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Atos - Volume 19 - N mero 2

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<strong>Volume</strong> <strong>19</strong> / Nú<strong>mero</strong> 2<br />

EDIÇÃO PORTUGUÊS<br />

ATOS<br />

O LÍDER DE<br />

IGREJA EFICAZ<br />

Adaptado dos ensinos de Frank e Wendy Parrish, e Ralph Mahoney<br />

Primeira Parte:<br />

Deus Molda Seus Líderes!<br />

Segunda Parte:<br />

O Padrão Bíblico Para a<br />

Multiplicação de Liderança<br />

VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 1


O LÍDER DE IGREJA EFICAZ<br />

No Novo Testamento, a palavra “eficaz” significa “ativo, poderoso, forte”.<br />

As definições dos dicionários incluem “preparado e disponível para o<br />

serviço”. Assim sendo, o propósito deste ensino é ajudá-lo – através<br />

de Cristo – a tornar-se o líder de igreja mais ativo, forte e poderoso que você<br />

possa ser, alguém que esteja pronto para o serviço.<br />

Liderança santa significa serviço. Liderança santa significa trabalho –<br />

À medida que você<br />

estiver estudando,<br />

permita que a<br />

Palavra de Deus e<br />

o poder do<br />

Espírito Santo o<br />

dirija e lhe<br />

ensine...<br />

geralmente trabalho árduo, mas um trabalho que é sempre recompensador e duradouro. A liderança<br />

santa, no entanto, não é o nosso objetivo maior, mas é um meio para um fim: a edificação e a<br />

preparação do Corpo de Cristo, a divulgação do Evangelho, e, o que é mais importante, a glória de<br />

Deus.<br />

Para que este ensino seja eficaz em sua vida, você precisa estudá-lo numa atitude de oração e aplicar<br />

o que aprender em sua própria vida. Juntamente com isso, você precisa também estudar a Bíblia. A<br />

Palavra de Deus contém tudo o que você precisa saber sobre uma liderança santa. Portanto, este ensino<br />

o levará, vez após vez, a pesquisar as Escrituras.<br />

À medida que você estiver estudando, permita que a Palavra de Deus e o poder do Espírito Santo o<br />

dirija, o molde e lhe ensine, transformando-o num líder eficaz e santo no Corpo de Cristo.<br />

2 / ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005


Primeira Parte:<br />

Deus Molda Seus Líderes!<br />

I. DEPENDENDO DE DEUS<br />

Mais de 2,5 milhões de israelitas seguiram a Moisés e<br />

saíram do Egito, para entrarem no deserto desconhecido.<br />

Essa foi uma enorme responsabilidade de liderança – uma<br />

responsabilidade que Moisés não buscou (leia Êxodo 3).<br />

Moisés começou como um líder relutante. Ele não<br />

acreditava que tivesse capacidade ou habilidade para liderar<br />

um grupo de pessoas tão grande assim para uma jornada<br />

tão importante (Êx 3:11-4:16). Deus, no entanto, viu<br />

algo em Moisés que Ele desejava usar. As limitações humanas<br />

de Moisés não eram um problema para Deus –<br />

como também as suas limitações não o são.<br />

Moisés argumentou com Deus sobre o seu chamado.<br />

Ele sabia que não era qualificado para fazer o que Deus<br />

o estava chamando para fazer (Êx 3:11-4:16). Ele provavelmente<br />

duvidou das próprias habilidades e temeu o que<br />

aquele chamado poderia envolver. Contudo, Deus prometeu<br />

estar com Moisés e fornecer a ajuda de que ele<br />

precisava para cumprir a grande incumbência de Deus<br />

para ele.<br />

[Estudaremos muito mais sobre o que Deus ensinou a<br />

Moisés a respeito de “liderança” na Segunda Parte: “O<br />

Padrão Bíblico Para a Multiplicação de Liderança”.]<br />

A. Todos Nós Precisamos Ser Moldados<br />

Quando Moisés tirou os israelitas do Egito, ele não tinha<br />

experiência nos caminhos de Deus com relação à li-<br />

derança. Deus geralmente coloca as pessoas em posição<br />

de responsabilidade antes que elas se sintam prontas ou<br />

capazes. Talvez você já tenha sido lançado numa posição<br />

de liderança e esteja enfrentando frustrações ou até mesmo<br />

fracassos. Se esse for o seu caso, anime-se!<br />

O fato de recebermos responsabilidades que vão além<br />

do nível com o qual nos sentimos confortáveis, freqüentemente<br />

faz parte do processo de moldagem de Deus. Ele<br />

usa épocas de “esticamento” para nos ensinar importantes<br />

lições. Essas situações aumentam nossa fé, expandem<br />

nossa capacidade e aumentam nossa confiança em Deus.<br />

Nessas ocasiões, aprendemos a depender mais de Deus<br />

(Pv 3:5,6).<br />

O Senhor encorajou Moisés, certificando-lhe que os seus<br />

temores e fraquezas poderiam ser vencidos através da ajuda<br />

e do poder de Deus. Moisés – como todos nós – também<br />

precisava de ensinamentos, de ser moldado, e da ajuda<br />

de outros. Ele precisava desenvolver sua capacitação.<br />

Mais importante de tudo, ele precisava de uma dependência<br />

muito maior de Deus, do Seu poder e da Sua sabedoria,<br />

como ele jamais precisou antes.<br />

B. Capacitação de Deus – Não Nossa<br />

Deus não escolhe Seus servos com base na inteligência,<br />

talento ou sabedoria deles. Se você está preocupado<br />

com o fato de não ter a “capacitação” para cumprir o chamado<br />

de Deus para você, isso é na verdade algo bom.<br />

VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 3


EDIÇÃO PORTUGUÊS<br />

<strong>Volume</strong> <strong>19</strong> / Nú<strong>mero</strong> 2<br />

ATOS<br />

O LÍDER DE IGREJA EFICAZ<br />

Índice<br />

Primeira Parte:<br />

Deus Molda Seus Líderes! ............................................... 3<br />

Segunda Parte:<br />

O Padrão Bíblico Para a Multiplicação de Liderança ...... 17<br />

Item Extra:<br />

Esboço de Sermões Para “O Líder de Igreja Eficaz”........ 38<br />

Editores ................................................... Frank & Wendy Parrish<br />

Editor Internacional .................................................. Gayla Dease<br />

Revisor Final ............................................................. Keith Balser<br />

Fundador da World MAP .................................... Ralph Mahoney<br />

Artes Gráficas ....................................................... Vander Santos<br />

Arte da Capa ............................................................. Ben Parrish<br />

Tradutor .............................................................. Marcos Taveira<br />

Revisora ................................................................. Nadya Denis<br />

Leitora de Provas .............................................. Maura Ocampos<br />

Impressão Gráfica .......................................... Editora Betânia S/C<br />

VISÃO E MISSÃO<br />

DA REVISTA ATOS<br />

Prover ensino bíblico prático e treinamento ministerial<br />

grátis a líderes de igreja na Ásia, África e América<br />

Latina que pregam ou ensinam a Palavra de Deus a 20<br />

ou mais pessoas a cada semana, de forma que estejam<br />

equipados para cumprir a Grande Comissão em sua<br />

própria nação e ao redor do mundo.<br />

ATOS, no original, (ISSN 0744-1789) é publicada<br />

a cada três meses pelo “World MAP”, 14<strong>19</strong> N.<br />

San Fernando Blvd., Burbank, CA 91504, EUA. Toda<br />

correspondência deve ser dirigida para o endereço<br />

acima ou para Caixa Postal 5053, 31611-970<br />

Venda Nova, MG, Brasil ou ainda para o e-mail:<br />

revista.atos@uol.com.br<br />

SR. AGENTE POSTAL: Favor enviar as mudanças<br />

de endereço para “World MAP”, Caixa Postal<br />

5053, 31611-970 Venda Nova, MG, Brasil.<br />

Visite nosso website:<br />

www.world-map.com<br />

Na verdade, o Apóstolo Paulo nos ensinou exatamente<br />

sobre isto: “...não são muitos os sábios segundo a carne,<br />

nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres<br />

que são chamados. Mas Ele escolheu as coisas loucas<br />

do mundo para envergonhar as sábias; e Deus escolheu<br />

as coisas fracas do mundo para envergonhar as<br />

coisas que são poderosas; e Deus escolheu as coisas<br />

vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são,<br />

para aniquilar as que são, para que nenhuma carne<br />

se glorie em Sua presença” (1 Co 1:26-29).<br />

Paulo também citou as razões pelas quais ele poderia<br />

ter dependido de si mesmo: a sua vasta instrução acadêmica,<br />

o seu zelo, a sua devota linhagem hebraica, a sua<br />

obediência à Lei. Contudo, Paulo passou três anos no Deserto<br />

da Arábia, separando-se dos seus próprios ganhos<br />

de acordo com a carne, a fim de verdadeiramente ganhar<br />

a Cristo (Gl 1:17; Fp 3:4-8).<br />

Paulo sabia que em seu próprio poder e sabedoria ele<br />

não poderia realizar nada eterno. Não foi “com palavras<br />

persuasivas de sabedoria humana, mas com a demonstração<br />

do Espírito e de poder, para que a vossa fé não<br />

fosse na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus”<br />

(1 Co 2:4,5). Paulo não estava tentando reunir seguidores<br />

para si próprio. Ele queria que todos seguissem a Cristo<br />

Jesus, o Senhor. Isso somente poderia ser realizado através<br />

do poder e do Espírito de Deus, e não pela sabedoria<br />

humana.<br />

O sábio servo de Deus reconhece que é preciso mais<br />

que a sua capacitação ou experiência pessoal para<br />

qualificá-lo para a obra do ministério. É somente através<br />

da capacitação de Deus – do chamado, do poder, dos<br />

dons e da unção de Deus – que verdadeiramente seremos<br />

frutíferos no ministério.<br />

Deus procura os que são leais a Ele – e que são completamente<br />

d’Ele – e, então, ELE faz obras poderosas através<br />

deles (2 Cr 16:9). O coração da pessoa, o seu caráter,<br />

a sua disposição de depender totalmente de Deus e de<br />

obedecer-Lhe são as características que a tornam um vaso<br />

adequado para uso do Mestre.<br />

II. CULTIVANDO UM CARÁTER<br />

SEMELHANTE AO DE CRISTO<br />

Quando as pessoas respondem obedientemente ao chamado<br />

de Deus, Ele assume a responsabilidade de preparálas<br />

e moldá-las para o Seu uso. Deus usa a Sua Palavra, o<br />

Seu Espírito, as circunstâncias, outras pessoas – o que quer<br />

que Ele escolher – para moldar os Seus servos.<br />

Esta é a mensagem principal de Romanos 8:28: “Sabemos<br />

que todas as coisas contribuem para o bem daqueles<br />

que amam a Deus, dos que são chamados de<br />

acordo com o Seu propósito”.<br />

Quando amamos a Deus, Ele usa todas as coisas que<br />

acontecem em nossa vida para o nosso bem. Contudo, qual<br />

é o verdadeiro significado bíblico da palavra “bem”?<br />

Talvez pensemos que o “bem” vindo de Deus para nós<br />

consiste em conforto, saúde ou bênçãos materiais; ou um<br />

ministério “poderoso e bem-sucedido”; ou circunstâncias<br />

fáceis.<br />

4 / ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005


No entanto, o “bem” de Deus para nós é muito mais<br />

importante para a nossa maturidade do que para os confortos<br />

temporários ou sucesso no mundo. O maior “bem”<br />

de Deus para cada um de nós é explicado exatamente no<br />

próximo versículo – “sermos conformes à imagem de Seu<br />

Filho” (Rm 8:29).<br />

O “bem” de Deus é quando Ele usa tudo o que acontece<br />

em nossa vida para nos fazer mais semelhantes a Jesus.<br />

Os melhores dos melhores líderes de igrejas são os<br />

que diariamente rendem o coração e a vida para a obra de<br />

Deus. Eles estão se transformando cada vez mais à semelhança<br />

de Cristo em seu caráter<br />

e ministério. Vamos<br />

examinar a razão pela qual<br />

isso é tão essencial assim:<br />

A. O Caráter<br />

Semelhante ao de<br />

Cristo:<br />

O Primeiro Chamado<br />

do Líder<br />

Todos nós concordaríamos<br />

que os líderes de igreja<br />

precisam devotar-se ao estudo<br />

diário da Palavra de<br />

Deus. Eles precisam trabalhar<br />

no desenvolvimento de<br />

seus dons e chamados. Eles<br />

também provavelmente passam<br />

muitas horas no serviço<br />

ministerial. Todas essas coisas<br />

são partes essenciais do<br />

ministério e sempre são prioridades<br />

importantes.<br />

No meio de todas as atividades,<br />

no entanto, os líderes<br />

não podem perder de vista<br />

a sua busca mais importante:<br />

conhecerem a Cristo,<br />

terem a Sua semelhança<br />

formada neles, e permitirem que o Seu Espírito os capacite.<br />

Muitas pessoas procuram encontrar uma realização espiritual<br />

em seu “ministério” ou “chamado”, em vez de buscar<br />

um relacionamento com Deus. Elas se tornam muito<br />

mais preocupadas com o que podem fazer ou realizar do<br />

que com quem elas estão se tornando em Cristo.<br />

O nosso destino espiritual não tem a ver somente com<br />

o que nós fazemos para Deus. Ele consiste na conformação<br />

da nossa vida no sentido de sermos semelhantes a<br />

Cristo. O nosso destino – em primeiro lugar – é sermos<br />

semelhantes a Cristo.<br />

Não há dúvida nenhuma de que o Apóstolo Paulo foi<br />

um homem extraordinário. Deus o usou para levar milhares<br />

de pessoas a Cristo, escrever as Escrituras sob a inspiração<br />

do Espírito Santo, iniciar igrejas e mover-se nos dons<br />

espirituais com poder. Certamente diríamos que Paulo cumpriu<br />

tudo o que Deus o chamou para fazer.<br />

O nosso destino espiritual não tem<br />

a ver somente com o que nós<br />

fazemos para Deus. Ele consiste<br />

na conformação da nossa vida no<br />

sentido de sermos semelhantes a<br />

Cristo. O nosso destino – em<br />

primeiro lugar – é sermos<br />

semelhantes a Cristo.<br />

No entanto, a prioridade máxima de Paulo não era o<br />

seu chamado. Era a sua paixão em conhecer e tornar-se<br />

semelhante a Jesus! Foi Paulo que escreveu: “E, na verdade,<br />

tenho também por perda todas as coisas pela<br />

excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor,<br />

pelo qual sofri a perda de todas as coisas, e as<br />

considero como esterco, para que possa ganhar a Cristo...<br />

para que eu possa conhecê-Lo, e o poder da Sua<br />

ressurreição, e a comunhão dos Seus sofrimentos, sendo<br />

feito conforme à Sua morte” (Fp 3:8,10; leia também os<br />

versículos 12-15).<br />

O Novo Testamento<br />

contém muitas referências<br />

ao nosso destino espiritual.<br />

E quase todas elas apontam<br />

para nós a direção de conhecermos<br />

e tornarmo-nos<br />

semelhantes a Cristo. Deus<br />

não está nada interessado<br />

no que fazemos por<br />

Ele, e sim no que estamos<br />

nos tornando para<br />

Ele.<br />

B. O Que é o Caráter<br />

Semelhante ao de<br />

Cristo?<br />

O tornarmo-nos semelhantes<br />

a Cristo envolve, em<br />

parte, o desenvolvimento do<br />

nosso caráter cristão – a nossa<br />

natureza, a nossa constituição<br />

moral. Isso não revela<br />

o quão “perfeitamente”<br />

podemos nos comportar externamente,<br />

mas com o fato<br />

de sermos verdadeiramente<br />

“transformados” de dentro<br />

para fora. Aí então esta mudança<br />

interna se reflete externamente,<br />

através das nossas atitudes e ações.<br />

1. Reverência Para com Deus<br />

O caráter cristão não tem a ver com honrar ou impressionar<br />

os homens. Todos nós precisamos responder primeiramente<br />

ao Deus Todo-Poderoso. O ponto de partida<br />

para o caráter semelhante ao de Cristo é o “temor do<br />

Senhor” (Pv 9:10) – o nosso respeito e reverência para<br />

com Ele e por Sua santidade. O processo para nos tornarmos<br />

semelhantes a Cristo inicia-se com o nosso viver na<br />

prática de nossa fé, com reverência e respeito para com<br />

Deus, o Qual olha para nosso coração (1 Sm 16:7).<br />

2. Coração de Servo<br />

O caráter cristão envolve o sacrifício. Precisamos estar<br />

dispostos a morrermos para os nossos próprios desejos<br />

e concupiscências. Precisamos deixar de lado nossas agendas<br />

ou conveniências pessoais, a fim de nos tornarmos<br />

VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 5


mais semelhantes a Cristo. Lembre-se: somos chamados<br />

para sermos servos do Senhor Altíssimo.<br />

Jesus nos estimulou a termos em mente que a verdadeira<br />

atitude de servo não é simplesmente fazermos o que<br />

é esperado. É sacrificial! Precisamos procurar as oportunidades<br />

para fazermos até mesmo mais do que os nossos<br />

deveres mínimos (Lc 17:10).<br />

Talvez haja ocasiões em que menos atividades ministeriais<br />

sejam necessárias, se outras prioridades ordenadas<br />

por Deus estiverem sendo negligenciadas (tais como a família<br />

ou a oração). Mais importante de tudo, como servos<br />

de Deus, devemos ser obedientes a tudo o que Ele desejar<br />

(1 Sm 15:22,23).<br />

3. Arrependimento<br />

O desenvolvimento do caráter semelhante ao de Cristo<br />

é descrito por Paulo como o revestimento do “novo homem”<br />

(Ef 4:24; Cl 3:10). Isso é realizado com um estilo de<br />

vida de arrependimento.<br />

Precisamos ser rápidos em respondermos às correções<br />

do Espírito Santo. Ele habita dentro de cada crente em<br />

Cristo, confirmando-nos à medida que somos obedientes<br />

aos caminhos de Deus. O Espírito Santo também nos convence<br />

de pecados de momento a momento, se formos sensíveis<br />

aos Seus direcionamentos. A nossa resposta à convicção<br />

de pecado que o Espírito Santo nos traz é o arrependimento<br />

– uma mudança de mente ou de direção.<br />

Talvez estejamos a ponto de dizer ou fazer algo, mas, se<br />

formos sensíveis à convicção de pecado que o Espírito<br />

Santo nos traz, devemos parar.<br />

Se ignorarmos o Espírito Santo, nos tornaremos menos<br />

sensíveis, e, mais tarde, endurecidos à Sua obra. Contudo,<br />

O Espírito<br />

opera<br />

através da<br />

Palavra de<br />

Deus.<br />

à medida que respondemos a essa convicção, nos tornamos<br />

mais sensíveis à Sua vontade e direcionamentos.<br />

O desenvolvimento do caráter semelhante ao de Cristo<br />

– ou de sermos santificados – é um processo diário de<br />

convicção de pecado, arrependimento e transformação. O<br />

Espírito Santo nos ajuda em nossa santificação (2 Co 3:18;<br />

Tt 3:5). Obviamente, o Espírito também opera através da<br />

Palavra de Deus. A santificação não pode ocorrer sem a<br />

Palavra, mas a Palavra precisa vir acompanhada de uma<br />

dependência do Espírito Santo.<br />

4. Comportamento Transformado<br />

O fato de nos desvestirmos do velho homem também<br />

envolve em parte uma mudança do nosso comportamento.<br />

Paulo foi rápido em salientar que precisamos fazer escolhas<br />

com a nossa vontade para deixarmos para trás<br />

os caminhos da nossa antiga natureza. Leia cuidadosamente<br />

Efésios 4:22-5:21 e Colossenses 3:12-17.<br />

Sendo Verdadeiramente Transformados<br />

O sermos semelhantes a Cristo não tem a ver somente<br />

com uma conformidade externa a regras e regulamentos.<br />

Isso é o que faziam os fariseus. Eles tentavam parecer<br />

bons externamente, sem permitirem que seus corações fossem<br />

transformados. Isso é chamado de “auto-retidão” e<br />

não realiza nada, a não ser legalismo e morte espiritual.<br />

(Leia Mateus 23 e Mateus 5:20; 7:21-23.)<br />

Jesus chamou os fariseus de “sepulcros caiados” (Mt<br />

23:27,28). Eles tinham a aparência externa de santidade,<br />

mas estavam cheios de impurezas e de hipocrisia.<br />

Não podemos nos purificar e nos santificar por nós<br />

mesmos. Precisamos depender inteiramente da obra de<br />

6 / ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005


Cristo. Ele “pagou o preço” pela nossa santificação. Ela já<br />

foi inteiramente providenciada para nós. Mas não podemos<br />

simplesmente tentar “agir” externamente como sendo<br />

santificados. Precisamos nos render a Deus e cooperar<br />

com Ele, à medida que Ele opera a transformação em nossa<br />

vida. O Senhor faz isso à proporção que aprendemos a<br />

Bíblia, obedecemos a Ele, crescemos na verdade, e somos<br />

instruídos e dirigidos pelo Espírito Santo.<br />

Tenha a certeza de que Jesus já providenciou o que<br />

precisamos para nos tornarmos semelhantes a Ele, mas<br />

precisamos também fazer a nossa parte, como fiéis e obedientes<br />

discípulos do Mestre.<br />

C. Mais do que Caráter<br />

O processo para nos tornarmos<br />

semelhantes a Cristo<br />

é, em grande parte, a obtenção<br />

da beleza e pureza do caráter<br />

de Jesus. Isso, no entanto,<br />

é somente uma parte do que<br />

o Novo Testamento ensina sobre<br />

o processo de nos tornarmos<br />

semelhantes a Jesus.<br />

Quando recebemos a Cristo<br />

como nosso Salvador, tornamo-nos<br />

povo do Reino de<br />

Deus. Todos os crentes têm<br />

esse privilégio. Não é algo reservado<br />

somente aos líderes.<br />

Na qualidade de “embaixadores<br />

do Reino” de Cristo (2<br />

Co 5:20), devemos ser expressões<br />

vivas da vida de Jesus.<br />

Devemos fazer o melhor possível<br />

para representarmos o<br />

Senhor e os Seus desejos aqui<br />

na terra. Assim sendo, o objetivo<br />

de todos os crentes deve<br />

ser o de revelar Cristo vivendo<br />

em nós, como também<br />

Cristo ministrando através<br />

de nós.<br />

Ter a imagem completa de Cristo formada em nós sig-<br />

nifica duas coisas:<br />

· Ser semelhante a Cristo em nosso caráter e santidade<br />

pessoal; e<br />

· Ser semelhante a Cristo em poder e graça no ministério.<br />

Jesus viveu numa completa santidade, retidão e pureza<br />

– precisamos desesperadamente dessa parte da Sua imagem<br />

formada dentro de nós. Jesus, no entanto, também<br />

operava como um Servo em todos os dons e poder do Espírito<br />

Santo – os quais também precisamos que sejam formados<br />

em nós e liberados através de nós.<br />

À medida que nos tornamos semelhantes a Cristo, nossa<br />

vida deve manifestar tanto os frutos do Espírito (Gl<br />

5:22,23), como também os dons do Espírito Santo (1 Co<br />

12:4-11,27,28).<br />

Jesus disse: “Na verdade, na verdade vos digo que<br />

aquele que crê em Mim também fará as obras que Eu<br />

faço, e as fará maiores do que estas, porque Eu vou<br />

para o Meu Pai” (Jo 14:12). Quando Jesus foi para o Pai,<br />

Ele nos enviou o Espírito Santo. Uma das razões para isso<br />

é para que pudéssemos ser capacitados a fazermos as obras<br />

de Cristo.<br />

A Vida e o Poder de Cristo<br />

Somente podemos nos tornar verdadeiramente semelhantes<br />

a Jesus através da tremenda obra interna do Espírito<br />

Santo (2 Co 3:18), pela vida<br />

de Jesus “enchendo” todas as<br />

áreas da nossa vida. Não podemos<br />

transformar a nossa<br />

natureza humana por nós mesmos.<br />

Podemos, no entanto,<br />

escolher abrir nosso coração<br />

e vida à obra de Deus, através<br />

do poder do Espírito Santo.<br />

É o Espírito Santo operando<br />

dentro de nós – e a nossa<br />

resposta em rendição e obediência<br />

– que forma a “plenitude<br />

de Cristo” dentro de nós.<br />

Somente podemos encontrar<br />

a verdadeira “semelhança<br />

de Cristo”, à medida que<br />

nos abrimos à “plenitude de<br />

Cristo”. Precisamos estar dispostos<br />

a morrermos para a nossa<br />

própria vida e interesses<br />

próprios, a fim de ganharmos<br />

a Cristo (Gl 2:20). Exatamente<br />

como João Batista falou,<br />

“Ele precisa crescer, mas eu<br />

preciso diminuir” (Jo 3:30).<br />

Devemos ser expressões vivas Se a nossa vida estiver<br />

da vida de Jesus.<br />

cheia com a presença e o Espírito<br />

de Cristo, seremos líderes<br />

mais amorosos, sábios e graciosos. Amaremos mais a<br />

Deus, amaremos mais o Seu Corpo, e alcançaremos os<br />

perdidos como Jesus o faria. Conheceremos a Deus como<br />

nosso Pai Celestial, e estaremos mais preparados para respondermos<br />

e obedecermos a Ele. Nosso coração estará<br />

cheio com os desejos de Deus, no sentido de conhecermos<br />

e fazermos a Sua vontade. Seremos muito mais eficazes<br />

no que fazemos, por causa da semelhança d’Aquele que<br />

estamos revelando – Cristo.<br />

Até mesmo durante ocasiões de grandes tribulações e<br />

adversidades, devemos viver de uma maneira tal “que a<br />

vida de Jesus também possa ser manifesta em nossos<br />

corpos” (2 Co 4:10).<br />

Verdadeiramente, o nosso desejo deve ser o de dizermos:<br />

“Não sou mais eu que vivo, mas Cristo vive em<br />

mim” (Gl 2:20). Aleluia!<br />

Quão desesperadamente a Igreja precisa levantar-se e<br />

VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 7


alcançar este mundo moribundo – tanto com a santidade e<br />

pureza, como também com a vida e poder de Jesus Cristo.<br />

O mundo precisa ver a beleza e o caráter de Cristo em<br />

Seus servos, e as pessoas precisam experimentar a vida e<br />

o poder de Deus sendo ministrados através dos Seus servos.<br />

Uma Severa Admoestação<br />

Algumas pessoas têm alguns seguidores ou um ministério<br />

“bem-sucedido”. Isso não significa necessariamente<br />

que elas estejam servindo a Deus com os seus dons de<br />

liderança.<br />

O simples fato de que os seus “dons” ainda estejam<br />

funcionando não significa que os líderes estejam vivendo<br />

de acordo com os padrões das Escrituras. Eles podem estar<br />

vivendo em rebeldia ou numa óbvia desobediência a<br />

Deus. Talvez estejam ensinando enganos, diluindo a verdade<br />

para atraírem uma multidão de seguidores. No entanto,<br />

eles estão enganados no sentido de acreditarem que<br />

isso seja aceitável, pelo simples fato de<br />

que eles têm aparência de “êxito”.<br />

É um engano terrível acharmos que<br />

Deus nos isenta de uma iniqüidade tão<br />

grande assim pelo simples fato de que<br />

os dons ministeriais ainda estejam funcionando.<br />

Os líderes que estão vivendo<br />

neste engano estão prejudicando a si próprios,<br />

como também aos seus liderados.<br />

Eles desonram a Deus e à Sua Palavra,<br />

pois estão sendo desviados e estão fazendo<br />

com que outros percam o melhor<br />

de Deus para si mesmos.<br />

Há sérias conseqüências para este<br />

tipo de comportamento errado (Mt 18:6).<br />

Esse líder está em grande perigo de ele<br />

próprio ser “desqualificado” (1 Co 9:27).<br />

Deus usa pessoas, e pessoas que são<br />

pecadoras por natureza, falham (Rm<br />

3:23). Contudo, um tropeção no pecado,<br />

seguido de um sincero arrependimento,<br />

é muito diferente de uma vida numa clara<br />

rebeldia e pecado, enquanto a pessoa<br />

ainda estiver ministrando.<br />

Não podemos zombar de Deus nem<br />

enganá-Lo (Gl 6:7,8). Ainda que alguns<br />

ministros estejam aparentemente escapando impunes de<br />

pecados não arrependidos, Deus nunca é enganado. A<br />

Bíblia nos ensina que muitos que “ministram” um dia dirão:<br />

“Senhor, Senhor, não profetizamos em Teu nome? E<br />

em Teu nome não expulsamos demônios? E em Teu nome<br />

não fizemos muitas maravilhas?” (Mt 7:22.) Eles pareciam<br />

ser líderes dotados. Contudo, eles não se esforçaram<br />

em conhecer a Cristo e em ser conformados à Sua imagem.<br />

No entanto, eles não terão enganado a Cristo. Ele<br />

falará as seguintes e terríveis palavras: “Eu nunca vos<br />

conheci; apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniqüidade”<br />

(Mt 7:23).<br />

Nossos dons e chamado não nos são dados para que<br />

Responder à convicção<br />

de pecado produzida<br />

pelo Espírito.<br />

possamos servir a nossos próprios interesses egoísticos.<br />

Deus dá dons para serem usados, para servirmos as nossas<br />

mais altas prioridades: conhecermos e glorificarmos a<br />

Deus; sermos transformados à imagem de Cristo; e capacitarmos<br />

os santos para o ministério semelhante ao de Cristo.<br />

D. Rendendo-nos a Deus Diariamente<br />

As Escrituras se referem a Deus como sendo o “Oleiro”<br />

e aos Seus filhos como sendo o “barro” (Is 29:16; 64:8;<br />

Jr 18:1-6; Rm 9:21). Deus está operando para nos moldar<br />

e formar de acordo com a Sua vontade. Isso pode ser um<br />

processo doloroso às vezes, mas precisamos nos lembrar<br />

de que o Oleiro Mestre nos ama e sempre tem o melhor e<br />

os mais elevados propósitos em mente para nós.<br />

A transformação é um processo que dura a vida inteira<br />

(2 Co 3:18). Até mesmo os líderes de igreja com<br />

maturidade precisam render-se a Deus e aos Seus tratamentos.<br />

O Espírito Santo continuamente nos estimula com<br />

relação à vontade de Deus e aos Seus mais elevados propósitos<br />

para nós. No entanto, o nosso<br />

dever é respondermos à convicção de<br />

pecado produzida pelo Espírito e buscarmos<br />

os propósitos de Deus – todos<br />

os dias!<br />

Quer ser o servo de Deus mais eficaz<br />

que você possa ser? Então comprometa-se<br />

a tornar-se mais semelhante<br />

a Cristo. A obra de moldagem de<br />

Deus, a Sua Palavra e o Seu poder de<br />

unção são a chave para um ministério<br />

verdadeiramente eficaz e santo.<br />

III.O CAMINHO PARA A<br />

LIDERANÇA<br />

A transformação espiritual de Cristo<br />

sendo formado em nós acontece<br />

durante toda a nossa vida. Contudo,<br />

pode haver tempos específicos de uma<br />

intensa moldagem ou preparo antes de<br />

uma nova responsabilidade ministerial.<br />

As que mais transformam nossa vida<br />

dentre estas ocasiões de moldagem<br />

ocorrem durante tribulações ou grandes<br />

adversidades.<br />

José foi um homem que experimentou<br />

muitos longos anos de tribulações e de preparo antes<br />

de ser liberado ao chamado que Deus lhe havia revelado.<br />

Um estudo da vida de José pode nos ajudar a compreender<br />

algumas das adversidades que talvez enfrentemos à<br />

medida que o Senhor nos molda para o Seu uso.<br />

Vários ministros do Evangelho com muita maturidade<br />

têm tido experiências que são bem semelhantes às de José.<br />

Talvez eles não percebam durante uma tribulação ou adversidade<br />

que Deus está usando estas circunstâncias para<br />

moldá-los ou dirigi-los. No entanto, eles passam a compreender<br />

mais tarde o motivo pelo qual Deus escolheu aquele<br />

caminho específico para eles.<br />

NOTA: Antes de estudarmos a vida de José, pare agora<br />

8 / ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005


e separe um tempo para ler Gênesis 37-49 em sua Bíblia<br />

(veja também Salmos 105:16-24).<br />

A. Um Chamado Precoce<br />

José era o filho primogênito de Jacó e sua esposa favorita,<br />

Raquel. Jacó teve outros filhos anteriormente, mas<br />

José era mais favorecido que todos os demais.<br />

Quando José ainda era um jovem, Deus lhe deu uma<br />

série de sonhos (Gn 37:5-11). Esses sonhos indicavam que<br />

o propósito para a vida de José era que ele tivesse uma<br />

posição de liderança proeminente. Esse papel de importância<br />

fundamental ajudaria muitas pessoas e preservaria<br />

o povo escolhido de Deus, Israel, através do qual o Messias,<br />

o Cristo, viria (Gn 45:5-7).<br />

Talvez José tivesse sido mais sábio se simplesmente<br />

ponderasse essas coisas em seu coração. Em seu zelo, no<br />

entanto, José compartilhou<br />

os sonhos com a<br />

sua família. Ele chegou<br />

até mesmo a dizer que<br />

eles um dia se prostrariam<br />

diante dele. O seu<br />

pai o repreendeu e os<br />

seus irmãos ficaram<br />

com inveja e o odiaram<br />

(Gn 37:10,11).<br />

José acabou sendo<br />

traído por seus irmãos.<br />

Eles o venderam como<br />

escravo e fizeram com<br />

que o seu pai cresse que<br />

ele havia sido morto por<br />

animais selvagens.<br />

Esse período na<br />

vida de José deve ter<br />

sido tão confuso como<br />

foi difícil. Deus havia<br />

lhe dado sonhos de grandes coisas que ele realizaria. José<br />

tinha uma impressão em seu coração sobre o chamado de<br />

Deus em sua vida. No entanto, as suas experiências até<br />

aquele momento haviam sido a rejeição, a decepção, a traição<br />

e a dor. Ele havia se separado da sua família e estava<br />

agora trabalhando como escravo numa terra pagã. Como<br />

isso poderia fazer parte do grande plano de Deus para a<br />

sua vida?<br />

B. Deus Nunca nos Deixa<br />

José foi comprado no Egito como escravo por Potifar,<br />

um oficial de Faraó. Neste ponto da narrativa, a Bíblia<br />

revela uma verdade profunda: “O Senhor estava com<br />

José” (Gn 39:2). Se o Senhor estava com José, por que<br />

ele havia sido desprezado e traído por seus irmãos? Por<br />

que ele teve de sofrer tamanha adversidade?<br />

Somente Deus pode verdadeiramente responder a essas<br />

perguntas. Deus às vezes nos liberta imediatamente<br />

das tribulações e aflições. Às vezes Ele permite que as<br />

experimentemos por algum tempo antes de nos libertar.<br />

Deus é soberano, amoroso e justo. Quando nossa vida está<br />

entregue a Deus, é somente Ele que decide o curso que<br />

ela irá tomar.<br />

Quando as circunstâncias se tornam difíceis talvez questionemos<br />

se a presença de Deus ainda está conosco. Você<br />

pode ter a certeza de que as tribulações NÃO significam<br />

que Deus o deixou! Deus prometeu nunca deixá-lo nem<br />

abandoná-lo (Dt 31:8; Js 1:5; Mt 28:20; Hb 13:5). Exatamente<br />

como Ele estava com José, assim também Ele estará<br />

com você.<br />

C. O Caminho Pode Parecer Estranho<br />

Muito embora Deus tivesse poupado a vida de José,<br />

Ele de fato permitiu que José sofresse traições e adversidades.<br />

Apenas podemos concluir que Deus tinha um plano<br />

muito especial para José que somente Ele comprendia na<br />

ocasião.<br />

Houve uma época<br />

em que as coisas<br />

começaram a melhorar<br />

para José.<br />

Permitiram-lhe que<br />

estivesse a cargo de<br />

toda a casa e das<br />

posses de Potifar.<br />

Essa foi uma<br />

grande responsabilidade,<br />

e José foi fiel<br />

(Gn 39:1-6). Mas,<br />

exatamente quando<br />

as coisas começaram<br />

a ir bem, uma<br />

tribulação ainda<br />

maior estava se<br />

avultando.<br />

A Bíblia nos diz<br />

que a esposa de Potifar<br />

notou José e<br />

tentou seduzi-lo a um relacionamento imoral. Deus nunca<br />

nos tenta com o mal (Tg 1:12-16). Assim sendo, isso pode<br />

ter sido uma tentativa de Satanás de destruir o plano de<br />

Deus para José.<br />

José, no entanto, permaneceu fiel a Deus e recusou a<br />

esposa de Potifar. Amargurada, ela falsamente acusou a<br />

José (Gn 39:6-18). Potifar acreditou no engano de sua esposa,<br />

e, irado, ordenou que José fosse lançado na prisão.<br />

José havia servido diligentemente e resistido às tentações.<br />

Contudo, o resultado da sua fidelidade foram falsas<br />

acusações e a prisão! Quão estranho o caminho pelo qual<br />

Deus pode levar os Seus escolhidos!<br />

D. Servindo Fielmente<br />

A presença do Senhor continuou com José na prisão e<br />

lhe deu graça (Gn 39:21).<br />

Surpreendentemente, não lemos que José ficou amargurado,<br />

até mesmo após anos de aprisionamento. Ele servia<br />

diligentemente em quaisquer circunstâncias em que se<br />

encontrava. Assim sendo, ele recebia mais responsabilidades<br />

de liderança para que nelas pudesse se desenvolver<br />

VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 9


(Gn 39:22,23). O tempo não estava sendo desperdiçado.<br />

O propósito de Deus ainda estava se desvendando para a<br />

vida de José.<br />

José, no entanto, estava ciente de que havia sido aprisionado<br />

injustamente. Ele até mesmo tentou mudar as suas<br />

circunstâncias, mas em vão (Gn 40:14,15,23).<br />

José permaneceu na prisão, enquanto mais anos se<br />

passavam – mais de dez anos ao todo. Ele deve ter tido<br />

momentos de frustração, desespero e até mesmo de falta<br />

de esperança. O chamado de Deus ao governo deve ter<br />

parecido impossível.<br />

E. Provado e Purificado<br />

Muito embora o oficial de Faraó tivesse se esquecido<br />

de José por muitos anos, Deus não Se esqueceu dele. No<br />

momento certo, aquele oficial lembrou-se de José, e ele foi<br />

tirado da prisão e colocado diante de Faraó (Gn 41:9-15).<br />

Deus habilitou José para dar a interpretação do significado<br />

de um importante sonho de Faraó. O sonho previa<br />

um tempo de fartura, seguido por um tempo de fome para<br />

todo o Egito. Deus também deu a José a sabedoria para<br />

desenvolver um plano de ação que salvaria o Egito – e o<br />

povo de Deus – de muitas perdas e de uma grande devastação<br />

(Gn 41:28-36).<br />

Faraó reconheceu que José era um homem cheio do<br />

Espírito de Deus (Gn 41:38). Ele colocou José numa posição<br />

de autoridade sobre todos os interesses do Egito. Somente<br />

o próprio Faraó teria uma autoridade maior (Gn<br />

41:40-44).<br />

Quando Faraó elogiou José pela sua capacidade de interpretações<br />

de sonhos, José conhecia a fonte da sua sabedoria:<br />

“Isto não está em mim; Deus dará a Faraó<br />

uma resposta” (Gn 41:16). José deu a Deus toda a glória<br />

– um exemplo para todos nós quando Deus nos usa<br />

para ministrarmos eficazmente.<br />

Ele vem ao<br />

nosso encontro.<br />

Assim sendo, qual foi o resultado dos<br />

muitos anos de José em que ele passou<br />

por traições, decepções, adversidades e<br />

aprisionamento? José saiu da prisão<br />

como um homem cheio do Espírito de<br />

Deus e cheio de sabedoria! Ele sabia<br />

que a sua fonte para tudo era Deus somente.<br />

O caráter de José havia sido provado<br />

e purificado. Ele havia sido preparado<br />

para receber muita responsabilidade<br />

e autoridade, como também para servir<br />

com retidão e integridade.<br />

F. O Controle Soberano de Deus<br />

Chegou o tempo em que José foi finalmente<br />

restaurado a seus irmãos e até mesmo<br />

a seu pai (Gn 42-49). José havia sofrido<br />

muitos anos de adversidades por<br />

causa daquilo que seus irmãos haviam feito<br />

com ele.<br />

Contudo, quando José os viu novamente,<br />

ele lhes disse: “Agora, pois, não vos<br />

entristeçais, nem vos pese aos vossos<br />

olhos por me haverdes vendido para cá, porque Deus<br />

me enviou, diante da vossa face para conservação da<br />

vida” (Gn 45:5). José não guardou nenhum ressentimento<br />

contra seus irmãos. Ele de livre e espontânea vontade os<br />

perdoou. Como isso foi possível?<br />

José disse mais tarde a seus irmãos: “... intentastes<br />

mal contra mim, porém Deus o tornou em bem...” (Gn<br />

50:20.)<br />

José havia aprendido uma lição extremamente importante:<br />

era Deus que estava a cargo das circunstâncias da<br />

sua vida. Ele disse a seus irmãos: “porque Deus me<br />

enviou...” A Bíblia diz novamente em Salmos 105:17<br />

que “Ele [Deus] enviou” a José como escravo ao Egito.<br />

Deus enviou José? Não foram os irmãos dele que conspiraram<br />

para matá-lo, e aí então para vendê-lo como escravo?<br />

Sim, eles fizeram isso. Mas foi Deus, o Qual é<br />

maior do que qualquer circunstância, que estava em todas<br />

as situações da vida de José. Deus usou as circunstâncias<br />

de José para, de uma maneira singular, preserválo<br />

e prepará-lo para um propósito maior. Posteriormente,<br />

Deus transformou as ações malignas feitas contra José<br />

em algo bom.<br />

Líder de igreja: Fique ciente de que quando as tribulações,<br />

rejeições, mal-entendidos e injustiças vêm a nossa<br />

vida, Deus está presente conosco! Se estivermos rendidos<br />

e formos obedientes a Deus, Ele moverá as circunstâncias<br />

a fim de nos transformar para usar-nos até mesmo as provações<br />

de fogo (Dt 4:20; Is 48:10,11).<br />

Deus não provoca calamidades ou aflições para nós,<br />

para de alguma maneira “ensinar-nos uma lição”. Em vez<br />

disso, Ele vem ao nosso encontro – quando as calamidades<br />

nos sobrevêm, ou quando estamos nos escuros e<br />

sombrios vales da vida (Sl 23:4) – para caminhar conosco<br />

e fazer com que algo útil surja dessas tribulações.<br />

Talvez tenhamos sofrido terríveis dores, abusos ou re-<br />

10/ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005


jeições em nossa vida. Somente Deus pode usar tudo o<br />

que o inimigo pretendeu fazer para nos prejudicar e destruir,<br />

e transformar essas coisas em algo bom. O nosso<br />

Deus é o Grande Libertador, que cura, redime e restaura.<br />

Deus não Se esqueceu de você! Deus nunca o deixará!<br />

Somente Ele pode fazer com que todas as coisas que<br />

aparentemente são contrárias a você contribuam para o<br />

seu bem e o bem de outros, para a glória e honra d’Ele! O<br />

sangue de Cristo pode purificá-lo, o poder d’Ele pode redimilo,<br />

o amor d’Ele pode curá-lo, a Palavra d’Ele pode libertálo!<br />

Você pode se regozijar! Enquanto você se rende diariamente<br />

a Deus, Ele o transforma e o prepara – para fazêlo<br />

mais semelhante a Cristo Jesus!<br />

G. A Esperança de Glória<br />

José permaneceu fiel a Deus,<br />

independentemente das circunstâncias.<br />

Ele foi posteriormente<br />

fundamental para a preservação<br />

do povo de Deus e para o<br />

favorecimento dos propósitos do<br />

Senhor.<br />

Nós também precisamos permanecer<br />

fiéis, agradecendo a<br />

Deus pelo Seu direcionamento e<br />

pela Sua presença que preserva<br />

nossa vida (Mt 5:11,12; veja também<br />

Provérbios 2:8; João 14:16-<br />

18). Precisamos continuar confiando<br />

em Deus, independentemente<br />

das circunstâncias (Pv<br />

3:5,6). Precisamos escolher perdoar<br />

os que nos maltratam e<br />

amar os que nos perseguem (Mt<br />

5:44-48). Não devemos pagar mal<br />

por mal (Rm 12:17-21). Essas coisas<br />

são difíceis de fazermos por<br />

nós próprios, mas podemos fazer<br />

todas as coisas “através de Cristo”<br />

e pela grande graça de Deus.<br />

Podemos viver nossa vida<br />

com fé, certos do seguinte: Deus<br />

está conosco, Ele nos ama, e Ele<br />

Confie<br />

em<br />

Deus.<br />

usará tudo em nossa vida para os Seus mais sublimes propósitos.<br />

“Mas graças a Deus, que nos dá a vitória através<br />

do nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, meus amados<br />

irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes<br />

na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não<br />

é vão no Senhor” (1 Co 15:57,58).<br />

Lembre-se disto: Temos a honra de servirmos a Deus<br />

e de entregar a Ele nossa vida para o Seu uso e glória.<br />

Mas está chegando o dia em que os que abandonaram<br />

tudo para seguirem a Cristo nesta vida temporária entrarão<br />

em sua recompensa eterna. Não haverá mais dores,<br />

mais sofrimentos ou lágrimas (Ap 21:4). As leves aflições<br />

temporárias desta vida serão coisas do passado (2 Co 4:17;<br />

Rm 8:18). Estaremos com o nosso amado Salvador! Dominaremos<br />

e reinaremos com Cristo para todo o sempre<br />

(2 Tm 2:12). Aleluia!<br />

IV.COMO DEUS USA AS TRIBULAÇÕES<br />

Muitos líderes cristãos maduros podem testificar sobre<br />

ocasiões na vida em que aparentemente toda esperança<br />

havia se acabado. As circunstâncias e desafios haviam<br />

sido tão difíceis que eles quase perderam toda a fé em<br />

Deus. Talvez eles tenham até mesmo desistido dos sonhos<br />

que Deus lhes havia dado, permitindo que morressem em<br />

seus corações. Mas do seu desespero e das cinzas surgiu<br />

o propósito de Deus.<br />

Deus os havia sustentado pela Sua graça e os havia<br />

preservado para o Seu propósito. Por permanecerem fiéis,<br />

Deus usou as suas tribulações para fortalecê-los e preparálos<br />

para os usar, exatamente<br />

como Ele fez com José (Gn<br />

49:24).<br />

Todas as pessoas que Deus<br />

deseja usar aparentemente enfrentam<br />

tribulações e adversidades.<br />

As Escrituras nos relatam as<br />

suas histórias. Noé enfrentou<br />

muitas zombarias e escárnios.<br />

Abraão enfrentou muitas e muitas<br />

dificuldades e provas de fé.<br />

Moisés teve de vencer adversidades<br />

desde praticamente a época<br />

do seu nascimento. Os profetas<br />

de Deus sofreram grandes<br />

perseguições e adversidades. Os<br />

discípulos de Jesus, o Apóstolo<br />

Paulo – nenhum deles escapou<br />

dos grandes desafios e tribulações.<br />

Contudo, Deus usou a cada um<br />

deles como participantes do Seu<br />

grandioso plano de redenção da<br />

humanidade. Cada um deles fez<br />

parte da preservação do povo de<br />

Deus, abrindo o caminho para o<br />

Salvador, proclamando a Sua salvação<br />

aos confins da terra, fazendo<br />

discípulos, equipando os santos, etc.<br />

É bem possível que você tenha as suas próprias experiências<br />

do preparo de Deus através de tribulações e adversidades.<br />

Ou talvez você esteja no meio de uma grande<br />

tribulação agora mesmo.<br />

A. Fontes de Tribulações<br />

De onde vêm as tribulações? Algumas tribulações são<br />

os tratamentos de Deus. Algumas são produzidas por nós<br />

mesmos através dos nossos próprios pecados e rebeldia.<br />

Algumas são ataques diretos de Satanás.<br />

Muitas tribulações são simplesmente o resultado da vida<br />

neste mundo caído. Estas tribulações podem incluir o seguinte:<br />

VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 11


· Opressões ou perseguições civis ou governa-<br />

· Membros de nossa família ou outras pessoas<br />

· Grandes desafios para o nosso chamado minis-<br />

· Grandes tribulações físicas para nós ou para<br />

· As circunstâncias na-<br />

mentais, pelo simples fato de crermos em Jesus Cris-<br />

to.<br />

que nos traem ou nos desprezam por causa da<br />

nossa fé.<br />

terial. As coisas podem ser especialmente difíceis,<br />

ou talvez nos sintamos isolados ou sozinhos em nossas<br />

lutas. Esses ataques podem vir através de outras<br />

pessoas, mas são na verdade forças malignas<br />

que estão em operação (Ef 6:12). Nada agradaria<br />

mais ao Diabo do que apagar o fogo da sua paixão<br />

por Cristo ou o seu zelo em servi-Lo.<br />

alguém que amamos. Alguém muito íntimo e querido<br />

para nós pode até mesmo morrer. A agonia e<br />

a angústia que acompanham esse tipo de sofrimento<br />

ou perda podem<br />

ser os opressores mais<br />

sombrios.<br />

turais desta terra caída<br />

e repleta de pecado<br />

podem trazer tremendas<br />

adversidades. A<br />

fome, as enfermidades,<br />

as pestilências, graves<br />

desastres climáticos ou<br />

naturais – tudo isso pode<br />

realmente trazer consigo<br />

grandes tribulações.<br />

“Tende<br />

grande<br />

gozo...”<br />

B. A Importância da<br />

Perseverança<br />

Deus não prometeu que<br />

nossa vida aqui na terra seria<br />

vivida com tranqüilidade e conforto,<br />

ou que Ele nos pouparia<br />

de dores e adversidades.<br />

Esta vida é muito curta em<br />

comparação com a eternidade.<br />

Ela é temporária, e não devemos fixar as nossas afeições<br />

neste mundo, nem no que ele pode oferecer (Mt 6:<strong>19</strong>-21;<br />

Cl 3:2). Este não é o nosso lar permanente. Somos apenas<br />

peregrinos aqui (Fp 3:20; Hb 11:13; 1 Pe 2:11).<br />

A Palavra nos diz que, como crentes em Jesus Cristo,<br />

enfrentaremos oposições nesta vida (1 Pe 5:8,9). Enfrentaremos<br />

tribulações, perseguições e adversidades (2 Tm<br />

3:12; veja também Marcos 4:17; Romanos 8:35,36) por<br />

amor a Jesus.<br />

As Escrituras ensinam que é necessário muito trabalho<br />

e perseverança para “terminarmos a corrida” desta vida<br />

com sucesso (2 Tm 4:7). A Palavra de Deus nos diz que<br />

precisamos “perseverar” até o fim (Mt 10:22; 24:13; 1 Co<br />

4:12; 2 Ts 1:4; Hb 3:14). Esses versículos subentendem o<br />

fato de ficarmos firmes na fé em Cristo, até mesmo no<br />

meio de grandes dificuldades.<br />

Os próprios Apóstolos de Cristo enfrentaram surras,<br />

aprisionamentos, privações e adversidades (2 Co 11:23-<br />

33). Todos eles, exceto um, morreram como mártires para<br />

Jesus Cristo. Muitas pessoas da época do Velho e do Novo<br />

Testamento sofreram nas mãos dos que se opunham a Deus<br />

ou ao Evangelho de Jesus Cristo (por exemplo, João Batista<br />

– Mt 14:1-12; leia também Hebreus 11).<br />

A vida, de fato, reserva grandes vitórias e alegrias para<br />

o crente em Cristo. No entanto, as ocasiões em que nos<br />

encontramos “no topo da montanha” misturam-se com as<br />

ocasiões em que também precisamos caminhar através<br />

dos vales das tribulações.<br />

C. Confiando em Deus nas Tribulações<br />

Talvez Deus não seja a causa direta dos nossos sofrimentos<br />

e tribulações, e Ele pode ou não nos libertar imediatamente<br />

deles.<br />

Contudo, realmente sabemos o seguinte com relação<br />

às tribulações: Ou Deus nos<br />

liberta delas, ou Ele nos dá<br />

a força e a graça para enfrentá-las.<br />

E Deus promete<br />

usar tudo em nossa vida – as<br />

coisas boas e as ruins – para<br />

nos moldar cada vez mais à<br />

imagem de Cristo para os Seus<br />

propósitos (Rm 7:28,29).<br />

D. Qual é o Propósito das<br />

Tribulações?<br />

A Bíblia nos ensina que as<br />

tribulações são necessárias<br />

para o nosso crescimento espiritual.<br />

Tiago faz a seguinte colocação<br />

com relação a isto:<br />

“Meus irmãos, tende grande<br />

gozo quando cairdes em várias<br />

tribulações, sabendo<br />

que a prova da vossa fé produz<br />

a paciência [perseverança].<br />

Tenha, porém, a paciência,<br />

a sua obra perfeita, para<br />

que sejais perfeitos e completos, sem a falta de coisa<br />

alguma” (Tg 1:2-4).<br />

A palavra “perfeito” aqui significa “maturidade, totalidade”<br />

(não significa uma impecabilidade perfeita, pois somente<br />

Deus é perfeito). Os crentes são fortalecidos na<br />

perseverança e amadurecidos espiritualmente através das<br />

tribulações.<br />

Há muitas e muitas outras coisas que as tribulações<br />

realizam para os crentes. Examinemos agora apenas algumas<br />

destas coisas:<br />

1. As Tribulações Provam Nossa Fé<br />

A Bíblia descreve o preparo na vida de José como uma<br />

época em que “a palavra do Senhor o provou [refinou]”<br />

(Sl 105:<strong>19</strong>). Pedro nos faz a seguinte exortação:<br />

“Amados, não estranheis a ardente tribulação que vem<br />

12/ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005


sobre vós para vos provar [testar]” (1 Pe 4:12a). Deus<br />

geralmente permite que a nossa fé seja provada e testada<br />

com o fogo das dificuldades.<br />

Davi escreveu: “Pois o justo Deus prova os corações<br />

e as mentes [o homem interior]” (Sl 7:9). Deus sabe<br />

de tudo. Assim sendo, Ele já sabe o que está em nosso<br />

coração. No entanto, as Suas provas nos revelam o que<br />

está em nosso próprio coração. Precisamos conhecer a<br />

força (ou a fraqueza) da nossa fé em Deus.<br />

Por exemplo: Durante as tribulações você fica ansioso?<br />

Com medo? Com raiva? Impaciente? Em caso afirmativo,<br />

isso revela áreas de fraqueza em sua fé, áreas em<br />

que você não está confiando em Deus. Essas coisas podem<br />

se tornar uma grande barreira<br />

à obra de Deus através de você no<br />

futuro. O reconhecimento de onde<br />

a nossa fé é fraca nos ajuda a enfrentarmos<br />

o problema, nos arrependermos<br />

dele, e nos voltarmos a<br />

Deus para recebermos a Sua força<br />

e ajuda.<br />

O Senhor também prova as nossas<br />

motivações. Será que amamos<br />

e servimos a Deus egoisticamente,<br />

somente para obtermos as Suas<br />

bênçãos? Satanás acusou Jó desse<br />

tipo de coisa. Jó provou que Satanás<br />

estava errado e permaneceu<br />

fiel a Deus, apesar de perder tudo.<br />

(Leia o Livro de Jó.)<br />

O Senhor nos prova para nos<br />

ajudar a vermos a quem realmente<br />

amamos (Dt 13:3). Será que amamos<br />

a Deus mais do que qualquer<br />

outra coisa ou qualquer outra pessoa,<br />

independentemente das circunstâncias?<br />

Será que o seguir a<br />

Deus é mais importante para nós<br />

do que qualquer outra coisa? (Leia<br />

Lucas 14:26-33.)<br />

“O Senhor prova os justos”<br />

(Sl 11:5). As tribulações são uma<br />

prova em que podemos ser aprovados<br />

ou reprovados. Se formos<br />

aprovados, seguimos adiante para uma força maior em<br />

Deus. Se formos reprovados, verificamos onde precisamos<br />

crescer ainda e aprendemos com o nosso fracasso.<br />

2. As Tribulações nos Purificam<br />

Quando purificamos o ouro, é necessário que ele seja<br />

aquecido a temperaturas muito altas. Somente desta maneira<br />

as impurezas do ouro podem subir à superfície, a fim<br />

de que elas possam ser removidas. Às vezes precisamos<br />

de muito calor e pressões em nossa vida para que motivações,<br />

ações e pensamentos impuros sejam revelados. À<br />

medida que essas coisas sobem à superfície, podemos então<br />

ter a oportunidade de confessá-las e nos arrepender<br />

diante de Deus. Ele nos purificará das nossas iniqüidades<br />

Ele nos purificará.<br />

(1 Jo 1:9), purificando-nos e preparando-nos para fazermos<br />

Sua vontade (1 Pe 4:1-3).<br />

3. As Tribulações nos Ensinam Sobre<br />

Dependência e Humildade<br />

A humanidade não segue automaticamente o caminho<br />

de Deus. Geralmente é bem o oposto (Is 55:8).<br />

Contudo, as tribulações geralmente revelam os erros<br />

dos nossos próprios caminhos e nos levam a um lugar de<br />

uma maior dependência de Deus.<br />

Quando somos humilhados, temos a tendência de buscarmos<br />

o caminho do Senhor mais diligentemente. Ficamos<br />

mais dispostos a cooperarmos com Ele e a nos rendermos<br />

a Ele. Reconhecemos quão<br />

desesperadamente precisamos depender<br />

d’Ele – da Sua força, sabedoria,<br />

direcionamento e poder.<br />

Deus nos prova e nos humilha<br />

através das tribulações (Dt 8:16).<br />

No entanto, Ele também usa os<br />

tempos difíceis para nos lembrar de<br />

que todas as coisas boas, todo o<br />

sucesso, toda a frutificação somente<br />

são possíveis por causa da graça,<br />

amor e poder de Deus (Dt<br />

8:17,18; Tg 1:17). Vamos nos lembrar<br />

dessas coisas, para que o nosso<br />

próprio orgulho jamais faça com<br />

que pensemos que o nosso êxito no<br />

ministério é devido às nossas próprias<br />

ações. Paulo foi poderosamente<br />

usado por Deus, mas ele recebeu<br />

uma tribulação física como<br />

uma garantia para que ele não se<br />

ensoberbecesse, ou se “exaltasse<br />

além da medida” (2 Co 12:7-10).<br />

À medida que Deus opera grandes<br />

obras através de nós, as tribulações<br />

nos relembram que não temos<br />

nenhuma força espiritual verdadeira<br />

independentemente da<br />

grande graça e capacitação de<br />

Deus.<br />

4. As Tribulações Liberam o Poder de Deus<br />

Durante as ocasiões de grandes tribulações, nossas fraquezas<br />

são reveladas. Isso não acontece para nos desanimar.<br />

É para nos ensinar a dependermos de Deus e recebermos<br />

d’Ele. Pois Deus “dá poder aos fracos, e aos<br />

que não têm nenhum vigor Ele aumenta a força” (Is<br />

40:29).<br />

Quando Paulo estava fraco, Jesus lhe disse: “A Minha<br />

graça é suficiente para ti, pois a Minha força é aperfeiçoada<br />

na fraqueza” (2 Co 12:9).<br />

Deus não Se limita às nossas fraquezas, pois Ele vê o<br />

que podemos fazer e ser, através da Sua ajuda e poder.<br />

Deus chamou Gideão de um “homem poderoso e valoroso”<br />

(Jz 6:12). Naquela ocasião, no entanto, Gideão es-<br />

VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 13


tava aterrorizado e estava escondido dos midianitas (Jz<br />

6:11). No entanto, Deus chamou Gideão assim mesmo, e<br />

mais tarde o capacitou a cumprir um grande propósito.<br />

(Leia Juízes 6-8.)<br />

“Temos este tesouro em vasos de barro [fracos, frágeis],<br />

para que a excelência do poder possa ser de<br />

Deus, e não nossa” (2 Co 4:7).<br />

Podemos agradecer a Deus pelas tribulações que revelam<br />

a nossa fraqueza e inadequabilidade. Muito embora<br />

as tribulações sejam difíceis para a nossa carne (a natureza<br />

humana pecaminosa), elas fortalecem o nosso espírito<br />

– pressionando-nos a uma maior dependência de Cristo e<br />

da Sua força. “De boa vontade pois me gloriarei nas<br />

minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de<br />

Cristo... pois quando sou fraco então sou forte” (2 Co<br />

12:9,10b).<br />

5. As Tribulações nos Fortalecem<br />

É impossível haver vitórias<br />

sem batalhas. As tribulações<br />

nos ensinam a usarmos<br />

a nossa armadura espiritual;<br />

elas nos fortalecem em nossas<br />

“habilidades de combate”<br />

espiritual (Ef 6:11-18).<br />

Aprendemos sobre batalha<br />

espiritual e intercessão, e<br />

crescemos na fé triunfante (2<br />

Co 10:3-6; 1 Jo 5:4).<br />

À medida que passamos<br />

por tribulações, os nossos<br />

“músculos espirituais” são<br />

exercitados. Tornamo-nos<br />

mais fortes para a próxima<br />

tribulação. Podemos assim<br />

enfrentar um inimigo ainda<br />

maior. Aí então, tornamo-nos<br />

ainda mais fortes. À medida<br />

que fazemos isso tornamonos<br />

mais úteis e desenvolvemos<br />

a perseverança (Rm<br />

5:3,4; Tg 1:3). Deus poderá então nos usar de maneiras<br />

ainda maiores. Passamos de “força em força” (Sl 84:7) e<br />

de “glória em glória” (2 Co 3:18).<br />

No meio de batalhas assim, talvez sejamos tentados a<br />

sentirmos dó de nós mesmos ou a temermos. Contudo,<br />

precisamos resistir a esses pensamentos, e, em vez disso,<br />

nos lançarmos na misericórdia de Deus em oração.<br />

Podemos admitir diante de Deus que somos apenas carne<br />

– e, aí então, em nossa fraqueza, podemos clamar<br />

pela ajuda e força de Deus. Quando oramos “Preciso de<br />

Ti, Deus! Não consigo fazer isto sem Ti!”, Deus responde,<br />

pois verdadeiramente não conseguimos fazer nada<br />

sem Ele (Mt <strong>19</strong>:26).<br />

6. As Tribulações nos Ensinam a Esperarmos<br />

Jeremias lamentou-se pelas suas tribulações e aflições.<br />

No entanto, quando ele se lembrou das misericórdias e da<br />

fidelidade do Senhor, ele decidiu: “Bom é ter esperança e<br />

aguardar em silêncio a salvação do Senhor” (Lm 3:26;<br />

leia Lamentações 3).<br />

Isaías também nos ensinou que Deus dá vigor aos fracos<br />

e renova as forças dos que esperam n’Ele (Is 40:28-<br />

31).<br />

Esperar em Deus significa entrar em Sua presença com<br />

adoração e oração. Significa humilharmo-nos diante d’Ele<br />

e tomarmos o tempo para recebermos d’Ele o que necessitamos.<br />

A Bíblia ensina que há tempos e ocasiões para tudo<br />

(Ec 3:1-8; At 1:7). Talvez Deus tenha nos chamado, mas<br />

talvez ainda não seja o tempo d’Ele para nos enviar à<br />

próxima fase ministerial. Talvez precisemos primeiramente<br />

esperar e enfrentar um tempo de moldagem e crescimento.<br />

Enquanto entregamos nossa vida a Deus, precisamos<br />

esperar n’Ele, para o Seu tempo perfeito, até mesmo<br />

durante as tribulações. Ao fazermos isso, Ele nos salva,<br />

nos fortalece, nos direciona<br />

e nos ajuda a perseverarmos.<br />

7. As Tribulações nos<br />

Preparam<br />

Os sofrimentos podem na<br />

verdade acelerar o crescimento<br />

espiritual e promover<br />

o nosso preparo: “Que o<br />

Deus de toda a graça, o<br />

Qual nos chamou à Sua<br />

eterna glória por Cristo<br />

Jesus, depois de haverdes<br />

sofrido um pouco, vos<br />

aperfeiçoe, estabeleça, fortaleça<br />

e confirme” (1 Pe<br />

5:10). Deus usa as tribula-<br />

Espere n’Ele.<br />

ções e sofrimentos para nos<br />

aperfeiçoar [preparar, completar],<br />

e para nos estabelecer<br />

fortemente em Seus caminhos.<br />

José era um jovem quando Deus lhe deu os sonhos do<br />

seu futuro. Para poder cumprir um chamado tão grande<br />

assim, José precisava de tempo para desenvolver sabedoria,<br />

maturidade e caráter santo.<br />

8. As Tribulações Mudam Nossa Perspectiva<br />

Durante as tribulações talvez recorramos aos valores<br />

temporários do mundo, procurando alívio, como por exemplo<br />

posses, dinheiro, viagens, álcool ou outras coisas. Logo,<br />

no entanto, percebemos que esses bens terrenos não fornecem<br />

nenhuma ajuda, alívio ou consolo duradouro.<br />

As tribulações revelam o que se tornou a nossa fonte<br />

de ajuda e força em tempos de necessidade. Será que recorremos<br />

a Deus ou a alguma outra fonte?<br />

As tribulações também elevam os nossos olhos em direção<br />

ao Céu. Quando perdemos um ente querido, ou enfrentamos<br />

grandes desafios, nosso coração se volta para<br />

14/ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005


nossa esperança eterna. O Céu parece tão mais doce quando<br />

temos um ente querido lá. As tribulações nos ajudam a<br />

perceber que este mundo, juntamente com tudo o que há<br />

nele, está passando. Os valores eternos e a vontade de<br />

Deus tornam-se muito mais reais e importantes para nós<br />

(2 Co 4 e 5; 1 Jo 2:15-17).<br />

As tribulações nos mostram a futilidade dos recursos<br />

humanos. Enquanto sofremos, as tribulações avivam em<br />

nós uma fome pela glória de Deus. “... se de fato sofremos<br />

com Ele [Cristo], é para que também possamos ser<br />

glorificados juntamente com Ele, pois considero que<br />

os sofrimentos deste tempo presente não são dignos de<br />

ser comparados com a glória que há de ser revelada<br />

em nós” (Rm 8:17,18).<br />

Muito embora Deus faça com que todas as coisas cooperem<br />

para o bem – a imagem de Cristo moldada dentro<br />

de nós – Ele também está nos preparando para o dia em<br />

que revelará a Sua glória através de nós, e seremos glorificados<br />

com Cristo! Aleluia!<br />

E. Seguros no Amor de Deus – Até Mesmo no<br />

Meio das Tribulações<br />

Deus usa as tribulações e provações para nos preparar,<br />

e não para salientar nossos fracassos, ou nos condenar<br />

(Rm 8:1). Lembre-se: Deus quer que sejamos bemsucedidos<br />

no cumprimento do Seu chamado. Ele quer<br />

nos purificar, para que o nosso futuro seja frutífero. Deus<br />

está a nosso favor, e não contra nós (Rm 8:31). Deus é<br />

imenso e grandioso, e a Sua perspectiva é eterna. Ele vê e<br />

compreende tudo – muito mais do que jamais poderíamos<br />

ver e compreender! Ele tem um eterno propósito do Reino<br />

para cumprir. Podemos escolher ser parceiros com Ele no<br />

cumprimento deste propósito. Devemos, no entanto, confiar<br />

no Senhor com relação a qualquer que seja o papel<br />

que Ele nos der para cumprirmos.<br />

Deus também promete nunca nos deixar ou nos abandonar,<br />

e que Ele será o nosso Ajudador. Assim sendo, não<br />

há necessidade de ficarmos com medo (Hb 13:5,6). Exatamente<br />

como Ele estava com José no meio das suas tribulações,<br />

Deus também está conosco, independentemente<br />

das circunstâncias. Nunca poderemos ser separados do<br />

Seu grande amor (Rm 8:38,39).<br />

Talvez você tenha sofrido por causa do seu compromisso<br />

com Cristo, mas ouça as palavras encorajadoras de<br />

Pedro: “... alegrai-vos pelo fato de serdes participantes<br />

dos sofrimentos de Cristo, para que, quando a Sua<br />

glória for revelada, possais também vos alegrar com<br />

uma alegria excessivamente grande. Se sois vituperados<br />

pelo nome de Cristo, bem-aventurados sois vós,<br />

pois o Espírito de glória e de Deus repousa sobre vós”<br />

(1 Pe 4:13,14).<br />

F. A Disciplina de Deus nos Molda<br />

É importante lembrar que José não havia feito nada<br />

que trouxesse adversidades à sua vida. A Bíblia não nos<br />

diz que José se rebelou ou pecou contra Deus. Às vezes,<br />

nosso próprio egoísmo ou pecado pode trazer tribulações<br />

ou dificuldades para nossa vida. Isso NÃO é a mesma<br />

coisa que sofrermos em Cristo. Não haverá nenhum<br />

galardão para o tipo de sofrimento que trazemos sobre nós<br />

mesmos através de escolhas ou ações pecaminosas.<br />

Quando Miriã falou contra Moisés e foi acometida de<br />

lepra, aquele não foi um caso de sofrimento por Deus (Nm<br />

12). Quando Jonas passou alguns dias na barriga de um<br />

grande peixe, aquilo foi devido à sua própria rebeldia (Jn<br />

1). Quando Ananias e Safira foram mortos, aquilo foi um<br />

resultado direto das suas ações enganosas (At 5:1-11).<br />

Se formos impetuosos ou desobedientes, ou se tentarmos<br />

nos apossar de posições ou de poder, para os quais<br />

Deus não nos chamou, sofreremos por causa das nossas<br />

próprias ações. Se nossas concupiscências ou paixões passam<br />

por cima do nosso bom senso, ou se tentarmos exaltar<br />

a nossa vontade própria acima da verdade das Escrituras,<br />

talvez nos encontremos em apuros terríveis.<br />

As Escrituras nos admoestam a sermos cuidadosos,<br />

para que não soframos pelas nossas próprias transgressões:<br />

“Que nenhum de vós sofra como homicida, ladrão,<br />

malfeitor, ou como o que se entremete em negócios<br />

alheios” (1 Pe 4:15).<br />

Contudo, até mesmo quando pecamos voluntariamente<br />

contra Deus, nem tudo está perdido. Deus ainda pode nos<br />

libertar quando nos arrependemos com sinceridade [renunciamos<br />

aos nossos pecados e nos afastamos deles].<br />

Nossos fracassos podem trazer sofrimentos desnecessários<br />

sobre nossa própria vida ou sobre as pessoas que estão<br />

perto de nós. Deus, no entanto, pode usar até mesmo<br />

os piores fracassos de nossa vida para ajudar a nos moldar<br />

e nos transformar. Sua correção e disciplina, e nossa resposta<br />

a elas, também nos moldam (Dt 8:5; Pv 3:12; Hb<br />

12:7,8).<br />

Deus pode redimir e usar até mesmo os nossos fracassos.<br />

Ele é digno de todo louvor, pelo Seu grande perdão e<br />

graça redentora!<br />

G. Como Devemos Responder às Tribulações?<br />

As tribulações vêm a todos nós. Jesus disse: “No mundo<br />

tereis tribulações...” (Jo 16:33.) O significado da palavra<br />

“tribulação” inclui o seguinte: “pressão, opressão,<br />

tensão, angústia, compressão, adversidade, aflição, sofrimento”.<br />

Ela representa o que é livre e desacorrentado,<br />

sendo colocado sob muita pressão.<br />

Somos livres em Cristo. Este mundo, no entanto, traz<br />

as pressões das tribulações e provações. Como podemos<br />

ser bem-sucedidos através das tribulações e crescer com<br />

elas? Eis aqui algumas diretrizes.<br />

1. Ore!<br />

A oração é essencial para sermos perseverantes e<br />

bem-sucedidos nas tribulações. Precisamos estar em oração<br />

continuamente, pedindo que Deus nos dê força, graça,<br />

e sabedoria. Precisamos pedir que Ele santifique as tribulações<br />

para nós, usando-as para a Sua glória e para o nosso<br />

bem. Precisamos sondar nosso coração e permitir que<br />

Deus nos purifique das impurezas. Precisamos renunciar<br />

ao nosso orgulho e esforços próprios, clamando a Deus<br />

em humildade e pedindo a Sua ajuda e poder.<br />

VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 15


Precisamos ter um coração que crê. Precisamos crer<br />

que Deus tem um propósito nas tribulações e que Ele<br />

suprirá tudo de que precisamos para sermos perseverantes.<br />

Ele nos dará sabedoria quando Lhe pedirmos<br />

(leia Tiago 1:2-8), para que saibamos o que fazer em<br />

resposta às tribulações. Deus CERTAMENTE Se encontrará<br />

conosco, nos ensinará, nos consolará e nos ajudará.<br />

a. Ore no Espírito<br />

As tribulações podem ser algo desanimador ou até<br />

mesmo esmagador. Às vezes nem mesmo conseguimos<br />

encontrar as palavras para orarmos. É nessas ocasiões<br />

que podemos – e devemos – orar no Espírito. Ao fazermos<br />

isso, o Espírito Santo nos ajuda, orando de acordo<br />

com a vontade de Deus (Rm 8:26,27). A oração no Espírito<br />

também é uma maneira poderosa e eficaz de se edificar<br />

a nossa fé (Jd 20).<br />

Algumas vezes as tribulações podem ser ataques diretos<br />

de Satanás ou de demônios. Nesses casos, precisamos<br />

nos submeter a Deus e resistir ao Diabo (Tg 4:7), e<br />

contender com orações e súplicas (Ef 6:10-18).<br />

b. Ore com Jejuns<br />

O jejum nos ajuda a aquietar nossos impulsos carnais e<br />

a nos tornar mais sensíveis à voz do Espírito Santo. Quando<br />

você estiver jejuando, não deixe de orar freqüentemente.<br />

Da mesma forma, tome tempo para silenciosamente<br />

esperar em Deus. Permita que Ele ministre a você e fale<br />

ao seu coração.<br />

2. “Tende Grande Gozo!”<br />

Paulo e Silas haviam acabado de ser severamente surrados<br />

e lançados na prisão por terem pregado o Evangelho.<br />

Contudo, naquela mesma noite eles estavam orando e<br />

cantando hinos ao Senhor (At 16:22-25).<br />

O Senhor, em Sua fidelidade, havia colocado em seus<br />

corações “cânticos de livramento” (Sl 32:7). Enquanto<br />

cantavam, um terremoto os libertou, juntamente com todos<br />

os outros prisioneiros. Até mesmo o carcereiro se converteu.<br />

Uma forte igreja foi estabelecida em Filipos como<br />

resultado disso. Como Paulo pôde cantar durante uma tribulação<br />

como aquela? Porque Paulo era humilde e rendiase<br />

a Deus. Ele tinha a confiança de que Deus estava a<br />

cargo de sua vida. Paulo reconhecia a mão de Deus operando<br />

em todas as tribulações e desafios. Que fé e graça<br />

que Deus nos dá!<br />

Deus é sempre digno do nosso louvor. Enquanto O<br />

adoramos, nossos olhos se levantam e nosso espírito se<br />

eleva. A esperança e a alegria de Deus enchem nosso<br />

coração, fortalecendo-nos para as tribulações.<br />

Nós podemos ter alegria e ações de graça no meio das<br />

tribulações (Jo 16:33; Tg 1:2). Sabemos que Deus as usará<br />

para o nosso bem e para a Sua glória (Hb 12:3-11).<br />

Podemos até mesmo triunfar sobre as tribulações se<br />

voltarmos nosso coração a Deus num humilde louvor: “E<br />

graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo”<br />

(2 Co 2:14).<br />

3. Não Fuja<br />

Quando você estiver sendo severamente provado, talvez<br />

queira fugir de Deus, do ministério ou da própria situação.<br />

Isso é um erro grave! (Obviamente, presumindo-se<br />

que você esteja enfrentando tribulações pelo fato de estar<br />

obedecendo ao chamado de Cristo!).<br />

Talvez você diga em seu coração: “Deus, se Tu não<br />

fizeres algo com relação a isso, eu vou embora!” Uma<br />

oração muito melhor, no entanto, seria: “Deus, até que Tu<br />

me liberes ou me envies a uma outra tarefa, vou ficar exatamente<br />

onde estou. Ajuda-me a perseverar, a ser fiel ao<br />

Teu chamado!” Somente quando for provado que você foi<br />

fiel numa dada situação é que você estará preparado para<br />

uma tarefa maior (Lc 16:10; <strong>19</strong>:17). Geralmente Deus não<br />

nos orienta a deixarmos uma tarefa, a menos que Ele esteja<br />

claramente nos direcionando à nossa próxima tarefa.<br />

Se formos adiante prematuramente, provavelmente perderemos<br />

o propósito que Deus tinha para nós. Ou Deus<br />

talvez tenha que intervir a fim de chamar nossa atenção.<br />

(Leia os dois primeiros capítulos de Jonas, por exemplo.)<br />

4. Obedeça a TUDO que Deus lhe Disser<br />

Nas tribulações é importante que ouçamos a Deus – e<br />

aí então que Lhe obedeçamos! O caminho de Deus para<br />

moldá-lo é singular. Você não pode imitar o que vê os outros<br />

fazendo. Você precisa descobrir o que Deus quer que<br />

você faça.<br />

É necessário que em seu coração você esteja submisso<br />

a Deus. Precisamos permitir que a tribulação seja usada<br />

por Deus para realizar o seu propósito (Tg 1:2-4). Se<br />

precisarmos de sabedoria podemos pedi-la a Deus. Ele<br />

deseja nos dar sabedoria com liberalidade (Tg 1:5).<br />

A obediência requer muita oração; talvez arrependimento,<br />

uma busca nas Escrituras – e uma espera, espera,<br />

espera no Senhor! Seja rápido em responder a Deus e em<br />

obedecer-Lhe.<br />

5. Mantenha seu Coração em Retidão<br />

Somente você pode escolher a sua resposta a uma tribulação.<br />

Você pode permitir que seu coração fique irado,<br />

te<strong>mero</strong>so ou amargurado. Ou você pode escolher receber<br />

o perdão, a paz, a graça e a força de Deus. Essas nem<br />

sempre são escolhas fáceis de fazermos. A nossa angústia<br />

ou decepção pode ser grande. Os ataques contra nós podem<br />

ser muitos. Talvez temamos colocar toda a nossa confiança<br />

em Deus. Pode levar algum tempo para conquistarmos<br />

os obstáculos ou desafios à nossa fé que surgem durante<br />

as tribulações.<br />

Precisamos continuar achegando-nos a Deus com as<br />

nossas ansiedades, temores e preocupações. Podemos ser<br />

honestos com Ele, pois Ele já conhece nosso coração. Precisamos<br />

entregar as nossas preocupações a Ele, pedindo a<br />

Sua ajuda e graça.<br />

Somente nós podemos decidir continuar recorrendo a<br />

Ele e escolhendo os Seus caminhos – pois somente Ele<br />

pode nos tornar líderes eficazes em Seu Reino. Na Segunda<br />

Parte, estudaremos mais detalhadamente algumas das<br />

maneiras pelas quais Deus realiza isso. ■<br />

16/ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005


Segunda Parte:<br />

O Padrão Bíblico Para a<br />

Multiplicação de Liderança<br />

“Apascentai o rebanho de Deus que está entre vós,<br />

servindo como supervisores, não por compulsão, mas<br />

voluntariamente; não para ganhos desonestos, mas de<br />

bom ânimo; não como senhores sobre aqueles que vos<br />

foram confiados, mas sendo exemplos ao rebanho; e<br />

quando o Sumo-Pastor aparecer, recebereis a incorruptível<br />

coroa de glória.” (1 Pe 5:2-4.)<br />

Nessa eloqüente passagem, a Bíblia descreve princípios<br />

eternos de uma liderança bíblica santa. Mas como podemos<br />

colocar em prática estes princípios da forma mais eficaz<br />

possível? Como sempre, as próprias Escrituras nos<br />

fornecem instruções claras, específicas e práticas.<br />

Êxodo 18:13-22 ressalta alguns problemas comuns na<br />

liderança e oferece soluções altamente eficazes e que honram<br />

a Deus.<br />

Dependendo de Deus<br />

Quando Moisés começou a liderar e tirar o povo do<br />

Egito, não demorou muito tempo até que ele caísse numa<br />

armadilha de liderança comum: ele tentou ser o único líder<br />

de um grupo de pessoas. Moisés talvez tenha presumido<br />

que, uma vez que Deus o havia chamado para fazer uma<br />

tarefa, então ele deveria cumprir essa tarefa sozinho.<br />

Felizmente para Moisés e os filhos de Israel, Deus enviou<br />

um servo sábio – Jetro, o sogro de Moisés – para<br />

aconselhá-lo. Jetro reconheceu os problemas que estavam<br />

sendo criados pelo estilo de liderança independente de<br />

Moisés.<br />

Quando Moisés começou a enfrentar desafios em seu<br />

chamado, Deus usou Jetro para sabiamente instruir Moisés<br />

Frank e Wendy Parrish<br />

com relação à maneira pela qual os problemas poderiam<br />

ser solucionados. Leiamos agora algumas passagens<br />

bíblicas que contam essa história:<br />

“E aconteceu que, ao outro dia, Moisés assentouse<br />

para julgar o povo; e o povo estava em pé diante de<br />

Moisés desde a manhã até à tarde. Vendo pois o sogro<br />

de Moisés tudo o que ele fazia ao povo, disse: ‘Que é<br />

isto que tu fazes ao povo? Por que te assentas só, e<br />

todo o povo está em pé diante de ti, desde a manhã até<br />

à tarde?’ ... Então o sogro de Moisés lhe disse: ‘Não é<br />

bom o que fazes. Totalmente desfalecerás, assim tu e o<br />

povo que está contigo, porque este negócio é muito<br />

difícil para ti; tu só não o podes fazê-lo... Ouve agora<br />

a minha voz; eu te aconselharei, e Deus será contigo...<br />

Procura dentre o povo homens capazes... pois eles<br />

carregarão o fardo contigo’.” (Êx 18:13-22.)<br />

Jetro salientou uma falha grave na liderança de Moisés:<br />

ele estava tentando fazer a obra que Deus o havia chamado<br />

a realizar por si só, sem a ajuda de outros. O líder que<br />

é pego na armadilha de ser um líder independente se limitará<br />

e nunca cumprirá o seu propósito completo como<br />

líder de igreja.<br />

Jetro deu a Moisés um conselho sábio sobre como solucionar<br />

os desafios de liderança que ele estava enfrentando.<br />

Jetro entregou o seu conselho a Moisés e sabiamente<br />

o dirigiu a Deus para uma confirmação do seu conselho<br />

(Êx 18:23). Moisés foi humilde e sábio por receber e<br />

agir em obediência ao conselho de Jetro (Êx 18:24). Eles<br />

tinham um bom relacionamento, um relacionamento de<br />

confiança e respeito mútuo (Êx 4:18; 18:7).<br />

VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 17


Vamos estudar agora as instruções de Jetro mais<br />

detalhadamente:<br />

I. CINCO INSTRUÇÕES DADAS A MOISÉS<br />

A. Fique Diante de Deus Pelo Povo (Êx 18:<strong>19</strong>)<br />

“Fique diante de Deus pelo povo, para que você<br />

possa trazer as dificuldades a Deus.” (Êx 18:<strong>19</strong>.)<br />

Moisés estava passando a maior parte do seu tempo “assentado<br />

diante do povo” (Êx 18:13-16), tentando resolver<br />

os problemas deles. Isso representa uma tentação que todos<br />

os líderes enfrentam. É lisonjeador quando as pessoas o<br />

respeitam como líder e pedem a sua ajuda. Talvez você tenha<br />

algum entendimento da Palavra e dos caminhos de Deus.<br />

Assim sendo, as pessoas querem a sua opinião ou conselho.<br />

Isso é aceitável, mas somente de uma forma limitada.<br />

Isso NÃO é aceitável quando você, como líder, se<br />

encontra sentindo-se responsável – até mesmo obrigado<br />

– a resolver os problemas de todos. Esse erro<br />

grave pode fazer com que as pessoas dependam de você,<br />

em vez de amadurecerem e aprenderem a ir a Deus por si<br />

próprias. Moisés estava seguindo<br />

o costume oriental<br />

dos governantes, os quais se<br />

assentavam nos portões (lugares<br />

de autoridade) para<br />

administrarem justiça a seus<br />

vassalos. Moisés tinha boas<br />

intenções, mas ele nunca<br />

poderia suprir as exigências<br />

nem resolver os problemas<br />

de milhões de pessoas<br />

sozinho.<br />

Jetro reconheceu que<br />

Moisés estava passando<br />

tempo demasiado tentando<br />

resolver os problemas das<br />

pessoas, e não passando<br />

tempo suficiente indo a<br />

Deus pelas pessoas. Ele<br />

disse a Moisés: “Não é<br />

bom o que fazes. Totalmente<br />

desfalecerás, assim<br />

tu e o povo que está<br />

contigo, porque este negócio<br />

é muito difícil para<br />

ti; tu só não podes fazêlo”<br />

(Êx 18:17,18).<br />

Jetro ofereceu várias<br />

soluções para aquele desafio.<br />

Contudo, elas exigiam<br />

que Moisés mudasse a maneira pela qual ele estava passando<br />

o seu tempo.<br />

Jetro primeiramente instruiu a Moisés a “ficar diante<br />

de Deus pelo povo” (Êx 18:<strong>19</strong>). Moisés não precisava<br />

ouvir e resolver os problemas de todos. A responsabilidade<br />

primordial de Moisés era orar pelo povo. Moisés deveria<br />

chegar perante Deus e colocar as dificuldades do povo<br />

diante do Senhor em oração.<br />

Ir a Deus primeiramente com as necessidades do<br />

povo:<br />

· aliviava Moisés do tremendo fardo de tentar resolver<br />

tantas necessidades (leia Salmos 37:5-7; 55:22;<br />

Provérbios 3:5,6; 16:3; 1 Pedro 5:7);<br />

· convidava Deus a mover-Se a favor do Seu povo e<br />

de suas necessidades;<br />

· proporcionava a Moisés o tempo para ouvir de Deus<br />

com relação ao que ele deveria fazer para conduzir<br />

o povo apropriadamente.<br />

A primeira responsabilidade do líder de igreja é orar<br />

pelas pessoas que Deus lhe dá (1 Sm 12:23; Rm 1:9; Cl<br />

1:9). Depois, ele precisa tomar o tempo para ouvir o que<br />

Deus lhe disser para fazer – e aí então fazê-lo!<br />

Moisés aprendeu essa lição, e as suas intercessões pelo<br />

povo tornaram-se muito importantes (Êx 32:30-34).<br />

Discipulado, e Não Solução de Problemas<br />

No Velho Testamento, os líderes designados por Deus<br />

agiam como mediadores entre Deus e as pessoas, dizendo-lhes<br />

o que o Senhor esperava<br />

delas. O líder fica-<br />

va diante de Deus a favor<br />

do povo.<br />

Contudo, Jesus é o Mediador<br />

final entre Deus e a<br />

humanidade (1 Tm 2:5,6).<br />

O Seu sacrifício e perdão<br />

pelos pecados da humanidade<br />

possibilitam que todo<br />

indivíduo arrependido seja<br />

restaurado a Deus. Todo<br />

crente em Jesus Cristo<br />

pode ter agora um relacionamento<br />

direto com Deus!<br />

Deus também forneceu<br />

à Igreja a Sua Palavra – a<br />

Bíblia – para que soubéssemos<br />

o que Deus espera<br />

de nós. Jesus também nos<br />

deu o Espírito Santo. Agora<br />

todos os crentes em Jesus<br />

Cristo podem e devem<br />

orar diretamente a Deus.<br />

Todos os crentes podem<br />

ser dirigidos por Deus, ouvir<br />

respostas de Deus, e receber<br />

poder do Espírito<br />

Santo para o serviço cristão.<br />

Contudo, pode levar um tempo para os novos crentes<br />

Equipando-os e<br />

ensinando-lhes.<br />

amadurecerem a ponto de poder receber o que necessitam<br />

de Deus por sí próprios. É por isso que Deus levanta<br />

e designa a liderança na Igreja (Ef 4:11-16).<br />

Os líderes precisam discipular os crentes jovens, equipando-os<br />

e ensinando-lhes nas Escrituras e nos caminhos<br />

do Senhor. Os crentes imaturos precisam de ajuda,<br />

para saberem como obedecer a Deus, caminhar com Ele,<br />

18/ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005


e ser dirigidos por Ele. É necessário que você, na qualidade<br />

de líder de igreja, fique diante de Deus e ore pela<br />

sua congregação. Você precisa orar por ela a fim de ministrar-lhe<br />

eficientemente! Mas, você também tem de<br />

ensinar às pessoas como elas podem ir a Deus em oração<br />

por si próprias, como ouvir a Sua voz, e como buscar<br />

em Sua Palavra as respostas que elas precisam receber<br />

d’Ele.<br />

É errado, como líder de igreja, achar que só você precisa<br />

ter todas as respostas e resolver todos os problemas<br />

para as pessoas. Se você agir assim, as necessidades das<br />

pessoas começarão a ocupar a maior parte do seu tempo.<br />

Esse grave erro pode rapidamente desequilibrar suas prioridades<br />

ministeriais – e levá-lo à comum armadilha de liderança<br />

do orgulho e da autoconfiança.<br />

B. Ensine ao Povo (Êx 18:20)<br />

Jetro, em seguida, deu a Moisés um outro ponto de<br />

instrução para o povo – “ensina-lhes!” Moisés era responsável<br />

por dirigir uma grande multidão de pessoas.<br />

Aqueles indivíduos haviam sido escravos na cultura pecaminosa<br />

do Egito por toda a sua vida. Eles eram pagãos<br />

e supersticiosos, ignorantes com relação a Deus e Seus<br />

caminhos.<br />

Ao saírem do Egito, aquelas pessoas trouxeram ídolos<br />

com elas (Ez 23:7,8). Elas caíram em idolatrias gravíssimas<br />

ao longo do caminho (Êx 32), de forma que Deus as julgou<br />

severamente. Deus é um Deus zeloso (Êx 20:5; 34:14; Tg<br />

4:4,5) e Ele não tolera por muito tempo as afeições do Seu<br />

povo sendo direcionadas a ídolos inúteis ou a outros deuses.<br />

Devemos adorar e servir a Deus somente (Êx 20:2,3;<br />

1 Sm 7:3).<br />

Deus disse aos israelitas como eles deveriam viver quando<br />

Ele lhes deu mandamentos para guiá-los (Êx 20:1-17).<br />

Contudo, o povo precisava de instruções adicionais que o<br />

ajudasse a aplicar aqueles mandamentos em sua vida diária.<br />

Assim sendo, Moisés deveria “ensinar-lhes” (Êx<br />

18:20), tantos os mandamentos, como também a maneira<br />

de caminhar em obediência a esses mandamentos.<br />

Essa mesma situação existe em muitos países e culturas<br />

ainda hoje. Quando as pessoas são salvas e saem de<br />

uma cultura religiosa pagã, elas não sabem como viver de<br />

uma forma que seja obediente e agradável a Deus.<br />

Buscando a Verdade<br />

Através de Jetro, Deus deu a Moisés três áreas genéricas<br />

para o ensino, a fim de ajudar o povo a viver num fiel<br />

relacionamento de aliança com um Deus santo.<br />

1. Ensine ao Povo os Estatutos e as Leis de Deus<br />

(Êx 18:20)<br />

Moisés já estava usando os estatutos e as leis de Deus<br />

para decretar decisões justas (Êx 18:16).<br />

Contudo, Moisés estava apenas resolvendo disputas e<br />

problemas individuais. Ele não havia reunido o povo para<br />

instruir a todos eles nos caminhos de Deus.<br />

O desejo de Deus é que o Seu povo O conheça. Eles<br />

também precisam conhecer as leis e princípios que Ele<br />

lhes deu através da Sua Palavra (Sl 1<strong>19</strong>). Assim sendo, as<br />

pessoas precisam ser ensinadas com relação ao que se<br />

encontra na Palavra de Deus e como estudarem a Palavra<br />

de Deus por si próprias.<br />

Em <strong>Atos</strong> 17:11, o povo de Beréia, ao ouvir o Evangelho,<br />

“examinou cada dia nas Escrituras se estas coisas eram<br />

assim.” Conseqüentemente, “muitos deles creram...” (At<br />

17:12.) O povo de Beréia sabia como examinar a verdade<br />

e confirmá-la na Palavra de Deus. Isso era uma proteção<br />

para eles no sentido de não serem desviados por falsos<br />

ensinamentos. Quando o líder de igreja ensina ao seu<br />

rebanho a Palavra de Deus com precisão, ela o ajudará a<br />

proteger os membros da congregação contra enganos, falsas<br />

religiões e mentiras do Diabo.<br />

Ensino Bíblico:<br />

Prioridade Máxima Para Todo Líder de Igreja<br />

O líder de igreja diligente ensina ao seu rebanho os estatutos,<br />

leis e doutrinas encontrados na Palavra de Deus.<br />

O líder dedicado:<br />

· estuda a Palavra de Deus da melhor maneira possível<br />

(2 Tm 2:15);<br />

· passa tempo orando e meditando na Palavra de Deus,<br />

permitindo que Deus lhe dê revelações e entendimento;<br />

· usa quaisquer ferramentas de pesquisa confiáveis<br />

que lhe estiverem disponíveis para ajudá-lo a estudar<br />

(tais como a Revista ATOS);<br />

· faz todo o possível para ter a certeza de que o seu<br />

rebanho seja instruído com a sabedoria e a verdade<br />

da Palavra de Deus (1 Tm 4:13,16).<br />

Deus valoriza muito o estudo e o ensino da Sua eterna<br />

e imutável Palavra. Ele até mesmo designou um dos cinco<br />

dons principais de treinamento ministerial como “mestre”<br />

(Ef 4:11). Deus instruiu que os presbíteros e líderes sábios,<br />

“que governam bem, sejam considerados dignos de<br />

uma duplicada honra, especialmente os que trabalham<br />

na Palavra e na doutrina” (1 Tm 5:17). É por isso que<br />

Deus faz um juízo mais severo sobre os que ensinam a<br />

Palavra de Deus (Tg 3:1).<br />

Ensinar a Palavra de Deus ao seu rebanho é a prioridade<br />

máxima do líder. Paulo ensinou a Timóteo a<br />

“persistir em ler, exortar e ensinar” e a “meditar nestas<br />

coisas, dedicando-se inteiramente a elas” (1 Tm<br />

4:13,15; veja também 2 Timóteo 2:15).<br />

2. Ensine ao Povo a Maneira de Caminhar (Êx<br />

18:20)<br />

As pessoas precisam fazer mais do que simplesmente<br />

memorizarem estatutos e leis. Elas também precisam aprender<br />

como aplicar as Escrituras na própria vida, vivendo<br />

em obediência a Deus, o Qual lhes deu esses estatutos e<br />

leis. Deus nos dá a Sua Palavra para nos ensinar quem Ele<br />

é e o que é exigido para andarmos em retidão diante d’Ele.<br />

Precisamos aprender como caminhar com Deus diariamente,<br />

amando-O, assim como Ele nos ama (Dt 6:5; 7:6-<br />

9). O desejo de Deus – desde a época da Sua Criação<br />

original, desde a Sua aliança com Abraão, desde o envio<br />

VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / <strong>19</strong>


do Seu Filho por nós, e até mesmo agora – é o de ter um<br />

relacionamento pessoal e de amor com toda a humanidade<br />

(Gn 1:26-28; 12:1-3; Jo 3:16; 1 Tm 2:4).<br />

Uma Vida Agradável a Deus<br />

Moisés estava liderando um grupo pagão de ex-escravos,<br />

e eles não sabiam nada sobre Deus. Não sabiam o<br />

que significava amar a Deus, obedecer-Lhe, ou servir a<br />

Ele e a outros com a própria vida. Era preciso mostrarlhes<br />

como caminhar nas leis de Deus e aplicá-las na vida<br />

prática diária. Esse tipo de discipulado realiza várias coisas<br />

importantes:<br />

· À medida que as pessoas vivem em caminhos que<br />

agradam a Deus, a obediência delas as ajuda a se<br />

aproximarem do Senhor.<br />

Deus, por outro lado, Se<br />

aproxima delas e Se agrada<br />

de suas ações (veja<br />

Tiago 4:8).<br />

· À medida que as pessoas<br />

aprendem a viver pelos<br />

princípios da Palavra<br />

de Deus, elas são poupadas<br />

do pecado e da desobediência.<br />

Elas não<br />

participam mais de comportamentos<br />

que sejam<br />

destrutivos para elas ou<br />

para outros. A vida dessas<br />

pessoas melhoram e<br />

elas ficam mais sábias.<br />

Elas não precisam conversar<br />

com um líder com<br />

relação a todas as pequenas<br />

disputas ou questões<br />

que surgem.<br />

· À medida que as pessoas<br />

começam a ser praticantes<br />

da Palavra e não somente<br />

ouvintes (Tg 1:22),<br />

elas vivem uma vida mais<br />

frutífera. Elas começam a<br />

se alinhar com o propósito<br />

de Deus para elas e<br />

para a Sua Igreja. Elas<br />

aprendem a evangelizar,<br />

ministrar e a servir outros,<br />

através de atos de misericórdia<br />

e de bondade.<br />

Como Ensinar a Palavra de Deus<br />

Há dois aspectos com relação ao ensino apropriado da<br />

Palavra de Deus:<br />

· O primeiro deles é ensinar exatamente o que se encontra<br />

na Palavra de Deus.<br />

· O segundo é ajudar as pessoas a compreenderem<br />

como a Palavra de Deus deve ser aplicada na vida<br />

diária.<br />

Deus nos dá a Sua Palavra para<br />

nos ensinar quem Ele é e o que é<br />

exigido para andarmos em retidão<br />

diante d’Ele. Precisamos<br />

aprender como caminhar com<br />

Deus diariamente, amando-O,<br />

assim como Ele nos ama.<br />

Vamos examinar agora um exemplo de como isso pode<br />

ser feito.<br />

Uma Amostra de um Ensino Bíblico<br />

Mateus 5:48 diz: “Sede vós pois perfeitos, como é<br />

perfeito o vosso Pai que está nos Céus”. À primeira<br />

vista, esse versículo citado por Jesus parece impossível de<br />

se cumprir, e, portanto, pode parecer condenatório.<br />

Deus sabe que nós, como seres humanos, não somos<br />

capazes de uma impecabilidade absolutamente perfeita<br />

nesta vida.<br />

O que significa então a palavra “perfeitos” neste<br />

versículo bíblico?<br />

A palavra grega original traduzida por “perfeitos” neste<br />

texto é a palavra “teleios”. Essa<br />

palavra significa “ter sido completado<br />

ou totalmente amadurecido”,<br />

como uma pessoa totalmente<br />

adulta em comparação<br />

com uma criança. No entanto,<br />

ela também tem um significado<br />

derivado da sua raiz “telos”, que<br />

significa “um fim, propósito, alvo,<br />

ou objetivo”. O ideal grego com<br />

relação a perfeição também envolvia<br />

a função, ou a maneira<br />

pela qual alguma coisa poderia<br />

ser útil. É como uma ferramenta<br />

que se encaixa perfeitamente<br />

em nossas mãos e é perfeitamente<br />

útil para cumprir o propósito<br />

para o qual ela foi planejada.<br />

Assim sendo, podemos entender<br />

que Mateus 5:48 significa<br />

que devemos nos esforçar em<br />

direção ao objetivo de sermos<br />

plenamente maduros em Cristo<br />

e úteis nas mãos de Deus para<br />

cumprirmos o propósito para o<br />

qual Ele nos criou.<br />

O nosso Pai Celestial é totalmente<br />

completo. Vemos em<br />

outras referências bíblicas que<br />

Deus tem o compromisso de nos<br />

ajudar a sermos mais completos<br />

– mais semelhantes a Cristo – e<br />

de nos ajudar a cumprir o nosso<br />

propósito n’Ele (Hb 12:3-11; Fp<br />

1:6; 2 Co 3:8; Rm 8:27-30).<br />

Para mais revelações com relação a Mateus 5:48, podemos<br />

examinar os outros versículos do contexto de<br />

Mateus 5 também. Jesus nos lembra que devemos ser totalmente<br />

maduros e funcionar em nosso propósito com<br />

relação a amar os outros, até mesmo os que são cruéis, ou<br />

vingativos, ou que nos maltratam (Mt 5:38-48). O nosso<br />

Pai Celestial sempre é completamente amoroso. Ele é totalmente<br />

amadurecido – perfeito – em amor. O nosso Pai<br />

20/ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005


Celestial sempre escolhe o que há de melhor para nós, até<br />

mesmo quando O rejeitamos, ou O maltratamos. “Deus é<br />

amor” (1 Jo 4:8) e “Deus demonstra o Seu próprio amor<br />

para conosco em que enquanto éramos ainda pecadores<br />

Cristo morreu por nós” (Rm 5:8).<br />

Há muitos outros versículos na Bíblia que confirmam o<br />

fiel e imutável amor e bondade de Deus para conosco.<br />

Jesus nos ordena a sermos “perfeitos” no sentido de<br />

amarmos os nossos inimigos, exatamente como Deus é<br />

perfeito em amar os Seus inimigos. Em Mateus 5, Jesus<br />

até mesmo nos dá situações da vida real de como esta<br />

verdade pode ser aplicada diariamente em nossa vida:<br />

· Não se vingue nem faça retaliações às pessoas que<br />

o maltratam (Mt 5:38,39). Isso pode ser confirmado<br />

em Romanos 12:<strong>19</strong>, onde está claro que o juízo é<br />

responsabilidade de Deus.<br />

· Vá além do que as pessoas possam exigir de você,<br />

e faça ainda mais por elas (Mt 5:40-42). Deus promete<br />

que ao darmos Ele nos retribuirá ainda mais<br />

(Lc 6:38).<br />

· Devemos amar todas as pessoas, até mesmo os<br />

nossos inimigos. Fazemos isso orando por elas, perdoando-lhes,<br />

e abençoando-as, até mesmo quando<br />

forem cruéis (Mt 5:43-47). Esse tipo de amor radical,<br />

inspirado por Deus, faz com que o mundo todo<br />

saiba que somos verdadeiros seguidores de Cristo<br />

(Jo 13:35).<br />

Um Obreiro Diligente<br />

Escolhemos aqui uma passagem difícil das Escrituras e<br />

abrimos o seu verdadeiro significado de uma maneira mais<br />

clara. Examinamos também os versículos do seu contexto<br />

e confirmamos a verdade com outros versículos da Bíblia.<br />

Sim, foi necessário um tempo para estudarmos as Escrituras,<br />

pesquisarmos e prepararmos. É necessário um obreiro<br />

diligente para o ensino correto da verdade de Deus (2<br />

Tm 2:15).<br />

Isso também demonstra como você pode tanto ensinar<br />

as verdades da Palavra de Deus, como também ajudar as<br />

pessoas a saberem o que é esperado delas como resposta.<br />

Portanto, elas podem ser mais do que <strong>mero</strong>s ouvintes da<br />

Palavra de Deus; elas podem ser praticantes também (Tg<br />

1:22-25).<br />

A Palavra de Deus é “viva e poderosa, e mais afiada<br />

do que qualquer espada de dois gumes, penetrando<br />

até mesmo à divisão da alma e do espírito, e das<br />

juntas e medulas, e ela discerne os pensamentos e intenções<br />

do coração” (Hb 4:12). A Palavra de Deus traz<br />

convicção de pecado. O conhecimento da Palavra de Deus<br />

e o entendimento de como aplicá-la nos ajuda a vivermos<br />

em obediência a Deus. Ela também nos dá um conhecimento<br />

utilizável da verdade (1 Tm 2:4).<br />

3. Ensine ao Povo o Trabalho a Ser Feito (Êx 18:20)<br />

A maioria das pessoas que saíram do Egito com Moisés<br />

eram judeus por natureza. Contudo, elas não formavam<br />

uma nação unificada ou um grupo de pessoas. Elas<br />

eram mais semelhantes aos judeus da época de Jesus,<br />

“cansadas e desgarradas, como ovelhas que não têm<br />

pastor” (Mt 9:36).<br />

Foi com esse grupo desesperado, egoísta, e pecaminoso<br />

que Deus queria formar um povo de aliança. Aquelas<br />

pessoas deveriam se tornar um povo especial, o qual caminharia<br />

com Deus como nação, e seria o instrumento através<br />

do qual Ele traria o Messias.<br />

Aqueles indivíduos eram antigos escravos. A maioria<br />

deles não sabia como trabalhar sem um áspero feitor ordenando<br />

todo e qualquer movimento deles. Contudo, havia<br />

muito trabalho a ser feito, se mais de dois milhões de pessoas<br />

tivessem de sair do Egito e entrar em sua Terra Prometida!<br />

Seria necessário que todos contribuíssem com seus<br />

talentos e força. Muitos teriam de aprender novas habilidades<br />

e desenvolver capacidades que não sabiam que possuíam.<br />

Deus, através de Jetro, disse a Moisés como organizar<br />

as pessoas para o trabalho, a fim de que elas pudessem<br />

ajudar a carregar o fardo da chegada deles à Terra Prometida.<br />

Essa é uma poderosa prefiguração para o seguidor de<br />

Cristo do Novo Testamento envolvido na vida atual da Igreja!<br />

Vamos agora examinar isso mais detalhadamente:<br />

Alimentando os Novos Crentes<br />

Exatamente como os israelitas que estavam saindo da<br />

escravidão, assim também éramos nós quando primeiramente<br />

nos achegamos a Cristo. Éramos “escravos do pecado”<br />

(Rm 6:17), vivendo egoisticamente e em desobediência.<br />

Toda a nossa perspectiva da vida era terrena e<br />

egoística (Ef 2:1-3).<br />

Na qualidade de líderes de igreja, não devemos nos surpreender<br />

nem ficar desanimados com a imaturidade espiritual<br />

dos “bebês recém-nascidos” em Cristo. Eles podem<br />

ser egoístas e até mesmo agirem de formas tolas às vezes.<br />

No entanto, é nosso privilégio e responsabilidade darlhes<br />

o “leite puro da Palavra” (1 Pe 2:2). Este “leite<br />

puro” são as verdades bíblicas básicas necessárias<br />

para um crescimento e maturidade espiritual saudável.<br />

Alguns exemplos de “leite puro” ou de temas básicos a<br />

ser ensinados aos novos crentes incluem:<br />

· Conhecendo a Deus, a Jesus e ao Espírito Santo<br />

· Batismos – nas águas e no Espírito Santo<br />

· Lendo, compreendendo e obedecendo a Bíblia<br />

· Orando todos os dias e ouvindo a Deus<br />

· Arrependimento e perdão (dizendo “não” ao pecado<br />

em nossa vida)<br />

· Salvação pela fé, e não por obras<br />

· Comunhão com outros seguidores de Cristo<br />

· Generosidade<br />

· Adoração<br />

· Serviço<br />

Dons de Todos os Crentes<br />

Ensinar aos novos “bebês” é importante. Mas também<br />

é importante dar-lhes tarefas para eles fazerem como parte<br />

do Corpo de Cristo. Todas as pessoas têm um papel<br />

importante a cumprir para que o Corpo cresça e funcione<br />

VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 21


de maneira saudável (Ef 4:16). Esses papéis podem começar<br />

com coisas pequenas e aumentar, à medida que os<br />

novos crentes amadurecem e provam ser fiéis nestas coisas<br />

pequenas (Lc <strong>19</strong>:17).<br />

O Apóstolo Paulo deixa claro que o “trabalho do ministério”<br />

deve ser feito por TODOS os que fazem parte<br />

da Igreja, e não somente por alguns escolhidos (Ef 4:12).<br />

Todos os seguidores de Cristo têm dons dados por Deus<br />

(Rm 12:4-8; 1 Co 12). Deus deseja que estes dons sejam<br />

usados para a edificação da Sua Igreja (1 Co 14:12).<br />

Um papel muito importante do líder de igreja, pastor<br />

ou presbítero é ajudar a todos os crentes a identificarem<br />

os seus dons e a encontrarem um lugar para<br />

usá-los no ministério. Nem todos os crentes são chamados<br />

a tarefas ministeriais em tempo integral. Contudo,<br />

todos os discípulos de Cristo têm o propósito de ser pessoas<br />

que ministrem. Eles podem e devem servir em<br />

algum tipo de ministério ao Corpo de Cristo e à sociedade<br />

ao seu redor.<br />

Preparando as Pessoas Para o Trabalho<br />

Moisés trouxe um grupo de indivíduos que havia sido<br />

escravo por toda a vida e o colocou numa posição de súbita<br />

liberdade. Aqueles indivíduos não estavam acostumados<br />

a tomar iniciativas nem a trabalhar além dos requisitos<br />

mínimos. Muitos nunca tiveram oportunidade de desenvolver<br />

uma habilidade ou profissão.<br />

No deserto, Deus lhes fornecia comida do céu diariamente<br />

(Êx 16). Mas este nem sempre seria o caso. Deus<br />

sabia que, no futuro, aqueles escravos teriam de lutar em<br />

batalhas, produzir o próprio alimento, e desenvolver<br />

capacitações para sobreviverem por si próprios.<br />

Deus também compreende a natureza humana e a importância<br />

de termos trabalho para fazer (Pv 10:16; 22:<strong>19</strong>;<br />

27:23; Ec 9:10a). O trabalho faz parte do plano de Deus<br />

para a humanidade. Isto é verdade e aplicável desde o<br />

início (Gn 2:15,20). Assim sendo, Deus ordenou que Moisés<br />

desse ao povo um trabalho que eles tivessem de fazer, a<br />

fim de que eles mais tarde vivessem e prosperassem na<br />

Terra Prometida.<br />

O Apóstolo Paulo deparou-se com um problema semelhante<br />

com a Igreja de Tessalônica. As pessoas estavam<br />

sendo salvas e libertas da escravidão do pecado. No entanto,<br />

elas ficaram tão entusiasmadas com a sua recémencontrada<br />

liberdade que pararam de trabalhar. Elas começaram<br />

a simplesmente ficar sentadas, esperando a Segunda<br />

Vinda de Cristo! Elas ficaram preocupadas que,<br />

caso não estivessem vigiando, talvez pudessem perder a<br />

Jesus quando Ele voltasse novamente. Paulo, no entanto,<br />

tranqüilizou-as de que seria impossível perder a volta de<br />

Cristo à Terra (1 Ts 4:16-5:6; 2 Ts 2:1-5).<br />

Paulo também repreendeu esses indivíduos, salientando<br />

que cada um deveria estar trabalhando e vivendo a<br />

sua vida de uma maneira ordenada (2 Ts 3:6-12; veja<br />

também 1 Ts 4:11). Caso contrário, em sua ociosidade,<br />

eles poderiam ficar desregrados e intrometidos. Paulo cita<br />

a sua própria vida e conduta, e a vida e conduta da sua<br />

equipe de liderança, como um exemplo de pessoas que<br />

trabalham para se sustentar e assumir as suas responsabilidades.<br />

Há épocas e lugares em que bons empregos são difíceis<br />

de se encontrar. No entanto, trabalho produtivo de<br />

algum tipo geralmente pode ser encontrado em toda parte.<br />

O trabalho é sempre útil (Pv 14:23). Os líderes de igreja<br />

precisam encorajar os seus membros a serem produtivos.<br />

O fruto do seu trabalho, não importa quão pequeno seja,<br />

ajudará a suprir as suas necessidades. Eles também serão<br />

abençoados por Deus ao darem um décimo (o dízimo) à<br />

Igreja (Ml 3:8-11), e terão recursos extras para outras boas<br />

obras (Ef 4:28).<br />

Uma Palavra Especial a Pastores, Evangelistas, Apóstolos<br />

e Outros Líderes de Igreja:<br />

Em 1 Coríntios 9, Paulo esclarece que os que trabalham<br />

espiritualmente têm a liberdade dada por Deus de<br />

receberem sustento financeiro enquanto trabalham no ministério<br />

(1 Co 9:1-11,14; veja também Romanos 15:27).<br />

No entanto, Paulo também diz rapidamente o seguinte:<br />

“No entanto não temos usado deste direito, mas suportamos<br />

tudo, para não pormos impedimento algum<br />

ao Evangelho de Cristo... Eu, no entanto, não tenho<br />

usado nenhuma destas coisas [o direito de receber sustento<br />

financeiro das pessoas a quem Paulo pregava e ministrava]”<br />

(1 Co 9:12,15).<br />

Paulo trabalhava como fabricante de tendas para sustentar-se,<br />

a fim de que ele não fosse um peso às igrejas<br />

(At 18:3; 20:33-35; 2 Ts 3:8,9). Ele não recebia sustento<br />

financeiro dos membros de uma igreja local. Paulo nos<br />

dá três razões pelas quais ele trabalhava com as suas próprias<br />

mãos para se sustentar no ministério:<br />

· Para que o Evangelho não fosse impedido de nenhuma<br />

forma (1 Co 9:12).<br />

· Paulo trabalhava por uma recompensa eterna, e não<br />

por uma recompensa terrena. Paulo era extremamente<br />

cuidadoso para não abusar nem usar erradamente<br />

da sua “autoridade no Evangelho” por<br />

razões egoísticas (1 Co 9:18).<br />

22/ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005<br />

· Ao sustentar a si próprio Paulo estava isento dos<br />

julgamentos e opiniões dos homens. Isso o fazia um<br />

servo mais eficaz a todos, para que ele pudesse ganhar<br />

mais pessoas para Cristo (1 Co 9:<strong>19</strong>-22).<br />

Qual é o equilíbrio correto entre receber sustento financeiro<br />

para o ministério e pagar pelas nossas próprias<br />

necessidades através de um outro emprego?<br />

Em alguns casos, o líder de igreja não tem escolha na<br />

questão, pois ele precisa trabalhar para sustentar a si mesmo;<br />

ou as responsabilidades da igreja talvez não exijam a<br />

sua atenção em tempo integral. Nesse caso, ele pode dar<br />

o seu tempo extra para um trabalho num emprego a fim de<br />

não ser um peso para a igreja, devido ao seu sustento financeiro.<br />

Essa é uma maneira, semelhante ao caso de Paulo,<br />

de demonstrarmos amor e um compromisso de servirmos<br />

aos outros. Isso também é um poderoso testemunho à<br />

comunidade de que você está presente para dar e servir, e<br />

não para tirar algo das pessoas.<br />

Em outros casos, a igreja é grande o suficiente para<br />

sustentar o pastor financeiramente. Mas será que é erra-


do ou menos “espiritual” receber salário de uma igreja?<br />

Não, não é. É aceitável recebermos um salário como<br />

pastor de tempo integral ou líder de igreja.<br />

Todo líder de igreja precisa examinar freqüentemente<br />

o próprio coração para ter a certeza de que ele<br />

está estabelecido nas prioridades corretas (Cl 3:1-7). Por<br />

exemplo, será que você continuaria servindo como<br />

presbítero ou pastor, se não estivesse recebendo absolutamente<br />

nenhum sustento financeiro da igreja? Ou será<br />

que você tem tempo extra para trabalhar num outro emprego,<br />

de maneira a não ser um peso para a igreja com o<br />

seu sustento integral?<br />

Paulo declarava veementemente e aplicava a autodisciplina<br />

a fim de obter a “coroa incorruptível” da aprovação<br />

de Deus, em vez de ser desqualificado (1 Co 9:24-27).<br />

Na Primeira Carta de Pedro às Igrejas, ele também<br />

abordou a atitude do líder no<br />

serviço à igreja:<br />

“Aos presbíteros que estão<br />

entre vós, admoesto eu,<br />

que sou também presbítero<br />

com eles e testemunha dos<br />

sofrimentos de Cristo, e também<br />

participante da glória<br />

que há de ser revelada:<br />

Apascentai o rebanho de<br />

Deus, que está entre vós,<br />

servindo como supervisores,<br />

não por compulsão, mas<br />

voluntariamente, não por<br />

ganhos desonestos, mas de<br />

ânimo pronto; não vos assenhoreando<br />

dos que vos<br />

foram confiados, mas sendo<br />

exemplos do rebanho; e<br />

quando o Sumo Pastor, aparecer<br />

recebereis a incorruptível<br />

coroa de glória.” (1 Pe<br />

5:1-4.)<br />

O papel de todos os líderes<br />

de igreja é servir o rebanho<br />

que Deus lhes deu. O rebanho<br />

não existe para servir ao líder.<br />

Os seus liderados NÃO existem<br />

para suprir as suas necessidades<br />

ou para ajudá-lo a ser<br />

bem-sucedido no ministério.<br />

Eles existem para que você possa amá-los, servi-los, pastoreá-los<br />

na Palavra e nos caminhos de Deus – e ver estes<br />

seus liderados amadurecidos e treinados para fazerem a<br />

obra do ministério (Ef 4:12).<br />

A Atitude do Líder com Relação às Riquezas<br />

Alguns na Igreja de hoje em dia usam o ministério para<br />

ganhos materiais. Jesus revelou que estes “pastores” não<br />

têm um compromisso com o bem estar do rebanho (Jo<br />

10:12,13).<br />

Outros acham que as riquezas são um sinal da bênção<br />

e aprovação de Deus em seus ministérios. Isso não é verdade<br />

(Lc 12:15; Tg 2:5) – e nos leva a colocarmos nossas<br />

afeições nas coisas materiais e terrenas, em vez das coisas<br />

espirituais incorruptíveis (Mt 6:<strong>19</strong>,20; 1 Pe 1:4).<br />

Se as riquezas fossem um sinal da aprovação e bênção<br />

de Deus, aí então tanto Jesus como Paulo teriam de ser<br />

considerados como horríveis fracassos! Da mesma forma<br />

seriam considerados a maioria dos profetas do Velho Testamento<br />

e os apóstolos do Novo Testamento.<br />

Contudo, a pobreza tampouco é um sinal de espiritualidade.<br />

Nem a abundância, nem a escassez é necessariamente<br />

um sinal da nossa obediência a Deus, do<br />

nosso estado espiritual, ou da nossa aprovação diante<br />

de Deus.<br />

Ao contrário, Deus nos chamou para obedecermos a<br />

Sua Palavra e para confiarmos n’Ele em todo o tempo e<br />

para todas as nossas necessidades.<br />

Há ocasiões em que<br />

Deus pode fornecer muito mais<br />

do que necessitamos. Assim<br />

sendo, teremos uma abundância<br />

para darmos à obra do Seu<br />

Reino. Em outras ocasiões talvez<br />

pareça que mal temos o<br />

suficiente. Essa é a nossa<br />

oportunidade de crescermos<br />

na fé e confiarmos que Deus<br />

suprirá as nossas necessidades<br />

(Fp 4:<strong>19</strong>).<br />

O Espírito Santo, através<br />

de Paulo, nos ensina o equilíbrio<br />

exatamente correto:<br />

“Aprendi a contentar-me<br />

em qualquer estado que eu<br />

esteja. Sei como estar abatido<br />

[viver humildemente] e<br />

sei como ter em abundância<br />

[viver com prosperidade]. Em<br />

toda parte e em todas as coisas<br />

aprendi tanto a estar satisfeito,<br />

como a estar com<br />

fome, tanto a ter em abun-<br />

dância, como a sofrer ne-<br />

Deus nos chamou para cessidades” (Fp 4:11,12).<br />

Como Paulo podia viver<br />

obedecermos a Sua Palavra.<br />

num estado assim de tanta paz<br />

e contentamento? Ele nos diz<br />

o seguinte no próximo versículo: “Posso fazer todas as<br />

coisas através de Cristo que me fortalece” (Fp 4:13).<br />

Paulo compreendia que colocar a nossa confiança em<br />

coisas materiais ou no trabalho somente para ganhos terrenos<br />

é uma tolice. (Veja 1 João 2:15-17; veja também 1<br />

Timóteo 6:3-10; Hebreus 13:5.)<br />

Cristo nos ajudará e nos dará o que necessitarmos para<br />

realizarmos os Seus propósitos com ou sem riquezas! Assim<br />

sendo, quer seja na riqueza ou na pobreza, a nossa<br />

confiança deve estar em Deus e em Sua provisão para<br />

nós – olhando para Ele, para que Ele supra TUDO o<br />

VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 23


que necessitarmos – para a vida e a santidade (2 Pe<br />

1:3).<br />

C. Treine Outros Para Ajudarem a Liderar<br />

(Êx 18:21)<br />

Deus deu muitos conselhos sábios a Moisés através do<br />

seu sogro, Jetro. Uma instrução muito importante encontra-se<br />

em Êxodo 18:21. Neste versículo, Moisés foi estimulado<br />

a formar uma equipe de líderes que o ajudasse<br />

a liderar o povo. Esses líderes deveriam ajudar a carregar<br />

a responsabilidade do ministério com Moisés (Êx<br />

18:22).<br />

Moisés era um conselheiro sábio e talentoso, familiarizado<br />

com as leis de Deus. Antes de receber o conselho de<br />

Jetro, Moisés administrava justiça ao povo e resolvia as<br />

suas disputas, como era o costume dos governantes da<br />

sua época. Moisés era bem-intencionado. No entanto, ele<br />

jamais poderia satisfazer as necessidades de milhões de<br />

pessoas liderando desta maneira.<br />

Como líderes, talvez também sejamos bem-intencionados<br />

em nossos esforços ministeriais. Contudo, talvez nos<br />

encontremos exaustos, ou não muito saudáveis; ou talvez<br />

o nosso cônjuge, ou a nossa família, não esteja recebendo<br />

a atenção necessária. É possível “exagerarmos em nossas<br />

boas ações”.<br />

Como líderes devemos estar dispostos a trabalhar duro,<br />

e não sermos preguiçosos. Contudo, tampouco devemos<br />

ser exageradamente zelosos com o que está além das nossas<br />

forças, capacidade ou chamado.<br />

Os líderes independentes – os que tentam fazer a obra<br />

do ministério sozinhos – são mais suscetíveis ao engano,<br />

orgulho, erros ou à exaustão. Eles não aprenderam a associar-se<br />

apropriadamente com os outros. Eles também têm<br />

dificuldades de manter suas prioridades ministeriais em<br />

ordem. Eles podem ser tentados a abandonarem o ministério<br />

ou a ficarem irados com Deus por tê-los chamado. O<br />

seu casamento ou a família deles pode sofrer os resultados<br />

da negligência. A liderança não é fácil. Até mesmo<br />

Moisés sentiu-se “esmagado” algumas vezes com o peso<br />

das muitas responsabilidades da liderança (leia Nú<strong>mero</strong>s<br />

11:14,15).<br />

Uma salvaguarda para não nos tornarmos líderes independentes<br />

é prepararmos líderes consagrados a Deus que<br />

sirvam ao nosso lado. Todo líder de igreja precisa de ajuda,<br />

e todo crente precisa da oportunidade para usar os seus<br />

dons e servir a Igreja de Jesus Cristo.<br />

Treinando líderes que sirvam com ele, o líder de igreja<br />

também pode cumprir uma de suas responsabilidades principais:<br />

treinar e equipar outros para serem ministros.<br />

Em sua Segunda Carta ao jovem Timóteo, Paulo o instrui:<br />

“E o que de mim entre muitas testemunhas ouviste, confia-o<br />

a homens fiéis, que sejam capazes de ensinar a<br />

outros também” (2 Tm 2:2).<br />

Alinhando Nossas Prioridades<br />

A importância de uma liderança em equipe e também<br />

de se manter as prioridades corretas no ministério é vista<br />

na Igreja Neo-Testamentária do Primeiro Século.<br />

“Ora, naqueles dias, quando o nú<strong>mero</strong> dos discípulos<br />

estava se multiplicando, surgiu uma reclamação<br />

contra os hebreus pelos gregos, porque as suas viúvas<br />

eram negligenciadas na distribuição diária.<br />

“Aí então os Doze convocaram a multidão dos discípulos<br />

e disseram: ‘Não é desejável deixarmos a Palavra<br />

de Deus e servirmos as mesas. Portanto, irmãos,<br />

escolhei dentre vós sete homens de boa reputação,<br />

cheios do Espírito Santo e de sabedoria, a quem possamos<br />

designar para este negócio; mas nós nos devotaremos<br />

continuamente à oração e ao ministério da<br />

Palavra.’... Aí então a Palavra de Deus espalhou-se, e<br />

o nú<strong>mero</strong> dos discípulos multiplicou-se grandemente<br />

em Jerusalém, e um grande nú<strong>mero</strong> de sacerdotes eram<br />

obedientes à fé” (At 6:1-7).<br />

Há vários pontos principais a serem considerados nessa<br />

passagem:<br />

1. As Prioridades dos Apóstolos<br />

Os Apóstolos haviam caminhado com Jesus por mais<br />

de três anos, e, desde a Sua morte e ressurreição, eles<br />

haviam estado trabalhando muitíssimo. Eles estavam ensinando<br />

e pregando, servindo mesas, alimentando os famintos,<br />

ajudando os necessitados, etc. Agora, no entanto, o<br />

nú<strong>mero</strong> de discípulos estava se multiplicando rapidamente<br />

– rápido demais para os Apóstolos servirem a todos eles<br />

adequadamente. Quando os problemas começaram a surgir,<br />

isto fez com que os Apóstolos avaliassem as suas prioridades.<br />

Os Apóstolos não estavam tentando evitar o trabalho.<br />

No entanto, eles perceberam que precisavam da maior<br />

parte do tempo que tinham para o chamado principal:<br />

· oração;<br />

· ensino da Palavra de Deus; e<br />

· dirigir o povo.<br />

Essas eram as mesmas tarefas principais que Moisés<br />

deveria cumprir (Êx 18:<strong>19</strong>,20).<br />

2. A Liderança Envolve Parceria Santa<br />

O Espírito Santo confirmou uma vez mais o padrão<br />

bíblico, assim como Ele o fez com Moisés. Os Apóstolos<br />

deveriam envolver outras pessoas nas responsabilidades<br />

diárias de liderança. É vital compreendermos que<br />

os que oravam e ensinavam as Escrituras (os Apóstolos)<br />

não eram mais importantes ou espirituais do que os<br />

que deviam “servir as mesas” (At 6:2). As qualificações<br />

para os que ajudariam os Apóstolos através do<br />

serviço eram: “homens de boa reputação, cheios do<br />

Espírito Santo e de sabedoria” (At 6:3). Eles até<br />

mesmo impuseram as mãos sobre os discípulos em oração<br />

antes de começarem o serviço (At 6:6) – da mesma<br />

maneira que impuseram as mãos sobre os que estavam<br />

saindo para ensinar (At 13:3).<br />

Duas coisas chamam a nossa atenção:<br />

· Aqueles sete homens com maturidade não acharam<br />

que servir as mesas fosse algo “indigno” para<br />

eles. Eles reconheciam que o ministério aos outros<br />

sempre envolve o servir aos outros.<br />

24/ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005


· Os Apóstolos designaram pessoas que os ajudas-<br />

sem quando ficou óbvio que eles não mais conseguiriam<br />

dar conta de todas as suas crescentes responsabilidades.<br />

3. A Parceria Multiplica o Ministério<br />

O resultado de se dividir a obra com outros líderes<br />

designados foi o seguinte: “Aí então a Palavra de Deus<br />

espalhou-se, e o nú<strong>mero</strong> dos discípulos multiplicou-se<br />

grandemente...” (At 6:7.)<br />

Antes deste mover dirigido pelo Espírito de multiplicação<br />

de líderes, a Palavra de Deus estava se espalhando<br />

– mas não tão rapidamente como ela poderia ter<br />

se espalhado. Uma vez<br />

que os líderes principais<br />

se devotaram à oração,<br />

ao ensino e à lide-<br />

rança, muito mais pessoas<br />

foram alcançadas<br />

e salvas. Enquanto outros<br />

líderes ajudavam a<br />

servir as pessoas, muitas<br />

outras necessidades<br />

estavam sendo supridas.<br />

Ambas as áreas<br />

de ministério precisavam<br />

de uma atenção<br />

apropriada: o ensino<br />

da Palavra e o cuidado<br />

prático das necessidades<br />

das pessoas<br />

(Mc 16:15; Tg 1:27).<br />

Nenhuma destas duas<br />

áreas eram mais, ou<br />

menos importante do<br />

que a outra. Quando<br />

qualquer uma destas<br />

áreas era negligenciada,<br />

o ministério era prejudicado.<br />

Ele, com<br />

certeza,<br />

tem<br />

potencial!<br />

4. Frutificação<br />

Multiplicada<br />

O conselho de Deus a Moisés, dado através de Jetro,<br />

não foi dado a fim de que Moisés tivesse menos trabalho<br />

a fazer. Era para ajudar Moisés trabalhar mais sabiamente<br />

– a ter prioridades corretas com relação ao seu<br />

tempo e esforços ministeriais. Moisés precisava dar uma<br />

atenção apropriada em ouvir de Deus e comunicar a Palavra<br />

de Deus ao Seu povo, exatamente como fizeram os<br />

Apóstolos. (Estudaremos isso mais tarde, neste artigo.)<br />

O compartilhamento das responsabilidades de lideran-<br />

ça também produz outros benefícios:<br />

· Permite que muitas outras pessoas usem e desenvolvam<br />

os seus dons, dando-lhes ao mesmo tempo<br />

uma oportunidade de servirem.<br />

· Mais pessoas aprendem sobre liderança e são mais<br />

Investir tempo nos que demonstram<br />

um potencial de liderança.<br />

bem-preparadas para papéis ministeriais adicionais,<br />

servindo aos outros na prática.<br />

· As pessoas têm a tendência de assumirem mais responsabilidades<br />

para a assistência social e ministerial<br />

– e de sustentá-la – se estiverem pessoalmente envolvidas.<br />

· Os que são mais jovens, ou menos amadurecidos<br />

espiritualmente, têm uma meta a atingirem.<br />

· A multiplicação da liderança permite que Deus multiplique<br />

a frutificação em áreas como: almas salvas;<br />

a igreja desenvolvida e amadurecida; novas igrejas<br />

iniciadas; boas obras como um testemunho à sociedade;<br />

um testemunho à glória de Deus; e a validade<br />

da salvação através de<br />

Jesus Cristo e do Seu<br />

poder de transformar<br />

vidas humanas.<br />

Vida Gera Vida<br />

O padrão para a liderança<br />

eficaz em todas<br />

as Escrituras é “reproduzir<br />

espiritualmente”<br />

mais liderança. Os líderes<br />

precisam passar<br />

adiante o que Deus lhes<br />

ensinou. Dentre as suas<br />

outras responsabilidades,<br />

os líderes precisam<br />

sempre investir tempo,<br />

oração, dons e recursos<br />

para o treinamento de<br />

uma outra geração de<br />

líderes fiéis.<br />

O treinamento de<br />

uma outra geração de<br />

líderes inclui o ganhar<br />

novos convertidos para<br />

Cristo, discipular pessoas,<br />

liderar e ensinar,<br />

tanto por palavras,<br />

como pelo exemplo.<br />

Contudo, o bom líder<br />

também deve fazer esforços específicos no sentido<br />

de investir tempo nos que demonstram um potencial de<br />

liderança.<br />

TREINANDO LÍDERES DE IGREJA<br />

A parceria na liderança envolve o princípio bíblico da<br />

semeadura e da colheita (2 Co 9:6). Quando semeamos<br />

abundantemente do nosso tempo para treinarmos outros<br />

líderes, também colhemos abundantemente dos frutos do<br />

ministério (que são mais pessoas salvas, igrejas iniciadas,<br />

discípulos amadurecidos, necessidades supridas, etc.).<br />

Paulo explicou isto ao jovem Timóteo: “E o que de<br />

mim entre muitas testemunhas ouviste, confia-o a homens<br />

fiéis, que sejam capazes de ensinar a outros também”<br />

(2 Tm 2:2).<br />

VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 25


O princípio de Paulo de treinar outros faz com que o<br />

Evangelho se espalhe muito mais rapidamente. Paulo abordou<br />

quatro grupos de pessoas – em primeiro lugar, o próprio<br />

Paulo; em segundo lugar, Timóteo, discípulo de Paulo;<br />

em terceiro lugar, os “homens fiéis”; e em quarto lugar,<br />

os “outros”, os quais seriam ensinados pelos homens fiéis.<br />

O investimento de Paulo do seu tempo e ensinos a<br />

uma única vida, Timóteo, teria um impacto muito mais<br />

abrangente sobre muitas e muitas pessoas!<br />

O diagrama abaixo mostra a grande multiplicação que<br />

pode acontecer se um líder de igreja escolher apenas UMA<br />

pessoa fiel e passar UM ano treinando essa pessoa para o<br />

ministério. Aí então, no segundo ano, cada uma delas treinar<br />

uma outra pessoa para o ministério, e assim por diante.<br />

Alguns chamam isto de princípio do “cada um ensina um”.<br />

NO FINAL DO<br />

Ano 1<br />

Ano 2<br />

Ano 3<br />

Ano 4<br />

Ano 5<br />

Ano 6<br />

Ano 7<br />

Ano 8<br />

Ano 9<br />

Ano 10<br />

Ano 11<br />

Ano 12<br />

Ano 13<br />

Ano 14<br />

Ano 15<br />

Ano 16<br />

Ano 17<br />

Ano 18<br />

Ano <strong>19</strong><br />

Ano 20<br />

CADA UM ENSINA UM<br />

NÚMERO DE PESSOAS<br />

TREINADAS<br />

2<br />

4<br />

8<br />

16<br />

32<br />

64<br />

128<br />

256<br />

512<br />

1.024<br />

2.048<br />

4.096<br />

8.<strong>19</strong>2<br />

16.384<br />

32.768<br />

65.536<br />

131.072<br />

262.144<br />

524.288<br />

1.048.576<br />

Há também outros métodos de treinamento de líderes.<br />

Jesus escolheu doze homens e passou mais de três anos<br />

ensinando-lhes e trabalhando com eles. Eles O observaram<br />

orando, ministrando e ensinando quase que diariamente.<br />

Ele lhes ensinou princípios, e, aí então, os enviou para colocarem<br />

aqueles princípios em prática. Se eles falhassem,<br />

Ele os instruiria (leia Lucas 10). Esses doze discípulos foram<br />

bem treinados. Aí então, através do poder do Espírito<br />

Santo, eles mudaram o seu mundo e todo o curso da história!<br />

Outros líderes têm sido muito bem-sucedidos na formação<br />

de institutos de treinamento bíblico, onde muitos<br />

alunos podem aprender de uma só vez, através de vários<br />

instrutores. Para ser eficaz, esse método precisa usar a<br />

Bíblia como seu principal livro de estudo. Ele também pre-<br />

Comece<br />

pedindo<br />

ao Senhor<br />

que Ele<br />

lhe dê um<br />

“Timóteo”.<br />

cisa incluir o treinamento “com experiência prática”, o que<br />

permite que os alunos façam de fato a obra do ministério<br />

enquanto estiverem aprendendo sobre o ministério.<br />

No entanto, qualquer que seja o método, é evidente que<br />

o padrão bíblico para um ministério eficaz e duradouro<br />

precisa incluir o treinamento de novas lideranças.<br />

O que eu Tenho a Dizer?<br />

Talvez você ache que não tem nada de significativo<br />

para ensinar a outros líderes em potencial. De uma certa<br />

maneira, isso é verdade com relação a todo líder. Os homens<br />

não têm nada de valor eterno em sua própria sabedoria<br />

para ensinar aos outros. Contudo, Deus ainda quer<br />

nos usar para ensinar os outros, a partir das Suas profundas<br />

fontes de sabedoria.<br />

Deus lhe dará revelação e compreensão à medida que<br />

você O buscar e estudar a Sua Palavra. Ele o ajudará a<br />

saber o que você deve ensinar aos outros. Deus derramará<br />

a Sua sabedoria e vida sobre você, para que você, por<br />

sua vez, faça o mesmo na vida de outros.<br />

Deus também usará o seu conhecimento d’Ele, a sua<br />

experiência ministerial, a sua instrução e o seu conhecimento<br />

da Bíblia – tudo isso o ajudará a treinar os que Deus<br />

lhe der. Talvez você tenha acesso a bons materiais de treinamento,<br />

como por exemplo a Revista ATOS ou “O Cajado<br />

do Pastor”.<br />

Talvez Deus lhe traga pessoas que já são capacitadas<br />

ou que tenham conhecimentos em certas áreas. Pode ser<br />

que elas não precisem de muito treinamento. Talvez você<br />

deva simplesmente reconhecer os dons que elas possuem,<br />

e o que podem oferecer para servirem aos propósitos de<br />

Deus, e, aí então, estimulá-las e liberá-las.<br />

Onde Devo Começar?<br />

Deus quer usar todos os líderes de igreja para treinar<br />

mais líderes ainda. Mas como isso é realizado?<br />

26/ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005


Comece pedindo ao Senhor que Ele lhe dê um “Timóteo”.<br />

Pode ser um amigo, um membro da sua igreja, ou até<br />

mesmo um membro da sua própria família. Tenha cuidado<br />

para não olhar somente para a aparência externa, ou para<br />

os dons óbvios. Peça para Deus ajudá-lo a ver o seu “Timóteo”<br />

da maneira que Ele o vê. Lembre-se: “Porque o<br />

Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê a<br />

aparência externa, mas o Senhor olha para o coração”<br />

(1 Sm 16:7).<br />

O seu “Timóteo” talvez seja alguém com um passado<br />

bem arruinado e que precisa muito da ajuda de Deus. Isso,<br />

porém, não é um problema para Deus. A Bíblia nos ensina<br />

que os que muito são perdoados também amam muito (Lc<br />

7:47). Uma pessoa com um coração que é leal a Deus,<br />

que O ama, e quer serví-Lo é uma escolha melhor do que<br />

alguém que simplesmente tenha uma aparência externa<br />

aceitável.<br />

Jesus escolheu a Sua equipe de liderança, orando primeiramente:<br />

“E aconteceu naqueles dias que Ele subiu<br />

ao monte para orar, e continuou a noite inteira em<br />

oração, e, quando já era dia, chamou a Si os Seus<br />

discípulos, e escolheu doze deles, a quem deu também<br />

o nome de Apóstolos” (Lc 6:12-14).<br />

Após um prolongado tempo de oração, Jesus escolheu<br />

doze dentre os mais íntimos d’Ele para que se tornassem<br />

os Seus Apóstolos. Durante o restante do Seu tempo nesta<br />

terra, Jesus treinou, discipulou, ensinou, e enviou em ministério<br />

estes doze. Eles não eram “líderes natos”. Eles<br />

eram apenas homens comuns, de níveis sociais diferentes,<br />

incluindo-se pescadores e cobradores de impostos. Alguns<br />

eram bem instruídos, outros não. No entanto, todos tinham<br />

em comum um profundo desejo de servirem ao Senhor e<br />

de fazerem a Sua verdade e salvação conhecida a todos<br />

os homens. Assim sendo, ore para que Deus lhe dê os que<br />

Ele quer que você treine; e ore para que Deus o ajude a<br />

vê-los como Ele os vê.<br />

Qualificações Para a Liderança<br />

Deus pode usar qualquer um que Ele escolher para<br />

fazer a Sua vontade, até mesmo um asno (Nm 22:20-35).<br />

Contudo, Deus pode ser mais eficaz através de pessoas<br />

que Lhe obedeçam e façam as coisas à maneira d’Ele.<br />

Assim sendo, a Bíblia nos dá chaves que nos ajudam a<br />

reconhecer bons líderes em potencial. Essas chaves incluem<br />

as características que devem ser uma parte do<br />

desenvolvimento da vida de todos os líderes de igreja<br />

em potencial.<br />

Moisés precisava de homens que estivessem prontos a<br />

assumir responsabilidade de liderança imediatamente. Assim<br />

sendo, o padrão de requisitos era mais elevado do que<br />

talvez pudesse ser para os que ainda estavam em treinamento<br />

para a liderança.<br />

Provavelmente Moisés não conhecia pessoalmente a<br />

maioria das pessoas que ele liderava. Portanto, ele deixou<br />

a seleção dos líderes a critério dos que os conheciam melhor:<br />

as pessoas com as quais eles conviviam em comunidade<br />

(Dt 1:13). Esse exemplo também foi seguido pelos<br />

Apóstolos (At 6:3). Há qualificações adicionais para os<br />

presbíteros e líderes, citadas no Novo Testamento (1 Tm<br />

3:1-13; 4:12-16; 2 Tm 2:15-26; Tt 1:5-9; 2:7,8,11-13; 1 Pe<br />

5:1-4). Tome algum tempo para ler e estudar esses<br />

versículos bíblicos. É óbvio que os requisitos bíblicos<br />

para o caráter do líder de igreja são de fato desafiadores!<br />

Muitos jovens líderes em potencial precisam de tempo<br />

para amadurecer e desenvolver-se em seu caráter antes<br />

que eles possam satisfazer estas qualificações. Aprender<br />

o que Deus espera deles como líderes deve fazer parte de<br />

seu treinamento.<br />

As características bíblicas da personalidade de uma liderança<br />

santa devem ser:<br />

· ensinadas e vividas como exemplo aos jovens líderes<br />

em potencial; e<br />

· vividas como um estilo de vida diário por líderes mais<br />

amadurecidos.<br />

É importante lembrarmos que o caráter semelhante ao<br />

de Cristo pode levar anos para se desenvolver. As seguintes<br />

qualificações de liderança são metas que devemos trabalhar<br />

para alcançá-las. Haverá enganos e falhas ao longo<br />

do caminho, exatamente como foi no caso dos discípulos<br />

de Jesus (Mt 14:22-33; 16:21-23; Mc 10:35-45; Lc 22:49-<br />

51). O importante a procurar é um coração que deseje<br />

servir ao Senhor e que rapidamente se arrependa pelos<br />

fracassos, seguindo firme adiante para ser tudo o que Deus<br />

deseja.<br />

5. Características de Personalidade Necessárias<br />

Para os Líderes de Igreja<br />

Vamos examinar agora as instruções que Deus deu a<br />

Moisés com relação ao tipo de pessoa que devemos escolher<br />

para responsabilidades de liderança de igreja: “E tu<br />

dentre o povo procura homens capazes, tementes a<br />

Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza”<br />

(Êx 18:21).<br />

a. “Homens Capazes” (Êx 18:21)<br />

Os significados bíblicos para a palavra “capaz” inclui<br />

os seguintes: “forte, virtuoso, força moral, bom senso, audaz,<br />

que não agrada os homens, verdadeiro, que discerne,<br />

não egoísta, sábio, do melhor caráter”. Essas são algumas<br />

das características que os bons líderes devem possuir. Elas<br />

também devem ser as metas para os novos líderes em<br />

treinamento.<br />

Vale a pena tomarmos um tempo para estudarmos a<br />

lista acima minuciosamente. Como líder, será que essas<br />

coisas podem ser ditas sobre você? Você está se esforçando<br />

para viver como um exemplo de verdade, sabedoria<br />

e virtude? Será que as pessoas que você está treinando<br />

para a liderança estão aprendendo a viver na prática essas<br />

importantes questões de caráter também?<br />

Além das características mencionadas acima, há também<br />

três coisas adicionais a ser reconhecidas nos que são<br />

“homens capazes”, com potencial de liderança santa:<br />

1) Os que Servem os Outros com um Coração<br />

Disposto<br />

Procure pessoas que façam qualquer coisa que preci-<br />

VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 27


se ser feita com uma boa atitude. Essas pessoas são humildes<br />

e dispostas a fazerem tarefas modestas (Jo 13:3-<br />

17). Elas também entram ousadamente numa situação<br />

quando é necessária uma liderança (2 Tm 1:7). Os líderes<br />

capazes não estão interessados em ser servidos ou<br />

“estar a cargo”. Eles querem servir os outros e ver uma<br />

tarefa realizada. O bom líder pensa nas necessidades dos<br />

outros antes das suas próprias necessidades. Essa é a<br />

liderança santa em ação – serviço humilde (leia Mateus<br />

20:25-28).<br />

2) Aqueles que os Outros Seguirão<br />

Isto pode parecer óbvio, mas os líderes em potencial<br />

devem ser o tipo de pessoa que os outros seguirão. Eles<br />

devem ser capazes de inspirar e motivar os outros, e de se<br />

dar bem com as outras pessoas. No entanto, eles precisam<br />

ser ensinados a<br />

liderar as pessoas na<br />

direção certa – em<br />

direção ao Senhor e<br />

Seus caminhos.<br />

3) Os que Estão<br />

Dispostos a<br />

Trabalhar Duro<br />

Servir os outros<br />

na liderança requer<br />

muito trabalho duro.<br />

O líder em potencial<br />

precisa estar disposto<br />

a trabalhar com as<br />

suas mãos, como<br />

também ser tão diligente<br />

assim no estudo<br />

da Bíblia. Ele precisa<br />

ser fiel na obra<br />

da oração, e também<br />

estar disposto a ajudar<br />

a suprir as necessidades<br />

práticas do<br />

seu rebanho. Procure<br />

os que trabalham<br />

de boa vontade com<br />

as próprias mãos, mas que também buscam as coisas de<br />

Deus com a mesma diligência.<br />

b. “Tementes a Deus” (Êx 18:21)<br />

A segunda qualificação que Moisés deveria procurar<br />

nos líderes era um saudável temor a Deus. Mas o que<br />

significa “temer a Deus”?<br />

Os que temem o Senhor crêem plenamente que há um<br />

Deus sobre eles. Eles sabem que todas as ações são vistas<br />

por Deus, e que eles são responsáveis diante d’Ele.<br />

Eles compreendem que o Senhor é reto e justo, e que eles<br />

estarão diante d’Ele em juízo algum dia (Gn 18:25; 1 Sm<br />

2:10; 1 Pe 4:5; Ap 20:11-15).<br />

Os líderes santos e que temem a Deus são conscienciosos,<br />

e não pecam voluntariamente, mesmo em segredo.<br />

Eles buscam conhecer e compreender a Palavra de Deus<br />

e obedecê-la. Talvez eles falhem ocasionalmente ou cedam<br />

a tentações, como todas as pessoas o fazem. Contudo,<br />

o seu temor a Deus rapidamente os leva ao arrependimento<br />

e à confissão, e também a assumir a responsabilidade<br />

diante dos outros.<br />

Os que temem a Deus O reverenciam, O honram, e O<br />

adoram em espírito e em verdade. Eles agem e falam de<br />

maneiras que reflitam a sua profunda reverência e respeito<br />

pelo Santo e Supremo Deus de toda a Criação.<br />

Há três importantes características a considerar quando<br />

estivermos buscando um líder que “tema a Deus”:<br />

1) Um Coração de Humildade<br />

Em Miquéias 6:8 a Bíblia instrui: “O que o SENHOR<br />

requer de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a<br />

misericórdia, e que<br />

andes humildemente<br />

com o teu Deus?”<br />

Os que temem o<br />

Senhor desejam obedecer-Lhe.<br />

Eles fazem<br />

o que é justo e<br />

Seja diligente<br />

no estudo da<br />

Bíblia.<br />

são misericordiosos<br />

com os outros. Eles<br />

também caminham<br />

humildemente com<br />

Deus.<br />

“Humildade” pode<br />

ser definida como:<br />

modéstia, ausência<br />

de orgulho e arrogância,<br />

e um interesse<br />

não-egoístico pelas<br />

necessidades dos<br />

outros. A humildade<br />

é o oposto da arrogância,<br />

do orgulho,<br />

ou do egoísmo. A<br />

pessoa humilde não<br />

procura o que ela<br />

pode ganhar, mas o<br />

que ela pode dar. A<br />

pessoa humilde não usa as pessoas para os seus próprios<br />

ganhos, mas deseja servir os outros por amor a Jesus. A<br />

humildade é a chave para a manutenção do amor e da<br />

unidade no Corpo de Cristo (Ef 4:1-3). Os que são verdadeiramente<br />

humildes podem se dar bem com as outras<br />

pessoas, encontrando coisas em comum para a comunhão<br />

e a unidade.<br />

A humildade não é um ódio a si próprio, ou quando<br />

alguém finge ser manso. Não é um “falso martírio”, ou<br />

agir de uma forma que pareça ser “espiritual”. A verdadeira<br />

humildade é um reconhecimento sadio de que somente<br />

Deus tem toda sabedoria, poder, glória e honra.<br />

A humildade se expressa em obediência a Deus, confiando<br />

n’Ele para tudo o que é necessário na vida e no<br />

ministério.<br />

28/ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005


A humildade é vista numa disposição de sermos servos,<br />

de tomarmos as posições inferiores (Lc 14:7-11). Os<br />

que são verdadeiramente humildes têm um amor genuíno<br />

pelos outros e um coração de servo para com eles. Eles<br />

não julgam os outros nem se consideram superiores. Eles<br />

não são ríspidos ou censuradores; não são orgulhosos ou<br />

arrogantes.<br />

O nosso padrão de verdadeira humildade é o Próprio<br />

Cristo. “Que nada seja feito por ambições egoísticas ou<br />

por vaidade, mas, por humildade; que cada um considere<br />

os outros superiores a si mesmo. Não atente cada<br />

um somente para os seus próprios interesses, mas também<br />

para os interesses dos outros. Que este sentimento<br />

esteja em vós, como também estava em Cristo Jesus, o<br />

Qual, estando na forma de Deus, não teve por usurpação<br />

ser igual a Deus, mas aniquilou a Sua Própria reputação,<br />

assumindo a forma de um escravo, vindo na<br />

semelhança dos homens. E, encontrando-se na forma<br />

de homem, humilhou-Se a Si Mesmo e tornou-Se obediente<br />

até a morte, até mesmo a morte da Cruz” (Fp 2:3-8).<br />

O “Líder-Obreiro”<br />

A humildade semelhante à de Cristo é vista nos que<br />

estão dispostos a servirem, com fidelidade e diligência, em<br />

qualquer tarefa designada a eles. Eles fazem uma pequena<br />

tarefa com o mesmo es<strong>mero</strong> com que fariam uma tarefa<br />

maior.<br />

No Reino de Deus, Ele geralmente nos dá inicialmente<br />

pequenas responsabilidades para ajudar a fortalecer o nosso<br />

caráter e nos ensinar a fidelidade. À medida que somos<br />

diligentes e fiéis no pouco, aí então Deus libera mais para<br />

nós (Mt 25:21).<br />

Jesus disse: “A colheita verdadeiramente é grande,<br />

mas os obreiros são poucos; portanto, orai ao Senhor<br />

da colheita para que Ele envie obreiros para a Sua<br />

colheita” (Lc 10:2). O Senhor está procurando por aqueles<br />

que trabalhem em Sua colheita. Ele precisa de “líderes-obreiros”,<br />

pessoas que estejam dispostas a fazer mais<br />

do que o mínimo.<br />

O Senhor deseja aqueles que: esperam e oram quando<br />

os outros não estão dispostos (Êx 33:11; Mt 26:40,41); estudam<br />

diligentemente a Palavra de Deus como obreiros (2<br />

Tm 2:15); são tão diligentes no ensino de uma lição às<br />

crianças na Escola Dominical como seriam diligentes no<br />

ensino diante de uma grande multidão (Lc <strong>19</strong>:17); colocam<br />

toda a sua confiança em Deus, enquanto são ousadamente<br />

obedientes ao direcionamento do Espírito Santo (Rm 8:14;<br />

2 Tm 1:7).<br />

O líder-obreiro frutífero tira o lixo ou arruma as cadeiras<br />

com o mesmo louvor e adoração ao seu Senhor, como<br />

se milagres estivessem sendo realizados através das suas<br />

mãos. Isso é possível porque o líder-obreiro santo sabe<br />

que TUDO o que ele faz é para a glória de Deus, e, portanto,<br />

é digno dos seus maiores esforços (Cl 3:17,23).<br />

2) Uma Atitude Ensinável<br />

“O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o<br />

conhecimento do Santo é o entendimento” (Pv 9:10).<br />

“O temor do Senhor é o princípio do conhecimento,<br />

mas os tolos desprezam a sabedoria e a instrução” (Pv<br />

1:7).<br />

A marca da verdadeira maturidade espiritual é um reconhecimento<br />

crescente do quão pouco sabemos e do<br />

quanto ainda precisamos do Senhor. Os bons discípulos<br />

são os que estão dispostos a aprender e a continuar aprendendo<br />

em toda a sua vida. Eles reconhecem as insondáveis<br />

riquezas de Deus e dos Seus caminhos (Rm 11:33-<br />

35). Eles se devotam continuamente a conhecerem mais<br />

de Deus (Fp 3:7-14).<br />

A pessoa ensinável está disposta a ser ensinada e moldada<br />

pela mão de Deus, independentemente da sua idade<br />

ou experiência. Deus não exige que os líderes sejam brilhantes,<br />

mas eles realmente precisam estar dispostos a<br />

aprenderem e a obedecerem o que quer que Deus os instrua<br />

a fazer.<br />

Ao considerar líderes em potencial, observe como eles<br />

respondem a instruções e a correções feitas num espírito<br />

de amor. Será que eles reconhecem a necessidade deles<br />

de aprender? Será que são humildes o suficiente para admitirem<br />

os seus erros? Será que eles recebem instruções<br />

bíblicas e agem de acordo com elas?<br />

Como líderes que disciplinam outros, precisamos ter cuidado<br />

com o que estamos ensinando (Tg 3:1). Não podemos<br />

tirar proveito das pessoas a quem servimos (1 Pe<br />

5:2,3). O melhor professor lidera seus alunos através de<br />

um exemplo amoroso e paciente – esforçando-se para viver<br />

na prática, a cada dia, os princípios que ele está ensinando!<br />

3. Um Elevado Caráter Moral<br />

Paulo enfatizou a importância da pureza e da integridade<br />

moral ao escrever a sua Primeira Carta a Timóteo. “Que<br />

ninguém despreze a tua mocidade, mas sê um exemplo<br />

aos crentes na Palavra, na conduta, no amor, no espírito,<br />

na fé, na pureza” (1 Tm 4:12). Esse versículo nos<br />

diz que devemos nos esforçar e ensinar os jovens discípulos,<br />

com relação a um estilo de vida de pureza em nossas<br />

palavras, ações, relacionamentos, atitudes, em nosso caminhar<br />

com Cristo, e em nosso coração para com Deus e<br />

os outros.<br />

Portanto, o exemplo de pureza que damos como líderes<br />

dá muita glória a Deus e ajuda os outros a saberem como<br />

eles devem caminhar como seguidores de Cristo.<br />

Nesta mesma Carta, Paulo também cita as qualificações<br />

para os presbíteros e diáconos da Igreja. (Leia 1 Timóteo<br />

3:1-13.)<br />

É evidente que a liderança bíblica no Corpo de Cristo<br />

exige um elevado caráter moral.<br />

Nenhum de nós será perfeito ou imaculado quanto ao<br />

pecado nesta vida (Rm 3:23). Contudo, nós, especialmente<br />

em posições de liderança – somos chamados para buscarmos<br />

a retidão (Mt 5:20; 1 Tm 6:11; 2 Tm 2:22). Precisamos<br />

viver uma vida de pureza da melhor maneira possível.<br />

Devemos ser exemplos do caráter de Cristo para o<br />

rebanho.<br />

Como líderes, se falharmos ou tropeçarmos, preci-<br />

VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 29


samos ser rápidos para nos arrepender e confessar<br />

nossas falhas a um outro líder de confiança. Precisamos<br />

ser humildes o suficiente para admitir nossas fraquezas,<br />

pedir oração, receber o perdão e sermos restaurados.<br />

Os líderes precisam se esforçar pela integridade, até<br />

mesmo nas coisas mínimas que talvez nenhuma outra pessoa<br />

veja. Deus nos vê o tempo todo. Deus está esperando<br />

para liberar para nós mais do Seu propósito à medida que<br />

somos fiéis e retos com o que Ele já colocou em nossas<br />

mãos para fazermos.<br />

Os filhos de Eli, o Sumo-Sacerdote, fizeram muitos<br />

males e usaram a sua posição de liderança para ganhos<br />

egoísticos. Deus trouxe um juízo sobre eles e sobre toda a<br />

casa de Eli (leia 1 Samuel 2-4). Ananias e Safira agiram<br />

de uma forma hipócrita e mentiram a Deus, e o juízo do<br />

Senhor caiu sobre eles (At 5:1-11).<br />

Através desses exemplos de liderança fracassada,<br />

aprendemos que Satanás busca tentar os líderes a esmorecerem<br />

em seus padrões morais e em sua integridade.<br />

Não podemos ceder nenhum lugar ao Diabo (Ef 4:27). Nós<br />

também devemos:<br />

· ter uma vida aberta e responsável diante dos outros<br />

(Ef 5:21);<br />

· renovar nossa mente na Palavra de Deus diariamente;<br />

· dar as boas-vindas continuamente à convicção de<br />

pecado trazida pelo Espírito Santo e ao Seu poder<br />

em nossa vida (Rm 12:1,2; 2 Co 10:4,5; Ef 5:17-20);<br />

· temer a Deus, a Quem um dia prestaremos contas<br />

(Hb 4:13); e<br />

· ensinar aos jovens líderes a importância da pureza e<br />

da integridade diante de Deus, vivendo como um<br />

exemplo de retidão para eles.<br />

c. “Homens de Verdade” (Êx 18:21)<br />

A palavra “verdade” neste versículo significa: “verdadeiro,<br />

fiel, digno de confiança”. Isso se refere a homens<br />

que são honestos e verdadeiros, que falam a verdade, e<br />

que julgam as questões de acordo com ela.<br />

Para sabermos o que é verdadeiro, precisamos de uma<br />

fonte para a verdade. Jesus disse: “Eu sou o Caminho, a<br />

Verdade, e a Vida...” (Jo 14:6.) Quando conhecemos A<br />

Verdade – Jesus Cristo – conhecemos melhor a verdade.<br />

Quanto mais conhecermos a Jesus – que é A Verdade –<br />

tanto melhor compreenderemos o que é correto e verdadeiro.<br />

Também já recebemos a Palavra de Deus, a Bíblia,<br />

para nos ensinar o que é verdadeiro e correto (Jo 8:31,32).<br />

Assim sendo, o mais importante treinamento ministerial<br />

que podemos dar a líderes em potencial é ensinar-lhes<br />

o que está na Bíblia.<br />

Há muitos, muitos livros em nosso mundo, mas somente<br />

UM contém as palavras eternas de Deus que são vivas<br />

e poderosas – a Bíblia! As Sagradas Escrituras precisam<br />

ser a nossa primeira fonte para o discipulado de pessoas e<br />

para o treinamento de novos líderes que sejam pessoas de<br />

verdade. Quaisquer outros recursos que usarmos para o<br />

treinamento ministerial também precisam ser baseados nas<br />

verdades das Escrituras.<br />

1) Um Livro Vivo!<br />

A Bíblia não é um livro de “informações religiosas”.<br />

Ela é a Palavra viva de Deus (Jo 6:63; Hb 4:12). Ela é<br />

capaz de trazer convicção de pecado, discernir os nossos<br />

pensamentos e expor as intenções do nosso coração.<br />

Ela nos ensina quem Deus é, e qual é o nosso lugar<br />

em Seus eternos propósitos. Paulo nos ensinou que “o<br />

conhecimento incha [nos deixa arrogantes] mas o amor<br />

edifica” (1 Co 8:1). Sim, precisamos conhecer as Escrituras,<br />

mas precisamos fazer mais do que meramente<br />

conhecer em nossa mente o que a Bíblia diz. Precisamos<br />

também permitir que a Palavra de Deus penetre<br />

em nosso coração e mude quem nós somos e como vivemos.<br />

Jesus teve os piores problemas com os que tinham o<br />

maior conhecimento das Escrituras – os fariseus e<br />

saduceus. Qual era o problema?<br />

Jesus disse o seguinte sobre eles: “Examinai as Escrituras,<br />

porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são<br />

elas que de Mim testificam. E não quereis vir a Mim<br />

para terdes vida” (Jo 5:39,40). Não era suficiente somente<br />

conhecer as Escrituras. As Escrituras têm como<br />

propósito revelar a Deus-Pai e ao Deus-Filho. Os fariseus<br />

sabiam sobre Deus, mas não conheciam a Deus! E eles<br />

se recusaram a aceitar ao Deus-Filho e a conhecê-Lo.<br />

Se os fariseus tivessem permitido que a Palavra de Deus<br />

os conduzisse a Deus – a um relacionamento íntimo e pessoal<br />

com Ele – aí então eles certamente teriam aceitado a<br />

Jesus, o Amado Filho de Deus (Jo 8:<strong>19</strong>).<br />

2) Questões do Coração<br />

O problema com os fariseus não era o conhecimento<br />

das Escrituras. A falha deles foi em permitir que tal conhecimento<br />

fosse apenas “conhecimento mental”, que aquele<br />

conhecimento não os tocasse profundamente no coração.<br />

O conhecimento que tinham das Escrituras tocava apenas<br />

o seu “homem exterior”, mas não transformava o seu “homem<br />

interior” (Mt 23:27,28; Rm 12:1,2). Eles não buscavam<br />

conhecer a Deus e receber uma revelação do coração<br />

d’Ele. (Veja também 2 Timóteo 3:1-9.)<br />

Jesus não é contra a instrução ou o conhecimento. Lucas<br />

era um médico altamente instruído, como também o eram<br />

alguns dos outros discípulos. O Apóstolo Paulo era um<br />

homem extremamente instruído. Contudo, Jesus também<br />

escolheu alguns discípulos que eram homens de pouca instrução.<br />

O que todos eles tinham em comum, no entanto, era a<br />

entrega. Eles entregaram incondicionalmente os seus talentos,<br />

capacidades, dons, formação, instrução – TUDO o<br />

que eram – ao Rei dos reis. Assim sendo, Ele os capacitou<br />

com o Seu Espírito e os usou para a glória de Deus. Você<br />

pode ler sobre a declaração pessoal de Paulo com relação<br />

a essa atitude de coração em Filipenses 3:3-16.<br />

Esses homens não retiveram nada, mas entregaram<br />

tudo a Jesus para o Seu uso. O que podemos aprender<br />

30/ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005


com eles é que Deus quer que o nosso coração esteja<br />

totalmente rendido a Ele.<br />

“Pois os olhos do Senhor passam por toda a terra,<br />

para mostrar-Se forte para com aqueles cujo coração<br />

é leal a Ele” (2 Cr 16:9).<br />

Uma vez que Deus tenha nosso coração, Ele pode<br />

moldar-nos, usar-nos e mostrar-Se forte através de nós.<br />

Quando dependemos do Senhor Deus Todo-Poderoso e<br />

confiamos n’Ele, os recursos, o tremendo poder celestial e<br />

o nosso Senhor ressurreto farão o impossível (Mt <strong>19</strong>:26).<br />

Ele nos dará muitos frutos que permanecem (Jo 15:16).<br />

O Profeta Daniel revelou: “Mas o povo que conhece<br />

o seu Deus será forte e fará grandes proezas” (Dn<br />

11:32b). Quando conhecemos a Deus, Ele acrescenta algo<br />

a nossa vida que não podemos obter de nenhuma outra<br />

fonte: “Então eles, vendo a ousadia de Pedro e João,<br />

perceberam que eram homens sem letras e indoutos, se<br />

maravilharam; e perceberam que eles haviam estado<br />

com Jesus” (At 4:13).<br />

Não era importante quanta instrução ou conhecimento<br />

os Apóstolos tinham ou não tinham. O que fez a diferença<br />

foi o fato de que eles haviam estado com Jesus, conheciam<br />

a Deus, foram capacitados pelo Espírito Santo, e estavam<br />

totalmente entregues ao Senhorio de Cristo – e eles viraram<br />

o mundo de cabeça para baixo (At 17:1-6).<br />

Assim sendo, quando estamos ensinando e discipulando<br />

os “Timóteos” que Deus nos dá, precisamos ter o cuidado<br />

de não somente darmos a eles fatos sobre Deus e a Sua<br />

Palavra. Precisamos instilar a Palavra de Deus de maneira<br />

que os dirija, os incite e os estimule a uma mais profunda<br />

fome e relacionamento com o Deus que os formou e<br />

que deseja conhecê-los.<br />

d. “Que Aborreçam a Cobiça” (Êx 18:21)<br />

Dentre as qualificações para a liderança que Jetro deu<br />

a Moisés, “aborrecer a cobiça” é algo vital que os líderes<br />

de igreja e pastores compreendam. A cobiça pode destruir<br />

ministérios, famílias, até mesmo igrejas. Ela pode fazer com<br />

que pessoas santas, numa outra situação, se tornem desequilibradas,<br />

ou até mesmo enganadas, desviando muitos<br />

outros com elas.<br />

A cobiça é uma “arena” ampla com relação ao fracasso<br />

humano, e é algo que é amplamente abordado nas Escrituras.<br />

Deus odeia a cobiça e Ele pronunciou severos<br />

juízos sobre ela e sobre os que são consumidos por ela (1<br />

Tm 6:3-10; 2 Pe 2).<br />

Deus não Se opõe às riquezas nem às posses materiais.<br />

Ele, porém, Se opõe veementemente ao desejo de ganho<br />

tornando-se a nossa prioridade. Deus nos deu muitas bênçãos<br />

nesta vida para que delas desfrutássemos (1 Tm 6:17).<br />

Contudo, Deus Se entristece quando a Sua provisão e bênçãos<br />

se tornam mais importantes para nós do que Ele ou a<br />

Sua obra.<br />

1) Definição de Cobiça<br />

O pecado da cobiça envolve muito mais do que um<br />

<strong>mero</strong> desejo ímpio de riquezas materiais. Podemos cobiçar<br />

qualquer meta, objeto ou posição.<br />

Nas Escrituras, a raiz da palavra “cobiçar” é “desejar<br />

ou ter prazer em”. “Desejo” não é errado em si próprio.<br />

Tampouco é errado sentimos prazer pelas coisas boas que<br />

Deus supre.<br />

No entanto, o pecado da cobiça vai muito além dos<br />

desejos simples. No Novo Testamento, as palavras referentes<br />

a “cobiçar” e “cobiça” revelam a constante<br />

progressão de uma atitude cobiçosa:<br />

· pleon – “desejar mais, quer seja em quantidade, qualidade,<br />

ou nú<strong>mero</strong>”;<br />

· pleonekto – “tentar agarrar mais, fracassar por tentar<br />

alcançar em demasia”;<br />

· pleonexia – “avareza ou ganância”;<br />

· pleonektes – “um desejo tão ganancioso por ganhos<br />

que chega a usar enganos, extorsões, manipulações<br />

ou roubos, a fim de se ganhar o objeto do seu<br />

desejo ardente”.<br />

O Décimo Mandamento de Êxodo 20:17 revela claramente<br />

que desejar a coisa errada é pecado. Quando agimos<br />

com base em nossos desejos cobiçosos, não estamos<br />

mais submissos a Deus nem ao Senhorio de Jesus Cristo<br />

em nossa vida. Ao contrário, somos dirigidos – e até mesmo<br />

controlados – pelos nossos desejos ímpios. Mais tarde,<br />

os nossos desejos cobiçosos começarão a dominar o nosso<br />

comportamento e a nos seduzir ao pecado.<br />

“Mas cada um é tentado quando é atraído pelos seus<br />

próprios desejos e seduzido. Aí então, quando o desejo<br />

é concebido dá à luz o pecado; e o pecado, havendo se<br />

desenvolvido totalmente, gera a morte.” (Tg 1:14,15.)<br />

A Bíblia descreve o que pode ocorrer quando buscamos<br />

a cobiça – “contendas, ciúmes, acessos de raiva,<br />

ambições egoísticas, dissensões, invejas” (Gl 5:<strong>19</strong>-21).<br />

Vemos também as mesmas características da cobiça sendo<br />

descritas quando a sabedoria humana e terrena é contrastada<br />

com a sabedoria de Deus (Tg 3:13-18). Somos<br />

até mesmo admoestados pelo Espírito de Deus que um<br />

coração voltado a alvos egoísticos no fim se tornará um<br />

inimigo de Deus (Tg 4:1-4). Líder de Igreja: Cuidado! A<br />

escravidão da cobiça pode surpreender e vencer a qualquer<br />

um. Ela sempre começa gradativamente, com simples<br />

desejos pelo que os outros possuem (Êx 20:17). No<br />

entanto, esses desejos podem tornar-se rapidamente uma<br />

sedução ao pecado, o que mais tarde causa a morte.<br />

2) Cuidado com a Idolatria<br />

Os líderes de igreja podem facilmente ser vitimados<br />

por um tipo específico de comportamento cobiçoso. Isto<br />

geralmente se manifesta em arrogância, ou no desejo de<br />

se obter uma posição ou o louvor dos homens. Jesus repreendeu<br />

veementemente esta atitude nos fariseus (Mt 6:1-<br />

6, 16,17; 23:5-12; Jo 5:44;12:42,43). Quando cobiçamos ou<br />

desejamos ardentemente uma posição, um título, um ministério<br />

maior, ou uma atenção indevida de pessoas ou de<br />

outros líderes, essas coisas são desejos pecaminosos. Nós<br />

as transformamos num alvo que é colocado diante dos<br />

nossos olhos, em vez de olharmos para o Senhor e para os<br />

Seus desejos para nós. Começamos a servir os nossos próprios<br />

desejos, no lugar dos propósitos de Deus.<br />

VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 31


Qualquer coisa que erguemos e servimos como<br />

sendo mais importante do que Deus ou do que aquilo<br />

que Ele deseja para nós é uma forma de idolatria.<br />

Deus nos ordenou que não colocássemos NENHUMA<br />

imagem falsa ou ídolo diante d’Ele (Êx 20:3,4). Caso contrário,<br />

é um esmorecimento nos absolutos de Deus e é um<br />

pecado. Enquanto os nossos olhos estão cheios das nossas<br />

próprias metas e “ídolos”, como pode ser possível olharmos<br />

para Deus e ver o que Ele deseja para nós? Como<br />

podemos servir a Deus plenamente, quando estamos na<br />

verdade servindo os nossos próprios desejos ou cobiças?<br />

Será que verdadeiramente podemos agradar a Deus quando<br />

estamos mais preocupados em agradar ou impressionar<br />

outras pessoas? Precisamos estar cientes de que a<br />

cobiça é uma forma de idolatria inspirada por demônios<br />

(Cl 3:5). Nós podemos<br />

– e devemos – prote-<br />

ger o nosso coração de<br />

desejos errados que levam<br />

à cobiça. Os nossos<br />

desejos precisam<br />

começar e sempre permanecer<br />

aos pés de<br />

Jesus. Devemos ter um<br />

coração singelo, que se<br />

satisfaz com a adoração<br />

e a obediência ao<br />

nosso Senhor e Mestre,<br />

Jesus.<br />

Numa atitude de<br />

oração, precisamos<br />

perguntar em todas as<br />

situações: “Senhor,<br />

Tu me deste este<br />

desejo do meu coração?<br />

Se Tu me concedeste<br />

este desejo, será<br />

que ele aumentará o<br />

meu amor por Ti e me<br />

ajudará a servi-Lo?<br />

Ou será que ele me levará<br />

a outros desejos<br />

e buscas que enfraqueceriam<br />

os Teus propósitos<br />

para mim?”<br />

“Entrega o teu<br />

caminho ao<br />

SENHOR...”<br />

Em Salmos 37:4,5 recebemos uma revelação maior:<br />

“Deleita-te também no Senhor, e Ele te dará os desejos<br />

do teu coração. Entrega o teu caminho ao Senhor,<br />

confia n’Ele, e Ele realizará isto.”<br />

“Deleitar no Senhor” significa encontrar a nossa verdadeira<br />

alegria e satisfação em nosso relacionamento com<br />

Ele – em Suas Palavras, ações e presença. Se Ele for o<br />

nosso deleite, aí então os desejos que se formam em nosso<br />

coração mais verdadeiramente se alinharão com os desejos<br />

d’Ele para nós.<br />

“Entregar os nossos caminhos a Deus” significa entregarmos<br />

totalmente todas as coisas a Deus e à Sua vontade<br />

para nós; significa confiar que Ele cumprirá os Seus dese-<br />

jos para nós. Quando fazemos isso, Ele realiza a Sua vontade<br />

para nós.<br />

Deus pode verdadeiramente conceder “os desejos do<br />

coração” ao servo rendido e devotado. Se nosso coração<br />

estiver voltado para Deus e o nosso deleite for fazermos a<br />

Sua vontade, nosso coração desejará mais plenamente o<br />

que Ele quer para nós.<br />

Jesus também nos ensina esse princípio ao dizer: “Se<br />

permanecerdes em Mim, e as Minhas palavras permanecerem<br />

em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será<br />

feito” (Jo 15:7). À medida que permanecermos na presença<br />

do Senhor e meditarmos diariamente em Sua Palavra,<br />

os desejos d’Ele começarão a encher nosso coração.<br />

Aí então poderemos orar e pedir que o Senhor cumpra<br />

esses desejos, e Ele o fará – porque o nosso coração está<br />

de acordo com o que<br />

Ele deseja para nós.<br />

Deus quer a nossa<br />

total e completa lealdade<br />

a Ele (2 Cr 16:9),<br />

para mostrar-Se forte<br />

através dos Seus servos<br />

devotos. O nosso<br />

coração é perverso e<br />

pode tentar nos enganar<br />

(Jr 17:9). Contudo,<br />

podemos, semelhantemente<br />

a Davi, convidar<br />

o Senhor a sondar<br />

o nosso coração e nos<br />

convencer de motivações<br />

e desejos ímpios<br />

(Sl 139:23,24). Aí então<br />

podemos entregar<br />

os desejos errados a<br />

Deus, com uma atitude<br />

de arrependimento.<br />

3) A Cobiça<br />

Destrói!<br />

A Bíblia nos dá<br />

muitas admoestações<br />

com relação ao pecado<br />

da cobiça. Ela é<br />

uma força traiçoeira e destrutiva para homens e mulheres<br />

de Deus. Tome um tempo para ler e estudar as seguintes<br />

passagens bíblicas. Ore com base nelas e peça<br />

que o Espírito Santo traga uma convicção de pecado e<br />

resplandeça a luz da verdade de Deus em quaisquer áreas<br />

obscuras de cobiça que talvez estejam escondidas em<br />

seu coração: Êxodo 20:3-6,17; Nú<strong>mero</strong>s 22-24; 31:8,18;<br />

Deuteronômio 8:1-20; 23:4,5; Jeremias 6:13; 8:10;<br />

Miquéias 3:5-12; Mateus 6:<strong>19</strong>-34; Marcos 4:<strong>19</strong>; Lucas<br />

12:15-21; João 10:10; <strong>Atos</strong> 5:1-5; 1 Coríntios 6:9,10;<br />

Efésios 5:5; Colossenses 3:5; 1 Timóteo 3:3,8; 6:3,5,9,10;<br />

Tito 1:11; Tiago 5:1-6; 1 Pedro 5:2; 2 Pedro 2; 1 João<br />

2:15-17; Judas 11; e Apocalipse 2:14; 22:14,15.<br />

A Bíblia revela o engano das posses ou das riquezas. O<br />

32/ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005


desejo de termos “mais” pode encher nosso coração e<br />

abafar a chama do nosso amor e zelo por Deus.<br />

Deus conhece nossas necessidades e promete ser o<br />

nosso Supridor. No entanto, o Seu juízo cairá sobre os que<br />

usam Seu nome ou a pregação do Evangelho para os próprios<br />

ganhos egoísticos.<br />

4) A Cura Para a Cobiça<br />

Podemos aprender com o Apóstolo Paulo como guardar<br />

nosso coração contra o mal destrutivo da cobiça: “Não<br />

digo isto como por necessidade, porque já aprendi a<br />

contentar-me em qualquer situação em que eu me encontre.<br />

Sei estar abatido, e sei também ter em abundância.<br />

Em todas as maneiras e em todas as coisas,<br />

aprendi tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter<br />

abundância, como também padecer necessidades. Posso<br />

todas as coisas através de Cristo que me fortalece”<br />

(Fp 4:11-13).<br />

Paulo combatia a armadilha pecaminosa da cobiça com<br />

o contentamento (Fp 4:11-13). A palavra grega equivalente<br />

a “contentamento” significa “suficiente em todas as situações”.<br />

Paulo sabia que ele não era suficiente em si mesmo<br />

para suprir suas necessidades e ministério. Ele compreendia<br />

que a sua verdadeira suficiência vinha somente de Deus.<br />

“Não que sejamos suficientes, ou capazes por nós mesmos,<br />

de pensar alguma coisa, como de nós mesmos, mas<br />

a nossa suficiência vem de Deus.” (2 Co 3:5.)<br />

Na extrema fraqueza de Paulo, através do seu “espinho<br />

na carne”, Jesus lhe ensinou o seguinte: “A Minha<br />

graça é suficiente para ti, pois a Minha força se aperfeiçoa<br />

na fraqueza” (2 Co 12:9).<br />

Paulo nos revela uma verdade que pode nos liberar para<br />

vivermos todos os dias, independentemente das circunstâncias,<br />

com alegria, paz, fé e esperança. Paulo não focalizava<br />

as suas necessidades, a sua carência ou a sua fraqueza.<br />

Ele não confiava que as riquezas ou as provisões<br />

deste mundo suprissem as suas necessidades. Ele não se<br />

esforçava para obter posições nem atenções. Ele não fixava<br />

o seu coração em coisas passageiras e temporárias.<br />

Ele não buscava egoisticamente as suas próprias concupiscências<br />

ou desejos. Ao contrário, Paulo colocava a sua<br />

confiança e fé em Cristo, Que era suficiente para tudo<br />

o que ele necessitava!<br />

Paulo colocava as posses e metas deste mundo numa<br />

perspectiva apropriada e em contraposição ao chamado<br />

da eternidade. Ele ensinou o seguinte a Timóteo: “Mas é<br />

grande ganho a piedade com contentamento. Porque<br />

nada trouxemos para este mundo, e é certo que nada<br />

podemos levar dele. Tendo, porém, comida e roupas,<br />

estejamos contentes com estas coisas” (1 Tm 6:6-8).<br />

A vida, a mente e o coração de Paulo eram consumidos<br />

com um ardente desejo e uma paixão de conhecer<br />

plenamente a Cristo Jesus, o seu Senhor (Fp 3:10-14), e de<br />

fazer Cristo conhecido de todos (Cl 1:25-29). Paulo confiava<br />

em Cristo e na Sua suficiência para o suprimento de<br />

todas as necessidades e desafios da vida. Por causa disso,<br />

Paulo pôde ousadamente declarar que ele podia “fazer<br />

todas as coisas através de Cristo”.<br />

Paulo sabia, por revelação, que até mesmo quando<br />

ele estava destituído das posses deste mundo, ainda assim<br />

ele era rico além dos mais fantásticos sonhos de qualquer<br />

um. “Porque conheceis a graça de nosso Senhor<br />

Jesus Cristo, o Qual, muito embora fosse rico [na glória<br />

do Céu], no entanto, por amor de vós, tornou-Se<br />

pobre, para que pela Sua pobreza enriquecêsseis.”<br />

(2 Co 8:9.)<br />

Os que conhecem a Jesus Cristo como seu Senhor e<br />

Salvador e O segue fielmente são ricos ilimitadamente!<br />

Eles são ricos em amor, graça, perdão, liberdade, paz, glória<br />

e força. Essa é a verdadeira prosperidade, a qual é<br />

eterna e não pode ser tirada de nós. Nenhuma riqueza ou<br />

título pode nos dar isso. É somente através de Cristo que<br />

temos o suficiente para todos os momentos da vida.<br />

A superabundância de vida que Cristo nos dá e que é<br />

derramada em nós é a fonte do nosso contentamento.<br />

Precisamos nos ater bem frouxamente às posses ou posições<br />

terrenas, pois elas não podem suprir o que verdadeiramente<br />

necessitamos. Esta lição vital de contentamento<br />

santo e de evitarmos a cobiça é uma lição fundamental,<br />

que precisa ser ensinada a todos os líderes em<br />

formação.<br />

D. Dê a Cada Líder Tarefas Específicas (Êx 18:21)<br />

Vamos examinar agora a próxima instrução dada a<br />

Moisés por Deus, através de Jetro, em Êxodo 18:21: “e os<br />

coloque sobre eles [o povo] por líderes de mil, líderes<br />

de cem, líderes de cinqüenta, e líderes de dez”.<br />

Não é suficiente o simples fato de se escolher líderes,<br />

de dar-lhes títulos, ou até mesmo de treiná-los. O próximo<br />

passo vital no treinamento de líderes de igreja é liberálos,<br />

para eles próprios fazerem a obra do ministério. Todos<br />

os líderes (e os líderes em potencial) precisam começar<br />

a “exercitar” as suas habilidades. Eles precisam<br />

receber tarefas e trabalhos específicos a serem<br />

cumpridos.<br />

Aprender teorias sobre um assunto é útil, mas os verdadeiros<br />

alunos nunca crescerão em suas habilidades até<br />

que comecem a fazer de fato as coisas para as quais eles<br />

foram treinados!<br />

1. Ore Para Discernimento de Dons,<br />

Habilidades e Potencial<br />

Algumas pessoas talvez queiram ser líderes, mas elas<br />

talvez não tenham os dons, o chamado, ou a capacidade<br />

de liderar outras pessoas. Seria melhor para essas pessoas<br />

servirem numa função de assistência, outros supervisionando-as<br />

e dirigindo-as em seu serviço.<br />

Há muitos diferentes tipos de líderes. A Bíblia revela<br />

que há uma grande variedade de dons, habilidades, chamados<br />

e ministérios para os líderes (Rm 12:3-8; 1 Co 12:12-<br />

31; Ef 4:11). Nenhum dom ou chamado é mais importante<br />

do que qualquer outro dom ou chamado. A Bíblia iguala a<br />

Igreja – todos os crentes em Jesus Cristo – a um “Corpo”<br />

(1 Co 12:12-31). Cada parte individual do corpo é importante<br />

para a saúde e função de todo o corpo. Se uma parte<br />

do corpo estiver fraca ou ferida, todo o corpo sofre. Se<br />

VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 33


uma outra parte do corpo não cumprir a sua função, todo o<br />

restante é prejudicado.<br />

Precisamos uns dos outros. Precisamos que os dons e<br />

chamados de todos os crentes sejam ativados, para que o<br />

Corpo funcione apropriadamente.<br />

É por isso que é tão importante que os líderes de igreja<br />

ajudem as pessoas a identificarem seus dons e chamado<br />

e a treiná-las para fazerem sua parte no Corpo de Cristo.<br />

Na qualidade de líder de igreja, ore para que Deus o ajude<br />

a discernir as capacidades e dons das pessoas que você<br />

serve.<br />

Também ore e peça que Deus reúna e levante uma<br />

variedade de dons, chamados e ministérios dentro da sua<br />

igreja. Comece a orar com (e pelos) crentes que Deus lhe<br />

der para discipular e treinar. Ore para que os seus dons<br />

lhes sejam revelados pelo Espírito Santo. Aí então treineos<br />

e estimule-os a usarem os seus dons. Abra espaço para<br />

eles fazerem a sua parte no funcionamento apropriado do<br />

Corpo.<br />

Ajude-os a amadurecer nos dons e a crescer no caráter<br />

cristão. Estimule-os no estudo da Bíblia e na participação<br />

da igreja. Quando eles se tornarem crentes fortes e<br />

estáveis, reúna os presbíteros e imponha as mãos sobre<br />

eles e confirme os seus dons e chamados, da maneira como<br />

o Espírito Santo dirigir (1 Tm 4:14).<br />

2. Envolva Novos Líderes em Tarefas Ministeriais<br />

O ensino e o treinamento são importantes para o aluno.<br />

No entanto, não há melhor “professor” do que a experiência!<br />

Você precisa dar a seus novos líderes tarefas ministeriais.<br />

Por exemplo, se você estiver treinando os líderes sobre<br />

como evangelizar, certifique-se em enviá-los logo para<br />

compartilharem e pregarem o Evangelho aos não-salvos.<br />

Ou talvez você esteja ensinando a seus discípulos como<br />

estudar e se preparar para um sermão. Logo em seguida,<br />

permita que eles ensinem numa sala de aula, ou a um outro<br />

grupo de pessoas, a fim de praticarem o que estão aprendendo.<br />

Você pode até mesmo desejar que eles preguem<br />

um sermão para a igreja.<br />

Após as experiências ministeriais, permita que seus<br />

discípulos lhe façam perguntas e falem sobre os êxitos e<br />

falhas deles. Instrua-os e estimule-os, e envie-os novamente.<br />

Esse foi um método de ensino que Jesus usou<br />

com Seus discípulos por mais de três anos. Jesus ensinava<br />

os discípulos através das Escrituras, demonstrava o<br />

que deveriam fazer, e, aí então, os enviava para fazerem<br />

as mesmas coisas que Ele fazia. Depois Ele conversava<br />

com eles e lhes dava mais instruções. (Veja Marcos 9:14-<br />

29; Lucas 9:1-62; 10:1-24.)<br />

Esse processo de aprender e depois fazer reforça as<br />

lições no coração e na mente dos seus alunos. Isso também<br />

os ajuda a perceberem o quanto eles ainda precisam<br />

aprender!<br />

Na verdade, fazer a obra do ministério levará os discípulos<br />

à sua profunda necessidade de receber o poder<br />

do Espírito Santo. Eles logo perceberão o quanto precisam<br />

ser ungidos, capacitados e dirigidos pelo Espírito de<br />

Deus. Isso também estimulará a completa dependência<br />

deles em Deus para tudo o que Ele os está chamando<br />

para fazerem.<br />

3. Mantenha o Treinamento Equilibrado<br />

É importante equilibrar sempre o conhecimento das Escrituras<br />

com aplicações práticas. Não há nenhuma dúvida<br />

de que um conhecimento minucioso da Bíblia é vital para<br />

todos os crentes. Isso é especialmente aplicável aos que<br />

querem ser líderes de igreja. A Bíblia é importante para a<br />

vida diária deles, e ela é uma pedra fundamental para um<br />

ministério eficaz. Portanto, devemos ensinar aos líderes<br />

em potencial, usando principalmente a Bíblia.<br />

No entanto, o conhecimento das Escrituras e da doutrina<br />

deve ser equilibrado com treinamento e experiência na<br />

prática. O objetivo é treinarmos tanto a cabeça quanto as<br />

mãos! Estimule-os também a permitirem que o Espírito<br />

Santo lide diariamente com o que está no coração deles<br />

(questões de caráter).<br />

Este equilíbrio de se treinar a “cabeça, as mãos e o<br />

coração” ajuda o líder em potencial a ser frutífero e produtivo,<br />

por amor a Jesus.<br />

4. Quanto Treinamento é Suficiente?<br />

O programa de treinamento não precisa ser excessivamente<br />

longo. Jesus ensinou, treinou e deu exemplo da verdade<br />

por mais de três anos a Seus discípulos. Muitos deles,<br />

porém, não compreendiam de fato o que Jesus estava<br />

lhes ensinando até que fossem cheios com o Espírito Santo<br />

(Jo 16:12-15).<br />

Felizmente, já temos o Espírito Santo para nos liderar,<br />

guiar e ensinar, à medida que amadurecemos em Cristo. E<br />

o treinamento ministerial não se completa em apenas um<br />

período de tempo. Os discípulos de Jesus Cristo e os ministros<br />

devem estar aprendendo, crescendo e sendo transformados<br />

durante toda a sua vida. João nos exorta neste<br />

processo de crescimento espiritual que dura toda a nossa<br />

vida (1 Jo 2:12-14).<br />

Contudo, também é sábio termos um período específico<br />

de treinamento para todos os ministros em potencial.<br />

Bom senso deve ser usado na determinação da<br />

extensão do treinamento. Alguns crentes talvez já tenham<br />

uma formação cristã ou um conhecimento bíblico ao qual<br />

possam recorrer. Pode ser que eles se desenvolvam mais<br />

rapidamente e estejam prontos para responsabilidades de<br />

liderança antes que outros. Outras pessoas, no entanto,<br />

talvez precisem de muito mais tempo para amadurecerem<br />

em seu caráter e para crescerem no conhecimento e experiência<br />

com as coisas de Deus.<br />

Independentemente da extensão do treinamento, ele<br />

deve ser basicamente alicerçado na Bíblia. Todos os programas<br />

de treinamento também devem enfatizar o seguinte:<br />

· Dedicação e compromisso com Cristo (Gl 2:20);<br />

· Pureza de caráter, vida e relacionamentos (1 Co 9:24-<br />

27);<br />

· Fidelidade no estudo da Palavra e na oração (2 Tm<br />

2:15; Ef 6:18);<br />

34/ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005


· Uma forte dependência no poder do Espírito Santo<br />

(1 Co 4:20; Cl 1:28,29);<br />

· Treinamento prático e “experimental” [fazendo imediatamente<br />

o que é ensinado] (Lc 10:1-17).<br />

Enquanto treinamos novos líderes de igreja, podemos<br />

ficar confiantes na promessa de Cristo: “Na verdade, na<br />

verdade vos digo que aquele que crê em Mim também<br />

fará as obras que Eu faço, e as fará maiores do que<br />

estas, porque Eu vou para o Meu Pai” (Jo 14:12). A<br />

Sua Palavra é verdadeira! Nós podemos, pela Sua graça,<br />

ser abundantemente frutíferos no ministério – e os nossos<br />

frutos permanecerão (João 15:16).<br />

E. Deixe que os Líderes Liderem! (Êx 18:22)<br />

A instrução de Jetro a Moisés continua: “E permita<br />

que eles julguem o povo em todo o tempo. E será que<br />

todo negócio grave eles trarão a ti, mas toda questão<br />

pequena eles próprios julgarão. Assim será mais fácil<br />

para ti, pois eles carregarão o fardo contigo” (Êx<br />

18:22).<br />

Os líderes de igreja fiéis precisam seguir o padrão bíblico<br />

de treinamento de outros para a liderança. “E o que de<br />

mim, entre muitas testemunhas,<br />

ouvistes, confia-o a<br />

homens fiéis, que sejam<br />

capazes de ensinar a outros<br />

também” (2 Tm 2:2).<br />

Devemos ensinar aos liderados<br />

com base na Bíblia, como<br />

liderar pelo exemplo de vida,<br />

e dar-lhes oportunidades para<br />

um treinamento na prática.<br />

O passo final, no entanto,<br />

é o mais importante do processo:<br />

deixe que eles liderem!<br />

Devemos identificar os<br />

líderes em potencial, equipá-<br />

los para o ministério, e, aí<br />

então, liberá-los para que<br />

eles façam a obra do ministério.<br />

Se não liberarmos e não<br />

confiarmos que os outros assumam<br />

responsabilidades<br />

ministeriais, impediremos o<br />

crescimento deles e roubaremos do Corpo de Cristo a contribuição<br />

dessas pessoas.<br />

1. Transfira o Fardo<br />

Ao liberarmos outras pessoas para a liderança, estamos<br />

transferindo o fardo do ministério. Aprendemos com a<br />

experiência de Moisés que há duas áreas distintas de fardos<br />

a ser compartilhados com outros líderes:<br />

a. O compartilhamento do fardo das tarefas<br />

ministeriais (Êx 18:22)<br />

Há muitos detalhes e tarefas práticas que precisam de<br />

atenção para que uma igreja ou ministério funcione apropriadamente.<br />

O pastor ou o principal líder de igreja nem<br />

Os pastores precisam da ajuda de<br />

líderes maduros para<br />

compartilharem o fardo da oração,<br />

a visão e o ministério à igreja.<br />

sempre consegue dar conta de todos os detalhes sozinho.<br />

Entre outras coisas, pode-se incluir o seguinte: a coordenação<br />

da equipe de louvor e adoração; a contagem e o<br />

registro das ofertas; o cuidado com os pobres e enfermos;<br />

o ensino das crianças; a colocação das cadeiras ou de equipamentos;<br />

a limpeza da igreja; o preparo de boletins ou de<br />

folhas avulsas; e muitos e muitos outros detalhes práticos.<br />

Procure por aqueles que estão dispostos a assumirem<br />

esses tipos de responsabilidades. Dê-lhes o treinamento<br />

necessário para fazerem o trabalho, e, aí então, libere-os<br />

para fazê-lo.<br />

b. O compartilhamento do fardo das responsabilidades<br />

espirituais (Nm 11:14-17)<br />

O fardo espiritual para se liderar o povo também era<br />

demasiado para Moisés carregar sozinho. Portanto, Deus<br />

fez com que Moisés selecionasse 70 homens maduros espiritualmente<br />

dentre o grupo de liderança total, para que<br />

eles fossem anciãos. O ministério deles era ajudar a carregar<br />

o fardo espiritual da liderança dos israelitas (Nm<br />

11:17).<br />

Os pastores precisam da ajuda de líderes maduros para<br />

compartilharem o fardo da<br />

oração, a visão, e o ministério<br />

à igreja. As suas responsabilidades<br />

podem incluir:<br />

oração e visão; o ensino de<br />

aulas; pregações; a direção<br />

do louvor; a liderança de<br />

equipes de evangelização; a<br />

oração pelos enfermos;<br />

aconselhamento; o discipulado<br />

de novos crentes; e<br />

muitas outras responsabilidades<br />

espirituais.<br />

O pastor sábio também<br />

forma uma equipe de inter-<br />

cessão, dirigida por ele ou<br />

por uma outra pessoa. O<br />

foco principal desta equipe<br />

é orar pela liderança e pela<br />

igreja. Os presbíteros designados<br />

de qualquer igreja devem<br />

participar de alguma<br />

forma deste fardo espiritual de intercessão.<br />

Algumas pessoas podem carregar ambos os tipos de<br />

fardos – tanto tarefas práticas quanto questões espirituais.<br />

Ou talvez funcionem melhor somente numa área. Mas<br />

ambos os tipos de “carregadores de fardos” são necessários<br />

à vida saudável e ao desenvolvimento da igreja.<br />

2. O Papel do Líder Principal<br />

A maior responsabilidade do líder principal é treinar<br />

outros para a obra do ministério, e aí então liberá-los<br />

para fazê-la. Assim como Jetro disse a Moisés, “permita<br />

que eles julguem o povo...” (Êx 18:22.)<br />

Algumas pessoas mal-orientadas acham que um grande<br />

líder é alguém que faz tudo sozinho. Isso talvez seja<br />

VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 35


verdade na maneira de se pensar do mundo. Mas, no Reino<br />

de Deus, exatamente o oposto é verdadeiro.<br />

O líder verdadeiramente grande e consagrado a Deus<br />

treina, equipa e libera outros para fazerem a obra do ministério.<br />

Ele cumpre a diretriz bíblica: “... equipando os<br />

santos para a obra do ministério, para a edificação<br />

do Corpo de Cristo” (Ef 4:12).<br />

Isso significa que o treinador que libera também deve<br />

confiar naqueles que treinou – confiar que Deus os ajudará<br />

e confiar que o Espírito Santo os ungirá e os capacitará.<br />

Os novos líderes provavelmente não farão tudo de forma<br />

correta, especialmente no início, mas à medida que se aplicarem,<br />

eles se desenvolverão em suas capacidades e em<br />

sua fidelidade.<br />

Seja um Exemplo de Humildade<br />

Alguns dos que treinamos talvez se saiam melhor do<br />

que nós em algumas coisas.<br />

Isso nunca deve ser um pro-<br />

blema para nós. Libere e estimule<br />

seus alunos a serem o<br />

melhor que puderem, para a<br />

glória de Deus!<br />

As únicas razões que poderíamos<br />

ter para não liberarmos<br />

totalmente aqueles que<br />

treinamos são o nosso próprio<br />

orgulho, insegurança ou temor.<br />

Nenhuma dessas razões tem<br />

motivações santas. É muito<br />

melhor para nós crucificarmos<br />

essas motivações carnais de<br />

qualquer forma (Rm 13:14). A<br />

nossa meta deve ser a de treinarmos<br />

líderes que possam firmar-se<br />

com o nosso apoio e ir<br />

além em Deus do que jamais<br />

poderíamos ter ido. Isso requer<br />

humildade, e Deus Se<br />

agrada dos humildes e promete<br />

abençoá-los.<br />

Também precisamos nos<br />

lembrar que a igreja ou o mi-<br />

Siga a<br />

maneira<br />

bíblica.<br />

nistério que lideramos não pertence a nós. Somos simplesmente<br />

administradores de uma parte do Corpo de<br />

Cristo, a Igreja que Ele está edificando. Se acreditarmos<br />

em algo diferente disso seremos levados a um sentimento<br />

de importância própria e ao desejo de controlarmos o<br />

“nosso” ministério. Isso se tornará um lugar em que o<br />

pecado mortal do orgulho tentará entrar. Humilhe-se diante<br />

de Deus e resista à armadilha do Diabo com relação<br />

ao orgulho!<br />

Como líderes de igreja, precisamos treinar adequadamente<br />

os outros e liderá-los pelo nosso exemplo. Aí então<br />

precisamos dar-lhes tarefas específicas a ser realizadas<br />

ou funções a ser desempenhadas. Precisamos estar disponíveis<br />

para ajudá-los enquanto estiverem aprendendo. E<br />

precisamos liberá-los para fazerem a obra do ministério!<br />

3. Lidando com o Fracasso<br />

Nenhum de nós é perfeito. Essa não é uma nova revelação!<br />

Contudo, precisamos nos lembrar disto ao liberarmos<br />

novos líderes para posições ministeriais. Eles terão<br />

pontos de dificuldades, até mesmo de fracassos. Talvez<br />

eles não executem apropriadamente suas tarefas ministeriais.<br />

Eles podem até mesmo cair em tentações e pecados.<br />

Isso não tem que acontecer, mas pode acontecer em alguns<br />

casos.<br />

Os fracassos no Reino de Deus podem ser de grande<br />

utilidade no processo de crescimento e moldagem. Jesus<br />

enviou Seus discípulos em várias ocasiões, ciente de que<br />

eles poderiam falhar.<br />

Certa vez, eles não conseguiram expulsar um demônio<br />

(Mc 9:14-29). Jesus não rejeitava Seus discípulos devido<br />

às suas incapacidades ou falhas. Ao contrário, Ele usava<br />

aquelas ocasiões como oportunidades de ensino. “... Seus<br />

discípulos perguntaram-<br />

Lhe à parte: ‘Por que não<br />

pudemos nós expulsá-lo?’<br />

Assim sendo, Ele lhes disse:<br />

‘Esta casta não pode<br />

sair com coisa alguma, a<br />

não ser com oração e jejum’”.<br />

(Mc 9:28,29.)<br />

Os discípulos fizeram uma<br />

pergunta a Jesus. A Sua resposta<br />

lhes trouxe correção e<br />

instrução. Ele lhes ensinou<br />

que eles precisavam estar espiritualmente<br />

preparados para<br />

encontros com o mundo demoníaco.<br />

Como alguém que<br />

treina outras pessoas, lembrese<br />

do seguinte: No Reino de<br />

Deus, a correção NÃO significa<br />

rejeição! Deus nos<br />

corrige porque somos Seus<br />

filhos (Hb 12:3-11). Precisamos<br />

demonstrar amor e paciência<br />

para com os que estamos<br />

treinando. Podemos<br />

usar as suas falhas como uma<br />

oportunidade para estimulá-los e instruí-los ainda mais.<br />

O Líder que Cai<br />

Há, infelizmente, alguns fracassos que exigem a remoção<br />

do ministério por algum tempo, ou até mesmo permanentemente.<br />

Isso não se aplica no caso de uma falha numa<br />

responsabilidade ou do cumprimento inadequado de uma tarefa<br />

ministerial. Esses tipos de falhas envolvem a correção,<br />

o ensino e o encorajamento. O tipo de fracasso que<br />

desqualifica alguém para o ministério envolve o pecado e o<br />

envolvimento direto nas “obras da carne” (Gl 5:16-23).<br />

Essas obras incluem o adultério, a fornicação, o roubo, a<br />

mentira, a facciosidade e outros pecados lamentáveis.<br />

Se esse tipo de comportamento ocorrer em alguém que<br />

esteja no ministério (ou que esteja sendo treinado para o<br />

36/ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005


ministério), essa pessoa precisa ser confrontada. Precisa<br />

ser removida das responsabilidades ministeriais por<br />

um período considerável (pode ser por alguns anos) para<br />

permitirmos um tempo para libertação, cura e restauração<br />

dos relacionamentos prejudicados.<br />

Esse líder também precisa produzir frutos de um arrependimento<br />

santo (2 Co 7:9,10). Ele precisa fazer uma confissão<br />

sincera e aceitar a responsabilidade pelo seu fracasso.<br />

Ele deve se abdicar voluntariamente de suas responsabilidades<br />

ministeriais. Ele também deve estar disposto<br />

a submeter-se à liderança da igreja (ou a um grupo de<br />

pastores amigos, diante dos quais ele tenha responsabilidades)<br />

durante um tempo de restauração e cura.<br />

Essa pessoa precisa demonstrar um registro consistente,<br />

num determinado período, de um comportamento santo,<br />

sem um fracasso semelhante, antes de poder ser considerada<br />

a possibilidade de ela assumir responsabilidades de<br />

liderança. Isso é feito para a proteção do rebanho e para a<br />

libertação verdadeira e completa da pessoa que fracassou.<br />

Se ocorrerem em outras ocasiões pecados semelhantes,<br />

aí então talvez sejam necessárias uma correção e uma<br />

disciplina num prazo ainda maior. (Veja Mateus 18:15-17;<br />

1 Coríntios 5:1-8; 2 Coríntios 2:5-11; Gálatas 6:1; 1 Timóteo<br />

5:1,2.) Talvez seja até mesmo o caso de uma remoção<br />

permanente do ministério, se nenhum arrependimento verdadeiro<br />

ou nenhuma mudança for evidente, ou se os fracassos<br />

continuarem a se repetir.<br />

O líder de igreja precisa usar discernimento e sabedoria<br />

do Espírito Santo para aplicar uma correção apropriada e<br />

amorosa em cada situação. Alguns fracassos são pecados<br />

lamentáveis e precisam ser abordados veementemente.<br />

Talvez sejam necessários vários anos para que ocorra uma<br />

total restauração e cura. Outros fracassos podem ser menos<br />

graves, e a restauração pode ocorrer mais rapidamente,<br />

mas, ainda assim, eles exigem confronto e correção.<br />

Toda correção e disciplina deve seguir a instrução bíblica<br />

de “falarmos a verdade em amor” (Ef 4:15).<br />

Deus compreende a nossa fragilidade e fraqueza humana.<br />

Todos nós pecamos e estamos destituídos do mais<br />

sublime bem de Deus para nós (Rm 3:23). No entanto, a<br />

vontade de Deus sempre é redimir o nosso propósito<br />

e restaurar o nosso relacionamento com Ele e com<br />

os outros. Deus faz isso em resposta ao nosso arrependimento<br />

verdadeiro e à nossa total submissão ao Seu Senhorio<br />

em nossa vida (2 Co 7:1-10).<br />

Portanto, como líderes de igreja, permitamos que a<br />

verdade frutifique em nossa própria vida primeiramente.<br />

Sejamos exemplos vivos dos que são humildes,<br />

devotados a Cristo e obedientes à Palavra de Deus. Aí<br />

então poderemos direcionar a vida das pessoas que<br />

discipulamos. Com essa forma de confrontos dóceis e humildes<br />

(Gl 6:1; 2 Tm 2:24-26), continuamos a dar o exemplo<br />

do caráter de Cristo aos que estamos treinando.<br />

II. BENEFÍCIOS DE UMA LIDERANÇA<br />

MULTIPLICADA<br />

À medida que treinamos líderes e transferimos o fardo<br />

do ministério, haverá muitos frutos. Haverá uma multipli-<br />

cação do ministério. Mais pessoas serão eficazmente<br />

alcançadas com o Evangelho e mais frutos serão ganhos<br />

para a glória de Deus. As pessoas que você lidera encontrarão<br />

os seus dons e chamados, e começarão a contribuir<br />

para a saúde e o crescimento do Corpo de Cristo. Deus<br />

deu a Moisés a promessa de três benefícios com a multiplicação<br />

de líderes e com o compartilhamento com eles do<br />

fardo do ministério (Êx 18:22,23).<br />

A. Será Mais Fácil Para Você<br />

Em primeiro lugar, “... será mais fácil para você”<br />

(Êx 18:22). As responsabilidades compartilhadas, o estímulo<br />

mútuo e o fato de não estarmos sozinhos na liderança<br />

tornam o fardo mais leve. Podemos viver de acordo<br />

com a promessa de Cristo: “O Meu jugo é suave e o<br />

Meu fardo é leve” (Mt 11:30).<br />

B. Você Poderá Subsistir<br />

Em segundo lugar, foi dito a Moisés que o fato de<br />

ele treinar líderes-obreiros faria com que ele “pudesse<br />

subsistir” (Êx 18:23). Muitas vezes, os líderes de igrejas<br />

ficam cansados no meio de uma tarefa. Talvez eles se<br />

sintam sobrecarregados, esgotados ou desanimados. Eles<br />

podem ficar doentes ou ser vencidos pelas tentações. Eles<br />

podem até mesmo ser tentados a abandonarem o ministério.<br />

Para resistir até o fim, os líderes de igreja precisam<br />

de ajuda. Moisés tinha Arão e Hur (Êx 17:8-13), e ele<br />

ouviu o conselho de Jetro de treinar até mesmo mais líderes.<br />

C. Todo o Povo Será Beneficiado<br />

Em terceiro lugar, todo o povo será beneficiado e<br />

“... irá ao seu lugar em paz” (Êx 18:23). As ovelhas do<br />

Corpo de Cristo precisam receber ensino, cuidado e<br />

ministração. Se forem negligenciadas, talvez elas se desviem.<br />

Elas podem desenvolver problemas que o Diabo usará<br />

para levá-las a enganos ou ao pecado.<br />

Ninguém consegue cuidar de todas as necessidades<br />

existentes numa igreja local – e nem deveríamos mesmo!<br />

Deus criou o Seu Corpo de forma a sermos mutuamente<br />

dependentes (1 Co 12:12-27). A participação de cada membro<br />

é necessária para que todos possamos “chegar à<br />

unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a<br />

varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo”<br />

(Ef 4:12-16).<br />

Podemos evitar os problemas que surgem com o fato<br />

de sermos “líderes independentes”, treinando e liberando<br />

os santos para fazerem a obra conosco (Ef 4:12). À medida<br />

que seguirmos a maneira bíblica de multiplicação de<br />

liderança, também veremos uma frutificação multiplicada.<br />

Uma nova geração de líderes será treinada para levar adiante<br />

a obra do Senhor!<br />

Podemos ser exemplos dos princípios bíblicos de liderança<br />

aos que estamos treinando, a fim de que eles também<br />

possam fazer o mesmo. Assim, Deus nunca terá<br />

falta de alguém que Ele possa usar (1 Rs <strong>19</strong>:18; 2 Cr<br />

16:9) e o Corpo de Cristo será eficazmente dirigido e<br />

pastoreado! ■<br />

VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 37


ESBOÇO DE SERMÕES PARA “O LÍDER DE IGREJA EFICAZ”<br />

Primeira Parte:<br />

Deus Molda Seus Líderes<br />

I. DEPENDENDO DE DEUS<br />

A. Todos Nós Precisamos Ser Moldados<br />

B. Capacitação de Deus – Não Nossa<br />

II. CULTIVANDO UM CARÁTER SEMELHANTE<br />

AO DE CRISTO<br />

A. O Caráter Semelhante ao de Cristo:<br />

O Primeiro Chamado do Líder<br />

B. O Que é o Caráter Semelhante ao de Cristo?<br />

1. Reverência Para com Deus<br />

2. Coração de Servo<br />

3. Arrependimento<br />

4. Comportamento Transformado<br />

C. Mais do que Caráter<br />

D. Rendendo-nos a Deus Diariamente<br />

III. O CAMINHO PARA A LIDERANÇA<br />

A. Um Chamado Precoce<br />

B. Deus Nunca nos Deixa<br />

C. O Caminho Pode Parecer Estranho<br />

D. Servindo Fielmente<br />

E. Provado e Purificado<br />

F. O Controle Soberano de Deus<br />

G. A Esperança de Glória<br />

IV. COMO DEUS USA AS TRIBULAÇÕES<br />

A. Fontes de Tribulações<br />

B. A Importância da Perseverança<br />

C. Confiando em Deus nas Tribulações<br />

D. Qual é o Propósito das Tribulações?<br />

1. As Tribulações Provam Nossa Fé<br />

2. As Tribulações nos Purificam<br />

3. As Tribulações nos Ensinam Sobre<br />

Dependência e Humildade<br />

4. As Tribulações Liberam o Poder de Deus<br />

5. As Tribulações nos Fortalecem<br />

6. As Tribulações nos Ensinam a<br />

Esperarmos<br />

7. As Tribulações nos Preparam<br />

8. As Tribulações Mudam Nossa<br />

Perspectiva<br />

E. Seguros no Amor de Deus – Até Mesmo no<br />

Meio das Tribulações<br />

F. A Disciplina de Deus nos Molda<br />

G. Como Devemos Responder às<br />

Tribulações?<br />

1. Ore!<br />

a. Ore no Espírito<br />

b. Ore com Jejuns<br />

2. “Tende Grande Gozo!”<br />

3. Não Fuja<br />

4. Obedeça a TUDO que Deus lhe Disser<br />

5. Mantenha seu Coração em Retidão<br />

Segunda Parte:<br />

O Padrão Bíblico Para a Multiplicação de Liderança<br />

I. CINCO INSTRUÇÕES DADAS A MOISÉS<br />

A. Fique Diante de Deus Pelo Povo (Êx 18:<strong>19</strong>)<br />

B. Ensine ao Povo (Êx 18:20)<br />

1. Ensine ao Povo os Estatutos e as<br />

Leis de Deus (Êx 18:20)<br />

2. Ensine ao Povo a Maneira de Caminhar<br />

(Êx 18:20)<br />

3. Ensine ao Povo o Trabalho a Ser Feito<br />

(Êx 18:20)<br />

C. Treine Outros Para Ajudarem a Liderar<br />

(Êx 18:21)<br />

1. As Prioridades dos Apóstolos<br />

2. A Liderança Envolve Parceria Santa<br />

3. A Parceria Multiplica o Ministério<br />

4. Frutificação Multiplicada<br />

5. Características de Personalidade<br />

Necessárias Para os Líderes de Igreja<br />

a. “Homens Capazes” (Êx 18:21)<br />

1) Os que Servem os Outros com um<br />

Coração Disposto<br />

2) Aqueles que os Outros Seguirão<br />

3) Os que Estão Dispostos a<br />

Trabalhar Duro<br />

b. “Tementes a Deus” (Êx 18:21)<br />

1) Um Coração de Humildade<br />

2) Uma Atitude Ensinável<br />

3) Um Elevado Caráter Moral<br />

c. “Homens de Verdade” (Êx 18:21)<br />

1) Um Livro Vivo!<br />

2) Questões do Coração<br />

d. “Que Aborreçam a Cobiça” (Êx 18:21)<br />

1) Definição de Cobiça<br />

2) Cuidado com a Idolatria<br />

3) A Cobiça Destrói<br />

4) A Cura Para a Cobiça<br />

D. Dê a Cada Líder Tarefas Específicas<br />

(Êx 18:21)<br />

1. Ore Para Discernimento de Dons,<br />

Habilidades e Potencial<br />

2. Envolva Novos Líderes em Tarefas<br />

Ministeriais<br />

3. Mantenha o Treinamento Equilibrado<br />

4. Quanto Treinamento é Suficiente?<br />

E. Deixe que os Líderes Liderem (Êx 18:22)<br />

1. Transfira o Fardo:<br />

a. Tarefas Ministeriais (Êx 18:22)<br />

b. Responsabilidades Espirituais<br />

(Nm 11:14-17)<br />

2. O Papel do Líder Principal<br />

3. Lidando com o Fracasso<br />

II. BENEFÍCIOS DE UMA LIDERANÇA<br />

MULTIPLICADA<br />

A. Será Mais Fácil Para Você<br />

B. Você Poderá Subsistir<br />

C. Todo o Povo Será Beneficiado<br />

38/ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005


URGENTE! • URGENTE! • URGENTE! • URGENTE! • URGENTE! • URGENTE! • URGENTE! •<br />

Você Precisa Renovar Sua Assinatura de ATOS?<br />

Veja aqui como saber disso:<br />

Verifique sua etiqueta de endereço no envelope da Revista ATOS. No topo direito da etiqueta há uma DATA<br />

(month/year) depois da palavra “EXPIR”;<br />

Se a data está a MENOS DE SEIS MESES da data atual, então está na hora de renovar!<br />

Você não precisa renovar sua assinatura a cada edição da Revista ATOS; você só precisa renovar SE sua<br />

assinatura de dois anos estiver vencendo nos próximos seis meses.<br />

Veja aqui como renovar sua assinatura de dois anos da Revista ATOS:<br />

Destaque o Formulário de Renovação da Revista ATOS desta revista;<br />

Siga TODAS as instruções do Formulário de Renovação;<br />

Responda a TODAS as perguntas do Formulário de Renovação – escreva claramente em letra de fôrma; e,<br />

Remeta o Formulário de Renovação, sem demora, para o escritório do World MAP mais próximo de você!<br />

Não se esqueça de renovar sua<br />

assinatura a cada dois anos e<br />

assim você não ficará<br />

desalentado, desejando saber por<br />

onde andará sua Revista ATOS.<br />

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Você não receberá um “certificado” ou “diploma” depois que ler<br />

a Revista ATOS. Nossa esperança e oração é que você receba<br />

algo mais valioso: Ensinamento bíblico e treinamento para o<br />

ministério prático! Isso o ajudará a tornar-se mais eficaz no<br />

ensino, no serviço e no testemunho a outros.<br />

A Revista ATOS é enviada, gratuitamente, aos líderes de igreja<br />

que a solicitem na Ásia, África e América Latina. Esses líderes<br />

receberão a Revista ATOS durante dois anos, e após esse<br />

período eles deverão renovar sua assinatura para que continuem<br />

a recebê-la por mais dois anos.<br />

FORMULÁRIO DE RENOVAÇÃO DE ASSINATURA e/ou SOLICITAÇÃO DE O CAJADO DO PASTOR<br />

Marque SIM ou Não conforme seu interesse:<br />

1. Como minha assinatura da Revista ATOS expirará nos próximos seis meses, preciso renová-la: SIM NÃO<br />

2. O nú<strong>mero</strong> de minha etiqueta é: Data de vencimento é: _____________/_____________<br />

3. Eu sou líder de igreja na Ásia, África ou América Latina e ensino ou prego a Palavra de Deus a um grupo de 20 ou mais pessoas, pelo menos<br />

uma vez por semana. (Isso DEVE ser verdade para você receber a Revista ATOS ou O Cajado do Pastor.) SIM NÃO<br />

4. Você tem uma cópia de O Cajado do Pastor em qualquer idioma? SIM NÃO<br />

5. Estou solicitando uma cópia de O Cajado do Pastor. SIM NÃO<br />

6. POR FAVOR, COLOQUE SEU NOME E ENDEREÇO COMPLETOS ABAIXO EM LETRAS GRANDES.<br />

Sobrenome(s): Primeiro(s) Nome(s):<br />

Endereço (rua, nú<strong>mero</strong>): Bairro:<br />

Cidade: Estado:<br />

Código Postal País CPF<br />

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Cargo (ou responsabilidade) na igreja: ____________________________________________________________<br />

Minha assinatura: _____________________________________________ Data: _____/_____/______________<br />

7. Esta edição de ATOS foi: fácil de entender difícil de entender de grande ajuda desnecessária<br />

Escreva e compartilhe conosco sobre como a Revista ATOS ou o livro O Cajado do Pastor têm ajudado em seu ministério.<br />

Apreciaríamos receber fotos sua usando a Revista ATOS ou O Cajado do Pastor em seu trabalho de pregação ou ensino.<br />

REMETA ESTE FORMULÁRIO COMPLETO PARA A REVISTA ATOS. VEJA O ENDEREÇO NA PÁGINA 4.<br />

VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 39


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40/ATOS VOLUME <strong>19</strong> – NÚMERO 2 – 2005

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