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(Idéias julho/07) - Universidade Federal de Santa Catarina

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discussões, isto é, enfocar o <strong>de</strong>senvolvimento humano e o espaço on<strong>de</strong> este se<br />

materializa, portanto o ambiente. No entanto, nos discursos jornalísticos e <strong>de</strong> órgãos<br />

públicos sobre qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida o que transparece, na verda<strong>de</strong>, é o crescimento e<br />

não o <strong>de</strong>senvolvimento, e, neste, o econômico em <strong>de</strong>trimento do social. Também, a<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida é enfocada separadamente <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> ambiental, como se a<br />

vida humana se <strong>de</strong>senvolvesse fora do meio ambiente.<br />

A publicida<strong>de</strong> em torno dos dados ou índices <strong>de</strong>sse relatório chega a<br />

afirmações controversas, como: “fator étnico po<strong>de</strong> ter influência em índices<br />

favoráveis” do <strong>de</strong>senvolvimento social; “[...] <strong>de</strong>staca a ‘<strong>de</strong>scendência germânica’ da<br />

população como fator importante para os índices <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento social,<br />

aferidos”; “Mais <strong>de</strong> 80% dos cerca <strong>de</strong> 38.000 habitantes são <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />

alemães”, conforme Pegoraro (1998, p. 7).<br />

Estes atributos levam a questionamentos, por exemplo: Quais as fontes e ou<br />

os dados utilizados para justificar tais afirmações? Se tais afirmações fossem<br />

assertivas, por que, então, nas escolas não é adotada a língua germânica? Por que<br />

o projeto <strong>de</strong> germanização das fachadas <strong>de</strong> prédios centrais da cida<strong>de</strong> foi<br />

implantado como um pacote político e não por iniciativa popular 6 . E, se Marechal<br />

Cândido Rondon, sendo tão germânica assim e já que alemães valorizam cuidados<br />

com saneamento, por que o esgoto doméstico está sendo <strong>de</strong>spejado nas galerias<br />

pluviais? Por que estamos sob a fumaça e entre <strong>de</strong>tritos das áreas industriais? Por<br />

que áreas florestais urbanas foram inclusas como Zonas <strong>de</strong> Expansão Industrial<br />

(MARECHAL, 1996a)? Por que novos loteamentos são ”permitidos” em direção à<br />

nova área industrial (Frigorífico <strong>de</strong> Frangos) sem estarem previstos como zonas <strong>de</strong><br />

expansão urbana, etc.? Esta ou aquela <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> algum grupo étnico?<br />

Marechal Cândido Rondon recentemente, uma década <strong>de</strong>pois da avaliação<br />

como 3º Melhor Município em IDH, passou a ser consi<strong>de</strong>rado como um dos <strong>de</strong>z<br />

municípios 7 do Oeste Paranaense, com elevado contingente <strong>de</strong> famílias pobres, <strong>de</strong><br />

6 O próprio Secretário <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (da época) mencionado por Pegoraro não é <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />

alemães; o primeiro Prefeito <strong>de</strong> Marechal Cândido Rondon não foi um alemão; o Distrito <strong>de</strong><br />

Margarida foi colonizado por <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> poloneses, italianos e alemães vindos do Rio Gran<strong>de</strong><br />

do Sul, etc. Estas e outras são questões que merecem pesquisas e discussões aprofundadas.<br />

7 No Oeste do Paraná foram consi<strong>de</strong>rados também nesta condição os municípios <strong>de</strong>: Assis Chateaubriand,<br />

Cascavel, Foz do Iguaçu, Guaíra, Medianeira, <strong>Santa</strong> Helena, <strong>Santa</strong> Tereza do Oeste, São<br />

Miguel do Iguaçu, Toledo. Outros seis municípios do Oeste apresentaram elevada proporção <strong>de</strong><br />

pobres (Campo Bonito, Catanduvas, Diamante do Oeste, Ibema, Lindoeste, Ramilândia), <strong>de</strong> acordo<br />

com IPARDES (2003, p. 14, 43-55).<br />

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