teresina - pi, março de 2007 - FAPEPI - Governo do Estado do Piauí
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2 OPINIÃO<br />
O processo civilizatório está<br />
intimamente liga<strong>do</strong> ao<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> práticas <strong>de</strong><br />
leitura e <strong>de</strong> escrita. A invenção <strong>de</strong><br />
Gutemberg trouxe ao Oci<strong>de</strong>nte uma<br />
revolução extraordinária no campo<br />
científico e intelectual,<br />
possibilitan<strong>do</strong> a laicização <strong>do</strong><br />
conhecimento, antes um<br />
monopólio da Igreja e da<br />
aristocracia.<br />
Se o advento da imprensa<br />
promoveu as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ler e escrever<br />
à condição <strong>de</strong> prática social, uma outra<br />
transformação ocorreu em <strong>de</strong>corrência<br />
<strong>do</strong> incremento da escrita: a leitura <strong>de</strong>ixou<br />
<strong>de</strong> ser apenas uma forma <strong>de</strong> propagação<br />
<strong>do</strong> conhecimento científico ou filosófico,<br />
se tornan<strong>do</strong> também uma opção <strong>de</strong><br />
entretenimento ou lazer. A partir daí,<br />
TERESINA - PI, MARÇO DE <strong>2007</strong><br />
100 anos <strong>de</strong> literatura <strong>pi</strong>auiense<br />
Recebemos<br />
começam a <strong>de</strong>saparecer antigas práticas,<br />
calcadas na oralida<strong>de</strong> e próprias <strong>do</strong> meio<br />
rural, como a prática <strong>de</strong> ouvir e contar<br />
histórias.<br />
À medida que a leitura se<br />
consolida como prática social, passan<strong>do</strong><br />
a penetrar no espaço <strong>do</strong>méstico, como<br />
entretenimento para toda a família, a<br />
literatura um tipo especial <strong>de</strong> escrita,<br />
valorizada por seus recursos estéticos<br />
até então acessível apenas ao <strong>de</strong>leite<br />
das elites, passa a fazer parte <strong>do</strong><br />
cotidiano das populações urbanas.<br />
Esse gran<strong>de</strong> surto civilizatório<br />
provoca<strong>do</strong> pela imprensa, no continente<br />
europeu, durante o século XVIII,<br />
repetiu-se no Brasil a partir da segunda<br />
meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> século XIX. No <strong>Piauí</strong>, porém,<br />
somente veio a ocorrer, na entrada <strong>do</strong><br />
século XX, quan<strong>do</strong> se formou uma classe<br />
Agra<strong>de</strong>ço as mensagens que têm envia<strong>do</strong> com freqüência, sempre informan<strong>do</strong> sobre notícias e eventos científicos. Sobre<br />
o último informativo científico Sa<strong>pi</strong>ência, consultei o material disponível, na página da Fape<strong>pi</strong> e achei um ótimo material <strong>de</strong><br />
divulgação científica. A Fape<strong>pi</strong> e to<strong>do</strong>s os professores-pesquisa<strong>do</strong>res estão <strong>de</strong> parabéns pela qualida<strong>de</strong> das pesquisas<br />
que vêm sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvidas, em alguns casos há décadas.<br />
Prof. Guilherme Me<strong>de</strong>iros<br />
Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Colegia<strong>do</strong> <strong>de</strong> Arqueologia e Preservação Patrimonial<br />
Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> São Francisco Univasf / Campus Serra da Ca<strong>pi</strong>vara-PI<br />
média urbana e letrada o suficiente para<br />
o consumo <strong>de</strong> produtos culturais.<br />
Não obstante algumas obras<br />
esparsas publicadas por autores<br />
<strong>pi</strong>auienses ainda no século XIX, a nossa<br />
literatura veio a ganhar um público local<br />
e a ter repercussão na crítica literária<br />
somente nos primeiros anos <strong>do</strong> século<br />
passa<strong>do</strong>. Po<strong>de</strong>mos, portanto, neste<br />
início <strong>de</strong> século XXI, festejar o<br />
centenário da nossa literatura.<br />
Esta edição <strong>do</strong> Sa<strong>pi</strong>ência<br />
preten<strong>de</strong> homenagear os cem anos da<br />
literatura <strong>pi</strong>auiense, focalizan<strong>do</strong> a<br />
pesquisa acadêmica voltada ao estu<strong>do</strong><br />
da obra <strong>de</strong> H.Dobal, Assis Brasil e<br />
Torquato Neto, que são, sem dúvida,<br />
autores que muito bem representam o<br />
eleva<strong>do</strong> nível estético alcança<strong>do</strong> por<br />
nossa literatura.<br />
Socorro Magalhães<br />
Um outro lugar para se nascer no Japão - As casas <strong>de</strong> parto<br />
N o<br />
perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 9 <strong>de</strong><br />
fevereiro a 25 <strong>de</strong><br />
abril <strong>de</strong> 2004, <strong>de</strong>z<br />
e n f e r m e i r a s<br />
o b s t e t r a s<br />
brasileiras - entre<br />
elas duas<br />
<strong>pi</strong>auienses -<br />
estivemos no<br />
Japão, fazen<strong>do</strong> o treinamento<br />
ASSISTÊNCIA AO PARTO<br />
HUMANIZADO EM CASAS DE<br />
PARTO DO JAPÃO, através <strong>de</strong> um<br />
projeto da JICA (Agencia <strong>de</strong> Cooperação<br />
Internacional <strong>do</strong> Japão), que tem como<br />
finalida<strong>de</strong> treinar enfermeiras obstetras<br />
para a assistência ao parto humaniza<strong>do</strong><br />
no Brasil. Segun<strong>do</strong> a Organização<br />
Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (OMS), são esses<br />
profissionais que se enquadram no<br />
melhor perfil da humanização <strong>do</strong> parto e<br />
nascimento com o objetivo <strong>de</strong> reduzir as<br />
taxas <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> materna e neonatal<br />
no Brasil.<br />
Tivemos a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
conhecer a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um país<br />
<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> que acredita na<br />
humanização <strong>do</strong> parto e para que isso<br />
ocorra não se faz necessário o uso<br />
indiscrimina<strong>do</strong> da tecnologia. Em da<strong>do</strong>s<br />
comparativos, a mortalida<strong>de</strong> materna no<br />
Japão é <strong>de</strong> 6,5/100 mil nasci<strong>do</strong>s vivos; no<br />
Brasil, 74,5 óbitos maternos para 100 mil<br />
nasci<strong>do</strong>s vivos. A mortalida<strong>de</strong> infantil até<br />
1 ano <strong>de</strong> vida correspon<strong>de</strong> a 3 por mil<br />
nasci<strong>do</strong>s vivos no Japão, enquanto que,<br />
no Brasil, este índice é <strong>de</strong> 31 óbitos infantis<br />
para mil nasci<strong>do</strong>s vivos. A taxa <strong>de</strong> partos<br />
cesarianos no Japão é <strong>de</strong> aproximadamente<br />
13% <strong>do</strong> total <strong>de</strong> partos; no Brasil, esse<br />
procedimento representa 45% nas<br />
instituições publicas, chegan<strong>do</strong> a índices<br />
alarmantes<br />
<strong>de</strong> 90% nas instituições privadas.<br />
No Japão, existem 300 casas <strong>de</strong><br />
parto. A casa <strong>de</strong> parto é uma instituição <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> nível primário cujas ativida<strong>de</strong>s<br />
consistem em assistência à mãe, durante a<br />
gestação, parto e puerpério; ao recémnasci<strong>do</strong>,<br />
apoio ao aleitamento materno até<br />
o <strong>de</strong>smame e apoio ao planejamento<br />
familiar e educação sexual.<br />
As casas <strong>de</strong> parto <strong>do</strong> Japão são<br />
lugares on<strong>de</strong> a mulher é assistida somente<br />
por enfermeiras obstetras (Midwife). É um<br />
espaço em que a mulher se sente protegida<br />
e segura, compartilha a experiência com<br />
outras mulheres e tem a participação direta<br />
da família. A mulher apren<strong>de</strong> a viver o seu<br />
Ivanilda Sepúlveda Gomes* cotidiano, a<strong>de</strong>quan<strong>do</strong>-se às mudanças<br />
<strong>de</strong> seu próprio organismo, on<strong>de</strong> o<br />
autoconhecimento supera a expectativa<br />
da <strong>do</strong>r, na hora <strong>de</strong> parir. Um outro fator<br />
importante para o alívio da <strong>do</strong>r é o<br />
preparo da mulher para o parto, momento<br />
em que mulher mesma faz os seus planos<br />
<strong>de</strong> parto. O prazer <strong>de</strong> ser mãe,<br />
acompanha<strong>do</strong> <strong>do</strong> apoio familiar, é<br />
fundamental para a diminuição da<br />
ansieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> parto com conseqüente<br />
alívio da <strong>do</strong>r. Na casa <strong>de</strong> parto, ocorre o<br />
aumento <strong>do</strong> vínculo mãe-filho e família,<br />
pois a mulher e seu filho são valoriza<strong>do</strong>s<br />
como atores principais <strong>de</strong> um espetáculo<br />
da natureza.<br />
Com este curso realiza<strong>do</strong> no<br />
Japão, ficou claro que é possível a<br />
realização <strong>do</strong> parto por enfermeiras,<br />
visto que o mesmo é fenômeno natural e<br />
fisiológico e carece <strong>do</strong> mínimo possível<br />
<strong>de</strong> intervenções.<br />
Está faltan<strong>do</strong> à mulher brasileira<br />
o estímulo ao parto normal e ela precisa<br />
encontrar o seu próprio instinto <strong>de</strong> parir,<br />
regatan<strong>do</strong> assim uma tradição<br />
exclusivamente feminina.<br />
Em nome da Diretora da Biblioteca Central da UFPA, Bibliotecária Sílvia Maria Bitar <strong>de</strong> Lima Moreira, acusamos o<br />
recebimento <strong>do</strong> Jornal SAPIÊNCIA nº 10. Nesta oportunida<strong>de</strong>, apresentamos nossos agra<strong>de</strong>cimentos pela <strong>do</strong>ação que<br />
enriquecerá, sobremaneira, nosso acervo e proporcionará aos nossos usuários uma fonte <strong>de</strong> informação histórica valiosa<br />
para suas pesquisas.<br />
Maria Hilda <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros Gondim<br />
Diretora da Divisão <strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>de</strong> Coleções - Biblioteca Central/UFPA<br />
* Enfermeira obstetra<br />
igomesenf@bol.com.br<br />
Nº 11 * Ano IV * Março <strong>de</strong> <strong>2007</strong><br />
ISSN - 1809-0915<br />
Informativo produzi<strong>do</strong> pela<br />
Fundação <strong>de</strong> Amparo à<br />
Pesquisa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Piauí</strong><br />
Fone: (86) 3216-6090<br />
Fax: (86) 3216-6092<br />
Presi<strong>de</strong>nte da <strong>FAPEPI</strong><br />
Acácio Salva<strong>do</strong>r Véras e Silva<br />
Conselho Editorial:<br />
Acácio Salva<strong>do</strong>r Véras e Silva<br />
Francisco Laerte J. Magalhães<br />
Welington Lage<br />
Editora-Chefe:<br />
Márcia Cristina<br />
Textos:<br />
Márcia Cristina (Mtb-1060)<br />
Roberta Rocha (Mtb-1856)<br />
Revisão:<br />
Assunção <strong>de</strong> Maria S. e Silva<br />
Editoração Eletrônica:<br />
Cícero Gilberto<br />
(86) 8801.9069<br />
Impressão:<br />
Grafiset - Gráfica e editora Rêgo<br />
Ltda. - (99) 3212.2177<br />
Tiragem:<br />
6 mil exemplares<br />
Críticas, sugestões e contatos:<br />
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