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AVBL – ACADEMIA VIRTUAL BRASILEIRA DE LETRAS<br />

www.avbl.com.br - avbl@avbl.com.br<br />

3ª ANTOLOGIA<br />

Poética Literária<br />

edição histórica - AVBL<br />

Editora AVBL<br />

2008<br />

- 1 -


Dados Internacionais <strong>de</strong> Catalogação na Publicação (CIP)<br />

AVBL. <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Virtual</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Letras<br />

3ª Antologia Poética Literária – AVBL. – Bauru/SP<br />

Editora AVBL, 2008. -- Bauru/SP<br />

220p. il. 15 X 21 cm.<br />

ISBN 978-85-98219-23-3<br />

1. Poesia <strong>Brasileira</strong>. 2. Contos Brasileiros. I. Título.<br />

030308 CDD-869.91/93<br />

Índice para catálogo sistemático:<br />

1. Poesia: Literatura <strong>Brasileira</strong> CDD-869.91<br />

2. Contos: Literatura <strong>Brasileira</strong> CDD-869.93<br />

- 2 -


REGISTRO DE UMA NOVA ÉPOCA LITERÁRIA<br />

AVBL – <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Virtual</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Letras<br />

“in litteris, usque infinitum!” - www.avbl.com.br<br />

Fundada em 09/05/2001 pela professora, webmaster e <strong>de</strong>signer:<br />

Maria Inês Simões – Bauru/SP.<br />

Membros Efetivos Fundadores – Ano 2001 do nº 001 ao nº 100.<br />

Patronos (as) da AVBL:<br />

Ano 2001: Membros nº 001 a 100<br />

Patrono: Joaquim Maria MACHADO DE ASSIS<br />

Ano 2002: Membros nº 101 a 219<br />

Patrona: MARIA INÊS SIMÕES<br />

Ano 2003: Membros nº 220 a 321<br />

Patrono: GERSON F. FILHO<br />

Ano 2004: Membros nº 322 a 406<br />

Patrona: IBERNISE MARIA Morais Silva<br />

Ano 2005: Membros nº 407 a 448<br />

Patrona: RIVKAH Cohen<br />

Ano 2006: Membros nº 449 a 514<br />

Patrona: ODETE RONCHI BALTAZAR<br />

Ano 2007: Membros nº 515 a 646<br />

Patrona: PILAR CASAGRANDE<br />

Os principais objetivos da <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> são: reunir Autores,<br />

Escritores e Poetas Virtuais e divulgar suas obras através da www.<br />

(World Wi<strong>de</strong> Web). Compreen<strong>de</strong>-se por "Autores, Escritores e<br />

Poetas Virtuais" todos aqueles que projetam e confeccionam seus<br />

próprios sites e utilizam-se do computador para <strong>de</strong>senvolverem<br />

suas obras (em sites e e-mails). Demonstrando assim, <strong>de</strong>dicação,<br />

amor à arte <strong>de</strong> criar através da digitalização e formatação.<br />

Conseqüentemente transportando do virtual ao real seus dons,<br />

sentimentos e conhecimentos. A AVBL proporciona literatura<br />

virtual aos internautas. Caracterizando assim, a Época <strong>Virtual</strong>ismo<br />

através dos Membros que diariamente postam seus textos no site<br />

(www.avbl.com.br). Nas Antologias impressas o objetivo é<br />

registrar nos meios tradicionais as características da época e seus<br />

Autores, Escritores e Poetas Virtuais.<br />

- 3 -


APRESENTAÇÃO<br />

“O tempo não pára”, já dizia Cazuza em uma <strong>de</strong> suas músicas há<br />

algumas décadas atrás, e estas letras musicadas são versos<br />

poéticos que cantados expressam uma outra maneira para<br />

<strong>de</strong>clamar os sentimentos contidos em todo músico disfarçado em<br />

poeta ou mesmo em todo poeta que ao compor seus poemas, rima<br />

seus versos e estrofes no compasso da musicalida<strong>de</strong> e do som.<br />

Se a Gran<strong>de</strong> Biblioteca <strong>de</strong> Alexandria, construída no reinado do<br />

Faraó Ptolomeu XII, pai <strong>de</strong> Cleópatra VII, e que se situava na<br />

costa da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Alexandria e antiga capital do Egito nesta<br />

época, tivesse sobrevivido ao fogo que a consumiu e vencido as<br />

traças do tempo dos séculos que nos separam, po<strong>de</strong>ríamos nos<br />

<strong>de</strong>leitar com obras poéticas magníficas dos poetas daquele tempo<br />

e dos que por eles tivessem ali <strong>de</strong>ixado sua obra para os<br />

românticos sonhadores que registraram com as suas alegrias, com<br />

as suas lágrimas e talvez com o seu próprio sangue, a voraz<br />

veracida<strong>de</strong> que corre <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> nossas letradas veias poéticas.<br />

Trazemos nesta Antologia AVBLiana, PoetAmigos <strong>de</strong> várias<br />

localida<strong>de</strong>s e que <strong>de</strong>las exprimem sua visão do mundo nas<br />

sensações que já provaram, nas que estão <strong>de</strong>sfrutando agora ou<br />

mesmo naquelas que <strong>de</strong>sejam ainda <strong>de</strong>gustar.<br />

Colocamos-nos ao alcance <strong>de</strong> todos àqueles que querem servir-se<br />

<strong>de</strong> cultura através <strong>de</strong> nossos poemas, sejam nossas letras<br />

impressas em papel ou mesmo num mundo virtual ainda mais real<br />

do que este em que vivemos agora, numa inter-relação cotidiana e<br />

necessária para a coexistência social e intelectual no século XXI e<br />

nos próximos que estão por vir.<br />

David Lorenzon Ferreira<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 475<br />

CLIRC – Centro Literário Rio Claro<br />

- 4 -


INTRODUÇÃO<br />

ODE AO CYBERPOETA<br />

Aníbal Beça ©<br />

Eu sou aquele barrado,<br />

quem diria! Pela técnica,<br />

em pleno ano dois mil.<br />

Meu pecado é visual:<br />

da intertextualida<strong>de</strong><br />

leva idéias <strong>de</strong>senhadas<br />

numa citação bem clara<br />

aos que antes <strong>de</strong> mim chegaram.<br />

Todo dia aprendo mais<br />

pelas mãos parafernálicas<br />

<strong>de</strong>ssa ferramenta óptica:<br />

-- bem-vindo computador!<br />

Ah se Apolinnaire tivesse<br />

para sua inventiva<br />

essa caixinha tão mágica!<br />

E Marcel Duchamps, a vara<br />

(não aquela <strong>de</strong> condão<br />

das fadas medievais),<br />

esse dito rato-mouse<br />

que risca todos os signos<br />

na via láctea sistêmica<br />

levando nossos rabiscos<br />

enquadrando o pós-mo<strong>de</strong>rno<br />

na cela do anacronismo.<br />

- 5 -


Somos os enfants-terribles<br />

<strong>de</strong>sse espaço cibernético<br />

impertinentes maudits<br />

que ousam compor diferente<br />

aos olhos <strong>de</strong> um mundo triste<br />

para a alegria global.<br />

E do agá tê eme ele<br />

em 3D ou mesmo Java<br />

nossa linguagem explo<strong>de</strong><br />

com a mesmice <strong>de</strong> sempre<br />

<strong>de</strong> ranço misoneísta<br />

dos que tem medo do "novo"<br />

que não tem a paciência<br />

<strong>de</strong> esperar pelos attachs<br />

que trazem muita surpresa.<br />

E daí armam seu circo<br />

fazem campanhas do contra<br />

instalando novamente<br />

uma nova caça às bruxas<br />

(tribunal <strong>de</strong> um santo ofício<br />

on<strong>de</strong> medra a intransigência)<br />

<strong>de</strong> uma pobre inquisição<br />

<strong>de</strong> pobres <strong>de</strong>spossuídos<br />

<strong>de</strong> arte, talento e amor.<br />

- 6 -


PREFÁCIO<br />

Quando vários poetas se reúnem para compor uma belíssima<br />

antologia como esta, é como se cada um <strong>de</strong>les colorisse um<br />

mundo novo, cujo mapa será sempre marcado pela sua relação<br />

com a vida, com o tempo e com a lírica energia que move os<br />

sentimentos.<br />

Para o poeta, a poesia não é apenas uma forma <strong>de</strong> retratar a<br />

realida<strong>de</strong> através das palavras, é uma espécie <strong>de</strong> voz que se<br />

movimenta, enquanto caminha pelas páginas <strong>de</strong> um livro, sob os<br />

olhos atentos das pessoas sensíveis.<br />

O interlocutor fiel <strong>de</strong> um texto poético é exatamente quem<br />

gostaria <strong>de</strong> exprimir, como o poeta, os sentimentos mais<br />

imediatos, mais contidos, mais sentidos.<br />

Ler com sensibilida<strong>de</strong> é dom; escrever com sensibilida<strong>de</strong> é bênção.<br />

É assim que a poesia se sublima, pela vida que há no ato <strong>de</strong><br />

escrever e <strong>de</strong> ser lido.<br />

Mais que dom, a poesia é a maneira mais sublime <strong>de</strong> celebração<br />

do silêncio.<br />

Nós, os poetas, somos <strong>de</strong> uma raça em extinção. Por isso é que<br />

<strong>de</strong>vemos lutar pela preservação da nossa espécie.<br />

Poesia não é quantida<strong>de</strong>, é abstração.<br />

Poeta não é número... é alma.<br />

Luiz Poeta - Luiz Gilberto <strong>de</strong> Barros<br />

Às 14 h e 39 min do dia 2 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2008<br />

do Rio <strong>de</strong> Janeiro - Brasil<br />

- 7 -


ANA PAULA CORRÊA<br />

Guarulhos/SP – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 323 – 2004<br />

-----------------------------------------------------<br />

POR QUE NÃO FOI SIMPLESMENTE CASUAL?<br />

Ana Paula Corrêa<br />

Gosto mais, muito mais do que <strong>de</strong>veria...<br />

Então segure minhas mãos, me abrace,<br />

Envolva-se com meu corpo que renasce,<br />

Cubra-se <strong>de</strong> gozo e tua vida recria.<br />

Quero além, muito além do que po<strong>de</strong>ria...<br />

Nessa minha vã liberda<strong>de</strong>,<br />

Busco novas verda<strong>de</strong>s,<br />

Pois só em sonhos hoje tenho alegria.<br />

Seria isso amor?<br />

Ah, eu não arriscaria...<br />

Ter que curar mais uma vez cicatrizes.<br />

Seria isso pecado?<br />

Essa vonta<strong>de</strong>, essa pegada forte, esse beijo bom...<br />

Sauda<strong>de</strong> incontrolável.<br />

(for you my honey pot!)<br />

- 8 -


COM RAZÃO<br />

Ana Paula Corrêa<br />

Eu já sonhei com um tempo<br />

Em que tudo seria infinito...<br />

A sua música preferida,<br />

A minha história mais emocionante,<br />

O seu beijo mais quente.<br />

Um tempo que a tal felicida<strong>de</strong><br />

Se encontrasse em todos os momentos<br />

E não se per<strong>de</strong>sse por qualquer bobagem...<br />

As contas que tiram o sono,<br />

A briguinha boba pelo controle remoto,<br />

O transito parado.<br />

Mas quanto mais o tempo passa, concretizo que esse tempo não<br />

chega nunca...<br />

Ou pelo egoísmo <strong>de</strong> querermos sempre mais,<br />

Ou por insistirmos nos erros.<br />

(for you my honey pot!)<br />

AUTO-PEÇAS<br />

Ana Paula Corrêa<br />

A M O R T E C E D O R E S...<br />

... o amor tece dores<br />

todas essas dores <strong>de</strong> amores<br />

tecem-se amores nas dores<br />

odores <strong>de</strong> amores são essas dores<br />

doloridos amores tecidos em cores<br />

amores coloridos, dores crescidas<br />

Dolores <strong>de</strong> amores<br />

Tecidas as cores nas dores <strong>de</strong> Dolores<br />

Os odores <strong>de</strong> Dolores, são amores em cores<br />

Corais <strong>de</strong> dores são os amores <strong>de</strong> Dolores...<br />

“- Pois não Dona Dolores?”<br />

“- Sim é claro! Por favor Senhor Mecânico, preciso trocar os<br />

amortecedores.”<br />

- 9 -


SOU FRASE? QUEM SABE!<br />

Ana Paula Corrêa<br />

Para mim um ponto não basta.<br />

Não sou final, um ponto e vírgula talvez;<br />

Todo o meu corpo fala<br />

Sou palavra, cada pedaço, toda vez.<br />

O trema no tremor das mãos cinqüêntonas<br />

Circunflexo na circunferência dos olhos<br />

Tenho um til viúvo no coração<br />

Que assedia a cedilha em seus sonhos<br />

Sou exclamação da cabeça aos pés!<br />

A interrogação, em mim, a<strong>de</strong>reço se faz.<br />

On<strong>de</strong> a cabeça sempre a quer,<br />

E na alma, seria tenaz?<br />

Redimo as reticências nos contos... soltos...<br />

Craseando a duras penas essas mãos compulsivas<br />

Dois pontos, na outra linha, parágrafo,<br />

Abre aspas, travessão:<br />

“- Quero aqui fazer um parêntese (vírgula), aguda é a dor que<br />

sinto em não fazer aquilo que me é suscito” (fecha aspas).<br />

- 10 -


ANA SUELY PINHO LOPES<br />

Brasília/DF – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 664 - 2008<br />

-----------------------------------------------------<br />

DIGA SIM AO MOMENTO PRESENTE...<br />

Sorrindo,<br />

Chorando,<br />

Ou mesmo recordando,<br />

Morrendo <strong>de</strong> sauda<strong>de</strong>s,<br />

Sofrendo <strong>de</strong> paixão...<br />

Plantando uma árvore,<br />

Construindo um jardim,<br />

Conhecendo o outro,<br />

Olhando para seu verso.<br />

Abraçando a quem ama,<br />

Sonhando acordado,<br />

Explodindo <strong>de</strong> prazer,<br />

Acreditando no agora, no amanhã...<br />

Repleto <strong>de</strong> prazer,<br />

adorando as realizações,<br />

estranhando as reações,<br />

traçando caminhos.<br />

Perdoando <strong>de</strong>slizes,<br />

Consi<strong>de</strong>rando fragilida<strong>de</strong>s,<br />

reconhecendo <strong>de</strong>feitos,<br />

Sendo gente...<br />

Agra<strong>de</strong>cendo por tudo!<br />

Ana Suely (pensando em tudo que é viver, 03/03/2007)<br />

- 11 -


QUE LUGAR É ESSE?<br />

"Em canto" do Alto Paraíso<br />

Habitante da lua (são Jorge)?<br />

Transporte astral<br />

Asas do além.<br />

Águas, pedras, vegetação...<br />

Nuvens <strong>de</strong> fios <strong>de</strong> algodão<br />

Assento Divino,<br />

Proteção silenciosa<br />

Vibração <strong>de</strong> reluzentes cristais.<br />

Cerrado iluminado,<br />

Chão <strong>de</strong> estrelas<br />

Braços <strong>de</strong> mel<br />

Berço <strong>de</strong> ouro.<br />

Artistas encantam no abraço,<br />

Confun<strong>de</strong>m a terra e céu,<br />

Mostram o viver no Paraíso!<br />

Ana Suely (São Jorge/Chapada dos Vea<strong>de</strong>iros, nov/2006)<br />

PASSOS DO VIVER...<br />

Do viver a experiência<br />

Da experiência o apren<strong>de</strong>r<br />

Do apren<strong>de</strong>r o saber<br />

Do saber o construir<br />

Do construir a conquista<br />

Da conquista a realização<br />

Da realização o agra<strong>de</strong>cer<br />

O agra<strong>de</strong>cer por viver!<br />

Ana Suely - Alegria <strong>de</strong> viver. 13/04/2007<br />

- 12 -


ARLETE MARIA<br />

Porto Seguro/BA – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 451 - 2006<br />

-----------------------------------------------------<br />

AUTOBIOGRAFIA:<br />

Esta sou EU, sem máscaras, sem véu, apenas o sentimento<br />

aflorando, mente e coração se <strong>de</strong>screvendo por mãos enigmáticas,<br />

sensatas histórias <strong>de</strong> amor, dor e paixão; uma simples mulher,<br />

profissional, artista, incondicionalmente MULHER, trazendo a arte<br />

na vida fazendo arte. Mergulhar nos sonhos, nas profun<strong>de</strong>zas da<br />

alma, escrever e <strong>de</strong>screver o que me <strong>de</strong>r prazer... Cirurgiã<br />

Dentista <strong>de</strong> profissão, poetisa <strong>de</strong> paixão... Arlete Maria.<br />

*AUTORIA*<br />

Arlete Maria<br />

Po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>dicar-te vários versos<br />

Mas não te dou o direito à autoria<br />

Percorrestes as estradas da minha vida<br />

Escrevestes meus caminhos perdidos<br />

Deixaste um rastro <strong>de</strong> cor<br />

Escrevera o meu <strong>de</strong>sejo, as minhas lembranças...<br />

Escreveu em meu peito todo teu amor,<br />

Mas a aquarela que embebia a pena não fixou,<br />

Ignorei teu escrito, o que você me <strong>de</strong>stinou.<br />

Virei a página, ela se rasurou...<br />

Perdi então a essência do amor<br />

Junto com o sonho que acabou,<br />

Minha alma eclodiu, terminei meu livro<br />

Faltando um capítulo, o que você me <strong>de</strong>dicou,<br />

A tinta com que você escrevia, esta página manchou...<br />

- 13 -


“DEDICO-TE MEUS VERSOS”<br />

Arlete Maria<br />

Quero versejar sobre teu corpo inundado pela prata do<br />

luar, sinto-me sorrateira na vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> te beijar, Os lábios<br />

apimentados pelo bel-prazer <strong>de</strong> te consumir por inteiro<br />

regado ao sabor do amor voraz, queda-me ao <strong>de</strong>sejo sem<br />

freio<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>bruçar-me sobre ti, ar<strong>de</strong>nte mensageiro das minhas<br />

intenções profanas, espalhadas na celerida<strong>de</strong> da ventania<br />

ciente dos meus intentos<br />

<strong>de</strong>spudorados mas é o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ter teu ser incondicional<br />

que alinha os meus VERSOS, em sintonia com os teus...<br />

“O tempo cobrou-me coragem<br />

tentei resistir, preferia minha camuflagem<br />

mas o tempo é pertinente, insolente<br />

exigiu-me uma <strong>de</strong>cisão coerente,<br />

cobrou-me realida<strong>de</strong> imediatamente<br />

chegou à hora, não resisti<br />

quebrou-se a casca, eclodi...”<br />

SOLIDÃO DE UM MOMENTO<br />

Arlete Maria<br />

Perdi-me absorta em pensamentos, doce solidão <strong>de</strong> um momento,<br />

exaustiva recordação <strong>de</strong> um dia, uma ocasião. Apoiei-me no<br />

alambrado da janela e por pouco o beija-flor confundiu-me com as<br />

violetas que bailavam com a brisa suave do outono contrastando<br />

com o tapete <strong>de</strong> folhas secas cobrindo o chão. Envolvi-me com a<br />

canção suave que o vento entoava perfumada pela alfazema no ar,<br />

per<strong>de</strong>ndo-se além-mar, admirava a brisa acariciando o álamo que<br />

a paisagem enfeitava<br />

...sauda<strong>de</strong>s senti amor...<br />

Ao chegar à noite meio enluarada, perdida estou em pensamentos,<br />

não vi a noite me abordar, senti apenas o frio <strong>de</strong> o orvalho me<br />

molhar. O beija flor já dormira, as violetas continuam a bailar.<br />

Sentei-me então na alfaia tão bem conservada e <strong>de</strong>leitei-me em<br />

ler tuas memórias nos meus alfarrábios guardados.<br />

Doce solidão <strong>de</strong> um momento, entranhado em meus<br />

pensamentos...<br />

- 14 -


NÁUFRAGOS DO AMOR<br />

Arlete Maria<br />

Gritei forte e os ecos se eternizaram<br />

mas os ares do oceano para outros lados<br />

meus lamentos levaram.<br />

Busquei-te no infinito<br />

on<strong>de</strong> meus olhos alcançavam<br />

mas a neblina do oceano os meus<br />

olhos embaçavam...<br />

chorei, chorei, quis clarear meu olhar<br />

quis ver o sol raiar, a lua chegar<br />

e em cada amanhecer ver teu rosto<br />

no céu para eu sorrir, naveguei ao longe<br />

gritei, gritei, gritei<br />

mas a distância rápida nos separava,<br />

você absorto no preamar,<br />

eu no oceano em meu convés a lamentar<br />

vendo no horizonte nossa<br />

nau naufragar...<br />

“A Arte esta nas minhas mãos, na escrita, na labuta, nas emoções"<br />

- 15 -


AUREA PINTO DE MIRANDA<br />

Porto Alegre/RS – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 564 - 2007<br />

-----------------------------------------------------<br />

SOBRE A AUTORA:<br />

Atriz, dramaturga, cronista, compositora e poeta.<br />

Aurea Pinto <strong>de</strong> Miranda nasceu em Sant'Ana do Livramento/RS.<br />

Colaboradora junto à Revista Literária Paralelo 30 -<br />

http://br.geocities.com/paralelo_30/in<strong>de</strong>x.htm - e à divulgação<br />

poética JoyceLu@azul - http://joyceluazul.iespana.es/in<strong>de</strong>x.htm -<br />

Resi<strong>de</strong> atualmente em Porto Alegre.<br />

ADVERTÊNCIA<br />

Áurea Pinto Miranda<br />

Não se morre <strong>de</strong> amor – não, <strong>de</strong> repente:<br />

morre-se por amor – e <strong>de</strong> mansinho...<br />

Vai-se morrendo tão <strong>de</strong>vagarinho,<br />

que ninguém o percebe – nem a gente.<br />

Anda-se a esmo, num olhar sozinho,<br />

como se o tempo, em vez <strong>de</strong> ser presente,<br />

fosse apenas um vácuo absorvente:<br />

um aborto <strong>de</strong> vida, um <strong>de</strong>scaminho.<br />

As cores vão ficando <strong>de</strong>sbotadas;<br />

as notas das canções, <strong>de</strong>safinadas;<br />

o sentir-se no ser tão imperfeito,<br />

que o coração vai-se per<strong>de</strong>ndo d’alma,<br />

e nem mais dói – porém não mais se acalma,<br />

porque também não tem lugar no peito.<br />

- 16 -


MULHER DE TODOS OS DIAS<br />

Áurea Pinto <strong>de</strong> Miranda<br />

Mulher é terra, é berço, é tempo <strong>de</strong> acalanto,<br />

sonho, fertilida<strong>de</strong>, ritual <strong>de</strong> espera:<br />

semente que no outono faz-se primavera;<br />

lágrima <strong>de</strong> alegria ao <strong>de</strong>sfilar-se em pranto.<br />

Mulher é uma bobagem que se faz quimera;<br />

um átomo infantil na fórmula do encanto<br />

– que a química social, não raro, põe, no entanto,<br />

nalgum tubo <strong>de</strong> ensaio on<strong>de</strong> mal a pon<strong>de</strong>ra.<br />

E assim, mulher é santa, adúltera, profana<br />

– qual bo<strong>de</strong> expiatório <strong>de</strong> uma espécie humana<br />

on<strong>de</strong> a renegam tanto os próprios filhos seus.<br />

Mulher é puta, é bruxa, é louca, é imprevisível,<br />

porém nem mesmo a Bíblia achou que era possível<br />

dispensar a mulher pra dar à luz um <strong>de</strong>us!<br />

- 17 -


POESIA<br />

Áurea Pinto <strong>de</strong> Miranda<br />

Poesia é simplesmente – e apenas – um recado<br />

que nos penetra os olhos ou chega ao ouvido,<br />

como um carimbo, um selo ou um certificado<br />

<strong>de</strong> algo que o coração já tem lido e relido.<br />

Recebe-a a emoção, mas já está reservado,<br />

numa pasta especial, seu espaço, contido<br />

num arquivo incomum, se bem que inaugurado<br />

já antes da <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> um ser nascido.<br />

A poesia é uma linguagem abstrata<br />

infiltrada nos gens etéreos, feito um rio<br />

<strong>de</strong> energias sutis na matéria concreta.<br />

Por isso, a natureza, sábia quão sensata,<br />

revertendo os processos do viver vazio,<br />

instala sempre, em qualquer canto, algum poeta.<br />

- 18 -


CARLOS ROBERTO FERNANDES<br />

Belo Horizonte/MG – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 512 - 2006<br />

-----------------------------------------------------<br />

SOBRE O AUTOR:<br />

Nome Poético: Carlos Fernan<strong>de</strong>s<br />

Membro da União <strong>Brasileira</strong> dos Trovadores, Delegacia<br />

Uberaba/MG e Seção Belo Horizonte/MG;<br />

TROVAS<br />

Carlos Roberto Fernan<strong>de</strong>s<br />

O SENTIMENTO SERENO<br />

EM QUE O AMOR NOS PERTENÇA<br />

NÃO LANÇA DARDO OU VENENO<br />

NEM PEDRA DA INDIFERENÇA.<br />

*****<br />

FORMADOS NA LUZ DO AMOR<br />

-SÍMBOLO DA EVOLUÇÃO-<br />

FINDA-SE ÓDIO ARRASADOR<br />

DA FOGUEIRA DA PAIXÃO.<br />

*****<br />

ANTE MORTÍFERA ESPADA,<br />

BRANDIDA PELA PAIXÃO,<br />

O AMOR LEVANTA NA ESTRADA<br />

CRUZ DE SANTIFICAÇÃO.<br />

*****<br />

QUANTO MAIS BROTAM ESPINHOS<br />

NOS CAULES A SEU DISPOR<br />

MAIS FULGURAM NOS CAMINHOS<br />

ROSEIRAIS VIVOS DE AMOR.<br />

*****<br />

NOS LONGOS DIAS NUBLADOS<br />

DE DESENCANTO E MUDANÇA<br />

DOS SONHOS DESPEDAÇADOS<br />

SÓ AMOR TRAZ SEGURANÇA.<br />

*****<br />

- 19 -


ENTENDO QUE TROVADOR,<br />

INDA MESMO COM PAIXÃO,<br />

VERSEJANDO SOBRE AMOR<br />

NÃO É UM BEBÊ CHORÃO.<br />

*****<br />

EM MATÉRIA DE JUÍZO<br />

A BÍBLIA NÃO FALA EM VÃO:<br />

FOI EVA NO PARAÍSO<br />

QUE ABUSOU DE PAI ADÃO.<br />

*****<br />

NAMORADO, NAMORADA<br />

SEM CONVERSA, SEM LIMITE<br />

LEMBRAM CARRO EM DISPARADA<br />

MUNIDO DE DINAMITE.<br />

*****<br />

TRISTEZA FOI TRISTE HERANÇA<br />

DO QUE SENTI POR ALGUÉM:<br />

COLOQUEI TANTA ESPERANÇA<br />

ONDE NÃO TINHA NINGUÉM.<br />

*****<br />

UM HOMEM APAIXONADO,<br />

QUANTO MAIOR PAIXÃO EXISTE,<br />

TRAZ OLHAR APROFUNDADO<br />

DE PESSOA SEMPRE TRISTE..<br />

*****<br />

AMOR DE ALMAS ELEITAS<br />

COM VALORES VARONIS<br />

NÃO SE BASEIA EM SUSPEITAS<br />

NEM EXIGÊNCIAS INFANTIS.<br />

*****<br />

AFETO-POSSE É RUÍDO<br />

LONGE DAS GRAÇAS DO AMOR:<br />

TANTO SOFRE O POSSUÍDO<br />

QUANTO SOFRE O POSSUIDOR.<br />

*****<br />

QUANDO O AMOR NÃO EXISTE<br />

LEMBRANDO AFETO-DOENÇA,<br />

A EXPRESSÃO DO QUE PERSISTE<br />

É TÃO-SÓ INDIFERENÇA.<br />

- 20 -


QUANDO O AMOR SE RESUME<br />

A VIL MANIPULAÇÃO<br />

O QUE SE TEM É CIÚME<br />

DA NOSSA PRÓPRIA AMBIÇÃO.<br />

*****<br />

INSEGURANÇA? MIRAGEM<br />

NOS DOMÍNIOS DA AFEIÇÃO;<br />

ÀS VEZES É OUTRA LINGUAGEM<br />

PARA AUTOPUNIÇÃO.<br />

*****<br />

DIFÍCIL EM AFEIÇÃO<br />

DISTINGUIR DONS A DISPOR:<br />

AFETO DE GRATIDÃO<br />

É GRATIDÃO; NÃO É AMOR.<br />

*****<br />

TEMA DE PROFUNDIDADE<br />

NOS CAMPOS DA AFEIÇÃO:<br />

AMOR EM PURA VERDADE<br />

É SOMENTE DOAÇÃO.<br />

*****<br />

DESCOBRI APÓS TORMENTO<br />

UM CAMINHO RENOVADOR:<br />

QUEM QUER RECONHECIMENTO<br />

NÃO CONHECE O QUE É AMOR.<br />

*****<br />

POR MAIS AVANCE A VONTADE<br />

AMOR NÃO É DISTRAÇÃO:<br />

EXIGE MATURIDADE<br />

DO CORPO E DA EMOÇÃO.<br />

*****<br />

ENQUANTO A PAIXÃO SOVINA<br />

PROMOVE FESTA DE UM DIA<br />

O AMOR - FORÇA DIVINA -<br />

PRODUZ ETERNA ALEGRIA.<br />

*****<br />

ÀS MARGENS DO RIO TEJO<br />

MEU DESTINO FOI TRAÇADO<br />

QUANDO EM ÁGUAS DO DESEJO<br />

FIZ AS PONTES PARA O FADO.<br />

- 21 -


SENHORA DOS MARTÍRIOS<br />

Carlos Roberto Fernan<strong>de</strong>s<br />

qual procissão levantando altos círios<br />

em profundos abismos <strong>de</strong> amargura<br />

a atormentadíssima criatura<br />

se queda ante seus próprios <strong>de</strong>lírios.<br />

nesse momento dos seus murchos lírios<br />

em que se vê perto da sepultura<br />

suplica mão rosada <strong>de</strong> ternura<br />

da Serena Senhora dos Martírios!<br />

... atordoada <strong>de</strong> ilusões ar<strong>de</strong>ntes<br />

<strong>de</strong>sce dos castiçais dos pobres sonhos<br />

construídos sob altares medonhos...<br />

Surge, então, dos clamores penitentes<br />

a Sereníssima Mão da Senhora<br />

cujos martírios o crente vê e chora.<br />

SENHORA DO ROSÁRIO<br />

Carlos Roberto Fernan<strong>de</strong>s<br />

ante os clamores <strong>de</strong>sse santo campanário<br />

em harmoníssima música suplicante<br />

ajoelho minh'alma neste altar diante<br />

da Santíssima Senhora, Mãe do Rosário.<br />

constritamente contemplo o vivo sacrário<br />

meditando no Mistério Sacrificante<br />

com que a Glória do Espírito Santificante<br />

expressa-se na Senhora Mãe do Rosário.<br />

caem pétalas <strong>de</strong> luz formosíssima<br />

nos profundos enganos do meu coração<br />

e o milagre da fé traz-me a re<strong>de</strong>nção.<br />

Oh, Senhora Formosa, Maria Santíssima!<br />

Do Vosso Rosário vem po<strong>de</strong>roso brilho<br />

no qual, <strong>de</strong> mãos postas, sinto-me vosso filho.<br />

- 22 -


MÃE DO PERPÉTUO SOCORRO<br />

Carlos Roberto Fernan<strong>de</strong>s<br />

na misteriosíssima eternida<strong>de</strong> infinita<br />

em que eu-criatura tanto vivo quanto morro<br />

existe a permanente misericórdia bendita<br />

da Gloriosa Senhora do Perpétuo Socorro.<br />

se a humana vonta<strong>de</strong> em sua febre tirita<br />

sem encontrar segurança <strong>de</strong> um misérrimo gorro,<br />

verá, ao coibir o <strong>de</strong>sdouro da aflição que grita,<br />

as bênçãos postas pela Mãe do Perpétuo Socorro.<br />

nos brilhantismos fúnebres dos tenebrosos ritos<br />

multiplicadores vãos da multidão dos aflitos<br />

a Santa Mãe corrige, calma, os temores meus...<br />

Com o sereníssimo socorro santificado,<br />

livrando-me do martírio sombrio do pecado<br />

Sua Presença me leva à Presença <strong>de</strong> Deus.<br />

ALMA E CORPO<br />

Carlos Roberto Fernan<strong>de</strong>s<br />

minh'alma passeante, aprisionada e tonta<br />

quer controlar o corpo nela habitante<br />

e, nessa luta, quanto sonho se <strong>de</strong>smonta<br />

numa lágrima morticida, palpitante.<br />

ninguém percebe a dor contida nessa afronta<br />

on<strong>de</strong> a fortaleza do corpo suplicante<br />

blasfema sobre a muralha incerta e pronta<br />

<strong>de</strong> minh'alma supremíssima governante.<br />

fortaleza e muralha, cada uma arrogante<br />

do seu mausoléu <strong>de</strong> esplendoríssima fronte<br />

espera guardar a outra <strong>de</strong> juízo infante<br />

em túmulo secular <strong>de</strong> tétrico monte<br />

on<strong>de</strong> meu corpo transforme secura arfante<br />

no sereníssimo silêncio <strong>de</strong> uma fonte.<br />

- 23 -


CARMEN ORTIZ CRISTAL<br />

São Paulo/SP – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 665 - 2008<br />

-----------------------------------------------------<br />

NOSSOS DIAS SÃO DE AMOR...<br />

Carmen Ortiz Cristal<br />

Navegando num oceano <strong>de</strong> emoções,<br />

Em versos bem construídos!...<br />

Dizendo do mundo e das relações,<br />

Encontrei em rimas tua alma, Poeta...<br />

Ao primeiro olhar, me apaixonei!...<br />

Por tua mão, em sonhos embarquei...<br />

Por teu norte, encontrei novos mundos!...<br />

Confiando sempre no coração...<br />

Amante!... Passei a poetar contigo...<br />

Fazendo versos do que seria nossa relação...<br />

Subscrevendo a união <strong>de</strong> nossas almas!<br />

Conscientes da loucura adolescente,<br />

Saímos do papel para, num leito <strong>de</strong> paixão,<br />

Amar e viver sem pensar no amanhã...<br />

ESSÊNCIA!...<br />

Carmen Ortiz Cristal<br />

Amar, sonhar, <strong>de</strong>sejar!...<br />

Sentimentos que fazem<br />

d'alma um mundo...<br />

Espaços infinitos,<br />

uma rima constante...<br />

Da vida, um sem fim <strong>de</strong> noites e dias,<br />

sem tempo para acabar...<br />

Do coração!... Eterno amante,<br />

Poesia...<br />

Meu amor!... Raio <strong>de</strong> luz...<br />

Na real, em ser esperança...<br />

Continuida<strong>de</strong>...<br />

Amar é a minha verda<strong>de</strong>.<br />

- 24 -


ALADO CORAÇÃO<br />

Carmen Ortiz Cristal<br />

Teu coração voou,<br />

Chegou ao meu...<br />

Num bailado <strong>de</strong> amor,<br />

Ganharam alturas!...<br />

Eram novas conquistas...<br />

Unidos,<br />

A<strong>de</strong>ntraram o Universo da Paixão...<br />

Em revoadas, por Terras da União...<br />

Mensageiros da Bem-Aventurança!...<br />

Levando nas mãos rosas brancas,<br />

Foram ultrapassando barreiras...<br />

Conquistando, por merecimento,<br />

Um tempo mágico... A Paz!...<br />

Firmando, entre anjos, uma vida...<br />

Na pureza que os envolvia,<br />

Desfeitas dores e tristezas,<br />

Gra<strong>de</strong>s que os tinham prisioneiros.<br />

Confiantes na verda<strong>de</strong>,<br />

Tornaram-se libertos,<br />

Para irem a um tempo além...<br />

Um tempo <strong>de</strong> amor!...<br />

COMO SABER DA DOR!...<br />

Carmen Ortiz Cristal<br />

Gran<strong>de</strong>s são os anseios que rondam!<br />

Pobres e incapazes são as palavras...<br />

O coração reclama direitos postos...<br />

O poeta diz, em versos, da melancolia...<br />

Como se fazer enten<strong>de</strong>r um sentir seu,<br />

Num mundo <strong>de</strong> tantas penas ingratas...<br />

A morte na alma, a dor é incessante!<br />

O caos pelo caminho, segue errante...<br />

Tantas são as amarguras, lamentos!<br />

Diante do amor <strong>de</strong> sonhos impossíveis,<br />

Rebela-se o ser frente à tempesta<strong>de</strong>!<br />

Se não há solução ao que é <strong>de</strong>sventura,<br />

A poesia soluça no lugar da esperança...<br />

Pobre, ímpia é a tortura, resta o a<strong>de</strong>us...<br />

- 25 -


BANDOLEIRO DE ILUSÕES!...<br />

Carmen Ortiz Cristal<br />

Águas rasas!... A se<strong>de</strong> não sacia.<br />

A relva amarelada diz do esquecimento...<br />

Traduz a injustiça... Tropeço da alegria...<br />

Segue adiante o que não tem arrimo.<br />

Folhas soltas, espinhos pontiagudos...<br />

Ressalva <strong>de</strong> um jardim sem flores.<br />

Brotam carências nas fases da Lua...<br />

Tudo que um dia foi amores<br />

per<strong>de</strong>u-se na incompreensão...<br />

Para tal infundada é a razão...<br />

Desencontros por falta <strong>de</strong> afeto.<br />

Inverda<strong>de</strong>s!... Desilusão...<br />

Feridas abertas na busca do amanhã...<br />

Ao vento ficam as palavras,<br />

finda a beleza do que foi cumplicida<strong>de</strong>...<br />

Agonia que o corpo não satisfaz...<br />

Valores distorcidos, vida vazia...<br />

À margem, a espera não se fez...<br />

Lágrimas sem parceria no dia,<br />

em que as velas rotas,<br />

foram displicentemente<br />

<strong>de</strong>ixadas no cais...<br />

Novas rotas?!... A bordo,<br />

esquecimento <strong>de</strong> outros tempos.<br />

Confiança, um querer <strong>de</strong>sfigurado!...<br />

Desviam-se as razões...<br />

Na praia a loba espreita!...<br />

O marujo segue adiante...<br />

Por vezes, um olhar ou outro...<br />

Sentimentos unilaterais<br />

fazem do humano um animal errante,<br />

Bandoleiro <strong>de</strong> Ilusões...!<br />

- 26 -


EM TEUS BRAÇOS FUI FELIZ!...<br />

Carmen Ortiz Cristal<br />

Sobre alvos lençóis <strong>de</strong> um leito vazio,<br />

Envolta pela escura noite,<br />

Tendo como companheira a sauda<strong>de</strong>,<br />

Sou a chama do <strong>de</strong>sejo incontido...<br />

Na solidão do quarto,<br />

Amargando mais uma insônia,<br />

Vôo nas asas da imaginação, tão real!...<br />

Ouço passos, sinto tua aproximação...<br />

Ansiosa aflora este querer <strong>de</strong> ti!...<br />

Másculo teu cheiro está no ar...<br />

Meu corpo treme ao toque da tua mão...<br />

Aprisionada num abraço, sinto teu calor...<br />

Teus lábios nos meus num ar<strong>de</strong>nte beijo...<br />

Multiplicam o <strong>de</strong>sejo, tudo é só paixão!...<br />

Na hora <strong>de</strong> fazer amor, calam-se as vozes.<br />

Ouve-se, apenas, o pulsar do coração...<br />

Ilimitada é a cumplicida<strong>de</strong>...<br />

Sonho, ilusão!... Vivo a entrega...<br />

Por um momento que fosse,<br />

Ser tua é tudo que sempre almejei...<br />

A madrugada vai alta e, ainda, estás aqui...<br />

Num orgasmo mútuo, olhos nos olhos...<br />

Vi um mundo <strong>de</strong> prazer espalhando-se em ti.<br />

Tomada pelo espasmo, exausta, adormeci...<br />

Sonho ou realida<strong>de</strong>, sei que vivi!...<br />

Fosse ilusão <strong>de</strong> uma viagem cósmica,<br />

Estar contigo é ser felicida<strong>de</strong>!...<br />

Viver ou reviver momentos,<br />

em teus braços sou verda<strong>de</strong>...<br />

- 27 -


FALANDO COM DEUS...<br />

Carmen Ortiz Cristal<br />

Tenho a alma sofrida, o coração magoado...<br />

Inconformada com tanta dor e tristeza.<br />

Choro!... Sinto-me impotente, incapaz...<br />

Diante da miséria humana, sou nada...<br />

Olho em torno, revolto-me!...<br />

Tanto gostaria <strong>de</strong> fazer pelos irmãos...<br />

Lavar as feridas, secar suas lágrimas.<br />

Amenizar <strong>de</strong> vez a dor que os consome.<br />

Ofertar-lhes sorrisos, alegria, bem estar...<br />

Ao invés disso, com minhas limitações,<br />

Caminho por entre corpos <strong>de</strong>sfigurados...<br />

Almas quebradas pelo <strong>de</strong>sespero...<br />

Corações <strong>de</strong>spedaçados, agonizantes...<br />

Convivo com a dor, a fome, o <strong>de</strong>samor...<br />

Quero gritar por socorro!...<br />

Mas a quem?!... Quem ouviria meus gritos?<br />

O egoísmo gerando tanta injustiça...<br />

Quem esten<strong>de</strong>ria a mão sem pedir em troca?!...<br />

Cada um quer saber <strong>de</strong> si, que importa o outro!...<br />

Porque então, Senhor Deus,<br />

Deste-me esta capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amar tanto?<br />

De sentir tanto pelos meus semelhantes?<br />

E, ao mesmo tempo, me fizeste tão pequena...!<br />

Tão incapaz diante do sofrimento?...<br />

Senhor, preciso <strong>de</strong> forças, coragem...<br />

Preciso <strong>de</strong>sesperadamente <strong>de</strong> uma Luz!<br />

Uma luz que me indique o caminho...<br />

Uma saída, um rumo, on<strong>de</strong> eu consiga,<br />

De alguma forma,<br />

Acolher em meus braços a quem sofre...<br />

Senhor, quero respostas, quero po<strong>de</strong>r fazer!...<br />

Vem, Senhor Deus, fala ao meu coração...<br />

Minha fé é inabalável!<br />

A ti confio minha questão...<br />

- 28 -


SEM FLORES NEM CORES...<br />

Carmen Ortiz Cristal<br />

A chama crepita no coração.<br />

No rosto <strong>de</strong>slizam as lágrimas...<br />

As mãos estão vazias.<br />

A sauda<strong>de</strong> cala no peito.<br />

Por on<strong>de</strong> andará o sol?! Assustadoras,<br />

a noite se faz permanente,<br />

a dor envolve minhas horas vazias...<br />

Levaste contigo o júbilo das cores!...<br />

Apagaste meu sorriso!... A natureza reclama...<br />

As fontes, antes dançantes e belas,<br />

entristeceram à tua partida...<br />

Um mundo em preto e branco!...<br />

Sem amor fez-se triste meu caminho...<br />

Mortas as flores, ficaram espinhos.<br />

FOI AMOR!...<br />

Carmen Ortiz Cristal<br />

Partes airosas <strong>de</strong> um sonho...<br />

Rima nos versos que componho.<br />

Preâmbulo <strong>de</strong> ilusões adormecidas!<br />

Reviver <strong>de</strong> emoções já esquecidas...<br />

Predicados do que <strong>de</strong>sabrochou<br />

E, em chamas quentes <strong>de</strong>spertou...<br />

Para ser requinte <strong>de</strong> paixões,<br />

Nas frias manhãs das minhas emoções...<br />

Amante sob o céu enluarado!...<br />

No bater do coração <strong>de</strong>scompassado<br />

Fazendo-se presente num leito <strong>de</strong> amor...<br />

Sabia-se extremo do ser, além da dor!...<br />

O céu, um todo do que foi meu universo...<br />

Poesia!... Perfume exalado em verso...!<br />

- 29 -


VIM BEIJAR TEU CORAÇÃO<br />

Carmen Ortiz Cristal<br />

Venho com o vento...<br />

Trago <strong>de</strong> longe as vivências,<br />

As experiências...<br />

Que moldaram minha alma apaixonada.<br />

Que me fizeram ser<br />

Um ser do mundo!<br />

Um ser que se dá em verda<strong>de</strong>s.<br />

Do mais puro d'alma,<br />

Transbordando emoções próprias,<br />

Ditas com paixão em versos imperfeitos...<br />

Mas banhados no amor,<br />

Do amor que sou feita!...<br />

Deixa-me chegar!...<br />

E em teu coração soprar,<br />

Com doçura e carinho...<br />

Todo este amor que sinto,<br />

Um amor que me faz vibrar,<br />

Sonhar, <strong>de</strong>sejar estar contigo...<br />

Acariciar teu rosto,<br />

fazer <strong>de</strong> teus braços<br />

meu abrigo...<br />

Deixa que eu a<strong>de</strong>ntre tua alma...<br />

Vim trazer a felicida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> um mundo <strong>de</strong> amor!<br />

O renascer para uma nova vida...<br />

Deixar o passado no passado...<br />

Vim trazer!... O melhor <strong>de</strong> mim...<br />

Felicida<strong>de</strong> e amor que te quero dar.<br />

- 30 -


CÁSSIA VICENTE<br />

Jataí/GO – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 423 - 2005<br />

-----------------------------------------------------<br />

BIOGRAFIA:<br />

Sou Cássia Vicente...<br />

Não me consi<strong>de</strong>ro uma poeta,<br />

apenas um escrevinhadora,<br />

traço nas palavras o verbo amar,<br />

sem preocupar com rimas vou versejando<br />

e assim vou me realizando...<br />

Moro em Jataí, estado <strong>de</strong> Goiás<br />

num lugarzinho perfeito para poetar<br />

em meio a pássaros, muita água,<br />

sol e luar inconfessáveis...<br />

Esta sou eu...<br />

Mulher, mãe, amante e muito sorri<strong>de</strong>nte!<br />

ÁGUAS DE MARÇO<br />

Cássia Vivente<br />

Num leve toque a chuva cai<br />

<strong>de</strong>spejando as águas <strong>de</strong> março,<br />

últimas águas que esperam levar<br />

as dores com ela pelo rio afora...<br />

Águas <strong>de</strong> março que recolhem<br />

os <strong>de</strong>stroços da sauda<strong>de</strong>, da tristeza,<br />

da ignorância vencida sem <strong>de</strong>ixar rastro<br />

pra que nada fique pra trás...<br />

Num leve toque os pingos trazem<br />

renovação pra alma cansada e perdida<br />

revigorando-a sem medida,,,<br />

Águas <strong>de</strong> março que beneficiam<br />

quem se dispor a mudar, <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> lado o passado,<br />

se permitir viver o amor sem medo <strong>de</strong> ser feliz...<br />

- 31 -


RESTAM AS PALMAS<br />

Cássia Vivente<br />

Moribundo...<br />

vaga pelas ruas lúgrubes<br />

lixo, sujeira <strong>de</strong> toda uma vida<br />

se empilham nas calçadas.<br />

Caminha comprazendo<br />

com o ambiente <strong>de</strong> amargura,<br />

tristeza da noite fria e escura,<br />

cambaleando, <strong>de</strong>ixa-se cair na lama escura.<br />

O cheiro acre misturado ao suor<br />

embrulha seu estômago vazio há dias,<br />

num refluxo põe pra fora toda sua amargura.<br />

Quem passa ao lado finge nem perceber<br />

que ali jaz um moribundo...<br />

...platéia não falta, restam as palmas...<br />

ADEUS<br />

Cássia Vivente<br />

Nua como vim ao mundo me <strong>de</strong>speço<br />

<strong>de</strong>ixo as marcas que conquistei pro mundo imundo<br />

levo comigo a pele sem mácula<br />

estas as lavei... nas águas <strong>de</strong>ixei...<br />

Parto num parto sem dor<br />

retorno ao meu ser uniforme<br />

<strong>de</strong>ixo pra trás as <strong>de</strong>formida<strong>de</strong>s<br />

causadas pela vida <strong>de</strong>sregrada<br />

venci o mal recebendo a luz<br />

Agora estou como vim<br />

pronta pra partir estou<br />

a<strong>de</strong>us...<br />

- 32 -


APRENDI<br />

Cássia Vivente<br />

Foi você que me ensinou o amor<br />

com você aprendi que emoções são<br />

inconfessáveis pra alma...<br />

Aprendi que amar é caminhar ao lado<br />

e nas horas do amor<br />

estar por cima, por baixo<br />

sem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> estar ao lado...<br />

Você me ensinou que o olhar<br />

diz o que vai ao coração<br />

palavras são meras conjunções...<br />

Foi você que na paciência<br />

me ensinou todos os passos que levam<br />

à felicida<strong>de</strong>...<br />

Aprendi que ser feliz é um estado d´alma<br />

que não adianta brigar com o mundo<br />

ele é o mestre dos mestres...<br />

Com Você aprendi a escalar a vida<br />

sem ter medo <strong>de</strong> cair, pois me sinto bem protegida<br />

pelas cordas e ganchos...<br />

Foi você que me ensinou os primeiros passos da subida<br />

e ainda continua pegando na minha mão nas horas<br />

que me embaraço nas cordas...<br />

E com isso... em você eu vivo...<br />

- 33 -


VOCÊ...<br />

Cássia Vivente<br />

Quem po<strong>de</strong> sentir mais do que eu... você<br />

nem mesmo o mar quando toca a areia<br />

po<strong>de</strong> traduzir tanto sentimento, tanta magia...<br />

A lua quando toca as águas com seu reflexo ímpar<br />

nem mesmo ela, provoca toda extensão que você tem pra mim...<br />

Quem po<strong>de</strong> sentir mais você do que eu... Acho que nem você...<br />

és par perfeito, jogo <strong>de</strong> sedução, expressão do amor...<br />

Quem nunca sentiu um amor assim... Perdão...<br />

Nem mesmo o céu, com todo seu encanto, po<strong>de</strong> traduzir você...<br />

as flores que exalam perfume se curvam quando o teu perfume<br />

toca meu corpo...<br />

O mais doce beija-flor quando explora o néctar nem <strong>de</strong> longe<br />

se compara ao teu toque em meus lábios...<br />

Posso estar exagerando comparando-te com tão belos trajes...<br />

posso até estar sendo exótica ou escandalosa...<br />

mas meu amor ninguém nega quando vê em meus olhos... você...<br />

- 34 -


BOLERO<br />

Cássia Vivente<br />

Adoro a música que toca<br />

...toca minha pele<br />

como carícias <strong>de</strong> suas mãos<br />

perfazendo um bolero<br />

com trejeitos que<br />

só conheço em "você"...<br />

Ensaio passos na horizontal<br />

<strong>de</strong>ixando a música me conduzir<br />

até meus <strong>de</strong>sejos mais secretos<br />

on<strong>de</strong> o nome <strong>de</strong>les é "você"...<br />

Toque <strong>de</strong> pele sem pele<br />

...pele que <strong>de</strong> longe ensaia<br />

num bolero todinho "você"<br />

Gozo na plenitu<strong>de</strong> do meu corpo<br />

que na magia do encanto<br />

penetra em mim "você"<br />

Ensaio <strong>de</strong> um bolero<br />

numa noite <strong>de</strong> prazer...<br />

- 35 -


CLÉLIO COSTA CARREIRA<br />

Campinas/SP –Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – ca<strong>de</strong>ira: 123 - 2002<br />

-----------------------------------------------------<br />

DIGNIDADE<br />

Clélio Costa Carreira<br />

Um fato e <strong>de</strong>cepções, passagens da vida, ausências.<br />

Dias doces que vem e vão entre os dias tristes dias e sombrios <strong>de</strong><br />

agora<br />

tar<strong>de</strong>s em crepúsculo, intensas num outono frio<br />

a sauda<strong>de</strong> que esmaga o peito em dor lancinante.<br />

Dor e pó<br />

sauda<strong>de</strong>.<br />

Necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> olhar para o inesquecível no coração<br />

a busca do que se teve,<br />

busca da vida em comum, a dois<br />

busca do tudo e do nada.<br />

O ressurgir da vida, a hora e o lugar certo<br />

o acontecimento.<br />

A <strong>de</strong>cisão da imortalida<strong>de</strong> estampada no rosto<br />

na ausência das frustrações,<br />

um olhar para trás,<br />

um caminho: a estrada, o passado.<br />

Dor e grito<br />

sauda<strong>de</strong>.<br />

Um olhar para frente: a estrada do nada presente<br />

a plenitu<strong>de</strong> do vago, do oco.<br />

A dignida<strong>de</strong> da espera<br />

a ausência dilacerante.<br />

Dor e lágrima.<br />

Sauda<strong>de</strong>,<br />

só sauda<strong>de</strong>, só sauda<strong>de</strong>.<br />

- 36 -


PARTIDA<br />

Clélio Costa Carreira<br />

Muitas vezes ouço o choro sentido da minha pobre e triste alma<br />

olho <strong>de</strong>ntro das minhas lembranças<br />

vejo-a caminhando em direção à porta <strong>de</strong> saída<br />

seus passos são rápidos,<br />

como se quisesse com isso abreviar a partida<br />

é o seu ir-se <strong>de</strong> mim<br />

é o buscar do seu eu para um alento<br />

é o fugir sentido do que julga perdido<br />

Vejo-a sempre assim, indo nas minhas partidas<br />

Seus cabelos vão per<strong>de</strong>ndo o doce brilho na distância<br />

Vejo seus olhos em pequenas contidas gotas <strong>de</strong> lágrimas,<br />

olhos mareados, aperto no peito, dor.<br />

O amargo do sal tange os lábios cerrados<br />

acelera os passos, e vai, seu corpo físico vai<br />

mas você fica, em mim<br />

misturam-se nossas dores, nossos lamentos<br />

o cheiro da sua pele forma uma auréola protetora<br />

impe<strong>de</strong> que me mova, unimo-nos<br />

sua boca quente ainda toca meus lábios<br />

ouço seu respirar<br />

Você entra em meus poros, em minha narina<br />

em minha alma frágil<br />

sufoca-me <strong>de</strong> sentimentos imprevisíveis <strong>de</strong> doces carinhos,<br />

sufoca-me <strong>de</strong> tão intenso amor<br />

a angústia do partir é envolvente<br />

perco-me no seu eu<br />

à vonta<strong>de</strong> é <strong>de</strong> ficar, <strong>de</strong> não ir, <strong>de</strong> não <strong>de</strong>ixar<br />

nosso físico se afasta, eu vou, você vai<br />

vamo-nos assim, tão <strong>de</strong>finitivamente, sem rumo<br />

vamo-nos assim, sem nada <strong>de</strong> nós, com tudo <strong>de</strong> cada<br />

tudo é choro, tudo é água salgada<br />

<strong>de</strong> tantas partidas, fez-se o mar<br />

separamo-nos<br />

não mais a vejo<br />

é a dor <strong>de</strong> irmos<br />

- 37 -


SONHAR, DOCE ILUSÃO<br />

Clélio Costa Carreira<br />

Esse eterno <strong>de</strong>spertar em busca <strong>de</strong> algo,<br />

esse sonhar infindo<br />

que movimenta o sangue nas veias<br />

a esperança do sorriso eterno,<br />

as flores coloridas na janela <strong>de</strong> cortinas alvas<br />

trilhar caminhos <strong>de</strong> folhas secas que estalam ao peso dos pés<br />

beber da fonte da felicida<strong>de</strong><br />

a água cristalina das montanhas celestes<br />

viver <strong>de</strong> esperanças, migalhas <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong><br />

nada acontece, nada!<br />

Apenas inércia:<br />

ilusão!<br />

De tudo isso se conclui que<br />

a vida é apenas um sono<br />

e, que sonhar é natural<br />

conseqüência do ato <strong>de</strong> dormir<br />

caminhar sempre em direção à luz,<br />

estar perto ver que isso não é nada,<br />

que não conduz a nada<br />

é apenas o sentir imediato,<br />

a alegria não duradoura,<br />

a emoção do momento,<br />

que como fumaça, se esvai.<br />

- 38 -


DÁRIA FARION<br />

Pinhais/PR – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 301 – 2003<br />

-----------------------------------------------------<br />

SOBRE A AUTORA:<br />

Filha <strong>de</strong>: André Farion e Maria Farion.<br />

Nasceu em Fluviópolis - Paraná, no dia 26 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1929.<br />

Formou-se pala Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Filosofia Ciências e Letras da<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná. Recebeu o Prêmio - Medalha <strong>de</strong><br />

Mérito Fernando Amaro. Pertence: - <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> Paranaense da<br />

Poesia - ca<strong>de</strong>ira nº 14 - Patrona Julia da Costa; <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong><br />

Femimina <strong>de</strong> Letras do Paraná, ca<strong>de</strong>ira nº 13 - Patrona Adda<br />

Macagi; Centro <strong>de</strong> Letras do Paraná; Centro Paranaense Feminino<br />

<strong>de</strong> Cultura; União <strong>Brasileira</strong> dos Escritores <strong>de</strong> Nova Iorque -<br />

UBENY; AVBL - <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Virtual</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Letras - Ca<strong>de</strong>ira nº<br />

301 - Patrono: Domício Coutinho.<br />

Livros editados:<br />

- Vida Néctar e Veneno - 1994<br />

- Foco <strong>de</strong> Visão - 1998 Editora Champagnat - PUC<br />

- Verbos e Versos - 2003 Editora Champagnat - PUC<br />

ebooks<br />

- O Céu Registrou - 2008 - AVBL<br />

- Ósculo Póetico - 2005 - AVBL<br />

- Vida Visão e Versos - 2005 - AVBL<br />

- Crestomatia das Emoções - 2003 - AVBL<br />

- 39 -


A CANÇÃO QUE A VIDA DITOU<br />

Dária Farion<br />

Festejar setenta e sete anos<br />

É recolher das viagens<br />

Aprendizagem <strong>de</strong> infindas passagens<br />

Do eu peregrino pelo espaço/tempo da vida.<br />

A vida genialida<strong>de</strong> divina, ciência da alma<br />

Fortaleceu o eu, expressou sabedoria<br />

Nas oportunida<strong>de</strong>s, nas assomadas emoções,<br />

Nas bênçãos com glórias festejadas.<br />

Vou fundo no tempo resgatando lembranças<br />

Relembrando a coragem <strong>de</strong> cada travessia,<br />

Guardando na alma a benção maior:<br />

Sete filhos higianos, orquestrando cânticos opimos.<br />

Já se faz o cansaço,<br />

Mas ainda há força num abraço e areia na ampulheta.<br />

Das mãos fortes restam mãos encarquilhadas<br />

Ainda assim cheias <strong>de</strong> bênçãos e afagos.<br />

A cada alvorecer, a cada poente a minha prece:<br />

Ao templo que abrigou minha vida,<br />

À vida que executou a canção,<br />

A canção que a vida ditou<br />

OBRIGADA.<br />

- 40 -


UNIVERSO SINGULAR<br />

Dária Farion<br />

Ensaiar os primeiros passos <strong>de</strong> mãos dadas,<br />

Conseguir é vitória conquistada, é vitória aplaudida<br />

A primeira força na estrada da vida.<br />

Da cartilha <strong>de</strong>cifrada ao peito no pódio ufanado<br />

Um laboratório <strong>de</strong> sonhos, estesiogenias e lutas<br />

Nos mistérios encerrados, nas virtu<strong>de</strong> alcançados.<br />

No giro do tempo houve dias sem luz e noite escuras também<br />

Mas a cada dia por labirintos do <strong>de</strong>stino me perdi, me achei, venci,<br />

Nas noites houve luz das estrelas, houve sol no reflexo da lua.<br />

Pedras no caminho, me fiz força carreguei todas elas,<br />

Não havia tempo nem margens para plantar flores.<br />

Comi o pão com o suor do rosto, lutei, amei, acalentei.<br />

Com as pedras construí o meu castelo,<br />

Com alguns cristais os meus vitrais,<br />

Ah! os diamantes, filhos amados, aprofundam raízes.<br />

Hoje vivo no meu castelo, num silêncio feito <strong>de</strong> sauda<strong>de</strong>s<br />

Das lutas, das vitórias e até <strong>de</strong> alguns fracassos benfazejos,<br />

Há espaço e há tempo para chorar, poetar e plantar flores<br />

Flores impagáveis, únicas<br />

Cultivadas por um processo <strong>de</strong> vibrações <strong>de</strong> nobre solo<br />

Regadas com o sangue <strong>de</strong> um coração <strong>de</strong> on<strong>de</strong> só jorra amor.<br />

Neste jardim as rosas não tem espinhos,<br />

São imarcescíveis, luminescente, lindas, e<br />

O perfume, que <strong>de</strong>lícia, viaja ao altar do infinito.<br />

Peregrino é o meu espírito e já vai se preparando<br />

Para paragens mais distantes num caminho sem volta<br />

Pesquisar os sóis e as estrelas numa outra dimensão.<br />

- 41 -


DIÓGENES PEREIRA DE ARAÚJO<br />

Bauru/SP – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 019 - 2001<br />

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Á LUTA<br />

Mahatma Gandhi fez, com resistência,<br />

ao Império Britânico curvar-se;<br />

quem sabe nós também, com persistência,<br />

façamos o Brasil se levantar!<br />

O caminho é o mesmo: "a não-violência",<br />

senão contra si próprio a questionar-se<br />

para cobrar da própria consciência<br />

um esforço maior <strong>de</strong> aperfeiçoar-se<br />

Os pobres, oprimidos e sem voz,<br />

vão esperar <strong>de</strong> quem senão por nós?<br />

Se cada qual fizer mais um pouquinho<br />

com seu talento, em prosa ou em poesia,<br />

o Brasil há <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>cente um dia.<br />

À LUTA! Eu sei que não irei sozinho!<br />

Diógenes Pereira <strong>de</strong> Araújo<br />

Comunida<strong>de</strong> ESCANDIR (Orkut)<br />

- 42 -


MOVER OS DEDOS<br />

Não peço apoio para uma eleição<br />

não peço voto para ser eleito;<br />

sendo do bem já sei não ser perfeito;<br />

eu peço apoio a minha pretensão<br />

<strong>de</strong> ajudar ao país, - é meu direito,<br />

e é também meu <strong>de</strong>ver. Não digam não!<br />

Quero ver a nação virar Nação,<br />

sim: com "n" maiúsculo, num jeito<br />

<strong>de</strong> conclamar a todos à união,<br />

sim: a todos a um sonho patriótico;<br />

um sonho necessário e não quixótico<br />

é generalizar a escansão:<br />

pela escansão se ativa cada <strong>de</strong>do:<br />

se vence a apatia, a inércia, o medo...<br />

Diógenes Pereira <strong>de</strong> Araújo<br />

Comunida<strong>de</strong> ESCANDIR (Orkut)<br />

- 43 -


BARCOS DE PAPEL<br />

Levem meu sonho barcos <strong>de</strong> papel<br />

ao ímpeto da chuva e da enxurrada<br />

Vamos! Coragem! Sigam na jornada<br />

porquanto o sol, se hoje está revel<br />

<strong>de</strong>pressa há <strong>de</strong> voltar e nada, nada<br />

há <strong>de</strong> impedir que a luz da cor do mel<br />

domine o ambiente. Seu be<strong>de</strong>l<br />

a lua empali<strong>de</strong>ce envergonhada<br />

<strong>de</strong> ver tal enxurrada tão barrenta<br />

e cheia <strong>de</strong> impurezas. Representa<br />

o mundo como está. Prossigam barcos!<br />

Sigam adiante em seus recursos parcos<br />

Levem ao mundo os versos que componho<br />

Criar um mundo lindo, eis o meu sonho<br />

Diógenes Pereira <strong>de</strong> Araújo<br />

http://www.poemanet.com<br />

- 44 -


ELIO EUGENIO MÜLLER<br />

Curitiba/PR – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 135 - 2002<br />

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DEDICATÓRIA<br />

Elio E. Müller<br />

Amiza<strong>de</strong> doce e pura<br />

lhe <strong>de</strong>dico com ternura<br />

Mas em troca retribua<br />

amiza<strong>de</strong> toda sua.<br />

E repito, bem baixinho,<br />

como prece o versinho:<br />

Ser sincero escasso é!<br />

Ser amigo, mais raro é!<br />

(Panambi – RS, 1961)<br />

ZUEIGNUNG.<br />

Elio E. Müller<br />

Meine Freundschaft - süss und rein -<br />

schenk ich dir im Zartlichsein.<br />

Aber schenke mir zurück<br />

ähnlich <strong>de</strong>iner Freundschafts Glück.<br />

Leis mein Wort wie ein Gedicht -<br />

rein! ein Gebet - jetzt zu dir spricht:<br />

Selten ist's ehrlich zu sein -<br />

seltner noch ein Freund zu sein.<br />

Dedicatória, traduzida para a língua alemã:<br />

- 45 -


ERASMO SHALLKYTTON<br />

Caxias/MA – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 666 - 2008<br />

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A DINASTIA DAS PALMEIRAS DO BABAÇU<br />

Erasmo Shallkytton<br />

A região do Mearim e o Lago do Junco,<br />

Fazem o gran<strong>de</strong> Estado do Maranhão,<br />

É um paraíso eterno <strong>de</strong> palmeiras,<br />

Nascem palmeiras até na palma da mão.<br />

As quebra<strong>de</strong>iras são organizadas,<br />

Recebem apoio internacional,<br />

Com associações e cooperativas,<br />

A Unicef é a mãe primordial.<br />

São as mulheres combatentes,<br />

Que produzem óleos e sabonetes,<br />

Exportam para toda a Europa,<br />

São as mulheres, as pioneiras.<br />

Criaram a Lei do Babaçu Livre,<br />

Se não fosse a guerreira Dadá,<br />

O que seria <strong>de</strong> nós quebra<strong>de</strong>iras?<br />

Agropecuária é ativida<strong>de</strong> transitória,<br />

Plantam capim braquiária,<br />

Aqui nunca foi lugar <strong>de</strong> pastagens,<br />

Derrubando as nossas palmeiras,<br />

Até parece uma brinca<strong>de</strong>ira.<br />

Já partiram os guanás e acroás-gamelas,<br />

Extinção do nosso povo indígena,<br />

Restando os tenebrosos guajajaras,<br />

Das margens do gran<strong>de</strong> rio Mearim,<br />

Atualmente ficaram as palmeiras,<br />

Que os povos cruéis aspiram ao fim.<br />

- 46 -


Não é lugar <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s rebanhos,<br />

Muito menos <strong>de</strong> plantação <strong>de</strong> soja.<br />

Com a chegada do tal biodiesel,<br />

Exterminam com as palmeiras,<br />

Plantando mamona, soja e girassol,<br />

Sugando tudo o que dá óleo vegetal.<br />

O governo nem quer saber,<br />

De aproveitar o coco babaçu,<br />

Que tem óleo e serve pra tudo.<br />

As terras das coletas do coco,<br />

Serão <strong>de</strong>vastadas em mares <strong>de</strong> mamona,<br />

É a corrida grandiosa do biodiesel.<br />

As si<strong>de</strong>rúrgicas levam o coco inteiro,<br />

Queimando com <strong>de</strong>streza nas cal<strong>de</strong>iras.<br />

É o coco que me ren<strong>de</strong> dinheiro,<br />

Vou ficar sem quebrar o coco,<br />

De que irei viver no amanhã?<br />

O governo não me olha,<br />

Não me assiste e nem dá guarida,<br />

É igual a exploração dos franceses,<br />

Dos holan<strong>de</strong>ses e portugueses,<br />

Quando chegaram ao Maranhão.<br />

Gran<strong>de</strong>s pecuaristas do sul,<br />

Compram terras ao preço <strong>de</strong> banana,<br />

Outros investem em mares <strong>de</strong> canaviais,<br />

Na pobre terra dos maranhenses.<br />

- 47 -


FÁTIMA CARDOSO<br />

Recife/PE – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 473 - 2006<br />

-----------------------------------------------------<br />

QUERO MEU PASSADO<br />

Fátima Cardoso<br />

REMEXO MEU PASSADO<br />

ENCONTRO VIDA<br />

QUERO RECORDÁ-LO<br />

JAMAIS ENTERRÁ-LO<br />

COMO AQUILO QUE JÁ FOI.<br />

EM MINHA BAGAGEM<br />

TENHO HISTÓRIA<br />

EXISTE<br />

ALEGRIAS TRISTEZAS<br />

QUE VIVI...<br />

CARREGAREI PRA SEMPRE<br />

ESSES MOMENTOS<br />

ACRESCENTANDO<br />

AO PRESENTE E FUTURO<br />

NOVOS DETALHES...<br />

SEREI ETERNAMENTE<br />

- EU –<br />

COM LEMBRANÇAS<br />

COM SAUDADE<br />

DE UM PASSADO<br />

QUE HOJE É PRESENTE<br />

AMANHÃ SERÁ FUTURO...<br />

TODA A VIDA É CONJUGADA<br />

EM TRÊS TEMPOS<br />

SOMENTE UM DELES<br />

PREVALECERÁ<br />

NO INCONTESTÁVEL FIM<br />

TUDO SERÁ PASSADO...<br />

- 48 -


NÃO IMPORTA<br />

QUE EU MORRA<br />

NÃO IMPORTA<br />

QUEM CHORE<br />

QUERO MINHAS LEMBRANÇAS<br />

TODAS ELAS COMIGO.<br />

QUANDO ME TORNAR<br />

DEFINITIVAMENTE PASSADO<br />

TEREI ESCRITO PRA SEMPRE<br />

...MINHA HISTÓRIA...<br />

LOUCA, EU?<br />

Fátima Cardoso<br />

SANIDADE?<br />

LOUCURA?<br />

O QUE DIFERENCIA<br />

A CORAGEM,<br />

UM GESTO NOBRE,<br />

DA CORAGEM<br />

DE UM SUICIDA?<br />

LOUCO?<br />

QUEM É O LOUCO?<br />

BOMBAS HUMANAS<br />

DISPARADAS POR FANATISMO...<br />

GOVERNANTES LOUCOS<br />

POETAS -ESCRITORES,<br />

LOUCOS.<br />

ERNEST HEMINGWAY-<br />

SUICIDA<br />

A MENTE, MENTE<br />

LOUCA<br />

SOU...<br />

SANIDADE<br />

PRA QUE?<br />

PRA QUEM?<br />

MAIS LOUCOS<br />

MENOS SÃ...<br />

ABRAÇO A LOUCURA<br />

FELIZES MALUCOS<br />

CORAJOSOS LOUCOS<br />

- 49 -


DO BEM - GANDHI<br />

DO MAL - HITLER<br />

COMO SERIA ESCRITA<br />

A HISTÓRIA DA HUMANIDADE<br />

SEM ELES?<br />

TODOS LOUCOS...<br />

MALUCOS E LOUCOS<br />

MUNDO<br />

MANICÔMIO COLETIVO<br />

INDEFESOS,<br />

PODEROSOS,<br />

INDULGENTES,<br />

INDIGENTES<br />

CONVIVÊNCIA OBRIGATÓRIA<br />

CONJUGAÇÃO COLETIVA<br />

LOUCURA<br />

MEU ÍDOLO<br />

EU,<br />

LOUCA ?<br />

SIM,<br />

QUEM SABE,<br />

TALVEZ...<br />

UMA MULHER DESNUDA<br />

Fátima Cardoso<br />

OLHO-ME NO ESPELHO<br />

ME INSTIGA O QUE VEJO<br />

UMA MULHER<br />

- EU –<br />

MEUS CARNUDOS<br />

LÁBIOS VERMELHOS<br />

EXPRESSAM UM SORRISO...<br />

ENCANTO-ME COM ESSA<br />

MAJESTOSA VISÃO...<br />

FORMAS RENASCENTISTAS<br />

LEVEMENTE ARREDONDADAS<br />

VEJO QUE OS HORMÔNIOS<br />

INDICAM<br />

UMA CERTA MATURIDADE...<br />

MINHA POUCA ROUPA<br />

DEIXO ESCORREGAR<br />

- 50 -


APRECIO UMA MULHER COLOSSAL<br />

QUE JAMAIS CONCEBI ENCONTRAR...<br />

- EU –<br />

- COMIGO MESMA<br />

ACARICIO MEU BUSTO<br />

MAMILOS ROSADOS<br />

BOTÕES QUE AINDA NÃO<br />

PERDERAM SEU FRESCOR<br />

A BARRIGUINHA...<br />

COM CERTA PROEMINÊNCIA<br />

NADA QUE NÃO POSSA DISFARÇAR.<br />

PERNAS ROLIÇAS<br />

VIGOROSAS<br />

NENHUMA VARIZE<br />

UFA!<br />

MILAGRE!!<br />

AGRADEÇO A GENÉTICA<br />

DOS MEUS ANCESTRAIS<br />

MAS...<br />

QUEM É ESSA MULHER<br />

QUE NÃO APARECE<br />

EM CAPA DE REVISTAS<br />

ENTRETANTO SOBRESSAI<br />

NUMA VISÃO INTIMISTA<br />

DE SI MESMA...<br />

ONDE EU ESTAVA<br />

QUE NÃO TINHA PERCEBIDO<br />

QUE GOSTO DE SER<br />

QUEM SOU...<br />

SOLTO OS CABELOS<br />

QUE LENTAMENTE ESCORREGAM<br />

COBRINDO MEU OMBRO<br />

O QUADRO ESTA COMPLETO<br />

PERFEITO.<br />

"FRANCISCO DE GOYA"<br />

JAMAIS CONCEBERIA PINTAR<br />

A MAIS BELA DE TODAS<br />

"LA MAJA DESNUDA"...<br />

- 51 -


NESTA VIDA<br />

Fátima Cardoso<br />

JÁ FIZ DE TUDO UM POUCO<br />

DO MUITO QUASE NADA...<br />

SORRI<br />

CHOREI<br />

MAGOEI<br />

SOFRI<br />

SANGREI<br />

ESTREMECI<br />

AMEI<br />

LUTEI<br />

PERDI<br />

GANHEI<br />

NAUFRAGUEI<br />

SOBREVIVI<br />

ENTERREI<br />

RESSUSCITEI<br />

V<br />

I<br />

V<br />

O<br />

SOLUCIONANDO OS ERROS,<br />

REAVALIANDO OS ACERTOS<br />

TUDO QUE FIZ<br />

NÃO FOI EM VÃO<br />

TENHO UMA BAGAGEM<br />

QUE É SÓ MINHA<br />

QUE DE CERTO<br />

NÃO CABERÁ<br />

EM NENHUM OUTRO<br />

C C<br />

O O<br />

R R<br />

A A<br />

Ç Ç<br />

à Ã<br />

O<br />

- 52 -


FÁTIMA PARAGUASSÚ<br />

Goiânia/GO – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira 521 – 2007<br />

-----------------------------------------------------<br />

BIOGRAFIA:<br />

FÁTIMA PARAGUASSÚ (Aparecida Teixeira <strong>de</strong>). Nascida em Santa<br />

Cruz <strong>de</strong> Goiás, aos dois dias do mês <strong>de</strong> setembro. Filha <strong>de</strong><br />

Sebastião Teixeira da Motta e Luzia Rodrigues da Motta, aos dois<br />

dias do mês <strong>de</strong> setembro, casada com Warendy. Mãe <strong>de</strong> Weverton.<br />

Musicista.<br />

Escritora.<br />

Poeta.<br />

Primeira mulher Vereadora do Município <strong>de</strong> Santa Cruz <strong>de</strong> Goiás:<br />

<strong>de</strong> 1982 a 1988, fui a Primeira mulher Presi<strong>de</strong>nte da Câmara.<br />

Participação em concursos <strong>de</strong> poesias, classificada em alguns.<br />

Coor<strong>de</strong>nadora do núcleo <strong>de</strong> música da Associação Cultural<br />

Lavourartes, para a qual compôs um Hino: Letra e música.<br />

Participa do FGES, no segmento cultural.<br />

Membro da AGI.<br />

Elaborou o livro <strong>de</strong> bolso "Vocabulário <strong>de</strong> palavras e expressões <strong>de</strong><br />

Santa Cruz <strong>de</strong> Goiás" lançado no mês <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2006.<br />

No prelo está: Um apanhado sobre Santa Cruz <strong>de</strong> Goiás.<br />

- 53 -


CORRUPÇÃO<br />

Fátima Paraguassú<br />

Termo estranho!<br />

De boca em boca ele anda,<br />

tanta tramóia comanda,<br />

não sei bem o seu tamanho.<br />

Fala-se <strong>de</strong>le no correio, no corredor,<br />

no banco, na repartição...<br />

na loja, no salão.<br />

No Congresso, nem paga ingresso,<br />

entra e sai, quando quer,<br />

todo político tem acesso.<br />

Corrupção? corre o pição?<br />

Não sei ao certo seu nome.<br />

É homem, assombração?<br />

É tão falado esse sujeito!<br />

A ele todo meu respeito!<br />

Que companheirão!<br />

Este senhor <strong>de</strong> quem falo<br />

hoje comanda nosso País.<br />

É ele o dirigente?<br />

Ou um conselheiro somente?<br />

Em tudo mete o nariz.<br />

Eita sujeito famoso!<br />

Será um travesti?<br />

Meretriz?<br />

Garota <strong>de</strong> programa?<br />

Pois a tantos faz feliz!<br />

Nada sei. De tudo que sei,<br />

só sei, que pouco sei<br />

<strong>de</strong>ste fulano.<br />

Um furacão que causa danos<br />

maior que um tsunami.<br />

Espalha migalhas <strong>de</strong> pão<br />

na mesa do <strong>de</strong>safortunado.<br />

Na mesa do abastado...<br />

Espalha luxo e ostentação!<br />

- 54 -


Ao pobre, sem a cedilha dá a maior força;<br />

joga pra cima, grita: - Avante meu irmão!<br />

Sobe a la<strong>de</strong>ira, pega a mala, com ela escala.<br />

os <strong>de</strong>graus da salvação.<br />

Aju<strong>de</strong> a fortalecer nosso partido,<br />

enche nosso saco <strong>de</strong> suor sofrido...<br />

Cheio <strong>de</strong> esperança na melhora <strong>de</strong> vida,<br />

sem enten<strong>de</strong>r bem o discurso enrolado.<br />

Sem um dicionário que <strong>de</strong>cifra o que um político fala;<br />

o eleitor, coitado! Enche aquela mala:<br />

com imposto, que lhe é imposto,<br />

com míseros trocados, repassados num mínimo salário...<br />

Os dias vão passando...<br />

os trouxas... só levando!<br />

A conclusão que se chega,<br />

é que a cédula era vesga<br />

na hora da eleição.<br />

Com o traseiro em chama,<br />

o cidadão só reclama da nefasta posição.<br />

De gato e sapato foi feito o pacato.<br />

Jogado <strong>de</strong> quatro, <strong>de</strong> lado, <strong>de</strong> costas,<br />

papai e mamãe, sessenta e nove vezes ao ano.<br />

De hora em hora, a coisa piora...<br />

Quanta humilhação!<br />

Amedrontado! Infeliz! O violentado apenas diz:<br />

- Por favor! Meu candidato...<br />

Aceito que me invada, aceito que me exploda.<br />

Estrangulou-me o pescoço com a força sem cedilha,<br />

Enfartou minha esperança com a <strong>de</strong>silusão.<br />

Poupe-me o resto...<br />

Seja uma vez correto,<br />

não tire o cedilha do pição!<br />

- 55 -


GERSON F. FILHO<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro/RJ – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 020 – 2001<br />

-----------------------------------------------------<br />

DESTAQUES.<br />

Gerson F. Filho<br />

Desisti do astuto atributo,<br />

Que me prendia a você.<br />

Permiti-me pagar tributo,<br />

Ausentar-me da sua mercê.<br />

Voei livre para novos ares.<br />

Cantei o agora e apesar <strong>de</strong> ti,<br />

Não mais <strong>de</strong>i os pesares.<br />

Cada vez que vi o amor partir.<br />

Porque solidão é uma cela,<br />

E eu <strong>de</strong>sta vez vazei pela janela,<br />

Só para ver o sol sorrir.<br />

Não mais me prendi no vazio.<br />

Deixei para você o vaticínio,<br />

Os por quês do não existir.<br />

- 56 -


ACORDES.<br />

Gerson F. Filho<br />

Conserva-me do lado esquerdo.<br />

Para que do teu coração,<br />

Enfim eu seja todo aconchego.<br />

Dito que não haja solidão.<br />

Nos intervalos das sentenças.<br />

Muito menos repercussão.<br />

Nestas estórias tão vazias,<br />

Iludindo o timbre do diapasão.<br />

Então me oculte em custódia.<br />

Mantendo distância da discórdia,<br />

Que possa avizinhar a pretensão.<br />

Porque o intervalo dos passos,<br />

Mesmo sendo tão escassos.<br />

Levam a ansieda<strong>de</strong> da situação.<br />

- 57 -


RELAÇÕES.<br />

Gerson F. Filho<br />

Fresta justaposta à aresta.<br />

Estética, fria e ambi<strong>de</strong>stra.<br />

No estribilho da sensação,<br />

Que flertou com a ocasião.<br />

Equilíbrio fosco do aceno.<br />

O travo amargo do veneno.<br />

Que flerta com a situação,<br />

Como se fosse uma emoção.<br />

Na súplica <strong>de</strong> um momento,<br />

Ver<strong>de</strong> como teus lindos olhos.<br />

Tão naturais como o tormento.<br />

Pois a lacuna que me chama,<br />

Inflama-me os intensos <strong>de</strong>sejos.<br />

Fazendo o querer <strong>de</strong> quem ama.<br />

- 58 -


SOL.<br />

Gerson F. Filho<br />

Teci auroras com fios <strong>de</strong> infinito.<br />

Em sonhos na<strong>de</strong>i ao alvorecer.<br />

Na face senti-me aquecer,<br />

Bem na brisa do sopro mais bonito.<br />

Que repercutiu no respirar da mata.<br />

Da cútis <strong>de</strong>sta lua me <strong>de</strong>diquei,<br />

E a sua formosura enfim <strong>de</strong>dilhei,<br />

Só para cobrir-lhe <strong>de</strong> intensa prata.<br />

Para em profundida<strong>de</strong> então refletir.<br />

E no oceano incutir a sauda<strong>de</strong>.<br />

A dor <strong>de</strong> quem foi sem na verda<strong>de</strong> ir.<br />

Porque para traz sempre fica o coração.<br />

E a minha luz aquece a verda<strong>de</strong>,<br />

Que distâncias exacerbam a paixão.<br />

- 59 -


REGALO.<br />

Gerson F. Filho<br />

Então por amor me <strong>de</strong>fini.<br />

Ser, portanto o calor do sim,<br />

O antagonismo todo em si.<br />

Quando tua boca veio a mim.<br />

Entre <strong>de</strong>vaneios do respaldo.<br />

Que o meu corpo oferece,<br />

Aos teus lábios o puro pecado.<br />

Pois o <strong>de</strong>sejo no atrito aquece.<br />

Toda lacuna que o tato merece.<br />

Ser da sensação o regozijo,<br />

A redundância que nunca fenece.<br />

Quanto mais do meu abraço,<br />

Tiver perdido neste teu acaso.<br />

Mais saciar-me-ei neste regato.<br />

- 60 -


CORROSIVO.<br />

Gerson F. Filho<br />

Imposto, <strong>de</strong> moral elástica.<br />

Leite, contendo soda cáustica.<br />

Coisas <strong>de</strong> um abuso absurdo,<br />

Paisagem do fim do mundo.<br />

Lucro, Lucro! Acima <strong>de</strong> tudo.<br />

Além <strong>de</strong> qualquer atributo.<br />

Na frente da plena <strong>de</strong>cência,<br />

Vergonha em total ausência.<br />

Pois não existe mais ninguém.<br />

Na moral que não se <strong>de</strong>tém.<br />

Torta e vil até a última volta.<br />

O povo? Pastoreado como gado.<br />

Ouve da eloqüência o garbo,<br />

Na passivida<strong>de</strong> da mente idiota.<br />

- 61 -


IBERNISE MARIA<br />

Indiara/GO – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 524 – 2007<br />

-----------------------------------------------------<br />

SOBRE A AUTORA:<br />

Ibernise Maria é Agrônoma, Engenheira do Trabalho, Pedagoga,<br />

Historiadora-MS. Fiscal Fe<strong>de</strong>ral do Ministério da Agricultura-<br />

Aposentada. Exerce Assessoria <strong>de</strong> Projetos. Natural <strong>de</strong> Recife (PE).<br />

57 anos. web sites: http://www.ibernisemaria.prosaeverso.net<br />

ESTRELAS, ROSAS E PÉROLAS DE AMOR...<br />

Cavalguei em noites e mistérios<br />

Tantas formas para <strong>de</strong>svendar...<br />

Tantos ritos violados, tantos elos<br />

Tantas partilhas pra consolidar...<br />

De lá voltei tão <strong>de</strong>solada a calar<br />

E curvando a cerviz sem critério<br />

Cavalguei em noites e mistérios...<br />

Tantas formas para <strong>de</strong>svendar...<br />

Colhi estrelas e rosas pra te dar,<br />

Compensei as perdas e vitupérios,<br />

Te trouxe pérolas jogas-te ao mar...<br />

Nesta jornada sem final e remédio<br />

Tantas formas para <strong>de</strong>svendar...<br />

Ibernise. Indiara (GO), 30.11.2007.<br />

- 62 -


SINAIS DE AMOR<br />

O amor não está perdido<br />

Há sinais em todo lugar...<br />

Sinta a energia do sorriso,<br />

É só parar pra observar.<br />

Terno incentivo do olhar,<br />

O perdão num gesto amigo...<br />

O amor não está perdido<br />

Há sinais em todo lugar...<br />

Não há que se <strong>de</strong>sconfiar<br />

Daquele abraço comovido,<br />

De alguém a ouvir e calar...<br />

Amor é vida e eu acredito...<br />

Há sinais em todo lugar...<br />

Ibernise. Indiara (GO),21.06.2007<br />

- 63 -


O AQUÁRIO<br />

O meu aquário é colorido<br />

Tem água morna, visita...<br />

Mar e ondas em revista,<br />

Esta minha casa é vidro...<br />

O meu aquário, tão florido...<br />

Redondo, convida, existo<br />

Aqui <strong>de</strong>ntro, tudo assisto.<br />

É nele que tenho vivido...<br />

Aqui tenho uma caverna<br />

On<strong>de</strong> escondo a tristeza...<br />

Tem corre<strong>de</strong>ira pra lazer...<br />

Mas, aqui é sempre inverno...<br />

Há parceiro e brinca<strong>de</strong>ira,<br />

Mas, quero lá fora viver...<br />

Ibernise. Indiara (GO),02.02.2007<br />

- 64 -


AMIGO... AMIGO<br />

És presença e sentimento...<br />

Espelho com envolvimento.<br />

Idéias, trocas e <strong>de</strong>cisões.<br />

Carinho, vida, confissões...<br />

Minha âncora, tu és amigo...<br />

União irmanada no perigo.<br />

Amparo se há mar revolto,<br />

Embarcação, ida e retorno.<br />

Navio e esquadra no porto.<br />

Transporte seguro no mar...<br />

És meu encontro, conforto...<br />

Estar só, mas acompanhar.<br />

Estímulo na tristeza, gosto.<br />

Afeto na distância... Amar!<br />

Ibernise. Indiara (GO),23.03.2007.<br />

- 65 -


BALAS DE FESTIM<br />

A_manhã já <strong>de</strong>sponta lá fora...<br />

Aqui <strong>de</strong>ntro um coração partido,<br />

Anseia por um milagre curtido,<br />

E <strong>de</strong> sauda<strong>de</strong> meu peito chora...<br />

Dói tanto, tanto, tua ausência...<br />

Vejo campos a se abrirem em flor,<br />

Bem no fundo me reclamam teu amor<br />

E aumentam esta minha carência...<br />

É bastante longo este caminho<br />

Longe e perto <strong>de</strong> ti meu carinho...<br />

Intrigas afastaram você <strong>de</strong> mim.<br />

Fui tão inocente, ingênua criança...<br />

Em vão, me armei <strong>de</strong> esperança,<br />

Pois somente usei balas <strong>de</strong> festim...<br />

Ibernise. Indiara (GO), 04.05.2007.<br />

- 66 -


ISAURA FERNANDES<br />

São Paulo/SP – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 037 – 2001<br />

-----------------------------------------------------<br />

DADOS BIOGRÁFICOS:<br />

Isaura Fernan<strong>de</strong>s nasceu em São Paulo. Jornalista e<br />

Escritora é formada pela Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica<br />

<strong>de</strong> São Paulo (PUC/SP). Bacharel e Licenciada em Língua<br />

e Literatura Portuguesas, Pós-Graduada em Comunicação<br />

e Semiótica. Diplomada em História das Artes - OPA<br />

Oficina Paulista <strong>de</strong> Arte. Comenda <strong>de</strong> Or<strong>de</strong>m do Mérito<br />

Cívico, Cultural e Social no grau <strong>de</strong> Membro Efetivo da<br />

Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Estudos <strong>de</strong> Problemas Brasileiros. Concluiu<br />

vários cursos <strong>de</strong> Extensão, Prêmio Científico: “A Ética <strong>de</strong><br />

Aristóteles”, pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Brasília.<br />

Premiada em Contos Infantis (Folha <strong>de</strong> São Paulo) -<br />

Ca<strong>de</strong>rno Folhinha, 1986.<br />

Associada à UBE (União <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Escritores) e REBRA<br />

(Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Escritoras <strong>Brasileira</strong>s).<br />

Membro da <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> Paulistana da História, Or<strong>de</strong>m<br />

Nacional dos Ban<strong>de</strong>irantes e AVBL (<strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Virtual</strong><br />

<strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Letras).<br />

Contos, crônicas e poesias publicados em antologias, em<br />

todo o Brasil.<br />

Livro Publicado: Ariadne e Poeticida<strong>de</strong> - Poesias, Contos<br />

e Crônicas - Editora Maltese.<br />

ECOS DO INFINITO<br />

Isaura Fernan<strong>de</strong>s<br />

Um grito no infinito rompe o espaço do passado.<br />

O luzir das estrelas seduz os ponteiros num som silencioso.<br />

A grama orvalhada ver<strong>de</strong>jante, dormita no silêncio da fonte.<br />

- 67 -


A oferenda das folhas e frutos acena o gene escondido no<br />

orgasmo dos buracos negros que se per<strong>de</strong> pelo caminho.<br />

Solidão que estremece e as emoções consomem os voleios<br />

tecendo a teia da vida.<br />

Espuma as dores da alma e adormece enquanto a noite cerra<br />

as cortinas e fica à espera do sol renascer.<br />

Em fúria, a correnteza rasga as margens do rio que segue<br />

gemendo na inconsciência do seu <strong>de</strong>stino.<br />

As montanhas, covar<strong>de</strong>mente, <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nadamente fogem do<br />

inexistente inimigo.<br />

Os sapatos <strong>de</strong> cristal translúcidos dos sonhos convidam o<br />

viandante a embarcar em veleiro sem remos, sem velas e sem<br />

vento em busca da aura.<br />

O sangue queima, gela, pesa<strong>de</strong>lo na fenda da pedra que rola<br />

na estrada. Livre o caminho! Sorria! Siga em frente!<br />

A casta água per<strong>de</strong> sua forma espreguiçando-se ao <strong>de</strong>rramar<br />

do recipiente.<br />

Monstros informes <strong>de</strong> ferro e aço, tragam os sonhadores<br />

atraindo-os para o labirinto, <strong>de</strong>sconhecendo o retorno.<br />

Fome, calor, frio, cansaço, quietu<strong>de</strong> que fere os sentidos. O<br />

sonho não se esquiva, brinca <strong>de</strong> escon<strong>de</strong>-escon<strong>de</strong> com a violência,<br />

na colméia <strong>de</strong>svairada.<br />

O olhar per<strong>de</strong>-se ao longe no equilíbrio do mar, que vem<br />

rolando mansamente... E como um imenso véu <strong>de</strong> noiva a vaga<br />

chega acariciando a areia.<br />

A bússola ponteia o horizonte on<strong>de</strong> o céu se apóia à espera<br />

das pare<strong>de</strong>s negras que segregam sonhos.<br />

Sem dias, sem noites, sem um raio <strong>de</strong> sol, um amor<br />

escondido sangra no lamento do esquecimento. Ecos no infinito.<br />

Uma rosa enfeita, embriaga com seu perfume, magoa com<br />

seus espinhos e oferece ao sonhador a taça <strong>de</strong> néctar enquanto<br />

pétalas caem como lágrimas sentidas até o ponto <strong>de</strong> partida.<br />

Passos da memória <strong>de</strong>sfilam nas esquinas da vida, a saudar<br />

seus Deuses eternos.<br />

Ecoa o piano <strong>de</strong> Chopin, <strong>de</strong>dilha <strong>de</strong>senrolando o novelo <strong>de</strong><br />

aplausos vibrando num êxtase <strong>de</strong> emoções.<br />

O presente se arrasta como um vendaval sem voz, grita,<br />

tateia na cegueira angustiante da queda, agarra-se nas raízes do<br />

passado que a semente mal brotou.<br />

Nada impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> correr o mundo. Atrás <strong>de</strong> quem? De quê?<br />

Dos Eus? Se todos são um só. Oh Deus!<br />

O fantasma do passado algema o presente e afronta o futuro.<br />

Na fuga dos sonhos e pesa<strong>de</strong>los, cerram-se as cortinas da alma e<br />

tece a teia da vida a circundar um mundo aracní<strong>de</strong>o.<br />

- 68 -


Camadas <strong>de</strong> sonhos e pesa<strong>de</strong>los dormitam sobre as cinzas <strong>de</strong><br />

um vulcão que esparge chuva <strong>de</strong> enxofre, rugindo a rouquidão do<br />

eco, marionetes a fagulhar, representação da paixão em fúria.<br />

Foge <strong>de</strong>sse espetáculo hediondo e retorna ao sonho on<strong>de</strong><br />

máscaras se revezam no riso escondido e estampado na mentira.<br />

Um impetuoso amor gravado a ferro e fogo <strong>de</strong>ixa cicatrizes<br />

profundas, como o raio cortando o espaço.<br />

A alma per<strong>de</strong>-se num trigal on<strong>de</strong> o sopro do vento abana o sol<br />

e acena à juventu<strong>de</strong>, incen<strong>de</strong>ia e transforma a imagem mentira<br />

em imagem criada pela natureza a <strong>de</strong>sfilar seu estado <strong>de</strong> graça.<br />

Mas o tempo passa, batendo as estacas invisíveis on<strong>de</strong> ecos<br />

ressoam presenteando o silêncio.<br />

Procura a estrela que <strong>de</strong>spencou do céu, o mar que secou,<br />

<strong>de</strong>ixando montanhas <strong>de</strong>sertas e cida<strong>de</strong>s mortas.<br />

Cego, surdo, mudo, cria mentiras para justificar o Nada, viver<br />

em nuvens encarneiradas ou em águas profundas...<br />

A noite arrasta-se pesada sem sono nem sonhos e as quatro<br />

estações partem, em risada louca... Jesus nasceu?!...<br />

Um rio corre pelos canais invisíveis do Ser, transformando-o<br />

em areia cristalina a amparar o Céu da mente.<br />

A madrugada chega <strong>de</strong> mansinho... Saco<strong>de</strong> a vida para<br />

acordar a alma do curto sono, o gran<strong>de</strong> sonho.<br />

No infinito, a luz ofusca bordando o perfil do <strong>de</strong>stino. A<br />

palavra foge e fica à espera do sentido, esvai-se e per<strong>de</strong>-se pelo<br />

<strong>de</strong>vaneio ou imaginário, e fica à espreita do Nada.<br />

O rosto do sonho é inexistente, corre o mundo, mas por on<strong>de</strong><br />

ele entra? On<strong>de</strong> se encontra a ponte <strong>de</strong> travessia <strong>de</strong> Jung e do<br />

mestre Freud?<br />

A obscurida<strong>de</strong> da concha que secreta os cinco sentidos,<br />

impune ao tempo-espaço ecoa no infinito!<br />

Caminha <strong>de</strong>ntro da própria sombra, na transparência <strong>de</strong> cada<br />

passo ao comando da tela dormente.<br />

Pés fincados na terra como raízes, braços inertes, mãos sem<br />

tocar a pele macia no <strong>de</strong>lírio do orgasmo refletido no espelho.<br />

Por que não <strong>de</strong>spertar do sonho como a árvore prenha <strong>de</strong><br />

doces frutos? A recuperação do Ser aqui - agora, infinitamente.<br />

Uma voz sussurra nos ouvidos surdos: não acor<strong>de</strong> do sonho!<br />

Entre fantasmas herdados da essência da vida o sonho ecoa<br />

no infinito.<br />

- 69 -


JOÃO CARLOS FERREIRA ALMEIDA (ROTHER)<br />

São Paulo/SP – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 457 – 2006<br />

-----------------------------------------------------<br />

JOÃO CARLOS F. ALMEIDA (ROTHER)<br />

Sou um Poeta Rebel<strong>de</strong>,<br />

Cujo nome é João Carlos F. Almeida<br />

E <strong>de</strong> Rother me intitulei.<br />

Gosto <strong>de</strong> escrever escutando o vento,<br />

Tentando sempre indagar<br />

o saber e o conhecimento.<br />

Mesmo ro<strong>de</strong>ado <strong>de</strong> aço e concreto<br />

nesta Metrópole que é São Paulo<br />

sempre me achando incompleto.<br />

Amo o som do Rock,<br />

cuja guitarra estri<strong>de</strong>nte<br />

eleva-me da terra ao infinito.<br />

Meu sangue fica fervente,<br />

até esqueço que sou erudito!<br />

Minha vida que é um lapso do tempo<br />

e escritor <strong>de</strong> um velho conceito<br />

ou será um conceito <strong>de</strong> um velho escritor<br />

seria verda<strong>de</strong>ira utopia este preconceito<br />

este velho poeta escrevendo o agora<br />

ainda que seja um poeta arrebatador<br />

tentando alcançar a sua nova aurora.<br />

- 70 -


TEU REGRESSO<br />

João Carlos (Rother)<br />

Teu regresso foi o renascer,<br />

Beleza impar <strong>de</strong> ornamentos<br />

De um brilhante amanhecer<br />

Enfeitando meus pensamentos.<br />

Tua voz é um lírico canto,<br />

Curando antigas cicatrizes,<br />

Cobrindo a noite com o manto<br />

Bordado em lindos matizes.<br />

Teu regresso mata a sauda<strong>de</strong><br />

E o pa<strong>de</strong>cer em meu coração alojado<br />

E eu os afasto para eternida<strong>de</strong>.<br />

Tua partida já é um triste passado.<br />

Teus olhos brilham na escuridão,<br />

Matando para sempre a amargura,<br />

Guiando-me para tua luz, teu clarão,<br />

Que ilumina a minha noite escura.<br />

- 71 -


SOU UMA ILUSÃO<br />

João Carlos (Rother)<br />

Sou um manancial da poesia<br />

Luz <strong>de</strong> promessas sem solução<br />

Na onda da gran<strong>de</strong> hipocrisia<br />

De poeta nos grilhões da ilusão.<br />

Talvez um inventor <strong>de</strong> sonhos,<br />

Instrumento da própria evolução<br />

Inspirado em rostos risonhos<br />

Esculpindo o ensaio da ilusão.<br />

Sou a liberda<strong>de</strong> nua sem pieda<strong>de</strong>,<br />

De expressões mórbidas do não.<br />

Oráculo da resposta da nulida<strong>de</strong>,<br />

Imagem no espelho da ilusão.<br />

Sou uma eloqüência retórica direta,<br />

Transparente ao celebrar uma visão.<br />

De vaida<strong>de</strong>s arcaicas <strong>de</strong> poeta<br />

De gênio melancólico <strong>de</strong> uma ilusão.<br />

Afinal quem sou eu? Uma ternura,<br />

Ou apenas uma alma sem coração?<br />

Fogo-fátuo saindo da sepultura,<br />

Exaltação poética da própria ilusão?<br />

- 72 -


SE EU MORRER AMANHÃ,<br />

João Carlos (Rother)<br />

Quero que sejas a historiadora,<br />

Ou que me pintes em cores pastel<br />

As minhas formas, perturbadoras.<br />

No corpo coberto <strong>de</strong> flores <strong>de</strong> papel.<br />

Meu <strong>de</strong>stino já foi maltratado em vida.<br />

Os resíduos <strong>de</strong> fantasmas íntimos,<br />

Brilhantes na individualida<strong>de</strong> aferida,<br />

Ontem sedutor, mas amanhã extintos.<br />

Meus olhos <strong>de</strong>monstraram toda a dor,<br />

Articulados no fim <strong>de</strong>ste inverno<br />

Que vê o fim <strong>de</strong> um jogo sedutor.<br />

Vitória que amanhã será o inferno.<br />

Causas in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da vonta<strong>de</strong>,<br />

Pois sei que amanhã será o triunfo<br />

Cujo <strong>de</strong>stino é sorte ou fatalida<strong>de</strong>,<br />

Simplesmente já joguei meu trunfo.<br />

Minha vida é instrumento <strong>de</strong> amor.<br />

Amei, eduquei e protegi o meu clã,<br />

Mas agora suporto sozinho a dor,<br />

Na ironia <strong>de</strong> ter que morrer amanhã.<br />

- 73 -


PINTURA DA ALMA<br />

João Carlos (Rother)<br />

Nesta doce vida enclausurei meus sonhos.<br />

Molhei a ambição nas lágrimas da <strong>de</strong>sdita,<br />

Marcando passos nos caminhos bisonhos,<br />

Cavalgando nas minhas palavras malditas.<br />

Nos raios da lua, ah... ah... o fim das ilusões!<br />

No esplendor das risadas <strong>de</strong> meus amores,<br />

Perdi-me na estrada, sem ter as recordações,<br />

Consumindo minha vida em ódio e rancores.<br />

Olhando sem nada ver, vaguei no meu caminho,<br />

Ouvindo gritos violentos <strong>de</strong> dores horripilantes.<br />

Num refinamento <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong>s, mas sozinho.<br />

Contra o retrógrado tempo e vidas luxuriantes.<br />

Há fantasmas vivos na minha própria existência,<br />

Sem perceber que cada passo que dou na estrada,<br />

Evocando notáveis po<strong>de</strong>res <strong>de</strong> força e violência,<br />

Sou perseguido pelo infortúnio! idéias pisoteadas<br />

Quantas vezes zombei das lágrimas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgosto,<br />

lágrimas que correm pela minha face tão calma,<br />

mundo <strong>de</strong> angústia que não altera meu rosto<br />

Para que o artista consiga pintar a minha alma.<br />

- 74 -


PALAVRAS MALDITAS<br />

João Carlos Almeida (Rother)<br />

Gritei palavras malditas para o firmamento,<br />

Enxugando as lágrimas na máscara que engana,<br />

Tentando <strong>de</strong>struir a discórdia rugindo ao vento,<br />

Sobrevoando os relatos da comédia humana.<br />

Consumi minha vida em ódios e rancores.<br />

Hoje me recuso a sentir ou ouvir com pieda<strong>de</strong><br />

Os arrotos dos malditos idiotas e bajuladores<br />

Fingindo-se <strong>de</strong> amigos, os <strong>de</strong>latores da nulida<strong>de</strong>.<br />

Contra o retrógrado tempo, surgem no mundo,<br />

Os sonhos, alucinantes torvelinhos <strong>de</strong> lamentos,<br />

Solfejando o futuro jogado num poço profundo,<br />

Quando a vida é apenas um lapso <strong>de</strong> tempo.<br />

Perseguido pelas idéias ofensivas e massacradas,<br />

Escon<strong>de</strong>ndo os passos da fraternida<strong>de</strong> rotulados,<br />

Quando cegos conduzam cegos só em contos <strong>de</strong> fadas,<br />

On<strong>de</strong> orgulho, amor e inteligência são crucificados.<br />

O artista pintou minha alma, fazendo a transmutação.<br />

De promessas <strong>de</strong> profundos segredos perturbados<br />

E, na morte e no <strong>de</strong>sgosto quando acaba a inspiração,<br />

Vivendo sem amor, cujos sentimentos são aprisionados.<br />

- 75 -


O QUE É UM POETA?<br />

João Carlos (Rother)<br />

O poeta usa suas lágrimas <strong>de</strong> dor<br />

Fazendo <strong>de</strong> sua vida, a arte <strong>de</strong> escrever.<br />

Ilu<strong>de</strong>-se, com maestria, do amargor,<br />

Dignificando sua criação até morrer.<br />

Para iludir-se da realida<strong>de</strong> do amor,<br />

Vive a tola ilusão da alegria.<br />

Metamorfoseia-se <strong>de</strong> sutil trovador,<br />

Gargalhando ao vento a sua poesia.<br />

Poeta <strong>de</strong> poetar elegante <strong>de</strong> paixão,<br />

Cuja máscara torna-o irreconhecível,<br />

Na realida<strong>de</strong>, da distância à razão,<br />

Sendo aplaudido, tudo será possível.<br />

Poeta que escreve poesias atraentes,<br />

Galgando a intelectualida<strong>de</strong> sensual<br />

De sonhos, luas e amores indiferentes,<br />

Quando garatuja a inspiração banal.<br />

Poeta <strong>de</strong> luas e sonhos coloridos<br />

De dolorosas lembranças farsantes.<br />

I<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> alma e corpos corrompidos<br />

Por amores <strong>de</strong> todas suas amantes,<br />

- 76 -


JOÃO SEVIVAS<br />

Castro Daire/Portugal<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 349 - 2004<br />

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ESQUECER<br />

João Sevivas<br />

Esquecer acordar<br />

Aon<strong>de</strong> as ervas se oferecem à boca<br />

Pintar <strong>de</strong> água as areias ressequidas<br />

Também elas foram mar<br />

Acordar, esquecer<br />

O triturar da mente louca<br />

Pintar <strong>de</strong> sol a chuva <strong>de</strong> todos os dias<br />

Também elas foram mar<br />

- 77 -


OLHA AMIGO<br />

João Sevivas<br />

Olha amigo eu sei<br />

Ando a partir vidros<br />

E em vidros me refaço e sou a pedra<br />

Dura e fria que a tua mão aquece<br />

Agarra antes o chão<br />

On<strong>de</strong> nasce quem preso te liberta<br />

A loucura é sangue sem carne<br />

Abre as mãos à vida<br />

Que voa em asas <strong>de</strong> mosca<br />

Olha amigo eu sei<br />

Somos feitos dos mesmos sonhos<br />

Mas tu tens as tuas mãos<br />

E eu, apenas as minhas<br />

- 78 -


DESTINO<br />

João Sevivas<br />

Passou o carro, chovia no teu sorriso<br />

Os olhos em novas formas sustinham alguma se<strong>de</strong><br />

Enquanto andava na tua sombra<br />

Largavas o braço a ombro distante<br />

Aon<strong>de</strong> afogavas alguma paz<br />

Levaram-me antes <strong>de</strong> escolher o tempo<br />

O corpo era um <strong>de</strong>stino talvez uma partida<br />

- 79 -


JOAQUINA FERNANDES DE OLIVEIRA<br />

São Paulo/SP – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 043 – 2001<br />

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BIOGRAFIA:<br />

Joaquina Fernan<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Oliveira, ou melhor, Kina <strong>de</strong> Oliveira é<br />

jornalista, psicóloga e escritora. Nascida em Pereiras/SP. Em 12 <strong>de</strong><br />

outubro <strong>de</strong> 1915, ganhou, aos 13 anos, o primeiro prêmio em um<br />

concurso literário promovido pelo jornal O Estado <strong>de</strong> S. Paulo,<br />

tendo, com isso, publicadas sua foto e biografia na primeira página<br />

do jornal, sob o título “Esperanças do Brasil”. Casou-se aos 19<br />

anos e ficou viúva aos 27. Sem gran<strong>de</strong>s recursos financeiros,<br />

batalhou muito para criar sozinha seus dois filhos, que tinham, na<br />

época, 6 anos e 1 ano <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Para tanto, administrou diversas<br />

bibliotecas no interior do Estado <strong>de</strong> São Paulo, po<strong>de</strong>ndo, assim,<br />

estar perto dos livros, sua gran<strong>de</strong> paixão. Depois que os filhos<br />

cresceram e se tornaram in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, retomou os estudos,<br />

formando-se em Comunicação e, posteriormente, em Psicologia.<br />

Foi funcionária pública fe<strong>de</strong>ral e professora, ocupando a ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong><br />

Psicologia na Fundação Karnig Bazarian, <strong>de</strong> Itapetininga/SP, por<br />

cinco anos. Diante do acúmulo do trabalho clínico, passou a<br />

<strong>de</strong>dicar-se unicamente ao consultório, como terapeuta. Pô<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>ssa forma, dispor <strong>de</strong> seu tempo com maior liberda<strong>de</strong> e participar<br />

<strong>de</strong> cursos e seminários no Brasil, nos Estados Unidos, na Europa e<br />

no Oriente, além <strong>de</strong> retomar a ativida<strong>de</strong> literária. Tornou-se<br />

membro da International Transactional Analysis Association, <strong>de</strong><br />

Oakland, Califórnia, EUA, com atualização em técnicas Ativas<br />

(ITAA). Especializou-se em neurolinguística e terapia <strong>de</strong> casais.<br />

Fez o curso Herramienta Del Espiritu, em Madri, Espanha, e<br />

participou <strong>de</strong> vivência espiritual (Nirvandva) no Tibete. Ministra<br />

ainda cursos intensivos <strong>de</strong> crescimento pessoal: Como ser<br />

triunfador, Caminho para a autonomia e Conhecimento <strong>de</strong> si<br />

mesmo. É membro efetivo do Institute of Psychorientology, <strong>de</strong><br />

Laredo, Texas, EUA. Foi eleita Presi<strong>de</strong>nte da Associação das<br />

Jornalistas e Escritoras do Brasil (AJEB) em 1999 e reeleita em<br />

2000, estando em exercício do mandato. Livros Publicados: Vôo <strong>de</strong><br />

Eros, Editora Mo<strong>de</strong>rna e Psiu! Quem é você? I<strong>de</strong>ais, Metas e<br />

Realizações, Editora Elevação.<br />

- 80 -


CONSCIÊNCIA E ATITUDE<br />

Joaquina Fernan<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Oliveira<br />

Consciência é um estado <strong>de</strong> alerta da mente, é uma função do<br />

estado do Ego Adulto, trabalhando no “aqui e agora”. Estado do<br />

Ego Adulto quer dizer, na linguagem transacional, <strong>de</strong>spido <strong>de</strong><br />

emoção. Como um computador, usa o raciocínio lógico.<br />

Trabalhar no “aqui e agora” não implica exclusão do registro da<br />

história anterior nem do planejamento das medidas a serem<br />

tomadas diante do problema atual, tendo em vista que os dois<br />

pólos são geradores e, ao mesmo tempo, contribuidores da<br />

solução do problema, como um continuo da realida<strong>de</strong> existente.<br />

O tempo trinitário do Adulto se resume <strong>de</strong>sta maneira: “Este<br />

Momento”. Isso engloba o passado gerador e o futuro sobre o qual<br />

recai a conseqüência da resolução do momento.<br />

Estar no “aqui e agora” é a maneira mais a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> estar no<br />

mundo. Entretanto, a pessoa sempre esbarra com a resistência <strong>de</strong><br />

suas atitu<strong>de</strong>s, o que torna bastante difícil segurar o Adulto no<br />

“aqui e agora”, em função da maneira como escamoteia a<br />

realida<strong>de</strong> presente.<br />

As atitu<strong>de</strong>s repetitivas representam a própria i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, atitu<strong>de</strong>s<br />

estas incorporadas através com o treino. Isso quer dizer que o<br />

indivíduo continua repetindo os mesmos comportamentos,<br />

sentindo e agindo da mesma maneira que fazia no tempo <strong>de</strong><br />

criança.<br />

Esse treino representa o processo incorporado pela maneira como<br />

a pessoa utilizou essas ferramentas no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> sua vida. O ser<br />

humano, no comando <strong>de</strong> sua consciência, atua seletivamente na<br />

captação dos estímulos ambientais, que não são os mesmos da<br />

infância, mas, pela compulsivida<strong>de</strong>, atuam como se fossem.<br />

Qualquer atitu<strong>de</strong> consolidada que repouse no “lá-então” representa<br />

uma expectativa <strong>de</strong> que o passado esteja se repetindo no<br />

presente. Essas expectativas nada têm a ver com a situação em<br />

curso; no entanto, se não foi positivo no passado, a repetição po<strong>de</strong><br />

ser frustrante. Se a rigi<strong>de</strong>z permanecer, a flexibilida<strong>de</strong> e a atenção<br />

ensinam o caminho.<br />

- 81 -


Por um ângulo diverso, um <strong>de</strong>terminado estímulo po<strong>de</strong> fazer<br />

explodir sentimentos carregados com a mesma mágoa sentida em<br />

uma situação diversa do evento presente.<br />

É uma maneira acomodada, embora inconsciente, <strong>de</strong> perpetuar o<br />

passado in<strong>de</strong>finidamente no presente. É uma atitu<strong>de</strong> adquirida por<br />

meio <strong>de</strong> uma compulsiva repetição em virtu<strong>de</strong> do prolongado<br />

treino. Mas, à proporção em que a pessoa, numa tomada <strong>de</strong><br />

consciência, se livrar das atitu<strong>de</strong>s rígidas, se libertar da prisão do<br />

passado, viver no momento presente, sem dúvida se abrirá para o<br />

dinamismo, para a imprevisibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste “aqui e agora”.<br />

Verda<strong>de</strong>iramente, a pessoa passa a ser “processo, nunca uma<br />

mera estrutura”.<br />

Acreditar em si mesmo, canalizar a energia para o gran<strong>de</strong> sábio<br />

que existe <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cada ser é reconhecer a verda<strong>de</strong>ira essência<br />

da criatura humana, seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r autenticamente ao<br />

seu papel na vida.<br />

“Nada importa muito se não se trata <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir em nós o<br />

Absoluto.” (Meister Eckhart)<br />

- 82 -


JORGE HUMBERTO<br />

Lisboa/Portugal<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 412 – 2005<br />

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AUTO-RETRATO<br />

Um tanto <strong>de</strong> timi<strong>de</strong>z, outro <strong>de</strong> encanto,<br />

Misturado com carnes e saladas,<br />

Mais as massas e as batatas a um canto,<br />

Vinho para acompanhar as entradas;<br />

Poeta que não cala a palavra verda<strong>de</strong>,<br />

De antes ser do que parecer aqui,<br />

Nos olhos avelãs e no cabelo liberda<strong>de</strong>,<br />

Pele macia e odores <strong>de</strong> frutas e jasmim.<br />

Por muitos odiado, por outros amado,<br />

Mas antes isso que ser poeta castrado.<br />

Amigo do seu amigo, insistente no querer,<br />

Muito cedo soube o que era a vida,<br />

Mais cedo ainda procurou-lhe guarida,<br />

Amante sem credo que se <strong>de</strong>ixa enternecer.<br />

Jorge Humberto<br />

06/02/07<br />

- 83 -


ÀS CRINÇAS DA PALESTINA<br />

Criança, <strong>de</strong> arma na mão, para on<strong>de</strong> vais?<br />

Roubaram-te a meninice, meu menino,<br />

Tinhas no bolso a fisga e nas mãos os pardais,<br />

E tu que continuas sendo tão pequenino.<br />

Vais para a guerra, <strong>de</strong>spe<strong>de</strong>s-te <strong>de</strong> teus pais,<br />

Menino, para on<strong>de</strong> vais, em corpo tão franzino?<br />

Vestes camisa rota e feros vendavais:<br />

Para on<strong>de</strong> vais, menino, em tal <strong>de</strong>satino?<br />

Com bravura guerreias em nome <strong>de</strong> tua terra,<br />

Esqueceste os bonecos com que brincavas,<br />

E, ainda tão pequenino, menino, foste prá guerra.<br />

Uma bala perdida em teu corpo se encerra,<br />

Enquanto tu pela tua pátria lutavas,<br />

Jazes frio no chão, menino, quem te enterra?<br />

Jorge Humberto<br />

18/01/07<br />

- 84 -


A BARLAVENTO<br />

Aqui, nesta pedra, on<strong>de</strong> me sento,<br />

Com as árvores por <strong>de</strong>trás <strong>de</strong> mim,<br />

Vejo as caravelas a barlavento,<br />

Do mar ao largo nas águas sem fim.<br />

Nas suas águas profundas um vento<br />

Acorda-me <strong>de</strong>ste torpor, assim,<br />

Como num sonho pleno <strong>de</strong> alento,<br />

E vejo as róseas flores e o jasmim,<br />

Florescerem junto à pedra arreada.<br />

Movo-me um pouco, são só montanhas,<br />

Bem ao longe junto à enseada.<br />

Mas tudo isto é idílico e é chamada<br />

Terra dos sonhos, on<strong>de</strong> caem castanhas<br />

E outra fruta à espera <strong>de</strong> ser apanhada.<br />

Jorge Humberto<br />

19/01/07<br />

- 85 -


JOSÉ CARLOS SILVA PRIMAZ<br />

Albufeira/Portugal<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 485 – 2006<br />

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NO VAZIO DESTE MEU SONHO...<br />

Acor<strong>de</strong>i...<br />

Acor<strong>de</strong>i mais uma vez sozinho, nesta manhã cinzenta e triste,<br />

<strong>de</strong>pois da tão longa e fria madrugada,<br />

meu corpo, meus sentidos, meus pensamentos, todo o meu ser<br />

sentem o vazio, a angústia, a tormenta, todo o nada<br />

porque o teu rosto, só o teu rosto e o teu tão belo corpo,<br />

apenas, e em meus sonhos, se tornam numa tão real constante,<br />

terna e para sempre feliz realida<strong>de</strong>.<br />

Ó amada minha, que <strong>de</strong> mim sempre fizeste parte,<br />

como tanto eu te amei e ainda tanto eu te amo agora,<br />

meu poema, meu sonho, meu consolo, meu <strong>de</strong>sejo<br />

todo o teu corpo e o teu ser,<br />

são a minha razão <strong>de</strong> estar e <strong>de</strong> viver neste meu mundo,<br />

dum mundo ainda tanto por viver.<br />

Eu recordo com tormento e amargura o vazio,<br />

que agora tu em mim <strong>de</strong>ixaste<br />

porque tu, na verda<strong>de</strong> da tua pura e real realida<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong> junto <strong>de</strong> mim já então partiste<br />

e agora só fazes parte <strong>de</strong> mim e a mim pertences<br />

na realida<strong>de</strong> do vazio <strong>de</strong>ste meu sonho!<br />

( J. Carlos – Agosto 2003 )<br />

- 86 -


PAPOILAS VERMELHAS<br />

Olhos brilhantes, corpos rastejando<br />

Na terra lamacenta, vermelha, ensanguentada,<br />

Seus corpos trémulos, na noite, e no vazio segurando,<br />

Nas mãos crispadas, o gatilho da espingarda.<br />

Esperando, sozinhos... sem ninguém, sem <strong>de</strong>sejos... só<br />

esperando.<br />

Dias longos, gritos na noite escura, a morte procurando...<br />

Quantas tristezas e lamentos, numa amarga sensação,<br />

De homens morrendo, e o seu sangue misturando,<br />

Com a terra, que até ontem, aos homens só lhes dava o pão.<br />

E para quê? Porque <strong>de</strong>pois... muito tempo <strong>de</strong>pois... tudo acabou.<br />

E tantas luas, tantos sóis, tanta chuva, também por lá passou,<br />

E o arado do lavrador, as sementes a essa terra misturou,<br />

Esquecendo os outros tempos; tempos <strong>de</strong> morte, <strong>de</strong> dor e<br />

<strong>de</strong>solação...<br />

E na linda seara, que naquela terra vicejou,<br />

Uma criança, na primavera, docemente, seus joelhos pôs no chão,<br />

E suas ternas mãos, lindas papoilas vermelhas, apanhou.<br />

Vermelhas, como o sangue, que um qualquer soldado, um dia lá<br />

<strong>de</strong>ixou.<br />

( J. Carlos – Abril 2006 )<br />

- 87 -


A ÁRVORE...<br />

QUE A SUA SOMBRA ME DEU<br />

Da semente que à terra lancei, eu vi nascer<br />

A árvore, que a sua sombra, <strong>de</strong>pois me <strong>de</strong>u,<br />

E para, nesta vida, ela po<strong>de</strong>r crescer<br />

Eu vi, o que tanto nesta vida, também sofreu...<br />

Todos os dias, com carinho, eu aqui vinha,<br />

P’ra água, lhe po<strong>de</strong>r dar <strong>de</strong> beber,<br />

Porque o amor, que eu, tanto lhe tinha,<br />

Não me <strong>de</strong>ixava sentir, e vê-la com se<strong>de</strong>, a sofrer.<br />

Que bela e forte, ela foi sempre crescendo,<br />

E, tantas foram as vezes, que à sua sombra me sentei,<br />

Deixando que nos meus sonhos; quando eles estavam querendo...<br />

Eu visse também teu rosto, o rosto que nesta vida tanto amei!<br />

E quando, num outro dia, <strong>de</strong>sta vida, eu partir,<br />

Deixando tudo, e esta árvore, que um dia, vi nascer,<br />

Não quero, no meu coração também sentir,<br />

Sentir, que nesse dia, também ela, por mim, irá sofrer.<br />

E se a sua seiva, com tristeza, ela chorar,<br />

Porque sentiu, que para sempre, isso aconteceu,<br />

Então <strong>de</strong>ixem, meu corpo, para sempre, aqui ficar<br />

Deitado, à sombra da árvore, que na vida, a sua sombra me <strong>de</strong>u!<br />

( J. Carlos – Junho 2006 )<br />

- 88 -


POR UM PEDAÇO DE TERRA...<br />

Meu coração p’ra terra olhou, e sangrou com a tristeza,<br />

E a amargura me veio, com tanta dor e <strong>de</strong>solação,<br />

Ao ver tudo em escombros, on<strong>de</strong> só havia beleza,<br />

Ao ver crianças chorando, no meio do inferno e da <strong>de</strong>struição.<br />

Maldita é toda a guerra, porque toda a vida ela <strong>de</strong>strói,<br />

Tantas vezes, só para as terras do outro, po<strong>de</strong>r tirar,<br />

Sem pensarem nas feridas que ficam; e que na alma tanto dói,<br />

Destruindo, <strong>de</strong>struindo, sem pensarem, ou com a vida se<br />

preocupar.<br />

Mundo do ser humano, em que os homens só <strong>de</strong>sejam conquistar,<br />

Conquistar a terra <strong>de</strong> ninguém; sem pensar com o coração,<br />

Porque afinal o ser humano apenas se <strong>de</strong>veria preocupar<br />

Com o pedaço <strong>de</strong> terra, on<strong>de</strong> um dia irá ficar, o seu corpo no<br />

caixão.<br />

E então, para o céu eu voltei o meu olhar,<br />

P´ra no céu, a alegria <strong>de</strong> Deus, eu po<strong>de</strong>r lá encontrar!<br />

( J. Carlos – Agosto 2006 )<br />

“Minha alma chora ao ver as imagens da tristeza e da <strong>de</strong>solação<br />

das cida<strong>de</strong>s do Líbano e <strong>de</strong> Israel, on<strong>de</strong> tanta gente está<br />

sofrendo, por causa <strong>de</strong> uma guerra estúpida... estúpida como<br />

todas as guerras!”<br />

- 89 -


A TRISTEZA DOS MEUS POEMAS<br />

Dizem que os meus poemas, é somente solidão,<br />

Que neles, apenas falo da tristeza e da dor,<br />

Agora ao voltar a lê-los, penso que todos terão razão,<br />

Que eles só falam <strong>de</strong> amarguras... e não <strong>de</strong> alegria e amor.<br />

Quanto tempo, e caminhos, tenho andado na procura da beleza<br />

Quantas tristezas, mas também as alegrias, eu na vida já olhei<br />

E isso, agora me trás só <strong>de</strong>sassossego e tristeza...<br />

E não era, o que da vida <strong>de</strong>sejava, nem o que p’rá vida sonhei.<br />

Sonhei um mundo <strong>de</strong> paz, <strong>de</strong> muita alegria e amor,<br />

On<strong>de</strong> crianças brincassem, sem o medo <strong>de</strong> cedo po<strong>de</strong>r morrer,<br />

Mas olho p'ró lado e que vejo ?... só guerra, tristeza e dor,<br />

E tanta gente morrendo, sozinhos, ou sempre na vida a sofrer.<br />

E essa amargura é talvez o meu sentir, e a paga dum pecado,<br />

Ou será, como um grito <strong>de</strong> angústia, p’ra não vir a enlouquecer,<br />

Porque estas letras do meu sentir, são as letras do meu fado,<br />

E nele estão meus poemas tristes, poemas, que escreverei até<br />

morrer!<br />

( J. Carlos – Outubro 2006 )<br />

- 90 -


MENINO DA RUA, DOS OLHOS TRISTES<br />

Menino da rua, dos olhos tristes,<br />

Que esten<strong>de</strong>s a mão e insistes,<br />

Pedindo uma moeda qualquer...<br />

Teu rosto triste, também a mim entristece,<br />

Porque sinto que a este mundo vieste,<br />

Sem para isso teres pedido, ou <strong>de</strong>sejado.<br />

Menino da rua, dos olhos tristes,<br />

Que só no sonho <strong>de</strong>sejas; porque só lá tu existes,<br />

E lá <strong>de</strong>sejas aquilo, que na vida, não consegues ter...<br />

Sonhas com teus pais, com carinho e amor,<br />

Mas <strong>de</strong>les nada sabes... e da vida só conheces a tristeza e a dor,<br />

Porque neste mundo nasceste e nele foste abandonado.<br />

Por isso a Deus, neste poema simples, fico pedindo,<br />

Que um dia, <strong>de</strong> novo veja o teu rosto, mas <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong> sorrindo,<br />

Porque já te ro<strong>de</strong>ia um mundo mais feliz e mais fraterno...<br />

E que também venhas a sentir na alma e no coração,<br />

O prazer e a alegria da emoção,<br />

De sentires, que como eu, também és filho <strong>de</strong> um Pai Eterno<br />

( J. Carlos – Janeiro 2007 )<br />

“Relembrando com mágoa os Meninos e as Meninas da Rua, <strong>de</strong>ste<br />

nosso mundo, que não tem família, nem eira nem beira... só<br />

tristeza no olhar!”<br />

- 91 -


JOSÉ GEORGE MOURA ALVES (JOE’A)<br />

Salvador/BA – Brasil<br />

Membro efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 522 – 2007<br />

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GRATIDÕES<br />

Joe’A<br />

A gratidão é um ser <strong>de</strong> uma flui<strong>de</strong>z<br />

que contraria qualquer sensatez<br />

Seu tempo <strong>de</strong> vida é vaporoso<br />

Função <strong>de</strong> temperatura e pressão<br />

O grato <strong>de</strong> hoje po<strong>de</strong> ser<br />

o mal agra<strong>de</strong>cido <strong>de</strong> amanhã<br />

o necessitado <strong>de</strong> hoje po<strong>de</strong> ser<br />

o presunçoso, o presumido do amanhã<br />

O importante é fazer o bem<br />

não importando quando nem a quem<br />

pois o reconhecimento é função <strong>de</strong> momentos<br />

assim como dos presentes sentimentos<br />

Dar, sem pensar nem se importar<br />

se vai ou não receber e nunca se <strong>de</strong>cepcionar<br />

Quantas vezes po<strong>de</strong> levantar do chão<br />

quem certamente nunca vai lhe dar a mão<br />

A gratidão nasce no coração<br />

mas se per<strong>de</strong> muito na razão<br />

Em função <strong>de</strong> argumentos dos interesses, dos momentos<br />

Ela se per<strong>de</strong> nos <strong>de</strong>svãos das visões do que é reconhecimento<br />

Gratidão transparência da alma<br />

<strong>de</strong> mentes que pensam com retidão<br />

In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da questão ou da situação<br />

Regra <strong>de</strong> boa conduta do coração...<br />

- 92 -


PURO AMOR<br />

Joe’A<br />

Por você sinto <strong>de</strong>sejo<br />

mas o que sobressai<br />

não é a paixão, não é o tesão<br />

mas sim o carinho, afeto e o amor<br />

Você é tão especial para mim<br />

é algo que não imaginava existir<br />

pensava que sabia amar<br />

mas somente agora o amor <strong>de</strong>scobri<br />

Como é diferente dos amores <strong>de</strong> outrora<br />

é algo maduro, com sabor <strong>de</strong>finido<br />

é mais do que <strong>de</strong>sejo, é um anseio<br />

que vem la <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim<br />

Com você não faço amor<br />

simplesmente nos amamos<br />

Nosso olhar namora<br />

com tanto carinho e afeto<br />

que nos causa orgasmos na alma<br />

é algo indizível, muito acima do ser,<br />

do ter ou <strong>de</strong> qualquer sentir<br />

é amor, puro amor que sinto em mim<br />

- 93 -


ACERTOS DOS ERROS...<br />

Joe’A<br />

Defeitos? quem não os tem...<br />

aprenda a conviver com eles,<br />

com os seus e<br />

com os do outros também...<br />

Não somos mesmo perfeitos...<br />

nem nós.. nem ninguém.<br />

se for <strong>de</strong>feito do seu par... Conviva<br />

aceite, ou sem ele perceber conserte...<br />

Que assim ele conserta os seus também<br />

Nossas falhas, nossos erros...<br />

po<strong>de</strong>m se tornar o acerto do outro.<br />

assim como, com os <strong>de</strong>le, seu acerto também<br />

Desta forma você viverá<br />

para sempre bem...<br />

<strong>de</strong> bem com seu bem... e seja feliz...<br />

seja com os acertos ou com os erros também...<br />

- 94 -


FIDELIDADE<br />

Joe’A<br />

É lhe respeitar mesmo que não seja na presença<br />

Fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>....é nunca lhe magoar<br />

Fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> é comigo você sempre contar<br />

Sempre confiar, que nunca lhe causaria mal estar<br />

Fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> é pagar sua conta, assumir suas questões<br />

lhe <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r com unhas e <strong>de</strong>ntes...<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das situações<br />

Fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> é você estar presente em mim mesmo em ausência<br />

é tornar meus sentidos seus, olhos, ouvidos, sentidos<br />

intuições, me tornar enfim você em mim<br />

Fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> não é ser procurador, é incorporar sua consciência<br />

Fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> é amor?<br />

não, fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> é a sustentação<br />

manutenção da paixão, alimento do amor<br />

oxigênio do coração<br />

E a entrega... incondicional<br />

é a escolha <strong>de</strong>finida<br />

é a paz, escolhida<br />

é a consciência, agregada, unida<br />

conjugada... fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>... cumplicida<strong>de</strong>....<br />

felicida<strong>de</strong>... musicalida<strong>de</strong>... amor em passionalida<strong>de</strong><br />

- 95 -


VIDA PARA SER VIVIDA<br />

Joe’A<br />

Temos uma vida, uma só vida<br />

para ser vivida<br />

não para ser perdida<br />

nas esterilida<strong>de</strong>s cultivada<br />

Mas com sentimentos sadios<br />

em todos momentos<br />

sem sentimentos doentes<br />

que somente consomem a gente<br />

Ódio, tristeza, inveja e outros<br />

apenas fazem mal a quem sente<br />

Semeie carinho, serás querido<br />

plante respeito serás admirado<br />

Fale apenas nas falas do amor<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o mais singelo pensamento<br />

regando as flores do seu caminho<br />

nos jardins <strong>de</strong> sua senda<br />

Olhe <strong>de</strong> cima para baixo, para ajudar<br />

olhe baixo para cima para orar<br />

com humilda<strong>de</strong>, sem o verbo humilhar<br />

Orgulho do que tens <strong>de</strong> bom para dar<br />

Oferecer a mão em qualquer direção<br />

Ouvir para apren<strong>de</strong>r a falar<br />

Olhar para saber ver<br />

Dar sem pensar em receber<br />

Sempre sua parte fazer<br />

tudo que receber, agra<strong>de</strong>cer<br />

Aceitar a vida como ela é<br />

Aceitando você e o outro como ele é<br />

Sempre no auto-conhecimento perseverar<br />

- 96 -


PARA O TER E O ESTAR CONCILIAR<br />

Joe’A<br />

Laila - Seus oitenta anos.<br />

Laila, este é o nome da minha mãe.<br />

O nome <strong>de</strong> uma mulher, mas não uma simples mulher, porque seu<br />

nome se tornou sinônimo <strong>de</strong> fibra, <strong>de</strong> garra, <strong>de</strong> coragem. De<br />

valores e princípios morais bem <strong>de</strong>finidos, inquebrantáveis, nunca<br />

negociados. De uma perseverança, <strong>de</strong> uma intrepi<strong>de</strong>z, <strong>de</strong> uma<br />

<strong>de</strong>dicação, <strong>de</strong> uma generosida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> um senso <strong>de</strong> justiça<br />

partidária. Uma mulher <strong>de</strong> formação à antiga, no entanto com os<br />

valores morais perpétuos, que por eles sacrificou sua própria vida<br />

em prol <strong>de</strong> suas convicções e <strong>de</strong> um objetivo maior: manter a<br />

família unida e educar dignamente seus filhos. Família diga-se <strong>de</strong><br />

passagem, que já se iniciou numerosa, pois casou-se com um<br />

viúvo, já com nove filhos e a eles somou mais sete. Enfrentou os<br />

ventos da incompreensão, da repulsão, que com galhardia os<br />

domou.<br />

Alem do fato do diferencial <strong>de</strong> tempos entre ela e o meu pai, <strong>de</strong><br />

mais <strong>de</strong> 27 anos. Quase uma menina, mas segurou as ré<strong>de</strong>as com<br />

firmeza e <strong>de</strong>cisão e como lí<strong>de</strong>r nata se impôs, se fez mãe <strong>de</strong> todos,<br />

se tornou a matriarca da família, não somente a sua Moura Alves,<br />

mas também da família toda do meu pai, os Alves. Uma mulher do<br />

tipo nor<strong>de</strong>stina, que se afirmava, “Filha <strong>de</strong> dono <strong>de</strong> Engenho, Casa<br />

Gran<strong>de</strong> e Senzala”.<br />

Obstinadamente, perseguiu seus objetivos, sacrificando sua<br />

própria felicida<strong>de</strong>, em função <strong>de</strong>sses objetivos, a união e a<br />

educação dos seus, mesmo sendo vitima <strong>de</strong> uma viuvez ainda na<br />

juventu<strong>de</strong>.<br />

Enfrentou os ventos e tempesta<strong>de</strong>s da vida, das <strong>de</strong>cepções e<br />

<strong>de</strong>silusões do <strong>de</strong>stino, sacrificando seus interesses individuais,<br />

tanto materiais quanto sentimentais em <strong>de</strong>trimento da família e<br />

por ela lutou, e lutou como uma fera, com uma fúria indômita,<br />

fazendo prevalecer a razão, sacrificando muitos ditames do<br />

coração por suas metas, por seus objetivos. Sempre <strong>de</strong> forma<br />

<strong>de</strong>sprendida, mas nunca <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> lado a sua saga, a sua trilha.<br />

Venceu muito mais do que os doze <strong>de</strong>safios <strong>de</strong> Hercules, mas<br />

venceu. Manteve a família unida, fez mesmo dos meio irmãos,<br />

todos irmãos e encaminhou para vida, todos que se dispuseram,<br />

- 97 -


com educação, com formação e tendo como herança um berço<br />

digno <strong>de</strong> orgulho.<br />

Hoje, do alto dos seus oitenta anos, que aqui estamos para<br />

comemorar, seu espírito continua o da mesma Laila <strong>de</strong> quando se<br />

casou, <strong>de</strong> uma jovem, que mesmo com o tempo passando, não se<br />

dobrou para nenhum senhor.<br />

Somente por amor, um amor que nos fez, que nos moldou da<br />

forma que hoje somos, e que na ótica <strong>de</strong>la ainda precisamos ser<br />

mais moldados, sob sua batuta, sob sua guarda, sob suas asas.<br />

E é com muito amor e orgulho que hoje comemoramos esta data,<br />

seus oitenta anos e mais orgulho ainda por ser seu filho.<br />

Não somente eu, mas os <strong>de</strong>zesseis, mesmo aqueles que já se<br />

foram, mesmo os que se <strong>de</strong>claram a contragosto, ou com muito<br />

gosto. Tivemos, temos a honra, <strong>de</strong> termos passado pelos seus<br />

ensinamentos, seu exemplo, <strong>de</strong> mulher, <strong>de</strong> mãe, <strong>de</strong> Ser humano,<br />

que com certeza se tivéssemos mais Lailas nesse mundo, Ele seria<br />

bem diferente. Minha mãe fez sua história, é parte da nossa<br />

história.<br />

O meu abraço, o nosso abraço, o nosso agra<strong>de</strong>cimento, com o<br />

nosso orgulho, com todo nosso amor, <strong>de</strong> seu filho, todos os seus<br />

filhos, genros, noras e netos. Além <strong>de</strong> todos que fizeram<br />

parte <strong>de</strong>ssa longa caminhada, que já estavam, que chegaram que<br />

estão chegando, amigos, parentes, <strong>de</strong> outros tantos que por ela<br />

passaram e um pouco <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>ixaram. E ainda <strong>de</strong> todos<br />

mais, que <strong>de</strong> forma indireta ou direta, participaram da vida da<br />

minha mãe e das nossas também.<br />

Você merece, muito mais que parabéns, por esta data, merece<br />

nosso carinho, nosso respeito, nosso amor.<br />

Você venceu, você se realizou e no que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>u <strong>de</strong> você, nos<br />

realizou, obrigado mãe.<br />

George, por todos seus filhos, enteados, genros, noras e netos.<br />

Desejo fazer uma homenagem especial, <strong>de</strong> honra, a meu irmão<br />

Renato, que participou com generosida<strong>de</strong> além do, sem medida,<br />

seu amor fraterno, nos momentos mais difíceis <strong>de</strong> nossas vidas.<br />

- 98 -


JUSSARA FUENTES LINDOTE<br />

Livramento/RS – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 667 - 2008<br />

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ENCONTRA-ME NO TEU SER<br />

Jussara Fuentes Lindote<br />

Minha loucura torna-se palpável<br />

No momento em que existes....<br />

No momento em que te vejo e sinto...<br />

Só aí então... tudo se transforma...<br />

Não tentes encontrar motivo<br />

Na minha procura...<br />

Busco-te <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sempre!<br />

És o que estava <strong>de</strong>stinado a mim<br />

Ah... como te quero... como te amo!<br />

Não tentes me enten<strong>de</strong>r<br />

Porque nem eu mesma consigo...<br />

Não tentes encontrar<br />

Nas minhas letras<br />

Explicação para o meu ser!<br />

Ele só se explica em ti,<br />

E aí morrem minhas<br />

Letras, minhas verda<strong>de</strong>s...<br />

Minhas palavras!<br />

Nunca me encontrarás...<br />

Se não me buscares<br />

Dentro do teu ser!<br />

- 99 -


AH! COMO QUERO<br />

Jussara Fuentes Lindote<br />

Quero suspiros que arrepiam,<br />

beijos que acalmam!<br />

Quero reinventar o amor,<br />

<strong>de</strong>scobrir o querer,<br />

enten<strong>de</strong>r corações!<br />

Quero excitar meu corpo,<br />

<strong>de</strong>itar-me em lençóis macios<br />

que se <strong>de</strong>salinhando encontro <strong>de</strong> nós dois!<br />

Quero o teu olhar <strong>de</strong> menino<br />

queimando minha pele!<br />

Ah! isso me faz voar...<br />

Não abro mão <strong>de</strong> sonhar...<br />

Não me <strong>de</strong>ixo levar pela tristeza!<br />

Quero seguir meu sonho...<br />

e nele te levar...<br />

Ah... como quero...<br />

- 100 -


PERCO-ME EM TEU AMOR...<br />

Jussara Fuentes Lindote<br />

Hoje resolvi fazer uma faxina...<br />

Abri gavetas, revolvi armários,<br />

Retirei teias <strong>de</strong> aranha da alma,<br />

Enxotei o rancor e a mágoa!<br />

Resolvi <strong>de</strong>ixar os bons momentos<br />

enrolados em fita <strong>de</strong> cetim...<br />

Perfumei as lembranças dos beijos,<br />

Não quero saber das mágoas...<br />

Nem quantos amores tiveste!<br />

Não quero saber das mentiras...<br />

E nem dos silêncios que não percebi...<br />

Não quero saber das tuas intenções<br />

Para comigo...<br />

E nem se há rima entre amor e dor...<br />

Fecho os olhos, ignoro os maus momentos...<br />

E perco-me em teu amor!<br />

- 101 -


LARA CARDOSO<br />

Campo Gran<strong>de</strong>/MS – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 381 – 2004<br />

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ECO<br />

Lara Cardoso<br />

O silêncio grita em cada canto,<br />

o meu canto torna-se, dia-a-dia<br />

um hino sem ritmo e sem cantor<br />

que, ainda assim, faz vibrar<br />

as cordas que me amarram<br />

ao teu amor<br />

Sou um pássaro sem ninho,<br />

que sobrevoa cada espaço da sauda<strong>de</strong><br />

e, vai silencioso,<br />

levando nas asas,<br />

apenas a dor que sobrou...<br />

Não resta nada, alem da lembrança<br />

e o eco que ficou<br />

perdido pelo caminho,<br />

que ressoa ainda<br />

como voz melodiosa,<br />

<strong>de</strong> um amor que, para sempre,<br />

se calou<br />

- 102 -


EXORCISMO<br />

Lara Cardoso<br />

Exorcizei a minha alma...<br />

tirei os fantasmas dos antigos amores,<br />

acabei <strong>de</strong> vez com a noite dos horrores<br />

por on<strong>de</strong> escapava toda minha calma,<br />

<strong>de</strong>ixando a dor da solidão exposta...<br />

Rezei a mais <strong>de</strong>morada prece,<br />

usei artifícios <strong>de</strong>sconhecidos<br />

pedi com todo o fervor<br />

aos anjos, que por mim passassem,<br />

que não me levassem o amor<br />

Até uma vela acendi<br />

em tua homenagem<br />

talvez, pura bobagem,<br />

mas, ainda assim pedi<br />

pois, és como o brilho do sol<br />

que veio para aquecer;<br />

E, com toda a minha <strong>de</strong>voção<br />

pedi a Deus,<br />

que me fizesse, <strong>de</strong> ti cativa<br />

e resguardasse meu pobre coração,<br />

<strong>de</strong>ixando-me muito tempo viva,<br />

para adorar-te ainda mais,<br />

<strong>de</strong> paixão...<br />

E que meu pedido<br />

reverta-se em felicida<strong>de</strong>,<br />

fazendo esta alegria que sinto<br />

quando o dia amanhece,<br />

perdurar pela eternida<strong>de</strong>...<br />

Que aconteça o milagre<br />

<strong>de</strong> tornar-te inteiro em mim<br />

e não apenas um pedaço <strong>de</strong> sauda<strong>de</strong>...<br />

- 103 -


LENI CHIARELLO ZILIOTTO<br />

Serafina Corrêa/RS – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 048 – 2001<br />

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BIOGRAFIA:<br />

Leni Chiarello Ziliotto é gaúcha, neta <strong>de</strong> italianos e resi<strong>de</strong> em<br />

Serafina Corrêa. Sua formação acadêmica é nas áreas <strong>de</strong> Ciências<br />

e Biologia, além <strong>de</strong> especialista em Supervisão Escolar, em<br />

Educação Ambiental e em Educação a Distância. É tutora <strong>de</strong> cursos<br />

<strong>de</strong> graduação e <strong>de</strong> especialização, na modalida<strong>de</strong> a distância. É<br />

proprietária da Escola Branca Maria, através da qual faz parcerias<br />

para oferta <strong>de</strong> ensino superior. Entre uma tarefa e outra da área<br />

profissional, Leni se <strong>de</strong>dica a escritos acadêmicos, com diversos<br />

artigos produzidos, porém sua maior produção escrita é na área da<br />

Literatura, classificada como poeta contemporânea.<br />

PRODUÇÕES LITERÁRIAS:<br />

2001 = 1) Lançamento do Livro <strong>de</strong> Poesias em dois idiomas: em<br />

Português, METAMORFOSE e em Italiano METAMORFOSI, na 9ª<br />

Jornada Nacional <strong>de</strong> Literatura <strong>de</strong> Passo Fundo;<br />

2002 = 1) Participação da 17ª Bienal Internacional do Livro <strong>de</strong> São<br />

Paulo na Antologia <strong>de</strong> Poesias, Contos e Crônicas, da Editora<br />

Sortecci – São Paulo. 2) Participação da 48ª Feira do Livro <strong>de</strong><br />

Porto Alegre na Antologia Vôo In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da Associação<br />

Gaúcha dos Escritores In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes – AGEI. 3) Participação da<br />

Antologia Tempo Definido comemorando 20 anos da Editora<br />

Scortecci – São Paulo. 4) Membro Fundadora da <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Virtual</strong><br />

<strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Letras. 5) Membro Efetivo da Associação Gaúcha dos<br />

Escritores In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes.<br />

2003 = 1) Participação da Coletânea Vôo In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte 2<br />

organizada pela AGEI e da 49ª feira do Livro <strong>de</strong> Porto Alegre. 2)<br />

Participação da Antologia Tempo <strong>de</strong> Poesia – Editora Novas Letras,<br />

SP.<br />

2004 = 1) Prêmio <strong>de</strong> Melhor Letra no Festival <strong>de</strong> Música Guaporé<br />

Cem Anos: Sim, Guaporé tem Talentos. 2) Participação da<br />

- 104 -


Antologia Livre Pensador, para 18ª Bienal <strong>de</strong> São Paulo – Editora<br />

Scortecci, SP. 3) Participação da 1ª Antologia Poética Edição<br />

Histórica da <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Virtual</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Letras –Editora AVBL.<br />

4) Participação da Antologia Internacional Roda Mundo, Roda<br />

Gigante, da Editora Ottoni, <strong>de</strong> São Paulo. 5) Lançamento na 50ª<br />

Feira do Livro <strong>de</strong> Porto Alegre do livro <strong>de</strong> poesias, produção<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, Mosaico <strong>de</strong> Palavras, pela Gráfica e Editora Berthier<br />

– Passo Fundo – RS.<br />

2005 = 1) Participação do E-Book Ensaio Poético Natureza – Vida<br />

– Universo Humanida<strong>de</strong>s, pela <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Virtual</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong><br />

Letras. 2) E-Book Hai Cai disponível nos sites:<br />

www.yaranazare.com (Hai-Cais pág. 5) e www.lenichiarello.com.br<br />

(biblioteca). 3) Organizadora e texto <strong>de</strong> introdução do livro Gestão<br />

Escolar – Educação à Distância, pela Gráfica e Editora Berthier –<br />

Passo Fundo/RS. 4) Participação da Antologia Internacional Roda<br />

Mundo da editora Ottoni – São Paulo. 5) Participação da Coletânea<br />

Vôo In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte 4 da AGEI – Porto Alegre/RS. 6) Participação da<br />

Antologia Literária <strong>Virtual</strong>ismo – Pela <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Virtual</strong> <strong>Brasileira</strong><br />

<strong>de</strong> Letras – São Paulo. 7) E-book Sonhos Vividos disponível em<br />

diversos sites, incluindo www.lenichiarello.com.br na página<br />

“biblioteca”. 8) E-book Contos <strong>de</strong> Fadas Contemporâneos<br />

disponível em diversos sites, incluindo www.lenichiarello.com.br na<br />

página “biblioteca”.<br />

2006 = 1) Organizadora dos livros Psicopedagogia – Educação a<br />

Distância e Psicopedagogia – Educação a Distância II, pela Gráfica<br />

e Editora Berthier – Passo Fundo – RS. 2) Livro <strong>de</strong> poemas Amor<br />

meu Sol, pela Gráfica e Editora Berthier – Passo Fundo – RS.<br />

Lançamento na Feira do Livro <strong>de</strong> Porto Alegre. Estas obras<br />

encontram-se disponíveis no site www.lenichiarello.com.br ou pelo<br />

e-mail: leny@net11.com.br.<br />

- 105 -


1-<br />

Olhei as gentes, os agentes<br />

as mentes<br />

os <strong>de</strong>sejos atropelados, confusos.<br />

Vi a vida, que po<strong>de</strong>ria ser simples<br />

em movimentos<br />

sem tempo.<br />

2-<br />

Meu coração<br />

marcado para sempre<br />

pela mão <strong>de</strong> um anjo<br />

Foi uma amiza<strong>de</strong><br />

que conquistou a liberda<strong>de</strong><br />

e transformou-se em amor.<br />

3-<br />

Nós,<br />

um jogo!<br />

Você,<br />

a arte!<br />

Eu,<br />

em você!<br />

Meu jogo,<br />

tua arte!<br />

E nós,<br />

no jogo da arte:<br />

O amor!<br />

4-<br />

Busca a lua<br />

para eu escrever um poema,<br />

um poema <strong>de</strong> amor pra você<br />

Busca a lua<br />

e eu faço amor com você.<br />

Leni Chiarello Ziliotto<br />

- 106 -


LIGIA SCHOLZE BORGES TOMARCHIO<br />

São Paulo/SP – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 243 – 2003<br />

-----------------------------------------------------<br />

CENTAURO<br />

AUTO RETRATO<br />

Ligi@Tomarchio®<br />

Mito-mulher-menina<br />

filha <strong>de</strong> "Nefele"<br />

das nuvens faço morada<br />

quando poeta estou.<br />

Selvagem, na franqueza da ternura<br />

dos bosques retiro alimento<br />

saciando se<strong>de</strong> nas águas sábias<br />

"buraco negro", encontro na dor.<br />

Objetiva, qual flecha certeira<br />

momentos <strong>de</strong> introspecção inva<strong>de</strong>m<br />

em busca freqüente<br />

do "ser" ao "Ser Superior".<br />

"Alfa" é meu núcleo estrelar<br />

fogo elemento primordial<br />

essência d'alma poética<br />

habitante das planícies da "Arcádia".<br />

Nas ondas encontro ritmo<br />

musicalida<strong>de</strong> no silêncio<br />

imagens na noite<br />

no tempo, idéias...<br />

Biografia, na Home Pege:<br />

http://paginas.terra.com.br/arte/ligiatomarchio/<br />

- 107 -


PAIXÃO AMARROTADA<br />

Ligi@Tomarchio®<br />

Paixão amarrotada<br />

com cheiro <strong>de</strong> morte<br />

olhos passeiam entre túmulos<br />

estão longe <strong>de</strong> mim<br />

alados, fugiram...<br />

Eu, aqui, só.<br />

A música também está longe<br />

meus ouvidos me abandonaram...<br />

Pensamentos ingratos, sumiram...<br />

Tenho pernas e braços ainda<br />

inertes, mas aqui.<br />

O passado, aquele conhecido,<br />

esquecido, acalantado, encantado...<br />

Agora, presente <strong>de</strong> morte.<br />

Não é o "gran finalle"<br />

apenas o início<br />

prenúncio <strong>de</strong> vida,<br />

outra talvez?...<br />

- 108 -


NOCAUTE<br />

Ligi@Tomarchio®<br />

Nocaute.<br />

Venceram...<br />

Um soco<br />

dor sufocada<br />

gosto <strong>de</strong> sangue na boca<br />

corpo inerte no chão.<br />

Outro "round"<br />

novo dia para lutar<br />

per<strong>de</strong>r ou ganhar...<br />

Fugir!<br />

Mais um dia<br />

da noite se fez<br />

nocauteada pelo sol<br />

enquanto as estrelas<br />

não chegam...<br />

Tantos sentimentos<br />

socados<br />

na memória emocional<br />

as lágrimas são vermelhas<br />

maculam a lua...<br />

A lua do viver<br />

o sol do nascer<br />

as estrelas do brilhar<br />

as águas sábias em curso<br />

o ar do ser<br />

fogo do existir<br />

a terra do morrer...<br />

Nocaute.<br />

Na boca da alma<br />

o murro da solidão<br />

golpe sujo do <strong>de</strong>stino<br />

nada há a per<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong>pois da correnteza irada...<br />

- 109 -


LUIZ GILBERTO DE BARROS (LUIZ POETA)<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro/RJ – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 668 – 2008<br />

-----------------------------------------------------<br />

LUIZ POETA – RELEASE<br />

Diretor Cultural da Associação Cultural Encontros Musicais,<br />

Membro da <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> Panamericana <strong>de</strong> Letras e Artes, da União<br />

<strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Trovadores e filiado à Socieda<strong>de</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong><br />

Autores, Compositores e Escritores <strong>de</strong> Música, Luiz Poeta (Luiz<br />

Gilberto <strong>de</strong> Barros ) é carioca, poeta, trovador, cronista, contista,<br />

artista plástico, compositor, intérprete, violonista e guitarrista,<br />

sendo também Professor <strong>de</strong> Literatura, Língua Portuguesa e<br />

Produção <strong>de</strong> Textos, dividindo ainda suas ativida<strong>de</strong>s profissionais<br />

com a Banda Bossa Light, da qual é músico e produtor, e com a<br />

qual tem realizado shows e participações especiais em casas <strong>de</strong><br />

espetáculos e ambientes musicais como Classe e Requinte,<br />

Cidadania em Movimento, Sindicato da Petrobrás, Teatro Armando<br />

Gonzaga e, recentemente, na Associação <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Imprensa,<br />

no Forte <strong>de</strong> Copacabana, no Teatro Gláucio Gil, no Comando da<br />

Aeronáutica, Departamento <strong>de</strong> Controle do Espaço Aéreo, no<br />

Shopping Cassino Atlântico, além do Bar Belmonte, importante<br />

point dos poetas brasileiros, localizado no Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Paralelamente a essas ativida<strong>de</strong>s, é ainda membro e acadêmico<br />

dos seguintes portais, grupos e aca<strong>de</strong>mias virtuais:<br />

<strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Virtual</strong> Luso <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Letras, AVLBL, <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong><br />

<strong>Virtual</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Letras, AVBL, <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Virtual</strong> Sala <strong>de</strong> Poetas,<br />

AVSP, Portal CEN, Ecos da Poesia, Lunas e Amigos, Loucura<br />

Poética, Pluma y Palabra entre outros.<br />

Consi<strong>de</strong>ra-se um poeta compulsivo, possuindo um acervo literário<br />

pessoal <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z mil trabalhos diversificados incluindo<br />

textos em prosa e poesias, tendo sido premiado com a publicação<br />

<strong>de</strong> várias antologias produzidas pelas seguintes entida<strong>de</strong>s:<br />

<strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Letras, Folha Dirigida, Secretaria Municipal<br />

<strong>de</strong> Educação, Secretaria Municipal <strong>de</strong> Cultura, Câmara <strong>de</strong><br />

vereadores do Rio <strong>de</strong> Janeiro, Portal CEN, Brasil-Portugal ( prêmio<br />

internacional ).<br />

- 110 -


Publica suas obras através <strong>de</strong> vários sites nacionais e<br />

internacionais e foi produtor do CD Bossa Light e co-produtor do<br />

CD Marechal, 90 Anos <strong>de</strong> Encontros Musicais.<br />

Atualmente, acaba <strong>de</strong> produzir o DVD Bossa Light e está<br />

produzindo o CD “ Ah, como era bom sonhar “, que inclui diversos<br />

gêneros <strong>de</strong> música: blues, rock, bossa-nova, forró, sambas etc.<br />

Consi<strong>de</strong>ra-se um poeta que faz música e, para as pessoas que<br />

amam poesia, Luiz Poeta costuma <strong>de</strong>ixar a seguinte mensagem:<br />

“Quem quiser cantar meu canto,<br />

Vai chegando <strong>de</strong> mansinho;<br />

Tenho voz <strong>de</strong> acalanto<br />

E canto <strong>de</strong> passarinho”<br />

luizpoeta1@oi.com.br / www.luizpoeta.com<br />

CARDIO-UTOPIA<br />

Luiz Poeta ( sbacem-rj ) - Luiz Gilberto <strong>de</strong> Barros<br />

Às 10 h e 13 min do dia 2 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2006<br />

Tu teimas, coração, tu não tens jeito:<br />

Provocas minha dor, tu me convidas<br />

A abrigar o amor insatisfeito<br />

No leito das angústias reprimidas...<br />

Eu finjo não sentir a adrenalina<br />

Que torna o meu amor mais hipertenso,<br />

Mas como a emoção não raciocina,<br />

Eu amo muito mais quando não penso.<br />

Por que é que tu me tornas absorto,<br />

Refém dos sentimentos arbitrários,<br />

Se o meu amor me <strong>de</strong>ixa em cada porto,<br />

E o mar só mostra vãos itinerários ?<br />

Assim... nessa cruel cardiopatia<br />

Repleta <strong>de</strong> um lirismo sedutor,<br />

Eu vou sentindo a dor da alma vazia<br />

Se completar na dor... do teu amor.<br />

- 111 -


DESENCONTAR... ÂNSIAS<br />

Luiz Poeta ( sbacem - rj ) - Luiz Gilberto <strong>de</strong> Barros<br />

Às 19 h e 42 min do dia 5 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2006 do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

Quanto mais te prendo, sinto que te soltas<br />

Não me surpreendo, meu amor é tanto<br />

Que quando te abraço, todo o meu encanto<br />

Se dissolve em pranto vendo que não voltas.<br />

Ah... quando te soltas, é tão <strong>de</strong> repente,<br />

Meu peito só sente quando não te vejo;<br />

Tento em vão sonhar-te, mas o meu <strong>de</strong>sejo<br />

Se <strong>de</strong>sfaz num beijo que o teu ser nem sente.<br />

Tão inconseqüente, meu amor reclama,<br />

Sempre há uma chama a queimar meu peito...<br />

Tento não te amar, mas amo, não tem jeito<br />

Nosso amor <strong>de</strong>sfeito é um eterno drama.<br />

Fecho os olhos, sonho, tenho pesa<strong>de</strong>los,<br />

Estou tão tristonho sem tua presença<br />

Mas sempre te encontro quando a dor intensa,<br />

Longe dos teus olhos, me permite vê-los.<br />

Quando eu te perco, estou me procurando;<br />

Quando me encontro, sinto que te perco<br />

A sauda<strong>de</strong> chega e sempre aperta o cerco<br />

Mas eu só me perco quando estou te amando.<br />

- 112 -


DISSONÂNCIA<br />

Luiz Poeta ( sbacem - rj ) - Luiz Gilberto <strong>de</strong> Barros<br />

Às 21 h e 30 min do dia 8 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2006 do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

Eu canto o meu amor sem partitura;<br />

As notas que me dou são repentinas,<br />

Despertam <strong>de</strong> uma espécie <strong>de</strong> mistura<br />

Do amor com minha dor mais cristalina.<br />

A mesma solidão que me assassina,<br />

Produz um reviver inusitado<br />

E esse amor repousa na doutrina<br />

Que crio <strong>de</strong> um amor não doutrinado.<br />

Eu amo, e esse amor tão <strong>de</strong>spojado<br />

Se expressa em cada verso que abençoa<br />

O meu poema livre, alicerçado<br />

No mesmo amor que a alma sobrevoa.<br />

Eu canto quando o meu encantamento<br />

Decanta, no silêncio sedutor,<br />

A cor do mais sublime sentimento<br />

Que brota <strong>de</strong>ntro do meu próprio amor.<br />

- 113 -


ENTORPECÊNCIA<br />

Luiz Poeta ( sbacem ) Luiz Gilberto <strong>de</strong> Barros<br />

Às 18 h e 33 min do dia 14 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2006 do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

Todos os dias um vazio se revela;<br />

Tu o preenches com amor e poesia,<br />

Porém a tinta que escorre <strong>de</strong>ssa tela<br />

Parece o sangue rabiscando a fantasia.<br />

Tu reinventas o amor a cada dia,<br />

Mas como amar, se a tua dor tão exigente<br />

Faz a alegria se tornar tão arredia<br />

E o teu amor tão solitário e inconseqüente.<br />

A emoção faz a razão mostrar seu canto<br />

Mas quando o pranto não resiste à emoção,<br />

Tu não consegues disfarçar e choras tanto<br />

Que até teu pranto molha o manto da razão.<br />

Ninguém te escuta, tu te ocultas num sorriso<br />

Reinventado, maquiado pela dor<br />

Mas o teu sonho sempre vem quando é preciso<br />

Que esse teu riso mate a dor do <strong>de</strong>samor.<br />

Sonhar é dom <strong>de</strong> natureza entorpecente<br />

Que faz a dor se diluir na letargia<br />

Do coração, que não suporta a dor freqüente,<br />

Quando a razão na emoção se refugia.<br />

Todos os dias, tua dor mais evi<strong>de</strong>nte,<br />

Tão <strong>de</strong> repente, torna a vida mais vazia,<br />

Mas teu amor, tão talentoso e competente<br />

Transforma a dor da solidão em poesia.<br />

- 114 -


HETERÔNIMO DE MIM<br />

Luiz Poeta ( sbacem-rj ) - Luiz Gilberto <strong>de</strong> Barros<br />

Às 13 h e 34 min do dia 31 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2006, domingo.<br />

Oh, poeta, meu irmão, tu fazes parte<br />

Do que eu sinto, como homem, como artista;<br />

Tu transformas meu amor ou dor em arte<br />

Teu lirismo me envolve e me conquista.<br />

Heterônimo <strong>de</strong> mim, tu multiplicas<br />

Meu amor quando me instalas no teu ser<br />

Se eu parto, perpetuas, porque ficas,<br />

A alegria que eu tenho <strong>de</strong> viver.<br />

O poeta é passarinho: quando voa,<br />

Ele atinge a dimensão do infinito;<br />

Quando canta sua dor, o amor ressoa<br />

Porque o canto é o amor que jaz... no grito.<br />

E por seres passarinho e voares<br />

Pelas páginas azuis do amor sem fim,<br />

Tu acabas justamente <strong>de</strong> pousares<br />

Nesse amor que há <strong>de</strong> existir <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim.<br />

O poeta nunca finge, ele encanta<br />

Cada instante que lhe brota repentino<br />

Quando sua emoção sublime é tanta<br />

Que ele espanta até a dor e o <strong>de</strong>satino.<br />

Ah, poeta, eu queria que me visses<br />

Como alguém igual a ti e que eu te olhasse<br />

Como um ser igual a mim e que sentisses<br />

O que sinto, cada vez que eu te pensasse.<br />

E que juntos, ao nos lermos, sublimássemos<br />

A essência do que nos revitaliza<br />

E que toda obra-<strong>de</strong>-arte que criássemos<br />

Fosse bálsamo que o sonho eterniza.<br />

E como todo poeta reinventa<br />

Cada amor que existe em cada coração,<br />

Eu invento este amor que me acalenta<br />

Quando sinto que tu és o meu irmão.<br />

- 115 -


O TEU SILÊNCIO É FORMA EM MOVIMENTO<br />

Luiz Poeta ( sbacem-rj ) – Luiz Gilberto <strong>de</strong> Barros<br />

Às 19 h e 23 min do dia 13 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2006 do Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro<br />

Tu amas os amores que inventas...<br />

Quem po<strong>de</strong> con<strong>de</strong>nar teus sentimentos ?<br />

Tu tentas o amor, o amor te tenta,<br />

Inventas teu amor e teus momentos.<br />

Tu crias os teus próprios <strong>de</strong>vaneios,<br />

Mas sentes que quando teu pé tropeça,<br />

O tombo é iminente e teus anseios<br />

Se per<strong>de</strong>m numa dor... e o sonho cessa.<br />

Enquanto tu pu<strong>de</strong>res colorir<br />

Teus sonhos <strong>de</strong>ssa cor que imaginares,<br />

O teu amor jamais há <strong>de</strong> fugir<br />

De todos esses sonhos que sonhares.<br />

Às vezes vês, no vago dos <strong>de</strong>sejos<br />

O doce <strong>de</strong>senhar <strong>de</strong> uma aventura<br />

Na qual alguém te beija e esses beijos<br />

São teus <strong>de</strong>sejos cheios <strong>de</strong> ternura...<br />

Ninguém te vê sonhar, ninguém percebe<br />

Que o teu silêncio é forma em movimento<br />

O amor é fonte on<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo bebe<br />

O sonho transformado em sentimento.<br />

- 116 -


M. FLORES (MILLIE)<br />

Balneário Camburiú/SC – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 422 – 2005<br />

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A SAÍDA...<br />

Millie<br />

tentando libertar-me<br />

<strong>de</strong>ste emaranhado <strong>de</strong> ilusões<br />

sonho encontrar a saída...<br />

ilesa...<br />

livre <strong>de</strong> arranhões<br />

<strong>de</strong> um passado<br />

que já não me pertence...<br />

quero usufruir o presente<br />

encontrar o ausente<br />

e seguir em frente...<br />

<strong>de</strong>scobri que o tempo<br />

não separa almas<br />

nem <strong>de</strong>strói o amor...<br />

sei que com o tempo<br />

o amor supera a dor<br />

e a sauda<strong>de</strong> <strong>de</strong>sabrocha a flor...<br />

<strong>de</strong>scobri no tempo<br />

que nosso amor é eterno<br />

e posso te amar no infinito...<br />

e o tempo nos ensina<br />

que quando amamos na eternida<strong>de</strong><br />

não há distancia que nos separe...<br />

Millie<br />

SC24/05/2006<br />

- 117 -


ENTRE LUZES E SOMBRAS...<br />

M.Flores (Millie)<br />

diante do inevitável encontrei-me<br />

entre luzes e sombras...<br />

não mais discernia<br />

qual a realida<strong>de</strong> e o sonho...<br />

ria e chorava<br />

na solidão dos meus versos...<br />

as rimas fugiam<br />

e as letras entravam <strong>de</strong>sgovernadas...<br />

e no silêncio torturante<br />

buscava a paz..<br />

a chuva chegou mansa<br />

acalmando a fúria dos ventos...<br />

a magia do som<br />

abriu uma fenda no tempo...<br />

surgiu um caminho<br />

margeando as estrelas...<br />

era preciso seguir adiante<br />

parar seria o fim...<br />

elos da ca<strong>de</strong>ia do saber<br />

po<strong>de</strong>riam estar soltos...<br />

recomporia cada um<br />

e faria valer a verda<strong>de</strong>...<br />

o amor voltaria a prevalecer<br />

e eu voltaria a viver...<br />

Millie<br />

SC 08/01/2007<br />

- 118 -


HORIZONTES...<br />

M.Flores (Millie)<br />

abriram-se as portas do saber<br />

luz eterna inva<strong>de</strong> meu ser...<br />

caminhos tortuosos<br />

trouxeram-me à senda da verda<strong>de</strong>...<br />

procuro encontrar no tempo<br />

as origens...<br />

<strong>de</strong>sfaço os nós<br />

e me refaço inteira...<br />

as sombras se dissipam<br />

enquanto ouço o silêncio murmurar...<br />

são as respostas<br />

esperadas do sempre...<br />

não posso parar<br />

nem <strong>de</strong>ixar o momento passar...<br />

rasgo os véus<br />

dispo-me da vaida<strong>de</strong>...<br />

mares e <strong>de</strong>sertos a minha frente<br />

longo é o caminho a trilhar...<br />

nas mãos dos mestres irei me apoiar<br />

para novos horizontes encontrar...<br />

Millie<br />

SC 14/12/2006<br />

- 119 -


LABIRINTO DE EMOÇÕES...<br />

M.Flores (Millie)<br />

e quando a incógnita surgiu<br />

fechei os olhos e <strong>de</strong>ixei-me ir...<br />

como encontrar-me?<br />

é uma pergunta difícil <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r...<br />

a sauda<strong>de</strong> levou-me a conhecer novos caminhos<br />

e <strong>de</strong>slizar num labirinto <strong>de</strong> emoções...<br />

o que aconteceu?<br />

preciso recordar por quantas vidas passei...<br />

por quantas veredas an<strong>de</strong>i<br />

quantos caminhos cruzei...<br />

quantas luas pratearam o meu mar<br />

em quantas constelações pu<strong>de</strong> sonhar...<br />

tantas vezes <strong>de</strong>itada ao sol sonhei amar<br />

e nas areias quentes tentei não chorar...<br />

senti o silêncio da eternida<strong>de</strong><br />

e refiz o caminho das estrelas...<br />

e ao perceber tua presença amada<br />

encontrei-me neste labirinto <strong>de</strong> emoções...<br />

e revivendo no brilho da luz do universo<br />

voltei aos teus braços para ser feliz...<br />

Millie<br />

SC 26/09/2006<br />

- 120 -


LIVRES PARA AMAR...<br />

M.Flores (Millie)<br />

paira no ar um perfume <strong>de</strong> sedução<br />

o tempo vestiu-se <strong>de</strong> gala<br />

cores novas enfeitam meus dias...<br />

é um momento <strong>de</strong> renovação<br />

<strong>de</strong> beleza<br />

o fim da solidão...<br />

um novo tempo pra ti<br />

que apren<strong>de</strong>ndo a viver<br />

acolhi em meu coração...<br />

abri portas à felicida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ixei a tempesta<strong>de</strong> passar<br />

e não preciso mais esperar...<br />

sonhei estar em teus braços<br />

e com teus beijos me embriagar<br />

hoje somos livres para amar...<br />

Millie<br />

SC 05/09/2006<br />

- 121 -


ENQUANTO A ILUSÃO EXISTE...<br />

M.Flores (Millie)<br />

enquanto a ilusão existe...<br />

brinco enlaçando elos <strong>de</strong> ternura<br />

aos sonhos que guar<strong>de</strong>i...<br />

vou ao teu encontro<br />

e aninho-me em teus pensamentos...<br />

navego na emoção<br />

e me encontro em teus versos...<br />

enquanto a ilusão existe...<br />

<strong>de</strong>ixo a ternura fluir<br />

em simples canção <strong>de</strong> ninar...<br />

levo encantamento<br />

a corações em <strong>de</strong>salento...<br />

<strong>de</strong>senho novos caminhos<br />

em oásis perdidos no tempo...<br />

enquanto a ilusão existe...<br />

dispo-me <strong>de</strong> pudores<br />

e viajo em teu corpo...<br />

na magia do toque<br />

envolvo-te com doçura...<br />

reconheço o caminho<br />

e <strong>de</strong>scubro segredos...<br />

e tento fugir da ilusão<br />

para per<strong>de</strong>r-me em teu coração...<br />

Millie<br />

SC 27/01/2007<br />

- 122 -


APENAS PALAVRAS...<br />

M.Flores (Millie)<br />

se enten<strong>de</strong>res que palavras são apenas palavras,<br />

e se per<strong>de</strong>m na imensidão dos sentimentos,<br />

começaras a me conhecer melhor...<br />

quando souberes que um sorriso ou um afago<br />

transmitem muito mais do que apenas palavras,<br />

veras o quanto és importante pra mim...<br />

ao aceitares que a vida é um turbilhão <strong>de</strong> emoções,<br />

e nela vivenciamos momentos <strong>de</strong> insegurança,<br />

sentiras que a verda<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser um grito <strong>de</strong> dor...<br />

se <strong>de</strong>scobrires que nas entrelinhas <strong>de</strong> um poema<br />

existem mais verda<strong>de</strong>s do que as palavras revelam,<br />

sentiras a força <strong>de</strong>ste amor...<br />

quando acreditares que sentimentos<br />

não são apenas expressos com meras palavras,<br />

lembraras <strong>de</strong> um beijo cheio <strong>de</strong> carinho...<br />

mas se em sonhos ouvires o silêncio sussurrar palavras <strong>de</strong> amor,<br />

apesar da distancia saberás<br />

que estou sempre ao teu lado...<br />

e quando a magia dos sentimentos invadirem teu coração<br />

<strong>de</strong>scobriras então que estou nele<br />

e te amo!<br />

Millie<br />

SC 11/03/2007<br />

- 123 -


MARGOT DE FREITAS SANTOS<br />

Juíz <strong>de</strong> Fora/MG – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 444 – 2005<br />

-----------------------------------------------------<br />

MARGOT DE FREITAS SANTOS – POETISA MINEIRA<br />

“Nasci em São João Nepomuceno/MG, em 04/04/1950 e vim<br />

pequena para Juiz <strong>de</strong> Fora/MG, cida<strong>de</strong> que aprendi a amar e<br />

consi<strong>de</strong>rá-la também minha terra natal. Formei-me em Educação<br />

especializando na área infantil e exercendo durante alguns<br />

anos.Atualmente sou esposa e mãe na totalida<strong>de</strong>. Influenciada<br />

pela tecnologia do mundo virtual, encontrei grupos <strong>de</strong> poetas que<br />

levaram-me a <strong>de</strong>senvolver a arte <strong>de</strong> poetar que existia <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

mim. Comecei tímida, escondida sob o cognome Margot F&S, aos<br />

poucos fui vencendo meus medos e floresci como Margot <strong>de</strong><br />

Freitas Santos. Combinando lembranças com realida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixo fluir<br />

em meus poemas, rabiscos do meu coração.”<br />

Blog: http://margotfreitassantos.zip.net/inicio/<br />

Livro <strong>Virtual</strong>:<br />

http://www.ebooks.avbl.com.br/biblioteca2/margotfs.htm<br />

E-mail :jrmargot@powerline.com.br<br />

ESCUTA MEU FILHO...<br />

Margot <strong>de</strong> Freitas Santos<br />

Tempo... que passa e que <strong>de</strong>ixa seu rastro.<br />

Rastro que marca, que fere, <strong>de</strong>sgasta.<br />

Desgasta laços, provocando feridas.<br />

Feridas fechadas são marcas da vida...<br />

Tempo que passa e não sabe voltar,<br />

Arrependimento... não po<strong>de</strong> curar,<br />

A dor que se ganha, no tempo perdido,<br />

Do amor recebido que ousou recusar!<br />

Se ainda há um momento na conta do tempo,<br />

Oriente-se adiante e refaça seus rastros,<br />

Não cubra as feridas nem limpe suas marcas,<br />

Fortaleça com elas e recupere seus laços!<br />

- 124 -


POEMA PARA UM GRANDE AMOR<br />

Margot <strong>de</strong> Freitas Santos<br />

Na sala <strong>de</strong> jantar sentados estamos:<br />

Parece visão, mas encontra-se ali.<br />

Deslizo meus <strong>de</strong>dos e encontro os seus.<br />

Contemplo você! Eu não lhe perdi!<br />

A sua rotina não mais me incomoda,<br />

Já não me importo com as idas e vindas.<br />

Carinhos que vem e <strong>de</strong>moram a voltar,<br />

Hoje me bastam e me levam a sonhar.<br />

Um etéreo olhar lágrimas a <strong>de</strong>slizar...<br />

Mas a chama do amor insiste em brilhar!<br />

Mãos entrelaçadas... Na sala <strong>de</strong> jantar,<br />

Nossa história <strong>de</strong> amor eternizará!<br />

O FASCÍNIO DO PECADO<br />

Margot <strong>de</strong> Freitas Santos<br />

Que fascínio é esse que você me impõe<br />

Quando atrevo-me a lhe procurar,<br />

Esqueço tudo, abandono o mundo,<br />

Só penso em você quero te encontrar!<br />

O céu cintila, minh'alma brilha,<br />

O sol resplan<strong>de</strong>ce, meu corpo aquece,<br />

A água cristalina minha emoção exterioriza<br />

E o gran<strong>de</strong> encontro se concretiza.<br />

Você fisgado se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo,<br />

Dou-lhe mais linha pra não cansar,<br />

A briga é forte você resiste<br />

Mesmo sabendo que vou ganhar.<br />

Perco o controle puxo bem forte<br />

Das águas claras vou lhe tirar,<br />

Esse fascínio, não consigo evitar,<br />

Meu maior pecado: os peixes que vou pescar!<br />

- 125 -


NAMORAR É PRECISO...<br />

Margot <strong>de</strong> Freitas Santos<br />

Por que o tempo insiste<br />

Em querer tudo acabar,<br />

Criando um universo triste<br />

Aos que persistem em sonhar?<br />

Quem disse que namorar<br />

É coisa <strong>de</strong> gente antiga,<br />

Deixou o tempo passar,<br />

Sem lembranças, vai ficar.<br />

Tão suaves eram as cantigas,<br />

O cinema ao entar<strong>de</strong>cer,<br />

Mãos dadas, ruas floridas,<br />

Serenatas ao anoitecer.<br />

E se as lembranças existem,<br />

Porque <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> sonhar,<br />

Se elas é quem aquecem<br />

O sublime namorar?<br />

ÁGUIA VERMELHA<br />

Margot <strong>de</strong> Freitas Santos<br />

Águia Vermelha, Rainha das Águias,<br />

Que voa nos céus da emoção e da razão.<br />

Vigorosa e guerreira cruza nossos caminhos,<br />

E trás entre as asas seu valente coração!<br />

Sobre nossos ninhos, em vôos <strong>de</strong> amor,<br />

Planeja a vigília da sua proteção,<br />

Águia esplendorosa, atenta... <strong>de</strong>safiante,<br />

Sob seus olhos, nada <strong>de</strong> mal nos po<strong>de</strong> acontecer.<br />

Águia Vermelha, dotada <strong>de</strong> força e <strong>de</strong>svelo,<br />

Regeneradora, é energia, é nossa guia.<br />

Somos seus pássaros, nobre rainha...<br />

Seu nome é Hélvia, exemplo, sabedoria!<br />

- 126 -


VOA, VOA BEIJA-FLOR<br />

Margot <strong>de</strong> Freitas Santos<br />

Segunda, terça, quarta,<br />

Todo dia sem cansar,<br />

Quinta, sexta, sábado,<br />

Ali ele sempre está.<br />

Nem mesmo domingo<br />

Hesita em me visitar,<br />

Chega todo coloridinho<br />

Coreografando belo voar.<br />

Vai e volta sem parar<br />

Faz <strong>de</strong> tudo para eu notar,<br />

Até parece que espreita<br />

Se eu estou a olhar.<br />

Voa, voa meu beija-flor<br />

Não queira me abandonar,<br />

Traga-me sempre a alegria<br />

Implícita nesse seu voar.<br />

ROSAS QUE FALAM<br />

Margot <strong>de</strong> Freitas Santos<br />

No livro guardada ficou,<br />

Esperou, secou e o tempo passou!<br />

Hoje recordo o que restou:<br />

Lembranças que o tempo não apagou.<br />

Dizem que rosas não falam,<br />

Mero engano <strong>de</strong>claro:<br />

Quantas lembranças exalam<br />

Formando um diálogo bem claro.<br />

Toco sua pétala enrugada,<br />

Acaricio minha face sulcada,<br />

E juntas sentimos a inquietação,<br />

Extravasando em nossa imaginação.<br />

- 127 -


Sua cor já não lembro mais.<br />

O nosso segredo! Esse jamais esqueci.<br />

E quando a sauda<strong>de</strong> aperta <strong>de</strong>mais,<br />

Abro o livro e olho para ti.<br />

CARROCEIRO X INCOMPREENSÃO<br />

Margot <strong>de</strong> Freitas Santos<br />

O dia clareia, mais um <strong>de</strong>safio.<br />

Homem castigado sela seu cavalo,<br />

Ajusta a carroça, solta um assobio,<br />

Manuseia o chicote, ecoa um estalo.<br />

Carroceiro irritado, sobe a avenida.<br />

Motoristas gesticulam exasperados,<br />

Lugar <strong>de</strong> carroceiro não é na avenida,<br />

Carroceiro e carros um emaranhado.<br />

Do ranger das rodas ecoa uma sinfonia.<br />

Lembranças! Vozes ecoam... “bom dia”.<br />

Foi entregador, ven<strong>de</strong>dor, subserviente.<br />

Hoje, apenas um sobrevivente <strong>de</strong>scrente.<br />

Gente, carros, buzinas... incompreensão.<br />

Carroceiro na avenida... pensa na vida.<br />

Coração acelerado... lembra o passado,<br />

A doçura do povo, respeitando sua lida.<br />

- 128 -


MARIA INÊS SIMÕES<br />

Bauru/SP – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 001 – 2001<br />

-----------------------------------------------------<br />

SOBRE A AUTORA:<br />

Nasceu em Bauru/SP em 13 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1958. Filha <strong>de</strong> André<br />

Corrêa da Silva e Iolanda Simões Silva. Curso Superior em Letras-<br />

Português pela USC – Bauru/SP. Des<strong>de</strong> pequena acalentou gran<strong>de</strong><br />

paixão por escritas em geral escrevendo contos, crônicas e<br />

poesias. Por volta <strong>de</strong> 1990 teve seu primeiro contato com um<br />

computador, <strong>de</strong>senvolvendo habilida<strong>de</strong>s na área <strong>de</strong> informática.<br />

Inspirada pela Internet construiu o poema "C@lice Cibernético"<br />

conquistando em 1998 o 1º Lugar no Concurso Municipal <strong>de</strong> Bauru<br />

e Região - Patrocinado pelos Correios (ECT). Em 2000 foi recebida<br />

pela <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> Bauruense <strong>de</strong> Letras como Membro Efetivo -<br />

Ca<strong>de</strong>ira 24. Passando em 2003 a Membro Agregado. Em 2007 foi<br />

recebida como Membro Efetivo do Clirc- Centro Literário Rio Claro<br />

em 2008 – Recebeu Diploma <strong>de</strong> Membro Correspon<strong>de</strong>nte da<br />

<strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> Maceioense <strong>de</strong> Letras e Diploma da Comenda Escritor<br />

Cipriano Jucá e respectiva medalha. Edita seus próprios contos e<br />

seus poemas na Internet, on<strong>de</strong> atua como fundadora web/master<br />

e <strong>de</strong>signer.<br />

Projetos Literários:<br />

• 2001 fundou: AVBL - <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Virtual</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Letras –<br />

Membro Efetivo e Fundadora nº 001. Patrono: Hélio <strong>de</strong> Aguiar e<br />

Patrona: Celina Alves Neves (www.avbl.com.br);<br />

• 2002 fundou: EBOOKNET – Bibliotecas Virtuais<br />

(www.ebooks.avbl.com.br);<br />

• 2003 fundou o Movimento Literário: <strong>VIRTUALISMO</strong> - Escola <strong>de</strong><br />

Autores, Escritores e Poetas Virtuais.<br />

(www.virtualismo.avbl.com.br). Projetos reconhecidos e aprovados<br />

pela UNESCO (United Nations Educational, Scientific and Cultural<br />

Organization - www.unesco.org/poetry).<br />

Publicações:<br />

• 1999 - Antologia Poética - “Vinte Poetas Bauruenses” participou<br />

como poeta e i<strong>de</strong>alizadora ao lado <strong>de</strong> Wagner Fernan<strong>de</strong>s (Projeto<br />

Bauru Poetas);<br />

• 2000 - Antologia Literária - "Ano 2000 - Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Poetas<br />

- 129 -


Virtuais". Participou como poeta e i<strong>de</strong>alizadora (Projeto Ipoesia e<br />

Bauru Poetas);<br />

• 2003 - Antologia Literária 2 - <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> Bauruense <strong>de</strong> Letras -<br />

(Membros Agregados);<br />

• 2004 - 1ª Antologia Poética - AVBL - Edição Histórica,<br />

i<strong>de</strong>alizadora do projeto on<strong>de</strong> reuniu 118 autores <strong>de</strong> 16 países (no<br />

Brasil 45 cida<strong>de</strong>s em 16 estados);<br />

• 2005 – 1ª Antologia Poética - "O Futuro Feito presente" Grupo<br />

Ecos da Poesia;<br />

• 2005 - Antologia Literária – “<strong>Virtual</strong>ismo Escola <strong>de</strong> Autores,<br />

escritores e Poetas Virtuais - Do <strong>Virtual</strong> para o Real” – I<strong>de</strong>alizadora<br />

do projeto on<strong>de</strong> reuniu 62 autores;<br />

• 2006 – Antologia Literária 3 - <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> Bauruense <strong>de</strong> Letras -<br />

(Membros Agregados);<br />

• 2006 – 2ª Antologia Poética-Literária AVBL - Edição Histórica;<br />

• 2007 - "O Futuro é Agora" Antologia IX - CLIRC - Centro Literário<br />

Rio Claro;<br />

• 2007 - "Antologia Poética VI - Mensageiros da Poesia -<br />

Associação Cultura Poética <strong>de</strong> Amora - Portugal;<br />

• 2007 - "Nosso Cantinho" Antologia X - CLIRC - Centro Literário<br />

Rio Claro.<br />

SO(M)BRA...<br />

Maria Inês Simões<br />

Debaixo do mesmo sol. Uma plantação vinga enquanto a<br />

outra se anula. Debaixo do mesmo sol, há chuva <strong>de</strong><br />

enfeites, e tempesta<strong>de</strong>s <strong>de</strong> canivetes. Vistas maquiadas <strong>de</strong><br />

lantejoulas e cifrão. Enquanto outras... Nuas <strong>de</strong>svestidas <strong>de</strong><br />

visão. Debaixo do mesmo sol tem um povo que é <strong>de</strong> lua, <strong>de</strong><br />

caviar e <strong>de</strong> grife nos cabelos. Debaixo do mesmo sol...<br />

Sobrevive gente que é <strong>de</strong> rua, <strong>de</strong> frisar a mesma lua e<br />

on<strong>de</strong>ar o mesmo sol. E nas sombras... Entre ondas e<br />

ondas... Esten<strong>de</strong>-se, tornando-se alternadamente côncavo e<br />

convexo. Com as mesmas moléstias e diferentes sintomas.<br />

Mesma pátria em diferentes idiomas. Debaixo do mesmo<br />

sol, todos os dias nasce à luz... Enquanto as trevas<br />

<strong>de</strong>scansam a sua sombra... O Universo Une... O Planeta<br />

planta... Alguns vingam... Enquanto outros...<br />

- 130 -


ALÉM DE MIM...<br />

Maria Inês Simões<br />

Existe uma maçã ver<strong>de</strong> caída no telhado. Um cachorro magro<br />

tentando viver neste espaço. Existe uma lagartixa comendo um<br />

lagarto. Grupos formados entre drogas, maçãs e abandonados.<br />

Existe um sonho <strong>de</strong> fera, fúria e fantasia. Um bolo sem festa caído<br />

na esquina. Um menino entre gra<strong>de</strong>s, poeiras e amigos. Sem<br />

sobre-vivência. Sem referência... Quantas vidas perdidas, quanta<br />

gente sofrida, entre tantos animais que pastam no pascigo-planeta<br />

muitos... Além <strong>de</strong> mim...<br />

(VI)VER.ME<br />

Maria Inês Simões<br />

Nada como olhar no fundo daqueles olhos e contemplar a<br />

verda<strong>de</strong>ira aparência.<br />

Vi... Coisa <strong>de</strong> louco, <strong>de</strong> verme e fugitivo.<br />

Lá estava ele entregue aos prazeres taciturnos. Era só mais uma<br />

conquista. Precisava fugir <strong>de</strong> si por alguns momentos. E,<br />

encontrar-se <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> outro ser... Que fosse fatal fêmea fácil.<br />

Facilitaria um momento <strong>de</strong> existir naquele espaço até então<br />

conquistado.<br />

Nada real... Passageiro... Um sorriso, palavras macias, um beijo e<br />

sexo só isso... Lembrar-se não ia no dia seguinte, quando mais<br />

uma porta fechasse e caísse na cama bêbado <strong>de</strong> aniquilar outra<br />

vida.<br />

Momentos sombrios <strong>de</strong> um mal-procedimento bem-sucedido, ao<br />

acaso dos instantes <strong>de</strong>sperdiçados naquela necessida<strong>de</strong> em ganhar<br />

diferentes carinhos.<br />

Cafajeste? Não! Inocência pura <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sejo até então nunca<br />

realizado. Encontrar-se consigo mesmo. Nada... como olhar no<br />

fundo daqueles olhos...<br />

- 131 -


MA(TE.MA)TICA<br />

Maria Inês Simões<br />

Oito ou oitenta, um mais um são dois... On<strong>de</strong> existem números<br />

existe perfeição. Os números não mentem. Exatos... Sempre. Na<br />

conclusiva-vida. Origem verda<strong>de</strong>. Em tempo numeração, no<br />

espaço metrificação. E Eu Sou Quem? Nasci no dia qual, na hora<br />

tal. A cada segundo respiro o que po<strong>de</strong>ria ser meu último instante.<br />

Acordo nas manhãs <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um período, e me pergunto até<br />

quando? Quem saberia a equação <strong>de</strong> um corpo-existência? De<br />

on<strong>de</strong> viemos, para on<strong>de</strong> vamos? Mas, a verda<strong>de</strong> está nos<br />

números... Rememoro. On<strong>de</strong> soma é mais uma palavra, e nem<br />

sempre significa resultado. Preparação orgânica composta <strong>de</strong><br />

carbono, oxigênio e hidrogênio <strong>de</strong>rramados em fogos<br />

<strong>de</strong> sacrifícios. Expressão quantida<strong>de</strong>... Fator levianda<strong>de</strong>... Olho<br />

para o céu, impossível contar as estrelas firmadas no universo.<br />

Olho em teus olhos, impossível contar as lágrimas firmadas em<br />

cada verso. Penso... Em mim... Por que as letras e não os<br />

números...<br />

SERÁ?<br />

Maria Inês Simões<br />

Alguma coisa fazia com que o azulão não cantasse ao meio-dia.<br />

Talvez fosse... Sua barriga vazia.<br />

Alguma árvore impedia que o fio não <strong>de</strong>scarregasse sua energia.<br />

Talvez fosse... O fogo que a consumia.<br />

Algum órgão não permitia que o cantor entoasse sua melodia.<br />

Talvez fosse o instrumento, sem corda e sem alegria.<br />

Algum motivo conseguia que o poeta não escrevesse sua poesia.<br />

Talvez fosse a falta daquela fantasia.<br />

Algum <strong>de</strong>talhe<br />

Algum assunto<br />

Algum mistério<br />

Talvez fosse a musa que ele não tinha.<br />

- 132 -


NU.LA<br />

Maria Inês Simões<br />

Sem cor, sem <strong>de</strong>sejos, sem pudor. Vagava madrugada a fora, em<br />

diâmetro <strong>de</strong> um quarteirão.<br />

- Já passou por aqui três vezes. Dizia o observador.<br />

- Mas a narrativa é onisciente. Relembrava o pássaro, que<br />

passando tempo no fio também atentava.<br />

- Vou aguardar mais um pouco, se ela passar aqui novamente, vou<br />

perguntar – “Qua’lé a sua ô da caminhada? Sai logo <strong>de</strong>sta estrada.<br />

Não vê que já vai raiar o dia? Daqui a pouco isto aqui ferve<br />

<strong>de</strong> gente. E a visão será compartilhada. Ou vc se manda ou então,<br />

vê se enrola em toalha.”<br />

- Faz isso não... Observador maluco. Deixa a mulher andar pelada.<br />

Não tira a alegria <strong>de</strong>ste pobre pássaro, sem asa e sem escada.<br />

BASE.ANDO QUEM?<br />

Maria Inês Simões<br />

E do pomo-<strong>de</strong>-adão ouviu-se um palavrão “e quem disse que eu<br />

queria esse tal <strong>de</strong> livre arbítrio, rock in roll, Maria e Joana e<br />

marijuana. Só queria o paraíso e <strong>de</strong>sfrutar <strong>de</strong>ste mundão. Sem<br />

essa <strong>de</strong> trabalho, cansaço, política e televisão. Só queria o<br />

<strong>de</strong>scampado a tocar a sola <strong>de</strong> meus pés. Só queria andar nu sem<br />

cabresto e munição. Só queria da costela ter <strong>de</strong> volta o coração”.<br />

- Adão... Adão... Te fiz a minha imagem e semelhança. Te <strong>de</strong>i a<br />

liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> errar e ter perdão. Não reclama <strong>de</strong>sta vida que te<br />

acrescento solidão.<br />

ERVA.MATE<br />

Maria Inês Simões<br />

Nasceu, como relva esquisita <strong>de</strong> semente qualquer levada no bicodo-tempo.<br />

Não era árvore nem arbusto. Vegetou espontânea. Sua<br />

cor? Diurna - amarela, noturna ver<strong>de</strong> ban<strong>de</strong>ira. Sem pátria e sem<br />

solo. Sem raiz e sem étimo.<br />

Restava-lhe o céu e acreditar no <strong>de</strong>us-pássaro-dará. Sua linhagem<br />

a ser espalhada pelos campos e asfaltos. Introduzindo-se pouco a<br />

pouco nos mares absolutos.<br />

- 133 -


MARIA INEZ FONTES RICCO (MIFORI)<br />

São José dos Campos/SP – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 281 – 2003<br />

-----------------------------------------------------<br />

MIFORI (Maria Inez Fontes Ricco).<br />

Suas poesias falam <strong>de</strong> amor, vida, valores, e buscam retratar<br />

sentimentos, emoções e fatos do cotidiano.<br />

(En<strong>de</strong>reço da publicação)<br />

CHUVAS DE BEIJOS<br />

Mifori<br />

Assim que o sol se escon<strong>de</strong>u<br />

Atrás das montanhas<br />

Ele logo apareceu,<br />

E a lua que acompanha<br />

As estrelas lá no céu,<br />

Com toda sua manha<br />

Ali permaneceu<br />

E ainda fez campanha<br />

Perfumando os lábios meus<br />

Sem nenhuma artimanha<br />

Meu coração escreveu:<br />

Bem-vindo são os beijos teus!<br />

MULHER(Acróstico)<br />

Mifori<br />

M ulher! Tu, ontem, corrias <strong>de</strong> olhos vedados,<br />

U m anjo, nas dores do amor ar<strong>de</strong>nte.<br />

L uz e sombra refletida na tela da vida.<br />

H oje, tu és in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.<br />

E mancipada...<br />

R econhecida!<br />

APARÊNCIA(Poetrix)<br />

Mifori<br />

Nada significa.<br />

Reconstitui<br />

A autoconfiança.<br />

- 134 -


A CARTA QUE NÃO ENVIEI<br />

Mifori<br />

Hoje, faz um ano que nos conhecemos e é como se fosse ontem.<br />

Lembro-me bem daquele lindo dia! Sinto as mesmas vibrações que<br />

nos atraíram um ao outro. Ouço nossas juras <strong>de</strong> amor. Como o<br />

perfume da primavera, que a brisa espalha conivente, sinto, ainda,<br />

seu perfume envolvente, aquiescendo minha alma com a<br />

lembrança <strong>de</strong> sua voz suave e sedutora, sussurrando lindas<br />

palavras <strong>de</strong> amor!<br />

É bom saber que me apaixonei assim que o vi.<br />

Esses seus olhos ver<strong>de</strong>s amendoados, vindo em minha direção,<br />

iluminados, como se possuíssem a luz do Sol, naquele dia <strong>de</strong> verão<br />

nos trópicos, <strong>de</strong>ixou-me extasiada e sem fôlego...<br />

Lembra-se?...<br />

Você precisava urgentemente arrumar uma noiva e eu fui e ainda<br />

sou a sua noiva, a noiva do <strong>de</strong>stino. Sou a noiva do <strong>de</strong>stino!...<br />

Havia algo <strong>de</strong> diferente a cintilar em seus olhos, a mostrar a sua<br />

sensibilida<strong>de</strong> e fascínio. E eu me encantei!<br />

Procurei disfarçar, embora me sentisse <strong>de</strong>slumbrada pelos<br />

acontecimentos. À medida que convivia com você sentia que já<br />

éramos conhecidos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o eternamente e assim, por amor,<br />

conscientemente, entreguei-me <strong>de</strong> corpo, alma e coração.<br />

“Você foi meu sonho e eu, a sua solução circunstancial”.<br />

Assim pensei por mais <strong>de</strong> três meses após a nossa inexplicável<br />

separação.<br />

Por que fizera isso comigo!<br />

Eu aceitei compactuar com tal evento porque já estava apaixonada<br />

por você. E o amor se solidificou no nosso dia-a-dia. E, ter me<br />

dispensado friamente dilacerou meu coração.<br />

Hoje sei o quanto custou a você tal atitu<strong>de</strong>, embora, não concor<strong>de</strong><br />

com ela.<br />

Por que não me disse toda a verda<strong>de</strong>?... Já pensou que talvez eu<br />

soubesse compreen<strong>de</strong>r?... Não iria viver ao seu lado por<br />

compaixão porque o amei <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o primeiro instante e ainda o<br />

amo.<br />

Quero vê-lo. Como se possível fosse, voltar no tempo e dizer-lhe<br />

que “se eu fosse você voltava correndo pra mim”.<br />

Eu não o esqueci, e sei que o amarei por toda a eternida<strong>de</strong>.<br />

A sauda<strong>de</strong> dói, sufoco o choro, as lágrimas caem.<br />

Amor! On<strong>de</strong> quer que esteja receba o meu abraço carinhoso.<br />

- 135 -


UM POSSÍVEL NAMORADO<br />

Mifori<br />

Havia chovido naquela tar<strong>de</strong><br />

Tudo parecia fresco e puro<br />

A vida renovava com arte<br />

Como algo duradouro e seguro.<br />

Com força, bateu meu coração<br />

Justo na hora da ave-Maria<br />

Quando ele ergueu a mão<br />

E meus cabelos tocou com maestria.<br />

Respirei com dificulda<strong>de</strong>.<br />

Coração quis do peito escapar<br />

Com receio <strong>de</strong> não ser verda<strong>de</strong><br />

O que acabara <strong>de</strong> escutar.<br />

Não foi meu primeiro namorado<br />

Por quem um dia eu morreria<br />

Mas, o mais gentil e amado<br />

Com quem, eternamente viveria.<br />

UMA BRISA SUAVE<br />

Mifori<br />

Adormeci em seus braços.<br />

O corpo satisfeito,<br />

A mente em paz.<br />

Para o paraíso<br />

Fui levada<br />

O céu era...<br />

Um manto<br />

De veludo negro<br />

Salpicado<br />

De estrelas.<br />

- 136 -


MARIA ZÉLIA NICOLODI<br />

Curitiba/PR – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 673 – 2008<br />

-----------------------------------------------------<br />

Maria Zélia Nicolodi. Escritora e Poetisa <strong>Brasileira</strong><br />

...sou como o vento, sem tempo.<br />

...como fogo <strong>de</strong> crepitar lento,<br />

mordaça que imola as palavras<br />

que atola em <strong>de</strong>sgraças<br />

... e ignora<br />

sou febre sem cura,<br />

incansável procura...<br />

sou aquela que guia e caça,<br />

sou <strong>de</strong> raça.<br />

aquela que atura,<br />

que não <strong>de</strong>scompassa<br />

que às vezes, fracassa e satura<br />

mas, não se abate.<br />

sou como o cão que late,<br />

que alerta o embate.<br />

<strong>de</strong>gusto a vida em fel ou mel,<br />

e sou fiel.<br />

- 137 -


GENTE NUA<br />

Maria Zélia Nicolodi<br />

Muitas vezes encontro pela rua,<br />

sob marquises, gente adormecida...<br />

Esfarrapada, suja e seminua,<br />

que no relento, arrasta sua vida!<br />

Quando acorda, o sol já vai bem alto.<br />

Com gestos lentos, dobram cobertores,<br />

bem <strong>de</strong>vagar, sem nenhum sobressalto<br />

como fossem veteranos atores...<br />

Sem pressa, nessa vida sem <strong>de</strong>stino<br />

pisam os passos <strong>de</strong> não sei pra on<strong>de</strong>...<br />

levados quiçá, pelo <strong>de</strong>satino.<br />

Pra trás, ficaram todas as lembranças...<br />

Nada perguntam e ninguém respon<strong>de</strong>.<br />

Sombras nuas seguem, sem confiança!<br />

NÉVOA NAS VIDRAÇAS...<br />

Maria Zélia Nicolodi<br />

Nem percebes o quão ligeira passa<br />

essa vida que engoles sem sentir...<br />

Que aos poucos se dilui feito fumaça,<br />

trazendo rente a hora <strong>de</strong> sair...<br />

Não <strong>de</strong>ixes dispersarem tuas graças,<br />

nem a areia entre os <strong>de</strong>dos escapulir...<br />

Desnuda todo medo e as couraças,<br />

inundando <strong>de</strong> luz o teu porvir!<br />

Usa então as retinas como taças<br />

saturando da vida o elixir<br />

e se livra <strong>de</strong> vez <strong>de</strong>ssas mordaças...<br />

E a doçura do amor que chega e enlaça<br />

finalmente faça da alma abolir<br />

a triste e dúbia névoa das vidraças<br />

- 138 -


NANCI R. FARIA<br />

Santo André/SP – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 452 – 2006<br />

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NO SILÊNCIO<br />

Nanci R. Faria<br />

Ao cair a tar<strong>de</strong> me vi caminhando na praia.<br />

Aos poucos fui me envolvendo no silêncio da noite que<br />

parecia mais escura que nunca.<br />

Olhei ao redor e apenas vislumbrei as estrelas envoltas em<br />

nuvens.<br />

Só o barulho do mar rompia o suave silêncio.<br />

As ondas quebravam calmas na areia e banhavam meus pés<br />

<strong>de</strong>scalços.<br />

Abri os braços tentando encontrar conforto.<br />

Nada... estava completamente só.<br />

De repente, como um bálsamo,<br />

uma paz imensa invadiu todo meu ser já tão cansado.<br />

Percebi que estar ali sozinha era minha doce companhia.<br />

Sorri.<br />

Caminhei com passos seguros, sem medo e mergulhei na<br />

escuridão.<br />

O corpo molhado, a mente vazia.<br />

O silêncio me dizendo que um dia eu seria novamente feliz.<br />

As lágrimas há tempos teimando em meus olhos,<br />

<strong>de</strong>sceram quentes e levaram o medo <strong>de</strong> ser tão só!<br />

maio/03<br />

SONHOS PERDIDOS<br />

Nanci R. Faria<br />

Quando os sonhos se vão a vida fica como...<br />

... arco-íris sem cor<br />

mar sem ondas<br />

cachoeira sem prata<br />

eu... em cascata.<br />

- 139 -


...paixão sem amor<br />

brilho sem cor<br />

céu sem estrelas<br />

eu... em ca<strong>de</strong>ias.<br />

...céu sem luar<br />

choro sem lágrima<br />

casal sem par<br />

eu... sem lutar.<br />

...chuva sem água<br />

país sem ban<strong>de</strong>ira<br />

morro sem ribanceira<br />

eu... sem eira nem beira.<br />

...sol sem sombra<br />

mata sem ver<strong>de</strong><br />

rio sem corrente<br />

eu... inocente.<br />

...vida sem lenda<br />

filme sem legenda<br />

bicho sem cio<br />

eu... um vazio.<br />

...sono sem sonhos<br />

tranqueira na enchente<br />

abelha sem mel<br />

eu... jogada ao léu<br />

Mas a cascata luta e se solta das ca<strong>de</strong>ias.<br />

Preenche seu vazio escapa da ribanceira.<br />

Apesar <strong>de</strong> inocente segue em frente.<br />

Já não <strong>de</strong>riva ao léu,<br />

se fortalece, se arma<br />

e confiante... ruma ao céu!<br />

jun./04<br />

- 140 -


NEYDE NORONHA<br />

Niterói/RJ – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 460 – 2006<br />

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ECOS DO FIM<br />

Ney<strong>de</strong> Noronha<br />

Tentei afastar em vão<br />

O pesa<strong>de</strong>lo e a solidão<br />

Ecos do passado<br />

Guardiões silenciosos<br />

Vigiam a paz<br />

Que insisto em perseguir<br />

O sonho se transforma em real<br />

Enquanto fantasmas vigilantes<br />

Dominam a noite<br />

Ecos <strong>de</strong> mim<br />

Se esvaem em lágrimas<br />

Pela sauda<strong>de</strong> que <strong>de</strong>ixaste<br />

Nunca mais!<br />

Realida<strong>de</strong> cruel<br />

Trouxe <strong>de</strong> volta a dor<br />

Ciladas e mentiras<br />

Ecos <strong>de</strong> sentimentos<br />

Perfil jamais visto,<br />

Intrigas, sem fim.<br />

Som<br />

Sinos<br />

Olhar <strong>de</strong> minh'alma<br />

Mingua<br />

Vítima oculta<br />

Em morte prematura<br />

Ecos do fim<br />

15.6.2004<br />

- 141 -


ALGO PARA DIZER<br />

Ney<strong>de</strong> Noronha<br />

Lá fora a noite é fria<br />

Venta no terraço gelado<br />

Plantas acenam para as outras<br />

Só isto se consegue ver<br />

Volto para a cama<br />

Espero um telefonema<br />

Lamento<br />

Sinto que nada tenho a fazer<br />

Lavo-me, perfumo o meu corpo<br />

Olho-me no espelho<br />

Penso<br />

Fumo<br />

Tomo um cálice <strong>de</strong> vinho<br />

Escovo os <strong>de</strong>ntes<br />

MOÇO<br />

Ney<strong>de</strong> Noronha<br />

Tenho um bichinho <strong>de</strong> estimação<br />

Que dorme pertinho <strong>de</strong> mim<br />

Ao lado da minha cama<br />

Tão fria<br />

On<strong>de</strong> me agasalho para não congelar.<br />

O meu cãozinho me olha tristonho<br />

Será que ele pensa,<br />

o que eu estarei pensando?<br />

-No silêncio do seu olhar!<br />

Meu quarto não é azul da cor do céu<br />

A cor branca da paz, não consegue satisfazer o meu maior <strong>de</strong>sejo<br />

Falta alguém tão mágico<br />

Que me traga o carinho que tanto quero<br />

Beijos quentes<br />

Lábios queimando a minha boca se<strong>de</strong>nta<br />

Ao som acalentador das eternas canções<br />

Nossos corpos cansados se esten<strong>de</strong>rão na solitária cama<br />

Até ao amanhecer<br />

Na realida<strong>de</strong>, chegou o sono, sonho, ou sono, sonho!<br />

- 142 -


CURTINHAS<br />

O DOM DA PALAVRA<br />

Ney<strong>de</strong> Noronha<br />

Palavra é dom<br />

Castelo <strong>de</strong> areia<br />

Que se constrói<br />

Palavra não é solidão<br />

É poeira, é vento e ação<br />

Mutante, constrói castelos<br />

Derruba muros, acalenta sonhos<br />

Une e separa corações<br />

*********<br />

TUDO OU NADA<br />

Ney<strong>de</strong> Noronha<br />

O silêncio me apraz<br />

A solidão me incapacita<br />

A rejeição me <strong>de</strong>sola<br />

O <strong>de</strong>safio me excita<br />

26/01/200<br />

*************<br />

- 143 -


MELANCOLIA<br />

Ney<strong>de</strong> Noronha<br />

Uma árvore foi podada<br />

Sem vida, tombou<br />

No campo fértil da Vida<br />

O vazio fez guarida<br />

A melancolia se alojou.<br />

********<br />

BANDOLEIRO<br />

Ney<strong>de</strong> Noronha<br />

Alguém inspirou-me<br />

Paixão irresistível<br />

Fez-me acordar<br />

Porque um dia é preciso<br />

Parar <strong>de</strong> sonhar<br />

Tirar os planos das gavetas<br />

E, <strong>de</strong> algum modo<br />

Recomeçar....<br />

- 144 -


ODETE RONCHI BALTAZAR<br />

Florianópolis/SC – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 078 – 2001<br />

-----------------------------------------------------<br />

MINHA TERNURA EM TUAS MÃOS<br />

o<strong>de</strong>teronchibaltazar<br />

Entre o dito e o não-dito<br />

fica a mágoa,<br />

instalada<br />

no peito<br />

que dói.<br />

Entre as palavras que ferem<br />

<strong>de</strong>ixo estar<br />

minha poesia<br />

que embalava nossos sonhos<br />

e umas tantas fantasias.<br />

Entre os versos tontos<br />

fica minha ternura,<br />

ainda pura,<br />

que procura por teu ninar.<br />

Entre minhas lágrimas<br />

<strong>de</strong>ixo os meus sonhos que,<br />

tolos,<br />

insistem em te buscar.<br />

- 145 -


INSENSATA<br />

o<strong>de</strong>teronchibaltazar<br />

Quis te <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> lado<br />

e te fazer meu objeto usado e <strong>de</strong>scartado.<br />

Sim, eu quis...<br />

Não adiantou.<br />

Fiquei infeliz.<br />

De boba até chorei,<br />

e me <strong>de</strong>scabelei,<br />

<strong>de</strong>primi.<br />

Agora estou aqui:<br />

mais uma e mais outra vez,<br />

sem vergonha na cara,<br />

sem um pingo <strong>de</strong> amor-próprio,<br />

escancarando minha insensatez.<br />

O que este amor me fez?<br />

Nunca vou enten<strong>de</strong>r.<br />

Desisti <strong>de</strong> vez...<br />

ILUSIONISMO<br />

o<strong>de</strong>teronchibaltazar<br />

Pintas-me<br />

com cores inventadas<br />

pelas tuas próprias mãos.<br />

Sou sonho,<br />

sou luz,<br />

em poesia criados,<br />

pela tua ilusão.<br />

Que faço agora<br />

com as fantasias<br />

que colocaste em meus dias?<br />

Sonho-as contigo<br />

ou as guardo,<br />

solitariamente,<br />

em meu coração?<br />

- 146 -


PORQUE ESTOU FELIZ...<br />

o<strong>de</strong>teronchibaltazar<br />

Não me surpreen<strong>de</strong> o sorriso matreiro<br />

que ora pinta no meu rosto.<br />

Ele é a ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>sfraldada,<br />

o outdoor escancarado<br />

da minha alma em festa.<br />

Agradam-me as asas dos pés<br />

e o brilho <strong>de</strong> asas <strong>de</strong> borboletas<br />

no olhar.<br />

Encantam-me as risadas cristalinas<br />

dizendo versos<br />

em dourados <strong>de</strong> outono.<br />

Divirto-me com as bolhas da água da chuva<br />

na calçada a salpicar<br />

meus sapatos.<br />

Saboreio o vento revirando<br />

as toalhas no varal.<br />

Colho raios <strong>de</strong> sol<br />

em cada folha do jasmim,<br />

bebo cristais das folhas luzidias pela manhã...<br />

Danço serelepe em nuvens<br />

grávidas <strong>de</strong> chuva.<br />

Encontro adjetivos em verbos prontos.<br />

Sou palavra pronta para ser lida,<br />

começo e final,<br />

a mão que cabe em tua luva,<br />

o <strong>de</strong>spertar <strong>de</strong>ntro do sono...<br />

Tenho a se<strong>de</strong> e a água,<br />

a frase e o último ponto,<br />

a caneca e o café.<br />

De todos os bens que tenho a <strong>de</strong>clarar<br />

eu digo sem pestanejar:<br />

Estou aqui à tua espera,<br />

tenho asas prontas para voar.<br />

- 147 -


PEDRO ARTURO PADILLA<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro/RJ – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 511 – 2006<br />

-----------------------------------------------------<br />

UM BREVE AGRADECIMENTO<br />

Gosto <strong>de</strong> escrever poesias mas não sou escritor, escrevo poesias<br />

sim, e dizem até que escrevo “coisas interessantes”; só que para<br />

isso necessito mudar <strong>de</strong> mundo, sair da minha realida<strong>de</strong> exata,<br />

precisa e gélida, galgada em anos e anos <strong>de</strong> convívio profissional<br />

com engenheiros, administradores, estatísticos e matemáticos,<br />

para mergulhar em outra dimensão na qual tudo acontece <strong>de</strong><br />

modo diferente, a começar pelo uso <strong>de</strong> nossa máquina <strong>de</strong> pensar,<br />

o cérebro. Nesta nova dimensão <strong>de</strong>ixamos <strong>de</strong> lado a álgebra e o<br />

sistema métrico, para sermos comandados pela métrica das<br />

palavras, que nos levam para um mundo <strong>de</strong> sonhos, cores,<br />

formas, sentimentos e abstrações.<br />

Acredito que o poeta já nasce poeta e que ao longo dos anos ele<br />

se aperfeiçoa, cresce e em muitos casos a genialida<strong>de</strong> logo<br />

aparece. O poeta acorda poeta e mesmo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um dia <strong>de</strong><br />

trabalho exaustivo, on<strong>de</strong> cumpre com todas as obrigações <strong>de</strong> um<br />

cidadão comum, ainda assim, ao se <strong>de</strong>itar ele continua poeta.<br />

O poeta acorda poeta e a noite ao se <strong>de</strong>itar ainda continua sendo<br />

poeta, diria mais, o poeta nasce poeta e poeta permanece até seu<br />

último suspiro, até a última batida <strong>de</strong> seu coração. Ainda que seus<br />

pulmões e coração, também poetas, tenham se exauridos, ainda<br />

assim, o poeta se perpetuará através <strong>de</strong> seu novo corpo físico,<br />

simbolizado a partir <strong>de</strong>sse momento pelo conjunto <strong>de</strong> suas obras,<br />

<strong>de</strong> seus livros e <strong>de</strong> seus ensaios, enquanto sua alma, ah, isso é<br />

tudo pelo qual o poeta esperou por tanto tempo, sua alma estará<br />

totalmente livre para criar e sem limites para sonhar.<br />

Dedico essas páginas à minha mãe, que com seu modo simples <strong>de</strong><br />

ser, carinho e extremada <strong>de</strong>dicação, me mostrou através do<br />

exemplo <strong>de</strong> sua própria vida que nunca <strong>de</strong>vemos <strong>de</strong>sistir dos<br />

nossos sonhos, e que a verda<strong>de</strong>ira poesia da vida consiste em<br />

realizarmos com o coração, transpirarmos pelo coração e nos<br />

entregarmos sempre <strong>de</strong> coração. Passei a enten<strong>de</strong>r um pouco o<br />

- 148 -


que é poesia quando comecei a falar mais com meu coração, e por<br />

isso também te agra<strong>de</strong>ço querida mãe, te agra<strong>de</strong>ço pelo poeta que<br />

nasceu em mim, graças a você, e que agora começa a dar seus<br />

primeiros passos.<br />

CORAÇÃO<br />

Pedro Arturo Padilla<br />

Coração,<br />

her<strong>de</strong>iro da alma na terra,<br />

preposto do metafísico em corpo físico,<br />

metáfora perfeita do amor,<br />

literalmente é vida.<br />

Coração,<br />

quando pulsa é corpo,<br />

quando vibra é alma,<br />

quando pulsa é vida,<br />

quando vibra é sonho.<br />

Coração,<br />

com ele o corpo respira,<br />

a alma se inspira,<br />

o corpo obe<strong>de</strong>ce,<br />

e a poesia se cria.<br />

Coração,<br />

bater não é garantia<br />

<strong>de</strong> que haja vida plena ao redor do sistema,<br />

pois se o amor não conhece a criatura,<br />

esta traçou no tempo uma pálida figura,<br />

do que foi a sua vida – vil caricatura.<br />

- 149 -


NAVEGAR<br />

Pedro Arturo Padilla<br />

Navegar pela imensidão do pensamento,<br />

<strong>de</strong>sbravar sentimentos,<br />

volúpias afetivas do ser.<br />

Ou não ser, apenas ficar, sentir, respirar,<br />

comungar da força dos mares calmos<br />

rumo ao porto seguro dos seus braços.<br />

Tormentosas e profundas emoções,<br />

tórridas paixões<br />

a arrebatar minh'alma do convés da vida,<br />

viés <strong>de</strong> um novo mundo rumo ao <strong>de</strong>sconhecido.<br />

Sim, navegar é preciso...<br />

JÓIA RARA<br />

Pedro Arturo Padilla<br />

Vinda <strong>de</strong> uma época distante<br />

conhecestes pois Atlântida,<br />

Deusa épica, mito perdido,<br />

aceitas-me em seu É<strong>de</strong>n radiante.<br />

Alvo como a paz da lua<br />

teu sorriso se revela,<br />

lúdica forma secreta<br />

<strong>de</strong> amar sereno e belo.<br />

Nascestes com a esperança<br />

concebida em seu ver<strong>de</strong> olhar,<br />

carregues sempre contigo<br />

a liberda<strong>de</strong> do mar.<br />

Dourado são seus cabelos<br />

assim como seu coração,<br />

me abraças junto com o mundo,<br />

nunca me <strong>de</strong>ixes em vão.<br />

- 150 -


LUNA<br />

Pedro Arturo Padilla<br />

Lua que te quero nua,<br />

alvo corpo sobre a cama que parece flutuar.<br />

Completa-me Luna, veste-me com teu corpo,<br />

leva-me a loucura do prazer insano da carne.<br />

Luna <strong>de</strong> sedutora forma,<br />

por contornos <strong>de</strong>licados e irretocáveis<br />

seu sexo se revela,<br />

efêmero contraste <strong>de</strong> tons e cores.<br />

Pêlos dourados,<br />

lábios vermelhos,<br />

mamilos rosados<br />

revelam o caminho<br />

do nirvana sagrado.<br />

Ópio <strong>de</strong> prazer, teu corpo meu lar,<br />

jardim do é<strong>de</strong>n, fonte estelar<br />

<strong>de</strong> cópula ar<strong>de</strong>nte, Luna calhiente<br />

te espero <strong>de</strong> novo no próximo ciclo lunar.<br />

- 151 -


NUA<br />

Pedro Arturo Padilla<br />

Quero ficar nua,<br />

me <strong>de</strong>spir completamente,<br />

tirar peça por peça<br />

sem pressa, lentamente.<br />

Agora que estou nua,<br />

roupas largadas ao chão,<br />

ainda não me sinto nua,<br />

preciso me <strong>de</strong>spir ainda mais.<br />

Me <strong>de</strong>spir da fragilida<strong>de</strong> da carne<br />

e <strong>de</strong> corpo e alma me sentir pura,<br />

me tornar um anjo.<br />

Para te buscar no céu preciso estar nua.<br />

Do pretérito <strong>de</strong> amar preciso escapar<br />

para apenas no presente conjugar,<br />

tudo que <strong>de</strong>sejar<br />

e tudo que me torne verda<strong>de</strong>iramente nua.<br />

Preciso me <strong>de</strong>spir <strong>de</strong> todos os ódios<br />

para nas nuvens te encontrar<br />

enquanto hesitas em voltar.<br />

Nua preciso estar para te conceber.<br />

Preciso me <strong>de</strong>spir dos males da terra<br />

para seu primeiro canto escutar,<br />

anunciando em seu primeiro choro<br />

a alegria do voltar, a alegria do eterno amar.<br />

- 152 -


À FLOR DA PELE<br />

Pedro Arturo Padilla<br />

Serena, à flor da pele revela<br />

suaves marcas <strong>de</strong>ixadas,<br />

lentamente planejadas,<br />

docemente <strong>de</strong>senhadas,<br />

igual a tela pintada,<br />

obra <strong>de</strong> arte esculpida<br />

pelo poeta do tempo<br />

na longa estrada da vida.<br />

Carente, à flor da pele recente<br />

daquele toque <strong>de</strong> gente,<br />

daquele abraço sem pressa,<br />

<strong>de</strong> carinho sem hora marcada,<br />

da carícia em forma <strong>de</strong> gesto,<br />

do sorriso dado <strong>de</strong> graça,<br />

do braço estendido que envolve,<br />

da mão que consola e comove.<br />

Salgada, à flor da pele revela<br />

o doce cansaço do corpo,<br />

ato contínuo do esforço,<br />

balé ofegante da carne<br />

capaz <strong>de</strong> levar para longe<br />

o lógico entendimento do óbvio,<br />

transformando o corpo em arte<br />

e toda energia em paixão.<br />

- 153 -


UM SEGUNDO<br />

Pedro Arturo Padilla<br />

Eram apenas dois sós<br />

cercados por tantos nós,<br />

cada um em seu mundo,<br />

cada qual em seu rumo,<br />

fantasias ao fundo.<br />

E por serem dois sóis,<br />

brilhavam por sobre nós,<br />

clareavam nossos mundos,<br />

aqueciam mares turvos,<br />

mas também se queimavam fundo<br />

e se machucavam forte.<br />

E novamente os dois tais<br />

se choraram como íons mortais,<br />

e se tocaram e se balançaram como barcos no cais,<br />

e se enroscaram e entrelaçaram como plantas – fugaz,<br />

e por um breve momento se esqueceram <strong>de</strong> tudo,<br />

<strong>de</strong> todas as coisas banais,<br />

se esqueceram do mundo e jornais<br />

para viverem um segundo, não mais.<br />

- 154 -


PEDRO VALDOY<br />

Lisboa/Portugal<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 231 – 2003<br />

-----------------------------------------------------<br />

O AUTOR<br />

Francisco Pedro Curado Neves nasceu em Estremoz a 25 <strong>de</strong> Março<br />

<strong>de</strong> 1937. Tirou o ensino secundário em Lisboa e o curso <strong>de</strong><br />

Máquinas Marítimas na Escola Náutica Infante Dom Henrique.<br />

De 1955 a 1958 esteve em Lourenço Marques a trabalhar na<br />

Repartição <strong>de</strong> Finanças e como jornalista com o pseudónimo <strong>de</strong><br />

Pedro Valdoy. Em Agosto <strong>de</strong> 1958 regressou a Lisboa, on<strong>de</strong><br />

permaneceu até agora. Durante seis anos navegou por esses<br />

mares em navios Paquetes como Oficial Engenheiro <strong>de</strong> Máquinas,<br />

em especial pelo continente africano. Devido ao casamento, pôs as<br />

viagens <strong>de</strong> lado e foi admitido na E.D.P. até se reformar.<br />

ACTIVIDADE LITERÁRIA<br />

Des<strong>de</strong> os oito anos que adora escrever. Quando estudante, fundou<br />

o jornal <strong>de</strong> Pare<strong>de</strong> O GAVIÃO. Conviveu com Reinaldo Ferreira,<br />

filho do repórter X, Moura Coutinho e José Craveirinha, então<br />

director do BRADO AFRICANO. Tem poemas publicados em vários<br />

jornais <strong>de</strong> Moçambique, Ilha da Ma<strong>de</strong>ira e Portugal Metropolitano.<br />

Participou nos Encontros <strong>de</strong> Poesia realizados em Vila Viçosa, em<br />

1988. Colaborou em diversas antologias <strong>de</strong> poesia. Em 1990<br />

publica o livro <strong>de</strong> poemas, POEMAS DO ACASO. Em 1991 edita<br />

mais um <strong>de</strong> poesia, HÁ CANDEIAS NO FIRMAMENTO. NO SILÊNCIO<br />

DE UMA PALAVRA sai em 2001 e em 2002 A MONTANHA AGRESTE<br />

também <strong>de</strong> poesia. Presta Colaboração nos jornais POETAS &<br />

TROVADORES e ARTES & ARTES. Colaborou em algumas<br />

antologias da Associação Portuguesa <strong>de</strong> Poetas e da Tertúlia Rio <strong>de</strong><br />

Prata. Tem alguns livros virtuais publicados.<br />

- 155 -


UMA ROSA<br />

Pedro Valdoy<br />

Na floresta da vida<br />

o milagre renova-se<br />

na solidão a maravilha<br />

ressurge<br />

As plantas<br />

entoam seu canto<br />

que o homem não percebe<br />

enleado nas teias da vida<br />

Num cantinho<br />

<strong>de</strong> meu jardim<br />

perante a indiferença<br />

dos homens tranqüilos<br />

Com o vento calmo<br />

as avezitas entoam<br />

seus trinados<br />

alegres e felizes<br />

Então<br />

meu Deus<br />

uma plantinha solitária<br />

indiferente ao mundo<br />

Na paz das almas<br />

algo acontece<br />

na maravilha da natureza<br />

uma simples rosa nasce.<br />

- 156 -


A LUA<br />

Pedro Valdoy<br />

Estava na penumbra<br />

a Lua <strong>de</strong>spertou<br />

meio ensonada<br />

e in<strong>de</strong>cisa<br />

Lentamente <strong>de</strong>spertou<br />

no horizonte<br />

com seus raios<br />

a beijarem o mar<br />

Estava na praia<br />

naquela noite<br />

com a minha princesa<br />

que sorriu para a Lua<br />

Sempre adorámos<br />

aquele meio<br />

no silêncio<br />

das ondas<br />

Quantas vezes<br />

o amor aconteceu<br />

na solidão<br />

completamente sós<br />

Éramos dois amantes<br />

que rodopiávamos<br />

nas areias<br />

daquela pequena praia.<br />

- 157 -


AO SABOR DA NUVEM<br />

Pedro Valdoy<br />

Ao sabor da nuvem<br />

levado pelo vento<br />

meu coração oscila<br />

Minhas emoções<br />

multiplicam-se<br />

na incerteza no <strong>de</strong>stino<br />

O amor é incerto<br />

perante teus <strong>de</strong>sejos<br />

na sensualida<strong>de</strong> serena<br />

Busco em ti<br />

o amor <strong>de</strong> ontem<br />

esquecido na penumbra<br />

Aguardo teu regresso<br />

para novos encontros<br />

novos <strong>de</strong>sejos<br />

E então sim<br />

<strong>de</strong>scerei da nuvem<br />

para ir ter contigo<br />

E a nuvem<br />

seguirá seu rumo<br />

esquecida <strong>de</strong> mim<br />

perante um amor ressuscitado.<br />

- 158 -


MEU PAI<br />

Pedro Valdoy<br />

Em tempos infindos<br />

no calor <strong>de</strong> África<br />

<strong>de</strong>sapareceste meu pai<br />

Junto ao teu sepulcro<br />

chorei<br />

E então lembrei-me<br />

<strong>de</strong> quando era miúdo<br />

brincavas comigo<br />

com a tua ternura<br />

<strong>de</strong> sempre<br />

Íamos ao jardim<br />

ao cinema ao futebol<br />

e olhavas para mim com carinho<br />

E a música que adoravas<br />

e ajudaste a compreendê-la<br />

De um Beethoven<br />

<strong>de</strong> um Mozart<br />

E os cânticos <strong>de</strong> igreja?<br />

Quantos e quantos anos<br />

se passaram<br />

com a tua companhia<br />

que foi curta.<br />

- 159 -


A ESTRADA<br />

Pedro Valdoy<br />

Por caminhos e <strong>de</strong>svios<br />

soam meus passos<br />

por uma rua estreita<br />

quando te conheci<br />

Sinuosa e bravia<br />

era a estrada<br />

coberta <strong>de</strong> duas vidas<br />

quando se encontraram<br />

Hoje a estrada é longa<br />

larga apetitosa<br />

recheada <strong>de</strong> teus seios<br />

quando o amor é eterno<br />

A velocida<strong>de</strong> é lenta<br />

quando caminhamos<br />

como dois namorados<br />

esquecidos do tempo.<br />

- 160 -


O CHORO DE UM VIOLINO<br />

Pedro Valdoy<br />

Os sons do violino<br />

perturbam o meu ser<br />

transvasam toda a emoção<br />

num diálogo curto<br />

melodioso com a orquestra<br />

As lágrimas transformam-se<br />

na sonorida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> uma felicida<strong>de</strong> curta<br />

<strong>de</strong>ntro do concerto para violino<br />

Men<strong>de</strong>lssohn ressoa<br />

nos ouvidos<br />

com a serenida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um mestre<br />

na imensidão <strong>de</strong> um CD<br />

Que ultrapassa qualquer perturbação<br />

o diálogo violino orquestra<br />

sente-se na atmosfera<br />

fria <strong>de</strong> um Inverno rigoroso.<br />

- 161 -


PILAR CASAGRANDE<br />

Rio Claro/SP – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 395 – 2004<br />

-----------------------------------------------------<br />

PILAR Reynes da Silva CASAGRANDE, casada, sócia <strong>de</strong> uma<br />

empresa <strong>de</strong> representações comerciais, trabalha em casa e fica on<br />

line durante todo o dia. Nas horas vagas escreve. Sempre leitora<br />

voraz, consi<strong>de</strong>rou-se escritora <strong>de</strong> gaveta até 1997 quando<br />

participou <strong>de</strong> um concurso literário e a convidaram para fazer<br />

parte <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> escritores, o CLIRC – Centro Literário Rio<br />

Claro, do qual é presi<strong>de</strong>nte.<br />

É colaboradora do jornal Diário Rio Claro <strong>de</strong>s<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1997 (crônicas).<br />

Em 1999 começou a escrever poesias. Participou <strong>de</strong> dois concursos<br />

e ganhou os dois, daí pra frente participou <strong>de</strong> inúmeros concursos<br />

nacionais e internacionais e foi premiada em alguns. Participou <strong>de</strong><br />

várias antologias no Brasil e duas na Itália. É também Acadêmica<br />

Praeclarus do Clube <strong>de</strong> Escritores Piracicaba.<br />

Des<strong>de</strong> que assumiu a presidência do CLIRC, os escritores,<br />

passaram também a fazer o trabalho <strong>de</strong> Autores Sociais,<br />

pertencendo a re<strong>de</strong> social do SENAC.<br />

Ensinam poesia, literatura no Centro <strong>de</strong> Ressocialização Feminino<br />

<strong>de</strong> Rio Claro. Já tiveram várias reeducandas premiadas em<br />

concursos <strong>de</strong> prosa e poesias.<br />

Também realizam workshops <strong>de</strong> poesia, literatura, folclore e<br />

incentivo a leitura através <strong>de</strong> contar histórias, confeccionam livros<br />

com recortes. Atuam em entida<strong>de</strong>s sociais que aten<strong>de</strong>m crianças,<br />

jovens e adultos carentes.<br />

- 162 -


EU SOU POESIA<br />

Pilar Casagran<strong>de</strong><br />

Para esquecer escrevo,<br />

Quando sofro, quando me alegro,<br />

E quando me atormenta a tentação.<br />

Deixo sobre o papel o pensamento:<br />

Magoa, <strong>de</strong>sdita, esperança e sauda<strong>de</strong>...<br />

Tudo morto no verso,<br />

Para acalmar a minha alma,<br />

Para <strong>de</strong>soprimir meu coração!<br />

Feliz <strong>de</strong> quem é triste.<br />

A tristeza é uma virgem <strong>de</strong> mãos brancas.<br />

A tristeza é uma santa <strong>de</strong> mãos postas.<br />

A tristeza na terra ensina e salva,<br />

Mostrando-nos o nada que somos.<br />

A tristeza é divina criadora<br />

Da Poesia e da Beleza<br />

No seio do Silencio!<br />

Beijo meus versos como se beijasse<br />

Os pés sangrentos <strong>de</strong> crucificados<br />

Que encontrei no fundo <strong>de</strong> minha alma<br />

Des<strong>de</strong>nhados dos homens venturosos<br />

Sou poesia e nada tenho que dar...<br />

Desfiz-me toda em versos!<br />

CLIRC – Centro Literário Rio Claro<br />

- 163 -


AMO-TE ADEMIR<br />

Pilar Casagran<strong>de</strong><br />

Hoje eu quero escrever com mais fervor,<br />

Pois eu amanheci mais amorosa,<br />

Quero fazer-te a rima caprichosa<br />

Olhando esse teu rosto com amor...<br />

Hoje eu quero dizer-te que te amo tanto!<br />

Eu tu és cada vez mais luz em meu viver,<br />

Que o meu amor não po<strong>de</strong>rá morrer,<br />

Porque ele é luz, poesia e encanto.<br />

Hoje eu quero te dizer baixinho<br />

Com toda força do meu coração<br />

Cheio <strong>de</strong> ternura, amor e <strong>de</strong> carinho...<br />

Que tu és luz e sol em minha vida<br />

Com toda essa gran<strong>de</strong>za, meu querido,<br />

É a razão <strong>de</strong> ser da minha vida!...<br />

CLIRC – Centro Literário Rio Claro<br />

- 164 -


PINHAL DIAS<br />

Amora/Portugal<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 504 – 2006<br />

-----------------------------------------------------<br />

BIOGRAFIA<br />

A 13 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1951, nasceu Agostinho Pinhal Dias, Natural <strong>de</strong><br />

Amora, Concelho do Seixal, Distrito <strong>de</strong> Setúbal. Teve o seu<br />

primeiro emprego na Agence France-Presse, do qual hoje ainda<br />

sente esse bichinho do jornalismo. Mais tar<strong>de</strong> ingressou no Ex-<br />

Banco da Agricultura, hoje Millennium BCP. Finalizou o<br />

Complementar Liceal; Curso <strong>de</strong> Radiotelegrafista - Armada<br />

Portuguesa. Fez teatro infantil em Foros <strong>de</strong> Amora com o saudoso<br />

ensaiador "Maximiano <strong>de</strong> Sousa". Nos anos 81 fez parte da<br />

Direcção do Amora Futebol Clube; este na 1ª Divisão Nacional.<br />

Vive em plena consciência s/o livro digital "Inédito Sentido"<br />

registrado e <strong>de</strong>positado na Biblioteca Nacional. (<strong>de</strong>sabafos da<br />

vida)... Pensa! Escreve! Para dar força há existência... Foi<br />

instrumentista <strong>de</strong> conjuntos musicais e vários agrupamentos; em<br />

71/72 na Guiné-Bissau tocou no "Gávea Alta" abrilhantando várias<br />

unida<strong>de</strong>s militares. Também instrumentista <strong>de</strong> viola Fado<br />

(acompanhamento e baixo); algumas gravações em estúdios...<br />

Stop em 12/5/92... Em 2005 Foi Director do Jornal Amora Press;<br />

Colaborou com escritos poéticos no Jornal Notícias do Seixal, hoje<br />

Jornal do Seixal. É Vice-Presi<strong>de</strong>nte do Mensageiro da Poesia -<br />

Associação Cultural Poética – Amora.<br />

4 livros E-book Digitais e registrados no IGAC - e outros <strong>de</strong><br />

pequeno porte... Publicados: “Inédito Sentido”; “Retalhos <strong>de</strong><br />

Sonho”; “Arte do sonhador”; “Nunca digas Eu li sem ler”. Editor<br />

Digital e webmaster. Brevemente a publicar três livros “Este<br />

Tempo que eu vivi”; “Renascer para a vida”; “Uma Vida que<br />

Satisfaz”. Produtor <strong>de</strong> Ví<strong>de</strong>os Declamados -<br />

http://br.youtube.com/PinhalDias. Membro: “Recanto das letras” ;<br />

"Poetas Del Mundo"; AVBL; Membro Efectivo do AVSPE; e outros...<br />

Com participação em Antologias Poéticas: V e VI do Mensageiro da<br />

Poesia; II Antologia Poética Literária /AVBL-Brasil; XXII Colectânea<br />

<strong>de</strong> Contos e Poesias 2007 / GLAN - Brasil; Outras em <strong>de</strong>marche…<br />

Este autor afirma-se “Ser assim Mesmo! Livre <strong>de</strong> todo e qualquer<br />

sistema político e <strong>de</strong> todos os conceitos que impe<strong>de</strong>m a revelação<br />

do seu Ser, enquanto pensante! Escreve o que lhe vai na alma!<br />

Website: - www.pinhaldias.com<br />

- 165 -


"APELANDO A ESSA "PAZ"<br />

Pinhal Dias<br />

Queremos Paz!<br />

A essa Paz<br />

Não sendo guerrilheira<br />

Mas é a melhor conselheira!<br />

Vestida <strong>de</strong> branco em dianteira,<br />

Alerta os homens pretensiosos nesta terra.<br />

Sentados em mesa redonda,<br />

Dizem estar bem ou mal a ser negociada,<br />

Po<strong>de</strong>ria ser mais bem valorizada.<br />

Apelando a essa Paz...<br />

Com Ponto Final à Guerra...<br />

Premiando a humanida<strong>de</strong><br />

Amortalhada <strong>de</strong>ssa maldita iniqüida<strong>de</strong>.<br />

Esse amor <strong>de</strong>bilitado assim os conduziu:<br />

-Ao egoísmo... ganância... e ao ódio,<br />

Bem longe <strong>de</strong>sse maldito ópio...<br />

Bastantes famílias sem alimento.<br />

As Nações, discursam suas vonta<strong>de</strong>s...<br />

Economias enriquecidas, <strong>de</strong> vaida<strong>de</strong>s...<br />

Com ilusórios festejos... lançam fogo-<strong>de</strong>-artifício,<br />

O povo grita e dá o primeiro passo...<br />

Apelando a essa Paz... Transformem!<br />

Essas fábricas <strong>de</strong> matéria explosiva...<br />

Em Fábricas <strong>de</strong> Lanifícios... Criando novos ofícios.<br />

Apelando a essa Paz... Transformem!<br />

Essas armas <strong>de</strong> <strong>de</strong>rramamento <strong>de</strong> sangue inocente...<br />

Em livros escolares... Criando novos lares.<br />

Apelando a essa Paz...<br />

Só em Amor satisfaz!<br />

- 166 -


"O DESPRENDER PARA A VIDA"<br />

Pinhal Dias<br />

Observando tanta dor sentida!<br />

Este mundo está vivendo, com a fé atordoada,<br />

Quando se vê partir... um ente querido...<br />

Lágrimas! Muito choro sentido.<br />

Clamam os <strong>de</strong>sumanos...<br />

Com amor <strong>de</strong>bilitado!<br />

Iludindo a sua vivência...<br />

Vagueando por caminhos, sem sorte,<br />

Labutando em sonho inacabado...<br />

Porquê?<br />

- Falta <strong>de</strong> amor!<br />

In<strong>de</strong>cisos no vale da escuridão,<br />

Estão caindo no fracasso <strong>de</strong> sua solidão.<br />

Apelando a esse seu <strong>de</strong>sanime.<br />

"Seja forte, <strong>de</strong> cabeça bem erguida,<br />

Desvie-se das apoquentações...<br />

Não se <strong>de</strong>ixe arrastar por meras lamentações<br />

E compare quando adormece..."<br />

O que acontece?<br />

- A sua preocupação não estremece!<br />

Logo vem o seu acordar, se bem <strong>de</strong>spertou!?<br />

Você <strong>de</strong>veria imitar o Senhor Jesus, como ele orou...<br />

Dando Graças a Deus...<br />

Enaltecendo a Liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> viver em amor...<br />

... E valorize sempre esse amor...<br />

E viva!<br />

O Despren<strong>de</strong>r para a Vida.<br />

- 167 -


RITA DE CÁSSIA FERREIRA MADEIRA<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro/RJ – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 669 – 2008<br />

-----------------------------------------------------<br />

HUMANIDADE X ETERNIDADE<br />

Passamos pela terra <strong>de</strong>satentos para com nossa eterna ida<strong>de</strong>,<br />

que é a ida<strong>de</strong> em que temos que prosseguir sem o nosso corpo<br />

carnal.<br />

Tempo em que todos, sem exceção, somos inexoravelmente<br />

chamados para viver na eternida<strong>de</strong>.<br />

Contudo, mesmo sabendo que é a morte, a única coisa certa<br />

da vida terrestre, o homem insiste em não perceber, ou querer<br />

ver, que há nele o lado celeste <strong>de</strong> sua existência, que é o que<br />

estimula sua contínua busca no entendimento <strong>de</strong> si mesmo.<br />

Nos interrogamos:<br />

- De on<strong>de</strong> viemos?<br />

- Para on<strong>de</strong> vamos?<br />

E esquecemos <strong>de</strong> nos perceber como seres celestiais, que<br />

somos, em essência.<br />

Há que nos preocuparmos <strong>de</strong> cá bem proce<strong>de</strong>rmos, para que<br />

lá, on<strong>de</strong> prevalece o amor, possamos ser bem direcionados.<br />

Porém nós passamos pela vida, muitos sem a “<strong>de</strong>liciosa”<br />

sensação <strong>de</strong> nos sabermos seres que transcen<strong>de</strong>m, que<br />

ultrapassam a fronteira do natural para o sobrenatural.<br />

A vida <strong>de</strong>spojada da matéria é uma vida <strong>de</strong> paz e felicida<strong>de</strong>,<br />

mesmo quando nos <strong>de</strong>frontamos com os sofrimentos e vemos a<br />

nossa impotência diante das adversida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>sígnios, que todos<br />

estamos sujeitos no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> nossas existências.<br />

A falência do corpo, evi<strong>de</strong>ncia nossa fragilida<strong>de</strong>, contudo há<br />

algo em nós que nos transcen<strong>de</strong> além da vida corpórea, nos<br />

mostrando que somos espíritos/almas, somos a energia que<br />

“acen<strong>de</strong>” nossa “carcaça”, e precisamos crer e nos importar com<br />

isto.<br />

Haveremos <strong>de</strong> ter consciência que cá chegamos sós e nus e<br />

assim também haveremos <strong>de</strong> voltar.<br />

Somos seres em transição, <strong>de</strong> passagem, e o caminho está<br />

repleto <strong>de</strong> pedras, on<strong>de</strong> também po<strong>de</strong>mos avistar brilhantes que<br />

nos servirão <strong>de</strong> farol para iluminar nossa caminhada, em muitos<br />

percursos, escura.<br />

- 168 -


Finalmente, antes <strong>de</strong> chegarmos na fronteira, que tenhamos<br />

tempo <strong>de</strong> sermos verda<strong>de</strong>iramente humanos.<br />

Carcaça<br />

Gaiola do espírito<br />

Prisão da alma<br />

Corpo terrestre<br />

É apenas veste<br />

Dum ser celeste<br />

Que pensa, que chora, que ri,<br />

Sem perceber, ou até mesmo querer ver,<br />

Que a carcaça que carrega a energia dum corpo astral<br />

É simplesmente uma armadura<br />

Que guarda uma luz que perdura<br />

Enquanto ela não perecer.<br />

Rita <strong>de</strong> Cássia F. Ma<strong>de</strong>ira<br />

A PENA E A FACA<br />

O homem corta com a faca e acarinha com a pena<br />

Duma escorre o sangue<br />

Doutra prega a doutrina.<br />

A primeira é vinho<br />

A segunda é água<br />

A primeira suja<br />

A segunda lava.<br />

E a faca e a pena coexistem<br />

Para nossa evolução,<br />

Uma cortando a carne<br />

A outra o coração!<br />

Rita <strong>de</strong> Cássia F. Ma<strong>de</strong>ira<br />

- 169 -


VERSOS ECOLÓGICOS<br />

Pra vocês que me acompanham<br />

Rogo ao nosso Deus que nos sustente<br />

Pois nossa fé em dias melhores<br />

Está em Ter o que nos alimente.<br />

Nosso planeta agoniza<br />

Terra nossa que nos dá o berço<br />

De nada nos adianta a grana<br />

Se um dia pra comer nem nos sobrar a grama.<br />

Almas irmãs que unidas neste i<strong>de</strong>al<br />

Querem todas nossas crianças protegidas<br />

Não digo, só as do meu Brasil,<br />

Digo a nível universal<br />

Pensando nas que o abutre tem como comida.<br />

Cristo, meu Pai porque há tanta miséria?<br />

Se nós “homens” ainda temos terra!<br />

Senhor meu! Fostes Tu que me <strong>de</strong>stes a vida<br />

Tome-a <strong>de</strong> volta em Tuas Mãos<br />

Pra que a criança sobreviva!<br />

Não importa o que a mim venha fazer o homem<br />

Se noutro canto do mundo há quem junto comigo sonhe,<br />

Este bendito i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> amor universal!<br />

Rita <strong>de</strong> Cássia F. Ma<strong>de</strong>ira<br />

- 170 -


RIVKAH COHEN<br />

Brasília/DF – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 311 – 2003<br />

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A GENTE CONDENA<br />

Rivkah Cohen<br />

Já sei!<br />

Pensaste que não doía<br />

e se não visses hoje,<br />

verias outro dia..<br />

Quantas vezes pensei assim!<br />

Entendo!<br />

Achaste que estavas atento<br />

mas esqueceste que o vento<br />

po<strong>de</strong> ficar zangado,<br />

virar tornado<br />

e levá-la <strong>de</strong> ti..<br />

Hoje já é outro dia<br />

e nada te dará alegria<br />

<strong>de</strong> vê-la aqui!<br />

Po<strong>de</strong> colocar ban<strong>de</strong>iras,<br />

alto-falante, som,<br />

trazer banda<br />

recomendar a música primeira<br />

que a pessoa que amas<br />

não ouvirá tua <strong>de</strong>claração!<br />

Vai, tenta aí!<br />

Po<strong>de</strong> gritar do meio da praça<br />

que a amas <strong>de</strong> graça<br />

que não a verás sorrir!<br />

Isso nunca se pensa<br />

e se vem a mente<br />

a gente con<strong>de</strong>na,<br />

mas não <strong>de</strong>veria ser assim!<br />

Antes que levem quem amas,<br />

antes que o orgulho te cegue<br />

diga a quem teu coração reclama:<br />

- PRECISO DE TI! -<br />

- 171 -


ALTÍSSIMO<br />

Rivkah Cohen<br />

Como, Altíssimo,<br />

Rompeste<br />

a grossa camada da vida<br />

e pintaste um sorriso<br />

no rosto triste<br />

<strong>de</strong>ssa menina?<br />

Quais<br />

os ventos enviados<br />

que fizeram círculos<br />

e mais círculos<br />

cacheando<br />

seu cabelos dourados<br />

<strong>de</strong>ixando-os tão bonitos?<br />

Com que Força,<br />

Senhor,<br />

Arrancaste<br />

um pedaço dos céus<br />

e colocaste<br />

nos olhos <strong>de</strong>la<br />

e ao mirá-la, ouça<br />

a canção mais bela<br />

do Maior dos Menestréis?<br />

Meu PAI,<br />

Dê-me a certeza<br />

que a alegria<br />

não morava nos dias<br />

que ficaram para trás!<br />

Apesar <strong>de</strong> crescida<br />

não tendo<br />

nada mais <strong>de</strong> criança,<br />

peço-Lhe<br />

PAZ<br />

FELICIDADE<br />

e<br />

ESPERANÇA..<br />

- 172 -


ASSIM A HUMANIDADE SE PORTA<br />

Rivkah Cohen<br />

Grito<br />

e sequer ouvem<br />

uma só nota dos meus ais.<br />

Vão<br />

com o sopro do dia<br />

e se espalham<br />

<strong>de</strong> forma normal.<br />

Partiram em pedaços..<br />

Não eu!<br />

O indivisível átomo.<br />

Conseguiram!<br />

Destruíram<br />

e nem <strong>de</strong>u manchete <strong>de</strong> jornal!<br />

Ah, se fossem chamados<br />

para consertar!<br />

Cada um arrumava algo<br />

que não po<strong>de</strong>ria adiar<br />

etcetera e tal.<br />

Quanto a meu grito?<br />

Se espalhará no ar!<br />

Alguém ficará preocupado?<br />

Nem pensar!<br />

E assim a humanida<strong>de</strong> se porta.<br />

Daqui alguns anos vão estudar..<br />

Que vergonha!<br />

Deixe-me ir embora<br />

para nem constar..<br />

- 173 -


APRISIONADOS<br />

Rivkah Cohen<br />

Aprisionado na mentira,<br />

o que vejo chegar?<br />

Uma legião <strong>de</strong> "senhores",<br />

rogando, implorando,<br />

que não sigam o que ouviram falar!<br />

Que <strong>de</strong> benfeitores não tinham nada,<br />

que tudo foi uma forma <strong>de</strong> manipular<br />

e hoje, são como verda<strong>de</strong>iros açoites,<br />

mas o pior, é que não conseguem consertar.<br />

Já não têm voz, não têm corpos<br />

e como espectros caminham pelas noites<br />

do inferno que conseguiram criar!<br />

Senhores!<br />

Por suas falas, até hoje<br />

tem quem venha a se machucar!<br />

Pensassem antes <strong>de</strong> agir,<br />

antes <strong>de</strong> propagar!<br />

Agora só lhes resta olhar <strong>de</strong> longe<br />

a yonah e saber o que ela representa,<br />

mas não a conseguirão tocar.<br />

É pura <strong>de</strong>mais para os seus tamanhos<br />

e muito distante do que souberam emanar.<br />

Verão sim,<br />

chegar <strong>de</strong> madrugada, <strong>de</strong> dia, <strong>de</strong> noite,<br />

cada alma que vier tombar,<br />

por mentiras <strong>de</strong> uma corte<br />

que não soube reinar.<br />

- 174 -


AINDA BEM!<br />

Rivkah Cohen<br />

Será que um pai<br />

precisa mesmo<br />

dizer para o filho<br />

que o ama?<br />

Acho tão sem propósito isto,<br />

mas..<br />

melhor pensando<br />

nas <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> um governo<br />

em diminuir os proventos<br />

dos aposentados!!!<br />

É mais que necessário!<br />

Talvez um grito!<br />

E pior, <strong>de</strong> <strong>de</strong>sespero!<br />

Afinal,<br />

não foi lembrando<br />

todo um passado<br />

<strong>de</strong> dor,<br />

<strong>de</strong> sacrifício!<br />

E pensar<br />

que foram atitu<strong>de</strong>s<br />

tomadas por filhos!<br />

É.. esqueceram<br />

seres que <strong>de</strong>veriam<br />

ser amados<br />

e no outono <strong>de</strong> suas vidas,<br />

resguardados,<br />

protegidos..<br />

Não entendo mais nada!<br />

Como querem<br />

erguer uma casa<br />

se a fundação<br />

é relegada, esquecida?<br />

E quando vierem<br />

as tempesta<strong>de</strong>s,<br />

os ventos,<br />

as chuvas <strong>de</strong> granizo?<br />

Ainda bem<br />

que meu pai<br />

foi para a eternida<strong>de</strong><br />

sem presenciar isso..<br />

- 175 -


ROZELENE FURTADO DE LIMA<br />

Teresópolis/RJ – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 670 – 2008<br />

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BIOGRAFIA:<br />

Rozelene Furtado <strong>de</strong> Lima – nascida em Teresópolis/RJ em<br />

31/05/1947. Filha <strong>de</strong> Orêncio Pacheco Furtado e Nadir da Silva<br />

Furtado. Casada com Cyro Correa <strong>de</strong> Lima conceituado advogado<br />

da cida<strong>de</strong>. Tem dois filhos: Cyro Júnior Carina. Formada em<br />

Biblioteconomia e Documentação pela Universida<strong>de</strong> Santa<br />

Úrsula/RJ. Exerceu a profissão <strong>de</strong> Professora, trabalhou em várias<br />

escolas da cida<strong>de</strong>. Funcionária Pública Estadual aposentada.<br />

Pertenceu a um grupo <strong>de</strong> Teatro Infantil. Defensora da natureza e<br />

atualmente faz pesquisa sobre diversos tipos plantas,<br />

principalmente medicinais. Dedicou sua vida à educação e aos<br />

livros. A paixão pela literatura vem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância, as primeiras<br />

poesias foram escritas na pré-adolescência. Como escritora<br />

participou <strong>de</strong> uma Antologia Poética do SESC-Teresópolis em<br />

1973. Junto com dois irmãos Roberto da Silva Furtado e Rosley da<br />

Silva Furtado lançou em julho <strong>de</strong> 2006 o livro Banquete <strong>de</strong> Idéias,<br />

e está preparando mais dois livros: um <strong>de</strong> poesias e outro <strong>de</strong><br />

biografias.<br />

TU ESTÁS EM MIM<br />

Rozelene Furtado <strong>de</strong> Lima<br />

A luz da tua vida<br />

Está em mim, é o meu sorriso.<br />

A força da tua paz<br />

Está em mim, é a minha serenida<strong>de</strong>.<br />

A ternura da tua carícia<br />

Está em mim, é o meu corpo.<br />

A certeza do teu sim<br />

Está em mim, é o meu querer.<br />

A suavida<strong>de</strong> do teu encontro<br />

Está em mim, é o meu entregar.<br />

O <strong>de</strong>sejo do teu caminho<br />

- 176 -


Está em mim, é o meu aceitar.<br />

A melodia da tua música<br />

Está em mim, é o meu cantar.<br />

A loucura do teu amor<br />

Está em mim, é o meu jeito <strong>de</strong> te amar.<br />

A pureza do teu poema<br />

Está em mim, é a profundida<strong>de</strong> do meu pensar.<br />

A <strong>de</strong>lícia do teu presente<br />

Está em mim, é o meu receber.<br />

A gran<strong>de</strong>za do teu mundo<br />

Está em mim, é o meu prazer.<br />

A realida<strong>de</strong> do teu sonho<br />

Está em mim, é a tua semente em meu ser.<br />

PEDIDO URGENTE<br />

Rozelene Furtado <strong>de</strong> Lima<br />

Dai-me um filho Senhor!<br />

Para que eu possa...<br />

Sentir arredondar meu manequim<br />

Tocar, ouvir e calar assim<br />

Esta voz exigente <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim.<br />

Dai-me um filho Senhor!<br />

Para que eu possa...<br />

Cantar meu acalanto<br />

Exteriorizar meu encanto.<br />

Abandonar meu pranto.<br />

Dai-me um filho Senhor!<br />

Para que eu possa...<br />

Imprimir meu segmento<br />

Abraçar meu sentimento<br />

Expulsar meu <strong>de</strong>salento.<br />

Dai-me um filho Senhor!<br />

Para que eu possa...<br />

Olhar com admiração a natureza<br />

Saudar todos os dias a beleza<br />

Cultivar na mente a certeza.<br />

Dai-me um filho Senhor!<br />

Para que eu possa<br />

Harmonizar a minha alma<br />

Receber o calor da palma<br />

Acolher no coração a calma.<br />

- 177 -


Dai-me um filho, Senhor!<br />

Para que eu possa...<br />

Amorosamente dizer<br />

Meu filho, pedaço do meu ser.<br />

Meu filho, meu viver!<br />

Dai-me um filho, Senhor!<br />

QUANDO EU FOR<br />

Rozelene Furtado <strong>de</strong> Lima<br />

Quando eu for... Quero ir em paz....<br />

Deixo <strong>de</strong> uma vez tudo resolvido.<br />

Todos os meus pertences e tudo mais,<br />

Para quem muito tenho querido.<br />

As minhas ilusões para as borboletas,<br />

Tanto uma como outra são fugazes.<br />

As minhas lágrimas, o choro, o som das palavras,<br />

Entrego à chuva e às tempesta<strong>de</strong>s,<br />

Para que reguem as sauda<strong>de</strong>s.<br />

Meus sonhos, pontos <strong>de</strong> apoio e referência<br />

Gran<strong>de</strong>s, pequenos cheios <strong>de</strong> cores,<br />

Enterro nos jardins para fortalecer as flores.<br />

Meus pecados, minhas loucuras, meus medos,<br />

Envolvo em papéis e envelopes e en<strong>de</strong>reço<br />

Aos ventos para que espalhem meus segredos.<br />

Meus amores, minhas verda<strong>de</strong>s, buscas e manias,<br />

Prego nas nuvens para que se dissolvam em poesias.<br />

A esperança, as preces, a solidão e o meu soluçar,<br />

Deixo nas areias para ondas entregarem ao mar.<br />

Destino os quadros que não pintei para o pôr do sol,<br />

Para serem expostos nas tar<strong>de</strong>s mais lindas no arrebol<br />

Às estrelas peço que sejam entregues:<br />

As promessas, as carícias, os prazeres e as noites mais alegres.<br />

Lembranças da infância, meus encantos, minha beleza,<br />

Distribuo sem pensar, com toda a natureza.<br />

Os sentimentos, os alentos e as imagens, <strong>de</strong>ixo com carinho<br />

Dentro <strong>de</strong> um baú à beira do caminho.<br />

Todas as cantigas, os seres, os santos e as lendas,<br />

Que povoaram minha mente, à lua faço oferenda.<br />

Entrego aos passarinhos e para quem quiser,<br />

Minha fé, minha alma e minha vida <strong>de</strong> mulher.<br />

E o que possuo <strong>de</strong> mais precioso e posso dispor<br />

É a você que presenteio... É o meu mais puro amor.<br />

- 178 -


RUBEN ALVES VIEIRA<br />

Fontoura Xavier/RS – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 545 – 2007<br />

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SOL E LUA<br />

Ruben Alves Vieira<br />

À noite quando me <strong>de</strong>ito e fecho os olhos, vejo você sorrindo pra<br />

mim e vivo intensamente meu mundo, on<strong>de</strong> você é minha Deusa e<br />

contemplo seus olhos, escuto sua voz <strong>de</strong>ngosa, sinto seus toques<br />

me fazendo carinhos, meus lábios colando-se nos seus e seu corpo<br />

envolvendo o meu me dominando por inteiro. Quando o sono<br />

chega, você povoa meus sonhos e juntos vivemos uma total<br />

felicida<strong>de</strong>... Ao me acordar pela manhã a primeira imagem é a sua<br />

e passo a recordar e viver os nossos momentos. Muitos <strong>de</strong>les você<br />

foi a primeira, noutros a única, em todos a melhor, pois jamais em<br />

minha vida real algo semelhante já aconteceu. Durante o dia, para<br />

que possa acalmar e matar a sauda<strong>de</strong>, preciso ouvir sua voz, nem<br />

que seja para um alô. Preciso lhe tocar, nem que seja um simples<br />

aperto <strong>de</strong> mão. Muitas vezes me paro a falar sozinho e a primeira<br />

palavra é o seu nome. Eu sei que não é fácil. É difícil pra mim. Mas<br />

vale a pena sofrer por você: sofrer <strong>de</strong> sauda<strong>de</strong>, sofrer por<br />

incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lhe satisfazer, sofrer no momento <strong>de</strong> dizer: Tchau!<br />

Sofrer por amar no silêncio, porque a amo mais do que tudo e,<br />

sofro em saber que somos Sol e Lua. Assim em minha constelação,<br />

somente uma Lua terei, uma Deusa, que mostrou-me o sentido da<br />

vida, <strong>de</strong> lutar para viver, então vou lutar e, por essa Deusa vencer.<br />

Existem poemas que ficaram pra mim, em meu coração, neles se<br />

encontram todos os momentos <strong>de</strong> amor intenso e verda<strong>de</strong>iro.<br />

Jamais se per<strong>de</strong>rão ao tempo e ficarão em minha essência<br />

eternamente. Outros somente você os possui, pois, é a verda<strong>de</strong>ira<br />

dona <strong>de</strong>les. As lembranças não são boas, são ótimas, maravilhosas<br />

e motivam sauda<strong>de</strong>s: da voz doce, dos beliscões, das mordidas,<br />

dos carinhos, dos olhares, da ternura.<br />

Eu sinto falta da Lua, por completa, por inteira.<br />

Porque a amo.<br />

O Sol.<br />

- 179 -


VERSO PRA LUA<br />

Ruben Alves Vieira<br />

Eu fiz um verso pra lua<br />

Foi numa noite <strong>de</strong> verão<br />

Entre notas afinadas<br />

Brotaram partituras do coração.<br />

Tive uma orquestra <strong>de</strong> estrelas<br />

Na nossa constelação<br />

Todas fascinadas pela Deusa<br />

Do mais romântico clarão.<br />

Na linha do horizonte<br />

A figura do pajador<br />

Cantando versos pra lua<br />

O poeta e sonhador,<br />

Refletindo no brilho do olhar<br />

A intensida<strong>de</strong> do amor.<br />

O tema traduzido em palavras<br />

Invitava primavera e flores<br />

Em oferenda na noite<br />

Pra essa Deusa <strong>de</strong> amores<br />

Que na penumbra do lume<br />

Dava outro tom às cores<br />

E se transforma em poema<br />

Inspiração pros pajadores.<br />

Para a Lua mais bela do Sol<br />

- 180 -


ÉS MINHA<br />

Ruben Alves Vieira<br />

Tu és em minha vida:<br />

Uma gota da chuva,<br />

que cai<br />

e suavemente pousa<br />

sobre a pétala<br />

para ficar perfumada.<br />

O cantar afinado<br />

e natural dos pássaros,<br />

na sinfonia das Primaveras.<br />

O calor e a energia do Sol,<br />

que chega em cada amanhecer<br />

para <strong>de</strong>spertar a vida.<br />

A beleza da Lua,<br />

Deusa encantada<br />

que em seu esplendor<br />

inspira amantes<br />

na poesia do amor.<br />

És minha<br />

gota perfumada<br />

que evapora<br />

sob os raios do Sol.<br />

És o canto afinado<br />

que se cala ao anoitecer.<br />

És o esplendor do luar<br />

que se faz poente<br />

quando o dia chegar.<br />

És a luz do Sol<br />

transformada em energia e clarão<br />

que se apaga no entar<strong>de</strong>cer<br />

e dá lugar à escuridão.<br />

És minha,<br />

minha razão <strong>de</strong> viver.<br />

És minha,<br />

mas não posso ter...<br />

- 181 -


ESSES MOMENTOS<br />

Ruben Alves Vieira<br />

A gota da chuva<br />

Acaricia suavemente<br />

As pétalas aveludadas<br />

Da flor perfumada.<br />

O brilho do sol<br />

Traz na manhã<br />

Energia para a vida<br />

E inspira<br />

A sinfonia afinada<br />

Dos pássaros.<br />

A beleza da lua<br />

Que sobressai<br />

Ao brilho das estrelas<br />

Leva ao coração<br />

O tema da poesia<br />

Mais bela <strong>de</strong> amor.<br />

São esses momentos<br />

Que se transformam<br />

No gosto <strong>de</strong> seus beijos<br />

No brilho <strong>de</strong> seus olhos<br />

E no seu toque <strong>de</strong> ternura.<br />

São esses momentos<br />

Q verda<strong>de</strong>ira energia<br />

Para o meu viver<br />

Que se transformam<br />

No mais intenso amor...<br />

- 182 -


QUIS SER<br />

Ruben Alves Vieira<br />

Um dia teu Sol<br />

Para clarear caminhos,<br />

Fazer-te carinhos<br />

Com meus raios <strong>de</strong> luz.<br />

Sendo o Sol<br />

Seria eu tua fonte <strong>de</strong> energia<br />

Que daria cor ao dia<br />

E faria tua beleza<br />

Se irmanar à flor.<br />

Minha energia<br />

Buscaria em teu coração<br />

A razão para um novo dia<br />

E em cada <strong>de</strong>spertar<br />

Te acordaria do sonho,<br />

Que à noite viveste.<br />

Então eu vi<br />

Que és minha Lua<br />

E por estares distante,<br />

Eu o Sol<br />

- 183 -


SALETE CARDOZO COCHINSKY<br />

Porto Alegre/RS – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 671 – 2008<br />

-----------------------------------------------------<br />

SOBRE A AUTORA:<br />

Salete Cardozo Cochinsky: psicóloga/psicanalista que enten<strong>de</strong> que<br />

a escrita é um excelente meio <strong>de</strong> interlocução entre o sujeito e o<br />

outro e meio <strong>de</strong> sublimar em si e tornar sublime o belo, o feio, os<br />

encantos e <strong>de</strong>sencantos do escritor e seus leitores.<br />

Porto Alegre - RS, Brasil.<br />

O ALVO<br />

Salete Cardozo Cochinsky<br />

Não foi por acaso<br />

foi por intenção.<br />

Desejos secretos<br />

prazeres concretos.<br />

Entre os animais<br />

famintos que matam,<br />

o humano <strong>de</strong>staca<br />

pela inteligência.<br />

Constrói armadilhas<br />

sobe em sua escada.<br />

Tão civilizada<br />

e alcança as alturas.<br />

O pássaro que voa,<br />

animais aquáticos<br />

Pequenos insetos<br />

têm suas <strong>de</strong>fesas.<br />

E a inteligência<br />

faz vítima o homem.<br />

No espaço selvagem<br />

<strong>de</strong> seu coração...<br />

É alvo <strong>de</strong> si.<br />

- 184 -


A CULTURA E GÊNEROS:<br />

reflexão sobre o dia 8 <strong>de</strong> março<br />

Salete Cardozo Cochinsky<br />

Séculos passados<br />

em preto e branco.<br />

Alma <strong>de</strong> mulher<br />

olhada no espelho<br />

completa-se o humano,<br />

em mistérios,<br />

certezas caladas.<br />

Vida verda<strong>de</strong>ira,<br />

nunca <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>ira,<br />

mundo sem fronteiras,<br />

leitos empoeirados,<br />

taças vazias,<br />

jazem em um é<strong>de</strong>m.<br />

Rostos juvenis,<br />

pele em mutação,<br />

experiente olhar,<br />

natureza amar,<br />

sem restrição,<br />

com contrição,<br />

e aquém do além<br />

caminha junto<br />

sem mais ninguém.<br />

Alma humana,<br />

mundo sem dono,<br />

flagrante na história,<br />

coroa sem glória,<br />

vitória esquecida,<br />

esmaecida,<br />

culto à cultura<br />

sutura e mistura,<br />

separa e consagra.<br />

DOIS GÊNEROS...<br />

Escrita em 07 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2007<br />

Salete Cardozo Cochinsky<br />

- 185 -


ERA UMA VEZ:<br />

Uma leitura da Versão bíblica II<br />

Salete Cardozo Cochinsky<br />

Naquele jardim/pomar<br />

um paraíso, um reino<br />

nada faltava, tudo era em tempo,<br />

até os acontecimentos...<br />

Eva: veja essa maça<br />

“Uma serpente” bondosa oferece.<br />

e mais que isso confessa<br />

já está implantada em teu corpo.<br />

Olha direito teu corpo.<br />

Percebe tuas sensações,<br />

escuta teu coração.<br />

Teu companheiro é Adão.<br />

O que esperas. Vá fundo!<br />

Há <strong>de</strong>lícias e emoções,<br />

há saber que os espera<br />

além <strong>de</strong>sse paraíso.<br />

Os corpos nus ganham cores,<br />

surpresas em seus odores,<br />

expressões <strong>de</strong> sedução.<br />

Deixam <strong>de</strong> fora a razão.<br />

Quando o <strong>de</strong>sejo se amana<br />

a natureza em vida<br />

faz a vida colorida.<br />

Mas a serpente escondida<br />

mostra a maça.<br />

Toma a maça!<br />

Pe<strong>de</strong> pra ser <strong>de</strong>vorada...<br />

Escrito em <strong>de</strong>safio em site <strong>de</strong> Idioma Espanhol sobre<br />

a imagem <strong>de</strong> Francisco <strong>de</strong> Goya<br />

y Lucientes "Patida <strong>de</strong> caça"<br />

- 186 -


EXISTÊNCIA<br />

Salete Cardozo Cochinsky<br />

Na vida que a vida faz<br />

Há amores…<br />

Flores…<br />

Encantos…<br />

Alegrias…<br />

Sinfonias sob o luar.<br />

Na vida que a vida faz<br />

Há harmonia…<br />

Melodias…<br />

Cantorias…<br />

Somos pássaros<br />

Sob os raios do sol.<br />

Na vida que a vida faz<br />

Vivemos…<br />

Apren<strong>de</strong>mos…<br />

Saboreamos…<br />

Emergimos…<br />

De uma natureza fugaz.<br />

IMPLACÁVEL<br />

Salete Cardozo Cochinsky<br />

As letras comandam os <strong>de</strong>dos obe<strong>de</strong>cem...<br />

Imagens da alma recorrem o corpo<br />

<strong>de</strong> gota em gota galáxias <strong>de</strong> signos,<br />

Dos segredos os medos, da coragem a aparência...<br />

Apontam <strong>de</strong>sígnios.<br />

Palavra/fala, calados afetos ditos no silêncio...<br />

Gritante silêncio compactado instante,<br />

vivido universo e revolvido em letras,<br />

mundo galeria, vitrine sem dono...<br />

A escrita é um abono.<br />

- 187 -


EM TRÂNSITO<br />

Salete Cardozo Cochinsky<br />

O humano transita<br />

<strong>de</strong>scobre vielas.<br />

Cruza encruzilhadas,<br />

maltratadas.<br />

Transita via vôo,<br />

por lugares nos ares<br />

seguindo os radares<br />

sobre terra e mares.<br />

Transita nas ruas<br />

usa as pernas suas.<br />

Calçadas com e sem fama<br />

limpas ou cobertas <strong>de</strong> lama.<br />

Coberta em chamas<br />

<strong>de</strong> amor e paixão.<br />

Transita no palco<br />

<strong>de</strong> seu coração.<br />

Transita em idéias<br />

em pensamentos e ações<br />

transportam vagões,<br />

escrevem canções<br />

Trânsito caminho<br />

com calor e cor<br />

com ou sem temores<br />

surrealistas amores.<br />

- 188 -


SALVADOR PRANTERA JUNIOR<br />

São Carlos/SP – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 320 – 2003<br />

-----------------------------------------------------<br />

ENTRE TAPAS E BEIJOS<br />

Salvador Prantera Junior<br />

I<br />

O Sol e a Lua<br />

se pegaram <strong>de</strong> tapa,<br />

quando “ela” disse sou sua<br />

e, você não me escapa<br />

II<br />

Como você diz, sou sua,<br />

com tanta facilida<strong>de</strong>,<br />

bem no meio da rua,<br />

no centro da cida<strong>de</strong><br />

e, ainda diz que não escapo,<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tanto sopapo?<br />

III<br />

Pois, vou lhe dizer como vejo,<br />

esse relacionamento,<br />

com essa historia <strong>de</strong> não me escapas...<br />

Será que não rola um beijo,<br />

pelo menos, por um momento,<br />

no intervalo dos tapas?<br />

IV<br />

Assim não há quem agüente.<br />

Se já está, tão, “Cheia”<br />

em pleno “Quarto Crescente”,<br />

não titubeia,<br />

muda, logo, pr,a “Nova”<br />

e, não bobeia<br />

que, lhe darei uma prova<br />

<strong>de</strong> que, até, na “Minguante”,<br />

vou amá-la, bastante!!!<br />

- 189 -


A L U C I N A Ç Ã O<br />

Salvador Prantera Junior<br />

I<br />

Sentia-se muito cansado,<br />

velho e <strong>de</strong>primido,<br />

um tanto alquebrado,<br />

sem animo e enfraquecido,<br />

embora, não tão avançado<br />

no tempo já vivido,<br />

quando “ela” tendo saído<br />

do fundo do seu passado,<br />

com requinte no vestir<br />

e, com perfume bem dosado,<br />

além <strong>de</strong> muito fino,<br />

com sua pele o fez sentir<br />

que voltara à ser “um menino”!!!<br />

II<br />

O que foi isso?<br />

Loucura ? Amor ? Paixão?<br />

Não foi nada disso!<br />

Foi só “Alucinação”!!!<br />

“EU SEI QUE VOU TE AMAR!”<br />

Salvador Prantera Junior<br />

I<br />

“Eu sei que vou te amar,<br />

por toda minha vida"<br />

é a musica que iria marcar<br />

a juventu<strong>de</strong>, bem vivida,<br />

<strong>de</strong> quem vem lhe confessar,<br />

minha querida,<br />

como um romântico inveterado,<br />

que, na velhice, continua marcado<br />

pela musica que o teria transformado,<br />

em seu eterno apaixonado!!!<br />

- 190 -


MULHER MARAVILHA<br />

Salvador Prantera Junior<br />

I<br />

Oh, mulher maravilhosa,<br />

<strong>de</strong> pele tão macia!<br />

Porque tão radiosa<br />

tu acordas, todo dia?<br />

II<br />

Será que eu seria<br />

a causa, tão dadivosa,<br />

<strong>de</strong> toda essa alegria,<br />

por tornar-te, tão, fogosa,<br />

com tudo que à noite eu faria,<br />

tornando-te muito gulosa,<br />

querendo mais durante o dia???<br />

III<br />

Não precisas respon<strong>de</strong>r,<br />

<strong>de</strong>ixa-me adivinhar!<br />

Mas, só <strong>de</strong>pois do que vou ter,<br />

quando vieres me amar!<br />

Juro que já posso antever,<br />

quanto amor tens pr,a me dar!!!<br />

- 191 -


DO FUNDO DA ALMA<br />

Salvador Prantera Junior<br />

I<br />

Naquele aperto no peito<br />

que vem do fundo da alma,<br />

só você po<strong>de</strong> dar jeito,<br />

com seu corpo em minha palma!<br />

II<br />

Vou percorrê-lo, todinho,<br />

com a palma da minha mão<br />

e, trocar muito carinho,<br />

com você, minha paixão!<br />

Seu perfume bem dosado<br />

mas, os carinhos "não"<br />

<strong>de</strong>ixam, este velho, excitado<br />

quase morrendo <strong>de</strong> emoção!<br />

III<br />

Vem, minha querida,<br />

alimento <strong>de</strong> minh'alma,<br />

razão impar <strong>de</strong> minha vida!<br />

Poe seu corpo em minha palma<br />

e, me beija, então.<br />

Vem pr,a mim e me acalma,<br />

vem alegrar meu coração!!!<br />

- 192 -


EM BUSCA DE UM BEIJO<br />

Salvador Prantera Junior<br />

I<br />

Procurei-a por toda cida<strong>de</strong>.<br />

Eu queria um beijo seu.<br />

Era tão, gran<strong>de</strong> a vonta<strong>de</strong><br />

que, não imagina o que per<strong>de</strong>u...<br />

II<br />

Eu ia fazer do seu beijo<br />

a chave do seu <strong>de</strong>sejo,<br />

pr,a que o misturasse ao meu,<br />

naquele abraço<br />

que seria o “estopim”,<br />

da explosão que a faria,<br />

correr pr,a mim:<br />

dizendo: <strong>de</strong>ixa que eu faça!<br />

III<br />

E, aquele beijo sem fim,<br />

seria.<br />

o <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>iro passo,<br />

pr,a que se entregasse, “enfim”!!!<br />

- 193 -


À D E R I V A. . .<br />

Salvador Prantera Junior<br />

I<br />

Não estava vendo saída<br />

e, a cada dia, afundava mais.<br />

Quando se per<strong>de</strong> o amor pela vida<br />

é como navio que não acha o cais...<br />

II<br />

Fica à <strong>de</strong>riva<br />

e, só balança.<br />

De tudo se esquiva,<br />

até <strong>de</strong> criança...<br />

III<br />

É muito ruim,<br />

é terrível!<br />

Jamais sentiu, coisa assim,<br />

é horrível!<br />

IV<br />

Mas, prometeu virar o jogo,<br />

dizendo: Ah! Juro que vou...<br />

Nem que tenha que por fogo,<br />

em coisa que, já queimou!<br />

V<br />

E, realmente, conseguiu.<br />

Juro. É verda<strong>de</strong>.<br />

Mas, só quando se uniu,<br />

aos outros loucos, da cida<strong>de</strong>!!!<br />

- 194 -


SARAH RODRIGUES<br />

Belém/PA – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 327 – 2004<br />

-----------------------------------------------------<br />

NÓS<br />

@ Sarah Rodrigues<br />

Amanhã com a primavera<br />

voltarei a quem me espera,<br />

sem pudor e sem receio.<br />

As lembranças rosas vivas<br />

florirão em nossas vidas<br />

ao calor do nosso anseio.<br />

Deixarei o sofrimento<br />

longe do teu pensamento<br />

e dos teus olhos risonhos.<br />

Então na paz do <strong>de</strong>serto<br />

do nosso sacrário aberto<br />

brotarão os nossos sonhos.<br />

Nossa vida será assim,<br />

um paraíso sem fim,<br />

com luar para nós dois.<br />

Nascerão nossos <strong>de</strong>sejos<br />

entre carícias e os beijos<br />

na luz que virá <strong>de</strong>pois.<br />

Luz que clareira, ilumina,<br />

que nos empolga, fascina<br />

com harmonia e carinho.<br />

Doce luz que brevemente<br />

será sombra eternamente<br />

por todo nosso caminho.<br />

Trocaremos diretrizes,<br />

seremos os dois felizes,<br />

sentiremos as fragrâncias.<br />

Viveremos lado a lado,<br />

e resgatando o passado<br />

sepultaremos distâncias.<br />

PORTO DOS SONHOS E DAS POESIAS<br />

http://www.sarahmrodrigues.com<br />

- 195 -


AS NOITES DO MEU JARDIM<br />

@ Sarah Rodrigues<br />

Meu jardim está dormindo<br />

num contraste calmo e brando<br />

com as papoulas se abrindo,<br />

com os lírios se fechando.<br />

As bromélias nos canteiros<br />

com pétalas perfumadas,<br />

da fron<strong>de</strong> dos jasmineiros<br />

seduzem as madrugadas.<br />

Cravos num silêncio agudo,<br />

com alpínias e palmeiras,<br />

procuram ouvir, contudo,<br />

as orações das roseiras.<br />

Sobre as folhas ressequidas,<br />

as helicônias com sono,<br />

falam para as margaridas,<br />

que o céu parece sem dono.<br />

O orvalho beija as hortênsias<br />

entre as hastes do alecrim,<br />

<strong>de</strong>ixando espirais <strong>de</strong> essências<br />

nas noites do meu jardim.<br />

PORTO DOS SONHOS E DAS POESIAS<br />

http://www.sarahmrodrigues.com<br />

- 196 -


MARIA<br />

@ Sarah Rodrigues<br />

Mãe, na igrejinha branca da sauda<strong>de</strong>,<br />

vivo a rezar por ti todos os dias,<br />

pedindo para os céus eternida<strong>de</strong>,<br />

a mais bela <strong>de</strong> todas as Marias!<br />

És canto <strong>de</strong> paz, és felicida<strong>de</strong>,<br />

o cobertor que aquece em noites frias,<br />

a verda<strong>de</strong>ira “Amélia” da bonda<strong>de</strong>,<br />

que traz no olhar a luz das romarias.<br />

E longe dos carinhos dos teus braços,<br />

dos afetos, dos beijos, dos abraços,<br />

na grinalda lilás dos anos teus,<br />

eu carrego nas asas estendidas,<br />

o <strong>de</strong>stino feliz <strong>de</strong> duas vidas,<br />

e o fulgor <strong>de</strong> dois sóis feitos por Deus.<br />

PORTO DOS SONHOS E DAS POESIAS<br />

http://www.sarahmrodrigues.com<br />

- 197 -


AQUI JAZ A LUA<br />

@ Sarah Rodrigues<br />

Aqui jaz a lua<br />

que enfeitou o céu<br />

emprestou os olhos a Deus<br />

acalentou estrelas.<br />

Senhora da noite<br />

com vestes <strong>de</strong> prata<br />

foi palco <strong>de</strong> serenata<br />

embalou os sonhos meus.<br />

Aqui jaz a lua<br />

mulher dos segredos<br />

dos mistérios, dos medos,<br />

bálsamo da sauda<strong>de</strong>.<br />

Possuiu o dom<br />

<strong>de</strong> seduzir os namorados<br />

com os corpos colados<br />

que se amavam na rua.<br />

Aqui jaz a lua<br />

minguante em pedaços<br />

nua em meus braços<br />

num quarto crescente.<br />

PORTO DOS SONHOS E DAS POESIAS<br />

http://www.sarahmrodrigues.com<br />

- 198 -


SHIRLEI MILANE DE MELLO<br />

Americanópolis/SP – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 235 – 2003<br />

-----------------------------------------------------<br />

BIOGRAFIA:<br />

"Em 06 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2007 escrevi em meu diário: “Completei 30<br />

anos, mas não percebi!” Nesse tempo eu escrevi mais poesias que<br />

seria possível me imaginar capaz, ganhei uma sobrinha linda, uma<br />

família maravilhosa, uma profissão que eu amo... Encontrei meu<br />

amor verda<strong>de</strong>iro, minha alma gêmea, tive milhares <strong>de</strong> sonhos, e<br />

continuo sonhando... alguns sonhos ainda a serem realizados...<br />

Agora, só o que me preocupa é pensar... e continuar acreditando<br />

em mim mesma, para sempre continuar sonhando... "<br />

TUELHO...<br />

Shirlei Milane <strong>de</strong> Mello<br />

Tem dias que não te entendo!<br />

Eu tento estar próxima, ser amiga<br />

Mas em algumas ocasiões<br />

Você é tão distante, distraído<br />

Por vezes mal humorado<br />

Tem vezes que você chega assim<br />

E permanece assim<br />

Por todo o tempo, todo o dia<br />

Tem vezes que você muda<br />

No meio do dia<br />

Em algum momento<br />

Esquece seja lá o que for<br />

Que está te preocupando<br />

E volta a ser você mesmo<br />

Livre e sorri<strong>de</strong>nte,<br />

Mesmo que só internamente<br />

E é ótimo te ver assim<br />

Feliz, aparentemente em paz<br />

Mas é muito ruim<br />

Te ver tão fechado<br />

- 199 -


Guardado em si mesmo<br />

Sem me dar espaço<br />

Sem <strong>de</strong>ixar que me aproxime<br />

E eu não quero<br />

Me intrometer na sua vida<br />

Não quero me infiltrar<br />

Abrindo seus sentimentos<br />

Na unha, com garra<br />

Preferiria pensar que consigo<br />

Chegar mais perto<br />

Te conhecer melhor<br />

De forma mais suave, natural<br />

E quando penso que estou perto<br />

Sua voz muda <strong>de</strong> novo<br />

Seu olhar fica distante<br />

E eu não sei o que eu<br />

Posso ter feito <strong>de</strong> errado<br />

Porque sei que está se escon<strong>de</strong>ndo<br />

E me irrita te ver<br />

Tão azedo com tudo<br />

Sei que você vale a pena<br />

Tenho confiança em sua<br />

Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser você mesmo<br />

Não me passa pela cabeça<br />

A idéia <strong>de</strong> <strong>de</strong>sistir <strong>de</strong> você<br />

Mas me pergunto todos os dias<br />

Se só isso adianta<br />

Se serei capaz <strong>de</strong> te ajudar<br />

De estar sempre próxima<br />

Se você não quiser<br />

Minha ajuda, minha proximida<strong>de</strong><br />

Minha amiza<strong>de</strong>...<br />

Não quero que fique bravo comigo<br />

Ou chateado com isso que escrevi<br />

Pois é apenas uma forma<br />

De te mostrar um pouco<br />

De como me sinto com você...<br />

E também para você saber<br />

Que sempre estarei aqui<br />

Por você...<br />

Caso queira ou precise<br />

De mim... (05/04/07)<br />

- 200 -


SÓ HOJE<br />

Shirlei Milane <strong>de</strong> Mello<br />

Hoje eu só queria saber<br />

quem foi o tolo<br />

que inventou<br />

a sauda<strong>de</strong>...<br />

Por que não <strong>de</strong>ixar tudo como estava?<br />

O homem sem sentimento<br />

bruto, ignorante<br />

inacessível à dor<br />

<strong>de</strong> se ter um amor<br />

e se saber <strong>de</strong>le<br />

tão distante<br />

ou sem chance...<br />

Então esse tal sentimento<br />

repleto <strong>de</strong> melancolia<br />

poluiu os pensamentos<br />

Faz o homem<br />

antes tão forte<br />

dono <strong>de</strong> si<br />

encolher-se a um canto<br />

com medo<br />

do <strong>de</strong>sconhecido<br />

sem armas para lutar<br />

com seu coração<br />

Senão apenas o ato<br />

<strong>de</strong> finar a si mesmo<br />

fugindo<br />

como um falso herói<br />

foge ao monstro<br />

imaginário<br />

temeroso e enorme<br />

que não controla<br />

Tolo o que disse<br />

pela primeira vez<br />

tenho sauda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> você<br />

quero estar a seu lado<br />

te ver...<br />

Tolo, tolo, tolo!!<br />

Hoje só queria<br />

ser <strong>de</strong> novo<br />

como os aborígines<br />

- 201 -


sem saber que<br />

esse tal sentimento<br />

palavra maluca<br />

existia em algum lugar<br />

mesmo sentindo no âmago<br />

a tal melancolia<br />

solidão... (06/02/05)”<br />

SEU SORRISO<br />

Shirlei Milane <strong>de</strong> Mello<br />

Você não sabe o quanto seu sorriso<br />

é importante para mim<br />

Quando te vejo meu dia se ilumina<br />

Mesmo que não fale com você, te veja <strong>de</strong> longe...<br />

Às vezes penso que talvez não <strong>de</strong>vesse<br />

me sentir assim<br />

afinal nada somos além <strong>de</strong> amigos<br />

Mesmo durante nossas brinca<strong>de</strong>iras<br />

ou conversas sérias<br />

Mesmo quando ficamos nos olhando<br />

ou temos que ser só profissionais<br />

Não importa em que situações<br />

eu me sinto feliz <strong>de</strong> estar perto <strong>de</strong> você.<br />

Adoro te encabular e ver seu rosto vermelho<br />

E mesmo quando suas indiretas<br />

diretas que me calam e enfeitiçam<br />

continuo querendo estar a seu lado<br />

Mas é complicado este sentimento<br />

Muito mais platônico que qualquer outra coisa<br />

muito mais palavras e toques roubados.<br />

Talvez se a situação fosse diferente<br />

se tivéssemos nos conhecido antes (bem antes!)<br />

hoje eu po<strong>de</strong>ria almejar seu sorriso sem culpas<br />

tocar sua mão, seu rosto, sem me censurar<br />

Deixar falar mais alto minhas fantasias<br />

ao menos uma vez, um momento<br />

Não só em sonhos, na minha imaginação...<br />

Mas enquanto isso me contento <strong>de</strong> te olhar<br />

ver-te sorrindo mesmo sem que saiba<br />

o quanto seu sorriso se tornou especial para mim...”<br />

“Homenagem a um lindo amigo que viajou...<br />

- 202 -


Sabe o que dizem sobre não escon<strong>de</strong>rmos nossos sentimentos...<br />

Sermos sinceros... Abrir nossos corações...<br />

Então, isto <strong>de</strong>ve ser uma constante em nossas vidas, pois nunca<br />

vamos saber quando alguma coisa po<strong>de</strong> acontecer e nos afastar<br />

das pessoas que são importantes para nós...<br />

Não <strong>de</strong>vemos <strong>de</strong>ixar para <strong>de</strong>pois o que po<strong>de</strong>mos fazer hoje...<br />

Não <strong>de</strong>ixe o sol se pôr se houver uma <strong>de</strong>savença entre você e<br />

àquele que ama... àquele que é importante em sua vida... Não<br />

<strong>de</strong>smarque um encontro... não adie uma visita... atenda aos<br />

telefonemas, retorne os e-mails e recados... a vida é muito mais<br />

curta do que pensamos que seja... e <strong>de</strong> repente, em um domingo<br />

<strong>de</strong> sol, tudo muda e alguém em quem pensamos <strong>de</strong> manhã parte,<br />

tão <strong>de</strong> repente que ficamos atônitos e não acreditamos que isso<br />

aconteceu... As lágrimas caem, o coração se parte, mas a mente<br />

não acredita... e muitas vezes pensamos que não é verda<strong>de</strong>... que<br />

é uma brinca<strong>de</strong>ira idiota do <strong>de</strong>stino que não vai nos permitir ver<br />

ainda neste mundo, por mais uma vez, vê-lo... Então, não faça<br />

isso... aproveite cada minuto junto com àqueles que ama, que se<br />

dá bem, que são seus amigos <strong>de</strong> coração... sorriam, brinquem as<br />

brinca<strong>de</strong>iras que só vocês enten<strong>de</strong>m, façam as pazes, conversem<br />

ou fiquem em silêncio... ignorem a distância física e aproveitem...<br />

a vida é curta <strong>de</strong>mais para <strong>de</strong>ixarmos <strong>de</strong> vivê-la...<br />

Hoje, por mais uma vez, a certeza <strong>de</strong> que somos perecíveis ao<br />

tempo bateu em minha porta... um amigo lindo, com um ótimo<br />

coração e todo um futuro pela frente se foi... e resta a nós, que<br />

ficamos, sentir a falta que a ausência <strong>de</strong>le, com suas piadas,<br />

sorrisos, qualida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>feitos, <strong>de</strong>ixa nas nossas vidas... Fer, foi<br />

um prazer e uma honra te conhecer... tenho certeza que nos<br />

veremos <strong>de</strong> novo... afinal, não existe a<strong>de</strong>us... e longe é um lugar<br />

que não existe, para os que tem afinida<strong>de</strong>... (04/03/07)”<br />

- 203 -


SE SABE ME DIGA<br />

Shirlei Milane <strong>de</strong> Mello<br />

Você já sentiu ao olhar nos olhos <strong>de</strong> uma pessoa<br />

Que vocês se conhecem há muito tempo?<br />

E é quando essa noção <strong>de</strong> espaço tempo<br />

Se per<strong>de</strong> que você sente mais do que você vê<br />

Que esta pessoa é milhares <strong>de</strong> outras pessoas<br />

Em uma só e sabe que vocês dois<br />

Já viveram e morreram juntos<br />

Um milhão <strong>de</strong> vezes<br />

E talvez esta pessoa venha a te conhecer<br />

Melhor que você mesmo se conhece<br />

Você já sentiu em uma pessoa que ela muda<br />

Com cada sorriso ou olhar?<br />

E é quando muda o ângulo <strong>de</strong> visão que<br />

Se percebe que é outra pessoa <strong>de</strong>ntro da mesma<br />

Mil almas em uma só, mil seres em um só corpo...<br />

Você já passou pela agonia <strong>de</strong> querer,<br />

Ter que, precisar ficar ao lado <strong>de</strong> alguém<br />

Pela energia <strong>de</strong>ssa pessoa ou por se sentir bem<br />

Mas mesmo assim teve que ser forte<br />

Mais forte que si mesmo, se <strong>de</strong>spedir e ir em frente?<br />

Você já quis chorar por algo que não sabe o que é<br />

Sem estar triste, sem dor, mas também sem alegria?<br />

Como se concentrasse no seu ser, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> você<br />

Todos os sentimentos do mundo e soubesse<br />

Que nunca vai ter fim porque você viu, você sabe<br />

Que a alma só muda <strong>de</strong> en<strong>de</strong>reço e tempo<br />

Mas sempre continua vivendo<br />

Se você já passou por tudo isso e enten<strong>de</strong>u<br />

Me explique porque sou assim e não sei<br />

Mas preciso saber o que <strong>de</strong>vo fazer...”<br />

- 204 -


PARA VOCÊ....<br />

Shirlei Milane <strong>de</strong> Mello<br />

Pensei em escrever para você<br />

algo que passasse tudo que quero dizer<br />

mas, se eu simplesmente falasse <strong>de</strong> flores<br />

ou sons, objetos, sabores e cores<br />

eu não conseguiria, ainda assim,<br />

mesmo assim, falar <strong>de</strong> você.<br />

Não saberia te dizer o quanto<br />

o muito, que é importante para mim<br />

Não é apenas o que sinto<br />

não é só por te gostar, te ter carinho<br />

um enorme carinho<br />

Não é por estar sempre em meu coração<br />

sempre em minhas orações<br />

talvez seja somente por você ser você<br />

ou porque você existe no mundo<br />

e existe também na minha vida<br />

talvez seja pela sua doce voz<br />

seu lindo sorriso ou o brilho <strong>de</strong> seu olhar<br />

po<strong>de</strong> ser seu jeitinho meigo<br />

seu ar preocupado, responsável<br />

ou suas belas mãos<br />

mas não importa o que seja<br />

que te <strong>de</strong>ixe, te faça assim especial<br />

eu só gostaria que soubesse<br />

que eu me preocupo com você<br />

te consi<strong>de</strong>ro muito importante e único<br />

te quero sempre bem e feliz<br />

e sempre te trarei comigo, em mim<br />

mesmo quando não te veja, não te fale,<br />

mesmo se precisar estar longe,<br />

distante <strong>de</strong> meus olhos,<br />

estará sempre perto, muito perto,<br />

porque estará nos meus pensamentos,<br />

estará no meu coração... te amo...”<br />

- 205 -


TEKAJORGE<br />

São Paulo/SP – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 492 - 2006<br />

-----------------------------------------------------<br />

BIOGRAFIA:<br />

Escreve há vinte anos para revistas na área da espiritualida<strong>de</strong>.<br />

Formação superior – Professora <strong>de</strong> ensino primário. Profissional da<br />

área <strong>de</strong> comunicação trabalhou na Rádio Mulher por quatro anos.<br />

Participou <strong>de</strong> diversos programas na Rádio Mundial São Paulo. É<br />

Terapeuta holística há seis anos. (www.tekajorge.com.br)<br />

Livros publicados:<br />

Livro - O preço da liberda<strong>de</strong> –uma história <strong>de</strong> vidas passadas-<br />

Editora gente<br />

Livro - Tua fé te guiará- mensagens e orações- Editora Gente<br />

Livro – Sedução – O dom e a magia <strong>de</strong> seduzir - Editora Gente<br />

Livro - O íntimo sentido da vida - Site<br />

Ebooks:<br />

Crônicas da vida – I<br />

Crônicas da vida – II<br />

Mistérios do Encanto<br />

Participou <strong>de</strong> diversos Ensaios Poéticos.<br />

- 206 -


AH, QUEM ME DERA!<br />

TekaJorge<br />

Quem me <strong>de</strong>ra ouvir os canários a cantar no inverno<br />

Quem me <strong>de</strong>ra falar com Vila Lobos e assobiar suaves melodias<br />

Quem me <strong>de</strong>ra correr na rua em que nasci e reencontrar amigos<br />

que perdi<br />

Quem me <strong>de</strong>ra mesmo rir como eu sorria outrora junto as crianças<br />

Quem me <strong>de</strong>ra chupar cana jogada dos caminhões que passavam.<br />

Quem me <strong>de</strong>ra brincar <strong>de</strong> roda, <strong>de</strong> Ciranda e Cirandinha,<br />

Seu Francisco entrou na roda tocando seu violão<br />

pararão - pão- pão, quem vem <strong>de</strong> lá seu <strong>de</strong>legado<br />

o pai Francisco não é mole não.<br />

Quem me <strong>de</strong>ra ensinar aos pequeninos a brincar <strong>de</strong> estátua,<br />

Passar anel <strong>de</strong> mão em mão ou telefone sem fio.<br />

Quem me <strong>de</strong>ra contar aos nossos filhos e <strong>de</strong> amigos<br />

que brincar <strong>de</strong> escon<strong>de</strong>- escon<strong>de</strong> era coisa séria.<br />

Quem me <strong>de</strong>ra falar <strong>de</strong> amor incondicional e nós amarmos mais<br />

Quem me <strong>de</strong>ra abraçar aos amigos sem ninguém me maldizer.<br />

Quem me <strong>de</strong>ra ter uma varinha mágica,<br />

aquela que sonhamos em criança receber<br />

com ela juntar uma equipe <strong>de</strong> fadas multicoloridas<br />

e iluminar somente o bem querer<br />

Quem me <strong>de</strong>ra sentar com um duen<strong>de</strong><br />

ouvir e com ele apren<strong>de</strong>r as artes da vida ao anoitecer.<br />

Quem me <strong>de</strong>ra assuntar o saci - pererê para saber<br />

Mistérios do dia que se anuncia.<br />

Quem me <strong>de</strong>ra ver a mula sem cabeça sem medo e não correr.<br />

Quem me <strong>de</strong>ra apren<strong>de</strong>r com o menino do pastoreio,<br />

A linguagem das ovelhas, caminhando, assobiando encantada.<br />

Quem me <strong>de</strong>ra ouvir os car<strong>de</strong>ais alegres assobiar alegre tos..<br />

Quem me <strong>de</strong>ra multiplicar sorrisos distribuir mil beijos aos aflitos<br />

Quem me <strong>de</strong>ra soprar junto ao vento e tocar as árvores comas<br />

mãos.<br />

Quem me <strong>de</strong>ra falar do agora sem nada ter a reclamar.<br />

Quem me <strong>de</strong>ra viver cem anos, e contar histórias sem enrubescer<br />

Quem me <strong>de</strong>ra viver tudo que quero e jamais me arrepen<strong>de</strong>r.<br />

Quem me <strong>de</strong>ra beijar o coração das mães <strong>de</strong>sesperadas,<br />

Quem me <strong>de</strong>ra abraçar os doentes e abrandar a sua dor,<br />

Quem me <strong>de</strong>ra segurar as mãos dos aflitos,<br />

E ajudá-los então a recomeçar,<br />

Quem me <strong>de</strong>ra meu Deus quem me <strong>de</strong>ra<br />

- 207 -


SE FOSSE VERDADE!<br />

TekaJorge<br />

Se fosse verda<strong>de</strong> que me esperavas sairia correndo e não seria à<br />

toa<br />

E o mundo todo então a minha volta saberia sim do meu amor tão<br />

louco<br />

Imenso e farto os pássaros em bando corriam atrás comigo por<br />

encanto<br />

O farfalhar <strong>de</strong> asas me dizia corra, sem parar entanto,<br />

A lua observando tudo me ocultou seu pranto<br />

Que ao me observar per<strong>de</strong>u seu encanto.<br />

Se fosse verda<strong>de</strong> que ao amar esqueço agruras que me<br />

<strong>de</strong>spedaçam<br />

Tudo tem um brilho falso e uma nova forma estranha<br />

Que em minha alma tomam uma cor sombria<br />

Quero contar as estrelas meu amor secreto e triste<br />

Falar do meu coração palpitante e atento emu<strong>de</strong>cido pelas<br />

lagrimas.<br />

Quão inúteis esperando seu chegar distante segue meu amor<br />

constante.<br />

Desvio meu corpo cansado e minha visão parece amanhecerem<br />

Ainda bem amigo que me enten<strong>de</strong>s e meu amor não nega<br />

Quiçá ele soubesse do meu afeto tão guardado e piegas<br />

Seria rechaçada minha honra e meu ser inteiro <strong>de</strong>scoberto<br />

Mas não serei a única a contar em versos esse mal insano<br />

Que me turva os olhos e escraviza a alma<br />

- 208 -


INESQUECÍVEL DOR<br />

TekaJorge<br />

Tanta coisa durante a vida embriagou tua alma<br />

Pequena centelha <strong>de</strong>slocada e bela<br />

Nada escutastes do que te ensinaram<br />

O fim torpe assolou seu corpo<br />

Da tua face esmoreceu a cor<br />

Teus olhos cerraram para sempre.<br />

Porque me fizestes olhar os lábios teus<br />

Não sei se tu viste em teus pés <strong>de</strong>scalços<br />

A agonia <strong>de</strong> minha alma em dor<br />

Buscar em seus guardados a cor<br />

Para calçar teu corpo antes <strong>de</strong> partir<br />

Sei que nada mais te importa<br />

Cabelos <strong>de</strong>salinhados e a refazer<br />

Teu rosto inchado não <strong>de</strong>ixava ver<br />

Beleza eterna do meu bem querer<br />

Tua pele fria e sôfrega por sorver<br />

O amor eterno cansado <strong>de</strong> sofrer<br />

Tens agora um novo caminho<br />

Quem sabe verás aqueles que amaram tanto<br />

Po<strong>de</strong>rás falar com eles do teu pranto<br />

Eles contarão a ti <strong>de</strong>sse novo encanto<br />

Verás as estrelas <strong>de</strong> tão perto<br />

Contarás a elas do meu canto<br />

Saberás do todo um pouquinho<br />

Partirás para o repouso eterno<br />

Deixarás inesquecível dor<br />

- 209 -


QUALQUER HORA<br />

TekaJorge<br />

Seja em um dia que não tenha hora,<br />

Que seja cedo e venha sem <strong>de</strong>mora<br />

Ao tilintar contínuo da corrente alada<br />

Longe o som <strong>de</strong> musica assim tão <strong>de</strong>svairada<br />

Cingia o ar voraz tocando em disparada<br />

Venha cedo, mas, venha sem <strong>de</strong>mora.<br />

Não <strong>de</strong>ixe o sol partir sem ver a sua aurora<br />

Sentirás sua energia em chama dourada<br />

E por acaso gozarás da água <strong>de</strong>nsa e turva<br />

Se não chegares ao âmago da minha alma<br />

Que seja sim um dia que não tenha hora<br />

Mas que não seja em vão o <strong>de</strong>spertar <strong>de</strong> outrora<br />

Porque sem ter-te perto nada me importa agora<br />

As dores passadas vão querer embora<br />

Vamos juntos por aí afora<br />

Em um momento doce que não tenha hora<br />

Meu coração lascivo <strong>de</strong>ixa-me ansiosa<br />

Meus lábios ávidos fervem em minha aura rósea<br />

Minha pele sente sua boca ar<strong>de</strong>nte e coração oscila<br />

Viajo em ti pelo teu corpo inteiro e minha dor muda.<br />

Qualquer hora e não <strong>de</strong> qualquer jeito<br />

Que seja em um dia que não tenha hora<br />

Mas seja um tempo cheio <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo<br />

Deve ser perfeito e nada ser refeito<br />

Porta aberta <strong>de</strong> uma longa espera<br />

Amor acorda estou a tua volta<br />

Venha logo chegue amor agora<br />

Mas não marque a hora.<br />

- 210 -


ENTANTO<br />

TekaJorge<br />

Olha não me digas nunca nem quanto<br />

Jamais afaste <strong>de</strong> mim o seu encanto<br />

Se não faço falta és tu, que, entretanto,<br />

Amaste-te sim sem dúvida e entanto<br />

Tremes inteiro sem nem um acalanto.<br />

Porque cinges minha alma sôfrega<br />

Deixas em mim o furto em cunho<br />

Nada falas sem me <strong>de</strong>ixar louca<br />

Já que ostentas teu amor em punho<br />

Pois sabes que te busco on<strong>de</strong> ando.<br />

Quem sabe <strong>de</strong> mim amor insano<br />

Senão tu que conhece ao que me engano.<br />

Parte <strong>de</strong> mim sonda teu pranto,<br />

Mas, no, entanto, sofro e não te encontro.<br />

Por tu somente cresce sim meu canto<br />

Imagino on<strong>de</strong> quem sabe estás em acalanto<br />

Perto das árvores ou, não sei, portanto.<br />

Longe dos meus olhos, mas, em mim entanto.<br />

Amor espera, saiba não te <strong>de</strong>saponto.<br />

Não quero estrelas porque já não conto.<br />

Nem menos nuvens em seu céu <strong>de</strong> pranto.<br />

Mas sei não vivo sem você, no entanto.<br />

Nada <strong>de</strong> azul no céu, se não vens tanto.<br />

Adormeça a lua sem que hora, quando.<br />

Escute o canto das cigarras, baixando.<br />

Não diga nada as corujas <strong>de</strong>sertando.<br />

O que importa, se tu vens chegando.<br />

Terás a mim eu a tu, no entanto.<br />

- 211 -


MISTÉRIO DA VIDA<br />

TekaJorge<br />

Qual saborosa força em que se enleva a minha alma.<br />

Morna carícia que me envolve a solta.<br />

Não existissem eles a lhe enfeitar a vida.<br />

Sintonia colorida e bela a enfeitava toda.<br />

Cachos <strong>de</strong> manjericão contrastavam com o branco <strong>de</strong> sua face.<br />

Apressada e livre rodopiava a dançar pelo salão faceiro.<br />

A boca sensual, carnuda abre-se em sorriso zombeteira.<br />

Calada em seu vestido azul <strong>de</strong> longas saias esvoaçava a beira.<br />

Sinfonia arfada em seu peito ansioso e franco armava uma cilada.<br />

Porque não viria a ela a lhe chamar o nome e lhe sentir inteira.<br />

Acaso não enxergava sua roupa solta a lhe afagar o corpo.<br />

Já sabia <strong>de</strong> sua verda<strong>de</strong> toda sem pular pedaço.<br />

O peso <strong>de</strong> seu corpo parecia leve e a fragilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>le <strong>de</strong>ixava ver o<br />

medo.<br />

Continuava entanto mostrando seu encanto sem parar a música.<br />

Terminara tudo e todos foram embora cheios <strong>de</strong> amor inteiros.<br />

A melodia suave mudava a cor da noite que se fazia azul.<br />

Os seus passos não vacilam como outrora foram.<br />

Sabia exatamente a hora <strong>de</strong> terminar e sem tremular efêmera.<br />

Amigos queridos esperavam fora e respeitavam o seu instante<br />

agora.<br />

Nada existiria afora seu tenebroso fim ou sua <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>ira hora.<br />

Porque temiam sua <strong>de</strong>morada volta já que não tinha mais outrora.<br />

Restava a ela o brilho da verda<strong>de</strong> que acreditava hoje e sempre.<br />

Corria <strong>de</strong> alegria ao safar num entanto daquele momento tonto.<br />

Tinha que partir, sauda<strong>de</strong> já matara, e a vida se esgotara.<br />

Reviveu sua vida numa hora boa.<br />

Dançou no salão que amou tanto um dia.<br />

Vestiu seu longo azul <strong>de</strong> vestes <strong>de</strong>licadas.<br />

Abraçou a todos sem escapar <strong>de</strong> nada.<br />

Cortou todos os laços e afagos.<br />

Voltou a sua vida.<br />

Eterna vida Mágica.<br />

Mistério da Vida.<br />

Magia do Encanto.<br />

- 212 -


TOM FIGUEIREDO<br />

São Paulo/SP – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 672 - 2008<br />

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SOLIDÃO DA PEDRA<br />

“Uma educação pela pedra: por lições;<br />

para apren<strong>de</strong>r da pedra, freqüentá-la;<br />

captar sua voz inenfática, impessoal (...)”<br />

(João Cabral <strong>de</strong> Melo Neto)<br />

Sísifo há <strong>de</strong> escalar a escarpa para <strong>de</strong>rrotar a pedra no vértice da<br />

pirâmi<strong>de</strong> <strong>de</strong> palavras gravadas em pétreas escrituras a <strong>de</strong>cifrar,<br />

respirar o raro ar da altura e chegar, sentar, contemplar a obra<br />

pairada no ar e sonhar, <strong>de</strong>scansar.<br />

Mas a pedra rolante cumpre fortuna <strong>de</strong> rota basilar, retorna ao<br />

começo para a mesma história contar, a <strong>de</strong> ir e voltar e nada<br />

ensinar, a não ser mister recomeçar, retomar nos braços a pedra<br />

bruta inacabada que se recusa a acabar.<br />

Há que arfar: <strong>de</strong>safiar a barreira com pedra <strong>de</strong> tempo linear, <strong>de</strong><br />

adiante para trás, forçado a levar o pesar da raça ao seu lugar<br />

tumular, à fímbria da muralha da qual possa o herói <strong>de</strong>scortinar<br />

um <strong>de</strong>stino alar e arrancar <strong>de</strong> si o eterno tormento <strong>de</strong> ir e voltar<br />

sem nada encontrar.<br />

Mas há que voltar, revoltar, recontar: há que suar na lida <strong>de</strong><br />

carregar a pedra escarpa acima sem jamais parar, <strong>de</strong>scansar,<br />

porque diz a história <strong>de</strong> novo que sina é retornar, mãos vazias,<br />

solidão, nada a apren<strong>de</strong>r, nada a ensinar.<br />

Tom Figueiredo<br />

- 213 -


PRAÇA DO MEDO<br />

Como se <strong>de</strong>u encontrar-me contigo, azul <strong>de</strong> medo, nesta<br />

praça, com data e hora marcada para <strong>de</strong>finitivo a<strong>de</strong>us?<br />

Abrirás o alçapão on<strong>de</strong>, nu e cru, cairei sem uma reles<br />

parreira em meu tosco sexo exposto sem mais nexo com o oposto<br />

teu?<br />

A que te serve rasgar o meu hábito <strong>de</strong> núpcias, suturado a<br />

frio na pele, dia pós dia <strong>de</strong> nossas vidas comensais, sabor <strong>de</strong> sal<br />

vulvar na língua e, na tua, a minha albumina larvar?<br />

Lembras que só a ti era dado o direito <strong>de</strong> esfolar-me pelo<br />

avesso para que vestíssemos um a pele d’outro, nós em nó siamês<br />

<strong>de</strong> vez?<br />

Então como po<strong>de</strong>s agora repartir com olhos mil esse butim<br />

<strong>de</strong> mim?<br />

Será meu crime haver profanado contigo o palíndromo<br />

Roma especular amoR, sexo que faz do côncavo o convexo, do trás<br />

a frente, da singela Bela o estupor da Fera, da dor prazer e viceversa,<br />

do verso a prosa e seu reverso?<br />

Será meu castigo ter sido refém da flor carnívora <strong>de</strong> teu<br />

vértice, preso em inescapável chave <strong>de</strong> pernas, alicate fenda<br />

acicate que dará agora a última volta no parafuso vil em minha<br />

nuca servil?<br />

Tens prazer em dar o laço em meu pescoço e expor a<br />

tatuagem em meu ombro. gravada a ferro quente por tua canibal<br />

mordida recente, cravando-me na pele <strong>de</strong>ntes em <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> lua<br />

crescente?<br />

Por que o gentio espraia-se em ondas <strong>de</strong> prazer, sorrateiro<br />

tremor que me chega inteiro e arrepia-me no oco eco do tambor<br />

cadafalso?<br />

Don<strong>de</strong> virá a final chuva seminal: ejacula o corpo no vácuo<br />

ao tranco fatal ou goza o povo tão prazeroso mal?<br />

Serias capaz <strong>de</strong> ao menos soprar-me ao ouvido um doce<br />

hálito que me conforte ao cair no vórtice que traga <strong>de</strong> um só gole<br />

a morte do amor consorte?<br />

Preso teso no cordame, meu último <strong>de</strong>sejo é te enlaçar em<br />

abraço <strong>de</strong> afogado, vertigem do não mais, tuas garras <strong>de</strong> sangue<br />

drenando o meu exangue não-ser, que uma doce brisa beija e<br />

balança, hirto, no ar.<br />

Tom Figueiredo<br />

- 214 -


WANDERLEY PERES<br />

Santos/SP – Brasil<br />

Membro Efetivo AVBL – Ca<strong>de</strong>ira: 535 – 2007<br />

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ONDE CANTAM OS PÁSSAROS<br />

Wan-dhér<br />

Por que e quando cantam os pássaros<br />

Estamos todos calados em suspeito silêncio<br />

Pássaro que nos ferem em trêmulos gorjeios<br />

Nossos tristes pensamentos em fuga<br />

Tangindo sublimes recuerdos sonoros<br />

Com vestígios <strong>de</strong> caminhos percorridos<br />

Pássaros que pelas trilhas da vida<br />

Per<strong>de</strong>m suas penas <strong>de</strong> ricas plumagens<br />

Em movimentos inspirados pela dor e <strong>de</strong>sprezo<br />

Sobre rastros esquecidos pelo chão<br />

Com seus cantos líricos melodiosos e cristalinos<br />

Em um registro agudo à mais no viver<br />

Pássaros que sobrevoam ilhas, rios, praias e igarapés<br />

Que abrem suas asas aos céus ao sol e ao mar<br />

Pássaro que nasceu <strong>de</strong>signado pelo Divino<br />

Sensível <strong>de</strong> rústica beleza e sobrevoa palafitas<br />

Pássaros <strong>de</strong> moléculas livres que voam<br />

Pássaro místico que sonora nossas tristezas<br />

Pássaro particularmente invejado<br />

Sem herança sem família e <strong>de</strong>terminação<br />

Que aniquilas pretensões humanas <strong>de</strong> voar<br />

A<strong>de</strong>ntras recônditos sem pedir nada a ninguém<br />

- 215 -


Pássaro <strong>de</strong> antigo manuscrito soberbo e latente<br />

Às vezes jazem em cárceres <strong>de</strong> gaiolas douradas<br />

Pássaros <strong>de</strong> versos universalmente conquistados<br />

Que pousam em galhos sem distinção <strong>de</strong> raça<br />

Sem crença ou dogma cantam sem saberem pr’a quem<br />

Pássaros <strong>de</strong> peregrinações constantes<br />

Sem insígnias na or<strong>de</strong>m da própria natureza<br />

Pássaros <strong>de</strong> ninhos em margens nos pântanos da vida<br />

Pássaro cansado que morre sem <strong>de</strong>stoar da origem<br />

Que transpassa nuvens sombrias sem medo<br />

De porte virtuoso e acentuado sem idioma ou país<br />

Passaro ave pequena sorrateira e astuta<br />

Que cruza restingas, brejos, mares, oceanos e continentes<br />

E carregam consigo a ban<strong>de</strong>ira colorida e imagem da paz<br />

VONTADE DE POSSE<br />

Wan-dhér<br />

Mentalmente pratico a obediência<br />

No arbítrio <strong>de</strong> uma vonta<strong>de</strong> própria<br />

Em querer acariciar afagar com carinho<br />

Esse corpinho lindo e beijar-te<br />

Sussurrar em teu ouvido meus versos e <strong>de</strong>sejos<br />

Casale teus pensamentos aos meus<br />

Irmanados imigraremos ao sublime infinito<br />

Não haverão tristes vigílias em nossas madrugadas<br />

Nossos pensamentos <strong>de</strong>scansariam em nuvens brancas<br />

Em um amanhecer sereno cheio <strong>de</strong> amor<br />

Deixa-me matar essa ânsia escrava e serva <strong>de</strong> meus ímpetos<br />

Quero e <strong>de</strong>sejo-te bem junto a mim<br />

- 216 -


Procure amenizar este insuportável sofrimento<br />

Deixa-me sentir o perfume <strong>de</strong> tua pele rosada<br />

E o latejar <strong>de</strong> teus seios em meu corpo agitado<br />

Neste êxtase maluco quase <strong>de</strong>scomunal<br />

Meus sentidos revelam a mais expressiva e difícil palavra<br />

Em manter tua imagem no andor <strong>de</strong> meu silêncio<br />

Entre os brilhos resplan<strong>de</strong>centes no fulgir das constelações<br />

Com teu vestido negro como a noite coberto <strong>de</strong> estrelas<br />

Ah! Se eu pu<strong>de</strong>sse dizer-te o que sinto<br />

Quando <strong>de</strong>ito sonho contigo mais uma vez<br />

O tempo parece querer parar em algum lugar<br />

Imagino estar fixando meus olhos a distância<br />

Em teus lábios sorri<strong>de</strong>ntes acolhendo minhas fantasias e luxuria<br />

Quero saciar esse imenso prazer ao teu gosto<br />

Unir nossa cobiça como se fora um último <strong>de</strong>sejo<br />

Impulsionado pela razão do sentimento<br />

Incitado por tua beleza corpo esbelto e <strong>de</strong>sejado<br />

Quero te sentir entre ramos e flores perfumadas<br />

Meu Bem-querente tudo em ti me fascina mulher<br />

Teu semblante sereno <strong>de</strong>monstra a glória <strong>de</strong> tuas conquistas<br />

Tens sob o vestido nobre obra da natureza que criou tuas curvas<br />

Minha vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> posse é uma sublime esperança<br />

E ser contigo querido afortunado amado e feliz<br />

- 217 -


ÍNDICE<br />

REGISTRO DE UMA NOVA ÉPOCA LITERÁRIA 03<br />

APRESENTAÇÃO: David Lorenzon Ferreira 04<br />

INTRODUÇÃO: “ODE AO CYBERPOETA” - Aníbal Beça 05<br />

PREFÁCIO: Luiz Poeta – Luiz Gilberto <strong>de</strong> Barros 07<br />

Ana Paula Corrêa 08<br />

Ana Suely Pinho Lopes 11<br />

Arlete Maria 13<br />

Aurea Pinto <strong>de</strong> Miranda 16<br />

Carlos Roberto Fernan<strong>de</strong>s 19<br />

Carmen Ortiz Cristal 24<br />

Cássia Vicente 31<br />

Clélio Costa Carreira 36<br />

Dária Farion 39<br />

Diógenes Pereira <strong>de</strong> Araújo 42<br />

Elio Eugenio Muller 45<br />

Erasmo Shallkytton 46<br />

Fátima Cardoso 48<br />

Fátima Paraguassú 53<br />

Gerson F. Filho 56<br />

Ibernise Maria 62<br />

Isaura Fernan<strong>de</strong>s 67<br />

João Carlos Ferreira Almeida (Rother) 70<br />

João Sevivas 77<br />

Joaquina Fernan<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Oliveira 80<br />

Jorge Humberto 83<br />

José Carlos Silva Primaz 86<br />

José George Moura Alves (Joe’A) 92<br />

Jussara Fuentes Lindote 99<br />

Lara Cardoso 102<br />

Leni Chiarello Ziliotto 104<br />

Ligia Scholze Borges Tomarchio 107<br />

Luiz Gilberto <strong>de</strong> Barros (Luiz Poeta) 110<br />

M. Flores (Millie) 117<br />

Margot <strong>de</strong> Freitas Santos 124<br />

Maria Inês Simões 129<br />

Maria Inez Fontes Ricco (Mifori 134<br />

Maria Zélia Nicolodi 137<br />

Nanci R. Faria 139<br />

Ney<strong>de</strong> Noronha 141<br />

O<strong>de</strong>te Ronchi Baltazar 145<br />

Pedro Arturo Padilla 148<br />

- 218 -


Pedro Valdoy 155<br />

Pilar Casagran<strong>de</strong> 162<br />

Pinhal Dias 165<br />

Rita <strong>de</strong> Cássia Ferreira Ma<strong>de</strong>ira 168<br />

Rivkah Cohen 171<br />

Rozelene Furtado <strong>de</strong> Lima 176<br />

Ruben Alves Vieira 179<br />

Salete Cardozo Cochinsky 184<br />

Salvador Prantera Junior 189<br />

Sarah Rodrigues 195<br />

Shirlei Milane <strong>de</strong> Mello 199<br />

TekaJorge 206<br />

Tom Figueiredo 213<br />

Wan<strong>de</strong>rley Peres 215<br />

ÍNDICE 218<br />

INFORMAÇÕES 220<br />

- 219 -


TÍTULO: 3ª ANTOLOGIA<br />

Poética Literária<br />

Edição histórica - AVBL<br />

220 páginas<br />

AUTORES<br />

AVBL – <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Virtual</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Letras<br />

www.avbl.com.br - avbl@avbl.com.br<br />

IDEALIZAÇÃO E COORDENAÇÃO<br />

Maria Inês Simões<br />

REVISÃO E RESPONSABILIDADES<br />

O autor é responsável direto<br />

pelos seus textos enviados,<br />

bem como pela revisão dos mesmos.<br />

ASSESSORIA<br />

Ruth Lara Godoy<br />

EDITORA AVBL<br />

www.avbl.com.br<br />

www.ebooks.avbl.com.br<br />

www.virtualismo.avbl.com.br<br />

www.editora.avbl.com.br<br />

e-mail: editora@avbl.com.br<br />

Copyright © - 2008<br />

AVBL – <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Virtual</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Letras<br />

Direitos reservados segundo legislação em vigor<br />

Proibida a reprodução total ou parcial<br />

sem a autorização dos autores.<br />

ISBN: 978-85-98219-23-3<br />

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