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boletim a, intercom - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro

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BOLETIM A, INTERCOM<br />

Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Estudos Interdiscipiinares da Comunicação<br />

N? 19 (Abril/80)<br />

Destaques:<br />

\ ím Ac Píiiúiâl íÈíiMin<br />

N. 0<br />

«BIBLIOTECA<br />

Noticiário da INTERCOM - <strong>Pesquisa</strong> da Imagem, tema reuniio <strong>de</strong> estudos <strong>de</strong> maio / Ci-<br />

clo <strong>de</strong> estudos sobre populismo e comunicaçio já tem propôs<br />

ta <strong>de</strong> temário.<br />

Ensino - Novida<strong>de</strong>s do Paraná / Crise da PUC-SP / Hemeroteca dinâmica na UFMG / Dar-<br />

cy Ribeiro fala da pós-graduaçio.<br />

Teoria - 0 "diálogo tácito" <strong>de</strong> Samora Machel.<br />

<strong>Pesquisa</strong> - Telenovela e mulher / Caparei li doutorou-se pela Sorbonne.<br />

Arte - Fotografia, arte popular?<br />

Veículos - TV por cabo no Brasil / Jornal do PP / Quem vai ao cinema?<br />

Profissões - RPs <strong>de</strong>batem situaçio profissional / Mulheres jornalistas realizam con-<br />

gresso.<br />

Comunicação Popular - Novas formas <strong>de</strong> comunicaçio na greve dos metalúrgicos / Picha<br />

çio oficializada no Recife.<br />

Comunicaçio Internacional - Vietnan: fazer a revolução escutando radio / Publicida-<br />

<strong>de</strong> reaparece na China / TV clan<strong>de</strong>stina preocupa italia-<br />

nos.<br />

Gente - Gilberto Freyre / Barthes / Dom Balduino.<br />

Serviço - <strong>Documentação</strong> sobre comunicaçio <strong>de</strong> esquerda / Livraria do Cortez tem novo<br />

en<strong>de</strong>reço.<br />

Eventos - Propaganda em <strong>de</strong>bate / Reunião da SBPC.<br />

Noticiário Geral - 0 Papa e o contrato <strong>de</strong> exclusivida<strong>de</strong> / Boa-noite pornô na TV /<br />

Conteúdo fora <strong>de</strong> moda.<br />

Comentário - Que liberda<strong>de</strong> ê essa ?<br />

Editores: Carlos Eduardo Lins da Silva / José Marques <strong>de</strong> Melo / J. S. Faro / Luiz<br />

Fernando Santoro / Manolo Moran / Ricardo Holanda / Rogério Ca<strong>de</strong>ngue / Ro<br />

berto Queiroz.<br />

INTERCOM ■ Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Estudos Interdiscipiinares da Comunicação ■ Rua Augusta. 555 ■ CEP 01305<br />

São Paulo ■ Brasil - C.G.C. 51.201.093/0001-53


Noticiário da INTERCOM<br />

REUNIÃO DE ESTUDOS: EM MAIO (DIA 12) DISCUTIREMOS A "PESQUISA DA IMAGEM"<br />

Prosseguindo os encontros mensais <strong>de</strong>dicados ao tema - Metodologia da <strong>Pesquisa</strong> em Comuni-<br />

caçio, teremos no dia 12 <strong>de</strong> maio (segunda-feira, às l^t horas), a próxima reunião <strong>de</strong> estu<br />

dos sobre "<strong>Pesquisa</strong> da Imagem - Contribuições Metodológicas da Semiologia". 0 expositor<br />

convidado é o professor Eduardo PéRuela Cafiizal, da Escola <strong>de</strong> Comunicação e Artes da USP.<br />

Anote, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já, o evento em sua agenda. E participe do encontro.<br />

CELSO FREDERICO DISCUTIU A PESQUISA DA COMUNICAÇÃO OPERARIA<br />

A reuniio <strong>de</strong> estudos <strong>de</strong> abril foi <strong>de</strong>dicada â "Metodologia da <strong>Pesquisa</strong> da Comunicação 0p£<br />

rãria", tendo como expositor o sociólogo Celso Fre<strong>de</strong>rico, professor da Universida<strong>de</strong> Fed£<br />

ral <strong>de</strong> São Carlos. A palestra foi dividida em duas partes: na primeira, se fez uma dis-<br />

tinção entre as posturas metodológicas da análise empírica e da análise dialética em<br />

ciências sociais; na segunda, discutiu-se concretamente os caminhos percorridos para <strong>de</strong>-<br />

tectar a consciência <strong>de</strong> classe dos operários do ABC paulista, tendo como elemento medi£<br />

dor a própria comunicação operária. Celso Fre<strong>de</strong>rico apresentou a sua experiência na ela-<br />

boração das teses <strong>de</strong> mestrado e doutorado, ambas <strong>de</strong>dicadas a essa questão, e discutiu as<br />

implicações teóricas e operacionais das pesquisas realizadas. Ele <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u a idéia <strong>de</strong><br />

que a consciência <strong>de</strong> classe se dá na prática das relações sociais, constituindo uma rea-<br />

lida<strong>de</strong> objetiva que mo<strong>de</strong>la a própria intervenção metodológica. Em outras palavras, o es-<br />

tudo da comunicação operária como relatos i<strong>de</strong>ntificadores da consciência <strong>de</strong> classe não<br />

po<strong>de</strong> partir <strong>de</strong> dados externos (os interesses e as opiniões pessoais dos pesquisadores) ,<br />

mas <strong>de</strong>ve alicerçar-se no conhecimento objetivo <strong>de</strong>ssa realida<strong>de</strong>. Sua pesquisa originalmeji<br />

te utilizava os tradicionais questionários, mas <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma primeira etapa, ele abando<br />

nou tais recursos metodológicos, e passou a utilizar a mediação dos relatos pessoais ou<br />

das produções artísticas da vanguarda operária. Outro aspecto rejeitado por Celso Fre<strong>de</strong>-<br />

rico foi a tese aithusseriana <strong>de</strong> que os aparelhos i<strong>de</strong>ológicos do Estado mo<strong>de</strong>la a cons-<br />

ciência social. Reconhecendo, embora, que tais aparelhos exerçam certa influência, ele<br />

disse que na prática concreta das relações sociais esses fatores po<strong>de</strong>rão ser neutraliza-<br />

dos, uma vez que as contradições inerentes à socieda<strong>de</strong> capitalista acabam por se manife£<br />

tar no processo produtivo, gerando conjunturas que aguçam a luta <strong>de</strong> classes. Logo, o pa-<br />

pel dos meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa não po<strong>de</strong> ser encarado como algo <strong>de</strong>cisivo na forma-<br />

ção da consciência social, mas como uma das instituições que atuam externamente na sua<br />

conformação.<br />

CICLO DE ESTUDOS SOBRE POPULISMO E COMUNICAÇÃO: TEMÃRIO PROPOSTO<br />

Já reproduzido na última página do último <strong>boletim</strong> (n9 18, março/80), o temário do III Ci-<br />

clo <strong>de</strong> Estudos Interdisciplinares da Comunicação ainda está sujeito a acréscimos e alte-<br />

rações, a partir <strong>de</strong> sugestões dos sócios. Cada um dos sub-temas será objeto <strong>de</strong> um simpó-<br />

sio, a ser coor<strong>de</strong>nado por um sócio e contando com a participação <strong>de</strong> outras pessoas espe-<br />

cialmente convidadas. A comissão organizadora do ciclo fez a seguinte distribuição <strong>de</strong> ta<br />

refas: Populismo e Neopopulismo (coor<strong>de</strong>nador: José Marques <strong>de</strong> Melo), A comunicação popu-<br />

lista: do DIP ã SECOM (coor<strong>de</strong>nador: José Salvador Faro), 0 discurso populista ontem e ho<br />

je: confrontos (coor<strong>de</strong>nadora: Jeanne Marie), 0 populismo nos MCM (coor<strong>de</strong>nadora: Anamaria<br />

Fadul), 0 populismo na literatura (coor<strong>de</strong>nador: Luiz Roberto Alves), 0 populismo na edu-<br />

cação (coor<strong>de</strong>nador: Moacir Gadotti).<br />

PARTICIPAÇÃO DOS SÕCIOS NO III CICLO DA INTERCOM<br />

A participação dos sócios é sem dúvida o principal fator para o êxito do III Ciclo <strong>de</strong> Es-<br />

tudos I nterdiscipl inares da Comunicação. Alguns colegas preferem ter uma participação l_i_<br />

vre, intervindo naturalmente nos <strong>de</strong>bates, sem fazer prévia inscrição <strong>de</strong> trabalhos. Ou-<br />

tros, contudo, gostariam <strong>de</strong> dar uma contribuição mais concreta, sob a forma <strong>de</strong> relatos<br />

<strong>de</strong> pesquisa ou reflexões escritas sobre alguns dos aspectos do temário. Nesse segundo ca<br />

so, os interessados <strong>de</strong>verão manter contacto prévio com a secretaria da INTERCOM, infor-<br />

mando sobre os seus interesses e sobre as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> contribuição. Além daqueles<br />

sócios convidados para participar dos simpósios, todos os <strong>de</strong>mais po<strong>de</strong>rão inscrever seus<br />

trabalhos, quer se enquadrem ou não nos aspectos privilegiados pelo temário. Para isso ,<br />

serão organizadas sessões livres <strong>de</strong>stinadas exclusivamente ã apresentação <strong>de</strong> comunica-<br />

ções. Haverá um bloco <strong>de</strong> sessões para exposição e <strong>de</strong>bates <strong>de</strong> trabalhos dos sócios sobre<br />

o tema do ciclo - Estado, Populismo e Comunicação no Brasil. Da mesma maneira, será re-<br />

servado um espaço, durante o ciclo, para a apresentação <strong>de</strong> comunicações não referentes


ao tema central. Com isso preten<strong>de</strong> a diretoria da INTERCOM assegurar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

intercâmbio <strong>de</strong> experiências a todos os associados. Para a melhor organização das diferen<br />

tes ativida<strong>de</strong>s, os sócios (ou outros interessados) <strong>de</strong>verio encaminhar, até o fim <strong>de</strong> ju"<br />

lho, sínteses dos trabalhos que irão apresentar. Essas sínteses nio <strong>de</strong>verão exce<strong>de</strong>r duas<br />

páginas datilografadas.<br />

S0CIOS DA INTERCOM PARTICIPAM DA I CBE<br />

A INTERCOM esteve presente ã I Conferência Brasileira <strong>de</strong> Educação, através <strong>de</strong> um painel<br />

formado pelos sócios Anamaria Fadul (coor<strong>de</strong>nadora), José Marques <strong>de</strong> Melo, Luiz Fernando<br />

Santoro e Maria Dora Mourão. 0 painel discutiu as relações entre "Meios <strong>de</strong> Comunicação<br />

<strong>de</strong> Massa e Educação", situando a questão na atual conjuntura política e social do país.<br />

NOVO LIVRO DA INTERCOM SERÁ LANÇADO EM JUNHO, NA SBPC<br />

Já foi entregue ã Editora Cortez a original do livro "COMUNICAÇÃO E CLASSES SUBALTERNAS",<br />

produto do II Ciclo <strong>de</strong> Estudos da INTERCOM, realizado em setembro <strong>de</strong> 1979, em São Paulo.<br />

A editora informa que fará o lançamento do novo livro durante a reunião da SBPC - Socie-<br />

da<strong>de</strong> Brasileira para o Progresso da Ciência - prevista para o Rio <strong>de</strong> Janeiro, no período<br />

<strong>de</strong> 6 a 12 <strong>de</strong> julho.<br />

BIBLIOGRAFIAS DE COMUNICAÇÃO<br />

Volta a circular, junto com este <strong>boletim</strong>, a Bibliografia Corrente <strong>de</strong> Comunicação, refe-<br />

rente aos meses <strong>de</strong> março/abril. Quanto ã Bibliografia Brasileira <strong>de</strong> Comunicaçao/79 hou-<br />

ve atraso na in<strong>de</strong>xação dos artigos <strong>de</strong> periódicos. Em razão disso, as referências biblio-<br />

gráficas <strong>de</strong> 1979 (livros, artigos, monografias) serão incorporadas ã próxima edição, reu^<br />

nindo a documentação do biênio 1979/1980. Para tanto, porém, esperamos contar com a cola<br />

boração dos sócios. Solicitamos que os colegas anteriormente vinculados ao projeto e os<br />

que tiverem disponibi1 ida<strong>de</strong> ou interesse entrem em contacto com o Prof. José Marques <strong>de</strong><br />

Melo, a fim <strong>de</strong> participar da distribuição das tarefas. A Bibliografia é um projeto cole-<br />

tivo, viável apenas na medida em que predomina o voluntariado na sua confecção. Logo, a<br />

participação dos sócios ê <strong>de</strong>cisiva.<br />

Noticiário dos Sócios<br />

JOSÉ COELHO SOBRINHO (SP) - Defen<strong>de</strong>u, na ECA-USP, a tese <strong>de</strong> mestrado - "Legibilida<strong>de</strong> dos<br />

tipos na Comunicação Impressa", tendo sido aprovado com distinção. A banca examinadora<br />

foi composta dos professores-doutores Gaudêncio Torquato (orientador), José Marques <strong>de</strong><br />

Melo e Mo<strong>de</strong>sto Farina.<br />

JEANNE MARIE (SP) - Organizou e editou o volume "Psicanálise: feminino, singular", edi-<br />

ção zero do <strong>Centro</strong> <strong>de</strong> Estudos Freudianos. Está anunciando a publicação do estudo "Mulher:<br />

a outra".<br />

LUIZ DIAS GUIMARÃES (SP) - Nomeado assessor <strong>de</strong> imprensa do novo Prefeito da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Santos.<br />

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA (RN) - Designado para coor<strong>de</strong>nar o Curso <strong>de</strong> Especialização em<br />

Comunicação Social da UFRN. / Participou, em abril, do ciclo <strong>de</strong> palestras sobre Cultura<br />

Popular, promovido pelo <strong>Centro</strong> <strong>de</strong> Ciências Humanas da mesma universida<strong>de</strong>.<br />

ALBINO RUBIM (PB) - Publicou, no n? 6 da revista COMUM, comentário sobre o livro "TelevJ_<br />

são e Consciência <strong>de</strong> Classe" <strong>de</strong> Sarah C. Da Viá.<br />

ROBERTO PERES DE QUEIROZ E SILVA (SP) - Assumiu função docente na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Comunica-<br />

çao <strong>de</strong> Santos, junto a discíplina <strong>de</strong> "Telerradiodifusão". / Está matriculado, como aluno<br />

especial, nos cursos <strong>de</strong> "Televisão Comunitária" e "Criação em Rádio" na pós-graduação da<br />

ECA-USP.<br />

ANTÔNIO CERVEIRA DE MOURA (SP) - Está lecionando "Sistemas <strong>de</strong> Comunicação no Brasil" na<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Mogi das Cruzes.<br />

ANAMARIA FADUL (SP) - Coor<strong>de</strong>nou um painel sobre "Meios <strong>de</strong> Comunicação <strong>de</strong> Massa e Educa-<br />

çao" durante a I Conferência Brasileira <strong>de</strong> Educação, realizada em abril, em São Paulo.


GAUDENCIO TQRQUATO (SP) - A convite da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Maranhio, esteve em São<br />

Luis, em abril, orientando um seminário sobre jornalismo brasileiro hoje.<br />

DULCILIA BUITONI (SP) - Já concluiu a elaboração da tese <strong>de</strong> douturado sobre a imprensa<br />

feminina. A <strong>de</strong>fesa ocorrerá em junho, na FFLCH-USP.<br />

ISMAR DE OLIVEIRA SOARES (SP) - Está atuando como secretário-executivo do IX Congresso_<br />

Brasileiro <strong>de</strong> Comunicação Social, promovido pela UCBC, e previsto para outubro, em São<br />

Bernardo do Campo - SP.<br />

SARA CHUCID DA VIA (SP) - Está trabalhando na tese <strong>de</strong> 1ivre-docência, que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rá jun-<br />

to ao Depto <strong>de</strong> Relações Públicas e Propaganda da ECA-USP.<br />

ROBERTO BENJAMIM e TEREZA LÚCIA HALLIDAY (PE) - Realizaram uma experiência didática com<br />

alunos da disciplina "Comunicação Rural", ministrada tanto na Universida<strong>de</strong>_Cat5lica qua£<br />

to na Universida<strong>de</strong> Rural <strong>de</strong> Pernambuco. A experiência consistiu na avaliaçio das feiras<br />

regionais <strong>de</strong> produtos agro-pecuários como canais <strong>de</strong> comunicação. Os resultados da pesquj_<br />

sa serão publicados brevemente.<br />

WILSON DA COSTA BUENO (SP) - Editou mais um número dos "Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Jornalismo e Editora<br />

ção" (n? 12), <strong>de</strong>dicado ã produção <strong>de</strong> discos no Brasil.<br />

Ensi no<br />

PARANÁ: NOVIDADES NO ENSINO DA COMUNICAÇÃO<br />

No vestibular que a Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná realizou em 1980 verificou-se que o<br />

curso <strong>de</strong> jornalismo teve a segunda classificação entre os cursos mais procurados. Inscre^<br />

veram-se A20 candidatos, o que significa 21 concorrentes para cada uma das 20 vagas ofe-<br />

recidas. Somente o curso <strong>de</strong> nutrição obteve maior procura (22 candidatos por vaga). 0 fa<br />

to po<strong>de</strong> ser explicado não apenas pela dinamização do mercado jornalístico naquele Estado<br />

(on<strong>de</strong> vem se ampliando consi<strong>de</strong>ravelmente uma editora <strong>de</strong> revistas masculinas e femminas),<br />

mas sobretudo pelo fato <strong>de</strong> que a Universida<strong>de</strong> Católica do Paraná, que também mantém um<br />

curso <strong>de</strong> comunicação (com habilitações em jornalismo, PP e RP), cancelou o vestibular pa<br />

ra as referidas habilitações neste ano. Tal <strong>de</strong>cisão da reitoria da Católica foi justifi-<br />

cada com a "saturação do mercado <strong>de</strong> trabalho" (clichê ao qual recorrem sistematicamente<br />

as mantenedoras <strong>de</strong> escolas particulares quando resolvem cancelar cursos). No entanto, sa<br />

be-se que a razão não foi exatamente esta: preten<strong>de</strong>u a Reitoria esvasiar o movimento <strong>de</strong><br />

contestação que surge entre os estudantes da escola. Evitando a entrada <strong>de</strong> novos alunos,<br />

a direção do curso <strong>de</strong> comunicação terá maiores facilida<strong>de</strong>s para isolar os "alunos contes^<br />

tadores" e controlar o crescente <strong>de</strong>scontentamento ali reinante.<br />

PUC-SP: EM CRISE 0 CURSO DE JORNALISMO<br />

Des<strong>de</strong> 1977, a PUC <strong>de</strong> São Paulo mantém um curso <strong>de</strong> jornalismo. Os dois primeiros anos fo-<br />

ram <strong>de</strong>dicados ao ciclo básico. A partir <strong>de</strong> 1979, instalando-se o ciclo profissionalizan-<br />

te, a direção da universida<strong>de</strong> convocou jornalistas e outros profissionais vinculados ã<br />

indústria da comunicação para colaborarem no projeto. Apesar da equipe daque]a universi-<br />

da<strong>de</strong> manter-se quase em isolamento em relação ãs <strong>de</strong>mais escolas <strong>de</strong> comunicação do Estado,<br />

tinha-se notícia <strong>de</strong> que a proposta do curso da PUC-SP era bastante inovadora. Agora, no<br />

início <strong>de</strong> 1980, explo<strong>de</strong> uma grave crise no curso, com a divulgação <strong>de</strong> boletins mimeogra-<br />

fados pelos alunos, dizendo que o projeto inicial foi distorcido, e pedindo o afastamen-<br />

to do coor<strong>de</strong>nador do curso e <strong>de</strong> vários professores. Na última semana <strong>de</strong> março, os fatos<br />

repercutiram na imprensa, com a divulgação das acusações dos alunos que contestam as "i-<br />

novações" ali introduzidas, pois os professores teriam adotado a orientação <strong>de</strong> dizer que<br />

"jornalismo não se apren<strong>de</strong> na escola, mas na rua", e, em razão disso, não compareciam ãs<br />

aulas, etc, etc. Contudo, alguns professores teriam reprovado boa parcela dos alunos, a<br />

dotando critérios inteiramente subjetivos. Como as informações veiculadas pela imprensa<br />

são escassas, não se po<strong>de</strong> formular um quadro integral da situação. Contudo, parece que a<br />

raiz da crise está na subordinação do curso ao grupo <strong>de</strong> docentes da^área <strong>de</strong> letrasi que<br />

enfatiza o estudo da linguagem, <strong>de</strong>ixando â margem o tratamento acadêmico das questões re<br />

ferentes ã prática profissional. É possível que essa tendênciatenha aguçado a valoriza-<br />

ção exclusiva dos trabalhos práticos, sem a <strong>de</strong>vida fundamentação teórica, o que conduziu<br />

ao impasse refletido no conflito docentes-discentes. Reproduz-se, assim, mais uma vez o<br />

equívoco <strong>de</strong> conferir ao ensino <strong>de</strong> jornalismo uma praticida<strong>de</strong> elementar que se torna va-<br />

-3


zia em si mesma, pois a funçio das escolas <strong>de</strong> jornalismo é não somente reforçar e re-<br />

criar a prática profissional, mas sobretudo pensã-la e redimensiona-Ia criticamente.<br />

FORMAÇÃO DOS PUBLICITÁRIOS g INSUFICIENTE<br />

Falta <strong>de</strong> escolas especializadas na formaçio <strong>de</strong> publicitários profissionais, este foi o<br />

principal problema levantado pelo uruguaio Carlos Ricargni que os países ibero-america-<br />

nos enfrentam no setor da publicida<strong>de</strong>. A afirmação foi feita durante a realização do Con<br />

gresso <strong>de</strong> Publicida<strong>de</strong> das Nações Ibero-Americanas durante o qual representantes <strong>de</strong> vá-<br />

rios países da América Latina <strong>de</strong>bateram a situação do setor. 0 Congresso, realizado no<br />

final do ano passado, recomendou em suas conclusões uma maior integração entre os profis<br />

sionais <strong>de</strong>publicida<strong>de</strong> da região como forma <strong>de</strong> superar o individualismo e as dificulda-""<br />

<strong>de</strong>s, especialmente as <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m material, que o setor encontra para o seu <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

A principal conclusão, no entanto, foi a <strong>de</strong> que a publicida<strong>de</strong>, na gran<strong>de</strong> maioria dos paí<br />

ses latino/americanos, ignora o contexto cultural sobre o qual atua. A tese, <strong>de</strong>fendida<br />

pela publicitária Julieta <strong>de</strong> Godoy, afirma que são raras as vezes em que a propaganda<br />

não funciona como mera ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> informação ou prestação <strong>de</strong> serviços. Na verda<strong>de</strong>, se-<br />

gundo Julieta, ela atua como forma <strong>de</strong> iludir, acomodar, conciliar <strong>de</strong> modo enganoso os in<br />

teresses governamentais com os interesses populares. Inverter essa situação só será pos T<br />

sível quando existir um plano verda<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> ação popular, educando, alfabetizando, divul<br />

gando verda<strong>de</strong>s que <strong>de</strong> fato possam beneficiar o homem. "A cultura é uma coisa viva, a pro<br />

paganda é uma ativida<strong>de</strong> artificia] que só passa a ter vida se colocada a serviço da rea~<br />

1 ida<strong>de</strong> do povo, <strong>de</strong>ntro das condições <strong>de</strong> seu meio".<br />

JORNAL-LABORATflRIO NA COMUNIDADE<br />

Já está circulando na comunida<strong>de</strong> popular da Cida<strong>de</strong> da Esperança, em Natal, o segundo nú-<br />

mero do JornalHaboratório Nossa Voz, elaborado pelos alunos do curso <strong>de</strong> Jornalismo da<br />

UFRN. 0 primeiro número saiu em outubro do ano passado e os estudantes, com a comunida<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>senvolveram intenso trabalho crítico sobre o seu resultado, no <strong>de</strong>correr dos últimos me<br />

ses do ano letivo <strong>de</strong> 1979. Diversas falhas foram apontadas pelos moradores da Cida<strong>de</strong> da"<br />

Esperança aos responsáveis pelo jornal, que esperam corrigí-las no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>ste ano. 0<br />

jornal preten<strong>de</strong> ter a periodicida<strong>de</strong> mensal e mantém a sua proposta inicial <strong>de</strong> ser um<br />

jornal <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa dos interesses da comunida<strong>de</strong> em que circula.<br />

EDUCADORES DEBATEM POLÍTICA EDUCACIONAL; I CBE<br />

De 31 <strong>de</strong> março a 3 <strong>de</strong> abril, cerca <strong>de</strong> mil educadores brasileiros,que atuam em diferentes<br />

níveis <strong>de</strong> ensino, estiveram reunidos em São Paulo para <strong>de</strong>bater a Política Educacional. 0<br />

encontro ocorreu durante a I Conferência Brasileira <strong>de</strong> Educação, realizada na PUC-SP, e<br />

promovida por quatro entida<strong>de</strong>s: ANDE (Associação Nacional <strong>de</strong> Educação), ANPED (Associa-<br />

ção Nacional <strong>de</strong> Pós-Graduação em Educação), CEDEC (<strong>Centro</strong> <strong>de</strong> Estudos <strong>de</strong> Cultura Contempo<br />

rânea) e CEDES (<strong>Centro</strong> <strong>de</strong> Estudos Educação e Socieda<strong>de</strong>). A promoção do evento constituiT<br />

segundo a explicação dos seus_organizadores, "a primeira <strong>de</strong> uma nova série, promessa <strong>de</strong><br />

um passo adiante na organização dos educadores, condição para a construção <strong>de</strong> uma educa-<br />

ção <strong>de</strong>mocrática em nosso país'.'. Contando com inúmeros simpósios e painéis, a conferência<br />

representou na prática uma tentativa <strong>de</strong> retirar os educadores da letargia em que se en-<br />

contram no seio do aparelho escolar, quando muito quebrada pela reivindicação <strong>de</strong> melho-<br />

ria salarial. Várias propostas foram discutidas no sentido <strong>de</strong> transformar a escola em<br />

instrumento da <strong>de</strong>mocratização política e em veículo capaz <strong>de</strong> neutralizar os efeitos alie<br />

nantes da prática social disseminada pelas diferentes instituições que funcionam como a-"<br />

parelhos i<strong>de</strong>ológicos do Estado. Os trabalhos apresentados ã I CBE serão publicados, sob<br />

a forma <strong>de</strong> anais, pelo CEDES - Av, Dr. Romeu Tórtima, (>2k - Cx. Postal 6022 - A.P. UNI-<br />

CAMP - Campinas, SP, CEP: 13.100.<br />

NO BRASIL, EDUCAÇÃO CONTINUA SENDO PRIVILEGIO<br />

Apesar da cortina <strong>de</strong> fumaça lançada nos últimos 16 anos pela propaganda governamental ,<br />

que criou uma imagem <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocratização das oportunida<strong>de</strong>s educacionais no país, a real ida<br />

<strong>de</strong> apresenta-se inalterada, permanecendo mais atual a <strong>de</strong>núncia <strong>de</strong> Anísio Teixeira <strong>de</strong> que<br />

a educação no Brasil ê privilégio das elites. 0 recente relatório apresentado ao Minis-<br />

tro da Educação pela Secretária do Ensino Fundamental do MEC, professora Zilma Parente ,<br />

recolocou em evidência a gravida<strong>de</strong> da questão. Eis os "dados alarmantes", conforme notí-<br />

cia da FSP (15/03/80): "Nada menos que 35% das crianças em ida<strong>de</strong> pré-escolar se encon-<br />

tram fora do sistema <strong>de</strong> ensino; cerca <strong>de</strong> quatro quintos dos jovens entre quinze e <strong>de</strong>ze-<br />

nove anos nio estão sendo atendidos pelo 2? grau; quase sete milhões <strong>de</strong> crianças em ida-<br />

-k


<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolarizaçio, entre sete e quatorze anos - 26% do total <strong>de</strong> 25 milhões <strong>de</strong> crianças<br />

nessa ida<strong>de</strong> - nio sio atendidas pelo ensino regular ou especial".<br />

DARCY RIBEIRO FALA SOBRE A POS-GRADUAÇÃO<br />

"A experiência brasileira <strong>de</strong> pós-graduaçao nos últimos anos e a coisa mais positiva da<br />

história da educação superior do Brasil e é também a que tem que ser levada mais a serio".<br />

Quem fez esta afirmaçio foi o prof. Darcy Ribeiro numa entrevista recentemente con<br />

cedida ã "Encontros com a Civilização Brasileira" (19, janeiro <strong>de</strong> 1980). Em sua opinião,<br />

a pós-graduação significou para o ensino superior o abandono da tradição espontaneista_e<br />

ocasional na formação <strong>de</strong> professores universitários e o início <strong>de</strong> um sjstema <strong>de</strong> formação<br />

sistemática, <strong>de</strong> provas <strong>de</strong> Mestrado e Doutorado, comprometidas com a ciência ecom a pesquisa.<br />

Isto não significa, no entanto, que a expansão <strong>de</strong>sse nfvel <strong>de</strong> ensino não tenha so<br />

frido da característica <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada que marcou a situação educacional do Brasil nos últj_<br />

mos anos. Para Darcy Ribeiro este fato, contudo, foi provocado pelo <strong>de</strong>svio que oprojeto<br />

original da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília sofreu após 1964. Daí porque os cursos <strong>de</strong>pós-gradu^<br />

ação estariam hoje ameaçados em nosso país : eles correm o risco da <strong>de</strong>terioração provoca<br />

da pelas instituições que não tem condições <strong>de</strong> ministrar tais cursos. 0 que não significa<br />

um mal original da pós-graduação e sim da forma como ele vai se implantando no BrasM.<br />

Diz Darcy Ribeiro: "Converteram o Mestrado num curseba, num <strong>de</strong>coreba terrível porque dão<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> matéria, os alunos têm que estudar matéria, passar <strong>de</strong> ano, ser aprovado ,<br />

preencher fórmulas. Mestrado tinha que ser tratado com mais autonomia e autorida<strong>de</strong>, com<br />

menos interferência do Conselho Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Educação, que dá palpite em tudo e só atrapalha.<br />

Tratado com mais autonomia e mais vigilância, para que as Universida<strong>de</strong>s realmente<br />

capazes <strong>de</strong> dar Mestrado e Doutorado dêem, para que tenham autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organizar seus<br />

cursos como peneira, para ver quem fica, quem vai fazer ou não a carreira (do magistério<br />

superior)". Apesar disso, entretanto, Darcy Ribeiro reconhece que houve uma melhora _ na<br />

qualida<strong>de</strong> da produção científica brasileira nos últimos anos, graças ã expansão do pósgraduação.<br />

HEMEROTECA DINÂMICA NA UFMG<br />

Uma das exigências do tão adiado currículo mínimo <strong>de</strong> comunicação social é a implantação<br />

<strong>de</strong> Hemerotecas como órgão complementar do curso <strong>de</strong> jornalismo. 0 Departamento <strong>de</strong> Comuni-<br />

cação Social da UFMG, em Belo Horizonte, realizou algo mais que a mera instalação <strong>de</strong> um<br />

espaço para reunir jornais e revistas já publicados. A Hemeroteca publica um <strong>boletim</strong> pe-<br />

riódico, que apresenta sinopses do noticiário divulgado pelas fontes que incorpora ao<br />

seu acervo, além <strong>de</strong> dar conhecimento aos seus usuários sobre as novas fontes adquiridas.<br />

Trata-se <strong>de</strong> experiência a ser reproduzida nas <strong>de</strong>mais escolas <strong>de</strong> comunicação.<br />

PLAGIO EM LIVROS DIDÁTICOS<br />

Pessoas incapacitadas estão escrevendo os livros didáticos brasileiros, apelando para<br />

plágios e cópias <strong>de</strong> autores cre<strong>de</strong>nciados. Esta é a <strong>de</strong>núncia que o professor e autor <strong>de</strong><br />

diversos livros <strong>de</strong> Matemática, Osvaldo Sangiorgi faz ã "Folha <strong>de</strong> São Paulo" (6/'4/80<br />

pag. 21), quando reclama da gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1 ivrosjançados no mercado, on<strong>de</strong>, segun<br />

do o <strong>de</strong>nunciante, não existe a menor qualida<strong>de</strong> e condições <strong>de</strong> se fazer uso nas escolas<br />

brasileiras. Osvaldo Sangiorgi diz ainda que muitos <strong>de</strong> seus livros são plagiados e que<br />

não existem meios <strong>de</strong> conter os plagiadores, já que estes, muitas vezes, fazem modifica-<br />

ções quanto às palavras, exemplos, etc, mas, aproveitam o espírito do trabalho. Sangior-<br />

gi também critica o MEC que não tem especialistas para analisar os livros didáticos e se<br />

lecionar os que realmente tenham condições <strong>de</strong> ensino para a juventu<strong>de</strong> brasileira. As cr_i_<br />

ticas <strong>de</strong> Osvaldo Sangiorgi e as suas acusações, são reforçadas pelas professoras Manhu-<br />

cia Liberman e Lucília Sanchez, que, inclusive, dão os nomes <strong>de</strong> autores quereriam pla-<br />

giado seus trabalhos didáticos. As acusações quanto ao^plágio <strong>de</strong> livros didáticos_ nao<br />

são novas, repetindo-se sempre, sem que nenhuma providência seja tomada pelos órgãos com<br />

petentes. Além dos plágios, freqüentes segundo as <strong>de</strong>núncias, seria bom se rever mais uma<br />

vez o problema i<strong>de</strong>ológico dos mesmos, tema bem analisado por Maria <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s Nosella em<br />

seu trabalho "As Belas Mentiras" editado pela Cortez e Morais.<br />

Teoria<br />

MOÇAMBIQUE: 0 "DIALOGO TÁCITO" DE SAMORA MACHEL<br />

0 sociólogo paulista J. Chasin retornou ao país, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um período <strong>de</strong> três anos <strong>de</strong> co<br />

laboração técnica com o governo <strong>de</strong> Moçambique. Chasin não apenas prestou sua contribui-<br />

-5


çio ã reconstrução nacional^da jovem nação africana, mas também realizou um interessante<br />

trabalho <strong>de</strong> observação e análise da transformação social, política e econômica que ocor-<br />

re naquele país. 0 seu primeiro relato sobre a experiência moçambicana está publicado na<br />

revista TEMAS DE CIÊNCIAS HUMANAS, n° 7, publicada pela Editora CH (Rua 7 <strong>de</strong> abril, 26^4,<br />

salaS, CEP^ OlCm, Sao Paulo - SP) . 0 artigo chama-se "Sobre Moçambique" e entre tan-<br />

tas impressões, Chasin anota a questão da comunicação popular através dos comícios. Ele<br />

<strong>de</strong>screve particularmente o comício realizado a 3 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1979, quando foi anun-<br />

ciado ao povo a <strong>de</strong>cisão do III Congresso da FRELIMO - Frente <strong>de</strong> Libertação <strong>de</strong> Moçambique-<br />

<strong>de</strong> transformar o movimento em Partido Político <strong>de</strong> Vanguarda. Sendo o comício uma forma<br />

<strong>de</strong> comunicação política que geralmente implica numa relação vertical entre emissor e <strong>de</strong>s<br />

tinatários, comportando evi<strong>de</strong>ntemente a comunicação <strong>de</strong> retorno, mas reduzindo-se quase _<br />

sempre a uma mobilização popular para ouvir li<strong>de</strong>ranças, Chasin mostra como Samora Machel<br />

consegue superar a "mobilização passiva" (Enzensberger) do povo, instituindo um "diálogo<br />

tácito", que representa uma forma efetiva <strong>de</strong> participação popular. Vamos transcrever o<br />

relato <strong>de</strong> Chasin: "Não basta ler os discursos <strong>de</strong> Samora Machel. Para apreendê-los em to-<br />

da sua dimensão é preciso vê-los e ouví-los ao vivo. Por mais fi<strong>de</strong>digna que for a trans-<br />

crição, por mais completo que for o registro, faltarão o tom e as modulações, o gesto e<br />

a movimentação <strong>de</strong> todo o corpo, os improvisos que nunca <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> intercalar ao que por<br />

escrito traz algumas folhas <strong>de</strong> papel. 0 discurso samoriano é uma clara manifestação <strong>de</strong><br />

boa e vigorosa oratória popular. Talhe elevado que nada conce<strong>de</strong> ao popularesco, ou às ri<br />

dicularias <strong>de</strong> técnicas artificiosas. E uma peça criada, em sua forma final, no próprio ã^<br />

to <strong>de</strong> sua anunciação. Face aos que o ouvem, Samora Machel, discursando, tem a virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

dar origem a um verda<strong>de</strong>iro diálogo táci to. Diálogo efetivo e palpável do qual os presen-<br />

tes participam <strong>de</strong> várias maneiras: com risos e sorrisos <strong>de</strong> aprovação, com o rebrilhar <strong>de</strong><br />

olhos atentos em verda<strong>de</strong>iro êxtase <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação, com murmúrios <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsa satisfação ,<br />

no mínimo com o característico balançar <strong>de</strong> cabeças, e também e numerosamente com respos-<br />

tas, dadas aos brados, às solicitações diretas do orador. Participam cantando e dando vi<br />

vas í e abaixos 1. Participam sobretudo como fundamento e alvo, como sujeito e objeto<br />

histórico da criação do Partido FRELIMO, cujo objetivo prioritário, vale repetir, é li-<br />

quidar a fome. (...) Quando Samora Machel mexe com os brios da massa, frisando que todo<br />

mundo quer seu pão com manteiga - 'é claro 1 - que todo mundo gosta disso - 'ah! sim' - .<br />

mas que estas coisas não caem do céu, e que só o suor <strong>de</strong> muitos os bota sobre as mesas ;<br />

quando Samora conduz sua argumentação <strong>de</strong>sse modo não está a fazer concessões <strong>de</strong> lingua-<br />

gem, não está con<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ndo ãs balelas da 'comunicação', mas está, isto sim, - educan-<br />

do o educador - coisas <strong>de</strong> que fala Marx, em suas Teses sobre Fuerbach, pois, como Lukacs<br />

indicou certa vez, a essência da linguagem não é informar, mas meio <strong>de</strong> entendimento en-<br />

tre os homens, proposta <strong>de</strong> ação conjunta".<br />

REVOLUÇÃO DE 64: DO PARAÍSO PERDIDO A TORRE DE BABEL<br />

Alberto Dines, que já foi qualificado por Tristão <strong>de</strong> Athay<strong>de</strong> como o "príncipe dos jorna-<br />

listas brasileiros" publicou excelente análise sobre a trajetória política e econômica<br />

do movimento militar <strong>de</strong> 1964 na edição <strong>de</strong> 30/3/1980 da "Folha <strong>de</strong> São Paulo". Sua tese é<br />

<strong>de</strong> que, passados <strong>de</strong>zesseis anos, "a chamada Revolução <strong>de</strong> 1964 ainda não resolveu as difi<br />

cuidadas <strong>de</strong> seus primeiros instantes" e hoje encontra-se nos seus estertores <strong>de</strong>batendo- -<br />

se com "um terrível e enorme obstáculo: credibilida<strong>de</strong>". E interessante que Alberto Dines<br />

<strong>de</strong>staca - no artigo intitulado 1964 é o mito do paraíso perdido - como o governo militar<br />

fez uso da comunicação nesses <strong>de</strong>zesseis anos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sencontros, originalmente para <strong>de</strong>senca<br />

<strong>de</strong>ar o "mito do <strong>de</strong>senvolvimento", mas agora para "manter o sonho do progresso" num com- -<br />

portamento semelhante àquele do episódio bíblico da Torre <strong>de</strong> Babel. Convém registrar os<br />

tópicos finais do artigo <strong>de</strong> Dines que colocam em <strong>de</strong>staque a questão da comunicação. "Ro-<br />

berto Campos, quando ministro do Planejamento, leu Wilbur Schramm com suas idéias sobre<br />

comunicação x <strong>de</strong> massa servindo ao <strong>de</strong>senvolvimento econômico (rádio educacional, TV didá<br />

tica, cartilhas em jornais, canais <strong>de</strong> telecomunicações, sistemas postais, fábricas <strong>de</strong> pã<br />

pel e maquinário impressor, etc). No entanto, alguém enten<strong>de</strong>u que o progresso <strong>de</strong>veria<br />

ser alcançado através das técnicas <strong>de</strong> motivação publicitária. 0 <strong>de</strong>sencontro não é apenas<br />

técnico, mas <strong>de</strong> doutrina. De Schramm ficou o título - tudo o que pu<strong>de</strong>sse servir para man<br />

ter o sonho <strong>de</strong> progresso <strong>de</strong>veria ser usado, mesmo que o prejudicasse. Um país sem recur-<br />

sos gasta somas fabulosas para proclamar que não está na penúria. 0 que se <strong>de</strong>sperdiçou<br />

neste primeiro aniversário do governo Figueiredo (do Ministério dos Transportes aos inú-<br />

meros governos estaduais) daria para resolver alguns dos problemas nacionais. Mas o so-<br />

nho precisa ser aquecido permanentemente, ainda que com isso se torne mais esgarçado. To<br />

dos os <strong>de</strong>lírios são autofãgicos - a energia consumida para mantê-los acesos solapa suas<br />

vítimas. 0 senso <strong>de</strong> moralida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> <strong>de</strong>cência sucumbiram há muito nesta voragem para man<br />

ter a miragem paradisíaca. Os escândalos já não sensibilizam, porque, para justificá-loT,


sio acionadas as 'razões <strong>de</strong> Estado', impon<strong>de</strong>ráveis e absolutas. A revolução não revolu^<br />

cionou, nio escapou do ferrete das várias anestesias legais. No entanto, no fértil'ssimo<br />

arsenal onírico, continuam sendo preparadas outras poções soníferas - o voto distrital,a<br />

reforma constitucional e até o judiado parlamentarismo - para manterem a ilusão do Shan-<br />

grilã distensório e da missão cumprida. 0 Velho Testamento, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tratar da queda do<br />

homem, registra o episódio da Torre <strong>de</strong> Babel. Convinha examinar o engenhoso edifício e<br />

sua espetacular falência - para enten<strong>de</strong>r o que nos aguarda".<br />

Pesqui sa<br />

A TELENOVELA E A MULHER<br />

Ana Maria Brasileiro e Maria Thereza Lobo estão terminando um trabalho sobre "Assimetria<br />

Sexual e Telenovela". A hipótese básica é que a telenovela funciona como instrumento <strong>de</strong><br />

perpetuação <strong>de</strong> papéis tradicionais da mulher, em termos <strong>de</strong> trabalho, família, sexo, auto<br />

rida<strong>de</strong>, participação política, religião e educação nas escolas. É possível, entretanto ,<br />

que tais papéis apareçam na telenovela com um certo grau <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização, mais sofistica<br />

do, mas sempre limitados pelo sistema i<strong>de</strong>ológico reinante. Nesse sentido, o que po<strong>de</strong>ria<br />

parecer inovador, sempre cai no velho e em nada contribui para a transformação da socie-<br />

da<strong>de</strong>. É preciso também assinalar as limitações impostas pela censura que, estupidamente,<br />

impõe moralismos superficiais (proibição <strong>de</strong> blusas transparentes, etc) mas permite que<br />

conteúdos alienantes, <strong>de</strong> qualquer forma sempre graves, passem a fazer parte do cotidiano<br />

da telenovela. Outra limitação que existe é a estimulação do consumo, como foi o caso <strong>de</strong><br />

"Dancing Days", aproveitando a onda das discotecas. Na telenovela, tudo é muito adocica-<br />

do, maquado. Será assim na vida cotidiana?<br />

CAPARELLI; TESE DEFENDIDA NA SORBONNE<br />

Sérgio Caparei li é um jovem professor e pesquisador radicado em Porto Alegre, que vem se<br />

<strong>de</strong>stacando como um'estudioso sério dos problemas <strong>de</strong> comunicação. Docente da PUC-RS e par_<br />

ticipante do Coojornal, tem publicado alguns ensaios nas revistas especializadas, <strong>de</strong>mons<br />

trando uma visão critica da comunicação na socieda<strong>de</strong> capitalista. CapareHi fez estudos<br />

pós-graduados no Instituto Francês <strong>de</strong> Imprensa, tendo também tido experiências <strong>de</strong> pesquj_<br />

sa na Alemanha, Itália e outros países europeus. Recentemente, ele voltou ã França para<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r sua tese <strong>de</strong> doutoramento, sob a orientação <strong>de</strong> Jean Cazeneuve. A tese analisa a<br />

trajetória política da televisão brasileira, i<strong>de</strong>ntificada como aparelho i<strong>de</strong>ológico <strong>de</strong>n-<br />

tro da ótica da segurança nacional. A <strong>de</strong>fesa ocorreu no dia 26 <strong>de</strong> março, tendo sido apro<br />

vada pelos membros do comitê. De volta a Porto Alegre, Sérgio Caparei li retoma suas ati-<br />

vida<strong>de</strong>s docentes e <strong>de</strong> pesquisa e lança seu primeiro livro sobre comunicação (ele tem vá-<br />

rios outros livros, na área da ficção). Trata-se <strong>de</strong> Comunicação <strong>de</strong> Massa sem Massa, pu-<br />

blicado pela Cortez Editora, em São Paulo.<br />

Arte<br />

FOTOGRAFIA, ARTE POPULAR ?<br />

Seria a fotografia uma arte popular? Po<strong>de</strong>riam as chamadas classes populares, aquelas que<br />

vivem com uma renda impossível, se <strong>de</strong>dicarem a esse hobbie? Muito embora fique difícil<br />

<strong>de</strong> provar, é o que preten<strong>de</strong> Mauro Rubens <strong>de</strong> Barros, em artigo publicado na "Folha<strong>de</strong> São<br />

Paulo" (6Á/80, pag. 38), utilizando-se <strong>de</strong> dados estatísticos quanto ã venda <strong>de</strong> câmaras<br />

e <strong>de</strong> filmes no Brasil. Ele mostra que as câmaras amadoras e<strong>de</strong> preço mais baixo, tipo<br />

Instamatic, Tira-Telma e Xereta, são as mais procuradas, até mesmo a partir <strong>de</strong> uma polí-<br />

tica <strong>de</strong> marketing adotada por empresas, que estão atingindo um público fora do eixo Rio-<br />

São Paulo, através <strong>de</strong> mala direta e anúncios em revistas populares (fotonovelas e faroes^<br />

te) aproveitando-se <strong>de</strong> imagens como a do comediante Renato Aragão. Apesar <strong>de</strong> reconhecer<br />

o avanço <strong>de</strong>sse mercado, o autor advoga uma política <strong>de</strong> promoções e marketing diferencia-<br />

da, <strong>de</strong> modo a aumentar a participação <strong>de</strong> camadas mais populares na fotografia, até aomen_<br />

tando o consuno <strong>de</strong> filmes no Brasil, que ainda é muito baixo em relação a -outros países,<br />

com apenas 15 milhões <strong>de</strong> filmes revelados por ano, <strong>de</strong>ixando uma média <strong>de</strong> três filmes por<br />

máquina fotográfica existente. Como justificativa para taxar a fotografia <strong>de</strong> arte popu-<br />

lar, Mauro Rubens <strong>de</strong> Barros, que é especialista na área <strong>de</strong> mercadologia, alega a <strong>de</strong>sne-<br />

cessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cursos especializados e muito menos <strong>de</strong> nível universitário, para se ticar<br />

fotografias, principalmente utilizando-se estas câmaras mais "populares", como foco fixo<br />

e poucas preocupações técnicas. Questiona-se apenas se as chamadas camadas populares tem<br />

condições para utilizarem-se <strong>de</strong> câmaras e filmes, todos importados, tirando estas <strong>de</strong>spe-<br />

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sas <strong>de</strong> seus minguados salários. Será que na realida<strong>de</strong> brasileira a fotografia po<strong>de</strong>ria<br />

ser consi<strong>de</strong>rada uma arte popular? Ou será que mais uma vez o termo "popular" está sendo<br />

usado <strong>de</strong> forma incorreta?<br />

Veículos<br />

TV POR CABO NO BRASIL<br />

Em 19^8 teve origem nos Estados Unidos a cabodifusio como meio <strong>de</strong> melhorar a recepção <strong>de</strong><br />

imagem em áreas distantes. 0 sistema recebe os sinais das emissoras convencionais pelo<br />

ar, retransmitindo-os por cabo para as residências. 0 sistema local, por sua vez, também<br />

tem capacida<strong>de</strong> para inserir programações e serviços próprios, significando uma mini-esta<br />

ção alternativa ou complementar. A transmissão da TVCa (TV por cabo) se processa <strong>de</strong> três<br />

diferentes modos: cativa, <strong>de</strong> assinatura e interativa. Na "cativa" o usuário paga uma ta-<br />

xa fixa para receber normalmente 12 canais, número que po<strong>de</strong>rá ser ampliado para 60. Na<br />

<strong>de</strong> "assinatura", mediante o pagamento <strong>de</strong> uma taxa específica por programa, o usuário so-<br />

licita aqueles que <strong>de</strong>seja assistir. Na "interativa", a comunicação é feita nos dois sen-<br />

tidos, po<strong>de</strong>ndo o assinante comunicar-se com a emissora pelo mesmo cabo. 0 custo <strong>de</strong> im-<br />

plantação <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> TVCa, segundo a revista Propaganda <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1979, é ele<br />

vado. A instalação para dois mil assinantes é calculada em 120 milhões <strong>de</strong> cruzeiros ou 60'<br />

mil cruzeiros por assinante. Este pagará, além da assinatura inicial, uma taxa mensal em<br />

torno <strong>de</strong> 600 cruzei ros( tomando por base os sistemas americanos). Depois <strong>de</strong> muitas rriar-<br />

chas e contramarchas, um novo pedido <strong>de</strong> aprovação foi feito recentemente ao ministro das<br />

Comunicações, Haroldo <strong>de</strong> Mattos. Este recomendou ao presi<strong>de</strong>nte Figueiredo que o projeto<br />

seja incluído na mensagem <strong>de</strong> revisão da Lei <strong>de</strong> Radiodifusão a ser encaminhada ao Congres<br />

so neste ano, já que o índice <strong>de</strong> nacionalização da matéria prima usada na cabodifusão ja^<br />

ultrapassou_os noventa por cento. Várias entida<strong>de</strong>s universitárias pe<strong>de</strong>m a participação<br />

na elaboração do projeto governamental. Deputados pe<strong>de</strong>m que a matéria não seja regulamen<br />

tada por <strong>de</strong>creto e sim por <strong>de</strong>legação ao Po<strong>de</strong>r Legislativo para a apreciação e <strong>de</strong>bate <strong>de</strong> -<br />

seu conteúdo. De acordo com recente <strong>boletim</strong> da Lintas Brasil, o último projeto <strong>de</strong> <strong>de</strong>cre-<br />

to apresentado contém <strong>de</strong>finições como as seguintes: - existência <strong>de</strong> canais comerciais, e<br />

ducativos (sem publicida<strong>de</strong>), canais para programação <strong>de</strong> entretenimento sem publicida<strong>de</strong> ¥<br />

canais <strong>de</strong>stinados a transmitir, exclusivamente, publicida<strong>de</strong> comercial; - diversas entida<br />

<strong>de</strong>s, a critério do Ministério das Comunicações, po<strong>de</strong>rão explorar o serviço da cabodifu- -<br />

são numa mesma localida<strong>de</strong>; - permissão será <strong>de</strong> 15 anos; - as concessionárias <strong>de</strong>verão<br />

transmitir gratuitamente, além dos seus serviços, as programações dos canais <strong>de</strong> TV <strong>de</strong><br />

circuito aberto e <strong>de</strong>verão <strong>de</strong>stinar um canal para a transmissão <strong>de</strong> programas educativos a<br />

cargo do governo. Várias entida<strong>de</strong>s exigem maior participação na <strong>de</strong>finição do sistema <strong>de</strong><br />

TV por cabo. A UCBC, entre outras consi<strong>de</strong>rações, reivindica "o uso gratuito <strong>de</strong> dois ca-<br />

nais reservados a grupos representativos da comunida<strong>de</strong> local", quando da licença para a<br />

instalação <strong>de</strong> sistema <strong>de</strong> até 20 canais em qualquer localida<strong>de</strong>. No caso <strong>de</strong> sistemas com<br />

mais <strong>de</strong> 20 canais, a UCBC sugere três ou mais canais <strong>de</strong>stinados ao acesso público. Tais<br />

canais ficariam franqueados principalmente aos grupos que não têm condições <strong>de</strong> competir<br />

com os grupos econômicos, mas que possuem conteúdos culturais interessantes. A TVCa <strong>de</strong>-<br />

senvolve um caminho próprio <strong>de</strong> opções, posicionando-se diretamente para segmentos especí<br />

ficos da população (colônias, grupos profissionais, etc), po<strong>de</strong>ndo fornecer, também, se<br />

acoplada a um sistema <strong>de</strong> computação, uma série enorme <strong>de</strong> serviços públicos como: situa-<br />

ção <strong>de</strong> trânsito, previsão <strong>de</strong> tempo, reservas <strong>de</strong> passagens ou <strong>de</strong> ingressos e informações<br />

gerais. Outra função será junto ao ensino audiovisual como, por exemplo, "laboratório"<strong>de</strong><br />

universida<strong>de</strong>s ligadas ã comunicação, psicologia, medicina, arquitetura, etc. São incalcu<br />

laveis todas as possibilida<strong>de</strong>s técnicas <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> integrada <strong>de</strong> telecomu-"<br />

nicações. Nos Estados Unidos o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sse setor vem experimentando um rápido<br />

crescimento nos últimos três anos <strong>de</strong>vido a dois fatores: o governo vem facilitando sua<br />

expansão nos maiores mercados (até recentemente o sistema era vedado nas gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s;<br />

o segundo <strong>de</strong>vido aos <strong>de</strong>senvolvimentos tecnológicos, sobretudo transmissões por satélite<br />

-as chamadas superestações) estão propiciando programação <strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> agrado<br />

público a centrais locais <strong>de</strong> cabo. Em 77, apenas 80 sistemas <strong>de</strong> cabo estavam aptos para<br />

receber a programação <strong>de</strong> satélite. Em um ano passou para ^00. Hoje são 1.200 e as estima<br />

tivas para 80 prevêem 2.400 sistemas <strong>de</strong> TVCa recebendo programação <strong>de</strong> satélite. (José Ma~<br />

noel Morân)<br />

A TV RECORD-SP: UM PROJETOR CONTRA A MAQUINA DA GLOBO<br />

Surpreen<strong>de</strong>ntemente a TV Record está conseguindo, no Estado <strong>de</strong> São Paulo, um tranqüilo se<br />

gundo lugar, em audiência, atrás da TV Globo. "Nosso segundo lugar é tranqüilo do meio- -<br />

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dia até o final da programaçio" - diz Hélio Ansaldo, diretor <strong>de</strong> programação. "Tirando-se,<br />

é_claro, a Globo, a soma dos índices <strong>de</strong> audiência <strong>de</strong> todas as outras emissoras paulistas<br />

nio consegue chegar i meta<strong>de</strong> do nosso". E com que armas luta a TV Record para manter es-<br />

se segundo lugar e ainda vencer a Globo em vários horários?: - todos os dias, às 18 ho-<br />

ras, exibe os <strong>de</strong>senhos animados do marinheiro Popeye, média <strong>de</strong> audiência: 30^; - todos<br />

os dias, ãs 20 horas, exibe velhos mas ainda simpáticos seriados <strong>de</strong> aventuras como Guns-<br />

moke, média <strong>de</strong> audiência: 18%; -todos os dias, ãs 21 horas, exibe filmes <strong>de</strong> longa-metra<br />

gem, faroestes, policiais, terror e mistério, no final do ano passado, a história do Ho-<br />

mem Cobra chegou a mais <strong>de</strong> 70% <strong>de</strong> audiência, a média do horário está, hoje, em torno dos<br />

30%; - todos os dias, ãs 23 horas, exibe seriados abandonados pela Ban<strong>de</strong>irantes e pela<br />

Tupi. Como Cannon, Barnaby Jones, Mod Squad e Columbo, média <strong>de</strong> audiência: 18%. A única<br />

exceção é o programa "0 homem do sapato branco" e seu mundo-cão da miséria e da marginã-<br />

lia <strong>de</strong> São Paulo. Cerca <strong>de</strong> 800 mil pessoas vêem o Homem, e ex-<strong>de</strong>putado estadual Jacinto<br />

Figueira Júnior, apresentar casos escabrosos <strong>de</strong> gente que come ratos, meninas afetadas<br />

pela Talidomida, mulheres que trocam seus maridos pelo sogro e assim por diante. Isso dá<br />

perto <strong>de</strong> 23% dos aparelhos ligados no horário. 0 gran<strong>de</strong> trunfo da Record, <strong>de</strong> qualquer<br />

forma, ê o seriado Chips, cujo enredo fala <strong>de</strong> dois policiais motoqueiros e seu dia-a-dia<br />

nas vias expressas e nas autoestradas <strong>de</strong> Los Angeles. Cerca <strong>de</strong> 2 milhões <strong>de</strong> paulistas<br />

vêem Chips, exatamente em cima da primeira hora do Fantástico. A opção pela Record mos-<br />

tra um público ávido por uma televisão <strong>de</strong> completa evasão, que trabalha ao nível da fan-<br />

tasia (<strong>de</strong>senhos animados, seriados e filmes <strong>de</strong> faroeste). £ uma emissora sem um telejor-<br />

nal ã noite. A Record revela mais claramente a real função da TV: evadir para alienar. U<br />

ma alienação mais assumida do que a pseudo-realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> outras emissoras que se vanglo-<br />

riam <strong>de</strong> "retratar" o dia a dia nas suas novelas e nos seus informativos.<br />

JORNAL DO PP<br />

0 secretário-geral do Partido Popular, <strong>de</strong>putado Thales Ramalho, anunciou em Brasília o<br />

projeto <strong>de</strong> edição <strong>de</strong> um jornal nacional <strong>de</strong>stinado a veicular as idéias e propostas polí-<br />

ticas daquela nova agremiação. 0 jornal será diário, sendo editado em Brasília e reim-<br />

presso em seis outras capitais. Preten<strong>de</strong> o Partido convocar profissionais qualificados<br />

para o trabalho redacional, <strong>de</strong> reportagem e gráfico. Trata-se <strong>de</strong> uma inovação no quadro<br />

político brasileiro, pois nem sempre os partidos políticos confessam suas vinculaçoes<br />

com <strong>de</strong>terminados jornais ou revistas, mantendo quase sempre relações camufladas.<br />

SEXO PARA AS MASSAS<br />

"Peteca é a Playboy dos pobres", "nosso público é o povo brasileiro"; "problemas mesmo<br />

não surgiram com a censura, mas com as li<strong>de</strong>ranças <strong>de</strong> algumas cida<strong>de</strong>zinhas do interior" :<br />

essas frases, curtas e cruas, <strong>de</strong>finem os limites e as dificulda<strong>de</strong>s da Grafipar, a única<br />

editora até agora bem sucedida na luta contra o verda<strong>de</strong>iro monopólio exercido pelas edi-<br />

toras Abril, Bloch, Vecchi, Rio Gráfica e Três, no mercado das revistas eróticas. E fo-<br />

ram ditas por Faruk El-Khatib, o diretor da empresa, que orgulhosamente afirma ter popu-<br />

larizado o erotismo gráfico no país. Para Faruk, a população brasileira não é sofistica-<br />

da, não tem po<strong>de</strong>r aquisitivo, nem hábito <strong>de</strong> leitura aguçado. "Então por que não fazer u_<br />

ma revista <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, mas que realmente atinja esse público? Evi<strong>de</strong>ntemente não po<strong>de</strong>-<br />

ria faltar o champignon, isto é, a mulher, que hoje em dia ven<strong>de</strong> mais que qualquer coi-<br />

sa". A Grafipar começou há mais <strong>de</strong> 20 anos como distribuidora <strong>de</strong> livros e passou a edi-<br />

tar aos poucos: primeiro foi "Passarola", revista <strong>de</strong> passatempo, que até hoje é entregue<br />

aos passageiros da Varig; <strong>de</strong>pois "Colorindo", uma publicação infantil, também <strong>de</strong> passa-<br />

tempo, que garantiu ã empresa a penetração na re<strong>de</strong> distribuidora. 0 passo seguinte foi<br />

"Peteca", "para se ler na cama" como diz seu slogan, e dividida entre fotos provocantes,<br />

palavras cruzadas eróticas, correspondência. Para Faruk , trata-se <strong>de</strong> um "serviço <strong>de</strong> edu^<br />

cação sexual" prestado em 65 mi 1 exemplares, renovados quínzenalmente, além <strong>de</strong> abrir es-<br />

paço para o homossexualismo (a secção tem o nome <strong>de</strong> "Cabo a Rabo"). Faruk é realista, no<br />

entanto: "Eu não posso competir com uma Abril ou Editora Três"; "Eles tem linhas sofistj_<br />

cadas porque apoíam-se na publicida<strong>de</strong>, que têm na mão. Se não consigo ven<strong>de</strong>r espaço co-<br />

mercial tenho que me apoiar no leitor, nas vendas em bancas. Por isso faço um produto<br />

que conversa muito com o leitor, dá conselhos, estabelece intimida<strong>de</strong> com ele. Peteca é<br />

aberta, sem nenhuma frescura em volta <strong>de</strong>la, abrindo o jogo sem mi longas". Depois <strong>de</strong> "Pe-<br />

teca" veio "Personal - malícia nua e crua", muito mais arrojada. Em seguida surgiu "Con-<br />

fissões Intimas", "Contos Eróticos", "Peteca Som"; e ainda "Próton", "Neuros" e "Perí-<br />

cia", todas na base do erotismo, ficção ou não, mas com um forte apelo sensual que gara£<br />

te a penetração entre o público leitor <strong>de</strong> menor po<strong>de</strong>r aquisitivo. Recentemente, a edito-<br />

ra foi mais ã frente: "Afinal queremos crescer no mercado, e não po<strong>de</strong>mos nos restringir<br />

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a um único segmento", daT o lançamento <strong>de</strong> "Atenção" - revista mensal <strong>de</strong> informação geral<br />

sem nenhuma matéria erótica, que chegou a dar uma aura <strong>de</strong> serieda<strong>de</strong> a Faruk. "Estamos es<br />

parando que as agências <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>scubram nossos veículos", diz o editor.<br />

"VOZ DA UNIDADE" PRETENDE SER JORNAL DE VANGUARDA<br />

Lançado em São Paulo, no dia 30 <strong>de</strong> março (comemorando os 58 anos <strong>de</strong> fundação do Partido<br />

Comunista em nosso paTs), o semanário VOZ DA UNIDADE <strong>de</strong>verá dirigir-se a um público <strong>de</strong><br />

vanguarda. Nas palavras do seu redator-chefe, GiIdo Brandão, em entrevista ã revista Isto<br />

í (2/V80), o público do jornal será constituído <strong>de</strong> "formadores <strong>de</strong> opinião pública, mi 1 i<br />

tantas, ativistas sindicais". Apesar <strong>de</strong> auto-proclamar-se "um jornal dos comunistas". "Ã<br />

Voz não será um jornal fechado, publicando "artigos <strong>de</strong> várias origens". Com uma tiragem -<br />

<strong>de</strong> 50 mil exemplares, distrlburdos em todo o território nacional, o novo vefculo da im-<br />

prensa nanica foi lançado numa festa popular, realizada num circo da zona norte da ca-<br />

pital paulista, contando com a presença <strong>de</strong> Gregório Bezerra e outros militantes da es-<br />

querda recém chegados do exPlio. Afirmando que o jornal não conta com "o célebre ouro <strong>de</strong><br />

Moscou", o editor-chefe diz que a publicação se manterá com a venda em bancas, anúncios,<br />

a2ém <strong>de</strong> recorrer a um corpo <strong>de</strong> acionistas que comprarão bônus especiais. A primeira edi-<br />

ção da VOZ DA UNIDADE contêm matérias polTticas, artigos sobre cultura e reportagens a<br />

respeito <strong>de</strong> diferentes categorias do mundo do trabalho.<br />

BRASIL: 4? MERCADO MUNDIAL DE CINEMA<br />

Com a inauguração da televisão a cores no Brasil, o cinema per<strong>de</strong>u muitos espectadores na<br />

primeira meta<strong>de</strong> da década <strong>de</strong> setenta. Segundo a Embrafilme e a Marplan, o total <strong>de</strong> salas<br />

brasileiras ven<strong>de</strong>u,em 1971, 230 milhões <strong>de</strong> ingressos <strong>de</strong> cinema; 191,5 em 1972; 193,^ em<br />

1973 e 201,3 milhões <strong>de</strong> ingressos em 197 1 t. A partir <strong>de</strong> 1975, passado o primeiro furor da<br />

televisão a cores e com a maior força do cinema nacional, o público jovem voltou signifi<br />

cativamente ao cinema e a vendagem <strong>de</strong> ingressos cresceu <strong>de</strong> maneira acelerada. No 1? se~<br />

mestre <strong>de</strong> 78 foram vendidos 80 milhões <strong>de</strong> ingressos, consi<strong>de</strong>rando apenas filmes nacionais<br />

enquanto que em todo o ano <strong>de</strong> 77 o número <strong>de</strong> ingressos não ultrapassou os 30 milhões. So<br />

mando os filmes nacionais e estrangeiros, nos 6 primeiros meses <strong>de</strong> 78, os ingressos ven~<br />

didos chegaram a 305 milhões. 0 cálculo para 79 foi <strong>de</strong> ^50 milhões <strong>de</strong> ingressos, o que<br />

coloca o Brasil entre os quatro primeiros países que mais assiduamente vêem cinema no mun<br />

do. —<br />

QUEM VAI MAIS AO CINEMA ?<br />

De acordo com Estudos Marplan sobre hábitos <strong>de</strong> audiência ao cinema entre 15 e 65 anos ,<br />

nas sete principais cida<strong>de</strong>s do Brasil, foram estes os resultados: ^0^ da população adul-<br />

ta <strong>de</strong>clarou que costuma ir ao cinema. 2S% vai regularmente (uma ou duas vezes por mês) e<br />

os outros 12 vão esporadicamente (menos <strong>de</strong> uma vez por mês). Dividindo-se essas pessoas<br />

por sexo, temos que entre os homens o hábito <strong>de</strong> ir ao cinema é mais freqüente.<br />

SEXO COSTUMA IR REGULARMENTE ESPORADICAMENTE<br />

Masculino k7% 351 . m<br />

Feminino 33% 23% 10%<br />

Socioeconomicamente, a população vai mais ao cinema, quanto mais elevado seu nível so-<br />

cial.<br />

CLASSES COSTUMA IR REGULARMENTE ESPORADICAMENTE<br />

A 66% k8% 18%<br />

BI 53% 37% 16%<br />

B2 43% 29% 14*<br />

CD 30% 20% 10%<br />

Quanto ã divisão etária, o cinema é muito mais freqüentado pelos jovens, principalmente<br />

da classe AB.<br />

IDADE COSTUMA IR REGULARMENTE ESPORADICAMENTE<br />

TOTAL AB TOTAL AB TOTAL AB<br />

15 a 29 61% 73% 33% 55% 28% ]8%<br />

30 a 65 22% 31% 13% 18% 9% 13%<br />

0 índice do hábito <strong>de</strong> ir regularmente ao cinema (uma ou mais vezes por mês) entre os jo-<br />

vens da classe AB é muito elevado: 55%.<br />

-10


Profissões<br />

RPs. DEBATEM SITUAÇÃO PROFISSIONAL<br />

A criação da SECOM foi boa para o Relações Públicas? Os profissionais <strong>de</strong>sconfiam que não.<br />

Eles dizem que o título <strong>de</strong> "comunicador social" po<strong>de</strong> <strong>de</strong>scaracterizar uma carreira que jã<br />

se começa a firmar não só nas empresas estatais como junto ã iniciativa privada. A ques-<br />

tão foi o centro dos <strong>de</strong>bates da XIV Conferência Interamericana <strong>de</strong> Relações Públicas rea-<br />

lizada em São Paulo a partir da <strong>de</strong>núncia <strong>de</strong> que a <strong>de</strong>finição genérica do "comunicador so-<br />

cial" está permitindo que várias pessoas que nada tem a ver com o setor substituam, a tf<br />

tulo <strong>de</strong> influência política, profissionais tecnicamente mais capacitados, especialmente<br />

os Relações Públicas. "A entrada <strong>de</strong> pessoas leigas no mercado po<strong>de</strong> colocar por terra to-<br />

do o trabalho feito para melhorar a imagem do RP, visto por muitos como um organizador<br />

<strong>de</strong> coquetéis ou ven<strong>de</strong>dor", disse um dos participantes da Conferência, acrescentando: "P£<br />

ra impedir um <strong>de</strong>sgaste maior, queremos que ela seja exercida por profissionais registra-<br />

dos". Para outro participante, "o profissional <strong>de</strong> Relações Públicas terá que encontrar o<br />

seu próprio espaço na Comunicação. Os mecanismos legais existentes asseguram proteção to<br />

tal ãs relações públicas, setor cujas distorções conjunturais não serão resolvidas por<br />

dispositivos legais. Para Cindido Teobaldo <strong>de</strong> Souza Andra<strong>de</strong>, um dos participantes da Con<br />

ferência, o futuro do profissional <strong>de</strong> RP é difícil: "Estamos ficando marginalizados; o<br />

futuro po<strong>de</strong>rá acarretar o <strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong> Relações Públicas e nos transformaremos em<br />

meros instrumentistas <strong>de</strong> divulgação ou exímios mercadores <strong>de</strong> imagens".<br />

SINDICATO DENUNCIA JORNAL EM MINAS<br />

"É inaceitável para todos nós que o Diário <strong>de</strong> Minas ainda seja, após 30 anos <strong>de</strong> existên-<br />

cia, uma empresa que <strong>de</strong>spreza seus empregados, sequer pagando-lhes os seus salários, o-<br />

brigando a maioria <strong>de</strong>les a procurar a Justiça Trabalhista para, pelo menos, garantir um<br />

mínimo para suas famílias. E, também, infelizmente, <strong>de</strong> nada têm valido nossos apelos, <strong>de</strong><br />

núncias, representações e até acordos com essa empresa, que põe todos os dias seu jornaT<br />

nas ruas, enquanto seus empregados continuam aguardando o dia do pagamento sem saber<br />

quando ele chegará". A <strong>de</strong>núncia é do jornalista Washington Ta<strong>de</strong>u <strong>de</strong> Mello, presi<strong>de</strong>nte do<br />

Sindicato dos Jornalistas Profissionais <strong>de</strong> Minas Gerais, na solenida<strong>de</strong> <strong>de</strong> entrega da Co-<br />

menda do Mérito Jornalístico "Geraldo Teixeira da Costa", conferida em 1979 ao jornalis-<br />

ta Alcindo Ribeiro <strong>de</strong> Souza, do "Diário <strong>de</strong> Minas", uma das vítimas da incúria administra<br />

tiva da empresa. Para o presi<strong>de</strong>nte do Sindicato mineiro, não basta lutar pela liberda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> informar, pela <strong>de</strong>fesa da notícia, pelo fim da censura no rádio e na televisão, contra<br />

o nivelamento por baixo da ativida<strong>de</strong> jornalística; é preciso lutar pelo respeito ã cate-<br />

goria profissional em todos os sentidos.<br />

COM JOAQUIM PEDRO; ALGUM OTIMISMO PARA 0 CINEMA<br />

Joaquim Pedro <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, diretor do discutido episódio "Vereda Tropical", do filme "Cojn<br />

tos Eróticos", <strong>de</strong>monstra certo otimismo em relação aos novos ares 1iberalizantes da cen-<br />

sura nacional, antevendo uma fase renovadora e criativa para o cinema.."... Hoje, vejo<br />

que as idéias começam a circular mais livremente e isto po<strong>de</strong> acarretar uma subida no ní-<br />

vel <strong>de</strong> criação cinematográfica". 0 cineasta acha que os trabalhos mais significativos co<br />

meçarão a surgir após passar esta fase mais imediata do pós-obscurantismo, referindo-se<br />

também aos muitos filmes que acabaram envelhecendo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> muitos anos <strong>de</strong> prateleira.<br />

Joaquim Pedro procura ser realista e, embora sinta uma situação econômica <strong>de</strong>sfavorável ,<br />

principalmente em relação ao cinema, aponta o ví<strong>de</strong>o-disco como futura opção <strong>de</strong> mercado,<br />

mesmo consi<strong>de</strong>rando todos os problemas <strong>de</strong> produção inerentes a cinema, televisão e estes<br />

novos canais <strong>de</strong> comunicação.<br />

MULHERES JORNALISTAS REALIZAM CONGRESSO<br />

0 início da mobilização e da conscientização das jornalistas em torno da discriminação<br />

dissimulada que sofrem em sua profissão parece ter ocorrido no I Congresso da Mulher Jo_r<br />

na lista realizado em Sio Paulo no final do ano passado. Em relação a este tema e a ou-<br />

tros é que se realizou uma pesquisa, restrita ã capital <strong>de</strong> São Paulo, on<strong>de</strong> a psicóloga<br />

Raquel Moreno e a publicitária Fátima Jordão, buscaram i<strong>de</strong>ntificar o perfil da mulher<br />

jornalista, seus direitos e sua participação sindical. 0 resultado foi o seguinte: ape-<br />

nas 32 por cento das mulheres entrevistadas acharam importante discutir a discriminação<br />

em geral, suas dificulda<strong>de</strong>s em exercer cargos <strong>de</strong> chefia, a discriminação salarial; 26<br />

por cento preferiam discutir sua situação doméstica; 22 por cento preferiam analisar a<br />

jornada <strong>de</strong> trabalho, a CLT, o mercado profissional; enquanto oito por cento <strong>de</strong>ram priori_


da<strong>de</strong> à discussio sobre a imagem da mulher na imprensa. A realida<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrada pelo con-<br />

gresso, no entanto, foi mais dura: as mulheres nio apenas são discriminadas como traba-<br />

lham em empresas que possuem péssimas instalações. 0 mercado profissional, para ambos os<br />

sexos, é extremamente restrito e a maioria das participantes do Congresso sequer conhe-<br />

cia seus direitos trabalhistas.<br />

Comunicaçio Popular<br />

TÁTICAS DE GREVE NO ABC PAULISTA: AS NOVAS FORMAS DE COMUNICAÇÃO<br />

Comentando o estilo das greves que eclodiram no parque industrial localizado no ABC pau-<br />

lista (Santo André, São Bernardo e São Caetano), o jornalista Itaboraí Martins (ESP, 6/4<br />

80) chama a atenção para as novas táticas buscadas pelos operários no sentido <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen-<br />

<strong>de</strong>r as suas reivindicações. Além <strong>de</strong> mudança, <strong>de</strong> táticas na condução da greve (não realiza<br />

ção <strong>de</strong> piquetes nas portas das fábricas / expulsão <strong>de</strong> elementos não-operários das assem"<br />

bléias da classe etc), houve também mudanças nas formas <strong>de</strong> comunicação utilizadas. "0 a<br />

pelo dos dirigentes grevistas, em termos <strong>de</strong> comunicação social, tem sido bem mais efici"<br />

ente do que o <strong>de</strong> empresários e governo. Haja vista o apelo inicial aos militares, <strong>de</strong>pois<br />

os seguidos chamamentos ã população, inclusive em feiras livres ou por meio do púlpito,<br />

duanto aos empresários, nada mudou <strong>de</strong> 79 para cá: frios comunicados sob a forma <strong>de</strong><br />

matéria paga nos jornais e nas emissoras <strong>de</strong> rádio ( por que não na televisão também?),, u<br />

ma entrevista ou outra <strong>de</strong> um executivo isolado, sem haver quem centralize, sensibilize 7<br />

dirija, fale, comunique". 0 apelo aos militares foi assim <strong>de</strong>scrito pelo referido Jorna-<br />

lista: "Outro ponto a se observar <strong>de</strong>ntro das táticas operárias é que os grevistas (...)<br />

procuraram sensibilizar os militares, não se sabe com que êxito. Da mesma maneira que os<br />

militares cantam o Hino Nacional em seus quartéis, os trabalhadores também o têm feito ,<br />

em suas assembléias. No caso dos metalúrgicos <strong>de</strong> São Bernardo, há uma constante: Hino Na<br />

cional no começo da reunião. Hino da in<strong>de</strong>pendência no fim, num coro <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> vozes".<br />

Cada trabalhador segura uma pequena ban<strong>de</strong>ira nacional".<br />

PICHAÇÃO OFICIALIZADA NO RECIFE<br />

0 Prefeito Gustavo Krause (PDS) oficializou a pichação no Recife. Ele mandou instalar,em<br />

pontos estratégicos da cida<strong>de</strong>, cerca <strong>de</strong> duas <strong>de</strong>zenas dos "Murais da Crítica Recifense" ,<br />

on<strong>de</strong> a população po<strong>de</strong>, livremente, inscrever quaisquer frases. Técnicas urbanísticos da<br />

Prefeitura dizem que a iniciativa constitui uma tentativa <strong>de</strong> recuparar as reivindicações<br />

populares, uma espécie <strong>de</strong> "comunicação <strong>de</strong> retorno" no plano administrativo. Tanto assim<br />

que, semanalmente, a Prefeitura manda fotografar as frases registradas e submete as crí-<br />

ticas e sugestões à apreciação dos órgãos técnicos, provi<strong>de</strong>nciando o atendimento do que<br />

é possível. Todavia, diz o jornalista Geneton Moraes Neto, correspon<strong>de</strong>nte do "Estadão"na<br />

cida<strong>de</strong>, que as reivindicações principais fogem da competência da Prefeitura: "Embora a<br />

Prefeitura diga que o principal objetivo dos murais é estampar as reivindicações da popu<br />

lação, é certo que os governantes municipais não po<strong>de</strong>rão aten<strong>de</strong>r a pedidos como fora os<br />

gringos, precisamos <strong>de</strong> um mão branca, o povo quer comer, e quero ver como é que vou pa-<br />

gar o meu credito ou respon<strong>de</strong>r a perguntas como quem chamou o Exército?". No entanto , o<br />

próprio Prefeito, que inaugurou um dos murais escrevendo a frase Pela <strong>de</strong>mocracia social,<br />

diz o objetivo é principalmente estético: "o que hoje é poluição nos muros po<strong>de</strong> se tor-<br />

nar algo estético, artístico, agradável aos olhos, inclusive <strong>de</strong>scobrindo a criativida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> quem nunca teve oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apresentá-la". A verda<strong>de</strong> é que iniciativa <strong>de</strong>ssa natu-<br />

reza ten<strong>de</strong> a esvaziar a clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong> e o protesto veemente da população ou dos gru-<br />

pos políticos que atuam no un<strong>de</strong>rground. Tanto assim que um pichador propôs num mural of_i_<br />

ciai: Abaixo os murais. Vamos pichar os muros. De qualquer maneira, não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar<br />

<strong>de</strong> reconhecer que os "Murais da Crítica Recifense" constituirão expressivo canal <strong>de</strong> comu<br />

nicação, em termos quantitativos. Calcula o já mencionado correspon<strong>de</strong>nte do "Estadão"que<br />

"o numero <strong>de</strong> pessoas que transitam diariamente nos locais on<strong>de</strong> foram afixados os painéis<br />

é bem maior, por exemplo, do que o número <strong>de</strong> leitores <strong>de</strong> jornais no Recife".<br />

CULTURA POPULAR, EM NATAL<br />

Um ciclo <strong>de</strong> palestras e filmes sobre Cultura Popu4ar foi iniciado no dia 11 <strong>de</strong> abril, em<br />

Natal, numa promoção da Oficina <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>s do <strong>Centro</strong> <strong>de</strong> Ciências Humanas, Letras e Ar-<br />

tes. 0 objetivo principal do ciclo é promover o encontro semanal <strong>de</strong> pesquisadores e in-<br />

teressados em temas nesta área <strong>de</strong> estudos para que troquem experiências e problemas e en<br />

trem em contacto com o que está sendo feito por estudiosos jovens do assunto. 0 ranço do<br />

folclorísmo ainda impregna muitos dos trabalhos que são feitos sobre Cultura Popular e a<br />

idéia dos promotores <strong>de</strong>ste ciclo é exatamente a <strong>de</strong> livrar a temática <strong>de</strong>ste estigma. Es-


tio programadas nove conferências, que serão realizadas por: José Willington Germano, da<br />

UFRN, sobre Educação Popular; Ma<strong>de</strong>leine Michton, da UFRN, sobre Alimentação Popular; Ma-<br />

ria Helena Beozzo <strong>de</strong> Lima, do IBGE-RJ, sobre Habitação Popular; Carlos Eduardo Lins da<br />

Silva, da UFRN, sobre Meios <strong>de</strong> Comunicação e Cultura Popular; Álvaro Dias Telhado, da<br />

UFRN, sobre Religião Popular; Carlos Rodrigues Brandão, da UNICAMP, sobre Festas Popula-<br />

res e Sérgio Ferreti, da UFRN, sobre Folclore. Antes <strong>de</strong> cada conferência, serio exibidos<br />

filmes <strong>de</strong> curta-metragem sobre assuntos correlates ao tema <strong>de</strong> cada sessão. Ao final, ha-<br />

verá <strong>de</strong>bates entre os participantes. As ativida<strong>de</strong>s vão se <strong>de</strong>senvolver nas tar<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sex-<br />

tas-feiras e o ciclo <strong>de</strong>verá ser encerrado no dia 27 <strong>de</strong> junho.<br />

Comunicação Internacional<br />

A CRIAÇÃO DA AGENCIA PANAFRICANA DE NOlTCIAS<br />

Foi aprovada em 1979, numa reunião <strong>de</strong> Ministros Africanos <strong>de</strong> informação em Addis Abeba.e<br />

seus objetivos po<strong>de</strong>m ser resumidos em: promover as metas da Organização da Unida<strong>de</strong> Afri-<br />

cana (OUA) para a consolidação da in<strong>de</strong>pendência, unida<strong>de</strong> e solidarieda<strong>de</strong> africana, além<br />

<strong>de</strong> subministrar uma maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> informação e apoio aos povos em luta por sua li-<br />

bertação do colonialismo, do imperialismo, apartheid, racismo, sionismo e toda forma <strong>de</strong><br />

exploração e opressão. Em suma, uma resposta africana ao fluxo unilateral <strong>de</strong> informações<br />

das agências internacionais que monopolizam essas informações. Nas palavras <strong>de</strong> Issac Se-<br />

petu. Ministro <strong>de</strong> Informações da Tanzânia, o estabelecimento da Agência Panafricana <strong>de</strong><br />

Notícias "é um passo correto para a in<strong>de</strong>pendência dos meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa na<br />

África. Terá como tarefa prioritária facilitar a projeção <strong>de</strong> uma imagem correta da Áfri-<br />

ca no mundo e contribuir efetivamente ao i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> uma Nova Or<strong>de</strong>m Informativa internacio-<br />

nal".<br />

A TELEVISÃO NAS ESCOLAS FRANCESAS<br />

0 Ministro da Educação francês, M. Christían Beullac, <strong>de</strong>finiu recentemente uma efetiva<br />

política para a introdução dos Audiovisuais, e principalmente da televisão, nas escolas.<br />

As múltiplas experiências feitas até então isoladamente serão substituídas por um proje-<br />

to global chamado "Jeune Téléspectateur Actif", cujo objetivo é o <strong>de</strong> trabalhar com as<br />

crianças, inicialmente <strong>de</strong> primeiro ciclo, permitindo-lhes <strong>de</strong>terminar suas próprias neces_<br />

sida<strong>de</strong>s através <strong>de</strong> trabalhos práticos e análises <strong>de</strong> programas em sala <strong>de</strong> aula. Os estabe<br />

lecimentos escolhidos para a primeira etapa do projeto contarão com uma equipe pedagógi-<br />

ca especializada em audiovisuais, além do <strong>de</strong>vido equipamento (cameras e Vi<strong>de</strong>o-tapes por-<br />

táteis)', que possibilitará às crianças o aprendizado da leitura das imagens. Segundo uma<br />

pesquisa feita pelo semanário "Têlérama", 58^ dos professores franceses são francamente<br />

favoráveis a que os audiovisuais ocupem um maior espaço no ensino. A maioria <strong>de</strong>sses pro-<br />

fessores possui menos <strong>de</strong> 30 anos, voltados aos partidos <strong>de</strong> esquerda e trabalham em esco-<br />

las particulares.<br />

VIETNAN: FAZER A REVOLUÇÃO ESCUTANDO 0 RADIO<br />

0 diretor da televisão central <strong>de</strong> Hanói, Ly Van Sau, em entrevista aos "Ca<strong>de</strong>rnos do Ter-<br />

ceiro Mundo", falou sobre o papel dos meios <strong>de</strong> comunicação na luta do povo vietnamita<br />

contra o colonizador. A partir <strong>de</strong> 19 1 t6, emissoras <strong>de</strong> rádio revolucionárias emitiam clan-<br />

<strong>de</strong>stinamente poucas horas por dia <strong>de</strong>nunciando as manobras do inimigo e orientando o povo.<br />

A recepção era organizada em grupos <strong>de</strong> escuta e espalhadas oralmente àqueles que não ti-<br />

nham acesso aos receptores <strong>de</strong> rádio. Tais emissoras foram montadas inicialmente sobre<br />

barcos, que moviam-se em zonas pantanosas <strong>de</strong> difícil acesso. Em seguida, instalou-se uma<br />

rádio no centro do país, sobre um elefante, que movimentava-se eficazmente na selva,além<br />

<strong>de</strong> prescindir da raríssima gasolina. Também feita nas selvas, a imprensa complementou e£<br />

se trabalho <strong>de</strong> "informação <strong>de</strong> resistência". Os jornais eram impressos em litografia e e£<br />

critos a mio; o papel era trazido <strong>de</strong>ntro das largas calças das mulheres, que encarrega-<br />

vam-se também <strong>de</strong> distribuí-lo já impresso. Em certas al<strong>de</strong>ias chegava apenas um exemplar,<br />

que passava <strong>de</strong> mio em mio ou era lido em voz alta por pessoas encarregadas da informação.<br />

Esses exemplares são Importantes para testemunhar não apenas o valor da luta vietnamita,<br />

mas também a engenhosa solução encontrada para a utilização dos meios <strong>de</strong> comunicação co-<br />

mo instrumentos <strong>de</strong>ssa luta,<br />

A PUBLICIDADE REAPARECE NA CHINA<br />

Depois <strong>de</strong> vinte anos <strong>de</strong> proibição, a publicida<strong>de</strong> comercial volta a ser utilizada na China.<br />

Em Shangai, começaram a aparecer cartazes luminosos ou out-door, bem como anúncios nos<br />

-1?


cinemas. Até mesmo a televisão começa a difundir mensagens publicitárias sobre produtos<br />

farmacêuticos. Segundo informa o "Boletim <strong>de</strong> Notícias" da Comunida<strong>de</strong> Iberoamericana <strong>de</strong><br />

Publicida<strong>de</strong> (n? 12) até mesmo o jornal Jiefang Ribao está publicando anúncios <strong>de</strong> urr com<br />

petidor da Coca-Cola, a Lucky-Colas, cujo "aroma fortalece o espírito e cujo sabor agra-"<br />

da o paladar". No mesmo jornal, aparece o comercial do filme "Comboio", que está sendo<br />

exibido em Pequim, atraindo um vasto público.<br />

PALESTINA - A BATALHA DA INFORMAÇÃO<br />

Na resistência quotidiana do povo palestino, os meios <strong>de</strong> comunicação têm importância vi-<br />

tal, ao lado da luta armada, como unificadoras <strong>de</strong> um povo disseminado pelo mundo. Segun-<br />

do Ahmed Abdull Rahman, diretor do diário "Palestina: A Revolução" - órgão oficial da<br />

OLP, "a imprensa, o rádio e os comunicados <strong>de</strong> guerra, utilizados como instrumento cons-<br />

cientizador, estimularam a rebeldia e combateram o <strong>de</strong>rrotismo, contribuindo junto com ou<br />

trás manifestações culturais, como a poesia comprometida, a revitalizar o sentimento na"<br />

cional palestino". Enten<strong>de</strong>ndo os meios <strong>de</strong> comunicação como instrumentos essenciais <strong>de</strong><br />

sua luta, a OLP tem o maior parque gráfico <strong>de</strong> todo o Líbano. Exemplos da eficácia dos<br />

meios <strong>de</strong> comunicação palestinos não faltam: nos <strong>de</strong>smentidos <strong>de</strong> informações ten<strong>de</strong>nciosas,<br />

no alento ã resistência, num verda<strong>de</strong>iro trabalho <strong>de</strong> contra informação frente aos mass-me<br />

dia no Oriente Médio. A OLP possui emissoras <strong>de</strong> rádio <strong>de</strong> pequeno alcance e periódicos<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1959, quando surgiu a revista "Nossa Palestina", que circulou até 1965, ano do in£<br />

cio da luta armada. A partir daí, comunicados militares passaram a ser utilizados como<br />

meios <strong>de</strong> informação, com tiragens <strong>de</strong> até 100 mil exemplares. Em 1970, saiu o primeiro nú<br />

mero do jornal diário "Al Fatah", seguido em 1972 pela revista "Palestina : A Revolução 1 ?<br />

que era editada semanalmente, mas transformada em diário em 1976, Em 1972 iniciou também<br />

suas ativida<strong>de</strong>s a agência palestina <strong>de</strong> notícias, a WAFA, e atualmente a OLP dispõe <strong>de</strong> u-<br />

ma emissora <strong>de</strong> rádio no Líbano, além <strong>de</strong> pequenas emissoras locais que transmitem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

Argélia ao Yemen Democrático.<br />

USA: CONKRITE REVELA QUE A TELEVISÃO AMERICANA MENTE NOS NOTICIÁRIOS<br />

Walter Conkrite, responsável pelo telejornal diário da re<strong>de</strong> CBS há mais <strong>de</strong> vinte anos, £<br />

posentou-se. Personagem importantíssimo na vida norte-americana, pois as notícias que<br />

transmite exercem gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r sobre a população nacional, Conkrite fez revelações esta_r<br />

recedoras na sua <strong>de</strong>spedida. Confessando-se preocupado com o fato <strong>de</strong> que 65^ dos norte-a-<br />

mericanos recebem informações apenas pela TV, Conkrite <strong>de</strong>clarou textualmente: "As notí-<br />

cias que transrtiitia não eram exatas e não merecem confiança do público...Na realida<strong>de</strong> mj^<br />

nha boca esteve fechada nestes últimos 20 anos...Os noticiários <strong>de</strong> TV são uma espécie <strong>de</strong><br />

primeira página dos jornais sem que haja tempo para uma análise mais profunda <strong>de</strong> algumas<br />

notícias sinuosas e compl içadas.. .A tecnologia i-nundou o país com muitos dados sobre qual<br />

quer coisa, mas é difícil afirmar que está chegando à verda<strong>de</strong> das coisas..." Comentando<br />

as revelações <strong>de</strong> Conkrite diz Alberto Dines (FSP, 28/3/80): Não esqueçamos, no entanto ,<br />

que as revelações <strong>de</strong> Conkrite referem-se a um país on<strong>de</strong> existem três po<strong>de</strong>rosas re<strong>de</strong>s na-<br />

cionais <strong>de</strong> TV e on<strong>de</strong> os meios <strong>de</strong> comunicação realmente competem exercendo múltipla vigi-<br />

lância.<br />

TV CLANDESTINA PREOCUPA ITALIANOS<br />

A presença <strong>de</strong> quase 800 estações emissoras <strong>de</strong> sinais <strong>de</strong> TV na Itália, começa a preocupar<br />

seriamente as autorida<strong>de</strong>s ligadas ao setor, principalmente as re<strong>de</strong>s oficiais <strong>de</strong> televi-<br />

são, que vêm os seus índices <strong>de</strong> audiência caírem sistematicamente, per<strong>de</strong>ndo pontos para<br />

programas realizados por amadores, ou para filmes pornográficos exibidos nas chamadas"re<br />

<strong>de</strong>s piratas" tão populares na Europa, principalmente na França e na citada Itália. Somer^<br />

te na região <strong>de</strong> Roma mais <strong>de</strong> 80 estações estão em funcionamento, muito embora os recept£<br />

res só tenham condição <strong>de</strong> captar até ^9 canais, isso utilizando-se dos sete botões exis-<br />

tentes. Outras regiões da Itália também sentem o gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> canais, todos com pro-<br />

gramações alternativas, que vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a difusão das idéias do mais recente grupo políti-<br />

co <strong>de</strong> extrema esquerda ou direita, até a sessões <strong>de</strong> sexo ao vivo, que <strong>de</strong>spertam a aten-<br />

ção <strong>de</strong> todos, até mesmo dos trabalhadores <strong>de</strong> Milão, cida<strong>de</strong> conhecida por sua fraca vida<br />

noturna, mas que consegue picos <strong>de</strong> audiência extraordinários por volta das duas horas da<br />

madrugada, quando tais filmes são exibidos. Aparecendo primeiramente em emissões <strong>de</strong> rá-<br />

dio, as estações piratas foram crescendo por volta dos anos 70, atingindo seu climax em<br />

1978, a ponto <strong>de</strong> começarem a preocupar as re<strong>de</strong>s oficiais (RAI- já funcionando em dois ca<br />

nais), quase sempre voltadas para transmissões <strong>de</strong> caráter político. Só mais tar<strong>de</strong> é que<br />

a crescente aceitação e a <strong>de</strong>sorganização das empresas estatais italianas, a exemplo do<br />

seu sistema <strong>de</strong> governo, iriam beneficiar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ssas re<strong>de</strong>s clan<strong>de</strong>stinas e


até das não clan<strong>de</strong>stinas, parecidas apôs o <strong>de</strong>creto que tirava do governo o monopólio das<br />

transmissões <strong>de</strong> TV. 0 assunto está preocupando, principalmente por conta da repetição <strong>de</strong><br />

filmes e programas ligados a exploração do sexo, que tem levado a RAI a optar por algu-<br />

mas programações mais livres, para aproveitamento da situação e para não per<strong>de</strong>r os seus<br />

índices <strong>de</strong> audiência. Álvaro Moya faz uma análise do assunto para o "Jornal da Tar<strong>de</strong>"(5/<br />

V80 - pg. 10), mostrando a preocupação com a situação e vendo as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pro-<br />

gramas mais eróticos e até pornográficos para a televisão brasileira, aproveitando os<br />

ventos da "abertura". Enquanto isto, o Ministro Abi Ackel também <strong>de</strong>monstra sua preocupa-<br />

ção e chama diretores <strong>de</strong> estações <strong>de</strong> televisão para <strong>de</strong>bater e discutir o assunto, não<br />

pensando em dar liberda<strong>de</strong> aos "donos" da comunicação, mas, antes, conter o que o mesmo<br />

chama <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrocada dos costumes, que estaria acontecendo na comportada e asséptica TV<br />

brasilei ra.<br />

Gente<br />

OCTAVIO BRANDÃO; MORREU NO RIO 0 FUNDADOR DE "A CLASSE OPERARIA"<br />

Faleceu no Rio <strong>de</strong> Janeiro, no dia 16 <strong>de</strong> março, o jornalista e escritor Octávio Brandão ,<br />

personagem histórica do movimento comunista brasileiro. Nascido em Alagoas, e pertencen-<br />

te a tradicional família da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Viçosa (primo do Car<strong>de</strong>al Avelar Brandão e do Sena-<br />

dor Teotonio Vilela), a<strong>de</strong>riu <strong>de</strong>s<strong>de</strong> jovem ãs idéias socialistas e portanto foi obrigado a<br />

"exilar-se" da região <strong>de</strong> origem. Rejeitado pela família e perseguido pela política, fi-<br />

xou-se no Rio <strong>de</strong> Janeiro, no início da década <strong>de</strong> 20, incorporando-se âs fileiras do re-<br />

cém fundado PCB (Partido Comunista do Brasil). Des<strong>de</strong> então, tornou-se "intelectual orgâ-<br />

nico" do proletariado, dirigindo jornais, escrevendo artigos e livros que buscavarr dÍ5S£<br />

minar as i<strong>de</strong>ais marxistas entre os trabalhadores brasileiros. Durante o Estado Novo exi-<br />

lou-se na União Soviética, on<strong>de</strong> viveu muitos anos. Já idoso, retornou ao Brasil, mas, du<br />

rante uma das crises internas do PCB, Octávio Brandão foi expulso do Partido (é interes-<br />

sante registrar que, apesar <strong>de</strong> ter casado com uma das irmãs <strong>de</strong> Prestes, opunha-se tenaz-<br />

mente ã orientação que o "Cavaleiro da Esperança" dava ao movimento comunista no país).<br />

Figura controvertida, mas homem puro, que viveu intensamente as idéias que <strong>de</strong>fendia, Oc-<br />

távio Brandão morreu pobre, amparado apenas pela família. Da sua biografia constam fei-<br />

tos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> pioneirismo que certamente serão recuperados quando se escrever uma Histó-<br />

ria da Comunicação das Classes Subalternas no Brasil. Ele foi o primeiro tradutor do "Ma<br />

nifesto Comunista" (<strong>de</strong> Marx e Engels) no Brasil e dirigiu o primeiro jornal mantido pelo<br />

PCB - "A Classe Operária". A vida <strong>de</strong>sse gran<strong>de</strong> patriota está relatada em suas memórias ,<br />

documento riquíssimo em <strong>de</strong>poimentos e fatos históricos, cujo primeiro volume foi editado<br />

em 1978 pela Editora Alfa-Omega.<br />

DOM OSCAR R0MER0: EM EL SALVADOR A IMPRENSA ESCONDE A VERDADE<br />

Uma das últimas entrevistas que o arcebispo Dom Oscar Ranulfo Romero conce<strong>de</strong>u antes do<br />

seu assassinato foi divulgada pela agencia cubana Prensa Latina e reproduzida no país por<br />

Isto é (2/V80). Nesse documento o arcebispo salvadorenho traça um quadro dramático da<br />

imprensa do seu país: "A corrupção da imprensa faz parte da nossa triste realida<strong>de</strong>. 0 pa<br />

pel da informação tem que ser o <strong>de</strong> canal <strong>de</strong> informação da verda<strong>de</strong>. Lamentavelmente aqui<br />

ocorre o contrario: a notícia é manipulada, faz-se silêncio sobre fatos graves que com-<br />

prometem a oligarquia, distorcem-se as notícias sobre a repressão e a vítima é apresenta<br />

da como culpada, falsificam-se fotografias e montam-se textos para enganar os leitores.<br />

Para que dizer mais : a verda<strong>de</strong> é escondida, não se diz nada em El Salvador". Por isso,<br />

Dom Romero dizia que a missão fundamental da Igreja é a <strong>de</strong> enfrentar a mentira. "Qual <strong>de</strong><br />

ve ser o papel da Igreja na atual luta em El Salvador? Antes <strong>de</strong> tudo, que seja Igreja,p£<br />

ra enfrentar um ambiente <strong>de</strong> mentira on<strong>de</strong> a verda<strong>de</strong> está escravizada sobros interesses<br />

da riqueza e do po<strong>de</strong>r, é necessário chamar a injustiça pelo nome, e também a discrimina-<br />

ção, a violência infligida ao povo, contra seu espírito, consciência e convicções. Promo<br />

ver a libertação Integral do homerçi, acompanhar o povo é um <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> uma Igreja autênti-<br />

ca. Ela <strong>de</strong>ve solidarizar-se com os pobres até em seus riscos e em seu <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> perse-<br />

guição, disposta a dar o testemunho máximo <strong>de</strong> amor por <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r e promover aqueles que<br />

Jesus amou preferencialmente".<br />

SAINT-CLAIR LOPES; FALECEU PIONEIRO DA RADIONOVELA<br />

Faleceu no Rio <strong>de</strong> Janeiro, no dia 7 <strong>de</strong> março, o radialista Saint-Clair Lopes. Além^ <strong>de</strong><br />

ter sido pioneiro da radionovela (ele escreveu a primeira novela radiofônica do país<br />

"Em busca da felicida<strong>de</strong>") e ter sido um dos locutores mais populares da Rádio Nacional<br />

na década <strong>de</strong> 50, Saint-Clair foi um dos primeiros estudiosos a sistematizar a comunica-


ção radiofônica nacional. Seu último livro - Comunicaçio, Radiodifusio, hoje, lançado na<br />

década <strong>de</strong> 70 pela Editora Temãrio foi o prosseguimento <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> estudos que ele<br />

iniciou com o ensaio sobre os Fundamentos da Radiodifusão (uma análise principalmente ju<br />

rídica) e continuou com outros trabalhos apresentados a congressos e seminários profis- -<br />

sionais. A comissão <strong>de</strong> radiodifusão do I Congresso Brasileiro <strong>de</strong> Comunicação, promovido<br />

no início da década <strong>de</strong> 70, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, pela ABI, contou com sua participação e co<br />

or<strong>de</strong>nação.<br />

GILBERTO FREYRE; COMEMORAÇÃO AOS 80 ANOS<br />

0 primeiro trimestre <strong>de</strong> 1980 foi marcado, no plano cultural, pela comemoração dos 80 a-<br />

nos <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> Gilberto Freyre sociólogo/antropólogo Pernambucano. As festivida<strong>de</strong>s fo-<br />

ram promovidas, inicialmente, pelo Governo do seu Estado natal, mas <strong>de</strong>pois encampadas pe<br />

Io próprio Ministério da Educação e Cultura, cujo titular, Eduardo Portella, contou COFP<br />

o beneplácito do homenageado no início da sua carreira Intelectual . Muito se falou so-<br />

bre a contribuição <strong>de</strong> Gilberto Freyre para os estudos históricos e sociais do país, quer<br />

na imprensa, quer na televisão. Todavia, um fato significativo da sua biografia ficou es<br />

quecido. Trata-se do pioneirismo daquele pesquisador na utilização da imprensa como fon~<br />

te das ciências humanas. Tal fato já havia sido <strong>de</strong>stacado no livro <strong>de</strong> José Marques <strong>de</strong> Me<br />

Io - Estudos <strong>de</strong> Jornalismo Comparado (São Paulo, Pioneira, 1972), mas ele po<strong>de</strong> ser ava-<br />

llado com maior niti<strong>de</strong>z no prefácio que Gilberto Freyre escreveu para a 2a. edição do<br />

seu estudo 0 escravo nos anúncios <strong>de</strong> jornais do século XIX (São Paulo, Nacional, 1979) ,<br />

on<strong>de</strong> sugere a configuração _ <strong>de</strong> um novo campo <strong>de</strong> estudos - A Anunciologia - no âmbito das<br />

ciências sociais.<br />

ROLAND BARTHES : 1915-1980<br />

A morte <strong>de</strong> Roland Barthes, aos 64 anos, <strong>de</strong>ixa imensa lacuna nos estudos semiológicos fran<br />

ceses. Fundador da Associação Internacional <strong>de</strong> Semiologia, atuou na Escola <strong>de</strong> Altos Es-<br />

tudos <strong>de</strong> Comunicação <strong>de</strong> Massa, na Sorbonne, on<strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nou seminários, no período <strong>de</strong><br />

1960 a 1975. Co-editor da revista Communications, exerceu gran<strong>de</strong> influência, não apenas<br />

sobre os jovens intelectuais franceses, mas também sobre os bolsistas estrangeiros, en-<br />

tre os quais inúmeros brasileiros. Suas obras contaram com gran<strong>de</strong> penetração e repercus-<br />

são no Brasil, <strong>de</strong>s<strong>de</strong>OGradu zero da escritura. Mi toloqias e Elementos <strong>de</strong> Semiologia até<br />

as mais recentemente traduzidas 0 Sistema daModa e 0 prazer do texto. Jã esta anuncia-<br />

da a circulação no país, do polêmico discurso que proferiu como aula Inaugural do Colé-<br />

gio <strong>de</strong> France, on<strong>de</strong> foi admitido em 1975, e quando <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u a tese <strong>de</strong> que a linguagem ê<br />

intrinsecamente fascista. Seu último trabalho tinha como objetivo a fotografia, mais es-<br />

pecificamente, a fotografia <strong>de</strong> família nos álbuns <strong>de</strong> Proust.<br />

DOM BALDUINO; OS LATIFUNDIÁRIOS ROUBARAM A VOZ DO TRABALHADOR<br />

Na sua 18a. Assembléia Geral, a CNBB, órgão que reúne os bispos católicos brasileiros, a<br />

provou o documento "Igreja e Problemas da Terra", através do qual adota uma posição fir-<br />

rae diante da reforma agrária, con<strong>de</strong>nando claramente o capitalismo como mo<strong>de</strong>lo econômico<br />

capaz <strong>de</strong> propiciar mudanças no campo. Os bispos acusam a penetração do capitalismo no<br />

meio rural, gerando as "terras <strong>de</strong> produção", que expulsam os camponeses das suas "terras<br />

<strong>de</strong> produção". Afirmam os bispos que a terra não <strong>de</strong>ve ser um bem <strong>de</strong>stinado ã especulação<br />

e à exploração do trabalho humano, mas <strong>de</strong>ve ser possuída pelos que nela trabalham. Tal<br />

posicionamento, que materializa a opção preferencial pelos pobres, feita pela Igreja Ca-<br />

tólica na Conferência Latlno-Amerlcana <strong>de</strong> Puebla, Irritou profundamente a Confe<strong>de</strong>ração<br />

Nacional da Agricultura. Essa entida<strong>de</strong> é formada pelos gran<strong>de</strong>s proprietários <strong>de</strong> terra ,<br />

que imediatamente acusou a Igreja <strong>de</strong> preten<strong>de</strong>r comunlzar o Brasil, chavão que hoje não<br />

mais assusta ninguém. Diante <strong>de</strong>ssa acusação gratuita, o responsável pela Pastoral da Te_r_<br />

ra da CNBB, o bispo Dom Tomás Balduíno (Goiás) respon<strong>de</strong>u com veemência, dizendo que a I-<br />

greja na verda<strong>de</strong> se faz um canal <strong>de</strong> comunicação dos pobres camponeses, porque os latifu£<br />

diários não apenas lhes roubam as proprieda<strong>de</strong>s, mas sobretudo cassam sua palavra, torna_n<br />

do-os mudos, Incomuniçados. Eis o que disse Dom Balduíno: "Os latifundiários <strong>de</strong> toda es"-<br />

pécie praticaram um roubo nio só das terras, mas roubaram do povo a condição <strong>de</strong> falar,<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>cidir, <strong>de</strong> ter lugar, vez e voz. (...) 0 roubo praticado ultimamente vem sendo <strong>de</strong>nunci£<br />

do pela Igreja, que procura sanar pela raiz, fazendo ouvir a voz <strong>de</strong>sse povo, veiculando<br />

da maneira mais pura possível os seus apelos, seus clamores juntamente com suas propos-<br />

tas <strong>de</strong> solução para seus problemas, que são dramáticos e que se avolumam dia a dia no<br />

país". (FSP, 30/3/80).


Serviço<br />

IMMRC - DOCUMENTAÇÃO SOBRE A COMUNICAÇÃO DE ESQUERDA<br />

Seth Siegelaub ê um jovem pesquisador norte-americano que se radicou na França, mantendo<br />

gran<strong>de</strong> relacionamento com os intelectuais esquerdistas que estudam os meios <strong>de</strong> comunica-<br />

çio <strong>de</strong> massa. Ele criou uma instituiçio <strong>de</strong> pesquisa bibliográfica - International Massa<br />

Media Reserch Center (IMMRC) - que mantêm vasta coleção <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> informaçic acadêrri-<br />

ca sobre os estudos marxistas <strong>de</strong> comunicaçio em todo o mundo. 0 IMMRC nio se limita a or<br />

<strong>de</strong>nar documentos, mas também os publica sob a forma <strong>de</strong> coletâneas. Recentemente, aquela"<br />

entida<strong>de</strong> publicou uma coletânea - Communication and Class Struggle, organizada por Sieg£<br />

laub e Mattelart. í interessante registrar que o iHMkC poe seus serviços <strong>de</strong> levantamento<br />

bibliográfico ã disposição <strong>de</strong> qualquer pesquisador, enviando listas <strong>de</strong> trabalhos publica<br />

dos ou propiciando cópias xerográficas dos mesmos. Basta indicar o tema em que o pesqui-<br />

sador está interessado e o centro dirigido por Siegelaub, mediante pequena taxa, provi-<br />

<strong>de</strong>ncia o levantamento bibliográfico pertinente. Trata-se, porém <strong>de</strong> entida<strong>de</strong> que trabalha<br />

exclusivamente com as fontes <strong>de</strong> informação politicamente classificadas como <strong>de</strong> esquerda.<br />

Fica aqui o en<strong>de</strong>reço para os que <strong>de</strong>sejarem manter contactos: IMMRC - 173 av. <strong>de</strong> Ia Ohuys,<br />

93170 Bagnolet - France. (fone - 1-3605690).<br />

BOLSAS DE PESQUISA: FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS<br />

A Fundação Carlos Chagas vem mantendo, nos últimos anos, programa <strong>de</strong> financiamento <strong>de</strong><br />

bolsas <strong>de</strong>stinadas a jovens pesquisadores que tenham projetes <strong>de</strong> interesse social. Os in-<br />

teressados po<strong>de</strong>rão dirigir-se a: Av. Prof. Francisco Morato, 1565 " São Paulo - SP, CEP;<br />

05503.<br />

LIVRARIA DO CORTEZ; NOVO ENDEREÇO<br />

Cortez foi um editor e livreiro que <strong>de</strong>spontou no mercado editorial <strong>de</strong> São Paulo como um<br />

amigo dos estudantes, professores e intelectuais. Seu trabalho sempre se caracterizou pe<br />

Ia prestação <strong>de</strong> um serviço útil ã comunida<strong>de</strong> acadêmica. Em razão disso, é que o empreen-<br />

dimento com o qual se associou a Editora Cortez & Moraes - obteve enorme sucesso, surgi£<br />

do com uma casa publicadora eficiente, vinculada ao movimento pela divulgação das novas<br />

idéias universitárias. Recentemente, porém, Cortez <strong>de</strong>cidiu partir para um empreendimento<br />

próprio e <strong>de</strong>svinculou-se da Editora Cortez & Moraes. Ele fundou a Cortez Editora e Livra<br />

ria, estabalecida ã rua Ministro Godoy, 1113, a um quarteirão da PUC-SP, on<strong>de</strong> continua""<br />

aten<strong>de</strong>ndo com a mesma simpatia e <strong>de</strong>dicação. A maior parte dos autores e instituições que<br />

editavam na antiga editora preferiu associar-se a Cortez. Assim é que as revistas Educa-<br />

ção e Socieda<strong>de</strong>, Comunicaçio e Socieda<strong>de</strong>, Serviço Social e Socieda<strong>de</strong> passarão a ser pu-<br />

blicadas e comercializadas pela Cortez Editora. Recomendamos aos sócios da INTERCOM uma<br />

visita â nova livraria do Cortez, on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>rão encontrar sempre as novida<strong>de</strong>s editoriais<br />

ou dispor <strong>de</strong> obras que muitas vezes não se encontram facilmente nas livrarias. Cortez a-<br />

ten<strong>de</strong> também pelo telefone, <strong>de</strong> 2a. a sábado, das 7 da manhã às 23 horas da noite. 0 nume<br />

ro é: 86A-6783. Avisa também o Cortez que, se necessário, po<strong>de</strong>rá aten<strong>de</strong>r nos feriados "ê<br />

fins <strong>de</strong> semana, pois instalou a nova livraria na parte térrea da sua residência.<br />

FILME CULTURA: NOVA FASE<br />

A revista FILME CULTURA, editada pela Embrafilmes, entra em nova fase, a partir do n? 3^,<br />

referente ao trimestre janeiro/março <strong>de</strong> 1980. A apresentação gráfica retorna ao formato<br />

original (30x21). 0 conteúdo ainda permanece inalterado, trazendo contudo uma inovaçio:a<br />

publicação <strong>de</strong> um <strong>de</strong>bate sobre a crise da produção cinematográfica brasileira. A distri-<br />

buição passa a ser feita em bancas. 0 editorial do novo número faz uma convocação ã comu<br />

nida<strong>de</strong> cinematográfica para participar da revista. Os interessados em obter assinaturas<br />

po<strong>de</strong>rão solicitar à EMBRAFILME - Rua Mayrink Veiga, 28 - 2? and - Rio <strong>de</strong> Janeiro, CEP:<br />

20090, fazendo o pagamento <strong>de</strong> Cr$ 120,00, a ser creditado na conta 2237 do Banco do Bra-<br />

si1>- <strong>Centro</strong>, Rio.<br />

Eventos<br />

32? Reunião Anual da SBPC, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, <strong>de</strong> 6 a 12 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1980^ Tema Central:<br />

Ciência e Educação para uma socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática. Informações e inscrições: SBPC - rua<br />

Car<strong>de</strong>al Arcover<strong>de</strong>, 1629 - Pinheiros, fone: 212-17 1 »0 - São Paulo - SP.<br />

2? Seminário Nacional <strong>de</strong> Bibliotecas Universitárias, em Brasflia, 25 a 30 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong><br />

-'7


1981. Promovido pelo MEC e Fundaçio Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília. Tema Central: Avallaçio do<br />

<strong>de</strong>sempenho da biblioteca universitária no Brasil. Inscrições e informações: Associação<br />

dos Bibliotecários do Distrito Fe<strong>de</strong>ral - CRN 702/703 Bloco G - sobreloja - 70.710, Brasf<br />

lia - DF.<br />

111 Ciclo <strong>de</strong> Estudos Interdiscipl inares da Comunicação, em São Paulo, <strong>de</strong> ^ a 6 <strong>de</strong> setem-<br />

bro <strong>de</strong> 1980. Promovido pela INTERCOM. Tema Central: Estado, populismo e Comunicação no<br />

Brasil. Inscrições e informações: INTERCOM - Rua Augusta, 555 - sobreloja - 01305 Sio<br />

Paulo - SP.<br />

PROPAGANDA EM DEBATE<br />

Iniciando no último dia 8 <strong>de</strong> abril e com programação marcada até o dia 25 <strong>de</strong>ste mês, o<br />

MASP e o Clube <strong>de</strong> Criação <strong>de</strong> São Paulo realiza uma série <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, incluídas em e-<br />

vento <strong>de</strong>nominado "Propaganda em Debate". Iniciada com a exibição <strong>de</strong> filmes premiados da<br />

pubHcida<strong>de</strong> brasHeira e internacional e com uma exposição <strong>de</strong> peças classificadas no k°<br />

Anuário <strong>de</strong> Criação <strong>de</strong> São Paulo, prossegue nos dia 22, 23, 2k e 25, com palestras e <strong>de</strong>ba<br />

tes sobre temas ligados ao setor, No dia Z2/k, às 20 h no MASP, <strong>de</strong>bate sobre "A Propagan"<br />

da e a Abertura" - participação <strong>de</strong> Mino Carta, Roberto Duailibi, Carlito Maia <strong>de</strong> Souza 7<br />

José Fontoura da Costa e José Monsserrat Filho, que será o coor<strong>de</strong>nador; dia 23A - mesmo<br />

horário e local - "A propaganda e o Consumidor" - participação <strong>de</strong> Boris Casoi, Luiz Al-<br />

berto Stockler, Percival <strong>de</strong> Souza, Clarice Herzog e a coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Caio A. Domingues ;<br />

dta2k/k - "A Propaganda na Comunicação Social" - o horário é o mesmo e o coor<strong>de</strong>nador<br />

será Luiz Fernando Furquim, contando para os <strong>de</strong>bates com Alex Periscinoto, Henfil e Mau-<br />

rício Tractemberg; finalmente no dia 25/^ o MASP patrocina o tema "0 Estudante <strong>de</strong> Comuni<br />

cação Publicitária e o Mercado <strong>de</strong> Trabalho", com Tom Pacheco funcionando como coor<strong>de</strong>na- -<br />

dor e participação nos <strong>de</strong>bates <strong>de</strong> Petroneo Corrêa, João Carlos Di Geneo, Eloy Simões e<br />

Newton Pacheco.<br />

Noticiário Geral<br />

JORNAIS FUNDAM ASSOCIAÇÃO<br />

Para lutar pela <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> seus interesses, pela liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> imprensa e pela unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ação os proprietários dos principais órgãos da imprensa brasileira fundaram recentemente<br />

a Associação Nacional <strong>de</strong> Jornais. Segundo o presi<strong>de</strong>nte da diretoria provisória da nova<br />

entida<strong>de</strong>, Cláudio Noronha Chagas ("0 Dia"), além daqueles objetivos mais amplos, há ne-<br />

cessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma troca <strong>de</strong> idéias relativas à assistência técnica entre os jornais. "A in<br />

dústria gráfica ligados aos jornais evoluiu consi<strong>de</strong>ravelmente. Hoje, alguns são feitos -<br />

por sistemas <strong>de</strong> computadores. A mudança ocorreu <strong>de</strong> cinco anos para cá e como a indústria<br />

<strong>de</strong> jornais <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> quase exclusivamente da técnica norte-americana, na fase <strong>de</strong> transição<br />

sofremos muito, porque não pu<strong>de</strong>mos absorver o processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização com a rapi<strong>de</strong>z ne-<br />

cessária". Afastando a idéia <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> uma agência dé notícias, Noronha Chagas no<br />

entanto admitiu que um dos objetivos da entida<strong>de</strong> é conquistar maior margem <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong><br />

financeira para as empresas jornalísticas, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver projetos <strong>de</strong> treinamento ,<br />

introduzir sistemas novos <strong>de</strong> composição e promover a realização <strong>de</strong> congressos nacionais<br />

e internacionais para discutir a situação da imprensa contemporânea, especialmente do<br />

ponto <strong>de</strong> vista empresarial.<br />

MUSICA BRASILEIRA SERÁ PROTEGIDA<br />

Segundo a revista "Meio 6 Mensagem", "o protecionismo está chegando à radiodifusão brasi<br />

leira". A revista fez a afirmação com base no ante-projeto que o Ministério das Comunica"<br />

ções preten<strong>de</strong> enviar ao Congresso <strong>de</strong>terminando a execução <strong>de</strong> um mínimo <strong>de</strong> 70% <strong>de</strong> música<br />

brasileira nas rádios e tevês <strong>de</strong> todo o país e elevando o percentual <strong>de</strong> programas nacio<br />

nais que <strong>de</strong>verão ser obrigatoriamente exibidos nas programações. Já como um reflexo <strong>de</strong>s -<br />

sa nova política, segundo a revista, a rádio Excelsior, "0 principal baluarte da música<br />

enlatada em São Paulo'.',já está modificando sua programação, <strong>de</strong> olho na futura lei.<br />

0 PAPA E 0 CONTRATO DE EXCLUSIVIDADE<br />

Parece mesmo que o contrato firmado entre a Fundação Nossa Senhora Aparecida e a Re<strong>de</strong> Ca<br />

pitai <strong>de</strong> Comunicações dando exclusivida<strong>de</strong> ã esta última para a cobertura jornalística da<br />

visita do Papa João Paulo II a Aparecida do Norte, em julho, vai ser anulado. A notícia<br />

da existência <strong>de</strong>ste contrato, que foi assinado em março entre as duas partes, preocupou<br />

a várias entida<strong>de</strong>s ligadas ou não ao Papa. Des<strong>de</strong> o próprio comitê <strong>de</strong> Imprensa do Vatica-<br />

-18


no até os jornais e emissoras <strong>de</strong> rádio e televisio do Brasil.<br />

BREVE NA TV. UM BOA-NOITE PORNÔ<br />

Estimulada pelo sucesso alcançado junto ao público italiano pela programação pornô, uma<br />

emissora <strong>de</strong> televisio <strong>de</strong> São Paulo vai verificar na prática até que ponto se abre a aber<br />

tura brasileira. Trata-se da produçio <strong>de</strong> uma chamada a ser exibida diariamente no encer-<br />

ramento da programação, on<strong>de</strong> a mo<strong>de</strong>lo Sinira Maia é vista <strong>de</strong> forma até agora inusitada<br />

em nossa TV. A chamada se inicia com Sinira sob volumosa ducha, mostra a moça falando cor<br />

o namorado ao telefone, caminhando sobre um carpete <strong>de</strong> cor clara e termina quando ela<br />

<strong>de</strong>ita sob um lençol <strong>de</strong> cetim, que lhe realça as formas <strong>de</strong> maneira mais que sugestiva. Ao<br />

final, o boa-noite da emissora, com o anúncio da programação do dia seguinte.0 sucesso<br />

da chamada não parece ser problema, resta saber como se manifestarão as relações conser-<br />

vadoras. ..<br />

OLIVA, MALUF & ENSINO PAGO; OS SINAIS DA CRISE<br />

Na USP, vem causando preocupação a falta <strong>de</strong> sintonia entre o re[tor Moniz Oliva e o go-<br />

vernador Salim Maluf. Acatando pressões da comunida<strong>de</strong> universitária, o reitor se <strong>de</strong>clara<br />

publicamente contra o ensino pago, pelo menos no atual momento político. Enquanto isso ,<br />

Maluf, para <strong>de</strong>sespero das li<strong>de</strong>ranças estudantis, reafirma em entrevista seu propósito <strong>de</strong><br />

instituir o ensino pago, baseando-se, inclusive, em suposto parecer favorável do reitor<br />

Oliva. Quem está falando a verda<strong>de</strong>? Preocupados com a realida<strong>de</strong> caótica das condições <strong>de</strong><br />

ensino e pesquisa na universida<strong>de</strong>, os estudantes multiplicam suas manifestações <strong>de</strong> repú-<br />

dio ã política <strong>de</strong> Maluf que, para aumentar ainda mais o mal-estar reinante, afirma terem<br />

as universida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> São Paulo toda a verba <strong>de</strong> que necessitam. Mas o dinheiro, que é bom,<br />

não aparece, e teme-se que o governo estadual intensifique artificialmente a crise oara<br />

forçar a proposta <strong>de</strong> ensino pago como única solução do problema.<br />

CONTEODO FORA DE MODA<br />

A mulher não escolhe suas roupas, mas é levada a escolhê-las. A relação entre moda e cuj_<br />

tura <strong>de</strong> massa é o assunto <strong>de</strong> "Sistemas da Moda", <strong>de</strong> Roland Barthes, recentemente lançada"<br />

em conjunto pela Companhia Editora Nacional e Editora da USP. A obra, embora lançada com<br />

quase 13 anos <strong>de</strong> atraso e apesar do reconhecimento, pelo próprio autor, <strong>de</strong> que toda a<br />

pesquisa já estava <strong>de</strong>satualizada por ocasião do lançamento do original francês, po<strong>de</strong> ser<br />

configurada como uma abordagem semi lógica sob conceitos rígidos <strong>de</strong> um objeto ao qual se<br />

adapta perfeitamente, valendo princrpalmente como referencial para estudiosos. Algumas<br />

pesquisas <strong>de</strong>senvolvidas nos últimos anos por Clau<strong>de</strong> Lévi-Strauss e Jacques Lacan remo<strong>de</strong>-<br />

laram consi<strong>de</strong>ravelmente os conceitos <strong>de</strong> signo, significante e significado utilizados por<br />

Bacthes neste 'Sistema 1 , sendo este o principal fator do envelhecimento da obra, como ad-<br />

mite o autor. Um livro apenas interessante, <strong>de</strong>vido ao assunto, mas que po<strong>de</strong>ria ter sido<br />

obrigatório, se lançado nos anos sessenta...<br />

ENSINO PAGO: FUVEST TAMBÉM E CONTRA<br />

Através <strong>de</strong> uma pesquisa realizada nos últimos exames vestibulares, a Fuvest - Fundação U_<br />

niversitária para o Vestibular, chegou a conclusões que somente reforçam a inviabilida<strong>de</strong><br />

da instituição do ensino pago nas universida<strong>de</strong>s oficiais do estado^ Contra o argumento<br />

do governador Maluf <strong>de</strong> que 70^ dos estudantes da USP teriam condições <strong>de</strong> sustentar^seus<br />

estudos , a pesquisa revelou que 50% dos vestibulandos classificados provém <strong>de</strong> famílias<br />

com renda abaixo <strong>de</strong> Cr$ 25 mil, dado que se agrava no fato <strong>de</strong> 71,3% dos aprovados per-<br />

tencerem a núcleos familiares <strong>de</strong> quatro a seis pessoas. Além disso, em hQ% dos casos,es-<br />

sa renda provém <strong>de</strong> apenas uma pessoa. MoVses Szajnbok, coor<strong>de</strong>nador da Fuvest, reafirma £<br />

ma<br />

gra<br />

ra,<br />

0 rico <strong>de</strong>ve pagar imposto, nao escola".<br />

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA. UMA EDITORA EM OFENSIVA<br />

Após quase vinte anos <strong>de</strong> sua fundação, a Editora da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília procura co£<br />

solidar uma posição original no mercado editorial, transformando-se em matriz reproduto-<br />

ra <strong>de</strong> recursos humanos e técnicos para todas as universida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>rais. Depois <strong>de</strong> dois £<br />

nos <strong>de</strong> concentração em textos clássicos, com <strong>de</strong>staque para Maquiavel e Alexis <strong>de</strong> Tocque-<br />

vílle, a UNB inicia a publicação <strong>de</strong> textos <strong>de</strong> aula, como o já popular "A Era da Incerte-<br />

-IP


za", reunindo conferências <strong>de</strong> John Kenneth Galbraith. Embora os critérios <strong>de</strong> seleção te-<br />

nham beneficiado, até agora, apenas as áreas <strong>de</strong> sociologia, ciência política e redações<br />

internacionais, a editora da UNB preten<strong>de</strong> ativar outros setores conforme indicações e<br />

pedidos <strong>de</strong> outras instituições universitárias nacionais. Isso po<strong>de</strong> significar uma abertu<br />

ra também para pesquisadores em comunicaçio.<br />

CRISE NA UNIVERSIDADE; DESTA VEZ^ E NA CATÓLICA DE SALVADOR<br />

Em situaçio que confirma o pouco caso com que o ensino universitário vem sendo tratado<br />

no Brasil, professores e funcionários da Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Salvador, unem-se em<br />

greve contra um atraso <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> dois meses em seus salários, agravado pelas diferenças<br />

relativas aos reajustes salariais <strong>de</strong>cretados em fevereiro e novembro <strong>de</strong> 1979, ainda nio<br />

repassados nos pagamentos atuais. A greve, iniciada no princípio do ano pelos seiscentos<br />

professores da escola, atinge agora seu auge com a a<strong>de</strong>são <strong>de</strong> quase cem funcionários cujo<br />

ganho médio oscila por volta <strong>de</strong> Cr$ A.000,00. Eles são quase todos perten<strong>de</strong>ntes ao <strong>de</strong>par<br />

tamento <strong>de</strong> limpeza, porteiros, telefonistas, pedreiros e funções equivalentes. Eduardo'<br />

Veiga, superinten<strong>de</strong>nte administrativo da escola, diz que nenhum dos funcionários grevis-<br />

tas será punido, mas é omisso quanto aos professores, que acusam a administrarão da uni-<br />

versida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrupta. Além <strong>de</strong> receber os atrasados, para o que não há previsão, cs pro-<br />

fessores querem a <strong>de</strong>missão da direção atual e participação da comunida<strong>de</strong> universitária ,<br />

professores, alunos e funcionários, na escolha <strong>de</strong> um novo reitor.<br />

SIP: LIBERDADE E CADA VEZ MENOR NO CONTINENTE<br />

A Socieda<strong>de</strong> Interamericana <strong>de</strong> Imprensa - SIP, em sua reunião semestral que foi realizada<br />

em San Juan <strong>de</strong> Porto Rico, divulgou relatório on<strong>de</strong> afirma estar a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Imprensa<br />

cada vez mais ameaçada pelos governos, inclusive em países tradicionalmente respeitosos<br />

do direito <strong>de</strong> expressão, como Estados Unidos, Méxicoe República Dominicana. Sobre o Bra-<br />

sil, a SIP manifestou-se da seguinte forma: "Na prática existe liberda<strong>de</strong>, apesar <strong>de</strong> con-<br />

tinuarem vigentes leis que restringem essa mesma liberda<strong>de</strong>". Além disso, será solicitado<br />

ao General Figueiredo que revogue todos os dispositivos jurídicos "lesivos ã liberda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> imprensa".<br />

0 LIVRE ACESSO AS INFORMAÇÕES<br />

Com o título acima, o jornalista Alberto Dines faz uma análise <strong>de</strong> dois fatos muito impor<br />

tantes na imprensa mundial: a escolha por eleição do redator-chefe do jornal francês "Le<br />

Mon<strong>de</strong>" e a divulgação sobre o relatório da comissão Mac Bri<strong>de</strong> da UNESCO. A matéria foi<br />

publicada no jornal "Folha <strong>de</strong> São Paulo" (2/3/80 - pag. 12) e Dines faz um bom histórico<br />

sobre o jornal francês, sua rimportância e o nível <strong>de</strong> preocupação que a eleição está cau-<br />

sando, dando origens a matérias <strong>de</strong> capa nos gran<strong>de</strong>s periódicos europeus, como "L'Ex-<br />

press". Concorrem ao cargo, muito importante, pois dita a linha a ser adotada pelo Jor-<br />

nal, os jornalistas Clau<strong>de</strong> Julian (<strong>de</strong>mocrata e socialista) e Jacques Amalric (libe-<br />

ral centrista). A propósito, é bom lembrar que o "Le Mon<strong>de</strong>" é um jornal on<strong>de</strong> os redato-<br />

res participam com k0% das ações e do comando, existindo a liberda<strong>de</strong> do acesso ã informa<br />

ção por parte do corpo <strong>de</strong> jornalistas, fazendo com que uma disputa como essa ganhe dimen<br />

soes extraordinárias, chegando a ser <strong>de</strong>batida no Brasil, local on<strong>de</strong> o acesso <strong>de</strong> redato-<br />

res aos quadros diretivos ou, muito mais simples, ã linha redacional dos jornais, é pra-<br />

ticamente proibida. Quanto ao relatório Mac Bri<strong>de</strong>, (homenagem ao seu coor<strong>de</strong>nador e rela-<br />

tor, o irlandês Sean Mac Bri<strong>de</strong>) a Unesco resolve mudar as suas preocupações sobre um va-<br />

go conceito <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão, para se ligar no da nova or<strong>de</strong>m internacional da<br />

informação, dando mais importância para o acesso à informação. As posições em jogo nos<br />

dois anos <strong>de</strong> discussões referiam-se quase sempre ãs posições políticas, tanto assim que<br />

eram dirigidas por representantes dos países hegemônicos (EUA, Inglaterra e França) e<br />

suas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> informação, enfrentando a oposição dos chamados países <strong>de</strong> Terceiro Mundo ,<br />

com o apoio <strong>de</strong> países <strong>de</strong> bloco socialista. De acordo com Dines, o relatório Mac Bri<strong>de</strong>, a_<br />

pesar <strong>de</strong> tocar em todos os problemas do acesso e livre circulação <strong>de</strong> informações - influ<br />

ência das multinacionais, censura oficial e treinamento <strong>de</strong> editoras <strong>de</strong> modo a aumentar-""<br />

lhes a sensibilida<strong>de</strong> e a responsabilida<strong>de</strong> - não menciona algo crucial: a posse dos meios<br />

<strong>de</strong> comunicação". A versão até agora divulgada do relatório mostra apenas duas divisões <strong>de</strong><br />

finitivas: a empresa capitalista e o empreendimento estatal. Mostra ainda que as fissu- -<br />

ras sãò tão acentuadas que nem mesmo as posições alternativas encontraram espaço para<br />

maiores discussões. No entanto, afirma Alberto Dines que a preocupação <strong>de</strong> mudar a or<strong>de</strong>m<br />

internacional da informação, mudando a linha <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates da UNESCO, já é um gran<strong>de</strong> passo<br />

para <strong>de</strong>finir o acesso a informação, <strong>de</strong>ixando ao homem contemporâneo o seu direito bási-<br />

co <strong>de</strong> ser e <strong>de</strong> pensar.<br />

-2C<br />

*


V<br />

Comentário<br />

QUE LIBERDADE £ ESSA?<br />

Nos últimos meses alguns jornais na gran<strong>de</strong> Imprensa brasileira mostraram editoriais .vi-<br />

brantes e relatórios <strong>de</strong>finitivos on<strong>de</strong> apostavam que já havia liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> imprensa no<br />

país. Esses relatórios foram até levados para a Socieda<strong>de</strong> Interamericana <strong>de</strong> Imprensa que<br />

os aceitou como verda<strong>de</strong>iros. Porém, após um rápido levantamento da realida<strong>de</strong> só nos res-<br />

ta perguntar: que liberda<strong>de</strong> é essa? Para se ter uma idéia <strong>de</strong>sta 1iberda<strong>de</strong>, é bastante<br />

lembrar os processo do Governo contra o G00J0RNAL, a Tribuna da Imprensa, a apreensio do<br />

PASQUIM, a bomba no jornal HORA DO POVO, a prisão <strong>de</strong> 0 REPÓRTER, a negativa do Exército<br />

em cre<strong>de</strong>nciar jornalistas no Quartel General em Brasília e a continuaçio das <strong>de</strong>missões<br />

<strong>de</strong> jornalistas dos meios <strong>de</strong> comunicação ligados ao Governo, como a aconteceu recentemen-<br />

te na TV 2 Cultura, <strong>de</strong> Sio Paulo. Tudo Isso acontecendo sob o silêncio da gran<strong>de</strong> impren-<br />

sa, que quando era a atingida foi a primeira a reagir contra. Então só há censura â im-<br />

prensa na gran<strong>de</strong> Imprensa? E tudo isso acontecendo <strong>de</strong>ntro da "política da mão estendida"<br />

(Ricardo Rosado <strong>de</strong> Holanda).<br />

-21


III CICLO DE ESTUDOS INTERDISCIPLINARES DA COMUNICAÇÃO<br />

Período: 4 a 7 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1980<br />

Local: São Paulo<br />

Promoção: INTERCOM - Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Estudos Interdisciplinares<br />

da Comunicação<br />

Tema central - ESTADO, POPULISMO E COMUNICAÇÃO NO BRASIL<br />

Sub-temas: 1. Populismo e Neopopulismo<br />

2. A Comunicação Populista: do DIP a SECOM<br />

3. O Discurso Populista Ontem e Hoje: Confrontos<br />

4. O Populismo nos MCM<br />

5. O Populismo na Arte<br />

6. 0 Populismo na Literatura<br />

7. O Populismo na Educação<br />

O certame constará das seguintes ativida<strong>de</strong>s:<br />

Simpósios - coor<strong>de</strong>nados e <strong>de</strong>senvolvidos por estudiosos especialôente<br />

convidados pela comissão organizadora.<br />

Painéis - propostos pelos sócios ou sugeridos por entida<strong>de</strong>s e associa<br />

ções culturais ou científicas.<br />

Sessões <strong>de</strong> comunicações livres - abertas as inscrições <strong>de</strong> trabalhos a<br />

■22<br />

serem apresentadas pelos sócios ou<br />

por <strong>de</strong>mais pessoas interessadas.<br />

Inscrições e informações: INTERCOM - Rua Augusta, 555 - sobreloja -<br />

01305 - São Paulo - SP - Brasil<br />

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