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Livro em PDF - Racionalismo Cristão

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CAPA


Pompeu Lustosa de Aquino Cantarelli<br />

Saber Viver<br />

Lições de uma longa vida<br />

2 a edição<br />

Centro Redentor<br />

Rio de Janeiro<br />

2003


© Centro Redentor, 2003<br />

Cantarelli, Pompeu Lustosa de Aquino<br />

Saber viver. – 2 a ed. – Rio de Janeiro: Centro<br />

Redentor, 2003<br />

ISBN<br />

Endereço para correspondência<br />

Espiritualismo: Filosofia<br />

Centro Redentor<br />

Rua Jorge Rudge, 119 – Vila Isabel<br />

Rio de Janeiro – RJ - Brasil<br />

CEP 20550-220<br />

Internet<br />

www.racionalismo-cristao.org.br<br />

CDD – 133.9<br />

CDU – 141.35


Pompeu Lustosa de Aquino Cantarelli


SUMÁRIO<br />

Apresentação .............................................................................................................................7<br />

Prefácio......................................................................................................................................8<br />

Transmigração do espírito.......................................................................................................11<br />

Discorrendo sobre nutrição .....................................................................................................14<br />

Afinidade e evolução dos seres ...............................................................................................16<br />

Preconceitos ............................................................................................................................18<br />

Ex<strong>em</strong>plos do passado ..............................................................................................................19<br />

Um povo forçado à guerra.......................................................................................................23<br />

A personalidade de Antonio Cottas.........................................................................................24<br />

Rio de Janeiro..........................................................................................................................25<br />

Palestra na Associação Antialcoólica de São Paulo................................................................26<br />

Degradação moral ...................................................................................................................29<br />

Ser racionalista cristão ............................................................................................................31<br />

Ainda sobre alimentação .........................................................................................................32<br />

Tabagismo, suicídio lento .......................................................................................................35<br />

Intolerância, atavismo tribal....................................................................................................37<br />

Companheiros inseparáveis.....................................................................................................39<br />

Medo, flagelo da humanidade .................................................................................................41<br />

No torvelinho das paixões.......................................................................................................44<br />

Concepções de vida.................................................................................................................45<br />

Importância do estímulo..........................................................................................................48<br />

Educação racional ...................................................................................................................49<br />

Juventude nova-era..................................................................................................................50<br />

Mais técnicos, menos doutores ...............................................................................................52<br />

Combate à pornografia............................................................................................................54<br />

Um hom<strong>em</strong> que viu a morte de perto......................................................................................56<br />

Glorificando a beleza e a eternidade da vida ..........................................................................58<br />

Poluição mental.......................................................................................................................60<br />

Saber querer é poder................................................................................................................62<br />

As quatro fases da vida............................................................................................................63<br />

Parcimônia...............................................................................................................................64<br />

Pela verdade ............................................................................................................................66<br />

<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> ..............................................................................................................68<br />

Carta a um amigo ....................................................................................................................70<br />

Juiz de Direito mais velho do Brasil .......................................................................................72<br />

Despedidas ao CORPM...........................................................................................................74<br />

Carta a um velho amigo (1).....................................................................................................75<br />

Carta ao mano Pompílio..........................................................................................................77<br />

Carta a um velho amigo (2).....................................................................................................78<br />

Os dez itens da minha vida......................................................................................................81<br />

Carta ao poeta e escritos Urbano Lopes da Silva....................................................................82<br />

R<strong>em</strong>iniscências........................................................................................................................88<br />

Sinfonia do Universo...............................................................................................................90<br />

Renascer, moralmente .............................................................................................................92<br />

Racionalização do trabalho .....................................................................................................96<br />

Alvorada no sertão ..................................................................................................................97<br />

Defendamos a Natureza ..........................................................................................................98<br />

O planeta dos homens .............................................................................................................99


Churchill, cidadão do mundo ................................................................................................103<br />

Campos Salles, estadista notável...........................................................................................105<br />

O valor do pensamento..........................................................................................................109<br />

Descartes e Luiz de Mattos ...................................................................................................110


APRESENTAÇÃO<br />

“Assim como o t<strong>em</strong>po avançou no calendário e o flamboaiã floriu e refloriu nas<br />

primaveras do Sítio Santa Maria, <strong>em</strong> Parnamirim, Estado de Pernambuco”, nos idos da sua<br />

meninice, os anos passam e nos mostram o autor de Saber viver, Pompeu Cantarelli, no pleno<br />

vigor físico e com a lucidez daqueles que primam por uma conduta irrepreensível.<br />

Às vésperas do centenário do seu nascimento, que, <strong>em</strong>ocionados, com<strong>em</strong>orar<strong>em</strong>os <strong>em</strong><br />

2004, dev<strong>em</strong>os refletir sobre a lição de vida que Pompeu Cantarelli nos oferece <strong>em</strong> seus<br />

textos, porque neles estão delineados os caminhos apontados pela Doutrina Racionalista<br />

Cristã para saber viver — disciplina, trabalho e vontade — e, assim, prolongar a vida física,<br />

aproveitando ao máximo a encarnação, como o autor nos ensina.<br />

Sigamos o seu ex<strong>em</strong>plo de hom<strong>em</strong> digno, leal, amigo e desprendido das coisas<br />

materiais, qualidades que s<strong>em</strong>pre acompanham espíritos que já acumulam sabedoria adquirida<br />

<strong>em</strong> várias existências, como Pompeu Lustosa de Aquino Cantarelli.<br />

O Editor


PREFÁCIO<br />

O autor deste livro, nosso estimado Pompeu Lustosa de Aquino Cantarelli, foi alvo de<br />

merecida homenag<strong>em</strong> prestada pelos companheiros da Filial do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> de São<br />

Paulo <strong>em</strong> com<strong>em</strong>oração ao seu aniversário, transcorrido <strong>em</strong> 31 de agosto de 1994, quando<br />

completou noventa anos!<br />

Linda e admirável idade! Façamos por seguir as pegadas dessa existência.<br />

Essas palavras, entre aspas, são de Antonio Cottas, referindo-se a um grande amigo de<br />

Pompeu Cantarelli, Dr. Joaquim Crispiniano Coelho Brandão, quando este completou, <strong>em</strong> 30<br />

de agosto de 1975, c<strong>em</strong> anos de idade! O elogio de Antonio Cottas ao então centenário Dr.<br />

Coelho Brandão cabe agora, com inteira justiça, ao nosso querido nonagenário Pompeu<br />

Cantarelli. Estimulado pelas palavras de Antonio Cottas, que s<strong>em</strong>pre foi seu maior amigo e<br />

incentivador, nosso venerando companheiro há de prolongar por muito t<strong>em</strong>po ainda sua<br />

existência física, para alegria de seus familiares, de seus amigos, dos militantes da Casa<br />

Racionalista Cristã de São Paulo e dos racionalistas cristãos <strong>em</strong> geral. Disso t<strong>em</strong>os certeza, tal<br />

a disposição física e a fortaleza de ânimo desse jov<strong>em</strong> aos noventa anos, s<strong>em</strong>pre ativo, lúcido<br />

e disposto no exercício de suas funções de Diretor-Secretário da Filial de São Paulo.<br />

Este prefácio, focalizando a personalidade de Pompeu Cantarelli, foi concebido, diga-se,<br />

a b<strong>em</strong> da verdade, à revelia do autor do livro, por conhecermos sua índole avessa, por natural<br />

modéstia, a homenagens e elogios. Sentimo-nos, porém, no dever de fazê-lo, levando <strong>em</strong><br />

conta que os ex<strong>em</strong>plos edificantes precisam ser registrados e assinalados, para que sirvam de<br />

modelo e de estímulo à geração presente e aos vindouros, seus e nossos continuadores, e<br />

estes, seguindo as pegadas dessa existência dedicada à família, aos bons costumes e à Causa<br />

racionalista cristã, aprendam, mais que uma lição, uma filosofia de vida.<br />

* * *<br />

Às vinte e três horas do dia 31 de agosto de 1904, no sítio Santa Maria, que dista apenas<br />

um quilômetro da cidade de Parnamirim, na época denominada Leopoldina, Estado de<br />

Pernambuco, nascia uma criança a qu<strong>em</strong> deram o nome de Pompeu, <strong>em</strong> homenag<strong>em</strong> ao avô<br />

paterno, que se chamava Pompeu Cantarelli, sendo os pais do menino Antônio Lustosa<br />

Cantarelli e Ascendina Aquino. Desde garoto encarava a vida com seriedade e sensatez,<br />

motivo por que era chamado de menino-hom<strong>em</strong>. Ainda b<strong>em</strong> jov<strong>em</strong> tornou-se livre-pensador,<br />

amigo da verdade, da justiça e da razão. 1<br />

Eis aí, <strong>em</strong> rápidas palavras, um retrato significativo da meninice e da juventude de<br />

Pompeu Cantarelli.<br />

Em 1920, transferiu-se para a vizinha cidade de Cabrobó e, <strong>em</strong> 1924, com vinte anos de<br />

idade, estava residindo no Recife. Aí viveu quatro anos trabalhando na Drogaria e Farmácia<br />

Conceição e, depois, na Farmácia dos Pobres. À noite, estudava, após o expediente de<br />

trabalho, que se estendia até as vinte horas.<br />

Em sua estada na capital pernambucana, freqüentava a casa do ex-governador do Estado,<br />

Dr. Manuel Pereira Borba, e a do então deputado federal Dr. Agamenom Magalhães, que<br />

1 Extraído do folheto impresso por ocasião da homenag<strong>em</strong> prestada no aniversário do autor.


posteriormente viria a ser também governador. Nesse período, travou conhecimento, ainda,<br />

com vários chefes políticos do sertão.<br />

Desejando conhecer as plagas mais ao sul do país, chegou, <strong>em</strong> janeiro de 1929, a São<br />

Paulo. Dois meses depois, ingressava na Farmácia do Hospital Militar da Força Pública do<br />

Estado (hoje Polícia Militar), como civil contratado. Em janeiro de 1930, tirou o título de<br />

oficial de farmácia, mediante exames de habilitação, sendo, dois anos depois, militarizado<br />

com a graduação de sargento-ajudante. Tendo servido essa instituição durante vinte e cinco<br />

anos, passou, <strong>em</strong> 1954, para a reserva, no posto de capitão.<br />

Já <strong>em</strong> 1929, ano de sua chegada a São Paulo, Pompeu Cantarelli passou a freqüentar a<br />

teosofia, tornando-se também vegetariano, por indução dessa sociedade espiritualista e<br />

filosófica.<br />

Casou-se <strong>em</strong> 1934 com dona Alzira de Vecchia. Desse consórcio nasceram três filhas:<br />

Guiomar, Ascendina (ambas falecidas) e Amália, casada com o Dr. Lecy Ribas Camargo.<br />

Em 1937, conheceu o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, desligando-se, conseqüent<strong>em</strong>ente, da<br />

Sociedade Teosófica e passando a freqüentar as sessões públicas de limpeza psíquica da Casa<br />

Racionalista Cristã de São Paulo, que na época funcionava na Rua Francisca Júlia, Alto de<br />

Santana. Em 1954, aposentado na Polícia Militar, pôde inscrever-se como militante da<br />

Doutrina, na Filial de São Paulo.<br />

O ano de 1955 também marcou a vida do autor. Foi quando conheceu o Presidente<br />

Perpétuo do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, Antonio do Nascimento Cottas, de qu<strong>em</strong> se tornou amigo<br />

e pessoa de sua confiança.<br />

Conhecedor do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> há quase sessenta anos e militante há mais de<br />

quarenta, Pompeu Cantarelli integrou-se de corpo e alma nessa Doutrina. Uma vez inscrito na<br />

militância do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, distinguiu-se s<strong>em</strong>pre pela constância e pela assiduidade,<br />

comparecendo às sessões públicas de limpeza psíquica e às sessões particulares.<br />

A partir de l962 passou a ocupar o cargo de Diretor-Tesoureiro da Filial de São Paulo,<br />

por indicação de Antonio Cottas e de acordo com os saudosos amigos Antônio de Ornellas<br />

Flor e Humberto Romanelli, então Presidente e Diretor-Secretário, respectivamente.<br />

Caracterizou-se, no des<strong>em</strong>penho desse cargo, por sua austeridade e rigor na administração das<br />

finanças e do patrimônio do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>.<br />

Com a desencarnação imprevista do inesquecível amigo Humberto Romanelli, <strong>em</strong> 1982,<br />

assumiu as funções de Diretor-Secretário, também por indicação de Antonio Cottas. Quando<br />

ainda Diretor-Tesoureiro, chegou a acumular as atividades de Diretor-Procurador e<br />

Encarregado de Salão, nas sessões públicas de limpeza psíquica. Acrescente-se que, desde a<br />

época <strong>em</strong> que conheceu Antonio Cottas, este passou a convidar Pompeu Cantarelli para<br />

auxiliá-lo nas inaugurações de Casas Racionalistas Cristãs <strong>em</strong> várias partes do Brasil,<br />

nomeando-o também repórter e representante do jornal A Razão nessas solenidades<br />

inaugurativas.<br />

Como jornalista, tornou-se assíduo colaborador desse órgão de comunicação da<br />

Doutrina, constituindo muitas das colaborações boa parte do conteúdo deste livro.<br />

Pompeu Cantarelli e Humberto Romanelli foram dois dos diretores da Filial de São<br />

Paulo de mais destacada atuação com que pôde contar o Presidente Antônio Flor,<br />

principalmente na construção da monumental sede própria do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> <strong>em</strong> São<br />

Paulo. Foi, como se sabe, uma etapa de grandes lutas e sofrimento. Mas que, afinal, valeram a<br />

pena, pois culminaram com o pleno sucesso do <strong>em</strong>preendimento, concretizado na<br />

inesquecível festa da inauguração do edifício, <strong>em</strong> 25 de nov<strong>em</strong>bro de 1973, presidida por<br />

Antonio Cottas.


Em sua vida relacionada com a Doutrina, uma das maiores alegrias de Pompeu<br />

Cantarelli, segundo ele, foi ter merecido a inteira confiança e a amizade de Antonio Cottas, e<br />

disso o Presidente Perpétuo deu provas cabais durante a construção do novo edifício-sede do<br />

<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> no bairro de Santana da capital paulista. O autor l<strong>em</strong>bra com saudade as<br />

inaugurações de Casas Racionalistas Cristãs. Antonio Cottas lhe escrevia, então, dizendo:<br />

Você está convocado, <strong>em</strong> nome da Casa Chefe, para ir a tal lugar, a fim de fazer a<br />

reportag<strong>em</strong> para o jornal A Razão e organizar a cerimônia inaugurativa.<br />

Tenho <strong>em</strong> meu arquivo inúmeras cartas que me enviou o Presidente Cottas, e as guardo<br />

como num relicário do grande hom<strong>em</strong> que consolidou o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, confidencia<br />

Pompeu Cantarelli.<br />

É também com saudade que o autor evoca as figuras de Antônio Flor e Humberto<br />

Romanelli, pela grande amizade e o ótimo relacionamento que s<strong>em</strong>pre houve entre eles.<br />

Antônio Flor costumava dizer que Humberto e Pompeu eram os seus braços na Filial de São<br />

Paulo. Mas nunca falava qu<strong>em</strong> era o braço direito...<br />

Na qualidade de amigos de Pompeu Cantarelli, os companheiros das Filiais de Santana e<br />

do Butantã, na capital paulista, tomaram a iniciativa de reunir neste livro sua produção<br />

literária esparsa <strong>em</strong> artigos no jornal A Razão e, mais recent<strong>em</strong>ente, na revista A Razão, de<br />

Portugal. Sua produção não se limita apenas ao jornalismo. Há diversos trabalhos do autor<br />

fazendo parte de livros editados pelo <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>. Além do mais, Pompeu<br />

Cantarelli, como é do conhecimento de muitos, é também poeta de generosa inspiração.<br />

Tendo <strong>em</strong> conta a excelência dos seus escritos, versando variados assuntos, de cunho<br />

moral, educativo e cultural, achamos que deveríamos dar a esses trabalhos uma difusão mais<br />

ampla, com a publicação da presente obra, consignando nesta iniciativa a homenag<strong>em</strong> afetiva<br />

e sincera dos seus amigos e admiradores.<br />

Hom<strong>em</strong> de cultura e brilhantes dotes de inteligência, teve o nosso Pompeu Cantarelli a<br />

ventura de privar da amizade do “Príncipe dos Poetas Brasileiros”, Guilherme de Almeida,<br />

conhecido e amado por paulistas e tantos brasileiros mais, pela simpatia irradiante de sua<br />

personalidade e pelo incomparável lirismo que sua alma de artista deixou extravasar <strong>em</strong> sua<br />

obra poética.<br />

Foi no convívio com esse imortal da Acad<strong>em</strong>ia Brasileira de Letras que Pompeu<br />

Cantarelli recebeu valiosas lições na arte de versejar, <strong>em</strong> que, aliás, se tornou exímio, como se<br />

verifica pela leitura de suas castigadas e fluentes estrofes.<br />

Há quase trinta anos, o escriba que está alinhavando este prefácio teve seu primeiro<br />

contato com a poesia do mestre Cantarelli, antes de ter o prazer de conhecê-lo pessoalmente.<br />

Esse primeiro contato deu-se <strong>em</strong> 1970, <strong>em</strong> Campinas, interior do Estado de São Paulo, num<br />

modesto barracão nos fundos da residência do Dr. Augusto Gomes, de saudosa m<strong>em</strong>ória.<br />

Funcionava ali o Filiado local do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, presidido pelo Dr. Augusto. Foi ele<br />

qu<strong>em</strong> me proporcionou a oportunidade de ler um po<strong>em</strong>a de Pompeu Cantarelli que definia,<br />

<strong>em</strong> linhas gerais, a Doutrina Racionalista Cristã e sua nobre finalidade. Naquele ano estava<br />

iniciando-me nessa Doutrina, sob a orientação amiga do Dr. Augusto. Assim, esse po<strong>em</strong>a faz<br />

parte das gratas recordações que guardo daqueles dias particularmente felizes da minha vida.<br />

José Alves Martins, Jornalista, São Paulo/1975


TRANSMIGRAÇÃO DO ESPÍRITO<br />

Não é razoável e lógico pensarmos que o planeta Terra seja o único no Universo<br />

habitado por seres inteligentes, porque se o fosse os seus habitantes seriam mais perfeitos, e<br />

existiriam, aqui, mais sabedoria e justiça, maior esclarecimento do porquê das coisas, mais<br />

harmonia e melhor compreensão da vida psíquica. Entretanto, pelo que observamos e<br />

sentimos, a nossa pequenina e humilde Terra é apenas um mundo-escola ou planeta<br />

acrisolador, para onde se dirig<strong>em</strong> as almas necessitadas dos conhecimentos indispensáveis à<br />

conquista de esferas mais elevadas. É pela sucessão de vidas que elas passam a estagiar ou<br />

viver <strong>em</strong> outros planos mais evoluídos do que o mundo <strong>em</strong> que vêm estagiando e, assim,<br />

pod<strong>em</strong> trabalhar com mais onisciência e integração no progresso universal, do qual todas são<br />

artífices na maravilhosa e inacabável obra da Criação.<br />

ESCOLA<br />

Os habitantes dos inumeráveis mundos das incontáveis galáxias, que se movimentam no<br />

infinito, terão, naturalmente, corpos apropriados à atmosfera e aos estado evolutivo de cada<br />

planeta.<br />

O mundo Terra não é o alfa n<strong>em</strong> o ômega da nossa existência real; ele nos serve apenas<br />

de escola, para que, pelo saber, pelos sofrimentos morais, pelas dores físicas e pelo esforço<br />

próprio, possamos voltar à vida extraterrena com o cabedal que conquistamos com grandes<br />

lutas.<br />

A pluralidade das existências é uma lei incontestável, de acordo com a história e a<br />

própria ciência, que nos v<strong>em</strong> mostrando experimentalmente essa realidade.<br />

Platão denominou-a de metensomatose, e outros filósofos espiritualistas, de<br />

met<strong>em</strong>psicose, palingenesia, transmigração ou simplesmente de reencarnação dos espíritos. A<br />

reencarnação é apenas um desdobramento da nossa vida psíquica aqui na Terra, <strong>em</strong><br />

sucessivas mudanças de corpos carnais, que são simples veículos das nossas almas na<br />

trajetória evolutiva que encetamos para resgatar faltas. Assim, adquirimos condições de<br />

ascender a outros planos mais elevados e diáfanos na escala da espiritualidade universal.<br />

Porque ninguém o conseguirá s<strong>em</strong> primeiro lutar, sofrer, sentir a vida na sua complexidade e<br />

lapidar as suas imperfeições.<br />

IMPARCIALIDADE E JUSTIÇA<br />

A doutrina reencarnacionista nos d<strong>em</strong>onstra racionalmente como se processa com<br />

equanimidade e justiça o evolver do espírito.<br />

As reencarnações enrijec<strong>em</strong> nossa personalidade e nos dão ensejo, pelo livre-arbítrio,<br />

de agirmos com plena liberdade na tessitura dos nossos atos e na efetivação dos nossos<br />

desejos. Com efeito, é pelos renascimentos que corrigimos as nossas faltas presentes e<br />

passadas e aperfeiçoamos nossa maneira de pensar e agir, dissipando do nosso eu a<br />

materialidade que o obscurece.<br />

A reencarnação é a lei da justiça e do amor, porque proporciona a todos os seres, s<strong>em</strong><br />

discriminação, as mesmas oportunidades, as mesmas vantagens e o mesmo roteiro na senda<br />

da evolução. Perante essa lei não há privilegiados, não há protegidos n<strong>em</strong> predestinados;<br />

todos enfrentam lutas, sofrimentos, experiências, aprendizagens e alcançam o discernimento


do que sentimos, v<strong>em</strong>os e observamos na escala da vida terrenal, cujos ensinamentos<br />

adquiridos e postos <strong>em</strong> ação nos elevam a categorias superiores na escala evolutiva. Assim,<br />

de encarnação <strong>em</strong> encarnação, de mundo <strong>em</strong> mundo, de esfera <strong>em</strong> esfera, vamos ascendendo<br />

para o Grande Foco, nossa fonte de orig<strong>em</strong>.<br />

A teoria da criação da alma para uma só existência humana d<strong>em</strong>onstraria não haver<br />

justiça e bondade por parte do Criador, tendo <strong>em</strong> vista existir<strong>em</strong> criaturas dotadas de grande<br />

inteligência, de vivacidade, de alegria, que gozam relativo b<strong>em</strong>-estar, ao passo que outras são<br />

infelizes, imponderadas, impertinentes, materialistas e revoltadas com a própria vida.<br />

Ora, como o planeta Terra é um mundo depurador, v<strong>em</strong>os nos renascimentos o cadinho<br />

que purifica e dá igualdade a todas as almas, dentro dos fatores t<strong>em</strong>po, oportunidade e esforço<br />

próprio.<br />

Não encontramos razões, segundo as quais a Inteligência Universal criaria almas para<br />

acionar<strong>em</strong> seus corpos carnais por alguns instantes, e outras para ter<strong>em</strong> uma vida de atrozes<br />

sofrimentos, numa só encarnação, o que revelaria injustiça e parcialidade na distribuição dos<br />

bens universais.<br />

As leis da Criação não proteg<strong>em</strong> n<strong>em</strong> persegu<strong>em</strong> ninguém; foram, sim, estabelecidas para<br />

equilíbrio do Todo e, conseqüent<strong>em</strong>ente, para benefício da Coletividade Universal.<br />

DESDE REMOTAS ERAS<br />

Diz a insigne doutora Ana Besant:<br />

A reencarnação restitui a justiça ao Criador e o poder ao hom<strong>em</strong>. Cada espírito<br />

humano inicia a série de suas vidas como mero germe, falto de conhecimentos, de<br />

discernimento e de consciência. Pelas experiências de prazer e de dor, reúne os materiais<br />

com que vai construindo as suas faculdades intelectuais e morais. O selvag<strong>em</strong> de hoje é o<br />

santo de amanhã; todos segu<strong>em</strong> um caminho idêntico e todos alcançarão o termo da<br />

evolução humana.<br />

Desde as mais r<strong>em</strong>otas eras, os cultores da sabedoria espiritualista difundiam o conceito<br />

da reencarnação, e isso é confirmado nos estudos históricos de Confúcio. Além de Confúcio,<br />

Cristo, Buda, Krishna, Platão, Pitágoras, Sócrates, Hermes, Orfeu e muitos outros filósofos e<br />

doutrinadores espiritualistas trataram da transmigração dos espíritos.<br />

O conceito da reencarnação nos v<strong>em</strong> também da velha e lendária Índia, por intermédio<br />

dos brâmanes, o qual se transportou para a China e o Japão.<br />

Os egípcios, os gregos, os persas, os romanos e outros povos da Antiguidade já<br />

admitiam a palingenesia.<br />

No século dezesseis, Giordano Bruno difundiu essa idéia, que foi aceita por Leibniz e<br />

outros. Em 1857, Hippolyte Léon Denizard Rivail, conhecido como Allan Kardec, divulgou<br />

amplamente o assunto.<br />

LUIZ DE MATTOS<br />

Daí <strong>em</strong> diante, a doutrina reencarnacionista se alastrou por vários países. No Brasil, foi<br />

difundida pelo espiritismo, pela teosofia, pela Comunhão de Pensamentos, pelo grande<br />

doutrinador espiritualista Luiz de Mattos (Codificador do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>), desde 1910,<br />

pelos médicos Antônio Pinheiro Guedes, Alberto Seabra, Visconde de Sabóia e outros<br />

estudiosos do espiritualismo.


O Capitão-Aviador Felino Alves de Jesus, de saudosa m<strong>em</strong>ória, escreveu o interessante<br />

livro Trajetória evolutiva, que trata científica e inteligent<strong>em</strong>ente da questão reencarnacionista.<br />

REMINISCÊNCIAS<br />

A história da humanidade registra numerosos casos de r<strong>em</strong>iniscências de vidas<br />

passadas, ocorridos com grandes homens como Lamartine, Méry e muitos outros.<br />

Sentimos, às vezes, grande simpatia por um país, por uma cidade, por um povo ou por<br />

determinadas pessoas. Isso é uma d<strong>em</strong>onstração de que <strong>em</strong> outras existências viv<strong>em</strong>os<br />

naquele lugar, entre criaturas que agora nos causam afeição, certamente por laços de<br />

afinidade.<br />

Pessoas há que se sent<strong>em</strong> alegres e comovidas ao chegar<strong>em</strong> pela primeira vez a uma<br />

localidade, onde tudo lhes parece íntimo e familiar, s<strong>em</strong> nunca ter<strong>em</strong> conhecido esse lugar,<br />

n<strong>em</strong> mesmo ter<strong>em</strong> ouvido ou lido qualquer descrição a respeito de dito lugar, que agora lhes<br />

desperta tão agradável simpatia, parecendo sentir, ali, evocações de algo que de algum modo<br />

reconhec<strong>em</strong>.<br />

Houve, <strong>em</strong> tais circunstâncias, o despertar da m<strong>em</strong>ória espiritual. Nela todos os<br />

acontecimentos passados <strong>em</strong> outras existências foram registrados, e alguns deles afloram<br />

como pálidas r<strong>em</strong>iniscências.<br />

PRECONCEITO E GÊNIO<br />

A precocidade é o despertar antecipado das faculdades latentes, acumuladas <strong>em</strong><br />

existências passadas; o gênio é o cultivo e o aprimoramento contínuo de certas qualidades<br />

intelectuais e morais, que não se interromp<strong>em</strong> com a chamada morte. O espírito é o<br />

depositário de tais faculdades e não o cérebro humano, que, por si mesmo, não pensa, não<br />

raciocina e não decide, porque é apenas transmissor e receptor das vibrações psíquicas.<br />

PROVAS CIENTÍFICAS<br />

Há, portanto, incontestáveis provas, observações experimentais e test<strong>em</strong>unhos verídicos<br />

que mostram racional e cientificamente a reencarnação da alma, o que a miopia materialista<br />

de muita gente condena e repele, s<strong>em</strong> um estudo criterioso, s<strong>em</strong> conhecimento de causa.<br />

Como seres pensantes que somos, dotados de raciocínio, inteligência e livre-arbítrio,<br />

dev<strong>em</strong>os investigar, analisar e deduzir com discernimento e ponderação sobre o porquê das<br />

coisas.<br />

Se, <strong>em</strong> nossas investigações metafísicas, encontrarmos a Verdade, não dev<strong>em</strong>os ocultála<br />

ou alterá-la, sob a influência de preconceitos, quaisquer que sejam, porque, fazendo-o,<br />

d<strong>em</strong>onstrar<strong>em</strong>os incoerência e falta de sinceridade <strong>em</strong> nossas convicções.<br />

A Doutrina Racionalista Cristã explana de forma admirável e objetiva conhecimentos<br />

sobre a vida psíquica, editando um livro intitulado A vida fora da matéria, com gravuras<br />

policromáticas, que ilustram o que é asseverado nessa magnífica obra pioneira, senão única<br />

no mundo. A obra <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> traz um manancial de ensinamentos sobre a<br />

reencarnação e os deveres, os atributos e a evolução da alma, nos planos físico e espiritual.


DISCORRENDO SOBRE NUTRIÇÃO<br />

Os corpos dos seres vivos, ou seja, as plantas e os animais, são formados por um<br />

agregado de el<strong>em</strong>entos pequeníssimos denominados células.<br />

Há seres monocelulares, constituídos de uma única célula, chamada protofita, se do<br />

reino vegetal, e protozoária, quando do reino animal.<br />

Os seres compostos de muitas células são chamados metafitas, se pertenc<strong>em</strong> ao reino<br />

vegetal, e metazoários, se do reino animal.<br />

O hom<strong>em</strong>, como metazoário que é, t<strong>em</strong> o corpo formado por aproximadamente c<strong>em</strong><br />

quatrilhões de células, as quais se reduz<strong>em</strong> a quatro propriedades biológicas: nutrição,<br />

reprodução, sensibilidade e movimento.<br />

É pela nutrição que as células retiram do meio exterior os alimentos, como oxigênio,<br />

água, substâncias minerais, proteínas, substâncias orgânicas, vitaminas, etc.<br />

Introduzidos os alimentos no seu meio, as células os transformam <strong>em</strong> protoplasma, a<br />

fim de que lhes seja possível não só reparar as próprias perdas como ainda crescer ou<br />

reproduzir-se e, por outro lado, pelo trabalho das células, surg<strong>em</strong> no seu interior, por<br />

decomposição do protoplasma, substâncias nocivas que dev<strong>em</strong> ser eliminadas, para a<br />

conservação da vida orgânica.<br />

Há, pois, na nutrição ou no metabolismo celular dois períodos: um construtivo ou<br />

anabólico, <strong>em</strong> que célula absorve e assimila os alimentos, e outro, destrutivo ou catabólico,<br />

<strong>em</strong> que no seu meio se formam produtos diferentes de desassimilação.<br />

SELEÇÃO DE ALIMENTOS<br />

As células nasc<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre uma da outra; sua reprodução se dá por vários processos<br />

biodinâmicos.<br />

Os c<strong>em</strong> quatrilhões de células que se calcula existir<strong>em</strong> no organismo humano formam<br />

certos grupos <strong>em</strong> que os el<strong>em</strong>entos, além de s<strong>em</strong>elhantes entre si, se congregam para o<br />

des<strong>em</strong>penho de funções específicas.<br />

Por aí se vê a importância das células na formação do nosso corpo, razão por que<br />

dev<strong>em</strong>os alimentá-lo de maneira que o metabolismo, que é fenômeno que conduz a<br />

assimilação e a desassimilação das substâncias de que necessitamos para viver, se processe<br />

normalmente, s<strong>em</strong> o acúmulo excessivo das substâncias tóxicas que venham perturbar o<br />

trabalho metabólico do organismo na sua luta constante contra os vírus patogênicos e contra<br />

as toxinas, para a sua natural sobrevivência. E para evitarmos a formação de acúmulo de<br />

segregações nocivas e a criação de bactérias venenosas é que se torna indispensável a seleção<br />

de alimentos sadios, puros, naturais, para fornecer<strong>em</strong> às nossas células os el<strong>em</strong>entos mais<br />

adequados para manter-nos fortes, saudáveis, <strong>em</strong> boa forma física e até mesmo psíquica.<br />

Médicos, cientistas e nutricionistas pesquisam sobre a ciência da nutrição, por ser a que<br />

nos leva à longevidade e a um viver saudável e alegre. A nutrição é hoje uma ciência que se<br />

preocupa com a saúde pública, havendo cursos de nutricionista e dietista, de nível superior,<br />

para a adoção de dietas e cardápios que proporcion<strong>em</strong> aos escolares, enfermos e trabalhadores<br />

uma alimentação capaz de produzir as calorias de que cada indivíduo necessita para levar uma<br />

vida normalmente capacitada, a fim de vencer os seus grandes <strong>em</strong>bates.


HIPÓCRATES<br />

Já os antigos gregos se preocupavam com a dieta como fator eficiente e preponderante<br />

na terapêutica da boa saúde. Hipócrates, considerado o pai da Medicina, aprendeu com seu<br />

mestre, Heródico, a confiar mais na alimentação racional, nos exercícios físicos e na higiene<br />

corporal e mental que nas drogas.<br />

Diz<strong>em</strong> alguns cientistas que o envelhecimento precoce depende do estado das nossas<br />

glândulas; afirma, porém, o grande bacteriologista Metchnikov que o nosso corpo envelhece<br />

pr<strong>em</strong>aturamente <strong>em</strong> virtude da ação tóxica de bacilos provenientes da decomposição dos<br />

alimentos nos intestinos e acha que o melhor tratamento seria combater os bacilos tóxicos do<br />

cólon ou intestino grosso com bacilos benéficos contidos no leite acidificado, na coalhada ou<br />

no iogurte, como assepsia e conservação da flora intestinal. Seja através dos hormônios<br />

segregados pelas nossas glândulas ou pela intoxicação através dos intestinos, o fato é que esse<br />

desequilíbrio endocrínico ou putrefação intestinal depende da alimentação que ingerimos,<br />

salvo casos de anomalias congênitas.<br />

VIVER SADIO<br />

A nossa alimentação deve conter substâncias minerais, tais como o sódio, o potássio, o<br />

cloro, o fósforo, o ferro e outros. Aliás, os alimentos usuais os contêm <strong>em</strong> quantidade<br />

suficiente, salvo o cloreto de sódio, ou sal de cozinha, que costumamos juntar artificialmente<br />

à comida, quase s<strong>em</strong>pre com excesso. Os alimentos dev<strong>em</strong> agradar ao paladar, para facilitar a<br />

digestão. Dev<strong>em</strong>os sentar-nos à mesa para tomar as refeições s<strong>em</strong> cansaço, s<strong>em</strong> nervosismo e<br />

livres de preocupações, porque, se fixarmos o pensamento <strong>em</strong> algo que nos inquieta,<br />

naturalmente isso vai perturbar a digestão, ocasionando malefícios a nossa saúde pela<br />

alteração dos fenômenos químicos e mecânicos que promov<strong>em</strong> essa digestão.<br />

Para um viver sadio e natural, além do trabalho metodizado, necessitamos de ar puro,<br />

sono, exercícios físicos, asseio corporal e repouso, b<strong>em</strong> como de controle dos nossos<br />

pensamentos e das nossas ações.<br />

As moléstias que aflig<strong>em</strong> a humanidade não são mais do que efeitos do seu erro de<br />

viver <strong>em</strong> desacordo com o que a natureza estabelece para a harmonia do Todo e da beleza<br />

universal.


AFINIDADE E EVOLUÇÃO DOS SERES<br />

Ó hom<strong>em</strong>, por que roubas, desnecessariamente, a vida dos seres, teus irmãos <strong>em</strong><br />

essência espiritual? Por que maltratas os irracionais com instinto de perversidade? Não sabes<br />

que eles viv<strong>em</strong> s<strong>em</strong> noção de personalidade e s<strong>em</strong> consciência de sua existência como Força e<br />

Matéria? És apenas mais evoluído do que eles, porque já passaste no crisol que purifica a vida<br />

vegetativa, instintiva e animalizada, mas surgiste da mesma essência que dá vida a todos os<br />

seres: a Inteligência Universal ou Grande Foco.<br />

Muitas coisas já aprendeste na escola evolutiva da vida, muito há, porém, que aprender<br />

ainda, visto que o curso dessa escola é difícil e grandioso, e somente com o perpassar dos<br />

séculos e dos milênios, depois que adquirires as experiências indispensáveis ao progresso do<br />

espírito, mediante estudo esclarecedor, trabalho árduo, lutas e sofrimentos vários, é que<br />

poderás terminá-lo neste planeta, continuando, porém, a alma na sua marcha progressiva e<br />

s<strong>em</strong>pre ascendente nos mundos de luz, até terminar o ciclo da sua evolução para juntar-se ao<br />

Todo Universal, s<strong>em</strong> perder a sua individualidade.<br />

VIA-CRÚCIS<br />

A evolução do espírito começa nas formas mais rudimentares da natureza, pois a<br />

partícula da Força Criadora começa a sua via-crúcis no reino mineral, passando ao vegetal, ao<br />

animal e deste ao reino hominal propriamente dito.<br />

O reino hominal faz parte integrante do animal, e apenas assim é classificado para<br />

melhor concepção da pluralidade das existências.<br />

Ó hom<strong>em</strong> orgulhoso, ignorante e ainda cruel, vê que dentro da Criação todos os seres<br />

são irmãos, porque faz<strong>em</strong> parte da mesma Essência e percorr<strong>em</strong> a mesma senda,<br />

corporificando as mesmas formas da matéria, e a diferença que há entre ti e o animal que não<br />

raciocina é simplesmente porque enveredaste primeiro no caminho da evolução, tornando-te<br />

humano; porém, tu e ele, e tudo que t<strong>em</strong> vida provêm da mesma Força Universal, e voltam<br />

para ela cheios de Luz e progresso.<br />

ÁRVORE GENEALÓGICA<br />

Revela-nos um mestre espiritualista:<br />

A luta não t<strong>em</strong> mais razão de ser, porque aí os seres, principiando como simples<br />

afinidades minerais, como forças vitais nos vegetais e depois como instinto e propulsão no<br />

animal, subindo pelos degraus da encarnação, na mônada, na ostra, nos crustáceos, nos<br />

insetos, nas mixionóides, nos ciclóstomos, anfíbios, répteis, sáurios, pássaros, mamíferos,<br />

roedores, carnívoros, erbívoros e, enfim, nos símios, ating<strong>em</strong> aquele que hoje predomina no<br />

planeta Terra como mestre e senhor, réprobo e condenado: o hom<strong>em</strong>”<br />

Afirma ainda o mesmo sábio:<br />

Eis, ó humanidade fascinante dos gloriosos avós fidalgos da Idade Média e das<br />

Cruzadas, descendentes desses senhores feudais, s<strong>em</strong> freio n<strong>em</strong> pejo, eis o tronco de vossos<br />

antepassados, eis a vossa árvore genealógica: o símio ignorante e bruto saltitando nas<br />

formidáveis florestas da época quaternária.


Tu te envaideces e te orgulhas, ó hom<strong>em</strong>, do teu fragilíssimo saber, da tua ciência<br />

oficializada e das grandezas materiais deste mundo, mas o que há na Terra de grandioso e<br />

belo é apenas um pálido reflexo do que há no Além-Superior...<br />

(São Paulo, janeiro/1942)


PRECONCEITOS<br />

Quando buscamos fatos na história antiga da humanidade, verificamos quão intolerantes<br />

e preconceituosos eram os homens.<br />

Ao folhearmos a história dos nossos dias, verificamos, também, que os preconceitos de<br />

raça, crença e nacionalidade ainda exist<strong>em</strong>, aliás <strong>em</strong> estado b<strong>em</strong> arraigado, mesmo entre<br />

povos que se diz<strong>em</strong> civilizados.<br />

Um observador espiritualista, ao descortinar a marcha evolutiva da coletividade<br />

humana, vê que algo progredimos e que muito ter<strong>em</strong>os ainda de progredir no caminho da<br />

evolução.<br />

Muitos dos nossos costumes antigos e modernos, que julgamos bons e virtuosos,<br />

poderão ser considerados obscuros e irracionais pelas gerações futuras.<br />

A ignorância é a privação da verdade e da razão das coisas. Enquanto formos ignorantes<br />

do nosso papel no teatro da vida universal, não poder<strong>em</strong>os discernir o falso do verdadeiro.<br />

Muitos se julgam sabedores dos assuntos transcendentais da vida, mas poucos são os<br />

que realmente chegaram a entendê-los.<br />

(São Paulo, fevereiro/1940)


EXEMPLOS DO PASSADO<br />

Para o nosso aprimoramento moral, intelectual e espiritual dev<strong>em</strong>os buscar no passado<br />

somente os bons ex<strong>em</strong>plos e os feitos meritórios dos grandes homens que enriqueceram a<br />

história da civilização com a sua sabedoria, com o seu valor, com a sua corag<strong>em</strong> e com o seu<br />

trabalho construtivo e útil, através de grandes lutas, da análise e da pesquisa dos fatos, da<br />

observação e do estudo racional e científico das coisas.<br />

ESPIRITUALISTAS E FILÓSOFOS<br />

Inspir<strong>em</strong>o-nos na clarividência de Krishna, no ocultismo de Hermes, na sapiência de<br />

Confúcio, no nirvana de Buda, na “kabala” de Moisés e nos belos ensinamentos de Jesus.<br />

Inspir<strong>em</strong>o-nos, também, na ponderação mat<strong>em</strong>ática de Pitágoras, na sabedoria de Sócrates, no<br />

idealismo sublimado de Platão, no ecletismo de Aristóteles, no gênio político de Péricles,<br />

Augusto, Lincoln e no histórico e famoso trio de guerra: Roosevelt-Stalin-Churchill, que,<br />

graças à feliz coordenação dos seus esforços, salvaram a humanidade do cruel fanatismo de<br />

Hitler.<br />

Estud<strong>em</strong>os as máximas de Ptahhotep e as do Marquês de Maricá, b<strong>em</strong> como o<br />

atomismo de D<strong>em</strong>ócrito e o estoicismo/epicurismo de Horácio.<br />

Não nos esqueçamos da oratória eloqüente e filosófica de Cícero e D<strong>em</strong>óstenes, do<br />

cinismo de Diógenes, da ética de Descartes, Kant e Espinosa, da ciência experimental de<br />

Roger Bacon e do método indutivo e filosófico de Francis Bacon.<br />

Cientistas<br />

Que nos sirvam de ex<strong>em</strong>plos a mat<strong>em</strong>ática de Euclides, Arquimedes, Newton e Gauss, a<br />

astronomia de Ptolomeu, Copérnico, Galileu, Kepler e Flamarion, a química de Lavoisier e a<br />

medicina de Hipócrates, Paracelso, Osvaldo Cruz, Miguel Couto, a ciência humanitária de<br />

Pasteur, Koch, Jenner, casal Curie e muitos outros pioneiros do b<strong>em</strong> e do progresso.<br />

Bendigamos os grandes inventores: Gutt<strong>em</strong>berg, Edson, Marconi, Morse, Watt, Bell,<br />

Franklin, Faraday, Bess<strong>em</strong>er, Fulton e outros; as descobertas de Colombo, Corte Real, Vasco<br />

da Gama, Bartolomeu Dias, Cabral, Magalhães e os heróicos colonizadores do nosso Brasil.<br />

Mir<strong>em</strong>o-nos nas idéias humanísticas de Erasmo, Petrarca, Pestalozzi e nas investigações<br />

espiritualistas dos grandes médicos brasileiros Antônio Pinheiro Guedes, Visconde de Sabóia,<br />

Alberto Seabra, e dos cientistas de além-mar Lombroso, Delanne, Crookes, Gibier e outros.<br />

GÊNIOS DAS ARTES<br />

Extasi<strong>em</strong>o-nos ante as belas artes de Leonardo da Vinci, Rafael, Miguel Ângelo,<br />

Rubens, Murillo, Ticiano e outros; na música de Carlos Gomes, Vila Lobos, Beethoven,<br />

Bach, Mozart, Chopin, Wagner, Mendelssohn, na lírica de Verdi, Gounod, Puccini, nas<br />

melodias de Schubert, Strauss e dos nossos trovadores e seresteiros; na poesia clássica de<br />

Camões, Homero, Virgílio, Ovídio e Dante Alighieri, nos versos vibrantes de Castro Alves,<br />

Casimiro de Abreu, Álvares de Azevedo, Bilac, Fagundes Varela, nos grandes vates<br />

portugueses João de Deus, Junqueiro, Antero de Quental.<br />

Leiamos Rousseau, Balzac, Victor Hugo, Eça de Queiroz, a literatura universalista de<br />

Goethe, a indigenista de José de Alencar e Gonçalves Dias, as grandes obras de Machado de


Assis, Camilo, Herculano, Dumas, Zola, Humberto de Campos, Monteiro Lobato, Sílvio<br />

Romero, Coelho Neto, João Ribeiro, Graça Aranha e muitos outros escritores brasileiros e<br />

estrangeiros, s<strong>em</strong> olvidar o gênio intelectual e hermenêutico do nosso grande Rui Barbosa, a<br />

“Águia de Haia” e glória do Brasil.<br />

FEITOS ÉPICOS<br />

1Que nos sirvam de ex<strong>em</strong>plo os feitos épicos de Alexandre, Júlio César, Pompeu,<br />

Aníbal, Bonaparte, Nuno Álvares Pereira, Bolívar, San Martin, Juarez, Washington, b<strong>em</strong><br />

como o militarismo pacifista de Caxias, o Patrono do nosso Exército, e o heroísmo de Osório,<br />

Malet, Tibúrcio, dos Mena Barreto, Andrade Neves, Câmara, Sampaio, Viligran Cabrita,<br />

Antônio João, o guia Lopes, Camisão, Tamandaré, Marcílio Dias, e tantos outros bravos e<br />

heróis que defenderam a nossa pátria, como o fizeram os nossos pracinhas nos campos de<br />

batalha da Europa, <strong>em</strong> que as armas do Brasil foram <strong>em</strong>punhadas para desafronta dos nossos<br />

brios e pelo nosso amor à justiça, à liberdade e ao direito dos povos.<br />

Que também nos sirvam de ex<strong>em</strong>plo as lutas épicas dos bandeirantes paulistas para<br />

alargar<strong>em</strong> as fronteiras da pátria e as dos heróis pernambucanos que expulsaram o invasor<br />

holandês, simbolizados nos brancos Vidal de Negreiros, João Fernandes Vieira e Barreto de<br />

Menezes, nos índios de Camarão e nos negros de Henrique Dias, cujas raças formam a nossa<br />

nacionalidade.<br />

Que os povos agradeçam o espantoso progresso da aeronáutica ao nosso patrício<br />

Alberto Santos Dumont, o verdadeiro pai da aviação, s<strong>em</strong> esquecermos, porém, um dos seus<br />

precursores, Bartolomeu de Gusmão, também brasileiro.<br />

DEFESA DAS BOAS CAUSAS<br />

Pens<strong>em</strong>os na grande celebridade do padre Antônio Vieira, considerado o maior orador<br />

do seu t<strong>em</strong>po, cujo verbo iluminado estava s<strong>em</strong>pre na defesa das boas causas, na corag<strong>em</strong> de<br />

Feijó e na abnegação dos padres Nóbrega e Anchieta, assistindo e protegendo os nossos<br />

silvícolas.<br />

Na diplomacia e na jurisprudência t<strong>em</strong>os os salutares ex<strong>em</strong>plos de Joaquim Nabuco,<br />

Barão do Rio Branco, Oliveira Lima, Pedro Lessa, Tobias Barreto e Clóvis Bevilacqua, por<br />

ex<strong>em</strong>plo.<br />

V<strong>em</strong>os no civismo de José do Patrocínio, Luiz Gama, Quintino Bocaiúva e de seus<br />

vários companheiros de abolicionismo uma luta gloriosa que acabou com a escravatura no<br />

Brasil, que era, desgraçadamente, um ultrage à espécie humana e aos nossos foros de gente<br />

civilizada e cristã. V<strong>em</strong>os também na magnitude de D. Pedro II e de sua dileta filha Princesa<br />

Isabel, cognominada a Redentora, o seu grande amor à pátria e à humanidade, libertando os<br />

nossos irmãos de raça negra.<br />

Façamos justiça ao arrebatamento patriótico de D. Pedro I, que, aconselhado pela sua<br />

própria esposa D. Leopoldina, nossa primeira Imperatriz, e pelo grande patriarca José<br />

Bonifácio, apressou a nossa independência política, com o seu famoso grito “Independência<br />

ou Morte”. E não nos esqueçamos dos bons serviços prestados ao Brasil por D. João VI, que<br />

nos deu a <strong>em</strong>ancipação econômica com a abertura dos portos ao comércio internacional.


EXEMPLOS PARA NOSSOS GOVERNANTES<br />

Louv<strong>em</strong>os o idealismo republicano de Benjamim Constant, Quintino Bocaiúva,<br />

Prudente de Morais e dos seus companheiros de ideal, levando o respeitável Marechal<br />

Deodoro da Fonseca a proclamar a República.<br />

Que sirva de ex<strong>em</strong>plo aos nossos governantes de hoje a probidade e a austeridade<br />

administrativa de Campos Sales, Floriano Peixoto, João Pessoa, Manuel Borba e outros que<br />

governaram com honestidade, saindo do governo mais pobres do que eram antes, <strong>em</strong> virtude<br />

de colocar<strong>em</strong> acima dos seus interesses particulares os negócios públicos e a guarda do<br />

patrimônio da nação ou do Estado.<br />

É indispensável que cada brasileiro leia Os sertões, de Euclides da Cunha, e a Retirada<br />

da Laguna, do Visconde de Taunay, para inteirar-se melhor do estado social de nossa gente.<br />

L<strong>em</strong>br<strong>em</strong>o-nos, enternecidos, das grandes personalidades que subiram ao patíbulo ou<br />

foram martirizadas pelo crime de lutar<strong>em</strong> pela Verdade e pela liberdade de suas pátrias, tais<br />

como Giordano Bruno, a iluminada Joana D’Arc, os nossos inesquecíveis e grandes patrícios<br />

Tiradentes, Frei Caneca e outros.<br />

Atualmente, quando a palavra <strong>em</strong>penhada pouco vale, convém evocarmos os ex<strong>em</strong>plos<br />

de um Egas Muniz ou de um Estoquio de Saint-Pirre, oferecendo a própria vida para honrar<br />

os compromissos assumidos.<br />

GRANDES MULHERES<br />

Não nos esqueçamos de salientar, aqui, o heroísmo e a grandeza da alma da mulher<br />

brasileira simbolizados <strong>em</strong> Anita Garibaldi, Maria Quitéria, Ana Néri, entre outras, cujos<br />

feitos muito enobrec<strong>em</strong> a nossa história.<br />

Há uma individualidade f<strong>em</strong>inina que merece ser citada como ex<strong>em</strong>plo de renúncia e<br />

estoicismo: Maria de Magdala ou Maria Madalena, que, pelo seu arrependimento sincero,<br />

pela sua corag<strong>em</strong> invulgar e pela sua abnegação para com Jesus, se tornou, entre os que o<br />

seguiam, a maior personalidade, visto que, enquanto os discípulos do grande Mestre o<br />

abandonaram no momento da sua crucificação, Madalena permaneceu ao seu lado até os<br />

últimos instantes de sua vida física.<br />

Essa grande e valorosa mulher abandonou o luxo, a riqueza e a glória efêmera de uma<br />

sociedade hipócrita e corrupta para seguir Jesus, que apenas tinha para lhe dar o ex<strong>em</strong>plo do<br />

seu grande amor à Verdade.<br />

Realizou-se, infelizmente, a previsão da grande Madalena, de que <strong>em</strong> nome de Jesus, o<br />

hom<strong>em</strong> que se sacrificou pela Verdade, seriam cometidos muitos crimes, que seus sábios<br />

ensinamentos seriam completamente desvirtuados, no correr dos séculos, pela malícia de uns<br />

e ignorância de outros.<br />

JESUS E O RACIONALISMO CRISTÃO<br />

Para que foss<strong>em</strong> restaurados os primitivos e verdadeiros ensinamentos de Jesus, surgiu<br />

o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, <strong>em</strong> 1910, na cidade de Santos, Estado de São Paulo, que foi<br />

codificado e explanado por Luiz de Mattos e Luiz Alves Thomaz, cujos princípios sintetizam<br />

a moral de todas as ciências psíquicas e filosóficas — a Verdade — como doutrina<br />

reformadora dos nossos costumes e esclarecedora da vida espiritual e do porquê das coisas.


O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> está incumbido pelas Forças Astrais Superiores a prosseguir,<br />

vitoriosamente, a reforma dos hábitos e costumes humanos iniciada por Jesus, esclarecendo as<br />

criaturas sobre seu verdadeiro papel como Força e Matéria, no âmbito da vida universal.<br />

SOLIDARIEDADE E INTEGRAÇÃO<br />

Cooper<strong>em</strong>os no trabalho construtivo e útil do operário, do trabalhador rural, do artífice,<br />

do dirigente, do comerciante, do intelectual, porque o serviço de uns completa a tarefa de<br />

outros, visto que o hom<strong>em</strong>, isoladamente, nada pode fazer e para viver precisa do<br />

entrosamento das idéias, da cooperação e dos conhecimentos dos seus s<strong>em</strong>elhantes, pois tudo<br />

lhe v<strong>em</strong> de fora pela intuição, assimilação e permuta.<br />

Até mesmo biologicamente não pod<strong>em</strong>os viver <strong>em</strong> estado de isolamento, porque há<br />

constantes trocas dos el<strong>em</strong>entos que constitu<strong>em</strong> o corpo físico, para a conservação da vida.<br />

O ar que respiramos agora já foi muitas vezes respirado por outros seres viventes; a<br />

alimentação que ingerimos se compõe dos corpos simples da natureza, que vão alimentar as<br />

nossas células orgânicas; a água com que nos deleitamos é um composto binário de<br />

hidrogênio e oxigênio, os quais antes de se combinar<strong>em</strong> já haviam beneficiado outros seres...<br />

Só a realidade espiritual nos pertence, individualmente, aqui na Terra, visto que o espírito está<br />

fora das leis da física e da química, que combinam, transformam ou isolam os el<strong>em</strong>entos<br />

simples da natureza.<br />

A alma é Força, Luz, Inteligência. Nosso corpo físico se desagrega, voltando cada<br />

el<strong>em</strong>ento que o compõe à sua fonte de orig<strong>em</strong> — a Matéria. O espírito ascende ao Criador, de<br />

onde partiu para acionar o seu progresso e o dos inumeráveis mundos <strong>em</strong> evolução. Após<br />

sucessivas reencarnações e através das diversas categorias evolutivas, que vai galgando por<br />

meio da luta, do sofrimento, do trabalho e do saber, alcança a perfeição, confundindo-se com<br />

o Todo, s<strong>em</strong> perder a sua individualidade, no trabalho eterno e maravilhoso do Universo.<br />

(São Paulo, maio/1954)


UM POVO FORÇADO À GUERRA<br />

Segundo a história pátria, a Batalha de Tuiuti, travada <strong>em</strong> 24 de maio de l866, foi a<br />

maior da Guerra do Paraguai. Nessa m<strong>em</strong>orável batalha, o glorioso Exército do Brasil foi<br />

comandado pelo intimorato General Osório, saindo os brasileiros vitoriosos.<br />

Durante essa fase da guerra contra os paraguaios, os brasileiros eram comandados por<br />

Osório, os argentinos por Mitre e os uruguaios pelo General Flores. Somente <strong>em</strong> 1866<br />

começou a ofensiva dos aliados da Tríplice Aliança; partindo de Corrientes, os aliados<br />

atravessaram o rio Paraná, ganharam a batalha do Estero Bellaco e <strong>em</strong> sangrenta luta<br />

desenrolou-se a célebre Batalha do Tuiuti, destacando-se os brasileiros pelo seu heroísmo e<br />

denodo, razão por que com<strong>em</strong>oramos a maior batalha travada na América do Sul com orgulho<br />

e reverência aos feitos épicos dos nossos patrícios, como gratidão da pátria aos que por ela<br />

lutaram e morreram.<br />

As Forças Armadas do Brasil, nas guerras <strong>em</strong> que foram forçadas a combater, s<strong>em</strong>pre se<br />

portaram com heroísmo e humanidade.<br />

As batalhas travadas com os paraguaios e outros povos atestam a corag<strong>em</strong> e a grandeza<br />

dos nossos soldados, que, vencedores, trataram os inimigos com urbanidade e respeito,<br />

d<strong>em</strong>onstrando, assim, alto espírito de solidariedade humana.<br />

Com isso o Brasil conquistou a admiração de todos os povos e de todas as nações,<br />

porque, vencendo, não humilha, não odeia, e não despoja os vencidos; pelo contrário, perdoa<br />

e até ajuda a qu<strong>em</strong> injustamente o atacou.<br />

Criança, ama com fervor esta terra brasileira, cujo povo é patriótico e valente quando<br />

ferido nos seus brios, na sua soberania, na sua liberdade, e quando vê o solo pátrio<br />

desrespeitado.<br />

Não conquistamos, pela força, terra de outros povos, porém preservamos nosso<br />

território nacional.<br />

Por ocasião do centenário da Batalha de Tuiuti, evoqu<strong>em</strong>os, enternecidamente, a<br />

m<strong>em</strong>ória daqueles heróis que lutaram e morreram <strong>em</strong> defesa do Brasil.<br />

(São Paulo, maio/1966)


A PERSONALIDADE DE ANTONIO COTTAS<br />

Antonio do Nascimento Cottas foi um cidadão universal, foi um sábio, filósofo, foi uma<br />

criatura que dedicou a sua vida ao b<strong>em</strong> comum da humanidade, e o fez de forma que projetou<br />

a sua personalidade no cenário do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> e fora dessa Doutrina como estrela de<br />

primeira grandeza.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> muito deve a Antonio Cottas, que o consolidou s<strong>em</strong> aluir os<br />

princípios basilares codificados por Luiz de Mattos, com o integral apoio de seu grande amigo<br />

Luiz Alves Thomaz.<br />

As modificações que foram introduzidas na Doutrina partiram do Astral Superior, por<br />

meio da Casa Chefe, que é o único órgão competente para introduzir quaisquer alterações nos<br />

trabalhos disciplinares.<br />

Luiz de Mattos e Luiz Alves Thomaz fundaram o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> <strong>em</strong> 1910, na<br />

cidade de Santos, ficando Luiz de Mattos na direção da Doutrina durante dezesseis anos; após<br />

a sua desencarnação, assumiu a Presidência Astral do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, ficando Luiz<br />

Thomaz como Presidente material do Filiado de Santos; este, após o seu falecimento, assumiu<br />

a Presidência Astral desse Filiado.<br />

Antonio Cottas ficou na Presidência material do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> durante<br />

cinqüenta e sete anos e, após sua desencarnação, assumiu a Presidência Astral da Doutrina,<br />

com a ascensão de Luiz de Mattos a outras esferas mais evoluídas. Como v<strong>em</strong>os, Antonio<br />

Cottas foi o substituto do grande Mestre Luiz de Mattos, tanto no plano físico como no<br />

espiritual. Ninguém, <strong>em</strong> sã consciência, pode criticar Antonio Cottas, <strong>em</strong> virtude dos seus<br />

altos méritos e da sabedoria com que agiu, s<strong>em</strong>pre dentro do bom senso e da ponderação, com<br />

lucidez mental e com superioridade.<br />

Eis uma pequena súmula da vida grandiosa de Antonio do Nascimento Cottas. Fiz<strong>em</strong>os<br />

este breve relato, porque alguns companheiros novos não conhec<strong>em</strong> b<strong>em</strong> a vida do atual<br />

Presidente Astral do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>.


RIO DE JANEIRO<br />

Formosa metrópole, és, segundo diz<strong>em</strong> os turistas, dentre as cidades do mundo, a mais<br />

bela e encantadora.<br />

Ó linda ex-capital do Brasil, és uma das mais belas maravilhas da Terra e uma das obras<br />

mais perfeitas da natureza.<br />

Da tua baía, de extraordinária beleza, e dos píncaros verdejantes dos teus morros<br />

descortina-se um panorama que extasia e arrebata o visitante.<br />

Ítalo Balbo, general-aviador italiano, referindo-se ao teu céu e ao teu sol, disse:<br />

Cielo d’oro... È la parola. Il sole, il più bel sole del mondo.<br />

Rio, ver-te e saber admirar a tua beleza incomparável é ficar-se pensando que no teu<br />

solo existiu o imaginário paraíso bíblico...<br />

Também possuis belezas artificiais, que se confund<strong>em</strong> com as naturais, pois os teus<br />

habitantes procuraram dignificar a grande obra do Criador, tornando-te cada vez mais linda.<br />

Espiritualmente, também possuis indescritíveis belezas, porque as Forças Astrais<br />

Superiores, atraídas pelas correntes mentais organizadas aí, na sede mundial do <strong>Racionalismo</strong><br />

<strong>Cristão</strong>, esparg<strong>em</strong> aurifulgentes, cambiantes e policrômicas luzes na tua atmosfera, para<br />

torná-la diáfana, <strong>em</strong> benefício dos habitantes do planeta Terra.<br />

(São Paulo, maio/1961)


PALESTRA NA ASSOCIAÇÃO ANTIALCOÓLICA DE SÃO PAULO<br />

Honrados com um convite para assistirmos às solenidades com<strong>em</strong>orativas do décimo<br />

segundo aniversário de fundação desta humanitária e patriótica Associação, aqui estamos para<br />

trazer os nossos aplausos por tudo que esta ben<strong>em</strong>érita sociedade t<strong>em</strong> feito nos seus doze anos<br />

de existência para combater um dos maiores inimigos da humanidade — o álcool.<br />

OBRA DE PURO CRISTIANISMO<br />

É, realmente, obra de puro cristianismo e de sã moral a recuperação de uma criatura que<br />

se desviou do cumprimento dos seus deveres para consigo mesma, para com a família, a<br />

sociedade e a pátria, vencida pelo alcoolismo. E é finalidade precípua da Associação<br />

Antialcoólica recuperar o alcoólatra e torná-lo um cidadão normal e útil a si e à coletividade.<br />

Viv<strong>em</strong>os numa época <strong>em</strong> que os vícios se propagam de uma forma alarmante e<br />

avassaladora, o que está causando grandes preocupações às pessoas ponderadas e de bom<br />

senso. Assim, muito nos alegra ver homens que já sofreram as conseqüências maléficas do<br />

etilismo alçar<strong>em</strong>, hoje, uma bandeira de combate e de esclarecimento contra o alcoolismo,<br />

cujos resultados têm restabelecido muitos lares e trazido inúmeras criaturas ao seio da família<br />

e ao trabalho.<br />

Os componentes da Associação Antialcoólica, que já sentiram no próprio organismo os<br />

efeitos danosos do alcoolismo, estão, portanto, b<strong>em</strong> credenciados para dizer aos que ainda se<br />

<strong>em</strong>briagam o que lhes reserva o futuro, se não se libertar<strong>em</strong> do álcool quanto antes.<br />

NUNCA É TARDE<br />

Nunca é tarde para o hom<strong>em</strong> aprender as boas lições da vida, corrigir os seus defeitos e<br />

dominar os seus vícios. Mui feliz aquele que consegue fazê-lo, mesmo que já esteja <strong>em</strong> idade<br />

b<strong>em</strong> avançada, porque assim não terá a grande tristeza de terminar os seus dias como um<br />

vencido, inútil e algoz de si próprio.<br />

Senhores da Associação Antialcoólica, a pátria e a sociedade vos serão agradecidas pela<br />

vossa nobilitante campanha de soerguimento daqueles que ainda têm a infelicidade de ser<br />

escravizados pelo vício do álcool.<br />

Cada alcoólatra recuperado é mais um brasileiro que se levanta para lutar pela grandeza<br />

da nação. Cada alcoólatra que se reabilita é mais uma criatura que volta feliz ao aconchego da<br />

família. Cada alcoólatra que se regenera é mais um ser humano que deixa de ser um<br />

indesejável ou um parasita do Estado para tornar-se um obreiro do b<strong>em</strong>, da ord<strong>em</strong> e do<br />

progresso.<br />

CEIFANDO VIDAS<br />

Médicos, cientistas e pessoas de bom senso apregoam, desde há muitos séculos, que o<br />

vício do álcool é, inegavelmente, uma desgraça que flagela os povos.<br />

É triste vermos ainda <strong>em</strong> pleno século vinte o álcool continuar ceifando vidas,<br />

povoando penitenciárias, enchendo hospitais e causando verdadeira calamidade social.


Não obstante o quadro tétrico e desolador que observamos todos os dias, há,<br />

infelizmente, aliás <strong>em</strong> grande número, os defensores das bebidas alcoólicas, que procuram<br />

com artimanhas encobrir os malefícios causados pelo alcoolismo.<br />

T<strong>em</strong>po virá, quando a maioria da humanidade tiver uma educação racional, científica e<br />

mais espiritualizada, <strong>em</strong> que o vício do álcool será combatido oficialmente, como acontece na<br />

época presente com o das substâncias entorpecentes.<br />

Qu<strong>em</strong> vive numa grande metrópole e acompanha diariamente a crônica policial fica<br />

estarrecido com os inúmeros crimes e suicídios praticados sob a ação do álcool. São criaturas<br />

que se matam! São irmãos que se trucidam! São lares que desmoronam! São crianças que<br />

ficam na orfandade e no abandono! São mulheres que entram para a viuvez e para a miséria!<br />

São cadeias e hospitais que se ench<strong>em</strong> de homens, que deixam de trabalhar para a manutenção<br />

da família e para o progresso do país, tornando-se, assim, parasitas da sociedade.<br />

DEGENERAÇÃO<br />

Existe ainda essa chaga moral, porque a própria sociedade não procura, pela educação,<br />

coibir o fabrico e o uso de tão maléfica substância.<br />

O álcool atrofia as células orgânicas, <strong>em</strong>brutece a inteligência, obceca o espírito e<br />

transmite às gerações o estigma da degenerescência física e moral.<br />

O grande médico brasileiro Miguel Couto assim se expressou:<br />

“O álcool é o maior agente de degeneração do indivíduo e da raça; a todos os tecidos<br />

ele ataca e a todos degenera; mas, se a um deles se tivesse de designar como preferido para<br />

as suas devastações, seria o sist<strong>em</strong>a nervoso — desde o delírio agudo até o delirium tr<strong>em</strong>ens<br />

e a d<strong>em</strong>ência alcoólica.<br />

Aí t<strong>em</strong>os, meus amigos, o sábio veredicto do grande e saudoso Miguel Couto.<br />

Infelizmente, o vício do álcool está contaminando o belo sexo, tirando-lhe a<br />

f<strong>em</strong>inilidade que lhe é característica, porque a mulher que se diz chic e partidária de<br />

modernismos quer ter excessiva liberdade, procurando imitar o hom<strong>em</strong> até mesmo nos seus<br />

erros e desatinos.<br />

V<strong>em</strong>os parte da mocidade de hoje transviada das boas normas familiares pelo fato de<br />

seus pais lhe dar<strong>em</strong> maus ex<strong>em</strong>plos e não manter<strong>em</strong> aquela disciplina austera e carinhosa e o<br />

respeito, que são o sustentáculo da família.<br />

QUATRO INIMIGOS<br />

Há, no Brasil, quatro inimigos acérrimos do seu povo: o álcool, o fumo, o jogo e a falta<br />

de instrução; portanto, é obra de moralidade e de elevado patriotismo combatê-los<br />

racionalmente, se quisermos uma raça forte e varonil e uma nação próspera, culta e<br />

verdadeiramente cristã.<br />

Para o bom des<strong>em</strong>penho dos nossos deveres neste mundo, t<strong>em</strong>os que controlar o<br />

pensamento, a vontade e o livre-arbítrio; essas faculdades formam a linha mestra de nossas<br />

ações, para o b<strong>em</strong> ou para o mal.<br />

A vontade é a concentração do pensamento num determinado objetivo, com o firme<br />

propósito de realizá-lo, e quanto mais forte for a vontade, maiores possibilidades ter<strong>em</strong>os de<br />

êxito. Disse alguém:<br />

A vontade é potência biomagnética inteligenciada, é energia <strong>em</strong> ação, é o dínamo<br />

psíquico.


O viciado deve, pois, reagir, procurando ter vontade forte contra o desejo de beber,<br />

visto que, como espírito que é, partícula do Criador, não deve escravizar-se a esse degradante<br />

vício, e o segredo está justamente no pensamento e na vontade. Saber querer é poder, e qu<strong>em</strong><br />

domina as suas imoderações é poderoso e feliz.<br />

AOS PAIS E PROFESSORES<br />

Aos pais, às mães e aos professores dirigimos ve<strong>em</strong>ente apelo, que faz<strong>em</strong>os com a alma<br />

entristecida, no sentido de que orient<strong>em</strong>, disciplin<strong>em</strong> e procur<strong>em</strong> livrar os seus entes queridos<br />

e a juventude escolar dos vícios do álcool, do fumo, das substâncias entorpecentes e do jogo,<br />

que, a cada instante, infelicitam muitas criaturas que poderiam ser úteis a si mesmas, à família<br />

e à coletividade.<br />

Homens e mulheres de nossa pátria, evitai e combatei os vícios, os maus hábitos, as<br />

crendices, a intolerância, o fanatismo e todos os preconceitos, que amanhã poderão tornar os<br />

vossos filhos doentes, imprestáveis, maus ou criminosos. L<strong>em</strong>brai-vos de que tendes grande<br />

responsabilidade, de ord<strong>em</strong> moral e espiritual, na educação dos vossos filhos, que serão mais<br />

tarde os dirigentes do país e cooperadores do progresso e da confraternização dos povos.<br />

Somos seres universais <strong>em</strong> conquista, aqui na Terra, da nossa evolução, a qual se<br />

processa pela luta, pelo trabalho, pela experiência, pela aprendizag<strong>em</strong> e pelo aprimoramento<br />

das nossas faculdades morais e espirituais.<br />

CONDECORADOS<br />

E, terminando, quer<strong>em</strong>os apresentar aos novos condecorados as nossas efusivas<br />

congratulações pela grande vitória que alcançaram contra o alcoolismo, graças aos seus<br />

esforços e à sua vontade, para se libertar<strong>em</strong> de tão terrível vício.<br />

Pod<strong>em</strong>os dizer que os novos condecorados renasc<strong>em</strong> agora para a família, a sociedade e<br />

a pátria, e oxalá seu nobilitante e humanitário ex<strong>em</strong>plo sirva aos que ainda são dominados<br />

pelo álcool.<br />

A todos, os nossos sinceros parabéns e votos de felicidade.<br />

(São Paulo, março/1962)


DEGRADAÇÃO MORAL<br />

Em boa hora está sendo intensificada pelas autoridades e pelos meios de divulgação<br />

uma campanha educativa e esclarecedora contra o uso indiscriminado das substâncias<br />

entorpecentes <strong>em</strong> nosso país, para livrar a nossa juventude da degenerescência física e da<br />

degradação moral; portanto, tão humanitária e patriótica campanha contra o uso e o tráfico de<br />

drogas deve merecer o apoio irrestrito de todas as pessoas sensatas.<br />

Há poucos dias, um delegado de polícia, <strong>em</strong> palestra para professores e alunos, disse, na<br />

Universidade de Brasília, que cinqüenta por cento dos jovens do mundo inteiro estão usando<br />

drogas e que já exist<strong>em</strong> até livros de culinária que ensinam a fazer a comida <strong>em</strong> que um dos<br />

condimentos é a droga. E afirmou ainda o delegado de Brasília que estão sendo usados os<br />

mais capciosos métodos para o tráfico de drogas entorpecentes, até mesmo por via postal:<br />

“Uma jov<strong>em</strong> de Brasília recebeu um cartão de uma amiga dos Estados Unidos impregnado de<br />

LSD; a destinatária dissolveu uma mancha do cartão e fez um ”chazinho” para tomá-lo”.<br />

MULHER<br />

Segundo esse delegado, as mulheres são as mais prejudicadas com o vício das drogas.<br />

Essas declarações são realmente tristes e estarrecedoras, porque o uso de tóxicos, além dos<br />

seus grandes malefícios à saúde e à moral, está, também, relacionado com o sexualismo tão<br />

difundido hoje, s<strong>em</strong> nenhum respeito à decência e aos bons costumes, propiciando, <strong>em</strong><br />

conseqüência, a prostituição <strong>em</strong> escala alarmante.<br />

Um escrivão de polícia, <strong>em</strong> Campinas, Estado de São Paulo, proferiu palestras contra a<br />

delinqüência infanto-juvenil e, com mais de cinqüenta conferências pronunciadas nas escolas,<br />

o índice de consumo de tóxicos naquela progressista cidade paulista caiu trinta por cento.<br />

Como se vê, campanhas educativas e esclarecedoras contra os tóxicos dev<strong>em</strong> ser feitas<br />

nos lares e nas escolas de todos os níveis, e os resultados serão b<strong>em</strong> positivos, como no caso<br />

de Campinas.<br />

A atual lei penal incrimina qu<strong>em</strong> vende, qu<strong>em</strong> conduz e qu<strong>em</strong> consome substâncias<br />

entorpecentes, pelo fato de que s<strong>em</strong> viciado não haveria tráfico; entretanto, parece-nos<br />

racional que, além da pena prevista <strong>em</strong> nosso Código Penal, procure-se curar o viciado, a fim<br />

de que ele volte à sociedade completamente restabelecido das alterações físicas e psíquicas<br />

que naturalmente sofreu.<br />

DESCASO<br />

O que está ocorrendo com a mocidade de todo o mundo é uma conseqüência do descaso<br />

com que ela é tratada no lar e na escola, com excesso de liberalismo, falta de autoridade e de<br />

bons ex<strong>em</strong>plos daqueles que não sab<strong>em</strong> ter força moral para orientar b<strong>em</strong> os seus filhos ou os<br />

seus alunos contra os vícios e a indisciplina.<br />

A sã moral e a boa educação da juventude depend<strong>em</strong> da conjugação de esforços e de<br />

autoridade dos pais e dos professores, visto que, s<strong>em</strong> o entrosamento do lar e da escola para a<br />

formação moral e intelectual do jov<strong>em</strong>, os esforços isolados serão insuficientes e, quando<br />

antagônicos, perigosos.


Em nome do modernismo, da arte e da cultura se comet<strong>em</strong>, hoje, os maiores atentados<br />

contra o pudor e o bom senso, cujos preceitos levam a criatura a um viver dignificante e<br />

harmonioso entre os seus s<strong>em</strong>elhantes.<br />

É preciso, pois, haver uma reação educativa e esclarecedora contra esse lamentável<br />

estado de coisas; do contrário, cair<strong>em</strong>os no caos da imoralidade e da degenerescência e,<br />

assim, não poder<strong>em</strong>os salvaguardar a família, que, <strong>em</strong> vez de célula agregadora da<br />

coletividade humana, tornou-se núcleo dessa psicose que avassala o mundo.<br />

(São Paulo, dez<strong>em</strong>bro/1970)


SER RACIONALISTA CRISTÃO<br />

Ser racionalista cristão é compreender a vida dentro da sua realidade, s<strong>em</strong> fantasias e<br />

s<strong>em</strong> devaneios.<br />

Ser racionalista cristão é desprender-se das amarras do materialismo, dos maus hábitos<br />

e dos vícios.<br />

Ser racionalista cristão é ter disciplina, é ser ordeiro e dedicado à Causa, que<br />

espontaneamente abraçou como um meio de ativar a sua evolução.<br />

Ser racionalista cristão é ser tolerante e agir dentro da razão e do bom senso; é ser<br />

verdadeiro <strong>em</strong> pensamento e ações.<br />

Ser racionalista cristão é assumir a responsabilidade de cumprir fielmente os princípios<br />

e a disciplina do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, não faltando às suas reuniões s<strong>em</strong> um motivo<br />

justificável, inclusive às do segundo sábado de cada mês.<br />

Ser racionalista cristão é cumprir o que determinam o livro Prática do <strong>Racionalismo</strong><br />

<strong>Cristão</strong>, as decisões da Presidência e da Diretoria, e tratar com respeito os companheiros.<br />

Ser racionalista cristão é ter amor à Verdade, s<strong>em</strong> sentimentalismo e s<strong>em</strong> preconceitos,<br />

que inferiorizam a vida neste mundo-escola, de aprendizag<strong>em</strong>, que é o planeta Terra, porque<br />

todos nós aqui estamos <strong>em</strong> missão de resgate de nossos erros e de nossas imperfeições, desta<br />

e de encarnações passadas.<br />

(São Paulo, set<strong>em</strong>bro/1988)


AINDA SOBRE ALIMENTAÇÃO<br />

Todos os animais têm, por natureza e instinto, o seu próprio alimento. O hom<strong>em</strong> t<strong>em</strong><br />

nos cereais, nas verduras e nos frutos amadurecidos naturalmente pelo calor do Sol o alimento<br />

tal como lhe convém e lhe é destinado; mas o ser humano não se contentou com isso e numa<br />

injustificável e criminosa gulodice passou a fritar, assar, beneficiando e refinando as<br />

substâncias nutrientes, as quais, submetidas a tais processos, se tornam impróprias à<br />

alimentação, por ter<strong>em</strong> sofrido modificações na sua estrutura e na sua integridade — por<br />

ex<strong>em</strong>plo, o açúcar refinado, o arroz beneficiado, a farinha de trigo alvejada e outros cereais<br />

submetidos a processos destinados a melhorar a aparência dos produtos, como se lhe fosse<br />

permitido alterar pela gula ou interesse as leis da natureza, s<strong>em</strong> sofrer as conseqüências por<br />

esses desatinos, pois toda ação provoca uma reação.<br />

DIVERGÊNCIAS<br />

A civilização cont<strong>em</strong>porânea alterou a vida natural segundo a qual o hom<strong>em</strong> deve viver,<br />

tornando-se difícil seguir rigorosamente as normas da sobriedade e da morigeração indicadas<br />

pela própria natureza.<br />

Qual é, portanto, a alimentação mais conveniente ao ser humano? Há muita divergência<br />

a esse respeito. Na natureza, os animais estão divididos <strong>em</strong> três grupos <strong>em</strong> relação à forma de<br />

alimentar-se: o primeiro grupo denomina-se zoófago, que se alimenta de outros animais; o<br />

segundo grupo chama-se fitófago, que se alimenta de vegetais; e o terceiro grupo é o dos<br />

onívoros, que se alimentam de animais e vegetais, como o hom<strong>em</strong>.<br />

No regime onívoro, que é o mais adotado, deve-se alimentar sóbria e moderadamente,<br />

<strong>em</strong> conformidade com a nossa constituição física, com as nossas atividades, para que não haja<br />

um desequilíbrio por falta de calorias ou por acúmulo de energia, que se transforma <strong>em</strong><br />

gorduras.<br />

Segundo Caldas Aulete, os macróbios eram um povo fabuloso que os antigos<br />

imaginavam existir no Egito, na Índia ou na África Ocidental. Esses indivíduos viviam até mil<br />

anos, devido a seu regime alimentar.<br />

Foi adotada nos Estados Unidos uma dieta denominada “regime dos astronautas”, <strong>em</strong><br />

que se reduz ao mínimo possível a ingestão de substâncias ricas <strong>em</strong> hidratos de carbono,<br />

responsáveis pela obesidade. As substâncias ricas <strong>em</strong> hidratos de carbono são os amidos ou<br />

amiláceos e os açúcares. O amido é fécula ou pó de cereais, como a farinha de trigo, que nos<br />

fornece o pão, o macarrão e outras comidas saborosas.<br />

Os hidratos de carbono, compostos de hidrogênio, oxigênio e carbono, facilmente se<br />

transformam <strong>em</strong> energia calorífica, que é o combustível do corpo humano. Como qualquer<br />

máquina, o hom<strong>em</strong> necessita de uma determinada dose de energia para poder movimentar-se.<br />

Se for pessoa calma e de vida sedentária, precisará de menos energia do que a pessoa que se<br />

movimenta muito, andando, correndo, fazendo exercícios e tendo, enfim, uma vida de<br />

esforços e trabalhosa.<br />

Ora, se essas duas espécies de pessoas inger<strong>em</strong> a mesma quantidade de hidrato de<br />

carbono, uma estará consumindo energia de forma desproporcional e, neste caso, estará<br />

armazenando energias sob forma de hidrato de carbono, que se acumula nos tecidos<br />

conjuntivos, nos líquidos intersticiais e no sangue, transformando-se <strong>em</strong> gordura, como


pod<strong>em</strong>os ver <strong>em</strong> certas pessoas, que, se não fizer<strong>em</strong> uma dieta apropriada, marcharão para a<br />

obesidade.


OPÇÃO PELA CARNE<br />

A criatura humana de hoje é carnívora por costume e não por necessidade fisiológica.<br />

Ao contrário dos seus ancestrais, o hom<strong>em</strong> moderno dispõe de meios mecânicos, técnicos e<br />

científicos para lavrar a terra e dela tirar todos os alimentos para a sua subsistência, s<strong>em</strong><br />

sacrificar a vida de animais, porque a constituição do corpo humano não é apropriada para<br />

receber alimento carnívoro.<br />

Já na velha e lendária Índia, alguns séculos antes de Cristo, o iluminado e grande Buda<br />

se preocupava com a alimentação humana e dizia:<br />

Feliz seria a Terra se todos os seres estivess<strong>em</strong> unidos pelos laços da benevolência e só<br />

se alimentass<strong>em</strong> de alimentos puros, s<strong>em</strong> derramamentos inúteis de sangue. Os dourados<br />

grãos, os reluzentes frutos e as saborosas ervas, que nasc<strong>em</strong> para todos, bastariam para<br />

alimentar e dar fartura ao mundo.<br />

A alimentação carnívora, rica <strong>em</strong> gorduras e proteínas facilmente deterioráveis, intoxica<br />

o nosso organismo, aumentando o colesterol <strong>em</strong> nossas artérias a ponto de obstruí-las,<br />

causando a morte. A carne também produz muita acidez e excitação no organismo humano e<br />

se putrefaz quatro vezes mais do que os vegetais; por aí se vê a sua nocividade.<br />

A FAU, organismo da ONU, se ocupa do probl<strong>em</strong>a da alimentação mundial e preconiza<br />

um sist<strong>em</strong>a de alimentação equilibrada, na qual proteínas, hidratos de carbono, açúcares e<br />

gorduras estejam nas proporções necessárias. Quando se mata o animal, interrompe-se o<br />

processo de eliminação e neutralização das toxinas, que iam ser eliminadas pelo aparelho<br />

urinário e por outras vias excretoras e ficam retidas nos tecidos da carne, impregnando-a de<br />

substâncias nocivas à nossa saúde, como a uréia, o ácido úrico e outros. Diz um provérbio<br />

popular que a criatura humana morre pela boca, isto é, quando ingere substâncias nocivas e<br />

tóxicas como a carne.


TABAGISMO, SUICÍDIO LENTO<br />

É lamentável e inconcebível que <strong>em</strong> pleno declinar do século vinte, chamado das luzes,<br />

a criatura humana ainda pratique, <strong>em</strong>bora lentamente, o suicídio pelo fumo, conscientizada de<br />

que está concorrendo para diminuir os seus dias de vida, e o faz por falta de domínio próprio<br />

para evitar tão maléfico e desagradável vício, que avassala todas as camadas sociais.<br />

Das investigações feitas por médicos e centros de pesquisas altamente categorizados de<br />

todo o mundo, chegou-se à triste conclusão de que o vício do fumo é por d<strong>em</strong>ais nocivo à<br />

saúde.<br />

Campanha de caráter público contra o tabagismo teve início na Inglaterra, <strong>em</strong> 1962,<br />

pelo tradicional Colégio de Médicos, fundado há mais de quatrocentos e cinqüenta anos. O<br />

relatório destinado aos médicos e leigos diz que “fumar cigarros é uma das causas do cancro<br />

do pulmão e da bronquite, contribuindo provavelmente para a evolução de doenças cardíacas<br />

das coronárias e de várias doenças incomuns”.<br />

O grito de alarme lançado pelo prestigioso Colégio de Médicos da Grã-Bretanha<br />

repercutiu na América do Norte, de maneira que o Departamento de Saúde dos Estados<br />

Unidos, depois de grande batalha publicitária entre as autoridades sanitárias e os industriais<br />

do fumo, conseguiu a criação de uma lei que adverte o fumador, no próprio maço de cigarros,<br />

de que o hábito de fumar pode matar ou encurtar a vida.<br />

VEZ DO BRASIL<br />

Agora chegou a vez do Brasil na campanha contra o cigarro. O lançamento dessa<br />

humanitária campanha de cunho universitário foi iniciada na PUC, por meio do seu Centro de<br />

Ciências Médicas e Biológicas.<br />

A PUC é talvez a primeira universidade do Brasil a atender às recomendações da<br />

Organização Mundial da Saúde, lançando uma campanha de esclarecimento sobre os perigos<br />

do uso do cigarro.<br />

Segundo o ilustre professor José Ros<strong>em</strong>berg, da PUC, as fábricas de cigarro e os trustes<br />

do tabaco “elegeram o terceiro mundo como mercado potencial a ser explorado,<br />

principalmente a América Latina, resultando daí os altos investimentos <strong>em</strong> publicidade para<br />

conquistar a juventude, levando-a ao vício de fumar”. Isso, possivelmente, por nos julgar<strong>em</strong><br />

subdesenvolvidos e s<strong>em</strong> a devida maturidade para discernir...<br />

Afirma ainda o professor Ros<strong>em</strong>berg que ”mais de mil e duzentas substâncias isoladas<br />

do fumo são tóxicas para os aparelhos respiratório e circulatório, enquanto outras isoladas do<br />

alcatrão do cigarro têm elevado potencial cancerígeno. Os que começam a fumar aos vinte e<br />

cinco anos de idade, consumindo até um maço de cigarros por dia, têm a vida encurtada <strong>em</strong><br />

4,6 anos, chegando a 8,3 anos para os que fumam mais de dois maços diários”.<br />

“Também está suficient<strong>em</strong>ente d<strong>em</strong>onstrado”, diz ainda o professor Ros<strong>em</strong>berg, “que a<br />

inalação do fumo durante a gravidez causa inúmeras deficiências aos recém-nascidos, b<strong>em</strong><br />

como aumenta significativamente a incidência de aborto, pr<strong>em</strong>aturidade, natimortalidade e<br />

mortalidade neonatal, sobretudo quando as mães fumam depois do quarto mês de gestação.<br />

As crianças pod<strong>em</strong> sofrer os efeitos passivos do fumo de cigarro, sobretudo no primeiro ano<br />

de vida, quando são particularmente sensíveis e ficam expostas a maior incidência de<br />

bronquite, broncopneumonia e outras manifestações respiratórias, verificando-se que, <strong>em</strong>


ambiente onde se fuma, a incidência dessas doenças é de duzentos por cento <strong>em</strong> relação a<br />

ambientes onde não se fuma”.<br />

Eis, aí, um alerta para as senhoras mães.<br />

Oxalá a campanha ora iniciada pela PUC de São Paulo contra o tabagismo seja seguida<br />

pelas d<strong>em</strong>ais universidades brasileiras e por outras instituições educativas, para esclarecer a<br />

mocidade escolar sobre o perigo letal do cigarro, e que o governo federal proíba a propaganda<br />

ostensiva e atraente do uso do cigarro, mormente pela televisão, para melhor salvaguardar a<br />

saúde do nosso povo.<br />

O vício do fumo, além de prejudicar a saúde, é anti-higiênico, porque o fumador exala,<br />

s<strong>em</strong> sentir, um cheiro b<strong>em</strong> desagradável para os que não fumam, minando e poluindo o<br />

ambiente com a fumaça impregnada de sarro, nicotina e gases venenosos e irritantes.<br />

É um verdadeiro crime contra a saúde, o b<strong>em</strong>-estar da família e da coletividade e<br />

também um atentado contra a economia popular o vício do fumo, visto que o fumador queima<br />

dinheiro inutilmente, deixando, às vezes, de comprar o indispensável para alimentar os filhos.<br />

O fumador é um suicida e virtualmente contribui para o genocídio da nossa gente,<br />

<strong>em</strong>bora s<strong>em</strong> nenhum desejo de atentar contra a sua própria vida e a dos seus s<strong>em</strong>elhantes,<br />

porque ele se tornou escravo desse vício perigoso, s<strong>em</strong> raciocinar b<strong>em</strong> e medir as<br />

conseqüências do uso que faz de tão maléfica substância, que é o fumo.<br />

Fazendo mau uso do seu livre-arbítrio, a pessoa pode, imprudent<strong>em</strong>ente, praticar a sua<br />

autodestruição, porém não t<strong>em</strong> o direito de intoxicar o organismo de outr<strong>em</strong> com o fumo do<br />

seu cigarro.<br />

É preciso mais respeito e amor à vida humana.<br />

O leitor fumante talvez indague como poderia deixar o vício do fumo, e, desde já, lhe<br />

respond<strong>em</strong>os que, <strong>em</strong>itindo pensamentos positivos contra o cigarro e fortificando b<strong>em</strong> a<br />

vontade, haverá de vencer esse vício maligno, porque saber querer é poder.


INTOLERÂNCIA, ATAVISMO TRIBAL<br />

É lamentável que ainda <strong>em</strong> nossos dias exista intolerância política, social e religiosa<br />

entre o povo de um mesmo país, como acontece na Irlanda do Norte, Chipre e outros.<br />

Numa nação civilizada não deve existir antagonismo entre os povos que deram orig<strong>em</strong> à<br />

sua nacionalidade. Os habitantes de um país precisam entrelaçar os seus costumes, como<br />

também falar b<strong>em</strong> o mesmo idioma pátrio, a fim de que haja mais concórdia e melhor<br />

compreensão, evitando a formação de quistos raciais.<br />

Formamos aqui no planeta Terra uma grande família humana, <strong>em</strong> que cada um de nós<br />

pertence, eventualmente, a um país, a uma raça, a uma determinada cultura, mas, <strong>em</strong> essência<br />

e orig<strong>em</strong>, somos todos irmãos, escolares de um mesmo mundo e habitantes de um só<br />

Universo.<br />

Por bom senso e necessidade, cumpre a qu<strong>em</strong> adotar uma nova pátria assimilar os seus<br />

costumes e a sua língua nacional, mormente quando na sua nova terra imperam a liberdade de<br />

pensamento e de ação e o respeito à dignidade humana, o que d<strong>em</strong>onstra noção de justiça,<br />

bondade e espiritualidade desse povo.<br />

UNIFICAÇÃO DE RAÇAS<br />

Os portugueses não foram apenas grandes descobridores de terras, mas também grandes<br />

unificadores de raças, como o fizeram no Brasil, plasmando uma nova raça entre índios,<br />

negros e brancos, e dessa estirpe varonil têm saído grandes homens, como Gonçalves Dias,<br />

Machado de Assis, Luís Gama, André Rebouças e inúmeros outros, que engrandeceram a<br />

política, a ciência, a literatura e as artes brasileiras.<br />

Os povos que se isolam e se conservam <strong>em</strong> grupos étnicos, ideológicos, lingüísticos ou<br />

sectários não perceberam ainda, no plano histórico e evolutivo, a sua missão como integrantes<br />

da humanidade, aqui na Terra.<br />

XENOFOBIA<br />

Tais povos ainda se deixam dominar pelo instinto atávico ou tribal, ou pela mística de<br />

uma ideologia e de um nacionalismo extr<strong>em</strong>ado na intolerância, no jacobinismo e nos<br />

preconceitos que os inib<strong>em</strong> de viver <strong>em</strong> completa confraternização com outros povos.<br />

A xenofobia é um estado de ignorância e de primitivismo <strong>em</strong> que a pessoa vê nos<br />

estrangeiros ou nos indivíduos de outras origens desafetos ou inimigos.<br />

Nenhuma nação cresceu e prosperou s<strong>em</strong> o estímulo e a ajuda de outras nações, porque<br />

é pelo intercâmbio comercial, pelos investimentos de capitais, pelo turismo, pela<br />

transplantação da ciência, da cultura e da tecnologia que os países se aproximam e melhor se<br />

entend<strong>em</strong> por interesses recíprocos.<br />

Os portugueses, ancestrais dos brasileiros, deram provas de humanismo e de<br />

fraternidade unindo pelo sangue as raças de três continentes, que formaram este nosso imenso<br />

e querido Brasil, que é uma escola de alta espiritualidade e logo mais será, também, o oásis do<br />

mundo.<br />

Dev<strong>em</strong>os agradecer s<strong>em</strong>pre aos lusitanos e aos seus descendentes, que formam a<br />

maioria da população brasileira, o fato de não ter<strong>em</strong> implantado <strong>em</strong> nosso país idéias de<br />

segregação racial e de intolerância de credos, tão nocivas ao b<strong>em</strong>-estar e à integridade de uma


nação, onde todos dev<strong>em</strong> ser iguais perante as leis, como cidadãos que lutam e trabalham pelo<br />

seu progresso, pela sua independência, pela sua grandeza.


COMPANHEIROS INSEPARÁVEIS<br />

O álcool é veneno lento que deforma e mata. O fumo e o álcool são dois inimigos do<br />

hom<strong>em</strong>, são dois vermes que lhe vão corroendo as células até arruiná-las completamente.<br />

(Maria Cottas)<br />

Médicos, cientistas, espiritualistas e pessoas de bom senso apregoam, desde há muito,<br />

que os vícios do fumo e do álcool são, inegavelmente, duas desgraças que flagelam os povos.<br />

É triste, e revoltante mesmo, <strong>em</strong> pleno século vinte, o álcool continuar degenerando<br />

grande parte da humanidade, obsedando-lhe o espírito.<br />

Há, infelizmente, os defensores, aliás <strong>em</strong> grande número, das bebidas alcoólicas, que<br />

procuram com artimanhas encobrir os grandes malefícios causados pelo alcoolismo, dizendo<br />

que uma “pinguinha” com limão não faz mal a ninguém e que apenas serve para esfriar ou<br />

esquentar a t<strong>em</strong>peratura do corpo... Com essa e outras desculpas ilógicas vão ingerindo esse<br />

líquido corrosivo e <strong>em</strong>briagador como se fosse uma substância nutritiva e alimentar.<br />

V<strong>em</strong>os pessoas, que se diz<strong>em</strong> civilizadas e possuidoras de bom senso, preparar<br />

coquetéis ou aperitivos alcoólicos para ingerir às refeições; entretanto, essas criaturas sab<strong>em</strong>,<br />

têm certeza, que o álcool, quando tomado de forma imoderada ou constante, é causador de<br />

uma infinidade de misérias físicas e morais.<br />

O álcool e o fumo atrofiam as células orgânicas, <strong>em</strong>brutec<strong>em</strong> a inteligência, obcecam a<br />

alma e transmit<strong>em</strong> às gerações o estigma da degenerescência.<br />

CÂNCER<br />

A ciência médica afirma que o câncer, uma das mais terríveis doenças que acomet<strong>em</strong> o<br />

gênero humano, se desenvolve mais freqüent<strong>em</strong>ente entre os fumantes, pela irritação<br />

produzida pelo fumo nos lábios, na língua, na mucosa bucal, no estômago, nos pulmões, etc.<br />

Evite, meu caro fumante, que o câncer o atinja, deixe imediatamente de fumar e não<br />

pense jamais <strong>em</strong> contrair tão impiedosa doença.<br />

L<strong>em</strong>bre-se de que, todos os dias, muitas vidas são roubadas, pr<strong>em</strong>aturamente, pelo<br />

terrível carcinoma.<br />

Não seja, pois, o assassino de si mesmo, evite quanto antes os vícios do álcool e do<br />

fumo, e sentindo qualquer alteração ou anormalidade no seu organismo procure logo um<br />

médico de sua confiança para examiná-lo, porque o câncer no seu início é curável.<br />

Afirma um cientista e médico francês que o fumo é tão prejudicial à saúde quanto o<br />

álcool, e conclui o sábio gaulês que, segundo experiências que fez com o alcalóide do tabaco<br />

— a nicotina —, essa substância venenosa é, realmente, responsável por inúmeras<br />

enfermidades, porque vai lentamente intoxicando o organismo do fumante, s<strong>em</strong> que este o<br />

perceba.<br />

DUPLA PERNICIOSA<br />

O álcool e o fumo, companheiros quase s<strong>em</strong>pre inseparáveis, formam a dupla mais<br />

perniciosa à espécie humana.<br />

A higiene condena o álcool e o fumo, porque esses venenos alteram a saúde; a moral<br />

também os condena, visto que os viciados não têm vontade própria, não se dominam e,<br />

portanto, não pod<strong>em</strong> fazer bom uso do seu livre-arbítrio.


Viciado amigo: quando sentir desejo de fumar ou beber reaja, dizendo: não fumarei ou<br />

não beberei, porque, como espírito que sou, partícula do Todo, não devo escravizar-me a tão<br />

humilhantes vícios.<br />

Meu caro fumante ou alcoólatra: esses vícios provêm do mau hábito, da falta de vontade<br />

e de uma educação nada racional, e as sensações sentidas nas suas células orgânicas são<br />

alimentadas pelos seus desejos incontrolados e pelos seus pensamentos desarmoniosos.<br />

Portanto, depende somente de você deixar esses vícios, aliás impróprios para um ser<br />

humano que se honra da sua individualidade como centelha mais evoluída da Inteligência<br />

Universal, visto que uma criatura <strong>em</strong>briagada perde a noção dos seus deveres, a sua reputação<br />

e o respeito dos seus s<strong>em</strong>elhantes.<br />

O bêbado é, enfim, um trapo humano, cujo caráter desmoronou e cuja alma vive nas<br />

trevas...<br />

(São Paulo, outubro/1954)


MEDO, FLAGELO DA HUMANIDADE<br />

O medo é realmente um flagelo da humanidade pelo terror que causa às criaturas e aos<br />

governos de ser<strong>em</strong> atacados e, como medida preventiva, se armam para defender-se ou para<br />

atacar.<br />

A falta de confiança <strong>em</strong> si gera na criatura o medo, gera a timidez, gera a suspeita <strong>em</strong><br />

seus vizinhos ou nos seus rivais ou ainda <strong>em</strong> seus concorrentes comerciais.<br />

Como seria bom o mundo Terra se não houvesse aqui o medo, como seria agradável se<br />

todas as pessoas vivess<strong>em</strong> fraternalmente e confiantes na justiça, na razão, no direito, e no<br />

bom senso. Então, a vida terrena tornar-se-ia de plena compreensão e de respeito mútuo entre<br />

as criaturas, para a felicidade de todos.<br />

O medo deprime, acovarda e leva a criatura a cometer os mais hediondos crimes, para<br />

não se defrontar com a realidade. Por medo, o indivíduo comete, às vezes, as maiores<br />

estripulias, porque não t<strong>em</strong> a corag<strong>em</strong> necessária para agir com ponderação e espírito de<br />

justiça, não t<strong>em</strong> a calma precisa para dialogar e resolver as suas divergências ou a sua maneira<br />

de interpretar os fatos, razão por que lança mão da violência como meio de intimidar os seus<br />

contendores.<br />

CAUSAS<br />

O medo é o reverso da corag<strong>em</strong>. A corag<strong>em</strong> é um atributo que nos leva a agir com<br />

moderação e prudência, porém com firmeza e valor diante da ameaça de perigo.<br />

Sendo um flagelo da humanidade, o medo t<strong>em</strong> por causas predisponentes a falta de<br />

cultura e de uma educação esclarecedora e racionalizada. Envolto no negativismo, o medroso<br />

não pode raciocinar com a devida clareza n<strong>em</strong> procura valorizar a sua vida, t<strong>em</strong> pensamentos<br />

descontrolados e impuros, faz mau uso do livre-arbítrio, é egoísta, preconceituoso.<br />

O medo é a causa das guerras, da pobreza e da ignorância; das guerras porque leva os<br />

governos das nações a se armar<strong>em</strong>, gastando quantias fabulosas; da pobreza e ignorância visto<br />

subtraír<strong>em</strong> dos povos, por meio de pesados impostos, taxas, monopólios e barreiras<br />

alfandegárias, o dinheiro de que necessitam para um viver condigno e humano.<br />

ARSENAIS<br />

Os trilhões de dólares gastos pelas grandes potências com a fabricação e manutenção<br />

dos arsenais nucleares e com armamentos convencionais dariam para tirar a humanidade das<br />

garras da ignorância e da pobreza.<br />

Vivendo sob o jugo do medo, da incultura, do egoísmo e da vaidade, a humanidade<br />

ainda levará séculos para o desarmamento material e moral. Quando pudermos viver <strong>em</strong> paz e<br />

harmonia no planeta Terra, estar<strong>em</strong>os esteados na Verdade, na razão e no b<strong>em</strong> comum, pois,<br />

enquanto houver exploradores, não nos compreender<strong>em</strong>os como Força e Matéria.<br />

O amor é um sentimento afetivo e puro que precisa ser cultuado para aproximar os seres<br />

humanos e as nações numa verdadeira confraternização e numa só família planetária, ainda<br />

tão dividida e incompreendida pela diversidade de línguas e de seitas religiosas que há no<br />

mundo, cada um querendo monopolizar a Verdade, que desconhece.


NOVO ANO<br />

A história da humanidade nos mostra que somente sob a égide da paz, da justiça, da<br />

liberdade, do trabalho construtivo, da concórdia e da colaboração mútua os povos têm<br />

conseguido sobreviver, acionando o progresso para o seu próprio b<strong>em</strong>-estar.<br />

Quão bom seria se os homens procurass<strong>em</strong> viver s<strong>em</strong>pre dentro da harmonia e da<br />

Verdade, confraternizando-se não apenas no primeiro dia de cada ano, mas <strong>em</strong> todos os dias<br />

de todos os anos!<br />

No 1° de janeiro, <strong>em</strong> que a maioria dos povos com<strong>em</strong>ora alegr<strong>em</strong>ente o dia da<br />

confraternização universal, compartilhamos também desse anseio geral de congraçamento<br />

familiar, que se expande por toda parte com augúrios de felicidade para todos.<br />

Pelo evento do Novo Ano almejamos dias mais bonançosos para a nossa querida pátria,<br />

tranqüilidade e trabalho para o nosso povo e maior b<strong>em</strong>-estar para toda a humanidade, porque<br />

somente o b<strong>em</strong> pode aproximar os homens para a grande luta de combate ao mal, que se<br />

oculta na discórdia, no egoísmo, na indisciplina, no ódio, no orgulho, na corrupção, na<br />

intolerância, no fanatismo e <strong>em</strong> todos os sentimentos inferiores.<br />

No dia de Ano Bom, como <strong>em</strong> todos os dias, elev<strong>em</strong>os ao Alto as irradiações dos<br />

nossos pensamentos de paz e o enlevo das nossas almas numa vibração uníssona pela<br />

grandeza e prosperidade do Brasil e pelo b<strong>em</strong> comum de todos os povos deste mundo, ainda<br />

conturbado pela falta de certos conhecimentos.<br />

Por ocasião do Novo Ano as pessoas amigas e os próprios governantes das nações<br />

trocam mensagens com votos de paz e felicidade. Isso é uma d<strong>em</strong>onstração de que já<br />

despertamos para uma nova era de mais espiritualidade e de mais compreensão, porque a<br />

Verdade pode tardar, mas não falha...<br />

Já é t<strong>em</strong>po de as nações banir<strong>em</strong> as suas discórdias e <strong>em</strong>preender<strong>em</strong> uma ação<br />

conjugada para acabar definitivamente com o espectro sombrio e horrendo da fome e da<br />

guerra.<br />

POPULAÇÃO<br />

A população mundial cresce muito e a produção de gêneros alimentícios aumenta<br />

pouco; por conseguinte, os governos de todos os países precisam encarar o futuro com mais<br />

realismo, objetividade e decisão, para que as gerações futuras não maldigam a nossa<br />

imprevidência e o nosso egoísmo, legando-lhes um mundo de pobreza e de misérias.<br />

Segundo as estatísticas, o mundo conta atualmente com mais de três bilhões de<br />

habitantes; só o Brasil dobra a sua população a cada vinte e três anos. Assim, ter<strong>em</strong>os uma<br />

população de cento e sessenta milhões <strong>em</strong> 1987.<br />

Será um crime de lesa-humanidade se não lutarmos corajosamente, desde já, para<br />

melhorar as condições materiais e morais do nosso viver aqui na Terra, visando s<strong>em</strong>pre<br />

transmitir aos vindouros ensinamentos verdadeiros e cristãos que os elev<strong>em</strong> e os orient<strong>em</strong><br />

racionalmente, na trajetória de suas vidas, porque um povo, não obstante ter o seu próprio<br />

livre-arbítrio, t<strong>em</strong> a tendência de procurar seguir, talvez por atavismo, as pegadas dos seus<br />

antepassados.


LUIZ DE MATTOS<br />

Além de registrarmos, aqui, a ef<strong>em</strong>éride do Novo Ano, quer<strong>em</strong>os, também, assinalar<br />

uma data magna — o dia 3 de janeiro —, que é b<strong>em</strong> cara aos que amam o B<strong>em</strong> e a Verdade.<br />

Nessa data com<strong>em</strong>oramos, com respeito e gratidão, o aniversário natalício do saudoso e<br />

insigne Mestre Luiz de Mattos, fundador do jornal A Razão e um dos maiores benfeitores da<br />

humanidade, pois foi incansável lutador pelo esclarecimento e pela confraternização dos<br />

povos.<br />

A sua obra grandiosa de espiritualidade — o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> — já está sendo<br />

difundida por toda parte, como um farol a iluminar as trevas do obscurantismo humano.<br />

(São Paulo, dez<strong>em</strong>bro/1964)


NO TORVELINHO DAS PAIXÕES<br />

No entrevero das paixões, as criaturas justas, boas, sensatas e cônscias dos seus deveres<br />

para consigo próprias e para com a coletividade humana são como rochedos inabaláveis que<br />

não ced<strong>em</strong> à impetuosidade de ondas revoltas que, bramindo e espumejando, se atiram ao seu<br />

encontro.<br />

A incompreensão da maioria dos povos é apavorante, e o espírito de justiça e bom senso<br />

que preside as suas ações ainda deixa muito a desejar, ficando as criaturas à mercê de<br />

circunstâncias ocasionais, porque elas pensam e ag<strong>em</strong> dominadas pela egolatria, pelo instinto<br />

atávico e pelo materialismo, e não se pejam de ferir a sensibilidade, a honra e o direito dos<br />

s<strong>em</strong>elhantes, levadas meramente por interesses pessoais ou de grupos ou por simples desejo<br />

de mando, por inveja e perversidade.<br />

Atravessamos uma época de inquietação, com os acontecimentos que se desenrolam <strong>em</strong><br />

diversos países, pondo <strong>em</strong> perigo a paz internacional.<br />

ANTAGONISMO<br />

Dir-se-ia que os homens marcham para a destruição de si mesmos nesse <strong>em</strong>bate de<br />

ideologias antagônicas e de interesses contrariados, a família humana dividida por costumes,<br />

preconceitos e idiomas diferentes. Isso acontece por falta de espiritualidade, gerando o desejo<br />

de o mais forte dominar o mais fraco ou imprevidente, como v<strong>em</strong> acontecendo neste sofrido<br />

mundo.<br />

A vida, s<strong>em</strong> liberdade de pensamento e de ação, s<strong>em</strong> o cultivo da Verdade, da honradez<br />

e da confraternização entre os povos, é indigna para o ser racional que já se compreende como<br />

Força e Matéria.<br />

A guerra, a violência e o crime não compensam. Por isso já é t<strong>em</strong>po de governantes e<br />

governados de todos os países perceber<strong>em</strong> essa grande verdade e aplicar<strong>em</strong> os seus recursos e<br />

esforços <strong>em</strong> fins pacíficos e úteis, para tirar os dois terços da humanidade da miséria e da<br />

fome <strong>em</strong> que se encontram.<br />

Se as nações reduziss<strong>em</strong> <strong>em</strong> apenas cinqüenta por cento os seus gastos bélicos, <strong>em</strong><br />

pouco t<strong>em</strong>po acabariam com o subdesenvolvimento econômico e cultural <strong>em</strong> todas as partes<br />

do globo.<br />

TOLERÂNCIA<br />

Para que exista na Terra uma paz verdadeira e duradoura, baseada no respeito mútuo e<br />

na solidariedade humana, é mister haver mais tolerância e compreensão, para o encontro de<br />

um denominador comum de coexistência pacífica entre os regimes políticos que,<br />

infelizmente, divid<strong>em</strong> os povos.<br />

Tais regimes precisam tornar-se mais justos, condescendentes e mais d<strong>em</strong>ocráticos,<br />

onde imper<strong>em</strong> a justiça, a ord<strong>em</strong>, a liberdade e o progresso, a fim de que todos possam<br />

trabalhar e produzir com tranqüilidade.<br />

Quanto ao Brasil, precisamos todos lutar, pacífica e corajosamente, para vencer essa<br />

crise que nos assoberba, ajudando os poderes públicos a conter a inflação, a acabar com o<br />

analfabetismo e a acelerar o desenvolvimento de todas as regiões do nosso país.<br />

(São Paulo, maio/1980)


CONCEPÇÕES DE VIDA<br />

Antes de falarmos, procur<strong>em</strong>os selecionar as nossas idéias pelo computador do nosso<br />

raciocínio, a fim de não cometermos injustiça, malquerença e maledicência.<br />

Sejamos prudentes e tolerantes, para que a nossa maneira de pensar e agir também seja<br />

tolerada, desculpando, quando possível, os que erram por ignorância, porque igualmente já<br />

erramos no passado ou até mesmo no presente.<br />

Jamais conden<strong>em</strong>os alguém por simples suspeita ou por denúncia não comprovada por<br />

pessoas sensatas, para não sermos injustos e levianos, com rancor e ódio.<br />

JUSTIÇA VERSUS BONDADE<br />

Quando não pudermos ser justos e bons ao mesmo t<strong>em</strong>po, dev<strong>em</strong>os optar pela justiça,<br />

porque, às vezes, praticando um ato de aparente bondade, comet<strong>em</strong>os uma ação injusta,<br />

preterindo direitos de terceiros.<br />

Somente com uma vivência mais íntima é que passamos a conhecer melhor o caráter de<br />

uma pessoa, visto que a sua vida real diverge, muitas vezes, do seu viver aparente.<br />

Procur<strong>em</strong>os no íntimo do nosso ego a alegria natural que afugenta as sombras da<br />

tristeza, causada pelas vicissitudes próprias desta vida ou por nossos desatinos.<br />

A vaidade, o orgulho, a malevolência e o desperdício são desvirtudes que obscurec<strong>em</strong> a<br />

nossa espiritualização na trajetória evolutiva.<br />

SENTIMENTALISMO<br />

Não aliment<strong>em</strong>os, levados por sentimentalismo, vícios ou indolência dos nossos<br />

s<strong>em</strong>elhantes; auxili<strong>em</strong>os, porém, na medida das nossas possibilidades, aqueles que realmente<br />

necessit<strong>em</strong> da nossa ajuda desinteressada.<br />

COURAÇA<br />

Uma vontade forte para o b<strong>em</strong> e um pensamento racionalmente positivo para a<br />

realização de um ideal nobre e altruísta são a melhor couraça contra o pessimismo e as más<br />

intuições espirituais.<br />

ESPELHO<br />

L<strong>em</strong>br<strong>em</strong>o-nos de que não são as palavras que espelham fielmente o grau da nossa<br />

espiritualidade e, sim, as nossas ações <strong>em</strong> todos os lugares e <strong>em</strong> quaisquer circunstâncias.<br />

INTRIGAS<br />

Se formos obrigados a ouvir intrigas, não as endoss<strong>em</strong>os e não as transmitamos a<br />

ninguém, procurando logo esquecê-las para que não fiqu<strong>em</strong> gravadas na nossa mente.


ALEGRIAS<br />

Procur<strong>em</strong>os, no íntimo do nosso espírito, a alegria de viver, tão necessária para<br />

afugentar a tristeza que nos abate, irradiando bons e elevados pensamentos de positividade,<br />

para manter o perfeito equilíbrio do nosso eu.<br />

RAZÃO<br />

Pens<strong>em</strong>os com moderação, raciocin<strong>em</strong>os com clareza e procur<strong>em</strong>os agir dentro do bom<br />

senso e da razão, para nos tornarmos criaturas sensatas e cumpridoras dos deveres.<br />

JULGAMENTOS<br />

Para uns, t<strong>em</strong>os uma moral impoluta, e, para outros, um caráter duvidoso, porque as<br />

pessoas, quando levadas pela paixão, por ódio ou por um sentimentalismo enfermiço, não<br />

julgam baseadas na verdade.<br />

COMPREENSÃO DA VIDA<br />

Não obstante as agruras próprias deste mundo de lutas, sofrimentos e aprendizag<strong>em</strong>, a<br />

vida é relativamente boa e agradável, quando a compreend<strong>em</strong>os dentro da sua complexidade,<br />

<strong>em</strong> harmonia conosco mesmos e com os nossos s<strong>em</strong>elhantes.<br />

DESPERDÍCIO<br />

Qu<strong>em</strong> desperdiça os seus haveres, o seu t<strong>em</strong>po e o alheio não coopera para o seu b<strong>em</strong>estar<br />

e o da coletividade <strong>em</strong> geral.<br />

ECONOMIA<br />

A economia quando b<strong>em</strong> dirigida e racionalizada, é fator de progresso para uma pessoa<br />

ou uma nação, visto que, s<strong>em</strong> uma planificação prévia, não se pode chegar a uma conclusão<br />

certa e correta.<br />

VÍCIOS<br />

Evit<strong>em</strong>os, por todos os meios possíveis, os vícios, porque obscurec<strong>em</strong> a moral, obcecam<br />

o espírito e prejudicam a saúde.<br />

ESCOLA<br />

A vida terrena é uma escola de aprendizag<strong>em</strong>, e perde o seu precioso t<strong>em</strong>po qu<strong>em</strong> não<br />

aprende com as experiências as sábias lições que ela nos enseja.<br />

Cedo ou tarde o ser humano reconhecerá o mal que tenha feito aos seus s<strong>em</strong>elhantes,<br />

despertado pela própria consciência, que o acusa.


Quando não pudermos fazer o b<strong>em</strong>, evit<strong>em</strong>os praticar o mal, para não aumentarmos as<br />

nossas dívidas espirituais, contraídas nesta e <strong>em</strong> outras vivências.<br />

O malefício que fizermos aos outros projetar-se-á sobre nós como a sombra que<br />

acompanha o nosso corpo físico, de acordo com a lei do retorno ou de causa e feito.


IMPORTÂNCIA DO ESTÍMULO<br />

Sentimo-nos felizes quando alguém procura estimular-nos a vencer os obstáculos que<br />

encontramos no caminho do nosso viver, pois o estímulo desperta nossas forças mentais<br />

adormecidas ou mal-<strong>em</strong>pregadas.<br />

Estímulo não é bajulação, não é elogio n<strong>em</strong> provocação de vaidade — é o despertar de<br />

energias latentes. Estimular é fazer vencer, induzir, contribuir para a vitória de uma criatura<br />

ou de uma causa.<br />

Assim como o nosso organismo, quando depauperado, necessita de um estimulante<br />

energético, o nosso espírito, quando atribulado, também precisa de um estimulante moral.<br />

DR. SALK<br />

A humanidade não teria contado com o concurso eficiente de ilustres homens, que<br />

engrandeceram as ciências, as letras, as artes, a tecnologia e a política, não fora o estímulo da<br />

família, de amigos, associações ou governos.<br />

Dentre os inúmeros casos que a história registra, pod<strong>em</strong>os citar o Dr. Jonas Salk. Moço<br />

pobre, filho de um trabalhador da indústria de calçados, <strong>em</strong> Nova Iorque, com o estímulo e a<br />

união da família, estudou Medicina. Para auxiliar o pagamento de seus estudos, ele<br />

trabalhava, quando de férias, num acampamento de meninos e, nas horas de folga, como<br />

técnico de laboratório.<br />

O Dr. Salk diplomou-se <strong>em</strong> Medicina e, após alguns anos de intenso trabalho, descobriu<br />

a vacina contra a poliomielite, ou seja, a paralisia infantil. Com essa grande e humanitária<br />

descoberta mais de noventa por cento das crianças de todo o mundo, que são vacinadas<br />

preventivamente, estão livres da incapacidade física ou da morte pela pólio.<br />

O estímulo, a solidariedade e a dedicação da família colocaram o Dr. Jonas Salk no<br />

pedestal dos grandes benfeitores da humanidade.<br />

ALAVANCA<br />

O estímulo é, pois, alavanca do progresso para o b<strong>em</strong>-estar da coletividade,<br />

transformando, às vezes, um fraco num forte e um ignorante num hom<strong>em</strong> culto.<br />

Estimular é incentivar uma criatura, a fim de que a sua vontade se torne forte, para a<br />

realização de um ideal ou de uma obra meritória.<br />

O estímulo não deve ser dado com ironia, que desalenta, desencoraja e fere. Estimular é<br />

ensinar o ser humano a ter pensamentos positivos, de valor, de altruísmo e de realização,<br />

porque a causa da nossa vitória ou da nossa derrota está no pensamento, que é uma vibração<br />

do espírito.


EDUCAÇÃO RACIONAL<br />

Pod<strong>em</strong>os considerar o probl<strong>em</strong>a educativo como número um do mundo, porque dele<br />

promanam o nosso progresso, a nossa cultura e, conseqüent<strong>em</strong>ente, o nosso b<strong>em</strong>-estar.<br />

Da eficiência da educação dos povos <strong>em</strong>erg<strong>em</strong> os d<strong>em</strong>ais probl<strong>em</strong>as que atrofiam o<br />

desenvolvimento econômico e cultural. É pelo aprimoramento da educação que um povo<br />

progride e evolui social e economicamente.<br />

A educação a que nos referimos não se constitui apenas de instrução pedagógica ou da<br />

simples alfabetização dos povos, ainda tão aferrados a preconceitos, a crendices e a tradições<br />

ilógicas.<br />

A educação, como fator normativo de elevação moral e de bons costumes na família e<br />

na sociedade, deve ser completada pelo amor à família, ao trabalho, pelo bom aproveitamento<br />

da ciência e da tecnologia, pelo discernimento da Verdade e da justiça e pelo combate aos<br />

vícios, à desonestidade, à mentira simples ou convencionada, à imoderação, à ociosidade e à<br />

discórdia que inimiza os homens e as nações.<br />

MAIS ESPIRITUALIDADE<br />

Como compl<strong>em</strong>ento da educação social e intelectual, é mister termos o controle dos<br />

pensamentos para que as ações sejam pautadas por linhas retas, de equilíbrio, de bom senso e<br />

de critério, para podermos ajuizar as coisas com clareza, justiça e equanimidade.<br />

V<strong>em</strong>os a juventude de hoje agitada, desiludida e até transviada, porque os responsáveis<br />

pelos destinos dos povos viv<strong>em</strong> dominados pelo medo, pela mentira e pelo egoísmo, a ponto<br />

de desinteressar-se pelos moços, que ficam à mercê de criaturas inconscientes que os levam<br />

para os vícios, para a licenciosidade e a degradação.<br />

Não obstante o grande progresso da técnica e da ciência, a civilização atual ainda não<br />

alcançou o padrão moral e espiritual preconizado por Platão, Jesus, Luiz de Mattos e outros<br />

pensadores e filósofos. É preciso que os homens encontr<strong>em</strong> um denominador comum para<br />

dirimir as suas pendências e incompreensões, e é justamente por meio de uma educação mais<br />

racional e humana, que lhes faça sentir o primado do espírito sobre a matéria, que todos<br />

encontrarão o modus vivendi que almejam aqui na Terra, confraternizando os seres humanos,<br />

livres dos maus hábitos e dos vícios, por meio de uma educação racional.


JUVENTUDE NOVA-ERA<br />

Se a mocidade de todas as nações fosse mais b<strong>em</strong> esclarecida por uma educação<br />

racional e espiritualizada e despertada para o verdadeiro conhecimento de si mesma, a<br />

humanidade apressaria o progresso, o b<strong>em</strong>-estar social neste mundo e a sua própria evolução<br />

espiritual.<br />

T<strong>em</strong>os progredido de maneira satisfatória no campo das ciências físicas e naturais;<br />

entretanto ainda não compreend<strong>em</strong>os b<strong>em</strong> a nossa composição como Força e Matéria, únicos<br />

el<strong>em</strong>entos de que se compõ<strong>em</strong> os seres e o Universo.<br />

O século vinte, chamado das luzes, deveria denominar-se século do alvorecer do<br />

conhecimento humano, porque o das luzes será de fato o vinte e um, pois, na presente centúria<br />

apenas começamos a vislumbrar o início de uma nova era de grandes conquistas científicas e<br />

da compreensão da vida fora da matéria.<br />

O hom<strong>em</strong> já está penetrando nos arcanos das leis comuns e naturais. Assim, no século<br />

vinte e um ter<strong>em</strong>os coisas maravilhosas tanto na esfera da tecnologia, da mecânica, da<br />

eletrônica, da Medicina como na da espiritologia, ressaltando o sentido telepático como<br />

veículo de comunicação mental e uma noção mais evidente da importância do pensamento <strong>em</strong><br />

nosso viver.<br />

Os chamados fenômenos mediúnicos serão de forma esclarecida e cientificamente<br />

estudados, havendo, assim, intercomunicação entre os “vivos” e os “mortos”, de uma forma<br />

mais racional, lógica e compreensiva, s<strong>em</strong> os males que nos causa a ignorância dos que<br />

atra<strong>em</strong> forças invisíveis <strong>em</strong> estado de perturbação.<br />

GRANDIOSAS PERSPECTIVAS<br />

No começo do século vinte, jamais se poderiam prever as maravilhas da televisão, do<br />

rádio, da desintegração do átomo, da conquista do espaço além da atmosfera da Terra e outras<br />

descobertas úteis e proveitosas; portanto, não dev<strong>em</strong>os descrer de novas conquistas científicas<br />

que a nossa atual percepção ainda não pode prever.<br />

Dentro das leis naturais, o hom<strong>em</strong> t<strong>em</strong> um campo infinito para estudar, investigar e<br />

descobrir os seus aparentes segredos.<br />

Diante de tão grandiosas perspectivas, para uma vida mais confortável e com menos<br />

sofrimento na Terra, precisamos, porém, orientar b<strong>em</strong> a nossa juventude, a fim de que não se<br />

desvie do seu altruístico e nobre desiderato, evitando os vícios, os preconceitos, a<br />

intolerância, a maledicência e os sentimentos inferiores que materializam e perturbam as<br />

criaturas, desviando-as dos seus deveres morais e espirituais para consigo mesmas e para com<br />

a coletividade humana.<br />

MODERNISMO<br />

O modernismo ou educação bossa-nova, incentivada por excesso de liberalismo dos<br />

pais, educadores e governos, está levando a nossa mocidade para os vícios, para a frivolidade<br />

e até mesmo para a devassidão; por isso tais desregramentos dev<strong>em</strong> ser combatidos pelas<br />

pessoas ponderadas e de bom senso, porque os moços de hoje serão pais, professores e<br />

governantes amanhã, e s<strong>em</strong> uma boa formação moral não poderão conduzir b<strong>em</strong> a família, a<br />

sociedade e a nação.


NOVO MUNDO<br />

Dev<strong>em</strong>os criar bases sólidas para a formação de um novo mundo, <strong>em</strong> que a ciência<br />

caminhe paralela com o aprimoramento dos costumes, da cultura e da compreensão da vida,<br />

na sua simplicidade e pureza. A vida na sua concepção genérica é simples e boa, quando<br />

entendida como finalidade evolutiva, pelo trabalho, pela luta e pelo sofrimento; nós é que a<br />

complicamos com preconceitos ilógicos e com vícios impróprios a seres pensantes e dotados<br />

de inteligência, de livre-arbítrio e de faculdade volitiva que nos distingu<strong>em</strong> dos irracionais,<br />

que se reg<strong>em</strong> apenas pelo instinto, mas que não transgrid<strong>em</strong> as leis naturais.<br />

À medida que a ciência avança e os homens se libertam das crendices e dos maus<br />

hábitos, os velhos tabus sociais e religiosos vão, felizmente, sendo substituídos por novos<br />

conceitos que nos levam à realidade das coisas.<br />

Os t<strong>em</strong>pos são chegados para que a mentira e a ignorância dê<strong>em</strong> lugar ao imperativo da<br />

Verdade e os seres humanos vivam <strong>em</strong> paz, <strong>em</strong> completa confraternização neste pequenino<br />

mundo que os abriga, t<strong>em</strong>porariamente, enquanto necessitam aprender as lições do seu<br />

currículo terrestre.


MAIS TÉCNICOS, MENOS DOUTORES<br />

O Brasil precisa formar mais técnicos de graus médio e superior para vencer o<br />

subdesenvolvimento econômico-científico, como também precisa de mais professores para<br />

acabar com o analfabetismo, que, <strong>em</strong> grande parte, é o responsável pela situação <strong>em</strong> que nos<br />

encontramos, porque um povo instruído e educado t<strong>em</strong> mais capacidade e discernimento para<br />

fomentar o progresso e escolher os seus governantes.<br />

VOCAÇÃO<br />

Há moços que se formam por mera vaidade e não exerc<strong>em</strong> a profissão <strong>em</strong> que se<br />

diplomaram, porque, s<strong>em</strong> possuir nenhuma inclinação vocacional, apenas obtêm um<br />

pergaminho para destacá-los no seu meio social. Com isso ocasionam prejuízo aos cofres<br />

públicos, que mantêm dispendiosas escolas superiores, onde tomam lugares de outros que<br />

poderiam cursar tais escolas por vocação e amor aos estudos.<br />

Governos e instituições particulares dev<strong>em</strong> criar mais escolas vocacionais para a<br />

formação de técnicos e artífices competentes, a fim de que a produção brasileira melhore <strong>em</strong><br />

qualidade e <strong>em</strong> quantidade, para que possamos ficar <strong>em</strong> condições de concorrer nos mercados<br />

mundiais.<br />

Qu<strong>em</strong> exerce uma atividade por vocação espontânea t<strong>em</strong> prazer no trabalho, procurando<br />

fazê-lo com mais perfeição e produtividade.<br />

O trabalho racionalizado e criterioso, s<strong>em</strong> desperdício, diminui o custo da produção,<br />

pelo bom aproveitamento das matérias-primas, do t<strong>em</strong>po de cada trabalhador e dos esforços<br />

conjugados da equipe de uma <strong>em</strong>presa.<br />

Os técnicos geralmente se formam para exercer a sua especialidade por um impulso de<br />

vocação.<br />

CARÊNCIA<br />

Existe, <strong>em</strong> São Paulo, e <strong>em</strong> outros centros industriais do Brasil, carência de técnicos<br />

formados, mormente de grau médio, porque são eles os homens-chave da indústria, como<br />

assessores dos engenheiros e intermediários entre patrões e operários.<br />

Os ramos mais carentes de técnicos são: mecânica e eletrônica. O ensino profissional<br />

deve ser gratuito, a fim de que não se torne um privilégio para poucos <strong>em</strong> prejuízo de muitos<br />

que desejam especializar-se por vocação e amor ao trabalho.<br />

PLANEJAMENTO<br />

O nosso <strong>em</strong>pirismo caboclo precisa dar lugar ao planejamento técnico-científico, tanto<br />

na lavoura como na indústria.<br />

Muitos países se tornaram desenvolvidos pela técnica e pelo planejamento científico<br />

executado com eficiência e honestidade.<br />

O Brasil necessita de mais técnicos <strong>em</strong> agricultura, indústria e educação, para tirar a<br />

maioria da nossa gente do pauperismo e da ignorância <strong>em</strong> que se encontra, não só no interior<br />

do país mas também nas pequenas e grandes cidades.


Além do probl<strong>em</strong>a desolador do analfabetismo no Brasil, exist<strong>em</strong> para complicá-lo os<br />

vícios do álcool, do fumo e do jogo, aliados aos preconceitos sociais e às crendices e<br />

superstições religiosas.<br />

Povo b<strong>em</strong> educado sabe alimentar-se e cuidar melhor da sua saúde e dos seus interesses.<br />

Povo culto e esclarecido sabe lutar para vencer as vicissitudes de ord<strong>em</strong> ambiental ou natural.<br />

TÉCNICOS PARA O PROGRESSO<br />

O escritor francês David Rousset afirmou, numa conferência <strong>em</strong> Buenos Aires:<br />

O Brasil sofre o mesmo probl<strong>em</strong>a da Argentina e de outros países da América do Sul<br />

<strong>em</strong> matéria de desenvolvimento científico, já que se não deu lugar aos químicos, biologistas e<br />

físicos, b<strong>em</strong> assim a todas aquelas orientações técnicas e científicas para incr<strong>em</strong>entar seus<br />

conhecimentos por meio de centros adequados de estudo e do necessário apoio dos governos.<br />

Os técnicos e pesquisadores científicos determinarão o progresso do mundo e irão resolver<br />

os probl<strong>em</strong>as que causam o baixo nível de vida e a miséria. Era preferível que houvesse, na<br />

América Latina, menos advogados e muito mais físicos, biologistas e pesquisadores.<br />

(São Paulo, julho/1965)


COMBATE À PORNOGRAFIA<br />

Achamos justa, razoável e oportuna a atitude do Governo Federal contra a publicidade<br />

pornográfica, que conta com o apoio da opinião pública brasileira, pois o IBOPE revelou que<br />

sessenta e quatro por cento das pessoas ouvidas são a favor, vinte e quatro por cento são<br />

contra e doze por cento estão indecisas.<br />

Na época atual, <strong>em</strong> que o hom<strong>em</strong> já pisou na Lua, a ciência e a tecnologia avançam de<br />

maneira auspiciosa para a conquista de novas descobertas e de novos inventos, grande parte<br />

da humanidade marcha para o afrouxamento dos costumes, da fraternidade e da honradez, que<br />

elevam a criatura na escala social e na senda da evolução.<br />

PRESERVAR A MOCIDADE<br />

Os moços de hoje são ativos e inteligentes; porém, por estar<strong>em</strong> sendo mal orientados<br />

pelos seus mentores, tanto no lar como na sociedade, muitos enveredam pelo caminho<br />

tortuoso dos vícios e das idéias exóticas, que não condiz<strong>em</strong> com a boa formação moral da<br />

gente brasileira.<br />

Numa sociedade que luta pelo aprimoramento da educação, não é admissível que a<br />

pornografia se transforme <strong>em</strong> preceito de moralidade, para o prazer depravado ou interesses<br />

escusos dos que a praticam ou tentam justificá-la.<br />

Precisamos preservar a mocidade brasileira da obscenidade e da libidinag<strong>em</strong> que<br />

livr<strong>em</strong>ente estão contaminando os moços dos países que aboliram ou abrandaram a vigilância<br />

à pornografia e aos atos que fer<strong>em</strong> a sã moral.<br />

NÃO CONFUNDIR<br />

Não dev<strong>em</strong>os confundir a verdadeira arte, na sua pureza, estética e beleza, com a arte<br />

caricata e imoral que pode inspirar sentimentos inferiores contra o decoro, que é atributo do<br />

hom<strong>em</strong> morigerado e valoroso.<br />

A arte, quando inspirada no belo e na harmonia, nos extasia e causa sentimentos nobres,<br />

puros e elevados, ao passo que a pornografia inferioriza pelos pensamentos negativos que<br />

proporciona, contagiando o caráter dos que não se dominam e viv<strong>em</strong> mergulhados no<br />

materialismo.<br />

Também não dev<strong>em</strong>os confundir a pseudo-educação sexual ou libertinag<strong>em</strong> com a<br />

verdadeira educação sexual, que orienta e ensina como a criatura deve conduzir-se perante o<br />

sexo.<br />

Hippies, nudistas e pornográficos faz<strong>em</strong> congressos na Europa para propagar a sua<br />

obsessora maneira de pensar e viver, a fim de que possam atrair os fracos, sexualistas e<br />

incautos.<br />

NÃO REGREDIR<br />

Não pod<strong>em</strong>os regredir à ignorância do nosso instinto atávico, para não perdermos o que<br />

conquistamos durante milênios, com grandes lutas e muitos sofrimentos, na busca do<br />

aperfeiçoamento moral e espiritual, por meio de esclarecidas normas educativas e de ingentes


esforços, que nos faz<strong>em</strong> sentir e compreender a vida dentro da sua verdadeira realidade e do<br />

que somos como Força e Matéria perante a Comunidade Universal.<br />

Cabe, pois, aos poderes públicos da nação coibir os abusos ou excessos daqueles que<br />

quer<strong>em</strong> transformar a vida pacata e laboriosa do povo brasileiro numa orgia ou num<br />

pand<strong>em</strong>ônio, à guisa do que se passa alhures.<br />

(São Paulo, julho/1970)


UM HOMEM QUE VIU A MORTE DE PERTO<br />

Ao grande poeta e meu venerando amigo<br />

Dr. Joaquim Crispiniano Coelho Brandão, de<br />

Belém do São Francisco, Estado de Pernambuco<br />

Quero, nesta ligeira narrativa, contar a história de um hom<strong>em</strong> que se aproximou da<br />

morte.<br />

Leopoldino Santana, que conheço como ninguém mais, adoeceu, no começo deste ano,<br />

de um distúrbio renal, acompanhado de pertinaz h<strong>em</strong>atúria. Ele pensou, no início da<br />

enfermidade, que se tratasse de simples cistite, mas, como a h<strong>em</strong>orragia não cedesse,<br />

procurou um urologista para tratá-lo.<br />

Após o resultado das primeiras radiografias, o médico o aconselhou a internar-se num<br />

hospital para ser submetido a tratamento especializado.<br />

Por ter o facultativo conjeturado, <strong>em</strong>bora veladamente, ser o paciente portador de uma<br />

doença letal, o pobre Santana sentiu-se um tanto angustiado e logo procurou colocar os seus<br />

negócios <strong>em</strong> ord<strong>em</strong>, escreveu cartas a parentes e amigos, para ser<strong>em</strong> entregues depois de sua<br />

morte, fez recomendações à família e atualizou seu testamento espiritual.<br />

Antes, porém, de partir para o nosocômio, Santana revê o seu velho arquivo, lendo cartas e<br />

poesias de parentes e amigos e as cópias de suas próprias missivas enviadas, sob pseudônimo,<br />

a pessoas que se achavam desenganadas de viver; nessas cartas ele procurava, com palavras<br />

alentadoras e cheias de espiritualidade, levantar-lhes o moral, a fim de que elas vivess<strong>em</strong> os<br />

seus últimos dias com corag<strong>em</strong> e resignação cristã.<br />

SAUDADE<br />

Santana, que a muitos consolara, via-se no terrível dil<strong>em</strong>a de consolar-se a si mesmo,<br />

para ser coerente com as suas convicções metafísicas e filosóficas; portanto, era mister<br />

enfrentar corajosa e resignadamente o fenômeno da morte, que, não obstante ser apenas um<br />

desdobramento natural da vida, a todos amedronta...<br />

No momento de deixar o lar, para ser internado, Santana fixa o seu olhar merencório<br />

nas coisas que lhe são mais caras, detendo-o na fotografia de sua falecida filha, para melhor<br />

gravar na m<strong>em</strong>ória o aspecto de tudo que nesses instantes lhe extasia a alma, e, mentalmente,<br />

dá o seu último adeus à morada <strong>em</strong> que habita há muitos anos entre o amor das filhas queridas<br />

e o desvelo da esposa amada.<br />

Sobre as suas faces macilentas rolam algumas lágrimas ao afastar-se do lar que tanto<br />

ama, como se fora um condenado seguindo para o patíbulo, e no percurso para o hospital ele<br />

vai observando atentamente, como nunca o fizera, os transeuntes, as ruas, as chaminés<br />

fumegantes das fábricas e os arranha-céus do centro da grandiosa e hospitaleira cidade de São<br />

Paulo, orgulho do nosso extr<strong>em</strong>ado Brasil, pensando que não veria mais, com os olhos da<br />

matéria, esse quadro belo e <strong>em</strong>polgante.<br />

No hospital, nas noites insones, o enfermo rel<strong>em</strong>bra a sua terra distante, os seus<br />

parentes e amigos, recordando-se das passagens mais importantes da sua existência, vividas<br />

no torrão natal, e nesse estado de sentimentalismo julga que não mais verá as cidades, as<br />

estradas, os rios e todos os acidentes geográficos dos seus longínquos pagos.


DEVERES...<br />

Santana b<strong>em</strong> sabe que “a morte do corpo é a vida da alma”, que é eterna; entretanto,<br />

sente-se triste e acabrunhado por deixar a família ainda necessitando do seu amparo e da sua<br />

ajuda, com a agravante de não haver cumprido integralmente os deveres para consigo próprio,<br />

para com os familiares e para com a humanidade.<br />

Para um espiritualista como Santana a morte não existe, mas lhe dói a consciência partir<br />

deste mundo-escola s<strong>em</strong> que antes tenha terminado o curso que preestabeleceu fazer aqui na<br />

Terra, porque qu<strong>em</strong> não o termina terá a infelicidade de ver nos Mundos Superiores (esferas,<br />

planos, pouco importa a denominação terrena) que a sua passag<strong>em</strong> por este planeta foi quase<br />

inútil e s<strong>em</strong> proveito para si, para a pátria e para a coletividade, e, <strong>em</strong> conseqüência, terá<br />

grande tristeza de verificar que não aproveitou melhor a oportunidade que lhe foi dada para<br />

aprimorar a sua evolução e trabalhar pelo progresso universal.<br />

PODER DA SOLIDARIEDADE MENTAL<br />

A certa altura do tratamento hospitalar, de quase dois meses, o urologista chegou à<br />

conclusão de que a enfermidade não parecia tão grave como no início, visto haver sustado a<br />

h<strong>em</strong>atúria e o estado geral do doente continuar melhorando.<br />

Felizmente, Leopoldino Santana já se encontra <strong>em</strong> sua casa, convalescendo dessa<br />

enfermidade, que apenas o assustou, fê-lo sofrer algumas dores e causou consternação à sua<br />

família, aos parentes e amigos.<br />

E, mui agradecido a todos que lhe proporcionaram conforto moral e algo fizeram para<br />

minorar-lhe os sofrimentos e restabelecer-lhe a saúde, faz suas as palavras do general Carlos<br />

Rômulo, <strong>em</strong>baixador das Filipinas nos EUA:<br />

Que o mundo seja capaz de forjar tal cadeia de bondade, que transcende os<br />

preconceitos, a política e o interesse pessoal, para ajudar um hom<strong>em</strong> <strong>em</strong> sua hora mais<br />

difícil, é uma coisa que eu jamais desejo esquecer. 1<br />

(São Paulo, maio/1959)<br />

1 * Leopoldino Santana, nome fictício do personag<strong>em</strong> da crônica acima, não é outro senão o<br />

próprio autor, Pompeu Cantarelli (Nota do Editor)


GLORIFICANDO A BELEZA E A ETERNIDADE DA VIDA<br />

Quão bela é a vida quando a sentimos dentro da sua realidade!<br />

Como é preciosa e útil a existência quando compreendida na sua verdadeira finalidade,<br />

que é a evolução dos seres!<br />

Que satisfação para a criatura humana ter as galas magnificentes e gratuitas da natureza,<br />

<strong>em</strong> todos os seus reinos, para alegria e devaneio de sua alma!...<br />

A Inteligência Universal criou a natureza de encantos mil não só para que possamos<br />

viver neste mundo prazerosamente, durante a nossa rápida passag<strong>em</strong> pela Terra, mas também<br />

para que ela nos proporcione, além do lazer, uma ocupação dignificante pelo trabalho, o<br />

estudo, o sofrimento e a luta cotidiana, objetivando s<strong>em</strong>pre o nosso aperfeiçoamento e a<br />

confraternização da humanidade.<br />

FORÇA E MATÉRIA<br />

O que somos aqui na Terra? Materialmente falando, somos apenas um agregado de<br />

células compostas de el<strong>em</strong>entos simples que formam o nosso corpo, que, aliás, é uma<br />

máquina maravilhosa pelas suas funções genéticas e fisiológicas; espiritualmente, somos<br />

fagulhas da Força Criadora; portanto, o ser humano é formado de Força e Matéria, à<br />

s<strong>em</strong>elhança do Universo. Assim, somos um mundo <strong>em</strong> miniatura ligado, pela orig<strong>em</strong>, ao<br />

Todo Universal.<br />

O b<strong>em</strong>-estar, no plano físico, é sentido e gozado de acordo com o nosso estado mental,<br />

<strong>em</strong>ocional ou psíquico. Pod<strong>em</strong>os alegrar-nos com as coisas mais simples da vida, procurando<br />

ver apenas o lado bom e positivo de tudo que há para o nosso próprio b<strong>em</strong>, e para alcançá-lo é<br />

só fazermos bom uso do pensamento, que é uma vibração do espírito.<br />

Procur<strong>em</strong>os s<strong>em</strong>pre repelir a tristeza, a maldade, a intolerância e todos os sentimentos<br />

inferiores ou enfermiços que possam atingir-nos, e esforc<strong>em</strong>o-nos por integrar-nos nas<br />

correntes vibratórias e harmônicas do B<strong>em</strong> e do Belo, <strong>em</strong> sintonia com a Luz imaterial que<br />

ilumina e ocupa o espaço infinito.<br />

ASTRONAUTAS<br />

Somos autênticos astronautas a rodopiar pela nossa rota planetária, comodamente<br />

instalados nesta nave espacial, que é a Terra, levando-nos, s<strong>em</strong> nenhum perigo, nos seus<br />

movimentos de rotação e translação.<br />

E esta natural nave terráquea, para deleite nosso, leva consigo mares, rios, florestas,<br />

montanhas, sua atmosfera protetora e tudo o que há na sua superfície e no seu bojo, para que<br />

nada nos falte nesse ininterrupto e sinérgico passeio sideral <strong>em</strong> torno do Sol, que, por sua vez,<br />

também gira com a sua galáxia entre miríades de agrupamentos estelares pela vastidão<br />

imensurável do Universo.<br />

Bendigamos o Sol, a água, o fogo, o ar, a vegetação com a sua fotossíntese e tudo o<br />

mais que nos permite viver no mundo Terra com relativa felicidade, obtida quando t<strong>em</strong>os a<br />

consciência tranqüila de que estamos cumprindo, fielmente, os nossos deveres de ord<strong>em</strong><br />

material, moral e espiritual.


PAZ E UNIÃO<br />

Repudi<strong>em</strong>os a guerra, a violência, a corrupção, a maledicência, a desord<strong>em</strong> e todos os<br />

atos que obscureçam ou brutaliz<strong>em</strong> a criatura humana.<br />

Desejamos no novo ano de 1990 que os homens de todos os quadrantes do nosso globo<br />

se confraterniz<strong>em</strong> e procur<strong>em</strong> resolver pacificamente as suas contendas, originadas pelo<br />

egoísmo, pelo orgulho e pela vaidade incontrolada e, por amor à Verdade, busqu<strong>em</strong><br />

compreender que este mundo não lhes pertence eternamente, porque todos são apenas seus<br />

hóspedes ou presidiários durante a existência corpórea, que, ante a imortalidade do espírito,<br />

significa um mero instante. Assim, num verdadeiro anseio de paz e de solidariedade humana,<br />

se unam glorificando a beleza e a eternidade da vida.<br />

(São Paulo, dez<strong>em</strong>bro/1989)


POLUIÇÃO MENTAL<br />

É de esperar-se que, após os percalços que os povos enfrentam atualmente, com guerras,<br />

revoluções, terrorismo, corrupção, libertinag<strong>em</strong> e angústia, havendo certo países com excesso<br />

de liberdade de expressão e de comportamento atentatórios aos bons costumes, e outros com<br />

seus habitantes impedidos de manifestar-se livr<strong>em</strong>ente para criticar os erros ou a prepotência<br />

dos que os dirig<strong>em</strong>, a civilização hodierna se encaminhe, possivelmente, para um novo ciclo,<br />

pelo encadeamento dos fatos que estão ocorrendo <strong>em</strong> nosso velho orbe terráqueo. E oxalá<br />

esse novo ciclo traga paz e melhores dias para a humanidade.<br />

O que ocorre, agora neste mundo, são efeitos de causas predisponentes da falta de<br />

previdência, de ponderação e de esclarecimento espiritual verdadeiro, assim como do nosso<br />

egoísmo incontrolado para sorver na hora presente todos os benefícios que a vida nos possa<br />

proporcionar. Dir-se-ia que marchamos acelerados para o delírio de uma psicose coletiva,<br />

arrastados pela insensatez, pela volúpia, pelo desvario e pela incongruência de uma minoria<br />

da humanidade que quer transformar a moral que rege os bons hábitos, dentro da família e da<br />

sociedade, ao sabor da sua maneira extravagante de encarar as coisas, s<strong>em</strong> pensar nas<br />

conseqüências maléficas que poderão advir no futuro, para si própria e para a coletividade.<br />

CIÊNCIA E BEM-ESTAR<br />

A ciência e a tecnologia jamais deveriam trazer mal-estar ao seu humano; entretanto,<br />

delas lançamos mão para fins escusos e egoísticos, razão por que se faz mister revermos a<br />

forma de vivência atual, com a convicção de que somos apenas meros administradores dos<br />

bens materiais da Terra, não tendo, por isso, o direito de desperdiçá-los ou depredá-los <strong>em</strong><br />

proveito próprio e <strong>em</strong> prejuízo da natureza, que, como mãe zelosa, reage s<strong>em</strong>pre que<br />

atentamos contra o equilíbrio do meio ambiente.<br />

A técnica e a ciência dev<strong>em</strong> proporcionar meios de b<strong>em</strong>-estar e jamais ser<strong>em</strong> fator de<br />

desequilíbrio e mal-estar como v<strong>em</strong> acontecendo agora com a poluição química, física e<br />

mental, pois já viv<strong>em</strong>os num ambiente impróprio, impuro e deletério.<br />

O <strong>em</strong>inente médico paulista Antônio Carlos Pacheco e Silva, a respeito da poluição<br />

mental, diz:<br />

A propalação de boatos alarmantes, de notícias suscetíveis de provocar impactos<br />

<strong>em</strong>ocionais deve ser impedida por qu<strong>em</strong> de direito. Divulgar de forma escandalosa fatos<br />

escabrosos, perversões sexuais, crimes horripilantes, <strong>em</strong>prestando-lhes acentuado cunho<br />

sensacionalista, não deixa de ser profundamente prejudicial à saúde mental, concorrendo<br />

para a corrupção dos costumes, para ofender a moral pública e desagregar a sociedade. A<br />

notícia de acontecimentos que concorram para incentivar a indisciplina, o desrespeito à<br />

ord<strong>em</strong> civil, a desobediência às boas normas da educação, feita <strong>em</strong> linguag<strong>em</strong> grosseira,<br />

desrespeitosa e impudica, não deveria ser permitida. A utilização de linguag<strong>em</strong> desabrida e<br />

insolente contra as autoridades, a incitação à revolta e à luta de classes, que possam<br />

comprometer a unidade familiar e social e a segurança nacional, não se justificam, dado que<br />

atentam contra a saúde e a paz pública.<br />

A orientação dos povos muito depende, agora, dos meios de comunicação; por isso eles<br />

dev<strong>em</strong> primar pela maior seriedade.


A RAZÃO<br />

Felizmente, o jornal A Razão, fundado pelo jornalista Luiz de Mattos, v<strong>em</strong> seguindo<br />

uma orientação sadia e verdadeira, que muito enaltece a ética do jornalismo brasileiro, não<br />

publicando notícias que possam poluir a mente dos seus leitores.<br />

Esse jornal, independente, liberal e apolítico, procura transmitir aos seus leitores<br />

somente o que possa ser útil e bom para a coletividade.<br />

Não somos favoráveis à censura política, que possa coartar a plena liberdade<br />

d<strong>em</strong>ocrática, como também não o é o ilustre médico Pacheco e Silva; somos, porém, contra a<br />

imoralidade, a delinqüência, a mentira e o sensacionalismo escabroso que venham poluir a<br />

mente de nossa gente, que t<strong>em</strong> a nobre missão de tornar o Brasil um grande centro irradiativo<br />

de progresso, de cultura e de espiritualidade para todo o mundo.<br />

(São Paulo, outubro/1974)


SABER QUERER É PODER<br />

De nada vale a nossa angústia por acontecimentos passados ou a nossa preocupação por<br />

coisas eventuais e futuras, pois o que mais nos importa agora é vivermos o presente,<br />

enfrentando com corag<strong>em</strong> e decisão as ocorrências próprias da vida, com otimismo no futuro.<br />

Quando algo nos atormenta, dev<strong>em</strong>os fazer uma análise retrospectiva da causa<br />

geradora, tirando-a da nossa mente <strong>em</strong> seguida, como tiramos um incômodo acarino que se<br />

agarrou ao nosso corpo.<br />

PSICANÁLISE<br />

Pela psicanálise, pod<strong>em</strong>os controlar os nossos sentimentos de frustração ou de<br />

conquista, escoimando o errado do certo. O segredo do êxito ou do fracasso depende da nossa<br />

maneira de pensar, agir e sentir a vida <strong>em</strong> todos os seus aspectos positivos e negativos.<br />

A psicanálise, ciência difundida por Freud e Milane, mostra-nos os complexos, os<br />

traumas morais e certos desajustamentos que têm por causa predisponente a orientação ou a<br />

vivência que tiv<strong>em</strong>os nas primeiras quadras do nosso viver e alguns acontecimentos que se<br />

gravaram indeléveis no nosso subconsciente, cuja afloração vai ocorrendo no decurso da<br />

nossa existência, s<strong>em</strong> que a percebamos, o que, muitas vezes, nos desvia do gozo da relativa<br />

felicidade a que faz<strong>em</strong>os jus no planeta Terra. Isso pode acontecer por desequilíbrio<br />

<strong>em</strong>ocional no nosso eu.<br />

Para combatermos a apatia mental, é mister uma forte reação psíquica, a fim de que nos<br />

revistamos de mais confiança <strong>em</strong> nós mesmos, na certeza de que pod<strong>em</strong>os equacionar os<br />

probl<strong>em</strong>as que nos preocupam, integrando-nos num otimismo sadio que nos possa dar alento.<br />

FELICIDADE<br />

A felicidade é um sentimento de euforia ou de satisfação íntima que sentimos pela nossa<br />

maneira de compreender a vida <strong>em</strong> todos os seus aspectos e complexidade. Portanto, não se<br />

baseia no luxo, na riqueza e nos prazeres meramente materiais, visto que, sendo um estado<br />

mental reflexivo, depende da conjuntura <strong>em</strong>ocional do espírito.<br />

Sendo o pensamento uma vibração do espírito ou a sua maneira de extreriorizar-se, é<br />

lógico que está <strong>em</strong> nós mesmos a decisão que nos leva a proceder b<strong>em</strong> ou mal, acertando ou<br />

errando.<br />

A vida real, s<strong>em</strong> os atavios da fantasia e da ilusão, é simples e boa, porém difícil de ser<br />

seguida pelas criaturas ainda muito apegadas às convenções sociais, imbuídas de preconceitos<br />

que fer<strong>em</strong> a sensibilidade de uma pessoa sensata. Entramos num período da civilização<br />

humana <strong>em</strong> que o excesso de liberdade está a fazer aluir os bons costumes, tendo como<br />

agravante os vícios, que tanto prejudicam o corpo e o espírito.


AS QUATRO FASES DA VIDA<br />

Todos nós passamos pelas quatro estações do ano: primavera, verão, outono e inverno.<br />

Na primavera, que é a encantadora quadra das flores, v<strong>em</strong>os extasiados o desabrochar<br />

da natureza; aí t<strong>em</strong>os o período da infância, com a sua inocência, graça e beleza.<br />

No verão a t<strong>em</strong>peratura é quente e suave, para que as criaturas sintam o calor e a alegria<br />

de viver; nessa fase t<strong>em</strong>os a mocidade exuberante, explodindo de entusiasmo pela vida.<br />

No outono, época das colheitas, o ser humano entra na plenitude da sua maturidade,<br />

quando busca a experiência e a sabedoria, com equilíbrio e bom senso.<br />

O inverno, t<strong>em</strong>po da neve e do frio, pod<strong>em</strong>os compará-lo à velhice, derradeira quadra<br />

da existência humana, ocaso da vida a sucumbir nas fímbrias do horizonte...<br />

É na velhice que a criatura, após ter passado pelos outros quartéis da vida, vai perdendo<br />

o vigor físico, entrando na senilidade, até o instante da sua desencarnação, quando o espírito<br />

se liberta das peias da matéria e, se esclarecido, parte imediatamente para o seu mundo de luz.<br />

PÁSSARO<br />

Como um pássaro engaiolado que se liberta e parte gorjeando para o bosque, assim é o<br />

nosso espírito, após a morte do físico, seguindo contente para o seu mundo de estágio, a que<br />

faz jus pela evolução conquistada <strong>em</strong> cada encarnação.<br />

Nascer, viver e morrer são a nossa odisséia neste mundo; por isso, não nos angustiamos<br />

com a nossa próxima desencarnação e a receber<strong>em</strong>os com estoicismo e até com alegria, certos<br />

de que a morte não interrompe a vida real. Ter<strong>em</strong>os, é claro, saudades dos familiares, dos<br />

amigos e companheiros na nossa grande caminhada <strong>em</strong> busca da eternidade.<br />

UM LUGARZINHO NO ÔNIBUS<br />

Não obstante entrarmos naturalmente para o período degenerativo do nosso organismo,<br />

a velhice t<strong>em</strong> as suas compensações, pela maneira afetiva com que somos tratados pelos<br />

familiares, pelos amigos e até mesmo, às vezes, por estranhos, que nos chamam de vovô e nos<br />

ced<strong>em</strong> um lugarzinho no ônibus e no metrô.<br />

Quando a criatura é metódica, disciplinada e s<strong>em</strong> vícios pode alcançar a longevidade<br />

com boa disposição, principalmente quando adota o regime ovilactovegetariano, rico <strong>em</strong><br />

proteínas, sais minerais, acompanhado de um equilíbrio mental que controle as <strong>em</strong>oções, o<br />

raciocínio e os pensamentos.<br />

NORMAL<br />

A velhice é um estado normal da vida humana, mormente quando b<strong>em</strong> cuidada. Na<br />

alimentação, o importante é a escolha de produtos puros e naturais, s<strong>em</strong> conservantes<br />

químicos, s<strong>em</strong> aditivos e livres de contaminação por bactérias patogênicas.<br />

A maioria das pessoas, quando moças, é extravagante e não pensa no que lhe reserva a<br />

velhice, com as implicações próprias dessa idade; todavia, pod<strong>em</strong>os amenizar essas<br />

implicações com um viver simples, racional, prolongando a vida, com saúde e alegria.


PARCIMÔNIA<br />

Precisamos ser mais parcimoniosos, combatendo o desperdício e a displicência, que<br />

constitu<strong>em</strong> crime de lesa-coletividade. O que é economicamente aproveitável não se deve<br />

esbanjar, destruir, omitir ou negligenciar, por interesse pessoal.<br />

A sabedoria popular diz que a economia é a base da prosperidade. Realmente, s<strong>em</strong> uma<br />

economia planejada ou racionalizada, um indivíduo, uma instituição ou um governo não<br />

pod<strong>em</strong> estabilizar as suas finanças para ter uma prosperidade sólida e duradoura.<br />

EQUILÍBRIO<br />

A economia a que nos referimos não é a avareza, a mesquinhez ou a sovinice; a<br />

economia aqui preconizada faz-se evitando os vícios, o luxo, o supérfluo e o inútil, para<br />

podermos ter s<strong>em</strong>pre o necessário ao nosso b<strong>em</strong>-estar.<br />

É uma t<strong>em</strong>eridade, de conseqüências imprevisíveis, um indivíduo de poucos recursos<br />

financeiros querer ostentar o luxo e as estroinices de um rico perdulário.<br />

Em sã consciência, não pod<strong>em</strong>os gastar mais do que ganhamos ou possuímos, para não<br />

rompermos o equilíbrio das nossas finanças e não faltarmos aos compromissos assumidos,<br />

individual ou coletivamente.<br />

A poupança é uma medida certa, justa e preventiva contra as eventualidades; o que<br />

desperdiçamos hoje poderá fazer-nos falta amanhã, justamente quando mais precisarmos. Os<br />

imprevidentes não poupam os seus ganhos e estão s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> dificuldades para solver<br />

encargos.<br />

Na administração de uma <strong>em</strong>presa, o mais importante e vital é uma eficiente direção<br />

financeira, para contrabalançar qualquer erro da produção, das vendas e das compras,<br />

evitando que o negócio vá à falência por falta de recursos previstos e acumulados.<br />

PREVISÃO<br />

A previsão, <strong>em</strong> qualquer ramo das atividades humanas, é hoje uma necessidade<br />

imperiosa para orientar, prever com mais acerto e decidir com técnica e maior conhecimento<br />

de causa, s<strong>em</strong> que se fique à mercê de circunstâncias ocasionais.<br />

Os governos austeros e honestos não sa<strong>em</strong> fora das previsões orçamentárias, salvo por<br />

motivo de força maior, para não acarretar maiores dificuldades ao povo. O mesmo deve<br />

acontecer na vida privada de cada um de nós.<br />

Não dev<strong>em</strong>os, pois, gastar acima das nossas disponibilidades econômicas, para não<br />

cairmos na penúria, arruinando a família e <strong>em</strong>pobrecendo a pátria.<br />

A grandeza de um país está na economia do seu povo. Para maior lucro de uma <strong>em</strong>presa<br />

ou instituição, é mister o trabalho racionalizado de equipe, para coordenar esforços,<br />

economizando t<strong>em</strong>po e dinheiro.<br />

O hom<strong>em</strong> precavido não é pessimista; pelo contrário, é mais otimista, porque na sua<br />

precaução organiza planos exeqüíveis, dentro de uma estrutura econômico-financeira ao seu<br />

alcance, s<strong>em</strong> o sacrifício de outr<strong>em</strong>.<br />

O otimismo excessivo é tão prejudicial como o pessimismo doentio, porque ambos<br />

estão fora da razão, da lógica e do bom senso.


“NÃO”<br />

Achamos oportuno transcrever aqui a mensag<strong>em</strong> ao hom<strong>em</strong> do povo e aos homens que<br />

dirig<strong>em</strong> os povos, do imortal Abraão Lincoln:<br />

Não criarás prosperidade se desestimulares a poupança. Não fortalecerás os fracos por<br />

esqueceres os fortes. Não ajudarás o assalariado se arruinares aquele que o paga. Não<br />

estimularás a fraternidade humana se alimentares o ódio de classes. Não ajudarás os pobres<br />

se eliminares os ricos. Não poderás criar estabilidade permanente baseado <strong>em</strong> dinheiro<br />

<strong>em</strong>prestado. Não evitarás dificuldades se gastares mais do que ganhas. Não fortalecerás a<br />

dignidade e o ânimo se subtraíres ao hom<strong>em</strong> a iniciativa e a liberdade. Não poderás ajudar<br />

os outros homens de maneira permanente se fizeres por eles aquilo que eles pod<strong>em</strong> e dev<strong>em</strong><br />

fazer por si mesmos.


PELA VERDADE<br />

A grande maioria da humanidade é ainda desconhecedora do verdadeiro papel que deve<br />

des<strong>em</strong>penhar no cenário da vida terrena.<br />

Não obstante o grandioso progresso material, neste século das grandes descobertas, das<br />

invenções e do aperfeiçoamento da técnica e das ciências, os homens segu<strong>em</strong> uma orientação<br />

moral baseada apenas <strong>em</strong> preconceitos que a tradição nos legou, sob o pálio das crendices e<br />

das lendas populares e também dos interesses religiosos, faltando-lhes, portanto, uma<br />

educação racional, condizente com as realidades da vida.<br />

Censura-se um cidadão pelo simples fato de o mesmo querer seguir um caminho certo,<br />

que t<strong>em</strong> por meta a Verdade! Mesmo na sua grande dor pela desencarnação de uma filha<br />

queridíssima, aparec<strong>em</strong> pessoas para martirizá-lo justamente quando seus pensamentos<br />

vibram e se elevam aos mundos superiores para auxiliá-la no seu regresso àqueles páramos de<br />

onde veio para enriquecer o seu modesto e pobre lar e cumprir deveres aqui na Terra. Sei que<br />

há contra mim grande ressentimento, por parte de alguns parentes e amigos, porque eu não<br />

quis que se realizass<strong>em</strong> cerimônias místicas e religiosas por ocasião do passamento de minha<br />

dileta e inesquecível filha. Fi-lo pelo grande amor que dedico a essa alma boa e já esclarecida,<br />

e por respeito à Verdade.<br />

TÁBUA DE PERDIÇÃO<br />

Muita gente se agarra à mentira, como tábua de salvação, e discricionariamente<br />

despreza a Verdade, visto desconhecer a sublimidade de sua missão como Força e Matéria —<br />

os dois únicos el<strong>em</strong>entos de que se compõe o Universo — e não querer dar-se ao trabalho de<br />

investigar as coisas sérias da vida. É b<strong>em</strong> mais fácil viver na ilusão da mentira do que no<br />

realismo da Verdade.<br />

Poucos são os que raciocinam com independência e tiram uma dedução certa de si<br />

mesmos e da realidade das coisas; outros segu<strong>em</strong>, s<strong>em</strong> nenhuma lógica, os ditames dos<br />

preconceitos da sociedade <strong>em</strong> que viv<strong>em</strong>, e, por medo, vaidade ou ignorância, jamais tentam<br />

contrariá-la. Prefiro, contudo, formar ao lado dos que, discordando da grande maioria,<br />

procuram livrar-se da ignorância religiosa e social, e plasmar os seus atos na realidade da<br />

vida, s<strong>em</strong> as fantasias místicas e entorpecedoras.<br />

Somos governados por leis comuns e naturais e nunca pod<strong>em</strong>os alterá-las com oblações<br />

e com idolatria, pois aqui vi<strong>em</strong>os <strong>em</strong> cumprimento de deveres instituídos por essas leis, sendo<br />

tais deveres trabalhar, sofrer e lutar pelo nosso aprimoramento moral, o esclarecimento<br />

espiritual e o progresso do Planeta.<br />

REGRESSO À CASA PATERNA<br />

Assim, de encarnação <strong>em</strong> encarnação, progride o espírito, que é Força, Luz, partícula do<br />

Grande Foco, até que o seu estado mental esteja <strong>em</strong> condições de evoluir no Astral Superior,<br />

tornando-se obreiro do B<strong>em</strong> e do Belo, para retornar ao Todo, de onde partiu.<br />

De que nos serv<strong>em</strong> a glória efêmera, o luxo, a vaidade, o orgulho e os sentimentos<br />

inferiores que urdimos, egolatricamente, com os fios da nossa ignorância no tear da vida?<br />

Serv<strong>em</strong> apenas para aumentar os nossos sofrimentos e perturbar a alma, tornando a vida mais<br />

difícil e complicada. (São Paulo, agosto/1953)


RACIONALISMO CRISTÃO<br />

À distinta Dona Kalime<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> não é o racionalismo de Descartes, Kant e outros filósofos. A<br />

Doutrina Racionalista Cristã, codificada por Luiz de Mattos, não é um culto prestado a uma<br />

divindade; pod<strong>em</strong>os, porém, classificá-la como doutrina que religa a criatura ao Criador,<br />

ensinando o ser a usar o livre-arbítrio para o b<strong>em</strong> e a pensar com elevação.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> é uma doutrina que analisa com equanimidade a razão das<br />

coisas e a lógica dos fatos, s<strong>em</strong> crendices e s<strong>em</strong> intolerância, porque é raciocinando livre,<br />

ponderada e esclarecidamente que se chega à realidade.<br />

Como a Força Espiritual, que é Luz e Inteligência, é o agente que dá vida, aciona e<br />

transforma a matéria, o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> investiga esse el<strong>em</strong>ento primordial da nossa<br />

existência.<br />

Dessas investigações, conclui a Doutrina Racionalista Cristã que apenas dois el<strong>em</strong>entos<br />

essenciais exist<strong>em</strong> no Universo: Força e Matéria. Sendo a Matéria inerte por si mesma, t<strong>em</strong>os<br />

que estudar e analisar a Força que a incita e movimenta, motivo por que o <strong>Racionalismo</strong><br />

<strong>Cristão</strong> procura ajustar-se à espiritualidade do Poder Criador e à evolução que se processa na<br />

vida de todos os seres.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> não manda a criatura crer e ter fé; aconselha-a, sim, a investigar<br />

a Verdade e ter confiança <strong>em</strong> si mesma, fazendo bom uso do seu livre-arbítrio e do poder da<br />

vontade, para vencer os obstáculos e livrar-se da mentira convencionada.<br />

JESUS, RACIONALISTA<br />

O <strong>Racionalismo</strong> t<strong>em</strong> a denominação de <strong>Cristão</strong> porque Jesus agia e doutrinava<br />

racionalmente, como propagador da Verdade. Espiritualista convicto e sincero, conhecia<br />

profundamente a vida fora da matéria e a ignorância humana.<br />

A vida de Jesus foi de lutas, de sofrimentos, renúncia, abnegação, honradez, corag<strong>em</strong> e<br />

sabedoria. Portanto, é digno de ser admirado, com estima e respeito, pelos que amam a<br />

Verdade e o B<strong>em</strong>.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, doutrina esclarecedora dos porquês das coisas, difunde um<br />

espiritualismo sadio, despido de crendices, de <strong>em</strong>bustes e misticismo, e orienta os seres<br />

humanos na sua luta, quer no plano físico quer no psíquico, s<strong>em</strong> o obscurantismo da<br />

superstição, dos mitos e do sectarismo.<br />

A sua disciplina é racional e benéfica; os seus princípios normativos são seguros,<br />

ponderados e esclarecedores. Assim, qu<strong>em</strong> os estuda t<strong>em</strong> melhor percepção da vida e<br />

conhecimento de si próprio; é também uma doutrina moralizadora, porque combate os vícios,<br />

os preconceitos, a intolerância e os maus hábitos, mostrando-nos que é pela consciência e<br />

correção dos nossos erros e pelo cumprimento dos nossos deveres que alcançamos o<br />

aperfeiçoamento intelectual, moral e espiritual.<br />

PRINCIPAL OBJETIVO<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, além de ser um centro irradiativo de espiritualidade, é também<br />

uma escola superior de aperfeiçoamento. Ensina a maneira pela qual dev<strong>em</strong>os combater os<br />

nossos desatinos e as nossas imperfeições, para tornarmo-nos mais úteis a nós mesmos, à


família, à pátria e à humanidade, pela compreensão da vida e pela eficiência no trabalho,<br />

visando o b<strong>em</strong> comum. Procura levantar o moral das criaturas enfraquecidas, mostrando-lhes<br />

a causa dos seus males e os meios de que dispõ<strong>em</strong> para evitá-los ou amenizá-los. Todavia,<br />

respeita o livre-arbítrio de cada pessoa, porque a tolerância é um dos seus princípios. Seu<br />

principal objetivo é a Verdade; o aprimoramento e o b<strong>em</strong>-estar das criaturas, as metas a fim<br />

de que o nosso planeta se transforme, o mais breve possível, num mundo de bonança, de<br />

fraternidade e justiça, s<strong>em</strong> o materialismo, a maldade e a ignorância que confund<strong>em</strong> os povos.<br />

FILOSOFIA<br />

Como v<strong>em</strong>os, o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> não é um credo religioso; é uma doutrina<br />

filosófica, da mais pura espiritualidade, s<strong>em</strong> nenhum dogmatismo, porque a razão, que<br />

esclarece, deve suplantar a fé <strong>em</strong> estado de misticismo ou de paixão incontrolada. O fanático<br />

não raciocina, não pondera, não deduz, crê cegamente <strong>em</strong> qualquer tabu, ao passo que o<br />

racionalista cristão pensa, estuda, analisa e reflete b<strong>em</strong> para encontrar a verdade das coisas<br />

que observa e julga.<br />

A força mental, que se irradia pelo pensamento, quando vibrada com otimismo,<br />

confiança e alegria, é a alavanca que ergue a criatura pessimista, desanimada e triste.<br />

Eis aí uma pequena síntese do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>.


CARTA A UM AMIGO<br />

Agora que andas angustiado por dissabores que te abat<strong>em</strong> a alma e debilitam o físico,<br />

recebe a minha palavra amiga de alento e conforto moral.<br />

A nossa vida terrena é como uma estrada longa e tortuosa, ao longo de cujo percurso<br />

encontramos as mais diversas situações: ora andamos por planícies verdejantes e orladas de<br />

flores, ora pisamos e v<strong>em</strong>os solo áspero, seco, íngr<strong>em</strong>e, espinhoso. Nesse constante viajar,<br />

nessa luta porfiada, t<strong>em</strong>os de seguir <strong>em</strong> frente, até chegarmos ao fim da grande jornada, que é<br />

o regresso aos páramos universais <strong>em</strong> busca do nirvana.<br />

A maldade e a incompreensão humanas pouco dev<strong>em</strong> importar quando visam molestarnos:<br />

o que importa é a nossa reflexão inabalável para cumprirmos, com calma, discernimento<br />

e ponderação, os nossos deveres. Importa que sigamos o nosso caminho, s<strong>em</strong> medo.<br />

Quando estivermos fatigados pelas agruras dessa cansativa viag<strong>em</strong>, elev<strong>em</strong>os os nossos<br />

pensamentos à Inteligência Universal e logo ver<strong>em</strong>os recuperada a energia anímica ou ódica,<br />

e a alegria voltará.<br />

SILÊNCIO OPORTUNO<br />

Quando virmos alguém deprimido ou perturbado, derram<strong>em</strong>os sobre essa criatura, nossa<br />

irmã <strong>em</strong> essência, os eflúvios benéficos da nossa alma, por meio de pensamentos de<br />

harmonia, pureza e bondade. Não apont<strong>em</strong>os, inoportunamente, as faltas ou os defeitos de<br />

qu<strong>em</strong> sofre para não perturbar ainda mais o seu estado psíquico; é mais lógico e racional que<br />

lhe estimul<strong>em</strong>os as boas qualidades, despertas ou latentes no seu espírito. Nenhuma pessoa é<br />

perfeita. T<strong>em</strong>os, por isso, de ser benévolos e tolerantes com os nossos s<strong>em</strong>elhantes, mormente<br />

com os que sofr<strong>em</strong> traumas morais e se sent<strong>em</strong> incompreendidos. Se não pudermos fazer o<br />

b<strong>em</strong>, evit<strong>em</strong>os praticar o mal <strong>em</strong> ações ou pensamentos.<br />

Se a nossa palavra aumentar o sofrimento alheio, dev<strong>em</strong>os calar: uma opinião dada no<br />

momento oportuno pode esclarecer e alentar; <strong>em</strong>itida na hora imprópria, pode causar<br />

aborrecimentos.<br />

Não zomb<strong>em</strong>os do nosso próximo e não fujamos do cumprimento dos nossos deveres.<br />

Dev<strong>em</strong>os, com os nossos ex<strong>em</strong>plos de corag<strong>em</strong>, honradez e decisão, atrair os fracos e<br />

indecisos para o B<strong>em</strong> e para a Verdade. T<strong>em</strong>os de entender que na fealdade e no sofrimento<br />

também existe algo de belo e proveitoso, já que neste mundo tudo t<strong>em</strong> a sua razão de ser, de<br />

acordo com as leis naturais e imutáveis que nos reg<strong>em</strong>. No plano individual, os psicólogos<br />

consideram que “a racionalidade do ser humano não é um fatalismo genético; é uma aspiração<br />

que depende de grande esforço”.<br />

Falando simbolicamente: se nos fosse dado folhear as páginas do imenso livro das<br />

nossas existências pretéritas, ficaríamos atônitos com os nossos desatinos e satisfeitos, por<br />

outro lado, ao ver os nossos progressos na senda da evolução.<br />

Jamais nos dev<strong>em</strong>os regozijar com os infortúnios dos outros: se atirarmos uma pedra<br />

para o alto, ela poderá cair sobre a nossa própria cabeça, pela lei da atração.


PLANTA<br />

Uma planta, quando colocada <strong>em</strong> lugar escuro, procura por si mesma alcançar a luz<br />

solar, para vicejar e viver. Assim, também nós somos impelidos a procurar a luz da<br />

espiritualidade eterna, para que se processe a nossa integração psíquica na Força Universal,<br />

por meio da dor, da luta, do estudo, da experiência, do poder da vontade, do controle do nosso<br />

livre-arbítrio e do aprimoramento de todas as nossas faculdades diretivas, tendo <strong>em</strong> vista a<br />

Verdade.<br />

Para um viver feliz, aqui, na Terra, a natureza prodigalizou-nos maravilhas, a que às<br />

vezes não damos o devido valor: trocamos o salutar otimismo pelo doentio pessimismo, a<br />

alegria reconfortante pela tristeza acabrunhante, e o amor, que redime, pelo ódio que<br />

entorpece, entregando-nos a um materialismo ilógico ou a uma subjetividade s<strong>em</strong> sentido.<br />

Tu, um hom<strong>em</strong> com certa cultura, inteligente e conhecedor da metafísica, hás de<br />

compreender as vicissitudes da vida e enfrentá-las com o heroísmo do soldado que defende o<br />

solo pátrio. Se erraste, procura corrigir-te, dominando o teu eu. Reconhecendo o erro,<br />

mostrarás ter bom senso e o desejo de te conduzires com acerto nas relações humanas e na tua<br />

vida íntima.<br />

Reage, portanto, contra esse sentimento doentio que te angustia. Procura esquecer o<br />

passado e viver com alegria os dias bonançosos do presente, confiando no futuro. Sê cordato,<br />

justo e verdadeiro. Respeita as idéias alheias para que as tuas sejam respeitadas.<br />

O prazer e a aflição são sentimentos da alma. Só a nossa vontade os pode modificar.<br />

Pondo as tuas forças volitivas <strong>em</strong> ação, tudo poderá transformar-se <strong>em</strong> tua vida: saber querer<br />

é poder.<br />

Sê, enfim, feliz. É o que mais te deseja este teu velho amigo de infância, que ora te<br />

abraça com grande afeição.


JUIZ DE DIREITO MAIS VELHO DO BRASIL<br />

A linda e hospitaleira cidade de Belém do São Francisco, no Estado de Pernambuco,<br />

esteve <strong>em</strong> festa durante dois dias para homenagear o Dr. Joaquim Crispiniano Coelho<br />

Brandão, Juiz de Direito aposentado, que, no dia 30 de agosto do ano <strong>em</strong> curso, completou<br />

c<strong>em</strong> anos de vida, gozando plena lucidez mental.<br />

O decano da magistratura pernambucana não usa óculos para ler e escrever. Ele ainda<br />

anda com relativa agilidade e escreve todas as noites até as duas horas.<br />

O venerando magistrado não fuma, não toma bebidas alcoólicas e t<strong>em</strong> uma alimentação<br />

sóbria e racional, não dispensando, diariamente, frutas e coalhada, e isso é talvez um dos<br />

motivos da sua longevidade, aliado à sua serenidade e bom humor.<br />

CIDADÃO EXTRAORDINÁRIO<br />

É, realmente, um cidadão extraordinário: culto, afável e mui ponderado; pelo seu<br />

espírito de justiça e bondade só conquistou amigos na trajetória da sua longa existência, razão<br />

por que é estimado e respeitado pelos colegas de magistratura e pelo povo <strong>em</strong> geral.<br />

A Associação Pernambucana dos Magistrados homenageou-o com uma placa de bronze,<br />

na qual foi inscrito um pensamento de Schopenhauer: “Os antigos jamais envelhec<strong>em</strong>”.<br />

O Governador de Pernambuco se fez representar, nas homenagens tributadas ao<br />

venerando Juiz, pelo seu Secretário de Justiça.<br />

Des<strong>em</strong>bargadores, juizes e diversos m<strong>em</strong>bros do Ministério Público estadual e federal<br />

foram até a cidade de Belém do São Francisco, que dista mais de quinhentos quilômetros do<br />

Recife, para saudar o Juiz Coelho Brandão pelo seu centenário de nascimento. Também<br />

compareceram centenas de pessoas da capital pernambucana, do Rio de Janeiro, de muitas<br />

localidades de Pernambuco e da Bahia.<br />

Todas as classes sociais de Belém do São Francisco desfilaram <strong>em</strong> sua homenag<strong>em</strong>,<br />

numa d<strong>em</strong>onstração de grande apreço, respeito e gratidão.<br />

Aos inúmeros oradores que o saudaram, ele respondeu de improviso, pronunciando uma<br />

bela e imperturbável peça oratória.<br />

Uma equipe da Empresa de Turismo de Pernambuco e do Governo do Estado gravou<br />

uma entrevista com o Dr. Coelho Brandão para ser arquivada no Museu da Imag<strong>em</strong> e do Som.<br />

Também foram filmados os aspectos principais da cidade e das solenidades.<br />

Pelo seu centenário de vida, a Associação Pernambucana dos Magistrados concedeu-lhe<br />

o título de sócio honorário, recebendo ainda um voto de regozijo da Ord<strong>em</strong> dos Advogados<br />

do Brasil. O Instituto Geográfico e Histórico de São Paulo, por indicação do seu associado<br />

Coronel Dr. Arrisson de Sousa Ferraz, fez constar da ata dos trabalhos um voto de louvor e<br />

congratulação.<br />

Magistrado de alto saber jurídico, foi incumbido, <strong>em</strong> 1919, pelo então Governador do<br />

Estado, de elaborar um anteprojeto de reforma da Organização Judiciária de Pernambuco.<br />

Preconizou a reforma da Constituição de 1891 e apresentou também sugestões para a nossa<br />

Carta Magna atual.<br />

Como juiz íntegro, como poeta lírico e escritor <strong>em</strong>érito, Dr. Coelho Brandão procura ser<br />

simples, verdadeiro e ponderado. Ao completar c<strong>em</strong> anos ao lado da esposa, Dona Olindina<br />

Lustosa, e de sua numerosa descendência, entre filhos, netos e bisnetos, recebeu mui<br />

merecidamente as homenagens dos familiares, das autoridades, dos colegas, dos amigos e


admiradores, porque qu<strong>em</strong> pratica o b<strong>em</strong> colhe, naturalmente, os louros dos seus próprios<br />

méritos. 1<br />

(São Paulo, set<strong>em</strong>bro/1975)<br />

1 O Dr. Joaquim Crispiniano Coelho Brandão faleceu <strong>em</strong> 1982, com 107 anos de idade (Nota do autor)


DESPEDIDAS AO CORPM<br />

Permitam-me que eu lhes fale, neste instante, pela última vez no plenário deste Colendo<br />

Conselho Deliberativo do nosso CORPM (Clube dos Oficiais da Reserva da Polícia Militar),<br />

para despedir-me dos meus nobres pares e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, agradecer-lhes penhorado a<br />

consideração que dispensaram a este modesto e velho conselheiro.<br />

Este é o meu sexto mandato de m<strong>em</strong>bro dos órgãos diretivos do nosso Clube; por isso o<br />

deixo com a consciência tranqüila de que também colaborei, <strong>em</strong>bora obscuramente, para a sua<br />

manutenção, como sócio-contribuinte e dirigente.<br />

Nesta oportunidade, renovo os meus sinceros agradecimentos aos senhores oficiais que<br />

abrilhantaram este douto Conselho com as luzes do seu saber e a proficuidade da sua<br />

experiência acumulada através de longos anos de vivência policial-militar e ainda como<br />

dirigentes desta entidade associativa.<br />

EXCLUSIVIDADE<br />

Por término de mandato, deixo este egrégio Conselho, para dedicar-me com<br />

exclusividade ao esclarecimento espiritual e moral dos seres humanos, como já venho fazendo<br />

há muitos anos. Atualmente exerço o cargo de Diretor-Secretário do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong><br />

nesta capital, cargo este muito laborioso e de grande responsabilidade. Essa Doutrina t<strong>em</strong><br />

filiais <strong>em</strong> muitas cidades do Brasil e do exterior, sendo a de São Paulo a maior de todas, com<br />

uma média de oitocentas pessoas por sessão pública de limpeza psíquica, realizada três vezes<br />

por s<strong>em</strong>ana, além das sessões particulares, destinadas aos seus militantes, e com uma<br />

correspondência numerosa procedente deste e de outros Estados e até mesmo do estrangeiro.<br />

Como Tesoureiro do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> <strong>em</strong> São Paulo, durante mais de vinte anos,<br />

fui um dos que construíram o majestoso edifício-sede do filiado paulista, cuja arquitetura é<br />

uma das mais lindas desta cidade, igual à da Casa-Matriz, no Rio de Janeiro, com a sua frente<br />

de mármore e portas de ferro.<br />

Continuo também como representante do jornal A Razão, do Rio de Janeiro, como<br />

encarregado do cerimonial das inaugurações de todas as Casas Racionalistas Cristãs no Brasil<br />

e como assessor, nessas solenidades, do Presidente Internacional do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>.<br />

EXEMPLO PARA O MUNDO<br />

Como minhas despedidas, apresento afetivos votos de perene felicidade, neste Ano<br />

Novo de 1983, aos senhores Conselheiros, extensivos às suas digníssimas famílias.<br />

Estamos no início de 1983 e oxalá nunca medre <strong>em</strong> nosso querido Brasil a erva daninha<br />

da intolerância política, racial ou religiosa, para que a liberdade, disciplinada pela ord<strong>em</strong>, pela<br />

justiça, pela razão e pelo bom senso, seja o nosso fanal e a nossa meta para maior<br />

humanização da vida neste planeta-escola, de aprendizag<strong>em</strong> e recuperação, a fim de que o<br />

nosso ex<strong>em</strong>plo de fraternidade cristã se reflita <strong>em</strong> todo o mundo, e os homens pens<strong>em</strong> e<br />

reflitam melhor sobre o sábio preceito de Jesus — o amor ao próximo.<br />

(São Paulo, janeiro/1983)


CARTA A UM VELHO AMIGO (1)<br />

De posse de sua erudita missiva, de 24 de dez<strong>em</strong>bro, apresso-me a respondê-la, para<br />

dizer-lhe que o seu conteúdo veio entristecer-me pela desagradável notícia que me deu do seu<br />

estado de saúde.<br />

Oxalá nada exista de grave no seu organismo que possa perturbar-lhe a saúde e a<br />

“verve”, a fim de que o Dr. Coelho continue ainda por muitos anos prestando o seu desvelado<br />

amparo à família, alegrando os amigos com sua amizade sincera e dando o seu valioso<br />

concurso à coletividade e à pátria. O amigo t<strong>em</strong> procurado s<strong>em</strong>pre dignificar a vida com a<br />

justeza dos seus atos e com o altruísmo dos seus pensamentos, cujo caminho t<strong>em</strong> percorrido<br />

esteado nos sábios conselhos de Cícero: Ponderação, Moderação, Justiça e Valor, que são as<br />

características do hom<strong>em</strong> honrado e cumpridor dos seus deveres.<br />

POESIA<br />

Seu soneto Doente revela a grandeza da sua alma enrijecida nos <strong>em</strong>bates deste mundo,<br />

já liberta do medo da morte, do t<strong>em</strong>or de enfrentar o além-túmulo.<br />

Neste estóico soneto, o senhor retrata a sua personalidade socratiana, que vê a realidade<br />

da vida na essência do espírito e não na transitoriedade da matéria, visto que esta é mutável,<br />

se transforma e desagrega sob a ação do t<strong>em</strong>po.<br />

A alma, partícula da Inteligência Universal, busca, pela evolução, a sua fonte de orig<strong>em</strong><br />

— a Força Criadora.<br />

O saudoso poeta maranhense J. Nogueira Rego diz, no seu espiritualizado po<strong>em</strong>a<br />

Gênese:<br />

“Num t<strong>em</strong>po b<strong>em</strong> distante, há milênios, talvez,<br />

Da Força Universal, eterna, onipotente,<br />

Partícula de luz, um dia, certa vez,<br />

Desci para viver e voltar novamente.”<br />

Estou de pleno acordo com a verdade contida nessa lapidar estrofe, visto que desc<strong>em</strong>os<br />

à Terra para viver e voltar novamente ao nosso mundo superior (mundos, zonas, esferas,<br />

planos ou céus, pouco importa a denominação terrena), quando se romper<strong>em</strong> os elos que nos<br />

prend<strong>em</strong> ao corpo físico.<br />

Já dizia Pitágoras: “O corpo é o carro da alma”; por conseguinte, quando o nosso carro<br />

está danificado e completamente imprestável para conserto, somos forçados a abandoná-lo no<br />

início, no meio ou no fim da jornada, não obstante o nosso amor à família e o nosso apego ao<br />

ambiente <strong>em</strong> que viv<strong>em</strong>os, porque o ômega da vida é uma lei natural a que todos os viventes<br />

estão sujeitos. Leibniz afirmou: “O t<strong>em</strong>po é a ord<strong>em</strong> sucessiva de todas as coisas”.<br />

Ninguém melhor do que o poeta sabe conceber a imortalidade da alma, pelo fato de sua<br />

mente vibrar dentro da sensibilidade espiritual da vida, criando imagens líricas para a glória<br />

eterna das musas e para suavizar as tristezas próprias deste mundo.<br />

Agradeço-lhe os lindos sonetos que me mandou agora, os quais vieram juntar-se às suas<br />

poesias e cartas catalogadas no meu arquivo, velho relicário de saudades, como jóias de<br />

grande valor literário, artístico e sentimental.


LONGEVIDADE<br />

Em vista da sua fortaleza psíquica, do seu ânimo inquebrantável, da sobriedade do seu<br />

viver e do seu otimismo, estou certo de que o amigo e tia Olindina celebrarão, <strong>em</strong> 1960, as<br />

suas bodas de ouro, entre o carinho dos seus entes queridos e a afeição dos seus amigos. O<br />

seu organismo ainda resiste b<strong>em</strong> às enfermidades e às int<strong>em</strong>péries, porque o senhor s<strong>em</strong>pre o<br />

tratou com o devido cuidado, dando-lhe uma alimentação sadia e nutriente, a par de uma<br />

higiene mental b<strong>em</strong> equilibrada, que é o segredo da sua longevidade.<br />

Com um tratamento médico especializado, aliado a uma terapêutica dietética<br />

apropriada, o senhor se restabelecerá do mau funcionamento dos rins e da albuminúria e,<br />

procurando esquecer a sua idade, para enganar o t<strong>em</strong>po, o prezado amigo chegará à casa dos<br />

noventa com saúde e alegria, porque é da estirpe e da virilidade de um Marechal Rondon, que<br />

há poucos dias partiu desta vida aos noventa e dois anos.<br />

Pela concepção racional que o senhor s<strong>em</strong>pre teve da vida, evitando os vícios e os<br />

excessos, está agora colhendo os frutos de uma longevidade rejuvenescida.<br />

O álcool, o fumo, as extravagâncias, a alimentação deficiente ou irracional e o estado<br />

psíquico descontrolado são fatores predisponentes às enfermidades do corpo e da alma.<br />

(São Paulo, janeiro/1958)


CARTA AO MANO POMPÍLIO<br />

Recebi a estimada carta <strong>em</strong> que comunicaste que a situação econômico-financeira dessa<br />

terra é assaz melindrosa, <strong>em</strong> vista do estio que devastou a plantação.<br />

É lamentável esse fenômeno climatológico que se expande por todo o Nordeste<br />

brasileiro, ora pelo quadro desolador das secas prolongadas, ora pelo excesso das chuvas<br />

periódicas...<br />

Que pod<strong>em</strong> fazer os bravos nordestinos?<br />

Ter muita corag<strong>em</strong> e resignação com as condições naturais dessa terra, porque tudo que<br />

nos acontece, voluntária ou involuntariamente, t<strong>em</strong> o seu fundamento e a sua razão de ser,<br />

nada nos acontece por acaso.<br />

DÍVIDA<br />

Suponho que o Nordeste esteja resgatando uma dívida antiga; por isso a região talvez<br />

esteja colhendo o fruto que s<strong>em</strong>eou no passado. Assim, o futuro lhe reservará melhores<br />

condições.<br />

O t<strong>em</strong>po é ilimitado para o resgate das nossas dívidas espirituais; para muitos essa idéia<br />

parece absurda, mas, para mim, acho viável, porque, do contrário, a justiça do Criador seria<br />

igual à dos homens falíveis.<br />

O que fiz<strong>em</strong>os no passado condiciona o presente e o que faz<strong>em</strong>os na atualidade terá<br />

conseqüência no futuro.<br />

Com esclarecimento e corag<strong>em</strong> pod<strong>em</strong>os minorar as reações de causa e efeito, isto é,<br />

cumprindo com valor e altruísmo os nossos deveres.<br />

Os meus conterrâneos não dev<strong>em</strong> esmorecer nessa luta titânica, pois é com sacrifício<br />

que se consegue o seu desiderato. Enquanto possuír<strong>em</strong> energias não dev<strong>em</strong> acovardar-se ante<br />

os <strong>em</strong>pecilhos e é seu dever enfrentá-los, por todos os meios ao seu alcance, porque, lutando,<br />

há probabilidade de vencer.<br />

Não obstante as grandes dificuldades que se lhe apresentam, o hom<strong>em</strong> não deve<br />

esmorecer n<strong>em</strong> perder seu t<strong>em</strong>po inutilmente. O t<strong>em</strong>po perdido jamais se recupera.<br />

IRRIGAR É PRECISO<br />

Embora seja difícil viver aí, por falta de chuvas e de trabalho, todos dev<strong>em</strong> procurar,<br />

com afinco, amenizar a situação <strong>em</strong> que se encontram.<br />

Além do flagelo das secas, faltam iniciativa e estímulo ao povo sertanejo. Esse<br />

município t<strong>em</strong> probabilidade de melhorar economicamente, visto ficar à marg<strong>em</strong> do São<br />

Francisco e possuir muitas ilhas que poderão ser futuramente irrigadas e cultivadas.<br />

Enquanto, porém, o governo não as irrigar, os seus arrendatários dev<strong>em</strong> cultivá-las, na<br />

medida do possível, aguando a plantação. Esse processo de regar é trabalhoso, porém, não o<br />

fazendo, o povo sofrerá mais.<br />

(São Paulo, maio/1934)


CARTA A UM VELHO AMIGO (2)<br />

Li e reli sua agradabilíssima carta, que encerra, para mim, uma mensag<strong>em</strong> de<br />

reafirmação de uma velha amizade que t<strong>em</strong> subsistido através do t<strong>em</strong>po e do espaço.<br />

Sua carta muito me agradou, não pelas referências elogiosas que faz à minha obscura<br />

pessoa, mas pela judiciosa opinião que o seu autor <strong>em</strong>ite sobre poesia, música e filosofia de<br />

vida.<br />

Refutando o que me disse a respeito do conceito que fiz e faço de sua simpática<br />

personalidade, digo-lhe que não foi por mero formalismo social ou por bizantinismo que me<br />

congratulei com o amigo, mas pelo dom da poesia e da palavra que <strong>em</strong>ana profusamente do<br />

seu peregrino intelecto e pelos atributos morais que o adornam.<br />

Quando elogio os meus raros amigos, revisto-me da integridade de um juiz que se<br />

coloca acima de qualquer sentimentalismo que venha ferir o inviolável culto da justiça e da<br />

Verdade.<br />

Na sua vida retilínea de magistrado, o amigo soube s<strong>em</strong>pre se conduzir dentro da justiça<br />

e da bondade, fazendo do Direito um b<strong>em</strong> jurídico-social, e não um estratag<strong>em</strong>a da política,<br />

como sói acontecer no nosso querido Brasil.<br />

OQUE É POESIA<br />

Herder, ensinando Goethe a procurar nos seus carmes as vozes dos povos, através da<br />

natureza e da fonte eternamente jov<strong>em</strong> da poesia popular, dizia:<br />

A poesia é a língua-mãe do gênero humano <strong>em</strong> cujo Panteon concordam <strong>em</strong> harmonia<br />

as vozes de todos os povos.<br />

Por falar no autor do Fausto, l<strong>em</strong>brei-me de que transcorre este ano o bicentenário do<br />

nascimento de Goethe, o genial poeta-filósofo, citado <strong>em</strong> sua carta como um dos protótipos da<br />

poesia universal.<br />

Na poesia, o senhor descreve, <strong>em</strong> versos ataviados de um sentimentalismo nobre e puro,<br />

o amor que consagra aos filhos, à esposa, às coisas da vida, e enaltece a amizade que dedica<br />

aos parentes e amigos.<br />

No seu belíssimo soneto “Esperança”, que o amigo me enviou, há uma suave<br />

comunhão entre o hom<strong>em</strong> e o Criador, mostrando-nos quão bela é a vida, quando guiada pela<br />

esperança.<br />

De fato a esperança deve alentar-nos a existência “<strong>em</strong> toda e qualquer lida”, para que<br />

possamos alcançar a ventura da realização de um dever, qual seja, o de rever s<strong>em</strong>pre o lar<br />

paterno, os parentes, os amigos e o torrão natal.<br />

Não perdi ainda a esperança de rever, <strong>em</strong> corpo físico, essa gente boa e essa terra<br />

querida do meu sertão; todavia, se as circunstâncias não o permitir<strong>em</strong>, fique certo, meu caro<br />

Dr. Coelho, de que o meu espírito, com grande enternecimento, as reverá, recordando cheio<br />

de saudade os momentos fagueiros de minha vida sertaneja, passados entre o desvelo dos<br />

parentes e amigos e a aspereza “suave” da natureza nordestina, cujo quadro está s<strong>em</strong>pre<br />

retratado na minha mente.


VELHA AMIZADE<br />

T<strong>em</strong>po virá <strong>em</strong> que, provavelmente, nos encontrar<strong>em</strong>os nas Esferas Superiores, atraídos<br />

pela velha amizade que há séculos nos religa, e ali, libertos das injunções próprias da vida<br />

material, comentar<strong>em</strong>os fatos do nosso viver no planeta Terra, lamentando, talvez, os<br />

preconceitos sociais e religiosos que desviam os seres humanos da realidade.<br />

Que isso aconteça para alegria das nossas almas!<br />

APRENDIZADO<br />

Não tenho nenhuma erudição acadêmica e desconheço o esoterismo escolástico. Os<br />

conhecimentos rudimentares que tenho da vida e das coisas aprendi através da luta, da<br />

experiência e da observação, procurando nos ensinamentos anônimos da natureza e dos<br />

homens cultores do B<strong>em</strong> e da Verdade algo que me orientasse na minha caminhada por este<br />

mundo depurador. Não gosto de falar de mim mesmo, a não ser para apontar e corrigir os<br />

meus próprios defeitos, que, aliás, são numerosos.<br />

Algumas pessoas amigas, como o Dr. Coelho, levadas por um sentimento de bondade,<br />

faz<strong>em</strong> um julgamento de excessivo otimismo do meu valor pessoal.<br />

É verdade que procuro cumprir os meus deveres, <strong>em</strong> todos os aspectos da vida, dentro<br />

das minhas possibilidades, contudo muito luto para corrigir hábitos, educar a vontade e<br />

controlar o livre-arbítrio.<br />

Estou muito aquém da perfeição e ainda carrego sobre os ombros a cruz pesada deste<br />

calvário da existência, <strong>em</strong> busca da Verdade e da evolução.<br />

Disse Jesus: “Só a Verdade livrará a humanidade das garras da ignorância”.<br />

É justamente a Verdade que nos ilumina na compreensão de nós mesmos e de tudo que<br />

nos cerca; por isso dev<strong>em</strong>os projetá-la <strong>em</strong> cada ação da nossa vida.<br />

Julgo-me, pois, imperfeito como o mais vulgar dos homens, diferenciando-se deste<br />

apenas na interpretação intrínseca das minhas faltas e suas conseqüências, porque, quando<br />

erro e recebo o que é devido, não culpo o Criador pelo que me acontece, visto que cada um de<br />

nós t<strong>em</strong> o que merece e recebe pelo que dá.<br />

L<strong>em</strong>bra Pitigrilli o que já dizia o sábio e vetusto Homero: “O hom<strong>em</strong> se obstina <strong>em</strong><br />

atribuir a culpa aos deuses, e à sua estupidez chama de destino”.<br />

Sei que o meu destino foi e será forjado pelas minhas ações e pela irradiação dos meus<br />

pensamentos, <strong>em</strong> consonância com as leis comuns e naturais que reg<strong>em</strong> o Universo. Sou,<br />

portanto, o artífice do meu destino, preparado no passado, modificado no presente ou<br />

reformado no futuro.<br />

É a marcha da evolução transformando e aprimorando para a perfeição, a fim de que<br />

possamos regressar à Inteligência Universal, nossa fonte de orig<strong>em</strong>.<br />

No estado psicológico <strong>em</strong> que me encontro atualmente, falta-me, para o<br />

desenvolvimento da cultura intelectual, o t<strong>em</strong>peramentum ad pondus de Hipócrates, ou seja, o<br />

perfeito equilíbrio do organismo. Também não possuo os homúsculos de Paracelso n<strong>em</strong> tive<br />

ainda o estalo do venerando Padre Antônio Vieira para iluminar-me no culto das letras e das<br />

ciências...<br />

Sinto que minha mente não t<strong>em</strong> o condão para difundir, com eloqüência, o que leio e<br />

ouço dos mestres, e isso é, talvez, o efeito de uma causa metafísica, que os teosofistas


chamam de lei do “karma”, ou seja, de acordo com os princípios racionalistas cristãos, o<br />

choque de retorno de uma ação passada refletida no presente.<br />

REALIDADES ETERNAS<br />

Pedindo-lhe vênia, faço meu o sentencioso comentário de Humberto de Campos:<br />

A sepultura não é a porta do céu, n<strong>em</strong> a passag<strong>em</strong> para o inferno. É o bangalô<br />

subterrâneo das células cansadas — silencioso depósito do vestuário apodrecido. O hom<strong>em</strong><br />

não encontrará na morte mais do que vida, e no misterioso umbral a grande surpresa é o<br />

encontro de si mesmo. Falar, pois, de homens e de espíritos como se foss<strong>em</strong> expoentes de<br />

duas raças antagônicas vale por falsa concepção das realidades eternas.<br />

As criaturas terrenas são, igualmente, espíritos, revestidos de expressões peculiares ao<br />

Planeta. Eis a verdade que o cristianismo restaurado difundirá nos círculos da cultura<br />

religiosa.<br />

Quanta gente aguarda a grande transição para regenerar costumes e renovar<br />

pensamentos? Entretanto, adiar a realização do b<strong>em</strong> é menosprezar patrimônios espirituais,<br />

agravando dificuldades futuras.<br />

A alegria da imortalidade <strong>em</strong>briagou a muitos estudiosos imprevidentes. Dorme-se ao<br />

longo de trabalhos valiosos e urgentes, à espera de mundos celestiais, como se o orbe<br />

terrestre não integrasse a paisag<strong>em</strong> do infinito. O Sol ilumina o mundo, a chuva fecunda a<br />

terra, a árvore frutifica, as águas adoçam a aridez do deserto; mas o hom<strong>em</strong> deve caminhar<br />

por si mesmo. As maravilhas e dádivas da Natureza Superior não exim<strong>em</strong> a criatura da<br />

obrigação de seguir com Cristo para Deus. A Terra é também a grande universidade.<br />

Ninguém despreze a luta, o sofrimento, a dificuldade, o test<strong>em</strong>unho próprio.<br />

A Luz e o B<strong>em</strong>, a Sabedoria e o Amor, a compreensão e a fraternidade, o cérebro<br />

esclarecido e as mãos generosas depend<strong>em</strong> do esforço pessoal, antes de tudo.<br />

CAMINHO CERTO<br />

Basta, meu caro Dr. Coelho, de tantos comentários, e elev<strong>em</strong>os os nossos pensamentos<br />

à Inteligência Universal, fazendo irradiantes votos para que os homens se esclareçam mais e<br />

compreendam melhor o poder dinâmico da vida, que é eterna, harmonizando os seus efêmeros<br />

interesses materiais, a fim de que esta humanidade, que ainda não encontrou a verdadeira paz,<br />

entre no caminho que a conduzirá à Verdade, à justiça e à razão, ou seja, a reintegração na<br />

vida simples, natural e cristã, a que todas as criaturas faz<strong>em</strong> jus, como partículas do Grande<br />

Foco.<br />

Agora que os nossos políticos se preparam para a campanha da sucessão presidencial,<br />

oxalá seja encontrado para dirigir a República um cidadão capaz de resolver, definitivamente,<br />

alguns dos muitos probl<strong>em</strong>as fundamentais ao progresso da nação e ao b<strong>em</strong>-estar do povo<br />

brasileiro.<br />

Pedindo-lhe desculpas pela prolixidade desta carta, prometo ao bondoso amigo que a<br />

próxima será breve, espartanamente lacônica...<br />

(São Paulo, julho/1949)


OS DEZ ITENS DA MINHA VIDA<br />

1° — Quero controlar os meus desejos e pensamentos, purificando-os no B<strong>em</strong> e no Belo.<br />

2° — Quero dominar as minhas paixões e todos os ímpetos inferiores do meu instinto, para<br />

que a minha inteligência me ilumine no cumprimento dos meus deveres.<br />

3°— Quero encarar a vida dentro da sua evidência real.<br />

4° — Quero que todas as células do meu corpo funcion<strong>em</strong> com normalidade e que meu<br />

espírito seja de fato senhor do meu eu.<br />

5° — Quero que sejam banidas de minha mente as idéias de vaidade, ódio, orgulho, ciúme e<br />

de tristeza, sendo substituídas por pensamentos de valor e altruísmo.<br />

6° — Quero viver alegre e com saúde, porque “o corpo é o t<strong>em</strong>plo onde habita o espírito”.<br />

7° — Quero ser sincero, justo e coerente para com meus s<strong>em</strong>elhantes e para comigo mesmo.<br />

8° — Quero que os meus atos e as minhas palavras sejam s<strong>em</strong>pre pautados pela linha reta da<br />

Verdade e da justiça.<br />

9° — Quero ter s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> mente que o saber, o amor, a justiça, a verdade e a razão<br />

conduz<strong>em</strong> o hom<strong>em</strong> ao caminho da Realidade da vida.<br />

10° — Quero amar a tudo e a todos, porque da natureza e do Todo eu faço parte, dentro da<br />

comunidade universal.<br />

(São Paulo, julho/1933)


CARTA AO POETA E ESCRITOS URBANO LOPES DA SILVA<br />

T<strong>em</strong>os <strong>em</strong> agradáveis palestras falado sobre espiritualidade e, <strong>em</strong> particular, sobre a<br />

reencarnação da alma.<br />

Embora estejamos de pleno acordo quanto à filosofia espiritualista, há, todavia, entre<br />

nós divergências a respeito da interpretação de causa e efeito.<br />

Congratulo-me com o amigo por ter enveredado pela ciência das ciências, que é o<br />

espiritualismo; não de um modo religioso, apaixonado, ilógico, irracional e fanático, mas<br />

esteado na razão, na justiça e na ciência, que nos conduz<strong>em</strong> ao discernimento da Verdade.<br />

ESTUDOS ESPÍRITAS<br />

Faço minha a valorosa opinião do ilustre médico brasileiro Antônio Pinheiro Guedes, na<br />

obra de sua autoria Ciência espírita:<br />

Como resultado dos estudos espíritas, a imortalidade da alma é estatuída <strong>em</strong> princípios<br />

perfeitamente determinados <strong>em</strong> provas irrefutáveis.<br />

A sucessão das existências ou multiplicidade de vidas corpóreas de uma<br />

individualidade consciente — o espírito humano — denominada reencarnação, constitui a lei<br />

a que estão sujeitos todos os espíritos; é condição essencial ao seu progresso.<br />

O corpo é para a alma o que a roupa é para o corpo, um agasalho, um abrigo contra as<br />

int<strong>em</strong>péries, um véu sobre a nudez.<br />

Sabe-se hoje que o espírito assiste, preside à formação do seu corpo, transfundindo-se,<br />

consubstanciando-se nele pelo perispírito, corpo anímico, molécula a molécula, órgão por<br />

órgão, durante a gestação, até completar a evolução fetal; dele toma posse inteira, absoluta,<br />

à natalidade, assenhoreando-se então totalmente do barco que aparelhou para navegar no<br />

mar t<strong>em</strong>pestuoso da vida material.<br />

O espiritismo é um poderoso foco de luz, cujos raios ating<strong>em</strong> as fronteiras da esfera<br />

intelectual e iluminam todo o ciclo da vida. Ele esclarece e justifica as chamadas ciências<br />

ocultas, explicando racionalmente suas deduções e os porquês da vida astral e física.<br />

FORÇA E MATÉRIA<br />

Em conformidade com os sábios ensinamentos do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>:<br />

A matéria não progride, já se acha nos diversos estados ou categorias <strong>em</strong> que é preciso<br />

para organizar todos os corpos, de acordo com a Força que os deve organizar, incitar e<br />

movimentar, inclusive os corpos sólidos.<br />

É preciso não confundir a evolução da Força com a desagregação da Matéria.<br />

A Força <strong>em</strong> si não é a energia a que se refer<strong>em</strong> os eruditos oficiais. Explicando-se o<br />

que seja a Força <strong>em</strong> si e a Matéria <strong>em</strong> si, facilmente se compreenderá como tudo nos v<strong>em</strong> de<br />

fora e vive fora do nosso corpo, inclusive o pensamento que atraímos ou repelimos, conforme<br />

a nossa vontade. O espírito começa evoluindo no reino mineral e vai subindo de degrau <strong>em</strong><br />

degrau, de arbusto <strong>em</strong> arbusto, de animal a animal, pois tudo quanto se oferece aos olhos<br />

materiais, mesmo parecendo inanimado, contém uma partícula da Força, igual <strong>em</strong> essência<br />

ao espírito do hom<strong>em</strong>; e nessa evolução ininterrupta vai o espírito tomando nova forma e<br />

adquirindo novos conhecimentos. A vida, considerada <strong>em</strong> síntese, é a evolução essencial, ou<br />

seja, do espírito.


Em tudo e a cada momento, como galgando todas as esferas para chegar ao ponto de<br />

onde partiu — à vida superior (espírito) — se evolui, se modifica; tudo é eterno nesta<br />

eternidade de progresso que é a modificação de todas as coisas e de todos os seres.<br />

Desde o grandioso vegetal ao microscópico grão de areia, nada existe sobre a Terra<br />

que não tenha vida superior, também denominada espírito; vida intermédia, denominada vida<br />

anímica ou fluido nervoso, e vida inferior, de diferentes categorias, que se denomina<br />

matéria...<br />

REENCARNAÇÃO<br />

O espírito, depois que desencarna, depois da inércia do seu corpo físico, cessada a<br />

natural perturbação que o acompanha na passag<strong>em</strong> da vida corporal à espiritual, por si só,<br />

quando esclarecido, ou auxiliado por espíritos superiores, deixa a atmosfera da Terra e passa<br />

para o espaço de luz, isto é, para o mundo que lhe é próprio e, ali chegando, torna-se<br />

consciente de tudo que fez quando encarnado e, com espanto, muitas vezes, verifica que não<br />

soube conduzir-se b<strong>em</strong> quando aqui esteve com a nobre missão de evoluir por meio da luta,<br />

do sofrimento e das experiências que o mundo Terra, que é uma escola e também uma<br />

penitenciária, oferece aos que desejam progredir no caminho da perfeição, do conhecimento<br />

da Verdade. Assim, o espírito se vê obrigado, por si mesmo, a reencarnar para fazer o que não<br />

fez nas últimas encarnações.<br />

A sucessão de vindas ao presídio da matéria é feita até que a alma se torne forte,<br />

esclarecida e cumpra realmente os seus deveres, seguindo com corag<strong>em</strong> e honradez o<br />

caminho do b<strong>em</strong> e do progresso. Após passar por todas as categorias evolutivas nos seus<br />

respectivos mundos, planos ou esferas, ela ascende ao Todo.<br />

“VÓS SOIS DEUSES”<br />

O espírito não é apenas uma simples <strong>em</strong>anação do pensamento do Grande Foco, que o<br />

vulgo conhece por Deus; ele é precisamente uma partícula desse Grande Foco, que se parcela<br />

para acionar o progresso dos mundos. Quando termina o ciclo desse trabalho maravilhoso,<br />

através de corpos, de mundos por ele tornados diáfanos, o espírito volta à Inteligência<br />

Universal ou Grande Foco, de onde partiu como sua partícula, porque, sendo o Grande Foco o<br />

Arquiteto do Universo, precisa naturalmente parcelar por todas as partes e por todas as coisas<br />

a sua própria Força, para que haja vida e evolução nos incontáveis mundos que se espalham<br />

pelo infinito, cuja grandeza e incomensurabilidade a nossa inteligência, ligada à matéria, é<br />

incapaz de avaliar e compreender.<br />

Baseado na identidade essencial que há entre nós e o Criador, disse Jesus: “Vós sois<br />

deuses”.<br />

VIAJORES ERRANTES<br />

Tratando desse assunto, assim se expressou o Dr. George S. Arundale:<br />

O probl<strong>em</strong>a da morte é um dos maiores probl<strong>em</strong>as da vida; assim, se desejais saber o<br />

que sucede após a morte e o que acontece antes do nascimento, então é preciso pôr de lado<br />

todas as asserções de negação, buscar ardent<strong>em</strong>ente por vós mesmos e agarrar-vos a<br />

qualquer coisa que vos pareça auxiliar e, assim fazendo, usai vossa inteligência, vossa<br />

vontade, vosso impetuoso desejo de saber, custe o que custar. Subimos através de uma


tr<strong>em</strong>enda linha de evolução, crescendo, crescendo e crescendo de um estágio de consciência<br />

para outro. Cresc<strong>em</strong>os do som da vida para o sonho da vida, do sonho da vida para o<br />

despertar da vida, do despertar da vida para o verdadeiro conhecimento da própria vida, que<br />

é o propósito do reino humano, ao qual todos nós pertenc<strong>em</strong>os.<br />

Somos viajores errantes, à s<strong>em</strong>elhança de Porusa, o iluminado viajor que há<br />

aproximadamente vinte mil anos assistiu ao desaparecimento da velha e lendária Atlântida,<br />

onde hoje ondula o grande oceano Atlântico.<br />

E até quando ser<strong>em</strong>os viajores errantes? Até que percorramos a senda da vida, ou<br />

melhor, até concluirmos a nossa evolução individual, neste e <strong>em</strong> outros mundos, voltando<br />

então ao Todo, limpos de imperfeições e oniscientes do que há no Além-Superior.<br />

RELIGIÕES<br />

Há, infelizmente, no mundo cerca de oito mil religiões e seitas religiosas, cada uma<br />

pregando uma doutrina diferente e antagônica.<br />

No dizer de Krishnamurti, as religiões são verdadeiras gaiolas que nos aprisionam no<br />

seu sectarismo organizado, à mercê das paixões e das conveniências dos seus mentores,<br />

baseado <strong>em</strong> lendas e fatos apócrifos da História.<br />

Os grandes homens que iluminaram a Terra com a sua sabedoria, tais como Jesus, Buda,<br />

Confúcio, Pitágoras, Sócrates, Platão, Moisés, Hermes, Orfeu, Luiz de Mattos e muitos<br />

outros, não fundaram religiões, apenas pregaram e difundiram doutrinas filosóficas de grande<br />

elevação moral, pela reforma dos costumes; todos combateram a ignorância, a mentira e os<br />

preconceitos sociais e religiosos.<br />

Jesus disse: “Só a Verdade poderá libertar a humanidade das garras da ignorância e<br />

assim prepará-la para o cumprimento do seu dever na Terra”.<br />

Platão também dizia: “O maior mal é a ignorância da Verdade”.<br />

De acordo com o hermetismo, “a moralidade dos antigos sábios não se apoiava <strong>em</strong><br />

preconceitos de ord<strong>em</strong> sobrenatural, n<strong>em</strong> <strong>em</strong> princípios irracionais, mas era essencialmente<br />

prática. Sua base era o b<strong>em</strong> comum, e ela podia ser contida inteiramente nestas palavras: não<br />

façais aos outros o que não quereis que vos façam. Fazei-vos amar pelo ex<strong>em</strong>plo da vossa<br />

vida”.<br />

As religiões, que deveriam ensinar e praticar a espiritualidade da vida e da morte de um<br />

modo prático, científico e racional, e a fraternidade entre todos os seres, pregam a discórdia, a<br />

desarmonia e até a guerra, como se as criaturas não foss<strong>em</strong> irmãs <strong>em</strong> essência, almas que<br />

vieram de diversos mundos habitar, t<strong>em</strong>porariamente, o planeta Terra, pelos motivos já aqui<br />

expostos.<br />

Cada religião quer ter o monopólio das verdades espirituais, como se estas pudess<strong>em</strong> ser<br />

monopolizadas por interesses velados...<br />

A História aí está a nos mostrar o mal que as religiões têm causado à humanidade,<br />

atrasando-lhe o progresso espiritual, <strong>em</strong> sua marcha ascendente para a Verdade.<br />

A intolerância e os preconceitos são as características das religiões que se baseiam no<br />

tradicionalismo ilógico dos costumes e das crenças. Agora v<strong>em</strong>os a velha Índia<br />

ensangüentada pela intolerância religiosa. N<strong>em</strong> mesmo o apóstolo da paz e da ben<strong>em</strong>erência,<br />

o “mahatma” Gandhi, escapou do fanatismo religioso e político. Gandhi, essa grande alma,<br />

disse:


Para atingir a pureza perfeita, o hom<strong>em</strong> deve elevar-se acima das correntes opostas do<br />

amor e do ódio.<br />

V<strong>em</strong>os também, com tristeza, a terra que serviu de berço ao grande e iluminado Jesus<br />

<strong>em</strong> guerra, porque duas mentalidades religiosas — judia e muçulmana — se chocam ao fragor<br />

de um ódio irreconciliável, a ponto de a Organização das Nações Unidas opinar pela divisão<br />

territorial da Palestina entre os contendores.<br />

ESPIRITISMO<br />

Para aumentar ainda mais o número das religiões, os praticantes do espiritismo popular<br />

e evangélico e da magia negra quer<strong>em</strong>, infelizmente, catalogar esse espiritismo como religião,<br />

dando à sua prática mística e de inferior espiritualidade um sentido religioso, pelo<br />

conhecimento precário que esses praticantes têm da ciência espírita.<br />

O espiritismo puro e verdadeiro, como é praticado no <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, é a ciência<br />

das ciências, doutrina filosófica baseada na Verdade e na razão, cuja moral e cuja disciplina,<br />

revestidas da maior espiritualidade, levam-nos ao conhecimento do porquê das coisas e à<br />

descoberta de nós mesmos como Força e Matéria, os dois el<strong>em</strong>entos básicos do Universo.<br />

PENSAMENTO / VONTADE / LIVRE-ARBÍTRIO<br />

O pensamento é uma <strong>em</strong>anação da Força, ou seja, do espírito, e se irradia através do<br />

éter, de maneira que as irradiações dos nossos pensamentos repel<strong>em</strong> os contrários ou se<br />

confund<strong>em</strong> com os similares, que vibram no espaço.<br />

Assim como o éter está cheio da propagação ondulatória do som, está também de<br />

irradiações <strong>em</strong>anadas dos nossos pensamentos. O pensamento, portanto, não é a própria força<br />

espiritual, é um meio de comunicação e é por intermédio dele que atraímos ou repelimos os<br />

espíritos, inclusive os que perambulam na atmosfera terrestre, s<strong>em</strong> o devido esclarecimento,<br />

ainda <strong>em</strong> completa ignorância do seu estado de desencarnados e do dever de partir<strong>em</strong> para os<br />

seus mundos, a fim de se preparar<strong>em</strong> para novos trabalhos.<br />

Sendo o pensamento de tanta importância no nosso viver coletivo, torna-se<br />

indispensável o controle desse meio abstrato de comunicação, do livre-arbítrio e da vontade.<br />

Ensina-nos a ciência de Hermes:<br />

S<strong>em</strong> a ação o pensamento é um aborto; pensar b<strong>em</strong> e agir com energia, eis o l<strong>em</strong>a a<br />

seguir para alcançar o triunfo. A vontade é a maior força a serviço do hom<strong>em</strong>. A vontade é<br />

certamente a faculdade humana cujo estudo é o mais delicado e, como é faculdade ativa e<br />

realizadora por excelência, é, ao mesmo t<strong>em</strong>po, aquela cujo estudo é mais importante, para o<br />

perfeito desenvolvimento do ser humano.<br />

Descartes, considerado o fundador da filosofia moderna, disse:<br />

Distinguir o falso do verdadeiro é o único meio de ver claras as ações e de caminhar<br />

com segurança nesta vida. Um perfeito conhecimento de todas as coisas que o hom<strong>em</strong> pode<br />

ter é tão necessário para regular os nossos costumes como o uso dos nossos olhos para guiar<br />

os nossos passos. Trabalhar para b<strong>em</strong> pensar: eis o princípio da moral.<br />

A MORAL<br />

A moral humana é uma norma de vida baseada no bom senso e na moderação dos<br />

costumes; é uma meta que orienta o hom<strong>em</strong> no cumprimento dos seus deveres, dentro da


sociedade ou do seu meio ambiente, buscando a Verdade para melhor distribuição da justiça e<br />

do b<strong>em</strong> comum.<br />

A moral não pode ser um simples aglomerado de preconceitos mantidos pelo hom<strong>em</strong> à<br />

mercê de uma tradição ilógica; ela é a bússola do nosso viver, e a oscilação da agulha<br />

magnética nos indica o rumo que t<strong>em</strong>os a seguir nos meridianos da vida; a ação magnética<br />

variável é produzida não por uma corrente elétrica, e sim pela polarização dos nossos<br />

pensamentos imantados pela vontade e controlados pelo livre-arbítrio.<br />

Quanto à moral, dizia o grande Krishna:<br />

Os males com que atormentamos o nosso próximo nos persegu<strong>em</strong> como a nossa sombra<br />

o nosso corpo. As obras cujo móvel é o amor ao próximo dev<strong>em</strong> ser ambicionadas pelo justo,<br />

porque são as que mais pesarão na balança celestial (espiritual).<br />

O hom<strong>em</strong> virtuoso é parecido com a árvore de nossas florestas, cuja sombra dá às<br />

plantas que a rodeiam a frescura da vida.<br />

GUERRA / MISÉRIA<br />

A guerra e a miséria política e social, que se observa <strong>em</strong> todas as partes da Terra, são<br />

efeitos da nossa crassa ignorância, de não querermos resolver pacificamente, de modo justo e<br />

racional, todos os nossos probl<strong>em</strong>as de interesse coletivo.<br />

A guerra, com o seu cortejo de miséria e de dores, não é um castigo imposto pelo<br />

Criador a esta humanidade ainda atrabiliária; ela é gerada pelo mau uso do nosso livrearbítrio,<br />

desnorteado pelo orgulho, pela vaidade, pelo medo, pela prepotência e pela ganância.<br />

O nosso egoísmo é d<strong>em</strong>asiado, o nosso orgulho é cruel, e o materialismo, que entorpece o<br />

nosso espírito, impede que nos olh<strong>em</strong>os frente a frente, como irmãos que somos <strong>em</strong> essência.<br />

Para que a guerra seja proscrita deste planeta é indispensável que a humanidade seja<br />

esclarecida sobre os porquês das coisas e sobre a sua composição como Força e Matéria, e<br />

seja educada <strong>em</strong> princípios de justiça, de equanimidade e de sã moral, de verdadeiro amor ao<br />

próximo e ao trabalho racionalizado, para o b<strong>em</strong> comum de todos os povos e nações.<br />

Como se vê, a civilização, apesar de tão antiga, não chegou ao limiar da perfeição,<br />

ainda fazendo guerra de conquista de territórios ou de comércio, e fabricando bombas e<br />

instrumentos para destruição de povos e cidades.<br />

USE A IMAGINAÇÃO<br />

As explanações contidas nesta carta não são apenas produto de minha imaginação; são<br />

resultado do trabalho, da observação imparcial e dos estudos científicos e filosóficos dos<br />

grandes homens que se dedicaram, abnegadamente, às investigações das coisas sérias da vida.<br />

Além dos grandes vultos do passado r<strong>em</strong>oto, que se dedicaram ao psiquismo, ou<br />

probl<strong>em</strong>as da alma, tiv<strong>em</strong>os mais recent<strong>em</strong>ente pessoas de real saber, de grande valor, tais<br />

como: H. Durvile, Paul Gibier, Wallace, Margon, Warbei, Zöllner, Du Prel, Aksokof,<br />

Broferio, William Crookes, Albert e Coste, Gabriel Delanne, Giustanini, Lombroso, Max<br />

Nob, e, no Brasil, o grande Luiz de Mattos, fundador do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, Dr. Antônio<br />

Pinheiro Guedes, Dr. Alberto Seabra, Visconde de Sabóia e outros.<br />

Não deixei, porém, de expandir nesta carta um pouco da minha imaginação. Conta o<br />

teósofo Arundale que Einstein, criador da famosa teoria da relatividade, declarou que a<br />

primeira noção que teve da sua teoria veio-lhe não pelo estudo, não pelo intelecto, mas


através de um tr<strong>em</strong>endo vôo de sua imaginação (digo eu: intuído naturalmente por Forças<br />

Astrais Superiores). E aconselha o mestre Arundale: “Usai a vossa imaginação! Que dádiva<br />

espiritual é a imaginação; por que não a usar? Pode, certamente, haver abuso, porém pode<br />

também ser usada inteligent<strong>em</strong>ente”.<br />

Ao término desta longa palestra por escrito, desejo prestar uma homenag<strong>em</strong> aos poetas<br />

espiritualistas Urbano Lopes da Silva e Manuel Barbosa do Nascimento, evocando alguns dos<br />

“versos áureos” de Pitágoras:<br />

“Sê bom filho e bom pai, terno esposo e irmão justo.<br />

Escolhe para amigo o amigo da virtude;<br />

Os conselhos lhe atende, e jamais o desprezes<br />

Por nugas — se estiver <strong>em</strong> ti poder fazê-lo<br />

Porque existe uma lei que jungiu, implacável,<br />

O dom da Liberdade às garras do Destino.<br />

.................................................................................<br />

A fim de que, no pleno e eterno azul suspenso,<br />

Também sejas um deus por entre os imortais.”<br />

(São Paulo, julho/1948)


REMINISCÊNCIAS<br />

Qu<strong>em</strong> nasceu no sertão de Pernambuco e vive ausente da terra natal há de sentir<br />

saudades das primeiras chuvas que ca<strong>em</strong> no fim da primavera ou no início do verão.<br />

Antes, porém, da preparação para o começo do inverno (que nos sertões nordestinos é a<br />

estação das chuvas), t<strong>em</strong>os trovoadas, relâmpagos, céu nublado e a alegria alvoroçada da<br />

criação como prenúncio das primeiras águas.<br />

Os sertanejos, ansiosos, espreitam o t<strong>em</strong>po e faz<strong>em</strong> conjeturas; uns procuram interpretar<br />

as previsões do lunário, outros observam os fenômenos meteorológicos, e alguns, os mais<br />

perscrutadores, já habituais com as constantes secas, faz<strong>em</strong> deduções para predizer se haverá<br />

ou não inverno no sertão...<br />

FARTURA E EUFORIA<br />

Ca<strong>em</strong> chuvas gerais; corr<strong>em</strong> os riachos e os córregos; ench<strong>em</strong>-se os açudes e as lagoas,<br />

e os sapos coaxam numa verdadeira aleluia saudando o inverno que chega.<br />

Logo após as primeiras chuvas, o solo se reveste de babug<strong>em</strong>, e se as precipitações<br />

atmosféricas continuam caindo com regularidade a relva cresce, a caatinga enverdece,<br />

transformando o aspecto triste dos campos, dantes ressequidos, numa magia estupefaciente da<br />

natureza!<br />

O povo do sertão se torna alegre e eufórico e lança as s<strong>em</strong>entes à terra; as plantas<br />

brotam, cresc<strong>em</strong> e vicejam.<br />

É pleno inverno e há contentamento geral na zona sertaneja, porque o criatório engorda<br />

e as plantações estão seguras; há leite, coalhada, umbuzada, queijo fresco, milho, pamonha,<br />

canjica, e nesse ambiente de alegria e fartura, a gente do sertão esquece a seca que passou...<br />

Eis a vida nos sertões do Nordeste; quando há inverno a fartura aflui; quando v<strong>em</strong> a<br />

seca, a miséria surge.<br />

Seca e inverno são dois extr<strong>em</strong>os que preocupam todos os anos o povo sertanejo, visto<br />

que o seu b<strong>em</strong>-estar depende da regularidade das chuvas para manter a agricultura e a criação,<br />

que são os seus meios de subsistência.<br />

ZABUMBA VERSUS FILARMÔNICA<br />

Reportando-me ao folclore do meu sertão, l<strong>em</strong>bro-me ainda dos costumes do t<strong>em</strong>po de<br />

criança, quando minha vida era de venturas e despreocupações, pois Leopoldina, hoje<br />

Parnamirim, constituía para mim o melhor lugar do mundo, e o sítio “Santa Maria”, onde<br />

nasci, era o enlevo das minhas aspirações infantis.<br />

Pensava eu, naqueles saudosos t<strong>em</strong>pos de quatro bananas por um vintém, que não<br />

haveria no Brasil orquestra melhor do que a da zabumba, que os meninos acompanhavam nas<br />

suas andanças pelas ruas da cidade.<br />

Eu não trocaria um dueto de pífanos por um de flautas e também não trocaria a nossa<br />

típica zabumba pela filarmônica do Recife. Regionalismo e discernimento de criança...<br />

Os anos e as décadas passaram na vorag<strong>em</strong> do t<strong>em</strong>po e hoje, longe do torrão natal, só<br />

me restam r<strong>em</strong>iniscências desse passado longínquo e cheio de evocações de tudo que vi e<br />

senti nas primeiras quadras da minha vida.


* * *<br />

Naqueles saudosos t<strong>em</strong>pos, quando o câmbio estava ao par e a nossa moeda era forte e<br />

não se aviltava perante o dólar ou a libra esterlina, como não acontece agora com o cruzeiro<br />

tão desvalorizado, por ser <strong>em</strong>itido s<strong>em</strong> lastro e às toneladas, aumentando a inflação, era<br />

Presidente da República um varão impoluto, ponderado e valoroso, que ainda vive, para a<br />

nossa alegria — o Dr. Venceslau Brás, que já está na casa dos noventa e sete anos de idade.<br />

A esse venerando e estimado cidadão de Itajubá, rend<strong>em</strong>os as nossas homenagens, num<br />

preito de gratidão pelo muito que fez pelo Brasil, justamente num período difícil para a nossa<br />

pátria, que foi envolvida na Primeira Guerra Mundial.<br />

Oxalá os seus ex<strong>em</strong>plos de governante probo, justo e íntegro sirvam de roteiro aos que<br />

administram esta nossa querida nação, que atravessa atualmente uma calamitosa crise<br />

político-social-econômica.<br />

Por intermédio de A Razão, faz<strong>em</strong>os ardentes votos para que o Dr Venceslau Brás<br />

festeje, com saúde e alegria, o centenário do seu nascimento, para júbilo de sua família, dos<br />

seus amigos e de todos os brasileiros.<br />

Essas r<strong>em</strong>iniscências são dedicadas a meu <strong>em</strong>inente e querido amigo Dr. Joaquim<br />

Crispiniano Coelho Brandão, poeta de grande sensibilidade e juiz de direito aposentado,<br />

residente <strong>em</strong> Belém do São Francisco. O Dr. Coelho é um dos homens mais íntegros e<br />

cônscios dos seus deveres da magistratura de Pernambuco. Com oitenta e oito anos de idade,<br />

ainda trabalha, escreve lindos po<strong>em</strong>as e está s<strong>em</strong>pre b<strong>em</strong>-humorado.<br />

Para ele, a velhice somente começa depois do c<strong>em</strong> anos.<br />

(São Paulo, março/1964)


SINFONIA DO UNIVERSO<br />

O Universo é regido por leis imutáveis, num verdadeiro sincronismo, <strong>em</strong> que tudo gira,<br />

mat<strong>em</strong>aticamente, dentro da sua órbita ou de seu raio de ação.<br />

Nosso planeta, que é um dos mais humildes mundos que pontilham o cosmo, está<br />

integrado na Sinfonia do Universo e na Harmonia das Esferas, referida por Pitágoras, onde<br />

tudo vibra imanizado pela Força Criadora, que equilibra as galáxias com as suas incontáveis<br />

estrelas e aciona os corpos, dando vida aos seres.<br />

Os fenômenos atmosféricos e as estratificações geodinâmicas surg<strong>em</strong> para a própria<br />

estabilidade da Terra e continuação da vida, porque a natureza é, como disse alguém, um<br />

po<strong>em</strong>a harmonioso, belo, rítmico e cadenciado pela movimentação cósmica.<br />

A morte é apenas o prenúncio de uma nova vida, ou seja, a continuação da própria vida,<br />

após a desencarnação da alma. O término da noite traz o despontar da aurora com as suas<br />

cambiantes irisadas e deslumbrantes, para um novo dia cheio de luz e de esperança; assim<br />

também é a existência dos seres na sua caminhada para a evolução.<br />

A perfeição é a finalidade do espírito.<br />

Dum terreno encharcado ou lodoso, pod<strong>em</strong> surgir os mais saborosos frutos e as mais<br />

perfumadas flores; por isso pouco importam as aparências do mundo; o que vale é a realidade<br />

das coisas.<br />

Só damos o devido valor à saúde quando nos sentimos deprimidos ou enfermos, porque<br />

a dor é o sinal de alarme, que nos põe de atalaia e nos faz refletir, para retroceder do caminho<br />

incerto que perlustramos.<br />

FORA DA QUÍMICA<br />

Assim como o pensamento é uma vibração do espírito, e este, uma partícula da<br />

Inteligência Universal, o nosso físico é um encadeamento de células vivas, compostas dos<br />

mesmos el<strong>em</strong>entos simples que se combinam e formam os corpos orgânicos e inorgânicos.<br />

Dos el<strong>em</strong>entos simples já conhecidos e estudados, tudo o que de material existe neste<br />

planeta deles promana; tanto o nosso corpo como a pedra ou a areia, tanto o ar como a água,<br />

assim como a argila, a flor e tudo que nos cerca, pois a matéria se desagrega, se transforma e<br />

não se perde.<br />

Somente o espírito está fora da química, que combina esses el<strong>em</strong>entos essenciais, para a<br />

formação dos compostos, porque as leis que o reg<strong>em</strong> são imateriais, cuja mecânica não t<strong>em</strong><br />

por base o átomo, que constitui a matéria.<br />

Como v<strong>em</strong>os, o ser humano é parte integrante da Força e da Matéria, ocupando o seu<br />

devido lugar na Sinfonia do Universo.<br />

INFINITO<br />

A grandiosidade universal é ilimitada, e sentimo-la por diversos meios de indagação e<br />

pesquisa, como no espectro eletromagnético, nas ondas hertzianas, na radioastronomia e<br />

outros.<br />

Para termos uma idéia aproximada da incomensurabilidade do infinito, basta sabermos<br />

que os corpos celestes denominados quasars, ultimamente descobertos, irradiam uma<br />

quantidade tão grande de energia que a sua luz equivale a dez mil bilhões de sóis. Entre a Via-<br />

Láctea, que observamos no firmamento, e a sua vizinha mais próxima, há uma separação de


seiscentos e oitenta mil anos luz, e essa astronômica distância pode ser calculada sabendo-se<br />

que a luz percorre trezentos mil quilômetros por segundo.<br />

No Universo há bilhões e bilhões de imensas nebulosas estelares, cada uma com<br />

milhões de sóis e cada sol com seu sist<strong>em</strong>a planetário. Por aí se vê como a Terra é minúscula<br />

perante o cosmo, e como somos ainda pouco evoluídos ante a Força Criadora, que a tudo<br />

movimenta na mais perfeita simetria.<br />

Por meio de fotografias tiradas do Observatório de Monte Wilson, a grande nebulosa de<br />

Cygnus é observada com os seus cinco milhões de galáxias, cada uma das quais é um sist<strong>em</strong>a<br />

celeste com milhões de estrelas iluminantes e iluminadas. Cada sol que existe no Universo é<br />

uma imensa fornalha que ilumina e dá calor aos astros s<strong>em</strong> luz própria.<br />

A Lua, nosso único satélite, tão cantada pelos poetas, está a apenas trezentos e oitenta e<br />

cinco mil quilômetros da Terra, e foi Tales de Mileto, alguns séculos antes de Cristo, qu<strong>em</strong><br />

descobriu que é o Sol que a ilumina.<br />

De quando <strong>em</strong> vez, observamos chuvas de estrelas produzidas por encontros de<br />

corpúsculos nas vastas amplidões etéreas.<br />

É interessante verificarmos que as leis que governam os elétrons e os prótons, dentro<br />

dos átomos, e estes, dentro das moléculas, são as mesmas que regulam o metabolismo solar e<br />

equilibram as nebulosas e as constelações que aparec<strong>em</strong> na tela do firmamento.<br />

Tudo que existe no cosmo é relativo, desde a pequenez do átomo à grandiosidade das<br />

galáxias, porque só a Força Criadora é absoluta, por ser infinita, onipresente e incriada.<br />

EXTRATERRESTRES<br />

Se a Terra, que é tão pequenina <strong>em</strong> relação ao Universo, é habitada por seres racionais,<br />

por que outros mundos b<strong>em</strong> maiores do que o nosso planeta não poderão ser habitados por<br />

criaturas inteligentes? Possivelmente, os seres de mundos mais diáfanos e superiores <strong>em</strong><br />

relação à Terra já atingiram evolução b<strong>em</strong> maior do que a nossa, e é de supor que os seus<br />

corpos sejam até de natureza fluídica ou tenham um tipo biológico diferente do nosso;<br />

entretanto, <strong>em</strong> essência espiritual somos todos iguais, havendo apenas diferenciação de<br />

categorias evolutivas, porque os espíritos de todas as esferas ascend<strong>em</strong> para o Todo, sua fonte<br />

de orig<strong>em</strong>, depois de percorrer<strong>em</strong> a senda da evolução, através de bilênios e por meio de<br />

grandes lutas, para a conquista de mais espiritualidade.<br />

TRÍADE<br />

Os seres viventes se compõ<strong>em</strong> de uma tríade vital: espírito, perispírito e corpo carnal.<br />

O perispírito, corpo astral, também chamado matéria fluídica, vida anímica ou ódica,<br />

serve de elo entre o espírito e o corpo físico. N<strong>em</strong> a matéria fluídica n<strong>em</strong> a corporificada<br />

possu<strong>em</strong> atributos próprios de inteligência e de vida, porque somente a Força Psíquica os t<strong>em</strong>.<br />

Como vimos, são três os corpos: mental, astral e carnal, que se entrelaçam para a formação da<br />

individualidade humana.<br />

O que observamos aqui e no além constitui verdadeira maravilha, que forma uma<br />

imensa sinfonia, onde cada ser é um músico e cada astro um instrumento na orquestração do<br />

Universo, cujo regente é o Grande Foco, ou Deus.<br />

(São Paulo, julho/1968)


RENASCER, MORALMENTE<br />

(Palestra na Associação Antialcoólica de São Paulo)<br />

Distinguido com um convite especial da digna diretoria da Associação Antialcoólica de<br />

São Paulo, aqui estamos para falar aos que se debat<strong>em</strong> e aos que já se debateram para livrarse<br />

do alcoolismo.<br />

De início quer<strong>em</strong>os dizer-lhes que não estamos aqui para censurá-los, admoestá-los ou<br />

humilhá-los com palavras causticantes; estamos, sim, para dar-lhes estímulo e encorajá-los na<br />

sua luta contra o vício do álcool.<br />

Estamos aqui para felicitar os que já se libertaram do alcoolismo e renasceram,<br />

moralmente, deixando de beber, a fim de se integrar<strong>em</strong> novamente no seio da família e da<br />

sociedade.<br />

Como espiritualista ou racionalista cristão que somos, v<strong>em</strong>os nos senhores almas<br />

encarnadas, que são pela sua essência espiritual nossas irmãs, razão por que nos interessamos<br />

pelo b<strong>em</strong>-estar dos que sofr<strong>em</strong>, pelo mau uso do livre-arbítrio.<br />

Somos um dos diretores do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, <strong>em</strong> São Paulo, doutrina<br />

<strong>em</strong>inent<strong>em</strong>ente contra os vícios do álcool, do fumo e do jogo, que procura esclarecer a<br />

humanidade sobre a sua composição como Força e Matéria, os seus deveres e o porquê das<br />

coisas <strong>em</strong> que somos envolvidos aqui no planeta Terra.<br />

Sentimo-nos, pois, felizes quando v<strong>em</strong>os os nossos s<strong>em</strong>elhantes no bom caminho, e nos<br />

entristec<strong>em</strong>os quando os v<strong>em</strong>os na estrada do mal, dominados pelos vícios.<br />

Portanto, meus amigos, o nosso espírito se rejubila por ver homens e mulheres lutando<br />

para libertar-se do maior inimigo dos povos: o álcool.<br />

Felizes são os que ainda <strong>em</strong> t<strong>em</strong>po deixam de beber e voltam ao aconchego da família e<br />

ao trabalho.<br />

Sim, meus amigos, qu<strong>em</strong> deixa de beber renasce para uma vida cheia de esperança, para<br />

tornar-se uma criatura útil, valorosa e na plenitude de todas as suas faculdades diretivas.<br />

QUERER É PODER<br />

Alguns dirão que não é fácil deixar de beber; realmente não é, mas, reforçando a<br />

vontade e tendo pensamentos contrários ao vício, todos poderão libertar-se do álcool.<br />

Saber querer é poder, e qu<strong>em</strong> age com todas as forças do seu eu pode resolver qualquer<br />

probl<strong>em</strong>a que o aflija, porque se coloca na corrente positiva do b<strong>em</strong>.<br />

O ser humano é dotado de atributos que o destacam dos seres irracionais, como sejam: a<br />

força de vontade, a consciência de si mesmo, a capacidade de percepção, a inteligência, o<br />

poder de raciocínio, a faculdade de concepção, o equilíbrio mental, a lógica, o domínio<br />

próprio, a sensibilidade e a firmeza de caráter, e, não obstante todas essas qualidades, os<br />

homens, às vezes, não respeitam as leis naturais. Entretanto, os irracionais respeitam-nas: não<br />

com<strong>em</strong> e não beb<strong>em</strong> o que lhes possa causar mal, levados tão-somente pelo instinto de<br />

conservação da vida.<br />

O hom<strong>em</strong> — senhor absoluto do mundo — deveria ver o ex<strong>em</strong>plo dos seus irmãos<br />

inferiores — os animais — e convencer-se, com as luzes da sua inteligência, de que tomar<br />

bebidas alcoólicas é antinatural, é ilógico e contra as leis da espiritualidade.<br />

Qu<strong>em</strong> viola as leis imutáveis da natureza sofre as conseqüências desses desatinos.


Como os homens são seres gregários, que não pod<strong>em</strong> viver isoladamente, se agrupam<br />

<strong>em</strong> sociedade, instituindo a família e elegendo um governo para que possam cumprir a sua<br />

missão aqui na Terra, porque é pela luta e pelo sofrimento que acionam o progresso do mundo<br />

e a sua própria evolução.<br />

A sociedade atual, <strong>em</strong>bora tenha o conforto e os benefícios da tecnologia e da ciência,<br />

ainda vive entorpecida pelos preconceitos e pelos vícios, porque a educação familiar é falha e<br />

a oficial é retrógrada para a era atômica e espacial, <strong>em</strong> que velhos tabus dão lugar a novas<br />

concepções racionais e científicas. O hom<strong>em</strong> já flutua além da atmosfera da Terra, numa<br />

d<strong>em</strong>onstração de que o espírito é Força, é Luz, e como tal pode conquistar até as regiões<br />

siderais.<br />

Ora, se o hom<strong>em</strong> já se prepara para ir à Lua, por que não pode libertar-se do álcool?<br />

Pode, é só querer e pôr a sua vontade <strong>em</strong> ação, evitando os maus amigos e os maus<br />

pensamentos, visto que estes atra<strong>em</strong> as forças astrais inferiores, que se quedam na atmosfera<br />

da Terra e nos danificam com os seus fluidos maléficos.<br />

FORÇAS INFERIORES<br />

Essas forças inferiores a que aludimos são as almas daqueles que se entregavam,<br />

quando encarnados, ao vício do álcool, aos desvarios e ao fanatismo. Portanto, meus amigos,<br />

os sofrimentos dos alcoólatras acompanham seus espíritos perturbados após a morte pela<br />

ansiedade do vício, até que, após grandes sofrimentos e perturbações, se esclareçam e sigam<br />

para os seus respectivos mundos, onde serão réus e juízes de si mesmos no julgamento dos<br />

seus próprios atos.<br />

Diz<strong>em</strong>os “seus mundos” porque este <strong>em</strong> que habitamos não é nosso, é apenas uma<br />

escola de aprendizag<strong>em</strong>, um hospital, uma penitenciária, um lugar de recuperação para as<br />

nossas almas ainda carentes de evolução e de mais espiritualidade, razão por que não há<br />

perfeição aqui no mundo Terra.<br />

Infeliz daquele que não sabe aproveitar essa feliz oportunidade de encarnar neste<br />

planeta para depurar-se de suas faltas e ascender a um plano mais evoluído na escala da<br />

evolução universal. A pessoa que desencarna <strong>em</strong> estado de <strong>em</strong>briaguez perde a encarnação e<br />

atrasa sua evolução, cometendo, assim, um crime contra si mesma.<br />

Quer<strong>em</strong>os, pois, concitar aos que estão <strong>em</strong>penhados nessa ben<strong>em</strong>érita luta de combate<br />

ao alcoolismo para que não esmoreçam, tenham força de vontade, pensamentos de altruísmo e<br />

procur<strong>em</strong> por todos os meios reconquistar o domínio próprio, que eleva a criatura à dignidade<br />

de ser pensante, racional e consciente, como partícula mais evoluída da Força Criadora.<br />

TRINTA ANOS A MENOS<br />

É b<strong>em</strong> mais importante o hom<strong>em</strong> deixar o vício do álcool do que ganhar fortuna, ou,<br />

ainda, <strong>em</strong> estado permanente de <strong>em</strong>briaguez, ter todas as riquezas da Terra, porque o<br />

alcoolismo o degenera, encurta-lhe a vida, perturba-lhe a alma e atrasa-lhe a evolução.<br />

Analisando os efeitos danosos do álcool, verificamos que esse terrível vício tanto<br />

prejudica o físico como a alma.<br />

São os biologistas que nos diz<strong>em</strong> que os vícios e a ignorância das leis higiênicas da<br />

saúde reduz<strong>em</strong> a vida humana <strong>em</strong> aproximadamente trinta anos.


Como v<strong>em</strong>os, de todos os vícios o do álcool é o mais maléfico e prejudicial à saúde, por<br />

intoxicar o corpo e obcecar o espírito.<br />

Do ponto de vista moral, o alcoolismo atrofia o caráter, porque o viciado vai perdendo o<br />

domínio próprio, ficando à mercê das circunstâncias ocasionais; e do ponto de vista social o<br />

alcoólatra torna-se um peso morto para a sociedade, porque deixa de trabalhar e produzir.<br />

O alcoolismo é mais danoso do que o câncer e a guerra; no entanto, os poderes públicos<br />

e a sociedade fing<strong>em</strong> ignorá-lo.<br />

Se houvesse uma estatística verdadeira das pessoas que morr<strong>em</strong> <strong>em</strong> conseqüência do<br />

álcool e das que são afastadas da sociedade e vão para as penitenciárias e para os manicômios,<br />

ficaríamos estarrecidos e envergonhados de haver no mundo tantas vítimas desse vício<br />

terrível.<br />

Não fomos, não somos alcoólatras e nunca nos <strong>em</strong>briagamos uma só vez durante os<br />

nossos sessenta e um anos de vida, porque aos dez nos de idade declaramos guerra ao álcool,<br />

levados pela revolta e pela tristeza de vermos pessoas da nossa família caír<strong>em</strong> nas garras de<br />

tão monstruoso vício, cujas conseqüências muito nos fizeram sofrer. Por isso, cresc<strong>em</strong>os<br />

odiando o álcool e haver<strong>em</strong>os de combatê-lo por toda a nossa vida como o maior inimigo do<br />

gênero humano.<br />

Ninguém melhor do que os dirigentes desta Associação de utilidade pública pode alertar<br />

e persuadir os que ainda beb<strong>em</strong>, visto que todos eles já sentiram no próprio organismo os<br />

efeitos danosos do álcool, mas, num impulso de corag<strong>em</strong> e decisão, se libertaram do vício, e<br />

agora, fortes e saudáveis, se dispõ<strong>em</strong> a lutar contra esse inimigo traiçoeiro que lhes causou<br />

tantas infelicidades e fez verter muitas lágrimas de suas esposas, dos seus filhos e dos seus<br />

pais.<br />

Há qu<strong>em</strong> diga que o nosso corpo necessita de álcool para estimular o apetite e dar<br />

alegria. Essa absurda afirmativa está <strong>em</strong> completo desacordo com as leis biológicas e<br />

espirituais.<br />

DOM ÁLCOOL<br />

O insigne educador C. Wagner disse esta verdade:<br />

Recordai-vos de que todo aquele que disser viva a minha pátria será hipócrita se não<br />

disser abaixo o álcool.<br />

E para terminarmos esta simples palestra, permitam-nos que façamos nossas as palavras<br />

de Catule Mendès:<br />

Conhecei-me? Eu sou o príncipe que aparece nas alegrias, o companheiro de todos os<br />

gozos modernos, o companheiro da morte, o príncipe que governa o mundo.<br />

Estou presente a todas as reuniões e nenhuma se efetua s<strong>em</strong> minha presença.<br />

Fabrico crimes, faço nascer nas mentes os pensamentos maus, mancho os lares, sou pai<br />

dos filhos anônimos, enveneno a razão, trago a desonra, a depravação, os suicídios, a<br />

loucura, o crime <strong>em</strong> todas as suas formas.<br />

Extingo as famílias, persigo os netos, os avós, faço perder a vergonha, a dignidade, a<br />

honra, a educação.<br />

Ponho um véu sobre os olhos e faço aparecer o crime como vingança; a abjeção como<br />

dignidade; a imoralidade como conquista galante.<br />

Hei ganho mais conquistas que Alexandre, jungido mais povos ao meu carro que Roma,<br />

dominado mais povos que Átila.


Faço com que os maridos se riam da infelicidade das esposas alheias. Por minha causa<br />

velhos e moços se divert<strong>em</strong>, fazendo epigramas contra a moral.<br />

Faço deputados obtendo votos para que se façam leis que aument<strong>em</strong> o meu reino, que é<br />

toda a Terra.<br />

Aspiro a converter o mundo num hospital, num manicômio, <strong>em</strong> circo, onde estejam<br />

encerrados tigres, asnos, porcos, abutres, hienas; quero sangue, dissolução, ruína, desespero<br />

e blasfêmia.<br />

Estou <strong>em</strong> todas as partes, conheço as frias regiões da Lapônia e da Sibéria, as ardentes<br />

regiões do Egito e da Líbia, da América do Sul e da África.<br />

Tenho orig<strong>em</strong> no trigo, no arroz, na uva, na cana-de-açúcar e no leite.<br />

Minha pátria é a Terra, meus escravos, os homens, que me enviaram o princípio do<br />

mal.<br />

Sei que me conheceis, porém não quero declarar meu nome, porque, todavia, ainda vos<br />

resta o pudor dos homens, já que haveis perdido o dos fatos.<br />

Eu sou vosso rei. Eu sou Dom Álcool.<br />

(São Paulo, junho/1965)


RACIONALIZAÇÃO DO TRABALHO<br />

O trabalho, para ter maior rendimento, deve ser racionalizado, e isso quer dizer<br />

planejado com discernimento, técnica e ponderação, para que o seu aproveitamento alcance a<br />

meta desejada.<br />

Racionalizar o trabalho significa que antes da sua execução deve-se aferi-lo com o<br />

raciocínio lúcido, analisando-lhe os prós e os contras.<br />

Método, ord<strong>em</strong>, disciplina e técnica são fatores que elevam o trabalho a um padrão<br />

superior.<br />

S<strong>em</strong> método, s<strong>em</strong> disciplina e s<strong>em</strong> planejamento não pod<strong>em</strong>os obter bons resultados <strong>em</strong><br />

nosso labor, porque, assim, haverá dispersão de esforços e falta de planos preestabelecidos<br />

para a sua concretização.<br />

odos os grandes <strong>em</strong>preendimentos são antecipadamente planejados nos seus mínimos<br />

detalhes, visto que a improvisação é s<strong>em</strong>pre imperfeita e imprevidente.<br />

ORIGEM NA MENTE<br />

Todo e qualquer trabalho t<strong>em</strong> o seu início <strong>em</strong> nossa mente, que o arquiteta e delineia, e<br />

por meio do poder da vontade é que o executamos; portanto, o raciocínio equilibrado e b<strong>em</strong><br />

coordenado é a bússola que orienta as técnicas do trabalho.<br />

A planificação do trabalho deve ser mais objetiva do que subjetiva, para que o resultado<br />

seja b<strong>em</strong> positivo.<br />

Na época atual, a tecnologia está amenizando a luta física do hom<strong>em</strong>, que já não<br />

encontra as grandes dificuldades dos seus ancestrais, pois a ciência está proporcionando<br />

meios para humanizar cada vez mais os nossos misteres.<br />

A racionalização do trabalho conjuga esforços organizados, aumenta a produtividade e<br />

ocasiona economia, porque tudo é previamente concebido e concatenado, dentro de normas<br />

justas, inteligíveis e realizáveis. O trabalho realizado fora dos domínios da lógica, da razão e<br />

da técnica é antieconômico e pouco produtivo pela desassociação de idéias, pelo desperdício<br />

de energias, pelo <strong>em</strong>pirismo e pela imprevisão.<br />

PRAZER ESPIRITUAL<br />

Racionalizar o trabalho ou dinamizá-lo é concentrar o pensamento num desejo<br />

profundo, com o firme propósito de realizá-lo, unificando todas as atividades <strong>em</strong>pregadas<br />

numa força de equilíbrio e coesão.<br />

O trabalho desordenado ou desconexo é mais fatigante e menos rendoso, ao passo que o<br />

racionalizado é pouco cansativo, mais produtivo e muito mais compensador, <strong>em</strong> virtude de ter<br />

a inteligência, o bom senso e a decisão a dirigi-lo.<br />

O nosso labor cotidiano é um derivativo, é um deleite necessário ao nosso espírito e um<br />

exercício indispensável ao físico; por conseguinte, deve ser b<strong>em</strong> orientado, com racionalidade<br />

e inteligência, a fim de não extenuar as nossas forças físicas e mentais, e não desperdiçar o<br />

nosso t<strong>em</strong>po, que é irrecuperável.


ALVORADA NO SERTÃO<br />

Aos primeiros alvores da manhã, quando no nascente surg<strong>em</strong> de forma irisada os raios<br />

luminosos do Sol, através de tênues camadas atmosféricas, que se acumulam na orla do<br />

horizonte, prenunciando um novo dia, tudo se alegra e a natureza, como adormecida pela<br />

obscuridade da noite, desperta e vibra, s<strong>em</strong> os ruídos estridentes e os gases poluidores das<br />

grandes cidades. A Terra, que, pelo seu movimento de rotação, se apresenta entorpecida<br />

durante a noite, por falta de luz solar, ressurge cheia de vida e esplendor ao despontar da<br />

aurora, envolta <strong>em</strong> aurifulgentes clarões.<br />

E, nesse cântico de contentamento espontâneo, adornado de um maravilhoso rosicler<br />

que se irradia <strong>em</strong> cambiantes jorros de luz, os pássaros <strong>em</strong> lindos e polifônicos gorjeios<br />

saúdam o alvorecer do dia.<br />

Diante dessa apoteótica majestade da natureza, o hom<strong>em</strong> deve sentir-se no seu<br />

verdadeiro lugar de partícula da Inteligência Universal e, meditando, analisando e deduzindo<br />

racionalmente, ver quão grande é a sua pequenez perante a Força Criadora. Entretanto, o<br />

orgulhoso, o imbecil e o pseudo-sábio não procuram compreender e sentir essa verdade<br />

insofismável de que o ser humano é fisicamente Matéria e espiritualmente Força, porque<br />

Força e Matéria são os únicos el<strong>em</strong>entos básicos de que se compõe o Universo.<br />

Ao recordar-me dos dias fagueiros da minha infância, l<strong>em</strong>brei-me de uma alvorada no<br />

sertão e, como Casimiro de Abreu, também tenho “saudades da aurora da minha vida, da<br />

minha infância querida, que os anos não traz<strong>em</strong> mais”. Não obstante as oito décadas que me<br />

distanciam da primeira quadra da minha vida, ainda me l<strong>em</strong>bro de cenas bucólicas do sertão<br />

<strong>em</strong> que nasci, quando o viver, para mim, era de alegria e de integração no meio ambiente <strong>em</strong><br />

que eu vivia despreocupadamente.<br />

VISLUMBRANDO A ETERNA AURORA<br />

Em certas noites límpidas, eu me detinha a observar o firmamento, e extasiava-me com<br />

o tr<strong>em</strong>ular longínquo das estrelas, pensando eu, nos meus devaneios de menino sonhador, se<br />

poderia um dia ver de perto a luz desses astros que iluminam o infinito.<br />

Hoje, no último quartel da vida e vivendo b<strong>em</strong> longe da terra natal, só me restam<br />

r<strong>em</strong>iniscências desse distante passado que se foi para s<strong>em</strong>pre na vorag<strong>em</strong> do t<strong>em</strong>po...<br />

Cabe-me agora vislumbrar o que me aguarda na vida espiritual, para encetar novas<br />

lutas, porque a alma é imortal e s<strong>em</strong> inércia na sua longa caminhada para a evolução integral.<br />

(São Paulo, 1984)


DEFENDAMOS A NATUREZA<br />

Quando criança eu brincava alegr<strong>em</strong>ente sob a ramag<strong>em</strong> escarlate de um flamboaiã.<br />

Ainda hoje me l<strong>em</strong>bro das suas flores de “pétalas de sangue e de pétalas de chama”.<br />

B<strong>em</strong> disse o poeta Da Costa e Silva: “O flamboaiã é uma árvore senhoril, de flores de<br />

ouro e fogo, aberta <strong>em</strong> flores mil”.<br />

O flamboaiã, que adornava a frente da casa onde nasci, revestia-se de majestade e<br />

esplendor <strong>em</strong> plena aridez do sertão. Nessa árvore de “ouro e fogo” os passarinhos<br />

orquestravam os mais lindos e variados gorjeios, e uma criança cont<strong>em</strong>plativa os ouvia<br />

enternecidamente...<br />

O t<strong>em</strong>po avançou no calendário; passaram-se os anos; o flamboaiã floriu e refloriu nas<br />

primaveras, e a criança-adolescente partiu para longínquas terras, levando na m<strong>em</strong>ória aquele<br />

quadro indelével de uma árvore que lhe proporcionou tantas alegrias.<br />

Hoje, quando vejo um flamboaiã, sinto saudades da minha infância e rel<strong>em</strong>bro aqueles<br />

cenários bucólicos que me extasiavam.<br />

Sou amigo das árvores e, quando as vejo tombar sob o gume cruel de um machado ou<br />

dos dentes penetrantes de uma serra, ou devoradas pelo fogo das queimadas, fico triste a<br />

lamentar a ingratidão e a perversidade do hom<strong>em</strong> para com a natureza.<br />

MENTALIDADE REFLORESTADORA<br />

A devastação florestal no Brasil é um acontecimento lamentável e criminoso que deve<br />

ser combatido com rigor e eficiência pelos governos e pelo próprio povo, porque o<br />

desaparecimento das matas e dos cerrados reduz os mananciais que dão curso aos rios, torna<br />

as chuvas irregulares e, com isso, há transformação no clima pela rarefação do oxigênio do ar<br />

que respiramos, surgindo, também, a erosão do solo, que é um dos flagelos da nossa<br />

agricultura.<br />

O que v<strong>em</strong> ocorrendo na Amazônia com a criminosa devastação da sua luxuriante e<br />

imensa floresta tropical deixa-nos seriamente preocupados, visto que, para desenvolver essa<br />

vasta região brasileira, o hom<strong>em</strong> destrói um grande acervo selvático da natureza, onde se<br />

localizam a maior bacia fluvial do mundo e o mais volumoso rio da Terra, o Amazonas.<br />

É justo e racional que se faça o desenvolvimento econômico e social dessa grande<br />

região setentrional do Brasil, preservando, porém, a floresta e os rios. Precisamos cuidar logo<br />

da silvicultura, educando o povo dentro de uma mentalidade reflorestadora, plantando árvores<br />

<strong>em</strong> substituição às que for<strong>em</strong> derrubadas ou queimadas. Do contrário, estar<strong>em</strong>os a formar<br />

desertos, que nada produz<strong>em</strong>, e a vida tornar-se-á insuportável, como um protesto da natureza<br />

contra essa imprevidência do gênero humano de destruir as matas s<strong>em</strong> substituí-las,<br />

ocasionando a poluição dos rios e do meio ambiente.<br />

Até mesmo os mares e oceanos, que cobr<strong>em</strong> quase dois terços da superfície da Terra,<br />

vêm sendo, de longa data, poluídos pelo hom<strong>em</strong>, o mesmo acontecendo com a camada<br />

atmosférica que protege o nosso planeta das radiações solares. O que será da Terra no terceiro<br />

milênio?


O PLANETA DOS HOMENS<br />

A Terra, esta obscura bolinha suspensa na imensidade do Universo, é e será ainda por<br />

muitos séculos um verdadeiro presídio, para onde os espíritos necessitados de luz e progresso<br />

são encaminhados, a fim de cumprir as sentenças que eles mesmos proferiram antes de partir<br />

dos seus mundos, conforme os crimes ou erros praticados quando encarnados, ou<br />

desencarnados na atmosfera terrestre, dando maléficas intuições aos seres humanos,<br />

causando-lhes enfermidades, desatinos e as misérias morais que observamos por este mundo<br />

afora...<br />

Os espíritos perturbados e ignorantes da sua verdadeira vida psíquica (denominados<br />

forças astrais inferiores), que se quedam <strong>em</strong> torno dos encarnados, avassalando-os,<br />

obsedando-os e enfermando-os, são s<strong>em</strong>pre atraídos pelos maus, desordenados e negligentes<br />

pensamentos ou pelas ações imponderadas, indignas e imorais dos humanos.<br />

FORÇAS SUPERIORES<br />

Quando irradiamos bons e altruísticos pensamentos e praticamos boas obras, isto é,<br />

cumprimos os nossos deveres, nos religamos ao Astral Superior ou Forças Astrais Superiores<br />

(almas esclarecidas que já viv<strong>em</strong> fora da aura da Terra, <strong>em</strong> seus respectivos mundos de luz,<br />

cientes e conscientes da sua vida real), e essa atração nos proporciona grande b<strong>em</strong>-estar,<br />

porque somos envolvidos por seus eflúvios benéficos.<br />

O período de uma existência, neste presídio planetário, é de uma fração de segundo ante<br />

a vida real, que é eterna e imperecível; portanto, dev<strong>em</strong>os <strong>em</strong>pregá-lo racionalmente <strong>em</strong><br />

coisas que elev<strong>em</strong> a moral e esclareçam o espírito, para que a nossa evolução se processe<br />

dentro do ritmo normal e ascendente.<br />

A felicidade, aqui na Terra, é assaz relativa; contudo, pod<strong>em</strong>os gozá-la com maior<br />

proveito quando cumprimos fiel e espontaneamente os nossos deveres e encaramos as coisas<br />

dentro da sua verdadeira concepção, s<strong>em</strong> as fantasias e os preconceitos que nos obscurec<strong>em</strong> a<br />

razão.<br />

Para qu<strong>em</strong> morre, isto é, para qu<strong>em</strong> se liberta do corpo carnal, a vida real surge mais<br />

diáfana, porque o espírito volta ao mundo que lhe é próprio tão logo fique livre das injunções<br />

da matéria, do meio ambiente <strong>em</strong> que vivia, e tenha consciência do seu novo estado de<br />

desencarnado, como partícula <strong>em</strong> evolução do Grande Foco.<br />

Nesse plano transcendente, a alma analisará tudo que fez na Terra e verificará, se não<br />

cumpriu os deveres preestabelecidos, a necessidade pr<strong>em</strong>ente e inalienável de voltar, para<br />

acionar novamente um corpo carnal, a fim de cumprir o que deixou de fazer. Assim,<br />

esclarecendo-se mais, educando a vontade e controlando o livre-arbítrio, resgata as suas<br />

imperfeições.<br />

NÃO MORREMOS<br />

Qu<strong>em</strong> morre renasce com o espírito mais encorajado e esclarecido para cumprir as suas<br />

obrigações, pelo fato de regressar ao plano mental com mais visão, perceptibilidade e<br />

discernimento da vida e das coisas, <strong>em</strong> virtude das experiências que colheu na clausura da<br />

matéria, que é uma grande escola <strong>em</strong> que, pela luta, pelo sofrimento, pelo estudo e pelo<br />

trabalho, aprend<strong>em</strong>os as lições indispensáveis à nossa evolução. Há, entretanto, espíritos que


estacionam o seu progresso quando encarnados, porque se escravizam ao medo, à indolência,<br />

à vaidade, ao orgulho e principalmente aos preconceitos sociais e religiosos que <strong>em</strong>brutec<strong>em</strong><br />

os seres fracos.<br />

Em verdade, não morr<strong>em</strong>os; apenas deixamos o corpo físico, que é o veículo do espírito<br />

para este locomover-se na Terra. Morto, o corpo passa a ser apenas um composto de matéria,<br />

mas a alma volta ao Espaço Superior. Isto é confirmado pelo sábio preceito racionalista<br />

cristão de que no Universo exist<strong>em</strong> apenas dois el<strong>em</strong>entos fundamentais: Força e Matéria, de<br />

onde tudo deriva.<br />

A Matéria, que por si só é inerte, se desagrega e se transforma; o espírito, que é Força<br />

parcelada, evolui através das diversas categorias da espiritualidade até elevar-se ao Todo.<br />

Por conseguinte, sendo o planeta Terra um pequeno mundo depurador de almas e uma<br />

escola-oficina de aprendizag<strong>em</strong>, dev<strong>em</strong>os aproveitar b<strong>em</strong> esta encarnação, a fim de evitarmos<br />

novos encarceramentos na matéria grosseira deste planeta. Ninguém ascende a uma zona<br />

superior à sua s<strong>em</strong> que esteja <strong>em</strong> condições de pureza e de posse dos conhecimentos<br />

indispensáveis aqui adquiridos.<br />

Que não se confundam os materialistas, os religiosos fanáticos e os pseudo-sábios por<br />

afirmarmos que a Terra não nos pertence especificamente, não é condomínio nosso e que<br />

também não é a nossa habitação definitiva, pois, como um cadinho acrisolador de almas, ela é<br />

apenas um ínfimo planeta hospedeiro, de um modesto sist<strong>em</strong>a solar, pertencente a uma<br />

humilde galáxia, que se perde no espaço infinito, entre miríades de outras galáxias, com os<br />

seus inumeráveis sóis e mundos!...<br />

GRÃO DE AREIA<br />

A pequenina Terra, <strong>em</strong> que nos ligamos t<strong>em</strong>porariamente ao corpo carnal, é um grão de<br />

areia perdido na incomensurabilidade sideral, <strong>em</strong> relação à estrutura do Universo, na qual não<br />

há trevas, porque a Luz Astral (que o vulgo conhece com o nome de Deus) a tudo dá vida,<br />

acionando o cosmo, sob leis comuns e naturais.<br />

Se não fosse a luz do Sol não existiria vida orgânica sobre a face da Terra, visto ser ele<br />

o mantenedor material da natureza terrestre. Nosso planeta é um repositório da energia solar.<br />

S<strong>em</strong> o calor do Sol o nosso globo se transformaria numa inóspita geleira, s<strong>em</strong> vida<br />

própria e s<strong>em</strong> a beleza que caracteriza a sua superfície.<br />

Todavia, a Terra, os mundos, os sóis, as galáxias e d<strong>em</strong>ais corpos que rolam no<br />

firmamento foram criados, são mantidos e acionados pela Força, que é o Grande Foco, a Luz<br />

Astral ou Inteligência Universal, de que somos fagulhas.<br />

CAIM<br />

Ainda somos fratricidas e belicosos na Terra, porque desconhec<strong>em</strong>os a nossa orig<strong>em</strong>, a<br />

Força, e nos governamos por uma educação obscurantista e materializada na mentira e nas<br />

convenções sociais e religiosas. Apegamo-nos, d<strong>em</strong>asiadamente, às coisas terrenas, como se<br />

nos pertencess<strong>em</strong> para s<strong>em</strong>pre e, como ave de rapina, não respeitamos o direito dos nossos<br />

s<strong>em</strong>elhantes, querendo para eles o que não desejamos para nós, e assim violamos as leis da<br />

justiça, da razão e do amor.<br />

Visando com muito egoísmo o nosso b<strong>em</strong>-estar e depois o dos nossos compatriotas,<br />

s<strong>em</strong>eamos a discórdia, o ódio, o orgulho e a insinceridade entre as nações. Em conseqüência,


nos <strong>em</strong>penhamos <strong>em</strong> cruentas guerras para impor aos mais fracos, desorganizados e<br />

imprevidentes a nossa vontade prepotente, a nossa ideologia política, o nosso credo religioso<br />

ou o nosso poder econômico-financeiro.<br />

Somos guerreiros, escravocratas, destruidores e atrabiliários, por costume e má<br />

educação, pois nutrimos <strong>em</strong> nossas mentes pensamentos inferiores e indignos de seres<br />

pensantes e civilizados.<br />

Só o congraçamento, a verdadeira paz, baseada na Verdade e na justiça, e a colaboração<br />

mútua entre os homens poderão conjugar esforços capazes de harmonizar a humanidade, que<br />

forma uma grande família, cujos m<strong>em</strong>bros viv<strong>em</strong> desunidos pela incompreensão do que seja a<br />

vida aqui e no Além-Superior.<br />

Que dirão de nós os habitantes de outros mundos? Que somos néscios, ainda<br />

incivilizados, que viv<strong>em</strong>os sob o impulso animalizado do instinto inferior.<br />

Só mesmo num mundo de ignorantes das leis da Verdade, da justiça e da razão é que<br />

poderá haver guerra de extermínio de povos e cidades. Entretanto, se os habitantes da Terra<br />

foss<strong>em</strong> realmente educados e conhecedores das coisas certas da vida, viveriam <strong>em</strong> harmonia e<br />

<strong>em</strong> comunhão de esforços e de pensamentos. E as bonanças, as alegrias e as riquezas terrenas<br />

seriam melhor distribuídas e aproveitadas por todos, como o será futuramente, quando os<br />

homens se espiritualizar<strong>em</strong> racional e cientificamente e souber<strong>em</strong> fazer bom uso do seu livrearbítrio,<br />

que é a faculdade que libera o espírito para agir por si mesmo, visto ser pelo seu<br />

próprio esforço ou desígnio que ele consegue alcançar a perfeição.<br />

Há, infelizmente, grande desconfiança, insinceridade e falta de colaboração entre os<br />

seres encarnados. Isso gera o t<strong>em</strong>or, o medo e a psicose da guerra. Cada nação procura armarse,<br />

o mais possível, para defender a sua integridade territorial e política e os seus interesses<br />

econômicos, os seus costumes sociais e religiosos, ou para amedrontar os seus vizinhos com o<br />

seu poderio bélico e industrial, a fim de conseguir efêmeras vantagens comerciais, muitas<br />

vezes sob o império dos trustes e monopólios, e, conseqüent<strong>em</strong>ente, o atrofiamento das<br />

riquezas da nação visada, s<strong>em</strong> levar <strong>em</strong> conta o velho aforismo cristão: “Qu<strong>em</strong> faz b<strong>em</strong> aos<br />

outros para si o está fazendo”.<br />

O PREÇO DA GUERRA<br />

Para manter esse estado de prevenção guerreira, os governos mobilizam as suas forças<br />

armadas, com as quais gastam importâncias fabulosas que, se <strong>em</strong>pregadas para fins pacíficos<br />

e utilitários, proporcionariam conforto e b<strong>em</strong>-estar aos povos, e todos os países se<br />

desenvolveriam cultural, técnica e economicamente para um viver mais próspero e feliz.<br />

Com o dinheiro que as nações gastaram na última guerra e que ainda continuam<br />

gastando preventivamente, poder-se-ia elevar o nível de vida humana, de maneira que cada<br />

país seria cortado de estradas de ferro, de rodag<strong>em</strong> e aerovias e dotado de escolas-modelo e<br />

hospitais científicos; e cada família teria a sua casa própria, o seu automóvel, o seu rádio, o<br />

seu televisor, a sua geladeira e a terra necessária para a produção agrícola, com todos os<br />

requisitos da ciência moderna. Entretanto, esses gastos astronômicos de guerra poucos<br />

benefícios trouxeram à humanidade, a não ser o extermínio do louco totalitarismo de Hitler,<br />

pois aqueles que se uniram na grande luta de 1939, para dar ao mundo um regime político<br />

mais d<strong>em</strong>ocrático, liberal e humano, já se preparam para deflagrar outra guerra, que será pior<br />

que todas as que ensangüentaram o solo terrestre, visto que os engenhos destruidores estão


agora mais aperfeiçoados e mortíferos, a ponto de modificar<strong>em</strong> até a estrutura do próprio<br />

Planeta com a desagregação da energia atômica...<br />

Felizmente, enquanto os homens belicosos trabalham para a guerra, o Astral Superior,<br />

esteado nas pessoas esclarecidas, disciplinadas e conscientes dos seus deveres, luta<br />

infatigavelmente para evitar a grande hecatombe, ora capturando as falanges inferiores da<br />

atmosfera da Terra, insufladoras dos dissídios humanos, ora intuindo os governantes com<br />

idéias de paz, harmonia e trabalho construtivo entre as nações.<br />

Só mesmo dentro do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> é que a humanidade encontrará a fórmula<br />

capaz de acabar com as guerras e revoluções, confraternizando os homens de todos os<br />

quadrantes da Terra, sob a bandeira universalista da Verdade, da justiça, da razão e do<br />

verdadeiro amor ao próximo.<br />

(São Paulo, nov<strong>em</strong>bro/1954)


CHURCHILL, CIDADÃO DO MUNDO<br />

A humanidade acaba de perder a colaboração física de uma das maiores figuras deste<br />

século — Sir Winston Churchill, o herói das Grandes Guerras de 1914 e 1939.<br />

Ao gênio dinâmico, à corag<strong>em</strong> indômita e à inteligência esclarecida de Churchill<br />

dev<strong>em</strong>os a vitória da d<strong>em</strong>ocracia no mundo ocidental contra os aguerridos exércitos de Hitler.<br />

Não cabe apenas à Inglaterra prestar grandes homenagens à m<strong>em</strong>ória desse seu ilustre<br />

filho, que faleceu na idade já b<strong>em</strong> avançada de noventa anos, depois de ter lutado<br />

impavidamente pela liberdade deste mundo tão atribulado pelas dissensões políticas e sociais.<br />

Churchill foi também o “salvador do mundo ocidental”, com a sua decisão extr<strong>em</strong>a de<br />

lutar não só na Grã-Bretanha, mas onde se tornasse indispensável combater as tropas do<br />

führer.<br />

HOMEM DE ALTA INTUIÇÃO<br />

Por ocasião da Primeira Grande Guerra, Churchill deu mostras do seu gênio político<br />

firme e seguro e, se os Aliados tivess<strong>em</strong> seguido os seus conselhos, a situação atual do mundo<br />

seria outra.<br />

Churchill teve a antevisão do que ocorreria depois dessas conflagrações mundiais;<br />

entretanto, os estadistas da sua e de outras nações vitoriosas discordaram de alguns dos seus<br />

vaticínios políticos.<br />

Admiramos <strong>em</strong> Churchill o seu ecletismo, o seu gênio multiforme: orador fluente,<br />

estadista de renome, historiador profundo, chefe político pre<strong>em</strong>inente, líder perspicaz, era,<br />

enfim, um cidadão interessado por tudo que se passava com todos os povos, s<strong>em</strong>pre pronto a<br />

defender as liberdades humanas.<br />

Roosevelt, Stalin e agora Churchill já não pertenc<strong>em</strong> ao plano dos encarnados, restando<br />

apenas dos chamados quatro grandes o generalíssimo Chiang-Kai-shek, até hoje isolado da<br />

China, na Ilha de Formosa, à espera de um momento para regressar à parte continental da sua<br />

pátria.<br />

SANGUE, SUOR E LÁGRIMAS<br />

Churchill foi um hom<strong>em</strong> ponderado, sincero, valoroso e de corag<strong>em</strong> invulgar, e não um<br />

d<strong>em</strong>agogo à moda totalitária, pois, <strong>em</strong> plena guerra, quando sua pátria sofria os horrores dos<br />

bombardeios aéreos, ele disse aos seus concidadãos ao assumir o posto de primeiro-ministro:<br />

“Nada tenho a oferecer senão sangue, suor e lágrimas”.<br />

E foi com sangue, trabalho, suor e lágrimas que a sua heróica Inglaterra, sob o seu<br />

comando supr<strong>em</strong>o, sobreviveu à loucura de um paranóico que, por infelicidade, governou o<br />

grande povo al<strong>em</strong>ão.<br />

Não só a Inglaterra e a “Commonwealth” choram o desaparecimento do “Leão<br />

Britânico”, mas também todas as nações ocidentais, porque foi Churchill o herói que as<br />

salvou da tirania nazista.<br />

Como escritor, Churchill foi clássico e fecundo, deixando mais de quarenta obras<br />

publicadas sobre os mais variados assuntos.


O mundo tributa a esse campeão da paz e da liberdade um sentimento profundo de pesar<br />

pelo seu falecimento, ocorrido na idade <strong>em</strong> que já se pode deixar o corpo material, <strong>em</strong> virtude<br />

da sua decadência orgânica.<br />

Tombou o físico do grande hom<strong>em</strong>, mas o seu espírito continuará lutando pelo b<strong>em</strong> da<br />

humanidade.<br />

(São Paulo, março/1965)


CAMPOS SALLES, ESTADISTA NOTÁVEL<br />

Dentre os grandes vultos da nossa história nacional, muito se destacou, pela grande luta<br />

política, pelo trabalho eficientíssimo, pela energia dinâmica e pela honestidade, comprovada<br />

nos diversos cargos que ocupou na administração pública do país, o Dr. Manuel Ferraz de<br />

Campos Sales.<br />

Sua longa e proveitosa existência foi quase toda dedicada ao serviço da pátria e do<br />

povo.<br />

Nasceu o grande republicano <strong>em</strong> 13 de fevereiro de 1841, na cidade de Campinas,<br />

Estado de São Paulo, e desencarnou <strong>em</strong> 28 de junho de 1913, aos setenta e dois anos de idade,<br />

sob grande pesar e respeito dos seus concidadãos.<br />

Ainda b<strong>em</strong> moço, quando cursava a célebre Faculdade de Direito de São Paulo, Campos<br />

Sales iniciou a sua cruzada redentora pelo aprimoramento dos nossos costumes políticos,<br />

desfraldando a bandeira dos princípios da nova escola liberal pelas colunas de Razão, jornal<br />

dirigido por ele, Jorge Miranda, Quirino dos Santos, Belfort Duarte e Querino do Nascimento.<br />

CONFORME CÍCERO<br />

Campos Sales foi, realmente, um varão que soube viver dentro dos princípios<br />

ciceronianos, que qualificam o hom<strong>em</strong> honrado e valoroso pelo apego à justiça e à Verdade,<br />

pela disciplina moral, pela honestidade, pela ponderação dos seus atos e pela simplicidade de<br />

sua vida. Hom<strong>em</strong> dotado de grande inteligência e de muita cultura, de uma vontade<br />

fort<strong>em</strong>ente educada para o b<strong>em</strong>, cumpriu deveres para consigo mesmo, para com a pátria e a<br />

humanidade.<br />

Ao deixar os bancos acadêmicos, foi eleito deputado provincial e, mais tarde, vereador<br />

de sua terra natal.<br />

Jornalista brilhante e orador eloqüente, conseguiu logo conquistar a admiração do povo.<br />

Na Gazeta de Campinas o jov<strong>em</strong> advogado Campos Sales publicou artigos difundindo<br />

idéias novas para a d<strong>em</strong>ocratização do Brasil.<br />

Desgostoso com o seu partido — o Liberal —, filiou-se ao Radical, que depois se<br />

transformou no célebre Partido Republicano, com o manifesto à nação, de 3 de dez<strong>em</strong>bro de<br />

1870, publicado no jornal República, do Rio de Janeiro, dirigido por Quintino Bocaiúva,<br />

Salvador de Mendonça e Saldanha Marinho, tornando-se então um dos apóstolos do regime<br />

republicano. E assim foi eleito primeiro vereador do novo partido, <strong>em</strong> Campinas, no ano de<br />

1872, lutando contra os grandes partidos monárquicos, o Conservador e o Liberal.<br />

Quando deputado provincial, <strong>em</strong> 1866, apresentou projetos instituindo o ensino livre e a<br />

aprendizag<strong>em</strong> obrigatória, não conseguindo, porém, vê-los aprovados, pela forte oposição dos<br />

seus pares que viviam com o espírito obscurecido pelos preconceitos sociais e religiosos.<br />

REPÚBLICA<br />

Campos Sales foi também o primeiro deputado geral eleito pelo Partido Republicano,<br />

razão pela qual foi recebido no Rio de Janeiro com grandes manifestações populares, <strong>em</strong> sinal<br />

de regozijo pela vitória das idéias republicanas, que já se expandiam por todo o país.


O grande político e prestigioso estadista, que foi um dos mais lídimos e corajosos<br />

propagandistas do ideal republicano, viu a sua obra coroada de pleno êxito com a implantação<br />

da República, <strong>em</strong> 1889.<br />

Com a proclamação da República pelo Marechal Deodoro da Fonseca, o novo governo<br />

viu-se diante de grandes probl<strong>em</strong>as a exigir soluções urgentes, e a pessoa escolhida para tão<br />

árdua missão, no Ministério da Justiça e Negócios Interiores, foi Campos Sales. Dirigindo<br />

essa pasta, coube-lhe a glória da instituição do casamento civil, a promulgação de um código<br />

penal reformado, um código de comércio completado e a transformação das condições legais<br />

do trabalho, entre outras realizações importantes.<br />

PRESIDENTE<br />

Campos Sales também foi constituinte, e nas eleições de 1896 foi eleito Presidente do<br />

Estado de São Paulo. Após um governo fecundo e dinâmico, foi eleito sucessor de seu<br />

coestaduano Prudente de Morais na Presidência da República.<br />

Querendo estudar in loco os mercados financeiros da Europa, Campos Sales, antes de<br />

ser <strong>em</strong>possado na supr<strong>em</strong>a magistratura da nação, excursionou por aquele continente, a fim de<br />

tornar-se conhecedor profundo da situação econômico-financeira dos capitais, para debelar a<br />

crise que então assoberbava o Brasil. Na Europa, ele negociou o célebre funding loan, ou seja,<br />

<strong>em</strong>préstimo de liquidação, e obteve mora dos credores do nosso país.<br />

Ao assumir a Presidência da República, auxiliado pelo grande financista Joaquim<br />

Murtinho, reduziu o papel-moeda circulante, fez grandes cortes nas despesas públicas e<br />

reduziu a uma taxa razoável o ágio-ouro, que subira <strong>em</strong> 1889 a duzentos e setenta e sete por<br />

cento. Graças a essas medidas saneadoras, conseguiu restabelecer o crédito do Brasil no<br />

estrangeiro e, ao findar seu governo, deixou <strong>em</strong> reserva no Tesouro Nacional a apreciável<br />

quantia de oitenta mil contos de réis.<br />

Hom<strong>em</strong> austero, disciplinado, simples e bom, e de uma honestidade absoluta, Campos<br />

Sales passou para a nossa história como um vulto de primeira grandeza, saindo dos governos<br />

de São Paulo e da República mais pobre que era antes de exercer esses cargos.<br />

Para completar sua grande obra <strong>em</strong> todos os setores da vida nacional, Campos Sales foi<br />

nomeado <strong>em</strong>baixador da cordialidade do Brasil na Argentina, para estreitar mais os laços de<br />

amizade entre os dois povos irmãos, já que, às vezes, a incompreensão política e diplomática<br />

os trazia <strong>em</strong> desentendimento.<br />

SEM CAMARILHA<br />

Um periódico argentino, La Revista Patriótica, publicou, <strong>em</strong> 1900, interessantes<br />

aspectos da vida de Campos Sales, que transcrev<strong>em</strong>os a seguir:<br />

Os seus hábitos são de uma igualdade só comparável ao seu t<strong>em</strong>peramento, de uma<br />

simplicidade só comparável ao seu caráter.<br />

Basta vê-lo para conhecer-se que se trata de um afetivo e de um exuberante. T<strong>em</strong> a<br />

jovialidade franca e aberta dos leais, incapaz de ocultar um pensamento, mas igualmente<br />

incapaz de perdoar dissimulações. O principal el<strong>em</strong>ento gerador de afeições de espírito desta<br />

ord<strong>em</strong> é a robustez física, é a saúde do corpo, e estas t<strong>em</strong>-nas Campos Sales no mais alto<br />

grau, aperfeiçoando, os que de natural têm essas preciosas qualidades, com uma higiene


pessoal a mais cuidada. É um madrugador: os primeiros albores do dia marcam-lhe o início<br />

das atividades cotidianas.<br />

A esse hábito, que lhe v<strong>em</strong> da sadia vida da agricultura, não fizeram interrupção os<br />

seus trabalhos de advogado, de político, de estadista. Também se recolhe habitualmente cedo<br />

e, salvas exceções a que o obrigam a alta posição que ocupa, ninguém o procura depois das<br />

oito horas da noite. Às primeira horas da manhã, entre a leitura dos jornais e o trabalho de<br />

correspondência, o Sr. Campos Sales faz um pequeno exercício nas avenidas do parque, a pé,<br />

de bicicleta, ou a cavalo.<br />

A equitação é-lhe particularmente agradável; é um cavaleiro consumado, tendo<br />

verdadeiro prazer <strong>em</strong> domar a vigorosa resistência dos animais de raça.<br />

Uma ocasião, dirigindo-se para os lados de Copacabana, e ignorando que não podia<br />

atravessar o túnel, enveredou por ele. O guarda não o conheceu e chamou-o familiarmente:<br />

”Ó hom<strong>em</strong>, por aqui não se passa a cavalo”. E o Presidente deu volta às rédeas, pedindo<br />

desculpas da transgressão. É um pequeno traço característico do seu respeito pela<br />

autoridade, respeito que tantos confund<strong>em</strong> com estímulos de natureza pessoal <strong>em</strong> qu<strong>em</strong> não<br />

defende senão a investidura de que é depositário.<br />

Em regra — isto deve causar surpresa extraordinária — o próprio Presidente é qu<strong>em</strong><br />

faz toda a sua correspondência política, escrevendo-a de próprio punho. Quer durante a<br />

conferência com deputados e senadores, quer durante o despacho com os ministros, quer<br />

durante as audiências que dá quase diariamente, se o Presidente recebe qualquer carta, pede<br />

licença e faz a leitura imediata; o povo brasileiro pode estar certo de que o chefe de Estado<br />

não deixa de ler uma só carta que lhe é dirigida; “o meio de eu não deixar de lê-las —<br />

explicou o Presidente ao amigo que o interrogava — é tomar o hábito de abri-las no<br />

momento <strong>em</strong> que as recebo”. Uma das coisas mais curiosas da intimidade do Sr. Campos<br />

Sales é o fato de ter grande número de amigos dedicadíssimos, com ausência absoluta do que<br />

se chama camarilha. Aqueles amigos são encontrados <strong>em</strong> todas as nuances da política<br />

nacional e, fora da política, <strong>em</strong> todas as classes sociais.<br />

A natureza excepcionalmente afetiva do Sr. Campos Sales retribui amplamente essas<br />

amizades, mas a austeridade do seu caráter limita b<strong>em</strong> na consciência de cada um a linha<br />

divisória dos favores de natureza pessoal e dos que afetam o serviço público. Aqui termina a<br />

citação da revista argentina.<br />

GRATIDÃO TARDIA<br />

Quando, <strong>em</strong> 1941, foi oficialmente com<strong>em</strong>orado o centenário de nascimento de Campos<br />

Sales, o Brasil inteiro, num preito de saudade e gratidão ao seu ilustre e grande filho,<br />

reverenciou os seus feitos cívicos e ben<strong>em</strong>éritos e a sua grande luta pela ord<strong>em</strong> e pelo<br />

progresso da pátria. Campos Sales foi, inegavelmente, um notável estadista, não só pelos<br />

conhecimentos e experiência no trato da coisa pública, mas, igualmente, por sua proverbial<br />

honestidade e respeito à justiça e ao direito dos seus concidadãos. O seu governo foi um dos<br />

mais fecundos da República. Com efeito, Campos Sales, com a sua energia e o seu dinamismo<br />

e com a colaboração do grande financista Joaquim Murtinho, no Ministério da Fazenda,<br />

conseguiu restaurar as precariíssimas finanças do País, que se debatia numa enorme crise<br />

econômica, oriunda da transformação do regime político, das lutas intestinas e ainda da<br />

libertação dos escravos. Assim, legou ao seu sucessor os meios necessários para a realização<br />

de muitas obras públicas.


Suas medidas de austeridade lhe trouxeram impopularidade. Era preciso salvar o Brasil<br />

da bancarrota, mesmo descontentando uma parte do povo que não compreendia o alcance<br />

patriótico e moral dessas medidas saneadoras do governo.<br />

Foi Floriano Peixoto, o Marechal de Ferro, que consolidou, nos seus primórdios, o<br />

regime republicano, porém foi o governo Campos Sales que o estabilizou econômica e<br />

financeiramente, reestruturando o nosso sist<strong>em</strong>a fiduciário, até então periclitante, <strong>em</strong><br />

conseqüência das lutas políticas e partidárias que agitavam a nação desde o t<strong>em</strong>po da<br />

monarquia.<br />

ESTÍMULO À MOCIDADE<br />

Nos dias que corr<strong>em</strong>, <strong>em</strong> que os nossos governantes faz<strong>em</strong> política de conchavos<br />

partidários e não administram a nação dentro de normas rígidas e racionais, os ex<strong>em</strong>plos de<br />

Campos Sales b<strong>em</strong> poderão servir de roteiro aos políticos que colocam os seus interesses<br />

pessoais e os do seu grupo acima dos deveres inalienáveis que assumiram perante a<br />

Constituição da República de só lutar<strong>em</strong> pelo b<strong>em</strong> comum da pátria e do povo.<br />

R<strong>em</strong><strong>em</strong>orando a vida de Campos Sales, encontramos nela ex<strong>em</strong>plos de grande valor<br />

cívico e moral, que dev<strong>em</strong> ser difundidos, para servir<strong>em</strong> de estímulo à mocidade ávida de luz<br />

e progresso, justamente nesta época <strong>em</strong> que a maioria dos nossos homens públicos somente<br />

dá expansão ao instinto materialista, pois, para manter o luxo, os vícios e a vaidade, deslustra<br />

a consciência no mau uso das funções político-administrativas.<br />

Campos Sales foi um grande lutador quando <strong>em</strong> vida física e ainda continua lutando, do<br />

Astral Superior, para esclarecer e melhorar a humanidade.<br />

Eis aí, num simples e pequeno esboço, algo da vida notável de Manuel Ferraz de<br />

Campos Sales, cujos ex<strong>em</strong>plos recomendo aos meus descendentes e à posteridade.<br />

(São Paulo, maio/1955)


O VALOR DO PENSAMENTO<br />

Sendo o pensamento uma vibração do espírito, que se irradia através de ondas<br />

vibratórias, é, também, uma força introspectiva, uma <strong>em</strong>anação da nossa inteligência que se<br />

transforma no poder decisório das nossas ações, desde que esteado na vontade, que<br />

potencializa o querer da criatura humana.<br />

A vontade alimenta e estrutura o pensamento para o b<strong>em</strong> e para o mal, ou seja, para o<br />

lado positivo e para o negativo da nossa existência. É o pensamento que dá orig<strong>em</strong> às ações<br />

humanas, concretizadas pela vontade <strong>em</strong> consonância com o livre-arbítrio, um dos atributos<br />

do nosso eu, controlado pela força volitiva que norteia os nossos atos.<br />

O pensamento, dando forma à idéia e à imaginação, é uma arma preciosa quando<br />

<strong>em</strong>pregada para o b<strong>em</strong> e muito perigosa quando usada para o mal. Ele penetra no recôndito da<br />

matéria e envolve o indivíduo, <strong>em</strong> conformidade com a lei que atrai os similares e repele os<br />

contrários, razão por que só dev<strong>em</strong>os ter pensamentos bons, justos, harmoniosos e<br />

altruísticos, para não nos religarmos às forças inferiores, tanto no plano psíquico como no<br />

material.<br />

A nossa atitude mental negativa ou apática é um <strong>em</strong>pecilho à conquista do que<br />

desejamos de bom, útil e positivo, porque o faz<strong>em</strong>os com pensamentos de fraqueza e<br />

indecisão, s<strong>em</strong> o impulsionamento da força de vontade r<strong>em</strong>ovedora dos obstáculos.<br />

Uma norma de proceder positivamente otimista, s<strong>em</strong> egolatria, s<strong>em</strong> automatismo e com<br />

o autodomínio da <strong>em</strong>otividade, nos conduz a um viver alegre, tranqüilo e realizador, porque<br />

nos religamos à corrente do b<strong>em</strong> e da prosperidade pelos bons e justos pensamentos, <strong>em</strong>itidos<br />

com aquele valor que nos eleva e dignifica como seres pensantes, como partículas da<br />

Inteligência Universal.<br />

A imaginação, que é a faculdade de criar imagens mentais, inventar e conjecturar, é uma<br />

criatividade do pensamento, <strong>em</strong> forma abstrata. Assim, t<strong>em</strong>os que imaginar s<strong>em</strong> nos atermos<br />

desnecessariamente ao mundo da fantasia, a fim de que a representação mental de uma coisa<br />

imaginada possa transformar-se <strong>em</strong> realidade.<br />

Imaginar, apenas, s<strong>em</strong> concatenar as idéias vislumbradas na tela do nosso intelecto, é<br />

desperdiçar força anímica com devaneios irrealizáveis.<br />

Qu<strong>em</strong> pensa, raciocinando b<strong>em</strong>, coordena as ações dentro da razão e do bom senso.<br />

Portanto, o segredo de todo o êxito está no pensamento e na vontade.<br />

A nossa língua nunca deve ser mais ágil do que o nosso pensamento.<br />

O pensamento leva-nos para o b<strong>em</strong> ou para o mal, de acordo com a nossa maneira de<br />

pensar e agir.<br />

Disse um célebre escritor:<br />

Quando estivermos persuadidos de que, repelindo os pensamentos pessimistas,<br />

amargos e irritados, repelimos a doença e a desgraça, e que, procurando um estado de<br />

espírito suave e calmo, procuramos ao mesmo t<strong>em</strong>po o êxito e a saúde, encontrar<strong>em</strong>os um<br />

novo impulso para dominar as nossas forças.


DESCARTES E LUIZ DE MATTOS<br />

O racionalismo de Descartes (ou Cartésio) t<strong>em</strong> como ponto de partida a dúvida de que a<br />

vida subsista pela polarização da Força Criadora, que aciona a Matéria, enquanto o<br />

<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, de Luiz de Mattos, t<strong>em</strong> como verdade básica essa vida inteligenciada<br />

que tudo cria e anima. Por isso ele se fundamenta como doutrina esclarecedora e objetiva,<br />

b<strong>em</strong> ao alcance analítico de qu<strong>em</strong> raciocina com o desejo de conhecer e buscar a Verdade,<br />

porque os seus princípios normativos se baseiam na reformulação do indivíduo pelo<br />

conhecimento que ele vai obtendo dos porquês das coisas e da vida extraterrena, numa<br />

conscientização simples, dedutiva e racional, s<strong>em</strong> subjetividade e jargões filosóficos, que<br />

confund<strong>em</strong>.<br />

Para o racionalismo cartesiano a essência da alma está no pensamento; para Luiz de<br />

Mattos o pensamento é uma vibração do espírito, uma manifestação da inteligência, um poder<br />

espiritual.<br />

Embora Descartes, fundador do método racionalista do seu t<strong>em</strong>po, achasse que o início<br />

do conhecimento se baseia na intuição, ele o faz de maneira abstrata, para distinguir a análise<br />

da síntese no encontro da realidade, levado por um ideal filosófico de pesquisa.<br />

NOVOS HORIZONTES<br />

Reconhec<strong>em</strong>os que Descartes, com o seu racionalismo, colaborou para libertar o mundo<br />

do escolasticismo e abriu novos horizontes para Kant, que, com as suas novas idéias para o<br />

entendimento da metafísica, muito fez de útil, pois no <strong>em</strong>pirismo o conhecimento é reduzido<br />

aos sentidos e não à razão, como preceituam o racionalismo cartesiano e o iluminismo,<br />

seguido pelo criticismo kantiano, que é o centro da filosofia moderna, objetivando mais as<br />

idéias e os limites das faculdades cognoscitivas.<br />

Se Descartes e Kant abriram novas clareiras no campo da filosofia, Luiz de Mattos, com<br />

o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, desvendou o “mistério do sobrenatural”, baseado nas leis comuns,<br />

naturais e imutáveis, e fez o ser humano conhecer-se a si mesmo como Força e Matéria,<br />

únicos el<strong>em</strong>entos de que se compõe o Universo, para ter a noção dos atributos que lhe são<br />

inatos, a fim de orientá-lo na trajetória evolutiva do seu espírito, partícula da Inteligência<br />

Universal, cujo conhecimento é obtido pelo estudo com base no raciocínio, na razão, s<strong>em</strong><br />

estear-se no obscurantismo da fé, dos preconceitos e das crendices.<br />

Como se vê, o racionalismo de Descartes e Kant se implanta no campo da teoria das<br />

idéias, e o de Luiz de Mattos, na essência da espiritualidade, objetivando d<strong>em</strong>onstrar o<br />

conhecimento da vida real, para que possamos conduzir-nos com mais acerto neste mundoescola.<br />

Em homenag<strong>em</strong> ao saber de Descartes, o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> inseriu <strong>em</strong> sua obra<br />

básica trecho de uma das suas excelentes lições filosóficas sobre a Verdade, de que<br />

destacamos: “Trabalhar para b<strong>em</strong> pensar, eis o princípio da moral”.

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