Atos - Volume 19 - N mero 2
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<strong>Volume</strong> <strong>19</strong> / Nú<strong>mero</strong> 2<br />
EDIÇÃO PORTUGUÊS<br />
ATOS<br />
O LÍDER DE<br />
IGREJA EFICAZ<br />
Adaptado dos ensinos de Frank e Wendy Parrish, e Ralph Mahoney<br />
Primeira Parte:<br />
Deus Molda Seus Líderes!<br />
Segunda Parte:<br />
O Padrão Bíblico Para a<br />
Multiplicação de Liderança<br />
VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 1
O LÍDER DE IGREJA EFICAZ<br />
No Novo Testamento, a palavra “eficaz” significa “ativo, poderoso, forte”.<br />
As definições dos dicionários incluem “preparado e disponível para o<br />
serviço”. Assim sendo, o propósito deste ensino é ajudá-lo – através<br />
de Cristo – a tornar-se o líder de igreja mais ativo, forte e poderoso que você<br />
possa ser, alguém que esteja pronto para o serviço.<br />
Liderança santa significa serviço. Liderança santa significa trabalho –<br />
À medida que você<br />
estiver estudando,<br />
permita que a<br />
Palavra de Deus e<br />
o poder do<br />
Espírito Santo o<br />
dirija e lhe<br />
ensine...<br />
geralmente trabalho árduo, mas um trabalho que é sempre recompensador e duradouro. A liderança<br />
santa, no entanto, não é o nosso objetivo maior, mas é um meio para um fim: a edificação e a<br />
preparação do Corpo de Cristo, a divulgação do Evangelho, e, o que é mais importante, a glória de<br />
Deus.<br />
Para que este ensino seja eficaz em sua vida, você precisa estudá-lo numa atitude de oração e aplicar<br />
o que aprender em sua própria vida. Juntamente com isso, você precisa também estudar a Bíblia. A<br />
Palavra de Deus contém tudo o que você precisa saber sobre uma liderança santa. Portanto, este ensino<br />
o levará, vez após vez, a pesquisar as Escrituras.<br />
À medida que você estiver estudando, permita que a Palavra de Deus e o poder do Espírito Santo o<br />
dirija, o molde e lhe ensine, transformando-o num líder eficaz e santo no Corpo de Cristo.<br />
2 / ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005
Primeira Parte:<br />
Deus Molda Seus Líderes!<br />
I. DEPENDENDO DE DEUS<br />
Mais de 2,5 milhões de israelitas seguiram a Moisés e<br />
saíram do Egito, para entrarem no deserto desconhecido.<br />
Essa foi uma enorme responsabilidade de liderança – uma<br />
responsabilidade que Moisés não buscou (leia Êxodo 3).<br />
Moisés começou como um líder relutante. Ele não<br />
acreditava que tivesse capacidade ou habilidade para liderar<br />
um grupo de pessoas tão grande assim para uma jornada<br />
tão importante (Êx 3:11-4:16). Deus, no entanto, viu<br />
algo em Moisés que Ele desejava usar. As limitações humanas<br />
de Moisés não eram um problema para Deus –<br />
como também as suas limitações não o são.<br />
Moisés argumentou com Deus sobre o seu chamado.<br />
Ele sabia que não era qualificado para fazer o que Deus<br />
o estava chamando para fazer (Êx 3:11-4:16). Ele provavelmente<br />
duvidou das próprias habilidades e temeu o que<br />
aquele chamado poderia envolver. Contudo, Deus prometeu<br />
estar com Moisés e fornecer a ajuda de que ele<br />
precisava para cumprir a grande incumbência de Deus<br />
para ele.<br />
[Estudaremos muito mais sobre o que Deus ensinou a<br />
Moisés a respeito de “liderança” na Segunda Parte: “O<br />
Padrão Bíblico Para a Multiplicação de Liderança”.]<br />
A. Todos Nós Precisamos Ser Moldados<br />
Quando Moisés tirou os israelitas do Egito, ele não tinha<br />
experiência nos caminhos de Deus com relação à li-<br />
derança. Deus geralmente coloca as pessoas em posição<br />
de responsabilidade antes que elas se sintam prontas ou<br />
capazes. Talvez você já tenha sido lançado numa posição<br />
de liderança e esteja enfrentando frustrações ou até mesmo<br />
fracassos. Se esse for o seu caso, anime-se!<br />
O fato de recebermos responsabilidades que vão além<br />
do nível com o qual nos sentimos confortáveis, freqüentemente<br />
faz parte do processo de moldagem de Deus. Ele<br />
usa épocas de “esticamento” para nos ensinar importantes<br />
lições. Essas situações aumentam nossa fé, expandem<br />
nossa capacidade e aumentam nossa confiança em Deus.<br />
Nessas ocasiões, aprendemos a depender mais de Deus<br />
(Pv 3:5,6).<br />
O Senhor encorajou Moisés, certificando-lhe que os seus<br />
temores e fraquezas poderiam ser vencidos através da ajuda<br />
e do poder de Deus. Moisés – como todos nós – também<br />
precisava de ensinamentos, de ser moldado, e da ajuda<br />
de outros. Ele precisava desenvolver sua capacitação.<br />
Mais importante de tudo, ele precisava de uma dependência<br />
muito maior de Deus, do Seu poder e da Sua sabedoria,<br />
como ele jamais precisou antes.<br />
B. Capacitação de Deus – Não Nossa<br />
Deus não escolhe Seus servos com base na inteligência,<br />
talento ou sabedoria deles. Se você está preocupado<br />
com o fato de não ter a “capacitação” para cumprir o chamado<br />
de Deus para você, isso é na verdade algo bom.<br />
VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 3
EDIÇÃO PORTUGUÊS<br />
<strong>Volume</strong> <strong>19</strong> / Nú<strong>mero</strong> 2<br />
ATOS<br />
O LÍDER DE IGREJA EFICAZ<br />
Índice<br />
Primeira Parte:<br />
Deus Molda Seus Líderes! ............................................... 3<br />
Segunda Parte:<br />
O Padrão Bíblico Para a Multiplicação de Liderança ...... 17<br />
Item Extra:<br />
Esboço de Sermões Para “O Líder de Igreja Eficaz”........ 38<br />
Editores ................................................... Frank & Wendy Parrish<br />
Editor Internacional .................................................. Gayla Dease<br />
Revisor Final ............................................................. Keith Balser<br />
Fundador da World MAP .................................... Ralph Mahoney<br />
Artes Gráficas ....................................................... Vander Santos<br />
Arte da Capa ............................................................. Ben Parrish<br />
Tradutor .............................................................. Marcos Taveira<br />
Revisora ................................................................. Nadya Denis<br />
Leitora de Provas .............................................. Maura Ocampos<br />
Impressão Gráfica .......................................... Editora Betânia S/C<br />
VISÃO E MISSÃO<br />
DA REVISTA ATOS<br />
Prover ensino bíblico prático e treinamento ministerial<br />
grátis a líderes de igreja na Ásia, África e América<br />
Latina que pregam ou ensinam a Palavra de Deus a 20<br />
ou mais pessoas a cada semana, de forma que estejam<br />
equipados para cumprir a Grande Comissão em sua<br />
própria nação e ao redor do mundo.<br />
ATOS, no original, (ISSN 0744-1789) é publicada<br />
a cada três meses pelo “World MAP”, 14<strong>19</strong> N.<br />
San Fernando Blvd., Burbank, CA 91504, EUA. Toda<br />
correspondência deve ser dirigida para o endereço<br />
acima ou para Caixa Postal 5053, 31611-970<br />
Venda Nova, MG, Brasil ou ainda para o e-mail:<br />
revista.atos@uol.com.br<br />
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5053, 31611-970 Venda Nova, MG, Brasil.<br />
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www.world-map.com<br />
Na verdade, o Apóstolo Paulo nos ensinou exatamente<br />
sobre isto: “...não são muitos os sábios segundo a carne,<br />
nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres<br />
que são chamados. Mas Ele escolheu as coisas loucas<br />
do mundo para envergonhar as sábias; e Deus escolheu<br />
as coisas fracas do mundo para envergonhar as<br />
coisas que são poderosas; e Deus escolheu as coisas<br />
vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são,<br />
para aniquilar as que são, para que nenhuma carne<br />
se glorie em Sua presença” (1 Co 1:26-29).<br />
Paulo também citou as razões pelas quais ele poderia<br />
ter dependido de si mesmo: a sua vasta instrução acadêmica,<br />
o seu zelo, a sua devota linhagem hebraica, a sua<br />
obediência à Lei. Contudo, Paulo passou três anos no Deserto<br />
da Arábia, separando-se dos seus próprios ganhos<br />
de acordo com a carne, a fim de verdadeiramente ganhar<br />
a Cristo (Gl 1:17; Fp 3:4-8).<br />
Paulo sabia que em seu próprio poder e sabedoria ele<br />
não poderia realizar nada eterno. Não foi “com palavras<br />
persuasivas de sabedoria humana, mas com a demonstração<br />
do Espírito e de poder, para que a vossa fé não<br />
fosse na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus”<br />
(1 Co 2:4,5). Paulo não estava tentando reunir seguidores<br />
para si próprio. Ele queria que todos seguissem a Cristo<br />
Jesus, o Senhor. Isso somente poderia ser realizado através<br />
do poder e do Espírito de Deus, e não pela sabedoria<br />
humana.<br />
O sábio servo de Deus reconhece que é preciso mais<br />
que a sua capacitação ou experiência pessoal para<br />
qualificá-lo para a obra do ministério. É somente através<br />
da capacitação de Deus – do chamado, do poder, dos<br />
dons e da unção de Deus – que verdadeiramente seremos<br />
frutíferos no ministério.<br />
Deus procura os que são leais a Ele – e que são completamente<br />
d’Ele – e, então, ELE faz obras poderosas através<br />
deles (2 Cr 16:9). O coração da pessoa, o seu caráter,<br />
a sua disposição de depender totalmente de Deus e de<br />
obedecer-Lhe são as características que a tornam um vaso<br />
adequado para uso do Mestre.<br />
II. CULTIVANDO UM CARÁTER<br />
SEMELHANTE AO DE CRISTO<br />
Quando as pessoas respondem obedientemente ao chamado<br />
de Deus, Ele assume a responsabilidade de preparálas<br />
e moldá-las para o Seu uso. Deus usa a Sua Palavra, o<br />
Seu Espírito, as circunstâncias, outras pessoas – o que quer<br />
que Ele escolher – para moldar os Seus servos.<br />
Esta é a mensagem principal de Romanos 8:28: “Sabemos<br />
que todas as coisas contribuem para o bem daqueles<br />
que amam a Deus, dos que são chamados de<br />
acordo com o Seu propósito”.<br />
Quando amamos a Deus, Ele usa todas as coisas que<br />
acontecem em nossa vida para o nosso bem. Contudo, qual<br />
é o verdadeiro significado bíblico da palavra “bem”?<br />
Talvez pensemos que o “bem” vindo de Deus para nós<br />
consiste em conforto, saúde ou bênçãos materiais; ou um<br />
ministério “poderoso e bem-sucedido”; ou circunstâncias<br />
fáceis.<br />
4 / ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005
No entanto, o “bem” de Deus para nós é muito mais<br />
importante para a nossa maturidade do que para os confortos<br />
temporários ou sucesso no mundo. O maior “bem”<br />
de Deus para cada um de nós é explicado exatamente no<br />
próximo versículo – “sermos conformes à imagem de Seu<br />
Filho” (Rm 8:29).<br />
O “bem” de Deus é quando Ele usa tudo o que acontece<br />
em nossa vida para nos fazer mais semelhantes a Jesus.<br />
Os melhores dos melhores líderes de igrejas são os<br />
que diariamente rendem o coração e a vida para a obra de<br />
Deus. Eles estão se transformando cada vez mais à semelhança<br />
de Cristo em seu caráter<br />
e ministério. Vamos<br />
examinar a razão pela qual<br />
isso é tão essencial assim:<br />
A. O Caráter<br />
Semelhante ao de<br />
Cristo:<br />
O Primeiro Chamado<br />
do Líder<br />
Todos nós concordaríamos<br />
que os líderes de igreja<br />
precisam devotar-se ao estudo<br />
diário da Palavra de<br />
Deus. Eles precisam trabalhar<br />
no desenvolvimento de<br />
seus dons e chamados. Eles<br />
também provavelmente passam<br />
muitas horas no serviço<br />
ministerial. Todas essas coisas<br />
são partes essenciais do<br />
ministério e sempre são prioridades<br />
importantes.<br />
No meio de todas as atividades,<br />
no entanto, os líderes<br />
não podem perder de vista<br />
a sua busca mais importante:<br />
conhecerem a Cristo,<br />
terem a Sua semelhança<br />
formada neles, e permitirem que o Seu Espírito os capacite.<br />
Muitas pessoas procuram encontrar uma realização espiritual<br />
em seu “ministério” ou “chamado”, em vez de buscar<br />
um relacionamento com Deus. Elas se tornam muito<br />
mais preocupadas com o que podem fazer ou realizar do<br />
que com quem elas estão se tornando em Cristo.<br />
O nosso destino espiritual não tem a ver somente com<br />
o que nós fazemos para Deus. Ele consiste na conformação<br />
da nossa vida no sentido de sermos semelhantes a<br />
Cristo. O nosso destino – em primeiro lugar – é sermos<br />
semelhantes a Cristo.<br />
Não há dúvida nenhuma de que o Apóstolo Paulo foi<br />
um homem extraordinário. Deus o usou para levar milhares<br />
de pessoas a Cristo, escrever as Escrituras sob a inspiração<br />
do Espírito Santo, iniciar igrejas e mover-se nos dons<br />
espirituais com poder. Certamente diríamos que Paulo cumpriu<br />
tudo o que Deus o chamou para fazer.<br />
O nosso destino espiritual não tem<br />
a ver somente com o que nós<br />
fazemos para Deus. Ele consiste<br />
na conformação da nossa vida no<br />
sentido de sermos semelhantes a<br />
Cristo. O nosso destino – em<br />
primeiro lugar – é sermos<br />
semelhantes a Cristo.<br />
No entanto, a prioridade máxima de Paulo não era o<br />
seu chamado. Era a sua paixão em conhecer e tornar-se<br />
semelhante a Jesus! Foi Paulo que escreveu: “E, na verdade,<br />
tenho também por perda todas as coisas pela<br />
excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor,<br />
pelo qual sofri a perda de todas as coisas, e as<br />
considero como esterco, para que possa ganhar a Cristo...<br />
para que eu possa conhecê-Lo, e o poder da Sua<br />
ressurreição, e a comunhão dos Seus sofrimentos, sendo<br />
feito conforme à Sua morte” (Fp 3:8,10; leia também os<br />
versículos 12-15).<br />
O Novo Testamento<br />
contém muitas referências<br />
ao nosso destino espiritual.<br />
E quase todas elas apontam<br />
para nós a direção de conhecermos<br />
e tornarmo-nos<br />
semelhantes a Cristo. Deus<br />
não está nada interessado<br />
no que fazemos por<br />
Ele, e sim no que estamos<br />
nos tornando para<br />
Ele.<br />
B. O Que é o Caráter<br />
Semelhante ao de<br />
Cristo?<br />
O tornarmo-nos semelhantes<br />
a Cristo envolve, em<br />
parte, o desenvolvimento do<br />
nosso caráter cristão – a nossa<br />
natureza, a nossa constituição<br />
moral. Isso não revela<br />
o quão “perfeitamente”<br />
podemos nos comportar externamente,<br />
mas com o fato<br />
de sermos verdadeiramente<br />
“transformados” de dentro<br />
para fora. Aí então esta mudança<br />
interna se reflete externamente,<br />
através das nossas atitudes e ações.<br />
1. Reverência Para com Deus<br />
O caráter cristão não tem a ver com honrar ou impressionar<br />
os homens. Todos nós precisamos responder primeiramente<br />
ao Deus Todo-Poderoso. O ponto de partida<br />
para o caráter semelhante ao de Cristo é o “temor do<br />
Senhor” (Pv 9:10) – o nosso respeito e reverência para<br />
com Ele e por Sua santidade. O processo para nos tornarmos<br />
semelhantes a Cristo inicia-se com o nosso viver na<br />
prática de nossa fé, com reverência e respeito para com<br />
Deus, o Qual olha para nosso coração (1 Sm 16:7).<br />
2. Coração de Servo<br />
O caráter cristão envolve o sacrifício. Precisamos estar<br />
dispostos a morrermos para os nossos próprios desejos<br />
e concupiscências. Precisamos deixar de lado nossas agendas<br />
ou conveniências pessoais, a fim de nos tornarmos<br />
VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 5
mais semelhantes a Cristo. Lembre-se: somos chamados<br />
para sermos servos do Senhor Altíssimo.<br />
Jesus nos estimulou a termos em mente que a verdadeira<br />
atitude de servo não é simplesmente fazermos o que<br />
é esperado. É sacrificial! Precisamos procurar as oportunidades<br />
para fazermos até mesmo mais do que os nossos<br />
deveres mínimos (Lc 17:10).<br />
Talvez haja ocasiões em que menos atividades ministeriais<br />
sejam necessárias, se outras prioridades ordenadas<br />
por Deus estiverem sendo negligenciadas (tais como a família<br />
ou a oração). Mais importante de tudo, como servos<br />
de Deus, devemos ser obedientes a tudo o que Ele desejar<br />
(1 Sm 15:22,23).<br />
3. Arrependimento<br />
O desenvolvimento do caráter semelhante ao de Cristo<br />
é descrito por Paulo como o revestimento do “novo homem”<br />
(Ef 4:24; Cl 3:10). Isso é realizado com um estilo de<br />
vida de arrependimento.<br />
Precisamos ser rápidos em respondermos às correções<br />
do Espírito Santo. Ele habita dentro de cada crente em<br />
Cristo, confirmando-nos à medida que somos obedientes<br />
aos caminhos de Deus. O Espírito Santo também nos convence<br />
de pecados de momento a momento, se formos sensíveis<br />
aos Seus direcionamentos. A nossa resposta à convicção<br />
de pecado que o Espírito Santo nos traz é o arrependimento<br />
– uma mudança de mente ou de direção.<br />
Talvez estejamos a ponto de dizer ou fazer algo, mas, se<br />
formos sensíveis à convicção de pecado que o Espírito<br />
Santo nos traz, devemos parar.<br />
Se ignorarmos o Espírito Santo, nos tornaremos menos<br />
sensíveis, e, mais tarde, endurecidos à Sua obra. Contudo,<br />
O Espírito<br />
opera<br />
através da<br />
Palavra de<br />
Deus.<br />
à medida que respondemos a essa convicção, nos tornamos<br />
mais sensíveis à Sua vontade e direcionamentos.<br />
O desenvolvimento do caráter semelhante ao de Cristo<br />
– ou de sermos santificados – é um processo diário de<br />
convicção de pecado, arrependimento e transformação. O<br />
Espírito Santo nos ajuda em nossa santificação (2 Co 3:18;<br />
Tt 3:5). Obviamente, o Espírito também opera através da<br />
Palavra de Deus. A santificação não pode ocorrer sem a<br />
Palavra, mas a Palavra precisa vir acompanhada de uma<br />
dependência do Espírito Santo.<br />
4. Comportamento Transformado<br />
O fato de nos desvestirmos do velho homem também<br />
envolve em parte uma mudança do nosso comportamento.<br />
Paulo foi rápido em salientar que precisamos fazer escolhas<br />
com a nossa vontade para deixarmos para trás<br />
os caminhos da nossa antiga natureza. Leia cuidadosamente<br />
Efésios 4:22-5:21 e Colossenses 3:12-17.<br />
Sendo Verdadeiramente Transformados<br />
O sermos semelhantes a Cristo não tem a ver somente<br />
com uma conformidade externa a regras e regulamentos.<br />
Isso é o que faziam os fariseus. Eles tentavam parecer<br />
bons externamente, sem permitirem que seus corações fossem<br />
transformados. Isso é chamado de “auto-retidão” e<br />
não realiza nada, a não ser legalismo e morte espiritual.<br />
(Leia Mateus 23 e Mateus 5:20; 7:21-23.)<br />
Jesus chamou os fariseus de “sepulcros caiados” (Mt<br />
23:27,28). Eles tinham a aparência externa de santidade,<br />
mas estavam cheios de impurezas e de hipocrisia.<br />
Não podemos nos purificar e nos santificar por nós<br />
mesmos. Precisamos depender inteiramente da obra de<br />
6 / ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005
Cristo. Ele “pagou o preço” pela nossa santificação. Ela já<br />
foi inteiramente providenciada para nós. Mas não podemos<br />
simplesmente tentar “agir” externamente como sendo<br />
santificados. Precisamos nos render a Deus e cooperar<br />
com Ele, à medida que Ele opera a transformação em nossa<br />
vida. O Senhor faz isso à proporção que aprendemos a<br />
Bíblia, obedecemos a Ele, crescemos na verdade, e somos<br />
instruídos e dirigidos pelo Espírito Santo.<br />
Tenha a certeza de que Jesus já providenciou o que<br />
precisamos para nos tornarmos semelhantes a Ele, mas<br />
precisamos também fazer a nossa parte, como fiéis e obedientes<br />
discípulos do Mestre.<br />
C. Mais do que Caráter<br />
O processo para nos tornarmos<br />
semelhantes a Cristo<br />
é, em grande parte, a obtenção<br />
da beleza e pureza do caráter<br />
de Jesus. Isso, no entanto,<br />
é somente uma parte do que<br />
o Novo Testamento ensina sobre<br />
o processo de nos tornarmos<br />
semelhantes a Jesus.<br />
Quando recebemos a Cristo<br />
como nosso Salvador, tornamo-nos<br />
povo do Reino de<br />
Deus. Todos os crentes têm<br />
esse privilégio. Não é algo reservado<br />
somente aos líderes.<br />
Na qualidade de “embaixadores<br />
do Reino” de Cristo (2<br />
Co 5:20), devemos ser expressões<br />
vivas da vida de Jesus.<br />
Devemos fazer o melhor possível<br />
para representarmos o<br />
Senhor e os Seus desejos aqui<br />
na terra. Assim sendo, o objetivo<br />
de todos os crentes deve<br />
ser o de revelar Cristo vivendo<br />
em nós, como também<br />
Cristo ministrando através<br />
de nós.<br />
Ter a imagem completa de Cristo formada em nós sig-<br />
nifica duas coisas:<br />
· Ser semelhante a Cristo em nosso caráter e santidade<br />
pessoal; e<br />
· Ser semelhante a Cristo em poder e graça no ministério.<br />
Jesus viveu numa completa santidade, retidão e pureza<br />
– precisamos desesperadamente dessa parte da Sua imagem<br />
formada dentro de nós. Jesus, no entanto, também<br />
operava como um Servo em todos os dons e poder do Espírito<br />
Santo – os quais também precisamos que sejam formados<br />
em nós e liberados através de nós.<br />
À medida que nos tornamos semelhantes a Cristo, nossa<br />
vida deve manifestar tanto os frutos do Espírito (Gl<br />
5:22,23), como também os dons do Espírito Santo (1 Co<br />
12:4-11,27,28).<br />
Jesus disse: “Na verdade, na verdade vos digo que<br />
aquele que crê em Mim também fará as obras que Eu<br />
faço, e as fará maiores do que estas, porque Eu vou<br />
para o Meu Pai” (Jo 14:12). Quando Jesus foi para o Pai,<br />
Ele nos enviou o Espírito Santo. Uma das razões para isso<br />
é para que pudéssemos ser capacitados a fazermos as obras<br />
de Cristo.<br />
A Vida e o Poder de Cristo<br />
Somente podemos nos tornar verdadeiramente semelhantes<br />
a Jesus através da tremenda obra interna do Espírito<br />
Santo (2 Co 3:18), pela vida<br />
de Jesus “enchendo” todas as<br />
áreas da nossa vida. Não podemos<br />
transformar a nossa<br />
natureza humana por nós mesmos.<br />
Podemos, no entanto,<br />
escolher abrir nosso coração<br />
e vida à obra de Deus, através<br />
do poder do Espírito Santo.<br />
É o Espírito Santo operando<br />
dentro de nós – e a nossa<br />
resposta em rendição e obediência<br />
– que forma a “plenitude<br />
de Cristo” dentro de nós.<br />
Somente podemos encontrar<br />
a verdadeira “semelhança<br />
de Cristo”, à medida que<br />
nos abrimos à “plenitude de<br />
Cristo”. Precisamos estar dispostos<br />
a morrermos para a nossa<br />
própria vida e interesses<br />
próprios, a fim de ganharmos<br />
a Cristo (Gl 2:20). Exatamente<br />
como João Batista falou,<br />
“Ele precisa crescer, mas eu<br />
preciso diminuir” (Jo 3:30).<br />
Devemos ser expressões vivas Se a nossa vida estiver<br />
da vida de Jesus.<br />
cheia com a presença e o Espírito<br />
de Cristo, seremos líderes<br />
mais amorosos, sábios e graciosos. Amaremos mais a<br />
Deus, amaremos mais o Seu Corpo, e alcançaremos os<br />
perdidos como Jesus o faria. Conheceremos a Deus como<br />
nosso Pai Celestial, e estaremos mais preparados para respondermos<br />
e obedecermos a Ele. Nosso coração estará<br />
cheio com os desejos de Deus, no sentido de conhecermos<br />
e fazermos a Sua vontade. Seremos muito mais eficazes<br />
no que fazemos, por causa da semelhança d’Aquele que<br />
estamos revelando – Cristo.<br />
Até mesmo durante ocasiões de grandes tribulações e<br />
adversidades, devemos viver de uma maneira tal “que a<br />
vida de Jesus também possa ser manifesta em nossos<br />
corpos” (2 Co 4:10).<br />
Verdadeiramente, o nosso desejo deve ser o de dizermos:<br />
“Não sou mais eu que vivo, mas Cristo vive em<br />
mim” (Gl 2:20). Aleluia!<br />
Quão desesperadamente a Igreja precisa levantar-se e<br />
VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 7
alcançar este mundo moribundo – tanto com a santidade e<br />
pureza, como também com a vida e poder de Jesus Cristo.<br />
O mundo precisa ver a beleza e o caráter de Cristo em<br />
Seus servos, e as pessoas precisam experimentar a vida e<br />
o poder de Deus sendo ministrados através dos Seus servos.<br />
Uma Severa Admoestação<br />
Algumas pessoas têm alguns seguidores ou um ministério<br />
“bem-sucedido”. Isso não significa necessariamente<br />
que elas estejam servindo a Deus com os seus dons de<br />
liderança.<br />
O simples fato de que os seus “dons” ainda estejam<br />
funcionando não significa que os líderes estejam vivendo<br />
de acordo com os padrões das Escrituras. Eles podem estar<br />
vivendo em rebeldia ou numa óbvia desobediência a<br />
Deus. Talvez estejam ensinando enganos, diluindo a verdade<br />
para atraírem uma multidão de seguidores. No entanto,<br />
eles estão enganados no sentido de acreditarem que<br />
isso seja aceitável, pelo simples fato de<br />
que eles têm aparência de “êxito”.<br />
É um engano terrível acharmos que<br />
Deus nos isenta de uma iniqüidade tão<br />
grande assim pelo simples fato de que<br />
os dons ministeriais ainda estejam funcionando.<br />
Os líderes que estão vivendo<br />
neste engano estão prejudicando a si próprios,<br />
como também aos seus liderados.<br />
Eles desonram a Deus e à Sua Palavra,<br />
pois estão sendo desviados e estão fazendo<br />
com que outros percam o melhor<br />
de Deus para si mesmos.<br />
Há sérias conseqüências para este<br />
tipo de comportamento errado (Mt 18:6).<br />
Esse líder está em grande perigo de ele<br />
próprio ser “desqualificado” (1 Co 9:27).<br />
Deus usa pessoas, e pessoas que são<br />
pecadoras por natureza, falham (Rm<br />
3:23). Contudo, um tropeção no pecado,<br />
seguido de um sincero arrependimento,<br />
é muito diferente de uma vida numa clara<br />
rebeldia e pecado, enquanto a pessoa<br />
ainda estiver ministrando.<br />
Não podemos zombar de Deus nem<br />
enganá-Lo (Gl 6:7,8). Ainda que alguns<br />
ministros estejam aparentemente escapando impunes de<br />
pecados não arrependidos, Deus nunca é enganado. A<br />
Bíblia nos ensina que muitos que “ministram” um dia dirão:<br />
“Senhor, Senhor, não profetizamos em Teu nome? E<br />
em Teu nome não expulsamos demônios? E em Teu nome<br />
não fizemos muitas maravilhas?” (Mt 7:22.) Eles pareciam<br />
ser líderes dotados. Contudo, eles não se esforçaram<br />
em conhecer a Cristo e em ser conformados à Sua imagem.<br />
No entanto, eles não terão enganado a Cristo. Ele<br />
falará as seguintes e terríveis palavras: “Eu nunca vos<br />
conheci; apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniqüidade”<br />
(Mt 7:23).<br />
Nossos dons e chamado não nos são dados para que<br />
Responder à convicção<br />
de pecado produzida<br />
pelo Espírito.<br />
possamos servir a nossos próprios interesses egoísticos.<br />
Deus dá dons para serem usados, para servirmos as nossas<br />
mais altas prioridades: conhecermos e glorificarmos a<br />
Deus; sermos transformados à imagem de Cristo; e capacitarmos<br />
os santos para o ministério semelhante ao de Cristo.<br />
D. Rendendo-nos a Deus Diariamente<br />
As Escrituras se referem a Deus como sendo o “Oleiro”<br />
e aos Seus filhos como sendo o “barro” (Is 29:16; 64:8;<br />
Jr 18:1-6; Rm 9:21). Deus está operando para nos moldar<br />
e formar de acordo com a Sua vontade. Isso pode ser um<br />
processo doloroso às vezes, mas precisamos nos lembrar<br />
de que o Oleiro Mestre nos ama e sempre tem o melhor e<br />
os mais elevados propósitos em mente para nós.<br />
A transformação é um processo que dura a vida inteira<br />
(2 Co 3:18). Até mesmo os líderes de igreja com<br />
maturidade precisam render-se a Deus e aos Seus tratamentos.<br />
O Espírito Santo continuamente nos estimula com<br />
relação à vontade de Deus e aos Seus mais elevados propósitos<br />
para nós. No entanto, o nosso<br />
dever é respondermos à convicção de<br />
pecado produzida pelo Espírito e buscarmos<br />
os propósitos de Deus – todos<br />
os dias!<br />
Quer ser o servo de Deus mais eficaz<br />
que você possa ser? Então comprometa-se<br />
a tornar-se mais semelhante<br />
a Cristo. A obra de moldagem de<br />
Deus, a Sua Palavra e o Seu poder de<br />
unção são a chave para um ministério<br />
verdadeiramente eficaz e santo.<br />
III.O CAMINHO PARA A<br />
LIDERANÇA<br />
A transformação espiritual de Cristo<br />
sendo formado em nós acontece<br />
durante toda a nossa vida. Contudo,<br />
pode haver tempos específicos de uma<br />
intensa moldagem ou preparo antes de<br />
uma nova responsabilidade ministerial.<br />
As que mais transformam nossa vida<br />
dentre estas ocasiões de moldagem<br />
ocorrem durante tribulações ou grandes<br />
adversidades.<br />
José foi um homem que experimentou<br />
muitos longos anos de tribulações e de preparo antes<br />
de ser liberado ao chamado que Deus lhe havia revelado.<br />
Um estudo da vida de José pode nos ajudar a compreender<br />
algumas das adversidades que talvez enfrentemos à<br />
medida que o Senhor nos molda para o Seu uso.<br />
Vários ministros do Evangelho com muita maturidade<br />
têm tido experiências que são bem semelhantes às de José.<br />
Talvez eles não percebam durante uma tribulação ou adversidade<br />
que Deus está usando estas circunstâncias para<br />
moldá-los ou dirigi-los. No entanto, eles passam a compreender<br />
mais tarde o motivo pelo qual Deus escolheu aquele<br />
caminho específico para eles.<br />
NOTA: Antes de estudarmos a vida de José, pare agora<br />
8 / ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005
e separe um tempo para ler Gênesis 37-49 em sua Bíblia<br />
(veja também Salmos 105:16-24).<br />
A. Um Chamado Precoce<br />
José era o filho primogênito de Jacó e sua esposa favorita,<br />
Raquel. Jacó teve outros filhos anteriormente, mas<br />
José era mais favorecido que todos os demais.<br />
Quando José ainda era um jovem, Deus lhe deu uma<br />
série de sonhos (Gn 37:5-11). Esses sonhos indicavam que<br />
o propósito para a vida de José era que ele tivesse uma<br />
posição de liderança proeminente. Esse papel de importância<br />
fundamental ajudaria muitas pessoas e preservaria<br />
o povo escolhido de Deus, Israel, através do qual o Messias,<br />
o Cristo, viria (Gn 45:5-7).<br />
Talvez José tivesse sido mais sábio se simplesmente<br />
ponderasse essas coisas em seu coração. Em seu zelo, no<br />
entanto, José compartilhou<br />
os sonhos com a<br />
sua família. Ele chegou<br />
até mesmo a dizer que<br />
eles um dia se prostrariam<br />
diante dele. O seu<br />
pai o repreendeu e os<br />
seus irmãos ficaram<br />
com inveja e o odiaram<br />
(Gn 37:10,11).<br />
José acabou sendo<br />
traído por seus irmãos.<br />
Eles o venderam como<br />
escravo e fizeram com<br />
que o seu pai cresse que<br />
ele havia sido morto por<br />
animais selvagens.<br />
Esse período na<br />
vida de José deve ter<br />
sido tão confuso como<br />
foi difícil. Deus havia<br />
lhe dado sonhos de grandes coisas que ele realizaria. José<br />
tinha uma impressão em seu coração sobre o chamado de<br />
Deus em sua vida. No entanto, as suas experiências até<br />
aquele momento haviam sido a rejeição, a decepção, a traição<br />
e a dor. Ele havia se separado da sua família e estava<br />
agora trabalhando como escravo numa terra pagã. Como<br />
isso poderia fazer parte do grande plano de Deus para a<br />
sua vida?<br />
B. Deus Nunca nos Deixa<br />
José foi comprado no Egito como escravo por Potifar,<br />
um oficial de Faraó. Neste ponto da narrativa, a Bíblia<br />
revela uma verdade profunda: “O Senhor estava com<br />
José” (Gn 39:2). Se o Senhor estava com José, por que<br />
ele havia sido desprezado e traído por seus irmãos? Por<br />
que ele teve de sofrer tamanha adversidade?<br />
Somente Deus pode verdadeiramente responder a essas<br />
perguntas. Deus às vezes nos liberta imediatamente<br />
das tribulações e aflições. Às vezes Ele permite que as<br />
experimentemos por algum tempo antes de nos libertar.<br />
Deus é soberano, amoroso e justo. Quando nossa vida está<br />
entregue a Deus, é somente Ele que decide o curso que<br />
ela irá tomar.<br />
Quando as circunstâncias se tornam difíceis talvez questionemos<br />
se a presença de Deus ainda está conosco. Você<br />
pode ter a certeza de que as tribulações NÃO significam<br />
que Deus o deixou! Deus prometeu nunca deixá-lo nem<br />
abandoná-lo (Dt 31:8; Js 1:5; Mt 28:20; Hb 13:5). Exatamente<br />
como Ele estava com José, assim também Ele estará<br />
com você.<br />
C. O Caminho Pode Parecer Estranho<br />
Muito embora Deus tivesse poupado a vida de José,<br />
Ele de fato permitiu que José sofresse traições e adversidades.<br />
Apenas podemos concluir que Deus tinha um plano<br />
muito especial para José que somente Ele comprendia na<br />
ocasião.<br />
Houve uma época<br />
em que as coisas<br />
começaram a melhorar<br />
para José.<br />
Permitiram-lhe que<br />
estivesse a cargo de<br />
toda a casa e das<br />
posses de Potifar.<br />
Essa foi uma<br />
grande responsabilidade,<br />
e José foi fiel<br />
(Gn 39:1-6). Mas,<br />
exatamente quando<br />
as coisas começaram<br />
a ir bem, uma<br />
tribulação ainda<br />
maior estava se<br />
avultando.<br />
A Bíblia nos diz<br />
que a esposa de Potifar<br />
notou José e<br />
tentou seduzi-lo a um relacionamento imoral. Deus nunca<br />
nos tenta com o mal (Tg 1:12-16). Assim sendo, isso pode<br />
ter sido uma tentativa de Satanás de destruir o plano de<br />
Deus para José.<br />
José, no entanto, permaneceu fiel a Deus e recusou a<br />
esposa de Potifar. Amargurada, ela falsamente acusou a<br />
José (Gn 39:6-18). Potifar acreditou no engano de sua esposa,<br />
e, irado, ordenou que José fosse lançado na prisão.<br />
José havia servido diligentemente e resistido às tentações.<br />
Contudo, o resultado da sua fidelidade foram falsas<br />
acusações e a prisão! Quão estranho o caminho pelo qual<br />
Deus pode levar os Seus escolhidos!<br />
D. Servindo Fielmente<br />
A presença do Senhor continuou com José na prisão e<br />
lhe deu graça (Gn 39:21).<br />
Surpreendentemente, não lemos que José ficou amargurado,<br />
até mesmo após anos de aprisionamento. Ele servia<br />
diligentemente em quaisquer circunstâncias em que se<br />
encontrava. Assim sendo, ele recebia mais responsabilidades<br />
de liderança para que nelas pudesse se desenvolver<br />
VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 9
(Gn 39:22,23). O tempo não estava sendo desperdiçado.<br />
O propósito de Deus ainda estava se desvendando para a<br />
vida de José.<br />
José, no entanto, estava ciente de que havia sido aprisionado<br />
injustamente. Ele até mesmo tentou mudar as suas<br />
circunstâncias, mas em vão (Gn 40:14,15,23).<br />
José permaneceu na prisão, enquanto mais anos se<br />
passavam – mais de dez anos ao todo. Ele deve ter tido<br />
momentos de frustração, desespero e até mesmo de falta<br />
de esperança. O chamado de Deus ao governo deve ter<br />
parecido impossível.<br />
E. Provado e Purificado<br />
Muito embora o oficial de Faraó tivesse se esquecido<br />
de José por muitos anos, Deus não Se esqueceu dele. No<br />
momento certo, aquele oficial lembrou-se de José, e ele foi<br />
tirado da prisão e colocado diante de Faraó (Gn 41:9-15).<br />
Deus habilitou José para dar a interpretação do significado<br />
de um importante sonho de Faraó. O sonho previa<br />
um tempo de fartura, seguido por um tempo de fome para<br />
todo o Egito. Deus também deu a José a sabedoria para<br />
desenvolver um plano de ação que salvaria o Egito – e o<br />
povo de Deus – de muitas perdas e de uma grande devastação<br />
(Gn 41:28-36).<br />
Faraó reconheceu que José era um homem cheio do<br />
Espírito de Deus (Gn 41:38). Ele colocou José numa posição<br />
de autoridade sobre todos os interesses do Egito. Somente<br />
o próprio Faraó teria uma autoridade maior (Gn<br />
41:40-44).<br />
Quando Faraó elogiou José pela sua capacidade de interpretações<br />
de sonhos, José conhecia a fonte da sua sabedoria:<br />
“Isto não está em mim; Deus dará a Faraó<br />
uma resposta” (Gn 41:16). José deu a Deus toda a glória<br />
– um exemplo para todos nós quando Deus nos usa<br />
para ministrarmos eficazmente.<br />
Ele vem ao<br />
nosso encontro.<br />
Assim sendo, qual foi o resultado dos<br />
muitos anos de José em que ele passou<br />
por traições, decepções, adversidades e<br />
aprisionamento? José saiu da prisão<br />
como um homem cheio do Espírito de<br />
Deus e cheio de sabedoria! Ele sabia<br />
que a sua fonte para tudo era Deus somente.<br />
O caráter de José havia sido provado<br />
e purificado. Ele havia sido preparado<br />
para receber muita responsabilidade<br />
e autoridade, como também para servir<br />
com retidão e integridade.<br />
F. O Controle Soberano de Deus<br />
Chegou o tempo em que José foi finalmente<br />
restaurado a seus irmãos e até mesmo<br />
a seu pai (Gn 42-49). José havia sofrido<br />
muitos anos de adversidades por<br />
causa daquilo que seus irmãos haviam feito<br />
com ele.<br />
Contudo, quando José os viu novamente,<br />
ele lhes disse: “Agora, pois, não vos<br />
entristeçais, nem vos pese aos vossos<br />
olhos por me haverdes vendido para cá, porque Deus<br />
me enviou, diante da vossa face para conservação da<br />
vida” (Gn 45:5). José não guardou nenhum ressentimento<br />
contra seus irmãos. Ele de livre e espontânea vontade os<br />
perdoou. Como isso foi possível?<br />
José disse mais tarde a seus irmãos: “... intentastes<br />
mal contra mim, porém Deus o tornou em bem...” (Gn<br />
50:20.)<br />
José havia aprendido uma lição extremamente importante:<br />
era Deus que estava a cargo das circunstâncias da<br />
sua vida. Ele disse a seus irmãos: “porque Deus me<br />
enviou...” A Bíblia diz novamente em Salmos 105:17<br />
que “Ele [Deus] enviou” a José como escravo ao Egito.<br />
Deus enviou José? Não foram os irmãos dele que conspiraram<br />
para matá-lo, e aí então para vendê-lo como escravo?<br />
Sim, eles fizeram isso. Mas foi Deus, o Qual é<br />
maior do que qualquer circunstância, que estava em todas<br />
as situações da vida de José. Deus usou as circunstâncias<br />
de José para, de uma maneira singular, preserválo<br />
e prepará-lo para um propósito maior. Posteriormente,<br />
Deus transformou as ações malignas feitas contra José<br />
em algo bom.<br />
Líder de igreja: Fique ciente de que quando as tribulações,<br />
rejeições, mal-entendidos e injustiças vêm a nossa<br />
vida, Deus está presente conosco! Se estivermos rendidos<br />
e formos obedientes a Deus, Ele moverá as circunstâncias<br />
a fim de nos transformar para usar-nos até mesmo as provações<br />
de fogo (Dt 4:20; Is 48:10,11).<br />
Deus não provoca calamidades ou aflições para nós,<br />
para de alguma maneira “ensinar-nos uma lição”. Em vez<br />
disso, Ele vem ao nosso encontro – quando as calamidades<br />
nos sobrevêm, ou quando estamos nos escuros e<br />
sombrios vales da vida (Sl 23:4) – para caminhar conosco<br />
e fazer com que algo útil surja dessas tribulações.<br />
Talvez tenhamos sofrido terríveis dores, abusos ou re-<br />
10/ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005
jeições em nossa vida. Somente Deus pode usar tudo o<br />
que o inimigo pretendeu fazer para nos prejudicar e destruir,<br />
e transformar essas coisas em algo bom. O nosso<br />
Deus é o Grande Libertador, que cura, redime e restaura.<br />
Deus não Se esqueceu de você! Deus nunca o deixará!<br />
Somente Ele pode fazer com que todas as coisas que<br />
aparentemente são contrárias a você contribuam para o<br />
seu bem e o bem de outros, para a glória e honra d’Ele! O<br />
sangue de Cristo pode purificá-lo, o poder d’Ele pode redimilo,<br />
o amor d’Ele pode curá-lo, a Palavra d’Ele pode libertálo!<br />
Você pode se regozijar! Enquanto você se rende diariamente<br />
a Deus, Ele o transforma e o prepara – para fazêlo<br />
mais semelhante a Cristo Jesus!<br />
G. A Esperança de Glória<br />
José permaneceu fiel a Deus,<br />
independentemente das circunstâncias.<br />
Ele foi posteriormente<br />
fundamental para a preservação<br />
do povo de Deus e para o<br />
favorecimento dos propósitos do<br />
Senhor.<br />
Nós também precisamos permanecer<br />
fiéis, agradecendo a<br />
Deus pelo Seu direcionamento e<br />
pela Sua presença que preserva<br />
nossa vida (Mt 5:11,12; veja também<br />
Provérbios 2:8; João 14:16-<br />
18). Precisamos continuar confiando<br />
em Deus, independentemente<br />
das circunstâncias (Pv<br />
3:5,6). Precisamos escolher perdoar<br />
os que nos maltratam e<br />
amar os que nos perseguem (Mt<br />
5:44-48). Não devemos pagar mal<br />
por mal (Rm 12:17-21). Essas coisas<br />
são difíceis de fazermos por<br />
nós próprios, mas podemos fazer<br />
todas as coisas “através de Cristo”<br />
e pela grande graça de Deus.<br />
Podemos viver nossa vida<br />
com fé, certos do seguinte: Deus<br />
está conosco, Ele nos ama, e Ele<br />
Confie<br />
em<br />
Deus.<br />
usará tudo em nossa vida para os Seus mais sublimes propósitos.<br />
“Mas graças a Deus, que nos dá a vitória através<br />
do nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, meus amados<br />
irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes<br />
na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não<br />
é vão no Senhor” (1 Co 15:57,58).<br />
Lembre-se disto: Temos a honra de servirmos a Deus<br />
e de entregar a Ele nossa vida para o Seu uso e glória.<br />
Mas está chegando o dia em que os que abandonaram<br />
tudo para seguirem a Cristo nesta vida temporária entrarão<br />
em sua recompensa eterna. Não haverá mais dores,<br />
mais sofrimentos ou lágrimas (Ap 21:4). As leves aflições<br />
temporárias desta vida serão coisas do passado (2 Co 4:17;<br />
Rm 8:18). Estaremos com o nosso amado Salvador! Dominaremos<br />
e reinaremos com Cristo para todo o sempre<br />
(2 Tm 2:12). Aleluia!<br />
IV.COMO DEUS USA AS TRIBULAÇÕES<br />
Muitos líderes cristãos maduros podem testificar sobre<br />
ocasiões na vida em que aparentemente toda esperança<br />
havia se acabado. As circunstâncias e desafios haviam<br />
sido tão difíceis que eles quase perderam toda a fé em<br />
Deus. Talvez eles tenham até mesmo desistido dos sonhos<br />
que Deus lhes havia dado, permitindo que morressem em<br />
seus corações. Mas do seu desespero e das cinzas surgiu<br />
o propósito de Deus.<br />
Deus os havia sustentado pela Sua graça e os havia<br />
preservado para o Seu propósito. Por permanecerem fiéis,<br />
Deus usou as suas tribulações para fortalecê-los e preparálos<br />
para os usar, exatamente<br />
como Ele fez com José (Gn<br />
49:24).<br />
Todas as pessoas que Deus<br />
deseja usar aparentemente enfrentam<br />
tribulações e adversidades.<br />
As Escrituras nos relatam as<br />
suas histórias. Noé enfrentou<br />
muitas zombarias e escárnios.<br />
Abraão enfrentou muitas e muitas<br />
dificuldades e provas de fé.<br />
Moisés teve de vencer adversidades<br />
desde praticamente a época<br />
do seu nascimento. Os profetas<br />
de Deus sofreram grandes<br />
perseguições e adversidades. Os<br />
discípulos de Jesus, o Apóstolo<br />
Paulo – nenhum deles escapou<br />
dos grandes desafios e tribulações.<br />
Contudo, Deus usou a cada um<br />
deles como participantes do Seu<br />
grandioso plano de redenção da<br />
humanidade. Cada um deles fez<br />
parte da preservação do povo de<br />
Deus, abrindo o caminho para o<br />
Salvador, proclamando a Sua salvação<br />
aos confins da terra, fazendo<br />
discípulos, equipando os santos, etc.<br />
É bem possível que você tenha as suas próprias experiências<br />
do preparo de Deus através de tribulações e adversidades.<br />
Ou talvez você esteja no meio de uma grande<br />
tribulação agora mesmo.<br />
A. Fontes de Tribulações<br />
De onde vêm as tribulações? Algumas tribulações são<br />
os tratamentos de Deus. Algumas são produzidas por nós<br />
mesmos através dos nossos próprios pecados e rebeldia.<br />
Algumas são ataques diretos de Satanás.<br />
Muitas tribulações são simplesmente o resultado da vida<br />
neste mundo caído. Estas tribulações podem incluir o seguinte:<br />
VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 11
· Opressões ou perseguições civis ou governa-<br />
· Membros de nossa família ou outras pessoas<br />
· Grandes desafios para o nosso chamado minis-<br />
· Grandes tribulações físicas para nós ou para<br />
· As circunstâncias na-<br />
mentais, pelo simples fato de crermos em Jesus Cris-<br />
to.<br />
que nos traem ou nos desprezam por causa da<br />
nossa fé.<br />
terial. As coisas podem ser especialmente difíceis,<br />
ou talvez nos sintamos isolados ou sozinhos em nossas<br />
lutas. Esses ataques podem vir através de outras<br />
pessoas, mas são na verdade forças malignas<br />
que estão em operação (Ef 6:12). Nada agradaria<br />
mais ao Diabo do que apagar o fogo da sua paixão<br />
por Cristo ou o seu zelo em servi-Lo.<br />
alguém que amamos. Alguém muito íntimo e querido<br />
para nós pode até mesmo morrer. A agonia e<br />
a angústia que acompanham esse tipo de sofrimento<br />
ou perda podem<br />
ser os opressores mais<br />
sombrios.<br />
turais desta terra caída<br />
e repleta de pecado<br />
podem trazer tremendas<br />
adversidades. A<br />
fome, as enfermidades,<br />
as pestilências, graves<br />
desastres climáticos ou<br />
naturais – tudo isso pode<br />
realmente trazer consigo<br />
grandes tribulações.<br />
“Tende<br />
grande<br />
gozo...”<br />
B. A Importância da<br />
Perseverança<br />
Deus não prometeu que<br />
nossa vida aqui na terra seria<br />
vivida com tranqüilidade e conforto,<br />
ou que Ele nos pouparia<br />
de dores e adversidades.<br />
Esta vida é muito curta em<br />
comparação com a eternidade.<br />
Ela é temporária, e não devemos fixar as nossas afeições<br />
neste mundo, nem no que ele pode oferecer (Mt 6:<strong>19</strong>-21;<br />
Cl 3:2). Este não é o nosso lar permanente. Somos apenas<br />
peregrinos aqui (Fp 3:20; Hb 11:13; 1 Pe 2:11).<br />
A Palavra nos diz que, como crentes em Jesus Cristo,<br />
enfrentaremos oposições nesta vida (1 Pe 5:8,9). Enfrentaremos<br />
tribulações, perseguições e adversidades (2 Tm<br />
3:12; veja também Marcos 4:17; Romanos 8:35,36) por<br />
amor a Jesus.<br />
As Escrituras ensinam que é necessário muito trabalho<br />
e perseverança para “terminarmos a corrida” desta vida<br />
com sucesso (2 Tm 4:7). A Palavra de Deus nos diz que<br />
precisamos “perseverar” até o fim (Mt 10:22; 24:13; 1 Co<br />
4:12; 2 Ts 1:4; Hb 3:14). Esses versículos subentendem o<br />
fato de ficarmos firmes na fé em Cristo, até mesmo no<br />
meio de grandes dificuldades.<br />
Os próprios Apóstolos de Cristo enfrentaram surras,<br />
aprisionamentos, privações e adversidades (2 Co 11:23-<br />
33). Todos eles, exceto um, morreram como mártires para<br />
Jesus Cristo. Muitas pessoas da época do Velho e do Novo<br />
Testamento sofreram nas mãos dos que se opunham a Deus<br />
ou ao Evangelho de Jesus Cristo (por exemplo, João Batista<br />
– Mt 14:1-12; leia também Hebreus 11).<br />
A vida, de fato, reserva grandes vitórias e alegrias para<br />
o crente em Cristo. No entanto, as ocasiões em que nos<br />
encontramos “no topo da montanha” misturam-se com as<br />
ocasiões em que também precisamos caminhar através<br />
dos vales das tribulações.<br />
C. Confiando em Deus nas Tribulações<br />
Talvez Deus não seja a causa direta dos nossos sofrimentos<br />
e tribulações, e Ele pode ou não nos libertar imediatamente<br />
deles.<br />
Contudo, realmente sabemos o seguinte com relação<br />
às tribulações: Ou Deus nos<br />
liberta delas, ou Ele nos dá<br />
a força e a graça para enfrentá-las.<br />
E Deus promete<br />
usar tudo em nossa vida – as<br />
coisas boas e as ruins – para<br />
nos moldar cada vez mais à<br />
imagem de Cristo para os Seus<br />
propósitos (Rm 7:28,29).<br />
D. Qual é o Propósito das<br />
Tribulações?<br />
A Bíblia nos ensina que as<br />
tribulações são necessárias<br />
para o nosso crescimento espiritual.<br />
Tiago faz a seguinte colocação<br />
com relação a isto:<br />
“Meus irmãos, tende grande<br />
gozo quando cairdes em várias<br />
tribulações, sabendo<br />
que a prova da vossa fé produz<br />
a paciência [perseverança].<br />
Tenha, porém, a paciência,<br />
a sua obra perfeita, para<br />
que sejais perfeitos e completos, sem a falta de coisa<br />
alguma” (Tg 1:2-4).<br />
A palavra “perfeito” aqui significa “maturidade, totalidade”<br />
(não significa uma impecabilidade perfeita, pois somente<br />
Deus é perfeito). Os crentes são fortalecidos na<br />
perseverança e amadurecidos espiritualmente através das<br />
tribulações.<br />
Há muitas e muitas outras coisas que as tribulações<br />
realizam para os crentes. Examinemos agora apenas algumas<br />
destas coisas:<br />
1. As Tribulações Provam Nossa Fé<br />
A Bíblia descreve o preparo na vida de José como uma<br />
época em que “a palavra do Senhor o provou [refinou]”<br />
(Sl 105:<strong>19</strong>). Pedro nos faz a seguinte exortação:<br />
“Amados, não estranheis a ardente tribulação que vem<br />
12/ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005
sobre vós para vos provar [testar]” (1 Pe 4:12a). Deus<br />
geralmente permite que a nossa fé seja provada e testada<br />
com o fogo das dificuldades.<br />
Davi escreveu: “Pois o justo Deus prova os corações<br />
e as mentes [o homem interior]” (Sl 7:9). Deus sabe<br />
de tudo. Assim sendo, Ele já sabe o que está em nosso<br />
coração. No entanto, as Suas provas nos revelam o que<br />
está em nosso próprio coração. Precisamos conhecer a<br />
força (ou a fraqueza) da nossa fé em Deus.<br />
Por exemplo: Durante as tribulações você fica ansioso?<br />
Com medo? Com raiva? Impaciente? Em caso afirmativo,<br />
isso revela áreas de fraqueza em sua fé, áreas em<br />
que você não está confiando em Deus. Essas coisas podem<br />
se tornar uma grande barreira<br />
à obra de Deus através de você no<br />
futuro. O reconhecimento de onde<br />
a nossa fé é fraca nos ajuda a enfrentarmos<br />
o problema, nos arrependermos<br />
dele, e nos voltarmos a<br />
Deus para recebermos a Sua força<br />
e ajuda.<br />
O Senhor também prova as nossas<br />
motivações. Será que amamos<br />
e servimos a Deus egoisticamente,<br />
somente para obtermos as Suas<br />
bênçãos? Satanás acusou Jó desse<br />
tipo de coisa. Jó provou que Satanás<br />
estava errado e permaneceu<br />
fiel a Deus, apesar de perder tudo.<br />
(Leia o Livro de Jó.)<br />
O Senhor nos prova para nos<br />
ajudar a vermos a quem realmente<br />
amamos (Dt 13:3). Será que amamos<br />
a Deus mais do que qualquer<br />
outra coisa ou qualquer outra pessoa,<br />
independentemente das circunstâncias?<br />
Será que o seguir a<br />
Deus é mais importante para nós<br />
do que qualquer outra coisa? (Leia<br />
Lucas 14:26-33.)<br />
“O Senhor prova os justos”<br />
(Sl 11:5). As tribulações são uma<br />
prova em que podemos ser aprovados<br />
ou reprovados. Se formos<br />
aprovados, seguimos adiante para uma força maior em<br />
Deus. Se formos reprovados, verificamos onde precisamos<br />
crescer ainda e aprendemos com o nosso fracasso.<br />
2. As Tribulações nos Purificam<br />
Quando purificamos o ouro, é necessário que ele seja<br />
aquecido a temperaturas muito altas. Somente desta maneira<br />
as impurezas do ouro podem subir à superfície, a fim<br />
de que elas possam ser removidas. Às vezes precisamos<br />
de muito calor e pressões em nossa vida para que motivações,<br />
ações e pensamentos impuros sejam revelados. À<br />
medida que essas coisas sobem à superfície, podemos então<br />
ter a oportunidade de confessá-las e nos arrepender<br />
diante de Deus. Ele nos purificará das nossas iniqüidades<br />
Ele nos purificará.<br />
(1 Jo 1:9), purificando-nos e preparando-nos para fazermos<br />
Sua vontade (1 Pe 4:1-3).<br />
3. As Tribulações nos Ensinam Sobre<br />
Dependência e Humildade<br />
A humanidade não segue automaticamente o caminho<br />
de Deus. Geralmente é bem o oposto (Is 55:8).<br />
Contudo, as tribulações geralmente revelam os erros<br />
dos nossos próprios caminhos e nos levam a um lugar de<br />
uma maior dependência de Deus.<br />
Quando somos humilhados, temos a tendência de buscarmos<br />
o caminho do Senhor mais diligentemente. Ficamos<br />
mais dispostos a cooperarmos com Ele e a nos rendermos<br />
a Ele. Reconhecemos quão<br />
desesperadamente precisamos depender<br />
d’Ele – da Sua força, sabedoria,<br />
direcionamento e poder.<br />
Deus nos prova e nos humilha<br />
através das tribulações (Dt 8:16).<br />
No entanto, Ele também usa os<br />
tempos difíceis para nos lembrar de<br />
que todas as coisas boas, todo o<br />
sucesso, toda a frutificação somente<br />
são possíveis por causa da graça,<br />
amor e poder de Deus (Dt<br />
8:17,18; Tg 1:17). Vamos nos lembrar<br />
dessas coisas, para que o nosso<br />
próprio orgulho jamais faça com<br />
que pensemos que o nosso êxito no<br />
ministério é devido às nossas próprias<br />
ações. Paulo foi poderosamente<br />
usado por Deus, mas ele recebeu<br />
uma tribulação física como<br />
uma garantia para que ele não se<br />
ensoberbecesse, ou se “exaltasse<br />
além da medida” (2 Co 12:7-10).<br />
À medida que Deus opera grandes<br />
obras através de nós, as tribulações<br />
nos relembram que não temos<br />
nenhuma força espiritual verdadeira<br />
independentemente da<br />
grande graça e capacitação de<br />
Deus.<br />
4. As Tribulações Liberam o Poder de Deus<br />
Durante as ocasiões de grandes tribulações, nossas fraquezas<br />
são reveladas. Isso não acontece para nos desanimar.<br />
É para nos ensinar a dependermos de Deus e recebermos<br />
d’Ele. Pois Deus “dá poder aos fracos, e aos<br />
que não têm nenhum vigor Ele aumenta a força” (Is<br />
40:29).<br />
Quando Paulo estava fraco, Jesus lhe disse: “A Minha<br />
graça é suficiente para ti, pois a Minha força é aperfeiçoada<br />
na fraqueza” (2 Co 12:9).<br />
Deus não Se limita às nossas fraquezas, pois Ele vê o<br />
que podemos fazer e ser, através da Sua ajuda e poder.<br />
Deus chamou Gideão de um “homem poderoso e valoroso”<br />
(Jz 6:12). Naquela ocasião, no entanto, Gideão es-<br />
VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 13
tava aterrorizado e estava escondido dos midianitas (Jz<br />
6:11). No entanto, Deus chamou Gideão assim mesmo, e<br />
mais tarde o capacitou a cumprir um grande propósito.<br />
(Leia Juízes 6-8.)<br />
“Temos este tesouro em vasos de barro [fracos, frágeis],<br />
para que a excelência do poder possa ser de<br />
Deus, e não nossa” (2 Co 4:7).<br />
Podemos agradecer a Deus pelas tribulações que revelam<br />
a nossa fraqueza e inadequabilidade. Muito embora<br />
as tribulações sejam difíceis para a nossa carne (a natureza<br />
humana pecaminosa), elas fortalecem o nosso espírito<br />
– pressionando-nos a uma maior dependência de Cristo e<br />
da Sua força. “De boa vontade pois me gloriarei nas<br />
minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de<br />
Cristo... pois quando sou fraco então sou forte” (2 Co<br />
12:9,10b).<br />
5. As Tribulações nos Fortalecem<br />
É impossível haver vitórias<br />
sem batalhas. As tribulações<br />
nos ensinam a usarmos<br />
a nossa armadura espiritual;<br />
elas nos fortalecem em nossas<br />
“habilidades de combate”<br />
espiritual (Ef 6:11-18).<br />
Aprendemos sobre batalha<br />
espiritual e intercessão, e<br />
crescemos na fé triunfante (2<br />
Co 10:3-6; 1 Jo 5:4).<br />
À medida que passamos<br />
por tribulações, os nossos<br />
“músculos espirituais” são<br />
exercitados. Tornamo-nos<br />
mais fortes para a próxima<br />
tribulação. Podemos assim<br />
enfrentar um inimigo ainda<br />
maior. Aí então, tornamo-nos<br />
ainda mais fortes. À medida<br />
que fazemos isso tornamonos<br />
mais úteis e desenvolvemos<br />
a perseverança (Rm<br />
5:3,4; Tg 1:3). Deus poderá então nos usar de maneiras<br />
ainda maiores. Passamos de “força em força” (Sl 84:7) e<br />
de “glória em glória” (2 Co 3:18).<br />
No meio de batalhas assim, talvez sejamos tentados a<br />
sentirmos dó de nós mesmos ou a temermos. Contudo,<br />
precisamos resistir a esses pensamentos, e, em vez disso,<br />
nos lançarmos na misericórdia de Deus em oração.<br />
Podemos admitir diante de Deus que somos apenas carne<br />
– e, aí então, em nossa fraqueza, podemos clamar<br />
pela ajuda e força de Deus. Quando oramos “Preciso de<br />
Ti, Deus! Não consigo fazer isto sem Ti!”, Deus responde,<br />
pois verdadeiramente não conseguimos fazer nada<br />
sem Ele (Mt <strong>19</strong>:26).<br />
6. As Tribulações nos Ensinam a Esperarmos<br />
Jeremias lamentou-se pelas suas tribulações e aflições.<br />
No entanto, quando ele se lembrou das misericórdias e da<br />
fidelidade do Senhor, ele decidiu: “Bom é ter esperança e<br />
aguardar em silêncio a salvação do Senhor” (Lm 3:26;<br />
leia Lamentações 3).<br />
Isaías também nos ensinou que Deus dá vigor aos fracos<br />
e renova as forças dos que esperam n’Ele (Is 40:28-<br />
31).<br />
Esperar em Deus significa entrar em Sua presença com<br />
adoração e oração. Significa humilharmo-nos diante d’Ele<br />
e tomarmos o tempo para recebermos d’Ele o que necessitamos.<br />
A Bíblia ensina que há tempos e ocasiões para tudo<br />
(Ec 3:1-8; At 1:7). Talvez Deus tenha nos chamado, mas<br />
talvez ainda não seja o tempo d’Ele para nos enviar à<br />
próxima fase ministerial. Talvez precisemos primeiramente<br />
esperar e enfrentar um tempo de moldagem e crescimento.<br />
Enquanto entregamos nossa vida a Deus, precisamos<br />
esperar n’Ele, para o Seu tempo perfeito, até mesmo<br />
durante as tribulações. Ao fazermos isso, Ele nos salva,<br />
nos fortalece, nos direciona<br />
e nos ajuda a perseverarmos.<br />
7. As Tribulações nos<br />
Preparam<br />
Os sofrimentos podem na<br />
verdade acelerar o crescimento<br />
espiritual e promover<br />
o nosso preparo: “Que o<br />
Deus de toda a graça, o<br />
Qual nos chamou à Sua<br />
eterna glória por Cristo<br />
Jesus, depois de haverdes<br />
sofrido um pouco, vos<br />
aperfeiçoe, estabeleça, fortaleça<br />
e confirme” (1 Pe<br />
5:10). Deus usa as tribula-<br />
Espere n’Ele.<br />
ções e sofrimentos para nos<br />
aperfeiçoar [preparar, completar],<br />
e para nos estabelecer<br />
fortemente em Seus caminhos.<br />
José era um jovem quando Deus lhe deu os sonhos do<br />
seu futuro. Para poder cumprir um chamado tão grande<br />
assim, José precisava de tempo para desenvolver sabedoria,<br />
maturidade e caráter santo.<br />
8. As Tribulações Mudam Nossa Perspectiva<br />
Durante as tribulações talvez recorramos aos valores<br />
temporários do mundo, procurando alívio, como por exemplo<br />
posses, dinheiro, viagens, álcool ou outras coisas. Logo,<br />
no entanto, percebemos que esses bens terrenos não fornecem<br />
nenhuma ajuda, alívio ou consolo duradouro.<br />
As tribulações revelam o que se tornou a nossa fonte<br />
de ajuda e força em tempos de necessidade. Será que recorremos<br />
a Deus ou a alguma outra fonte?<br />
As tribulações também elevam os nossos olhos em direção<br />
ao Céu. Quando perdemos um ente querido, ou enfrentamos<br />
grandes desafios, nosso coração se volta para<br />
14/ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005
nossa esperança eterna. O Céu parece tão mais doce quando<br />
temos um ente querido lá. As tribulações nos ajudam a<br />
perceber que este mundo, juntamente com tudo o que há<br />
nele, está passando. Os valores eternos e a vontade de<br />
Deus tornam-se muito mais reais e importantes para nós<br />
(2 Co 4 e 5; 1 Jo 2:15-17).<br />
As tribulações nos mostram a futilidade dos recursos<br />
humanos. Enquanto sofremos, as tribulações avivam em<br />
nós uma fome pela glória de Deus. “... se de fato sofremos<br />
com Ele [Cristo], é para que também possamos ser<br />
glorificados juntamente com Ele, pois considero que<br />
os sofrimentos deste tempo presente não são dignos de<br />
ser comparados com a glória que há de ser revelada<br />
em nós” (Rm 8:17,18).<br />
Muito embora Deus faça com que todas as coisas cooperem<br />
para o bem – a imagem de Cristo moldada dentro<br />
de nós – Ele também está nos preparando para o dia em<br />
que revelará a Sua glória através de nós, e seremos glorificados<br />
com Cristo! Aleluia!<br />
E. Seguros no Amor de Deus – Até Mesmo no<br />
Meio das Tribulações<br />
Deus usa as tribulações e provações para nos preparar,<br />
e não para salientar nossos fracassos, ou nos condenar<br />
(Rm 8:1). Lembre-se: Deus quer que sejamos bemsucedidos<br />
no cumprimento do Seu chamado. Ele quer<br />
nos purificar, para que o nosso futuro seja frutífero. Deus<br />
está a nosso favor, e não contra nós (Rm 8:31). Deus é<br />
imenso e grandioso, e a Sua perspectiva é eterna. Ele vê e<br />
compreende tudo – muito mais do que jamais poderíamos<br />
ver e compreender! Ele tem um eterno propósito do Reino<br />
para cumprir. Podemos escolher ser parceiros com Ele no<br />
cumprimento deste propósito. Devemos, no entanto, confiar<br />
no Senhor com relação a qualquer que seja o papel<br />
que Ele nos der para cumprirmos.<br />
Deus também promete nunca nos deixar ou nos abandonar,<br />
e que Ele será o nosso Ajudador. Assim sendo, não<br />
há necessidade de ficarmos com medo (Hb 13:5,6). Exatamente<br />
como Ele estava com José no meio das suas tribulações,<br />
Deus também está conosco, independentemente<br />
das circunstâncias. Nunca poderemos ser separados do<br />
Seu grande amor (Rm 8:38,39).<br />
Talvez você tenha sofrido por causa do seu compromisso<br />
com Cristo, mas ouça as palavras encorajadoras de<br />
Pedro: “... alegrai-vos pelo fato de serdes participantes<br />
dos sofrimentos de Cristo, para que, quando a Sua<br />
glória for revelada, possais também vos alegrar com<br />
uma alegria excessivamente grande. Se sois vituperados<br />
pelo nome de Cristo, bem-aventurados sois vós,<br />
pois o Espírito de glória e de Deus repousa sobre vós”<br />
(1 Pe 4:13,14).<br />
F. A Disciplina de Deus nos Molda<br />
É importante lembrar que José não havia feito nada<br />
que trouxesse adversidades à sua vida. A Bíblia não nos<br />
diz que José se rebelou ou pecou contra Deus. Às vezes,<br />
nosso próprio egoísmo ou pecado pode trazer tribulações<br />
ou dificuldades para nossa vida. Isso NÃO é a mesma<br />
coisa que sofrermos em Cristo. Não haverá nenhum<br />
galardão para o tipo de sofrimento que trazemos sobre nós<br />
mesmos através de escolhas ou ações pecaminosas.<br />
Quando Miriã falou contra Moisés e foi acometida de<br />
lepra, aquele não foi um caso de sofrimento por Deus (Nm<br />
12). Quando Jonas passou alguns dias na barriga de um<br />
grande peixe, aquilo foi devido à sua própria rebeldia (Jn<br />
1). Quando Ananias e Safira foram mortos, aquilo foi um<br />
resultado direto das suas ações enganosas (At 5:1-11).<br />
Se formos impetuosos ou desobedientes, ou se tentarmos<br />
nos apossar de posições ou de poder, para os quais<br />
Deus não nos chamou, sofreremos por causa das nossas<br />
próprias ações. Se nossas concupiscências ou paixões passam<br />
por cima do nosso bom senso, ou se tentarmos exaltar<br />
a nossa vontade própria acima da verdade das Escrituras,<br />
talvez nos encontremos em apuros terríveis.<br />
As Escrituras nos admoestam a sermos cuidadosos,<br />
para que não soframos pelas nossas próprias transgressões:<br />
“Que nenhum de vós sofra como homicida, ladrão,<br />
malfeitor, ou como o que se entremete em negócios<br />
alheios” (1 Pe 4:15).<br />
Contudo, até mesmo quando pecamos voluntariamente<br />
contra Deus, nem tudo está perdido. Deus ainda pode nos<br />
libertar quando nos arrependemos com sinceridade [renunciamos<br />
aos nossos pecados e nos afastamos deles].<br />
Nossos fracassos podem trazer sofrimentos desnecessários<br />
sobre nossa própria vida ou sobre as pessoas que estão<br />
perto de nós. Deus, no entanto, pode usar até mesmo<br />
os piores fracassos de nossa vida para ajudar a nos moldar<br />
e nos transformar. Sua correção e disciplina, e nossa resposta<br />
a elas, também nos moldam (Dt 8:5; Pv 3:12; Hb<br />
12:7,8).<br />
Deus pode redimir e usar até mesmo os nossos fracassos.<br />
Ele é digno de todo louvor, pelo Seu grande perdão e<br />
graça redentora!<br />
G. Como Devemos Responder às Tribulações?<br />
As tribulações vêm a todos nós. Jesus disse: “No mundo<br />
tereis tribulações...” (Jo 16:33.) O significado da palavra<br />
“tribulação” inclui o seguinte: “pressão, opressão,<br />
tensão, angústia, compressão, adversidade, aflição, sofrimento”.<br />
Ela representa o que é livre e desacorrentado,<br />
sendo colocado sob muita pressão.<br />
Somos livres em Cristo. Este mundo, no entanto, traz<br />
as pressões das tribulações e provações. Como podemos<br />
ser bem-sucedidos através das tribulações e crescer com<br />
elas? Eis aqui algumas diretrizes.<br />
1. Ore!<br />
A oração é essencial para sermos perseverantes e<br />
bem-sucedidos nas tribulações. Precisamos estar em oração<br />
continuamente, pedindo que Deus nos dê força, graça,<br />
e sabedoria. Precisamos pedir que Ele santifique as tribulações<br />
para nós, usando-as para a Sua glória e para o nosso<br />
bem. Precisamos sondar nosso coração e permitir que<br />
Deus nos purifique das impurezas. Precisamos renunciar<br />
ao nosso orgulho e esforços próprios, clamando a Deus<br />
em humildade e pedindo a Sua ajuda e poder.<br />
VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 15
Precisamos ter um coração que crê. Precisamos crer<br />
que Deus tem um propósito nas tribulações e que Ele<br />
suprirá tudo de que precisamos para sermos perseverantes.<br />
Ele nos dará sabedoria quando Lhe pedirmos<br />
(leia Tiago 1:2-8), para que saibamos o que fazer em<br />
resposta às tribulações. Deus CERTAMENTE Se encontrará<br />
conosco, nos ensinará, nos consolará e nos ajudará.<br />
a. Ore no Espírito<br />
As tribulações podem ser algo desanimador ou até<br />
mesmo esmagador. Às vezes nem mesmo conseguimos<br />
encontrar as palavras para orarmos. É nessas ocasiões<br />
que podemos – e devemos – orar no Espírito. Ao fazermos<br />
isso, o Espírito Santo nos ajuda, orando de acordo<br />
com a vontade de Deus (Rm 8:26,27). A oração no Espírito<br />
também é uma maneira poderosa e eficaz de se edificar<br />
a nossa fé (Jd 20).<br />
Algumas vezes as tribulações podem ser ataques diretos<br />
de Satanás ou de demônios. Nesses casos, precisamos<br />
nos submeter a Deus e resistir ao Diabo (Tg 4:7), e<br />
contender com orações e súplicas (Ef 6:10-18).<br />
b. Ore com Jejuns<br />
O jejum nos ajuda a aquietar nossos impulsos carnais e<br />
a nos tornar mais sensíveis à voz do Espírito Santo. Quando<br />
você estiver jejuando, não deixe de orar freqüentemente.<br />
Da mesma forma, tome tempo para silenciosamente<br />
esperar em Deus. Permita que Ele ministre a você e fale<br />
ao seu coração.<br />
2. “Tende Grande Gozo!”<br />
Paulo e Silas haviam acabado de ser severamente surrados<br />
e lançados na prisão por terem pregado o Evangelho.<br />
Contudo, naquela mesma noite eles estavam orando e<br />
cantando hinos ao Senhor (At 16:22-25).<br />
O Senhor, em Sua fidelidade, havia colocado em seus<br />
corações “cânticos de livramento” (Sl 32:7). Enquanto<br />
cantavam, um terremoto os libertou, juntamente com todos<br />
os outros prisioneiros. Até mesmo o carcereiro se converteu.<br />
Uma forte igreja foi estabelecida em Filipos como<br />
resultado disso. Como Paulo pôde cantar durante uma tribulação<br />
como aquela? Porque Paulo era humilde e rendiase<br />
a Deus. Ele tinha a confiança de que Deus estava a<br />
cargo de sua vida. Paulo reconhecia a mão de Deus operando<br />
em todas as tribulações e desafios. Que fé e graça<br />
que Deus nos dá!<br />
Deus é sempre digno do nosso louvor. Enquanto O<br />
adoramos, nossos olhos se levantam e nosso espírito se<br />
eleva. A esperança e a alegria de Deus enchem nosso<br />
coração, fortalecendo-nos para as tribulações.<br />
Nós podemos ter alegria e ações de graça no meio das<br />
tribulações (Jo 16:33; Tg 1:2). Sabemos que Deus as usará<br />
para o nosso bem e para a Sua glória (Hb 12:3-11).<br />
Podemos até mesmo triunfar sobre as tribulações se<br />
voltarmos nosso coração a Deus num humilde louvor: “E<br />
graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo”<br />
(2 Co 2:14).<br />
3. Não Fuja<br />
Quando você estiver sendo severamente provado, talvez<br />
queira fugir de Deus, do ministério ou da própria situação.<br />
Isso é um erro grave! (Obviamente, presumindo-se<br />
que você esteja enfrentando tribulações pelo fato de estar<br />
obedecendo ao chamado de Cristo!).<br />
Talvez você diga em seu coração: “Deus, se Tu não<br />
fizeres algo com relação a isso, eu vou embora!” Uma<br />
oração muito melhor, no entanto, seria: “Deus, até que Tu<br />
me liberes ou me envies a uma outra tarefa, vou ficar exatamente<br />
onde estou. Ajuda-me a perseverar, a ser fiel ao<br />
Teu chamado!” Somente quando for provado que você foi<br />
fiel numa dada situação é que você estará preparado para<br />
uma tarefa maior (Lc 16:10; <strong>19</strong>:17). Geralmente Deus não<br />
nos orienta a deixarmos uma tarefa, a menos que Ele esteja<br />
claramente nos direcionando à nossa próxima tarefa.<br />
Se formos adiante prematuramente, provavelmente perderemos<br />
o propósito que Deus tinha para nós. Ou Deus<br />
talvez tenha que intervir a fim de chamar nossa atenção.<br />
(Leia os dois primeiros capítulos de Jonas, por exemplo.)<br />
4. Obedeça a TUDO que Deus lhe Disser<br />
Nas tribulações é importante que ouçamos a Deus – e<br />
aí então que Lhe obedeçamos! O caminho de Deus para<br />
moldá-lo é singular. Você não pode imitar o que vê os outros<br />
fazendo. Você precisa descobrir o que Deus quer que<br />
você faça.<br />
É necessário que em seu coração você esteja submisso<br />
a Deus. Precisamos permitir que a tribulação seja usada<br />
por Deus para realizar o seu propósito (Tg 1:2-4). Se<br />
precisarmos de sabedoria podemos pedi-la a Deus. Ele<br />
deseja nos dar sabedoria com liberalidade (Tg 1:5).<br />
A obediência requer muita oração; talvez arrependimento,<br />
uma busca nas Escrituras – e uma espera, espera,<br />
espera no Senhor! Seja rápido em responder a Deus e em<br />
obedecer-Lhe.<br />
5. Mantenha seu Coração em Retidão<br />
Somente você pode escolher a sua resposta a uma tribulação.<br />
Você pode permitir que seu coração fique irado,<br />
te<strong>mero</strong>so ou amargurado. Ou você pode escolher receber<br />
o perdão, a paz, a graça e a força de Deus. Essas nem<br />
sempre são escolhas fáceis de fazermos. A nossa angústia<br />
ou decepção pode ser grande. Os ataques contra nós podem<br />
ser muitos. Talvez temamos colocar toda a nossa confiança<br />
em Deus. Pode levar algum tempo para conquistarmos<br />
os obstáculos ou desafios à nossa fé que surgem durante<br />
as tribulações.<br />
Precisamos continuar achegando-nos a Deus com as<br />
nossas ansiedades, temores e preocupações. Podemos ser<br />
honestos com Ele, pois Ele já conhece nosso coração. Precisamos<br />
entregar as nossas preocupações a Ele, pedindo a<br />
Sua ajuda e graça.<br />
Somente nós podemos decidir continuar recorrendo a<br />
Ele e escolhendo os Seus caminhos – pois somente Ele<br />
pode nos tornar líderes eficazes em Seu Reino. Na Segunda<br />
Parte, estudaremos mais detalhadamente algumas das<br />
maneiras pelas quais Deus realiza isso. ■<br />
16/ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005
Segunda Parte:<br />
O Padrão Bíblico Para a<br />
Multiplicação de Liderança<br />
“Apascentai o rebanho de Deus que está entre vós,<br />
servindo como supervisores, não por compulsão, mas<br />
voluntariamente; não para ganhos desonestos, mas de<br />
bom ânimo; não como senhores sobre aqueles que vos<br />
foram confiados, mas sendo exemplos ao rebanho; e<br />
quando o Sumo-Pastor aparecer, recebereis a incorruptível<br />
coroa de glória.” (1 Pe 5:2-4.)<br />
Nessa eloqüente passagem, a Bíblia descreve princípios<br />
eternos de uma liderança bíblica santa. Mas como podemos<br />
colocar em prática estes princípios da forma mais eficaz<br />
possível? Como sempre, as próprias Escrituras nos<br />
fornecem instruções claras, específicas e práticas.<br />
Êxodo 18:13-22 ressalta alguns problemas comuns na<br />
liderança e oferece soluções altamente eficazes e que honram<br />
a Deus.<br />
Dependendo de Deus<br />
Quando Moisés começou a liderar e tirar o povo do<br />
Egito, não demorou muito tempo até que ele caísse numa<br />
armadilha de liderança comum: ele tentou ser o único líder<br />
de um grupo de pessoas. Moisés talvez tenha presumido<br />
que, uma vez que Deus o havia chamado para fazer uma<br />
tarefa, então ele deveria cumprir essa tarefa sozinho.<br />
Felizmente para Moisés e os filhos de Israel, Deus enviou<br />
um servo sábio – Jetro, o sogro de Moisés – para<br />
aconselhá-lo. Jetro reconheceu os problemas que estavam<br />
sendo criados pelo estilo de liderança independente de<br />
Moisés.<br />
Quando Moisés começou a enfrentar desafios em seu<br />
chamado, Deus usou Jetro para sabiamente instruir Moisés<br />
Frank e Wendy Parrish<br />
com relação à maneira pela qual os problemas poderiam<br />
ser solucionados. Leiamos agora algumas passagens<br />
bíblicas que contam essa história:<br />
“E aconteceu que, ao outro dia, Moisés assentouse<br />
para julgar o povo; e o povo estava em pé diante de<br />
Moisés desde a manhã até à tarde. Vendo pois o sogro<br />
de Moisés tudo o que ele fazia ao povo, disse: ‘Que é<br />
isto que tu fazes ao povo? Por que te assentas só, e<br />
todo o povo está em pé diante de ti, desde a manhã até<br />
à tarde?’ ... Então o sogro de Moisés lhe disse: ‘Não é<br />
bom o que fazes. Totalmente desfalecerás, assim tu e o<br />
povo que está contigo, porque este negócio é muito<br />
difícil para ti; tu só não o podes fazê-lo... Ouve agora<br />
a minha voz; eu te aconselharei, e Deus será contigo...<br />
Procura dentre o povo homens capazes... pois eles<br />
carregarão o fardo contigo’.” (Êx 18:13-22.)<br />
Jetro salientou uma falha grave na liderança de Moisés:<br />
ele estava tentando fazer a obra que Deus o havia chamado<br />
a realizar por si só, sem a ajuda de outros. O líder que<br />
é pego na armadilha de ser um líder independente se limitará<br />
e nunca cumprirá o seu propósito completo como<br />
líder de igreja.<br />
Jetro deu a Moisés um conselho sábio sobre como solucionar<br />
os desafios de liderança que ele estava enfrentando.<br />
Jetro entregou o seu conselho a Moisés e sabiamente<br />
o dirigiu a Deus para uma confirmação do seu conselho<br />
(Êx 18:23). Moisés foi humilde e sábio por receber e<br />
agir em obediência ao conselho de Jetro (Êx 18:24). Eles<br />
tinham um bom relacionamento, um relacionamento de<br />
confiança e respeito mútuo (Êx 4:18; 18:7).<br />
VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 17
Vamos estudar agora as instruções de Jetro mais<br />
detalhadamente:<br />
I. CINCO INSTRUÇÕES DADAS A MOISÉS<br />
A. Fique Diante de Deus Pelo Povo (Êx 18:<strong>19</strong>)<br />
“Fique diante de Deus pelo povo, para que você<br />
possa trazer as dificuldades a Deus.” (Êx 18:<strong>19</strong>.)<br />
Moisés estava passando a maior parte do seu tempo “assentado<br />
diante do povo” (Êx 18:13-16), tentando resolver<br />
os problemas deles. Isso representa uma tentação que todos<br />
os líderes enfrentam. É lisonjeador quando as pessoas o<br />
respeitam como líder e pedem a sua ajuda. Talvez você tenha<br />
algum entendimento da Palavra e dos caminhos de Deus.<br />
Assim sendo, as pessoas querem a sua opinião ou conselho.<br />
Isso é aceitável, mas somente de uma forma limitada.<br />
Isso NÃO é aceitável quando você, como líder, se<br />
encontra sentindo-se responsável – até mesmo obrigado<br />
– a resolver os problemas de todos. Esse erro<br />
grave pode fazer com que as pessoas dependam de você,<br />
em vez de amadurecerem e aprenderem a ir a Deus por si<br />
próprias. Moisés estava seguindo<br />
o costume oriental<br />
dos governantes, os quais se<br />
assentavam nos portões (lugares<br />
de autoridade) para<br />
administrarem justiça a seus<br />
vassalos. Moisés tinha boas<br />
intenções, mas ele nunca<br />
poderia suprir as exigências<br />
nem resolver os problemas<br />
de milhões de pessoas<br />
sozinho.<br />
Jetro reconheceu que<br />
Moisés estava passando<br />
tempo demasiado tentando<br />
resolver os problemas das<br />
pessoas, e não passando<br />
tempo suficiente indo a<br />
Deus pelas pessoas. Ele<br />
disse a Moisés: “Não é<br />
bom o que fazes. Totalmente<br />
desfalecerás, assim<br />
tu e o povo que está<br />
contigo, porque este negócio<br />
é muito difícil para<br />
ti; tu só não podes fazêlo”<br />
(Êx 18:17,18).<br />
Jetro ofereceu várias<br />
soluções para aquele desafio.<br />
Contudo, elas exigiam<br />
que Moisés mudasse a maneira pela qual ele estava passando<br />
o seu tempo.<br />
Jetro primeiramente instruiu a Moisés a “ficar diante<br />
de Deus pelo povo” (Êx 18:<strong>19</strong>). Moisés não precisava<br />
ouvir e resolver os problemas de todos. A responsabilidade<br />
primordial de Moisés era orar pelo povo. Moisés deveria<br />
chegar perante Deus e colocar as dificuldades do povo<br />
diante do Senhor em oração.<br />
Ir a Deus primeiramente com as necessidades do<br />
povo:<br />
· aliviava Moisés do tremendo fardo de tentar resolver<br />
tantas necessidades (leia Salmos 37:5-7; 55:22;<br />
Provérbios 3:5,6; 16:3; 1 Pedro 5:7);<br />
· convidava Deus a mover-Se a favor do Seu povo e<br />
de suas necessidades;<br />
· proporcionava a Moisés o tempo para ouvir de Deus<br />
com relação ao que ele deveria fazer para conduzir<br />
o povo apropriadamente.<br />
A primeira responsabilidade do líder de igreja é orar<br />
pelas pessoas que Deus lhe dá (1 Sm 12:23; Rm 1:9; Cl<br />
1:9). Depois, ele precisa tomar o tempo para ouvir o que<br />
Deus lhe disser para fazer – e aí então fazê-lo!<br />
Moisés aprendeu essa lição, e as suas intercessões pelo<br />
povo tornaram-se muito importantes (Êx 32:30-34).<br />
Discipulado, e Não Solução de Problemas<br />
No Velho Testamento, os líderes designados por Deus<br />
agiam como mediadores entre Deus e as pessoas, dizendo-lhes<br />
o que o Senhor esperava<br />
delas. O líder fica-<br />
va diante de Deus a favor<br />
do povo.<br />
Contudo, Jesus é o Mediador<br />
final entre Deus e a<br />
humanidade (1 Tm 2:5,6).<br />
O Seu sacrifício e perdão<br />
pelos pecados da humanidade<br />
possibilitam que todo<br />
indivíduo arrependido seja<br />
restaurado a Deus. Todo<br />
crente em Jesus Cristo<br />
pode ter agora um relacionamento<br />
direto com Deus!<br />
Deus também forneceu<br />
à Igreja a Sua Palavra – a<br />
Bíblia – para que soubéssemos<br />
o que Deus espera<br />
de nós. Jesus também nos<br />
deu o Espírito Santo. Agora<br />
todos os crentes em Jesus<br />
Cristo podem e devem<br />
orar diretamente a Deus.<br />
Todos os crentes podem<br />
ser dirigidos por Deus, ouvir<br />
respostas de Deus, e receber<br />
poder do Espírito<br />
Santo para o serviço cristão.<br />
Contudo, pode levar um tempo para os novos crentes<br />
Equipando-os e<br />
ensinando-lhes.<br />
amadurecerem a ponto de poder receber o que necessitam<br />
de Deus por sí próprios. É por isso que Deus levanta<br />
e designa a liderança na Igreja (Ef 4:11-16).<br />
Os líderes precisam discipular os crentes jovens, equipando-os<br />
e ensinando-lhes nas Escrituras e nos caminhos<br />
do Senhor. Os crentes imaturos precisam de ajuda,<br />
para saberem como obedecer a Deus, caminhar com Ele,<br />
18/ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005
e ser dirigidos por Ele. É necessário que você, na qualidade<br />
de líder de igreja, fique diante de Deus e ore pela<br />
sua congregação. Você precisa orar por ela a fim de ministrar-lhe<br />
eficientemente! Mas, você também tem de<br />
ensinar às pessoas como elas podem ir a Deus em oração<br />
por si próprias, como ouvir a Sua voz, e como buscar<br />
em Sua Palavra as respostas que elas precisam receber<br />
d’Ele.<br />
É errado, como líder de igreja, achar que só você precisa<br />
ter todas as respostas e resolver todos os problemas<br />
para as pessoas. Se você agir assim, as necessidades das<br />
pessoas começarão a ocupar a maior parte do seu tempo.<br />
Esse grave erro pode rapidamente desequilibrar suas prioridades<br />
ministeriais – e levá-lo à comum armadilha de liderança<br />
do orgulho e da autoconfiança.<br />
B. Ensine ao Povo (Êx 18:20)<br />
Jetro, em seguida, deu a Moisés um outro ponto de<br />
instrução para o povo – “ensina-lhes!” Moisés era responsável<br />
por dirigir uma grande multidão de pessoas.<br />
Aqueles indivíduos haviam sido escravos na cultura pecaminosa<br />
do Egito por toda a sua vida. Eles eram pagãos<br />
e supersticiosos, ignorantes com relação a Deus e Seus<br />
caminhos.<br />
Ao saírem do Egito, aquelas pessoas trouxeram ídolos<br />
com elas (Ez 23:7,8). Elas caíram em idolatrias gravíssimas<br />
ao longo do caminho (Êx 32), de forma que Deus as julgou<br />
severamente. Deus é um Deus zeloso (Êx 20:5; 34:14; Tg<br />
4:4,5) e Ele não tolera por muito tempo as afeições do Seu<br />
povo sendo direcionadas a ídolos inúteis ou a outros deuses.<br />
Devemos adorar e servir a Deus somente (Êx 20:2,3;<br />
1 Sm 7:3).<br />
Deus disse aos israelitas como eles deveriam viver quando<br />
Ele lhes deu mandamentos para guiá-los (Êx 20:1-17).<br />
Contudo, o povo precisava de instruções adicionais que o<br />
ajudasse a aplicar aqueles mandamentos em sua vida diária.<br />
Assim sendo, Moisés deveria “ensinar-lhes” (Êx<br />
18:20), tantos os mandamentos, como também a maneira<br />
de caminhar em obediência a esses mandamentos.<br />
Essa mesma situação existe em muitos países e culturas<br />
ainda hoje. Quando as pessoas são salvas e saem de<br />
uma cultura religiosa pagã, elas não sabem como viver de<br />
uma forma que seja obediente e agradável a Deus.<br />
Buscando a Verdade<br />
Através de Jetro, Deus deu a Moisés três áreas genéricas<br />
para o ensino, a fim de ajudar o povo a viver num fiel<br />
relacionamento de aliança com um Deus santo.<br />
1. Ensine ao Povo os Estatutos e as Leis de Deus<br />
(Êx 18:20)<br />
Moisés já estava usando os estatutos e as leis de Deus<br />
para decretar decisões justas (Êx 18:16).<br />
Contudo, Moisés estava apenas resolvendo disputas e<br />
problemas individuais. Ele não havia reunido o povo para<br />
instruir a todos eles nos caminhos de Deus.<br />
O desejo de Deus é que o Seu povo O conheça. Eles<br />
também precisam conhecer as leis e princípios que Ele<br />
lhes deu através da Sua Palavra (Sl 1<strong>19</strong>). Assim sendo, as<br />
pessoas precisam ser ensinadas com relação ao que se<br />
encontra na Palavra de Deus e como estudarem a Palavra<br />
de Deus por si próprias.<br />
Em <strong>Atos</strong> 17:11, o povo de Beréia, ao ouvir o Evangelho,<br />
“examinou cada dia nas Escrituras se estas coisas eram<br />
assim.” Conseqüentemente, “muitos deles creram...” (At<br />
17:12.) O povo de Beréia sabia como examinar a verdade<br />
e confirmá-la na Palavra de Deus. Isso era uma proteção<br />
para eles no sentido de não serem desviados por falsos<br />
ensinamentos. Quando o líder de igreja ensina ao seu<br />
rebanho a Palavra de Deus com precisão, ela o ajudará a<br />
proteger os membros da congregação contra enganos, falsas<br />
religiões e mentiras do Diabo.<br />
Ensino Bíblico:<br />
Prioridade Máxima Para Todo Líder de Igreja<br />
O líder de igreja diligente ensina ao seu rebanho os estatutos,<br />
leis e doutrinas encontrados na Palavra de Deus.<br />
O líder dedicado:<br />
· estuda a Palavra de Deus da melhor maneira possível<br />
(2 Tm 2:15);<br />
· passa tempo orando e meditando na Palavra de Deus,<br />
permitindo que Deus lhe dê revelações e entendimento;<br />
· usa quaisquer ferramentas de pesquisa confiáveis<br />
que lhe estiverem disponíveis para ajudá-lo a estudar<br />
(tais como a Revista ATOS);<br />
· faz todo o possível para ter a certeza de que o seu<br />
rebanho seja instruído com a sabedoria e a verdade<br />
da Palavra de Deus (1 Tm 4:13,16).<br />
Deus valoriza muito o estudo e o ensino da Sua eterna<br />
e imutável Palavra. Ele até mesmo designou um dos cinco<br />
dons principais de treinamento ministerial como “mestre”<br />
(Ef 4:11). Deus instruiu que os presbíteros e líderes sábios,<br />
“que governam bem, sejam considerados dignos de<br />
uma duplicada honra, especialmente os que trabalham<br />
na Palavra e na doutrina” (1 Tm 5:17). É por isso que<br />
Deus faz um juízo mais severo sobre os que ensinam a<br />
Palavra de Deus (Tg 3:1).<br />
Ensinar a Palavra de Deus ao seu rebanho é a prioridade<br />
máxima do líder. Paulo ensinou a Timóteo a<br />
“persistir em ler, exortar e ensinar” e a “meditar nestas<br />
coisas, dedicando-se inteiramente a elas” (1 Tm<br />
4:13,15; veja também 2 Timóteo 2:15).<br />
2. Ensine ao Povo a Maneira de Caminhar (Êx<br />
18:20)<br />
As pessoas precisam fazer mais do que simplesmente<br />
memorizarem estatutos e leis. Elas também precisam aprender<br />
como aplicar as Escrituras na própria vida, vivendo<br />
em obediência a Deus, o Qual lhes deu esses estatutos e<br />
leis. Deus nos dá a Sua Palavra para nos ensinar quem Ele<br />
é e o que é exigido para andarmos em retidão diante d’Ele.<br />
Precisamos aprender como caminhar com Deus diariamente,<br />
amando-O, assim como Ele nos ama (Dt 6:5; 7:6-<br />
9). O desejo de Deus – desde a época da Sua Criação<br />
original, desde a Sua aliança com Abraão, desde o envio<br />
VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / <strong>19</strong>
do Seu Filho por nós, e até mesmo agora – é o de ter um<br />
relacionamento pessoal e de amor com toda a humanidade<br />
(Gn 1:26-28; 12:1-3; Jo 3:16; 1 Tm 2:4).<br />
Uma Vida Agradável a Deus<br />
Moisés estava liderando um grupo pagão de ex-escravos,<br />
e eles não sabiam nada sobre Deus. Não sabiam o<br />
que significava amar a Deus, obedecer-Lhe, ou servir a<br />
Ele e a outros com a própria vida. Era preciso mostrarlhes<br />
como caminhar nas leis de Deus e aplicá-las na vida<br />
prática diária. Esse tipo de discipulado realiza várias coisas<br />
importantes:<br />
· À medida que as pessoas vivem em caminhos que<br />
agradam a Deus, a obediência delas as ajuda a se<br />
aproximarem do Senhor.<br />
Deus, por outro lado, Se<br />
aproxima delas e Se agrada<br />
de suas ações (veja<br />
Tiago 4:8).<br />
· À medida que as pessoas<br />
aprendem a viver pelos<br />
princípios da Palavra<br />
de Deus, elas são poupadas<br />
do pecado e da desobediência.<br />
Elas não<br />
participam mais de comportamentos<br />
que sejam<br />
destrutivos para elas ou<br />
para outros. A vida dessas<br />
pessoas melhoram e<br />
elas ficam mais sábias.<br />
Elas não precisam conversar<br />
com um líder com<br />
relação a todas as pequenas<br />
disputas ou questões<br />
que surgem.<br />
· À medida que as pessoas<br />
começam a ser praticantes<br />
da Palavra e não somente<br />
ouvintes (Tg 1:22),<br />
elas vivem uma vida mais<br />
frutífera. Elas começam a<br />
se alinhar com o propósito<br />
de Deus para elas e<br />
para a Sua Igreja. Elas<br />
aprendem a evangelizar,<br />
ministrar e a servir outros,<br />
através de atos de misericórdia<br />
e de bondade.<br />
Como Ensinar a Palavra de Deus<br />
Há dois aspectos com relação ao ensino apropriado da<br />
Palavra de Deus:<br />
· O primeiro deles é ensinar exatamente o que se encontra<br />
na Palavra de Deus.<br />
· O segundo é ajudar as pessoas a compreenderem<br />
como a Palavra de Deus deve ser aplicada na vida<br />
diária.<br />
Deus nos dá a Sua Palavra para<br />
nos ensinar quem Ele é e o que é<br />
exigido para andarmos em retidão<br />
diante d’Ele. Precisamos<br />
aprender como caminhar com<br />
Deus diariamente, amando-O,<br />
assim como Ele nos ama.<br />
Vamos examinar agora um exemplo de como isso pode<br />
ser feito.<br />
Uma Amostra de um Ensino Bíblico<br />
Mateus 5:48 diz: “Sede vós pois perfeitos, como é<br />
perfeito o vosso Pai que está nos Céus”. À primeira<br />
vista, esse versículo citado por Jesus parece impossível de<br />
se cumprir, e, portanto, pode parecer condenatório.<br />
Deus sabe que nós, como seres humanos, não somos<br />
capazes de uma impecabilidade absolutamente perfeita<br />
nesta vida.<br />
O que significa então a palavra “perfeitos” neste<br />
versículo bíblico?<br />
A palavra grega original traduzida por “perfeitos” neste<br />
texto é a palavra “teleios”. Essa<br />
palavra significa “ter sido completado<br />
ou totalmente amadurecido”,<br />
como uma pessoa totalmente<br />
adulta em comparação<br />
com uma criança. No entanto,<br />
ela também tem um significado<br />
derivado da sua raiz “telos”, que<br />
significa “um fim, propósito, alvo,<br />
ou objetivo”. O ideal grego com<br />
relação a perfeição também envolvia<br />
a função, ou a maneira<br />
pela qual alguma coisa poderia<br />
ser útil. É como uma ferramenta<br />
que se encaixa perfeitamente<br />
em nossas mãos e é perfeitamente<br />
útil para cumprir o propósito<br />
para o qual ela foi planejada.<br />
Assim sendo, podemos entender<br />
que Mateus 5:48 significa<br />
que devemos nos esforçar em<br />
direção ao objetivo de sermos<br />
plenamente maduros em Cristo<br />
e úteis nas mãos de Deus para<br />
cumprirmos o propósito para o<br />
qual Ele nos criou.<br />
O nosso Pai Celestial é totalmente<br />
completo. Vemos em<br />
outras referências bíblicas que<br />
Deus tem o compromisso de nos<br />
ajudar a sermos mais completos<br />
– mais semelhantes a Cristo – e<br />
de nos ajudar a cumprir o nosso<br />
propósito n’Ele (Hb 12:3-11; Fp<br />
1:6; 2 Co 3:8; Rm 8:27-30).<br />
Para mais revelações com relação a Mateus 5:48, podemos<br />
examinar os outros versículos do contexto de<br />
Mateus 5 também. Jesus nos lembra que devemos ser totalmente<br />
maduros e funcionar em nosso propósito com<br />
relação a amar os outros, até mesmo os que são cruéis, ou<br />
vingativos, ou que nos maltratam (Mt 5:38-48). O nosso<br />
Pai Celestial sempre é completamente amoroso. Ele é totalmente<br />
amadurecido – perfeito – em amor. O nosso Pai<br />
20/ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005
Celestial sempre escolhe o que há de melhor para nós, até<br />
mesmo quando O rejeitamos, ou O maltratamos. “Deus é<br />
amor” (1 Jo 4:8) e “Deus demonstra o Seu próprio amor<br />
para conosco em que enquanto éramos ainda pecadores<br />
Cristo morreu por nós” (Rm 5:8).<br />
Há muitos outros versículos na Bíblia que confirmam o<br />
fiel e imutável amor e bondade de Deus para conosco.<br />
Jesus nos ordena a sermos “perfeitos” no sentido de<br />
amarmos os nossos inimigos, exatamente como Deus é<br />
perfeito em amar os Seus inimigos. Em Mateus 5, Jesus<br />
até mesmo nos dá situações da vida real de como esta<br />
verdade pode ser aplicada diariamente em nossa vida:<br />
· Não se vingue nem faça retaliações às pessoas que<br />
o maltratam (Mt 5:38,39). Isso pode ser confirmado<br />
em Romanos 12:<strong>19</strong>, onde está claro que o juízo é<br />
responsabilidade de Deus.<br />
· Vá além do que as pessoas possam exigir de você,<br />
e faça ainda mais por elas (Mt 5:40-42). Deus promete<br />
que ao darmos Ele nos retribuirá ainda mais<br />
(Lc 6:38).<br />
· Devemos amar todas as pessoas, até mesmo os<br />
nossos inimigos. Fazemos isso orando por elas, perdoando-lhes,<br />
e abençoando-as, até mesmo quando<br />
forem cruéis (Mt 5:43-47). Esse tipo de amor radical,<br />
inspirado por Deus, faz com que o mundo todo<br />
saiba que somos verdadeiros seguidores de Cristo<br />
(Jo 13:35).<br />
Um Obreiro Diligente<br />
Escolhemos aqui uma passagem difícil das Escrituras e<br />
abrimos o seu verdadeiro significado de uma maneira mais<br />
clara. Examinamos também os versículos do seu contexto<br />
e confirmamos a verdade com outros versículos da Bíblia.<br />
Sim, foi necessário um tempo para estudarmos as Escrituras,<br />
pesquisarmos e prepararmos. É necessário um obreiro<br />
diligente para o ensino correto da verdade de Deus (2<br />
Tm 2:15).<br />
Isso também demonstra como você pode tanto ensinar<br />
as verdades da Palavra de Deus, como também ajudar as<br />
pessoas a saberem o que é esperado delas como resposta.<br />
Portanto, elas podem ser mais do que <strong>mero</strong>s ouvintes da<br />
Palavra de Deus; elas podem ser praticantes também (Tg<br />
1:22-25).<br />
A Palavra de Deus é “viva e poderosa, e mais afiada<br />
do que qualquer espada de dois gumes, penetrando<br />
até mesmo à divisão da alma e do espírito, e das<br />
juntas e medulas, e ela discerne os pensamentos e intenções<br />
do coração” (Hb 4:12). A Palavra de Deus traz<br />
convicção de pecado. O conhecimento da Palavra de Deus<br />
e o entendimento de como aplicá-la nos ajuda a vivermos<br />
em obediência a Deus. Ela também nos dá um conhecimento<br />
utilizável da verdade (1 Tm 2:4).<br />
3. Ensine ao Povo o Trabalho a Ser Feito (Êx 18:20)<br />
A maioria das pessoas que saíram do Egito com Moisés<br />
eram judeus por natureza. Contudo, elas não formavam<br />
uma nação unificada ou um grupo de pessoas. Elas<br />
eram mais semelhantes aos judeus da época de Jesus,<br />
“cansadas e desgarradas, como ovelhas que não têm<br />
pastor” (Mt 9:36).<br />
Foi com esse grupo desesperado, egoísta, e pecaminoso<br />
que Deus queria formar um povo de aliança. Aquelas<br />
pessoas deveriam se tornar um povo especial, o qual caminharia<br />
com Deus como nação, e seria o instrumento através<br />
do qual Ele traria o Messias.<br />
Aqueles indivíduos eram antigos escravos. A maioria<br />
deles não sabia como trabalhar sem um áspero feitor ordenando<br />
todo e qualquer movimento deles. Contudo, havia<br />
muito trabalho a ser feito, se mais de dois milhões de pessoas<br />
tivessem de sair do Egito e entrar em sua Terra Prometida!<br />
Seria necessário que todos contribuíssem com seus<br />
talentos e força. Muitos teriam de aprender novas habilidades<br />
e desenvolver capacidades que não sabiam que possuíam.<br />
Deus, através de Jetro, disse a Moisés como organizar<br />
as pessoas para o trabalho, a fim de que elas pudessem<br />
ajudar a carregar o fardo da chegada deles à Terra Prometida.<br />
Essa é uma poderosa prefiguração para o seguidor de<br />
Cristo do Novo Testamento envolvido na vida atual da Igreja!<br />
Vamos agora examinar isso mais detalhadamente:<br />
Alimentando os Novos Crentes<br />
Exatamente como os israelitas que estavam saindo da<br />
escravidão, assim também éramos nós quando primeiramente<br />
nos achegamos a Cristo. Éramos “escravos do pecado”<br />
(Rm 6:17), vivendo egoisticamente e em desobediência.<br />
Toda a nossa perspectiva da vida era terrena e<br />
egoística (Ef 2:1-3).<br />
Na qualidade de líderes de igreja, não devemos nos surpreender<br />
nem ficar desanimados com a imaturidade espiritual<br />
dos “bebês recém-nascidos” em Cristo. Eles podem<br />
ser egoístas e até mesmo agirem de formas tolas às vezes.<br />
No entanto, é nosso privilégio e responsabilidade darlhes<br />
o “leite puro da Palavra” (1 Pe 2:2). Este “leite<br />
puro” são as verdades bíblicas básicas necessárias<br />
para um crescimento e maturidade espiritual saudável.<br />
Alguns exemplos de “leite puro” ou de temas básicos a<br />
ser ensinados aos novos crentes incluem:<br />
· Conhecendo a Deus, a Jesus e ao Espírito Santo<br />
· Batismos – nas águas e no Espírito Santo<br />
· Lendo, compreendendo e obedecendo a Bíblia<br />
· Orando todos os dias e ouvindo a Deus<br />
· Arrependimento e perdão (dizendo “não” ao pecado<br />
em nossa vida)<br />
· Salvação pela fé, e não por obras<br />
· Comunhão com outros seguidores de Cristo<br />
· Generosidade<br />
· Adoração<br />
· Serviço<br />
Dons de Todos os Crentes<br />
Ensinar aos novos “bebês” é importante. Mas também<br />
é importante dar-lhes tarefas para eles fazerem como parte<br />
do Corpo de Cristo. Todas as pessoas têm um papel<br />
importante a cumprir para que o Corpo cresça e funcione<br />
VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 21
de maneira saudável (Ef 4:16). Esses papéis podem começar<br />
com coisas pequenas e aumentar, à medida que os<br />
novos crentes amadurecem e provam ser fiéis nestas coisas<br />
pequenas (Lc <strong>19</strong>:17).<br />
O Apóstolo Paulo deixa claro que o “trabalho do ministério”<br />
deve ser feito por TODOS os que fazem parte<br />
da Igreja, e não somente por alguns escolhidos (Ef 4:12).<br />
Todos os seguidores de Cristo têm dons dados por Deus<br />
(Rm 12:4-8; 1 Co 12). Deus deseja que estes dons sejam<br />
usados para a edificação da Sua Igreja (1 Co 14:12).<br />
Um papel muito importante do líder de igreja, pastor<br />
ou presbítero é ajudar a todos os crentes a identificarem<br />
os seus dons e a encontrarem um lugar para<br />
usá-los no ministério. Nem todos os crentes são chamados<br />
a tarefas ministeriais em tempo integral. Contudo,<br />
todos os discípulos de Cristo têm o propósito de ser pessoas<br />
que ministrem. Eles podem e devem servir em<br />
algum tipo de ministério ao Corpo de Cristo e à sociedade<br />
ao seu redor.<br />
Preparando as Pessoas Para o Trabalho<br />
Moisés trouxe um grupo de indivíduos que havia sido<br />
escravo por toda a vida e o colocou numa posição de súbita<br />
liberdade. Aqueles indivíduos não estavam acostumados<br />
a tomar iniciativas nem a trabalhar além dos requisitos<br />
mínimos. Muitos nunca tiveram oportunidade de desenvolver<br />
uma habilidade ou profissão.<br />
No deserto, Deus lhes fornecia comida do céu diariamente<br />
(Êx 16). Mas este nem sempre seria o caso. Deus<br />
sabia que, no futuro, aqueles escravos teriam de lutar em<br />
batalhas, produzir o próprio alimento, e desenvolver<br />
capacitações para sobreviverem por si próprios.<br />
Deus também compreende a natureza humana e a importância<br />
de termos trabalho para fazer (Pv 10:16; 22:<strong>19</strong>;<br />
27:23; Ec 9:10a). O trabalho faz parte do plano de Deus<br />
para a humanidade. Isto é verdade e aplicável desde o<br />
início (Gn 2:15,20). Assim sendo, Deus ordenou que Moisés<br />
desse ao povo um trabalho que eles tivessem de fazer, a<br />
fim de que eles mais tarde vivessem e prosperassem na<br />
Terra Prometida.<br />
O Apóstolo Paulo deparou-se com um problema semelhante<br />
com a Igreja de Tessalônica. As pessoas estavam<br />
sendo salvas e libertas da escravidão do pecado. No entanto,<br />
elas ficaram tão entusiasmadas com a sua recémencontrada<br />
liberdade que pararam de trabalhar. Elas começaram<br />
a simplesmente ficar sentadas, esperando a Segunda<br />
Vinda de Cristo! Elas ficaram preocupadas que,<br />
caso não estivessem vigiando, talvez pudessem perder a<br />
Jesus quando Ele voltasse novamente. Paulo, no entanto,<br />
tranqüilizou-as de que seria impossível perder a volta de<br />
Cristo à Terra (1 Ts 4:16-5:6; 2 Ts 2:1-5).<br />
Paulo também repreendeu esses indivíduos, salientando<br />
que cada um deveria estar trabalhando e vivendo a<br />
sua vida de uma maneira ordenada (2 Ts 3:6-12; veja<br />
também 1 Ts 4:11). Caso contrário, em sua ociosidade,<br />
eles poderiam ficar desregrados e intrometidos. Paulo cita<br />
a sua própria vida e conduta, e a vida e conduta da sua<br />
equipe de liderança, como um exemplo de pessoas que<br />
trabalham para se sustentar e assumir as suas responsabilidades.<br />
Há épocas e lugares em que bons empregos são difíceis<br />
de se encontrar. No entanto, trabalho produtivo de<br />
algum tipo geralmente pode ser encontrado em toda parte.<br />
O trabalho é sempre útil (Pv 14:23). Os líderes de igreja<br />
precisam encorajar os seus membros a serem produtivos.<br />
O fruto do seu trabalho, não importa quão pequeno seja,<br />
ajudará a suprir as suas necessidades. Eles também serão<br />
abençoados por Deus ao darem um décimo (o dízimo) à<br />
Igreja (Ml 3:8-11), e terão recursos extras para outras boas<br />
obras (Ef 4:28).<br />
Uma Palavra Especial a Pastores, Evangelistas, Apóstolos<br />
e Outros Líderes de Igreja:<br />
Em 1 Coríntios 9, Paulo esclarece que os que trabalham<br />
espiritualmente têm a liberdade dada por Deus de<br />
receberem sustento financeiro enquanto trabalham no ministério<br />
(1 Co 9:1-11,14; veja também Romanos 15:27).<br />
No entanto, Paulo também diz rapidamente o seguinte:<br />
“No entanto não temos usado deste direito, mas suportamos<br />
tudo, para não pormos impedimento algum<br />
ao Evangelho de Cristo... Eu, no entanto, não tenho<br />
usado nenhuma destas coisas [o direito de receber sustento<br />
financeiro das pessoas a quem Paulo pregava e ministrava]”<br />
(1 Co 9:12,15).<br />
Paulo trabalhava como fabricante de tendas para sustentar-se,<br />
a fim de que ele não fosse um peso às igrejas<br />
(At 18:3; 20:33-35; 2 Ts 3:8,9). Ele não recebia sustento<br />
financeiro dos membros de uma igreja local. Paulo nos<br />
dá três razões pelas quais ele trabalhava com as suas próprias<br />
mãos para se sustentar no ministério:<br />
· Para que o Evangelho não fosse impedido de nenhuma<br />
forma (1 Co 9:12).<br />
· Paulo trabalhava por uma recompensa eterna, e não<br />
por uma recompensa terrena. Paulo era extremamente<br />
cuidadoso para não abusar nem usar erradamente<br />
da sua “autoridade no Evangelho” por<br />
razões egoísticas (1 Co 9:18).<br />
22/ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005<br />
· Ao sustentar a si próprio Paulo estava isento dos<br />
julgamentos e opiniões dos homens. Isso o fazia um<br />
servo mais eficaz a todos, para que ele pudesse ganhar<br />
mais pessoas para Cristo (1 Co 9:<strong>19</strong>-22).<br />
Qual é o equilíbrio correto entre receber sustento financeiro<br />
para o ministério e pagar pelas nossas próprias<br />
necessidades através de um outro emprego?<br />
Em alguns casos, o líder de igreja não tem escolha na<br />
questão, pois ele precisa trabalhar para sustentar a si mesmo;<br />
ou as responsabilidades da igreja talvez não exijam a<br />
sua atenção em tempo integral. Nesse caso, ele pode dar<br />
o seu tempo extra para um trabalho num emprego a fim de<br />
não ser um peso para a igreja, devido ao seu sustento financeiro.<br />
Essa é uma maneira, semelhante ao caso de Paulo,<br />
de demonstrarmos amor e um compromisso de servirmos<br />
aos outros. Isso também é um poderoso testemunho à<br />
comunidade de que você está presente para dar e servir, e<br />
não para tirar algo das pessoas.<br />
Em outros casos, a igreja é grande o suficiente para<br />
sustentar o pastor financeiramente. Mas será que é erra-
do ou menos “espiritual” receber salário de uma igreja?<br />
Não, não é. É aceitável recebermos um salário como<br />
pastor de tempo integral ou líder de igreja.<br />
Todo líder de igreja precisa examinar freqüentemente<br />
o próprio coração para ter a certeza de que ele<br />
está estabelecido nas prioridades corretas (Cl 3:1-7). Por<br />
exemplo, será que você continuaria servindo como<br />
presbítero ou pastor, se não estivesse recebendo absolutamente<br />
nenhum sustento financeiro da igreja? Ou será<br />
que você tem tempo extra para trabalhar num outro emprego,<br />
de maneira a não ser um peso para a igreja com o<br />
seu sustento integral?<br />
Paulo declarava veementemente e aplicava a autodisciplina<br />
a fim de obter a “coroa incorruptível” da aprovação<br />
de Deus, em vez de ser desqualificado (1 Co 9:24-27).<br />
Na Primeira Carta de Pedro às Igrejas, ele também<br />
abordou a atitude do líder no<br />
serviço à igreja:<br />
“Aos presbíteros que estão<br />
entre vós, admoesto eu,<br />
que sou também presbítero<br />
com eles e testemunha dos<br />
sofrimentos de Cristo, e também<br />
participante da glória<br />
que há de ser revelada:<br />
Apascentai o rebanho de<br />
Deus, que está entre vós,<br />
servindo como supervisores,<br />
não por compulsão, mas<br />
voluntariamente, não por<br />
ganhos desonestos, mas de<br />
ânimo pronto; não vos assenhoreando<br />
dos que vos<br />
foram confiados, mas sendo<br />
exemplos do rebanho; e<br />
quando o Sumo Pastor, aparecer<br />
recebereis a incorruptível<br />
coroa de glória.” (1 Pe<br />
5:1-4.)<br />
O papel de todos os líderes<br />
de igreja é servir o rebanho<br />
que Deus lhes deu. O rebanho<br />
não existe para servir ao líder.<br />
Os seus liderados NÃO existem<br />
para suprir as suas necessidades<br />
ou para ajudá-lo a ser<br />
bem-sucedido no ministério.<br />
Eles existem para que você possa amá-los, servi-los, pastoreá-los<br />
na Palavra e nos caminhos de Deus – e ver estes<br />
seus liderados amadurecidos e treinados para fazerem a<br />
obra do ministério (Ef 4:12).<br />
A Atitude do Líder com Relação às Riquezas<br />
Alguns na Igreja de hoje em dia usam o ministério para<br />
ganhos materiais. Jesus revelou que estes “pastores” não<br />
têm um compromisso com o bem estar do rebanho (Jo<br />
10:12,13).<br />
Outros acham que as riquezas são um sinal da bênção<br />
e aprovação de Deus em seus ministérios. Isso não é verdade<br />
(Lc 12:15; Tg 2:5) – e nos leva a colocarmos nossas<br />
afeições nas coisas materiais e terrenas, em vez das coisas<br />
espirituais incorruptíveis (Mt 6:<strong>19</strong>,20; 1 Pe 1:4).<br />
Se as riquezas fossem um sinal da aprovação e bênção<br />
de Deus, aí então tanto Jesus como Paulo teriam de ser<br />
considerados como horríveis fracassos! Da mesma forma<br />
seriam considerados a maioria dos profetas do Velho Testamento<br />
e os apóstolos do Novo Testamento.<br />
Contudo, a pobreza tampouco é um sinal de espiritualidade.<br />
Nem a abundância, nem a escassez é necessariamente<br />
um sinal da nossa obediência a Deus, do<br />
nosso estado espiritual, ou da nossa aprovação diante<br />
de Deus.<br />
Ao contrário, Deus nos chamou para obedecermos a<br />
Sua Palavra e para confiarmos n’Ele em todo o tempo e<br />
para todas as nossas necessidades.<br />
Há ocasiões em que<br />
Deus pode fornecer muito mais<br />
do que necessitamos. Assim<br />
sendo, teremos uma abundância<br />
para darmos à obra do Seu<br />
Reino. Em outras ocasiões talvez<br />
pareça que mal temos o<br />
suficiente. Essa é a nossa<br />
oportunidade de crescermos<br />
na fé e confiarmos que Deus<br />
suprirá as nossas necessidades<br />
(Fp 4:<strong>19</strong>).<br />
O Espírito Santo, através<br />
de Paulo, nos ensina o equilíbrio<br />
exatamente correto:<br />
“Aprendi a contentar-me<br />
em qualquer estado que eu<br />
esteja. Sei como estar abatido<br />
[viver humildemente] e<br />
sei como ter em abundância<br />
[viver com prosperidade]. Em<br />
toda parte e em todas as coisas<br />
aprendi tanto a estar satisfeito,<br />
como a estar com<br />
fome, tanto a ter em abun-<br />
dância, como a sofrer ne-<br />
Deus nos chamou para cessidades” (Fp 4:11,12).<br />
Como Paulo podia viver<br />
obedecermos a Sua Palavra.<br />
num estado assim de tanta paz<br />
e contentamento? Ele nos diz<br />
o seguinte no próximo versículo: “Posso fazer todas as<br />
coisas através de Cristo que me fortalece” (Fp 4:13).<br />
Paulo compreendia que colocar a nossa confiança em<br />
coisas materiais ou no trabalho somente para ganhos terrenos<br />
é uma tolice. (Veja 1 João 2:15-17; veja também 1<br />
Timóteo 6:3-10; Hebreus 13:5.)<br />
Cristo nos ajudará e nos dará o que necessitarmos para<br />
realizarmos os Seus propósitos com ou sem riquezas! Assim<br />
sendo, quer seja na riqueza ou na pobreza, a nossa<br />
confiança deve estar em Deus e em Sua provisão para<br />
nós – olhando para Ele, para que Ele supra TUDO o<br />
VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 23
que necessitarmos – para a vida e a santidade (2 Pe<br />
1:3).<br />
C. Treine Outros Para Ajudarem a Liderar<br />
(Êx 18:21)<br />
Deus deu muitos conselhos sábios a Moisés através do<br />
seu sogro, Jetro. Uma instrução muito importante encontra-se<br />
em Êxodo 18:21. Neste versículo, Moisés foi estimulado<br />
a formar uma equipe de líderes que o ajudasse<br />
a liderar o povo. Esses líderes deveriam ajudar a carregar<br />
a responsabilidade do ministério com Moisés (Êx<br />
18:22).<br />
Moisés era um conselheiro sábio e talentoso, familiarizado<br />
com as leis de Deus. Antes de receber o conselho de<br />
Jetro, Moisés administrava justiça ao povo e resolvia as<br />
suas disputas, como era o costume dos governantes da<br />
sua época. Moisés era bem-intencionado. No entanto, ele<br />
jamais poderia satisfazer as necessidades de milhões de<br />
pessoas liderando desta maneira.<br />
Como líderes, talvez também sejamos bem-intencionados<br />
em nossos esforços ministeriais. Contudo, talvez nos<br />
encontremos exaustos, ou não muito saudáveis; ou talvez<br />
o nosso cônjuge, ou a nossa família, não esteja recebendo<br />
a atenção necessária. É possível “exagerarmos em nossas<br />
boas ações”.<br />
Como líderes devemos estar dispostos a trabalhar duro,<br />
e não sermos preguiçosos. Contudo, tampouco devemos<br />
ser exageradamente zelosos com o que está além das nossas<br />
forças, capacidade ou chamado.<br />
Os líderes independentes – os que tentam fazer a obra<br />
do ministério sozinhos – são mais suscetíveis ao engano,<br />
orgulho, erros ou à exaustão. Eles não aprenderam a associar-se<br />
apropriadamente com os outros. Eles também têm<br />
dificuldades de manter suas prioridades ministeriais em<br />
ordem. Eles podem ser tentados a abandonarem o ministério<br />
ou a ficarem irados com Deus por tê-los chamado. O<br />
seu casamento ou a família deles pode sofrer os resultados<br />
da negligência. A liderança não é fácil. Até mesmo<br />
Moisés sentiu-se “esmagado” algumas vezes com o peso<br />
das muitas responsabilidades da liderança (leia Nú<strong>mero</strong>s<br />
11:14,15).<br />
Uma salvaguarda para não nos tornarmos líderes independentes<br />
é prepararmos líderes consagrados a Deus que<br />
sirvam ao nosso lado. Todo líder de igreja precisa de ajuda,<br />
e todo crente precisa da oportunidade para usar os seus<br />
dons e servir a Igreja de Jesus Cristo.<br />
Treinando líderes que sirvam com ele, o líder de igreja<br />
também pode cumprir uma de suas responsabilidades principais:<br />
treinar e equipar outros para serem ministros.<br />
Em sua Segunda Carta ao jovem Timóteo, Paulo o instrui:<br />
“E o que de mim entre muitas testemunhas ouviste, confia-o<br />
a homens fiéis, que sejam capazes de ensinar a<br />
outros também” (2 Tm 2:2).<br />
Alinhando Nossas Prioridades<br />
A importância de uma liderança em equipe e também<br />
de se manter as prioridades corretas no ministério é vista<br />
na Igreja Neo-Testamentária do Primeiro Século.<br />
“Ora, naqueles dias, quando o nú<strong>mero</strong> dos discípulos<br />
estava se multiplicando, surgiu uma reclamação<br />
contra os hebreus pelos gregos, porque as suas viúvas<br />
eram negligenciadas na distribuição diária.<br />
“Aí então os Doze convocaram a multidão dos discípulos<br />
e disseram: ‘Não é desejável deixarmos a Palavra<br />
de Deus e servirmos as mesas. Portanto, irmãos,<br />
escolhei dentre vós sete homens de boa reputação,<br />
cheios do Espírito Santo e de sabedoria, a quem possamos<br />
designar para este negócio; mas nós nos devotaremos<br />
continuamente à oração e ao ministério da<br />
Palavra.’... Aí então a Palavra de Deus espalhou-se, e<br />
o nú<strong>mero</strong> dos discípulos multiplicou-se grandemente<br />
em Jerusalém, e um grande nú<strong>mero</strong> de sacerdotes eram<br />
obedientes à fé” (At 6:1-7).<br />
Há vários pontos principais a serem considerados nessa<br />
passagem:<br />
1. As Prioridades dos Apóstolos<br />
Os Apóstolos haviam caminhado com Jesus por mais<br />
de três anos, e, desde a Sua morte e ressurreição, eles<br />
haviam estado trabalhando muitíssimo. Eles estavam ensinando<br />
e pregando, servindo mesas, alimentando os famintos,<br />
ajudando os necessitados, etc. Agora, no entanto, o<br />
nú<strong>mero</strong> de discípulos estava se multiplicando rapidamente<br />
– rápido demais para os Apóstolos servirem a todos eles<br />
adequadamente. Quando os problemas começaram a surgir,<br />
isto fez com que os Apóstolos avaliassem as suas prioridades.<br />
Os Apóstolos não estavam tentando evitar o trabalho.<br />
No entanto, eles perceberam que precisavam da maior<br />
parte do tempo que tinham para o chamado principal:<br />
· oração;<br />
· ensino da Palavra de Deus; e<br />
· dirigir o povo.<br />
Essas eram as mesmas tarefas principais que Moisés<br />
deveria cumprir (Êx 18:<strong>19</strong>,20).<br />
2. A Liderança Envolve Parceria Santa<br />
O Espírito Santo confirmou uma vez mais o padrão<br />
bíblico, assim como Ele o fez com Moisés. Os Apóstolos<br />
deveriam envolver outras pessoas nas responsabilidades<br />
diárias de liderança. É vital compreendermos que<br />
os que oravam e ensinavam as Escrituras (os Apóstolos)<br />
não eram mais importantes ou espirituais do que os<br />
que deviam “servir as mesas” (At 6:2). As qualificações<br />
para os que ajudariam os Apóstolos através do<br />
serviço eram: “homens de boa reputação, cheios do<br />
Espírito Santo e de sabedoria” (At 6:3). Eles até<br />
mesmo impuseram as mãos sobre os discípulos em oração<br />
antes de começarem o serviço (At 6:6) – da mesma<br />
maneira que impuseram as mãos sobre os que estavam<br />
saindo para ensinar (At 13:3).<br />
Duas coisas chamam a nossa atenção:<br />
· Aqueles sete homens com maturidade não acharam<br />
que servir as mesas fosse algo “indigno” para<br />
eles. Eles reconheciam que o ministério aos outros<br />
sempre envolve o servir aos outros.<br />
24/ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005
· Os Apóstolos designaram pessoas que os ajudas-<br />
sem quando ficou óbvio que eles não mais conseguiriam<br />
dar conta de todas as suas crescentes responsabilidades.<br />
3. A Parceria Multiplica o Ministério<br />
O resultado de se dividir a obra com outros líderes<br />
designados foi o seguinte: “Aí então a Palavra de Deus<br />
espalhou-se, e o nú<strong>mero</strong> dos discípulos multiplicou-se<br />
grandemente...” (At 6:7.)<br />
Antes deste mover dirigido pelo Espírito de multiplicação<br />
de líderes, a Palavra de Deus estava se espalhando<br />
– mas não tão rapidamente como ela poderia ter<br />
se espalhado. Uma vez<br />
que os líderes principais<br />
se devotaram à oração,<br />
ao ensino e à lide-<br />
rança, muito mais pessoas<br />
foram alcançadas<br />
e salvas. Enquanto outros<br />
líderes ajudavam a<br />
servir as pessoas, muitas<br />
outras necessidades<br />
estavam sendo supridas.<br />
Ambas as áreas<br />
de ministério precisavam<br />
de uma atenção<br />
apropriada: o ensino<br />
da Palavra e o cuidado<br />
prático das necessidades<br />
das pessoas<br />
(Mc 16:15; Tg 1:27).<br />
Nenhuma destas duas<br />
áreas eram mais, ou<br />
menos importante do<br />
que a outra. Quando<br />
qualquer uma destas<br />
áreas era negligenciada,<br />
o ministério era prejudicado.<br />
Ele, com<br />
certeza,<br />
tem<br />
potencial!<br />
4. Frutificação<br />
Multiplicada<br />
O conselho de Deus a Moisés, dado através de Jetro,<br />
não foi dado a fim de que Moisés tivesse menos trabalho<br />
a fazer. Era para ajudar Moisés trabalhar mais sabiamente<br />
– a ter prioridades corretas com relação ao seu<br />
tempo e esforços ministeriais. Moisés precisava dar uma<br />
atenção apropriada em ouvir de Deus e comunicar a Palavra<br />
de Deus ao Seu povo, exatamente como fizeram os<br />
Apóstolos. (Estudaremos isso mais tarde, neste artigo.)<br />
O compartilhamento das responsabilidades de lideran-<br />
ça também produz outros benefícios:<br />
· Permite que muitas outras pessoas usem e desenvolvam<br />
os seus dons, dando-lhes ao mesmo tempo<br />
uma oportunidade de servirem.<br />
· Mais pessoas aprendem sobre liderança e são mais<br />
Investir tempo nos que demonstram<br />
um potencial de liderança.<br />
bem-preparadas para papéis ministeriais adicionais,<br />
servindo aos outros na prática.<br />
· As pessoas têm a tendência de assumirem mais responsabilidades<br />
para a assistência social e ministerial<br />
– e de sustentá-la – se estiverem pessoalmente envolvidas.<br />
· Os que são mais jovens, ou menos amadurecidos<br />
espiritualmente, têm uma meta a atingirem.<br />
· A multiplicação da liderança permite que Deus multiplique<br />
a frutificação em áreas como: almas salvas;<br />
a igreja desenvolvida e amadurecida; novas igrejas<br />
iniciadas; boas obras como um testemunho à sociedade;<br />
um testemunho à glória de Deus; e a validade<br />
da salvação através de<br />
Jesus Cristo e do Seu<br />
poder de transformar<br />
vidas humanas.<br />
Vida Gera Vida<br />
O padrão para a liderança<br />
eficaz em todas<br />
as Escrituras é “reproduzir<br />
espiritualmente”<br />
mais liderança. Os líderes<br />
precisam passar<br />
adiante o que Deus lhes<br />
ensinou. Dentre as suas<br />
outras responsabilidades,<br />
os líderes precisam<br />
sempre investir tempo,<br />
oração, dons e recursos<br />
para o treinamento de<br />
uma outra geração de<br />
líderes fiéis.<br />
O treinamento de<br />
uma outra geração de<br />
líderes inclui o ganhar<br />
novos convertidos para<br />
Cristo, discipular pessoas,<br />
liderar e ensinar,<br />
tanto por palavras,<br />
como pelo exemplo.<br />
Contudo, o bom líder<br />
também deve fazer esforços específicos no sentido<br />
de investir tempo nos que demonstram um potencial de<br />
liderança.<br />
TREINANDO LÍDERES DE IGREJA<br />
A parceria na liderança envolve o princípio bíblico da<br />
semeadura e da colheita (2 Co 9:6). Quando semeamos<br />
abundantemente do nosso tempo para treinarmos outros<br />
líderes, também colhemos abundantemente dos frutos do<br />
ministério (que são mais pessoas salvas, igrejas iniciadas,<br />
discípulos amadurecidos, necessidades supridas, etc.).<br />
Paulo explicou isto ao jovem Timóteo: “E o que de<br />
mim entre muitas testemunhas ouviste, confia-o a homens<br />
fiéis, que sejam capazes de ensinar a outros também”<br />
(2 Tm 2:2).<br />
VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 25
O princípio de Paulo de treinar outros faz com que o<br />
Evangelho se espalhe muito mais rapidamente. Paulo abordou<br />
quatro grupos de pessoas – em primeiro lugar, o próprio<br />
Paulo; em segundo lugar, Timóteo, discípulo de Paulo;<br />
em terceiro lugar, os “homens fiéis”; e em quarto lugar,<br />
os “outros”, os quais seriam ensinados pelos homens fiéis.<br />
O investimento de Paulo do seu tempo e ensinos a<br />
uma única vida, Timóteo, teria um impacto muito mais<br />
abrangente sobre muitas e muitas pessoas!<br />
O diagrama abaixo mostra a grande multiplicação que<br />
pode acontecer se um líder de igreja escolher apenas UMA<br />
pessoa fiel e passar UM ano treinando essa pessoa para o<br />
ministério. Aí então, no segundo ano, cada uma delas treinar<br />
uma outra pessoa para o ministério, e assim por diante.<br />
Alguns chamam isto de princípio do “cada um ensina um”.<br />
NO FINAL DO<br />
Ano 1<br />
Ano 2<br />
Ano 3<br />
Ano 4<br />
Ano 5<br />
Ano 6<br />
Ano 7<br />
Ano 8<br />
Ano 9<br />
Ano 10<br />
Ano 11<br />
Ano 12<br />
Ano 13<br />
Ano 14<br />
Ano 15<br />
Ano 16<br />
Ano 17<br />
Ano 18<br />
Ano <strong>19</strong><br />
Ano 20<br />
CADA UM ENSINA UM<br />
NÚMERO DE PESSOAS<br />
TREINADAS<br />
2<br />
4<br />
8<br />
16<br />
32<br />
64<br />
128<br />
256<br />
512<br />
1.024<br />
2.048<br />
4.096<br />
8.<strong>19</strong>2<br />
16.384<br />
32.768<br />
65.536<br />
131.072<br />
262.144<br />
524.288<br />
1.048.576<br />
Há também outros métodos de treinamento de líderes.<br />
Jesus escolheu doze homens e passou mais de três anos<br />
ensinando-lhes e trabalhando com eles. Eles O observaram<br />
orando, ministrando e ensinando quase que diariamente.<br />
Ele lhes ensinou princípios, e, aí então, os enviou para colocarem<br />
aqueles princípios em prática. Se eles falhassem,<br />
Ele os instruiria (leia Lucas 10). Esses doze discípulos foram<br />
bem treinados. Aí então, através do poder do Espírito<br />
Santo, eles mudaram o seu mundo e todo o curso da história!<br />
Outros líderes têm sido muito bem-sucedidos na formação<br />
de institutos de treinamento bíblico, onde muitos<br />
alunos podem aprender de uma só vez, através de vários<br />
instrutores. Para ser eficaz, esse método precisa usar a<br />
Bíblia como seu principal livro de estudo. Ele também pre-<br />
Comece<br />
pedindo<br />
ao Senhor<br />
que Ele<br />
lhe dê um<br />
“Timóteo”.<br />
cisa incluir o treinamento “com experiência prática”, o que<br />
permite que os alunos façam de fato a obra do ministério<br />
enquanto estiverem aprendendo sobre o ministério.<br />
No entanto, qualquer que seja o método, é evidente que<br />
o padrão bíblico para um ministério eficaz e duradouro<br />
precisa incluir o treinamento de novas lideranças.<br />
O que eu Tenho a Dizer?<br />
Talvez você ache que não tem nada de significativo<br />
para ensinar a outros líderes em potencial. De uma certa<br />
maneira, isso é verdade com relação a todo líder. Os homens<br />
não têm nada de valor eterno em sua própria sabedoria<br />
para ensinar aos outros. Contudo, Deus ainda quer<br />
nos usar para ensinar os outros, a partir das Suas profundas<br />
fontes de sabedoria.<br />
Deus lhe dará revelação e compreensão à medida que<br />
você O buscar e estudar a Sua Palavra. Ele o ajudará a<br />
saber o que você deve ensinar aos outros. Deus derramará<br />
a Sua sabedoria e vida sobre você, para que você, por<br />
sua vez, faça o mesmo na vida de outros.<br />
Deus também usará o seu conhecimento d’Ele, a sua<br />
experiência ministerial, a sua instrução e o seu conhecimento<br />
da Bíblia – tudo isso o ajudará a treinar os que Deus<br />
lhe der. Talvez você tenha acesso a bons materiais de treinamento,<br />
como por exemplo a Revista ATOS ou “O Cajado<br />
do Pastor”.<br />
Talvez Deus lhe traga pessoas que já são capacitadas<br />
ou que tenham conhecimentos em certas áreas. Pode ser<br />
que elas não precisem de muito treinamento. Talvez você<br />
deva simplesmente reconhecer os dons que elas possuem,<br />
e o que podem oferecer para servirem aos propósitos de<br />
Deus, e, aí então, estimulá-las e liberá-las.<br />
Onde Devo Começar?<br />
Deus quer usar todos os líderes de igreja para treinar<br />
mais líderes ainda. Mas como isso é realizado?<br />
26/ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005
Comece pedindo ao Senhor que Ele lhe dê um “Timóteo”.<br />
Pode ser um amigo, um membro da sua igreja, ou até<br />
mesmo um membro da sua própria família. Tenha cuidado<br />
para não olhar somente para a aparência externa, ou para<br />
os dons óbvios. Peça para Deus ajudá-lo a ver o seu “Timóteo”<br />
da maneira que Ele o vê. Lembre-se: “Porque o<br />
Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê a<br />
aparência externa, mas o Senhor olha para o coração”<br />
(1 Sm 16:7).<br />
O seu “Timóteo” talvez seja alguém com um passado<br />
bem arruinado e que precisa muito da ajuda de Deus. Isso,<br />
porém, não é um problema para Deus. A Bíblia nos ensina<br />
que os que muito são perdoados também amam muito (Lc<br />
7:47). Uma pessoa com um coração que é leal a Deus,<br />
que O ama, e quer serví-Lo é uma escolha melhor do que<br />
alguém que simplesmente tenha uma aparência externa<br />
aceitável.<br />
Jesus escolheu a Sua equipe de liderança, orando primeiramente:<br />
“E aconteceu naqueles dias que Ele subiu<br />
ao monte para orar, e continuou a noite inteira em<br />
oração, e, quando já era dia, chamou a Si os Seus<br />
discípulos, e escolheu doze deles, a quem deu também<br />
o nome de Apóstolos” (Lc 6:12-14).<br />
Após um prolongado tempo de oração, Jesus escolheu<br />
doze dentre os mais íntimos d’Ele para que se tornassem<br />
os Seus Apóstolos. Durante o restante do Seu tempo nesta<br />
terra, Jesus treinou, discipulou, ensinou, e enviou em ministério<br />
estes doze. Eles não eram “líderes natos”. Eles<br />
eram apenas homens comuns, de níveis sociais diferentes,<br />
incluindo-se pescadores e cobradores de impostos. Alguns<br />
eram bem instruídos, outros não. No entanto, todos tinham<br />
em comum um profundo desejo de servirem ao Senhor e<br />
de fazerem a Sua verdade e salvação conhecida a todos<br />
os homens. Assim sendo, ore para que Deus lhe dê os que<br />
Ele quer que você treine; e ore para que Deus o ajude a<br />
vê-los como Ele os vê.<br />
Qualificações Para a Liderança<br />
Deus pode usar qualquer um que Ele escolher para<br />
fazer a Sua vontade, até mesmo um asno (Nm 22:20-35).<br />
Contudo, Deus pode ser mais eficaz através de pessoas<br />
que Lhe obedeçam e façam as coisas à maneira d’Ele.<br />
Assim sendo, a Bíblia nos dá chaves que nos ajudam a<br />
reconhecer bons líderes em potencial. Essas chaves incluem<br />
as características que devem ser uma parte do<br />
desenvolvimento da vida de todos os líderes de igreja<br />
em potencial.<br />
Moisés precisava de homens que estivessem prontos a<br />
assumir responsabilidade de liderança imediatamente. Assim<br />
sendo, o padrão de requisitos era mais elevado do que<br />
talvez pudesse ser para os que ainda estavam em treinamento<br />
para a liderança.<br />
Provavelmente Moisés não conhecia pessoalmente a<br />
maioria das pessoas que ele liderava. Portanto, ele deixou<br />
a seleção dos líderes a critério dos que os conheciam melhor:<br />
as pessoas com as quais eles conviviam em comunidade<br />
(Dt 1:13). Esse exemplo também foi seguido pelos<br />
Apóstolos (At 6:3). Há qualificações adicionais para os<br />
presbíteros e líderes, citadas no Novo Testamento (1 Tm<br />
3:1-13; 4:12-16; 2 Tm 2:15-26; Tt 1:5-9; 2:7,8,11-13; 1 Pe<br />
5:1-4). Tome algum tempo para ler e estudar esses<br />
versículos bíblicos. É óbvio que os requisitos bíblicos<br />
para o caráter do líder de igreja são de fato desafiadores!<br />
Muitos jovens líderes em potencial precisam de tempo<br />
para amadurecer e desenvolver-se em seu caráter antes<br />
que eles possam satisfazer estas qualificações. Aprender<br />
o que Deus espera deles como líderes deve fazer parte de<br />
seu treinamento.<br />
As características bíblicas da personalidade de uma liderança<br />
santa devem ser:<br />
· ensinadas e vividas como exemplo aos jovens líderes<br />
em potencial; e<br />
· vividas como um estilo de vida diário por líderes mais<br />
amadurecidos.<br />
É importante lembrarmos que o caráter semelhante ao<br />
de Cristo pode levar anos para se desenvolver. As seguintes<br />
qualificações de liderança são metas que devemos trabalhar<br />
para alcançá-las. Haverá enganos e falhas ao longo<br />
do caminho, exatamente como foi no caso dos discípulos<br />
de Jesus (Mt 14:22-33; 16:21-23; Mc 10:35-45; Lc 22:49-<br />
51). O importante a procurar é um coração que deseje<br />
servir ao Senhor e que rapidamente se arrependa pelos<br />
fracassos, seguindo firme adiante para ser tudo o que Deus<br />
deseja.<br />
5. Características de Personalidade Necessárias<br />
Para os Líderes de Igreja<br />
Vamos examinar agora as instruções que Deus deu a<br />
Moisés com relação ao tipo de pessoa que devemos escolher<br />
para responsabilidades de liderança de igreja: “E tu<br />
dentre o povo procura homens capazes, tementes a<br />
Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza”<br />
(Êx 18:21).<br />
a. “Homens Capazes” (Êx 18:21)<br />
Os significados bíblicos para a palavra “capaz” inclui<br />
os seguintes: “forte, virtuoso, força moral, bom senso, audaz,<br />
que não agrada os homens, verdadeiro, que discerne,<br />
não egoísta, sábio, do melhor caráter”. Essas são algumas<br />
das características que os bons líderes devem possuir. Elas<br />
também devem ser as metas para os novos líderes em<br />
treinamento.<br />
Vale a pena tomarmos um tempo para estudarmos a<br />
lista acima minuciosamente. Como líder, será que essas<br />
coisas podem ser ditas sobre você? Você está se esforçando<br />
para viver como um exemplo de verdade, sabedoria<br />
e virtude? Será que as pessoas que você está treinando<br />
para a liderança estão aprendendo a viver na prática essas<br />
importantes questões de caráter também?<br />
Além das características mencionadas acima, há também<br />
três coisas adicionais a ser reconhecidas nos que são<br />
“homens capazes”, com potencial de liderança santa:<br />
1) Os que Servem os Outros com um Coração<br />
Disposto<br />
Procure pessoas que façam qualquer coisa que preci-<br />
VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 27
se ser feita com uma boa atitude. Essas pessoas são humildes<br />
e dispostas a fazerem tarefas modestas (Jo 13:3-<br />
17). Elas também entram ousadamente numa situação<br />
quando é necessária uma liderança (2 Tm 1:7). Os líderes<br />
capazes não estão interessados em ser servidos ou<br />
“estar a cargo”. Eles querem servir os outros e ver uma<br />
tarefa realizada. O bom líder pensa nas necessidades dos<br />
outros antes das suas próprias necessidades. Essa é a<br />
liderança santa em ação – serviço humilde (leia Mateus<br />
20:25-28).<br />
2) Aqueles que os Outros Seguirão<br />
Isto pode parecer óbvio, mas os líderes em potencial<br />
devem ser o tipo de pessoa que os outros seguirão. Eles<br />
devem ser capazes de inspirar e motivar os outros, e de se<br />
dar bem com as outras pessoas. No entanto, eles precisam<br />
ser ensinados a<br />
liderar as pessoas na<br />
direção certa – em<br />
direção ao Senhor e<br />
Seus caminhos.<br />
3) Os que Estão<br />
Dispostos a<br />
Trabalhar Duro<br />
Servir os outros<br />
na liderança requer<br />
muito trabalho duro.<br />
O líder em potencial<br />
precisa estar disposto<br />
a trabalhar com as<br />
suas mãos, como<br />
também ser tão diligente<br />
assim no estudo<br />
da Bíblia. Ele precisa<br />
ser fiel na obra<br />
da oração, e também<br />
estar disposto a ajudar<br />
a suprir as necessidades<br />
práticas do<br />
seu rebanho. Procure<br />
os que trabalham<br />
de boa vontade com<br />
as próprias mãos, mas que também buscam as coisas de<br />
Deus com a mesma diligência.<br />
b. “Tementes a Deus” (Êx 18:21)<br />
A segunda qualificação que Moisés deveria procurar<br />
nos líderes era um saudável temor a Deus. Mas o que<br />
significa “temer a Deus”?<br />
Os que temem o Senhor crêem plenamente que há um<br />
Deus sobre eles. Eles sabem que todas as ações são vistas<br />
por Deus, e que eles são responsáveis diante d’Ele.<br />
Eles compreendem que o Senhor é reto e justo, e que eles<br />
estarão diante d’Ele em juízo algum dia (Gn 18:25; 1 Sm<br />
2:10; 1 Pe 4:5; Ap 20:11-15).<br />
Os líderes santos e que temem a Deus são conscienciosos,<br />
e não pecam voluntariamente, mesmo em segredo.<br />
Eles buscam conhecer e compreender a Palavra de Deus<br />
e obedecê-la. Talvez eles falhem ocasionalmente ou cedam<br />
a tentações, como todas as pessoas o fazem. Contudo,<br />
o seu temor a Deus rapidamente os leva ao arrependimento<br />
e à confissão, e também a assumir a responsabilidade<br />
diante dos outros.<br />
Os que temem a Deus O reverenciam, O honram, e O<br />
adoram em espírito e em verdade. Eles agem e falam de<br />
maneiras que reflitam a sua profunda reverência e respeito<br />
pelo Santo e Supremo Deus de toda a Criação.<br />
Há três importantes características a considerar quando<br />
estivermos buscando um líder que “tema a Deus”:<br />
1) Um Coração de Humildade<br />
Em Miquéias 6:8 a Bíblia instrui: “O que o SENHOR<br />
requer de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a<br />
misericórdia, e que<br />
andes humildemente<br />
com o teu Deus?”<br />
Os que temem o<br />
Senhor desejam obedecer-Lhe.<br />
Eles fazem<br />
o que é justo e<br />
Seja diligente<br />
no estudo da<br />
Bíblia.<br />
são misericordiosos<br />
com os outros. Eles<br />
também caminham<br />
humildemente com<br />
Deus.<br />
“Humildade” pode<br />
ser definida como:<br />
modéstia, ausência<br />
de orgulho e arrogância,<br />
e um interesse<br />
não-egoístico pelas<br />
necessidades dos<br />
outros. A humildade<br />
é o oposto da arrogância,<br />
do orgulho,<br />
ou do egoísmo. A<br />
pessoa humilde não<br />
procura o que ela<br />
pode ganhar, mas o<br />
que ela pode dar. A<br />
pessoa humilde não usa as pessoas para os seus próprios<br />
ganhos, mas deseja servir os outros por amor a Jesus. A<br />
humildade é a chave para a manutenção do amor e da<br />
unidade no Corpo de Cristo (Ef 4:1-3). Os que são verdadeiramente<br />
humildes podem se dar bem com as outras<br />
pessoas, encontrando coisas em comum para a comunhão<br />
e a unidade.<br />
A humildade não é um ódio a si próprio, ou quando<br />
alguém finge ser manso. Não é um “falso martírio”, ou<br />
agir de uma forma que pareça ser “espiritual”. A verdadeira<br />
humildade é um reconhecimento sadio de que somente<br />
Deus tem toda sabedoria, poder, glória e honra.<br />
A humildade se expressa em obediência a Deus, confiando<br />
n’Ele para tudo o que é necessário na vida e no<br />
ministério.<br />
28/ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005
A humildade é vista numa disposição de sermos servos,<br />
de tomarmos as posições inferiores (Lc 14:7-11). Os<br />
que são verdadeiramente humildes têm um amor genuíno<br />
pelos outros e um coração de servo para com eles. Eles<br />
não julgam os outros nem se consideram superiores. Eles<br />
não são ríspidos ou censuradores; não são orgulhosos ou<br />
arrogantes.<br />
O nosso padrão de verdadeira humildade é o Próprio<br />
Cristo. “Que nada seja feito por ambições egoísticas ou<br />
por vaidade, mas, por humildade; que cada um considere<br />
os outros superiores a si mesmo. Não atente cada<br />
um somente para os seus próprios interesses, mas também<br />
para os interesses dos outros. Que este sentimento<br />
esteja em vós, como também estava em Cristo Jesus, o<br />
Qual, estando na forma de Deus, não teve por usurpação<br />
ser igual a Deus, mas aniquilou a Sua Própria reputação,<br />
assumindo a forma de um escravo, vindo na<br />
semelhança dos homens. E, encontrando-se na forma<br />
de homem, humilhou-Se a Si Mesmo e tornou-Se obediente<br />
até a morte, até mesmo a morte da Cruz” (Fp 2:3-8).<br />
O “Líder-Obreiro”<br />
A humildade semelhante à de Cristo é vista nos que<br />
estão dispostos a servirem, com fidelidade e diligência, em<br />
qualquer tarefa designada a eles. Eles fazem uma pequena<br />
tarefa com o mesmo es<strong>mero</strong> com que fariam uma tarefa<br />
maior.<br />
No Reino de Deus, Ele geralmente nos dá inicialmente<br />
pequenas responsabilidades para ajudar a fortalecer o nosso<br />
caráter e nos ensinar a fidelidade. À medida que somos<br />
diligentes e fiéis no pouco, aí então Deus libera mais para<br />
nós (Mt 25:21).<br />
Jesus disse: “A colheita verdadeiramente é grande,<br />
mas os obreiros são poucos; portanto, orai ao Senhor<br />
da colheita para que Ele envie obreiros para a Sua<br />
colheita” (Lc 10:2). O Senhor está procurando por aqueles<br />
que trabalhem em Sua colheita. Ele precisa de “líderes-obreiros”,<br />
pessoas que estejam dispostas a fazer mais<br />
do que o mínimo.<br />
O Senhor deseja aqueles que: esperam e oram quando<br />
os outros não estão dispostos (Êx 33:11; Mt 26:40,41); estudam<br />
diligentemente a Palavra de Deus como obreiros (2<br />
Tm 2:15); são tão diligentes no ensino de uma lição às<br />
crianças na Escola Dominical como seriam diligentes no<br />
ensino diante de uma grande multidão (Lc <strong>19</strong>:17); colocam<br />
toda a sua confiança em Deus, enquanto são ousadamente<br />
obedientes ao direcionamento do Espírito Santo (Rm 8:14;<br />
2 Tm 1:7).<br />
O líder-obreiro frutífero tira o lixo ou arruma as cadeiras<br />
com o mesmo louvor e adoração ao seu Senhor, como<br />
se milagres estivessem sendo realizados através das suas<br />
mãos. Isso é possível porque o líder-obreiro santo sabe<br />
que TUDO o que ele faz é para a glória de Deus, e, portanto,<br />
é digno dos seus maiores esforços (Cl 3:17,23).<br />
2) Uma Atitude Ensinável<br />
“O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o<br />
conhecimento do Santo é o entendimento” (Pv 9:10).<br />
“O temor do Senhor é o princípio do conhecimento,<br />
mas os tolos desprezam a sabedoria e a instrução” (Pv<br />
1:7).<br />
A marca da verdadeira maturidade espiritual é um reconhecimento<br />
crescente do quão pouco sabemos e do<br />
quanto ainda precisamos do Senhor. Os bons discípulos<br />
são os que estão dispostos a aprender e a continuar aprendendo<br />
em toda a sua vida. Eles reconhecem as insondáveis<br />
riquezas de Deus e dos Seus caminhos (Rm 11:33-<br />
35). Eles se devotam continuamente a conhecerem mais<br />
de Deus (Fp 3:7-14).<br />
A pessoa ensinável está disposta a ser ensinada e moldada<br />
pela mão de Deus, independentemente da sua idade<br />
ou experiência. Deus não exige que os líderes sejam brilhantes,<br />
mas eles realmente precisam estar dispostos a<br />
aprenderem e a obedecerem o que quer que Deus os instrua<br />
a fazer.<br />
Ao considerar líderes em potencial, observe como eles<br />
respondem a instruções e a correções feitas num espírito<br />
de amor. Será que eles reconhecem a necessidade deles<br />
de aprender? Será que são humildes o suficiente para admitirem<br />
os seus erros? Será que eles recebem instruções<br />
bíblicas e agem de acordo com elas?<br />
Como líderes que disciplinam outros, precisamos ter cuidado<br />
com o que estamos ensinando (Tg 3:1). Não podemos<br />
tirar proveito das pessoas a quem servimos (1 Pe<br />
5:2,3). O melhor professor lidera seus alunos através de<br />
um exemplo amoroso e paciente – esforçando-se para viver<br />
na prática, a cada dia, os princípios que ele está ensinando!<br />
3. Um Elevado Caráter Moral<br />
Paulo enfatizou a importância da pureza e da integridade<br />
moral ao escrever a sua Primeira Carta a Timóteo. “Que<br />
ninguém despreze a tua mocidade, mas sê um exemplo<br />
aos crentes na Palavra, na conduta, no amor, no espírito,<br />
na fé, na pureza” (1 Tm 4:12). Esse versículo nos<br />
diz que devemos nos esforçar e ensinar os jovens discípulos,<br />
com relação a um estilo de vida de pureza em nossas<br />
palavras, ações, relacionamentos, atitudes, em nosso caminhar<br />
com Cristo, e em nosso coração para com Deus e<br />
os outros.<br />
Portanto, o exemplo de pureza que damos como líderes<br />
dá muita glória a Deus e ajuda os outros a saberem como<br />
eles devem caminhar como seguidores de Cristo.<br />
Nesta mesma Carta, Paulo também cita as qualificações<br />
para os presbíteros e diáconos da Igreja. (Leia 1 Timóteo<br />
3:1-13.)<br />
É evidente que a liderança bíblica no Corpo de Cristo<br />
exige um elevado caráter moral.<br />
Nenhum de nós será perfeito ou imaculado quanto ao<br />
pecado nesta vida (Rm 3:23). Contudo, nós, especialmente<br />
em posições de liderança – somos chamados para buscarmos<br />
a retidão (Mt 5:20; 1 Tm 6:11; 2 Tm 2:22). Precisamos<br />
viver uma vida de pureza da melhor maneira possível.<br />
Devemos ser exemplos do caráter de Cristo para o<br />
rebanho.<br />
Como líderes, se falharmos ou tropeçarmos, preci-<br />
VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 29
samos ser rápidos para nos arrepender e confessar<br />
nossas falhas a um outro líder de confiança. Precisamos<br />
ser humildes o suficiente para admitir nossas fraquezas,<br />
pedir oração, receber o perdão e sermos restaurados.<br />
Os líderes precisam se esforçar pela integridade, até<br />
mesmo nas coisas mínimas que talvez nenhuma outra pessoa<br />
veja. Deus nos vê o tempo todo. Deus está esperando<br />
para liberar para nós mais do Seu propósito à medida que<br />
somos fiéis e retos com o que Ele já colocou em nossas<br />
mãos para fazermos.<br />
Os filhos de Eli, o Sumo-Sacerdote, fizeram muitos<br />
males e usaram a sua posição de liderança para ganhos<br />
egoísticos. Deus trouxe um juízo sobre eles e sobre toda a<br />
casa de Eli (leia 1 Samuel 2-4). Ananias e Safira agiram<br />
de uma forma hipócrita e mentiram a Deus, e o juízo do<br />
Senhor caiu sobre eles (At 5:1-11).<br />
Através desses exemplos de liderança fracassada,<br />
aprendemos que Satanás busca tentar os líderes a esmorecerem<br />
em seus padrões morais e em sua integridade.<br />
Não podemos ceder nenhum lugar ao Diabo (Ef 4:27). Nós<br />
também devemos:<br />
· ter uma vida aberta e responsável diante dos outros<br />
(Ef 5:21);<br />
· renovar nossa mente na Palavra de Deus diariamente;<br />
· dar as boas-vindas continuamente à convicção de<br />
pecado trazida pelo Espírito Santo e ao Seu poder<br />
em nossa vida (Rm 12:1,2; 2 Co 10:4,5; Ef 5:17-20);<br />
· temer a Deus, a Quem um dia prestaremos contas<br />
(Hb 4:13); e<br />
· ensinar aos jovens líderes a importância da pureza e<br />
da integridade diante de Deus, vivendo como um<br />
exemplo de retidão para eles.<br />
c. “Homens de Verdade” (Êx 18:21)<br />
A palavra “verdade” neste versículo significa: “verdadeiro,<br />
fiel, digno de confiança”. Isso se refere a homens<br />
que são honestos e verdadeiros, que falam a verdade, e<br />
que julgam as questões de acordo com ela.<br />
Para sabermos o que é verdadeiro, precisamos de uma<br />
fonte para a verdade. Jesus disse: “Eu sou o Caminho, a<br />
Verdade, e a Vida...” (Jo 14:6.) Quando conhecemos A<br />
Verdade – Jesus Cristo – conhecemos melhor a verdade.<br />
Quanto mais conhecermos a Jesus – que é A Verdade –<br />
tanto melhor compreenderemos o que é correto e verdadeiro.<br />
Também já recebemos a Palavra de Deus, a Bíblia,<br />
para nos ensinar o que é verdadeiro e correto (Jo 8:31,32).<br />
Assim sendo, o mais importante treinamento ministerial<br />
que podemos dar a líderes em potencial é ensinar-lhes<br />
o que está na Bíblia.<br />
Há muitos, muitos livros em nosso mundo, mas somente<br />
UM contém as palavras eternas de Deus que são vivas<br />
e poderosas – a Bíblia! As Sagradas Escrituras precisam<br />
ser a nossa primeira fonte para o discipulado de pessoas e<br />
para o treinamento de novos líderes que sejam pessoas de<br />
verdade. Quaisquer outros recursos que usarmos para o<br />
treinamento ministerial também precisam ser baseados nas<br />
verdades das Escrituras.<br />
1) Um Livro Vivo!<br />
A Bíblia não é um livro de “informações religiosas”.<br />
Ela é a Palavra viva de Deus (Jo 6:63; Hb 4:12). Ela é<br />
capaz de trazer convicção de pecado, discernir os nossos<br />
pensamentos e expor as intenções do nosso coração.<br />
Ela nos ensina quem Deus é, e qual é o nosso lugar<br />
em Seus eternos propósitos. Paulo nos ensinou que “o<br />
conhecimento incha [nos deixa arrogantes] mas o amor<br />
edifica” (1 Co 8:1). Sim, precisamos conhecer as Escrituras,<br />
mas precisamos fazer mais do que meramente<br />
conhecer em nossa mente o que a Bíblia diz. Precisamos<br />
também permitir que a Palavra de Deus penetre<br />
em nosso coração e mude quem nós somos e como vivemos.<br />
Jesus teve os piores problemas com os que tinham o<br />
maior conhecimento das Escrituras – os fariseus e<br />
saduceus. Qual era o problema?<br />
Jesus disse o seguinte sobre eles: “Examinai as Escrituras,<br />
porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são<br />
elas que de Mim testificam. E não quereis vir a Mim<br />
para terdes vida” (Jo 5:39,40). Não era suficiente somente<br />
conhecer as Escrituras. As Escrituras têm como<br />
propósito revelar a Deus-Pai e ao Deus-Filho. Os fariseus<br />
sabiam sobre Deus, mas não conheciam a Deus! E eles<br />
se recusaram a aceitar ao Deus-Filho e a conhecê-Lo.<br />
Se os fariseus tivessem permitido que a Palavra de Deus<br />
os conduzisse a Deus – a um relacionamento íntimo e pessoal<br />
com Ele – aí então eles certamente teriam aceitado a<br />
Jesus, o Amado Filho de Deus (Jo 8:<strong>19</strong>).<br />
2) Questões do Coração<br />
O problema com os fariseus não era o conhecimento<br />
das Escrituras. A falha deles foi em permitir que tal conhecimento<br />
fosse apenas “conhecimento mental”, que aquele<br />
conhecimento não os tocasse profundamente no coração.<br />
O conhecimento que tinham das Escrituras tocava apenas<br />
o seu “homem exterior”, mas não transformava o seu “homem<br />
interior” (Mt 23:27,28; Rm 12:1,2). Eles não buscavam<br />
conhecer a Deus e receber uma revelação do coração<br />
d’Ele. (Veja também 2 Timóteo 3:1-9.)<br />
Jesus não é contra a instrução ou o conhecimento. Lucas<br />
era um médico altamente instruído, como também o eram<br />
alguns dos outros discípulos. O Apóstolo Paulo era um<br />
homem extremamente instruído. Contudo, Jesus também<br />
escolheu alguns discípulos que eram homens de pouca instrução.<br />
O que todos eles tinham em comum, no entanto, era a<br />
entrega. Eles entregaram incondicionalmente os seus talentos,<br />
capacidades, dons, formação, instrução – TUDO o<br />
que eram – ao Rei dos reis. Assim sendo, Ele os capacitou<br />
com o Seu Espírito e os usou para a glória de Deus. Você<br />
pode ler sobre a declaração pessoal de Paulo com relação<br />
a essa atitude de coração em Filipenses 3:3-16.<br />
Esses homens não retiveram nada, mas entregaram<br />
tudo a Jesus para o Seu uso. O que podemos aprender<br />
30/ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005
com eles é que Deus quer que o nosso coração esteja<br />
totalmente rendido a Ele.<br />
“Pois os olhos do Senhor passam por toda a terra,<br />
para mostrar-Se forte para com aqueles cujo coração<br />
é leal a Ele” (2 Cr 16:9).<br />
Uma vez que Deus tenha nosso coração, Ele pode<br />
moldar-nos, usar-nos e mostrar-Se forte através de nós.<br />
Quando dependemos do Senhor Deus Todo-Poderoso e<br />
confiamos n’Ele, os recursos, o tremendo poder celestial e<br />
o nosso Senhor ressurreto farão o impossível (Mt <strong>19</strong>:26).<br />
Ele nos dará muitos frutos que permanecem (Jo 15:16).<br />
O Profeta Daniel revelou: “Mas o povo que conhece<br />
o seu Deus será forte e fará grandes proezas” (Dn<br />
11:32b). Quando conhecemos a Deus, Ele acrescenta algo<br />
a nossa vida que não podemos obter de nenhuma outra<br />
fonte: “Então eles, vendo a ousadia de Pedro e João,<br />
perceberam que eram homens sem letras e indoutos, se<br />
maravilharam; e perceberam que eles haviam estado<br />
com Jesus” (At 4:13).<br />
Não era importante quanta instrução ou conhecimento<br />
os Apóstolos tinham ou não tinham. O que fez a diferença<br />
foi o fato de que eles haviam estado com Jesus, conheciam<br />
a Deus, foram capacitados pelo Espírito Santo, e estavam<br />
totalmente entregues ao Senhorio de Cristo – e eles viraram<br />
o mundo de cabeça para baixo (At 17:1-6).<br />
Assim sendo, quando estamos ensinando e discipulando<br />
os “Timóteos” que Deus nos dá, precisamos ter o cuidado<br />
de não somente darmos a eles fatos sobre Deus e a Sua<br />
Palavra. Precisamos instilar a Palavra de Deus de maneira<br />
que os dirija, os incite e os estimule a uma mais profunda<br />
fome e relacionamento com o Deus que os formou e<br />
que deseja conhecê-los.<br />
d. “Que Aborreçam a Cobiça” (Êx 18:21)<br />
Dentre as qualificações para a liderança que Jetro deu<br />
a Moisés, “aborrecer a cobiça” é algo vital que os líderes<br />
de igreja e pastores compreendam. A cobiça pode destruir<br />
ministérios, famílias, até mesmo igrejas. Ela pode fazer com<br />
que pessoas santas, numa outra situação, se tornem desequilibradas,<br />
ou até mesmo enganadas, desviando muitos<br />
outros com elas.<br />
A cobiça é uma “arena” ampla com relação ao fracasso<br />
humano, e é algo que é amplamente abordado nas Escrituras.<br />
Deus odeia a cobiça e Ele pronunciou severos<br />
juízos sobre ela e sobre os que são consumidos por ela (1<br />
Tm 6:3-10; 2 Pe 2).<br />
Deus não Se opõe às riquezas nem às posses materiais.<br />
Ele, porém, Se opõe veementemente ao desejo de ganho<br />
tornando-se a nossa prioridade. Deus nos deu muitas bênçãos<br />
nesta vida para que delas desfrutássemos (1 Tm 6:17).<br />
Contudo, Deus Se entristece quando a Sua provisão e bênçãos<br />
se tornam mais importantes para nós do que Ele ou a<br />
Sua obra.<br />
1) Definição de Cobiça<br />
O pecado da cobiça envolve muito mais do que um<br />
<strong>mero</strong> desejo ímpio de riquezas materiais. Podemos cobiçar<br />
qualquer meta, objeto ou posição.<br />
Nas Escrituras, a raiz da palavra “cobiçar” é “desejar<br />
ou ter prazer em”. “Desejo” não é errado em si próprio.<br />
Tampouco é errado sentimos prazer pelas coisas boas que<br />
Deus supre.<br />
No entanto, o pecado da cobiça vai muito além dos<br />
desejos simples. No Novo Testamento, as palavras referentes<br />
a “cobiçar” e “cobiça” revelam a constante<br />
progressão de uma atitude cobiçosa:<br />
· pleon – “desejar mais, quer seja em quantidade, qualidade,<br />
ou nú<strong>mero</strong>”;<br />
· pleonekto – “tentar agarrar mais, fracassar por tentar<br />
alcançar em demasia”;<br />
· pleonexia – “avareza ou ganância”;<br />
· pleonektes – “um desejo tão ganancioso por ganhos<br />
que chega a usar enganos, extorsões, manipulações<br />
ou roubos, a fim de se ganhar o objeto do seu<br />
desejo ardente”.<br />
O Décimo Mandamento de Êxodo 20:17 revela claramente<br />
que desejar a coisa errada é pecado. Quando agimos<br />
com base em nossos desejos cobiçosos, não estamos<br />
mais submissos a Deus nem ao Senhorio de Jesus Cristo<br />
em nossa vida. Ao contrário, somos dirigidos – e até mesmo<br />
controlados – pelos nossos desejos ímpios. Mais tarde,<br />
os nossos desejos cobiçosos começarão a dominar o nosso<br />
comportamento e a nos seduzir ao pecado.<br />
“Mas cada um é tentado quando é atraído pelos seus<br />
próprios desejos e seduzido. Aí então, quando o desejo<br />
é concebido dá à luz o pecado; e o pecado, havendo se<br />
desenvolvido totalmente, gera a morte.” (Tg 1:14,15.)<br />
A Bíblia descreve o que pode ocorrer quando buscamos<br />
a cobiça – “contendas, ciúmes, acessos de raiva,<br />
ambições egoísticas, dissensões, invejas” (Gl 5:<strong>19</strong>-21).<br />
Vemos também as mesmas características da cobiça sendo<br />
descritas quando a sabedoria humana e terrena é contrastada<br />
com a sabedoria de Deus (Tg 3:13-18). Somos<br />
até mesmo admoestados pelo Espírito de Deus que um<br />
coração voltado a alvos egoísticos no fim se tornará um<br />
inimigo de Deus (Tg 4:1-4). Líder de Igreja: Cuidado! A<br />
escravidão da cobiça pode surpreender e vencer a qualquer<br />
um. Ela sempre começa gradativamente, com simples<br />
desejos pelo que os outros possuem (Êx 20:17). No<br />
entanto, esses desejos podem tornar-se rapidamente uma<br />
sedução ao pecado, o que mais tarde causa a morte.<br />
2) Cuidado com a Idolatria<br />
Os líderes de igreja podem facilmente ser vitimados<br />
por um tipo específico de comportamento cobiçoso. Isto<br />
geralmente se manifesta em arrogância, ou no desejo de<br />
se obter uma posição ou o louvor dos homens. Jesus repreendeu<br />
veementemente esta atitude nos fariseus (Mt 6:1-<br />
6, 16,17; 23:5-12; Jo 5:44;12:42,43). Quando cobiçamos ou<br />
desejamos ardentemente uma posição, um título, um ministério<br />
maior, ou uma atenção indevida de pessoas ou de<br />
outros líderes, essas coisas são desejos pecaminosos. Nós<br />
as transformamos num alvo que é colocado diante dos<br />
nossos olhos, em vez de olharmos para o Senhor e para os<br />
Seus desejos para nós. Começamos a servir os nossos próprios<br />
desejos, no lugar dos propósitos de Deus.<br />
VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 31
Qualquer coisa que erguemos e servimos como<br />
sendo mais importante do que Deus ou do que aquilo<br />
que Ele deseja para nós é uma forma de idolatria.<br />
Deus nos ordenou que não colocássemos NENHUMA<br />
imagem falsa ou ídolo diante d’Ele (Êx 20:3,4). Caso contrário,<br />
é um esmorecimento nos absolutos de Deus e é um<br />
pecado. Enquanto os nossos olhos estão cheios das nossas<br />
próprias metas e “ídolos”, como pode ser possível olharmos<br />
para Deus e ver o que Ele deseja para nós? Como<br />
podemos servir a Deus plenamente, quando estamos na<br />
verdade servindo os nossos próprios desejos ou cobiças?<br />
Será que verdadeiramente podemos agradar a Deus quando<br />
estamos mais preocupados em agradar ou impressionar<br />
outras pessoas? Precisamos estar cientes de que a<br />
cobiça é uma forma de idolatria inspirada por demônios<br />
(Cl 3:5). Nós podemos<br />
– e devemos – prote-<br />
ger o nosso coração de<br />
desejos errados que levam<br />
à cobiça. Os nossos<br />
desejos precisam<br />
começar e sempre permanecer<br />
aos pés de<br />
Jesus. Devemos ter um<br />
coração singelo, que se<br />
satisfaz com a adoração<br />
e a obediência ao<br />
nosso Senhor e Mestre,<br />
Jesus.<br />
Numa atitude de<br />
oração, precisamos<br />
perguntar em todas as<br />
situações: “Senhor,<br />
Tu me deste este<br />
desejo do meu coração?<br />
Se Tu me concedeste<br />
este desejo, será<br />
que ele aumentará o<br />
meu amor por Ti e me<br />
ajudará a servi-Lo?<br />
Ou será que ele me levará<br />
a outros desejos<br />
e buscas que enfraqueceriam<br />
os Teus propósitos<br />
para mim?”<br />
“Entrega o teu<br />
caminho ao<br />
SENHOR...”<br />
Em Salmos 37:4,5 recebemos uma revelação maior:<br />
“Deleita-te também no Senhor, e Ele te dará os desejos<br />
do teu coração. Entrega o teu caminho ao Senhor,<br />
confia n’Ele, e Ele realizará isto.”<br />
“Deleitar no Senhor” significa encontrar a nossa verdadeira<br />
alegria e satisfação em nosso relacionamento com<br />
Ele – em Suas Palavras, ações e presença. Se Ele for o<br />
nosso deleite, aí então os desejos que se formam em nosso<br />
coração mais verdadeiramente se alinharão com os desejos<br />
d’Ele para nós.<br />
“Entregar os nossos caminhos a Deus” significa entregarmos<br />
totalmente todas as coisas a Deus e à Sua vontade<br />
para nós; significa confiar que Ele cumprirá os Seus dese-<br />
jos para nós. Quando fazemos isso, Ele realiza a Sua vontade<br />
para nós.<br />
Deus pode verdadeiramente conceder “os desejos do<br />
coração” ao servo rendido e devotado. Se nosso coração<br />
estiver voltado para Deus e o nosso deleite for fazermos a<br />
Sua vontade, nosso coração desejará mais plenamente o<br />
que Ele quer para nós.<br />
Jesus também nos ensina esse princípio ao dizer: “Se<br />
permanecerdes em Mim, e as Minhas palavras permanecerem<br />
em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será<br />
feito” (Jo 15:7). À medida que permanecermos na presença<br />
do Senhor e meditarmos diariamente em Sua Palavra,<br />
os desejos d’Ele começarão a encher nosso coração.<br />
Aí então poderemos orar e pedir que o Senhor cumpra<br />
esses desejos, e Ele o fará – porque o nosso coração está<br />
de acordo com o que<br />
Ele deseja para nós.<br />
Deus quer a nossa<br />
total e completa lealdade<br />
a Ele (2 Cr 16:9),<br />
para mostrar-Se forte<br />
através dos Seus servos<br />
devotos. O nosso<br />
coração é perverso e<br />
pode tentar nos enganar<br />
(Jr 17:9). Contudo,<br />
podemos, semelhantemente<br />
a Davi, convidar<br />
o Senhor a sondar<br />
o nosso coração e nos<br />
convencer de motivações<br />
e desejos ímpios<br />
(Sl 139:23,24). Aí então<br />
podemos entregar<br />
os desejos errados a<br />
Deus, com uma atitude<br />
de arrependimento.<br />
3) A Cobiça<br />
Destrói!<br />
A Bíblia nos dá<br />
muitas admoestações<br />
com relação ao pecado<br />
da cobiça. Ela é<br />
uma força traiçoeira e destrutiva para homens e mulheres<br />
de Deus. Tome um tempo para ler e estudar as seguintes<br />
passagens bíblicas. Ore com base nelas e peça<br />
que o Espírito Santo traga uma convicção de pecado e<br />
resplandeça a luz da verdade de Deus em quaisquer áreas<br />
obscuras de cobiça que talvez estejam escondidas em<br />
seu coração: Êxodo 20:3-6,17; Nú<strong>mero</strong>s 22-24; 31:8,18;<br />
Deuteronômio 8:1-20; 23:4,5; Jeremias 6:13; 8:10;<br />
Miquéias 3:5-12; Mateus 6:<strong>19</strong>-34; Marcos 4:<strong>19</strong>; Lucas<br />
12:15-21; João 10:10; <strong>Atos</strong> 5:1-5; 1 Coríntios 6:9,10;<br />
Efésios 5:5; Colossenses 3:5; 1 Timóteo 3:3,8; 6:3,5,9,10;<br />
Tito 1:11; Tiago 5:1-6; 1 Pedro 5:2; 2 Pedro 2; 1 João<br />
2:15-17; Judas 11; e Apocalipse 2:14; 22:14,15.<br />
A Bíblia revela o engano das posses ou das riquezas. O<br />
32/ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005
desejo de termos “mais” pode encher nosso coração e<br />
abafar a chama do nosso amor e zelo por Deus.<br />
Deus conhece nossas necessidades e promete ser o<br />
nosso Supridor. No entanto, o Seu juízo cairá sobre os que<br />
usam Seu nome ou a pregação do Evangelho para os próprios<br />
ganhos egoísticos.<br />
4) A Cura Para a Cobiça<br />
Podemos aprender com o Apóstolo Paulo como guardar<br />
nosso coração contra o mal destrutivo da cobiça: “Não<br />
digo isto como por necessidade, porque já aprendi a<br />
contentar-me em qualquer situação em que eu me encontre.<br />
Sei estar abatido, e sei também ter em abundância.<br />
Em todas as maneiras e em todas as coisas,<br />
aprendi tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter<br />
abundância, como também padecer necessidades. Posso<br />
todas as coisas através de Cristo que me fortalece”<br />
(Fp 4:11-13).<br />
Paulo combatia a armadilha pecaminosa da cobiça com<br />
o contentamento (Fp 4:11-13). A palavra grega equivalente<br />
a “contentamento” significa “suficiente em todas as situações”.<br />
Paulo sabia que ele não era suficiente em si mesmo<br />
para suprir suas necessidades e ministério. Ele compreendia<br />
que a sua verdadeira suficiência vinha somente de Deus.<br />
“Não que sejamos suficientes, ou capazes por nós mesmos,<br />
de pensar alguma coisa, como de nós mesmos, mas<br />
a nossa suficiência vem de Deus.” (2 Co 3:5.)<br />
Na extrema fraqueza de Paulo, através do seu “espinho<br />
na carne”, Jesus lhe ensinou o seguinte: “A Minha<br />
graça é suficiente para ti, pois a Minha força se aperfeiçoa<br />
na fraqueza” (2 Co 12:9).<br />
Paulo nos revela uma verdade que pode nos liberar para<br />
vivermos todos os dias, independentemente das circunstâncias,<br />
com alegria, paz, fé e esperança. Paulo não focalizava<br />
as suas necessidades, a sua carência ou a sua fraqueza.<br />
Ele não confiava que as riquezas ou as provisões<br />
deste mundo suprissem as suas necessidades. Ele não se<br />
esforçava para obter posições nem atenções. Ele não fixava<br />
o seu coração em coisas passageiras e temporárias.<br />
Ele não buscava egoisticamente as suas próprias concupiscências<br />
ou desejos. Ao contrário, Paulo colocava a sua<br />
confiança e fé em Cristo, Que era suficiente para tudo<br />
o que ele necessitava!<br />
Paulo colocava as posses e metas deste mundo numa<br />
perspectiva apropriada e em contraposição ao chamado<br />
da eternidade. Ele ensinou o seguinte a Timóteo: “Mas é<br />
grande ganho a piedade com contentamento. Porque<br />
nada trouxemos para este mundo, e é certo que nada<br />
podemos levar dele. Tendo, porém, comida e roupas,<br />
estejamos contentes com estas coisas” (1 Tm 6:6-8).<br />
A vida, a mente e o coração de Paulo eram consumidos<br />
com um ardente desejo e uma paixão de conhecer<br />
plenamente a Cristo Jesus, o seu Senhor (Fp 3:10-14), e de<br />
fazer Cristo conhecido de todos (Cl 1:25-29). Paulo confiava<br />
em Cristo e na Sua suficiência para o suprimento de<br />
todas as necessidades e desafios da vida. Por causa disso,<br />
Paulo pôde ousadamente declarar que ele podia “fazer<br />
todas as coisas através de Cristo”.<br />
Paulo sabia, por revelação, que até mesmo quando<br />
ele estava destituído das posses deste mundo, ainda assim<br />
ele era rico além dos mais fantásticos sonhos de qualquer<br />
um. “Porque conheceis a graça de nosso Senhor<br />
Jesus Cristo, o Qual, muito embora fosse rico [na glória<br />
do Céu], no entanto, por amor de vós, tornou-Se<br />
pobre, para que pela Sua pobreza enriquecêsseis.”<br />
(2 Co 8:9.)<br />
Os que conhecem a Jesus Cristo como seu Senhor e<br />
Salvador e O segue fielmente são ricos ilimitadamente!<br />
Eles são ricos em amor, graça, perdão, liberdade, paz, glória<br />
e força. Essa é a verdadeira prosperidade, a qual é<br />
eterna e não pode ser tirada de nós. Nenhuma riqueza ou<br />
título pode nos dar isso. É somente através de Cristo que<br />
temos o suficiente para todos os momentos da vida.<br />
A superabundância de vida que Cristo nos dá e que é<br />
derramada em nós é a fonte do nosso contentamento.<br />
Precisamos nos ater bem frouxamente às posses ou posições<br />
terrenas, pois elas não podem suprir o que verdadeiramente<br />
necessitamos. Esta lição vital de contentamento<br />
santo e de evitarmos a cobiça é uma lição fundamental,<br />
que precisa ser ensinada a todos os líderes em<br />
formação.<br />
D. Dê a Cada Líder Tarefas Específicas (Êx 18:21)<br />
Vamos examinar agora a próxima instrução dada a<br />
Moisés por Deus, através de Jetro, em Êxodo 18:21: “e os<br />
coloque sobre eles [o povo] por líderes de mil, líderes<br />
de cem, líderes de cinqüenta, e líderes de dez”.<br />
Não é suficiente o simples fato de se escolher líderes,<br />
de dar-lhes títulos, ou até mesmo de treiná-los. O próximo<br />
passo vital no treinamento de líderes de igreja é liberálos,<br />
para eles próprios fazerem a obra do ministério. Todos<br />
os líderes (e os líderes em potencial) precisam começar<br />
a “exercitar” as suas habilidades. Eles precisam<br />
receber tarefas e trabalhos específicos a serem<br />
cumpridos.<br />
Aprender teorias sobre um assunto é útil, mas os verdadeiros<br />
alunos nunca crescerão em suas habilidades até<br />
que comecem a fazer de fato as coisas para as quais eles<br />
foram treinados!<br />
1. Ore Para Discernimento de Dons,<br />
Habilidades e Potencial<br />
Algumas pessoas talvez queiram ser líderes, mas elas<br />
talvez não tenham os dons, o chamado, ou a capacidade<br />
de liderar outras pessoas. Seria melhor para essas pessoas<br />
servirem numa função de assistência, outros supervisionando-as<br />
e dirigindo-as em seu serviço.<br />
Há muitos diferentes tipos de líderes. A Bíblia revela<br />
que há uma grande variedade de dons, habilidades, chamados<br />
e ministérios para os líderes (Rm 12:3-8; 1 Co 12:12-<br />
31; Ef 4:11). Nenhum dom ou chamado é mais importante<br />
do que qualquer outro dom ou chamado. A Bíblia iguala a<br />
Igreja – todos os crentes em Jesus Cristo – a um “Corpo”<br />
(1 Co 12:12-31). Cada parte individual do corpo é importante<br />
para a saúde e função de todo o corpo. Se uma parte<br />
do corpo estiver fraca ou ferida, todo o corpo sofre. Se<br />
VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 33
uma outra parte do corpo não cumprir a sua função, todo o<br />
restante é prejudicado.<br />
Precisamos uns dos outros. Precisamos que os dons e<br />
chamados de todos os crentes sejam ativados, para que o<br />
Corpo funcione apropriadamente.<br />
É por isso que é tão importante que os líderes de igreja<br />
ajudem as pessoas a identificarem seus dons e chamado<br />
e a treiná-las para fazerem sua parte no Corpo de Cristo.<br />
Na qualidade de líder de igreja, ore para que Deus o ajude<br />
a discernir as capacidades e dons das pessoas que você<br />
serve.<br />
Também ore e peça que Deus reúna e levante uma<br />
variedade de dons, chamados e ministérios dentro da sua<br />
igreja. Comece a orar com (e pelos) crentes que Deus lhe<br />
der para discipular e treinar. Ore para que os seus dons<br />
lhes sejam revelados pelo Espírito Santo. Aí então treineos<br />
e estimule-os a usarem os seus dons. Abra espaço para<br />
eles fazerem a sua parte no funcionamento apropriado do<br />
Corpo.<br />
Ajude-os a amadurecer nos dons e a crescer no caráter<br />
cristão. Estimule-os no estudo da Bíblia e na participação<br />
da igreja. Quando eles se tornarem crentes fortes e<br />
estáveis, reúna os presbíteros e imponha as mãos sobre<br />
eles e confirme os seus dons e chamados, da maneira como<br />
o Espírito Santo dirigir (1 Tm 4:14).<br />
2. Envolva Novos Líderes em Tarefas Ministeriais<br />
O ensino e o treinamento são importantes para o aluno.<br />
No entanto, não há melhor “professor” do que a experiência!<br />
Você precisa dar a seus novos líderes tarefas ministeriais.<br />
Por exemplo, se você estiver treinando os líderes sobre<br />
como evangelizar, certifique-se em enviá-los logo para<br />
compartilharem e pregarem o Evangelho aos não-salvos.<br />
Ou talvez você esteja ensinando a seus discípulos como<br />
estudar e se preparar para um sermão. Logo em seguida,<br />
permita que eles ensinem numa sala de aula, ou a um outro<br />
grupo de pessoas, a fim de praticarem o que estão aprendendo.<br />
Você pode até mesmo desejar que eles preguem<br />
um sermão para a igreja.<br />
Após as experiências ministeriais, permita que seus<br />
discípulos lhe façam perguntas e falem sobre os êxitos e<br />
falhas deles. Instrua-os e estimule-os, e envie-os novamente.<br />
Esse foi um método de ensino que Jesus usou<br />
com Seus discípulos por mais de três anos. Jesus ensinava<br />
os discípulos através das Escrituras, demonstrava o<br />
que deveriam fazer, e, aí então, os enviava para fazerem<br />
as mesmas coisas que Ele fazia. Depois Ele conversava<br />
com eles e lhes dava mais instruções. (Veja Marcos 9:14-<br />
29; Lucas 9:1-62; 10:1-24.)<br />
Esse processo de aprender e depois fazer reforça as<br />
lições no coração e na mente dos seus alunos. Isso também<br />
os ajuda a perceberem o quanto eles ainda precisam<br />
aprender!<br />
Na verdade, fazer a obra do ministério levará os discípulos<br />
à sua profunda necessidade de receber o poder<br />
do Espírito Santo. Eles logo perceberão o quanto precisam<br />
ser ungidos, capacitados e dirigidos pelo Espírito de<br />
Deus. Isso também estimulará a completa dependência<br />
deles em Deus para tudo o que Ele os está chamando<br />
para fazerem.<br />
3. Mantenha o Treinamento Equilibrado<br />
É importante equilibrar sempre o conhecimento das Escrituras<br />
com aplicações práticas. Não há nenhuma dúvida<br />
de que um conhecimento minucioso da Bíblia é vital para<br />
todos os crentes. Isso é especialmente aplicável aos que<br />
querem ser líderes de igreja. A Bíblia é importante para a<br />
vida diária deles, e ela é uma pedra fundamental para um<br />
ministério eficaz. Portanto, devemos ensinar aos líderes<br />
em potencial, usando principalmente a Bíblia.<br />
No entanto, o conhecimento das Escrituras e da doutrina<br />
deve ser equilibrado com treinamento e experiência na<br />
prática. O objetivo é treinarmos tanto a cabeça quanto as<br />
mãos! Estimule-os também a permitirem que o Espírito<br />
Santo lide diariamente com o que está no coração deles<br />
(questões de caráter).<br />
Este equilíbrio de se treinar a “cabeça, as mãos e o<br />
coração” ajuda o líder em potencial a ser frutífero e produtivo,<br />
por amor a Jesus.<br />
4. Quanto Treinamento é Suficiente?<br />
O programa de treinamento não precisa ser excessivamente<br />
longo. Jesus ensinou, treinou e deu exemplo da verdade<br />
por mais de três anos a Seus discípulos. Muitos deles,<br />
porém, não compreendiam de fato o que Jesus estava<br />
lhes ensinando até que fossem cheios com o Espírito Santo<br />
(Jo 16:12-15).<br />
Felizmente, já temos o Espírito Santo para nos liderar,<br />
guiar e ensinar, à medida que amadurecemos em Cristo. E<br />
o treinamento ministerial não se completa em apenas um<br />
período de tempo. Os discípulos de Jesus Cristo e os ministros<br />
devem estar aprendendo, crescendo e sendo transformados<br />
durante toda a sua vida. João nos exorta neste<br />
processo de crescimento espiritual que dura toda a nossa<br />
vida (1 Jo 2:12-14).<br />
Contudo, também é sábio termos um período específico<br />
de treinamento para todos os ministros em potencial.<br />
Bom senso deve ser usado na determinação da<br />
extensão do treinamento. Alguns crentes talvez já tenham<br />
uma formação cristã ou um conhecimento bíblico ao qual<br />
possam recorrer. Pode ser que eles se desenvolvam mais<br />
rapidamente e estejam prontos para responsabilidades de<br />
liderança antes que outros. Outras pessoas, no entanto,<br />
talvez precisem de muito mais tempo para amadurecerem<br />
em seu caráter e para crescerem no conhecimento e experiência<br />
com as coisas de Deus.<br />
Independentemente da extensão do treinamento, ele<br />
deve ser basicamente alicerçado na Bíblia. Todos os programas<br />
de treinamento também devem enfatizar o seguinte:<br />
· Dedicação e compromisso com Cristo (Gl 2:20);<br />
· Pureza de caráter, vida e relacionamentos (1 Co 9:24-<br />
27);<br />
· Fidelidade no estudo da Palavra e na oração (2 Tm<br />
2:15; Ef 6:18);<br />
34/ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005
· Uma forte dependência no poder do Espírito Santo<br />
(1 Co 4:20; Cl 1:28,29);<br />
· Treinamento prático e “experimental” [fazendo imediatamente<br />
o que é ensinado] (Lc 10:1-17).<br />
Enquanto treinamos novos líderes de igreja, podemos<br />
ficar confiantes na promessa de Cristo: “Na verdade, na<br />
verdade vos digo que aquele que crê em Mim também<br />
fará as obras que Eu faço, e as fará maiores do que<br />
estas, porque Eu vou para o Meu Pai” (Jo 14:12). A<br />
Sua Palavra é verdadeira! Nós podemos, pela Sua graça,<br />
ser abundantemente frutíferos no ministério – e os nossos<br />
frutos permanecerão (João 15:16).<br />
E. Deixe que os Líderes Liderem! (Êx 18:22)<br />
A instrução de Jetro a Moisés continua: “E permita<br />
que eles julguem o povo em todo o tempo. E será que<br />
todo negócio grave eles trarão a ti, mas toda questão<br />
pequena eles próprios julgarão. Assim será mais fácil<br />
para ti, pois eles carregarão o fardo contigo” (Êx<br />
18:22).<br />
Os líderes de igreja fiéis precisam seguir o padrão bíblico<br />
de treinamento de outros para a liderança. “E o que de<br />
mim, entre muitas testemunhas,<br />
ouvistes, confia-o a<br />
homens fiéis, que sejam<br />
capazes de ensinar a outros<br />
também” (2 Tm 2:2).<br />
Devemos ensinar aos liderados<br />
com base na Bíblia, como<br />
liderar pelo exemplo de vida,<br />
e dar-lhes oportunidades para<br />
um treinamento na prática.<br />
O passo final, no entanto,<br />
é o mais importante do processo:<br />
deixe que eles liderem!<br />
Devemos identificar os<br />
líderes em potencial, equipá-<br />
los para o ministério, e, aí<br />
então, liberá-los para que<br />
eles façam a obra do ministério.<br />
Se não liberarmos e não<br />
confiarmos que os outros assumam<br />
responsabilidades<br />
ministeriais, impediremos o<br />
crescimento deles e roubaremos do Corpo de Cristo a contribuição<br />
dessas pessoas.<br />
1. Transfira o Fardo<br />
Ao liberarmos outras pessoas para a liderança, estamos<br />
transferindo o fardo do ministério. Aprendemos com a<br />
experiência de Moisés que há duas áreas distintas de fardos<br />
a ser compartilhados com outros líderes:<br />
a. O compartilhamento do fardo das tarefas<br />
ministeriais (Êx 18:22)<br />
Há muitos detalhes e tarefas práticas que precisam de<br />
atenção para que uma igreja ou ministério funcione apropriadamente.<br />
O pastor ou o principal líder de igreja nem<br />
Os pastores precisam da ajuda de<br />
líderes maduros para<br />
compartilharem o fardo da oração,<br />
a visão e o ministério à igreja.<br />
sempre consegue dar conta de todos os detalhes sozinho.<br />
Entre outras coisas, pode-se incluir o seguinte: a coordenação<br />
da equipe de louvor e adoração; a contagem e o<br />
registro das ofertas; o cuidado com os pobres e enfermos;<br />
o ensino das crianças; a colocação das cadeiras ou de equipamentos;<br />
a limpeza da igreja; o preparo de boletins ou de<br />
folhas avulsas; e muitos e muitos outros detalhes práticos.<br />
Procure por aqueles que estão dispostos a assumirem<br />
esses tipos de responsabilidades. Dê-lhes o treinamento<br />
necessário para fazerem o trabalho, e, aí então, libere-os<br />
para fazê-lo.<br />
b. O compartilhamento do fardo das responsabilidades<br />
espirituais (Nm 11:14-17)<br />
O fardo espiritual para se liderar o povo também era<br />
demasiado para Moisés carregar sozinho. Portanto, Deus<br />
fez com que Moisés selecionasse 70 homens maduros espiritualmente<br />
dentre o grupo de liderança total, para que<br />
eles fossem anciãos. O ministério deles era ajudar a carregar<br />
o fardo espiritual da liderança dos israelitas (Nm<br />
11:17).<br />
Os pastores precisam da ajuda de líderes maduros para<br />
compartilharem o fardo da<br />
oração, a visão, e o ministério<br />
à igreja. As suas responsabilidades<br />
podem incluir:<br />
oração e visão; o ensino de<br />
aulas; pregações; a direção<br />
do louvor; a liderança de<br />
equipes de evangelização; a<br />
oração pelos enfermos;<br />
aconselhamento; o discipulado<br />
de novos crentes; e<br />
muitas outras responsabilidades<br />
espirituais.<br />
O pastor sábio também<br />
forma uma equipe de inter-<br />
cessão, dirigida por ele ou<br />
por uma outra pessoa. O<br />
foco principal desta equipe<br />
é orar pela liderança e pela<br />
igreja. Os presbíteros designados<br />
de qualquer igreja devem<br />
participar de alguma<br />
forma deste fardo espiritual de intercessão.<br />
Algumas pessoas podem carregar ambos os tipos de<br />
fardos – tanto tarefas práticas quanto questões espirituais.<br />
Ou talvez funcionem melhor somente numa área. Mas<br />
ambos os tipos de “carregadores de fardos” são necessários<br />
à vida saudável e ao desenvolvimento da igreja.<br />
2. O Papel do Líder Principal<br />
A maior responsabilidade do líder principal é treinar<br />
outros para a obra do ministério, e aí então liberá-los<br />
para fazê-la. Assim como Jetro disse a Moisés, “permita<br />
que eles julguem o povo...” (Êx 18:22.)<br />
Algumas pessoas mal-orientadas acham que um grande<br />
líder é alguém que faz tudo sozinho. Isso talvez seja<br />
VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 35
verdade na maneira de se pensar do mundo. Mas, no Reino<br />
de Deus, exatamente o oposto é verdadeiro.<br />
O líder verdadeiramente grande e consagrado a Deus<br />
treina, equipa e libera outros para fazerem a obra do ministério.<br />
Ele cumpre a diretriz bíblica: “... equipando os<br />
santos para a obra do ministério, para a edificação<br />
do Corpo de Cristo” (Ef 4:12).<br />
Isso significa que o treinador que libera também deve<br />
confiar naqueles que treinou – confiar que Deus os ajudará<br />
e confiar que o Espírito Santo os ungirá e os capacitará.<br />
Os novos líderes provavelmente não farão tudo de forma<br />
correta, especialmente no início, mas à medida que se aplicarem,<br />
eles se desenvolverão em suas capacidades e em<br />
sua fidelidade.<br />
Seja um Exemplo de Humildade<br />
Alguns dos que treinamos talvez se saiam melhor do<br />
que nós em algumas coisas.<br />
Isso nunca deve ser um pro-<br />
blema para nós. Libere e estimule<br />
seus alunos a serem o<br />
melhor que puderem, para a<br />
glória de Deus!<br />
As únicas razões que poderíamos<br />
ter para não liberarmos<br />
totalmente aqueles que<br />
treinamos são o nosso próprio<br />
orgulho, insegurança ou temor.<br />
Nenhuma dessas razões tem<br />
motivações santas. É muito<br />
melhor para nós crucificarmos<br />
essas motivações carnais de<br />
qualquer forma (Rm 13:14). A<br />
nossa meta deve ser a de treinarmos<br />
líderes que possam firmar-se<br />
com o nosso apoio e ir<br />
além em Deus do que jamais<br />
poderíamos ter ido. Isso requer<br />
humildade, e Deus Se<br />
agrada dos humildes e promete<br />
abençoá-los.<br />
Também precisamos nos<br />
lembrar que a igreja ou o mi-<br />
Siga a<br />
maneira<br />
bíblica.<br />
nistério que lideramos não pertence a nós. Somos simplesmente<br />
administradores de uma parte do Corpo de<br />
Cristo, a Igreja que Ele está edificando. Se acreditarmos<br />
em algo diferente disso seremos levados a um sentimento<br />
de importância própria e ao desejo de controlarmos o<br />
“nosso” ministério. Isso se tornará um lugar em que o<br />
pecado mortal do orgulho tentará entrar. Humilhe-se diante<br />
de Deus e resista à armadilha do Diabo com relação<br />
ao orgulho!<br />
Como líderes de igreja, precisamos treinar adequadamente<br />
os outros e liderá-los pelo nosso exemplo. Aí então<br />
precisamos dar-lhes tarefas específicas a ser realizadas<br />
ou funções a ser desempenhadas. Precisamos estar disponíveis<br />
para ajudá-los enquanto estiverem aprendendo. E<br />
precisamos liberá-los para fazerem a obra do ministério!<br />
3. Lidando com o Fracasso<br />
Nenhum de nós é perfeito. Essa não é uma nova revelação!<br />
Contudo, precisamos nos lembrar disto ao liberarmos<br />
novos líderes para posições ministeriais. Eles terão<br />
pontos de dificuldades, até mesmo de fracassos. Talvez<br />
eles não executem apropriadamente suas tarefas ministeriais.<br />
Eles podem até mesmo cair em tentações e pecados.<br />
Isso não tem que acontecer, mas pode acontecer em alguns<br />
casos.<br />
Os fracassos no Reino de Deus podem ser de grande<br />
utilidade no processo de crescimento e moldagem. Jesus<br />
enviou Seus discípulos em várias ocasiões, ciente de que<br />
eles poderiam falhar.<br />
Certa vez, eles não conseguiram expulsar um demônio<br />
(Mc 9:14-29). Jesus não rejeitava Seus discípulos devido<br />
às suas incapacidades ou falhas. Ao contrário, Ele usava<br />
aquelas ocasiões como oportunidades de ensino. “... Seus<br />
discípulos perguntaram-<br />
Lhe à parte: ‘Por que não<br />
pudemos nós expulsá-lo?’<br />
Assim sendo, Ele lhes disse:<br />
‘Esta casta não pode<br />
sair com coisa alguma, a<br />
não ser com oração e jejum’”.<br />
(Mc 9:28,29.)<br />
Os discípulos fizeram uma<br />
pergunta a Jesus. A Sua resposta<br />
lhes trouxe correção e<br />
instrução. Ele lhes ensinou<br />
que eles precisavam estar espiritualmente<br />
preparados para<br />
encontros com o mundo demoníaco.<br />
Como alguém que<br />
treina outras pessoas, lembrese<br />
do seguinte: No Reino de<br />
Deus, a correção NÃO significa<br />
rejeição! Deus nos<br />
corrige porque somos Seus<br />
filhos (Hb 12:3-11). Precisamos<br />
demonstrar amor e paciência<br />
para com os que estamos<br />
treinando. Podemos<br />
usar as suas falhas como uma<br />
oportunidade para estimulá-los e instruí-los ainda mais.<br />
O Líder que Cai<br />
Há, infelizmente, alguns fracassos que exigem a remoção<br />
do ministério por algum tempo, ou até mesmo permanentemente.<br />
Isso não se aplica no caso de uma falha numa<br />
responsabilidade ou do cumprimento inadequado de uma tarefa<br />
ministerial. Esses tipos de falhas envolvem a correção,<br />
o ensino e o encorajamento. O tipo de fracasso que<br />
desqualifica alguém para o ministério envolve o pecado e o<br />
envolvimento direto nas “obras da carne” (Gl 5:16-23).<br />
Essas obras incluem o adultério, a fornicação, o roubo, a<br />
mentira, a facciosidade e outros pecados lamentáveis.<br />
Se esse tipo de comportamento ocorrer em alguém que<br />
esteja no ministério (ou que esteja sendo treinado para o<br />
36/ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005
ministério), essa pessoa precisa ser confrontada. Precisa<br />
ser removida das responsabilidades ministeriais por<br />
um período considerável (pode ser por alguns anos) para<br />
permitirmos um tempo para libertação, cura e restauração<br />
dos relacionamentos prejudicados.<br />
Esse líder também precisa produzir frutos de um arrependimento<br />
santo (2 Co 7:9,10). Ele precisa fazer uma confissão<br />
sincera e aceitar a responsabilidade pelo seu fracasso.<br />
Ele deve se abdicar voluntariamente de suas responsabilidades<br />
ministeriais. Ele também deve estar disposto<br />
a submeter-se à liderança da igreja (ou a um grupo de<br />
pastores amigos, diante dos quais ele tenha responsabilidades)<br />
durante um tempo de restauração e cura.<br />
Essa pessoa precisa demonstrar um registro consistente,<br />
num determinado período, de um comportamento santo,<br />
sem um fracasso semelhante, antes de poder ser considerada<br />
a possibilidade de ela assumir responsabilidades de<br />
liderança. Isso é feito para a proteção do rebanho e para a<br />
libertação verdadeira e completa da pessoa que fracassou.<br />
Se ocorrerem em outras ocasiões pecados semelhantes,<br />
aí então talvez sejam necessárias uma correção e uma<br />
disciplina num prazo ainda maior. (Veja Mateus 18:15-17;<br />
1 Coríntios 5:1-8; 2 Coríntios 2:5-11; Gálatas 6:1; 1 Timóteo<br />
5:1,2.) Talvez seja até mesmo o caso de uma remoção<br />
permanente do ministério, se nenhum arrependimento verdadeiro<br />
ou nenhuma mudança for evidente, ou se os fracassos<br />
continuarem a se repetir.<br />
O líder de igreja precisa usar discernimento e sabedoria<br />
do Espírito Santo para aplicar uma correção apropriada e<br />
amorosa em cada situação. Alguns fracassos são pecados<br />
lamentáveis e precisam ser abordados veementemente.<br />
Talvez sejam necessários vários anos para que ocorra uma<br />
total restauração e cura. Outros fracassos podem ser menos<br />
graves, e a restauração pode ocorrer mais rapidamente,<br />
mas, ainda assim, eles exigem confronto e correção.<br />
Toda correção e disciplina deve seguir a instrução bíblica<br />
de “falarmos a verdade em amor” (Ef 4:15).<br />
Deus compreende a nossa fragilidade e fraqueza humana.<br />
Todos nós pecamos e estamos destituídos do mais<br />
sublime bem de Deus para nós (Rm 3:23). No entanto, a<br />
vontade de Deus sempre é redimir o nosso propósito<br />
e restaurar o nosso relacionamento com Ele e com<br />
os outros. Deus faz isso em resposta ao nosso arrependimento<br />
verdadeiro e à nossa total submissão ao Seu Senhorio<br />
em nossa vida (2 Co 7:1-10).<br />
Portanto, como líderes de igreja, permitamos que a<br />
verdade frutifique em nossa própria vida primeiramente.<br />
Sejamos exemplos vivos dos que são humildes,<br />
devotados a Cristo e obedientes à Palavra de Deus. Aí<br />
então poderemos direcionar a vida das pessoas que<br />
discipulamos. Com essa forma de confrontos dóceis e humildes<br />
(Gl 6:1; 2 Tm 2:24-26), continuamos a dar o exemplo<br />
do caráter de Cristo aos que estamos treinando.<br />
II. BENEFÍCIOS DE UMA LIDERANÇA<br />
MULTIPLICADA<br />
À medida que treinamos líderes e transferimos o fardo<br />
do ministério, haverá muitos frutos. Haverá uma multipli-<br />
cação do ministério. Mais pessoas serão eficazmente<br />
alcançadas com o Evangelho e mais frutos serão ganhos<br />
para a glória de Deus. As pessoas que você lidera encontrarão<br />
os seus dons e chamados, e começarão a contribuir<br />
para a saúde e o crescimento do Corpo de Cristo. Deus<br />
deu a Moisés a promessa de três benefícios com a multiplicação<br />
de líderes e com o compartilhamento com eles do<br />
fardo do ministério (Êx 18:22,23).<br />
A. Será Mais Fácil Para Você<br />
Em primeiro lugar, “... será mais fácil para você”<br />
(Êx 18:22). As responsabilidades compartilhadas, o estímulo<br />
mútuo e o fato de não estarmos sozinhos na liderança<br />
tornam o fardo mais leve. Podemos viver de acordo<br />
com a promessa de Cristo: “O Meu jugo é suave e o<br />
Meu fardo é leve” (Mt 11:30).<br />
B. Você Poderá Subsistir<br />
Em segundo lugar, foi dito a Moisés que o fato de<br />
ele treinar líderes-obreiros faria com que ele “pudesse<br />
subsistir” (Êx 18:23). Muitas vezes, os líderes de igrejas<br />
ficam cansados no meio de uma tarefa. Talvez eles se<br />
sintam sobrecarregados, esgotados ou desanimados. Eles<br />
podem ficar doentes ou ser vencidos pelas tentações. Eles<br />
podem até mesmo ser tentados a abandonarem o ministério.<br />
Para resistir até o fim, os líderes de igreja precisam<br />
de ajuda. Moisés tinha Arão e Hur (Êx 17:8-13), e ele<br />
ouviu o conselho de Jetro de treinar até mesmo mais líderes.<br />
C. Todo o Povo Será Beneficiado<br />
Em terceiro lugar, todo o povo será beneficiado e<br />
“... irá ao seu lugar em paz” (Êx 18:23). As ovelhas do<br />
Corpo de Cristo precisam receber ensino, cuidado e<br />
ministração. Se forem negligenciadas, talvez elas se desviem.<br />
Elas podem desenvolver problemas que o Diabo usará<br />
para levá-las a enganos ou ao pecado.<br />
Ninguém consegue cuidar de todas as necessidades<br />
existentes numa igreja local – e nem deveríamos mesmo!<br />
Deus criou o Seu Corpo de forma a sermos mutuamente<br />
dependentes (1 Co 12:12-27). A participação de cada membro<br />
é necessária para que todos possamos “chegar à<br />
unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a<br />
varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo”<br />
(Ef 4:12-16).<br />
Podemos evitar os problemas que surgem com o fato<br />
de sermos “líderes independentes”, treinando e liberando<br />
os santos para fazerem a obra conosco (Ef 4:12). À medida<br />
que seguirmos a maneira bíblica de multiplicação de<br />
liderança, também veremos uma frutificação multiplicada.<br />
Uma nova geração de líderes será treinada para levar adiante<br />
a obra do Senhor!<br />
Podemos ser exemplos dos princípios bíblicos de liderança<br />
aos que estamos treinando, a fim de que eles também<br />
possam fazer o mesmo. Assim, Deus nunca terá<br />
falta de alguém que Ele possa usar (1 Rs <strong>19</strong>:18; 2 Cr<br />
16:9) e o Corpo de Cristo será eficazmente dirigido e<br />
pastoreado! ■<br />
VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 37
ESBOÇO DE SERMÕES PARA “O LÍDER DE IGREJA EFICAZ”<br />
Primeira Parte:<br />
Deus Molda Seus Líderes<br />
I. DEPENDENDO DE DEUS<br />
A. Todos Nós Precisamos Ser Moldados<br />
B. Capacitação de Deus – Não Nossa<br />
II. CULTIVANDO UM CARÁTER SEMELHANTE<br />
AO DE CRISTO<br />
A. O Caráter Semelhante ao de Cristo:<br />
O Primeiro Chamado do Líder<br />
B. O Que é o Caráter Semelhante ao de Cristo?<br />
1. Reverência Para com Deus<br />
2. Coração de Servo<br />
3. Arrependimento<br />
4. Comportamento Transformado<br />
C. Mais do que Caráter<br />
D. Rendendo-nos a Deus Diariamente<br />
III. O CAMINHO PARA A LIDERANÇA<br />
A. Um Chamado Precoce<br />
B. Deus Nunca nos Deixa<br />
C. O Caminho Pode Parecer Estranho<br />
D. Servindo Fielmente<br />
E. Provado e Purificado<br />
F. O Controle Soberano de Deus<br />
G. A Esperança de Glória<br />
IV. COMO DEUS USA AS TRIBULAÇÕES<br />
A. Fontes de Tribulações<br />
B. A Importância da Perseverança<br />
C. Confiando em Deus nas Tribulações<br />
D. Qual é o Propósito das Tribulações?<br />
1. As Tribulações Provam Nossa Fé<br />
2. As Tribulações nos Purificam<br />
3. As Tribulações nos Ensinam Sobre<br />
Dependência e Humildade<br />
4. As Tribulações Liberam o Poder de Deus<br />
5. As Tribulações nos Fortalecem<br />
6. As Tribulações nos Ensinam a<br />
Esperarmos<br />
7. As Tribulações nos Preparam<br />
8. As Tribulações Mudam Nossa<br />
Perspectiva<br />
E. Seguros no Amor de Deus – Até Mesmo no<br />
Meio das Tribulações<br />
F. A Disciplina de Deus nos Molda<br />
G. Como Devemos Responder às<br />
Tribulações?<br />
1. Ore!<br />
a. Ore no Espírito<br />
b. Ore com Jejuns<br />
2. “Tende Grande Gozo!”<br />
3. Não Fuja<br />
4. Obedeça a TUDO que Deus lhe Disser<br />
5. Mantenha seu Coração em Retidão<br />
Segunda Parte:<br />
O Padrão Bíblico Para a Multiplicação de Liderança<br />
I. CINCO INSTRUÇÕES DADAS A MOISÉS<br />
A. Fique Diante de Deus Pelo Povo (Êx 18:<strong>19</strong>)<br />
B. Ensine ao Povo (Êx 18:20)<br />
1. Ensine ao Povo os Estatutos e as<br />
Leis de Deus (Êx 18:20)<br />
2. Ensine ao Povo a Maneira de Caminhar<br />
(Êx 18:20)<br />
3. Ensine ao Povo o Trabalho a Ser Feito<br />
(Êx 18:20)<br />
C. Treine Outros Para Ajudarem a Liderar<br />
(Êx 18:21)<br />
1. As Prioridades dos Apóstolos<br />
2. A Liderança Envolve Parceria Santa<br />
3. A Parceria Multiplica o Ministério<br />
4. Frutificação Multiplicada<br />
5. Características de Personalidade<br />
Necessárias Para os Líderes de Igreja<br />
a. “Homens Capazes” (Êx 18:21)<br />
1) Os que Servem os Outros com um<br />
Coração Disposto<br />
2) Aqueles que os Outros Seguirão<br />
3) Os que Estão Dispostos a<br />
Trabalhar Duro<br />
b. “Tementes a Deus” (Êx 18:21)<br />
1) Um Coração de Humildade<br />
2) Uma Atitude Ensinável<br />
3) Um Elevado Caráter Moral<br />
c. “Homens de Verdade” (Êx 18:21)<br />
1) Um Livro Vivo!<br />
2) Questões do Coração<br />
d. “Que Aborreçam a Cobiça” (Êx 18:21)<br />
1) Definição de Cobiça<br />
2) Cuidado com a Idolatria<br />
3) A Cobiça Destrói<br />
4) A Cura Para a Cobiça<br />
D. Dê a Cada Líder Tarefas Específicas<br />
(Êx 18:21)<br />
1. Ore Para Discernimento de Dons,<br />
Habilidades e Potencial<br />
2. Envolva Novos Líderes em Tarefas<br />
Ministeriais<br />
3. Mantenha o Treinamento Equilibrado<br />
4. Quanto Treinamento é Suficiente?<br />
E. Deixe que os Líderes Liderem (Êx 18:22)<br />
1. Transfira o Fardo:<br />
a. Tarefas Ministeriais (Êx 18:22)<br />
b. Responsabilidades Espirituais<br />
(Nm 11:14-17)<br />
2. O Papel do Líder Principal<br />
3. Lidando com o Fracasso<br />
II. BENEFÍCIOS DE UMA LIDERANÇA<br />
MULTIPLICADA<br />
A. Será Mais Fácil Para Você<br />
B. Você Poderá Subsistir<br />
C. Todo o Povo Será Beneficiado<br />
38/ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005
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Siga TODAS as instruções do Formulário de Renovação;<br />
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que a solicitem na Ásia, África e América Latina. Esses líderes<br />
receberão a Revista ATOS durante dois anos, e após esse<br />
período eles deverão renovar sua assinatura para que continuem<br />
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VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 39
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40/ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005