17.04.2013 Views

Desabafos... Flores de Plástico... Libidos e Licores ... - aBrace

Desabafos... Flores de Plástico... Libidos e Licores ... - aBrace

Desabafos... Flores de Plástico... Libidos e Licores ... - aBrace

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

DILERCY ADLER<br />

DESABAFOS... FLORES DE PLÁSTICO... LIBIDOS E LICORES<br />

LIQUIDIFICADOS


Adler, Dilercy Aragão<br />

Capa e Projeto Gráfico:<br />

Erilson Gomes<br />

Arte:<br />

Marlene Barros<br />

Revisão:<br />

Maria Cícera Nogueira<br />

Diagramação:<br />

Kerly Batista<br />

Impressão:<br />

Estação Gráfica Ltda.<br />

<strong>Desabafos</strong> <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>s <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong><br />

Liquidificados / Dilercy Aragão Adler. _São Luís,<br />

Estação Produções, 2008.<br />

102 p.<br />

1. Literatura Maranhense – Poesia. I. Título.<br />

CDU 869.91<br />

CDU 869.0(812.1)-1


PREFÁCIO<br />

Na Literatura, garimpar é preciso. Diamantes brilham e rebrilham,<br />

revelando o arco - íris no imo da alma da grã Poeta Dilercy Aragão<br />

Adler.<br />

Versos e Estrofes <strong>de</strong>sfilam <strong>de</strong>snudando a realida<strong>de</strong> da mulher,<br />

o amor em família estruturada, a revolta contra a indiferença e a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong><br />

social.<br />

Obra repleta <strong>de</strong> eufemismo, metáforas, aliterações; rica na estrutura<br />

métrica. Conteúdo <strong>de</strong> rara beleza, tal qual a mais preciosa gema:<br />

como a tanzanita que agoniza no subsolo africano.<br />

A Literatura Contemporânea, em versos livres, assim tem se<br />

mostrado um garimpar <strong>de</strong> raras tanzanitas.<br />

A obra da Poeta Dilercy, <strong>de</strong>nominada: <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Plástico</strong>s... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquificados, é um garimpar <strong>de</strong> gema preciosa<br />

na Literatura Contemporânea.<br />

Conhecemos Dilercy há mais <strong>de</strong> 15 anos e sua obra vem se<br />

<strong>de</strong>stacando. Qual jóia preciosa ficará, como estrela reluzente, guardada<br />

no escrínio da História da Literatura Brasileira.<br />

A Poeta Dilercy <strong>de</strong>snuda-se e revela, em versos Concretos, Futuristas,<br />

Líricos e Abstratos, os conflitos pelos quais a mulher passa na<br />

Socieda<strong>de</strong> Brasileira e Mundial. Pois Dilercy é reconhecida e aplaudida<br />

nos Cinco Continentes. Como um Pelicano rasga sua alma e expõe seus<br />

segredos. É flor que fenece em cada verso e poema, orvalhado pelo sofrimento<br />

do abandono e da <strong>de</strong>silusão. Desabrocha em botão <strong>de</strong> Esperança<br />

e Fé no Amor-Paixão que se per<strong>de</strong>u na areia do tempo, mas que<br />

em lumes do amanhã haverá <strong>de</strong> ressurgir.<br />

A Poeta, revoltada, rasga a máscara hipócrita da Socieda<strong>de</strong> Machista<br />

que envolve a mulher, serpenteando-a e <strong>de</strong>pois abandonando-a,<br />

vítima, na Terceira Ida<strong>de</strong>. Demonstra que os anos passam... o amor amadurece<br />

e não é apenas um frenesi passageiro, mas sentimento que se<br />

perpetua.<br />

Um livro repleto <strong>de</strong> metáforas, profundamente filosófico, com<br />

o qual as mulheres haverão <strong>de</strong> se i<strong>de</strong>ntificar em cada fase da vida.<br />

Aos homens que serpenteiam e partem... esta obra mostra que<br />

o sentimento não é página rasgada ao léu, no gélido inverno da vida. Que


o florescer é perene, quando o Amor se faz Eterno.<br />

A Poeta é viga mestra familiar. Encontra, em seus netos, frutos<br />

colhidos na Seara Divina. Guerreira, <strong>de</strong>nuncia a disparida<strong>de</strong> social,<br />

pois viveu na socieda<strong>de</strong> igualitária cubana, on<strong>de</strong> concluiu o doutorado<br />

em Ciências Pedagógicas, pelo Instituto Central <strong>de</strong> Ciências Pedagógicas<br />

–ICCP, em Havana-Cuba.<br />

Destacar entre gemas puras e raras a mais bela é difícil. Aqui ficam<br />

algumas pepitas da obra <strong>de</strong> Dilercy: “Apropriação”, poesia <strong>de</strong> cunho<br />

social; “Libertação”, poesia rica em metáforas, que apresenta o processo<br />

<strong>de</strong> criação do poeta; “Desabafo”, a <strong>de</strong>silusão do amor que parte; “Desejos<br />

Prementes”, o <strong>de</strong>sejo que vibra na mulher que se entrega e acredita;<br />

“Acre – Doce Prisão” <strong>de</strong>nuncia a castração social que con<strong>de</strong>na a mulher,<br />

que se revela e <strong>de</strong>seja viver intensamente, poema erótico; “Teimosia”, a<br />

flor que fenece e se <strong>de</strong>prime, mas é orvalhada pela esperança; “<strong>Flores</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Plástico</strong>s”, um dos pontos altos da obra, <strong>de</strong>satino e <strong>de</strong>silusão; “Psicanaliticamente<br />

Falando”, encontro, auto-conhecimento; “Proibições”, critica<br />

social; “Viagem”, poesia filosófica: “Meu trem partiu bem cedo/ vazio<br />

<strong>de</strong> mim/ <strong>de</strong> todas as <strong>de</strong>silusões...; “ Bar Vazio”, filosofia que goteja nas<br />

páginas <strong>de</strong> Dilercy e “Exortação”, on<strong>de</strong> a Poeta dilacera a Socieda<strong>de</strong> e<br />

revela, na Necrópsia Cultural, a vil discrepância, e injusta distribuição <strong>de</strong><br />

renda per capta.<br />

Uma obra que tem como público-alvo a socieda<strong>de</strong>, em particular<br />

a mulher na socieda<strong>de</strong>, que é, muitas vezes, con<strong>de</strong>nada ao vazio da<br />

noite sem luar na velhice. Mas, como diz Dilercy, a mulher tem a capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> nesse viver ir: Liquidificando/dissabores/solidificando/prazeres/<br />

liqui/di/ficando/amarguras/so/lidi/ficando/estruturas/amalgamadas/tão<br />

doces/quanto duras! [...] mas amando sempre/sempre/sempre/eternamente!<br />

Mogi da Cruzes, 28 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2008.<br />

Maria Aparecida <strong>de</strong> Mello Calandra<br />

Procuradora Fe<strong>de</strong>ral (Aposentada)<br />

Mestra em Ciências Agrárias, pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Wisconsin – USA. Membro da<br />

International Writters Artists Association(IWA).<br />

Comendadora – Comenda Imperatriz Leopoldina Medalha Dom João VI, 2008.


Para o poeta a vida torna-se, assim, o próprio <strong>de</strong>lírio... ou<br />

o <strong>de</strong>lírio torna-se a própria vida!?...<br />

O poeta, alma sensível, atenta e sonhadora, trabalha no<br />

sentido <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sobstaculizar coletivizado dos encontros...<br />

Dilercy Adler


APROPRIAÇÃO ....................................... 09<br />

LIBERTAÇÃO ........................................... 11<br />

DESABAFO I ............................................ 12<br />

DESABAFO II .......................................... 13<br />

DESABAFO III ......................................... 14<br />

BEIJOS ........................................................ 15<br />

ÁGUAS DO CAMPO .............................. 16<br />

ACRE-DOCE PRISÃO ............................ 17<br />

TEIMOSIA I ............................................... 18<br />

TEIMOSIA II ........................................... 19<br />

TEIMOSIA III ............................................ 20<br />

DESEJOS PREMENTES ....................... 21<br />

DESATINO I ............................................ 21<br />

DESATINO II ........................................... 22<br />

QUASE DESISTÊNCIA .......................... 23<br />

PSICANALITICAMENTE FALANDO 25<br />

RESISTÊNCIA .......................................... 26<br />

POR QUE? I ............................................. 27<br />

POR QUE? II ........................................... 28<br />

TORTURA ................................................. 29<br />

DELICI(ANDO)-ME ............................... 30<br />

FIM DE CASO .......................................... 31<br />

UM CERTO 12 DE JUNHO ................... 32<br />

TIMIDEZ ................................................... 33<br />

DUVID(ANDO)...I.................................... 33<br />

DUVID(ANDO)...II ................................. 34<br />

ENTREGA .................................................. 35<br />

ENSAIO....................................................... 36<br />

SAUDADES DO NIRVANA ................... 37<br />

FLOR QUE TE QUERO CAULE ........ 38<br />

ESTRANHA MAGIA .............................. 39<br />

FLORES DE PLÁSTICO ....................... 39<br />

VÍCIOS ....................................................... 40<br />

FUNDAMENTAL BELEZA .................. 41<br />

PROIBIÇÕES ............................................ 42<br />

VIAGEM ...................................................... 43<br />

INTERROGAÇÃO .................................. 44<br />

CALENDÁRIO ......................................... 45<br />

CONTANDO... ......................................... 46<br />

PRESSÁGIOS ............................................ 47<br />

COJIMA ...................................................... 48<br />

ÚLTIMOS DIAS DESTE ANO ............ 49<br />

SOL(IDÃO) ................................................. 50<br />

AMORES HUMANOS ............................. 51<br />

A CALMA DO INVERNO .................... 52<br />

JOGO DO AMOR ..................................... 53<br />

AMOR, O QUE É? .................................... 53<br />

DANIEL VICTOR .................................... 54<br />

JOÃO MARCELO .................................... 54<br />

CAETANO .................................................. 54<br />

COLO DE AVÔ ........................................ 55<br />

DECLARAÇÃO DE AMOR DE<br />

LUANA PARA LORENZO... ................. 55<br />

DECLARAÇÃO DE AMOR DE<br />

SUMÁRIO<br />

SOLANGE PARA AMANI .................... 55<br />

CONTABIL(IDADE) .............................. 56<br />

LINHA RETA ........................................... 57<br />

PRECIOSO ACHADO ........................... 58<br />

(IN)FELICIDADE ................................... 59<br />

SOBRE O AMOR ..................................... 59<br />

O TEU ALVO ........................................... 60<br />

O TEU AMOR ........................................... 60<br />

MUDANÇAS .............................................. 61<br />

ESPELHO I ............................................... 62<br />

ESPELHO II ............................................... 63<br />

LA DOLCE VITA .................................... 64<br />

INEVITÁVEL PRISÃO ........................... 65<br />

MORRO... ................................................... 66<br />

DESEJO MAIOR ..................................... 67<br />

PASSANDO A LIMPO ........................... 68<br />

ESCONDERIJO ....................................... 69<br />

INCÔMODO ............................................. 70<br />

VARAL ......................................................... 71<br />

SEGUNDA PELE .................................... 72<br />

SEDUÇÃO .................................................. 73<br />

SALTO ALTO ........................................... 75<br />

MONOTONIA ........................................ 76<br />

AMOROSAS ESTAÇÕES ..................... 77<br />

CONFISSÃO. ............................................. 77<br />

NA PAZ DO MEU QUARTO ............... 78<br />

POEMA TEU ............................................ 79<br />

DEPOIS DA CHUVA .............................. 80<br />

DEPOIS DA TEMPESTADE ................. 81<br />

HISTÓRIA ( SEM FIM) DE NÓS<br />

DOIS ............................................................. 82<br />

MONÓLOGO ........................................... 83<br />

TEOREMA ................................................. 84<br />

EQUAÇÃO.................................................. 85<br />

EMBOTAMENTO .................................... 86<br />

DECLARAÇÃO ........................................ 87<br />

BAR VAZIO ................................................ 88<br />

CRIAÇÃO .................................................. 89<br />

ORAÇÃO ................................................... 90<br />

DEUS .......................................................... 91<br />

EPITÁFIO .................................................. 91<br />

OUTRAS VOZES ...................................... 92<br />

VIDA E MORTE OU MORTE E<br />

VIDA ........................................................... 93<br />

ENCARNAÇÃO ........................................ 94<br />

IMORTALIDADE ..................................... 95<br />

ESPERA ....................................................... 95<br />

MÁGICA ..................................................... 96<br />

SAUDADE NO TEMPO DA MINHA<br />

VARANDA .................................................. 97<br />

APAGANDO RASTROS ........................ 98<br />

SENTENÇA .............................................. 99<br />

EXORTAÇÃO .......................................... 100<br />

LIQUIDIFICANDO ............................... 101


8 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


APROPRIAÇÃO<br />

Aproprio-me<br />

incansavelmente<br />

do até então<br />

inacessível<br />

à gran<strong>de</strong> parte<br />

do coletivo humano!<br />

aproprio-me<br />

material e simbolicamente<br />

<strong>de</strong> todas as condições<br />

linguagens<br />

e artes<br />

até então negados<br />

ao meu corpo<br />

à minha alma!<br />

aproprio-me<br />

sem culpa<br />

e louvo sim<br />

a possibilida<strong>de</strong><br />

do <strong>de</strong>svelamento<br />

da realida<strong>de</strong><br />

que chega a mim<br />

por mãos solidárias<br />

ainda tão poucas<br />

mas bem centradas<br />

na intervenção<br />

dos rumos<br />

da história da humanida<strong>de</strong><br />

para a direção<br />

<strong>de</strong> um mundo melhor<br />

mais humano<br />

–<strong>de</strong> verda<strong>de</strong>-<br />

mais igualitário!...<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

9


10 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


LIBERTAÇÃO<br />

Aprisiono o verbo<br />

<strong>de</strong>voro a “carne”<br />

–pecado humano-<br />

cerne do <strong>de</strong>sejo<br />

tresloucado<br />

do fruto proibido<br />

insaciavelmente<br />

insano!...<br />

aprisiono a dor<br />

em amargas palavras<br />

algemadas<br />

–cárcere privado-<br />

esvaziada<br />

da linguagem erótica ...<br />

recrio liturgias<br />

procissões<br />

santos e rezas<br />

que se preten<strong>de</strong>m<br />

assépticos<br />

e no entanto<br />

mostram-se<br />

contagiam-se<br />

e nos contagiam<br />

com os seus<br />

venenos<br />

exoticamente<br />

tóxicos!<br />

aprisiono o amor<br />

no papel A4<br />

que jaz<br />

na impressora<br />

do meu computador<br />

e digito<br />

tácita<br />

e indolentemente<br />

cada letra<br />

cada sílaba<br />

cada sentença<br />

cada cicatriz<br />

intensa<br />

da vida<br />

que se expõe<br />

e<br />

ao se mostrar<br />

completamente nua<br />

sem qualquer reserva<br />

se ergue<br />

se levanta<br />

alça vôo<br />

...se liberta...<br />

e<br />

me liberta também!!!<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

11


DESABAFO I<br />

O que sonhei<br />

não foi<br />

não fiz<br />

passou<br />

per<strong>de</strong>u-se<br />

<strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser...<br />

o que não veio<br />

virá talvez<br />

naquilo que não sonhei<br />

mas que preciso levar<br />

comigo sempre<br />

– para aon<strong>de</strong>?-<br />

a efemerida<strong>de</strong> das coisas<br />

me assusta<br />

preciso registrá-la<br />

<strong>de</strong> alguma forma<br />

para não perdê-las<br />

<strong>de</strong> todo!<br />

coloco a minha vida<br />

os meus anseios<br />

meus <strong>de</strong>sesperos<br />

todos<br />

nas tuas mãos...<br />

segura firme<br />

não os <strong>de</strong>ixes escapar<br />

como o tempo<br />

que se foi<br />

que se vai<br />

sempre...<br />

12 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

...e sempre<br />

apesar <strong>de</strong> mim<br />

do meu pesar<br />

do meu amor por tudo<br />

e meu <strong>de</strong>sejo<br />

<strong>de</strong> ficar!!!...<br />

* Premiada no Concurso II<br />

Convivio- 2001-Itália


4 DESABAFO II*<br />

O presente<br />

instante provisório<br />

preparatório<br />

para algo que está sendo<br />

e vai logo<br />

logo<br />

<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser!<br />

minha foto<br />

<strong>de</strong>pendurada<br />

meio torta na pare<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>nuncia<br />

o que <strong>de</strong>ixei <strong>de</strong> ser<br />

mas me segura<br />

naquele tempo bendito<br />

que fui<br />

e quero sempre ser<br />

nem que seja na memória<br />

do papel<br />

amarelado pelo tempo<br />

pela amargura<br />

e impregnado enfastiadamente<br />

<strong>de</strong> mim!<br />

o presente<br />

transitório<br />

preparatório<br />

para um nada<br />

que sempre nego<br />

renego<br />

ritualizo<br />

segurando num tempo<br />

que virá eterno<br />

eterno?!..<br />

virá ?!...<br />

* Premiada no Concurso II Convivio- 2001-Itália<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

13


DESABAFO III*<br />

Teus <strong>de</strong>stroços<br />

pródigos em restos<br />

<strong>de</strong>sacertos<br />

bem engendrados<br />

me hipnotizam<br />

e me atraem<br />

como a luz a mariposa...<br />

fico presa<br />

enleada<br />

como a aranha<br />

que estranha<br />

a sua teia<br />

e se enrosca<br />

se fere<br />

e sofre perdida<br />

em tácita penúria<br />

teus <strong>de</strong>stroços<br />

me <strong>de</strong>stroçam<br />

me corroem<br />

as esperanças<br />

fico pobre <strong>de</strong> alegria<br />

e me encharco <strong>de</strong> cobranças<br />

cobro a mim<br />

por não saber<br />

dar um fim<br />

a essa dor<br />

que me impinges por querer<br />

exorcizar o teu sofrer!<br />

* Premiada no Concurso II Convivio- 2001-Itália<br />

14 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


BEIJOS<br />

Palavras e línguas<br />

salivas e <strong>de</strong>ntes<br />

no céu<br />

da tua<br />

boca<br />

<strong>de</strong>scansam silentes<br />

e espargem estrelas<br />

em beijos<br />

e beijos<br />

tão cálidos<br />

tão quentes<br />

em minha boca<br />

ansiosa<br />

que te <strong>de</strong>seja<br />

e <strong>de</strong>seja teu beijo<br />

cada dia mais!<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

15


ÁGUAS DO CAMPO<br />

Águas do campo<br />

no canto<br />

da memória<br />

estagnada<br />

...esver<strong>de</strong>ada paisagem...<br />

águas do campo<br />

cheiro tão puro<br />

impuros pensamentos<br />

me trazem<br />

espúrios <strong>de</strong>sejos<br />

<strong>de</strong> amantes insaciáveis<br />

águas do campo<br />

brotam dos olhos<br />

molham sauda<strong>de</strong>s<br />

olheiras insones<br />

te procuram<br />

por estagnadas águas<br />

em macios travesseiros<br />

e não te acham<br />

águas do campo<br />

no canto da sala<br />

no canto do quarto<br />

no canto mais escondido<br />

<strong>de</strong> mim<br />

encantos<br />

cantados<br />

em versos e versos<br />

palavras vazias<br />

impregnadas <strong>de</strong> mim<br />

águas do campo<br />

do canto da alma<br />

brotam aos cântaros<br />

para sempre<br />

eternamente<br />

<strong>de</strong> mim!<br />

16 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


ACRE-DOCE PRISÃO<br />

Tantas palavras<br />

soltas no espaço<br />

presas em livros...<br />

... em dicionários<br />

humanamente apócrifos...<br />

tantas palavras<br />

soltas na boca<br />

presas no peito<br />

seguras<br />

por fortes amarras<br />

neuroticamente imputadas...<br />

tantas palavras<br />

e não encontro nenhuma<br />

para externar o meu <strong>de</strong>sejo<br />

... a minha paixão<br />

... calo-me então<br />

-quem sabepra<br />

sempre...<br />

e acorrentada fico<br />

na tua acre-doce prisão!<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

17


TEIMOSIA I<br />

Canto<br />

cantas<br />

em uníssono<br />

acalanto<br />

<strong>de</strong> amor<br />

(<strong>de</strong>sen) canto<br />

(<strong>de</strong>sen) cantas<br />

acalanto<br />

(<strong>de</strong>s)amor...<br />

canto<br />

teimosamente<br />

bem baixinho<br />

em teus ouvidos...<br />

escutas?<br />

terá eco<br />

esse meu canto?<br />

até quando?...<br />

18 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


TEIMOSIA II<br />

Escureceu...<br />

mas em meus olhos castanho-claros<br />

ainda persiste<br />

réstia amarelada<br />

daquele pôr-<strong>de</strong>-sol<br />

<strong>de</strong> ontem...<br />

escureceu<br />

ainda teima<br />

em acordar cantando um rouxinol<br />

nesta manhã <strong>de</strong> agonia...<br />

manhã <strong>de</strong> agonia...<br />

escureceu<br />

mas a minha vida<br />

teima na busca incessante<br />

do paraíso<br />

sem serpentes<br />

sem proibições<br />

sem pecados<br />

sem punições!<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

19


TEIMOSIA III<br />

Os sonhos se dissipam<br />

um a um...<br />

a vida é um engano<br />

engodo engalanado<br />

<strong>de</strong> ilídicas ilusões<br />

a verda<strong>de</strong><br />

é uma farsa<br />

sórdida <strong>de</strong> sagacida<strong>de</strong><br />

traiçoeira e voraz<br />

que fere e magoa sem trégua<br />

o <strong>de</strong>savisado<br />

crente<br />

o amor! ah! o amor<br />

razão <strong>de</strong> todo sonho<br />

e <strong>de</strong> todo prazer<br />

transforma o ser<br />

em impávido sofredor que<br />

gesta a dor<br />

que <strong>de</strong>vora e consome<br />

todo e qualquer amor...<br />

a frívola realida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sgraça o existir<br />

angústias<br />

tormentos<br />

consomem a fé<br />

do ser que persiste<br />

em acreditar...<br />

20 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

teimosamente<br />

os astros brilham no céu<br />

as ondas bailam no mar<br />

e a poeta<br />

ah! a poeta<br />

mesmo <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> muito sofrer<br />

não se cansa <strong>de</strong> amar<br />

não se cansa <strong>de</strong> cantar o amor<br />

não se cansa <strong>de</strong> cantar o ser<br />

e a inconfundível <strong>de</strong>lícia<br />

<strong>de</strong> viver!


DESEJOS PREMENTES<br />

A lua<br />

a rua<br />

tua boca...<br />

...que beijo!...<br />

o corpo<br />

o porre<br />

embriaguez<br />

sem álcool algum<br />

<strong>de</strong>sejos prementes<br />

<strong>de</strong>sejos<br />

sempre<br />

e sempre!<br />

DESATINO I<br />

Calendário<br />

caleidoscópio<br />

ampulheta<br />

amputando sonhos...<br />

mortes em vida!...<br />

...veleida<strong>de</strong>s<br />

do <strong>de</strong>stino...<br />

quanto <strong>de</strong>satino!<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

21


DESATINO II<br />

Destino<br />

<strong>de</strong>satento<br />

<strong>de</strong>salento<br />

<strong>de</strong>sencanto<br />

em cada canto<br />

em cada bar<br />

par <strong>de</strong>sfeito<br />

impávido ímpar<br />

imperfeito<br />

solitário<br />

estrelas ca<strong>de</strong>ntes<br />

pen<strong>de</strong>m do firmamento<br />

em lembranças<br />

<strong>de</strong> lágrimas <strong>de</strong> sauda<strong>de</strong>s...<br />

brilhantemente<br />

soluçantes!<br />

<strong>de</strong>stino<br />

<strong>de</strong>satento<br />

<strong>de</strong>salento<br />

<strong>de</strong>sencanto<br />

<strong>de</strong>sencantada fico também!<br />

22 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


QUASE DESISTÊNCIA<br />

Um a um<br />

saem os dias<br />

que eu te tinha<br />

em minha vida...<br />

entram outros tantos<br />

cheios <strong>de</strong> vazio<br />

e agonia...<br />

uma a uma<br />

fogem as palavras<br />

esvaziadas <strong>de</strong> sentidos<br />

sentimentos esmagados<br />

pelo verbo<br />

não pronunciado!<br />

já não me olhas<br />

fazes questão <strong>de</strong> não me ver<br />

não me conformo<br />

embora saiba<br />

que amanhã<br />

outro amanhã<br />

pleno <strong>de</strong> outono e verão<br />

<strong>de</strong>rramarão sol e romãs<br />

em minhas calejadas mãos!<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

23


(ilustração) psicanaliticamente<br />

24 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


PSICANALITICAMENTE FALANDO...<br />

Sob a máscara<br />

mal posta<br />

reconheço<br />

o que <strong>de</strong> fato<br />

preferia não rever!<br />

no fecho do ensaio<br />

domesticado<br />

esticado<br />

amenizo o dogmatismo<br />

estreito<br />

das razões da psique<br />

e do <strong>de</strong>stino<br />

<strong>de</strong> todos os meus<br />

amores<br />

licores e libidos<br />

<strong>de</strong>rramados<br />

sobre o frio asfalto<br />

da cida<strong>de</strong><br />

freneticamente <strong>de</strong>serta<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejos<br />

<strong>de</strong> qualquer espécie!<br />

sob a máscara<br />

mal posta<br />

reconheço<br />

...me reconheço...<br />

quando o que <strong>de</strong> fato preferia<br />

o que queria<br />

o que quero<br />

é mesmo<br />

não me ver!<br />

tudo isso hoje parece<br />

<strong>de</strong>masiadamente simples!...<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

25


RESISTÊNCIA<br />

O silêncio do cosmos<br />

me apavora!<br />

a solidão da nova era<br />

me <strong>de</strong>sespera!<br />

a impossibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> tanto amor profícuo<br />

me <strong>de</strong>plora!<br />

a renúncia<br />

à revolução necessária<br />

me <strong>de</strong>prime!<br />

o júbilo<br />

da felicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejada<br />

ainda espero!<br />

a fé nos homens<br />

ainda persiste<br />

o amor à vida<br />

ainda vive<br />

a esperança<br />

ainda resiste ...<br />

26 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


POR QUE? I<br />

Por trás<br />

<strong>de</strong> tantos sorrisos<br />

quantas dores...<br />

por trás<br />

<strong>de</strong> gentis mesuras<br />

quantas loucuras...<br />

por trás<br />

<strong>de</strong> tantos gestos generosos<br />

quanto egoísmo...<br />

por trás<br />

<strong>de</strong> tantos carinhos<br />

quantas mentiras...<br />

ao lado<br />

<strong>de</strong> tantos amores<br />

quanta solidão...<br />

por que<br />

tantos poetas?<br />

por que<br />

tanta poesia?...<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

27


POR QUE? II<br />

Não aceito<br />

me rebelo<br />

contra a crua realida<strong>de</strong>...<br />

por que a vida<br />

não é<br />

como aparenta ser?<br />

não aceito<br />

me rebelo<br />

contra a crua realida<strong>de</strong>...<br />

por que as pessoas<br />

não são<br />

o que dizem ser?<br />

não aceito<br />

me rebelo<br />

contra a crua realida<strong>de</strong>...<br />

por que as pessoas<br />

dizem sentir<br />

o que não sentem?<br />

não aceito<br />

me rebelo<br />

contra a crua realida<strong>de</strong>...<br />

por que<br />

não conseguimos<br />

simplesmente<br />

ser felizes?<br />

28 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


TORTURA<br />

Torturas-me com o teu amor<br />

logo o amor<br />

sentimento tão puro!<br />

torturas-me com o teu amor<br />

quando me cobres <strong>de</strong> beijos<br />

me <strong>de</strong>spertas <strong>de</strong>sejos<br />

em cios <strong>de</strong> paixão<br />

e te esgueiras a seguir<br />

entre as sombras<br />

<strong>de</strong> tantas luas<br />

e me <strong>de</strong>ixas<br />

a amargura<br />

da solidão!<br />

torturas-me com o teu amor<br />

logo o amor<br />

o mais nobre sentimento<br />

que teimo em sustentar<br />

apesar do sofrimento<br />

que sempre me impuseram<br />

por que alma atormentada<br />

fazes-me sofrer<br />

com o teu medo <strong>de</strong> amar<br />

não enten<strong>de</strong>s que o sofrer<br />

não faz par perfeito<br />

com o amor<br />

como nos fizeram acreditar?<br />

torturas-me com o teu amor<br />

porque minh’alma inconformada<br />

sempre teima em amar<br />

amar com mais amor<br />

cada vez mais!<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

29


DELICI(ANDO)-ME<br />

Depois <strong>de</strong><br />

“tanta pedra no caminho”<br />

tantos pores-<strong>de</strong>-sol solitários<br />

encontros equivocados...<br />

<strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> tanta “espera<br />

à beira do caminho”<br />

tanto vinho <strong>de</strong>rramado...<br />

cálices vazios...<br />

<strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> tanta solidão dorida<br />

tantos sonhos <strong>de</strong>sfeitos<br />

madrugadas insones<br />

palavras escorraçadas<br />

<strong>de</strong> um coração<br />

diuturnamente entediado...<br />

...emerge<br />

<strong>de</strong>nsa e plenamente<br />

a materialização<br />

do teu <strong>de</strong>sejo contido por tanto tempo<br />

–agora a mim revelado-<br />

me <strong>de</strong>licio!!!...<br />

30 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


FIM DE CASO<br />

Eu quis voar nos teus sonhos<br />

eu quis beber o teu néctar<br />

eu quis <strong>de</strong>sintegrar teus fantasmas<br />

eu quis inalar teus perfumes<br />

eu quis dormir teu cansaço<br />

eu quis mergulhar nos teus braços<br />

eu quis me per<strong>de</strong>r no teu sexo...<br />

eu quis colher estrelas dos teus céus<br />

eu quis <strong>de</strong>letar tuas estranhas amarguras<br />

eu quis partilhar teu nirvana<br />

eu quis po<strong>de</strong>r amar-te na rua<br />

eu quis <strong>de</strong>rrubar tuas fronteiras<br />

eu quis viver-te por inteiro<br />

eu quis te fazer poesias...<br />

poesias...<br />

poesias...<br />

eu quis<br />

eu quis...<br />

mas não fiz!...<br />

eu queria que fosse pra sempre<br />

mas não foi!....<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

31


UM CERTO 12 DE JUNHO<br />

Gostaria<br />

que fosse<br />

para sempre...<br />

sem passado<br />

sem futuro<br />

só presente!!...<br />

32 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


TIMIDEZ<br />

Rubra face<br />

em tez tão clara<br />

insinuando<br />

carícias<br />

que imagino atrevidas<br />

<strong>de</strong>scritas nas linhas<br />

do teu rosto<br />

mãos tão ávidas<br />

escorregam<br />

em inimagináveis<br />

viagens<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejos<br />

<strong>de</strong>svirginando caminhos<br />

nunca antes ousados!<br />

DUVID(ANDO)...I<br />

Verda<strong>de</strong>...<br />

ilusão...<br />

importa?!...<br />

este momento é ímpar<br />

mais-que-perfeito<br />

<strong>de</strong>ixo que tudo <strong>de</strong>ságüe<br />

em meu leito!<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

33


DUVID(ANDO)...II<br />

Como posso saber<br />

se tu me amas<br />

se nem mesmo tu sabes<br />

o que queres?...<br />

... me parece!...<br />

como posso ter-te<br />

novamente em minha cama<br />

se o que me fizeste<br />

não se faz<br />

nem com quem não se preza?...<br />

como posso abraçar-te<br />

com ternura<br />

se sempre me negaste<br />

o mais leve toque?...<br />

como posso ter-te<br />

novamente<br />

como posso perdoar-te?<br />

agora como posso só olhar p’ra frente<br />

–como dizesse<br />

o que me fizeste<br />

me dá somente uma certeza:<br />

não po<strong>de</strong>mos ter volta<br />

embora seja<br />

o que mais <strong>de</strong>sejo?!<br />

34 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


ENTREGA<br />

Queres aspirar<br />

da minha boca<br />

o sopro mais íntimo<br />

adormecido<br />

há tanto tempo!<br />

queres reveladas<br />

todas as quimeras<br />

semeadas<br />

em libidos e lágrimas<br />

queres minha muralha<br />

aos teus pés<br />

<strong>de</strong>molida<br />

para então ter-me<br />

em tuas mãos<br />

<strong>de</strong>spida e refém!<br />

quero meus dias nos teus<br />

tuas noites nas minhas...<br />

aon<strong>de</strong> me levarás<br />

ao inferno<br />

purgatório<br />

paraíso?<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

35


ENSAIO<br />

Ensaiei<br />

par e passo<br />

cada gesto<br />

cada expressão<br />

principalmente as das mãos...<br />

ensaiei<br />

cada palavra<br />

nos mínimos <strong>de</strong>talhes<br />

sons<br />

duração<br />

tonalida<strong>de</strong><br />

da voz mais rouca<br />

plena <strong>de</strong> sensualida<strong>de</strong><br />

à voz mais doce<br />

impregnada <strong>de</strong> maternida<strong>de</strong>...<br />

fiz a maquiagem<br />

esmerada<br />

realçando cada <strong>de</strong>talhe<br />

dos olhos<br />

dos lábios<br />

da testa<br />

do queixo<br />

das maçãs do rosto...<br />

vesti a roupa<br />

mais a<strong>de</strong>quada<br />

para o momento<br />

o meu momento<br />

o nosso momento...<br />

e na hora<br />

<strong>de</strong>u tudo errado!!!<br />

36 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


SAUDADES DO NIRVANA<br />

Mais um dia nasce<br />

timidamente<br />

parido paulatinamente<br />

do útero do cosmos<br />

mais um dia nasce<br />

com seus primeiros ares<br />

claros-<strong>de</strong>-sol<br />

avermelhadamente (ama)relados<br />

a <strong>de</strong>rramarem-se<br />

sobre um chão<br />

aberto<br />

orvalhado<br />

que se entrega à manhã<br />

e brilha então<br />

como orgasmos <strong>de</strong> cristal!<br />

mais um dia nasce<br />

novas esperanças<br />

novos medos<br />

novas andanças<br />

entre o gozo e o pesa<strong>de</strong>lo<br />

mais um dia<br />

renovadas alegrias<br />

insistidas esperanças<br />

que choram como eu<br />

com sauda<strong>de</strong> do nirvana!<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

37


FLOR QUE TE QUERO CAULE<br />

Não te quero flor<br />

na minha mesa<br />

te quero caule<br />

não te quero luz<br />

iluminando nada<br />

te quero meridiano<br />

não quero tua presença<br />

só no tempo que te sobra<br />

te quero inteiro<br />

não te quero com tempo<br />

cronometrado<br />

te quero sempre<br />

não te quero apenas sexo<br />

te quero gozo<br />

não te quero apenas corpo<br />

te quero<br />

e como quero<br />

e <strong>de</strong>sejo<br />

tua alma!!!<br />

38 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


ESTRANHA MAGIA<br />

Sinto um frio no estômago<br />

quando te vejo...<br />

é a dor lasciva<br />

do <strong>de</strong>sejo<br />

numa lassidão sem fim<br />

a rasgar-me as entranhas<br />

e estranha magia<br />

cheia <strong>de</strong> intenções me incen<strong>de</strong>ia<br />

quando te imagino<br />

inteiro<br />

entre meus beijos.<br />

FLORES DE PLÁSTICO<br />

Mil flores tão belas<br />

me ofertaste...<br />

...explodi <strong>de</strong> emoção!...<br />

agora as vejo melhor...<br />

...são <strong>de</strong> plástico<br />

estéreis<br />

inúteis....<br />

mais <strong>de</strong>cepção!<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

39


VÍCIOS<br />

Bêbado cigarro<br />

amassado<br />

esquecido<br />

num canto escondido<br />

do meu coração<br />

que se revela sóbrio<br />

sóbrio??...<br />

...cheio <strong>de</strong> contradições...<br />

wisck dourado<br />

jogado na taça<br />

<strong>de</strong> puro cristal<br />

jaz esquecido<br />

num canto qualquer<br />

da sala<br />

perdido e encharcado<br />

<strong>de</strong> tanta e intencional<br />

solidão!<br />

obscenas palavras<br />

sussurradas no ouvido<br />

vagueiam no corpo<br />

inteiro<br />

crispando-o<br />

incitando-o<br />

ao <strong>de</strong>sejo maior<br />

do carnal prazer!<br />

40 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


FUNDAMENTAL BELEZA<br />

A beleza é fundamental<br />

nos olhos negros<br />

- qual pantera -<br />

nos castanhos<br />

azuis e ver<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> tantos olhos amarelos<br />

<strong>de</strong> coloridas mulheres<br />

pela aquarela do amor!<br />

a beleza é fundamental<br />

no corpo esguio<br />

alongado<br />

ou “minhon”<br />

da mulher amada<br />

que se acerca<br />

do homem adorado<br />

com um abraço cheio<br />

<strong>de</strong> carinhos plenos!<br />

a beleza é fundamental<br />

e faz a festa<br />

nos olhos <strong>de</strong> quem ama<br />

o amor é belo em si<br />

e embeleza<br />

aquele que ama<br />

e ao seu amor ...<br />

ah! como a beleza é fundamental!<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

41


PROIBIÇÕES<br />

É proibido maldizer...<br />

bradar<br />

aquela palavra<br />

avara<br />

que fere<br />

esvazia<br />

não soma<br />

não acresce nada!<br />

é proibido estar só<br />

<strong>de</strong> fato ou acompanhada<br />

solidão vestida a rigor<br />

costumes...<br />

que não dizem nada<br />

somente<br />

aquela<br />

tão conhecida<br />

e insuportável<br />

dor!<br />

é proibido proibir<br />

é permitido tudo fazer<br />

para o meu bem e ao do meu amor<br />

isso sim<br />

é que é viver!<br />

é proibido não te ver<br />

ter-te junto é a lei<br />

que eu mesma promulguei<br />

para expurgar<br />

este sofrer<br />

que já não agüento meu!<br />

42 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


VIAGEM<br />

Meu trem partiu bem cedo<br />

vazio <strong>de</strong> mim<br />

<strong>de</strong> todas as ilusões<br />

que diziam só <strong>de</strong> ti...<br />

meu trem partiu hoje cedo<br />

sem rumo<br />

sem direção<br />

cheio <strong>de</strong> intenções<br />

<strong>de</strong> ocupar espaços vazios<br />

não importa a estação<br />

meu trem partiu bem cedo<br />

agora<br />

o que importa<br />

é que chegue sem <strong>de</strong>mora<br />

-antes do último <strong>de</strong>stinoaquele<br />

passageiro<br />

que remova os empecilhos<br />

<strong>de</strong>sta última viagem!<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

43


INTERROGAÇÃO<br />

Te fiz tantos versos<br />

sem rimas<br />

com rimas<br />

sempre vindos<br />

do meu coração<br />

te <strong>de</strong>i o meu pranto<br />

cada sorriso<br />

um monte <strong>de</strong> sonhos<br />

pontilhados <strong>de</strong> <strong>de</strong>silusões<br />

me <strong>de</strong>i inteira<br />

sem saber<br />

se me queres ou não<br />

e então<br />

o que me dizes?<br />

44 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


CALENDÁRIO<br />

Marés <strong>de</strong> agosto<br />

cores <strong>de</strong> setembro<br />

águas <strong>de</strong> março<br />

...ou serão <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro?<br />

minuanos no Sul<br />

pororoca no Norte<br />

águas que correm brigando no Nor<strong>de</strong>ste<br />

... “aon<strong>de</strong> anda o amor que tu me <strong>de</strong>ste?”<br />

secas no Norte e Nor<strong>de</strong>ste<br />

granizo no Sul e Su<strong>de</strong>ste<br />

enchentes marés <strong>de</strong> luas<br />

ao meu gosto<br />

agosto <strong>de</strong> solidão<br />

rasgam o peito!<br />

queria sempre <strong>de</strong>zembro<br />

queria sempre ver<strong>de</strong>s águas tranqüilas<br />

ventos gerais<br />

sóis <strong>de</strong> verão<br />

manhãs <strong>de</strong> romãs<br />

com gosto <strong>de</strong> quero mais...<br />

maré <strong>de</strong> agosto<br />

cores <strong>de</strong> setembro<br />

águas <strong>de</strong> março<br />

...ou serão <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro?<br />

minuanos no Sul<br />

pororoca no Norte<br />

águas que correm brigando no Nor<strong>de</strong>ste<br />

...“aon<strong>de</strong> anda o amor que tu me <strong>de</strong>ste?”<br />

...aon<strong>de</strong>?....<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

45


CONTANDO...<br />

Uma pedra no caminho uma pedra!<br />

... duas pedras<br />

... três<br />

... quatro<br />

... perdi a conta!<br />

uma conta no colar!<br />

duas contas<br />

três<br />

quatro<br />

muitas mais<br />

adornando o meu colo!<br />

um encontro <strong>de</strong> amor<br />

dois encontros<br />

três<br />

quatro<br />

poucos mais<br />

e o amor se acabou!<br />

um canto que vem<br />

<strong>de</strong> um canto qualquer<br />

direto ao meu coração...<br />

<strong>de</strong> on<strong>de</strong> viria?...<br />

46 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


PRESSÁGIOS<br />

Lágrimas do tempo<br />

escorrem em minha janela<br />

meus olhos atentos<br />

espreitam a vida<br />

pela fresta que me resta<br />

a vida passa<br />

às vezes sem pressa<br />

sem maus presságios<br />

e me <strong>de</strong>ixa atônita<br />

aturdida<br />

entre sonhos <strong>de</strong>spidos<br />

e travestidos<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejos reprimidos!...<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

47


COJIMA<br />

O mar<br />

o rio <strong>de</strong> Cojima<br />

águas que rimam<br />

amor e sauda<strong>de</strong><br />

molham o <strong>de</strong>sejo<br />

<strong>de</strong>rramando líquidos ressacados<br />

arrebatados<br />

daqueles olhos castanhos...<br />

efêmera felicida<strong>de</strong>!<br />

sonho e felicida<strong>de</strong><br />

mesclados <strong>de</strong> sauda<strong>de</strong>s<br />

mergulham naquelas águas douradas<br />

pelo sol <strong>de</strong> Havana<br />

-afrodisíaca cida<strong>de</strong>-<br />

em um janeiro<br />

qualquer!<br />

48 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


ÚLTIMOS DIAS DESTE ANO<br />

Nos últimos dias <strong>de</strong>ste ano<br />

nem o dom da mais perfeita palavra<br />

entorna alegria<br />

na alma atormentada...<br />

e - contraditoriamente -<br />

nos últimos dias <strong>de</strong>ste ano<br />

nem a mais <strong>de</strong>sesperada poesia<br />

tira a esperança<br />

dos esperançosos...<br />

os tambores<br />

as águas tranqüilas<br />

a clareza do dia que nasce<br />

os sonhos <strong>de</strong>ixados <strong>de</strong> lado<br />

a mais urgente agonia<br />

languidamente<br />

são <strong>de</strong>ixados para amanhã<br />

a lenda dos milagres<br />

renasce forte<br />

mesmo que não se realize<br />

nesse mergulho cego<br />

do dia-a-dia<br />

...um novo dia...<br />

nesse novo ano<br />

que inicia!<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

49


SOL(IDÃO)<br />

O sol inva<strong>de</strong><br />

janela a<strong>de</strong>ntro<br />

o meu quarto<br />

mas não aquece a minha alma<br />

e nem expulsa<br />

a minha solidão...<br />

o sol lá fora<br />

evoca vida<br />

evoca gozos<br />

tão plenos<br />

tão loucos<br />

mas cá <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim<br />

é puro inverno<br />

esvaziado<br />

<strong>de</strong> emoção...<br />

só nuvens acinzentadas<br />

espessas<br />

almofadadamente negras<br />

e folhas secas<br />

que rolam...<br />

rolam...<br />

rolam...<br />

misturadas a tantos nãos!!<br />

50 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


AMORES HUMANOS<br />

Amores possíveis<br />

<strong>de</strong>sperdiçados<br />

nunca vividos<br />

por se <strong>de</strong>ixarem imperceptíveis<br />

amores impossíveis<br />

sonhados<br />

nunca concretizados<br />

mas intensa e doloridamente<br />

<strong>de</strong>sejados<br />

amores platônicos<br />

tão intensos em <strong>de</strong>sejos<br />

impregnados <strong>de</strong> angústia<br />

que brotam do peito<br />

e sangram<br />

sangram<br />

sem esperança ...<br />

<strong>de</strong> se completar<br />

plena e vorazmente<br />

... no sexo<br />

amores previsíveis<br />

tão claros<br />

-às vezes chatos-<br />

com início<br />

e<br />

fim<br />

doce e amargamente<br />

prognosticados...<br />

amores imprevisíveis<br />

que surpreen<strong>de</strong>m<br />

quando chegam <strong>de</strong> repente<br />

parecendo surgir<br />

do nada<br />

mas com intensida<strong>de</strong><br />

assustadoramente<br />

inexplicável!<br />

amores sofridos<br />

que fazem doer<br />

a dor <strong>de</strong> senti-los<br />

tirando o prazer<br />

perduram às vezes<br />

na vida <strong>de</strong> quem os tem<br />

tanto...<br />

tanto tempo!!!<br />

amores tão calmos<br />

pobres <strong>de</strong> emoção<br />

cheios <strong>de</strong> pudores<br />

que aborrecem até<br />

os mais tímidos<br />

e <strong>de</strong>sencantados corações!<br />

amores tão tórridos<br />

como o teu<br />

que <strong>de</strong>ixa a minh’alma<br />

ar<strong>de</strong>ndo em paixão<br />

jamais tive igual...<br />

... jamais terei igual!!<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

51


A CALMA DO INVERNO<br />

A calma<br />

do inverno<br />

acalma<br />

a alma<br />

esfria o fogo<br />

cruel do ciúme<br />

que ar<strong>de</strong> no peito<br />

<strong>de</strong> quem ama<br />

sem certeza<br />

<strong>de</strong> que é<br />

correspondido!<br />

A calma do inverno<br />

apaga a chama<br />

freia a insistência<br />

<strong>de</strong> quem amava tanto<br />

e agora<br />

não sabe se ama mais!<br />

52 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


JOGO DO AMOR<br />

Jogo<br />

na correnteza<br />

toda incerteza do teu amor...<br />

quem sabe<br />

a água<br />

lave toda mágoa<br />

e<br />

magicamente<br />

<strong>de</strong>volva a minha<br />

tão sonhada paz!<br />

AMOR, O QUE É?<br />

O amor é assim:<br />

nasce<br />

sem se saber por que...<br />

mas isso não é importante.....<br />

O importante<br />

é não <strong>de</strong>ixá-lo nunca....<br />

nunca ...<br />

nunca...<br />

morrer!!!...<br />

Por que te amo hoje????<br />

NÃO SEI !!!<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

53


JOÃO MARCELO<br />

amado netinho<br />

Já estás entre nós<br />

Oh! Bela criança<br />

hÃo <strong>de</strong> cantar sempre anjos<br />

aO teu redor!<br />

DANIEL VICTOR<br />

amado netinho<br />

Risos <strong>de</strong> criança<br />

burburinhos inaudíveis se impõem<br />

para alegrar o dia<br />

já cansado...<br />

passos ligeiros fazem barulhos tão leves<br />

pezinhos que correm<br />

com pressa ansiosa<br />

com todos aqueles sorrisos nos lábios<br />

com todo o corpinho vibrante<br />

com todos os braços abertos<br />

cheios <strong>de</strong> tanta esperança<br />

para a vida<br />

para o mundo<br />

para o amor !<br />

Mamãe esperou-te<br />

Ansiosamente<br />

Rezando<br />

Cada momento<br />

Enquanto não vinhas<br />

Logo que chegaste constatamos<br />

Oh! Que menino mais belo! E o seu nome?<br />

João Marcelo<br />

CAETANO<br />

amado netinho<br />

C hegaste enfim <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tantos sóis<br />

A mor...amor...quanto amor irradias!...<br />

E speramos-te todos esses dias<br />

T e amando incondicionalmente enquanto vinhas<br />

A gora te olhando entre o nosso abraço<br />

N ão imaginas a felicida<strong>de</strong> que se <strong>de</strong>rrama<br />

O rnamentando o coração e a vida <strong>de</strong> quem te ama !<br />

54 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


COLO DE AVÔ<br />

a Selmo Vasconcellos e Leonardo<br />

Leonardo<br />

lindo bebê<br />

está feliz a sorrir<br />

sorri para a vida<br />

sorri para o amor<br />

ávida vida te espera...<br />

cheia <strong>de</strong> mimos<br />

afagos<br />

aconchegos<br />

e muita poesia ouvirás com certeza<br />

no colo do vovô!!!!<br />

DECLARAÇÃO DE AMOR DE LUANA PARA LORENZO<br />

L ogo que te vi<br />

O rei agra<strong>de</strong>cida a Deus<br />

R i ao mesmo tempo com ternura<br />

E mbevecida com tanta candura<br />

N o céu muitos anjos e arcanjos<br />

Z elam por ti, tenho certeza<br />

Oh! Filhinho amado<br />

DECLARAÇÃO DE AMOR DE SOLANGE PARA AMANI<br />

A gora estás conosco<br />

M aravilhosamente minha<br />

A mamos-te muito muito filhinha!<br />

N os meus braços ao embalar-te<br />

I nfinitamente e para sempre contigo sou<br />

e serei feliz!<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

55


CONTABIL(IDADE)<br />

a Campos Filho<br />

A vida<br />

é uma síntese contraditória<br />

<strong>de</strong> receitas<br />

e débitos<br />

em constante e incessante<br />

movimento...<br />

creditei<br />

incontáveis sonhos<br />

que foram sendo <strong>de</strong>bitados<br />

um<br />

a<br />

um<br />

na forma <strong>de</strong> amargas e nefastas<br />

<strong>de</strong>silusões...<br />

<strong>de</strong>bitei<br />

todas as culpas<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o pecado original...<br />

e ainda<br />

me fazem ter<br />

um saldo <strong>de</strong>vedor<br />

incondicionalmente sem aval...<br />

créditos a receber<br />

sempre insuficientes<br />

para quitar tanta se<strong>de</strong>...<br />

se<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar<br />

<strong>de</strong> arriscar<br />

<strong>de</strong> errar<br />

<strong>de</strong> retroce<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong> lembrar<br />

se<strong>de</strong> <strong>de</strong> amar<br />

enfim ...<br />

se<strong>de</strong> <strong>de</strong> viver!<br />

56 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

por fim contabilizei<br />

os meus sonhos...<br />

e todos aqueles pesa<strong>de</strong>los<br />

os meus cuidados...<br />

e toda a minha falta <strong>de</strong> zelos<br />

os meus frutos...<br />

e todos os meus <strong>de</strong>sfrutes<br />

a minha ida<strong>de</strong>...<br />

e todos os meus <strong>de</strong>sgastes<br />

a minha vida...<br />

e todas as feridas<br />

cicatrizadas<br />

abertas<br />

incrustadas no meu ser<br />

e no meu saldo credor<br />

finalmente<br />

vislumbro<br />

como pano <strong>de</strong> fundo<br />

vivo<br />

intenso e profundo<br />

aquela chama ar<strong>de</strong>nte<br />

plenamente acesa<br />

diuturnamente <strong>de</strong>sejada...<br />

aquela inconfundível chama<br />

inapagável do teu amor!


LINHA RETA<br />

a Niemeyer<br />

Eu admiro a linha reta<br />

ao pé da montanha<br />

por sobre o planalto<br />

também na asa <strong>de</strong>lta<br />

em linha obliquamente ereta<br />

durante o seu vôo...<br />

eu me embeveço com as retas<br />

das longas estradas<br />

que também serpenteiam<br />

arrastando sonhos<br />

levando sauda<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>ixando a esperança<br />

<strong>de</strong> rever breve<br />

breve<br />

o ser amado...<br />

eu mergulho irresponsavelmente<br />

na linha reta do horizonte<br />

entre o mar e o céu<br />

entre o negro e o azul<br />

entre a vida e a morte<br />

entre o ódio e o amor<br />

do teu dicionário...<br />

eu me completo e me perco<br />

na linha reta do homem amado<br />

mas celebro minhas curvas<br />

que se entregam às retas<br />

complementando<br />

a mais bela figura geométrica!!<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

57


PRECIOSO ACHADO<br />

a José Chagas<br />

Já perdi<br />

o fio da meada<br />

o fim da linha<br />

o meio da conversa<br />

tantas e tantas vezes!...<br />

já perdi<br />

a tão necessária paciência<br />

a tão imprescindível esperança<br />

até um amor tão belo<br />

que eu via “estar pra nascer”!...<br />

mas achei<br />

na João Pessoa nor<strong>de</strong>stina<br />

com a faceirice<br />

<strong>de</strong> cida<strong>de</strong> menina<br />

o mais belo pôr-do-sol<br />

que eu já vi ...<br />

...à beira mar<br />

ao som <strong>de</strong> um fax cristalino<br />

o mais belo bolero<br />

aquele apaixonantemente<br />

e inesquecível…<br />

… o Bolero <strong>de</strong> Ravel!!<br />

58 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


SOBRE O AMOR<br />

O amor vem<br />

o amor se vai<br />

a chama é eterna<br />

sempre ar<strong>de</strong>rá<br />

em algum lugar!<br />

(IN)FELICIDADE<br />

Definitivamente<br />

não quero ficar só<br />

é tão triste!<br />

efetivamente<br />

não quero te per<strong>de</strong>r<br />

dá dó renunciar<br />

a um amor que era tão lindo!<br />

mas...<br />

indubitavelmente<br />

não quero ser<br />

mais uma MULHER INFELIZ!!!...<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

59


O TEU AMOR<br />

O TEU ALVO<br />

O alvo<br />

em círculos pretos<br />

no fundo branco do papel...<br />

o alvo<br />

perfurado <strong>de</strong> acertos...<br />

tiros certeiros...<br />

são certos?<br />

são errados?<br />

não sei!<br />

O teu amor<br />

me lembra um avião supersônico<br />

rasgou o meu céu<br />

em tempo record<br />

e com a mesma velocida<strong>de</strong>...<br />

sem trégua...<br />

<strong>de</strong>sapareceu<br />

entre as nuvens<br />

hoje só o rastro branco<br />

<strong>de</strong>senhado entre as nuvens<br />

permanece...<br />

Que pena!!!<br />

60 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


MUDANÇAS<br />

Como são difíceis as mudanças<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> as pequenas possibilida<strong>de</strong>s...<br />

mas mesmo assim<br />

são POSSÍVEIS<br />

porque as coisas não permanecem iguais<br />

para todo o sempre!!!...<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

61


ESPELHO I<br />

A imagem está lá...<br />

no espelho...<br />

refletida....<br />

mas é sempre bom lembrar<br />

que é ela sim<br />

mas invertida!<br />

invertida...<br />

revestida<br />

<strong>de</strong> verda<strong>de</strong><br />

e <strong>de</strong> mentiras ...<br />

muitas verda<strong>de</strong>s<br />

poucas mentiras<br />

muitas mentiras<br />

poucas verda<strong>de</strong>s?<br />

A imagem está lá...<br />

nítida...<br />

que me diz essa imagem?<br />

imagem invertida<br />

verda<strong>de</strong>s...<br />

e mentiras...<br />

que necessitam ser urgentemente reveladas...<br />

necessitam??...<br />

62 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


ESPELHO II<br />

O espelho da vida<br />

reflete<br />

realida<strong>de</strong>s<br />

tão iguais<br />

tão diferentes<br />

imagens tão contidas<br />

tão (in)contidas<br />

imagens tão expressas<br />

tão escondidas<br />

no cotidiano<br />

no corpo<br />

no coração<br />

na alma<br />

daquele que ama<br />

e também<br />

daquele que diz não amar!!!<br />

O espelho da vida<br />

revela o mundo<br />

revela o homem<br />

revela o homem<br />

no mundo<br />

revela o ser humano<br />

nas suas relações<br />

com os outros seres humanos!<br />

o espelho da vida<br />

revela o novo<br />

- o atual -<br />

revela o velho<br />

que retorna<br />

quase sempre como novo<br />

irreconhecível<br />

muitas vezes...<br />

ah! esse espelho<br />

acompanha<br />

diuturnamente<br />

o mascaramento<br />

e o <strong>de</strong>svelamento<br />

sinuosamente<br />

alternados<br />

dos gran<strong>de</strong>s e pequenos<br />

- mais não menos importantes -<br />

mistérios e segredos<br />

da existência humana!<br />

o espelho da vida<br />

diz <strong>de</strong> mim<br />

<strong>de</strong> você<br />

dos que já foram<br />

e ainda<br />

- com inquestionável certeza -<br />

daqueles que ainda virão!!<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

63


LA DOLCE VITA<br />

Deixa emergir toda a tua verda<strong>de</strong><br />

do epicentro da tua alma<br />

aspira à verda<strong>de</strong> que está fora <strong>de</strong> ti<br />

imersa em ardilosas mentiras...<br />

persegue-a insistentemente<br />

com todo o possível vigor<br />

do teu corpo animal<br />

do teu corpo mortal...<br />

bebe da fonte limpidamente turva<br />

do teu inconsciente<br />

mesmo que pareça imoral<br />

anormal<br />

ou enlouquecedor<br />

verás que é possível<br />

conservar a seiva da inocência<br />

o amor em toda a sua essência<br />

o gene da sanida<strong>de</strong><br />

sem tempo ou ida<strong>de</strong><br />

e expelir o veneno que<br />

que te injetaram<br />

veia a<strong>de</strong>ntro<br />

e po<strong>de</strong>r viver a vida<br />

la dolce vita<br />

plenamente!<br />

64 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


INEVITÁVEL PRISÃO<br />

Amor...<br />

solidão...<br />

o amor pren<strong>de</strong><br />

-quer queiras ou não –<br />

nas correntes<br />

do <strong>de</strong>sejo<br />

da volúpia<br />

da paixão!<br />

na encruzilhada do amor<br />

só existem duas opções<br />

ou te entregas a ele<br />

-a mim-<br />

ou à solidão!!!<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

65


MORRO...<br />

Morro sempre<br />

quando a vida suspira<br />

em cada esquina<br />

morro um pouco<br />

quando a folha seca<br />

resvala<br />

ao pé da árvore<br />

ainda viçosa...<br />

morro a cada dia<br />

quando o sol acorda<br />

e ainda sempre mais cedo<br />

morro lentamente<br />

quando calo<br />

o sofrimento preso na<br />

garganta<br />

na resignação amarga<br />

inconformada...<br />

morro terminantemente<br />

quando escorre braço abaixo<br />

o suor do dia cansado<br />

corrido<br />

estressado<br />

apesar <strong>de</strong> todas as orações...<br />

morro tristemente<br />

quando a maré vaza<br />

<strong>de</strong>scalabradamente<br />

sem rezar<br />

uma única canção <strong>de</strong> amor...<br />

66 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

morro masoquistamente<br />

no meu calvário<br />

sem Gólgota<br />

sem reverberações <strong>de</strong> amor...<br />

morro quando me olhas<br />

com indiferença<br />

sem chama<br />

sem <strong>de</strong>sejo<br />

e me fecho em dolorosa<br />

solidão...<br />

morro<br />

quando os meus ouvidos<br />

no silêncio da madrugada<br />

só ouvem o ressonar<br />

do abraço calado<br />

e enfastiado<br />

<strong>de</strong> ontem!


DESEJO MAIOR<br />

Marco no calendário<br />

todos os dias<br />

que te tenho<br />

viajo nas tuas imagens<br />

nos dias<br />

que não te vejo<br />

guardo nos meus sentidos<br />

todas as nuances<br />

do teu <strong>de</strong>sejo<br />

te adoro<br />

te amo<br />

intensamente<br />

e o meu maior <strong>de</strong>sejo<br />

é que esse <strong>de</strong>sejo por ti<br />

nunca se acabe!<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

67


PASSANDO A LIMPO<br />

Eu necessito<br />

da tua atenção<br />

da tua tolerância<br />

da tua paciência<br />

<strong>de</strong> ter espaço certo no teu coração<br />

eu necessito<br />

do teu tempo<br />

do teu toque<br />

do teu abraço<br />

do teu carinho<br />

do teu sexo<br />

<strong>de</strong> estar no teu caminho ao teu lado<br />

eu necessito<br />

apenas<br />

e intensamente<br />

me sentir amada<br />

por teu amor!!!.<br />

68 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


ESCONDERIJO<br />

On<strong>de</strong> te escon<strong>de</strong>s?<br />

- por trás <strong>de</strong> uns olhos ver<strong>de</strong>s<br />

enlevados <strong>de</strong> fugazes paixões?<br />

on<strong>de</strong> te escon<strong>de</strong>s?<br />

- por trás <strong>de</strong> imagens<br />

in<strong>de</strong>cifráveis <strong>de</strong> irrefreáveis <strong>de</strong>sejos?<br />

on<strong>de</strong> te escon<strong>de</strong>s?<br />

- por trás <strong>de</strong> um copo <strong>de</strong> vinho<br />

gotejando suspiros flamejantes?<br />

on<strong>de</strong> te escon<strong>de</strong>s?<br />

- por entre os meus traços ansiosos<br />

da poesia inacabada?<br />

on<strong>de</strong> te escon<strong>de</strong>s alma atormentada?<br />

<strong>de</strong>ixa teu corpo<br />

relaxar <strong>de</strong> vez<br />

cola em meu corpo<br />

que te quero inteiro<br />

comigo sempre e sempre<br />

como daquela primeira vez!!!<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

69


INCÔMODO<br />

Poucas coisas<br />

me incomodam na vida<br />

entre elas:<br />

calor<br />

falta <strong>de</strong> humor<br />

falta <strong>de</strong> amar alguém<br />

....solidão!<br />

poucas coisas<br />

me incomodam na vida<br />

falta <strong>de</strong> tesão<br />

falta <strong>de</strong> paixão<br />

falta <strong>de</strong> compaixão<br />

frente à miséria do outro<br />

perto e distante<br />

<strong>de</strong> mim!<br />

outras coisas<br />

ainda me incomodam<br />

falta <strong>de</strong> compreensão...<br />

intolerância<br />

falta <strong>de</strong> busca <strong>de</strong> superação...<br />

resignação<br />

falta <strong>de</strong> inquietação...<br />

estagnação!<br />

e talvez por egoísmo<br />

<strong>de</strong> uma poeta mortal<br />

o que hoje<br />

muito me incomoda<br />

além da generalizada indiferença<br />

é a tua arbitrária ausência!<br />

70 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


VARAL<br />

Calcinhas... calcinhas....<br />

no varal....<br />

queixumes...<br />

quantos queixumes!!...<br />

milhares <strong>de</strong> mulheres<br />

em vendaval...<br />

murmúrios...<br />

quantos murmúrios!!...<br />

milhares <strong>de</strong> mulheres<br />

expostas<br />

envoltas<br />

em invólucros transparentes<br />

que dizem da sua solidão ...<br />

solidão <strong>de</strong> todo ser humano...<br />

<strong>de</strong> qualquer gênero!!...<br />

...quanta morbi<strong>de</strong>z!!...<br />

...quanta insensatez!!...<br />

e nós???...<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

71


SEGUNDA PELE<br />

Primeira pele...<br />

originariamente pelo<br />

corpo inteiro ...<br />

pele <strong>de</strong> mulher...<br />

revestindo o seu pleno ser!<br />

metamorfose...<br />

outra pele<br />

impregnada <strong>de</strong> regras<br />

<strong>de</strong> normas<br />

<strong>de</strong> medos<br />

masculinos<br />

que peregrinos<br />

temem se ren<strong>de</strong>r<br />

a tão pungentes<br />

<strong>de</strong>lírios!<br />

Segunda pele....<br />

metamorfose...<br />

paulatinamente outra<br />

pele...<br />

lindos vestidos<br />

revestindo<br />

cada partícula exótica<br />

cada pedaço minúsculo<br />

cada lágrima caída<br />

cada músculo exoticamente<br />

exposto<br />

mesmo quando escon<strong>de</strong><br />

o corpo<br />

impregnado <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sejos<br />

tão amenos ou obscenos!<br />

72 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

Metamorfose...<br />

se revela nos vestidos<br />

que cobrem e <strong>de</strong>scobrem...<br />

sutilmente<br />

matizes rubro- negros<br />

perolados<br />

amarelo-azulados<br />

ver<strong>de</strong>-musgo<br />

orvalhados...<br />

escandalosamente à sua<br />

frente!!<br />

Metamorfose...<br />

pele <strong>de</strong> mulher<br />

pêlo <strong>de</strong> mulher<br />

pleno ser<br />

tão pequeno<br />

ante a imensidão<br />

<strong>de</strong>ste planeta<br />

masculino...<br />

mulher<br />

...que só <strong>de</strong>seja<br />

e<br />

merece muito<br />

muito ser!...


SEDUÇÃO<br />

Sapato alto<br />

vermelho<br />

preto<br />

azul turquesa<br />

quanta beleza!<br />

sapato alto<br />

pés pequenos<br />

pernas torneadas<br />

quadris a balançar<br />

languidamente<br />

no ritmo do seu caminhar!<br />

bela cena<br />

<strong>de</strong> Eva a Maria Madalena<br />

que não merece censura<br />

ou outra pena qualquer<br />

é <strong>de</strong> fato uma bênção feminina<br />

feminíssima<br />

bênção à mulher...<br />

Sapato alto<br />

vermelho<br />

preto<br />

azul turquesa<br />

quanta beleza!<br />

sucessão <strong>de</strong> sutilezas<br />

sutilezas <strong>de</strong> sedução<br />

só para chegar<br />

avassaladoramente<br />

ao coração masculino<br />

ao coração <strong>de</strong> todo e qualquer Adão!<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

73


74 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


SALTO ALTO<br />

Sensualida<strong>de</strong><br />

magnetismo<br />

fetiche<br />

erotismo...<br />

lá vai ela rua abaixo<br />

num ritmo compassado<br />

combinação po<strong>de</strong>rosa<br />

sexo e salto<br />

salto alto!...<br />

lá vai ela rua abaixo<br />

exibe auto - estima alta<br />

simplesmente num salto<br />

salto alto <strong>de</strong> mulher<br />

que ri<br />

que chora<br />

que se entrega<br />

que se <strong>de</strong>sespera<br />

mas espera...<br />

e como sabe esperar!!!<br />

lá vai ela rua abaixo<br />

exageradamente sensual<br />

num magnetismo fetichizado<br />

eroticamente incrustado<br />

no seu salto alto<br />

salto alto <strong>de</strong> mulher<br />

mulher po<strong>de</strong>rosa<br />

linda<br />

invencível<br />

libidinosa<br />

que se dá<br />

sem nenhum pudor<br />

só luxo<br />

luxúria<br />

mas acima <strong>de</strong> tudo<br />

incondicionalmente<br />

muito amor!...<br />

todo amor!<br />

só amor!!<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

75


MONOTONIA<br />

Monotonia...<br />

nas réstias dos dias<br />

que me restam<br />

sem as cavalgadas fugidias<br />

no teu dorso indomável...<br />

agora<br />

só caminhos monótonos<br />

trotes e marchas cansadas<br />

sem as tuas galopadas <strong>de</strong>senfreadas<br />

quebrando todos os meus arreios<br />

arriando todos os nossos <strong>de</strong>sejos<br />

nunca mais<br />

o júbilo do ritmo<br />

<strong>de</strong> mãos<br />

<strong>de</strong>dos<br />

e língua<br />

na mais ousada sinfonia<br />

agora<br />

só a dissonância <strong>de</strong> torpes compassos...<br />

passos trôpegos...<br />

pesadamente cansados...<br />

pela tão sentida ausência <strong>de</strong> amor!!!<br />

76 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


AMOROSAS ESTAÇÕES<br />

Quando a tempesta<strong>de</strong><br />

traz tuas lembranças<br />

lágrimas<br />

copiosas<br />

se <strong>de</strong>rramam<br />

cinzentas<br />

nostálgicas<br />

gélidas<br />

por sobre o<br />

meu travesseiro<br />

antes molhado<br />

por tuas águas<br />

não só <strong>de</strong> março<br />

nem só <strong>de</strong> verão<br />

mas <strong>de</strong> todas<br />

as nossas<br />

amorosas estações!<br />

CONFISSÃO<br />

Eu não <strong>de</strong>vo te pren<strong>de</strong>r...<br />

mas necessito!<br />

eu só quero te querer<br />

mas não consigo!<br />

quero que o nosso amor nos liberte<br />

mas só <strong>de</strong>sejo algemar-te a mim!<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

77


NA PAZ DO MEU QUARTO<br />

Chove...<br />

...é madrugada<br />

a manhã<br />

chega molhada<br />

envolta em nuvens<br />

azuis-água acinzentadas<br />

a paz do meu quarto<br />

- que te agradasem<br />

tua presença<br />

me pesa insuportavelmente<br />

78 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


POEMA TEU<br />

Escolhi o teu poema<br />

e mergulhei na curva do oceano<br />

afun<strong>de</strong>i na escamosa onda<br />

e me sufoquei entre tantos<br />

pores-<strong>de</strong>-sol<br />

luas e línguas<br />

lágrimas silentes<br />

montes<br />

estrelas<br />

planetas reluzentes<br />

folhas opacas sobre mesas solitárias<br />

e pomares estéreis....<br />

escolhi o teu poema...<br />

e me perdi !<br />

quero o meu poema<br />

aquele que eu te <strong>de</strong>i<br />

para po<strong>de</strong>r fazer do velho<br />

que é teu<br />

um novo<br />

e assim<br />

o meu poema po<strong>de</strong>r<br />

ressuscitar<br />

mais uma vez!<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

79


DEPOIS DA CHUVA<br />

Depois da chuva<br />

chove vento<br />

tempesta<strong>de</strong><br />

no litoral <strong>de</strong> mim<br />

<strong>de</strong>strói rastros<br />

caminhos minguados<br />

<strong>de</strong> luas<br />

<strong>de</strong> sóis azuis<br />

<strong>de</strong> tantas noites<br />

mal dormidas<br />

somente sonhos<br />

acordados<br />

sem romantismo<br />

sem amor<br />

chove...<br />

chove...<br />

quanta chuva!<br />

chove solidão!<br />

80 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


DEPOIS DA TEMPESTADE<br />

Depois da tempesta<strong>de</strong><br />

serenida<strong>de</strong><br />

serena...ida<strong>de</strong><br />

sua(vida)<strong>de</strong>...<br />

ah! tempo ingrato<br />

que se impõe<br />

tiranamente<br />

aos meus anos...<br />

aos meus sonhos<br />

que se esvaem<br />

gota<br />

a<br />

gota<br />

orvalho<br />

a<br />

orvalho<br />

mesclado ao mel da tua boca!<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

81


HISTÓRIA ( SEM FIM) DE NÓS DOIS<br />

Foi assim...<br />

calmo<br />

lúcido<br />

arrebatador<br />

contagiante<br />

inebriante<br />

no começo<br />

( como todo amor)!...<br />

é assim...<br />

triste<br />

solitário<br />

mentiroso<br />

distante<br />

e bastante irreal<br />

agora<br />

... e agora?<br />

82 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


MONÓLOGO<br />

Re(caída)<br />

caída<br />

<strong>de</strong> novo<br />

ré...<br />

-p’ra trás -<br />

que estorvo!!!<br />

re(caída)<br />

a quase ida<br />

ficou p’ra trás<br />

<strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ir<br />

não foi!...<br />

... ai que dor!!!<br />

re(caída)<br />

jamais!!!<br />

mais tar<strong>de</strong> é que dói<br />

a dor <strong>de</strong> voltar<br />

<strong>de</strong> novo a sofrer<br />

só por não saber<br />

levantar...<br />

ah! assim não dá!!!...<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

83


TEOREMA<br />

A adição da tua presença<br />

subtraída das sauda<strong>de</strong>s<br />

que sinto<br />

multiplicada pelo gran<strong>de</strong> amor<br />

que me inspiras<br />

dividida enfim<br />

pelo <strong>de</strong>licioso prazer<br />

da intimida<strong>de</strong> entre nós dois<br />

é a mais bela equação<br />

vivida<br />

é o teorema que quero<br />

experienciar a cada dia!!<br />

84 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


EQUAÇÃO<br />

Tal qual uma equação<br />

o nosso amor se revela<br />

com as suas incógnitas...<br />

tal qual uma equação<br />

que só é satisfeita<br />

para <strong>de</strong>terminados valores<br />

<strong>de</strong>ssas incógnitas<br />

o nosso amor<br />

com certeza<br />

também se <strong>de</strong>monstrará<br />

para nós dois!!<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

85


EMBOTAMENTO<br />

Embotamento<br />

botado<br />

na mente<br />

abotoada<br />

atordoada<br />

atormentada<br />

tormento <strong>de</strong> quem sossobra<br />

e só sobra<br />

na tormenta torta<br />

da vida!<br />

embotamento<br />

levado ao vento<br />

ao <strong>de</strong>salento<br />

<strong>de</strong>satinado<br />

do temido <strong>de</strong>stino<br />

<strong>de</strong>stinatário da ventura<br />

...ou mentira?...<br />

<strong>de</strong> estar viva!<br />

embotamento<br />

embolado<br />

nas toadas<br />

<strong>de</strong> dois bêbados<br />

encachaçados<br />

e encachimbados<br />

nas cacimbas<br />

<strong>de</strong> chuvas<br />

secas<br />

minguadas<br />

<strong>de</strong> verões<br />

sombrios<br />

sem felicida<strong>de</strong>!<br />

86 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

embotamento<br />

enviesado<br />

engasgado<br />

entalado na garganta<br />

da vida no ventre<br />

que vislumbra<br />

e se amedronta<br />

com a vida aqui fora!<br />

embotamento<br />

botado<br />

abortado<br />

tortamente<br />

na varanda do meu<br />

quarto<br />

que me escon<strong>de</strong><br />

me acolhe<br />

totalmente<br />

em seus braços!<br />

me afoga<br />

em imensurável sauda<strong>de</strong>!<br />

o dia se esvai....<br />

os últimos raios <strong>de</strong> sol<br />

buscam escon<strong>de</strong>r-se no infinito<br />

teu corpo mergulha em<br />

meu corpo<br />

–na paz do meu quarto-<br />

me entrego<br />

sou toda tua<br />

sou só felicida<strong>de</strong> !


DECLARAÇÃO<br />

Para ser feliz <strong>de</strong> verda<strong>de</strong><br />

é preciso compartilhar com alguém<br />

o amor<br />

a paz<br />

o prazer<br />

sempre como novida<strong>de</strong><br />

impregnada <strong>de</strong> paixão<br />

te amo hoje<br />

e sempre!<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

87


BAR VAZIO<br />

Bar vazio<br />

já é madrugada<br />

homens bêbados<br />

caídos sobre as mesas<br />

copos jogados<br />

cacos <strong>de</strong> garrafas<br />

amontoados num canto frio!<br />

bar vazio<br />

já é madrugada<br />

há solidão esquecida<br />

sobre as mesas<br />

o <strong>de</strong>sespero anestesiado<br />

tão comprimido no cansado<br />

peito!<br />

bar vazio<br />

já é madrugada...<br />

todos os prantos<br />

foram arrematados<br />

todas as sauda<strong>de</strong>s<br />

já não valem nada<br />

quem sabe agora a vida<br />

faça mais sentido!<br />

bar vazio<br />

já é madrugada<br />

na rua<br />

passos trôpegos <strong>de</strong> bêbados<br />

vadios<br />

meretrizes<br />

ecoam...<br />

bar vazio...<br />

88 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

madrugada...<br />

vidas soltas<br />

jogadas<br />

nas calçadas<br />

becos e avenidas ....<br />

esperam um milagre....<br />

... milagre <strong>de</strong> amor<br />

que os libertem<br />

finalmente<br />

da tão<br />

famigerada dor!!!


CRIAÇÃO<br />

Antes<br />

o nada<br />

o vazio <strong>de</strong>vorador<br />

o buraco negro<br />

a inconteste solidão<br />

no princípio<br />

o verbo<br />

a luz<br />

as cores<br />

as flores<br />

a vida<br />

num festival <strong>de</strong> poemas<br />

o amor se fez!<br />

hoje<br />

o amor se foi...<br />

só vazio<br />

solidão<br />

volta ao nada<br />

ao antes<br />

outra vez!<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

89


ORAÇÃO<br />

Senhor<br />

ilumina-me<br />

nas horas <strong>de</strong> incerteza...<br />

dá-me forças<br />

nas horas <strong>de</strong> fraqueza...<br />

afasta-me do mal<br />

quando este me quiser dominar...<br />

aproxima-me do bem<br />

para <strong>de</strong>le me utilizar...<br />

faça com que me dispa<br />

do egoísmo<br />

vestindo-me com a armadura<br />

do altruísmo<br />

enche-me a alma <strong>de</strong> pureza...<br />

afasta <strong>de</strong> mim<br />

a cobiça ... a avareza<br />

dá-me gran<strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ais<br />

e forças para elevá-los<br />

sempre mais<br />

dá-me um coração puro...<br />

cheio <strong>de</strong> amor<br />

que irradie segurança<br />

e calor<br />

e através <strong>de</strong>ste meu amor<br />

propague esse Teu imenso e infindo amor!<br />

90 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


EPITÁFIO<br />

a Francisco e Joana Adler<br />

DEUS<br />

O mundo é pequeno<br />

a vida é pouca<br />

para tanto amor.<br />

A dor me aproxima <strong>de</strong> Deus<br />

mesmo que Ele não exista<br />

na minha pequenez e fragilida<strong>de</strong><br />

preciso <strong>de</strong> uma força externa<br />

na minha inconteste efemerida<strong>de</strong><br />

necessito <strong>de</strong> algo eterno<br />

para minha inspiração contraditória<br />

quero algo consistente<br />

a minha consciência<br />

o meu cientificismo O nega<br />

mas o meu íntimo O <strong>de</strong>seja<br />

necessito que Ele exista<br />

preciso d’Ele!<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

91


OUTRAS VOZES<br />

Pela milésima vez<br />

me <strong>de</strong>sencanto<br />

sofro calada<br />

sufoco gemidos<br />

difíceis <strong>de</strong> conter<br />

... ninguém percebe!...<br />

vozes estranhas<br />

<strong>de</strong> outras vezes<br />

acalantam minha carne ferida<br />

meu peito que sangra<br />

a minha alma que sofre<br />

só eu escuto<br />

essas vozes estranhas<br />

que sussurram<br />

mais e mais<br />

palavras <strong>de</strong> esperança!<br />

92 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


VIDA E MORTE OU MORTE E VIDA<br />

A morte em mim perece estranha<br />

se mostra distante<br />

fora<br />

parece que não quer que eu me apavore!<br />

a morte em mim se entranha<br />

imperceptivelmente diluída<br />

em minha vida<br />

se firma tão tênue<br />

que não a sinto quase!<br />

a morte não é somente um fim<br />

em mim se faz<br />

sempre presente<br />

em minha vida...<br />

constante!<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

93


ENCARNAÇÃO<br />

Um pedaço <strong>de</strong> nada<br />

nada na estratosfera<br />

a espera <strong>de</strong> uma possibilida<strong>de</strong>...<br />

um substrato <strong>de</strong> amor<br />

move-se no espaço<br />

esperançoso<br />

<strong>de</strong> uma possibilida<strong>de</strong>...<br />

uma possibilida<strong>de</strong><br />

duas possibilida<strong>de</strong>s<br />

outras<br />

quem<br />

o que<br />

se encarnará outra vez????<br />

94 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


ESPERA<br />

IMORTALIDADE<br />

Quero imortalizar o nosso amor<br />

quero negar a sua transitorieda<strong>de</strong><br />

quero pregar a sua eternida<strong>de</strong><br />

nem que seja no meu apelo<br />

no meu <strong>de</strong>sejo<br />

no espírito imortal<br />

da minha terrena poesia!<br />

Passos trôpegos na escada...<br />

respiração ofegante<br />

espero....<br />

não faço nada ....<br />

não digo nada ....<br />

espero!!<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

95


MÁGICA<br />

Mágica<br />

é quando me beijas<br />

<strong>de</strong>sse jeito todo teu<br />

mesmo distante <strong>de</strong> mim.<br />

mágica<br />

é quando te vejo chegando<br />

quando menos imagino<br />

mágica<br />

é quando me tomas<br />

em teus braços<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tanto tempo <strong>de</strong> espera<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sespero<br />

<strong>de</strong> solidão<br />

e transformas tudo em <strong>de</strong>sejo<br />

só <strong>de</strong>sejo<br />

irrefreável <strong>de</strong>sejo<br />

<strong>de</strong> possuir-te mais uma vez<br />

e sempre!<br />

96 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


SAUDADE NO TEMPO DA MINHA VARANDA<br />

O rio<br />

a rua...<br />

a relva...<br />

a re<strong>de</strong> balança sozinha<br />

na sauda<strong>de</strong> da minha varanda...<br />

o tempo..<br />

o vento balança a re<strong>de</strong><br />

on<strong>de</strong> há pouco eu estava <strong>de</strong>itada<br />

sozinha...<br />

o balanço da re<strong>de</strong><br />

traz lembranças e lembranças embaladas...<br />

em invólucro <strong>de</strong> mel alfazemado...<br />

o vento...<br />

uma tampa batendo<br />

soando suavemente graves ruídos<br />

no tímpano já cansado<br />

<strong>de</strong> tanto ficar sozinho<br />

<strong>de</strong> palavras <strong>de</strong> amor<br />

<strong>de</strong> burburinhos do rio<br />

<strong>de</strong> barulhos da rua<br />

do farfalhar das folhas na relva<br />

sem os suspiros inspirados na lua...<br />

resta a solidão...<br />

a solidão <strong>de</strong> dias cansados<br />

cansados <strong>de</strong> tanta espera<br />

das estradas distantes no tempo<br />

e principalmente<br />

da tua estrada que quero minha!....<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

97


APAGANDO RASTROS<br />

Tuas mãos<br />

abraçando os meus seios<br />

em longas madrugadas<br />

mágicas<br />

férteis<br />

em sonhos inimagináveis!<br />

o teu corpo<br />

colado ao meu<br />

no silêncio<br />

quebrado<br />

pelo compasso suave<br />

da tua canção!<br />

hoje<br />

só<br />

penso...<br />

embora saiba<br />

que não <strong>de</strong>va pensar<br />

lembro...<br />

embora saiba que não <strong>de</strong>va lembrar<br />

<strong>de</strong>ssas madrugadas<br />

<strong>de</strong>sses dias<br />

<strong>de</strong>ssas noites<br />

embaladas<br />

pelos teus olhos<br />

por tua boca<br />

por teus abraços<br />

pelo teu sexo<br />

... meus sonhos!<br />

o que me cabe hoje<br />

é queimar a chama<br />

esquecer os cheiros<br />

apagar os rastros<br />

e embarcar sem rumo<br />

para outras direções!<br />

98 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


SENTENÇA<br />

O <strong>de</strong>sejo não envelhece<br />

os sonhos se renovam sempre<br />

a cada inverno curtido<br />

a cada sentença cumprida<br />

as sensações <strong>de</strong>sejadas<br />

pululam pelas artérias<br />

o comprimento da vida...<br />

sempre tão curto<br />

no seu <strong>de</strong>curso<br />

prega-nos peças prognosticadas...<br />

entre <strong>de</strong>sejos e sonhos<br />

o corpo não obe<strong>de</strong>ce<br />

os sentidos pouco aguçados<br />

<strong>de</strong>sperdiçam todo o néctar<br />

e a abelha<br />

<strong>de</strong>ixa o mel<br />

e s<br />

c o r<br />

r e r<br />

pelo canto da boca<br />

sorvendo<br />

sofregamente<br />

a porção<br />

que ainda lhe cabe!<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

99


EXORTAÇÃO<br />

É necessária a exortação<br />

para aceitação <strong>de</strong> todos os seres<br />

<strong>de</strong> todos os saberes<br />

dos saberes <strong>de</strong> todos os seres...<br />

é necessária a exortação<br />

para a aceitação <strong>de</strong> todos os saberes<br />

os saberes do índio<br />

da mulher<br />

do negro<br />

do oriental<br />

do cético<br />

da criança<br />

do velho<br />

do moço<br />

do pobre<br />

do analfabeto...<br />

é necessária a exortação<br />

para a aceitação <strong>de</strong> todos os saberes<br />

não apenas os saberes<br />

<strong>de</strong> alguns seletos<br />

eleitos<br />

não se sabe por quem<br />

além <strong>de</strong>les próprios...<br />

Abramos nosso peito<br />

nossa cabeça<br />

nosso coração<br />

para enfim<br />

vivermos num mundo melhor<br />

e <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>le<br />

- o Brasil –<br />

uma gran<strong>de</strong> nação!<br />

100 <strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados


LIQUIDIFICANDO<br />

Liquidificando<br />

dissabores<br />

solidificando<br />

prazeres<br />

liqui<br />

di<br />

ficando<br />

amarguras<br />

so<br />

lidi<br />

ficando<br />

estruturas<br />

amalgamadas<br />

tão doces<br />

quanto duras!<br />

liquidificando<br />

dissabores<br />

solidificando<br />

prazeres<br />

ficando<br />

fiando<br />

liqui<br />

di<br />

andando<br />

sempre<br />

pra frente<br />

adiante<br />

sem prece<strong>de</strong>ntes<br />

nem preten<strong>de</strong>ntes<br />

nem previamente sabendo<br />

<strong>de</strong> nada...<br />

mas amando sempre<br />

sempre<br />

sempre<br />

eternamente!<br />

<strong>Desabafos</strong>... <strong>Flores</strong> <strong>de</strong> <strong>Plástico</strong>... <strong>Libidos</strong> e <strong>Licores</strong> Liquidificados<br />

101


LICORES...<br />

DESABAFOS...<br />

LIBIDOS...<br />

LICORES...<br />

LIBIDOS...<br />

FLORES DE PLÁSTICO...

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!