Meredith Gentry 1 - CloudMe

Te reúna com elas, Merry. Se depois não estiver tão preocupada como eu
estou, acabaremos com esse bode.
Agarrei-lhe o braço.
- Te acalme, Jeremy, é só um caso de divórcio.
- E se te dissesse que foi uma tentativa de assassinato?
Sua voz se acalmou. Em realidade, não alcançava a intensidade de seus
olhos nem a tensão vibrante de seu braço.
Me separei dele.
- Tentativa de assassinato? Do que me fala?
- O feitiço de morte mais repugnante que chegou a meu escritório.
- O marido a quer matar? –Perguntei-lhe.
- Alguém quer matá-la, e a mulher diz que é o marido. A amante está de
acordo com a mulher.
Olhei o fixamente.
- Está dizendo que a esposa e a amante estão em seu escritório?
Assentiu e sorriu apesar da indignação que sentia.
- Isto fica interessante –disse, lhe devolvendo o sorriso.
Jeremy tomou minha mão.
- Seria inclusive se levássemos casos de divórcio –disse.
Esfregava-me os nódulos com o polegar. Estava nervoso, do contrário não
haveria me doido tanto. Para ele era uma maneira de ganhar confiança. Levou
a mão aos lábios e me deu um beijo fugaz nos nódulos. Acredito que se deu
conta de que seu nervosismo era patente. Dedicou-me o melhor dos sorrisos e
se dirigiu para a porta.
- Me responda primeiro a uma pergunta, Jeremy.
Embora evidentemente não o fazia falta, arrumou-se o traje com
movimentos ligeiros e precisos. - Pergunta.
- O que é o que te dá medo?
O sorriso se desvaneceu e seu rosto adquiriu um aspecto solene.
- Tenho um mau pressentimento sobre este caso, Merry. Não tenho o dom
da profecia, mas isto me cheira mau.
Então, deixemos o caso. Não somos a polícia. Trabalhamos em troca de
dinheiro, não temos feito nenhum juramento, Jeremy.
- Depois de vê-las, você pode, honestamente, se desfazer do caso.
- Por que me dá a sensação de que de repente tenho direito a veto? O
nome que há na porta é Grei, não Gentry.
- Porque Teresa se identifica em seguida com outros e não rechaçaria a
ninguém. Roane é muito sensível para jogar a mulheres com lágrimas nos
olhos. –Ajustou-se a gravata cinza pérola, enquanto seus dedos acomodavam
o alfinete de diamantes -. Outros sabem se defender, mas são incapazes de
tomar decisões. Só fica você.
Olhei-o nos olhos, tentando descobrir o que estava passando realmente por
sua cabeça, mais à só tinha aborrecimento e a preocupação.
- Você não te identifica em seguida com outros, nem tem um coração
sensível, além disso, sabe tomar decisões. Por que não o decide você?
- Porque se as jogamos, não terão aonde ir. Se abandonarem este caso
sem nossa ajuda já podem dar-se por mortas as duas.
Olhei-o nos olhos e lhe compreendi finalmente.
- Sabe que deveríamos nos tirar de cima este caso, mas não pode emitir um
julgamento sobre elas. Não pode as condenar a morte.