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AVBL – ACADEMIA VIRTUAL BRASILEIRA DE LETRAS<br />
www.avbl.com.br - avbl@avbl.com.br<br />
3ª ANTOLOGIA<br />
Poética Literária<br />
edição histórica - AVBL<br />
Editora AVBL<br />
2008<br />
- 1 -
Dados Internacionais <strong>de</strong> Catalogação na Publicação (CIP)<br />
AVBL. <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Virtual</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Letras<br />
3ª Antologia Poética Literária – AVBL. – Bauru/SP<br />
Editora AVBL, 2008. -- Bauru/SP<br />
220p. il. 15 X 21 cm.<br />
ISBN 978-85-98219-23-3<br />
1. Poesia <strong>Brasileira</strong>. 2. Contos Brasileiros. I. Título.<br />
030308 CDD-869.91/93<br />
Índice para catálogo sistemático:<br />
1. Poesia: Literatura <strong>Brasileira</strong> CDD-869.91<br />
2. Contos: Literatura <strong>Brasileira</strong> CDD-869.93<br />
- 2 -
REGISTRO DE UMA NOVA ÉPOCA LITERÁRIA<br />
AVBL – <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Virtual</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Letras<br />
“in litteris, usque infinitum!” - www.avbl.com.br<br />
Fundada em 09/05/2001 pela professora, webmaster e <strong>de</strong>signer:<br />
Maria Inês Simões – Bauru/SP.<br />
Membros Efetivos Fundadores – Ano 2001 do nº 001 ao nº 100.<br />
Patronos (as) da AVBL:<br />
Ano 2001: Membros nº 001 a 100<br />
Patrono: Joaquim Maria MACHADO DE ASSIS<br />
Ano 2002: Membros nº 101 a 219<br />
Patrona: MARIA INÊS SIMÕES<br />
Ano 2003: Membros nº 220 a 321<br />
Patrono: GERSON F. FILHO<br />
Ano 2004: Membros nº 322 a 406<br />
Patrona: IBERNISE MARIA Morais Silva<br />
Ano 2005: Membros nº 407 a 448<br />
Patrona: RIVKAH Cohen<br />
Ano 2006: Membros nº 449 a 514<br />
Patrona: ODETE RONCHI BALTAZAR<br />
Ano 2007: Membros nº 515 a 646<br />
Patrona: PILAR CASAGRANDE<br />
Os principais objetivos da <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> são: reunir Autores,<br />
Escritores e Poetas Virtuais e divulgar suas obras através da www.<br />
(World Wi<strong>de</strong> Web). Compreen<strong>de</strong>-se por "Autores, Escritores e<br />
Poetas Virtuais" todos aqueles que projetam e confeccionam seus<br />
próprios sites e utilizam-se do computador para <strong>de</strong>senvolverem<br />
suas obras (em sites e e-mails). Demonstrando assim, <strong>de</strong>dicação,<br />
amor à arte <strong>de</strong> criar através da digitalização e formatação.<br />
Conseqüentemente transportando do virtual ao real seus dons,<br />
sentimentos e conhecimentos. A AVBL proporciona literatura<br />
virtual aos internautas. Caracterizando assim, a Época <strong>Virtual</strong>ismo<br />
através dos Membros que diariamente postam seus textos no site<br />
(www.avbl.com.br). Nas Antologias impressas o objetivo é<br />
registrar nos meios tradicionais as características da época e seus<br />
Autores, Escritores e Poetas Virtuais.<br />
- 3 -
APRESENTAÇÃO<br />
“O tempo não pára”, já dizia Cazuza em uma <strong>de</strong> suas músicas há<br />
algumas décadas atrás, e estas letras musicadas são versos<br />
poéticos que cantados expressam uma outra maneira para<br />
<strong>de</strong>clamar os sentimentos contidos em todo músico disfarçado em<br />
poeta ou mesmo em todo poeta que ao compor seus poemas, rima<br />
seus versos e estrofes no compasso da musicalida<strong>de</strong> e do som.<br />
Se a Gran<strong>de</strong> Biblioteca <strong>de</strong> Alexandria, construída no reinado do<br />
Faraó Ptolomeu XII, pai <strong>de</strong> Cleópatra VII, e que se situava na<br />
costa da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Alexandria e antiga capital do Egito nesta<br />
época, tivesse sobrevivido ao fogo que a consumiu e vencido as<br />
traças do tempo dos séculos que nos separam, po<strong>de</strong>ríamos nos<br />
<strong>de</strong>leitar com obras poéticas magníficas dos poetas daquele tempo<br />
e dos que por eles tivessem ali <strong>de</strong>ixado sua obra para os<br />
românticos sonhadores que registraram com as suas alegrias, com<br />
as suas lágrimas e talvez com o seu próprio sangue, a voraz<br />
veracida<strong>de</strong> que corre <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> nossas letradas veias poéticas.<br />
Trazemos nesta Antologia AVBLiana, PoetAmigos <strong>de</strong> várias<br />
localida<strong>de</strong>s e que <strong>de</strong>las exprimem sua visão do mundo nas<br />
sensações que já provaram, nas que estão <strong>de</strong>sfrutando agora ou<br />
mesmo naquelas que <strong>de</strong>sejam ainda <strong>de</strong>gustar.<br />
Colocamos-nos ao alcance <strong>de</strong> todos àqueles que querem servir-se<br />
<strong>de</strong> cultura através <strong>de</strong> nossos poemas, sejam nossas letras<br />
impressas em papel ou mesmo num mundo virtual ainda mais real<br />
do que este em que vivemos agora, numa inter-relação cotidiana e<br />
necessária para a coexistência social e intelectual no século XXI e<br />
nos próximos que estão por vir.<br />
David Lorenzon Ferreira<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 475<br />
CLIRC – Centro Literário Rio Claro<br />
- 4 -
INTRODUÇÃO<br />
ODE AO CYBERPOETA<br />
Aníbal Beça ©<br />
Eu sou aquele barrado,<br />
quem diria! Pela técnica,<br />
em pleno ano dois mil.<br />
Meu pecado é visual:<br />
da intertextualida<strong>de</strong><br />
leva idéias <strong>de</strong>senhadas<br />
numa citação bem clara<br />
aos que antes <strong>de</strong> mim chegaram.<br />
Todo dia aprendo mais<br />
pelas mãos parafernálicas<br />
<strong>de</strong>ssa ferramenta óptica:<br />
-- bem-vindo computador!<br />
Ah se Apolinnaire tivesse<br />
para sua inventiva<br />
essa caixinha tão mágica!<br />
E Marcel Duchamps, a vara<br />
(não aquela <strong>de</strong> condão<br />
das fadas medievais),<br />
esse dito rato-mouse<br />
que risca todos os signos<br />
na via láctea sistêmica<br />
levando nossos rabiscos<br />
enquadrando o pós-mo<strong>de</strong>rno<br />
na cela do anacronismo.<br />
- 5 -
Somos os enfants-terribles<br />
<strong>de</strong>sse espaço cibernético<br />
impertinentes maudits<br />
que ousam compor diferente<br />
aos olhos <strong>de</strong> um mundo triste<br />
para a alegria global.<br />
E do agá tê eme ele<br />
em 3D ou mesmo Java<br />
nossa linguagem explo<strong>de</strong><br />
com a mesmice <strong>de</strong> sempre<br />
<strong>de</strong> ranço misoneísta<br />
dos que tem medo do "novo"<br />
que não tem a paciência<br />
<strong>de</strong> esperar pelos attachs<br />
que trazem muita surpresa.<br />
E daí armam seu circo<br />
fazem campanhas do contra<br />
instalando novamente<br />
uma nova caça às bruxas<br />
(tribunal <strong>de</strong> um santo ofício<br />
on<strong>de</strong> medra a intransigência)<br />
<strong>de</strong> uma pobre inquisição<br />
<strong>de</strong> pobres <strong>de</strong>spossuídos<br />
<strong>de</strong> arte, talento e amor.<br />
- 6 -
PREFÁCIO<br />
Quando vários poetas se reúnem para compor uma belíssima<br />
antologia como esta, é como se cada um <strong>de</strong>les colorisse um<br />
mundo novo, cujo mapa será sempre marcado pela sua relação<br />
com a vida, com o tempo e com a lírica energia que move os<br />
sentimentos.<br />
Para o poeta, a poesia não é apenas uma forma <strong>de</strong> retratar a<br />
realida<strong>de</strong> através das palavras, é uma espécie <strong>de</strong> voz que se<br />
movimenta, enquanto caminha pelas páginas <strong>de</strong> um livro, sob os<br />
olhos atentos das pessoas sensíveis.<br />
O interlocutor fiel <strong>de</strong> um texto poético é exatamente quem<br />
gostaria <strong>de</strong> exprimir, como o poeta, os sentimentos mais<br />
imediatos, mais contidos, mais sentidos.<br />
Ler com sensibilida<strong>de</strong> é dom; escrever com sensibilida<strong>de</strong> é bênção.<br />
É assim que a poesia se sublima, pela vida que há no ato <strong>de</strong><br />
escrever e <strong>de</strong> ser lido.<br />
Mais que dom, a poesia é a maneira mais sublime <strong>de</strong> celebração<br />
do silêncio.<br />
Nós, os poetas, somos <strong>de</strong> uma raça em extinção. Por isso é que<br />
<strong>de</strong>vemos lutar pela preservação da nossa espécie.<br />
Poesia não é quantida<strong>de</strong>, é abstração.<br />
Poeta não é número... é alma.<br />
Luiz Poeta - Luiz Gilberto <strong>de</strong> Barros<br />
Às 14 h e 39 min do dia 2 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2008<br />
do Rio <strong>de</strong> Janeiro - Brasil<br />
- 7 -
ANA PAULA CORRÊA<br />
Guarulhos/SP – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 323 – 2004<br />
-----------------------------------------------------<br />
POR QUE NÃO FOI SIMPLESMENTE CASUAL?<br />
Ana Paula Corrêa<br />
Gosto mais, muito mais do que <strong>de</strong>veria...<br />
Então segure minhas mãos, me abrace,<br />
Envolva-se com meu corpo que renasce,<br />
Cubra-se <strong>de</strong> gozo e tua vida recria.<br />
Quero além, muito além do que po<strong>de</strong>ria...<br />
Nessa minha vã liberda<strong>de</strong>,<br />
Busco novas verda<strong>de</strong>s,<br />
Pois só em sonhos hoje tenho alegria.<br />
Seria isso amor?<br />
Ah, eu não arriscaria...<br />
Ter que curar mais uma vez cicatrizes.<br />
Seria isso pecado?<br />
Essa vonta<strong>de</strong>, essa pegada forte, esse beijo bom...<br />
Sauda<strong>de</strong> incontrolável.<br />
(for you my honey pot!)<br />
- 8 -
COM RAZÃO<br />
Ana Paula Corrêa<br />
Eu já sonhei com um tempo<br />
Em que tudo seria infinito...<br />
A sua música preferida,<br />
A minha história mais emocionante,<br />
O seu beijo mais quente.<br />
Um tempo que a tal felicida<strong>de</strong><br />
Se encontrasse em todos os momentos<br />
E não se per<strong>de</strong>sse por qualquer bobagem...<br />
As contas que tiram o sono,<br />
A briguinha boba pelo controle remoto,<br />
O transito parado.<br />
Mas quanto mais o tempo passa, concretizo que esse tempo não<br />
chega nunca...<br />
Ou pelo egoísmo <strong>de</strong> querermos sempre mais,<br />
Ou por insistirmos nos erros.<br />
(for you my honey pot!)<br />
AUTO-PEÇAS<br />
Ana Paula Corrêa<br />
A M O R T E C E D O R E S...<br />
... o amor tece dores<br />
todas essas dores <strong>de</strong> amores<br />
tecem-se amores nas dores<br />
odores <strong>de</strong> amores são essas dores<br />
doloridos amores tecidos em cores<br />
amores coloridos, dores crescidas<br />
Dolores <strong>de</strong> amores<br />
Tecidas as cores nas dores <strong>de</strong> Dolores<br />
Os odores <strong>de</strong> Dolores, são amores em cores<br />
Corais <strong>de</strong> dores são os amores <strong>de</strong> Dolores...<br />
“- Pois não Dona Dolores?”<br />
“- Sim é claro! Por favor Senhor Mecânico, preciso trocar os<br />
amortecedores.”<br />
- 9 -
SOU FRASE? QUEM SABE!<br />
Ana Paula Corrêa<br />
Para mim um ponto não basta.<br />
Não sou final, um ponto e vírgula talvez;<br />
Todo o meu corpo fala<br />
Sou palavra, cada pedaço, toda vez.<br />
O trema no tremor das mãos cinqüêntonas<br />
Circunflexo na circunferência dos olhos<br />
Tenho um til viúvo no coração<br />
Que assedia a cedilha em seus sonhos<br />
Sou exclamação da cabeça aos pés!<br />
A interrogação, em mim, a<strong>de</strong>reço se faz.<br />
On<strong>de</strong> a cabeça sempre a quer,<br />
E na alma, seria tenaz?<br />
Redimo as reticências nos contos... soltos...<br />
Craseando a duras penas essas mãos compulsivas<br />
Dois pontos, na outra linha, parágrafo,<br />
Abre aspas, travessão:<br />
“- Quero aqui fazer um parêntese (vírgula), aguda é a dor que<br />
sinto em não fazer aquilo que me é suscito” (fecha aspas).<br />
- 10 -
ANA SUELY PINHO LOPES<br />
Brasília/DF – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 664 - 2008<br />
-----------------------------------------------------<br />
DIGA SIM AO MOMENTO PRESENTE...<br />
Sorrindo,<br />
Chorando,<br />
Ou mesmo recordando,<br />
Morrendo <strong>de</strong> sauda<strong>de</strong>s,<br />
Sofrendo <strong>de</strong> paixão...<br />
Plantando uma árvore,<br />
Construindo um jardim,<br />
Conhecendo o outro,<br />
Olhando para seu verso.<br />
Abraçando a quem ama,<br />
Sonhando acordado,<br />
Explodindo <strong>de</strong> prazer,<br />
Acreditando no agora, no amanhã...<br />
Repleto <strong>de</strong> prazer,<br />
adorando as realizações,<br />
estranhando as reações,<br />
traçando caminhos.<br />
Perdoando <strong>de</strong>slizes,<br />
Consi<strong>de</strong>rando fragilida<strong>de</strong>s,<br />
reconhecendo <strong>de</strong>feitos,<br />
Sendo gente...<br />
Agra<strong>de</strong>cendo por tudo!<br />
Ana Suely (pensando em tudo que é viver, 03/03/2007)<br />
- 11 -
QUE LUGAR É ESSE?<br />
"Em canto" do Alto Paraíso<br />
Habitante da lua (são Jorge)?<br />
Transporte astral<br />
Asas do além.<br />
Águas, pedras, vegetação...<br />
Nuvens <strong>de</strong> fios <strong>de</strong> algodão<br />
Assento Divino,<br />
Proteção silenciosa<br />
Vibração <strong>de</strong> reluzentes cristais.<br />
Cerrado iluminado,<br />
Chão <strong>de</strong> estrelas<br />
Braços <strong>de</strong> mel<br />
Berço <strong>de</strong> ouro.<br />
Artistas encantam no abraço,<br />
Confun<strong>de</strong>m a terra e céu,<br />
Mostram o viver no Paraíso!<br />
Ana Suely (São Jorge/Chapada dos Vea<strong>de</strong>iros, nov/2006)<br />
PASSOS DO VIVER...<br />
Do viver a experiência<br />
Da experiência o apren<strong>de</strong>r<br />
Do apren<strong>de</strong>r o saber<br />
Do saber o construir<br />
Do construir a conquista<br />
Da conquista a realização<br />
Da realização o agra<strong>de</strong>cer<br />
O agra<strong>de</strong>cer por viver!<br />
Ana Suely - Alegria <strong>de</strong> viver. 13/04/2007<br />
- 12 -
ARLETE MARIA<br />
Porto Seguro/BA – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 451 - 2006<br />
-----------------------------------------------------<br />
AUTOBIOGRAFIA:<br />
Esta sou EU, sem máscaras, sem véu, apenas o sentimento<br />
aflorando, mente e coração se <strong>de</strong>screvendo por mãos enigmáticas,<br />
sensatas histórias <strong>de</strong> amor, dor e paixão; uma simples mulher,<br />
profissional, artista, incondicionalmente MULHER, trazendo a arte<br />
na vida fazendo arte. Mergulhar nos sonhos, nas profun<strong>de</strong>zas da<br />
alma, escrever e <strong>de</strong>screver o que me <strong>de</strong>r prazer... Cirurgiã<br />
Dentista <strong>de</strong> profissão, poetisa <strong>de</strong> paixão... Arlete Maria.<br />
*AUTORIA*<br />
Arlete Maria<br />
Po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>dicar-te vários versos<br />
Mas não te dou o direito à autoria<br />
Percorrestes as estradas da minha vida<br />
Escrevestes meus caminhos perdidos<br />
Deixaste um rastro <strong>de</strong> cor<br />
Escrevera o meu <strong>de</strong>sejo, as minhas lembranças...<br />
Escreveu em meu peito todo teu amor,<br />
Mas a aquarela que embebia a pena não fixou,<br />
Ignorei teu escrito, o que você me <strong>de</strong>stinou.<br />
Virei a página, ela se rasurou...<br />
Perdi então a essência do amor<br />
Junto com o sonho que acabou,<br />
Minha alma eclodiu, terminei meu livro<br />
Faltando um capítulo, o que você me <strong>de</strong>dicou,<br />
A tinta com que você escrevia, esta página manchou...<br />
- 13 -
“DEDICO-TE MEUS VERSOS”<br />
Arlete Maria<br />
Quero versejar sobre teu corpo inundado pela prata do<br />
luar, sinto-me sorrateira na vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> te beijar, Os lábios<br />
apimentados pelo bel-prazer <strong>de</strong> te consumir por inteiro<br />
regado ao sabor do amor voraz, queda-me ao <strong>de</strong>sejo sem<br />
freio<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>bruçar-me sobre ti, ar<strong>de</strong>nte mensageiro das minhas<br />
intenções profanas, espalhadas na celerida<strong>de</strong> da ventania<br />
ciente dos meus intentos<br />
<strong>de</strong>spudorados mas é o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ter teu ser incondicional<br />
que alinha os meus VERSOS, em sintonia com os teus...<br />
“O tempo cobrou-me coragem<br />
tentei resistir, preferia minha camuflagem<br />
mas o tempo é pertinente, insolente<br />
exigiu-me uma <strong>de</strong>cisão coerente,<br />
cobrou-me realida<strong>de</strong> imediatamente<br />
chegou à hora, não resisti<br />
quebrou-se a casca, eclodi...”<br />
SOLIDÃO DE UM MOMENTO<br />
Arlete Maria<br />
Perdi-me absorta em pensamentos, doce solidão <strong>de</strong> um momento,<br />
exaustiva recordação <strong>de</strong> um dia, uma ocasião. Apoiei-me no<br />
alambrado da janela e por pouco o beija-flor confundiu-me com as<br />
violetas que bailavam com a brisa suave do outono contrastando<br />
com o tapete <strong>de</strong> folhas secas cobrindo o chão. Envolvi-me com a<br />
canção suave que o vento entoava perfumada pela alfazema no ar,<br />
per<strong>de</strong>ndo-se além-mar, admirava a brisa acariciando o álamo que<br />
a paisagem enfeitava<br />
...sauda<strong>de</strong>s senti amor...<br />
Ao chegar à noite meio enluarada, perdida estou em pensamentos,<br />
não vi a noite me abordar, senti apenas o frio <strong>de</strong> o orvalho me<br />
molhar. O beija flor já dormira, as violetas continuam a bailar.<br />
Sentei-me então na alfaia tão bem conservada e <strong>de</strong>leitei-me em<br />
ler tuas memórias nos meus alfarrábios guardados.<br />
Doce solidão <strong>de</strong> um momento, entranhado em meus<br />
pensamentos...<br />
- 14 -
NÁUFRAGOS DO AMOR<br />
Arlete Maria<br />
Gritei forte e os ecos se eternizaram<br />
mas os ares do oceano para outros lados<br />
meus lamentos levaram.<br />
Busquei-te no infinito<br />
on<strong>de</strong> meus olhos alcançavam<br />
mas a neblina do oceano os meus<br />
olhos embaçavam...<br />
chorei, chorei, quis clarear meu olhar<br />
quis ver o sol raiar, a lua chegar<br />
e em cada amanhecer ver teu rosto<br />
no céu para eu sorrir, naveguei ao longe<br />
gritei, gritei, gritei<br />
mas a distância rápida nos separava,<br />
você absorto no preamar,<br />
eu no oceano em meu convés a lamentar<br />
vendo no horizonte nossa<br />
nau naufragar...<br />
“A Arte esta nas minhas mãos, na escrita, na labuta, nas emoções"<br />
- 15 -
AUREA PINTO DE MIRANDA<br />
Porto Alegre/RS – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 564 - 2007<br />
-----------------------------------------------------<br />
SOBRE A AUTORA:<br />
Atriz, dramaturga, cronista, compositora e poeta.<br />
Aurea Pinto <strong>de</strong> Miranda nasceu em Sant'Ana do Livramento/RS.<br />
Colaboradora junto à Revista Literária Paralelo 30 -<br />
http://br.geocities.com/paralelo_30/in<strong>de</strong>x.htm - e à divulgação<br />
poética JoyceLu@azul - http://joyceluazul.iespana.es/in<strong>de</strong>x.htm -<br />
Resi<strong>de</strong> atualmente em Porto Alegre.<br />
ADVERTÊNCIA<br />
Áurea Pinto Miranda<br />
Não se morre <strong>de</strong> amor – não, <strong>de</strong> repente:<br />
morre-se por amor – e <strong>de</strong> mansinho...<br />
Vai-se morrendo tão <strong>de</strong>vagarinho,<br />
que ninguém o percebe – nem a gente.<br />
Anda-se a esmo, num olhar sozinho,<br />
como se o tempo, em vez <strong>de</strong> ser presente,<br />
fosse apenas um vácuo absorvente:<br />
um aborto <strong>de</strong> vida, um <strong>de</strong>scaminho.<br />
As cores vão ficando <strong>de</strong>sbotadas;<br />
as notas das canções, <strong>de</strong>safinadas;<br />
o sentir-se no ser tão imperfeito,<br />
que o coração vai-se per<strong>de</strong>ndo d’alma,<br />
e nem mais dói – porém não mais se acalma,<br />
porque também não tem lugar no peito.<br />
- 16 -
MULHER DE TODOS OS DIAS<br />
Áurea Pinto <strong>de</strong> Miranda<br />
Mulher é terra, é berço, é tempo <strong>de</strong> acalanto,<br />
sonho, fertilida<strong>de</strong>, ritual <strong>de</strong> espera:<br />
semente que no outono faz-se primavera;<br />
lágrima <strong>de</strong> alegria ao <strong>de</strong>sfilar-se em pranto.<br />
Mulher é uma bobagem que se faz quimera;<br />
um átomo infantil na fórmula do encanto<br />
– que a química social, não raro, põe, no entanto,<br />
nalgum tubo <strong>de</strong> ensaio on<strong>de</strong> mal a pon<strong>de</strong>ra.<br />
E assim, mulher é santa, adúltera, profana<br />
– qual bo<strong>de</strong> expiatório <strong>de</strong> uma espécie humana<br />
on<strong>de</strong> a renegam tanto os próprios filhos seus.<br />
Mulher é puta, é bruxa, é louca, é imprevisível,<br />
porém nem mesmo a Bíblia achou que era possível<br />
dispensar a mulher pra dar à luz um <strong>de</strong>us!<br />
- 17 -
POESIA<br />
Áurea Pinto <strong>de</strong> Miranda<br />
Poesia é simplesmente – e apenas – um recado<br />
que nos penetra os olhos ou chega ao ouvido,<br />
como um carimbo, um selo ou um certificado<br />
<strong>de</strong> algo que o coração já tem lido e relido.<br />
Recebe-a a emoção, mas já está reservado,<br />
numa pasta especial, seu espaço, contido<br />
num arquivo incomum, se bem que inaugurado<br />
já antes da <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> um ser nascido.<br />
A poesia é uma linguagem abstrata<br />
infiltrada nos gens etéreos, feito um rio<br />
<strong>de</strong> energias sutis na matéria concreta.<br />
Por isso, a natureza, sábia quão sensata,<br />
revertendo os processos do viver vazio,<br />
instala sempre, em qualquer canto, algum poeta.<br />
- 18 -
CARLOS ROBERTO FERNANDES<br />
Belo Horizonte/MG – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 512 - 2006<br />
-----------------------------------------------------<br />
SOBRE O AUTOR:<br />
Nome Poético: Carlos Fernan<strong>de</strong>s<br />
Membro da União <strong>Brasileira</strong> dos Trovadores, Delegacia<br />
Uberaba/MG e Seção Belo Horizonte/MG;<br />
TROVAS<br />
Carlos Roberto Fernan<strong>de</strong>s<br />
O SENTIMENTO SERENO<br />
EM QUE O AMOR NOS PERTENÇA<br />
NÃO LANÇA DARDO OU VENENO<br />
NEM PEDRA DA INDIFERENÇA.<br />
*****<br />
FORMADOS NA LUZ DO AMOR<br />
-SÍMBOLO DA EVOLUÇÃO-<br />
FINDA-SE ÓDIO ARRASADOR<br />
DA FOGUEIRA DA PAIXÃO.<br />
*****<br />
ANTE MORTÍFERA ESPADA,<br />
BRANDIDA PELA PAIXÃO,<br />
O AMOR LEVANTA NA ESTRADA<br />
CRUZ DE SANTIFICAÇÃO.<br />
*****<br />
QUANTO MAIS BROTAM ESPINHOS<br />
NOS CAULES A SEU DISPOR<br />
MAIS FULGURAM NOS CAMINHOS<br />
ROSEIRAIS VIVOS DE AMOR.<br />
*****<br />
NOS LONGOS DIAS NUBLADOS<br />
DE DESENCANTO E MUDANÇA<br />
DOS SONHOS DESPEDAÇADOS<br />
SÓ AMOR TRAZ SEGURANÇA.<br />
*****<br />
- 19 -
ENTENDO QUE TROVADOR,<br />
INDA MESMO COM PAIXÃO,<br />
VERSEJANDO SOBRE AMOR<br />
NÃO É UM BEBÊ CHORÃO.<br />
*****<br />
EM MATÉRIA DE JUÍZO<br />
A BÍBLIA NÃO FALA EM VÃO:<br />
FOI EVA NO PARAÍSO<br />
QUE ABUSOU DE PAI ADÃO.<br />
*****<br />
NAMORADO, NAMORADA<br />
SEM CONVERSA, SEM LIMITE<br />
LEMBRAM CARRO EM DISPARADA<br />
MUNIDO DE DINAMITE.<br />
*****<br />
TRISTEZA FOI TRISTE HERANÇA<br />
DO QUE SENTI POR ALGUÉM:<br />
COLOQUEI TANTA ESPERANÇA<br />
ONDE NÃO TINHA NINGUÉM.<br />
*****<br />
UM HOMEM APAIXONADO,<br />
QUANTO MAIOR PAIXÃO EXISTE,<br />
TRAZ OLHAR APROFUNDADO<br />
DE PESSOA SEMPRE TRISTE..<br />
*****<br />
AMOR DE ALMAS ELEITAS<br />
COM VALORES VARONIS<br />
NÃO SE BASEIA EM SUSPEITAS<br />
NEM EXIGÊNCIAS INFANTIS.<br />
*****<br />
AFETO-POSSE É RUÍDO<br />
LONGE DAS GRAÇAS DO AMOR:<br />
TANTO SOFRE O POSSUÍDO<br />
QUANTO SOFRE O POSSUIDOR.<br />
*****<br />
QUANDO O AMOR NÃO EXISTE<br />
LEMBRANDO AFETO-DOENÇA,<br />
A EXPRESSÃO DO QUE PERSISTE<br />
É TÃO-SÓ INDIFERENÇA.<br />
- 20 -
QUANDO O AMOR SE RESUME<br />
A VIL MANIPULAÇÃO<br />
O QUE SE TEM É CIÚME<br />
DA NOSSA PRÓPRIA AMBIÇÃO.<br />
*****<br />
INSEGURANÇA? MIRAGEM<br />
NOS DOMÍNIOS DA AFEIÇÃO;<br />
ÀS VEZES É OUTRA LINGUAGEM<br />
PARA AUTOPUNIÇÃO.<br />
*****<br />
DIFÍCIL EM AFEIÇÃO<br />
DISTINGUIR DONS A DISPOR:<br />
AFETO DE GRATIDÃO<br />
É GRATIDÃO; NÃO É AMOR.<br />
*****<br />
TEMA DE PROFUNDIDADE<br />
NOS CAMPOS DA AFEIÇÃO:<br />
AMOR EM PURA VERDADE<br />
É SOMENTE DOAÇÃO.<br />
*****<br />
DESCOBRI APÓS TORMENTO<br />
UM CAMINHO RENOVADOR:<br />
QUEM QUER RECONHECIMENTO<br />
NÃO CONHECE O QUE É AMOR.<br />
*****<br />
POR MAIS AVANCE A VONTADE<br />
AMOR NÃO É DISTRAÇÃO:<br />
EXIGE MATURIDADE<br />
DO CORPO E DA EMOÇÃO.<br />
*****<br />
ENQUANTO A PAIXÃO SOVINA<br />
PROMOVE FESTA DE UM DIA<br />
O AMOR - FORÇA DIVINA -<br />
PRODUZ ETERNA ALEGRIA.<br />
*****<br />
ÀS MARGENS DO RIO TEJO<br />
MEU DESTINO FOI TRAÇADO<br />
QUANDO EM ÁGUAS DO DESEJO<br />
FIZ AS PONTES PARA O FADO.<br />
- 21 -
SENHORA DOS MARTÍRIOS<br />
Carlos Roberto Fernan<strong>de</strong>s<br />
qual procissão levantando altos círios<br />
em profundos abismos <strong>de</strong> amargura<br />
a atormentadíssima criatura<br />
se queda ante seus próprios <strong>de</strong>lírios.<br />
nesse momento dos seus murchos lírios<br />
em que se vê perto da sepultura<br />
suplica mão rosada <strong>de</strong> ternura<br />
da Serena Senhora dos Martírios!<br />
... atordoada <strong>de</strong> ilusões ar<strong>de</strong>ntes<br />
<strong>de</strong>sce dos castiçais dos pobres sonhos<br />
construídos sob altares medonhos...<br />
Surge, então, dos clamores penitentes<br />
a Sereníssima Mão da Senhora<br />
cujos martírios o crente vê e chora.<br />
SENHORA DO ROSÁRIO<br />
Carlos Roberto Fernan<strong>de</strong>s<br />
ante os clamores <strong>de</strong>sse santo campanário<br />
em harmoníssima música suplicante<br />
ajoelho minh'alma neste altar diante<br />
da Santíssima Senhora, Mãe do Rosário.<br />
constritamente contemplo o vivo sacrário<br />
meditando no Mistério Sacrificante<br />
com que a Glória do Espírito Santificante<br />
expressa-se na Senhora Mãe do Rosário.<br />
caem pétalas <strong>de</strong> luz formosíssima<br />
nos profundos enganos do meu coração<br />
e o milagre da fé traz-me a re<strong>de</strong>nção.<br />
Oh, Senhora Formosa, Maria Santíssima!<br />
Do Vosso Rosário vem po<strong>de</strong>roso brilho<br />
no qual, <strong>de</strong> mãos postas, sinto-me vosso filho.<br />
- 22 -
MÃE DO PERPÉTUO SOCORRO<br />
Carlos Roberto Fernan<strong>de</strong>s<br />
na misteriosíssima eternida<strong>de</strong> infinita<br />
em que eu-criatura tanto vivo quanto morro<br />
existe a permanente misericórdia bendita<br />
da Gloriosa Senhora do Perpétuo Socorro.<br />
se a humana vonta<strong>de</strong> em sua febre tirita<br />
sem encontrar segurança <strong>de</strong> um misérrimo gorro,<br />
verá, ao coibir o <strong>de</strong>sdouro da aflição que grita,<br />
as bênçãos postas pela Mãe do Perpétuo Socorro.<br />
nos brilhantismos fúnebres dos tenebrosos ritos<br />
multiplicadores vãos da multidão dos aflitos<br />
a Santa Mãe corrige, calma, os temores meus...<br />
Com o sereníssimo socorro santificado,<br />
livrando-me do martírio sombrio do pecado<br />
Sua Presença me leva à Presença <strong>de</strong> Deus.<br />
ALMA E CORPO<br />
Carlos Roberto Fernan<strong>de</strong>s<br />
minh'alma passeante, aprisionada e tonta<br />
quer controlar o corpo nela habitante<br />
e, nessa luta, quanto sonho se <strong>de</strong>smonta<br />
numa lágrima morticida, palpitante.<br />
ninguém percebe a dor contida nessa afronta<br />
on<strong>de</strong> a fortaleza do corpo suplicante<br />
blasfema sobre a muralha incerta e pronta<br />
<strong>de</strong> minh'alma supremíssima governante.<br />
fortaleza e muralha, cada uma arrogante<br />
do seu mausoléu <strong>de</strong> esplendoríssima fronte<br />
espera guardar a outra <strong>de</strong> juízo infante<br />
em túmulo secular <strong>de</strong> tétrico monte<br />
on<strong>de</strong> meu corpo transforme secura arfante<br />
no sereníssimo silêncio <strong>de</strong> uma fonte.<br />
- 23 -
CARMEN ORTIZ CRISTAL<br />
São Paulo/SP – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 665 - 2008<br />
-----------------------------------------------------<br />
NOSSOS DIAS SÃO DE AMOR...<br />
Carmen Ortiz Cristal<br />
Navegando num oceano <strong>de</strong> emoções,<br />
Em versos bem construídos!...<br />
Dizendo do mundo e das relações,<br />
Encontrei em rimas tua alma, Poeta...<br />
Ao primeiro olhar, me apaixonei!...<br />
Por tua mão, em sonhos embarquei...<br />
Por teu norte, encontrei novos mundos!...<br />
Confiando sempre no coração...<br />
Amante!... Passei a poetar contigo...<br />
Fazendo versos do que seria nossa relação...<br />
Subscrevendo a união <strong>de</strong> nossas almas!<br />
Conscientes da loucura adolescente,<br />
Saímos do papel para, num leito <strong>de</strong> paixão,<br />
Amar e viver sem pensar no amanhã...<br />
ESSÊNCIA!...<br />
Carmen Ortiz Cristal<br />
Amar, sonhar, <strong>de</strong>sejar!...<br />
Sentimentos que fazem<br />
d'alma um mundo...<br />
Espaços infinitos,<br />
uma rima constante...<br />
Da vida, um sem fim <strong>de</strong> noites e dias,<br />
sem tempo para acabar...<br />
Do coração!... Eterno amante,<br />
Poesia...<br />
Meu amor!... Raio <strong>de</strong> luz...<br />
Na real, em ser esperança...<br />
Continuida<strong>de</strong>...<br />
Amar é a minha verda<strong>de</strong>.<br />
- 24 -
ALADO CORAÇÃO<br />
Carmen Ortiz Cristal<br />
Teu coração voou,<br />
Chegou ao meu...<br />
Num bailado <strong>de</strong> amor,<br />
Ganharam alturas!...<br />
Eram novas conquistas...<br />
Unidos,<br />
A<strong>de</strong>ntraram o Universo da Paixão...<br />
Em revoadas, por Terras da União...<br />
Mensageiros da Bem-Aventurança!...<br />
Levando nas mãos rosas brancas,<br />
Foram ultrapassando barreiras...<br />
Conquistando, por merecimento,<br />
Um tempo mágico... A Paz!...<br />
Firmando, entre anjos, uma vida...<br />
Na pureza que os envolvia,<br />
Desfeitas dores e tristezas,<br />
Gra<strong>de</strong>s que os tinham prisioneiros.<br />
Confiantes na verda<strong>de</strong>,<br />
Tornaram-se libertos,<br />
Para irem a um tempo além...<br />
Um tempo <strong>de</strong> amor!...<br />
COMO SABER DA DOR!...<br />
Carmen Ortiz Cristal<br />
Gran<strong>de</strong>s são os anseios que rondam!<br />
Pobres e incapazes são as palavras...<br />
O coração reclama direitos postos...<br />
O poeta diz, em versos, da melancolia...<br />
Como se fazer enten<strong>de</strong>r um sentir seu,<br />
Num mundo <strong>de</strong> tantas penas ingratas...<br />
A morte na alma, a dor é incessante!<br />
O caos pelo caminho, segue errante...<br />
Tantas são as amarguras, lamentos!<br />
Diante do amor <strong>de</strong> sonhos impossíveis,<br />
Rebela-se o ser frente à tempesta<strong>de</strong>!<br />
Se não há solução ao que é <strong>de</strong>sventura,<br />
A poesia soluça no lugar da esperança...<br />
Pobre, ímpia é a tortura, resta o a<strong>de</strong>us...<br />
- 25 -
BANDOLEIRO DE ILUSÕES!...<br />
Carmen Ortiz Cristal<br />
Águas rasas!... A se<strong>de</strong> não sacia.<br />
A relva amarelada diz do esquecimento...<br />
Traduz a injustiça... Tropeço da alegria...<br />
Segue adiante o que não tem arrimo.<br />
Folhas soltas, espinhos pontiagudos...<br />
Ressalva <strong>de</strong> um jardim sem flores.<br />
Brotam carências nas fases da Lua...<br />
Tudo que um dia foi amores<br />
per<strong>de</strong>u-se na incompreensão...<br />
Para tal infundada é a razão...<br />
Desencontros por falta <strong>de</strong> afeto.<br />
Inverda<strong>de</strong>s!... Desilusão...<br />
Feridas abertas na busca do amanhã...<br />
Ao vento ficam as palavras,<br />
finda a beleza do que foi cumplicida<strong>de</strong>...<br />
Agonia que o corpo não satisfaz...<br />
Valores distorcidos, vida vazia...<br />
À margem, a espera não se fez...<br />
Lágrimas sem parceria no dia,<br />
em que as velas rotas,<br />
foram displicentemente<br />
<strong>de</strong>ixadas no cais...<br />
Novas rotas?!... A bordo,<br />
esquecimento <strong>de</strong> outros tempos.<br />
Confiança, um querer <strong>de</strong>sfigurado!...<br />
Desviam-se as razões...<br />
Na praia a loba espreita!...<br />
O marujo segue adiante...<br />
Por vezes, um olhar ou outro...<br />
Sentimentos unilaterais<br />
fazem do humano um animal errante,<br />
Bandoleiro <strong>de</strong> Ilusões...!<br />
- 26 -
EM TEUS BRAÇOS FUI FELIZ!...<br />
Carmen Ortiz Cristal<br />
Sobre alvos lençóis <strong>de</strong> um leito vazio,<br />
Envolta pela escura noite,<br />
Tendo como companheira a sauda<strong>de</strong>,<br />
Sou a chama do <strong>de</strong>sejo incontido...<br />
Na solidão do quarto,<br />
Amargando mais uma insônia,<br />
Vôo nas asas da imaginação, tão real!...<br />
Ouço passos, sinto tua aproximação...<br />
Ansiosa aflora este querer <strong>de</strong> ti!...<br />
Másculo teu cheiro está no ar...<br />
Meu corpo treme ao toque da tua mão...<br />
Aprisionada num abraço, sinto teu calor...<br />
Teus lábios nos meus num ar<strong>de</strong>nte beijo...<br />
Multiplicam o <strong>de</strong>sejo, tudo é só paixão!...<br />
Na hora <strong>de</strong> fazer amor, calam-se as vozes.<br />
Ouve-se, apenas, o pulsar do coração...<br />
Ilimitada é a cumplicida<strong>de</strong>...<br />
Sonho, ilusão!... Vivo a entrega...<br />
Por um momento que fosse,<br />
Ser tua é tudo que sempre almejei...<br />
A madrugada vai alta e, ainda, estás aqui...<br />
Num orgasmo mútuo, olhos nos olhos...<br />
Vi um mundo <strong>de</strong> prazer espalhando-se em ti.<br />
Tomada pelo espasmo, exausta, adormeci...<br />
Sonho ou realida<strong>de</strong>, sei que vivi!...<br />
Fosse ilusão <strong>de</strong> uma viagem cósmica,<br />
Estar contigo é ser felicida<strong>de</strong>!...<br />
Viver ou reviver momentos,<br />
em teus braços sou verda<strong>de</strong>...<br />
- 27 -
FALANDO COM DEUS...<br />
Carmen Ortiz Cristal<br />
Tenho a alma sofrida, o coração magoado...<br />
Inconformada com tanta dor e tristeza.<br />
Choro!... Sinto-me impotente, incapaz...<br />
Diante da miséria humana, sou nada...<br />
Olho em torno, revolto-me!...<br />
Tanto gostaria <strong>de</strong> fazer pelos irmãos...<br />
Lavar as feridas, secar suas lágrimas.<br />
Amenizar <strong>de</strong> vez a dor que os consome.<br />
Ofertar-lhes sorrisos, alegria, bem estar...<br />
Ao invés disso, com minhas limitações,<br />
Caminho por entre corpos <strong>de</strong>sfigurados...<br />
Almas quebradas pelo <strong>de</strong>sespero...<br />
Corações <strong>de</strong>spedaçados, agonizantes...<br />
Convivo com a dor, a fome, o <strong>de</strong>samor...<br />
Quero gritar por socorro!...<br />
Mas a quem?!... Quem ouviria meus gritos?<br />
O egoísmo gerando tanta injustiça...<br />
Quem esten<strong>de</strong>ria a mão sem pedir em troca?!...<br />
Cada um quer saber <strong>de</strong> si, que importa o outro!...<br />
Porque então, Senhor Deus,<br />
Deste-me esta capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amar tanto?<br />
De sentir tanto pelos meus semelhantes?<br />
E, ao mesmo tempo, me fizeste tão pequena...!<br />
Tão incapaz diante do sofrimento?...<br />
Senhor, preciso <strong>de</strong> forças, coragem...<br />
Preciso <strong>de</strong>sesperadamente <strong>de</strong> uma Luz!<br />
Uma luz que me indique o caminho...<br />
Uma saída, um rumo, on<strong>de</strong> eu consiga,<br />
De alguma forma,<br />
Acolher em meus braços a quem sofre...<br />
Senhor, quero respostas, quero po<strong>de</strong>r fazer!...<br />
Vem, Senhor Deus, fala ao meu coração...<br />
Minha fé é inabalável!<br />
A ti confio minha questão...<br />
- 28 -
SEM FLORES NEM CORES...<br />
Carmen Ortiz Cristal<br />
A chama crepita no coração.<br />
No rosto <strong>de</strong>slizam as lágrimas...<br />
As mãos estão vazias.<br />
A sauda<strong>de</strong> cala no peito.<br />
Por on<strong>de</strong> andará o sol?! Assustadoras,<br />
a noite se faz permanente,<br />
a dor envolve minhas horas vazias...<br />
Levaste contigo o júbilo das cores!...<br />
Apagaste meu sorriso!... A natureza reclama...<br />
As fontes, antes dançantes e belas,<br />
entristeceram à tua partida...<br />
Um mundo em preto e branco!...<br />
Sem amor fez-se triste meu caminho...<br />
Mortas as flores, ficaram espinhos.<br />
FOI AMOR!...<br />
Carmen Ortiz Cristal<br />
Partes airosas <strong>de</strong> um sonho...<br />
Rima nos versos que componho.<br />
Preâmbulo <strong>de</strong> ilusões adormecidas!<br />
Reviver <strong>de</strong> emoções já esquecidas...<br />
Predicados do que <strong>de</strong>sabrochou<br />
E, em chamas quentes <strong>de</strong>spertou...<br />
Para ser requinte <strong>de</strong> paixões,<br />
Nas frias manhãs das minhas emoções...<br />
Amante sob o céu enluarado!...<br />
No bater do coração <strong>de</strong>scompassado<br />
Fazendo-se presente num leito <strong>de</strong> amor...<br />
Sabia-se extremo do ser, além da dor!...<br />
O céu, um todo do que foi meu universo...<br />
Poesia!... Perfume exalado em verso...!<br />
- 29 -
VIM BEIJAR TEU CORAÇÃO<br />
Carmen Ortiz Cristal<br />
Venho com o vento...<br />
Trago <strong>de</strong> longe as vivências,<br />
As experiências...<br />
Que moldaram minha alma apaixonada.<br />
Que me fizeram ser<br />
Um ser do mundo!<br />
Um ser que se dá em verda<strong>de</strong>s.<br />
Do mais puro d'alma,<br />
Transbordando emoções próprias,<br />
Ditas com paixão em versos imperfeitos...<br />
Mas banhados no amor,<br />
Do amor que sou feita!...<br />
Deixa-me chegar!...<br />
E em teu coração soprar,<br />
Com doçura e carinho...<br />
Todo este amor que sinto,<br />
Um amor que me faz vibrar,<br />
Sonhar, <strong>de</strong>sejar estar contigo...<br />
Acariciar teu rosto,<br />
fazer <strong>de</strong> teus braços<br />
meu abrigo...<br />
Deixa que eu a<strong>de</strong>ntre tua alma...<br />
Vim trazer a felicida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> um mundo <strong>de</strong> amor!<br />
O renascer para uma nova vida...<br />
Deixar o passado no passado...<br />
Vim trazer!... O melhor <strong>de</strong> mim...<br />
Felicida<strong>de</strong> e amor que te quero dar.<br />
- 30 -
CÁSSIA VICENTE<br />
Jataí/GO – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 423 - 2005<br />
-----------------------------------------------------<br />
BIOGRAFIA:<br />
Sou Cássia Vicente...<br />
Não me consi<strong>de</strong>ro uma poeta,<br />
apenas um escrevinhadora,<br />
traço nas palavras o verbo amar,<br />
sem preocupar com rimas vou versejando<br />
e assim vou me realizando...<br />
Moro em Jataí, estado <strong>de</strong> Goiás<br />
num lugarzinho perfeito para poetar<br />
em meio a pássaros, muita água,<br />
sol e luar inconfessáveis...<br />
Esta sou eu...<br />
Mulher, mãe, amante e muito sorri<strong>de</strong>nte!<br />
ÁGUAS DE MARÇO<br />
Cássia Vivente<br />
Num leve toque a chuva cai<br />
<strong>de</strong>spejando as águas <strong>de</strong> março,<br />
últimas águas que esperam levar<br />
as dores com ela pelo rio afora...<br />
Águas <strong>de</strong> março que recolhem<br />
os <strong>de</strong>stroços da sauda<strong>de</strong>, da tristeza,<br />
da ignorância vencida sem <strong>de</strong>ixar rastro<br />
pra que nada fique pra trás...<br />
Num leve toque os pingos trazem<br />
renovação pra alma cansada e perdida<br />
revigorando-a sem medida,,,<br />
Águas <strong>de</strong> março que beneficiam<br />
quem se dispor a mudar, <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> lado o passado,<br />
se permitir viver o amor sem medo <strong>de</strong> ser feliz...<br />
- 31 -
RESTAM AS PALMAS<br />
Cássia Vivente<br />
Moribundo...<br />
vaga pelas ruas lúgrubes<br />
lixo, sujeira <strong>de</strong> toda uma vida<br />
se empilham nas calçadas.<br />
Caminha comprazendo<br />
com o ambiente <strong>de</strong> amargura,<br />
tristeza da noite fria e escura,<br />
cambaleando, <strong>de</strong>ixa-se cair na lama escura.<br />
O cheiro acre misturado ao suor<br />
embrulha seu estômago vazio há dias,<br />
num refluxo põe pra fora toda sua amargura.<br />
Quem passa ao lado finge nem perceber<br />
que ali jaz um moribundo...<br />
...platéia não falta, restam as palmas...<br />
ADEUS<br />
Cássia Vivente<br />
Nua como vim ao mundo me <strong>de</strong>speço<br />
<strong>de</strong>ixo as marcas que conquistei pro mundo imundo<br />
levo comigo a pele sem mácula<br />
estas as lavei... nas águas <strong>de</strong>ixei...<br />
Parto num parto sem dor<br />
retorno ao meu ser uniforme<br />
<strong>de</strong>ixo pra trás as <strong>de</strong>formida<strong>de</strong>s<br />
causadas pela vida <strong>de</strong>sregrada<br />
venci o mal recebendo a luz<br />
Agora estou como vim<br />
pronta pra partir estou<br />
a<strong>de</strong>us...<br />
- 32 -
APRENDI<br />
Cássia Vivente<br />
Foi você que me ensinou o amor<br />
com você aprendi que emoções são<br />
inconfessáveis pra alma...<br />
Aprendi que amar é caminhar ao lado<br />
e nas horas do amor<br />
estar por cima, por baixo<br />
sem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> estar ao lado...<br />
Você me ensinou que o olhar<br />
diz o que vai ao coração<br />
palavras são meras conjunções...<br />
Foi você que na paciência<br />
me ensinou todos os passos que levam<br />
à felicida<strong>de</strong>...<br />
Aprendi que ser feliz é um estado d´alma<br />
que não adianta brigar com o mundo<br />
ele é o mestre dos mestres...<br />
Com Você aprendi a escalar a vida<br />
sem ter medo <strong>de</strong> cair, pois me sinto bem protegida<br />
pelas cordas e ganchos...<br />
Foi você que me ensinou os primeiros passos da subida<br />
e ainda continua pegando na minha mão nas horas<br />
que me embaraço nas cordas...<br />
E com isso... em você eu vivo...<br />
- 33 -
VOCÊ...<br />
Cássia Vivente<br />
Quem po<strong>de</strong> sentir mais do que eu... você<br />
nem mesmo o mar quando toca a areia<br />
po<strong>de</strong> traduzir tanto sentimento, tanta magia...<br />
A lua quando toca as águas com seu reflexo ímpar<br />
nem mesmo ela, provoca toda extensão que você tem pra mim...<br />
Quem po<strong>de</strong> sentir mais você do que eu... Acho que nem você...<br />
és par perfeito, jogo <strong>de</strong> sedução, expressão do amor...<br />
Quem nunca sentiu um amor assim... Perdão...<br />
Nem mesmo o céu, com todo seu encanto, po<strong>de</strong> traduzir você...<br />
as flores que exalam perfume se curvam quando o teu perfume<br />
toca meu corpo...<br />
O mais doce beija-flor quando explora o néctar nem <strong>de</strong> longe<br />
se compara ao teu toque em meus lábios...<br />
Posso estar exagerando comparando-te com tão belos trajes...<br />
posso até estar sendo exótica ou escandalosa...<br />
mas meu amor ninguém nega quando vê em meus olhos... você...<br />
- 34 -
BOLERO<br />
Cássia Vivente<br />
Adoro a música que toca<br />
...toca minha pele<br />
como carícias <strong>de</strong> suas mãos<br />
perfazendo um bolero<br />
com trejeitos que<br />
só conheço em "você"...<br />
Ensaio passos na horizontal<br />
<strong>de</strong>ixando a música me conduzir<br />
até meus <strong>de</strong>sejos mais secretos<br />
on<strong>de</strong> o nome <strong>de</strong>les é "você"...<br />
Toque <strong>de</strong> pele sem pele<br />
...pele que <strong>de</strong> longe ensaia<br />
num bolero todinho "você"<br />
Gozo na plenitu<strong>de</strong> do meu corpo<br />
que na magia do encanto<br />
penetra em mim "você"<br />
Ensaio <strong>de</strong> um bolero<br />
numa noite <strong>de</strong> prazer...<br />
- 35 -
CLÉLIO COSTA CARREIRA<br />
Campinas/SP –Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – ca<strong>de</strong>ira: 123 - 2002<br />
-----------------------------------------------------<br />
DIGNIDADE<br />
Clélio Costa Carreira<br />
Um fato e <strong>de</strong>cepções, passagens da vida, ausências.<br />
Dias doces que vem e vão entre os dias tristes dias e sombrios <strong>de</strong><br />
agora<br />
tar<strong>de</strong>s em crepúsculo, intensas num outono frio<br />
a sauda<strong>de</strong> que esmaga o peito em dor lancinante.<br />
Dor e pó<br />
sauda<strong>de</strong>.<br />
Necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> olhar para o inesquecível no coração<br />
a busca do que se teve,<br />
busca da vida em comum, a dois<br />
busca do tudo e do nada.<br />
O ressurgir da vida, a hora e o lugar certo<br />
o acontecimento.<br />
A <strong>de</strong>cisão da imortalida<strong>de</strong> estampada no rosto<br />
na ausência das frustrações,<br />
um olhar para trás,<br />
um caminho: a estrada, o passado.<br />
Dor e grito<br />
sauda<strong>de</strong>.<br />
Um olhar para frente: a estrada do nada presente<br />
a plenitu<strong>de</strong> do vago, do oco.<br />
A dignida<strong>de</strong> da espera<br />
a ausência dilacerante.<br />
Dor e lágrima.<br />
Sauda<strong>de</strong>,<br />
só sauda<strong>de</strong>, só sauda<strong>de</strong>.<br />
- 36 -
PARTIDA<br />
Clélio Costa Carreira<br />
Muitas vezes ouço o choro sentido da minha pobre e triste alma<br />
olho <strong>de</strong>ntro das minhas lembranças<br />
vejo-a caminhando em direção à porta <strong>de</strong> saída<br />
seus passos são rápidos,<br />
como se quisesse com isso abreviar a partida<br />
é o seu ir-se <strong>de</strong> mim<br />
é o buscar do seu eu para um alento<br />
é o fugir sentido do que julga perdido<br />
Vejo-a sempre assim, indo nas minhas partidas<br />
Seus cabelos vão per<strong>de</strong>ndo o doce brilho na distância<br />
Vejo seus olhos em pequenas contidas gotas <strong>de</strong> lágrimas,<br />
olhos mareados, aperto no peito, dor.<br />
O amargo do sal tange os lábios cerrados<br />
acelera os passos, e vai, seu corpo físico vai<br />
mas você fica, em mim<br />
misturam-se nossas dores, nossos lamentos<br />
o cheiro da sua pele forma uma auréola protetora<br />
impe<strong>de</strong> que me mova, unimo-nos<br />
sua boca quente ainda toca meus lábios<br />
ouço seu respirar<br />
Você entra em meus poros, em minha narina<br />
em minha alma frágil<br />
sufoca-me <strong>de</strong> sentimentos imprevisíveis <strong>de</strong> doces carinhos,<br />
sufoca-me <strong>de</strong> tão intenso amor<br />
a angústia do partir é envolvente<br />
perco-me no seu eu<br />
à vonta<strong>de</strong> é <strong>de</strong> ficar, <strong>de</strong> não ir, <strong>de</strong> não <strong>de</strong>ixar<br />
nosso físico se afasta, eu vou, você vai<br />
vamo-nos assim, tão <strong>de</strong>finitivamente, sem rumo<br />
vamo-nos assim, sem nada <strong>de</strong> nós, com tudo <strong>de</strong> cada<br />
tudo é choro, tudo é água salgada<br />
<strong>de</strong> tantas partidas, fez-se o mar<br />
separamo-nos<br />
não mais a vejo<br />
é a dor <strong>de</strong> irmos<br />
- 37 -
SONHAR, DOCE ILUSÃO<br />
Clélio Costa Carreira<br />
Esse eterno <strong>de</strong>spertar em busca <strong>de</strong> algo,<br />
esse sonhar infindo<br />
que movimenta o sangue nas veias<br />
a esperança do sorriso eterno,<br />
as flores coloridas na janela <strong>de</strong> cortinas alvas<br />
trilhar caminhos <strong>de</strong> folhas secas que estalam ao peso dos pés<br />
beber da fonte da felicida<strong>de</strong><br />
a água cristalina das montanhas celestes<br />
viver <strong>de</strong> esperanças, migalhas <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong><br />
nada acontece, nada!<br />
Apenas inércia:<br />
ilusão!<br />
De tudo isso se conclui que<br />
a vida é apenas um sono<br />
e, que sonhar é natural<br />
conseqüência do ato <strong>de</strong> dormir<br />
caminhar sempre em direção à luz,<br />
estar perto ver que isso não é nada,<br />
que não conduz a nada<br />
é apenas o sentir imediato,<br />
a alegria não duradoura,<br />
a emoção do momento,<br />
que como fumaça, se esvai.<br />
- 38 -
DÁRIA FARION<br />
Pinhais/PR – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 301 – 2003<br />
-----------------------------------------------------<br />
SOBRE A AUTORA:<br />
Filha <strong>de</strong>: André Farion e Maria Farion.<br />
Nasceu em Fluviópolis - Paraná, no dia 26 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1929.<br />
Formou-se pala Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Filosofia Ciências e Letras da<br />
Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná. Recebeu o Prêmio - Medalha <strong>de</strong><br />
Mérito Fernando Amaro. Pertence: - <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> Paranaense da<br />
Poesia - ca<strong>de</strong>ira nº 14 - Patrona Julia da Costa; <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong><br />
Femimina <strong>de</strong> Letras do Paraná, ca<strong>de</strong>ira nº 13 - Patrona Adda<br />
Macagi; Centro <strong>de</strong> Letras do Paraná; Centro Paranaense Feminino<br />
<strong>de</strong> Cultura; União <strong>Brasileira</strong> dos Escritores <strong>de</strong> Nova Iorque -<br />
UBENY; AVBL - <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Virtual</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Letras - Ca<strong>de</strong>ira nº<br />
301 - Patrono: Domício Coutinho.<br />
Livros editados:<br />
- Vida Néctar e Veneno - 1994<br />
- Foco <strong>de</strong> Visão - 1998 Editora Champagnat - PUC<br />
- Verbos e Versos - 2003 Editora Champagnat - PUC<br />
ebooks<br />
- O Céu Registrou - 2008 - AVBL<br />
- Ósculo Póetico - 2005 - AVBL<br />
- Vida Visão e Versos - 2005 - AVBL<br />
- Crestomatia das Emoções - 2003 - AVBL<br />
- 39 -
A CANÇÃO QUE A VIDA DITOU<br />
Dária Farion<br />
Festejar setenta e sete anos<br />
É recolher das viagens<br />
Aprendizagem <strong>de</strong> infindas passagens<br />
Do eu peregrino pelo espaço/tempo da vida.<br />
A vida genialida<strong>de</strong> divina, ciência da alma<br />
Fortaleceu o eu, expressou sabedoria<br />
Nas oportunida<strong>de</strong>s, nas assomadas emoções,<br />
Nas bênçãos com glórias festejadas.<br />
Vou fundo no tempo resgatando lembranças<br />
Relembrando a coragem <strong>de</strong> cada travessia,<br />
Guardando na alma a benção maior:<br />
Sete filhos higianos, orquestrando cânticos opimos.<br />
Já se faz o cansaço,<br />
Mas ainda há força num abraço e areia na ampulheta.<br />
Das mãos fortes restam mãos encarquilhadas<br />
Ainda assim cheias <strong>de</strong> bênçãos e afagos.<br />
A cada alvorecer, a cada poente a minha prece:<br />
Ao templo que abrigou minha vida,<br />
À vida que executou a canção,<br />
A canção que a vida ditou<br />
OBRIGADA.<br />
- 40 -
UNIVERSO SINGULAR<br />
Dária Farion<br />
Ensaiar os primeiros passos <strong>de</strong> mãos dadas,<br />
Conseguir é vitória conquistada, é vitória aplaudida<br />
A primeira força na estrada da vida.<br />
Da cartilha <strong>de</strong>cifrada ao peito no pódio ufanado<br />
Um laboratório <strong>de</strong> sonhos, estesiogenias e lutas<br />
Nos mistérios encerrados, nas virtu<strong>de</strong> alcançados.<br />
No giro do tempo houve dias sem luz e noite escuras também<br />
Mas a cada dia por labirintos do <strong>de</strong>stino me perdi, me achei, venci,<br />
Nas noites houve luz das estrelas, houve sol no reflexo da lua.<br />
Pedras no caminho, me fiz força carreguei todas elas,<br />
Não havia tempo nem margens para plantar flores.<br />
Comi o pão com o suor do rosto, lutei, amei, acalentei.<br />
Com as pedras construí o meu castelo,<br />
Com alguns cristais os meus vitrais,<br />
Ah! os diamantes, filhos amados, aprofundam raízes.<br />
Hoje vivo no meu castelo, num silêncio feito <strong>de</strong> sauda<strong>de</strong>s<br />
Das lutas, das vitórias e até <strong>de</strong> alguns fracassos benfazejos,<br />
Há espaço e há tempo para chorar, poetar e plantar flores<br />
Flores impagáveis, únicas<br />
Cultivadas por um processo <strong>de</strong> vibrações <strong>de</strong> nobre solo<br />
Regadas com o sangue <strong>de</strong> um coração <strong>de</strong> on<strong>de</strong> só jorra amor.<br />
Neste jardim as rosas não tem espinhos,<br />
São imarcescíveis, luminescente, lindas, e<br />
O perfume, que <strong>de</strong>lícia, viaja ao altar do infinito.<br />
Peregrino é o meu espírito e já vai se preparando<br />
Para paragens mais distantes num caminho sem volta<br />
Pesquisar os sóis e as estrelas numa outra dimensão.<br />
- 41 -
DIÓGENES PEREIRA DE ARAÚJO<br />
Bauru/SP – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 019 - 2001<br />
-----------------------------------------------------<br />
Á LUTA<br />
Mahatma Gandhi fez, com resistência,<br />
ao Império Britânico curvar-se;<br />
quem sabe nós também, com persistência,<br />
façamos o Brasil se levantar!<br />
O caminho é o mesmo: "a não-violência",<br />
senão contra si próprio a questionar-se<br />
para cobrar da própria consciência<br />
um esforço maior <strong>de</strong> aperfeiçoar-se<br />
Os pobres, oprimidos e sem voz,<br />
vão esperar <strong>de</strong> quem senão por nós?<br />
Se cada qual fizer mais um pouquinho<br />
com seu talento, em prosa ou em poesia,<br />
o Brasil há <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>cente um dia.<br />
À LUTA! Eu sei que não irei sozinho!<br />
Diógenes Pereira <strong>de</strong> Araújo<br />
Comunida<strong>de</strong> ESCANDIR (Orkut)<br />
- 42 -
MOVER OS DEDOS<br />
Não peço apoio para uma eleição<br />
não peço voto para ser eleito;<br />
sendo do bem já sei não ser perfeito;<br />
eu peço apoio a minha pretensão<br />
<strong>de</strong> ajudar ao país, - é meu direito,<br />
e é também meu <strong>de</strong>ver. Não digam não!<br />
Quero ver a nação virar Nação,<br />
sim: com "n" maiúsculo, num jeito<br />
<strong>de</strong> conclamar a todos à união,<br />
sim: a todos a um sonho patriótico;<br />
um sonho necessário e não quixótico<br />
é generalizar a escansão:<br />
pela escansão se ativa cada <strong>de</strong>do:<br />
se vence a apatia, a inércia, o medo...<br />
Diógenes Pereira <strong>de</strong> Araújo<br />
Comunida<strong>de</strong> ESCANDIR (Orkut)<br />
- 43 -
BARCOS DE PAPEL<br />
Levem meu sonho barcos <strong>de</strong> papel<br />
ao ímpeto da chuva e da enxurrada<br />
Vamos! Coragem! Sigam na jornada<br />
porquanto o sol, se hoje está revel<br />
<strong>de</strong>pressa há <strong>de</strong> voltar e nada, nada<br />
há <strong>de</strong> impedir que a luz da cor do mel<br />
domine o ambiente. Seu be<strong>de</strong>l<br />
a lua empali<strong>de</strong>ce envergonhada<br />
<strong>de</strong> ver tal enxurrada tão barrenta<br />
e cheia <strong>de</strong> impurezas. Representa<br />
o mundo como está. Prossigam barcos!<br />
Sigam adiante em seus recursos parcos<br />
Levem ao mundo os versos que componho<br />
Criar um mundo lindo, eis o meu sonho<br />
Diógenes Pereira <strong>de</strong> Araújo<br />
http://www.poemanet.com<br />
- 44 -
ELIO EUGENIO MÜLLER<br />
Curitiba/PR – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 135 - 2002<br />
-----------------------------------------------------<br />
DEDICATÓRIA<br />
Elio E. Müller<br />
Amiza<strong>de</strong> doce e pura<br />
lhe <strong>de</strong>dico com ternura<br />
Mas em troca retribua<br />
amiza<strong>de</strong> toda sua.<br />
E repito, bem baixinho,<br />
como prece o versinho:<br />
Ser sincero escasso é!<br />
Ser amigo, mais raro é!<br />
(Panambi – RS, 1961)<br />
ZUEIGNUNG.<br />
Elio E. Müller<br />
Meine Freundschaft - süss und rein -<br />
schenk ich dir im Zartlichsein.<br />
Aber schenke mir zurück<br />
ähnlich <strong>de</strong>iner Freundschafts Glück.<br />
Leis mein Wort wie ein Gedicht -<br />
rein! ein Gebet - jetzt zu dir spricht:<br />
Selten ist's ehrlich zu sein -<br />
seltner noch ein Freund zu sein.<br />
Dedicatória, traduzida para a língua alemã:<br />
- 45 -
ERASMO SHALLKYTTON<br />
Caxias/MA – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 666 - 2008<br />
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A DINASTIA DAS PALMEIRAS DO BABAÇU<br />
Erasmo Shallkytton<br />
A região do Mearim e o Lago do Junco,<br />
Fazem o gran<strong>de</strong> Estado do Maranhão,<br />
É um paraíso eterno <strong>de</strong> palmeiras,<br />
Nascem palmeiras até na palma da mão.<br />
As quebra<strong>de</strong>iras são organizadas,<br />
Recebem apoio internacional,<br />
Com associações e cooperativas,<br />
A Unicef é a mãe primordial.<br />
São as mulheres combatentes,<br />
Que produzem óleos e sabonetes,<br />
Exportam para toda a Europa,<br />
São as mulheres, as pioneiras.<br />
Criaram a Lei do Babaçu Livre,<br />
Se não fosse a guerreira Dadá,<br />
O que seria <strong>de</strong> nós quebra<strong>de</strong>iras?<br />
Agropecuária é ativida<strong>de</strong> transitória,<br />
Plantam capim braquiária,<br />
Aqui nunca foi lugar <strong>de</strong> pastagens,<br />
Derrubando as nossas palmeiras,<br />
Até parece uma brinca<strong>de</strong>ira.<br />
Já partiram os guanás e acroás-gamelas,<br />
Extinção do nosso povo indígena,<br />
Restando os tenebrosos guajajaras,<br />
Das margens do gran<strong>de</strong> rio Mearim,<br />
Atualmente ficaram as palmeiras,<br />
Que os povos cruéis aspiram ao fim.<br />
- 46 -
Não é lugar <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s rebanhos,<br />
Muito menos <strong>de</strong> plantação <strong>de</strong> soja.<br />
Com a chegada do tal biodiesel,<br />
Exterminam com as palmeiras,<br />
Plantando mamona, soja e girassol,<br />
Sugando tudo o que dá óleo vegetal.<br />
O governo nem quer saber,<br />
De aproveitar o coco babaçu,<br />
Que tem óleo e serve pra tudo.<br />
As terras das coletas do coco,<br />
Serão <strong>de</strong>vastadas em mares <strong>de</strong> mamona,<br />
É a corrida grandiosa do biodiesel.<br />
As si<strong>de</strong>rúrgicas levam o coco inteiro,<br />
Queimando com <strong>de</strong>streza nas cal<strong>de</strong>iras.<br />
É o coco que me ren<strong>de</strong> dinheiro,<br />
Vou ficar sem quebrar o coco,<br />
De que irei viver no amanhã?<br />
O governo não me olha,<br />
Não me assiste e nem dá guarida,<br />
É igual a exploração dos franceses,<br />
Dos holan<strong>de</strong>ses e portugueses,<br />
Quando chegaram ao Maranhão.<br />
Gran<strong>de</strong>s pecuaristas do sul,<br />
Compram terras ao preço <strong>de</strong> banana,<br />
Outros investem em mares <strong>de</strong> canaviais,<br />
Na pobre terra dos maranhenses.<br />
- 47 -
FÁTIMA CARDOSO<br />
Recife/PE – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 473 - 2006<br />
-----------------------------------------------------<br />
QUERO MEU PASSADO<br />
Fátima Cardoso<br />
REMEXO MEU PASSADO<br />
ENCONTRO VIDA<br />
QUERO RECORDÁ-LO<br />
JAMAIS ENTERRÁ-LO<br />
COMO AQUILO QUE JÁ FOI.<br />
EM MINHA BAGAGEM<br />
TENHO HISTÓRIA<br />
EXISTE<br />
ALEGRIAS TRISTEZAS<br />
QUE VIVI...<br />
CARREGAREI PRA SEMPRE<br />
ESSES MOMENTOS<br />
ACRESCENTANDO<br />
AO PRESENTE E FUTURO<br />
NOVOS DETALHES...<br />
SEREI ETERNAMENTE<br />
- EU –<br />
COM LEMBRANÇAS<br />
COM SAUDADE<br />
DE UM PASSADO<br />
QUE HOJE É PRESENTE<br />
AMANHÃ SERÁ FUTURO...<br />
TODA A VIDA É CONJUGADA<br />
EM TRÊS TEMPOS<br />
SOMENTE UM DELES<br />
PREVALECERÁ<br />
NO INCONTESTÁVEL FIM<br />
TUDO SERÁ PASSADO...<br />
- 48 -
NÃO IMPORTA<br />
QUE EU MORRA<br />
NÃO IMPORTA<br />
QUEM CHORE<br />
QUERO MINHAS LEMBRANÇAS<br />
TODAS ELAS COMIGO.<br />
QUANDO ME TORNAR<br />
DEFINITIVAMENTE PASSADO<br />
TEREI ESCRITO PRA SEMPRE<br />
...MINHA HISTÓRIA...<br />
LOUCA, EU?<br />
Fátima Cardoso<br />
SANIDADE?<br />
LOUCURA?<br />
O QUE DIFERENCIA<br />
A CORAGEM,<br />
UM GESTO NOBRE,<br />
DA CORAGEM<br />
DE UM SUICIDA?<br />
LOUCO?<br />
QUEM É O LOUCO?<br />
BOMBAS HUMANAS<br />
DISPARADAS POR FANATISMO...<br />
GOVERNANTES LOUCOS<br />
POETAS -ESCRITORES,<br />
LOUCOS.<br />
ERNEST HEMINGWAY-<br />
SUICIDA<br />
A MENTE, MENTE<br />
LOUCA<br />
SOU...<br />
SANIDADE<br />
PRA QUE?<br />
PRA QUEM?<br />
MAIS LOUCOS<br />
MENOS SÃ...<br />
ABRAÇO A LOUCURA<br />
FELIZES MALUCOS<br />
CORAJOSOS LOUCOS<br />
- 49 -
DO BEM - GANDHI<br />
DO MAL - HITLER<br />
COMO SERIA ESCRITA<br />
A HISTÓRIA DA HUMANIDADE<br />
SEM ELES?<br />
TODOS LOUCOS...<br />
MALUCOS E LOUCOS<br />
MUNDO<br />
MANICÔMIO COLETIVO<br />
INDEFESOS,<br />
PODEROSOS,<br />
INDULGENTES,<br />
INDIGENTES<br />
CONVIVÊNCIA OBRIGATÓRIA<br />
CONJUGAÇÃO COLETIVA<br />
LOUCURA<br />
MEU ÍDOLO<br />
EU,<br />
LOUCA ?<br />
SIM,<br />
QUEM SABE,<br />
TALVEZ...<br />
UMA MULHER DESNUDA<br />
Fátima Cardoso<br />
OLHO-ME NO ESPELHO<br />
ME INSTIGA O QUE VEJO<br />
UMA MULHER<br />
- EU –<br />
MEUS CARNUDOS<br />
LÁBIOS VERMELHOS<br />
EXPRESSAM UM SORRISO...<br />
ENCANTO-ME COM ESSA<br />
MAJESTOSA VISÃO...<br />
FORMAS RENASCENTISTAS<br />
LEVEMENTE ARREDONDADAS<br />
VEJO QUE OS HORMÔNIOS<br />
INDICAM<br />
UMA CERTA MATURIDADE...<br />
MINHA POUCA ROUPA<br />
DEIXO ESCORREGAR<br />
- 50 -
APRECIO UMA MULHER COLOSSAL<br />
QUE JAMAIS CONCEBI ENCONTRAR...<br />
- EU –<br />
- COMIGO MESMA<br />
ACARICIO MEU BUSTO<br />
MAMILOS ROSADOS<br />
BOTÕES QUE AINDA NÃO<br />
PERDERAM SEU FRESCOR<br />
A BARRIGUINHA...<br />
COM CERTA PROEMINÊNCIA<br />
NADA QUE NÃO POSSA DISFARÇAR.<br />
PERNAS ROLIÇAS<br />
VIGOROSAS<br />
NENHUMA VARIZE<br />
UFA!<br />
MILAGRE!!<br />
AGRADEÇO A GENÉTICA<br />
DOS MEUS ANCESTRAIS<br />
MAS...<br />
QUEM É ESSA MULHER<br />
QUE NÃO APARECE<br />
EM CAPA DE REVISTAS<br />
ENTRETANTO SOBRESSAI<br />
NUMA VISÃO INTIMISTA<br />
DE SI MESMA...<br />
ONDE EU ESTAVA<br />
QUE NÃO TINHA PERCEBIDO<br />
QUE GOSTO DE SER<br />
QUEM SOU...<br />
SOLTO OS CABELOS<br />
QUE LENTAMENTE ESCORREGAM<br />
COBRINDO MEU OMBRO<br />
O QUADRO ESTA COMPLETO<br />
PERFEITO.<br />
"FRANCISCO DE GOYA"<br />
JAMAIS CONCEBERIA PINTAR<br />
A MAIS BELA DE TODAS<br />
"LA MAJA DESNUDA"...<br />
- 51 -
NESTA VIDA<br />
Fátima Cardoso<br />
JÁ FIZ DE TUDO UM POUCO<br />
DO MUITO QUASE NADA...<br />
SORRI<br />
CHOREI<br />
MAGOEI<br />
SOFRI<br />
SANGREI<br />
ESTREMECI<br />
AMEI<br />
LUTEI<br />
PERDI<br />
GANHEI<br />
NAUFRAGUEI<br />
SOBREVIVI<br />
ENTERREI<br />
RESSUSCITEI<br />
V<br />
I<br />
V<br />
O<br />
SOLUCIONANDO OS ERROS,<br />
REAVALIANDO OS ACERTOS<br />
TUDO QUE FIZ<br />
NÃO FOI EM VÃO<br />
TENHO UMA BAGAGEM<br />
QUE É SÓ MINHA<br />
QUE DE CERTO<br />
NÃO CABERÁ<br />
EM NENHUM OUTRO<br />
C C<br />
O O<br />
R R<br />
A A<br />
Ç Ç<br />
à Ã<br />
O<br />
- 52 -
FÁTIMA PARAGUASSÚ<br />
Goiânia/GO – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira 521 – 2007<br />
-----------------------------------------------------<br />
BIOGRAFIA:<br />
FÁTIMA PARAGUASSÚ (Aparecida Teixeira <strong>de</strong>). Nascida em Santa<br />
Cruz <strong>de</strong> Goiás, aos dois dias do mês <strong>de</strong> setembro. Filha <strong>de</strong><br />
Sebastião Teixeira da Motta e Luzia Rodrigues da Motta, aos dois<br />
dias do mês <strong>de</strong> setembro, casada com Warendy. Mãe <strong>de</strong> Weverton.<br />
Musicista.<br />
Escritora.<br />
Poeta.<br />
Primeira mulher Vereadora do Município <strong>de</strong> Santa Cruz <strong>de</strong> Goiás:<br />
<strong>de</strong> 1982 a 1988, fui a Primeira mulher Presi<strong>de</strong>nte da Câmara.<br />
Participação em concursos <strong>de</strong> poesias, classificada em alguns.<br />
Coor<strong>de</strong>nadora do núcleo <strong>de</strong> música da Associação Cultural<br />
Lavourartes, para a qual compôs um Hino: Letra e música.<br />
Participa do FGES, no segmento cultural.<br />
Membro da AGI.<br />
Elaborou o livro <strong>de</strong> bolso "Vocabulário <strong>de</strong> palavras e expressões <strong>de</strong><br />
Santa Cruz <strong>de</strong> Goiás" lançado no mês <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2006.<br />
No prelo está: Um apanhado sobre Santa Cruz <strong>de</strong> Goiás.<br />
- 53 -
CORRUPÇÃO<br />
Fátima Paraguassú<br />
Termo estranho!<br />
De boca em boca ele anda,<br />
tanta tramóia comanda,<br />
não sei bem o seu tamanho.<br />
Fala-se <strong>de</strong>le no correio, no corredor,<br />
no banco, na repartição...<br />
na loja, no salão.<br />
No Congresso, nem paga ingresso,<br />
entra e sai, quando quer,<br />
todo político tem acesso.<br />
Corrupção? corre o pição?<br />
Não sei ao certo seu nome.<br />
É homem, assombração?<br />
É tão falado esse sujeito!<br />
A ele todo meu respeito!<br />
Que companheirão!<br />
Este senhor <strong>de</strong> quem falo<br />
hoje comanda nosso País.<br />
É ele o dirigente?<br />
Ou um conselheiro somente?<br />
Em tudo mete o nariz.<br />
Eita sujeito famoso!<br />
Será um travesti?<br />
Meretriz?<br />
Garota <strong>de</strong> programa?<br />
Pois a tantos faz feliz!<br />
Nada sei. De tudo que sei,<br />
só sei, que pouco sei<br />
<strong>de</strong>ste fulano.<br />
Um furacão que causa danos<br />
maior que um tsunami.<br />
Espalha migalhas <strong>de</strong> pão<br />
na mesa do <strong>de</strong>safortunado.<br />
Na mesa do abastado...<br />
Espalha luxo e ostentação!<br />
- 54 -
Ao pobre, sem a cedilha dá a maior força;<br />
joga pra cima, grita: - Avante meu irmão!<br />
Sobe a la<strong>de</strong>ira, pega a mala, com ela escala.<br />
os <strong>de</strong>graus da salvação.<br />
Aju<strong>de</strong> a fortalecer nosso partido,<br />
enche nosso saco <strong>de</strong> suor sofrido...<br />
Cheio <strong>de</strong> esperança na melhora <strong>de</strong> vida,<br />
sem enten<strong>de</strong>r bem o discurso enrolado.<br />
Sem um dicionário que <strong>de</strong>cifra o que um político fala;<br />
o eleitor, coitado! Enche aquela mala:<br />
com imposto, que lhe é imposto,<br />
com míseros trocados, repassados num mínimo salário...<br />
Os dias vão passando...<br />
os trouxas... só levando!<br />
A conclusão que se chega,<br />
é que a cédula era vesga<br />
na hora da eleição.<br />
Com o traseiro em chama,<br />
o cidadão só reclama da nefasta posição.<br />
De gato e sapato foi feito o pacato.<br />
Jogado <strong>de</strong> quatro, <strong>de</strong> lado, <strong>de</strong> costas,<br />
papai e mamãe, sessenta e nove vezes ao ano.<br />
De hora em hora, a coisa piora...<br />
Quanta humilhação!<br />
Amedrontado! Infeliz! O violentado apenas diz:<br />
- Por favor! Meu candidato...<br />
Aceito que me invada, aceito que me exploda.<br />
Estrangulou-me o pescoço com a força sem cedilha,<br />
Enfartou minha esperança com a <strong>de</strong>silusão.<br />
Poupe-me o resto...<br />
Seja uma vez correto,<br />
não tire o cedilha do pição!<br />
- 55 -
GERSON F. FILHO<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro/RJ – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 020 – 2001<br />
-----------------------------------------------------<br />
DESTAQUES.<br />
Gerson F. Filho<br />
Desisti do astuto atributo,<br />
Que me prendia a você.<br />
Permiti-me pagar tributo,<br />
Ausentar-me da sua mercê.<br />
Voei livre para novos ares.<br />
Cantei o agora e apesar <strong>de</strong> ti,<br />
Não mais <strong>de</strong>i os pesares.<br />
Cada vez que vi o amor partir.<br />
Porque solidão é uma cela,<br />
E eu <strong>de</strong>sta vez vazei pela janela,<br />
Só para ver o sol sorrir.<br />
Não mais me prendi no vazio.<br />
Deixei para você o vaticínio,<br />
Os por quês do não existir.<br />
- 56 -
ACORDES.<br />
Gerson F. Filho<br />
Conserva-me do lado esquerdo.<br />
Para que do teu coração,<br />
Enfim eu seja todo aconchego.<br />
Dito que não haja solidão.<br />
Nos intervalos das sentenças.<br />
Muito menos repercussão.<br />
Nestas estórias tão vazias,<br />
Iludindo o timbre do diapasão.<br />
Então me oculte em custódia.<br />
Mantendo distância da discórdia,<br />
Que possa avizinhar a pretensão.<br />
Porque o intervalo dos passos,<br />
Mesmo sendo tão escassos.<br />
Levam a ansieda<strong>de</strong> da situação.<br />
- 57 -
RELAÇÕES.<br />
Gerson F. Filho<br />
Fresta justaposta à aresta.<br />
Estética, fria e ambi<strong>de</strong>stra.<br />
No estribilho da sensação,<br />
Que flertou com a ocasião.<br />
Equilíbrio fosco do aceno.<br />
O travo amargo do veneno.<br />
Que flerta com a situação,<br />
Como se fosse uma emoção.<br />
Na súplica <strong>de</strong> um momento,<br />
Ver<strong>de</strong> como teus lindos olhos.<br />
Tão naturais como o tormento.<br />
Pois a lacuna que me chama,<br />
Inflama-me os intensos <strong>de</strong>sejos.<br />
Fazendo o querer <strong>de</strong> quem ama.<br />
- 58 -
SOL.<br />
Gerson F. Filho<br />
Teci auroras com fios <strong>de</strong> infinito.<br />
Em sonhos na<strong>de</strong>i ao alvorecer.<br />
Na face senti-me aquecer,<br />
Bem na brisa do sopro mais bonito.<br />
Que repercutiu no respirar da mata.<br />
Da cútis <strong>de</strong>sta lua me <strong>de</strong>diquei,<br />
E a sua formosura enfim <strong>de</strong>dilhei,<br />
Só para cobrir-lhe <strong>de</strong> intensa prata.<br />
Para em profundida<strong>de</strong> então refletir.<br />
E no oceano incutir a sauda<strong>de</strong>.<br />
A dor <strong>de</strong> quem foi sem na verda<strong>de</strong> ir.<br />
Porque para traz sempre fica o coração.<br />
E a minha luz aquece a verda<strong>de</strong>,<br />
Que distâncias exacerbam a paixão.<br />
- 59 -
REGALO.<br />
Gerson F. Filho<br />
Então por amor me <strong>de</strong>fini.<br />
Ser, portanto o calor do sim,<br />
O antagonismo todo em si.<br />
Quando tua boca veio a mim.<br />
Entre <strong>de</strong>vaneios do respaldo.<br />
Que o meu corpo oferece,<br />
Aos teus lábios o puro pecado.<br />
Pois o <strong>de</strong>sejo no atrito aquece.<br />
Toda lacuna que o tato merece.<br />
Ser da sensação o regozijo,<br />
A redundância que nunca fenece.<br />
Quanto mais do meu abraço,<br />
Tiver perdido neste teu acaso.<br />
Mais saciar-me-ei neste regato.<br />
- 60 -
CORROSIVO.<br />
Gerson F. Filho<br />
Imposto, <strong>de</strong> moral elástica.<br />
Leite, contendo soda cáustica.<br />
Coisas <strong>de</strong> um abuso absurdo,<br />
Paisagem do fim do mundo.<br />
Lucro, Lucro! Acima <strong>de</strong> tudo.<br />
Além <strong>de</strong> qualquer atributo.<br />
Na frente da plena <strong>de</strong>cência,<br />
Vergonha em total ausência.<br />
Pois não existe mais ninguém.<br />
Na moral que não se <strong>de</strong>tém.<br />
Torta e vil até a última volta.<br />
O povo? Pastoreado como gado.<br />
Ouve da eloqüência o garbo,<br />
Na passivida<strong>de</strong> da mente idiota.<br />
- 61 -
IBERNISE MARIA<br />
Indiara/GO – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 524 – 2007<br />
-----------------------------------------------------<br />
SOBRE A AUTORA:<br />
Ibernise Maria é Agrônoma, Engenheira do Trabalho, Pedagoga,<br />
Historiadora-MS. Fiscal Fe<strong>de</strong>ral do Ministério da Agricultura-<br />
Aposentada. Exerce Assessoria <strong>de</strong> Projetos. Natural <strong>de</strong> Recife (PE).<br />
57 anos. web sites: http://www.ibernisemaria.prosaeverso.net<br />
ESTRELAS, ROSAS E PÉROLAS DE AMOR...<br />
Cavalguei em noites e mistérios<br />
Tantas formas para <strong>de</strong>svendar...<br />
Tantos ritos violados, tantos elos<br />
Tantas partilhas pra consolidar...<br />
De lá voltei tão <strong>de</strong>solada a calar<br />
E curvando a cerviz sem critério<br />
Cavalguei em noites e mistérios...<br />
Tantas formas para <strong>de</strong>svendar...<br />
Colhi estrelas e rosas pra te dar,<br />
Compensei as perdas e vitupérios,<br />
Te trouxe pérolas jogas-te ao mar...<br />
Nesta jornada sem final e remédio<br />
Tantas formas para <strong>de</strong>svendar...<br />
Ibernise. Indiara (GO), 30.11.2007.<br />
- 62 -
SINAIS DE AMOR<br />
O amor não está perdido<br />
Há sinais em todo lugar...<br />
Sinta a energia do sorriso,<br />
É só parar pra observar.<br />
Terno incentivo do olhar,<br />
O perdão num gesto amigo...<br />
O amor não está perdido<br />
Há sinais em todo lugar...<br />
Não há que se <strong>de</strong>sconfiar<br />
Daquele abraço comovido,<br />
De alguém a ouvir e calar...<br />
Amor é vida e eu acredito...<br />
Há sinais em todo lugar...<br />
Ibernise. Indiara (GO),21.06.2007<br />
- 63 -
O AQUÁRIO<br />
O meu aquário é colorido<br />
Tem água morna, visita...<br />
Mar e ondas em revista,<br />
Esta minha casa é vidro...<br />
O meu aquário, tão florido...<br />
Redondo, convida, existo<br />
Aqui <strong>de</strong>ntro, tudo assisto.<br />
É nele que tenho vivido...<br />
Aqui tenho uma caverna<br />
On<strong>de</strong> escondo a tristeza...<br />
Tem corre<strong>de</strong>ira pra lazer...<br />
Mas, aqui é sempre inverno...<br />
Há parceiro e brinca<strong>de</strong>ira,<br />
Mas, quero lá fora viver...<br />
Ibernise. Indiara (GO),02.02.2007<br />
- 64 -
AMIGO... AMIGO<br />
És presença e sentimento...<br />
Espelho com envolvimento.<br />
Idéias, trocas e <strong>de</strong>cisões.<br />
Carinho, vida, confissões...<br />
Minha âncora, tu és amigo...<br />
União irmanada no perigo.<br />
Amparo se há mar revolto,<br />
Embarcação, ida e retorno.<br />
Navio e esquadra no porto.<br />
Transporte seguro no mar...<br />
És meu encontro, conforto...<br />
Estar só, mas acompanhar.<br />
Estímulo na tristeza, gosto.<br />
Afeto na distância... Amar!<br />
Ibernise. Indiara (GO),23.03.2007.<br />
- 65 -
BALAS DE FESTIM<br />
A_manhã já <strong>de</strong>sponta lá fora...<br />
Aqui <strong>de</strong>ntro um coração partido,<br />
Anseia por um milagre curtido,<br />
E <strong>de</strong> sauda<strong>de</strong> meu peito chora...<br />
Dói tanto, tanto, tua ausência...<br />
Vejo campos a se abrirem em flor,<br />
Bem no fundo me reclamam teu amor<br />
E aumentam esta minha carência...<br />
É bastante longo este caminho<br />
Longe e perto <strong>de</strong> ti meu carinho...<br />
Intrigas afastaram você <strong>de</strong> mim.<br />
Fui tão inocente, ingênua criança...<br />
Em vão, me armei <strong>de</strong> esperança,<br />
Pois somente usei balas <strong>de</strong> festim...<br />
Ibernise. Indiara (GO), 04.05.2007.<br />
- 66 -
ISAURA FERNANDES<br />
São Paulo/SP – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 037 – 2001<br />
-----------------------------------------------------<br />
DADOS BIOGRÁFICOS:<br />
Isaura Fernan<strong>de</strong>s nasceu em São Paulo. Jornalista e<br />
Escritora é formada pela Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica<br />
<strong>de</strong> São Paulo (PUC/SP). Bacharel e Licenciada em Língua<br />
e Literatura Portuguesas, Pós-Graduada em Comunicação<br />
e Semiótica. Diplomada em História das Artes - OPA<br />
Oficina Paulista <strong>de</strong> Arte. Comenda <strong>de</strong> Or<strong>de</strong>m do Mérito<br />
Cívico, Cultural e Social no grau <strong>de</strong> Membro Efetivo da<br />
Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Estudos <strong>de</strong> Problemas Brasileiros. Concluiu<br />
vários cursos <strong>de</strong> Extensão, Prêmio Científico: “A Ética <strong>de</strong><br />
Aristóteles”, pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Brasília.<br />
Premiada em Contos Infantis (Folha <strong>de</strong> São Paulo) -<br />
Ca<strong>de</strong>rno Folhinha, 1986.<br />
Associada à UBE (União <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Escritores) e REBRA<br />
(Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Escritoras <strong>Brasileira</strong>s).<br />
Membro da <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> Paulistana da História, Or<strong>de</strong>m<br />
Nacional dos Ban<strong>de</strong>irantes e AVBL (<strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Virtual</strong><br />
<strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Letras).<br />
Contos, crônicas e poesias publicados em antologias, em<br />
todo o Brasil.<br />
Livro Publicado: Ariadne e Poeticida<strong>de</strong> - Poesias, Contos<br />
e Crônicas - Editora Maltese.<br />
ECOS DO INFINITO<br />
Isaura Fernan<strong>de</strong>s<br />
Um grito no infinito rompe o espaço do passado.<br />
O luzir das estrelas seduz os ponteiros num som silencioso.<br />
A grama orvalhada ver<strong>de</strong>jante, dormita no silêncio da fonte.<br />
- 67 -
A oferenda das folhas e frutos acena o gene escondido no<br />
orgasmo dos buracos negros que se per<strong>de</strong> pelo caminho.<br />
Solidão que estremece e as emoções consomem os voleios<br />
tecendo a teia da vida.<br />
Espuma as dores da alma e adormece enquanto a noite cerra<br />
as cortinas e fica à espera do sol renascer.<br />
Em fúria, a correnteza rasga as margens do rio que segue<br />
gemendo na inconsciência do seu <strong>de</strong>stino.<br />
As montanhas, covar<strong>de</strong>mente, <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nadamente fogem do<br />
inexistente inimigo.<br />
Os sapatos <strong>de</strong> cristal translúcidos dos sonhos convidam o<br />
viandante a embarcar em veleiro sem remos, sem velas e sem<br />
vento em busca da aura.<br />
O sangue queima, gela, pesa<strong>de</strong>lo na fenda da pedra que rola<br />
na estrada. Livre o caminho! Sorria! Siga em frente!<br />
A casta água per<strong>de</strong> sua forma espreguiçando-se ao <strong>de</strong>rramar<br />
do recipiente.<br />
Monstros informes <strong>de</strong> ferro e aço, tragam os sonhadores<br />
atraindo-os para o labirinto, <strong>de</strong>sconhecendo o retorno.<br />
Fome, calor, frio, cansaço, quietu<strong>de</strong> que fere os sentidos. O<br />
sonho não se esquiva, brinca <strong>de</strong> escon<strong>de</strong>-escon<strong>de</strong> com a violência,<br />
na colméia <strong>de</strong>svairada.<br />
O olhar per<strong>de</strong>-se ao longe no equilíbrio do mar, que vem<br />
rolando mansamente... E como um imenso véu <strong>de</strong> noiva a vaga<br />
chega acariciando a areia.<br />
A bússola ponteia o horizonte on<strong>de</strong> o céu se apóia à espera<br />
das pare<strong>de</strong>s negras que segregam sonhos.<br />
Sem dias, sem noites, sem um raio <strong>de</strong> sol, um amor<br />
escondido sangra no lamento do esquecimento. Ecos no infinito.<br />
Uma rosa enfeita, embriaga com seu perfume, magoa com<br />
seus espinhos e oferece ao sonhador a taça <strong>de</strong> néctar enquanto<br />
pétalas caem como lágrimas sentidas até o ponto <strong>de</strong> partida.<br />
Passos da memória <strong>de</strong>sfilam nas esquinas da vida, a saudar<br />
seus Deuses eternos.<br />
Ecoa o piano <strong>de</strong> Chopin, <strong>de</strong>dilha <strong>de</strong>senrolando o novelo <strong>de</strong><br />
aplausos vibrando num êxtase <strong>de</strong> emoções.<br />
O presente se arrasta como um vendaval sem voz, grita,<br />
tateia na cegueira angustiante da queda, agarra-se nas raízes do<br />
passado que a semente mal brotou.<br />
Nada impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> correr o mundo. Atrás <strong>de</strong> quem? De quê?<br />
Dos Eus? Se todos são um só. Oh Deus!<br />
O fantasma do passado algema o presente e afronta o futuro.<br />
Na fuga dos sonhos e pesa<strong>de</strong>los, cerram-se as cortinas da alma e<br />
tece a teia da vida a circundar um mundo aracní<strong>de</strong>o.<br />
- 68 -
Camadas <strong>de</strong> sonhos e pesa<strong>de</strong>los dormitam sobre as cinzas <strong>de</strong><br />
um vulcão que esparge chuva <strong>de</strong> enxofre, rugindo a rouquidão do<br />
eco, marionetes a fagulhar, representação da paixão em fúria.<br />
Foge <strong>de</strong>sse espetáculo hediondo e retorna ao sonho on<strong>de</strong><br />
máscaras se revezam no riso escondido e estampado na mentira.<br />
Um impetuoso amor gravado a ferro e fogo <strong>de</strong>ixa cicatrizes<br />
profundas, como o raio cortando o espaço.<br />
A alma per<strong>de</strong>-se num trigal on<strong>de</strong> o sopro do vento abana o sol<br />
e acena à juventu<strong>de</strong>, incen<strong>de</strong>ia e transforma a imagem mentira<br />
em imagem criada pela natureza a <strong>de</strong>sfilar seu estado <strong>de</strong> graça.<br />
Mas o tempo passa, batendo as estacas invisíveis on<strong>de</strong> ecos<br />
ressoam presenteando o silêncio.<br />
Procura a estrela que <strong>de</strong>spencou do céu, o mar que secou,<br />
<strong>de</strong>ixando montanhas <strong>de</strong>sertas e cida<strong>de</strong>s mortas.<br />
Cego, surdo, mudo, cria mentiras para justificar o Nada, viver<br />
em nuvens encarneiradas ou em águas profundas...<br />
A noite arrasta-se pesada sem sono nem sonhos e as quatro<br />
estações partem, em risada louca... Jesus nasceu?!...<br />
Um rio corre pelos canais invisíveis do Ser, transformando-o<br />
em areia cristalina a amparar o Céu da mente.<br />
A madrugada chega <strong>de</strong> mansinho... Saco<strong>de</strong> a vida para<br />
acordar a alma do curto sono, o gran<strong>de</strong> sonho.<br />
No infinito, a luz ofusca bordando o perfil do <strong>de</strong>stino. A<br />
palavra foge e fica à espera do sentido, esvai-se e per<strong>de</strong>-se pelo<br />
<strong>de</strong>vaneio ou imaginário, e fica à espreita do Nada.<br />
O rosto do sonho é inexistente, corre o mundo, mas por on<strong>de</strong><br />
ele entra? On<strong>de</strong> se encontra a ponte <strong>de</strong> travessia <strong>de</strong> Jung e do<br />
mestre Freud?<br />
A obscurida<strong>de</strong> da concha que secreta os cinco sentidos,<br />
impune ao tempo-espaço ecoa no infinito!<br />
Caminha <strong>de</strong>ntro da própria sombra, na transparência <strong>de</strong> cada<br />
passo ao comando da tela dormente.<br />
Pés fincados na terra como raízes, braços inertes, mãos sem<br />
tocar a pele macia no <strong>de</strong>lírio do orgasmo refletido no espelho.<br />
Por que não <strong>de</strong>spertar do sonho como a árvore prenha <strong>de</strong><br />
doces frutos? A recuperação do Ser aqui - agora, infinitamente.<br />
Uma voz sussurra nos ouvidos surdos: não acor<strong>de</strong> do sonho!<br />
Entre fantasmas herdados da essência da vida o sonho ecoa<br />
no infinito.<br />
- 69 -
JOÃO CARLOS FERREIRA ALMEIDA (ROTHER)<br />
São Paulo/SP – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 457 – 2006<br />
-----------------------------------------------------<br />
JOÃO CARLOS F. ALMEIDA (ROTHER)<br />
Sou um Poeta Rebel<strong>de</strong>,<br />
Cujo nome é João Carlos F. Almeida<br />
E <strong>de</strong> Rother me intitulei.<br />
Gosto <strong>de</strong> escrever escutando o vento,<br />
Tentando sempre indagar<br />
o saber e o conhecimento.<br />
Mesmo ro<strong>de</strong>ado <strong>de</strong> aço e concreto<br />
nesta Metrópole que é São Paulo<br />
sempre me achando incompleto.<br />
Amo o som do Rock,<br />
cuja guitarra estri<strong>de</strong>nte<br />
eleva-me da terra ao infinito.<br />
Meu sangue fica fervente,<br />
até esqueço que sou erudito!<br />
Minha vida que é um lapso do tempo<br />
e escritor <strong>de</strong> um velho conceito<br />
ou será um conceito <strong>de</strong> um velho escritor<br />
seria verda<strong>de</strong>ira utopia este preconceito<br />
este velho poeta escrevendo o agora<br />
ainda que seja um poeta arrebatador<br />
tentando alcançar a sua nova aurora.<br />
- 70 -
TEU REGRESSO<br />
João Carlos (Rother)<br />
Teu regresso foi o renascer,<br />
Beleza impar <strong>de</strong> ornamentos<br />
De um brilhante amanhecer<br />
Enfeitando meus pensamentos.<br />
Tua voz é um lírico canto,<br />
Curando antigas cicatrizes,<br />
Cobrindo a noite com o manto<br />
Bordado em lindos matizes.<br />
Teu regresso mata a sauda<strong>de</strong><br />
E o pa<strong>de</strong>cer em meu coração alojado<br />
E eu os afasto para eternida<strong>de</strong>.<br />
Tua partida já é um triste passado.<br />
Teus olhos brilham na escuridão,<br />
Matando para sempre a amargura,<br />
Guiando-me para tua luz, teu clarão,<br />
Que ilumina a minha noite escura.<br />
- 71 -
SOU UMA ILUSÃO<br />
João Carlos (Rother)<br />
Sou um manancial da poesia<br />
Luz <strong>de</strong> promessas sem solução<br />
Na onda da gran<strong>de</strong> hipocrisia<br />
De poeta nos grilhões da ilusão.<br />
Talvez um inventor <strong>de</strong> sonhos,<br />
Instrumento da própria evolução<br />
Inspirado em rostos risonhos<br />
Esculpindo o ensaio da ilusão.<br />
Sou a liberda<strong>de</strong> nua sem pieda<strong>de</strong>,<br />
De expressões mórbidas do não.<br />
Oráculo da resposta da nulida<strong>de</strong>,<br />
Imagem no espelho da ilusão.<br />
Sou uma eloqüência retórica direta,<br />
Transparente ao celebrar uma visão.<br />
De vaida<strong>de</strong>s arcaicas <strong>de</strong> poeta<br />
De gênio melancólico <strong>de</strong> uma ilusão.<br />
Afinal quem sou eu? Uma ternura,<br />
Ou apenas uma alma sem coração?<br />
Fogo-fátuo saindo da sepultura,<br />
Exaltação poética da própria ilusão?<br />
- 72 -
SE EU MORRER AMANHÃ,<br />
João Carlos (Rother)<br />
Quero que sejas a historiadora,<br />
Ou que me pintes em cores pastel<br />
As minhas formas, perturbadoras.<br />
No corpo coberto <strong>de</strong> flores <strong>de</strong> papel.<br />
Meu <strong>de</strong>stino já foi maltratado em vida.<br />
Os resíduos <strong>de</strong> fantasmas íntimos,<br />
Brilhantes na individualida<strong>de</strong> aferida,<br />
Ontem sedutor, mas amanhã extintos.<br />
Meus olhos <strong>de</strong>monstraram toda a dor,<br />
Articulados no fim <strong>de</strong>ste inverno<br />
Que vê o fim <strong>de</strong> um jogo sedutor.<br />
Vitória que amanhã será o inferno.<br />
Causas in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da vonta<strong>de</strong>,<br />
Pois sei que amanhã será o triunfo<br />
Cujo <strong>de</strong>stino é sorte ou fatalida<strong>de</strong>,<br />
Simplesmente já joguei meu trunfo.<br />
Minha vida é instrumento <strong>de</strong> amor.<br />
Amei, eduquei e protegi o meu clã,<br />
Mas agora suporto sozinho a dor,<br />
Na ironia <strong>de</strong> ter que morrer amanhã.<br />
- 73 -
PINTURA DA ALMA<br />
João Carlos (Rother)<br />
Nesta doce vida enclausurei meus sonhos.<br />
Molhei a ambição nas lágrimas da <strong>de</strong>sdita,<br />
Marcando passos nos caminhos bisonhos,<br />
Cavalgando nas minhas palavras malditas.<br />
Nos raios da lua, ah... ah... o fim das ilusões!<br />
No esplendor das risadas <strong>de</strong> meus amores,<br />
Perdi-me na estrada, sem ter as recordações,<br />
Consumindo minha vida em ódio e rancores.<br />
Olhando sem nada ver, vaguei no meu caminho,<br />
Ouvindo gritos violentos <strong>de</strong> dores horripilantes.<br />
Num refinamento <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong>s, mas sozinho.<br />
Contra o retrógrado tempo e vidas luxuriantes.<br />
Há fantasmas vivos na minha própria existência,<br />
Sem perceber que cada passo que dou na estrada,<br />
Evocando notáveis po<strong>de</strong>res <strong>de</strong> força e violência,<br />
Sou perseguido pelo infortúnio! idéias pisoteadas<br />
Quantas vezes zombei das lágrimas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgosto,<br />
lágrimas que correm pela minha face tão calma,<br />
mundo <strong>de</strong> angústia que não altera meu rosto<br />
Para que o artista consiga pintar a minha alma.<br />
- 74 -
PALAVRAS MALDITAS<br />
João Carlos Almeida (Rother)<br />
Gritei palavras malditas para o firmamento,<br />
Enxugando as lágrimas na máscara que engana,<br />
Tentando <strong>de</strong>struir a discórdia rugindo ao vento,<br />
Sobrevoando os relatos da comédia humana.<br />
Consumi minha vida em ódios e rancores.<br />
Hoje me recuso a sentir ou ouvir com pieda<strong>de</strong><br />
Os arrotos dos malditos idiotas e bajuladores<br />
Fingindo-se <strong>de</strong> amigos, os <strong>de</strong>latores da nulida<strong>de</strong>.<br />
Contra o retrógrado tempo, surgem no mundo,<br />
Os sonhos, alucinantes torvelinhos <strong>de</strong> lamentos,<br />
Solfejando o futuro jogado num poço profundo,<br />
Quando a vida é apenas um lapso <strong>de</strong> tempo.<br />
Perseguido pelas idéias ofensivas e massacradas,<br />
Escon<strong>de</strong>ndo os passos da fraternida<strong>de</strong> rotulados,<br />
Quando cegos conduzam cegos só em contos <strong>de</strong> fadas,<br />
On<strong>de</strong> orgulho, amor e inteligência são crucificados.<br />
O artista pintou minha alma, fazendo a transmutação.<br />
De promessas <strong>de</strong> profundos segredos perturbados<br />
E, na morte e no <strong>de</strong>sgosto quando acaba a inspiração,<br />
Vivendo sem amor, cujos sentimentos são aprisionados.<br />
- 75 -
O QUE É UM POETA?<br />
João Carlos (Rother)<br />
O poeta usa suas lágrimas <strong>de</strong> dor<br />
Fazendo <strong>de</strong> sua vida, a arte <strong>de</strong> escrever.<br />
Ilu<strong>de</strong>-se, com maestria, do amargor,<br />
Dignificando sua criação até morrer.<br />
Para iludir-se da realida<strong>de</strong> do amor,<br />
Vive a tola ilusão da alegria.<br />
Metamorfoseia-se <strong>de</strong> sutil trovador,<br />
Gargalhando ao vento a sua poesia.<br />
Poeta <strong>de</strong> poetar elegante <strong>de</strong> paixão,<br />
Cuja máscara torna-o irreconhecível,<br />
Na realida<strong>de</strong>, da distância à razão,<br />
Sendo aplaudido, tudo será possível.<br />
Poeta que escreve poesias atraentes,<br />
Galgando a intelectualida<strong>de</strong> sensual<br />
De sonhos, luas e amores indiferentes,<br />
Quando garatuja a inspiração banal.<br />
Poeta <strong>de</strong> luas e sonhos coloridos<br />
De dolorosas lembranças farsantes.<br />
I<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> alma e corpos corrompidos<br />
Por amores <strong>de</strong> todas suas amantes,<br />
- 76 -
JOÃO SEVIVAS<br />
Castro Daire/Portugal<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 349 - 2004<br />
-----------------------------------------------------<br />
ESQUECER<br />
João Sevivas<br />
Esquecer acordar<br />
Aon<strong>de</strong> as ervas se oferecem à boca<br />
Pintar <strong>de</strong> água as areias ressequidas<br />
Também elas foram mar<br />
Acordar, esquecer<br />
O triturar da mente louca<br />
Pintar <strong>de</strong> sol a chuva <strong>de</strong> todos os dias<br />
Também elas foram mar<br />
- 77 -
OLHA AMIGO<br />
João Sevivas<br />
Olha amigo eu sei<br />
Ando a partir vidros<br />
E em vidros me refaço e sou a pedra<br />
Dura e fria que a tua mão aquece<br />
Agarra antes o chão<br />
On<strong>de</strong> nasce quem preso te liberta<br />
A loucura é sangue sem carne<br />
Abre as mãos à vida<br />
Que voa em asas <strong>de</strong> mosca<br />
Olha amigo eu sei<br />
Somos feitos dos mesmos sonhos<br />
Mas tu tens as tuas mãos<br />
E eu, apenas as minhas<br />
- 78 -
DESTINO<br />
João Sevivas<br />
Passou o carro, chovia no teu sorriso<br />
Os olhos em novas formas sustinham alguma se<strong>de</strong><br />
Enquanto andava na tua sombra<br />
Largavas o braço a ombro distante<br />
Aon<strong>de</strong> afogavas alguma paz<br />
Levaram-me antes <strong>de</strong> escolher o tempo<br />
O corpo era um <strong>de</strong>stino talvez uma partida<br />
- 79 -
JOAQUINA FERNANDES DE OLIVEIRA<br />
São Paulo/SP – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 043 – 2001<br />
-----------------------------------------------------<br />
BIOGRAFIA:<br />
Joaquina Fernan<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Oliveira, ou melhor, Kina <strong>de</strong> Oliveira é<br />
jornalista, psicóloga e escritora. Nascida em Pereiras/SP. Em 12 <strong>de</strong><br />
outubro <strong>de</strong> 1915, ganhou, aos 13 anos, o primeiro prêmio em um<br />
concurso literário promovido pelo jornal O Estado <strong>de</strong> S. Paulo,<br />
tendo, com isso, publicadas sua foto e biografia na primeira página<br />
do jornal, sob o título “Esperanças do Brasil”. Casou-se aos 19<br />
anos e ficou viúva aos 27. Sem gran<strong>de</strong>s recursos financeiros,<br />
batalhou muito para criar sozinha seus dois filhos, que tinham, na<br />
época, 6 anos e 1 ano <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Para tanto, administrou diversas<br />
bibliotecas no interior do Estado <strong>de</strong> São Paulo, po<strong>de</strong>ndo, assim,<br />
estar perto dos livros, sua gran<strong>de</strong> paixão. Depois que os filhos<br />
cresceram e se tornaram in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, retomou os estudos,<br />
formando-se em Comunicação e, posteriormente, em Psicologia.<br />
Foi funcionária pública fe<strong>de</strong>ral e professora, ocupando a ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong><br />
Psicologia na Fundação Karnig Bazarian, <strong>de</strong> Itapetininga/SP, por<br />
cinco anos. Diante do acúmulo do trabalho clínico, passou a<br />
<strong>de</strong>dicar-se unicamente ao consultório, como terapeuta. Pô<strong>de</strong>,<br />
<strong>de</strong>ssa forma, dispor <strong>de</strong> seu tempo com maior liberda<strong>de</strong> e participar<br />
<strong>de</strong> cursos e seminários no Brasil, nos Estados Unidos, na Europa e<br />
no Oriente, além <strong>de</strong> retomar a ativida<strong>de</strong> literária. Tornou-se<br />
membro da International Transactional Analysis Association, <strong>de</strong><br />
Oakland, Califórnia, EUA, com atualização em técnicas Ativas<br />
(ITAA). Especializou-se em neurolinguística e terapia <strong>de</strong> casais.<br />
Fez o curso Herramienta Del Espiritu, em Madri, Espanha, e<br />
participou <strong>de</strong> vivência espiritual (Nirvandva) no Tibete. Ministra<br />
ainda cursos intensivos <strong>de</strong> crescimento pessoal: Como ser<br />
triunfador, Caminho para a autonomia e Conhecimento <strong>de</strong> si<br />
mesmo. É membro efetivo do Institute of Psychorientology, <strong>de</strong><br />
Laredo, Texas, EUA. Foi eleita Presi<strong>de</strong>nte da Associação das<br />
Jornalistas e Escritoras do Brasil (AJEB) em 1999 e reeleita em<br />
2000, estando em exercício do mandato. Livros Publicados: Vôo <strong>de</strong><br />
Eros, Editora Mo<strong>de</strong>rna e Psiu! Quem é você? I<strong>de</strong>ais, Metas e<br />
Realizações, Editora Elevação.<br />
- 80 -
CONSCIÊNCIA E ATITUDE<br />
Joaquina Fernan<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Oliveira<br />
Consciência é um estado <strong>de</strong> alerta da mente, é uma função do<br />
estado do Ego Adulto, trabalhando no “aqui e agora”. Estado do<br />
Ego Adulto quer dizer, na linguagem transacional, <strong>de</strong>spido <strong>de</strong><br />
emoção. Como um computador, usa o raciocínio lógico.<br />
Trabalhar no “aqui e agora” não implica exclusão do registro da<br />
história anterior nem do planejamento das medidas a serem<br />
tomadas diante do problema atual, tendo em vista que os dois<br />
pólos são geradores e, ao mesmo tempo, contribuidores da<br />
solução do problema, como um continuo da realida<strong>de</strong> existente.<br />
O tempo trinitário do Adulto se resume <strong>de</strong>sta maneira: “Este<br />
Momento”. Isso engloba o passado gerador e o futuro sobre o qual<br />
recai a conseqüência da resolução do momento.<br />
Estar no “aqui e agora” é a maneira mais a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> estar no<br />
mundo. Entretanto, a pessoa sempre esbarra com a resistência <strong>de</strong><br />
suas atitu<strong>de</strong>s, o que torna bastante difícil segurar o Adulto no<br />
“aqui e agora”, em função da maneira como escamoteia a<br />
realida<strong>de</strong> presente.<br />
As atitu<strong>de</strong>s repetitivas representam a própria i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, atitu<strong>de</strong>s<br />
estas incorporadas através com o treino. Isso quer dizer que o<br />
indivíduo continua repetindo os mesmos comportamentos,<br />
sentindo e agindo da mesma maneira que fazia no tempo <strong>de</strong><br />
criança.<br />
Esse treino representa o processo incorporado pela maneira como<br />
a pessoa utilizou essas ferramentas no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> sua vida. O ser<br />
humano, no comando <strong>de</strong> sua consciência, atua seletivamente na<br />
captação dos estímulos ambientais, que não são os mesmos da<br />
infância, mas, pela compulsivida<strong>de</strong>, atuam como se fossem.<br />
Qualquer atitu<strong>de</strong> consolidada que repouse no “lá-então” representa<br />
uma expectativa <strong>de</strong> que o passado esteja se repetindo no<br />
presente. Essas expectativas nada têm a ver com a situação em<br />
curso; no entanto, se não foi positivo no passado, a repetição po<strong>de</strong><br />
ser frustrante. Se a rigi<strong>de</strong>z permanecer, a flexibilida<strong>de</strong> e a atenção<br />
ensinam o caminho.<br />
- 81 -
Por um ângulo diverso, um <strong>de</strong>terminado estímulo po<strong>de</strong> fazer<br />
explodir sentimentos carregados com a mesma mágoa sentida em<br />
uma situação diversa do evento presente.<br />
É uma maneira acomodada, embora inconsciente, <strong>de</strong> perpetuar o<br />
passado in<strong>de</strong>finidamente no presente. É uma atitu<strong>de</strong> adquirida por<br />
meio <strong>de</strong> uma compulsiva repetição em virtu<strong>de</strong> do prolongado<br />
treino. Mas, à proporção em que a pessoa, numa tomada <strong>de</strong><br />
consciência, se livrar das atitu<strong>de</strong>s rígidas, se libertar da prisão do<br />
passado, viver no momento presente, sem dúvida se abrirá para o<br />
dinamismo, para a imprevisibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste “aqui e agora”.<br />
Verda<strong>de</strong>iramente, a pessoa passa a ser “processo, nunca uma<br />
mera estrutura”.<br />
Acreditar em si mesmo, canalizar a energia para o gran<strong>de</strong> sábio<br />
que existe <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cada ser é reconhecer a verda<strong>de</strong>ira essência<br />
da criatura humana, seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r autenticamente ao<br />
seu papel na vida.<br />
“Nada importa muito se não se trata <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir em nós o<br />
Absoluto.” (Meister Eckhart)<br />
- 82 -
JORGE HUMBERTO<br />
Lisboa/Portugal<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 412 – 2005<br />
-----------------------------------------------------<br />
AUTO-RETRATO<br />
Um tanto <strong>de</strong> timi<strong>de</strong>z, outro <strong>de</strong> encanto,<br />
Misturado com carnes e saladas,<br />
Mais as massas e as batatas a um canto,<br />
Vinho para acompanhar as entradas;<br />
Poeta que não cala a palavra verda<strong>de</strong>,<br />
De antes ser do que parecer aqui,<br />
Nos olhos avelãs e no cabelo liberda<strong>de</strong>,<br />
Pele macia e odores <strong>de</strong> frutas e jasmim.<br />
Por muitos odiado, por outros amado,<br />
Mas antes isso que ser poeta castrado.<br />
Amigo do seu amigo, insistente no querer,<br />
Muito cedo soube o que era a vida,<br />
Mais cedo ainda procurou-lhe guarida,<br />
Amante sem credo que se <strong>de</strong>ixa enternecer.<br />
Jorge Humberto<br />
06/02/07<br />
- 83 -
ÀS CRINÇAS DA PALESTINA<br />
Criança, <strong>de</strong> arma na mão, para on<strong>de</strong> vais?<br />
Roubaram-te a meninice, meu menino,<br />
Tinhas no bolso a fisga e nas mãos os pardais,<br />
E tu que continuas sendo tão pequenino.<br />
Vais para a guerra, <strong>de</strong>spe<strong>de</strong>s-te <strong>de</strong> teus pais,<br />
Menino, para on<strong>de</strong> vais, em corpo tão franzino?<br />
Vestes camisa rota e feros vendavais:<br />
Para on<strong>de</strong> vais, menino, em tal <strong>de</strong>satino?<br />
Com bravura guerreias em nome <strong>de</strong> tua terra,<br />
Esqueceste os bonecos com que brincavas,<br />
E, ainda tão pequenino, menino, foste prá guerra.<br />
Uma bala perdida em teu corpo se encerra,<br />
Enquanto tu pela tua pátria lutavas,<br />
Jazes frio no chão, menino, quem te enterra?<br />
Jorge Humberto<br />
18/01/07<br />
- 84 -
A BARLAVENTO<br />
Aqui, nesta pedra, on<strong>de</strong> me sento,<br />
Com as árvores por <strong>de</strong>trás <strong>de</strong> mim,<br />
Vejo as caravelas a barlavento,<br />
Do mar ao largo nas águas sem fim.<br />
Nas suas águas profundas um vento<br />
Acorda-me <strong>de</strong>ste torpor, assim,<br />
Como num sonho pleno <strong>de</strong> alento,<br />
E vejo as róseas flores e o jasmim,<br />
Florescerem junto à pedra arreada.<br />
Movo-me um pouco, são só montanhas,<br />
Bem ao longe junto à enseada.<br />
Mas tudo isto é idílico e é chamada<br />
Terra dos sonhos, on<strong>de</strong> caem castanhas<br />
E outra fruta à espera <strong>de</strong> ser apanhada.<br />
Jorge Humberto<br />
19/01/07<br />
- 85 -
JOSÉ CARLOS SILVA PRIMAZ<br />
Albufeira/Portugal<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 485 – 2006<br />
-----------------------------------------------------<br />
NO VAZIO DESTE MEU SONHO...<br />
Acor<strong>de</strong>i...<br />
Acor<strong>de</strong>i mais uma vez sozinho, nesta manhã cinzenta e triste,<br />
<strong>de</strong>pois da tão longa e fria madrugada,<br />
meu corpo, meus sentidos, meus pensamentos, todo o meu ser<br />
sentem o vazio, a angústia, a tormenta, todo o nada<br />
porque o teu rosto, só o teu rosto e o teu tão belo corpo,<br />
apenas, e em meus sonhos, se tornam numa tão real constante,<br />
terna e para sempre feliz realida<strong>de</strong>.<br />
Ó amada minha, que <strong>de</strong> mim sempre fizeste parte,<br />
como tanto eu te amei e ainda tanto eu te amo agora,<br />
meu poema, meu sonho, meu consolo, meu <strong>de</strong>sejo<br />
todo o teu corpo e o teu ser,<br />
são a minha razão <strong>de</strong> estar e <strong>de</strong> viver neste meu mundo,<br />
dum mundo ainda tanto por viver.<br />
Eu recordo com tormento e amargura o vazio,<br />
que agora tu em mim <strong>de</strong>ixaste<br />
porque tu, na verda<strong>de</strong> da tua pura e real realida<strong>de</strong>,<br />
<strong>de</strong> junto <strong>de</strong> mim já então partiste<br />
e agora só fazes parte <strong>de</strong> mim e a mim pertences<br />
na realida<strong>de</strong> do vazio <strong>de</strong>ste meu sonho!<br />
( J. Carlos – Agosto 2003 )<br />
- 86 -
PAPOILAS VERMELHAS<br />
Olhos brilhantes, corpos rastejando<br />
Na terra lamacenta, vermelha, ensanguentada,<br />
Seus corpos trémulos, na noite, e no vazio segurando,<br />
Nas mãos crispadas, o gatilho da espingarda.<br />
Esperando, sozinhos... sem ninguém, sem <strong>de</strong>sejos... só<br />
esperando.<br />
Dias longos, gritos na noite escura, a morte procurando...<br />
Quantas tristezas e lamentos, numa amarga sensação,<br />
De homens morrendo, e o seu sangue misturando,<br />
Com a terra, que até ontem, aos homens só lhes dava o pão.<br />
E para quê? Porque <strong>de</strong>pois... muito tempo <strong>de</strong>pois... tudo acabou.<br />
E tantas luas, tantos sóis, tanta chuva, também por lá passou,<br />
E o arado do lavrador, as sementes a essa terra misturou,<br />
Esquecendo os outros tempos; tempos <strong>de</strong> morte, <strong>de</strong> dor e<br />
<strong>de</strong>solação...<br />
E na linda seara, que naquela terra vicejou,<br />
Uma criança, na primavera, docemente, seus joelhos pôs no chão,<br />
E suas ternas mãos, lindas papoilas vermelhas, apanhou.<br />
Vermelhas, como o sangue, que um qualquer soldado, um dia lá<br />
<strong>de</strong>ixou.<br />
( J. Carlos – Abril 2006 )<br />
- 87 -
A ÁRVORE...<br />
QUE A SUA SOMBRA ME DEU<br />
Da semente que à terra lancei, eu vi nascer<br />
A árvore, que a sua sombra, <strong>de</strong>pois me <strong>de</strong>u,<br />
E para, nesta vida, ela po<strong>de</strong>r crescer<br />
Eu vi, o que tanto nesta vida, também sofreu...<br />
Todos os dias, com carinho, eu aqui vinha,<br />
P’ra água, lhe po<strong>de</strong>r dar <strong>de</strong> beber,<br />
Porque o amor, que eu, tanto lhe tinha,<br />
Não me <strong>de</strong>ixava sentir, e vê-la com se<strong>de</strong>, a sofrer.<br />
Que bela e forte, ela foi sempre crescendo,<br />
E, tantas foram as vezes, que à sua sombra me sentei,<br />
Deixando que nos meus sonhos; quando eles estavam querendo...<br />
Eu visse também teu rosto, o rosto que nesta vida tanto amei!<br />
E quando, num outro dia, <strong>de</strong>sta vida, eu partir,<br />
Deixando tudo, e esta árvore, que um dia, vi nascer,<br />
Não quero, no meu coração também sentir,<br />
Sentir, que nesse dia, também ela, por mim, irá sofrer.<br />
E se a sua seiva, com tristeza, ela chorar,<br />
Porque sentiu, que para sempre, isso aconteceu,<br />
Então <strong>de</strong>ixem, meu corpo, para sempre, aqui ficar<br />
Deitado, à sombra da árvore, que na vida, a sua sombra me <strong>de</strong>u!<br />
( J. Carlos – Junho 2006 )<br />
- 88 -
POR UM PEDAÇO DE TERRA...<br />
Meu coração p’ra terra olhou, e sangrou com a tristeza,<br />
E a amargura me veio, com tanta dor e <strong>de</strong>solação,<br />
Ao ver tudo em escombros, on<strong>de</strong> só havia beleza,<br />
Ao ver crianças chorando, no meio do inferno e da <strong>de</strong>struição.<br />
Maldita é toda a guerra, porque toda a vida ela <strong>de</strong>strói,<br />
Tantas vezes, só para as terras do outro, po<strong>de</strong>r tirar,<br />
Sem pensarem nas feridas que ficam; e que na alma tanto dói,<br />
Destruindo, <strong>de</strong>struindo, sem pensarem, ou com a vida se<br />
preocupar.<br />
Mundo do ser humano, em que os homens só <strong>de</strong>sejam conquistar,<br />
Conquistar a terra <strong>de</strong> ninguém; sem pensar com o coração,<br />
Porque afinal o ser humano apenas se <strong>de</strong>veria preocupar<br />
Com o pedaço <strong>de</strong> terra, on<strong>de</strong> um dia irá ficar, o seu corpo no<br />
caixão.<br />
E então, para o céu eu voltei o meu olhar,<br />
P´ra no céu, a alegria <strong>de</strong> Deus, eu po<strong>de</strong>r lá encontrar!<br />
( J. Carlos – Agosto 2006 )<br />
“Minha alma chora ao ver as imagens da tristeza e da <strong>de</strong>solação<br />
das cida<strong>de</strong>s do Líbano e <strong>de</strong> Israel, on<strong>de</strong> tanta gente está<br />
sofrendo, por causa <strong>de</strong> uma guerra estúpida... estúpida como<br />
todas as guerras!”<br />
- 89 -
A TRISTEZA DOS MEUS POEMAS<br />
Dizem que os meus poemas, é somente solidão,<br />
Que neles, apenas falo da tristeza e da dor,<br />
Agora ao voltar a lê-los, penso que todos terão razão,<br />
Que eles só falam <strong>de</strong> amarguras... e não <strong>de</strong> alegria e amor.<br />
Quanto tempo, e caminhos, tenho andado na procura da beleza<br />
Quantas tristezas, mas também as alegrias, eu na vida já olhei<br />
E isso, agora me trás só <strong>de</strong>sassossego e tristeza...<br />
E não era, o que da vida <strong>de</strong>sejava, nem o que p’rá vida sonhei.<br />
Sonhei um mundo <strong>de</strong> paz, <strong>de</strong> muita alegria e amor,<br />
On<strong>de</strong> crianças brincassem, sem o medo <strong>de</strong> cedo po<strong>de</strong>r morrer,<br />
Mas olho p'ró lado e que vejo ?... só guerra, tristeza e dor,<br />
E tanta gente morrendo, sozinhos, ou sempre na vida a sofrer.<br />
E essa amargura é talvez o meu sentir, e a paga dum pecado,<br />
Ou será, como um grito <strong>de</strong> angústia, p’ra não vir a enlouquecer,<br />
Porque estas letras do meu sentir, são as letras do meu fado,<br />
E nele estão meus poemas tristes, poemas, que escreverei até<br />
morrer!<br />
( J. Carlos – Outubro 2006 )<br />
- 90 -
MENINO DA RUA, DOS OLHOS TRISTES<br />
Menino da rua, dos olhos tristes,<br />
Que esten<strong>de</strong>s a mão e insistes,<br />
Pedindo uma moeda qualquer...<br />
Teu rosto triste, também a mim entristece,<br />
Porque sinto que a este mundo vieste,<br />
Sem para isso teres pedido, ou <strong>de</strong>sejado.<br />
Menino da rua, dos olhos tristes,<br />
Que só no sonho <strong>de</strong>sejas; porque só lá tu existes,<br />
E lá <strong>de</strong>sejas aquilo, que na vida, não consegues ter...<br />
Sonhas com teus pais, com carinho e amor,<br />
Mas <strong>de</strong>les nada sabes... e da vida só conheces a tristeza e a dor,<br />
Porque neste mundo nasceste e nele foste abandonado.<br />
Por isso a Deus, neste poema simples, fico pedindo,<br />
Que um dia, <strong>de</strong> novo veja o teu rosto, mas <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong> sorrindo,<br />
Porque já te ro<strong>de</strong>ia um mundo mais feliz e mais fraterno...<br />
E que também venhas a sentir na alma e no coração,<br />
O prazer e a alegria da emoção,<br />
De sentires, que como eu, também és filho <strong>de</strong> um Pai Eterno<br />
( J. Carlos – Janeiro 2007 )<br />
“Relembrando com mágoa os Meninos e as Meninas da Rua, <strong>de</strong>ste<br />
nosso mundo, que não tem família, nem eira nem beira... só<br />
tristeza no olhar!”<br />
- 91 -
JOSÉ GEORGE MOURA ALVES (JOE’A)<br />
Salvador/BA – Brasil<br />
Membro efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 522 – 2007<br />
-----------------------------------------------------<br />
GRATIDÕES<br />
Joe’A<br />
A gratidão é um ser <strong>de</strong> uma flui<strong>de</strong>z<br />
que contraria qualquer sensatez<br />
Seu tempo <strong>de</strong> vida é vaporoso<br />
Função <strong>de</strong> temperatura e pressão<br />
O grato <strong>de</strong> hoje po<strong>de</strong> ser<br />
o mal agra<strong>de</strong>cido <strong>de</strong> amanhã<br />
o necessitado <strong>de</strong> hoje po<strong>de</strong> ser<br />
o presunçoso, o presumido do amanhã<br />
O importante é fazer o bem<br />
não importando quando nem a quem<br />
pois o reconhecimento é função <strong>de</strong> momentos<br />
assim como dos presentes sentimentos<br />
Dar, sem pensar nem se importar<br />
se vai ou não receber e nunca se <strong>de</strong>cepcionar<br />
Quantas vezes po<strong>de</strong> levantar do chão<br />
quem certamente nunca vai lhe dar a mão<br />
A gratidão nasce no coração<br />
mas se per<strong>de</strong> muito na razão<br />
Em função <strong>de</strong> argumentos dos interesses, dos momentos<br />
Ela se per<strong>de</strong> nos <strong>de</strong>svãos das visões do que é reconhecimento<br />
Gratidão transparência da alma<br />
<strong>de</strong> mentes que pensam com retidão<br />
In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da questão ou da situação<br />
Regra <strong>de</strong> boa conduta do coração...<br />
- 92 -
PURO AMOR<br />
Joe’A<br />
Por você sinto <strong>de</strong>sejo<br />
mas o que sobressai<br />
não é a paixão, não é o tesão<br />
mas sim o carinho, afeto e o amor<br />
Você é tão especial para mim<br />
é algo que não imaginava existir<br />
pensava que sabia amar<br />
mas somente agora o amor <strong>de</strong>scobri<br />
Como é diferente dos amores <strong>de</strong> outrora<br />
é algo maduro, com sabor <strong>de</strong>finido<br />
é mais do que <strong>de</strong>sejo, é um anseio<br />
que vem la <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim<br />
Com você não faço amor<br />
simplesmente nos amamos<br />
Nosso olhar namora<br />
com tanto carinho e afeto<br />
que nos causa orgasmos na alma<br />
é algo indizível, muito acima do ser,<br />
do ter ou <strong>de</strong> qualquer sentir<br />
é amor, puro amor que sinto em mim<br />
- 93 -
ACERTOS DOS ERROS...<br />
Joe’A<br />
Defeitos? quem não os tem...<br />
aprenda a conviver com eles,<br />
com os seus e<br />
com os do outros também...<br />
Não somos mesmo perfeitos...<br />
nem nós.. nem ninguém.<br />
se for <strong>de</strong>feito do seu par... Conviva<br />
aceite, ou sem ele perceber conserte...<br />
Que assim ele conserta os seus também<br />
Nossas falhas, nossos erros...<br />
po<strong>de</strong>m se tornar o acerto do outro.<br />
assim como, com os <strong>de</strong>le, seu acerto também<br />
Desta forma você viverá<br />
para sempre bem...<br />
<strong>de</strong> bem com seu bem... e seja feliz...<br />
seja com os acertos ou com os erros também...<br />
- 94 -
FIDELIDADE<br />
Joe’A<br />
É lhe respeitar mesmo que não seja na presença<br />
Fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>....é nunca lhe magoar<br />
Fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> é comigo você sempre contar<br />
Sempre confiar, que nunca lhe causaria mal estar<br />
Fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> é pagar sua conta, assumir suas questões<br />
lhe <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r com unhas e <strong>de</strong>ntes...<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das situações<br />
Fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> é você estar presente em mim mesmo em ausência<br />
é tornar meus sentidos seus, olhos, ouvidos, sentidos<br />
intuições, me tornar enfim você em mim<br />
Fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> não é ser procurador, é incorporar sua consciência<br />
Fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> é amor?<br />
não, fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> é a sustentação<br />
manutenção da paixão, alimento do amor<br />
oxigênio do coração<br />
E a entrega... incondicional<br />
é a escolha <strong>de</strong>finida<br />
é a paz, escolhida<br />
é a consciência, agregada, unida<br />
conjugada... fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>... cumplicida<strong>de</strong>....<br />
felicida<strong>de</strong>... musicalida<strong>de</strong>... amor em passionalida<strong>de</strong><br />
- 95 -
VIDA PARA SER VIVIDA<br />
Joe’A<br />
Temos uma vida, uma só vida<br />
para ser vivida<br />
não para ser perdida<br />
nas esterilida<strong>de</strong>s cultivada<br />
Mas com sentimentos sadios<br />
em todos momentos<br />
sem sentimentos doentes<br />
que somente consomem a gente<br />
Ódio, tristeza, inveja e outros<br />
apenas fazem mal a quem sente<br />
Semeie carinho, serás querido<br />
plante respeito serás admirado<br />
Fale apenas nas falas do amor<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o mais singelo pensamento<br />
regando as flores do seu caminho<br />
nos jardins <strong>de</strong> sua senda<br />
Olhe <strong>de</strong> cima para baixo, para ajudar<br />
olhe baixo para cima para orar<br />
com humilda<strong>de</strong>, sem o verbo humilhar<br />
Orgulho do que tens <strong>de</strong> bom para dar<br />
Oferecer a mão em qualquer direção<br />
Ouvir para apren<strong>de</strong>r a falar<br />
Olhar para saber ver<br />
Dar sem pensar em receber<br />
Sempre sua parte fazer<br />
tudo que receber, agra<strong>de</strong>cer<br />
Aceitar a vida como ela é<br />
Aceitando você e o outro como ele é<br />
Sempre no auto-conhecimento perseverar<br />
- 96 -
PARA O TER E O ESTAR CONCILIAR<br />
Joe’A<br />
Laila - Seus oitenta anos.<br />
Laila, este é o nome da minha mãe.<br />
O nome <strong>de</strong> uma mulher, mas não uma simples mulher, porque seu<br />
nome se tornou sinônimo <strong>de</strong> fibra, <strong>de</strong> garra, <strong>de</strong> coragem. De<br />
valores e princípios morais bem <strong>de</strong>finidos, inquebrantáveis, nunca<br />
negociados. De uma perseverança, <strong>de</strong> uma intrepi<strong>de</strong>z, <strong>de</strong> uma<br />
<strong>de</strong>dicação, <strong>de</strong> uma generosida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> um senso <strong>de</strong> justiça<br />
partidária. Uma mulher <strong>de</strong> formação à antiga, no entanto com os<br />
valores morais perpétuos, que por eles sacrificou sua própria vida<br />
em prol <strong>de</strong> suas convicções e <strong>de</strong> um objetivo maior: manter a<br />
família unida e educar dignamente seus filhos. Família diga-se <strong>de</strong><br />
passagem, que já se iniciou numerosa, pois casou-se com um<br />
viúvo, já com nove filhos e a eles somou mais sete. Enfrentou os<br />
ventos da incompreensão, da repulsão, que com galhardia os<br />
domou.<br />
Alem do fato do diferencial <strong>de</strong> tempos entre ela e o meu pai, <strong>de</strong><br />
mais <strong>de</strong> 27 anos. Quase uma menina, mas segurou as ré<strong>de</strong>as com<br />
firmeza e <strong>de</strong>cisão e como lí<strong>de</strong>r nata se impôs, se fez mãe <strong>de</strong> todos,<br />
se tornou a matriarca da família, não somente a sua Moura Alves,<br />
mas também da família toda do meu pai, os Alves. Uma mulher do<br />
tipo nor<strong>de</strong>stina, que se afirmava, “Filha <strong>de</strong> dono <strong>de</strong> Engenho, Casa<br />
Gran<strong>de</strong> e Senzala”.<br />
Obstinadamente, perseguiu seus objetivos, sacrificando sua<br />
própria felicida<strong>de</strong>, em função <strong>de</strong>sses objetivos, a união e a<br />
educação dos seus, mesmo sendo vitima <strong>de</strong> uma viuvez ainda na<br />
juventu<strong>de</strong>.<br />
Enfrentou os ventos e tempesta<strong>de</strong>s da vida, das <strong>de</strong>cepções e<br />
<strong>de</strong>silusões do <strong>de</strong>stino, sacrificando seus interesses individuais,<br />
tanto materiais quanto sentimentais em <strong>de</strong>trimento da família e<br />
por ela lutou, e lutou como uma fera, com uma fúria indômita,<br />
fazendo prevalecer a razão, sacrificando muitos ditames do<br />
coração por suas metas, por seus objetivos. Sempre <strong>de</strong> forma<br />
<strong>de</strong>sprendida, mas nunca <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> lado a sua saga, a sua trilha.<br />
Venceu muito mais do que os doze <strong>de</strong>safios <strong>de</strong> Hercules, mas<br />
venceu. Manteve a família unida, fez mesmo dos meio irmãos,<br />
todos irmãos e encaminhou para vida, todos que se dispuseram,<br />
- 97 -
com educação, com formação e tendo como herança um berço<br />
digno <strong>de</strong> orgulho.<br />
Hoje, do alto dos seus oitenta anos, que aqui estamos para<br />
comemorar, seu espírito continua o da mesma Laila <strong>de</strong> quando se<br />
casou, <strong>de</strong> uma jovem, que mesmo com o tempo passando, não se<br />
dobrou para nenhum senhor.<br />
Somente por amor, um amor que nos fez, que nos moldou da<br />
forma que hoje somos, e que na ótica <strong>de</strong>la ainda precisamos ser<br />
mais moldados, sob sua batuta, sob sua guarda, sob suas asas.<br />
E é com muito amor e orgulho que hoje comemoramos esta data,<br />
seus oitenta anos e mais orgulho ainda por ser seu filho.<br />
Não somente eu, mas os <strong>de</strong>zesseis, mesmo aqueles que já se<br />
foram, mesmo os que se <strong>de</strong>claram a contragosto, ou com muito<br />
gosto. Tivemos, temos a honra, <strong>de</strong> termos passado pelos seus<br />
ensinamentos, seu exemplo, <strong>de</strong> mulher, <strong>de</strong> mãe, <strong>de</strong> Ser humano,<br />
que com certeza se tivéssemos mais Lailas nesse mundo, Ele seria<br />
bem diferente. Minha mãe fez sua história, é parte da nossa<br />
história.<br />
O meu abraço, o nosso abraço, o nosso agra<strong>de</strong>cimento, com o<br />
nosso orgulho, com todo nosso amor, <strong>de</strong> seu filho, todos os seus<br />
filhos, genros, noras e netos. Além <strong>de</strong> todos que fizeram<br />
parte <strong>de</strong>ssa longa caminhada, que já estavam, que chegaram que<br />
estão chegando, amigos, parentes, <strong>de</strong> outros tantos que por ela<br />
passaram e um pouco <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>ixaram. E ainda <strong>de</strong> todos<br />
mais, que <strong>de</strong> forma indireta ou direta, participaram da vida da<br />
minha mãe e das nossas também.<br />
Você merece, muito mais que parabéns, por esta data, merece<br />
nosso carinho, nosso respeito, nosso amor.<br />
Você venceu, você se realizou e no que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>u <strong>de</strong> você, nos<br />
realizou, obrigado mãe.<br />
George, por todos seus filhos, enteados, genros, noras e netos.<br />
Desejo fazer uma homenagem especial, <strong>de</strong> honra, a meu irmão<br />
Renato, que participou com generosida<strong>de</strong> além do, sem medida,<br />
seu amor fraterno, nos momentos mais difíceis <strong>de</strong> nossas vidas.<br />
- 98 -
JUSSARA FUENTES LINDOTE<br />
Livramento/RS – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 667 - 2008<br />
-----------------------------------------------------<br />
ENCONTRA-ME NO TEU SER<br />
Jussara Fuentes Lindote<br />
Minha loucura torna-se palpável<br />
No momento em que existes....<br />
No momento em que te vejo e sinto...<br />
Só aí então... tudo se transforma...<br />
Não tentes encontrar motivo<br />
Na minha procura...<br />
Busco-te <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sempre!<br />
És o que estava <strong>de</strong>stinado a mim<br />
Ah... como te quero... como te amo!<br />
Não tentes me enten<strong>de</strong>r<br />
Porque nem eu mesma consigo...<br />
Não tentes encontrar<br />
Nas minhas letras<br />
Explicação para o meu ser!<br />
Ele só se explica em ti,<br />
E aí morrem minhas<br />
Letras, minhas verda<strong>de</strong>s...<br />
Minhas palavras!<br />
Nunca me encontrarás...<br />
Se não me buscares<br />
Dentro do teu ser!<br />
- 99 -
AH! COMO QUERO<br />
Jussara Fuentes Lindote<br />
Quero suspiros que arrepiam,<br />
beijos que acalmam!<br />
Quero reinventar o amor,<br />
<strong>de</strong>scobrir o querer,<br />
enten<strong>de</strong>r corações!<br />
Quero excitar meu corpo,<br />
<strong>de</strong>itar-me em lençóis macios<br />
que se <strong>de</strong>salinhando encontro <strong>de</strong> nós dois!<br />
Quero o teu olhar <strong>de</strong> menino<br />
queimando minha pele!<br />
Ah! isso me faz voar...<br />
Não abro mão <strong>de</strong> sonhar...<br />
Não me <strong>de</strong>ixo levar pela tristeza!<br />
Quero seguir meu sonho...<br />
e nele te levar...<br />
Ah... como quero...<br />
- 100 -
PERCO-ME EM TEU AMOR...<br />
Jussara Fuentes Lindote<br />
Hoje resolvi fazer uma faxina...<br />
Abri gavetas, revolvi armários,<br />
Retirei teias <strong>de</strong> aranha da alma,<br />
Enxotei o rancor e a mágoa!<br />
Resolvi <strong>de</strong>ixar os bons momentos<br />
enrolados em fita <strong>de</strong> cetim...<br />
Perfumei as lembranças dos beijos,<br />
Não quero saber das mágoas...<br />
Nem quantos amores tiveste!<br />
Não quero saber das mentiras...<br />
E nem dos silêncios que não percebi...<br />
Não quero saber das tuas intenções<br />
Para comigo...<br />
E nem se há rima entre amor e dor...<br />
Fecho os olhos, ignoro os maus momentos...<br />
E perco-me em teu amor!<br />
- 101 -
LARA CARDOSO<br />
Campo Gran<strong>de</strong>/MS – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 381 – 2004<br />
-----------------------------------------------------<br />
ECO<br />
Lara Cardoso<br />
O silêncio grita em cada canto,<br />
o meu canto torna-se, dia-a-dia<br />
um hino sem ritmo e sem cantor<br />
que, ainda assim, faz vibrar<br />
as cordas que me amarram<br />
ao teu amor<br />
Sou um pássaro sem ninho,<br />
que sobrevoa cada espaço da sauda<strong>de</strong><br />
e, vai silencioso,<br />
levando nas asas,<br />
apenas a dor que sobrou...<br />
Não resta nada, alem da lembrança<br />
e o eco que ficou<br />
perdido pelo caminho,<br />
que ressoa ainda<br />
como voz melodiosa,<br />
<strong>de</strong> um amor que, para sempre,<br />
se calou<br />
- 102 -
EXORCISMO<br />
Lara Cardoso<br />
Exorcizei a minha alma...<br />
tirei os fantasmas dos antigos amores,<br />
acabei <strong>de</strong> vez com a noite dos horrores<br />
por on<strong>de</strong> escapava toda minha calma,<br />
<strong>de</strong>ixando a dor da solidão exposta...<br />
Rezei a mais <strong>de</strong>morada prece,<br />
usei artifícios <strong>de</strong>sconhecidos<br />
pedi com todo o fervor<br />
aos anjos, que por mim passassem,<br />
que não me levassem o amor<br />
Até uma vela acendi<br />
em tua homenagem<br />
talvez, pura bobagem,<br />
mas, ainda assim pedi<br />
pois, és como o brilho do sol<br />
que veio para aquecer;<br />
E, com toda a minha <strong>de</strong>voção<br />
pedi a Deus,<br />
que me fizesse, <strong>de</strong> ti cativa<br />
e resguardasse meu pobre coração,<br />
<strong>de</strong>ixando-me muito tempo viva,<br />
para adorar-te ainda mais,<br />
<strong>de</strong> paixão...<br />
E que meu pedido<br />
reverta-se em felicida<strong>de</strong>,<br />
fazendo esta alegria que sinto<br />
quando o dia amanhece,<br />
perdurar pela eternida<strong>de</strong>...<br />
Que aconteça o milagre<br />
<strong>de</strong> tornar-te inteiro em mim<br />
e não apenas um pedaço <strong>de</strong> sauda<strong>de</strong>...<br />
- 103 -
LENI CHIARELLO ZILIOTTO<br />
Serafina Corrêa/RS – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 048 – 2001<br />
-----------------------------------------------------<br />
BIOGRAFIA:<br />
Leni Chiarello Ziliotto é gaúcha, neta <strong>de</strong> italianos e resi<strong>de</strong> em<br />
Serafina Corrêa. Sua formação acadêmica é nas áreas <strong>de</strong> Ciências<br />
e Biologia, além <strong>de</strong> especialista em Supervisão Escolar, em<br />
Educação Ambiental e em Educação a Distância. É tutora <strong>de</strong> cursos<br />
<strong>de</strong> graduação e <strong>de</strong> especialização, na modalida<strong>de</strong> a distância. É<br />
proprietária da Escola Branca Maria, através da qual faz parcerias<br />
para oferta <strong>de</strong> ensino superior. Entre uma tarefa e outra da área<br />
profissional, Leni se <strong>de</strong>dica a escritos acadêmicos, com diversos<br />
artigos produzidos, porém sua maior produção escrita é na área da<br />
Literatura, classificada como poeta contemporânea.<br />
PRODUÇÕES LITERÁRIAS:<br />
2001 = 1) Lançamento do Livro <strong>de</strong> Poesias em dois idiomas: em<br />
Português, METAMORFOSE e em Italiano METAMORFOSI, na 9ª<br />
Jornada Nacional <strong>de</strong> Literatura <strong>de</strong> Passo Fundo;<br />
2002 = 1) Participação da 17ª Bienal Internacional do Livro <strong>de</strong> São<br />
Paulo na Antologia <strong>de</strong> Poesias, Contos e Crônicas, da Editora<br />
Sortecci – São Paulo. 2) Participação da 48ª Feira do Livro <strong>de</strong><br />
Porto Alegre na Antologia Vôo In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da Associação<br />
Gaúcha dos Escritores In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes – AGEI. 3) Participação da<br />
Antologia Tempo Definido comemorando 20 anos da Editora<br />
Scortecci – São Paulo. 4) Membro Fundadora da <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Virtual</strong><br />
<strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Letras. 5) Membro Efetivo da Associação Gaúcha dos<br />
Escritores In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes.<br />
2003 = 1) Participação da Coletânea Vôo In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte 2<br />
organizada pela AGEI e da 49ª feira do Livro <strong>de</strong> Porto Alegre. 2)<br />
Participação da Antologia Tempo <strong>de</strong> Poesia – Editora Novas Letras,<br />
SP.<br />
2004 = 1) Prêmio <strong>de</strong> Melhor Letra no Festival <strong>de</strong> Música Guaporé<br />
Cem Anos: Sim, Guaporé tem Talentos. 2) Participação da<br />
- 104 -
Antologia Livre Pensador, para 18ª Bienal <strong>de</strong> São Paulo – Editora<br />
Scortecci, SP. 3) Participação da 1ª Antologia Poética Edição<br />
Histórica da <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Virtual</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Letras –Editora AVBL.<br />
4) Participação da Antologia Internacional Roda Mundo, Roda<br />
Gigante, da Editora Ottoni, <strong>de</strong> São Paulo. 5) Lançamento na 50ª<br />
Feira do Livro <strong>de</strong> Porto Alegre do livro <strong>de</strong> poesias, produção<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, Mosaico <strong>de</strong> Palavras, pela Gráfica e Editora Berthier<br />
– Passo Fundo – RS.<br />
2005 = 1) Participação do E-Book Ensaio Poético Natureza – Vida<br />
– Universo Humanida<strong>de</strong>s, pela <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Virtual</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong><br />
Letras. 2) E-Book Hai Cai disponível nos sites:<br />
www.yaranazare.com (Hai-Cais pág. 5) e www.lenichiarello.com.br<br />
(biblioteca). 3) Organizadora e texto <strong>de</strong> introdução do livro Gestão<br />
Escolar – Educação à Distância, pela Gráfica e Editora Berthier –<br />
Passo Fundo/RS. 4) Participação da Antologia Internacional Roda<br />
Mundo da editora Ottoni – São Paulo. 5) Participação da Coletânea<br />
Vôo In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte 4 da AGEI – Porto Alegre/RS. 6) Participação da<br />
Antologia Literária <strong>Virtual</strong>ismo – Pela <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Virtual</strong> <strong>Brasileira</strong><br />
<strong>de</strong> Letras – São Paulo. 7) E-book Sonhos Vividos disponível em<br />
diversos sites, incluindo www.lenichiarello.com.br na página<br />
“biblioteca”. 8) E-book Contos <strong>de</strong> Fadas Contemporâneos<br />
disponível em diversos sites, incluindo www.lenichiarello.com.br na<br />
página “biblioteca”.<br />
2006 = 1) Organizadora dos livros Psicopedagogia – Educação a<br />
Distância e Psicopedagogia – Educação a Distância II, pela Gráfica<br />
e Editora Berthier – Passo Fundo – RS. 2) Livro <strong>de</strong> poemas Amor<br />
meu Sol, pela Gráfica e Editora Berthier – Passo Fundo – RS.<br />
Lançamento na Feira do Livro <strong>de</strong> Porto Alegre. Estas obras<br />
encontram-se disponíveis no site www.lenichiarello.com.br ou pelo<br />
e-mail: leny@net11.com.br.<br />
- 105 -
1-<br />
Olhei as gentes, os agentes<br />
as mentes<br />
os <strong>de</strong>sejos atropelados, confusos.<br />
Vi a vida, que po<strong>de</strong>ria ser simples<br />
em movimentos<br />
sem tempo.<br />
2-<br />
Meu coração<br />
marcado para sempre<br />
pela mão <strong>de</strong> um anjo<br />
Foi uma amiza<strong>de</strong><br />
que conquistou a liberda<strong>de</strong><br />
e transformou-se em amor.<br />
3-<br />
Nós,<br />
um jogo!<br />
Você,<br />
a arte!<br />
Eu,<br />
em você!<br />
Meu jogo,<br />
tua arte!<br />
E nós,<br />
no jogo da arte:<br />
O amor!<br />
4-<br />
Busca a lua<br />
para eu escrever um poema,<br />
um poema <strong>de</strong> amor pra você<br />
Busca a lua<br />
e eu faço amor com você.<br />
Leni Chiarello Ziliotto<br />
- 106 -
LIGIA SCHOLZE BORGES TOMARCHIO<br />
São Paulo/SP – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 243 – 2003<br />
-----------------------------------------------------<br />
CENTAURO<br />
AUTO RETRATO<br />
Ligi@Tomarchio®<br />
Mito-mulher-menina<br />
filha <strong>de</strong> "Nefele"<br />
das nuvens faço morada<br />
quando poeta estou.<br />
Selvagem, na franqueza da ternura<br />
dos bosques retiro alimento<br />
saciando se<strong>de</strong> nas águas sábias<br />
"buraco negro", encontro na dor.<br />
Objetiva, qual flecha certeira<br />
momentos <strong>de</strong> introspecção inva<strong>de</strong>m<br />
em busca freqüente<br />
do "ser" ao "Ser Superior".<br />
"Alfa" é meu núcleo estrelar<br />
fogo elemento primordial<br />
essência d'alma poética<br />
habitante das planícies da "Arcádia".<br />
Nas ondas encontro ritmo<br />
musicalida<strong>de</strong> no silêncio<br />
imagens na noite<br />
no tempo, idéias...<br />
Biografia, na Home Pege:<br />
http://paginas.terra.com.br/arte/ligiatomarchio/<br />
- 107 -
PAIXÃO AMARROTADA<br />
Ligi@Tomarchio®<br />
Paixão amarrotada<br />
com cheiro <strong>de</strong> morte<br />
olhos passeiam entre túmulos<br />
estão longe <strong>de</strong> mim<br />
alados, fugiram...<br />
Eu, aqui, só.<br />
A música também está longe<br />
meus ouvidos me abandonaram...<br />
Pensamentos ingratos, sumiram...<br />
Tenho pernas e braços ainda<br />
inertes, mas aqui.<br />
O passado, aquele conhecido,<br />
esquecido, acalantado, encantado...<br />
Agora, presente <strong>de</strong> morte.<br />
Não é o "gran finalle"<br />
apenas o início<br />
prenúncio <strong>de</strong> vida,<br />
outra talvez?...<br />
- 108 -
NOCAUTE<br />
Ligi@Tomarchio®<br />
Nocaute.<br />
Venceram...<br />
Um soco<br />
dor sufocada<br />
gosto <strong>de</strong> sangue na boca<br />
corpo inerte no chão.<br />
Outro "round"<br />
novo dia para lutar<br />
per<strong>de</strong>r ou ganhar...<br />
Fugir!<br />
Mais um dia<br />
da noite se fez<br />
nocauteada pelo sol<br />
enquanto as estrelas<br />
não chegam...<br />
Tantos sentimentos<br />
socados<br />
na memória emocional<br />
as lágrimas são vermelhas<br />
maculam a lua...<br />
A lua do viver<br />
o sol do nascer<br />
as estrelas do brilhar<br />
as águas sábias em curso<br />
o ar do ser<br />
fogo do existir<br />
a terra do morrer...<br />
Nocaute.<br />
Na boca da alma<br />
o murro da solidão<br />
golpe sujo do <strong>de</strong>stino<br />
nada há a per<strong>de</strong>r<br />
<strong>de</strong>pois da correnteza irada...<br />
- 109 -
LUIZ GILBERTO DE BARROS (LUIZ POETA)<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro/RJ – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 668 – 2008<br />
-----------------------------------------------------<br />
LUIZ POETA – RELEASE<br />
Diretor Cultural da Associação Cultural Encontros Musicais,<br />
Membro da <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> Panamericana <strong>de</strong> Letras e Artes, da União<br />
<strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Trovadores e filiado à Socieda<strong>de</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong><br />
Autores, Compositores e Escritores <strong>de</strong> Música, Luiz Poeta (Luiz<br />
Gilberto <strong>de</strong> Barros ) é carioca, poeta, trovador, cronista, contista,<br />
artista plástico, compositor, intérprete, violonista e guitarrista,<br />
sendo também Professor <strong>de</strong> Literatura, Língua Portuguesa e<br />
Produção <strong>de</strong> Textos, dividindo ainda suas ativida<strong>de</strong>s profissionais<br />
com a Banda Bossa Light, da qual é músico e produtor, e com a<br />
qual tem realizado shows e participações especiais em casas <strong>de</strong><br />
espetáculos e ambientes musicais como Classe e Requinte,<br />
Cidadania em Movimento, Sindicato da Petrobrás, Teatro Armando<br />
Gonzaga e, recentemente, na Associação <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Imprensa,<br />
no Forte <strong>de</strong> Copacabana, no Teatro Gláucio Gil, no Comando da<br />
Aeronáutica, Departamento <strong>de</strong> Controle do Espaço Aéreo, no<br />
Shopping Cassino Atlântico, além do Bar Belmonte, importante<br />
point dos poetas brasileiros, localizado no Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />
Paralelamente a essas ativida<strong>de</strong>s, é ainda membro e acadêmico<br />
dos seguintes portais, grupos e aca<strong>de</strong>mias virtuais:<br />
<strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Virtual</strong> Luso <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Letras, AVLBL, <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong><br />
<strong>Virtual</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Letras, AVBL, <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Virtual</strong> Sala <strong>de</strong> Poetas,<br />
AVSP, Portal CEN, Ecos da Poesia, Lunas e Amigos, Loucura<br />
Poética, Pluma y Palabra entre outros.<br />
Consi<strong>de</strong>ra-se um poeta compulsivo, possuindo um acervo literário<br />
pessoal <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z mil trabalhos diversificados incluindo<br />
textos em prosa e poesias, tendo sido premiado com a publicação<br />
<strong>de</strong> várias antologias produzidas pelas seguintes entida<strong>de</strong>s:<br />
<strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Letras, Folha Dirigida, Secretaria Municipal<br />
<strong>de</strong> Educação, Secretaria Municipal <strong>de</strong> Cultura, Câmara <strong>de</strong><br />
vereadores do Rio <strong>de</strong> Janeiro, Portal CEN, Brasil-Portugal ( prêmio<br />
internacional ).<br />
- 110 -
Publica suas obras através <strong>de</strong> vários sites nacionais e<br />
internacionais e foi produtor do CD Bossa Light e co-produtor do<br />
CD Marechal, 90 Anos <strong>de</strong> Encontros Musicais.<br />
Atualmente, acaba <strong>de</strong> produzir o DVD Bossa Light e está<br />
produzindo o CD “ Ah, como era bom sonhar “, que inclui diversos<br />
gêneros <strong>de</strong> música: blues, rock, bossa-nova, forró, sambas etc.<br />
Consi<strong>de</strong>ra-se um poeta que faz música e, para as pessoas que<br />
amam poesia, Luiz Poeta costuma <strong>de</strong>ixar a seguinte mensagem:<br />
“Quem quiser cantar meu canto,<br />
Vai chegando <strong>de</strong> mansinho;<br />
Tenho voz <strong>de</strong> acalanto<br />
E canto <strong>de</strong> passarinho”<br />
luizpoeta1@oi.com.br / www.luizpoeta.com<br />
CARDIO-UTOPIA<br />
Luiz Poeta ( sbacem-rj ) - Luiz Gilberto <strong>de</strong> Barros<br />
Às 10 h e 13 min do dia 2 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2006<br />
Tu teimas, coração, tu não tens jeito:<br />
Provocas minha dor, tu me convidas<br />
A abrigar o amor insatisfeito<br />
No leito das angústias reprimidas...<br />
Eu finjo não sentir a adrenalina<br />
Que torna o meu amor mais hipertenso,<br />
Mas como a emoção não raciocina,<br />
Eu amo muito mais quando não penso.<br />
Por que é que tu me tornas absorto,<br />
Refém dos sentimentos arbitrários,<br />
Se o meu amor me <strong>de</strong>ixa em cada porto,<br />
E o mar só mostra vãos itinerários ?<br />
Assim... nessa cruel cardiopatia<br />
Repleta <strong>de</strong> um lirismo sedutor,<br />
Eu vou sentindo a dor da alma vazia<br />
Se completar na dor... do teu amor.<br />
- 111 -
DESENCONTAR... ÂNSIAS<br />
Luiz Poeta ( sbacem - rj ) - Luiz Gilberto <strong>de</strong> Barros<br />
Às 19 h e 42 min do dia 5 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2006 do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
Quanto mais te prendo, sinto que te soltas<br />
Não me surpreendo, meu amor é tanto<br />
Que quando te abraço, todo o meu encanto<br />
Se dissolve em pranto vendo que não voltas.<br />
Ah... quando te soltas, é tão <strong>de</strong> repente,<br />
Meu peito só sente quando não te vejo;<br />
Tento em vão sonhar-te, mas o meu <strong>de</strong>sejo<br />
Se <strong>de</strong>sfaz num beijo que o teu ser nem sente.<br />
Tão inconseqüente, meu amor reclama,<br />
Sempre há uma chama a queimar meu peito...<br />
Tento não te amar, mas amo, não tem jeito<br />
Nosso amor <strong>de</strong>sfeito é um eterno drama.<br />
Fecho os olhos, sonho, tenho pesa<strong>de</strong>los,<br />
Estou tão tristonho sem tua presença<br />
Mas sempre te encontro quando a dor intensa,<br />
Longe dos teus olhos, me permite vê-los.<br />
Quando eu te perco, estou me procurando;<br />
Quando me encontro, sinto que te perco<br />
A sauda<strong>de</strong> chega e sempre aperta o cerco<br />
Mas eu só me perco quando estou te amando.<br />
- 112 -
DISSONÂNCIA<br />
Luiz Poeta ( sbacem - rj ) - Luiz Gilberto <strong>de</strong> Barros<br />
Às 21 h e 30 min do dia 8 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2006 do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
Eu canto o meu amor sem partitura;<br />
As notas que me dou são repentinas,<br />
Despertam <strong>de</strong> uma espécie <strong>de</strong> mistura<br />
Do amor com minha dor mais cristalina.<br />
A mesma solidão que me assassina,<br />
Produz um reviver inusitado<br />
E esse amor repousa na doutrina<br />
Que crio <strong>de</strong> um amor não doutrinado.<br />
Eu amo, e esse amor tão <strong>de</strong>spojado<br />
Se expressa em cada verso que abençoa<br />
O meu poema livre, alicerçado<br />
No mesmo amor que a alma sobrevoa.<br />
Eu canto quando o meu encantamento<br />
Decanta, no silêncio sedutor,<br />
A cor do mais sublime sentimento<br />
Que brota <strong>de</strong>ntro do meu próprio amor.<br />
- 113 -
ENTORPECÊNCIA<br />
Luiz Poeta ( sbacem ) Luiz Gilberto <strong>de</strong> Barros<br />
Às 18 h e 33 min do dia 14 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2006 do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
Todos os dias um vazio se revela;<br />
Tu o preenches com amor e poesia,<br />
Porém a tinta que escorre <strong>de</strong>ssa tela<br />
Parece o sangue rabiscando a fantasia.<br />
Tu reinventas o amor a cada dia,<br />
Mas como amar, se a tua dor tão exigente<br />
Faz a alegria se tornar tão arredia<br />
E o teu amor tão solitário e inconseqüente.<br />
A emoção faz a razão mostrar seu canto<br />
Mas quando o pranto não resiste à emoção,<br />
Tu não consegues disfarçar e choras tanto<br />
Que até teu pranto molha o manto da razão.<br />
Ninguém te escuta, tu te ocultas num sorriso<br />
Reinventado, maquiado pela dor<br />
Mas o teu sonho sempre vem quando é preciso<br />
Que esse teu riso mate a dor do <strong>de</strong>samor.<br />
Sonhar é dom <strong>de</strong> natureza entorpecente<br />
Que faz a dor se diluir na letargia<br />
Do coração, que não suporta a dor freqüente,<br />
Quando a razão na emoção se refugia.<br />
Todos os dias, tua dor mais evi<strong>de</strong>nte,<br />
Tão <strong>de</strong> repente, torna a vida mais vazia,<br />
Mas teu amor, tão talentoso e competente<br />
Transforma a dor da solidão em poesia.<br />
- 114 -
HETERÔNIMO DE MIM<br />
Luiz Poeta ( sbacem-rj ) - Luiz Gilberto <strong>de</strong> Barros<br />
Às 13 h e 34 min do dia 31 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2006, domingo.<br />
Oh, poeta, meu irmão, tu fazes parte<br />
Do que eu sinto, como homem, como artista;<br />
Tu transformas meu amor ou dor em arte<br />
Teu lirismo me envolve e me conquista.<br />
Heterônimo <strong>de</strong> mim, tu multiplicas<br />
Meu amor quando me instalas no teu ser<br />
Se eu parto, perpetuas, porque ficas,<br />
A alegria que eu tenho <strong>de</strong> viver.<br />
O poeta é passarinho: quando voa,<br />
Ele atinge a dimensão do infinito;<br />
Quando canta sua dor, o amor ressoa<br />
Porque o canto é o amor que jaz... no grito.<br />
E por seres passarinho e voares<br />
Pelas páginas azuis do amor sem fim,<br />
Tu acabas justamente <strong>de</strong> pousares<br />
Nesse amor que há <strong>de</strong> existir <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim.<br />
O poeta nunca finge, ele encanta<br />
Cada instante que lhe brota repentino<br />
Quando sua emoção sublime é tanta<br />
Que ele espanta até a dor e o <strong>de</strong>satino.<br />
Ah, poeta, eu queria que me visses<br />
Como alguém igual a ti e que eu te olhasse<br />
Como um ser igual a mim e que sentisses<br />
O que sinto, cada vez que eu te pensasse.<br />
E que juntos, ao nos lermos, sublimássemos<br />
A essência do que nos revitaliza<br />
E que toda obra-<strong>de</strong>-arte que criássemos<br />
Fosse bálsamo que o sonho eterniza.<br />
E como todo poeta reinventa<br />
Cada amor que existe em cada coração,<br />
Eu invento este amor que me acalenta<br />
Quando sinto que tu és o meu irmão.<br />
- 115 -
O TEU SILÊNCIO É FORMA EM MOVIMENTO<br />
Luiz Poeta ( sbacem-rj ) – Luiz Gilberto <strong>de</strong> Barros<br />
Às 19 h e 23 min do dia 13 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2006 do Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro<br />
Tu amas os amores que inventas...<br />
Quem po<strong>de</strong> con<strong>de</strong>nar teus sentimentos ?<br />
Tu tentas o amor, o amor te tenta,<br />
Inventas teu amor e teus momentos.<br />
Tu crias os teus próprios <strong>de</strong>vaneios,<br />
Mas sentes que quando teu pé tropeça,<br />
O tombo é iminente e teus anseios<br />
Se per<strong>de</strong>m numa dor... e o sonho cessa.<br />
Enquanto tu pu<strong>de</strong>res colorir<br />
Teus sonhos <strong>de</strong>ssa cor que imaginares,<br />
O teu amor jamais há <strong>de</strong> fugir<br />
De todos esses sonhos que sonhares.<br />
Às vezes vês, no vago dos <strong>de</strong>sejos<br />
O doce <strong>de</strong>senhar <strong>de</strong> uma aventura<br />
Na qual alguém te beija e esses beijos<br />
São teus <strong>de</strong>sejos cheios <strong>de</strong> ternura...<br />
Ninguém te vê sonhar, ninguém percebe<br />
Que o teu silêncio é forma em movimento<br />
O amor é fonte on<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo bebe<br />
O sonho transformado em sentimento.<br />
- 116 -
M. FLORES (MILLIE)<br />
Balneário Camburiú/SC – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 422 – 2005<br />
-----------------------------------------------------<br />
A SAÍDA...<br />
Millie<br />
tentando libertar-me<br />
<strong>de</strong>ste emaranhado <strong>de</strong> ilusões<br />
sonho encontrar a saída...<br />
ilesa...<br />
livre <strong>de</strong> arranhões<br />
<strong>de</strong> um passado<br />
que já não me pertence...<br />
quero usufruir o presente<br />
encontrar o ausente<br />
e seguir em frente...<br />
<strong>de</strong>scobri que o tempo<br />
não separa almas<br />
nem <strong>de</strong>strói o amor...<br />
sei que com o tempo<br />
o amor supera a dor<br />
e a sauda<strong>de</strong> <strong>de</strong>sabrocha a flor...<br />
<strong>de</strong>scobri no tempo<br />
que nosso amor é eterno<br />
e posso te amar no infinito...<br />
e o tempo nos ensina<br />
que quando amamos na eternida<strong>de</strong><br />
não há distancia que nos separe...<br />
Millie<br />
SC24/05/2006<br />
- 117 -
ENTRE LUZES E SOMBRAS...<br />
M.Flores (Millie)<br />
diante do inevitável encontrei-me<br />
entre luzes e sombras...<br />
não mais discernia<br />
qual a realida<strong>de</strong> e o sonho...<br />
ria e chorava<br />
na solidão dos meus versos...<br />
as rimas fugiam<br />
e as letras entravam <strong>de</strong>sgovernadas...<br />
e no silêncio torturante<br />
buscava a paz..<br />
a chuva chegou mansa<br />
acalmando a fúria dos ventos...<br />
a magia do som<br />
abriu uma fenda no tempo...<br />
surgiu um caminho<br />
margeando as estrelas...<br />
era preciso seguir adiante<br />
parar seria o fim...<br />
elos da ca<strong>de</strong>ia do saber<br />
po<strong>de</strong>riam estar soltos...<br />
recomporia cada um<br />
e faria valer a verda<strong>de</strong>...<br />
o amor voltaria a prevalecer<br />
e eu voltaria a viver...<br />
Millie<br />
SC 08/01/2007<br />
- 118 -
HORIZONTES...<br />
M.Flores (Millie)<br />
abriram-se as portas do saber<br />
luz eterna inva<strong>de</strong> meu ser...<br />
caminhos tortuosos<br />
trouxeram-me à senda da verda<strong>de</strong>...<br />
procuro encontrar no tempo<br />
as origens...<br />
<strong>de</strong>sfaço os nós<br />
e me refaço inteira...<br />
as sombras se dissipam<br />
enquanto ouço o silêncio murmurar...<br />
são as respostas<br />
esperadas do sempre...<br />
não posso parar<br />
nem <strong>de</strong>ixar o momento passar...<br />
rasgo os véus<br />
dispo-me da vaida<strong>de</strong>...<br />
mares e <strong>de</strong>sertos a minha frente<br />
longo é o caminho a trilhar...<br />
nas mãos dos mestres irei me apoiar<br />
para novos horizontes encontrar...<br />
Millie<br />
SC 14/12/2006<br />
- 119 -
LABIRINTO DE EMOÇÕES...<br />
M.Flores (Millie)<br />
e quando a incógnita surgiu<br />
fechei os olhos e <strong>de</strong>ixei-me ir...<br />
como encontrar-me?<br />
é uma pergunta difícil <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r...<br />
a sauda<strong>de</strong> levou-me a conhecer novos caminhos<br />
e <strong>de</strong>slizar num labirinto <strong>de</strong> emoções...<br />
o que aconteceu?<br />
preciso recordar por quantas vidas passei...<br />
por quantas veredas an<strong>de</strong>i<br />
quantos caminhos cruzei...<br />
quantas luas pratearam o meu mar<br />
em quantas constelações pu<strong>de</strong> sonhar...<br />
tantas vezes <strong>de</strong>itada ao sol sonhei amar<br />
e nas areias quentes tentei não chorar...<br />
senti o silêncio da eternida<strong>de</strong><br />
e refiz o caminho das estrelas...<br />
e ao perceber tua presença amada<br />
encontrei-me neste labirinto <strong>de</strong> emoções...<br />
e revivendo no brilho da luz do universo<br />
voltei aos teus braços para ser feliz...<br />
Millie<br />
SC 26/09/2006<br />
- 120 -
LIVRES PARA AMAR...<br />
M.Flores (Millie)<br />
paira no ar um perfume <strong>de</strong> sedução<br />
o tempo vestiu-se <strong>de</strong> gala<br />
cores novas enfeitam meus dias...<br />
é um momento <strong>de</strong> renovação<br />
<strong>de</strong> beleza<br />
o fim da solidão...<br />
um novo tempo pra ti<br />
que apren<strong>de</strong>ndo a viver<br />
acolhi em meu coração...<br />
abri portas à felicida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>ixei a tempesta<strong>de</strong> passar<br />
e não preciso mais esperar...<br />
sonhei estar em teus braços<br />
e com teus beijos me embriagar<br />
hoje somos livres para amar...<br />
Millie<br />
SC 05/09/2006<br />
- 121 -
ENQUANTO A ILUSÃO EXISTE...<br />
M.Flores (Millie)<br />
enquanto a ilusão existe...<br />
brinco enlaçando elos <strong>de</strong> ternura<br />
aos sonhos que guar<strong>de</strong>i...<br />
vou ao teu encontro<br />
e aninho-me em teus pensamentos...<br />
navego na emoção<br />
e me encontro em teus versos...<br />
enquanto a ilusão existe...<br />
<strong>de</strong>ixo a ternura fluir<br />
em simples canção <strong>de</strong> ninar...<br />
levo encantamento<br />
a corações em <strong>de</strong>salento...<br />
<strong>de</strong>senho novos caminhos<br />
em oásis perdidos no tempo...<br />
enquanto a ilusão existe...<br />
dispo-me <strong>de</strong> pudores<br />
e viajo em teu corpo...<br />
na magia do toque<br />
envolvo-te com doçura...<br />
reconheço o caminho<br />
e <strong>de</strong>scubro segredos...<br />
e tento fugir da ilusão<br />
para per<strong>de</strong>r-me em teu coração...<br />
Millie<br />
SC 27/01/2007<br />
- 122 -
APENAS PALAVRAS...<br />
M.Flores (Millie)<br />
se enten<strong>de</strong>res que palavras são apenas palavras,<br />
e se per<strong>de</strong>m na imensidão dos sentimentos,<br />
começaras a me conhecer melhor...<br />
quando souberes que um sorriso ou um afago<br />
transmitem muito mais do que apenas palavras,<br />
veras o quanto és importante pra mim...<br />
ao aceitares que a vida é um turbilhão <strong>de</strong> emoções,<br />
e nela vivenciamos momentos <strong>de</strong> insegurança,<br />
sentiras que a verda<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser um grito <strong>de</strong> dor...<br />
se <strong>de</strong>scobrires que nas entrelinhas <strong>de</strong> um poema<br />
existem mais verda<strong>de</strong>s do que as palavras revelam,<br />
sentiras a força <strong>de</strong>ste amor...<br />
quando acreditares que sentimentos<br />
não são apenas expressos com meras palavras,<br />
lembraras <strong>de</strong> um beijo cheio <strong>de</strong> carinho...<br />
mas se em sonhos ouvires o silêncio sussurrar palavras <strong>de</strong> amor,<br />
apesar da distancia saberás<br />
que estou sempre ao teu lado...<br />
e quando a magia dos sentimentos invadirem teu coração<br />
<strong>de</strong>scobriras então que estou nele<br />
e te amo!<br />
Millie<br />
SC 11/03/2007<br />
- 123 -
MARGOT DE FREITAS SANTOS<br />
Juíz <strong>de</strong> Fora/MG – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 444 – 2005<br />
-----------------------------------------------------<br />
MARGOT DE FREITAS SANTOS – POETISA MINEIRA<br />
“Nasci em São João Nepomuceno/MG, em 04/04/1950 e vim<br />
pequena para Juiz <strong>de</strong> Fora/MG, cida<strong>de</strong> que aprendi a amar e<br />
consi<strong>de</strong>rá-la também minha terra natal. Formei-me em Educação<br />
especializando na área infantil e exercendo durante alguns<br />
anos.Atualmente sou esposa e mãe na totalida<strong>de</strong>. Influenciada<br />
pela tecnologia do mundo virtual, encontrei grupos <strong>de</strong> poetas que<br />
levaram-me a <strong>de</strong>senvolver a arte <strong>de</strong> poetar que existia <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />
mim. Comecei tímida, escondida sob o cognome Margot F&S, aos<br />
poucos fui vencendo meus medos e floresci como Margot <strong>de</strong><br />
Freitas Santos. Combinando lembranças com realida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixo fluir<br />
em meus poemas, rabiscos do meu coração.”<br />
Blog: http://margotfreitassantos.zip.net/inicio/<br />
Livro <strong>Virtual</strong>:<br />
http://www.ebooks.avbl.com.br/biblioteca2/margotfs.htm<br />
E-mail :jrmargot@powerline.com.br<br />
ESCUTA MEU FILHO...<br />
Margot <strong>de</strong> Freitas Santos<br />
Tempo... que passa e que <strong>de</strong>ixa seu rastro.<br />
Rastro que marca, que fere, <strong>de</strong>sgasta.<br />
Desgasta laços, provocando feridas.<br />
Feridas fechadas são marcas da vida...<br />
Tempo que passa e não sabe voltar,<br />
Arrependimento... não po<strong>de</strong> curar,<br />
A dor que se ganha, no tempo perdido,<br />
Do amor recebido que ousou recusar!<br />
Se ainda há um momento na conta do tempo,<br />
Oriente-se adiante e refaça seus rastros,<br />
Não cubra as feridas nem limpe suas marcas,<br />
Fortaleça com elas e recupere seus laços!<br />
- 124 -
POEMA PARA UM GRANDE AMOR<br />
Margot <strong>de</strong> Freitas Santos<br />
Na sala <strong>de</strong> jantar sentados estamos:<br />
Parece visão, mas encontra-se ali.<br />
Deslizo meus <strong>de</strong>dos e encontro os seus.<br />
Contemplo você! Eu não lhe perdi!<br />
A sua rotina não mais me incomoda,<br />
Já não me importo com as idas e vindas.<br />
Carinhos que vem e <strong>de</strong>moram a voltar,<br />
Hoje me bastam e me levam a sonhar.<br />
Um etéreo olhar lágrimas a <strong>de</strong>slizar...<br />
Mas a chama do amor insiste em brilhar!<br />
Mãos entrelaçadas... Na sala <strong>de</strong> jantar,<br />
Nossa história <strong>de</strong> amor eternizará!<br />
O FASCÍNIO DO PECADO<br />
Margot <strong>de</strong> Freitas Santos<br />
Que fascínio é esse que você me impõe<br />
Quando atrevo-me a lhe procurar,<br />
Esqueço tudo, abandono o mundo,<br />
Só penso em você quero te encontrar!<br />
O céu cintila, minh'alma brilha,<br />
O sol resplan<strong>de</strong>ce, meu corpo aquece,<br />
A água cristalina minha emoção exterioriza<br />
E o gran<strong>de</strong> encontro se concretiza.<br />
Você fisgado se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo,<br />
Dou-lhe mais linha pra não cansar,<br />
A briga é forte você resiste<br />
Mesmo sabendo que vou ganhar.<br />
Perco o controle puxo bem forte<br />
Das águas claras vou lhe tirar,<br />
Esse fascínio, não consigo evitar,<br />
Meu maior pecado: os peixes que vou pescar!<br />
- 125 -
NAMORAR É PRECISO...<br />
Margot <strong>de</strong> Freitas Santos<br />
Por que o tempo insiste<br />
Em querer tudo acabar,<br />
Criando um universo triste<br />
Aos que persistem em sonhar?<br />
Quem disse que namorar<br />
É coisa <strong>de</strong> gente antiga,<br />
Deixou o tempo passar,<br />
Sem lembranças, vai ficar.<br />
Tão suaves eram as cantigas,<br />
O cinema ao entar<strong>de</strong>cer,<br />
Mãos dadas, ruas floridas,<br />
Serenatas ao anoitecer.<br />
E se as lembranças existem,<br />
Porque <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> sonhar,<br />
Se elas é quem aquecem<br />
O sublime namorar?<br />
ÁGUIA VERMELHA<br />
Margot <strong>de</strong> Freitas Santos<br />
Águia Vermelha, Rainha das Águias,<br />
Que voa nos céus da emoção e da razão.<br />
Vigorosa e guerreira cruza nossos caminhos,<br />
E trás entre as asas seu valente coração!<br />
Sobre nossos ninhos, em vôos <strong>de</strong> amor,<br />
Planeja a vigília da sua proteção,<br />
Águia esplendorosa, atenta... <strong>de</strong>safiante,<br />
Sob seus olhos, nada <strong>de</strong> mal nos po<strong>de</strong> acontecer.<br />
Águia Vermelha, dotada <strong>de</strong> força e <strong>de</strong>svelo,<br />
Regeneradora, é energia, é nossa guia.<br />
Somos seus pássaros, nobre rainha...<br />
Seu nome é Hélvia, exemplo, sabedoria!<br />
- 126 -
VOA, VOA BEIJA-FLOR<br />
Margot <strong>de</strong> Freitas Santos<br />
Segunda, terça, quarta,<br />
Todo dia sem cansar,<br />
Quinta, sexta, sábado,<br />
Ali ele sempre está.<br />
Nem mesmo domingo<br />
Hesita em me visitar,<br />
Chega todo coloridinho<br />
Coreografando belo voar.<br />
Vai e volta sem parar<br />
Faz <strong>de</strong> tudo para eu notar,<br />
Até parece que espreita<br />
Se eu estou a olhar.<br />
Voa, voa meu beija-flor<br />
Não queira me abandonar,<br />
Traga-me sempre a alegria<br />
Implícita nesse seu voar.<br />
ROSAS QUE FALAM<br />
Margot <strong>de</strong> Freitas Santos<br />
No livro guardada ficou,<br />
Esperou, secou e o tempo passou!<br />
Hoje recordo o que restou:<br />
Lembranças que o tempo não apagou.<br />
Dizem que rosas não falam,<br />
Mero engano <strong>de</strong>claro:<br />
Quantas lembranças exalam<br />
Formando um diálogo bem claro.<br />
Toco sua pétala enrugada,<br />
Acaricio minha face sulcada,<br />
E juntas sentimos a inquietação,<br />
Extravasando em nossa imaginação.<br />
- 127 -
Sua cor já não lembro mais.<br />
O nosso segredo! Esse jamais esqueci.<br />
E quando a sauda<strong>de</strong> aperta <strong>de</strong>mais,<br />
Abro o livro e olho para ti.<br />
CARROCEIRO X INCOMPREENSÃO<br />
Margot <strong>de</strong> Freitas Santos<br />
O dia clareia, mais um <strong>de</strong>safio.<br />
Homem castigado sela seu cavalo,<br />
Ajusta a carroça, solta um assobio,<br />
Manuseia o chicote, ecoa um estalo.<br />
Carroceiro irritado, sobe a avenida.<br />
Motoristas gesticulam exasperados,<br />
Lugar <strong>de</strong> carroceiro não é na avenida,<br />
Carroceiro e carros um emaranhado.<br />
Do ranger das rodas ecoa uma sinfonia.<br />
Lembranças! Vozes ecoam... “bom dia”.<br />
Foi entregador, ven<strong>de</strong>dor, subserviente.<br />
Hoje, apenas um sobrevivente <strong>de</strong>scrente.<br />
Gente, carros, buzinas... incompreensão.<br />
Carroceiro na avenida... pensa na vida.<br />
Coração acelerado... lembra o passado,<br />
A doçura do povo, respeitando sua lida.<br />
- 128 -
MARIA INÊS SIMÕES<br />
Bauru/SP – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 001 – 2001<br />
-----------------------------------------------------<br />
SOBRE A AUTORA:<br />
Nasceu em Bauru/SP em 13 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1958. Filha <strong>de</strong> André<br />
Corrêa da Silva e Iolanda Simões Silva. Curso Superior em Letras-<br />
Português pela USC – Bauru/SP. Des<strong>de</strong> pequena acalentou gran<strong>de</strong><br />
paixão por escritas em geral escrevendo contos, crônicas e<br />
poesias. Por volta <strong>de</strong> 1990 teve seu primeiro contato com um<br />
computador, <strong>de</strong>senvolvendo habilida<strong>de</strong>s na área <strong>de</strong> informática.<br />
Inspirada pela Internet construiu o poema "C@lice Cibernético"<br />
conquistando em 1998 o 1º Lugar no Concurso Municipal <strong>de</strong> Bauru<br />
e Região - Patrocinado pelos Correios (ECT). Em 2000 foi recebida<br />
pela <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> Bauruense <strong>de</strong> Letras como Membro Efetivo -<br />
Ca<strong>de</strong>ira 24. Passando em 2003 a Membro Agregado. Em 2007 foi<br />
recebida como Membro Efetivo do Clirc- Centro Literário Rio Claro<br />
em 2008 – Recebeu Diploma <strong>de</strong> Membro Correspon<strong>de</strong>nte da<br />
<strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> Maceioense <strong>de</strong> Letras e Diploma da Comenda Escritor<br />
Cipriano Jucá e respectiva medalha. Edita seus próprios contos e<br />
seus poemas na Internet, on<strong>de</strong> atua como fundadora web/master<br />
e <strong>de</strong>signer.<br />
Projetos Literários:<br />
• 2001 fundou: AVBL - <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Virtual</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Letras –<br />
Membro Efetivo e Fundadora nº 001. Patrono: Hélio <strong>de</strong> Aguiar e<br />
Patrona: Celina Alves Neves (www.avbl.com.br);<br />
• 2002 fundou: EBOOKNET – Bibliotecas Virtuais<br />
(www.ebooks.avbl.com.br);<br />
• 2003 fundou o Movimento Literário: <strong>VIRTUALISMO</strong> - Escola <strong>de</strong><br />
Autores, Escritores e Poetas Virtuais.<br />
(www.virtualismo.avbl.com.br). Projetos reconhecidos e aprovados<br />
pela UNESCO (United Nations Educational, Scientific and Cultural<br />
Organization - www.unesco.org/poetry).<br />
Publicações:<br />
• 1999 - Antologia Poética - “Vinte Poetas Bauruenses” participou<br />
como poeta e i<strong>de</strong>alizadora ao lado <strong>de</strong> Wagner Fernan<strong>de</strong>s (Projeto<br />
Bauru Poetas);<br />
• 2000 - Antologia Literária - "Ano 2000 - Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Poetas<br />
- 129 -
Virtuais". Participou como poeta e i<strong>de</strong>alizadora (Projeto Ipoesia e<br />
Bauru Poetas);<br />
• 2003 - Antologia Literária 2 - <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> Bauruense <strong>de</strong> Letras -<br />
(Membros Agregados);<br />
• 2004 - 1ª Antologia Poética - AVBL - Edição Histórica,<br />
i<strong>de</strong>alizadora do projeto on<strong>de</strong> reuniu 118 autores <strong>de</strong> 16 países (no<br />
Brasil 45 cida<strong>de</strong>s em 16 estados);<br />
• 2005 – 1ª Antologia Poética - "O Futuro Feito presente" Grupo<br />
Ecos da Poesia;<br />
• 2005 - Antologia Literária – “<strong>Virtual</strong>ismo Escola <strong>de</strong> Autores,<br />
escritores e Poetas Virtuais - Do <strong>Virtual</strong> para o Real” – I<strong>de</strong>alizadora<br />
do projeto on<strong>de</strong> reuniu 62 autores;<br />
• 2006 – Antologia Literária 3 - <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> Bauruense <strong>de</strong> Letras -<br />
(Membros Agregados);<br />
• 2006 – 2ª Antologia Poética-Literária AVBL - Edição Histórica;<br />
• 2007 - "O Futuro é Agora" Antologia IX - CLIRC - Centro Literário<br />
Rio Claro;<br />
• 2007 - "Antologia Poética VI - Mensageiros da Poesia -<br />
Associação Cultura Poética <strong>de</strong> Amora - Portugal;<br />
• 2007 - "Nosso Cantinho" Antologia X - CLIRC - Centro Literário<br />
Rio Claro.<br />
SO(M)BRA...<br />
Maria Inês Simões<br />
Debaixo do mesmo sol. Uma plantação vinga enquanto a<br />
outra se anula. Debaixo do mesmo sol, há chuva <strong>de</strong><br />
enfeites, e tempesta<strong>de</strong>s <strong>de</strong> canivetes. Vistas maquiadas <strong>de</strong><br />
lantejoulas e cifrão. Enquanto outras... Nuas <strong>de</strong>svestidas <strong>de</strong><br />
visão. Debaixo do mesmo sol tem um povo que é <strong>de</strong> lua, <strong>de</strong><br />
caviar e <strong>de</strong> grife nos cabelos. Debaixo do mesmo sol...<br />
Sobrevive gente que é <strong>de</strong> rua, <strong>de</strong> frisar a mesma lua e<br />
on<strong>de</strong>ar o mesmo sol. E nas sombras... Entre ondas e<br />
ondas... Esten<strong>de</strong>-se, tornando-se alternadamente côncavo e<br />
convexo. Com as mesmas moléstias e diferentes sintomas.<br />
Mesma pátria em diferentes idiomas. Debaixo do mesmo<br />
sol, todos os dias nasce à luz... Enquanto as trevas<br />
<strong>de</strong>scansam a sua sombra... O Universo Une... O Planeta<br />
planta... Alguns vingam... Enquanto outros...<br />
- 130 -
ALÉM DE MIM...<br />
Maria Inês Simões<br />
Existe uma maçã ver<strong>de</strong> caída no telhado. Um cachorro magro<br />
tentando viver neste espaço. Existe uma lagartixa comendo um<br />
lagarto. Grupos formados entre drogas, maçãs e abandonados.<br />
Existe um sonho <strong>de</strong> fera, fúria e fantasia. Um bolo sem festa caído<br />
na esquina. Um menino entre gra<strong>de</strong>s, poeiras e amigos. Sem<br />
sobre-vivência. Sem referência... Quantas vidas perdidas, quanta<br />
gente sofrida, entre tantos animais que pastam no pascigo-planeta<br />
muitos... Além <strong>de</strong> mim...<br />
(VI)VER.ME<br />
Maria Inês Simões<br />
Nada como olhar no fundo daqueles olhos e contemplar a<br />
verda<strong>de</strong>ira aparência.<br />
Vi... Coisa <strong>de</strong> louco, <strong>de</strong> verme e fugitivo.<br />
Lá estava ele entregue aos prazeres taciturnos. Era só mais uma<br />
conquista. Precisava fugir <strong>de</strong> si por alguns momentos. E,<br />
encontrar-se <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> outro ser... Que fosse fatal fêmea fácil.<br />
Facilitaria um momento <strong>de</strong> existir naquele espaço até então<br />
conquistado.<br />
Nada real... Passageiro... Um sorriso, palavras macias, um beijo e<br />
sexo só isso... Lembrar-se não ia no dia seguinte, quando mais<br />
uma porta fechasse e caísse na cama bêbado <strong>de</strong> aniquilar outra<br />
vida.<br />
Momentos sombrios <strong>de</strong> um mal-procedimento bem-sucedido, ao<br />
acaso dos instantes <strong>de</strong>sperdiçados naquela necessida<strong>de</strong> em ganhar<br />
diferentes carinhos.<br />
Cafajeste? Não! Inocência pura <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sejo até então nunca<br />
realizado. Encontrar-se consigo mesmo. Nada... como olhar no<br />
fundo daqueles olhos...<br />
- 131 -
MA(TE.MA)TICA<br />
Maria Inês Simões<br />
Oito ou oitenta, um mais um são dois... On<strong>de</strong> existem números<br />
existe perfeição. Os números não mentem. Exatos... Sempre. Na<br />
conclusiva-vida. Origem verda<strong>de</strong>. Em tempo numeração, no<br />
espaço metrificação. E Eu Sou Quem? Nasci no dia qual, na hora<br />
tal. A cada segundo respiro o que po<strong>de</strong>ria ser meu último instante.<br />
Acordo nas manhãs <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um período, e me pergunto até<br />
quando? Quem saberia a equação <strong>de</strong> um corpo-existência? De<br />
on<strong>de</strong> viemos, para on<strong>de</strong> vamos? Mas, a verda<strong>de</strong> está nos<br />
números... Rememoro. On<strong>de</strong> soma é mais uma palavra, e nem<br />
sempre significa resultado. Preparação orgânica composta <strong>de</strong><br />
carbono, oxigênio e hidrogênio <strong>de</strong>rramados em fogos<br />
<strong>de</strong> sacrifícios. Expressão quantida<strong>de</strong>... Fator levianda<strong>de</strong>... Olho<br />
para o céu, impossível contar as estrelas firmadas no universo.<br />
Olho em teus olhos, impossível contar as lágrimas firmadas em<br />
cada verso. Penso... Em mim... Por que as letras e não os<br />
números...<br />
SERÁ?<br />
Maria Inês Simões<br />
Alguma coisa fazia com que o azulão não cantasse ao meio-dia.<br />
Talvez fosse... Sua barriga vazia.<br />
Alguma árvore impedia que o fio não <strong>de</strong>scarregasse sua energia.<br />
Talvez fosse... O fogo que a consumia.<br />
Algum órgão não permitia que o cantor entoasse sua melodia.<br />
Talvez fosse o instrumento, sem corda e sem alegria.<br />
Algum motivo conseguia que o poeta não escrevesse sua poesia.<br />
Talvez fosse a falta daquela fantasia.<br />
Algum <strong>de</strong>talhe<br />
Algum assunto<br />
Algum mistério<br />
Talvez fosse a musa que ele não tinha.<br />
- 132 -
NU.LA<br />
Maria Inês Simões<br />
Sem cor, sem <strong>de</strong>sejos, sem pudor. Vagava madrugada a fora, em<br />
diâmetro <strong>de</strong> um quarteirão.<br />
- Já passou por aqui três vezes. Dizia o observador.<br />
- Mas a narrativa é onisciente. Relembrava o pássaro, que<br />
passando tempo no fio também atentava.<br />
- Vou aguardar mais um pouco, se ela passar aqui novamente, vou<br />
perguntar – “Qua’lé a sua ô da caminhada? Sai logo <strong>de</strong>sta estrada.<br />
Não vê que já vai raiar o dia? Daqui a pouco isto aqui ferve<br />
<strong>de</strong> gente. E a visão será compartilhada. Ou vc se manda ou então,<br />
vê se enrola em toalha.”<br />
- Faz isso não... Observador maluco. Deixa a mulher andar pelada.<br />
Não tira a alegria <strong>de</strong>ste pobre pássaro, sem asa e sem escada.<br />
BASE.ANDO QUEM?<br />
Maria Inês Simões<br />
E do pomo-<strong>de</strong>-adão ouviu-se um palavrão “e quem disse que eu<br />
queria esse tal <strong>de</strong> livre arbítrio, rock in roll, Maria e Joana e<br />
marijuana. Só queria o paraíso e <strong>de</strong>sfrutar <strong>de</strong>ste mundão. Sem<br />
essa <strong>de</strong> trabalho, cansaço, política e televisão. Só queria o<br />
<strong>de</strong>scampado a tocar a sola <strong>de</strong> meus pés. Só queria andar nu sem<br />
cabresto e munição. Só queria da costela ter <strong>de</strong> volta o coração”.<br />
- Adão... Adão... Te fiz a minha imagem e semelhança. Te <strong>de</strong>i a<br />
liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> errar e ter perdão. Não reclama <strong>de</strong>sta vida que te<br />
acrescento solidão.<br />
ERVA.MATE<br />
Maria Inês Simões<br />
Nasceu, como relva esquisita <strong>de</strong> semente qualquer levada no bicodo-tempo.<br />
Não era árvore nem arbusto. Vegetou espontânea. Sua<br />
cor? Diurna - amarela, noturna ver<strong>de</strong> ban<strong>de</strong>ira. Sem pátria e sem<br />
solo. Sem raiz e sem étimo.<br />
Restava-lhe o céu e acreditar no <strong>de</strong>us-pássaro-dará. Sua linhagem<br />
a ser espalhada pelos campos e asfaltos. Introduzindo-se pouco a<br />
pouco nos mares absolutos.<br />
- 133 -
MARIA INEZ FONTES RICCO (MIFORI)<br />
São José dos Campos/SP – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 281 – 2003<br />
-----------------------------------------------------<br />
MIFORI (Maria Inez Fontes Ricco).<br />
Suas poesias falam <strong>de</strong> amor, vida, valores, e buscam retratar<br />
sentimentos, emoções e fatos do cotidiano.<br />
(En<strong>de</strong>reço da publicação)<br />
CHUVAS DE BEIJOS<br />
Mifori<br />
Assim que o sol se escon<strong>de</strong>u<br />
Atrás das montanhas<br />
Ele logo apareceu,<br />
E a lua que acompanha<br />
As estrelas lá no céu,<br />
Com toda sua manha<br />
Ali permaneceu<br />
E ainda fez campanha<br />
Perfumando os lábios meus<br />
Sem nenhuma artimanha<br />
Meu coração escreveu:<br />
Bem-vindo são os beijos teus!<br />
MULHER(Acróstico)<br />
Mifori<br />
M ulher! Tu, ontem, corrias <strong>de</strong> olhos vedados,<br />
U m anjo, nas dores do amor ar<strong>de</strong>nte.<br />
L uz e sombra refletida na tela da vida.<br />
H oje, tu és in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.<br />
E mancipada...<br />
R econhecida!<br />
APARÊNCIA(Poetrix)<br />
Mifori<br />
Nada significa.<br />
Reconstitui<br />
A autoconfiança.<br />
- 134 -
A CARTA QUE NÃO ENVIEI<br />
Mifori<br />
Hoje, faz um ano que nos conhecemos e é como se fosse ontem.<br />
Lembro-me bem daquele lindo dia! Sinto as mesmas vibrações que<br />
nos atraíram um ao outro. Ouço nossas juras <strong>de</strong> amor. Como o<br />
perfume da primavera, que a brisa espalha conivente, sinto, ainda,<br />
seu perfume envolvente, aquiescendo minha alma com a<br />
lembrança <strong>de</strong> sua voz suave e sedutora, sussurrando lindas<br />
palavras <strong>de</strong> amor!<br />
É bom saber que me apaixonei assim que o vi.<br />
Esses seus olhos ver<strong>de</strong>s amendoados, vindo em minha direção,<br />
iluminados, como se possuíssem a luz do Sol, naquele dia <strong>de</strong> verão<br />
nos trópicos, <strong>de</strong>ixou-me extasiada e sem fôlego...<br />
Lembra-se?...<br />
Você precisava urgentemente arrumar uma noiva e eu fui e ainda<br />
sou a sua noiva, a noiva do <strong>de</strong>stino. Sou a noiva do <strong>de</strong>stino!...<br />
Havia algo <strong>de</strong> diferente a cintilar em seus olhos, a mostrar a sua<br />
sensibilida<strong>de</strong> e fascínio. E eu me encantei!<br />
Procurei disfarçar, embora me sentisse <strong>de</strong>slumbrada pelos<br />
acontecimentos. À medida que convivia com você sentia que já<br />
éramos conhecidos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o eternamente e assim, por amor,<br />
conscientemente, entreguei-me <strong>de</strong> corpo, alma e coração.<br />
“Você foi meu sonho e eu, a sua solução circunstancial”.<br />
Assim pensei por mais <strong>de</strong> três meses após a nossa inexplicável<br />
separação.<br />
Por que fizera isso comigo!<br />
Eu aceitei compactuar com tal evento porque já estava apaixonada<br />
por você. E o amor se solidificou no nosso dia-a-dia. E, ter me<br />
dispensado friamente dilacerou meu coração.<br />
Hoje sei o quanto custou a você tal atitu<strong>de</strong>, embora, não concor<strong>de</strong><br />
com ela.<br />
Por que não me disse toda a verda<strong>de</strong>?... Já pensou que talvez eu<br />
soubesse compreen<strong>de</strong>r?... Não iria viver ao seu lado por<br />
compaixão porque o amei <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o primeiro instante e ainda o<br />
amo.<br />
Quero vê-lo. Como se possível fosse, voltar no tempo e dizer-lhe<br />
que “se eu fosse você voltava correndo pra mim”.<br />
Eu não o esqueci, e sei que o amarei por toda a eternida<strong>de</strong>.<br />
A sauda<strong>de</strong> dói, sufoco o choro, as lágrimas caem.<br />
Amor! On<strong>de</strong> quer que esteja receba o meu abraço carinhoso.<br />
- 135 -
UM POSSÍVEL NAMORADO<br />
Mifori<br />
Havia chovido naquela tar<strong>de</strong><br />
Tudo parecia fresco e puro<br />
A vida renovava com arte<br />
Como algo duradouro e seguro.<br />
Com força, bateu meu coração<br />
Justo na hora da ave-Maria<br />
Quando ele ergueu a mão<br />
E meus cabelos tocou com maestria.<br />
Respirei com dificulda<strong>de</strong>.<br />
Coração quis do peito escapar<br />
Com receio <strong>de</strong> não ser verda<strong>de</strong><br />
O que acabara <strong>de</strong> escutar.<br />
Não foi meu primeiro namorado<br />
Por quem um dia eu morreria<br />
Mas, o mais gentil e amado<br />
Com quem, eternamente viveria.<br />
UMA BRISA SUAVE<br />
Mifori<br />
Adormeci em seus braços.<br />
O corpo satisfeito,<br />
A mente em paz.<br />
Para o paraíso<br />
Fui levada<br />
O céu era...<br />
Um manto<br />
De veludo negro<br />
Salpicado<br />
De estrelas.<br />
- 136 -
MARIA ZÉLIA NICOLODI<br />
Curitiba/PR – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 673 – 2008<br />
-----------------------------------------------------<br />
Maria Zélia Nicolodi. Escritora e Poetisa <strong>Brasileira</strong><br />
...sou como o vento, sem tempo.<br />
...como fogo <strong>de</strong> crepitar lento,<br />
mordaça que imola as palavras<br />
que atola em <strong>de</strong>sgraças<br />
... e ignora<br />
sou febre sem cura,<br />
incansável procura...<br />
sou aquela que guia e caça,<br />
sou <strong>de</strong> raça.<br />
aquela que atura,<br />
que não <strong>de</strong>scompassa<br />
que às vezes, fracassa e satura<br />
mas, não se abate.<br />
sou como o cão que late,<br />
que alerta o embate.<br />
<strong>de</strong>gusto a vida em fel ou mel,<br />
e sou fiel.<br />
- 137 -
GENTE NUA<br />
Maria Zélia Nicolodi<br />
Muitas vezes encontro pela rua,<br />
sob marquises, gente adormecida...<br />
Esfarrapada, suja e seminua,<br />
que no relento, arrasta sua vida!<br />
Quando acorda, o sol já vai bem alto.<br />
Com gestos lentos, dobram cobertores,<br />
bem <strong>de</strong>vagar, sem nenhum sobressalto<br />
como fossem veteranos atores...<br />
Sem pressa, nessa vida sem <strong>de</strong>stino<br />
pisam os passos <strong>de</strong> não sei pra on<strong>de</strong>...<br />
levados quiçá, pelo <strong>de</strong>satino.<br />
Pra trás, ficaram todas as lembranças...<br />
Nada perguntam e ninguém respon<strong>de</strong>.<br />
Sombras nuas seguem, sem confiança!<br />
NÉVOA NAS VIDRAÇAS...<br />
Maria Zélia Nicolodi<br />
Nem percebes o quão ligeira passa<br />
essa vida que engoles sem sentir...<br />
Que aos poucos se dilui feito fumaça,<br />
trazendo rente a hora <strong>de</strong> sair...<br />
Não <strong>de</strong>ixes dispersarem tuas graças,<br />
nem a areia entre os <strong>de</strong>dos escapulir...<br />
Desnuda todo medo e as couraças,<br />
inundando <strong>de</strong> luz o teu porvir!<br />
Usa então as retinas como taças<br />
saturando da vida o elixir<br />
e se livra <strong>de</strong> vez <strong>de</strong>ssas mordaças...<br />
E a doçura do amor que chega e enlaça<br />
finalmente faça da alma abolir<br />
a triste e dúbia névoa das vidraças<br />
- 138 -
NANCI R. FARIA<br />
Santo André/SP – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 452 – 2006<br />
-----------------------------------------------------<br />
NO SILÊNCIO<br />
Nanci R. Faria<br />
Ao cair a tar<strong>de</strong> me vi caminhando na praia.<br />
Aos poucos fui me envolvendo no silêncio da noite que<br />
parecia mais escura que nunca.<br />
Olhei ao redor e apenas vislumbrei as estrelas envoltas em<br />
nuvens.<br />
Só o barulho do mar rompia o suave silêncio.<br />
As ondas quebravam calmas na areia e banhavam meus pés<br />
<strong>de</strong>scalços.<br />
Abri os braços tentando encontrar conforto.<br />
Nada... estava completamente só.<br />
De repente, como um bálsamo,<br />
uma paz imensa invadiu todo meu ser já tão cansado.<br />
Percebi que estar ali sozinha era minha doce companhia.<br />
Sorri.<br />
Caminhei com passos seguros, sem medo e mergulhei na<br />
escuridão.<br />
O corpo molhado, a mente vazia.<br />
O silêncio me dizendo que um dia eu seria novamente feliz.<br />
As lágrimas há tempos teimando em meus olhos,<br />
<strong>de</strong>sceram quentes e levaram o medo <strong>de</strong> ser tão só!<br />
maio/03<br />
SONHOS PERDIDOS<br />
Nanci R. Faria<br />
Quando os sonhos se vão a vida fica como...<br />
... arco-íris sem cor<br />
mar sem ondas<br />
cachoeira sem prata<br />
eu... em cascata.<br />
- 139 -
...paixão sem amor<br />
brilho sem cor<br />
céu sem estrelas<br />
eu... em ca<strong>de</strong>ias.<br />
...céu sem luar<br />
choro sem lágrima<br />
casal sem par<br />
eu... sem lutar.<br />
...chuva sem água<br />
país sem ban<strong>de</strong>ira<br />
morro sem ribanceira<br />
eu... sem eira nem beira.<br />
...sol sem sombra<br />
mata sem ver<strong>de</strong><br />
rio sem corrente<br />
eu... inocente.<br />
...vida sem lenda<br />
filme sem legenda<br />
bicho sem cio<br />
eu... um vazio.<br />
...sono sem sonhos<br />
tranqueira na enchente<br />
abelha sem mel<br />
eu... jogada ao léu<br />
Mas a cascata luta e se solta das ca<strong>de</strong>ias.<br />
Preenche seu vazio escapa da ribanceira.<br />
Apesar <strong>de</strong> inocente segue em frente.<br />
Já não <strong>de</strong>riva ao léu,<br />
se fortalece, se arma<br />
e confiante... ruma ao céu!<br />
jun./04<br />
- 140 -
NEYDE NORONHA<br />
Niterói/RJ – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 460 – 2006<br />
-----------------------------------------------------<br />
ECOS DO FIM<br />
Ney<strong>de</strong> Noronha<br />
Tentei afastar em vão<br />
O pesa<strong>de</strong>lo e a solidão<br />
Ecos do passado<br />
Guardiões silenciosos<br />
Vigiam a paz<br />
Que insisto em perseguir<br />
O sonho se transforma em real<br />
Enquanto fantasmas vigilantes<br />
Dominam a noite<br />
Ecos <strong>de</strong> mim<br />
Se esvaem em lágrimas<br />
Pela sauda<strong>de</strong> que <strong>de</strong>ixaste<br />
Nunca mais!<br />
Realida<strong>de</strong> cruel<br />
Trouxe <strong>de</strong> volta a dor<br />
Ciladas e mentiras<br />
Ecos <strong>de</strong> sentimentos<br />
Perfil jamais visto,<br />
Intrigas, sem fim.<br />
Som<br />
Sinos<br />
Olhar <strong>de</strong> minh'alma<br />
Mingua<br />
Vítima oculta<br />
Em morte prematura<br />
Ecos do fim<br />
15.6.2004<br />
- 141 -
ALGO PARA DIZER<br />
Ney<strong>de</strong> Noronha<br />
Lá fora a noite é fria<br />
Venta no terraço gelado<br />
Plantas acenam para as outras<br />
Só isto se consegue ver<br />
Volto para a cama<br />
Espero um telefonema<br />
Lamento<br />
Sinto que nada tenho a fazer<br />
Lavo-me, perfumo o meu corpo<br />
Olho-me no espelho<br />
Penso<br />
Fumo<br />
Tomo um cálice <strong>de</strong> vinho<br />
Escovo os <strong>de</strong>ntes<br />
MOÇO<br />
Ney<strong>de</strong> Noronha<br />
Tenho um bichinho <strong>de</strong> estimação<br />
Que dorme pertinho <strong>de</strong> mim<br />
Ao lado da minha cama<br />
Tão fria<br />
On<strong>de</strong> me agasalho para não congelar.<br />
O meu cãozinho me olha tristonho<br />
Será que ele pensa,<br />
o que eu estarei pensando?<br />
-No silêncio do seu olhar!<br />
Meu quarto não é azul da cor do céu<br />
A cor branca da paz, não consegue satisfazer o meu maior <strong>de</strong>sejo<br />
Falta alguém tão mágico<br />
Que me traga o carinho que tanto quero<br />
Beijos quentes<br />
Lábios queimando a minha boca se<strong>de</strong>nta<br />
Ao som acalentador das eternas canções<br />
Nossos corpos cansados se esten<strong>de</strong>rão na solitária cama<br />
Até ao amanhecer<br />
Na realida<strong>de</strong>, chegou o sono, sonho, ou sono, sonho!<br />
- 142 -
CURTINHAS<br />
O DOM DA PALAVRA<br />
Ney<strong>de</strong> Noronha<br />
Palavra é dom<br />
Castelo <strong>de</strong> areia<br />
Que se constrói<br />
Palavra não é solidão<br />
É poeira, é vento e ação<br />
Mutante, constrói castelos<br />
Derruba muros, acalenta sonhos<br />
Une e separa corações<br />
*********<br />
TUDO OU NADA<br />
Ney<strong>de</strong> Noronha<br />
O silêncio me apraz<br />
A solidão me incapacita<br />
A rejeição me <strong>de</strong>sola<br />
O <strong>de</strong>safio me excita<br />
26/01/200<br />
*************<br />
- 143 -
MELANCOLIA<br />
Ney<strong>de</strong> Noronha<br />
Uma árvore foi podada<br />
Sem vida, tombou<br />
No campo fértil da Vida<br />
O vazio fez guarida<br />
A melancolia se alojou.<br />
********<br />
BANDOLEIRO<br />
Ney<strong>de</strong> Noronha<br />
Alguém inspirou-me<br />
Paixão irresistível<br />
Fez-me acordar<br />
Porque um dia é preciso<br />
Parar <strong>de</strong> sonhar<br />
Tirar os planos das gavetas<br />
E, <strong>de</strong> algum modo<br />
Recomeçar....<br />
- 144 -
ODETE RONCHI BALTAZAR<br />
Florianópolis/SC – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 078 – 2001<br />
-----------------------------------------------------<br />
MINHA TERNURA EM TUAS MÃOS<br />
o<strong>de</strong>teronchibaltazar<br />
Entre o dito e o não-dito<br />
fica a mágoa,<br />
instalada<br />
no peito<br />
que dói.<br />
Entre as palavras que ferem<br />
<strong>de</strong>ixo estar<br />
minha poesia<br />
que embalava nossos sonhos<br />
e umas tantas fantasias.<br />
Entre os versos tontos<br />
fica minha ternura,<br />
ainda pura,<br />
que procura por teu ninar.<br />
Entre minhas lágrimas<br />
<strong>de</strong>ixo os meus sonhos que,<br />
tolos,<br />
insistem em te buscar.<br />
- 145 -
INSENSATA<br />
o<strong>de</strong>teronchibaltazar<br />
Quis te <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> lado<br />
e te fazer meu objeto usado e <strong>de</strong>scartado.<br />
Sim, eu quis...<br />
Não adiantou.<br />
Fiquei infeliz.<br />
De boba até chorei,<br />
e me <strong>de</strong>scabelei,<br />
<strong>de</strong>primi.<br />
Agora estou aqui:<br />
mais uma e mais outra vez,<br />
sem vergonha na cara,<br />
sem um pingo <strong>de</strong> amor-próprio,<br />
escancarando minha insensatez.<br />
O que este amor me fez?<br />
Nunca vou enten<strong>de</strong>r.<br />
Desisti <strong>de</strong> vez...<br />
ILUSIONISMO<br />
o<strong>de</strong>teronchibaltazar<br />
Pintas-me<br />
com cores inventadas<br />
pelas tuas próprias mãos.<br />
Sou sonho,<br />
sou luz,<br />
em poesia criados,<br />
pela tua ilusão.<br />
Que faço agora<br />
com as fantasias<br />
que colocaste em meus dias?<br />
Sonho-as contigo<br />
ou as guardo,<br />
solitariamente,<br />
em meu coração?<br />
- 146 -
PORQUE ESTOU FELIZ...<br />
o<strong>de</strong>teronchibaltazar<br />
Não me surpreen<strong>de</strong> o sorriso matreiro<br />
que ora pinta no meu rosto.<br />
Ele é a ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>sfraldada,<br />
o outdoor escancarado<br />
da minha alma em festa.<br />
Agradam-me as asas dos pés<br />
e o brilho <strong>de</strong> asas <strong>de</strong> borboletas<br />
no olhar.<br />
Encantam-me as risadas cristalinas<br />
dizendo versos<br />
em dourados <strong>de</strong> outono.<br />
Divirto-me com as bolhas da água da chuva<br />
na calçada a salpicar<br />
meus sapatos.<br />
Saboreio o vento revirando<br />
as toalhas no varal.<br />
Colho raios <strong>de</strong> sol<br />
em cada folha do jasmim,<br />
bebo cristais das folhas luzidias pela manhã...<br />
Danço serelepe em nuvens<br />
grávidas <strong>de</strong> chuva.<br />
Encontro adjetivos em verbos prontos.<br />
Sou palavra pronta para ser lida,<br />
começo e final,<br />
a mão que cabe em tua luva,<br />
o <strong>de</strong>spertar <strong>de</strong>ntro do sono...<br />
Tenho a se<strong>de</strong> e a água,<br />
a frase e o último ponto,<br />
a caneca e o café.<br />
De todos os bens que tenho a <strong>de</strong>clarar<br />
eu digo sem pestanejar:<br />
Estou aqui à tua espera,<br />
tenho asas prontas para voar.<br />
- 147 -
PEDRO ARTURO PADILLA<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro/RJ – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 511 – 2006<br />
-----------------------------------------------------<br />
UM BREVE AGRADECIMENTO<br />
Gosto <strong>de</strong> escrever poesias mas não sou escritor, escrevo poesias<br />
sim, e dizem até que escrevo “coisas interessantes”; só que para<br />
isso necessito mudar <strong>de</strong> mundo, sair da minha realida<strong>de</strong> exata,<br />
precisa e gélida, galgada em anos e anos <strong>de</strong> convívio profissional<br />
com engenheiros, administradores, estatísticos e matemáticos,<br />
para mergulhar em outra dimensão na qual tudo acontece <strong>de</strong><br />
modo diferente, a começar pelo uso <strong>de</strong> nossa máquina <strong>de</strong> pensar,<br />
o cérebro. Nesta nova dimensão <strong>de</strong>ixamos <strong>de</strong> lado a álgebra e o<br />
sistema métrico, para sermos comandados pela métrica das<br />
palavras, que nos levam para um mundo <strong>de</strong> sonhos, cores,<br />
formas, sentimentos e abstrações.<br />
Acredito que o poeta já nasce poeta e que ao longo dos anos ele<br />
se aperfeiçoa, cresce e em muitos casos a genialida<strong>de</strong> logo<br />
aparece. O poeta acorda poeta e mesmo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um dia <strong>de</strong><br />
trabalho exaustivo, on<strong>de</strong> cumpre com todas as obrigações <strong>de</strong> um<br />
cidadão comum, ainda assim, ao se <strong>de</strong>itar ele continua poeta.<br />
O poeta acorda poeta e a noite ao se <strong>de</strong>itar ainda continua sendo<br />
poeta, diria mais, o poeta nasce poeta e poeta permanece até seu<br />
último suspiro, até a última batida <strong>de</strong> seu coração. Ainda que seus<br />
pulmões e coração, também poetas, tenham se exauridos, ainda<br />
assim, o poeta se perpetuará através <strong>de</strong> seu novo corpo físico,<br />
simbolizado a partir <strong>de</strong>sse momento pelo conjunto <strong>de</strong> suas obras,<br />
<strong>de</strong> seus livros e <strong>de</strong> seus ensaios, enquanto sua alma, ah, isso é<br />
tudo pelo qual o poeta esperou por tanto tempo, sua alma estará<br />
totalmente livre para criar e sem limites para sonhar.<br />
Dedico essas páginas à minha mãe, que com seu modo simples <strong>de</strong><br />
ser, carinho e extremada <strong>de</strong>dicação, me mostrou através do<br />
exemplo <strong>de</strong> sua própria vida que nunca <strong>de</strong>vemos <strong>de</strong>sistir dos<br />
nossos sonhos, e que a verda<strong>de</strong>ira poesia da vida consiste em<br />
realizarmos com o coração, transpirarmos pelo coração e nos<br />
entregarmos sempre <strong>de</strong> coração. Passei a enten<strong>de</strong>r um pouco o<br />
- 148 -
que é poesia quando comecei a falar mais com meu coração, e por<br />
isso também te agra<strong>de</strong>ço querida mãe, te agra<strong>de</strong>ço pelo poeta que<br />
nasceu em mim, graças a você, e que agora começa a dar seus<br />
primeiros passos.<br />
CORAÇÃO<br />
Pedro Arturo Padilla<br />
Coração,<br />
her<strong>de</strong>iro da alma na terra,<br />
preposto do metafísico em corpo físico,<br />
metáfora perfeita do amor,<br />
literalmente é vida.<br />
Coração,<br />
quando pulsa é corpo,<br />
quando vibra é alma,<br />
quando pulsa é vida,<br />
quando vibra é sonho.<br />
Coração,<br />
com ele o corpo respira,<br />
a alma se inspira,<br />
o corpo obe<strong>de</strong>ce,<br />
e a poesia se cria.<br />
Coração,<br />
bater não é garantia<br />
<strong>de</strong> que haja vida plena ao redor do sistema,<br />
pois se o amor não conhece a criatura,<br />
esta traçou no tempo uma pálida figura,<br />
do que foi a sua vida – vil caricatura.<br />
- 149 -
NAVEGAR<br />
Pedro Arturo Padilla<br />
Navegar pela imensidão do pensamento,<br />
<strong>de</strong>sbravar sentimentos,<br />
volúpias afetivas do ser.<br />
Ou não ser, apenas ficar, sentir, respirar,<br />
comungar da força dos mares calmos<br />
rumo ao porto seguro dos seus braços.<br />
Tormentosas e profundas emoções,<br />
tórridas paixões<br />
a arrebatar minh'alma do convés da vida,<br />
viés <strong>de</strong> um novo mundo rumo ao <strong>de</strong>sconhecido.<br />
Sim, navegar é preciso...<br />
JÓIA RARA<br />
Pedro Arturo Padilla<br />
Vinda <strong>de</strong> uma época distante<br />
conhecestes pois Atlântida,<br />
Deusa épica, mito perdido,<br />
aceitas-me em seu É<strong>de</strong>n radiante.<br />
Alvo como a paz da lua<br />
teu sorriso se revela,<br />
lúdica forma secreta<br />
<strong>de</strong> amar sereno e belo.<br />
Nascestes com a esperança<br />
concebida em seu ver<strong>de</strong> olhar,<br />
carregues sempre contigo<br />
a liberda<strong>de</strong> do mar.<br />
Dourado são seus cabelos<br />
assim como seu coração,<br />
me abraças junto com o mundo,<br />
nunca me <strong>de</strong>ixes em vão.<br />
- 150 -
LUNA<br />
Pedro Arturo Padilla<br />
Lua que te quero nua,<br />
alvo corpo sobre a cama que parece flutuar.<br />
Completa-me Luna, veste-me com teu corpo,<br />
leva-me a loucura do prazer insano da carne.<br />
Luna <strong>de</strong> sedutora forma,<br />
por contornos <strong>de</strong>licados e irretocáveis<br />
seu sexo se revela,<br />
efêmero contraste <strong>de</strong> tons e cores.<br />
Pêlos dourados,<br />
lábios vermelhos,<br />
mamilos rosados<br />
revelam o caminho<br />
do nirvana sagrado.<br />
Ópio <strong>de</strong> prazer, teu corpo meu lar,<br />
jardim do é<strong>de</strong>n, fonte estelar<br />
<strong>de</strong> cópula ar<strong>de</strong>nte, Luna calhiente<br />
te espero <strong>de</strong> novo no próximo ciclo lunar.<br />
- 151 -
NUA<br />
Pedro Arturo Padilla<br />
Quero ficar nua,<br />
me <strong>de</strong>spir completamente,<br />
tirar peça por peça<br />
sem pressa, lentamente.<br />
Agora que estou nua,<br />
roupas largadas ao chão,<br />
ainda não me sinto nua,<br />
preciso me <strong>de</strong>spir ainda mais.<br />
Me <strong>de</strong>spir da fragilida<strong>de</strong> da carne<br />
e <strong>de</strong> corpo e alma me sentir pura,<br />
me tornar um anjo.<br />
Para te buscar no céu preciso estar nua.<br />
Do pretérito <strong>de</strong> amar preciso escapar<br />
para apenas no presente conjugar,<br />
tudo que <strong>de</strong>sejar<br />
e tudo que me torne verda<strong>de</strong>iramente nua.<br />
Preciso me <strong>de</strong>spir <strong>de</strong> todos os ódios<br />
para nas nuvens te encontrar<br />
enquanto hesitas em voltar.<br />
Nua preciso estar para te conceber.<br />
Preciso me <strong>de</strong>spir dos males da terra<br />
para seu primeiro canto escutar,<br />
anunciando em seu primeiro choro<br />
a alegria do voltar, a alegria do eterno amar.<br />
- 152 -
À FLOR DA PELE<br />
Pedro Arturo Padilla<br />
Serena, à flor da pele revela<br />
suaves marcas <strong>de</strong>ixadas,<br />
lentamente planejadas,<br />
docemente <strong>de</strong>senhadas,<br />
igual a tela pintada,<br />
obra <strong>de</strong> arte esculpida<br />
pelo poeta do tempo<br />
na longa estrada da vida.<br />
Carente, à flor da pele recente<br />
daquele toque <strong>de</strong> gente,<br />
daquele abraço sem pressa,<br />
<strong>de</strong> carinho sem hora marcada,<br />
da carícia em forma <strong>de</strong> gesto,<br />
do sorriso dado <strong>de</strong> graça,<br />
do braço estendido que envolve,<br />
da mão que consola e comove.<br />
Salgada, à flor da pele revela<br />
o doce cansaço do corpo,<br />
ato contínuo do esforço,<br />
balé ofegante da carne<br />
capaz <strong>de</strong> levar para longe<br />
o lógico entendimento do óbvio,<br />
transformando o corpo em arte<br />
e toda energia em paixão.<br />
- 153 -
UM SEGUNDO<br />
Pedro Arturo Padilla<br />
Eram apenas dois sós<br />
cercados por tantos nós,<br />
cada um em seu mundo,<br />
cada qual em seu rumo,<br />
fantasias ao fundo.<br />
E por serem dois sóis,<br />
brilhavam por sobre nós,<br />
clareavam nossos mundos,<br />
aqueciam mares turvos,<br />
mas também se queimavam fundo<br />
e se machucavam forte.<br />
E novamente os dois tais<br />
se choraram como íons mortais,<br />
e se tocaram e se balançaram como barcos no cais,<br />
e se enroscaram e entrelaçaram como plantas – fugaz,<br />
e por um breve momento se esqueceram <strong>de</strong> tudo,<br />
<strong>de</strong> todas as coisas banais,<br />
se esqueceram do mundo e jornais<br />
para viverem um segundo, não mais.<br />
- 154 -
PEDRO VALDOY<br />
Lisboa/Portugal<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 231 – 2003<br />
-----------------------------------------------------<br />
O AUTOR<br />
Francisco Pedro Curado Neves nasceu em Estremoz a 25 <strong>de</strong> Março<br />
<strong>de</strong> 1937. Tirou o ensino secundário em Lisboa e o curso <strong>de</strong><br />
Máquinas Marítimas na Escola Náutica Infante Dom Henrique.<br />
De 1955 a 1958 esteve em Lourenço Marques a trabalhar na<br />
Repartição <strong>de</strong> Finanças e como jornalista com o pseudónimo <strong>de</strong><br />
Pedro Valdoy. Em Agosto <strong>de</strong> 1958 regressou a Lisboa, on<strong>de</strong><br />
permaneceu até agora. Durante seis anos navegou por esses<br />
mares em navios Paquetes como Oficial Engenheiro <strong>de</strong> Máquinas,<br />
em especial pelo continente africano. Devido ao casamento, pôs as<br />
viagens <strong>de</strong> lado e foi admitido na E.D.P. até se reformar.<br />
ACTIVIDADE LITERÁRIA<br />
Des<strong>de</strong> os oito anos que adora escrever. Quando estudante, fundou<br />
o jornal <strong>de</strong> Pare<strong>de</strong> O GAVIÃO. Conviveu com Reinaldo Ferreira,<br />
filho do repórter X, Moura Coutinho e José Craveirinha, então<br />
director do BRADO AFRICANO. Tem poemas publicados em vários<br />
jornais <strong>de</strong> Moçambique, Ilha da Ma<strong>de</strong>ira e Portugal Metropolitano.<br />
Participou nos Encontros <strong>de</strong> Poesia realizados em Vila Viçosa, em<br />
1988. Colaborou em diversas antologias <strong>de</strong> poesia. Em 1990<br />
publica o livro <strong>de</strong> poemas, POEMAS DO ACASO. Em 1991 edita<br />
mais um <strong>de</strong> poesia, HÁ CANDEIAS NO FIRMAMENTO. NO SILÊNCIO<br />
DE UMA PALAVRA sai em 2001 e em 2002 A MONTANHA AGRESTE<br />
também <strong>de</strong> poesia. Presta Colaboração nos jornais POETAS &<br />
TROVADORES e ARTES & ARTES. Colaborou em algumas<br />
antologias da Associação Portuguesa <strong>de</strong> Poetas e da Tertúlia Rio <strong>de</strong><br />
Prata. Tem alguns livros virtuais publicados.<br />
- 155 -
UMA ROSA<br />
Pedro Valdoy<br />
Na floresta da vida<br />
o milagre renova-se<br />
na solidão a maravilha<br />
ressurge<br />
As plantas<br />
entoam seu canto<br />
que o homem não percebe<br />
enleado nas teias da vida<br />
Num cantinho<br />
<strong>de</strong> meu jardim<br />
perante a indiferença<br />
dos homens tranqüilos<br />
Com o vento calmo<br />
as avezitas entoam<br />
seus trinados<br />
alegres e felizes<br />
Então<br />
meu Deus<br />
uma plantinha solitária<br />
indiferente ao mundo<br />
Na paz das almas<br />
algo acontece<br />
na maravilha da natureza<br />
uma simples rosa nasce.<br />
- 156 -
A LUA<br />
Pedro Valdoy<br />
Estava na penumbra<br />
a Lua <strong>de</strong>spertou<br />
meio ensonada<br />
e in<strong>de</strong>cisa<br />
Lentamente <strong>de</strong>spertou<br />
no horizonte<br />
com seus raios<br />
a beijarem o mar<br />
Estava na praia<br />
naquela noite<br />
com a minha princesa<br />
que sorriu para a Lua<br />
Sempre adorámos<br />
aquele meio<br />
no silêncio<br />
das ondas<br />
Quantas vezes<br />
o amor aconteceu<br />
na solidão<br />
completamente sós<br />
Éramos dois amantes<br />
que rodopiávamos<br />
nas areias<br />
daquela pequena praia.<br />
- 157 -
AO SABOR DA NUVEM<br />
Pedro Valdoy<br />
Ao sabor da nuvem<br />
levado pelo vento<br />
meu coração oscila<br />
Minhas emoções<br />
multiplicam-se<br />
na incerteza no <strong>de</strong>stino<br />
O amor é incerto<br />
perante teus <strong>de</strong>sejos<br />
na sensualida<strong>de</strong> serena<br />
Busco em ti<br />
o amor <strong>de</strong> ontem<br />
esquecido na penumbra<br />
Aguardo teu regresso<br />
para novos encontros<br />
novos <strong>de</strong>sejos<br />
E então sim<br />
<strong>de</strong>scerei da nuvem<br />
para ir ter contigo<br />
E a nuvem<br />
seguirá seu rumo<br />
esquecida <strong>de</strong> mim<br />
perante um amor ressuscitado.<br />
- 158 -
MEU PAI<br />
Pedro Valdoy<br />
Em tempos infindos<br />
no calor <strong>de</strong> África<br />
<strong>de</strong>sapareceste meu pai<br />
Junto ao teu sepulcro<br />
chorei<br />
E então lembrei-me<br />
<strong>de</strong> quando era miúdo<br />
brincavas comigo<br />
com a tua ternura<br />
<strong>de</strong> sempre<br />
Íamos ao jardim<br />
ao cinema ao futebol<br />
e olhavas para mim com carinho<br />
E a música que adoravas<br />
e ajudaste a compreendê-la<br />
De um Beethoven<br />
<strong>de</strong> um Mozart<br />
E os cânticos <strong>de</strong> igreja?<br />
Quantos e quantos anos<br />
se passaram<br />
com a tua companhia<br />
que foi curta.<br />
- 159 -
A ESTRADA<br />
Pedro Valdoy<br />
Por caminhos e <strong>de</strong>svios<br />
soam meus passos<br />
por uma rua estreita<br />
quando te conheci<br />
Sinuosa e bravia<br />
era a estrada<br />
coberta <strong>de</strong> duas vidas<br />
quando se encontraram<br />
Hoje a estrada é longa<br />
larga apetitosa<br />
recheada <strong>de</strong> teus seios<br />
quando o amor é eterno<br />
A velocida<strong>de</strong> é lenta<br />
quando caminhamos<br />
como dois namorados<br />
esquecidos do tempo.<br />
- 160 -
O CHORO DE UM VIOLINO<br />
Pedro Valdoy<br />
Os sons do violino<br />
perturbam o meu ser<br />
transvasam toda a emoção<br />
num diálogo curto<br />
melodioso com a orquestra<br />
As lágrimas transformam-se<br />
na sonorida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> uma felicida<strong>de</strong> curta<br />
<strong>de</strong>ntro do concerto para violino<br />
Men<strong>de</strong>lssohn ressoa<br />
nos ouvidos<br />
com a serenida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um mestre<br />
na imensidão <strong>de</strong> um CD<br />
Que ultrapassa qualquer perturbação<br />
o diálogo violino orquestra<br />
sente-se na atmosfera<br />
fria <strong>de</strong> um Inverno rigoroso.<br />
- 161 -
PILAR CASAGRANDE<br />
Rio Claro/SP – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 395 – 2004<br />
-----------------------------------------------------<br />
PILAR Reynes da Silva CASAGRANDE, casada, sócia <strong>de</strong> uma<br />
empresa <strong>de</strong> representações comerciais, trabalha em casa e fica on<br />
line durante todo o dia. Nas horas vagas escreve. Sempre leitora<br />
voraz, consi<strong>de</strong>rou-se escritora <strong>de</strong> gaveta até 1997 quando<br />
participou <strong>de</strong> um concurso literário e a convidaram para fazer<br />
parte <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> escritores, o CLIRC – Centro Literário Rio<br />
Claro, do qual é presi<strong>de</strong>nte.<br />
É colaboradora do jornal Diário Rio Claro <strong>de</strong>s<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1997 (crônicas).<br />
Em 1999 começou a escrever poesias. Participou <strong>de</strong> dois concursos<br />
e ganhou os dois, daí pra frente participou <strong>de</strong> inúmeros concursos<br />
nacionais e internacionais e foi premiada em alguns. Participou <strong>de</strong><br />
várias antologias no Brasil e duas na Itália. É também Acadêmica<br />
Praeclarus do Clube <strong>de</strong> Escritores Piracicaba.<br />
Des<strong>de</strong> que assumiu a presidência do CLIRC, os escritores,<br />
passaram também a fazer o trabalho <strong>de</strong> Autores Sociais,<br />
pertencendo a re<strong>de</strong> social do SENAC.<br />
Ensinam poesia, literatura no Centro <strong>de</strong> Ressocialização Feminino<br />
<strong>de</strong> Rio Claro. Já tiveram várias reeducandas premiadas em<br />
concursos <strong>de</strong> prosa e poesias.<br />
Também realizam workshops <strong>de</strong> poesia, literatura, folclore e<br />
incentivo a leitura através <strong>de</strong> contar histórias, confeccionam livros<br />
com recortes. Atuam em entida<strong>de</strong>s sociais que aten<strong>de</strong>m crianças,<br />
jovens e adultos carentes.<br />
- 162 -
EU SOU POESIA<br />
Pilar Casagran<strong>de</strong><br />
Para esquecer escrevo,<br />
Quando sofro, quando me alegro,<br />
E quando me atormenta a tentação.<br />
Deixo sobre o papel o pensamento:<br />
Magoa, <strong>de</strong>sdita, esperança e sauda<strong>de</strong>...<br />
Tudo morto no verso,<br />
Para acalmar a minha alma,<br />
Para <strong>de</strong>soprimir meu coração!<br />
Feliz <strong>de</strong> quem é triste.<br />
A tristeza é uma virgem <strong>de</strong> mãos brancas.<br />
A tristeza é uma santa <strong>de</strong> mãos postas.<br />
A tristeza na terra ensina e salva,<br />
Mostrando-nos o nada que somos.<br />
A tristeza é divina criadora<br />
Da Poesia e da Beleza<br />
No seio do Silencio!<br />
Beijo meus versos como se beijasse<br />
Os pés sangrentos <strong>de</strong> crucificados<br />
Que encontrei no fundo <strong>de</strong> minha alma<br />
Des<strong>de</strong>nhados dos homens venturosos<br />
Sou poesia e nada tenho que dar...<br />
Desfiz-me toda em versos!<br />
CLIRC – Centro Literário Rio Claro<br />
- 163 -
AMO-TE ADEMIR<br />
Pilar Casagran<strong>de</strong><br />
Hoje eu quero escrever com mais fervor,<br />
Pois eu amanheci mais amorosa,<br />
Quero fazer-te a rima caprichosa<br />
Olhando esse teu rosto com amor...<br />
Hoje eu quero dizer-te que te amo tanto!<br />
Eu tu és cada vez mais luz em meu viver,<br />
Que o meu amor não po<strong>de</strong>rá morrer,<br />
Porque ele é luz, poesia e encanto.<br />
Hoje eu quero te dizer baixinho<br />
Com toda força do meu coração<br />
Cheio <strong>de</strong> ternura, amor e <strong>de</strong> carinho...<br />
Que tu és luz e sol em minha vida<br />
Com toda essa gran<strong>de</strong>za, meu querido,<br />
É a razão <strong>de</strong> ser da minha vida!...<br />
CLIRC – Centro Literário Rio Claro<br />
- 164 -
PINHAL DIAS<br />
Amora/Portugal<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 504 – 2006<br />
-----------------------------------------------------<br />
BIOGRAFIA<br />
A 13 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1951, nasceu Agostinho Pinhal Dias, Natural <strong>de</strong><br />
Amora, Concelho do Seixal, Distrito <strong>de</strong> Setúbal. Teve o seu<br />
primeiro emprego na Agence France-Presse, do qual hoje ainda<br />
sente esse bichinho do jornalismo. Mais tar<strong>de</strong> ingressou no Ex-<br />
Banco da Agricultura, hoje Millennium BCP. Finalizou o<br />
Complementar Liceal; Curso <strong>de</strong> Radiotelegrafista - Armada<br />
Portuguesa. Fez teatro infantil em Foros <strong>de</strong> Amora com o saudoso<br />
ensaiador "Maximiano <strong>de</strong> Sousa". Nos anos 81 fez parte da<br />
Direcção do Amora Futebol Clube; este na 1ª Divisão Nacional.<br />
Vive em plena consciência s/o livro digital "Inédito Sentido"<br />
registrado e <strong>de</strong>positado na Biblioteca Nacional. (<strong>de</strong>sabafos da<br />
vida)... Pensa! Escreve! Para dar força há existência... Foi<br />
instrumentista <strong>de</strong> conjuntos musicais e vários agrupamentos; em<br />
71/72 na Guiné-Bissau tocou no "Gávea Alta" abrilhantando várias<br />
unida<strong>de</strong>s militares. Também instrumentista <strong>de</strong> viola Fado<br />
(acompanhamento e baixo); algumas gravações em estúdios...<br />
Stop em 12/5/92... Em 2005 Foi Director do Jornal Amora Press;<br />
Colaborou com escritos poéticos no Jornal Notícias do Seixal, hoje<br />
Jornal do Seixal. É Vice-Presi<strong>de</strong>nte do Mensageiro da Poesia -<br />
Associação Cultural Poética – Amora.<br />
4 livros E-book Digitais e registrados no IGAC - e outros <strong>de</strong><br />
pequeno porte... Publicados: “Inédito Sentido”; “Retalhos <strong>de</strong><br />
Sonho”; “Arte do sonhador”; “Nunca digas Eu li sem ler”. Editor<br />
Digital e webmaster. Brevemente a publicar três livros “Este<br />
Tempo que eu vivi”; “Renascer para a vida”; “Uma Vida que<br />
Satisfaz”. Produtor <strong>de</strong> Ví<strong>de</strong>os Declamados -<br />
http://br.youtube.com/PinhalDias. Membro: “Recanto das letras” ;<br />
"Poetas Del Mundo"; AVBL; Membro Efectivo do AVSPE; e outros...<br />
Com participação em Antologias Poéticas: V e VI do Mensageiro da<br />
Poesia; II Antologia Poética Literária /AVBL-Brasil; XXII Colectânea<br />
<strong>de</strong> Contos e Poesias 2007 / GLAN - Brasil; Outras em <strong>de</strong>marche…<br />
Este autor afirma-se “Ser assim Mesmo! Livre <strong>de</strong> todo e qualquer<br />
sistema político e <strong>de</strong> todos os conceitos que impe<strong>de</strong>m a revelação<br />
do seu Ser, enquanto pensante! Escreve o que lhe vai na alma!<br />
Website: - www.pinhaldias.com<br />
- 165 -
"APELANDO A ESSA "PAZ"<br />
Pinhal Dias<br />
Queremos Paz!<br />
A essa Paz<br />
Não sendo guerrilheira<br />
Mas é a melhor conselheira!<br />
Vestida <strong>de</strong> branco em dianteira,<br />
Alerta os homens pretensiosos nesta terra.<br />
Sentados em mesa redonda,<br />
Dizem estar bem ou mal a ser negociada,<br />
Po<strong>de</strong>ria ser mais bem valorizada.<br />
Apelando a essa Paz...<br />
Com Ponto Final à Guerra...<br />
Premiando a humanida<strong>de</strong><br />
Amortalhada <strong>de</strong>ssa maldita iniqüida<strong>de</strong>.<br />
Esse amor <strong>de</strong>bilitado assim os conduziu:<br />
-Ao egoísmo... ganância... e ao ódio,<br />
Bem longe <strong>de</strong>sse maldito ópio...<br />
Bastantes famílias sem alimento.<br />
As Nações, discursam suas vonta<strong>de</strong>s...<br />
Economias enriquecidas, <strong>de</strong> vaida<strong>de</strong>s...<br />
Com ilusórios festejos... lançam fogo-<strong>de</strong>-artifício,<br />
O povo grita e dá o primeiro passo...<br />
Apelando a essa Paz... Transformem!<br />
Essas fábricas <strong>de</strong> matéria explosiva...<br />
Em Fábricas <strong>de</strong> Lanifícios... Criando novos ofícios.<br />
Apelando a essa Paz... Transformem!<br />
Essas armas <strong>de</strong> <strong>de</strong>rramamento <strong>de</strong> sangue inocente...<br />
Em livros escolares... Criando novos lares.<br />
Apelando a essa Paz...<br />
Só em Amor satisfaz!<br />
- 166 -
"O DESPRENDER PARA A VIDA"<br />
Pinhal Dias<br />
Observando tanta dor sentida!<br />
Este mundo está vivendo, com a fé atordoada,<br />
Quando se vê partir... um ente querido...<br />
Lágrimas! Muito choro sentido.<br />
Clamam os <strong>de</strong>sumanos...<br />
Com amor <strong>de</strong>bilitado!<br />
Iludindo a sua vivência...<br />
Vagueando por caminhos, sem sorte,<br />
Labutando em sonho inacabado...<br />
Porquê?<br />
- Falta <strong>de</strong> amor!<br />
In<strong>de</strong>cisos no vale da escuridão,<br />
Estão caindo no fracasso <strong>de</strong> sua solidão.<br />
Apelando a esse seu <strong>de</strong>sanime.<br />
"Seja forte, <strong>de</strong> cabeça bem erguida,<br />
Desvie-se das apoquentações...<br />
Não se <strong>de</strong>ixe arrastar por meras lamentações<br />
E compare quando adormece..."<br />
O que acontece?<br />
- A sua preocupação não estremece!<br />
Logo vem o seu acordar, se bem <strong>de</strong>spertou!?<br />
Você <strong>de</strong>veria imitar o Senhor Jesus, como ele orou...<br />
Dando Graças a Deus...<br />
Enaltecendo a Liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> viver em amor...<br />
... E valorize sempre esse amor...<br />
E viva!<br />
O Despren<strong>de</strong>r para a Vida.<br />
- 167 -
RITA DE CÁSSIA FERREIRA MADEIRA<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro/RJ – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 669 – 2008<br />
-----------------------------------------------------<br />
HUMANIDADE X ETERNIDADE<br />
Passamos pela terra <strong>de</strong>satentos para com nossa eterna ida<strong>de</strong>,<br />
que é a ida<strong>de</strong> em que temos que prosseguir sem o nosso corpo<br />
carnal.<br />
Tempo em que todos, sem exceção, somos inexoravelmente<br />
chamados para viver na eternida<strong>de</strong>.<br />
Contudo, mesmo sabendo que é a morte, a única coisa certa<br />
da vida terrestre, o homem insiste em não perceber, ou querer<br />
ver, que há nele o lado celeste <strong>de</strong> sua existência, que é o que<br />
estimula sua contínua busca no entendimento <strong>de</strong> si mesmo.<br />
Nos interrogamos:<br />
- De on<strong>de</strong> viemos?<br />
- Para on<strong>de</strong> vamos?<br />
E esquecemos <strong>de</strong> nos perceber como seres celestiais, que<br />
somos, em essência.<br />
Há que nos preocuparmos <strong>de</strong> cá bem proce<strong>de</strong>rmos, para que<br />
lá, on<strong>de</strong> prevalece o amor, possamos ser bem direcionados.<br />
Porém nós passamos pela vida, muitos sem a “<strong>de</strong>liciosa”<br />
sensação <strong>de</strong> nos sabermos seres que transcen<strong>de</strong>m, que<br />
ultrapassam a fronteira do natural para o sobrenatural.<br />
A vida <strong>de</strong>spojada da matéria é uma vida <strong>de</strong> paz e felicida<strong>de</strong>,<br />
mesmo quando nos <strong>de</strong>frontamos com os sofrimentos e vemos a<br />
nossa impotência diante das adversida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>sígnios, que todos<br />
estamos sujeitos no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> nossas existências.<br />
A falência do corpo, evi<strong>de</strong>ncia nossa fragilida<strong>de</strong>, contudo há<br />
algo em nós que nos transcen<strong>de</strong> além da vida corpórea, nos<br />
mostrando que somos espíritos/almas, somos a energia que<br />
“acen<strong>de</strong>” nossa “carcaça”, e precisamos crer e nos importar com<br />
isto.<br />
Haveremos <strong>de</strong> ter consciência que cá chegamos sós e nus e<br />
assim também haveremos <strong>de</strong> voltar.<br />
Somos seres em transição, <strong>de</strong> passagem, e o caminho está<br />
repleto <strong>de</strong> pedras, on<strong>de</strong> também po<strong>de</strong>mos avistar brilhantes que<br />
nos servirão <strong>de</strong> farol para iluminar nossa caminhada, em muitos<br />
percursos, escura.<br />
- 168 -
Finalmente, antes <strong>de</strong> chegarmos na fronteira, que tenhamos<br />
tempo <strong>de</strong> sermos verda<strong>de</strong>iramente humanos.<br />
Carcaça<br />
Gaiola do espírito<br />
Prisão da alma<br />
Corpo terrestre<br />
É apenas veste<br />
Dum ser celeste<br />
Que pensa, que chora, que ri,<br />
Sem perceber, ou até mesmo querer ver,<br />
Que a carcaça que carrega a energia dum corpo astral<br />
É simplesmente uma armadura<br />
Que guarda uma luz que perdura<br />
Enquanto ela não perecer.<br />
Rita <strong>de</strong> Cássia F. Ma<strong>de</strong>ira<br />
A PENA E A FACA<br />
O homem corta com a faca e acarinha com a pena<br />
Duma escorre o sangue<br />
Doutra prega a doutrina.<br />
A primeira é vinho<br />
A segunda é água<br />
A primeira suja<br />
A segunda lava.<br />
E a faca e a pena coexistem<br />
Para nossa evolução,<br />
Uma cortando a carne<br />
A outra o coração!<br />
Rita <strong>de</strong> Cássia F. Ma<strong>de</strong>ira<br />
- 169 -
VERSOS ECOLÓGICOS<br />
Pra vocês que me acompanham<br />
Rogo ao nosso Deus que nos sustente<br />
Pois nossa fé em dias melhores<br />
Está em Ter o que nos alimente.<br />
Nosso planeta agoniza<br />
Terra nossa que nos dá o berço<br />
De nada nos adianta a grana<br />
Se um dia pra comer nem nos sobrar a grama.<br />
Almas irmãs que unidas neste i<strong>de</strong>al<br />
Querem todas nossas crianças protegidas<br />
Não digo, só as do meu Brasil,<br />
Digo a nível universal<br />
Pensando nas que o abutre tem como comida.<br />
Cristo, meu Pai porque há tanta miséria?<br />
Se nós “homens” ainda temos terra!<br />
Senhor meu! Fostes Tu que me <strong>de</strong>stes a vida<br />
Tome-a <strong>de</strong> volta em Tuas Mãos<br />
Pra que a criança sobreviva!<br />
Não importa o que a mim venha fazer o homem<br />
Se noutro canto do mundo há quem junto comigo sonhe,<br />
Este bendito i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> amor universal!<br />
Rita <strong>de</strong> Cássia F. Ma<strong>de</strong>ira<br />
- 170 -
RIVKAH COHEN<br />
Brasília/DF – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 311 – 2003<br />
-----------------------------------------------------<br />
A GENTE CONDENA<br />
Rivkah Cohen<br />
Já sei!<br />
Pensaste que não doía<br />
e se não visses hoje,<br />
verias outro dia..<br />
Quantas vezes pensei assim!<br />
Entendo!<br />
Achaste que estavas atento<br />
mas esqueceste que o vento<br />
po<strong>de</strong> ficar zangado,<br />
virar tornado<br />
e levá-la <strong>de</strong> ti..<br />
Hoje já é outro dia<br />
e nada te dará alegria<br />
<strong>de</strong> vê-la aqui!<br />
Po<strong>de</strong> colocar ban<strong>de</strong>iras,<br />
alto-falante, som,<br />
trazer banda<br />
recomendar a música primeira<br />
que a pessoa que amas<br />
não ouvirá tua <strong>de</strong>claração!<br />
Vai, tenta aí!<br />
Po<strong>de</strong> gritar do meio da praça<br />
que a amas <strong>de</strong> graça<br />
que não a verás sorrir!<br />
Isso nunca se pensa<br />
e se vem a mente<br />
a gente con<strong>de</strong>na,<br />
mas não <strong>de</strong>veria ser assim!<br />
Antes que levem quem amas,<br />
antes que o orgulho te cegue<br />
diga a quem teu coração reclama:<br />
- PRECISO DE TI! -<br />
- 171 -
ALTÍSSIMO<br />
Rivkah Cohen<br />
Como, Altíssimo,<br />
Rompeste<br />
a grossa camada da vida<br />
e pintaste um sorriso<br />
no rosto triste<br />
<strong>de</strong>ssa menina?<br />
Quais<br />
os ventos enviados<br />
que fizeram círculos<br />
e mais círculos<br />
cacheando<br />
seu cabelos dourados<br />
<strong>de</strong>ixando-os tão bonitos?<br />
Com que Força,<br />
Senhor,<br />
Arrancaste<br />
um pedaço dos céus<br />
e colocaste<br />
nos olhos <strong>de</strong>la<br />
e ao mirá-la, ouça<br />
a canção mais bela<br />
do Maior dos Menestréis?<br />
Meu PAI,<br />
Dê-me a certeza<br />
que a alegria<br />
não morava nos dias<br />
que ficaram para trás!<br />
Apesar <strong>de</strong> crescida<br />
não tendo<br />
nada mais <strong>de</strong> criança,<br />
peço-Lhe<br />
PAZ<br />
FELICIDADE<br />
e<br />
ESPERANÇA..<br />
- 172 -
ASSIM A HUMANIDADE SE PORTA<br />
Rivkah Cohen<br />
Grito<br />
e sequer ouvem<br />
uma só nota dos meus ais.<br />
Vão<br />
com o sopro do dia<br />
e se espalham<br />
<strong>de</strong> forma normal.<br />
Partiram em pedaços..<br />
Não eu!<br />
O indivisível átomo.<br />
Conseguiram!<br />
Destruíram<br />
e nem <strong>de</strong>u manchete <strong>de</strong> jornal!<br />
Ah, se fossem chamados<br />
para consertar!<br />
Cada um arrumava algo<br />
que não po<strong>de</strong>ria adiar<br />
etcetera e tal.<br />
Quanto a meu grito?<br />
Se espalhará no ar!<br />
Alguém ficará preocupado?<br />
Nem pensar!<br />
E assim a humanida<strong>de</strong> se porta.<br />
Daqui alguns anos vão estudar..<br />
Que vergonha!<br />
Deixe-me ir embora<br />
para nem constar..<br />
- 173 -
APRISIONADOS<br />
Rivkah Cohen<br />
Aprisionado na mentira,<br />
o que vejo chegar?<br />
Uma legião <strong>de</strong> "senhores",<br />
rogando, implorando,<br />
que não sigam o que ouviram falar!<br />
Que <strong>de</strong> benfeitores não tinham nada,<br />
que tudo foi uma forma <strong>de</strong> manipular<br />
e hoje, são como verda<strong>de</strong>iros açoites,<br />
mas o pior, é que não conseguem consertar.<br />
Já não têm voz, não têm corpos<br />
e como espectros caminham pelas noites<br />
do inferno que conseguiram criar!<br />
Senhores!<br />
Por suas falas, até hoje<br />
tem quem venha a se machucar!<br />
Pensassem antes <strong>de</strong> agir,<br />
antes <strong>de</strong> propagar!<br />
Agora só lhes resta olhar <strong>de</strong> longe<br />
a yonah e saber o que ela representa,<br />
mas não a conseguirão tocar.<br />
É pura <strong>de</strong>mais para os seus tamanhos<br />
e muito distante do que souberam emanar.<br />
Verão sim,<br />
chegar <strong>de</strong> madrugada, <strong>de</strong> dia, <strong>de</strong> noite,<br />
cada alma que vier tombar,<br />
por mentiras <strong>de</strong> uma corte<br />
que não soube reinar.<br />
- 174 -
AINDA BEM!<br />
Rivkah Cohen<br />
Será que um pai<br />
precisa mesmo<br />
dizer para o filho<br />
que o ama?<br />
Acho tão sem propósito isto,<br />
mas..<br />
melhor pensando<br />
nas <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> um governo<br />
em diminuir os proventos<br />
dos aposentados!!!<br />
É mais que necessário!<br />
Talvez um grito!<br />
E pior, <strong>de</strong> <strong>de</strong>sespero!<br />
Afinal,<br />
não foi lembrando<br />
todo um passado<br />
<strong>de</strong> dor,<br />
<strong>de</strong> sacrifício!<br />
E pensar<br />
que foram atitu<strong>de</strong>s<br />
tomadas por filhos!<br />
É.. esqueceram<br />
seres que <strong>de</strong>veriam<br />
ser amados<br />
e no outono <strong>de</strong> suas vidas,<br />
resguardados,<br />
protegidos..<br />
Não entendo mais nada!<br />
Como querem<br />
erguer uma casa<br />
se a fundação<br />
é relegada, esquecida?<br />
E quando vierem<br />
as tempesta<strong>de</strong>s,<br />
os ventos,<br />
as chuvas <strong>de</strong> granizo?<br />
Ainda bem<br />
que meu pai<br />
foi para a eternida<strong>de</strong><br />
sem presenciar isso..<br />
- 175 -
ROZELENE FURTADO DE LIMA<br />
Teresópolis/RJ – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 670 – 2008<br />
-----------------------------------------------------<br />
BIOGRAFIA:<br />
Rozelene Furtado <strong>de</strong> Lima – nascida em Teresópolis/RJ em<br />
31/05/1947. Filha <strong>de</strong> Orêncio Pacheco Furtado e Nadir da Silva<br />
Furtado. Casada com Cyro Correa <strong>de</strong> Lima conceituado advogado<br />
da cida<strong>de</strong>. Tem dois filhos: Cyro Júnior Carina. Formada em<br />
Biblioteconomia e Documentação pela Universida<strong>de</strong> Santa<br />
Úrsula/RJ. Exerceu a profissão <strong>de</strong> Professora, trabalhou em várias<br />
escolas da cida<strong>de</strong>. Funcionária Pública Estadual aposentada.<br />
Pertenceu a um grupo <strong>de</strong> Teatro Infantil. Defensora da natureza e<br />
atualmente faz pesquisa sobre diversos tipos plantas,<br />
principalmente medicinais. Dedicou sua vida à educação e aos<br />
livros. A paixão pela literatura vem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância, as primeiras<br />
poesias foram escritas na pré-adolescência. Como escritora<br />
participou <strong>de</strong> uma Antologia Poética do SESC-Teresópolis em<br />
1973. Junto com dois irmãos Roberto da Silva Furtado e Rosley da<br />
Silva Furtado lançou em julho <strong>de</strong> 2006 o livro Banquete <strong>de</strong> Idéias,<br />
e está preparando mais dois livros: um <strong>de</strong> poesias e outro <strong>de</strong><br />
biografias.<br />
TU ESTÁS EM MIM<br />
Rozelene Furtado <strong>de</strong> Lima<br />
A luz da tua vida<br />
Está em mim, é o meu sorriso.<br />
A força da tua paz<br />
Está em mim, é a minha serenida<strong>de</strong>.<br />
A ternura da tua carícia<br />
Está em mim, é o meu corpo.<br />
A certeza do teu sim<br />
Está em mim, é o meu querer.<br />
A suavida<strong>de</strong> do teu encontro<br />
Está em mim, é o meu entregar.<br />
O <strong>de</strong>sejo do teu caminho<br />
- 176 -
Está em mim, é o meu aceitar.<br />
A melodia da tua música<br />
Está em mim, é o meu cantar.<br />
A loucura do teu amor<br />
Está em mim, é o meu jeito <strong>de</strong> te amar.<br />
A pureza do teu poema<br />
Está em mim, é a profundida<strong>de</strong> do meu pensar.<br />
A <strong>de</strong>lícia do teu presente<br />
Está em mim, é o meu receber.<br />
A gran<strong>de</strong>za do teu mundo<br />
Está em mim, é o meu prazer.<br />
A realida<strong>de</strong> do teu sonho<br />
Está em mim, é a tua semente em meu ser.<br />
PEDIDO URGENTE<br />
Rozelene Furtado <strong>de</strong> Lima<br />
Dai-me um filho Senhor!<br />
Para que eu possa...<br />
Sentir arredondar meu manequim<br />
Tocar, ouvir e calar assim<br />
Esta voz exigente <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim.<br />
Dai-me um filho Senhor!<br />
Para que eu possa...<br />
Cantar meu acalanto<br />
Exteriorizar meu encanto.<br />
Abandonar meu pranto.<br />
Dai-me um filho Senhor!<br />
Para que eu possa...<br />
Imprimir meu segmento<br />
Abraçar meu sentimento<br />
Expulsar meu <strong>de</strong>salento.<br />
Dai-me um filho Senhor!<br />
Para que eu possa...<br />
Olhar com admiração a natureza<br />
Saudar todos os dias a beleza<br />
Cultivar na mente a certeza.<br />
Dai-me um filho Senhor!<br />
Para que eu possa<br />
Harmonizar a minha alma<br />
Receber o calor da palma<br />
Acolher no coração a calma.<br />
- 177 -
Dai-me um filho, Senhor!<br />
Para que eu possa...<br />
Amorosamente dizer<br />
Meu filho, pedaço do meu ser.<br />
Meu filho, meu viver!<br />
Dai-me um filho, Senhor!<br />
QUANDO EU FOR<br />
Rozelene Furtado <strong>de</strong> Lima<br />
Quando eu for... Quero ir em paz....<br />
Deixo <strong>de</strong> uma vez tudo resolvido.<br />
Todos os meus pertences e tudo mais,<br />
Para quem muito tenho querido.<br />
As minhas ilusões para as borboletas,<br />
Tanto uma como outra são fugazes.<br />
As minhas lágrimas, o choro, o som das palavras,<br />
Entrego à chuva e às tempesta<strong>de</strong>s,<br />
Para que reguem as sauda<strong>de</strong>s.<br />
Meus sonhos, pontos <strong>de</strong> apoio e referência<br />
Gran<strong>de</strong>s, pequenos cheios <strong>de</strong> cores,<br />
Enterro nos jardins para fortalecer as flores.<br />
Meus pecados, minhas loucuras, meus medos,<br />
Envolvo em papéis e envelopes e en<strong>de</strong>reço<br />
Aos ventos para que espalhem meus segredos.<br />
Meus amores, minhas verda<strong>de</strong>s, buscas e manias,<br />
Prego nas nuvens para que se dissolvam em poesias.<br />
A esperança, as preces, a solidão e o meu soluçar,<br />
Deixo nas areias para ondas entregarem ao mar.<br />
Destino os quadros que não pintei para o pôr do sol,<br />
Para serem expostos nas tar<strong>de</strong>s mais lindas no arrebol<br />
Às estrelas peço que sejam entregues:<br />
As promessas, as carícias, os prazeres e as noites mais alegres.<br />
Lembranças da infância, meus encantos, minha beleza,<br />
Distribuo sem pensar, com toda a natureza.<br />
Os sentimentos, os alentos e as imagens, <strong>de</strong>ixo com carinho<br />
Dentro <strong>de</strong> um baú à beira do caminho.<br />
Todas as cantigas, os seres, os santos e as lendas,<br />
Que povoaram minha mente, à lua faço oferenda.<br />
Entrego aos passarinhos e para quem quiser,<br />
Minha fé, minha alma e minha vida <strong>de</strong> mulher.<br />
E o que possuo <strong>de</strong> mais precioso e posso dispor<br />
É a você que presenteio... É o meu mais puro amor.<br />
- 178 -
RUBEN ALVES VIEIRA<br />
Fontoura Xavier/RS – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 545 – 2007<br />
-----------------------------------------------------<br />
SOL E LUA<br />
Ruben Alves Vieira<br />
À noite quando me <strong>de</strong>ito e fecho os olhos, vejo você sorrindo pra<br />
mim e vivo intensamente meu mundo, on<strong>de</strong> você é minha Deusa e<br />
contemplo seus olhos, escuto sua voz <strong>de</strong>ngosa, sinto seus toques<br />
me fazendo carinhos, meus lábios colando-se nos seus e seu corpo<br />
envolvendo o meu me dominando por inteiro. Quando o sono<br />
chega, você povoa meus sonhos e juntos vivemos uma total<br />
felicida<strong>de</strong>... Ao me acordar pela manhã a primeira imagem é a sua<br />
e passo a recordar e viver os nossos momentos. Muitos <strong>de</strong>les você<br />
foi a primeira, noutros a única, em todos a melhor, pois jamais em<br />
minha vida real algo semelhante já aconteceu. Durante o dia, para<br />
que possa acalmar e matar a sauda<strong>de</strong>, preciso ouvir sua voz, nem<br />
que seja para um alô. Preciso lhe tocar, nem que seja um simples<br />
aperto <strong>de</strong> mão. Muitas vezes me paro a falar sozinho e a primeira<br />
palavra é o seu nome. Eu sei que não é fácil. É difícil pra mim. Mas<br />
vale a pena sofrer por você: sofrer <strong>de</strong> sauda<strong>de</strong>, sofrer por<br />
incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lhe satisfazer, sofrer no momento <strong>de</strong> dizer: Tchau!<br />
Sofrer por amar no silêncio, porque a amo mais do que tudo e,<br />
sofro em saber que somos Sol e Lua. Assim em minha constelação,<br />
somente uma Lua terei, uma Deusa, que mostrou-me o sentido da<br />
vida, <strong>de</strong> lutar para viver, então vou lutar e, por essa Deusa vencer.<br />
Existem poemas que ficaram pra mim, em meu coração, neles se<br />
encontram todos os momentos <strong>de</strong> amor intenso e verda<strong>de</strong>iro.<br />
Jamais se per<strong>de</strong>rão ao tempo e ficarão em minha essência<br />
eternamente. Outros somente você os possui, pois, é a verda<strong>de</strong>ira<br />
dona <strong>de</strong>les. As lembranças não são boas, são ótimas, maravilhosas<br />
e motivam sauda<strong>de</strong>s: da voz doce, dos beliscões, das mordidas,<br />
dos carinhos, dos olhares, da ternura.<br />
Eu sinto falta da Lua, por completa, por inteira.<br />
Porque a amo.<br />
O Sol.<br />
- 179 -
VERSO PRA LUA<br />
Ruben Alves Vieira<br />
Eu fiz um verso pra lua<br />
Foi numa noite <strong>de</strong> verão<br />
Entre notas afinadas<br />
Brotaram partituras do coração.<br />
Tive uma orquestra <strong>de</strong> estrelas<br />
Na nossa constelação<br />
Todas fascinadas pela Deusa<br />
Do mais romântico clarão.<br />
Na linha do horizonte<br />
A figura do pajador<br />
Cantando versos pra lua<br />
O poeta e sonhador,<br />
Refletindo no brilho do olhar<br />
A intensida<strong>de</strong> do amor.<br />
O tema traduzido em palavras<br />
Invitava primavera e flores<br />
Em oferenda na noite<br />
Pra essa Deusa <strong>de</strong> amores<br />
Que na penumbra do lume<br />
Dava outro tom às cores<br />
E se transforma em poema<br />
Inspiração pros pajadores.<br />
Para a Lua mais bela do Sol<br />
- 180 -
ÉS MINHA<br />
Ruben Alves Vieira<br />
Tu és em minha vida:<br />
Uma gota da chuva,<br />
que cai<br />
e suavemente pousa<br />
sobre a pétala<br />
para ficar perfumada.<br />
O cantar afinado<br />
e natural dos pássaros,<br />
na sinfonia das Primaveras.<br />
O calor e a energia do Sol,<br />
que chega em cada amanhecer<br />
para <strong>de</strong>spertar a vida.<br />
A beleza da Lua,<br />
Deusa encantada<br />
que em seu esplendor<br />
inspira amantes<br />
na poesia do amor.<br />
És minha<br />
gota perfumada<br />
que evapora<br />
sob os raios do Sol.<br />
És o canto afinado<br />
que se cala ao anoitecer.<br />
És o esplendor do luar<br />
que se faz poente<br />
quando o dia chegar.<br />
És a luz do Sol<br />
transformada em energia e clarão<br />
que se apaga no entar<strong>de</strong>cer<br />
e dá lugar à escuridão.<br />
És minha,<br />
minha razão <strong>de</strong> viver.<br />
És minha,<br />
mas não posso ter...<br />
- 181 -
ESSES MOMENTOS<br />
Ruben Alves Vieira<br />
A gota da chuva<br />
Acaricia suavemente<br />
As pétalas aveludadas<br />
Da flor perfumada.<br />
O brilho do sol<br />
Traz na manhã<br />
Energia para a vida<br />
E inspira<br />
A sinfonia afinada<br />
Dos pássaros.<br />
A beleza da lua<br />
Que sobressai<br />
Ao brilho das estrelas<br />
Leva ao coração<br />
O tema da poesia<br />
Mais bela <strong>de</strong> amor.<br />
São esses momentos<br />
Que se transformam<br />
No gosto <strong>de</strong> seus beijos<br />
No brilho <strong>de</strong> seus olhos<br />
E no seu toque <strong>de</strong> ternura.<br />
São esses momentos<br />
Q verda<strong>de</strong>ira energia<br />
Para o meu viver<br />
Que se transformam<br />
No mais intenso amor...<br />
- 182 -
QUIS SER<br />
Ruben Alves Vieira<br />
Um dia teu Sol<br />
Para clarear caminhos,<br />
Fazer-te carinhos<br />
Com meus raios <strong>de</strong> luz.<br />
Sendo o Sol<br />
Seria eu tua fonte <strong>de</strong> energia<br />
Que daria cor ao dia<br />
E faria tua beleza<br />
Se irmanar à flor.<br />
Minha energia<br />
Buscaria em teu coração<br />
A razão para um novo dia<br />
E em cada <strong>de</strong>spertar<br />
Te acordaria do sonho,<br />
Que à noite viveste.<br />
Então eu vi<br />
Que és minha Lua<br />
E por estares distante,<br />
Eu o Sol<br />
- 183 -
SALETE CARDOZO COCHINSKY<br />
Porto Alegre/RS – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 671 – 2008<br />
-----------------------------------------------------<br />
SOBRE A AUTORA:<br />
Salete Cardozo Cochinsky: psicóloga/psicanalista que enten<strong>de</strong> que<br />
a escrita é um excelente meio <strong>de</strong> interlocução entre o sujeito e o<br />
outro e meio <strong>de</strong> sublimar em si e tornar sublime o belo, o feio, os<br />
encantos e <strong>de</strong>sencantos do escritor e seus leitores.<br />
Porto Alegre - RS, Brasil.<br />
O ALVO<br />
Salete Cardozo Cochinsky<br />
Não foi por acaso<br />
foi por intenção.<br />
Desejos secretos<br />
prazeres concretos.<br />
Entre os animais<br />
famintos que matam,<br />
o humano <strong>de</strong>staca<br />
pela inteligência.<br />
Constrói armadilhas<br />
sobe em sua escada.<br />
Tão civilizada<br />
e alcança as alturas.<br />
O pássaro que voa,<br />
animais aquáticos<br />
Pequenos insetos<br />
têm suas <strong>de</strong>fesas.<br />
E a inteligência<br />
faz vítima o homem.<br />
No espaço selvagem<br />
<strong>de</strong> seu coração...<br />
É alvo <strong>de</strong> si.<br />
- 184 -
A CULTURA E GÊNEROS:<br />
reflexão sobre o dia 8 <strong>de</strong> março<br />
Salete Cardozo Cochinsky<br />
Séculos passados<br />
em preto e branco.<br />
Alma <strong>de</strong> mulher<br />
olhada no espelho<br />
completa-se o humano,<br />
em mistérios,<br />
certezas caladas.<br />
Vida verda<strong>de</strong>ira,<br />
nunca <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>ira,<br />
mundo sem fronteiras,<br />
leitos empoeirados,<br />
taças vazias,<br />
jazem em um é<strong>de</strong>m.<br />
Rostos juvenis,<br />
pele em mutação,<br />
experiente olhar,<br />
natureza amar,<br />
sem restrição,<br />
com contrição,<br />
e aquém do além<br />
caminha junto<br />
sem mais ninguém.<br />
Alma humana,<br />
mundo sem dono,<br />
flagrante na história,<br />
coroa sem glória,<br />
vitória esquecida,<br />
esmaecida,<br />
culto à cultura<br />
sutura e mistura,<br />
separa e consagra.<br />
DOIS GÊNEROS...<br />
Escrita em 07 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2007<br />
Salete Cardozo Cochinsky<br />
- 185 -
ERA UMA VEZ:<br />
Uma leitura da Versão bíblica II<br />
Salete Cardozo Cochinsky<br />
Naquele jardim/pomar<br />
um paraíso, um reino<br />
nada faltava, tudo era em tempo,<br />
até os acontecimentos...<br />
Eva: veja essa maça<br />
“Uma serpente” bondosa oferece.<br />
e mais que isso confessa<br />
já está implantada em teu corpo.<br />
Olha direito teu corpo.<br />
Percebe tuas sensações,<br />
escuta teu coração.<br />
Teu companheiro é Adão.<br />
O que esperas. Vá fundo!<br />
Há <strong>de</strong>lícias e emoções,<br />
há saber que os espera<br />
além <strong>de</strong>sse paraíso.<br />
Os corpos nus ganham cores,<br />
surpresas em seus odores,<br />
expressões <strong>de</strong> sedução.<br />
Deixam <strong>de</strong> fora a razão.<br />
Quando o <strong>de</strong>sejo se amana<br />
a natureza em vida<br />
faz a vida colorida.<br />
Mas a serpente escondida<br />
mostra a maça.<br />
Toma a maça!<br />
Pe<strong>de</strong> pra ser <strong>de</strong>vorada...<br />
Escrito em <strong>de</strong>safio em site <strong>de</strong> Idioma Espanhol sobre<br />
a imagem <strong>de</strong> Francisco <strong>de</strong> Goya<br />
y Lucientes "Patida <strong>de</strong> caça"<br />
- 186 -
EXISTÊNCIA<br />
Salete Cardozo Cochinsky<br />
Na vida que a vida faz<br />
Há amores…<br />
Flores…<br />
Encantos…<br />
Alegrias…<br />
Sinfonias sob o luar.<br />
Na vida que a vida faz<br />
Há harmonia…<br />
Melodias…<br />
Cantorias…<br />
Somos pássaros<br />
Sob os raios do sol.<br />
Na vida que a vida faz<br />
Vivemos…<br />
Apren<strong>de</strong>mos…<br />
Saboreamos…<br />
Emergimos…<br />
De uma natureza fugaz.<br />
IMPLACÁVEL<br />
Salete Cardozo Cochinsky<br />
As letras comandam os <strong>de</strong>dos obe<strong>de</strong>cem...<br />
Imagens da alma recorrem o corpo<br />
<strong>de</strong> gota em gota galáxias <strong>de</strong> signos,<br />
Dos segredos os medos, da coragem a aparência...<br />
Apontam <strong>de</strong>sígnios.<br />
Palavra/fala, calados afetos ditos no silêncio...<br />
Gritante silêncio compactado instante,<br />
vivido universo e revolvido em letras,<br />
mundo galeria, vitrine sem dono...<br />
A escrita é um abono.<br />
- 187 -
EM TRÂNSITO<br />
Salete Cardozo Cochinsky<br />
O humano transita<br />
<strong>de</strong>scobre vielas.<br />
Cruza encruzilhadas,<br />
maltratadas.<br />
Transita via vôo,<br />
por lugares nos ares<br />
seguindo os radares<br />
sobre terra e mares.<br />
Transita nas ruas<br />
usa as pernas suas.<br />
Calçadas com e sem fama<br />
limpas ou cobertas <strong>de</strong> lama.<br />
Coberta em chamas<br />
<strong>de</strong> amor e paixão.<br />
Transita no palco<br />
<strong>de</strong> seu coração.<br />
Transita em idéias<br />
em pensamentos e ações<br />
transportam vagões,<br />
escrevem canções<br />
Trânsito caminho<br />
com calor e cor<br />
com ou sem temores<br />
surrealistas amores.<br />
- 188 -
SALVADOR PRANTERA JUNIOR<br />
São Carlos/SP – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 320 – 2003<br />
-----------------------------------------------------<br />
ENTRE TAPAS E BEIJOS<br />
Salvador Prantera Junior<br />
I<br />
O Sol e a Lua<br />
se pegaram <strong>de</strong> tapa,<br />
quando “ela” disse sou sua<br />
e, você não me escapa<br />
II<br />
Como você diz, sou sua,<br />
com tanta facilida<strong>de</strong>,<br />
bem no meio da rua,<br />
no centro da cida<strong>de</strong><br />
e, ainda diz que não escapo,<br />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tanto sopapo?<br />
III<br />
Pois, vou lhe dizer como vejo,<br />
esse relacionamento,<br />
com essa historia <strong>de</strong> não me escapas...<br />
Será que não rola um beijo,<br />
pelo menos, por um momento,<br />
no intervalo dos tapas?<br />
IV<br />
Assim não há quem agüente.<br />
Se já está, tão, “Cheia”<br />
em pleno “Quarto Crescente”,<br />
não titubeia,<br />
muda, logo, pr,a “Nova”<br />
e, não bobeia<br />
que, lhe darei uma prova<br />
<strong>de</strong> que, até, na “Minguante”,<br />
vou amá-la, bastante!!!<br />
- 189 -
A L U C I N A Ç Ã O<br />
Salvador Prantera Junior<br />
I<br />
Sentia-se muito cansado,<br />
velho e <strong>de</strong>primido,<br />
um tanto alquebrado,<br />
sem animo e enfraquecido,<br />
embora, não tão avançado<br />
no tempo já vivido,<br />
quando “ela” tendo saído<br />
do fundo do seu passado,<br />
com requinte no vestir<br />
e, com perfume bem dosado,<br />
além <strong>de</strong> muito fino,<br />
com sua pele o fez sentir<br />
que voltara à ser “um menino”!!!<br />
II<br />
O que foi isso?<br />
Loucura ? Amor ? Paixão?<br />
Não foi nada disso!<br />
Foi só “Alucinação”!!!<br />
“EU SEI QUE VOU TE AMAR!”<br />
Salvador Prantera Junior<br />
I<br />
“Eu sei que vou te amar,<br />
por toda minha vida"<br />
é a musica que iria marcar<br />
a juventu<strong>de</strong>, bem vivida,<br />
<strong>de</strong> quem vem lhe confessar,<br />
minha querida,<br />
como um romântico inveterado,<br />
que, na velhice, continua marcado<br />
pela musica que o teria transformado,<br />
em seu eterno apaixonado!!!<br />
- 190 -
MULHER MARAVILHA<br />
Salvador Prantera Junior<br />
I<br />
Oh, mulher maravilhosa,<br />
<strong>de</strong> pele tão macia!<br />
Porque tão radiosa<br />
tu acordas, todo dia?<br />
II<br />
Será que eu seria<br />
a causa, tão dadivosa,<br />
<strong>de</strong> toda essa alegria,<br />
por tornar-te, tão, fogosa,<br />
com tudo que à noite eu faria,<br />
tornando-te muito gulosa,<br />
querendo mais durante o dia???<br />
III<br />
Não precisas respon<strong>de</strong>r,<br />
<strong>de</strong>ixa-me adivinhar!<br />
Mas, só <strong>de</strong>pois do que vou ter,<br />
quando vieres me amar!<br />
Juro que já posso antever,<br />
quanto amor tens pr,a me dar!!!<br />
- 191 -
DO FUNDO DA ALMA<br />
Salvador Prantera Junior<br />
I<br />
Naquele aperto no peito<br />
que vem do fundo da alma,<br />
só você po<strong>de</strong> dar jeito,<br />
com seu corpo em minha palma!<br />
II<br />
Vou percorrê-lo, todinho,<br />
com a palma da minha mão<br />
e, trocar muito carinho,<br />
com você, minha paixão!<br />
Seu perfume bem dosado<br />
mas, os carinhos "não"<br />
<strong>de</strong>ixam, este velho, excitado<br />
quase morrendo <strong>de</strong> emoção!<br />
III<br />
Vem, minha querida,<br />
alimento <strong>de</strong> minh'alma,<br />
razão impar <strong>de</strong> minha vida!<br />
Poe seu corpo em minha palma<br />
e, me beija, então.<br />
Vem pr,a mim e me acalma,<br />
vem alegrar meu coração!!!<br />
- 192 -
EM BUSCA DE UM BEIJO<br />
Salvador Prantera Junior<br />
I<br />
Procurei-a por toda cida<strong>de</strong>.<br />
Eu queria um beijo seu.<br />
Era tão, gran<strong>de</strong> a vonta<strong>de</strong><br />
que, não imagina o que per<strong>de</strong>u...<br />
II<br />
Eu ia fazer do seu beijo<br />
a chave do seu <strong>de</strong>sejo,<br />
pr,a que o misturasse ao meu,<br />
naquele abraço<br />
que seria o “estopim”,<br />
da explosão que a faria,<br />
correr pr,a mim:<br />
dizendo: <strong>de</strong>ixa que eu faça!<br />
III<br />
E, aquele beijo sem fim,<br />
seria.<br />
o <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>iro passo,<br />
pr,a que se entregasse, “enfim”!!!<br />
- 193 -
À D E R I V A. . .<br />
Salvador Prantera Junior<br />
I<br />
Não estava vendo saída<br />
e, a cada dia, afundava mais.<br />
Quando se per<strong>de</strong> o amor pela vida<br />
é como navio que não acha o cais...<br />
II<br />
Fica à <strong>de</strong>riva<br />
e, só balança.<br />
De tudo se esquiva,<br />
até <strong>de</strong> criança...<br />
III<br />
É muito ruim,<br />
é terrível!<br />
Jamais sentiu, coisa assim,<br />
é horrível!<br />
IV<br />
Mas, prometeu virar o jogo,<br />
dizendo: Ah! Juro que vou...<br />
Nem que tenha que por fogo,<br />
em coisa que, já queimou!<br />
V<br />
E, realmente, conseguiu.<br />
Juro. É verda<strong>de</strong>.<br />
Mas, só quando se uniu,<br />
aos outros loucos, da cida<strong>de</strong>!!!<br />
- 194 -
SARAH RODRIGUES<br />
Belém/PA – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 327 – 2004<br />
-----------------------------------------------------<br />
NÓS<br />
@ Sarah Rodrigues<br />
Amanhã com a primavera<br />
voltarei a quem me espera,<br />
sem pudor e sem receio.<br />
As lembranças rosas vivas<br />
florirão em nossas vidas<br />
ao calor do nosso anseio.<br />
Deixarei o sofrimento<br />
longe do teu pensamento<br />
e dos teus olhos risonhos.<br />
Então na paz do <strong>de</strong>serto<br />
do nosso sacrário aberto<br />
brotarão os nossos sonhos.<br />
Nossa vida será assim,<br />
um paraíso sem fim,<br />
com luar para nós dois.<br />
Nascerão nossos <strong>de</strong>sejos<br />
entre carícias e os beijos<br />
na luz que virá <strong>de</strong>pois.<br />
Luz que clareira, ilumina,<br />
que nos empolga, fascina<br />
com harmonia e carinho.<br />
Doce luz que brevemente<br />
será sombra eternamente<br />
por todo nosso caminho.<br />
Trocaremos diretrizes,<br />
seremos os dois felizes,<br />
sentiremos as fragrâncias.<br />
Viveremos lado a lado,<br />
e resgatando o passado<br />
sepultaremos distâncias.<br />
PORTO DOS SONHOS E DAS POESIAS<br />
http://www.sarahmrodrigues.com<br />
- 195 -
AS NOITES DO MEU JARDIM<br />
@ Sarah Rodrigues<br />
Meu jardim está dormindo<br />
num contraste calmo e brando<br />
com as papoulas se abrindo,<br />
com os lírios se fechando.<br />
As bromélias nos canteiros<br />
com pétalas perfumadas,<br />
da fron<strong>de</strong> dos jasmineiros<br />
seduzem as madrugadas.<br />
Cravos num silêncio agudo,<br />
com alpínias e palmeiras,<br />
procuram ouvir, contudo,<br />
as orações das roseiras.<br />
Sobre as folhas ressequidas,<br />
as helicônias com sono,<br />
falam para as margaridas,<br />
que o céu parece sem dono.<br />
O orvalho beija as hortênsias<br />
entre as hastes do alecrim,<br />
<strong>de</strong>ixando espirais <strong>de</strong> essências<br />
nas noites do meu jardim.<br />
PORTO DOS SONHOS E DAS POESIAS<br />
http://www.sarahmrodrigues.com<br />
- 196 -
MARIA<br />
@ Sarah Rodrigues<br />
Mãe, na igrejinha branca da sauda<strong>de</strong>,<br />
vivo a rezar por ti todos os dias,<br />
pedindo para os céus eternida<strong>de</strong>,<br />
a mais bela <strong>de</strong> todas as Marias!<br />
És canto <strong>de</strong> paz, és felicida<strong>de</strong>,<br />
o cobertor que aquece em noites frias,<br />
a verda<strong>de</strong>ira “Amélia” da bonda<strong>de</strong>,<br />
que traz no olhar a luz das romarias.<br />
E longe dos carinhos dos teus braços,<br />
dos afetos, dos beijos, dos abraços,<br />
na grinalda lilás dos anos teus,<br />
eu carrego nas asas estendidas,<br />
o <strong>de</strong>stino feliz <strong>de</strong> duas vidas,<br />
e o fulgor <strong>de</strong> dois sóis feitos por Deus.<br />
PORTO DOS SONHOS E DAS POESIAS<br />
http://www.sarahmrodrigues.com<br />
- 197 -
AQUI JAZ A LUA<br />
@ Sarah Rodrigues<br />
Aqui jaz a lua<br />
que enfeitou o céu<br />
emprestou os olhos a Deus<br />
acalentou estrelas.<br />
Senhora da noite<br />
com vestes <strong>de</strong> prata<br />
foi palco <strong>de</strong> serenata<br />
embalou os sonhos meus.<br />
Aqui jaz a lua<br />
mulher dos segredos<br />
dos mistérios, dos medos,<br />
bálsamo da sauda<strong>de</strong>.<br />
Possuiu o dom<br />
<strong>de</strong> seduzir os namorados<br />
com os corpos colados<br />
que se amavam na rua.<br />
Aqui jaz a lua<br />
minguante em pedaços<br />
nua em meus braços<br />
num quarto crescente.<br />
PORTO DOS SONHOS E DAS POESIAS<br />
http://www.sarahmrodrigues.com<br />
- 198 -
SHIRLEI MILANE DE MELLO<br />
Americanópolis/SP – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 235 – 2003<br />
-----------------------------------------------------<br />
BIOGRAFIA:<br />
"Em 06 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2007 escrevi em meu diário: “Completei 30<br />
anos, mas não percebi!” Nesse tempo eu escrevi mais poesias que<br />
seria possível me imaginar capaz, ganhei uma sobrinha linda, uma<br />
família maravilhosa, uma profissão que eu amo... Encontrei meu<br />
amor verda<strong>de</strong>iro, minha alma gêmea, tive milhares <strong>de</strong> sonhos, e<br />
continuo sonhando... alguns sonhos ainda a serem realizados...<br />
Agora, só o que me preocupa é pensar... e continuar acreditando<br />
em mim mesma, para sempre continuar sonhando... "<br />
TUELHO...<br />
Shirlei Milane <strong>de</strong> Mello<br />
Tem dias que não te entendo!<br />
Eu tento estar próxima, ser amiga<br />
Mas em algumas ocasiões<br />
Você é tão distante, distraído<br />
Por vezes mal humorado<br />
Tem vezes que você chega assim<br />
E permanece assim<br />
Por todo o tempo, todo o dia<br />
Tem vezes que você muda<br />
No meio do dia<br />
Em algum momento<br />
Esquece seja lá o que for<br />
Que está te preocupando<br />
E volta a ser você mesmo<br />
Livre e sorri<strong>de</strong>nte,<br />
Mesmo que só internamente<br />
E é ótimo te ver assim<br />
Feliz, aparentemente em paz<br />
Mas é muito ruim<br />
Te ver tão fechado<br />
- 199 -
Guardado em si mesmo<br />
Sem me dar espaço<br />
Sem <strong>de</strong>ixar que me aproxime<br />
E eu não quero<br />
Me intrometer na sua vida<br />
Não quero me infiltrar<br />
Abrindo seus sentimentos<br />
Na unha, com garra<br />
Preferiria pensar que consigo<br />
Chegar mais perto<br />
Te conhecer melhor<br />
De forma mais suave, natural<br />
E quando penso que estou perto<br />
Sua voz muda <strong>de</strong> novo<br />
Seu olhar fica distante<br />
E eu não sei o que eu<br />
Posso ter feito <strong>de</strong> errado<br />
Porque sei que está se escon<strong>de</strong>ndo<br />
E me irrita te ver<br />
Tão azedo com tudo<br />
Sei que você vale a pena<br />
Tenho confiança em sua<br />
Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser você mesmo<br />
Não me passa pela cabeça<br />
A idéia <strong>de</strong> <strong>de</strong>sistir <strong>de</strong> você<br />
Mas me pergunto todos os dias<br />
Se só isso adianta<br />
Se serei capaz <strong>de</strong> te ajudar<br />
De estar sempre próxima<br />
Se você não quiser<br />
Minha ajuda, minha proximida<strong>de</strong><br />
Minha amiza<strong>de</strong>...<br />
Não quero que fique bravo comigo<br />
Ou chateado com isso que escrevi<br />
Pois é apenas uma forma<br />
De te mostrar um pouco<br />
De como me sinto com você...<br />
E também para você saber<br />
Que sempre estarei aqui<br />
Por você...<br />
Caso queira ou precise<br />
De mim... (05/04/07)<br />
- 200 -
SÓ HOJE<br />
Shirlei Milane <strong>de</strong> Mello<br />
Hoje eu só queria saber<br />
quem foi o tolo<br />
que inventou<br />
a sauda<strong>de</strong>...<br />
Por que não <strong>de</strong>ixar tudo como estava?<br />
O homem sem sentimento<br />
bruto, ignorante<br />
inacessível à dor<br />
<strong>de</strong> se ter um amor<br />
e se saber <strong>de</strong>le<br />
tão distante<br />
ou sem chance...<br />
Então esse tal sentimento<br />
repleto <strong>de</strong> melancolia<br />
poluiu os pensamentos<br />
Faz o homem<br />
antes tão forte<br />
dono <strong>de</strong> si<br />
encolher-se a um canto<br />
com medo<br />
do <strong>de</strong>sconhecido<br />
sem armas para lutar<br />
com seu coração<br />
Senão apenas o ato<br />
<strong>de</strong> finar a si mesmo<br />
fugindo<br />
como um falso herói<br />
foge ao monstro<br />
imaginário<br />
temeroso e enorme<br />
que não controla<br />
Tolo o que disse<br />
pela primeira vez<br />
tenho sauda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> você<br />
quero estar a seu lado<br />
te ver...<br />
Tolo, tolo, tolo!!<br />
Hoje só queria<br />
ser <strong>de</strong> novo<br />
como os aborígines<br />
- 201 -
sem saber que<br />
esse tal sentimento<br />
palavra maluca<br />
existia em algum lugar<br />
mesmo sentindo no âmago<br />
a tal melancolia<br />
solidão... (06/02/05)”<br />
SEU SORRISO<br />
Shirlei Milane <strong>de</strong> Mello<br />
Você não sabe o quanto seu sorriso<br />
é importante para mim<br />
Quando te vejo meu dia se ilumina<br />
Mesmo que não fale com você, te veja <strong>de</strong> longe...<br />
Às vezes penso que talvez não <strong>de</strong>vesse<br />
me sentir assim<br />
afinal nada somos além <strong>de</strong> amigos<br />
Mesmo durante nossas brinca<strong>de</strong>iras<br />
ou conversas sérias<br />
Mesmo quando ficamos nos olhando<br />
ou temos que ser só profissionais<br />
Não importa em que situações<br />
eu me sinto feliz <strong>de</strong> estar perto <strong>de</strong> você.<br />
Adoro te encabular e ver seu rosto vermelho<br />
E mesmo quando suas indiretas<br />
diretas que me calam e enfeitiçam<br />
continuo querendo estar a seu lado<br />
Mas é complicado este sentimento<br />
Muito mais platônico que qualquer outra coisa<br />
muito mais palavras e toques roubados.<br />
Talvez se a situação fosse diferente<br />
se tivéssemos nos conhecido antes (bem antes!)<br />
hoje eu po<strong>de</strong>ria almejar seu sorriso sem culpas<br />
tocar sua mão, seu rosto, sem me censurar<br />
Deixar falar mais alto minhas fantasias<br />
ao menos uma vez, um momento<br />
Não só em sonhos, na minha imaginação...<br />
Mas enquanto isso me contento <strong>de</strong> te olhar<br />
ver-te sorrindo mesmo sem que saiba<br />
o quanto seu sorriso se tornou especial para mim...”<br />
“Homenagem a um lindo amigo que viajou...<br />
- 202 -
Sabe o que dizem sobre não escon<strong>de</strong>rmos nossos sentimentos...<br />
Sermos sinceros... Abrir nossos corações...<br />
Então, isto <strong>de</strong>ve ser uma constante em nossas vidas, pois nunca<br />
vamos saber quando alguma coisa po<strong>de</strong> acontecer e nos afastar<br />
das pessoas que são importantes para nós...<br />
Não <strong>de</strong>vemos <strong>de</strong>ixar para <strong>de</strong>pois o que po<strong>de</strong>mos fazer hoje...<br />
Não <strong>de</strong>ixe o sol se pôr se houver uma <strong>de</strong>savença entre você e<br />
àquele que ama... àquele que é importante em sua vida... Não<br />
<strong>de</strong>smarque um encontro... não adie uma visita... atenda aos<br />
telefonemas, retorne os e-mails e recados... a vida é muito mais<br />
curta do que pensamos que seja... e <strong>de</strong> repente, em um domingo<br />
<strong>de</strong> sol, tudo muda e alguém em quem pensamos <strong>de</strong> manhã parte,<br />
tão <strong>de</strong> repente que ficamos atônitos e não acreditamos que isso<br />
aconteceu... As lágrimas caem, o coração se parte, mas a mente<br />
não acredita... e muitas vezes pensamos que não é verda<strong>de</strong>... que<br />
é uma brinca<strong>de</strong>ira idiota do <strong>de</strong>stino que não vai nos permitir ver<br />
ainda neste mundo, por mais uma vez, vê-lo... Então, não faça<br />
isso... aproveite cada minuto junto com àqueles que ama, que se<br />
dá bem, que são seus amigos <strong>de</strong> coração... sorriam, brinquem as<br />
brinca<strong>de</strong>iras que só vocês enten<strong>de</strong>m, façam as pazes, conversem<br />
ou fiquem em silêncio... ignorem a distância física e aproveitem...<br />
a vida é curta <strong>de</strong>mais para <strong>de</strong>ixarmos <strong>de</strong> vivê-la...<br />
Hoje, por mais uma vez, a certeza <strong>de</strong> que somos perecíveis ao<br />
tempo bateu em minha porta... um amigo lindo, com um ótimo<br />
coração e todo um futuro pela frente se foi... e resta a nós, que<br />
ficamos, sentir a falta que a ausência <strong>de</strong>le, com suas piadas,<br />
sorrisos, qualida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>feitos, <strong>de</strong>ixa nas nossas vidas... Fer, foi<br />
um prazer e uma honra te conhecer... tenho certeza que nos<br />
veremos <strong>de</strong> novo... afinal, não existe a<strong>de</strong>us... e longe é um lugar<br />
que não existe, para os que tem afinida<strong>de</strong>... (04/03/07)”<br />
- 203 -
SE SABE ME DIGA<br />
Shirlei Milane <strong>de</strong> Mello<br />
Você já sentiu ao olhar nos olhos <strong>de</strong> uma pessoa<br />
Que vocês se conhecem há muito tempo?<br />
E é quando essa noção <strong>de</strong> espaço tempo<br />
Se per<strong>de</strong> que você sente mais do que você vê<br />
Que esta pessoa é milhares <strong>de</strong> outras pessoas<br />
Em uma só e sabe que vocês dois<br />
Já viveram e morreram juntos<br />
Um milhão <strong>de</strong> vezes<br />
E talvez esta pessoa venha a te conhecer<br />
Melhor que você mesmo se conhece<br />
Você já sentiu em uma pessoa que ela muda<br />
Com cada sorriso ou olhar?<br />
E é quando muda o ângulo <strong>de</strong> visão que<br />
Se percebe que é outra pessoa <strong>de</strong>ntro da mesma<br />
Mil almas em uma só, mil seres em um só corpo...<br />
Você já passou pela agonia <strong>de</strong> querer,<br />
Ter que, precisar ficar ao lado <strong>de</strong> alguém<br />
Pela energia <strong>de</strong>ssa pessoa ou por se sentir bem<br />
Mas mesmo assim teve que ser forte<br />
Mais forte que si mesmo, se <strong>de</strong>spedir e ir em frente?<br />
Você já quis chorar por algo que não sabe o que é<br />
Sem estar triste, sem dor, mas também sem alegria?<br />
Como se concentrasse no seu ser, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> você<br />
Todos os sentimentos do mundo e soubesse<br />
Que nunca vai ter fim porque você viu, você sabe<br />
Que a alma só muda <strong>de</strong> en<strong>de</strong>reço e tempo<br />
Mas sempre continua vivendo<br />
Se você já passou por tudo isso e enten<strong>de</strong>u<br />
Me explique porque sou assim e não sei<br />
Mas preciso saber o que <strong>de</strong>vo fazer...”<br />
- 204 -
PARA VOCÊ....<br />
Shirlei Milane <strong>de</strong> Mello<br />
Pensei em escrever para você<br />
algo que passasse tudo que quero dizer<br />
mas, se eu simplesmente falasse <strong>de</strong> flores<br />
ou sons, objetos, sabores e cores<br />
eu não conseguiria, ainda assim,<br />
mesmo assim, falar <strong>de</strong> você.<br />
Não saberia te dizer o quanto<br />
o muito, que é importante para mim<br />
Não é apenas o que sinto<br />
não é só por te gostar, te ter carinho<br />
um enorme carinho<br />
Não é por estar sempre em meu coração<br />
sempre em minhas orações<br />
talvez seja somente por você ser você<br />
ou porque você existe no mundo<br />
e existe também na minha vida<br />
talvez seja pela sua doce voz<br />
seu lindo sorriso ou o brilho <strong>de</strong> seu olhar<br />
po<strong>de</strong> ser seu jeitinho meigo<br />
seu ar preocupado, responsável<br />
ou suas belas mãos<br />
mas não importa o que seja<br />
que te <strong>de</strong>ixe, te faça assim especial<br />
eu só gostaria que soubesse<br />
que eu me preocupo com você<br />
te consi<strong>de</strong>ro muito importante e único<br />
te quero sempre bem e feliz<br />
e sempre te trarei comigo, em mim<br />
mesmo quando não te veja, não te fale,<br />
mesmo se precisar estar longe,<br />
distante <strong>de</strong> meus olhos,<br />
estará sempre perto, muito perto,<br />
porque estará nos meus pensamentos,<br />
estará no meu coração... te amo...”<br />
- 205 -
TEKAJORGE<br />
São Paulo/SP – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 492 - 2006<br />
-----------------------------------------------------<br />
BIOGRAFIA:<br />
Escreve há vinte anos para revistas na área da espiritualida<strong>de</strong>.<br />
Formação superior – Professora <strong>de</strong> ensino primário. Profissional da<br />
área <strong>de</strong> comunicação trabalhou na Rádio Mulher por quatro anos.<br />
Participou <strong>de</strong> diversos programas na Rádio Mundial São Paulo. É<br />
Terapeuta holística há seis anos. (www.tekajorge.com.br)<br />
Livros publicados:<br />
Livro - O preço da liberda<strong>de</strong> –uma história <strong>de</strong> vidas passadas-<br />
Editora gente<br />
Livro - Tua fé te guiará- mensagens e orações- Editora Gente<br />
Livro – Sedução – O dom e a magia <strong>de</strong> seduzir - Editora Gente<br />
Livro - O íntimo sentido da vida - Site<br />
Ebooks:<br />
Crônicas da vida – I<br />
Crônicas da vida – II<br />
Mistérios do Encanto<br />
Participou <strong>de</strong> diversos Ensaios Poéticos.<br />
- 206 -
AH, QUEM ME DERA!<br />
TekaJorge<br />
Quem me <strong>de</strong>ra ouvir os canários a cantar no inverno<br />
Quem me <strong>de</strong>ra falar com Vila Lobos e assobiar suaves melodias<br />
Quem me <strong>de</strong>ra correr na rua em que nasci e reencontrar amigos<br />
que perdi<br />
Quem me <strong>de</strong>ra mesmo rir como eu sorria outrora junto as crianças<br />
Quem me <strong>de</strong>ra chupar cana jogada dos caminhões que passavam.<br />
Quem me <strong>de</strong>ra brincar <strong>de</strong> roda, <strong>de</strong> Ciranda e Cirandinha,<br />
Seu Francisco entrou na roda tocando seu violão<br />
pararão - pão- pão, quem vem <strong>de</strong> lá seu <strong>de</strong>legado<br />
o pai Francisco não é mole não.<br />
Quem me <strong>de</strong>ra ensinar aos pequeninos a brincar <strong>de</strong> estátua,<br />
Passar anel <strong>de</strong> mão em mão ou telefone sem fio.<br />
Quem me <strong>de</strong>ra contar aos nossos filhos e <strong>de</strong> amigos<br />
que brincar <strong>de</strong> escon<strong>de</strong>- escon<strong>de</strong> era coisa séria.<br />
Quem me <strong>de</strong>ra falar <strong>de</strong> amor incondicional e nós amarmos mais<br />
Quem me <strong>de</strong>ra abraçar aos amigos sem ninguém me maldizer.<br />
Quem me <strong>de</strong>ra ter uma varinha mágica,<br />
aquela que sonhamos em criança receber<br />
com ela juntar uma equipe <strong>de</strong> fadas multicoloridas<br />
e iluminar somente o bem querer<br />
Quem me <strong>de</strong>ra sentar com um duen<strong>de</strong><br />
ouvir e com ele apren<strong>de</strong>r as artes da vida ao anoitecer.<br />
Quem me <strong>de</strong>ra assuntar o saci - pererê para saber<br />
Mistérios do dia que se anuncia.<br />
Quem me <strong>de</strong>ra ver a mula sem cabeça sem medo e não correr.<br />
Quem me <strong>de</strong>ra apren<strong>de</strong>r com o menino do pastoreio,<br />
A linguagem das ovelhas, caminhando, assobiando encantada.<br />
Quem me <strong>de</strong>ra ouvir os car<strong>de</strong>ais alegres assobiar alegre tos..<br />
Quem me <strong>de</strong>ra multiplicar sorrisos distribuir mil beijos aos aflitos<br />
Quem me <strong>de</strong>ra soprar junto ao vento e tocar as árvores comas<br />
mãos.<br />
Quem me <strong>de</strong>ra falar do agora sem nada ter a reclamar.<br />
Quem me <strong>de</strong>ra viver cem anos, e contar histórias sem enrubescer<br />
Quem me <strong>de</strong>ra viver tudo que quero e jamais me arrepen<strong>de</strong>r.<br />
Quem me <strong>de</strong>ra beijar o coração das mães <strong>de</strong>sesperadas,<br />
Quem me <strong>de</strong>ra abraçar os doentes e abrandar a sua dor,<br />
Quem me <strong>de</strong>ra segurar as mãos dos aflitos,<br />
E ajudá-los então a recomeçar,<br />
Quem me <strong>de</strong>ra meu Deus quem me <strong>de</strong>ra<br />
- 207 -
SE FOSSE VERDADE!<br />
TekaJorge<br />
Se fosse verda<strong>de</strong> que me esperavas sairia correndo e não seria à<br />
toa<br />
E o mundo todo então a minha volta saberia sim do meu amor tão<br />
louco<br />
Imenso e farto os pássaros em bando corriam atrás comigo por<br />
encanto<br />
O farfalhar <strong>de</strong> asas me dizia corra, sem parar entanto,<br />
A lua observando tudo me ocultou seu pranto<br />
Que ao me observar per<strong>de</strong>u seu encanto.<br />
Se fosse verda<strong>de</strong> que ao amar esqueço agruras que me<br />
<strong>de</strong>spedaçam<br />
Tudo tem um brilho falso e uma nova forma estranha<br />
Que em minha alma tomam uma cor sombria<br />
Quero contar as estrelas meu amor secreto e triste<br />
Falar do meu coração palpitante e atento emu<strong>de</strong>cido pelas<br />
lagrimas.<br />
Quão inúteis esperando seu chegar distante segue meu amor<br />
constante.<br />
Desvio meu corpo cansado e minha visão parece amanhecerem<br />
Ainda bem amigo que me enten<strong>de</strong>s e meu amor não nega<br />
Quiçá ele soubesse do meu afeto tão guardado e piegas<br />
Seria rechaçada minha honra e meu ser inteiro <strong>de</strong>scoberto<br />
Mas não serei a única a contar em versos esse mal insano<br />
Que me turva os olhos e escraviza a alma<br />
- 208 -
INESQUECÍVEL DOR<br />
TekaJorge<br />
Tanta coisa durante a vida embriagou tua alma<br />
Pequena centelha <strong>de</strong>slocada e bela<br />
Nada escutastes do que te ensinaram<br />
O fim torpe assolou seu corpo<br />
Da tua face esmoreceu a cor<br />
Teus olhos cerraram para sempre.<br />
Porque me fizestes olhar os lábios teus<br />
Não sei se tu viste em teus pés <strong>de</strong>scalços<br />
A agonia <strong>de</strong> minha alma em dor<br />
Buscar em seus guardados a cor<br />
Para calçar teu corpo antes <strong>de</strong> partir<br />
Sei que nada mais te importa<br />
Cabelos <strong>de</strong>salinhados e a refazer<br />
Teu rosto inchado não <strong>de</strong>ixava ver<br />
Beleza eterna do meu bem querer<br />
Tua pele fria e sôfrega por sorver<br />
O amor eterno cansado <strong>de</strong> sofrer<br />
Tens agora um novo caminho<br />
Quem sabe verás aqueles que amaram tanto<br />
Po<strong>de</strong>rás falar com eles do teu pranto<br />
Eles contarão a ti <strong>de</strong>sse novo encanto<br />
Verás as estrelas <strong>de</strong> tão perto<br />
Contarás a elas do meu canto<br />
Saberás do todo um pouquinho<br />
Partirás para o repouso eterno<br />
Deixarás inesquecível dor<br />
- 209 -
QUALQUER HORA<br />
TekaJorge<br />
Seja em um dia que não tenha hora,<br />
Que seja cedo e venha sem <strong>de</strong>mora<br />
Ao tilintar contínuo da corrente alada<br />
Longe o som <strong>de</strong> musica assim tão <strong>de</strong>svairada<br />
Cingia o ar voraz tocando em disparada<br />
Venha cedo, mas, venha sem <strong>de</strong>mora.<br />
Não <strong>de</strong>ixe o sol partir sem ver a sua aurora<br />
Sentirás sua energia em chama dourada<br />
E por acaso gozarás da água <strong>de</strong>nsa e turva<br />
Se não chegares ao âmago da minha alma<br />
Que seja sim um dia que não tenha hora<br />
Mas que não seja em vão o <strong>de</strong>spertar <strong>de</strong> outrora<br />
Porque sem ter-te perto nada me importa agora<br />
As dores passadas vão querer embora<br />
Vamos juntos por aí afora<br />
Em um momento doce que não tenha hora<br />
Meu coração lascivo <strong>de</strong>ixa-me ansiosa<br />
Meus lábios ávidos fervem em minha aura rósea<br />
Minha pele sente sua boca ar<strong>de</strong>nte e coração oscila<br />
Viajo em ti pelo teu corpo inteiro e minha dor muda.<br />
Qualquer hora e não <strong>de</strong> qualquer jeito<br />
Que seja em um dia que não tenha hora<br />
Mas seja um tempo cheio <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo<br />
Deve ser perfeito e nada ser refeito<br />
Porta aberta <strong>de</strong> uma longa espera<br />
Amor acorda estou a tua volta<br />
Venha logo chegue amor agora<br />
Mas não marque a hora.<br />
- 210 -
ENTANTO<br />
TekaJorge<br />
Olha não me digas nunca nem quanto<br />
Jamais afaste <strong>de</strong> mim o seu encanto<br />
Se não faço falta és tu, que, entretanto,<br />
Amaste-te sim sem dúvida e entanto<br />
Tremes inteiro sem nem um acalanto.<br />
Porque cinges minha alma sôfrega<br />
Deixas em mim o furto em cunho<br />
Nada falas sem me <strong>de</strong>ixar louca<br />
Já que ostentas teu amor em punho<br />
Pois sabes que te busco on<strong>de</strong> ando.<br />
Quem sabe <strong>de</strong> mim amor insano<br />
Senão tu que conhece ao que me engano.<br />
Parte <strong>de</strong> mim sonda teu pranto,<br />
Mas, no, entanto, sofro e não te encontro.<br />
Por tu somente cresce sim meu canto<br />
Imagino on<strong>de</strong> quem sabe estás em acalanto<br />
Perto das árvores ou, não sei, portanto.<br />
Longe dos meus olhos, mas, em mim entanto.<br />
Amor espera, saiba não te <strong>de</strong>saponto.<br />
Não quero estrelas porque já não conto.<br />
Nem menos nuvens em seu céu <strong>de</strong> pranto.<br />
Mas sei não vivo sem você, no entanto.<br />
Nada <strong>de</strong> azul no céu, se não vens tanto.<br />
Adormeça a lua sem que hora, quando.<br />
Escute o canto das cigarras, baixando.<br />
Não diga nada as corujas <strong>de</strong>sertando.<br />
O que importa, se tu vens chegando.<br />
Terás a mim eu a tu, no entanto.<br />
- 211 -
MISTÉRIO DA VIDA<br />
TekaJorge<br />
Qual saborosa força em que se enleva a minha alma.<br />
Morna carícia que me envolve a solta.<br />
Não existissem eles a lhe enfeitar a vida.<br />
Sintonia colorida e bela a enfeitava toda.<br />
Cachos <strong>de</strong> manjericão contrastavam com o branco <strong>de</strong> sua face.<br />
Apressada e livre rodopiava a dançar pelo salão faceiro.<br />
A boca sensual, carnuda abre-se em sorriso zombeteira.<br />
Calada em seu vestido azul <strong>de</strong> longas saias esvoaçava a beira.<br />
Sinfonia arfada em seu peito ansioso e franco armava uma cilada.<br />
Porque não viria a ela a lhe chamar o nome e lhe sentir inteira.<br />
Acaso não enxergava sua roupa solta a lhe afagar o corpo.<br />
Já sabia <strong>de</strong> sua verda<strong>de</strong> toda sem pular pedaço.<br />
O peso <strong>de</strong> seu corpo parecia leve e a fragilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>le <strong>de</strong>ixava ver o<br />
medo.<br />
Continuava entanto mostrando seu encanto sem parar a música.<br />
Terminara tudo e todos foram embora cheios <strong>de</strong> amor inteiros.<br />
A melodia suave mudava a cor da noite que se fazia azul.<br />
Os seus passos não vacilam como outrora foram.<br />
Sabia exatamente a hora <strong>de</strong> terminar e sem tremular efêmera.<br />
Amigos queridos esperavam fora e respeitavam o seu instante<br />
agora.<br />
Nada existiria afora seu tenebroso fim ou sua <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>ira hora.<br />
Porque temiam sua <strong>de</strong>morada volta já que não tinha mais outrora.<br />
Restava a ela o brilho da verda<strong>de</strong> que acreditava hoje e sempre.<br />
Corria <strong>de</strong> alegria ao safar num entanto daquele momento tonto.<br />
Tinha que partir, sauda<strong>de</strong> já matara, e a vida se esgotara.<br />
Reviveu sua vida numa hora boa.<br />
Dançou no salão que amou tanto um dia.<br />
Vestiu seu longo azul <strong>de</strong> vestes <strong>de</strong>licadas.<br />
Abraçou a todos sem escapar <strong>de</strong> nada.<br />
Cortou todos os laços e afagos.<br />
Voltou a sua vida.<br />
Eterna vida Mágica.<br />
Mistério da Vida.<br />
Magia do Encanto.<br />
- 212 -
TOM FIGUEIREDO<br />
São Paulo/SP – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 672 - 2008<br />
-----------------------------------------------------<br />
SOLIDÃO DA PEDRA<br />
“Uma educação pela pedra: por lições;<br />
para apren<strong>de</strong>r da pedra, freqüentá-la;<br />
captar sua voz inenfática, impessoal (...)”<br />
(João Cabral <strong>de</strong> Melo Neto)<br />
Sísifo há <strong>de</strong> escalar a escarpa para <strong>de</strong>rrotar a pedra no vértice da<br />
pirâmi<strong>de</strong> <strong>de</strong> palavras gravadas em pétreas escrituras a <strong>de</strong>cifrar,<br />
respirar o raro ar da altura e chegar, sentar, contemplar a obra<br />
pairada no ar e sonhar, <strong>de</strong>scansar.<br />
Mas a pedra rolante cumpre fortuna <strong>de</strong> rota basilar, retorna ao<br />
começo para a mesma história contar, a <strong>de</strong> ir e voltar e nada<br />
ensinar, a não ser mister recomeçar, retomar nos braços a pedra<br />
bruta inacabada que se recusa a acabar.<br />
Há que arfar: <strong>de</strong>safiar a barreira com pedra <strong>de</strong> tempo linear, <strong>de</strong><br />
adiante para trás, forçado a levar o pesar da raça ao seu lugar<br />
tumular, à fímbria da muralha da qual possa o herói <strong>de</strong>scortinar<br />
um <strong>de</strong>stino alar e arrancar <strong>de</strong> si o eterno tormento <strong>de</strong> ir e voltar<br />
sem nada encontrar.<br />
Mas há que voltar, revoltar, recontar: há que suar na lida <strong>de</strong><br />
carregar a pedra escarpa acima sem jamais parar, <strong>de</strong>scansar,<br />
porque diz a história <strong>de</strong> novo que sina é retornar, mãos vazias,<br />
solidão, nada a apren<strong>de</strong>r, nada a ensinar.<br />
Tom Figueiredo<br />
- 213 -
PRAÇA DO MEDO<br />
Como se <strong>de</strong>u encontrar-me contigo, azul <strong>de</strong> medo, nesta<br />
praça, com data e hora marcada para <strong>de</strong>finitivo a<strong>de</strong>us?<br />
Abrirás o alçapão on<strong>de</strong>, nu e cru, cairei sem uma reles<br />
parreira em meu tosco sexo exposto sem mais nexo com o oposto<br />
teu?<br />
A que te serve rasgar o meu hábito <strong>de</strong> núpcias, suturado a<br />
frio na pele, dia pós dia <strong>de</strong> nossas vidas comensais, sabor <strong>de</strong> sal<br />
vulvar na língua e, na tua, a minha albumina larvar?<br />
Lembras que só a ti era dado o direito <strong>de</strong> esfolar-me pelo<br />
avesso para que vestíssemos um a pele d’outro, nós em nó siamês<br />
<strong>de</strong> vez?<br />
Então como po<strong>de</strong>s agora repartir com olhos mil esse butim<br />
<strong>de</strong> mim?<br />
Será meu crime haver profanado contigo o palíndromo<br />
Roma especular amoR, sexo que faz do côncavo o convexo, do trás<br />
a frente, da singela Bela o estupor da Fera, da dor prazer e viceversa,<br />
do verso a prosa e seu reverso?<br />
Será meu castigo ter sido refém da flor carnívora <strong>de</strong> teu<br />
vértice, preso em inescapável chave <strong>de</strong> pernas, alicate fenda<br />
acicate que dará agora a última volta no parafuso vil em minha<br />
nuca servil?<br />
Tens prazer em dar o laço em meu pescoço e expor a<br />
tatuagem em meu ombro. gravada a ferro quente por tua canibal<br />
mordida recente, cravando-me na pele <strong>de</strong>ntes em <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> lua<br />
crescente?<br />
Por que o gentio espraia-se em ondas <strong>de</strong> prazer, sorrateiro<br />
tremor que me chega inteiro e arrepia-me no oco eco do tambor<br />
cadafalso?<br />
Don<strong>de</strong> virá a final chuva seminal: ejacula o corpo no vácuo<br />
ao tranco fatal ou goza o povo tão prazeroso mal?<br />
Serias capaz <strong>de</strong> ao menos soprar-me ao ouvido um doce<br />
hálito que me conforte ao cair no vórtice que traga <strong>de</strong> um só gole<br />
a morte do amor consorte?<br />
Preso teso no cordame, meu último <strong>de</strong>sejo é te enlaçar em<br />
abraço <strong>de</strong> afogado, vertigem do não mais, tuas garras <strong>de</strong> sangue<br />
drenando o meu exangue não-ser, que uma doce brisa beija e<br />
balança, hirto, no ar.<br />
Tom Figueiredo<br />
- 214 -
WANDERLEY PERES<br />
Santos/SP – Brasil<br />
Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 535 – 2007<br />
-----------------------------------------------------<br />
ONDE CANTAM OS PÁSSAROS<br />
Wan-dhér<br />
Por que e quando cantam os pássaros<br />
Estamos todos calados em suspeito silêncio<br />
Pássaro que nos ferem em trêmulos gorjeios<br />
Nossos tristes pensamentos em fuga<br />
Tangindo sublimes recuerdos sonoros<br />
Com vestígios <strong>de</strong> caminhos percorridos<br />
Pássaros que pelas trilhas da vida<br />
Per<strong>de</strong>m suas penas <strong>de</strong> ricas plumagens<br />
Em movimentos inspirados pela dor e <strong>de</strong>sprezo<br />
Sobre rastros esquecidos pelo chão<br />
Com seus cantos líricos melodiosos e cristalinos<br />
Em um registro agudo à mais no viver<br />
Pássaros que sobrevoam ilhas, rios, praias e igarapés<br />
Que abrem suas asas aos céus ao sol e ao mar<br />
Pássaro que nasceu <strong>de</strong>signado pelo Divino<br />
Sensível <strong>de</strong> rústica beleza e sobrevoa palafitas<br />
Pássaros <strong>de</strong> moléculas livres que voam<br />
Pássaro místico que sonora nossas tristezas<br />
Pássaro particularmente invejado<br />
Sem herança sem família e <strong>de</strong>terminação<br />
Que aniquilas pretensões humanas <strong>de</strong> voar<br />
A<strong>de</strong>ntras recônditos sem pedir nada a ninguém<br />
- 215 -
Pássaro <strong>de</strong> antigo manuscrito soberbo e latente<br />
Às vezes jazem em cárceres <strong>de</strong> gaiolas douradas<br />
Pássaros <strong>de</strong> versos universalmente conquistados<br />
Que pousam em galhos sem distinção <strong>de</strong> raça<br />
Sem crença ou dogma cantam sem saberem pr’a quem<br />
Pássaros <strong>de</strong> peregrinações constantes<br />
Sem insígnias na or<strong>de</strong>m da própria natureza<br />
Pássaros <strong>de</strong> ninhos em margens nos pântanos da vida<br />
Pássaro cansado que morre sem <strong>de</strong>stoar da origem<br />
Que transpassa nuvens sombrias sem medo<br />
De porte virtuoso e acentuado sem idioma ou país<br />
Passaro ave pequena sorrateira e astuta<br />
Que cruza restingas, brejos, mares, oceanos e continentes<br />
E carregam consigo a ban<strong>de</strong>ira colorida e imagem da paz<br />
VONTADE DE POSSE<br />
Wan-dhér<br />
Mentalmente pratico a obediência<br />
No arbítrio <strong>de</strong> uma vonta<strong>de</strong> própria<br />
Em querer acariciar afagar com carinho<br />
Esse corpinho lindo e beijar-te<br />
Sussurrar em teu ouvido meus versos e <strong>de</strong>sejos<br />
Casale teus pensamentos aos meus<br />
Irmanados imigraremos ao sublime infinito<br />
Não haverão tristes vigílias em nossas madrugadas<br />
Nossos pensamentos <strong>de</strong>scansariam em nuvens brancas<br />
Em um amanhecer sereno cheio <strong>de</strong> amor<br />
Deixa-me matar essa ânsia escrava e serva <strong>de</strong> meus ímpetos<br />
Quero e <strong>de</strong>sejo-te bem junto a mim<br />
- 216 -
Procure amenizar este insuportável sofrimento<br />
Deixa-me sentir o perfume <strong>de</strong> tua pele rosada<br />
E o latejar <strong>de</strong> teus seios em meu corpo agitado<br />
Neste êxtase maluco quase <strong>de</strong>scomunal<br />
Meus sentidos revelam a mais expressiva e difícil palavra<br />
Em manter tua imagem no andor <strong>de</strong> meu silêncio<br />
Entre os brilhos resplan<strong>de</strong>centes no fulgir das constelações<br />
Com teu vestido negro como a noite coberto <strong>de</strong> estrelas<br />
Ah! Se eu pu<strong>de</strong>sse dizer-te o que sinto<br />
Quando <strong>de</strong>ito sonho contigo mais uma vez<br />
O tempo parece querer parar em algum lugar<br />
Imagino estar fixando meus olhos a distância<br />
Em teus lábios sorri<strong>de</strong>ntes acolhendo minhas fantasias e luxuria<br />
Quero saciar esse imenso prazer ao teu gosto<br />
Unir nossa cobiça como se fora um último <strong>de</strong>sejo<br />
Impulsionado pela razão do sentimento<br />
Incitado por tua beleza corpo esbelto e <strong>de</strong>sejado<br />
Quero te sentir entre ramos e flores perfumadas<br />
Meu Bem-querente tudo em ti me fascina mulher<br />
Teu semblante sereno <strong>de</strong>monstra a glória <strong>de</strong> tuas conquistas<br />
Tens sob o vestido nobre obra da natureza que criou tuas curvas<br />
Minha vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> posse é uma sublime esperança<br />
E ser contigo querido afortunado amado e feliz<br />
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ÍNDICE<br />
REGISTRO DE UMA NOVA ÉPOCA LITERÁRIA 03<br />
APRESENTAÇÃO: David Lorenzon Ferreira 04<br />
INTRODUÇÃO: “ODE AO CYBERPOETA” - Aníbal Beça 05<br />
PREFÁCIO: Luiz Poeta – Luiz Gilberto <strong>de</strong> Barros 07<br />
Ana Paula Corrêa 08<br />
Ana Suely Pinho Lopes 11<br />
Arlete Maria 13<br />
Aurea Pinto <strong>de</strong> Miranda 16<br />
Carlos Roberto Fernan<strong>de</strong>s 19<br />
Carmen Ortiz Cristal 24<br />
Cássia Vicente 31<br />
Clélio Costa Carreira 36<br />
Dária Farion 39<br />
Diógenes Pereira <strong>de</strong> Araújo 42<br />
Elio Eugenio Muller 45<br />
Erasmo Shallkytton 46<br />
Fátima Cardoso 48<br />
Fátima Paraguassú 53<br />
Gerson F. Filho 56<br />
Ibernise Maria 62<br />
Isaura Fernan<strong>de</strong>s 67<br />
João Carlos Ferreira Almeida (Rother) 70<br />
João Sevivas 77<br />
Joaquina Fernan<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Oliveira 80<br />
Jorge Humberto 83<br />
José Carlos Silva Primaz 86<br />
José George Moura Alves (Joe’A) 92<br />
Jussara Fuentes Lindote 99<br />
Lara Cardoso 102<br />
Leni Chiarello Ziliotto 104<br />
Ligia Scholze Borges Tomarchio 107<br />
Luiz Gilberto <strong>de</strong> Barros (Luiz Poeta) 110<br />
M. Flores (Millie) 117<br />
Margot <strong>de</strong> Freitas Santos 124<br />
Maria Inês Simões 129<br />
Maria Inez Fontes Ricco (Mifori 134<br />
Maria Zélia Nicolodi 137<br />
Nanci R. Faria 139<br />
Ney<strong>de</strong> Noronha 141<br />
O<strong>de</strong>te Ronchi Baltazar 145<br />
Pedro Arturo Padilla 148<br />
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Pedro Valdoy 155<br />
Pilar Casagran<strong>de</strong> 162<br />
Pinhal Dias 165<br />
Rita <strong>de</strong> Cássia Ferreira Ma<strong>de</strong>ira 168<br />
Rivkah Cohen 171<br />
Rozelene Furtado <strong>de</strong> Lima 176<br />
Ruben Alves Vieira 179<br />
Salete Cardozo Cochinsky 184<br />
Salvador Prantera Junior 189<br />
Sarah Rodrigues 195<br />
Shirlei Milane <strong>de</strong> Mello 199<br />
TekaJorge 206<br />
Tom Figueiredo 213<br />
Wan<strong>de</strong>rley Peres 215<br />
ÍNDICE 218<br />
INFORMAÇÕES 220<br />
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TÍTULO: 3ª ANTOLOGIA<br />
Poética Literária<br />
Edição histórica - AVBL<br />
220 páginas<br />
AUTORES<br />
AVBL – <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Virtual</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Letras<br />
www.avbl.com.br - avbl@avbl.com.br<br />
IDEALIZAÇÃO E COORDENAÇÃO<br />
Maria Inês Simões<br />
REVISÃO E RESPONSABILIDADES<br />
O autor é responsável direto<br />
pelos seus textos enviados,<br />
bem como pela revisão dos mesmos.<br />
ASSESSORIA<br />
Ruth Lara Godoy<br />
EDITORA AVBL<br />
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AVBL – <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Virtual</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Letras<br />
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Proibida a reprodução total ou parcial<br />
sem a autorização dos autores.<br />
ISBN: 978-85-98219-23-3<br />
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