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OSTEOSSÍNTESE COM PLACA E PARAFUSOS EM FRATURA POR PROJÉTIL
BALÍSTICO DE RÁDIO E ULNA DE LOBO-GUARÁ – RELATO DE CASO
OSTEOSYNTHESIS WITH PLATE AND SCREWS IN RADIO AND ULNA FRACTURE
FOR BALLISTIC PROJECTILE OF WOLF-GUARA - CASE REPORT
Fabrício Bernardo de Jesus Brasil 1 , Edmilson Rodrigo Daneze 2 , Josiane Morais Pazzini 2* , Juliana
Figueiredo Moura 2 , Elzylene Léga 1 , Bianca Paludeto Dias 3
RESUMO:
Foi atendida uma fêmea de lobo-guará, proveniente de captura realizada pela Polícia Militar
Ambiental de Ituverava-SP. Após exame físico constatou-se que o animal estava desidratado,
desnutrido e com ferimento associado a creptação óssea no terço médio dos ossos rádio e ulna do
membro direito. Foi confirmada fratura cominutiva após exame radiografico, sendo este causado por
projétil balístico. Foi aplicada tala tipo Robert Jones para imobilização do membro lesionado e. após
três dias, foi encaminhado para avaliação cirúrgia ortopédica objetivando o tratamento da fratura
óssea, esta ocorreu seis dias depois da avaliação. O procedimento de abordagem ao osso foi feito
através da miotomia do músculo abdutor longo e, após afastados os músculos extensores digitais, foi
visualizado o foco de fratura. Procedeu-se a ostectomia do osso ulna e, na seqüência, realizou-se
enxertia autóloga no ponto de fratura do osso rádio. Aplicou-se placa DCP de 12 furos com parafusos
de 22 e 26 mm na face lateral do osso. Dois dias após a cirurgia, o animal veio a óbito, fato associado
a debilidade do mesmo.
PALAVRAS-CHAVE: Animais silvestres. Ortopedia. Fratura óssea. Arma de fogo.
SUMMARY:
A It was treated a female wolf-guara, catched by the Environmental Police of Ituverava-SP. After
examination it was found that the animal was dehydrated and malnourished, and with an injury
associated with the bone creptation in the middle third of the radius and ulna bones of the right limb.
Comminuted fracture was confirmed after radiography, which is caused by a ballistic projectile. Type
splint was applied for immobilization of Robert Jones injured limb and, after three days, was referred
for evaluation orthopedic surgery targeting the treatment of bone fracture, this hollow killings have
occurred six days after the assessment. The procedure for approach to the bone was made by myotomy
of the abductor muscle during and after ruling out the digital extensor muscles was visualized the
fracture site. There has been ostectomy ulna bone and, subsequently, took place at the point of grafting
autologous bone fracture radio.He applied DCP plate holes 12 with screws 22 and 26 cm on the side of
the bone.Two days after surgery, the animal died, a fact associated with the weakness of it.
KEYWORDS: Wild animals. Orthopedics. Bone fracture. Firearm.
INTRODUÇÃO
A principal causa de procura pela ortopedia veterinária são as fraturas. Em animais
domésticos, o acidente automobilístico é a causa mais comum de fratura dos ossos rádio e ulna, porém
também são descritas lesões por projéteis de arma de fogo ou quedas. Devido, principalmente, à
mínima cobertura tecidual existente no local, podem estar envolvidos um ou ambos os ossos, com
relativa frequência (SLATTER, 1998; PIERMATEI; FLO, 1999; FOSSUM, 2005; PINHEIRO, 2009).
Após o diagnóstico clínico de fratura, recomenda-se a realização de radiografias para avaliar a
lesão óssea e definir o método de estabilização a ser aplicado (KEALY; MCALLISTER, 2005).
Existem várias alternativas para o tratamento de uma fratura (FOSSUM, 2005), contudo, a seleção da
1 Médico Veterinário. Doutor. Faculdade Doutor Francisco Maeda (FAFRAM/FE). Rod. Jerônimo Nunes
Macedo, km 01, Bairro das Acácias, 14500-000, Ituverava-SP.
2 Acadêmico do Curso de Medicina Veterinária. FAFRAM/FE, Ituverava-SP.
3 Médico Veterinário. Mestre. FAFRAM/FE, Ituverava-SP.
*Correspondência: Acadêmica.Josiane Morais Pazzini. Rua Alexandria, 91, Pq Itamaraty, Jacareí-SP,
CEP.12.307-300,
E-mail:josipazzini@hotmail.com

técnica de fixação depende da idade e porte do paciente, da estabilidade da fratura, da presença de
lesões músculo-esqueléticas concomitantes e das condições dos tecidos moles associados
(DEANGELIS et al., 1973; MATTHIESEN, 1984).
Com isso, o presente trabalho objetiva relatar um caso de fratura óssea em um lobo-guará
(Chrysocyon brachyurus), fêmea, de aproximadamente 20 kg, que foi capturado próximo a uma
propriedade rural da cidade de Guará-SP, sendo encaminhado ao Hospital Veterinário da
FAFRAM/FE. Durante exame físico, foi identificada uma lesão no terço médio distal dos ossos rádio e
ulna do membro torácico direito, apresentando creptação e exposição óssea. Além disso, o animal
encontrava-se muito magro, estando desnutrido e desidratado. No exame radiografico foi confirmado
fratura aberta cominutiva dos ossos citados, sem sinais evidentes de osteomielite, contendo várias
esquírolas ósseas e sinais radiográficos característicos de resíduos de pólvora, sendo associada a
perfuração por projétil balístico proveniente de tiro por arma de fogo.
O animal foi constantemente acompanhado por médicos veterinários e biólogos, que
monitoraram seu comportamento e parâmetros fisiológicos. Contudo, dificilmente se alimentava,
mantendo-se na maioria do tempo prostado e acuado. Assim, decidiu-se pela aplicação imediata de
tala tipo Robert Jones para que o membro fosse imobilizado e reduzisse o comprometimento dos ossos
fraturados e, três dias depois, realizar-se o tratamento cirúrgico ortopédico.
O acesso aos ossos consistiu numa incisão longitudinal na face crânio-lateral da diáfise radial.
Após miotomia do músculo abdutor longo e afastados os músculos extensores digitais, foi visualizada
a linha de fratura, em seguida afastaram-se os fragmentos musculares aderidos ao periósteo com
auxílio de um elevador de periósteo. Em seguida, procedeu-se a ostectomia do osso ulna e, na
seqüência, realizou-se enxertia autóloga intramedular no ponto de fratura do osso rádio. Aplicou-se
placa tipo DCP de 12 furos com respectivos parafusos de 22 e 26 mm na face lateral do osso; a
aproximação do tecido subcutâneo e a dermorrafia foi realizada em padrão simples interrompido com
fio Vicryl 0. Contudo, dois dias após o procedimento cirúrgico o animal veio a óbito.
Nos últimos anos, devido ao aumento da ocupação do cerrado para fins agropecuários, os
lobos-guará estão sendo forçados a procurar comida em propriedades rurais ou cidades, por serem
mansos, tornam-se um alvo fácil de caça e captura; que também pode estar relacionada a suspeita de
predação de galinhas, à falsa crença de ataque ao ser humano ou, ainda, a obtenção de partes de seu
corpo por motivos místicos ou para uso na medicina popular (COSTA-NETO, 1999; DINIZ et al,
1999; MAIA; GOUVEIA, 2002; POLLI et al., 2004).
Com a confirmação da fratura e, mediante o quadro clínico apresentado pelo animal, decidiuse
pela aplicação de tala tipo Robert Jones para que o membro fosse imobilizado e diminuisse o
comprometimento ósseo, além de servir como sustentação temporária e estabilização primária,
proporcionando proteção, absorção de material drenante, compressão dos tecidos moles e estabilização
óssea (SIMPSON et al., 2001).
Segundo Brasil (2004), um dos principais anseios no tratamento das fraturas dos ossos longos
é o retorno rápido da função do membro traumatizado. Assim, optou-se pela fixação do osso rádio
com placa e parafusos, sendo que as mesmas são adaptáveis à maioria das fraturas desse osso
(PIERMATTEI e FLO, 1999; BRASIL et al., 2001). Sua utilização na ortopedia veterinária é
frequente, com bons resultados em relação à restituição da anatomia e a função dos ossos
traumatizados (MILOVANCEV; RALPHS, 2004; BACKSTROM et al., 2005). Devido à existência de
uma falha óssea entre as extremidades do osso rádio, referente às esquírolas ósseas removidas durante
o procedimento, realizou-se enxertia óssea autóloga com objetivo de cooperar com o processo de
consolidação óssea, auxiliando no processo cicatricial (COSTA, 1996; SLATTER, 1998).
O óbito dois dias após o procedimento cirúrgico pode ser associado ao quadro de debilidade e
fraqueza apresentado pelo animal ao chegar no hospital veterinário, agravando-se com o passar dos
dias, pois o animal não se alimentava durante o período de internação. Em animais domésticos, devido
à convivência pacífica existente com humanos e a facilidade de manejo, percebe-se uma boa
recuperação em animais fraturados (SLATTER, 1998; FOSSUM, 2005). Contudo, em animais
silvestres, ainda são encontradas algumas dificuldades, principalmente relacionadas à falta de
adaptação ao cativeiro e aos poucos dados disponíveis na literatura para auxiliar no tratamento desses
animais, o que favorece o estresse do animal e a não alimentação, prejudicando sua recuperação
(DINIZ et al, 1999; MAIA; GOUVEIA, 2002; POLLI et al., 2004).
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No caso apresentado, concluímos que, mesmo com todo cuidado prestado ao animal e o
procedimento cirúrgico realizado sem complicações, o mesmo evoluiu a óbito devido às complicações
nutricionais.
REFERÊNCIAS:
BACKSTROM, A. S., et al. Repair of radial fractures in toy breed dogs with self-einforced
biodegradable bone plates, metal screws and light-weight external coaptation. Veterinary Surgery,
v.34, n.1, p.11–17, 2005.
BRASIL, F. B. J. et al. Placas de aço inoxidável 316L aplicadas no reparo de fratura experimental
diafisária do rádio e ulna de cães. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.53, n.1,
p.37-43, 2001.
BRASIL, F. B. J. Desenvolvimento e emprego de placa tubular com garras em fraturas de rádio e
ulna de cães miniatura. 2004. Tese (Doutorado). Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias.
Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho. Jaboticabal.
COSTA, J. L. O. Reconstrução de grande falha óssea com enxerto cortical alógeno conservado em
glicerina, fixado com placa e parafusos de aço inoxidável da série 304: estudo experimental em
cães. 1996. 100f. Dissertação (Mestrado). Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias. Universidade
Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho. Jaboticabal.
COSTA-NETO, E. M. Barata é um santo remédio: introdução à zooterapia popular no Estado da
Bahia. Feira de Santana: Universidade Federal de Feira de Santana, 1999. 103p.
DEANGELIS, M. P., et al. Repair of fractures of the radius and ulna in small dogs. Journal of the
American Animal Hospital Association, v.9, p.436-441, 1973.
DINIZ, L. S. M; LAZZARINI, S. M.; ANGELO, M. J. Problemas médico-veterinários de lobo-guará
(Chrysocyol brachyurus) em cativeiro. Revista de Educação Continuada do CRMV-SP, v.2, n.2,
p.34-42, 1999.
FOSSUM, T. W. Cirurgia de pequenos animais. 2.ed. São Paulo: Roca, 2005. p.823-900.
KEALY, J. K.; MCALLISTER, H. Radiologia e ultra-sonografia do cão e do gato. 3.ed. Barueri-SP:
Manole, 2005. 436p.
MAIA, O. B.; GOUVEIA, A. M. G. Birth and mortality of maned wolves Chrysocyon brachyurus
(Illiger, 1811) in captivity. Brazilian Journal of Biology, v.62, n.1, p.25-32, 2002.
MATTHIESEN, D. T. Multiple intramedullary wire fixation of a radial fracture in a dog. Veterinary
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MILOVANCEV, M.; RALPHS S. C. Radius/ulna fracture repair. Clinical Techniques in Small
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PIERMATTEI, D. L.; FLO, G. L. Manual de ortopedia e tratamento das fraturas dos pequenos
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PINHEIRO, M. Imobilização externa com canaleta de alumínio em fraturas de rádio e ulna em
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POLLI, G. O. et al. Hemangioma cutâneo em lobo-guará (Chrysocyon brachyurus): relato de caso.
CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE VETERINÁRIOS DE ANIMAIS
SELVAGENS, 8, 2004, Jaboticabal. Anais... Jaboticabal: ABRAVAS, 2004. p.33.
SIMPSON, A. M., et al. Bandaging in dogs and cats: external coaptation. Animal Exotics, v.23, n.2,
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SLATTER, D. Manual de cirurgia de pequenos animais. São Paulo: Manole, 1998.
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