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Manual Secretaria da Cultura 2012 - Limeira e a Imigração Europeia 3

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O movimento abolicionista que os colonos fizessem até chegar às<br />

ganhava força. A Lei do Ventre Livre foi fazen<strong>da</strong>s. Ca<strong>da</strong> fazendeiro poderia<br />

aprova<strong>da</strong>, mas, a liber<strong>da</strong>de dos filhos de usufruir no máximo de dez contos de réis e<br />

escravas só se tornaria uma reali<strong>da</strong>de a teriam preferência os que optassem por<br />

partir de 1892, após alcançarem a imigrantes oriundos <strong>da</strong> Europa. O<br />

maiori<strong>da</strong>de. A abolição <strong>da</strong> escravatura já Governo Imperial também procurou<br />

estava sendo espera<strong>da</strong> e só não ocorreu implementar ações que permitissem um<br />

antes de 1888, devido às pressões dos maior controle e uma uniformização na<br />

cafeicultores e senhores de engenho. Eles direção <strong>da</strong> importação de alienígenas.<br />

ain<strong>da</strong> não haviam encontrado uma Uma dessas iniciativas foi a organização<br />

solução para o problema <strong>da</strong> mão-de-obra. d a I n s p e t o r i a G e r a l d e Te r r a s e<br />

Como os negros africanos <strong>da</strong>vam Colonização, pelo decreto nº 6.129, de 23<br />

sustentabili<strong>da</strong>de à agricultura, os de fevereiro de 1876. Ele fixava as bases<br />

fazendeiros previam um futuro permeado para fiscalização e gerenciamento de<br />

de dificul<strong>da</strong>des. A solução, sem dúvi<strong>da</strong>, todos os serviços de imigração e<br />

seria a importação de braços, visando à colonização. Esse órgão examinaria as<br />

substituição do escravo pelo imigrante. embarcações, cui<strong>da</strong>ria <strong>da</strong> saúde,<br />

Procurando minimizar esse problema, a agasalho, sustento, entrega de bagagens<br />

Assembleia Provincial decretou, em 30 de e colocação dos imigrantes nas colônias.<br />

março de 1871, uma lei que autorizava o A Assembleia Provincial de São Paulo,<br />

Governo <strong>da</strong> Província de São Paulo a com base nas leis nº 108, de 25 de abril de<br />

emitir apólices até a quantia de 1880, e a nº 36, de 21 de fevereiro de 1881,<br />

600:000$000 (seiscentos contos de réis), autorizou a abertura de crédito para a<br />

para subsidiar os agricultores que construção de núcleos coloniais que<br />

pretendessem empregar colonos em seus funcionariam como escolas agrícolas para<br />

estabelecimentos agrícolas. Esses m e n o r e s e a d u l t o s , n a t i v o s e<br />

incentivos se destinavam ao pagamento estrangeiros.<br />

de passagens e suprimento <strong>da</strong>s despesas<br />

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Transporte de café - Acervo Paulo Masuti Levy<br />

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A Socie<strong>da</strong>de Promotora de <strong>Imigração</strong><br />

As ações para importação de proprie<strong>da</strong>des <strong>da</strong> Província de São Paulo<br />

novos braços se multiplicavam e os eram muito extensas, essa enti<strong>da</strong>de<br />

fazendeiros paulistas Martinho Prado centrou suas ações no sentido de atrair<br />

Júnior, Nicolau de Sousa Queiroz e Rafael trabalhadores que receberiam por<br />

de Barros fun<strong>da</strong>ram, em 6 de julho de j o r n a d a e n ã o c o m o p e q u e n o s<br />

1886, a “Socie<strong>da</strong>de Promotora de proprietários de terras.<br />

<strong>Imigração</strong>”. Essa instituição ganhou<br />

credibili<strong>da</strong>de, principalmente por<br />

oferecer aos italianos a oportuni<strong>da</strong>de de<br />

emigrar com a certeza de sua instalação<br />

em núcleos ou fazen<strong>da</strong>s, com emprego<br />

imediato para garantir o seu futuro. Eis<br />

parte do texto <strong>da</strong> escritura de constituição<br />

<strong>da</strong> menciona<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, lavra<strong>da</strong> em 2<br />

de julho de 1886: A Socie<strong>da</strong>de não tem<br />

fins de especulação lucrosa e nenhum de<br />

seus sócios poderá perceber, por<br />

qualquer forma, ou título, lucro ou<br />

vantagem alguma pecuniária. Ela deveria<br />

ser extinta após cinco anos de existência e<br />

os seus três fun<strong>da</strong>dores seriam mantidos<br />

nos cargos de diretores, durante todo o<br />

tempo de sua duração. Seria o cúmulo <strong>da</strong><br />

inocência ou idiotice acreditar que os<br />

cafeicultores fun<strong>da</strong>ram essa instituição<br />

s e m o b j e t i v a r l u c r o s . C o m o a s<br />

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160


A Pressão pela Abolição <strong>da</strong> Escravatura<br />

As enti<strong>da</strong>des abolicionistas o Major Antonio Augusto Botelho. Ele<br />

batiam duro para a libertação dos impulsionou seus confrades para apoiar a<br />

escravos e muitas se envolviam em planos causa. Em 1886, quase todos os escravos<br />

para promover fugas em massa. Isso <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de já estavam libertos; no entanto,<br />

c a u s a v a m a i o r p r e o c u p a ç ã o a o s havia escravocratas convictos que não<br />

cafeicultores. Em <strong>Limeira</strong> as ideias libertaram seus negros, mesmo depois <strong>da</strong><br />

r e p u b l i c a n a s e a b o l i c i o n i s t a s s e Lei Áurea. Muitos atos dessa natureza<br />

propagavam por meio do “Grêmio pipocavam em to<strong>da</strong> a província,<br />

Democrático”. Participaram dessa contribuindo para aumentar a tensão dos<br />

enti<strong>da</strong>de: Cândido Serra, Antonio fazendeiros para obtenção de mão-de-<br />

Augusto Botelho, Joaquim Maynert Kehl, obra. A imigração em grande escala está<br />

Dr. Ezequiel de Paula Ramos, José intimamente relaciona<strong>da</strong> à questão <strong>da</strong><br />

Ferreira <strong>da</strong> Costa, João de Quadros escravidão.<br />

Sobrinho, Joaquim Antonio Machado de Apesar de muitos historiadores<br />

Campos, Dr. Estevam de Almei<strong>da</strong>, Dr. afirmarem que a abolição tornou possível<br />

Fabrício Vampré, Luiz Borges Sampaio, a imigração em massa, a relação oposta<br />

Dr. Arthur Porchat, João Prodócimo <strong>da</strong> também deve ser considera<strong>da</strong>. Enquanto<br />

Costa Brum e outros. Campos Sales as fazen<strong>da</strong>s de café puderam funcionar<br />

esteve na ci<strong>da</strong>de para discursar em favor predominantemente com mão-de-obra<br />

<strong>da</strong> abolição <strong>da</strong> escravatura. Grupos de escrava, não ocorreu a imigração em larga<br />

jovens facilitavam a fuga de negros nas escala, subsidia<strong>da</strong> pelo estado. A<br />

fazen<strong>da</strong>s e os encaminhavam a lugares libertação dos escravos tornou-se<br />

mais seguros. Isso ocorria com os inevitável e os cafeicultores paulistas,<br />

fazendeiros mais radicais, porque alguns cujo poder crescia decisivamente,<br />

trataram de libertar seus cativos antes conseguiram impor sua solução para o<br />

mesmo <strong>da</strong> lei de 13 de maio de 1888. À problema. A partir de 1884, o governo <strong>da</strong><br />

frente <strong>da</strong> Loja Maçônica de <strong>Limeira</strong> estava Província de São Paulo fez tudo para<br />

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atingir o objetivo pretendido pelos cafeeiros plantados na província<br />

poderosos. Inundou o mercado de aumentou de 220 para 700 milhões. Essa é<br />

trabalho com imigrantes subvencionados uma leitura positiva registra<strong>da</strong> nos<br />

e, em 1886, encontrou uma maneira de documentos oficiais que exaltam a<br />

auxiliar integralmente a introdução de iniciativa do governo <strong>da</strong> província e <strong>da</strong>s<br />

alienígenas. Quando os fazendeiros associações e enti<strong>da</strong>des que promoviam<br />

foram ameaçados com fugas em massa e parcerias com o poder público. No<br />

desordens eles encontraram maior entanto, é necessário conhecer o outro<br />

facili<strong>da</strong>de para substituir o braço cativo lado <strong>da</strong> moe<strong>da</strong>, a história dos imigrantes<br />

“indisciplinado” pelos imigrantes que não deram certo, a saga <strong>da</strong>queles que<br />

italianos. Essa crise de mão-de-obra foram trazidos com o único objetivo de<br />

ocorreu num período crítico <strong>da</strong> economia s e r v i r d e m ã o - d e - o b r a b a r a t a e<br />

italiana. Os produtos agrícolas norte- disciplina<strong>da</strong> para as fazen<strong>da</strong>s de café.<br />

americanos eram oferecidos por preço Muitos candi<strong>da</strong>tos à emigração viajaram<br />

mais barato no mercado. Essa situação a pé, cruzando a maior parte do norte <strong>da</strong><br />

crítica gerou uma oferta imediata de Itália, sob um inverno rigoroso, para<br />

trabalhadores desesperados, prontos embarcar em Gênova, visando usufruir do<br />

para protagonizar o grande êxodo. Em benefício <strong>da</strong> gratui<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s passagens.<br />

meados de 1887, mais de setenta mil Eles desconheciam o futuro sombrio que<br />

imigrantes foram empregados em os aguar<strong>da</strong>va na nova terra. Alguns<br />

estabelecimentos agrícolas em São deputados e o governo <strong>da</strong> província, que<br />

Paulo. Para que o leitor tenha uma idéia se mantinham no poder graças à força dos<br />

até então, aproxima<strong>da</strong>mente sessenta Barões do Café, faziam discursos e<br />

mil escravos cui<strong>da</strong>vam <strong>da</strong> agricultura empreendiam gestões para saturar as<br />

paulista. O evento <strong>da</strong> imigração não só fazen<strong>da</strong>s com trabalhadores, com o<br />

permitiu que ocorresse a abolição, como objetivo de aumentar a concorrência. A lei<br />

também colaborou com o aumento <strong>da</strong> <strong>da</strong> oferta e procura manteve os salários<br />

produção de café. Entre os anos de 1888 e achatados. Apesar <strong>da</strong>s afirmações<br />

o início do século XX, o número de oficiais, a coação e a violência eram<br />

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Navio ancorado no Porto de Genova, principal porta de saí<strong>da</strong> de emigrantes italianos ao Brasil<br />

(cartão postal editado no início do século XX)<br />

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evidentes na vi<strong>da</strong> rural, principalmente eles só conseguiam acumular algum<br />

nos momentos de greve, visando, de pecúlio em circunstâncias muito especiais<br />

qualquer forma, manter o controle. Os ou quando participavam de famílias com<br />

i m i g r a n t e s f i c a r a m s u j e i t o s a o s muitos membros capacitados ao<br />

fazendeiros paulistas, que exerciam o trabalho. Um dos indicadores mais<br />

poder <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e <strong>da</strong> morte. significativos que revela a condição dos<br />

Mais uma vez insisto em dizer que alienígenas na Província de São Paulo é a<br />

a história que ocorreu com portugueses, grande quanti<strong>da</strong>de de imigrantes que<br />

suíços e alemães se repetiu. Os deixaram o estado, dirigindo-se à<br />

f a z e n d e i r o s f a z i a m o q u e b e m Argentina ou que regressaram à Itália. Até<br />

entendiam, aplicavam multas arbitrárias, mesmo para retornar à velha pátria, eles<br />

procurando reduzir os salários dos enfrentavam dificul<strong>da</strong>des. Encontramos<br />

colonos. Os pesos e medi<strong>da</strong>s vigentes nas um documento <strong>da</strong>tado de 11 de abril de<br />

ven<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s fazen<strong>da</strong>s continuavam a ser 1890, no qual o Conde de Roswadowisk,<br />

motivo de reclamação. Muitas colônias cônsul <strong>da</strong> Itália, respondendo a um<br />

tinham grupos de capangas que comunicado <strong>da</strong> Intendência Municipal de<br />

mantinham os imigrantes sob vigilância. <strong>Limeira</strong>, enviado em 4 de abril <strong>da</strong>quele<br />

Relatórios consulares e jornais de época m e s m o a n o , d e m o n s t r o u t o t a l<br />

registram centenas de eventos violentos, insensibili<strong>da</strong>de para com a situação<br />

que não eram julgados com equi<strong>da</strong>de pela penosa em que se encontrava o italiano de<br />

justiça. Dificilmente se encontra um único sobrenome Astolfi. Publicamos essa<br />

caso de fazendeiro que tenha recebido correspondência na íntegra: Recebi a<br />

qualquer punição por ter espancado um carta de 4 do corrente, na qual me<br />

de seus agregados. Essas arbitrarie<strong>da</strong>des comunicaram a situação digna de<br />

geraram muita violência. compaixão do colono Astolfi e sua família.<br />

O sistema certamente foi criado Sinto muito não poder satisfazer o pedido<br />

para manter os trabalhadores na do Astolfi, ain<strong>da</strong> que acompanhado pela<br />

dependência dos patrões. Alguns órgãos valiosa recomen<strong>da</strong>ção de V.V.S.S.<br />

de imprensa e documentos revelam que Conforme as instruções de meu governo,<br />

165


Imigrantes Italianos trabalhando na lavoura do café.<br />

(Cartão postal editado em 1903)<br />

166


o s s eus r epresentantes n ã o s ã o fazendeiros, dos imigrantes, dos<br />

autorizados a sustentar as despesas de governantes brasileiros e italianos,<br />

repatriação dos colonos que, por uma sempre com a intenção de levar<br />

razão qualquer, não acharam no Brasil a vantagem. O homem sedento de poder e<br />

posição que esperavam obter com a ávido por riqueza não se importa em<br />

máxima facili<strong>da</strong>de. Não é certamente o maltratar seus semelhantes e o mundo<br />

governo italiano o responsável pelas em que vivemos está permeado de<br />

ações dos agentes de imigração ocorrências que confirmam essa ver<strong>da</strong>de<br />

brasileiros, os quais, como no caso indiscutível. No entanto, apesar <strong>da</strong><br />

presente, fizeram partir <strong>da</strong> Itália até inescrupulosi<strong>da</strong>de dos agentes de<br />

indivíduos velhos e doentes fortemente emigração, que enganavam os ignorantes<br />

incapazes de trabalhar. com estórias maravilhosas, os imigrantes<br />

Apresento a V.V.S.S. os atestados de contribuíram com o desenvolvimento de<br />

minha distinta consideração. <strong>Limeira</strong>, do Estado de São Paulo e do<br />

Creio que ocorreram abusos dos Brasil.<br />

167


Hospe<strong>da</strong>ria dos Imigrantes - Século XIX<br />

Acervo Memorial do Imigrante<br />

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A Hospe<strong>da</strong>ria dos Imigrantes<br />

Depois de serem utiliza<strong>da</strong>s e produtores de Café. O projeto do prédio<br />

construí<strong>da</strong>s instalações para abrigar os de dez mil metros quadrados foi do<br />

recém chegados, a Lei número 56, de 21 engenheiro alemão Antonio Martins<br />

de março de 1885, autorizou o dispêndio H a u s s l e r. A h o s p e d a r i a e s t a v a<br />

de cem contos de réis para a aquisição de dimensiona<strong>da</strong> para receber três mil<br />

um terreno de 34 mil metros quadrados e imigrantes, mas, em alguns momentos,<br />

a construção de um prédio para a abrigou aproxima<strong>da</strong>mente o triplo de sua<br />

Hospe<strong>da</strong>ria de Imigrantes do Brás, com<br />

acomo<strong>da</strong>ção para a secretaria e pessoal<br />

capaci<strong>da</strong>de.<br />

<strong>da</strong> administração. Nesse bairro se <strong>da</strong>va o<br />

cruzamento dos trilhos <strong>da</strong> Central do<br />

Estrutura e Funcionamento<br />

Brasil e <strong>da</strong> São Paulo Railway, que ligavam<br />

a capital ao Rio de Janeiro e a Santos,<br />

respectivamente. Em julho de 1886, no<br />

governo de Antonio de Queiroz Telles,<br />

então Barão de Parnaíba, iniciaram-se as<br />

obras. Em julho de 1887, um surto de<br />

varíola e difteria ocorrido na Hospe<strong>da</strong>ria<br />

do Bom Retiro levou as dependências do<br />

Brás, mesmo inacaba<strong>da</strong>s, a receberem o<br />

primeiro grupo de imigrantes. As obras só<br />

foram concluí<strong>da</strong>s em 1888 e a sua<br />

administração, nos primeiros anos,<br />

esteve a cargo <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de Promotora<br />

de <strong>Imigração</strong>, fun<strong>da</strong><strong>da</strong> e dirigi<strong>da</strong> por<br />

R e c e p ç ã o , t r i a g e m e<br />

encaminhamento para as fazen<strong>da</strong>s no<br />

interior do estado. Essas eram as funções<br />

básicas <strong>da</strong> hospe<strong>da</strong>ria. Era dota<strong>da</strong> de<br />

serviços de alimentação, alojamento,<br />

controle médico-sanitário, registro e<br />

direcionamento ao trabalho. No<br />

escritório oficial de informação e<br />

c o l o c a ç ã o , e r a m i n d i c a d a s a s<br />

oportuni<strong>da</strong>des de emprego. O tempo<br />

médio de permanência de estrangeiros e<br />

nacionais era de uma semana. Esse prazo<br />

era condicionado pela oferta de trabalho,<br />

169


170


problemas médico-sanitários ou pela i m i g r a n t e s d e a c o r d o c o m s u a s<br />

d i s p o n i b i l i d a d e d e t r a n s p o r t e .<br />

Atravessando os oceanos em porões<br />

profissões.<br />

superlotados, sob péssimas condições de Um pouco <strong>da</strong> História dos<br />

higiene, numa época marca<strong>da</strong> por<br />

epidemias de varíola, tuberculose, tifo,<br />

Italianos em <strong>Limeira</strong><br />

cólera, entre outras, o imigrante tinha na<br />

sua boa condição de saúde o cartão de<br />

entra<strong>da</strong> para uma nova vi<strong>da</strong>. Por essa<br />

razão, a Hospe<strong>da</strong>ria era dota<strong>da</strong> de uma<br />

seção de banhos e desinfecção,<br />

e n f e r m a r i a , c o n s u l t ó r i o m é d i c o ,<br />

farmácia, cozinha e rouparia. Os<br />

hóspedes eram vacinados e os doentes<br />

com maior gravi<strong>da</strong>de eram removidos<br />

para a Santa Casa de Misericórdia ou para<br />

o Hospital de Isolamento. A Hospe<strong>da</strong>ria<br />

do Brás tinha seis grandes dormitórios e<br />

um refeitório que acomo<strong>da</strong>va 800<br />

pessoas. O Correio Paulistano noticiou,<br />

em março de 1906: Começa a funcionar a<br />

Agência Oficial de Colonização e<br />

Tr a b a l h o , i n s t a l a d a e m p r é d i o<br />

especialmente construído junto <strong>da</strong><br />

Hospe<strong>da</strong>ria de Imigrantes. Foi instituí<strong>da</strong><br />

p e l o D r. B o t e l h o , S e c r e t á r i o d a<br />

Agricultura, para favorecer a colonização<br />

e proteger todos os que trabalhavam na<br />

lavoura. Esse órgão encaminhava os<br />

Os italianos começaram a chegar<br />

a essa ci<strong>da</strong>de, no início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1870,<br />

a exemplo de Massimiliano Pra<strong>da</strong>. O Dr.<br />

João Batista Borelli, sem dúvi<strong>da</strong> um dos<br />

nomes mais expressivos <strong>da</strong> colônia<br />

limeirense, pesquisando os documentos<br />

pertencentes às associações italianas<br />

fun<strong>da</strong><strong>da</strong>s na ci<strong>da</strong>de, levantou os<br />

seguintes <strong>da</strong>dos: “Em 1884, registramos<br />

entre os comerciantes a presença de:<br />

Farani & Cia., Afonso Nocito & Tarci,<br />

Godofredo Luce e Egisto Parronchi.<br />

Nessa época, Massimiliano Pra<strong>da</strong> e<br />

Domingos Scartezini exerciam a profissão<br />

de alfaiate.<br />

Em 8 de setembro de 1887,<br />

fundou-se a “Società Operaia di Mutuo<br />

Soccorso” <strong>da</strong> qual foram presidentes:<br />

Francesco Farani, Francesco Pierroti e<br />

Alexandre Formani. No dia 15 de agosto<br />

de 1896, foi cria<strong>da</strong> a “Società Operaia<br />

Italiana e Beneficenza”, sob a presidência<br />

171


Sede <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de Italiana de Mutuo Socorro inaugura<strong>da</strong> em 1888 - <strong>Limeira</strong> - SP<br />

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de Egisto Parronchi. Em 9 de setembro de Peccinini e Florenzo Mattietto.<br />

1900, ocorreu uma fusão dessas duas A 20 de setembro de 1923, por<br />

enti<strong>da</strong>des para constituição <strong>da</strong> “Società iniciativa de Giuseppe Pra<strong>da</strong>, foi feita a<br />

Italiana di Mutuo Soccorso Humberto I”. fusão <strong>da</strong>s duas menciona<strong>da</strong>s socie<strong>da</strong>des,<br />

Ela foi presidi<strong>da</strong> pelos seguintes ci<strong>da</strong>dãos: originando a “Società Italiana di Mutuo<br />

Biagio Maretta Schettini, Silvério Ignarra, Soccorso”, cujos presidentes foram:<br />

Francisco Marchese, Ângelo Piscitelli, Florenzo Mattietto, Caetano Diniz,<br />

Francisco Pasquale, Nicolau Del Nero, Geraldo Potenza, José Della Chiesa,<br />

Giuseppe Theodoro Santucci, Salvador Salvador Fillipi, Vito Mastrocolla, José<br />

P a o l i l l o , C a r m i n e A r c a r o , J o ã o Pasquale e Vicenzo Leone.<br />

Marmorato, Vito Mastrocolla, Egisto Em 16 de março de 1937, com a<br />

Parronchi, Geraldo Potenza, Ângelo Feola união <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de Italiana de Mutuo<br />

e Caetano Diniz. Socorro, <strong>da</strong> eEscola Emanuelle Feliberto,<br />

Em 1894, aparecem Atílio Sabato, do Fascio Antonio Cascino e <strong>da</strong> Ópera<br />

José Balbi, Francesco Grotta e José Nacionale Dopolavoro, foi constituí<strong>da</strong> a<br />

Theodoro Santucci na fun<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> Santa “Casa D'Italia que, por ocasião <strong>da</strong><br />

Casa de Misericórdia. No dia 15 de Segun<strong>da</strong> Grande Guerra, tornou-se<br />

fevereiro de 1901, foi inaugurado o serviço inativa.<br />

de iluminação elétrica <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de. A obra Em 1961, os remanescentes <strong>da</strong><br />

foi realiza<strong>da</strong> pela empresa Ignarra S o c i e d a d e I t a l i a n a f i z e r a m u m a<br />

Sobrinho & Cia., constando entre seus campanha para construir o prédio Dante<br />

sócios Luigi Scartezini e Carmine Arcaro. Alighieri, inaugurado em 10 de outubro de<br />

Em 20 de agosto de 1902, fundou- 1964, abrigando a ”Socie<strong>da</strong>de Italiana” e o<br />

se a “Società de Mutuo Soccorso” entre os “Instituto <strong>Cultura</strong>l Ítalo Brasileiro”. A<br />

I t a l i a n o s d o S e t e n t r i ã o . F o r a m última diretoria <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de Italiana de<br />

presidentes dessa enti<strong>da</strong>de: Giuseppe <strong>Limeira</strong> foi composta pelos seguintes<br />

Pra<strong>da</strong>, Leone Zaccaria, Luiz Felizi, Emilio membros: Vicenzo Leone (presidente),<br />

Spa<strong>da</strong>ri, João Giovanini, Augusto Massari, Henrique de Carli (tesoureiro), Felício<br />

Alberto Ferrari, Dante Battiston, Pietro Giffoni (1º secretário), Caetano Vivona (2º<br />

173


secretário). Também constavam como<br />

membros: Luiz Borelli, José Ponzo,<br />

Vicente Bombini, Vicente Puzzi, Caetano<br />

Muoio, Luigino Burigotto, Giovani Tronco,<br />

Francisco Gullo, Benito Coletta, Antonio<br />

Rossi, Henrique Savoi, Pedro Coelli,<br />

Carmine Scariatto, Humberto di<br />

Ferdinando, Catulo Ranzi, Bruno<br />

Paladino, Carmine Lombardi, Atílio<br />

Sabato Galzerano, Domenico Galzerano,<br />

Giovani Antonio Galzerano e Luiz Suppia”.<br />

Massimiliano Pra<strong>da</strong><br />

Acervo Augusta Schulz<br />

174


Os Representantes dos Italianos<br />

Vicenzo Leone, uma figura que se “Corrispondente Consulare D'Itália”.<br />

dedicou aos seus patrícios e, por essa Vicenzo recebeu essa honraria, no dia 6 de<br />

razão, foi indicado como representante março de 1955. O Vice-Cônsul dottore<br />

consular <strong>da</strong> colônia italiana em <strong>Limeira</strong>. Francesco Ruffo entregou pessoalmente<br />

V i c e n z o p a r t i c i p o u d e d i v e r s a s a comen<strong>da</strong>, em uma sessão solene<br />

associações e era membro ativo <strong>da</strong> ocorri<strong>da</strong> na Socie<strong>da</strong>de Italiana (Casa<br />

Maçonaria. Em janeiro de 1955, foi D'Itália). O Dr.João Batista Borelli<br />

agraciado pelo governo italiano com a assumiu as funções de correspondente<br />

comen<strong>da</strong> “Stella della Soli<strong>da</strong>rietà consular e, no dia 16 de outubro de 1968<br />

Italiana”. Ele foi homenageado pelos também foi agraciado com a mesma<br />

inúmeros anos de serviços prestados à comen<strong>da</strong>.<br />

colônia de <strong>Limeira</strong>, sendo escolhido como<br />

175<br />

Vicenzo Leone


Sarau <strong>da</strong>nçante na Socie<strong>da</strong>de Italiana - 04/08/1928<br />

Acervo Paulo Masuti Levy<br />

176


Síntese <strong>da</strong> História <strong>da</strong> Citricultura<br />

177


178


Síntese <strong>da</strong> História <strong>da</strong> Citricultura<br />

Conforme as pesquisas de Geraldo funcionamento <strong>da</strong> Escola Agrícola Prática<br />

Hasse, desde 1897, a superprodução Luiz de Queiroz, em Piracicaba, foi um<br />

cafeeira preocupava os governantes e grande passo para o desenvolvimento do<br />

interessados. Diante desse problema, a ramo. A partir de 1910, a instituição<br />

partir de 1902, o governo paulista instituiu passou a formar engenheiros agrônomos.<br />

um imposto sobre o plantio de novos Em 13 de outubro de 1954, O Estado de<br />

cafezais. Essa iniciativa, que perdurou por São Paulo publicou um artigo de Armando<br />

aproxima<strong>da</strong>mente dez anos, incentivou a M a r t i n s C l e m e n t e , i n t i t u l a d o<br />

cultura <strong>da</strong> laranja, principalmente em “Quatrocentos anos de Fruticultura”,<br />

terras arenosas, não recomen<strong>da</strong><strong>da</strong>s ao tendo o articulista afirmando que, em<br />

cultivo do café. Houve certa resistência 1909, Júlio Conceição, fazendeiro de café<br />

por parte dos fazendeiros, porque, até de Piracicaba, plantou laranjas em uma<br />

então, em muitos lugares, a palavra área de 120 alqueires nas fazen<strong>da</strong>s<br />

laranja era usa<strong>da</strong> como um termo Paraíso e São Lourenço, situa<strong>da</strong>s nas<br />

depreciativo. “Na capital do país, onde o proximi<strong>da</strong>des do citado município.<br />

comércio <strong>da</strong> laranja era praticado Conhecedores dessa cultura consideram<br />

predominantemente por ambulantes, essa proeza quase impossível para a<br />

biscateiros e feirantes, sempre dispostos época, principalmente levando-se em<br />

a passar a perna no próximo, “laranjeiro” conta a dificul<strong>da</strong>de de se conseguir mu<strong>da</strong>s<br />

passou a ser sinônimo de embrulhão, em número suficiente para cultivar área<br />

vigarista ou malandro”. Em São Paulo, tão extensa. Nos primórdios <strong>da</strong><br />

como incentivo aos agricultores, o citricultura, somente os comerciantes que<br />

governo estadual distribuía mu<strong>da</strong>s tinham vínculos com o mercado interno e<br />

frutíferas no Horto Agrário de Cubatão e externo obtinham sucesso. Em 1909, o<br />

no Horto Botânico <strong>da</strong> Cantareira, na governo federal instituiu prêmios a quem<br />

C a p i t a l . E m 1 9 0 1 , o i n í c i o d o exportasse frutas e essa ação incentivou<br />

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os comerciantes do Rio de Janeiro a Experimental <strong>da</strong> cita<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, publicou<br />

exportar para a Argentina a partir de 1910. uma monografia de Henrique Lôbbe,<br />

Um dos pioneiros nessa ativi<strong>da</strong>de foi registrando que o iniciador <strong>da</strong> citricultura<br />

V i c e n t e B a r o n e . A s f r u t a s e r a m em larga escala foi Domingos Almei<strong>da</strong><br />

embala<strong>da</strong>s em caixas de cebola vin<strong>da</strong>s do Guimarães. Já o Suplemento Histórico <strong>da</strong><br />

Rio Grande do Sul e em sacos de aniagem. Gazeta de <strong>Limeira</strong>, editado em 1980,<br />

As laranjas produzi<strong>da</strong>s em São Paulo, registrou que o primeiro pomar comercial<br />

colhi<strong>da</strong>s entre os meses de abril e julho, e foi plantado em 1908 pelo Major José<br />

do Rio, entre agosto e dezembro, foram Levy Sobrinho, cafeicultor e político<br />

exporta<strong>da</strong>s, regularmente para a limeirense. Segundo o depoimento de seu<br />

Argentina e, eventualmente, para o filho, Manoel Simão de Barros Levy, o<br />

Uruguai. Era um negócio lucrativo. No Major plantou seu primeiro pomar de<br />

entanto, até então, a exportação era um laranjas baianas em 1918, em uma área<br />

simples complemento do comércio que abrigava um cafezal queimado pela<br />

interno, que tinha seus principais focos gea<strong>da</strong> de 1917. Na reali<strong>da</strong>de, o fazendeiro<br />

dominados por portugueses no Rio de Mário de Souza Queiroz (1872 – 1968),<br />

Janeiro e por descendentes de italianos primo do visionário que implantara a<br />

no mercado de São Paulo. Nova Iguaçu e escola agrícola <strong>da</strong> vizinha Piracicaba,<br />

C a m p o G r a n d e e r a m a s r e g i õ e s descendente do célebre Nicolau Pereira<br />

produtoras no Rio de Janeiro e o de Campos Vergueiro, do Barão de<br />

município de <strong>Limeira</strong> destacava-se no <strong>Limeira</strong> e do Senador Francisco Antonio<br />

Estado de São Paulo, fornecendo a maior de Sousa Queiroz, já plantava laranjas em<br />

parte <strong>da</strong>s laranjas baianas destina<strong>da</strong>s à <strong>Limeira</strong>. Em 1911, após ter administrado a<br />

exportação. Nesses primeiros anos, a fazen<strong>da</strong> paterna, por uma déca<strong>da</strong>, Mário<br />

colheita e o embarque ferroviário para comprou a Chácara Santa Cruz, uma<br />

São Paulo eram organizados pelo proprie<strong>da</strong>de de 520 hectares, que<br />

comerciante André de Felice, que recolhia pertencera ao Senador Vergueiro, cujo<br />

a produção de pomares mistos. Em 1985, portão de entra<strong>da</strong> ficava a um quilômetro<br />

a Revista Laranja, edita<strong>da</strong> pela Estação do centro <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de <strong>Limeira</strong>. Essas<br />

180


terras não eram apropria<strong>da</strong>s para o cultivo escola informal, a Chácara Santa Cruz se<br />

do café; por essa razão, ele decidiu t o r n o u u m c e n t r o i n f l u e n t e d e<br />

cultivar cítricos, adotando como modelo multiplicação de novas varie<strong>da</strong>des de<br />

os pomares <strong>da</strong> Califórnia. Para iniciar a cítricos. Mario Queiroz “era mais viveirista<br />

cultura, ele importou um técnico em do que fazendeiro e mais romântico do<br />

enxertia formado na Alemanha. Em 24 de que empresário, não media esforços para<br />

junho de 1912, chegou à Chácara Santa conseguir borbulhas de laranjeiras que<br />

Cruz o jardineiro, pomicultor e horticultor p r o m e t e s s e m b o n s r e s u l t a d o s<br />

Edmond Hess, contratado por indicação comerciais”. Segundo seu filho, Eduardo<br />

de Anna Hering, governanta de Souza S o u z a Q u e i r o z , e o t é c n i c o e m<br />

Queiroz. No primeiro ano, Hess plantou fruticultura, Luiz Marino Neto, além <strong>da</strong>s<br />

três milhões de sementes de laranja inúmeras varie<strong>da</strong>des de cítricos, as<br />

caipira e selecionou boas mu<strong>da</strong>s para laranjas Pérola e Serrana foram criações<br />

constituição de um viveiro comercial, o originais <strong>da</strong> Chácara Santa Cruz, onde<br />

primeiro de <strong>Limeira</strong>. Octávio de Souza surgiu, por acaso , uma laranja sem<br />

Queiroz afirmou que, em 1913, seu pai semente, que foi denomina<strong>da</strong> pela<br />

mandou colocar um cartaz – Vendem-se ESALQ de “Pera Souza Queiroz”. Enfim,<br />

Laranjeiras – na divisa <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de, as mu<strong>da</strong>s produzi<strong>da</strong>s por Edmund Hess<br />

junto à passagem do trem. Com o sucesso constituíram um dos primeiros pomares<br />

alcançado, Mário contratou outro comerciais de São Paulo, com vinte mil<br />

alemão, chamado Siegfried, para auxiliar pés de laranja baiana e tangerina cravo.<br />

nos trabalhos. Os dois imigrantes Em 1920, cinquenta mil pés produziam o<br />

ensinaram a técnica <strong>da</strong> enxertia baixa mesmo número de caixas de laranja e<br />

(próxima ao chão) aos peões <strong>da</strong> fazen<strong>da</strong>. tangerina por safra. A Santa Cruz também<br />

Esse método contrariava a tradição dos era produtora de café, algodão, milho,<br />

hortelões portugueses que sempre flores e verduras. Entre os anos dev 1914 e<br />

preconizaram a enxertia alta. Hess 1916, Mário de Souza Queiroz foi prefeito<br />

justificava essa técnica para proteger a de <strong>Limeira</strong>. Durante sua gestão, ele<br />

planta do sol. Além <strong>da</strong> implantação dessa esforçou-se para reunir os citricultores em<br />

181


Sede <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> Santa Cruz que, após reforma abrigou a sede do <strong>Limeira</strong> Clube.<br />

182


uma cooperativa, mas não foi bem de cítricos, principalmente na ci<strong>da</strong>de de<br />

sucedido nessa empreita<strong>da</strong>. Ele também <strong>Limeira</strong>, que, futuramente, tornou-se a<br />

conseguiu com o prefeito <strong>da</strong> capital a Capital <strong>da</strong> Laranja. Após perder esse<br />

c e s s ã o d e u m a b a n c a p a r a título, passou a ostentar a honra de ser,<br />

comercialização dos produtos dos durante muitos anos, o maior viveiro<br />

agricultores limeirenses. Na prática, essa cítrico do mundo. A família Dierberger<br />

ideia também não deu certo. Na déca<strong>da</strong> deu uma contribuição ímpar nesse<br />

de 20, Mário mudou-se para São Paulo, contexto. A Fazen<strong>da</strong> Citra abrigou o<br />

deixando a administração <strong>da</strong> fazen<strong>da</strong> aos primeiro barracão de classificação e<br />

filhos. Em 1939, suas terras foram embalagem de laranjas. Mais tarde, esse<br />

lotea<strong>da</strong>s pela primeira vez. Foi nessa “Packing House” foi transferido para a<br />

época que o <strong>Limeira</strong> Clube, fun<strong>da</strong>do em ci<strong>da</strong>de, próximo <strong>da</strong> via férrea, para<br />

1916, comprou a área <strong>da</strong> sede <strong>da</strong> Santa facilitar os embarques na Cia. Paulista de<br />

Cruz, medindo três alqueires, por cem Estra<strong>da</strong>s de Ferro, que, desde 1906, já<br />

contos de réis. Em 1986, permaneciam mantinha um serviço utilizando vagões<br />

apenas 8600 metros quadrados nas mãos especiais para o transporte de frutas do<br />

de seus descendentes. Essa área também interior para a capital.<br />

foi adquiri<strong>da</strong> pelo citado clube. Não há<br />

notícia <strong>da</strong> existência de outro viveiro<br />

cítrico constituído no interior paulista,<br />

antes do empreendimento de Souza<br />

Queiroz. A Escola Luiz de Queiroz só<br />

começou a fazer enxertia cítrica a partir <strong>da</strong><br />

déca<strong>da</strong> de 20, pelo professor Philippe<br />

Westin Cabral de Vasconcelos (1892 –<br />

1985), que passou para a história como o<br />

pai <strong>da</strong>s laranjas Baianinha de Piracicaba e<br />

Piralima. Abrimos esse parêntesis, para<br />

contarmos um pouco do início do plantio<br />

183


Packing House <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> Citra (após reforma) - Acervo Museu <strong>da</strong> Família Dierberger - <strong>Limeira</strong> - SP.<br />

184


Dierberger e a Exportação de Laranjas para a Europa<br />

Em 3 de novembro de 1927, em um colhi<strong>da</strong>s no pomar <strong>da</strong> Chácara Baiana,<br />

relatório dirigido ao fazendeiro Major situa<strong>da</strong> em <strong>Limeira</strong>, pertencente ao Major<br />

José Levy Sobrinho, João Dierberger José Levy Sobrinho, que deu apoio moral<br />

Júnior (1898–1979) registrou os métodos, e material, “sem os quais teria sido<br />

problemas e macetes inerentes à impossível executar essa operação a bom<br />

exportação de laranjas para a Europa. Em termo”. Segundo a programação, as<br />

1926, o autor do citado documento e João laranjas imprestáveis para exportação<br />

Carlos Baptista Levy, utilizando o canal de deveriam ser vendi<strong>da</strong>s em São Paulo.<br />

exportação de flores <strong>da</strong> Dierberger & Cia, Animados com a boa aceitação que essas<br />

empreenderam a primeira exportação de frutas tiveram na Europa, conforme<br />

laranjas para a Europa empregando os provaram as primeiras contas de ven<strong>da</strong>,<br />

métodos californianos a partir de <strong>Limeira</strong>. eles aumentaram essa quanti<strong>da</strong>de. O<br />

Essa iniciativa acarretou considerável resultado pecuniário dessa experiência,<br />

p r e j u í z o p a r a a m b a s a s p a r t e s incluindo-se a frigorificação e a ven<strong>da</strong> de<br />

contraentes. Em 1927, na segun<strong>da</strong> laranjas no mercado interno, assim como<br />

tentativa que João Dierberger Júnior a exportação de 720 caixas de laranjas<br />

empreendeu, sem a coadjuvação de João Pera, não corresponderam à expectativa,<br />

Carlos Levy, que havia falecido, ele apesar do brilhante sucesso que,<br />

c o n s e g u i u u m l u c r o d e , tecnicamente, tiveram com a maioria <strong>da</strong>s<br />

aproxima<strong>da</strong>mente, 49.943 110 réis remessas e com o considerável lucro<br />

exportando 7994 caixas de laranjas obtido com a ven<strong>da</strong> <strong>da</strong>s frutas de<br />

baianas, <strong>da</strong>s quais foram vendi<strong>da</strong>s 7859 tamanho médio e pequeno, que, em<br />

nos mercados de Hamburgo e Londres. média, foi de 16 mil réis líquidos por caixa.<br />

De acordo com o planejamento, a A falta de fruta de tamanho médio e<br />

Dierberger & Cia deveria exportar 5000 pequeno, uma remessa de mil caixas de<br />

caixas de laranjas Baiana, a serem laranjas frigorifica<strong>da</strong>s em São Paulo e<br />

185


eexpedi<strong>da</strong>s a Santos a fim de serem porcentagem por caixa, a fim de animar o<br />

exporta<strong>da</strong>s, e as caixas de laranjas Pera, trabalho consciencioso. Também seria<br />

forneci<strong>da</strong>s pelo Sr. Mário de Souza conveniente que ca<strong>da</strong> pomar tivesse<br />

Queiroz, cujas frutas chegaram em c a r a m a n c h õ e s c o b e r t o s , p a r a<br />

péssimo estado ao destino, foram alguns armazenagem <strong>da</strong>s frutas colhi<strong>da</strong>s. Isso<br />

dos fatores que ocasionaram um facilitaria o rápido e contínuo transporte e<br />

considerável prejuízo. Apesar disso, essa melhor aproveitamento do tempo seco.<br />

iniciativa pioneira rendeu um lucro líquido Assim, mesmo no período <strong>da</strong>s chuvas, o<br />

de 49.493 110 réis. Considerando todos os trabalho não ficaria paralisado por falta de<br />

fatos, a experiência instilou esperança no frutas colhi<strong>da</strong>s.” No princípio, as<br />

desenvolvimento <strong>da</strong> exportação para o operações de seleção, limpeza e<br />

estrangeiro. O líquido médio foi de 6.353 embalagem foram executa<strong>da</strong>s em um<br />

réis por caixa, preço tão baixo, porque a barracão junto à fábrica do Major Levy,<br />

maioria <strong>da</strong>s frutas envia<strong>da</strong>s eram de situado nas proximi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> estação <strong>da</strong><br />

tamanho grande. João Dierberger Júnior Cia. Paulista de Estra<strong>da</strong>s de Ferro. Os<br />

planejava evitar o máximo possível o últimos despachos foram preparados em<br />

contato manual com a fruta, tanto na um barracão, especialmente construído<br />

colheita, como na separação. Ele sabia no pomar <strong>da</strong> Chácara Baiana. João<br />

que a mínima feri<strong>da</strong> em sua epiderme Dierberger avaliou que seria conveniente<br />

constituía-se o portão de entra<strong>da</strong> para os executar essas operações junto à chave <strong>da</strong><br />

germes que causam a putrefação. estra<strong>da</strong>, para facilitar o embarque nos<br />

Entretanto, os colhedores não se vagões, a locomoção do pessoal e<br />

a<strong>da</strong>ptaram a essa exigência. Depois de fiscalização dos trabalhos. Quanto ao<br />

detalhar o procedimento <strong>da</strong> colheita, ele transporte, “a despesa é menor, quando o<br />

relatou que, para realizar essa operação, carreto é um só, do pomar até a casa de<br />

ele despendeu, aproxima<strong>da</strong>mente, 250 beneficiamento, junto à estra<strong>da</strong> de ferro,<br />

réis por caixa. “No futuro, seria sem descarga e nova carga em algum<br />

interessante pagar o serviço por ponto intermediário”. O custo do<br />

empreita<strong>da</strong>, com direito a uma pequena transporte poderia ter uma redução de<br />

186


até 5 contos de réis, com a aquisição de imprestáveis, embalagem em papel de<br />

um automóvel. Isso era perfeitamente se<strong>da</strong> e encaixotamento, oferecendo<br />

justificável, porque, para execução de subsídios de valor imensurável para<br />

uma operação desse porte, desde que ela racionalização do trabalho e de custos<br />

fosse feita com veículo próprio, renderia para as futuras exportações. No que se<br />

um lucro equivalente ao pagamento de refere aos fretes terrestres, antes de<br />

50% do seu valor. “Quanto ao custo <strong>da</strong> iniciar a exportação, foi feita uma<br />

mão-de-obra, incluindo-se a confecção exposição <strong>da</strong>s diversas dificul<strong>da</strong>des que<br />

de 8.041 caixas prepara<strong>da</strong>s para se opunham ao desenvolvimento dessa<br />

exportação e a quantia de 1000 réis “pró ativi<strong>da</strong>de ao Secretário <strong>da</strong> Agricultura.<br />

labore” ao gerente <strong>da</strong> empresa, foi Infelizmente, as gestões com o governo<br />

despendi<strong>da</strong> a quantia de 1.260 réis por não produziram resultados. Entretanto,<br />

caixa. Essa despesa poderá ser reduzi<strong>da</strong> a Dierberger elogiou as companhias de<br />

1000 réis, uma vez que o pessoal tenha estra<strong>da</strong>s de ferro, pela facilitação do<br />

adquirido maior prática e se acharem transporte. Em geral, os vagões<br />

mais perfeitos maquinismos à disposição despachados como carga não levaram<br />

<strong>da</strong> empresa”. Para selecionar as frutas por mais do que 15 horas no trajeto até<br />

tamanho, eles construíram uma máquina Santos. Para tratar <strong>da</strong>s formali<strong>da</strong>des<br />

a correias móveis. Também utilizaram, alfandegárias, eles contrataram os<br />

com sucesso, uma prensa de ferro arma<strong>da</strong> serviços <strong>da</strong> casa despachante, F. Motta &<br />

sobre um banco a roliços, para colocação Cia. Preocupados com o envio cui<strong>da</strong>doso<br />

<strong>da</strong>s tampas <strong>da</strong>s caixas em forma <strong>da</strong>s frutas e com o embarque em Santos,<br />

abaula<strong>da</strong>. João Dierberger Júnior João Júnior acompanhou pessoalmente<br />

detalhou todo o processo de seleção todos os despachos até bordo. Ele<br />

manual e industrial <strong>da</strong>s frutas, assim esperava que, no futuro, a Companhia de<br />

como a importância do treinamento de Docas colaborasse para que não<br />

pessoal para aprimoramento <strong>da</strong>s ocorressem as demora<strong>da</strong>s e prejudiciais<br />

operações de limpeza manual <strong>da</strong>s laranjas formali<strong>da</strong>des para o desembaraço de<br />

c o m p a n o s , e s c o l h a d a s f r u t a s documentos e entrega <strong>da</strong> mercadoria a<br />

187


Chácara Baiana, com destaque para o Major José Levy Sobrinho<br />

(à direita). Acervo Museu <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> Itapema - <strong>Limeira</strong> - SP.<br />

188


ordo. No relatório, ele registrou a falta empresa não poupou esforços para<br />

de cui<strong>da</strong>do dos estivadores. Para resolver introduzir a fruta brasileira, até então<br />

esse problema e outros inconvenientes, completamente desconheci<strong>da</strong> no<br />

seria aconselhável empregar aquele mercado alemão, recusando qualquer<br />

jeitinho brasileiro, reservando a quantia porcentagem ou lucro, tendo-nos<br />

de 100 réis por caixa para gratificações. informado to<strong>da</strong>s as exigências do<br />

Depois de detalhar todo o processo de mercado hamburguês, como ain<strong>da</strong> se<br />

fretes marítimos, Dierberger elogiou a verifica pela volumosa correspondência<br />

Hamburg Sud. A empresa facilitou os que, durante a exportação desse ano, a<br />

despachos, consentindo o pagamento Stamer & Co. nos enviou.” Quanto à<br />

dos fretes no porto de destino, o que pela diminuição do lucro esperado, ocorrido<br />

Royal Mail foi recusado. “Contrariando pelo apodrecimento de parte <strong>da</strong>s laranjas,<br />

to<strong>da</strong>s as expectativas, o mercado de em algumas remessas, Dierberger<br />

Hamburgo apresentou-se muito mais concluiu que o apodrecimento foi<br />

favorável do que o de Londres para a provocado pela “Mosca de Frutas”. “O<br />

compra de nosso produto, sendo a maior inimigo <strong>da</strong> nova e tão futurosa<br />

diferença de lucro considerável nos indústria de exportação de laranja é a<br />

diversos tipos, variando de 1 a 6 mil réis Mosca de Frutas. Para observação, tendo<br />

por caixa. Mesmo nos tipos 64 e 80 que, no guar<strong>da</strong>do, como de costume, algumas<br />

mercado de Londres, produziram c a i x a s d a r e m e s s a e m q u e s t ã o ,<br />

prejuízo, ain<strong>da</strong> deram algum lucro na verificamos, após poucos dias <strong>da</strong> sua<br />

ven<strong>da</strong> em Hamburgo”. “Em parte, essa expedição, a putrefação de algumas<br />

obtenção de melhores preços é devido ao frutas, a qual aumentava, rapi<strong>da</strong>mente,<br />

consciencioso trabalho e ao cui<strong>da</strong>do que reduzindo a quanti<strong>da</strong>de de exemplares<br />

adotamos na manipulação <strong>da</strong>s frutas. em ca<strong>da</strong> caixa m/m a 30%. A razão de não<br />

Convém salientar os grandes serviços ter ocorrido igual fato com a remessa<br />

prestados pela firma Stamer & Co. anterior (120 caixas) é facilmente<br />

Hamburg, nosso representante naquela explica<strong>da</strong>, pois houve entre essa e a<br />

praça. Durante a primeira experiência, a s e g u n d a u m i n t e r v a l o d e ,<br />

189


Depósito temporário de caixas de laranjas constituído no momento <strong>da</strong> colheita.<br />

Acervo do Museu <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> Citra - <strong>Limeira</strong> - SP.<br />

190


aproxima<strong>da</strong>mente, um mês, tempo em quali<strong>da</strong>de e não a quanti<strong>da</strong>de garantiu a<br />

que a multiplicação <strong>da</strong> mosca assume aceitação <strong>da</strong>s marcas de laranjas <strong>da</strong><br />

enormes proporções. Encerrando o nosso empresa, “Tropic Sun”, “Tropic Palm” e<br />

relatório, agradecemos os bons auxiliares “Exquisit”, pelos importadores europeus.<br />

que nos possibilitaram a realização <strong>da</strong> Em 1927, as organizações existentes se<br />

experiência, principalmente ao Sr. integraram para a constituição <strong>da</strong> nova<br />

Rodolfo Pudelko, que desempenhou a sua firma, a Dierberger & Companhia, a qual<br />

função com rara dedicação e perfeita João Dierberger era o sócio coman<strong>da</strong>tário<br />

compreensão. Igualmente ao Sr. e os seus dois filhos, sócios solidários.<br />

Felisberto Camargo, que nos auxiliou em Além de desenvolver outras ativi<strong>da</strong>des, a<br />

diversas providências a serem a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s. empresa também introduziu inúmeras<br />

Operários e operárias de <strong>Limeira</strong>, apesar varie<strong>da</strong>des de plantas cítricas, tais como<br />

de inexperientes, demonstraram boa diversas tangerinas, a laranja valência, a<br />

vontade e grandes aptidões para, ca<strong>da</strong> Washington Navel (Baianinha), a Hamlin,<br />

vez mais, se familiarizar com esse diversos Grape-Fruits, etc. Quando João<br />

trabalho, o qual, quiçá, para <strong>Limeira</strong> e São Dierberger Júnior abriu o caminho para a<br />

Paulo ain<strong>da</strong> será de imenso valor. (a) João laranja brasileira na Europa, Júlio Prestes,<br />

Dierberger Júnior.“ então Governador do Estado de São<br />

Paulo, convidou o agrônomo Fernando<br />

Em 1928, O Estado de São Paulo Costa para assumir a <strong>Secretaria</strong> <strong>da</strong><br />

publicou uma carta envia<strong>da</strong> por Gaelzzer Agricultura. Ele reorganizou o Instituto<br />

Netto, comissário do Brasil em Berlim, à Agronômico, criou o Instituto Biológico e,<br />

Associação Comercial de São Paulo, para facilitar a vi<strong>da</strong> dos exportadores,<br />

destacando o trabalho <strong>da</strong> família mandou construir uma Packing House e<br />

Dierberger: “A única firma brasileira que implantar Estações Experimentais em<br />

t e m f e i t o b o a s r e m e s s a s , b e m <strong>Limeira</strong> e Sorocaba. A gestão do citado<br />

acondiciona<strong>da</strong>s e de laranjas bem secretário foi profícua, no momento em<br />

escolhi<strong>da</strong>s, com cascas limpas, tem sido a que a cultura do café sofria sério agravo<br />

firma “Dierberger Irmãos de São Paulo”. A pelo surto de broca dos cafezais, e a<br />

191


Casa <strong>da</strong> Laranja (Packing House) - <strong>Limeira</strong> - SP.<br />

Acervo Lillian Senra.<br />

192


c i t r i c u l t u r a b u s c a v a g a n h a r Brasil era o quinto maior produtor<br />

embasamento técnico. Também foi mundial de cítricos, superado apenas<br />

importante a nomeação do agrônomo pelos Estados Unidos <strong>da</strong> América,<br />

Felisberto Camargo, formado na ESALQ, E s p a n h a , J a p ã o e I t á l i a . M u i t o s<br />

como primeiro diretor <strong>da</strong> Estação capitalistas entraram no negócio, mas,<br />

Experimental de <strong>Limeira</strong>. Ele encontrou para exportar, era preciso ter boas<br />

um desafio à altura dos conhecimentos relações no exterior. Surgiram os<br />

adquiridos em um curso de especialização intermediários que viajavam pelo interior<br />

em cítricos de que ele participou em catando laranja caipira nas fazen<strong>da</strong>s.<br />

Riverside/Califórnia e <strong>da</strong> experiência Egisto Ragazzo Júnior tinha 29 anos<br />

adquiri<strong>da</strong> no Instituto Agronômico de quando, em 1933, entrou no negócio <strong>da</strong><br />

Campinas, onde havia trabalhado laranja, arrastado pelo pai, comerciante<br />

anteriormente. O agrônomo Edmundo de aguardente, arroz e café. Ele<br />

Navarro de Andrade (1880 – 1941), confidenciou ao pesquisador Geraldo<br />

formado pela Escola Nacional de Hasse: “Chegava a época de exportar, era<br />

Agricultura de Coimbra (Portugal), na uma corri<strong>da</strong> atrás de laranja, pois a<br />

primeira déca<strong>da</strong> do século XX, exerceu produção era insuficiente. Eu me lembro<br />

u m a g r a n d e i n f l u ê n c i a p a r a o de que, no primeiro ano, saí com um<br />

desenvolvimento do plantio e exportação grupo de colhedores de laranja, jagunços,<br />

de frutas cítricas, pelos seus artigos a bem dizer, e me instalei num barraco de<br />

publicados em “O Estado de São Paulo”, Araraquara, com as máquinas de seleção<br />

nos anos de 1928 e 1929. Após a de laranjas. Nós procurávamos em todos<br />

experiência au<strong>da</strong>ciosa de João Dierberger os cafezais <strong>da</strong> região para apanhar laranja<br />

Júnior, a exportação brasileira de laranja caipira, que <strong>da</strong>va em árvores frondosas,<br />

não parou de crescer. Em 1927, foram no meio do café”. Outro que começou<br />

exporta<strong>da</strong>s 359.837 caixas no valor de comprando laranja na região de<br />

114.185 libras esterlinas e, em 1931, Jaboticabal, Araraquara e Catanduva, foi<br />

2.054.302 caixas, por 658.322 libras João Senra, nascido em 1902, em Barroso,<br />

esterlinas. No final <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 20, o MG. Sua filha, Lillian Senra Siqueira,<br />

193


minha amiga particular, contou-me que essa altura, o movimento em <strong>Limeira</strong> era<br />

João trabalhou por muito tempo com os grande. Crescia o número de pessoas que<br />

Dierbergers, em Mogi <strong>da</strong>s Cruzes, São plantavam e exportavam laranjas. Muitos<br />

Paulo e na Fazen<strong>da</strong> Citra. “Depois de aventureiros perderam dinheiro e, cheios<br />

algumas exportações, meu pai resolveu de dívi<strong>da</strong>s, partiam no famoso trem que<br />

trabalhar por conta própria. Em 1932, ele saía de madruga<strong>da</strong> de <strong>Limeira</strong>. O motivo<br />

mudou-se para <strong>Limeira</strong>, onde começou a mais comum dos prejuízos era o seguinte:<br />

fazer descoloração de laranjas com gás Os navios levavam cerca de um mês para<br />

etileno, em pequenas câmaras, e com chegar à Europa. Assim que aportavam,<br />

esse negócio conseguiu capital suficiente os importadores começavam a enviar<br />

para exportar duas safras. Ele também boletins informando os altos preços.<br />

c o m p r a v a l a r a n j a p a r a o u t r o s Entusiasmados, os exportadores, aqui no<br />

exportadores”. Poucos anos depois, João Brasil, confiantes, enviavam grandes<br />

Senra já utilizava a Casa <strong>da</strong> Laranja de quanti<strong>da</strong>des de fruta. Durante o trajeto<br />

<strong>Limeira</strong> e Packing Houses em Campinas e do navio, quando a carga ain<strong>da</strong> estava a<br />

Piracicaba para empreender suas caminho, novos boletins anunciavam a<br />

exportações. “Ele comprava laranjas na que<strong>da</strong> dos preços. Então, os prejuízos se<br />

região de <strong>Limeira</strong> e, como os negócios avolumavam e era falência à vista. A<br />

estavam indo bem, expandiu suas socie<strong>da</strong>de com Manoel Pires Lopes foi um<br />

operações para São Simão, Cravinhos, sucesso e rendeu muito dinheiro, graças à<br />

Ribeirão Preto e Rio de Janeiro, estratégia de meu pai de negociar, a<br />

principalmente em Campos. Eles priori, um preço mínimo para as laranjas<br />

montavam o barracão de laranja, colhiam que exportava. Assim, os custos estavam<br />

de dia e embalavam à noite. O sucesso garantidos e ain<strong>da</strong> sempre sobrava algum<br />

chamou a atenção de uma firma de café l u c r o . ” O s i m p o r t a d o r e s e s e u s<br />

em Santos, que também despachava representantes compravam os frutos dos<br />

laranjas para a Europa. O proprietário, pomares em libras esterlinas. Essa prática<br />

Manoel Pires Lopes, procurou meu pai e provocou uma competição pela compra<br />

se tornou sócio em suas exportações. A antecipa<strong>da</strong> <strong>da</strong>s safras, quando ain<strong>da</strong><br />

194


estavam em plena flora<strong>da</strong>. A produção era prosperi<strong>da</strong>de de causar inveja”. Egisto<br />

calcula<strong>da</strong> a olho, para o bem e para o mal. Ragazzo Jr. lembra-se de que, no interior,<br />

Tratava se de um grande negócio. O eles adiantavam dinheiro para a colheita.<br />

engenheiro João Ernesto Dierberger “Muita gente pegou esses adiantamentos<br />

contou-nos que João Kachler Filho se e sumiu, sem deixar rastro.” Nas áreas<br />

destacava entre os compradores de economicamente importantes, São Paulo<br />

laranja. Ele tinha um olho clínico. Esse e Rio de Janeiro, fixaram-se firmas com<br />

talento rendeu excelentes negócios à grande poder de barganha na exportação.<br />

empresa. Um negócio sazonal, que Os citricultores de maior porte assinavam<br />

começava, no primeiro semestre, em São contratos plurianuais com essas<br />

Paulo, e terminava, entre agosto e empresas, para garantir a ven<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

dezembro, na Baixa<strong>da</strong> Fluminense. Do produção de seus pomares. Destacou-se<br />

Rio se exportava para o Prata, e de São entre os compradores Alberto Cocozza<br />

Paulo, para a Europa. Os maiores (1892 – 1958), o “Rei <strong>da</strong> Laranja”, que, na<br />

exportadores trabalhavam nas duas déca<strong>da</strong> de 30, operava mais de 20<br />

praças e, somando todos eles, não barracões de embalagem no interior<br />

passavam de uma centena. A rotativi<strong>da</strong>de paulista e na baixa<strong>da</strong> Fluminense. Ele<br />

era muito alta. A Dierberger & Cia. também constituiu a Goodwin Cocozza,<br />

continuava nesse mercado internacional, em socie<strong>da</strong>de com Harry Goodwin, um<br />

mas o seu carro chefe foi, desde o dos principais importadores de frutas de<br />

princípio, o seu viveiro, não só de cítricos, Londres.<br />

mas de inúmeras varie<strong>da</strong>des de plantas Em 1938, em substituição à “Seção<br />

f r u t í f e r a s , n a t i v a s , e x ó t i c a s e E x p o r t a ç ã o ” , d a D i e r b e r g e r &<br />

ornamentais. Durante a safra, o dinheiro Companhia, foi organiza<strong>da</strong> a firma<br />

<strong>da</strong> laranja movimentava as ci<strong>da</strong>des de Dierberger Exportadora Lt<strong>da</strong>. Eles<br />

<strong>Limeira</strong>, Taubaté e Sorocaba. Hasse construíram uma “Packing House” na<br />

comentou que “alguns exportadores, ou F a z e n d a C i t r a . E s s e p e r í o d o f o i<br />

mesmo os seus prepostos, apareciam de caracterizado pela extensão <strong>da</strong>s diversas<br />

a u t o m ó v e l , a p a r e n t a n d o u m a o r g a n i z a ç õ e s d e p e n d e n t e s e<br />

195


especiali<strong>da</strong>des. No campo agrícola, a outros para a lavoura, também progrediu,<br />

empresa introduziu, aclimatou e devido à quali<strong>da</strong>de dos produtos e<br />

propagou mu<strong>da</strong>s de diversas classes de atendimento especializado. Theodoro<br />

abacateiros, o que permitiu a produção Lourencini foi o principal dirigente dessa<br />

dessa fruta por meio de enxertia. De área, contando com a competência de<br />

acordo com o depoimento do saudoso Carlos Alfredo Roderbourg, Ronaldo<br />

João Dierberger Júnior, Reynaldo Rieter e Paulo Kassahara.<br />

Dierberger empreendeu trabalhos Em 1939, a exportação de laranjas<br />

espetaculares à frente <strong>da</strong> Seção de in natura no Brasil bateu um recorde,<br />

Paisagismo <strong>da</strong> Dierberger & Companhia. chegando a 197 mil tonela<strong>da</strong>s. O maior<br />

Eis uma relação de alguns dos inúmeros movimento exportador já era feito em<br />

parques e jardins, públicos e particulares, São Paulo, seguido pelo Rio, e as<br />

constituídos pelo citado artista: Jardins do companhias ferroviárias fomentaram o<br />

Palácio Guanabara, no Rio de Janeiro; desenvolvimento desse comércio. Nessa<br />

Praça <strong>da</strong> Liber<strong>da</strong>de, de Belo Horizonte época, a Companhia Paulista de Estra<strong>da</strong>s<br />

MG; Ilha do Brocoió, na Guanabara; de Ferro tinha 360 vagões fruteiros. Para<br />

Parques e jardins <strong>da</strong> família Guinle, em que tenhamos uma estimativa do<br />

Terezópolis; Jardim do Ipiranga, em São crescimento <strong>da</strong> exportação, basta<br />

Paulo; termas de Poços de Cal<strong>da</strong>s e registrar que, em 1927, ano em que os<br />

Termas de Araxá. Para realizar essas Dierbergers empreenderam a já cita<strong>da</strong><br />

ver<strong>da</strong>deiras obras-primas, ele contou experiência com o mercado externo,<br />

com a assessoria de Gustavo Bausch, foram exporta<strong>da</strong>s 12.594 tonela<strong>da</strong>s de<br />

Rodolpho e Joaquim Boehm e Walter laranjas e, no ano de 1939, chegamos<br />

Bartsch. A Seção Comercial <strong>da</strong> Dierberger estabelecer o recorde, exportando<br />

& Cia. gozava de respeitabili<strong>da</strong>de entre os 197.118 tonela<strong>da</strong>s.<br />

consumidores e plantadores de sementes A citricultura sofreu sobremaneira<br />

de to<strong>da</strong>s as espécies, tanto nacionais, com a eclosão <strong>da</strong> Segun<strong>da</strong> Guerra<br />

como as importa<strong>da</strong>s. O comércio de bons Mundial. Em 1940, os principais mercados<br />

artigos, como fungici<strong>da</strong>s, insetici<strong>da</strong>s e importantes cortaram seus pedidos e,<br />

196


consequentemente, os produtores por satisfeito o citricultor que vendesse<br />

paulistas perderam a sua principal fonte suas laranjas por mil réis a caixa, preço<br />

de ren<strong>da</strong>. Com o bloqueio <strong>da</strong> maioria dos sete vezes inferior ao praticado<br />

mercados importadores, os citricultores e anteriormente. Uma <strong>da</strong>s opções era o<br />

exportadores se articularam para colocar italiano José Cutrale que, desde 1913,<br />

seu produto no mercado interno. Não negociava com laranjas no Mercado<br />

havia mais saí<strong>da</strong> para a superprodução. Municipal de São Paulo, inaugurado em<br />

Além de forçar a indústria a comprar 1933. No interior, entre os exportadores,<br />

laranja para os operários, o Major José sobrava, praticamente, Van Parys. A<br />

Levy Sobrinho, à frente <strong>da</strong> <strong>Secretaria</strong> <strong>da</strong> paralisação dos principais mercados<br />

Agricultura de São Paulo, também tentou importadores <strong>da</strong> Europa provocou uma<br />

escoar a produção pela <strong>da</strong> fabricação de febre de produção de óleo essencial de<br />

s u c o s . E l e m a n d o u i n s t a l a r u m laranja no Brasil. No começo, em 1941,<br />

equipamento de fabricação de sucos pelo ocorreu uma adesão de grande número<br />

sistema “Hot Pack” na “Packing House” de citricultores e especuladores,<br />

do Estado, em <strong>Limeira</strong>. Como não havia principalmente porque os exportadores<br />

m e r c a d o , p o u c o s u t i l i z a v a m a s pagavam adiantado a quantia de 50 mil<br />

instalações, que acabaram caindo nas réis o litro. O excesso de produção e a<br />

mãos de Edmond Van Parys, um belga, que<strong>da</strong> dos preços frustrou as expectativas<br />

filho de Leon Van Parys, um dos mais de muitos aventureiros. Com os pomares<br />

tradicionais importadores de fruta <strong>da</strong> em decadência, a Seção de Fruticultura <strong>da</strong><br />

Europa. Ele começou a exportar e, em <strong>Secretaria</strong> <strong>da</strong> Agricultura Indústria e<br />

1939, fundou a Citrobrasil, com base na Comércio, executando a ideia do Major<br />

qual manteve aberta, durante a guerra, Levy, concluiu o primeiro levantamento<br />

sua linha de negócios com a empresa <strong>da</strong> <strong>da</strong> citricultura paulista. Em 1941, não<br />

família, na Bélgica. Van Parys assumiu e havia mais do que 1203 citricultores no<br />

manteve a liderança na exportação de estado. Eles cultivavam 4,5 milhões de<br />

laranjas para a Europa, até meados <strong>da</strong> árvores, sendo 3 milhões adultas e 2,3<br />

déca<strong>da</strong> de 60. Durante a guerra, <strong>da</strong>va-se milhões novas.<br />

197


Com a crise gera<strong>da</strong> pela Segun<strong>da</strong> Importação e Exportação. Seção<br />

G u e r r a M u n d i a l , a D i e r b e r g e r Industrial para produção de mentol),<br />

Exportadora Lt<strong>da</strong>. que, durante o tempo Dierberger Arquitetura Paisagística Lt<strong>da</strong>.<br />

que se envolveu com a exportação de (Ajardinamentos em geral. Plantas<br />

cítricos, contou com a aju<strong>da</strong> de João Ornamentais).<br />

Senra, João Kachler Filho, João Fischer, Lillian Senra Siqueira, filha de João<br />

Luiz Marino Netto, Alberto Kachler, Senra, contou- me que, nessa época, além<br />

Henrique Mantel e outros, encerrou as d a s a t u r a ç ã o d o m e r c a d o p a r a<br />

suas ativi<strong>da</strong>des e, posteriormente, foi comercialização do óleo extraído <strong>da</strong> casca<br />

liqui<strong>da</strong><strong>da</strong>. O plano de vasto plantio <strong>da</strong> <strong>da</strong> laranja, surgiu a Tristeza, doença que<br />

nogueira “Tung”, cujas sementes foram d i z i m o u o s p o m a r e s . “ D a d a s a s<br />

importa<strong>da</strong>s <strong>da</strong> “Alachua Tung Oil circunstâncias desfavoráveis no setor<br />

Corporation”, que seria executado por citrícola, meu pai resolveu realizar um<br />

uma enti<strong>da</strong>de estrangeira, também foi antigo sonho dos tempos de estu<strong>da</strong>nte.<br />

intenrrompido. Entretanto, eles tinham Ele foi comprar gado em Mato Grosso<br />

diversificado suas ativi<strong>da</strong>des e, apesar <strong>da</strong> para engor<strong>da</strong>r em São Pedro, Santa Maria<br />

dificul<strong>da</strong>de enfrenta<strong>da</strong> com o bloqueio do <strong>da</strong> Serra e em <strong>Limeira</strong>, onde alugava os<br />

mercado externo, principalmente o pastos do Sr. Tomás de Luca, proprietário<br />

Europeu, as suas empresas continuaram a <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> Botafogo. Durante a guerra,<br />

operar. De acordo com o depoimento de por ser italiano, o citado senhor teve seus<br />

João Dierberger Júnior, a partir do início bens congelados pelo Banco, fato que o<br />

<strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 40, a Dierberger & Cia. levou à falência. Em 1945, aconselhado<br />

encerrou suas ativi<strong>da</strong>des, constituindo- pelo próprio Tomás de Luca, meu pai, em<br />

s e , p o r s u c e s s ã o , a s s e g u i n t e s socie<strong>da</strong>de com Manoel Pires Lopes,<br />

organizações mais especializa<strong>da</strong>s: arrematou a fazen<strong>da</strong> em leilão. Meus pais<br />

Dierberger Agrícola Lt<strong>da</strong>.- <strong>Limeira</strong> passaram a residir na sede <strong>da</strong> Botafogo e a<br />

(Viveiristas – Fruticultores), Dierberger o r g a n i z á - l a p a r a r e c e b e r g a d o .<br />

Agro Comercial Lt<strong>da</strong>. (Comércio de Construíram mangueiros, local para<br />

Sementes e artigos para a lavoura vacinação, iniciaram uma grande criação<br />

198


de porcos e fizeram uma fábrica de expansão na ven<strong>da</strong> de calcário do amigo<br />

farinha de mandioca, aproveitando a Abílio Pedro, que nunca se cansou de<br />

plantação que já existia. Meu pai, no comentar o pioneirismo de meu pai. O<br />

entanto, sempre de olho na laranja, grande pomar <strong>da</strong> Botafogo saiu na frente,<br />

mantinha contato com os técnicos <strong>da</strong> c o m s a f r a s g i g a n t e s , a l t a m e n t e<br />

Estação Experimental de Cordeirópolis, c o b i ç a d a s p e l o s e x p o r t a d o r e s e<br />

especialmente com o dr. Sylvio Moreira, produtores de suco de laranja. Os<br />

seu dileto amigo. Foi esse pesquisador compradores calculavam a safra em<br />

que descobriu que a causa <strong>da</strong> Tristeza era número de caixas e percorriam os<br />

devi<strong>da</strong> ao porta-enxerto utilizado na pomares para saber o quanto poderiam<br />

época. Essa doença foi a responsável pelo oferecer para adquiri-la e, ao mesmo<br />

d e c l í n i o d o s p o m a r e s e , tempo, preocupavam-se em não perdê-la<br />

consequentemente, pela que<strong>da</strong> violenta para os concorrentes. Meu pai tinha um<br />

<strong>da</strong> produção de citrus. Meu pai resolveu se burro branco que utilizava sempre como<br />

antecipar, formando um grande viveiro, montaria e o cedia aos compradores para<br />

observando as técnicas experimenta<strong>da</strong>s avaliar a safra. Alguns comentavam que o<br />

com porta-enxerto imune à cita<strong>da</strong> João Senra treinava o burro branco para<br />

doença. Ele formou um grande pomar na passar pelo pomar somente nas ruas em<br />

Fazen<strong>da</strong> Botafogo, situa<strong>da</strong> em <strong>Limeira</strong>, que as laranjeiras estavam mais<br />

então Capital <strong>da</strong> Laranja. Os vizinhos e carrega<strong>da</strong>s de frutas. Nessa época, com<br />

conhecidos comentavam que ele estava essa quase exclusivi<strong>da</strong>de, com um pomar<br />

louco, porque o que restava de laranja grande, altamente disputado, meu pai<br />

estava caindo dos pés doentes e, ain<strong>da</strong> recheava seus cofres e os do Manoel Pires<br />

por cima, João Senra plantava pomares Lopes, que continuava seu sócio, e assim<br />

não alinhados, ou melhor, em curvas de se manteve por 25 anos. Na época, meu<br />

nível, o que era uma novi<strong>da</strong>de na região. pai representava a citricultura brasileira<br />

Ele também foi o pioneiro a utilizar na FARESP, hoje FAESP, em São Paulo.<br />

calcário para corrigir o PH do solo. Com Viajava frequentemente ao Rio de<br />

esse exemplo, houve uma grande Janeiro, acompanhado pelo Henrique<br />

199


Carreta <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> Botafogo utiliza<strong>da</strong> para servir os visitantes <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de pertencente a João Senra.<br />

Acervo Lillian Senra.<br />

200


Jacobs e Manoel Rodrigues, para pleitear Agricultura de São Paulo. João Senra<br />

melhores câmbios para exportação de sempre comentou que a convivência com<br />

citrus, etc... Em <strong>Limeira</strong> foi presidente <strong>da</strong> os Dierbergers foi uma escola que formou<br />

Associação Rural. Sempre esteve inúmeros profissionais.<br />

presente nas comissões e presidência <strong>da</strong>s<br />

festas <strong>da</strong> laranja, lembra<strong>da</strong>s como<br />

grandes eventos, com o comparecimento<br />

de governadores de estado, secretários<br />

<strong>da</strong> agricultura e outras autori<strong>da</strong>des e<br />

t é c n i c o s . N e s s a s o c a s i õ e s e r a m<br />

escolhidos e premiados os melhores<br />

pomares e os melhores exemplares de<br />

frutas cítricas, apresentados no local <strong>da</strong><br />

festa.” Em uma dessas oportuni<strong>da</strong>des,<br />

João Senra e Manoel Pires Lopes<br />

receberam o 1º Prêmio, pelo maior e<br />

melhor pomar do Estado de São Paulo.<br />

Lillian contou muitas outras histórias e<br />

fatos pitorescos envolvendo até mesmo<br />

Jânio <strong>da</strong> Silva Quadros, que publicaremos<br />

oportunamente. De fato, Geraldo Hasse e<br />

outros especialistas no ramo afirmaram<br />

que a Botafogo, situa<strong>da</strong> no município de<br />

<strong>Limeira</strong>, chegou a ser, na déca<strong>da</strong> de 50, a<br />

maior fazen<strong>da</strong> de laranja do Brasil, com<br />

duzentas mil árvores. Ela serviu de<br />

r e f e r ê n c i a p a r a o s p r i m e i r o s<br />

levantamentos de custo de produção<br />

cítrica, empreendidos pela <strong>Secretaria</strong> <strong>da</strong><br />

201<br />

Colhedora de laranjas contrata<strong>da</strong> pela<br />

Dierberger & Companhia.<br />

Acervo Museu <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> Citra - <strong>Limeira</strong> - SP.


Pulverizador pertencente à Dierberger & Companhia<br />

Acervo do Museu <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> Citra - <strong>Limeira</strong> - SP<br />

202


203


Fontes Documentais<br />

01) Livros de recortes de jornais: A <strong>Imigração</strong>, Gazeta de Notícias, Diário de Santos, Diário Mercantil de São Paulo,<br />

Jornal do Agricultor (Dez /1883 a 1886. (Museu Paulista)<br />

02) Coleção de Leis: Posturas Municipais promulga<strong>da</strong>s pela Assembléia Legislativa Provincial de São Paulo<br />

03) ( Arquivo do Estado de São Paulo)T-1 <strong>Imigração</strong> Cx:1 (1854-1886) e Cx:2 (1887), Cx:3 ( 1888), Ms, Cx: 4 (1889-<br />

1891..<br />

04) Terras e Colonização Cx:2 (1888 Ms) – (Arquivo do Estado de São Paulo)<br />

05) <strong>Secretaria</strong> <strong>da</strong> Agricultura - Ofícios Diversos 1890- 1891- (Arquivo do Estado de São Paulo)<br />

06) Jornal A Província de São Paulo (18, 19, 25 e 28 de Novembro de 1889)<br />

07) Guide l'émigrant au Brésil (Santa-Anna Nery)-Exposição Internacional de Paris-1889<br />

08) Jornal do Comércio do Rio de Janeiro (04/01/1893) – Cópia: acervo: S F A - Berna<br />

09) Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro ( 6/06/1885)<br />

10) Correio Paulistano (27/01/1880, 19/01/1889, 6/6/1889, 27/03/1889, março de 1906)<br />

11) Relatório <strong>da</strong> <strong>Secretaria</strong> <strong>da</strong> Agricultura (1897-pg 120)<br />

12) <strong>Secretaria</strong> <strong>da</strong> Agricultura Ofícios Diversos – 1881-1889 – Ms<br />

13) Boletim do Departamento de <strong>Imigração</strong> e Colonização, <strong>Secretaria</strong> <strong>da</strong> Agricultura do Estado de São Paulo nº 7 -<br />

Dez/1952.<br />

14) Documentos do Acervo Iconográfico do Memorial do Imigrante<br />

15) Documentos diversos alusivos às gestões do Conselho e <strong>da</strong> Assembléia Federal Suíça (1858- 1860)<br />

16) Diversos relatórios do Dr. Heusser (manuscritos arquivados no Arquivo Federal de Berna)<br />

17) Manuscritos de Jean Jackes Tschudi (Acervo Arquivo Federal de Berna)<br />

18) Livro nº1 <strong>da</strong> Colônia Senador Vergueiro (1846) Acervo Paulo Masuti Levy.<br />

19) Livro Mestre V <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> Ibicaba (1862 – 1867) Acervo Paulo Masuti Levy.<br />

20) Livro de Matrícula <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> Ibicaba (1877 – 1890) Acervo Paulo Masuti Levy.<br />

21) Livro Borrador 1 (Escritura Mercantil) Faz. Ibicaba – 1890 Acervo Paulo M. Levy.<br />

22) Auto de Posse de Parte <strong>da</strong>s Terras <strong>da</strong> Sesmaria Morro Azul - 27-10-1817 Acervo Família Levy.<br />

23) Álbum de Família (José Vergueiro) – Acervo Dra. Lotte Köhler – Munique – Alemanha.<br />

24) Diário de Carlota Schmidt ( neta adotiva de José Vergueiro ) – Acervo Dra. Lotte Köhler – Munique<br />

25) Circular do Ministério <strong>da</strong> Agricultura do Rio de Janeiro (Livro 239 de 1883) Doc CO 7754 - Caixa<br />

26) Carta de Doação de Rata de Terra pelo capitão Luiz Manoel <strong>da</strong> Cunha Bastos à Socie<strong>da</strong>de do Bem Comum de<br />

<strong>Limeira</strong> ( 22 de fevereiro de 1832) – 1º livro de Notas do Juiz de Paz de <strong>Limeira</strong> (pág 1)<br />

27) Autos de Ação Executiva Souza Queiroz X Vergueiro & Cia. (1888) Cartório 1º Ofício <strong>Limeira</strong> SP.<br />

28) Cartas de José Vergueiro aos credores (Acervo Cartório 1º Ofício – <strong>Limeira</strong> - SP. Brasil )<br />

29) Cartas Precatórias envolvendo a Vergueiro & Cia e seus credores (Cartório 1º Ofício – <strong>Limeira</strong>)<br />

30) Atestado de Óbito de José Vergueiro<br />

31) Rascunho de Embargo elaborado pelo Dr. Ezequiel de Paula Ramos, referente à hipoteca<br />

envolvendo a Vergueiro & Cia. e o credor (London and Brazilian Bank Limited) 15/06/1875.<br />

32) Recibos documentando envio de café através <strong>da</strong> Cia. Paulista de Estra<strong>da</strong>s de Ferro<br />

33) Cartas de Maria Umbelina (esposa de José Vergueiro) ao neto adotivo João Augusto Brune ( Acervo Dr.Helmut<br />

Troppimaier)<br />

34) Livro de Registro Geral de Escravos Doc 6612 Arquivo do Estado de São Paulo.<br />

35) Doc E 00606/11 Fundo de Emancipação de Escravos <strong>Limeira</strong> –1875 Arquivo do Estado de São Paulo.<br />

36) Doc. CO1092 - Ofícios de <strong>Limeira</strong> 1842 a 1859 Arquivo do Estado de São Paulo.<br />

37) Livro 7 dos Exames, Atos e Graus de 1800-1803 fls.169v. (Universi<strong>da</strong>de de Coimbra – Portugal )<br />

38) Livro de Informações – 2º, Fl.88 e v. (Universi<strong>da</strong>de de Coimbra)<br />

204


39) Recenseamento <strong>da</strong> Capital - Acervo Arquivo do estado de São Paulo.<br />

40) Doc. Alusivo ao destrato <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de entre o Senador Vergueiro e a família do Brigadeiro Luiz Antonio de Souza (<br />

1º Tabelionato de São Paulo, livro de notas nº27 – página nº 54).<br />

41) Parecer de Vergueiro sobre a Colonização Oficial – Colônia de Santo Amaro SP - Ata <strong>da</strong> Sessão nº84 do Conselho<br />

do Governo <strong>da</strong> Província de São Paulo, realiza<strong>da</strong> em 18 de outubro de 1828.<br />

42) Inúmeros documentos pertencentes ao Arquivo de Gotha – Turíngia – Alemanha<br />

43) Documentos relativos ao Movimento do Porto de Santos, enviados pelo Vice- Consulado de Bremen em Santos (<br />

1849 – 1866) - Staatsarchiv Bremen – 2-C.1<br />

44) Inúmeros documentos pertencentes ao Arquivo Distrital de Viana do Castelo, Porto e Braga<br />

( Dra. Alexandra Esteves - Arquivo Distrital de Viana do Castelo - Portugal ).<br />

45) Pesquisas na Torre do Tombo – Lisboa – Portugal.<br />

46) Biblioteca <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Coimbra (Pesquisas Projeto <strong>Imigração</strong> Resgate)<br />

47) Cartas de colonos aos seus parentes e amigos (Acervos Particulares e Oficiais).<br />

48) Doc alusivo à Instalação <strong>da</strong> Câmara Municipal de <strong>Limeira</strong> enviado 23 de julho de 1844. Doc<br />

49) E1/P2 Centro de Memória Histórila de <strong>Limeira</strong> SP. (CMH).<br />

50) Doc alusivo aos escravos enviado pela Câmara de <strong>Limeira</strong> à Pres. <strong>da</strong> Província em 29-05-1846.<br />

(CMH).<br />

51) Carta de José Tavares Bastos ao Presidente <strong>da</strong> Câmara de <strong>Limeira</strong> in<strong>da</strong>gando sobre a Revolta dos Colonos na<br />

Ibicaba, (Doc 30 E1/P2 de Março de 1857) –Centro de Memória Histórica de <strong>Limeira</strong><br />

52) Doc 33 E1/P1 CMH <strong>Limeira</strong> SP alusivo à Cia. Paulista de Estra<strong>da</strong>s de Ferro.<br />

53) Doc 1936 E3/P31 insurreição de escravos, envolvendo Rio Claro e <strong>Limeira</strong> – Acervo CMH <strong>Limeira</strong><br />

54) Taxa de Escravos Fazen<strong>da</strong> Quilombo (Desmembra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Morro Azul) Doc 1778 E3/P31 Acervo Centro de Memória<br />

de <strong>Limeira</strong><br />

55) Doc 1944 E3/P31 – Ofício de José Vergueiro ao Senador José Floriano de Godoy opinando sobre a legislação ideal<br />

para a abolição dos escravos. CMH <strong>Limeira</strong> SP.<br />

56) Doc 377 E1/P9 Fazen<strong>da</strong>s de Café, Código de Posturas. 29 de Março de 1888. (CMH <strong>Limeira</strong>)<br />

57) Memorial de José Vergueiro apresentado ao Ministro <strong>da</strong> Agricultura em 1874.<br />

58) Carta de Nicolau Pereira de Campos Vergueiro ao Presidente <strong>da</strong> Província de São Paulo (6 de janeiro de 1853 -<br />

Arquivo do Estado de São Paulo).<br />

59) Inventário de Luiz Manoel <strong>da</strong> Cunha Bastos ( Cartório do 1º Ofício de Piracicaba ( 15/10/1835 ).<br />

60) Censo de Vila Nova Constituição (Piracicaba) de 1822.<br />

61) Ofício de Nicolau Pereira de Campos Vergueiro a José Tomás Nabuco de Araújo (Presidente <strong>da</strong> Província de São<br />

Paulo) informando sobre a Colônia Senador Vergueiro (06/01/1852).<br />

62) Anexos Quadro de pessoal <strong>da</strong> Colônia Ibicaba e <strong>da</strong>s contas dos parceiros (1851) – Acervo Arquivo Histórico –<br />

Museu Imperial – IPHAN – Ministério <strong>da</strong> <strong>Cultura</strong> – Petrópolis RJ.- ( Maço 117 - Doc. 5786 )<br />

63) Ofício de José Tavares Bastos, chefe interino de Polícia de São Paulo, ao Antônio Roberto de Almei<strong>da</strong>, Vice-<br />

Presidente <strong>da</strong> província de São Paulo - Comentando a agitação <strong>da</strong> Colônia Senador Vergueiro. <strong>Secretaria</strong> de Polícia de<br />

São Paulo, 16/04/1857. Acervo Arquivo Histórico – Museu Imperial – IPHAN – Ministério <strong>da</strong> <strong>Cultura</strong> – Petrópolis Rj. (<br />

Maço 124 - Doc. 6199).<br />

205


Bibliografia<br />

01) Franzina, Emilio, storia dell'emigrazione veneta: <strong>da</strong>ll'unita AL facismo, Verona, 1991<br />

02) Franzina, Emilio, La Grande Emigrazione, : L'esodo dei rurale <strong>da</strong>l Veneto durante Il secolo XIX, Venezia- 1976.<br />

03) Kaufmann, Hans, Prättigauer Talchronik, Schiers, 2007<br />

04) Bettio, Beniamino, Trecento anime disperse, Tessere di Storia della comunità di Rubano - Vêneto - Itália - 2007<br />

05) Capppelina, Liliana e Vanpetti,Monica, Realtà Amara, Instituto Comprensivo Giuseppe Toaldo, Montegal<strong>da</strong>, 2003<br />

06) Bettio, Beniamino, Traverso, Antonio, Rubano NelPeriodo Napoleonico, Biblioteca Pública, Comune di Rubano,<br />

1982<br />

07) Repertório <strong>da</strong>s Sesmarias - <strong>Secretaria</strong> de Estado <strong>da</strong> <strong>Cultura</strong> - Departamento de Museus e Arquivos - Arquivo do<br />

Estado de São Paulo, 1994.<br />

08) Taunay (Carlos Augusto), <strong>Manual</strong> do Agricultor Brasileiro, 1839 - Acervo Biblioteca Nacional RJ. Armazéns de Livros<br />

IV -196, 6, 21 ou III - 241, 7, 23.<br />

09) Kidder (D.P.) e Fletcher (J.C.) - O Brasil e os Brasileiros, (2 volumes) Tradução de Elias Dolianit, São Paulo,<br />

Companhia Editora Nacional, 1941.<br />

10) Tschudi (J. J. von) Viagens às Províncias do Rio de Janeiro e São Paulo, tradução E. de Lima e Castro, São Paulo,<br />

Livraria Martins Editora.<br />

11) Davatz (Thomas) - Memórias de Um Colono no Brasil, Chür, 1858.<br />

12) Davatz (Thomas) Memórias de Um Colono no Brasil, São Paulo, Empresa Gráfica <strong>da</strong> Revista dos Tribunais, 1972,<br />

Tradução, Editora <strong>da</strong> USP<br />

13) Sergio Buarque de Holan<strong>da</strong>. Holan<strong>da</strong> (Sérgio Buarque de), As Colônias de Parceria, in História Geral <strong>da</strong><br />

Civilização Brasileira,<br />

Sérgio Buarque de Holan<strong>da</strong>, São Paulo, DIFEL, 1967Tomo II, vol. 3º.<br />

14) Milliet (Sérgio), Roteiro do Café e outros Ensaios, São Paulo, Col. Departamento de <strong>Cultura</strong>, 1941, Volume XXV.<br />

15) Pülschen (Henrique W.) - O destino - 1849 -Sta. Bárbara d'Oeste Editora TLP Informática Lt<strong>da</strong>., 1991.<br />

16) Busch (Reynaldo | Kuntz) - História de <strong>Limeira</strong> 1º Volume, <strong>Limeira</strong>, Ediição Prefeitura Municipal - 2ª Edição, 1967.<br />

17) Zaluar (ª Emílio) Peregrinação pela Província de São Paulo (1860-1861) - Rio de Janeiro, Livraria B. L. Granier.<br />

18) Bezerra (Maria Cristina dos Santos), De Colonos a Proprietários, A Saga <strong>da</strong> Formação do Bairro dos Pires, Soc.<br />

Pró Memória de <strong>Limeira</strong>, Unigráfica Indústria Gráfica Lt<strong>da</strong>, 2002.<br />

19) Florence (Hercules) - Viagem Fluvial do Tietê ao Amazonas - de 1825 a 1829 - Tradução do Visconde de Taunay,<br />

São Paulo, Editora Cultrix USP, 1977.<br />

20) Forjaz (Djalma) O Senador Vergueiro Sua Vi<strong>da</strong> e Sua Época (1778 - 1859) - São Paulo Oficinas do Diário Oficial,<br />

1924.<br />

21) Levy (Paulo Masuti) e Heflinger (José Eduardo Jr.) - Seleção de Documentos do Acervo do Centro Municipal de<br />

Memória Histórica de <strong>Limeira</strong>, Soc. Pró Memória, <strong>Limeira</strong>, 2001, Unigráfica Ind. Gráfica Lt<strong>da</strong>.<br />

22) Levy (Paulo Masuti) e Heflinger (José Eduardo Jr.) - Caderno de Memórias O Senador Vergueiro e a <strong>Imigração</strong><br />

Européia - Socie<strong>da</strong>de Pró Memória de Limeitra,1999, Unigráfica Ind. Gráfica Lt<strong>da</strong>.<br />

23) Kidder (D. P.) e Fletcher (J. C.), Brazil and the Braziliens, Childs & Peterson, 1857 - Philadelphia - USA.<br />

24) Heflinger (José Eduardo), Levy (Paulo Masuti) e Cantalice (Rommel Siqueira Campos) - Recor<strong>da</strong>ções de Infância<br />

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25) Witter (José Sebastião) Ibicaba uma Experiência Pioneira - São Paulo - Edições do Arquivo do<br />

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26) Heflinger (José Eduardo), E Os Italianos Chegaram, <strong>Limeira</strong>, Unigráfica Ind. Gráfica Lt<strong>da</strong>, 2010<br />

27) Heflinger (José Eduardo), A Revolta dos Parceiros na Ibicaba, <strong>Limeira</strong>, Unigráfica Ind. Gráfica Lt<strong>da</strong>, 2009<br />

28) Heflinger (José Eduardo), bicaba o Berço <strong>da</strong> <strong>Imigração</strong> <strong>Europeia</strong> de Cunho Particular, , Unigráfica Ind. Gráfica Lt<strong>da</strong>,<br />

2006<br />

206

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