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o entendimento da música em si, mas os próprios conceitos de execução pianísticos também<br />
apresentavam uma grande variedade de soluções.<br />
Durante o século XVIII, muitos compositores e tecladistas pesquisaram as diversas<br />
possibilidades sonoras que poderiam extrair do piano. Isso favoreceu uma produção muito<br />
grande de métodos para piano. Enquanto esses conhecimentos foram se solidificando,<br />
começou uma enorme discussão sobre o que deveria ser a técnica pianística e como se deveria<br />
ensiná-la. Por muito tempo acreditou-se que principal objetivo da técnica deveria ser<br />
conseguir uma igualdade de toque dos dedos. Sendo assim bastaria a repetição para se<br />
conquistar a virtuosidade. Compositores como Listz e Czerny acreditavam nessa idéia e<br />
ensinavam seus alunos que depois de muitas repetições de escalas e de outros métodos<br />
mecânicos, sua técnica iria se aprimorando automaticamente. Contudo, houve também<br />
aqueles que discordassem desse pensamento, como Chopin e Schumann. Esses dois<br />
compositores e pianistas em especial preocuparam-se muito com a didática não só quando<br />
ensinavam seus alunos, mas principalmente quando criaram métodos de ensino para eles.<br />
Fomentaram assim a preocupação com a forma com que os professores de piano estavam<br />
ensinando seus alunos e isso se reflete também nas que escreveram para o instrumento.<br />
Hoje se entende que a interpretação deve englobar vários aspectos para ser<br />
completamente dominada. Pode-se dizer que a “interpretação minuciosa” ao piano se<br />
preocupa com aspectos da escrita, harmonia, forma, textura, caráter, articulação, dinâmica,<br />
acentuação e pedalização. Os pontos importantes a serem aprofundados, mencionados<br />
anteriormente, se completam com as convenções características de cada período, como por<br />
exemplo, sobre a escrita e as valorizações harmônicas. Ao incorporar esse conhecimento o<br />
pianista terá o necessário para executar uma boa interpretação, pois não basta o pianista tocar<br />
as notas da partitura corretamente: esse não é um músico, é um mero digitador.<br />
1) Nº4 Biteendes Kind<br />
1.1) Análise harmônica<br />
A obra gira em torno da função de dominante, com isso provoca uma tensão<br />
harmônica que é auditivamente sutil, dando uma sensação de elevação (flutuando), ou<br />
seja, não é algo concreto que se confirma, mas que fica em suspenso. Devido à<br />
sutileza, a audição muitas vezes pode não levar ao interprete a entender que a<br />
primeira frase da peça seja uma dominante que caminha para uma tônica e termina<br />
em uma dominante (V-I-V). Certamente o mesmo teria de ter uma audição aguçada ou<br />
uma intuição consolidada para sentir isso de uma maneira mais intuitiva; ou ele teria<br />
que racionalmente compreender pela digitação no teclado (para isso teria que<br />
dominar ou ter um conhecimento sólido em questão da técnica sensorial no piano,<br />
que também não está desvinculada a audição) ou olhando pela própria partitura, essa<br />
seria a forma analítica que é mais sólida e confiável nesse caso.