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REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE ARTE ... - 2

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<strong>REFLEXÕES</strong> <strong>SOBRE</strong> A <strong>FORMAÇÃO</strong> <strong>DO</strong> <strong>PROFESSOR</strong> <strong>DE</strong> <strong>ARTE</strong> VISUAL NA<br />

CONTEMPORANEIDA<strong>DE</strong> E PROCESSOS CRIATIVOS<br />

Resumo<br />

28<br />

Cândida Alayde de Carvalho Bittencourt (UEL)<br />

Este texto traz reflexões sobre a formação do professor de Arte Visual na<br />

Contemporaneidade tomando como premissa que este profissional precisa estar em<br />

construção permanente repensando metodologias e conceitos derivados na/da atividade<br />

artística frente à padronização na sociedade contemporânea que paralisam a imaginação<br />

e a criatividade. As discussões sobre o tema fazem parte das experiências vivenciadas<br />

por docentes e estudantes que compõe o Projeto de Pesquisa “Formação do Professor de<br />

Arte: uma construção permanente”, do GEPAE/CNPQ Grupo de Estudo e Pesquisa Arte<br />

e Educação e GEPEI/CNPQ Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação e Infância. O<br />

referencial teórico se apropria de estudiosos da área de arte educação como Ana Mae<br />

Barbosa, Anamélia Bueno Buoro, Maria Heloisa Ferraz, Maria Felisminda Fusari, e da<br />

área filosófica Walter Benjamim e Theodor Adorno. As reflexões decorrentes de estudo<br />

apontam o papel do professor como o de um propositor que visa, sobretudo, instigar nos<br />

alunos uma compreensão crítica dos processos criativos, através de imagens e obras de<br />

arte, que além de fomentar o estudo de diferentes metodologias, estimule o diálogo para<br />

diferentes contextos, entendendo que o ensino de artes visuais busca acima de tudo<br />

estabelecer relações e significações para os alunos e para o professor, para a formação e<br />

desenvolvimento integral de ambas as partes, a fim de estabelecer um processo<br />

permanente de desacomodação e reformulação de conceitos e princípios.<br />

Palavras chave: formação de professores; educação em arte; processos criativos.<br />

INTRODUÇÃO<br />

XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012<br />

As proposições sobre como se deve ensinar arte, o quê e o porquê se devem<br />

ensinar, tornam-se completamente obsoletas se o professor não estiver preparado ou<br />

formado para o desempenho dessas funções. Analisando a prática educacional de forma<br />

geral, constatamos que o que mais se pratica e se pretende é que os indivíduos sejam<br />

capazes de armazenar informações para depois repeti-las automaticamente.<br />

No entanto o objetivo da formação do professor na contemporaneidade é a<br />

formação de alunos pensantes e no campo das artes se faz necessário um novo pensar.<br />

Para Franz (2001):<br />

Junqueira&Marin Editores<br />

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Segundo as teorias de Hernández (1994, 1997, 1998, 2000) ao<br />

abordar a obra de arte de acordo com a racionalidade cultural,<br />

estamos pensando na possibilidade da Educação para<br />

compreensão no âmbito escolar, como a explica este mesmo<br />

autor, onde a função da escola não é somente transmitir<br />

conteúdos, mas é também facilitar a construção da subjetividade<br />

para crianças e adolescentes que passam por ela, de maneira que<br />

aprendam estratégias e recursos para interpretar o mundo no<br />

qual vivem. (p.168)<br />

Dessa forma, o aluno é formado para construir ou reconstruir sua própria visão<br />

de mundo, sua capacidade de interrogar, procurar respostas, formar e ordenar opiniões,<br />

repensar conceitos que são experiências derivadas na/da atividade artística.<br />

A pergunta sobre em que se deve basear a formação em arte, se no fazer artístico<br />

ou na contextualização, crítica e sociologia da arte é respondida de forma diferente por<br />

alguns autores.<br />

XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012<br />

Para Lanier (apud RICHTER, 2005) o ensino da arte deve ser realizado por dois<br />

professores, credenciados e preparados diferentemente: o professor de arte “geral” com<br />

profundo conhecimento abrangendo a estética, a história da arte, crítica e sociologia da<br />

arte, com conhecimento de produção artística e amplo leque de possibilidades na área de<br />

mídia tecnológica; e por outro lado o professor de ”ateliê”, com um enorme interesse<br />

em fazer arte e ensinar outros a fazer arte.<br />

Ferraz e Fusari (1993) entendem, no entanto, que o sucesso do processo<br />

transformador no ensino da arte depende de um professor cuja prática teórica do saber e<br />

do fazer artístico deve estar conectada a uma concepção de arte e propostas<br />

metodológicas que sejam consistentes e coerentes com o que se pretende formar. Esse<br />

professor precisa saber arte ao mesmo tempo em que necessita saber ser professor. O<br />

professor de arte deve aprofundar seu conhecimento estético, que envolve a<br />

compreensão e conhecimento dos legados culturais e artísticos da humanidade, unindo o<br />

fazer e o refletir, o pensar o que faz e, conhecimentos artísticos, as vivências das<br />

linguagens específicas das artes, desenvolvendo uma prática pedagógica que aproxime o<br />

estudante do conhecimento cultural e artístico da sua e das demais culturas existentes.<br />

Percebe-se, dessa forma, que os conhecimentos de estética, história da arte,<br />

crítica e sociologia da arte e, os derivados do fazer artístico são indissociáveis, sendo a<br />

base que compõe o conhecimento do professor de arte.<br />

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Autores conceituados em arte educação no Brasil têm apresentado diversas<br />

formas de por em prática em sala de aula a leitura das obras de arte não com a intenção<br />

de formar artista, mas no sentido de propiciar uma experiência estética, sensibilizá-lo<br />

em relação à arte e ativar o ato criador do aluno. Ou seja, nas aulas de Arte Visual,<br />

disciplina em que a visualidade desempenha importante papel, vislumbramos<br />

possibilidades de resistência à padronização imposta pela sociedade contemporânea.<br />

A leitura de uma imagem é um exercício de estreitamento, uma aproximação<br />

com questões que permeiam por aspectos psicológicos, emocionais, racionais,<br />

perceptivos, imaginativos, sensoriais, ou seja, um processo de análise subjetiva da obra<br />

de arte que ajuda-nos a ler o mundo com um olhar diferenciado.<br />

A fruição da obra de arte, tanto da arte passada, como da arte atual é algo que<br />

pode ser proporcionado pela escola. Benjamin (1994) argumenta que a reprodutibilidade<br />

técnica da obra modifica a relação da massa com a arte. “Retrógrada diante de Picasso,<br />

ela se torna progressista diante de Chaplin” (p. 187). Isso evidencia, segundo o autor,<br />

que “quanto mais se reduz a significação social de uma arte, maior fica a distância, no<br />

público, entre a atitude de fruição e a atitude crítica.” (...) “Desfruta-se o que é<br />

convencional, sem criticá-lo; critica-se o que é novo, sem desfrutá-lo” (p. 187 e 188). A<br />

arte da atualidade é um testemunho da nossa cultura, um testemunho de suas qualidades<br />

positivas e também das suas limitações. As pessoas tendem a se aproximar da arte<br />

moderna e contemporânea com a mente fechada, Adorno (1970, p. 48) esclarece que se<br />

deve ao rancor esse fechamento, esse é um fato que pode ser associado também à falta<br />

de esclarecimento estético. O tratamento selvagem que a arte expressionista recebeu na<br />

Rússia e na Alemanha de Hitler, que a considerou socialmente e politicamente<br />

indesejável, deve-se a mentes reacionárias que consideraram a arte perigosa. É<br />

conhecida a história contada por Adorno em (1998) em “Crítica Cultural e Sociedade”,<br />

sobre o porta-voz da Câmara de Cultura do Reich de Hitler “quando ouço falar em<br />

cultura, destravo o meu revólver” (p. 16). Adorno (1991) conta que Picasso, por ocasião<br />

da visita de um comandante alemão, ao ser indagado em frente à obra Guernica, “o<br />

senhor fez isso? respondeu: não, o senhor fez.”<br />

Essa percepção estética pode ser construída na escola pela crítica efetuada à<br />

indústria cultural e a anestesia dos sentidos, provocada por ela, pois se as subjetividades<br />

são construídas com influência da indústria cultural, significa que também podem ser<br />

“desconstruídas” e resignificadas a partir da resistência e da intervenção crítica dos<br />

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educadores. Para a construção da percepção estética é necessária uma disposição do<br />

indivíduo, uma sensibilidade para a arte.<br />

O caminho para uma apreciação autêntica da arte passa pela educação. Somente<br />

educando as pessoas para a apreciação estética é que se impede a monopolização da arte<br />

por uma minoria privilegiada que faz questão de manter essa qualidade. Para Hauser<br />

(2003): “as condições prévias para o abrandamento do monopólio cultural são,<br />

sobretudo, econômicas e sociais. Não podemos fazer outra coisa senão lutar pela criação<br />

dessas pré-condições” (p. 992).<br />

A compreensão não elimina o caráter enigmático da obra, pois nunca se aprende<br />

tudo acerca da arte, existindo sempre novas coisas a descobrir. As grandes obras de arte<br />

parecem ter um aspecto diferente cada vez que nos colocamos diante delas e, talvez,<br />

para nos deleitarmos com as mesmas tenhamos que ter um espírito fresco, pronto a<br />

captar indícios sugestivos e as nuances próprias de cada obra.<br />

Ver significa conhecer, perceber, pela visão. Mas ver é também uma construção<br />

estética, segundo Ferraz e Fusari (2001, p. 78): “é um exercício de construção<br />

perceptiva na qual os elementos selecionados e o percurso visual podem ser educados”.<br />

O exercício de ver, olhar, ler, compreender e pensar criticamente uma obra de<br />

arte pode ser desenvolvido na escola e complementado no museu. O aluno que trabalha<br />

com a reprodução da imagem na sala de aula reconhece o original no museu atribuindo<br />

um novo significado ao original e à reprodução. Mas, tão importante quanto à leitura<br />

das obras de Chagall, Klee, Picasso e Portinari, que entusiasmam os alunos, se tornam<br />

necessária uma seleção prévia dos conteúdos em vista da enxurrada de imagens usadas<br />

pelos grandes meios de comunicação de massa. As imagens e o olhar que incide sobre<br />

as mesmas não são neutros, e em sua construção interferem inúmeros fatores, objetivos<br />

e subjetivos, dentre eles a ideologia, passado, desejos, conformação cultural, de quem<br />

criou e de quem aprecia a imagem. Adorno (1995) explica que: “evidentemente, nas<br />

opiniões e atitudes subjetivas, manifestam-se também indiretamente objetividades<br />

sociais” (p. 146). Essa questão é pertinente, pois as imagens, além de trazerem consigo a<br />

história de quem as criou, invadem o cotidiano dos indivíduos, cabendo então ao<br />

professor decidir o repertório que mereça a apreciação de seus alunos. O aluno que<br />

experimenta o contato com a reprodução em sala interfere diretamente nessa obra, quer<br />

pela manipulação, quer pela reconstrução, apropria-se dessa obra, dando-lhe nova<br />

significação. Esse momento tem vários desdobramentos que incluem as diferenças entre<br />

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o “original” e a “reprodução”. O contato direto, no museu, com a obra já vista e<br />

estudada em sala propicia o “reconhecimento” da obra, que acaba sempre<br />

surpreendendo o aluno, quer pelo seu tamanho, muito menor ou maior que a<br />

reprodução, quer pela cor, quer pela riqueza da qualidade do original.<br />

No museu tradicional é exigida uma atitude de respeito, as obras não podem, em<br />

sua maioria, ser tocadas, estão distantes. Talvez, esse distanciamento seja necessário<br />

para realmente se “ver” a obra com outros olhos. Quando se expõe o aluno ao contato<br />

com obras de arte no original, essas desafiam seu poder de observação e oferecem<br />

conhecimento que os habilita para a criação. Alunos que olham, observam,<br />

compreendem e pensam criticamente arte na escola e depois nas galerias e museus –<br />

existe a questão do alto custo do transporte da escola para o museu, horário escolar, e<br />

outros, que impedem, proíbem, impossibilitam – estão engajados em uma forma de<br />

pesquisa artística que exerce um papel considerável na arte-educação.<br />

No contexto da arte contemporânea ampla variedades de conquistas tecnológicas<br />

são acionadas na realização da obra que incorpora os sentidos corporais como visão,<br />

audição, tato e gustação. O não tocar é substituído pelo tocar, aproximar, cheirar, que<br />

provocam uma relação de fruição ou repulsa no espectador. Nesse sentido, se torna<br />

necessário um repensar sobre o relacionamento entre os indivíduos e essa nova<br />

tecnologia da sociedade, empregada, cada vez mais, na arte.<br />

O trabalho de elaboração e construção do olhar, na escola e depois no museu é<br />

exemplificado por Anamelia Bueno Buoro, com a obra O Olhar em construção – uma<br />

experiência de ensino e aprendizagem da arte na escola, publicado em 1998, fruto de<br />

sua dissertação de mestrado na PUC-SP. Para a autora a necessidade do olhar ser<br />

construído, se passa dentro de um contexto em que a escola desempenha um papel de<br />

mediação na qual o aluno constrói uma trajetória que se efetiva na visita ao museu.<br />

Segundo a autora a visita ao museu não encerra a questão da construção do olhar, ou<br />

seja, o trabalho feito em sala de aula e depois no museu precisa ser reconstruído, precisa<br />

de uma avaliação e os alunos dramatizaram cenas tentando reproduzir um dos trabalhos<br />

de Portinari e “cada cena montada foi discutida com a classe toda, de tal forma que<br />

estabeleceram relações entre o conhecimento adquirido por meio da obra do artista e a<br />

realidade brasileira que eles conheciam. Só depois é que propusemos um trabalho<br />

plástico sobre uma cena ou personagem que mais houvesse marcado cada aluno” (p.<br />

109).<br />

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A mediação consciente e competente da professora que percebeu que o trabalho<br />

de releitura da obra, feito na escola e complementado no museu, precisava ser<br />

sedimentado demonstra a importância de concretizar, objetivar o que foi visto, o que foi<br />

sentido. Talvez, uma das tarefas primordiais dos professores de arte seja abrir os olhos<br />

dos alunos e motivar sua sensibilidade, para que eles possam ver apreciar, criticar e<br />

construir. Para ser verdade, essa afirmativa necessita de uma teoria e filosofia da arte<br />

que permita que a arte seja ensinada.<br />

A escolha das obras de Portinari para serem estudadas exemplifica o papel<br />

político do professor como um mediador estético entre formas, cores, texturas, e a<br />

consciência da realidade dos conteúdos das obras. Os alunos de Anamélia Buoro<br />

reconheceram as obras dos artistas que trabalharam em sala, mas “a produção do olhar<br />

(ver, observar, sentir, fazer, expressar) só ganhou seu acabamento quando, com<br />

Portinari, os alunos puderam se ver” (Batista, 2002, p. 135). Ou seja, a realidade social e<br />

política das obras de Portinari, dos inúmeros Retirantes e Lavradores, foram percebidas<br />

e sentidas pela reflexão estética.<br />

A percepção estética trabalhada pela professora em sala de aula que propiciou<br />

aos alunos o “ver, observar, sentir, fazer e expressar” levou-os a perceber o mundo a sua<br />

volta com outra significação. O trabalho com a leitura de imagem é um dos caminhos<br />

percorridos pelo professor e pelo aluno com o intuito de despertar um ato criador do<br />

aluno ou processo de criação. Como explica Buoro (1998, p. 48) os enfoques principais<br />

com que essa proposta educacional trabalha são a observação, a criatividade e a<br />

expressão.<br />

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Cabe ao professor trabalhar para alcançar essa aprendizagem, pois a arte ajuda<br />

no desenvolvimento emocional, intelectual, físico, social, estético/criador.<br />

A leitura da obra e sua contextualização são elementos importantes para o aluno<br />

desenvolver seu senso crítico, estabelecendo relações entre a realidade da época e do<br />

artista, com sua própria realidade, seu cotidiano e os fatores que os rodeiam, fazendo<br />

dele um indivíduo reflexivo, que saberá criar relações e estratégias para solução de seus<br />

problemas estéticos ou de sua própria vida.<br />

Este é um grande desafio ao arte/educador, pois na maioria das vezes a escola<br />

prioriza a aprendizagem mecânica. O limite de horário, o espaço escolar não favorável,<br />

o desinteresse dos alunos e até mesmo o pouco interesse da equipe pedagógica em<br />

valorizar o ensino através da arte, pois sabemos que a posição escolar não é similar, não<br />

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tem o mesmo peso específico, que outras formas de conhecimento como na matemática,<br />

na língua portuguesa, geografia, ciências, acaba por pensar ou tornar a “aula de arte”<br />

mais voltada para um fazer mecânico, artesanal e não sensorial e cognitivo “reduzindo a<br />

Arte ao ensino de procedimentos pictóricos com uma finalidade mimética”.<br />

(HERNAN<strong>DE</strong>Z, 2000, p.44)<br />

No trabalho de leitura de imagens visualizarmos maneiras de trabalhar de forma<br />

crítica o excesso de imagens nos quais somos expostos todo tempo, e como os alunos<br />

recebem e interpretam tais imagens. Como essas crianças e adolescentes assimilam, e se<br />

adéquam a elas, construindo sua auto-imagem, ou seja, como o professor pode mediar<br />

criticamente à recepção de imagens na contemporaneidade sem fazer uma leitura<br />

superficial.<br />

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Dessa forma é de fundamental importância investir na formação e na<br />

sensibilização do professor para a leitura da imagem, a fim de que, de posse<br />

plena dessa competência, ele se torne capaz de trabalhar na contracorrente de<br />

qualquer olhar redutor, condicionado e esvaziado, imposto pelos ritmos do<br />

cotidiano, em meio à superabundância de imagens que se alternam diante do<br />

olhar (BUORO, 2002, p.43).<br />

Constatamos, dessa maneira, o importante papel do professor enquanto mediador<br />

entre aluno e arte, propondo-lhe desafios que estabelecerá relações significativas e de<br />

rico aprendizado.<br />

O professor deve estar atento e considerar, também, que o nível de<br />

desenvolvimento de cada aluno é diferente, dependendo muito do seu potencial<br />

cognitivo, entre estes fatores concomitantes. Valorizar a “bagagem” cultural, emocional,<br />

intelectual significante que cada aluno traz e incentivá-lo a desenvolver e ampliar seu<br />

repertório cognitivo e sensível para melhorar seu mundo individual e social é um dos<br />

compromissos que o professor deve se propor.<br />

As reflexões decorrentes de estudo apontam o papel do professor como o de um<br />

propositor que visa, sobretudo, instigar nos alunos uma compreensão crítica, que além<br />

de fomentar o estudo de diferentes metodologias, estimule o diálogo para diferentes<br />

contextos, entendendo que o ensino de artes visuais busca acima de tudo estabelecer<br />

relações e significações para os alunos e para o professor, para a formação e<br />

desenvolvimento integral de ambas as partes, a fim de estabelecer um processo<br />

permanente de desacomodação e reformulação de conceitos e princípios.<br />

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Junqueira&Marin Editores<br />

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