossos médicos são menores <strong>do</strong> que o salário mínimo <strong>do</strong>s países <strong>do</strong> G-7, como os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, Canadá, Inglaterra, Alemanha,<br />

França, Itália e Japão. Quan<strong>do</strong> temos uma segurança pública <strong>de</strong>ficitária, temos que ver que um militar da polícia, seja em Minas ou em qualquer outro Esta<strong>do</strong>, está ganhan<strong>do</strong> menos<br />

<strong>do</strong> que precisa para cuidar <strong>de</strong> sua família. Daí a razão <strong>de</strong> a polícia ser fraca. Além disso, não há instrumentos para trabalhar, não há viaturas nem dispositivos <strong>de</strong> segurança a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s<br />

para enfrentar a violência.<br />

Então, é preciso enriquecer a economia nacional para alcançarmos os objetivos sociais. O usuário é o homem. É a população que usa <strong>do</strong>s bens e <strong>do</strong>s serviços ofereci<strong>do</strong>s pelo Esta<strong>do</strong>.<br />

É preciso que haja riqueza nacional. Por exemplo, falamos em impostos. Os impostos no Brasil estão, às vezes, sen<strong>do</strong> modifica<strong>do</strong>s para alíquotas mais altas, porque a base sobre a<br />

qual essas alíquotas inci<strong>de</strong>m são cada vez mais estreitas, porque a economia não cresce. Vamos examinar a razão pela qual a economia não cresce. Se o Brasil é um país tão rico, tão<br />

po<strong>de</strong>roso em recursos humanos, por que tem que ficar nessa pobreza, nessa subserviência crônica <strong>de</strong> endividamento, <strong>de</strong> chapéu na mão, o tempo to<strong>do</strong> a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> favores<br />

internacionais, entregan<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> aquilo que possui para pagar dívidas e juros? Qual a razão disso?<br />

Temos que examinar. O nosso País é muito rico. Temos 8.500.000km², 200 milhas <strong>de</strong> mar territorial e uma extensão <strong>de</strong> quase 8.000km <strong>de</strong> costa, o que eleva nosso território a mais<br />

<strong>de</strong> 11.000.000km². Temos um subsolo riquíssimo. Há geólogos que afirmam que temos 3.500.000km² <strong>de</strong> bacia sedimentar, on<strong>de</strong> há petróleo, quan<strong>do</strong> nem começamos a prospectá-lo<br />

em terra. Temos um solo fértil, sol, fototropia, fotossíntese <strong>de</strong> fazer inveja aos estudiosos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> inteiro, além <strong>de</strong> termos as bacias hidrográficas mais ricas <strong>do</strong> planeta. Meu Deus<br />

<strong>do</strong> Céu, e o povo que habita este País maravilhoso! Também é um povo bom, pacato, or<strong>de</strong>iro, trabalha<strong>do</strong>r, inteligente, versátil. Qual a razão pela qual o País não po<strong>de</strong> alcançar esses<br />

objetivos sociais, oferecen<strong>do</strong> condições para que um pai <strong>de</strong> família tenha tranqüilida<strong>de</strong> para educar seus filhos? Por que não po<strong>de</strong>mos oferecer oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> emprego a jovens que<br />

chegam ao merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho to<strong>do</strong> ano, libera<strong>do</strong>s pela universida<strong>de</strong> nacional em to<strong>do</strong>s os Esta<strong>do</strong>s e em todas as gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s brasileiras? Por que será que um chefe <strong>de</strong> família,<br />

com seus 30, 40 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, ao per<strong>de</strong>r seu emprego, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> patamar salarial em que se encontra, jamais consegue arranjar outro emprego, frustran<strong>do</strong> uma família que está<br />

começan<strong>do</strong>, com <strong>do</strong>is, três filhos? Meu Deus, não há nada que <strong>de</strong>strua mais a personalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> cidadão perante sua mulher <strong>do</strong> que o <strong>de</strong>semprego; porque, quan<strong>do</strong> chega em casa e<br />

conta que foi dispensa<strong>do</strong>, o problema fica sério. É claro que, num primeiro momento, procura amenizar a situação, explican<strong>do</strong> à mulher que não precisa se preocupar, porque nem tão<br />

bom era aquele emprego, aquela empresa estava fracassada, que não foi só ele que per<strong>de</strong>u o emprego, e sim mais 30, somente naquele dia, que não era um mau trabalha<strong>do</strong>r e que<br />

arranjaria coisa melhor. Se está queren<strong>do</strong> levar os meninos para visitar seus parentes, vamos lá. E leva os meninos, os avós recebem to<strong>do</strong>s, e é aquela festa. Mas as férias terminam e<br />

têm que voltar para casa. Quan<strong>do</strong> chega, compra o pequeno anúncio e sai para arranjar emprego. No primeiro dia, não encontra nada. E pensa: mas é natural, é o primeiro dia. Vem o<br />

segun<strong>do</strong> dia, o terceiro, a segunda semana, a quarta, a quinta. Ele ganhava R$1.200,00. Nem tão gran<strong>de</strong> era o salário <strong>de</strong>sse emprego, mas começa a transigir. Passa a concordar em<br />

ganhar R$1.000,00, R$800,00. Já se passaram <strong>do</strong>is meses e concorda em ganhar R$400,00. Meu Deus, que <strong>de</strong>sespero! A mulher já o espera à porta a cada dia, começan<strong>do</strong> a fazer<br />

mau juízo <strong>de</strong> sua pessoa. Quem sabe, no emprego anterior, fez alguma coisa errada? Na hora em que for pedir uma carta <strong>de</strong> apresentação, vai ser prejudicial para o novo emprego.<br />

Tu<strong>do</strong> isso passa pela cabeça da mulher. E aquela dúvida chega aos filhos, e toda a família passa a duvidar <strong>do</strong> comportamento <strong>de</strong> um homem <strong>de</strong> bem, que lutou durante toda a vida,<br />

que trabalhava naquela empresa há 15 anos.<br />

Então, meus amigos, não po<strong>de</strong>mos concordar com isso. O Brasil não precisa disso. Nenhum país com a potencialida<strong>de</strong> <strong>do</strong> nosso precisa conviver com mazelas <strong>de</strong>ssa monta. Não<br />

temos o direito <strong>de</strong> cruzar os braços e aceitar essa situação.<br />

O mínimo que se exige <strong>de</strong> um homem público é que tenha sentimento nacionalista, seja patriota, tenha civilida<strong>de</strong> social. Ao homem público não é da<strong>do</strong> o direito <strong>de</strong> cruzar os braços e<br />

virar as costas para a sorte das pessoas. Isso não significa que eu esteja aqui aplaudin<strong>do</strong> o paternalismo, mesmo porque o cidadão não <strong>de</strong>seja o paternalismo, não <strong>de</strong>seja viver <strong>de</strong><br />

ajuda nem <strong>de</strong> esmola. O que ele quer é realizar-se como cidadão, como chefe <strong>de</strong> família, no trabalho. E, no Brasil, o direito ao trabalho nos tem si<strong>do</strong> tira<strong>do</strong> pela situação da economia<br />

nacional, por uma economia administrada equivocadamente, pagan<strong>do</strong> taxas <strong>de</strong> juros que não só <strong>de</strong>sencorajam como inviabilizam qualquer ativida<strong>de</strong> produtiva.<br />

Meus amigos, nós, que temos <strong>de</strong> ajudar na formação <strong>de</strong> opinião, temos <strong>de</strong> mudar o nosso comportamento e reagir contra essa situação. E a forma <strong>de</strong> reagir é por meio da discussão <strong>de</strong><br />

temas como este, em seminários <strong>de</strong>sta envergadura e <strong>de</strong>sta importância, em que se reúnem pessoas forma<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> opinião. Po<strong>de</strong>mos contribuir <strong>de</strong>mocraticamente para que este País<br />

saia <strong>de</strong>sta situação <strong>de</strong> subserviência crônica, <strong>de</strong> entrega da sua economia. Precisamos, urgentemente, mudar o rumo da nossa macroeconomia. Hoje, estamos com R$500.000.000,00<br />

<strong>de</strong> dívida pública, aproximadamente 50% <strong>do</strong> PIB. Sobre isso, estamos pagan<strong>do</strong> mais <strong>de</strong> 20% <strong>de</strong> juros. Significa que neste ano pagaremos, na melhor das hipóteses, <strong>10</strong>% <strong>do</strong> PIB<br />

somente <strong>de</strong> juros para a rolagem da nossa dívida pública nacional.<br />

Pois bem, o estoque da dívida pública - assim chama<strong>do</strong> pelos economistas - foi construí<strong>do</strong> com juros. Os juros não pagos são acopla<strong>do</strong>s à dívida, assim como as dívidas <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s<br />

cresceram em função <strong>do</strong>s juros. Por exemplo, agora estamos sacrifican<strong>do</strong> investimentos em áreas sociais para obter um superávit adjetiva<strong>do</strong>, primário, que significa superávit antes<br />

<strong>de</strong> arrolar as <strong>de</strong>spesas com juros. Então, neste ano, vamos obter, a duras penas, fazen<strong>do</strong> cortes no Ministério da Saú<strong>de</strong>, no Ministério da Educação, no Ministério <strong>do</strong>s Transportes, um<br />

superávit primário da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>, no máximo, 3% <strong>do</strong> PIB. Paralela e concomitantemente, vamos gastar <strong>de</strong> <strong>10</strong>% a 12% <strong>do</strong> PIB em juros, ou seja, <strong>de</strong> 3,5 a 4 vezes mais <strong>do</strong> que o<br />

superávit primário obti<strong>do</strong>. Isso não po<strong>de</strong> continuar. Nenhum país paga essas taxas <strong>de</strong> juros.


Hoje, o Brasil abriu a sua economia. Estamos viven<strong>do</strong> uma era globalizada. Não é só o Brasil; há uma tendência natural para a globalização. Isso não é erra<strong>do</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que possamos<br />

oferecer à economia nacional um tratamento igualitário para que possa competir. Estamos competin<strong>do</strong> com países que pagam taxas <strong>de</strong> juros muito mais baixas. Por exemplo, no<br />

Japão, as taxas <strong>de</strong> juros são <strong>de</strong> 2% ao ano. Na União Européia, no Merca<strong>do</strong> Comum Europeu, as taxas <strong>de</strong> juros oficiais foram fixadas em 3,5%. Nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, 5%. Não<br />

po<strong>de</strong>mos competir com uma diferença <strong>de</strong> custo <strong>de</strong>ssa natureza. Vou dar um exemplo no setor agrícola. Éramos produtores <strong>de</strong> 800.000t a 900.000t <strong>de</strong> algodão, há muitos anos. O<br />

consumo interno nacional também girava <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse número.<br />

Havia um exce<strong>de</strong>nte que era exporta<strong>do</strong> to<strong>do</strong> ano, às vezes <strong>de</strong> <strong>10</strong>0.000t, 150.000t, às vezes menos <strong>de</strong> 50.000 t. Mas o Brasil era um <strong>do</strong>s exporta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> algodão.<br />

Pois bem; com a globalização as fronteiras foram abertas, e foi permitida a importação <strong>de</strong> algodão, sem a cobrança <strong>de</strong> alíquota <strong>de</strong> imposto alfan<strong>de</strong>gário. O que aconteceu? Os<br />

produtores <strong>de</strong> algodão <strong>de</strong> outros países, incluin<strong>do</strong> os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, o Paquistão, a Grécia e o Azerbeidjã - ex-república soviética -, alguns países da África, como Togo, Costa <strong>do</strong><br />

Marfim e países da África <strong>de</strong> língua francesa, também são gran<strong>de</strong>s produtores <strong>de</strong> algodão, começaram a exportar algodão para o Brasil com um ano <strong>de</strong> prazo, cobran<strong>do</strong> 6% <strong>de</strong> juros.<br />

Por quê? Porque o financiamento, para eles, é até inferior a esses 6% <strong>de</strong> juros. Cobran<strong>do</strong> 6% <strong>de</strong> juros, eles po<strong>de</strong>m até ganhar um pouquinho, porque conseguem o financiamento, às<br />

vezes, a 5% ao ano, uma vez que a ativida<strong>de</strong> agrícola é importante e, <strong>de</strong> certa forma, recebe subvenção ou incentivo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />

Isso fez com que a produção da cotonicultura brasileira caísse para 400.000t, e o Brasil passou a importar outras 400.000t para equilibrar a sua necessida<strong>de</strong>. Por quê? Por que eles são<br />

mais competitivos <strong>do</strong> que nós? Não; o preço é <strong>de</strong> uma "commodity". O preço internacional da Bolsa <strong>de</strong> Nova Yorque, <strong>de</strong> São Paulo, <strong>de</strong> Liverpool é o mesmo; só que eu posso<br />

ven<strong>de</strong>r, porque sou produtor africano ou europeu, ou norte-americano, com um ano <strong>de</strong> prazo e cobran<strong>do</strong> 6% <strong>de</strong> juros ao ano. E não são só os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s ou a África. A própria<br />

Argentina exportou muito algodão para o Brasil, cobran<strong>do</strong> a mesma taxa <strong>de</strong> juros ao ano, com prazo <strong>de</strong> 300 a 400 dias.<br />

Isso mata o produtor brasileiro, que não tem como financiar esse algodão com o prazo <strong>de</strong> um ano e a essa taxa. Que taxa ele tem que cobrar? No Brasil, temos várias taxas. Se o<br />

produtor levar as duplicatas a um Banco comercial, vai pagar, no mínimo, 5% ao mês. Isso significa 80% ao ano. Então, vai to<strong>do</strong> o preço <strong>do</strong> algodão; 80% contra 6%, razão pela qual<br />

o Brasil não tem podi<strong>do</strong> competir como <strong>de</strong>veria. Se pu<strong>de</strong>sse, estaria crescen<strong>do</strong> à taxa <strong>de</strong> 5% ou 6% ao ano, e não estaríamos com esse <strong>de</strong>semprego brutal.<br />

Precisamos, urgentemente, reagir contra essa situação. E a forma <strong>de</strong> fazer isso é expor essa situação com clareza, trazen<strong>do</strong> à tona o problema e apresentan<strong>do</strong> neste seminário, a nossa<br />

contribuição.<br />

Terminan<strong>do</strong>, quero ouvir os outros conferencistas e congratular-me com os organiza<strong>do</strong>res <strong>de</strong>ste importante encontro. Que <strong>de</strong>le haja gran<strong>de</strong> aproveitamento, mormente para nós, que<br />

vamos participar <strong>de</strong> um <strong>de</strong>bate, porque, às vezes, tomamos a palavra e abordamos <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s ângulos <strong>do</strong> problema que não são bem aqueles que a platéia gostaria <strong>de</strong> ouvir. Daí a<br />

razão pela qual os <strong>de</strong>bates são importantes. Gostaria <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r saber, por ocasião <strong>do</strong>s <strong>de</strong>bates, o que preocupa, realmente, a platéia, porque o que preocupa vocês é que é importante.<br />

Costumo dizer que os conferencistas <strong>de</strong>veriam, antes, ouvir a platéia para, <strong>de</strong>pois, abordar o tema; assim, o aproveitamento seria muito maior. Mas, <strong>de</strong> qualquer maneira, é essa a<br />

norma: fala-se primeiro, para, <strong>de</strong>pois, <strong>de</strong>bater; às vezes, fala-se no senti<strong>do</strong> contrário daquele que as pessoas gostariam <strong>de</strong> ouvir. Por isso, o <strong>de</strong>bate é importante.<br />

Estarei à disposição para acrescentar alguma coisa durante os <strong>de</strong>bates. Muito obriga<strong>do</strong> e aceitem minhas escusas por ter toma<strong>do</strong> mais tempo <strong>do</strong> que <strong>de</strong>veria, mas o tema é, realmente,<br />

apaixonante, e não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> trazer nossa contribuição, com muita honra, pois tenho certeza <strong>de</strong> que muitas outras pessoas po<strong>de</strong>riam estar aqui, representan<strong>do</strong> muito melhor<br />

o que represento e com muito mais condições <strong>do</strong> que eu para se comunicar com uma platéia <strong>de</strong>sse nível intelectual e político. Muito obriga<strong>do</strong>.<br />

Palavras <strong>do</strong> Sr. Paulo Roberto <strong>de</strong> Araújo<br />

Senhores membros da Mesa, caro Sena<strong>do</strong>r, senhoras e senhores; representan<strong>do</strong> o Secretário <strong>do</strong> Planejamento, Dr. Manoel Costa, permito-me ler o que seria a sua palestra. (- Lê:)<br />

"O economista Paul Krugman escreveu em ‘Globalização e Globobagens’ que ‘muitos possuem idéias arraigadas sobre economia, em parte porque a nossa experiência cotidiana em<br />

adquirir e gastar nos transmite um certo senso <strong>de</strong> compreensão, por vezes falso, <strong>do</strong> cenário mais amplo e, em parte, pela gran<strong>de</strong> facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>ixar convencer pelas <strong>do</strong>utrinas<br />

econômicas mais compatíveis com os nossos preconceitos políticos’. Para evitar isso, a realida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s fatos será o material da nossa reflexão.<br />

Nos últimos quinze dias, <strong>do</strong>is organismos internacionais, conheci<strong>do</strong>s por sua bagagem, divulgaram relatórios. O Banco Mundial <strong>de</strong>u publicida<strong>de</strong> ao seu ‘Relatório sobre o<br />

Desenvolvimento Mundial’, o último <strong>de</strong>ste século, que começa a nos dar a<strong>de</strong>us. Nesse relatório, o Banco Mundial <strong>de</strong>ixa claro que, na economia global, mesmo quan<strong>do</strong> há<br />

crescimento econômico, haverá gran<strong>de</strong>s ganha<strong>do</strong>res e per<strong>de</strong><strong>do</strong>res. Exemplo disso, cita o <strong>do</strong>cumento, é o fato <strong>de</strong> que, entre 1970 e 1985, a diferença entre os países mais ricos e os<br />

mais pobres ficou seis vezes maior.<br />

O Banco Mundial, organismo cria<strong>do</strong>, em tese, para acabar com a pobreza no planeta, alerta, ainda, para o fato <strong>de</strong> a taxa absoluta <strong>de</strong> pobreza <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> estar aumentan<strong>do</strong>. Em 1987,<br />

1.200.000.000 <strong>de</strong> pessoas viviam com o equivalente a US$l,00 por dia. Hoje, esse número cresceu para 1.500.000.000 <strong>de</strong> seres humanos. O economista chefe <strong>do</strong> BIRD afirma que,<br />

em 2015, esse número <strong>de</strong>verá chegar à casa <strong>de</strong> 2 bilhões <strong>de</strong> seres humanos e reconhece que ‘não estamos ganhan<strong>do</strong> a batalha contra a pobreza, a pobreza está aumentan<strong>do</strong>’.<br />

O outro relatório a que <strong>de</strong>sejo me referir foi libera<strong>do</strong> pela UNCTAD, o organismo da Organização das Nações Unidas que cuida <strong>do</strong> comércio e <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Segun<strong>do</strong> esse<br />

<strong>do</strong>cumento, pela primeira vez, em <strong>de</strong>z anos, os países em <strong>de</strong>senvolvimento, entre os quais o Brasil, tiveram crescimento menor <strong>do</strong> que o <strong>do</strong>s países ricos. Em 1998, os países mais<br />

ricos cresceram, em média, 2,2%, enquanto os consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s em <strong>de</strong>senvolvimento tiveram uma expansão <strong>de</strong> 1,8%.<br />

A UNCTAD alerta, ainda, que o percentual alcança<strong>do</strong> pelos países em <strong>de</strong>senvolvimento somente chegou a 1,8% porque a China cresceu 7,8%, e a Índia, 5,8%. Curiosamente, e o<br />

próprio organismo da ONU reconhece, os <strong>do</strong>is países que ganharam o maior índice entre os que se esforçam para se <strong>de</strong>senvolver são exatamente ‘aqueles que resistiram à tentação <strong>de</strong><br />

perseguir uma prematura liberalização comercial e uma rápida integração ao sistema financeiro internacional’.<br />

Esses <strong>do</strong>is relatórios - repito as palavras <strong>do</strong> Embaixa<strong>do</strong>r Rubens Ricúpero - indicam que tal situação ‘é grave, porque o senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento é diminuir a distância <strong>do</strong>s países<br />

mais ricos para os mais pobres. Mas, assim, esse abismo não vai cessar <strong>de</strong> se aprofundar’.<br />

As constatações tanto <strong>do</strong> Banco Mundial quanto da UNCTAD não poupam o Brasil, on<strong>de</strong> também apresentam reflexos graves. Segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s divulga<strong>do</strong>s pelo IPEA, órgão liga<strong>do</strong><br />

ao Governo Fe<strong>de</strong>ral, a pobreza alcança em torno <strong>de</strong> 46 milhões <strong>de</strong> brasileiros, 9% <strong>do</strong>s quais, segun<strong>do</strong> a Fundação João Pinheiro, estão em Minas Gerais.<br />

Um outro fato aponta<strong>do</strong> pelo IPEA - e que também é fator <strong>de</strong> preocupação - é o índice que me<strong>de</strong> a concentração <strong>de</strong> renda, que indica que o Brasil está no patamar <strong>de</strong> 0,632, um <strong>do</strong>s<br />

índices mais altos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. E Minas Gerais, em termos <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> renda, está entre os campeões <strong>do</strong> Brasil, logo após os Esta<strong>do</strong>s nor<strong>de</strong>stinos.<br />

Diante <strong>de</strong>sse quadro, é essencial que ninguém caia no engo<strong>do</strong> <strong>do</strong> falso dilema representa<strong>do</strong> por estabilida<strong>de</strong> versus <strong>de</strong>senvolvimento. Ambos po<strong>de</strong>m conviver, pois, se assim não<br />

fosse, como explicar o fato <strong>de</strong> os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s estarem viven<strong>do</strong>, agora, a sua maior pujança econômica, com pleno emprego?<br />

Enquanto isso, no Brasil, o PPA recentemente anuncia<strong>do</strong> pelo Governo Fe<strong>de</strong>ral passa um borrão sobre o que aconteceu no País, a partir <strong>de</strong> 1990, <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o que existe <strong>de</strong> real<br />

na implantação <strong>de</strong>sse novo mo<strong>de</strong>lo: protecionismo às avessas, isto é, <strong>do</strong>s interesses externos <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s grupos, incluin<strong>do</strong> financiamento <strong>do</strong> BNDES, subsídios, etc, concentra<strong>do</strong>r <strong>de</strong><br />

patrimônio e renda e inibi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s, agora através <strong>do</strong>s instrumentos <strong>de</strong> câmbio, juros e tributos.<br />

O Presi<strong>de</strong>nte da República afirma que o PPA não mudará os fundamentos da política econômica e apóia o conceito <strong>do</strong> Ministro Pedro Malan, segun<strong>do</strong> o qual o crescimento<br />

sustentável é um crescimento sóli<strong>do</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não ponha em risco a estabilida<strong>de</strong> da moeda, seja capaz <strong>de</strong> se manter no tempo e <strong>de</strong> enfrentar dificulda<strong>de</strong>s conjunturais. Mas tu<strong>do</strong> isso<br />

não passa <strong>de</strong> falácia, pois os fundamentos da atual política econômica neoliberal, combina<strong>do</strong>s a tal conceito <strong>de</strong> crescimento, não se coadunam com o <strong>de</strong>senvolvimento sustenta<strong>do</strong>.


Uma estratégia nacional <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustenta<strong>do</strong> tem que partir da constatação <strong>de</strong> que o mo<strong>de</strong>lo globalizante não se esgotou. O que parece esgotada é a capacida<strong>de</strong> da teoria<br />

neoclássica <strong>de</strong> apresentá-lo como o mo<strong>de</strong>lo capaz <strong>de</strong> satisfazer a todas as classes sociais e <strong>de</strong> abrir novas e inesperadas oportunida<strong>de</strong>s para to<strong>do</strong>s, num admirável mun<strong>do</strong> novo.<br />

Estão aí os relatórios <strong>do</strong> Banco Mundial e da UNCTAD, aos quais me referi no início <strong>de</strong>ssa palestra, para mostrarem que os fatos dizem o contrário, assim como para calçarem o fato<br />

<strong>de</strong> que o raciocínio a seguir não é dita<strong>do</strong> por razões xenófobas, mas <strong>de</strong>corrente da constatação da realida<strong>de</strong> objetiva.<br />

O processo neoliberal continua facilita<strong>do</strong> pelas políticas econômicas <strong>do</strong> Governo Fe<strong>de</strong>ral. Ocorre uma intensa rearticulação patrimonial, em que as corporações empresariais<br />

estrangeiras não só se tornaram pre<strong>do</strong>minantes, como também ten<strong>de</strong>m a transformar o País em uma arena <strong>de</strong> disputa entre monopólios. As estatais e as empresas privadas brasileiras<br />

continuam sen<strong>do</strong> vendidas a preço <strong>de</strong> fim <strong>de</strong> feira, enquanto número nada <strong>de</strong>sprezível <strong>de</strong> pequenas, médias e, mesmo, gran<strong>de</strong>s empresas brasileiras, simplesmente, continuam<br />

quebran<strong>do</strong> e sumin<strong>do</strong> <strong>do</strong> mapa.<br />

À medida que o ilusionismo das <strong>de</strong>lícias da globalização neoliberal se esvai e, em seu lugar, surge o rastro da <strong>de</strong>struição econômica e social, a teoria neoclássica se esgota como<br />

elemento i<strong>de</strong>ológico conformista. Para as corporações, torna-se necessário mudar <strong>de</strong> teoria e apresentar novas ilusões. O próprio Banco Mundial vem se empenhan<strong>do</strong> nessa mudança<br />

cosmética, estimulan<strong>do</strong> a retomada <strong>de</strong> certo papel planeja<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Sem tirar as gran<strong>de</strong>s corporações <strong>de</strong> seu centro, procura modificar as formas pelas quais elas <strong>de</strong>vem<br />

continuar seu caminho concentra<strong>do</strong>r e exclu<strong>de</strong>nte, buscan<strong>do</strong> apresentar esses novos mo<strong>do</strong>s como variantes capazes <strong>de</strong> superar as mazelas da selvagem reestruturação neoliberal.<br />

Esse esforço cosmético tornou-se ainda mais urgente uma vez que se configuraram mo<strong>de</strong>los alternativos ao neoliberalismo. São recupera<strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los antigos, e surgem outros,<br />

novos, que resultam da prática <strong>de</strong> resistência e sobrevivência <strong>de</strong> economias locais e regionais. Por necessida<strong>de</strong> imperiosa, esses mo<strong>de</strong>los tomam por base suas próprias<br />

potencialida<strong>de</strong>s e a integração com economias complementares. Ingressam, <strong>de</strong>sse mo<strong>do</strong>, conscientemente ou não, por um caminho diferente <strong>do</strong> neoliberal, <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

sustenta<strong>do</strong>. Este, sim, busca compatibilizar, no tempo e no espaço, o crescimento econômico com eqüida<strong>de</strong>, buscan<strong>do</strong> a conservação <strong>do</strong>s recursos naturais e <strong>do</strong> meio ambiente, mas<br />

sem que essa preocupação se transforme em uma camisa-<strong>de</strong>-força, convergin<strong>do</strong> para a elevação da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, a partir <strong>de</strong> um compromisso entre as gerações. Ao mesmo<br />

tempo, busca a inserção soberana no processo <strong>de</strong> globalização. Embora com características e graus diferencia<strong>do</strong>s <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong>, integração e soberania, esse tem si<strong>do</strong> o caminho<br />

persegui<strong>do</strong> por países como o Japão, a Índia, a China e os Tigres Asiáticos.<br />

Uma estratégia brasileira <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustenta<strong>do</strong> e integração nacional, para ser efetiva, precisa encarar os verda<strong>de</strong>iros problemas estruturais com que o País se <strong>de</strong>fronta: a<br />

concentração patrimonial; a concentração <strong>de</strong> renda que <strong>de</strong>corre <strong>de</strong>la; a diminuição <strong>de</strong> seu já estreito merca<strong>do</strong> interno; os <strong>de</strong>sequilíbrios <strong>de</strong> suas matrizes agrícola, industrial, comercial<br />

e financeira; os <strong>de</strong>sequilíbrios regionais; a lacuna educacional, científica e tecnológica; os <strong>de</strong>sequilíbrios <strong>de</strong> sua infra-estrutura; as distorções tributárias e fiscais; o custo representa<strong>do</strong><br />

pela pobreza, a miséria e a insegurança alimentar <strong>de</strong>las <strong>de</strong>corrente; a incapacida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> poupar e realizar investimentos.<br />

Minas Gerais, como to<strong>do</strong>s os Esta<strong>do</strong>s e municípios brasileiros, tornou-se presa das políticas econômicas fe<strong>de</strong>rais, subordinadas aos interesses das gran<strong>de</strong>s corporações<br />

multinacionais, por meio <strong>do</strong> FMI. O Esta<strong>do</strong> vive, hoje, um grave <strong>de</strong>sequilíbrio financeiro, a ameaça <strong>de</strong> um crescente endividamento, a redução da arrecadação tributária e insuficiente<br />

crescimento econômico. Há um perverso processo <strong>de</strong> fechamento <strong>de</strong> empresas, aumento da concentração patrimonial e da renda, em contraste com o crescimento <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego, da<br />

pobreza e da <strong>de</strong>snutrição, que já alcança 18,9% das crianças, cuja ida<strong>de</strong> está compreendida entre zero e 59 meses. E vê-se a máquina pública ainda <strong>de</strong>sorganizada e <strong>de</strong>sestruturada,<br />

per<strong>de</strong>n<strong>do</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>cisório e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intervenção, inclusive nas suas áreas <strong>de</strong> obrigação constitucional, como as políticas públicas sociais.<br />

Com tu<strong>do</strong> isso, Minas ainda possui uma base econômica, social e política capaz <strong>de</strong> reagir e encontrar alternativas que impeçam que o Esta<strong>do</strong> se torne espaço exclusivo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

corporações, mestras em prometer benefícios para se instalarem no território estadual, em troca <strong>de</strong> isenções fiscais e outros incentivos, mas avaras em efeitos multiplica<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />

crescimento e geração <strong>de</strong> emprego e renda. O nosso Esta<strong>do</strong> ainda é, em termos nacionais, o segun<strong>do</strong> PIB e a 11ª renda "per capita", da<strong>do</strong> que não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser uma constatação a mais<br />

da concentração <strong>de</strong> renda que acontece entre nossas montanhas.<br />

Possuímos diversos potenciais produtivos não plenamente <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>s e utiliza<strong>do</strong>s, em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> políticas míopes <strong>de</strong> privilégio exclusivo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s investimentos.<br />

Há uma <strong>de</strong>manda internacional crescente em relação a pedras preciosas, granitos, mármores, cerâmicas <strong>de</strong> alta tecnologia, frutas <strong>de</strong> mesa, etc. Por falta <strong>de</strong> estímulos e investimentos<br />

nessas áreas, as empresas são incapazes <strong>de</strong> adicionar valor na transformação <strong>de</strong>sses produtos.<br />

Para reverter o atual quadro <strong>de</strong> <strong>de</strong>bilitamento e aproveitar o seu potencial, será necessário que o Esta<strong>do</strong> se encaminhe por uma via alternativa às diretrizes pre<strong>do</strong>minantes <strong>do</strong> Governo<br />

Fe<strong>de</strong>ral, a qual conduza a um <strong>de</strong>senvolvimento sustenta<strong>do</strong>, que permita maior integração nacional, inserção no merca<strong>do</strong> internacional e, ao mesmo tempo, represente uma inovação<br />

econômica e social.<br />

Essa via alternativa exige, em primeiro lugar, a retomada <strong>do</strong> papel <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> como indutor <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento com maior eqüida<strong>de</strong>, como instrumento <strong>de</strong>mocrático <strong>de</strong><br />

planejamento, capaz <strong>de</strong> captar as gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>mandas econômicas e sociais da população; <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir os gran<strong>de</strong>s parâmetros da ação governamental, integran<strong>do</strong> os esforços <strong>do</strong>s diversos<br />

setores e <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bran<strong>do</strong>-os em programas regionais<br />

e setoriais; <strong>de</strong> recuperar a sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> poupança e investimento econômico e social.<br />

Tais parâmetros se negam a implementar políticas anti-sociais para cobrir dívidas mobiliárias, a privatizar os patrimônios públicos <strong>de</strong> caráter estratégico para seu <strong>de</strong>senvolvimento, a<br />

continuar o <strong>de</strong>smanche da máquina pública, a agir em <strong>de</strong>trimento <strong>do</strong>s pequenos e médios investimentos, intensivos em força <strong>de</strong> trabalho, e a tratar o território <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> como espaço<br />

sem povo e sem história social.<br />

Ao contrário, as políticas macroeconômicas e sociais <strong>de</strong> Minas se propõem a sanear as finanças públicas e dar-lhes transparência e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investimento econômico e social,<br />

utilizar o patrimônio público para <strong>de</strong>senvolver a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção e fomento social, revitalizar a máquina estatal em função <strong>do</strong>s interesses sociais, promover um novo padrão<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento regional e empresarial, estimular a busca <strong>de</strong> novos merca<strong>do</strong>s para produção das diversas regiões <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, estimular o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> interno <strong>de</strong><br />

massa, promover a superação da pobreza e da miséria, <strong>de</strong>senvolver a infra-estrutra energética, viária, <strong>de</strong> comunicações, educacional, científica e tecnológica e preservar e recuperar o<br />

meio ambiente.<br />

Ao <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rmos o <strong>de</strong>senvolvimento sustenta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais, em oposição às políticas neoliberais, explícitas ou disfarçadas <strong>do</strong> Governo Fe<strong>de</strong>ral, isto não significa que o Esta<strong>do</strong><br />

pretenda tornar-se autárquico e isola<strong>do</strong>. Ao contrário, sen<strong>do</strong> conseqüente em suas tendências históricas, o que preten<strong>de</strong>mos é um <strong>de</strong>senvolvimento regional e uma integração nacional<br />

em bases genuinamente <strong>de</strong>mocráticas e participativas em função <strong>do</strong>s interesses da maioria da população brasileira.<br />

A experiência histórica tem mostra<strong>do</strong> que a construção <strong>de</strong> eixos <strong>de</strong> integração nacional <strong>de</strong>scola<strong>do</strong>s <strong>de</strong> bases produtivas regionais não cria <strong>de</strong>senvolvimento regional e nacional<br />

equilibra<strong>do</strong>, em especial quan<strong>do</strong> são implanta<strong>do</strong>s em função <strong>de</strong> interesses corporativos. Ao contrário, cria pólos <strong>de</strong> médio ou gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, à custa da estagnação ou da<br />

regressão <strong>de</strong> regiões, ramos e setores inteiros, causan<strong>do</strong> imensas distorções econômicas, regionais e sociais, cujo peso recai sobre a maior parte da socieda<strong>de</strong>.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento regional, no entanto, po<strong>de</strong> ser mais equilibra<strong>do</strong> se tiver por base a evolução das ca<strong>de</strong>ias produtivas locais ou regionais existentes. A paulatina integração local<br />

<strong>de</strong>ssas ca<strong>de</strong>ias, com o máximo aproveitamento <strong>de</strong> suas potencialida<strong>de</strong>s produtivas, e sua integração com outras regiões, seja em termos <strong>de</strong> agregação <strong>de</strong> valor, seja em termos <strong>de</strong><br />

realização-comercialização, po<strong>de</strong>m permitir o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> eixos <strong>de</strong> integração regionais e nacionais auto-sustenta<strong>do</strong>s e com efetivo po<strong>de</strong>r multiplica<strong>do</strong>r sobre suas áreas <strong>de</strong><br />

influência.<br />

É evi<strong>de</strong>nte que essa ação exige uma articulação responsável entre os Governos Municipais e o Governo Estadual, assim como entre os Governos Estaduais e o Governo Fe<strong>de</strong>ral. Não<br />

por acaso, o Governo <strong>de</strong> Minas está estimulan<strong>do</strong> a realização <strong>de</strong> assembléias regionais <strong>de</strong> orçamento e planejamento participativos. O que se preten<strong>de</strong> é estabelecer um padrão <strong>de</strong><br />

relacionamento Esta<strong>do</strong>-socieda<strong>de</strong> no qual as <strong>de</strong>liberações sobre as ações <strong>do</strong> Governo Estadual e o uso <strong>do</strong>s recursos públicos estaduais resultem <strong>de</strong> um efetivo processo <strong>de</strong><br />

participação <strong>do</strong>s atores econômicos e sociais <strong>do</strong>s municípios e <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.


Também não por acaso, o Governo <strong>de</strong> Minas Gerais tem se empenha<strong>do</strong> no resgate da Fe<strong>de</strong>ração, reconhecen<strong>do</strong> a importância da complementarida<strong>de</strong> das ações <strong>do</strong> Governo Fe<strong>de</strong>ral<br />

com os Governos Estaduais e Municipais na solução <strong>do</strong>s problemas e na maximização das potencialida<strong>de</strong>s regionais. O Governo Fe<strong>de</strong>ral terá que levar em conta que o nosso Esta<strong>do</strong><br />

quer caminhar em direção a um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento que possibilite a resolução <strong>do</strong>s problemas econômicos e sociais mineiros, o atendimento básico às necessida<strong>de</strong>s da<br />

população e uma contribuição efetiva ao <strong>de</strong>senvolvimento nacional, estabelecen<strong>do</strong> uma parceria que potencialize os programas locais e os integre, <strong>de</strong> forma natural e efetiva, aos<br />

programas nacionais.<br />

Enquanto isso ainda não acontece, não estamos para<strong>do</strong>s. Temos três propostas emergenciais para fazer frente à questão da geração <strong>de</strong> empregos e melhoria da renda.<br />

No tocante à habitação popular, a proposta se <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bra em três itens que <strong>de</strong>verão ser implementa<strong>do</strong>s nos próximos meses, to<strong>do</strong>s com impacto positivo na geração <strong>de</strong> empregos.<br />

O primeiro <strong>de</strong>sses itens tem como objetivo a construção <strong>de</strong> casas populares em sistema terceiriza<strong>do</strong> e o seu público-alvo são trabalha<strong>do</strong>res urbanos e rurais <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s, com<br />

pouca qualificação ou qualifica<strong>do</strong>s para serviços <strong>de</strong> pedreiro, eletricista, encana<strong>do</strong>r, carpinteiro e para a construção civil em geral. Este item prevê a construção, na Região<br />

Metropolitana <strong>de</strong> Belo Horizonte e no interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, <strong>de</strong> 4.582 unida<strong>de</strong>s resi<strong>de</strong>nciais e a urbanização <strong>de</strong> 1.449 lotes, através da concessão <strong>de</strong> financiamento individual a famílias<br />

com renda <strong>de</strong> até três salários mínimos. Para tanto, serão usa<strong>do</strong>s recursos da COHAB e da Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral. Nesse sistema, são gera<strong>do</strong>s seis postos <strong>de</strong> trabalho por casa<br />

construída, com o que po<strong>de</strong>rão ser criadas 27.492 ocupações em to<strong>do</strong> o Esta<strong>do</strong>.<br />

O segun<strong>do</strong> item refere-se à construção <strong>de</strong> casas populares em mutirão pela COHAB. O público-alvo é constituí<strong>do</strong> por famílias previamente cadastradas que se disponham a contribuir<br />

com a prestação <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra. Além <strong>de</strong> promover maior agregação familiar, através da união para a construção da moradia e da valorização <strong>de</strong>sse esforço, há o<br />

conseqüente aumento da renda, a partir <strong>do</strong> momento em que não há mais <strong>de</strong>sembolso financeiro para pagamento <strong>de</strong> aluguel. Mesmo utilizan<strong>do</strong> o sistema <strong>de</strong> mutirão, a previsão da<br />

construção <strong>de</strong> 1.256 unida<strong>de</strong>s resi<strong>de</strong>nciais, nos próximos meses, po<strong>de</strong>rá criar cerca <strong>de</strong> 3.768 postos <strong>de</strong> trabalho, em <strong>de</strong>corrência da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se utilizar mão-<strong>de</strong>-obra<br />

extrafamiliar em algumas etapas da obra. Os recursos serão os da própria COHAB.<br />

O terceiro item refere-se à construção <strong>de</strong> casas populares pelo sistema <strong>de</strong> mutirão <strong>do</strong> movimento <strong>do</strong>s sem-casa. O público-alvo é constituí<strong>do</strong> pelas famílias sem casa, em to<strong>do</strong> o<br />

Esta<strong>do</strong>, totalizan<strong>do</strong> cerca <strong>de</strong> 450 mil beneficiários potenciais nas áreas urbanas, segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s da Fundação João Pinheiro e famílias sem terra ou com terra insuficiente nas áreas<br />

rurais. Para os próximos meses, prevê-se a construção <strong>de</strong> 5 mil unida<strong>de</strong>s. Por este sistema <strong>de</strong> autoconstrução, atualmente conduzi<strong>do</strong> na região metropolitana pelos movimentos<br />

sociais, a cotização das famílias reduz fortemente o papel <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> na construção das habitações e o preço das unida<strong>de</strong>s. As famílias envolvidas entram com recursos próprios na<br />

compra <strong>do</strong> terreno, enquanto as entida<strong>de</strong>s interme<strong>de</strong>iam a relação entre a população organizada e as prefeituras. Além <strong>do</strong> trabalho familiar em mutirão, o sistema prevê a contratação<br />

<strong>de</strong> assalaria<strong>do</strong>s pelas concessionárias <strong>de</strong> água e esgoto e para obras <strong>de</strong> infra-estrutura em ruas e estradas. O custo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, em projetos <strong>de</strong>ssa natureza, é a contrapartida em pessoal<br />

e máquinas para os serviços básicos. A previsão é <strong>de</strong> que haja a contratação <strong>de</strong> 15 mil pessoas durante a construção das 5 mil casas inicialmente previstas.<br />

A segunda ação emergencial refere-se ao programa <strong>de</strong> incentivo à geração <strong>de</strong> ocupação e renda na micro e pequena indústria <strong>do</strong> vestuário. Seus objetivos são estabelecer condições<br />

para que as micro e pequenas confecções possam produzir com qualida<strong>de</strong> e preço no merca<strong>do</strong>; reunir micro empresas presta<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> serviço num mesmo local, on<strong>de</strong> os filia<strong>do</strong>s<br />

possam compartilhar <strong>de</strong> maquinário mais mo<strong>de</strong>rno, para melhor <strong>de</strong>sempenho da produção; criar novos postos <strong>de</strong> trabalho, ao viabilizar a confiabilida<strong>de</strong> e a boa estrutura<br />

proporcionada pelo associativismo; melhorar a renda das famílias, viabilizan<strong>do</strong> o aquecimento <strong>do</strong> comércio local; diminuir o custo fixo da hora/peça, otimizan<strong>do</strong> o processo<br />

produtivo; ampliar o prazo para comercialização com fornece<strong>do</strong>res. O público-alvo é constituí<strong>do</strong> pelas microempresas informais <strong>do</strong> setor <strong>de</strong> confecção, que trabalham<br />

exclusivamente com máquinas emprestadas <strong>de</strong> terceiros.<br />

Para se ter idéia <strong>do</strong> impacto que um programa <strong>de</strong>ssa or<strong>de</strong>m po<strong>de</strong> causar, citarei o exemplo <strong>de</strong> Muriaé, cida<strong>de</strong> localizada na Zona da Mata mineira. Lá, o resulta<strong>do</strong> da concorrência<br />

asiática e <strong>do</strong>s planos econômicos foi <strong>de</strong>vasta<strong>do</strong>r, mas é possível reverter esse quadro e fazer com que 1.500 micro e pequenas empresas sejam reativadas, para o que serão necessários<br />

investimentos da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> R$7.000.000,00, para recompor suas ativida<strong>de</strong>s e, com isso, gerar 5 mil empregos diretos.<br />

Ainda no esforço emergencial, insere-se o Programa <strong>de</strong> Ocupação e Renda na Produção para Merca<strong>do</strong>s Institucionais. São objetivos <strong>de</strong>sse Programa estimular a geração <strong>de</strong> trabalho e<br />

renda para pequenos agricultores e processa<strong>do</strong>res <strong>de</strong> hortigranjeiros e laticínios, através da utilização <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> compra <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s institucionais da merenda escolar e da<br />

alimentação <strong>de</strong> <strong>de</strong>tentos, bem como promover a criação e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> associações e cooperativas <strong>de</strong> pequenos agricultores e processa<strong>do</strong>res <strong>de</strong> hortigranjeiros e laticínios<br />

como mecanismo <strong>de</strong> garantia <strong>de</strong> regularida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong> da oferta. Seu público-alvo é forma<strong>do</strong> por pequenos produtores rurais e agroindustriais organiza<strong>do</strong>s em associações e<br />

cooperativas.<br />

Segun<strong>do</strong> estimativas feitas pela Fundação João Pinheiro, com da<strong>do</strong>s forneci<strong>do</strong>s pela EMATER e pela Secretaria da Educação, se apenas as hortaliças, as frutas e os grãos consumi<strong>do</strong>s<br />

na merenda escolar fossem produzi<strong>do</strong>s no Esta<strong>do</strong> e basea<strong>do</strong>s na agricultura familiar, estariam envolvidas nessa produção cerca <strong>de</strong> 89.254 pessoas <strong>de</strong> forma direta e o mesmo número<br />

<strong>de</strong> forma indireta, totalizan<strong>do</strong> 178.508 trabalha<strong>do</strong>res. Isso não se consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> os potenciais <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> emprego na agricultura familiar <strong>do</strong> consumo <strong>de</strong> ovos, laticínios e carnes.<br />

Como exemplo <strong>de</strong> ação <strong>de</strong> curto e médio prazos, <strong>de</strong>sejo concluir esta palestra mencionan<strong>do</strong> o Programa Nova Fronteira Noroeste, região on<strong>de</strong> se encontra o que po<strong>de</strong>mos chamar <strong>de</strong><br />

última fronteira agrícola <strong>de</strong> Minas Gerais, ainda passível <strong>de</strong> ocupação. Os vazios existentes ali compreen<strong>de</strong>m 4 milhões <strong>de</strong> hectares <strong>de</strong> área agricultável, o que representa 55% da área<br />

total agricultável da região.<br />

O que o Governo <strong>de</strong> Minas preten<strong>de</strong> é que essa ocupação se faça <strong>de</strong> forma or<strong>de</strong>nada e planejada, para transformar o Noroeste mineiro no nosso maior produtor agrícola. Isso po<strong>de</strong> ser<br />

feito através <strong>do</strong> aumento da produção e da produtivida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s atuais assentamentos e da expansão da área agricultável, em função <strong>do</strong> enorme potencial a explorar. É preciso trabalhar<br />

para se agregar valor à produção, mediante a indução e o fomento à criação <strong>de</strong> agroindústrias, visan<strong>do</strong> ao aumento da renda e <strong>do</strong> emprego.<br />

O Noroeste mineiro é um bom exemplo <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> parceria que precisa ser feito em época <strong>de</strong> recursos escassos, como a que estamos atravessan<strong>do</strong>. Essa parceria envolve o Esta<strong>do</strong>,<br />

que <strong>de</strong>ve comparecer facilitan<strong>do</strong> a infra-estrutura, tanto para implantação <strong>de</strong> um sistema viário capaz <strong>de</strong> dar vazão à produção, como também levan<strong>do</strong> a energia elétrica aon<strong>de</strong> ainda<br />

não chegou, <strong>de</strong> forma a viabilizar não apenas os assentamentos existentes, mas também os que se preten<strong>de</strong> criar. O saneamento básico, a educação, a saú<strong>de</strong> e a segurança são outras<br />

áreas em que o Esta<strong>do</strong> precisa marcar presença efetiva.<br />

Às prefeituras, cabe o papel <strong>de</strong> reorganizar os núcleos urbanos existentes, planejan<strong>do</strong>-os <strong>de</strong> forma a po<strong>de</strong>r receber novo fluxo populacional, bem como projetan<strong>do</strong> novos núcleos<br />

urbanos e facilitan<strong>do</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento da área <strong>de</strong> serviços. O Noroeste tem espaço e condições para receber mais 3 milhões <strong>de</strong> pessoas.<br />

À iniciativa privada, a partir da presença efetiva <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público, cabe trabalhar para <strong>de</strong>senvolver novos investimentos, tanto em termos <strong>de</strong> assentamento como na criação <strong>de</strong><br />

agroindústrias.<br />

Às entida<strong>de</strong>s universitárias, cabe criar, na região, "campi" avança<strong>do</strong>s para a pesquisa e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos cultivos, mas sem cair na tentação <strong>do</strong>s transgênicos, cujos efeitos<br />

sobre a pessoa humana ainda são totalmente <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>s.<br />

Acima disso tu<strong>do</strong>, entretanto, há uma questão politicamente emblemática. O Governo <strong>de</strong> Minas, ao criar condições para a nova colonização <strong>do</strong> Noroeste mineiro, retoma a trilha<br />

aberta há mais <strong>de</strong> 30 anos por uma das gran<strong>de</strong>s figuras <strong>de</strong> nossa história. Refiro-me ao ex-Governa<strong>do</strong>r e ex-Presi<strong>de</strong>nte Juscelino Kubitschek <strong>de</strong> Oliveira, que, ao transferir para o<br />

Planalto Central a Capital brasileira, mostrou o caminho para o Oeste.<br />

Minas quer crescer, gerar empregos, anseia por <strong>de</strong>senvolvimento com eqüida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> forma que mineiras e mineiros possam viver com dignida<strong>de</strong> e ter esperança". Muito obriga<strong>do</strong>.<br />

Palavras <strong>do</strong> Sr. Pedro Duncan<br />

Bom dia a to<strong>do</strong>s; Sena<strong>do</strong>r José Alencar, companheiros da Mesa, senhoras e senhores, antes <strong>de</strong> mais nada, gostaria <strong>de</strong> pedir <strong>de</strong>sculpas, em nome da Diretora da Área Social <strong>do</strong><br />

BNDES, Beatriz Azere<strong>do</strong>, que tinha agenda<strong>do</strong> sua participação neste evento. Entretanto, <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> comparecer por força maior, uma vez que foi convocada para uma reunião em


Brasília, com o novo Ministro. Pediu-me, então, que a substituísse.<br />

Quan<strong>do</strong> olhei o tema <strong>do</strong> seminário e vi as matérias que estariam sen<strong>do</strong> colocadas para a discussão <strong>do</strong>s grupos na parte da tar<strong>de</strong>, resolvi apresentar um programa, uma ação efetiva que<br />

o Banco vem <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> na área social, com o crédito popular, o microcrédito, ou seja, crédito para aquele que está efetivamente fora <strong>do</strong> sistema financeiro tradicional. Acho<br />

essa experiência muito interessante. Começamos a discutir esse assunto há 3 anos, quan<strong>do</strong> foi criada a área social <strong>do</strong> Banco. Na verda<strong>de</strong>, essa temática ainda era <strong>de</strong>sconhecida no<br />

Brasil, apesar <strong>de</strong> já estar bastante evoluída aqui, se a compararmos com a experiência internacional. Foi a partir <strong>de</strong>ssa experiência que pensamos e formulamos o programa <strong>de</strong> crédito<br />

produtivo popular.<br />

Há <strong>do</strong>is anos e meio, lançamos esse programa. Como o BNDES é um Banco <strong>de</strong> segunda linha, porque não possui agências, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> fundamentalmente <strong>de</strong> um canal <strong>de</strong> distribuição<br />

para levar seu produto principal, que é o crédito, aos empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>res. Por isso, precisávamos <strong>de</strong>finir que canal <strong>de</strong> distribuição seria esse, para um produto com essas características.<br />

Naquele momento, ele não existia no Brasil. Sabemos das dificulda<strong>de</strong>s que o micro e o pequeno empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r encontram no sistema financeiro tradicional. Hoje, o Banco tenta<br />

<strong>de</strong>senvolver vários mecanismos para cumprir o seu papel junto à pequena e média empresa. Imaginem o pequeno empresário, o <strong>do</strong>ceiro ou o pipoqueiro, que precisam <strong>de</strong> R$500,00,<br />

R$1.000,00 ou R$2.000,00 para <strong>de</strong>senvolver o seu negócio. A idéia, então, com um Banco <strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong> nacional, era montar uma re<strong>de</strong> que se esten<strong>de</strong>sse a to<strong>do</strong> o País e propiciasse<br />

aos micro empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>res o acesso ao crédito e - acho que esta questão está colocada não como solução, mas como instrumento importante - fortalecesse a discussão <strong>de</strong> ocupação e<br />

<strong>de</strong> geração <strong>de</strong> renda.<br />

Lembro-me <strong>de</strong> que, nas primeiras palestras que fazia sobre o programa, tínhamos algumas transparências iniciais para <strong>de</strong>monstrar a importância <strong>do</strong> microcrédito. Tínhamos<br />

dificulda<strong>de</strong> para nos fazer enten<strong>de</strong>r, até em termos <strong>de</strong> formulação <strong>de</strong> política pública, para que se inteirassem <strong>do</strong> papel <strong>do</strong> microcrédito e <strong>do</strong> papel <strong>do</strong> pequeno empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r,<br />

enquanto dinamiza<strong>do</strong>r <strong>de</strong> economias locais e <strong>de</strong> qualificação <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra para aqueles que estão envolvi<strong>do</strong>s, enfim, para a melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> quem está<br />

<strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> um pequeno negócio.<br />

Já falei um pouco sobre os <strong>de</strong>safios que tínhamos naquele momento. O Brasil tinha muita experiência nessa área. Já havia algumas iniciativas <strong>do</strong> próprio Governo Fe<strong>de</strong>ral, mas<br />

tinham dificulda<strong>de</strong>s em sua execução. Havia poucas iniciativas <strong>de</strong> algumas organizações não governamentais que vinham <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> esse trabalho, mas <strong>de</strong> forma ainda muito<br />

incipiente e, conforme já comentei, buscan<strong>do</strong> esse canal <strong>de</strong> distribuição e, fundamentalmente, buscan<strong>do</strong> uma parceria para trabalhar naquele momento. E mais, quan<strong>do</strong> analisamos as<br />

características <strong>de</strong>sse empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r, as peculiarida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> pequeno negócio e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um serviço <strong>de</strong> crédito diferencia<strong>do</strong>, concluímos que ele nunca seria atendi<strong>do</strong> com<br />

aquela tecnologia que os Bancos <strong>de</strong>senvolveram para trabalhar <strong>de</strong> forma mais produtiva e a<strong>de</strong>quada, não se a<strong>de</strong>quaria a esse tipo <strong>de</strong> cliente. Em função disso, pensamos em uma<br />

forma para capacitar os profissionais que estariam envolvi<strong>do</strong>s com isso.<br />

Premissas <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo - começamos, então, a pensar em um mo<strong>de</strong>lo. Antes <strong>de</strong> mais nada, enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o BNDES como órgão <strong>do</strong> Governo Fe<strong>de</strong>ral e reconhecen<strong>do</strong> o seu papel no<br />

próprio <strong>de</strong>senvolvimento da indústria e no <strong>de</strong>senvolvimento econômico brasileiro, queríamos um programa que não sofresse <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>. Sabemos e reconhecemos que, quan<strong>do</strong><br />

formulamos um programa vincula<strong>do</strong> a alguma ação <strong>de</strong> Governo, em <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> momento, po<strong>de</strong> ocorrer <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa ação. Isso é fundamental, se queremos trabalhar com<br />

um pequeno empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r, que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse crédito para crescer e <strong>de</strong>senvolver.<br />

Então, discutimos <strong>de</strong> que forma po<strong>de</strong>ríamos pensar num programa em que a socieda<strong>de</strong>, efetivamente, tivesse o controle <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo. E, por trás disso tu<strong>do</strong>, a questão <strong>de</strong> instituições<br />

que fossem sustentáveis, que propiciassem, através <strong>de</strong>ssa sua operação, crescimento e continuida<strong>de</strong> <strong>do</strong> negócio. Tenho dito e vou mostrar o pouco que já fizemos. Penso que já<br />

avançamos bastante. Se amanhã existir uma <strong>de</strong>finição <strong>do</strong> BNDES <strong>de</strong> não operar mais com micro-créditos, as instituições que o usam terão condições <strong>de</strong> continuar a <strong>de</strong>senvolver o<br />

trabalho. E isso, para nós, era fundamental na formulação <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo.<br />

Na hora em que o mo<strong>de</strong>lo está centra<strong>do</strong> nas associações comunitárias <strong>de</strong> crédito no primeiro momento, e isso foi em função <strong>do</strong> que apren<strong>de</strong>mos lá fora, era pensar em associações <strong>de</strong><br />

crédito, em organizações não governamentais, que surgissem no contexto <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> município e que <strong>de</strong>veria ter, então, na hora em que se fala em<br />

controle da socieda<strong>de</strong>, um conselho <strong>de</strong> administração, em que uma parcela significativa, representante daquela comunida<strong>de</strong>, estivesse presente, formulan<strong>do</strong>, <strong>de</strong>finin<strong>do</strong> diretrizes e<br />

acompanhan<strong>do</strong> o melhor <strong>de</strong>senvolvimento da instituição.<br />

Por trás disso, gestão profissional - e aqui começamos a mudar os paradigmas <strong>de</strong> trabalho das ONGs -; o Banco, enquanto negócio, passou a exigir um trabalho profissional, eficiente<br />

e que <strong>de</strong>sse resulta<strong>do</strong>, uma estrutura <strong>de</strong> capital mínimo. Na verda<strong>de</strong>, estamos falan<strong>do</strong> <strong>de</strong> um pequeno Banco, que tem <strong>de</strong> conce<strong>de</strong>r crédito e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, efetivamente, <strong>de</strong> uma estrutura<br />

<strong>de</strong> capital a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>.<br />

Lançamos o programa. Vou antecipar um pouquinho, mas é importante. A idéia <strong>do</strong> Banco era apoiar as associações <strong>de</strong> crédito. E o Brasil apresentou uma singularida<strong>de</strong>. To<strong>do</strong> o<br />

movimento que fizemos para divulgar o programa aconteceu <strong>de</strong> forma diferenciada da experiência internacional. O po<strong>de</strong>r público municipal se envolveu com essas questões e tomou<br />

a iniciativa <strong>de</strong> participar <strong>de</strong>ssas associações. Isso é uma singularida<strong>de</strong> e, num primeiro momento, é vista com certa dificulda<strong>de</strong> pelas instituições multilaterais, BID e BIRD, que<br />

sempre foram gran<strong>de</strong>s <strong>do</strong>a<strong>do</strong>res <strong>de</strong> recursos para esse tipo <strong>de</strong> produto, porque a fronteira para a pior utilização <strong>de</strong> um produto com essas características é muito tênue, quan<strong>do</strong><br />

atrelada a uma política <strong>de</strong> Governo. Imagine um Governo conce<strong>de</strong>n<strong>do</strong> crédito. Se não tiver uma socieda<strong>de</strong> bastante presente, esse produto po<strong>de</strong> ser mal trabalha<strong>do</strong> <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista<br />

da resposta. E o que nós <strong>de</strong>senvolvemos? Antes <strong>de</strong> mais nada, precisávamos <strong>de</strong> uma meto<strong>do</strong>logia a<strong>de</strong>quada, e o Banco reconheceu que, no Brasil, não tínhamos isso. Outra<br />

instituição que foi criada no Brasil tinha custo muito caro. Falávamos em U$300.000,00 para se criar e estruturar uma instituição <strong>de</strong>sse tipo. E, se tínhamos como ambição uma<br />

ampla re<strong>de</strong>, precisávamos pensar na forma <strong>de</strong> baratear o acesso a essa estruturação e a essa capacitação.<br />

O Banco contratou uma consultoria já bastante experiente, que <strong>de</strong>senvolveu uma meto<strong>do</strong>logia para a formação <strong>de</strong> agentes <strong>de</strong> crédito. E aí está a diferença que eu comentava. É<br />

aquele agente que vai ao cliente, enten<strong>de</strong> suas dificulda<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>fine com ele o projeto, <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> pelo crédito, acompanha e cobra. O Banco criou e <strong>de</strong>senvolveu essa meto<strong>do</strong>logia, que já<br />

foi disponibilizada para to<strong>do</strong> o merca<strong>do</strong>. Recentemente, fizemos um evento para divulgá-la a quem possa interessar e para estimular a constituição <strong>de</strong>ssas instituições comunitárias <strong>de</strong><br />

crédito. Já treinamos quase 300 agentes nessa meto<strong>do</strong>logia. As oficinas aconteceram pelo País inteiro, e <strong>de</strong>las participaram mais <strong>de</strong> 70 instituições, já no contexto <strong>do</strong> programa <strong>do</strong><br />

Banco. Acabamos disponibilizan<strong>do</strong> também para as instituições que tinham interesse em conhecer a meto<strong>do</strong>logia para <strong>de</strong>senvolver outro tipo <strong>de</strong> trabalho. Essas exposições<br />

aconteceram nesses Esta<strong>do</strong>s. Em Minas também.<br />

Vou falar, agora, das instituições. Hoje temos 22 instituições apoiadas e 20 instituições que já operam com recursos <strong>do</strong> Banco. O importante é que temos um contrato <strong>de</strong> mandatário<br />

com elas. Não fazemos um financiamento. Elas operam em nome <strong>do</strong> BNDES. Daí a importância da eficiência e efetivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> tratamento <strong>do</strong> trabalho.<br />

Então, estamos espalha<strong>do</strong>s hoje pelo Brasil. Acho que ainda é pouco, mas tenho dito que é um trabalho estruturante e que, para crescer, precisamos da iniciativa da socieda<strong>de</strong> civil<br />

organizada e <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público.<br />

Quais foram os gran<strong>de</strong>s parceiros <strong>de</strong>sse projeto? O Ministério <strong>do</strong> Trabalho, que disponibilizou recursos para o treinamento <strong>de</strong>sses agentes <strong>de</strong> crédito, e as prefeituras municipais, que<br />

se envolveram, efetivamente, na iniciativa para a criação <strong>de</strong>ssas instituições. Vou me <strong>de</strong>ter um pouco nisso, porque cada caso tem si<strong>do</strong> diferente, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da comunida<strong>de</strong>. Temos<br />

comunida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> a iniciativa privada resolveu criar e estruturar uma instituição <strong>de</strong>ssas; temos municípios on<strong>de</strong> a prefeitura entrou sozinha, disponibilizan<strong>do</strong> recursos para isso;<br />

temos regiões on<strong>de</strong> houve um efetivo <strong>de</strong>senvolvimento da comunida<strong>de</strong>, <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público, das gran<strong>de</strong>s e pequenas empresas. O SEBRAE esteve presente em várias <strong>de</strong>ssas<br />

instituições; também a Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral, que disponibilizou espaço para que, num primeiro momento, pudéssemos baratear o custo <strong>de</strong>ssas operações.<br />

Estamos conversan<strong>do</strong> com diversos Governos Estaduais para vermos <strong>de</strong> que forma po<strong>de</strong>remos agilizar o surgimento <strong>de</strong>ssas instituições. O BID, hoje, já reconheceu que o mo<strong>de</strong>lo<br />

po<strong>de</strong> dar certo. Estamos mudan<strong>do</strong> o paradigma <strong>de</strong> que, se vem <strong>do</strong> Governo, não vai dar certo. O BID já disponibilizou para o BNDES US$5.000.000,00 para trabalharmos no<br />

fortalecimento institucional <strong>de</strong>ssas associações <strong>de</strong> crédito. E o UNICEF tem si<strong>do</strong> parceiro em regiões on<strong>de</strong> temos maiores dificulda<strong>de</strong>s. Para que uma instituição <strong>de</strong>ssas seja<br />

sustentável, ela terá que ter um tamanho <strong>de</strong> carteira <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> porte para, com a geração <strong>do</strong> seu negócio, que é emprestar dinheiro, conseguir se custear. Temos um caso, que<br />

queremos multiplicar, que são <strong>de</strong>z pequenos municípios <strong>do</strong> interior <strong>do</strong> Ceará que conseguiram trabalhar na constituição <strong>de</strong> uma instituição <strong>de</strong>ssas. Quer dizer, é uma coisa <strong>de</strong> aspecto<br />

suprapartidário, mas cujo crédito já estamos <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> por intermédio <strong>de</strong>ssa instituição que recebeu aporte <strong>de</strong> recurso <strong>de</strong>sses <strong>de</strong>z municípios. O UNICEF acabou apoian<strong>do</strong> isso.<br />

E o melhor é que, hoje, eles discutem outras ações conjuntas além <strong>do</strong> crédito. Esse é um outro mo<strong>de</strong>lo que temos que pensar para o Brasil. Eles hoje discutem ações na área da saú<strong>de</strong><br />

e <strong>de</strong> infra-estrutura, a partir <strong>de</strong> uma primeira iniciativa, que foi a concessão <strong>de</strong> crédito para essa microrregião.<br />

Um outro fato importante é que, trabalhan<strong>do</strong> com as associações <strong>de</strong> crédito, estávamos sujeitos a diversos questionamentos, inclusive legais. Acabamos trabalhan<strong>do</strong> com uma taxa<br />

maior <strong>do</strong> que 12% ao ano, e algumas missões começaram a receber questionamento legal com relação à lei da usura, e isso passou a ser uma dificulda<strong>de</strong> para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>


trabalho. A partir <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>manda <strong>do</strong> Comunida<strong>de</strong> Solidária, no final <strong>do</strong> ano passa<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> apresentamos o programa, e <strong>de</strong> outras iniciativas no Brasil, participamos <strong>de</strong> um<br />

trabalho junto ao Banco Central, e em julho tivemos promulgada, pelo Presi<strong>de</strong>nte da República, a regulamentação das socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> crédito ao microempreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r. Mas, na verda<strong>de</strong>,<br />

estamos falan<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma nova institucionalida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> um novo perfil <strong>de</strong> empresa para operar com o microcrédito. É uma socieda<strong>de</strong> anônima <strong>de</strong> capital fecha<strong>do</strong>, mas que tem como<br />

base fundamental <strong>de</strong> sua criação a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atrair novos investi<strong>do</strong>res para esse tipo <strong>de</strong> produto, porque a ONG precisa <strong>de</strong> <strong>do</strong>ações.<br />

Vimos experiências interessantes. Vou citar o exemplo <strong>de</strong> alguém que foi manda<strong>do</strong> embora e que recebeu R$50.000,00 <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> garantia e não queria aplicar na poupança, e sim<br />

investir numa instituição <strong>de</strong>ssas. A pessoa queria aplicar esse dinheiro numa instituição, mas não teria como fazer se fosse uma organização não-governamental. Então, com a criação<br />

<strong>de</strong>ssa nova entida<strong>de</strong>, achamos que atrairemos muitos investi<strong>do</strong>res, até mesmo <strong>de</strong> maior porte, para esse tipo <strong>de</strong> iniciativa. Nesses <strong>do</strong>is anos e meio, 20 associações <strong>de</strong> crédito foram<br />

contratadas pelo Banco. Estou falan<strong>do</strong> <strong>de</strong> associações realmente contratadas, que já estão operan<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> que algumas <strong>de</strong>las já estão receben<strong>do</strong> recurso para uma segunda<br />

oportunida<strong>de</strong>.<br />

São R$<strong>16</strong>.300.000,00 contrata<strong>do</strong>s e R$19.000.000,00 em carteira. É importante notar que, para cada real <strong>do</strong> BNDES, acabamos mobilizan<strong>do</strong> na comunida<strong>de</strong> outro real <strong>de</strong> recurso.<br />

Conseguimos, da<strong>do</strong> um gran<strong>de</strong> número, R$20.000.000,00 <strong>do</strong> BNDES, quan<strong>do</strong> a comunida<strong>de</strong> também se fez presente com R$20.000.000,00. Hoje essas instituições têm quase 24 mil<br />

clientes ativos, que estão na carteira, receben<strong>do</strong> e amortizan<strong>do</strong> recursos recebi<strong>do</strong>s.<br />

Créditos concedi<strong>do</strong>s - começamos a ver números acontecen<strong>do</strong>. Acho que começamos a fazer história. No primeiro ano <strong>do</strong> programa, quan<strong>do</strong> as instituições estavam sen<strong>do</strong> criadas e<br />

havia pouco trabalho <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>, foram concedi<strong>do</strong>s mais <strong>de</strong> 42 mil créditos. No primeiro semestre <strong>de</strong> <strong>1999</strong>, já estamos falan<strong>do</strong> em quase 30 mil créditos. Então, já po<strong>de</strong>mos<br />

projetar para o ano <strong>de</strong> <strong>1999</strong> um crescimento <strong>de</strong> 50% <strong>do</strong>s créditos concedi<strong>do</strong>s, se compara<strong>do</strong>s a 1998. O valor total empresta<strong>do</strong> em 1998 foi <strong>de</strong> R$46.000.000,00. No primeiro<br />

semestre <strong>de</strong>ste exercício, emprestamos R$32.000.000,00.<br />

Crédito médio <strong>de</strong>ssas operações - R$1.<strong>10</strong>0,00. Estamos falan<strong>do</strong> <strong>de</strong> operações que vão <strong>de</strong> R$300,00 até R$<strong>10</strong>.000,00.<br />

Prazo - quatro meses e meio para o pequeno empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r pagar o negócio. Um <strong>do</strong>s conceitos básicos <strong>do</strong> microcrédito é o que chamamos <strong>de</strong> crédito rotativo crescente. O cliente<br />

pega o dinheiro e o agente <strong>de</strong> crédito avalia o giro <strong>do</strong> negócio e a forma mais rápida <strong>de</strong> ser pago. Pagan<strong>do</strong> direitinho, ele tem acesso ao segun<strong>do</strong>, ao terceiro, ao quarto créditos. Ele<br />

vai crescen<strong>do</strong>, crian<strong>do</strong> essa peculiarida<strong>de</strong> <strong>de</strong> relação entre a instituição e o cliente. Esse é o objetivo. Por isso, a continuida<strong>de</strong> é importante. O cliente cresce junto com a instituição. O<br />

atendimento médio é <strong>de</strong> sete dias. Esse tempo vai <strong>do</strong> momento da solicitação <strong>do</strong> empréstimo ao atendimento. Tem que ser um serviço ágil e <strong>de</strong>sburocratiza<strong>do</strong>.<br />

Encargos - estamos falan<strong>do</strong> em 4,5% ao mês. Po<strong>de</strong>m dizer que é caro, mas é o quanto custa prestar esse tipo <strong>de</strong> serviço. Essa avaliação é feita. Se pensarmos em sustentabilida<strong>de</strong> e<br />

continuida<strong>de</strong>, a instituição vai ter que se pagar. Ela tem <strong>de</strong> ter condições <strong>de</strong> emprestar um volume tal a um custo tal, para que possa manter-se e continuar os negócios. Acreditamos<br />

que com o crescimento <strong>de</strong>ssas instituições, temos como, com o aumento <strong>do</strong> volume <strong>de</strong> carteira, ir melhoran<strong>do</strong> o custo <strong>de</strong>sse encargo.<br />

Como não po<strong>de</strong>ria ser diferente, em termos da finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses recursos, 93% correspon<strong>de</strong>m a capital <strong>de</strong> giro. Essa é a gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>manda <strong>do</strong> pequeno empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r. Na verda<strong>de</strong>,<br />

temos vários casos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> um juro embuti<strong>do</strong> <strong>de</strong> fornecimento muito alto até o agiota, que hoje é a gran<strong>de</strong> fonte <strong>de</strong> recursos para esse tipo <strong>de</strong> cliente. Já emprestamos dinheiro, com<br />

muita cautela, para que o cliente pu<strong>de</strong>sse sair da mão <strong>do</strong> agiota, e, a partir dali, <strong>de</strong>senvolver o seu negócio.<br />

Em termos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> e comércio, quase 70% são <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s à área <strong>de</strong> comércio, e quase 30%, a empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>res informais. Gosto <strong>de</strong> dizer esse nome - empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>res - porque o<br />

Sena<strong>do</strong>r tem história empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>ra. Na verda<strong>de</strong>, temos que tratar esse cliente como empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r. Ele investe seu recurso, corre riscos, e, a partir disso, vai pensar no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da sua família e <strong>do</strong> seu negócio.<br />

Em termos <strong>de</strong> gênero, po<strong>de</strong>mos falar que o feminino perfaz 60%, e o masculino 40%. A história <strong>do</strong> microcrédito começou para aten<strong>de</strong>r à mulher que <strong>de</strong>senvolve um trabalho e<br />

mantém a família. No Brasil, temos essa relação <strong>de</strong> 50 a 50.<br />

Nossa agenda agora é a expansão da re<strong>de</strong>. Por isso, é importante discutirmos com os Governos Estaduais, com os Governos municipais, com a socieda<strong>de</strong> civil organizada, para que<br />

outras iniciativas surjam <strong>de</strong> forma mais rápida. Temos 22 instituições operan<strong>do</strong>, mas teremos, até o final <strong>do</strong> ano, 32. Há várias sen<strong>do</strong> estruturadas. Algumas já começaram a operar e<br />

já estamos discutin<strong>do</strong> a participação nessas empresas. Precisamos expandir essa re<strong>de</strong>.<br />

Quanto ao fortalecimento institucional, há iniciativas <strong>do</strong> Banco não só para melhorar a qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong>ssas instituições, mas também o que chamamos <strong>de</strong> inserções verticais<br />

<strong>de</strong> melhoria <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, como, por exemplo, um bom sistema <strong>de</strong> formação e controle, que é fundamental para uma instituição que conce<strong>de</strong> crédito, como a capacitação <strong>de</strong><br />

auditorias, para <strong>de</strong>senvolver o trabalho, e <strong>de</strong> agentes <strong>de</strong> crédito, que são forma<strong>do</strong>s no dia-a-dia <strong>do</strong> trabalho. Além disso, é necessário multiplicar-se, com maior facilida<strong>de</strong>, essa<br />

meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> concessão <strong>de</strong> crédito. Na verda<strong>de</strong>, o Banco disponibilizou a meto<strong>do</strong>logia, mas é necessário o treinamento. Então, estamos pensan<strong>do</strong> em treinar futuros<br />

multiplica<strong>do</strong>res <strong>de</strong>ssa meto<strong>do</strong>logia. Estamos discutin<strong>do</strong> com o SEBRAE, com algumas universida<strong>de</strong>s e até com pessoas que têm interesses particulares <strong>de</strong> consultoria, para que<br />

possamos <strong>de</strong>senvolver essa meto<strong>do</strong>logia mais rapidamente e multiplicar o acesso a ela.<br />

Finalmente, po<strong>de</strong>m ver - e estão ven<strong>do</strong> em primeira mão, pois fiz isso ontem, pela manhã - como evoluiu no mun<strong>do</strong> essa discussão <strong>do</strong> microcrédito. Isso é importante. Aqui, falamos<br />

em microcrédito, mas, no mun<strong>do</strong> inteiro, discute-se microfinanças. Quer dizer, estamos falan<strong>do</strong> <strong>de</strong> serviços financeiros amplos para uma parcela da população que está excluída.<br />

Hoje, temos no mun<strong>do</strong> o tema microfinanças, no dia-a-dia <strong>de</strong> trabalho e o seu <strong>de</strong>senvolvimento acadêmico. Nos anos 60, essa questão foi colocada <strong>de</strong> forma muito assistencialista,<br />

subsidiada - a idéia era dar recursos para pobre e, como já disse, a <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> <strong>do</strong> trabalho. No segun<strong>do</strong> momento, <strong>de</strong>vemos atrelar o crédito à capacitação. As instituições<br />

começaram a <strong>de</strong>senvolver isso em conjunto, mas acabou acarretan<strong>do</strong> altos custos. Aí, vamos falar em custos adicionais, porque há pessoas treinadas <strong>de</strong>ntro da instituição para<br />

realizar essa capacitação - estou falan<strong>do</strong> <strong>de</strong> experiência internacional -, e houve <strong>de</strong>scapitalização <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o processo e baixa qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviço. Não centrava no negócio e acabava<br />

apresentan<strong>do</strong> serviço <strong>de</strong> forma diferenciada.<br />

Depois, vem uma fase em que as instituições já buscavam sustentabilida<strong>de</strong> financeira e profissionalização. Aí é que o Brasil entrou, pegan<strong>do</strong> carona nesse aprendiza<strong>do</strong>. Mas, lá fora,<br />

a experiência já está mais avançada. Há vários marcos regulatórios <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s, a própria inserção <strong>do</strong> sistema financeiro, que hoje discute <strong>de</strong> que forma operar microcrédito, atrain<strong>do</strong><br />

investi<strong>do</strong>res, dan<strong>do</strong> escala e rentabilida<strong>de</strong> para esse tipo <strong>de</strong> instituição.<br />

Finalmente, os chama<strong>do</strong>s serviços financeiros amplos. Lá fora, há instituições oferecen<strong>do</strong> a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> capacitação <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito à vista e poupança, "leasing", "leasing back",<br />

seguro e cartão <strong>de</strong> crédito para essa clientela, conseguin<strong>do</strong> rentabilida<strong>de</strong> em to<strong>do</strong>s esses produtos. Esse é o lugar aon<strong>de</strong> queremos chegar. Estamos começan<strong>do</strong>, já temos um marco<br />

regulatório, que ainda vai evoluir; precisamos crescer e enten<strong>de</strong>r a importância <strong>de</strong>sse segmento.<br />

Estava comentan<strong>do</strong>, com o João Luiz, que fiz uma viagem a Bangla<strong>de</strong>sh para conhecer a melhor experiência, dita internacional, nessa área, que é a <strong>do</strong> Grameen Bank. O Prof.<br />

Yumus, que <strong>de</strong>senvolve esse trabalho, diz que temos <strong>de</strong> pensar em produtos que incluam essa parcela <strong>de</strong> pessoas numa economia <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>. Ele tem lá uma re<strong>de</strong> com 19 empresas<br />

oferecen<strong>do</strong> produtos para miseráveis - avaliei isso - e está ganhan<strong>do</strong> dinheiro, está melhoran<strong>do</strong> a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida. Acho que é isso que temos <strong>de</strong> perseguir.<br />

Palavras <strong>do</strong> Sr. João Luiz Homem <strong>de</strong> Carvalho<br />

Bom dia a to<strong>do</strong>s. Gostaria <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer à Assembléia Legislativa a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> falar neste Plenário e, em nome <strong>do</strong> Sena<strong>do</strong>r José Alencar, cumprimento to<strong>do</strong>s os Deputa<strong>do</strong>s,<br />

funcionários <strong>de</strong>ste <strong>Legislativo</strong>, senhoras e senhores participantes. Venho aqui expor uma experiência que tivemos no Distrito Fe<strong>de</strong>ral, na área da agricultura.<br />

Essa experiência, avaliada <strong>de</strong> uma forma bem imparcial pelo IBGE, visto que éramos oposição ao Governo central, diz o seguinte: o Distrito Fe<strong>de</strong>ral criou, em quatro anos, 11 mil<br />

empregos na área rural, e a população rural passou <strong>de</strong> 89 mil para 130 mil pessoas.


Essa experiência se pautou por uma frase <strong>do</strong> Ruy Barbosa: "Dar tratamento <strong>de</strong>sigual para os <strong>de</strong>siguais". Dentro <strong>de</strong>ssa pauta, focalizamos e empreen<strong>de</strong>mos alguns programas, e o que<br />

teve maior sucesso, o que representa a síntese <strong>de</strong>ssa nossa política chama-se Programa <strong>de</strong> Verticalização da Pequena Produção Familiar - PROVE.<br />

Antes <strong>de</strong> entrarmos exatamente na questão <strong>do</strong> PROVE, gostaria <strong>de</strong> falar que hoje ninguém po<strong>de</strong> fazer comentário algum sobre a ação governamental e a ação empresarial sem falar -<br />

pelo menos <strong>de</strong> leve - <strong>do</strong> momento pelo qual estamos passan<strong>do</strong>, que é a globalização da economia. Temos que ver o mito e a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse processo.<br />

Ten<strong>do</strong> visto o mito e a realida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>mos ter a coragem <strong>de</strong> ousar contra tu<strong>do</strong> que está aí. Em primeiro lugar, os fundamentalistas <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> globalização dizem que o merca<strong>do</strong> é<br />

tu<strong>do</strong> no mun<strong>do</strong>. Está acima, inclusive, <strong>de</strong> valores éticos e históricos da humanida<strong>de</strong>. Isso é mentira. O merca<strong>do</strong> não é um senhor to<strong>do</strong>-po<strong>de</strong>roso. E digo apenas, sem entrar em<br />

<strong>de</strong>talhes, que a chamada globalização não é inusitada. O mun<strong>do</strong> já foi, aliás, mais globaliza<strong>do</strong> <strong>do</strong> que é hoje. Quan<strong>do</strong> surgiu o comércio <strong>de</strong> escravos, o mun<strong>do</strong> era mais globaliza<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> que é hoje; na pressão <strong>do</strong>s primeiros meios da tecnologia <strong>de</strong> comunicação, o mun<strong>do</strong> também era mais globaliza<strong>do</strong>. Então, não é um fato inusita<strong>do</strong>.<br />

Em segun<strong>do</strong> lugar, há que se consi<strong>de</strong>rar que somente 20% da produção <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> estão no merca<strong>do</strong> global. Não chega nem a 20%. E que 80% da produção <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> são produzi<strong>do</strong>s<br />

e consumi<strong>do</strong>s em seus merca<strong>do</strong>s internos. E mais: mais <strong>de</strong> 90% <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> trabalham para seus merca<strong>do</strong>s locais. Portanto, é uma balela falar que o merca<strong>do</strong> manda<br />

nos Governos, principalmente nos países emergentes.<br />

Em razão disso, falamos: vamos ousar contra isso. Temos nas mãos um merca<strong>do</strong> interno, e esse merca<strong>do</strong>, principalmente o merca<strong>do</strong> regional, po<strong>de</strong> ser ti<strong>do</strong> como um alia<strong>do</strong> - uma das<br />

contradições que vemos hoje nesse processo <strong>de</strong> globalização. Portanto, basean<strong>do</strong>-nos nessa questão <strong>de</strong> que a globalização não é uma locomotiva que puxa um trem <strong>de</strong> ferro que,<br />

<strong>de</strong>terminada e inexoravelmente, tem que chegar a uma estação - não po<strong>de</strong>mos admitir uma coisa <strong>de</strong>ssas -, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que hoje a massa <strong>de</strong> excluí<strong>do</strong>s é cada vez maior, po<strong>de</strong>mos<br />

ousar alguma coisa diferente para mudar essa situação.<br />

Foi <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse contexto que ousamos uma agricultura diferente no pequeno Distrito Fe<strong>de</strong>ral, a qual está hoje difundida aqui em Minas, Mato Grosso <strong>do</strong> Sul, Paraíba e mais 28<br />

municípios <strong>do</strong> Brasil.<br />

Esse programa teve duas premiações importantes: uma, da Fundação Getúlio Vargas e outra, da Fundação Ford, com apoio <strong>do</strong> BNDES, como um <strong>do</strong>s cinco melhores programas <strong>de</strong><br />

gestão pública e cidadania <strong>do</strong> Brasil, numa gran<strong>de</strong> concorrência. Recentemente, foi consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> uma das três melhores experiências da América Latina, classifica<strong>do</strong> pela Agricultura<br />

Urbana, um órgão da ONU que cuida das regiões metropolitanas das gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s latino-americanas.<br />

Gostaria <strong>de</strong> começar falan<strong>do</strong> <strong>do</strong> PROVE, que é um programa <strong>de</strong> verticalização da pequena produção familiar. Enten<strong>de</strong>-se por verticalização a transformação da pequena produção<br />

primária: quem produz laranja, produz <strong>do</strong>ce <strong>de</strong> laranja; quem produz leite, produz <strong>do</strong>ce <strong>de</strong> leite. Isso é verticalização.<br />

Não tenho muito tempo para ficar falan<strong>do</strong> aqui. Acho que temos <strong>de</strong> parar <strong>de</strong> enrolar. Qualquer programa que não faça com que o sujeito ganhe dinheiro no fim <strong>do</strong> mês não adianta. O<br />

objetivo <strong>do</strong> PROVE é fazer com que o pequeno produtor rural ganhe dinheiro no fim <strong>do</strong> mês. Depois conversaremos sobre as questões ambiental, cultural e outras. Sou pesquisa<strong>do</strong>r<br />

da EMBRAPA e professor da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília. Se me perguntarem sobre qualquer tecnologia, não sei, mas sei indicar o pesquisa<strong>do</strong>r que sabe. Se quiser saber sobre<br />

tecnologia para fazer a vaca produzir 60 litros <strong>de</strong> leite, tecnologia para produzir <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> milho... No fim, ven<strong>de</strong>-se o litro <strong>de</strong> leite a R$0,<strong>10</strong> e o milho a não sei quanto, e<br />

não se ganha dinheiro.<br />

O objetivo <strong>do</strong> programa é fazer com que o produtor, no fim <strong>do</strong> mês, tenha um dinheirinho para as suas necessida<strong>de</strong>s básicas e mais alguma coisa, que é entrar num merca<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

consumo mínimo.<br />

São três os pontos a serem <strong>de</strong>staca<strong>do</strong>s nesse programa. O primeiro é o público. O público para esse programa e para to<strong>do</strong>s os programas <strong>de</strong>ve ser o público consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> excluí<strong>do</strong>. É<br />

importante dizer isso, porque, no Brasil, isso é incrível: faz-se um programa, em qualquer lugar, e vemos que aquele que não tem nada ficou <strong>de</strong> fora. Dizem que não se po<strong>de</strong> fazer<br />

nada para quem não tem nada.<br />

Antes <strong>de</strong> mais nada, gostaria <strong>de</strong> dizer uma frase. To<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> tem uma, e tenho a minha. No dia em que usarem essa frase, por favor, ponham a autoria - JLHC. A frase é: "Pobre não<br />

evapora". Por que as autorida<strong>de</strong>s constituídas <strong>de</strong>ste País acham que pobre evapora? O mo<strong>de</strong>lo é tão exclu<strong>de</strong>nte que fazem qualquer coisa para colocar a massa <strong>de</strong> pobres <strong>de</strong>ste País<br />

num processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Não se consegue enten<strong>de</strong>r como é que tu<strong>do</strong> quanto é "leizinha" é exclu<strong>de</strong>nte. Então, o público <strong>de</strong>sse programa é aquele mais excluí<strong>do</strong>. Se há<br />

dinheiro para uma pessoa, e temos um excluí<strong>do</strong>, um mais ou menos excluí<strong>do</strong> e um superexcluí<strong>do</strong>, o dinheiro vai para o superexcluí<strong>do</strong>, e os outros <strong>do</strong>is "dançam". Essa é uma<br />

<strong>de</strong>terminação que temos <strong>de</strong> ter, pois a primeira coisa em que temos <strong>de</strong> pensar hoje, no Brasil, é em acabar com a pobreza, e não, em melhorar o salário <strong>de</strong> quem tem salário. A<br />

primeira coisa é acabar com a pobreza. Quem tem salário, po<strong>de</strong> ser bem pequeno, mas o tem. O problema da pobreza é triste neste País, é vexaminoso, é uma vergonha. O público<br />

<strong>de</strong>sse programa é claro: é o mais excluí<strong>do</strong>.<br />

O outro ponto é que esse público é completamente "lasca<strong>do</strong>". Mas em uma coisa não o é. Em volta <strong>de</strong>le está cheio <strong>de</strong> gente à-toa, sem emprego: são os sobrinhos, filhos, nora, sogra,<br />

a comadre que veio, aquela montoeira <strong>de</strong> gente sem fazer nada.<br />

Então, aproveitan<strong>do</strong> isso, temos <strong>de</strong> falar para esse público agregar valor a tu<strong>do</strong> que faz. Se vai fazer uma vassoura, tem <strong>de</strong> fazê-la com o máximo <strong>de</strong> "afrescalhamento". Se vai ven<strong>de</strong>r<br />

a banana, tem <strong>de</strong> fazer um <strong>do</strong>ce <strong>de</strong> banana. Se vai ven<strong>de</strong>r leite, tem <strong>de</strong> fazer o <strong>do</strong>ce <strong>de</strong> leite, porque a agregação <strong>de</strong> valor confere a esse público uma vantagem competitiva, que é<br />

exatamente a ocupação <strong>de</strong>ssa mão-<strong>de</strong>-obra à qual não vai pagar to<strong>do</strong>s os encargos sociais. Então, é conferida uma vantagem competitiva a esse público e ao merca<strong>do</strong>. Estamos<br />

falan<strong>do</strong> <strong>de</strong> um programa em que se tem <strong>de</strong> ir ao merca<strong>do</strong> ven<strong>de</strong>r e ganhar dinheiro. Sen<strong>do</strong> assim, a agregação <strong>de</strong> valor é fundamental para esse público.<br />

O outro ponto é que, para esse público agregar valor <strong>de</strong> forma competitiva, tem <strong>de</strong> haver intervenção <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Aí, alguém fala assim: esse rapazinho é paternalista. Eu, com toda a<br />

educação, viro para o sujeito e falo assim: paternalista é a senhora sua progenitora. Quan<strong>do</strong> se dão US$250.000.000,00 para a General Motors entrar no Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, não é<br />

paternalismo. Para rico, é subsídio; para pobre, é paternalismo. Tem que ter intervenção <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Isso não é paternalismo. Quan<strong>do</strong> o Esta<strong>do</strong> intervém nessa hora, passa a ser<br />

paga<strong>do</strong>r <strong>de</strong> uma dívida social. É diferente <strong>de</strong> paternalismo. Ele está pagan<strong>do</strong>, porque o pobre está excluí<strong>do</strong> por culpa <strong>de</strong>ssas besteiras que o Esta<strong>do</strong> faz <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o Brasil foi<br />

<strong>de</strong>scoberto e encoberto, a partir <strong>de</strong> 1530. A intervenção <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> é fundamental; e, nessa questão, gostaria <strong>de</strong> me <strong>de</strong>ter um pouquinho. To<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> tem idéias brilhantes, mas, na<br />

hora <strong>de</strong> intervir, não se resolve nada. Chamo a intervenção <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> escada da inclusão social. É uma escada como outra qualquer que temos <strong>de</strong> subir. Seu primeiro <strong>de</strong>grau é a<br />

motivação institucional. Sabem que funcionário público, hoje em dia, cada vez menos gosta <strong>de</strong> trabalhar com pobre. O mo<strong>de</strong>lo não incentiva o funcionário a trabalhar com pobre.<br />

"Trabalhar com pobre é chato. Esse cara não vai dar retorno. Estamos com uma onda <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s monta<strong>do</strong>ras, como a fábrica da Merce<strong>de</strong>s. Trabalhar com pobre não está com nada."<br />

Além <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, para trabalhar com pobre, o cara tem <strong>de</strong> ser mais competente. Quan<strong>do</strong> se trabalha com rico, fala-se meia palavra e ele enten<strong>de</strong>. Para trabalhar com pobre, é preciso<br />

explicar tu<strong>do</strong>. E se fazem perguntas que ele não sabe respon<strong>de</strong>r. Mas isso não é o mais importante. O mais importante é que o sistema econômico não incentiva o funcionalismo<br />

público a trabalhar com pobre. E é uma dificulda<strong>de</strong>. Imaginem os senhores que, só no meio rural, há 14.000 extensionistas. Mas esse povo não se <strong>de</strong>dica à pobreza.<br />

Aproximadamente 80% <strong>de</strong>sse pessoal trabalha com o haras <strong>do</strong> fulaninho, dan<strong>do</strong> injeção naqueles cavalinhos, que, se você dá um espirro, a<strong>do</strong>ecem. É um complica<strong>do</strong>r. Há que se<br />

motivar institucionalmente. As instituições têm <strong>de</strong> abraçar a inclusão social, o que é um problema.<br />

O segun<strong>do</strong> <strong>de</strong>grau da escada constitui em ir atrás <strong>de</strong>sse público que não está no Movimento <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res Sem Terras, não está no Sindicato <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res Rurais, não tem<br />

associação, está excluí<strong>do</strong>, está <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> <strong>de</strong> la<strong>do</strong>. Então, tem <strong>de</strong> ir atrás. Evi<strong>de</strong>ntemente, se existe motivação institucional, passa a ser fácil, porque, se, por um la<strong>do</strong>, as instituições não<br />

trabalham com pobre, por outro, são bem montadas; contam com excelentes profissionais, ensinam meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> abordagem, etc. Tem que ir atrás <strong>do</strong> público, que está cheio <strong>de</strong><br />

ouvir esse papo <strong>de</strong> fazer o programa tal. No fim <strong>do</strong> ano, está mais pobre <strong>do</strong> que no início. Ninguém acredita mais. Então, tem <strong>de</strong> ir atrás, convencer. E o público é como São Tomé;<br />

tem que ver.<br />

O terceiro <strong>de</strong>grau a ser galga<strong>do</strong> é o <strong>do</strong> capital. Esse <strong>de</strong>grau é um pouco surrealista. Se aparecesse um extraterrestre e enten<strong>de</strong>sse como funciona o capital para as pessoas que não têm<br />

nada neste País, diria que é surrealista. No Distrito Fe<strong>de</strong>ral, tínhamos o Banco Regional. É bom que se diga que autorida<strong>de</strong> financeira não obe<strong>de</strong>ce autorida<strong>de</strong> política, obe<strong>de</strong>ce<br />

autorida<strong>de</strong> monetária. Qualquer gerente <strong>de</strong> Banco obe<strong>de</strong>ce ao presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Banco, que obe<strong>de</strong>ce ao presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Banco Central, que obe<strong>de</strong>ce ao Conselho Monetário Nacional, que<br />

obe<strong>de</strong>ce ao Fun<strong>do</strong> Monetário Internacional. São mais realistas. O Fun<strong>do</strong> Monetário Internacional pe<strong>de</strong> um, eles dão <strong>de</strong>z. É um "capachismo" total ao sistema financeiro internacional.<br />

Acontece que, mesmo sen<strong>do</strong> <strong>do</strong>nos <strong>do</strong> Banco, não conseguíamos. No início era uma dificulda<strong>de</strong>. Vou tirar da minha carteira uma anotação, porque não acreditei. O primeiro sujeito<br />

que foi pegar empréstimo <strong>do</strong> PROVE, ouviu, <strong>do</strong> funcionário, que tinha <strong>de</strong> pagar taxa <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> conta, taxa <strong>de</strong> registro no cartório, taxa <strong>de</strong> lavração <strong>do</strong> cadastro, apresentar


<strong>do</strong>cumento reconhecen<strong>do</strong> que tinha a posse da terra, uma garantia <strong>de</strong> 125% <strong>do</strong> empréstimo, uma certidão da 3ª e da 5ª Sub-Procura<strong>do</strong>ria, uma inscrição na Secretaria da Fazenda e<br />

uma certidão negativa <strong>de</strong> que pagou os últimos cinco anos <strong>de</strong> ITR. Ele não tinha carteira <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.<br />

Então, você imagina o surrealismo <strong>do</strong> empréstimo bancário para essas pessoas. Não há a mínima condição. Então, fomos batalhan<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início. Conseguimos, na base da<br />

pancada, tirar daqui, tirar dali, tal, tal, <strong>de</strong>pois criamos o fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> aval, <strong>de</strong>pois criamos o Banco <strong>do</strong> Povo. Não adiantou também, porque Banco <strong>do</strong> Povo é o seguinte: a pessoa investe<br />

no Banco <strong>do</strong> Povo e diz: "Empréstimo <strong>de</strong> R$300,00 a R$1.000,00". Na hora <strong>de</strong> emprestar R$300.000,00, cadê a garantia? Uma pessoa que vai pedir R$300,00 não tem garantia, não<br />

tem nada. Eu vou ser o gerente <strong>de</strong> uma graninha para empréstimo, então, tenho que me precaver. Com tu<strong>do</strong> isso, como você se precavem? Dessa maneira, tal e tal, e exclui. O que<br />

fizemos e resolveu, ultimamente, foi a agroindustriamóvel, porque o objeto <strong>de</strong> financiamento era para construir uma agroindústria. Ele não po<strong>de</strong> fazer isso no fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> quintal.<br />

Então, fizemos a agroindustriamóvel, que é o seguinte: você constrói uma agroindústria, põe em cima <strong>de</strong> um caminhão e leva para ele. Você não financia um carro? Se a pessoa não<br />

pagar, você não toma o carro? Se ele não pagar, você toma a agroindústria. Os Bancos já estão falan<strong>do</strong> que isso não dá certo. Mas não dá certo como? É a mesma coisa que você<br />

financiar um bem que você po<strong>de</strong> tomar. Então, fizemos a agroindustriamóvel, que tem <strong>de</strong>sci<strong>do</strong> goela abaixo, mas com muita dificulda<strong>de</strong>, porque o sistema é exclu<strong>de</strong>nte. Mas em<br />

Minas há um provérbio muito bom que aprendi, sou mineiro: temos que comer o mingau quente pela beirada. Como você vai falar contra isso aqui? Ah, não, mas não dá jeito. Mas é<br />

um bem que você po<strong>de</strong> tomar da pessoa.<br />

O outro <strong>de</strong>grau é impressionante, é a tal da legislação vigente. Vamos fazer uma agroindústria agora para produzir 150 frangos caipiras por semana. Você multiplica 150 frangos<br />

caipiras, minimamente, por R$6,00: são R$900,00 brutos por semana; vezes 4, são R$3.600,00. Tira mais ou menos <strong>de</strong> R$600,00 a R$700,00 para a família. É um gran<strong>de</strong> negócio,<br />

mas vai ver a legislação vigente por aqui. A única legislação que está modificada é a <strong>de</strong> Minas Gerais, a <strong>do</strong> Distrito Fe<strong>de</strong>ral e a <strong>de</strong> Santa Catarina. A pessoa fala assim: "Para você<br />

construir essa pequena agroindústria, você tem que fazer três banheiros, um para o homem, um para a mulher e um para o gerente". A gente diz: "O quê? Um para o homem, outro<br />

para a mulher e outro para o gerente?". "Você tem que fazer 4m <strong>de</strong> pé-direito". "Como, meu amigo? Não vou abater girafa, e sim franguinho <strong>de</strong>sse tamanhinho." "Não, são 4m <strong>de</strong> pé<br />

direito." Tem que haver, também, bancada para o caminhão chegar e encostar. A pessoa chega com o frango na mão. Isso seria cômico se não fosse trágico. Significa que uma<br />

agroindústria <strong>de</strong>ssa custa <strong>de</strong> R$30.000,00 a R$40.000,00. Então, fizemos a legislação adaptada. É o seguinte: faz-se uma legislação que permita construir uma agroindústria <strong>de</strong> 32m 2 ,<br />

com entrada, <strong>de</strong>pósito, sala <strong>de</strong> expedição, sala <strong>de</strong> processamento, banheiro, vestiário, mas tu<strong>do</strong> pequeno e bem higiênico. Não venham falar que tamanho é sinônimo <strong>de</strong> higiene,<br />

porque, senão, todas as cirurgias seriam feitas no Maracanã. Não interessa o tamanho para a higiene. Po<strong>de</strong> ser feito em tamanho pequenininho. Então, fizemos a nossa legislação<br />

adaptada. Você constrói a agroindústria <strong>de</strong> 32m 2 ; a construção <strong>de</strong> alvenaria custa R$4.000,00; mais equipamentos, R$2.500,00. Com R$6.500,00 você monta uma agroindústria.<br />

Você tem que dar capacitação e treinamento, mas não tem que ensinar nada. Isso não é inventar roda. Aqui, em Minas Gerais, o povo faz <strong>do</strong>ce, lingüiça, faz <strong>de</strong>fuma<strong>do</strong>. To<strong>do</strong>s sabem<br />

fazer. É só dar uma dica, higiene, não sei o quê, tal e tal. Não é inventar roda. É só fazer o seguinte: vá em frente com isso. Detalhe: nessa capacitação e treinamento, temos aqui,<br />

talvez, um <strong>do</strong>s maiores capacita<strong>do</strong>res <strong>de</strong> pessoas, que é o pessoal da EMATER <strong>de</strong> Minas Gerais. Ela é mais antiga, mais bem-equipada e tem o maior número <strong>de</strong> funcionários que<br />

existe no Brasil.<br />

Você vira e fala assim: "João Luiz, então você arrumou o crédito, a pessoa tem a legislação, fez a construção e po<strong>de</strong> ir para o merca<strong>do</strong>". Não po<strong>de</strong>. Tem um ponto que exclui, e<br />

sabem qual é? São os insumos. Exemplo: o indivíduo faz um projeto <strong>de</strong> R$6.500,00 e vai comprar o vidrinho para colocar a geléia que produz. A agroindústria diz assim: "Só ven<strong>do</strong><br />

R$15.000,00, com pagamento à vista". Pronto. Excluiu o indivíduo.<br />

Criamos, então, o balcão da pequena agroindústria. Que significa isso? O Esta<strong>do</strong> compra R$15.000,00 em vidrinhos, por exemplo, e os ven<strong>de</strong> a preço <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>, ou seja, o Esta<strong>do</strong><br />

ganha em quantida<strong>de</strong>s acessíveis. Se alguém precisa <strong>de</strong> 500 vidros, é possível; se precisa <strong>de</strong> 1.000, é possível. Afinal, o pequeno não tem capital <strong>de</strong> giro, não po<strong>de</strong> tirar R$15.000,00<br />

<strong>do</strong> bolso.<br />

Para se fazer lingüiça, é necessária tripa <strong>de</strong> carneiro. Os senhores já viram como a agroindústria ven<strong>de</strong> tripa <strong>de</strong> carneiro? Uma bombona com 200kg, que dá para esticar daqui a<br />

Brasília. Ora, não se precisa disso! Às vezes, a pessoa só quer 2kg ou 3kg.<br />

Democratizar as oportunida<strong>de</strong>s: é disso que o pobre precisa. O pobre é pobre não porque seja burro, mas porque não tem oportunida<strong>de</strong>. Tu<strong>do</strong> é exclu<strong>de</strong>nte. Há pobre que tem o<br />

dinheiro para comprar, mas não tem como pagar o frete. Então, a sugestão é ven<strong>de</strong>r, e ele pagar uma taxa - nada é <strong>de</strong> graça, até para que ele não tenha ilusão. É preciso formar uma<br />

planilha <strong>de</strong> preço para ele. O caixeiro-viajante é quem fornece os insumos.<br />

Para ven<strong>de</strong>r o produto no merca<strong>do</strong> é necessário ter "marketing", mas como chegar para um excluí<strong>do</strong> e lhe dizer para fazer "marketing"? Com certeza, ele vai afirmar que nunca viu<br />

esse bicho.<br />

Por que, então, o Esta<strong>do</strong> não pega um funcionário seu, bem qualifica<strong>do</strong>, e manda fazer o "marketing"? Ou, então, por que não contrata um "marqueteiro", que já sabe como fazer as<br />

coisas, e o coloca à disposição <strong>do</strong> pequeno comerciante? Que ele faça o "marketing", mas "marketing" <strong>de</strong> gente gran<strong>de</strong>. Nada <strong>de</strong> etiquetinhas escritas a mão, só porque o indivíduo é<br />

pobre. Se tiver <strong>de</strong> comprar a etiqueta na 5ª Avenida <strong>de</strong> Nova Iorque, que compre.<br />

Quan<strong>do</strong> minha mãe, nas imediações <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora, fazia goiabada para ven<strong>de</strong>r, ela não podia usar embalagem boa, porque isso não existia. Mas hoje, po<strong>de</strong>-se usar uma embalagem<br />

boa, e o "marketing" sabe colocá-la tão bonita quanto a embalagem da Nestlé. Não se <strong>de</strong>ve colocar no rótulo que o produto é artesanal. Deve-se, ao contrário, colocar: "Doce <strong>de</strong> leite<br />

Dona Josá". A mulher, na verda<strong>de</strong>, se chama Josa, mas, com acento, fica parecen<strong>do</strong> francês e ven<strong>de</strong>. A mentalida<strong>de</strong> é que, para pobre, não precisa ser bonito e chamativo. Ora, não é<br />

assim!<br />

O "marketing", como vêem, é fundamental, e o pobre se exclui por nem saber que isso existe.<br />

Aí, vem o milagre da comercialização <strong>de</strong> um produto bem feito, embora em economia <strong>de</strong> escala seja diferente. Aliás, esse termo "economia <strong>de</strong> escala" é fala<strong>do</strong> a torto e a direito.<br />

Vira e mexe, ouvimos vozes impostadas: "... mas não tem economia <strong>de</strong> escala."<br />

Há pessoas que começam como excluí<strong>do</strong>s e, <strong>de</strong>pois, compram telefone celular, carro e vão em frente. Se têm oportunida<strong>de</strong>, entram no merca<strong>do</strong>.<br />

Outro dia, eu estava com o Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Banco <strong>de</strong> Brasília, tentan<strong>do</strong> convencê-lo <strong>de</strong> que o programa era bom, e ele me respon<strong>de</strong>u que não tinha economia <strong>de</strong> escala. Um<br />

<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> indivíduo, que criava, abatia e vendia leitoa, disse-lhe, então: "Essa história <strong>de</strong> economia <strong>de</strong> escala, para mim, não funciona. Quan<strong>do</strong> eu produzia 20 leitões por ano,<br />

passava um sujeito na minha porta e os comprava. Com a história <strong>do</strong> PROVE, comecei a comercializar leitoa abatida, cortada em peças. Minha porca passou a produzir 40 leitões por<br />

ano. Montei um ranchinho e estou ven<strong>de</strong>n<strong>do</strong> leitoa à pururuca, e não é que a porca está produzin<strong>do</strong> 80 leitões por ano?".<br />

O Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Banco, que mais parecia o Gustavo Franco - <strong>de</strong>ssas pessoas que estudam <strong>de</strong>mais, mas nunca pisaram na terra -, ficou mastigan<strong>do</strong> as palavras, sem conseguir<br />

respon<strong>de</strong>r.<br />

Para a economia familiar, a economia <strong>de</strong> escala não tem muito significa<strong>do</strong>, porque a agregação <strong>de</strong> valor é gran<strong>de</strong> e vai nesse senti<strong>do</strong>: 1kg <strong>de</strong> abóbora, por exemplo, um quilo <strong>de</strong> <strong>do</strong>ce<br />

<strong>de</strong> abóbora custa R$0,25; como <strong>do</strong>ce cristaliza<strong>do</strong> passa a custar R$6,00 ou R$<strong>10</strong>,00 o quilo. Uma caixa <strong>de</strong> cenoura custa R$5,00; quan<strong>do</strong> é ralada e colocada em uma ban<strong>de</strong>ja custa<br />

R$30,00.<br />

Utilizan<strong>do</strong>-se a mão-<strong>de</strong>-obra faz-se uma agregação <strong>de</strong> valor que, na economia informal, na economia familiar suplanta a economia <strong>de</strong> escala. Quan<strong>do</strong> falo em comercialização, falo<br />

em disputa <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> local. A outra gran<strong>de</strong> bobagem que se fala no País é que temos <strong>de</strong> disputar o merca<strong>do</strong> internacional. O mun<strong>do</strong> globaliza<strong>do</strong> não quer que vendamos para eles.<br />

Querem ven<strong>de</strong>r para 50 milhões <strong>de</strong> pessoas aqui <strong>de</strong>ntro, e o resto que se dane. Temos <strong>de</strong> disputar entre nós o merca<strong>do</strong> local.<br />

Já conheço quase to<strong>do</strong> o Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais e posso dizer que em qualquer lugar há um mercadinho que ven<strong>de</strong> <strong>do</strong>ce <strong>de</strong> leite da Parmalat. Devemos colocar o <strong>do</strong>ce <strong>de</strong> leite da D.<br />

Josa <strong>do</strong> la<strong>do</strong> para disputar. No merca<strong>do</strong> local, você entra com a vantagem da relação interpessoal. Quan<strong>do</strong> se ven<strong>de</strong> leite, é o leite da fulana, que é amiga da sicrana, que cuida <strong>do</strong><br />

meu filho e vou comprar <strong>de</strong>la. Temos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser bobos, <strong>de</strong> entrar nas falácias <strong>de</strong> que temos <strong>de</strong> entrar no merca<strong>do</strong> globaliza<strong>do</strong>. Se uma pequena agroindústria <strong>de</strong>ssas virar


multinacional, não tenho nada com isso. Po<strong>de</strong> até virar, não sou contra, mas não po<strong>de</strong>mos dizer que isso não dá certo, porque não é economia <strong>de</strong> escala.<br />

Em Brasília, 70% das agroindústrias se <strong>de</strong>ram bem. Trinta por cento não <strong>de</strong>ram certo, porque o Governo não continuou apoian<strong>do</strong>. Mas já têm celular; a comercialização se faz porque<br />

o produto é bom; tem código <strong>de</strong> barras e outras coisas.<br />

Outro problema é a fiscalização. Quan<strong>do</strong> falo para melhorar a situação para que a pessoa possa fazer alguma coisa em sua proprieda<strong>de</strong>, não quero maracutaia. A fiscalização tem <strong>de</strong><br />

ser rígida. Os funcionários <strong>de</strong>vem ser uniformiza<strong>do</strong>s, ter carteira <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>; o negócio <strong>de</strong>ve ser bem feito.<br />

Gostaria <strong>de</strong> passar algumas imagens. A esposa <strong>do</strong> Sr. Antônio Paraíba, aquele <strong>de</strong> bonezinho, teve dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acen<strong>de</strong>r o fogão. Quan<strong>do</strong> acendia o fogão, dava uma chama forte e<br />

fazia um barulho. Ela pensava que ia explodir e corria. Foram quatro semanas para ver que o fogão não explodia. Em uma das visitas <strong>do</strong> Governa<strong>do</strong>r Christóvam Buarque e <strong>do</strong> Vice-<br />

Governa<strong>do</strong>r Marco Maciel à agroindústria <strong>do</strong> Sr. Antônio, foram impedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> entrar, porque contaminava. Primeiramente, <strong>de</strong>i o perfil <strong>de</strong>sse público, o que falou e uma<br />

compreensão fácil sobre a questão <strong>de</strong> higiene. Falar que esse povo não po<strong>de</strong> é injusto. É só dar oportunida<strong>de</strong>. O Governa<strong>do</strong>r e o Marco Maciel tiveram <strong>de</strong> colocar a touca e a botinha,<br />

para não contaminarem.<br />

Essa fotografia mostra um coletivo familiar. D. Josa trabalhava com o mari<strong>do</strong>. De repente, apareceram todas aquelas pessoas para trabalhar. Ela tem uma fábrica <strong>de</strong> <strong>do</strong>ces. Uma<br />

agroindústria como essa gera, em média, seis empregos diretos e <strong>de</strong>z indiretos.<br />

Essa é a foto da nossa gran<strong>de</strong> agroindústria. É um abate<strong>do</strong>uro <strong>de</strong> frango, que tem uma entrada principal, a sala <strong>de</strong> processamento, a sala suja <strong>de</strong> abate, a sala limpa para <strong>de</strong>strinchar o<br />

frango, um <strong>de</strong>pósito e um banheiro.<br />

Essa é uma agroindústria <strong>de</strong> processamento vegetal. E aí está a agroindústria que o Banco tem <strong>de</strong> engolir. É um bem removível. Fizemos uma agroindústria, pusemos essa<br />

agroindústria em cima <strong>de</strong> um caminhão e a entregamos ao freguês. Se não pagar, toma-se <strong>de</strong>le direto. Não precisa pedir garantia, aval, essas coisas.<br />

Esse é o balcão da pequena agroindústria. Mais <strong>de</strong> 150 estão disponíveis por pessoa, em quantida<strong>de</strong>, acessível a preço <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>.<br />

O próximo é o caixeiro-viajante. Vejam agora uma coisa simples e boba. Para fazer uma etiqueta <strong>de</strong>ssa, qualquer gráfica cobra R$1.000,00 ou R$2.000,00. Aquela maquininha ali<br />

custa R$3.000,00, mas existem mais baratas. Você compra uma máquina daquela, ven<strong>de</strong>, e ela se paga. Se se <strong>de</strong>ixar por conta <strong>de</strong>le, não terá R$3.000,00 para fazer uma etiqueta.<br />

Está aí o emblema <strong>do</strong> "Prove Minas", que será lança<strong>do</strong> pelo Governa<strong>do</strong>r Itamar Franco, mas que já está a mil por hora. Essa é uma coisa fácil, ninguém está inventan<strong>do</strong> a roda! To<strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong> sabe fazer <strong>do</strong>ce, etc., é só viabilizar essas coisas.<br />

O gran<strong>de</strong> "marketing" é que to<strong>do</strong>s têm sua marca personalizan<strong>do</strong> o produto. E há o emblema <strong>do</strong> programa PROVE, que é a marca <strong>de</strong> fantasia. É como se fosse a Coca-Cola; há a<br />

Coca-Cola marca <strong>de</strong> fantasia, e, no mun<strong>do</strong> inteiro, existem diferenças.<br />

Você tem <strong>de</strong> ser agressivo, tem que ter "out<strong>do</strong>or", etc. Alguém po<strong>de</strong> se perguntar se existe merca<strong>do</strong> para isso. O nicho <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> para esses produtos é incalculável. Po<strong>de</strong>m achar<br />

que não ven<strong>de</strong>m, mas posso citar o exemplo da carne seca. Em Brasília, aprendi a comer carne seca com feijão. A<strong>do</strong>ro carne seca, mas parei <strong>de</strong> comê-la, porque sabemos como é<br />

vendida. É <strong>de</strong>pendurada no varal, à frente <strong>do</strong> açougue, e ali vai mosquito, pó, etc. Estava contan<strong>do</strong> isso para um amigo, e ele me dizia: "Na minha terra não precisa ficar preocupa<strong>do</strong>,<br />

porque não tem mosquito". Falei: "por quê não tem"? Respon<strong>de</strong>u: "Jogamos um inseticida na carne, e não vai nenhum mosquito nela".<br />

Então, se se faz uma embalagem bonita, po<strong>de</strong>-se virar o homem mais rico <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, que continua compran<strong>do</strong> esses produtos. Existe uma certa nostalgia, e há outra coisa: não é um<br />

produto feito em gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong>. Desse mo<strong>do</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se embale direito, que se coloque a marca da saú<strong>de</strong>, o nicho <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> é muito gran<strong>de</strong> para esse produto.<br />

O que se faz primeiro, então, é o quiosque <strong>do</strong> produtor, que é o início, e <strong>de</strong>pois parte-se para a disputa nos gran<strong>de</strong>s supermerca<strong>do</strong>s. Aqui vemos frangos <strong>do</strong> PROVE junto <strong>de</strong> outros<br />

frangos, disputan<strong>do</strong> o merca<strong>do</strong>.<br />

Só tirei essa fotografia para mostrar a moça com o telefone celular <strong>de</strong>la. Qual era o público excluí<strong>do</strong>, para o qual fizemos isso? Não podiam ganhar mais <strong>de</strong> R$50,00 "per capita", têm<br />

<strong>de</strong> morar na proprieda<strong>de</strong>, etc. Naquela época, era R$50,00; agora, po<strong>de</strong>-se passar para R$<strong>10</strong>0,00 "per capita". Eram pessoas miseráveis, e agora ela está com telefone celular.<br />

Quero encerrar dizen<strong>do</strong> que ninguém está brincan<strong>do</strong> <strong>de</strong> passar a mão na cabeça, <strong>de</strong> fazer assistencialismo. O que queríamos falar é que, com esse programa, que é a síntese <strong>de</strong> um<br />

programa que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> em qualquer lugar, que está sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> graças ao apoio <strong>do</strong> Governa<strong>do</strong>r Itamar Franco e <strong>do</strong> Secretário Manoel Costa, e que será<br />

implanta<strong>do</strong> em Minas Gerais, há uma dinamização da economia pela base. Não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> discutir isso.<br />

Numa pirâmi<strong>de</strong> <strong>de</strong> estratificação social, a população excluída está embaixo. Quan<strong>do</strong> se dirige uma ação à população excluída, libera-se tu<strong>do</strong> para cima. Alguém aqui, neste Plenário,<br />

foi contempla<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> se fez no Brasil a gran<strong>de</strong> ação <strong>do</strong> PROER? Ninguém, porque foi uma ação feita no topo da estrutura social. Ela não <strong>de</strong>sce, está prova<strong>do</strong>. Já uma<br />

agroindústria <strong>de</strong>ssa, que gera para a família em torno <strong>de</strong> R$300,00 livres, permite que se mobilizem pelo menos R$1.200,00. Ela vai ter que comprar mais saquinho, mais ro<strong>do</strong>, mais<br />

pano <strong>de</strong> chão, mais açúcar, enfim, dinamiza-se a economia.<br />

Outra coisa: quan<strong>do</strong> se faz lei para essa população excluída, a classe média se aproveita <strong>de</strong>la. Em Brasília, fizemos 129 agroindústrias. Sabem quantas pequenas agroindústrias, que<br />

não são <strong>do</strong> Programa, foram feitas? Foram feitas 124, porque foi aproveita<strong>do</strong> to<strong>do</strong> esse esquema da lei, da comercialização, etc. Então, não estou brincan<strong>do</strong>. Quero dinamizar a<br />

economia pela base, com a inclusão social. E o primeiro ponto que sempre <strong>de</strong>vemos colocar em qualquer pauta para discussão é "acabar com a pobreza no Brasil". Muito obriga<strong>do</strong>.<br />

Esclarecimentos sobre os <strong>de</strong>bates<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte (Deputa<strong>do</strong> Miguel Martini) - Neste instante, daremos início à fase <strong>do</strong>s <strong>de</strong>bates. A Presidência informa ao Plenário que os participantes po<strong>de</strong>rão formular perguntas<br />

aos conferencistas e que as questões po<strong>de</strong>rão ser encaminhadas por escrito ou oralmente. Os microfones estão aí, no Plenário, e to<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>rão se utilizar <strong>de</strong>les, mediante inscrição<br />

prévia. Para que possamos agilizar os <strong>de</strong>bates, solicitamos aos participantes que fizerem uso <strong>do</strong> microfone que se i<strong>de</strong>ntifiquem, sejam objetivos e sucintos. Está dispensada qualquer<br />

formalida<strong>de</strong>, como o tratamento: senhor, Sena<strong>do</strong>r, etc. Cada participante disporá <strong>de</strong> até 2 minutos para fazer sua intervenção, sen<strong>do</strong> garanti<strong>do</strong> o mesmo tempo para as respostas.<br />

Debates<br />

O Sr. Evaristo Garcia <strong>de</strong> Matos - Sou membro <strong>do</strong> Conselho Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Segurança Alimentar <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais - CONSEA. São duas perguntas,<br />

<strong>de</strong> um minuto cada. A primeira é sobre as medidas práticas para gerar trabalho e para combater o <strong>de</strong>semprego, a fome, a exclusão e a violência. Parece que esse é o nosso objetivo<br />

aqui. A União arrecada das empresas, nos municípios, como se fosse uma bomba <strong>de</strong> sucção e leva os recursos arrecada<strong>do</strong>s para Brasília, on<strong>de</strong> são coloca<strong>do</strong>s nos fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

segurida<strong>de</strong> social. Deveriam retornar aos municípios, 70% <strong>de</strong>sses recursos, para que os Prefeitos pu<strong>de</strong>ssem realizar as obras sociais e urbanas a fun<strong>do</strong> perdi<strong>do</strong>. Mas existe um<br />

exército <strong>de</strong> especialistas em <strong>de</strong>sviá-los <strong>do</strong>s municípios, on<strong>de</strong> chegam apenas 15%. Os outros 55% ficam para<strong>do</strong>s na Secretaria <strong>do</strong> Tesouro Nacional. Esse total chegou, antes da<br />

<strong>de</strong>svalorização <strong>do</strong> real, a R$70.000.000.000,00. O recurso da segurida<strong>de</strong> é para enriquecer os municípios e acabar com a pobreza. Infelizmente, existem intermediários, quadrilhas, o<br />

diabo para impedir que chegue ao município aquilo a que ele tem direito. Esse patrimônio é fruto <strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong> povo <strong>do</strong>s municípios e pertence a eles, conforme o art. 195 da<br />

Constituição Fe<strong>de</strong>ral, e é um acha<strong>do</strong> para os Bancos.<br />

Quer dizer, os Prefeitos não foram buscar esses recursos. Deram para os banqueiros, que levaram a melhor.


A outra pergunta é dirigida ao Secretário Manoel Costa: o objetivo <strong>do</strong> orçamento participativo é levar cidadania e estimular a participação da população na <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong> básico - saú<strong>de</strong> e<br />

saneamento -, mas a Câmara <strong>do</strong>s Verea<strong>do</strong>res não autoriza a COPASA a negociar recursos e fazer coleta e tratamento <strong>de</strong> esgoto nos locais em que ela é concessionária da distribuição<br />

<strong>de</strong> água. Essa medida vai gerar <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> empregos. Quer dizer, a COPASA está lutan<strong>do</strong> com muitas dificulda<strong>de</strong>s. A Câmara não autoriza a COPASA a fazer<br />

saneamento, e o povo tem <strong>de</strong> fazer suas necessida<strong>de</strong>s atrás das bananeiras, por aí afora. É preciso conscientizar a população da necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong> saneamento básico. Muito obriga<strong>do</strong>.<br />

O Sena<strong>do</strong>r José Alencar Gomes da Silva - Muito bem, Sr. Evaristo Garcia, ouvi atentamente sua fala e o parabenizo. De fato, o Brasil não é Brasília. O Brasil são to<strong>do</strong>s os entes<br />

fe<strong>de</strong>rativos: Esta<strong>do</strong>s e municípios. E as pessoas vivem nos municípios. Os recursos são mais bem aplica<strong>do</strong>s nos municípios porque estão mais perto <strong>do</strong> povo. As administrações <strong>do</strong>s<br />

municípios estão mais perto <strong>do</strong>s usuários. E to<strong>do</strong>s vivemos nos municípios. Concor<strong>do</strong>, plenamente, com o senhor. Precisamos <strong>de</strong>sburocratizar e cuidar direito da distribuição <strong>do</strong>s<br />

recursos oriun<strong>do</strong>s <strong>do</strong> orçamento fiscal, <strong>de</strong> tal forma que cheguem ao usuário final.<br />

Tenho um projeto <strong>de</strong> resolução no Sena<strong>do</strong> justamente para aliviar o comprometimento <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s da Fe<strong>de</strong>ração, porque eles precisam <strong>de</strong> algum recurso para pagar melhor uma<br />

professora, para tapar buracos das estradas, até vicinais, para cuidar da saú<strong>de</strong>, da segurança pública, e também <strong>do</strong> aperfeiçoamento <strong>do</strong> Judiciário. No entanto, o Esta<strong>do</strong> está submeti<strong>do</strong><br />

a um comprometimento pesa<strong>do</strong> da sua receita líquida. Meu projeto <strong>de</strong> lei foi apresenta<strong>do</strong> no Sena<strong>do</strong>, foi para a Comissão <strong>de</strong> Constituição e Justiça e foi aprova<strong>do</strong> por unanimida<strong>de</strong>.<br />

Agora, está tramitan<strong>do</strong> na Comissão <strong>de</strong> Assuntos Econômicos. Espero que seja aprova<strong>do</strong>, porque, nós, no Sena<strong>do</strong>, representamos os Esta<strong>do</strong>s, representamos a Fe<strong>de</strong>ração. Então, se<br />

fortalecermos o sistema fe<strong>de</strong>rativo nacional, estaremos contribuin<strong>do</strong> para chegar mais perto, para aten<strong>de</strong>r à preocupação que o Sr. Evaristo trouxe para nós em sua sábia pergunta.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Sena<strong>do</strong>r, temos duas perguntas escritas: Serviço Nacional <strong>de</strong> Aprendizagem Comercial - SENAC. Patrícia Augusta Alvarenga, psicóloga, estagiária da ADESG.<br />

Em relação ao custo Brasil, percebemos que chegamos ao limite, buscan<strong>do</strong> respostas para o <strong>de</strong>semprego e a geração <strong>de</strong> renda. Pergunta: "Propostas, sugestões e mesmo estu<strong>do</strong>s na<br />

abertura <strong>de</strong> postos <strong>de</strong> trabalho já existem. Mas teremos respostas e não atuarmos no custo Brasil?".<br />

Segunda pergunta: <strong>de</strong> Almeida Calixto, <strong>de</strong> Uberlândia: "Sena<strong>do</strong>r José Alencar, as organizações patronais vão se organizar para fazer frente à abertura escandalosa e ecancarada <strong>do</strong><br />

País à exploração internacional que está <strong>de</strong>struin<strong>do</strong> a produção nacional?".<br />

O Sena<strong>do</strong>r José Alencar Gomes da Silva - Muito bem, agra<strong>de</strong>ço às perguntas da Sra. Patrícia e <strong>do</strong> Sr. Almeida Calixto. A primeira é a respeito <strong>do</strong> custo Brasil. To<strong>do</strong>s sabemos que,<br />

com a abertura das economias, precisamos ser competitivos. Não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> nos preocupar com a capacida<strong>de</strong> competitiva das ativida<strong>de</strong>s produtivas brasileiras. Um <strong>do</strong>s<br />

entraves para essa competitivida<strong>de</strong> resi<strong>de</strong>, justamente, no chama<strong>do</strong> custo Brasil. Ouvimos com muita atenção o último conferencista, que falou sobre o problema <strong>de</strong> não nos<br />

preocuparmos com a conquista <strong>de</strong> outros merca<strong>do</strong>s. Disse que temos que pensar no nosso merca<strong>do</strong>, porque 80% <strong>do</strong> que se produz no mun<strong>do</strong> é para os próprios merca<strong>do</strong>s. Concor<strong>do</strong><br />

com isso, mas, com a abertura, se não formos competitivos, eles vêm <strong>de</strong> fora para competir conosco. É o que tem aconteci<strong>do</strong>. O Brasil tem perdi<strong>do</strong> na competição com os outros<br />

países, porque a<strong>do</strong>tam o que chamamos na economia <strong>de</strong> "dumping". Os países fazem um trabalho <strong>de</strong> subvenção, <strong>de</strong> incentivo, <strong>de</strong> tratamento diferencia<strong>do</strong> no campo tributário para<br />

que as empresas tenham capacida<strong>de</strong> competitiva. Precisamos reduzir o custo Brasil por meio <strong>de</strong> um trabalho sério nesse senti<strong>do</strong>. Em <strong>do</strong>is minutos não tenho como arrolar to<strong>do</strong>s os<br />

itens <strong>do</strong> custo Brasil, que são graves, como o <strong>do</strong> transporte, como o cipoal burocrático em que se transformou o sistema tributário nacional, como o sistema liga<strong>do</strong> aos encargos<br />

sociais.<br />

A segunda pergunta é ligada às organizações, que ela chama <strong>de</strong> patronais, que precisam se organizar para fazer frente à abertura escancarada <strong>do</strong> País. Na verda<strong>de</strong>, não somos contra a<br />

abertura, o que não po<strong>de</strong>mos é ser ingênuos, porque estamos dan<strong>do</strong> um tratamento <strong>de</strong>sigual às nossas empresas. Vou citar apenas um item: os custos financeiros. Esses custos, aqui<br />

no Brasil, são muito mais eleva<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que os custos financeiros <strong>do</strong>s países com os quais estamos competin<strong>do</strong>. Essa não é apenas uma preocupação das organizações patronais, é uma<br />

preocupação nacional. Temos que apren<strong>de</strong>r a exercitar a <strong>de</strong>mocracia, e seminários como esse trazem oportunida<strong>de</strong>s para que façamos um intercâmbio <strong>de</strong> informações, e, com isso,<br />

contribuimos para a politização <strong>do</strong> brasileiro, que, mais bem informa<strong>do</strong>, terá melhores condições <strong>de</strong> escolher as pessoas que irão representá-lo no cenário nacional, seja no<br />

<strong>Legislativo</strong> seja no Executivo, na esfera da União, <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s ou <strong>do</strong>s municípios. Não são apenas as organizações patronais, é to<strong>do</strong> o povo brasileiro. A socieda<strong>de</strong>, ainda que<br />

heterogênea, <strong>de</strong>ve estar, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> filosofia <strong>do</strong>s interessses nacionais, homogênea. Vamos <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r nosso merca<strong>do</strong> e a nossa economia, para que possamos gerar<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crescimento para nossos filhos e netos.<br />

O Sr. Jar<strong>de</strong>l Lopes - Sena<strong>do</strong>r, sou veterinário, já criamos um sindicato <strong>de</strong> médicos-veterinários, trabalhamos junto com a EMATER e trabalhamos na área <strong>de</strong> planejamento rural.<br />

Hoje, estamos na comissão municipal <strong>de</strong> emprego <strong>de</strong> Coronel Fabriciano, no Vale <strong>do</strong> Aço.<br />

Vamos promover, nos dias 15 e <strong>16</strong> <strong>de</strong> outubro, um evento chama<strong>do</strong> Segurança Alimentar, que é um <strong>de</strong>safio <strong>do</strong> Movimento Leste Mineiro. É uma resposta <strong>do</strong> povo mineiro, in<strong>do</strong> até<br />

a Bahia. Minas Gerais é um Esta<strong>do</strong> complica<strong>do</strong>. Se chegarmos ao Triângulo Mineiro, o povo fala "corda" puxan<strong>do</strong> o "r", e a gente não enten<strong>de</strong>. Se vamos a Juiz <strong>de</strong> Fora, o pessoal<br />

fala um "s" meio acarioca<strong>do</strong>. O nosso pessoal fala meio abaiana<strong>do</strong>: "painho", "mainha", etc. Então, quan<strong>do</strong> trabalhamos a questão da política pública, o senhor está falan<strong>do</strong> sobre a<br />

abertura <strong>do</strong>s portos <strong>do</strong> País, temos alguns questionamentos. Uma vaca americana ganha para produzir 25, 30 litros, durante um ano, US$1.800,00. No Brasil, po<strong>de</strong> ter o que for, no<br />

final, o produtor recebe R$0,12 por litro <strong>de</strong> leite. Esse é o gran<strong>de</strong> problema. O que queremos é colocar o produto brasileiro, que é o melhor <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, apesar <strong>de</strong> toda essa legislação,<br />

nisso que foi coloca<strong>do</strong> pelo expositor anterior, Dr. João Luiz Homem <strong>de</strong> Carvalho, que questiona toda essa forma <strong>de</strong> importação e exportação. Só para citar como exemplo, e isso<br />

ficou muito claro ontem, a FIAT exporta <strong>10</strong>0 e importa 95. Ela exporta um carro <strong>de</strong> última geração e importa a sucata que vem <strong>de</strong> fora. Gostaríamos, então, <strong>de</strong> questionar como<br />

gastar o dinheiro na importação e na exportação, e valorizar o nosso produto.<br />

O Sena<strong>do</strong>r José Alencar Gomes da Silva - Fiquei encanta<strong>do</strong> com a sua pergunta, Jar<strong>de</strong>l. Ele começou preocupa<strong>do</strong> com a diferença das regiões mineiras. O Guimarães Rosa já nos<br />

dizia que Minas são muitas Minas. Isso é bom, porque vamos ter uma diversida<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>. Temos a influência <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste, <strong>do</strong> Rio, <strong>de</strong> São Paulo. Então, Minas Gerais é mais Brasil.<br />

O mineiro é mais brasileiro que mineiro. Isso é bom. Precisamos preocupar-nos com o que o Jar<strong>de</strong>l levantou, que é a consciência na <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> nacional. No século XVIII,<br />

era Rainha <strong>de</strong> Portugal Dona Maria I, a Louca. A Inglaterra fez a Revolução Industrial na época, através da máquina a vapor e <strong>do</strong> tear mecânico. No Brasil, havia nas fazendas uma<br />

ativida<strong>de</strong> artesanal, com rocas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, para que o fio fosse teci<strong>do</strong>, e teares <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, para que fosse feito o teci<strong>do</strong> rústico. A Inglaterra impôs a Portugal, através <strong>de</strong> D. Maria I,<br />

que <strong>de</strong>struísse essas rocas e esses teares, evitan<strong>do</strong> que aquela indústria incipiente e artesanal pu<strong>de</strong>sse representar qualquer concorrência com a hegemonia inglesa, que era alcançada<br />

com a Revolução Industrial. Nós não apren<strong>de</strong>mos isso. Continuamos entregan<strong>do</strong> nossa economia. Devíamos ter aprendi<strong>do</strong>, durante esses 500 anos <strong>de</strong> vida brasileira, a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r as<br />

cores nacionais. Na minha palestra, acredito que me tenha lembra<strong>do</strong> <strong>de</strong> dizer a vocês que o homem público tem que possuir, no mínimo, três características: a primeira é o sentimento<br />

nacional, o patriotismo; a segunda é a sensibilida<strong>de</strong> social sem paternalismo; e a terceira é a probida<strong>de</strong> no trato da coisa pública. No dia em que tivermos homens públicos que<br />

reúnam essas três características, teremos um Brasil melhor. Parabéns pela sua colocação, com a qual estou <strong>de</strong> pleno acor<strong>do</strong>.<br />

O Sr. Geral<strong>do</strong> Magela da Trinda<strong>de</strong> - Minha pergunta é dirigida ao representante <strong>do</strong> BNDES. Em primeiro lugar, gostaria <strong>de</strong> fazer uma observação rápida. Fico achan<strong>do</strong> que não<br />

temos hoje, no País, um setor empresarial expressivo que possa i<strong>de</strong>ntificar, com um projeto popular <strong>de</strong> exclusão social, on<strong>de</strong> está o Me<strong>de</strong>lin, a Francine, a Batic, que acaba <strong>de</strong> se<br />

associar a uma empresa internacional.<br />

Há uma <strong>de</strong>snacionalização crescente <strong>do</strong> nosso capital. Na área financeira, não temos mais Bancos genuinamente brasileiros. A Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral e o Banco <strong>do</strong> Brasil estão<br />

em via <strong>de</strong> serem privatiza<strong>do</strong>s.<br />

Voltan<strong>do</strong> à questão <strong>do</strong> BNDES, gostaria <strong>de</strong> dizer que o jornal "Folha <strong>de</strong> S. Paulo" <strong>de</strong> <strong>do</strong>mingo trouxe a seguinte manchete: "BNDES Libera Mais Dinheiro a Quem Menos Gera<br />

Emprego". Segun<strong>do</strong> a reportagem, R$1.026.000.000,00 foram para as indústrias automobilísticas, que <strong>de</strong>mitiram 15.500 pessoas nos últimos 12 meses e que são as que menos criam<br />

empregos - 85 vagas a cada R$1.000.000,00 investi<strong>do</strong>s. Como po<strong>de</strong>mos acreditar na serieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma proposta <strong>do</strong> microcrédito? De um la<strong>do</strong>, po<strong>de</strong> haver esse esforço, mas, <strong>de</strong> outro,<br />

há um movimento avassala<strong>do</strong>r no senti<strong>do</strong> contrário. Por exemplo, as privatizações são financiadas com recursos nossos, recursos públicos, e geram o <strong>de</strong>semprego. Com o dinheiro <strong>do</strong><br />

BNDES, como po<strong>de</strong>mos alterar essa lógica?<br />

O Sr. Pedro Duncan - Geral<strong>do</strong>, vou tentar respon<strong>de</strong>r à sua pergunta. Na verda<strong>de</strong>, acho que as propostas não são exclu<strong>de</strong>ntes. O Banco é uma instituição fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Governo. De<br />

alguma forma representa, enquanto principal organismo financia<strong>do</strong>r <strong>de</strong> longo prazo <strong>do</strong> Brasil, a política macroeconômica vigente. Todas as discussões que já enfrentamos, da<br />

globalização, da reestruturação produtiva e <strong>do</strong> próprio progresso técnico, hoje são uma realida<strong>de</strong>, reconhecemos isso.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, tem essa inserção da economia, e o Banco, como já disse, tem e <strong>de</strong>ve financiar essas indústrias. Existe sensibilida<strong>de</strong> - até como resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssas ações - com relação à<br />

criação da área social para que pensemos <strong>de</strong> que forma po<strong>de</strong>remos combater isso. Depois da criação da área social, inserimos o que chamamos <strong>de</strong> cláusula social <strong>de</strong> projeto. Hoje, em<br />

qualquer projeto, mesmo <strong>de</strong>ssa envergadura, que for encaminha<strong>do</strong> ao Banco, é feita uma análise <strong>do</strong> impacto, seja <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>do</strong> emprego, seja <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>semprego, que tipo <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> está sen<strong>do</strong> dada a essa pessoa que está per<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o emprego. Então, discutimos e até subsidiamos um plano <strong>de</strong> capacitação, um plano <strong>de</strong>


treinamento, melhorias adicionais daquilo que a legislação prevê. Hoje, <strong>de</strong> alguma forma, o Banco acaba financian<strong>do</strong> isso.<br />

Com relação a essa questão <strong>do</strong> microcrédito, como já disse, estamos <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> isso da forma mais a<strong>de</strong>quada possível, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da ação <strong>do</strong> Banco. Já recebi mais <strong>de</strong><br />

300 representantes <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público municipal, e, na verda<strong>de</strong>, só fizemos 20 operações. Então, se não seguirmos aqueles preceitos, que i<strong>de</strong>ntificamos como fundamentais, não se<br />

estará fazen<strong>do</strong> essa operação. O que queremos é construir esse novo canal <strong>de</strong> distribuição. Agora, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte ou complementarmente às ações tradicionais <strong>do</strong> BNDES, <strong>de</strong> que não<br />

po<strong>de</strong>mos fugir, enquanto representante e técnico <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público.<br />

A minha formação é <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> capitais, lá atrás fiz operação com a COTEMINAS. Tentamos <strong>de</strong>senvolver o trabalho <strong>de</strong> uma forma mais a<strong>de</strong>quada, com perspectiva <strong>de</strong><br />

continuida<strong>de</strong>. Agora, o Banco não tem como se privar disso. Quan<strong>do</strong> financiamos as exportações da EMBRAER nessas condições, melhoran<strong>do</strong> o custo <strong>do</strong> recurso, negocian<strong>do</strong> e<br />

sofren<strong>do</strong> retaliações, como sofremos da Cana<strong>de</strong>nse, por conta <strong>de</strong>ssa melhoria <strong>do</strong> custo Brasil, quan<strong>do</strong> oferecemos um recurso com taxas mais subsidiadas, estamos tentan<strong>do</strong> trabalhar<br />

essa economia local.<br />

O Sena<strong>do</strong>r José Alencar Gomes da Silva - Como foi citada a minha empresa pelo ilustre representante <strong>do</strong> BNDE, gostaria <strong>de</strong> perguntar-lhe se essa experiência com a COTEMINAS<br />

<strong>de</strong>u lucro ao Banco, ou se foi uma experiência negativa.<br />

O Sr. Pedro Duncan - Deu bastante lucro.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Então vamos às perguntas para o Sr. João Luiz Homem <strong>de</strong> Carvalho. Do Sr. Rogério Carvalho <strong>de</strong> Castro: Como está o processo <strong>de</strong> implantação <strong>do</strong> PROVE no<br />

Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais? Já existe previsão <strong>de</strong> recursos financeiros e humanos para a sua operacionalização? Como o PROVE será implanta<strong>do</strong> em Minas Gerais? Do Sr. Geral<strong>do</strong><br />

Nobre: De que maneira o Governo <strong>de</strong> Minas Gerais está pensan<strong>do</strong> em implementar o PROVE no Esta<strong>do</strong>? Em que pé está o processo, o que ainda precisa ser feito e como po<strong>de</strong>mos<br />

ter o PROVE para os setores urbanos? Da Sra. Vanessa Torino, da Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Matozinhos: Como conseguir mais informações sobre a agroindústria? Quan<strong>do</strong> Minas<br />

Gerais terá contato com o PROVE? Há previsão? Da Sra. Lucilene, <strong>do</strong> Sind-Ute, subse<strong>de</strong> em Sete Lagoas: Como se inscrever e participar <strong>do</strong> PROVE?<br />

O Sr. João Luiz Homem <strong>de</strong> Carvalho - Gostaria apenas <strong>de</strong> frisar que não sou contra o processo <strong>de</strong> globalização da economia. Sou contra o processo <strong>de</strong> globalização exclu<strong>de</strong>nte.<br />

Des<strong>de</strong> pequeno gostaria <strong>de</strong> ter um canivete da Suécia. Aspiração <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s, mas que não exclua.<br />

Outra coisa importante <strong>do</strong> PROVE, que temos que discutir, e não temos tempo aqui, é a questão <strong>de</strong> gênero. É a carta <strong>de</strong> alforria para as mulheres <strong>do</strong> meio rural. É impressionante,<br />

mas 98% das iniciativas <strong>de</strong> pequenas agroindústrias no Brasil é comandada por mulheres, o que é importante, porque a limitação <strong>de</strong> empregos para as mulheres no campo é enorme.<br />

Rogério, cheguei aqui em Minas Gerais a convite <strong>do</strong> Governa<strong>do</strong>r Itamar Franco, e também <strong>do</strong> Secretário Manoel Costa, e fui para a Secretaria. A minha função aqui é fazer. Acho<br />

que a melhor maneira <strong>de</strong> dizer é fazen<strong>do</strong>. Hoje alguém já disse, que nas práticas se comprovam as verda<strong>de</strong>s.<br />

O programa vai ser lança<strong>do</strong> pelo Governa<strong>do</strong>r, que assinará um <strong>de</strong>creto nos próximos dias. Enquanto isso, estamos inauguran<strong>do</strong> mais <strong>de</strong> 20 agroindústrias em Minas Gerais, nos<br />

Municípios <strong>de</strong> Viçosa, Sacramento, Padre Paraíso, Betim, Luz - esses são os municípios que sei <strong>de</strong> cor. Só em Sacramento temos quatro, em Viçosa três, em Betim uma, Lagoa Santa<br />

uma.<br />

Vamos centralizar a coor<strong>de</strong>nação <strong>do</strong> PROVE, na Secretaria <strong>do</strong> Planejamento, forman<strong>do</strong> uma equipe entre a Secretaria <strong>do</strong> Comércio, Secretaria da Agricultura e Secretaria <strong>do</strong><br />

Planejamento. Na minha opinião, aqui, em Minas Gerais, a operacionalização <strong>do</strong> PROVE tem que ser feita com a Prefeitura. O Prefeito é que tem que dar a gran<strong>de</strong> mão para o<br />

programa. É assim que <strong>de</strong>ve ser feito.<br />

Outro dia, em Viçosa, vi uma senhora fazen<strong>do</strong> um <strong>do</strong>ce cristaliza<strong>do</strong> muito bom, num quarto fora da sua casa. Eu estava com o Prefeito <strong>de</strong> Viçosa e disse-lhe: "Prefeito, se ela fizer<br />

uma puxada para cá, uma para lá e tal e tal, ela tem a pequena agroindústria." O Prefeito perguntou: "Quanto você gasta? Ela respon<strong>de</strong>u: "R$1.200,00. Liberou lá uma verba, fez um<br />

contrato com ela e fez a primeira agroindústria <strong>de</strong> Viçosa. E lá todas serão feitas assim.<br />

Já, em Sacramento, eles usam o nosso mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Brasília. Então, fico à disposição <strong>do</strong>s senhores. Vim para Minas Gerais, exclusivamente para cuidar <strong>do</strong> PROVE. Sain<strong>do</strong> daqui,<br />

agora, vou para o interior <strong>de</strong> Minas. Não paro em Belo Horizonte.<br />

Embora minha mãe more aqui, não paro em Belo Horizonte, fico sempre rodan<strong>do</strong>. Estou à disposição <strong>do</strong>s senhores. Se alguém quiser anotar, o meu telefone é o seguinte:<br />

(61)9859931 e, na SEPLAN, (31)2904882.<br />

No papel, as pessoas não acreditam nesses programas. Um Prefeito quer fazer uma indústria; é necessário dizer a esse Prefeito que se ele quiser tentar reeleição ano seguinte, <strong>de</strong>veria<br />

tirar 8 "mil-réis" da Prefeitura e instalar uma agroindústria para ver como é que fica. Já pensou se fizermos isso em to<strong>do</strong> o Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais? Serão geradas 850 agroindústrias,<br />

da maneira mais boba <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, <strong>de</strong> oito a <strong>de</strong>z mil empregos. Os Prefeitos com quem tenho conversa<strong>do</strong> têm banca<strong>do</strong> isso. Como exemplo, temos os Prefeitos <strong>de</strong> Padre Paraíso, <strong>de</strong><br />

Betim, <strong>de</strong> Luz, <strong>de</strong> Lagoa Santa, <strong>de</strong> Viçosa. Na hora em que fica pronta uma agroindústria, bonitinha, com a pessoa ven<strong>de</strong>n<strong>do</strong> na gôn<strong>do</strong>la <strong>do</strong> supermerca<strong>do</strong>, com código <strong>de</strong> barra, tu<strong>do</strong><br />

certinho, to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> fala: "Não é que esse negócio dá certo!". Enquanto estou falan<strong>do</strong> aqui, acham muito bonita a minha fala, mas acham que isso é coisa <strong>de</strong> Brasília, que sou<br />

"louquinho da silva", que lá a pessoa ganha bem, compram muito.<br />

Outro dia, entrou em meu gabinete a Prefeita <strong>de</strong> Mun<strong>do</strong> Novo, no Mato Grosso <strong>do</strong> Sul, e falou assim: "Vou fazer isso". Você me ven<strong>de</strong> uma agroindústria <strong>de</strong>ssas? Perguntei qual<br />

<strong>de</strong>las e disse que po<strong>de</strong>ria colocá-la em cima <strong>de</strong> um caminhão e levá-la para lá. Ela montou. São 17 mil habitantes, e o programa <strong>de</strong>u certo lá.<br />

Então, vocês saem daqui e falam para o Prefeito tirar um dinheirinho e fazer a primeira, aí vem a pergunta: com a primeira, você faz a força <strong>de</strong> pressão <strong>do</strong> programa e aí vai<br />

conversar com o BDMG, com o apoio <strong>do</strong> BNDES. Discor<strong>do</strong> <strong>de</strong> pessoas que julgam as instituições pelas pessoas que estão nelas. Nada é monolítico. Este País será modifica<strong>do</strong> pelas<br />

pessoas e pelas instituições que serão modificadas. Não se po<strong>de</strong> acabar com a EMBRAPA ou com o BNDES. Temos é <strong>de</strong> mudar <strong>de</strong> rumo. Há muita gente boa lá <strong>de</strong>ntro.<br />

Então, chegamos ao BNDES para financiar um programa. Semana que vem vou conversar com ele para aceitar a agroindústria com total garantia, e aí o programa <strong>de</strong>slancha. O<br />

BDMG está reservan<strong>do</strong> um dinheiro, só falta combinar essas coisinhas, aqueles <strong>de</strong>grauzinhos. Já existe dinheiro no PRONAF, no Banco <strong>do</strong> Brasil.<br />

Para terem uma idéia, a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Mercês, cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> meu pai, estará lá, com pimenta. Com perdão <strong>do</strong>s meus conterrâneos, mas tem gosto para tu<strong>do</strong>, até para quem planta pimenta.<br />

Plantar pimenta é fácil, mas colher pimenta... Não se po<strong>de</strong> pôr a mão em lugar nenhum, aquela confusão toda. Mercês estará lá com pimenta. Coronel Pacheco também, vou<br />

lembran<strong>do</strong> aqui.<br />

Terminan<strong>do</strong>, quero dizer uma coisa: o dinheiro está aí. O pequeno produtor morre <strong>de</strong> se<strong>de</strong> com o bico n’água. Existe uma palavra na agricultura que é quase tenebrosa, chama-se<br />

"renda". Depois <strong>do</strong> Plano Real, o agricultor parou <strong>de</strong> gerar renda. Temos <strong>de</strong> gerar renda. Se você tem um empreendimento que gere renda, esse dinheiro serve. O dinheiro <strong>do</strong><br />

PRONAF-investimento serve. O PRONAF-investimento não serve para plantar arroz, feijão, mandioca, tirar leite e vendê-lo a R$0,08 o litro, mas serve para ven<strong>de</strong>r <strong>do</strong>ce cristaliza<strong>do</strong><br />

a R$6,00 o quilo. O dinheiro está aí, e é necessário haver uma mobilização, tem-se <strong>de</strong> canalizar energia popular para fazer pressão para sair esse dinheiro.<br />

O Sr. Marcos Landa - Farei uma consi<strong>de</strong>ração sobre a exposição <strong>do</strong> Sena<strong>do</strong>r José <strong>de</strong> Alencar, mas gostaria <strong>de</strong> ouvir o comentário <strong>do</strong> Prof. João Luiz. Na exposição, ele expôs uma<br />

coisa que temos <strong>de</strong> <strong>de</strong>smitificar neste <strong>de</strong>bate - temos feito isso em Minas Gerais -, é a questão <strong>de</strong> empresário pagar impostos. Quem paga impostos neste País hoje são duas<br />

categorias: os trabalha<strong>do</strong>res cujo imposto já vem <strong>de</strong>sconta<strong>do</strong> no contracheque, e o consumi<strong>do</strong>r final. Nenhum empresário, neste País, paga imposto.<br />

To<strong>do</strong> imposto já está embuti<strong>do</strong> no produto final, sen<strong>do</strong> repassa<strong>do</strong> ao consumi<strong>do</strong>r. Essa história <strong>de</strong> que empresário paga imposto não é verda<strong>de</strong>. Digo isso <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ira, porque fui


empresário da construção civil durante 11 anos. Hoje, trabalho no movimento popular.<br />

A segunda coisa estarrece<strong>do</strong>ra na fala <strong>do</strong> Sena<strong>do</strong>r é que, para atingirmos o superávit este ano - o que significa dizer: para atingir as metas <strong>do</strong> FMI -, teremos <strong>de</strong> reduzir as verbas<br />

públicas na área social, como na saú<strong>de</strong> e na educação. Basta dizer que a educação sofreu um corte <strong>de</strong> US$5.000.000.000,00. Em contrapartida, esse mesmo Governo <strong>do</strong>a<br />

US$18.000.000.000,00 para os latifundiários. Ou seja, para conseguir o superávit neste País, vamos, cada vez mais, excluir e arrochar o trabalha<strong>do</strong>r, aumentar o <strong>de</strong>semprego,<br />

enquanto os gran<strong>de</strong>s usineiros, banqueiros e latifundiários são beneficia<strong>do</strong>s. Por que não taxar os latifundiários, por que não taxar os usineiros, por que não taxar as gran<strong>de</strong>s riquezas<br />

que po<strong>de</strong>riam estar geran<strong>do</strong> emprego neste País?<br />

Aí vem também a questão da privatização. Além <strong>de</strong> nossas empresas serem vendidas a troco <strong>de</strong> banana, provoca-se o <strong>de</strong>semprego. Nossa avaliação é que a classe empresarial neste<br />

País é míope para as questões sociais e tem olhos <strong>de</strong> lince quan<strong>do</strong> é para pegar o bolo das questões financeiras.<br />

Diante disso, gostaria <strong>de</strong> ouvir o comentário <strong>do</strong> Prof. João Luiz.<br />

O Sr. João Luiz Homem <strong>de</strong> Carvalho - Concor<strong>do</strong>, sim. Concor<strong>do</strong> que nossa classe empresarial - e aí é com o BNDES, já que não posso dizer que é monolítica - per<strong>de</strong>u o passo da<br />

história. A classe empresarial brasileira não é como a classe empresarial americana nem como a européia, porque lá fazem questão <strong>de</strong> pôr na pauta "acabar com a pobreza". Aqui,<br />

ninguém faz questão disso. Aqui, há gente que não dá o anel, para não per<strong>de</strong>r o <strong>de</strong><strong>do</strong>. É muito difícil. Confio em certos empresários nacionalistas que querem murchar isso, <strong>do</strong> jeito<br />

que falei com o BNDES.<br />

Diga-se <strong>de</strong> passagem, ninguém, em sã consciência, se pensar no Brasil, po<strong>de</strong> elogiar nossa elite, composta pela classe empresarial. Não tem como não concordar. Não sou hipócrita<br />

<strong>de</strong> dizer que não concor<strong>do</strong>.<br />

O Sena<strong>do</strong>r José Alencar Gomes da Silva - Em nenhum momento da minha palestra referi-me a empresário. Falei em empresa. Disse que a empresa é uma fração da economia. E a<br />

empresa pertence à comunida<strong>de</strong>.<br />

Dizer que a empresa não paga imposto não é verda<strong>de</strong>, porque a empresa paga imposto. O empresário é pessoa física, como o são todas as outras pessoas que exercem ativida<strong>de</strong>s as<br />

mais variadas possíveis. O gran<strong>de</strong> erro <strong>do</strong> Brasil é cultural. Temos ojeriza contra as empresas, que são as frações da economia, como um to<strong>do</strong>. Então, estamos queren<strong>do</strong> matar a<br />

economia, que achamos que não po<strong>de</strong> ser próspera. E economia próspera é sinônimo <strong>de</strong> superávit, <strong>de</strong> renda, <strong>de</strong> poupança, <strong>de</strong> investimento e <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> emprego. Enquanto<br />

cultivarmos essa cultura, estaremos dan<strong>do</strong> um atesta<strong>do</strong> <strong>de</strong> que temos vocação para sermos cada vez mais pobres, ainda que Deus nos tenha da<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s países mais ricos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e<br />

um <strong>do</strong>s povos mais <strong>de</strong>dica<strong>do</strong>s, trabalha<strong>do</strong>res, inteligentes e versáteis <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />

Então, há essa cultura equivocada <strong>de</strong> ojeriza contra aquilo que po<strong>de</strong> representar o crescimento da nossa economia. Temos <strong>de</strong> parar com isso. Do contrário, o que vamos fazer é levar<br />

o País a uma pobreza cada vez mais irreversível.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Pergunta dirigida a Pedro Duncan, <strong>de</strong> Salva<strong>do</strong>r, feita por Vicente, <strong>do</strong> Sindicato <strong>do</strong>s Emprega<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Comércio <strong>de</strong> Uberlândia: "Segun<strong>do</strong> informações da própria<br />

imprensa, o BNDES tem concedi<strong>do</strong> o financiamento para gran<strong>de</strong>s empresas com certa facilida<strong>de</strong>, e, para pequenas e médias empresas, esses financiamentos não são libera<strong>do</strong>s com a<br />

<strong>de</strong>vida facilida<strong>de</strong>. Quais os critérios e por que isso acontece?" Segunda pergunta, <strong>de</strong> An<strong>de</strong>rson Costa, também para Pedro Duncan, da Agência <strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>de</strong> Congonhas.<br />

"Quais são as exigências e os caminhos que <strong>de</strong>vem ser percorri<strong>do</strong>s para se criar uma associação comunitária <strong>de</strong> crédito na minha cida<strong>de</strong>?"<br />

O Sr. Pedro Duncan - Sobre a primeira pergunta, cheguei a comentar que o BNDES é um Banco <strong>de</strong> segunda linha, ele não tem agências. Então, temos algumas classificações internas<br />

<strong>do</strong> tipo operação direta no BNDES, que é aquele prédio preto no Rio <strong>de</strong> Janeiro, que tem 1.400 funcionários, são aquelas <strong>de</strong> valor superior a R$7.000.000,00. Então, toda a <strong>de</strong>manda<br />

<strong>de</strong> recurso e financiamento <strong>do</strong> Banco que são analisadas <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> próprio Banco são as superiores a R$7.000.000,00. Mesmo assim, recebemos muitas críticas com relação à<br />

velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas operações, para as gran<strong>de</strong>s empresas. As operações menores, para pequena e média empresa, são realizadas através <strong>do</strong> sistema financeiro. Quer dizer, to<strong>do</strong>s os<br />

Bancos são agentes financeiros <strong>do</strong> BNDES. É através <strong>de</strong>sse Banco que as operações <strong>de</strong>vem ser realizadas. Sabemos da dificulda<strong>de</strong>, porque enten<strong>de</strong>mos e já reconhecemos muito a<br />

estrutura <strong>do</strong> sistema financeiro nacional. O Banco tem tenta<strong>do</strong> agilizar. Mesmo assim, no ano passa<strong>do</strong>, <strong>do</strong> orçamento <strong>de</strong> R$18.000.000.000,00, R$6.000.000.000,00 foram para<br />

pequena e média empresa, basicamente 30% <strong>do</strong> orçamento <strong>do</strong> ano passa<strong>do</strong>.<br />

Sabemos das dificulda<strong>de</strong>s e, por conta disso, criamos o fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> aval, o FGPC, para estimular o sistema financeiro, corren<strong>do</strong> o risco <strong>de</strong> até 80% em cada operação, para que o<br />

sistema realize essas operações. O Banco diminuiu o seu "spread", quer dizer, recebemos recursos (...). Pelo menos, meta<strong>de</strong> <strong>do</strong>s recursos <strong>do</strong> Banco são oriun<strong>do</strong>s <strong>do</strong> FAT, e o Banco<br />

tem que remunerar a TJLP. É o custo mínimo <strong>do</strong> Banco para esse tipo <strong>de</strong> recurso. O resto é geração própria e captação externa, mas diminuímos o "spread" que temos nessas<br />

operações, aumentan<strong>do</strong> o "spread" <strong>do</strong> agente financeiro, para vermos se conseguimos incrementar essas operações. Vimos discutin<strong>do</strong>. Implementamos agora o programa <strong>de</strong><br />

milhagem. Para cada R$1.000.000,00 que qualquer Banco empreste para pequena e média empresa, ele vai receber <strong>do</strong> BNDES R$<strong>10</strong>0.000,00 para fazer a operação que quiser. Quer<br />

dizer, o Banco está buscan<strong>do</strong> estimular isso. Ele tem tenta<strong>do</strong>. Sabemos <strong>de</strong>ssas dificulda<strong>de</strong>s, mas estamos buscan<strong>do</strong> mecanismos. O que acredito - particularmente, é minha área <strong>de</strong><br />

trabalho - é que se conseguirmos <strong>de</strong>senvolver esse novo canal <strong>de</strong> distribuição, que são associações <strong>de</strong> crédito, as socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> crédito <strong>do</strong> microempreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r, tenho a certeza,<br />

fazemos o caminho inverso. Começamos <strong>do</strong> pequenininho e, com essa meto<strong>do</strong>logia, po<strong>de</strong>mos acessar a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> crédito por pequenas empresas. Acho que uma (...) <strong>de</strong>ssa po<strong>de</strong><br />

fazer operação <strong>de</strong> até R$50.000,00, mas acho que esse é um caminho a percorrer.<br />

A segunda pergunta. Estamos fazen<strong>do</strong> isso o tempo inteiro, estimulan<strong>do</strong> essas iniciativas. Vou passar o meu telefone. O João Luiz me liga. Temos técnicos que vêm conversar. Já<br />

temos algumas parcerias aqui no Esta<strong>do</strong>: o próprio BDMG, com quem trabalhamos muito juntos. Temos experiências no Esta<strong>do</strong>. Faz parte da negociação <strong>do</strong> Banco. Estão<br />

disponíveis para que se vá lá, conheça, entenda como é que funcionamos. O telefone é (21)277-7788.<br />

Basicamente, só enfoquei a questão <strong>do</strong> microcrédito, mas estamos trabalhan<strong>do</strong> empreendimentos que tenham gestão por trabalha<strong>do</strong>res. Saímos da orto<strong>do</strong>xia <strong>do</strong> BNDES, para<br />

<strong>de</strong>senvolver produtos na área social, e temos consegui<strong>do</strong> passar essas iniciativas por entre a estrutura <strong>do</strong> Banco.<br />

Financiamos a CUT, para <strong>de</strong>senvolver a Escola Sindical Sul. Isso é coisa nova para nós. Estamos trabalhan<strong>do</strong> também com cooperativas e empresas autogestionárias. Para isso, não<br />

estamos usan<strong>do</strong> o limite <strong>de</strong> R$7.000.000,00. Para a área social, po<strong>de</strong>-se fazer operação <strong>de</strong> qualquer porte.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Do Sr. José Meireles Filho para o Sr. Paulo Roberto: "Quero saber o que foi muda<strong>do</strong> no contrato da Merce<strong>de</strong>s Benz em relação ao contrato original. Desejo ter<br />

acesso às modificações feitas." Sr. José Meireles Filho, o Sr. Paulo Roberto diz que não tem a menor idéia.<br />

Pergunta <strong>do</strong> Sr. Salva<strong>do</strong>r Vicente Andra<strong>de</strong>, <strong>do</strong> Sindicato <strong>do</strong>s Emprega<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Comércio <strong>de</strong> Uberlândia, dirigida ao Sena<strong>do</strong>r José <strong>de</strong> Alencar: "Antigamente, falava-se que o produtor<br />

rural não gerava emprego no campo porque, quan<strong>do</strong> o emprega<strong>do</strong> saía da proprieda<strong>de</strong> rural, levava quase a fazenda junto. O Deputa<strong>do</strong> A<strong>de</strong>lmo Carneiro Leão foi autor <strong>de</strong> um projeto<br />

que modificou os critérios da contratação rural, mas, mesmo assim, o produtor não contrata, e as cida<strong>de</strong>s estão cada vez mais inchadas. Por que o produtor rural não se vale <strong>de</strong>sse<br />

projeto para a geração <strong>de</strong> emprego no campo?".<br />

O Sena<strong>do</strong>r José Alencar Gomes da Silva - A ativida<strong>de</strong> empresarial, seja ela no campo, na indústria, no setor terciário, precisa vir acompanhada <strong>de</strong> vocação. O verda<strong>de</strong>iro empresário<br />

é aquele que se realiza com o <strong>de</strong>senvolvimento da empresa. O verda<strong>de</strong>iro empresário vive muito mais para a empresa <strong>do</strong> que <strong>de</strong>la. Assim, jamais <strong>de</strong>predaria uma proprieda<strong>de</strong> que lhe<br />

<strong>de</strong>u condições <strong>de</strong> crescimento <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista econômico.<br />

É claro que isso também é cultural no Brasil. É preciso que aprendamos a cuidar direito <strong>de</strong> nossas coisas. Uberlândia é um exemplo <strong>de</strong> município com proprieda<strong>de</strong>s bem cuidadas,<br />

prósperas, ricas, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, produtivas, competitivas. Uberlândia é uma das cida<strong>de</strong>s ricas <strong>do</strong> nosso Esta<strong>do</strong>.<br />

Sou da Zona da Mata, on<strong>de</strong> há pequenas proprieda<strong>de</strong>s completamente aban<strong>do</strong>nadas. Con<strong>de</strong>no esse aban<strong>do</strong>no. Precisamos - repito - cuidar direito <strong>de</strong> nossas coisas. Mas, por outro<br />

la<strong>do</strong>, o cidadão não tem condição <strong>de</strong> criar sua família no meio rural, on<strong>de</strong> não tem escola nem farmácia. Acaba in<strong>do</strong> para a cida<strong>de</strong>.


Sou <strong>de</strong> um tempo em que 75% ou 80% da população vivia no campo. Naquele tempo, as lavouras <strong>de</strong> café eram operadas à meia. O fazen<strong>de</strong>iro dava uma casa ao trabalha<strong>do</strong>r, para<br />

morar com a família, e ela fazia uma agricultura <strong>de</strong> subsistência. Meta<strong>de</strong> da produção <strong>do</strong> café era <strong>do</strong> meeiro, a outra era <strong>do</strong> fazen<strong>de</strong>iro. Um terço <strong>de</strong> feijão ou <strong>de</strong> milho <strong>do</strong> que o<br />

trabalha<strong>do</strong>r plantava era <strong>do</strong> fazen<strong>de</strong>iro, <strong>do</strong>is terços <strong>de</strong>le.<br />

O meeiro era um verda<strong>de</strong>iro empresário. Preocupava-se até com a bolsa <strong>de</strong> Nova Iorque, se o café subiu ou baixou <strong>de</strong> preço. Sabia que o preço <strong>do</strong> café ficava bom quan<strong>do</strong> a safra era<br />

pequena e que o preço caía quan<strong>do</strong> a safra era gran<strong>de</strong>. Sofria muito como empresário, mas, <strong>de</strong> qualquer maneira, era um empresário.<br />

Quan<strong>do</strong> dava boa safra, comprava um pedacinho <strong>de</strong> terra e ia promover aquilo, mas acabava esbarran<strong>do</strong> na dificulda<strong>de</strong> para educar seus filhos e tratar da saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>les.<br />

Daí a razão pela qual as pessoas foram para os núcleos resi<strong>de</strong>nciais. É preciso que o Brasil comece a copiar bem os exemplos <strong>de</strong> outros países, por exemplo, até <strong>de</strong> <strong>de</strong>sertos, como é o<br />

caso <strong>de</strong> Israel, como os "Kibutz", que criam por meio da ativida<strong>de</strong> rural condições <strong>de</strong> vida para as famílias que ali trabalham.<br />

Penso assim, que todas as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem ser tratadas com muito carinho, porque não somos nada aqui na terra, estamos toman<strong>do</strong> conta <strong>de</strong> alguma coisa por algum tempo,<br />

primeiro, porque somos transitórios, e as empresas rurais, industriais ou comerciais pertencem à comunida<strong>de</strong> e precisam ser bem cuidadas por causa disso.<br />

O Sr. Almeida Calixto - No início <strong>de</strong> sua exposição, o senhor falou sobre a importância <strong>de</strong> políticas para o município. Acredito que isso precise ser discuti<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma mais evi<strong>de</strong>nte<br />

pelo <strong>Legislativo</strong>, para que se torne efetivo. Pelos exemplos da<strong>do</strong>s, vimos a importância das iniciativas pequenas, que dão resulta<strong>do</strong>. Na Europa e em países que já conseguiram se<br />

estabelecer comercialmente, a priorização <strong>de</strong> pequenos negócios tem torna<strong>do</strong> competitivos países como a Itália e a Alemanha.<br />

Já temos material suficiente para tomar uma posição em favor <strong>do</strong>s municípios. Através <strong>de</strong> suas experiências, vê-se a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> algo concreto que foge aos nossos discursos. Há<br />

vários projetos, mas temos <strong>de</strong> tomar alguma <strong>de</strong>cisão em favor <strong>do</strong>s municípios. Isso é inadiável. Creio que <strong>de</strong>ve ter ti<strong>do</strong> esses problemas em seu trabalho. Como vê essa dificulda<strong>de</strong><br />

para operacionalizar? Precisamos <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s.<br />

O Sr. João Luiz Homem <strong>de</strong> Carvalho - Sr. Almeida, precisamos enfocar bem on<strong>de</strong> estão as dificulda<strong>de</strong>s. Acho que as maiores estão nos financiamentos. O crédito para essas pessoas<br />

é complicadíssimo nos municípios. Como já disse, <strong>de</strong>vemos comer o mingau quente pelas beiradas, para chegarmos lá.<br />

Devemos ter uma <strong>de</strong>terminação, mas não po<strong>de</strong> ser levada a ferro e fogo, nem po<strong>de</strong> ser tratada sozinha. Fiz um gráfico que mostra que há idéias, parti<strong>do</strong>s, associações. Para levarmos<br />

em frente uma idéia e vencermos as barreiras, não po<strong>de</strong>mos fazer um corte horizontal, temos <strong>de</strong> fazer um corte vertical e aproveitar quem nos apóia, mesmo <strong>de</strong>ntro das nossas<br />

organizações e associações. Esse é o primeiro ponto.<br />

No Vale <strong>do</strong> Jequitinhonha, fiquei saben<strong>do</strong> <strong>de</strong> algo que me apavorou. Segun<strong>do</strong> alguns da<strong>do</strong>s, nos últimos 20 anos foram gastos mais <strong>de</strong> R$250.000.000,00 só com levantamentos e<br />

diagnósticos. Essa quantia dava para construir 25 mil agroindústrias, geran<strong>do</strong>-se 250 mil empregos nessa região.<br />

Respon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> objetivamente, temos <strong>de</strong> bater forte na disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos para essas pessoas. Isso é o que mais entrava. Há dinheiro, mas é um absur<strong>do</strong> alguém, para<br />

emprestar dinheiro, pedir garantias a quem não tem. Em segun<strong>do</strong> lugar, é preciso buscar alianças <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> município <strong>de</strong> forma vertical, e não horizontal. Digo isso para contrapor o<br />

<strong>de</strong>bate sobre a questão empresarial e institucional.<br />

Já cansei <strong>de</strong> dizer a minha opinião sobre a questão empresarial, mas há muito empresário que não abre mão <strong>de</strong> ser brasileiro. Temos <strong>de</strong> fazer esse corte para pegar essas pessoas e<br />

modificar essas coisas.<br />

O que acho principal é trabalhar com a Prefeitura, com o Prefeito, com o Po<strong>de</strong>r Executivo local, com o apoio <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, mas o ponto que mais entrava é a questão da disponibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> crédito para essas pessoas. Temos <strong>de</strong> dar um jeito nisso, senão não será possível.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Pergunta <strong>do</strong> Sr. João Alves Crisóstomo para o Sr. Paulo Roberto Araújo: "Na Assembléia Regional <strong>do</strong> orçamento participativo <strong>de</strong> Paracatu, apresentamos ao<br />

Secretário <strong>de</strong> Planejamento proposta <strong>de</strong> criação <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> Inter-Regional e Estadual para Moradia, para pessoas ou assalaria<strong>do</strong>s que ganham no máximo <strong>do</strong>is salários mínimos.<br />

Queria saber qual o percentual que a pessoa agraciada teria <strong>de</strong> pagar, uma vez que organismos governamentais não abrem financiamentos para essas pessoas".<br />

O Sr. Paulo Roberto <strong>de</strong> Araújo - Sr. João Alves Crisóstomo, todas essas <strong>de</strong>mandas oriundas <strong>do</strong> orçamento participativo estão sen<strong>do</strong> compatibilizadas em nível <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>. No caso<br />

específico, o Governo estadual <strong>de</strong>verá lançar, nos próximos meses, como já havia dito, um programa <strong>de</strong> habitação popular. Obviamente, estamos tentan<strong>do</strong> um comprometimento<br />

mínimo para quem ganha até <strong>do</strong>is ou três salários mínimos. Ainda não sabemos qual será esse percentual, mas imaginamos que tenha <strong>de</strong> ser algo diferencia<strong>do</strong>, criativo, que<br />

possibilite alavancar esse programa essencial <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> emprego e renda.<br />

O Sr. Chafith - Professor, é um prazer tê-lo aqui conosco, sobretu<strong>do</strong> porque a sua explanação reforça o que estamos falan<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1989, quan<strong>do</strong>, juntamente com o Prof. Marcelo<br />

Guimarães, editamos um livrinho a respeito <strong>do</strong> auto<strong>de</strong>senvolvimento municipal, chaman<strong>do</strong> a atenção para algumas questões básicas, principalmente a relativa à economia informal.<br />

Temos quase 50% <strong>do</strong> PIB nessa forma <strong>de</strong> economia e sabemos a potência que isso significa, o que foi reforça<strong>do</strong> pela explanação <strong>do</strong> senhor.<br />

Sabemos que muitas multinacionais, inclusive a Nestlé, foram construídas sobre essas células familiares. E não é que não tenhamos si<strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong>s, mas a nossa felicida<strong>de</strong> é que não<br />

<strong>de</strong>scartamos as autorida<strong>de</strong>s, mas nos aliamos aos movimentos populares. Como movimento popular, tínhamos um alia<strong>do</strong> que acabava viran<strong>do</strong> nosso inimigo, que eram as subvenções<br />

sociais, porque a maioria <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s não aplicava essa verba nesses trabalhos sociais, que eram necessários.<br />

Mas isso não é a agravante. O que falta no programa <strong>do</strong> senhor é a questão das relações humanas. E essas relações humanas começam, sim, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa, mas começam também<br />

para quem impõe um programa. E, como o nosso Governo vem sofren<strong>do</strong> um processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste político, acho que ainda não tem credibilida<strong>de</strong> para implantar um programa sério.<br />

Digo isso sem <strong>de</strong>sfazer na competência técnica que sabemos que existe. Sabemos que a EMATER, o IMA, a SETASCAD foram alia<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sses movimentos populares durante anos,<br />

queren<strong>do</strong> fazer um trabalho sério.<br />

E, hoje, continuamos à margem <strong>de</strong>sse processo. Por quê? Porque temos uma fiscalização rígida <strong>do</strong> IMA, justamente na economia informal. Os gran<strong>de</strong>s estabelecimentos não sofrem<br />

essa fiscalização que é imposta às nossas indústrias familiares. A EMATER tem gran<strong>de</strong>s profissionais. Mas a maioria <strong>de</strong>les está condicionada ao assistencialismo politiqueiro das<br />

Prefeituras. São poucos os que colocam sua informação à disposição das comunida<strong>de</strong>s.<br />

Então, o senhor conhecerá Minas e ficará escandaliza<strong>do</strong> <strong>de</strong> ver quanto o mineiro produz cala<strong>do</strong>. E, muitas vezes, per<strong>de</strong> toda a sua produção por falta <strong>de</strong> compromisso <strong>de</strong> nosso<br />

Governo. Tivemos o Barracão <strong>do</strong> Produtor, que foi uma peça <strong>de</strong> "marketing" politiqueira <strong>do</strong> Governo passa<strong>do</strong>. Os que estão implanta<strong>do</strong>s não funcionam, e, se funcionam, são apenas<br />

meia dúzia. A minha preocupação com esse programa - sobre o qual, sem a autorização <strong>do</strong> senhor, já estamos falan<strong>do</strong> há mais tempo, uma vez que acompanhamos a administração<br />

<strong>do</strong> Governo petista em Brasília -, é justamente se essa não será apenas mais uma medida <strong>de</strong> propaganda, entregan<strong>do</strong> a coisa pronta, sem ajudar, colocan<strong>do</strong> nossos profissionais no<br />

campo sem orientação e sem os recursos necessários.<br />

Então, a perguntinha é: primeiro - o senhor organizou esse punha<strong>do</strong> <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s através <strong>de</strong> associações, cooperativas, <strong>de</strong> empresas, ou vão continuar na economia informal? Em<br />

Minas, estamos esperan<strong>do</strong> ações concretas para que essas coisas aconteçam.<br />

A Sra. Elizabeth Carvalho - A minha pergunta é mais ou menos relacionada com a <strong>de</strong>le, porque, no meu caso, na minha cida<strong>de</strong>, já tivemos um trabalho com um grupo <strong>de</strong> produção<br />

com esse esquema da agroindústria. Mas as fiscalizações sanitárias vão em cima <strong>do</strong>s pequenos, e não <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s, provocan<strong>do</strong> a sua <strong>de</strong>sativação. Gostaria <strong>de</strong> saber se existe alguma<br />

lei específica nesse senti<strong>do</strong>, uma vez que não adianta nada montar empresas. Trabalhei em microunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção que foram fechadas. E foram fechadas <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à fiscalização


municipal. Por isso, gostaria <strong>de</strong> saber se existe ou existirá uma lei para resolver esse problema. Do contrário, não adianta montar agroindústrias, e elas po<strong>de</strong>m até ser consi<strong>de</strong>radas<br />

como empresas <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> quintal, porque são muito pequenas, porque serão sempre <strong>de</strong>sativadas e passam a não ter nenhuma credibilida<strong>de</strong>. Então, acho que <strong>de</strong>veria haver uma<br />

norma séria a esse respeito.<br />

A Sra. Maria Aparecida Miranda - Inicialmente, gostaria <strong>de</strong> parabenizar o João Luiz. Já conhecia o seu trabalho, e é bom estarmos aqui dividin<strong>do</strong> com outras pessoas essa<br />

experiência maravilhosa. Gostaria <strong>de</strong> fazer uma pergunta a ele. Já está sen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> algum estu<strong>do</strong>, pelo Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, para aproveitar essa experiência que nos foi relatada<br />

pelo BNDES, <strong>do</strong> microcrédito para a instalação <strong>de</strong>ssas agroindústrias, no caso <strong>de</strong> Prefeituras que não tenham condições para contratar esse serviço? Faço essa pergunta porque, em<br />

Minas Gerais, teremos realida<strong>de</strong>s muito cruéis, principalmente nos municípios mais pobres como os <strong>do</strong> Jequitinhonha e <strong>do</strong> Norte <strong>de</strong> Minas, on<strong>de</strong> as Prefeituras não terão condições<br />

para fazer essa parceria e para comprar esse "kit" da agroindústria, e é exatamente on<strong>de</strong> se encontra a população mais excluída. Seria muito importante que o Esta<strong>do</strong> subsidiasse um<br />

programa como esse.<br />

O Sr. João Luiz Homem <strong>de</strong> Carvalho - Em primeiro lugar, gostaria <strong>de</strong> fazer uma observação. Estou aqui há 6 meses, trabalhan<strong>do</strong> na Secretaria <strong>do</strong> Planejamento, com o Secretário<br />

Manoel Costa. Estamos praticamente com 20 agroindústrias prontas, e ele ainda não lançou o programa. Então, se isso fosse servir <strong>de</strong> propaganda, teria lança<strong>do</strong> esse programa há 6<br />

meses, quan<strong>do</strong> cheguei aqui. Acho que temos que falar sobre a realida<strong>de</strong>.<br />

Não quero programa informal nenhum para pobre. Quero formal. Quero formal, sim, senhor. Que o sujeito pague imposto, mas não esse imposto <strong>de</strong>sgraça<strong>do</strong>. A D. Josa, <strong>de</strong> Brasília,<br />

trabalhava <strong>de</strong>z dias para pagar o seu imposto, que é 17%. Então, tem <strong>de</strong> entrar, se possível, pagan<strong>do</strong> 1%, no máximo. Queremos fazer uma questão formal para eles, <strong>de</strong> pagar<br />

imposto, <strong>de</strong> receber benefício, <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r na prateleira <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s supermerca<strong>do</strong>s. E aí o Governo tem <strong>de</strong> atuar como articula<strong>do</strong>r. Em todas as inaugurações <strong>de</strong> Carrefour, no Brasil -<br />

e não sei se vocês sabem disso -, os produtos, segun<strong>do</strong> os gerentes me disseram, são <strong>do</strong>a<strong>do</strong>s. Para você ven<strong>de</strong>r alguma coisa no Carrefour, tem <strong>de</strong> dar uma jóia <strong>de</strong> R$2.000,00 ou<br />

R$3.000,00, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> das circunstâncias. Então, o Governo tem <strong>de</strong> se articular com esses supermerca<strong>do</strong>s e dizer o seguinte: "Não, essas pessoas vão ven<strong>de</strong>r nas gôn<strong>do</strong>las <strong>de</strong>sses<br />

supermerca<strong>do</strong>s, mas sem essa taxa". O Governo tem <strong>de</strong> participar como articula<strong>do</strong>r e colocar as pessoas na economia formal para que elas cheguem ao Norte da Itália.<br />

Nesse programa que apresentei para vocês não existe invenção <strong>de</strong> roda. A Parmalat e a Nestlé atuam no Norte da Itália, mas as pequenas agroindústrias prosperam. Então, na Itália, a<br />

economia é estável, baseada no apoio a essas pequenas agroindústrias. Agora, nada <strong>de</strong> economia informal. Economia formal, mas com todas as condições. É preciso condições<br />

especiais. Agora, como disse o Rui Barbosa, tratar igualmente os <strong>de</strong>siguais é a maior injustiça <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. É preciso tratar os <strong>de</strong>siguais <strong>de</strong>sigualmente.<br />

Quanto à questão da fiscalização, Elizabeth, esta é uma batalha que temos <strong>de</strong> tratar com jeito, pelo seguinte: se alguém está pensan<strong>do</strong> que no mun<strong>do</strong> já se fez omelete sem quebrar<br />

ovos, isso é impossível. Para se fazer omelete, é preciso quebrar ovos. Quan<strong>do</strong> cheguei em Rio Pomba, ou Coronel Pacheco, não sei bem, me disseram o seguinte: João Luiz, graças<br />

às nossas confusões com legislação, o Diretor <strong>do</strong> IMA já está admitin<strong>do</strong> certas flexibilida<strong>de</strong>s no circuito <strong>do</strong> queijo. Falo da Zona da Mata, porque sou <strong>de</strong> lá. Aliás, a maioria nesta<br />

Mesa é da Zona da Mata. Não po<strong>de</strong>mos atacar a instituição. Atacar a instituição seria fazer como o cozinheiro que não sabe cozinhar e joga a panela fora. Temos <strong>de</strong> trazer as pessoas<br />

que concordam com você para <strong>de</strong>ntro das instituições.<br />

Há coisas inacreditáveis na legislação. A Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988 <strong>de</strong>legou a Esta<strong>do</strong>s e municípios a função <strong>de</strong> fazerem a própria constituição. Os Esta<strong>do</strong>s não se movem em<br />

relação a isso, e não vou nem discutir o porquê. Mas o município po<strong>de</strong> instituir o serviço <strong>de</strong> inspeção municipal. Tenho a lei na minha pasta, na Internet. Vários Prefeitos, como o <strong>de</strong><br />

Padre Paraíso, pegaram a lei, mandaram para a Câmara, e, no outro dia, estava aprovada. Não há complicação nenhuma. Agora, o negócio é tão absur<strong>do</strong>, que, por exemplo, Belo<br />

Horizonte tem o serviço <strong>de</strong> inspeção municipal. Aí, faz-se um <strong>do</strong>ce <strong>de</strong> goiaba. Vocês sabiam que esse <strong>do</strong>ce só po<strong>de</strong> ser comi<strong>do</strong> pelo pessoal daqui? Não po<strong>de</strong> ser comi<strong>do</strong> por Betim,<br />

não. Significa que aqui tem um estômago e lá tem outro. Então, não tem cabimento. Sabe o que temos <strong>de</strong> fazer? Cada município tem <strong>de</strong> criar serviço <strong>de</strong> inspeção municipal e fazer<br />

convênios entre eles. Pronto! Temos <strong>de</strong> peitar, peitar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma legalida<strong>de</strong> possível. Até <strong>de</strong> uma legalida<strong>de</strong> e legitimida<strong>de</strong>. Essas leis a que você se referiu são legais, mas não<br />

têm legitimida<strong>de</strong> nenhuma. A lei tem <strong>de</strong> ser legal e legítima. E ela não tem legitimida<strong>de</strong>. Então, cada município faz o serviço <strong>de</strong> inspeção municipal e <strong>de</strong>pois o convênio entre eles. O<br />

Prefeito <strong>de</strong> Lagoa Santa faz convênio com o <strong>de</strong> Belo Horizonte e com o <strong>de</strong> Betim. Não estamos fazen<strong>do</strong> nada <strong>de</strong> erra<strong>do</strong>. Isso é que é impressionante. Parece que estamos treinan<strong>do</strong><br />

bandi<strong>do</strong> para assaltar Banco. Não. Queremos dar emprego e dignida<strong>de</strong> às pessoas.<br />

Não temos que parar. É preciso voltar a fazer a agroindústria. Nesse programa <strong>do</strong> Governo Itamar Franco, você vai legalizar a sua agroindústria em nível municipal e vai começar a<br />

quebrar o ovo para fazer a omelete. No dia em que for preso ven<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o produto em outro município, a primeira coisa que <strong>de</strong>ve fazer é chamar a imprensa. Mostre o produto, diga<br />

on<strong>de</strong> foi feito, mostre a agroindústria on<strong>de</strong> foi feito e diga que não querem <strong>de</strong>ixar ven<strong>de</strong>r. Se cair na mídia, esse problema virá à tona e será resolvi<strong>do</strong>.<br />

Maria Aparecida, temos que aproveitar tu<strong>do</strong>. O que cair na re<strong>de</strong> é peixe. Se o microcrédito está avançan<strong>do</strong> - já está acontecen<strong>do</strong> o avanço -, tem mais é que ir atrás <strong>do</strong> PRONAF,<br />

PROJECTA, etc. Você tem razão, o que está acontecen<strong>do</strong> nas Prefeituras é a falta <strong>de</strong> dinheiro para alavancar um projeto. Não se esqueçam <strong>do</strong> que falei: corram atrás <strong>do</strong> Prefeito para<br />

fazer a primeira agroindústria. Com R$6.500,00, faz uma agroindústria <strong>de</strong> alvenaria, toda montada. Basta mostrar às autorida<strong>de</strong>s que conseguiu fazer uma agroindústria sem dinheiro<br />

e pedir dinheiro. Come-se o mingau quente pelas beiradas. Não po<strong>de</strong>mos abrir mão <strong>de</strong>ssa estratégia.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Tenho três perguntas para serem feitas ao Sena<strong>do</strong>r José Alencar. A primeira é <strong>de</strong> Vicente Augusto Diniz: "Sen<strong>do</strong> V. Exa. empresário da área têxtil, o que tem si<strong>do</strong><br />

feito pelo Governo Fe<strong>de</strong>ral para modificar a situação em que se encontra a indústria têxtil nacional, que sempre gerou muitos empregos e tem um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> fábricas<br />

fechan<strong>do</strong>?"<br />

A segunda pergunta é <strong>de</strong> Dalva Costa Nonato: "Chegamos à conclusão <strong>de</strong> que a privatização das estatais aumentou o índice <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego <strong>do</strong> País. Como o senhor se posiciona<br />

diante <strong>de</strong>sse fato?".<br />

A terceira pergunta é <strong>de</strong> Jorge Rodrigues: "Ven<strong>de</strong>m-se estatais, recolhem-se impostos, e não se faz nada para melhorar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida. Só há dinheiro para banqueiros e<br />

empresários <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte. Por que o Sena<strong>do</strong> e a Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s não intervêm para financiar o pobre a fim <strong>de</strong> gerar emprego?".<br />

O Sena<strong>do</strong>r José Alencar - Companheiro Vicente, companheira Dalva e companheiro Jorge, gostei das perguntas porque dão a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> explicar em poucas palavras essa<br />

preocupação. De fato, o setor têxtil gera muitos empregos, e gran<strong>de</strong> parte das empresas estão encerran<strong>do</strong> suas ativida<strong>de</strong>s. No Brasil <strong>de</strong> hoje, po<strong>de</strong>mos dividir as empresas em <strong>do</strong>is<br />

gran<strong>de</strong>s grupos: as empresas capitalizadas e as endividadas. As empresas endividadas, por mais mo<strong>de</strong>rnas que sejam, por mais bem administradas que sejam, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista<br />

técnico e merca<strong>do</strong>lógico, quebram porque não agüentam pagar os juros cobra<strong>do</strong>s no merca<strong>do</strong> nacional. E as empresas capitalizadas, nem sempre bem administradas, vão para a frente<br />

porque a diferença que as separa daquelas que pagam juros é muito gran<strong>de</strong>. Então, a sua competição se faz <strong>de</strong> forma mais fácil.<br />

Com relação à privatização geran<strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego, to<strong>do</strong>s sabemos que o setor priva<strong>do</strong> é mais exigente que o setor público. O setor público abre oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emprego até <strong>de</strong> forma<br />

irresponsável, haja vista o fracasso <strong>do</strong> setor público em to<strong>do</strong>s os países.<br />

Na ex-União Soviética, a experiência socialista, que era uma esperança <strong>de</strong> solução para os problemas sociais, fracassou, entre outras razões, porque a empresa estatal fracassou. Em<br />

Minas Gerais, tínhamos três empresas bancárias, todas três maravilhosas: Banco Hipotecário, Banco Mineiro da Produção e Credireal. To<strong>do</strong>s quebraram, porque a administração<br />

pública fez uma administração equivocada e quebrou os três. Isso não significa que você invali<strong>de</strong> todas as empresas estatais. A USIMINAS nunca <strong>de</strong>u prejuízo, não precisava ser<br />

privatizada. A Vale <strong>do</strong> Rio Doce sempre <strong>de</strong>u lucro, não precisava ser privatizada <strong>de</strong> jeito nenhum, mas a gran<strong>de</strong> verda<strong>de</strong> é que a tendência é a privatização. Tenho aqui em mãos uma<br />

carta à população, assinada pela Associação <strong>de</strong> Trabalha<strong>do</strong>res Desemprega<strong>do</strong>s na Região <strong>do</strong> Barreiro. Estão sugerin<strong>do</strong> uma redução da jornada <strong>de</strong> trabalho. Sugerem 6 horas por dia<br />

durante 6 dias, uma jornada <strong>de</strong> 36 horas por semana, ou 7 horas e 20 minutos em 5 dias, para resolver o problema <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego. Eu era menino quan<strong>do</strong> veio a chamada semana<br />

inglesa. Foi um escândalo. Não era concebível parar <strong>de</strong> trabalhar no sába<strong>do</strong>, mas era necessário. Hoje ninguém mais estranha a semana inglesa. A tecnologia chegou, a população é<br />

gran<strong>de</strong>, o <strong>de</strong>semprego cresce. Temos <strong>de</strong> reduzir a jornada <strong>de</strong> trabalho. Para isso, vamos precisar <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>cisão da Organização Internacional <strong>do</strong> Trabalho - OIT. Por quê? Com o<br />

merca<strong>do</strong> globaliza<strong>do</strong>, aqueles países que a<strong>do</strong>tarem uma jornada mais reduzida po<strong>de</strong>rão per<strong>de</strong>r competitivida<strong>de</strong> em relação aos outros. A OIT tem todas as condições <strong>de</strong> reduzir a<br />

jornada <strong>de</strong> trabalho e precisa reduzi-la. Isso vai acontecer, porque o <strong>de</strong>semprego está presente em outros países, que estão preocupa<strong>do</strong>s com a mesma coisa.<br />

A terceira pergunta é <strong>do</strong> Jorge. Ele diz: ven<strong>de</strong>-se tu<strong>do</strong>, privatizam-se empresas, não há dinheiro para nada. O dinheiro sumiu. O dinheiro sumiu por quê? Por causa <strong>do</strong>s juros. A Vale<br />

<strong>do</strong> Rio Doce foi privatizada por R$3.200.000.000,00. Para on<strong>de</strong> foi o dinheiro? Para pagar 17 dias <strong>de</strong> juros da dívida pública interna. A Vale <strong>do</strong> Rio Doce é um país. Ela tem<br />

40.000.000ha. Ela foi vendida, e o dinheiro que o Esta<strong>do</strong> recebeu <strong>de</strong>u para pagar 17 dias <strong>de</strong> juros da dívida pública interna. Em todas as privatizações <strong>do</strong> sistema nacional <strong>de</strong><br />

si<strong>de</strong>rurgia, <strong>do</strong> sistema nacional <strong>de</strong> petroquímica, <strong>do</strong> sistema nacional <strong>de</strong> telefonia, das estradas <strong>de</strong> ferro, da Vale <strong>do</strong> Rio Doce foram arrecada<strong>do</strong>s R$82.000.000.000,00. Neste ano, até<br />

junho, o Brasil pagou R$90.000.000.000,00 <strong>de</strong> juros, ou seja, mais <strong>do</strong> que to<strong>do</strong> o valor arrecada<strong>do</strong> pelas privatizações. Temos <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r que nunca houve, na história <strong>do</strong>


Brasil, maior transferência <strong>de</strong> renda <strong>do</strong> trabalho e da produção em benefício <strong>do</strong> sistema financeiro internacional. O gran<strong>de</strong> mal <strong>do</strong> País são as taxas <strong>de</strong> juros, que matam a economia e<br />

agravam o <strong>de</strong>semprego. Essa é a maior judiação a que está sen<strong>do</strong> submetida a população brasileira.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Pergunta <strong>de</strong> Antônio Marcos, da União das Associações <strong>de</strong> Pirapora, que gostaria <strong>de</strong> saber, <strong>do</strong> representante <strong>do</strong> BNDES, se o Banco dispõe <strong>de</strong> algum tipo <strong>de</strong><br />

programa ou projeto a ser <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> com as associações comunitárias <strong>de</strong> mora<strong>do</strong>res, uma vez que financia até compras <strong>de</strong> empresas estatais, que são constituídas com o dinheiro<br />

<strong>do</strong> povo brasileiro.<br />

O Sr. Pedro Duncan - Antônio, temos algumas coisas novas na área social. Há <strong>do</strong>is anos propusemos a criação <strong>de</strong> um fun<strong>do</strong> social, oriun<strong>do</strong> <strong>de</strong> parcela <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Banco. O<br />

BNDES é uma instituição que dá lucro. A partir da constituição <strong>de</strong>sse fun<strong>do</strong>, <strong>de</strong>finimos alguns programas. Estou falan<strong>do</strong> <strong>de</strong> financiamentos <strong>de</strong> natureza não reembolsável. Temos<br />

apoia<strong>do</strong> diversos projetos <strong>de</strong> associações comunitárias, <strong>de</strong> organizações não governamentais, <strong>de</strong> pastoral, que, efetivamente, tenham sucesso na área social e condições <strong>de</strong><br />

reaplicabilida<strong>de</strong>. Estamos atentos para receber projetos <strong>de</strong>ssa natureza que po<strong>de</strong>m ser financia<strong>do</strong>s.<br />

Sr. Presi<strong>de</strong>nte, vou me retirar, porque tenho um vôo marca<strong>do</strong>. Gostaria <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer a to<strong>do</strong>s, ao Presi<strong>de</strong>nte, ao Sena<strong>do</strong>r a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estar aqui e <strong>de</strong> me colocar à disposição no<br />

BNDES, para quaisquer esclarecimento. Muito obriga<strong>do</strong>.<br />

O Sr. José Meireles Filho - Gostaria <strong>de</strong> fazer uma pergunta a quem está representan<strong>do</strong> o Secretário Manoel Costa.<br />

Temos em mãos o contrato da Merce<strong>de</strong>s-Benz, que foi assina<strong>do</strong> na época <strong>do</strong> Governo Azere<strong>do</strong> e que traz algumas aberrações. Por isso, estamos pedin<strong>do</strong> uma comissão <strong>de</strong><br />

investigação ou uma CPI para analisá-lo.<br />

A minha primeira pergunta, que não foi respondida, é se o senhor tem conhecimento <strong>do</strong> valor que foi acerta<strong>do</strong> pelo Governa<strong>do</strong>r Itamar Franco. Mexeu-se nos prazos, mas a<br />

informação que chegou para nós é que os valores não foram altera<strong>do</strong>s. Existem algumas aberrações. Por exemplo, na sua implantação, a Merce<strong>de</strong>s-Benz <strong>de</strong>veria ter 1.500 empregos,<br />

mas não tinha. Até hoje não tem e ameaça os trabalha<strong>do</strong>res com <strong>de</strong>missão caso não assinem o famigera<strong>do</strong> banco <strong>de</strong> horas. Mas, na ponta da linha, quan<strong>do</strong> o carro termina, o Governo<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, nos seus primeiros quatro anos <strong>de</strong> Governo, coloca R$1.080,00 <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cada carro produzi<strong>do</strong>, sem contar todas as isenções <strong>de</strong> IPI, ICMS, etc. Mas estão caucionadas<br />

algumas ações da CEMIG, no valor <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> R$<strong>10</strong>0.000.000,00, para a Merce<strong>de</strong>s-Benz, como garantia. Diante disso, não seria importante que fosse feita revisão nesse contrato da<br />

Merce<strong>de</strong>s-Benz pelo Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>?<br />

O Sr. João Luiz Homem <strong>de</strong> Carvalho - Quero crer que nesses aspectos sociais que eventualmente a Merce<strong>de</strong>s-Benz não esteja cumprin<strong>do</strong> e que são ou não cláusulas <strong>do</strong> contrato, é<br />

salutar que essa questão seja levantada para uma análise mais aprofundada por parte <strong>do</strong> Governo.<br />

O Sr. Heloísio Godinho - Gostaria <strong>de</strong> dirigir a minha pergunta ao Prof. João Luiz. No <strong>de</strong>bate <strong>de</strong> ontem à noite, foi dito algo sobre o momento que a humanida<strong>de</strong> está atravessan<strong>do</strong><br />

com a crise <strong>do</strong> capitalismo. E quem está pagan<strong>do</strong> por isso é, exatamente, a classe operária e os trabalha<strong>do</strong>res. No País, há uma parcela significativa <strong>de</strong> empresários associa<strong>do</strong>s ao<br />

capital financeiro internacional que querem implantar o banco <strong>de</strong> horas, ou seja, mais exploração <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r e mais lucro para os patrões.<br />

Acreditamos que para superar a crise <strong>do</strong> capitalismo temos <strong>de</strong> construir soluções. É o que o SMT está propon<strong>do</strong> - a construção <strong>do</strong> socialismo. Assim vamos superar a crise <strong>do</strong><br />

capitalismo.<br />

Por último, gostaríamos <strong>de</strong> perguntar como po<strong>de</strong>mos levar esse projeto <strong>de</strong> agroindústrias para as periferias - vilas e favelas em Belo Horizonte -, on<strong>de</strong> a nossa central também tem<br />

atuação.<br />

O Sr. Aírton Alves Rodrigues - Gostaria <strong>de</strong> fazer pergunta ao Prof. João Luiz, uma vez que falou muito em pobre. Não acredito que exista pobre. Existe é povo massacra<strong>do</strong> pelos<br />

políticos. O que existe é a falta <strong>de</strong> investimento na educação. Os políticos <strong>de</strong>veriam cumprir suas promessas quan<strong>do</strong> da campanha e que ter coragem <strong>de</strong> lutar pela Pátria, em combate<br />

à corrupção no Brasil, em <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong> povo brasileiro. Deveriam valorizar os professores, porque, se os políticos hoje têm estu<strong>do</strong>, é graças ao professor, hoje massacra<strong>do</strong>. Não se<br />

investe nos professores. Posso consi<strong>de</strong>rar-me um <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>, porque hoje não temos empregos no País e o <strong>de</strong>semprego está por toda a parte. Posso me consi<strong>de</strong>rar <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>,<br />

porque não tive condições <strong>de</strong> estudar. Tive condições <strong>de</strong> fazer apenas a 5ª série. Praticamente, estou <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>.<br />

O Sr. João Luiz Homem <strong>de</strong> Carvalho - Tem uma pergunta que a pessoa não enten<strong>de</strong>u direito. Disse o seguinte: cada vez mais, menos o funcionário público trabalha com pobre,<br />

porque o mo<strong>de</strong>lo econômico não o propicia. É isso. Tem que enten<strong>de</strong>r isso.<br />

A pessoa diz: o senhor disse que o funcionário público não trabalha com o pobre. Não é isso. Não é que o funcionário público não trabalhe com pobre, tanto é que o que fizemos em<br />

Brasília foi com o funcionário público trabalhan<strong>do</strong>. Como o funcionário público vai trabalhar com o pobre, se não existe um mo<strong>de</strong>lo econômico que prioriza essa camada da<br />

socieda<strong>de</strong>? É isso aí. E, se for atrás, verá que isso é verda<strong>de</strong>.<br />

A questão da agroindústria na periferia: a agroindústria, só o nome já diz, faz uma verticalização <strong>do</strong> mínimo da produção que tem. Tem que ter produção, para verticalizar. Na<br />

periferia, se se tem essa produção, po<strong>de</strong>-se instalar agroindústria. Na periferia <strong>de</strong> Brasília, instalamos agroindústria, mas a pessoa tinha produção <strong>de</strong> cenoura, alface, etc. E nós, que<br />

gostamos muito <strong>de</strong> couve, um maço <strong>de</strong> couve acresce no seu preço três vezes mais somente ao ser pica<strong>do</strong>. Então, se, na periferia, existe produção, seja <strong>de</strong> ovo <strong>de</strong> co<strong>do</strong>rna, seja <strong>de</strong> ovo<br />

<strong>de</strong> galinha, seja <strong>de</strong> hortaliça, po<strong>de</strong>-se fazer a agroindústria, e é muito rentável, porque tem um merca<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r quase à porta. Agrega-se valor e ven<strong>de</strong>-se. Se não tiver produção,<br />

não po<strong>de</strong> ser agroindústria. Po<strong>de</strong> ser indústria, mas não agroindústria, não é verticalizar a produção.<br />

Sobre a pergunta <strong>do</strong> companheiro que falou sobre o pobre, o Aírton, é uma colocação sobre a qual po<strong>de</strong>mos fazer uma reflexão. E, minimamente, diríamos que, quan<strong>do</strong> iniciamos<br />

uma ativida<strong>de</strong> no Brasil, tem que ser produtiva e distributiva ao mesmo tempo. Não se po<strong>de</strong> admitir mais uma ativida<strong>de</strong>, empresarial ou não, que produza para dividir. Isso não<br />

existe. O que se tem prova<strong>do</strong> é que essa produção está se concentran<strong>do</strong> cada vez mais, e a pobreza está aumentan<strong>do</strong> cada vez mais. Tem-se que produzir e, ao mesmo tempo,<br />

distribuir.<br />

A pobreza, no Brasil, em primeira mão, temos que resolver com as necessida<strong>de</strong>s básicas. Não é só com a distribuição <strong>de</strong> dinheiro, até porque não existe dinheiro para distribuir para<br />

to<strong>do</strong>s. Se tirarmos <strong>10</strong>% da poupança <strong>do</strong> Brasil e a dividirmos pela população, sabem quanto vai dar para cada um? R$300,00, o que não é nada. Então, o que se tem a fazer é não<br />

abrir mão das necessida<strong>de</strong>s mínimas, que tiram a pessoa da pobreza. Educação, moradia com en<strong>de</strong>reço limpo - o que consi<strong>de</strong>ro en<strong>de</strong>reço limpo é saneamento básico e transporte - e<br />

emprego.<br />

Evi<strong>de</strong>ntemente, acho que esta coisa vem junto. Se se contratarem 500 mil professores hoje e se <strong>de</strong>rem <strong>10</strong> milhões <strong>de</strong> bolsa-escola, no Brasil; se se fizerem <strong>10</strong>0 mil agroindústrias e<br />

mais alguma coisa que eu esqueci, sabem quanto é que se vai gastar da arrecadação? Doze por cento. Com essa distribuição, acaba-se com a pobreza antes <strong>de</strong> querer essa balela <strong>de</strong><br />

falar que temos <strong>de</strong> distribuir renda. Não se vai distribuir nunca. Primeiro, porque não se tem para distribuir para to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, mas há condição <strong>de</strong> se dar escola para to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>.<br />

É só contratar 500 mil professores. Sabem quanto representa a contratação <strong>de</strong> 500 mil professores mais o aumento salarial <strong>de</strong> tantos outros aí? Eu fiz o cálculo outro dia e é 3,2% da<br />

arrecadação. Isso não é absolutamente nada.<br />

Existe uma proposta que o ex-Governa<strong>do</strong>r Christóvan Buarque levou ao Sena<strong>do</strong>, que é a seguinte: R$36.000.000.000,00, no Brasil, acabariam com a pobreza, o que não é nada para<br />

o País. Acho que dá 12% ou 13% da arrecadação. Temos <strong>de</strong> discutir essa questão da pobreza não nos mol<strong>de</strong>s convencionais, que se tem <strong>de</strong> distribuir renda, pois não se vai distribuir<br />

renda nenhuma, para to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> ter carro. Temos <strong>de</strong> lutar primeiro pelas necessida<strong>de</strong>s básicas <strong>de</strong> cada um. E, quanto a isso, não temos <strong>de</strong> abrir mão. Não temos <strong>de</strong> abrir mão nem<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar para <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> amanhã o comer, o ter educação, o ter um lugar para morar. Essas coisas, sim, são viáveis, está claro que é viável tirar a pobreza <strong>do</strong> Brasil com gasto <strong>de</strong> 12%<br />

ou 13% da arrecadação que temos.<br />

A Sra. Patrícia Alvarenga - Como já foi fala<strong>do</strong>, a educação é o primor para se conseguir trabalhar o <strong>de</strong>semprego, o trabalho e a geração <strong>de</strong> renda. Existem algumas coisas que<br />

<strong>de</strong>vemos pontuar antes: primeiro, <strong>de</strong>semprego e direito ao trabalho. Hoje, algumas pessoas confun<strong>de</strong>m a parte <strong>de</strong> emprego e trabalho, como se o Governo e, até mesmo, os


empresários tivessem a obrigação <strong>de</strong> estar dan<strong>do</strong> emprego. Acho que eles têm a obrigação <strong>de</strong> dar trabalho. Trabalhos e ofertas, nós temos. Falo isso pela vivência que tenho no<br />

SENAC.<br />

Em termos <strong>de</strong> estar buscan<strong>do</strong> uma CLT mais flexível, que possa ajudar nesse aumento <strong>de</strong> postos <strong>de</strong> trabalho, realmente temos essa necessida<strong>de</strong>. Gostaria <strong>de</strong> saber se, em relação à<br />

CLT, existe, hoje, algum<br />

trabalho sen<strong>do</strong> feito para a sua modificação e, mesmo, como está a posição da área que trabalha por projetos, hoje, no Congresso Nacional. Obrigada.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Eu agrego a segunda pergunta <strong>de</strong> Amarílton José <strong>do</strong>s Santos: "Já existem motivos suficientes para reivindicarmos a redução da carga horária. O que falta para<br />

entrar com o projeto e fazer uma gran<strong>de</strong> mobilização em torno <strong>de</strong>sse assunto, Sena<strong>do</strong>r?"<br />

O Sena<strong>do</strong>r José Alencar Gomes da Silva - As perguntas são <strong>de</strong> Amarílton e Patrícia Alvarenga. Os assuntos, ainda que um pouco diferentes, estão liga<strong>do</strong>s a um mesmo problema. A<br />

Patrícia <strong>de</strong>seja saber se há alguma coisa no Congresso Nacional a respeito <strong>de</strong> qualquer mudança na Consolidação das Leis <strong>do</strong> Trabalho. O Amarílton quer também que se fale alguma<br />

coisa a respeito da redução da jornada <strong>de</strong> trabalho. A Patrícia disse que não acredita que o Esta<strong>do</strong> ou as empresas possam oferecer emprego. Nós fazemos confusão entre emprego e<br />

trabalho e também sobre o problema <strong>do</strong> emprego, quer dizer, a preparação das pessoas para o trabalho. Tu<strong>do</strong> isso é váli<strong>do</strong>.<br />

O gran<strong>de</strong> problema, Patrícia, resi<strong>de</strong> na recessão. Se estivéssemos crescen<strong>do</strong>, se a economia brasileira estivesse crescen<strong>do</strong> e investin<strong>do</strong>, não estaríamos discutin<strong>do</strong> o problema <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>semprego.<br />

Há poucos dias, estava observan<strong>do</strong> com um amigo, em Brasília, o Ministério da Indústria, Comércio e Emprego. Achei estranho, porque é uma <strong>de</strong>magogia muito gran<strong>de</strong> falar isso. O<br />

que precisamos é <strong>de</strong> trabalhar, <strong>de</strong> crescer, <strong>de</strong> produzir, <strong>de</strong> aproveitar as potencialida<strong>de</strong>s brasileiras e <strong>de</strong> transformar recursos naturais em riqueza para o povo brasileiro. E a única<br />

forma <strong>de</strong> fazer isso é através <strong>do</strong> trabalho, <strong>do</strong> crescimento e <strong>do</strong>s investimentos em educação para preparar o homem para a vida, seja para o setor primário, seja para o secundário, seja<br />

para o terciário. Prepara<strong>do</strong>, o homem tem condições <strong>de</strong> crescer. E o que precisamos é fazer crescer as pessoas. O objetivo não é a economia. A economia é meio. O objetivo é sempre<br />

o homem.<br />

Repito o que já disse, para aten<strong>de</strong>r à pergunta <strong>do</strong> Amarílton. A redução da jornada <strong>de</strong> trabalho advirá, ten<strong>do</strong> em vista o fenômeno que vem acontecen<strong>do</strong> no mun<strong>do</strong>, com o advento da<br />

tecnologia. Estamos viven<strong>do</strong> a era da eletrônica, da informática e da robótica. On<strong>de</strong> entra a eletrônica, diminuem as oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emprego, porque a eletrônica substitui o<br />

homem. Então, precisamos reduzir a jornada <strong>de</strong> trabalho. Só que isso não po<strong>de</strong> ser feito isoladamente, por um único país, seja ele qual for, ten<strong>do</strong> em vista a competição internacional.<br />

Daí a razão <strong>de</strong> buscarmos uma solução, através da Organização Internacional <strong>do</strong> Trabalho - OIT -, a qual crie dispositivos legais que coloquem o mun<strong>do</strong> inteiro trabalhan<strong>do</strong> num<br />

novo e necessário regime <strong>de</strong> jornada <strong>de</strong> trabalho. Da mesma forma que, no passa<strong>do</strong>, nos escandalizamos com a semana inglesa, que eliminou o trabalho aos sába<strong>do</strong>s, po<strong>de</strong> ser que<br />

algumas pessoas se escandalizem quan<strong>do</strong> se fala em redução da jornada <strong>de</strong> trabalho, o que é uma realida<strong>de</strong>. Teremos que fazer isso, porque o <strong>de</strong>semprego é crescente. No Brasil, há<br />

uma razão especial, a recessão, que está geran<strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego. E as taxas <strong>de</strong> juros estão geran<strong>do</strong> recessão. Temos <strong>de</strong> acabar com essas taxas <strong>de</strong> juros, tratar o merca<strong>do</strong> em nível <strong>de</strong><br />

padrão internacional, para que possamos gerar oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho para as pessoas. Teremos <strong>de</strong> discutir, no Congresso Nacional, a redução da jornada <strong>de</strong> trabalho, induzin<strong>do</strong> a<br />

OIT a fazer um conclave internacional a respeito <strong>do</strong> assunto, para que atendamos aos objetivos <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os países <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> que estão às voltas com problemas pareci<strong>do</strong>s com os<br />

nossos.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Sinto-me satisfeito por ter si<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s autores que propuseram este seminário. Quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>batemos em Uberlândia, havia 33 entida<strong>de</strong>s discutin<strong>do</strong> a questão. Na<br />

discussão <strong>de</strong> hoje, contamos com 92 entida<strong>de</strong>s. Acredito que o <strong>de</strong>bate <strong>de</strong>ssa manhã tenha si<strong>do</strong> bastante enriquece<strong>do</strong>r, geran<strong>do</strong> algumas perspectivas. Sabemos que não se resolve<br />

problema com mágica; há que se buscar alternativas. E, <strong>do</strong> <strong>de</strong>bate, sempre surgirão idéias. Acredito que as propostas concretas, sobre o financiamento <strong>de</strong> microempresários e sobre a<br />

agroindústria familiar, <strong>do</strong> PROVE, certamente, vão nessa direção.<br />

Continuaremos o <strong>de</strong>bate amanhã e <strong>de</strong>pois, com outro seminário.<br />

Somos o parlamento. Parlamento não tem que executar as coisas. Tem que discutir, fazer leis, votar e fiscalizar. Não dá para cobrar <strong>do</strong> parlamento ações que têm que ser <strong>do</strong><br />

Executivo. Deve-se cobrar <strong>do</strong> parlamento ações políticas, e o <strong>de</strong>bate é exatamente essa oportunida<strong>de</strong> que a socieda<strong>de</strong> tem, pelo próprio po<strong>de</strong>r que representa, <strong>de</strong>, promoven<strong>do</strong> esse<br />

<strong>de</strong>bate, tentar encontrar alternativas, para que, através da pressão política da própria socieda<strong>de</strong>, cheguemos às soluções. Acredito que avançamos bastante, mais uma vez. Hoje<br />

teremos, ainda, a parte da tar<strong>de</strong>, quan<strong>do</strong> haverá discussões. Estão aqui representantes <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> inteiro, colhi<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s <strong>de</strong>z <strong>de</strong>bates regionais. Acredito que a socieda<strong>de</strong> brasileira ou<br />

mineira está aqui representada. Acreditamos que, com essa parte <strong>do</strong> <strong>de</strong>bate da tar<strong>de</strong>, e, amanhã, com essas conclusões, com os encaminhamentos que serão da<strong>do</strong>s, certamente<br />

estaremos dan<strong>do</strong> um gran<strong>de</strong> passo, para, pelo menos, minimizar esse problema, que não é só <strong>de</strong> Minas, não é só <strong>do</strong> Brasil, é <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> inteiro, só que cada país se prepara melhor ou<br />

pior para essa situação. No caso <strong>do</strong> Brasil, há Esta<strong>do</strong>s que se prepararam pouco ou quase nada.<br />

Então, a Presidência quer agra<strong>de</strong>cer ao Dr. Paulo Roberto <strong>de</strong> Araújo, representan<strong>do</strong> o Secretário Manoel Costa; ao Sena<strong>do</strong>r José <strong>de</strong> Alencar, que está sempre presente nesta Casa,<br />

participan<strong>do</strong> <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>bate como representante <strong>de</strong> Minas Gerais no Sena<strong>do</strong> Fe<strong>de</strong>ral; ao Dr. João Luiz Homem <strong>de</strong> Carvalho, que enriqueceu bastante o <strong>de</strong>bate, com a sua maneira bem<br />

simples, mas objetiva e sincera, <strong>de</strong> apresentar seus problemas. Registramos a presença junto a nós <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Cristiano Canê<strong>do</strong>, que nos acompanhou. Já agra<strong>de</strong>cemos também,<br />

pessoalmente, ao Pedro Duncan, <strong>do</strong> BNDES.<br />

A Sra. Joana Conceição da Costa Paranhos - Sena<strong>do</strong>r, o que po<strong>de</strong> ser feito pelo direito ao emprego, porque, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a escravidão abolida e assinada com lápis, não tivemos o direito ao<br />

mínimo, que é o trabalho. Que tal uma in<strong>de</strong>nização pelo que os nossos antepassa<strong>do</strong>s sofreram, que perdura até hoje, pela humilhação, pela inquisição e pelo trabalho força<strong>do</strong>? O que<br />

po<strong>de</strong> ser feito pelo Sena<strong>do</strong> Fe<strong>de</strong>ral?<br />

O Sena<strong>do</strong>r José Alencar Gomes da Silva - Vou tentar respon<strong>de</strong>r à senhora, com o maior prazer. Veja a senhora que, nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da América, quan<strong>do</strong> era Presi<strong>de</strong>nte da<br />

República, Abraão Lincoln lutou pela abolição da escravatura. Num <strong>do</strong>s seus discursos, pronunciou uma metáfora muito importante, e a senhora, na sua pergunta, me fez <strong>de</strong>la<br />

lembrar. Diz ele que Deus, na sua infinita bonda<strong>de</strong> e po<strong>de</strong>r, quan<strong>do</strong> criou o homem, <strong>de</strong>u-lhe <strong>do</strong>is braços para trabalhar e uma boca para comer. Se Deus, nessa sua infinita sabe<strong>do</strong>ria,<br />

bonda<strong>de</strong> e po<strong>de</strong>r, quisesse que o homem só trabalhasse, não lhe teria da<strong>do</strong> boca para comer, lhe teria da<strong>do</strong> apenas braços para trabalhar.<br />

Se Deus, também na sua infinita sabe<strong>do</strong>ria e bonda<strong>de</strong>, quisesse que o homem apenas comesse e não trabalhasse, não lhe teria da<strong>do</strong> braços para trabalhar. Ter-lhe-ia da<strong>do</strong> apenas boca<br />

para comer.<br />

Então, minha senhora, no Brasil estamos to<strong>do</strong>s sensibiliza<strong>do</strong>s com o que está ocorren<strong>do</strong>. Parece que a escravatura não foi ainda abolida no Brasil, e essa escravatura hoje se revela na<br />

transferência <strong>de</strong> renda <strong>do</strong> trabalho para os banqueiros internacionais. É contra isso que temos <strong>de</strong> nos rebelar, porque, enquanto não nos voltarmos para a produção e para prestigiar as<br />

pessoas que trabalham, não teremos condições <strong>de</strong> sair da situação que estamos viven<strong>do</strong>.<br />

Nem adianta dizer que é preciso parar <strong>de</strong> pagar esse salário <strong>de</strong> fome. Por quê? Porque, se achamos que vamos ser competitivos, pagan<strong>do</strong> esse salário <strong>de</strong> fome, temos <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nar as<br />

economias que pagam salários <strong>10</strong> ou 20 vezes maiores que o nosso e que são mais competitivas que a nossa.<br />

É por isso que, já a esta altura da minha vida, ingressei na política. Minha vida é empresarial. Não pu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar a empresa, porque tenho responsabilida<strong>de</strong> para com as pessoas que<br />

trabalham comigo, umas há 30, outras há 40 anos. Nunca <strong>de</strong>sempreguei ninguém e, para ter empresas mo<strong>de</strong>rnas e competitivas, fui obriga<strong>do</strong> a crescer, fazen<strong>do</strong> investimento com<br />

sacrifício, para não <strong>de</strong>sempregar, mas, ao contrário, para empregar cada vez mais pessoas.<br />

Tenho o meu exemplo. Saí <strong>de</strong> casa aos 14 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, não para estudar, como <strong>de</strong>veria ter si<strong>do</strong>, mas para trabalhar, porque meus pais eram pobres, e eu era o 11º filho <strong>de</strong> uma<br />

família <strong>de</strong> 15.<br />

Morei no corre<strong>do</strong>r <strong>de</strong> uma pensão para equilibrar meu orçamento, porque não podia pagar o quarto.


Acredito no trabalho e sempre, na minha vida pública, prestigiarei o trabalho sobre tu<strong>do</strong> o que mais possa existir. O trabalho é que constrói. O trabalho nasceu antes <strong>do</strong> capital. Para<br />

mim também. O capital que tenho hoje para investir nas minhas empresas nasceu <strong>do</strong> meu trabalho, graças a Deus, honesto e <strong>de</strong>dica<strong>do</strong>.<br />

Isso foi o que vi na face da senhora que fez essa pergunta, com a mesma indignação que tomou conta <strong>do</strong>s brasileiros que se prezam. To<strong>do</strong>s estamos indigna<strong>do</strong>s com a entrega <strong>de</strong><br />

nosso País ao estrangeiro; to<strong>do</strong>s estamos indigna<strong>do</strong>s com o <strong>de</strong>sprestígio <strong>do</strong> brasileiro diante das gran<strong>de</strong>s empresas multinacionais.<br />

Alguém perguntou aqui o que foi feito para a instalação da Merce<strong>de</strong>s-Benz. Precisamos saber o que foi feito com o recurso <strong>do</strong> povo. O Governo não administra recurso seu;<br />

administra recurso <strong>do</strong> povo e precisa prestar conta.<br />

Encerramento<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Cumpri<strong>do</strong> o objetivo da convocação, A Presidência agra<strong>de</strong>ce a presença <strong>do</strong>s expositores e <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais participantes e encerra a reunião, convocan<strong>do</strong> os Deputa<strong>do</strong>s<br />

para a reunião ordinária <strong>de</strong> logo mais, às 14 horas, com a or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> dia já publicada, e para a reunião extraordinária, também <strong>de</strong> hoje, às 20 horas, nos termos <strong>do</strong> edital <strong>de</strong><br />

convocação. Levanta-se a reunião.<br />

ATA DA 32ª REUNIÃO ESPECIAL, EM 29/9/99<br />

Presidência <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s Durval Ângelo e Cristiano Canê<strong>do</strong><br />

Sumário: Comparecimento - Abertura - Ata - Composição da Mesa - Destinação da reunião - Palavras <strong>do</strong> Sr. Osmani Teixeira <strong>de</strong> Abreu - Palavras <strong>do</strong> Sr. João Pedro Stédile -<br />

Palavras <strong>do</strong> Sr. Eduar<strong>do</strong> Silveira <strong>de</strong> Noronha Filho - Esclarecimentos sobre os <strong>de</strong>bates - Debates - Encerramento.<br />

- Comparecem os Deputa<strong>do</strong>s:<br />

Comparecimento<br />

Durval Ângelo - Dilzon Melo - A<strong>de</strong>lmo Carneiro Leão - Agostinho Patrús - Agostinho Silveira - Aílton Vilela - Alberto Bejani - Álvaro Antônio - Ambrósio Pinto - Amilcar Martins<br />

- Antônio Andra<strong>de</strong> - Antônio Carlos Andrada - Antônio Genaro - Antônio Júlio - Arlen Santiago - Bené Gue<strong>de</strong>s - Bilac Pinto - Cabo Morais - Carlos Pimenta - Chico Rafael -<br />

Cristiano Canê<strong>do</strong> - Dimas Rodrigues - Dinis Pinheiro - Djalma Diniz - Doutor Viana - Eduar<strong>do</strong> Daladier - Elmo Braz - Ermano Batista - Fábio Avelar - Hely Tarqüínio - Ivo José -<br />

João Batista <strong>de</strong> Oliveira - João Leite - João Pinto Ribeiro - Jorge Eduar<strong>do</strong> <strong>de</strong> Oliveira - José Henrique - Luiz Fernan<strong>do</strong> Faria - Luiz Menezes - Marcelo Gonçalves - Márcio Kangussu<br />

- Marco Régis - Maria José Haueisen - Maria Tereza Lara - Mauri Torres - Miguel Martini - Paulo Piau - Rêmolo Aloise - Rogério Correia - Sebastião Costa - Wan<strong>de</strong>rley Ávila.<br />

Abertura<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte (Deputa<strong>do</strong> Durval Ângelo) - Às 9h6min, <strong>de</strong>claro aberta a reunião. Sob a proteção <strong>de</strong> Deus e em nome <strong>do</strong> povo mineiro, iniciamos os nossos trabalhos. Com a<br />

palavra, o Sr. 2º-Secretário, para proce<strong>de</strong>r à leitura da ata da reunião anterior.<br />

- O Deputa<strong>do</strong> Alberto Bejani, 2º-Secretário "ad hoc", proce<strong>de</strong> à leitura da ata da reunião anterior, que é aprovada sem restrições.<br />

Ata<br />

Composição da Mesa<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - A Presidência convida a tomar assento à mesa os Exmos. Srs. Osmani Teixeira <strong>de</strong> Abreu, Vice-Presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração das Indústrias <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais -<br />

FIEMG -; João Pedro Stédile, membro da Coor<strong>de</strong>nação Nacional <strong>do</strong> Movimento <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res Rurais Sem Terra - MST -; Eduar<strong>do</strong> Silveira <strong>de</strong> Noronha Filho, Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong><br />

Conselho Deliberativo <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Apoio às Pequenas e Microempresas <strong>de</strong> Minas Gerais - SEBRAE-MG.<br />

Destinação da Reunião<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Destina-se esta reunião ao prosseguimento <strong>do</strong> Seminário <strong>Legislativo</strong> Desemprego e Direito ao Trabalho, com o tema Experiências não Governamentais na Geração<br />

<strong>de</strong> Emprego e Renda.<br />

Palavras <strong>do</strong> Sr. Osmani Teixeira <strong>de</strong> Abreu<br />

Bom-dia a to<strong>do</strong>s. Sr. Presi<strong>de</strong>nte, agra<strong>de</strong>ço, em nome da Fe<strong>de</strong>ração das Indústrias, o convite para participar <strong>de</strong>ste seminário, que, sabemos, trata <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s temas mais importantes<br />

para os brasileiros, em particular, que é o tema <strong>do</strong> emprego e <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego. Antes <strong>de</strong> dizer o que a Fe<strong>de</strong>ração das Indústrias tem feito, quero fazer algumas consi<strong>de</strong>rações a respeito<br />

<strong>do</strong> tema.<br />

Ao invés <strong>de</strong> estimular, o sistema brasileiro procura impedir a criação <strong>de</strong> empregos, por meio <strong>de</strong> diversas medidas isoladas. Aparentemente, cada uma <strong>de</strong>ssas medidas não tem<br />

implicação, mas, no seu conjunto, acabam levan<strong>do</strong> a um crescimento muito gran<strong>de</strong> da informalida<strong>de</strong>.<br />

A maior <strong>de</strong>smotivação são os custos para criar, manter, administrar a empresa, admitir, gerenciar e <strong>de</strong>mitir emprega<strong>do</strong>s. Há também os custos compulsórios, e, quan<strong>do</strong> falamos <strong>de</strong><br />

custos compulsórios, estamos nos referin<strong>do</strong> àquilo que não se po<strong>de</strong> negociar nem com o sindicato nem com ninguém. Para um salário <strong>de</strong> <strong>10</strong>0, o trabalha<strong>do</strong>r recebe 80 ou menos, mas<br />

a empresa paga aproximadamente 220.<br />

O Executivo tem po<strong>de</strong>res para editar medidas provisórias, que se transformam em lei ou não, ou às vezes são perenes. Gostamos <strong>de</strong> citar que a medida provisória <strong>de</strong> participação nos<br />

resulta<strong>do</strong>s foi editada quan<strong>do</strong> era Presi<strong>de</strong>nte o Governa<strong>do</strong>r Itamar Franco. Ela até hoje não se transformou em lei, mas tem efeitos <strong>de</strong> lei, porque é reeditada continuamente. Esse tipo<br />

<strong>de</strong> medida também tem estimula<strong>do</strong> a economia informal.<br />

Queria lembrar que, antes, o INSS era recolhi<strong>do</strong> até o dia 30 <strong>do</strong> mês seguinte; as empresas recolhiam 20% da folha <strong>de</strong> pagamento, mas havia o limite <strong>de</strong> <strong>10</strong> salários mínimos; os<br />

emprega<strong>do</strong>s só pagavam 8%. O que ocorre hoje? O pagamento foi praticamente antecipa<strong>do</strong> em 30 dias; o percentual inci<strong>de</strong> sobre o total da folha <strong>de</strong> pagamento, sobre tu<strong>do</strong> aquilo<br />

que se paga ao emprega<strong>do</strong>, autônomo e diretores, e o <strong>de</strong>sconto <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res varia <strong>de</strong> 9% a 11%.<br />

Seguro <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong> trabalho - essa é uma das gran<strong>de</strong>s distorções que temos no Brasil. Primeiro, pagava-se entre 1% e 3%, segun<strong>do</strong> o grau <strong>de</strong> risco da empresa. A legislação foi<br />

modificada. Hoje, equiparou-se por cima, ou seja, a empresa po<strong>de</strong> ter 90% <strong>de</strong> grau <strong>de</strong> risco 1, mas se tiver 1% com grau <strong>de</strong> risco 3, ela vai pagar 3%. O mais grave é que se paga esse<br />

percentual in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> se fazer ou não prevenção <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes, quer dizer, é uma legislação que não estimula ninguém a fazer prevenção. O Brasil ainda mantém uma<br />

legislação <strong>de</strong> penalizar e não <strong>de</strong> prevenir.


Com o fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> garantia é a mesma coisa, pagava-se 30 dias <strong>de</strong>pois. Hoje foi antecipa<strong>do</strong> para até o <strong>10</strong>º dia. Quan<strong>do</strong> se <strong>de</strong>mitia um trabalha<strong>do</strong>r, pagava-se a multa diretamente a ele.<br />

Agora, ela tem <strong>de</strong> ser recolhida para o Governo, ou seja, mais custos financeiros para a empresa.<br />

Agora entramos num tema que as empresas <strong>de</strong>batem muito, principalmente com os trabalha<strong>do</strong>res: as interpretações que a justiça dá a respeito <strong>do</strong> turno ininterrupto <strong>de</strong> revezamento.<br />

Po<strong>de</strong> parecer que é muito bom, que o trabalha<strong>do</strong>r trabalha menos, mas <strong>de</strong>vemos analisar os efeitos disso. Qualquer empresa que queira manter três turnos <strong>de</strong> trabalho em<br />

revezamento vai pagar, por 5 horas <strong>de</strong> trabalho, o equivalente a 9h20min, ou seja, trabalhar em três turnos custa 84% mais caro, sem consi<strong>de</strong>rar os encargos sociais. Se<br />

consi<strong>de</strong>rarmos esses encargos, custaria 186% mais caro.<br />

Outro ponto são as normas regulamenta<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> Trabalho, que, a par <strong>de</strong> sua utilida<strong>de</strong>, transferem para as empresas serviços que, por <strong>de</strong>terminação legal, <strong>de</strong>veriam ser<br />

realiza<strong>do</strong>s pelos órgãos governamentais. E serviços para qualquer tipo <strong>de</strong> empresa, pequena, média ou gran<strong>de</strong>. Na prática, contrata-se on<strong>de</strong> as regras são flexíveis, ou seja, no<br />

merca<strong>do</strong> informal.<br />

É evi<strong>de</strong>nte também que qualquer taxação sobre as empresas reduz os recursos disponíveis. Os recursos para melhoria <strong>do</strong> padrão <strong>de</strong> vida só po<strong>de</strong>m ser cria<strong>do</strong>s com o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

econômico. É por isso que hoje as pesquisas indicam que 55% da folha <strong>de</strong> trabalho está na economia informal. O que se chama <strong>de</strong> economia informal eu chamo <strong>de</strong> ilegalida<strong>de</strong>, ou<br />

seja, trabalha<strong>do</strong>res que não têm qualquer proteção, nem <strong>de</strong> INSS, nem <strong>de</strong> lei trabalhista, nem <strong>de</strong> nada.<br />

É evi<strong>de</strong>nte que as causas recentes <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego são: maior população economicamente ativa - hoje temos muito mais mulheres e jovens no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho; com isso os<br />

índices <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego aumentam; novas tecnologias e exigências <strong>de</strong> maiores habilida<strong>de</strong>s e conhecimentos. O trabalha<strong>do</strong>r sem conhecimento, dadas as novas tecnologias, tem<br />

dificulda<strong>de</strong>s para arranjar postos <strong>de</strong> trabalho. Abertura da economia e da concorrência internacional: Nós não concorremos mais apenas com o nosso vizinho, mas com o mun<strong>do</strong><br />

inteiro. Custo <strong>do</strong> trabalho, conforme já dissemos, e excessiva regulamentação. Encargos compulsórios sobre a folha, que constituem <strong>10</strong>2,06% - e isso é aquilo que não se po<strong>de</strong><br />

renegociar. Outro ponto importante é que, como o Governo não dá os serviços essenciais <strong>de</strong> assistência médica, transporte, alimentação, educação, as empresas vêem-se forçadas a<br />

suprir essa falta para conseguir funcionar. Isso traz um custo adicional <strong>de</strong> mais ou menos 60%, além daqueles <strong>10</strong>2% sobre os quais já havíamos fala<strong>do</strong>. Custo Brasil: estradas, postos,<br />

obras públicas, juros, falta <strong>de</strong> financiamento, falta <strong>de</strong> investimento no setor público, tu<strong>do</strong> isso atrapalha a criação <strong>de</strong> empresas. O problema da escolarida<strong>de</strong>: é um <strong>do</strong>s problemas mais<br />

sérios que temos. Enquanto na Coréia temos <strong>10</strong> anos <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>, nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, 12 e no Japão, 11, no Brasil temos, em média, três anos e meio <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>. E, o que é<br />

pior, em geral, <strong>de</strong> péssima escolarida<strong>de</strong>.<br />

Isso é uma pesquisa recente <strong>do</strong> DIEESE, que foi publicada, sobre o perfil das pessoas que estão trabalhan<strong>do</strong> na Região Metropolitana <strong>de</strong> Belo Horizonte. Segun<strong>do</strong> uma pesquisa<br />

realizada com 1.568.000 pessoas, feita pela Fundação João Pinheiro, DIEESE e SINE, teríamos 2% <strong>de</strong> analfabetos, 41,4% com o 1º grau incompleto, 20,3% com o 1º grau completo,<br />

24% com 2º grau completo e 3º incompleto; 11,4% com terceiro grau completo. Ou seja, os analfabetos praticamente não conseguem mais postos <strong>de</strong> trabalho nas gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s.<br />

Outro ponto importante sobre o qual falamos é sobre o problema <strong>do</strong> meio ambiente. Esse é um assunto fundamental, mas não po<strong>de</strong>mos nos esquecer que, em 1970, gastavam-se<br />

US$<strong>10</strong>.000,00 para gerar um emprego; em 1980, US$15.000,00; segun<strong>do</strong> estimativas <strong>de</strong> hoje, cada emprego custa um investimento <strong>de</strong> US$30.000,00 no meio ambiente.<br />

O Prof. José Pastore, que já <strong>de</strong>ve ter si<strong>do</strong> palestrista aqui, mas não sei se ele tocou nesse ponto, classifica quatro tipos <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego: sazonal, cíclico conjuntural - porque a<br />

produção <strong>de</strong> bens e serviços é <strong>de</strong>terminada pelos consumi<strong>do</strong>res. Mas enten<strong>de</strong>mos que esse <strong>de</strong>semprego conjuntural po<strong>de</strong> ser resolvi<strong>do</strong> diretamente por meio <strong>de</strong> negociação entre os<br />

emprega<strong>do</strong>res e o sindicato <strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>s, por meio <strong>de</strong> contrato por tempo <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>, banco <strong>de</strong> horas, sem redução <strong>de</strong> salários e lei "off", que é aquela diminuição <strong>do</strong>s encargos<br />

durante um certo perío<strong>do</strong>. Sabemos que existe restrição por parte das li<strong>de</strong>ranças sindicais, que enfocam o assunto <strong>de</strong> outro ponto <strong>de</strong> vista. Temos <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r que esse contrato<br />

temporário, o banco <strong>de</strong> horas e o lei "off" são algo para substituir o <strong>de</strong>semprego, e não para colocar alguém no <strong>de</strong>semprego, ou seja, ao invés <strong>de</strong> se <strong>de</strong>mitir, tomam-se essas medidas e<br />

o emprega<strong>do</strong> mantém o emprego e mantém sua renda principalmente.<br />

Esse é o chama<strong>do</strong> "<strong>de</strong>semprego friccional", que é aquele <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>. É evi<strong>de</strong>nte que o problema só po<strong>de</strong>rá ser resolvi<strong>do</strong> com formação e qualificação<br />

profissional <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r.<br />

Esse é o <strong>de</strong>semprego chama<strong>do</strong> <strong>de</strong> conjuntural. Ele exige soluções <strong>de</strong> longo prazo e voltadas para o setor atingi<strong>do</strong>. Espera-se que ele possa ser resolvi<strong>do</strong> com investimento em infraestrutura<br />

- estradas, energia e irrigação -, redução <strong>de</strong> custos, produtivida<strong>de</strong>, formação - sobre esse assunto falamos que não basta a<strong>de</strong>strar, como foi feito há muitos anos atrás, mas<br />

dar educação completa -, qualificação e requalificação, <strong>de</strong>sregulamentação por via da negociação, solução racional <strong>do</strong>s conflitos. Sabemos que conflitos aumentam custos e <strong>de</strong>vem<br />

ser soluciona<strong>do</strong>s racionalmente.<br />

Outro ponto importante é que, embora a formação seja importante, temos e teremos, durante muito tempo, a mão-<strong>de</strong>-obra não qualificada. Por isso, é necessário estudar a diminuição<br />

<strong>de</strong> encargos para esse tipo <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res, bem como para aqueles com mais <strong>de</strong> 50 anos, ou com menos <strong>de</strong> 25 anos. Não temos dúvida nenhuma <strong>de</strong> que alguém que per<strong>de</strong> o seu<br />

emprego, e não diria nem com 50 anos, mas com 45 anos, terá uma dificulda<strong>de</strong> imensa <strong>de</strong> conseguir outro. Muito mais até que o jovem <strong>de</strong> 22 ou 23 anos.<br />

Vamos falar aqui, rapidamente, sobre as principais ações da FIEMG. Primeiro, temos o SENAI e o SESC, que to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> conhece e que, há muito tempo, oferecem formação<br />

profissional. A diferença é que o SENAI se tem modifica<strong>do</strong>, e rapidamente, para aten<strong>de</strong>r à verda<strong>de</strong>ira revolução tecnológica industrial. Aqueles cursos que se faziam, 20 ou 30 anos<br />

atrás, já não servem para mais nada. E o SENAI e o SESI se adaptaram a isso. Só neste ano, <strong>de</strong>vemos formar, aproximadamente, 360 mil alunos em Minas Gerais.<br />

As modalida<strong>de</strong>s principais <strong>de</strong> cursos que o SENAI e o SESI têm são: educação infantil, ensino fundamental, aprendizagem industrial, cursos técnicos, qualificação profissional,<br />

aperfeiçoamento, supletivo, Telecurso 2000, educação a distância.<br />

Outra coisa criada pelo sistema FIEMG é o que chamamos <strong>de</strong> Núcleo <strong>de</strong> Oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Trabalho - NOT - que cuida da recolocação <strong>de</strong> industriais no merca<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho, <strong>do</strong><br />

encaminhamento <strong>do</strong>s alunos <strong>do</strong> SENAI para o merca<strong>do</strong>, <strong>do</strong> encaminhamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s a cursos <strong>de</strong> qualificação, <strong>de</strong> palestras sobre merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho, procedimentos para<br />

preparação <strong>de</strong> currículos, ocupação <strong>de</strong> vagas disponíveis em diversos setores, prestan<strong>do</strong> um atendimento psicológico e social ao trabalha<strong>do</strong>r e à sua família.<br />

O primeiro NOT foi cria<strong>do</strong> pela FIEMG em outubro <strong>de</strong> 1995. Hoje está instala<strong>do</strong> em Uberlândia, Ibirité, Pedro Leopol<strong>do</strong> e Juiz <strong>de</strong> Fora e, recentemente, no dia 23 <strong>de</strong>ste, foi<br />

inaugura<strong>do</strong> o NOT <strong>de</strong> Belo Horizonte, que está equipa<strong>do</strong> para atendimento aos <strong>de</strong>ficientes físicos.<br />

Projeto CIP - Centro <strong>de</strong> informações Profissionais. Estamos tentan<strong>do</strong> implantar em Minas Gerais algo que existe na França, o Cité <strong>de</strong> Métier, que funciona muito bem lá e que seria<br />

uma instituição criada em parceria com diversas entida<strong>de</strong>s, e não apenas com a Fe<strong>de</strong>ração das Indústrias. Tem a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aconselhar e oferecer recursos ao público em geral<br />

sobre profissões, permitin<strong>do</strong> planejamento profissional e orientação por consultores e conselheiros sobre qualquer assunto da vida profissional. As características <strong>de</strong>sse centro seriam:<br />

multipúblico, ou seja, atendimento a to<strong>do</strong>s os públicos. Não há seleção, e to<strong>do</strong>s os que por lá passam são atendi<strong>do</strong>s; multiparceria, porque várias entida<strong>de</strong>s assumirão as atribuições e<br />

os custos <strong>de</strong>sse projeto; multitemática, com colocação profissional, orientação e formação profissional e criação <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s. Enfim, ele cuida <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>. Multiuso, que significa<br />

acolhimento e orientação, conversa com conselheiros, <strong>do</strong>cumentação, encontro <strong>de</strong> parceiros. E aqueles que preten<strong>de</strong>m fazer socieda<strong>de</strong> ou <strong>de</strong>senvolver uma ativida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>rão,<br />

também, nesse centro, procurar os parceiros ou os sócios para a ativida<strong>de</strong>.<br />

É um espaço público <strong>de</strong> acesso livre e gratuito. Ou seja, tem <strong>de</strong> haver autonomia financeira e operacional completa em relação aos parceiros. É um espaço foca<strong>do</strong> nas <strong>de</strong>mandas <strong>do</strong><br />

público, não é um espaço para fazer o que preten<strong>de</strong>m a FIEMG, a Fe<strong>de</strong>ração <strong>do</strong> Comércio ou o SEBRAE, mas aquilo que o público precisa. A FIEMG lançou recentemente o Projeto<br />

Cresce Minas com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reforçar a dinâmica <strong>do</strong> crescimento industrial <strong>de</strong> Minas, com geração <strong>de</strong> novos empregos e criação <strong>de</strong> novas oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> para<br />

empresas existentes ou para novas empresas. Esse projeto está sen<strong>do</strong> promovi<strong>do</strong> pela Fe<strong>de</strong>ração das Indústrias, mas também, como o anterior, <strong>de</strong>verá ter progressivamente a<br />

participação <strong>de</strong> outras entida<strong>de</strong>s mineiras <strong>do</strong> setor público e <strong>do</strong> setor priva<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> que em sua fase operacional será geri<strong>do</strong> por uma instituição que contará com a participação <strong>de</strong><br />

todas as entida<strong>de</strong>s.<br />

Um <strong>do</strong>s pontos principais <strong>de</strong>sse programa seria os <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>s "clusters" <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, que seria a concentração geográfica <strong>de</strong> empresas e entida<strong>de</strong>s interligadas num setor<br />

particular. É evi<strong>de</strong>nte que <strong>de</strong>sses "clusters" <strong>de</strong>vem participar, além das empresas, também o Governo, universida<strong>de</strong>s, institutos <strong>de</strong> normas e padrões, para treinamento empresarial,<br />

educação, informação, pesquisas e suporte técnico. Em Minas Gerais, dizemos que já existem <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> "clusters" potenciais e outras novas áreas <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser criadas,


aumentan<strong>do</strong> o nível <strong>de</strong> emprego. Já realizamos diversos estu<strong>do</strong>s e concluímos que em 15 setores <strong>de</strong> regiões analisadas com maior possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serem implementadas essas<br />

ativida<strong>de</strong>s já existe um potencial <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> 92 mil empregos em cinco anos, o que elevaria o crescimento <strong>do</strong> PIB mineiro em <strong>10</strong>% a 12%, ou seja, mais <strong>de</strong> US$8.000.000.000,00.<br />

Concluin<strong>do</strong> esse tema, gostaríamos <strong>de</strong> fazer algumas reflexões. Não é segre<strong>do</strong> para ninguém que o responsável pelo crescimento <strong>de</strong> uma empresa não é seus diretores nem os<br />

acionistas nem mesmo seus trabalha<strong>do</strong>res, mas é o cliente. Quem compra o produto é que faz a empresa crescer. O diploma não garante emprego. A escola não é o único meio <strong>de</strong><br />

informação eficaz. É preciso, além <strong>do</strong> conhecimento, a competência para aten<strong>de</strong>r ao cliente. Não basta ter um diploma <strong>de</strong> qualquer coisa que seja. Nenhuma formação, por mais<br />

completa que seja, terá condição <strong>de</strong> garantir a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada um aten<strong>de</strong>r permanentemente às necessida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> sistema produtivo. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reciclagem continuará<br />

durante a nossa vida inteira. Formação é investimento, não é <strong>de</strong>spesa. Acho que o trabalha<strong>do</strong>r e o emprega<strong>do</strong>r já estão conscientes disso.<br />

Está comprova<strong>do</strong> que também não se criam empregos por meio <strong>de</strong> <strong>de</strong>cretos ou impedin<strong>do</strong> <strong>de</strong>missões e que o sistema legal <strong>de</strong> solução <strong>de</strong> conflitos no Brasil é incapaz <strong>de</strong> proteger o<br />

trabalha<strong>do</strong>r e, cada vez mais, estimula a informalida<strong>de</strong>. No Brasil são 8 ou 80. Ou compro tu<strong>do</strong>, ou não compro nada. Por isso temos 55% fora da legalida<strong>de</strong>. Isso também não é<br />

segre<strong>do</strong> para ninguém. O <strong>de</strong>semprego é moralmente inaceitável e, economicamente, é irracional, porque sabemos que, se temos produto para ven<strong>de</strong>r, precisamos <strong>de</strong> quem os compre.<br />

Para concluir, quero <strong>de</strong>ixar algo que lemos na coluna <strong>do</strong> Joelmir Betting: "Culpar a tecnologia mo<strong>de</strong>rna por to<strong>do</strong>s os males <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> é o mesmo que exigir a prisão <strong>do</strong> fabricante <strong>de</strong><br />

talheres em cada assassinato à faca." A tecnologia veio, e temos que apren<strong>de</strong>r a conviver com ela. Muito obriga<strong>do</strong>. (- Palmas.)<br />

Palavras <strong>do</strong> Sr. João Pedro Stédile<br />

Bom dia, companheiros e membros da Mesa, quero cumprimentar esta Casa pela oportuna idéia <strong>de</strong> promover este seminário, que vai tratar <strong>de</strong> um tema que, mais <strong>do</strong> que um<br />

problema regional <strong>de</strong> Minas, mais <strong>do</strong> que um problema da agricultura e da indústria, reflete o que hoje os nossos historia<strong>do</strong>res e pensa<strong>do</strong>res têm dito tratar-se <strong>do</strong> problema mais grave<br />

<strong>do</strong> final <strong>do</strong> século, ou seja, a questão <strong>do</strong> trabalho. Em outras épocas da humanida<strong>de</strong>, tivemos problemas gravíssimos, como a febre amarela, as guerras étnicas e outros problemas<br />

sociais, o que levou a um genocídio <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> seres humanos. Neste final <strong>de</strong> século, o problema mais grave que a humanida<strong>de</strong> enfrenta é o problema <strong>do</strong> trabalho, que é mais que<br />

o problema <strong>de</strong> ter emprego ou não. A maneira como o capitalismo vem organizan<strong>do</strong> a socieda<strong>de</strong> nos diversos países está impedin<strong>do</strong> que o cidadão tenha garanti<strong>do</strong> o direito<br />

fundamental <strong>do</strong> trabalho. Uma socieda<strong>de</strong> que não consegue garantir aos seus membros o direito ao trabalho é uma socieda<strong>de</strong> fadada ao fracasso. Esse problema remete-nos a uma<br />

reflexão filosófica. O que, na essência, diferencia-nos <strong>do</strong>s animais, como bem nos explicaram os biólogos e cientistas, é a capacida<strong>de</strong> que temos <strong>de</strong> utilizar nossa inteligência para a<br />

produção <strong>de</strong> bens, serviços e melhoria das condições <strong>de</strong> vida. Isso é o que nos diferencia <strong>do</strong>s animais. Quan<strong>do</strong> uma socieda<strong>de</strong> não consegue garantir o trabalho aos seus pares,<br />

automaticamente vai caminhan<strong>do</strong> para a involução, porque <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ser cidadãos. Por isso, cumprimento esta Casa por essa iniciativa, pois várias entida<strong>de</strong>s, e soube que são<br />

muitas, estão participan<strong>do</strong> <strong>de</strong>ste evento. Isso é bom, porque po<strong>de</strong>m levar às suas bases esse <strong>de</strong>bate sobre a gravida<strong>de</strong> que temos <strong>de</strong> enfrentar, ou seja, sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<br />

encontrar um outro mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> organizar a socieda<strong>de</strong>.<br />

Feita essa introdução, o tema que me cabe é a agricultura. Gostaria <strong>de</strong> fazer com vocês duas gran<strong>de</strong>s reflexões. A primeira é falar mal <strong>do</strong> Governo, que é minha especialida<strong>de</strong>. A<br />

segunda é dizer qual é a saída. Vivemos uma gran<strong>de</strong> crise na agricultura brasileira. É impressionante falarmos em crise agrícola, no país <strong>de</strong> maior dimensão <strong>de</strong> terras agricultáveis <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong>, no país que tem a maior oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> variações <strong>de</strong> climas e solos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, no país que tem <strong>16</strong>0 milhões <strong>de</strong> habitantes, enfim, num país que tem um potencial enorme, o<br />

que nos permitiria ser uma gran<strong>de</strong> potência produtora <strong>de</strong> alimentos. Infelizmente, estamos embrenha<strong>do</strong>s numa grave crise também na agricultura.<br />

E essa crise tem a sua origem no mo<strong>de</strong>lo agrícola que as elites brasileiras vêm implementan<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 90, nos Governos Collor e Fernan<strong>do</strong> Henrique. Esses Governos<br />

passaram a implementar um mo<strong>de</strong>lo para a agricultura o qual tiveram a petulância <strong>de</strong> chamar <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo norte-americano. Eles copiaram todas as características <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

agrícola norte-americano como se elas fossem úteis para nós. Isso está em <strong>do</strong>cumentos internos, no segun<strong>do</strong> escalão, nas discussões que fizemos, nos embates e nas reivindicações<br />

que apresentamos em Brasília.<br />

Quais são as principais características <strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo norte-americano que está sen<strong>do</strong> implanta<strong>do</strong> no Brasil? Primeiro, estão "oligopolizan<strong>do</strong>" o controle agrícola, ou seja, o merca<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong>s produtos agrícolas está sen<strong>do</strong> cada vez mais controla<strong>do</strong> por algumas poucas empresas, seja nos grãos, seja nos laticínios, seja nos bens <strong>de</strong> consumo em geral. Esse processo <strong>de</strong><br />

"oligopolização" é induzi<strong>do</strong> pelo Governo, que usa os créditos <strong>do</strong> BNDES e <strong>do</strong> Banco <strong>do</strong> Brasil para que as multinacionais controlem, cada vez mais, esse merca<strong>do</strong>. Segun<strong>do</strong>, o<br />

Governo está estimulan<strong>do</strong> a implantação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s fazendas <strong>de</strong> grãos para exportação, especialmente no Centro-Oeste, no Sul <strong>do</strong> Piauí e <strong>do</strong> Maranhão e na Chapada <strong>do</strong>s Parecis.<br />

Portanto, o Governo estimula a ampliação da lavoura <strong>de</strong> grãos para exportação, basicamente <strong>de</strong> milho e soja. E, suplementarmente, está estimulan<strong>do</strong> a implantação da tecnologia <strong>do</strong>s<br />

transgênicos como uma forma além <strong>do</strong> <strong>de</strong>bate sobre a biotecnologia, se é correto ou não seguirmos essa linha <strong>de</strong> pesquisa. A gravida<strong>de</strong> da introdução <strong>do</strong>s grãos transgênicos é que<br />

eles representam o monopólio das sementes por algumas poucas empresas multinacionais, que, em curto prazo, irão <strong>de</strong>ter o monopólio das sementes <strong>de</strong> grãos no Brasil, casadas com<br />

o uso intensivo <strong>de</strong> agrotóxicos. Esse é o problema principal da política <strong>do</strong> Governo relacionada aos transgênicos. Devemos ser visceralmente contra ela, porque transfere a soberania<br />

<strong>do</strong> controle das sementes para algumas empresas. E nenhuma socieda<strong>de</strong> agrícola <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> prospera se não controlar as suas sementes. Se nós nos <strong>de</strong>scuidarmos, essas sementes <strong>de</strong><br />

grãos, <strong>de</strong> milho, <strong>de</strong> soja, <strong>de</strong> arroz serão o monopólio <strong>de</strong> duas, três empresas norte-americanas, às quais <strong>de</strong>veremos pagar "royalties" e ficar <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes para o resto da vida.<br />

O terceiro processo é a integração seletiva na agroindústria. Já fizeram o processo <strong>de</strong> integrar o máximo <strong>de</strong> agricultores possível em agroindústrias multinacionais e, agora, estão<br />

selecionan<strong>do</strong>. Já há uma política oficial <strong>do</strong> Governo para reduzir, eles já não querem o pequeno agricultor, que fornece 30 litros <strong>de</strong> leite, porque é inviável. Então, estão aplican<strong>do</strong><br />

créditos, induzin<strong>do</strong> tecnologia, para que só fique integra<strong>do</strong> nos laticínios quem produz mais <strong>de</strong> 300 litros <strong>de</strong> leite. É claro que, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista econômico, é mais barato produzir<br />

300 litros <strong>de</strong> leite por dia <strong>do</strong> que 30 litros. Mas há a questão social e o <strong>de</strong>senvolvimento regional por trás disso, que não po<strong>de</strong>m ser escondi<strong>do</strong>s. Nesse mo<strong>de</strong>lo, milhares <strong>de</strong> pequenos<br />

agricultores, hoje integra<strong>do</strong>s em agroindústria, serão enxota<strong>do</strong>s e elimina<strong>do</strong>s <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, seja no leite, seja nas frutas, seja no fumo, seja em outros produtos em que há processo <strong>de</strong><br />

integração.<br />

Há aban<strong>do</strong>no das políticas públicas agrícolas, porque, na visão <strong>do</strong> neoliberalismo, o Esta<strong>do</strong> não po<strong>de</strong> mais prestar serviços gratuitos à agricultura, como se, por si só, a agricultura<br />

pu<strong>de</strong>sse se <strong>de</strong>senvolver. Por isso, o Governo sucateou a EMBRAPA, as EMATERs e o sistema <strong>de</strong> armazenagem.<br />

Hoje, o Brasil já não tem nenhum controle <strong>de</strong> seus estoques <strong>de</strong> alimentos. Tu<strong>do</strong> está nas mãos <strong>de</strong> empresas privadas, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> termos construí<strong>do</strong> uma re<strong>de</strong> enorme <strong>de</strong> armazéns,<br />

através da CIBRAZEM.<br />

Privatizaram tu<strong>do</strong>. No ano passa<strong>do</strong>, houve uma especulação enorme <strong>do</strong> feijão, simplesmente porque duas ou três empresas <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> atacadista <strong>de</strong> feijão em São Paulo retiveram o<br />

produto para especular no merca<strong>do</strong>. E o Governo sequer sabia quantas sacas <strong>de</strong> feijão tinha o Brasil. E não sabe até hoje, porque quem controla os estoques são as empresas privadas.<br />

Por quê? Porque o Governo retirou o serviço público agrícola. A EMPRABA está sucateada; dá pena ver os funcionários fazerem acor<strong>do</strong> com multinacionais para complementarem<br />

seus salários. As EMATERs já não existem.<br />

O Governo aplica o mo<strong>de</strong>lo norte-americano - uma política clara <strong>de</strong> buscar até o próximo final <strong>do</strong> mandato - para que fique com emprego agrícola apenas 5% da população. Estamos<br />

discutin<strong>do</strong> como criar emprego, e o Governo discute como tirar pessoas da agricultura, como bem disse quem me antece<strong>de</strong>u. É o Governo mais estúpi<strong>do</strong> <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Tem coragem <strong>de</strong><br />

fazer políticas públicas para criar <strong>de</strong>semprego e assume isso com a fachada <strong>de</strong> que é mo<strong>de</strong>rno tirar a população <strong>do</strong> campo. Ora, os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e a Europa levaram 250 anos no<br />

seu processo <strong>de</strong> urbanização, para chegarem aon<strong>de</strong> estão. Nós, em <strong>10</strong>, 15 anos, queremos chegar no mesmo nível, estilo macaco - tu<strong>do</strong> que vê, quer imitar. Esse Governo, aqui, na<br />

agricultura é um macaco das burguesias européia e norte-americana, só que quem paga a conta somos nós.<br />

Quais as conseqüências <strong>de</strong>ssa política <strong>de</strong>sastrosa? Nos últimos <strong>de</strong>z anos, segun<strong>do</strong> o censo agropecuário 942 mil proprieda<strong>de</strong>s foram à falência na agricultura. Novecentas e duas com<br />

menos <strong>de</strong> <strong>10</strong>0ha, portanto 90%. Dois milhões <strong>de</strong> postos <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> assalaria<strong>do</strong>s agrícolas foram <strong>de</strong>struí<strong>do</strong>s pelo processo <strong>de</strong> importação <strong>de</strong> produtos agrícolas, seja <strong>do</strong> algodão, <strong>do</strong><br />

arroz, da carne, <strong>do</strong> peixe, <strong>do</strong> alpiste, <strong>do</strong> feijão, porque neste País já se importa até água mineral. E eles se orgulham, dizen<strong>do</strong> na hora <strong>do</strong> jantar, no seu discurso chique, chique para<br />

eles: "é da Espanha". Deveriam ter uma congestão toda hora que bebessem água da Espanha! Espero que esta que estamos beben<strong>do</strong>, seja mineira...<br />

O crédito rural, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo. À época <strong>do</strong> Delfim Neto - o mo<strong>de</strong>lo agrícola <strong>de</strong>le também não é nenhuma flor que se cheira -, aplicava-se em crédito rural US$20.000.000,00<br />

pelo sistema <strong>do</strong> Banco <strong>do</strong> Brasil. Agora, além daquela briga <strong>de</strong> a cada semana ter que ir ao Banco, o volume disposto é <strong>de</strong> R$8.000.000.000,00, que correspon<strong>de</strong>m a<br />

US$4.000.000.000,00. Ou seja, em <strong>10</strong>, 15 anos retroce<strong>de</strong>mos para 1/4 <strong>do</strong> volume <strong>de</strong> recursos. A área agrícola nesses <strong>de</strong>z anos diminuiu em oito milhões <strong>de</strong> hectares, ora, quem é<br />

agricultor sabe que, quan<strong>do</strong> se está per<strong>de</strong>n<strong>do</strong> dinheiro, não se aumenta área, a primeira coisa que se faz é reduzir a área - ninguém é bobo para plantar e ter prejuízo.


Pois bem, nos últimos <strong>de</strong>z anos 8 milhões <strong>de</strong> hectares <strong>de</strong> lavouras temporárias <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> ser cultivadas e portanto produção <strong>de</strong> alimentos e incorporação <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra também<br />

diminuiram. E com isso as importações <strong>de</strong> produtos agrícolas pularam <strong>de</strong> um patamar histórico <strong>de</strong> US$1.000.000.000,00, importávamos trigo, maçã, por acor<strong>do</strong>s com a Argentina,<br />

para gastar hoje US$8.000.000.000,00 em alimentos. To<strong>do</strong>s são produtos que po<strong>de</strong>ríamos produzir aqui e gerar trabalho e emprego para o povo brasileiro. Por isso é que há na<br />

agricultura um clima <strong>de</strong> <strong>de</strong>sânimo muito gran<strong>de</strong> - em função <strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo agrícola.<br />

O que temos feito com o movimento <strong>do</strong>s sem-terras? Temos feito uma luta quixotesca <strong>de</strong> seguir organizan<strong>do</strong> os pobres <strong>do</strong> campo para ocuparem terras, como última esperança.<br />

Dizemos que o sujeito sem-terras, quan<strong>do</strong> vai para um acampamento, enfrenta todas aquelas dificulda<strong>de</strong>s e conflitos, equipara-se à situação <strong>do</strong> cara que está no inferno: pouco custa<br />

dar um tapa no diabo. Mas o acampamento, a ocupação, não é uma proposta <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo agrícola; é o <strong>de</strong>sespero para não morrer <strong>de</strong> fome.<br />

Nesses últimos anos conseguimos assentar 250 mil famílias, enquanto o Governo tirou 942 mil famílias. Nessas 250 mil famílias que se transformaram em assenta<strong>do</strong>s, há,<br />

evi<strong>de</strong>ntemente, muitas dificulda<strong>de</strong>s porque eles agora, como pequenos agricultores, enfrentam <strong>de</strong> novo toda aquela política agrícola que expliquei <strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo norte-americano.<br />

Mesmo assim, por mais dificulda<strong>de</strong>s que cada assenta<strong>do</strong> tenha na nova área conquistada, em to<strong>do</strong>s os assentamentos, sem exceção, to<strong>do</strong>s comem, têm a sua casinha humil<strong>de</strong>, mas<br />

têm; to<strong>do</strong>s trabalham o ano inteiro para si, não são mais explora<strong>do</strong>s e to<strong>do</strong>s têm suas crianças na escola. Esse é o futuro da nossa socieda<strong>de</strong>: garantir que to<strong>do</strong> brasileiro tenha casa,<br />

trabalho, comida e as crianças na escola. Portanto, o assentamento é uma solução para os pobres, po<strong>de</strong> servir como uma alternativa para se criar um futuro diferente.<br />

No entanto, não basta nós, quixotescamente, como eu disse, acharmos que vamos resolver o problema <strong>do</strong> emprego e da agricultura, simplesmente repetin<strong>do</strong> ocupações <strong>de</strong> terra,<br />

porque até o Governo tira mais gente da terra <strong>do</strong> que nós conseguimos colocar <strong>de</strong> volta. Seria uma ilusão achar que só por esse caminho, iríamos resolver o problema <strong>do</strong> emprego e<br />

da agricultura, daí a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sempre discutirmos a mudança <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo geral.<br />

Primeiro, há que se mudar o mo<strong>de</strong>lo agrícola. É preciso pensar uma reforma agrária que reorganize a agricultura <strong>do</strong> Brasil, primeiro, <strong>de</strong>mocratizan<strong>do</strong> a proprieda<strong>de</strong> da terra. Reforma<br />

agrária é sinônimo <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocratização da proprieda<strong>de</strong> da terra e, no Brasil, há ainda um processo <strong>de</strong> concentração da proprieda<strong>de</strong> da terra. Portanto, não há reforma agrária nenhuma<br />

aqui. O primeiro passo <strong>de</strong>sse novo mo<strong>de</strong>lo agrícola é o <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocratizar a proprieda<strong>de</strong> da terra.<br />

Segun<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> censo agropecuário <strong>de</strong> 1996, numa proprieda<strong>de</strong> acima <strong>de</strong> 1.000ha, os fazen<strong>de</strong>iros atuais precisam <strong>de</strong> 200ha para criar um emprego. Então, para eles isso não<br />

interessa, a terra é muito mais reserva <strong>de</strong> valor, é só utilizar mecanização. E, em uma pequena proprieda<strong>de</strong> com 20ha, criam-se 4 empregos. Portanto, a <strong>de</strong>mocratização da<br />

proprieda<strong>de</strong> da terra gera 40 vezes mais empregos <strong>do</strong> que o latifúndio. Isso nos é passa<strong>do</strong> pelos da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> censo agropecuário, não é o MST que está dizen<strong>do</strong>, é o IBGE.<br />

É por isso que a <strong>de</strong>mocratização da proprieda<strong>de</strong> da terra, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>do</strong> emprego, imediatamente incorpora milhares <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res <strong>de</strong> uma maneira muito rápida e barata.<br />

Segun<strong>do</strong>, é preciso pensar numa reforma agrária mais ampla, não só aquela reforma agrária <strong>do</strong> início <strong>do</strong> século <strong>de</strong> só distribuir a terra, porque hoje o <strong>de</strong>senvolvimento das forças<br />

produtivas e da tecnologia <strong>de</strong>vem ser coloca<strong>do</strong>s a serviço <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s.<br />

Achamos que é preciso <strong>de</strong>mocratizar o capital para que os agricultores tenham acesso a crédito, para que possam introduzir essas novas tecnologias na agricultura e, sobretu<strong>do</strong>, para<br />

que sejam <strong>do</strong>nos da agroindústria, porque o pequeno agricultor e o agricultor em geral não produzem mais alimentos. Produzem apenas matéria-prima. Essa matéria-prima vai para<br />

uma agroindústria que produz o alimento e toda a renda. A maior parte <strong>do</strong> emprego fica na agroindústria.<br />

Em um outro mo<strong>de</strong>lo agrícola, mais <strong>de</strong>mocrático como o que queremos criar, o emprego é muito melhor. Em vez <strong>de</strong> haver gran<strong>de</strong>s agroindústrias oligopolizadas, como temos agora<br />

no caso <strong>do</strong> laticínio, em que praticamente três empresas multinacionais, a Parmalat, o Leite Glória e a Nestlé, controlam to<strong>do</strong> o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> leite no Brasil - embora existam muitas<br />

cooperativas, mas ficam <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>de</strong> fornecer matéria-prima para eles - é muito melhor haver um programa governamental que distribua essas agroindústrias por to<strong>do</strong>s os<br />

municípios <strong>do</strong> Brasil.<br />

A Parmalat, na Itália, é uma "merrecazinha"; só tem um laticínio na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Parma, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vem o nome, porque cada cida<strong>de</strong> da Itália tem seu laticínio. Mas aqui no Brasil ela<br />

controla tu<strong>do</strong>; controla até o Palmeiras, por isso tenho tanta raiva <strong>de</strong>la.<br />

É preciso <strong>de</strong>mocratizar a agroindústria, para que os agricultores possam auferir aquela renda <strong>do</strong> valor agrega<strong>do</strong> pela agroindústria e para que possam criar emprego para seus filhos<br />

no interior. Dessa forma, o sujeito já não precisa ir para São Paulo, para Belo Horizonte, para Recife. O jovem não sonha ganhar uma enxada. O jovem quer estudar e assimilar<br />

tecnologia. E só po<strong>de</strong>rá conseguir emprego no meio rural ten<strong>do</strong> acesso à tecnologia, se a agroindústria for lá. Ele po<strong>de</strong> ir trabalhar na agroindústria, controlar o computa<strong>do</strong>r, ser<br />

químico, veterinário, agrônomo, bioquímico, engenheiro-mecânico, e ficar no meio rural, que é o i<strong>de</strong>al.<br />

Por último, como foi dito aqui também, em nossa reforma agrária imaginamos a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocratizar a educação. Não po<strong>de</strong>mos pensar em uma socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática se o<br />

brasileiro não tiver as mesmas oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> acesso ao conhecimento científico. E não são essas "merrecas" <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> MOBRAL ou da D. Ruth, que só ensinam o "cara" a<br />

assinar o nome para po<strong>de</strong>r votar nas mesmas pessoas. Falamos em educação no senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paulo Freire, <strong>de</strong> o sujeito ter os mesmos direitos <strong>de</strong> conhecimento pleno para se<br />

transformar em cidadão e, ao mesmo tempo, ter acesso a to<strong>do</strong>s os níveis <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> que há na socieda<strong>de</strong>. Por que o cidadão no meio rural só tem direito a saber ler e escrever, e<br />

não po<strong>de</strong> chegar até à faculda<strong>de</strong>? Só alguns po<strong>de</strong>m chegar até à faculda<strong>de</strong>? A reforma agrária em que pensamos é um processo mais amplo, que reorganiza a produção, que<br />

<strong>de</strong>mocratiza a terra, o capital e a educação.<br />

Finalmente, se o coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r me permitir mais um minutinho, gostaria <strong>de</strong> fazer uma outra referência. Não po<strong>de</strong>mos, tampouco, imaginar que é possível mudar a agricultura sem<br />

mudar o resto, porque a agricultura está umbilicalmente vinculada a to<strong>do</strong> o sistema econômico <strong>do</strong> País. Quan<strong>do</strong> dizemos que a agricultura talvez seja o melhor caminho para gerar<br />

emprego no Brasil, não é apenas porque o agricultor assenta<strong>do</strong> vai ter trabalho. Se reorganizarmos a agricultura, influiremos <strong>de</strong>cididamente na indústria, porque a agricultura<br />

<strong>de</strong>senvolvida gera merca<strong>do</strong> interno. Quan<strong>do</strong> o agricultor tem renda, não vai para Miami; compra um trator, compra uma ferramenta, compra um casaco, compra uma televisão, tu<strong>do</strong><br />

produzi<strong>do</strong> aqui. To<strong>do</strong>s os países <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s <strong>do</strong> hemisfério Norte, para <strong>de</strong>senvolverem sua indústria e o merca<strong>do</strong> interno, fizeram, antes, a reforma agrária, porque é a<br />

<strong>de</strong>mocratização da terra e da agricultura que gera um merca<strong>do</strong> interno em to<strong>do</strong> o País para os produtos da indústria. Portanto, nossos colegas da indústria não terão saídas na<br />

indústria; sabem que a tecnologia po<strong>de</strong> gerar <strong>de</strong>semprego. E para eles, <strong>de</strong> fato, o problema não é a tecnologia. Mas a indústria só vai se <strong>de</strong>senvolver no Brasil se tiver quem compre<br />

os produtos <strong>de</strong>les. E, para ter quem compre seus produtos, é preciso mudar o mo<strong>de</strong>lo econômico <strong>do</strong> Brasil e reorganizá-lo, basea<strong>do</strong> em duas gran<strong>de</strong>s premissas: primeira, o<br />

fortalecimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> interno, essência da economia. Toda socieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> organiza a produção para abastecer seus membros. Só que, no Brasil, há uma elite colonizada,<br />

idiota e burra que imagina que a solução é exportar, ou que a solução é o turismo, como freqüentemente ouço. Isso é uma idiotice; é um ban<strong>do</strong> <strong>de</strong> macacos que só copiam da Europa.<br />

E copiam mal. O Brasil só tem saída se produzirmos para os brasileiros.<br />

Agora, para que o brasileiros consumam, vem o outro paradigma que é a distribuição <strong>de</strong> renda. É preciso um mo<strong>de</strong>lo que distribua renda, que rompa com essas gran<strong>de</strong>s fortunas que<br />

temos no País, que eleve o salário mínimo, que garanta renda para o agricultor. Com essa distribuição <strong>de</strong> renda, as pessoas vão comprar produtos das indústrias. Isso gera, então, um<br />

gran<strong>de</strong> processo <strong>de</strong> crescimento econômico, que vai <strong>de</strong>senvolver a nossa socieda<strong>de</strong> e garantir oportunida<strong>de</strong>s iguais e melhores condições <strong>de</strong> vida. Essa é a proposta que temos para<br />

mudar o Brasil. Muito obriga<strong>do</strong>.<br />

Palavras <strong>do</strong> Sr. Eduar<strong>do</strong> Silveira <strong>de</strong> Noronha Filho<br />

Deputa<strong>do</strong> Durval, Deputa<strong>do</strong> Cristiano, Deputa<strong>do</strong> Chico, companheiro João Pedro, companheiro Osmani, companheiros e companheiras. Tenho a honra, neste momento, <strong>de</strong> estar na<br />

Presidência <strong>do</strong> SEBRAE-Minas, que é uma instituição sobre a qual gostaria <strong>de</strong> tecer alguns comentários, para vocês enten<strong>de</strong>rem como ela funciona. O SEBRAE é uma instituição <strong>de</strong><br />

apoio à pequena e à microempresa. Ela se sustenta através da contribuição que os empresários <strong>do</strong> comércio, da agricultura, <strong>de</strong> serviços e da indústria <strong>de</strong>positam, 0,3% <strong>de</strong> cada folha<br />

<strong>de</strong> pagamento que é feita. Esse dinheiro vai para o INSS e, <strong>de</strong>pois, ele é distribuí<strong>do</strong> para o Brasil e cada SEBRAE estadual recebe a sua participação e faz os seus investimentos, as<br />

suas aplicações, etc. A filosofia <strong>do</strong> SEBRAE é que sem patrão não há emprega<strong>do</strong>. Não adianta, não há ilusão. O nosso objetivo é criar patrão, criar o microempresário, mesmo que<br />

ele seja <strong>do</strong>no da sua própria empresa, sain<strong>do</strong>, conseqüentemente, da informalida<strong>de</strong> e <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego e potencializan<strong>do</strong>-o para que ele venha a gerar empregos na ativida<strong>de</strong> que ele<br />

escolheu.


Nós a acompanhamos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a fundação, temos o Núcleo <strong>de</strong> Abertura <strong>de</strong> Empresa - NAE -, em que o indivíduo que vai abrir uma empresa tem uma entrevista e tem uma visão da<br />

realida<strong>de</strong> <strong>do</strong> seu negócio. Posteriormente, uma equipe acompanha a sua ativida<strong>de</strong>. O SEBRAE atua também na área <strong>de</strong> crédito, principalmente <strong>do</strong> microcrédito, que é uma gran<strong>de</strong><br />

ação que o SEBRAE faz com os seus agentes financeiros. No caso <strong>de</strong> Minas Gerais, eles são a Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral, o Banco <strong>de</strong> Desenvolvimento, o Banco <strong>do</strong> Brasil e outros<br />

Bancos priva<strong>do</strong>s. Sabemos das transformações que o mun<strong>do</strong> observou a partir da década <strong>de</strong> 80, o avanço tecnológico das ativida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> geral, a mundialização <strong>do</strong> processo <strong>de</strong><br />

produção e comercialização - esse é um jogo duro em que não adianta tentarmos tapar o sol com a peneira, em relação à fala <strong>de</strong> nosso companheiro João Pedro. O mun<strong>do</strong> hoje está<br />

com superprodução <strong>de</strong> milho. Então, quem tem uma pequena pocilga sabe que, às vezes, é mais barato comprar o milho <strong>do</strong> que plantar, porque o milho está com superprodução. Essa<br />

globalização <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> inteiro é uma realida<strong>de</strong> que não adianta querermos escon<strong>de</strong>r. Essa questão nos leva também a uma exigência enorme da competitivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> empreendimento,<br />

seja ele no comércio, seja ele na indústria, seja na prestação <strong>de</strong> serviço, seja na agricultura.<br />

Uma outra coisa nefasta que, infelizmente, é outra realida<strong>de</strong> é o capital executivo internacional: sabemos como ele age e como é o seu jogo duro. Não adianta também ficarmos<br />

discutin<strong>do</strong> esse tema, porque é uma realida<strong>de</strong> e não adianta querer escon<strong>de</strong>r. Há também a concentração das ativida<strong>de</strong>s em pessoas nas áreas urbanas. Em face das condições<br />

econômicas difíceis <strong>do</strong> interior, há um tendência <strong>de</strong> essas pessoas virem para a cida<strong>de</strong>.<br />

A formação <strong>de</strong> blocos econômicos, quer sejam eles nacionais, quer internacionais, que jogam <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com seus interesses; o aumento <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> consciência ecológica, visan<strong>do</strong><br />

ao aumento da sobrevivência humana, tu<strong>do</strong> isso é uma realida<strong>de</strong> muito interessante e muito positiva, principalmente para o Brasil.<br />

Outra preocupação, que surgiu após a década <strong>de</strong> 80, foi a <strong>de</strong> se reduzirem as ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> em alguns setores, para que ele fique <strong>de</strong>sonera<strong>do</strong> <strong>de</strong> investimentos em áreas<br />

improdutivas e possa aten<strong>de</strong>r às questões sociais. Premente também é o re<strong>de</strong>senho <strong>do</strong> papel das empresas, em que se realcem especificamente as funções <strong>do</strong> trabalho.<br />

Falemos, agora, da importância das pequenas empresas e das microempresas. Sabe-se que, no mun<strong>do</strong> inteiro, elas têm lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque. De mo<strong>do</strong> geral, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s países, as pequenas empresas e as microempresas são responsáveis, em 92%, pela geração <strong>de</strong> emprego e participam efetivamente da economia <strong>do</strong> País.<br />

Na Itália, por exemplo, a microempresa representa 20% <strong>de</strong> sua exportação. No Brasil, apenas 2%. Por isso, o SEBRAE <strong>de</strong> Minas está empenha<strong>do</strong> em apoiar a microempresa<br />

brasileira, no que se refere à exportação.<br />

Elegemos alguns segmentos em que vamos atuar fortemente: a fruticultura, com pólos importantes em Janaúba e Januária; a bovinocultura, para o Brasil contra-atacar no merca<strong>do</strong><br />

externo, o que <strong>de</strong>ve puxar o preço da carne no merca<strong>do</strong> interno, afinal, nesse jogo da balança, quem impõe o preço <strong>do</strong> produto internacional é o merca<strong>do</strong> externo; a área <strong>de</strong><br />

confecções, que marca presença na indústria mineira - diversas cida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> têm pólos <strong>de</strong> confecções muito importantes, e vamos incentivá-las para a exportação -; a área <strong>de</strong><br />

fogos <strong>de</strong> artifícios - Monte Sião é hoje a segunda cida<strong>de</strong> da América Latina em produção <strong>de</strong> fogos <strong>de</strong> artifício e compete, em qualida<strong>de</strong> e quantida<strong>de</strong>, com outros centros <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>,<br />

sobretu<strong>do</strong> com a China -; a área <strong>de</strong> alimentos processa<strong>do</strong>s, com pólo nas regiões <strong>de</strong> Uberaba e Uberlândia, e o setor moveleiro, com pólos importantes nas regiões <strong>de</strong> Ubá e Uberaba.<br />

O SEBRAE <strong>de</strong> Minas e a CANEX, órgão fe<strong>de</strong>ral que incentiva a exportação, vão atuar fortemente no apoio ao pequeno produtor e ao microprodutor. Vamos admitir um gerente<br />

setorial para cada área: uma pessoa que conheça a produção e o merca<strong>do</strong> internacional e seja capaz <strong>de</strong> apoiar os pequenos industriais e microindustriais <strong>do</strong>s setores que citei.<br />

Essa conscientização <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> microempresários levou-nos, há duas semanas, a lançar um projeto que fizemos para a Vila Mariquinhas, em Belo Horizonte. Ali vivem pessoas<br />

realmente carentes e pobres. Não sei se os senhores se lembram, a Vila Mariquinhas é o resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> um grupo que acampou na Igreja São José, há cinco anos.<br />

Os técnicos <strong>do</strong> SEBRAE foram à Vila Mariquinhas, pesquisaram o perfil das 300 famílias que ali vivem e i<strong>de</strong>ntificaram 60 pessoas com potencialida<strong>de</strong> para serem<br />

microempreen<strong>de</strong><strong>do</strong>res.<br />

Há <strong>do</strong>ceiras fazen<strong>do</strong> <strong>do</strong>ces maravilhosos, costureiras, artesãos, fabricantes <strong>de</strong> sandálias, fabricantes <strong>de</strong> camisetas. Fizemos uma gran<strong>de</strong> ação na Vila Mariquinhas há <strong>do</strong>is sába<strong>do</strong>s.<br />

Essas pessoas terão o apoio <strong>do</strong>s alunos da Escola Técnica Gerencial <strong>do</strong> SEBRAE durante um ano, acompanhan<strong>do</strong> a produção, a comercialização e os trabalhos que <strong>de</strong>senvolverão. É<br />

assim que se trabalha, é assim que se <strong>de</strong>dica, porque esse é o esforço <strong>do</strong> SEBRAE e é o nosso objetivo.<br />

Na Vila Mariquinhas, as pessoas pu<strong>de</strong>ram sentir a <strong>de</strong>dicação <strong>do</strong>s técnicos <strong>do</strong> SEBRAE <strong>de</strong> Minas que ali operaram durante três meses. Contamos com o apoio <strong>do</strong> SENAI, <strong>do</strong> SENAC<br />

e da Aeronáutica, que nos aju<strong>do</strong>u na montagem <strong>do</strong>s pavilhões para a realização <strong>do</strong>s cursos; montamos uma área para a emissão <strong>de</strong> carteiras <strong>de</strong> trabalho e para a execução <strong>de</strong> exames<br />

elementares <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. O Banco Popular da Prefeitura também esteve presente. Foi uma ação importante, que gerará, na Vila Mariquinhas, alguns futuros empresários, alguns futuros<br />

microempresários, que, certamente, um dia, serão patrões.<br />

Na nossa ótica, enten<strong>de</strong>mos que a microempresa brasileira ainda não tem o apoio necessário na área <strong>do</strong> setor público. Recentemente, há alguns meses, foi aprova<strong>do</strong> pela Câmara<br />

Fe<strong>de</strong>ral o estatuto da microempresa, <strong>do</strong> Sena<strong>do</strong>r Sarney, discuti<strong>do</strong> durante cinco anos. Foi aprova<strong>do</strong> agora, graças a uma luta ferrenha <strong>de</strong> alguns Deputa<strong>do</strong>s Fe<strong>de</strong>rais. Passou pelo<br />

Sena<strong>do</strong>, será sancionada pelo Presi<strong>de</strong>nte Fernan<strong>do</strong> Henrique e regulamentada em 60 dias. Será importante para dar à empresa brasileira um alívio e um horizonte <strong>de</strong> crescimento, já<br />

que aumentou o parâmetro <strong>de</strong> faturamento. A microempresa po<strong>de</strong> chegar a R$1.200.000,00 por ano, isto é, R$<strong>10</strong>0.000,00 por mês. Terá algumas isenções e condições <strong>de</strong> créditos<br />

mais favoráveis.<br />

Recentemente, em Minas Gerais, foram realizadas algumas ações importantes, mas carece <strong>do</strong> apoio <strong>do</strong> <strong>Legislativo</strong>, que é extremamente importante. To<strong>do</strong>s conhecem o trabalho <strong>de</strong><br />

tapetes "arraiolo", <strong>de</strong> Diamantina, on<strong>de</strong> havia um grupo <strong>de</strong> artesãos, fabrican<strong>do</strong> tapetes "arroiolo" com financiamento da Alemanha. Esse movimento cresceu muito e chegou a ter 2<br />

mil mulheres fabrican<strong>do</strong> tapetes "arraiolo". Elas se uniram em uma cooperativa e, <strong>de</strong> repente, a Secretaria da Fazenda enten<strong>de</strong> que <strong>de</strong>veriam pagar ICMS. Foi o fim da ação das<br />

cooperativas <strong>de</strong> Diamantina. As 2 mil mulheres ficaram <strong>de</strong>sempregadas.<br />

Por isso, essas ações governamentais são importantes, mas <strong>de</strong>sta Casa <strong>de</strong>ve sair a legislação. Hoje tramita nesta Casa uma ação importante, que é o Estatuto <strong>de</strong> Defesa <strong>do</strong><br />

Contribuinte, que não tem somente obrigações, tem direitos. Vamos ter essa ação aprovada na Assembléia Legislativa.<br />

Em Minas Gerais, tivemos a felicida<strong>de</strong> da criação <strong>do</strong> Gera Minas e <strong>do</strong> Micro Geraes, que são ações importantes para aqueles que querem se introduzir na ativida<strong>de</strong>. O SEBRAE está<br />

<strong>de</strong> portas abertas para dar toda a orientação <strong>de</strong> que precisarem.<br />

A função <strong>do</strong> Micro Geraes e <strong>do</strong> Gera Minas é estimular o <strong>de</strong>senvolvimento sustenta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais, corrigir as distorções regionais, estimular setores <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s absorve<strong>do</strong>ras<br />

<strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra, apoiar a profissionalização e especialização das ativida<strong>de</strong>s empresariais e estimular o processo <strong>de</strong> informatização das microempresas já instaladas.<br />

O Gera Minas é uma outra ação muito importante, e uma parte <strong>do</strong>s impostos que o empresário <strong>do</strong> comércio e da indústria pagam - o <strong>de</strong> serviços, não, porque ele não paga ICMS - vai<br />

para esse Fun<strong>do</strong>, que hoje é geri<strong>do</strong> pelo BDMG, e volta para os microempresários.<br />

Uma gran<strong>de</strong> ação <strong>do</strong> SEBRAE-MG é na área <strong>de</strong> crédito. Há mais <strong>de</strong>manda, no SEBRAE, <strong>de</strong> microcrédito e também <strong>de</strong> um crédito um pouco maior. Estamos a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> uma ação<br />

para o microcrédito, que é extremamente importante, veio para o SEBRAE por meio <strong>de</strong> um braço <strong>do</strong> Comunida<strong>de</strong> Solidária, da D. Ruth. É uma ação importante para aquela<br />

costureira que precisa comprar uma outra máquina <strong>de</strong> costura. É um crédito <strong>de</strong> R$1.000,00 a R$1.500,00, que vai ajudar muito no incentivo ao pequeno empresário e ao<br />

microempresário que quer começar a sua ativida<strong>de</strong>.<br />

O microcrédito é uma ação <strong>do</strong> SEBRAE, para a qual estamos fortemente aparelha<strong>do</strong>s. Para terem uma idéia <strong>do</strong> volume, já fizemos, este ano, quase 8 mil operações <strong>de</strong> crédito, no<br />

valor aproxima<strong>do</strong> <strong>de</strong> R$80.000.000,00. Preten<strong>de</strong>mos chegar a 12 mil operações até o final <strong>do</strong> ano, em torno <strong>de</strong> R$<strong>10</strong>5.000.000,00 empresta<strong>do</strong>s para os microempresários.<br />

Essas ações em que o SEBRAE-MG atua são muito amplas, tanto no comércio e na agricultura quanto na área <strong>de</strong> serviços. Estamos atuan<strong>do</strong> fortemente; o SEBRAE tem <strong>10</strong> regionais<br />

e 60 balcões. Essas regionais estão nas principais regiões <strong>de</strong> Minas Gerais, atuan<strong>do</strong> fortemente no setor <strong>do</strong> pequeno empresário e <strong>do</strong> microempresário.


Como falei, essa é a filosofia <strong>do</strong> SEBRAE. Não adianta procurar emprego se não houver patrão para gerar o emprego. A legislação ainda oferece restrições para o microempresário<br />

atuar, mas lentamente estamos avançan<strong>do</strong> e certamente chegaremos a um patamar mais avança<strong>do</strong> algum dia. Infelizmente, não será na nossa geração, mas este País <strong>de</strong>verá melhorar<br />

muito. Não há outro caminho a não ser levantar ce<strong>do</strong>, trabalhar muito e se <strong>de</strong>dicar intensamente, sempre em busca da perfeição e da qualida<strong>de</strong>.<br />

Agra<strong>de</strong>ço a atenção <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s e à Assembléia Legislativa por colocar um tema tão importante em discussão. Muito obriga<strong>do</strong>. (- Palmas.)<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Gostaria <strong>de</strong> lembrar aos participantes que amanhã haverá a plenária <strong>de</strong> votação. To<strong>do</strong>s têm em mãos o <strong>do</strong>cumento das CTIs e as sugestões <strong>do</strong> interior. Houve<br />

enriquecimento e acréscimo <strong>de</strong> novas propostas para amanhã.<br />

O <strong>do</strong>cumento será entregue amanhã, e gostaríamos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar bem claro que, para melhor <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s trabalhos, só serão lidas e votadas as propostas <strong>de</strong>stacadas item por<br />

item, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com cada CTI formada. Estamos atentos a isso.<br />

Vamos também eleger a comissão <strong>de</strong> representação que acompanhará o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> seminário. O seminário terá esse <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramento, e a comissão <strong>de</strong> representação terá o<br />

papel <strong>de</strong> fiscaliza<strong>do</strong>r e fará o acompanhamento. Nesta manhã, no Seminário <strong>Legislativo</strong> Desemprego e Direito ao Trabalho, estamos discutin<strong>do</strong> o tema "Experiências Não<br />

Governamentais na Geração <strong>de</strong> Emprego e <strong>de</strong> Renda".<br />

Palavras <strong>do</strong> Sr. Heguiberto Guiba Navarro Dolla Bella<br />

Bom-dia a to<strong>do</strong>s. Em primeiro lugar, peço <strong>de</strong>sculpas pelo atraso e gostaria <strong>de</strong> informar que ele se <strong>de</strong>u <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à mobilização que fizemos com os trabalha<strong>do</strong>res da FIAT.<br />

Lamentavelmente, fomos reprimi<strong>do</strong>s violentamente.<br />

Vamos falar um pouquinho sobre a relação entre capital e trabalho. Acho que os companheiros da Mesa já abordaram esse assunto, assim como os representantes <strong>do</strong>s empresários.<br />

Quero lamentar os fatos ocorri<strong>do</strong>s hoje, pela manhã. Ainda estamos com quatro companheiros <strong>do</strong> ABC hospitaliza<strong>do</strong>s com uma certa gravida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à violência da segurança da<br />

FIAT e da Polícia Militar <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />

Estamos fazen<strong>do</strong> essa <strong>de</strong>núncia e queremos dizer que filmamos o ocorri<strong>do</strong> e iremos entregar cópia <strong>de</strong>sse filme à Assembléia Legislativa. Marcaremos também uma audiência com o<br />

Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Vamos, ainda, fazer uma <strong>de</strong>núncia internacional ao Presi<strong>de</strong>nte da FIAT na Itália. Gostaríamos <strong>de</strong> saber se o tratamento que a FIAT da Itália dispensa aos seus<br />

trabalha<strong>do</strong>res é o mesmo aplica<strong>do</strong> aos trabalha<strong>do</strong>res brasileiros.<br />

Portanto, esse atraso aconteceu <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a essas manifestações. Aliás, elas estavam marcadas para amanhã, mas a própria FIAT as antecipou para hoje. Por quê? Porque dispensou os<br />

trabalha<strong>do</strong>res amanhã e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> amanhã, para que recuperem a produção no sába<strong>do</strong>. Então, antecipamos a paralisação para discutir o assunto <strong>de</strong>mocraticamente com os<br />

empresários <strong>do</strong> Brasil e com o Governo.<br />

Quero começar abordan<strong>do</strong> esse tema, porque quero falar um pouco sobre a produção mundial <strong>de</strong> automóveis - não sei se o Osmani já abor<strong>do</strong>u o assunto -, porque esse tema engloba<br />

um pouco da chamada guerra fiscal que temos no Brasil e porque estamos lançan<strong>do</strong> o chama<strong>do</strong> contrato coletivo <strong>de</strong> trabalho, para <strong>de</strong>bater o assunto com os empresários e o Governo,<br />

discutin<strong>do</strong> também, abertamente, os investimentos das pequenas e médias empresas e das microempresas. Nossa proposta <strong>de</strong> contrato coletivo <strong>de</strong> trabalho gera uma série <strong>de</strong><br />

propostas da organização <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res em nível nacional, o que não é novida<strong>de</strong>, uma vez que já existe em algumas organizações internacionais <strong>de</strong> outros países europeus ou,<br />

mesmo, da América Latina.<br />

Tenho alguns da<strong>do</strong>s e quero começar com eles. Depois, vamos nos aprofundar no assunto, que trata da produção mundial <strong>de</strong> automóveis. Vocês se lembram <strong>de</strong> que, em 1992, o<br />

Brasil passou por uma séria crise <strong>de</strong>corrente da produção mundial. Naquele momento, apresentamos a Câmara Setorial <strong>de</strong> Negociação Tripartite - entre o Governo, os trabalha<strong>do</strong>res e<br />

os empresários. Em 1992, produzimos, no Brasil, 960 mil veículos com essa Câmara Setorial atuan<strong>do</strong> e garantin<strong>do</strong> o emprego <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res, garantin<strong>do</strong> os salários <strong>do</strong>s<br />

trabalha<strong>do</strong>res e diminuin<strong>do</strong> os impostos por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carros. Geramos uma produção maior no Brasil e um crescimento, que foi acorda<strong>do</strong> tripartitemente, o qual <strong>de</strong>veria chegar, no<br />

ano 2000, a 2 milhões <strong>de</strong> veículos produzi<strong>do</strong>s.<br />

No entanto, a produção brasileira, que era <strong>de</strong> 90 mil veículos em 1992, alcançou a meta <strong>de</strong> 2 milhões <strong>de</strong> veículos produzi<strong>do</strong>s em 1997, portanto antes, inclusive, <strong>do</strong> que previam o<br />

Governo, os empresários e os próprios trabalha<strong>do</strong>res. E durante o perío<strong>do</strong>, até 1994-1995, na entrada <strong>do</strong> Sr. Fernan<strong>do</strong> Henrique Car<strong>do</strong>so no Governo, tínhamos esse chama<strong>do</strong><br />

contrato, acor<strong>do</strong>. Em 1995, esse acor<strong>do</strong> não mais vigorava e, portanto, começaram as <strong>de</strong>missões na empresa. E a produção, no entanto, continuava crescen<strong>do</strong> assusta<strong>do</strong>ramente. E,<br />

como já disse, até 1997 alcançamos 2 milhões <strong>de</strong> veículos. Em 1998, a produção caiu para 1.600.000 veículos, e a previsão para <strong>1999</strong> é <strong>de</strong> 1.200.000, chegan<strong>do</strong> a 1.400.000 veículos.<br />

Mas o que é importante colocarmos na chamada guerra fiscal é que o Governo conce<strong>de</strong> muito para as multinacionais e transacionais, em <strong>de</strong>trimento <strong>do</strong>s investimentos que po<strong>de</strong>riam<br />

ser coloca<strong>do</strong>s no Brasil na agricultura, para os pequenos e médios empresários, na área <strong>de</strong> direitos sociais, na saú<strong>de</strong>, educação, habitação e em uma série <strong>de</strong> outros setores.<br />

Portanto, na discussão da chamada guerra fiscal, estamos brigan<strong>do</strong> com o Governo, tentan<strong>do</strong> insistir com ele para que não conceda muito às multinacionais porque elas já têm uma<br />

capacida<strong>de</strong> financeira gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> gerar seus próprios recursos e não precisam <strong>de</strong>sses empréstimos, <strong>de</strong>ssa <strong>do</strong>ação que os Governos Estaduais e o Governo Fe<strong>de</strong>ral têm coloca<strong>do</strong> nas<br />

multinacionais.<br />

E no Brasil, <strong>de</strong> 1998 a <strong>1999</strong> e, possivelmente, no ano 2000, haverá o chama<strong>do</strong> investimento empresarial, ou seja, a chegada das empresas multinacionais, o que, na nossa opinião, não<br />

é nenhum tipo <strong>de</strong> investimento. Vocês vão verificar que elas vêm para cá porque somos um país emergente, com crescimento <strong>de</strong> produção, portanto com um crescimento <strong>de</strong> merca<strong>do</strong><br />

gran<strong>de</strong>. A produção mundial <strong>de</strong> automóveis hoje está em torno <strong>de</strong> 647 milhões <strong>de</strong> veículos rodan<strong>do</strong> no mun<strong>do</strong>. É uma projeção. Daqui a <strong>de</strong>z anos, essa projeção será <strong>de</strong><br />

1.<strong>10</strong>0.000.000 <strong>de</strong> veículos produzi<strong>do</strong>s. Portanto, há um crescimento muito gran<strong>de</strong> da produção mundial <strong>de</strong> automóveis. E as multinacionais estão vin<strong>do</strong> para cá porque o Brasil é um<br />

país emergente, que tem um carro para cada <strong>10</strong> habitantes. Na Europa, há um carro para cada habitante. No Brasil ainda vão ser vendi<strong>do</strong>s muitos carros. E é por isso que as<br />

multinacionais estão vin<strong>do</strong> para cá. E vêm sem nenhum compromisso <strong>de</strong> gerar as condições sociais, <strong>de</strong> gerar empregos. E o que estamos discutin<strong>do</strong>? As empresas precisam gerar<br />

empregos. Temos da<strong>do</strong>s que, na nossa opinião, mostram que o Governo brasileiro precisa fazer alguma intervenção. Quan<strong>do</strong> a Volkswagen foi para Resen<strong>de</strong>, prometia a criação <strong>de</strong> 4<br />

mil novos empregos. Hoje, po<strong>de</strong>mos verificar que a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Resen<strong>de</strong>, antes da Volkswagen, tinha 6.400 trabalha<strong>do</strong>res na indústria metalúrgica. Hoje, tem 4.<strong>10</strong>0 trabalha<strong>do</strong>res na<br />

área. Quer dizer, o número caiu e criou um problema social grave para a cida<strong>de</strong>. Se a Ford se instalar em Camaçari, vai, novamente, criar um outro problema social ali, porque não<br />

vai gerar os empregos que promete, porque ela não tem compromisso em fazê-lo. Ela recebe o dinheiro <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, da União e <strong>do</strong> BNDES, sem nenhum compromisso com o fator<br />

social. Portanto, o nosso contrato coletivo diz que as empresas têm <strong>de</strong> ter o compromisso <strong>de</strong> gerar as condições sociais, compromisso <strong>de</strong> gerar emprego no Brasil. Se isso não<br />

acontecer, param, imediatamente, os financiamentos e os empréstimos acorda<strong>do</strong>s com o BNDES, que é o dinheiro <strong>do</strong>s próprios brasileiros.<br />

Estamos apresentan<strong>do</strong> ao BNDES proposta para fazer um empréstimo pequeno ao microempresário e, assim, criar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um chama<strong>do</strong> Banco <strong>do</strong> povo ou uma facilida<strong>de</strong><br />

para que os pequenos e médios empresários possam gerar emprego. Depois <strong>de</strong>sses "investimentos", entre aspas, das indústrias nacionais, as indústrias <strong>de</strong> autopeças, que chegaram a<br />

ser 2.600, hoje não passam <strong>de</strong> 600. Portanto, o número <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res caiu assusta<strong>do</strong>ramente, em to<strong>do</strong>s os segmentos das indústrias.<br />

A nossa proposta <strong>do</strong> contrato coletivo <strong>de</strong> trabalho fala em redução <strong>de</strong> jornada <strong>de</strong> trabalho para 36 horas para gerar emprego e fala em investimento. Achamos que é possível chegar a<br />

um crescimento da produção nacional, porque é com a produção nacional <strong>de</strong> veículos que po<strong>de</strong>remos gerar melhores condições para a população brasileira. Estamos propon<strong>do</strong><br />

discussões e a renovação da frota <strong>do</strong> Brasil. Achamos que com a renovação da frota <strong>do</strong>s veículos brasileiros é possível aumentar a produção nacional, gerar empregos e fazer com<br />

que nós, trabalha<strong>do</strong>res, tenhamos melhores condições para discutir no futuro. Não estamos inventan<strong>do</strong> absolutamente nada. Já existe em alguns países a chamada renovação da frota.<br />

Achamos que renovan<strong>do</strong> a frota, não só no setor <strong>de</strong> automóveis, mas também no setor <strong>de</strong> caminhões, ônibus, trem e nos estaleiros <strong>do</strong>s navios, voltaremos a gerar emprego.<br />

É essa proposta que queremos discutir com os governantes. Não vamos esperar ter um governo <strong>de</strong> esquerda para discutirmos as propostas e sair da crise. Queremos sair da crise<br />

apresentan<strong>do</strong> propostas, discutin<strong>do</strong> com o Governo, fazen<strong>do</strong> mobilizações e fazen<strong>do</strong> conscientização <strong>de</strong> classes.


O que posso falar com muita tranqüilida<strong>de</strong> é que somos um país <strong>de</strong> semi-analfabetos. Quan<strong>do</strong> nos preocupamos em lançar o chama<strong>do</strong> programa integra<strong>do</strong>, que é o programa <strong>de</strong><br />

requalificação profissional, em 1995, é porque os trabalha<strong>do</strong>res, ao sairem da empresa, ficam marginaliza<strong>do</strong>s para voltar à socieda<strong>de</strong>, porque o SENAI e o SENAC praticam outro<br />

tipo <strong>de</strong> formação. Eles praticam uma formação específica para empresas específicas e para as condições que eles querem, sem fazer nenhuma consulta aos trabalha<strong>do</strong>res. Portanto,<br />

eles <strong>de</strong>terminam a função da garotada que entra no SENAI. Por causa <strong>de</strong>ssas distorções apresentamos o programa integra<strong>do</strong>, que qualifica as pessoas para o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho e as<br />

coloca preparadas para disputá-lo. Fazemos outro tipo <strong>de</strong> qualificação profissional.<br />

Apresentamos essa meto<strong>do</strong>logia e fomos reconheci<strong>do</strong>s pelo MEC como o único no Brasil a apresentar a qualificação profissional com o certifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1º grau <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res.<br />

Como achamos que só o certifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1º grau não resolve o problema, porque a FIAT já exige o 2º grau, outras empresas também já fazem o mesmo, precisamos preparar o 2º grau<br />

também. Agora, estamos apresentan<strong>do</strong> aos trabalha<strong>do</strong>res e aos dirigentes sindicais o 2º e o 3º grau. Por que o 3º grau? Já estamos fazen<strong>do</strong> o 3º grau com os dirigentes sindicais,<br />

porque achamos que estes têm <strong>de</strong> acompanhar os trabalha<strong>do</strong>res, numa nova conjuntura, numa nova proposta. Então, esses dirigentes têm <strong>de</strong> estar mais prepara<strong>do</strong>s para acompanhar<br />

essa nova forma <strong>de</strong> evolução <strong>do</strong> Brasil.<br />

É claro que concor<strong>do</strong> com alguns companheiros que me antece<strong>de</strong>ram em que esse não é o papel <strong>do</strong> movimento sindical. O seu papel continua sen<strong>do</strong> reivindicatório, organizativo,<br />

mas também acho que ele tem o papel <strong>de</strong> cidadão, pois envolve a cidadania <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res, para que essas pessoas tenham mais condições <strong>de</strong> voltar ao merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho, <strong>de</strong><br />

voltar aos estu<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> se prepararem cada vez mais. Diziam que, na região <strong>do</strong> ABC, na chamada fuga empresarial, fuga da produção, em que surgiu o custo ABC, posteriormente o<br />

custo Brasil, as empresas estavam sain<strong>do</strong>, porque a mão-<strong>de</strong>-obra era muito cara e a região não apresentava boas condições. Começamos a <strong>de</strong>bater com os empresários e<br />

representantes locais, quan<strong>do</strong> apresentamos algumas propostas. Apresentamos uma proposta chamada Câmara Regional Local, on<strong>de</strong>, junto com uma das prefeituras da região <strong>de</strong><br />

Dia<strong>de</strong>ma, que tinha 33% das populações semi-analfabeta e analfabeta, conseguimos que a erradicação <strong>do</strong> analfabetismo fosse importante. Apesar <strong>de</strong> termos começa<strong>do</strong> apenas em<br />

uma cida<strong>de</strong>, hoje ela está funcionan<strong>do</strong> em toda a região <strong>do</strong> ABC. As prefeituras fizeram um convênio com o sindicato, o que nos propiciou esse trabalho <strong>de</strong> alfabetização <strong>de</strong> adultos.<br />

Achamos que isso também é um papel <strong>do</strong> sindicato, se este quiser representar melhor os seus trabalha<strong>do</strong>res. E, nessa câmara setorial, começamos a apresentar propostas ao Governo<br />

Estadual, aos prefeitos, tais como os investimentos na região, o problema <strong>do</strong>s mananciais, das ro<strong>do</strong>vias, o investimento no Porto <strong>de</strong> Santos, que há 36 anos não recebia nenhum<br />

recurso, enfim, começamos a apresentar propostas concretas.<br />

Hoje, é claro, nem tu<strong>do</strong> está às mil maravilhas, mas a nossa região está crescen<strong>do</strong> e novamente atrain<strong>do</strong> essas empresas. Queremos <strong>de</strong>bater isso com toda a socieda<strong>de</strong>, porque não é<br />

possível que os empresários digam que, na região <strong>do</strong> ABC, o custo da mão-<strong>de</strong>-obra seja muito caro. Aliás, é dito pelos empresários que o custo Brasil é muito alto, mas gostaria <strong>de</strong><br />

dizer que o custo da mão-<strong>de</strong>-obra, no setor <strong>de</strong> automóveis, no setor produtivo brasileiro não passa <strong>de</strong> 4%, enquanto que, nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, chega a 34%, na Alemanha, 32%, no<br />

Japão, 32%. No Brasil, a nossa mão-<strong>de</strong>-obra, já foi maior, não chega a 4%. Portanto, se há impostos, encargos muito altos, precisamos <strong>de</strong>bater o problema. Queremos fazer esse<br />

<strong>de</strong>bate. Já propusemos aos empresários que tirem <strong>do</strong> holerite o custo da mão-<strong>de</strong>-obra e o coloquem no faturamento. Achamos que quem ganha mais, quem produz mais, paga mais.<br />

Possivelmente, isso possibilitaria uma diminuição <strong>do</strong>s encargos das empresas. Aqueles que faturam mais, vão pagar mais ao Esta<strong>do</strong>. Estamos apresentan<strong>do</strong> essas propostas ao<br />

Governo, para que possamos <strong>de</strong>finitivamente participar das formações, <strong>do</strong>s diálogos e <strong>do</strong> comprometimento em ter uma relação mais fraterna e uma produção maior. Para isso,<br />

precisamos também <strong>de</strong> condições melhores para os trabalha<strong>do</strong>res.<br />

Como já disse, temos um número muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res analfabetos. Somente 33% da nossa população economicamente ativa tem o 1º grau completo, ou seja, 67% <strong>do</strong>s<br />

brasileiros estão excluí<strong>do</strong>s <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho. Esses são da<strong>do</strong>s. Não só a FIAT, a GM, a Volks, mas outras empresas já exigem o 2º grau completo.<br />

Nós, como agentes da socieda<strong>de</strong>, temos <strong>de</strong> participar <strong>de</strong>ssa organização, das ativida<strong>de</strong>s e das propostas <strong>de</strong> formação social. Nesse contrato coletivo <strong>de</strong> trabalho que estamos<br />

apresentan<strong>do</strong>, queremos discutir isso com os empresários. Não é possível que uma empresa como a FIAT, que tem um faturamento alto, que disputa o merca<strong>do</strong> com a Volkswagem<br />

<strong>do</strong> Brasil, pague um salário médio em torno <strong>de</strong> R$650,00, enquanto o salário médio no ABC paulista é <strong>de</strong> R$1.450,00. Não é possível que outras empresas paguem R$450,00, menos<br />

ainda que a FIAT. Essa é a chamada guerra fiscal que não nos interessa, que retira os direitos sociais, que não faz investimento no social. Diria até que o investimento <strong>de</strong>ssas<br />

empresas não interessa a nós, brasileiros, porque não tem compromisso com o social, elas querem apenas ven<strong>de</strong>r veículos. Quan<strong>do</strong> já não os ven<strong>de</strong>rem, irão embora e nos <strong>de</strong>ixarão<br />

aqui a ver navios.<br />

Se queremos participar <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> e trabalhar juntos na produção e nos direitos sociais, precisamos discutir essas condições no Brasil como um to<strong>do</strong>.<br />

Por isso, peguei alguns pontos que consi<strong>de</strong>ro importantes. É claro que o meu trabalho aqui hoje seria aborda<strong>do</strong> com mais calma, possivelmente eu seria o segun<strong>do</strong> ou o terceiro a<br />

falar, mas fiz questão <strong>de</strong> abordar esses quatro temas, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> contrato coletivo <strong>de</strong> trabalho, em que temos um calendário <strong>de</strong> luta que começou em Rezen<strong>de</strong>, na semana passada, e<br />

hoje, aqui na FIAT. A semana que vem será em São Paulo, <strong>de</strong>pois, o Paraná, Santa Catarina e o Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul. Queremos discutir investimentos no Brasil na área social e na<br />

geração <strong>de</strong> emprego. Muito obriga<strong>do</strong>.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Aproveitamos a presença e a <strong>de</strong>núncia feita pelo Presi<strong>de</strong>nte da Confe<strong>de</strong>ração, o "Guiba", para dizer que hoje, pela manhã, numa exposição <strong>de</strong> trabalhos <strong>do</strong>s presos<br />

da Penitenciária Nova Contagem, recebemos vários telefonemas <strong>do</strong> local em que estava ocorren<strong>do</strong> a manifestação <strong>do</strong>s metalúrgicos. Recebemos <strong>de</strong>núncias <strong>de</strong> prisões ilegais <strong>de</strong><br />

vários metalúrgicos, <strong>do</strong> requinte <strong>de</strong> violência e <strong>de</strong> atrocida<strong>de</strong> da Polícia.<br />

Vamos ter agora uma reunião da Mesa e à tar<strong>de</strong> uma reunião da bancada para que essa <strong>de</strong>núncia seja feita. É inadimissível que um Esta<strong>do</strong> que tem um Governo que faz discurso <strong>de</strong><br />

direitos humanos tenha um aumento tão gran<strong>de</strong> da violência policial. Isso é um absur<strong>do</strong>. Fatos como esses se acumulam cada vez mais. A cada dia, um fato novo, com requintes<br />

maiores <strong>de</strong> cruelda<strong>de</strong>. A <strong>de</strong>núncia é um absur<strong>do</strong>, ainda mais num Governo que tem uma coligação <strong>de</strong> esquerda e <strong>de</strong> centro-esquerda.<br />

Informamos a to<strong>do</strong>s participantes que a ata conten<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o seminário, inclusive o <strong>do</strong>cumento final, será publicada em <strong>16</strong> <strong>de</strong> outubro no jornal "Minas Gerais". Ali estará toda a<br />

síntese <strong>do</strong>s trabalhos e a íntegra das intervenções que estamos ten<strong>do</strong> nesses quatro dias.<br />

Posteriormente, vamos publicar um livro com o resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong>ste seminário sobre trabalho e <strong>de</strong>semprego, para o acompanhamento das entida<strong>de</strong>s.<br />

Esclarecimentos sobre os Debates<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte (Deputa<strong>do</strong> Cristiano Canê<strong>do</strong>) - Neste momento, faço um esclarecimento sobre os <strong>de</strong>bates: daremos início a esta fase, e a coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria informa ao Plenário que os<br />

participantes po<strong>de</strong>rão formular perguntas aos conferencistas. As questões po<strong>de</strong>rão ser encaminhadas por escrito, ou oralmente, mediante inscrição prévia.<br />

Para agilizarmos os <strong>de</strong>bates, solicitamos aos participantes que fizerem uso <strong>do</strong> microfone que se i<strong>de</strong>ntifiquem, sejam objetivos e sucintos, dispensada a formalida<strong>de</strong> das saudações<br />

pessoais. Cada participante disporá <strong>de</strong> até 2 minutos para fazer a sua intervenção, sen<strong>do</strong> garanti<strong>do</strong> o mesmo tempo para a resposta.<br />

Debates<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Pergunta <strong>de</strong> Madalena Oliveira Dias, <strong>do</strong> Movimento Nacional <strong>de</strong> Luta pela Moradia, a João Pedro Stédile: "A questão da <strong>de</strong>mocratização é um tema a ser<br />

trabalha<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s os segmentos comprometi<strong>do</strong>s com a transformação <strong>do</strong> País. Acho contraditórias a <strong>de</strong>mocratização <strong>do</strong> capital e a redistribuição <strong>de</strong> renda. Não seria socializar o<br />

capital, em vez <strong>de</strong> reformá-lo?".<br />

O Sr. João Pedro Stédile - D. Madalena, não quero discutir semântica com a senhora. Se a senhora achar melhor falar mal <strong>do</strong>s capitalistas, exigin<strong>do</strong> a socialização, tu<strong>do</strong> bem. Não<br />

tem problema nenhum.<br />

A diferença que existe entre a distribuição <strong>de</strong> renda e a <strong>de</strong>mocratização <strong>do</strong> capital é que a distribuição <strong>de</strong> renda se refere à renda, portanto, ao resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho. E normalmente se<br />

refere ao salário e a outras formas <strong>de</strong> se auferir renda.<br />

Democratizar o capital significa que é preciso reorganizar nossa economia, para que os trabalha<strong>do</strong>res tenham condições <strong>de</strong> acumular meios <strong>de</strong> produção, através <strong>de</strong> seu esforço. Não


significa uma política geral para o capital, mas sim uma maneira pela qual os trabalha<strong>do</strong>res na agricultura possam ir construin<strong>do</strong> suas próprias agroindústrias, como proprieda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>les. É esse o senti<strong>do</strong> na minha exposição, na expressão "<strong>de</strong>mocratização <strong>do</strong> capital". Nesse caso, tem relação direta com o aspecto da agroindústria. Nós, <strong>do</strong> movimento <strong>do</strong>s semterras,<br />

temos feito algumas experiências com a agroindústria, e a única forma que <strong>de</strong>scobrimos até agora <strong>de</strong> viabilizar essa <strong>de</strong>mocratização da agroindústria é através das<br />

cooperativas. Sei da <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong> nosso ex-Secretário da Agricultura <strong>do</strong> Distrito Fe<strong>de</strong>ral - que falou ontem para vocês e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> pequenas agroindústrias artesanais <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong><br />

familiar, que também são viáveis. Mas o nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico que o nosso País já adquiriu torna praticamente impossível disseminar agroindústrias só familiares. É<br />

necessário agroindústrias <strong>de</strong> maior produção, e, aí, a única forma é através das cooperativas.<br />

O Sr. Geral<strong>do</strong> Magela <strong>de</strong> Trinda<strong>de</strong> - Primeiro, gostaria <strong>de</strong> afirmar que tenho muita esperança, apesar da situação caótica pela qual a socieda<strong>de</strong>, o mun<strong>do</strong> que é produzi<strong>do</strong> por homens<br />

e mulheres, passa. Portanto, homens e mulheres po<strong>de</strong>m fazer, amanhã, a opção <strong>de</strong> construir um mun<strong>do</strong> diferente <strong>de</strong>ste. Estamos viven<strong>do</strong>, <strong>de</strong> fato, uma crise ética e precisamos pensar<br />

em um novo arranjo da socieda<strong>de</strong>.<br />

A nossa sorte é que os pobres estão fazen<strong>do</strong> política: é o MST, são os movimentos pró-moradias, é a participação no controle social <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, nos processos <strong>de</strong> orçamento<br />

participativo, é a criação <strong>de</strong> parti<strong>do</strong>s populares. Fico imaginan<strong>do</strong> se conseguíssemos empolgar a socieda<strong>de</strong> brasileira como Betinho fez em 1993: que no Natal <strong>de</strong> 1993 nenhuma<br />

família <strong>do</strong> Brasil passasse fome. E que nós, por exemplo, à luz da proposta <strong>do</strong> Márcio Pochmann, tivéssemos três ou quatro ban<strong>de</strong>iras que mexessem com o imaginário das pessoas,<br />

que dissessem respeito à reforma tributária progressiva, à reforma agrária e à reforma social. Com isso, po<strong>de</strong>ríamos criar uma força para mudar essa situação.<br />

A minha pergunta vai para o Osmani. Queria saber a respeito <strong>de</strong>ssa proposta da "cité <strong>de</strong>s métiers", se é uma espécie <strong>de</strong> SINE. Também tenho uma pergunta para o representante <strong>do</strong><br />

SEBRAE: temos muitos casos hoje <strong>de</strong> empresas falin<strong>do</strong> e os trabalha<strong>do</strong>res estão assumin<strong>do</strong> essas empresas para preservar os seus empregos. Temos o caso da Mambrini, em<br />

Vespasiano; da Cooperaço, no Distrito Industrial <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Jatobá. Gostaria <strong>de</strong> saber se, eventualmente, o SEBRAE po<strong>de</strong>ria dar um apoio a esses empreendimentos, pois aí não se<br />

trata <strong>de</strong> criar o patrão, eles querem uma outra forma <strong>de</strong> gestão compartilhada, igualitária.<br />

Só para finalizar, estive recentemente em Petrópolis, em um curso <strong>de</strong> capacitação <strong>de</strong> conselheiros <strong>de</strong> comissão <strong>de</strong> empregos, este que o Durval anunciou, cuja inscrição em Minas<br />

Gerais é na SETASCAD. Lá estivemos com os empresários da Rua Tereza. Eles estão fazen<strong>do</strong> um tremen<strong>do</strong> esforço para reativar o comércio, até mesmo realizan<strong>do</strong> feiras com<br />

<strong>de</strong>sfiles. Fico imaginan<strong>do</strong> que, se não houver um crescimento <strong>do</strong> País, esse esforço pouco adiantará. Certamente, num projeto <strong>de</strong> reconstrução da Nação, precisaremos <strong>de</strong> uma aliança<br />

<strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res e <strong>de</strong>sses pequenos empresários para priorizar a produção e o merca<strong>do</strong> nacional, como bem falou o João Pedro Stédile. Muito obriga<strong>do</strong>.<br />

O Sr. Osmani Teixeira <strong>de</strong> Abreu - Não sei exatamente como funciona o SINE, vou dizer o que imagino - se eu estiver erra<strong>do</strong> e se houver alguém <strong>do</strong> SINE aqui, que me <strong>de</strong>sculpe. O<br />

SINE, até on<strong>de</strong> eu sei, limita-se a cadastrar as pessoas e encaminhá-las para uma possível vaga.<br />

Essa cida<strong>de</strong> que existe na França possui um negócio muito maior <strong>do</strong> que isso: na realida<strong>de</strong>, é um espaço on<strong>de</strong> as pessoas vão para apren<strong>de</strong>r até a fazer o seu planejamento<br />

profissional. Lá, terão consultores permanentemente, marcam hora, vão ou não, chegam lá, são atendi<strong>do</strong>s e é on<strong>de</strong> a pessoa po<strong>de</strong> - usarei uma expressão popular - sair <strong>do</strong> nada e<br />

traçar to<strong>do</strong> o seu projeto profissional. É uma orientação. Evi<strong>de</strong>ntemente, haverá também a indicação <strong>de</strong> que há <strong>de</strong>terminada vaga em tal lugar, mas o mais importante é que as<br />

pessoas terão oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> discutir com consultores, que estarão lá à disposição para, até tentar <strong>de</strong>scobrir o que é melhor para elas, em vez <strong>de</strong> ir simplesmente ao local e saber que<br />

ali há uma vaga. Enten<strong>de</strong>mos que é muito mais <strong>do</strong> que faz o SINE hoje.<br />

O Sr. Eduar<strong>do</strong> Silveira <strong>de</strong> Noronha Filho - Na parte <strong>do</strong> SEBRAE, é só nos procurar, estamos na Av. Barão Homem <strong>de</strong> Melo, 329. Estamos aptos, em condição, temos pessoal técnico<br />

e competente para colaborar.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Pergunta <strong>de</strong> Patrícia Augusta <strong>de</strong> Alvarenga, psicóloga da entida<strong>de</strong> SENAC, que pergunta para o Osmani. Temos outras perguntas aqui, são três semelhantes. Farei<br />

as três <strong>de</strong> uma só vez. "Dr. Osmani, parabenizo, através <strong>de</strong> V. Sa., o trabalho <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> pela FIEMG, que, a cada dia, está <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> não só com o merca<strong>do</strong> nacional, mas também<br />

com a abertura da competitivida<strong>de</strong> internacional. Vocês aten<strong>de</strong>m a to<strong>do</strong>s e quaisquer profissionais ou têm <strong>de</strong> ser oriun<strong>do</strong>s da indústria? O Governo, em algum momento, financiou ou<br />

está financian<strong>do</strong> esse programa?".<br />

Pergunta <strong>de</strong> Denilson, representante da CDL, também para Osmani. "Qual a posição da FIEMG em relação à produção <strong>de</strong> matérias relacionadas ao empreendimento <strong>do</strong>s seus cursos,<br />

procuran<strong>do</strong> quebrar o paradigma <strong>de</strong> se formarem apenas emprega<strong>do</strong>s, e formarem também microempresários, uma vez que o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho está cada vez mais competitivo?"<br />

Outra pergunta para o Osmani, <strong>de</strong>sta feita, <strong>de</strong> Eliane <strong>de</strong> Oliveira Carmo, <strong>do</strong> Sindicato das Costureiras <strong>de</strong> Belo Horizonte. "O senhor falou sobre cursos ofereci<strong>do</strong>s pelo sistema SESI-<br />

SENAI. Sabemos que, mensalmente, as empresas fazem um repasse <strong>de</strong> verbas para que o sistema qualifique o trabalha<strong>do</strong>r. Se já existe essa verba, por que os cursos são tão caros e<br />

cobra<strong>do</strong>s <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r?"<br />

O Sr. Osmani Teixeira <strong>de</strong> Abreu - A primeira pergunta é se são só industriários. Os Núcleos <strong>de</strong> Oportunida<strong>de</strong>s Profissionais são, primordialmente, para industriários. Com relação à<br />

cida<strong>de</strong> das profissões, a que nos referimos, será aberta a to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>; não será só <strong>de</strong> industriários, mesmo porque a entida<strong>de</strong> terá a participação <strong>de</strong> outras entida<strong>de</strong>s; não será uma<br />

cida<strong>de</strong> só da Fe<strong>de</strong>ração das Indústrias.<br />

O NOT, que criamos na semana passada, não tem qualquer financiamento governamental.<br />

Na outra pergunta, foi dito que o SENAI e o SESI têm uma arrecadação. Realmente, há uma arrecadação compulsória das empresas, e, por isso, sofrem uma série <strong>de</strong> fiscalizações<br />

quanto à aplicação. Por que cobra? Estamos esten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> os treinamentos muito além <strong>do</strong> que a simples arrecadação daria conta, que, aliás, é público e notório, está diminuin<strong>do</strong> a cada<br />

dia, porque, à medida que alguém passa para a economia informal, a Fe<strong>de</strong>ração não arrecada coisa nenhuma. Quan<strong>do</strong> alguém é admiti<strong>do</strong> fora da categoria, também <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser<br />

industriário. Então, a arrecadação, que já foi muito maior, está diminuin<strong>do</strong> a cada dia. E, só com a arrecadação, teríamos <strong>de</strong> limitar os cursos, o que não aten<strong>de</strong>ria às indústrias nem<br />

aos trabalha<strong>do</strong>res que precisam da instrução.<br />

O Sr. Jar<strong>de</strong>l Lopes - A pergunta é para Eduar<strong>do</strong> Noronha, representante <strong>do</strong> SEBRAE. Quero lembrar que, anteriormente, fez-se referência ao estilo macaco - tu<strong>do</strong> o que vem,<br />

copiamos. Sou veterinário e, na Escola <strong>de</strong> Veterinária, em 1970, tivemos um Diretor, o Prof. José <strong>de</strong> Alencar Carneiro Viana, <strong>de</strong> zootecnia, que, já naquela época, dizia que<br />

<strong>de</strong>veríamos evitar cópias. Como professor <strong>de</strong> zootecnia, trabalhava com o aprimoramento genético da raça animal, não da raça humana. O senhor expôs algumas questões sobre a<br />

relação patrão e emprega<strong>do</strong>. Estamos discutin<strong>do</strong> a questão da agricultura familiar. O SEBRAE tem trabalha<strong>do</strong>, insistentemente, na questão da pequena e da média empresa, e não se<br />

fala na questão patronal. To<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s da Fundação João Pinheiro e da Fundação Getúlio Vargas mostram que isso inexiste. A pequena e a média empresa, neste País, não têm<br />

incentivo. E a população não está trabalhan<strong>do</strong> com essa perspectiva. São estatísticas da Fundação João Pinheiro.<br />

Recentemente, no Vale <strong>do</strong> Aço, criamos, com as Prefeituras <strong>de</strong> Ipatinga, Coronel Fabriciano e Timóteo, a Incuba<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> Cooperativas Populares. Não queremos nenhum dinheiro<br />

público volta<strong>do</strong> para cooperativa <strong>de</strong> empresa. Estamos trabalhan<strong>do</strong> a Incuba<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> Cooperativas naquela visão <strong>do</strong> companheiro da escola sindical.<br />

Essa visão da possibilida<strong>de</strong> da socialização, <strong>de</strong> as pessoas trabalharem numa visão um pouco diferenciada. Tu<strong>do</strong> o que nos tem si<strong>do</strong> mostra<strong>do</strong> nos últimos anos pelos economistas<br />

nacionais... Foi cita<strong>do</strong> até Delfim Neto, que não é uma pessoa que gostaríamos <strong>de</strong> citar, que já não está colocan<strong>do</strong> mais esses da<strong>do</strong>s que o senhor colocou. Então, gostaríamos que o<br />

senhor pegasse essa questão <strong>do</strong> SEBRAE e visse a questão das cooperativas, não consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> essa relação <strong>de</strong> patrão e <strong>de</strong> emprega<strong>do</strong>, porque to<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s indicativos que temos<br />

atualmente, na questão da exclusão <strong>do</strong> cidadão, não estão no caminho que o SEBRAE está encaminhan<strong>do</strong>. Por isso, no Vale <strong>do</strong> Aço, temos dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> relacionamento com o<br />

SEBRAE, com os diversos balcões SEBRAE e as propostas <strong>de</strong>le. Trabalhamos nas comissões <strong>de</strong> emprego tripartite, então, com os empresários, com os governos Municipal, Estadual<br />

e Fe<strong>de</strong>ral, e com os emprega<strong>do</strong>s, representan<strong>do</strong> o sindicato. Então, no Vale <strong>do</strong> Aço, estaremos trabalhan<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa maneira e, inclusive, com os <strong>do</strong>is Bancos: Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral<br />

e Banco <strong>do</strong> Brasil. Gostaria só <strong>de</strong>ssa consi<strong>de</strong>ração <strong>do</strong> senhor.<br />

O Sr. Eduar<strong>do</strong> Silveira <strong>de</strong> Noronha Filho - Fizemos só este ano 8.800 empréstimos e vamos chegar a 12 mil, com R$1<strong>10</strong>.000.000,00. Se você acha que isso é pouco, se você acha que<br />

isso não significa ação para o micro e o pequeno, eu não sei on<strong>de</strong> você queria chegar para consi<strong>de</strong>rar um número razoável. Em relação a Ipatinga, estamos fazen<strong>do</strong> gestões junto ao<br />

Presi<strong>de</strong>nte da USIMINAS, Dr. Rinal<strong>do</strong>, para criar em Ipatinga uma regional <strong>do</strong> SEBRAE, exatamente para ir ao encontro <strong>de</strong>ssas questões <strong>do</strong> Município <strong>de</strong> Ipatinga, que tem uma<br />

agência <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Já nos reunimos, na semana retrasada, para fazer gestões junto à Prefeitura <strong>de</strong> Ipatinga, com o Chico Ferramenta e com a USIMINAS para criar uma


agência <strong>do</strong> SEBRAE, um escritório regional <strong>do</strong> SEBRAE naquela cida<strong>de</strong>. Temos atua<strong>do</strong> também no setor <strong>de</strong> cooperativismo, fortemente, porque um <strong>do</strong>s Presi<strong>de</strong>ntes da entida<strong>de</strong> que<br />

reúne as cooperativas tem assento no Conselho <strong>do</strong> SEBRAE. Estamos em cima <strong>de</strong>sse trabalho.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - A Presidência informa aos presentes que estaremos receben<strong>do</strong> as perguntas até as 11 horas. Pergunta <strong>de</strong> João Bosco Passos para João Pedro Stédile: "Que leitura<br />

você faz <strong>do</strong> papel da gran<strong>de</strong> mídia Re<strong>de</strong> Globo no que toca ao MST e, principalmente, à reforma agrária?".<br />

O Sr. João Pedro Stédile - Infelizmente, em 2 minutos, não tenho tempo suficiente para falar mal da Globo, que há tantos anos fala mal <strong>do</strong> povo. Consi<strong>de</strong>ramos que o Brasil tem<br />

vários problemas estruturais para <strong>de</strong>mocratizar a nossa socieda<strong>de</strong>. Como já foi dito aqui e em outras palestras também, temos o problema da concentração <strong>de</strong> renda, da concentração<br />

<strong>de</strong> riqueza, <strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo econômico, da herança cultural escravagista que ainda temos. Um <strong>de</strong>sses graves problemas estruturais que a nossa socieda<strong>de</strong> tem para se <strong>de</strong>mocratizar é o<br />

monopólio <strong>do</strong>s meios <strong>de</strong> comunicação. Gran<strong>de</strong>s empresas ou, mais precisamente, sete gran<strong>de</strong>s famílias se aproveitaram <strong>do</strong> que é uma concessão pública para se transformar em<br />

gran<strong>de</strong>s capitalistas. Roberto Marinho, hoje, é um <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s capitalistas brasileiros, utilizan<strong>do</strong> uma concessão pública que está na Constituição Fe<strong>de</strong>ral, que <strong>de</strong>veria ser um serviço<br />

público para informar e educar a população. Infelizmente, as elites, através da televisão, usam permanentemente os meios <strong>de</strong> comunicação para apenas propagan<strong>de</strong>ar o seu projeto <strong>de</strong><br />

socieda<strong>de</strong>, os seus falsos valores e impedir que a população brasileira tenha acesso à informação correta e seja educada <strong>de</strong> uma maneira correta. De maneira que nós, <strong>do</strong> MST, nos<br />

sentimos vítimas da Re<strong>de</strong> Globo, pela falsa propaganda, por sempre só colocar notícias <strong>de</strong> violência. É sempre o la<strong>do</strong> negativo da reforma agrária que aparece na televisão. E não<br />

somos só nós. É to<strong>do</strong> o povo brasileiro. A televisão brasileira é uma porcaria, que é usada unicamente para manipular a opinião pública. Eles botam o Presi<strong>de</strong>nte, tiram o Presi<strong>de</strong>nte.<br />

Agora, já estão se afastan<strong>do</strong> <strong>do</strong> Fernan<strong>do</strong> Henrique. Logo, logo, vão criar o Ciro Gomes. E assim fizeram na história inteira. Por isso é que um <strong>do</strong>s pontos para <strong>de</strong>mocratizar a<br />

socieda<strong>de</strong> brasileira é <strong>de</strong>mocratizar os meios <strong>de</strong> comunicação social, distribuí-los para uso da socieda<strong>de</strong>, e não, para meia dúzia <strong>de</strong> tubarões, como acontece hoje. (- Palmas.)<br />

O Sr. Antônio Noemir - Antes <strong>de</strong> formular a pergunta, parabenizo, na pessoa <strong>do</strong> João Pedro, o MST, pela sua luta intransigente na busca <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> melhor e <strong>de</strong> justiça e por<br />

fazer isso com o entendimento <strong>de</strong> que o problema agrário não é só <strong>do</strong>s sem-terras, mas <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s nós.<br />

Sr. Heguiberto, o Sena<strong>do</strong>r José Alencar disse aqui, ontem, que a empresa é um bem social. Hoje, outro empresário afirma que é preciso <strong>de</strong>sregulamentar as ações <strong>de</strong> trabalho. O<br />

Sena<strong>do</strong>r disse, ainda, que é preciso levantar ce<strong>do</strong> e trabalhar muito na busca da qualida<strong>de</strong>. No entanto, o que vemos é, a cada dia, surgirem novas tecnologias, e, assim, produzir-se<br />

cada vez mais em menor espaço <strong>de</strong> tempo. Só que nós, trabalha<strong>do</strong>res, não temos acesso a essa tecnologia. Pelo contrário: a tecnologia que levantamos ce<strong>do</strong> para criar nos<br />

<strong>de</strong>semprega <strong>de</strong>pois. Vira-se contra nós. Criamos, na verda<strong>de</strong>, uma cobra para nos picar. Não somos contra a tecnologia. Somos contra criar a tecnologia e não po<strong>de</strong>r usá-la. Somos<br />

contra fabricar o carro e não po<strong>de</strong>r usá-lo; somos contra fabricar o vi<strong>de</strong>ocassete e não po<strong>de</strong>r usá-lo; somos contra fabricar a televisão e não po<strong>de</strong>r usá-la. Esse é o nosso<br />

<strong>de</strong>scontentamento.<br />

Pergunto ao Heguiberto: você acredita que levantarmos ce<strong>do</strong> e trabalharmos muito, na busca da qualida<strong>de</strong>, e a relação <strong>de</strong> trabalho ser <strong>de</strong>sregulamentada, ser precarizada ainda mais é<br />

a solução para se criar emprego?<br />

O Sr. Heguiberto Guiba Navarro Dolla Bella - De cara, digo que não. Com a <strong>de</strong>sregulamentação <strong>do</strong> trabalho no Brasil, o que o empresaria<strong>do</strong> quer é pagar menos, é tirar direitos, é<br />

diminuir a carteira profissional.<br />

Aliás, falávamos, há pouco, <strong>de</strong> cooperativas. Muitas das cooperativas criadas no Brasil vêm <strong>do</strong> interesse <strong>de</strong> não se pagar nenhum tipo <strong>de</strong> imposto e não se conce<strong>de</strong>rem direitos.<br />

Portanto, acho que a <strong>de</strong>sregulamentação da mão-<strong>de</strong>-obra é preocupante e não gera emprego.<br />

Acordar ce<strong>do</strong> e trabalhar é uma obrigação <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s, mas acordar ce<strong>do</strong> e trabalhar ten<strong>do</strong> direitos sociais, ten<strong>do</strong> emprego, ten<strong>do</strong> condições <strong>de</strong> executar o ofício, ten<strong>do</strong> segurança no<br />

trabalho.<br />

Felizmente, per<strong>de</strong>mos o primeiro posto em ocorrência <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> trabalho; no entanto, somos campeões em <strong>do</strong>enças <strong>do</strong> trabalho. O que precisamos é ter saú<strong>de</strong> para levantar<br />

ce<strong>do</strong>, trabalhar, mas com o direito <strong>de</strong> garantir a sobrevivência <strong>de</strong> nossas famílias e com a divisão social <strong>do</strong>s bens que produzimos.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Pergunta <strong>do</strong> Sr. Arli, <strong>do</strong> Conselho Municipal <strong>de</strong> Emprego <strong>de</strong> Santo Antônio <strong>do</strong> Monte, para o Dr. Eduar<strong>do</strong> Noronha: "Esclarecimento: o segun<strong>do</strong> maior produtor <strong>de</strong><br />

fogos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> é Santo Antônio <strong>do</strong> Monte, e não Monte Sião, como parece que foi dito.<br />

Por que o SEBRAE promove ações para o treinamento <strong>do</strong>s empresários e não os ensina a valorizar o emprega<strong>do</strong>? Ven<strong>de</strong>, e caro, programas <strong>de</strong> QT, SETEX e outros, mas não ensina<br />

os empresários a promover a educação básica formal para os funcionários nem a formalizar as relações <strong>de</strong> trabalho.<br />

Temos hoje mais <strong>de</strong> 60% da população, emprega<strong>do</strong>s ativos, com instrução inferior à 4ª série".<br />

O Sr. Eduar<strong>do</strong> Silveira <strong>de</strong> Noronha Filho - O senhor tem razão. Sempre confun<strong>do</strong> Monte Sião com Santo Antônio <strong>do</strong> Monte. Uma das nossas ações em Monte Sião é em relação à<br />

produção. To<strong>do</strong>s sabem que, no inverno, muitos produtores <strong>de</strong> Monte Sião e Jacutinga ven<strong>de</strong>m seus produtos em Belo Horizonte. Santo Antônio <strong>do</strong> Monte é o segun<strong>do</strong> pólo produtor<br />

<strong>de</strong> fogos <strong>de</strong> artifício <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Esse será um esforço que faremos junto ao empresaria<strong>do</strong> <strong>de</strong> Santo Antônio <strong>do</strong> Monte.<br />

Há cursos em diversas áreas, e não são caros. Há muitos cursos gratuitos no SEBRAE. Esse esforço empreendi<strong>do</strong> em Santo Antônio <strong>do</strong> Monte colocará o seu produto em to<strong>do</strong> o<br />

mun<strong>do</strong>. Faremos um gran<strong>de</strong> esforço exporta<strong>do</strong>r. Isso já foi discuti<strong>do</strong> anteontem, em Salva<strong>do</strong>r, quan<strong>do</strong> estive com o Ministro José Botafogo. Colocaremos uma pessoa <strong>do</strong> SEBRAE<br />

especializada em fogos <strong>de</strong> artifício para ajudar o empresaria<strong>do</strong> <strong>de</strong> Santo Antônio <strong>do</strong> Monte.<br />

O Presi<strong>de</strong>nte - O Sr. José Roberto solicita que eu divulgue o en<strong>de</strong>reço <strong>do</strong> órgão <strong>de</strong> Ouvi<strong>do</strong>ria da Polícia que tem a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ouvir reclamações e <strong>de</strong>núncias contra atos incorretos<br />

das polícias <strong>de</strong> Minas Gerais. O en<strong>de</strong>reço é Rua Santa Rita Durão, 1.143, e o telefone: 262-0403.<br />

O Sr. Henrique Badaró - Bom-dia a to<strong>do</strong>s. Sr. João Pedro Stédile, os anseios que o senhor representa são bastante legítimos. Como fazer as mudanças que propõe, no regime<br />

<strong>de</strong>mocrático? Quais as suas sugestões para melhorar a representativida<strong>de</strong> <strong>do</strong> povo no Congresso Nacional?<br />

O Sr. João Pedro Stédile - No Brasil, confun<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>mocracia eleitoral com <strong>de</strong>mocracia. Democracia ocorre, acima <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> o povo tem as mesmas oportunida<strong>de</strong>s e direitos<br />

na socieda<strong>de</strong> on<strong>de</strong> vive. E to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> sabe que, no Brasil, estamos longe <strong>de</strong> ser uma socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática.<br />

Acho que o caminho não é fácil, nem será rápi<strong>do</strong>. Mas vai exigir que todas as organizações populares e as entida<strong>de</strong>s da socieda<strong>de</strong> realizem um amplo trabalho <strong>de</strong> conscientização da<br />

população sobre os seus direitos e sobre o que significa ser cidadão, para que o povo organiza<strong>do</strong> agarre as tarefas <strong>de</strong> pressionar as autorida<strong>de</strong>s, pressionar as mudanças <strong>de</strong> leis. Enfim,<br />

através das mobilizações populares, que se possa construir uma socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática.<br />

Todas as mudanças sociais que houve na história da humanida<strong>de</strong>, em to<strong>do</strong>s os países <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, sempre foram frutos da pressão social. Nunca, em nenhum país <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, o<br />

primeiro aluno <strong>de</strong> Direito <strong>do</strong> primeiro ano apren<strong>de</strong>. Nenhuma lei foi feita antes <strong>do</strong> fato social.<br />

Portanto, mesmo para haver mudanças legislativas, é preciso que a população tenha consciência, que se organize e pressione. Se quiserem, exerçam o seu direito <strong>de</strong> cidadãos, <strong>de</strong><br />

partícipes <strong>de</strong>ssa socieda<strong>de</strong>.<br />

Sobre as melhorias <strong>do</strong>s nossos congressos fe<strong>de</strong>ral e estaduais, há uma enormida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sugestões já levantadas em congressos <strong>de</strong> juristas - agora, recentemente, na Conferência <strong>do</strong>s


Advoga<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Brasil, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, e está acontecen<strong>do</strong> no Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul a <strong>do</strong>s magistra<strong>do</strong>s -, nos congressos sindicais da CUT, da Força Sindical, da CONTAG. São<br />

muitas as sugestões sobre como <strong>de</strong>mocratizar o nosso parlamento. O que se vê é que o caminho das elites é justamente o contrário, para diminuir a participação popular, transformar,<br />

cada vez mais, o parlamento num instrumento manipula<strong>do</strong> <strong>do</strong>s seus <strong>de</strong>sejos.<br />

Por que não fizeram um plebiscito nacional para saber se o povo queria ou não a reeleição? Bastou o Fernan<strong>do</strong> Henrique - e estava nos jornais - comprar meia dúzia <strong>de</strong> Deputa<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

Acre, e pronto, passou a reeleição! Isso é um acinte à <strong>de</strong>mocracia.<br />

To<strong>do</strong>s sabem que a representação parlamentar, no Brasil, é uma vergonha, porque 1 Deputa<strong>do</strong> <strong>do</strong> Acre vale 18 paulistas. Que <strong>de</strong>mocracia é essa, em que nem o voto é eqüitativo?<br />

To<strong>do</strong>s sabem que houve Deputa<strong>do</strong> que teve <strong>de</strong> gastar US$6.000.000,00, mais que o Clinton, para se eleger! Recentemente, por pressão da CNBB, aprovaram uma lei contra a<br />

corrupção eleitoral, a qual o Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>ve sancionar hoje.<br />

Mesmo <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista da <strong>de</strong>mocracia formal, estamos muito longe <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>mocracia. É por isso que os parlamentares, em Brasília, fazem o que querem. O povo, resigna<strong>do</strong>,<br />

vinga-se com raiva. Todas as pesquisas <strong>de</strong> opinião pública, no Brasil, concluem que os políticos são os mais odia<strong>do</strong>s neste País. Ninguém acredita em político, porque ligam a<br />

televisão e assistem ao que eles fazem em Brasília.<br />

Já estão falan<strong>do</strong>, nos basti<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Brasília, que, se não <strong>de</strong>r certo a alternativa Ciro Gomes, se não construírem uma unida<strong>de</strong> das elites em torno <strong>de</strong> Ciro Gomes e per<strong>de</strong>rem a eleição<br />

nas Capitais, em 2001, vão reintroduzir o parlamentarismo. O povo brasileiro já <strong>de</strong>rrotou o parlamentarismo duas vezes em plebiscito, em 1963 e na época da Constituição. Agora, <strong>de</strong><br />

novo, uma arapuca, uma artimanha para enganar o povo. Então, é preciso percorrermos ainda um longo caminho para <strong>de</strong>mocratizar não só o parlamento, como também a socieda<strong>de</strong>.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Pergunta <strong>de</strong> Betânia Maria Diniz Brandão, <strong>do</strong> Movimento <strong>do</strong> (inaudível) no Brasil, para o Sr. Heguiberto: "Qual a preocupação da Confe<strong>de</strong>ração Nacional <strong>do</strong>s<br />

Metalúrgicos com os metalúrgicos <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s e qual a sua proposta para trabalhar esse problema?".<br />

O Sr. Heguiberto Guiba Navarro Dolla Bella - Há um vício no movimento sindical, pelo qual os sindicatos representam somente os emprega<strong>do</strong>s, por exemplo, quem está na ativa, e<br />

não representam mais quem per<strong>de</strong> o emprego. Talvez o representem por mais três meses, seis meses no máximo, alguns esticam isso um pouco mais, mas não representam. Achamos<br />

que os <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s é que precisam ter melhor organização, melhor amparo <strong>do</strong>s mais organiza<strong>do</strong>s. As políticas sociais <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> emprego se fazem com luta, com<br />

organização, como disse o Stédile. A luta faz a lei, a luta faz a organização social <strong>do</strong> Brasil.<br />

As duas centrais sindicais propõem que tenhamos um calendário. Propusemos isso à Força Sindical, e eles não tiveram jeito <strong>de</strong> correr <strong>de</strong>ssa luta, porque sabem que também estão<br />

encurrala<strong>do</strong>s, apesar <strong>de</strong> apresentarem proposta ao Governo Fe<strong>de</strong>ral e aos empresários <strong>de</strong> flexibilizar direitos, <strong>de</strong> retirar direitos, etc. Eles sabem que cometeram um gran<strong>de</strong> erro, e<br />

agora é preciso lutar para gerar emprego.<br />

Nós apresentamos, conforme eu disse, algumas coisas que tornam possível a geração <strong>de</strong> empregos no Brasil, como a redução da jornada <strong>de</strong> trabalho já. Através <strong>de</strong> cooperativas,<br />

também é possível gerar empregos em condições melhores, como também é possível a renovação da frota <strong>de</strong> veículos <strong>do</strong> Brasil, buscan<strong>do</strong> emprego em to<strong>do</strong>s os setores. Só assim<br />

po<strong>de</strong>remos melhorar as condições <strong>do</strong> País e <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>. O <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong> precisa <strong>de</strong> amparo, e nós, da CUT e principalmente a CNN, apresentamos um programa volta<strong>do</strong> para<br />

os <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s, para trabalhar com eles, dan<strong>do</strong>-lhes amparo social, <strong>de</strong>volven<strong>do</strong>-lhes a esperança <strong>de</strong> luta e a compreensão.<br />

A Sra. Eglé Luzia Scarioll Gomi<strong>de</strong> - Gostaria <strong>de</strong> esclarecer que Santo Antônio <strong>do</strong> Monte, terra da minha mãe, é um lugar on<strong>de</strong> não existem pedintes nas ruas nem <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s,<br />

porque todas as pessoas disponíveis trabalham nas fábricas <strong>de</strong> fogos <strong>de</strong> artifício. Então, quan<strong>do</strong> virem, no "réveillon" <strong>do</strong> ano 2000, a beleza <strong>do</strong>s fogos em Nova Iorque, em<br />

Copacabana, em Cabo Frio ou aqui, lembrem-se <strong>de</strong> que esses fogos geraram emprego para toda a população <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong>.<br />

Exmos. Srs. 2º-Vice-Presi<strong>de</strong>nte da Assembléia Legislativa, Deputa<strong>do</strong> Durval Ângelo; Deputa<strong>do</strong> Cristiano Canê<strong>do</strong>; Osmani Teixeira <strong>de</strong> Abreu, DD. Vice-Presi<strong>de</strong>nte da FIEMG; João<br />

Pedro Stédile, <strong>do</strong> MST; Eduar<strong>do</strong> Noronha, Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> SEBRAE; preza<strong>do</strong>s participantes, dirijo-me ao Sr. Heguiberto, que, chegan<strong>do</strong> à nossa terra, teve uma péssima impressão <strong>de</strong><br />

Minas Gerais. Sr. Heguiberto, o senhor, como Presi<strong>de</strong>nte da Confe<strong>de</strong>ração Nacional <strong>do</strong>s Metalúrgicos, precisa saber que esta terra, Minas Gerais, tem uma tradição <strong>de</strong> luta pela<br />

liberda<strong>de</strong> e pela dignida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu povo.<br />

Peço permissão para contar um fato que aconteceu em minha terra, Divinópolis. Os trabalha<strong>do</strong>res da Re<strong>de</strong> Ferroviária, há muitos anos, estavam há oito meses sem receber.<br />

Paralisaram suas ativida<strong>de</strong>s, mas foi anuncia<strong>do</strong> que viria um trem com tropas. Quan<strong>do</strong> a notícia correu na cida<strong>de</strong>, as mulheres da minha terra, esposas e filhas <strong>do</strong>s ferroviários e suas<br />

amigas, <strong>de</strong>itaram-se nas linhas <strong>do</strong>s trens, nos trilhos. Desesperadas, as autorida<strong>de</strong>s foram recorrer ao Governa<strong>do</strong>r Mílton Campos, que, ao ser informa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s fatos, <strong>de</strong>u uma or<strong>de</strong>m:<br />

"Não man<strong>de</strong>m as tropas para Divinópolis. Man<strong>de</strong>m um trem paga<strong>do</strong>r". Quero dizer aos senhores que o trem paga<strong>do</strong>r realmente foi pagar aqueles funcionários que há oito meses não<br />

recebiam.<br />

Para concluir, quero dizer que tenho orgulho <strong>de</strong> ser mineira, nascida em uma cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o jardim <strong>de</strong> infância, aprendi lições <strong>de</strong> cidadania. Que essa sua impressão, Sr.<br />

Heguiberto, tenha também um outro la<strong>do</strong>, levan<strong>do</strong>-o a enten<strong>de</strong>r que, nesta terra, temos muitas pessoas capazes <strong>de</strong>sses atos. Muito obrigada.<br />

O Sr. Heguiberto Guiba Navarro Dolla Bella - Claro. Não vou per<strong>de</strong>r esta oportunida<strong>de</strong> para fazer um comentário. Em primeiro lugar, acho que ela tem toda a razão <strong>de</strong> se orgulhar<br />

<strong>do</strong> povo mineiro. É um povo trabalha<strong>do</strong>r, luta<strong>do</strong>r, organiza<strong>do</strong> e uma das melhores mãos-<strong>de</strong>-obra produtivas <strong>do</strong> Brasil.<br />

Já vim muitas vezes a Minas e sinto muito orgulho <strong>do</strong> povo mineiro. O que me envergonha é a atitu<strong>de</strong> da FIAT, e não a <strong>do</strong> povo mineiro.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Mariluce Aparecida Jacob <strong>de</strong> Oliveira, Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> Organização Política <strong>do</strong> Sindicato <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res em Educação da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora, faz<br />

uma pergunta para João Pedro Stédile: "Gostaria <strong>de</strong> saber a experiência vivenciada pelo MST nos projetos <strong>de</strong> educação nas universida<strong>de</strong>s. As universida<strong>de</strong>s têm se empenha<strong>do</strong> para<br />

conce<strong>de</strong>r ao MST espaço a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> para o aprendiza<strong>do</strong>?".<br />

O Sr. João Pedro Stédile - Agra<strong>de</strong>ço à Mariluce por essa pergunta que vai na direção daquilo que <strong>de</strong>fendi, <strong>de</strong> que só é viável uma reforma agrária neste País se <strong>de</strong>mocratizarmos<br />

também o conhecimento e uma educação formal. Nós, <strong>do</strong> MST, temos feito um esforço muito gran<strong>de</strong> para que não só nos preocupemos em ocupar latifúndios, mas também escolas,<br />

para dar oportunida<strong>de</strong> aos nossos alunos e militantes.<br />

No movimento, temos um setor <strong>de</strong> educação, que se preocupa em organizar a ciranda infantil, que são as crianças <strong>de</strong> até 6 anos. Mudamos o nome "creche" para "ciranda", porque<br />

creche é sinônimo <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> crianças. Pensamos que é mais educativo usar jogos para educar as crianças. Temos o 1º grau nos assentamentos; temos escolas <strong>de</strong> 2º grau em nível<br />

regional, para formar professores em Magistério e técnicos em Administração <strong>de</strong> Cooperativas <strong>de</strong> Produção Agrícola.<br />

E, felizmente, <strong>de</strong> alguns anos para cá, já conseguimos fazer diversos convênios com universida<strong>de</strong>s, para possibilitar que militantes e filhos <strong>de</strong> sem-terras pu<strong>de</strong>ssem entrar na<br />

universida<strong>de</strong>. Hoje, temos mais <strong>de</strong> 200 militantes <strong>do</strong> MST estudan<strong>do</strong> em cursos regulares <strong>de</strong> universida<strong>de</strong>s, em forma <strong>de</strong> parceria específica. Há um convênio com a Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Juiz <strong>de</strong> Fora, com a Universida<strong>de</strong> da Paraíba, com a Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Espírito Santo e, agora, com a Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Mato Grosso, as professoras vão fazer curso<br />

superior <strong>de</strong> Pedagogia durante as férias. Temos, também, convênio com a UNISINUS (?) e com a Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília, para a formação <strong>de</strong> especialistas em cooperativismo, já<br />

em nível <strong>de</strong> pós-graduação, <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a companheiros que são agrônomos, extensionistas, assistentes sociais, que trabalham nos assentamentos.<br />

Recentemente, nas férias <strong>de</strong> julho, iniciamos uma outra experiência, que são os cursos curtos <strong>de</strong> extensão universitária mais massivos. Através <strong>de</strong> convênio que fizemos com a<br />

UNICAMP, levamos até lá, nas férias <strong>de</strong> julho, 1.<strong>10</strong>0 jovens, entre 15 e 25 anos, e nenhum <strong>de</strong>les tinha o 1º grau completo. Durante <strong>de</strong>z dias, os professores <strong>de</strong>ram um curso <strong>de</strong><br />

extensão universitária sobre a realida<strong>de</strong> brasileira.<br />

O curso teve uma repercussão muito gran<strong>de</strong> e <strong>de</strong>u aos jovens da roça a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer a universida<strong>de</strong> e ter acesso ao que é o mun<strong>do</strong> universitário. Representa uma


<strong>de</strong>mocratização da universida<strong>de</strong>, e, graças a isso, já recebemos indicação <strong>de</strong> outras universida<strong>de</strong>s, que querem repetir conosco essa experiência. Com a Reitora da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Juiz <strong>de</strong> Fora, fizemos um pré-acor<strong>do</strong> para realizar um curso <strong>de</strong> extensão universitária para 500 jovens <strong>do</strong> meio rural sobre a realida<strong>de</strong> brasileira.<br />

O Sr. Sebastião Pinheiro - Sr. Osmani, é sabi<strong>do</strong> que o Brasil carece <strong>de</strong> alternativas concretas que vão direto à raiz <strong>do</strong> problema <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego. Afinal, este seminário tem por<br />

objetivo discutir essas alternativas.<br />

As alternativas apresentadas pelo senhor <strong>de</strong>monstram a mesma coisa que o Governo tentou criar, e não <strong>de</strong>u certo, como o contrato temporário e o banco <strong>de</strong> horas. O contrato<br />

temporário serviu apenas para reduzir a participação <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong> no fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> garantia e também a sua garantia <strong>de</strong> emprego. O banco <strong>de</strong> horas representou a extinção <strong>de</strong> postos <strong>de</strong><br />

trabalho para os emprega<strong>do</strong>s. A FIEMG não teria alternativas concretas para nos passar neste momento?<br />

O Sr. Osmani Teixeira <strong>de</strong> Abreu - A FIEMG já apresentou alternativas. Essa alternativa que você falou é para o <strong>de</strong>semprego conjuntural temporário. Mas, ao contrário <strong>do</strong> que você<br />

diz, ela não faz esse efeito. É preciso saber que o contrato temporário existe na lei, só que tira o direito <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res, tira até a sindicalização. O contrato temporário que fizemos<br />

é para dar exatamente emprego temporário e conjuntural. E o banco <strong>de</strong> horas é para o caso <strong>de</strong> a empresa não ter condição <strong>de</strong> manter o emprega<strong>do</strong> pagan<strong>do</strong> os <strong>10</strong>2% <strong>de</strong> impostos.<br />

Assim, ela substituiria o contrato temporário pelo banco <strong>de</strong> horas, pagan<strong>do</strong> o salário para, em outra época, recuperar o trabalho. Mas não <strong>de</strong>u certo porque as li<strong>de</strong>ranças sindicais se<br />

recusam a negociar. Então, não adianta fazer lei e mandar negociar se a li<strong>de</strong>rança sindical leva para outro caminho.<br />

Mas temos outras propostas. Falamos no Cresce Minas e em outras coisas. São quatro tipos <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego. Esse que falamos que o Governo criou é um <strong>do</strong>s tipos. É o conjuntural. A<br />

Fiat Automóveis fez um contrato temporário e admitiu 800 trabalha<strong>do</strong>res que estão trabalhan<strong>do</strong> sem perda <strong>de</strong> nenhum direito.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Pergunta <strong>de</strong> Joana Paranhos, da Comissão Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> Belo Horizonte e Vespasiano, dirigida a João Pedro: "Por que o MST não se organizou no vale<br />

<strong>do</strong> Jequitinhonha e outros, exigin<strong>do</strong> a permanência <strong>do</strong>s pequenos agricultores, exigin<strong>do</strong> <strong>do</strong>s ministérios e secretarias estaduais e municipais recursos para essas áreas, abrin<strong>do</strong> poços,<br />

fazen<strong>do</strong> açu<strong>de</strong>s, etc.?".<br />

Pergunta <strong>de</strong> Denílson, da CDL <strong>de</strong> Belo Horizonte, para João Pedro: "Ficou clara a posição <strong>do</strong> palestrante acerca <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s oligopólios. Mas como vê a realida<strong>de</strong> <strong>do</strong> pequeno<br />

produtor em relação ao merca<strong>do</strong>, à <strong>de</strong>manda e à comercialização? Como evitar <strong>de</strong>pósitos abarrota<strong>do</strong>s e produções perdidas? Qual a proposta contra os atravessa<strong>do</strong>res e como garantir<br />

o escoamento <strong>do</strong>s produtos?".<br />

O Sr. João Pedro Stédile - Com relação ao vale <strong>do</strong> Jequitinhonha, não conheço a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais. Sei apenas que, pela nossa vonta<strong>de</strong>, andaríamos em to<strong>do</strong>s os municípios<br />

<strong>do</strong> Brasil para organizar o pobres <strong>do</strong> campo. Mas há também o movimento <strong>do</strong> sindicato <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res rurais que faz o esforço <strong>de</strong> organizar os trabalha<strong>do</strong>res rurais. Infelizmente,<br />

os recursos são poucos, e as pernas são poucas. Acho que a melhor maneira <strong>de</strong> ajudar os companheiros <strong>do</strong> vale <strong>do</strong> Jequitinhonha é, além <strong>de</strong> ir lá e organizá-los, fazer essa luta geral<br />

pela mudança <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo agrícola brasileiro que possibilite o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> todas as regiões <strong>do</strong> País.<br />

Como resolver o problema da pequena agricultura? O plano <strong>do</strong> Governo é oligopolizar o merca<strong>do</strong>, é entregar o processo <strong>de</strong> agroindústria para as gran<strong>de</strong>s empresas. O nosso plano é<br />

o contrário, é valorizar os merca<strong>do</strong>s regionais, para que o produtor possa entregar o seu produto próximo <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vive. Para isso, é preciso uma mudança mais ampla <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo<br />

econômico, ou seja, um mo<strong>de</strong>lo econômico que distribua renda. Nada adianta o agricultor produzir, se o povo que está na cida<strong>de</strong> não tem renda para adquirir os produtos. No Brasil,<br />

existe a maior diferença entre o preço que recebe o pequeno agricultor e o preço que o consumi<strong>do</strong>r paga. Há duas causas fundamentais para isso: a primeira é que o povo da cida<strong>de</strong><br />

não tem renda. Isso diminui o consumo. Automaticamente, aumentam-se os custos e os preços. O Brasil po<strong>de</strong>ria ter um potencial <strong>de</strong> consumo enorme.<br />

Os índices <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> leite, carne, verduras e frutas são ridículos. Estamos no mesmo patamar <strong>de</strong> consumo <strong>do</strong>s países pobres da África. Só para terem um grau <strong>de</strong> comparação,<br />

embora faça mais parte da sua cultura, a Argentina tem uma média <strong>de</strong> 65kg <strong>de</strong> carne/ano por habitante. No Brasil, só consumimos 11kg. Há um potencial enorme a ser <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>.<br />

Por que o povo não come mais carne? Porque não tem dinheiro. A segunda causa <strong>de</strong>ssa gran<strong>de</strong> diferença entre o preço que os produtores recebem e o que consumi<strong>do</strong>r paga é o<br />

oligopólio, ou seja, gran<strong>de</strong>s empresas passam a controlar <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s, controlan<strong>do</strong> o preço. Vou dar o exemplo da Parmalat, da qual tenho tanta raiva. Ela financia o<br />

Palmeiras, e eu sou corintiano. A Parmalat paga em Parma US$0,48 o litro <strong>de</strong> leite Longa Vida, ven<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-o a US$0,65. Aqui no Brasil, paga R$0,17 e o ven<strong>de</strong> também a R$0,65.<br />

Aqui ela tem um lucro astronômico. Por quê? Porque somente ela opera no merca<strong>do</strong>. Ela faz o que quer. Na Itália, como a indústria <strong>de</strong> laticínios está pulverizada em <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong><br />

pequenos e médios laticínios, ela tem uma margem menor <strong>de</strong> lucro. Os agricultores recebem mais pelo leite. Imaginem se, no Brasil, tivéssemos uma política agrícola que garantisse<br />

ao produtor <strong>de</strong> leite R$0,48! Teríamos que transportar leite <strong>de</strong> navio, porque os mineiros iriam produzir muito leite. A tecnologia <strong>do</strong> leite é simples, é rápi<strong>do</strong> aumentar a sua<br />

produção, mas falta leite. Por que não há preço? Porque o Governo está a serviço <strong>do</strong>s oligopólios, que não pensam em alimentar a população nem produzir queijo para to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>,<br />

mas somente em lucros.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Na minha região, ainda temos os pequenos produtores. Temos a Pamalat também, mas, quan<strong>do</strong> vou ao supermerca<strong>do</strong>, tomo o leite Tartaruga, que é da minha<br />

cida<strong>de</strong>. É a questão <strong>do</strong> bairrismo também, ou seja, prestigiar o produto local.<br />

Gostaria <strong>de</strong> comunicar aos participantes que, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a limitações técnicas e à duração <strong>do</strong> evento, a TV Assembléia não tem como fazer gravações das reuniões para to<strong>do</strong>s os<br />

participantes. Muitos <strong>de</strong>les querem gravação <strong>do</strong> evento. Vai haver reprise <strong>de</strong>ste evento, na TV Assembléia, no sába<strong>do</strong>, no <strong>do</strong>mingo e na segunda-feira. Os interessa<strong>do</strong>s em cópias<br />

po<strong>de</strong>rão fazê-las pela transmissão da TV. No sába<strong>do</strong>, dia 2, haverá reprise da abertura e <strong>do</strong> Painel Políticas Governamentais, a partir das 14 horas. No <strong>do</strong>mingo, será a partir das 15<br />

horas.<br />

No <strong>do</strong>mingo, dia 3, a partir das 15 horas, será transmiti<strong>do</strong> o painel "Experiências Não Governamentais" <strong>de</strong> hoje. Na segunda-feira, dia 4, a partir das 9 horas, será transmitida a<br />

plenária final.<br />

O Sr. Hélio Emiliano Moreira - Estamos muito honra<strong>do</strong>s com a presença popular nesta reunião. Gostaríamos <strong>de</strong> registrar aqui o nosso protesto contra a agressão aos nossos<br />

companheiros <strong>de</strong> Betim. Sou metalúrgico, trabalhei na Lambertucci durante 38 anos.<br />

Fui sócio <strong>do</strong> SENAI e <strong>do</strong> SESI durante muitos anos. Gostaria <strong>de</strong> sugerir que o SENAI e o SEBRAE levassem, se possível, através daquele carro móvel, cursos rápi<strong>do</strong>s<br />

profissionalizantes para a nossa região, como aquele projeto Vila Mariquinhas, <strong>de</strong> artesanato. Na minha igreja, estamos cansa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> dar cestas básicas, <strong>de</strong> fazer assistencialismo.<br />

Cheguei à conclusão <strong>de</strong> que há pessoas que há <strong>de</strong>z anos ganham cesta básica. Acho que está na hora <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocratizar. Falamos para as pessoas irem ao SINE, mas elas não têm<br />

dinheiro para a passagem. E não é to<strong>do</strong> dia que temos dinheiro para dar a elas. Nem essas pessoas nem tampouco a Igreja têm condições financeiras para pagar cursos <strong>do</strong> SENAI.<br />

Gostaria <strong>de</strong> solicitar que esses cursos e palestras <strong>do</strong> SENAI, <strong>do</strong> SEBRAE fossem ministra<strong>do</strong>s na região <strong>do</strong> Salga<strong>do</strong> Filho, na nossa igreja, nas escolas, sem nenhum ônus, mesmo que<br />

seja periodicamente. Essa é a minha sugestão para o Osmani e para o Noronha.<br />

O Sr. Osmani Teixeira <strong>de</strong> Abreu - Acho sua idéia boa, mas sugiro que vocês procurem a direção <strong>do</strong> SESI para saber qual é a viabilida<strong>de</strong> disso. Haven<strong>do</strong> recursos, com certeza o SESI<br />

irá atendê-los.<br />

O Stédile não vai gostar, mas, periodicamente, vocês po<strong>de</strong>m participar da Ação Global, que é junto à Re<strong>de</strong> Globo e oferece uma série <strong>de</strong> serviços.<br />

O Sr. Eduar<strong>do</strong> Silveira <strong>de</strong> Noronha Filho - Com relação ao SEBRAE, a experiência da Vila Mariquinhas foi pioneira; ela <strong>de</strong>u muito resulta<strong>do</strong> e vamos estendê-la para a Gran<strong>de</strong> Belo<br />

Horizonte. O senhor po<strong>de</strong> me procurar lá, no SEBRAE, que analisaremos a sua região. Encerran<strong>do</strong>-se os trabalhos, entregarei o meu cartão ao senhor.<br />

A Sra. Luzia Ramaldis - Sou <strong>do</strong> Movimento Evangélico <strong>de</strong> Contagem e gostaria <strong>de</strong> saber <strong>do</strong> Sr. Osmani, a respeito da educação infantil, se o curso à distância vai aten<strong>de</strong>r as creches,<br />

porque elas serão as maiores beneficiadas. Isso seria em nível <strong>de</strong> suplência, <strong>de</strong> ensino fundamental, médio e superior?


O Sr. Osmani disse que a mulher está tiran<strong>do</strong> o emprego <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res. Gostaria que isso fosse fala<strong>do</strong> <strong>de</strong> maneira mais suave, contemplan<strong>do</strong> a nós, mulheres. Ora, estamos fora<br />

<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho; algumas até conseguem trabalhar, e ainda estamos tiran<strong>do</strong> o emprego <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r?<br />

O Sr. Osmani Teixeira <strong>de</strong> Abreu - Vou começar pelo fim. Não disse que a mulher está tiran<strong>do</strong> o emprego <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r. O problema é que as estatísticas são feitas com base em<br />

quem está procuran<strong>do</strong> serviço. E to<strong>do</strong>s sabem que as mulheres, até pouco tempo atrás, não estavam no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho. À medida que ela entra no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho, assim<br />

como os jovens - temos 1.500.000 pessoas que entram no merca<strong>do</strong> a cada ano -, as estatísticas <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego aumentam. Não é que ela esteja tiran<strong>do</strong> o emprego <strong>de</strong>les, porque elas<br />

também precisam trabalhar.<br />

No outro ponto, sugiro o que falei com ele: acho interessante vocês fazerem contato com o SESI, porque a educação à distância, por exemplo, que é praticamente o telecurso, o SESI<br />

tem em diversos locais, inclusive por meio <strong>de</strong> convênios com empresas. Evi<strong>de</strong>ntemente, isso <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da disponibilida<strong>de</strong> financeira. Mas acho interessante vocês procurarem e<br />

fazerem a sugestão.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Pergunta <strong>de</strong> Berna<strong>de</strong>te ao Sr. João Pedro Stédile: "Sabemos que muitos <strong>do</strong>s assenta<strong>do</strong>s, após receberem o título da terra, ven<strong>de</strong>m-na por meio <strong>de</strong> contratos<br />

particulares e voltam para serem assenta<strong>do</strong>s novamente em outros projetos. Não há um conselho <strong>de</strong> ética no MST que coíba essa prática? O senhor acredita que qualquer pessoa<br />

possa ser assentada, mesmo que nunca tenha vivi<strong>do</strong> no campo?".<br />

O Sr. João Pedro Stédile - Primeiro, acredito que qualquer pessoa que tenha vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar na agricultura é capaz, porque a agricultura é a profissão mais antiga <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />

Foram as mulheres que <strong>de</strong>senvolveram e <strong>do</strong>minaram as plantas. Foram as primeiras agricultoras da história da humanida<strong>de</strong>. Não há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s conhecimentos científicos<br />

para você se adaptar às li<strong>de</strong>s agrícolas. O que se precisa é treinamento para a<strong>de</strong>quar a mão-<strong>de</strong>-obra às novas tecnologias. Em geral, quan<strong>do</strong> um pobre quer voltar para a roça, logo<br />

surge esse preconceito, e perguntam: mas ele tem vocação agrícola? E quan<strong>do</strong> o agricultor veio para trabalhar como metalúrgico, alguém perguntou se ele tinha vocação? Alguém<br />

perguntou se ele tinha vocação para ser motorista <strong>de</strong> ônibus? Então, isso é uma espécie <strong>de</strong> preconceito. Sempre que o pobre quer resolver o seu problema, perguntam: será que ele<br />

tem vocação?<br />

Bem, sobre a venda da terra, não é verda<strong>de</strong> que muitos vendam a terra. Existem casos episódicos; na verda<strong>de</strong>, alguns <strong>de</strong>sistem da terra. No movimento <strong>do</strong>s sem-terras, somos<br />

frontalmente contra qualquer venda <strong>de</strong> terra distribuída na reforma agrária.<br />

Na Constituinte <strong>de</strong> 1987, tínhamos proposto uma emenda popular, obrigan<strong>do</strong> a proibição da venda pelo resto da vida, com direito só à herança. Mas os parlamentares foram mais<br />

mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s e incluíram na Constituição que não se po<strong>de</strong>m ven<strong>de</strong>r terras oriundas da reforma agrária por <strong>10</strong> anos.<br />

Então, está na lei: nenhum agricultor que receba terra na reforma agrária po<strong>de</strong> vendê-la antes <strong>de</strong> <strong>10</strong> anos. Mesmo em relação às <strong>de</strong>sistências - quan<strong>do</strong> a Globo acha um caso, cria<br />

aquela panacéia -, segun<strong>do</strong> a pesquisa da FAO, nos projetos <strong>de</strong> assentamentos no Brasil o índice <strong>de</strong> <strong>de</strong>sistência é <strong>de</strong> apenas 15%, o que é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> normal para qualquer<br />

assentamento humano. Mesmo num edifício <strong>de</strong> alto luxo aqui em Belo Horizonte, <strong>de</strong>pois que ele é ocupa<strong>do</strong>, em alguns anos, no mínimo 20% <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res se mudam e nem por<br />

isso alguém foi lá para dizer: "Olha, esse edifício não <strong>de</strong>u certo, 20% ven<strong>de</strong>ram seus apartamentos". Isso é da natureza humana, fazer adaptações culturais.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Pergunta <strong>de</strong> Dalva Costa Nonato, Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Grupo <strong>de</strong> Apoio e Defesa <strong>do</strong>s Direitos Humanos <strong>de</strong> Salto da Divisa, para o João Pedro: "Temos conhecimento <strong>de</strong><br />

que com a construção <strong>de</strong> barragens pelas multinacionais, muitas famílias ficam <strong>de</strong>sabrigadas, per<strong>de</strong>n<strong>do</strong> sua única fonte <strong>de</strong> renda: lava<strong>de</strong>iras, extração <strong>de</strong> areia, extração <strong>de</strong> pedras,<br />

pesca, etc. Muitas famílias estão <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> lona, passan<strong>do</strong> fome há mais <strong>de</strong> <strong>10</strong>, 15 anos, viven<strong>do</strong> em condições subumanas. As in<strong>de</strong>nizações ficam só no papel. Qual a sua posição<br />

diante <strong>de</strong>sse fato?".<br />

O Sr. João Pedro Stédile - Tu<strong>do</strong> isso que a companheira Dalva falou é verda<strong>de</strong>. Existe até um movimento social muito forte, organiza<strong>do</strong> em to<strong>do</strong> o Brasil, que é o Movimento <strong>do</strong>s<br />

Atingi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Barragens - MAB -, que tem se<strong>de</strong> nacional em São Paulo. Ele procura organizar os agricultores e a população ribeirinha, quan<strong>do</strong> esta é atingida por barragens,<br />

sobretu<strong>do</strong> essas gran<strong>de</strong>s barragens, como as <strong>de</strong> Tucuruí, Itaipu e Itaparica. No Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul e em São Paulo há muitas barragens em construção.<br />

O que sei é que esse Movimento <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>, em primeiro lugar, que o Governo tenha uma política mais <strong>de</strong>mocrática sobre a construção <strong>de</strong> hidrelétricas, porque em muitos casos era<br />

possível construir várias hidrelétricas <strong>de</strong> menor porte, ao invés <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong>, que, às vezes, interessa à construtora mas não é tão interessante <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> geração <strong>de</strong><br />

energia elétrica. O que eles pe<strong>de</strong>m é uma revisão <strong>de</strong> toda a política <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> hidrelétricas, para que exponha ao menor risco possível a população ribeirinha e o meio<br />

ambiente. Vocês sabem que gran<strong>de</strong>s lagos, como o <strong>de</strong> Itaipu, <strong>de</strong> Tucuruí, <strong>do</strong> São Francisco, causaram enorme prejuízo climático ao nosso povo e ao nosso meio ambiente.<br />

A política <strong>de</strong>les é garantir, admitin<strong>do</strong> que a nossa socieda<strong>de</strong> precisa <strong>de</strong> energia elétrica e que as águas são uma das fontes, que toda população que seja afetada, antes <strong>do</strong> término da<br />

obra, consiga terra por terra. A ban<strong>de</strong>ira que eles <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m é que cada família receba <strong>do</strong> Governo a mesma extensão <strong>de</strong> terra em outro lugar, on<strong>de</strong> possa reconstituir a família,<br />

manten<strong>do</strong>, inclusive, as mesmas comunida<strong>de</strong>s, transferin<strong>do</strong> a comunida<strong>de</strong> inteira, porque a tática <strong>do</strong> Governo é apenas in<strong>de</strong>nizar.<br />

Como você mesma <strong>de</strong>nunciou, as in<strong>de</strong>nizações não são suficientes, são pequenas, e quan<strong>do</strong> aquele povo pobre pega meia dúzia <strong>de</strong> troca<strong>do</strong>s nas mãos, acha que está rico, vai para a<br />

cida<strong>de</strong>, gasta mal ou não sabe aplicar e, <strong>de</strong> repente, está na miséria, sem terra e sem nada.<br />

O Sr. An<strong>de</strong>rson Costa - Bom dia. Meu nome é An<strong>de</strong>rson Costa, sou da Agência para o Desenvolvimento <strong>de</strong> Congonhas - ADECON. A ADECON é uma entida<strong>de</strong> não governamental<br />

mantida por uma ampla parceria <strong>do</strong>s diversos segmentos da socieda<strong>de</strong> para minimizar a grave situação <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego que assola não só Congonhas, como também a maioria das<br />

cida<strong>de</strong>s aqui em Minas.<br />

A ADECON já gerou, nos seus poucos anos <strong>de</strong> vida, mais <strong>de</strong> 900 empregos, 70 novas empresas, cooperativas, associações, treinan<strong>do</strong> mais <strong>de</strong> 2 mil pessoas em cursos na área<br />

gerencial e cursos <strong>de</strong> formação profissional, potencializan<strong>do</strong> vários setores da economia. O que não significa que a situação <strong>de</strong> Congonhas tenha melhora<strong>do</strong> por causa disso. A<br />

ADECON surgiu a partir <strong>de</strong> uma parceria e <strong>de</strong> um programa <strong>do</strong> SEBRAE <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Emprego e Renda - PRODER .<br />

A minha pergunta, Sr. Eduar<strong>do</strong> Noronha, é que em sua fala o senhor não citou o PRODER, que acredito ser hoje, em Minas Gerais, um <strong>do</strong>s melhores exemplos, <strong>do</strong>s mais bemsucedi<strong>do</strong>s,<br />

<strong>de</strong> programa <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> combate ao <strong>de</strong>semprego.<br />

Gostaria, por gentileza, que o senhor pu<strong>de</strong>sse comentar para nós quais são as intenções, os propósitos que o SEBRAE tem para estar apoian<strong>do</strong> esse programa em to<strong>do</strong> o Esta<strong>do</strong> e para<br />

estar, também, apoian<strong>do</strong> as agências <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento municipal que têm se apresenta<strong>do</strong> como uma gran<strong>de</strong> alternativa <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> trabalho, emprego e renda nos municípios.<br />

Muito obriga<strong>do</strong>.<br />

O Sr. Eduar<strong>do</strong> Silveira <strong>de</strong> Noronha Filho - Realmente, não coloquei o assunto <strong>do</strong> PRODER. O SEBRAE tem diversas ações que vão ao encontro das necessida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> pequeno<br />

empréstimo e <strong>do</strong> microempresário. Estamos apoian<strong>do</strong> muito as agências <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, com uma gran<strong>de</strong> ação em Montes Claros, Ipatinga e outras cida<strong>de</strong>s, como Congonhas,<br />

que pertence à regional <strong>de</strong> Belo Horizonte. O trabalho nacional passa por uma reformulação. E o assunto PRODER é uma das priorida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> SEBRAE.<br />

Quero aproveitar a oportunida<strong>de</strong> para relatar um fato que não vai agradar muito ao Heguiberto, que não é <strong>de</strong> Belo Horizonte. Refere-se à FIAT. Não sou procura<strong>do</strong>r da FIAT, não<br />

tenho carro da FIAT, não conheço ninguém da FIAT. Tinha uma cozinheira cujo filho era metalúrgico na FIAT. Num <strong>do</strong>mingo, o rapaz, casa<strong>do</strong>, pai <strong>de</strong> duas filhas, levou um tiro<br />

num bar e faleceu. O <strong>de</strong>partamento social da FIAT foi à casa da viúva, autorizou-a a comprar um barracão <strong>de</strong> até R$30.000,00, colocou o barracão no nome das duas filhinhas e<br />

garantiu seu estu<strong>do</strong> até a 8ª série. Ele reclama ações sociais da FIAT. Esse é um exemplo que damos. Feliz <strong>de</strong> Minas se tivesse umas <strong>de</strong>z FIATs espalhadas pelo Esta<strong>do</strong>.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Comentário dirigi<strong>do</strong> ao Heguiberto, <strong>de</strong> Carlos Parada, <strong>do</strong> Sindicato <strong>do</strong>s Eletricitários <strong>de</strong> Furnas: "Em nome <strong>do</strong> SINDIFURNAS, solidarizo-me com a luta da CNM.<br />

Lamentamos a retaliação, com violência, ocorrida hoje e patrocinada pela FIAT, uma multinacional que sobrevive a custa <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r brasileiro, rouban<strong>do</strong>-nos divisas e,<br />

sobretu<strong>do</strong>, nossa dignida<strong>de</strong>.".


Pergunta <strong>de</strong> Eliane Lima Gonçalves, da Comissão <strong>de</strong> Desemprega<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Aço, ao Heguiberto: "Qual é a perspectiva que o Programa Integrar tem para o <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong> que<br />

não é metalúrgico?".<br />

O Sr. Heguiberto Guiba Navarro Dolla Bella - O Programa Integrar é <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> especificamente a metalúrgicos. Mas é claro que não trabalhamos somente com metalúrgicos, mas<br />

com to<strong>do</strong>s os <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s. Portanto, o Programa está aberto, e, vocês sabem, com recursos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Trabalhamos com recursos <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Amparo aos Trabalha<strong>do</strong>res - FAT.<br />

Há uma discussão nesse meio, porque o FAT, até uns quatro anos atrás, era usa<strong>do</strong> pelo SENAI, pelo SENAC e pelo SEBRAE. Achamos que esse Fun<strong>do</strong> também <strong>de</strong>veria ser usa<strong>do</strong><br />

pelos trabalha<strong>do</strong>res, porque são recursos <strong>do</strong>s próprios trabalha<strong>do</strong>res que vão para o Fun<strong>do</strong>. Portanto, estamos trabalhan<strong>do</strong> com o recurso <strong>do</strong> FAT para fazer a programação <strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s. Mas ele é aberto não só aos metalúrgicos, mas a todas as categorias <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s.<br />

A Sra. Giovana - Sr. Osmani, a título <strong>de</strong> curiosida<strong>de</strong>, qual é a arrecadação mensal da FIEMG? Dessa arrecadação, que verba específica é dirigida para o apoio à microempresa e à<br />

pequena empresa? Qual o valor da verba que vai para o SEBRAE? Que verba vai para o SENAI? O senhor consi<strong>de</strong>ra que essa arrecadação constitui recursos públicos? Se são<br />

recursos públicos, por que essa administração não é tripartite, como nos <strong>de</strong>mais recursos públicos?<br />

O Sr. Osmani Teixeira <strong>de</strong> Abreu - Em primeiro lugar, a FIEMG não arrecada nada compulsoriamente; a FIEMG vive <strong>do</strong> que as empresas ou os sindicatos patronais pagam<br />

espontaneamente. O SESI e o SENAI é que arrecadam compulsoriamente. Absolutamente nada é manda<strong>do</strong> para o SEBRAE, o que po<strong>de</strong> ser confirma<strong>do</strong> pelo Dr. Eduar<strong>do</strong>, porque o<br />

SEBRAE tem uma outra fonte <strong>de</strong> arrecadação. O que a FIEMG arrecada é unicamente para ela, SESI e SENAI.<br />

Eu realmente não tenho idéia, não sei dizer quanto o SENAI e o SESI arrecadam. Garanto que é menos <strong>do</strong> que o necessário para a realização <strong>de</strong> cursos, tanto que procuramos<br />

recursos adicionais para <strong>de</strong>senvolver a auto-sobrevivência <strong>de</strong>ssas entida<strong>de</strong>s, porque os recursos que são arrecada<strong>do</strong>s não são suficientes.<br />

A Sra. Giovana - Sem dúvida. Queria só reafirmar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>, num próximo seminário, termos acesso a valores <strong>de</strong> alguns recursos. Isso é importante para que nós, que estamos<br />

no seio da comunida<strong>de</strong>, tenhamos alguns parâmetros, para tomarmos consciência <strong>de</strong> que valores são importantes em nossa vida, num mun<strong>do</strong> tão materialista e capitalista.<br />

O Sr. Osmani Teixeira <strong>de</strong> Abreu - Mas esses números são públicos. O Tribunal <strong>de</strong> Contas fiscaliza o SESI e o SENAI. Basta dirigir-se a esse órgão para ter acesso aos números.<br />

A Sra. Giovana - O senhor sabe que gente <strong>do</strong> povo tem muito pouca informação em jornais e em publicações.<br />

O Sr. Osmani Teixeira <strong>de</strong> Abreu - Infelizmente, não é um problema da FIEMG.<br />

O Sr. Eduar<strong>do</strong> Silveira <strong>de</strong> Noronha Filho - Em relação ao SEBRAE, a contribuição não é pública, é da classe empresarial, e o nosso recurso <strong>do</strong> ano que vem é <strong>de</strong> R$2.700.000,00.<br />

O Sr. Evaristo Garcia - O trabalho, a terra, a química produzem. A indústria transforma geran<strong>do</strong> riquezas e empregos. Esse é o princípio <strong>de</strong>ste seminário. O senhor não acha que é<br />

preciso divulgar mais o 12º Congresso Internacional da Carne, a se realizar em Belo Horizonte, em setembro <strong>do</strong> ano 2000? E as gran<strong>de</strong>s perspectivas <strong>de</strong> negócios com a China, a<br />

Tailândia, Singapura, a Europa, um merca<strong>do</strong> com mais <strong>de</strong> 2 bilhões <strong>de</strong> consumi<strong>do</strong>res, que vão ampliar em mais <strong>de</strong> U$40.000.000.000,00 nossa exportação? Segunda pergunta: o que<br />

impe<strong>de</strong> a CEMIG assumir a distribuição <strong>do</strong> álcool produzi<strong>do</strong> em Minas Gerais? Nessas duas ativida<strong>de</strong>s, existe uma projeção <strong>de</strong> gerar mais <strong>de</strong> 400 mil empregos, na recuperação <strong>do</strong>s<br />

canaviais e nos mais <strong>de</strong> 20 frigoríficos para<strong>do</strong>s.<br />

Sr. Deputa<strong>do</strong> Canê<strong>do</strong>, queria fazer um apelo a V. Exa. Será votada hoje, na Câmara Fe<strong>de</strong>ral, a segurida<strong>de</strong> social, e o Governo Fe<strong>de</strong>ral tem a maioria e quer cortar nos recursos,<br />

empobrecen<strong>do</strong> mais os municípios. Gostaria que esta Casa e os <strong>de</strong>mais acompanhassem esse processo, porque é um absur<strong>do</strong> empobrecer mais o município que está geran<strong>do</strong> um fluxo<br />

migratório insuportável para Belo Horizonte. Muito obriga<strong>do</strong>.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Sr. Evaristo, faço parte da Comissão <strong>do</strong> Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembléia. Essa Comissão, que é presidida pelo Deputa<strong>do</strong> Ivo José, já fez<br />

manifestações nesse senti<strong>do</strong> e houve discussões em audiência pública da Comissão, encaminhan<strong>do</strong> argumentações e parecer da Comissão para aquele órgão.<br />

O Sr. Osmani Teixeira <strong>de</strong> Abreu - O João Pedro disse que 2 minutos é pouco para falar da Globo. Para falar <strong>de</strong> toda a imprensa, é preciso <strong>de</strong> muito mais tempo. Mas sobre a<br />

divulgação - e já disse isso recentemente no Congresso <strong>de</strong> Aci<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong> Trabalho -, a FIEMG, naquilo que concerne a ela, manda para a imprensa. Agora, a imprensa tem critérios<br />

que são sei quais são, felizmente - não sou "expert" -, e acha que o assunto <strong>de</strong>ve ser divulga<strong>do</strong> ou não <strong>de</strong>ve ser divulga<strong>do</strong>. Ela diz que o trabalha<strong>do</strong>r não tem informação. Não é culpa<br />

nossa, da Fe<strong>de</strong>ração das Indústrias, é porque o sistema <strong>de</strong> comunicação acha que <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s assuntos não são importantes.<br />

Queria, Presi<strong>de</strong>nte, só completar aqui. Como a FIAT foi citada uma série <strong>de</strong> vezes e eu sou Vice-Presi<strong>de</strong>nte da FIEMG, mas também sou diretor da FIAT, tenho a dizer o seguinte:<br />

não vou entrar em polêmica com o Eguiberto, porque não estava lá, estava aqui. Não sei se alguém bateu em quem e nem quem bateu em quem. Aliás, isso é muito importante saber,<br />

mas eu não posso discutir, porque não estava presente. Agora, posso afirmar que ele teve uma informação errada ao dizer que não haverá trabalho na FIAT amanhã e <strong>de</strong>pois. Pelo<br />

contrário - e aproveito para fazer meu comercial -, amanhã é o lançamento nacional <strong>do</strong> Brava, que, efetivamente, esperamos, tirará empregos <strong>do</strong> ABC. Achamos que o Brava vai<br />

ajudar a tirar empregos <strong>do</strong> ABC.<br />

O Sr. Evaristo Garcia - E a questão <strong>do</strong> álcool, Dr. Osmani?<br />

O Sr. Osmani Teixeira <strong>de</strong> Abreu - Álcool não é meu ramo, mas sei que o Custódio, Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Sindicato <strong>do</strong> Álcool, tem feito uma série <strong>de</strong> movimentos nesse senti<strong>do</strong>, e, nesta<br />

Assembléia, o Presi<strong>de</strong>nte, Deputa<strong>do</strong> An<strong>de</strong>rson Adauto, tem também feito trabalho, procuran<strong>do</strong> o aumento da utilização <strong>de</strong> álcool, sobretu<strong>do</strong> na renovação da frota.<br />

Temos insisti<strong>do</strong> nisso com o Governo, porque o aumento da frota <strong>de</strong> álcool vai gerar, sem dúvida nenhuma, emprego na agricultura.<br />

O Sr. Evaristo Garcia - Há uma <strong>de</strong>núncia, que está sen<strong>do</strong> apurada, <strong>de</strong> que as crianças <strong>de</strong> Belo Horizonte estão respiran<strong>do</strong> ar envenena<strong>do</strong>, produzi<strong>do</strong> pelo álcool importa<strong>do</strong> <strong>de</strong> São<br />

Paulo.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Nesta Casa, está tramitan<strong>do</strong> um projeto <strong>de</strong> lei, semelhante ao <strong>de</strong> São Paulo, que sugere a isenção <strong>de</strong> IPVA para carro a álcool, durante os anos <strong>de</strong> <strong>1999</strong>, 2000 e<br />

2001. Essa foi a forma encontrada <strong>de</strong> estimular a produção <strong>de</strong> carro a álcool, <strong>de</strong> aumentar o consumo <strong>de</strong> álcool, e, conseqüentemente, <strong>de</strong> incrementar a produção <strong>do</strong>s canaviais e o<br />

emprego no campo e nas usinas <strong>de</strong> álcool.<br />

O Sr. Eloísio Godinho - João Pedro, a mesma luta que o MST tem empreendi<strong>do</strong> no campo temos enfrenta<strong>do</strong> nos gran<strong>de</strong>s centros urbanos com os sem-tetos.<br />

Ontem, foi dito aqui que o "déficit" habitacional <strong>do</strong> País chega a 15 milhões. Quinze milhões <strong>de</strong> pessoas não têm on<strong>de</strong> morar. A nosso ver, somente com a ocupação <strong>do</strong>s sem-tetos,<br />

vamos ter condições <strong>de</strong> superar esse "déficit".<br />

Os companheiros sem terra <strong>de</strong>senvolvem sua luta no campo, e nós <strong>de</strong>senvolvemos nossa luta na cida<strong>de</strong>, em prol <strong>do</strong>s <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s, <strong>do</strong>s sem acesso à saú<strong>de</strong>, <strong>do</strong>s sem acesso à<br />

educação. Só travan<strong>do</strong> essa luta, amigos, po<strong>de</strong>remos construir opções para o po<strong>de</strong>r popular, para o po<strong>de</strong>r <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r e, mais <strong>do</strong> que tu<strong>do</strong>, <strong>de</strong>struir o latifúndio e a burguesia <strong>de</strong>ste<br />

País, que só serve ao imperialismo.<br />

Não po<strong>de</strong>mos alimentar a ilusão <strong>de</strong> que a burguesia da Alemanha e <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s seja diferente da <strong>do</strong> Brasil. A burguesia é uma só em qualquer lugar <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Vive <strong>de</strong><br />

exploração.


A pergunta, João Pedro, é a seguinte: há setores <strong>de</strong> esquerda, no Brasil, que ainda têm a ilusão <strong>de</strong> que a burguesia brasileira seja diferente das outras. Você acha que existe diferença?<br />

O Sr. João Pedro Stédile - In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da natureza i<strong>de</strong>ológica com que cada um analisa as perspectivas <strong>de</strong> nossa socieda<strong>de</strong>, aproveito sua pergunta para dizer que, em meio à<br />

crise que vivemos, há um <strong>de</strong>bate em torno <strong>de</strong> três projetos econômicos para tirar o povo da miséria.<br />

Há um setor das nossas elites que propõe aprofundar ainda mais esse mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> subordinação ao capital internacional. Eles sonham em <strong>do</strong>larizar a economia, acelerar a entrada na<br />

ALCAN, ven<strong>de</strong>r a PETROBRÁS, o setor elétrico que ainda falta e o Banco <strong>do</strong> Brasil. Essas propostas, na minha opinião, são <strong>de</strong>fendidas pelo Malan, pelo PFL e pelo que há <strong>de</strong> mais<br />

retrógra<strong>do</strong> na nossa socieda<strong>de</strong>.<br />

Há outro bloco, que propõe mudanças na política econômica, sem alterar o mo<strong>de</strong>lo: rebaixar a taxa <strong>de</strong> juros, aumentar as exportações e ter um certo controle <strong>do</strong> câmbio. Hoje essas<br />

propostas são verbalizadas na socieda<strong>de</strong> pelo candidato Ciro Gomes.<br />

Há uma terceira proposta, que não aparece tanto na imprensa, em conseqüência <strong>do</strong> monopólio existente, que é a necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s amplos setores populares, <strong>de</strong> quem está interessa<strong>do</strong><br />

neste País como povo soberano. Discutimos um outro mo<strong>de</strong>lo econômico, um mo<strong>de</strong>lo que reorganize a economia brasileira, voltada para as necessida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> povo, fazen<strong>do</strong> um<br />

controle severo <strong>do</strong> capital financeiro. Até o George Soros, o maior especula<strong>do</strong>r <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, disse que há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estatizar capital financeiro; <strong>do</strong> contrário, será uma loucura.<br />

O Governo vai gastar este ano, só em juros, R$119.000.000.000,00; já gastou R$80.000.000.000,00. Portanto, não é especulação, está na contabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Orçamento Geral da<br />

União. O dinheiro está com o Fernan<strong>do</strong> Henrique, mas hoje é pago em juros. Po<strong>de</strong>ríamos usá-lo para fazer reforma agrária, construir casas populares, para a agricultura familiar,<br />

indústrias <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> massa, enfim, para reorganizar a nossa economia.<br />

O Sr. Carlos Fabiano - Bom-dia. Sr. João Pedro Stédile, como é o funcionamento das comunida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s já assenta<strong>do</strong>s? O senhor fez referência às cooperativas. O que elas fazem para<br />

que o povo não fique na condição <strong>de</strong> "com terra", mas "sem nada"? À Mesa, respeitosamente, solicito que seja disponibiliza<strong>do</strong> o tempo <strong>de</strong> 1 minuto e 2 segun<strong>do</strong>s, além <strong>do</strong> tempo <strong>do</strong><br />

Sr. Stédile. Muito obriga<strong>do</strong>.<br />

O Sr. João Pedro Stédile - Hoje, há, no Brasil, mais ou menos, 1.500 assentamentos. A realida<strong>de</strong> <strong>de</strong>les é muito diversa. Nem será pela vonta<strong>de</strong> nossa, <strong>do</strong> movimento ou <strong>do</strong>s<br />

dirigentes, que, <strong>de</strong> uma hora para outra, eles se organizem em cooperativas.<br />

O fundamento <strong>do</strong>utrinário da cooperativa é <strong>de</strong> que ela só po<strong>de</strong> dar certo se as pessoas tiverem a<strong>de</strong>são livre. Entre esses 1.500 assentamentos, há, hoje, em torno <strong>de</strong> 400 experiências<br />

<strong>de</strong> associações <strong>de</strong> mútua ajuda, entre vizinhos, que vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> fazer a lavoura em comum até comprar um trator em comum. Há em torno <strong>de</strong> 80 cooperativas, o que já é um estágio<br />

mais avança<strong>do</strong> <strong>de</strong> organização <strong>do</strong> trabalho e da produção. Essas cooperativas, em geral, organizam a produção agrícola. Vinte e cinco <strong>de</strong>las estão no estágio <strong>de</strong> serem proprietárias <strong>de</strong><br />

agroindústrias, ou seja, industrializam o leite, a carne <strong>de</strong> porco, as frutas no próprio assentamento. A diversida<strong>de</strong> é muito gran<strong>de</strong>.<br />

Nós estimulamos que os agricultores se organizem em cooperativas, porque é mais fácil fazer a divisão <strong>do</strong> trabalho, aumentar a produtivida<strong>de</strong> e, sobretu<strong>do</strong>, ter acesso ao capital para<br />

implantar as agroindústrias, porque os assenta<strong>do</strong>s são pobres, não têm capital acumula<strong>do</strong>. A única maneira <strong>de</strong> se ter acesso ao crédito rural e <strong>de</strong> se ter oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organizar<br />

indústrias no meio rural é por meio das cooperativas. Em <strong>do</strong>is ou três assentamentos, já temos indústrias <strong>de</strong> outro tipo, <strong>de</strong> roupas e <strong>de</strong> calça<strong>do</strong>s, como uma forma <strong>de</strong> aumentar a renda<br />

no campo.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Pergunta para o Eduar<strong>do</strong>, <strong>do</strong> SEBRAE, <strong>de</strong> Joana Paranhos: "Não seria possível o SEBRAE ser mais popular, menos burocrático e mais atuante? Ter funcionários<br />

com pé no chão, para trabalhar as necessida<strong>de</strong>s das comunida<strong>de</strong>s, zonas rurais e favelas? Quem sabe assim haveria menos violência e ociosida<strong>de</strong>?". Há outra pergunta, <strong>de</strong> Valdir<br />

Batista da Silva, da Pastoral <strong>do</strong> Menor - Leste II: "Quais as ações que o SEBRAE tem <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> para evitar a falência e a quebra<strong>de</strong>ira das micro e das pequenas empresas nos<br />

seus três primeiros anos <strong>de</strong> criação?".<br />

O Sr. Eduar<strong>do</strong> Silveira <strong>de</strong> Noronha Filho - Primeiro, a pergunta da Joana. O SEBRAE vai ao encontro da população carente. Quem trabalha com o microempresário sabe on<strong>de</strong> se<br />

posicionar. São ações que vão ao encontro das pessoas mais simples, que têm pequenas empresas. Com relação à questão das favelas, contei a nossa experiência da Vila Mariquinhas,<br />

que vamos esten<strong>de</strong>r para outras regiões <strong>de</strong> Belo Horizonte e <strong>de</strong> Minas Gerais.<br />

Quanto ao que o SEBRAE faz para que as empresas sobrevivam mais tempo, realmente, a mortanda<strong>de</strong> da microempresa brasileira é muito alta. Temos o Núcleo <strong>de</strong> Abertura <strong>de</strong><br />

Empresa - NAE -, para on<strong>de</strong> vai o indivíduo que está se candidatan<strong>do</strong> a montar uma empresa. Há uma entrevista, o perfil <strong>do</strong> indivíduo é analisa<strong>do</strong>, é verifica<strong>do</strong> em que tipo <strong>de</strong><br />

comércio ele quer entrar, qual o segmento, se tem merca<strong>do</strong>, se terá produtivida<strong>de</strong>, preço. E, muitas vezes, convencemos a pessoa a não entrar naquele negócio. O PDV foi uma<br />

enorme fonte <strong>de</strong> pessoas que acharam que davam conta <strong>de</strong> abrir uma pequena empresa e acabaram per<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o dinheiro, endividan<strong>do</strong>-se. Houve casos até tristes, <strong>de</strong> pessoas que<br />

colocaram o patrimônio da família e o per<strong>de</strong>ram.<br />

Depois que a empresa é criada, acompanhamos o primeiro ano. Queremos fazer uma pesquisa <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> laboratório <strong>de</strong> remédios, escolher 250 empresas que vamos acompanhar <strong>de</strong><br />

perto e 250 que vamos acompanhar <strong>de</strong> longe, simplesmente, para ver que resulta<strong>do</strong> vamos obter nas empresas a que damos tratamento mais próximo. Acho que o SEBRAE é uma<br />

organização popular, com pé no chão. Temos um nível <strong>de</strong> aceitação e <strong>de</strong> simpatia entre a população muito gran<strong>de</strong>, porque trabalhamos muito seriamente, exatamente na geração <strong>de</strong><br />

microempresários.<br />

O Sr. José Carlos <strong>de</strong> Oliveira - José Carlos, da Cooperativa <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Varginha, criada e assistida pelo Projeto Integrar. A minha pergunta é para o Sr. Osmani. Como o<br />

senhor avalia a proposta da CNM referente ao contrato coletivo <strong>de</strong> trabalho como forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocratização das relações <strong>de</strong> trabalho e geração <strong>de</strong> emprego? Gostaria que o<br />

companheiro Guiba comentasse a resposta <strong>do</strong> nobre Presi<strong>de</strong>nte.<br />

O Sr. Osmani Teixeira <strong>de</strong> Abreu - Tenho <strong>de</strong> dizer, como Fiat Automóveis, que não recebemos nenhuma proposta, nem <strong>do</strong> sindicato <strong>do</strong> ABC, nem <strong>do</strong> sindicato <strong>de</strong> Betim, a respeito<br />

<strong>de</strong>sse assunto. Não recebemos absolutamente nada.<br />

O Sr. Heguiberto Guiba Navarro Dolla Bella - Com to<strong>do</strong> o respeito aos companheiros da Mesa, quero dizer que o Osmani não tem recebi<strong>do</strong>, ou não recebeu, porque também não tem<br />

participa<strong>do</strong> das reuniões <strong>do</strong> seu sindicato patronal, que é a ANFAVEA. A ANFAVEA, que representa as empresas automobilísticas no Brasil, recebeu, através <strong>de</strong> seu Presi<strong>de</strong>nte,<br />

Pinheiro Neto, e já tivemos as primeiras discussões. Só lamento que o Osmani seja tão <strong>de</strong>satualiza<strong>do</strong> assim. Não <strong>de</strong>veríamos ter manda<strong>do</strong> para as empresas, uma vez que estamos<br />

envian<strong>do</strong> ao sindicato patronal. Foi o sindicato patronal das indústrias que recebeu. Tanto recebeu o das indústrias automobilísticas quanto o Sr. Paulo Buten(?), <strong>do</strong> sindicato das<br />

autopeças. Já fizemos as primeiras discussões, e já estão agendadas as segundas. Lamento tu<strong>do</strong> isso e lamento mais ainda que a FIAT tenha essa atitu<strong>de</strong> nas negociações, através <strong>de</strong><br />

seus representantes. Foi assim que aconteceu na câmara setorial <strong>de</strong> 1992, porque a FIAT não queria entrar, e <strong>de</strong>pois entrou, porque estava sen<strong>do</strong> beneficiada; foi assim na renovação<br />

da frota emergencial da venda <strong>de</strong> veículos e, <strong>de</strong> novo, está sen<strong>do</strong> assim nessas negociações.<br />

O que eu acho é que negociação se faz. Não po<strong>de</strong> ser imposta nem agressiva. Não sei por que existe a impressão <strong>de</strong> que isso seja uma coisa <strong>de</strong> bairrismo <strong>do</strong>s paulistas. Não é. Tenho<br />

dito que a <strong>de</strong>scentralização da indústria é um bem para o Brasil. O que é péssimo para o Brasil é a guerra fiscal, é a prostituição da produção, é a prostituição da especulação<br />

produtiva da forma como está sen<strong>do</strong> feita. É isso que faz mal ao Brasil e é isso que estamos queren<strong>do</strong> combater.<br />

O Sr. Osmani Teixeira <strong>de</strong> Abreu - Presi<strong>de</strong>nte, gostaria <strong>de</strong> esclarecer que acho que o Guiba está confundin<strong>do</strong> as coisas. A ANFAVEA não é sindicato patronal. É uma associação. O<br />

nosso sindicato é o SINFAVEA(?), e participo <strong>de</strong> todas as reuniões, uma vez que sou o seu Presi<strong>de</strong>nte em Minas Gerais. Existe o SINFAVEA em São Paulo e também em Minas.<br />

Vocês é que, talvez, não saibam disso e mandam pedi<strong>do</strong>s para São Paulo, queren<strong>do</strong> que os respondamos. Volto a dizer que, até on<strong>de</strong> sei, o sindicato <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Betim não<br />

pediu nem para São Paulo.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Pergunta <strong>de</strong> Rogério, <strong>do</strong> INCRA-MG, para João Pedro: "Como o MST vê a unificação das políticas <strong>de</strong> reforma agrária e <strong>de</strong> agricultura familiar em curso pelo<br />

Governo FHC? E mais: que ações o MST está implementan<strong>do</strong> junto à Assembléia Legislativa <strong>de</strong> Minas Gerais, para a flexibilização das legislações fiscal, sanitária e <strong>de</strong>


comercialização, que permitam o acesso <strong>do</strong>s pequenos agricultores assenta<strong>do</strong>s aos diversos merca<strong>do</strong>s?".<br />

O Sr. João Pedro Stédile - Sobre a situação <strong>de</strong> Minas, peço <strong>de</strong>sculpas, mas não estou informa<strong>do</strong> sobre as iniciativas que o nosso movimento certamente <strong>de</strong>ve ter toma<strong>do</strong>. A realida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sse assunto que você citou, Rogério, é, mais ou menos, parecida em to<strong>do</strong> o País. Então, estamos preocupa<strong>do</strong>s, em to<strong>do</strong>s os Esta<strong>do</strong>s, em encontrar uma fórmula para flexibilizar<br />

esses procedimentos, que acabam impossibilitan<strong>do</strong> que o pequeno agricultor produza mais.<br />

Sobre a unificação da agricultura familiar com a reforma agrária, todas no MIRAD, em princípio, acho a idéia interessante, porque fazem parte <strong>do</strong> mesmo universo: os pobres <strong>do</strong><br />

campo. Só que, com esse Governo agrícola que expliquei antes, o tal mo<strong>de</strong>lo norte-americano, isso não teria senti<strong>do</strong> nenhum. De que adiantaria juntarmos <strong>do</strong>is pobres, e não termos<br />

solução para nenhum <strong>de</strong>les? E a realida<strong>de</strong> <strong>do</strong> PRONAF está aí. O Governo fez a propaganda <strong>de</strong> que iria transferir R$600.000.000,00 para o PRONAF, que aten<strong>de</strong>ria aos assenta<strong>do</strong>s e<br />

aos pequenos produtores. No entanto, o que temos <strong>de</strong> concreto é que o Banco <strong>do</strong> Brasil não tem um centavo. Isso está causan<strong>do</strong> o maior problema em todas as regiões, porque o ciclo<br />

agrícola está se aceleran<strong>do</strong>, sobretu<strong>do</strong> no Sul. Precisamos plantar, e não existe dinheiro. E não tem dinheiro, por quê? Se formos reclamar com o Jungmann, ele é um papagaio que<br />

não representa ninguém. O Ministério da Fazenda não tem dinheiro. Por quê? Porque o Governo colocou como priorida<strong>de</strong> número zero pagar os juros da dívida interna. Então, não<br />

tem PRONAF, não tem dinheiro para a educação, não tem dinheiro para a saú<strong>de</strong>, o SUS não está quebra<strong>do</strong> e assim por diante.<br />

Então, discutirmos se é boa ou não a unificação é uma falsa questão. O que precisa ser discuti<strong>do</strong> é o futuro da nossa agricultura. E estou convenci<strong>do</strong> <strong>de</strong> que o Governo que aí está não<br />

quer saber nada <strong>de</strong> agricultura nem <strong>de</strong> indústria. Só quer saber <strong>de</strong> Banco e <strong>de</strong> capital financeiro internacional.<br />

O Sr. Robson Ramos - Bom-dia a to<strong>do</strong>s. SINTECL significa Sindicato <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s Correios <strong>de</strong> Uberaba e região. Gostaria <strong>de</strong> me solidarizar, em primeiro lugar, com o<br />

Heguiberto. Nós estamos em campanha salarial. Gostaria <strong>de</strong> saber se ainda há tempo <strong>de</strong> fazermos a reforma agrária brasileira pela via institucional, já que a luta armada, a violência,<br />

encontra-se instalada, informalmente, no campo e na periferia das cida<strong>de</strong>s brasileiras. Haja vista que gostaria <strong>de</strong> enfocar isso <strong>de</strong> certa forma, privilegian<strong>do</strong> o seguinte: estamos no<br />

meio <strong>de</strong> uma tempesta<strong>de</strong>. E a sensibilida<strong>de</strong> social é muito pequena, em relação aos povos <strong>do</strong> Terceiro Mun<strong>do</strong>. No Primeiro Mun<strong>do</strong>, tu<strong>do</strong> está funcionan<strong>do</strong> muito bem. Mas sabemos<br />

que o capitalismo é exclu<strong>de</strong>nte por natureza e é feito para poucos. Então, não dá para socializar para to<strong>do</strong>s. Estamos in<strong>do</strong> a pique. Foi <strong>de</strong>clara<strong>do</strong> ontem que estamos gastan<strong>do</strong><br />

US$91.000.000,00 só no pagamento da dívida. Estamos em Minas Gerais, terra <strong>de</strong> Tira<strong>de</strong>ntes. Já vimos uma <strong>de</strong>rrama e estamos assistin<strong>do</strong> a outra. Queremos saber se vamos fazer<br />

isso com uma certa dignida<strong>de</strong>, se vamos ter condição <strong>de</strong> <strong>de</strong>clarar moratória, ou se vamos ser engoli<strong>do</strong>s. Pelo que estamos sentin<strong>do</strong>, estamos sen<strong>do</strong> encurrala<strong>do</strong>s para uma guerra civil.<br />

A OTAN está na Colômbia, estamos ven<strong>do</strong> o fogaréu na Venezuela e a quebra <strong>do</strong> MERCOSUL. É o que queria colocar.<br />

O Sr. João Pedro Stédile - Penso que, quanto à reforma agrária e às mudanças econômicas <strong>de</strong> que o nosso País precisa, é falsa a questão <strong>de</strong> colocar se é por via institucional ou por<br />

via <strong>de</strong> luta armada.<br />

O que temos <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar é que o único caminho possível <strong>de</strong> mudança é através da organização <strong>do</strong> povo. Então, quem quer mudança tem como tarefa principal organizar o povo nas<br />

mais diferentes formas: no bairro, na igreja, na associação, no parti<strong>do</strong> político, no sindicato, na fábrica, para que esse povo, organiza<strong>do</strong>, consiga fazer gran<strong>de</strong>s mobilizações<br />

populares, que alterem a correlação <strong>de</strong> forças que existe na socieda<strong>de</strong>. Esse é o caminho que consi<strong>de</strong>ramos viável e que não é nem um, nem outro.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, penso que, neste ano, apesar <strong>de</strong> termos vin<strong>do</strong> <strong>de</strong> um movimento <strong>de</strong> massa <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos, logramos construir um calendário comum <strong>de</strong> lutas populares que está<br />

pressionan<strong>do</strong> o Governo e po<strong>de</strong> levar a outras transformações, como foi o movimento das Diretas Já, em 1984. Temos as marchas que chegaram a Brasília. Dia 6 chega a marcha <strong>do</strong>s<br />

educa<strong>do</strong>res e dia 7 chega a marcha popular. Depois temos outras manifestações populares, como a <strong>do</strong> dia 12, que é o grito <strong>do</strong>s excluí<strong>do</strong>s latino-americanos, e, agora, as centrais<br />

sindicais chaman<strong>do</strong> para a paralisação nacional dia <strong>10</strong> <strong>de</strong> novembro. Se alguém quer serviço, temos <strong>de</strong> arregaçar as mangas agora, para <strong>de</strong>rrotar esse mo<strong>de</strong>lo econômico. E não basta<br />

<strong>de</strong>rrotar FHC; é preciso <strong>de</strong>rrotar seu mo<strong>de</strong>lo econômico. Temos <strong>de</strong> arregaçar as mangas e paralisar o País dia <strong>10</strong> <strong>de</strong> novembro, para que o povo <strong>de</strong> todas as cida<strong>de</strong>s, pequenas e<br />

gran<strong>de</strong>s, diga basta. E, para isso, é preciso colocar o povo nas ruas.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Pergunta <strong>de</strong> Eduar<strong>do</strong> Aleixo, <strong>do</strong> Conselho Municipal <strong>de</strong> Belo Horizonte, dirigida ao Sr. Osmani: " As empresas se oneram dan<strong>do</strong> assistência médica aos<br />

emprega<strong>do</strong>s. Qual é a efetiva participação das empresas nos conselhos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>? Por que não apóiam a Proposta <strong>de</strong> Emenda à Constituição nº <strong>16</strong>9, que <strong>de</strong>stina recursos para a saú<strong>de</strong>?<br />

Qual instrumento permite ao emprega<strong>do</strong> participar <strong>do</strong>s conselhos tripartites?<br />

A outra pergunta é <strong>de</strong> João Alfre<strong>do</strong> Baleeiro, <strong>do</strong> Instituto Estadual <strong>de</strong> Florestas: "Por que as indústrias, em vez <strong>de</strong> criar escolas especializadas nos gran<strong>de</strong>s centros industriais, não<br />

a<strong>do</strong>tam escolas públicas nas áreas mais carentes <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>? Não será uma das soluções para uma educação mais igualitária no nosso Esta<strong>do</strong>?".<br />

O Sr. Osmani Teixeira <strong>de</strong> Abreu - Tenho a dizer que as indústrias criam as escolas porque o Governo não cria. Elas fazem isso para sobreviver. E eu já disse que o gran<strong>de</strong> problema é<br />

que to<strong>do</strong>s nós pagamos impostos para que isso seja feito. O Governo é que tem essa função. Está na Constituição que o ensino fundamental é função <strong>do</strong> Governo. Mas nós já criamos<br />

escolas on<strong>de</strong> estão as indústrias. Não adianta fazer uma escola para treinar alguém para uma indústria a longa distância. Temos é que <strong>de</strong>scentralizar. Não temos que trazer to<strong>do</strong>s para<br />

Belo Horizonte ou para São Paulo. E, quan<strong>do</strong> falamos nos "clusters", que é um projeto <strong>de</strong> fazer uma série <strong>de</strong> pólos industriais, é para <strong>de</strong>scentralizar. E eu disse também que nesses<br />

pólos o Governo e as universida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>veriam estar presentes, porque é uma forma <strong>de</strong> levar o ensino para o interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Pergunta <strong>de</strong> Cássio Torres, <strong>do</strong> SINDÁGUA, dirigida ao João Pedro. Ele pe<strong>de</strong> para o senhor fazer um raio X <strong>do</strong> BNDES.<br />

Pergunta <strong>de</strong> Júnior, <strong>do</strong> Fórum Político e Religioso: "O Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Conselho Deliberativo <strong>do</strong> SEBRAE afirmou que, sem patrão, não há emprego. E esse é o objetivo <strong>do</strong> SEBRAE.<br />

Você falou em trabalho, emprego, distribuição <strong>de</strong> renda, mas não falou em patrão. Quem está equivoca<strong>do</strong>? Qual o equívoco?".<br />

O Sr. João Pedro Stédile - Eu não gosto <strong>de</strong> patrão. Quem gostar que procure. Estamos tentan<strong>do</strong> organizar uma economia agrícola baseada no trabalho familiar e cooperativa<strong>do</strong>.<br />

Portanto, não queremos ter emprega<strong>do</strong>s nem patrões. Queremos ser <strong>do</strong>nos <strong>do</strong> nosso próprio trabalho e <strong>do</strong> nosso próprio nariz. Essa é a nossa <strong>do</strong>utrina.<br />

Com relação à pergunta <strong>do</strong> BNDES, que extrapola a questão agrícola, não tenho da<strong>do</strong>s para fazer um raio X, mas, pelo que tenho li<strong>do</strong>, na verda<strong>de</strong>, o BNDES foi utiliza<strong>do</strong> pelo<br />

Governo Fernan<strong>do</strong> Henrique como a verda<strong>de</strong>ira tesouraria <strong>do</strong> Palácio <strong>do</strong> Planalto. Lá, no Tesouro Nacional, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vêm os impostos, eles pagam os juros e aplicam aquela política<br />

<strong>de</strong> miséria para os serviços públicos. Mas o dinheiro que o Palácio <strong>do</strong> Planalto administra, sem nenhum controle legislativo, é <strong>do</strong> BNDES. São bilhões <strong>de</strong> reais. Não tenho os da<strong>do</strong>s<br />

concretos <strong>do</strong> orçamento, mas, certamente, <strong>de</strong> R$<strong>10</strong>.000.000.000,00 a R$15.000.000.000,00 o Governo, a seu bel-prazer, tem utiliza<strong>do</strong>. E, infelizmente, ao contrário <strong>de</strong> suas origens,<br />

no tempo <strong>de</strong> Getúlio Vargas, o BNDES, que foi cria<strong>do</strong> para <strong>de</strong>senvolver a indústria nacional, está sen<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>, nesse último Governo, unicamente para financiar as privatizações e<br />

as próprias empresas multinacionais.<br />

Dessa maneira, fugiu completamente a sua origem <strong>de</strong> ser. É por isso que microempresa não tem dinheiro, e, quan<strong>do</strong> ele vem <strong>do</strong> BNDES para a agricultura, através <strong>do</strong> FINAME, é<br />

com juros <strong>de</strong> tal monta, e são capitaliza<strong>do</strong>s a cada mês, que inviabilizam qualquer investimento. Há agricultores que compraram tratores por US$50.000,00 há cinco anos, através <strong>de</strong><br />

repasse <strong>do</strong> BNDES. Pagaram a dívida durante cinco anos, os tratores estão velhos e ainda <strong>de</strong>vem R$92.000,00 ao Banco <strong>do</strong> Brasil. Eles pagam, pagam, e não vêem a dívida quitada.<br />

Essa é a ajuda que o BNDES está dan<strong>do</strong> aos agricultores. Acreditamos que, em outro mo<strong>de</strong>lo econômico, o BNDES e o Banco <strong>do</strong> Brasil, como to<strong>do</strong>s os Bancos públicos, teriam o<br />

papel fundamental <strong>de</strong> utilizar esses recursos, que, a rigor, são públicos, para realmente financiar indústrias que gerem emprego, agroindústrias, agricultura, condicionan<strong>do</strong>-os a um<br />

processo real <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> empregos e <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> renda.<br />

O Sr. Ivê Martins Ferreira - Gostaria, em primeiro lugar, <strong>de</strong> fazer alguns esclarecimentos. O Balcão <strong>de</strong> Emprego <strong>do</strong> CEC e <strong>do</strong> FAT empregam hoje, em Uberlândia, cerca <strong>de</strong> 20, 25<br />

pessoas por mês; o Grupo Martins e Jerônimo Martins, <strong>de</strong> Portugal, fizeram uma parceria que, talvez, possibilite ao Triângulo Mineiro mais trabalho, e a ARCOM e Peixoto estão<br />

dispostos a se transferir para Goiás <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> aos encargos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. A minha pergunta é a seguinte: por que pessoas que possuem bens e até comércio na área urbana estão nas<br />

invasões <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s? Não há meios <strong>de</strong> se fazer a reforma agrária sem invasões? Invasões e saques não estão na lei <strong>de</strong> apropriação indébita? Quero esclarecer que não pertenço a<br />

nenhum parti<strong>do</strong> político.<br />

O Sr. João Pedro Stédile - Em primeiro lugar, não é verda<strong>de</strong> que há pessoas da cida<strong>de</strong> em ocupações <strong>de</strong> terra. Isso é uma fantasia criada pela televisão. Para o sujeito ficar <strong>do</strong>is, três<br />

meses <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> uma lona, é um sacrifício enorme. É um inferno. Só ficam porque não têm outro lugar. É ilusão pensar que há gente explora<strong>do</strong>ra no movimento. Po<strong>de</strong> haver um ou<br />

outro caso. Nos nossos acampamentos, somos os primeiros a expulsá-los.


Em segun<strong>do</strong> lugar, não é verda<strong>de</strong> que invasão seja crime. Há, inclusive, uma jurisprudência <strong>do</strong> Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça, <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1998, que diz o seguinte: "A lei maior <strong>do</strong><br />

país é a Constituição, que <strong>de</strong>termina que todas as gran<strong>de</strong>s proprieda<strong>de</strong>s improdutivas, que dão mais <strong>de</strong> 1.000ha, sejam <strong>de</strong>sapropriadas pelo Esta<strong>do</strong> e distribuídas aos que nela<br />

quiserem trabalhar". Quan<strong>do</strong> o Governo Fe<strong>de</strong>ral não aplica a Lei Maior, dá o direito à socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> organizar ocupações <strong>de</strong> terras, <strong>de</strong> forma massiva, para pressionar a aplicação da<br />

lei. Portanto, dizem os magistra<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça: "Ocupação massiva <strong>de</strong> terras no Brasil, para efeito <strong>de</strong> pressionar a reforma agrária, não é crime, mas um direito<br />

<strong>de</strong> sublevação natural das pessoas". É esse o entendimento que temos, corrobora<strong>do</strong> pela maior instância jurídica <strong>do</strong> País, que é o Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça. É claro que o<br />

Movimento <strong>do</strong>s Sem-Terra sonhava com um Governo que fizesse a reforma agrária sem ocupação <strong>de</strong> terra. É esse o nosso sonho. Enquanto o Governo não faz nada, não po<strong>de</strong>mos<br />

ficar com os braços cruza<strong>do</strong>s. Então, o nosso papel é organizar os pobres, dizen<strong>do</strong>-lhes que têm direito à terra. A única força que os pobres têm é se juntarem, é se organizarem para<br />

pressionar o Governo para corrigir essas distorções. Por isso, enquanto não mudar o Governo, a única coisa que vai aumentar no Brasil é pobre e ocupação <strong>de</strong> terras.<br />

Sobre os saques, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista social e humanitário, não po<strong>de</strong>mos ver irmãos passan<strong>do</strong> fome. Isso é <strong>de</strong> partir o coração <strong>de</strong> qualquer sujeito. Não po<strong>de</strong>mos admitir uma socieda<strong>de</strong><br />

que tenha capacida<strong>de</strong> para construir satélite em parceria com a China, para ir para o espaço, mas que não saiba fazer um prato <strong>de</strong> comida.<br />

D. Hél<strong>de</strong>r tem uma frase emblemática para apaziguar o seu coração, companheiro, que diz assim: "Quan<strong>do</strong> <strong>do</strong>u comida aos pobres, me chamam <strong>de</strong> profeta. Quan<strong>do</strong> eu pergunto por<br />

que passam fome, me acusam <strong>de</strong> comunista". (Palmas)<br />

Só fizemos e estimulamos os saques no Nor<strong>de</strong>ste porque aquele povo tem direito à vida. E vamos continuar fazen<strong>do</strong>, mesmo que um ou outro Juiz nos coloque na ca<strong>de</strong>ia. Agora<br />

mesmo, cinco companheiros <strong>de</strong> Pernambuco passaram cinco meses na ca<strong>de</strong>ia, porque comeram cinco bo<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um fazen<strong>de</strong>iro. Tivemos <strong>de</strong> apelar para um "habeas corpus" no<br />

Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça. Fizemos um abaixo-assina<strong>do</strong>, obtivemos apoio <strong>de</strong> Deputa<strong>do</strong>s e conseguimos a libertação <strong>de</strong>les. Depois, eles voltaram para o acampamento e disseram:<br />

"Lá, até que estava bom, porque tinha comida to<strong>do</strong>s os dias". Essa é a realida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste.<br />

O Sr. Nival<strong>do</strong> Paulino Teo<strong>do</strong>ro - Sr. João Pedro Stédile, no Brasil, a lei é sistematicamente transgredida. Chegamos a enten<strong>de</strong>r que essa é a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua regulamentação.<br />

Existe uma legislação <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> que, para cada hora trabalhada, o digita<strong>do</strong>r tenha <strong>10</strong> minutos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso, para, em tese, evitar-se a LER. To<strong>do</strong>s sabemos <strong>do</strong> <strong>de</strong>scumprimento<br />

<strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>terminação. Temos, por exemplo, <strong>de</strong>legacia da mulher, <strong>de</strong>legacia <strong>de</strong> furtos e roubos, <strong>de</strong>legacia <strong>de</strong> trânsito, etc. Por que ainda não se criou uma <strong>de</strong>legacia <strong>do</strong> trabalho<br />

tripartite, partidária e paritária, com a finalida<strong>de</strong> específica <strong>de</strong> apurar as causas civis, criminais <strong>do</strong>s aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> trabalho, dan<strong>do</strong> apoio a esse trabalha<strong>do</strong>r que, muitas vezes, sai<br />

mutila<strong>do</strong> da esteira <strong>de</strong> produção e não tem assistência posterior, sen<strong>do</strong> joga<strong>do</strong> no INPS, muitas vezes ganhan<strong>do</strong> um salário miserável, que mal dá para comprar o medicamento <strong>de</strong> que<br />

necessita?<br />

O Sr. João Pedro Stédile - Agra<strong>de</strong>ço a sua preocupação e vou repassar a sua pergunta ao Guiba. Antes que ele responda, em homenagem ao nosso Deputa<strong>do</strong>, que é <strong>do</strong> PTB, gostaria<br />

<strong>de</strong> lembrar uma frase <strong>do</strong> Getúlio Vargas: "Aos amigos, tu<strong>do</strong>; aos inimigos, a lei".<br />

O Sr. Heguiberto Guiba Navarro Dolla Bella - Pelo que entendi, existe <strong>de</strong>legacia regional <strong>de</strong> trabalho. O que o companheiro está propon<strong>do</strong> é que ela seja tripartite, tenha a<br />

participação <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res, que hoje não tem. Nós concordamos inteiramente.<br />

O Sr. Nival<strong>do</strong> Paulino Teo<strong>do</strong>ro - Não é <strong>de</strong>legacia regional <strong>de</strong> trabalho, é uma <strong>de</strong>legacia para apurar os aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> trabalho, que atualmente não são apura<strong>do</strong>s.<br />

O Sr. Heguiberto Guiba Navarro Dolla Bella - Cinqüenta e cinco por cento <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res da Volkswagen têm processo contra a empresa. Aproximadamente 50% <strong>do</strong> setor <strong>de</strong><br />

estamparia têm problema <strong>de</strong> audição e outros tipos <strong>de</strong> processo. O que estamos propon<strong>do</strong> para resolver isso?<br />

Em vez <strong>de</strong> enfiarmos nos processos trabalhistas, que se resolvam to<strong>do</strong>s os processos trabalhistas numa tripartite, nas discussões com os trabalha<strong>do</strong>res, porque os processos <strong>de</strong>moram<br />

cinco, <strong>de</strong>z anos para resolver, e não se resolve. Portanto, temos que ver as causas e os efeitos numa discussão tripartite e colocar para os trabalha<strong>do</strong>res essa situação.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - A última pergunta é para o Heguiberto, <strong>do</strong> Sindicato <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res em Educação da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora, feita pela Marluce Jacob <strong>de</strong><br />

Oliveira: "Diante da atual conjuntura, o Governo Fernan<strong>do</strong> Henrique tem implanta<strong>do</strong> arrocho salarial; os funcionários públicos fe<strong>de</strong>rais não recebem reajuste salarial há mais <strong>de</strong><br />

cinco anos. No mês passa<strong>do</strong>, ele implementou o Programa <strong>de</strong> Demissão Voluntária - PDV. Gostaria <strong>de</strong> saber quais são as medidas <strong>de</strong> enfrentamento que o sindicato <strong>do</strong>s metalúrgicos<br />

tomaria diante <strong>de</strong> uma medida <strong>de</strong> <strong>de</strong>missão voluntária".<br />

O Sr. Heguiberto Guiba Navarro Dolla Bella - Marluce, na verda<strong>de</strong>, o que tem aconteci<strong>do</strong> no setor da indústria automobilística é um negócio extremamente grave. Tinha dito aqui<br />

que, <strong>de</strong> 2.600 empresas <strong>de</strong> autopeças, estamos possivelmente com 600 empresas; no setor <strong>de</strong> autopeças já tivemos 280 mil trabalha<strong>do</strong>res e hoje temos em torno <strong>de</strong> 170 mil; no setor<br />

da indústria <strong>de</strong> automóvel tivemos 200 mil e hoje temos em torno <strong>de</strong> 60 mil trabalha<strong>do</strong>res, se tanto. Portanto, existe uma <strong>de</strong>missão constante, e precisamos estancar essas <strong>de</strong>missões<br />

com luta e disposição. Acho que o funcionalismo público também tem que levantar esse tipo <strong>de</strong> luta, porque sem luta não se consegue nada.<br />

Fazer com que o PDV seja um incentivo para sair é enganoso. As indústrias automobilísticas também apresentam isso na minha região. Os trabalha<strong>do</strong>res se ilu<strong>de</strong>m, pegam um salário<br />

a mais - que chamamos <strong>de</strong> pacote <strong>de</strong> incentivo -, vão tentan<strong>do</strong> resolver sua vida e não resolvem e <strong>de</strong>pois voltam a procurar o sindicato e a própria empresa para voltar ao trabalho.<br />

Portanto, o PDV é um incentivo a mais para o <strong>de</strong>semprego, e não para sair e melhorar suas condições.<br />

Essa é uma mania que pegou em to<strong>do</strong> o Brasil, e penso que precisamos estancar isso com muita luta e organização e incentivar os trabalha<strong>do</strong>res a não a<strong>de</strong>rir ao PDV.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - A Presidência manifesta seus agra<strong>de</strong>cimentos aos ilustres expositores. Com certeza, as palestras e os <strong>de</strong>bates foram ricos, o que contribuirá muito para que os<br />

grupos <strong>de</strong> trabalho elaborem suas conclusões e a redação final <strong>de</strong>ste seminário, como também sugestões para os <strong>Legislativo</strong>s Estadual e Fe<strong>de</strong>ral.<br />

Encerramento<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Cumpri<strong>do</strong> o objetivo da convocação, a Presidência encerra a reunião, convocan<strong>do</strong> os Deputa<strong>do</strong>s para a reunião ordinária <strong>de</strong> logo mais, às 14 horas, com a or<strong>de</strong>m<br />

<strong>do</strong> dia já publicada, e para a reunião especial, também hoje, às 20 horas, nos termos <strong>do</strong> edital <strong>de</strong> convocação. Levanta-se a reunião.<br />

ATA DA 34ª REUNIÃO ESPECIAL, EM 30/9/99<br />

Presidência <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s An<strong>de</strong>rson Adauto e Durval Ângelo<br />

Sumário: Comparecimento - Abertura - Ata - Destinação da reunião - Esclarecimentos sobre a dinâmica <strong>do</strong>s trabalhos - Suspensão e reabertura da reunião - Composição da Mesa -<br />

Palavras <strong>do</strong> Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Apresentação <strong>do</strong>s relatórios <strong>do</strong>s grupos <strong>de</strong> trabalho - Apresentação oral <strong>de</strong> pedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque e <strong>de</strong> novas propostas - Votação <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento final, salvo<br />

<strong>de</strong>staques; aprovação - Discussão e votação <strong>do</strong>s <strong>de</strong>staques e das novas propostas - Eleição da Comissão <strong>de</strong> Representação <strong>do</strong> Seminário - Entrega <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento final <strong>do</strong> seminário<br />

ao Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Documento final <strong>do</strong> Seminário <strong>Legislativo</strong> Desemprego e Direito ao Trabalho - Palavras <strong>do</strong> Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Encerramento.<br />

- Comparecem os Deputa<strong>do</strong>s:<br />

Comparecimento<br />

An<strong>de</strong>rson Adauto - Durval Ângelo - Dilzon Melo - A<strong>de</strong>lmo Carneiro Leão - Agostinho Patrús - Aílton Vilela - Álvaro Antônio - Ambrósio Pinto - Amilcar Martins - Antônio


Andra<strong>de</strong> - Antônio Carlos Andrada - Arlen Santiago - Bené Gue<strong>de</strong>s - Bilac Pinto - Carlos Pimenta - Chico Rafael - Cristiano Canê<strong>do</strong> - Djalma Diniz - Doutor Viana - Eduar<strong>do</strong><br />

Daladier - Eduar<strong>do</strong> Hermeto - Elaine Matozinhos - Elmo Braz - Ermano Batista - Hely Tarqüínio - Ivo José - João Batista <strong>de</strong> Oliveira - João Paulo - José Henrique - José Milton -<br />

Luiz Fernan<strong>do</strong> Faria - Luiz Menezes - Marcelo Gonçalves - Márcio Kangussu - Marco Régis - Maria José Haueisen - Maria Olívia - Miguel Martini - Olinto Godinho - Rêmolo<br />

Aloise - Rogério Correia - Wan<strong>de</strong>rley Ávila.<br />

Abertura<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte (Deputa<strong>do</strong> Durval Ângelo) - Às 9h05min, <strong>de</strong>claro aberta a reunião. Sob a proteção <strong>de</strong> Deus e em nome <strong>do</strong> povo mineiro, iniciamos os nossos trabalhos. Com a<br />

palavra, o Sr. 2º-Secretário, para proce<strong>de</strong>r à leitura da ata da reunião anterior.<br />

- O Deputa<strong>do</strong> Doutor Viana, 2º-Secretário "ad hoc", proce<strong>de</strong> à leitura da ata da reunião anterior, que é aprovada sem restrições.<br />

Ata<br />

Destinação da Reunião<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Destina-se esta reunião ao encerramento <strong>do</strong> Seminário <strong>Legislativo</strong> Desemprego e Direito ao Trabalho, com a plenária final e a discussão e a aprovação <strong>do</strong><br />

<strong>do</strong>cumento final.<br />

Esclarecimentos sobre a Dinâmica <strong>do</strong>s Trabalhos<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Gostaríamos <strong>de</strong> esclarecer a dinâmica da manhã <strong>de</strong> hoje. Como não foi possível distribuir antecipadamente to<strong>do</strong> o material <strong>do</strong>s grupos <strong>de</strong> trabalho, vamos<br />

suspen<strong>de</strong>r a reunião, para que os participantes possam ler proposta <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento final.<br />

Reaberta a reunião, será feita a apresentação <strong>do</strong>s relatórios <strong>do</strong>s grupos <strong>de</strong> trabalho, e, em seguida, passaremos à apresentação <strong>do</strong>s pedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque.<br />

O Presi<strong>de</strong>nte vai anunciar o número <strong>de</strong> cada proposta, e a Mesa receberá os pedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque, que <strong>de</strong>verão ser feitos oralmente pelos microfones <strong>do</strong> Plenário e formaliza<strong>do</strong>s, em<br />

seguida, por escrito, com a indicação <strong>do</strong> número da proposta e da entida<strong>de</strong> que o subscreve. Os <strong>de</strong>staques po<strong>de</strong>m ser feitos para adicionar, suprimir ou modificar.<br />

A fim <strong>de</strong> agilizar os trabalhos, a Presidência solicita aos participantes que as alterações propostas sejam substanciais, evitan<strong>do</strong>-se mudanças pouco significativas.<br />

Concluída a apresentação oral <strong>de</strong> pedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque, po<strong>de</strong>rão ser apresentadas, oralmente, novas propostas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que sejam formalizadas posteriormente e subscritas por, no<br />

mínimo, 25% <strong>do</strong>s votantes presentes. Aprova<strong>do</strong> o relatório, salvo <strong>de</strong>staques, será concedida a palavra, por até <strong>10</strong> minutos, aos representantes indica<strong>do</strong>s pelas entida<strong>de</strong>s, para o<br />

encaminhamento da votação <strong>do</strong>s <strong>de</strong>staques e <strong>de</strong> novas propostas, alternan<strong>do</strong>-se um favorável e outro contrário à proposição, se houver divergência.<br />

Propostas novas e propostas contraditórias serão, automaticamente, <strong>de</strong>stacadas.<br />

Esclarecemos que esse roteiro <strong>de</strong> trabalho foi discuti<strong>do</strong> pela comissão <strong>de</strong> representação. A Assembléia não trouxe proposta nova nem se baseou em dinâmicas <strong>de</strong> seminários<br />

anteriores para propor essa dinâmica.<br />

Suspensão da Reunião<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Vamos interromper a reunião por 20 minutos para que os votantes leiam o <strong>do</strong>cumento final. Às 9h30min, estaremos com os encaminhamentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>staques para,<br />

em seguida, aprovarmos o relatório em bloco, salvo <strong>de</strong>staques, e começarmos a votação <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>les. Estão suspensos os nossos trabalhos.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Estão reabertos os nossos trabalhos.<br />

Reabertura da Reunião<br />

Composição da Mesa<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - A Presidência convida a tomar assento à Mesa os Exmos. Srs. Franklin Moreira Gonçalves, Vicente Augusto Diniz, Carlos Wagner Macha<strong>do</strong>, Eduar<strong>do</strong> Armon,<br />

Rômulo Luiz Campos, Celi Márcio Santos e Marcos Landa, Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s Grupos <strong>de</strong> Trabalhos nºs 1 a 7, respectivamente, e o Deputa<strong>do</strong> Ivo José, Presi<strong>de</strong>nte da Comissão <strong>do</strong><br />

Trabalho <strong>de</strong>sta Casa.<br />

Palavras <strong>do</strong> Sr. Presi<strong>de</strong>nte<br />

Gostaríamos <strong>de</strong> esclarecer, principalmente ao público que está assistin<strong>do</strong> ao evento em casa, que suspen<strong>de</strong>mos os trabalhos da plenária final por 20 minutos para que fosse feita<br />

leitura <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento final.<br />

Vamos fazer uma síntese da dinâmica. A pessoa não faz intervenção justifican<strong>do</strong>, só faz o <strong>de</strong>staque <strong>de</strong> alguma proposta e encaminha, por escrito, para a nossa assessoria o nome da<br />

entida<strong>de</strong> ou da pessoa. No momento da intervenção, essa pessoa é que vai ser chamada para falar ao microfone. Em cada proposta <strong>de</strong>stacada, teremos, como estabelece o Regimento,<br />

duas intervenções.<br />

Ao final <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento, nas propostas gerais, houve a preocupação <strong>de</strong> colocar as contradições que já existem entre elas. Mas se alguém tiver alguma contradição para apresentar,<br />

po<strong>de</strong> fazê-lo por escrito. Depois, votaremos, em bloco, o <strong>do</strong>cumento final, exceto o que for <strong>de</strong>staca<strong>do</strong>.<br />

A Presidência lembra aos participantes que antes <strong>do</strong> encerramento da reunião será eleita a comissão <strong>de</strong> representação, que acompanhará os <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramentos <strong>de</strong>ste seminário. A<br />

plenária po<strong>de</strong>rá referendar a comissão eleita ou apresentar nova proposta para a sua composição. A atual composição está no art. 17, <strong>do</strong> regulamento <strong>do</strong> seminário. Caso alguma<br />

entida<strong>de</strong> tenha interesse em apresentar nova proposta para a composição da comissão representativa, a Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria solicita que os pedi<strong>do</strong>s sejam encaminha<strong>do</strong>s à Mesa, por<br />

escrito, em até uma hora, a contar <strong>de</strong>ste instante. Agora são 9h45min, então, às <strong>10</strong>h45min suspen<strong>de</strong>remos qualquer tipo <strong>de</strong> sugestão a respeito da comissão representativa. Os<br />

<strong>de</strong>lega<strong>do</strong>s têm 1 hora para conversar, para discutir, para articular e para encaminhar à Mesa proposta <strong>de</strong> modificação na comissão representativa. Quem concordar com a comissão<br />

não precisa fazer nenhum encaminhamento.<br />

Temos mais <strong>do</strong>is avisos para fazer. A Presidência solicita aos participantes que, ao se retirarem <strong>de</strong>sta reunião, entreguem o seu crachá na saída <strong>do</strong> Plenário ou no Centro <strong>de</strong><br />

Atendimento ao Cidadão <strong>de</strong>sta Assembléia Legislativa para que se possa fazer a apuração da freqüência para posterior envio <strong>do</strong> certifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> participação, pelo Correio.


Outro aviso importante é sobre a publicação e a transmissão <strong>do</strong> evento pela TV. A Presidência informa aos participantes que as atas conten<strong>do</strong> a transcrição completa <strong>de</strong>ste Seminário<br />

- com o teor <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento final, com as intervenções, com os <strong>de</strong>bates - serão publicadas no ca<strong>de</strong>rno "<strong>Diário</strong> <strong>do</strong> <strong>Legislativo</strong>" <strong>do</strong> jornal "Minas Gerais", no próximo dia <strong>16</strong> <strong>de</strong> outubro.<br />

A Assembléia está fazen<strong>do</strong> esforços para, posteriormente, publicar um livro com esse resulta<strong>do</strong>.<br />

Ten<strong>do</strong> em vista as limitações técnicas, a TV Assembléia não tem como fazer cópias das gravações das reuniões <strong>do</strong> Seminário Desemprego e Direito ao Trabalho.<br />

Os interessa<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>rão fazer suas cópias em casa, nas reprises programadas para os seguintes dias e horários: dia 2/<strong>10</strong>, sába<strong>do</strong>, a partir das 14 horas, abertura, com o tema "Trabalho<br />

e Desemprego no Brasil e no Mun<strong>do</strong>" e o painel "Políticas Governamentais <strong>de</strong> Geração <strong>de</strong> Emprego e Renda"; dia 3 - <strong>do</strong>mingo, a partir das 15 horas, com o tema "Experiências não<br />

Governamentais na Geração <strong>de</strong> Emprego e Renda"; dia 4, segunda-feira, a partir das 9 horas, Plenária Final. Esses serão os dias já <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s.<br />

Antes <strong>de</strong> continuarmos, a pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> vários participantes <strong>do</strong> encontro, queremos registrar o falecimento <strong>do</strong> Sr. Mílton <strong>de</strong> Freitas Carvalho, Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> uma das entida<strong>de</strong>s que<br />

participam <strong>de</strong>ste encontro, a Casa <strong>de</strong> Movimentos Populares <strong>de</strong> Contagem, ocorri<strong>do</strong> no último dia 5 <strong>de</strong> setembro. O Sr. Mílton foi Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Sindicato <strong>do</strong>s Marceneiros <strong>de</strong> Minas<br />

Gerais, candidato a Vice-Governa<strong>do</strong>r, filia<strong>do</strong> ao PT, gran<strong>de</strong> luta<strong>do</strong>r pelas causas populares e <strong>de</strong>mocráticas neste Esta<strong>do</strong>. Chegou a participar, com as entida<strong>de</strong>s, <strong>do</strong> início <strong>de</strong> uma<br />

reunião <strong>de</strong> CPI. A nossa homenagem ao companheiro Mílton, na certeza <strong>de</strong> que ele continua vivo, por suas idéias e por to<strong>do</strong> o trabalho que <strong>de</strong>senvolveu.<br />

Apresentação <strong>do</strong>s Relatórios <strong>do</strong>s Grupos <strong>de</strong> Trabalho<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Farão uso da palavra, neste momento, os Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s grupos <strong>de</strong> trabalho, para apresentação <strong>do</strong> relatório das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> seu grupo. Cada um disporá <strong>de</strong><br />

até 5 minutos para a sua intervenção. Não é para fazer a leitura <strong>do</strong> relatório, e sim para dar um panorama com uma síntese das propostas principais apresentadas no grupo. Com a<br />

palavra, o Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Grupo <strong>de</strong> Trabalho nº 1, Franklin Moreira Gonçalves.<br />

O Sr. Franklin Moreira Gonçalves - Bom dia. O Grupo 1 iniciou os seus trabalhos fazen<strong>do</strong> uma leitura <strong>de</strong> todas as propostas e procuran<strong>do</strong> contemplar a especificida<strong>de</strong> das propostas<br />

surgidas no interior. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que Minas Gerais não é um Esta<strong>do</strong> homogêneo em suas características econômicas, naturais e sociais, foi importante fazermos esse levantamento<br />

<strong>de</strong> todas as propostas. Também foram muito ricas as discussões <strong>do</strong> grupo, o que <strong>de</strong>monstrou a importância <strong>de</strong> ações para fazermos com que a socieda<strong>de</strong> organizada tenha um papel<br />

cada vez maior, seja na elaboração <strong>de</strong> propostas, seja na participação efetiva. Isso é muito importante porque <strong>de</strong>monstrou o nível <strong>de</strong> conhecimento da realida<strong>de</strong> trazida pelos<br />

companheiros <strong>do</strong> grupo. Isso é fundamental para que os trabalhos contemplem a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os setores organiza<strong>do</strong>s.<br />

Em relação ao tema que foi proposto ao Grupo 1: "Propostas <strong>de</strong> Geração <strong>de</strong> Trabalho e Experiências na Área Rural, fizemos uma proposição agrupan<strong>do</strong> os eixos centrais <strong>de</strong>ssas<br />

propostas <strong>de</strong> experiências. Também discutimos, quanto à reforma agrária, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> um órgão estadual para apoio à reforma agrária, tanto para se buscarem<br />

financiamentos quanto para termos políticas <strong>de</strong> assentamento que fixem o homem no campo, com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma infra-estrutura a<strong>de</strong>quada às condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Dentro <strong>de</strong>ssas estruturas necessárias, precisamos também <strong>de</strong> apoio técnico.<br />

Também em relação à reforma agrária, há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se fazer um mapeamento das terras <strong>de</strong>volutas para agilizar o acesso e a ação da reforma agrária.<br />

Outro eixo é a agricultura familiar, que também é uma proposta importante para viabilizar uma política agrária que forneça emprego no campo. E aí <strong>de</strong>stacamos a importância <strong>de</strong>ssa<br />

proposta, pois ela vem ao encontro das possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> emprego por meio <strong>de</strong> pequenas organizações, por meio <strong>de</strong> pequenas empresas. A agricultura familiar tem uma<br />

característica diferente por possibilitar o <strong>de</strong>senvolvimento e a integração <strong>de</strong> um número menor <strong>de</strong> pessoas, distribuin<strong>do</strong> a renda <strong>de</strong> forma mais a<strong>de</strong>quada aos participantes <strong>de</strong>sse<br />

projeto, in<strong>do</strong> em direção contrária ao mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> produção agrícola <strong>de</strong> oligopólios.<br />

Outro eixo que o grupo discutiu foi a proteção ao meio ambiente. É necessário que se compatibilizem as propostas <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> emprego na área rural com a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<br />

preservar o meio ambiente.<br />

Uma outra proposta foi a <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> educação, viabilizan<strong>do</strong> escolas para formação <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> campo.<br />

Outro eixo refere-se às ações <strong>de</strong> fiscalização e a<strong>de</strong>quação da legislação à realida<strong>de</strong> <strong>do</strong> produtor rural.<br />

Finalmente, foi <strong>de</strong>staca<strong>do</strong> o eixo <strong>do</strong> Programa Nacional <strong>do</strong> Álcool e <strong>do</strong> Leite - PRONAL -. É também um programa importante que consi<strong>de</strong>ra a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais. E, como<br />

eixo <strong>de</strong> to<strong>do</strong> este seminário, ficou para nós que é importante enten<strong>de</strong>rmos que o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico que o tempo está levan<strong>do</strong> tem <strong>de</strong> ser um projeto que<br />

contemple a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada Esta<strong>do</strong>.<br />

Vivemos várias experiências <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los econômicos que não foram a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s à nossa realida<strong>de</strong>, aos nossos recursos naturais disponíveis. O PRONAL é um projeto que cumpre<br />

esse objetivo, uma vez que estamos num país <strong>de</strong> clima tropical, o que possibilita muito o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sse projeto, através da plantação <strong>de</strong> cana. Po<strong>de</strong>-se também viabilizar,<br />

através <strong>de</strong> pequenas cooperativas, tanto a distribuição quanto a comercialização <strong>do</strong> álcool. Além disso, através da utilização <strong>do</strong> bagaço da cana, po<strong>de</strong>-se criar ga<strong>do</strong>, produzir leite e<br />

distribuí-lo, através da cooperativa, <strong>de</strong> forma localizada. Isso incentiva a produção e a comercialização local, para reduzir custos e impactos. Isso vai ao encontro da busca <strong>de</strong> opções<br />

<strong>de</strong> combustíveis que tenham um impacto menor sobre o meio ambiente. E o álcool é um combustível limpo e renovável. Portanto, é importante termos como ação buscar a<strong>de</strong>quar a<br />

tecnologia das monta<strong>do</strong>ras à utilização <strong>do</strong> álcool. Muito obriga<strong>do</strong>.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Com a palavra, o Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Grupo <strong>de</strong> Trabalho nº 2, Vicente Augusto Diniz.<br />

O Sr. Vicente Augusto Diniz - Bom-dia, conforme foi dito pelo Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r, vamos nos ater somente às causas principais, porque da leitura os senhores já têm conhecimento. O<br />

nosso grupo discutiu as políticas governamentais e a geração <strong>de</strong> emprego e renda, na experiência formal da área urbana. Grifamos alguns itens que gostaríamos <strong>de</strong> frisar, como o item<br />

43 - alteração na forma <strong>do</strong> repasse <strong>do</strong> FAT - uma maior fiscalização em relação a esses recursos e à aplicação <strong>de</strong>les, no que diz respeito à geração <strong>de</strong> emprego.<br />

Na área da Assembléia estamos propon<strong>do</strong> um fórum permanente em <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong> sindicalismo, <strong>do</strong> emprego, com a participação <strong>do</strong>s parlamentares, <strong>do</strong> Secretário e das organizações <strong>do</strong>s<br />

trabalha<strong>do</strong>res. Então, estou frisan<strong>do</strong> esses <strong>do</strong>is itens e gostaria que os senhores pensassem a respeito <strong>de</strong>les.<br />

Também com relação à educação, com incrementos urgentes <strong>de</strong> cursos profissionalizantes <strong>do</strong> ensino básico <strong>do</strong> 1º grau, uma vez que é sabi<strong>do</strong> que quase to<strong>do</strong> o recurso <strong>do</strong> FAT, ou<br />

gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>le, está sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> à formação na área <strong>de</strong> informática. E já foi dito aqui que o índice <strong>de</strong> educação <strong>do</strong> brasileiro é muito baixo. Temos hoje, em média, 3,8<br />

anos/meses como índice <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> <strong>do</strong> brasileiro.<br />

Com relação ao FAT, gostaria que esses recursos fossem <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s mais para a área da educação. Visitei, recentemente, Cuba e voltei muito satisfeito com a educação <strong>de</strong> lá.<br />

Ninguém tem menos <strong>do</strong> que o 2º grau. Vejam bem a diferença em relação ao nosso País, que tem recursos, que não tem nenhum impedimento <strong>de</strong> injetar fun<strong>do</strong>s na educação, mas tem<br />

uma escolarida<strong>de</strong> da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> três anos e oito meses.<br />

O Grupo 2 pe<strong>de</strong>, por meio <strong>do</strong>s órgãos competentes, que esses recursos <strong>do</strong> FAT sejam mais fiscaliza<strong>do</strong>s e mais direciona<strong>do</strong>s para políticas <strong>de</strong> educação, geração <strong>de</strong> empregos e <strong>de</strong><br />

requalificação profissional. (- Palmas.)<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Com a palavra, o Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Grupo <strong>de</strong> Trabalho nº 3, Carlos Wagner Macha<strong>do</strong>.<br />

O Sr. Carlos Wagner Macha<strong>do</strong> - Bom-dia. A Comissão Técnica Interinstitucional elaborou este texto básico; Esta Comissão se reúne, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o dia <strong>16</strong> <strong>de</strong> junho, para discutir a etapa


<strong>de</strong> interiorização. Nessa etapa realizamos oito reuniões e, nas primeiras, lá estava o Sr. Mílton, com seu inconformismo, sua rebeldia e sua luci<strong>de</strong>z. Ele chegou a participar das<br />

primeiras reuniões. Nessas oito reuniões, o grupo fez um levantamento e uma avaliação das políticas governamentais voltadas para a parcela da força <strong>de</strong> trabalho que se encontra<br />

excluída <strong>do</strong> setor formal: os <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s na área urbana e as pessoas que estão inseridas no setor informal da economia por uma ausência <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s no setor formal. Nós<br />

olhamos principalmente a situação <strong>do</strong>s que estão inseri<strong>do</strong>s no setor informal em condições mais precárias, com rendimentos muito baixos. Essa foi a população - alvo a que o grupo<br />

se <strong>de</strong>dicou.<br />

O relatório, inicialmente, continha 58 propostas. A partir <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> interiorização e da discussão <strong>do</strong> Grupo 3, aqui, na terça-feira, o relatório foi enriqueci<strong>do</strong>. Das 58 propostas, o<br />

Grupo 3 está trazen<strong>do</strong> para a plenária final um conjunto <strong>de</strong> 84 propostas que estão no <strong>do</strong>cumento.<br />

Uma parte muito pequena <strong>de</strong>ssas 84 propostas, as que vieram <strong>do</strong> interior, foram <strong>de</strong>stacadas, mas não chegaram a ser votadas. Portanto, serão encaminhadas para a plenária final como<br />

<strong>de</strong>staque.<br />

O tempo para a discussão foi insuficiente, tanto é assim, que sobraram algumas propostas que serão <strong>de</strong>stacadas, porque houve um número eleva<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>staques durante os trabalhos<br />

<strong>do</strong> Grupo 3. Esses <strong>de</strong>staques <strong>de</strong>monstraram o interesse das entida<strong>de</strong>s envolvidas <strong>de</strong> estarem aprimoran<strong>do</strong> o relatório. De fato, houve um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> novas propostas,<br />

acréscimo nas propostas <strong>do</strong> relatório e propostas <strong>de</strong> inclusão <strong>de</strong> outras, <strong>de</strong> tal forma que o trabalho <strong>do</strong> grupo foi muito produtivo e o relatório saiu <strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong> Grupo 3 mais rico,<br />

com muito mais propostas interessantes <strong>do</strong> que entrou. O trabalho foi muito proveitoso.<br />

Essas 84 propostas, que saíram <strong>do</strong> Grupo 3, estão divididas em 8 blocos. Falarei rapidamente sobre eles. O primeiro bloco é <strong>de</strong> propostas que se referem a programas <strong>de</strong> renda<br />

mínima e <strong>de</strong> bolsa-escola. São propostas que têm como objetivo a ampliação das experiências já existentes <strong>de</strong> bolsa-escola, <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> renda mínima que vão atingir<br />

principalmente os trabalha<strong>do</strong>res ou <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s que têm uma renda muito baixa ou nenhuma renda.<br />

Essas propostas prevêem a realização <strong>de</strong> convênios entre a União, o Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e os municípios, enfim, uma série <strong>de</strong> propostas relacionadas com programas <strong>de</strong> renda<br />

mínima.<br />

Há um bloco <strong>de</strong> propostas relacionadas com o microcrédito para estimular, favorecer e facilitar a implantação <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> crédito popular, com a simplificação da legislação e o<br />

direcionamento <strong>de</strong>ssas linhas para microempreendimentos <strong>de</strong> autogestão, cooperativas, associações, grupos <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s, etc. Nesse bloco também é importante<br />

consi<strong>de</strong>rar a assistência técnica, que <strong>de</strong>ve estar presente nos programas <strong>de</strong> microcrédito, para que os empreendimentos possam ter maior chance <strong>de</strong> sucesso. Há uma série <strong>de</strong><br />

propostas relacionadas com o crédito popular.<br />

O bloco sobre cooperativas apresenta propostas para incentivar e divulgar informações sobre o cooperativismo, algumas propostas para evitar ou, pelo menos, diminuir as frau<strong>de</strong>s no<br />

uso das cooperativas com o simples objetivo <strong>de</strong> burlar a legislação trabalhista. Essas propostas passam pela questão da educação e pela disseminação <strong>de</strong> informações, pela<br />

fiscalização e pela valorização <strong>do</strong> cooperativismo.<br />

Um <strong>do</strong>s grupos <strong>de</strong> propostas incentiva a regularização <strong>de</strong> pequenos negócios informais. Um outro grupo procura incentivar a formação <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> economia popular e solidária.<br />

Dentre suas propostas está a <strong>de</strong> implantar a lei orgânica <strong>de</strong> assistência social nos municípios mineiros como um instrumento <strong>de</strong> inclusão social. São propostas referentes à habitação e<br />

à alimentação para essa população que queremos atingir. Enfim, são uma série <strong>de</strong> estímulos, <strong>de</strong> incentivos e <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> novas condições para que esses grupos <strong>de</strong> economia<br />

popular e solidária possam sobreviver.<br />

Há um grupo <strong>de</strong> propostas que fala sobre a educação voltada para a economia popular e solidária, que consi<strong>de</strong>ramos um ponto muito importante.<br />

Um outro bloco faz propostas sobre o acesso à tecnologia e à assessoria técnica. To<strong>do</strong>s são importantes, mas esse, para nós, é fundamental, porque a tecnologia e a assessoria técnica<br />

são essenciais nos pequenos empreendimentos das iniciativas populares. Existem propostas <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> incuba<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> iniciativas populares autogestionáveis e <strong>de</strong> trocas <strong>de</strong><br />

experiências, além <strong>de</strong> uma nova proposta que surgiu durante o trabalho <strong>de</strong> terça-feira, que é a criação <strong>de</strong> um banco <strong>de</strong> equipamentos que facilite o acesso <strong>de</strong> microempreendimentos a<br />

equipamentos que possam estar ociosos em outras empresas, em outros setores ou mesmo a equipamentos <strong>do</strong> Governo.<br />

Um outro bloco faz propostas sobre o trabalho <strong>do</strong>s jovens, na tentativa <strong>de</strong> fiscalizar e limitar o ingresso precoce no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho. Nesse bloco também estão inseridas<br />

propostas <strong>de</strong> programas educativos para a<strong>do</strong>lescentes, com o objetivo <strong>de</strong> valorizar manifestações culturais que po<strong>de</strong>rão ser fonte <strong>de</strong> renda para esses jovens, e assim por diante.<br />

Finalmente, o último bloco fala das iniciativas dura<strong>do</strong>uras integradas. Há <strong>do</strong>is pontos principais. Um <strong>de</strong>les diz respeito às políticas públicas que, voltadas para essa parcela da<br />

população, <strong>de</strong>vem estar integradas. São políticas que <strong>de</strong>vem garantir renda mínima ou bolsa-escola, assim como <strong>de</strong>vem estar atreladas a serviços sociais que busquem a inclusão<br />

social <strong>de</strong>ssa população. Essas políticas <strong>de</strong>vem, ainda, estar integradas na intermediação e em cursos <strong>de</strong> qualificação, a fim <strong>de</strong> que tenham maior eficácia; <strong>de</strong>vem promover a<br />

integração da própria comunida<strong>de</strong>, não apenas a partir <strong>do</strong> incentivo a formas associativas da produção nas comunida<strong>de</strong>s, mas também buscan<strong>do</strong> incentivar a produção <strong>de</strong> bens e<br />

serviços que aten<strong>de</strong>rão a essas comunida<strong>de</strong>s, integran<strong>do</strong>, não só a partir da produção, mas também a partir <strong>do</strong> consumo. Essa é a síntese <strong>do</strong> relatório <strong>do</strong> Grupo nº 3.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Com a palavra, o Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Grupo <strong>de</strong> Trabalho nº 4, Eduar<strong>do</strong> Armond.<br />

O Sr. Eduar<strong>do</strong> Armond - As propostas que foram para o Grupo nº 4, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se a proposta da comissão técnica institucional, eram 18. Elas vieram da discussão <strong>do</strong> interior, ou<br />

seja, um volume gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> propostas em relação a esse grupo, as quais acabaram sen<strong>do</strong> con<strong>de</strong>nsadas, através <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> discussão e votação, em 38 propostas. O interessante<br />

<strong>de</strong> socializar aqui a discussão que houve lá é no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> alertar, inclusive, os companheiros que participam <strong>do</strong> seminário, para lerem o <strong>do</strong>cumento original da comissão, porque ele<br />

faz uma análise da situação geral, em relação aos fun<strong>do</strong>s.<br />

Em relação às propostas, um <strong>do</strong>s blocos tem como objetivo facilitar o acesso às informações sobre esses fun<strong>do</strong>s, não são só os fun<strong>do</strong>s fe<strong>de</strong>rais ou os programas relativos ao FAT.<br />

Estão incluídas, também, propostas em relação aos fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pensão no Esta<strong>do</strong> e aos fun<strong>do</strong>s estaduais administra<strong>do</strong>s aqui, no Esta<strong>do</strong>, pelo BDMG. Então, seria o caso <strong>de</strong> ampliar o<br />

processo <strong>de</strong> divulgação, socializar a informação no conjunto da socieda<strong>de</strong>, sobre esses recursos <strong>de</strong> programas e fun<strong>do</strong>s.<br />

Existe um outro conjunto <strong>de</strong> propostas tentan<strong>do</strong> agrupar no geral e fazen<strong>do</strong> a discussão em relação à fiscalização e à gestão <strong>de</strong>sses fun<strong>do</strong>s, ou seja, a constituição, a partir da<br />

legislação <strong>de</strong>sses fun<strong>do</strong>s, da inclusão <strong>do</strong> conceito tripartite paritário. Significa visar à gestão <strong>de</strong>sses fun<strong>do</strong>s públicos estaduais com a participação da socieda<strong>de</strong> civil, <strong>de</strong> forma que ela<br />

possa não só divulgar e ampliar a informação, mas participar da gestão e fiscalizar a aplicação <strong>de</strong>sses recursos.<br />

Existe também um conjunto <strong>de</strong> propostas relacionadas com arranjos institucionais para isso, ou seja, em que se propõe a mudança na legislação, a criação <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> trabalho com<br />

participação da socieda<strong>de</strong> civil, para mudar a legislação <strong>de</strong>sse conjunto <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>s, que são vários, incluin<strong>do</strong> a participação da socieda<strong>de</strong>. Existe também a proposta <strong>de</strong> reativar alguns<br />

instrumentos <strong>de</strong> participação social importantes, como, por exemplo, o Conselho Estadual <strong>de</strong> Desenvolvimento, que está para<strong>do</strong>. É uma briga antiga, inclusive <strong>do</strong> movimento<br />

sindical, para que ele seja reativa<strong>do</strong>, remo<strong>de</strong>la<strong>do</strong>, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista tripartite paritário, <strong>de</strong> forma que o Esta<strong>do</strong> tenha uma visão da questão da aplicação <strong>do</strong>s recursos, <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento social e <strong>do</strong>s programas <strong>de</strong> incentivo. Seriam programas não só sociais, mas também na área <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> emprego e <strong>de</strong> renda, no seu conjunto.<br />

Existem, ainda, propostas pontuais, mas importantes, que <strong>de</strong>vem ser citadas, como, por exemplo, a criação <strong>de</strong> um fun<strong>do</strong> específico e a <strong>de</strong>stinação <strong>de</strong> recursos para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>do</strong>s vales <strong>do</strong> Mucuri, <strong>do</strong> Jequitinhonha e da região Noroeste. Ficou claro que os programas atingem várias regiões, mas essas, especificamente, ficam completamente <strong>de</strong>sassistidas<br />

em relação a programas <strong>de</strong> financiamento público.<br />

Existe um outro ponto importante <strong>de</strong>ntro da linha <strong>de</strong> divulgação das posições <strong>do</strong>s programas e <strong>do</strong>s recursos públicos, que é a criação <strong>de</strong> uma central <strong>de</strong> informações para o cidadão.<br />

Sobre esses programas e fun<strong>do</strong>s, esse arranjo institucional teria que ser pensa<strong>do</strong>, se é público, se é estatal, etc., mas <strong>de</strong>veria haver a divulgação e a criação <strong>de</strong> uma central permanente<br />

que divulgasse e organizasse as informações sobre esse fun<strong>do</strong>.


Concluin<strong>do</strong>, existem duas propostas, a 267 e a 268, que foram discutidas e vieram à plenária com posição minoritária. Devem, necessariamente, ser discutidas no Plenário, porque<br />

são posições importantes para o conjunto das propostas.<br />

Vale a pena realçar uma proposta, que foi polêmica e já veio a Plenário e que diz respeito à reativação da função "trabalho" na Secretaria <strong>do</strong> Trabalho. Eram três propostas, e acabou<br />

fican<strong>do</strong> uma, que é a criação <strong>de</strong> uma secretaria <strong>de</strong> relações <strong>de</strong> trabalho in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.<br />

Outras tantas propostas complementares e não menos importantes dizem respeito à gestão <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s. O conceito geral é <strong>de</strong> participação social na gestão, na fiscalização e na<br />

ampliação da informação para a socieda<strong>de</strong>, para facilitar o acesso aos recursos <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Esclareço que o <strong>de</strong>staque <strong>de</strong>ve ser feito, se a pessoa tiver posição contrária à proposta. Mesmo a proposta minoritária <strong>do</strong> grupo só será apreciada se for <strong>de</strong>stacada.<br />

Se foi minoritária e não houve contradição no restante <strong>do</strong> <strong>de</strong>bate, não cabe <strong>de</strong>staque para ela. Isso agiliza os trabalhos.<br />

Um <strong>do</strong>s participantes <strong>do</strong> seminário, o Sr. Flan<strong>de</strong>r Calixto, <strong>de</strong> Uberlândia, enviou-nos um poema, <strong>do</strong> qual leremos, agora, somente a primeira estrofe:<br />

"Mais um Grito nas Gerais<br />

Vieram das muitas minas trazen<strong>do</strong> seus sonhos,/ na esperança <strong>de</strong> um novo fato,/fazen<strong>do</strong> valer na voz altiva/ a vonta<strong>de</strong> da ban<strong>de</strong>ira inconfi<strong>de</strong>nte./O que essa brava gente almeja<br />

conquistar,/<strong>de</strong> Campinas, o sábio conferente ao Stédile eloqüente,/unin<strong>do</strong> a ciência ao saber popular."<br />

No relatório, tomaremos conhecimento <strong>do</strong> poema completo <strong>do</strong> companheiro Flan<strong>de</strong>r.<br />

Com a palavra, o coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Grupo <strong>de</strong> Trabalho nº 5, Rômulo Luiz Campos.<br />

O Sr. Rômulo Luiz Campos - O Grupo nº 5, forma<strong>do</strong> por pessoas das áreas urbana e rural, foi bastante heterogêneo. Discutimos o tema Experiências Não Governamentais na Área<br />

Rural, expon<strong>do</strong> toda a preocupação da socieda<strong>de</strong> para com a geração <strong>de</strong> emprego na área rural.<br />

Agrupamos nove blocos <strong>de</strong> propostas: crédito, associativismo e cooperativismo, controle social e fiscalização, políticas públicas, política agrícola, educação, ações legislativas, meio<br />

ambiente e reforma agrária.<br />

Vale a pena informar aos que ainda não sabem que o Governo Fe<strong>de</strong>ral disponibilizou, no último orçamento, R$14.600.000.000,00 para o crédito agrícola. Disso, apenas 3 bilhões e<br />

pouco foram para a agricultura familiar e para a reforma agrária. Isso <strong>de</strong>mostra a vocação <strong>do</strong> governo central para o setor que menos gera emprego na área rural. O assunto foi muito<br />

<strong>de</strong>bati<strong>do</strong> no nosso grupo.<br />

As proprieda<strong>de</strong>s com menos <strong>de</strong> 200ha geram 83% <strong>do</strong>s empregos no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais. O grupo concluiu que há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inversão das políticas <strong>de</strong> crédito, para, assim,<br />

tanto favorecer as cooperativas <strong>de</strong> crédito quanto possibilitar o acesso da agricultura familiar na geração <strong>de</strong> ocupações profissionais e na geração <strong>de</strong> empregos. Se isso não ocorrer,<br />

não haverá geração <strong>de</strong> empregos.<br />

Discutimos muito o fortalecimento <strong>do</strong> associativismo e <strong>do</strong> cooperativismo. Há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> haver fiscalização <strong>de</strong>sses segmentos. Há uma <strong>de</strong>svirtuação muito genérica <strong>do</strong> trabalho,<br />

da produção, <strong>do</strong> setor <strong>do</strong>s serviços. É necessário haver fiscalização <strong>de</strong>ssas organizações. É preciso fortalecer o que é sério e combater o que está erra<strong>do</strong>.<br />

Sobre o controle social e a fiscalização, a socieda<strong>de</strong> organizada precisa participar um pouco mais da administração <strong>do</strong>s recursos públicos para <strong>de</strong>mocratizar o Esta<strong>do</strong>. É preciso criar<br />

instrumentos para isso. Há propostas em relação ao Governo <strong>de</strong> Minas Gerais e ao Governo Fe<strong>de</strong>ral.<br />

Em relação às políticas públicas, a principal novida<strong>de</strong> é a incorporação <strong>de</strong> gênero, principalmente a questão da mulher, nas políticas públicas <strong>de</strong> agricultura familiar e reforma<br />

agrária. Discutimos também a ampliação <strong>de</strong> recursos para as regiões semi-áridas <strong>do</strong> Polígono das Secas. Foi dada gran<strong>de</strong> ênfase em relação ao vale <strong>do</strong> Mucuri e ao vale <strong>do</strong><br />

Jequitinhonha.<br />

Sobre as ações legislativas, os principais blocos foram para fortalecer o associativismo e o cooperativismo. São necessárias várias revisões e novas legislações a respeito. É preciso<br />

fortalecer a agricultura familiar, proibir os transgênicos, tanto os testes, quanto sua produção e comercialização em Minas Gerais. A Assembléia Legislativa <strong>de</strong>ve abrir um <strong>de</strong>bate<br />

com toda a socieda<strong>de</strong> sobre o trabalho infanto-juvenil. Essa é uma questão muito complicada.<br />

Em síntese, os principais pontos <strong>de</strong> discussão <strong>de</strong> nosso grupo foram esses.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Com a palavra, o Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Grupo <strong>de</strong> Trabalho nº 6, Celi Márcio Santos.<br />

O Sr. Celi Márcio Santos - Bom-dia a to<strong>do</strong>s. Vai parecer redundante falar sobre as propostas <strong>do</strong> Grupo 6, <strong>de</strong>pois das exposições anteriores. Ele trata das opções urbanas <strong>de</strong><br />

experiências formais e não formais <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> renda e trabalho. O grupo não se atém ao tratamento específico <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego. Surgiram amplas propostas que abrangeriam<br />

qualquer <strong>do</strong>s subgrupos.<br />

Além <strong>do</strong>s pontos já cita<strong>do</strong>s, há três solicitações mais contun<strong>de</strong>ntes. A participação popular nas comissões <strong>de</strong> emprego, no gerenciamento <strong>do</strong>s recursos <strong>do</strong> FAT, no gerenciamento <strong>do</strong>s<br />

planos <strong>de</strong> qualificação profissional e no redimensionamento <strong>de</strong>sses cursos.<br />

Com relação à educação e à qualificação, há muitas propostas relativas ao apoio à educação formal, além da qualificação profissional e <strong>do</strong>s cursos técnicos e profissionalizantes.<br />

Há a questão <strong>do</strong>s direitos <strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>s. Estamos realizan<strong>do</strong> um seminário sobre <strong>de</strong>semprego, mas também sobre o direito ao trabalho. Surgiram algumas propostas relacionadas<br />

com o respeito <strong>do</strong> direito <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res, como a questão <strong>do</strong> INSS, o resgate da função <strong>do</strong> SINE, principalmente, a proibição <strong>do</strong> trabalho infantil e a valorização <strong>do</strong> trabalho da<br />

mulher.<br />

O grupo tratou também da questão das cooperativas, pedin<strong>do</strong> a criação <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> formação, a revisão da legislação e maior fiscalização. Pe<strong>de</strong> ainda a redução da jornada <strong>de</strong><br />

trabalho e a valorização da mão-<strong>de</strong>-obra local, principalmente nessas regiões vinculadas ao semi-ári<strong>do</strong> mineiro, como o Rômulo acabou <strong>de</strong> dizer. Com relação aos cursos <strong>de</strong><br />

qualificação, há um pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> que, nessas regiões, sejam cria<strong>do</strong>s centros <strong>de</strong> treinamento específicos no Norte, no vale <strong>do</strong> Jequitinhonha e no vale <strong>do</strong> Mucuri, dada a especificida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

relevo, clima e situação geográfica da região, não apenas por causa da pobreza.<br />

Para Minas Gerais, o grupo aponta três setores que, se fossem feitos investimentos maiores, po<strong>de</strong>riam ser <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> geração <strong>de</strong> renda, emprego e <strong>de</strong>senvolvimento para o Esta<strong>do</strong>. É a<br />

questão <strong>do</strong> meio ambiente, <strong>de</strong> reparar o que foi estraga<strong>do</strong> e valorizar o que está ainda em pé em Minas Gerais, como os rios, as matas, as montanhas, etc. O outro setor é o <strong>do</strong><br />

turismo, tanto o rural quanto o urbano, atentan<strong>do</strong>-se para o cuida<strong>do</strong> com a <strong>de</strong>predação das pequenas cida<strong>de</strong>s históricas <strong>de</strong> Minas Gerais.<br />

Minas Gerais é um Esta<strong>do</strong> muito rico em cultura, e ainda há pouco investimento nessa área visan<strong>do</strong> à geração <strong>de</strong> renda. Temos muitos artesãos, artistas, pintores, cantores, e isso tem


gera<strong>do</strong> renda e trabalho para muitas pessoas, mas não há gran<strong>de</strong>s investimentos nessa área.<br />

Além das propostas, o Grupo nº 6 aprovou duas moções, que serão encaminhadas para votação, uma com relação ao mau tratamento <strong>do</strong>s médicos e peritos <strong>do</strong> INSS com relação às<br />

licenças, e outra <strong>de</strong> apoio à greve <strong>do</strong>s funcionários da FIAT. Obriga<strong>do</strong>. (- Palmas.)<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Com a palavra, o Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Grupo <strong>de</strong> Trabalho nº 7, Marcos Landa.<br />

O Sr. Marcos Landa - O Grupo nº 7 saúda a Mesa, os companheiros e companheiras <strong>do</strong> Plenário. Antes <strong>de</strong> abordar as propostas <strong>do</strong> Grupo nº 7, seria interessante fazer alguns<br />

esclarecimentos. O Grupo nº 7 tratou das experiências não governamentais na geração <strong>de</strong> renda, ou seja, experiências não formais na área urbana - geração <strong>de</strong> emprego e renda,<br />

cooperativas, autogestão, trabalho informal e solidário. Chegaram <strong>do</strong> interior apenas cinco propostas. Dessas, quatro foram aprovadas, e uma, rejeitada. O trabalho <strong>do</strong> Grupo nº 7 se<br />

restringiu basicamente à discussão da Gran<strong>de</strong> Belo Horizonte.<br />

Seria interessante dizer também como esse trabalho chegou até essa plenária final. O Grupo nº 7 <strong>de</strong>dicou as primeiras quatro reuniões em Belo Horizonte para uma discussão da<br />

radiografia política, econômica e conjuntural <strong>de</strong>ste País. Depois disso, realizou uma discussão i<strong>de</strong>ológica, não partidária, quer dizer, a partir das experiências <strong>do</strong> setor informal, da<br />

área governamental, das assessorias e da Igreja, buscar a transformação social <strong>do</strong> País, já que o que está coloca<strong>do</strong> aí não interessa ao Grupo nº 7, principalmente no que diz respeito<br />

aos excluí<strong>do</strong>s, aos companheiros da economia informal e aos <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s.<br />

A partir daí, fortaleceu-se uma reafirmação que sempre esteve presente no Grupo nº 7, referente ao trabalho solidário e ao trabalho informal, na sua <strong>de</strong>fesa intransigente das<br />

cooperativas, das associações e <strong>do</strong> movimento popular. Isso foi uma característica marcante <strong>do</strong> Grupo nº 7: o movimento popular e a reafirmação <strong>de</strong>sse setor, que é o mais excluí<strong>do</strong><br />

da socieda<strong>de</strong>, bem como a importância <strong>de</strong> essas propostas terem si<strong>do</strong> levantadas aqui.<br />

Outra questão interessante foi a <strong>de</strong>fesa da inclusão <strong>do</strong>s excluí<strong>do</strong>s nesse setor. Deixamos claro que queremos promover a <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong>s excluí<strong>do</strong>s na economia formal <strong>de</strong> trabalho e no<br />

resgate <strong>de</strong> sua cidadania. Essa questão é fundamental e permeou toda a discussão <strong>do</strong> nosso Grupo. Sobre esse assunto, abordamos três questões que consi<strong>de</strong>ramos essenciais.<br />

Primeiro, a linha <strong>de</strong> crédito. Não adianta discutir apenas a economia informal ou a geração <strong>de</strong> renda se esses setores também não têm acesso às linhas <strong>de</strong> crédito. É necessário<br />

<strong>de</strong>sburocratizar o acesso ao financiamento para esse setor da economia informal e para a economia solidária.<br />

A segunda questão foi a educação. Não adianta repassar crédito sem qualificar, requalificar e acompanhar os trabalha<strong>do</strong>res da economia informal e da economia solidária. Isso foi<br />

fundamental para nós: promover, sempre, cursos <strong>de</strong> qualificação, requalificação e acompanhamento, bem como subsidiar esses cursos, para que as pessoas sejam inseridas no<br />

merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho.<br />

A terceira questão, que também está em nossa proposta, foi a das políticas e instrumentos legais: como garantir, na lei, além <strong>do</strong> financiamento e da educação, que esse setor venha a<br />

competir no merca<strong>do</strong>? Essas foram as questões fundamentais colocadas em nosso trabalho. Não entrarei nas propostas propriamente ditas, porque elas estão no ca<strong>de</strong>rno. Por isso,<br />

fizemos apenas uma abordagem política daquilo que foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> pelo Grupo nº 7.<br />

É importante salientar que o Grupo nº 7 <strong>de</strong>u tanta importância a este seminário, que os companheiros <strong>de</strong>cidiram que não irão se isolar a partir <strong>de</strong> agora. Darão continuação aos<br />

trabalhos inicia<strong>do</strong>s neste seminário, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> ele estar terminan<strong>do</strong> hoje. As entida<strong>de</strong>s reunidas no Grupo nº 7 darão continuação aos estu<strong>do</strong>s, e, a partir da semana que<br />

vem, estaremos estabelecen<strong>do</strong> um calendário <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates. Enten<strong>de</strong>mos que o assunto está muito interessante e que existe um trabalho <strong>de</strong> cooperação. Po<strong>de</strong>remos<br />

avançar na mobilização popular <strong>de</strong>sta cida<strong>de</strong>, <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e <strong>do</strong> País. Muito obriga<strong>do</strong>.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - A Mesa pergunta ao Marcos se a <strong>de</strong>cisão das entida<strong>de</strong>s que participaram <strong>do</strong> Grupo nº 7 <strong>de</strong> continuar se encontran<strong>do</strong> - até já marcaram uma reunião para a próxima<br />

semana - constará no relatório <strong>do</strong> grupo, ao final.<br />

O Sr. Marcos Landa - Não está constan<strong>do</strong>, porque foi uma <strong>de</strong>liberação nossa e não sabíamos se isso po<strong>de</strong>ria ser feito no seminário.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Acho que seria interessante que isso fosse feito por escrito e entregue à Consultoria, para constar no relatório como uma proposta concreta <strong>de</strong> continuação e <strong>de</strong><br />

articulação <strong>do</strong> grupo.<br />

O Sr. Marcos Landa - Possivelmente o grupo <strong>de</strong>ve se incorporar a um grupo da UEMG, a seu convite. Esse grupo reúne-se às quartas-feiras, às 15 horas, na Gameleira.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Que isso seja incluí<strong>do</strong>. Acho interessante que haja essa continuação. Nossa gran<strong>de</strong> preocupação é não ficar - como já aconteceu - trabalhan<strong>do</strong> durante quase oito<br />

meses, com as CPIs, com 350 entida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> interior participan<strong>do</strong> <strong>do</strong>s <strong>de</strong>bates durante quatro dias exaustivos <strong>de</strong> trabalho, para <strong>de</strong>pois per<strong>de</strong>r essas propostas.<br />

É importante qualquer proposta que sinalize para a continuação da articulação e da atuação na área específica <strong>do</strong> grupo.<br />

- Proce<strong>de</strong>-se à apresentação <strong>de</strong> pedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque e <strong>de</strong> novas propostas.<br />

Apresentação Oral <strong>de</strong> Pedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Destaque e <strong>de</strong> Novas Propostas<br />

Votação <strong>do</strong> Documento Final, Salvo Destaques<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Vamos apreciar agora o <strong>do</strong>cumento final, salvo <strong>de</strong>staques. Pediríamos que to<strong>do</strong>s os participantes <strong>de</strong>lega<strong>do</strong>s pegassem seus cartões <strong>de</strong> votação. Vamos votar o<br />

relatório, os <strong>de</strong>staques e, evi<strong>de</strong>ntemente, salvo propostas novas, que ainda não foram apreciadas. O processo é <strong>de</strong> outros seminários e também <strong>de</strong> como se dá o encaminhamento da<br />

ação em nossas entida<strong>de</strong>s populares e sindicais, das quais participamos.<br />

Em votação, o <strong>do</strong>cumento final, salvo <strong>de</strong>staques. Os votantes que estiverem <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a proposta levantem seu cartão<strong>de</strong> votação. Aprova<strong>do</strong>.<br />

- Proce<strong>de</strong>-se à discussão e à votação <strong>do</strong>s <strong>de</strong>staques e das novas propostas.<br />

- Proce<strong>de</strong>-se à eleição da Comissão <strong>de</strong> Representação <strong>do</strong> Seminário.<br />

Discussão e Votação <strong>do</strong>s Destaques e das Novas Propostas<br />

Eleição da Comissão <strong>de</strong> Representação <strong>do</strong> Seminário<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Solicitamos aos representantes da Secretaria <strong>de</strong> Meio Ambiente, <strong>do</strong> SEPLAN, <strong>do</strong> SETASCAD, das Secretarias <strong>de</strong> Agricultura <strong>de</strong> Indústria e Comércio, da CUT, da<br />

FETAEMG, <strong>do</strong> DIEESE, da CGT, da Fe<strong>de</strong>ração Estadual <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res, da FIEMG, da FAEMG, <strong>do</strong> SEBRAE, da CDL, da CNBB - Regional Leste II, da Cáritas Brasileira, da<br />

Pastoral Operária, <strong>do</strong> Movimento Evangélico Progressita - MEP -, da PUC, da UFMG, da UEMG, da Frente <strong>de</strong> Defesa <strong>do</strong>s Direitos da Criança e <strong>do</strong> A<strong>do</strong>lescente, da<br />

FETRABALHO, <strong>do</strong> MST, da Central <strong>de</strong> Movimentos Populares e da Comissão Estadual <strong>de</strong> Emprego, que compareçam aqui, na frente. Pedimos uma salva <strong>de</strong> palmas para essa


equipe <strong>de</strong> representação. (- Palmas.) Agra<strong>de</strong>cemos a to<strong>do</strong>s. Po<strong>de</strong>m assentar-se.<br />

Entrega <strong>do</strong> Documento Final <strong>do</strong> Seminário ao Sr. Presi<strong>de</strong>nte<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Convi<strong>do</strong> Carlúcia Maria Silva, da CNBB, e Lau<strong>de</strong>lino Augusto <strong>do</strong>s Santos Azeve<strong>do</strong>, <strong>do</strong> Conselho Nacional <strong>de</strong> Leigos, entida<strong>de</strong>s que inicialmente provocaram a<br />

criação <strong>de</strong>sse Seminário, que estejam aqui para proce<strong>de</strong>r à entrega <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento final <strong>de</strong>ste seminário ao Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>sta Assembléia Legislativa, Deputa<strong>do</strong> An<strong>de</strong>rson Adauto.<br />

A Sra. Carlúcia Maria Silva - Em nome <strong>de</strong> todas as entida<strong>de</strong>s e órgãos representa<strong>do</strong>s que participaram <strong>de</strong>sse processo <strong>de</strong> construção através das propostas <strong>do</strong> seminário, queremos<br />

entregar à Assembléia Legislativa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais to<strong>do</strong> o trabalho que foi construí<strong>do</strong>, acreditan<strong>do</strong> que o Brasil tem jeito e que o <strong>de</strong>semprego é possível <strong>de</strong> ser contorna<strong>do</strong>,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que haja vonta<strong>de</strong> política, serieda<strong>de</strong> e compromisso <strong>de</strong> toda a socieda<strong>de</strong> civil.<br />

Estamos aqui porque acreditamos nisso. O processo nasceu <strong>de</strong> uma organização em que as comunida<strong>de</strong>s constataram as principais dívidas, entre elas o <strong>de</strong>semprego, e nesse processo<br />

viam a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que a Assembléia Legislativa pu<strong>de</strong>sse estar convocan<strong>do</strong> toda a socieda<strong>de</strong>, os órgãos governamentais e não governamentais, para discutir e apresentar<br />

propostas viáveis.<br />

O Sr. Lau<strong>de</strong>lino Augusto <strong>do</strong>s Santos Azere<strong>do</strong> - Quero manifestar também a nossa expectativa <strong>de</strong> que tu<strong>do</strong> seja bem encaminha<strong>do</strong>. A socieda<strong>de</strong> civil organizada está presente, atuante,<br />

queren<strong>do</strong> assumir junto, e contamos com o po<strong>de</strong>r público, eleito pela socieda<strong>de</strong> civil, com empresas e com to<strong>do</strong>s que estão aí como atores na construção <strong>de</strong> sua história.<br />

Terminaria dizen<strong>do</strong> uma frase <strong>de</strong> um encontro <strong>de</strong> nossas igrejas em Me<strong>de</strong>lin, na Colômbia: "esta não <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser a hora da palavra, mas tornou-se, com dramática urgência, a hora<br />

da ação". (- Palmas.)<br />

- Proce<strong>de</strong>-se à entrega <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento final ao Sr. Presi<strong>de</strong>nte, com o seguinte teor:<br />

Seminário <strong>Legislativo</strong><br />

Desemprego e Direito ao Trabalho<br />

Documento Aprova<strong>do</strong> na Plenária Final<br />

Grupo I<br />

Políticas Governamentais <strong>de</strong> Geração <strong>de</strong> Emprego e Renda<br />

Experiências na Área Rural<br />

(assentamentos, cooperativas, aqüicultura, agricultura familiar, pequena produção florestal-rural, ecoturismo, energia, entre outras)<br />

Criação <strong>de</strong> órgão estadual para a reforma agrária, apoio aos assentamentos e arrecadação <strong>de</strong> terras <strong>de</strong>volutas<br />

1 - Implementação, pelo Esta<strong>do</strong>, da política <strong>de</strong> reforma agrária, contemplan<strong>do</strong>:<br />

a) programas que fixem o homem no campo (ex: criação <strong>de</strong> microunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção, acesso a linhas <strong>de</strong> crédito, assessoria técnica para instalação <strong>de</strong> pequenas indústrias, etc.),<br />

asseguran<strong>do</strong>-se assistência às famílias assentadas, por meio <strong>de</strong> recursos no orçamento <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>;<br />

b) mapeamento e ação discriminatória das terras <strong>de</strong>volutas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> para fins <strong>de</strong> reforma agrária, em caráter urgente;<br />

c) financiamento, assistência técnica e apoio à agricultura familiar nos assentamentos;<br />

d) <strong>de</strong>stinação orçamentária, pelo Esta<strong>do</strong>, para financiamento <strong>de</strong> assentamentos, bem como para resgate <strong>do</strong> passivo <strong>do</strong>s assentamentos existentes;<br />

e) implantação <strong>de</strong> infra-estrutura completa em todas as áreas <strong>de</strong> assentamento.<br />

2 - Abertura <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate sobre os projetos Entre Ribeiros II e III, para dar-lhes nova orientação e analisar a viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se promoverem assentamentos <strong>de</strong> reforma agrária nessas<br />

áreas.<br />

3 - Suspensão da renovação <strong>de</strong> contratos envolven<strong>do</strong> as terras <strong>de</strong>volutas em po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> empresas privadas <strong>de</strong> reflorestamento e <strong>de</strong>stinação <strong>de</strong>ssas terras ao programa <strong>de</strong> reforma<br />

agrária, com base na proposta agroextrativa e com recursos para produção.<br />

Apoio à agricultura familiar e ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> renda não agrícolas<br />

4 - Fortalecimento <strong>do</strong> Programa Barracão <strong>do</strong> Produtor, com implantação <strong>de</strong> novas unida<strong>de</strong>s, funcionan<strong>do</strong> com assistência <strong>de</strong> organismos que aju<strong>de</strong>m a produzir mais e melhor (IEF,<br />

EMATER, vigilância sanitária, Bancos, etc.) e com mecanismos para proteger o produtor.<br />

5 - Criação <strong>do</strong> Programa Estadual <strong>de</strong> Pequenas Agroindústrias, nos mol<strong>de</strong>s <strong>do</strong> PROVE, com gestão compartilhada entre o governo e a socieda<strong>de</strong>.<br />

Negociação das Prefeituras Municipais com as gran<strong>de</strong>s empresas florestais, visan<strong>do</strong> à cessão <strong>de</strong> terrenos para o plantio <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> primeira necessida<strong>de</strong> (arroz, feijão, milho) e<br />

criação <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> incentivo aos aposenta<strong>do</strong>s rurais, para que possam voltar a trabalhar e melhorar sua economia e a da região.<br />

6 - Atuação da Assembléia Legislativa junto ao Executivo para a implementação <strong>de</strong> pequenos projetos <strong>de</strong> irrigação, volta<strong>do</strong>s para microprodutores, basea<strong>do</strong>s em tecnologias <strong>de</strong> baixo<br />

consumo <strong>de</strong> água, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> abastecimento <strong>do</strong>méstico estejam garantidas e submetidas a estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> impacto socioambiental.<br />

7 - Liberação <strong>de</strong> recursos para a agricultura, o comércio e a indústria, com participação <strong>de</strong> avais solidários ou até mesmo <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Aval, com maior divulgação das formas <strong>de</strong><br />

acesso.


8 - Apoio governamental ao pequeno produtor, principalmente <strong>do</strong> meio rural, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gerar emprego e melhorar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.<br />

9 - Implantação <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> eletrificação rural contemplan<strong>do</strong>:<br />

a) ampliação <strong>do</strong>s prazos <strong>de</strong> financiamento para, no mínimo, 48 meses;<br />

b) dispensa <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> carência para realização <strong>de</strong> obras;<br />

c) isenção parcial da cobrança da taxa <strong>de</strong> energia elétrica para os pequenos irrigantes;<br />

d) cobrança das prestações referentes ao financiamento em contas separadas;<br />

e) utilização pelas Prefeituras da TIP ou taxa similar para implantação da eletrificação rural, subsidiada aos pequenos produtores, com isenção total até 5 KVA.<br />

<strong>10</strong> - Estímulo ao associativismo <strong>de</strong> pequenos produtores rurais, visan<strong>do</strong> garantir melhor comercialização <strong>do</strong>s produtos.<br />

11 - Criação <strong>de</strong> uma política para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> turismo rural.<br />

12 - Criação <strong>de</strong> programa que possibilite a capacitação e a manutenção <strong>do</strong> jovem no campo, incluin<strong>do</strong> a Escola-Família Rural.<br />

13 - Criação <strong>de</strong> uma política agrícola no Esta<strong>do</strong>, com incentivos ao pequeno e ao médio produtor, viabilizan<strong>do</strong> a geração <strong>de</strong> emprego e renda no campo, e proibição <strong>do</strong> uso <strong>de</strong><br />

transgênicos em Minas Gerais.<br />

14 - Alteração no Programa Emergencial <strong>de</strong> Emprego (Linha <strong>de</strong> ação: Gerenciamento Ambiental), proposto pela CTI, <strong>do</strong> objetivo e <strong>do</strong> público-alvo:<br />

Objetivo: Estimular os empreendimentos <strong>de</strong> micro e pequeno porte, amplian<strong>do</strong> as ativida<strong>de</strong>s produtivas <strong>do</strong> setor pesqueiro.<br />

Público-Alvo: pequenos e microempresários <strong>do</strong> setor <strong>de</strong> pesque-pague e afins.<br />

15 - Fomento a programas na área produtiva rural, como: PRONAL, Sub-bacias Hidrográficas, Patrulha Mecanizada, Agroindústrias, Proteção às Nascentes, Matas Ciliares, etc.<br />

<strong>16</strong> - Retorno a uma política agrícola que incentive a produção e o consumo interno.<br />

17 - Orientação <strong>do</strong>s recursos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s às frentes <strong>de</strong> trabalho nas regiões afetadas pela seca para implantação <strong>de</strong> pequenas obras, utilizan<strong>do</strong>-se matéria-prima e mão-<strong>de</strong>-obra locais,<br />

visan<strong>do</strong> melhorar as condições <strong>de</strong> fixação <strong>do</strong> homem no campo, tais como: microbarramentos, caixas <strong>de</strong> água, tecnologia ferro-cimento, viveiros <strong>de</strong> mudas frutíferas para<br />

recuperação <strong>de</strong> matas ciliares e hortas comunitárias e familiares.<br />

18 - Ações, a serem promovidas pela Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Trabalho e Ação Social, por meio da SEMAD-IEF e SETAS, em parceria com as Prefeituras Municipais e Secretaria da<br />

Indústria e Comércio, visan<strong>do</strong> ao <strong>de</strong>senvolvimento da produção e da comercialização <strong>de</strong> embarcações <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, para fins pesqueiros e similares, com financiamento <strong>do</strong> FAT,<br />

SEBRAE, PRONAF e FINAME.<br />

19 - Criação <strong>de</strong> mecanismos visan<strong>do</strong> ao fomento da aqüicultura familiar e à comercialização da produção <strong>do</strong>s <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>s pesque-pague, bem como ao aumento <strong>do</strong> valor agrega<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> seus produtos, por meio <strong>de</strong> incentivo à industrialização <strong>do</strong> pesca<strong>do</strong> produzi<strong>do</strong>.<br />

Apoio à criação <strong>de</strong> pequenos projetos agroindustriais<br />

20 - Criação <strong>do</strong> Programa Estadual <strong>de</strong> Pequenas Agroindústrias, nos mol<strong>de</strong>s <strong>do</strong> PROVE, com gestão compartilhada entre o governo e a socieda<strong>de</strong>.<br />

21 - Implementação <strong>do</strong> Programa Fazen<strong>de</strong>iro Florestal e <strong>de</strong> outras ativida<strong>de</strong>s vinculadas ao plantio <strong>de</strong> matas nativas, bem como apoio à implantação <strong>de</strong> fábricas <strong>de</strong> móveis.<br />

Ações <strong>de</strong> proteção e recuperação <strong>do</strong> meio ambiente<br />

22 - Elaboração <strong>de</strong> lei sobre reflorestamento, recuperação <strong>do</strong> solo, da flora e da fauna, incluída a plantação, nos limites das fazendas, <strong>de</strong> árvores frutíferas e <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> lei,<br />

geran<strong>do</strong> emprego e renda.<br />

23 - Elaboração <strong>de</strong> projeto <strong>de</strong> recuperação da floresta nativa, com criação <strong>de</strong> parques, reservas florestais ou APAs.<br />

24 - Implantação, após estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> impacto ambiental, <strong>de</strong> obras <strong>de</strong> perenização e preservação <strong>de</strong> sub-bacias, nascentes e lagoas naturais (tais como microbarramentos, recuperação <strong>de</strong><br />

mata ciliar, <strong>de</strong> topo <strong>de</strong> morro, <strong>de</strong> nascentes e solos), utilizan<strong>do</strong>-se matéria-prima e mão-<strong>de</strong>-obra locais, visan<strong>do</strong> à geração <strong>de</strong> emprego e renda, a começar pelos vales <strong>do</strong> Mucuri e <strong>do</strong><br />

Jequitinhonha e pelo Norte <strong>de</strong> Minas.<br />

25 - Paralisação das obras <strong>de</strong> barragens em andamento, até que sejam atendidas as reivindicações das pessoas por elas atingidas, e proibição <strong>de</strong> novas construções sem prévio acor<strong>do</strong><br />

com as pessoas afetadas.<br />

26 - Proibição <strong>de</strong> plantio <strong>de</strong> eucalipto próximo às nascentes, rios, córregos e veredas.<br />

27 - Recuperação urgente das bacias <strong>do</strong>s rios To<strong>do</strong>s os Santos e Mucuri, com re<strong>de</strong>finição <strong>do</strong> papel da COPASA, não só na captação e no tratamento <strong>de</strong> água, mas também na<br />

preservação das nascentes por ela exploradas e tratamento <strong>do</strong>s esgotos lança<strong>do</strong>s nos leitos <strong>do</strong>s rios.<br />

28 - Implementação <strong>de</strong> medidas para amenizar os efeitos da seca, conforme o seguinte <strong>de</strong>staque <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento Fórum Regional <strong>de</strong> Desenvolvimento Sustentável, realiza<strong>do</strong> em<br />

Montes Claros, Norte <strong>de</strong> Minas:<br />

a) elaboração e implantação <strong>de</strong> projetos para recuperação das nascentes, das matas ciliares e das áreas <strong>de</strong>gradadas, com uso <strong>de</strong> espécies nativas e frutíferas e com a participação das<br />

comunida<strong>de</strong>s;


) construção <strong>de</strong> pequenos barramentos e açu<strong>de</strong>s, visan<strong>do</strong> ao abastecimento <strong>de</strong> água para as comunida<strong>de</strong>s, e perenização <strong>do</strong>s rios, a partir <strong>de</strong> diagnósticos participativos, articulan<strong>do</strong><br />

ações <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> erosão, recuperação <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>gradadas e "revegetação" das matas ciliares;<br />

c) retomada e conclusão <strong>do</strong> Plano Diretor <strong>de</strong> Recursos Hídricos <strong>de</strong> Afluentes <strong>do</strong> Rio São Francisco, com meto<strong>do</strong>logia que garanta a participação das comunida<strong>de</strong>s, com <strong>de</strong>staque para<br />

questões como: revisão da legislação, com aplicação <strong>de</strong> pena em razão <strong>de</strong> pesca predatória, a partir <strong>de</strong> discussão com os pesca<strong>do</strong>res; <strong>de</strong>spoluição <strong>do</strong>s rios das Velhas e São Francisco;<br />

d) funcionamento <strong>do</strong>s poços comunitários perfura<strong>do</strong>s para fins <strong>de</strong> abastecimento;<br />

e) garantia <strong>de</strong> realização <strong>de</strong> audiências públicas para se discutir a construção da barragem <strong>de</strong> Berizal (Municípios <strong>de</strong> Berizal, São João <strong>do</strong> Paraíso, Taiobeiras, Rio Par<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas e<br />

Indaiabira), envolven<strong>do</strong> as comunida<strong>de</strong>s, antes <strong>de</strong> serem retomadas as obras <strong>de</strong> sua construção;<br />

f) construção <strong>de</strong> bacias <strong>de</strong> captação <strong>de</strong> águas ao longo das estradas municipais, estaduais e fe<strong>de</strong>rais;<br />

g) construção <strong>de</strong> obras <strong>de</strong> infra-estrutura básica <strong>de</strong> saneamento nas comunida<strong>de</strong>s rurais, visan<strong>do</strong> também ao controle da verminose;<br />

h) conscientização ambiental <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os segmentos da população: políticos, usuários, alunos, professores e técnicos;<br />

i) capacitação <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res rurais, por meio <strong>de</strong> recursos <strong>do</strong> PEQ-FAT, para implantação <strong>de</strong> propostas que conciliem a produção agropecuária com a preservação ambiental;<br />

j) introdução da disciplina "Meio Ambiente" no currículo escolar, ten<strong>do</strong> como referência a realida<strong>de</strong> ambiental <strong>do</strong> semi-ári<strong>do</strong>;<br />

k) produção <strong>de</strong> cartilhas sobre "História Ambiental <strong>do</strong> Norte <strong>de</strong> Minas" para uso das escolas e organizações da socieda<strong>de</strong> civil;<br />

l) capacitação <strong>de</strong> educa<strong>do</strong>res pelas Secretarias Municipal e Estadual <strong>de</strong> Educação;<br />

m) controle social, pelas organizações <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res, <strong>do</strong>s recursos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s ao combate à seca e utilização <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra das frentes produtivas em projetos <strong>de</strong> preservação<br />

ambiental;<br />

n) estabelecimento <strong>de</strong> parcerias entre trabalha<strong>do</strong>res, ONGs e órgãos governamentais;<br />

o) <strong>de</strong>stinação <strong>de</strong> percentagem da arrecadação municipal para um Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Desenvolvimento da Agricultura, a ser administra<strong>do</strong> pelo Conselho Municipal <strong>de</strong> Desenvolvimento Rural;<br />

p) garantia <strong>de</strong> recursos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e <strong>do</strong> município para assistência técnica rural, diretamente vinculada às organizações <strong>do</strong>s agricultores familiares.<br />

Redirecionamento <strong>do</strong>s órgãos estaduais <strong>de</strong> apoio à agricultura para os objetivos <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> emprego e renda no campo<br />

29 - Ações conjuntas da COPASA, CEMIG, DER-MG, RURALMINAS e Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> da Agricultura, para dar suporte e infra-estrutura aos assentamentos e agricultores<br />

familiares.<br />

30 - Aparelhamento da EPAMIG, da EMATER, <strong>do</strong> IEF e <strong>do</strong> IMA, como instituições <strong>de</strong> pesquisa, assistência técnica, extensão rural e apoio à agricultura familiar.<br />

31 - Melhoria operacional da SUDECOOP, hoje pertencente à SETASCAD, para atuar no apoio às cooperativas e associações.<br />

Apoio a projetos educacionais no meio rural: ensino básico, profissionalizante e superior<br />

32 - Implantação <strong>de</strong> escola agrotécnica para o <strong>de</strong>senvolvimento da região Jequitinhonha-Mucuri.<br />

Ações <strong>de</strong> fiscalização e a<strong>de</strong>quação da legislação aos objetivos <strong>de</strong> geração e manutenção <strong>do</strong> emprego no campo<br />

33 - A<strong>de</strong>quação das legislações fiscal, sanitária e <strong>de</strong> comercialização (estadual e municipais) à realida<strong>de</strong> <strong>do</strong> pequeno produtor, permitin<strong>do</strong>-lhe o acesso aos merca<strong>do</strong>s.<br />

34 - Revisão da política <strong>de</strong> financiamento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s irrigações e suspensão da autorização <strong>de</strong> novos projetos.<br />

35 - Inclusão <strong>do</strong> vale <strong>do</strong> Mucuri na área da SUDENE.<br />

36 - Gestão para flexibilizar as leis <strong>de</strong> licitação, <strong>de</strong> maneira a permitir aos Esta<strong>do</strong>s e às Prefeituras a compra preferencial <strong>de</strong> produtos agrícolas locais e regionais, visan<strong>do</strong> ao<br />

fornecimento para merenda escolar, cestas básicas, hospitais, etc.<br />

37 - Modificação na política <strong>de</strong> importação <strong>de</strong> alimentos, instituin<strong>do</strong>-se a compensação tarifária.<br />

38 - Divulgação da Lei <strong>de</strong> Incentivo à Pesquisa e Fabricação <strong>de</strong> Produtos Fitoterápicos, promoven<strong>do</strong> sua integração ao PROVE, bem como criação <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong> apoio e<br />

melhoria <strong>de</strong> funcionamento, nas unida<strong>de</strong>s públicas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e educação, com ênfase nas práticas <strong>de</strong> terapias alternativas e populares <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

PRONAL<br />

39 - Retomada <strong>do</strong> Programa Nacional <strong>do</strong> Álcool e <strong>do</strong> Leite - PRONAL -, que tem como objetivo estimular a produção conjugada <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is produtos, com uma série <strong>de</strong> vantagens.<br />

Esse programa produz adubo orgânico, alimentos e energia, <strong>de</strong> forma renovável, <strong>de</strong>scentralizada, a<strong>de</strong>quada ao meio ambiente, distribuin<strong>do</strong> renda e amplian<strong>do</strong> o merca<strong>do</strong> interno. E, o<br />

mais importante: po<strong>de</strong> criar milhões <strong>de</strong> empregos dignos na área rural, diminuin<strong>do</strong> o excesso populacional das gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s e melhoran<strong>do</strong> sua qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.<br />

Grupo II<br />

Políticas Governamentais <strong>de</strong> Geração <strong>de</strong> Emprego e Renda


FAT<br />

Experiências Formais na Área Urbana<br />

(cooperativas, turismo, incuba<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> empresas, entre outras)<br />

41 - Alteração na forma <strong>de</strong> repasse <strong>do</strong>s recursos <strong>do</strong> FAT para qualificação e requalificação <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r e das comunida<strong>de</strong>s, com a criação <strong>de</strong> um Fun<strong>do</strong> Municipal (com<br />

administração paritária) no qual o próprio município <strong>de</strong>fina a aplicação <strong>do</strong>s recursos, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com suas <strong>de</strong>mandas, indican<strong>do</strong> cursos que realmente qualifiquem, com carga horária<br />

a<strong>de</strong>quada e com perspectiva <strong>de</strong> absorção <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra pelo merca<strong>do</strong>, incentivan<strong>do</strong> e reconhecen<strong>do</strong> a utilização <strong>do</strong> autêntico cooperativismo pela população, mediante integração<br />

com os seguintes órgãos: SETASCAD, SUDECOOP, Assembléia Legislativa, Ministério <strong>do</strong> Trabalho, Ministério da Previdência, Ministério da Agricultura, Ministério da Educação,<br />

Ministério <strong>do</strong> Trabalho e câmaras municipais, através <strong>do</strong> Curso Básico <strong>de</strong> Cooperativismo e <strong>de</strong> palestras, promovi<strong>do</strong>s por entida<strong>de</strong>s e órgãos interessa<strong>do</strong>s.<br />

42 - Criação <strong>de</strong> mecanismos para possibilitar uma avaliação mais criteriosa da aplicação <strong>do</strong>s recursos <strong>do</strong> FAT pela socieda<strong>de</strong>.<br />

43 - Criação <strong>de</strong> convênios e concessão <strong>de</strong> incentivo fiscal às empresas que absorvam mão-<strong>de</strong>-obra treinada com recursos <strong>do</strong> FAT.<br />

Educação profissionalizante<br />

44 - Incremento urgente da educação para o trabalho no ensino fundamental e <strong>de</strong> cursos profissionalizantes no ensino médio e suplência <strong>de</strong> segun<strong>do</strong> grau ou <strong>de</strong>ntro da preparação <strong>do</strong><br />

trabalho dirigi<strong>do</strong> para a economia informal, conforme as necessida<strong>de</strong>s locais <strong>de</strong> formação profissional, apuradas por meio <strong>de</strong> pesquisas e sondagens feitas sobre as <strong>de</strong>mandas <strong>do</strong>s<br />

cursos em cada uma das comunida<strong>de</strong>s. Esta proposta faz parte <strong>do</strong> Projeto Cidadão (Anexo 4), opção que po<strong>de</strong> ser utilizada por órgãos governamentais ou não e que se mostra<br />

importante na formação e na capacitação, proporcionan<strong>do</strong> maior potencial <strong>de</strong> trabalho, com base na leitura crítica da ambiência, para formação <strong>de</strong> competências profissionais e <strong>de</strong><br />

cidadãos.<br />

45 - Inserção das disciplinas Empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>rismo e Cooperativismo em to<strong>do</strong>s os cursos <strong>do</strong>s ensinos fundamental, médio e profissionalizante.<br />

46 - Qualificação e recolocação <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r mediante fomento <strong>do</strong>s núcleos <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho já existentes, que prestam serviços <strong>de</strong> recrutamento e seleção <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s, propician<strong>do</strong> também a mudança <strong>do</strong> perfil <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r através <strong>de</strong> qualificação, requalificação profissional, atualização, ampliação <strong>do</strong>s conhecimentos e preparação<br />

para enfrentar a situação atual <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho, contribuin<strong>do</strong> para a revitalização <strong>do</strong> Sistema Nacional <strong>de</strong> Emprego - SINE.<br />

47 - Qualificação da mão-<strong>de</strong>-obra, em parceria com prefeituras e o Governo Estadual.<br />

48 - Busca <strong>de</strong> integração e parceria com o Ministério da Educação e o Ministério <strong>do</strong> Trabalho e Emprego, visan<strong>do</strong> ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> projetos volta<strong>do</strong>s para a questão da<br />

empregabilida<strong>de</strong> e da cidadania, com ênfase na promoção <strong>de</strong> educação básica – ensinos fundamental e médio.<br />

49 - Promoção da educação continuada, voltada para o conhecimento amplo, incluin<strong>do</strong> informática e línguas estrangeiras, com atenção à mudança <strong>de</strong> perfil <strong>do</strong>s profissionais, cujas<br />

funções estão sen<strong>do</strong> permanentemente re<strong>de</strong>finidas.<br />

50 - Regulamentação da certificação ocupacional.<br />

51 - Volta, nas escolas estaduais, <strong>do</strong>s cursos profissionalizantes que contemplem a realida<strong>de</strong> e a necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais.<br />

52 - Elaboração <strong>de</strong> projeto <strong>de</strong> lei com vistas a que as gran<strong>de</strong>s empresas requalifiquem seus trabalha<strong>do</strong>res, preparan<strong>do</strong>-os para o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho, no caso <strong>de</strong> <strong>de</strong>missão, passan<strong>do</strong><br />

por discussões com cada sindicato ou representantes <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res.<br />

53 - Busca <strong>de</strong> soluções para contemplar o <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong> <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Aço com cursos <strong>de</strong> qualificação e requalificação profissional, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as exigências <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

trabalho.<br />

54 - Fortalecimento <strong>do</strong>s centros <strong>de</strong> formação profissional (Sistema S - SENAC, SESI, SENAI e SEBRAE) e <strong>de</strong>mocratização <strong>do</strong> acesso a trabalha<strong>do</strong>res <strong>de</strong> baixa renda, com subsídio<br />

para os cursos que essas instituições oferecem.<br />

55 - Volta das escolas profissionalizantes, em vários níveis, para facilitar o acesso ao emprego para aqueles que já trabalham ou estejam entran<strong>do</strong> no merca<strong>do</strong>, garantin<strong>do</strong> o acesso à<br />

pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saberes.<br />

56 - Retorno <strong>do</strong>s cursos profissionalizantes, em nível técnico, nas escolas estaduais, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a primeira série <strong>do</strong> ensino fundamental, garantin<strong>do</strong> o acesso à pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saberes.<br />

57 - Inclusão da formação cooperativista na gra<strong>de</strong> curricular <strong>de</strong> ensino, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> disciplinas existentes ou pela criação <strong>de</strong> novas disciplinas.<br />

Educação<br />

58 - Inclusão na gra<strong>de</strong> <strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong> formação, em to<strong>do</strong>s os níveis, <strong>de</strong> instruções sobre a preservação <strong>do</strong> meio ambiente, garantias <strong>do</strong>s direitos humanos e formação para a cidadania.<br />

59 - Extensão da UEMG à região Noroeste, para fomentar o <strong>de</strong>senvolvimento, como suporte técnico, <strong>de</strong>ntro das potencialida<strong>de</strong>s e da realida<strong>de</strong> regional.<br />

60 - Apoio da Assembléia Legislativa à universida<strong>de</strong> pública, gratuita e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e ao retardamento <strong>do</strong> envio ao Congresso Nacional <strong>do</strong> projeto <strong>de</strong> autonomia universitária, bem<br />

como promoção <strong>do</strong> Projeto Coletivo <strong>de</strong> Universida<strong>de</strong>, ten<strong>do</strong> por princípio a implantação <strong>de</strong> uma universida<strong>de</strong> verda<strong>de</strong>iramente <strong>de</strong>mocrática e voltada para os compromissos sociais.<br />

61 - Garantia <strong>de</strong> universida<strong>de</strong> pública, gratuita e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, com a concretização da implementação da UEMG, com a absorção <strong>do</strong>s "campi" <strong>do</strong> interior.<br />

62 - Auto-aplicabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> art. 207 da Constituição Fe<strong>de</strong>ral (ensino, pesquisa e extensão nas universida<strong>de</strong>s).<br />

63 - Priorização <strong>de</strong> projetos educacionais subsidia<strong>do</strong>s, ten<strong>do</strong> em vista que a educação atua como catalisa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico.<br />

64 - Aplicação da Lei <strong>de</strong> Incentivo à Educação para a inclusão <strong>do</strong>s temas interdisciplinares <strong>de</strong> Turismo e Meio Ambiente, Direitos Humanos e Cidadania, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a Lei nº<br />

9.795, nas escolas <strong>de</strong> ensinos fundamental, médio e superior.


Cooperativismo<br />

65 - Estímulo <strong>do</strong> Governo à criação <strong>de</strong> parcerias nas áreas <strong>de</strong> cooperativismo, consórcios, associações e turismo municipal.<br />

66 - Incentivo à criação <strong>de</strong> cooperativas, com suporte técnico, informações sobre constituição, funcionamento e assessoramento, e criação <strong>de</strong> um órgão com objetivo <strong>de</strong> fiscalizar o<br />

funcionamento <strong>de</strong>las para que não explorem o trabalha<strong>do</strong>r e não sejam constituídas apenas para burlar as leis trabalhistas (órgão semelhante ao SPC, que "<strong>de</strong>nunciaria" as<br />

cooperativas e empresas incorretas).<br />

67 - Apoio das universida<strong>de</strong>s à criação <strong>de</strong> cooperativas populares, através da Re<strong>de</strong> Unitrabalho-Programa <strong>de</strong> Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Incuba<strong>do</strong>ras Tecnológicas <strong>de</strong> Cooperativas Populares.<br />

68 - Estímulo à formação <strong>de</strong> uma nova cultura, mais voltada para o associativismo, em contraponto à lógica <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>.<br />

69 - Promoção <strong>de</strong> intercâmbio e <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> experiências entre cooperativas e entre as empresas autogestionadas.<br />

70 - Realização <strong>de</strong> pesquisas <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> para formação <strong>de</strong> cooperativas.<br />

71 - Determinação <strong>de</strong> sanções legais às cooperativas <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res fraudulentas, que atuam no simples fornecimento <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra barata.<br />

72 - Criação <strong>de</strong> dispositivo legal que impeça a exploração <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res pelas cooperativas.<br />

73 - Fomento à capacitação e à educação <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res na área <strong>de</strong> cooperativismo.<br />

74 - Incentivo, com recursos governamentais, à criação <strong>de</strong> cooperativas nos vários segmentos econômicos.<br />

75 - Canalização para as cooperativas <strong>do</strong>s recursos existentes para geração e implantação <strong>de</strong> indústrias.<br />

76 - Revisão da lei <strong>de</strong> licitação para que as cooperativas <strong>de</strong> trabalho e serviço possam fornecer serviços a prefeituras e entida<strong>de</strong>s públicas.<br />

Trabalho <strong>do</strong>s presos<br />

77 - Formação profissional, educação e trabalho para os presos, com incentivo a "penas alternativas à privação <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>" e "penas mínimas", como forma <strong>de</strong> contribuir para a<br />

resolução <strong>do</strong> problema <strong>de</strong> superlotação e déficit <strong>de</strong> vagas nos estabelecimentos penais. O trabalho <strong>do</strong> preso também tem finalida<strong>de</strong> socioeconômica, reduzin<strong>do</strong> o ônus para o Esta<strong>do</strong><br />

na sua manutenção, mediante implantação <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> qualificação profissional para os presos em regimes fecha<strong>do</strong>, semi-aberto e aberto, com o objetivo <strong>de</strong> propiciar melhoria<br />

da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e da qualificação profissional para a população carcerária, para sua posterior inserção no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho, com os objetivos específicos <strong>de</strong>: contribuir para a<br />

redução <strong>do</strong> índice <strong>de</strong> reincidência da criminalida<strong>de</strong> através da ressocialização <strong>do</strong> preso; oferecer aos <strong>de</strong>tentos oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se tornar pequenos empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>res a partir da<br />

qualificação ou da requalificação profissional; esten<strong>de</strong>r, <strong>de</strong> forma crescente, a oferta <strong>de</strong> cursos profissionalizantes nos setores primário, secundário e terciário. Sobre o trabalho,<br />

cumpre ressaltar que o preso <strong>de</strong>ve receber no mínimo 3/4 <strong>do</strong> salário mínimo, não incidin<strong>do</strong> encargos sobre a sua remuneração, conforme lei <strong>de</strong> execução penal. Como<br />

<strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramento, ter-se-ia a formação profissional voltada também para jovens e a<strong>do</strong>lescentes infratores.<br />

78 - Combinação da proposta <strong>de</strong> formação profissional, educação e trabalho <strong>do</strong> preso com o Projeto Cidadão, visan<strong>do</strong> à formação profissional, à geração <strong>de</strong> trabalho, renda e<br />

qualificação, envolven<strong>do</strong> a Fundação João Pinheiro, Secretaria <strong>do</strong> Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD-IEF), Secretaria da Agricultura, FAEMG, SENAR,<br />

UTRAMIG, Secretaria da Justiça, Direitos Humanos e Cidadania e o Conselho da Comunida<strong>de</strong> da Comarca.<br />

79 - Alfabetização <strong>do</strong>s presos nas carceragens penitenciárias.<br />

80 - Utilização <strong>de</strong> presos que tenham escolarida<strong>de</strong> no trabalho <strong>de</strong> alfabetização.<br />

81 - Direcionamento da mão-<strong>de</strong>-obra <strong>do</strong>s presos com a mão-<strong>de</strong>-obra recicla<strong>do</strong>ra (reciclagem nas penitenciárias <strong>de</strong> regime fecha<strong>do</strong>) - pequenas usinas.<br />

82 - Transformação das fazendas das penitenciárias em empresas produtoras <strong>de</strong> cana para produção <strong>de</strong> álcool combustível ou outras produções.<br />

83 - Criação <strong>de</strong> uma fundação (Centro <strong>de</strong> Orientação e Apoio aos Con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s e Ex-con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s) para prestação <strong>de</strong> assistência social, jurídica, religiosa, psicológica, recapacitação e<br />

encaminhamento ao trabalho, com diretoria composta por diferentes entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> diversos segmentos sociais e participação <strong>do</strong> guarda penitenciário.<br />

Papel social das empresas<br />

84 - Priorização <strong>de</strong> investimentos governamentais na área social, principalmente na educação, crian<strong>do</strong> mecanismos <strong>de</strong> controle <strong>do</strong>s investimentos públicos e das isenções fiscais para<br />

as empresas e as fundações por elas controladas.<br />

85 - Estímulo e cobrança das empresas para que assumam e cumpram seu papel social, conforme <strong>de</strong>termina a Constituição Fe<strong>de</strong>ral, evitan<strong>do</strong> dispensas, prestação <strong>de</strong> horas extras e<br />

"compra" <strong>de</strong> férias <strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>s.<br />

86 - Campanha publicitária <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>, conclaman<strong>do</strong> o empresaria<strong>do</strong> nacional a contratar pelo menos um novo emprega<strong>do</strong>, dan<strong>do</strong> priorida<strong>de</strong> aos <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s.<br />

Turismo<br />

87 - Implementação <strong>do</strong> turismo no Esta<strong>do</strong>, mediante criação <strong>de</strong> câmaras e preparação <strong>de</strong> cursos, ten<strong>do</strong> em vista a falta <strong>de</strong> qualificação <strong>do</strong>s profissionais na área, cuja política <strong>de</strong>ve<br />

partir <strong>do</strong> ensino fundamental, bem como da própria formação da cidadania.<br />

88 - Incentivo ao turismo, pela criação e pela divulgação <strong>de</strong> eventos festivos, como "shows" e festas religiosas, e por maior divulgação <strong>do</strong> turismo mineiro nos meios <strong>de</strong><br />

comunicação.<br />

89 - Melhoria e construção <strong>de</strong> estradas como estímulo ao turismo regional.<br />

90 - Apoio <strong>do</strong> Governo à criação <strong>de</strong> mecanismos e sensibilização da população para <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> turismo no Centro-Oeste.


91 - Inclusão <strong>do</strong> Centro-Oeste, por intermédio <strong>de</strong> seus atrativos culturais, religiosos, folclóricos, naturais, comerciais e artísticos, nos roteiros mineiros <strong>de</strong> turismo.<br />

Ações da Assembléia Legislativa<br />

92 - Instalação, na Assembléia Legislativa, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>do</strong> Seminário, <strong>de</strong> Fórum Parlamentar Mineiro Permanente para Defesa <strong>do</strong> Sindicalismo e <strong>do</strong> Emprego, com a<br />

participação <strong>de</strong> parlamentares, secretários, organizações <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res e <strong>de</strong> emprega<strong>do</strong>res, setores financeiro e <strong>de</strong> serviços, Igrejas, ONGs (terceiro setor), objetivan<strong>do</strong> <strong>de</strong>bater e<br />

encontrar respostas imediatas para a atual situação.<br />

93 - Avaliação e fiscalização, por parte da Comissão <strong>do</strong> Trabalho da Assembléia Legislativa, em conjunto com sindicatos e empresas, <strong>do</strong>s projetos <strong>de</strong> investimento que utilizem<br />

recursos públicos, vetan<strong>do</strong> os que não gerem emprego.<br />

94 - Acompanhamento, pela Comissão <strong>do</strong> Trabalho da Assembléia Legislativa, <strong>do</strong>s programas <strong>de</strong> reestruturação nos setores si<strong>de</strong>rúrgico e <strong>de</strong> celulose, visan<strong>do</strong> a evitar <strong>de</strong>missões.<br />

(Ex: o Programa V2000 da Acesita prevê <strong>de</strong>missão <strong>de</strong> 500 a 800 trabalha<strong>do</strong>res).<br />

95 - Fiscalização e investigação, pela Assembléia Legislativa, das empresas polui<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>s rios, possibilitan<strong>do</strong> a preservação <strong>do</strong> emprego e da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.<br />

96 - Instauração, pela Assembléia Legislativa, <strong>de</strong> CPI para apurar as possíveis irregularida<strong>de</strong>s no contrato firma<strong>do</strong> entre a Merce<strong>de</strong>s-Benz e o po<strong>de</strong>r público estadual.<br />

97 - Apoio da Assembléia Legislativa ao movimento artístico da Zona da Mata - Juiz <strong>de</strong> Fora, para recuperação <strong>do</strong> Teatro Paschoal Carlos Magno, e criação <strong>de</strong> cooperativas <strong>de</strong><br />

trabalho em Minas Gerais, inclusive trabalho artístico.<br />

98 - Apoio da Assembléia Legislativa à manutenção da vinculação <strong>do</strong>s colégios técnicos às universida<strong>de</strong>s.<br />

Programas <strong>de</strong> apoio à criação <strong>de</strong> novas empresas<br />

99 - Desenvolvimento <strong>de</strong> incuba<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> empresas e cooperativas, empresas simuladas e empresas juniores, com apoio das universida<strong>de</strong>s e <strong>do</strong> Sistema S.<br />

<strong>10</strong>0 - Implementação <strong>de</strong> uma política pública, facilita<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> novas empresas e cooperativas <strong>de</strong> trabalho, em parceria com entida<strong>de</strong>s e órgãos como: FIEMG - Sistema S,<br />

FETRABALHO, SINE, universida<strong>de</strong>s, UNITRABALHO, sindicatos e OCEMG, entre outras, visan<strong>do</strong> a analisar projetos, dar indicações <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> econômica e perfil <strong>do</strong>s<br />

negócios, auxiliar a estruturação <strong>de</strong> empresas, incentivar exportações, <strong>de</strong>senvolver empréstimos em células solidárias, prestan<strong>do</strong> informações relacionadas com o acesso a recursos,<br />

as indicações <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>, o acesso a bancos <strong>de</strong> empregos e a cooperativas <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res.<br />

<strong>10</strong>1 - Promoção da capacitação para transição <strong>do</strong> setor informal para o setor formal, mediante incentivos fiscais e linhas <strong>de</strong> financiamento para a abertura <strong>de</strong> negócios, com suporte<br />

pedagógico e consultoria ao empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r.<br />

<strong>10</strong>2 - Estímulo a parcerias com entida<strong>de</strong>s empresariais e <strong>de</strong>senvolvolvimento <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> geração e garantia <strong>de</strong> empregos (como nas incuba<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> empresas), com melhor<br />

aproveitamento <strong>de</strong> espaços públicos.<br />

<strong>10</strong>3 - Criação <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> financiamento para novos segmentos, com carência e juros reais.<br />

Frentes <strong>de</strong> trabalho<br />

<strong>10</strong>4 - Criação <strong>de</strong> frentes <strong>de</strong> trabalho locais e regionais, junto aos trabalha<strong>do</strong>res reconhecidamente sem ocupação e renda, com indicação das obras ou <strong>do</strong>s serviços a serem executa<strong>do</strong>s,<br />

mediante apresentação <strong>de</strong> planos <strong>de</strong> trabalho a uma comissão gestora encarregada <strong>do</strong> acompanhamento, fiscalização e avaliação da execução <strong>de</strong>stes.<br />

<strong>10</strong>5 - Criação <strong>de</strong> frentes <strong>de</strong> trabalho, em caráter emergencial.<br />

Ampliação <strong>do</strong> horário <strong>de</strong> funcionamento <strong>do</strong>s Bancos<br />

<strong>10</strong>6 - Apresentação <strong>de</strong> projetos no <strong>Legislativo</strong>, após ampla discussão com a socieda<strong>de</strong>, com tramitação no Congresso Nacional, nas Assembléias Legislativas <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s e nas<br />

Câmaras <strong>de</strong> Verea<strong>do</strong>res, sancionan<strong>do</strong> leis que <strong>de</strong>terminem ao Banco Central a implantação, em todas as instituições financeiras, nos Esta<strong>do</strong>s e municípios, da abertura para<br />

atendimento ao público durante, pelo menos, <strong>de</strong>z horas diárias, para a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> <strong>do</strong>is turnos <strong>de</strong> trabalho.<br />

<strong>10</strong>7 - Ação da comunida<strong>de</strong> política <strong>do</strong> País para que o Presi<strong>de</strong>nte da República, por meio <strong>de</strong> medida provisória, obrigue o Banco Central a <strong>de</strong>terminar que os Bancos funcionem, pelo<br />

menos, 12 horas por dia, com duas turmas <strong>de</strong> trabalho, geran<strong>do</strong>, assim, pelo menos, 200 mil empregos.<br />

<strong>10</strong>8 - Ampliação <strong>do</strong> horário <strong>de</strong> atendimento bancário ao público, em nível nacional, <strong>de</strong> forma a gerar postos <strong>de</strong> trabalho.<br />

Incentivo às micro e pequenas empresas<br />

<strong>10</strong>9 - Maior incentivo a todas as empresas, especialmente às micro e pequenas, com a criação <strong>de</strong> uma política <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> empregos, com taxa regressiva <strong>de</strong> encargos tributários.<br />

1<strong>10</strong> - Criação <strong>de</strong> um distrito industrial municipal (con<strong>do</strong>mínio) para as micro e pequenas empresas, no qual toda troca ou venda <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias ou <strong>de</strong> matéria-prima seja feita, na<br />

medida <strong>do</strong> possível, sem tributação.<br />

111 - Implantação <strong>de</strong> política <strong>de</strong> financiamento que privilegie as pequenas e as microempresas.<br />

112 - Isenção <strong>de</strong> tributos para as micro e pequenas empresas em fase <strong>de</strong> implantação, por um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>.<br />

113 - Criação <strong>de</strong> incentivos para as pequenas e médias empresas que mais empregarem trabalha<strong>do</strong>res.<br />

114 - Maior assistência por parte <strong>do</strong> Governo às micro e pequenas empresas na elaboração <strong>do</strong>s projetos <strong>de</strong> financiamento.<br />

Políticas públicas <strong>do</strong> Governo Fe<strong>de</strong>ral


115 - Ampla divulgação <strong>do</strong>s projetos <strong>do</strong> Governo Fe<strong>de</strong>ral, objetivan<strong>do</strong> i<strong>de</strong>ntificar neles caminhos que possibilitem a geração e o preenchimento <strong>de</strong> empregos.<br />

1<strong>16</strong> - Definição <strong>de</strong> uma política pública <strong>de</strong> combate ao <strong>de</strong>semprego.<br />

Programa <strong>de</strong> Segurança Alimentar<br />

117 - Extensão da experiência <strong>do</strong>s restaurantes populares <strong>de</strong> Belo Horizonte para cida<strong>de</strong>s médias, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Segurança Alimentar.<br />

118 - Implementação <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> segurança alimentar.<br />

Jornada <strong>de</strong> trabalho<br />

119 - Redução da jornada diária <strong>de</strong> trabalho para seis horas, sem prejuízo <strong>do</strong> salário.<br />

120 - Fim da hora extra.<br />

121 - Fim <strong>do</strong> banco <strong>de</strong> horas.<br />

122 - Redução da jornada <strong>de</strong> trabalho, sem redução salarial.<br />

123 - Redução da jornada <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> oito horas para seis horas, sem redução salarial.<br />

124 - Encaminhamento às esferas competentes <strong>de</strong> proposta <strong>de</strong> redução da jornada <strong>de</strong> trabalho, em nível nacional, para 36 horas semanais, <strong>de</strong> forma a ampliar o número <strong>de</strong> postos <strong>de</strong><br />

trabalho.<br />

Exportação e importação<br />

125 - Divulgação <strong>do</strong>s produtos mineiros, como forma <strong>de</strong> incrementar as vendas nos merca<strong>do</strong>s interno e externo.<br />

126 - Utilização das Estações Aduaneiras <strong>do</strong> Interior - EADIS - para realizar to<strong>do</strong> o <strong>de</strong>sembaraço aduaneiro no Esta<strong>do</strong>, incentivan<strong>do</strong> as exportações, possibilitan<strong>do</strong> a arrecadação <strong>de</strong><br />

mais impostos e geran<strong>do</strong> empregos.<br />

127 - A<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> proteção <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> nacional contra produtos importa<strong>do</strong>s (bens e serviços) provenientes <strong>de</strong> países que a<strong>do</strong>tem medidas restritivas à entrada <strong>de</strong><br />

merca<strong>do</strong>rias brasileiras em seu território.<br />

128 - Realização <strong>de</strong> gestões junto às autorida<strong>de</strong>s governamentais para aprovação <strong>do</strong>s projetos das Zonas <strong>de</strong> Processamento <strong>de</strong> Exportação - ZPEs -, para que elas se tornem realida<strong>de</strong><br />

em Minas Gerais o mais breve possível.<br />

Ações <strong>do</strong>s municípios<br />

129 - I<strong>de</strong>ntificação das potencialida<strong>de</strong>s econômicas e das particularida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s municípios, seguida <strong>de</strong> planejamento, capacitação e treinamento, para que cada um possa ocupar<br />

melhor o seu lugar no merca<strong>do</strong>.<br />

130 - Fomento e incentivo aos Conselhos Municipais <strong>de</strong> Assistência Social, Conselho Municipal <strong>de</strong> Direitos da Criança e <strong>do</strong> A<strong>do</strong>lescente e às Comissões Municipais <strong>de</strong> Emprego,<br />

para que cumpram com eficácia seus papéis.<br />

131 - Respeito às <strong>de</strong>cisões das Comissões Municipais <strong>de</strong> Emprego quanto às indicações <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cursos e entida<strong>de</strong>s apontadas (por meio <strong>de</strong> seus projetos) para ministrarem<br />

esses cursos.<br />

Produção rural<br />

132 - Fornecimento ao pequeno produtor <strong>de</strong> recursos tecnológicos, crédito direto e <strong>de</strong> fácil acesso, garantia <strong>de</strong> preço, venda e exposição <strong>do</strong>s produtos.<br />

133 - Capacitação técnica e administrativa <strong>do</strong> pequeno e médio produtor.<br />

134 - Apoio à criação <strong>de</strong> pequenas agroindústrias, para geração <strong>de</strong> emprego e renda.<br />

Transporte<br />

135 - Obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> que todas as cida<strong>de</strong>s com população <strong>de</strong> 30 a 50 mil habitantes sejam <strong>do</strong>tadas <strong>de</strong>, pelo menos, uma empresa <strong>de</strong> coletivos urbanos, e acima <strong>de</strong> 50 mil, pelo<br />

menos, duas.<br />

136 - Determinação, pelo DNER e pelos DERs, <strong>de</strong> que todas as empresas intermunicipais e interestaduais <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> passageiros e <strong>de</strong> carga tenham uma tripulação mínima, <strong>de</strong><br />

acor<strong>do</strong> com o trajeto a percorrer: até 400km, <strong>do</strong>is tripulantes, um motorista e um agente <strong>de</strong> viagem; acima <strong>de</strong> 400km, revezamento da tripulação a cada 400km, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a melhorar<br />

as condições <strong>de</strong> segurança, evitan<strong>do</strong> assaltos e aci<strong>de</strong>ntes e geran<strong>do</strong> milhares <strong>de</strong> empregos.<br />

Propostas <strong>de</strong> cunho geral ou regional<br />

137 - Reformulação e mo<strong>de</strong>rnização da estrutura sindical e das relações <strong>de</strong> trabalho no Brasil.<br />

138 - Revisão <strong>do</strong> parecer <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Contas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, que, ao informar aspectos impeditivos para a aprovação das contas das prefeituras que contratam ou venham a contratar<br />

empresas cooperativas, se não impediu, pelo menos, está dificultan<strong>do</strong> enormemente a contração das cooperativas.<br />

139 - Mais liberação <strong>de</strong> recursos e incentivos para a indústria agropecuária e a construção civil.


140 - Determinação, pelo Ministério <strong>do</strong> Trabalho, <strong>de</strong> que todas as indústrias ou empresas que diariamente movimentem volume <strong>de</strong> dinheiro em espécie, cheques e valores, inclusive<br />

postos <strong>de</strong> combustíveis, tanto na cida<strong>de</strong> como nas ro<strong>do</strong>vias, sejam obrigadas a manter segurança especial para seus trabalha<strong>do</strong>res, seu patrimônio e seus clientes.<br />

141 - Revisão imediata da recente legislação que, a título <strong>de</strong> flexibilizar a legislação trabalhista, revogou os mecanismos legais <strong>de</strong> proteção ao trabalha<strong>do</strong>r, como na implantação <strong>do</strong>s<br />

sistemas <strong>de</strong> banco <strong>de</strong> horas e <strong>de</strong> contratos temporários.<br />

142 - Ampliação <strong>do</strong> trabalho com a<strong>do</strong>ção <strong>do</strong> horário noturno <strong>de</strong> limpeza e <strong>de</strong> conservação das vias públicas nos gran<strong>de</strong>s e médios municípios.<br />

143 - Priorização, pelas empresas instaladas e prefeituras municipais, da mão-<strong>de</strong>-obra <strong>de</strong> profissionais da região <strong>do</strong> rio Doce e <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Aço.<br />

144 - Fomento à educação e incentivo à coleta seletiva <strong>de</strong> lixo <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s núcleos habitacionais, dan<strong>do</strong> suporte à utilização <strong>do</strong> material coleta<strong>do</strong>, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> abrir empresas<br />

<strong>de</strong> reciclagem e aproveitamento, bem como <strong>de</strong> melhorar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida por meio da proteção ambiental.<br />

145 - Criação <strong>de</strong> programas, pelas prefeituras, câmaras municipais e empresas da região rio Doce e <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Aço, Governo Fe<strong>de</strong>ral e Estadual, visan<strong>do</strong> garantir o direito ao<br />

trabalho nas gran<strong>de</strong>s empresas (ACESITA, USIMINAS, CENIBRA, USIMEC, etc.), pequenas e médias empresas, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a acabar com os vetos existentes, tais como os referentes<br />

a ex-funcionários ou a quem tenha entra<strong>do</strong> com ação trabalhista (fim da ficha suja e <strong>de</strong> outras práticas semelhantes).<br />

146 - Eliminação, na Região Metropolitana <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Aço, das barreiras para produção, transporte e comercialização <strong>de</strong> seus produtos (ex.: o leite produzi<strong>do</strong> em Fabriciano, com<br />

licença sanitária <strong>do</strong> município, não po<strong>de</strong> ser comercializa<strong>do</strong> em Ipatinga).<br />

147 - Criação <strong>de</strong> lei que reoriente as empresas a se instalar no Esta<strong>do</strong>, a priorizar a contratação <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra local, com fiscalização <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> Trabalho e <strong>do</strong>s sindicatos.<br />

148 - Criação <strong>de</strong> Comissão Municipal <strong>de</strong> Meio Ambiente em to<strong>do</strong>s os municípios.<br />

149 - Implantação <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> garantia <strong>de</strong> renda mínima.<br />

150 - Fortalecimento <strong>do</strong> SINE, amplian<strong>do</strong>-se sua capacida<strong>de</strong> operacional.<br />

151 - Fim <strong>do</strong> trabalho infantil.<br />

152 - Proibição <strong>de</strong> iniciativas <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>ras, como auto-atendimento nos postos <strong>de</strong> combustíveis, catracas eletrônicas nos ônibus e outras, praticadas, sobretu<strong>do</strong>, nos<br />

reflorestamentos.<br />

153 - Mapeamento <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego na Região da Mata, incluin<strong>do</strong> os trabalha<strong>do</strong>res da área cultural.<br />

154 - Criação <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> trabalho que i<strong>de</strong>ntifiquem fontes <strong>de</strong> recursos para financiamento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s gera<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> emprego e que assessorem os interessa<strong>do</strong>s na elaboração <strong>de</strong><br />

projetos para sua captação.<br />

155 - Revisão das normas sobre o convênio entre o INSS e as empresas, que vem possibilitan<strong>do</strong> a estas burlar a legislação, não emitin<strong>do</strong> a Comunicação <strong>de</strong> Aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Trabalho -<br />

CAT -, bem como aprimoramento da fiscalização <strong>do</strong>s convênios que estejam em vigor.<br />

156 - Asfaltamento das principais estradas da região <strong>do</strong> Jequitinhonha e <strong>do</strong> Mucuri.<br />

157 - Criação <strong>de</strong> um órgão regional para estabelecimento <strong>de</strong> uma política cultural coletiva canaliza<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> empregos.<br />

158 - Estímulo à produção <strong>de</strong> insumos para a construção civil na Região Metropolitana <strong>de</strong> Belo Horizonte, em vez <strong>de</strong> buscá-los em outros Esta<strong>do</strong>s, como forma <strong>de</strong> ampliar o número<br />

<strong>de</strong> empregos indiretos nessa área.<br />

159 - Estímulo ao setor <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> pedras preciosas, com a implantação <strong>de</strong> escolas <strong>de</strong> lapidação e formação <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra especializada.<br />

<strong>16</strong>0 - Gestões para mudança da política econômica, por meio da articulação <strong>do</strong>s países em <strong>de</strong>senvolvimento, para uma negociação apropriada e <strong>de</strong> resolução categórica da questão da<br />

dívida externa, bem como para a reforma tributária, com redução ou simplificação <strong>do</strong>s impostos.<br />

Garantia <strong>de</strong> renda mínima<br />

Grupo III<br />

Políticas Governamentais <strong>de</strong> Geração <strong>de</strong> Emprego e Renda<br />

Experiências Não Formais na Área Urbana<br />

(cata<strong>do</strong>res <strong>de</strong> papel, renda mínima, bolsa-escola, Banco Popular, entre outras)<br />

<strong>16</strong>1 - Ampliação e aprimoramento das experiências <strong>de</strong> garantia <strong>de</strong> renda mínima, concebidas como instrumentos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a viabilizar a reinserção social e econômica <strong>do</strong>s<br />

beneficiários, por intermédio da vinculação <strong>do</strong> auxílio monetário a medidas socioeducativas e <strong>de</strong> qualificação profissional.<br />

<strong>16</strong>2 - Estabelecimento <strong>de</strong> convênios com municípios para a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> renda mínima e <strong>de</strong> bolsa-escola. Os programas <strong>de</strong>vem ser a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s à realida<strong>de</strong> local.<br />

<strong>16</strong>3 - Estabelecimento <strong>de</strong> convênio com o Governo Fe<strong>de</strong>ral com o objetivo <strong>de</strong> expandir as experiências municipais <strong>de</strong> bolsa-escola, a partir da Lei Fe<strong>de</strong>ral nº 9.533, que autoriza a<br />

União a co-financiar 50% <strong>do</strong>s programas municipais <strong>de</strong> renda mínima vincula<strong>do</strong>s à educação.<br />

<strong>16</strong>4 - Criação <strong>de</strong> programas que atendam a famílias <strong>de</strong> baixa renda, preven<strong>do</strong>, como contrapartida, que os filhos ou <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes menores <strong>de</strong> <strong>16</strong> anos sejam matricula<strong>do</strong>s nas escolas,<br />

com freqüência regular.


<strong>16</strong>5 - Estabelecimento da obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> que os programas <strong>de</strong> renda mínima e bolsa-escola sejam acompanha<strong>do</strong>s <strong>de</strong> serviços complementares, tais como assistência médica,<br />

acompanhamento escolar, disponibilização <strong>de</strong> serviços públicos, <strong>do</strong>cumentação, alfabetização <strong>de</strong> adultos, assistência jurídica, creches comunitárias, etc., visan<strong>do</strong> à integração social<br />

<strong>do</strong>s beneficiários.<br />

<strong>16</strong>6 - Exigência <strong>de</strong> que os programas <strong>de</strong> renda mínima e bolsa-escola contemplem, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a realida<strong>de</strong> local, a participação <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res em ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> oficinas<br />

comunitárias, tais como horticultura, costura, panificação, fabricação <strong>de</strong> blocos <strong>de</strong> concreto, entre outras. A produção exce<strong>de</strong>nte seria comercializada, reverten<strong>do</strong> em renda para os<br />

participantes.<br />

<strong>16</strong>7 - Criação, nos mol<strong>de</strong>s <strong>do</strong> ICMS ecológico, <strong>de</strong> um percentual <strong>do</strong> ICMS para a implementação <strong>do</strong> programa bolsa-escola.<br />

<strong>16</strong>8 - Bolsas <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> para famílias <strong>de</strong> baixa renda, sem que sua distribuição seja feita por interesses políticos.<br />

Microcrédito<br />

<strong>16</strong>9 - Abertura <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> crédito para obras públicas e equipamentos sociais, mutirões <strong>de</strong> habitação e outros, bem como frentes <strong>de</strong> trabalho, sobretu<strong>do</strong> nos municípios mais pobres.<br />

170 - Fornecimento <strong>de</strong> assistência técnica e créditos para os pequenos produtores urbanos, visan<strong>do</strong> ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> renda.<br />

171 - Fornecimento <strong>de</strong> assistência técnica e financeira para promoção <strong>de</strong> turismo ecológico, manutenção <strong>de</strong> praças e jardins, cachoeiras e nascentes <strong>de</strong> rios.<br />

172 - Apoio à formação <strong>de</strong> microempreendimentos autogestionáveis, cooperativas e associações, <strong>de</strong>sburocratizan<strong>do</strong> a legislação, capacitan<strong>do</strong> tecnicamente e fornecen<strong>do</strong> créditos.<br />

173 - Apoio à formação <strong>de</strong> associações <strong>de</strong> crédito popular e estabelecimento <strong>de</strong> convênios com a União e municípios, visan<strong>do</strong> ao repasse ágil <strong>do</strong>s recursos disponíveis no BNDES e<br />

outras agências <strong>de</strong> financiamento para estas associações.<br />

174 - Criação, por meio <strong>do</strong> BDMG, <strong>de</strong> linha específica para financiar as associações <strong>de</strong> crédito popular e <strong>de</strong>sburocratização e diminuição da contrapartida exigida nas linhas já<br />

existentes.<br />

175 - Estímulo às iniciativas <strong>de</strong> âmbito municipal ou, até mesmo, inframunicipais (por bairro ou regiões <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> município).<br />

176 - Oferecimento aos beneficiários <strong>do</strong>s programas <strong>de</strong> crédito popular <strong>de</strong> treinamento gerencial a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> a seus microempreendimentos, contribuin<strong>do</strong> para a organização e a<br />

viabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> negócio.<br />

177 - Apoio ao trabalha<strong>do</strong>r informal, com incentivo e financiamento <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s existentes.<br />

178 - Criação <strong>do</strong> Banco <strong>do</strong> Povo, <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> <strong>de</strong> recursos e apoio técnico para fomentar pequenas agroindústrias e iniciativas <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> emprego e renda.<br />

179 - Facilitação <strong>do</strong> acesso ao crédito para empresas informais (microcrédito), com a criação <strong>de</strong> uma Associação <strong>de</strong> Crédito Popular (Banco <strong>do</strong> Povo ou Banco Popular), por meio da<br />

qual o município po<strong>de</strong>rá receber crédito <strong>do</strong> BDMG e <strong>de</strong> outras instituições afins.<br />

180 - Incentivo à criação <strong>do</strong> Banco <strong>do</strong> Povo, <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> a financiar a agricultura familiar, as micro e pequenas empresas e o setor informal.<br />

181 - Elaboração <strong>de</strong> legislação para criação <strong>do</strong> Banco <strong>do</strong> Povo, estabelecen<strong>do</strong> crédito diferencia<strong>do</strong> para os pequenos negócios.<br />

182 - Implementação <strong>do</strong> programa Renda Familiar para a Educação.<br />

183 - Implantação <strong>do</strong> Banco Popular Regional, visan<strong>do</strong> oferecer recursos ao pequeno empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r, ten<strong>do</strong> como referência a experiência <strong>do</strong> Banco Popular <strong>de</strong> Ipatinga.<br />

Cooperativas<br />

184 - Criação <strong>de</strong> mecanismos legais que incentivem a disseminação <strong>do</strong> cooperativismo popular no Esta<strong>do</strong>.<br />

185 - Desenvolvimento <strong>de</strong> formas <strong>de</strong> divulgar e apoiar o cooperativismo popular. Difusão massiva <strong>de</strong> informações sobre como fundar e administrar uma cooperativa e sobre a<br />

comercialização da produção e inclusão <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> Cooperativismo e Associativismo nos currículos escolares oficiais, a partir da 5ª série.<br />

186 - Criação <strong>de</strong> dispositivos <strong>de</strong> lei <strong>de</strong> incentivo para que rádios e TVs comunitárias façam publicida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s produtos locais, apoian<strong>do</strong> a economia informal.<br />

187 - Divulgação massiva das regras <strong>de</strong> funcionamento <strong>de</strong> uma cooperativa popular, bem como <strong>do</strong>s <strong>de</strong>veres e direitos <strong>do</strong>s coopera<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> forma que o cooperativismo não seja<br />

pratica<strong>do</strong> in<strong>de</strong>vidamente, <strong>de</strong> maneira fraudulenta, com o objetivo <strong>de</strong> burlar a legislação trabalhista.<br />

188 - Apoio ao Ministério <strong>do</strong> Trabalho na fiscalização eficaz das cooperativas, com o objetivo <strong>de</strong> impedir que sejam utilizadas para burlar a legislação trabalhista.<br />

189 - Formação <strong>de</strong> parcerias entre a iniciativa privada e o po<strong>de</strong>r público para a criação <strong>de</strong> cooperativas populares.<br />

190 - Fortalecimento, com repasse <strong>de</strong> recursos financeiros previstos no GERACOOP, da Incuba<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> Cooperativas Populares, atualmente funcionan<strong>do</strong> no ICMG, ten<strong>do</strong> como<br />

gestores o ICMG, a SETASCAD e as Prefeituras Municipais <strong>de</strong> Fabriciano, Timóteo e Ipatinga.<br />

Incentivos para regularização <strong>de</strong> pequenos negócios informais<br />

191 - Implementação <strong>de</strong> programa <strong>de</strong> regularização <strong>de</strong> pequenos negócios informais, por meio da concessão <strong>de</strong> incentivos, em prazo <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>, que resultem na diminuição <strong>do</strong><br />

custo e na simplificação <strong>de</strong> procedimentos.<br />

192 - Autorização para que as associações <strong>de</strong> produtores, formais ou informais, sejam autorizadas a emitir nota fiscal, cadastran<strong>do</strong>-se nos organismos legais, como CNPJ, ISS ou<br />

ICMS, se for o caso.


Grupos <strong>de</strong> economia popular e solidária<br />

193 - Organização <strong>de</strong> fóruns <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate e outros mecanismos <strong>de</strong> divulgação, conhecimento e efetivação da Lei Orgânica <strong>de</strong> Assistência Social - LOAS - e <strong>de</strong>finição, entre outras<br />

ações, <strong>do</strong>s mínimos sociais, para orientar as ações municipais, regionais e estaduais no que se refere à inclusão social.<br />

194 - Exigência <strong>de</strong> que os municípios implantem <strong>de</strong> forma efetiva a LOAS, os Conselhos <strong>de</strong> Direitos, o Diagnóstico e o Plano Municipal <strong>de</strong> Assistência Social, como formas<br />

possíveis <strong>de</strong> garantir a inclusão social, seja por meio da cultura, <strong>do</strong> consumo ou da renda.<br />

195 - Potencialização <strong>do</strong>s Conselhos <strong>de</strong> Direitos, por meio da qualificação <strong>de</strong> técnicos e conselheiros, objetivan<strong>do</strong> intervenções mais conseqüentes no âmbito <strong>do</strong>s planos, programas e<br />

projetos que visem à inclusão social.<br />

196 - Incentivo e divulgação,com a colaboração gratuita da mídia privada e alternativa, <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> economia popular solidária, com apoio a ações municipais,<br />

regionais e estaduais.<br />

197 - Organização <strong>de</strong> frentes emergenciais <strong>de</strong> trabalho urbano, com utilização <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s, que prestarão serviços em pequenas obras <strong>de</strong> interesse público,<br />

remuneradas por via <strong>de</strong> associações comunitárias, igrejas e organizações não governamentais, por meio <strong>do</strong>s recursos <strong>de</strong> assistência social, e acompanhadas pela Comissão Municipal<br />

<strong>de</strong> Emprego. As ativida<strong>de</strong>s serão realizadas, preferencialmente, em tempo parcial, para que o beneficiário possa participar <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> requalificação e <strong>de</strong>dicar tempo à procura <strong>de</strong><br />

emprego.<br />

198 - Apoio e incentivo à organização <strong>de</strong> cooperativas e associações habitacionais para famílias <strong>de</strong> baixa renda, utilizan<strong>do</strong> os recursos <strong>do</strong> FGTS e crédito associativo, para construção<br />

<strong>de</strong> moradias populares. Os beneficiários receberão assessoria técnica para ajudar no planejamento físico-financeiro, elaboração <strong>de</strong> projetos, gerenciamento e execução das obras.<br />

199 - Criação <strong>de</strong> mecanismos que privilegiem a comercialização direta entre produtores e consumi<strong>do</strong>res, atuan<strong>do</strong> na diminuição <strong>do</strong> preço para os consumi<strong>do</strong>res e na geração <strong>de</strong><br />

trabalho e renda para os pequenos produtores e suas famílias.<br />

200 - Criação <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> hortas e pomares comunitários, familiares e escolares nos centros urbanos, atuan<strong>do</strong> na produção <strong>de</strong> gêneros alimentícios.<br />

201 - Incentivo à produção familiar <strong>de</strong> alimentos artesanais, facilitan<strong>do</strong> a comercialização <strong>do</strong>s produtos.<br />

202 - Divulgação,com a colaboração gratuita da mídia privada e alternativa, <strong>de</strong> programas, projetos, ações e experiências <strong>de</strong> programas alimentares bem-sucedi<strong>do</strong>s.<br />

203 - Promoção <strong>de</strong> campanhas integradas com o PROCON e movimentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res, incentivan<strong>do</strong> o consumo <strong>de</strong> alimentos "in natura" produzi<strong>do</strong>s por meio <strong>de</strong><br />

práticas agroecológicas sustentáveis.<br />

204 - Apoio à organização <strong>de</strong> feiras livres, inclusive ao longo das ro<strong>do</strong>vias, e espaços <strong>de</strong> comercialização direta para os pequenos produtores urbanos.<br />

205 - Incentivo à produção <strong>de</strong> espécies frutíferas e plantas medicinais nos quintais, facilitan<strong>do</strong> seu escoamento e venda.<br />

206 - Regulamentação <strong>de</strong> preços <strong>de</strong> alimentos, garantin<strong>do</strong> à população carente maior acesso aos itens básicos.<br />

207 - Implementação <strong>de</strong> política <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> restaurantes populares a baixo preço, privilegian<strong>do</strong> os pequenos produtores urbanos.<br />

208 - Recomendação aos gestores <strong>do</strong>s programas públicos <strong>de</strong> alimentação, como os <strong>de</strong> merenda escolar e cesta básica, para que adquiram prioritariamente os alimentos<br />

agroecológicos produzi<strong>do</strong>s pelos pequenos produtores locais, incentivan<strong>do</strong> a economia local.<br />

209 - Criação <strong>de</strong> mecanismos para incentivar e promover o processo <strong>de</strong> reciclagem <strong>de</strong> produtos reaproveitáveis, visan<strong>do</strong> à geração <strong>de</strong> renda e <strong>de</strong> novos postos <strong>de</strong> trabalho, inclusive a<br />

partir <strong>de</strong> formas associativistas <strong>de</strong> produção.<br />

2<strong>10</strong> - Maior rigor na fiscalização <strong>do</strong> cumprimento da legislação que preserva trabalho para <strong>de</strong>ficientes nas empresas, garantin<strong>do</strong>-lhes, ainda, condições <strong>de</strong> acesso ao trabalho.<br />

211 - Criação <strong>de</strong> mecanismos que garantam aos porta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência (mental, física, sensorial) a inclusão no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho.<br />

212 - Criação <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a ampliar o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho para os <strong>de</strong>ficientes, incluin<strong>do</strong>;<br />

a) reserva <strong>de</strong> percentual <strong>do</strong>s programas <strong>de</strong> renda mínima familiar, a ser <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o critério legal;<br />

b) facilitação <strong>de</strong> crédito nas associações <strong>de</strong> crédito popular para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s não formais;<br />

c) estímulo às parcerias entre governo, iniciativa privada e entida<strong>de</strong>s pró-<strong>de</strong>ficientes;<br />

d) garantia <strong>de</strong> bolsa <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, visan<strong>do</strong> à melhoria da qualificação profissional;<br />

e) abertura <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> crédito e criação <strong>de</strong> programas específicos <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> renda;<br />

f) oferecimento <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> qualificação profissional gratuitos, em parceria com as entida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Sistema S e similares.<br />

213 - Desenvolvimento <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> emprego e renda para pessoa i<strong>do</strong>sa, garantin<strong>do</strong> a melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>sse segmento, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> suas<br />

peculiarida<strong>de</strong>s e experiências profissionais.<br />

214 - Implantação e fortalecimento <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> atendimento à família, por meio <strong>de</strong> apoio socioeconômico e familiar e programas socioeducativos.<br />

215 - Incentivo ao trabalho artesanal e a serviços como conserto <strong>de</strong> roupas, <strong>de</strong> sapatos, barbearia, etc.<br />

2<strong>16</strong> - Permissão para que as associações <strong>de</strong> produtores ou presta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> serviços possam fazer a comercialização <strong>de</strong> seus produtos ou serviços legalmente.


217 - Elaboração <strong>de</strong> projetos que contemplem o pequeno garimpeiro, <strong>do</strong>tan<strong>do</strong>-o <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> trabalho e equipamentos, em vista das leis ambientais que vêm impedin<strong>do</strong> a abertura<br />

<strong>de</strong> garimpos e <strong>do</strong> fato <strong>de</strong> os existentes serem explora<strong>do</strong>s apenas por gran<strong>de</strong>s empresas.<br />

218 - Implantação <strong>de</strong> uma política <strong>de</strong> coleta seletiva e reciclagem <strong>do</strong> lixo na região <strong>do</strong> Mucuri e <strong>do</strong> Jequitinhonha, priorizan<strong>do</strong> as cida<strong>de</strong>s-pólo, visan<strong>do</strong> à geração <strong>de</strong> emprego e<br />

renda.<br />

Educação para a economia popular e solidária<br />

219 - Criação <strong>de</strong> programas educacionais para o <strong>de</strong>senvolvimento da economia popular e solidária e das iniciativas produtivas populares autogestionáveis.<br />

220 - Criação <strong>de</strong> escola <strong>de</strong> preparação para gestão <strong>de</strong> iniciativas econômicas populares.<br />

Acesso à tecnologia e assessoria<br />

221 - Criação <strong>de</strong> incuba<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> iniciativas econômicas populares autogestionáveis, para disponibilizar assessoria técnica.<br />

222 - Incentivo a programas <strong>de</strong> pesquisa nas universida<strong>de</strong>s para <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> tecnologias, "softwares" e formas <strong>de</strong> gestão a<strong>de</strong>quadas aos pequenos empreendimentos<br />

populares.<br />

223 - Fortalecimento das atribuições <strong>do</strong>s grupos locais e comunitários, por meio <strong>do</strong> princípio da <strong>de</strong>legação <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>, prestação <strong>de</strong> contas e alocação <strong>de</strong> recursos,<br />

garantin<strong>do</strong>, assim, que os programas propostos para geração <strong>de</strong> emprego e renda estejam adapta<strong>do</strong>s às especificida<strong>de</strong>s geográficas e ecológicas locais.<br />

224 - Criação <strong>de</strong> mecanismos populares e <strong>de</strong> apoio aos já existentes, <strong>de</strong> forma a possibilitar, entre as comunida<strong>de</strong>s, a troca <strong>de</strong> experiências e conhecimentos sobre programas<br />

gera<strong>do</strong>res <strong>de</strong> emprego e renda.<br />

225 - Criação <strong>de</strong> uma central <strong>de</strong> equipamentos, a partir <strong>de</strong> parceria entre a iniciativa privada e o po<strong>de</strong>r público, para empréstimo por comodato <strong>de</strong> equipamentos disponíveis nas<br />

empresas ou para financiamento na aquisição <strong>de</strong>stes.<br />

Jovens<br />

226 - Fiscalização efetiva da utilização da mão-<strong>de</strong>-obra infantil pelo Ministério <strong>do</strong> Trabalho.<br />

227 - Maior rigor na fiscalização e punição a emprega<strong>do</strong>res e empresas que tenham prática <strong>de</strong> trabalho escravo <strong>de</strong> crianças, jovens e adultos.<br />

228 - Criação <strong>de</strong> frentes <strong>de</strong> trabalho para profissionais na área da educação integral da criança e <strong>do</strong> a<strong>do</strong>lescente, <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong>-se programas <strong>de</strong> orientação e apoio socioeconômicofamiliar.<br />

229 - Desenvolvimento <strong>de</strong> programas socioeducativos em meio aberto à criança e ao a<strong>do</strong>lescente, integran<strong>do</strong> a família, garantin<strong>do</strong> a qualida<strong>de</strong>, a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s a<strong>de</strong>quadas<br />

à sua formação integral, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a totalida<strong>de</strong> da criança e <strong>do</strong> a<strong>do</strong>lescente em seus aspectos culturais, lúdicos, físicos, mentais e emocionais.<br />

230 - Criação <strong>de</strong> parceria com o Sistema S, para que cumpra suas finalida<strong>de</strong>s legais, amplian<strong>do</strong> o número <strong>de</strong> atendimentos <strong>de</strong> forma gratuita para jovens oriun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> famílias <strong>de</strong><br />

baixa renda.<br />

231 - Democratização <strong>do</strong>s cursos <strong>do</strong> Sistema S em relação aos valores cobra<strong>do</strong>s.<br />

232 - Criação e ampliação <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> educação para o trabalho <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s aos jovens, associan<strong>do</strong>-os ao ensino regular e ao encaminhamento ao trabalho.<br />

233 - Incentivo a grupos <strong>de</strong> cultura juvenil <strong>de</strong> teatro, artesanato e outras manifestações culturais, possibilitan<strong>do</strong> a formação <strong>de</strong> cooperativas culturais e confecção <strong>de</strong> material.<br />

234 - Incentivo à participação <strong>de</strong> jovens em cooperativas, serviços e em Centros <strong>de</strong> Vivência Agroecológica (CEVAEs) para que eles não aban<strong>do</strong>nem o interior.<br />

235 - Criação <strong>de</strong> mecanismos que favoreçam a formação e a capacitação <strong>de</strong> jovens, valorizan<strong>do</strong> suas manifestações culturais e artesanais que possam ser fonte <strong>de</strong> emprego e renda.<br />

236 - Criação e valorização <strong>de</strong> formas <strong>de</strong> serviço social civil solidário, <strong>de</strong>vidamente remunera<strong>do</strong>, como contrapartida ao serviço militar obrigatório.<br />

Iniciativas dura<strong>do</strong>uras e integradas<br />

237 - Compatibilização <strong>de</strong> políticas mais gerais <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> com iniciativas locais, discutidas nas comunida<strong>de</strong>s e a<strong>de</strong>quadas à realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada uma e às suas aspirações.<br />

238 - A<strong>de</strong>quação das políticas às realida<strong>de</strong>s regionais, integradas no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> buscar para os trabalha<strong>do</strong>res informais <strong>de</strong> baixa renda e para os <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s garantia <strong>de</strong> renda<br />

mínima, acesso à educação, treinamento, serviços sociais complementares e crédito, visan<strong>do</strong>, em médio prazo, a uma inserção profissional mais estável, produtiva e que lhes garanta<br />

uma subsistência digna.<br />

239 - Criação <strong>de</strong> mecanismos para que as ações voltadas à inserção produtiva <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res informais <strong>de</strong> baixa renda e <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s privilegiem a produção <strong>de</strong> bens e serviços<br />

que atendam às próprias comunida<strong>de</strong>s, integran<strong>do</strong> a comunida<strong>de</strong> não apenas pelas formas associativas <strong>de</strong> produção, mas também a partir <strong>do</strong> consumo coletivo ou individual.<br />

240 - Implementação <strong>de</strong> programas que efetivem os princípios fundamentais das reformas agrária e urbana, que viabilizem propostas das ONGs, <strong>do</strong>s movimentos populares, <strong>do</strong>s<br />

ambientalistas e das organizações técnico-científicas comprometidas com o eixo <strong>de</strong> luta pela <strong>de</strong>mocratização da posse da terra, tanto como meio <strong>de</strong> produção quanto como suporte <strong>de</strong><br />

edificação, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se os aspectos ecológicos, sociais e subjetivos envolvi<strong>do</strong>s.<br />

241 - Alteração na legislação <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> compras e licitação <strong>do</strong> setor público (legislação SICAFE), <strong>de</strong> forma que os pequenos produtores, as cooperativas populares, etc., possam<br />

participar das concorrências públicas.<br />

242 - Criação <strong>de</strong> mecanismos legais que tornem impenhoráveis os bens <strong>de</strong> produção das micro e pequenas empresas.


243 - Criação <strong>de</strong> mecanismos legais que garantam ao trabalha<strong>do</strong>r informal direitos mínimos, como <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, educação, aposenta<strong>do</strong>ria, etc.<br />

Grupo IV<br />

Políticas Governamentais <strong>de</strong> Geração <strong>de</strong> Emprego e Renda<br />

Recursos e Fun<strong>do</strong>s Públicos e Sua Utilização: Aplicação, Distribuição e Resulta<strong>do</strong>s<br />

(FAT, FGTS, fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pensão, BNDES, SUDENE, Banco <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste e outros)<br />

244 - A<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> políticas que privilegiem o direcionamento <strong>do</strong>s Fun<strong>do</strong>s existentes para projetos que gerem emprego, trabalho ou alternativas <strong>de</strong> renda.<br />

245 - Aplicação <strong>do</strong>s recursos <strong>do</strong> FAT para geração <strong>de</strong> emprego e renda por meio <strong>de</strong> Agências Comunitárias <strong>de</strong> Crédito, Cooperativas <strong>de</strong> Crédito, Banco <strong>do</strong> Povo e <strong>do</strong> BDMG,<br />

amplian<strong>do</strong> a atuação <strong>de</strong>ste último no interior, com aprovação e acompanhamento <strong>do</strong>s Conselhos Municipais e Estaduais <strong>de</strong> Emprego.<br />

246 - Utilização das verbas <strong>de</strong> subvenção social da Assembléia Legislativa nos Fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Assistência Social, da Criança e <strong>do</strong> A<strong>do</strong>lescente e <strong>do</strong>s Porta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Deficiência.<br />

247 - Alteração na legislação <strong>de</strong> forma a garantir a participação da socieda<strong>de</strong> civil na gestão e na fiscalização das formas <strong>de</strong> utilização <strong>do</strong>s seguintes fun<strong>do</strong>s: Fun<strong>do</strong> Estadual <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento Rural (FUNDERUR), Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Assistência ao Turismo, Fun<strong>do</strong> Estadual <strong>de</strong> Apoio à Indústria Cinematográfica, Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Fomento e Desenvolvimento<br />

Socioeconômico, Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Desenvolvimento Minero-Metalúrgico (FDMM), Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Desenvolvimento Metropolitano, Fun<strong>do</strong> Estadual <strong>de</strong> Habitação, Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Desenvolvimento<br />

Regional <strong>do</strong> Jaíba, Fun<strong>do</strong> Pró-Floresta, Fun<strong>do</strong> Estadual <strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>de</strong> Comunida<strong>de</strong>s, Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Desenvolvimento Urbano, Fun<strong>do</strong> Estadual <strong>de</strong> Saneamento Básico, Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento <strong>de</strong> Indústrias Estratégicas, Fun<strong>do</strong> SOMMA, Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Incentivo à Industrialização (FIND) e Fun<strong>do</strong> Fiat.<br />

248 - Participação da Secretaria <strong>de</strong> Meio Ambiente na gestão e na operação <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Desenvolvimento Florestal, visan<strong>do</strong> à aplicação <strong>de</strong> seus recursos em programas <strong>de</strong><br />

recomposição florestal e <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> florestas plantadas para uso industrial.<br />

249 - Realização <strong>de</strong> auditoria para conferir a alocação <strong>do</strong>s recursos <strong>do</strong> FAT no Esta<strong>do</strong>.<br />

250 - Maior divulgação e esclarecimento sobre os cursos e recursos <strong>do</strong> FAT, para que eles atinjam <strong>de</strong> fato as famílias <strong>de</strong> baixa renda.<br />

251 - Liberação <strong>do</strong>s recursos <strong>do</strong> FAT, pelo órgão fe<strong>de</strong>ral, ao gestor estadual, com maior antecedência, visan<strong>do</strong> a uma melhor execução <strong>do</strong>s cursos.<br />

252 - Melhor utilização <strong>do</strong>s recursos <strong>do</strong> FAT no Plano Estadual <strong>de</strong> Qualificação - PEQ -, contratan<strong>do</strong>-se preferencialmente empresas locais para promover os cursos, e mais<br />

transparência no processo <strong>de</strong> escolha <strong>de</strong>ssas empresas.<br />

253 - Acompanhamento e fiscalização, pela Assembléia Legislativa, da liberação <strong>de</strong> recursos para treinamento (FAT), para que seja agilizada.<br />

254 - Facilitação da liberação <strong>de</strong> recursos <strong>do</strong> FAT para instituições e entida<strong>de</strong>s que já tenham <strong>de</strong>mandas específicas e ofereçam garantia <strong>de</strong> emprego, visan<strong>do</strong> à capacitação <strong>de</strong><br />

profissionais <strong>do</strong> setor <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e outros, possibilitan<strong>do</strong> uma melhor qualida<strong>de</strong> na prestação <strong>de</strong> serviços à população.<br />

255 - Facilitação <strong>do</strong> acesso a linhas <strong>de</strong> crédito para as pessoas que participarem <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> qualificação financia<strong>do</strong>s com recursos <strong>do</strong> FAT e redução das exigências burocráticas<br />

para o acesso ao crédito.<br />

256 - Gestão junto ao governo fe<strong>de</strong>ral, por meio <strong>do</strong>s Ministérios da Política Fundiária, da Fazenda e da Agricultura, visan<strong>do</strong> à imediata liberação <strong>do</strong>s recursos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s ao<br />

PRONAF.<br />

257 - Criação <strong>de</strong> frentes <strong>de</strong> trabalho para construção <strong>de</strong> casas populares, por meio <strong>de</strong> um fun<strong>do</strong> estadual <strong>de</strong> habitação, envolven<strong>do</strong> o governo e a socieda<strong>de</strong> civil.<br />

258 - Criação <strong>de</strong> um fun<strong>do</strong> para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s vales <strong>do</strong> Mucuri e Jequitinhonha e da Região Noroeste, com recursos <strong>do</strong> ICMS, PIS, COFINS, Imposto <strong>de</strong> Renda, <strong>do</strong>ações e<br />

incentivos fiscais, para a implantação <strong>de</strong> microunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção, com vistas à geração <strong>de</strong> empregos e à exportação <strong>do</strong>s produtos exce<strong>de</strong>ntes para países <strong>do</strong> Mercosul.<br />

259 - Condicionamento da aplicação <strong>de</strong> recursos oriun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>s públicos à existência <strong>de</strong> um plano integra<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, que tenha como referência a eliminação da<br />

pobreza e a geração <strong>de</strong> emprego, trabalho e renda.<br />

260 - Formação <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> trabalho paritário e tripartite, com representantes <strong>do</strong> governo e da socieda<strong>de</strong> civil (empresários e trabalha<strong>do</strong>res) para propor mudanças na legislação<br />

estadual <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s e fazer o monitoramento <strong>de</strong>les.<br />

261 - Incentivo à criação <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> aval para os programas <strong>de</strong> microcrédito nos municípios, substituin<strong>do</strong> a garantia real, para que seja viabilizada a operação <strong>de</strong> financiamento<br />

com recursos fe<strong>de</strong>rais e estaduais.<br />

262 - Criação <strong>de</strong> uma central <strong>de</strong> informações com acesso a to<strong>do</strong> cidadão, sobre to<strong>do</strong>s os fun<strong>do</strong>s e recursos fe<strong>de</strong>rais, estaduais e municipais, conten<strong>do</strong> objetivos, beneficiários e<br />

condições para reivindicações, ten<strong>do</strong>-se a cautela <strong>de</strong> ser apenas técnico-informativo; divulgação ampla, pelos agentes opera<strong>do</strong>res, das regras e requisitos para o acesso aos recursos,<br />

programas e fun<strong>do</strong>s.<br />

263 - Cre<strong>de</strong>nciamento das cooperativas <strong>de</strong> crédito, por meio <strong>do</strong>s Bancos cooperativos (BANCOOB e BANSICRED), como repassa<strong>do</strong>ras das verbas <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s públicos estaduais e<br />

fe<strong>de</strong>rais (FAT, BNDES, BDMG, SUDENE e outros).<br />

264 - Criação <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> recursos para captação e assessoria visan<strong>do</strong> à elaboração <strong>de</strong> projetos pelo toma<strong>do</strong>r com o objetivo <strong>de</strong> otimizar a utilização <strong>do</strong>s recursos presentes nos<br />

fun<strong>do</strong>s.<br />

265 - Destinação <strong>de</strong> no mínimo 20% <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s constituí<strong>do</strong>s com recursos <strong>do</strong> Tesouro Estadual para as regiões <strong>do</strong> Mucuri, <strong>do</strong> Jequitinhonha e <strong>do</strong> Norte <strong>de</strong> Minas (para<br />

<strong>de</strong>senvolvimento sustentável).<br />

266 - Criação <strong>de</strong> uma coor<strong>de</strong>nação geral tripartite, com participação <strong>do</strong> governo e <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s da socieda<strong>de</strong> civil (trabalha<strong>do</strong>res e empresários), para planejar o gerenciamento e a<br />

fiscalização <strong>do</strong>s recursos e fun<strong>do</strong>s.


267 - Desenvolvimento <strong>de</strong> programa público <strong>de</strong> conscientização da população para fiscalizar a aplicação <strong>do</strong>s recursos públicos.<br />

268 - Criação, pela Assembléia Legislativa, <strong>de</strong> um órgão fiscaliza<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s recursos públicos vin<strong>do</strong>s <strong>do</strong> BDMG.<br />

269 - Destinação <strong>de</strong> um percentual maior <strong>de</strong> recursos para políticas sociais.<br />

270 - Criação <strong>de</strong> mecanismos legais para uma <strong>de</strong>stinação equilibrada <strong>de</strong> recursos entre os programas e projetos <strong>de</strong> várias áreas, como agricultura, agroindústria e turismo, e não<br />

apenas para o setor industrial.<br />

271 - Aprovação, pela Assembléia Legislativa, <strong>de</strong> emenda ao orçamento <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, alocan<strong>do</strong> recursos para a qualificação <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r e para preservação ambiental, com obras <strong>de</strong><br />

recuperação <strong>de</strong> rios.<br />

272 - Alocação <strong>de</strong> recursos para que o homem <strong>do</strong> campo, no sistema <strong>de</strong> cooperativa, cultive a terra, assisti<strong>do</strong> por técnicos agrícolas, em áreas produtivas arrendadas pelo governo, e<br />

criação <strong>de</strong> escolas nessas áreas, para evitar o êxo<strong>do</strong> <strong>do</strong>s camponeses em busca <strong>de</strong> educação para os filhos.<br />

273 - Destinação <strong>de</strong> recursos para realização <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s sobre os <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s, com vistas a conhecer seu perfil e o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho municipal.<br />

274 - Reativação <strong>do</strong> Conselho Estadual <strong>de</strong> Desenvolvimento para que atue em sintonia com um Plano <strong>de</strong> Desenvolvimento para Minas Gerais, com composição paritária e tripartite,<br />

incluin<strong>do</strong> representantes <strong>do</strong> governo e da socieda<strong>de</strong> civil (empresários e trabalha<strong>do</strong>res).<br />

275 - Criação <strong>de</strong> uma Secretaria <strong>de</strong> Relações <strong>do</strong> Trabalho, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, pela importância que se <strong>de</strong>ve dar à questão <strong>do</strong> trabalho e <strong>do</strong> emprego.<br />

276 - Atribuição <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>cisório à Comissão Estadual <strong>de</strong> Emprego e aos Conselhos e Comissões Municipais e Intermunicipais <strong>de</strong> Emprego, possibilitan<strong>do</strong> a a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> uma<br />

política unificada <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> emprego e renda.<br />

277 - Criação <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> à recuperação das micro e pequenas empresas em crise, com acompanhamento e aprovação das Comissões Municipais <strong>de</strong> Emprego ou, na<br />

sua falta, da Comissão Estadual <strong>de</strong> Emprego.<br />

278 - Criação <strong>de</strong> bibliotecas públicas em bairros periféricos e municípios que carecem <strong>de</strong>sse serviço, integradas a centros sociais, para cobrir minimamente as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

conhecimentos profissionais das populações <strong>de</strong> tais bairros, com apoio da iniciativa privada (nas edificações e nos acervos), a qual po<strong>de</strong>rá ser beneficiada pela Lei <strong>de</strong> Incentivo à<br />

Cultura, com <strong>de</strong>duções no Imposto <strong>de</strong> Renda.<br />

279 - Redução da carga tributária <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, bem como <strong>do</strong>s juros e multas inci<strong>de</strong>ntes no caso <strong>de</strong> inadimplência e das obrigações acessórias, ajustan<strong>do</strong>-os aos <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s vizinhos,<br />

visan<strong>do</strong> à geração <strong>de</strong> empregos em Minas e ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s pequenos empreendimentos rurais e urbanos.<br />

280 - Gestões <strong>do</strong> <strong>Legislativo</strong> Estadual para que o governo fe<strong>de</strong>ral dê conhecimento <strong>de</strong> seus projetos nos diversos níveis <strong>de</strong> sua administração, <strong>de</strong>scentralizan<strong>do</strong> as informações sobre<br />

eles e divulgan<strong>do</strong> a tramitação <strong>do</strong>s projetos <strong>de</strong> lei na Câmara e no Sena<strong>do</strong>.<br />

GRUPO V<br />

Experiências Não Governamentais na Geração <strong>de</strong> Emprego e Renda<br />

Experiências na Área Rural<br />

(assentamentos, cooperativas, agricultura familiar, resposta sindical ao <strong>de</strong>semprego e à precarieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> trabalho, resposta empresarial ao <strong>de</strong>semprego e à precarieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> trabalho,<br />

etc.)<br />

Créditos<br />

281 - Criação, expansão e avaliação <strong>de</strong> mecanismos pelos quais os municípios, o Esta<strong>do</strong> e a União garantam acesso a crédito e financiamento para microprodutores e pequenos<br />

produtores, como a criação <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> aval (substitui avalistas e dá garantias) e crédito rotativo, previsto nos orçamentos, como forma <strong>de</strong> substituição <strong>de</strong> seguros,<br />

<strong>de</strong>sburocratização e agilida<strong>de</strong> na liberação <strong>de</strong> recursos.<br />

282 - Criação, expansão e avaliação, pelo Esta<strong>do</strong> e pelos municípios, <strong>de</strong> Bancos <strong>de</strong> créditos populares para apoio às iniciativas <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> renda com priorida<strong>de</strong> para grupos <strong>de</strong><br />

mulheres trabalha<strong>do</strong>ras rurais, com a efetiva participação <strong>de</strong>sses grupos na gestão <strong>do</strong>s recursos.<br />

283 - Ampliação e efetivação <strong>de</strong> recursos para a manutenção <strong>de</strong> frentes <strong>de</strong> trabalho nas regiões <strong>de</strong> seca <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> que a liberação <strong>de</strong> verbas para essas frentes<br />

seja voltada para a geração <strong>de</strong> trabalho e renda, na busca <strong>de</strong> soluções <strong>de</strong>finitivas.<br />

284 - Extinção da cobrança <strong>de</strong> taxas para os concursos públicos para <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s e pessoas comprovadamente carentes.<br />

Associativismo e cooperativismo<br />

285 - Fortalecimento <strong>do</strong> associativismo e <strong>do</strong> cooperativismo rural, principalmente no que diz respeito à agregação <strong>de</strong> valor, ao crédito, à comercialização, à produção, ao consumo e<br />

aos empreendimentos.<br />

Controle social e fiscalização<br />

286 - Criação <strong>de</strong> mecanismos e instrumentos paritários <strong>de</strong> controle social sobre a introdução <strong>de</strong> inovações tecnológicas (mecânicas, químicas, biológicas) no trabalho rural, a fim <strong>de</strong><br />

evitar o aumento caótico <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego e garantir a função social <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s empreendimentos econômicos.<br />

287 - Controle, pelos órgãos <strong>de</strong> fiscalização ambiental e <strong>do</strong> trabalho, da utilização <strong>de</strong> máquinas em áreas <strong>de</strong> terreno aci<strong>de</strong>nta<strong>do</strong>, conforme legislação.<br />

288 - Implementação, pela DRTE, <strong>de</strong> um amplo trabalho <strong>de</strong> fiscalização na área rural, a fim <strong>de</strong> garantir o cumprimento <strong>do</strong>s direitos e da legislação trabalhista e coibir as práticas <strong>de</strong><br />

condições <strong>de</strong> trabalho avilta<strong>do</strong> e escravo, e que os recursos arrecada<strong>do</strong>s com as multas revertam para programas <strong>de</strong> compensação financeira, como bolsa-escola, no município <strong>de</strong><br />

origem.


289 - Promoção, pelo Governo Estadual, da regularização <strong>do</strong>s transportes <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res, com cadastramento geral <strong>do</strong>s veículos, motoristas, contratantes <strong>do</strong>s transportes ou<br />

fornece<strong>do</strong>res, para acompanhamento e monitoramento e, sen<strong>do</strong> necessário, realização <strong>de</strong> ações punitivas, com participação <strong>do</strong>s órgãos competentes <strong>de</strong> fiscalização e das entida<strong>de</strong>s da<br />

socieda<strong>de</strong> civil, acompanhada <strong>de</strong> campanha educativa <strong>do</strong>s fornece<strong>do</strong>res e usuários.<br />

Políticas públicas<br />

290 - Incorporação da perspectiva <strong>de</strong> gênero às políticas sociais e <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> renda, observan<strong>do</strong> as condições reais e específicas da mulher trabalha<strong>do</strong>ra rural.<br />

291 - Elaboração <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> governos estadual e municipais que contemplem programas e medidas concretas <strong>de</strong> apoio e estímulo à pequena produção e ao abastecimento,<br />

consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> em seus projetos a perspectiva <strong>de</strong> gênero.<br />

292 - Apoio governamental efetivo à implementação <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> segurança alimentar, conforme propostas apresentadas pelo II Encontro <strong>do</strong> Fórum Mineiro <strong>de</strong> Segurança<br />

Alimentar, organiza<strong>do</strong> pela socieda<strong>de</strong> civil em Belo Horizonte.<br />

293 - Revisão conceitual e política <strong>do</strong> programa <strong>de</strong> qualificação e requalificação profissional <strong>do</strong> FAT, no meio rural, contemplan<strong>do</strong> a assistência técnica permanente, a ampliação da<br />

participação na gestão e na utilização <strong>do</strong>s recursos, a<strong>de</strong>quação entre os prazos para a execução <strong>do</strong>s recursos e a avaliação <strong>de</strong> impacto <strong>de</strong>sse Programa na geração <strong>de</strong> emprego, trabalho<br />

e renda.<br />

294 - Ampliação, pela Comissão Estadual <strong>de</strong> Emprego, <strong>do</strong>s índices <strong>de</strong> aprovação <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> qualificação profissional volta<strong>do</strong>s para os <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s das áreas <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>açúcar,<br />

café e reflorestamento.<br />

295 - Promoção, pelos Po<strong>de</strong>res <strong>Legislativo</strong> e Executivo e pela socieda<strong>de</strong> civil, <strong>de</strong> ampla discussão, para avaliação <strong>do</strong>s empreendimentos florestais em nosso Esta<strong>do</strong> e para a<br />

elaboração <strong>de</strong> uma política pública que incentive o aproveitamento das áreas florestais públicas e privadas para usos econômicos múltiplos.<br />

296 - Criação <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> trabalho, <strong>de</strong>ntro da Comissão Estadual <strong>de</strong> Emprego, com objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir priorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> emprego, trabalho e renda no setor rural.<br />

297 - Exigência <strong>de</strong> que to<strong>do</strong>s os recursos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s às instituições <strong>de</strong> pesquisa, como a FAPEMIG, o CETEC, a EPAMIG, universida<strong>de</strong>s e outras, tenham um percentual<br />

<strong>de</strong>fini<strong>do</strong> para pesquisas voltadas para a microprodução e a pequena produção rural, incluin<strong>do</strong> a temática da participação da mulher no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho rural, com a participação<br />

<strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res na gestão <strong>de</strong>sses recursos.<br />

Política agrícola<br />

298 - Incentivo à diversificação e à rotativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> culturas agrícolas no Esta<strong>do</strong>, conforme ecossistemas locais e regionais, com análise <strong>de</strong> perspectivas <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> para os produtos,<br />

como forma <strong>de</strong> ampliação e geração <strong>de</strong> renda.<br />

299 - Implementação <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento local, através <strong>de</strong> conselhos municipais <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento rural sustentável, incentivan<strong>do</strong> o aumento e a diversificação <strong>de</strong><br />

produção, assim como o combate à fome e a melhoria <strong>do</strong> abastecimento, por meio <strong>de</strong> feiras livres, merenda escolar, galpões <strong>do</strong> produtor e outros.<br />

300 - Criação <strong>de</strong> consórcios intermunicipais, com o objetivo <strong>de</strong> abastecimento das escolas municipais e estaduais e outros órgãos públicos, utilizan<strong>do</strong> preferencialmente a produção<br />

local.<br />

301 - Incentivo à agricultura familiar, com implantação <strong>de</strong> microusinas, como as <strong>de</strong> leite, que permitem a utilização da pasteurização lenta <strong>de</strong> leite, bem como recomendação para que<br />

esses produtos sejam adquiri<strong>do</strong>s, a preço justo, para a alimentação escolar nas re<strong>de</strong>s municipais e estaduais.<br />

302 - Redirecionamento da Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> da Agricultura e órgãos <strong>de</strong> seu sistema para <strong>de</strong>senvolvimento e difusão <strong>de</strong> tecnologias alternativas e assistência técnica voltada para<br />

a agricultura familiar.<br />

Educação<br />

303 - Criação <strong>de</strong> programas educativos nas escolas e nas comunida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, com objetivo <strong>de</strong> promover a educação ambiental e a discussão <strong>de</strong> práticas alternativas para<br />

convivência sustentável com as condições ambientais locais.<br />

304 - Ampliação <strong>de</strong> vagas no cursos <strong>de</strong> pós-graduação em níveis <strong>de</strong> especialização, mestra<strong>do</strong> e <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>, nas áreas <strong>de</strong> Direito Constitucional e Tributário e específicas voltadas para<br />

a área rural, com acesso a bolsas <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> a to<strong>do</strong>s os estudantes, com o objetivo <strong>de</strong> atualização ou reciclagem <strong>do</strong>s profissionais em ativida<strong>de</strong> e formação <strong>de</strong> professores ou<br />

pesquisa<strong>do</strong>res.<br />

305 - Incentivo a programas <strong>de</strong> pesquisas nas universida<strong>de</strong>s públicas (estaduais e fe<strong>de</strong>rais) para <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> tecnologias em áreas <strong>de</strong> reforma agrária, indígenas e agricultura<br />

familiar.<br />

306 - Criação <strong>de</strong> escola <strong>de</strong> suplência para adultos nas zonas rurais.<br />

307 - Abertura imediata <strong>de</strong> concursos públicos para as carreiras da área agrária em instituições <strong>de</strong> ensino, pesquisa e extensão e ampliação das vagas para estudantes.<br />

Ações legislativas<br />

308 - Revisão na legislação <strong>de</strong> crédito <strong>do</strong> Banco Central, a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocratizar o acesso <strong>do</strong>s microprodutores e <strong>do</strong>s pequenos produtores rurais, tais como: repasse <strong>de</strong> verbas <strong>do</strong><br />

cooperativismo <strong>de</strong> crédito internacional, <strong>de</strong>sburocratização <strong>do</strong> repasse <strong>de</strong> verbas às cooperativas, facilitação à abertura <strong>de</strong> cooperativas <strong>de</strong> crédito a qualquer segmento social<br />

organiza<strong>do</strong>, <strong>de</strong>sburocratização e fortalecimento <strong>do</strong> PRONAF.<br />

309 - Criação <strong>de</strong> instrumentos e mecanismos para coibir abusos <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r por parte <strong>do</strong>s agentes financeiros, que criam dificulda<strong>de</strong>s para os microprodutores e pequenos produtores<br />

rurais terem acesso a crédito e financiamento.<br />

3<strong>10</strong> - Revisão da legislação vigente sobre fiscalização <strong>do</strong> associativismo e <strong>do</strong> cooperativismo, a fim <strong>de</strong> se evitarem abusos e <strong>de</strong>svirtuação <strong>de</strong> seus princípios, a ser feita por uma<br />

comissão multidisciplinar <strong>de</strong> órgãos e entida<strong>de</strong>s afins.<br />

311 - Revisão e a<strong>de</strong>quação da legislação, principalmente a fiscal e a sanitária, a fim <strong>de</strong> facilitar e ampliar a produção e a comercialização <strong>de</strong> produtos agrícolas e não agrícolas,<br />

oriun<strong>do</strong>s da microprodução e da pequena produção familiar, incluin<strong>do</strong> assentamentos <strong>de</strong> reforma agrária e indígenas, acompanhada <strong>de</strong> educação sanitária.


312 - Criação <strong>de</strong> dispositivos legais que garantam ao microprodutor e ao pequeno produtor rural que trabalha em lavouras próprias ou em sistema <strong>de</strong> parceria os direitos plenos <strong>de</strong><br />

previdência, inclusive Diária <strong>de</strong> Incapacida<strong>de</strong> Temporária - DIT.<br />

313 - Proibição, pelo Governo Estadual e pelo <strong>Legislativo</strong>, <strong>do</strong> cultivo, testes, experimentos e comercialização <strong>de</strong> alimentos geneticamente modifica<strong>do</strong>s (transgênicos) em to<strong>do</strong> o<br />

território estadual.<br />

314 - Intervenção da Assembléia Legislativa e entida<strong>de</strong>s da socieda<strong>de</strong> civil junto ao Congresso Nacional, associada a ampla campanha por alterações no Código Penal brasileiro, para<br />

tornar mais rigorosas as punições aos contratantes ou aos fornece<strong>do</strong>res <strong>de</strong> transporte ina<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>, bem como quaisquer outros contratantes e executores <strong>de</strong> ações que coloquem em<br />

risco a segurança e a vida <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res.<br />

315 - Incorporação, pelas Comissões <strong>de</strong> Agropecuária e <strong>de</strong> Meio Ambiente da Assembléia Legislativa, da experiência <strong>de</strong> diversas entida<strong>de</strong>s que atuam na região <strong>do</strong> semi-ári<strong>do</strong><br />

mineiro, a fim <strong>de</strong> potencializar as intervenções e evitar pulverização <strong>de</strong> recursos e esforços. Aproveitamento das propostas <strong>do</strong> Seminário <strong>de</strong> Convivência com o Semi-ári<strong>do</strong>, realiza<strong>do</strong><br />

em Almenara, em março <strong>de</strong> <strong>1999</strong>.<br />

3<strong>16</strong> - Realização, pela Assembléia Legislativa, <strong>de</strong> amplo <strong>de</strong>bate com as entida<strong>de</strong>s da socieda<strong>de</strong> civil, sobre o trabalho infanto-juvenil especificamente no campo, nos mol<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s<br />

seminários, ciclos, etc. realiza<strong>do</strong>s por esta Casa.<br />

Meio ambiente<br />

317 - Reforço às iniciativas populares <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> comitês <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> microbacias, sob o controle e a fiscalização das comunida<strong>de</strong>s locais, como forma <strong>de</strong> preservação ambiental<br />

e geração <strong>de</strong> renda para as famílias.<br />

318 - Apoio <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> a todas as iniciativas coletivas que busquem efetivamente o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável.<br />

Reforma agrária<br />

319 - Reversão das terras <strong>de</strong>volutas em po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> empresas privadas <strong>de</strong> reflorestamento acobertadas por contratos <strong>de</strong> arrendamento com o Esta<strong>do</strong> em favor da reforma agrária.<br />

320 - Expropriação imediata das áreas, já i<strong>de</strong>ntificadas no Esta<strong>do</strong>, com ocorrência <strong>de</strong> trabalho escravo, para fins <strong>de</strong> reforma agrária.<br />

321 - Instalação imediata <strong>de</strong> processo discriminatório das terras <strong>de</strong>volutas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, <strong>de</strong>stinan<strong>do</strong>-as para os trabalha<strong>do</strong>res rurais sem terra.<br />

322 - Criação da Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> Extraordinária <strong>de</strong> Assuntos Agrários, como órgão complementar às ações <strong>de</strong> reforma agrária, e <strong>de</strong>stinação social das terras <strong>de</strong>volutas conforme<br />

indicações <strong>do</strong>s movimentos sociais e entida<strong>de</strong>s que atuam no campo.<br />

Grupo VI<br />

Experiências Não Governamentais na Geração <strong>de</strong> Emprego e Renda<br />

Experiências Formais na Área Urbana<br />

(educação e qualificação profissional, cooperativas, formas <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>rismo, autogestão, resposta sindical ao <strong>de</strong>semprego e à precarieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> trabalho, resposta empresarial ao<br />

<strong>de</strong>semprego e à precarieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> trabalho, entre outras)<br />

Comissões <strong>de</strong> emprego e renda/Fórum estadual/SINE<br />

323 - Participação <strong>do</strong>s filia<strong>do</strong>s <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s representativas <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res, empresas e ONGs nas Comissões Municipais <strong>de</strong> Emprego e Renda, incentivan<strong>do</strong> a criação <strong>de</strong>stas on<strong>de</strong><br />

não existirem.<br />

324 - Criação <strong>de</strong> um fórum estadual permanente em <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong> emprego e pela geração <strong>de</strong> renda, <strong>do</strong> qual participarão a socieda<strong>de</strong> civil, os órgãos governamentais e o <strong>Legislativo</strong>,<br />

com uma secretaria executiva, cuja função seria discutir propostas para o melhor funcionamento das comissões municipais <strong>de</strong> emprego e renda e incentivar a criação <strong>de</strong> fóruns<br />

regionais no Esta<strong>do</strong>.<br />

Exigências às empresas<br />

325 - Exigência <strong>de</strong> que as empresas privadas que recebem recursos públicos firmem compromisso <strong>de</strong> metas <strong>de</strong> manutenção <strong>do</strong> emprego e critérios <strong>de</strong> qualificação profissional,<br />

incluin<strong>do</strong> habilida<strong>de</strong>s básicas, específicas e <strong>de</strong> gestão.<br />

326 - Obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> que as organizações e empresas públicas e privadas criem condições para que seus emprega<strong>do</strong>s cursem o ensino regular, com estabelecimento <strong>de</strong> políticas,<br />

tais como liberação parcial <strong>do</strong> trabalho e concessão <strong>de</strong> bolsas <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>.<br />

327 - Obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> manutenção, pelas empresas <strong>de</strong> transporte, <strong>de</strong> pontos <strong>de</strong> apoio, on<strong>de</strong> os motoristas farão revezamento, <strong>de</strong> forma a não exce<strong>de</strong>r a jornada diária <strong>de</strong> 6 horas.<br />

328 - Obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> que toda empresa <strong>de</strong> médio e gran<strong>de</strong> porte com movimento <strong>de</strong> dinheiro em espécie, incluin<strong>do</strong> postos <strong>de</strong> gasolina nas cida<strong>de</strong>s e estradas, tenha em seus<br />

quadros agentes <strong>de</strong> segurança durante os expedientes.<br />

Fiscalização/legislação<br />

329 - Proibição <strong>do</strong> trabalho infantil com efetiva fiscalização, pelo Esta<strong>do</strong>, <strong>do</strong> cumprimento da legislação vigente.<br />

330 - Desburocratização <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> pequenos negócios.<br />

Educação<br />

331 - Criação, pelos governos e pelas empresas, <strong>de</strong> programas educativos que contribuam para a permanência <strong>do</strong>s a<strong>do</strong>lescentes nas escolas.


332 - Introdução da disciplina Economia Social - formação para a solidarieda<strong>de</strong> e experiências associativas autogestionárias - nos cursos da UEMG relaciona<strong>do</strong>s à área <strong>de</strong> Ciências<br />

Humanas, ten<strong>do</strong> em vista a formação <strong>de</strong> quadros profissionais mais habilita<strong>do</strong>s para a nova <strong>de</strong>manda social.<br />

Primeiro emprego<br />

333 - Criação, pelas organizações públicas, privadas e pelas pertencentes ao terceiro setor, <strong>de</strong> programas volta<strong>do</strong>s para o primeiro emprego <strong>do</strong>s jovens <strong>de</strong> níveis educacionais médio e<br />

superior.<br />

Cooperativismo/associativismo<br />

334 - Criação, pelas organizações públicas, privadas e pelas pertencentes ao terceiro setor, <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> qualificação sobre o associativismo e o cooperativismo, bem como<br />

programas <strong>de</strong> incuba<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> empresas e cooperativas.<br />

335 - Encaminhamento, pelos Deputa<strong>do</strong>s Fe<strong>de</strong>rais mineiros, <strong>de</strong> projeto <strong>de</strong> lei crian<strong>do</strong> mecanismos e legislação mais rigorosos, para extinção das cooperativas irregulares e punição<br />

<strong>do</strong>s responsáveis.<br />

336 - Realização <strong>de</strong> pesquisas sobre vocação para pequenos investimentos e criação <strong>de</strong> cooperativas.<br />

Redução da jornada <strong>de</strong> trabalho<br />

337 - Redução da jornada <strong>de</strong> trabalho para 36 horas semanais, com o objetivo <strong>de</strong> gerar emprego, sem redução <strong>do</strong> salário, e fim das horas extras.<br />

Meio ambiente/turismo/cultura<br />

338 - Criação <strong>de</strong> uma frente <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> rios e áreas <strong>de</strong>gradadas, envolven<strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>res das respectivas regiões, visan<strong>do</strong> à geração <strong>de</strong> empregos.<br />

339 - Obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver, nos cursos <strong>de</strong> qualificação profissional na área <strong>de</strong> turismo e hotelaria, a preocupação com a questão ambiental, para evitar a <strong>de</strong>predação<br />

causada pela movimentação <strong>de</strong> turistas.<br />

340 - Fomento, com recursos materiais e, se possível, financeiros, às ativida<strong>de</strong>s culturais implementadas por grupos locais que impliquem contratação, ainda que por prestação <strong>de</strong><br />

serviços, <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res resi<strong>de</strong>ntes na cida<strong>de</strong>.<br />

341 - Apoio ao artesão, por meio <strong>de</strong>: facilitação da comercialização e da emissão da nota fiscal; facilitação da compra <strong>de</strong> matéria-prima; incentivo à criação <strong>de</strong> cooperativas; criação,<br />

pelos governos, <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>s-mo<strong>de</strong>lo para comercialização <strong>do</strong>s produtos artesanais, em locais <strong>de</strong> fácil acesso ao turista; curso <strong>de</strong> qualificação e aperfeiçoamento.<br />

342 - Aproveitamento <strong>do</strong> lixo e realização <strong>de</strong> campanhas educativas junto à população para implantação da coleta seletiva, geran<strong>do</strong> renda.<br />

Qualificação profissional<br />

343 - Disponibilização <strong>de</strong> recursos para cursos <strong>de</strong> qualificação profissional, mediante a <strong>de</strong>liberação <strong>do</strong>s Conselhos Municipais <strong>de</strong> Emprego e da realização <strong>de</strong> um diagnóstico prévio<br />

sócio-econômico, indican<strong>do</strong> as potencialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> trabalho e renda.<br />

344 - I<strong>de</strong>ntificação, pela comissão estadual <strong>de</strong> emprego e renda, <strong>de</strong> outras fontes <strong>de</strong> financiamento e fomento para programas <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> emprego e renda e programas <strong>de</strong><br />

qualificação além <strong>do</strong> FAT, dan<strong>do</strong> ampla divulgação <strong>de</strong>las.<br />

345 - Encaminhamento, pelos Deputa<strong>do</strong>s Fe<strong>de</strong>rais mineiros, <strong>de</strong> projeto <strong>de</strong> lei e gestões junto ao Governo Fe<strong>de</strong>ral, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que o Sistema S seja geri<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma tripartite: por<br />

empresários, trabalha<strong>do</strong>res e governo, este por meio <strong>do</strong> Ministério da Educação (universida<strong>de</strong>s e escolas técnicas).<br />

346 - Criação <strong>de</strong> Centros Regionais <strong>de</strong> Qualificação e Requalificação <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>r.<br />

347 - Qualificação <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra na área <strong>de</strong> turismo e hotelaria, como forma <strong>de</strong> combater o <strong>de</strong>semprego.<br />

348 - Reformulação completa <strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong> requalificação (filosofia, aplicação <strong>do</strong>s recursos, didática e meto<strong>do</strong>logia), objetivan<strong>do</strong> dar eficiência e eficácia à política <strong>de</strong><br />

reaproveitamento <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra.<br />

349 - Criação <strong>de</strong> curso para capacitação e qualificação <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra, visan<strong>do</strong> à implantação <strong>de</strong> oficinas profissionalizantes e empresas comunitárias.<br />

350 - Realização <strong>de</strong> cursos em parceria com entida<strong>de</strong>s regionais já estruturadas, unifican<strong>do</strong> sua disponibilização, reduzin<strong>do</strong> os custos operacionais e convergin<strong>do</strong> os interessa<strong>do</strong>s no<br />

fechamento <strong>de</strong> turmas.<br />

351 - Incremento <strong>do</strong>s programas <strong>de</strong> qualificação e requalificação <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra, <strong>de</strong> forma contínua e seqüencial, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ao trabalho informal e às vocações econômicas da<br />

região.<br />

352 - Democratização <strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong> qualificação e requalificação, com participação ativa das entida<strong>de</strong>s sindicais.<br />

353 - Promoção <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> gestão para pequenos negócios, com recursos <strong>do</strong> FAT, e vinculação da abertura <strong>de</strong> novos negócios a essa capacitação.<br />

354 - Criação, nas regiões <strong>do</strong> Jequitinhonha, Mucuri e Norte <strong>de</strong> Minas, <strong>de</strong> um centro <strong>de</strong> treinamento e qualificação <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra especializada, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as potencialida<strong>de</strong>s<br />

das regiões.<br />

Valorização da mão-<strong>de</strong>-obra local<br />

355 - Priorização, pelas empresas instaladas e prefeituras municipais, da mão-<strong>de</strong>-obra <strong>de</strong> profissionais da região.


356 - Criação, em cada cida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> um núcleo <strong>de</strong> cultura empresarial para atuar junto às associações comerciais e industriais, visan<strong>do</strong> à coleta <strong>de</strong> informações técnicas que<br />

<strong>de</strong>monstrem a importância <strong>de</strong> se valorizar o homem no emprego.<br />

357 - Levantamento das profissões e postos <strong>de</strong> trabalho nos quais possa ser aproveitada mão-<strong>de</strong>-obra não qualificada e proteção <strong>de</strong>sses postos para os trabalha<strong>do</strong>res sem espaço no<br />

merca<strong>do</strong>.<br />

Gestão<br />

358 - Incentivo à co-gestão (proprietário e emprega<strong>do</strong>s) na administração <strong>de</strong> empresas que estejam em situação financeira difícil, como a <strong>de</strong> pré-falência, e à autogestão<br />

(emprega<strong>do</strong>s) nas empresas falidas.<br />

359 - Autogestão das minas paralisadas pelos trabalha<strong>do</strong>res <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s minerárias, em parceria ou não com empresários, e mudança da legislação pertinente, para que o<br />

empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r que <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> explorar a mina perca sua concessão.<br />

Outros temas<br />

360 - Encaminhamento das propostas <strong>de</strong> caráter regional ou municipal apresentadas neste seminário à região ou ao município a que são afetas, como recomendação para as instâncias<br />

competentes locais.<br />

361 - Promoção, pela Assembléia Legislativa <strong>de</strong> Minas, <strong>de</strong> um seminário sobre aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> trabalho, <strong>do</strong>enças profissionais e suas causas.<br />

362 - Solicitação aos Deputa<strong>do</strong>s Fe<strong>de</strong>rais <strong>de</strong> Minas a fim <strong>de</strong> que pressionem o Governo Fe<strong>de</strong>ral para a abertura imediata <strong>de</strong> concurso público para Fiscal <strong>do</strong> Trabalho, com vistas à<br />

geração <strong>de</strong> empregos e ao po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fiscalização por parte das DRTs.<br />

363 - Presença <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Aval <strong>do</strong> SEBRAE - FAMPE - em todas as cida<strong>de</strong>s que têm as comissões, para facilitar os empréstimos.<br />

364 - Manutenção <strong>do</strong>s turnos <strong>de</strong> revezamento com escalas <strong>de</strong> cinco letras (correspon<strong>de</strong>nte a cinco turmas <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res, em empresas com produção ininterrupta), em<br />

cumprimento ao que dispõe a Constituição Fe<strong>de</strong>ral.<br />

365 - Articulação e integração com políticas sociais, com vistas a favorecer o acesso ao merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho (por exemplo: com a agricultura, para incremento <strong>de</strong> feiras <strong>de</strong> produção,<br />

produção <strong>de</strong> alimentos, etc.; com a educação, para oferecer o ensino supletivo a trabalha<strong>do</strong>res que não tiveram oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estudar na época a<strong>de</strong>quada, garantin<strong>do</strong> material<br />

didático e transporte gratuitos aos trabalha<strong>do</strong>res carentes).<br />

Crédito<br />

Grupo VII<br />

Experiências Não Governamentais na Geração <strong>de</strong> Emprego e Renda<br />

Experiências Não Formais na Área Urbana<br />

(cooperativas, autogestão, trabalho informal e solidário e experiências da micro e pequena empresa)<br />

366 - Criação <strong>de</strong> linha <strong>de</strong> crédito subsidia<strong>do</strong> para os trabalha<strong>do</strong>res autogestiona<strong>do</strong>s (integra<strong>do</strong>s em associações, grupos <strong>de</strong> trabalho coopera<strong>do</strong> e outras formas que cumpram função<br />

social) para adquirirem ferramental, equipamentos <strong>de</strong> segurança, material e equipamentos <strong>de</strong> produção e para capital <strong>de</strong> giro.<br />

367 - Criação <strong>de</strong> Conselhos <strong>de</strong> Direito ao Trabalho (estadual e municipais), com participação tripartite da socieda<strong>de</strong>, bem como a criação <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> para subsidiar técnica e<br />

financeiramente cooperativas populares, pequenos empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>res e associações que cumpram função social.<br />

368 - Criação <strong>de</strong> subsídios técnicos e financeiros para experiências <strong>de</strong> pequenos empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>res autogestiona<strong>do</strong>s.<br />

369 - Apoio a grupos <strong>de</strong> produção forma<strong>do</strong>s por pessoas carentes, que não tenham recursos para adquirir matéria-prima inicial, com a criação <strong>de</strong> linha <strong>de</strong> crédito para pessoa física,<br />

sem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprovação <strong>de</strong> renda, e com a realização <strong>de</strong> cursos específicos, como <strong>de</strong> costura, artefatos <strong>de</strong> couro, etc.<br />

370 - Apoio a pequenas e microempresas, trabalha<strong>do</strong>res autônomos, associações e cooperativas, por meio <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> crédito especial, capacitação gerencial, etc., em consonância<br />

com o art. 179 da Constituição Fe<strong>de</strong>ral.<br />

Educação<br />

371 - Implementação <strong>de</strong> projetos sobre educação e informação para segurança no trabalho (para os trabalha<strong>do</strong>res autogestiona<strong>do</strong>s, integra<strong>do</strong>s em associações, grupos <strong>de</strong> trabalho<br />

coopera<strong>do</strong> e outras formas que cumpram função social).<br />

372 - Aumento <strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong> qualificação e requalificação profissional para trabalha<strong>do</strong>res <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s, ou em risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>missão, com recursos <strong>do</strong> FAT, no âmbito <strong>do</strong> PLANFOR.<br />

A formação precisa ser contínua, seqüencial, em módulos, orientada para as especificida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s regionais.<br />

373 - Criação, pelos municípios, <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> qualificação com o nível <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> técnica, a exemplo <strong>do</strong>s cursos oferta<strong>do</strong>s pelo Sistema S, porém gratuitos.<br />

374 - Criação, pelo Esta<strong>do</strong> ou pelo município, <strong>de</strong> cursos para qualificar o trabalha<strong>do</strong>r como empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r. Os conteú<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong> qualificação e requalificação <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res<br />

<strong>de</strong>vem estar liga<strong>do</strong>s à realida<strong>de</strong> <strong>do</strong> trabalho, levan<strong>do</strong>-os a apren<strong>de</strong>r as responsabilida<strong>de</strong>s e os limites da autogestão ou <strong>do</strong> trabalho solidário, crian<strong>do</strong>-se uma consciência sobre<br />

orçamento, recursos e a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r a ser um gerente <strong>de</strong> si mesmo.<br />

375 - Criação <strong>de</strong> parceria entre o Esta<strong>do</strong>, os municípios e as ONGs para a qualificação e a requalificação para o trabalho solidário.<br />

376 - Gestões a serem realizadas pelas entida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> movimento popular e pelas que o apóiam, para que os Executivos Estadual e Municipais acompanhem os trabalha<strong>do</strong>res que<br />

foram qualifica<strong>do</strong>s por meio <strong>de</strong> cursos realiza<strong>do</strong>s com recursos <strong>do</strong> FAT, para verificar sua inserção no merca<strong>do</strong>, requalifican<strong>do</strong>-os quan<strong>do</strong> necessário (acompanhamento e<br />

requalificação <strong>de</strong> egressos).


377 - Criação, pelo <strong>Legislativo</strong>, <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong> monitoramento da aplicação <strong>do</strong>s recursos <strong>do</strong> FAT em cursos <strong>de</strong> qualificação e requalificação <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res, com vistas a se<br />

evitarem problemas <strong>de</strong> intermediação e <strong>de</strong>svios.<br />

378 - Democratização da estrutura <strong>do</strong> Sistema S para que, a partir <strong>de</strong> sua experiência bem sucedida <strong>de</strong> qualificação profissional, se estendam esses serviços a parcelas maiores <strong>de</strong><br />

trabalha<strong>do</strong>res não qualifica<strong>do</strong>s, sem ônus para estes.<br />

379 - Gestão política <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais junto ao CODEFAT-BR para ampliação <strong>do</strong>s recursos <strong>do</strong> FAT <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s ao Esta<strong>do</strong>, para viabilizar, sem ônus para o trabalha<strong>do</strong>r, a<br />

criação <strong>de</strong> novos cursos em todas as regiões <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, a fim <strong>de</strong> se qualificar e requalificar o trabalha<strong>do</strong>r para novas tecnologias, na perspectiva da formação integral <strong>do</strong> cidadão.<br />

Políticas-instrumentos legais<br />

380 - Disponibilização, pelo Po<strong>de</strong>r <strong>Legislativo</strong>, <strong>de</strong> apoio técnico (sobretu<strong>do</strong> jurídico) para organização <strong>de</strong>sses grupos <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res autogestiona<strong>do</strong>s, integra<strong>do</strong>s em associações,<br />

grupos <strong>de</strong> trabalho coopera<strong>do</strong>, conselhos e outras formas que cumpram função social.<br />

381 - Divulgação gratuita na mídia privada e oficial <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong>sses grupos autogeri<strong>do</strong>s, para competir com empresas <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> formal.<br />

382 - Destinação, pelo Po<strong>de</strong>r Executivo Estadual e Municipal, <strong>de</strong> espaço físico para instalar unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção, comercialização e prestação <strong>de</strong> serviços, que cumpram função<br />

social.<br />

383 - Destinação <strong>do</strong>s imóveis <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> pública, para abrigar iniciativas populares <strong>de</strong> economia solidária, e revisão, pelas Prefeituras Municipais e pelo Esta<strong>do</strong>, da situação<br />

contratual <strong>de</strong> áreas e imóveis públicos cedi<strong>do</strong>s em comodato (ou outras formas) para terceiros, para que retornem à sua função social.<br />

384 - Criação <strong>de</strong> mecanismos legais para que os Po<strong>de</strong>res Executivos Estadual e Municipais sejam obriga<strong>do</strong>s a rever periodicamente a situação <strong>do</strong>s imóveis <strong>de</strong> empresas que foram<br />

subsidiadas com recursos públicos e que faliram <strong>de</strong> forma fraudulenta: que esses imóveis passem a abrigar empresas populares <strong>de</strong> trabalho autogeri<strong>do</strong> (entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cunho popular,<br />

que cumpram uma função social referente à reversão <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego).<br />

385 - Criação <strong>de</strong> mecanismos legais que regulamentem o uso <strong>do</strong>s imóveis <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> pública, para que os municípios e o Esta<strong>do</strong> retomem áreas e imóveis públicos cedi<strong>do</strong>s em<br />

comodato (ou outras formas) para terceiros — o que <strong>de</strong>svirtua a função social original —, para que passem a abrigar iniciativas populares <strong>de</strong> economia solidária.<br />

386 - Criação <strong>de</strong> um sistema permanente <strong>de</strong> mapeamento da oferta <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra <strong>de</strong>sempregada e <strong>de</strong>socupada, patrocina<strong>do</strong> pela Assembléia Legislativa, e divulgação <strong>do</strong>s<br />

resulta<strong>do</strong>s junto ao merca<strong>do</strong>, com acompanhamento <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o processo pelas Comissões Municipais <strong>de</strong> Emprego.<br />

387 - Fortalecimento, reaparelhamento e ampliação da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> agências públicas <strong>de</strong> intermediação <strong>de</strong> emprego (<strong>do</strong> tipo <strong>do</strong> SINE).<br />

388 - Retomada, nas agências públicas <strong>de</strong> intermediação <strong>de</strong> emprego (<strong>do</strong> tipo <strong>do</strong> SINE), <strong>de</strong> propostas sobre sazonalida<strong>de</strong> da oferta <strong>de</strong> emprego.<br />

389 - Criação, nas agências públicas <strong>de</strong> intermediação, <strong>de</strong> outras opções para que os trabalha<strong>do</strong>res se agreguem <strong>de</strong> forma diferente da tradicional, uma vez que só a intermediação<br />

não é suficiente.<br />

390 - Criação <strong>de</strong> mecanismos legais <strong>de</strong> suporte para a Economia Popular Solidária - EPS -, numa perspectiva <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustenta<strong>do</strong> <strong>de</strong> base solidária.<br />

391 - Criação <strong>de</strong> projetos estruturantes (ou reforço aos já existentes) <strong>de</strong> suporte da Economia Popular Solidária, por região, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> toda forma <strong>de</strong> organização <strong>de</strong> trabalho que<br />

cumpra função social, por exemplo: cooperativas habitacionais, cooperativas populares em regime <strong>de</strong> partilha, associações <strong>de</strong> pequenos produtores em parceria com o po<strong>de</strong>r público,<br />

Banco <strong>do</strong> Povo e outros mecanismos <strong>de</strong> acesso para os excluí<strong>do</strong>s.<br />

392 - Exigência <strong>de</strong> que o po<strong>de</strong>r público (fe<strong>de</strong>ral, estadual e municipal) assuma sua responsabilida<strong>de</strong> social e não transfira para as ONGs a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços que são <strong>de</strong> sua<br />

exclusiva competência.<br />

393 - Criação, pelo Esta<strong>do</strong> e pelas Prefeituras, com o apoio <strong>do</strong> <strong>Legislativo</strong>, <strong>de</strong> expedientes jurídicos para formar associações <strong>de</strong> profissionais <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas profissões que estão<br />

"envelhecen<strong>do</strong>", mas para as quais ainda há <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> (exemplo: hidrometristas, retifica<strong>do</strong>res, relojoeiros). O objetivo <strong>de</strong>ssas associações é criar um espaço em que esses<br />

profissionais passem sua experiência aos novos.<br />

394 - Criação <strong>de</strong> comissão <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, formada por representantes <strong>de</strong> sindicatos, movimento popular, po<strong>de</strong>r público e empresários, para reformular a legislação licitatória.<br />

395 - Revisão da legislação licitatória, <strong>de</strong> forma a se criar, junto ao Departamento Estadual <strong>de</strong> Obras Públicas - DEOP - (e outras instituições semelhantes), um Banco <strong>de</strong> Presta<strong>do</strong>res<br />

<strong>de</strong> Serviço em Obras Públicas para Construção Civil, composto <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> base associativa solidária, sem fins lucrativos, <strong>de</strong> comprovada i<strong>do</strong>neida<strong>de</strong>, que pratiquem preços<br />

compatíveis com o merca<strong>do</strong>, benefician<strong>do</strong>-se da inexigibilida<strong>de</strong> legal <strong>de</strong> licitação (váli<strong>do</strong> apenas para obras <strong>de</strong> pequeno valor), observan<strong>do</strong>-se as formalida<strong>de</strong>s que a administração<br />

pública julgar convenientes.<br />

396 - Desburocratização da legislação licitatória para possibilitar a participação <strong>de</strong> cooperativas populares <strong>de</strong> trabalho, tais como as <strong>de</strong> produtores <strong>de</strong> hortifrutigranjeiros e <strong>de</strong><br />

produtores artesanais <strong>de</strong> alimentos (exemplos: macarrão, farinha enriquecida) na merenda escolar e no fornecimento <strong>de</strong> itens <strong>de</strong> higiene e material <strong>de</strong> limpeza para escolas públicas.<br />

397 - Inclusão, na legislação licitatória para obras públicas, <strong>de</strong> cláusulas que obriguem o empresário que "ganha" obras públicas financiadas com recursos <strong>do</strong> Tesouro (estadual, ou<br />

municipal) a absorver as iniciativas informais e a mão-<strong>de</strong>-obra <strong>de</strong>socupada-<strong>de</strong>sempregada existente nas comunida<strong>de</strong>s carentes em que sejam realizadas as obras.<br />

398 - Estabelecimento <strong>de</strong> contrato entre o Po<strong>de</strong>r Executivo Municipal e grupos <strong>de</strong> pequenos empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>res, para colaborar na solução <strong>do</strong> gran<strong>de</strong> problema <strong>de</strong>ssas entida<strong>de</strong>s: a<br />

comercialização e o escoamento da produção.<br />

399 - Criação <strong>de</strong> mecanismos por meio <strong>do</strong>s quais o Po<strong>de</strong>r Executivo Municipal proporcione sustentação política e financeira aos grupos <strong>de</strong> pequenos produtores para que se<br />

organizem, forman<strong>do</strong> equipes <strong>de</strong> venda e revenda.<br />

400 - Incentivo, pelo Esta<strong>do</strong> e pelas Prefeituras, aos grupos <strong>de</strong> biscateiros da construção civil para que se organizem <strong>de</strong> forma autogestionada.<br />

401 - Criação, pelo Esta<strong>do</strong> e pelas Prefeituras <strong>de</strong> um Banco <strong>de</strong> Presta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Serviços, dan<strong>do</strong> oportunida<strong>de</strong> aos biscateiros autogestiona<strong>do</strong>s <strong>de</strong> participação em concorrências <strong>de</strong><br />

obras públicas.<br />

402 - Criação, pelo Esta<strong>do</strong> e pelas Prefeituras, <strong>de</strong> frentes <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> emergência (ligadas aos Bancos <strong>de</strong> Presta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Serviços) para que haja oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho em


construção e manutenção <strong>de</strong> ro<strong>do</strong>vias, habitação popular, urbanização, limpeza e manutenção <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> drenagem, etc.<br />

403 - Criação <strong>de</strong> comissão tripartite (parlamentares-movimento popular-sindicatos) para estudar e monitorar a legislação previ<strong>de</strong>nciária e sugerir formas <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r melhor ao<br />

trabalha<strong>do</strong>r da economia informal.<br />

404 - Criação <strong>de</strong> comissão tripartite (parlamentares-representantes <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res autônomos-sindicatos) para estudar e monitorar a legislação previ<strong>de</strong>nciária e sugerir formas <strong>de</strong><br />

aten<strong>de</strong>r melhor ao trabalha<strong>do</strong>r da economia informal.<br />

405 - Atribuição, à comissão supracitada, <strong>do</strong> papel <strong>de</strong> <strong>de</strong>fensora da Previdência contra seu sucateamento, dispensan<strong>do</strong>-se atenção à parcela da socieda<strong>de</strong> que não está receben<strong>do</strong><br />

atendimento (trabalha<strong>do</strong>res formais, autônomos e da economia informal).<br />

406 - Implantação pelo Esta<strong>do</strong> e pelos municípios <strong>de</strong> projeto para a reciclagem <strong>de</strong> lixo, que irá gerar renda para muitos pais <strong>de</strong> família e será benéfico ao meio ambiente, evitan<strong>do</strong> o<br />

aumento <strong>do</strong>s aterros sanitários.<br />

407 - Apoio ao Banco <strong>de</strong> Solidarieda<strong>de</strong> - espaço institucional <strong>de</strong> <strong>do</strong>ações e trocas <strong>de</strong> bens e serviços, notadamente na periferia - com <strong>do</strong>ações e ações <strong>de</strong> cidadãos e instituições.<br />

408 - Incentivo à contratação <strong>de</strong> pacoteiros e carrega<strong>do</strong>res, maiores <strong>de</strong> <strong>16</strong> anos, pelo setor supermercadista.<br />

Geral<br />

409 - Ampla divulgação <strong>do</strong>s projetos <strong>do</strong> Governo Fe<strong>de</strong>ral, objetivan<strong>do</strong> i<strong>de</strong>ntificar neles caminhos que possibilitem a geração e o preenchimento <strong>de</strong> empregos.<br />

4<strong>10</strong> - Criação, pelo Esta<strong>do</strong>, <strong>do</strong> Centro Regional <strong>de</strong> Atendimento ao Trabalha<strong>do</strong>r, incluin<strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s e candidatos ao primeiro emprego, com atuação nas<br />

seguintes áreas: 1 - qualificação e requalificação <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res; 2 - aposenta<strong>do</strong>ria (Previdência); 3 - balcão <strong>de</strong> empregos; 4 - assistência jurídica trabalhista; 5 - orientação sobre<br />

aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> trabalho, <strong>do</strong>enças profissionais, etc.; 6 - cadastramento <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s para serem avisa<strong>do</strong>s e estimula<strong>do</strong>s a receberem direitos sociais <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s, como contas inativas,<br />

FGTS, PIS-PASEP.<br />

411 - Revitalização <strong>do</strong>s SINES e cumprimento <strong>do</strong>s convênios firma<strong>do</strong>s com Prefeituras e outras entida<strong>de</strong>s, incluin<strong>do</strong> atendimento nas áreas <strong>de</strong> previdência, aposenta<strong>do</strong>ria, assistência<br />

jurídica trabalhista, orientação sobre aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> trabalho, <strong>do</strong>enças profissionais, direitos sociais: contas inativas, FGTS, PIS, etc.<br />

412 - Inclusão, na gra<strong>de</strong> curricular <strong>do</strong> ensino fundamental, médio e <strong>de</strong> suplência, na re<strong>de</strong> <strong>de</strong> educação formal e <strong>de</strong> educação profissional, <strong>de</strong> matérias sobre <strong>de</strong>senvolvimento<br />

sustentável (enfocan<strong>do</strong> a Agenda 21) e garantia <strong>do</strong>s direitos humanos para a cidadania.<br />

413 - Definição <strong>de</strong> uma política pública <strong>de</strong> combate ao <strong>de</strong>semprego.<br />

414 - Disponibilização, pelo po<strong>de</strong>r público, <strong>de</strong> recursos para construção <strong>de</strong> moradias, com área comercial, ajudan<strong>do</strong> a resolver os problemas da moradia e <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego.<br />

415 - Retorno da estabilida<strong>de</strong> prevista pela Lei Fe<strong>de</strong>ral nº 8.213, que beneficia os porta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> lesões ou <strong>do</strong>enças ocasionadas ou agravadas pelo trabalho, bem como respeito, pelos<br />

médicos <strong>do</strong> trabalho e peritos <strong>do</strong> INSS, ao direito <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r <strong>de</strong> se afastar por aci<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> trabalho ou <strong>do</strong>enças ocupacionais, o que não vem ocorren<strong>do</strong> atualmente.<br />

4<strong>16</strong> - Extensão da UEMG à Região Noroeste, para fomentar o <strong>de</strong>senvolvimento, como suporte técnico, <strong>de</strong>ntro das potencialida<strong>de</strong>s e da realida<strong>de</strong> regionais.<br />

417 - Estruturação da regional <strong>do</strong> Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a aproximar o Esta<strong>do</strong> das <strong>de</strong>mandas e reivindicações da região.<br />

418 - Redimensionamento da ação regional <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a criar uma interlocução com as regiões, em termos político-institucionais, e não apenas administrativos.<br />

419 - Estímulo à agroindustrialização <strong>do</strong>s produtos primários oriun<strong>do</strong>s da região, <strong>do</strong>tan<strong>do</strong>-a <strong>de</strong> infra-estrutura, como energia elétrica, asfalto, etc.<br />

420 - Apoio da Assembléia Legislativa à universida<strong>de</strong> pública, gratuita e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e ao retardamento <strong>do</strong> envio ao Congresso Nacional <strong>do</strong> projeto <strong>de</strong> autonomia universitária, bem<br />

como promoção <strong>do</strong> Projeto Coletivo <strong>de</strong> Universida<strong>de</strong>, ten<strong>do</strong> por princípio a implantação <strong>de</strong> uma universida<strong>de</strong> verda<strong>de</strong>iramente <strong>de</strong>mocrática e voltada para os compromissos sociais.<br />

421 - Implantação <strong>de</strong> uma política pública específica que incentive a produção orgânica (animal e vegetal) no Esta<strong>do</strong>, por meio da viabilização, <strong>de</strong> forma diferenciada, <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong><br />

crédito, <strong>de</strong>senvolvimento e difusão <strong>de</strong> tecnologias alternativas, com ampla divulgação <strong>de</strong> sua importância para a saú<strong>de</strong> humana e o meio ambiente.<br />

422 - Inclusão da mãe <strong>de</strong> família <strong>do</strong>na <strong>de</strong> casa no sistema previ<strong>de</strong>nciário estatal, na condição <strong>de</strong> segurada especial, até mesmo com direito a auxílio-<strong>do</strong>ença, licença-maternida<strong>de</strong> e<br />

aposenta<strong>do</strong>ria.<br />

Propostas novas<br />

(apresentadas e aprovadas na plenária final)<br />

423 - Criação <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s da EMATER nos municípios on<strong>de</strong> ainda não existam.<br />

424 - Análise, pela Comissão <strong>de</strong> Fiscalização Financeira e Orçamentária da Assembléia Legislativa, juntamente com a Comissão <strong>de</strong> Representação <strong>do</strong> Seminário, das propostas <strong>de</strong>ste<br />

<strong>do</strong>cumento, para inclusão <strong>de</strong> algumas <strong>de</strong>las no Orçamento <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> para o ano 2000.<br />

425 - Criação, por lei estadual ou municipal, <strong>do</strong> passe livre no transporte coletivo para <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s, com situação comprovada pelo seguro-<strong>de</strong>semprego, sem repasse <strong>de</strong> custos<br />

para o conjunto <strong>do</strong>s usuários.<br />

426 - Reunião das propostas <strong>do</strong>s Grupos I e V em um só grupo.<br />

427 - Realização <strong>de</strong> reuniões semanais <strong>do</strong>s integrantes <strong>do</strong> Grupo VII (Experiências Não Governamentais na Geração <strong>de</strong> Emprego e Renda - Experiências Não Formais na Área<br />

Urbana), às quartas-feiras, às 15 horas, na Escola <strong>de</strong> Design da UEMG (Avenida Amazonas, Bairro Gameleira, Belo Horizonte), para continuar discutin<strong>do</strong> as propostas referentes ao<br />

trabalho solidário.


428 - Criação <strong>de</strong> parcerias entre o Esta<strong>do</strong> e as universida<strong>de</strong>s para qualificação <strong>de</strong> servi<strong>do</strong>res técnico-administrativos <strong>do</strong> quadro permanente das instituições <strong>de</strong> ensino superior, em<br />

cursos técnicos gratuitos, nos municípios.<br />

429 - Gestão imediata das Comissões <strong>de</strong> Política Agropecuária e Agroindustrial e <strong>de</strong> Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa junto à CODEVASF, à<br />

RURALMINAS e ao Distrito Agroindustrial <strong>do</strong> Jaíba, visan<strong>do</strong> à renegociação, com os assenta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Projeto Jaíba, das dívidas <strong>de</strong> energia elétrica para irrigação, garantin<strong>do</strong>-se a<br />

participação das entida<strong>de</strong>s sociais e representativas <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res rurais.<br />

430 - Criação <strong>de</strong> uma Delegacia Especializada <strong>do</strong> Trabalho, a exemplo das <strong>de</strong>legacias especiais já existentes (da mulher, <strong>do</strong> menor, etc.), para apuração das causas criminais <strong>do</strong>s<br />

aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> trabalho e posterior encaminhamento aos órgãos competentes para as <strong>de</strong>vidas punições (criminais-civis).<br />

431 - Encaminhamento, pelo Presi<strong>de</strong>nte da Assembléia Legislativa e pela Comissão <strong>de</strong> Representação <strong>do</strong> Seminário, <strong>de</strong> convite ao Presi<strong>de</strong>nte e ao relator da Comissão <strong>de</strong> Orçamento<br />

<strong>do</strong> Congresso Nacional, assim como aos Deputa<strong>do</strong>s mineiros que sejam membros <strong>de</strong>la, para que venham a Minas, no mês <strong>de</strong> outubro ou novembro, para discutir com as entida<strong>de</strong>s<br />

participantes <strong>de</strong>ste encontro e com a Assembléia Legislativa, os investimentos fe<strong>de</strong>rais a serem feitos em Minas e as propostas <strong>de</strong>ste <strong>do</strong>cumento para geração <strong>de</strong> empregos.<br />

Moções<br />

(apresentadas e aprovadas na plenária final)<br />

1 - MOÇÃO DE REPÚDIO<br />

"Os trabalha<strong>do</strong>res metalúrgicos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais, por meio <strong>de</strong> sua entida<strong>de</strong> geral CUT-MG, apresenta a este plenário esta moção <strong>de</strong> repúdio contra o Coman<strong>do</strong> da Polícia<br />

Militar e pe<strong>de</strong> providência ao governo <strong>de</strong> Minas, pelos fatos ocorri<strong>do</strong>s ontem nas imediações da Fiat Automóveis e que serão relata<strong>do</strong>s a seguir:<br />

1 - Os trabalha<strong>do</strong>res metalúrgicos <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o País, contrários à guerra fiscal promovida pelos Governos <strong>de</strong> alguns Esta<strong>do</strong>s que beneficiam apenas as empresas transnacionais,<br />

resolveram paralisar as ativida<strong>de</strong>s laborais, em cada Esta<strong>do</strong> e a cada semana, para <strong>de</strong>nunciar o atual mo<strong>de</strong>lo econômico que privilegia as multinacionais, em <strong>de</strong>trimento das empresas<br />

nacionais e <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res brasileiros, que exigem um piso nacional e um contrato <strong>de</strong> trabalho nacional.<br />

2 - Ocorre que, no momento em que ocorria o processo <strong>de</strong> paralisação, às 5 horas da manhã, sob o coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> chefe <strong>de</strong> segurança da FIAT, a tropa da Polícia Militar,<br />

completamente <strong>de</strong>scontrolada e sem coman<strong>do</strong>, investiu brutalmente contra os trabalha<strong>do</strong>res, com bombas, tiros, pauladas e todas as formas <strong>de</strong> agressão, levan<strong>do</strong> 23 trabalha<strong>do</strong>res aos<br />

hospitais da região, com vários tipos <strong>de</strong> ferimentos.<br />

3 - Pedimos medidas <strong>de</strong>sta Casa, por meio <strong>de</strong>sse representativo Plenário, para que seja encaminhada ao Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> a abertura <strong>de</strong> um <strong>de</strong>bate público sobre a brutalida<strong>de</strong> com<br />

que a Polícia Militar vem tratan<strong>do</strong> o povo mineiro.<br />

Gilson Reis, Vice-Presi<strong>de</strong>nte da CUT/MG e outros"<br />

2 - Moção <strong>de</strong> repúdio<br />

"Moção <strong>de</strong> repúdio pelos atos pratica<strong>do</strong>s pelo Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais, por meio da Polícia Militar e pela empresa Fiat Automóveis S.A., na tentativa <strong>de</strong> impedir o legítimo exercício<br />

<strong>do</strong> direito <strong>de</strong> greve pelos trabalha<strong>do</strong>res em Betim-MG.<br />

1 - Da cronologia <strong>do</strong>s fatos<br />

1.1 - Como é <strong>do</strong> conhecimento <strong>de</strong> toda a população brasileira, <strong>de</strong>senvolvem os trabalha<strong>do</strong>res metalúrgicos <strong>do</strong> setor automotivo campanha nacional para a entabulação <strong>do</strong> contrato<br />

coletivo nacional <strong>de</strong>sse segmento, objetivan<strong>do</strong> melhores salários e condições <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> uniforme para to<strong>do</strong>s os obreiros <strong>de</strong>ste setor produtivo, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da<br />

unida<strong>de</strong> fe<strong>de</strong>rativa on<strong>de</strong> esteja localizada a monta<strong>do</strong>ra, até como forma <strong>de</strong> se evitar a guerra fiscal entre estas e a má <strong>de</strong>stinação <strong>de</strong> recursos públicos e buscar a perene geração <strong>de</strong><br />

novos postos <strong>de</strong> trabalho, num momento <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego em níveis assombrosos.<br />

1.2 - Em contrapartida a esse posicionamento <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res, como <strong>de</strong> costume constatou-se a velha prática <strong>do</strong> patronato nacional, mais arcaico, <strong>de</strong> optar, antes <strong>de</strong> mais nada, pela<br />

intransigência e virulência, seja por meio <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s, ou mesmo <strong>de</strong> palavras, num momento em que os próprios dizem a<strong>do</strong>tar a livre negociação como mo<strong>de</strong>lo.<br />

1.3 - Em 29/9/99, o que acima é assevera<strong>do</strong> exteriorizou-se com a ocorrência, em Betim-MG, <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>ira barbárie, que remonta aos piores tempos, <strong>de</strong> triste lembrança, da ditadura,<br />

na tentativa, diga-se <strong>de</strong> passagem, frustrada, <strong>de</strong> impedir a vonta<strong>de</strong> e a força <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res que lá estavam, <strong>de</strong> exercitarem pacificamente o direito constitucional <strong>de</strong> greve e livre<br />

manifestação, que a seguir se relata:<br />

a) a manifestação teve início por volta das 5 horas, em frente ao Carrefour-Contagem, em forma <strong>de</strong> carreata, com <strong>de</strong>stino até a fábrica da Fiat;<br />

b) ao aproximar-se <strong>de</strong>ssa monta<strong>do</strong>ra, a mais ou menos um quilômetro, o que até então era um movimento pacífico transformou-se em uma praça <strong>de</strong> guerra, com a chegada da Polícia<br />

Militar (Batalhão <strong>de</strong> Choque e P2 - Serviço Reserva<strong>do</strong> da PM), que, <strong>de</strong> pronto passou a fazer uso <strong>de</strong>smedi<strong>do</strong> e <strong>de</strong>scabi<strong>do</strong> da força, com a agressão gratuita <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res, prisões<br />

violentas e arbitrárias <strong>de</strong> alguns e ferimentos em outros;<br />

c) essa violência, além <strong>do</strong> que foi dito, manifestou-se, concomitantemente, pelo disparo <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo, bombas <strong>de</strong> efeito moral, utilização <strong>de</strong> gás lacrimogêneo e cassetetes <strong>de</strong><br />

ma<strong>de</strong>ira, tu<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>scabida;<br />

d) constatou-se também, em várias oportunida<strong>de</strong>s, o uso pelos policiais militares <strong>de</strong> uma segunda arma <strong>de</strong> fogo (revólver) não oficial e, muito provavelmente, sem registro, na cintura<br />

<strong>de</strong>stes, bem como to<strong>do</strong>s os <strong>de</strong>mais materiais utiliza<strong>do</strong>s comumente na repressão à criminalida<strong>de</strong>;<br />

e) estava também presente o chefe <strong>de</strong> segurança da FIAT, que, ostensivamente, coor<strong>de</strong>nava e comandava os procedimentos a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s pela Polícia Militar, como se fosse a coisa mais<br />

natural <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, ou como se os policiais militares fossem seus subordina<strong>do</strong>s;<br />

f) logo após o início <strong>do</strong>s tumultos, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se mais uma vez que quem a estes <strong>de</strong>u causa foram os policiais militares, não se po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> afirmar, a essa altura, se sob o coman<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

terceiros ou da oficialida<strong>de</strong> presente, surgem, sob o coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> chefe <strong>de</strong> segurança da FIAT, bate-paus arma<strong>do</strong>s, com o intuito exclusivo <strong>de</strong> causar mais confusão, agredin<strong>do</strong><br />

trabalha<strong>do</strong>res, preten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> que estes per<strong>de</strong>ssem o controle da situação, com seu agravamento, sabe-se lá com que conseqüências, não permitin<strong>do</strong> que os ânimos serenassem;<br />

g) essa situação, logicamente, provocou, aí sim, a interdição da ro<strong>do</strong>via, contrariamente à vonta<strong>de</strong> <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res, que se dirigiam pacificamente à FIAT;<br />

h) com muito custo e negociação, graças à intervenção das li<strong>de</strong>ranças sindicais e advoga<strong>do</strong>s presentes junto à oficialida<strong>de</strong>, evitan<strong>do</strong>-se a repetição, em Minas Gerais, <strong>de</strong> fatos<br />

semelhantes aos <strong>de</strong> Volta Re<strong>do</strong>nda, RJ, on<strong>de</strong> foram assassina<strong>do</strong>s três trabalha<strong>do</strong>res, e <strong>de</strong> El<strong>do</strong>ra<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Carajás, PA, on<strong>de</strong> 19 sem-terras per<strong>de</strong>ram a vida, os ânimos foram serena<strong>do</strong>s,


sen<strong>do</strong> a pista <strong>de</strong> rolamento da ro<strong>do</strong>via liberada, retoman<strong>do</strong> os trabalha<strong>do</strong>res seu <strong>de</strong>stino original, combinan<strong>do</strong>-se a forma <strong>de</strong> realização da assembléia na porta da FIAT, com a<br />

garantia <strong>de</strong> que já não haveria repressão policial; presença <strong>do</strong>s bate-paus contrata<strong>do</strong>s pela empresa, que eram facilmente i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s por trajarem camisetas <strong>de</strong> malha branca, com<br />

um símbolo que não se sabe se representaria a letra grega ômega ou se uma ferradura; nem pressão da chefia da empresa sobre os trabalha<strong>do</strong>res para que estes não participassem <strong>do</strong><br />

ato, tu<strong>do</strong>, cumpre salientar, com a concordância e a aquiescência <strong>do</strong> menciona<strong>do</strong> chefe da segurança FIAT;<br />

i) contu<strong>do</strong>, ao se chegar à FIAT, tu<strong>do</strong> o que havia si<strong>do</strong> acorda<strong>do</strong> foi <strong>de</strong>scumpri<strong>do</strong>, pois novamente os bate-paus da empresa provocaram e agrediram os trabalha<strong>do</strong>res, coagin<strong>do</strong>-os,<br />

sob coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> chefe da segurança e outros chefes da empresa, sob a proteção da Polícia Militar, que novamente passou à agressão <strong>do</strong>s obreiros, tentan<strong>do</strong> impedi-los <strong>de</strong> participar<br />

<strong>do</strong> movimento;<br />

j) outro fato relevante a ser <strong>de</strong>staca<strong>do</strong> é a falta <strong>de</strong> preparo <strong>de</strong> um certo Capitão Lara, da Polícia Militar, i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> por uma tarjeta afixada em seu uniforme, o qual, por pouco, não<br />

<strong>de</strong>u causa a uma tragédia, pois incitava seus comanda<strong>do</strong>s à agressão aos trabalha<strong>do</strong>res, <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong>, até mesmo, que um <strong>de</strong>les danificasse o carro <strong>de</strong> som que na hora era utiliza<strong>do</strong> e<br />

que teve <strong>de</strong> ser substituí<strong>do</strong>; ele mesmo tentou danificar outros carros que lá estavam; não satisfeito, agrediu com palavras chulas as li<strong>de</strong>ranças sindicais e os advoga<strong>do</strong>s, a ponto <strong>de</strong><br />

ser retira<strong>do</strong> <strong>do</strong> local por seus superiores, mas não sem antes, num ato <strong>de</strong> insanida<strong>de</strong>, solicitar ao helicóptero da PM, que sobrevoava o local e impedia, pelo barulho e pela poeira que<br />

levantava, a realização da assembléia, o qual posteriormente também veio a ser retira<strong>do</strong>, que guinchasse por um cabo o cita<strong>do</strong> caminhão <strong>de</strong> som;<br />

l) por fim, após to<strong>do</strong>s esses tristes inci<strong>de</strong>ntes, conseguiu-se realizar o ato, concretizan<strong>do</strong> o movimento paredista <strong>de</strong> forma pacífica, por parte <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res, em que pese às prisões<br />

arbitrárias e violentas e aos ferimentos provoca<strong>do</strong>s nos trabalha<strong>do</strong>res, que motivaram o atendimento e internação hospitalar <strong>de</strong>stes.<br />

2 - Ressalta-se que prega o atual ocupante <strong>do</strong> Palácio da Liberda<strong>de</strong>, Sr. Itamar Franco, o exercício pleno da <strong>de</strong>mocracia, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-a e dizen<strong>do</strong> aplicá-la, mas permite, ao mesmo<br />

tempo, a utilização <strong>de</strong> méto<strong>do</strong>s mais afetos ao perío<strong>do</strong> ditatorial <strong>de</strong> nosso triste passa<strong>do</strong> recente, com a a<strong>do</strong>ção por seus comanda<strong>do</strong>s, neste caso a Polícia Militar mineira, <strong>de</strong> práticas<br />

truculentas, mais aplicáveis a criminosos, principalmente os mais violentos, ao invés <strong>de</strong> usá-las com os trabalha<strong>do</strong>res, que, como chefes <strong>de</strong> famílias que são, lutam por seus direitos e<br />

uma existência própria e <strong>do</strong>s seus mais digna.<br />

3 - Desta maneira, po<strong>de</strong>r-se-ia dizer que ou o Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> não é <strong>de</strong>tentor <strong>de</strong> voz alguma <strong>de</strong> coman<strong>do</strong>, ou privilegia e protege o capital estrangeiro que tanto critica, ou<br />

prefere se omitir ante os fatos, ou, facultan<strong>do</strong>-lhe o direito da dúvida, <strong>de</strong>sconhecia os fatos ou <strong>de</strong>les não lhe <strong>de</strong>ram a <strong>de</strong>vida ciência, <strong>de</strong>cidin<strong>do</strong> outros o que não lhes competia e ao<br />

arrepio <strong>de</strong> quem realmente sobre eles <strong>de</strong>veria posicionar-se e <strong>de</strong>cidir. Pela benevolência que se lhe aufere, mister se faz que se posicione, pois, a partir <strong>de</strong> agora, ante a gravida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

que se relata e pela revolta que provoca, esse benefício não mais lhe cabe.<br />

Por tu<strong>do</strong> o que foi relata<strong>do</strong>, vêm os participantes <strong>do</strong> Grupo VI <strong>do</strong> Seminário <strong>Legislativo</strong> Desemprego e Direito ao Trabalho, reuni<strong>do</strong>s no dia 29/9/99, apresentar a estes ilustres<br />

representantes <strong>do</strong> povo e integrantes <strong>do</strong> edificante Po<strong>de</strong>r <strong>Legislativo</strong> das Minas Gerais a presente Moção <strong>de</strong> Repúdio, em face <strong>do</strong> que tu<strong>do</strong> acima vai relata<strong>do</strong> e da conseqüente<br />

indignação que, por natural, provoca.<br />

(Delson José <strong>de</strong> Oliveira, presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Sindicato <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res Metalúrgicos <strong>de</strong> Bocaiúva, Diretor <strong>de</strong> Educação Sindical da Fe<strong>de</strong>ração <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res nas Indústrias<br />

Metalúrgicas, Mecânicas e <strong>de</strong> Material Elétrico <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais)<br />

3 - Moção <strong>de</strong> repúdio por peritos <strong>do</strong> INSS e <strong>do</strong> IPSEMG<br />

Nós, participantes <strong>do</strong> Seminário <strong>Legislativo</strong> sobre o Desemprego, das mais diferentes regiões <strong>de</strong> Minas Gerais e <strong>de</strong>sta Capital, representan<strong>do</strong> interesses <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res emprega<strong>do</strong>s<br />

e <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s e <strong>de</strong> nossa comunida<strong>de</strong>, estamos registran<strong>do</strong> nosso repúdio pelos médicos responsáveis pelas perícias <strong>do</strong> INSS e <strong>do</strong> IPSEMG, que, num comportamento<br />

<strong>de</strong>srespeitoso e <strong>de</strong>sumano, ferin<strong>do</strong> princípios éticos e morais e maculan<strong>do</strong> vergonhosamente seus próprios juramentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa da vida e da pessoa humana, vêm <strong>de</strong>cidin<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma<br />

cruel pela alta médica e pelo retorno ao trabalho <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res sem a menor condição e saú<strong>de</strong> para ativida<strong>de</strong> profissional, fazen<strong>do</strong> um jogo <strong>de</strong> conveniência com propostas <strong>do</strong>s<br />

Governos Fe<strong>de</strong>ral e Estadual e as empresas, que, após o retorno <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r, proce<strong>de</strong>m à sua dispensa, relegan<strong>do</strong>-o a uma situação <strong>de</strong>sespera<strong>do</strong>ra, sem saú<strong>de</strong>, sem assistência<br />

social previ<strong>de</strong>nciária e sem emprego. Nos casos <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> trabalho, chegam ao absur<strong>do</strong> <strong>de</strong> reconhecer o nexo causal entre o aci<strong>de</strong>nte, a <strong>do</strong>ença profissional e mesmo a perda <strong>de</strong><br />

capacida<strong>de</strong>, e ainda assim negam o auxílio-aci<strong>de</strong>nte e fazem o trabalha<strong>do</strong>r retornar à ativida<strong>de</strong> profissional que <strong>de</strong>sempenhava, a olhos vistos totalmente incapacita<strong>do</strong> para ela.<br />

Repudiamos também, conforme <strong>de</strong>núncias, a venda <strong>de</strong> Atesta<strong>do</strong> Médico <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Ocupacional - ASO -, que vem sen<strong>do</strong> feita por médicos <strong>do</strong> trabalho.<br />

Assim é que solicitamos da Assembléia Legislativa ações concretas para acabar com tais práticas, apuran<strong>do</strong>-as e encaminhan<strong>do</strong>-as aos órgãos competentes para proce<strong>de</strong>rem às<br />

punições cabíveis aos respectivos médicos.<br />

(Grupo VI)<br />

4 - Reforma agrária<br />

Apoio à reforma agrária, o mais urgente possível, como resposta imediata ao <strong>de</strong>semprego. Reforma agrária com direito a terra, à assistência técnica, à saú<strong>de</strong>, à educação e à<br />

comercialização <strong>do</strong>s produtos.<br />

(Etapa Regional Rio Doce /Vale <strong>do</strong> Aço)<br />

5 - Moção <strong>de</strong> protesto e advertência<br />

Sou sócio <strong>do</strong> Sindicato <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res na Indústria Mecânica e Metalúrgica <strong>de</strong> Belo Horizonte e Contagem há quatro anos, enfrentei retaliações como o não-acesso a promoções<br />

na empresa, por ser sindicaliza<strong>do</strong>. Agora estou aposenta<strong>do</strong> com <strong>do</strong>is salários mínimos e fui chama<strong>do</strong> pela entida<strong>de</strong> sindical e obriga<strong>do</strong> a pagar contribuição associativa no valor <strong>de</strong><br />

R$8,00. Quero <strong>de</strong>ixar o meu protesto e menção <strong>de</strong> advertência, para que nosso discurso não seja <strong>de</strong>magógico nem equivoca<strong>do</strong>, como aqueles que criticamos.<br />

Estamos fazen<strong>do</strong> o mesmo que o Governo Fe<strong>de</strong>ral, que cobra contribuição <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res aposenta<strong>do</strong>s.<br />

(Hélio Emiliano Moreira - Igreja Batista <strong>do</strong> Salga<strong>do</strong> Filho - MEP)<br />

Órgãos governamentais<br />

Secretaria <strong>de</strong> Meio Ambiente - Mêncio Salva<strong>do</strong>r (298-6311 - 298-6342)<br />

SEPLAN - Meire Coutinho (290-4760 - 290-4679/4854)<br />

Comissão <strong>de</strong> Representação<br />

(eleita na plenária final)


SETASCAD - Darkan Viana Almeida (275-1512 - 292-2000/2<strong>10</strong>8)<br />

Secretaria da Agricultura - Marcos Garcia Jansen (297-3397 - 287-<strong>10</strong>09)<br />

Secretaria <strong>de</strong> Indústria e Comércio - Mário <strong>do</strong>s Reis Guimarães (337-6426 - 275-1722)<br />

Entida<strong>de</strong>s sindicais<br />

CUT - Eduar<strong>do</strong> Armond (201-9383 - 291-2040)<br />

FETAEMG -Vilson Luiz da Silva, Rômulo Luiz Campos (241-1509 - 241-<strong>10</strong>77)<br />

DIEESE - Carlos Wagner Costa Macha<strong>do</strong> ( 222-9787 - 222-9395)<br />

CGT - Wan<strong>de</strong>rlei Teixeira Fernan<strong>de</strong>s (271-0111 ramal 115)<br />

Frente <strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>rações <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais<br />

Entida<strong>de</strong>s empresariais<br />

FIEMG - Pedro Parisi (361-4591 - 284-5294 - 284-5303)<br />

FAEMG - Rodrigo <strong>de</strong> Almeida Ponte (213-2923 - 213-4011)<br />

SEBRAE - Sílvia Mayrink (371-9055 - 371-9098)<br />

CDL - Edilson José <strong>de</strong> C. Cruz ou Zuleica Rocha (2491749 - 249-1799)<br />

Entida<strong>de</strong>s religiosas<br />

CNBB - Regional Leste II - Carlúcia Maria Silva (224-0017 - 224-2434)<br />

Cáritas Brasileira - Celi Márcio Santos (273-8713 - 273-8559)<br />

Pastoral Operária - Cláudio Ponciano (463-4478 - 461-4799)<br />

Movimento Evangélico Progressista - MEP- José Fernan<strong>de</strong>s Pacheco (361-1505)<br />

Universida<strong>de</strong>s<br />

PUC - (Instituto <strong>de</strong> Relações <strong>do</strong> Trabalho) - Antônio Carvalho Neto (319-4932 - 319-4371)<br />

UFMG - UNITRABALHO - Carlos Roberto Horta - (4995191 - 499-5069)<br />

UEMG - Janice Pereira <strong>de</strong> Araújo Carvalho - (3715518 - 273-4611)<br />

ONGs e outras entida<strong>de</strong>s<br />

Frente <strong>de</strong> Defesa <strong>do</strong>s Direitos da Criança e <strong>do</strong> A<strong>do</strong>lescente - Márcia Omaia Rodrigues <strong>de</strong> Campos (291-9517 - 291-9502)<br />

Fe<strong>de</strong>ração das Cooperativas <strong>de</strong> Trabalho <strong>de</strong> Minas Gerais - FETRABALHO - Carlos Fabiano Braga (227-9208 - 224-3448)<br />

MST - Gílson <strong>de</strong> Souza - (222-3879)<br />

Central <strong>de</strong> Movimentos Populares - Marcos Landa (226-3574)<br />

Comissão Estadual <strong>de</strong> Emprego.<br />

Regiões<br />

Um representante por região <strong>de</strong> planejamento <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> (Noroeste, Norte, Jequitinhonha-Mucuri, Mata, Sul, Triângulo, Centro-Oeste, Alto Paranaíba, Vale <strong>do</strong> Aço-Rio Doce,<br />

Central).<br />

Obs.: As regiões têm o prazo <strong>de</strong> um mês, a partir <strong>do</strong> encerramento <strong>do</strong> Seminário (30/9/99) para indicar seus representantes.<br />

Palavras <strong>do</strong> Sr. Presi<strong>de</strong>nte<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte (Deputa<strong>do</strong> An<strong>de</strong>rson Adauto) - Na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r <strong>Legislativo</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais, recebo com satisfação este <strong>do</strong>cumento e gostaria <strong>de</strong><br />

fazer algumas reflexões com os senhores e as senhoras.<br />

Em primeiro lugar, faço os nossos agra<strong>de</strong>cimentos pela participação <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s aqui - às centrais sindicais, aos parti<strong>do</strong>s políticos, que, <strong>de</strong> forma direta ou indireta, também


participaram. Percebemos que a situação <strong>do</strong> País chegou on<strong>de</strong> está e preocupa a to<strong>do</strong>s, talvez muito em razão da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> indignação que per<strong>de</strong>mos. E, a partir <strong>do</strong> momento em<br />

que a per<strong>de</strong>mos, a partir <strong>do</strong> momento em que começamos a ver, enten<strong>de</strong>r e aceitar toda a pregação - e ela foi pesada, organizada, veio <strong>de</strong> forma muito manipulada nesse gran<strong>de</strong> pacto<br />

<strong>do</strong> capital internacional em cima <strong>do</strong>s países <strong>do</strong> Cone Sul, <strong>do</strong>s países em <strong>de</strong>senvolvimento -, percebemos que a nossa omissão nos levou a esta situação que hoje vivemos.<br />

Mas começamos a perceber também - e isto nos dá uma esperança muito gran<strong>de</strong> - que, num primeiro momento, foram uns poucos a começar a se rebelar, a começar a mostrar os<br />

absur<strong>do</strong>s <strong>de</strong> um quadro que queriam nos mostrar como extremamente natural, on<strong>de</strong> o <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong> não tinha alternativa - tinha que ser <strong>de</strong>ssa forma.<br />

Ontem, abrimos uma nova etapa com um seminário que estamos organizan<strong>do</strong>, em que procuramos contestar essa realida<strong>de</strong>. A tônica <strong>de</strong> ontem foi exatamente esta: não po<strong>de</strong>mos<br />

conceber como uma situação absolutamente normal o fato <strong>de</strong> estarmos chegan<strong>do</strong> ao ano 2000, <strong>de</strong> o mun<strong>do</strong> ter avança<strong>do</strong> tanto neste século, <strong>de</strong> haver tantas conquistas tecnológicas,<br />

<strong>de</strong> ter melhora<strong>do</strong> tanto a situação global <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e <strong>de</strong> somente uns poucos terem acesso a esse <strong>de</strong>senvolvimento, a esse progresso. O trabalha<strong>do</strong>r participou muito pouco.<br />

Praticamente todas as vantagens ficaram com os <strong>de</strong>tentores <strong>do</strong> capital, e isso não foi minimamente distribuí<strong>do</strong> entre os trabalha<strong>do</strong>res.<br />

Começamos a pensar em até que ponto valeu a pena tu<strong>do</strong> o que foi produzi<strong>do</strong>, se valeram a pena as agressões que foram feitas à natureza para po<strong>de</strong>r atingir isso, toda esta loucura<br />

que to<strong>do</strong>s vivem hoje, até que ponto isso foi interessante para o conjunto. Essas pessoas, hoje, começam a colocar a mão na consciência e imaginar se valeu a pena to<strong>do</strong> esse caminho<br />

que fizemos.<br />

Começamos a perceber que o brasileiro médio não tem consciência <strong>do</strong> problema, não sabe apontar um novo caminho, não sabe as causas, mas ele, pelo sofrimento que está sentin<strong>do</strong><br />

na própria pele, seja pessoalmente, seja <strong>de</strong>ntro da sua família ou <strong>do</strong> seu círculo <strong>de</strong> amigos, sempre está ven<strong>do</strong> alguém sofrer o <strong>de</strong>sespero <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego.<br />

O que ocorre? Ele sabe que o caminho percorri<strong>do</strong> não foi um bom caminho. Ele acha e acredita que tem <strong>de</strong> haver mudanças. E nós - nós que eu digo são os senhores, as senhoras que<br />

vieram até aqui na condição <strong>de</strong> representantes <strong>de</strong> suas entida<strong>de</strong>s, o parlamento, nós to<strong>do</strong>s - temos a obrigação <strong>de</strong> dar munição a essas pessoas, para que elas possam resistir. Qual é a<br />

munição? A munição é o conhecimento. Temos <strong>de</strong> dar conhecimento <strong>de</strong>sse esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> coisas.<br />

Por isso é que nós votamos, e nisso eu tenho a satisfação <strong>de</strong> contar com o apoio <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os parti<strong>do</strong>s que têm uma consciência social mais apurada. Entre seus membros, tenho aqui a<br />

presença <strong>de</strong> <strong>do</strong>is Deputa<strong>do</strong>s que participaram <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o processo, <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o seminário. Para não ficarmos nos repetin<strong>do</strong>, quer dizer, a produção que o <strong>Legislativo</strong> tem <strong>de</strong> efetuar não é<br />

apenas a <strong>de</strong> novas leis. Esse não é o problema <strong>do</strong> País. O País chegou ao ponto em que chegou não por falta <strong>de</strong> leis; eu diria até que nós as temos em excesso. Temos é <strong>de</strong><br />

conscientizar a socieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> nos ombrear com essas pessoas que estão acreditan<strong>do</strong> que é possível modificar o quadro que estamos viven<strong>do</strong> hoje, temos que nos somar a essas<br />

pessoas que querem ver as mudanças acontecerem, que querem ver melhorias acontecerem para a socieda<strong>de</strong>.<br />

Atingimos isso neste processo que estamos fazen<strong>do</strong> aqui: são os fóruns, seminários, são os encontros. Em cada encontro, tiramos uma legião <strong>de</strong> pessoas que saem ainda mais<br />

conscientes que quan<strong>do</strong> chegaram. Essas pessoas voltam para as suas bases e ajudam a fazer o processo <strong>de</strong> transformação que nós to<strong>do</strong>s queremos.<br />

Estou muito satisfeito em tê-los aqui, e é uma honra para mim po<strong>de</strong>r presidir o parlamento mineiro num momento tão importante na vida brasileira, no qual Minas está se inserin<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> forma muito interessante.<br />

Eu estava reuni<strong>do</strong>, aqui, com os Lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> vários parti<strong>do</strong>s, para acertarmos a pauta <strong>do</strong> ano que vem, e brinquei com eles que fez muito bem para o mun<strong>do</strong> a ida <strong>do</strong> Itamar Franco a<br />

Washington, porque o FMI está com uma nova linguagem. Mas a verda<strong>de</strong> é que as próprias pessoas que criaram os mo<strong>de</strong>los que temos estão chegan<strong>do</strong> à conclusão que o mo<strong>de</strong>lo está<br />

erra<strong>do</strong>.<br />

Nós, que estamos sofren<strong>do</strong> na pele os malefícios <strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo, temos a obrigação não só <strong>de</strong> constatar os erros, mas <strong>de</strong> lutar e combater o caminho que está sen<strong>do</strong> trilha<strong>do</strong>; não só<br />

combater, mas buscar alternativas.<br />

Neste momento em que se encerra este seminário, quero parabenizá-los pela colaboração e pela contribuição <strong>de</strong> cada um <strong>do</strong>s senhores e das senhoras para que pudéssemos concluir<br />

da forma como concluímos. Não li o <strong>do</strong>cumento ainda, mas acompanhamos e sabemos que existem propostas excelentes.<br />

Em nome <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r <strong>Legislativo</strong> <strong>de</strong> Minas, afirmo que esta Casa fará o que os senhores esperam que a Assembléia Legislativa efetivamente faça: que leve adiante as consi<strong>de</strong>rações, as<br />

<strong>de</strong>cisões e as <strong>de</strong>finições que foram votadas pelos senhores. Muito obriga<strong>do</strong>. (- Palmas.)<br />

Encerramento<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - A Presidência manifesta seus agra<strong>de</strong>cimentos às autorida<strong>de</strong>s, aos representantes <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> segmentos da socieda<strong>de</strong>, bem como ao público em geral, pela<br />

honrosa presença e, cumpri<strong>do</strong> o objetivo da convocação, encerra a reunião, convocan<strong>do</strong> os Deputa<strong>do</strong>s para a ordinária <strong>de</strong> logo mais, às 14 horas, com a or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> dia já publicada, e<br />

para a especial <strong>de</strong> hoje, às 20 horas, nos termos <strong>do</strong> edital <strong>de</strong> convocação. Levanta-se a reunião.<br />

ATA DA SOLENIDADE REALIZADA NA 77ª REUNIÃO ORDINÁRIA, EM 5/<strong>10</strong>/99<br />

Presidência <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s An<strong>de</strong>rson Adauto, Luiz Menezes e Antônio Andra<strong>de</strong><br />

Sumário: Composição da Mesa - Registro <strong>de</strong> Presença - Destinação da 1ª Parte da reunião - Execução <strong>do</strong> Hino Nacional - Palavras <strong>do</strong> Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Palavras da Deputada Maria<br />

Olívia - Apresentaçã <strong>do</strong> Coral <strong>do</strong> CONART - Palavras da Sra. Maria <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s Teixeira da Costa - Apresentação <strong>do</strong> Coral Grupob Alegria <strong>de</strong> Viver - Entrega <strong>de</strong> placa.<br />

Composição da Mesa<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte (Deputa<strong>do</strong> An<strong>de</strong>rson Adauto) - A Presidência convida a tomar assento à mesa as Exmas. Sras. Verea<strong>do</strong>ra Maria da Conceição Santos, da Câmara Municipal <strong>de</strong><br />

Santo Antônio <strong>do</strong> Monte; Rosalva Alves Portella, Secretária Municipal Adjunta <strong>de</strong> Desenvolvimento Social, representan<strong>do</strong> o Prefeito Municipal <strong>de</strong> Belo Horizonte, Dr. Célio <strong>de</strong><br />

Castro; Maria Antonieta Mourão, representante da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais; Noeme Barros Guimarães Bernar<strong>de</strong>s, Chefe <strong>de</strong> Divisão <strong>de</strong> Polícia Especializada da Mulher<br />

e <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so, representan<strong>do</strong> o Delega<strong>do</strong> Emilson Cal<strong>de</strong>ira; o Exmo. Sr. Deputa<strong>do</strong> Durval Ângelo, 2º-Vice-Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>sta Casa; e a Exma. Sra. Deputada Maria Olívia, autora <strong>do</strong><br />

requerimento que suscitou a realização <strong>de</strong>ssa homenagem.<br />

Registro <strong>de</strong> Presença<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte (Deputa<strong>do</strong> Antônio Andra<strong>de</strong>) - A Presidência registra a presença <strong>do</strong> Verea<strong>do</strong>r Roberto Carvalho, representante da Câmara Municipal <strong>de</strong> Belo Horizonte.<br />

Destinação da 1ª Parte da Reunião<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Destina-se a 1ª Parte da reunião à comemoração <strong>do</strong> Dia Internacional <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à feliz iniciativa da Deputada Maria Olívia.<br />

Execução <strong>do</strong> Hino Nacional


O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - A Presidência convida os presentes a ouvir a execução <strong>do</strong> Hino Nacional pela Banda <strong>de</strong> Música da Polícia Militar <strong>de</strong> Minas Gerais.<br />

- Ouve-se a execução <strong>do</strong> Hino Nacional.<br />

Palavras <strong>do</strong> Sr. Presi<strong>de</strong>nte<br />

Exmas. Sras. Verea<strong>do</strong>ra Maria da Conceição Santos, Rosalva Alves Portella, Maria Antonieta Mourão, Noeme Barros Guimarães, Deputada Maria Olívia, autora <strong>do</strong> requerimento,<br />

Srs. Deputa<strong>do</strong>s, senhoras e senhores; o respeito aos i<strong>do</strong>sos constitui apanágio <strong>do</strong>s povos civiliza<strong>do</strong>s. Des<strong>de</strong> a remota antiguida<strong>de</strong>, a ida<strong>de</strong> madura era consi<strong>de</strong>rada fonte <strong>de</strong> experiência<br />

e <strong>de</strong> sabe<strong>do</strong>ria, e nela os mais jovens buscavam exemplo e solução. Rejeitan<strong>do</strong> o conceito <strong>de</strong> senectu<strong>de</strong>, a crença era <strong>de</strong> que os anos traziam o equilíbrio proporciona<strong>do</strong> pela vivência.<br />

Ao longo da história, a reverência ao i<strong>do</strong>so continuou sen<strong>do</strong> uma constante, inclusive nas chamadas socieda<strong>de</strong>s exóticas, como as <strong>do</strong>s povos pré-colombianos, na América. E, no<br />

século que ora termina, temos exemplo significativo nos países escandinavos, on<strong>de</strong> a priorida<strong>de</strong> reservada a crianças e i<strong>do</strong>sos não admite nenhuma discussão.<br />

No Brasil, é curioso - e, até certo ponto, lamentável - constatar que os primitivos senhores da terra, os índios, estavam à nossa frente na consi<strong>de</strong>ração ao i<strong>do</strong>so. As figuras <strong>do</strong> pajé e<br />

<strong>do</strong> cacique eram sempre veneráveis, e suas funções raramente eram exercidas pelos mais jovens. Longe <strong>de</strong> menosprezar os pais e avós, o aborígine os amparava e estimulava sua<br />

participação na vida comunitária, amparan<strong>do</strong>-os sempre.<br />

Ora, se compararmos o exemplo <strong>do</strong> índio brasileiro com nosso comportamento <strong>de</strong> hoje, motivo temos para ficar constrangi<strong>do</strong>s. Uma série <strong>de</strong> equívocos - culminan<strong>do</strong> com a atual<br />

política socioeconômica imposta pelo po<strong>de</strong>r central - conduziu nossos cidadãos maduros a inexorável processo <strong>de</strong> marginalização. Assim é que aí estão os milhões <strong>de</strong> aposenta<strong>do</strong>s e<br />

pensionistas da Previdência oficial, mal sobreviven<strong>do</strong>, com ínfimos rendimentos; aí estão os enfermos que morrem pela incúria <strong>de</strong> um sistema público <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> literalmente fali<strong>do</strong>; aí<br />

estão os milhares <strong>de</strong> profissionais, às portas da meia-ida<strong>de</strong>, que não encontram recolocação no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho, em função da faixa etária. São exemplos que nos ocorrem, para<br />

mostrar a discriminação e o preconceito que reservamos à maturida<strong>de</strong>. Com isso, uma fase da vida que <strong>de</strong>veria ser <strong>de</strong> enriquecimento e fruição passa a ser <strong>de</strong> perda e <strong>de</strong> <strong>de</strong>clínio.<br />

A reunião especial <strong>de</strong> hoje, que colocamos com antecedência, por uma feliz idéia da Deputada Maria Olívia, insere-se no calendário <strong>do</strong> Ano Internacional <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so. Vem confirmar a<br />

preocupação <strong>do</strong> <strong>Legislativo</strong> mineiro para com esses quase 20 milhões <strong>de</strong> brasileiros que se enquadram nessa categoria. Enten<strong>de</strong> esta Assembléia que não po<strong>de</strong>mos continuar a andar<br />

na contramão da história, ao obstar a ascensão <strong>de</strong>sses compatriotas. Afinal, a vida é constante progresso no plano biológico, psicológico, social, político, cultural e espiritual. Querer<br />

negar esta verda<strong>de</strong> será bloquear o próprio <strong>de</strong>senvolvimento da socieda<strong>de</strong> como um to<strong>do</strong>.<br />

A Carta <strong>de</strong> Princípios para os I<strong>do</strong>sos, da Organização das Nações Unidas, recomenda a cada país membro que implemente o trabalho em favor <strong>do</strong>s que são entra<strong>do</strong>s em anos,<br />

garantin<strong>do</strong>-lhes condições <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência, participação, amparo, auto-realização e, principalmente, dignida<strong>de</strong>, muita dignida<strong>de</strong>.<br />

Pois façamos <strong>de</strong>sse texto da assembléia mundial a nossa cartilha em prol <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so brasileiro e, principalmente, <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so mineiro. Assim proce<strong>de</strong>n<strong>do</strong>, estaremos asseguran<strong>do</strong> a ele<br />

aquilo a que tem direito e que lhe está sen<strong>do</strong> nega<strong>do</strong> pelo país on<strong>de</strong> nasceu e ao qual <strong>de</strong>dicou seu talento, seu trabalho e sua juventu<strong>de</strong>. É a mensagem que, em nome da Assembléia<br />

Legislativa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais, apresentamos aos que nos honram com sua presença nesta reunião. Muito obriga<strong>do</strong> a to<strong>do</strong>s os senhores e a todas as senhoras.<br />

Gostaríamos <strong>de</strong>, também, <strong>de</strong> outra forma, homenagear os senhores e as senhoras que se encontram aqui, nesta tar<strong>de</strong>, ocasião em que a Assembléia procura prestar-lhes essa singela<br />

homenagem. A Presidência da Assembléia, em nome <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os Deputa<strong>do</strong>s Estaduais, gostaria <strong>de</strong> convidar o Deputa<strong>do</strong> Luiz Menezes, que é o menos jovem da Assembléia, para<br />

que pu<strong>de</strong>sse presidir esta sessão.<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte (Deputa<strong>do</strong> Luiz Menezes) - Com a palavra, a Deputada Maria Olívia, autora <strong>do</strong> requerimento que <strong>de</strong>u origem a esta solenida<strong>de</strong>.<br />

Palavras da Deputada Maria Olívia<br />

Exmo. Sr. Deputa<strong>do</strong> Luiz Menezes, o mais i<strong>do</strong>so <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s, representan<strong>do</strong> o Sr. Presi<strong>de</strong>nte, Deputa<strong>do</strong> An<strong>de</strong>rson Adauto; Exmas. Sras. Verea<strong>do</strong>ra Maria da Conceição Santos,<br />

da Câmara Municipal <strong>de</strong> Santo Antônio <strong>do</strong> Monte, nossa Miss Terceira Ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais; Rosalva Alves Portella, Secretária Municipal Adjunta <strong>de</strong> Desenvolvimento Social,<br />

representan<strong>do</strong> o Prefeito Municipal <strong>de</strong> Belo Horizonte, Dr. Célio <strong>de</strong> Castro; Maria Antonieta Mourão, representante da Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais; Dra. Noeme Barros<br />

Guimarães Bernar<strong>de</strong>s, Chefe <strong>de</strong> Divisão <strong>de</strong> Polícia Especializada da Mulher e <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so, representan<strong>do</strong> o Delega<strong>do</strong>, Dr. Enilson; Deputa<strong>do</strong> Durval Ângelo, 2º-Vice-Presi<strong>de</strong>nte da<br />

Assembléia Legislativa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais; Srs. Deputa<strong>do</strong>s; Sras. Deputadas; senhoras e senhores; meus queri<strong>do</strong>s homenagea<strong>do</strong>s; passos lentos, voz pausada e experiência<br />

acumulada na soma <strong>de</strong> anos vivi<strong>do</strong>s - seus cabelos brancos <strong>de</strong>nunciam sua trajetória pela vida. Suas mãos trêmulas ainda afagam carinhosamente os cabelos <strong>do</strong>s netos e bisnetos.<br />

Alegres, tristes, asila<strong>do</strong>s e aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>s pelos próprios filhos, são eles que construíram este País. E estão ocupan<strong>do</strong>, a cada dia, o lugar que é seu, <strong>de</strong> fato e <strong>de</strong> direito. Agrupam-se e<br />

<strong>de</strong>ixam para trás o conceito <strong>de</strong> que o i<strong>do</strong>so é incapaz, forman<strong>do</strong>, em várias comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> nossas Gerais, grupos da melhor ida<strong>de</strong>, fazen<strong>do</strong> com que as pessoas <strong>de</strong>ssa bela faixa<br />

etária voltem a ser ativas e a contribuir com sua experiência <strong>de</strong> vida.<br />

E, nesses grupos, dançam, cantam, fazem artesanato, recebem orientação <strong>de</strong> assistentes sociais e conscientizam-se <strong>de</strong> que são muito importantes para a socieda<strong>de</strong>. A or<strong>de</strong>m é festejar,<br />

é espantar <strong>de</strong> vez o preconceito e a inativida<strong>de</strong>. É sabi<strong>do</strong> que a pessoa, ao chegar à melhor ida<strong>de</strong>, ainda é capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver seus <strong>do</strong>ns artísticos. E o exemplo disto po<strong>de</strong>mos ver<br />

no dia-a-dia, nas pessoas <strong>de</strong> Mário Lago, Jorge Ama<strong>do</strong>, Oscar Niemeyer, Dercy Gonçalves, Fernanda Montenegro e tantas outras.<br />

É <strong>1999</strong> o Ano Internacional <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so, para que nós - falo nós porque estou na terceira ida<strong>de</strong> - possamos mostrar que já somos uma parcela significante <strong>do</strong> planeta. Trazemos os<br />

seguintes da<strong>do</strong>s para o conhecimento <strong>do</strong>s senhores: o Brasil <strong>de</strong>ixará <strong>de</strong> ser chama<strong>do</strong> país <strong>do</strong>s jovens já no começo <strong>do</strong> terceiro milênio, segun<strong>do</strong> pesquisas apontadas pelo Instituto<br />

So<strong>de</strong>cho para <strong>de</strong>senvolvimento da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida no cotidiano, divulgada dia 22/9/99, em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>. A parcela da população brasileira com ida<strong>de</strong> superior a 65 anos crescerá<br />

<strong>de</strong> 5% em <strong>1999</strong> para 19% em 2025, ou seja, <strong>de</strong> 8 milhões para 22 milhões. Desse total, 4 milhões terão mais <strong>de</strong> 80 anos. Hoje, são 1 milhão. A expectativa <strong>de</strong> vida aumentará em 15<br />

anos <strong>de</strong> <strong>1999</strong> para 2025, em razão <strong>do</strong>s avanços da Medicina. Hoje a média, no Brasil, é <strong>de</strong> 66 anos, subin<strong>do</strong> para 90 em 2025. Outro da<strong>do</strong> importante para o conhecimento <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s é<br />

que hoje, no Brasil, <strong>do</strong>s 5 milhões <strong>de</strong> pessoas com mais <strong>de</strong> 65 anos, 2 milhões são ativos e com boa renda. Quero abrir parênteses para falar um pouco sobre o meu trabalho à frente<br />

da LBA <strong>de</strong> Minas Gerais, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1985 a 1990, ocasião em que o i<strong>do</strong>so das nossas Gerais pô<strong>de</strong> ter vez e voz.<br />

Suas reivindicações eram prontamente atendidas. Nossos técnicos, comprometi<strong>do</strong>s com o i<strong>do</strong>so, formaram, em to<strong>do</strong>s os cantos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, grupos da terceira ida<strong>de</strong>. Os asilos tiveram<br />

que se modificar totalmente. De simples <strong>de</strong>pósitos, passaram a a<strong>do</strong>tar técnicas <strong>de</strong> promoção humana e ativida<strong>de</strong>s artísticas e culturais. Houve uma transformação total <strong>do</strong>s<br />

procedimentos até então a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s, além <strong>de</strong> triplicarmos o número <strong>de</strong> vagas nos nossos asilos. Quero <strong>de</strong>ixar claro também, neste momento, que somos contra o asilamento, mas às<br />

vezes não nos resta outra saída, e ele se torna um mal necessário.<br />

Gostaríamos <strong>de</strong> registrar, nos anais <strong>de</strong>sta Casa, o nome <strong>de</strong> Maria Lúcia Rodrigues Dias, Lucinha, como representante <strong>do</strong> grupo <strong>de</strong> técnicos da extinta LBA (- Palmas.). Sua luta e seu<br />

empenho foram importantíssimos no nosso trabalho. O povo mineiro, Lucinha, através <strong>do</strong>s seus legítimos representantes, vem a público dizer-lhe: Obriga<strong>do</strong> pelo que fez, faz e fará<br />

por aqueles que ajudaram a fazer a história <strong>do</strong> nosso Esta<strong>do</strong> e <strong>do</strong> nosso País. A presença <strong>de</strong> D. Chiquinha neste Plenário, ela que foi testemunha <strong>de</strong> nosso trabalho discreto, porém<br />

respeitoso, à frente daquela gran<strong>de</strong> instituição que foi a LBA, é para nós uma grata satisfação. Nossa experiência está sen<strong>do</strong> importante nesta Casa. Projetos importantes estão<br />

tramitan<strong>do</strong>, e esperamos sua aprovação pelos nossos pares. São eles o Projeto <strong>de</strong> Lei nº 143/99, que institui meia-entrada para i<strong>do</strong>sos nos locais que menciona e dá outras<br />

providências; o Projeto <strong>de</strong> Lei nº 177/99, que dispensa o pagamento <strong>de</strong> taxas para confecção <strong>de</strong> segunda via <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos que foram rouba<strong>do</strong>s ou furta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pessoas i<strong>do</strong>sas e dá<br />

outras providências; o Projeto <strong>de</strong> Lei nº 191/99, que dispõe sobre a concessão <strong>de</strong> incentivo às empresas que possuam emprega<strong>do</strong>s com ida<strong>de</strong> igual ou superior a 40 anos; o Projeto <strong>de</strong><br />

Lei nº 192/99, que dá preferência na tramitação aos procedimentos judiciais em que figure como parte pessoa i<strong>do</strong>sa, beneficiária da assistência judiciária gratuita, e o Projeto <strong>de</strong> Lei<br />

nº 303/99, que institui o Programa <strong>de</strong> Atendimento Domiciliar a I<strong>do</strong>sos e dá outras providências.<br />

Senhoras e senhores, precisamos, porém, que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> transforma<strong>do</strong>s esses projetos em leis, estas sejam regulamentadas pelo Executivo, para que, mediante sua regulamentação, a<br />

terceira ida<strong>de</strong> possa ter seus direitos reconheci<strong>do</strong>s. Recorremos, neste momento, aos Grupos <strong>de</strong> Terceira Ida<strong>de</strong> para que, juntamente com esta Deputada que vos fala, se empenhem<br />

junto ao <strong>Legislativo</strong> no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que esses projetos sejam aprova<strong>do</strong>s nesta Casa; e junto ao Executivo para que, além <strong>de</strong> promulgá-los, faça sua regulamentação, para que os nossos


i<strong>do</strong>sos possam ter seus direitos reconheci<strong>do</strong>s e melhores dias, com leis <strong>de</strong> cunho social, promoção e respeito humano acima <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>.<br />

J.G. <strong>de</strong> Araújo Jorge canta as belezas da maior e melhor ida<strong>de</strong>:<br />

"Interessante, Amor, como, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tantos <strong>de</strong>scaminhos, <strong>de</strong> tantos <strong>de</strong>sencontros, a vida vai se ajeitan<strong>do</strong> à felicida<strong>de</strong> ou a infelicida<strong>de</strong> vai se ajeitan<strong>do</strong> na vida, sem a gente perceber,<br />

se enrodilhan<strong>do</strong> em si mesma, como um gato no tapete. Limitan<strong>do</strong> os horizontes <strong>de</strong> nossa felicida<strong>de</strong> e, por isso mesmo, tornan<strong>do</strong>-a possível, real, palpável, capaz <strong>de</strong> ser possuída...<br />

Estranho, Amor, como a felicida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> se reduzir a um quase nada, sem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser felicida<strong>de</strong>. Só po<strong>de</strong>mos ser felizes <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter prova<strong>do</strong> os estragos amargos da vida e <strong>de</strong>pois<br />

que, afinal, chegamos a uma espécie <strong>de</strong> filosofia sobre querer e po<strong>de</strong>r alcançar".<br />

O i<strong>do</strong>so <strong>de</strong>ve lutar por seus direitos em pleno uso <strong>de</strong> sua cidadania, enquanto força tiver. Exemplo vivo <strong>de</strong> que a ida<strong>de</strong> não impe<strong>de</strong> o exercício <strong>de</strong> nenhuma função nem o labor<br />

<strong>de</strong>spretensioso em benefício da coletivida<strong>de</strong> é a figura carismática <strong>do</strong> Papa João Paulo II. Mesmo alquebra<strong>do</strong> pelo atenta<strong>do</strong>, a voz <strong>de</strong>sse octogenário encontra forças para anunciar<br />

aos povos um novo milênio sem exclusão e em paz.<br />

Do Papa João Paulo II tiramos a seguinte mensagem: "O i<strong>do</strong>so é o contraponto e a referência da sensatez e <strong>do</strong> equilíbrio. Desses homens e mulheres trabalha<strong>do</strong>s pela ida<strong>de</strong>, com sua<br />

<strong>do</strong>uta experiência, o mun<strong>do</strong> precisa, necessita e confia como excelente mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> que os acolhe e espera <strong>de</strong>les o contributo para a construção <strong>de</strong> um novo milênio, em<br />

que o i<strong>do</strong>so seja o paradigma da solidarieda<strong>de</strong>". Muito obrigada!<br />

Apresentação <strong>do</strong> Coral <strong>do</strong> CONART<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Ouviremos, neste instante, o Coral <strong>do</strong> CONART - Conviver com Arte, que apresentará duas músicas: Sereia <strong>do</strong> Mar e Hino <strong>do</strong> CONART - Minas.<br />

- Ouve-se a apresentação <strong>do</strong> Coral <strong>do</strong> CONART.<br />

Palavras da Sra. Maria <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s Teixeira da Costa<br />

Autorida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>mais componentes da Mesa, queridas amigas, colegas da terceira ida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>mais pessoas, boa tar<strong>de</strong>. Mais uma vez estou diante <strong>de</strong> vocês para, em nome <strong>de</strong> toda a<br />

terceira ida<strong>de</strong>, agra<strong>de</strong>cer a bela homenagem que estamos receben<strong>do</strong> hoje pela passagem <strong>do</strong> Dia Internacional <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so, homenagem essa que nos é prestada pela Assembléia, a<br />

pedi<strong>do</strong> da Deputada Maria Olívia.<br />

Creio que to<strong>do</strong>s aqui, ou, pelo menos, quase to<strong>do</strong>s os mais antigos nos grupos se lembram da Deputada Maria Olívia em sua passagem pela LBA, no cargo <strong>de</strong> Superinten<strong>de</strong>nte, no<br />

perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1985 a 1990. Nessa época, sempre dispensou a maior atenção e carinho aos i<strong>do</strong>sos. Já foi dito aqui o tanto que tem feito pelos i<strong>do</strong>sos. Costumava visitar-nos on<strong>de</strong> nos<br />

reuníamos, no CS3 da LBA, na R. Terezinha, 500, Bairro Bom Jesus. Com carinho, convi<strong>do</strong>u o nosso Coral para cantar uma missa no Palácio <strong>do</strong>s Despachos. Estávamos sem<br />

maestro naquela ocasião. Mesmo assim, fomos e mandamos o nosso reca<strong>do</strong>.<br />

Ela nos proporcionou um <strong>do</strong>s melhores passeios que já fizemos. Reunimo-nos à noite lá, no centro social, saímos às 22h30mim ou às 23 horas e chegamos pela manhã, cedinho, a<br />

Lagoa da Prata, sua terra. Fomos muito bem recebidas por seus familiares, com um lauto café da manhã e muita alegria. Fomos à casa <strong>de</strong> sua avó, que vivia acamada, e duas colegas<br />

nossas cantaram para ela a música "Sua Majesta<strong>de</strong> o Sabiá" o que causou emoção a to<strong>do</strong>s.<br />

Depois, seguimos em visita a um lar <strong>de</strong> velhinhas, que, parece, estava sen<strong>do</strong> inaugura<strong>do</strong>. Seguimos adiante para conhecer a escola, a "vaquinha mecânica", etc.<br />

Em Lagoa da Prata é tu<strong>do</strong> limpíssimo e cuida<strong>do</strong>, ruas, jardins, tu<strong>do</strong>. Não se encontra nem um pivete nas ruas, nem mendigo, e não há favelas, porque as casas que <strong>de</strong>veriam ser<br />

chamadas <strong>de</strong> favelas são todas boas, bem-acabadas, divididas, com terreno fecha<strong>do</strong>, tu<strong>do</strong> bem-organiza<strong>do</strong>.<br />

Tivemos um ótimo almoço, em um clube à beira da lagoa, com muita música e a presença da Deputada Maria Olívia e <strong>do</strong> Prefeito. Dançamos também por bom tempo. À tar<strong>de</strong>,<br />

visitamos a usina <strong>de</strong> açúcar.<br />

Era meio nova no grupo e muito tímida, mas aproveitei um momento que estava só para agra<strong>de</strong>cer-lhe aquele dia tão agradável e feliz que estávamos passan<strong>do</strong>.<br />

O que tornou o passeio inesquecível não foi não termos gasto nada, e sim a presença constante <strong>de</strong>la a nosso la<strong>do</strong>, até o fim.<br />

E agora essa mesma pessoa nos esten<strong>de</strong> uma mão amiga, queren<strong>do</strong> ajudar-nos... E é nessa mão que vamos segurar com toda a firmeza <strong>de</strong> nosso coração e <strong>de</strong> nosso caráter, para<br />

seguirmos nosso caminho. Por que nós, <strong>do</strong> Grupo Conart, trabalhamos sempre ajudan<strong>do</strong> os outros, e só as mais antigas, que conheceram a Casa <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so antes da reforma, é que<br />

podiam valorizar os melhoramentos que fizemos lá.<br />

E vimos lutan<strong>do</strong>, pelejan<strong>do</strong>, batalhan<strong>do</strong>. Trabalhamos sempre ajudan<strong>do</strong> os outros. E só as mais antigas, que conheceram a Casa <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so antes da reforma, é que po<strong>de</strong>m valorizar os<br />

melhoramentos que fizemos lá. Chegamos lá com 30 ou 32 pessoas, e hoje temos <strong>16</strong>0 pessoas registradas. Mas não paramos por aí. O sonho continua. O sonho <strong>de</strong> conseguirmos um<br />

terreno plano para construirmos galpões simples, on<strong>de</strong> os i<strong>do</strong>sos possam freqüentar, sem ter <strong>de</strong> subir 28 <strong>de</strong>graus <strong>de</strong> escada, e on<strong>de</strong> haja uma piscina para hidroginástica. E também<br />

porque essa Casa está conosco a título <strong>de</strong> empréstimo. Chegará a época em que teremos <strong>de</strong> <strong>de</strong>volvê-la. Então, precisamos ter a nossa casa própria. Não é a melhor hora, mas,<br />

aproveitan<strong>do</strong> essa homenagem, exponho os nossos problemas.<br />

Agora, em nome <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s, vamos, com uma salva <strong>de</strong> palmas, agra<strong>de</strong>cer a homenagem. (- Palmas.)<br />

Apresentação <strong>do</strong> Coral Grupo Alegria <strong>de</strong> Viver<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Ouviremos o Coral Grupo Alegria <strong>de</strong> Viver, que apresentará três números: a Nona Sinfonia, <strong>de</strong> Beethoven, Va Pensiero, <strong>de</strong> Verdi, e Fantasia <strong>de</strong> Minas Gerais.<br />

- Apresenta-se o Coral Grupo Alegria <strong>de</strong> Viver.<br />

Entrega <strong>de</strong> Placa<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - A Presidência convida a Deputada Maria Olívia para proce<strong>de</strong>r à entrega <strong>de</strong> uma placa alusiva a esta homenagem à Sra. Maria da Conceição Santos.<br />

A Deputada Maria Olívia - Exma. Sra. Maria da Conceição Santos, a Deputada Maria Olívia congratula-se com a representante máxima da beleza da terceira ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais.<br />

Parabéns à Primeira Miss Minas Gerais Terceira Ida<strong>de</strong>, 2º lugar na Beleza Nacional e Miss Simpatia Nacional Terceira Ida<strong>de</strong>. Deputada Maria Olívia. Belo Horizonte, 5 <strong>de</strong> outubro<br />

<strong>de</strong> <strong>1999</strong>".


O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Autorida<strong>de</strong>s, componentes da Mesa, caras colegas Deputadas, caros colegas Deputa<strong>do</strong>s, companheiros da terceira ida<strong>de</strong>, sempre temos, por hábito, falar em pé,<br />

para ser visto, falar alto para ser ouvi<strong>do</strong> e falar pouco para não ser incômo<strong>do</strong>. No entanto, como a ética não admite falar em pé neste momento, falaremos alto para ser ouvi<strong>do</strong> e pouco<br />

para não ser incômo<strong>do</strong>.<br />

Mais uma vez, estamos baten<strong>do</strong> palmas <strong>de</strong> contentamento por dirigir esta Assembléia. Nós, que tivemos a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dirigir a primeira sessão da Assembléia, para a posse <strong>do</strong>s<br />

Deputa<strong>do</strong>s, queremos agra<strong>de</strong>cer a to<strong>do</strong>s os colegas Deputa<strong>do</strong>s e a to<strong>do</strong>s os funcionários da Casa, que sempre nos dispensaram o melhor tratamento, a maior fineza, a maior<br />

<strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za e atenção.<br />

Agra<strong>de</strong>cemos, ainda, ao povo <strong>de</strong> Itabira, minha terra, porque somente os votos <strong>de</strong> lá seriam suficientes para me eleger. Então, agra<strong>de</strong>ço à comunida<strong>de</strong> itabirana e à região on<strong>de</strong><br />

também obtivemos votos.<br />

Estamos, mais uma vez, agra<strong>de</strong>cen<strong>do</strong> a to<strong>do</strong>s. Queremos dizer que não somos<br />

da terceira ida<strong>de</strong>, apenas menos jovens, estaremos sempre prontos a dar nossa<br />

experiência, a nossa contribuição, orientan<strong>do</strong> essa juventu<strong>de</strong>. A to<strong>do</strong>s vocês, os<br />

nossos agra<strong>de</strong>cimentos. Muito obriga<strong>do</strong>.<br />

ORDENS DO DIA<br />

ORDEM DO DIA DA 21ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA COMISSÃO DE ASSUNTOS MUNICIPAIS E REGIONALIZAÇÃO, A REALIZAR-SE ÀS <strong>10</strong> HORAS DO DIA<br />

19/<strong>10</strong>/99<br />

1ª Parte (Expediente)<br />

Leitura e aprovação da ata. Leitura da correspondência e da matéria recebida. Designação <strong>de</strong> relatores.<br />

Discussão e votação <strong>de</strong> proposições da Comissão.<br />

2ª Parte (Or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> Dia)<br />

Or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> dia da 23ª reunião ordinária da comissão <strong>do</strong> Trabalho, da Previdência e da Ação Social, a realizar-se às <strong>10</strong> horas <strong>do</strong> dia 19/<strong>10</strong>/99<br />

1ª Parte (Expediente)<br />

Leitura e aprovação da ata. Leitura da correspondência e da matéria recebida. Designação <strong>de</strong> relatores.<br />

2ª Parte (Or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> Dia)<br />

Discussão e votação <strong>de</strong> proposições que dispensam a apreciação <strong>do</strong> Plenário da Assembléia:<br />

Em turno único: Projetos <strong>de</strong> Lei nºs 465/99, <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Ambrósio Pinto; 486/99, <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Sebastião Navarro Vieira; 500/99, <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Aílton Vilela; 501/99, <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong><br />

César <strong>de</strong> Mesquita; 508/99, <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Aílton Vilela; 5<strong>16</strong>/99, <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> João Leite.<br />

Requerimentos nºs 758/99, <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Dalmo Ribeiro Silva; 770/99, da Deputada Elaine Matozinhos; 774/99, <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Dalmo Ribeiro Silva; 783/99, <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Doutor<br />

Viana; 786 e 787/99, da Comissão <strong>do</strong> Trabalho, da Previdência e da Ação Social.<br />

Discussão e votação <strong>de</strong> proposições da Comissão.<br />

Or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> dia da 3ª reunião ordinária da Comissão Especial das Obras Municipais, a realizar-se às 15h30min <strong>do</strong> dia 19/<strong>10</strong>/99<br />

1ª Parte (Expediente)<br />

Leitura e aprovação da ata. Leitura da correspondência e da matéria recebida. Designação <strong>de</strong> relatores.<br />

2ª Parte (Or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> Dia)<br />

Finalida<strong>de</strong>: ouvir os Prefeitos Vitor Peni<strong>do</strong> <strong>de</strong> Barros, Presi<strong>de</strong>nte da Associação <strong>do</strong>s Municípios Minera<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Minas Gerais-AMIG-, e Tarcísio Delga<strong>do</strong>, Presi<strong>de</strong>nte da Associação<br />

Mineira <strong>do</strong>s Municípios-AMM-; os Srs. José Ulisses <strong>de</strong> Oliveira, ex-Secretário <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Assuntos Municipais; Manoel da Silva Costa Junior, Secretário <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

Planejamento e Coor<strong>de</strong>nação Geral; Maria Luiza Leal, ex-Diretora da Superintendência da SEPLAN.<br />

Discussão e votação <strong>de</strong> proposições da Comissão.<br />

Or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> dia da 14ª reunião ordinária da comissão <strong>de</strong> Redação, a realizar-se às 15 horas <strong>do</strong> dia 21/<strong>10</strong>/99<br />

1ª Parte (Expediente)<br />

Leitura e aprovação da ata. Leitura da correspondência e da matéria recebida. Designação <strong>de</strong> relatores.<br />

Finalida<strong>de</strong>: discutir e votar pareceres sobre proposições em fase <strong>de</strong> redação final.<br />

2ª Parte (Or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> Dia)


Discussão e votação <strong>de</strong> proposições da Comissão.<br />

EDITAIS DE CONVOCAÇÃO DE REUNIÃO<br />

EDITAL DE CONVOCAÇÃO<br />

Reuniões Especiais da Assembléia Legislativa<br />

O Presi<strong>de</strong>nte da Assembléia Legislativa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais, no uso da atribuição que lhe confere o art. 82, XVII, <strong>do</strong> Regimento Interno, convoca reuniões especiais da<br />

Assembléia para as 14 e as 20 horas <strong>do</strong> dia 18/<strong>10</strong>/99, <strong>de</strong>stinadas a primeira à abertura <strong>do</strong> Seminário <strong>Legislativo</strong> Construin<strong>do</strong> a Política <strong>de</strong> Educação Pública em Minas Gerais e a<br />

segunda ao prosseguimento <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> seminário.<br />

Palácio da Inconfidência, 15 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> <strong>1999</strong>.<br />

An<strong>de</strong>rson Adauto, Presi<strong>de</strong>nte.<br />

EDITAL DE CONVOCAÇÃO<br />

Reunião Especial da Comissão <strong>de</strong> Direitos Humanos<br />

Nos termos regimentais, convoco os Deputa<strong>do</strong>s Glycon Terra Pinto, Irani Barbosa, Marcelo Gonçalves e Maria Tereza Lara, membros da supracitada Comissão, para a reunião a ser<br />

realizada em 22/<strong>10</strong>/99, às 9 horas, no Plenário, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se discutir, em <strong>de</strong>bate público, o cumprimento da Lei nº 12.985, <strong>de</strong> 1998, que trata da transferência <strong>de</strong> presos da<br />

Secretaria da Segurança Pública para a Secretaria da Justiça e <strong>de</strong> Direitos Humanos.<br />

Sala das Comissões, 14 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> <strong>1999</strong>.<br />

João Leite, Presi<strong>de</strong>nte.<br />

TRAMITAÇÃO DE PROPOSIÇÕES<br />

PARECER PARA O 1º TURNO DO PROJETO DE LEI Nº 583/99<br />

Comissão <strong>de</strong> Constituição e Justiça<br />

Relatório<br />

De autoria <strong>do</strong> Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, o projeto <strong>de</strong> lei em epígrafe, encaminha<strong>do</strong> a esta Casa por meio da Mensagem nº 90/99, suprime incisos e dá nova redação a dispositivos da Lei<br />

nº 12.278, <strong>de</strong> 29/7/96.<br />

Publicada em 6/<strong>10</strong>/99, foi a proposição distribuída às Comissões <strong>de</strong> Constituição e Justiça, <strong>de</strong> Administração Pública e <strong>de</strong> Fiscalização Financeira e Orçamentária, para receber<br />

parecer.<br />

A esta Comissão compete, nos termos <strong>do</strong> art. 188, c/c art. <strong>10</strong>2, III, "a", <strong>do</strong> Regimento Interno, examinar a matéria quanto aos aspectos jurídicos, constitucionais e legais.<br />

Fundamentação<br />

A Lei nº 12.278, <strong>de</strong> 1996, que se preten<strong>de</strong> alterar, instituiu contribuição previ<strong>de</strong>nciária para custeio parcial <strong>de</strong> aposenta<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> servi<strong>do</strong>res públicos, sem fazer distinção entre os<br />

ativos e os inativos. Cumpre observar que providências <strong>de</strong>ssa natureza foram tomadas por vários entes que compõem a Fe<strong>de</strong>ração, inclusive pela União, uma vez que o déficit<br />

público chegara a níveis alarmantes, o que po<strong>de</strong>ria comprometer a subsistência <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o sistema previ<strong>de</strong>nciário.<br />

Todavia, em relação à contribuição por parte <strong>do</strong> servi<strong>do</strong>r aposenta<strong>do</strong>, a medida suscitou vários questionamentos, principalmente quanto à sua constitucionalida<strong>de</strong>.<br />

O principal argumento contra o <strong>de</strong>sconto inci<strong>de</strong>nte sobre os proventos <strong>do</strong> servi<strong>do</strong>r já aposenta<strong>do</strong> alicerça-se no art. 5º, XXXVI, da Constituição da República, o qual impõe a<br />

observância <strong>do</strong> direito adquiri<strong>do</strong>, princípio basilar <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>mocrático <strong>de</strong> direito. Ora, se o servi<strong>do</strong>r adquiriu o direito ao benefício da aposenta<strong>do</strong>ria após o atendimento <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s<br />

os pressupostos legais vigentes à época <strong>de</strong> sua concessão, dispensa<strong>do</strong> <strong>de</strong> qualquer contribuição previ<strong>de</strong>nciária, esta já não po<strong>de</strong>ria ser exigida. A<strong>de</strong>mais, tais servi<strong>do</strong>res, nos termos <strong>do</strong><br />

art. 37, XV, da Carta Magna, estariam ampara<strong>do</strong>s pelo princípio da irredutibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vencimentos.<br />

A propósito, ainda em 1963, o Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral editou a Súmula nº 359, nos seguintes termos: "Ressalvada a revisão prevista em lei, os proventos da inativida<strong>de</strong> regulamse<br />

pela lei vigente ao tempo em que o militar, ou o servi<strong>do</strong>r civil, reuniu os requisitos necessários, inclusive a apresentação <strong>do</strong> requerimento, quan<strong>do</strong> a inativida<strong>de</strong> for voluntária"<br />

(SUDIN vol: 00001-01 pg: 00155). Visto que a or<strong>de</strong>m jurídico-constitucional não se alterou quanto a esse particular, o entendimento <strong>do</strong> pretório excelso permanece.<br />

Em vista <strong>de</strong>ssa polêmica, o Conselho Fe<strong>de</strong>ral da Or<strong>de</strong>m <strong>do</strong>s Advoga<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Brasil propôs ação direta <strong>de</strong> inconstitucionalida<strong>de</strong>, questionan<strong>do</strong> a Lei nº 9.783, <strong>de</strong> 28/1/99, que instituiu<br />

o <strong>de</strong>sconto previ<strong>de</strong>nciário sobre o provento <strong>do</strong> servi<strong>do</strong>r público inativo <strong>do</strong>s três Po<strong>de</strong>res da União, logran<strong>do</strong> êxito na obtenção <strong>de</strong> medida liminar, que suspen<strong>de</strong>u a eficácia das<br />

disposições legais que autorizavam o referi<strong>do</strong> <strong>de</strong>sconto (ADIN -Med. Liminar 20<strong>10</strong>-2, 30/9/99).<br />

Embora não se conheçam os fundamentos jurídicos que sustentam a recente <strong>de</strong>cisão <strong>do</strong> Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral, uma vez que o inteiro teor da <strong>de</strong>cisão cautelar não foi publica<strong>do</strong><br />

até o momento, é previsível que, mantida a posição <strong>do</strong> pretório excelso na <strong>de</strong>cisão <strong>do</strong> mérito da ação, todas as normas semelhantes editadas pelos <strong>de</strong>mais entes fe<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s serão<br />

igualmente questionadas e não po<strong>de</strong>rão prevalecer.<br />

Em vista disso, o Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> encaminha a proposição em causa, excluin<strong>do</strong> os inativos <strong>do</strong> <strong>de</strong>sconto previ<strong>de</strong>nciário previsto no or<strong>de</strong>namento objeto da alteração. Segun<strong>do</strong><br />

consta na exposição <strong>de</strong> motivos que acompanha a mensagem, não se justificaria a manutenção <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>sconto, em vista da nova política <strong>do</strong> Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, que enfatiza o caráter<br />

social da previdência.<br />

A matéria em apreço, relacionada com o regime jurídico <strong>do</strong> servi<strong>do</strong>r, é <strong>de</strong> iniciativa <strong>do</strong> Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, nos termos <strong>do</strong> art. 66, III, "c", da Carta mineira. A<strong>de</strong>mais, é evi<strong>de</strong>nte a<br />

repercussão da medida nas contas públicas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais, o que reforça o entendimento <strong>de</strong> que ao Chefe <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Executivo cabe instaurar esse processo legislativo.


Com efeito, a medida em exame conforma-se com os preceitos constitucionais menciona<strong>do</strong>s.<br />

Todavia, cumpre, ainda, conformar a proposição ao princípio constitucional da isonomia, nos termos <strong>do</strong>s arts. 32 e 36, § 4º, da Constituição <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, que não po<strong>de</strong> ser olvida<strong>do</strong>.<br />

Nesse passo, não há por que <strong>de</strong>ixar ao largo da abrangência <strong>de</strong>sse projeto os servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s Po<strong>de</strong>res Judiciário, <strong>Legislativo</strong> e <strong>do</strong> Ministério Público, razão pela qual apresentamos as<br />

Emendas nºs 1 a 3 ao final <strong>de</strong>ste parecer.<br />

Outrossim, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a justiça que se faz nesta proposição e acatan<strong>do</strong> a sugestão formulada pelos Deputa<strong>do</strong>s Sebastião Navarro Vieira e João Leite, apresentamos as Emendas nºs<br />

4 e 5, que viabilizam a <strong>de</strong>volução <strong>do</strong>s valores cobra<strong>do</strong>s, até então, <strong>do</strong>s servi<strong>do</strong>res inativos <strong>de</strong>ste Esta<strong>do</strong>. A Emenda nº 4 estabelece, como coman<strong>do</strong> expresso, a necessida<strong>de</strong> da<br />

<strong>de</strong>volução <strong>do</strong>s valores recolhi<strong>do</strong>s pelos servi<strong>do</strong>res inativos, antecipan<strong>do</strong>-se aos efeitos <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>cisão <strong>do</strong> Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral e, mesmo, porque o projeto <strong>de</strong> lei originalmente<br />

encaminha<strong>do</strong> pelo Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> tem como objetivo alterar a legislação já existente, o que faz pressupor que o atual Governa<strong>do</strong>r reconhece essa necessida<strong>de</strong>. A Emenda nº 5,<br />

<strong>de</strong> caráter puramente técnico, visa revogar expressamente dispositivos que, pelas normas vigentes, impe<strong>de</strong>m a <strong>de</strong>volução das parcelas recolhidas. Trata-se, no caso, <strong>de</strong> evitar a<br />

permanência <strong>de</strong> contradições na legislação mineira.<br />

Conclusão<br />

Pelo exposto, concluímos pela juridicida<strong>de</strong>, pela constitucionalida<strong>de</strong> e pela legalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Projeto <strong>de</strong> Lei nº 583/99 com as Emendas nºs 1 a 5 , a seguir apresentadas.<br />

Acrescente-se on<strong>de</strong> convier:<br />

EMENDA Nº 1<br />

"Art. .... - O ‘caput’ <strong>do</strong> art. 2º e o ‘caput’ e o § 1º <strong>do</strong> art. 3º da Lei nº 12.328, <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1996, que institui contribuição previ<strong>de</strong>nciária para custeio parcial <strong>do</strong>s proventos <strong>de</strong><br />

aposenta<strong>do</strong>ria <strong>do</strong>s magistra<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>s servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, passam a vigorar com a seguinte redação:<br />

‘Art. 2º - São sujeitos passivos, para efeito da cobrança da contribuição <strong>de</strong> que trata esta lei, os magistra<strong>do</strong>s e os servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário da ativa.<br />

Art. 3º - A contribuição <strong>de</strong> que trata esta lei correspon<strong>de</strong> a 3,5 % (três vírgula cinco por cento) <strong>do</strong> valor da remuneração mensal bruta <strong>do</strong>s servi<strong>do</strong>res enumera<strong>do</strong>s no art. 2º <strong>de</strong>sta lei,<br />

incluídas as vantagens <strong>de</strong> natureza pessoal e as <strong>de</strong> caráter permanente.<br />

§ 1º - A contribuição será <strong>de</strong>scontada em folha <strong>de</strong> pagamento e incidirá sobre a remuneração mensal bruta e a gratificação natalina, excluídas a parcela <strong>de</strong> que trata o inciso XVII <strong>do</strong><br />

art. 7º da Constituição da República e as parcelas in<strong>de</strong>nizatórias.’.".<br />

Acrescente-se on<strong>de</strong> convier:<br />

EMENDA Nº 2<br />

"Art. .... - O ‘caput’ <strong>do</strong> art. 2º e o ‘caput’ e o § 1º <strong>do</strong> art. 3º da Lei nº 12.329, <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1996, que institui contribuição previ<strong>de</strong>nciária para custeio parcial <strong>do</strong>s proventos <strong>de</strong><br />

aposenta<strong>do</strong>ria <strong>do</strong>s membros e <strong>do</strong>s servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Ministério Público <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, passam a vigorar com a seguinte redação:<br />

‘Art. 2º - São sujeitos passivos, para efeito da cobrança da contribuição <strong>de</strong> que trata esta lei, os membros e os servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Ministério Público da ativa.<br />

Art. 3º - A contribuição <strong>de</strong> que trata esta lei correspon<strong>de</strong> a 3,5 % (três vírgula cinco por cento) <strong>do</strong> valor da remuneração mensal bruta <strong>do</strong>s servi<strong>do</strong>res enumera<strong>do</strong>s no art. 2º <strong>de</strong>sta lei,<br />

incluídas as vantagens <strong>de</strong> natureza pessoal e as <strong>de</strong> caráter permanente.<br />

§ 1º - A contribuição será <strong>de</strong>scontada em folha <strong>de</strong> pagamento e incidirá sobre a remuneração mensal bruta e a gratificação natalina, excluídas a parcela <strong>de</strong> que trata o inciso XVII <strong>do</strong><br />

art. 7º da Constituição da República e as parcelas in<strong>de</strong>nizatórias.’.".<br />

Acrescente-se on<strong>de</strong> convier:<br />

EMENDA Nº 3<br />

"Art. .... - O art. 1º e o art. 3º da Resolução nº 7.181, da Assembléia Legislativa, <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1996, que institui contribuição previ<strong>de</strong>nciária para custeio parcial <strong>do</strong>s proventos <strong>de</strong><br />

aposenta<strong>do</strong>ria <strong>do</strong>s servi<strong>do</strong>res da Secretaria da Assembléia Legislativa, passam a vigorar com a seguinte redação:<br />

‘Art. 1º - Fica instituída, nos termos <strong>de</strong>sta resolução, contribuição previ<strong>de</strong>nciária <strong>de</strong> natureza compulsória, <strong>de</strong>vida pelos servi<strong>do</strong>res da ativa, <strong>de</strong>stinada ao custeio parcial <strong>do</strong>s<br />

proventos <strong>de</strong> aposenta<strong>do</strong>ria <strong>do</strong> servi<strong>do</strong>r da Secretaria da Assembléia Legislativa.<br />

Art. 3º - A contribuição <strong>de</strong> que trata esta resolução será <strong>de</strong>scontada em folha <strong>de</strong> pagamento e correspon<strong>de</strong>rá a 3,5% (três e meio por cento) <strong>do</strong> valor da remuneração mensal <strong>do</strong><br />

servi<strong>do</strong>r, acresci<strong>do</strong>s das vantagens <strong>de</strong> caráter permanente e <strong>do</strong> valor da gratificação natalina, excluídas a parcela <strong>de</strong> que trata o inciso XVII <strong>do</strong> art. 7º da Constituição da República e<br />

as parcelas in<strong>de</strong>nizatórias’.".<br />

Acrescente-se on<strong>de</strong> convier:<br />

EMENDA Nº 4<br />

"Art. .... - As parcelas correspon<strong>de</strong>ntes à contribuição previ<strong>de</strong>nciária recolhida pelos servi<strong>do</strong>res públicos inativos e <strong>de</strong>mais agentes públicos inativos <strong>do</strong>s Po<strong>de</strong>res <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, <strong>do</strong><br />

Ministério Público e <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Contas, a que se referem as normas alteradas nesta lei, serão integralmente <strong>de</strong>volvidas a estes, no prazo <strong>de</strong> noventa dias, conta<strong>do</strong>s da data da<br />

publicação <strong>de</strong>sta lei.".<br />

Dê-se ao art. 4° a seguinte redação:<br />

EMENDA Nº 5<br />

"Art. 4º - Revogam-se as disposições em contrário, especialmente o parágrafo único <strong>do</strong> art. 5º da Lei nº 12.278, <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1996, o § 3º <strong>do</strong> art. 3º da Lei nº 12.329, <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong>


outubro <strong>de</strong> 1996, o § 2º <strong>do</strong> art. 3º da Lei nº 12.328, <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1996, e o § 2º da Resolução nº 5.171, <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong> julho 1996.".<br />

Sala das Comissões, 14 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> <strong>1999</strong>.<br />

Eduar<strong>do</strong> Daladier, Presi<strong>de</strong>nte - Ermano Batista, relator - Maria Tereza Lara -<br />

Antônio Júlio.<br />

- O Sr. Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>spachou, em 14/<strong>10</strong>/99, as seguintes comunicações:<br />

COMUNICAÇÕES DESPACHADAS PELO SR. PRESIDENTE<br />

COMUNICAÇÕES<br />

Do Deputa<strong>do</strong> Mauri Torres, dan<strong>do</strong> ciência à Casa <strong>do</strong> falecimento <strong>do</strong> Sr. Raimun<strong>do</strong> Campos Viana Filho, ocorri<strong>do</strong> em 9/<strong>10</strong>/99, em Pedra <strong>do</strong> Anta. (- Ciente. Oficie-se.)<br />

Do Deputa<strong>do</strong> Wan<strong>de</strong>rley Ávila, dan<strong>do</strong> ciência à Casa <strong>do</strong> falecimento <strong>do</strong> Sr. José<br />

Natalino Cavalcante, ocorri<strong>do</strong> em 11/<strong>10</strong>/99, em Pirapora. (- Ciente. Oficie-se.)<br />

- O Sr. 1º-Secretário <strong>de</strong>spachou, em 15/<strong>10</strong>/99, a seguinte correspondência:<br />

Belo Horizonte, 13 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> <strong>1999</strong>.<br />

Senhor Presi<strong>de</strong>nte:<br />

CORRESPONDÊNCIA DESPACHADA PELO SR. 1º-SECRETÁRIO<br />

CORRESPONDÊNCIA<br />

"OFÍCIO Nº 4/99*<br />

Tenho a honra <strong>de</strong> encaminhar a Vossa Excelência, nos termos <strong>do</strong> artigo 65, § 2º, inciso II, e <strong>do</strong> artigo 66, inciso IV, alínea "c" da Constituição <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais, para<br />

exame <strong>de</strong>ssa Augusta Assembléia Legislativa, o incluso projeto <strong>de</strong> lei complementar e respectiva exposição <strong>de</strong> motivos, conten<strong>do</strong> a organização e a divisão judiciárias <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />

O referi<strong>do</strong> projeto tem por finalida<strong>de</strong> atualizar a vigente organização judiciária, contida na Lei Complementar nº 38, <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1995, conforme <strong>de</strong>termina o art. <strong>10</strong>4,<br />

inciso IV, da Constituição <strong>de</strong>ste Esta<strong>do</strong>.<br />

No ensejo, renovo a Vossa Excelência os protestos <strong>de</strong> apreço e elevada consi<strong>de</strong>ração.<br />

Sérgio Lellis Santiago, Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais.<br />

Exposição <strong>de</strong> Motivos<br />

Trata-se <strong>de</strong> projeto <strong>de</strong> lei complementar (art. 65, § 2º, inciso II, da Constituição <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>) <strong>de</strong> iniciativa <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça (art. 66, inciso IV, alínea "c", da Constituição <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong>), visan<strong>do</strong> à revisão da Lei Complementar nº 38, <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1995, que contém a organização e divisão judiciárias <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, revisão esta que se faz por força <strong>do</strong><br />

disposto no art. <strong>10</strong>4, inciso IV, da mesma Constituição.<br />

O trabalho <strong>de</strong> elaboração <strong>do</strong> Anteprojeto da nova lei <strong>de</strong>senvolveu-se no âmbito da Comissão <strong>de</strong> Organização e Divisão Judiciárias <strong>de</strong>ste Tribunal, conforme previsto no art. 42, inciso<br />

I, da já citada Lei Complementar nº 38/95, sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>pois submeti<strong>do</strong> à discussão e aprovação na Corte Superior.<br />

Na Comissão, foram recebidas e examinadas centenas <strong>de</strong> sugestões relativas à organização e, especialmente, à divisão judiciárias, proce<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se a trabalho extremamente cuida<strong>do</strong>so<br />

<strong>de</strong> análise da matéria, aproveitan<strong>do</strong>-se toda aquela sugestão que levasse ao aprimoramento da prestação jurisdicional sem elevação <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesa que não correspon<strong>de</strong>sse a efetiva e<br />

compensa<strong>do</strong>ra vantagem para a população <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />

No tocante à organização judiciária, e a título <strong>de</strong> exemplo, pe<strong>de</strong>-se citar a alteração <strong>do</strong>s critérios para criação <strong>de</strong> comarca, com o estabelecimento <strong>de</strong> requisitos mais eleva<strong>do</strong>s, já que<br />

recursos mo<strong>de</strong>rnos, tais como a informatização, propiciam melhor funcionamento <strong>do</strong>s órgãos jurisdicionais <strong>de</strong> primeiro grau (art. 5º <strong>do</strong> projeto), a elevação <strong>do</strong> número <strong>de</strong><br />

Desembarga<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, absolutamente indispensável em razão <strong>do</strong> já eleva<strong>do</strong> e sempre crescente número <strong>de</strong> recurso que sobem para seu julgamento (art. 11), a<br />

criação <strong>do</strong> cargo <strong>de</strong> 3º Vice-Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, necessário para assessoramento <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal, no trato das questões administrativas que envolvem to<strong>do</strong> o<br />

Po<strong>de</strong>r Judiciário (arts. 11 e 13, § 6º), o aprimoramento das competências <strong>do</strong> Tribunal Pleno e da Corte Superior <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça (arts. 17 e 21), a criação <strong>de</strong> cinco Tribunais <strong>de</strong><br />

Alçada Regionais, localiza<strong>do</strong>s nas comarcas <strong>de</strong> Governa<strong>do</strong>r Valadares, Juiz <strong>de</strong> Fora, Montes Claros, Pouso Alegre e Uberlândia, com o que se dá efetivo cumprimento às disposições<br />

contidas nos arts. 96, inciso II, <strong>10</strong>7 e <strong>10</strong>8 da Constituição Mineira, cumprin<strong>do</strong>-se a meta <strong>de</strong> regionalização da administração da justiça também no 2º grau, com manifesta melhoria na<br />

prestação jurisdicional, mais próxima <strong>do</strong> jurisdiciona<strong>do</strong> e, por conseguinte, mais célere (art. 47), a adaptação das normas relativas à remuneração da Magistratura às alterações<br />

introduzidas na Constituição da República pelas Emendas Constitucionais nº 19 e nº 20 (arts. 118 e seguintes), o aprimoramento <strong>do</strong> Livro IV da lei, que trata da Justiça Militar<br />

Estadual, a partir <strong>de</strong> sugestões recebidas <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar, o aperfeiçoamento das normas referentes ao regime disciplinar <strong>do</strong>s servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário, com base<br />

em trabalho <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> no âmbito da Correge<strong>do</strong>ria-Geral <strong>de</strong> Justiça (art. 281 a 308).<br />

Com relação à divisão judiciária, igualmente, importantes alterações objetivam a melhor prestação jurisdicional e o mais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da carreira da Magistratura.<br />

Como exemplos <strong>de</strong>ssas modificações merecem citação a criação das Circunscrições Judiciárias Metropolitana e <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Aço (art. 8º <strong>do</strong> projeto), a criação <strong>de</strong> varas em diversas<br />

comarcas, sempre aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> à necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong> serviço, rigorosamente apurada com base em da<strong>do</strong>s estatísticos <strong>de</strong> população, número <strong>de</strong> eleitores e, especialmente, <strong>do</strong> movimento<br />

forense (art. <strong>10</strong>), a supressão <strong>de</strong> uma entrância, diminuin<strong>do</strong>-se um <strong>de</strong>grau da carreira <strong>do</strong>s Magistra<strong>do</strong>s, o estabelecimento <strong>de</strong> critério objetivo para a classificação das comarcas,<br />

colocan<strong>do</strong>-se na primeira entrância apenas aquelas que, em razão <strong>de</strong> apresentarem menor movimento forense, têm um só Juiz, e na segunda entrância as que contam com duas ou<br />

mais varas.<br />

Ainda no que diz respeito à divisão judiciária, importantíssimo avanço inseri<strong>do</strong> no projeto foi a criação <strong>de</strong> varas específicas <strong>do</strong>s Juiza<strong>do</strong>s Especiais em todas as comarcas com três ou<br />

mais varas, propician<strong>do</strong>-se, assim, a efetiva instalação e a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> funcionamento daqueles Juiza<strong>do</strong>s em to<strong>do</strong> o Esta<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> em vista o absoluto sucesso <strong>de</strong> sua implementação em<br />

Minas Gerais, nos últimos anos.


O projeto prevê, ainda, a criação <strong>de</strong> apenas duas comarcas novas, a <strong>de</strong> Campos Altos e a <strong>de</strong> Carmópolis <strong>de</strong> Minas, ten<strong>do</strong> em vista a efetiva comprovação <strong>de</strong> sua necessida<strong>de</strong> o firme<br />

compromisso <strong>de</strong>ste Tribunal <strong>de</strong> somente elevar <strong>de</strong>spesas nos casos <strong>de</strong> real aprimoramento da administração da Justiça, com rigorosa avaliação da relação entre custo e benefício.<br />

Por oportuno, <strong>de</strong>ve-se ressaltar que o projeto <strong>de</strong>termina expressamente, em seu artigo <strong>10</strong>, § 4º, que a instalação das comarcas e varas criadas somente se fará "<strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a<br />

necessida<strong>de</strong> da prestação jurisdicional e após verificadas as condições <strong>de</strong> funcionamento e a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos". Com isso, prevê-se a instalação paulatina e gradual das<br />

novas comarcas e varas, priorizan<strong>do</strong>-se aquelas on<strong>de</strong> se manifestar mais premente a necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong> serviço, ten<strong>do</strong> em vista, sempre, as possibilida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> erário.<br />

Por fim, o projeto promove a transferência <strong>de</strong> alguns Municípios, <strong>de</strong> uma para outra comarca, sempre com base em da<strong>do</strong>s objetivos <strong>de</strong> distância, vias <strong>de</strong> acesso e meios <strong>de</strong><br />

comunicação, e, em to<strong>do</strong>s os casos, com manifestação favorável <strong>do</strong>s órgãos e entida<strong>de</strong>s representativas das comunida<strong>de</strong>s envolvidas.<br />

Em síntese, procura o projeto aprimorar a organização e a divisão judiciárias, a fim <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r aos anseios <strong>de</strong> toda a população mineira, por mais ágil e a<strong>de</strong>quada prestação<br />

jurisdicional.<br />

Belo Horizonte, 5 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> <strong>1999</strong>.<br />

Gu<strong>de</strong>steu Biber Sampaio, Relator-Geral da revisão da Lei Complementar nº 38/95 - Sérgio Lellis Santiago, Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça <strong>de</strong> Minas Gerais.<br />

Contém a organização e a divisão judiciárias <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais.<br />

A Assembléia Legislativa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais <strong>de</strong>creta:<br />

PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº 17/99<br />

Livro I<br />

Das Circunscrições e <strong>do</strong>s Órgãos <strong>de</strong> Jurisdição<br />

Título I<br />

Das Circunscrições<br />

Art. 1º - O território <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, para a administração da justiça, dividir-se-á em circunscrições, comarcas, distritos e subdistritos.<br />

Art. 2º - A circunscrição judiciária será constituída da reunião <strong>de</strong> comarcas contíguas, uma das quais será sua se<strong>de</strong>.<br />

Art. 3º - A comarca constituir-se-á <strong>de</strong> 1 (um) ou mais municípios, em área contínua, sempre que possível, e terá por se<strong>de</strong> a <strong>do</strong> município que lhe <strong>de</strong>r o nome.<br />

Parágrafo único - As comarcas po<strong>de</strong>rão subdividir-se em distritos e subdistritos judiciários.<br />

Art. 4º - O distrito e o subdistrito judiciários serão constituí<strong>do</strong>s <strong>de</strong> um ou mais distritos ou subdistritos administrativos, assim cria<strong>do</strong>s em lei.<br />

Art. 5º - São requisitos para a criação e a instalação <strong>de</strong> comarcas:<br />

I - para a criação:<br />

a) população mínima <strong>de</strong> 18 (<strong>de</strong>zoito) mil habitantes na comarca;<br />

b) casas <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> para moradia <strong>do</strong> Juiz <strong>de</strong> Direito e <strong>do</strong> Promotor <strong>de</strong> Justiça, <strong>do</strong>tadas <strong>de</strong> condições normais <strong>de</strong> habitabilida<strong>de</strong>;<br />

c) número <strong>de</strong> eleitores superior a 13 (treze) mil na comarca;<br />

d) movimento forense anual, nos municípios que compõem a comarca, <strong>de</strong>, no mínimo, 400 (quatrocentos) feitos judiciais, conforme estabelecer resolução da Corte Superior;<br />

II - para a instalação:<br />

a) edifícios públicos <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> com capacida<strong>de</strong> e condições para a instalação <strong>de</strong> fórum, <strong>de</strong>legacia <strong>de</strong> polícia, ca<strong>de</strong>ia pública e quartel <strong>do</strong> <strong>de</strong>stacamento policial;<br />

b) concurso público para provimento <strong>do</strong>s cargos que comporão a Secretaria <strong>do</strong> Juízo, <strong>de</strong>vidamente homologa<strong>do</strong>.<br />

Parágrafo único - A comprovação <strong>do</strong>s requisitos far-se-á, conforme o caso, por meio <strong>de</strong> certidões expedidas pelas repartições públicas competentes ou por inspeção, "in loco", <strong>do</strong><br />

Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça.<br />

Art. 6º - Entregue a <strong>do</strong>cumentação prevista no artigo anterior, o Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça fará inspeção "in loco" e apresentará relatório circunstancia<strong>do</strong>, dirigi<strong>do</strong> à Comissão <strong>de</strong><br />

Organização e Divisão Judiciárias, opinan<strong>do</strong> sobre a criação ou a instalação da comarca.<br />

§ 1º - Se a Corte Superior <strong>de</strong>cidir pela criação da comarca, elaborará projeto <strong>de</strong> lei complementar, encaminhan<strong>do</strong>-o à Assembléia Legislativa; se <strong>de</strong>cidir pela instalação, expedirá<br />

resolução, <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong>-a.<br />

§ 2º - Publicada a resolução, o Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça <strong>de</strong>signará data para a audiência solene <strong>de</strong> instalação, que será presidida por ele ou por Desembarga<strong>do</strong>r especialmente<br />

<strong>de</strong>signa<strong>do</strong>.<br />

§ 3º - Da audiência lavrar-se-á ata, em livro próprio, extrain<strong>do</strong>-se cópias autenticadas para remessa ao Tribunal <strong>de</strong> Justiça, ao Tribunal <strong>de</strong> Alçada, à Correge<strong>do</strong>ria-Geral <strong>de</strong> Justiça, ao<br />

Tribunal Regional Eleitoral, ao Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e à Assembléia Legislativa, <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>-se o referi<strong>do</strong> livro à lavratura <strong>de</strong> termos <strong>de</strong> exercício <strong>de</strong> magistra<strong>do</strong>s da comarca.


§ 4º - Instalada a Comarca e especifica<strong>do</strong>s seus respectivos distritos judiciários, ficarão automaticamente cria<strong>do</strong>s os serviços notariais e <strong>de</strong> registro respectivos, fazen<strong>do</strong>-se a<br />

<strong>de</strong>legação <strong>do</strong>s mesmos nos termos <strong>do</strong> artigo 277 da Constituição <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais e das normas legais e regulamentares aplicáveis à matéria.<br />

Art. 7º - A Corte Superior po<strong>de</strong>rá suspen<strong>de</strong>r as ativida<strong>de</strong>s jurisdicionais da comarca que por 3 (três) anos consecutivos, segun<strong>do</strong> verificação <strong>do</strong>s assentamentos da Correge<strong>do</strong>ria-Geral<br />

<strong>de</strong> Justiça, <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r aos requisitos mínimos que justificaram a sua criação, anexan<strong>do</strong>-se seu território à comarca <strong>de</strong> sua origem.<br />

Parágrafo único - A suspensão vigorará até que volte a comarca a aten<strong>de</strong>r aos requisitos numéricos <strong>de</strong> funcionamento.<br />

Art. 8º - Para efeitos <strong>de</strong> comunicação <strong>do</strong>s atos processuais, 2 (duas) ou mais comarcas contíguas po<strong>de</strong>rão, mediante lei, ser reunidas a fim <strong>de</strong> constituírem 1 (uma) circunscrição<br />

judiciária.<br />

§ 1º - As comarcas <strong>de</strong> Belo Horizonte, Contagem, Betim e Santa Luzia constituirão a Circunscrição Judiciária Metropolitana, com classificação <strong>de</strong> entrância especial, ten<strong>do</strong> como<br />

se<strong>de</strong> Belo Horizonte.<br />

§ 2º - As comarcas <strong>de</strong> Coronel Fabriciano, Ipatinga e Timóteo constituirão a Circunscrição Judiciária <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Aço, com classificação <strong>de</strong> segunda entrância, ten<strong>do</strong> como se<strong>de</strong><br />

Ipatinga.<br />

§ 3º - As comarcas com duas ou mais varas serão classificadas como <strong>de</strong> segunda entrância.<br />

§ 4º - As comarcas com 1 (um) só juiz serão classificadas como <strong>de</strong> primeira entrância.<br />

§ 5º - Para os efeitos <strong>de</strong> comunicação <strong>do</strong>s atos processuais, 2 (duas) ou mais comarcas contíguas po<strong>de</strong>rão, mediante lei, ser reunidas, a fim <strong>de</strong> constituírem 1 (uma) comarca<br />

integrada.<br />

§ 6º - Para a constituição da comarca a que se refere o parágrafo anterior, observar-se-ão as seguintes condições:<br />

I - distância máxima <strong>de</strong> <strong>10</strong>0 km (cem quilômetros) entre as se<strong>de</strong>s das comarcas contíguas;<br />

II - bom esta<strong>do</strong> das vias <strong>de</strong> comunicação.<br />

Art. 9º - O Po<strong>de</strong>r Judiciário será exerci<strong>do</strong> pelos seguintes órgãos:<br />

I - Tribunal <strong>de</strong> Justiça;<br />

II - Tribunais <strong>de</strong> Alçada;<br />

III - Tribunal e Conselhos <strong>de</strong> Justiça Militar;<br />

IV - Tribunais <strong>do</strong> Júri;<br />

V - Juízes <strong>de</strong> Direito;<br />

VI - Juiza<strong>do</strong>s Especiais Cíveis e Criminais.<br />

Título II<br />

Dos Órgãos <strong>de</strong> Jurisdição<br />

§ 1º - To<strong>do</strong>s os julgamentos <strong>do</strong>s órgãos <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judicário serão públicos, sen<strong>do</strong> fundamentadas todas as suas <strong>de</strong>cisões, sob pena <strong>de</strong> nulida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a lei, se o interesse público o<br />

exigir, limitar a presença, em <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s atos, às próprias partes e a seus advoga<strong>do</strong>s, ou somente a estes.<br />

§ 2º - As <strong>de</strong>cisões administrativas <strong>do</strong>s tribunais serão motivadas, sen<strong>do</strong> as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta <strong>de</strong> seus membros ou <strong>do</strong> respectivo órgão especial.<br />

§ 3º - Ressalva<strong>do</strong> o disposto no artigo <strong>10</strong> <strong>de</strong>sta Lei, em cada comarca haverá 1 (um) Juiz <strong>de</strong> Direito, Tribunal <strong>do</strong> Júri e outros órgãos que a lei instituir.<br />

§ 4º - A Corte Superior <strong>de</strong>terminará a instalação, na Capital e no interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, <strong>do</strong>s órgãos jurisdicionais instituí<strong>do</strong>s por lei.<br />

Art. <strong>10</strong> - Servirão no território <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais:<br />

I - nas circunscrições judiciárias:<br />

a) na Circunscrição Judiciária Metropolitana, em Belo Horizonte, 1<strong>10</strong> Juízes <strong>de</strong> Direito titulares <strong>de</strong> varas, 40 <strong>do</strong>s Juiza<strong>do</strong>s Especiais Cíveis e Criminais, 35 Juízes <strong>de</strong> Direito<br />

Auxiliares, com função <strong>de</strong> substituição e cooperação, e 6 Juízes-Correge<strong>do</strong>res; em Betim, 12 Juízes <strong>de</strong> Direito, sen<strong>do</strong> 3 <strong>do</strong> Juiza<strong>do</strong> Especial; em Contagem, 24 Juízes <strong>de</strong> Direito,<br />

sen<strong>do</strong> 4 <strong>do</strong> Juiza<strong>do</strong> Especial; e em Santa Luzia, 5 Juízes <strong>de</strong> Direito, sen<strong>do</strong> 1 <strong>do</strong> Juiza<strong>do</strong> Especial;<br />

b) na Circunscrição Judiciária <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Aço, em Coronel Fabriciano, 4 Juízes <strong>de</strong> Direito, sen<strong>do</strong> 1 <strong>do</strong> Juiza<strong>do</strong> Especial; em Ipatinga, 9 Juízes <strong>de</strong> Direito, sen<strong>do</strong> 2 <strong>do</strong> Juiza<strong>do</strong><br />

Especial; e em Timóteo, 3 Juízes <strong>de</strong> Direito, sen<strong>do</strong> 1 <strong>do</strong> Juiza<strong>do</strong> Especial;<br />

II - nas comarcas:<br />

a) <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora, 27 Juízes <strong>de</strong> Direito, sen<strong>do</strong> 4 <strong>do</strong> Juiza<strong>do</strong> Especial;<br />

b) <strong>de</strong> Uberlândia, 23 Juízes <strong>de</strong> Direito, sen<strong>do</strong> 4 <strong>do</strong> Juiza<strong>do</strong> Especial;


c) <strong>de</strong> Uberaba, <strong>16</strong> Juízes <strong>de</strong> Direito, sen<strong>do</strong> 5 <strong>do</strong> Juiza<strong>do</strong> Especial;<br />

d) <strong>de</strong> Governa<strong>do</strong>r Valadares e Montes Claros, 14 Juízes <strong>de</strong> Direito, sen<strong>do</strong> 2 <strong>do</strong> Juiza<strong>do</strong> Especial;<br />

e) <strong>de</strong> Divinópolis, <strong>10</strong> juízes <strong>de</strong> Direito, sen<strong>do</strong> 3 <strong>do</strong> Juiza<strong>do</strong> Especial;<br />

f) <strong>de</strong> Teófilo Otoni, 9 Juízes <strong>de</strong> Direito, sen<strong>do</strong> 2 <strong>do</strong> Juiza<strong>do</strong> Especial;<br />

g) <strong>de</strong> Poços <strong>de</strong> Caldas e Sete Lagoas, 8 Juízes <strong>de</strong> Direito, sen<strong>do</strong> 2 <strong>do</strong> Juiza<strong>do</strong> Especial;<br />

h) <strong>de</strong> Barbacena e Varginha, 7 Juízes <strong>de</strong> Direito, sen<strong>do</strong> 2 <strong>do</strong> Juiza<strong>do</strong> Especial;<br />

i) <strong>de</strong> Cataguases, Muriaé, Passos e Patos <strong>de</strong> Minas, 6 Juízes <strong>de</strong> Direito, sen<strong>do</strong> 1 <strong>do</strong> Juiza<strong>do</strong> Especial;<br />

j) <strong>de</strong> Araguari, Conselheiro Lafaiete e Pouso Alegre, 6 Juízes <strong>de</strong> Direito, sen<strong>do</strong> 2 <strong>do</strong> Juiza<strong>do</strong> Especial;<br />

l) <strong>de</strong> Itaúna, Ituiutaba, Pará <strong>de</strong> Minas, Patrocínio, Ribeirão das Neves e Três Corações, 5 Juízes <strong>de</strong> Direito, sen<strong>do</strong> 1 <strong>do</strong> Juiza<strong>do</strong> Especial;<br />

m) <strong>de</strong> Alfenas, Araxá, Campo Belo, Caratinga, Curvelo, Formiga, Itabira, Itajubá, Lavras, Leopoldina, Manhuaçu, Nanuque, Pirapora, Ponte Nova, São João <strong>de</strong>l Rey, Ubá, Unaí e<br />

Viçosa, 4 Juízes <strong>de</strong> Direito, sen<strong>do</strong> 1 <strong>do</strong> Juiza<strong>do</strong> Especial;<br />

n) <strong>de</strong> Além Paraíba, Almenara, Bocaiúva, Carangola, Diamantina, Frutal, Ibirité, Janaúba, Januária, João Monleva<strong>de</strong>, Nova Lima, Oliveira, Ouro Preto, Paracatu, Pedro Leopol<strong>do</strong>,<br />

Santa Rita <strong>do</strong> Sapucaí, Santos Dumont, São Lourenço, São Sebastião <strong>do</strong> Paraíso e Vespasiano, 3 Juízes <strong>de</strong> Direito, sen<strong>do</strong> 1 <strong>do</strong> Juiza<strong>do</strong> Especial.<br />

o) <strong>de</strong> Andradas, Araçuaí, Boa Esperança, Brasília <strong>de</strong> Minas, Congonhas, Guaxupé, Itambacuri, João Pinheiro, Lagoa da Prata, Lagoa Santa, Mantena, Mariana, Monte Carmelo,<br />

Pedra Azul, Pitangui, Piumhi, Porteirinha, Sabará, São Francisco, São Gonçalo <strong>do</strong> Sapucaí, São João Nepomuceno, Várzea da Palma e Viscon<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio Branco, 2 Juízes <strong>de</strong> Direito.<br />

§ 1º - A Corte Superior, mediante resolução, fixará a distribuição <strong>de</strong> competência das varas previstas neste artigo.<br />

§ 2º - As varas <strong>de</strong> mesma competência são numeradas ordinalmente.<br />

§ 3º - Nas comarcas on<strong>de</strong> houver Penitenciária, uma das varas será <strong>de</strong>stinada à execução criminal, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o seu titular, ainda, ter competência para outros feitos, conforme for<br />

estabeleci<strong>do</strong> em resolução da Corte Superior.<br />

§ 4º - As varas e comarcas criadas por esta Lei terão sua instalação <strong>de</strong>terminada em resolução da Corte Superior, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a necessida<strong>de</strong> da prestação jurisdicional e após<br />

verificadas as condições <strong>de</strong> funcionamento e a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos.<br />

§ 5º - Os Juízes <strong>de</strong> Direito Substititutos, em número <strong>de</strong> 2<strong>10</strong> (duzentos e <strong>de</strong>z), sen<strong>do</strong> 60 (sessenta) <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s aos Juiza<strong>do</strong>s Especiais, terão se<strong>de</strong> na Comarca <strong>de</strong> Belo Horizonte.<br />

§ 6º - A Corte Superior po<strong>de</strong>rá, mediante resolução, <strong>de</strong>terminar a redistribuição <strong>do</strong>s feitos em curso nas comarcas, obe<strong>de</strong>cidas as normas processuais.<br />

§ 7º - Em comarca com mais <strong>de</strong> 200.000 (duzentos mil) habitantes, resolução da Corte Superior po<strong>de</strong>rá estabelecer a localização <strong>de</strong> varas regionais, com área <strong>de</strong>limitada.<br />

§ 8º - A Comarca <strong>de</strong> Belo Horizonte terá 4 (quatro) varas na região <strong>do</strong> Barreiro e 4 (quatro) na região <strong>de</strong> Venda Nova.<br />

Livro II<br />

Dos Tribunais e <strong>do</strong>s Juízes Comuns<br />

Título I<br />

Do Tribunal <strong>de</strong> Justiça<br />

Capítulo I<br />

Da Constituição<br />

Art. 11 - O Tribunal <strong>de</strong> Justiça, órgão supremo <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais, com se<strong>de</strong> na Capital e jurisdição em to<strong>do</strong> o território <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, compor-se-á <strong>de</strong> 60<br />

(sessenta) Desembarga<strong>do</strong>res, <strong>do</strong>s quais 1 (um) será o Presi<strong>de</strong>nte, 3 (três) os Vice-Presi<strong>de</strong>ntes e 1 (um) o Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça.<br />

Parágrafo único - 1/5 (um quinto) <strong>do</strong>s lugares <strong>do</strong> Tribunal será preenchi<strong>do</strong> por advoga<strong>do</strong>s e membros <strong>do</strong> Ministério Público, <strong>de</strong> conformida<strong>de</strong> com a Constituição Fe<strong>de</strong>ral.<br />

Art. 12 - O acesso ao cargo <strong>de</strong> Desembarga<strong>do</strong>r dar-se-á mediante promoção por antigüida<strong>de</strong> e merecimento, alternadamente, apura<strong>do</strong>s em Tribunal <strong>de</strong> Alçada.<br />

§ 1º - As promoções serão feitas segun<strong>do</strong> as classes <strong>de</strong> magistra<strong>do</strong> <strong>de</strong> carreira, <strong>de</strong> advoga<strong>do</strong> e <strong>de</strong> membro <strong>do</strong> Ministério Público.<br />

§ 2º - Na composição <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça será respeitada a representação <strong>do</strong> quinto constitucional, alternan<strong>do</strong>-se, sucessivamente, a superiorida<strong>de</strong> numérica <strong>do</strong>s Desembarga<strong>do</strong>res<br />

provin<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Ministério Público e da classe <strong>do</strong>s advoga<strong>do</strong>s, quan<strong>do</strong> for ímpar o número <strong>de</strong> lugares <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s ao quinto constitucional.<br />

Capítulo II<br />

Da Direção


Art. 13 - São cargos <strong>de</strong> direção o <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte, os <strong>de</strong> 1º e 2º Vice-Presi<strong>de</strong>ntes e o <strong>de</strong> Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça.<br />

§ 1º - O Presi<strong>de</strong>nte, o 1º e o 2º Vice-Presi<strong>de</strong>ntes e o Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça terão mandato <strong>de</strong> 2 (<strong>do</strong>is) anos, proibida a reeleição, e serão eleitos entre os Desembarga<strong>do</strong>res mais<br />

antigos <strong>do</strong> Tribunal, por maioria <strong>de</strong> seus membros.<br />

§ 2º - É obrigatória a aceitação <strong>do</strong> cargo, salvo recusa manifestada antes da eleição.<br />

§ 3º - Não po<strong>de</strong>rá concorrer aos cargos <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte, 1º e 2º Vice-Presi<strong>de</strong>ntes, Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça e membro <strong>do</strong> Tribunal Regional Eleitoral o Desembarga<strong>do</strong>r que não<br />

estiver com o serviço em dia; se vota<strong>do</strong>, o voto será consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> nulo.<br />

§ 4º - O Desembarga<strong>do</strong>r que tiver exerci<strong>do</strong> cargo <strong>de</strong> direção por 4 (quatro) anos não figurará entre os elegíveis, até que se esgotem to<strong>do</strong>s os nomes na or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> antigüida<strong>de</strong>.<br />

§ 5º - Haven<strong>do</strong> renúncia <strong>de</strong> cargo ou assunção não eventual <strong>de</strong> outro <strong>de</strong> direção no curso <strong>do</strong> mandato, consi<strong>de</strong>rar-se-ão, para to<strong>do</strong>s os efeitos, como completa<strong>do</strong>s os mandatos para os<br />

quais foi eleito o Desembarga<strong>do</strong>r.<br />

§ 6º - O 3º Vice-Presi<strong>de</strong>nte, que terá atribuições <strong>de</strong> assessoramento da Presidência <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, será escolhi<strong>do</strong> pelo Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>ntre os Desembarga<strong>do</strong>res que compõem a<br />

Corte Superior.<br />

Art. 14 - O Presi<strong>de</strong>nte, os Vice-Presi<strong>de</strong>ntes e o Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça não integrarão as Câmaras, mas ficarão vincula<strong>do</strong>s ao julgamento <strong>do</strong>s processos que lhes tenham si<strong>do</strong><br />

distribuí<strong>do</strong>s anteriormente à posse, participan<strong>do</strong>, também, da votação nas questões administrativas.<br />

Parágrafo único - O 3º Vice-Presi<strong>de</strong>nte receberá distribuição <strong>de</strong> processos na Corte Superior, em igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> condições com os <strong>de</strong>mais Desembarga<strong>do</strong>res <strong>de</strong>la integrantes e que<br />

componham câmara cível.<br />

Art. 15 - A competência e as atribuições <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte e <strong>do</strong>s Vice-Presi<strong>de</strong>ntes serão estabelecidas no Regimento Interno <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça.<br />

Art. <strong>16</strong> - São órgãos <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça:<br />

I - o Tribunal Pleno;<br />

II - a Corte Superior;<br />

III - a Correge<strong>do</strong>ria-Geral <strong>de</strong> Justiça;<br />

IV - os Grupos <strong>de</strong> Câmaras;<br />

V - as Câmaras Isoladas;<br />

VI - a Câmara Especial <strong>de</strong> Férias;<br />

VII - o Conselho da Magistratura;<br />

VIII - as Comissões.<br />

Capítulo III<br />

Da Organização<br />

Capítulo IV<br />

Do Tribunal Pleno<br />

Art. 17 - O Tribunal Pleno compor-se-á da totalida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s Desembarga<strong>do</strong>res e terá atribuições <strong>de</strong>:<br />

I - eleger o Presi<strong>de</strong>nte, o 1º e o 2º Vice-Presi<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça e o Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça;<br />

II - apreciar a indicação para agraciamento com o Colar <strong>do</strong> Mérito Judiciário;<br />

III - empossar o Presi<strong>de</strong>nte, o 1º e o 2º Vice-Presi<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong> Tribunal, o Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça e o Desembarga<strong>do</strong>r, em sessão solene.<br />

Parágrafo único - O Tribunal Pleno reunir-se-á, ainda, em sessão solene, sem exigência <strong>de</strong> "quorum", em caso <strong>de</strong> comemoração cívica, visita oficial <strong>de</strong> alta autorida<strong>de</strong>, agraciamento<br />

com o Colar <strong>do</strong> Mérito Judiciário ou posse coletiva <strong>de</strong> Juízes <strong>de</strong> Direito Substitutos.<br />

Capítulo V<br />

Da Corte Superior<br />

Art. 18 - A Corte Superior compor-se-á <strong>do</strong>s 25 (vinte e cinco) Desembarga<strong>do</strong>res mais antigos que <strong>de</strong>la <strong>de</strong>sejarem participar, respeita<strong>do</strong> o quinto constitucional, <strong>de</strong>la fazen<strong>do</strong> parte<br />

ainda, obrigatoriamente, o Presi<strong>de</strong>nte, os Vice-Presi<strong>de</strong>ntes e o Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça.<br />

Art. 19 - A substituição <strong>de</strong> membro da Corte Superior será feita mediante convocação <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte, observada a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>crescente <strong>de</strong> antigüida<strong>de</strong>.<br />

§ 1º - A substituição <strong>de</strong> membro proveniente <strong>do</strong> quinto constitucional far-se-á por outro da mesma origem, sempre que possível.


§ 2º - O substituto em exercício terá competência plena e votará em seguida aos titulares.<br />

Art. 20 - O Presi<strong>de</strong>nte e o 1º Vice-Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça serão, respectivamente, Presi<strong>de</strong>nte e Vice-Presi<strong>de</strong>nte da Corte Superior.<br />

Parágrafo único - Ao 1º Vice-Presi<strong>de</strong>nte competirá presidir a Corte Superior nos impedimentos e nos afastamentos <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte; em sua falta, a substituição será feita pelo 2º Vice-<br />

Presi<strong>de</strong>nte e, sucessivamente, pelo <strong>de</strong>cano.<br />

Art. 21 - Será da competência jurisdicional da Corte Superior:<br />

I - processar e julgar, originariamente, ressalvada a competência das justiças especializadas:<br />

a) o Vice-Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, o Deputa<strong>do</strong> Estadual, o Procura<strong>do</strong>r-Geral <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e Procura<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça, nos crimes comuns;<br />

b) o Secretário <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>, ressalva<strong>do</strong> o disposto no § 2º <strong>do</strong> artigo 93 da Constituição <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, os Juízes <strong>de</strong> Tribunal <strong>de</strong> Alçada, os Juízes <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar, os Juízes <strong>de</strong><br />

Direito e os Juízes-Auditores da Justiça Militar, os membros <strong>do</strong> Ministério Público e o Comandante-Geral da Polícia Militar, nos crimes comuns e nos <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>;<br />

c) a ação direta <strong>de</strong> inconstitucionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lei ou ato normativo estadual e <strong>de</strong> lei ou ato normativo municipal em face da Constituição <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>;<br />

d) o manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> segurança contra ato <strong>do</strong> Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, da Mesa e da Presidência da Assembléia Legislativa, <strong>do</strong> próprio Tribunal ou <strong>de</strong> seus órgãos diretivos ou colegia<strong>do</strong>s<br />

e <strong>do</strong> Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça;<br />

e) o manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> injunção, quan<strong>do</strong> a elaboração da norma regulamenta<strong>do</strong>ra for atribuição <strong>do</strong> Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, da Assembléia Legislativa ou <strong>de</strong> sua Mesa, <strong>do</strong> próprio Tribunal<br />

<strong>de</strong> Justiça, <strong>de</strong> Tribunal <strong>de</strong> Alçada, <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar ou <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Contas;<br />

f) o "habeas data" contra ato <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> diretamente sujeita à sua jurisdição;<br />

g) a ação rescisória <strong>de</strong> seus julga<strong>do</strong>s e a revisão criminal em processo <strong>de</strong> sua competência;<br />

II - conhecer da competência <strong>de</strong> cada uma das Câmaras e <strong>de</strong>cidir sobre ela, bem como <strong>do</strong>s conflitos <strong>de</strong> competência e <strong>de</strong> atribuições entre Desembarga<strong>do</strong>res e autorida<strong>de</strong>s judiciárias<br />

ou administrativas, salvo os que surgirem entre autorida<strong>de</strong>s estaduais e da União, <strong>do</strong> Distrito Fe<strong>de</strong>ral ou <strong>de</strong> outro Esta<strong>do</strong>;<br />

III - julgar, em feito <strong>de</strong> sua competência, suspeição oposta a Desembarga<strong>do</strong>r ou ao Procura<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça;<br />

IV - julgar reforma <strong>de</strong> autos perdi<strong>do</strong>s e outros inci<strong>de</strong>ntes que ocorrerem em processos <strong>de</strong> sua competência;<br />

V - julgar recurso interposto contra <strong>de</strong>cisão jurisdicional <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte;<br />

VI - julgar o "habeas corpus", quan<strong>do</strong> a autorida<strong>de</strong> coatora for uma das Câmaras ou um <strong>do</strong>s Grupos <strong>de</strong> Câmaras <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça;<br />

VII - julgar agravo regimental, sem efeito suspensivo, <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão <strong>do</strong> Relator que, nos processos criminais <strong>de</strong> competência originária e nos feitos <strong>de</strong> sua competência:<br />

a) <strong>de</strong>cretar prisão preventiva;<br />

b) conce<strong>de</strong>r ou <strong>de</strong>negar fiança, ou a arbitrar;<br />

c) recusar produção <strong>de</strong> qualquer prova ou a realização <strong>de</strong> qualquer diligência;<br />

d) <strong>de</strong>cidir os inci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> execução.<br />

VIII - executar sentença proferida em causa <strong>de</strong> sua competência originária, <strong>de</strong>legan<strong>do</strong> a Juiz <strong>de</strong> Direito a prática <strong>de</strong> ato ordinatório;<br />

IX - julgar embargos em feito <strong>de</strong> sua competência;<br />

X - <strong>de</strong>cidir as dúvidas <strong>de</strong> competência entre os Tribunais <strong>de</strong> Alçada e entre esses Tribunais e o Tribunal <strong>de</strong> Justiça;<br />

XI - julgar agravo contra <strong>de</strong>cisão <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte que suspen<strong>de</strong>r medida liminar ou execução <strong>de</strong> sentença concessiva <strong>de</strong> manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> segurança.<br />

Art. 22 - Serão atribuições administrativas da Corte Superior:<br />

I - solicitar, pela maioria absoluta <strong>de</strong> seus membros, a intervenção fe<strong>de</strong>ral no Esta<strong>do</strong>, por intermédio <strong>do</strong> Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral, nos termos da Constituição da República e <strong>do</strong><br />

parágrafo único <strong>do</strong> artigo 97 da Constituição <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>;<br />

II - eleger Desembarga<strong>do</strong>res e Juízes <strong>de</strong> Direito para integrarem o Tribunal Regional Eleitoral;<br />

III - elaborar lista tríplice para nomeação <strong>de</strong> Juiz <strong>do</strong> Tribunal Regional Eleitoral, da classe <strong>de</strong> juristas;<br />

IV - organizar a Secretaria e os serviços auxiliares <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça e os <strong>do</strong>s Juízes que lhe forem vincula<strong>do</strong>s;<br />

V - propor ao Po<strong>de</strong>r <strong>Legislativo</strong>:<br />

a) a alteração <strong>do</strong> número <strong>do</strong>s membros <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça e <strong>do</strong>s tribunais inferiores;


) a criação e a extinção <strong>de</strong> cargo <strong>de</strong> Desembarga<strong>do</strong>r, <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Tribunal <strong>de</strong> Alçada e <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar, <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Direito e <strong>de</strong> servi<strong>do</strong>r das Secretarias <strong>do</strong>s Tribunais e<br />

<strong>do</strong>s Juízos que lhes forem vincula<strong>do</strong>s, bem como a fixação <strong>do</strong>s subsídios e <strong>do</strong>s vencimentos respectivos;<br />

c) a criação ou a extinção <strong>de</strong> tribunal inferior, <strong>de</strong> comarca e <strong>de</strong> vara;<br />

d) a revisão da organização e da divisão judiciárias, bienalmente.<br />

VI - expedir resolução dispon<strong>do</strong> sobre o Regimento Interno <strong>do</strong> Tribunal, nele estabelecidas a organização e a competência das Câmaras Isoladas e <strong>do</strong>s Grupos <strong>de</strong> Câmaras;<br />

VII - expedir <strong>de</strong>cisão normativa em matéria administrativa <strong>de</strong> economia interna <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário, ressalvada a autonomia administrativa <strong>do</strong>s tribunais inferiores;<br />

VIII - conhecer <strong>de</strong> representação contra Desembarga<strong>do</strong>r, Juiz <strong>de</strong> Tribunal <strong>de</strong> Alçada e <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar;<br />

IX - apreciar e encaminhar à Assembléia Legislativa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> os projetos <strong>de</strong> lei <strong>de</strong> interesse <strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> Justiça, <strong>de</strong> Alçada e <strong>de</strong> Justiça Militar;<br />

X - <strong>de</strong>cidir sobre a invali<strong>de</strong>z <strong>de</strong> Desembarga<strong>do</strong>r e <strong>de</strong> Juiz, para fins <strong>de</strong> aposenta<strong>do</strong>ria, afastamento ou licença compulsória;<br />

XI - <strong>de</strong>cidir sobre a aposenta<strong>do</strong>ria por interesse público, a remoção e a disponibilida<strong>de</strong> compulsórias <strong>do</strong> magistra<strong>do</strong>, pelo voto <strong>de</strong> 2/3 (<strong>do</strong>is terços) <strong>de</strong> seus membros, assegurada<br />

ampla <strong>de</strong>fesa;<br />

XII - <strong>de</strong>clarar o aban<strong>do</strong>no ou a perda <strong>de</strong> cargo <strong>do</strong> magistra<strong>do</strong>;<br />

XIII - efetuar a indicação <strong>de</strong> magistra<strong>do</strong>s para promoção por antigüida<strong>de</strong> e merecimento, nos termos da Constituição;<br />

XIV - indicar, em lista tríplice, advoga<strong>do</strong>s ou membros <strong>do</strong> Ministério Público para preenchimento <strong>do</strong> quinto constitucional nos tribunais;<br />

XV - indicar Juízes <strong>de</strong> Direito candidatos a remoção;<br />

XVI - movimentar Juiz <strong>de</strong> Direito <strong>de</strong> uma para outra vara da mesma comarca, se o interesse da prestação jurisdicional o recomendar, pelo voto <strong>de</strong> 2/3 (<strong>do</strong>is terços) <strong>de</strong> seus membros,<br />

assegurada ampla <strong>de</strong>fesa;<br />

XVII - autorizar a permuta solicitada por Juízes <strong>de</strong> Direito;<br />

XVIII - conce<strong>de</strong>r licença, por prazo exce<strong>de</strong>nte a 1 (um) ano, a Desembarga<strong>do</strong>r e a Juiz <strong>de</strong> Direito;<br />

XIX - homologar concurso para o ingresso na magistratura e julgar os recursos interpostos;<br />

XX - autorizar instalação <strong>de</strong> comarca ou vara;<br />

XXI - indicar candidatos a promoção ou a nomeação ao cargo <strong>de</strong> Juiz Civil <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar;<br />

XXII - examinar e aprovar a proposta orçamentária <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário;<br />

XXIII - autorizar o funcionamento <strong>de</strong> vara em <strong>do</strong>is turnos <strong>de</strong> expediente.<br />

Capítulo VI<br />

Da Correge<strong>do</strong>ria-Geral <strong>de</strong> Justiça<br />

Art. 23 - A Correge<strong>do</strong>ria-Geral <strong>de</strong> Justiça terá funções administrativas, <strong>de</strong> orientação, <strong>de</strong> fiscalização e disciplinares, a serem exercidas no âmbito <strong>de</strong> sua Secretaria, nos Órgãos <strong>de</strong><br />

Jurisdição <strong>de</strong> primeiro grau, nos Órgãos Auxiliares da Justiça <strong>de</strong> 1ª Instância e nos Serviços Notariais e <strong>de</strong> Registro <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais.<br />

Art. 24 - O Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça ficará dispensa<strong>do</strong> das funções jurisdicionais, exceto em <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> inconstitucionalida<strong>de</strong>.<br />

Art. 25 - Serão auxiliares <strong>do</strong> Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça:<br />

I - Juízes-Correge<strong>do</strong>res;<br />

II - Juízes <strong>de</strong> Direito.<br />

Art. 26 - Os Juízes-Correge<strong>do</strong>res exercerão, por <strong>de</strong>legação <strong>do</strong> Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça, as suas atribuições, relativamente aos Juízes <strong>de</strong> Direito e aos servi<strong>do</strong>res da Justiça.<br />

§ 1º - Os Juízes-Correge<strong>do</strong>res serão escolhi<strong>do</strong>s entre os Juízes <strong>de</strong> Direito <strong>de</strong> entrância especial e <strong>de</strong>signa<strong>do</strong>s pelo Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, mediante indicação <strong>do</strong><br />

Correge<strong>do</strong>r-Geral.<br />

§ 2º - A <strong>de</strong>signação <strong>do</strong> Juiz-Correge<strong>do</strong>r será feita por perío<strong>do</strong> correspon<strong>de</strong>nte, no máximo, ao mandato <strong>do</strong> Correge<strong>do</strong>r-Geral que o indicou, permitida nova indicação.<br />

§ 3º - A vaga <strong>de</strong>corrente da <strong>de</strong>signação prevista nos §§ 1º e 2º <strong>de</strong>ste artigo será provida, conforme o caso, por promoção ou por remoção <strong>de</strong> outro Juiz <strong>de</strong> entrância especial.<br />

§ 4º - Cessa<strong>do</strong> o exercício previsto no § 2º <strong>de</strong>ste artigo, o Juiz será preferencialmente <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> por ato <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, após indicação da Corte Superior, para<br />

vara da Comarca <strong>de</strong> Belo Horizonte que esteja vaga ou que venha a vagar.


Seção I<br />

Das Atribuições <strong>do</strong> Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça<br />

Art. 27 - As atribuições <strong>do</strong> Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça serão estabelecidas no Regimento Interno <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça.<br />

Art. 28 - O Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça apresentará ao Conselho da Magistratura, até o último dia <strong>do</strong> mês <strong>de</strong> fevereiro, relatório circunstancia<strong>do</strong> <strong>do</strong> serviço <strong>do</strong> ano anterior,<br />

proce<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da mesma forma, no prazo <strong>de</strong> 30 (trinta) dias, quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>ixar o cargo.<br />

Art. 29 - São atribuições <strong>do</strong> Juiz-Correge<strong>do</strong>r:<br />

Seção II<br />

Das Atribuições <strong>do</strong>s Auxiliares<br />

I - exercer, quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> pelo Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça, a direção <strong>do</strong> foro da Comarca <strong>de</strong> Belo Horizonte;<br />

II - fazer sindicâncias e correições que lhe forem especialmente cometidas;<br />

III - coadjuvar em inspeção e correição;<br />

IV - exercer <strong>de</strong>legação que o Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça lhe fizer.<br />

Art. 30 - A correição será:<br />

Seção III<br />

Das Correições<br />

I - extraordinária, <strong>de</strong> forma geral ou parcial, quan<strong>do</strong> realizada pelo Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça;<br />

II - ordinária, <strong>de</strong> forma geral ou parcial, quan<strong>do</strong> realizada pelo Juiz <strong>de</strong> Direito, no limite <strong>de</strong> sua competência.<br />

Art. 31 - A correição consistirá na fiscalização <strong>do</strong>s serviços <strong>do</strong> foro judicial, <strong>do</strong>s serviços notariais e <strong>de</strong> registro, <strong>do</strong>s serviços da justiça <strong>de</strong> paz, da polícia judiciária e <strong>do</strong>s presídios,<br />

para verificar-lhes a regularida<strong>de</strong> e para conhecer <strong>de</strong> reclamação ou <strong>de</strong>núncia que forem apresentadas.<br />

§ 1º - O procedimento da correição será estabeleci<strong>do</strong> em provimento da Correge<strong>do</strong>ria-Geral <strong>de</strong> Justiça.<br />

§ 2º - O Juiz <strong>de</strong> Direito da comarca fiscalizará o cumprimento das <strong>de</strong>terminações <strong>do</strong> Correge<strong>do</strong>r-Geral ou <strong>do</strong> Juiz-Correge<strong>do</strong>r, prestan<strong>do</strong>-lhes as informações <strong>de</strong>vidas.<br />

Art. 32 - Mensalmente e até o <strong>10</strong>º (décimo) dia útil <strong>do</strong> mês seguinte, o Juiz <strong>de</strong> Direito remeterá à Secretaria <strong>de</strong> Planejamento e Coor<strong>de</strong>nação <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça mapa <strong>do</strong><br />

movimento forense <strong>do</strong> respectivo Juízo, inclusive Juiza<strong>do</strong>s Especiais, em impresso próprio, cujos da<strong>do</strong>s serão processa<strong>do</strong>s e repassa<strong>do</strong>s à Correge<strong>do</strong>ria -Geral <strong>de</strong> Justiça.<br />

§ 1º - Nas comarcas integradas a sistemas <strong>de</strong> informatização, fica o Juiz <strong>de</strong> Direito dispensa<strong>do</strong> da remessa <strong>de</strong> mapas prevista neste artigo, competin<strong>do</strong> à Diretoria <strong>do</strong> SISCON o<br />

fornecimento <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s a elas referentes, no mesmo prazo nele estabeleci<strong>do</strong>.<br />

§ 2º - Verificada pela Correge<strong>do</strong>ria-Geral <strong>de</strong> Justiça irregularida<strong>de</strong> no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s serviços judiciários, serão <strong>de</strong>terminadas providências sanatórias a serem executadas sob a<br />

fiscalização <strong>de</strong> Juiz-Correge<strong>do</strong>r.<br />

§ 3º - O atraso ou a omissão na remessa <strong>do</strong> mapa implicará a aplicação, ao Juiz, da pena <strong>de</strong> advertência e, na reincidência, <strong>de</strong> censura, pelo Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça.<br />

Capítulo VII<br />

Dos Grupos <strong>de</strong> Câmaras e das Câmaras Isoladas<br />

Art. 33 - A composição e a competência <strong>do</strong>s Grupos <strong>de</strong> Câmaras e das Câmaras Isoladas serão estabelecidas em Regimento Interno <strong>do</strong> Tribunal.<br />

Capítulo VIII<br />

Da Câmara Especial <strong>de</strong> Féria<br />

Art. 34 - A Câmara Especial funcionará durante as férias coletivas e será constituída <strong>de</strong>, pelo menos, 3 (três) Desembarga<strong>do</strong>res, conforme dispuser o Regimento Interno <strong>do</strong> Tribunal,<br />

escolhi<strong>do</strong>s por or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> antigüida<strong>de</strong> e sucessivamente substituí<strong>do</strong>s, se necessário, na mesma or<strong>de</strong>m, por outro Desembarga<strong>do</strong>r convoca<strong>do</strong> pelo Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal.<br />

Art. 35 - A Câmara Especial terá competência para julgar "habeas corpus" e seus recursos e efetuar o processamento <strong>de</strong> manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> segurança e <strong>de</strong> medidas cautelares ou urgentes,<br />

conforme dispuser o Regimento Interno <strong>do</strong> Tribunal.<br />

Capítulo IX<br />

Do Conselho da Magistratura<br />

Art. 36 - O Conselho da Magistratura será constituí<strong>do</strong> pelo Presi<strong>de</strong>nte e pelos Vice-Presi<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, pelo Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça e por 6 (seis)<br />

Desembarga<strong>do</strong>res não integrantes da Corte Superior, sen<strong>do</strong> os seus trabalhos presidi<strong>do</strong>s pelo Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal e secretaria<strong>do</strong>s por seu 3º Vice-Presi<strong>de</strong>nte.


§ 1º - É irrecusável a função <strong>de</strong> Conselheiro, que será exercida por 2 (<strong>do</strong>is) anos, proibi<strong>do</strong> o <strong>de</strong>sempenho por mais <strong>de</strong> 2 (<strong>do</strong>is) biênios consecutivos.<br />

§ 2º - No impedimento <strong>de</strong> qualquer <strong>de</strong> seus membros, será convoca<strong>do</strong> para substituí-lo o Desembarga<strong>do</strong>r mais antigo que não integrar a Corte Superior.<br />

Art. 37 - A convocação <strong>de</strong> Conselheiro para exercer substituição na Corte Superior não implica seu afastamento <strong>do</strong> Conselho da Magistratura.<br />

Art. 38 - As ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Conselho serão disciplinadas em regimento por ele elabora<strong>do</strong> e aprova<strong>do</strong>.<br />

Art. 39 - Os membros natos <strong>do</strong> Conselho da Magistratura não receberão distribuição, funcionan<strong>do</strong> o 1º Vice-Presi<strong>de</strong>nte como relator <strong>de</strong> processo contra Desembarga<strong>do</strong>r.<br />

Parágrafo único - Os membros <strong>do</strong> Conselho da Magistratura ficam vincula<strong>do</strong>s aos processos que lhes tenham si<strong>do</strong> distribuí<strong>do</strong>s, ainda quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>les se afastarem.<br />

Art. 40 - A competência <strong>do</strong> Conselho da Magistratura será estabelecida em resolução da Corte Superior.<br />

Capítulo X<br />

Das Comissões<br />

Art. 41 - O Tribunal <strong>de</strong> Justiça terá Comissões Permanentes e Temporárias, como dispõem esta Lei e o Regimento Interno.<br />

Art. 42 - São Comissões Permanentes:<br />

I - a Comissão <strong>de</strong> Organização e Divisão Judiciárias, composta pelo Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, que a presidirá, pelo 1º e pelo 2º Vice-Presi<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong> Tribunal, pelo<br />

Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça e por 4 (quatro) Desembarga<strong>do</strong>res <strong>de</strong>signa<strong>do</strong>s pelo Presi<strong>de</strong>nte, com função precípua <strong>de</strong> elaborar os projetos <strong>de</strong> alteração da organização e da divisão<br />

judiciárias, quan<strong>do</strong> necessário, bem como a <strong>de</strong> apreciar e opinar sobre alterações propostas por Desembarga<strong>do</strong>r, elaboran<strong>do</strong>, se for o caso, o projeto <strong>de</strong> lei a ser submeti<strong>do</strong> à Corte<br />

Superior para posterior encaminhamento à Assembléia Legislativa;<br />

II - a Comissão <strong>de</strong> Regimento Interno, composta pelo 1º Vice-Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal, que a presidirá, e por mais 7 (sete) Desembarga<strong>do</strong>res escolhi<strong>do</strong>s pelo Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal e<br />

por ele nomea<strong>do</strong>s, encarregada da elaboração <strong>do</strong> Regimento Interno <strong>do</strong> Tribunal e da proposição <strong>de</strong> modificações necessárias, bem como <strong>de</strong> examinar e dar parecer nas modificações<br />

sugeridas por Desembarga<strong>do</strong>r;<br />

III - a Comissão <strong>de</strong> Divulgação e Jurisprudência, composta pelo 1º-Vice-Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal, que a presidirá, e por 1 (um) representante <strong>de</strong> cada Câmara Isolada, por ela indica<strong>do</strong>,<br />

competin<strong>do</strong>-lhe, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> preferencial, a seleção e a classificação <strong>de</strong> acórdãos a serem publica<strong>do</strong>s e divulga<strong>do</strong>s nas publicações especializadas <strong>do</strong> País, bem como fazer editar a<br />

revista "Jurisprudência Mineira", cujo Diretor será o Presi<strong>de</strong>nte da Comissão.<br />

IV - a Comissão Administrativa, composta pelo Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal, que a presidirá, pelo 2º Vice-Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal e por até 6 (seis) Desembarga<strong>do</strong>res <strong>de</strong>signa<strong>do</strong>s pelo<br />

Presi<strong>de</strong>nte, com a atribuição <strong>de</strong> assessoramento da Presidência <strong>do</strong> Tribunal em suas funções administrativas, quan<strong>do</strong> solicita<strong>do</strong>;<br />

V - a Comissão Supervisora <strong>do</strong>s Juiza<strong>do</strong>s Especiais Cíveis e Criminais, composta <strong>de</strong> 8 (oito) membros, escolhi<strong>do</strong>s pela Corte Superior <strong>de</strong>ntre magistra<strong>do</strong>s em ativida<strong>de</strong> ou não, com<br />

atribuição <strong>de</strong> supervisionar, orientar e dirigir os Juiza<strong>do</strong>s Especiais.<br />

Art. 43 - As Comissões Temporárias serão <strong>de</strong> concurso ou especiais e serão presididas pelo Desembarga<strong>do</strong>r mais antigo <strong>de</strong>las componente, sen<strong>do</strong> seus membros escolhi<strong>do</strong>s e<br />

nomea<strong>do</strong>s pelo Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal, que, no mesmo ato, <strong>de</strong>finirá sua competência.<br />

Parágrafo único - Excetua-se <strong>do</strong> disposto neste artigo a Comissão Examina<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Concurso para Ingresso na Magistratura, prevista no artigo 171 <strong>de</strong>sta Lei.<br />

Art. 44 - As Comissões funcionarão com o "quorum" mínimo <strong>de</strong> 5 (cinco) membros e serão secretariadas por servi<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, bacharel em Direito, <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> pelo<br />

Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal.<br />

Parágrafo único - Excetua-se <strong>do</strong> disposto neste artigo a Comissão Examina<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Concurso para Ingresso na Magistratura, prevista no artigo 171 <strong>de</strong>sta Lei.<br />

Capítulo XI<br />

Da Substituição no Tribunal <strong>de</strong> Justiça<br />

Art. 45 - O Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça será substituí<strong>do</strong> pelo 1º e pelo 2º Vice-Presi<strong>de</strong>ntes, sucessivamente, e, se necessário, pelo Desembarga<strong>do</strong>r que o seguir na or<strong>de</strong>m<br />

<strong>de</strong>crescente <strong>de</strong> antigüida<strong>de</strong> no Tribunal.<br />

Art. 46 - Em suas faltas ou impedimentos, o Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça será substituí<strong>do</strong> pelo Vice-Correge<strong>do</strong>r, com ele eleito para o mesmo biênio, ou pelo Desembarga<strong>do</strong>r que a<br />

este se seguir na or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> antigüida<strong>de</strong>.<br />

Título II<br />

Dos Tribunais <strong>de</strong> Alçada<br />

Art. 47 - Os Tribunais <strong>de</strong> Alçada terão se<strong>de</strong> nas Comarcas <strong>de</strong> Belo Horizonte, Governa<strong>do</strong>r Valadares, Juiz <strong>de</strong> Fora, Montes Claros, Pouso Alegre e Uberlândia.<br />

Art. 48 - O Tribunal <strong>de</strong> Alçada com se<strong>de</strong> na Capital compor-se-á <strong>de</strong> 50 (cinqüenta) Juízes, <strong>do</strong>s quais um será o Presi<strong>de</strong>nte e outro o Vice-Presi<strong>de</strong>nte.<br />

§ 1º - Os Tribunais <strong>de</strong> Alçada Regionais compor-se-ão <strong>de</strong> 5 (cinco) Juízes cada um, respeita<strong>do</strong> o quinto constitucional, sen<strong>do</strong> um <strong>de</strong>les o seu Presi<strong>de</strong>nte.<br />

§ 2º - A competência territorial <strong>de</strong> cada Tribunal <strong>de</strong> Alçada será <strong>de</strong>finida por resolução da Corte Superior.<br />

§ 3º - Até que seja <strong>de</strong>finida a competência territorial <strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> Alçada, prevalecerá a da previsão da Lei Complementar nº 38, <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1995.


§ 4º - O Presi<strong>de</strong>nte e o Vice-Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Alçada com se<strong>de</strong> na Capital não integrarão as Câmaras.<br />

§ 5º - O serviço administrativo <strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> Alçada Regionais será exerci<strong>do</strong>, provisoriamente, por servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> foro <strong>de</strong> sua se<strong>de</strong>.<br />

Art. 49 - São órgãos <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Alçada com se<strong>de</strong> na Capital:<br />

I - o Tribunal Pleno;<br />

II - o Órgão Especial;<br />

III - os Grupos <strong>de</strong> Câmaras;<br />

IV - as Câmaras Isoladas;<br />

V - a Câmara Especial <strong>de</strong> Férias;<br />

VI - as Comissões.<br />

§ 1º - O Tribunal Pleno é composto pela totalida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s membros <strong>do</strong> Tribunal e terá a atribuição <strong>de</strong> eleger seus dirigentes, reunin<strong>do</strong>-se ainda, em sessão solene e sem exigência <strong>de</strong><br />

"quorum", para a posse <strong>de</strong> seus dirigentes e Juízes e, quan<strong>do</strong> for convoca<strong>do</strong>, em caso <strong>de</strong> comemoração cívica ou visita oficial <strong>de</strong> alta autorida<strong>de</strong>.<br />

§ 2º - O Órgão Especial será constituí<strong>do</strong> pelo Presi<strong>de</strong>nte, pelo Vice-Presi<strong>de</strong>nte e pelos 23 (vinte e três) Juízes <strong>de</strong> maior antigüida<strong>de</strong> no Tribunal, respeita<strong>do</strong> o quinto constitucional.<br />

§ 3º - Durante as férias coletivas, funcionará uma Câmara Especial, constituída <strong>de</strong>, pelo menos, 3 (três) Juízes, com a mesma competência estabelecida no artigo 35 <strong>de</strong>sta Lei.<br />

§ 4º - A composição e a competência <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais órgãos <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Alçada com se<strong>de</strong> na Capital serão estabelecidas no Regimento Interno, observa<strong>do</strong> o disposto no parágrafo<br />

anterior.<br />

Art. 50 - O Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Alçada com se<strong>de</strong> na Capital será substituí<strong>do</strong> pelo Vice-Presi<strong>de</strong>nte, e este, pelo Juiz que o seguir na or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>crescente <strong>de</strong> antigüida<strong>de</strong>.<br />

Art. 51 - A substituição no Órgão Especial <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Alçada com se<strong>de</strong> na Capital far-se-á por convocação <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal, segun<strong>do</strong> a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>crescente da<br />

antigüida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s Juízes que não o integrem.<br />

Art. 52 - A jurisdição <strong>de</strong> primeiro grau será exercida por:<br />

I - Juiz <strong>de</strong> Direito;<br />

II - Tribunal <strong>do</strong> Júri;<br />

III - Juiza<strong>do</strong> Especial Cível ou Criminal.<br />

Título III<br />

Da Jurisdição <strong>de</strong> Primeiro Grau<br />

Capítulo I<br />

Disposição Geral<br />

Capítulo II<br />

Dos Órgãos da Jurisdição <strong>de</strong> Primeiro Grau<br />

Seção I<br />

Do Juiz <strong>de</strong> Direito<br />

Subseção I<br />

Da Investidura<br />

Art. 53 - A investidura inicial na magistratura far-se-á pela posse, <strong>de</strong>pois da nomeação pelo Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, no cargo <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Direito Substituto.<br />

Art. 54 - Competirá ao Juiz <strong>de</strong> Direito Substituto exercer as funções que lhe conferir o Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça.<br />

Art. 55 - Competirá ao Juiz <strong>de</strong> Direito:<br />

Subseção II<br />

Da Competência


I - processar e julgar:<br />

a) crime ou contravenção não atribuí<strong>do</strong>s a outra jurisdição;<br />

b) causa civil, inclusive a fiscal e a proposta por autarquia;<br />

c) ação relativa a esta<strong>do</strong> e a capacida<strong>de</strong> das pessoas;<br />

d) ação <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> trabalho;<br />

e) suspeição <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Paz e, em causa <strong>de</strong> sua competência, <strong>de</strong> servi<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s órgãos auxiliares;<br />

f) vacância <strong>de</strong> bem <strong>de</strong> herança jacente;<br />

g) ações cautelares;<br />

h) Registro Torrens;<br />

II - processar recurso interposto <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>cisão;<br />

III - homologar sentença arbitral;<br />

IV - executar sentença ou acórdão em causa <strong>de</strong> sua competência ou <strong>do</strong> Juiz Criminal que con<strong>de</strong>nar a in<strong>de</strong>nização civil;<br />

V - proce<strong>de</strong>r à instrução criminal e preparar para julgamento processo-crime <strong>de</strong> competência <strong>do</strong> Tribunal <strong>do</strong> Júri e <strong>de</strong> outros tribunais <strong>de</strong> primeira instância instituí<strong>do</strong>s em lei;<br />

VI - proce<strong>de</strong>r anualmente à organização e à efetiva revisão <strong>de</strong> lista <strong>de</strong> jura<strong>do</strong>s;<br />

VII - convocar o Júri e sortear os jura<strong>do</strong>s para cada reunião;<br />

VIII - conce<strong>de</strong>r "habeas corpus", exceto em caso <strong>de</strong> violência ou coação provindas <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> judiciária <strong>de</strong> igual ou superior jurisdição, ou quan<strong>do</strong> for <strong>de</strong> competência privativa <strong>de</strong><br />

Tribunal;<br />

IX - conce<strong>de</strong>r fiança;<br />

X - punir testemunha faltosa ou <strong>de</strong>sobediente;<br />

XI - impor pena disciplinar a servi<strong>do</strong>r, nos termos <strong>de</strong>sta Lei;<br />

XII - <strong>de</strong>terminar remessa <strong>de</strong> prova <strong>de</strong> crime ao órgão <strong>do</strong> Ministério Público para que este promova a responsabilização <strong>do</strong> culpa<strong>do</strong>;<br />

XIII - mandar riscar, <strong>de</strong> ofício ou a requerimento da parte ofendida, expressão injuriosa encontrada em autos;<br />

XIV - dar a Juiz <strong>de</strong> Paz e a servi<strong>do</strong>r da Justiça instruções necessárias ao bom <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>veres;<br />

XV - proce<strong>de</strong>r, mensalmente, exceto na Comarca <strong>de</strong> Belo Horizonte, à fiscalização <strong>do</strong>s livros <strong>de</strong> cartórios da se<strong>de</strong> da comarca, apon<strong>do</strong>-lhes seu visto, anotan<strong>do</strong> irregularida<strong>de</strong><br />

encontrada e cominan<strong>do</strong> pena;<br />

XVI - proce<strong>de</strong>r à correição permanente da polícia judiciária e <strong>do</strong>s presídios da comarca;<br />

XVII - comunicar ao Conselho da Magistratura e ao Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça todas as suspeições <strong>de</strong>claradas, sem indicação <strong>de</strong> motivos;<br />

XVIII - conce<strong>de</strong>r emancipacão e suprimento <strong>de</strong> consentimento;<br />

XIX - autorizar venda <strong>de</strong> bem pertencente a menor;<br />

XX - nomear tutor a órfão e cura<strong>do</strong>r a interdito, ausente, nascituro e herança jacente e removê-los no caso <strong>de</strong> negligência ou inobservância <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>veres;<br />

XXI - or<strong>de</strong>nar entrega <strong>de</strong> bem <strong>do</strong> órfão ou ausente;<br />

XXII - abrir testamento e <strong>de</strong>cidir sobre o seu cumprimento;<br />

XXIII - proce<strong>de</strong>r à arrecadação e ao inventário <strong>de</strong> bens vagos ou <strong>de</strong> ausentes;<br />

XXIV - tomar contas a tutor, cura<strong>do</strong>r, comissário, síndico, liqüidante e associação ou corporação pia, nos casos previstos em lei;<br />

XXV - conce<strong>de</strong>r dispensa <strong>de</strong> impedimento <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> para casamento da menor <strong>de</strong> <strong>16</strong> (<strong>de</strong>zesseis ) anos e <strong>do</strong> menor <strong>de</strong> 18 (<strong>de</strong>zoito) anos, bem como no caso <strong>do</strong> artigo 214 <strong>do</strong> Código<br />

Civil;<br />

XXVI - <strong>de</strong>cidir sobre impugnação <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumento em habilitação <strong>de</strong> casamento, ou exigência <strong>de</strong> outro, formuladas pelo representante <strong>do</strong> Ministério Público, quan<strong>do</strong> com isso não<br />

concordarem os nubentes;


XXVII - resolver sobre dispensa <strong>de</strong> proclamação e justificação para fim matrimonial, quan<strong>do</strong> for contrário o parecer <strong>do</strong> representante <strong>do</strong> Ministério Público e com ele não se<br />

conformarem os nubentes;<br />

XXVIII - conce<strong>de</strong>r prorrogação <strong>de</strong> prazo para início e encerramento <strong>de</strong> inventário;<br />

XXIX - conce<strong>de</strong>r benefício <strong>de</strong> assistência judiciária;<br />

XXX - exercer atribuições <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Vara da Infância e da Juventu<strong>de</strong>;<br />

XXXI - dirigir o foro e administrar o edifício forense, exceto na Comarca <strong>de</strong> Belo Horizonte;<br />

XXXII - provi<strong>de</strong>nciar sobre a conservação <strong>de</strong> casa <strong>de</strong> morada <strong>do</strong> Juiz;<br />

XXXIII - cumprir e fazer cumprir requisição legal e precatória ou rogatória;<br />

XXXIV - resolver reclamação relativa a ato <strong>de</strong> servi<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Juízo;<br />

XXXV - resolver dúvida suscitada por servi<strong>do</strong>r;<br />

XXXVI - fiscalizar o pagamento <strong>de</strong> impostos, taxas, custas e emolumentos, nos processos em que funcionar;<br />

XXXVII - <strong>de</strong>clarar, inci<strong>de</strong>ntalmente, inconstitucionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lei ou ato <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público;<br />

XXXVIII - requisitar passes para transporte <strong>de</strong> menores, com o respectivo acompanhante;<br />

XXXIX - conce<strong>de</strong>r licença a Juiz <strong>de</strong> Paz;<br />

XL - verificar, quinzenalmente, a saída <strong>de</strong> processos, apon<strong>do</strong> visto nos livros <strong>de</strong> carga, toman<strong>do</strong> providências para que os autos retornem, quan<strong>do</strong> ultrapassa<strong>do</strong>s os prazos legais;<br />

XLI - exercer a fiscalização <strong>do</strong>s atos <strong>do</strong>s notários, <strong>do</strong>s oficiais <strong>de</strong> registro e <strong>do</strong>s prepostos <strong>de</strong>les, na forma da lei que lhes regula as ativida<strong>de</strong>s, e disciplinar as responsabilida<strong>de</strong>s.<br />

XLII - praticar ato não especifica<strong>do</strong> neste artigo, mas <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> disposição legal ou regulamentar.<br />

Art. 56 - Nas comarcas com mais <strong>de</strong> uma vara, as atribuições <strong>do</strong>s Juízes <strong>de</strong> Direito serão exercidas mediante distribuição, respeitada a competência das varas especializadas.<br />

Art. 57 - Competirá a Juiz <strong>de</strong> Vara <strong>de</strong> Registros Públicos:<br />

I - exercer as atribuições jurisdicionais conferidas aos Juízes <strong>de</strong> Direito pela legislação concernente aos serviços notariais e <strong>de</strong> registro;<br />

II - exercer a incumbência prevista no artigo 2º da Lei Fe<strong>de</strong>ral nº 8.560, <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1992.<br />

Art. 58 - Competirá a Juiz <strong>de</strong> Vara <strong>de</strong> Falências e Concordatas processar e julgar as causas atribuídas ao juízo universal da falência e da concordata.<br />

Art. 59 - Competirá a Juiz <strong>de</strong> Vara <strong>de</strong> Fazenda Pública e Autarquias processar e julgar causas cíveis em que intervierem, como autor, réu, assistente ou opoente, o Esta<strong>do</strong>, os<br />

municípios, suas autarquias, as empresas públicas, as socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> economia mista e as fundações <strong>de</strong> direito público, respeitada a competência <strong>de</strong> foro estabelecida na lei<br />

processual.<br />

Art. 60 - Competirá a Juiz <strong>de</strong> Vara <strong>de</strong> Família processar e julgar as causas relativas ao esta<strong>do</strong> das pessoas e ao Direito <strong>de</strong> Família, respeitada a competência <strong>do</strong> Juiz <strong>de</strong> Vara da<br />

Infância e da Juventu<strong>de</strong>.<br />

Art. 61 - Competirá ao Juiz <strong>de</strong> Vara <strong>de</strong> Execuções Criminais e Correge<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Presídios:<br />

I - aplicar aos casos julga<strong>do</strong>s lei posterior que, <strong>de</strong> qualquer mo<strong>do</strong>, favorecer o con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>;<br />

II - <strong>de</strong>clarar extinta a punibilida<strong>de</strong>;<br />

III - <strong>de</strong>cidir sobre:<br />

a) soma ou unificação <strong>de</strong> penas;<br />

b) progressão ou regressão nos regimes;<br />

c) <strong>de</strong>tração e remição da pena;<br />

d) suspensão condicional da pena;<br />

e) livramento condicional;<br />

f) inci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> execução.<br />

IV - autorizar saídas temporárias;


V - <strong>de</strong>terminar:<br />

a) a forma <strong>de</strong> cumprimento da pena restritiva <strong>de</strong> direitos e fiscalizar sua execução;<br />

b) a conversão da pena restritiva <strong>de</strong> direitos em privativa <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>;<br />

c) a conversão da pena privativa <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> em restritiva <strong>de</strong> direitos;<br />

d) a aplicação da medida <strong>de</strong> segurança, bem como a substituição da pena por medida <strong>de</strong> segurança;<br />

e) a revogação da medida <strong>de</strong> segurança;<br />

f) a <strong>de</strong>sinternação e o restabelecimento da situação anterior;<br />

g) o cumprimento <strong>de</strong> pena ou medida <strong>de</strong> segurança em outra comarca, após prévio consentimento <strong>do</strong> seu titular, salvo nas penitenciárias regionais;<br />

h) a remoção <strong>do</strong> con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>, na hipótese prevista no § 1º <strong>do</strong> artigo 86 da Lei <strong>de</strong> Execução Penal;<br />

VI - zelar pelo correto cumprimento da pena e da medida <strong>de</strong> segurança;<br />

VII - inspecionar, mensalmente, os estabelecimentos penais, toman<strong>do</strong> providências para seu a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> funcionamento e promoven<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> for o caso, a apuração <strong>de</strong><br />

responsabilida<strong>de</strong>;<br />

VIII - interditar, no to<strong>do</strong> ou em parte, estabelecimento penal que estiver funcionan<strong>do</strong> em condições ina<strong>de</strong>quadas ou com infringência aos dispositivos legais;<br />

IX - compor e instalar o Conselho da Comunida<strong>de</strong>;<br />

X - proce<strong>de</strong>r à correição permanente da polícia judiciária e <strong>do</strong>s presídios da comarca.<br />

Parágrafo único - Nas comarcas com mais <strong>de</strong> uma vara, on<strong>de</strong> não houver vara especializada <strong>de</strong> execuções criminais e correge<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> presídios, o Juiz Correge<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Presídios será<br />

<strong>de</strong>signa<strong>do</strong> pelo Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça por perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> até 2 (<strong>do</strong>is) anos, permitida uma recondução.<br />

Art. 62 - Competirá ao Juiz <strong>de</strong> Vara da Infância e da Juventu<strong>de</strong> exercer as atribuições <strong>de</strong>finidas na legislação especial sobre menores e em resolução da Corte Superior.<br />

Parágrafo único - Nas comarcas em que não houver vara com competência específica para infância e juventu<strong>de</strong>, caberá ao Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça <strong>de</strong>signar, bienalmente, o Juiz<br />

<strong>de</strong> Direito competente para tais atribuições, permitida uma recondução e sua substituição, quan<strong>do</strong> convier.<br />

Art. 63 - Competirá a Juiz Auxiliar substituir ou cooperar com os titulares da Comarca <strong>de</strong> Belo Horizonte, bem como conhecer e julgar conflito fundiário, nos termos <strong>do</strong> artigo 114<br />

da Constituição <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, por <strong>de</strong>signação <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça.<br />

Subseção III<br />

Da Direção <strong>do</strong> Foro<br />

Art. 64 - A direção <strong>do</strong> foro, se<strong>de</strong> privativa <strong>do</strong>s serviços judiciais, será exercida, na Comarca <strong>de</strong> Belo Horizonte, pelo Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça ou por Juiz-Correge<strong>do</strong>r por ele<br />

<strong>de</strong>signa<strong>do</strong> e, nas comarcas <strong>do</strong> interior, pelo Juiz <strong>de</strong> Direito ou, haven<strong>do</strong> mais <strong>de</strong> uma vara, pelo que for <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> bienalmente pelo Correge<strong>do</strong>r-Geral, permitida uma recondução.<br />

Parágrafo único - Nas comarcas <strong>do</strong> interior com duas ou mais varas, existin<strong>do</strong> interesse público na substituição <strong>do</strong> Diretor <strong>do</strong> Foro antes <strong>de</strong> se completar o biênio <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>signação,<br />

o Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça po<strong>de</strong>rá substituí-lo, "ad referendum" <strong>do</strong> Conselho da Magistratura.<br />

Art. 65 - Competirá ao Diretor <strong>do</strong> Foro:<br />

I - exercer, no âmbito <strong>de</strong> sua secretaria <strong>de</strong> juízo, nos serviços auxiliares da justiça e nos serviços notariais e <strong>de</strong> registro <strong>de</strong> sua comarca, as funções administrativas, <strong>de</strong> orientação, <strong>de</strong><br />

fiscalização e disciplinares;<br />

II - dar or<strong>de</strong>ns e instruções à guarda <strong>de</strong>stacada no edifício;<br />

III - solicitar as providências necessárias ao bom funcionamento <strong>do</strong> serviço forense;<br />

IV - indicar ao Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça os nomes daqueles que <strong>de</strong>vam ser nomea<strong>do</strong>s para os cargos <strong>de</strong> provimento em comissão, ressalva<strong>do</strong> o <strong>de</strong> Comissário <strong>de</strong> Menores<br />

Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r, cuja indicação será feita pelo Juiz competente para as questões <strong>de</strong>finidas na legislação sobre menores;<br />

V - manter a or<strong>de</strong>m e o respeito entre os servi<strong>do</strong>res, partes, seus procura<strong>do</strong>res e <strong>de</strong>mais pessoas presentes no edifício;<br />

VI - aplicar pena disciplinar a servi<strong>do</strong>r subordina<strong>do</strong> a sua autorida<strong>de</strong> e aos titulares e prepostos não optantes <strong>do</strong>s serviços notariais e <strong>de</strong> registro da comarca;<br />

VII - dar posse a Juiz <strong>de</strong> Paz e a servi<strong>do</strong>r <strong>do</strong> foro, ressalva<strong>do</strong> o disposto no artigo 266 <strong>de</strong>sta Lei;<br />

VIII - remeter, até o dia 20 (vinte) <strong>de</strong> cada mês, à Secretaria <strong>de</strong> Administração <strong>de</strong> Pessoal <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, com seu visto, a folha <strong>de</strong> freqüência <strong>do</strong>s servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> foro;<br />

IX - organizar as escalas <strong>de</strong> férias <strong>do</strong>s servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> foro judicial, remeten<strong>do</strong>-as à Secretaria <strong>de</strong> Administração <strong>de</strong> Pessoal <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça até o dia 30 (trinta) <strong>de</strong> novembro <strong>do</strong><br />

ano anterior, e indicar o substituto, se for o caso;


X - averiguar incapacida<strong>de</strong> física ou mental <strong>de</strong> servi<strong>do</strong>r <strong>do</strong> foro judicial, comunican<strong>do</strong>-a à Secretaria <strong>de</strong> Administração <strong>de</strong> Pessoal <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça;<br />

XI - proce<strong>de</strong>r à correição anual na comarca, nos termos <strong>do</strong> art. 31, § 1º, <strong>de</strong>sta Lei;<br />

XII - instaurar sindicância e processo disciplinar em <strong>de</strong>sfavor <strong>de</strong> servi<strong>do</strong>r <strong>do</strong> foro judicial e <strong>do</strong>s titulares e prepostos não optantes <strong>do</strong>s serviços notariais e <strong>de</strong> registro;<br />

XIII - diligenciar no senti<strong>do</strong> da guarda, zelo e manutenção <strong>do</strong>s imóveis em que instala<strong>do</strong>s os serviços forenses, nos termos <strong>do</strong>s arts. 1º e 2º <strong>do</strong> Decreto nº 32.255, <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<br />

<strong>de</strong> 1.990, comunican<strong>do</strong> imediatamente à Presidência <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça qualquer ocorrência relacionada com a questão, bem como as providências por ele tomadas;<br />

XIV - fazer, anualmente, em formulário próprio expedi<strong>do</strong> pela Secretaria <strong>de</strong> Administração <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, o inventário <strong>do</strong>s bens móveis pertencentes ao Esta<strong>do</strong> que existam<br />

na comarca, <strong>de</strong>volven<strong>do</strong> àquela Secretaria a via própria <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> formulário, <strong>de</strong>vidamente preenchida;<br />

XV - praticar ato não especifica<strong>do</strong> neste artigo, mas <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> disposição legal ou regulamentar.<br />

Parágrafo único - Na Comarca <strong>de</strong> Belo Horizonte, o Diretor <strong>do</strong> Foro regulamentará o funcionamento <strong>do</strong>s serviços administrativos, <strong>de</strong>finin<strong>do</strong> as atribuições <strong>do</strong>s servi<strong>do</strong>res, indican<strong>do</strong><br />

ao Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal os nomes daqueles que <strong>de</strong>vam ser nomea<strong>do</strong>s para os cargos <strong>de</strong> provimento em comissão, e po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>legar a Juiz-Correge<strong>do</strong>r o exercício das atribuições<br />

constantes nos incisos II, III, V e VIII <strong>de</strong>ste artigo.<br />

Subseção IV<br />

Da Substituição <strong>do</strong> Juiz <strong>de</strong> Direito<br />

Art. 66 - O Juiz <strong>de</strong> Direito será substituí<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> se afastar <strong>do</strong> exercício, temporária ou eventualmente.<br />

Art. 67 - Em comarca <strong>de</strong> um só Juiz, a substituição far-se-á por Juiz <strong>de</strong> Direito Substituto <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> pelo Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça.<br />

Parágrafo único - Enquanto não houver a <strong>de</strong>signação referida neste artigo, far-se-á a substituição por Juiz <strong>de</strong> Direito <strong>de</strong> comarca substituta.<br />

Art. 68 - Em comarca <strong>do</strong> interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> que possua mais <strong>de</strong> uma vara, a substituição far-se-á por Juiz <strong>de</strong> Direito Substituto <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> pelo Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça.<br />

§ 1º - Enquanto não houver a <strong>de</strong>signação referida neste artigo, far-se-á a substituição <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a seguinte or<strong>de</strong>m:<br />

I - por Juiz <strong>de</strong> Direito <strong>de</strong> outra vara <strong>de</strong> mesma competência;<br />

II - por Juiz titular <strong>de</strong> vara cível;<br />

III - pelo Juiz Diretor <strong>do</strong> Foro;<br />

IV - pelos <strong>de</strong>mais Juízes da Comarca;<br />

V - por Juiz <strong>de</strong> Direito <strong>de</strong> comarca substituta.<br />

§ 2º - Para efeito <strong>de</strong> substituição por Juiz <strong>de</strong> outra vara, será observada a or<strong>de</strong>m mencionada no § 2º <strong>do</strong> artigo <strong>10</strong> <strong>de</strong>sta Lei, substituin<strong>do</strong>-se o Juiz da última vara pelo da primeira.<br />

Art. 69 - Na Comarca <strong>de</strong> Belo Horizonte, a substituição far-se-á por Juiz <strong>de</strong> Direito Auxiliar <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> pelo Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça.<br />

§ 1º - Enquanto não houver a <strong>de</strong>signação referida no artigo, far-se-á a substituição por Juiz <strong>de</strong> Direito <strong>de</strong> outra Vara da mesma competência, observada a or<strong>de</strong>m mencionada no § 2º<br />

<strong>do</strong> artigo <strong>10</strong> <strong>de</strong>sta Lei, substituin<strong>do</strong>-se o Juiz da última vara pelo da primeira.<br />

§ 2º - O Juiz Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> cada Tribunal <strong>do</strong> Júri será automaticamente substituí<strong>do</strong> pelo respectivo Juiz Sumariante, enquanto não houver a <strong>de</strong>signação prevista no artigo.<br />

§ 3º - Juiz <strong>de</strong> Direito da Comarca <strong>de</strong> Belo Horizonte não substituirá o <strong>de</strong> outra comarca.<br />

Art. 70 - Quan<strong>do</strong> o Juiz se <strong>de</strong>clarar suspeito ou impedi<strong>do</strong>, no mesmo <strong>de</strong>spacho <strong>de</strong>terminará a remessa <strong>do</strong>s autos ao seu substituto legal, observan<strong>do</strong> o disposto nos artigos anteriores.<br />

Art. 71 - No caso <strong>de</strong> ausência eventual <strong>do</strong> Juiz, sua substituição far-se-á:<br />

I - para a presidência <strong>de</strong> audiência ou para outro ato processual que exija a presença <strong>do</strong> Juiz, mediante petição <strong>do</strong> interessa<strong>do</strong> dirigida ao substituto, na qual o Escrivão <strong>do</strong> substituí<strong>do</strong><br />

certificará a ausência;<br />

II - para <strong>de</strong>spacho ou <strong>de</strong>cisão em autos, mediante a conclusão <strong>de</strong>les ao Juiz Substituto, feita pelo Escrivão com a informação da ausência e a requerimento da parte interessada;<br />

III - para <strong>de</strong>spacho <strong>de</strong> mero expediente, em petição avulsa, mediante apresentação <strong>de</strong>la ao substituto, que a <strong>de</strong>spachará <strong>de</strong>claran<strong>do</strong> a ausência <strong>do</strong> titular.<br />

Art. 72 - Salvo nos casos <strong>do</strong> artigo anterior, será plena a substituição.<br />

Parágrafo único - Não será permitida mais <strong>de</strong> uma substituição plena, salvo em perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> férias e recesso forenses e na hipótese <strong>de</strong> afastamento <strong>de</strong> Juízes das comarcas substitutas.<br />

Art. 73 - Na hipótese <strong>de</strong> relevante interesse judicial, a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> substituição por Juiz <strong>de</strong> Direito <strong>de</strong> outra comarca não prevalecerá, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça<br />

convocar, para a substituição, outro Juiz <strong>de</strong> qualquer das comarcas substitutas.<br />

Parágrafo único - O Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça fará <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Direito para servir como coopera<strong>do</strong>r em comarcas ou varas cujo serviço forense estiver acumula<strong>do</strong>,<br />

fixan<strong>do</strong>-lhe a competência.


Seção II<br />

Do Tribunal <strong>do</strong> Júri<br />

Subseção I<br />

Da Organização e <strong>do</strong> Funcionamento<br />

Art. 74 - O Tribunal <strong>do</strong> Júri funcionará na se<strong>de</strong> da comarca e reunir-se-á em sessão ordinária:<br />

I - mensalmente, na Comarca <strong>de</strong> Belo Horizonte;<br />

II - bimestralmente, nas <strong>de</strong>mais comarcas.<br />

§ 1º - Na Comarca <strong>de</strong> Belo Horizonte, as sessões necessárias para julgar os processos prepara<strong>do</strong>s serão realizadas em dias úteis sucessivos, salvo justo impedimento.<br />

§ 2º - Nas <strong>de</strong>mais comarcas, quan<strong>do</strong>, por motivo <strong>de</strong> força maior, não for convoca<strong>do</strong> o Júri na época <strong>de</strong>terminada, a reunião realizar-se-á no mês seguinte.<br />

Art. 75 - Em circunstâncias excepcionais, o Júri reunir-se-á extraordinariamente, por iniciativa <strong>do</strong> Juiz <strong>de</strong> Direito ou por <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça ou <strong>de</strong> Câmara<br />

<strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça.<br />

Art. 76 - A convocação <strong>do</strong> Júri far-se-á mediante edital, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> sorteio <strong>do</strong>s jura<strong>do</strong>s que tiverem <strong>de</strong> servir na sessão.<br />

§ 1º - O sorteio realizar-se-á <strong>de</strong> 15 a 30 (quinze a trinta) dias antes da data <strong>de</strong>signada para a reunião.<br />

§ 2º - Não haven<strong>do</strong> processo a ser julga<strong>do</strong>, não será convoca<strong>do</strong> o Júri, e, caso já o tenha si<strong>do</strong>, o Juiz <strong>de</strong> Direito <strong>de</strong>clarará sem efeito a convocação, por meio <strong>de</strong> edital publica<strong>do</strong> pela<br />

imprensa, sempre que possível.<br />

Subseção II<br />

Da Competência<br />

Art. 77 - Competirá ao Tribunal <strong>do</strong> Júri o julgamento <strong>do</strong>s crimes <strong>do</strong>losos contra a vida e <strong>de</strong> outros que lhes forem conexos.<br />

Art. 78 - Competirá aos jura<strong>do</strong>s respon<strong>de</strong>r aos quesitos que lhes forem formula<strong>do</strong>s, e ao Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal, aplicar o Direito.<br />

Art. 79 - Ao Juiz Sumariante competirá:<br />

I - receber ou rejeitar a <strong>de</strong>núncia;<br />

II - dirigir a instrução;<br />

Subseção III<br />

Do Juiz Sumariante e <strong>do</strong> Juiz Presi<strong>de</strong>nte<br />

III - proferir a sentença <strong>de</strong> pronúncia, <strong>de</strong> impronúncia, <strong>de</strong> <strong>de</strong>sclassificação ou <strong>de</strong> absolvição sumária e processar o recurso que for interposto.<br />

Parágrafo único - Ficará preventa a competência <strong>do</strong> Juiz Sumariante na hipótese <strong>de</strong> impronúncia com <strong>de</strong>sclassificação.<br />

Art. 80 - Competirá ao Juiz Presi<strong>de</strong>nte:<br />

I - receber o libelo;<br />

II - preparar o processo para o julgamento;<br />

III - presidir a sessão <strong>do</strong> julgamento, proferin<strong>do</strong> a sentença;<br />

IV - processar os recursos interpostos contra a <strong>de</strong>cisão que proferir;<br />

V - organizar anualmente a lista geral <strong>de</strong> jura<strong>do</strong>s;<br />

VI - fazer o sorteio e a convocação <strong>do</strong>s 21 (vinte e um) jura<strong>do</strong>s componentes <strong>do</strong> Júri para a sessão.<br />

Art. 81 - Ao Juiz Sumariante e ao Juiz Presi<strong>de</strong>nte, nas respectivas fases <strong>do</strong> processo em que exercerem a competência funcional, caberá <strong>de</strong>cretar, relaxar ou regular a prisão <strong>do</strong> réu,<br />

bem como conce<strong>de</strong>r-lhe liberda<strong>de</strong> provisória.<br />

Seção III<br />

Dos Juiza<strong>do</strong>s Especiais Cíveis e Criminais


Art. 82 - Os Juiza<strong>do</strong>s Especiais Cíveis e Criminais, compostos <strong>de</strong> Juízes toga<strong>do</strong>s e leigos e, ainda, por concilia<strong>do</strong>res, têm competência para o processamento, a conciliação, o<br />

julgamento e a execução, por título judicial ou extrajudicial, das causas cíveis <strong>de</strong> menor complexida<strong>de</strong> e infrações <strong>de</strong> reduzi<strong>do</strong> potencial ofensivo <strong>de</strong>finidas pela Lei Fe<strong>de</strong>ral nº 9.099,<br />

<strong>de</strong> 26 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1995, inclusive os recursos pelas Turmas Recursais.<br />

Art. 83 - On<strong>de</strong> não for implantada vara especializada, os feitos da competência <strong>do</strong>s Juiza<strong>do</strong>s Especiais Cíveis e Criminais tramitarão perante o Juiz <strong>de</strong> Direito com jurisdição comum<br />

e respectiva Secretaria, observa<strong>do</strong>, entretanto, o procedimento especial estabeleci<strong>do</strong> pela Lei Fe<strong>de</strong>ral nº 9.099, <strong>de</strong> 26 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1995.<br />

Art. 84 - A Corte Superior, em resolução, disporá sobre a <strong>de</strong>signação <strong>do</strong>s Juízes leigos e concilia<strong>do</strong>res.<br />

Parágrafo único - A efetiva atuação <strong>do</strong>s concilia<strong>do</strong>res, pelo prazo mínimo <strong>de</strong> 6 (seis) meses, será consi<strong>de</strong>rada serviço público relevante e, ainda, título em concurso público para<br />

provimento <strong>de</strong> cargos <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário e <strong>do</strong>s órgãos que exerçam funções essenciais à Justiça.<br />

Art. 85 - As Turmas Recursais serão compostas por Juízes <strong>de</strong> Direito com jurisdição na respectiva se<strong>de</strong> ou em comarca que integre o seu grupo jurisdicional, indica<strong>do</strong>s pela Corte<br />

Superior, para um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 3 (três) anos, permitida uma recondução e vedada a recusa.<br />

§ 1º - Compete ao Presi<strong>de</strong>nte da Turma Recursal processar e exercer juízo <strong>de</strong> admissibilida<strong>de</strong> em recursos interpostos contra suas <strong>de</strong>cisões, bem como prestar as informações que lhe<br />

forem requisitadas.<br />

§ 2º - A Secretaria da Presidência da Turma Recursal funcionará para os atos <strong>de</strong> julgamento e processamento <strong>de</strong> eventuais recursos contra suas <strong>de</strong>cisões.<br />

Título IV<br />

Do Juiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> Paz<br />

Art. 86 - Em cada distrito ou subdistrito judiciários, haverá 1 (um) Juiz <strong>de</strong> Paz e 2 (<strong>do</strong>is) suplentes, eleitos na forma <strong>do</strong> artigo 117 da Constituição Estadual entre as pessoas idôneas,<br />

maiores <strong>de</strong> 21 anos, resi<strong>de</strong>ntes no distrito ou no subdistrito e que neles sejam eleitoras.<br />

Art. 87 - Após diploma<strong>do</strong>, o eleito entrará em exercício perante o Juiz Diretor <strong>do</strong> Foro.<br />

Art. 88 - O exercício efetivo da função <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Paz constitui serviço público relevante e assegurará prisão especial em caso <strong>de</strong> crime comum, até <strong>de</strong>finitivo julgamento.<br />

Art. 89 - O Juiz <strong>de</strong> Paz terá competência para celebrar casamento, verificar, <strong>de</strong> ofício ou em face <strong>de</strong> impugnação apresentada, o processo <strong>de</strong> habilitação e exercer atribuições<br />

conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além <strong>de</strong> outras previstas na legislação.<br />

Art. 90 - A substituição <strong>do</strong> Juiz <strong>de</strong> Paz será feita, em qualquer caso, sucessivamente pelo primeiro e pelo segun<strong>do</strong> suplentes.<br />

Parágrafo único - Não haven<strong>do</strong> suplente para a substituição, o Juiz Diretor <strong>do</strong> Foro <strong>de</strong>signará Juiz <strong>de</strong> Paz "ad hoc" entre aqueles em exercício na comarca ou, no caso da inexistência<br />

<strong>de</strong>stes, entre aqueles em exercício na primeira comarca substituta.<br />

Art. 91 - A renúncia ao cargo <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Paz ou suplente será feita por meio <strong>de</strong> comunicação à Justiça Eleitoral.<br />

Art. 92 - Nas se<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comarca, servirão como prepara<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s processos <strong>do</strong> Juiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> Paz servi<strong>do</strong>res <strong>de</strong>signa<strong>do</strong>s pelo Diretor <strong>do</strong> Foro.<br />

Parágrafo único - Ao Juiz <strong>de</strong> Paz <strong>de</strong> distrito ou <strong>de</strong> se<strong>de</strong> <strong>de</strong> município sem serviços judiciários instala<strong>do</strong>s competirá nomear e compromissar prepara<strong>do</strong>r "ad hoc" para oficiar nos<br />

processos <strong>do</strong> Juiza<strong>do</strong>.<br />

Livro III<br />

Da Magistratura<br />

Título I<br />

Da Magistratura em Geral<br />

Capítulo I<br />

Das Garantias e Prerrogativas da Magistratura<br />

Art. 93 - São magistra<strong>do</strong>s os membros <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, <strong>de</strong> Tribunal <strong>de</strong> Alçada e <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar, o Juiz <strong>de</strong> Direito e o Juiz-Auditor da Justiça Militar.<br />

Art. 94 - O magistra<strong>do</strong> terá as garantias que lhe assegura a Constituição da República e as prerrogativas estabelecidas em lei.<br />

Art. 95 - A vitalicieda<strong>de</strong>, a inamovibilida<strong>de</strong> e a irredutibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> subsídios são garantias <strong>do</strong> magistra<strong>do</strong>.<br />

§ 1º - Serão vitalícios, a partir da posse, os Juízes nomea<strong>do</strong>s para os Tribunais <strong>de</strong> Segun<strong>do</strong> Grau e, após 2 (<strong>do</strong>is) anos <strong>de</strong> exercício, os Juízes <strong>de</strong> Direito e os Juízes-Auditores da<br />

Justiça Militar.<br />

§ 2º - Adquirida a vitalicieda<strong>de</strong>, o magistra<strong>do</strong> só per<strong>de</strong>rá o cargo em razão <strong>de</strong> sentença judicial transitada em julga<strong>do</strong>.<br />

§ 3º - A garantia da inamovibilida<strong>de</strong> não impedirá a remoção compulsória, por motivo <strong>de</strong> interesse público, ou a movimentação <strong>do</strong> Juiz <strong>de</strong> uma para outra vara da mesma comarca, se<br />

o interesse da prestação jursidicional o recomendar, proce<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se na forma estabelecida nos artigos 22, XI e XVI, e <strong>16</strong>3 <strong>de</strong>sta Lei.<br />

§ 4º - A irredutibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> subsídios seguirá o estabeleci<strong>do</strong> na Constituição da República.


Art. 96 - São prerrogativas <strong>do</strong> magistra<strong>do</strong>:<br />

I - ser ouvi<strong>do</strong> como testemunha em dia, hora e local previamente ajusta<strong>do</strong>s com a autorida<strong>de</strong> ou Juiz <strong>de</strong> instância igual ou inferior;<br />

II - não ser preso senão por or<strong>de</strong>m escrita da Corte Superior, salvo em flagrante <strong>de</strong> crime inafiançável, caso em que a autorida<strong>de</strong> fará imediata comunicação e apresentação <strong>do</strong><br />

magistra<strong>do</strong> ao Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça;<br />

III - ser recolhi<strong>do</strong> a prisão especial ou a sala especial <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>-Maior, por or<strong>de</strong>m e à disposição da Corte Superior, quan<strong>do</strong> sujeito a prisão antes <strong>do</strong> julgamento final;<br />

IV - não estar sujeito a notificação ou a intimação para comparecimento, salvo se expedida por autorida<strong>de</strong> judicial;<br />

V - portar arma <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa pessoal.<br />

§ 1º - Quan<strong>do</strong>, no curso <strong>de</strong> investigação, houver indício da prática <strong>de</strong> crime por magistra<strong>do</strong>, a autorida<strong>de</strong> policial remeterá os respectivos autos ao Tribunal <strong>de</strong> Justiça, caben<strong>do</strong> à<br />

Corte Superior, na primeira sessão, autorizar ou não o prosseguimento das investigações.<br />

§ 2º - O título <strong>de</strong> Desembarga<strong>do</strong>r é privativo <strong>do</strong>s magistra<strong>do</strong>s componentes <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça e o <strong>de</strong> Juiz, privativo <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais membros <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário.<br />

Capítulo II<br />

Da Posse e <strong>do</strong> Exercício <strong>do</strong> Magistra<strong>do</strong><br />

Art. 97 - O magistra<strong>do</strong> nomea<strong>do</strong> tomará posse e entrará em exercício <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> prazo <strong>de</strong> 30 (trinta) dias conta<strong>do</strong>s da publicação <strong>do</strong> ato, e, quan<strong>do</strong> promovi<strong>do</strong> ou removi<strong>do</strong>, assumirá<br />

o exercício no mesmo prazo.<br />

§ 1º - Haven<strong>do</strong> motivo justo, o prazo po<strong>de</strong>rá ser prorroga<strong>do</strong>, por 15 (quinze) dias, pelo Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, quan<strong>do</strong> se tratar <strong>de</strong> Desembarga<strong>do</strong>r ou Juiz <strong>de</strong> Direito; por<br />

Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Tribunal <strong>de</strong> Alçada, quan<strong>do</strong> se tratar <strong>de</strong> Juiz para ele nomea<strong>do</strong> ou promovi<strong>do</strong>; e pelo Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar, quan<strong>do</strong> se tratar <strong>de</strong> Juiz da Justiça<br />

Militar.<br />

§ 2º - Movimenta<strong>do</strong> o Juiz <strong>de</strong> Direito <strong>de</strong> uma para outra vara da mesma comarca, nela entrará em exercício imediatamente.<br />

Art. 98 - No ato da posse, o magistra<strong>do</strong> apresentará o título que a legitima e a relação pública <strong>de</strong> bens e prestará o compromisso <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenhar com retidão as funções <strong>do</strong> cargo,<br />

cumprin<strong>do</strong> a Constituição e as leis.<br />

Parágrafo único - O termo <strong>de</strong> posse, lança<strong>do</strong> em livro próprio, será assina<strong>do</strong> pela autorida<strong>de</strong> que presidir ao ato e pelo empossa<strong>do</strong> ou por seu procura<strong>do</strong>r, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> subscrito pelo<br />

funcionário que o lavrar.<br />

Art. 99 - A posse e o exercício assegurarão to<strong>do</strong>s os direitos inerentes ao cargo.<br />

Art. <strong>10</strong>0 - A nomeação, a promoção ou a remoção ficarão automaticamente sem efeito se o magistra<strong>do</strong> não entrar em exercício <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> respectivo prazo.<br />

Capítulo III<br />

Da Matrícula, da Antigüida<strong>de</strong> e da Contagem <strong>de</strong> Tempo<br />

Art. <strong>10</strong>1 - O magistra<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> sua vinculação, será matricula<strong>do</strong> na Secretaria <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, <strong>de</strong> Tribunal <strong>de</strong> Alçada ou <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar.<br />

Art. <strong>10</strong>2 - A matrícula, aberta à vista da nomeação <strong>do</strong> magistra<strong>do</strong>, <strong>de</strong>verá conter, entre outros, registro <strong>do</strong>s seguintes fatos relativos a sua vida funcional:<br />

I - nome <strong>do</strong> magistra<strong>do</strong>;<br />

II - data <strong>de</strong> nascimento;<br />

III - data da nomeação, <strong>de</strong> remoção e <strong>de</strong> promoção;<br />

IV - data da posse no cargo e da entrada em exercício;<br />

V - data da <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> vitalicieda<strong>de</strong>;<br />

VI - interrupção <strong>do</strong> exercício e seu motivo;<br />

VII - processo intenta<strong>do</strong> contra o magistra<strong>do</strong> e respectiva <strong>de</strong>cisão;<br />

VIII - elogio ou nota <strong>de</strong>sabona<strong>do</strong>ra;<br />

IX - pena disciplicinar.<br />

Art. <strong>10</strong>3 - Por antigüida<strong>de</strong> geral no serviço público enten<strong>de</strong>r-se-á o tempo <strong>de</strong> efetivo exercício em função pública.<br />

Parágrafo único - Não serão <strong>de</strong>duzi<strong>do</strong>s como interrupção:<br />

I - o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> trânsito a que se refere o artigo 97 <strong>de</strong>sta Lei;


II - o tempo <strong>de</strong> suspensão por efeito <strong>de</strong> processo criminal, se sobrevier a absolvição;<br />

III - o afastamento previsto nos incisos I e II <strong>do</strong> artigo 147 <strong>de</strong>sta Lei.<br />

Art. <strong>10</strong>4 - O tempo <strong>de</strong> serviço presta<strong>do</strong> nas ativida<strong>de</strong>s pública ou privada será computa<strong>do</strong> para efeito <strong>de</strong> aposenta<strong>do</strong>ria.<br />

Parágrafo único - Para efeito da disponibilida<strong>de</strong> prevista no artigo 147, III, será computa<strong>do</strong> apenas o tempo <strong>de</strong> serviço presta<strong>do</strong> na ativida<strong>de</strong> pública.<br />

Art. <strong>10</strong>5 - Da contagem para fins <strong>de</strong> adicionais por tempo <strong>de</strong> serviço e férias-prêmio serão <strong>de</strong>duzi<strong>do</strong>s os afastamentos resultantes <strong>de</strong> faltas injustificadas e da disponibilida<strong>de</strong><br />

compulsória prevista no inciso III <strong>do</strong> artigo 147 <strong>de</strong>sta.<br />

Art. <strong>10</strong>6 - A apuração <strong>do</strong> tempo <strong>de</strong> serviço será feita em dias, cujo total será converti<strong>do</strong> em anos, consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s sempre estes como <strong>de</strong> 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias, e, feita a<br />

conversão, os dias restantes, até 182 (cento e oitenta e <strong>do</strong>is), não serão computa<strong>do</strong>s, arre<strong>do</strong>ndan<strong>do</strong>-se para 1 (um) ano quan<strong>do</strong> exce<strong>de</strong>rem esse número.<br />

Art. <strong>10</strong>7 - Por antigüida<strong>de</strong> na entrância, enten<strong>de</strong>r-se-á o tempo líqui<strong>do</strong> <strong>de</strong> efetivo exercício nela, não se <strong>de</strong>contan<strong>do</strong> as interrupções por motivo <strong>de</strong> luto ou casamento, férias, licençapaternida<strong>de</strong>,<br />

licença para repouso à gestante, licença para tratamentos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, afastamento nas hipóteses <strong>do</strong> artigo 142, disponibilida<strong>de</strong> nos casos <strong>do</strong>s incisos I e II <strong>do</strong> artigo 147 e<br />

os perío<strong>do</strong>s a que se referem os artigos 97, § 1º, e 184 <strong>de</strong>sta Lei.<br />

Art. <strong>10</strong>8 - A remoção e a disponibilida<strong>de</strong> compulsórias impedirão a contagem <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> trânsito como <strong>de</strong> serviço, salvo para efeito <strong>de</strong> aposenta<strong>do</strong>ria.<br />

Parágrafo único - Do magistra<strong>do</strong> removi<strong>do</strong> compulsoriamente ou em disponibilida<strong>de</strong> contar-se-á, para efeito <strong>de</strong> antigüida<strong>de</strong>, o tempo <strong>de</strong> serviço presta<strong>do</strong> anteriormente, se voltar ao<br />

cargo.<br />

Art. <strong>10</strong>9 - A lista <strong>de</strong> antigüida<strong>de</strong> será revista, anualmente, pelo Departamento da Magistratura, na primeira quinzena <strong>do</strong> mês <strong>de</strong> janeiro.<br />

§ 1º - A revisão terá por fim:<br />

I - a exclusão <strong>do</strong> magistra<strong>do</strong> faleci<strong>do</strong>, aposenta<strong>do</strong> ou que houver perdi<strong>do</strong> o cargo;<br />

II - a <strong>de</strong>dução <strong>do</strong> tempo que não <strong>de</strong>va ser conta<strong>do</strong>;<br />

III - a inclusão <strong>do</strong> tempo que <strong>de</strong>va ser conta<strong>do</strong>;<br />

§ 2º - A lista <strong>de</strong> antigüida<strong>de</strong> será publicada no "<strong>Diário</strong> <strong>do</strong> Judiciário", pelo Departamento da Magistratura.<br />

Art. 1<strong>10</strong> - Dentro <strong>de</strong> 30 (trinta) dias conta<strong>do</strong>s da publicação da lista no "<strong>Diário</strong> <strong>do</strong> Judiciário", o magistra<strong>do</strong> que se julgar prejudica<strong>do</strong> po<strong>de</strong>rá apresentar reclamação, que não terá<br />

efeito suspensivo.<br />

§ 1º - A reclamação será julgada pelo Conselho da Magistratura, na primeira reunião.<br />

§ 2º - Atendida a reclamação, alterar-se-á a lista.<br />

§ 3º - Decorri<strong>do</strong> sem reclamação o prazo referi<strong>do</strong> no artigo, prevalecerá a lista até que outra seja aprovada.<br />

Art. 111 - A antigüida<strong>de</strong> nos tribunais, estabelecida para os fins previstos nesta Lei ou no Regimento Interno, será apurada:<br />

I - pela posse;<br />

II - pela entrada em exercício;<br />

III - pela nomeação;<br />

IV - pela ida<strong>de</strong>.<br />

Art. 112 - A antigüida<strong>de</strong> <strong>do</strong> magistra<strong>do</strong>, para o efeito <strong>de</strong> promoção ou outro que lhe seja atribuí<strong>do</strong> nesta Lei, será estabelecida em cada entrância e apurada:<br />

I - pela entrada em exercício;<br />

II - pela posse;<br />

III - pela nomeação;<br />

IV - pelo tempo <strong>de</strong> serviço na magistratura;<br />

V - pelo tempo <strong>de</strong> serviço público no Esta<strong>do</strong>;<br />

VI - pela ida<strong>de</strong>.<br />

Capítulo IV<br />

Da Incompatibilida<strong>de</strong>


Art. 113 - Não po<strong>de</strong>rá ser nomea<strong>do</strong> nem promovi<strong>do</strong> por merecimento para os tribunais aquele que tiver, no tribunal, cônjuge ou parente consangüíneo ou afim, em linha reta ou<br />

colateral, até o terceiro grau, inclusive.<br />

§ 1º - Se, por força <strong>de</strong> promoção por antigüida<strong>de</strong>, 2(<strong>do</strong>is) ou mais Juízes com assento no tribunal forem cônjuges ou parentes, consangüíneos ou afins, em linha reta ou no terceiro<br />

grau colateral, o primeiro que conhecer da causa ou votar em qualquer <strong>de</strong>liberação impedirá que o outro participe <strong>do</strong> julgamento ou da votação.<br />

§ 2º - Não po<strong>de</strong>rá integrar o Órgão Especial, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> efetivo ou por substituição, o magistra<strong>do</strong> alcança<strong>do</strong> pelo impedimento estabeleci<strong>do</strong> neste artigo.<br />

Art. 114 - Na mesma comarca, distrito ou subdistrito, não po<strong>de</strong>rão servir conjuntamente, como Juiz, Promotor <strong>de</strong> Justiça ou como qualquer <strong>do</strong>s servi<strong>do</strong>res relaciona<strong>do</strong>s nos artigos<br />

258 e 263 <strong>de</strong>sta Lei, parentes em grau indica<strong>do</strong> no artigo 113, aplican<strong>do</strong>-se, em caso <strong>de</strong> promoção por antigüida<strong>de</strong>, a regra <strong>do</strong> § 1º <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> artigo.<br />

Parágrafo único - A incompatibilida<strong>de</strong> não se esten<strong>de</strong>rá a Juízes <strong>de</strong> varas diferentes na mesma comarca, não po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>, entretanto, um substituir o outro.<br />

Art. 115 - A incompatibilida<strong>de</strong> resolver-se-á:<br />

I - antes da posse, contra o último nomea<strong>do</strong> ou o menos i<strong>do</strong>so, sen<strong>do</strong> as nomeações da mesma data;<br />

II - <strong>de</strong>pois da posse, contra o que lhe tiver da<strong>do</strong> causa e, sen<strong>do</strong> ela imputada a ambos, contra o que contar menos tempo <strong>de</strong> serviço judiciário ou, se este for igual, contra o <strong>de</strong> menos<br />

tempo <strong>de</strong> serviço público estadual.<br />

Art. 1<strong>16</strong> - Se o magistra<strong>do</strong> que <strong>de</strong>va ser afasta<strong>do</strong> não solicitar exoneração ou <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> disponibilida<strong>de</strong>, esta lhe será imposta pela Corte Superior, a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong>-se as normas<br />

processuais relativas a aban<strong>do</strong>no <strong>de</strong> cargo.<br />

Art. 117 - Não po<strong>de</strong>rão servir conjuntamente no mesmo processo advoga<strong>do</strong> e Desembarga<strong>do</strong>r, Juiz, servi<strong>do</strong>r ou membro <strong>do</strong> Ministério Público, parentes em grau indica<strong>do</strong> no artigo<br />

113 <strong>de</strong>sta Lei, resolven<strong>do</strong>-se a incompatibilida<strong>de</strong> em favor <strong>do</strong> advoga<strong>do</strong>.<br />

Capítulo V<br />

Dos Subsídios e das In<strong>de</strong>nizações<br />

Seção I<br />

Dos Subsídios<br />

Art. 118 - Os subsídios <strong>do</strong>s magistra<strong>do</strong>s serão fixa<strong>do</strong>s nos termos da Constituição da República.<br />

§ 1º - Os subsídios <strong>do</strong>s Desembarga<strong>do</strong>res não exce<strong>de</strong>rão os percebi<strong>do</strong>s pelos Ministros <strong>do</strong> Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral nem serão inferiores a 95% (noventa e cinco por cento) <strong>do</strong>s<br />

percebi<strong>do</strong>s pelos Ministros <strong>do</strong> Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça e não po<strong>de</strong>rão constituir paradigma para qualquer servi<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />

§ 2º - Os Juízes <strong>de</strong> Tribunal <strong>de</strong> Alçada e <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar terão subsídios iguais.<br />

§ 3º - A fixação <strong>do</strong>s subsídios far-se-á com a diferença <strong>de</strong> 5% (cinco por cento) <strong>de</strong> uma para outra categoria da carreira.<br />

§ 4º - O cargo <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Direito Substituto e o <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> comarca <strong>de</strong> primeira entrância são consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s da mais baixa entrância na carreira.<br />

Art. 119 - Para o recebimento <strong>do</strong>s subsídios, o exercício das funções será atesta<strong>do</strong>:<br />

I - quanto a Desembarga<strong>do</strong>r, em folha organizada na Secretaria <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, com o visto <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte;<br />

II - quanto a Juiz <strong>de</strong> Tribunal <strong>de</strong> Alçada ou <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar, em folha organizada na Secretaria <strong>do</strong> respectivo Tribunal, com o visto <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte;<br />

III - quanto aos Juízes <strong>de</strong> primeiro grau, em folha organizada na respectiva comarca, com o visto <strong>do</strong> Diretor <strong>do</strong> Foro.<br />

Art. 120 - O magistra<strong>do</strong> terá direito a:<br />

Seção II<br />

Das In<strong>de</strong>nizações e outros Pagamentos<br />

I - diárias e pagamento <strong>de</strong> transporte, quan<strong>do</strong> se afastar da se<strong>de</strong>, a serviço ou em missão oficial, e a reembolso <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> hospedagem e transporte, quan<strong>do</strong> em substituição;<br />

II - reembolso das <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> transporte e mudança;<br />

III - pagamento por aula ou conferência proferida na Escola Judicial Des. Edésio Fernan<strong>de</strong>s;<br />

IV - subsídio especial <strong>de</strong> Natal;<br />

V - 1/3 (um terço) <strong>do</strong>s subsídios, em razão <strong>de</strong> férias;<br />

VI - auxílio-<strong>do</strong>ença;<br />

VII - auxílio-moradia.


§ 1º - Os pagamentos a que se refere o inciso I <strong>de</strong>ste artigo serão processa<strong>do</strong>s e efetua<strong>do</strong>s pela Secretaria <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, <strong>de</strong> Tribunal <strong>de</strong> Alçada ou <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça<br />

Militar.<br />

§ 2º - O reembolso previsto no inciso II <strong>de</strong>ste artigo será pago ao Juiz quan<strong>do</strong>, removi<strong>do</strong> <strong>do</strong> cargo <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Direito Substituto para o <strong>de</strong> titular <strong>de</strong> comarca <strong>de</strong> primeira entrância ou<br />

promovi<strong>do</strong>, passar a ter exercício em outra comarca.<br />

§ 3º - A remoção a pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma para outra comarca não dá direito à percepção <strong>do</strong> reembolso previsto no inciso II <strong>de</strong>ste artigo.<br />

§ 4º - O pagamento previsto no inciso III <strong>de</strong>ste artigo far-se-á com base no disposto no Regulamento da Escola Judicial Des. Edésio Fernan<strong>de</strong>s.<br />

§ 5º - Os pagamentos previstos nos incisos IV, V e VI <strong>de</strong>ste Artigo serão <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s nos mesmos termos <strong>do</strong>s referentes aos servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais.<br />

Seção III<br />

Do Auxílio-Funeral e da Pensão<br />

Art. 121 - Ao cônjuge sobrevivente pagar-se-á importância correspon<strong>de</strong>nte a 1 (um) mês <strong>do</strong>s subsídios que o magistra<strong>do</strong> percebia, para aten<strong>de</strong>r às <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> funeral e luto.<br />

§ 1º - Quem, na falta <strong>do</strong> cônjuge sobrevivente, houver custea<strong>do</strong> o funeral <strong>do</strong> magistra<strong>do</strong> será in<strong>de</strong>niza<strong>do</strong> das <strong>de</strong>spesas comprovadas, até o montante referi<strong>do</strong> neste artigo.<br />

§ 2º - O pagamento da in<strong>de</strong>nização será processa<strong>do</strong> e efetua<strong>do</strong> na Secretaria <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, <strong>de</strong> Tribunal <strong>de</strong> Alçada ou <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar.<br />

Art. 122 - Por falecimento <strong>do</strong> magistra<strong>do</strong>, será <strong>de</strong>vida ao seu cônjuge ou companheiro por união estável, assim <strong>de</strong>clara<strong>do</strong> por sentença, ou, na falta <strong>de</strong>stes, aos filhos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes,<br />

menores ou incapazes, pensão mensal, calculada nos termos da Constituição da República.<br />

Parágrafo único - A pensão <strong>de</strong> que trata este artigo será dividida entre os beneficiários, se for o caso, na forma da legislação aplicável.<br />

CapítuloVI<br />

Das Férias<br />

Seção I<br />

Das Férias Anuais<br />

Art. 123 - Os magistra<strong>do</strong>s terão direito a férias anuais, por 60 (sessenta) dias, coletivas ou individuais.<br />

§ 1º - As férias individuais dar-se-ão por motivo <strong>de</strong> haver o magistra<strong>do</strong> servi<strong>do</strong> durante as férias coletivas.<br />

§ 2º - As férias excepcionalmente não gozadas, por necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviço, a critério <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, serão in<strong>de</strong>nizadas, em dinheiro, por ocasião da<br />

aposenta<strong>do</strong>ria ou ao final <strong>de</strong> 1 (um) ano <strong>do</strong> tempo em que podiam ser gozadas.<br />

Subseção I<br />

Das Férias nos Tribunais<br />

Art. 124 - Os membros <strong>do</strong>s tribunais gozarão férias coletivas nos perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 2 a 31 <strong>de</strong> janeiro e <strong>de</strong> 2 a 31 <strong>de</strong> julho.<br />

Art. 125 - Gozarão 30 ( trinta ) dias consecutivos <strong>de</strong> férias individuais, por semestre e quan<strong>do</strong> solicitarem:<br />

I - os Presi<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong>s tribunais;<br />

II - os Vice-Presi<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> Justiça e <strong>de</strong> Alçada, se o exigir o serviço a seu cargo;<br />

III - o Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça;<br />

IV - os Desembarga<strong>do</strong>res e os Juízes <strong>de</strong> Tribunal <strong>de</strong> Alçada integrantes <strong>de</strong> Câmara Especial <strong>de</strong> Férias;<br />

V - o Desembarga<strong>do</strong>r que, por motivo <strong>de</strong> serviço eleitoral, não tiver goza<strong>do</strong> férias coletivas.<br />

§ 1º - As férias individuais somente po<strong>de</strong>m acumular-se por imperiosa necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviço.<br />

§ 2º - Será veda<strong>do</strong> o afastamento, em gozo <strong>de</strong> férias individuais, <strong>de</strong> Juízes em número que possa comprometer o "quorum" <strong>de</strong> julgamento <strong>do</strong> tribunal ou <strong>de</strong> qualquer <strong>de</strong> seus órgãos<br />

judicantes.<br />

Subseção II<br />

Das Férias na Primeira Instância<br />

Art. 126 - Os magistra<strong>do</strong>s <strong>de</strong> primeiro grau gozarão férias coletivas <strong>de</strong> 2 a 31 <strong>de</strong> janeiro e <strong>de</strong> 2 a 31 <strong>de</strong> julho.<br />

§ 1º - Um <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> férias coletivas po<strong>de</strong> ser transforma<strong>do</strong> em perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> férias individuais, a critério e mediante resolução da Corte Superior.


§ 2º - Ao magistra<strong>do</strong> que, por motivo <strong>de</strong> plantão ou <strong>de</strong> serviço eleitoral, não tiver goza<strong>do</strong> férias coletivas, serão concedidas férias individuais, mediante autorização <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong><br />

Tribunal <strong>de</strong> Justiça.<br />

§ 3º - As férias individuais só serão concedidas por perío<strong>do</strong>s correspon<strong>de</strong>ntes aos das férias coletivas não gozadas.<br />

§ 4º - As férias individuais não serão concedidas concomitantemente ao Juiz a quem caiba substituir e ao que <strong>de</strong>va ser substituí<strong>do</strong>.<br />

Art. 127 - Nos perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> férias coletivas, somente serão pratica<strong>do</strong>s os atos processuais e processadas as causas seguintes:<br />

I - a produção antecipada <strong>de</strong> provas, <strong>de</strong> que trata o artigo 846 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo Civil;<br />

II - a citação, a fim <strong>de</strong> evitar o perecimento <strong>do</strong> direito;<br />

III - o arresto, o seqüestro, a penhora, a arrecadação, a busca e a apreensão, o <strong>de</strong>pósito, a prisão, a separação <strong>de</strong> corpos, a abertura <strong>de</strong> testamento, os embargos <strong>de</strong> terceiro, a nunciação<br />

<strong>de</strong> obra nova, a liminar em manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> segurança, o suprimento <strong>de</strong> consentimento para o casamento e outros atos análogos;<br />

IV - os atos <strong>de</strong> jurisdição voluntária, bem como os necessários à conservação <strong>de</strong> direitos, quan<strong>do</strong> pu<strong>de</strong>rem ser prejudica<strong>do</strong>s pelo adiamento;<br />

V - as causas <strong>de</strong> alimentos provisionais, <strong>de</strong> dação ou remoção <strong>de</strong> tutores ou cura<strong>do</strong>res, bem como as que se processam pelo rito sumaríssimo;<br />

VI - as causas e os atos processuais da jurisdição criminal;<br />

VII - as causas e os atos processuais referentes ao Juiza<strong>do</strong> da Infância e da Juventu<strong>de</strong>;<br />

VIII - todas as causas que a lei fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>terminar;<br />

IX - os conflitos <strong>de</strong> competência, em casos <strong>de</strong> réus presos ou quan<strong>do</strong> pen<strong>de</strong>nte pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> liminar.<br />

Art. 128 - Durante as férias coletivas, servirão na Comarca <strong>de</strong> Belo Horizonte e nas comarcas <strong>do</strong> interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Juízes <strong>de</strong>signa<strong>do</strong>s por ato <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça,<br />

que lhes <strong>de</strong>finirá a competência.<br />

§ 1º - Nas comarcas <strong>do</strong> interior, o Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça atribuirá competência ao Juiz <strong>de</strong> plantão para substituir nas comarcas que não o tenham.<br />

§ 2º - O plantão estabeleci<strong>do</strong> neste artigo será exerci<strong>do</strong>, preferencialmente, por Juízes <strong>de</strong> Direito Auxiliares e por Juízes <strong>de</strong> Direito Substitutos.<br />

Art. 129 - Nos sába<strong>do</strong>s, <strong>do</strong>mingos e feria<strong>do</strong>s, na Comarca <strong>de</strong> Belo Horizonte, servirá um Juiz <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> pelo Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, em escala mensal, para conhecer <strong>de</strong><br />

"habeas corpus", funcionan<strong>do</strong> um Escrivão e servi<strong>do</strong>res <strong>de</strong>signa<strong>do</strong>s pelo Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça, mediante rodízio.<br />

§ 1º - Para as comarcas <strong>do</strong> interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, a Corte Superior estabelecerá microrregiões em que os Juízes respectivos, mediante <strong>de</strong>signação <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, se<br />

revezarão, para efeito <strong>de</strong>ste artigo, levan<strong>do</strong>-se em conta a distância e as vias <strong>de</strong> comunicação que possibilitem a realização <strong>do</strong> plantão.<br />

§ 2º - Na hipótese <strong>do</strong> parágrafo anterior, terá preferência na indicação o Escrivão e <strong>de</strong>mais servi<strong>do</strong>res lota<strong>do</strong>s na comarca <strong>do</strong> Juiz indica<strong>do</strong> para o respectivo plantão.<br />

§ 3º - Os Juízes <strong>de</strong>signa<strong>do</strong>s para o plantão previsto neste artigo ficarão com direito à compensação pelos dias em que servirem.<br />

Seção II<br />

Das Férias-Prêmio<br />

Art. 130 - Após cada perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 5 (cinco) anos <strong>de</strong> efetivo exercício <strong>de</strong> serviço público <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais, o magistra<strong>do</strong> terá direito a férias-prêmio <strong>de</strong> 3 (três) meses,<br />

admitida a conversão em espécie, paga a título <strong>de</strong> in<strong>de</strong>nização, quan<strong>do</strong> da aposenta<strong>do</strong>ria.<br />

Parágrafo único - Da contagem <strong>do</strong> qüinqüênio não se <strong>de</strong>duzirá o tempo <strong>de</strong> afastamento <strong>do</strong> exercício das funções por motivo <strong>de</strong>:<br />

I - casamento ou luto, até 8 (oito) dias;<br />

II - férias;<br />

III - licença para tratamento <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, até 180 (cento e oitenta) dias.<br />

Art. 131 - A concessão das férias-prêmio será <strong>de</strong>ferida pelo Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal competente.<br />

Parágrafo único - Não serão concedidas férias-prêmio quan<strong>do</strong>:<br />

I - ocorrer fase <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> qualificação eleitoral ou <strong>de</strong> proximida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pleito;<br />

II - estas recaírem em mês <strong>de</strong> funcionamento <strong>do</strong> júri, salvo na Comarca <strong>de</strong> Belo Horizonte;<br />

III - estiver o magistra<strong>do</strong> com autos em seu po<strong>de</strong>r além <strong>do</strong> prazo legal;<br />

IV - pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> julgamento causa cuja instrução tenha si<strong>do</strong> dirigida pelo magistra<strong>do</strong>, ou existirem autos conclusos para sentença ou <strong>de</strong>spacho por tempo superior ao prazo legal;


V - inexistir Juiz para a substituição, ou esta sobrecarregar <strong>de</strong>masiadamente o substituto;<br />

VI - estas forem contrárias ao interesse público.<br />

Art. 132 - O pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> concessão <strong>de</strong> férias-prêmio será instruí<strong>do</strong> com prova <strong>de</strong> que não existem os impedimentos referi<strong>do</strong>s nos incisos III e IV, 2ª parte, <strong>do</strong> parágrafo único <strong>do</strong> artigo<br />

anterior.<br />

Art. 133 - Serão <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s ao cônjuge-sobrevivente ou ao companheiro por união estável, assim <strong>de</strong>clara<strong>do</strong> por sentença, sobrevivente e aos her<strong>de</strong>iros necessários <strong>do</strong> magistra<strong>do</strong>, em<br />

caso <strong>de</strong> falecimento <strong>de</strong>ste, ocorri<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> na ativida<strong>de</strong>, os subsídios correspon<strong>de</strong>ntes a perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> férias-prêmio não gozadas nem contadas em <strong>do</strong>bro.<br />

Art. 134 - O magistra<strong>do</strong> po<strong>de</strong>rá afastar-se <strong>do</strong> cargo mediante:<br />

I - licença para tratamento <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>;<br />

II - licença por motivo <strong>de</strong> <strong>do</strong>ença em pessoa da família;<br />

III - licença para repouso à gestante;<br />

IV - licença-paternida<strong>de</strong>.<br />

Capítulo VII<br />

Das Licenças e <strong>do</strong> Afastamento<br />

Seção I<br />

Das Licenças<br />

Art. 135 - A licença para tratamento <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> terá o prazo máximo <strong>de</strong> 2 (<strong>do</strong>is) anos, não se interrompen<strong>do</strong> a contagem <strong>de</strong>sse prazo pela reassunção <strong>do</strong> exercício por perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> até 30<br />

(trinta) dias.<br />

§ 1º - No caso <strong>de</strong> licença para tratamento <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, fin<strong>do</strong> o prazo máximo, o magistra<strong>do</strong> será submeti<strong>do</strong> a inspeção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> reassumir o cargo <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> <strong>10</strong> (<strong>de</strong>z) dias<br />

conta<strong>do</strong>s da data <strong>do</strong> lau<strong>do</strong> que concluir pelo seu restabelecimento.<br />

§ 2º - Concluin<strong>do</strong> o lau<strong>do</strong> pela continuação da enfermida<strong>de</strong>, será inicia<strong>do</strong> o processo <strong>de</strong> aposenta<strong>do</strong>ria.<br />

Art. 136 - O requerimento <strong>de</strong> licença para tratamento <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>verá ser instruí<strong>do</strong> com atesta<strong>do</strong> médico.<br />

§ 1º - Se a licença e suas prorrogações ininterruptas forem por prazo superior a 30 (trinta) dias, o requerimento <strong>de</strong>verá ser instruí<strong>do</strong> com lau<strong>do</strong> <strong>de</strong> inspeção expedi<strong>do</strong> por junta médica<br />

oficial.<br />

§ 2º - Se inexistir junta médica oficial na comarca <strong>de</strong> exercício <strong>do</strong> magistra<strong>do</strong>, a licença po<strong>de</strong>rá ser concedida com atesta<strong>do</strong> assina<strong>do</strong> por mais <strong>de</strong> um médico e visa<strong>do</strong> pela junta<br />

médica <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser exigi<strong>do</strong> o exame pessoal <strong>do</strong> magistra<strong>do</strong>.<br />

§ 3º - Nos casos <strong>de</strong> tuberculose, cardiopatia <strong>de</strong>scompensada, alienação mental, neoplasia maligna, leucemia, cegueira, lepra, pênfigo foliáceo, <strong>do</strong>ença <strong>de</strong> Parkinson, espondiloartrose<br />

anquilosante, nefropatia grave, paralisia que impeça a locomoção ou AIDS, a concessão da licença dispensará requerimento, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> ser concedida <strong>de</strong> ofício, mediante simples<br />

apresentação <strong>do</strong> atesta<strong>do</strong> ou lau<strong>do</strong> médico.<br />

§ 4º - Nos casos referi<strong>do</strong>s no parágrafo anterior, a licença será concedida por prazo in<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> e importará instauração <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> verificação <strong>de</strong> invali<strong>de</strong>z.<br />

§ 5º - Permanecen<strong>do</strong> o magistra<strong>do</strong> em licença para tratamento <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pelo prazo <strong>de</strong> 1 (um) ano, ser-lhe-á concedi<strong>do</strong> auxílio-<strong>do</strong>ença no valor <strong>de</strong> 1 (um) mês <strong>de</strong> subsídios.<br />

Art. 137 - O magistra<strong>do</strong> que houver goza<strong>do</strong> o máximo <strong>de</strong> licença não po<strong>de</strong>rá ser licencia<strong>do</strong> senão <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 1 (um) ano <strong>de</strong> efetivo exercício no cargo, e, antes <strong>de</strong> <strong>de</strong>corri<strong>do</strong> esse<br />

tempo, só excepcionalmente, para tratamento <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>rá o Órgão Especial conce<strong>de</strong>r-lhe outra licença.<br />

Art. 138 - Na licença para tratamento <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> em pessoa da família <strong>do</strong> magistra<strong>do</strong>, o requerimento <strong>de</strong>verá ser instruí<strong>do</strong> na forma estabelecida no artigo 136 <strong>de</strong>sta Lei, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> o<br />

atesta<strong>do</strong> ou o lau<strong>do</strong> <strong>de</strong> inspeção, expedi<strong>do</strong> por junta médica, <strong>de</strong>clarar a indispensabilida<strong>de</strong> da assistência pessoal <strong>do</strong> magistra<strong>do</strong> e a incompatibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua prestação com o<br />

exercício <strong>do</strong> cargo.<br />

§ 1º - Para efeito <strong>do</strong> disposto neste artigo, consi<strong>de</strong>rar-se-ão da família <strong>do</strong> magistra<strong>do</strong> o cônjuge não separa<strong>do</strong>, o companheiro em união estável, os filhos, os pais, os sogros e os<br />

irmãos que vivam em sua companhia.<br />

§ 2º - A licença por motivo <strong>de</strong> <strong>do</strong>ença em pessoa da família, até o prazo <strong>de</strong> 30 (trinta) dias, será concedida com remuneração integral e, além <strong>de</strong>sse prazo, sem remuneração.<br />

Art. 139 - A licença-paternida<strong>de</strong>, a licença para tratamento <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e a licença-maternida<strong>de</strong> serão concedidas com remuneração integral.<br />

Art. 140 - A licença-paternida<strong>de</strong> será concedida pelo prazo <strong>de</strong> 5 (cinco) dias úteis, e a <strong>de</strong> repouso à gestante pelo <strong>de</strong> 120 (cento e vinte) dias, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> o pedi<strong>do</strong> ser instruí<strong>do</strong> com<br />

atesta<strong>do</strong> médico.<br />

Seção II<br />

Do Afastamento<br />

Art. 141 - Sem prejuízo da remuneração, o magistra<strong>do</strong> po<strong>de</strong>rá afastar-se <strong>de</strong> suas funções até 8 (oito) dias consecutivos por motivo <strong>de</strong>:


I - casamento;<br />

II - falecimento <strong>de</strong> cônjuge, ascen<strong>de</strong>nte, <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte, sogro ou irmãos;<br />

Parágrafo único - No caso <strong>do</strong> inciso I <strong>de</strong>ste artigo, o magistra<strong>do</strong> comunicará, com antecedência, o afastamento ao seu substituto legal e, no caso <strong>do</strong> inciso II, fará a comunicação, se<br />

possível.<br />

Art. 142 - Conce<strong>de</strong>r-se-á afastamento ao magistra<strong>do</strong>, sem prejuízo da remuneração:<br />

I - para freqüência a cursos ou seminário <strong>de</strong> aperfeiçoamento e estu<strong>do</strong>s, pelo prazo máximo <strong>de</strong> 1 (um) ano, nos termos <strong>de</strong> resolução da Corte Superior;<br />

II - para prestação <strong>de</strong> serviços exclusivamente à Justiça Eleitoral;<br />

III - para exercer a Presidência da Associação <strong>do</strong>s Magistra<strong>do</strong>s Mineiros ou da Associação <strong>do</strong>s Magistra<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Brasil.<br />

Art. 143 - O magistra<strong>do</strong> vitalício será aposenta<strong>do</strong>:<br />

Capítulo VIII<br />

Da Aposenta<strong>do</strong>ria<br />

I - compulsoriamente, aos 70 (setenta) anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, por invali<strong>de</strong>z ou por interesse público;<br />

II - voluntariamente, aos 35 (trinta e cinco) anos <strong>de</strong> contribuição, após <strong>10</strong> (<strong>de</strong>z) anos <strong>de</strong> exercício efetivo na judicatura.<br />

Parágrafo único - Os proventos da aposenta<strong>do</strong>ria serão iguais aos subsídios correspon<strong>de</strong>ntes ao cargo em que ela ocorreu e serão reajusta<strong>do</strong>s na mesma proporção <strong>do</strong>s aumentos<br />

concedi<strong>do</strong>s, a qualquer título, aos magistra<strong>do</strong>s em ativida<strong>de</strong>.<br />

Art. 144 - Ao completar 70 (setenta) anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, o magistra<strong>do</strong> per<strong>de</strong>rá automaticamente o exercício <strong>do</strong> cargo, cumprin<strong>do</strong> à Corte Superior organizar a lista ou fazer a indicação<br />

para preenchimento da vaga, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> ato <strong>de</strong>claratório <strong>de</strong> vacância <strong>do</strong> cargo.<br />

Parágrafo único - A formalização da aposenta<strong>do</strong>ria dar-se-á por ato <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, que será processa<strong>do</strong> na sua Secretaria e encaminha<strong>do</strong> ao Tribunal <strong>de</strong> Contas<br />

para registro.<br />

Art. 145 - A aposenta<strong>do</strong>ria voluntária será requerida pelo interessa<strong>do</strong> diretamente ao Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, e processada na forma <strong>do</strong> parágrafo único <strong>do</strong> artigo anterior.<br />

Art. 146 - A aposenta<strong>do</strong>ria por invali<strong>de</strong>z será <strong>de</strong>cretada pela Corte Superior, em processo estabeleci<strong>do</strong> no Regimento Interno <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça.<br />

Art. 147 - O magistra<strong>do</strong> será posto em disponibilida<strong>de</strong>:<br />

I - em razão da extinção <strong>do</strong> cargo ou da transferência da se<strong>de</strong> da comarca;<br />

II - em razão da incompatibilida<strong>de</strong> prevista no artigo 114 <strong>de</strong>sta Lei;<br />

III - compulsoriamente, no caso e na forma estabeleci<strong>do</strong>s na Constituição da República.<br />

Capítulo IX<br />

Da Disponibilida<strong>de</strong><br />

§ 1º - No caso <strong>de</strong> transferência da se<strong>de</strong> da comarca, o magistra<strong>do</strong> não será coloca<strong>do</strong> em disponibilida<strong>de</strong> se preferir remover-se para a nova se<strong>de</strong>, requeren<strong>do</strong>-o ao Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong><br />

Tribunal <strong>de</strong> Justiça até 15 (quinze) dias <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> efetivada a mudança.<br />

§ 2º - No caso <strong>de</strong> extinção <strong>do</strong> cargo, o magistra<strong>do</strong> po<strong>de</strong>rá ser aproveita<strong>do</strong> em outra comarca <strong>de</strong> igual categoria que estiver vaga ou que vagar, se o requerer ao Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal<br />

<strong>de</strong> Justiça.<br />

§ 3º - Decretada a disponibilida<strong>de</strong> compulsória, o recurso que for interposto não terá efeito suspensivo, e o magistra<strong>do</strong> per<strong>de</strong>rá imediatamente a função jurisdicional.<br />

Art. 148 - A disponibilida<strong>de</strong> referida nos incisos I e II <strong>do</strong> artigo anterior:<br />

I - assegura ao magistra<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os direitos da ativida<strong>de</strong>, inclusive remuneração e promoção por merecimento e antigüida<strong>de</strong>;<br />

II - impõe ao magistra<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os <strong>de</strong>veres e todas as restrições estabeleci<strong>do</strong>s para a magistratura, submeten<strong>do</strong>-o à disciplina judiciária e sujeitan<strong>do</strong>-o às penalida<strong>de</strong>s àquela aplicáveis.<br />

Art. 149 - A disponibilida<strong>de</strong> prevista no inciso III <strong>do</strong> artigo 147 <strong>de</strong>sta Lei:<br />

I - assegura ao magistra<strong>do</strong> proventos proporcionais ao tempo <strong>de</strong> serviço;<br />

II - sujeita-o à perda <strong>do</strong> cargo em razão <strong>de</strong> sentença criminal;<br />

III - faculta-lhe o reaproveitamento, nos termos que o Regimento Interno estabelecer;


IV - impe<strong>de</strong>-o <strong>de</strong> contar o tempo <strong>de</strong> disponibilida<strong>de</strong>.<br />

Art. 150 - Para o magistra<strong>do</strong> vitalício, cessará o exercício da função jurisdicional:<br />

I - por perda <strong>do</strong> cargo em razão <strong>de</strong>:<br />

a) sentença criminal transitada em julga<strong>do</strong>;<br />

b) <strong>de</strong>cisão em processo administrativo que imponhapena <strong>de</strong> <strong>de</strong>missão;<br />

c) perda da nacionalida<strong>de</strong> ou <strong>do</strong>s direitos políticos, nos termos da Constituição<br />

da República;<br />

II - por aposenta<strong>do</strong>ria ou exoneração a pedi<strong>do</strong>;<br />

III - por disponibilida<strong>de</strong> ou remoção compulsória, até o reaproveitamento.<br />

Capítulo X<br />

Da Cessação <strong>do</strong> Exercício<br />

Art. 151 - Para o magistra<strong>do</strong> não vitalício, cessará o exercício da função jurisdicional, em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> exoneração, nos termos <strong>do</strong> artigo 176 <strong>de</strong>sta Lei.<br />

Art. 152 - São <strong>de</strong>veres <strong>do</strong> magistra<strong>do</strong>:<br />

Capítulo XI<br />

Da Disciplina Judiciária<br />

Seção I<br />

Dos Deveres <strong>do</strong> Magistra<strong>do</strong><br />

I - cumprir e fazer cumprir, com in<strong>de</strong>pendência, serenida<strong>de</strong> e exatidão, as disposições legais e os atos <strong>de</strong> seu ofício;<br />

II - sentenciar ou <strong>de</strong>spachar sem exce<strong>de</strong>r injustificadamente os prazos;<br />

III - <strong>de</strong>terminar as providências para que os atos processuais se realizem nos prazos legais;<br />

IV - tratar com urbanida<strong>de</strong> as partes, os membros <strong>do</strong> Ministério Público, os advoga<strong>do</strong>s, as testemunhas, os servi<strong>do</strong>res e auxiliares da Justiça e aten<strong>de</strong>r aos que o procurarem, a<br />

qualquer momento, quan<strong>do</strong> se tratar <strong>de</strong> providência que reclame e possibilite solução <strong>de</strong> urgência;<br />

V - residir na se<strong>de</strong> da comarca;<br />

VI - comparecer ao Fórum, pontualmente, no início <strong>do</strong> expediente fixa<strong>do</strong> por resolução da Corte Superior, não se ausentan<strong>do</strong> injustificadamente antes <strong>do</strong> término <strong>do</strong> mesmo;<br />

VII - exercer assídua fiscalização sobre os subordina<strong>do</strong>s, especialmente no que se refere à cobrança <strong>de</strong> custas e emolumentos, mesmo não haven<strong>do</strong> reclamação das partes;<br />

VIII - manter conduta irrepreensível na vida pública e na particular;<br />

IX - permanecer <strong>de</strong> plantão, quan<strong>do</strong> escala<strong>do</strong>, nos fins-<strong>de</strong>-semana, feria<strong>do</strong>s e férias coletivas, com direito à compensação.<br />

Art. 153 - É veda<strong>do</strong> ao magistra<strong>do</strong>:<br />

I - exercer, ainda que em disponibilida<strong>de</strong>, outro cargo ou função, salvo uma <strong>de</strong> magistério;<br />

II - receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, percentagem ou custas nos processos sujeitos a seu <strong>de</strong>spacho ou julgamento;<br />

III - exercer ativida<strong>de</strong> político-partidária;<br />

IV - exercer o comércio ou participar <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> comercial, inclusive a <strong>de</strong> economia mista, exceto como acionista ou quotista;<br />

V - exercer cargo <strong>de</strong> direção ou técnico <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> civil, associação ou fundação, <strong>de</strong> qualquer natureza ou finalida<strong>de</strong>, salvo <strong>de</strong> associação <strong>de</strong> classe, sem remuneração;<br />

VI - manifestar, por qualquer meio <strong>de</strong> comunicação, opinião sobre processo pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> julgamento, seu ou <strong>de</strong> outrem, ou juízo <strong>de</strong>preciativo sobre <strong>de</strong>spachos, votos ou sentenças <strong>de</strong><br />

órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos e em obras técnicas ou no exercício <strong>do</strong> magistério.<br />

§ 1º - O exercício <strong>de</strong> cargo ou função <strong>de</strong> magistério será permiti<strong>do</strong> somente se houver compatibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> horários, veda<strong>do</strong>, em quaisquer hipóteses, o <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> função <strong>de</strong><br />

direção administrativa ou técnica <strong>de</strong> estabelecimento <strong>de</strong> ensino.


§ 2º - O magistra<strong>do</strong> po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>sempenhar função <strong>do</strong>cente em curso oficial <strong>de</strong> preparação para a judicatura ou <strong>de</strong> aperfeiçoamento <strong>de</strong> magistra<strong>do</strong>s, cumulativamente com o exercício<br />

<strong>de</strong> cargo ou função <strong>de</strong> magistério.<br />

Seção II<br />

Das Penalida<strong>de</strong>s<br />

Art. 154 - O magistra<strong>do</strong> não po<strong>de</strong>rá ser puni<strong>do</strong> nem prejudica<strong>do</strong> pelas opiniões que manisfestar nas <strong>de</strong>cisões que proferir, salvo em casos <strong>de</strong> improprieda<strong>de</strong> ou excesso <strong>de</strong> linguagem.<br />

Art. 155 - São penas disciplinares:<br />

I - advertência;<br />

II - censura;<br />

III - remoção e disponibilida<strong>de</strong> compulsórias;<br />

IV - aposenta<strong>do</strong>ria compulsória com proventos proporcionais ao tempo <strong>de</strong> contribuição;<br />

III - <strong>de</strong>missão.<br />

Parágrafo único - As penas <strong>de</strong> advertência e <strong>de</strong> censura serão aplicáveis somente aos Juízes <strong>de</strong> 1º grau.<br />

Art. 156 - A pena <strong>de</strong> advertência será aplicada reservadamente, por escrito, no caso <strong>de</strong> negligência no cumprimento <strong>do</strong>s <strong>de</strong>veres <strong>do</strong> cargo.<br />

Art. 157 - A pena <strong>de</strong> censura será aplicada reservadamente, por escrito, no caso <strong>de</strong> reiterada negligência no cumprimento <strong>do</strong>s <strong>de</strong>veres <strong>do</strong> cargo ou no caso <strong>de</strong> procedimento incorreto,<br />

se a infração não justificar a imposição <strong>de</strong> pena mais grave.<br />

Parágrafo único - A aplicação da pena <strong>de</strong> censura impedirá a inclusão <strong>do</strong> Juiz em lista <strong>de</strong> promoção por merecimento pelo prazo <strong>de</strong> 1 (um) ano conta<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua imposição.<br />

Art. 158 - A pena <strong>de</strong> remoção compulsória será aplicada em razão <strong>de</strong> interesse público quan<strong>do</strong>:<br />

I - o procedimento funcional <strong>do</strong> magistra<strong>do</strong>, sem caracterizar fato <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>r da disponibilida<strong>de</strong> ou da aposenta<strong>do</strong>ria compulsórias ou <strong>de</strong> <strong>de</strong>missão, for incompatível com o bom<br />

<strong>de</strong>sempenho da função jurisdicional na comarca;<br />

II - o prestígio <strong>do</strong> magistra<strong>do</strong> e a prestação jurisdicional na comarca estiverem comprometi<strong>do</strong>s em razão <strong>de</strong> outros fatos que envolvam a pessoa <strong>do</strong> Juiz.<br />

Art. 159 - A pena <strong>de</strong> disponibilida<strong>de</strong> compulsória será aplicada em razão <strong>de</strong> interesse público, reconheci<strong>do</strong>, sem prejuízo <strong>do</strong> reconhecimento em outros casos, quan<strong>do</strong>:<br />

I - o procedimento funcional <strong>do</strong> magistra<strong>do</strong>, sem caracterizar fato <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>r da remoção ou da aposenta<strong>do</strong>ria compulsória ou <strong>de</strong> <strong>de</strong>missão, for incompatível com o bom<br />

<strong>de</strong>sempenho da função jurisdicional;<br />

II - o prestígio <strong>do</strong> magistra<strong>do</strong> e a prestação jurisdicional na comarca estiverem comprometi<strong>do</strong>s em razão <strong>de</strong> outros fatos que envolvam a pessoa so juiz.<br />

Art. <strong>16</strong>0 - A pena <strong>de</strong> aposenta<strong>do</strong>ria compulsória será aplicada ao magistra<strong>do</strong>:<br />

I - manifestamente negligente no cumprimento <strong>do</strong>s <strong>de</strong>veres <strong>do</strong> cargo;<br />

II - <strong>de</strong> escassa ou insuficiente capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho, ou cujo proce<strong>de</strong>r funcional seja incompatível com o bom <strong>de</strong>sempenho das ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário.<br />

Art. <strong>16</strong>1 - A pena <strong>de</strong> <strong>de</strong>missão será aplicada em razão <strong>de</strong>:<br />

I - sentença criminal con<strong>de</strong>natória transitada em julga<strong>do</strong>;<br />

II - exercício, ainda que em disponibilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> qualquer outra função, salvo <strong>de</strong> um cargo <strong>de</strong> magistério;<br />

III - recebimento, a qualquer título e sob qualquer pretexto, <strong>de</strong> percentagens ou custas nos processos sujeitos a seu <strong>de</strong>spacho ou julgamento;<br />

IV - exercício <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> político-partidária;<br />

V - aban<strong>do</strong>no <strong>do</strong> cargo;<br />

VI - procedimento incompatível com a dignida<strong>de</strong>, a honra e o <strong>de</strong>coro <strong>de</strong> suas funções, por <strong>de</strong>cisão da maioria <strong>de</strong> votos <strong>do</strong>s membros da Corte Superior, assegurada ampla <strong>de</strong>fesa.<br />

Art. <strong>16</strong>2 - O magistra<strong>do</strong> que ainda não adquiriu a vitalicieda<strong>de</strong> po<strong>de</strong>rá ser exonera<strong>do</strong> nas hipóteses previstas nos artigos <strong>16</strong>0 e <strong>16</strong>1 <strong>de</strong>sta Lei e nos casos <strong>de</strong> falta grave.<br />

Parágrafo único - Enten<strong>de</strong>r-se-á como falta grave a reiteração em procedimento que tiver da<strong>do</strong> causa a advertência ou censura.<br />

Seção III<br />

Dos Procedimentos


Art. <strong>16</strong>3 - Os procedimentos para apuração <strong>de</strong> faltas e aplicação <strong>de</strong> penalida<strong>de</strong>s, bem como para a <strong>de</strong>cretação <strong>de</strong> remoção ou disponibilida<strong>de</strong> compulsórias, assegurarão o resguar<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à dignida<strong>de</strong> e à in<strong>de</strong>pendência <strong>do</strong> magistra<strong>do</strong> e serão estabeleci<strong>do</strong>s no Regimento Interno <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça.<br />

Subseção I<br />

Dos Procedimentos para Apuração <strong>de</strong> Responsabilida<strong>de</strong> Disciplinar <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Direito na Correge<strong>do</strong>ria-Geral <strong>de</strong> Justiça<br />

Art. <strong>16</strong>4 - Sem prejuízo da iniciativa da Correge<strong>do</strong>ria-Geral <strong>de</strong> Justiça, qualquer pessoa po<strong>de</strong>rá representar a respeito <strong>de</strong> abuso, erro, irregularida<strong>de</strong> ou omissão imputa<strong>do</strong>s a<br />

magistra<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> o Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça a<strong>do</strong>tar as medidas cabíveis para a sua apuração.<br />

Parágrafo único - A representação será arquivada, se manifestamente improce<strong>de</strong>nte.<br />

Art. <strong>16</strong>5 - Sempre que necessário apurar fato ou circunstância para <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> disciplinar <strong>do</strong> Juiz, será instaurada sindicância pelo Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong><br />

Justiça.<br />

Art. <strong>16</strong>6 - A sindicância será aberta por ato <strong>do</strong> Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça, não exigin<strong>do</strong> comissão processante nem procedimento formal, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> Juiz-Correge<strong>do</strong>r<br />

para conduzir os trabalhos.<br />

§ 1º - O sindicante realizará diligências e investigações necessárias à elucidação <strong>do</strong>s fatos.<br />

§ 2º - A sindicância <strong>de</strong>ve ser conduzida <strong>de</strong> forma imparcial, com a utilização <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os meios admiti<strong>do</strong>s em direito, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> ser concluída no prazo <strong>de</strong> 30 (trinta) dias, conta<strong>do</strong>s da<br />

data <strong>do</strong> ato <strong>de</strong> sua instauração, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser este prazo prorroga<strong>do</strong> por igual perío<strong>do</strong>.<br />

§ 3º - Ultimada a sindicância, o sindicante <strong>de</strong>verá elaborar relatório conclusivo, resumin<strong>do</strong> as peças principais e menciona<strong>do</strong> as provas que serviram <strong>de</strong> embasamento para a sua<br />

conclusão.<br />

Art. <strong>16</strong>7 - Será dispensada a sindicância quan<strong>do</strong> a falta disciplinar constar em autos, estiver caracterizada em <strong>do</strong>cumento escrito ou constituir flagrante <strong>de</strong>sacato ou <strong>de</strong>sobediência.<br />

Art. <strong>16</strong>8 - Concluída a sindicância, se apura<strong>do</strong>s o <strong>de</strong>scumprimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>ver ou o cometimento <strong>de</strong> falta funcional por parte <strong>do</strong> magistra<strong>do</strong>, o Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça, em<br />

<strong>de</strong>spacho, resumirá a acusação, mencionan<strong>do</strong> e classifican<strong>do</strong> os fatos, e encaminhará os respectivos autos ao Presi<strong>de</strong>nte da Corte Superior para instauração <strong>de</strong> processo<br />

administrativo, <strong>de</strong> conformida<strong>de</strong> com o que dispõe o Regimento Interno <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça.<br />

Subseção II<br />

Da extinção <strong>do</strong>s Efeitos da Punibilida<strong>de</strong><br />

Art. <strong>16</strong>9 - A pena <strong>de</strong> censura per<strong>de</strong>rá seus efeitos <strong>de</strong>corri<strong>do</strong> 1 (um) ano <strong>do</strong> trânsito em julga<strong>do</strong> da <strong>de</strong>cisão que a houver aplica<strong>do</strong>, prazo que, no caso <strong>de</strong> reincidência, será conta<strong>do</strong> em<br />

<strong>do</strong>bro a partir da última punição.<br />

Art. 170 - A magistratura da justiça comum compreen<strong>de</strong>rá os cargos <strong>de</strong>:<br />

I - Juiz <strong>de</strong> Direito Substituto;<br />

II - Juiz <strong>de</strong> Direito <strong>de</strong> Primeira Entrância;<br />

III - Juiz <strong>de</strong> Direito <strong>de</strong> Segunda Entrância;<br />

IV - Juiz <strong>de</strong> Direito <strong>de</strong> Entrância Especial;<br />

V - Juiz <strong>de</strong> Tribunal <strong>de</strong> Alçada;<br />

VI - Desembarga<strong>do</strong>r.<br />

Título II<br />

Da Magistratura<br />

Capítulo I<br />

Do Concurso para Ingresso na Magistratura<br />

Art. 171 - O ingresso na magistratura far-se-á no cargo <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Direito Substituto, após concurso publico <strong>de</strong> provas e títulos, perante comissão examina<strong>do</strong>ra integrada pelo<br />

Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, que a presidirá, por Desembarga<strong>do</strong>res, um <strong>do</strong>s quais será <strong>do</strong> Diretor da Escola Judicial Des. Edésio Fernan<strong>de</strong>s, salvo impedimento, e por um<br />

representante <strong>do</strong> Conselho Seccional da Or<strong>de</strong>m <strong>do</strong>s Advoga<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Brasil.<br />

Parágrafo único - O concurso será váli<strong>do</strong> por <strong>do</strong>is anos, a contar <strong>de</strong> sua homologação.<br />

Art. 172 - São requisitos para ingresso na Magistratura:<br />

I - ser brasileiro e estar em exercício <strong>do</strong>s direitos civis e políticos e quite com o serviço militar;<br />

II - ter mais <strong>de</strong> 25 (vinte e cinco) anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> na data da inscrição no concurso;<br />

III - ser bacharel em Direito há pelo menos 2 (<strong>do</strong>is) anos na data da inscrição no concurso;


IV - apresentar lau<strong>do</strong> <strong>de</strong> junta médica oficial, comprobatório <strong>de</strong> higi<strong>de</strong>z física e mental e <strong>de</strong> ausência <strong>de</strong> <strong>de</strong>feito físico que o incapacite para o exercício da função;<br />

V - apresentar atesta<strong>do</strong> <strong>de</strong> antece<strong>de</strong>ntes, folha-corrida e prova <strong>de</strong> i<strong>do</strong>neida<strong>de</strong> moral;<br />

VI - comprovar, na data da inscrição no concurso, pelo menos 2 (<strong>do</strong>is) anos <strong>de</strong> efetivo exercício, a partir da colação <strong>de</strong> grau, como magistra<strong>do</strong>, Promotor <strong>de</strong> Justiça, advoga<strong>do</strong> ou<br />

servi<strong>do</strong>r público ocupante <strong>de</strong> cargo ou função para cujo <strong>de</strong>sempenho sejam exigi<strong>do</strong>s conhecimentos privativos <strong>de</strong> bacharel em Direito, a juízo da comissão examina<strong>do</strong>ra;<br />

VII - submeter-se, durante o concurso, a processo <strong>de</strong> avaliação psicológica, sob supervisão <strong>do</strong> setor <strong>de</strong> psicologia da Escola Judicial Des. Edésio Fernan<strong>de</strong>s;<br />

VIII - ser aprova<strong>do</strong> em concurso público <strong>de</strong> provas e títulos.<br />

§ 1º - O concurso para ingresso no cargo <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Direito Substituto será regi<strong>do</strong> pelas normas constantes <strong>de</strong> resolução da Corte Superior e <strong>do</strong> respectivo Edital, on<strong>de</strong> será fixa<strong>do</strong> o<br />

valor da taxa <strong>de</strong> inscrição.<br />

§ 2º - A prova <strong>de</strong> i<strong>do</strong>neida<strong>de</strong> moral será feita por investigação a que será submeti<strong>do</strong> o candidato, relativa aos aspectos moral e social, para o que ele apresentará "curriculum vitae",<br />

com indicação <strong>do</strong>s lugares em que teve residência nos últimos <strong>10</strong> (<strong>de</strong>z) anos, estabelecimentos <strong>de</strong> ensino cursa<strong>do</strong>s, empregos particulares ou funções públicas exercidas,<br />

emprega<strong>do</strong>res ou autorida<strong>de</strong>s perante as quais tiver servi<strong>do</strong>.<br />

§ 3º - Po<strong>de</strong>rá a comissão examina<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> concurso in<strong>de</strong>ferir o pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> inscrição ou reprovar o candidato, ainda que apresenta<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>cumentos exigi<strong>do</strong>s, se enten<strong>de</strong>r faltarem ao<br />

mesmo condições pessoais para o bom <strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong> cargo.<br />

Art. 173 - O concurso será anuncia<strong>do</strong>, com prazo mínimo <strong>de</strong> inscrição <strong>de</strong> 30 (trinta) dias em cada uma <strong>de</strong> suas fases, em edital que, apresentan<strong>do</strong> as exigências <strong>de</strong>sta Lei, será<br />

publica<strong>do</strong> pelo menos 3 (três) vezes no "<strong>Diário</strong> <strong>do</strong> Judiciário", das quais a primeira na íntegra, obe<strong>de</strong>cen<strong>do</strong> às regras que forem estabelecidas em resolução da Corte Superior.<br />

Capítulo II<br />

Da Nomeação e da Vitalicieda<strong>de</strong><br />

Art. 174 - A nomeação <strong>do</strong>s candidatos aprova<strong>do</strong>s será feita pelo Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, com observância estrita da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> classificação e respeitada a ida<strong>de</strong> máxima <strong>de</strong><br />

60 (sessenta) anos incompletos.<br />

Art. 175 - Os Juízes <strong>de</strong> Direito Substitutos tomarão posse, <strong>de</strong> preferência coletivamente, em sessão solene <strong>do</strong> Pleno <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, e terão, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então, direito aos subsídios<br />

<strong>do</strong> cargo.<br />

§ 1º - Empossa<strong>do</strong>s, os Juízes passarão a freqüentar curso ministra<strong>do</strong> pela Escola Judicial Des. Edésio Fernan<strong>de</strong>s, por prazo nunca inferior a 3 (três) meses.<br />

§ 2º - Durante o curso, os Juízes serão submeti<strong>do</strong>s a avaliações periódicas, inclusive acompanhamento psicológico e exames médicos, e será aprofundada a investigação relativa aos<br />

aspectos moral e social, a fim <strong>de</strong> se verificar seu nível <strong>de</strong> conhecimento, o aproveitamento, a aptidão e a a<strong>de</strong>quação ao exercício da função judicante.<br />

§ 3º - Os não habilita<strong>do</strong>s no curso ficarão sujeitos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo ao processo <strong>de</strong> vitaliciamento previsto no artigo 176 <strong>de</strong>sta Lei, conforme se dispuser no Regimento Interno <strong>do</strong> Tribunal<br />

<strong>de</strong> Justiça.<br />

Art. 176 - Ao aproximar-se o final <strong>do</strong> biênio <strong>de</strong> estágio, a Corte Superior fará minuciosa avaliação <strong>do</strong> <strong>de</strong>sempenho das ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> magistra<strong>do</strong> e, pelo voto da maioria <strong>de</strong> seus<br />

membros, po<strong>de</strong>rá:<br />

I - reconhecer-lhe o direito à vitalicieda<strong>de</strong>;<br />

II - propor sua exoneração, fican<strong>do</strong> ele afasta<strong>do</strong> automaticamente <strong>de</strong> suas funções, sem direito à vitalicieda<strong>de</strong>, ainda que o ato <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal seja assina<strong>do</strong> após o <strong>de</strong>curso<br />

<strong>do</strong> biênio.<br />

Art. 177 - A Corte Superior editará resolução disciplinan<strong>do</strong> a matéria <strong>de</strong>ste capítulo e <strong>do</strong> anterior.<br />

Capítulo III<br />

Da Promoção e da Remoção<br />

Art. 178 - Ocorren<strong>do</strong> vaga a ser provida, o Departamento da Magistratura fará publicar, no "<strong>Diário</strong> <strong>do</strong> Judiciário", edital com prazo <strong>de</strong> 15 (quinze) dias para inscrição <strong>do</strong>s candidatos.<br />

§ 1º - O provimento <strong>de</strong> vagas nos tribunais <strong>de</strong> 2º grau in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> edital e inscrição.<br />

§ 2º - A data da abertura <strong>de</strong> vaga, para efeito <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> critério <strong>de</strong> promoção, será:<br />

I - a <strong>do</strong> falecimento <strong>do</strong> magistra<strong>do</strong>;<br />

II - a da publicação <strong>do</strong> ato <strong>de</strong> aposenta<strong>do</strong>ria ou <strong>de</strong> exoneração <strong>do</strong> magistra<strong>do</strong>;<br />

III - a da publicação <strong>do</strong> ato que <strong>de</strong>cretar a perda <strong>do</strong> cargo, nos casos <strong>do</strong> artigo 150, I, <strong>de</strong>sta Lei, a da remoção ou da disponibilida<strong>de</strong> compulsórias;<br />

IV - aquela em que o Juiz, promovi<strong>do</strong> ou removi<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ixar o cargo, com a lavratura <strong>do</strong> termo <strong>de</strong> afastamento, que <strong>de</strong>verá ser encaminha<strong>do</strong> ao Tribunal <strong>de</strong> Justiça, imediatamente,<br />

pelo Escrivão.<br />

§ 3º - Haven<strong>do</strong> simultaneida<strong>de</strong> na data da ocorrência <strong>de</strong> vaga, a precedência <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong>terminar-se-á pela or<strong>de</strong>m alfabética das comarcas.<br />

§ 4º - Não se inscreven<strong>do</strong> no prazo, presumir-se-á que o Juiz não aceita o lugar vago.


§ 5º - A remoção prece<strong>de</strong>rá à promoção por merecimento.<br />

§ 6º - A vaga <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> remoção será provida obrigatoriamente por promoção.<br />

Seção I<br />

Da Promoção<br />

Art. 179 - A promoção far-se-á alternadamente por antigüida<strong>de</strong> e por merecimento, <strong>de</strong> entrância a entrância, observa<strong>do</strong> o inciso II <strong>do</strong> artigo 98 da Constituição <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />

§ 1º - Não implicará promoção ou rebaixamento <strong>do</strong> magistra<strong>do</strong> a alteração da classificação da comarca, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ele nela permanecer ou ser removi<strong>do</strong>.<br />

§ 2º - O Juiz que permanecer na comarca elevada <strong>de</strong> entrância po<strong>de</strong>rá, se promovi<strong>do</strong>, nela continuar, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o requeira antes <strong>de</strong> fin<strong>do</strong> o prazo para assumir o exercício na comarca<br />

para a qual tenha si<strong>do</strong> promovi<strong>do</strong> e seu pedi<strong>do</strong> seja aprova<strong>do</strong> pela Corte Superior.<br />

Art. 180 - Para a promoção por merecimento, a Corte Superior organizará lista tríplice, quan<strong>do</strong> possível, em sessão pública e por escrutínio secreto, verifican<strong>do</strong> previamente a<br />

existência <strong>de</strong> remanescente <strong>de</strong> listas anteriores, cujos nomes <strong>de</strong>verão ser aprecia<strong>do</strong>s com preferência, em escrutínio distinto.<br />

§ 1º - Os remanescentes que não obtiverem votação bastante no escrutínio preferencial concorrerão em igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> condições com os <strong>de</strong>mais inscritos.<br />

§ 2º - O merecimento será aferi<strong>do</strong> com prevalência <strong>de</strong> critério <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m objetiva, ten<strong>do</strong>-se em conta, entre outras condições, a conduta <strong>do</strong> Juiz, sua operosida<strong>de</strong> no exercício <strong>do</strong><br />

cargo, o número <strong>de</strong> vezes que tenha figura<strong>do</strong> em lista, tanto para a entrância a prover como para as anteriores, bem como o aproveitamento em cursos <strong>de</strong> aperfeiçoamento.<br />

§ 3º - O Juiz não po<strong>de</strong>rá ser vota<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> nulo o voto da<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong>:<br />

I - segun<strong>do</strong> informação <strong>do</strong> Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça, não estiver com o serviço em dia;<br />

II - tiver sofri<strong>do</strong> pena <strong>de</strong> censura há menos <strong>de</strong> 1 (um) ano, nos termos <strong>do</strong> parágrafo único <strong>do</strong> artigo 157 <strong>de</strong>sta Lei, ou estiver submeti<strong>do</strong> a processo que o sujeite a <strong>de</strong>missão,<br />

aposenta<strong>do</strong>ria, disponibilida<strong>de</strong> ou remoção compulsórias;<br />

III - segun<strong>do</strong> informação <strong>do</strong> Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça, residir fora da comarca;<br />

IV - ainda não tiver alcança<strong>do</strong> a vitalicieda<strong>de</strong>.<br />

§ 4º - O Juiz terá preferência para ser vota<strong>do</strong> para promoção por merecimento quan<strong>do</strong> cumprir o previsto no artigo 270 da Constituição <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />

Art. 181 - Não po<strong>de</strong>rá ser promovi<strong>do</strong> nem removi<strong>do</strong> o Juiz que mantiver processo in<strong>de</strong>vidamente paralisa<strong>do</strong>.<br />

Art. 182 - Na promoção por antigüida<strong>de</strong>, apurada entre os magistra<strong>do</strong>s <strong>de</strong> entrância imediatamente anterior e, em se tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> promoção para o cargo <strong>de</strong> Desembarga<strong>do</strong>r, entre os<br />

Juízes <strong>de</strong> Tribunal <strong>de</strong> Alçada, o Tribunal <strong>de</strong> Justiça só po<strong>de</strong>rá recusar o Juiz mais antigo pelo voto motiva<strong>do</strong> <strong>de</strong> 2/3 (<strong>do</strong>is terços) <strong>de</strong> seus membros, repetin<strong>do</strong>-se a votação até fixar-se<br />

a indicação.<br />

Parágrafo único - Quan<strong>do</strong> o magistra<strong>do</strong>, por 3 (três) vezes consecutivas, for recusa<strong>do</strong> para promoção por antigüida<strong>de</strong>, o Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça instaurará sindicância.<br />

Art. 183 - A promoção far-se-á por ato <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça.<br />

Art. 184 - O perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> trânsito, compreendi<strong>do</strong> entre a data em que o Juiz <strong>de</strong>ixar o exercício na comarca <strong>de</strong> que era titular e a data em que assumir na comarca para a qual foi<br />

promovi<strong>do</strong>, será consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>, para to<strong>do</strong>s os efeitos, como <strong>de</strong> efetivo exercício na entrância a que pertencia.<br />

Seção II<br />

Da Remoção<br />

Art. 185 - A remoção <strong>do</strong> Juiz, voluntária ou compulsória, só po<strong>de</strong>rá efetivar-se para comarca ou vara a ser provida por merecimento.<br />

Parágrafo único - A remoção <strong>de</strong> uma para outra vara da mesma comarca po<strong>de</strong>rá efetivar-se, mesmo em se tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> vaga a ser provida por antigüida<strong>de</strong>.<br />

Art. 186 - A remoção voluntária será feita a pedi<strong>do</strong> <strong>do</strong> Juiz, nos seguintes casos:<br />

I - <strong>de</strong> uma comarca para outra <strong>de</strong> igual entrância;<br />

II - <strong>de</strong> uma vara para outra da mesma comarca;<br />

III - mediante permuta entre <strong>do</strong>is Juízes da mesma entrância.<br />

§ 1º - Para obter remoção, nos casos <strong>do</strong>s incisos I e III <strong>de</strong>ste artigo, o Juiz <strong>de</strong>verá contar mais <strong>de</strong> 2 (<strong>do</strong>is) anos <strong>de</strong> efetivo exercício na comarca, ten<strong>do</strong> preferência, na hipótese <strong>do</strong><br />

inciso I, o Juiz mais antigo.<br />

§ 2º - A remoção não será obtida quan<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> informação da Correge<strong>do</strong>ria-Geral <strong>de</strong> Justiça, o Juiz:<br />

I - não estiver com o serviço em dia;<br />

II - tiver sofri<strong>do</strong> pena <strong>de</strong> censura há menos <strong>de</strong> 1 (um) ano;


III - estiver submeti<strong>do</strong> a processo que o sujeite a <strong>de</strong>missão, aposenta<strong>do</strong>ria, disponibilida<strong>de</strong> ou remoção compulsórias;<br />

IV - residir fora da comarca.<br />

§ 3º - As remoções efetivar-se-ão por ato <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, após aprovação da Corte Superior por maioria <strong>de</strong> votos <strong>do</strong>s presentes.<br />

§ 4º - No caso <strong>de</strong> remoção em que o Juiz <strong>de</strong>va assumir exercício em outra comarca, o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> trânsito referi<strong>do</strong> no artigo 97 <strong>de</strong>sta Lei será consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> como <strong>de</strong> efetivo exercício<br />

para to<strong>do</strong>s os efeitos.<br />

Art. 187 - A remoção compulsória será <strong>de</strong>cretada pela Corte Superior, pelo voto <strong>de</strong> 2/3 (<strong>do</strong>is terços) <strong>de</strong> seus membros, assegurada ampla <strong>de</strong>fesa, nos casos <strong>do</strong> art. 158 <strong>de</strong>sta Lei.<br />

§ 1º - Decretada a remoção compulsória, o magistra<strong>do</strong> per<strong>de</strong>rá o exercício da função jurisdicional na comarca <strong>de</strong> que era titular, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> recurso que possa interpor, e<br />

ficará em perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> trânsito até a assunção <strong>de</strong> exercício em outra comarca que lhe for <strong>de</strong>signada.<br />

§ 2º - O perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> trânsito <strong>do</strong> magistra<strong>do</strong> removi<strong>do</strong> compulsoriamente será <strong>de</strong> 3 (três) meses, prorrogáveis por igual prazo, a juízo da Corte Superior, em <strong>de</strong>cisão tomada pela<br />

maioria <strong>de</strong> seus membros.<br />

§ 3º - Vagan<strong>do</strong> comarca que possa ser provida por remoção (art. 185), e existin<strong>do</strong> Juiz <strong>de</strong> Direito da mesma entrância que tenha si<strong>do</strong> removi<strong>do</strong> compulsoriamente e cujo perío<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

trânsito já tenha ultrapassa<strong>do</strong> o prazo previsto no parágrafo anterior, o Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça comunicará o fato ao Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, que o submeterá à Corte<br />

Superior, que <strong>de</strong>cidirá, pela maioria <strong>de</strong> seus membros, a respeito <strong>do</strong> aproveitamento <strong>do</strong> magistra<strong>do</strong>, <strong>de</strong>signan<strong>do</strong>-lhe a comarca em questão para seu exercício.<br />

§ 4º - Ocorren<strong>do</strong> a <strong>de</strong>signação prevista no parágrafo anterior, e recusan<strong>do</strong>-se o magistra<strong>do</strong> a assumir a comarca, abrir-se-á processo para sua aposenta<strong>do</strong>ria compulsória.<br />

§ 5º - Na hipótese <strong>do</strong> § 3º <strong>de</strong>ste artigo, somente serão consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s pedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> remoção ou <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> outros Juízes se a Corte Superior <strong>de</strong>cidir pelo não-aproveitamento <strong>de</strong><br />

magistra<strong>do</strong> removi<strong>do</strong> compulsoriamente ou se o magistra<strong>do</strong> que seria aproveita<strong>do</strong> recusar-se a assumir a comarca.<br />

Art. 188 - Aplica-se à <strong>de</strong>cretação da disponibilida<strong>de</strong> compulsória, no que couber, o disposto no artigo anterior.<br />

Capítulo IV<br />

Da Escola Judicial Des. Edésio Fernan<strong>de</strong>s<br />

Art. 189 - A Escola Judicial Des. Edésio Fernan<strong>de</strong>s, órgão da Secretaria <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, terá como Diretor o 2º Vice-Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal, <strong>de</strong>stinan<strong>do</strong>-se precipuamente à<br />

seleção e à formação inicial e permanente <strong>do</strong>s magistra<strong>do</strong>s, que se fará através <strong>de</strong> cursos, encontros regionais <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s jurídicos, seminários, conferências, publicação <strong>de</strong> <strong>do</strong>utrina,<br />

jurisprudência e legislação e avaliação <strong>de</strong> trabalhos.<br />

Art. 190 - O Regulamento da Escola Judicial Des. Edésio Fernan<strong>de</strong>s constará em resolução da Corte Superior, <strong>de</strong> iniciativa <strong>do</strong> 2º Vice-Presi<strong>de</strong>nte.<br />

Livro IV<br />

Da Justiça Militar Estadual<br />

Título I<br />

Da Composição, da Se<strong>de</strong> e da Jurisdição<br />

Art. 191 - A Justiça Militar Estadual, com jurisdição no território <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais e se<strong>de</strong> na Capital, é constituída, em 1º grau, pelo Juiz-Auditor e pelos Conselhos <strong>de</strong><br />

Justiça e, em 2º grau, pelo Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar.<br />

Art. 192 - Compete à Justiça Militar processar e julgar o policial militar em crime militar <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> em lei, e, ao Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar, <strong>de</strong>cidir sobre a perda <strong>do</strong> posto e da patente<br />

<strong>de</strong> oficial e da graduação <strong>de</strong> praças.<br />

Art. 193 - O Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar compõe-se <strong>de</strong> 3 (três) Juízes oficiais da ativa <strong>do</strong> mais alto posto da Polícia Militar <strong>de</strong> Minas Gerais, <strong>do</strong> quadro <strong>de</strong> Oficiais PM, e <strong>de</strong> 2 (<strong>do</strong>is)<br />

Juízes Civis, sen<strong>do</strong> 1 (um) da classe <strong>do</strong>s Juízes-Auditores e 1 (um) representante <strong>do</strong> quinto constitucional.<br />

Parágrafo único - Os Juízes oficiais e o integrante <strong>do</strong> quinto constitucional serão nomea<strong>do</strong>s por ato <strong>do</strong> Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, e o da classe <strong>do</strong>s Juízes-Auditores será promovi<strong>do</strong>,<br />

alternadamente, por antigüida<strong>de</strong> e merecimento, por ato <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça.<br />

Art. 194 - Os candidatos ao cargo <strong>de</strong> Juiz oficial da ativa serão indica<strong>do</strong>s em lista sêxtupla, organizada pelo alto coman<strong>do</strong> da Polícia Militar <strong>de</strong> Minas Gerais e remetida ao Tribunal<br />

<strong>de</strong> Justiça, que a reduzirá a lista tríplice e a encaminhará ao Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> para nomeação.<br />

Parágrafo único - O Juiz integrante <strong>do</strong> quinto constitucional será nomea<strong>do</strong>, alternadamente, entre advoga<strong>do</strong>s e membros <strong>do</strong> Ministério Público, obe<strong>de</strong>cida a regra <strong>do</strong> artigo 99 da<br />

Constituição <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />

Art. 195 - As promoções <strong>do</strong>s Juízes <strong>de</strong> carreira da Justiça Militar serão feitas por ato <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, após indicação da Corte Superior, no caso <strong>de</strong> antigüida<strong>de</strong>,<br />

ou, sen<strong>do</strong> elas por merecimento, mediante lista tríplice, quan<strong>do</strong> possível, organizada por aquela Corte.<br />

Art. 196 - O Juiz <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar e o Juiz-Auditor gozam, respectivamente, <strong>do</strong>s mesmos direitos e têm a mesma remuneração <strong>do</strong> Juiz <strong>de</strong> Tribunal <strong>de</strong> Alçada e <strong>do</strong> Juiz<br />

<strong>de</strong> Direito <strong>de</strong> entrância especial e se sujeitam às mesmas vedações.<br />

Art. 197 - Competirá ao Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar:<br />

Capítulo I<br />

Da Competência


I - eleger o Presi<strong>de</strong>nte, o Vice-Presi<strong>de</strong>nte e o Correge<strong>do</strong>r, dar-lhes posse, assim como aos seus membros, e <strong>de</strong>ferir-lhes o compromisso legal;<br />

II - elaborar, modificar ou reformar o regimento interno próprio e o das Auditorias;<br />

III - baixar instruções para realização <strong>de</strong> concurso para Juiz-Auditor Substituto, servi<strong>do</strong>res da Secretaria <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar e <strong>de</strong>mais servi<strong>do</strong>res da Justiça Militar;<br />

IV - processar e julgar originariamente:<br />

a) os oficiais <strong>de</strong> posto <strong>de</strong> Coronel <strong>de</strong> Polícia Militar;<br />

b) os oficiais <strong>de</strong> Polícia Militar, por indignida<strong>de</strong> ou incompatibilida<strong>de</strong> para o oficialato;<br />

c) o "habeas corpus", nos casos previstos em lei;<br />

d) a revisão <strong>do</strong>s processos fin<strong>do</strong>s na Justiça Militar;<br />

e) a reclamação para preservar a competência ou assegurar a autorida<strong>de</strong> <strong>do</strong> seu julga<strong>do</strong>;<br />

f) os manda<strong>do</strong>s <strong>de</strong> segurança contra atos <strong>de</strong> seus Juízes, <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte e <strong>do</strong> próprio Tribunal;<br />

V - <strong>de</strong>cidir sobre a perda <strong>de</strong> graduação <strong>de</strong> praça, cujo processo obe<strong>de</strong>cerá o mesmo rito <strong>do</strong> processo da perda <strong>do</strong> posto e da patente <strong>do</strong>s oficiais;<br />

VI - julgar, em grau <strong>de</strong> recurso:<br />

a) os embargos às suas <strong>de</strong>cisões;<br />

b) as apelações e os recursos <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões ou <strong>de</strong>spachos <strong>do</strong>s Juízes-Auditores;<br />

c) os pedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> correição parcial;<br />

d) os inci<strong>de</strong>ntes processuais, nos termos da lei processual militar;<br />

e) os recursos <strong>de</strong> penas disciplinares aplicadas por seu Presi<strong>de</strong>nte, Correge<strong>do</strong>r e Juiz-Auditor;<br />

f) os recursos <strong>de</strong> <strong>de</strong>spacho <strong>do</strong> relator, previstos em lei processual militar ou no Regimento Interno;<br />

VII - <strong>de</strong>cidir os conflitos <strong>de</strong> competência <strong>do</strong>s Conselhos <strong>de</strong> Justiça e <strong>do</strong>s Juízes-Auditores entre si ou entre estes e aqueles, bem como os conflitos <strong>de</strong> atribuições <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>s<br />

administrativas ou judiciárias militares;<br />

VIII - <strong>de</strong>cidir conflitos <strong>de</strong> incompatibilida<strong>de</strong> surgi<strong>do</strong>s no curso <strong>do</strong> processo entre o Juiz-Auditor e os Juízes Militares <strong>do</strong> Conselho ou entre os últimos;<br />

IX - restabelecer, mediante avocatória, a sua competência, quan<strong>do</strong> invadida por Juiz inferior;<br />

X - resolver, por <strong>de</strong>cisão sua ou <strong>de</strong>spacho <strong>do</strong> relator, nos termos da lei processual militar, questão prejudicial surgida no curso <strong>do</strong> processo submeti<strong>do</strong> ao seu julgamento;<br />

XI - <strong>de</strong>terminar as medidas preventivas e assecuratórias previstas na lei processual militar, em processo originário seu ou durante o julgamento <strong>de</strong> recurso, mediante <strong>de</strong>cisão sua ou<br />

por intermédio <strong>do</strong> relator;<br />

XII - <strong>de</strong>cretar a prisão preventiva, revogá-la ou restabelecê-la, por <strong>de</strong>cisão sua ou por intermédio <strong>do</strong> relator, em processo originário seu, mediante representação <strong>de</strong> encarrega<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

inquérito policial-militar, em que se apure crime <strong>de</strong> indicia<strong>do</strong>, sujeito a seu julgamento;<br />

XIII - conce<strong>de</strong>r ou revogar menagem ou liberda<strong>de</strong> provisória, por <strong>de</strong>cisão sua ou por intermédio <strong>do</strong> relator, em processo originário;<br />

XIV - aplicar medida provisória <strong>de</strong> segurança, por <strong>de</strong>cisão sua ou por intermédio <strong>do</strong> relator, em processo originário;<br />

XV - <strong>de</strong>terminar a restauração <strong>de</strong> autos extravia<strong>do</strong>s ou <strong>de</strong>struí<strong>do</strong>s, nos termos da lei processual militar, em se tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> processo originário ou que nele transite em grau <strong>de</strong> recurso;<br />

XVI - <strong>de</strong>clarar, por acórdão, nos termos da lei, a perda <strong>do</strong> posto e da patente, a indignida<strong>de</strong> <strong>do</strong> oficial, a sua incompatibilida<strong>de</strong> com o oficialato ou a sua reforma;<br />

XVII - remeter ao Procura<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Justiça ou à autorida<strong>de</strong> competente cópia <strong>de</strong> peça ou <strong>do</strong>cumento constante em processo sob seu julgamento, se verificar, em qualquer <strong>de</strong>les, a<br />

existência <strong>de</strong> crime que <strong>de</strong>va ser submeti<strong>do</strong> a outro processo;<br />

XVIII - apreciar representação que lhe seja feita pelo Procura<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Justiça, pelo Conselho <strong>de</strong> Justiça ou pelo Juiz-Auditor, no interesse da Justiça Militar;<br />

XIX - <strong>de</strong>terminar ao Correge<strong>do</strong>r, quan<strong>do</strong> julgar necessário, correição geral ou especial em Auditoria, Secretaria <strong>do</strong> Tribunal ou Secretaria <strong>do</strong> Juízo Militar;<br />

XX - <strong>de</strong>terminar a instauração <strong>de</strong> sindicância ou inquérito administrativo, sempre que julgar necessário;<br />

XXI - aplicar penas disciplinares aos seus membros e aos Juízes-Auditores;<br />

XXII - indicar, em lista tríplice, ao Coman<strong>do</strong>-Geral oficial combatente da ativa <strong>do</strong> posto <strong>de</strong> Coronel para completar, como substituto, o "quorum" <strong>de</strong> julgamento no Tribunal;


XXIII - exercer o controle da Polícia Judiciária Militar;<br />

XXIV - baixar, através <strong>de</strong> resolução, normas gerais <strong>de</strong> execução <strong>de</strong> pena, <strong>de</strong> con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s pela Justiça Militar, que a cumprem nos estabelecimentos da Polícia Militar;<br />

XXV - praticar os <strong>de</strong>mais atos que <strong>de</strong>corram <strong>de</strong> sua competência, por força <strong>de</strong> lei ou <strong>do</strong> Regimento Interno.<br />

Capítulo II<br />

Das Atribuições <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte, <strong>do</strong> Vice-Presi<strong>de</strong>nte e <strong>do</strong><br />

Correge<strong>do</strong>r<br />

Art. 198 - Por meio <strong>de</strong> resolução <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar, serão estabelecidas a competência e as atribuições <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte, <strong>do</strong> Vice-Presi<strong>de</strong>nte e <strong>do</strong> Correge<strong>do</strong>r.<br />

Título II<br />

Dos Órgãos <strong>de</strong> Jurisdição e <strong>do</strong>s Órgãos Auxiliares <strong>de</strong> Primeira Instância<br />

Capítulo I<br />

Da Magistratura Civil da Justiça Militar Estadual<br />

Art. 199 - A magistratura civil da Justiça Militar Estadual constituir-se-á em carreira, compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> os cargos <strong>de</strong> Juiz-Auditor Substituto, Juiz-Auditor Titular e Juiz Civil <strong>do</strong><br />

Tribunal.<br />

§ 1º - O ingresso na carreira dar-se-á mediante concurso público <strong>de</strong> provas e títulos para o cargo <strong>de</strong> Juiz-Auditor Substituto, realiza<strong>do</strong> pelo Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar, com a<br />

participação <strong>de</strong> um representante <strong>do</strong> Conselho Seccional da Or<strong>de</strong>m <strong>do</strong>s Advoga<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Brasil, váli<strong>do</strong> por 2 (<strong>do</strong>is) anos conta<strong>do</strong>s da homologação, que será feita pela Corte Superior<br />

<strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça.<br />

§ 2º - Para ser admiti<strong>do</strong> ao concurso, o candidato <strong>de</strong>verá preencher os requisitos constantes no artigo 172 <strong>de</strong>sta Lei.<br />

Art. 200 - A nomeação <strong>do</strong>s aprova<strong>do</strong>s será feita pelo Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, observada a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> classificação.<br />

Art. 201 - Os Juízes-Auditores Substitutos, em número <strong>de</strong> 2 (<strong>do</strong>is), <strong>de</strong>sempenharão as funções que lhes forem atribuídas pelo Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar, nos termos<br />

das disposições legais e regulamentares.<br />

Art. 202 - Ocorren<strong>do</strong> vaga <strong>de</strong> Juiz-Auditor Substituto, o Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar, haven<strong>do</strong> candidato aprova<strong>do</strong> remanescente, comunicará o fato ao Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong><br />

Justiça para o provimento.<br />

Capítulo II<br />

Da Constituição das Auditorias<br />

Art. 203 - Cada Auditoria, em número <strong>de</strong> 3 (três), constituir-se-á <strong>de</strong> um Juiz-Auditor Titular, junto a ela servin<strong>do</strong> um Defensor Público e um Promotor <strong>de</strong> Justiça.<br />

Art. 204 - Cada Auditoria terá a sua Secretaria <strong>de</strong> Juízo Militar.<br />

§ 1º - O Juiz-Auditor po<strong>de</strong>rá requisitar policiais militares para o policiamento da respectiva Auditoria.<br />

§ 2º - Os servi<strong>do</strong>res das Secretarias <strong>do</strong> Juízo ficarão subordina<strong>do</strong>s ao Juiz-Auditor.<br />

Capítulo III<br />

Das Secretarias <strong>do</strong> Juízo Militar<br />

Art. 205 - A Secretaria <strong>do</strong> Juízo, em cada Auditoria, será constituída <strong>de</strong> um Escrivão Judicial, um Escrevente, um Agente Judiciário, <strong>do</strong>is Datilógrafos e um Oficial <strong>de</strong> Justiça.<br />

Parágrafo único - Os cargos menciona<strong>do</strong>s neste artigo serão provi<strong>do</strong>s por concurso público <strong>de</strong> provas, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as instruções estabelecidas pelo Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar.<br />

Art. 206 - Competirá ao Juiz-Auditor Titular:<br />

Capítulo IV<br />

Da Competência <strong>do</strong> Juiz-Auditor<br />

I - <strong>de</strong>cidir sobre recebimento da <strong>de</strong>núncia, pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> arquivamento <strong>do</strong> processo e <strong>de</strong>volução <strong>do</strong> inquérito ou da representação;<br />

II - relaxar, em <strong>de</strong>spacho fundamenta<strong>do</strong>, a prisão que lhe for comunicada por autorida<strong>de</strong> encarregada <strong>de</strong> investigações policiais;<br />

III - <strong>de</strong>cretar, em <strong>de</strong>spacho fundamenta<strong>do</strong>, a prisão preventiva <strong>de</strong> indicia<strong>do</strong> em inquérito, a pedi<strong>do</strong> <strong>do</strong> respectivo encarrega<strong>do</strong>;<br />

IV - converter em prisão preventiva a <strong>de</strong>tenção <strong>do</strong> indicia<strong>do</strong> ou or<strong>de</strong>nar-lhe a soltura;


V - requisitar das autorida<strong>de</strong>s civis ou militares as providências necessárias ao andamento <strong>do</strong> processo e ao esclarecimento <strong>do</strong> fato;<br />

VI - requisitar a realização <strong>de</strong> exames e perícias;<br />

VII - <strong>de</strong>terminar as diligências necessárias ao esclarecimento <strong>do</strong> processo;<br />

VIII - nomear peritos;<br />

IX - relatar os processos nos Conselhos <strong>de</strong> Justiça, redigir, no prazo <strong>de</strong> 8 (oito) dias, as sentenças e <strong>de</strong>cisões, interrogar o acusa<strong>do</strong> e inquirir as testemunhas;<br />

X - proce<strong>de</strong>r, na forma da lei, em presença <strong>do</strong> Promotor <strong>de</strong> Justiça e <strong>do</strong> Defensor Público, ao sorteio <strong>do</strong> Conselho Especial <strong>de</strong> Justiça;<br />

XI - expedir manda<strong>do</strong>s e alvarás <strong>de</strong> soltura;<br />

XII - <strong>de</strong>cidir sobre o recebimento <strong>do</strong>s recursos interpostos;<br />

XIII - executar as sentenças, exceto as proferidas em processo originário <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar, salvo <strong>de</strong>legação <strong>de</strong>ste;<br />

XIV - renovar, pelo menos trimestralmente, junto às autorida<strong>de</strong>s competentes, diligências para captura <strong>de</strong> con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s, revéis ou foragi<strong>do</strong>s;<br />

XV - comunicar à autorida<strong>de</strong> a que estiver subordina<strong>do</strong> o acusa<strong>do</strong> as <strong>de</strong>cisões a este relativas, logo que lhe cheguem ao conhecimento;<br />

XVI - <strong>de</strong>cidir <strong>do</strong> livramento condicional, observadas as disposições legais;<br />

XVII - remeter à Correge<strong>do</strong>ria, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> prazo <strong>de</strong> <strong>10</strong> (<strong>de</strong>z) dias, os autos <strong>de</strong> inquérito que mandar arquivar;<br />

XVIII - aplicar penas disciplinares aos servi<strong>do</strong>res que lhe são subordina<strong>do</strong>s;<br />

XIX - apresentar à Correge<strong>do</strong>ria, no primeiro <strong>de</strong>cêndio <strong>de</strong> cada mês, relatório <strong>do</strong>s trabalhos da Auditoria no mês anterior;<br />

XX - dar cumprimento às normas legais sobre a escrituração <strong>de</strong> carga e <strong>de</strong>scarga <strong>do</strong> material;<br />

XXI - praticar os <strong>de</strong>mais atos que, em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> lei, forem <strong>de</strong> sua competência.<br />

Art. 207 - Competirá ao Juiz-Auditor Substituto:<br />

I - comparecer diariamente às Auditorias e ali permanecer até o final <strong>do</strong> expediente;<br />

II - substituir, na forma regulada pelo Tribunal, Juiz-Auditor Titular, nas suas licenças, faltas ocasionais, férias, impedimentos ou suspeição jurada no processo;<br />

III - funcionar em Conselho Extraordinário <strong>de</strong> Justiça ou como Juiz Coopera<strong>do</strong>r;<br />

IV - auxiliar os Juízes-Auditores Titulares na feitura <strong>do</strong>s relatórios à Correge<strong>do</strong>ria e nos <strong>de</strong>mais serviços administrativos;<br />

V - funcionar em Conselho Especial <strong>de</strong> Justiça, quan<strong>do</strong> houver acúmulo <strong>de</strong> serviço, mediante <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> Correge<strong>do</strong>r;<br />

VI - auxiliar o Diretor <strong>do</strong> Foro, na forma regimental;<br />

VII - praticar os <strong>de</strong>mais atos que, em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> lei, <strong>de</strong>terminação superior ou provimento, forem <strong>de</strong> sua competência.<br />

Capítulo V<br />

Do Defensor Público junto à Justiça Militar<br />

Art. 208 - Junto à Justiça Militar servirão Defensores Públicos <strong>de</strong>signa<strong>do</strong>s pelo respectivo órgão, a fim <strong>de</strong> promoverem a <strong>de</strong>fesa das praças e <strong>do</strong>s oficiais da Polícia Militar ali<br />

processa<strong>do</strong>s, quanto a estes últimos apenas no caso <strong>de</strong> comprovarem insuficiência <strong>de</strong> recursos.<br />

Capítulo VI<br />

Das Atribuições <strong>do</strong>s Servi<strong>do</strong>res da Justiça Militar<br />

Art. 209 - As atribuições <strong>do</strong>s servi<strong>do</strong>res da Justiça Militar serão regulamentadas em ato <strong>do</strong> respectivo Tribunal.<br />

Capítulo VII<br />

Dos Conselhos <strong>de</strong> Justiça<br />

Sessão I<br />

Da Organização


Art. 2<strong>10</strong> - Os Conselhos <strong>de</strong> Justiça terão as seguintes categorias:<br />

I - Conselho Especial <strong>de</strong> Justiça;<br />

II - Conselho Permanente <strong>de</strong> Justiça.<br />

§ 1º - Os Conselhos Especiais <strong>de</strong> Justiça serão constituí<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Juiz-Auditor e <strong>de</strong> 4 (quatro) Juízes Militares, sob a presidência <strong>de</strong> 1 (um) oficial superior, <strong>de</strong> posto mais eleva<strong>do</strong> que o<br />

<strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais Juízes, ou <strong>de</strong> maior antigüida<strong>de</strong>, no caso <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> posto.<br />

§ 2º - Os Conselhos Permanentes <strong>de</strong> Justiça serão constituí<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Juiz-Auditor, <strong>de</strong> 1 (um) oficial superior como Presi<strong>de</strong>nte, e <strong>de</strong> 3 (três) oficiais até o posto <strong>de</strong> Capitão.<br />

Art. 211 - Os Juízes Militares integrantes <strong>do</strong>s Conselhos Especiais ou Permanentes serão sortea<strong>do</strong>s entre oficiais em serviço ativo na se<strong>de</strong> da Auditoria, recorren<strong>do</strong>-se a oficiais fora<br />

<strong>de</strong>sse local quan<strong>do</strong> os da se<strong>de</strong> forem em número insuficiente.<br />

§ 1º - O Conselho Especial será constituí<strong>do</strong> para cada processo e dissolver-se-á <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> concluí<strong>do</strong>s os trabalhos, reunin<strong>do</strong>-se novamente, por convocação <strong>do</strong> Juiz-Auditor, se<br />

sobrevier nulida<strong>de</strong> <strong>do</strong> processo ou <strong>do</strong> julgamento, ou para aten<strong>de</strong>r a diligência <strong>de</strong>terminada pelo Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar.<br />

§ 2º - O Conselho Permanente <strong>de</strong> Justiça, uma vez constituí<strong>do</strong>, funcionará durante 3 (três) meses consecutivos.<br />

§ 3º - Se, na convocação, estiver impedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> funcionar algum <strong>do</strong>s Juízes, será sortea<strong>do</strong> outro oficial para substituí-lo.<br />

§ 4º - Por acúmulo <strong>de</strong> serviço, o Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar po<strong>de</strong>rá convocar Conselhos Extraordinários <strong>de</strong> Justiça, que funcionarão com o Juiz-Auditor Substituto, 4 (quatro) Juízes<br />

Militares, 1 (um) Defensor Público e 1 (um) Promotor <strong>de</strong> Justiça, dissolven<strong>do</strong>-se logo após o julgamento <strong>do</strong>s processos enumera<strong>do</strong>s no edital <strong>de</strong> convocação.<br />

Art. 212 - Os Conselhos Especiais ou Permanentes funcionarão nas se<strong>de</strong>s das Auditorias, salvo casos especiais, por motivo relevante <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m pública ou <strong>de</strong> interesse da justiça, e<br />

pelo tempo indispensável, mediante <strong>de</strong>liberação <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar.<br />

Art. 213 - Os Conselhos <strong>de</strong> Justiça po<strong>de</strong>rão instalar-se ou funcionar com a maioria <strong>de</strong> seus membros, sen<strong>do</strong> indispensável a presença <strong>do</strong> Juiz-Auditor e <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong>s Conselhos<br />

Permanentes ou Extraordinários, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o Presi<strong>de</strong>nte, em se tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> Conselhos Especiais, ser substituí<strong>do</strong> por oficial superior presente.<br />

§ 1º - Na sessão <strong>de</strong> julgamento, exigir-se-ão o comparecimento e os votos <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os Juízes.<br />

§ 2º - O julgamento será adia<strong>do</strong> na hipótese <strong>de</strong> falta ocasional <strong>do</strong> Juiz-Auditor, e, ocorren<strong>do</strong> a segunda falta, o julgamento será realiza<strong>do</strong> por Juiz-Auditor Substituto <strong>de</strong>signa<strong>do</strong>.<br />

Art. 214 - Os Juízes Militares serão sortea<strong>do</strong>s entre os oficiais da Polícia Militar em serviço ativo, segun<strong>do</strong> relação remetida trimestralmente pelo Diretor <strong>de</strong> Pessoal à Auditoria, na<br />

qual constarão o posto, a antigüida<strong>de</strong> e o lugar on<strong>de</strong> servirem, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> essa relação ser publicada em boletim, até o dia 5 (cinco) <strong>do</strong> último mês <strong>do</strong> trimestre.<br />

§ 1º - As alterações que se verificarem na relação <strong>de</strong>vem ser comunicadas, mensalmente, ao Diretor <strong>do</strong> Foro Militar.<br />

§ 2º - Não sen<strong>do</strong> remetida no <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> tempo a relação <strong>do</strong>s oficiais, os Juízes serão sortea<strong>do</strong>s pela anterior, consi<strong>de</strong>radas as alterações que ocorrerem.<br />

§ 3º - Não serão incluí<strong>do</strong>s na relação:<br />

I - o Comandante-Geral, o Chefe <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>-Maior e os oficiais <strong>de</strong> seus gabinetes;<br />

II - o Chefe e os Oficiais <strong>do</strong> Gabinete Militar <strong>do</strong> Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>;<br />

III - os Diretores, os Comandantes <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong> e os Chefes <strong>de</strong> Centro;<br />

IV - os Assistentes Militares, os Ajudantes <strong>de</strong> Or<strong>de</strong>ns, os oficiais servin<strong>do</strong> no Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar e os Secretários <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>.<br />

§ 4º - Se a antigüida<strong>de</strong> <strong>do</strong> acusa<strong>do</strong> exigir, po<strong>de</strong>rão ser sortea<strong>do</strong>s os oficiais referi<strong>do</strong>s no inciso III <strong>do</strong> parágrafo anterior e aqueles lota<strong>do</strong>s em qualquer gabinete.<br />

§ 5º - Os oficiais <strong>de</strong>simpedi<strong>do</strong>s não po<strong>de</strong>rão ser retira<strong>do</strong>s da relação <strong>de</strong> sorteio, sujeitan<strong>do</strong>-se a responsabilida<strong>de</strong> penal a autorida<strong>de</strong> que alterá-la in<strong>de</strong>vidamente.<br />

Art. 215 - Em audiência pública, estan<strong>do</strong> presentes o Promotor <strong>de</strong> Justiça e o Defensor Público, fará o Juiz-Auditor os sorteios <strong>do</strong>s Conselhos <strong>de</strong> Justiça.<br />

§ 1º - Não po<strong>de</strong>rão ser convoca<strong>do</strong>s mais <strong>de</strong> 3 (três) oficiais por unida<strong>de</strong> para a composição <strong>do</strong>s Conselhos Permanentes <strong>de</strong> Justiça das diversas Auditorias, por trimestre.<br />

§ 2º - O resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> sorteio constará em ata lavrada pelo Escrivão em livro próprio.<br />

§ 3º - O oficial que tiver integra<strong>do</strong> o Conselho Permanente <strong>de</strong> Justiça em um trimestre não será sortea<strong>do</strong> para o Conselho seguinte, salvo se, para a constituição <strong>de</strong>ste último, houver<br />

insuficiência <strong>de</strong> oficiais.<br />

Art. 2<strong>16</strong> - Os Juízes Militares <strong>do</strong>s Conselhos <strong>de</strong> Justiça ficarão dispensa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> qualquer obrigação policial militar no dia das sessões.<br />

Art. 217 - Se for sortea<strong>do</strong> oficial que estiver em gozo <strong>de</strong> férias regulamentares ou no <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> comissão ou serviço fora da se<strong>de</strong> da Auditoria e que, por isso, não possa<br />

comparecer à sessão <strong>de</strong> instalação <strong>do</strong> Conselho, será sortea<strong>do</strong> outro que o substitua <strong>de</strong>finitivamente.<br />

§ 1º - Será também substituí<strong>do</strong> <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> <strong>de</strong>finitivo o oficial que for preso, respon<strong>de</strong>r a inquérito ou a processo, entrar em licença, <strong>de</strong>ixar o serviço ativo ou que tenha si<strong>do</strong> con<strong>de</strong>na<strong>do</strong><br />

criminalmente, enquanto não reabilita<strong>do</strong>.<br />

§ 2º - O oficial que, no curso <strong>do</strong> processo, for transferi<strong>do</strong> para unida<strong>de</strong> fora da se<strong>de</strong> da Auditoria não será substituí<strong>do</strong>, caso se trate <strong>de</strong> Conselho Especial <strong>de</strong> Justiça, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> concluir<br />

o feito, comparecen<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> convoca<strong>do</strong>.


Art. 218 - Por sessão a que faltar sem justa causa, <strong>de</strong>scontar-se-á <strong>do</strong> oficial quantia correspon<strong>de</strong>nte a 1 (um) dia <strong>de</strong> remuneração, comunican<strong>do</strong>-se o fato à autorida<strong>de</strong> sob cujas or<strong>de</strong>ns<br />

ele estiver servin<strong>do</strong>, sem prejuízo <strong>de</strong> punição disciplinar prevista em regulamento.<br />

§ 1º - Se faltar o Juiz-Auditor, sem justa causa, ser-lhe-á feito idêntico <strong>de</strong>sconto, por or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar, após comunicação <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong><br />

Conselho.<br />

§ 2º - No caso <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> Promotor <strong>de</strong> Justiça ou Defensor Público, a comunicação será feita pelo Juiz-Auditor ao Procura<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça e ao Procura<strong>do</strong>r-Chefe da Defensoria.<br />

Art. 219 - Haven<strong>do</strong> mais <strong>de</strong> um acusa<strong>do</strong> no mesmo processo, servirá <strong>de</strong> base à constituição <strong>do</strong> Conselho a patente <strong>do</strong> acusa<strong>do</strong> <strong>de</strong> maior posto.<br />

Parágrafo único - Se a acusação abranger oficial e praça, haverá um só Conselho Especial <strong>de</strong> Justiça, perante o qual respon<strong>de</strong>rão os acusa<strong>do</strong>s.<br />

Art. 220 - Compete aos Conselhos Especiais e Permanentes <strong>de</strong> Justiça:<br />

Seção II<br />

Da Competência<br />

I - processar e julgar os crimes previstos na legislação penal militar, ressalvada a competência originária <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar;<br />

II - <strong>de</strong>cretar a prisão preventiva <strong>do</strong> <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong>, revogá-la ou restabelecê-la, no curso <strong>do</strong> processo;<br />

III - converter em prisão preventiva a <strong>de</strong>tenção <strong>de</strong> indicia<strong>do</strong> ou or<strong>de</strong>nar-lhe a soltura, justificadamente;<br />

IV - conce<strong>de</strong>r menagem e liberda<strong>de</strong> provisória, bem como revogá-las;<br />

V - <strong>de</strong>clarar a inimputabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> indicia<strong>do</strong> ou <strong>de</strong> acusa<strong>do</strong>, nos termos da lei penal militar, quan<strong>do</strong>, no inquérito ou no curso <strong>do</strong> processo, tiver si<strong>do</strong> verificada aquela condição,<br />

mediante exame médico legal;<br />

VI - <strong>de</strong>cretar medidas preventivas e assecuratórias, nos processos pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> seu julgamento;<br />

VII - <strong>de</strong>cidir questões <strong>de</strong> direito ou <strong>de</strong> fato suscitadas durante a instrução criminal ou durante o julgamento;<br />

VIII - ouvir as partes para se pronunciar na sessão a respeito das questões nela suscitadas;<br />

IX - praticar os <strong>de</strong>mais atos que lhe competirem, por força da lei processual militar.<br />

Art. 221 - Compete ao Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong>s Conselhos Especiais e Permanentes <strong>de</strong> Justiça:<br />

I - abrir as sessões, presidí-las e apurar os votos;<br />

II - nomear advoga<strong>do</strong> ao acusa<strong>do</strong> que não o tiver e cura<strong>do</strong>r ao ausente e nos <strong>de</strong>mais casos previstos em lei;<br />

III - manter a regularida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s trabalhos <strong>de</strong> instrução e julgamento <strong>do</strong>s processos, mandan<strong>do</strong> retirar da sala da sessão as pessoas que perturbarem a or<strong>de</strong>m, autuan<strong>do</strong>-as no caso <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sacato a Juiz, Promotor <strong>de</strong> Justiça ou Escrivão;<br />

IV - conce<strong>de</strong>r, pelo tempo legal, a palavra ao Promotor <strong>de</strong> Justiça, ao Assistente e ao Defensor, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>, após advertência, cassar-lhes a palavra, no caso <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> linguagem<br />

<strong>de</strong>srespeitosa ao Conselho ou a autorida<strong>de</strong> judiciária ou administrativa;<br />

V - pren<strong>de</strong>r os assistentes que portarem armas proibidas, apresentan<strong>do</strong>-os à autorida<strong>de</strong> competente;<br />

VI - submeter as questões <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m à <strong>de</strong>cisão <strong>do</strong> Conselho, ouvi<strong>do</strong>s o representante <strong>do</strong> Ministério Público e a Defesa;<br />

VII - mandar constar na ata da sessão inci<strong>de</strong>nte nela ocorri<strong>do</strong>;<br />

VIII - mandar proce<strong>de</strong>r, em cada sessão, à leitura da ata anterior.<br />

Título III<br />

Disposições Gerais e Finais<br />

Capítulo I<br />

Do Compromisso, da Posse e <strong>do</strong> Exercício<br />

Art. 222 - Nenhum magistra<strong>do</strong> ou servi<strong>do</strong>r da Justiça Militar po<strong>de</strong>rá tomar posse e entrar em exercício sem que tenha presta<strong>do</strong> compromisso <strong>de</strong> fiel cumprimento <strong>do</strong>s <strong>de</strong>veres e das<br />

atribuições.<br />

Parágrafo único - Para a posse, serão apresenta<strong>do</strong>s os seguintes <strong>do</strong>cumentos:<br />

I - título <strong>de</strong> nomeação ou exemplar <strong>do</strong> órgão oficial <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> em que conste integralmente o respectivo ato;


II - certidão <strong>de</strong> nascimento ou <strong>do</strong>cumento equivalente;<br />

III - carteira <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>;<br />

IV - certifica<strong>do</strong> ou <strong>do</strong>cumento equivalente que prove estar quite com as obrigações militares;<br />

V - atesta<strong>do</strong> <strong>de</strong> boa saú<strong>de</strong>, firma<strong>do</strong> por junta médica oficial;<br />

VI - <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> bens, registrada no Cartório <strong>de</strong> Títulos e Documentos, quan<strong>do</strong> se tratar <strong>de</strong> magistra<strong>do</strong>.<br />

Art. 223 - O prazo para a posse e o início <strong>do</strong> exercício será <strong>de</strong> 30 (trinta) dias, prorrogável por mais 30 (trinta), por motivo justifica<strong>do</strong>.<br />

§ 1º - O prazo para a posse será conta<strong>do</strong> da data da publicação <strong>do</strong> ato <strong>de</strong> nomeação ou promoção no órgão oficial <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />

§ 2º - Não verificada a posse nem o exercício <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s prazos legais, consi<strong>de</strong>rar-se-á sem efeito o ato <strong>de</strong> nomeação ou promoção.<br />

§ 3º - Tratan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> promoção, o exercício dar-se-á mediante simples apresentação <strong>do</strong> título ou da publicação <strong>do</strong> ato no órgão oficial <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, com a <strong>de</strong>vida comunicação ao<br />

Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar.<br />

Art. 224 - Serão competentes para dar posse:<br />

I - o Tribunal, a seus Juízes;<br />

II - o Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal, aos Juízes-Auditores, aos Diretores e aos <strong>de</strong>mais servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Tribunal;<br />

III - o Correge<strong>do</strong>r, aos servi<strong>do</strong>res que lhe são subordina<strong>do</strong>s e ao Diretor <strong>do</strong> Foro Militar;<br />

IV - o Juiz-Auditor Titular, aos servi<strong>do</strong>res da Auditoria.<br />

Art. 225 - Haverá, no 1º grau da Justiça Militar, 1 (um) Diretor <strong>do</strong> Foro, que será um Juiz-Auditor Titular <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> pelo Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar por meio <strong>de</strong> resolução.<br />

Capítulo II<br />

Das Incompatibilida<strong>de</strong>s<br />

Art. 226 - Quanto às incompatibilida<strong>de</strong>s e aos impedimentos, observar-se-á o disposto nos artigos 113 a 117 <strong>de</strong>sta Lei.<br />

Capítulo III<br />

Das Substituições<br />

Art. 227 - Os Juízes serão substituí<strong>do</strong>s nas licenças, nas férias, nas faltas ou nos impedimentos da seguinte forma:<br />

I - o Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal, pelo Vice-Presi<strong>de</strong>nte ou, na falta <strong>de</strong>ste, pelo Correge<strong>do</strong>r;<br />

II - o Correge<strong>do</strong>r, pelos <strong>de</strong>mais Juízes, em or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>crescente <strong>de</strong> antigüida<strong>de</strong>;<br />

III - o Juiz Civil, pelo Juiz-Auditor Titular, para completar o "quorum" <strong>de</strong> julgamento;<br />

IV - o Juiz Militar, por oficial <strong>do</strong> posto <strong>de</strong> Coronel da Polícia Militar <strong>do</strong> quadro <strong>de</strong> combatentes em ativida<strong>de</strong>, escolhi<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> antigüida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Quadro;<br />

V - o Juiz-Auditor Titular, pelo Juiz-Auditor Substituto;<br />

VI - o Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Conselho Especial <strong>de</strong> Justiça, pelo imediato em posto ou antigüida<strong>de</strong> se for oficial superior;<br />

VII - o Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Conselho Permanente <strong>de</strong> Justiça, somente no caso <strong>de</strong> impedimento legal, apura<strong>do</strong> no início <strong>do</strong> trimestre, mediante novo sorteio;<br />

VIII - os Juízes <strong>do</strong>s Conselhos Especial ou Permanente, mediante novo sorteio.<br />

Capítulo IV<br />

Da Disciplina Judiciária Militar<br />

Art. 228 - Aplicar-se-á aos magistra<strong>do</strong>s da Justiça Militar, no que couber, o disposto nesta Lei para a magistratura comum, quanto à disciplina judiciária.<br />

Art. 229 - Os servi<strong>do</strong>res da Justiça Militar serão passíveis das seguintes penas disciplinares:<br />

I - repreensão;<br />

II - multa;


III - suspensão;<br />

IV - <strong>de</strong>missão.<br />

Art. 230 - Constitui infração disciplinar qualquer violação da disciplina judiciária, por abuso, erro inescusável ou omissão por parte <strong>do</strong> magistra<strong>do</strong> ou servi<strong>do</strong>r.<br />

§ 1º - qualquer pessoa po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>nunciar, verbalmente ou por escrito, ao Correge<strong>do</strong>r, o abuso, o erro inescusável ou a omissão <strong>de</strong> Juiz-Auditor ou servi<strong>do</strong>r da Justiça Militar.<br />

§ 2º - A reclamação será arquivada se manifestamente improce<strong>de</strong>nte.<br />

Art. 231 - Na aplicação das penas disciplinares, serão consi<strong>de</strong>radas a natureza e a gravida<strong>de</strong> da infração e os danos que <strong>de</strong>la advierem para o serviço judiciário militar.<br />

Art. 232 - A pena <strong>de</strong> repreensão ao servi<strong>do</strong>r será aplicada por escrito, em caráter sigiloso ou não, nos casos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sobediência e não-cumprimento <strong>do</strong>s <strong>de</strong>veres funcionais ou<br />

<strong>de</strong>scortesia no trato com autorida<strong>de</strong>s ou com outras pessoas, no exercício da função.<br />

Art. 233 - A pena <strong>de</strong> suspensão, que não exce<strong>de</strong>rá, cada vez, a 30 (trinta) dias, será aplicada ao servi<strong>do</strong>r em caso <strong>de</strong> falta grave ou reincidência.<br />

Parágrafo único - Quan<strong>do</strong> houver conveniência para o serviço, a pena <strong>de</strong> suspensão po<strong>de</strong>rá ser convertida em multa correspon<strong>de</strong>nte a 50% (cinqüenta por cento) por dia <strong>de</strong><br />

vencimento, obriga<strong>do</strong> o puni<strong>do</strong> a permanecer em serviço.<br />

Art. 234 - A pena <strong>de</strong> <strong>de</strong>missão aplicar-se-á nos mesmos casos previstos para os <strong>de</strong>mais servi<strong>do</strong>res civis <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />

§ 1º - O servi<strong>do</strong>r estável somente po<strong>de</strong>rá ser <strong>de</strong>miti<strong>do</strong> após processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla <strong>de</strong>fesa, instaura<strong>do</strong> <strong>de</strong> ofício ou mediante representação escrita<br />

<strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> ou <strong>de</strong> pessoa interessada, cujo <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong>verá ser toma<strong>do</strong>.<br />

§ 2º - Se não for estável, o servi<strong>do</strong>r, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ouvi<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>rá ser exonera<strong>do</strong>.<br />

§ 3º - O ato <strong>de</strong> <strong>de</strong>missão mencionará a causa da punição.<br />

§ 4º - Instaura<strong>do</strong> o processo administrativo para apuração <strong>de</strong> falta <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> <strong>de</strong>missão, resultan<strong>do</strong> provada outra menos grave, a autorida<strong>de</strong> competente imporá a pena<br />

cabível.<br />

§ 5º - Por <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> Tribunal, será instaura<strong>do</strong> o processo administrativo <strong>de</strong> que possa resultar <strong>de</strong>missão.<br />

§ 6º - In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>de</strong> processo administrativo a aplicação das penas <strong>de</strong> repreensão, multa e suspensão <strong>do</strong> servi<strong>do</strong>r.<br />

Art. 235 - As infrações funcionais <strong>do</strong>s membros <strong>do</strong> Ministério Público e da Defensoria Pública ocorridas perante a autorida<strong>de</strong> judiciária, ou no curso <strong>do</strong> processo, serão comunicadas<br />

pelo Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal ou pelo Juiz-Auditor ao Procura<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça ou ao Procura<strong>do</strong>r-Chefe da Defensoria Pública.<br />

Art. 236 - As penas disciplinares serão aplicadas:<br />

I - pelo Tribunal, por intermédio <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte, aos seus membros e aos Juízes-Auditores;<br />

II - pelo Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal, pelo Correge<strong>do</strong>r ou pelo Juiz-Auditor aos servi<strong>do</strong>res que lhes são subordina<strong>do</strong>s.<br />

Art. 237 - A punição disciplinar imposta a Juiz-Auditor ou servi<strong>do</strong>r primários permitirá, apenas uma vez, o pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> reconsi<strong>de</strong>ração ou relevação.<br />

Art. 238 - O puni<strong>do</strong> po<strong>de</strong>rá recorrer ao Tribunal, no prazo <strong>de</strong> 5 (cinco) dias conta<strong>do</strong>s da ciência que tiver da punição ou <strong>do</strong> in<strong>de</strong>ferimento <strong>de</strong> pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> reconsi<strong>de</strong>ração ou relevação.<br />

Art. 239 - Ao pessoal militar que estiver em serviço da Justiça Militar aplicar-se-á o Regulamento Disciplinar da Polícia Militar, mediante comunicação <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong><br />

Justiça Militar à autorida<strong>de</strong> competente.<br />

Capítulo V<br />

Dos Direitos, das Garantias e da<br />

Aposenta<strong>do</strong>ria<br />

Art. 240 - Os Juízes Civis e os Juízes-Auditores serão aposenta<strong>do</strong>s, e os Juízes Militares reforma<strong>do</strong>s, nas mesmas condições <strong>do</strong>s magistra<strong>do</strong>s da justiça comum, aplican<strong>do</strong>-se a regra<br />

também aos casos <strong>de</strong> disponibilida<strong>de</strong>.<br />

Art. 241 - A aposenta<strong>do</strong>ria <strong>do</strong>s Juízes Civis da Justiça Militar será concedida pelo Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, e a reforma <strong>do</strong>s Juízes Militares, pelo Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>,<br />

diante <strong>de</strong> petição <strong>de</strong>vidamente instruída, se voluntária, regen<strong>do</strong>-se, em to<strong>do</strong>s os casos, pelas mesmas normas aplicáveis à magistratura comum.<br />

§ 1º - O tempo <strong>de</strong> serviço presta<strong>do</strong> fora da Justiça Militar será apura<strong>do</strong>:<br />

I - para os civis, na forma estabelecida nesta Lei para os <strong>de</strong>mais magistra<strong>do</strong>s;<br />

II - para os militares, <strong>de</strong> conformida<strong>de</strong> com as leis relativas ao pessoal da Polícia Militar.<br />

§ 2º - O tempo <strong>de</strong> serviço presta<strong>do</strong> na Justiça Militar será prova<strong>do</strong> por certidão passada pelo Diretor-Geral <strong>do</strong> Tribunal.


Art. 242 - Os processos da Justiça Militar serão isentos <strong>de</strong> taxas, custas ou emolumentos.<br />

Livro V<br />

Dos Órgãos Auxiliares da Justiça<br />

Título I<br />

Da Discriminação <strong>do</strong>s Órgãos Auxiliares<br />

Art. 243 - Junto aos Tribunais e aos Juízos servirão órgãos auxiliares da administração da justiça.<br />

Art. 244 - São órgãos auxiliares <strong>do</strong>s Tribunais:<br />

I - a Secretaria <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça;<br />

II - a Secretaria da Correge<strong>do</strong>ria-Geral <strong>de</strong> Justiça;<br />

III - a Secretaria <strong>de</strong> Tribunal <strong>de</strong> Alçada;<br />

IV - a Secretaria <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar.<br />

Art. 245 - São órgãos auxiliares <strong>do</strong>s Juízos:<br />

I - as Secretarias <strong>do</strong> Juízo;<br />

II - os Serviços Auxiliares <strong>do</strong> Diretor <strong>do</strong> Foro;<br />

III - os Auxiliares <strong>de</strong> Encargo;<br />

IV - as Secretarias <strong>de</strong> Juízo Militar, previstas no artigo 205 <strong>de</strong>sta Lei.<br />

Título II<br />

Dos Órgãos Auxiliares <strong>do</strong>s Tribunais<br />

Capítulo I<br />

Da Secretaria <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça<br />

Art. 246 - A Secretaria <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça terá a organização e as atribuições constantes em regulamento expedi<strong>do</strong> pelo Tribunal.<br />

Art. 247 - O Quadro <strong>do</strong>s Servi<strong>do</strong>res da Secretaria é o fixa<strong>do</strong> em lei <strong>de</strong> iniciativa <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça.<br />

Art. 248 - A nomeação para os cargos integrantes <strong>do</strong> quadro a que se refere o artigo anterior será feita pelo Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as condições e a forma<br />

<strong>de</strong> provimento estabelecidas em lei.<br />

Capítulo II<br />

Da Secretaria da Correge<strong>do</strong>ria-Geral <strong>de</strong> Justiça<br />

Art. 249 - A Secretaria da Correge<strong>do</strong>ria-Geral <strong>de</strong> Justiça, integrada administrativa e financeiramente à Secretaria <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça e funcionan<strong>do</strong> sob a superintendência <strong>do</strong><br />

Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça, terá a organização e as atribuições constantes em regulamento expedi<strong>do</strong> pelo Tribunal <strong>de</strong> Justiça.<br />

Art. 250 - O Quadro <strong>do</strong>s Servi<strong>do</strong>res da Secretaria da Correge<strong>do</strong>ria-Geral <strong>de</strong> Justiça será fixa<strong>do</strong> conforme prevê o artigo 247, e a nomeação será feita <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o artigo 248 <strong>de</strong>sta<br />

Lei.<br />

Capítulo III<br />

Da Secretaria <strong>de</strong> Tribunal <strong>de</strong> Alçada<br />

Art. 251 - A Secretaria <strong>de</strong> Tribunal <strong>de</strong> Alçada terá a organização e as atribuições constantes em regulamento expedi<strong>do</strong> pelo mesmo Tribunal.<br />

Art. 252 - O Quadro <strong>de</strong> Servi<strong>do</strong>res da Secretaria é o fixa<strong>do</strong> em lei <strong>de</strong> iniciativa <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, consoante proposta <strong>de</strong> Tribunal <strong>de</strong> Alçada .<br />

Art. 253 - A nomeação para os cargos integrantes <strong>do</strong> quadro a que se refere o artigo anterior será feita por Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Tribunal <strong>de</strong> Alçada, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as condições e a forma <strong>de</strong><br />

provimento estabelecidas em lei, observa<strong>do</strong> o disposto nos artigos 3<strong>10</strong> e 311 <strong>de</strong>sta Lei.<br />

Capítulo IV<br />

Da Secretaria <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar


Art. 254 - A Secretaria <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar terá a organização e as atribuições constantes em regulamento expedi<strong>do</strong> pelo mesmo Tribunal.<br />

Art. 255 - O quadro <strong>do</strong>s Servi<strong>do</strong>res da Secretaria é o fixa<strong>do</strong> em lei <strong>de</strong> iniciativa <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, consoante proposta <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar, observa<strong>do</strong> o disposto nos<br />

artigos 3<strong>10</strong> e 311 <strong>de</strong>sta Lei.<br />

Art. 256 - A nomeação para os cargos integrantes <strong>do</strong> Quadro a que se refere o artigo anterior será feita pelo Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as condições e a<br />

forma <strong>de</strong> provimento estabelecidas em lei.<br />

Título III<br />

Dos Órgãos Auxiliares <strong>do</strong>s Juízos<br />

Capítulo I<br />

Disposição Geral<br />

Art. 257 - O Quadro <strong>de</strong> Pessoal <strong>do</strong>s Servi<strong>do</strong>res da Justiça <strong>de</strong> Primeira Instância é o constante na legislação que contém os planos <strong>de</strong> carreira <strong>do</strong>s servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário, sen<strong>do</strong><br />

a lotação e as atribuições <strong>do</strong>s cargos que o compõem estabelecidas em resolução da Corte Superior.<br />

Capítulo II<br />

Das Secretarias <strong>do</strong> Juízo<br />

Art. 258 - A cada Juízo <strong>de</strong> Direito correspon<strong>de</strong>rá uma secretaria, cujas lotações serão <strong>de</strong>finidas pela Corte Superior, mediante resolução.<br />

§ 1º - Integrarão a Secretaria <strong>do</strong> Juízo as seguintes classes <strong>de</strong> servi<strong>do</strong>res:<br />

I - Técnico <strong>de</strong> Apoio Judicial - especialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Escrivão Judicial;<br />

II - Oficial <strong>de</strong> Apoio Judicial A - especialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Escrevente Judicial.<br />

§ 2º - Nas comarcas em que houver Vara Privativa da Infância e da Juventu<strong>de</strong> ou Juiza<strong>do</strong> Especial, estes terão Secretaria <strong>do</strong> Juízo e quadro <strong>de</strong> lotação <strong>de</strong> pessoal estabeleci<strong>do</strong> pela<br />

Corte Superior, mediante resolução.<br />

§ 3º - Nas comarcas on<strong>de</strong> houver 2 (duas) ou mais varas, a lei po<strong>de</strong>rá criar cargos <strong>de</strong> assessoramento <strong>de</strong> Juízes, que integrarão o Quadro <strong>de</strong> Pessoal previsto no artigo anterior.<br />

Art. 259 - Serão Serviços Auxiliares da Justiça os Serviços Auxiliares <strong>do</strong> Diretor <strong>do</strong> Foro.<br />

Capítulo III<br />

Dos Serviços Auxiliares da Justiça<br />

Art. 260 - Os quadros <strong>de</strong> lotação <strong>do</strong>s Serviços Auxiliares da Justiça serão fixa<strong>do</strong>s pela Corte Superior, mediante resolução.<br />

Art. 261 - O provimento efetivo <strong>do</strong>s cargos far-se-á por ato <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>de</strong> aprovação prévia em concurso público <strong>de</strong> provas, ou <strong>de</strong> provas e<br />

títulos, realiza<strong>do</strong> nos termos <strong>do</strong>s artigos 265 e 266 <strong>de</strong>sta Lei, respeitan<strong>do</strong>-se a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> classificação.<br />

Art. 262 - Em qualquer modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> provimento <strong>de</strong> cargo, aten<strong>de</strong>r-se-á aos requisitos constantes na especificação da classe respectiva.<br />

Art. 263 - Serão auxiliares <strong>de</strong> encargo:<br />

I - o Perito;<br />

II - o Depositário;<br />

III - o Síndico;<br />

IV - o Administra<strong>do</strong>r;<br />

V - o Intérprete.<br />

Capítulo IV<br />

Dos Auxiliares <strong>de</strong> Encargo<br />

Art. 264 - Os auxiliares <strong>de</strong> encargo serão nomea<strong>do</strong>s pelo Juiz da causa, para nela servirem, quan<strong>do</strong> necessário.<br />

Título IV<br />

Disposições Especiais<br />

Capítulo I


Dos Direitos <strong>do</strong> Servi<strong>do</strong>r<br />

Seção I<br />

Do Provimento <strong>de</strong> Cargos nas Secretarias <strong>do</strong> Juízo e nos Serviços Auxiliares da Justiça<br />

Art. 265 - A nomeação para os cargos das Secretarias <strong>do</strong> Juízo e <strong>do</strong>s Serviços Auxiliares da Justiça ocorrerá após aprovação em concurso público, <strong>de</strong> provas ou <strong>de</strong> provas e títulos,<br />

obe<strong>de</strong>cida a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> classificação.<br />

§ 1º - O Conselho da Magistratura, mediante provimento, disporá sobre a realização <strong>de</strong> concurso público e suas condições, observa<strong>do</strong>s os princípios <strong>de</strong> centralização, quan<strong>do</strong> da<br />

abertura e da realização das provas, e <strong>de</strong> regionalização, quan<strong>do</strong> da aplicação das provas.<br />

§ 2º - Expedi<strong>do</strong> o provimento a que se refere o parágrafo anterior, o Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça nomeará, para a realização <strong>do</strong> concurso, comissão composta pelo 2º Vice-<br />

Presi<strong>de</strong>nte, que a presidirá, e por mais 2 (<strong>do</strong>is) Desembarga<strong>do</strong>res e secretariada por um servi<strong>do</strong>r efetivo <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário.<br />

Art. 266 - O nomea<strong>do</strong> tomará posse perante o 2º Vice-Presi<strong>de</strong>nte e entrará em exercício no prazo máximo <strong>de</strong> 30 (trinta) dias, perante o Juiz Diretor <strong>do</strong> Foro da comarca para a qual<br />

for <strong>de</strong>signa<strong>do</strong>, remeten<strong>do</strong>-se cópia <strong>do</strong> respectivo termo à Secretaria <strong>de</strong> Administração <strong>de</strong> Pessoal <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça.<br />

Seção II<br />

Da Permuta e da Remoção <strong>do</strong>s Servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Foro Judicial<br />

Art. 267 - Os servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> foro judicial, <strong>de</strong> cargos idênticos, da mesma comarca ou <strong>de</strong> comarcas <strong>de</strong> igual entrância, po<strong>de</strong>rão permutá-los entre si, observada a conveniência da<br />

justiça e mediante requerimento dirigi<strong>do</strong> ao Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça.<br />

Art. 268 - Os servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> foro judicial po<strong>de</strong>rão requerer remoção para cargo idêntico, da mesma comarca ou <strong>de</strong> comarca <strong>de</strong> igual entrância, observada a conveniência da justiça.<br />

Parágrafo único - Nos casos <strong>de</strong> extinção ou suspensão da comarca, a remoção será <strong>de</strong>cretada <strong>de</strong> ofício, para a comarca em que for anexada ou outra <strong>de</strong> igual entrância da extinta ou<br />

suspensa, observada a conveniência da justiça.<br />

Seção III<br />

Das Férias<br />

Art. 269 - Os servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário terão direito a férias anuais, por 60 (sessenta) dias, coletivas ou individuais, segun<strong>do</strong> escala a ser organizada pelo Diretor Geral <strong>do</strong><br />

Tribunal respectivo, ou, na 1ª instância, pelo Diretor <strong>do</strong> Foro.<br />

Parágrafo único - A escala <strong>de</strong> férias organizada pelo Diretor <strong>do</strong> Foro será enviada à Secretaria <strong>de</strong> Administração <strong>de</strong> Pessoal <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, até o dia 30 (trinta) <strong>de</strong> novembro<br />

<strong>do</strong> ano anterior, com indicação <strong>do</strong> substituto, se for o caso.<br />

Art. 270 - Será vedada a acumulação <strong>de</strong> férias, salvo se motivada por necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviço.<br />

Seção IV<br />

Das Licenças<br />

Art. 271 - Ao 2º Vice-Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça caberá conce<strong>de</strong>r licença aos servi<strong>do</strong>res da Justiça <strong>de</strong> Primeira Instância, ouvin<strong>do</strong> previamente, sempre que possível e<br />

necessário, o Diretor <strong>do</strong> Foro.<br />

Art. 272 - A licença para tratar <strong>de</strong> interesses particulares, requerida por servi<strong>do</strong>r, somente po<strong>de</strong>rá ser concedida após 2 (<strong>do</strong>is) anos <strong>de</strong> efetivo exercício e terá a duração máxima <strong>de</strong> 2<br />

(<strong>do</strong>is) anos, vedada a prorrogação e a renovação <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s 3 (três) anos seguintes ao seu término.<br />

Art. 273 - A licença para tratar <strong>de</strong> interesses particulares po<strong>de</strong>rá ser revogada no interesse da justiça, facultan<strong>do</strong>-se, outrossim, ao servi<strong>do</strong>r licencia<strong>do</strong> retornar ao serviço a qualquer<br />

tempo, mediante <strong>de</strong>sistência <strong>do</strong> restante da licença.<br />

Parágrafo único - O requerente aguardará a concessão da licença no exercício <strong>do</strong> cargo.<br />

Seção V<br />

Das Férias-Prêmio<br />

Art. 274 - Após cada perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 5 (cinco) anos <strong>de</strong> efetivo exercício no serviço público <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais, o servi<strong>do</strong>r terá direito a férias-prêmios <strong>de</strong> 3 (três) meses, admitida<br />

a conversão em espécie, paga a título <strong>de</strong> in<strong>de</strong>nização, quan<strong>do</strong> da aposenta<strong>do</strong>ria, ou a contagem em <strong>do</strong>bro das não gozadas para esse mesmo fim e para a percepção <strong>de</strong> adicionais por<br />

tempo <strong>de</strong> serviço.<br />

Parágrafo único - Ficam <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s, no caso <strong>de</strong> falecimento <strong>de</strong> servi<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário em ativida<strong>de</strong>, ao seu cônjuge ou companheiro por união estável ou, na falta <strong>de</strong>stes, aos<br />

filhos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, o vencimento e as vantagens correspon<strong>de</strong>ntes a perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> férias-prêmio não goza<strong>do</strong>s.<br />

Capítulo II<br />

Da Incompatibilida<strong>de</strong>, <strong>do</strong> Impedimento e da Suspeição<br />

Art. 275 - Não po<strong>de</strong>m servir no foro judicial <strong>de</strong> um mesmo Juízo servi<strong>do</strong>res que sejam cônjuges ou parentes consangüíneos ou afins em linha reta ou, na linha colateral, até o terceiro<br />

grau, salvo se aprova<strong>do</strong>s em concurso público regular.


Art. 276 - Ocorren<strong>do</strong> incompatibilida<strong>de</strong> no que se referir ao Escrivão Judicial e aos servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s Serviços Auxiliares <strong>do</strong> Diretor <strong>do</strong> Foro, aplicar-se-á o disposto nos artigos 114 e<br />

117 <strong>de</strong>sta Lei.<br />

Art. 277 - Ao servi<strong>do</strong>r <strong>do</strong> foro judicial será <strong>de</strong>feso praticar atos <strong>de</strong> seu ofício em que for interessa<strong>do</strong> ele próprio, seu cônjuge, parente consangüíneo ou afim em linha reta ou, na linha<br />

colateral, até o terceiro grau.<br />

Capítulo III<br />

Da Substituição<br />

Art. 278 - A substituição <strong>de</strong> servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> foro judicial será feita <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com critérios estabeleci<strong>do</strong>s em resolução da Corte Superior.<br />

Art. 279 - No caso <strong>de</strong> impedimento, suspeição ou falta eventual <strong>de</strong> servi<strong>do</strong>r, sua substituição se fará com a <strong>de</strong>signação, pelo Juiz da causa, <strong>de</strong> um servi<strong>do</strong>r para atuar no processo em<br />

curso ou no ato a ser lavra<strong>do</strong>.<br />

Art. 280 - Na hipótese <strong>de</strong> vaga ou afastamento, o Diretor <strong>do</strong> Foro <strong>de</strong>signará substituto para o exercício <strong>do</strong> cargo, enquanto persistir a vacância ou durar o afastamento, obe<strong>de</strong>ci<strong>do</strong> o<br />

disposto no artigo 278 <strong>de</strong>sta Lei, submeten<strong>do</strong>-se o ato à aprovação <strong>do</strong> 2º Vice-Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça.<br />

Título V<br />

Do Regime Disciplinar <strong>do</strong>s Servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário<br />

Capítulo I<br />

Dos Deveres<br />

Art. 281 - São <strong>de</strong>veres comuns aos servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s Órgãos Auxiliares <strong>do</strong>s Tribunais e da Justiça <strong>de</strong> Primeira Instância:<br />

I - exercer com acuida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>dicação e probida<strong>de</strong> as atribuições <strong>do</strong> cargo, manten<strong>do</strong> conduta compatível com a moralida<strong>de</strong> administrativa;<br />

II - ser assíduo e pontual;<br />

III - manter o serviço aberto, nele permanecen<strong>do</strong>, nos dias úteis, <strong>de</strong> segunda a sexta-feira, no horário regulamentar;<br />

IV - ser leal ao Órgão a que servir;<br />

V - cumprir as or<strong>de</strong>ns superiores, exceto quan<strong>do</strong> manifestamente ilegais;<br />

VI - aten<strong>de</strong>r com presteza e urbanida<strong>de</strong> aos magistra<strong>do</strong>s, representantes <strong>do</strong> Ministério Público, advoga<strong>do</strong>s e ao público em geral, prestan<strong>do</strong> as informações requeridas e dan<strong>do</strong> recibo<br />

<strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos ou outros papéis que lhes forem entregues em razão <strong>do</strong> ofício, ressalvadas as protegidas por sigilo;<br />

VII - fornecer aos interessa<strong>do</strong>s, no prazo máximo <strong>de</strong> 48 (quarenta e oito) horas, salvo motivo justifica<strong>do</strong>, certidão <strong>de</strong> atos administrativos ou processuais;<br />

VIII - levar ao conhecimento <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> superior as irregularida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> que tiverem conhecimento em razão <strong>do</strong> cargo;<br />

IX - zelar pela economia <strong>do</strong> material <strong>de</strong> expediente e pela conservação <strong>do</strong> material permanente e <strong>do</strong> patrimônio público;<br />

X - guardar sigilo sobre assunto <strong>do</strong> serviço;<br />

XI - guardar e conservar, com to<strong>do</strong>s os requisitos <strong>de</strong> segurança, autos judiciais, <strong>do</strong>cumentos, livros e papéis em seu po<strong>de</strong>r;<br />

XII - renovar, à própria custa, ato ou diligência invalida<strong>do</strong>s por culpa sua, sem prejuízo da penalida<strong>de</strong> em que possa incorre;.<br />

XIII - observar as normas legais e regulamentares.<br />

Capítulo II<br />

Das Proibições<br />

Art. 282 - Aos servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s órgãos Auxiliares <strong>do</strong>s Tribunais e da Justiça <strong>de</strong> Primeira Instância é proibi<strong>do</strong>:<br />

I - ausentar-se <strong>do</strong> serviço durante o expediente, sem prévia autorização <strong>do</strong> superior imediato;<br />

II - retirar, sem prévia anuência da autorida<strong>de</strong> competente, quaisquer <strong>do</strong>cumentos ou materiais <strong>do</strong> serviço;<br />

III - recusar fé a <strong>do</strong>cumentos públicos;<br />

IV - opor resistência injustificada ao andamento <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos, ao curso <strong>de</strong> processos ou à execução <strong>de</strong> serviços;<br />

V - promover manifestações <strong>de</strong> apreço ou <strong>de</strong>sapreço e fazer circular ou subscrever lista <strong>de</strong> <strong>do</strong>nativos no recinto <strong>de</strong> trabalho;<br />

VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora <strong>do</strong>s casos previstos em lei, o <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> atribuições da sua responsabilida<strong>de</strong> ou <strong>de</strong> seu subordina<strong>do</strong>;


VII - coagir ou aliciar subordina<strong>do</strong>s no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> filiar-se a associação profissional ou sindical, ou a parti<strong>do</strong> político;<br />

VIII - valer-se <strong>do</strong> cargo para lograr proveito pessoal ou <strong>de</strong> outrem, em <strong>de</strong>trimento da dignida<strong>de</strong> <strong>do</strong> exercício <strong>do</strong> cargo ocupa<strong>do</strong>;<br />

IX - participar <strong>de</strong> gerência ou administração <strong>de</strong> empresa privada, <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> civil, ou exercer comércio, exceto como acionista, cotista ou comanditário, e vincular-se a escritório <strong>de</strong><br />

advocacia;<br />

X - praticar usura sob qualquer <strong>de</strong> suas formas;<br />

XI - aceitar ou receber propina, comissão, presente ou vantagem <strong>de</strong> qualquer espécie, em razão <strong>de</strong> suas atribuições;<br />

XII - proce<strong>de</strong>r <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>sidiosa;<br />

XIII - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em ativida<strong>de</strong>s ou trabalhos particulares;<br />

XIV - exercer a acumulação remunerada <strong>de</strong> cargos públicos, ressalva<strong>do</strong>s os casos previstos na Constituição;<br />

XV - exercer quaisquer ativida<strong>de</strong>s que sejam incompatíveis com o exercício <strong>do</strong> cargo ou função e com o horário <strong>de</strong> trabalho;<br />

XVI - recusar-se a atualizar seus da<strong>do</strong>s cadastrais, quan<strong>do</strong> solicita<strong>do</strong>.<br />

Capítulo III<br />

Das Responsabilida<strong>de</strong>s<br />

Art. 283 - O servi<strong>do</strong>r respon<strong>de</strong> civil, penal e administrativamente pelo exercício irregular <strong>de</strong> suas atribuições.<br />

Art. 284 - A responsabilida<strong>de</strong> civil <strong>de</strong>corre <strong>de</strong> ato omissivo ou comissivo, <strong>do</strong>loso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros.<br />

Art. 285 - A responsabilida<strong>de</strong> penal abrange os crimes e contravenções imputadas ao servi<strong>do</strong>r, nessa qualida<strong>de</strong>.<br />

Art. 286 - A responsabilida<strong>de</strong> civil-administrativa resulta <strong>de</strong> ato omissivo ou comissivo pratica<strong>do</strong> no <strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong> cargo ou função.<br />

Art. 287 - As ações civis, penais e administrativas po<strong>de</strong>rão cumular-se, sen<strong>do</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes entre si.<br />

Art. 288 - A responsabilida<strong>de</strong> administrativa <strong>do</strong> servi<strong>do</strong>r será afastada no caso <strong>de</strong> absolvição criminal que negue a existência <strong>do</strong> fato ou sua autoria.<br />

Art. 289 - São penas disciplinares:<br />

I - advertência;<br />

II - suspensão;<br />

III - <strong>de</strong>missão;<br />

IV - cassação <strong>de</strong> aposenta<strong>do</strong>ria e <strong>de</strong> disponibilida<strong>de</strong>;<br />

V - <strong>de</strong>stituição <strong>de</strong> cargo em comissão;<br />

VI - <strong>de</strong>stituição <strong>de</strong> função comissionada.<br />

Capítulo IV<br />

Das Penalida<strong>de</strong>s<br />

Art. 290 - Na aplicação das penalida<strong>de</strong>s enumeradas no artigo anterior, serão consi<strong>de</strong>radas a natureza e a gravida<strong>de</strong> da infração cometida, os danos que <strong>de</strong>la provierem para o serviço<br />

público, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antece<strong>de</strong>ntes funcionais.<br />

Parágrafo único - O ato <strong>de</strong> imposição <strong>de</strong> pena mencionará sempre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar.<br />

Art. 291 - A pena <strong>de</strong> advertência será aplicada por escrito, nos casos <strong>de</strong> violação <strong>de</strong> proibição constante <strong>do</strong> artigo 282, incisos I a VII e XVI, <strong>de</strong>sta Lei, e <strong>de</strong> inobservância <strong>de</strong> <strong>de</strong>ver<br />

funcional previsto em lei, regulamentação ou norma interna, que não justifique imposição <strong>de</strong> penalida<strong>de</strong> mais grave.<br />

Art. 292 - A pena <strong>de</strong> suspensão será aplicada em caso <strong>de</strong> reincidência das faltas punidas com advertência, <strong>de</strong> <strong>de</strong>scumprimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>ver funcional previsto em lei, regulamentação ou<br />

norma interna, e <strong>de</strong> violação das proibições que não tipifiquem infrações sujeitas à penalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>missão.<br />

§ 1º - Será também puni<strong>do</strong> com suspensão o servi<strong>do</strong>r que, injustificadamente, recusar-se a ser submeti<strong>do</strong> a inspeção médica <strong>de</strong>terminada pela autorida<strong>de</strong> competente, cessan<strong>do</strong> os<br />

efeitos da penalida<strong>de</strong> uma vez cumprida a <strong>de</strong>terminação.<br />

§ 2º - A pena <strong>de</strong> suspensão não po<strong>de</strong>rá exce<strong>de</strong>r a 90 (noventa) dias e acarreta a perda das vantagens e direitos <strong>de</strong>correntes <strong>do</strong> exercício <strong>do</strong> cargo.<br />

Art. 293 - A pena <strong>de</strong> <strong>de</strong>missão será aplicada nos seguintes casos:


I - crime contra a administração pública;<br />

II - aban<strong>do</strong>no <strong>de</strong> cargo ou função pelo não comparecimento <strong>do</strong> servi<strong>do</strong>r ao serviço, sem causa justificativa, por mais <strong>de</strong> 30 (trinta) dias consecutivos ou mais <strong>de</strong> 90 (noventa),<br />

intercaladamente, durante o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 12 (<strong>do</strong>ze) meses;<br />

III - improbida<strong>de</strong> administrativa;<br />

IV - incontinência pública e conduta escandalosa, no serviço;<br />

V - insubordinação grave em serviço;<br />

VI - ofensa física, em serviço, a superior hierárquico, servi<strong>do</strong>r ou particular, salvo em legítima <strong>de</strong>fesa própria ou <strong>de</strong> outrem;<br />

VII - aplicação in<strong>de</strong>vida ou irregular <strong>de</strong> dinheiros públicos;<br />

VIII - revelação <strong>de</strong> segre<strong>do</strong> obti<strong>do</strong> em razão <strong>do</strong> cargo;<br />

IX - lesão aos cofres públicos e dilapidação <strong>do</strong> patrimônio estadual;<br />

X - corrupção;<br />

XI - acumulação ilegal <strong>de</strong> cargos ou funções públicas, se comprovada a má-fé <strong>do</strong> servi<strong>do</strong>r;<br />

XII - <strong>de</strong>scumprimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>ver que configure o cometimento <strong>de</strong> falta grave;<br />

XIII - transgressão <strong>do</strong> disposto nos inciso VIII a XV <strong>do</strong> artigo 282 <strong>de</strong>sta Lei;<br />

Parágrafo único - Verificada em processo disciplinar acumulação proibida e provada a boa-fé, o servi<strong>do</strong>r <strong>de</strong>verá optar por um <strong>do</strong>s cargos e per<strong>de</strong>rá o outro.<br />

Art. 294 - Será cassada a aposenta<strong>do</strong>ria ou a disponibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> servi<strong>do</strong>r inativo que houver pratica<strong>do</strong>, na ativida<strong>de</strong>, falta punível com a pena <strong>de</strong> <strong>de</strong>missão.<br />

Art. 295 - A pena <strong>de</strong> <strong>de</strong>stituição <strong>de</strong> cargo em comissão exerci<strong>do</strong> por servi<strong>do</strong>r não ocupante <strong>de</strong> cargo efetivo será aplicada nos casos <strong>de</strong> infrações sujeitas à penalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>missão.<br />

Art. 296 - A pena <strong>de</strong> <strong>de</strong>stituição <strong>de</strong> função comissionada será aplicada:<br />

I - quan<strong>do</strong> se verificar a falta <strong>de</strong> exação ou negligência no seu <strong>de</strong>sempenho;<br />

II - nos casos <strong>de</strong> infrações sujeitas à penalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suspensão.<br />

Art. 297 - As penas disciplinares serão aplicadas:<br />

I - pelo Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, quan<strong>do</strong> se tratar <strong>de</strong> <strong>de</strong>missão, cassação <strong>de</strong> aposenta<strong>do</strong>ria ou disponibilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>stituição <strong>de</strong> cargo em comissão ou <strong>de</strong>stituição <strong>de</strong> função<br />

comissionada impostas aos servi<strong>do</strong>res das Secretarias <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça e da Correge<strong>do</strong>ria-Geral <strong>de</strong> Justiça e <strong>do</strong>s Órgãos Auxiliares da Justiça <strong>de</strong> Primeira Instância;<br />

II - pelo Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Tribunal <strong>de</strong> Alçada, quan<strong>do</strong> se tratar <strong>de</strong> <strong>de</strong>missão, cassação <strong>de</strong> aposenta<strong>do</strong>ria ou disponibilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>stituição <strong>de</strong> cargo em comissão, <strong>de</strong>stituição <strong>de</strong> função<br />

comissionada, suspensão ou advertência impostas aos servi<strong>do</strong>res da Secretaria <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Alçada;<br />

III - pelo Segun<strong>do</strong> Vice-Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, quan<strong>do</strong> se tratar <strong>de</strong> advertência ou suspensão impostas a servi<strong>do</strong>r da Secretaria <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça;<br />

IV - pelo Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça, quan<strong>do</strong> se tratar <strong>de</strong> advertência ou suspensão impostas a servi<strong>do</strong>r da Secretaria da Correge<strong>do</strong>ria-Geral <strong>de</strong> Justiça e <strong>do</strong>s Órgão Auxiliares da<br />

Justiça <strong>de</strong> Primeira Instância ;<br />

V - pelo Diretor <strong>do</strong> Foro, quan<strong>do</strong> se tratar <strong>de</strong> advertência ou suspensão impostas a servi<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s Órgão Auxiliares da Justiça <strong>de</strong> Primeira Instância, lota<strong>do</strong> em sua comarca.<br />

§ 1º - A pena imposta, após transitada em julga<strong>do</strong>, será anotada nos registros funcionais <strong>do</strong> faltoso.<br />

§ 2º - A certidão da pena anotada só será fornecida com autorização expressa das autorida<strong>de</strong>s elencadas nos incisos I a IV <strong>de</strong>ste artigo, no âmbito <strong>de</strong> sua competência, para fim<br />

justifica<strong>do</strong>.<br />

Art. 298 - A ação disciplinar prescreverá:<br />

I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com <strong>de</strong>missão, cassação <strong>de</strong> aposenta<strong>do</strong>ria ou disponibilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>stituição <strong>de</strong> cargo em comissão ou <strong>de</strong> função comissionada;<br />

II - em 2 (<strong>do</strong>is) anos, quanto à suspensão;<br />

III - em 1 (um) ano, quanto à advertência.<br />

§ 1º - O prazo <strong>de</strong> prescrição começa a correr da data em que o fato se tornou conheci<strong>do</strong> pela autorida<strong>de</strong> competente.<br />

§ 2º - A instauração <strong>de</strong> processo disciplinar interrompe a prescrição, até a <strong>de</strong>cisão final proferida pela autorida<strong>de</strong> competente.<br />

§ 3º - Interrompi<strong>do</strong> o curso da prescrição, o prazo começará a correr a partir <strong>do</strong> dia em que cessar a interrupção.


§ 4º - Os prazos <strong>de</strong> prescrição previstos na lei penal aplicam-se às infrações capituladas também como crime.<br />

Título VI<br />

Da Sindicância e <strong>do</strong> Processo Disciplinar<br />

Capítulo I<br />

Disposições Gerais<br />

Art. 299 - A autorida<strong>de</strong> que tiver ciência <strong>de</strong> abuso, erro, irregularida<strong>de</strong> ou omissão imputa<strong>do</strong>s a servi<strong>do</strong>r <strong>de</strong>ve proce<strong>de</strong>r à sua apuração, mediante a instauração <strong>de</strong> sindicância ou<br />

processo disciplinar.<br />

Art. 300 - As <strong>de</strong>núncias sobre irregularida<strong>de</strong>s serão objeto <strong>de</strong> apuração, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que contenham a i<strong>de</strong>ntificação e o en<strong>de</strong>reço <strong>do</strong> <strong>de</strong>nunciante e sejam formuladas por escrito, confirmada<br />

a autenticida<strong>de</strong>.<br />

Parágrafo único - Quan<strong>do</strong> o fato narra<strong>do</strong> evi<strong>de</strong>ntemente não configurar infração disciplinar ou ilícito penal, a <strong>de</strong>núncia será arquivada por falta <strong>de</strong> objeto.<br />

Capítulo II<br />

Da Sindicância<br />

Art. 301 - Sempre que necessário apurar fato ou circunstância para <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> disciplinar <strong>de</strong> servi<strong>do</strong>r, a autorida<strong>de</strong> competente, nos termos <strong>de</strong>sta Lei, abrirá<br />

sindicância.<br />

§ 1º - A sindicância será realizada por servi<strong>do</strong>r ou comissão composta <strong>de</strong> servi<strong>do</strong>res estáveis.<br />

§ 2º - O sindicante realizará diligências e investigações necessárias à elucidação <strong>do</strong>s fatos.<br />

§ 3º - Os trabalhos <strong>de</strong> sindicância serão concluí<strong>do</strong>s no prazo <strong>de</strong> 30 (trinta) dias, prorrogável por igual perío<strong>do</strong>.<br />

§ 4º - Ultimada a sindicância, o sindicante apresentará relatório conclusivo, à autorida<strong>de</strong> instaura<strong>do</strong>ra.<br />

Art. 302 - Da sindicância po<strong>de</strong>rá resultar:<br />

I - arquivamento;<br />

II - instauração <strong>de</strong> processo disciplinar.<br />

Art. 303 - Será dispensada a sindicância nos casos <strong>de</strong> a transgressão disciplinar constar em autos, estiver caracterizada em <strong>do</strong>cumento escrito, constituir flagrante <strong>de</strong>sacato ou<br />

<strong>de</strong>sobediência, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> ser instaura<strong>do</strong> processo disciplinar, nele assegurada ao acusa<strong>do</strong> ampla <strong>de</strong>fesa.<br />

Capítulo III<br />

Do Afastamento Preventivo<br />

Art. 304 - Como medida cautelar e a fim <strong>de</strong> que o servi<strong>do</strong>r não venha a influir na apuração da irregularida<strong>de</strong>, a autorida<strong>de</strong> instaura<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> processo disciplinar po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>terminar o<br />

seu afastamento <strong>do</strong> exercício <strong>do</strong> cargo, pelo prazo <strong>de</strong> até 60 (sessenta) dias, sem prejuízo da remuneração.<br />

Parágrafo único - O afastamento po<strong>de</strong>rá ser prorroga<strong>do</strong> por igual prazo, fin<strong>do</strong> o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não concluí<strong>do</strong> o processo.<br />

Capítulo IV<br />

Do Processo Disciplinar<br />

Art. 305 - O processo disciplinar é o instrumento <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> a apurar responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> servi<strong>do</strong>r por infração praticada no exercício <strong>de</strong> suas atribuições ou por transgressão que<br />

tenha relação com as atribuições <strong>do</strong> cargo ou função em que se encontre investi<strong>do</strong>.<br />

Art. 306 - O processo disciplinar será instaura<strong>do</strong> por ato da autorida<strong>de</strong> competente, nos termos <strong>de</strong>sta Lei, e conduzi<strong>do</strong> por comissão composta <strong>de</strong> 03 (três) servi<strong>do</strong>res estáveis<br />

<strong>de</strong>signa<strong>do</strong>s pela mesma autorida<strong>de</strong>, que indicará, <strong>de</strong>ntre eles, o seu presi<strong>de</strong>nte, que <strong>de</strong>verá ser ocupante <strong>de</strong> cargo efetivo superior ou <strong>de</strong> mesmo nível, ou ter nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong><br />

igual ou superior ao <strong>do</strong> indicia<strong>do</strong>.<br />

§ 1º - O ato <strong>de</strong> instauração <strong>do</strong> processo disciplinar <strong>de</strong>ve revestir-se <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> e conter os da<strong>do</strong>s essenciais.<br />

§ 2º - A comissão disciplinar terá como secretário servi<strong>do</strong>r <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> pelo seu presi<strong>de</strong>nte, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> a indicação recair em um <strong>de</strong> seus membros.<br />

§ 3º - Não po<strong>de</strong>rá participar <strong>de</strong> comissão <strong>de</strong> sindicância ou <strong>de</strong> processo disciplinar, cônjuge, companheiro ou parente <strong>do</strong> acusa<strong>do</strong>, consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral,<br />

até o terceiro grau.<br />

§ 4º - A comissão exercerá suas ativida<strong>de</strong>s com in<strong>de</strong>pendência e imparcialida<strong>de</strong>, assegura<strong>do</strong> o sigilo necessário à elucidação <strong>do</strong> fato ou exigi<strong>do</strong> pelo interesse público, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> tomar<br />

<strong>de</strong>poimentos, realizar acareações, diligências, investigações e a<strong>do</strong>tar outras providências pertinentes, objetivan<strong>do</strong> a coleta <strong>de</strong> provas, recorren<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> necessário, a técnicos e<br />

peritos.<br />

Art. 307 - O processo disciplinar se <strong>de</strong>senvolve nas seguintes fases:


I - instauração;<br />

II - instrução;<br />

III - <strong>de</strong>fesa;<br />

IV - relatório;<br />

V - julgamento.<br />

Parágrafo único - O rito correlato às fases <strong>do</strong> processo para aplicação <strong>de</strong> pena disciplinar aos servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário será estabeleci<strong>do</strong> mediante resolução da Corte Superior.<br />

Art. 308 - O prazo para a conclusão <strong>do</strong> processo disciplinar não exce<strong>de</strong>rá 60 (sessenta) dias, conta<strong>do</strong>s da data <strong>de</strong> publicação <strong>do</strong> ato que constituir a comissão, admitida a sua<br />

prorrogação por igual prazo, quan<strong>do</strong> as circunstâncias o exigirem.<br />

Livro VI<br />

Disposições Gerais, Transitórias e Finais<br />

Título I<br />

Disposições Gerais<br />

Art. 309 - O Estatuto <strong>do</strong>s Servi<strong>do</strong>res Públicos Civis <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> aplica-se, supletivamente, no que couber, aos servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário e à Magistratura.<br />

Art. 3<strong>10</strong> - Os projetos <strong>de</strong> lei <strong>de</strong> interesse <strong>de</strong> Tribunal <strong>de</strong> Alçada ou <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar, <strong>de</strong> iniciativa <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, consoante proposta <strong>do</strong>s referi<strong>do</strong>s Tribunais,<br />

serão encaminha<strong>do</strong>s à Assembléia Legislativa, após sua aprovação pela Corte Superior.<br />

Art. 311 - Serão vinculativas para os Tribunais <strong>de</strong> Alçada e <strong>de</strong> Justiça Militar as <strong>de</strong>cisões normativas <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça sobre direitos <strong>de</strong> seus integrantes, magistra<strong>do</strong>s e<br />

servi<strong>do</strong>res.<br />

Art. 312 - Serão órgãos oficiais das publicações <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário o "<strong>Diário</strong> <strong>do</strong> Judiciário" e as revistas "Jurisprudência Mineira " e "Julga<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Alçada".<br />

Art. 313 - Os Desembarga<strong>do</strong>res, os servi<strong>do</strong>res da Secretaria <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça e da Primeira Instância, quan<strong>do</strong> aposenta<strong>do</strong>s, receberão seus proventos pela Tesouraria <strong>do</strong><br />

Tribunal.<br />

Art. 314 - Os Juízes <strong>de</strong> Tribunal <strong>de</strong> Alçada e da Justiça Militar, bem como os servi<strong>do</strong>res <strong>de</strong> suas respectivas Secretarias, quan<strong>do</strong> inativos, receberão seus proventos pela Tesouraria<br />

<strong>de</strong>sses órgãos.<br />

Art. 315 - Os processos remeti<strong>do</strong>s aos tribunais serão protocola<strong>do</strong>s no mesmo dia <strong>do</strong> recebimento ou no dia útil imediato, com publicações no "<strong>Diário</strong> <strong>do</strong> Judiciário", sen<strong>do</strong><br />

imediatamente distribuí<strong>do</strong>s, segun<strong>do</strong> as regras <strong>de</strong> seus regimentos internos.<br />

Parágrafo único - Os preparos <strong>de</strong> Segunda Instância serão tantos quantos forem os recursos interpostos, sen<strong>do</strong> único o porte <strong>de</strong> retorno <strong>do</strong>s autos, observan<strong>do</strong>-se, em tu<strong>do</strong>, o que for<br />

disposto nas instruções <strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> Justiça e <strong>de</strong> Alçada.<br />

Art. 3<strong>16</strong> - A Memória <strong>do</strong> Judiciário Mineiro, museu <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário, será diretamente subordinada à Presidência <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça e terá como Superinten<strong>de</strong>nte, não<br />

remunera<strong>do</strong>, 1 (um) Desembarga<strong>do</strong>r, aposenta<strong>do</strong> ou não, cujo mandato coincidirá com o <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte que o <strong>de</strong>signar.<br />

Art. 317 - O Tribunal <strong>de</strong> Justiça expedirá carteira <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> funcional aos Desembarga<strong>do</strong>res, aos Juízes <strong>de</strong> Direito, a seus servi<strong>do</strong>res e aos servi<strong>do</strong>res da Primeira Instância,<br />

caben<strong>do</strong> aos outros tribunais <strong>de</strong> 2º grau a expedição em favor <strong>de</strong> seus Juízes e servi<strong>do</strong>res.<br />

Art. 318 - Instala<strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Alçada Regional, a comarca que o sediar passará a ser <strong>de</strong> entrância especial.<br />

Art. 319 - Sempre que instalada Penitenciária em alguma comarca, o Tribunal <strong>de</strong> Justiça, no prazo <strong>de</strong> trinta dias, encaminhará projeto <strong>de</strong> lei à Assembléia Legislativa crian<strong>do</strong> Vara <strong>de</strong><br />

Execuções Criminais.<br />

Art. 320 - É veda<strong>do</strong> a magistra<strong>do</strong> residir em imóvel loca<strong>do</strong> por município ou receber auxílio <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público municipal, a qualquer título.<br />

Art. 321 - Haverá expediente nos tribunais e orgãos <strong>de</strong> 1ª instância nos dias úteis, <strong>de</strong> segunda a sexta-feira, conforme horário fixa<strong>do</strong> pelos respectivos orgãos diretivos.<br />

§ 1° - Nos dias não úteis, haverá, nos tribunais e nas comarcas, Juiz <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> para apreciação <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> natureza urgente, conforme dispuser o regimento interno, com direito a<br />

compensação.<br />

§ 2° - Não haverá expediente forense:<br />

I - Nos feria<strong>do</strong>s nacionais, estaduais e municipais;<br />

II - Na segunda-feira, terça-feira e quarta-feira da semana <strong>de</strong> carnaval;<br />

III - Na quarta-feita, quinta-feita e sexta-feira <strong>de</strong> semana santa;<br />

IV - No Dia da Justiça;<br />

V - Nos dias em que, por motivo relevante, o Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça suspen<strong>de</strong>r o expediente.


Art. 322 - As intimações que se fazem mediante publicação no órgão oficial <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> po<strong>de</strong>rão ser feitas em outro órgão <strong>de</strong> ampla circulação na comarca.<br />

Parágrafo único - A matéria <strong>de</strong>ste artigo será regulamentada por resolução da Corte Superior.<br />

Art. 323 - A Comissão Estadual Judiciária <strong>de</strong> A<strong>do</strong>ção - CEJA/MG, criada nos termos <strong>do</strong> que dispõe o artigo 52 da Lei Fe<strong>de</strong>ral nº 8.069, <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1990, e regulamentada por<br />

resolução da Corte Superior, fica reconhecida como Órgão <strong>de</strong> atuação permanente no âmbito das a<strong>do</strong>ções internacionais.<br />

Art. 324 - Para os fins previstos na Lei Fe<strong>de</strong>ral nº 8.935, <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1994, o juízo competente é o <strong>do</strong> diretor <strong>do</strong> foro da comarca em que sedia<strong>do</strong> o serviço notarial ou <strong>de</strong><br />

registro.<br />

Art. 325 - O Diretor <strong>do</strong> Foro comunicará imediatamente, à repartição local <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> previdência social fe<strong>de</strong>ral, a entrada em exercício <strong>de</strong> titular <strong>de</strong> serviços notariais e <strong>de</strong><br />

registro prevista no artigo 23 da Lei Estadual nº 12.919, <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1998.<br />

§ 1º - Competirá ao Diretor <strong>do</strong> Foro fiscalizar a pronta inscrição no sistema <strong>de</strong> previdência social fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong>s prepostos contrata<strong>do</strong>s nos termos <strong>do</strong> artigo 20 da Lei Fe<strong>de</strong>ral nº 8.935,<br />

<strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1994, bem como o regular recolhimento das contribuições <strong>de</strong>vidas, para os fins <strong>do</strong> art. 40 da referida Lei.<br />

§ 2º - Na data em que o titular <strong>de</strong> serviços notariais e <strong>de</strong> registro completar 70 (setenta) anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, o Diretor <strong>do</strong> Foro expedirá ato <strong>de</strong>claran<strong>do</strong> a vacância <strong>do</strong> respectivo serviço e<br />

fará a imediata comunicação <strong>do</strong> fato, como previsto no "caput" <strong>de</strong>ste artigo.<br />

Art. 326 - Aplicam-se aos titulares <strong>de</strong> serviços notariais e <strong>de</strong> registro, no que não colidir com as disposições da Lei Fe<strong>de</strong>ral nº 8.935, <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1994, as normas contidas<br />

nos Títulos V e VI <strong>do</strong> Livro V <strong>de</strong>sta Lei.<br />

Parágrafo único - Em qualquer hipótese <strong>de</strong> extinção <strong>de</strong> <strong>de</strong>legação, o Diretor <strong>do</strong> Foro <strong>de</strong>clarará a vacância <strong>do</strong> respectivo serviço, <strong>de</strong>signará o substituto e comunicará o fato ao 2º<br />

Vice-Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça, para os fins <strong>do</strong> disposto no artigo 5º, § 3º, da Lei Estadual nº 12.919, <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1998.<br />

Art. 327 - O ato <strong>de</strong> remoção <strong>do</strong> titular <strong>de</strong> serviços notariais e <strong>de</strong> registro, <strong>de</strong>corrente <strong>do</strong> concurso para remoção previsto no artigo <strong>16</strong> da Lei Fe<strong>de</strong>ral nº 8.935, <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong><br />

1994, e nos artigos 24 a 28 da Lei Estadual nº 12.919, <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1998, é da competência <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça.<br />

Parágrafo único - É vedada qualquer forma <strong>de</strong> permuta entre titulares <strong>de</strong> serviços notariais e <strong>de</strong> registros.<br />

Título II<br />

Das Disposições Transitórias<br />

Art. 328 - O Tribunal <strong>de</strong> Justiça fará imprimir esta Lei para distribuição a to<strong>do</strong>s os Juízes <strong>de</strong> Direito <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais<br />

Art. 329 - Os Juízes <strong>de</strong> Direito classifica<strong>do</strong>s, na data <strong>de</strong> vigência <strong>de</strong>sta lei, na entrância inicial e na entrância final serão automaticamente classifica<strong>do</strong>s, respectivamente, na primeira<br />

entrância e na segunda entrância.<br />

Art. 330 - Os Juízes <strong>de</strong> Direito classifica<strong>do</strong>s, na data da vigência <strong>de</strong>sta Lei, na entrância intermediária, conservarão esta classificação (art. 179, § 1º) até que sejam promovi<strong>do</strong>s para a<br />

segunda entrância.<br />

Art. 331 - Fica proibida a permuta <strong>de</strong> Juiz titular <strong>de</strong> comarca <strong>de</strong> primeira entrância com Juiz <strong>de</strong> primeira entrância titular <strong>de</strong> comarca que tenha si<strong>do</strong>, por força <strong>de</strong>sta Lei, classificada<br />

na segunda entrância.<br />

Art. 332 - Os Juízes <strong>de</strong> Direito classifica<strong>do</strong>s na entrância intermediária, extinta por força <strong>de</strong>sta Lei, terão, para promoção à segunda entrância, preferência sobre os Juízes<br />

classifica<strong>do</strong>s na primeira entrância e os Juízes <strong>de</strong> Direito Substitutos.<br />

Art. 333 - O Juiz titular <strong>de</strong> comarca que seja, por força <strong>de</strong>sta Lei, classificada em entrância mais elevada, e que nela permanecer (art. 179, § 1º) receberá, enquanto se mantiver essa<br />

situação, os subsídios referentes à entrância mais elevada.<br />

Art. 334 - O Juiz <strong>de</strong> Direito <strong>de</strong> primeira entrância cuja comarca foi, por força <strong>de</strong>sta Lei, classificada na segunda entrância, somente po<strong>de</strong>rá pleitear remoção <strong>de</strong> uma vara para outra da<br />

mesma comarca ou mediante permuta com outro Juiz que esteja na mesma situação.<br />

Art. 335 - O Juiz <strong>de</strong> Direito classifica<strong>do</strong> na entrância intermediária, extinta por força <strong>de</strong>sta Lei, cuja comarca foi classificada na segunda entrância, somente po<strong>de</strong>rá pleitear remoção<br />

mediante permuta com outro Juiz que se encontre na mesma situação.<br />

Art. 336 - O Juiz <strong>de</strong> Direito classifica<strong>do</strong> na entrância intermediária, extinta por força <strong>de</strong>sta Lei, cuja comarca foi classificada na segunda entrância, somente po<strong>de</strong>rá pleitear remoção<br />

<strong>de</strong> uma para outra vara da mesma comarca ou mediante permuta com outro Juiz que se encontre na mesma situação.<br />

Art. 337 - Até que seja alterada a legislação relativa aos planos <strong>de</strong> carreira <strong>do</strong>s servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário, os integrantes <strong>do</strong> Quadro <strong>de</strong> Servi<strong>do</strong>res da Justiça <strong>de</strong> Primeira Instância<br />

lota<strong>do</strong>s em comarca cuja classificação seja alterada por força <strong>de</strong>sta Lei terão, a partir da efetivação da referida alteração, direito à percepção <strong>do</strong>s vencimentos correspon<strong>de</strong>ntes à nova<br />

classificação da comarca em que servirem.<br />

Art. 338 - Até que seja editada a lei fe<strong>de</strong>ral prevista no artigo 48, inciso XV, da Constituição da República, acrescenta<strong>do</strong> pela Emenda Constitucional nº 19, <strong>de</strong> 04 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1998, a<br />

remuneração da Magistratura será calculada nos termos <strong>do</strong> art. <strong>10</strong>1, §§ 1º e 2º, da Constituição <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e <strong>do</strong>s dispositivos da Lei Complementar nº 38, <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1995,<br />

pertinentes à matéria.<br />

Art. 339 - Até que seja instalada a Comarca <strong>de</strong> Lagoa Dourada, o Município <strong>de</strong> Lagoa Dourada fica integra<strong>do</strong> à Comarca <strong>de</strong> São João <strong>de</strong>l-Rei.<br />

Art. 340 - As comarcas que, em razão <strong>do</strong> aumento <strong>do</strong> número <strong>de</strong> Juízes, passarem à segunda entrância permanecerão classificadas como <strong>de</strong> primeira entrância até a instalação das<br />

varas criadas por esta Lei.<br />

Art. 341 - Na hipótese <strong>de</strong> alteração <strong>de</strong> disposições da Constituição da República referentes ao Po<strong>de</strong>r Judiciário que <strong>de</strong>terminem a adaptação <strong>de</strong>sta Lei, o Tribunal <strong>de</strong> Justiça, em prazo<br />

não superior a 60 (sessenta) dias conta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> início da vigência da modificação constitucional, proporá à Assembléia Legislativa a necessária compatibilização.<br />

Art. 342 - Para aten<strong>de</strong>r às <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong>correntes da execução <strong>de</strong>sta Lei, fica o Po<strong>de</strong>r Executivo autoriza<strong>do</strong> a abrir crédito especial, no valor <strong>de</strong> R$ ...................................., observa<strong>do</strong> o


disposto no artigo 43 da Lei Fe<strong>de</strong>ral nº 4.320, <strong>de</strong> 17 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1964.<br />

Art. 343 - Esta Lei entra em vigor 30 (trinta) dias após a data <strong>de</strong> sua publicação.<br />

Art. 344 - Revogam-se as disposições em contrário.<br />

Dada no Palácio da Liberda<strong>de</strong>, em Belo Horizonte, aos<br />

ANEXOS DA LEI COMPLEMENTAR Nº, DE<br />

Anexo I<br />

(artigos 11, 47, 48 e 193)<br />

Segunda Instância<br />

1 - Tribunal <strong>de</strong> Justiça 60 Desembarga<strong>do</strong>res<br />

2 - Tribunal <strong>de</strong> Alçada com se<strong>de</strong> na Capital 50 Juízes<br />

3 - Tribunais <strong>de</strong> Alçada Regionais:<br />

- com se<strong>de</strong> em Governa<strong>do</strong>r Valadares 5 Juízes<br />

- com se<strong>de</strong> em Juiz <strong>de</strong> Fora 5 Juízes<br />

- com se<strong>de</strong> em Montes Claros 5 Juízes<br />

- com se<strong>de</strong> em Pouso Alegre 5 Juízes<br />

- com se<strong>de</strong> em Uberlândia 5 Juízes<br />

4 - Tribunal <strong>de</strong> Justiça Militar 5 Juízes<br />

I - Metropolitana<br />

1 - Belo Horizonte (se<strong>de</strong>)<br />

2 - Betim<br />

3 - Contagem<br />

4 - Santa Luzia<br />

II - <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Aço<br />

1 - Coronel Fabriciano<br />

2 - Ipatinga (se<strong>de</strong>)<br />

3 - Timóteo<br />

Primeira Instância<br />

Circunscrições Judiciárias (artigo 8º, §§ 1º e 2º).<br />

Classificação das Comarcas (artigo 8º, §§ 1º, 3º e 4º):<br />

I - Entrância Especial Nº <strong>de</strong> Juízes<br />

1 - Belo Horizonte 191<br />

2 - Betim 12


3 - Contagem 24<br />

4 - Santa Luzia 5<br />

II - Segunda Entrância Nº <strong>de</strong> Juízes<br />

1 - Além Paraíba 3<br />

2 - Alfenas 4<br />

3 - Almenara 3<br />

4 - Andradas 2<br />

5 - Araçuaí 2<br />

6 - Araguari 6<br />

7 - Araxá 4<br />

8 - Barbacena 7<br />

9 - Boa Esperança 2<br />

<strong>10</strong> - Bocaiúva 3<br />

11 - Brasília <strong>de</strong> Minas 2<br />

12 - Campo Belo 4<br />

13 - Carangola 3<br />

14 - Caratinga 4<br />

15 - Cataguases 6<br />

<strong>16</strong> - Congonhas 2<br />

17 - Conselheiro Lafaiete 6<br />

18 - Coronel Fabriciano 4<br />

19 - Curvelo 4<br />

20 - Diamantina 3<br />

21 - Divinópolis <strong>10</strong><br />

22 - Formiga 4<br />

23 - Frutal 3<br />

24 - Governa<strong>do</strong>r Valadares 14<br />

25 - Guaxupé 2<br />

26 - Ibirité 3<br />

27 - Ipatinga 9


28 - Itabira 4<br />

29 - Itajubá 4<br />

30 - Itambacuri 2<br />

31 - Itaúna 5<br />

32 - Ituiutaba 5<br />

33 - Janaúba 3<br />

34 - Januária 3<br />

35 - João Monleva<strong>de</strong> 3<br />

36 - João Pinheiro 2<br />

37 - Juiz <strong>de</strong> Fora 27<br />

38 - Lagoa da Prata 2<br />

39 - Lagoa Santa 2<br />

40 - Lavras 4<br />

41 - Leopoldina 4<br />

42 - Manhuaçu 4<br />

43 - Mantena 2<br />

44 - Mariana 2<br />

45 - Monte Carmelo 2<br />

46 - Montes Claros 14<br />

47 - Muriaé 6<br />

48 - Nanuque 4<br />

49 - Nova Lima 3<br />

50 - Oliveira 3<br />

51 - Ouro Preto 3<br />

52 - Pará <strong>de</strong> Minas 5<br />

53 - Paracatu 3<br />

54 - Passos 6<br />

55 - Patos <strong>de</strong> Minas 6<br />

56 - Patrocínio 5<br />

57 - Pedra Azul 2<br />

58 - Pedro Leopol<strong>do</strong> 3


59 - Pirapora 4<br />

60 - Pitangui 2<br />

61 - Piumhi 2<br />

62 - Poços <strong>de</strong> Caldas 8<br />

63 - Ponte Nova 4<br />

64 - Porteirinha 2<br />

65 - Pouso Alegre 6<br />

66 - Ribeirão das Neves 5<br />

67 - Sabará 2<br />

68 - Santa Rita <strong>do</strong> Sapucaí 3<br />

69 - Santos Dumont 3<br />

70 - São Francisco<br />

71 - São Gonçalo <strong>do</strong> Sapucaí 2<br />

72 - São João <strong>de</strong>l-Rei 4<br />

73 - São João Nepomuceno 2<br />

74 - São Lourenço 3<br />

75 - São Sebastião <strong>do</strong> Paraíso 3<br />

76 - Sete Lagoas 8<br />

77 - Teófilo Otoni 9<br />

78 - Timóteo 3<br />

79 - Três Corações 5<br />

80 - Ubá 4<br />

81 - Uberaba <strong>16</strong><br />

82 - Uberlândia 23<br />

83 - Unaí 4<br />

84 - Varginha 7<br />

85 - Várzea da Palma 2<br />

86- Vespasiano 3<br />

87 - Viçosa 4<br />

88 - Viscon<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio Branco 2<br />

III - Primeira Entrância N° <strong>de</strong> Juízes


1 - Abaeté 1<br />

2 - Abre Campo 1<br />

3 - Açucena 1<br />

4 - Água Boa 1<br />

5 - Águas Formosas 1<br />

6 - Aimorés 1<br />

7 - Aiuruoca 1<br />

8 - Alpinópolis 1<br />

9 - Alto Rio Doce 1<br />

<strong>10</strong> - Alvinópolis 1<br />

11 - Andrelândia 1<br />

12 - Arcos 1<br />

13 - Area<strong>do</strong> 1<br />

14 - Arinos 1<br />

15 - Baependi 1<br />

<strong>16</strong> - Bambuí 1<br />

17 - Barão <strong>de</strong> Cocais 1<br />

18 - Barroso 1<br />

19 - Belo Vale 1<br />

20 - Bicas 1<br />

21 - Bom Despacho 1<br />

22 - Bom Jesus <strong>do</strong> Galho 1<br />

23 - Bom Sucesso 1<br />

24 - Bonfim 1<br />

25 - Bonfinópolis <strong>de</strong> Minas 1<br />

26 - Borda da Mata 1<br />

27 - Botelhos 1<br />

28 - Brasópolis 1<br />

29 - Brumadinho 1<br />

30 - Bueno Brandão 1<br />

31 - Buenópolis 1


32 - Buritis 1<br />

33 - Cabo Ver<strong>de</strong> 1<br />

34 - Cachoeira <strong>de</strong> Minas 1<br />

35 - Caeté 1<br />

36 - Caldas 1<br />

37 - Camanducaia 1<br />

38 - Cambuí 1<br />

39 - Cambuquira 1<br />

40 - Campanha 1<br />

41 - Campestre 1<br />

42 - Campina Ver<strong>de</strong> 1<br />

43 - Campos Altos 1<br />

44 - Campos Gerais 1<br />

45 - Canápolis 1<br />

46 - Can<strong>de</strong>ias 1<br />

47 - Capelinha 1<br />

48 - Capinópolis 1<br />

49 - Carandaí 1<br />

50 - Carlos Chagas 1<br />

51 - Carmo da Mata 1<br />

52 - Carmo <strong>de</strong> Minas 1<br />

53 - Carmo <strong>do</strong> Cajuru 1<br />

54 - Carmo <strong>do</strong> Paranaíba 1<br />

55 - Carmo <strong>do</strong> Rio Claro 1<br />

56 - Carmópolis <strong>de</strong> Minas 1<br />

57 - Cássia 1<br />

58 - Caxambu 1<br />

59 - Cláudio 1<br />

60 - Conceição das Alagoas 1<br />

61 - Conceição <strong>do</strong> Mato Dentro 1<br />

62 - Conceição <strong>do</strong> Rio Ver<strong>de</strong> 1


63 - Conquista 1<br />

64 - Conselheiro Pena 1<br />

65 - Coração <strong>de</strong> Jesus 1<br />

66 - Corinto 1<br />

67 - Coroaci 1<br />

68 - Coroman<strong>de</strong>l 1<br />

69 - Cristina 1<br />

70 - Divino 1<br />

71 - Dores <strong>do</strong> Indaiá 1<br />

72 - Elói Men<strong>de</strong>s 1<br />

73 - Entre Rios <strong>de</strong> Minas 1<br />

74 - Ervália 1<br />

75 - Esmeraldas 1<br />

76 - Espera Feliz 1<br />

77 - Espinosa 1<br />

78 - Estrela <strong>do</strong> Sul 1<br />

79 - Eugenópolis 1<br />

80 - Extrema 1<br />

81 - Ferros 1<br />

82 - Francisco Sá 1<br />

83 - Galiléia 1<br />

84 - Grão Mogol 1<br />

85 - Guanhães 1<br />

86 - Guapé 1<br />

87 - Guaranésia 1<br />

88 - Guarani 1<br />

89 - Ibiá 1<br />

90 - Ibiraci 1<br />

91 - Igarapé 1<br />

92- Iguatama 1<br />

93 - Inhapim 1


94 - Ipanema 1<br />

95 - Itabirito 1<br />

96 - Itaguara 1<br />

97 - Itamarandiba 1<br />

98 - Itamogi 1<br />

99 - Itamonte 1<br />

<strong>10</strong>0 - Itanhandu 1<br />

<strong>10</strong>1 - Itanhomi 1<br />

<strong>10</strong>2 - Itaobim 1<br />

<strong>10</strong>3 - Itapagipe 1<br />

<strong>10</strong>4 - Itapecerica 1<br />

<strong>10</strong>5 - Itumirim 1<br />

<strong>10</strong>6 - Iturama 1<br />

<strong>10</strong>7 - Jabuticatubas 1<br />

<strong>10</strong>8 - Jacinto 1<br />

<strong>10</strong>9 - Jacuí 1<br />

1<strong>10</strong> - Jacutinga 1<br />

111 - Jaíba 1<br />

112 - Jequeri 1<br />

113 - Jequitinhonha 1<br />

114 - Lagoa Dourada 1<br />

115 - Lajinha 1<br />

1<strong>16</strong> - Lambari 1<br />

117 - Lima Duarte 1<br />

118 - Luz 1<br />

119 - Macha<strong>do</strong> 1<br />

120 - Malacacheta 1<br />

121 - Manga 1<br />

122 - Manhumirim 1<br />

123 - Mar <strong>de</strong> Espanha 1<br />

124 - Mateus Leme 1


125 - Matias Barbosa 1<br />

126 - Matozinhos 1<br />

127 - Medina 1<br />

128 - Mercês 1<br />

129 - Mesquita 1<br />

130 - Minas Novas 1<br />

131 - Mirabela 1<br />

132 - Mira<strong>do</strong>uro 1<br />

133 - Miraí 1<br />

134 - Montalvânia 1<br />

135 - Monte Alegre <strong>de</strong> Minas 1<br />

136 - Monte Azul 1<br />

137 - Monte Belo 1<br />

138 - Monte Santo <strong>de</strong> Minas 1<br />

139 - Monte Sião 1<br />

140 - Morada Nova <strong>de</strong> Minas 1<br />

141 - Mutum 1<br />

142 - Muzambinho 1<br />

143 - Natércia 1<br />

144 - Nepomuceno 1<br />

145 - Nova Era 1<br />

146 - Nova Resen<strong>de</strong> 1<br />

147 - Nova Serrana 1<br />

148 - Novo Cruzeiro 1<br />

149 - Ouro Branco 1<br />

150 - Ouro Fino 1<br />

151 - Padre Paraíso 1<br />

152 - Palma 1<br />

153 - Paraguaçu 1<br />

154 - Paraisópolis 1<br />

155 - Paraopeba 1


156 - Passa-Quatro 1<br />

157 - Passa-Tempo 1<br />

158 - Peçanha 1<br />

159 - Pedralva 1<br />

<strong>16</strong>0 - Perdizes 1<br />

<strong>16</strong>1 - Perdões 1<br />

<strong>16</strong>2 - Piranga 1<br />

<strong>16</strong>3 - Pirapetinga 1<br />

<strong>16</strong>4 - Poço Fun<strong>do</strong> 1<br />

<strong>16</strong>5 - Pompéu 1<br />

<strong>16</strong>6 - Pra<strong>do</strong>s 1<br />

<strong>16</strong>7 - Prata 1<br />

<strong>16</strong>8 - Pratápolis 1<br />

<strong>16</strong>9 - Presi<strong>de</strong>nte Olegário 1<br />

170 - Raul Soares 1<br />

171 - Resen<strong>de</strong> Costa 1<br />

172 - Resplen<strong>do</strong>r 1<br />

173 - Rio Casca 1<br />

174 - Rio Novo 1<br />

175 - Rio Paranaíba 1<br />

176 - Rio Par<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas 1<br />

177 - Rio Piracicaba 1<br />

178 - Rio Pomba 1<br />

179 - Rio Preto 1<br />

180 - Rio Vermelho 1<br />

181 - Sabinópolis 1<br />

182 - Sacramento 1<br />

183 - Salinas 1<br />

184 - Santa Bárbara 1<br />

185 - Santa Maria <strong>de</strong> Itabira 1<br />

186 - Santa Maria <strong>do</strong> Suaçuí 1


187 - Santa Rita <strong>de</strong> Caldas 1<br />

188 - Santa Vitória 1<br />

189 - Santo Antônio <strong>do</strong> Monte 1<br />

190 - São Domingos <strong>do</strong> Prata 1<br />

191 - São Gonçalo <strong>do</strong> Abaeté 1<br />

192 - São Gotar<strong>do</strong> 1<br />

193 - São João da Ponte 1<br />

194 - São João <strong>do</strong> Paraíso 1<br />

195 - São João Evangelista 1<br />

196 - São Romão 1<br />

197 - São Roque <strong>de</strong> Minas 1<br />

198 - São Tomás <strong>de</strong> Aquino 1<br />

199 - Sena<strong>do</strong>r Firmino 1<br />

200 - Serro 1<br />

201 - Silvianópolis 1<br />

202 - Taiobeiras 1<br />

203 - Tarumirim 1<br />

204 - Teixeiras 1<br />

205 - Tiros 1<br />

206 - Tombos 1<br />

207 - Três Marias 1<br />

208 - Três Pontas 1<br />

209 - Tupaciguara 1<br />

2<strong>10</strong> - Turmalina 1<br />

211 - Vazante 1<br />

212 - Virginópolis 1<br />

Anexo III<br />

(artigo 3º)<br />

1 - Abaeté Abaeté


Cedro <strong>do</strong> Abaeté<br />

Paineiras<br />

2 - Abre Campo Abre Campo<br />

Caputira<br />

Matipó<br />

Pedra Bonita<br />

Santa Margarida<br />

Sericita<br />

3 - Açucena Açucena<br />

Belo Oriente<br />

Naque<br />

Periquito<br />

4 - Água Boa Água Boa<br />

5 - Águas Formosas Águas Formosas<br />

5 - Águas Formosas Bertópolis<br />

5 - Águas Formosas Crisólita<br />

5 - Águas Formosas Fronteira <strong>do</strong>s Vales<br />

5 - Águas Formosas Machacalis<br />

5 - Águas Formosas Santa Helena <strong>de</strong> Minas<br />

5 - Águas Formosas Umburatiba<br />

6 - Aimorés Aimorés<br />

7 - Aiuruoca Aiuruoca


Bocaina <strong>de</strong> Minas<br />

Carvalhos<br />

Liberda<strong>de</strong><br />

Passa-Vinte<br />

Seritinga<br />

Serranos<br />

8 - Além Paraíba Além Paraíba<br />

Santo Antônio <strong>do</strong> Aventureiro<br />

Volta Gran<strong>de</strong><br />

9 - Alfenas Alfenas<br />

Serrania<br />

<strong>10</strong> - Almenara Almenara<br />

Ban<strong>de</strong>ira<br />

Divisópolis<br />

Mata Ver<strong>de</strong><br />

Palmópolis<br />

Rio <strong>do</strong> Pra<strong>do</strong><br />

Rubim<br />

11 - Alpinópolis Alpinópolis<br />

São José da Barra<br />

12 - Alto Rio Doce Alto Rio Doce


Cipotânea<br />

13 - Alvinópolis Alvinópolis<br />

Dom Silvério<br />

Sem-Peixe<br />

14 - Andradas Andradas<br />

Ibitiúra <strong>de</strong> Minas<br />

15 - Andrelândia Andrelândia<br />

Arantina<br />

Bom Jardim <strong>de</strong> Minas<br />

Carrancas<br />

Madre <strong>de</strong> Deus <strong>de</strong> Minas<br />

Minduri<br />

<strong>16</strong> - Araçuaí Araçuaí<br />

Pieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong><br />

São Vicente <strong>de</strong> Minas<br />

Coronel Murta<br />

Itinga<br />

Ponto <strong>do</strong>s Volantes<br />

Virgem da Lapa<br />

17 - Araguari Araguari<br />

17 - Araguari Indianópolis


18 - Araxá Araxá<br />

18 - Araxá Tapira<br />

19 - Arcos Arcos<br />

Pains<br />

20 - Area<strong>do</strong> Area<strong>do</strong><br />

Alterosa<br />

21 - Arinos Arinos<br />

Chapada Gaúcha<br />

Riachinho<br />

Uruana <strong>de</strong> Minas<br />

Urucuia<br />

22 - Baependi Baependi<br />

Cruzília<br />

23 - Bambuí Bambuí<br />

São Tomé das Letras<br />

Me<strong>de</strong>iros<br />

Tapiraí<br />

24 - Barão <strong>de</strong> Cocais Barão <strong>de</strong> Cocais<br />

25 - Barbacena Barbacena<br />

Bom Jesus <strong>do</strong> Amparo<br />

Alfre<strong>do</strong> Vasconcelos<br />

Antônio Carlos


Bias Fortes<br />

Desterro <strong>do</strong> Melo<br />

Ibertioga<br />

Ressaquinha<br />

26 - Barroso Barroso<br />

Santa Bárbara <strong>do</strong> Tugúrio<br />

Santana <strong>do</strong> Garambéu<br />

Santa Rita <strong>do</strong> Ibitipoca<br />

Senhora <strong>do</strong>s Remédios<br />

27 - Belo Horizonte Belo Horizonte<br />

28 - Belo Vale Belo Vale<br />

Moeda<br />

29 - Betim Betim<br />

30 - Bicas Bicas<br />

Guarará<br />

Maripá <strong>de</strong> Minas<br />

Pequeri<br />

31 - Boa Esperança Boa Esperança<br />

Coqueiral<br />

Ilicínea


32 - Bocaiúva Bocaiúva<br />

Claro <strong>do</strong>s Poções<br />

Engenheiro Navarro<br />

Francisco Dumont<br />

Guaraciama<br />

Olhos d'Água<br />

33 - Bom Despacho Bom Despacho<br />

Moema<br />

34 - Bom Jesus <strong>do</strong> Galho Bom Jesus <strong>do</strong> Galho<br />

Córrego Novo<br />

Pingo d'Água<br />

35 - Bom Sucesso Bom Sucesso<br />

Ibituruna<br />

Santo Antônio <strong>do</strong> Amparo<br />

São Tiago<br />

36 - Bonfim Bonfim<br />

Crucilândia<br />

Pieda<strong>de</strong> <strong>do</strong>s Gerais<br />

Rio Manso<br />

37 - Bonfinópolis <strong>de</strong> Minas Bonfinópolis <strong>de</strong> Minas<br />

Dom Bosco


Natalândia<br />

38 - Borda da Mata Borda da Mata<br />

Tocos <strong>do</strong> Moji<br />

39 - Botelhos Botelhos<br />

40 - Brasília <strong>de</strong> Minas Brasília <strong>de</strong> Minas<br />

Campo Azul<br />

Japonvar<br />

Luzilândia<br />

Ponto Chique<br />

Ubaí<br />

41 - Brasópolis Brasópolis<br />

Piranguinho<br />

42 - Brumadinho Brumadinho<br />

Mário Campos<br />

43 - Bueno Brandão Bueno Brandão<br />

43 - bueno brandão Munhoz<br />

44 - Buenópolis Buenópolis<br />

45 - Buritis Buritis<br />

Augusto <strong>de</strong> Lima<br />

Joaquim Felício<br />

Formoso<br />

46 - Cabo Ver<strong>de</strong> Cabo Ver<strong>de</strong>


Divisa Nova<br />

47 - Cachoeira <strong>de</strong> Minas Cachoeira <strong>de</strong> Minas<br />

48 - Caeté Caeté<br />

Nova União<br />

49 - Caldas Caldas<br />

Taquaraçu <strong>de</strong> Minas<br />

50 - Camanducaia Camanducaia<br />

Itapeva<br />

51 - Cambuí Cambuí<br />

Bom Repouso<br />

Córrego <strong>do</strong> Bom Jesus<br />

Sena<strong>do</strong>r Amaral<br />

52 - Cambuquira Cambuquira<br />

53 - Campanha Campanha<br />

Monsenhor Paulo<br />

54 - Campestre Campestre<br />

Ban<strong>de</strong>ira <strong>do</strong> Sul<br />

55 - Campina Ver<strong>de</strong> Campina Ver<strong>de</strong><br />

56 - Campo Belo Campo Belo<br />

Aguanil<br />

Cristais


Santana <strong>do</strong> Jacaré<br />

57 - Campos Altos Campos Altos<br />

Santa Rosa da Serra<br />

57 - Campos Gerais Campos Gerais<br />

Campo <strong>do</strong> Meio<br />

58 - Canápolis Canápolis<br />

Centralina<br />

59 - Can<strong>de</strong>ias Can<strong>de</strong>ias<br />

Angelândia<br />

60 - Capelinha Capelinha<br />

61 - Capinópolis Capinópolis<br />

Cachoeira Dourada<br />

Ipiaçu<br />

62 - Carandaí Carandaí<br />

Capela Nova<br />

Caranaíba<br />

63 - Carangola Carangola<br />

Faria Lemos<br />

Ferve<strong>do</strong>uro<br />

64 - Caratinga Caratinga<br />

São Francisco <strong>do</strong> Glória<br />

Entre-Folhas


Imbé <strong>de</strong> Minas<br />

Pieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Caratinga<br />

Santa Bárbara <strong>do</strong> Leste<br />

Santa Rita <strong>de</strong> Minas<br />

Ubaporanga<br />

Vargem Alegre<br />

65 - Carlos Chagas Carlos Chagas<br />

66 - Carmo da Mata Carmo da Mata<br />

67 - Carmo <strong>de</strong> Minas Carmo <strong>de</strong> Minas<br />

Dom Viçoso<br />

Soleda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Minas<br />

68 - Carmo <strong>do</strong> Cajuru Carmo <strong>do</strong> Cajuru<br />

69 - Carmo <strong>do</strong> Paranaíba Carmo <strong>do</strong> Paranaíba<br />

70 - Carmo <strong>do</strong> Rio Claro Carmo <strong>do</strong> Rio Claro<br />

Conceição da Aparecida<br />

72 - Carmópolis <strong>de</strong> Minas Carmópolis <strong>de</strong> Minas<br />

71 - Cássia Cássia<br />

Capetinga<br />

Delfinópolis<br />

72 - Cataguases Cataguases


Astolfo Dutra<br />

Dona Eusébia<br />

Itamarati <strong>de</strong> Minas<br />

73 - Caxambu Caxambu<br />

74 - Cláudio Cláudio<br />

Santana <strong>de</strong> Cataguases<br />

75 - Conceição das Alagoas Conceição das Alagoas<br />

76 - Conceição <strong>do</strong> Mato Dentro Conceição <strong>do</strong> Mato Dentro<br />

77 - Conceição <strong>do</strong> Rio Ver<strong>de</strong> Conceição <strong>do</strong> Rio Ver<strong>de</strong><br />

78 - Congonhas Congonhas<br />

79 - Conquista Conquista<br />

80 - Conselheiro Lafaiete Conselheiro Lafaiete<br />

Casa Gran<strong>de</strong><br />

Catas Altas da Noruega<br />

Cristiano Otoni<br />

Itaverava<br />

Lamim<br />

Queluzito<br />

Rio Espera<br />

Santana <strong>do</strong>s Montes<br />

81 - Conselheiro Pena Conselheiro Pena<br />

Alvarenga


Cuparaque<br />

Goiabeira<br />

Tumiritinga<br />

82 - Contagem Contagem<br />

83 - Coração <strong>de</strong> Jesus Coração <strong>de</strong> Jesus<br />

Ibiaí<br />

84 - Corinto Corinto<br />

Lagoa <strong>do</strong>s Patos<br />

São João da Lagoa<br />

São João <strong>do</strong> Pacuí<br />

Santo Hipólito<br />

85 - Coroaci Coroaci<br />

Marilac<br />

Nacip Raydan<br />

Virgolândia<br />

86 - Coroman<strong>de</strong>l Coroman<strong>de</strong>l<br />

Abadia <strong>do</strong>s Doura<strong>do</strong>s


87 - Coronel Fabriciano Coronel Fabriciano<br />

Antônio Dias<br />

88 - Cristina Cristina<br />

Maria da Fé<br />

89 - Curvelo Curvelo<br />

Felixlândia<br />

Inimutaba<br />

Morro da Garça<br />

Presi<strong>de</strong>nte Juscelino<br />

90 - Diamantina Diamantina<br />

Couto <strong>de</strong> Magalhães <strong>de</strong> Minas<br />

Datas<br />

Felício <strong>do</strong>s Santos<br />

Gouveia<br />

Monjolos<br />

91 - Divino Divino<br />

Presi<strong>de</strong>nte Kubitschek<br />

SãoGonçalo <strong>do</strong> Rio Preto<br />

Sena<strong>do</strong>r Mo<strong>de</strong>stino Gonçalves


Orizânia<br />

92 - Divinópolis Divinópolis<br />

93 - Dores <strong>do</strong> Indaiá Dores <strong>do</strong> Indaiá<br />

Estrela <strong>do</strong> Indaiá<br />

Quartel Geral<br />

Serra da Sauda<strong>de</strong><br />

94 - Elói Men<strong>de</strong>s Elói Men<strong>de</strong>s<br />

95 - Entre Rios <strong>de</strong> Minas Entre Rios <strong>de</strong> Minas<br />

Desterro <strong>de</strong> Entre-Rios<br />

Jeceaba<br />

96 - Ervália Ervália<br />

São Brás <strong>do</strong> Suaçuí<br />

Araponga<br />

97 - Esmeraldas Esmeraldas<br />

98 - Espera Feliz Espera Feliz<br />

Alto Caparaó<br />

Caiana<br />

Caparaó<br />

99 - Espinosa Espinosa


Mamonas<br />

<strong>10</strong>0 - Estrela <strong>do</strong> Sul Estrela <strong>do</strong> Sul<br />

Cascalho Rico<br />

Grupiara<br />

<strong>10</strong>1- Eugenópolis Eugenópolis<br />

<strong>10</strong>2 - Extrema Extrema<br />

Antônio Pra<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas<br />

Tole<strong>do</strong><br />

<strong>10</strong>3 - Ferros Ferros<br />

Carmésia<br />

<strong>10</strong>4 - Formiga Formiga<br />

Córrego Fun<strong>do</strong><br />

Pimenta<br />

<strong>10</strong>5 - Francisco Sá Francisco Sá<br />

<strong>10</strong>6 - Frutal Frutal<br />

Capitão Enéas


Comenda<strong>do</strong>r Gomes<br />

Fronteira<br />

Planura<br />

<strong>10</strong>7 - Galiléia Galiléia<br />

Divino das Laranjeiras<br />

São Geral<strong>do</strong> <strong>do</strong> Baixio<br />

<strong>10</strong>8 - Governa<strong>do</strong>r Valadares Governa<strong>do</strong>r Valadares<br />

Alpercata<br />

Frei Inocêncio<br />

Mathias Lobato<br />

<strong>10</strong>9 - Grão Mogol Grão Mogol<br />

Botumirim<br />

Cristália<br />

Josenópolis<br />

1<strong>10</strong> - Guanhães Guanhães<br />

Braúnas<br />

Dores <strong>de</strong> Guanhães


111 - Guapé Guapé<br />

Senhora <strong>do</strong> Porto<br />

112 - Guaranésia Guaranésia<br />

113 - Guarani Guarani<br />

Piraúba<br />

114 - Guaxupé Guaxupé<br />

115 - Ibiá Ibiá<br />

São Pedro da União<br />

Pratinha<br />

1<strong>16</strong> - Ibiraci Ibiraci<br />

Claraval<br />

117 - Ibirité Ibirité<br />

Sarze<strong>do</strong><br />

118 - Igarapé Igarapé<br />

119 - Iguatama Iguatama<br />

São Joaquim <strong>de</strong> Bicas


120 - Inhapim Inhapim<br />

Bugre<br />

Dom Cavati<br />

Iapu<br />

121 - Ipanema Ipanema<br />

São Domingos das Dores<br />

São João <strong>do</strong> Oriente<br />

São Sebastião <strong>do</strong> Anta<br />

Conceição <strong>de</strong> Ipanema<br />

Pocrane<br />

Taparuba<br />

122 - Ipatinga Ipatinga<br />

Ipaba<br />

123 - Itabira Itabira<br />

124 - Itabirito Itabirito<br />

125 - Itaguara Itaguara<br />

Piracema<br />

126 - Itajubá Itajubá<br />

Delfim Moreira


Marmelópolis<br />

Piranguçu<br />

Venceslau Brás<br />

127 - Itamarandiba Itamarandiba<br />

Aricanduva<br />

Carbonita<br />

128 - Itambacuri Itambacuri<br />

Campanário<br />

Frei Gaspar<br />

Jampruca<br />

Nova Módica<br />

Pesca<strong>do</strong>r<br />

129 - Itamoji Itamoji<br />

130 - Itamonte Itamonte<br />

São José <strong>do</strong> Divino<br />

Alagoa<br />

131 - Itanhandu Itanhandu<br />

Virgínia<br />

132 - Itanhomi Itanhomi<br />

Capitão Andra<strong>de</strong>


133 - Itaobim Itaobim<br />

134 - Itapajipe Itapajipe<br />

135 - Itapecerica Itapecerica<br />

São Francisco <strong>de</strong> Sales<br />

Camacho<br />

136 - Itaúna Itaúna<br />

São Sebastião <strong>do</strong> Oeste<br />

Itatiaiuçu<br />

137 - Ituiutaba Ituiutaba<br />

Gurinhatã<br />

138 - Itumirim Itumirim<br />

Ingaí<br />

Itutinga<br />

139 - Iturama Iturama<br />

Carneirinho<br />

Limeira <strong>do</strong> Oeste<br />

União <strong>de</strong> Minas<br />

140 - Jabuticatubas Jabuticatubas<br />

Santana <strong>do</strong> Riacho


141 - Jacinto Jacinto<br />

Jordânia<br />

142 - Jacuí Jacuí<br />

Salto da Divisa<br />

Santa Maria <strong>do</strong> Salto<br />

Santo Antônio <strong>do</strong> Jacinto<br />

Fortaleza <strong>de</strong> Minas<br />

143 - Jacutinga Jacutinga<br />

Albertina<br />

144 - Jaíba Jaíba<br />

145 - Janaúba Janaúba<br />

Nova Porteirinha<br />

Ver<strong>de</strong>lândia<br />

146 - Januária Januária<br />

Bonito <strong>de</strong> Minas


Cônego Marinho<br />

Itacarambi<br />

147 - Jequeri Jequeri<br />

Pedras <strong>de</strong> Maria da Cruz<br />

148 - Jequitinhonha Jequitinhonha<br />

Felisburgo<br />

Joaíma<br />

Monte Formoso<br />

149 - João Monleva<strong>de</strong> João Monleva<strong>de</strong><br />

150 - João Pinheiro João Pinheiro<br />

Brasilândia <strong>de</strong> Minas<br />

151 - Juiz <strong>de</strong> Fora Juiz <strong>de</strong> Fora<br />

Belmiro Braga<br />

Chácara<br />

Coronel Pacheco<br />

152 - Lagoa da Prata Lagoa da Prata<br />

Japaraíba


153 - Lagoa Dourada Lagoa Dourada<br />

154 - Lagoa Santa Lagoa Santa<br />

Confins<br />

155 - Lajinha Lajinha<br />

Chalé<br />

156 - Lambari Lambari<br />

São José <strong>do</strong> Mantimento<br />

Jesuânia<br />

157 - Lavras Lavras<br />

Olímpio Noronha<br />

Ijaci<br />

Ribeirão Vermelho<br />

158 - Leopoldina Leopoldina<br />

Argirita<br />

Recreio<br />

159 - Lima Duarte Lima Duarte<br />

Olaria<br />

<strong>16</strong>0 - Luz Luz<br />

Pedro Teixeira<br />

Córrego Danta<br />

<strong>16</strong>1 - Macha<strong>do</strong> Macha<strong>do</strong>


Carvalhópolis<br />

<strong>16</strong>2 - Malacacheta Malacacheta<br />

Franciscópolis<br />

Setubinha<br />

<strong>16</strong>3 - Manga Manga<br />

Matias Car<strong>do</strong>so<br />

Miravânia<br />

<strong>16</strong>4 - Manhuaçu Manhuaçu<br />

São João da Missões<br />

Luisburgo<br />

Reduto<br />

Santana <strong>do</strong> Manhuaçu<br />

São João <strong>do</strong> Manhuaçu<br />

Simonésia<br />

<strong>16</strong>5 - Manhumirim Manhumirim<br />

Alto Jequitibá<br />

Durandé<br />

Martins Soares<br />

<strong>16</strong>6 - Mantena Mantena


Central <strong>de</strong> Minas<br />

Itabirinha <strong>de</strong> Mantena<br />

Men<strong>de</strong>s Pimentel<br />

Nova Belém<br />

São Félix <strong>de</strong> Minas<br />

São João <strong>do</strong> Manteninha<br />

<strong>16</strong>7 - Mar <strong>de</strong> Espanha Mar <strong>de</strong> Espanha<br />

Chia<strong>do</strong>r<br />

Sena<strong>do</strong>r Cortes<br />

<strong>16</strong>8 - Mariana Mariana<br />

Diogo <strong>de</strong> Vasconcelos<br />

<strong>16</strong>9 - Mateus Leme Mateus Leme<br />

Juatuba<br />

170 - Matias Barbosa Matias Barbosa<br />

Santana <strong>do</strong> Deserto<br />

Simão Pereira<br />

171 - Matozinhos Matozinhos<br />

Capim Branco<br />

172 - Medina Medina<br />

Pru<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Morais<br />

Comercinho


173 - Mercês Mercês<br />

174 - Mesquita Mesquita<br />

Joanésia<br />

Santana <strong>do</strong> Paraíso<br />

175 - Minas Novas Minas Novas<br />

Berilo<br />

Chapada <strong>do</strong> Norte<br />

Francisco Badaró<br />

Jenipapo <strong>de</strong> Minas<br />

José Gonçalves <strong>de</strong> Minas<br />

Leme <strong>do</strong> Pra<strong>do</strong><br />

176 - Mirabela Mirabela<br />

Lontra<br />

Patis<br />

177 - Mira<strong>do</strong>uro Mira<strong>do</strong>uro<br />

Vieiras<br />

178 - Miraí Miraí<br />

179 - Montalvânia Montalvânia<br />

São Sebastião da Vargem Alegre<br />

Juvenília<br />

180 - Monte Alegre <strong>de</strong> Minas Monte Alegre <strong>de</strong> Minas


181 - Monte Azul Monte Azul<br />

Gameleiras<br />

Mato Ver<strong>de</strong><br />

182 - Monte Belo Monte Belo<br />

183 - Monte Carmelo Monte Carmelo<br />

Doura<strong>do</strong>quara<br />

Iraí <strong>de</strong> Minas<br />

Nova Ponte<br />

Romaria<br />

184 - Monte Santo <strong>de</strong> Minas Monte Santo <strong>de</strong> Minas<br />

Arceburgo<br />

185 - Monte Sião Monte Sião<br />

186 - Montes Claros Montes Claros<br />

Glaucilândia<br />

Itacambira<br />

Juramento<br />

187 - Morada Nova <strong>de</strong> Minas Morada Nova <strong>de</strong> Minas<br />

Biquinhas<br />

188 - Muriaé Muriaé<br />

Laranjal


189 - Mutum Mutum<br />

Patrocínio <strong>do</strong> Muriaé<br />

Rosário da Limeira<br />

190 - Muzambinho Muzambinho<br />

Juruaia<br />

191 - Nanuque Nanuque<br />

192 - Natércia Natércia<br />

Serra <strong>do</strong>s Aimorés<br />

Conceição das Pedras<br />

193 - Nepomuceno Nepomuceno<br />

194 - Nova Era Nova Era<br />

195 - Nova Lima Nova Lima<br />

Raposos<br />

Rio Acima<br />

196 - Nova Resen<strong>de</strong> Nova Resen<strong>de</strong><br />

Bom Jesus da Penha<br />

197 - Nova Serrana Nova Serrana<br />

Araújos<br />

Perdigão<br />

198 - Novo Cruzeiro Novo Cruzeiro<br />

Itaipé<br />

199 - Oliveira Oliveira


São Francisco <strong>de</strong> Paula<br />

200 - Ouro Branco Ouro Branco<br />

201 - Ouro Fino Ouro Fino<br />

Inconfi<strong>de</strong>ntes<br />

202 - Ouro Preto Ouro Preto<br />

203 - Padre Paraíso Padre Paraíso<br />

Caraí<br />

Catuji<br />

204 - Palma Palma<br />

205 - Paracatu Paracatu<br />

Barão <strong>do</strong> Monte Alto<br />

206 - Pará <strong>de</strong> Minas Pará <strong>de</strong> Minas<br />

Florestal<br />

Igaratinga<br />

Onça <strong>de</strong> Pitangui<br />

Pequi<br />

São Gonçalo <strong>do</strong> Pará<br />

207 - Paraguaçu Paraguaçu<br />

São José da Varginha<br />

Fama<br />

208 - Paraisópolis Paraisópolis<br />

Conceição <strong>do</strong>s Ouros


Consolação<br />

Gonçalves<br />

Sapucaí-Mirim<br />

209 - Paraopeba Paraopeba<br />

Araçaí<br />

Caetanópolis<br />

Cordisburgo<br />

2<strong>10</strong> - Passa-Quatro Passa-Quatro<br />

211 - Passa-Tempo Passa-Tempo<br />

212 - Passos Passos<br />

São João Batista <strong>do</strong> Glória<br />

213 - Patos <strong>de</strong> Minas Patos <strong>de</strong> Minas<br />

Lagoa Formosa<br />

214 - Patrocínio Patrocínio<br />

Cruzeiro da Fortaleza<br />

Guimarânia<br />

Serra <strong>do</strong> Salitre<br />

215 - Peçanha Peçanha<br />

Cantagalo<br />

Frei Lagonegro


São José <strong>do</strong> Jacuri<br />

São Pedro <strong>do</strong> Suaçuí<br />

2<strong>16</strong> - Pedra Azul Pedra Azul<br />

Águas Vermelhas<br />

Cachoeira <strong>do</strong> Pajeú<br />

Curral <strong>de</strong> Dentro<br />

Divisa Alegre<br />

217 - Pedralva Pedralva<br />

São José <strong>do</strong> Alegre<br />

218 - Pedro Leopol<strong>do</strong> Pedro Leopol<strong>do</strong><br />

219 - Perdizes Perdizes<br />

Pedrinópolis<br />

Santa Juliana<br />

220 - Perdões Perdões<br />

Cana Ver<strong>de</strong><br />

221 - Piranga Piranga<br />

Porto Firme<br />

Presi<strong>de</strong>nte Bernar<strong>de</strong>s<br />

Senhora <strong>de</strong> Oliveira<br />

222 - Pirapetinga Pirapetinga<br />

Estrela-D'Alva


223 - Pirapora Pirapora<br />

Buritizeiro<br />

Jequitaí<br />

224 - Pitangui Pitangui<br />

Conceição <strong>do</strong> Pará<br />

Leandro Ferreira<br />

Maravilhas<br />

Martinho Campos<br />

Papagaios<br />

225 - Piumhi Piumhi<br />

Capitólio<br />

Doresópolis<br />

226 - Poço Fun<strong>do</strong> Poço Fun<strong>do</strong><br />

227 - Poços <strong>de</strong> Caldas Poços <strong>de</strong> Caldas<br />

228 - Pompéu Pompéu<br />

229 - Ponte Nova Ponte Nova<br />

Acaiaca<br />

Amparo da Serra<br />

Barra Longa<br />

Guaraciaba<br />

Oratórios


Pieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ponte Nova<br />

Rio Doce<br />

Santa Cruz <strong>do</strong> Escalva<strong>do</strong><br />

Urucânia<br />

230 - Porteirinha Porteirinha<br />

Catuti<br />

Pai Pedro<br />

Riacho <strong>do</strong>s Macha<strong>do</strong>s<br />

Serranópolis <strong>de</strong> Minas<br />

231 - Pouso Alegre Pouso Alegre<br />

Congonhal<br />

Estiva<br />

232 - Pra<strong>do</strong>s Pra<strong>do</strong>s<br />

233 - Prata Prata<br />

Sena<strong>do</strong>r José Bento<br />

Dores <strong>de</strong> Campos<br />

234 - Pratápolis Pratápolis


Itaú <strong>de</strong> Minas<br />

235 - Presi<strong>de</strong>nte Olegário Presi<strong>de</strong>nte Olegário<br />

Lagamar<br />

Lagoa Gran<strong>de</strong><br />

236 - Raul Soares Raul Soares<br />

Vermelho Novo<br />

237 - Resen<strong>de</strong> Costa Resen<strong>de</strong> Costa<br />

238 - Resplen<strong>do</strong>r Resplen<strong>do</strong>r<br />

Coronel Xavier Chaves<br />

Itueta<br />

Santa Rita <strong>do</strong> Itueto<br />

239 - Ribeirão das Neves Ribeirão das Neves<br />

240 - Rio Casca Rio Casca<br />

Santo Antônio <strong>do</strong> Grama


241 - Rio Novo Rio Novo<br />

São Pedro <strong>do</strong>s Ferros<br />

Goianá<br />

Piau<br />

242 - Rio Paranaíba Rio Paranaíba<br />

Arapuá<br />

243 - Rio Par<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Rio Par<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas<br />

Indaiabira<br />

Montezuma<br />

Santo Antônio <strong>do</strong> Retiro<br />

244 - Rio Piracicaba Rio Piracicaba<br />

Vargem Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio Par<strong>do</strong><br />

Bela Vista <strong>de</strong> Minas<br />

245 - Rio Pomba Rio Pomba<br />

Silveirânia<br />

Tabuleiro


246 - Rio Preto Rio Preto<br />

Santa Bárbara <strong>do</strong> Monte Ver<strong>de</strong><br />

Santa Rita <strong>do</strong> Jacutinga<br />

247 - Rio Vermelho Rio Vermelho<br />

248 - Sabará Sabará<br />

249 - Sabinópolis Sabinópolis<br />

Materlândia<br />

Paulistas<br />

250 - Sacramento Sacramento<br />

251 - Salinas Salinas<br />

Fruta <strong>de</strong> Leite<br />

Novo Horizonte<br />

Padre Carvalho<br />

Rubelita<br />

Santa Cruz <strong>de</strong> Salinas<br />

252 - Santa Bárbara Santa Bárbara<br />

Catas Altas


253 - Santa Luzia Santa Luzia<br />

São Gonçalo <strong>do</strong> Rio Abaixo<br />

254 - Santa Maria <strong>de</strong> Itabira Santa Maria <strong>de</strong> Itabira<br />

Itambé <strong>do</strong> Mato Dentro<br />

Passabém<br />

Santo Antônio <strong>do</strong> Rio Abaixo<br />

São Sebastião <strong>do</strong> Rio Preto<br />

255 - Santa Maria <strong>do</strong> Suaçuí Santa Maria <strong>do</strong> Suaçuí<br />

José Raydan<br />

São José da Safira<br />

São Sebastião <strong>do</strong> Maranhão<br />

256 - Santa Rita <strong>de</strong> Caldas Santa Rita <strong>de</strong> Caldas<br />

Ipuiúna<br />

257 - Santa Rita <strong>do</strong> Sapucaí Santa Rita <strong>do</strong> Sapucaí<br />

258 - Santa Vitória Santa Vitória<br />

São Sebastião da Bela Vista<br />

259 - Santo Antônio <strong>do</strong> Monte Santo Antônio <strong>do</strong> Monte<br />

Pedra <strong>do</strong> Indaiá<br />

260 - Santos Dumont Santos Dumont<br />

Aracitaba<br />

Ewbank da Câmara


Oliveira Fortes<br />

Paiva<br />

261 - São Domingos <strong>do</strong> Prata São Domingos <strong>do</strong> Prata<br />

Dionísio<br />

São José <strong>do</strong> Goiabal<br />

262 - São Francisco São Francisco<br />

Icaraí <strong>de</strong> Minas<br />

Pintópolis<br />

263 - São Gonçalo <strong>do</strong> Abaeté São Gonçalo <strong>do</strong> Abaeté<br />

Varjão <strong>de</strong> Minas<br />

264 - São Gonçalo <strong>do</strong> Sapucaí São Gonçalo <strong>do</strong> Sapucaí<br />

Careaçu<br />

Cordislândia<br />

Helio<strong>do</strong>ra<br />

265 - São Gotar<strong>do</strong> São Gotar<strong>do</strong><br />

Matutina<br />

266 - São João da Ponte São João da Ponte<br />

Ibiracatu<br />

Varzelândia<br />

267 - São João <strong>de</strong>l-Rei São João <strong>de</strong>l-Rei<br />

Conceição da Barra <strong>de</strong> Minas


Nazareno<br />

Ritápolis<br />

Santa Cruz <strong>de</strong> Minas<br />

Tira<strong>de</strong>ntes<br />

268 - São João <strong>do</strong> Paraíso São João <strong>do</strong> Paraíso<br />

Ninheira<br />

269 - São João Evangelista São João Evangelista<br />

Coluna<br />

270 - São João Nepomuceno São João Nepomuceno<br />

Descoberto<br />

Roche<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas<br />

271 - São Lourenço São Lourenço<br />

Pouso Alto<br />

272 - São Romão São Romão<br />

São Sebastião <strong>do</strong> Rio Ver<strong>de</strong><br />

Santa Fé <strong>de</strong> Minas<br />

273 - São Roque <strong>de</strong> Minas São Roque <strong>de</strong> Minas<br />

Vargem Bonita<br />

274 - São Sebastião <strong>do</strong> Paraíso São Sebastião <strong>do</strong> Paraíso<br />

275 - São Tomás <strong>de</strong> Aquino São Tomás <strong>de</strong> Aquino


276 - Sena<strong>do</strong>r Firmino Sena<strong>do</strong>r Firmino<br />

Brás Pires<br />

277 - Serro Serro<br />

Dores <strong>do</strong> Turvo<br />

Alvorada <strong>de</strong> Minas<br />

Santo Antônio <strong>do</strong> Itambé<br />

Serra Azul <strong>de</strong> Minas<br />

278 - Sete Lagoas Sete Lagoas<br />

Baldim<br />

Cachoeira da Prata<br />

Fortuna <strong>de</strong> Minas<br />

Funilândia<br />

Inhaúma<br />

Jequitibá<br />

Santana <strong>de</strong> Pirapama<br />

279 - Silvianópolis Silvianópolis<br />

Espírito Santo <strong>do</strong> Doura<strong>do</strong><br />

São João da Mata<br />

Turvolândia<br />

280 - Taiobeiras Taiobeiras


Berizal<br />

281 - Tarumirim Tarumirim<br />

Engenheiro Caldas<br />

Fernan<strong>de</strong>s Tourinho<br />

Sobrália<br />

282 - Teixeiras Teixeiras<br />

Pedra <strong>do</strong> Anta<br />

283 - Teófilo Otoni Teófilo Otoni<br />

Ataléia<br />

Ladainha<br />

Novo Oriente <strong>de</strong> Minas<br />

Ouro Ver<strong>de</strong> <strong>de</strong> Minas<br />

Pavão<br />

Poté<br />

284 - Timóteo Timóteo<br />

Jaguaraçu<br />

Marliéria<br />

285 - Tiros Tiros


286 - Tombos Tombos<br />

Pedra Dourada<br />

287 - Três Corações Três Corações<br />

São Bento Aba<strong>de</strong><br />

288 - Três Marias Três Marias<br />

289 - Três Pontas Três Pontas<br />

Santana da Vargem<br />

290 - Tupaciguara Tupaciguara<br />

Araporã<br />

291 - Turmalina Turmalina<br />

292 - Ubá Ubá<br />

Veredinha<br />

Divinésia<br />

Gui<strong>do</strong>val<br />

Ro<strong>de</strong>iro<br />

Tocantins<br />

293 - Uberaba Uberaba<br />

Água Comprida<br />

Campo Flori<strong>do</strong>


Delta<br />

Veríssimo<br />

294 - Uberlândia Uberlândia<br />

295 - Unaí Unaí<br />

296 - Varginha Varginha<br />

Cabeceira Gran<strong>de</strong><br />

Carmo da Cachoeira<br />

297 - Várzea da Palma Várzea da Palma<br />

Lassance<br />

298 - Vazante Vazante<br />

Guarda-Mor<br />

299 - Vespasiano Vespasiano<br />

300 - Viçosa Viçosa<br />

São José da Lapa<br />

Cajuri<br />

Canaã<br />

Coimbra<br />

Paula Cândi<strong>do</strong><br />

São Miguel <strong>do</strong> Anta<br />

301 - Virginópolis Virginópolis<br />

Divinolândia <strong>de</strong> Minas


Gonzaga<br />

Santa Efigênia <strong>de</strong> Minas<br />

São Geral<strong>do</strong> da Pieda<strong>de</strong><br />

Sar<strong>do</strong>á<br />

302 - Viscon<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio Branco Viscon<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio Branco<br />

Anexo III<br />

(artigos 201 e 203)<br />

Justiça Militar <strong>de</strong> Primeira Instância Nº <strong>de</strong> Juízes<br />

1 - Juiz-Auditor Titular 3<br />

2 - Juiz-Auditor Substituto 2"<br />

Guiricema<br />

São Geral<strong>do</strong><br />

- Publica<strong>do</strong>, vai o projeto às Comissões <strong>de</strong> Justiça, <strong>de</strong> Administração Pública e Fiscalização Financeira para parecer, nos termos <strong>do</strong> art. 192, c/c o art.<br />

<strong>10</strong>2, <strong>do</strong> Regimento Interno<br />

* - Publica<strong>do</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o texto original<br />

MATÉRIA ADMINISTRATIVA<br />

ATOS DA MESA DA ASSEMBLÉIA<br />

Na data <strong>de</strong> 14/<strong>10</strong>/99, o Sr. Presi<strong>de</strong>nte, nos termos da Deliberação da Mesa nº 269, <strong>de</strong> 4/5/83, que consolida as normas <strong>do</strong> Regulamento Geral da Secretaria <strong>de</strong>sta Assembléia<br />

Legislativa, c/c as Resoluções nºs 5.<strong>10</strong>0, <strong>de</strong> 29/6/91, 5.130, <strong>de</strong> 4/5/93, 5.179, <strong>de</strong> 23/12/97, e as Deliberações da Mesa nºs 867, <strong>de</strong> 13/5/93, 1.509, <strong>de</strong> 7/1/98, e 1.576, <strong>de</strong> 15/12/98,<br />

observada a estrutura estabelecida pela Deliberação da Mesa nº 1.687, <strong>de</strong> <strong>1999</strong>, assinou o seguinte ato relativo a cargo em comissão e <strong>de</strong> recrutamento amplo <strong>do</strong> Quadro <strong>de</strong> Pessoal<br />

<strong>de</strong>sta Secretaria:<br />

Gabinete <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> An<strong>de</strong>rson Adauto<br />

exoneran<strong>do</strong>, a partir <strong>de</strong> 18/<strong>10</strong>/99, Maria das Graças Diorio Mayrink <strong>do</strong> cargo <strong>de</strong> Técnico Executivo Gabinete II, padrão AL-41, 8 horas.<br />

Nos termos da Deliberação da Mesa nº 269, <strong>de</strong> 4/5/83, c/c as Leis nºs 9.384, <strong>de</strong> 18/12/86, e 9.748, <strong>de</strong> 22/12/88, as Deliberações da Mesa nºs 400, <strong>de</strong> 22/11/89, 434, <strong>de</strong> 9/4/90, 845, <strong>de</strong><br />

11/3/93, 982, <strong>de</strong> 29/9/93, 1.360, <strong>de</strong> 17/12/96, 1.389, <strong>de</strong> 6/2/97, 1.418, <strong>de</strong> 12/3/97, 1.429, <strong>de</strong> 23/4/97, 1.522, <strong>de</strong> 4/3/98, e 1.784, <strong>de</strong> 29/9/99, e a Resolução nº 5.<strong>10</strong>5, <strong>de</strong> 26/9/91, assinou<br />

os seguintes atos relativos a cargos <strong>do</strong> Quadro <strong>de</strong> Pessoal da mesma Secretaria:<br />

exoneran<strong>do</strong>, a partir <strong>de</strong> 18/<strong>10</strong>/99, Adilson Duarte da Costa <strong>do</strong> cargo em comissão e <strong>de</strong> recrutamento amplo <strong>de</strong> Chefe <strong>de</strong> Gabinete, padrão S-02, código AL-DAS-1-05, com exercício<br />

no gabinete da Presidência;<br />

nomean<strong>do</strong> Maria das Graças Diório Mayrink para o cargo em comissão e <strong>de</strong> recrutamento amplo <strong>de</strong> Chefe <strong>de</strong> Gabinete, padrão S-02, código AL-DAS-1-05, com exercício no<br />

gabinete da Presidência.<br />

Nos termos da Deliberação da Mesa nº 269, <strong>de</strong> 4/5/83, c/c as Leis nºs 9.384, <strong>de</strong> 18/12/86, 9.437, <strong>de</strong> 22/<strong>10</strong>/87, e 9.748, <strong>de</strong> 22/12/88, as Deliberações da Mesa nºs 400, <strong>de</strong> 22/11/89,<br />

434, <strong>de</strong> 9/4/90, 845, <strong>de</strong> 11/3/93, 1.189, <strong>de</strong> 22/2/95, 1.360, <strong>de</strong> 17/12/96, 1.389, <strong>de</strong> 6/2/97, 1.418, <strong>de</strong> 12/3/97, 1.429, <strong>de</strong> 23/4/97, 1.522, <strong>de</strong> 4/3/98, e 1.784, <strong>de</strong> 29/9/99, e a Resolução nº


5.<strong>10</strong>5, <strong>de</strong> 26/9/91, assinou o seguinte ato relativo a cargo <strong>do</strong> Quadro <strong>de</strong> Pessoal da mesma Secretaria:<br />

nomean<strong>do</strong> Jerônimo Donizete da Silva para o cargo em comissão e <strong>de</strong> recrutamento amplo <strong>de</strong> Assistente Administrativo, padrão AL-20, código AL-EX-01, com exercício no<br />

gabinete da Li<strong>de</strong>rança <strong>do</strong> PPS.<br />

Nos termos das Resoluções nº 5.<strong>10</strong>0, <strong>de</strong> 29/6/91, 5.130, <strong>de</strong> 4/5/93, 5.179, <strong>de</strong> 23/12/97, e das Deliberações da Mesa nºs 867, <strong>de</strong> 13/5/93, 1.509, <strong>de</strong> 7/1/98, e 1.576, <strong>de</strong> 15/12/98,<br />

assinou os seguintes atos relativos a cargos em comissão e <strong>de</strong> recrutamento amplo:<br />

exoneran<strong>do</strong>, a partir <strong>de</strong> 18/<strong>10</strong>/99, Jerônimo Donizete da Silva <strong>do</strong> cargo <strong>de</strong> Secretário <strong>de</strong> Gabinete II, padrão AL-20, 8 horas;<br />

nomean<strong>do</strong> Adilson Duarte da Costa para o cargo <strong>de</strong> Supervisor <strong>de</strong> Gabinete I, padrão AL-26, 8 horas;<br />

nomean<strong>do</strong> Luiz José Fratini para o cargo <strong>de</strong> Aten<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Gabinete, padrão AL-05, 8 horas;<br />

nomean<strong>do</strong> Mauro Barreto Melo para o cargo <strong>de</strong> Aten<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Gabinete, padrão AL-05, 8 horas;<br />

nomean<strong>do</strong> Sérgio José <strong>de</strong> Souza para o cargo <strong>de</strong> Assistente Técnico <strong>de</strong> Gabinete, padrão AL-29, 8 horas.<br />

EDITAL DE CHAMAMENTO<br />

Comissão <strong>de</strong> Processo Administrativo<br />

O servi<strong>do</strong>r Leonar<strong>do</strong> Bergson Castro Sanches, Presi<strong>de</strong>nte da Comissão <strong>de</strong> Processo Administrativo, constituída pela Portaria nº 1.418/99, publicada no "<strong>Diário</strong> <strong>do</strong> <strong>Legislativo</strong>" <strong>de</strong><br />

30/09/99, faz saber a Vanda Maria Xavier Carneiro, matrícula 5188-8, que estão corren<strong>do</strong>, em seus termos legais, os autos <strong>do</strong> processo administrativo em que figura como indiciada,<br />

incursa no § 1º <strong>do</strong> art. 221 da Deliberação da Mesa nº 269, <strong>de</strong> 4/5/83, que caracteriza aban<strong>do</strong>no <strong>de</strong> cargo.<br />

Por este edital fica citada para, no dia 22/<strong>10</strong>/99, às 11 horas, comparecer perante esta Comissão, com se<strong>de</strong> na Rua Rodrigues Caldas, nº 79, 9º andar, em Belo Horizonte, a fim <strong>de</strong> ser<br />

interrogada sobre o fato que lhe é imputa<strong>do</strong>.<br />

Belo Horizonte, 15 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> <strong>1999</strong>.<br />

Leonar<strong>do</strong> Bergson Castro Sanches, Presi<strong>de</strong>nte.<br />

ERRATA<br />

ERRATA<br />

PORTARIA Nº 1.418/99<br />

Na publicação da matéria em epígrafe, verificada na edição <strong>de</strong> 30/9/99, pág. 25, col. 4, on<strong>de</strong> se lê:<br />

"Comissão <strong>de</strong> Inquérito Administrativo", leia-se:<br />

"Comissão <strong>de</strong> Processo Administrativo".

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